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Marcos Bispo dos Santos - RI UFBA

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1. O texto do Diret rio de 3 de maio de 1757 em que s o determinadas medidas aplicadas inicialmente ao Par e ao Maranh o estendidas posteriormente em 17 de agosto de 1758 a todo o Brasil 41 lingu stica brasileira j que visa impedir a brasilidade de enunciar se de dentro da forma o discursiva que lhe pr pria Esse Diret rio vigorou durante aproximadamente 40 anos sendo abolido apenas em 12 de maio de 1798 MARIANI 2001 De qualquer forma as ra zes desse portugu s brasileiro continuaram resistindo e produzindo efeitos no diz vel poss vel embora a l ngua geral e as demais l nguas ind genas tivessem sofrido um processo sistem tico de elimina o ao longo dos s culos seguintes Soares 2002 observa que antes da reforma pombalina em 1746 Luiz Ant nio Verney havia publicado O Verdadeiro M todo de Estudar em que prop s para a educa o portuguesa um programa de estudos diferente do programa dos jesu tas ainda dominante Esse programa j defendia al m da alfabetiza o em portugu s o estudo da l ngua portuguesa precedendo o estudo da gram tica latina esta devendo ser ensinada em compara o e contraste com a primeira Percebe se a uma dificuldade em se abandonar a tradi o latinista europeia A mesma dificuldade verificada hoje quando os estudos descritivos j apontaram exaustivamente diversas incongru ncias na tradi o gramatical No que se refere ao vern culo a reforma pombalina seg
2. Parece que h um consenso quanto ao fato de que as lingu sticas do s culo XX t o bem sucedidas no seu percurso cient fico n o estabeleceram ainda o caminho para alguma forma de ensinar gram tica que suplante a chamada gram tica tradicional arquitetura de mais de vinte s culos As palavras da autora deixam entrever uma dicotomia entre teoria e pr tica que pode ser traduzida nos seguintes termos apesar do ineg vel sucesso da Lingu stica seus construtos te ricos formulados no contexto acad mico n o conduzem necessariamente a uma reformula o das pr ticas sociais que envolvem direta ou indiretamente o uso da linguagem Isso inclui evidentemente o ensino de l ngua nas escolas Uma explica o para isso talvez esteja no fato de a Lingu stica n o estudar pelo menos como objeto central a linguagem ou as l nguas e sim gram ticas RAJAGOPALAN 2008 Essa postura promove uma identifica o entre l ngua e gram tica que em muitos aspectos torna se prejudicial ao desenvolvimento de uma pedagogia centrada na l ngua linguagem como pr tica social e n o como mero objeto de estudo cient fico como sugerem as propostas dos autores que ser o analisadas adiante 70 Perini 1995 resume as falhas da gram tica tradicional em tr s pontos i sua inconsist ncia te rica e falta de coer ncia interna ii seu car ter predominantemente normativo iii o enfoque centrado em uma variedade da l ngua o dialeto padr o em sua
3. Falando em tese uma sociedade complexa como a nossa composta por milh es de pessoas distribu das por um vasto territ rio e envolvidas numa mir ade de atividades diferentes precisa estimular uma certa padroniza o lingu stica para que a interlocu o ampla e supra regional possa se realizar sem maiores embara os Uma sociedade complexa vive atravessada portanto por duas for as a diversidade que lhe pr pria tende a multiplicar indefinidamente a varia o lingu stica Por outro lado para manter la os integradores a sociedade precisa desenvolver meios de relativa padroniza o Isto sem perder a din mica diversificadora a sociedade precisa cultivar e difundir uma certa variedade relativamente isenta de marcas muito restritas do ponto de vista social e regional para ser usada nos meios de comunica o social no funcionamento do Estado no ensino FARACO 2003 p 165 Grifos do autor 3 FARACO op cit p 31 37 FARACO op cit p 75 110 Ao reconhecer a legitimidade da l ngua padr o como objeto de ensino apesar de sua artificialidade o que os linguistas parecem demonstrar e isso o que eles precisam admitir um compromisso com um paradigma cient fico cujo objeto deve ser mantido em seu estado natural Tal objeto a norma culta que constitui a variedade privilegiada nas descri es lingu sticas H todo um esfor o para manter esse objeto em seu estado puro Uma prova di
4. e a propriedade do uso dos recursos lexicais jogos metaf ricos e meton micos express es nominais definidas hipon mia hiperon mia repeti o em fun o da estrat gia argumentativa do autor e a propriedade do uso dos recursos sint ticos paralelismo enumera o invers o intercala o coordena o subordina o etc na estrat gia argumentativa do autor e a propriedade do uso de recursos sem nticos rela es de oposi o ou aproxima o grada o campo sem ntico atenua o eufemismo hip rbole ironia na estrat gia argumentativa do autor Quanto ao relacionamento da compet ncia gramatical com a interativa os PCN indicam outros procedimentos ligados constru o da imagem do locutor e do interlocutor aplic veis tanto leitura e produ o de textos escritos quanto s situa es de interlocu o oral e identificar ndices contextuais e situacionais marcas dialetais n veis de registro jarg o g ria que permitem a constru o da imagem de locutor e de interlocutor e analisar mudan as na imagem de locutor e de interlocutor em fun o da substitui o de certos ndices contextuais e situacionais marcas dialetais n veis de registro jarg o g ria por outros 16 x E o A Note se que as postula es aqui delineadas n o se coadunam com nenhuma das tr s concep es de gram tica que norteiam os PCN O que se diz aqui est muito mais pr ximo de uma compet ncia discursiv
5. encarnado fora do inconsciente individual Na esteira desse racioc nio Bauman 2000 conclui que a passagem para o est gio final da modernidade ou para a condi o p s moderna n o produziu maior liberdade individual n o no sentido de maior influ ncia na composi o da agenda de op es ou de maior capacidade de negociar possibilidades de escolha apenas transformou o indiv duo de cidad o pol tico em consumidor de mercado Em face dessa realidade os agentes n o s o aut nomos n o s o eles que formulam as regras que guiam seu comportamento nem estabelecem o leque de alternativas que podem orientar suas decis es Logo a educa o que sempre tem servido a prop sitos pol ticos heter nomos deve agora ser posta a servi o da constru o de uma sociedade aut noma capaz de admitir abertamente a mortalidade inerente a todas as suas cria es inclusive de seus regimes de verdade O pensamento aut nomo extrai sua raz o de ser da recusa insistente de deixar qualquer construto de pensamento incluindo seus pr prios pressupostos fora de seu sum rio cr tico A reflex o cr tica a ess ncia de toda aut ntica pol tica Sendo assim o multiculturalismo s pode ser um conceito operacional numa proposta de educa o politicamente orientada se estiver a servi o n o da defesa de interesses ou na luta por direitos de grupos individualizados mas da constru o de uma sociedade capaz de aceitar as diferen as e tran
6. es discursivas dar origem a uma s rie de acontecimentos transforma es muta es e processos discursivos As postula es de Foucault n o chegaram a estabelecer qualquer tipo de hierarquia entre as forma es discursivas Maingueneau 2000 no entanto observou que alguns discursos t m o poder de frequentemente transferir para outros conceitos teorias concep es e temas Tomemos como exemplo o discurso jornal stico Os enunciados que comp em esse discurso n o s o produzidos em seu pr prio interior Antes s o marcados por pertencerem a forma es discursivas diversas o discurso filos fico religioso jur dico econ mico pol tico e sobretudo cient fico que s o confrontadas na discuss o de determinados temas Maingueneau prop e que esses discursos que t m a propriedade de cooperar para a constitui o de outros sejam chamados de discursos constituintes A rigor eles s o auto e heteroconstituintes ao mesmo tempo em que se constituem tematizando sua pr pria constitui o desempenham um papel constituinte para outros discursos 192 Estabelecer uma hierarquia entre os g neros do discurso importante para os prop sitos deste trabalho porque possibilita uma compreens o maior acerca do funcionamento das pr ticas discursivas e consequentemente da fun o enunciativa 5 2 3 Tipos textuais ou atos de linguagem No segundo cap tulo apontei algumas controv rsias em torno da no o de tipos te
7. o e n o por sua simples aplica o 6 1 A EDUCA O NO MUNDO P S MODERNO Vieira e Vieira 2004 observam que a poca p s industrial caracterizada pela introdu o das m quinas microeletr nicas e os sistemas inform ticos que puseram fim ao per odo da Revolu o Industrial como modelo tradicional de produ o de bens n o significa o fim da industrializa o mas a transforma o do processo produtivo por meio de novas tecnologias t cnicas organizacionais e novos m todos de gest o Tanto as tecnologias quanto os modelos organizacionais de gest o n o se restringiram ao ambiente industrial bem ao contr rio invadiram a vida social mudando h bitos e comportamentos Foi exatamente essa conjuntura que segundo o MEC determinou a reformula o do Ensino M dio Os autores sustentam que o per odo p s industrial elegeu os novos paradigmas que identificam e definem as transforma es do tempo conceitual da p s modernidade h variantes econ micas sociais e culturais nos quais os modelos da inova o tecnol gica e de gest o da informa o da efici ncia da agilidade e dos custos s o determinantes condi o hegem nica ou dependente de m ltiplas nacionalidades A caracteriza o hegem nica 213 representa pa ses de economia forte com alto grau de inova o tecnol gica e de gest o a caracteriza o dependente representada pelos pa ses capitalistas perif ricos de condi o econ mica
8. uma quest o importante porque tem conduzido a pr tica de ensino de l ngua por dois caminhos igualmente perigosos que podem ser verificados principalmente nos livros did ticos a As novas orienta es concernentes ao ensino a partir dos g neros e textos foram acolhidas mas convivem com a perspectiva tradicional de estudos gramaticais rebatizada como an lise lingu stica ou express es similares b A ado o do texto como unidade de ensino tem levado exclus o ou mais frequentemente minimiza o do espa o concedido aos estudos gramaticais Os problemas que apontamos aqui t m sido objetos de pesquisas de diferentes correntes te ricas que percebendo as limita es impostas pelas an lises fr sticas no trato 84 de determinados fatos de linguagem postularam novas unidades de estudo Dentre essas teorias destacam se a lingu stica textual as teorias dos g neros textuais e a an lise de discurso Vale ressaltar que nenhuma dessas perspectivas tinha como foco o ensino de l ngua linguagem mas foram movidas pelo compromisso cient fico Diante do impacto dos novos estudos as concep es tradicionais de ensino de l ngua passaram a receber fortes cr ticas que culminaram com a reformula o dos curr culos de ensino de l ngua A Lingu stica Textual come ou seu desenvolvimento na d cada de 60 na Europa Seu pressuposto b sico consiste em tomar o texto e n o mais a palavra ou a frase como objeto de
9. Discursos de identidade discurso como espa o de constru o de g nero sexualidade ra a idade e profiss o na escola e na fam lia Campinas SP Mercado das Letras 2003 Identidades fragmentadas a constru o discursiva de ra a g nero e sexualidade em sala de aula Campinas SP Mercado das Letras 2006a Org Por uma lingu stica aplicada Indisciplinar S o Paulo Par bola Editorial 2006b MONDADA L amp DUBOIS D Constru o dos objetos de discurso e categoriza o uma abordagem dos processos de referencia o In Cavalcante M M et al Orgs Referencia o S o Paulo Contexto 2003 p 17 52 MONGELLI L M Ret rica a virtuosa eleg ncia do bem dizer In FRIA A A et al Trivium e Quadrivium as artes liberais na Idade M dia Cotia SP bis 1999 p 73 112 MORI A C Fonologia In BENTES A C amp MUSSALIM F Orgs Introdu o lingu stica dom nios e fronteiras 4 ed S o Paulo Cortez 2004 v 1 p 147 179 NEVES M H M A gram tica funcional S o Paulo Martins Fontes 1997 2 Gram tica de usos do portugu s S o Paulo Editora UNESP 2000 Que gram tica estudar na escola 2 ed S o Paulo Contexto 2004 Texto e gram tica S o Paulo Contexto 2006 NIETZSCHE F W Genealogia da moral Trad Paulo C sar de Souza S o Paulo Companhia das Letras 1998 OLIVEIRA G M A virada pol tico lingu stica e a relev ncia social da lingu stica e do
10. O estudo da linguagem pode se prestar a v rios objetivos Como diz Saussure a linguagem um fen meno heter clito e multifacetado logo a perspectiva de estudo que vai estabelecer seus contornos e limites As discuss es atuais sobre o ensino de linguagem t m se caracterizado por um discurso sobre uma pr tica centrada nos usos da linguagem No entanto os modelos de descri o que utilizam ainda s o fortemente marcados por uma abordagem estritamente estrutural o que torna praticamente imposs vel a implementa o efetiva da perspectiva pragm tica no ensino Neste cap tulo defendo a tese de que a linguagem deve ser entendida como um fen meno constitu do de um lado por aspectos semi ticos e de outro por aspectos pragm ticos Os primeiros referem se constitui o e caracteriza o dos sistemas de signos os ltimos concentram se nos fatores que determinam a produ o e a utiliza o dos signos na sociedade Conquanto possam ser tratados de forma isolada esses fatores s o interdependentes e isso nos autoriza a postular que os signos determinam os usos ao mesmo tempo em que os usos determinam os signos 5 1 ASPECTOS SEMI TICOS DA LINGUAGEM 5 1 1 A natureza do signo O modo como os signos se relacionam com o mundo sempre foi uma preocupa o de fil sofos linguistas e semioticistas Em todos os estudos constata se que h uma ineg vel rela o entre os signos palavras imagens gestos etc e coisas signi
11. o do ensino de l ngua portuguesa foi feita por Jakobson 54 intensidade de sua presen a nas pr ticas sociais textos de jornais revistas hist rias em quadrinhos publicidade e humor passam a conviver com os textos liter rios amplia se assim o conceito de leitura n o s a recep o e a interpreta o do texto verbal mas tamb m do texto n o verbal A linguagem oral outrora valorizada para o estudo da orat ria em seguida esquecida nas aulas de Portugu s volta a ser valorizada mas agora para a comunica o no cotidiano pela primeira vez aparecem em livros did ticos de l ngua portuguesa exerc cios de desenvolvimento da linguagem oral em usos cotidianos Note se que a caracteriza o do ensino de l ngua portuguesa acima descrita restringe se exclusivamente ao 1 grau n o atingindo portanto o ensino de l ngua no 2 grau que como vimos foi transformado pela nova Lei em etapa profissionalizante da educa o Soares 2000 p 170 1 comenta o per odo Talvez por essa nova orienta o fugir tanto tradi o do ensino de l ngua portuguesa no Brasil talvez tamb m em decorr ncia da severa cr tica que sofreu talvez ainda pelos duvidosos resultados que ela trouxe para a aprendizagem da l ngua a segunda metade dos anos 1980 viu serem eliminadas as denomina es comunica o e express o e comunica o em l ngua portuguesa e recuperada a denomina o portugu s para a disciplina dos curr culos d
12. portuguesa PERINI 1996 p 25 Em suas palavras existe uma linguagem padr o utilizada em textos jornal sticos e t cnicos como revistas semanais jornais livros did ticos e cient ficos linguagem essa que apresenta uma grande uniformidade gramatical e mesmo estil stica em todo o Brasil Esse padr o encontrado em textos t cnicos e jornal sticos em geral mas nem sempre nos textos liter rios O texto liter rio n o apenas reflete as decis es pessoais do autor que frequentemente viola as regras do padr o a fim de obter efeitos est ticos mas ainda pode conter tra os do coloquial de uma ou de outra regi o e Perini op cit p 26 76 Os crit rios utilizados por Perini para a defini o da l ngua padr o suscitam duas observa es importantes A primeira diz respeito tend ncia que se tornou dominante nos trabalhos de descri o gramatical enquanto as discuss es avan am no sentido de se trabalhar considerando a diversidade que caracteriza todas as l nguas Perini caminha na contram o elegendo uma l ngua modelo para sua proposta descritiva A segunda observa o refere se ao escopo do que o autor considera como l ngua padr o No quadro da Sociolingu stica disciplina que praticamente concentra os estudos sobre a varia o lingu stica das l nguas naturais h uma orienta o te rico metodol gica que distingue a norma padr o da norma culta Conforme Lucchesi 2002 p 65 a primeir
13. que o foco deste trabalho pode se afirmar que o primeiro momento foi caracterizado por choques culturais tanto da parte dos alunos entre si como dos alunos filhos de oper rios com os professores A escola como se sabe sempre foi um bem cultural reservado elite que se identificava perfeitamente com sua configura o em todos os sentidos A extens o do beneficio da escolariza o aos antes exclu dos n o levou em considera o o fato de que a variedade lingu stica falada pelos novos alunos n o era compat vel com a que era ensinada para os seus tradicionais frequentadores Resultado esses alunos foram considerados incapazes de falar de aprender enfim de ser Assim a escola criava os chamados alien genas na sala de aula para usar uma terminologia de Green e Bigun In SILVA 2005 que ao sa rem dela tendo conclu do ou n o o per odo de escolariza o representavam os exclu dos os marginalizados e na melhor das hip teses a m o de obra subalterna Por essa raz o Bourdieu 1998 p 41 afirmou que possivelmente por um efeito de in rcia cultural que continuamos tomando o sistema escolar como um fator de mobilidade social segundo a ideologia da escola libertadora quando ao contr rio tudo tende a mostrar que ele um dos fatores mais eficazes de conserva o social pois fornece a apar ncia de legitimidade s desigualdades sociais e sanciona a heran a cultural e o dom social tratado como do
14. 12 Uma disciplina curricular se constitui a partir da jun o de dois fatores de um lado pelos objetivos da educa o definidos na pol tica educacional e de outro pela disciplinariza o de uma rea de conhecimento O processo de transforma o de uma rea em disciplina ocorre tradicionalmente pela reivindica o de um dom nio particular pelo desenvolvimento de um conjunto singular de pr ticas metodol gicas seguindo uma tradi o fundadora e utilizando uma terminologia pr pria A defini o dos objetivos educacionais por sua vez est relacionada com fatores econ micos sociais pol ticos e culturais todos atravessados pelas rela es poder que consequentemente acabam determinando a escola o curr culo o ensino e principalmente o sujeito Isso configura uma rela o direta entre poder curr culo e sujeito Dessa forma investigar a constitui o de uma disciplina curricular implica no desmembramento de uma rede de rela es discursivamente constru das com o objetivo de forjar maneiras espec ficas de conceber o mundo Isto nos leva a considerar que os objetos 15 selecionados pelas disciplinas curriculares estar o sempre subordinados a certas concep es de mundo de sujeito de cultura etc Outro fator que atua na constitui o de uma disciplina diretamente ligado aos objetivos deste trabalho concerne ao desenvolvimento epistemol gico da rea de conhecimento que fornece seus objetos de estudo No
15. 1999a Avalia o da excel ncia regula o das aprendizagens entre duas l gicas Trad Patr cia Chittoni Ramos Porto Alegre Artmed 1999b POSSENTI S Por que n o ensinar gram tica na escola Campinas SP Mercado das Letras Associa o de Leitura do Brasil 1996 QUEIROZ T A P de Aprender a saber na Idade M dia In FRIA A A et al Trivium e Quadrivium as artes liberais na Idade M dia Cotia SP bis 1999 p 11 31 RAJAGOPALAN K Por uma lingu stica cr tica linguagem identidade e a quest o tica S o Paulo Par bola Editorial 2003 Linguagem o santo graal da lingu stica In SIGNORINI 1 Org Situar a l ngua gem S o Paulo Par bola Editorial 2008 p 15 38 ROBINS R H Pequena hist ria da lingu stica Trad Luiz Martins Monteiro Rio de Janeiro Ao Livro T cnico 2004 ROCHA L C de A Estruturas morfol gicas do portugu s 2 ed S o Paulo Editora WMF Martins Fontes 2008 256 ROJO R Perspectivas para os estudos sobre a linguagem na Virada do Mil nio o caso da Ling stica Aplicada Mesa Redonda V Semin rio de Teses em Andamento IEL UNICAMP 28 10 1999 1999 ROJO R amp BATISTA A A G Orgs Livro did tico de l ngua portuguesa Campinas SP Mercado das Letras 2003 ROJO R G neros do discurso e g neros textuais quest es te ricas e aplicadas In MEURER J L et al Orgs G neros teorias m todos debates S o Paulo Par bo
16. 2004 conclui que apesar de apresentarem alguns avan os os PCNEM incluindo os PCN n o chegam a referenciar de maneira satisfat ria as mudan as de estrutura organiza o gest o e pr ticas did ticas que seriam necess rias para a realiza o dos princ pios e diretrizes expostos nos documentos legais p 14 De acordo com sua an lise isso se deve em maior grau incoer ncia entre as vis es de ensino aprendizagem e de linguagem l ngua e discurso presentes nos documentos que deveriam ser complementares Em seu entendimento s quando esses problemas forem resolvidos os Par metros poder o ser operacionais Rojo defende uma concep o de linguagem fundada em tr s dimens es a construcionista a sociointeracional e a linguagem como pr tica situada Em suas palavras Essa compreens o extremamente importante no mundo altamente semiotizado da globaliza o uma vez que possibilita situar os discursos a que somos expostos e recuperar sua situacionalidade social ou seu contexto de produ o e interpreta o quem escreveu com que prop sito onde foi publicado quando quem era o interlocutor projetado etc Tal teoriza o tem uma implica o pr tica porque possibilita trabalhar em sala de aula com uma vis o de linguagem que fornece artif cios para os alunos aprenderem na pr tica escolar a fazer escolhas ticas entre os discursos que circulam Isso possibilita aprender a problematizar o discurso hegem
17. Asser o argumentativa argumentar Asser o explicativa explicar Compartilho da opini o de Adam a respeito das limita es da teoria dos atos de fala mas creio ser poss vel utilizar alguns de seus construtos na elabora o de um modelo 5 adam percebeu tamb m que a sequ ncia dialogal diferente das demais tanto que n o lhe atribuiu a possibilidade de funcionar como ato sociodiscursivo 198 de descri o das opera es interacionais que se desenvolvem no interior dos g neros textuais e que acabam por tamb m defini lo como ato de linguagem Dessa forma o texto configura se como um espa o no qual se realizam diversos atos que cooperam para o alcance de determinados objetivos Por outro lado reconhe o tamb m que a utiliza o da teoria dos atos de fala s ser poss vel de conseguirmos alargar seu escopo para al m dos limites da linguagem verbal 5 2 4 Fun es da linguagem ou atos de linguagem A quest o dos atos de fala est diretamente ligada ao papel da linguagem no processo de intera o social Esse problema foi inicialmente formulado a partir das reflex es acerca das fun es da linguagem que buscavam definir as possibilidades de usos da linguagem tendo em vista seu papel nas formas de percep o da realidade e na produ o de efeitos de sentido A descri o das fun es da linguagem mais c lebre no mbito da Lingu stica foi desenvolvida por Jakobson 2005 Em sua formula o as fun e
18. PARA ganhar sua liberdade No entanto no texto abaixo a explica o n o pode ser analisada a partir de sua estrutura protot pica incluindo o emprego de articuladores mas em termos da an lise do texto como um todo Carta ao leitor Uma quest o de estado A partir desta edi o VEJA passar a grafar a palavra estado com letra min scula Se povo sociedade indiv duo pessoa liberdade institui es democracia justi a s o escritas com min scula n o h raz o para escrever estado com mai scula Os dicionaristas aconselham o uso de capitular quando a palavra for usada na acep o de na o politicamente organizada como prescreve o Aur lio Seu rival Houaiss tamb m assevera que estado nesse sentido se grafa com mai scula Vale a pena contrari los Escrever estado com inicial mai scula quando cidad o ou contribuinte v o assim mesmo em min sculas uma deforma o t pica mas n o exclusivamente brasileira Os franceses estado dependentes adoradores de seu generoso cofre nacional escrevem tat Os povos de l ngua inglesa generalizando esperam do estado a distribui o equ nime da justi a o respeito a contratos e propriedade e a defesa das fronteiras Mas n o consideram uma d diva do estado o direito boa vida material sem esfor o Grafam state Com mai scula estado simboliza uma vis o de mundo distorcida de depend ncia do poder central de f cega e irracional na for a superior de
19. Tratando dos parentescos entre Ret rica e Dial tica Arist teles centra no silogismo o ponto de converg ncia dependendo da multid o a que nos dirigimos preciso estarmos aptos a apresentar n o s as provas como tamb m o contr rio delas Ora nenhuma das outras artes conclui com os contr rios por meio do silogismo a n o ser a Dial tica e a Ret rica porque uma e outra t m por objeto os contr rios Todavia as mat rias que lhe dizem respeito n o apresentam o mesmo valor porque o que verdadeiro e naturalmente superior presta se melhor ao silogismo e mais f cil de persuadir absolutamente falando ARIST TELES 1959 p 21 Ou seja manifesto que o papel da Ret rica se cifra em distinguir o que verdadeiramente suscet vel de persuadir do que s o na apar ncia do mesmo modo que pertence Dial tica distinguir o silogismo verdadeiro do silogismo aparente Passemos Gram tica que embora tenha sido distinguida da Ret rica por Quintiliano oferece os ingredientes indispens veis para o sucesso da eloqu ncia Todo o livro III da Ret rica de Arist teles trata da elocu o que na verdade uma estil stica da linguagem a exposi o de solu es formais viabilizadoras da argumenta o eficiente Ali se encontra indicada a melhor maneira de tratar cada uma das partes do discurso a utiliza o de figuras complexas como a met fora base anal gica do exemplo e da imagem com que se devem ilust
20. a linguagem em seu contexto social a LA tem operado com contextos descontextualizados ou seja com uma vis o bastante limitada daquilo que constitui o social Em sua exposi o a abordagem do modernismo emancipat rio sobre as quest es de linguagem conhecimento e poder objetiva especificamente relacionar o estudo da linguagem com uma pol tica esquerdista Um alinhamento muito mais te rico do que pr tico na verdade Diante disso prop e uma LAC com as seguintes caracter sticas ii Embora tamb m veja a linguagem como fundamentalmente ligada pol tica articula uma descren a profunda quanto ci ncia s declara es de verdade e possibilidade de uma posi o emancipat ria fora da ideologia ii Remete a perspectivas p s estruturalistas p s modernas e p s coloniais encarando a linguagem como inerentemente pol tica entendendo o poder mais em termo de suas micro opera es relacionadas a quest es de classe ra a g nero etnia sexualidade e assim por diante e argumentando que tamb m devemos responsabilizar nos pelas pol ticas do saber iii Em termos da pol tica lingu stica sugere que a l ngua tanto produtora quanto refletora das rela es sociais e aponta para a necessidade de entender como as pessoas resistem e se apropriam de formas de opress o por meio da linguagem iv Uma postura problematizante sobre escolariza o levanta quest es de resist ncia e c tica sobre a no o de que a consc
21. casta de homens pol ticos submetidos a uma engrenagem religiosa eivado de um novo misticismo avesso concretude romana pouco se parece com o mundo romano Conforme salienta Queiroz 1999 p 15 se o preceito da bem aventuran a dos pobres de esp rito tivesse realmente sido seguido risca pelo cristianismo certamente a Europa teria conhecido outras formas de apreens o do estar no mundo a partir dos s culos IV V No entanto desde seus prim rdios o entendimento crist o imbrica se com uma inesgot vel erudi o liter ria e pl stica atrav s da reinterpreta o e reaproveitamento de textos os mais variados bem como de imagens e cones Fragmentada descontextualizada ressignificada a cultura antiga passa por uma releitura praticamente total Isso n o significa necessariamente o desaparecimento do imagin rio da efic cia intelectual do mundo antigo Os crist os dos primeiros s culos sabiam que Roma havia conquistado os v rios territ rios de seu Imp rio atrav s das armas mas tamb m atrav s da implanta o material de suas formas sens veis a cidade e sua arquitetura E sobretudo que havia dominado as mentes por meio da identifica o padronizada do ser romano com a cultura escrita das leis e da literatura das inscri es em monumentos em t mulos e mesmo em objetos do cotidiano Os romanos decretaram o fim das tradi es orais consuetudin rias Ler e escrever tornara se obrigat rio para todos aqueles que q
22. condi o da linguagem na rela o do sujeito com o mundo reveste se de suma import ncia a tarefa de investigar se os conte dos da disciplina L ngua Portuguesa cumprem o papel de munir o estudante das condi es indispens veis para situar se no complexo mundo p s moderno n o apenas no que concerne ao aspecto econ mico o que parece ser a preocupa o central do ensino de l ngua proposto nos PCNEM mas sobretudo no mbito pol tico De acordo com Deacon e Parker 2002 a educa o no mundo moderno est sendo denunciada como um dos ltimos e minados basti es de uma poca cujos dolos a raz o O progresso e o sujeito aut nomo t m sido irreparavelmente maculados por guerras mundiais totalitarismo pobreza e fome em massa destrui o ambiental e cujos pr prios avan os cient ficos e sucessos produtivos est o inextricavelmente entrela ados com domina o de forma es naturais e sociais A modernidade pode ser caracterizada como um agrupamento din mico de desenvolvimentos conceituais pr ticos e institucionais associados com a tradi o iluminista do pensamento secular materialista racionalista e individualista a separa o formal entre o privado e o p blico a emerg ncia de um sistema mundial de na es estados uma ordem econ mica expansionista baseada na propriedade privada o industrialismo e por ltimo mas n o menos importante o crescimento de imensos sistemas burocr ticos de organiza o soci
23. em di logo constante com v rios campos do conhecimento que t m preocupa o com a linguagem Rojo 1999 ressalta que os feitos epistemol gicos desses movimentos de apropria o sucessiva e variada de outras reas foram vis veis Se por um lado os diversos fundamentos psicol gicos psicolingu sticos sociol gicos e lingu sticos adotados pelos pesquisadores no campo nas ltimas d cadas tornaram poss vel falar de sucessivas no es de sujeito biol gico psicol gico social hist rico subjacentes s investiga es Por outro lado a no o de historicidade do objeto do sujeito n o pode ser colocada sen o recentemente quando da emerg ncia de pesquisas de fundamento discursivo e s cio hist rico 125 De acordo com Moita Lopes 1998 p 114 na pesquisa interdisciplinar no campo da LA O linguista aplicado partindo de um problema com o qual as pessoas se deparam ao usar a linguagem na pr tica social e em um contexto de a o procura subs dios em v rias disciplinas que possam iluminar teoricamente a quest o em jogo ou seja possam ajudar a esclarec la Isso quer dizer que a pesquisa em si aplicada isto ocorre no contexto de aplica o e n o se faz aplica o em LA Elabora se assim uma compreens o te rica de natureza interdisciplinar ao colocar se o problema em estudo na fronteira de duas ou mais ci ncias o que as obriga a somarem seus esfor os para redefinindo o objeto criare
24. forma o da pol tica governamental Isso implica uma atitude b sica que transcende a pol tica propriamente dita e configura todas as manifesta es culturais de sociedades democr ticas De fato a democracia pressup e a participa o coletiva do poder pol tico com base na convic o da igualdade essencial de todos os homens Essa cren a na igualdade essencial de todos os seres humanos o princ pio fundamental da democracia Esse princ pio assim como os padr es reais de comportamento que o refletem na sociedade tem segundo Mannheim 2004 duas ra zes uma ideol gica e outra sociol gica Ideologicamente essa cren a deriva da concep o crist acerca da fraternidade de todos os homens enquanto filhos de Deus Sem essa concep o nossa sociedade n o poderia ter desenvolvido uma ordem pol tica que garantisse um status igual para todos Por outro lado no entanto essa doutrina n o teria podido moldar a realidade social se n o houvessem 47 ocorrido certas mudan as favor veis na estrutura social e pol tica da sociedade A press o de amplos estratos m dios e inferiores foi necess ria para transformar o princ pio crist o da igualdade em uma realidade institucional e pol tica A ideia enquanto tal existia antes mas sua relev ncia pol tica era pouca na medida em que s era compreendida com referencia ao mbito religioso sem encontrar aplica o nas coisas deste mundo O igual tratamento de todos os indiv duos co
25. multiplicidade de abordagens de acordo com o recorte operado pelas diferentes perspectivas te ricas Como bem observou Saussure em Lingu stica n o o objeto que cria o ponto de vista mas o ponto de vista que cria o objeto Sendo assim a linguagem ter tantos sub objetos quantos forem os pontos de vista que se tenha a respeito dela Se por um lado isso explica o pluralismo te rico na Lingu stica justificando o fato de por exemplo a Sociolingu stica estudar a l ngua em suas rela es com a sociedade a Lingu stica Textual estudar a fun o textual dos itens lexicais a An lise da Conversa o se preocupar com a 211 conversa o cotidiana a Pragm tica se preocupar com a linguagem em uso as Teorias Enunciativas analisarem o modo como as formas da l ngua marcam nos enunciados categorias de pessoa espa o e tempo por outro cria alguns problemas quanto s possibilidades de harmoniza o tanto dos conceitos quanto dos objetos que dever o compor a L ngua Portuguesa como disciplina curricular Al m disso h ainda o problema das limita es dessas disciplinas pretensamente cient ficas para a abordagem de aspectos da linguagem mais diretamente ligados pr tica social que obrigatoriamente devem ser contemplados pelo ensino Rojo critica alguns aspectos conceituais mas n o avan a na articula o entre perspectivas de linguagem e aprendizagem e constru o te rica de objetos de ensino Nas recomenda
26. ncias da linguagem representou uma ruptura com o paradigma tradicional de estudos da l ngua seja na educa o b sica seja na forma o do professor ii O pluralismo te rico dessas ci ncias contribuiu efetivamente para a constru o de um curr culo coeso e ao mesmo tempo capaz de abarcar a complexidade que se manifesta no uso efetivo da linguagem em situa es de intera o social considerando as demandas do mundo p s moderno O modelo tradicional de estudo da linguagem tem suas origens na Gr cia Antiga iniciando se na filosofia com os estoicos Arist teles e Plat o estendendo se at os alexandrinos e os primeiros gram ticos dentre os quais se destaca Dion sio da Tr cia que estabeleceu com base nos estudos empreendidos at o momento as oito partes do discurso Na Idade M dia Bo cio agrupou no Trivium as disciplinas que concentravam os estudos da linguagem a gram tica a ret rica e a dial tica Essas tr s disciplinas permaneceram na Did tica Magna de Com nius obra que de acordo com o autor tinha o fito de evitar a confus o de m todos por meio da institui o de um modelo universal de ensino Com a evolu o dos estudos da linguagem e das ci ncias de um modo geral os conte dos principalmente da gram tica foram se transformando Destacam se as contribui es dos modistas e os estudos da gram tica especulativa ou filos fica O portugu s tornou se disciplina curricular somente na segunda metade do
27. o que hoje ap s uma s rie de transforma es hist ricas comumente chamada de gram tica tradicional Na verdade a redu o de toda uma tradi o de estudos da linguagem que se iniciou no campo da filosofia estoica plat nica aristot lica e logo se ramificou para os diversos campos da atividade humana ocasiona uma s rie de preju zos para a compreens o desse mesmo objeto Sabe se que a gram tica n o teve sempre o formato que se verifica nos diversos comp ndios atuais Nenhum de seus conceitos se estabeleceu sem uma quantidade significativa de debates e mesmo hoje quando os estudos cient ficos da linguagem t m apontando uma s rie de incongru ncias em praticamente todos os seus postulados sua vitalidade ainda impressiona ela que ainda constitui empiricamente a base do ensino de linguagem e que apesar de suas incontest veis limita es serve como ponto de partida para a abordagem cient fica A perspectiva cient fica instaurada pela Lingu stica a partir do s culo XIX p e em xeque o paradigma tradicional e estabelece novas concep es de linguagem e consequentemente novos objetos de estudo N o tardou para que a nova ci ncia se tornasse a principal fonte de consulta quando o assunto ensino de linguagem Ainda no quadro do paradigma cient fico a Lingu stica Aplicada que inicialmente se define como aplicadora de teorias lingu sticas passa a defender uma concep o de ci ncia orientada para a resolu o
28. possibilidade de enfrentamento dessa realidade Se a individualiza o foi a estrat gia que desfigurou a sociedade a pol tica representa a nica possibilidade de sua reconstru o De acordo com Arendt 2007 a fun o da pol tica promover a liberdade dos cidad os Com o surgimento do Estado nacional este passou a se encarregar primordialmente atrav s da fixa o de leis do exerc cio da liberdade social nesse contexto que se exercem o poder disciplinar e o biopoder No entanto essa transfer ncia da responsabilidade de garantia do exerc cio da liberdade do indiv duo para o Estado provocou uma aliena o e por conseguinte uma heteronomia que conduziu ao esvaziamento do eu e primazia do Outro Nas palavras de Castoriadis 1982 p 131 132 220 a aliena o a heteronomia social n o aparece como simplesmente como discurso do outro embora este desempenhe um papel essencial como determina o e conte do do inconsciente e do consciente da massa de indiv duos Mas o outro desaparece no anonimato coletivo na impessoalidade dos mecanismos econ micos de mercado ou da racionalidade do Plano da lei de alguns apresentada como lei simplesmente E conjuntamente o que representa da em diante o outro n o mais um discurso uma metralhadora uma ordem de mobiliza o uma folha de pagamento e de mercadorias caras uma decis o de tribunal e uma pris o O outro da em diante
29. que esses objetivos s o formulados Por ser um fen meno extremamente complexo n o pode ser reduzido condi o de objeto de estudo de disciplinas comprometidas 3 Bentes amp Mussalin 2004a 2004b 2004c organizaram uma colet nea em tr s volumes que re ne artigos sobre as diversas subdisciplinas da Lingu stica apresentando seus objetos seus paradigmas epistemol gicos e suas rela es com disciplinas afins A Lingu stica n o se interessa pelo estudo da gram tica normativa Dessa forma seu equ voco pol tico decorrente do equ voco epistemol gico 119 exclusivamente com o paradigma cient fico moderno cujo modus operandi fundamentado na simplifica o isto na redu o da complexidade N o basta portanto reunir as disciplinas da Lingu stica que fazem incurs es por aspectos relativos ao ensino de l ngua Agir dessa forma significa acreditar que o todo se constitui simplesmente da soma de suas partes 4 LINGU STICA APLICADA E ENSINO DE LINGUAGEM O conhecimento cient fico s o na medida em que for ataque e confronta o S existe ci ncia enquanto cr tica da realidade a partir da realidade que existe e com vista sua transforma o em uma outra realidade Mas a cr tica ser por sua vez ilus ria se for s isso cr tica se n o se souber plasmar no processo de transforma o da realidade e a tal ponto que este se transforme no seu crit rio de verdade SANTOS 1989 p 48 N
30. 1 1 2 3 1 2 3 2 3 3 4 2 4 3 5 1 5 1 1 5 1 2 5 1 2 1 5 1 2 2 5 1 2 3 5 1 2 4 5 1 3 5 2 5 2 1 5 2 2 5 2 3 5 2 4 SUM RIO INTRODU O A LINGUAGEM NA HIST RIA DO CURR CULO ENSINO DE LINGUAGEM NA IDADE M DIA O Trivium A Gram tica A Ret rica A Dial tica O PORTUGU S COMO DISCIPLINA CURRICULAR A democratiza o da educa o A LDBN 5 692 71 A LEI 9 394 96 E O NOVO ENSINO M DIO A formata o da l ngua nos PCNEM Compet ncias gerais Os eixos estruturadores da disciplina O ENSINO NA AGENDA DA LINGU STICA TEORIAS GRAMATICAIS E ENSINO PROBLEMAS DO TEXTO COMO OBJETO UNIDADE DE ENSINO RELEV NCIA SOCIAL DA LINGU STICA LINGU STICA APLICADA E ENSINO DE LINGUAGEM A LA COMO REA DE CONHECIMENTO AUT NOMA A LA CR TICA POR UMA LA P S CR TICA A LINGUAGEM COMO FEN MENO SEMI TICO PRAGM TICO ASPECTOS SEMI TICOS DA LINGUAGEM A natureza do signo O signo lingu stico e seus n veis N vel fonogr fico N vel morfol gico N vel sint tico N vel textual Signos n o verbais ASPECTOS PRAGM TICOS DA LINGUAGEM Discurso e significa o Forma es discursivas e g neros textuais Tipos textuais ou atos de linguagem Fun es da linguagem ou atos de linguagem 14 17 17 24 29 36 39 45 52 55 58 59 63 68 68 80 98 120 121 127 138 156 157 157 161 161 164 170 173 175 181 181 188 192 198 6 2 6 2 1 6 2 2 6 2 2 1 6 2 2 2 6 2
31. 1 1 3 A Dial tica Na Antiguidade a Dial tica designou um determinado modo de argumentar em Parm nides e Zen o de El ia encontramos uma forma estrita de dedu o enquanto a Dial tica plat nica ou socr tico plat nica uma forma mais completa de um lado um m todo de ascens o do sens vel ao intelig vel servindo se das opera es de divis o e composi o permitindo a passagem da multiplicidade para a unidade Por outro lado a Dial tica um m todo de dedu o racional que permite discriminar as ideias entre si e como tal o fundamento da ci ncia Em contrapartida para Arist teles a Dial tica uma forma n o demonstrativa de conhecimento disputa e n o ci ncia mais indu o que demonstra o o neoplatonismo a corrente cl ssica que revaloriza a Dial tica entendendo como tal o modo de ascens o ao mundo intelig vel num sentido aproximado ao de Plat o A denomina o dial tica para designar o estudo das formas de pensamento e de argumenta o foi transmitida por Bo cio Essa denomina o foi mantida com regularidade ainda que s vezes se alternasse com outras de raiz mais estritamente latina como Ars disserendi express o que 37 denomina o conte do da disciplina as formas de disseratio e dos dissendi genera quer dizer a natureza e a forma dos enunciados Nos s culos XIII e XIV dial tica e l gica s o empregadas mais ou menos indistintamente para designar o conte do da L
32. Conforme Soares 2002 p 157 8 No conv vio social cotidiano por imposi o das necessidades pragm ticas de comunica o entre portugueses e ind genas e dos ind genas falantes de diferentes l nguas entre si e para a evangeliza o a catequese prevalecia a l ngua geral sistematizada pelos jesu tas Na verdade o que iam os meninos os poucos privilegiados que se escolarizavam aprender escola era o ler e o escrever em portugu s este n o era pois componente curricular mas apenas instrumento de alfabetiza o Da alfabetiza o praticada nas escolas menores passava se diretamente ao latim no ensino secund rio e no ensino superior estudava se a gram tica da l ngua latina e a ret rica aprendida em autores latinos sobretudo C cero e Arist teles Assim determinava a Ratio Studiorum Ainda segundo Soares No Brasil a determina o que n o dava lugar l ngua portuguesa no curr culo parece ter sido facilmente assimilada obedecida sem resist ncia desde o s culo XVI at a primeira metade do s culo XVIII em primeiro lugar os poucos que se escolarizavam durante todo esse per odo pertenciam a camadas privilegiadas cujo interesse e objetivo era seguir o modelo educacional da poca que se fundava na aprendizagem do latim e atrav s do latim fugindo tradi o dos sistemas pedag gicos de ent o atribuir s l nguas nacionais estatuto de disciplina curricular em segundo lugar o portugu
33. Lingu stica num longo percurso hist rico do qual ela retira certa legitimidade Contudo essa legitimidade obtida por meio da hierarquia da exclus o e da usurpa o Os saberes tradicionais s o menores incorretos e quando alguma coisa aproveit vel torna se objeto de apropria o assim que o discurso cient fico se imp e na sociedade O dado curioso no entanto que em mat ria de linguagem a ci ncia ainda n o se imp s como deseja No Curso de Lingu stica Geral Saussure 2004 afirma que antes de conhecer seu nico e verdadeiro objeto a Lingu stica passou por tr s fases sucessivas a Gram tica que tinha como nico objetivo formular regras para distinguir as formas corretas das incorretas a Filologia que n o tinha a l ngua como nico objeto mas queria fixar interpretar e comentar os textos e por fim a Gram tica Comparada que descobriu que as l nguas podiam ser comparadas entre si Em sua historiografia a lingu stica como ci ncia aut noma nasceu no s culo XIX com a Gram tica das L nguas Rom nicas de Diez Robins 2004 assume uma posi o mais conciliadora Ele faz uma distin o entre ci ncia lingu stica em sentido amplo e em sentido estrito e conclui que em nenhum momento existe ruptura que signifique descontinuidade na tradi o lingu stica europeia p 5 Mesmo assim no sum rio de sua Pequena hist ria da lingu stica a designa o lingu stica s aparece para designar o
34. Paris Armand Colin 2008a A lingu stica textual introdu o an lise textual dos discursos Trad Maria das Gra as Soares Rodrigues et al S o Paulo Cortez 2008b AL ONG S Normas lingu sticas normas sociais uma perspectiva antropol gica Trad Marcos Bagno In BAGNO M Org Norma lingu stica S o Paulo Edi es Loyola 2001 p 145 174 ANGIONI L Introdu o teoria da predica o em Arist teles Campinas SP Editora da UNICAMP 2006 APOTH LOZ D Papel e funcionamento da an fora na din mica textual In Cavalcante M M et al Orgs Referencia o S o Paulo Contexto 2003 p 53 84 APOTH LOZ D amp CHANET C Definido e demonstrativo nas nomea es In Cavalcante M M et al Orgs Referencia o S o Paulo Contexto 2003 p 131 176 ARA JO L Do signo ao discurso introdu o filosofia da linguagem S o Paulo Par bola Editorial 2004 ARIST TELES Arte ret rica arte po tica Trad Ant nio Pinto de Carvalho S o Paulo Difus o Europ ia do Livro 1959 ARIST TELES Arte ret rica arte po tica Trad Ant nio Pinto de Carvalho S o Paulo Difus o Europ ia do Livro 1959 rganon Categorias Da interpreta o Anal ticos anteriores Anal ticos posteriores T picos Refuta es sof sticas Trad Edson Bini Bauru SP EDIPRO 2005 Ret rica 3 ed Trad Manuel Alexandre J nior Paulo Farmhouse Abel do Nascimento Pena Lisboa Imprens
35. Que tratamento ser dado quest o da diversidade nos livros did ticos e nas salas de aula Qualquer tentativa de resposta a essa pergunta nos remeter impreterivelmente sele o dos conte dos que constituir o a disciplina l ngua portuguesa como componente curricular Concebendo a gram tica como o principal constituinte do ensino de l ngua n o seria exagerado afirmar que em muitos momentos ocorre uma identifica o entre l ngua e gram tica muitos linguistas t m se empenhado em reabilit la Possenti 2005 p 17 faz 77 uma discuss o sobre a pertin ncia do ensino de gram tica definindo o papel da escola diante dela o objetivo da escola ensinar o portugu s padr o O autor n o tece considera es sobre a natureza desse padr o mas entende que qualquer outra hip tese seria um equ voco pol tico e pedag gico Para ele O mais importante que o aluno possa vir a dominar efetivamente o maior n mero poss vel de regras isto que se torne capaz de expressar se nas mais diversas circunst ncias segundo exig ncias e conven es dessas circunst ncias Nesse sentido o papel da escola n o o de ensinar uma variedade no lugar da outra mas de criar condi es para que os alunos aprendam tamb m as variedades que n o conhecem ou com as quais n o t m familiaridade a inclu da claro a que peculiar de uma cultura mais elaborada grifo meu aspas do autor Os pressupost
36. a enuncia o como realidade da linguagem e como estrutura socioideol gica Isso n o quer dizer que suas ideias n o possam ser utilizadas na elabora o de planos e metodologias de ensino No entanto entendemos que diante da especificidade dos objetivos da educa o e do ensino de l ngua linguagem nesse processo toda apropria o de conceitos deve ser ressignificada Como se p de verificar os termos texto e discurso s o concebidos de maneira distinta e at divergente nas ci ncias da linguagem Maingueneau 2008 apresenta em linguagem matem tica o modo como a rela o texto discurso tem sido concebida discurso texto contexto Ele argumenta que a no o de discurso particulariza por uma ambiguidade lidada oposi o cont vel vs n o cont vel No singular entende por discurso a atividade enunciativa em geral o dom nio do discurso a an lise do discurso no plural todo discurso particular os discursos se inscrevem em contextos discurso designa cada acontecimento de fala cada enuncia o MAINGUENEAU 2008 p 138 Num balan o sobre as problem ticas lingu sticas que evocam essa no o o autor distingue tr s planos de emprego que correspondem a campos distintos de estudos da atividade verbal i Num primeiro plano o discurso est ao lado da enuncia o trata se de se opor a uma lingu stica pura do sistema nessa corrente que se situaria
37. ao leitor alguma decis o referente estrutura o do ve culo ou a posi es que ser o assumidas nas pr ximas edi es Na carta acima a revista Revista Veja 14 de mar o de 2007 195 Veja comunica ao seu leitor a decis o de n o mais grafar a palavra estado com letra mai scula e uma decis o dessa natureza n o pode se estabelecer sem que haja uma explica o dos fatores que a provocaram O motivo central da decis o da revista dado no primeiro per odo do terceiro par grafo Com mai scula estado simboliza uma vis o de mundo distorcida de depend ncia do poder central de f cega e irracional na for a superior de um ente capaz de conduzir os destinos de cada uma das pessoas Note se que essa explica o n o apresenta nenhuma das caracter sticas da sequ ncia explicativa protot pica proposta por Adam Para persuadir o leitor de sua posi o a revista utiliza algumas estrat gias gradativas i conduz o leitor a um questionamento da infalibilidade do dicion rio ii compara a situa o do Brasil com a de outros pa ses para que o leitor perceba as contradi es em torno da no o de estado iii utiliza o argumento de autoridade buscando no discurso filos fico ideias que sustentam a decis o Diante de todos esses argumentos conclui a tentativa refletir uma dimens o mais equilibrada da vida em sociedade Em todo o texto a inten o da revista explicar ao leitor as raz es de sua
38. base assumida possibilitando se tratar os textos e discursos multimodais e multimidi ticos presentes hoje nos materiais impressos e em ambiente digital 4 Se repense a rela o entre aprendizado cotidiano aprendizado sistem tico e cultura popular cultura valorizada ou oficial no conjunto dos documentos oficiais 5 Se reorganize os eixos de ensino de uso e de an lise das linguagens nos documentos de maneira a se abrir espa o a novos usos de linguagens 6 No eixo do uso a leitura e compreens o dos bens culturais continuem sendo valorizadas como ato de protagonismo cr tico 7 Se organizem os conhecimentos necess rios ao uso e compreens o das l nguas e linguagens objetos de ensino em termos de esferas de circula o dos discursos art sticas m sica pl sticas gr ficas verbais medi ticas jornal sticas cient ficas pol ticas cient ficas pol ticas burocr ticas escolares virtuais etc e nestas no que se refere linguagem verbal em termos de g neros discursivos que n o levam separa o nem das linguagens e modalidades entre si nem das habilidades de 52 E a a A 2 poe A g O que a autora chama aqui de g neros discursivos equivale ao que defini como g neros textuais 210 leitura produ o e an lise dos textos discursos al m de levarem a novos e variados tipos e patamares de letramentos digital liter rio cient fico etc 8 Se revejam as atitudes valores e habilidades envolvidos
39. caso espec fico da linguagem seu estudo tem sido subsidiado pelas contribui es da tradi o greco latina e mais recentemente pelos construtos da lingu stica cient fica que embora proponha uma ruptura radical com a tradi o ainda mant m fortes v nculos com ela caracterizando as ci ncias da linguagem como um campo cumulativo de conhecimento Isso parece contrariar a posi o defendida por Kuhn 2007 de que a ci ncia n o se desenvolve pela acumula o de descobertas e inven es individuais Para ele a transi o sucessiva de um paradigma a outro por meio de uma revolu o o padr o usual de desenvolvimento da ci ncia amadurecida No entanto na hist ria das ideias lingu sticas pode se observar que muitas categorias definidas na antiguidade ainda gozam de um prest gio inabal vel mesmo no mbito cient fico da linguagem De fato em outras reas do conhecimento a emerg ncia de um novo paradigma efetivamente significou a morte do anterior a astronomia substituiu a astrologia al m de reduzi la condi o de crendice a qu mica ocupou o lugar da alquimia No quadro das teorias psicol gicas o behaviorismo foi superado pela teoria da Gestalt a teoria sociol gica positivista foi superada pela marxista O pr prio Kuhn mostra como as teorias de Galileu Cop rnico e Newton revolucionaram os campos da astronomia e da f sica As partes do discurso cuja g nese remonta a fil sofos como Plat o Arist
40. cia Silva C sar Tese doutorado Universidade Federal da Bahia Instituto de Letras Salvador 2009 1 Lingu stica 2 Lingu stica aplicada 3 Linguagem Estudo e ensino 4 Linguagem Filosofia 5 Ci ncia Filosofia C sar Am rica L cia Silva Il Universidade Federal da Bahia Instituto de Letras Ill T tulo CDD 418 CDU 81 33 AGRADECIMENTOS S o poucos mas muito especiais A Am rica pela prestimosa orienta o pelas constantes provoca es que me propiciaram um significativo amadurecimento intelectual imprescind vel para a conclus o deste trabalho A Andrea pelo apoio incans vel e incondicional que me dispensou nos momentos mais tensos de minha caminhada A Matheus filho muito amado que teve de suportar a minha aus ncia quando o trabalho exigia de mim o isolamento A Lila por todas as vezes que me emprestou seus ouvidos para escutar e discutir o embri o de algumas ideias do trabalho Capes pela bolsa de estudos que possibilitou minha dedica o exclusiva realiza o deste projeto RESUMO Z A constitui o de uma disciplina curricular resultado de um complexo processo que envolve fatores de ordem social cient fica e pol tica De determinada rea do conhecimento s o selecionados objetos espec ficos destinados a cumprir uma fun o pedag gica no quadro dos objetivos da educa o No caso do ensino de linguagem os conte dos sempre foram recortados de uma tradi
41. compet ncias e habilidades A compet ncia concebida nos PCNEM como a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos saberes capacidades informa es etc para solucionar com pertin ncia e efic cia uma s rie de situa es Em outras palavras a compet ncia diz respeito a um saber fazer que a escola deve desenvolver nos alunos 3 O ENSINO NA AGENDA DA LINGU STICA Entre os mitos expandidos ela historiografia das ci ncias da linguagem tal como ela foi estabelecida no s culo XIX um dos mais prejudiciais para a compreens o do papel exato desempenhado por essas disciplinas no desenvolvimento cultural da humanidade incontestavelmente o da cientificidade AUROUX 1992 p 7 3 1 TEORIAS GRAMATICAIS E ENSINO O estatuto cient fico alcan ado pela Lingu stica principalmente a partir do corte saussuriano propiciou uma profus o de estudos que n o obstante sua maior concentra o no mbito te rico deu origem a uma s rie de considera es que prop em reflex es sobre o ensino de l ngua ou linguagem Essas discuss es sempre partem do pressuposto de que preciso substituir as inconsist ncias que herdamos da tradi o gramatical pelos novos objetos que a ci ncia lingu stica tem descoberto a partir de estudos emp ricos fundamentados em novos postulados diferentes concep es de l ngua e linguagem defini o de novas unidades de an lise dos fatos de linguagem al m claro
42. conceitos cuja factualidade tamb m n o tem sido discutida Isso n o significa que seu estatuto te rico seja isento de orienta es divergentes Marcuschi 2008 p 154 155 define os tipos como uma esp cie de constru o te rica em geral uma sequ ncia subjacente aos textos definida pela natureza lingu stica de sua composi o aspectos lexicais sint ticos tempos verbais rela es l gicas estilo O tipo caracteriza se muito mais como sequ ncias lingu sticas sequ ncias ret ricas do que como textos materializados a rigor s o modos textuais Em geral os tipos textuais abrangem cerca de meia d zia de categorias conhecidas como narra o argumenta o exposi o descri o injun o Quando predomina um modo num dado texto concreto dizemos que esse um texto argumentativo ou narrativo ou expositivo ou descritivo ou injuntivo Para o autor todo e qualquer texto deve ser situado em rela o a tr s conceitos interdependentes a no o de dom nio discursivo de g neros textuais e de tipos textuais Marcuschi 2002 p 222 224 define esses conceitos da seguinte maneira iii Usamos a express o tipos textuais para designar uma esp cie de sequ ncia teoricamente definida pela natureza lingu stica de sua composi o aspectos lexicais sint ticos tempos verbais rela es l gicas E geral os tipos textuais abrangem cerca de meia d zia de categorias conhecidas como narra o ar
43. concord ncia verbal e nominal reg ncia nominal e verbal coloca o pronominal per odo simples e composto por coordena o ou subordina o H ainda o vocativo que na realidade n o constitui uma fun o sint tica mas pragm tica sua inclus o na sintaxe tradicional nada mais do que um vest gio da gram tica latina que serviu de modelo para a elabora o de diversas gram ticas ocidentais Desde o seu surgimento na d cada de 1960 a gram tica gerativa de Chomsky tem se dedicado explica o das estruturas sint ticas das l nguas partindo do pressuposto de todo falante nasce com predisposi o gen tica para aprender qualquer l ngua Assim definiu essa predisposi o como compet ncia em oposi o ao uso efetivo de uma l ngua chamado de desempenho e a transformou no objeto central de suas teorias O impacto do gerativismo foi t o grande que sua defini o de l ngua como conjunto de regras internalizadas que constituem a compet ncia do falante se tornou uma das mais c lebres no campo da Lingu stica Ali s ela deu origem a uma nova concep o para o termo gram tica conjunto de regras que o falante domina ou gram tica internalizada O objetivo da teoria gerativa explicar as regras mentais que os falantes utilizam para produzir e interpretar senten as atrav s de um modelo formal de descri o Dessa maneira enquadra se no paradigma cient fico da modernidade j delineado no segundo cap tulo Em mode
44. condi es impedem a realiza o do ato As condi es de infelicidade dos atos de linguagem envolvem fatores institucionais pap is sociais dos interlocutores bom ou mau uso da estrutura dos atos incluindo a modaliza o e aquilo que no quadro da Lingu stica Textual tem sido definido como coer ncia e seus fatores informatividade intencionalidade conhecimento de mundo conhecimento compartilhado situacionalidade fatores de contextualiza o focaliza o intertextualidade aceitabilidade consist ncia e relev ncia 6 DIRETRIZES GERAIS PARA O ENSINO DE LINGUAGEM A estrutura significante da linguagem remete sempre a outra coisa os objetos se encontram a designados o sentido visado o sujeito tomado como refer ncia por um certo n mero de signos mesmo se n o est presente em si mesmo A linguagem parece sempre povoada pelo outro pelo ausente pelo distante pelo long nquo ela atormentada pela aus ncia FOUCAULT 2004b p 126 O objetivo central deste trabalho consiste na proposi o de diretrizes que possam desembocar num programa m nimo para o ensino de linguagem no n vel m dio partindo do pressuposto de que falta a esse n vel uma identidade que o diferencie do n vel fundamental Mas por que novas diretrizes para o ensino de linguagem se j temos os PCNEM N o seria o caso de simplesmente tentarmos solucionar os equ vocos que eles apresentam para consequentemente torn lo pass vel de apli
45. constitui o social comum interpretar a LA como preocupada com a linguagem em contexto mas a conceitua o do contexto frequentemente limitada a uma vis o das rela es sociais de car ter muito abrangente e sem a teoriza o adequada Segundo esse autor um dos desafios centrais da LAC consiste em compreender a complexidade daquilo que se tem chamado de contexto social e encontrar maneiras de mapear as rela es macro e micro assim como avan ar para al m delas maneiras de entender uma rela o entre conceitos de sociedade ideologia capitalismo global colonialismo educa o g nero racismo sexualidade classe discursos da sala de aula tradu o conversa es estilo aquisi o de segunda l ngua e textos da m dia 137 Uma tentativa de mapear as rela es micro e macro que envolvem a no o de l ngua tanto no mbito acad mico como no social foi feita por C sar e Cavalcanti 2007 De acordo com elas essa categoria fulcral para as pesquisas no campo aplicado foi herdada de maneira acr tica e naturalizada por diversos pesquisadores da LA fato que tem dificultado a implementa o de mudan as significativas tanto na produ o te rica quanto nas metodologias de pesquisa Ao focalizar contextos de minorias tnicas principalmente ind genas de educa o bil ngue e seus movimentos por afirma o identit ria e autonomia pol tica as autoras concluem que o bilinguismo tem sido compreendido de maneira restri
46. culo Como as verdades passam ser 225 estabelecidas segundo uma metodologia cient fica perde se a necessidade da discuss o Dessa forma a racionalidade cient fica contribui para a constru o de um mundo de verdades e por se estabelecer como a mais respeit vel inst ncia de produ o da verdade torna se tamb m uma das mais importantes inst ncias de exerc cio do poder Uma sociedade governada pela racionalidade cient fica uma sociedade incapaz de se questionar e de refletir criticamente sobre seus valores Ci ncia e dial tica s s o inconcili veis quando a rela o entre elas marcada pelo autoritarismo da primeira O paradigma positivista estabeleceu uma oposi o valorativa entre tradi o e ci ncia que tamb m pode ser entendida no jogo ideol gico expresso pelos pares dicot micos senso comum ci ncia mito verdade mentira verdade A Lingu stica reproduz esse pressuposto em suas teoriza es sobre l ngua gram tica e texto priorizando no estudo desses objetos a tarefa de fixar as leis gerais de sua constitui o e ou o funcionamento sistem tico de sua estrutura A Lingu stica mant m o compromisso positivista com a busca da verdade cient fica e por isso tamb m opera com oposi es valorativas norma padr o norma culta gram tica prescritiva gram tica descritiva Os defensores de um ensino fundado na perspectiva cient fica acreditam que a verdade que descobriram por meio da utiliza o do m todo cient
47. da complexidade do objeto numa flagrante ades o ao paradigma cient fico positivista A gram tica est dividida em tr s partes a sintaxe a sem ntica e a lexicologia Em todas elas a abordagem imanentista A metodologia consiste na an lise de frases idealizadas contrariando a informa o de que o corpus seria constitu do de textos jornal sticos e t cnicos No entanto o dado mais alarmante considerando o objetivo declarado de contribuir para a melhoria do ensino a ado o de uma nomenclatura excessivamente t cnica utilizada nas demonstra es N o que a nomenclatura seja um problema em si mesmo O fato que ela e por extens o toda a gram tica n o est comprometida com o estabelecimento de rela es entre o interior e o exterior da l ngua 114 mas com a preserva o da coer ncia formal dos itens analisados A proposta de classifica o das palavras apresentada obedece ao mesmo crit rio Em suma trata se de uma obra com compromissos estritamente acad micos Vilela e Koch 2001 produziram uma gram tica da l ngua portuguesa que se divide em tr s partes gram tica da palavra gram tica da frase e gram tica do texto discurso Nas duas primeiras unidades descreve se a l ngua numa perspectiva metodol gica muito semelhante da tradi o gramatical embora os pressupostos te ricos perten am em muitos aspectos nova norma te rica Quanto terceira parte n o se pode dizer que se trata de fato de
48. de linguagem que cooperam para o sucesso das inten es comunicativas e Criticar produ es art stico culturais considerando suas propriedades formais tem ticas e estil sticas al m de avaliar sua relev ncia social 236 ATITUDES e Rejeitar posi es que direta ou indiretamente legitimem a injusti a e a pr tica de a es anti ticas e Mostrar indigna o diante de atos de linguagem que visem manipula o social em favor de interesses de determinadas pessoas ou grupos e Criticar atos de linguagem que apesar de declarar preocupa es human sticas tentam mascarar projetos de subordina o da sociedade a novas estrat gias do poder de mercado e Rejeitar argumentos de movimentos sociais que sob pretexto de combater a exclus o social mostrem compromisso apenas com seus pr prios interesses contribuindo dessa forma para a fragmenta o social e Mostrar indigna o diante de posi es que direta ou indiretamente legitimem a discrimina o social em raz o de fatores raciais de g nero de idade lingu sticos ou de condi o social 6 2 2 2 Fatos conceitos procedimentos e atitudes relativos produ o semi tico textual Produzir um g nero semi tico textual significa usar intencionalmente a linguagem fen meno heter clito constitu do de m ltiplas semioses adequando a a situa es espec ficas com o objetivo de obter determinados resultados Para isso o pr prio estudante precisa ter obj
49. de Janeiro o Col gio Pedro II que tinha a finalidade de ser o modelo para o ensino secund rio no Brasil o estudo da l ngua portuguesa foi inclu do no curr culo sob a forma das disciplinas Ret rica e Po tica SOARES 2002 F vero e Molina assinalam que a disciplina Gram tica geral e gram tica nacional ministrada apenas no primeiro ano dos cursos come ara a ser efetivamente lecionada apenas depois do Regulamento de 1 de fevereiro de 1841 tendo pouca import ncia frente ao aprendizado de l nguas cl ssicas O predom nio das letras cl ssicas no primeiro plano de estudos do Col gio de Pedro II n o impediu entretanto que fossem bem aquinhoadas as matem ticas as l nguas modernas as ci ncias naturais e f sicas e a hist ria Nas duas s ries elementares 82 e 72 figuravam lado da Gram tica Nacional a Gram tica Latina a Aritm tica a Geografia o Desenho e a M sica Vocal Na 62 52 42 e 32 predominavam as humanidades cl ssicas Latim e Grego Na 22 e 12 predominavam a Filosofia e a Ret rica HAIDAR 1972 p 100 apud F VERO e MOLINA 2006 P 36 A distribui o da quantidade de aulas semanais previa n o s uma nfase acentuada nos estudos cl ssicos latim e grego e na Ret rica e na Filosofia mas tamb m um n mero pequeno de aulas de Gram tica nacional que era estudada somente nas duas primeiras s ries F vero 2002 p 73 explica assim esse fen meno A raz o de isto ocorrer talvez esteja
50. de problemas sociais decorrentes do uso da linguagem em contextos de a o para a posteriormente assumir se como pr tica problematizante diante dessas mesmas quest es Este trabalho defende a tese de que as cr ticas que os modelos cient ficos direcionam condi o atual do ensino de linguagem n o s o suficientes para viabilizar as transforma es no ensino demandadas pelo mundo p s moderno Partindo do pressuposto de que as ci ncias sociais s se legitimam quando interferem na sociedade quando devolvem a essa sociedade a solu o dos problemas que a afetam e que constituem a raz o de ser dessas ci ncias tem como seus grandes objetivos i submeter as ci ncias da linguagem a essa reflexividade e ao mesmo tempo propor questionamentos sobre sua relev ncia social especificamente no campo do ensino de linguagem ii propor diretrizes gerais para o ensino de linguagem uma totalidade n o totalit ria capaz de funcionar como par metro norteador das pesquisas fundada sobre o trip metodol gico genealogia arqueologia transdisciplinaridade entendido como a alternativa coerente para fazer frente s demandas cient ficas e sociais decorrentes da condi o p s moderna Palavras chave 1 Lingu stica 2 Lingu stica aplicada 3 Linguagem Estudo e ensino 4 Linguagem Filosofia 5 Ci ncia Filosofia ABSTRACT The constitution of a curricular discipline is result of a complex process that It involves factors of social
51. de um paradigma a outro por meio de uma revolu o o padr o usual de desenvolvimento de uma ci ncia amadurecida Essa pode parecer uma proposta radical mas n o estranha ou sem precedentes na hist ria das ci ncias A alquimia por exemplo foi substitu da pela qu mica o mesmo aconteceu com a astrologia cujo espa o foi ocupado pela astronomia que a reduziu a condi o de crendice Por que o mesmo n o se deu com a GT N o f cil responder a essa pergunta contudo poss vel levantar a hip tese de que diferentemente do que acontece com as disciplinas citadas a gram tica sempre foi tida como um fen meno mais social que cient fico al m de contar com um processo institucional de difus o a escolariza o Essas considera es explicam a sociog nese da GT mas n o as raz es para sua predomin ncia nas pr ticas de ensino dos dias atuais quando estudos cient ficos j comprovaram suas limita es Uma tentativa de reformula o de conceitos feita por Perini 1996 em sua Gram tica descritiva do portugu s O autor leva a efeito suas postula es defendidas em Para uma nova gram tica do portugu s PERINI 1985 concentrando a obra nos aspectos formais morfossint ticos da l ngua H tamb m uma se o dedicada ao estudo de aspectos sem nticos mas estes s o subordinados aos aspectos formais O livro definido pelo autor como uma tentativa de descri o de uma variedade padr o da l ngua
52. de uma redefini o dos objetivos do ensino de l ngua linguagem Nesse processo de redefini o da l ngua portuguesa como disciplina curricular nenhum campo dos estudos da linguagem mereceu tanto combate dos linguistas quanto a gram tica normativa S o v rios os trabalhos que discutem a pertin ncia do ensino de 69 gram tica na escola dentre os quais se destacam Possenti 2005 Travaglia 2005 2007 Neves 2004 Franchi 2006 Mattos e Silva 2004 Perini 1985 1996 etc Embora fundamentados em diferentes posi es te ricas todos esses autores concordam que o ensino n o pode se pautar pela concep o de l ngua da gram tica normativa assim como pelos seus conceitos e objetos Na concep o normativo prescritivista a l ngua tida como uma realidade est tica seu modus operandi consiste no levantamento de fronteiras de diversas naturezas com um ponto crucial em comum os limites entre o bom e o mau uso da l ngua Nela as verdades indiscut veis quanto s propriedades mutantes e din micas da l ngua s o reduzidas condi o de erro e v cios de linguagem Se tal a condi o da gram tica normativa face aos novos paradigmas estabelecidos pela Lingu stica o que ainda justifica sua proemin ncia no contexto escolar Quais alternativas a Lingu stica tem apresentado ao professor em substitui o ao modelo normativo Mattos e Silva 2004 p 79 ao iniciar sua discuss o sobre o ensino de gram tica constata
53. definem o objeto as teorias e os m todos da nova disciplina A imposi o da langue como nico e verdadeiro objeto da lingu stica teve como consequ ncia imediata a exclus o de uma s rie de aspectos relativos linguagem que eram estudados pelas ditas disciplinas tradicionais Nesse contexto tradi o passou a significar o n o cient fico conhecimento fragmentado e intuitivo senso comum logo n o poderia ser contemplada por uma abordagem cient fica Saussure justifica a escolha do objeto com o argumento de que a linguagem um fen meno heter clito e multifacetado Seu objetivo era conferir entenda se for ar uma ordem natural num conjunto que n o se presta a nenhuma classifica o Diante disso sua defini o para a Lingu stica n o poderia ser outra ci ncia que estuda os fatos da l ngua Se o objeto da nova disciplina s o os fatos da l ngua e esta entendida como uma institui o social que n o pode ser afetada pelo indiv duo n o h nenhum problema se o sujeito for exclu do Com essas ideias Saussure n o exclui a possibilidade de a Lingu stica estudar outros objetos como a fala por exemplo Por m a condi o para que seu estudo perten a ci ncia lingu stica sua subordina o ao estudo da l ngua O mesmo ocorre com aquilo que ele denominou como lingu stica externa Os fatores sociais somente interessam medida que tenham alguma relev ncia para o estudo dos fatos da l ngua Como se pode
54. definir o remetente como um codificador e o remetente como um decodificador Jakobson reduziu a complexidade das intera es verbais a um processo mec nico de manipula o do c digo o que origina um circuito limitado restrito ao contexto imediato Nesse circuito n o se levam em conta as diversas coer es institucionais e discursivas que afetam tanto o sujeito como os temas em torno do qual se produzem as formula es e a pr pria natureza do contexto No quadro das fun es da linguagem o primeiro aspecto a destacar que o modelo de Jakobson n o pertinente para a descri o do funcionamento dos signos n o verbais Outro problema reside no estatuto diferenciado da fun o po tica e da referencial em rela o s demais Enquanto as fun es emotiva conativa f tica e metalingu stica s o postuladas levando se em considera o a articula o entre formas lingu sticas e determinados efeitos de sentido as fun es po tica e referencial apresentam algumas particularidades A fun o po tica descrita em termos imanentistas Nesta fun o o foco recai exclusivamente sobre os aspectos lingu sticos s labas figuras de som que atuam na constitui o do poema nico objeto contemplado por Jakobson A fun o referencial diferentemente do que acontece com as outras n o recebe de Jakobson uma descri o em termos de estrutura lingu stica o que p e em xeque sua condi o de fun o da linguagem nas condi
55. diferenciados da constitui o desse objeto seremos for ados a concordar que nenhuma disciplina tem o texto como objeto de estudo mas determinados aspectos presentes em determinados tipos de textos No quadro espec fico da Lingu stica Textual Koch 2004 XXII apresenta as diferentes concep es de texto que orientam os estudos dessa disciplina 1 texto como frase complexa ou signo lingu stico mais alto na hierarquia do sistema lingu stico concep o de base gramatical 2 texto como signo complexo concep o de base semi tica 3 texto como expans o tematicamente centrada de macroestruturas concep o de base sem ntica 4 texto como ato de fala complexo concep o de base pragm tica 5 texto como discurso congelado como produto acabado de uma a o discursiva concep o de base discursiva 6 texto como meio espec fico de realiza o da comunica o verbal concep o de base comunicativa 7 texto como processo que mobiliza opera es e processos cognitivos concep o de base cognitivista 8 texto como lugar de intera o entre atores sociais e de constru o interacional de sentidos concep o de base sociocognitiva interacional 174 Al m da Lingu stica Textual poder amos acrescentar outras reas que estudam outros aspectos da constitui o de determinados textos a literatura a estil stica a nova ret rica a semi tica narrativa e da imagem as teorias dos g ne
56. diferentes classes sociais pois as desigualdades de sele o e a a o homogeneizante da escola n o fizeram sen o reduzir as diferen as O privil gio cultural torna se patente quando se trata da familiaridade com obras de arte a qual s pode vir da frequ ncia regular ao teatro ao museu ou a concertos frequ ncia que n o organizada pela escola ou o somente de maneira espor dica Em todos os dom nios da cultura teatro m sica pintura jazz cinema os conhecimentos dos estudantes s o t o mais ricos e extensos quanto mais elevada sua origem social 1998 p 45 No que tange especificamente ao ensino de l ngua Bourdieu considera que o xito nos estudos liter rios est muito estreitamente ligado aptid o para o manejo da l ngua escolar que s uma l ngua materna para as crian as oriundas das classes cultas De todos os obst culos culturais aqueles que se relacionam com a l ngua falada no meio familiar s o sem d vida os mais graves e os mais insidiosos sobretudo nos primeiros anos da escolaridade quando a compreens o e o manejo da l ngua constituem o ponto de aten o principal na avalia o dos mestres Mas a influ ncia do meio lingu stico de origem n o cessa jamais de se exercer de um lado porque a riqueza a fineza e o estilo da express o sempre ser o considerados impl cita ou explicitamente consciente ou inconscientemente em todos os n veis do cursus e ainda que em gr
57. do signo que pode se manifestar de forma sonora ou gr fica Essas manifesta es correspondem fala e escrita respectivamente Para Arist teles os sons emitidos pela fala s o s mbolos das paix es da alma ao passo que os caracteres escritos formando palavras s o os s mbolos dos sons emitidos pela fala Entretanto tal rela o pressup e uma escrita alfab tica e uma correspond ncia biun voca traduzida na equa o um som para cada s mbolo gr fico caracter stica b sica do alfabeto grego Mas como de conhecimento geral n o existe apenas a escrita alfab tica e a correspond ncia biun voca n o uma realidade para as l nguas naturais contempor neas Isso torna o pensamento aristot lico bastante limitado para explicar a rela o entre os sons emitidos pela fala e os diversos sistemas de escrita utilizados para represent los A Lingu stica tendo estabelecido o primado da fala sobre a escrita definiu a como meio para o estudo dos sons da l ngua que se combinam para a constitui o do signo lingu stico Duas disciplinas estudam esses sons a fon tica e a fonologia Saussure adverte Da interpreta o 16a4 In ARIST TELES Organon Bauru SP EDIPRO 2005 p 81 162 que para uma descri o rigorosa dos sons da l ngua a primeira tarefa do linguista deveria ser a constru o de uma escrita fonol gica que n o tomasse como base a escrita dada sua diversidade varia o e falta de correspon
58. e da situa o um elemento essencial no funcionamento do humano n o se deve esquecer que o estado dessa consci ncia em particular sua veracidade largamente condicionada pela situa o objetiva na qual se encontram os indiv duos Disso conclui se que na sociedade as normas sociais ou regras do comportamento s o variadas e relativas Variadas porque os grupos sociais s o variados e relativos porque os ju zos de valor s t m significa o em rela o ao grupo ou ao conjunto de refer ncia no qual se situam os indiv duos A l ngua como uma norma social e como indicadora da identidade social do indiv duo est sujeita a uma s rie de coer es impostas pela situa o de intera o Deixando de respeitar as normas lingu sticas marcamo nos negativamente n o nos comportamos da maneira esperada As consequ ncias para aqueles que n o respeitam as normas s o a desvaloriza o e at mesmo a exclus o por parte do grupo exatamente neste ponto que se concentram as cr ticas da Lingu stica no o de norma padr o Adotando uma postura reputada como antinormativa e baseando se no pressuposto de que do ponto de vista estritamente lingu stico todas as variedades lingu sticas s o leg timas princ pio que desconsidera o car ter social da l ngua a sociolingu stica estabeleceu que n o existe erro no uso da linguagem Todavia 105 contradizendo esse princ pio prop s o par classificat rio adequado
59. e de nosso modo de conhecer a realidade onde n o h verdade absoluta Na Atenas de P ricles no esplendor da vida pol tica e das liberdades democr ticas os sofistas abandonam o ideal especulativo e se prop em uma finalidade pr tico educativa tornando se uma esp cie de mestres de virtudes sendo os primeiros que d o aulas mediante pagamento no intuito de preparar o homem para a vida pol tica Na esteira aberta pelos sofistas militam S crates Plat o e Arist teles os quais imprimem Ret rica sua vertente filos fica que deitar ra zes entre os Padres da Igreja e entre os pensadores subsequentes A Ret rica de Arist teles gra as sua preocupa o de conceituar e distribuir por partes cada passo e todos os mecanismos que interagem na organiza o da arte da eloqu ncia tornou se para a posteridade o manual preceptivo por excel ncia da melhor maneira de compor o discurso da que se come a sempre e mesmo que se recorra fonte preciosa da orat ria ciceroniana ou difundida Ep stola de Hor cio a Arist teles que se 33 retorna considerado o pai da Ret rica principalmente na modernidade cujo gosto pela concis o parece pouco afeito verbosidade grandiosa de C cero MONGELLI 1999 A Ret rica do Estagirita concentra a for a de seu racioc nio no item das provas e da demonstra o Por isso logo no cap tulo I do Livro Arist teles define Sendo manifesto que o m todo h bil se est
60. educa o orientada para a forma o pol tica o ensino de linguagem deve ser proposto a partir de um exame acerca do papel que a linguagem desempenha tanto na constru o dos regimes de verdade que sustentam o exerc cio do poder em sociedades fragmentadas como na forma como eles resultam em representa es sociais Essa compreens o fundamental para subsidiar a pr tica de reflex o cr tica que deve caracterizar o ensino de linguagem no n vel m dio Muito se tem falado sobre uma concep o de linguagem e aprendizagem centradas na contextualiza o social sob o argumento de que essas pr ticas s podem ser levadas em considera o nas condi es sociointeracioais de sua realiza o Segundo Rojo 2004 p 37 38 Os significados s o contextualizados Essa compreens o extremamente importante no mundo altamente semiotizado da globaliza o uma vez que possibilita situar os discursos a que somos expostos e recuperar sua situacionalidade social ou seu contexto de produ o e interpreta o quem escreveu com que prop sito onde foi publicado quando quem era o interlocutor projetado etc Tal teoriza o tem uma implica o pr tica porque possibilita trabalhar em sala de aula com uma vis o de linguagem que fornece artif cios para os alunos aprenderem na pr tica escolar a fazer escolhas ticas entre os discursos que circulam Isso possibilita aprender a problematizar o discurso hegem nico da globaliza o e os sign
61. em condi es te rico metodol gicas de se tornarem objetos centrais do ensino de l ngua linguagem 3 3 RELEV NCIA SOCIAL DA LINGU STICA As claudica es e limita es do discurso cient fico da Lingu stica brevemente apontados nas se es precedentes asseveram a tese de Santos 1989 segundo a qual o distanciamento e a estranheza do discurso cient fico em rela o ao discurso do senso comum se reproduzem tamb m no interior da comunidade cient fica na medida em que a especializa o torna imposs vel a abordagem de qualquer fen meno em sua complexidade 99 Focalizando especificamente o ensino de L ngua Portuguesa como objeto de estudo cient fico temos for osamente de pensar sobre o modelo de ci ncia que est na base do discurso cient fico da Lingu stica rea que agrupa as diversas disciplinas que hoje fornecem objetos de estudo de l ngua O estatuto de disciplina cient fica alcan ado pela Lingu stica a partir do s culo XIX com os estudos comparatistas coincidiu com a inser o da nova disciplina no paradigma cient fico dominante O estruturalismo saussuriano conquanto recuperasse e reformulasse temas que h muito preocupavam os fil sofos da linguagem n o s teve como tarefa prec pua o alinhamento da Lingu stica com o modelo cient fico vigente como tamb m estabeleceu juntamente com o estruturalismo americano e o gerativismo algumas das principais bases te rico metodol gicas da nova ci ncia A
62. es pr ticas flui e gra as sua mobilidade sua voracidade que n o respeita fronteiras se tornou global Esse poder se exerce principalmente atrav s das press es de mercado que est o substituindo a legisla o pol tica Tal qual o biopoder esse a que designarei por geopoder que diferente da geopol tica uma vez que tamb m a submete incrusta se nas tecnologias anteriores de poder modificando as para ganhar a primazia na condu o do mundo Seu exerc cio consiste basicamente na cria o e na apresenta o das op es de consumo de modo que todos os indiv duos devam se comportar de acordo com o padr o previamente determinado e escolher a categoria de produto de massa adaptado ao seu tipo Penso que essa separa o entre poder e pol tica e suas implica es ainda n o mereceu a devida aten o das teorias cr ticas Os movimentos sociais insistem na implementa o de pol ticas p blicas acreditando na performatividade da lei Ou seja 143 acredita se que poder e pol tica ainda caminham juntos e que consequentemente resolu es pol ticas v o gerar emancipa o Ora o poder n o se exerce sem um regime de verdade que inicialmente criado por ele mas que depois lhe serve de sustenta o Como disse Foucault 1979 p 14 N o se trata de libertar a verdade de todo sistema de poder o que quim rico na medida em que a pr pria verdade poder mas de desvincular o poder da verdade da
63. estrutura tradicional e o novo p blico estava relacionado ao uso da linguagem Os professores estavam habituados a receber alunos que j possu am um certo dom nio da norma prestigiada e n o souberam lidar com os novos que utilizavam variedades lingu sticas diferentes Em raz o dessas diferen as os novos estudantes foram classificados como incapazes e deficientes cognitivos SOARES 2008 Na realidade a did tica proposta pelo movimento da Escola Nova para o ensino de linguagem excetuando a exclus o da ret rica e da dial tica pouco alterou o que j vinha sendo feito j que permanecia a concep o de l ngua como instrumento para a aquisi o da leitura e da escrita AGUAYO 1966 Logo a quest o da diversidade lingu stica em sala de aula fen meno ao mesmo tempo lingu stico e social jamais poderia ser conte do escolar e consequentemente receber tratamento adequado Essa situa o nos leva a perguntar se as transforma es sociais que produzem inova es te ricas no campo das ci ncias da pedagogia e do curr culo t m produzido necessariamente mudan as na pr tica pedag gica referente ao ensino de linguagem na sala de aula O estatuto cient fico alcan ado pela Lingu stica principalmente a partir do corte saussuriano propiciou uma profus o de estudos que n o obstante sua maior concentra o no mbito te rico deu origem a uma s rie de considera es que prop em reflex es sobre o ensino de l ngua ou
64. fico pode livrar a sociedade dos preconceitos que nos foram inculcados pela tradi o e pelo senso comum No entanto eles ignoram o fato de que as quest es que afetam o uso lingu stico n o s o definidas em termos cient ficos e sim em termos sociais Logo n o podem ser atacadas por cientistas preocupados primeiramente com o triunfo da ci ncia sobre a ignor ncia mas por intelectuais engajados sobretudo com a promo o de uma cidadania efetiva e com a compreens o de que as representa es sociais sobre a linguagem s o constru das cultural e politicamente No quadro da ci ncia moderna os conte dos s o tidos como objetos que devem ser assimilados pelos estudantes Isso implica procedimentos metodol gicos que privilegiam o dom nio da informa o atrav s de estrat gias de memoriza o Nesse modelo a aprendizagem medida pela capacidade de reprodu o das informa es e o fracasso sempre atribu do ao estudante que n o foi capaz de memorizar e ou reproduzir o que foi transmitido pelo professor Mais recentemente entretanto tem chamado a aten o discuss es sobre a elabora o de curr culos orientados para o desenvolvimento de compet ncias e habilidades 226 Perrenoud 1999a faz uma distin o entre conhecimentos e compet ncias mas assinala que estes s o processos interdependentes N o obstante a diversidade de acep es da no o de compet ncia o autor a entende como um savoir y faire express o
65. foco de pesquisa o linguista aplicado ampliou seus estudos para al m das fronteiras do ensino e aprendizagem de l nguas e passou a englobar quest es de pol tica e planejamento educacional uso da linguagem em contextos profissionais tradu o lexicografia multilinguismo linguagem e tecnologia e corpus lingu stico Nessa poca no Brasil Kleiman 1992 ressalta que as teses e artigos que focalizavam a an lise da linguagem seja esta nas reda es dos alunos ou na linguagem utilizada nos livros did ticos passaram a investigar o processo de produ o da linguagem Segundo a autora do exame do produto i e a reda o passou se para a investiga o do processo interl nguas e gram ticas intermedi rias em LE emerg ncia de processos de constru o da escrita em l ngua materna nesse contexto que a importa o das teorias deslocou se da ci ncia m e a Lingu stica para outras reas das Ci ncias Humanas A LA passou a querer ser interdisciplinar A Psicologia em geral Cognitiva e a Psicolingu stica do Processamento da Aquisi o passaram a fornecer as bases antes buscadas exclusivamente na Lingu stica Campos t o diversos como a Sociologia a Antropologia a Etnografia a Sociolingu stica a Est tica e a Estil stica a Teoria da Literatura tamb m passaram a ser invocados Neste procedimento de empr stimos a LA vista conforme Celani 1998 explica como articuladora de m ltiplos dom nios do saber
66. forma equivocada que o termo procedimento referia se s t cnicas m todos recursos que o professor usa na sala de aula Os procedimentos s o conte dos que os alunos devem aprender De acordo com os autores s o exemplos de verbos procedimentais manejar usar construir aplicar coletar observar experimentar elaborar simular demonstrar planejar compor avaliar representar etc Da forma como s o apresentados os conte dos procedimentais se identificam com as compet ncias postuladas por Perrenoud Da mesma forma os conte dos atitudinais sempre estiveram presentes nas escolas mas como integrantes do curr culo oculto A escola sempre defendeu a ado o de determinados comportamentos por parte dos alunos Com as atuais transforma es sociais que alteraram a organiza o familiar e afetaram a autoridade da escola como institui o o ensino de valores se tornou uma obriga o da escola As atitudes s o definidas por Coll et al como tend ncias ou disposi es adquiridas e relativamente duradouras a avaliar de um modo determinado um objeto pessoa acontecimento ou situa o e a atuar de acordo com essa avalia o 2000 p 122 As atitudes possuem segundo os autores tr s componentes b sicos e definit rios que refletem a complexidade da realidade social o cognitivo conhecimentos e cren as a afetivo sentimentos e prefer ncias e o de conduta a es manifestas e declara es de inten es Para os autores a e
67. gica Tom s de Aquino embora siga o crit rio aristot lico que distingue ambos os conceitos admite a Dial tica como um m todo e parte natural da L gica Durante os s culos XV e XVI emprega se frequentemente essa denomina o para indicar nossa L gica e s recentemente no s culo XVII essa palavra se imp e definitivamente Para entender a Dial tica medieval temos de relacion la com as outras disciplinas do Trivium e analisar o papel que desempenharam na educa o da poca sobretudo entre o per odo carol ngio e o s culo XIII em que a estrutura universit ria altera a antiga organiza o educacional baseada nas artes liberais Os homens da Alta Idade M dia tinham recebido da Antiguidade grega e dos Santos Padres uma heran a que antes de tudo queriam ordenar Mendonza 1999 assinala que na sociedade carol ngia a educa o teve dois caudais diferentes mas convergentes em alguns pontos A educa o nos mosteiros propunha se a manter e aprofundar a tradi o religiosa Em suas aulas a prefer ncia reca a sobre as Escrituras leitura reflex o e ora o em torno da B blia e o Trivium come ou a estar a seu servi o As escolas externas ou palacianas cria o de Carlos Magno tinham a mesma estrutura da educa o mon stica mas logo come am a elaborar uma literatura escolar n o clerical dedicada popula o laica O Trivium teve pois finalidades seculares mais semelhantes s de sua implementa o romana al
68. homens pela qualidade da orat ria que apresentavam No s culo V com a desintegra o do Estado romano em v rias na es a Ret rica torna se o instrumento universal da persuas o da Igreja crist em seu proselitismo do serm o com seus exempla Dentro do Imp rio predominava a no o de cidad o n o a de indiv duo Todas as a es de uma pessoa deveriam em princ pio estar coordenadas com os esfor os do Estados conforme tamb m j dispunha Arist teles na Pol tica Administrativa econ mica e politicamente esfacelado o ideal do Estado romano substitu do pelas prioridades ideol gicas da Igreja O indiv duo toma preced ncia sobre o cidad o a verdade revelada se assume em princ pio mais importante que os estudos tradicionais No entanto para a maioria dos crist os laicos a escola romana tradicional continuar a ser frequentada pois ainda n o se haviam formados centros educacionais religiosos para todos N o ocorre portanto uma separa o expl cita entre a cultura profana e a espiritual Os jovens recebiam a instru o religiosa em casa e continuavam frequentando o gram tico e o ret rico A sele o dos conte dos na educa o formal que serviriam para a constru o de um sentido de vida crist o deveu se em muito a um op sculo de Agostinho o De doctrina christiana Agostinho considera a Gram tica primordial embora diga que mais importante a busca da Verdade que as palavras possam embutir a Dial tica m
69. inadequado que a pretexto de combater o preconceito lingu stico funciona de fato como eufemismo para o certo e o errado Afinal o que o adequado sen o o certo em determinadas situa es E o inadequado sen o o errado em determinadas situa es Se a tradi o se equivocou ao confundir a l ngua com a norma padr o a Lingu stica equivocou se ao desvincular a l ngua da estrutura social nos termos propostos por Al ong A l ngua do ponto de vista estritamente lingu stico ou cient fico n o existe a n o ser na abstra o dos linguistas N o obstante a ado o da dicotomia proposta pelos linguistas por parte do discurso pedag gico vigente na pr tica o que se verifica s o muitas controv rsias As atividades reproduzidas abaixo s o bastante ilustrativas Complete com o pronome demonstrativo adequado Se necess rio contraia o pronome com preposi es ano que estamos voc ganhar um pr mio viagem est sendo incr vel exerc cios para casa estavam dif ceis perguntou o professor aos alunos a b c d Nada se assemelha macarronada que minha av fazia quando eu era pequeno j qa importante salientar que o livro de onde a quest o acima foi retirada aprovado pelo Programa Nacional do Livro Did tico para ser adotado no Ensino M dio No entanto o conceito de adequa o adotada por ele restringe se norma padr o As frases deveriam ser respondidas com os pronomes neste esta aque
70. instaura o e retomadas de referentes textuais O processo completo envolve tr s fases KOCH 2006 a introdu o um objeto novo introduzido no texto constituindo se no foco do desenvolvimento textual Pode ocorrer de forma direta quando o objeto precede o coment rio ou indireta quando ocorre o inverso b retomada um objeto j presente no texto retomado por meio de uma forma referencial mantendo se em foco Essa refer ncia pode se dar por meio de palavras simb licas sin nimos hiper nimos express es nominais definidas ou indexicais pronomes adv rbios 175 c desfocaliza o quando um novo objeto introduzido no texto constituindo um novo foco O objeto retirado no entanto continua dispon vel para uma poss vel reativa o 5 1 3 Signos n o verbais A linguagem verbal sem d vida o mais importante c digo semi tico que o homem conhece Nas palavras de Eco 2007 p 152 a linguagem verbal poderia ser definida como o sistema modelizante prim rio de que os demais s o deriva es Ou ainda poderia ser definida como a maneira mais pr pria pela qual o homem traduz especularmente os seus pensamentos Outra assun o metafisicamente mais moderada mas com as mesmas consequ ncias pr ticas quereria que somente a linguagem verbal possa satisfazer necessidade de uma efabilidade total Desse modo n o apenas toda experi ncia humana mas todo conte do exprim vel p
71. lingu stica cr tica ou seja voltada para quest es pr ticas Isso n o significa segundo ele que se deva fazer uma simples aplica o das teorias lingu sticas para fins pr ticos mas ter em mente que o conhecimento sobre a linguagem pode e deve ser posto a servi o do bem estar geral da melhoria das nossas condi es de vida no dia a dia E adverte para isso necess rio nos lembrar com 33 O autor reconhece frequ ncia que podemos estar errados sobre esta ou aquela quest o que v rios objetos circunscritos no mbito da linguagem ou que a afetam diretamente t m sido negligenciados pela Lingu stica como a globaliza o e suas consequ ncias no que diz respeito ao contato entre l nguas e as novas formas de linguagem e de comunica o que est o surgindo em resposta ao crescimento vertiginoso da inform tica e da comunica o via sat lite Segundo esse autor 2003 p 12 O que precisa ser repensado urgentemente a tend ncia que se observa em alguns setores da nossa disciplina de se fechar de se recolher dentro de si pouco se preocupando com o que se passa no mundo l de fora enquanto as grandes quest es envolvendo a linguagem que assolam o mundo de hoje ficam a cargo de especialistas de outras reas como a filosofia a sociologia a psicologia etc Qualquer disciplina que se d ao luxo de permanecer restrita a uma torre de marfim corre o perigo de perder todo v nculo com os anseios da sociedade Co
72. linguagem Essas discuss es sempre partem do pressuposto de que preciso substituir as inconsist ncias que herdamos da tradi o gramatical pelos novos objetos que a ci ncia lingu stica tem descoberto a partir de estudos emp ricos fundamentados em novos postulados diferentes concep es de l ngua e linguagem defini o de novas unidades de an lise dos fatos de linguagem al m claro de uma redefini o dos objetivos do ensino de l ngua linguagem No entanto a maneira como a Lingu stica faz suas propostas para a reformula o do ensino de l ngua linguagem apresenta alguns problemas que n o podem ser desconsiderados O primeiro consiste na ideia de que a mudan a deve se dar pela sele o de novos objetos de ensino ou seja de novos conte dos constru dos cientificamente Dessa forma os conte dos passam a ter um fim em si mesmos O segundo problema reside naquilo que chamarei de perspectiva monodisciplinar de proposi o Cada disciplina apresenta suas contribui es levando em conta apenas os fen menos lingu sticos que constituem seus objetos de estudo N o se levam em conta os objetos estudados em outras disciplinas e o que elas prop em para o ensino Como a no o de diversidade lingu stica se articula com a de g neros ou tipos textuais Como as diferentes concep es de gram tica se articulam com as no es de sujeito e de identidade Por outro lado mesmo que houvesse a tal harmoniza o restaria o prob
73. linguagem n o subordinada aos paradigmas da ci ncia moderna e que contemple os aspectos semi tico pragm ticos que afetam a forma o do sujeito pol tico vi a constru o de uma proposta curricular que n o apenas contemple mas que principalmente promova uma harmoniza o de todos os fatores listados acima Assim nos cap tulos que seguem todos esses fatores ser o discutidos tendo em vista o fim n o de impor um modelo de curr culo pronto para ser implementado nas escolas mas o de propor uma agenda para as pesquisas sobre o ensino de linguagem no quadro da 12 LA Penso que um avan o significativo nessa dire o s poder acontecer quando a LA tiver um projeto coeso e unificado de reestrutura o do ensino linguagem este trabalho busca contribuir para isso Esta ser uma grande oportunidade de a LA avaliar o alcance de suas pesquisas e considerar a possibilidade de reorient las O conhecimento da hist ria de uma rea de conhecimento fundamental quando se pretende question la e quando se pretende lhe dar novos rumos essa tarefa torna se imperiosa Assim o cap tulo A linguagem na hist ria do curr culo tra a uma breve hist ria do ensino de linguagem percorrendo o per odo compreendido entre a institui o do Trivium e do Quadrivium como unidades organizadoras do curr culo na Idade M dia passando pelas reformas do Marqu s de Pombal que dentre outras coisas resultaram na eleva o da l ngua portu
74. ltiplas onde se casam e se contestam escrituras variadas portanto um tecido de cita es Barthes numa atitude anti humanista reduz o papel do autor fun o de mesclar essas escrituras de faz las contrariar se umas com as outras sem nunca se apoiar em nenhuma delas Na argumenta o de Barthes h um nico lugar onde toda a dispers o do texto se re ne e esse lugar n o o autor o leitor o espa o mesmo onde se inscrevem sem que nenhuma se perca todas as cita es de que feita uma escritura a unidade do texto n o est em sua origem mas no seu destino mas esse destino j n o pode ser pessoal o leitor um homem sem hist ria sem biografia sem psicologia ele apenas esse algu m que mant m reunidos em um mesmo campo todos os tra os de que constitu do o escrito BARTHES 2004 p 64 184 Barthes confere centralidade ao leitor no processo de interpreta o do texto liter rio figura at ent o ausente nas discuss es hermen uticas Todavia n o se trata do leitor em uma concep o humanista esse leitor n o mais subjetivo que o autor demolido e se identifica tamb m a uma fun o Na cr tica que dirige tese da morte do autor Compagnon considera que a motiva o fundamental das novas cr ticas estava na busca pela legitimidade de sua condi o existencial A explica o pela inten o torna pois a cr tica liter ria in til era o sonho da hist ria liter ria Al m
75. mais do que fazer uma justa distribui o das riquezas a cr tica deveria ser acompanhada de a es que conduzissem o proletariado tomada tanto do poder pol tico como do econ mico A experi ncia da R ssia no entanto mostrou claramente o equ voco de Marx Mas onde foi que suas ideias falharam Uma das raz es que Foucault apresenta para n o utilizar a no o de ideologia em suas pesquisas que ela sempre opera com uma ideia de verdade A cr tica marxista sempre buscava a verdade oculta qual a sociedade alienada pelos artif cios das elites n o tinha acesso Somente os cr ticos como se tivessem tomado uma esp cie de vacina contra 129 opera es ideol gicas conseguiam enxergar essa verdade camuflada e por ser assim tinham a miss o de falar a todos e por todos os oprimidos De acordo com Foucault 1999 n o havia uma preocupa o com a forma como o poder se exercia concretamente com sua especificidade com suas t cnicas e t ticas Pela direita o poder era representado em termos de constitui o de soberania ou seja em termos jur dicos Pelo marxismo em termos de aparelho do Estado Os cr ticos contentavam se em denunci lo como se eles estivessem isentos de poder como se com suas lutas eles tamb m n o aspirassem ao poder como se a emancipa o que eles almejavam pudesse se realizar inc lume aos efeitos do poder como se a verdade que eles desejavam implantar tivesse por si mesma o poder de
76. mesmo que as ideias representem imperfeitamente as coisas O significado aprendido para expressar determinada ideia e isso o que permite a compreens o Locke destaca que o conhecimento demanda como condi o para o seu desenvolvimento o aprendizado da linguagem Em sua teoria n o h uma rela o direta entre o sinal e a coisa designada ou referida O significado expressa uma ideia que prov m da experi ncia sem a qual a mente uma tabula rasa Essas considera es nos permitem afirmar que Locke j distinguia entre o significante o significado e a ideia As ideias de Saussure no entanto foram as que se tornaram mais prof cuas para o estudo do signo e nelas o logocentrismo encontrou o seu pice Isso n o se deve ao fato de serem completamente inovadoras mas principalmente porque deram origem Lingu stica disciplina nascida sob a gide do positivismo que se propunha a estudar a l ngua como objeto aut nomo Com esse corte Saussure rompe com perspectivas de estudo da linguagem que a abordavam segundo ele de forma secund ria integrada a estudos l gicos filos ficos liter rios filol gicos etc Para Saussure o signo lingu stico une n o uma coisa e uma palavra mas um conceito e uma imagem ac stica Esta n o o som material que f sico mas a impress o ps quica desse som a representa o que dele nos d o testemunho dos nossos sentidos Em suas palavras o car ter ps quico de nossas imagens ac
77. modalidade escrita com exclus o de todas as outras variantes Para o autor somente quando esses problemas forem resolvidos teremos uma gram tica satisfat ria como para o ensino de l ngua Dessa forma a gram tica dever primeiro colocar em seu devido lugar as afirma es de cunho normativo n o necessariamente suprimindo as mas apresentando o dialeto padr o como uma das poss veis variedades da l ngua Depois a gram tica dever descrever pelo menos as principais variantes regionais sociais e situacionais do portugu s brasileiro abandonando a fic o cara a alguns de que o portugu s do Brasil uma entidade simples e homog nea Finalmente e acima de tudo a gram tica dever ser sistem tica teoricamente consistente e livre de contradi es grifo meu A lista de solu es apresentada por Perini feita com um sujeito indeterminado A quem cabe resolver os problemas da gram tica E ainda ser que resolvendo os problemas apontados por Perini estar o finalmente resolvidos os problemas do ensino de l ngua linguagem Neves 2004 p 18 responde a essas duas quest es da seguinte maneira Cabe especialmente aos docentes de gradua o em Letras que s o formadores de professores de l ngua materna preparar as bases de um tratamento escolar cientificamente embasado e operacionaliz vel da gram tica do portugu s para falantes nativos o que representaria dar aquele passo t o re
78. n o privilegiam as propriedades formais do signo Elas foram definidas no quadro da l gica aristot lica que tratava das formas de pensamento em geral e das opera es intelectuais que visam determina o do que verdadeiro ou falso Diante dos objetivos deste trabalho entendo que o crit rio de classifica o dos signos n o deve privilegiar suas propriedades formais mas reconhe o que n o poss vel empreender um estudo dos signos com o fito de determinar o verdadeiro ou o falso nas rela es entre signo e realidade Assim proponho as seguintes categorias a Palavras simb licas i O que ou seja a subst ncia substantivos ii Que tipo de coisa ou seja a qualidade adjetivos e substantivos iii O processo ou a a o verbos nocionais iv O modo adv rbios de modo e verbos modais 168 b Palavras indexicais i D ixis que estabelece as categorias de pessoa pronomes pessoais de espa o pronomes demonstrativos adv rbios e locu es adverbiais de lugar e de tempo adv rbios de tempo ii Especifica o que pode ser definida artigo definido ou indefinida artigo indefinido iii Quantidade que pode ser definida numerais ou indefinida pronomes indefinidos iv Intensidade adv rbios de intensidade v Posse pronomes possessivos e locu es prepositivas vi Rela o que estabelece conex es de natureza integrativa verbos de liga o e conjun es integrantes restringi
79. na sociedade Ousaria dizer que para efeitos pol ticos vale mais o abstrato concretizado do que o real abstratizado Nessa acep o por mais que os linguistas tentem dizer o contr rio a norma padr o um objeto pol tico e as normas cultas e populares n o passam de objetos te ricos por isso que para a grande maioria da sociedade a gram tica tradicional o que de fato se tem e as refuta es da Lingu stica n o passam de discursos vazios O equ voco epistemol gico da Lingu stica pode ser formulado retomando se a discuss o sobre sua classifica o no quadro das ci ncias a Lingu stica uma ci ncia natural ou uma ci ncia social Essa talvez n o seja uma resposta f cil mas uma coisa certa n o poss vel resolver problemas sociais utilizando pressupostos te rico metodol gicos das ci ncias naturais ou positivistas conforme tenho mostrado ao longo desta se o em particular e do cap tulo como um todo comum ver em autores que contam a hist ria da Lingu stica narrativas que mostram uma continuidade evolutiva entre esta e as diversas abordagens a que se convencionou chamar de estudos tradicionais da linguagem Essas narrativas representam a Lingu stica como o ltimo est gio da evolu o Elas querem nos fazer pensar que os estudos 116 anteriormente desenvolvidos eram incompletos e que portanto suas postula es s o incorretas Por outro lado apoiando se nessa longa trajet ria inscrevem a
80. nero ra a etnocentrismo m dia dentre outros cf DIJK 2008 No entanto como se pode ver nas palavras de Pedro 1997 p 26 trata se de uma diferen a de escopo e n o de foco 41 o n m P E w E Quando uso a express o cr tica marxista n o estou atribuindo a Marx toda teoriza o que se abriga sob esse r tulo Refiro me de maneira ampla a toda cr tica que tem como base a filosofia marxista 130 Embora estejam conscientes da import ncia das estrat gias de resist ncia e desafio no seio das rela es de poder e domina o e portanto da import ncia da sua an lise e da inclus o dessa an lise numa teoria mais alargada do poder do contra poder e do discurso a abordagem cr tica tem at agora preferido concentrar se nas elites e nas estrat gias que estas p em em funcionamento para a manuten o da desigualdade Na perspectiva da ACD o poder continua localizado em determinados segmentos sociais Dessa forma a sociedade dividida a despeito de outros fatores que tamb m s o respons veis pela diferen a em dois grupos o dos detentores do poder e o dos dominados ou na acep o de Dijk 2008 p 117 os controlados Uma no o central na maioria dos trabalhos cr ticos sobre o discurso a de poder e mais especificamente de poder social de grupos ou institui es Sintetizando uma complexa an lise filos fica e social definiremos poder social em termos de controle Dessa maneira os grupo
81. nos procedimentos de compreens o r plica ativa aprecia o valorativa produ o protagonista de significa es em textos discursos com base em uma perspectiva enunciativa de linguagem capaz de formar usu rios de linguagem cr ticos e protagonistas 9 Se redimensione o papel e as pr ticas de ensino de gram tica e de literatura presentes no curr culo consolidado Em minha disserta o de mestrado intitulada N o coincid ncias do dizer nos Par metros Curriculares Nacionais do Ensino M dio a l ngua portuguesa em quest o SANTOS 2007 investiguei diverg ncias entre o dizer e o fazer no que tange ao ensino de L ngua Portuguesa Ap s as an lises que consistia em confrontar as orienta es curriculares dos documentos oficiais com livros did ticos provas de vestibulares e provas do ENEM conclu que i Algumas n o coincid ncias do dizer s o decorrentes de problemas conceituais ii Outras da aus ncia ou inexist ncia de pol ticas de implementa o de seus postulados iii E outras da nfase no desenvolvimento de compet ncias e habilidades exigidas pelo sistema produtivo globalizado em detrimento de uma forma o que privilegie a diversidade cultural Os problemas conceituais est o relacionados com a indefini o ou falta de clareza que envolve o emprego da terminologia cient fica quando se opera a transposi o pedag gica A linguagem por ser um objeto heter clito e multifacetado est sujeita a uma
82. o repeti o e par frase b os metaenunciativos que consistem em estrat gias que o locutor utiliza para refletir mm u sobre o que diz no momento da enuncia o como digamos digamos assim por assim dizer digo quero dizer c os f ticos que equivalem fun o f tica de Jakobson d os expositivos que j haviam sido propostos por Austin e rejeitados por Searle S o utilizados para apresentar uma ideia expressar uma opini o conduzir debates narrar exemplificar etc e os po ticos que comportam as produ es art stico liter rias resultantes da utiliza o da linguagem seja verbal ou n o verbal como o romance o poema o drama a m sica o filme a pintura a dan a etc f os ret ricos que consistem em procedimentos argumentativos atrav s dos quais o locutor busca convencer ou persuadir seu s interlocutor es Ao contr rio do que prop em as teorias dos tipos ou das sequ ncias textuais eles n o se definem pela forma e sim pela intencionalidade do locutor Assim todos os atos anteriores podem estar a servi o da argumenta o O ato de linguagem caracteriza se fundamentalmente n o pelo uso da linguagem mas pela realiza o do ato Todo e qualquer ato para ser realizado precisa atender a determinadas condi es que determinar o sua felicidade quando o atendimento das condi es conduzem realiza o do ato ou sua infelicidade quando o n o atendimento das
83. o discursiva e de subjetividade que se encontram na base das orienta es para a produ o de textos dissertativos que os nossos docentes prop em aos estudantes E principalmente por meio dessa pragm tica neutralizadora das distin es hier rquicas entre o sujeito produtor e o leitor que se busca excluir do discurso da ci ncia 224 moderna a discursividade ret rica uma vez que eliminada a pessoa do enunciador elimina se tamb m a do enunciat rio alvo do fazer persuasivo Com o advento do romantismo o exerc cio da imita o das autoridades do passado ser repudiado em prol da originalidade que s o homem de g nio abrilhantado pela inspira o pode alcan ar Isso d origem por exemplo s desculpas dadas pelos l estudantes quando n o conseguem iniciar sua produ o textual n o estou inspirado hoje Nesse regime discursivo a autoria o t tulo de propriedade que reconhece a subjetividade como causa da obra O discurso n o mais se reporta a um paradigma gen rico consagrado por uma autoridade pret rita e conservado pela imita o mas encontra sua identidade no sujeito que por meio dele expressa sua singularidade Um dos grandes preju zos que esse novo regime acarreta para o ensino de produ o de textos a perda de crit rios para se avaliar um texto Como saber se um texto est bem constru do Como dizer que ele n o est bom se expressa a opini o do autor Como julgar a opini o do au
84. o gramatical passa a operar por exemplo com as no es l gico lingu sticas de sujeito e predicado tal qual cunhadas por Bo cio 27 As ditas mudan as imprimem ars grammatica praticada no final do s culo XIl e no XIII um conjunto multifacetado de diversos subtipos de artes bem diferente do que caracterizava o estudo gramatical do in cio do s culo XII o tradicional dom nio da fonologia e da sintaxe a ars rithimica que trata de estabelecer os princ pios de estrutura o dos finais de cl usula para produzir certos efeitos a grammatica speculativa que procura explorar a pr pria ess ncia da linguagem e seus efeitos Todavia apesar de j ter penetrado muito de leve em obras anteriores foi no final do s culo XIII e por todo o s culo XIV que a chamada gram tica especulativa passou a assumir seu posto no estudo e na reflex o da linguagem com seus consequentes reflexos no quadro de ensino dessa nova fase da vida cultural do medievo A vis o puramente preceptiva e normativa que orientou a fase anterior e a pedagogia dos manuais elementares e mormente adiantados passou para segundo plano o que n o significa que a tradi o tivesse sido abandonada A gram tica especulativa p e na agenda dos estudos gramaticais tr s problemas que v o constituir o cerne da teoriza o nas reflex es sobre a linguagem O primeiro versa sobre a possibilidade da exist ncia de uma gram tica universal para todas as l nguas n o s limitada
85. os mecanismos de coes o referencial anaf rica cataf rica os organizadores textuais no pragm tico textual o papel do signo na constitui o de diferentes atos de linguagem PROCEDIMENTOS Diferenciar as categorias constitutivas do signo e identificar sua ocorr ncia nos g neros semi tico textuais percebendo os efeitos de sentidos provocados pelo seu uso intencional e Compreender as representa es s gnicas como constru es sociais situadas e portanto question veis e Diferenciar e caracterizar diferentes linguagens verbal n o verbal digital corporal musical pict rica gestual audiovisual etc e Distinguir e caracterizar as modalidades oral e escrita da linguagem verbal reconhecendo o espa o de ambas no conjunto das intera es sociais e Entender a varia o lingu stica como uma propriedade de toda l ngua natural e conhecer os fatores que a determinam e Identificar e caracterizar os diversos atos de linguagem diretos ou indiretos As atitudes relativas an lise semiolingu stica s o as mesmas propostas para orientar a pr tica de ensino de leitura e de produ o de g neros semi tico textuais 241 6 2 3 A avalia o Muito se tem discutido sobre a necessidade de se implementar de uma avalia o formativa na pr tica de ensino aprendizagem PERRENOUD 1999b HADJI 2001 BARLOW 2006 dentre outros como alternativa ao modelo tradicional de avalia o como processo classificat rio
86. pode se acrescentar que o esp rito neoliberal protege e fortalece o neoliberalismo doutrina pol tico econ mica que no mundo globalizado atual determina as a es dos Estados capitalistas De acordo com Torres Santom 2003 p 192 Os processos de globaliza o dos mercados econ micos o desenvolvimento das novas tecnologias junto com o enfraquecimento das fun es tradicionalmente desempenhadas pelo Estado moderno s o o pano de fundo do que deve ser levado em considera o para poder entender o que est acontecendo na esfera da educa o que significado real t m as reformas educativas promovidas e tamb m o trabalho cotidiano nas salas de aula e institui es de ensino No Brasil a globaliza o educacional que foi confiada UNESCO pelos pa ses hegem nicos deu origem aos Par metros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental PCN e do Ensino M dio PCNEM que de acordo com o Minist rio da Educa o e Cultura MEC constituem um esfor o na tentativa de atualiza o da educa o brasileira Atualiza o necess ria tanto para impulsionar uma democratiza o social e cultural mais efetiva como para responder a desafios impostos por processos globais que t m exclu do da vida econ mica os trabalhadores por conta da forma o exigida de todos os part cipes do sistema de produ o e de servi os A ideia central expressa na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional que tem a finalidade de orie
87. podemos controlar sua deriva Da mesma forma n o podemos tendo vista objetivos educacionais reproduzir o corte saussuriano e considerar apenas o signo verbal como objeto de estudo Assim m ltiplas semioses s o consideradas na proposi o dos conte dos que devem compor o curr culo de ensino de linguagem no contexto de uma perspectiva de educa o orientada para forma o pol tica As propostas feitas neste trabalho n o podem ser implementadas por um nico agente Antes precisam ser compreendidas como uma tarefa coletiva que deve contar com o engajamento pol tico de todos os interessados na resolu o de problemas sociais decorrentes do uso da linguagem O fracasso de muitas propostas de ensino de linguagem decorre dentre outros fatores da inexist ncia de um projeto comum com for a suficiente para coadunar esfor os Assim espera se que cada conceito ou diretriz para o ensino de linguagem aqui apresentado seja entendido como um convite pesquisa Se este trabalho conseguir fomentar essa discuss o e esses esfor os seu objetivo ter sido alcan ado 2 HIST RIA DA LINGUAGEM UMA ABORDAGEM PEDAG GICA O saber as inst ncias que o fazem trabalhar n o destr i seu passado como se cr erroneamente com frequ ncia ele o organiza o escolhe o esquece o imagina ou o idealiza do mesmo modo que antecipa seu futuro sonhando o enquanto o constr i Sem mem ria e sem projeto simplesmente n o h saber AUROUX 1992 p 11
88. procedimento no entanto apresenta algumas limita es O pesquisador n o neutro despido de sua mem ria discursiva e da forma o socioideol gico acad mica ao entrar em campo como se desnudado por um ritual inici tico O conhecimento interesseiro e o investigador membro de uma rede paradigm tica e de uma comunidade cient fica Pensar em anular a subjetividade um exerc cio de fic o psicologizante O sujeito constitu do historicamente e se insere no imagin rio socioideol gico pelas rela es de poder que estabelece com as institui es e com outros sujeitos BOLOGNINI JR 2003 p 89 Quanto t cnica chamada protocolo ou pesquisa introspectiva presta se ao objetivo de tornar acess veis os processos e estrat gias subjacentes ao uso da linguagem Retomando se a argumenta o de Bertoldo 2003 p 142 objetiva se novamente uma t cnica elegendo a como meio para a apreens o de processos complexos bastando para isso a explicita o da fala do usu rio com garantia de que atrav s dela o processo ser revelado desvelado da mesma forma que o conhecimento sobre ele produzido Coracini 2003 p 74 tamb m aponta alguns problemas dessa t cnica 136 A verbaliza o resulta da racionaliza o que pressup e por seu turno a atua o da consci ncia o processo se perdeu pois ele n o da ordem do consciente Fica ent o a pergunta como capturar o processo por meio do seu resultado E
89. que deva ser a educa o infantil Entre os germanos os meninos ficavam sob a sombra do pai para que aprendessem as artes da ca a da sobreviv ncia e da guerra at sua maioridade ou seja at o momento em que pudessem tomar parte nas guerras com cerca de quatorze anos Eram instru dos oralmente sobre os grandes feitos dos antepassados dos cl s N o aprendiam a ler nem a escrever a leitura de runas era parte exclusiva dos conhecimentos dos sacerdotes Diante disso durante o primeiro s culo que se seguiu tomada do governo pelos germanos na It lia e no norte da frica a manuten o da tradi o escolar antiga se transforma numa demonstra o pol tica de resist ncia cultural face ao invasor Aristocratas como Sid nio Apolin rio Cassiodoro e Bo cio buscam imunizar se dos choques causados pela desintegra o de uma forma de governo que fora considerada eterna Tentando imobilizar o passado Bo cio comp e tratados sobre as artes liberais e atribui a elas o nome de Quadrivium s o eles a Institutio arithmetica a Institutio musica e a Institutio geom trica obra hoje perdida nada escreveu sobre a Astronomia esta juntamente com as tr s anteriores compunha o Quadrivium Esses tratados fundem em uma s obra v rios textos tradicionalmente usados para o ensino dessas mat rias Apesar do medo de que tudo se dissipasse no ar sob as novas influ ncias dos barbaroi na pr tica v rios intelectuais e juristas inclusive o pr
90. que ela se configure como uma alternativa mais qualificada para dar sociedade explica es sobre aspectos relativos linguagem Al m disso um exemplo de que a quest o n o se resume a fatores ideol gicos que o discurso concernente varia o lingu stica foi absorvido pelo Estado atrav s de uma de suas mais importantes institui es ideol gicas a escola do ponto de vista da abordagem gramatical descritiva podemos considerar que em nosso pa s convive uma enorme variedade lingu stica determinada por regi es idades lugares sociais entre outros Assim as no es de certo ou errado t o t picas da abordagem normativa ou prescritiva cederiam espa o s no es de adequa o ou inadequa o em virtude das situa es comunicativas de que o falante participa papel da escola lidar de forma produtiva com a variedade lingu stica de sua clientela sem perder de vista a valoriza o da variante lingu stica que cada aluno traz consigo para a escola e a import ncia de se oferecer a esse aluno acesso norma padr o BRASIL 2002 p 82 Portanto entendo que essa dist ncia entre a Lingu stica e a sociedade se deve ao fato de al m de adotar uma postura autorit ria caracter stica da racionalidade moderna ela ter se equivocado em dois pontos fundamentais o pol tico e o epistemol gico O equ voco pol tico nasce da acintosa nega o do discurso tradicional sobre a linguagem e do desconhecimento acer
91. que se refere ao saber fazer em determinada situa o um esquema com uma certa complexidade que existe num estado pr tico procedente em geral de um treinamento intensivo maneira do patinador do artes o cujos gestos tornaram se uma segunda natureza e fundiram se no habitus Os conhecimentos por outro lado s o recursos cognitivos complementares que s o mobilizados para a manifesta o da compet ncia Assim para analisar um texto e reconstituir as inten es do autor que uma compet ncia deve se lan ar m o de v rios conhecimentos de diferentes n veis como o fonogr fico o morfol gico o sint tico o pragm tico o textual o discursivo etc Por m como adverte o autor Uma compet ncia nunca a implementa o racional pura e simples de conhecimentos de modelos de a o de procedimentos Formar em compet ncias n o pode levar a dar as costas assimila o de conhecimentos pois a apropria o de numerosos conhecimentos n o permite ipso facto sua mobiliza o em situa es de a o Essas observa es v o de encontro a um discurso muito comum atualmente segundo o qual o ensino de linguagem deve ser fundamentado no uso lingu stico e partir do texto como unidade b sica Isso sem d vida alguma bastante desej vel O que tem sido negligenciado no entanto o fato de que para o desenvolvimento de compet ncias relacionadas ao uso lingu stico e produ o textual em situa es
92. que somos v timas de um dualismo doutrin rio quando estudamos gram tica De um lado ter amos uma doutrina gramatical expl cita encontrada nas defini es contidas nos manuais e do outro uma doutrina impl cita inconsciente que usamos por exemplo para identificarmos o sujeito das ora es De acordo com a doutrina impl cita o sujeito seria definido como o termo com o qual o verbo concorda Essa defini o tornaria compreens vel a n o identifica o do termo destacado na senten a abaixo como sujeito fato muito comum entre os nossos estudantes Em salvador chove muito Segundo Perini um exemplo como esse mostra a confus o da gram tica tradicional pois se sujeito o termo sobre o qual se faz uma declara o e na frase acima se faz uma declara o sobre Salvador por que o termo destacado n o pode ser sujeito Assim quando dizemos que na senten a dada o sujeito inexistente n o estamos nos apoiando na doutrina expl cita e sim na impl cita que nas palavras do linguista nos faz perceber que o sujeito de uma ora o o termo que est em rela o de concord ncia com o verbo O autor n o faz considera es a respeito da natureza dessa doutrina gramatical impl cita mas a julgar pelo que diz ela perece se aproximar de uma intui o que todo falante possui de sua l ngua Uma quest o que fica sem resposta no texto por que apesar desse conhecimento intuitivo muito comum que os estudantes identifigue
93. racionalidade da ci ncia moderna constitui um modelo global e ao mesmo tempo totalit rio Por meio de seus princ pios metodol gicos nega a legitimidade de qualquer conhecimento que n o seja constru do segundo seus ditames Dessa forma estabelece fronteiras que o separa de outras formas de conhecimento potencialmente perturbadoras o senso comum e os estudos human sticos em que se situam os estudos hist ricos filol gicos jur dicos liter rios e teol gicos SANTOS 1989 Os princ pios te rico metodol gicos do modelo s o os seguintes ii O conhecimento cient fico avan a pela observa o descomprometida e livre sistem tica e tanto quanto poss vel rigorosa dos fen menos naturais Esse princ pio opera por meio da exclus o da subjetividade ii Conhecer significa quantificar o rigor cient fico afere se pelo rigor das medi es e o que n o quantific vel cientificamente irrelevante iii O m todo cient fico assenta se na redu o da complexidade Conhecer significa dividir e classificar para depois poder determinar rela es sistem ticas entre o que se separou iv Distingue condi es iniciais e leis da natureza As condi es iniciais constituem o reino da complica o do acidente e onde necess rio selecionar as que estabelecem as condi es relevantes dos fatos a observar as leis da natureza formam o reino da simplicidade e da regularidade onde poss vel observar e medir com rigor 100
94. recurso social muitas vezes a Ret rica posta a servi o das classes dirigentes que se apropriam da palavra como bem adquirido Tamb m aqui se observa o que parece ter subsistido desde o s culo V a C como a constitui o da Ret rica se o fim ltimo do discurso persuadir impondo rela o intr nseca entre emissor e destinat rio cumpre dispensar linguagem tratamento especial para realizar o intento Eis a Ret rica cl ssica reduzida ao seu esqueleto 30 que cruzou inc lume os tempos e veio desaguar nos pronunciamentos pol ticos nas prega es religiosas nas propagandas televisivas produ es cinematogr ficas e em todo um arsenal de recursos que a tecnologia p s disposi o do homem moderno Os tent culos que a Ret rica estendeu para v rios lados estavam embutidos no sistema de educa o medieval que arquitetou as sete disciplinas chamadas artes liberais Quando no s culo VI d C Bo cio oficializou o agrupamento Trivium Quadrivium amarrou de vez lado a lado a Gram tica a Ret rica e a Dial tica respeitando afinidades n o s concernentes ao fato de serem as tr s artes sermocinandi mais ainda ao entrecruzamento dos pressupostos normativos que enformam cada uma delas Para exemplificar um ponto dentre v rios dessas rela es ntimas tomemos a Arte ret rica de Arist teles obra sistematizadora de argumentos que vieram dos sofistas e de Plat o na qual se abeberaram os latinos e os crist os
95. rios g neros como contrato de seguro de vida acidentes pessoais de autom vel etc contrato de cart o de cr dito contrato de aluguel receitas culin rias bulas etc 95 compreendidos como sequ ncias textuais compostos por proposi es relativamente est veis que atravessam os g neros secund rios A estabilidade das sequ ncias decorrente de estruturas protot picas ou tipos textuais Diferentemente de Marcuschi Adam classifica as sequ ncias da seguinte maneira narrativa descritiva explicativa argumentativa e dialogal Para o autor os g neros s o distribu dos em categorias pelos tra os que compartilham com as sequ ncias Neste ponto assume posi o semelhante de Marcuschi ao postular que o predom nio das sequ ncias funcionaria como um princ pio de classifica o dos g neros Assim o romance o conto a not cia dentre outros seriam classificados como narrativos por apresentarem a narra o como sequ ncia predominante Dentre os problemas que podem decorrer do uso de tal crit rio para a classifica o de g neros est o fato de haver sequ ncias que dificilmente s o predominantes na composi o dos diversos g neros como a descritiva a injuntiva a expositiva a argumentativa e a dialogal o que leva conclus o de que os g neros seriam em sua maior parte narrativos j que essa sequ ncia seria a nica com possibilidades de subjugar as demais Um conto um romance uma cr nica uma not c
96. s n o era a l ngua dominante no interc mbio social n o havendo por isso raz o ou motiva o para institu lo em disciplina curricular e em terceiro lugar embora a primeira gram tica da l ngua portuguesa 40 tenha sido publicada j em 1536 a Gram tica de Fern o de Oliveira e v rias gram ticas e ortografias tenham sido produzidas no correr do s culo XVII o portugu s ainda n o se constitu ra em rea de conhecimento em condi es de gerar uma disciplina curricular Ou seja n o havia condi es internas ao pr prio conte do nem condi es externas a ele para que o portugu s adquirisse status de disciplina curricular As condi es externas mencionadas por Soares foram profundamente alteradas pelas reformas que o Marqu s de Pombal implantou no ensino de Portugal e suas col nias nos anos 50 do s culo XVIII A cita o a seguir extra da de Cunha 1985 p 79 80 d nos a exata compreens o do alcance ideol gico das reformas pombalinas no tocante quest o do ensino de portugu s Sempre foi m xima inalteravelmente praticada em todas as na es que conquistaram novos dom nios introduzir logo nos povos conquistados o seu pr prio idioma por ser indispens vel que este um meio dos mais eficazes para desterrar dos povos r sticos a barbaridade dos seus antigos costumes e ter mostrado a experi ncia que ao mesmo passo que se introduz neles o uso da l ngua do Pr ncipe que os con
97. s culo XIX mas sua fun o na escola resumia se alfabetiza o Ap s isso estudava se o latim e a estrutura curricular juntamente com os conte dos ainda era fornecida pelo Trivium Findo esse ciclo qualquer aluno poderia obter a licentia docendi e tornar se professor ou ent o com seu certificado de mestre em artes seguir outros estudos de Direito Teologia Medicina F vero 2002 p 74 mostra a for a dessa tradi o ao constatar nos documentos hist ricos que dispunham sobre a legisla o educacional que embasava o funcionamento do Col gio D Pedro Il no Rio de Janeiro do s culo XIX criado com o intuito de servir de modelo para o ensino na Corte que ao aluno que completasse o curso secund rio seria concedido o t tulo de Bacharel em Letras o que o dispensaria dos exames preparat rios para ingresso nos estudos superiores O que se pode concluir acerca dos conte dos na forma o dos professores nesse per odo que n o havia uma diferencia o entre a forma o discente e a forma o docente O professor repetiria os conte dos e a metodologia que foram usados pelos seus professores na educa o secund ria O modelo tradicional de educa o acima descrito passou a ser muito contestado no in cio do s culo XX pelo movimento da Escola Nova que defendia um rompimento radical com o passado com uma institui o escolar formalista disciplinar e verbalista e com uma pedagogia deontol gica abstrata e geralm
98. secund ria e com alta sujei o a capitais externos Essa caracteriza o a partir da variante econ mica dita os n veis das condi es social e cultural Em consequ ncia os paradigmas sociais e culturais t m uma escala de identidade que acompanha as desigualdades produzidas pelo ordenamento da sociedade Diante de tudo isso a educa o torna se elemento fundamental para a manuten o dos paradigmas da p s modernidade Compreende se portanto porque a globaliza o da educa o deve levar em conta primeiramente os interesses dos pa ses hegem nicos Um olhar atento sobre os PCNEM revela que eles s o constitu dos de uma contradi o fundamental a concep o de mundo est em conson ncia com os paradigmas da p s modernidade no tocante aos aspectos econ micos No entanto a disposi o dos conte dos curriculares enquadra se nas postula es da modernidade Nesse quadro a linguagem exerce papel de destaque j que seu conhecimento concebido nos Par metros como uma hermen utica pragm tica uma forma de a o dirigida compreens o e ao acordo central aos discursos modernos a cren a na universalidade de seus compromissos epistemol gicos e ontol gicos b sicos n o importando se o conhecimento ditado por autoridade descoberto pela raz o cient fica ou constru do atrav s da comunica o racional Portanto as autocompreens es s o consideradas importantes e o conhecimento conceptualizado como mutuament
99. sticas aparece claramente quando observamos nossa pr pria linguagem Sem movermos os l bios nem a l ngua podemos falar conosco ou recitar mentalmente um poema 2004 p 80 O signo a combina o do conceito denominado significado e da imagem ac stica denominada significante Na formula o saussuriana o signo apresenta como caracter stica fundamental a arbitrariedade Dito de outra forma o la o que une o significante ao significado arbitr rio Isso quer dizer que n o h nada no interior do significante que o ligue ideia por ele representada Com rela o ideia que representa o significante aparece como escolhido livremente com rela o comunidade lingu stica que o emprega n o livre imposto Saussure se recusa a usar a palavra s mbolo para designar o signo lingu stico argumentando que 160 O s mbolo tem como caracter stica n o ser jamais arbitr rio ele n o est vazio existe um rudimento de v nculo natural entre o significante e o significado O s mbolo da justi a a balan a n o poderia ser substitu do por um objeto qualquer um carro por exemplo 2004 p 82 Peirce 2008 partiu de um esquema tripartite muito diferente da concep o bin ria de Saussure No quadro te rico que desenvolve a rela o de semiose se d pela articula o de tr s elementos que s o o signo seu objeto e seu interpretante O signo aquilo que sob certo aspecto ou modo representa algo para alg
100. subsume os demais KOCH 2006 Diante dessas concep es a autora decomp e as pe as da atividade comunicativa nos seguintes moldes 1 2 3 O produtor planejador que para viabilizar o seu projeto de dizer recorre a uma s rie de estrat gias de organiza o textual orientando o interlocutor por meio de sinaliza es textuais ind cios marcas pistas para a constru o dos poss veis sentidos importante destacar que a autora se equivoca ao considerar o sentido pretendido pelo autor como um dentre v rios Na realidade o texto produzido tendo em vista determinada inten o comunicativa que o autor quer ver consolidada e que constitui o projeto comunicativo do produtor Se outros sentidos s o atribu dos ao dizer n o se pode creditar tal responsabilidade ao locutor uma vez que tais sentidos podem conduzir o texto para dire es n o previstas e consequentemente inviabilizar o projeto inicial O texto organizado estrategicamente de determinada forma em raz o das escolhas feitas pelo produtor entre as m ltiplas possibilidades de formula o que a l ngua lhe oferece De acordo com a autora essas escolhas estabelecem limites para as leituras poss veis Aqui se repete o mesmo equ voco sublinhado no t pico anterior As escolhas do locutor n o t m o objetivo prec puo de delimitar o campo das possibilidades de signific ncia do texto Mesmo quando isso feito o objetivo conduzir o leitor para uma determ
101. textos a pr tica de produ o de textos e a pr tica de an lise lingu stica Apesar de 231 suas limita es te ricas a proposta obteve ampla aceita o tanto no meio acad mico quanto no escolar principalmente porque a unidade pr tica de an lise lingu stica representou uma possibilidade concreta de rompimento com a tradi o gramatical que malgrado todos os esfor os ainda domina a maior parte do ensino de L ngua Portuguesa A proposta de Geraldi no entanto restringe se linguagem verbal o que inviabiliza sua utiliza o tal como est posta em uma proposta de ensino fundada na perspectiva de linguagem como fen meno semi tico pragm tico defendida neste trabalho Por outro lado penso que ao menos a designa o das unidades pode ser parcialmente aproveitada Assim postulo as seguintes unidades interdependentes de ensino em torno das quais ser o distribu dos os conte dos que tornar o poss vel a constru o dos conhecimentos necess rios ao desenvolvimento das compet ncias leitura produ o semi tico textual e an lise semiolingu stica 6 2 2 1 Fatos conceitos procedimentos e atitudes relativos leitura A leitura tem sido entendida atualmente como um processo de constru o de sentidos Para a descri o desse processo cooperam v rias perspectivas te ricas dentre as quais se destacam o sociointeracionismo o cognitivismo o dialogismo bakhtiniano al m de copntribui es da Lingu stica Textual e d
102. todas na materialidade lingu stica nos argumentos do texto elas podem isso sim ser interpretadas imaginadas supostas nada mais Para Signorini a apropria o do c digo indexicalizado constitui uma a o que visa n o transforma o das pr ticas institucionais estabelecidas e sim reconfigura o das pr ticas do sujeito no campo pol tico do mapeamento simb lico das identidades sociais Nesse sentido A apropria o das formas lingu sticas indexicalizadas uma a o pol tica em que o princ pio democr tico da igualdade de condi es instanciado pois ela rompe mesmo que de forma amb gua e provis ria com uma dada configura o da ordem pol tica estabelecida a que mapeia o n o letrado n o ou pouco escolarizado na categoria dos que n o t m voz A ambiguidade se deve justamente perspectiva assumida de guardi o da regulamenta o metapragm tica do correto e do apropriado o que legitima as atuais estruturas hegem nicas simb licas de domina o subordina o perspectiva essa acoplada ao efeito acima descrito de embaralhamento das fronteiras previstas para as categorias identificat rias mapeadas por essas mesmas estruturas simb licas o que desestabiliza local e provisoriamente os sistemas de legitima o dessas estruturas E essa ambiguidade vai se verificar tamb m na avalia o pelo letrado urbano desse tipo de personagem algu m que cumpre um dado papel o que fala o que pode assu
103. todo processo de conhecimento envolve uma representa o mental do objeto cognosc vel Este pressuposto subdivide se em construtivista os atores da comunica o constroem as representa es com base em informa es visuais e lingu sticas interpretativo toda produ o de discurso um ato de interpreta o pressuposi o on line as atividades de interpreta o e processamento ocorrem simultaneamente conjetura pressuposicional as pessoas compreendem acontecimentos reais ou eventos discursivos somente se j tiverem um conhecimento mais geral a respeito de tais conhecimentos pressuposto estrat gico refere se s habilidades para se produzir e processar discursos os contextuais referentes ao entorno sociocultural no qual a atividade discursiva se desenvolve Subdivide se em pressuposto da funcionalidade os processos de produ o e compreens o do discurso s o funcionais no contexto social pressuposto pragm tico ou interacionista a produ o discursiva ocorre por meio de atos de fala dotados de intencionalidade pressuposto situacional a situa o constitutiva do discurso Dijk apresenta os limites te ricos e pr ticos de seu modelo ao mesmo tempo em que aponta caminhos para a pesquisa no tocante aos estudos do discurso Suas limita es te ricas s o as seguintes DIJK 1996 p 20 Parsing lingu stico n o modelaremos de forma completa os processos atrav s dos quais o input lingu stic
104. tornam irredut veis a estrutura lingu stica e que impede sua identifica o com o texto Os conjuntos de 191 enunciados que os comp em constituem as forma es discursivas que atuam como um sistema de regras que regulam as pr ticas enunciativas Isso n o quer dizer que uma forma o discursiva desempenha o papel de uma figura que para o tempo indefinidamente Ela determina uma regularidade pr pria de processos temporais Nas palavras de Foucault quando se fala de um sistema de forma o n o se compreende somente a justaposi o a coexist ncia ou a intera o de elementos heterog neos institui es t cnicas grupos sociais organiza es perceptivas rela es entre discursos diversos mas seu relacionamento sob uma forma bem determinada estabelecido pela pr tica discursiva FOUCAULT 2004b p 81 82 Um sujeito nunca ocupa espa os em apenas uma forma o discursiva Logo o discurso n o pode ser concebido como a express o de um sujeito que pensa que conhece e que diz ao contr rio um conjunto em que podem ser determinadas a dispers o do sujeito e sua descontinuidade em rela o a si mesmo um espa o de exterioridade em que se desenvolve uma rede de lugares distintos Ao ocupar esses lugares e a partir deles exercer a fun o enunciativa o sujeito realiza o ato individual da formula o Este ato pode desde que articulado com objetos conceitos temas e estrat gias de outras forma
105. uma segunda que por sua vez n o individualizante mas massificante Os processos de natalidade de mortalidade de longevidade que justamente na segunda metade do s culo XVIII juntamente com uma por o de problemas pol ticos e econ micos constitu ram os primeiros objetos de saber e os primeiros alvos de controle dessa biopol tica Uma caracter stica historicamente importante do funcionamento social do poder que ele frequentemente objeto de debate pol tico e de confronto social Uma das raz es para isso est no entendimento muito comum de que o poder se exerce por meio da repress o Nesse ponto pode se verificar a import ncia de se conhecer as diferentes formas de exerc cio de poder ao longo da hist ria Se verdade que a repress o foi uma marca do poder soberano e dos primeiros s culos de exerc cio do poder disciplinar o mesmo n o se pode dizer nos dias atuais Na esteira do pensamento foucaultiano Quando se define os efeitos de poder pela repress o tem se uma concep o puramente jur dica desse poder identifica se o poder a uma lei que diz n o O FOUCAULT op cit p 290 142 fundamental seria a for a da proibi o Creio ser esta uma no o negativa estreita e esquel tica do poder que curiosamente todo mundo aceitou Se o poder fosse somente repressivo se n o fizesse outra coisa a n o ser dizer n o n o seria obedecido O que faz com que o poder se mantenha e que seja ace
106. uso cont nuo de uma determinada concep o de cultura e a possibilidade de se repensar o Outro se os educadores est o fazendo perguntas dif ceis sobre a pol tica cultural da escolariza o e sobre os interesses e as pol ticas das diferentes formas de conhecimento se os psic logos est o questionando a constru o e o controle concomitante do sujeito 149 dentro dos discursos psicol gicos se os p s estruturalistas est o enfatizando poder conflito e discurso na linguagem como compreens es muito diferentes da constru o do significado se as alega es positivistas do conhecimento est o sendo questionadas n o s por suas limita es mas tamb m por causa dos interesses a que elas servem ent o certamente os linguistas aplicados precisam questionar seriamente os seus pr prios trabalhos Corroborando a sugest o de Pennycook Moita Lopes 2006b p 21 conclui que A necessidade de repensar outros modos de teorizar e fazer LA surge do fato de que uma rea de pesquisa aplicada na qual a investiga o fundamentalmente centrada no contexto aplicado onde as pessoas vivem e agem deve considerar a compreens o das mudan as relacionadas vida sociocultural pol tica e hist rica que elas experienciam O autor aponta as mudan as socioculturais pol ticas e hist ricas como os fatores que t m determinado a necessidade de repensar a teoriza o em LA Isso deveria desencadear tamb m discuss es de ordem metodol gic
107. v D origem a um conhecimento causal que aspira formula o de leis luz de regularidades observ veis com vistas a prever o comportamento futuro dos fen menos Esse conhecimento baseado na formula o de leis tem como pressuposto metate rico a ideia de que o passado se repete no futuro Da a ci ncia moderna ser chamada tamb m de mecanicista ou determinista Essas bases tiveram suas primeiras formula es no racionalismo cartesiano e no empirismo baconiano e se condensaram no positivismo oitocentista Considerando que segundo este s h duas formas de conhecimento as disciplinas formais da l gica e da matem tica e as ci ncias emp ricas segundo o modelo mecanicista das ci ncias naturais conclui se que as ci ncias sociais gestadas sob a gide do positivismo e onde deveria se situar a Lingu stica nasceram para seguir o modelo de racionalidade delineado acima Situar a Lingu stica entre as ci ncias sociais representa tomar partido diante de quest es pol micas A primeira delas que essa n o uma posi o que goza de consenso entre os linguistas Saussure por exemplo considerou a l ngua com um fato social mas seus pressupostos metodol gicos estavam fundados no modelo positivista Suas famigeradas dicotomias l ngua X fala sincronia X diacronia sintagma X paradigma significante X significado operavam com base na distin o entre as condi es iniciais complexidade e as leis da natureza simplicid
108. valor do signo opera como um fator distintivo no n vel do sistema lingu stico Penso por m que essa pode ser uma categoria bastante produtiva para o estudo da 186 significa o se ao inv s de nos limitarmos a sua an lise do ponto de vista sist mico alargarmos sua abordagem de modo a permitir um estudo sobre os processos atrav s dos quais os valores se estabelecem na sociedade Antes necess rio que se distinga significado e valor sob pena de sermos tentados a confundir um com o outro haja vista a linha t nue que os separa O valor pode facilmente ser identificado com o significado j que muitas vezes o valor de um signo sobrep e se ao seu significado no processo de representa o social Na primeira disserta o de sua Genealogia da moral Nietzsche 1998 tra a o percurso hist rico da palavra bom com o intuito de explicar como esta deixou de ser uma designa o atribu da por um benefici rio a um benfeitor e passou a ser usada para designar os nobres seus atos e seus valores como bons em oposi o a tudo que estivesse relacionado ao plebeu Sua conclus o que o valor fixado nas rela es de poder Do mesmo modo podemos dizer que o trabalho de um estilista reconhecido internacionalmente e de uma simples costureira produzir roupas quanto ao significado realmente ter amos isso no entanto o valor social de cada uma delas e deles evidentemente seria diferente com base na no o de valor q
109. veis A concep o de linguagem como fen meno traz algumas implica es muito positivas para o ensino orientado para a forma o pol tica i permite a abordagem de m ltiplas semioses ampliando consideravelmente a compreens o de como a linguagem contribui para a constitui o da sociedade ii possibilita a valoriza o de saberes diferentes dos produzidos pelo discurso cient fico o que permite uma reflex o cr tica acerca de como se estabelecem os regimes de verdade iii viabiliza um estudo das rela es entre linguagem e sociedade sob a perspectiva da transdisciplinaridade que proporciona uma vis o hol stica das implica es da forma o pol tica Como se pode perceber s o muitas e grandiosas as tarefas da LA Para realiz las ser preciso que muitos debates sejam feitos inicialmente no mbito acad mico Ser preciso arregimentar muitos estudiosos e intelectuais comprometidos com o projeto de reconstru o da sociedade Ser preciso abandonar os projetos fragmentados em prol de um projeto global que n o pode ser imposto mas que deve ser fruto de uma constru o coletiva As discuss es que fiz aqui pretendem ser uma pequena contribui o nesse sentido 246 REFER NCIAS AGUAYO A M Did tica da escola nova Trad J B Damasco Penna e Ant nio D vila S o Paulo Companhia Editora Nacional 1966 ADAM J M Les textes types et prototypes Paris Armand Colin 1992 La linguistique textuelle 2 ed
110. voco da autora mesmo os enunciados veiculadores de conte do informacional est o sujeitos s opera es metadiscursivas Se n o considerarmos essa possibilidade seremos for ados a acreditar na concep o de linguagem como reflexo da realidade Esse equ voco decorre do fato de a autora considerar as estrat gias metadiscursivas apenas do ponto de vista de sua materializa o no texto 201 uma classifica o de diferentes tipos de infelicidades fracassos insucessos e abusos que podem afetar os atos ilocucion rios de todos os g neros uma proposta de invent rio de classifica o dos diferentes valores ilocucion rios que um proferimento qualquer pode receber Faz se assim a distin o de cinco grandes classes a b d os veredictivos que consistem em emitir um ju zo oficial ou extra oficial sobre as evid ncias ou raz es quanto ao valor ou ao fato na medida em que estes s o pass veis de distin o Um ato veredictivo um ato judicial como declarar inocente condenar decretar etc os exercitivos que formulam um julgamento favor vel ou n o sobre uma conduta preconizada Suas consequ ncias podem ser que outros sejam compelidos ou autorizados ou n o autorizados a fazer certos atos como ordenar exortar perdoar aconselhar etc os compromissivos que comprometem quem o usa a uma determinada linha de a o prometer garantir jurar dou a minha palavra com
111. 002 p 94 grifo meu a cr tica se esvazia e subsumida no hermetismo caracter stico do discurso cient fico moderno Os objetivos n o s o pr ticos ou seja n o h inten o de intervir na sociedade O dado mais paradoxal no entanto diz respeito ideia de desregulamenta o deixando de lado o fato de que uso lingu stico desregrado s existe em situa es artificiais o que a autora pretende de fato libertar a l ngua para melhor control la Toda a discuss o visa ao ajuste e aprimoramento da l ngua para que se possa estudar melhor a l ngua com objeto h brido Nesse quadro a evoca o de fatores sociais pol ticos e ideol gicos est o exclusivamente a servi o de um maior controle do objeto Em outro trabalho SIGNORINI 1998b a autora apresenta um estudo que demonstra claramente a necessidade de se analisar com maior rigor como se d a rela o entre verdade e poder na sociedade Tendo como pano de fundo a diversidade sociocultural e econ mica do pa s e as oportunidades de acesso criadas pelo regime democr tico a autora investiga como se d a des constru o de indentidades sociais de interlocutores em situa o de comunica o na esfera p blica Duas quest es s o abordadas na primeira investiga como percebida a distin o letrado n o letrado ou escolarizado analfabeto por representantes da comunidade rural e urbana do munic pio focalizado e como essa distin o por eles relacionada ques
112. 005 KLEIMAN A B O estatuto disciplinar da lingu stica aplicada o tra ado de um percurso um rumo para o debate In SIGNORINI I amp CAVALCANTI M Lingu stica Aplicada e transdisciplinaridade quest es e perspectivas Campinas SP Mercado das Letras 1998 p 51 77 O Ensino de L nguas no Brasil In PASCHOAL M S de amp CELANI M A A Orgs Lingu stica Aplicada da aplica o da lingu stica lingu stica Transdisciplinar S o Paulo EDUC PUC SP 1992 p 15 23 252 Introdu o E um In cio A Pesquisa sobre Intera o e Aprendizagem Trabalhos em Ling stica Aplicada 18 p 5 14 1991 KOCH G V amp TRAVAGLIA L C Texto e coer ncia S o Paulo Cortez 1989 KOCH I G V A inter a o pela linguagem S o Paulo Contexto 1992 O texto e a constru o dos sentidos S o Paulo Contexto 1997 A coes o textual S o Paulo Contexto 2004a A coer ncia textual S o Paulo Contexto 2004b Argumenta o e linguagem 9 ed S o Paulo Cortez 2004c Introdu o lingu stica textual trajet ria e grandes temas S o Paulo Martins Fontes 2004d KOCH G V amp ELIAS V M Ler e compreender os sentidos do texto 2 ed S o Paulo Contexto 2006 amp F VERO L L Lingu stica Textual uma introdu o 8 ed S o Paulo Cortez 2007 KUHN T S A estrutura das revolu es cient ficas Trad Beatriz Vianna Boeira amp Nelson Boeira S o Paulo Perspectiva 20
113. 07 LIBERATO Y amp FULG NCIO L poss vel facilitar a leitura um guia para escrever claro S o Paulo Contexto 2007 LUCCHESI D Norma lingu stica e realidade social In BAGNO Marcos Lingu stica da norma S o Paulo Edi es Loiola 2002 p 63 92 LYOTARD J F A condi o p s moderna 10 ed Trad Ricardo Corr a Barbosa Rio de Janeiro Jos Olympio 2008 MAINGUENEAU D G neses du discours 2 ed Bruxelles Pierre Mardaga 1984 Novas tend ncias em An lise do Discurso 3 ed Campinas SP Pontes Editora da UNICAMP 1997 253 An lise de textos de comunica o Trad Cec lia P de Souza e Silva amp D cio Rocha S o Paulo Cortez 2002 Discurso e an lise do discurso Trad Maria Augusta Barros de Matos In SIGNORINI Org Situar a l ngua gem S o Paulo Par bola Editorial 2008 p 135 155 MANNHEIM Karl Sociologia da Cultura Trad Roberto Gambini S o Paulo Perspectiva 2004 MARCUSCHI L A G neros textuais defini o e funcionalidade In DION SIO A P et al Orgs G neros textuais e ensino 2 ed Rio de janeiro Editora Lucerna 2002 p 19 36 Produ o textual an lise de g neros e compreens o S o Paulo Par bola Editorial 2008 MARIANI B A institucionaliza o da l ngua hist ria e cidadania no Brasil do s culo XVIII o papel das academias liter rias e da pol tica do Marqu s de Pombal In ORLANDI E Org Constru o do saber m
114. 2 3 6 2 3 DIRETRIZES GERAIS PARA O ENSINO DE LINGUAGEM A EDUCA O NO MUNDO P S MODERNO ENSINO DE LINGUAGEM NA CONDI O P S MODERNA A quest o dos conte dos Unidades do ensino de linguagem Fatos conceitos procedimentos e atitudes relativos leitura Fatos conceitos procedimentos e atitudes relativos produ o semi tico textual Fatos conceitos procedimentos e atitudes relativos an lise semiolingu stica A avalia o CONSIDERA ES FINAIS REFER NCIAS 206 212 221 223 230 231 236 239 241 243 246 1 INTRODU O Como s o definidos os conte dos de uma disciplina curricular Qual a fun o de uma disciplina na constitui o de um curr culo Estas s o quest es fundamentais para iniciar uma discuss o sobre o que deve compor o curr culo dos cursos superiores destinados forma o de professores Na hist ria do ensino de linguagem da Idade M dia at os dias atuais houve sempre muita preocupa o com a estrutura das disciplinas respons veis pelo desenvolvimento de compet ncias relacionadas utiliza o da linguagem Mas o que s o os conte dos Uma defini o muito comum a de que os conte dos s o um conjunto de objetos que recortados de determinada rea de conhecimento s o tidos como os mais adequados para se desenvolver determinados saberes Embora n o esteja errada esta uma defini o muito vaga principalmente se considerarmos a diversidade de disciplinas que
115. 2 N o se confunda a no o de controle com a de propriedade A palavra como signo de acordo com Bakhtin 2004 p 113 n o pode se tornar propriedade individual O controle entendido conforme as postula es de Dijk 1996 como uma estrat gia cognitiva de processamento e acrescento de produ o textual 88 texto produzido tendo em vista um leitor ouvinte ou um conjunto de leitores previamente definidos por crit rios muito variados quais sejam econ micos sociais pol ticos etc Isso vai implicar evidentemente na delimita o do que se entende por situa o sociocomunicativa e contexto al m de complexificar a concep o de leitura produ o de sentidos Diante de um leitor n o previsto o texto pode tanto n o ser compreendido como ter seus sentidos alargados ou extrapolados A triangula o comunicativa outro exemplo de como importante operar com a no o de leitor ouvinte previsto em alguns casos um locutor A pode se dirigir a interlocutor B mas estar de fato querendo atingir um interlocutor C Isso muito comum em debates pol ticos televisionados por exemplo quando um candidato locutor A se dirige a outro interlocutor B tecendo considera es que n o ter o efeitos diretamente sobre ele mas sobre o eleitor telespectador interlocutor C que est em casa e a partir do que foi posto construir uma imagem sobre o interlocutor B que poder influenciar em seu voto Maingueneau 2002 uti
116. E ENSINO As teorias do texto ganharam muita visibilidade no Brasil principalmente depois que os Par metros Curriculares Nacionais PCN definiram o texto como unidade de ensino da l ngua Mas como concebido o texto nesses contextos Ser que se est diante de um objeto cuja natureza consensual O primeiro aspecto a ser considerado est relacionado com o modo como o termo texto concebido nas diversas teorias que o tomam por objeto O segundo diz respeito concep o que foi selecionada para compor o curr culo oficial de maneira a atender os objetivos do ensino de l ngua portuguesa no quadro geral dos objetivos da educa o Os PCN n o trazem uma defini o expl cita do texto mas considera o como a materializa o de uma esp cie de entidade abstrata chamada discurso Este tamb m n o definido claramente mas pode se inferir que ele tomado como toda e qualquer intera o por meio da linguagem caracterizada pela inten o de se dizer alguma coisa a algu m de uma determinada forma num determinado contexto hist rico e em determinadas circunst ncias de interlocu o Outro conceito fundamental para o estabelecimento do texto como unidade de ensino nos PCN refere se no o de g neros concebidos como formas relativamente est veis de enunciados determinados historicamente e que constituem fam lias de textos que compartilham caracter sticas comuns Nos PCN Orienta es Educacionais Complementares aos Par m
117. Formar pressup e dar forma a algo e no caso da educa o formar o sujeito pressup e estabelecer crit rios que determinem os contornos que a forma final deve ter Nenhum projeto de educa o neutro e exatamente por isso o curr culo deve ser entendido como um documento de identidade Assim a avalia o deve ser encarada como o processo que n o somente acompanha se o projeto educacional caminha na dire o prevista como tamb m possibilita que novas medidas sejam adotadas caso os resultados n o se mostrem satisfat rios Tradicionalmente a avalia o marcada por uma assimetria autorit ria que p e o professor como o sujeito ativo que estabelece os mecanismos que decide o resultado e o aluno como o sujeito passivo ao qual cabe apenas submeter se s regras e condi es estabelecidas Hadji aponta como a caracter stica mais importante da avalia o formativa a quebra dessa assimetria O professor assim como o aluno deve poder corrigir sua a o modificando se necess rio seu dispositivo pedag gico com o objetivo de obter melhores efeitos por meio de uma maior variabilidade did tica A avalia o formativa implica por parte do professor flexibilidade e vontade de adapta o de ajuste Este sem d vida um dos nicos indicativos capazes de fazer com que se reconhe a de fora uma avalia o formativa o aumento da variabilidade did tica HADJI 2001 p 21 A avalia o formativa um proces
118. GALIZAR DEMINUIRA OS FUNDOS ENVESTIDOS NO COMBATE AO TRAFICO ETC ABRA OS LEGALIZE JAH A PR CURITIBA 12 03 2009 13 42 p Ant nio Gon alves Ah t quer dizer que todo mundo que usa droga filho de pais separados ou foi violentado quando crian a Cara isso ser mente fechada Nem todos tem sorte de crescerem em um lar comum com pai e m e E nem todos que n o vivem isso tornam se drogados Seja menos idiota da pr xima vez que fizer um coment rio Internet Modo Protegido Ativado Y 181 Note se que os coment rios da janela foram feitos quase um m s depois da publica o da edi o No coment rio destacado o leitor n o se dirige revista mas a outro leitor Isso seria impens vel na comunica o atrav s das cartas dos leitores onde o di logo s ocorre entre a equipe de edi o da revista e os leitores 5 2 ASPECTOS PRAGM TICOS DA LINGUAGEM 5 2 1 Discurso e significa o Um tra o comum das v rias abordagens sobre o signo a afirma o de que o significado tamb m chamado de ideia conceito interpretante um de seus constituintes Por outro lado a natureza do significado nunca foi convincentemente explicitada e por isso foi sempre objeto de muita discuss o Pode se grosso modo resumir toda essa controv rsia em torno da dicotomia arbitrariedade conven o contudo o ponto nevr lgico da quest o continua inc lume independentemente da arbitrarieda
119. George A conveni ncia da cultura usos da cultura na era global Trad Marie Anne Kremer Belo Horizonte Editora UFMG 2004 ZANOTTO N Estrutura m rfica da l ngua portuguesa 4 ed Caxias do Sul RS EDUCS 2001
120. LEITOR O autor aquele que assume a responsabilidade intelectual e jur dica sobre a formula o enunciativa dos g neros semi tico textuais As teorias que minimizam o papel do autor no processo de negocia o dos sentidos ignoram que esse processo exige posi es assumidas tanto do produtor quanto daqueles que recebem os g neros Os g neros materializam inten es comunicativas dos autores podem articular diferentes forma es discursivas ou g neros do discurso e defender ou confrontar valores e regimes de verdade que se aproximam ou se afastam das posi es assumidas pelos leitores O leitor ent o n o a inst ncia que legitima o texto como defendem os adeptos da fenomenologia da leitura mas a inst ncia que tem a fun o de atrav s de um interacionismo e do um 234 dialogismo cr ticos negar a onipot ncia do autor e submet lo a um processo de negocia o que pode derivar na emerg ncia de sentidos imprevistos Frequentemente o autor constr i imagens de si e do leitor que n o podem ser ignoradas no processo de negocia o dos sentidos CONTEXTO E SIGNIFICA O A produ o de g neros semi tico textuais ocorre num espa o de negocia o que busca estabelecer os limites de suas possibilidades de significa o Nesse espa o o autor tenta fixar no g nero as condi es de sua leitura especifica o de suporte valores verdades previs o de poss veis leitores o que torna poss vel levar em conta o c
121. O ndice concebido por Peirce como um signo cujo car ter representativo se deve a uma rela o genu na com o objeto sem a media o da intencionalidade Contudo em produ es art sticas que se prop em a reconstruir aspectos da realidade o ndice passa a ser resultado de atos intencionais O ndice pode estabelecer rela es existenciais ou referenciais O cone para Peirce n o tem conex o din mica alguma com o objeto que representa suas qualidades se assemelham s do objeto como no cinema nas fotografias ou nas imagens constru das nas narrativas liter rias Um signo um cone quando se refere ao objeto pelos caracteres do pr prio signo quer o objeto exista ou n o O s mbolo um signo que se refere ao objeto 240 devido a regras de leitura que se estabelecem socialmente O ensino de linguagem deve explorar a constitui o s gnica do mundo e como se estabelecem suas regras de leitura O SIGNO LINGU STICO O signo lingu stico reflete as tr s categorias s gnicas cunhadas por Peirce cf 5 1 2 e essas categorias se manifestam em diferentes n veis de sua constitui o No n vel fonogr fico deve se observar as caracter sticas das modalidades oral e escrita da l ngua no n vel morfol gico a estrutura a classifica o das palavras e sua fun o indexical ic nica ou simb lica na constitui o de atos de linguagem no n vel sint tico as regras de combina o dos signos no lingu stico textual
122. O desejo da teoria e a conting ncia da pr tica discursos sobre e na sala de aula Campinas SP Mercado das letras 20083 p 85 94 BOHN H amp VANDRESEN P Orgs T picos de Lingu stica Aplicada Editora da Universidade Federal de Santa Catarina 1988 BONINI A G neros Textuais e cogni o um estudo sobre a organiza o cognitiva da identidade dos textos Florian polis Insular 2002 BOURDIEU P A escola conservadora as desigualdades frente escola e cultura In NOGUEIRA M A CATANI A Escritos de educa o Petr polis RJ 1998 p 39 64 BRASIL Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gica Par metros curriculares nacionais Bases legais 2000a BRASIL Minist rio da educa o Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gica Par metros curriculares nacionais ensino m dio parte Il linguagens c digos e suas tecnologias 2000b BRASIL Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gica Par metros curriculares nacionais Orienta es educacionais complementares aos Par metros Curriculares Nacionais 2000c BRASIL Orienta es curriculares do ensino m dio rea de linguagens c digos e suas tecnologias Bras lia Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gica 2004 249 BUYSSENS E Semiologia e comunica o lingu stica Trad Izidoro Blikstein S o Paulo Cultrix EDUSP 1972 CAGLIARI L C Aspectos te ricos da ortografia In SILVA M Org Ortogra
123. SOARES 2002 Da mesma forma o estudo da gram tica da l ngua portuguesa nas mesmas Instru es visto como apoio para a aprendizagem da gram tica latina Para que os estudantes v o percebendo com mais facilidade os princ pios da Gram tica Latina til que os professores v o lhe dando uma no o da Portuguesa advertindo lhes tudo aquilo em que tem alguma analogia com a Latina CUNHA ibidem No entanto medida que o latim foi perdendo seu uso e valor social perda que s se concretizou no s culo XX quando foi exclu do do sistema de ensino fundamental e m dio a Gram tica do Portugu s foi perdendo o seu car ter ancilar em rela o Latina e ganhando autonomia Soares Ibidem aponta que para isso contribu ram as numerosas gram ticas brasileiras que surgiram a partir do s culo XIX como consequ ncia n o s da instala o em 1808 da Impress o R gia no Rio de Janeiro o que criou condi es para a edi o de obras de autores brasileiros mas tamb m da progressiva constitui o da l ngua portuguesa como objeto de estudo Vale destacar que embora a pol mica sobre uma poss vel l ngua brasileira tenha surgido j em meados do s culo XIX discuss o decorrente da prolifera o dos ideais nacionalistas advindos do movimento rom ntico o ensino da Gram tica manteve se alheio a essa pol mica e foi sempre o ensino da gram tica da l ngua portuguesa Mais do que isso foi o ensino da Gram tica de um
124. Universidade Federal da Bahia Instituto de Letras Programa de P s Gradua o em Letras e Lingu stica p He Rua Bar o de Jeremoabo n 147 CEP 40170 290 Campus Universit rio Ondina Salvador BA RS e Tel 71 3283 6256 Site http www ppgll ufba br E mail pgletbaO ufba br O ENSINO DE LINGUAGEM ENTRE A TRADI O E AS PERSPECTIVAS CIENT FICAS DIRETRIZES PARA UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR por MARCOS BISPO DOS SANTOS SALVADOR 2010 Universidade Federal da Bahia PESE Instituto de Letras P Programa de P s Gradua o em Letras e Lingu stica pa 4 Rua Bar o de Jeremoabo n 147 CEP 40170 290 Campus Universit rio Ondina Salvador BA Roc Tel 71 3263 6256 Site http www ppgll ufba br E mail pgletba O ufba br O ENSINO DE LINGUAGEM ENTRE A TRADI O E AS PERSPECTIVAS CIENT FICAS DIRETRIZES PARA UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR por MARCOS BISPO DOS SANTOS Orientadora Profa Dr2 Am rica L cia Silva C sar Tese apresentada ao Programa de P s Gradua o em Letras e Lingu stica do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos para obten o do grau de Doutor em Letras SALVADOR 2010 Sistema de Bibliotecas UFBA Santos Marcos Bispo dos O ensino de linguagem entre a tradi o e as perspectivas cient ficas diretrizes para uma abordagem transdisciplinar Marcos Bispo dos Santos 2009 257 f Orientadora Prof Dr Am rica L
125. a o lhe conferido um eficaz poder de dissemina o Al m disso estabelece se uma maior dura o temporal uma vez que a linguagem escrita diferen a da oral est fora de um tempo biol gico Dispensando a presen a f sica do emissor e do receptor a linguagem escrita faz crescer o hiato entre o escritor e o leitor embora exija uma cogni o voltada para a decifra o e a interpreta o Portanto uma cogni o que se sustenta na capacidade de provocar e operar rela es entre os diferentes signos que adormecidos na linearidade do tempo tombando sobre si mesmo aguardam que o leitor os desperte J a linguagem digital exige um suporte disquete disco r gido disco tico formado por uma s rie de c digos inform ticos que somente pode encontrar sua tradu o em sinais alfab ticos por meio de um objeto ou instrumento o computador Fen meno tamb m lingu stico a linguagem digital ocorrendo por meio do predom nio da inform tica 178 dos rob s dos sistemas integrados e das telecomunica es complexifica o conhecimento que produzido e reconhecido atrav s de redes dissolve a rela o emissor receptor Amplia se assim o universo de cria o e de interpreta o dos signos propiciando simultaneamente a emerg ncia de uma nova maneira de conceber a subjetiva o e a objetiva o considerados agora como movimentos complementares da virtualiza o Por meio da linguagem digital por exemplo
126. a ausente no documento 63 e analisar as implica es s cio hist ricas dos ndices contextuais e situacionais marcas dialetais n veis de registro jarg o g ria na constru o da imagem de locutor e interlocutor Percebe se que o desenvolvimento das tr s compet ncias n o ocorre de modo isolado antes certos procedimentos mobilizam recursos capazes de implementar simultaneamente duas ou tr s compet ncias 2 3 1 2 Os eixos estruturadores da disciplina Como j foi dito a disciplina se organiza em torno de tr s eixos em torno dos quais ser o definidos os temas estruturadores do ensino de l ngua portuguesa no ensino m dio o eixo da Comunica o e Representa o o eixo da Investiga o e Compreens o e o eixo da Contextualiza o Sociocultural O eixo da Representa o e Comunica o Os PCN caracterizam este eixo da seguinte maneira Comparar linguagens compreender a l ngua materna como geradora de significa o para a realidade de uma organiza o de mundo e da pr pria identidade s o compet ncias do eixo Representa o e Comunica o que exigem estudo metalingu stico estudo que n o poss vel sem o dom nio de conceitos como linguagem l ngua fala identidade cultura Logo compet ncias e conte dos fundados em determinados conceitos se cruzam BRASIL 2002 p 26 7 Segundo os PCN tais compet ncias concorrem para a macrocompet ncia de comunicar se e expressar se Postulam ainda qu
127. a nica variante da l ngua portuguesa a l ngua padr o Qualquer express o que n o seguisse os modelos da l ngua de nossa p tria m e era considerada brasileirismo e portanto um v cio de linguagem F vero e Molina 2006 apontam que as gram ticas publicadas nesse per odo seguiam a duas orienta es distintas a da gram tica filos fica de Port Royal e a cient fica inspirada na lingu stica hist rico comparativa Os autores da primeira orienta o publicaram obras respons veis pela constitui o de toda a nossa tradi o gramatical e os da segunda publicaram as respons veis pelo germe de todos os nossos estudos hodiernos Tal distin o entretanto em nenhum momento representou uma ruptura com a tradi o greco latina A Ret rica tamb m persistiu como componente curricular do s culo XVI ao s culo XIX A diferen a que estudada no sistema jesu tico exclusivamente em autores latinos e para fins eclesi sticos passa a ser progressivamente estudada tamb m em autores de l ngua portuguesa embora tivesse mantido os autores latinos como os prot tipos na rea e j n o mais apenas para fins eclesi sticos mas tamb m para a pr tica social Inicialmente a Ret rica inclu a tamb m a Po tica aquilo que hoje chamar amos Literatura ou Teoria da 43 Literatura posteriormente a Po tica desprendeu se da Ret rica tornando se um componente curricular independente Dessa forma quando em 1837 foi criado no Rio
128. a Se os problemas s o outros se os sujeitos s o outros se o contexto outro e se a teoria outra por que a metodologia deve ser a mesma Se a metodologia interpretativista foi o instrumento da LA emancipat ria que n o rompia efetivamente com o paradigma cient fico moderno poss vel que ela seja adequada para as interven es pol ticas necess rias no mundo p s moderno Em sua cr tica ao m todo etnogr fico Bolognini Jr 2003 p 91 apoiando se nas ideias de Foucault prop e que a LA adote o m todo geneal gico pelas raz es seguintes A pesquisa geneal gica v o sujeito na trama hist rica e n o como algo transcendente ao campo de acontecimentos perseguindo uma identidade vazia ao longo da hist ria Ela tenta retra ar a constitui o dos saberes dos discursos dos dom nios e do objeto sem se referir ao sujeito fenomenol gico ou psicoligizado Ela analisa os acontecimentos pela materialidade lingu stica tentando reconstituir os fios que ligam rede que sustentam a trama e que desencadeiam as rela es de pertin ncia A genealogia se recusa o papel de articuladora de estrat gias emancipat rias e t ticas desenvolvimentistas inclusive pela pr pria no o de poder com a qual trabalha O m todo geneal gico rompe efetivamente com uma concep o dogm tica de ci ncia Na reflex o foucaultiana necess rio se interrogar sobre a ambi o de poder que a pretens o de ser uma ci ncia traz
129. a An lise de discurso Construir sentido por m mais uma das no es vazias que figuram como constitutivas do ensino de linguagem e que s podem ser funcionais se forem submetidas aos objetivos da educa o Neste trabalho a defini o de leitura como processo de constru o do sentido ser substitu da por processo de negocia o de sentidos cujo resultado decorrente de um sociointeracionismo cr tico e de um dialogismo tamb m cr tico 232 FATOS E CONCEITOS G NEROS SEMI TICO TEXTUAIS E G NEROS DO DISCURSO Os g neros textuais s o tipos relativamente est veis de enunciados caracterizados por uma estrutura composicional um estilo e um conte do tem tico As teorias dos g neros t m privilegiado os g neros verbais contudo no quadro de uma abordagem que se prop e a contemplar m ltiplas semioses a no o de g nero textual mostra se limitada para designar signos complexos como o filme a m sica n o estou me referindo unicamente letra a dan a a pintura a linguagem de sinais Diante dessas m ltiplas possibilidades de utiliza o da linguagem considero mais adequado falarmos de g neros semi tico textuais que assimilam a defini o bakhtiniana de g neros restringindo a aos signos verbais al m de permitir que o ensino possa dar conta da linguagem e n o apenas da l ngua Um aspecto que n o tem recebido a devida aten o daqueles que defendem os g neros textuais como unidade de ensino de lingua
130. a Nacional Casa da Moeda 2006 247 AUROUX S A revolu o tecnol gica da gramatiza o Trad Eni Puccinneli Orlandi Campinas SP Editora da Unicamp 1992 A filosofia da linguagem Trad Jos da Horta Nunes Campinas SP Editora da UNICAMP 1998 AUSTIN J L Quando dizer fazer Trad Danilo Marcondes de Souza Filho Porto Alegre Artes M dicas 1990 BAGNO M Org Norma lingu stica S o Paulo Edi es Loyola 2001 Lingu stica da norma S o Paulo Edi es Loiola 2002 p 63 92 BAKHTIN M Problemas da po tica de Dostoievski Trad Paulo Bezerra Rio de Janeiro Ed Forense Universit ria 1981 Est tica da cria o verbal 4 ed Trad Paulo Bezerra S o Paulo Martins Fontes 2003 Marxismo e filosofia da linguagem 11 ed Trad Michel Lahud e Frateschi Vieira S o Paulo Hucitec 2004 BARLOW M Avalia o escolar mitos e realidades Trad F tima Murad Porto Alegre 2006 BARTHES R O rumor da l ngua 2 ed Trad M rio Laranjeira S o Paulo Martins Fontes 2004 BASILIO M Teoria Lexical 4 ed S o Paulo tica 1995 BAUMAN Z O mal estar da p s modernidade Trad Mauro Gama e Cl udia Martinelli Gama Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 1998 Modernidade e ambival ncia Trad Marcus Penchel Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 1999a Globaliza o as consequ ncias humanas Trad Marcus Penchel Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 1999b Em busca
131. a nas quest es tratadas ou nas disposi es que se criam nos ouvintes o pathos quando se consegue lev los a sentir uma paix o ou naquilo que o discurso em si parece mostrar na constru o do racioc nio o logos neste caso a verdade ou um simulacro dela Arist teles reconhece que essa triparti o coloca a Ret rica como lim trofe da Dial tica e da Pol tica preciso adequar essas normas aos tr s g neros da Ret rica subdivis o que embasar todos os tratados de eloqu ncia posteriores o g nero deliberativo quando se aconselha ou desaconselha para que se decida sobre quest es de interesse particular ou p blico o g nero judici rio que comporta sempre uma acusa o e uma defesa e o g nero epid ctico que se volta para o elogio e a censura Em outras palavras trata se do discurso pol tico do discurso forense e do discurso de ocasi o a ser pronunciado respectivamente 34 numa assembleia num tribunal ou em situa es comemorativas Nessas concep es distributivas das fun es da orat ria est uma das contribui es fundamentais de Arist teles para a perman ncia dos conceitos ret ricos ele acaba propondo indiretamente o ouvinte o p blico o leitor o espectador o enunciat rio o narrat rio o co enunciador etc como o verdadeiro juiz da efic cia do discurso fazendo com que toda a teoria convirja para a argumenta o Por isso o Livro Il da Ret rica gira em torno de uma es
132. a nova linguagem a fim de que a inclus o n o seja apenas um discurso vazio mas uma quest o de cidadania A cria o do c digo Braille permite aos deficientes visuais o contato com a cultura escrita A linguagem cinematogr fica e a teledramaturgia transformaram substancialmente os processos de produ o art stica seja pela constru o de mundos n o contemplados pela literatura seja pela tradu o intersemi tica de obras liter rias A linguagem musical que nas escolas s considerada apenas do ponto de vista da letra muito utilizada nos filmes permite antecipar ou identificar diversos estados emocionais dos personagens Al m do seu car ter est tico a m sica tem sido muito utilizada pelo discurso publicit rio seja em propagandas educativas institucionais ou comerciais Por m a linguagem que mant m rela es mais estreitas com o atual est gio de desenvolvimento tecnol gico que vivemos a digital H poucas d cadas a mudan a de base cient fico tecnol gica a eletromec nica cedendo lugar eletr nica anunciou o fim de uma concep o mec nica de mundo e o florescer da Era da Revolu o Digital Ao 177 introduzir fen menos como a interatividade a simultaneidade e a concomit ncia sustentada na microeletr nica a Era Digital faz implodir fronteiras reduzindo ou quando n o eliminando dist ncias espa o temporais dissolvendo os mapas da geopol tica for ando um repensar da economia da cult
133. a reuniria as formas contidas e prescritas pelas gram ticas normativas enquanto a segunda conteria as formas efetivamente depreendidas da fala dos segmentos plenamente escolarizados ou seja dos falantes com curso superior completo Al m de n o operar com a distin o supracitada Perini faz ainda uma op o metodol gica divergente o seu modelo lingu stico extra do da modalidade escrita da l ngua e n o da oral Faraco 2002 p 39 observa muito bem que a norma qualquer que seja n o pode ser compreendida apenas como um conjunto de formas lingu sticas ela tamb m e principalmente um agregado de valores socioculturais articulados com aquelas formas A l ngua padr o de Perini ignora esses aspectos e configura um modelo neutro inc lume s vicissitudes das condi es socioculturais que marcam o uso da l ngua Ao explicitar as diverg ncias entre as op es te rico metodol gicas do modelo descritivo de Perini em rela o s orienta es dominantes envolvendo o tratamento da diversidade lingu stica n o estamos defendendo uma posi o homogeneizante no trato das atividades de descri o gramatical Contudo diante do objeto declarado dessas abordagens de fornecerem elementos para uma reformula o do ensino de l ngua entendemos que tais contradi es at certo ponto salutares para o debate acad mico interferem negativamente na constru o de alternativas hegemonia da tradi o gramatical nas escolas
134. a se utilizar de subs dios fornecidos por outras reas chamadas cr ticas tais como a pedagogia cr tica a An lise de Discurso Cr tica o Letramento Cr tico a Sociolingu stica Cr tica dentre outras diferencia se destas por tratar de temas que est o fora do escopo da cr tica esquerdista como g nero identidade ra a sexualidade al m de enfocar como classe social poder linguagem e 138 ideologia que tamb m interessam cr tica emancipat ria sob bases te ricas distintas Nas palavras de Pennycook 2003 p 48 embora tamb m veja a linguagem como fundamentalmente ligada pol tica a LAC articula uma descren a profunda quanto ci ncia s declara es de verdade e possibilidade de uma posi o emancipat ria fora da ideologia Tal posi o que podemos chamar de LAC como pr tica problematizante remete a perspectivas p s estruturalistas p s modernas e p s coloniais encarando a linguagem como inerentemente pol tica entendendo o poder mais em termos de suas micro opera es relacionadas a quest es de classe ra a g nero etnia sexualidade e assim por diante e argumentando que devemos responsabilizar nos pelas pol ticas do saber Ao inv s de continuar vendo a empreitada cient fica como um recurso para estimular mais trabalhos cr ticos essa vis o v a ci ncia ou que se diz cient fico como parte do problema Segundo o autor essa posi o fortemente marcada pelo ca
135. a vez mais uma disciplina acad mica afinada principalmente com os princ pios da cr tica esquerdista Em consequ ncia disso os objetos de pesquisa ainda s o ligados pedagogia cr tica a re produ o de ideologias em sala de aula intera o professor aluno e silenciamento a assimetria e seus efeitos na intera o Todos esses assuntos s o ligados a uma reflex o cr tica de como a linguagem funciona como instrumento de reprodu o da identidade social e da alteridade como um jogo de espelhos e imagens difusas N o suficiente por m fazer conex es entre rela es no n vel micro da linguagem em contexto e macrorrela es da investiga o social Alguns trabalhos MOITA LOPES 2003a 2003b incorporaram pesquisa no es como g nero sexualidade ra a mas operam com uma concep o de identidade fixa outros trabalhos consideram a sala como espa o de constru o da identidade e negligenciam a complexidade das rela es sociais e como os regimes de verdade atuam na constru o de identidades Enquanto isso a quest o como os trabalhos em LA podem melhorar o ensino de linguagem continua sem resposta Na verdade acho que a pergunta certa deveria ser tem a LA alguma contribui o efetiva pr tica a dar para a transforma o do ensino de linguagem Tal como tem acontecido com outras ci ncias sociais Pennycook 1998 p 41 42 sugere que a LA adote uma postura reflexiva Se os antrop logos est o questionando o
136. acabar com o sofrimento que a ordem vigente proporcionava A residem alguns dos equ vocos da filosofia marxista Assim negligenciando a mec nica do poder e os mecanismos de constru o da verdade que a sustentam tal modelo de cr tica reduziu a complexidade do funcionamento do poder na sociedade aos aspectos econ micos Com todos esses problemas a concep o de cr tica que norteou os primeiros trabalhos cr ticos em LA era caudat ria do projeto marxista Um exemplo disso s o os trabalhos da An lise Cr tica do Discurso ACD um movimento que surge como uma rea o ao movimento em prol do trabalho de conscientiza o da linguagem que teve in cio nas d cadas de 1970 na Europa e 1980 no Brasil Para os te ricos da ACD o enfoque na consci ncia da linguagem n o era capaz de fomentar no aluno o engajamento pol tico necess rio nem a capacidade de perceber a manipula o ideol gica que se exerce em determinados textos Assim o objetivo central da ACD consiste em analisar e revelar o papel do discurso na re produ o da domina o Dito de outra maneira os analistas cr ticos est o interessados nas estruturas e estrat gias utilizadas nos textos falados ou escritos que atuam com o objetivo de perenizar a domina o Uma diferen a entre a cr tica marxista cl ssica e a ACD que o locus de investiga o das rela es de poder e seus efeitos se expandiu Agregou ao estudo das desigualdades de classe discuss es sobre g
137. ade Por outro lado Chomsky classifica a Lingu stica como uma ci ncia biol gica e lan ou m o da l gica e da matem tica para desenvolver seus modelos de explica o e descri o da Gram tica Universal seu objeto de estudo Notadamente a Lingu stica experimentou um grande desenvolvimento nas ltimas d cadas que deu origem a um conjunto de subdisciplinas em seu interior Inicialmente concentrada nos n veis fon tico fonol gico morfol gico e sint tico o chamado n cleo duro a Lingu stica estendeu seus interesses para os campos do texto do discurso incorporando disciplinas como a An lise de discurso a Pragm tica a Sociolingu stica a Psicolingu stica dentre outras Mas como ficou a quest o de sua classifica o Eis outro aspecto da pol mica Categoricamente pode se afirmar que a Lingu stica n o rompeu com o paradigma cient fico moderno o que gera muitas contradi es te rico metodol gicas e um limitado alcance social de seus construtos Isso acontece porque 101 as ci ncias sociais n o disp em de teorias explicativas que lhe permitam abstrair do real para depois buscar nele de modo metodologicamente controlado a prova adequada as ci ncias sociais n o podem estabelecer leis universais porque os fen menos sociais s o historicamente condicionados e culturalmente determinados as ci ncias sociais n o podem produzir previs es fi veis porque os seres humanos modificam o seu comportamento em fu
138. al e regula o tal como a escola A educa o ocidental moderna vinculada escolariza o de massa desde o s culo XVIII no Brasil a partir da segunda metade do s culo XX tem assumido uma variedade de formas religiosa tradicional liberal centrada na crian a comportamentalista socialista fascista nacionalista progressista baseada na solu o de problemas fundamentada na formula o de problemas educa o para a liberta o construtivista desescolariza o pedagogia cr tica Ironicamente essa multiplicidade de discursos educacionais baseia se num n cleo de pr ticas e pressupostos ortodoxos pr prios da modernidade e derivados da f iluminista na capacidade da raz o para iluminar transformar e melhorar a natureza e a sociedade Em obedi ncia a essa f os discursos educacionais 215 sup em sujeitos unit rios autoconscientemente engajados numa busca racional da verdade e dos limites de uma realidade que pode ser descoberta Hall 2005 salienta que a poca moderna fez surgir uma forma nova e decisiva de individualismo no centro do qual erigiu se uma nova concep o de sujeito individual e sua identidade Para ele isto n o significa que nos tempos pr modernos as pessoas n o eram indiv duos mas que a individualidade era tanto vivida como conceptualizada de forma diferente As transforma es associadas modernidade ocorridas entre o Humanismo Renascentista do s culo XVI e o Iluminismo do s c
139. al que surjam discuss es sobre a especificidade e a consist ncia da 135 produ o te rica da LA que por n o ter fronteiras estritamente delineadas est sempre s voltas com sua ontologia BERTOLDO 2003 p 138 Para Signorini 1998a o pressuposto metodol gico que distingue a LA da Lingu stica te rica que nesta a pr tica orientada para a constru o de modelos ou sistemas gen ricos de leis e propriedades para descrever a l ngua Naquela a investiga o orientada para as regularidades locais em oposi o a universais para a din mica no funcionamento da l ngua em determinadas condi es de uso em contraposi o ao fixismo Por todos esses fatores a pesquisa interpretativista se estabeleceu como o regime de verdade em LA por meio de duas t cnicas a etnografia e o protocolo Essas t cnicas visam ao rompimento com um paradigma epistemol gico que tem na mensura o na quantifica o um de seus mais valorizados procedimentos de obten o da verdade Por m o abandono de alguns pressupostos n o significou como se pensou o rompimento da LA com o paradigma cient fico moderno Na an lise de Bertoldo 2003 o uso dos instrumentos na pesquisa etnogr fica notas de campo di rios entrevistas tem a fun o de conferir objetividade ao estudo S o instrumentos que possibilitam ao pesquisador obter uma esp cie de verdade genu na uma vez que ele a v no pr prio contexto focalizado Esse
140. am soltos e os alunos escolhiam seus professores a bel prazer quando e onde desejassem Findo o ciclo das artes qualquer aluno poderia obter a licentia docendi e tornar se professor ou ent o com seu certificado de mestre em artes seguir outros estudos de Direito Teologia Medicina F vero 2002 p 74 mostra a for a dessa tradi o ao constatar nos documentos hist ricos que dispunham sobre a legisla o educacional que embasava o funcionamento do Col gio D Pedro Il no Rio de Janeiro do s culo XIX criado com o intuito de servir de modelo para o ensino na Corte que ao aluno que completasse o curso secund rio seria concedido o t tulo de Bacharel em Letras o que o dispensaria dos exames preparat rios para ingresso nos estudos superiores Queiroz 1999 assinala que a rela o do que era estudado no s culo XII pode ser conferida facilmente Em 1141 Thierry de Chartres fez uma compila o dos textos dos autores que utilizava como base para as aulas das sete artes Para a Gram tica textos de Donato e de Prisciano para a Ret rica C cero Severiano e Martianus Capella a Dial tica analisava Porf rio Arist teles Bo cio e um an nimo a M sica atrav s de Bo cio a Geometria com textos de Aberlado Isidoro de Sevilha Frontino Columelle Gerberto Bo cio Gerland e outros an nimos e a Astronomia com Hygino e Ptolomeu A autora pontua que nesse conjunto o Trivium parece ser mais importante por apresentar texto
141. amento conhecimento e realidade At que ponto o universo dos signos lingu sticos coincide com a realidade extralingu stica Como poss vel reconhecer tal realidade por meio dos signos lingu sticos Qual o alcance da l ngua sobre o pensamento e a cogni o BLIKSTEIN 1985 p 17 No cap tulo anterior propus o trip metodol gico arqueologia genealogia transdisciplinaridade como sa da para o labirinto ao qual a perspectiva cient fica moderna adotada pela Lingu stica conduziu o ensino de linguagem Por outro lado defendi tamb m que a abordagem da linguagem como fen meno de ensino perspectiva adotada neste trabalho deve se dar n o pela exclus o e ou hierarquiza o de saberes mas pelo seu aproveitamento sejam eles produzidos no senso comum sejam provenientes do discurso cient fico Historicamente os estudos sobre a linguagem s o orientados por uma ideia ou defini o da pr pria linguagem Com base nessa concep o s o constru dos objetos e metodologias que podem enfocar a linguagem do ponto de vista de sua fun o social ou de sua estrutura O estudo da linguagem como pr tica social caracterizado pelo enfoque nos 157 v rios aspectos que afetam o seu uso o estudo estrutural consiste num discurso descritivo e explicativo n o sobre a linguagem ou sobre as circunst ncias de seu uso mas sobre os aspectos formais de sua constitui o caracterizando o que se conhece como uma abordagem imanentista
142. ao latim mas que poderia estender se e aplicar se ao grego ao hebraico etc partia se do pressuposto de que as ideias gramaticais s o as mesmas e universais em todas as l nguas embora estas as expliquem por meio de palavras diferentes O segundo problema diz respeito a uma redefini o das v rias partes do discurso com base nos aspectos formais e funcionais e n o mais materiais e sem nticos como at ent o de fazia Postulava se que em toda ora o completa fala se alguma coisa de algu m sendo necess ria portanto uma vox o nome para indicar de quo est sermo sobre quem o discurso e uma outra o verbo para significar quid de altero dicitur diz se algo de outrem O terceiro problema diz respeito a uma teoria sint tica em que introduz a categoria do regimen e depois se serve das categorias de constru o congru ncia gramaticalidade e perfei o completude Bechara 1999 faz a ressalva de que j nos s culos VIII e IX se usava ainda que raramente o termo regere que depois se generalizou para significar exigere da o termo regimen para indicar uma teoria explicativa da constru o O autor salienta que embora os termos j fossem empregadas com aplica o definida s no s culo XII se chega a um tratamento sint tico pela utiliza o da teoria do 28 regimen segundo a qual se diz que uma palavra regens governa uma outra rectum restando o problema de determinar qual o regens e qua
143. ao progresso em nome dela que os aparelhos do Estado agem para defender a sociedade das anormalidades em suma por meio dela que se estabelece a coes o do corpo social com base nas micro 43 FOUCAULT op cit p 290 141 opera es do funcionamento desse poder que o problema proposto por Foucault ganha relevo deve se ou n o entender que a sociedade em sua estrutura pol tica organizada de maneira que alguns possam se defender contra os outros ou defender sua domina o contra a revolta dos outros ou simplesmente ainda defender sua vit ria e pereniz la na sujei o FOUCAULT 1999 p 26 A terceira tecnologia de poder surge na segunda metade do s culo XVIII Segundo o autor essa tecnologia n o exclui a t cnica disciplinar mas a integra e vai utiliz la implantando se nela e impondo se gra as a essa t cnica disciplinar pr via Essa nova t cnica constitui o biopoder e se aplica vida dos homens ela se dirige n o ao homem corpo do poder disciplinar mas ao homem ser vivo A nova tecnologia que se instala se dirige multiplicidade dos homens n o na medida em que eles se resumem em corpos mas na medida em que ela forma uma massa global afetada por processos de conjunto que s o pr prios da vida que s o processos como o nascimento a morte a produ o a doen a etc Logo depois de uma primeira tomada de poder sobre o corpo que se fez consoante o modo da individualiza o temos
144. ar medicamentos industrializados Leia mais Conclu do O Internet sa R100 portal de di logo intercultural com informa es de sete na es Dispon vel em www indiosonline org br Acesso em 14 mar 2009 179 ndios Online Windows Internet Explorer DEK E 8 indiosonine org br ajla x 8 Pj Arquivo Editar Exibir Favoritos Ferramentas Ajuda o x RS windows Live gt Novidades Perfil Email Fotos Calend rio MSN Compartilhar 3 A B Z Marcos Santos H Favoritos g E Espa o de Marcos Bispo w Z Hotmail gratuito indios onine 2 5 3 6 P ginas Seguran a Ferramentas 2 BE CULTURA ES inpios On E VAR GESAC fa Segunda CHAMADA prorrogada ate 15 de mar o THYDEWAS busca indigenas de qualquer na o etnias ou estado que desejem participar do programa titulado CELULARES INDIGENAS Atrav s do programa INDIOS ON LINE os indigenas atuam como jornalistas historiadores e antrop logos de suas pr prias realidades Os INDIOS ON LINE usam a internet para esclarecer fatos denunciar irregularidades estudar e para buscar o desenvolvimento com cidadania de suas comunidades CELULARES INDIGENAS um projeto inclu do em INDIOS ON LINE uma iniciativa da THYDEWAS para o enriquecimento da REDE www indiosonline org br para a forma o de indigenas e para o fortalecimento da luta indigena no Brasil CELULARES INDIGENAS visa selecionar ind genas homens e mul
145. aradigm Applied Linguistics that initially defines as theories linguistics applicator proceeds defending a science conception guided for use deriving social problems resolution of the language in action contexts for afterwards assume itself as practice problematizing ahead of these same questions This text defends thesis that criticisms that the scientific models address to the language teaching current condition are not enough to make possible the transformations in the demanded teaching by the post modern world Departing of the purpose that the social sciences just legitimate when it interfere in the society when it return to this society problems solution that affect it and that constitute reason of being of these sciences it has as its great goals i submit the language sciences to this reflexivity and at the same time propose questions about its social relevance specifically in the language teaching field ii propose general guidelines for the language teaching a not able to totalitarian totality act like parameter of the researches founded on the methodological tripod genealogy archaeology transdisciplinarity understood as coherent option to do front to the scientific and deriving social demands of post modern condition Key words 1 Linguistics 2 Applied Linguistics 3 Language Study e teaching 4 Language Philosophy 5 Science Philosophy 2 1 2 1 1 2 1 1 1 2 1 1 2 2 1 1 3 2 2 2 2 1 2 2 2 2 3 2 3 1 2 3
146. argumenta autora podem ocorrer situa es em que um ato seja produzido por v rios interlocutores como na conversa o ou situa es em que um ato seja dirigido a uma coletividade e dessa forma ser recebido como atos diferentes se o grupo for heterog neo Entendo por m que essas situa es n o constituem argumento suficiente para invalidar propostas de classifica o dos atos Independentemente de os atos serem produzidos por mais de um interlocutor ou de serem recebidos como atos de natureza distinta daquela pretendida pelo locutor eles ainda far o parte de uma determinada categoria de atos Nos exemplos dados por Kerbrat Orecchioni o que parece estar em quest o n o necessariamente a pertin ncia das propostas de classifica o dos atos mas aspectos relacionados a suas condi es de sucesso A ideia de atos de fala tal qual formulada por Austin e Searle se restringem aos n veis da senten a e da proposi o portanto seriam insuficientes para o nosso objetivo de abordar unidades maiores De igual modo a classifica o que ambos prop em dos atos de fala apresentam outros tr s problemas que as tornam incompat veis com a perspectiva semi tico pragm tica da linguagem que defendo O primeiro o fato de suas descri es enfocarem especificamente a linguagem verbal o segundo que as categorias propostas n o contemplam todos os tipos ou sequ ncias textuais o terceiro que h unidades textuais que n o s o contempla
147. as fotografias os diagramas as tabelas s o percebidos pela vis o Os ndices por sua vez podem ser percebidos por todos os sentidos Podemos atestar a exist ncia do fogo atrav s da vis o da fuma a ou de seu cheiro podemos inferir sobre estados emocionais de pessoas que nos batem porta atrav s do modo como escutamos suas batidas mesmo ser ver podemos ter a no o exata do que comemos atrav s do sabor verdade que atrav s da linguagem verbal muitas sensa es que de alguma forma provocam os rg os dos sentidos podem ser criadas Desde a Arte Po tica de Arist teles a teoria da literatura investiga os processos de constru o de imagens logopeia a es fanopeia e melodias melopeia por meio da utiliza o das palavras Barthes 2004 inclusive fala da cosmogonia da obra liter ria ou seja do poder que o texto liter rio tem de construir mundos Por outro lado o avan o tecnol gico e as transforma es sociais t m alterado profundamente a constitui o e o funcionamento das diversas linguagens Com os discursos sobre a inclus o de portadores de necessidades especiais a linguagem de sinais est ganhando mais espa os institucionais obrigando determinados segmentos profissionais a um dom nio do novo c digo alguns aparelhos de TV possuem o recurso chamado closed caption um sistema de legenda que os deficientes auditivos podem utilizar quando assistem programa o No entanto falta escola incorporar
148. aus diversos em todas as carreiras universit rias at mesmo nas cient ficas De outro lado porque a l ngua n o um simples instrumento mais ou menos eficaz mais ou menos adequado do pensamento mas fornece al m de um vocabul rio mais ou menos rico uma sintaxe isto um sistema de categorias mais ou menos complexas de maneira que a aptid o para o deciframento e a manipula o de estruturas complexas quer l gicas quer est ticas parece fun o direta da complexidade da l ngua inicialmente falada no meio familiar que lega sempre uma parte de suas caracter sticas l ngua adquirida na escola 13 percebe se nas palavras de Bourdieu que a no o de capital cultural contaminada por uma concep o etnoc ntrica o que ele define como cultura elevada e como bom gosto por exemplo identifica se estritamente com padr es culturais da elite 14 BOURDIEU op cit p 46 51 Feitas essas considera es acerca dos aspectos pol ticos e culturais da democracia poss vel retomar a quest o que deu origem a essa discuss o de que modo se alteram a forma e a fisionomia de uma cultura quando os estratos que dela participam ativamente como criadores ou receptores se tornam mais amplos e inclusivos e aplic la ao caso especifico da realidade brasileira que altera es a democratiza o escolar provocou na fisionomia da cultura no Brasil Tomando como exemplo o caso espec fico do ensino de l ngua
149. bilita o controle total por parte do cientista de sua extens o e lhe permite um controle absoluto do objeto Domingues 2005 p 21 caracteriza o recorte em que a ci ncia moderna transforma o objeto como sendo menos um dado de fato ou de realidade do que um artif cio do engenho humano constru do com as ferramentas do pensamento e os dispositivos do sujeito Logo podemos concluir que aquilo que a LA define como seu objeto possui uma extens o assaz dif cil de delimitar e controlar Al m disso os problemas sociais que envolvem o uso da linguagem s o tantos e de naturezas t o diversas que seria mais adequado design los por meio do que ainda no cap tulo anterior chamei de fen meno Quanto aos princ pios te rico metodol gicos e metalinguagem cumpre destacar que a LA n o opera por meio da utiliza o de conceitos particulares definidos em seu interior de maneira independente Antes busca os nas disciplinas que fornecem os subs dios para a abordagem do problema focalizado Tal procedimento faz com que os conceitos possam ser apropriados e reconceptualizados ou seja reteorizados de acordo com as especificidades do problema em estudo dessa forma que se pode dizer que em LA n o se faz aplica o de teoria No entanto essa perspectiva metodol gica oferece muitos desafios e dificuldades ao pesquisador que se v por uma quest o de inseguran a tentado a utilizar conceitos prontos produzidos em apenas uma rea de c
150. c pio ontol gico de humanidade O autor afirma que o princ pio democr tico que sob condi es de justa competi o alguns indiv duos poder o revelar se superiores a outros apenas exige que a competi o seja justa isto que n o se conceda a alguns um status inicial mais favor vel que a outros 2004 p 146 por exemplo sob a forma de privil gios heredit rios de ra a g nero etc Isto nos leva ao segundo princ pio fundamental da democracia o reconhecimento da autonomia do indiv duo do ego vital investido em todas e cada uma das pessoas como tomo da sociedade Em sociedades pr democr ticas a coordena o social baseava se no fato de que se negava a vida aut noma maioria dos indiv duos A vontade social n o era configurada pelos impulsos coletivos mas determinada a partir de cima seja por um monarca absoluto e seu quadro de burocratas ou por poderosos grupos feudais A democracia entretanto se afirma essencialmente a partir da mobiliza o de todos os indiv duos enquanto centros vitais Percebe se a a fun o criativa e revitalizadora da democracia e ao mesmo tempo o perigo potencial a ela inerente pois a vida de uma sociedade democr tica est sempre beira do caos devido ao vasto campo que concede s energias vitais de todos os indiv duos Tudo isso indica uma contradi o interna inerente organiza o democr tica da sociedade A democracia deve mobilizar as energias vitais de todos os in
151. c pios internos e externos l ngua Todos estes elementos est o de alguma forma inscritos e regularizados na l ngua constituindo a sua gram tica Por isso que se pode afirmar que a gram tica de uma l ngua o conjunto de condi es lingu sticas para a significa o Portanto o conjunto desses recursos mecanismos fatores e 2 TRAVAGLIA op cit p 87 82 princ pios que usamos para produzir efeitos de sentido a gram tica de uma l ngua tudo que gramatical textual e vice versa que tudo que textual gramatical Assim quando se estudam aspectos gramaticais de uma l ngua est o sendo estudados os recursos de que a l ngua disp e para que o falante escritor constitua seus textos para produzir o s efeito s de sentido que pretende sejam percebidos pelo ouvinte leitor e o que afeta esta percep o E quando s o estudados aspectos textuais da l ngua estamos estudando como esses recursos funcionam na intera o comunicativa Comparada com as orienta es que postulam o texto como unidade de ensino a proposta de Travaglia realmente soa absurdo mas ao mesmo tempo suscita uma quest o fundamental Os PCN e PCN justificam a elei o do texto a unidade de ensino considerando que s assim poss vel o desenvolvimento da compet ncia discursiva ti entendida como um sistema de contratos sem nticos respons vel por uma esp cie de filtragem que opera os conte dos em dois dom n
152. ca o a n o ser no que diz respeito ao conte do tem tico grifos da autora A leitura que Rojo faz das ideias de Bakhtin leva a a postular uma equival ncia entre texto e enunciado e uma diferen a entre texto e discurso De fato h trabalhos que se concentram especificamente nos aspectos funcionais contextuais dos elementos lingu sticos do texto sem que seja feita uma abordagem acerca de como a situa o e a posi o sociais dos participantes da produ o textual determinam o funcionamento dos itens lingu sticos Mas isso autoriza a atribui o de uma distin o entre g neros discursivos e g neros textuais a Bakhtin Considerando os objetos que Rojo apresenta como caracter sticos de um estudo discursivo a busca da significa o da acentua o valorativa e do tema indiciados pelas marcas lingu sticas pelo estilo e pela forma composicional n o seria mais produtivo pensar que estamos diante da outra face de uma mesma moeda ou seja o texto O texto n o simplesmente o produto da combina o de formas lingu sticas ou o espa o de seu funcionamento tamb m um espa o de intera o social Logo sua descri o para ser completa deve ser resultante de uma abordagem capaz de articular processos interativos e marcas lingu sticas indicadoras desses processos Bakhtin 2003 define os g neros do discurso como tipos relativamente est veis de enunciados que refletem as condi es espec ficas e as finali
153. ca o no aux lio do processo de constru o de propostas curriculares A primeira parte dos PCNEM intitulada Bases Legais BRASIL 2000a discorre sobre o papel da educa o na sociedade tecnol gica p 11 14 De tudo que se diz l interessa nos aqui a asser o de que o desenvolvimento das compet ncias cognitivas culturais exigidas para o pleno desenvolvimento humano passa a coincidir com o que se espera na esfera da produ o p 11 Na mesma p gina um pouco abaixo est escrito De que compet ncias se est falando Da capacidade de abstra o do desenvolvimento do pensamento sist mico ao contr rio da compreens o parcial e fragmentada dos fen menos da criatividade da curiosidade da capacidade de 207 pensar m ltiplas alternativas para a solu o de um problema ou seja do desenvolvimento do pensamento divergente da capacidade de trabalhar em equipe da disposi o para procurar e aceitar cr ticas da disposi o para o risco do desenvolvimento do pensamento cr tico do saber comunicar se da capacidade de buscar conhecimento Estas s o compet ncias que devem estar presentes na esfera social cultural nas atividades pol ticas e sociais como um todo e que s o condi es para o exerc cio da cidadania num contexto democr tico O Ensino M dio portanto entendido como a etapa final de uma educa o de car ter geral afinada segundo o MEC com a contemporaneidade com a constru o de compe
154. ca de como esse discurso possibilitou a constru o das ideias que a sociedade em geral tem sobre a l ngua Os aspectos mais problem ticos desse equ voco concentram se em torno das no es de norma e gram tica Na perspectiva antropol gica a sociedade organizada segundo princ pios ou regras que enquadram e condicionam o comportamento individual O princ pio de base o da regula o social que imp e normas sociais ou esquemas de comportamento De acordo 104 com Al ong 2001 quando se trata de explicar as regularidades do comportamento lingu stico em sociedade pode se partir dos seguintes pontos i A organiza o social de toda sociedade funciona com o aux lio de institui es que est o no princ pio da estrutura social Pensamos particularmente nas formas de enquadramento que s o a fam lia a escola a divis o do trabalho entre outras ii A vida social constitu da de intera o constante entre os indiv duos Ora a identidade do indiv duo compreende ao mesmo tempo sua pessoa pr pria e uma identidade social conforme seu pertencimento a camadas ou antes a grupos sociais definidos segundo crit rios tais como profiss o origem tnica ra a religi o sexo etc o fato de pertencer a um grupo ou de possuir certas caracter sticas distintivas confere ao indiv duo um status isto uma categoria ou uma posi o numa estrutura hier rquica iii Se a consci ncia ou a percep o de si dos outros
155. ce da denomina o que nesse grau passa a ser L ngua portuguesa e literatura brasileira Coincidindo com essa mudan a de car ter pol tico e ideol gico e refor ando a surge nos anos 1970 como quadro referencial para a an lise da l ngua transposta da rea dos meios eletr nicos de comunica o A concep o de l ngua como sistema prevalente at ent o no ensino da Gram tica e a concep o de l ngua como express o est tica prevalente inicialmente no ensino da Ret rica e da Po tica e posteriormente no estudo de textos s o substitu dos pela concep o da l ngua como comunica o Os objetivos passam a ser pragm ticos e utilit rios trata se de desenvolver e aperfei oar os comportamentos do aluno como emissor e receptor de mensagens atrav s da utiliza o e compreens o de c digos diversos verbais e n o verbais Ou seja j n o se trata mais do estudo sobre l ngua mas de desenvolvimento do uso da l ngua Os livros did ticos tamb m contemplaram essa mudan a na disciplina Neles a gram tica minimizada ali s foi nesse per odo que surgiu a at ent o impens vel polemica ensinar ou n o ensinar gram tica na escola fundamental os textos selecionados j n o s o escolhidos exclusivamente por crit rios liter rios mas sobretudo por crit rios de 15 x 3 Es A aplica o dos postulados da teoria da comunica o aos estudos lingu sticos que forneceram as bases para a nova orienta
156. cesso escola vai exigindo a reformula o das fun es e dos objetivos dessa institui o o que acarreta dentre outras altera es mudan as nas disciplinas curriculares Em primeiro lugar a partir desse momento que come a a modificar se profundamente o alunado como consequ ncia da crescente reivindica o pelas camadas populares do direito escolariza o democratiza se a escola e j n o s o apenas os filhos da burguesia que povoam as salas de aula s o tamb m os filhos dos trabalhadores Em segundo lugar e como consequ ncia da multiplica o de alunos ocorreu um recrutamento mais amplo e portanto menos seletivo de professores As condi es escolares e pedag gicas as necessidades e exig ncias socioecon micas e culturais passam a ser outras bem diferentes De acordo com Soares 2002 p 167 ent o que gram tica e texto estudo sobre l ngua e estudo da l ngua come am a constituir realmente uma disciplina com um conte do articulado Em outras palavras ora na gram tica que se v o buscar os elementos para a compreens o e a interpreta o dos textos ora nos textos que se v o buscar estruturas lingu sticas para a aprendizagem da gram tica Soares diz que al m disso os manuais did ticos passaram a 46 incluir exerc cios de vocabul rio de interpreta o de reda o e de gram tica Assim a responsabilidade e a tarefa de formular exerc cios e propor quest es deixavam de ser do p
157. cial E a reside o equ voco de muitas teorias cr ticas Elas buscam o agente no Estado e subestimam a efic cia do discurso da toler ncia no exerc cio do poder Este divide a sociedade de tal maneira que n o basta o Estado emitir resolu es legais para por fim s contendas em torno dos direitos de grupos minorit rios A toler ncia transforma a sociedade num agrupamento de segmentos que n o conseguem mais transformar suas demandas em quest es p blicas No Brasil por exemplo comum ouvir inclusive de intelectuais afirma es de que a dificuldade de acesso ao emprego e universidade n o problema racial e sim social Ou seja entende se equivocadamente que os problemas raciais n o s o problemas sociais A toler ncia pode ser pregada e exercida sem maiores preocupa es porque reafirma a superioridade e o privil gio do tolerante o outro sendo diferente perde o direito de um tratamento igual Justifica se a inferioridade do outro pela diferen a No mbito da pr tica p s moderna a violenta o da natureza cedeu espa o ao discurso pela preserva o do equil brio natural Esse mais um campo em que as microopera es do poder devem ser cuidadosamente analisadas Os impactos ambientais decorrentes da produ o e do consumo s o hoje motivo de preocupa o mundial As previs es catastr ficas e por que n o dizer apocal pticas mobilizaram os l deres mundiais a elaborar pol ticas com o fim de retardar e at me
158. cional Constituinte Um novo Parlamento deveria fazer a nova Carta Magna colocando de lado a Constitui o imposta ao Brasil e tantas vezes emendada autoritariamente de modo a servir a interesses moment neos pelos generais presidentes O nosso pa s ganhou uma nova Constitui o em 1988 mais generosa quanto a direitos sociais se comparada com as anteriores Durante o processo de elabora o da nova Constitui o em todos os setores houve debates press es movimentos populares movimentos de bastidores das elites e grupos corporativos etc para verem seus interesses defendidos na Carta O campo da educa o tamb m foi arena de disputa desses interesses variados Na Carta Magna de 1988 a educa o n o veio contemplada apenas no seu local pr prio no t pico espec fico destinado a ela mas apareceu tamb m espalhada em outros t picos Assim no t pico sobre direitos e garantias fundamentais a educa o apareceu como um direito social junto da sa de do trabalho do lazer da seguran a da previd ncia social da prote o maternidade e inf ncia da assist ncia aos desamparados artigo 6 Tamb m no cap tulo sobre a fam lia a crian a o adolescente e o idoso a educa o foi inclu da A Constitui o determinou ser dever da fam lia da sociedade e do Estado assegurar a crian a e ao adolescente o direito educa o como uma prioridade em rela o a outros direitos De acordo com Ghiraldelli Jr 2006 a
159. cionalidade da mente Por outro lado a intencionalidade dos estados mentais n o prov m de formas anteriores de intencionalidade mas intr nseca aos pr prios estados Um agente usa uma senten a para fazer um enunciado ou fazer uma pergunta mas n o usa desse modo suas cren as e seus desejos ele simplesmente os tem Uma senten a um objeto sint tico ao qual s o impostas capacidades representacionais cren as desejos e outros estados intencionais n o s o como tais objetos sint ticos embora possam ser e normalmente sejam expressos em senten as e suas capacidades representacionais n o s o impostas mas intr nsecas Tudo isso compat vel com o fato de ser a linguagem essencialmente um fen meno social e serem as formas de intencionalidade a ela subjacentes formas sociais SEARLE 2002b VIII No campo da cr tica liter ria p s estruturalista a tese da vincula o do sentido inten o do autor recebeu duras cr ticas Em 1968 Barthes publicou um artigo intitulado A morte do autor no qual criticava o postulado da intencionalidade do autor como o crit rio central para a legitimidade da interpreta o da obra liter ria Nas palavras de Barthes dar ao texto um Autor impor lhe um trav o prov lo de um significado ltimo fechar a escritura 2004 p 63 Partindo da concep o de que o texto n o feito de uma linha de palavras a produzir a um sentido nico mas um espa o de dimens es m
160. clamado entre o conhecimento das teorias lingu sticas e sua aplica o na pr tica grifo meu Tanto Perini quanto Neves defendem que a reformula o do ensino deve passar pelo crivo da ci ncia Na esteira dessa concep o muitos linguistas tamb m asseveram que do ponto de vista estritamente lingu stico leia se cient fico nenhum falante comete erro ao usar sua l ngua Ora ao relacionar o ponto de vista cient fico da l ngua ao uso que efetivamente se faz dela nas diversas situa es de intera o social o que se faz uma redu o da complexidade da l ngua a um conjunto de objetos devidamente delimitados N o existe a l ngua do ponto de vista estritamente lingu stico a n o ser numa concep o de 17 PERINI op cit p 6 71 ci ncia que enquadre a l ngua como um objeto das ci ncias naturais Qualquer avalia o que se fa a a respeito do uso da linguagem jamais ficar circunscrita ao mbito estritamente lingu stico ou cient fico como querem os linguistas mas de levar em conta sempre aspectos relacionados a cren as cultura posi es sociais pol ticas e ideol gicas vigentes nas comunidades nas quais os sujeitos estiverem inseridos A despeito de todas essas considera es Perini considera a redefini o te rica da gram tica como a tarefa mais urgente a ser realizada para a reformula o do ensino de l ngua Com o intuito de eliminar por um lado os problemas relativos ao arcabou o
161. como elaborar material did tico a partir de um processo que individual se n o por meio de uma generaliza o de hip teses baseada nos resultados de algo a que n o se pode ter acesso Se verdade que em LA a teoria informa a pr tica e a pr tica informa a teoria MOITA LOPES 1998 estamos autorizados a concluir que os problemas apontados no enquadramento metodol gico das pesquisas em LA apontam para a necessidade de uma revis o de seus pressupostos te ricos A an lise do discurso uma pr tica que implica uma teoria assim como a pesquisa de aquisi o de segunda l ngua a tradu o e o ensino Assim prefiro evitar o sentido da teoria em pr tica e em vez disso v las como mais complexamente interligadas com o argumento de que a LAC Lingu stica Aplicada Cr tica um modo de pensar e fazer uma integra o reflexiva e cont nua de pensamento desejo e a o PENNYCOOK 20083 p 25 A cr tica feita ao m todo etnogr fico em LA n o deve ser entendida como uma rejei o a este mas como um indicador de suas limita es e de suas rela es com a ci ncia moderna pois como argumenta Pennycook 2003 p 26 um dos objetivos centrais da LA tem sido o de apresentar quest es de linguagem em seu contexto social No entanto uma das limita es do trabalho na LA geralmente tem sido uma tend ncia de operar com contextos descontextualizados ou seja com apenas uma vis o muito limitada daquilo que
162. como objetivo fazer uma descri o de itens da l ngua que entende como sendo a variedade que corresponde ao uso efetivo dos falantes Em outro lugar discutindo problemas relativos ao ensino de gram tica a autora postula que uma gram tica de usos que tenha condi es de ser operacionalizada na escola tem de assumir que tens es como as que se manifestam entre uso e norma padr o entre modalidade e falada e modalidade escrita da l ngua entre descri o e prescri o tidas popularmente como bices a um bom tratamento da gram tica na escola pelo contr rio s o ingredientes obrigat rios da considera o do tratamento escolar da linguagem porque pertencem ess ncia das l nguas naturais A tens o entre certo e errado popularmente eleita como carro chefe da condu o da preocupa o com a l ngua nativa n o tem fundamento e n o tem papel num trabalho com a linguagem cientificamente fundamentado NEVES 2004 p 18 19 grifo meu 113 No entanto sua Gram tica de usos elege como objeto de descri o apenas a norma empregada em textos escritos de literatura romanesca t cnica orat ria jornal stica e dram tica Logo a varia o exclu da Na pr tica os textos funcionam apenas como pretextos para descri es estritamente lingu sticas j que os itens selecionados s o estudados numa perspectiva imanentista A divis o das unidades da Gram tica comprova isso Na primeira parte estudam se a estrutura e fo
163. comunidades ind genas distantes ou isoladas podem virtualmente alcan ar espa os antes inimagin veis O site abaixo uma mostra de como a linguagem digital possibilita a diminui o das distancias a difus o e o fortalecimento de culturas e valores ao mesmo tempo em que promove novas possibilidades de aprendizagem e intera o 2 ndios Online Windows Internet Explorer Ge ELS sleli 3 Pj Arquivo Edit Exibi Ajuda ES windows Live Novidades Perfil Email Fotos Calend rio MSN Compartihar 93 gt A El Z Marcos Santos E F Favoritos E Espa o de Marcos Bispo W Z HotMai gratuito E ndios Online A 5 3 P gina Seguran a Ferramentas SA TEF E Ai au e ORA trspios Op t IEA GESAC Leia mais E Segunda CHAMADA prorrogada ate 15 de mar o Apresenta o de Iremb Potiguara uma das P talas da Rede THYDEWAS busca indigenas de qualquer na o etnias ou estado que desejem participar do programa titulado CELULARES INDIGENAS Leia mais Sou Iremb Potiguara e fiz esse v deo para me apresentar aos indios online e os celulares indigenas Leia mais Indios nas cidades Homenagem a todas guerreiras indigenas Medicamentos tradicionais ou industrializados Esses fatos est o se tornando frequente nas aldeias do sul de MS preciso ter a consci ncia e n o deixar que conhecimentos de medicamentos tradicionais de Guarani kaiow se perca com o tempo mesmo que passamos a us
164. consigo 150 i Quais tipos de saber voc s querem desqualificar no momento em que voc s dizem ser esse saber uma ci ncia ii Qual sujeito falante qual sujeito de experi ncia e de saber voc s querem minimizar quando dizem eu que fa o esse discurso fa o um discurso cient fico e sou cientista iii Qual vanguarda te rico pol tica voc s querem entronizar para destac la de todas as formas maci as circulantes e descont nuas de saber O discurso cient fico opera por exclus o pela hierarquiza o de saberes e define exclusivamente seus pr prios saberes como verdadeiros colocando se no topo da classifica o As genealogias n o buscam uma forma de ci ncia mais atenta ou mais exata Foucault 1999 as define como antici ncias N o tanto porque sejam contra os conte dos os m todos ou os conceitos de uma ci ncia mas porque se op em aos efeitos centralizadores de poder que s o vinculados institui o e ao funcionamento de um discurso cient fico As genealogias n o excluem saberes antes constitui o acoplamento dos conhecimentos eruditos e das mem rias locais procedimento que permite a constru o de um saber hist rico das lutas e a utiliza o desse saber no trato das quest es relacionadas mec nica do poder e aos regimes de verdade que ela p e em funcionamento na sociedade e no mundo Pelas circunst ncias descritas at aqui penso que vivemos o momento prop cio para a utiliza o do m todo geneal g
165. cutidos aqui O discurso cient fico sempre manteve compromissos com os centros de poder econ mico social e pol tico Essa rela o conseguiu se manter sem maiores problemas at que a industrializa o da ci ncia passou a ter papel decisivo na defini o das prioridades cientificas e principalmente depois das duas guerras mundiais A promessa de que o desenvolvimento cient fico e tecnol gico tornaria o mundo melhor esbarrou na frieza dos fatos a mecaniza o da produ o realmente aumentou a produ o mas em contrapartida p s fim s manufaturas acabou com pequenos produtores e n o fazia parte dos planos absorver todo o excedente de m o de obra A crise que se iniciou com a impossibilidade de cumprimento das promessas se estendeu para o questionamento dos valores iluministas liberdade igualdade e fraternidade o que acarretou uma s rie de movimentos filos ficos e sociais dentre os quais se destacam o marxismo e o feminismo que solaparam definitivamente as esperan as no projeto modernista Diante do quadro descrito n o tardou o aparecimento de arautos que anunciavam o fim da modernidade apoiando se principalmente no trabalho pioneiro de Lyotard 2008 respons vel pela difus o da no o de p s modernidade A quest o no entanto est longe de ser consensual Giddens 1991 por exemplo argumenta que n o entramos ainda na p s modernidade mas alcan amos um per odo em que as consequ ncias da modernidade
166. d ncia com os sons da fala Saussure n o estabeleceu uma diferen a entre fon tica e fonologia o que s ocorreu com os linguistas do C rculo Lingu stico de Praga Esses autores sentiram a necessidade de estabelecer a diferen a entre uma disciplina que se ocupasse dos sons da fala a fon tica e outra que tratasse dos sons da l ngua a fonologia Os objetos de estudo da primeira s o os fones estudados independentemente das fun es que possam desempenhar em qualquer l ngua espec fica A fonologia tem como objetos os fonemas que s o os fones considerados a partir das fun es que cumprem em determinada l ngua como as diferen as de significado e sua inter rela o significativa para formar s labas morfemas e palavras A separa o entre fon tica e fonologia conquanto apresente ganhos para a constitui o da lingu stica como ci ncia deixa de fora um problema fundamental para a compreens o do signo lingu stico e para o ensino de linguagem se essas disciplinas tratam dos sons da fala e da l ngua como fica a rela o entre fala e escrita Mori 2004 observa que al m de desenvolver alfabetos para l nguas grafas a fonologia ajuda no conhecimento da rela o que h entre os fonemas da l ngua e os s mbolos gr ficos que os representam Segundo ele a defasagem entre fala e escrita que ocasiona diversos problemas de ortografia pode ser explicada atrav s do conhecimento do sistema fonol gico Ainda que muitos linguis
167. da educa o ocidental o Trivium e o Quadrivium Nesse contexto a sele o dos conte dos da educa o formal deveria atender ao objetivo de constru o de um sentido para a vida crist Com o advento do positivismo esse modelo educacional profundamente alterado No caso do ensino de linguagem observou se que muitos aspectos referentes aos conte dos e metodologia estavam afetados por princ pios religiosos o que demandou uma s rie de reformas curriculares No entanto essas reformas n o foram produtos de novas constru es te ricas acerca da linguagem e sim de supress es deslocamentos e redistribui o de conte dos com o fim espec fico de adequar a disciplina s novas representa es do estar no mundo O surgimento de um novo paradigma discursivo institu do pela ci ncia moderna que aspirava a alcan ar a natureza das coisas excluir do enunciado as pessoas do enunciador e do enunciat rio e vai referendar os mecanismos veredict rios do discurso na impessoalidade de um sujeito que diz sabe se evidente concede se O apagamento no enunciado do enunciador e seu saber por meio de constru es impessoais como as citadas e ainda por processos de refer ncia como viu se que ou ver se que tem por objetivo produzir o sujeito impessoal que n o mimetiza papel social algum antes demarca uma posi o que por isso mesmo indetermina o enunciador do discurso Essas concep es de produ
168. da pol tica Trad Marcus Penchel Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 2000 Modernidade l quida Trad Pl nio Dentzien Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 2001 Identidade Trad Carlos Alberto Medeiros Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 2005 248 Vida l quida Trad Carlos Alberto Medeiros Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 2007 A sociedade individualizada vidas contadas e hist rias vividas Trad Jos Gradel Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 2008a Vida para o consumo a transforma o das pessoas em mercadoria Trad Carlos Alberto Medeiros Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 2008b BECHARA E Pensar a gram tica n a Idade M dia In FRIA A A et al Trivium e Quadrivium as artes liberais na Idade M dia Cotia SP bis 1999 p 37 70 BECHARA E Pensar a gram tica n a Idade M dia In FRIA A A et al Trivium e Quadrivium as artes liberais na Idade M dia Cotia SP bis 1999 p 37 70 BERTOLDO E S O discurso de divulga o cient fica da lingu stica aplicada In CORACINI M J amp BERTOLDO E S Orgs O desejo da teoria e a conting ncia da pr tica discursos sobre e na sala de aula Campinas SP Mercado das letras 2003 p 117 144 BLIKSTEIN Kaspar Hauser ou a fabrica o da realidade S o Paulo Cultrix 1985 BOLOGNINI JR N A tradi o etnogr fica como regime de verdade na metodologia de pesquisa em LA In CORACINI M J amp BERTOLDO E S Orgs
169. dade e a genealogia Em raz o da primeira a no o de disciplina curricular s existir em termos formais j que na pr tica de ensino o fen meno da linguagem n o ser limitado ao dom nio disciplinar em sua acep o tradicional Com a segunda livramo nos da hierarquiza o de saberes promovida pela ci ncia moderna o que possibilitar tanto a valoriza o de saberes sujeitados ou exclu dos como uma pr tica de ensino centrada na reflex o cr tica 6 2 2 Unidades do ensino de linguagem Os PCNEM estruturam o ensino de L ngua Portuguesa em torno de tr s eixos o da Representa o e Comunica o o da Investiga o e compreens o e o da Contextualiza o sociocultural Nos documentos oficiais n o h nenhuma fundamenta o te rica acerca desses eixos que s o postulados como no es que se legitimam por si pr prias Rojo 2004 p 32 destaca as consequ ncias dessa divis o para o ensino de linguagem a separa o entre produ o compreens o leitura e contextualiza o a restri o abordagem da linguagem verbal oral ou escrita e literatura dentre as artes remetem ao impacto do curr culo consolidado da disciplina no Ensino M dio regido pelos vestibulares e dividido em produ o de disserta es estudo das escolas liter rias e gram tica sobre estes novos referenciais retorno do reprimido Geraldi 2003 prop e tr s unidades b sicas de ensino de portugu s a pr tica de leitura de
170. dades de cada campo da atividade humana por meio de seu conte do tema pelo estilo da linguagem sele o de recursos lexicais fraseol gicos e gramaticais da l ngua e sobretudo por sua estrutura composicional Contrariamente atitude de Rojo que lhe atribui uma equival ncia entre 190 texto e enunciado e uma oposi o entre estes e os g neros do discurso Bakhtin identifica o g nero ao enunciado e portanto ao texto A vontade discursiva do falante se realiza antes de tudo na escolha de um certo g nero do discurso Essa escolha determinada pela especificidade de um dado campo da comunica o discursiva pela composi o pessoal de seus participantes etc A inten o discursiva do falante com toda a individualidade e subjetividade em seguida aplicada e adaptada ao g nero escolhido constitui se e desenvolve se em uma determinada forma de g nero Tais g neros existem antes de tudo em todos os g neros mais multiformes da comunica o oral cotidiana inclusive do g nero mais familiar e do mais ntimo Falamos apenas atrav s de determinados g neros do discurso isto todos os nossos enunciados possuem formas relativamente est veis e t picas de constru o do todo BAKHTIN 20083 p 282 it licos do autor sublinhados meus De acordo com Bakhtin os g neros organizam o nosso discurso entenda se dizer da mesma forma que a sintaxe organiza as frases Aprender a falar significa aprender a cons
171. dades nas quais se verifica a escrita determinado a fala S o elas a orto pia que se ocupa da boa pronuncia o das palavras e a pros dia que trata da exata acentua o t nica das palavras na fala 164 5 1 2 2 N vel morfol gico O n vel morfol gico tamb m se refere materialidade do signo lingu stico mas com foco especial em sua constitui o formal N o obstante a diferen a de pressupostos te rico metodol gicos pode se dizer que a gram tica tradicional e a Lingu stica estudam os mesmos objetos estrutura das palavras processos de forma o de palavras e classes de palavras Uma cr tica que Basilio 1995 faz abordagem tradicional a falta de teoriza o acerca da forma o de palavras limitando se por isso a enumerar processos e a listar exemplos Na gram tica tradicional a palavra conceito b sico para os estudos morfol gicos tratada como um fen meno natural e em decorr ncia disso n o problematizada No mbito da Lingu stica a rea o ao efeito de evid ncia que tradicionalmente foi conferido palavra come ou com o estruturalismo Tomando como pressuposto a impossibilidade de definir a palavra em termos de significado j que nem todas o possuem a exemplo do artigo pronomes preposi es e conjun es a abordagem estruturalista deu centralidade no o de morfema definido como unidade m nima de significado Na an lise de Bas lio por m o cerne do problema c
172. das pela teoria dos atos de fala nem pelas teorias dos tipos ou sequ ncias textuais muito simples por exemplo incluir a injun o de Marcuschi na categoria dos atos diretivos de Searle Mas como classificar os diferentes tipos de argumentos j que as teorias dos tipos ou sequ ncias textuais s contemplam o silogismo Em que categoria alocar os textos liter rios O que fazer com os atos modalizados Como classificar as a es que se realizam na produ o do texto oral Diante desses problemas a primeira provid ncia consiste na altera o da express o atos de fala comprometida exclusivamente com a linguagem verbal para atos de linguagem que abre caminho tanto para a aceita o de atos n o verbais como para sua descri o O segundo passo deve ser a cria o de uma nova taxionomia dos atos de linguagem Na lista que segue proponho algumas categorias muito mais com a inten o de abrir um campo de investiga o do que de ser exaustivo Assim al m das classes propostas por Searle os assertivos os diretivos os compromissivos os expressivos e as declara es proponho preliminarmente as seguintes categorias de atos 205 a os metaformulativos que compreendem aquilo que Koch 2004d chama de estrat gias metaformulativas s o aqueles por meio dos quais o locutor opera sobre os enunciados que produz procedendo a reformula es e refletindo sobre a adequa o dos termos empregados ocorrem sob a forma de corre
173. das senten as Assim a teoria gerativa explica a rela o entre sujeito e predicado da seguinte maneira o verbo predicado o elemento central da senten a pois ele que vai determinar a necessidade do sujeito argumento externo e ou complemento para si pr prio argumento externo O complemento nominal seguiria esse mesmo princ pio No caso do adjunto adverbial explica se o seu car ter acess rio pelo fato de n o ser exigido pelo verbo O mesmo vale para o agente da passiva A descri o sint tica proposta pela teoria gerativa apresenta ganhos consider veis para uma lingu stica cient fica comprometida com os paradigmas da ci ncia moderna mas essas contribui es s o relevantes para o ensino de linguagem Que ganhos ter amos abandonando o modelo tradicional e adotando os pressupostos da teoria gerativa no estudo por exemplo da teoria da predica o como prop em Neves 2000 e Duarte 2007 Na teoria da predica o aristot lica a combina o entre um sujeito e o predicado poderia formar uma senten a ou uma proposi o Esta se diferencia daquela por seu predicado constituir uma afirma o ou nega o de um sujeito e por isso poder ser julgada verdadeira ou falsa Ambas por m eram consideradas a partir de sua significa o integral A gram tica tradicional conservou a defini o aristot lica de predicado aquilo que 172 se diz sobre o sujeito mas n o diferenciou senten a de proposi o Da o seu
174. de guerra ent o estamos em guerra se sou bem sucedido em realizar o ato de cas lo ent o voc est casado SEARLE 2002a p 26 203 Os atos de fala indiretos se op em ao que Austin denominou como performativos expl citos ou seja aqueles atos em que o falante faz um proferimento e quer significar exata e literalmente o que diz Entretanto nem todos os casos de significa o se processam dessa forma Em alus es insinua es ironias e met foras por exemplo a significa o do valor ilocut rio e do conte do proposicional divergem sob v rios aspectos A quest o fundamental que envolve os atos de fala indiretos a seguinte como poss vel para o falante dizer uma coisa querer signific la mas tamb m querer significar algo mais Ap s uma s rie de especula es Searle conclui que a resposta para essa quest o n o pode ser dada nem pela filosofia da linguagem nem pela Lingu stica Segundo ele o problema parece ser um tanto semelhante aos problemas da an lise epistemol gica da percep o em que se procura explicar como um sujeito de percep o reconhece um objeto com base em est mulos sensoriais incompletos SEARLE 20024 p 94 Ao iniciar essa breve apresenta o da teoria dos atos de fala tinha como prop sito utilizar alguns de seus construtos para propor um modelo de descri o das unidades textuais que n o se limitasse a sua descri o estrutural mas que principalmente as concebesse como atos
175. de humana de agir na capacidade coletiva da esp cie de corrigir os erros da natureza e os seus pr prios erros Nessa sociedade imaginada o progresso seria consequ ncia do exerc cio da liberdade de seguir a raz o Hoje ap s sucessivas demonstra es de fracasso do projeto modernista n o h quem acredite que sua racionalidade cient fica e tecnol gica seja capaz por si mesma de promover a felicidade sequer de nos tornar seres humanos melhores O modelo racional de ordem n o se efetivou como o planejado e no lugar de uma sociedade aut noma capaz de decidir coletivamente os seus rumos construiu se uma sociedade heter noma na qual os indiv duos devem agir coagidos por um conjunto de leis que atuam sobre os indiv duos com o fim de transform los em corpos d ceis disciplinados FOUCAULT 2007 A primeira grande cr tica modernidade foi empreendida pela filosofia marxista e teve como alvo principal o modo como se dava a rela o entre poder e economia na sociedade capitalista e como essa rela o se refletia na explora o do trabalhador A no o de ideologia se fixou como fundamento imprescind vel para as cr ticas de base marxista que tinham como uma de suas principais fun es promover o desvelamento dos verdadeiros prop sito das pr ticas e estrat gias sociais de domina o das classes dominantes al m de organizar mobiliza es que visavam emancipa o das classes economicamente dominadas Na dial tica marxista
176. de ou da conven o como e por que determinados significados se estabelecem e outros s o preteridos Desde Frege a filosofia da linguagem faz uma distin o entre o sentido de uma express o e sua denota o ou refer ncia Segundo Frege o signo cont m n o s aquilo a que ele se refere mas tamb m o sentido que o modo como algo apresentado pela linguagem que passa a ter aceita o comum Por exemplo as express es Estrela da manh e Estrela da tarde dois sentidos mas apenas uma refer ncia o planeta Venus Por outro lado h senten as que possuem sentido e n o possuem refer ncia como em O imperador do Brasil gordo porque h muito tempo n o temos mais imperadores do Brasil As ideias de Frege chamaram a aten o para uma distin o antes desconsiderada mas n o avan aram na discuss o acerca da natureza do sentido que continuou a ter um car ter convencional A sem ntica de acordo com o enfoque que tem recebido da Lingu stica concentra se de modo geral nos aspectos formais da l ngua Alguns estudos como os de 182 Ilari e Geraldi 2008 ampliaram seu alcance de modo a incluir alguns fen menos pragm ticos d ixis atos de fala e l gicos pressuposi o implicaturas mas pecam ao n o distinguir sentido e refer ncia Assim a sem ntica limita se ao estudo dos tra os que comp em o significado Nas palavras de Tamba Mecz 2006 p 155 156 clara a exist ncia das estru
177. de poder com procedimentos espec ficos e novos instrumentos incompat vel com as rela es de soberania Essa nova mec nica de poder incide primeiro sobre os corpos e sobre o que eles fazem mais do que sobre a terra e sobre o seu produto um mecanismo que permite extrair dos corpos tempo e trabalho um tipo de poder que se exerce continuamente por vigil ncia e n o de forma descont nua por sistemas de tributos e de obriga es cr nicas uma das grandes inven es da sociedade burguesa e foi um dos instrumentos fundamentais da implanta o do capitalismo industrial e do tipo de sociedade que lhe correlativo Trata se de um poder disciplinar 3 Este poder se implantou no lastro do poder soberano e ao mesmo tempo o redefiniu Se antes a soberania era representada pelo monarca com o liberalismo ela passou a ser representada por uma institui o materialmente invis vel mas que marca sua onipresen a por meio da legisla o o Estado De acordo com Foucault o poder se exerce nas sociedades modernas a partir do e no jogo da heterogeneidade entre um direito p blico da soberania e uma mec nica polimorfa da disciplina Esta definir um c digo que n o ser da lei mas da normaliza o e elas se referir o a um horizonte te rico que n o ser o edif cio do direito mas ao campo das ci ncias humanas a disciplina que est na base do lema positivista que v na ordem a condi o fundamental para se chegar
178. decis o e por meio dessa explica o persuadi lo Da mesma forma o tratamento dado por Adam sequ ncia argumentativa limita se an lise de sua estrutura protot pica Um exemplo dado pelo autor ilustra isso Dominique Perret esquiador radical N s n o somos camicases suicidas CLARO assumimos riscos MAS s o calculados Adam interpreta essa sequ ncia da seguinte maneira assumir riscos arriscar sua vida arriscar voluntariamente sua vida um comportamento suicida assimil vel ao dos combatentes japoneses da Segunda Guerra Mundial O articulador MAS indica que haver uma concess o que s pode ser considerada no caso de o risco ser assumido por profissionais Isso leva conclus o de que n o se trata de um comportamento suicida mesmo que n o possam ser eliminados todos os riscos A sequ ncia argumentativa tal qual definida por Adam semelhante quilo que Arist teles em sua Arte Ret rica denominou de entimema ou para usar um termo mais conhecido silogismo Na Arte Ret rica por m o silogismo apenas um tipo de argumento mesmo sendo o silogismo por t picos os lugares comuns refutativo ou demonstrativo Arist teles distingue tamb m os silogismos verdadeiros diretos dos aparentes indiretos 196 O estagirita n o os distingue claramente mas a julgar por sua exposi o poss vel estabelecer que a diferen a entre eles caracterizada pelo grau de evid ncia da conclus o do sil
179. definitivamente das pr ticas que dela se t m feito Gram tica normativa e Gram tica cient fica at os nossos dias Se tal a situa o no campo te rico n o se pode negar que o ensino dessa disciplina tamb m reflete essa dualidade Isso pode ser facilmente verificado nos PCN quando se explicita as concep es de gram tica que norteiam a formata o da disciplina gram tica normativa gram tica descritiva e gram tica internalizada A tradi o gramatical praticada pela educa o romana tinha por objetivo levar o aluno a partir dos sete anos a aprender as letras do alfabeto e em seguida as s labas Acreditava se que dessa forma as crian as gradativamente chegariam leitura Para o jovem dos tempos antigos e para o jovem medieval a miss o do professor de Gram tica na sua forma o beletrista tinha uma amplitude bem maior do que conhece o jovem de hoje pois a ars grammatica al m da corre o no falar e no escrever ars recte loquendi abrangia a leitura e compreens o interpretativa das obras liter rias enarratio poetarum Um vest gio desse procedimento pode ser verificado na pr tica docente que embora tendo a frase como unidade de an lise nas aulas de L ngua Portuguesa inicia as provas e exames apresentando um texto a ser interpretado pelos alunos Vencida a escola elementar a Gram tica merecia aten o mais profunda sem que isso significasse sua limita o ao mbito da pr pria l ngua porque como j
180. dir atos ilocut rios e verbos ilocut rios bem como de fazer uma superposi o de categorias e erros de invent rio Searle distingue cinco categorias de atos ilocut rios 1 os assertivos que t m o objetivo de comprometer a responsabilidade do falante em diferentes n veis sobre a exist ncia de um estado de coisas sobre a verdade da proposi o expressa Trata se neste caso de uma adequa o das palavras ao mundo 2 os diretivos cujo prop sito ilocucion rio consiste no fato de constitu rem tentativas de levar o ouvinte a fazer algo 3 quanto aos compromissivos Searle mant m a defini o de Austin s o atos cujo objetivo obrigar o locutor em graus variados a adotar uma conduta futura 4 os expressivos cujo prop sito ilocucion rio o de expressar um estado psicol gico diante de um estado de coisas especificado pelo conte do proposicional como agradecer parabenizar desculpar se deplorar etc 5 as declara es cuja defini o possui as seguintes caracter sticas a rela o bem sucedida de seus membros produz a correspond ncia entre o conte do proposicional e a realidade a realiza o bem sucedida garante a correspond ncia entre o conte do proposicional e o mundo se sou bem sucedido em realizar o ato de design lo presidente ent o voc o presidente se realizo com sucesso o ato de nome lo candidato ent o voc um candidato se realizo com sucesso o ato de declarar um estado
181. disso a pr pria teoria torna se sup rflua se o sentido intencional objetivo hist rico n o h mais necessidade nem da cr tica nem tampouco da cr tica da cr tica para separar os cr ticos Basta trabalhar mais um pouco e ter se a solu o COMPAGNON 20083 p 49 Compagnon n o nega o excesso cometido pela tradi o liter ria no entanto prop e uma quest o bastante pertinente com rela o posi o da cr tica moderna interpretar um texto n o sempre fazer conjecturas sobre uma inten o humana em ato A despeito das posi es pol micas extremadas sobre a interpreta o intencionalista e antiintencionalista Compagnon prop e uma terceira via i pode se procurar no texto aquilo que ele diz com refer ncia ao seu pr prio contexto de origem lingu stico hist rico cultural ii pode se procurar no texto aquilo que ele diz com refer ncia ao contexto contempor neo da leitor Sem negar o lugar da inten o do autor no processo de interpreta o do texto mas sem reduzi lo ao des gnio exclusivo do autor Compagnon enfatiza que a significa o de uma obra n o se esgota na inten o do autor e nem equivalente a ela A significa o total de uma obra n o pode ser definida simplesmente nos termos de sua significa o para o autor e seus contempor neos mas deve ser descrita como o produto de uma acumula o isto a hist ria de suas interpreta es pelos leitores at o presente O que pr pr
182. div duos mas ao faz lo deve tamb m encontrar um modo de cont las e em parte neutraliz las afirma Mannheim De outro modo a vida social ordenada seria imposs vel se cada indiv duo constantemente fizesse uso de seu direito de influenciar as decis es p blicas Isso significaria o fim de toda coes o social Portanto todas as sociedades democr ticas necessitam e certos recursos neutralizadores potencialmente n o democr ticos ou antidemocr ticos Para Mannheim tais recursos n o s o impostos de fora mas consistem essencialmente de uma ren ncia volunt ria por parte da massa do uso pleno de suas energias Por outro lado Althusser 1974 postula que n o se trata de ren ncia e sim de imposi o externa do Estado atrav s dos seus Aparelhos Repressivos que visam a controlar os indiv duos por meio da coa o f sica e Aparelhos Ideol gicos que buscam o controle por 49 meio da constru o das formas de representar e conceber a realidade dentre os quais a escola um dos mais importantes Defendendo sua teoria da ren ncia volunt ria Mannheim 2004 diz que esse abandono volunt rio das aspira es aut nomas do indiv duo pode assumir v rias formas Um exemplo a manipula o da propaganda que se observa em democracias de massa plenamente desenvolvidas Pode se perceber nesse como em fen menos correlatos sinais de degenera o da democracia quando essa tend ncia chega ao limite como no culto de um l d
183. do rethorica significando a arte orat ria ou a arte de falar corretamente em p blico E como o termo por sua vez deriva de rethor referindo se quele que ensina a Ret rica temos que o voc bulo rethorike na Antiguidade usado com amplitude suficiente para englobar tanto o discurso quanto o seu emissor Atento a ela Barthes nos dias de hoje considera a Ret rica como metalinguagem ou um discurso sobre o discurso o que para os antigos eram as artes sermocinandi conforme foram reunidas no Trivium a Gram tica arte de ler e escrever a Ret rica arte de ordenar o discurso e a Dial tica arte de discutir estreitamente interligadas no que tange s concep es cl ssicas de linguagem Segundo Barthes a metalinguagem comporta pr ticas diversas que aparecem simult nea ou sucessivamente na Ret rica de acordo com as diferentes pocas e por ele assim classificadas uma t cnica ou arte na acep o antiga do termo conjunto de receitas para persuadir o auditor do discurso e depois o leitor da obra um ensinamento inclusive porque a Ret rica pode ser transmitida pessoalmente em sala de aula numa rela o entre o rethor e seus disc pulos uma ci ncia mesmo que protoci ncia pois a Ret rica est organizada num sistema de leis que regem a linguagem uma moral voltada para a palavra enquanto signo amb guo a Ret rica atende finalidade pr tica de limitar de controlar as paix es um
184. do aos alunos e comunidade escolar que precisa estar convencida da necessidade de mudan a 7 CONSIDERA ES FINAIS No in cio deste trabalho estabeleci como pressuposto o entendimento de que a reformula o do ensino de linguagem deveria come ar por uma redefini o dos objetivos educacionais A partir da todas as inst ncias que direta ou indiretamente interferem em sua estrutura o deveriam ser repensadas crit rios para a sele o de conte dos a natureza dos conte dos a concep o de disciplina a concep o de ci ncia dentre outros A hist ria do ensino de linguagem mostrou que os objetivos educacionais s o definidos em fun o dos interesses do Estado e que a sele o dos conte dos feita para atender a esses interesses Esse panorama hist rico mostrou ainda que a ci ncia funciona como uma inst ncia que legitima o exerc cio do poder Logo um questionamento sobre as formas como se exerce o poder na sociedade passa obrigatoriamente por uma avalia o sobre o papel da ci ncia e sobre como se d sua rela o com as demais formas de saber Foi demonstrado que o discurso cient fico da Lingu stica n o consegue dialogar com a sociedade e que a imposi o de seus construtos como conte dos curriculares em decorr ncia dessa falta de di logo tem se mostrado extremamente prejudicial ao ensino Por outro lado importante destacar que n o existe consenso te rico nem mesmo internamente Diante disso im
185. do uma posi o subserviente sem foro pr prio para o desenvolvimento de pesquisa e de teoriza o Para Rojo 1999 nessa poca o linguista aplicado parecia impass vel s suas s lidas cren as nos princ pios b sicos do positivismo e do estruturalismo que acarretam uma f persistente em uma vis o de linguagem apol tica e a hist rica em uma divis o clara entre o sujeito e o objeto e portanto na no o de objetividade no pensamento e na experi ncia como sendo anteriores linguagem no desenvolvimento de modelos e de m todos fi is aos princ pios do cientista e na testagem subsequente da validade de tais modelos por meios estat sticos na cren a do processo cumulativo como um resultado do acr scimo gradual do conhecimento novo e na aplicabilidade universal do princ pio da racionalidade e da verdade Na d cada de 80 entretanto as fronteiras da LA come aram a se expandir Essa expans o foi registrada pelos extensivos trabalhos publicados ao longo dos dez primeiros anos do Journal of Applied Linguistics e do Annual Review of Applied Linguistics ARAL fundado em 1980 Segundo Grabe 2002 o foco central da LA nesse per odo estava 124 relacionado a acessar quest es e problemas de linguagem medida que eles ocorriam no mundo real As defini es de LA nessa poca enfatizavam tanto a variedade de assuntos abordados quanto os tipos de fontes disciplinares usados para trabalhar os problemas de linguagem Com esse
186. dual ao m ltiplo e ao complexo o objeto da pesquisa em lingu stica aplicada In amp CAVALCANTI M Orgs Lingu stica Aplicada e transdisciplinaridade quest es e perspectivas Campinas SP Mercado das Letras 1998a p 99 110 Des construindo bordas e fronteiras letramento e identidade social In SIGNORINI Org L ngua gem e identidade elementos para uma discuss o no campo aplicado Campinas SP Mercado das Letras 1998b p 139 171 Por uma teoria da desregulamenta o lingu stica In BAGNO Marcos Lingu stica da norma S o Paulo Edi es Loiola 2002 p 93 125 SOARES M Portugu s na escola hist ria de uma disciplina curricular In BAGNO M Org Lingu stica da norma S o Paulo Edi es Loiola 2002 p 155 177 Linguagem e escola uma perspectiva social 17 ed S o Paulo tica 2008 TAMBA MECZ A sem ntica Trad Marco Macionilo S o Paulo Par bola Editorial 2006 TORRES SANTOM J A educa o em tempos de neoliberalismo Trad Cl udia Schilling Porto Alegre RS Artmed 2003 TRAVAGLIA L C Gram tica e intera o uma proposta para o ensino de gram tica 10 ed S o Paulo Cortez 2005 Gram tica ensino plural 3 Ed S o Paulo Cortez 2007 VIEIRA S R amp BRAND O S F Orgs Ensino de gram tica descri o e uso S o Paulo Contexto 2007 VILELA M KOCH G Gram tica da l ngua portuguesa Coimbra Livraria Almedina 2001 Y DICE
187. e Assim ter amos dois grandes grupos de signos lingu sticos o das palavras simb licas e o das palavras indexicais Como sabemos o s mbolo um signo que cria um interpretante ou seja uma representa o na mente de quem mant m contato com ele o ndice um signo que n o cria um interpretante e estabelece com o objeto uma rela o existencial ou referencial 167 Na hist ria dos estudos lingu sticos sempre houve uma preocupa o com a categoriza o desses signos processo que se realiza segundo crit rios variados que leva em conta as propriedades formais funcionais e sem nticas desses signos Esses crit rios s o bastante problematizados no campo da Lingu stica mas acentua se a tend ncia de privilegiar o crit rio morfossint tico PERINI 1996 CAMARA JR 2004 ROSA 2008 ROCHA 2008 Nas Categorias Arist teles 2005 define as categorias nas quais as palavras podem ser classificadas considerando suas possibilidades significativas o que a subst ncia qu o grande quanto a quantidade que tipo de coisa a qualidade com o que se relaciona a rela o onde o lugar quando o tempo qual a postura a posi o em quais circunst ncias o estado ou condi o qu o ativo qual o fazer a a o qu o passivo qual o sofrer a paix o Percebe se que h uma semelhan a entre essas categorias e propriedades de algumas de nossas tradicionais classes gramaticais mas percebe se tamb m que elas
188. e constru da pelo uso consciente e pelo trabalho de reflex o sobre a linguagem a compet ncia metalingu stica ultrapassa os limites 64 disciplinares e concorre para o desenvolvimento cognitivo A tabela abaixo mostra os conceitos e as compet ncias e habilidades que constituem o eixo Conceitos Compet ncias e habilidades 1 Linguagens verbal n o verbal e digital 1 Utilizar linguagens nos tr s n veis de compet ncia interativa gramatical e textual 2 Signo e s mbolo 2 Ler e interpretar WU 4 Gram tica 5 Texto N O Protagonismo Interlocu o significa o dialogismo Denota o e conota o 3 Colocar se como protagonista na produ o e recep o de textos 4 Aplicar tecnologias da comunica o e da informa o em situa es relevantes Adaptado dos PCN O eixo da Investiga o e Compreens o Este eixo assim caracterizado pelos PCN BRASIL 2002 p 27 Conhecer e utilizar eficazmente procedimentos de an lise textual ato sensu conhecer a din mica da interlocu o distinguir realidade de constru o simb lica do real recuperar as formas institu das de constru o do imagin rio coletivo dominar os componentes estruturais das diversas linguagens e seus arranjos poss veis compreender criticamente a diversidade das linguagens s o compet ncias que fazem parte do dom nio da Investiga o e Compreens o Essas compet ncias relacionam se com o dom nio d
189. e atrav s do filtro da experi ncia humana Todo signo remete realidade constru da como percep o significante da realidade b A conceptualiza o estrutural e contextual resulta da atividade da linguagem que consiste em integrar em seu interior as rela es de oposi o paradigmas e de combina o sintagma que os signos mant m entre eles para assegurar a coer ncia sint tica e sem ntica da mensagem Todo signo depende de redes de associa es e regras de combina o que constituem o contexto o lingu stico c A conceptualiza o situacional resulta da posi o do falante no ato de comunica o ou seja das rela es que ele mant m com seu interlocutor e com os dados da situa o de enuncia o Logo todo signo depende de suas condi es de uso Charaudeau chama aten o tamb m para a forma do signo Sua constitui o se d por meio da articula o entre o aspecto material fon tico fonol gico e o morfol gico Ora o texto n o se constitui sem uma sele o de signos lingu sticos Estes por sua vez n o se formam sem a articula o entre os componentes materiais e morfol gicos o que nos leva a concluir que o estudo do texto n o pode prescindir do estudo de unidades menores como a frase o voc bulo as classes gramaticais e sint ticas A parece residir o problema central da eleva o do texto a unidade de ensino de l ngua como promover na pr tica a articula o entre texto e gram tica Essa
190. e caracterizar g neros do discurso classificando os como discursos constituintes ou heteroconstitu dos e Diferenciar e caracterizar g neros semi tico textuais destacando suas propriedades formais tem ticas e estil sticas e Identificar os discursos que fundamentam as posi es assumidas nos g neros textuais e confrontar essas posi es com outros enunciados do mesmo discurso e de outros g neros discursos e Compreender os g neros semi tico textuais como fen menos heterog neos e polif nicos que denunciam a dispers o do autor e do leitor no processo de negocia o de sentidos e Compreender a significa o como um processo que pode permitir tanto uma leitura que vincule o g nero semi tico textual ao seu contexto de produ o como a outros contextos de recep o e Posicionar se criticamente em rela o s imagens que o autor constr i de si mesmo e do leitor nos g neros semi tico textuais e Fazer infer ncias seja para preencher lacunas intencionalmente deixadas pelo autor seja para criticamente derivar significa es n o previstas e Compreender os g neros semi tico textuais como manifesta es da linguagem que expressam atos intencionais dos locutores e Identificar e caracterizar microatos de linguagem nos g neros semi tico textuais considerando diversas semioses como a verbal a pict rica a imag tica a audiovisual etc e Articular texto e hipertexto no processo de leitura entendendo os como atos
191. e conceitos espec ficos diferentes daqueles que sustentam o dom nio anterior mas n o desvinculados deles uma vez que os conceitos atuam em rede A tabela a seguir apresenta os conceitos e as compet ncias e habilidades que constituem o eixo 65 Conceitos Compet ncias e habilidades 1 Correla o 1 Analisar e interpretar no contexto de interlocu o 2 An lise e s ntese 2 Reconhecer recursos expressivos das linguagens 3 Identidade 3 Identificar manifesta es culturais no eixo temporal reconhecendo os momentos de tradi o e de ruptura 4 Integra o 4 Emitir ju zos cr ticos sobre manifesta es culturais 5 Classifica o 5 Identificar se como usu rio e interlocutor de linguagens que estruturam uma identidade cultural pr pria 6 Informa o versus redund ncia 6 Analisar metalinguisticamente as diversas linguagens 7 Hipertexto Adaptado dos PCN O eixo da Contextualiza o Sociocultural Para este eixo os PCN definem que A compreens o do contexto em que se produzem os objetos culturais concretizados nas linguagens hoje ou no passado assim como o car ter hist rico da constru o dessas representa es fundamental tamb m para que o funcionamento das linguagens seja entendido investigado e compreendido na sua perspectiva social n o apenas como manifesta es isoladas de um indiv duo de uma classe As compet ncias gerais previstas no eixo da Contextualiza o Sociocu
192. e constru do Assim o conhecimento nos discursos educacionais modernos visto como raz o dirigida a descobrir a verdade inerente na realidade representando o consci ncia atrav s do meio referencial da linguagem o sujeito concebido como unit rio coerente racional aut nomo ativo e intencional Todas essas no es s o submetidas a processos e artif cios ret ricos que conferem ao trip sujeito linguagem mundo um car ter naturalista Tais considera es nos permitem retomar dois problemas propostos Habermas 2004 O primeiro diz respeito quest o ontol gica do naturalismo que pode ser assim formulada como a normatividade incontorn vel da perspectiva dos participantes de um mundo da vida linguisticamente estruturado no qual sempre j nos encontramos como sujeitos capazes de falar e agir pode ser conciliada com a conting ncia de um desenvolvimento hist rico natural de formas de vida socioculturais O segundo refere se quest o epistemol gica do realismo como conciliar a suposi o de um mundo 214 independente de nossas descri es id ntico para todos os observadores com a descoberta da filosofia da linguagem segundo a qual nos negado um acesso direto n o mediatizado pela linguagem realidade nua Essas quest es nos colocam diante da necessidade de questionar o efeito de evid ncia que caracteriza os discursos oficiais sobre a educa o e nos permitem formular o seguinte racioc nio se tal
193. e ensino fundamental e m dio atrav s de medida do ent o Conselho Federal da Educa o que assim respondeu a insistentes protestos da rea educacional Na verdade os protestos contra a denomina o comunica o e express o e comunica o em l ngua portuguesa n o representavam apenas um desejo de retorno denomina o anterior portugu s mas significavam a rejei o de uma concep o de l ngua que j n o encontrava apoio nem no contexto pol tico e ideol gico da segunda metade dos anos 1980 poca da redemocratiza o do pa s nem nas novas teorias desenvolvidas na rea das ci ncias lingu sticas que ent o come avam a chegar ao campo do ensino da l ngua materna A Ditadura Militar fracassou no seu projeto educacional em todos os sentidos GHIRALDELLI JR 2006 Em 1986 o governo do general Figueiredo derrubou a profissionaliza o obrigat ria do ensino de 2 grau Pela Lei 7 0441 82 a qualifica o para o trabalho proposta pela letra da Lei 5 692 71 foi substitu da pela prepara o para o trabalho O 2 grau se livrou da profissionaliza o obrigat ria mas ap s tantos estragos ficou sem caracter sticas pr prias O governo do general Figueiredo ao tentar colocar no t mulo a profissionaliza o praticamente descaracterizou o j conturbado 2 grau 55 2 3 A LEI 9 394 96 E O NOVO ENSINO M DIO A democratiza o do pa s a partir de 1985 implicou na elei o de uma Assembleia Na
194. e prop e a focalizar a quest o da varia o lingu stica segundo um enquadramento conceitual n o comprometido com o que chamou de projeto pol tico ideol gico de constru o consolida o ou defesa de uma l ngua nacional O principal argumento que sustenta sua tese reside no pressuposto de que n o obstante a objetiva o pretendida com a no o de l ngua nacional a l ngua se constitui atrav s de uma multiplicidade de pr ticas no jogo sociocomunicativo pol tico e ideol gico das rela es sociais Assim os pares comum n o comum compat vel antag nico leg timo n o leg timo poss vel inaceit vel etc n o devem ser tomados como dicot micos mas como constitutivos da l ngua real 42 CORACINI op cit p 279 132 semelhan a da cr tica marxista o poder para regulamentar o uso lingu stico localizado no Estado mas sua mec nica n o analisada Quando finalmente a autora explicita as finalidades do seu estudo O foco na desregulamenta o permite justamente melhor compreender de que modo tais mecanismos de controle comp em esses processos de configura o e de desconfigura o sem contudo assegurar lhe uma dire o nica ou um desenho preciso no sentido de control vel E esse descontrole ou desregramento da l ngua em uso s pode ser contemplado teoricamente quando ao indeterminado ao incerto ao inacabado ao processual enfim se atribuir um estatuto de n o res duo SIGNORINI 2
195. e que excetuando se a concep o de linguagem da gram tica filos fica as concep es de outros per odos da hist ria da gram tica praticamente desconsideraram a ontologia que inicialmente estava na base dos termos da teoria da predica o Assim a cr tica empreendida por Perini no tocante aus ncia de uma teoria gramatical envolvendo a no o de sujeito na tradi o gramatical s se justifica ainda que parcialmente quando vista sincronicamente Conhecendo os fundamentos da defini o tradicional podemos nos perguntar se a abordagem cient fica imanentista de Perini e de outros linguistas realmente a mais indicada para descrever e ou explicar a rela o entre linguagem e mundo Se o estudo cient fico consiste em isolar a l ngua como objeto aut nomo precisamos nos questionar relativamente ado o de tal perspectiva no ensino de l ngua linguagem dada a complexidade que caracteriza o processo de forma o dos sujeitos Isso aponta impreterivelmente para uma reavalia o do modelo cient fico da Lingu stica e da rela o que este mant m com a tradi o gramatical Considerando que o estudo dos termos sujeito e predicado no quadro das teorias lingu sticas contempor neas esvaziou se do car ter ontol gico inicial e que consequentemente sua defini o tem se mostrado inadequada ao estudo objetivo dos fatos que interessam aos atuais estudos lingu sticos n o seria mais coerente abandonar esse conceito viciado e
196. e seguia do mesmo Donato destinada a alunos adiantados a Ars maior ou secunda constitu da de tr s partes conhecida por Barbarismus A primeira trata de voce Isso explica por que comp ndios gramaticais ditos modernos como os de Bechara 2001 e Cunha e Cintra 1985 por exemplo ainda cont m p ginas dedicadas m trica e versifica o mesmo tais assuntos estando fora das orienta es curriculares para o ensino de L ngua Portuguesa Somente a tradi o justifica sua perman ncia nas gram ticas 26 de littera de syllaba de pedibus de tonis de posituris a segunda trata mais largamente que o comp ndio elementar das partes do discurso e a terceira cuida de barbarismo de soloecismo de ceteris vitiis de metaplasmo de schematibus de tropis Conforme acrescenta Bechara 1999 para os estudos avan ados da aula de Gram tica al m da Ars maior de Donato gozou tamb m de grande prest gio a partir do s culo V a obra de Prisciano Institutio de arte grammatica Trata se de obra volumosa composta de dezoito livros que se propunha a estabelecer regras de linguagem com inten o de corrigir os erros de outras gram ticas Bechara 1999 citando Robins assinala uma divis o do trabalho gramatical na Idade M dia em dois per odos a primeira do s culo VIII ao XII e a segunda do s culo XII at o Renascimento j que ocorreram neste ltimo s culo v rias importantes influ ncias que deram outro rumo natu
197. e vis es estereotipadas acerca das diferen as de ra a g nero religi o origem situa o econ mica e lingu stica 3 Usar a linguagem para debater perspectivas de combate heteronomia social que tem fragmentado a sociedade em favor da constru o de uma sociedade aut noma capaz de refletir criticamente seus valores 4 Usar a linguagem para confrontar regimes de verdade que viabilzam o funcionamento de pr ticas injustas a anti ticas veiculadas por diversas inst ncias de exerc cio do poder 5 Usar de acordo com os rituais discursivos determinados pelos contextos situacionais as formas de linguagem e os fatores pragm ticos adequados consecu o de projetos discursivos 6 Usar a linguagem para produzir manifesta es art stico culturais utilizando de sistemas semi ticos variados como o lingu stico verbal n o verbal linguagem 230 digital gestual corporal pict rica audiovisual al m de explorar possibilidades de cria o utilizando a tradu o intersemi tica Essas compet ncias notadamente centradas no uso da linguagem necessitam para o seu desenvolvimento de numerosos conhecimentos Muitos deles j devem ser adquiridos ou constru dos pelos alunos no Ensino Fundamental Outros por m devem ser trabalhados ao longo do Ensino M dio As se es seguintes ser o dedicadas apresenta o desses conte dos cuja sele o deve obedecer a dois pressupostos metodol gicos a transdisciplinari
198. ecossistemas a medicina verifica que a hiperespecializa o do saber m dico transformou o doente numa quadr cula sem sentido quando de fato nunca estamos doentes sen o em geral a farm cia descobre o lado destrutivo dos medicamentos tanto mais destrutivos quanto mais espec ficos e procura uma nova l gica de combina o qu mica atenta aos equil brios org nicos o direito eu reduziu a complexidade da vida jur dica secura da dogm tica redescobre o mundo filos fico e sociol gico em busca da prud ncia perdida a economia que legitimara o reducionismo quantitativo e tecnocr tico com o pretendido xito das previs es econ micas for ado a reconhecer perante a pobreza dos resultados que a qualidade humana e sociol gica dos agentes e processos econ micos entra pela janela depois de ter sido expulsa pela porta Nesse contexto como fica a Lingu stica Conforme mostrado nas se es anteriores vimos que suas contribui es consistem em proposi es formuladas no interior 102 de disciplinas que reduzem a complexidade dos fen menos e n o dialogam com outras que se prop em a estudar outras facetas do mesmo objeto No Brasil s o poucos os trabalhos que se dedicam a reflex es sobre a rela o entre a Lingu stica e a sociedade Esse debru ar se da ci ncia sobre si mesma sobre os impactos sociol gicos e ambientais de sua atividade o que Santos 1989 chama de reflexividade Rajagopalan 2003 defende uma
199. ectiva de abordagem Entretanto negar a pertin ncia das sequ ncias ou tipos textuais n o significa rejeitar a exist ncia dos atos de narrar descrever argumentar expor explicar ordenar aconselhar dentre outros que participam da constitui o dos textos e lhes conferem suas propriedades interacionais Diante disso proponho que as categorias tipol gicas e sequenciais marcadas pelo vi s lingu stico estrutural na abordagem das unidades textuais sejam substitu das por uma abordagem pragm tico textual que considere tais unidades como atos de linguagem Adam 2008b p 2005 entreviu essa possibilidade narrar descrever argumentar e explicar s o macroa es sociodiscursivas No entanto como n o encontrou respaldo na teoria dos atos de fala para abordar unidades textuais maiores que a senten a optou por continuar com a teoria das sequ ncias textuais Para ele narra o descri o argumenta o e explica o podem ser definidas como quatro atos de discurso n o primitivos mas intermedi rios entre o objetivo ilocucion rio prim rio da asser o compartilhar uma cren a ou um conhecimento e o objetivo ltimo do ato assertivo convencer para fazer fazer O esquema abaixo ilustra essa concep o Ato de discurso Macroato de discurso Objetivo final Ato de discurso prim rio Refor o e especifica o A o sociodiscursiva visada Afirmar Asser o narrativa narrar Asser o descritiva descrever
200. efinada dos fen menos das variedades cultas Essas duas posi es s o bastante representativas da confus o que envolve a distin o entre norma padr o e norma culta O fato mais agravante entretanto que eles falam do ensino dessas normas como se elas fossem produtos acabados prontos para serem trabalhados em sala de aula Faraco defende que o acesso s variedades cultas da l ngua n o se d por uma pedagogia concentrada no dom nio das formas lingu sticas mas como subproduto de uma pedagogia articulada para garantir aos alunos a amplia o de seu letramento No entanto em livro did tico de sua autoria portanto espa o em que o autor poderia levar a termo suas ideias Faraco d uma demonstra o pujante do qu o longe est a Lingu stica de tornar seus pressupostos te ricos efetivamente relevantes para o ensino de l ngua Se ele diz Enquanto a norma culta comum standard a express o viva de certos segmentos sociais em determinadas situa es a norma padr o uma codifica o relativamente abstrata uma baliza extra da do uso real para servir de refer ncia em sociedades marcadas por acentuada dialeta o a projetos pol ticos de uniformiza o lingu stica como explicar que no livro did tico onde ele poderia dar uma clara demonstra o de como poderia ser implementada sua pedagogia da varia o lingu stica como subproduto do letramento o objeto de estudo seja a abstrata l ngua padr o
201. el abrange o tradicional estudo dos morfemas que na proposta de Rosa perdem suas propriedades significativas passando assim a serem designados como formativos Para ela essa distin o representa uma ruptura com a ideia de que o morfema um signo Dessa forma a morfologia est livre para se concentrar na forma da palavra O significado e sua express o segundo a autora devem ser alvos de um estudo parte Em suas palavras Segue se da que a morfologia e a sintaxe n o s o basicamente a mesma coisa como a an lise dos constituintes imediatos levava a crer Teorias em que a morfologia tem a palavra no sentido de lexema como sua unidade b sica contrap em se assim s teorias que tomam o morfema como a unidade b sica Essa distin o est marcada na nomenclatura morfologia baseada em palavras ou morfologia baseada em lexemas de um lado e de outro morfologia baseada em morfemas ROSA 2008 p 71 negritos e it lico da autora sublinhados meus As postula es de Rosa remetem ao problema da classifica o de palavras Isso porque se a palavra passa a ser identificada com o lexema isso sugere a exist ncia do l xico ou seja o conjunto de palavras que est dispon vel para a atua o das regras da morfologia De acordo com Rosa o l xico composto por classes de palavras abertas isto classes que podem admitir novos elementos e apresentam significado lexical e classes fechadas cujas possibilidades de inclu
202. em pocas de crescimento econ mico e de certo modo encantadas pelas marcas fluidas de inova o contidas na Lei transformaram se em verdadeiros arautos do governo na implanta o da Lei 5 692 Muitos professores acreditavam na ideia de que ter amos de ter mesmo um ensino completamente profissionalizante no Segundo Grau o atual Ensino M dio Na Lei 5 692 os anteriores curso prim rio e ciclo ginasial forma agrupados no ensino de Primeiro Grau para atender crian as e jovens de 7 a 14 anos ampliando a obrigatoriedade escolar de 4 para 8 anos A nova legisla o deixou por conta do Conselho Federal de Educa o CFE a fixa o das mat rias do n cleo comum do 1 grau O CFE fixou o n cleo comum fazendo desaparecer a divis o entre Portugu s Hist ria Geografia Ci ncias Naturais e colocando no lugar Comunica o e Express o Estudos Sociais e Ci ncias O 2 grau por sua vez tornou se integralmente profissionalizante O CFE atrav s do parecer 45 72 relacionou 130 habilita es t cnicas que poderiam ser adotadas pela escola para seus respectivos cursos profissionalizantes Mais tarde essas habilita es subiram para 158 As escolas poderiam montar um Segundo Grau com habilita es em Carne e Derivados ou em Cervejaria e Refrigerantes ou Leite e Derivados Os col gios particulares claro e n o podemos esquecer que os grandes empres rios do ensino sempre tiveram grande influ ncia no inte
203. em e a estrutura o das rela es sociais Dessa forma poss vel cr tica p s moderna cooperar para a constru o de uma sociedade aut noma Uma sociedade verdadeiramente aut noma s pode existir como uma sociedade que admite uma liberdade de autocr tica questionamento e reforma cada vez maior mais do que um dado padr o de felicidade como seu nico prop sito e raz o de ser A sociedade aut noma admite abertamente a mortalidade inerente a todas as suas cria es e tentativas de extrair dessa fragilidade fatal a chance da cont nua autotransforma o e tamb m quem sabe do autodesenvolvimento A autonomia a tentativa audaciosa de usar a mortalidade das institui es humanas no convite perene viabilidade da sociedade humana A durabilidade da sociedade feita de ingredientes transit rios e mortais Uma sociedade vi vel resistente letargia senil e paralisia s poss vel na medida em que n o se confunde a dura o da sociedade com a eternidade de qualquer das formas que assume e abandona ao longo da hist ria BAUMAN 2000 p 88 89 Para fazer parte de tal cr tica a LA precisa atrav s de um processo de reflexividade identificar os saberes que excluiu em seu percurso de constitui o como disciplina cient fica Um procedimento pr prio da ci ncia moderna rotular os saberes que n o s o constru dos com a utiliza o de seus fundamentos como senso comum Essa dicotomia aparece inclusive em
204. em uma significa o original diferente contr ria do seu sentido original COMPAGNON 20083 p 87 N o dif cil corroborar a distin o defendida por Compagnon j que ela descreve uma situa o facilmente constat vel Por m a quest o crucial concernente natureza do sentido e da significa o permanece em aberto o que faz com que o texto liter rio tenha um sentido e uma significa o determinados em dado momento e o que provoca sua deriva em outros momentos Em sua teoria sobre a natureza dual do signo lingu stico Saussure postulou uma categoria frequentemente esquecida por muitos que se dedicam a estudos relativos significa o o valor Para Saussure cada termo lingu stico um pequeno membro do sistema lingu stico em que uma ideia se fixa num som e em que um som se torna o signo de uma ideia Essa combina o d origem a uma forma e n o a uma subst ncia com base nessa ideia de l ngua como forma que Saussure fundamenta a tese da arbitrariedade do signo Se a l ngua n o subst ncia como explicar sua propriedade de representar ideias Para Saussure isso est diretamente ligado ao valor que s pode ser estabelecido socialmente Mas se assim o que diferencia o valor da significa o Saussure n o responde a essa quest o contudo explica que o valor de um signo se estabelece por sua diferen a em rela o a outros signos donde conclui que a l ngua um sistema de oposi es Com Saussure o
205. enominar Portugu s De acordo com Soares 2002 testemunham a presen a dessas disciplinas no curr culo os livros did ticos publicados na segunda metade do s culo XIX s o gram ticas e manuais de ret rica Os professores do Col gio Pedro Il foram autores de alguns dos principais deles J lio Ribeiro professor de Ret rica no Col gio publicou em 1881 uma Gram tica portuguesa que teve presen a marcante no ensino m dio nas ltimas d cadas do s culo XIX e no in cio do s culo XX tamb m professor do Col gio era Jo o Ribeiro autor da renomada Gram tica portuguesa em tr s volumes curso elementar m dio e superior manual que perdurou no ensino nas primeiras d cadas do s culo XX A disciplina Portugu s manteve de certa forma at os anos 40 do s culo XX a tradi o da Gram tica da Ret rica e da Po tica Tal se deu porque fundamentalmente continuaram a ser os mesmos aqueles a quem a escola servia os grupos social e economicamente privilegiados nicos a ter acesso escola a quem continuavam a ser teis e necess rias as mesmas aprendizagens adaptadas s caracter sticas e exig ncias culturais que foram progressivamente se impondo s camadas favorecidas da sociedade Dessa forma na disciplina Portugu s nesse per odo continuou se a estudar a gram tica da l ngua portuguesa e continuou se a analisar textos de autores consagrados ou seja persistiu a disciplina Gram tica para a aprendizagem sobre o sistema da
206. ensaio blog c Discurso t cnico circulam no mbito institucional determinando rituais que estabelecem condi es para a legitimidade de alguns atos de linguagem revestidos de certo valor jur dico Os g neros semi tico textuais selecionados desse discurso s o a ata o abaixo assinado o of cio o memorando a solicita o a declara o o relat rio d Discurso art stico cultural os g neros semi tico textuais selecionados desse discurso s o o poema a m sica letra e melodia a cr nica o conto o blog o grafite a fotografia o document rio a resenha cr tica de produ es art sticas filmes m sicas pe as teatrais e livros SUPORTE O suporte pode ser definido como o meio f sico ou virtual atrav s do qual os g neros semi tico textuais circulam Contudo essa defini o deve levar em conta o fato de que al m de promover a circula o de g neros o suporte tamb m pode transformar g neros tradicionais e at dar origem a novos g neros Os blogs constituem uma amostra das duas situa es transformou a no o tradicional de di rio pessoal mas funciona 238 tamb m como um espa o pessoal utilizado por jornalistas por exemplo para comentar assuntos como pol tica artes dentre outros Isso permite que o blog possa ser entendido como uma esp cie de g nero suporte pois ao mesmo tempo em que configura um g nero define se tamb m como um suporte A inform tica e a internet propiciaram o surgi
207. ente metaf sica alheia ao esp rito da demonstra o e da teoriza o interdisciplinar e antropologicamente centralizada CAMBI 1999 O movimento foi favorecido pelo conjunto de transforma es que ocorreram na Europa a partir da revolu o industrial e da revolu o francesa Em consequ ncia disso houve uma reestrutura o da sociedade em v rios n veis e as novas rela es de trabalho demandaram reformas educacionais profundas A ind stria nascente necessitava de uma m o de obra habilitada a operar com as novas m quinas e esta tarefa n o seria executada pela elite A escola ent o se abriu para um p blico muito amplo fato que foi chamado de democratiza o da educa o e os novos sujeitos a nova vida e o novo mundo deram origem a novos objetivos educacionais o que evidentemente exigiu uma redefini o dos conte dos escolares Tudo isso se refletiu tamb m em mudan as no perfil dos novos professores Se antes a categoria era constitu da por profissionais que compartilhavam dos mesmos bens culturais da elite agora passou a ser composta em sua maioria por indiv duos oriundos das camadas populares Contribuiu sobremaneira para essa redefini o o achatamento dos sal rios atribu do ao processo de democratiza o da educa o que no Brasil s ocorreu na segunda metade do s culo passado Por aqui o primeiro grande choque entre a escola institui o que apesar das transforma es sociais mencionadas mantinha uma
208. ento da pris o 34 ed Trad Raquel Ramalhete Petr polis RJ Vozes 2007 FRANCHI C com NEGR O E V amp M LLER A L Mas o que mesmo gram tica S o Paulo Par bola Editorial 2006 GHIRALDELLI JR P Hist ria da educa o brasileira S o Paulo Cortez 2006 GIDDENS A As consequ ncias da modernidade Trad Raul Fiker S o Paulo Editora da UNESP 1991 GRABE W Applied Linguistics An Emerging Discipline for the Twenty First Century In KAPLAN R B Org The Oxford Handbook of Applied Linguistics Oxford Oxford University Press 2002 p 3 12 HABERMAS J Verdade e justifica o ensaios filos ficos Trad Milton Camargo Mota S o Paulo Edi es Loyola 2004 HADJI Ch Avalia o desmistificada Trad Patr cia C Ramos Porto Alegre Artmed 2001 HALL S A quest o multicultural In Da di spora identidades e media es culturais Trad Adelaine La Guardia Resende et al Editora da UFMG Bras lia Representa o da Unesco no Brasil 2003 Identidade cultural na p s modernidade 10 ed Trad Tomaz Tadeu da Silva Rio de Janeiro DP amp A 2005 ILARI R amp GERALDI J W Sem ntica 11 ed S o Paulo tica 2006 JAKOBSON R Lingu stica e comunica o 20 ed Trad Isidoro Blikstein Jos Paulo Paes S o Paulo Cultrix 2005 KERBRAT ORECCHIONI C Os atos de linguagem no discurso Trad Fernando Afonso de Almeida amp Irene Ernest Dias Niter i EdUFF 2
209. equ voco porque se por um lado nem toda senten a pode ser julgada verdadeira ou falsa o que poderia justificar uma an lise estritamente sint tica por outro reduzir a proposi o ao estudo de seus aspectos sint ticos negligenciar o seu car ter s gnico e consequentemente a rela o entre linguagem e mundo De acordo com Vilela e Koch 2001 p 296 297 A frase configura numa proposi o um dado estado de coisas e ocorre num texto transformada em enunciado ou em parte de um enunciado O enunciado a unidade de comunica o integrada num acontecimento comunicativo concreto realizado por um falante ou um escrevente O enunciado como fato de discurso pode ocorrer como uma palavra apenas como uma frase ou como um texto composto de v rias frases Partimos do princ pio de que a frase a unidade que melhor corresponde no plano comunicativo ao enunciado A frase atualizada o enunciado n o pertence como as palavras ou grupos fraseol gicos fixos ao sistema da l ngua Ela n o reproduzida na fala mas sempre criada de novo O n mero de frases poss veis no discurso praticamente infinito Contudo este n mero quase infinito de frases formado e criado de acordo com determinados modelos estruturas Estes modelos de frase j pertencem ao sistema da l ngua Diante da complexidade que caracteriza a frase entendo ser importante tendo em vista os objetivos deste trabalho distinguir no estud
210. er a sociedade deixa de ser democr tica no conjunto desde que sejam abolidas as institui es que permitem aos indiv duos influir nas decis es pol ticas de baixo para cima Entretanto mesmo uma democracia saud vel requer uma certa autolimita o por parte de seus membros individuais Percebemos assim que a democracia direta n o pode existir em sociedades de grandes propor es O sistema governamental dos modernos Estados territoriais de car ter democr tico a democracia representativa Quer dizer a dire o real da pol tica est nas m os das elites mas isso n o quer dizer na concep o de Mannheim que a sociedade n o seja democr tica pois suficiente que os cidad os individuais ainda que impedidos de tomar parte diretamente no governo de modo permanente tenham pelo menos a possibilidade de expressar suas aspira es em certos momentos Dessa forma ocorre na pol tica o mesmo que na cultura em geral a democracia n o implica que n o existam elites como ingenuamente se poderia pensar implica antes um certo princ pio espec fico de forma o de elites N o obstante seria err neo superestimar o poder dessas elites nas sociedades democr ticas ou sua habilidade para usar o poder de forma arbitr ria Numa democracia os governados podem sempre atuar para remover seus l deres ou for los a tomar decis es de interesse da maioria A democracia assim possui formas pr prias para selecionar e controlar sua
211. era es de valores e pr ticas que caracteriza a p s modernidade a origem dos problemas retirada de cena e a mec nica do poder e seus regimes de verdade se encarregam de naturalizar as contradi es as distor es decorrentes de seu pr prio exerc cio para atuar nesse contexto visceralmente marcado pela complexidade que defendo uma LA p s cr tica Para usar uma met fora de Bauman a mesa foi virada Se antes a tarefa da cr tica era buscar a autonomia individual contra os muitos mecanismos do Estado e de suas t cnicas disciplinares a gora a luta pela constru o de uma sociedade de fato Uma sociedade que consegue transformar em quest es p blicas problemas individuais Pennycook tem sido um grande defensor de uma LA cr tica LAC Nesse quesito ele engrossa a fileira dos autores que t m se preocupado com o estatuto acad mico da disciplina Comparando dois de seus trabalhos poss vel identificar que o termo cr tica recobre acep es divergentes Em texto de 1990 o autor defende uma abordagem cr tica In SIGNORINI amp CAVALCANTI M 1998a p 23 49 147 que se alinha com o modernismo emancipat rio da pedagogia cr tica e da ACD Nesse contexto a LA ainda fortemente marcada por seu car ter de aplicadora de teorias Em outro trabalho PENNYCOOK 2003 o autor denuncia as limita es da cr tica emancipat ria cf se o 4 2 argumentando que apesar do objetivo declarado de investigar
212. eren a foi subsumida e deixou portanto de ser uma amea a sociedade Dessa forma a diferen a tamb m foi privatizada Na an lise de Bauman 1999a p 291 A era da hegemonia cultural parece ter passado as culturas devem ser desfrutadas n o se deve batalhar por elas No nosso tipo de sociedade a domina o pol tica e econ mica pode muito bem passar sem a hegemonia ela descobriu como reproduzir se em condi es de variedade cultural A nova toler ncia significa a 145 irrelev ncia da op o cultural para a estabilidade da domina o E a irrelev ncia resulta em indiferen a grifo do autor O discurso da toler ncia cooptado e propagado pelo mercado foi e continua sendo muito bem recebido Segmentos que antes eram absolutamente exclu dos hoje se veem na m dia sentem se contemplados pelo mercado que agora oferece produtos direcionados especificamente para eles sentem se assim valorizados e n o veem problemas no fato de seus desejos seus sentimentos suas frustra es servirem de t picos para estrat gias argumentativas em discursos e propagandas que s visam a aumentar sua depend ncia Contudo a toler ncia praticada pelo mercado n o promove a solidariedade ao contr rio fragmenta a sociedade e transforma problemas de ordem p blica em picuinhas de indiv duos ou grupos que n o conseguiram vencer com suas pr prias for as Essa toler ncia absolutamente compat vel com a pr tica da domina o so
213. es de Rojo h alguns aspectos que em sua opini o devem ser mantidos em poss veis propostas de reformula o dos PCNEM e outros que n o devem ser exclu dos mas redimensionados Isso ratifica minha opini o de que existem nos Par metros concep es te ricas que se coadunam com o entendimento de que o ensino deve ser orientado por uma perspectiva de linguagem como pr tica social No entanto conforme contatei em minha disserta o de mestrado h equ vocos de aplica o seja em livros did ticos em provas de vestibulares ou at mesmo nas provas do ENEM A escolha desses instrumentos n o se deu ao acaso eles refletem e at determinam a pr tica de ensino de linguagem das escolas Assim se eles n o s o elaborados conforme as orienta es dos PCNEM certamente elas n o ser o implementadas Entretanto o aspecto que entendo como mais pass vel de cr ticas e portanto merecedor de profunda reflex o por parte dos profissionais de educa o em geral e do linguista aplicado em particular refere se aos objetivos da educa o subjacentes s orienta es curriculares Esse aspecto fundamental da constitui o do curr culo do ensino de linguagem foi negligenciado por Rojo Suas cr ticas concentraram se nas claudica es verificadas nas concep es de linguagem aprendizagem e no conjunto de objetos que comp em a disciplina L ngua Portuguesa desconsiderando o fato de que historicamente esses fatores s o determinados pelos
214. es propostas pelo autor Sua concep o de linguagem como instrumento de comunica o naturaliza o contexto e o reduz a um conjunto de op es predefinidas para os quais a linguagem funcionaria apenas espelho ou seja como um reflexo da realidade Diante dessas obje es cabe questionar a pertin ncia do quadro das fun es da linguagem delineado por Jakobson Afinal todos os aspectos que ele apresenta como caracter sticos das fun es emotiva conativa f tica e metalingu stica s o hoje abrigados sob o r tulo de estrat gias metadiscursivas KOCH 2004 p 120 200 Estrat gias metadiscursivas s o aquelas que tomam por objeto o pr prio ato de dizer Isto ao colocar em a o tais estrat gias o locutor avalia corrige ajusta comenta a forma do dizer ou ent o reflete sobre sua enuncia o expressando a sua posi o o grau de ades o de conhecimento atenua es ju zos de valor etc tanto em rela o com aquilo que est a dizer como em rela o a outros ditos Em outras palavras os enunciados resultantes da atua o de estrat gias metadiscursivas t m um estatuto discursivo diferente daqueles dos enunciados veiculadores de conte do informacional enquanto as estrat gias de organiza o do conte do proposicional atuam imediatamente no plano do enunciado as estrat gias metadiscursivas atuam no mbito da pr pria atividade discursiva Evidencia se nestas a propriedade auto reflexiva da linguage
215. esentam uma operacionaliza o que mant m uma abordagem enciclop dica e pouco significativa do trato das linguagens Para ela o Ensino M dio deve dar conta do que chamou de letramentos multissemi ticos Para Haquira Osakabe e Enid Frederico BRASIL 2004 o documento n o d a devida import ncia ao estudo da Literatura Outros autores como Bagno 1999 e Lucchesi 2002 salientam o avan o que representa para o ensino de l ngua o reconhecimento e a aceita o da diversidade lingu stica pelos PCNEM Koch 2005 assinala a import ncia da Lingu stica Textual para a abordagem do texto considerando a determina o dos Par metros de se trabalhar o texto como objeto central Observa se que tanto as diverg ncias dos cr ticos quanto as pertin ncias apontadas pelos entusiastas incidem sobre os aspectos conteud sticos internos dos documentos sem que se fa a men o conjuntura s cio hist rica e ideol gica nacional e internacional que permitiram a inscri o dos PCNEM como acontecimento discursivo assim como ao funcionamento ideol gico dos estudos lingu sticos Existe uma rela o muito estreita entre curr culo e poder e consequentemente entre poder e ser uma vez que o curr culo n o pode ser concebido apenas como um documento que seleciona uma s rie de conhecimentos compet ncias e habilidades que os estudantes devem adquirir ou desenvolver mas principalmente como forjador de 58 identidade Logo ele n o def
216. especificas s o necess rios muitos conhecimentos que devem ser adquiridos em outros n veis de constitui o da linguagem O texto um fen meno muito complexo que n o pode ser compreendido pela simples exposi o do estudante a ele Diversos aspectos de sua constitui o precisam ser trabalhados antes durante e depois de sua divulga o como produto acabado Esses aspectos foram discutidos no cap tulo anterior deste trabalho Para Perrenoud um curr culo orientado para o desenvolvimento de compet ncias n o pode operar com procedimentos de avalia o padronizados 227 Deve se desistir da prova cl ssica como paradigma avaliat rio e renunciar organiza o de um exame de compet ncias colocando se todos os concorrentes na mesma linha de largada As compet ncias s o avaliadas verdade mas segundo situa es que fazem com que conforme os casos alguns estejam mais ativos que outros pois nem todo mundo faz a mesma coisa ao mesmo tempo Ao contr rio cada um mostra o que sabe fazer agindo raciocinando em voz alta tomando iniciativas e riscos Isso permite quando necess rio e para fins formativos ou certificativos estabelecer balan os individualizados de compet ncias PERRENOUD 1999a p 78 Coll et al 2000 n o teorizam sobre o papel da educa o no desenvolvimento de compet ncias mas postulam uma classifica o tipol gica de conte dos ou conhecimentos dividindo os em factuais conceituais
217. est o se tornando mais radicais e universais do que antes Assim n o sem raz o que esse per odo recebe varias designa es p s modernidade modernidade tardia per odo p s industrial modernidade l quida dentre outros Na reflex o de Bauman 1999a p 288 A p s modernidade a modernidade que atinge a maioridade a modernidade olhando se a dist ncia e n o de dentro fazendo um invent rio completo de ganhos e perdas psicanalisando se descobrindo as inten es que jamais explicitara descobrindo que elas s o mutuamente incongruentes e se cancelam A p s modernidade a modernidade chegando a um acordo com a sua pr pria impossibilidade uma modernidade que se automonitora que conscientemente descarta o que outrora fazia inconscientemente 140 A compreens o das consequ ncias desse est gio da modernidade deve passar pelo entendimento hist rico sobre como a mec nica do poder e da verdade cooperou e ainda coopera na estrutura o das rela es sociais pois conforme observa Foucault a verdade est circularmente ligada a sistemas de poder e este essencial para o funcionamento da verdade Em sua genealogia do poder e seu papel na defesa da sociedade Foucault 1999 identificou tr s tipos de poder O primeiro o poder soberano representado pela figura do monarca absoluto que tem o poder de dispor sobre a vida e a morte de seus s ditos Nos s culos XVII e XVIII deu se a inven o de uma nova mec nica
218. estudos baseando se na ideia de que todo uso da linguagem produz textos Dentre os fatores que levaram os linguistas a se empenharem para desenvolver gram ticas textuais forma pela qual se designava a Lingu stica Textual est o as lacunas de gram ticas da frase no tratamento de alguns fen menos como a correfer ncia a pronominaliza o a sele o de artigos a rela o t pico coment rio a referencia o a progress o textual a sequencia o e v rios outros que s podem ser estudados levando se em conta os contextos lingu stico e situacional Assim a gram tica textual legitimada pela descontinuidade que opera entre frase e texto diferentemente do que postula Travaglia A Lingu stica Textual surgiu num momento hist rico em que predominavam o estruturalismo e o gerativismo Por isso houve como ocorre com toda abordagem nova uma necessidade de justificar sua inser o do campo dos estudos lingu sticos Dijk apud KOCH amp F VERO 2007 p 18 19 lista os seguintes argumentos 1 existem propriedades gramaticais al m dos limites da senten a por exemplo As rela es sem nticas entre senten as 2 o estudo do discurso permite chegar a generaliza es sobre as propriedades de per odos compostos e de sequ ncias de frases 3 certas propriedades lingu sticas fazem parte de unidades suprao sentenciais por A 25 gt A exemplo fragmentos par grafos de um discurso como tamb m a no o de macroe
219. etalingu stico e constitui o da l ngua nacional Campinas SP Pontes C ceres MT Unemat Editora 2001 p 99 124 MATTOS e SILVA R V Que gram tica ensinar quando e por qu In O portugu s s o dois novas fronteiras velhos problemas S o Paulo Par bola Editorial 2004 p 79 92 MENDON A M An lise lingu stica no ensino m dio um novo olhar um outro objeto In BUNZEN C MENDON A M Orgs Portugu s no ensino m dio e forma o do professor S o Paulo Par bola Editorial 2006 p 199 226 MENDONZA C L Dial tica medieval ou a arte de discutir cientificamente In FRIA A A et al Trivium e Quadrivium as artes liberais na Idade M dia Cotia SP bis 1999 p 115 158 MEURER J L et al Orgs G neros teorias m todos debates S o Paulo Par bola Editorial 2005 MILNER J C Reflex es sobre a refer ncia e a correfer ncia In Cavalcante M M et al Orgs Referencia o S o Paulo Contexto 2003 p 85 130 MIOTO C et al Novo manual de sintaxe Florian polis Insular 2004 MOITA LOPES L P Afinal o que Lingu stica Aplicada In MOITA LOPES L P Oficina de Lingu stica Aplicada Campinas Mercado de Letras p 17 26 1996 254 A transdisciplinaridade poss vel em lingu stica aplicada In SIGNORINI amp CAVALCANTI M Lingu stica Aplicada e transdisciplinaridade quest es e perspectivas Campinas SP Mercado das Letras 1998 p 113 128 Org
220. etivos e n o simplesmente receber uma tarefa do professor como normalmente acontece O aluno precisa se ver como autor e conhecer as caracter sticas dos g neros a serem produzidos bem como os atos de linguagem que podem ser empregados em cada um deles CONCEITOS Os conceitos empregados no processo de produ o de g neros semi tico textuais s o os mesmos elencados como necess rios para o processo de leitura Haver uma 237 diferen a nos g neros do discurso e nos g neros semi tico textuais al m do acr scimo do conceito de suporte Leitura e produ o s o processos individuais mas interdependentes no processo de ensino aprendizagem que colocam o sujeito em diferentes posi es o leitor aquele que negocia sentidos a partir do que foi proposto por um locutor o autor aquele que tenta impor um ponto de vista sobre determinado tema G NEROS DO DISCURSO E G NEROS SEMI TICO TEXTUAIS a Discurso interpessoal circulam no mbito das rela es interpessoais e s o constitu dos por enunciados de outros discursos Atuam na constru o das representa es identit rias Os g neros semi tico textuais selecionados desse discurso s o o blog p ginas pessoais em sites de relacionamento Orkut MySpace Twitter etc o Messenger bate papo b Discurso jornal stico os g neros semi tico textuais selecionados desse discurso s o carta do leitor ensaio cr nica charge artigo de opini o entrevista
221. eto de reformula o do ensino de L ngua Portuguesa como disciplina curricular baseado naquilo que estou chamando de cr tica p s moderna cujas caracter sticas e tarefas ser o delineadas nas p ginas seguintes 4 1 A LA COMO REA DE CONHECIMENTO AUT NOMA O termo LA surge em 1940 Poucos anos depois em 1946 de acordo com Bohn e Vandresen 1988 a LA j figurava no elenco de disciplinas da Universidade de Michigan 122 Em 1948 h a funda o e publica o do primeiro n mero do Journal of Language Learning A Journal of Applied Linguistics respons vel pela divulga o de pesquisas na rea de LA De acordo com Grabe 2002 na d cada de 50 h dois marcos relacionados aos estudos da LA em 1956 a abertura da Escola de Lingu stica Aplicada na Universidade de Edinburgo e em 1959 a cria o do Centro de Lingu stica Aplicada nos Estados Unidos Nessa poca o linguista aplicado poderia ser chamado de aplicador de saberes pois segundo Grabe 2002 o termo LA comumente refletia insights de linguistas com abordagens estruturais e funcionais que poderiam ser diretamente aplicados ao ensino de uma segunda l ngua e da l ngua materna A influ ncia do paradigma estrutural que privilegiava o sincr nico sobre o diacr nico as rela es estruturais internas sobre as externas e adotava uma dicotomia entre o indiv duo e a sociedade afetou a LA nesse momento hist rico Em grande parte do s culo XX o predom nio dessas dist
222. etros Curriculares Nacionais do Ensino M dio o texto tamb m visto como uma materializa o do discurso mas isso n o impede que tenha uma defini o propriamente dita o texto uma unidade lingu stica concreta percept vel pela vis o ou audi o que tomada pelos usu rios da l ngua falante escritor e ouvinte leitor em uma situa o de intera o comunicativa espec fica como uma unidade de sentido e como preenchendo uma fun o comunicativa reconhec vel e reconhecida e 21 independentemente de sua extens o Todas as teorias advogam a mesma concep o Qual o fator decisivo para essa concep o vigorasse Esta a mais adequada para atender aos objetivos do ensino de 2a defini o consta da p gina 77 dos PCN e foi extra da de Koch amp Travaglia 1997 81 L ngua Portuguesa e da educa o Como as diferentes teorias consideram que deve ser o ensino fundamentado no texto Um exemplo de como a defini o adotada nos PCN pode levar a determinados equ vocos pode ser visto na proposta de ensino de gram tica com vistas ao desenvolvimento da compet ncia comunicativa defendida por Travaglia 2007 O autor apresenta um conjunto de frases para serem usadas em exerc cios de transforma o envolvendo a concord ncia verbal e justifica o uso de frases em lugar de textos da seguinte maneira Para os que sentirem dificuldade devido ao fato de se usar o termo texto em rela o a sequ ncias c
223. eu por volta do ano 350 d C A Ars poetica interessava aos gram ticos medievais por tr s motivos i pelos conselhos acerca da metrifica o j que se propunha a entender comentar e interpretar poemas A m trica por isso constitu a parte integrante da Gram tica medieval ii o estudo do metaplasmo ocupava a aten o do gram tico uma vez que por esse fen meno se admitiam certos fatos e desvios que em outras circunst ncias do discurso eram considerados erros contra as regras gramaticais Nos poetas essas infra es eram consideradas licen as po ticas licentia poetarum e portanto admitidas por atender aos rigores da m trica iii por ocupar as figuras de ret rica grande parte da aten o e estudo dos gram ticos englobando as que ainda hoje distinguimos pelas denomina es de figuras de linguagem de palavras tropos de constru o e de pensamento J a obra gramatical de Donato constitu a a base da educa o do jovem romano no dom nio das artes de discurso come ava por aprender de cor antes mesmo de sua Ars minor ou prima pelo m todo das perguntas e respostas destinado expressamente aos infantes ou pueri et tirones mediante as quais se estudavam as oito partes da ora o De partibus orationes com vista corre o do falar ars recte loquendi Tal foi a divulga o dessa primeira obra do gram tico romano que Donato passou na Idade M dia a ser sin nimo de manual prim rio ou elementar Depois s
224. ever vincular se ao mundo do trabalho e pr tica social As situa es de trabalho colocam problemas espec ficos ao exerc cio da linguagem tanto do ponto de vista da coopera o dos locutores quanto das formas de escritura e de leitura Segundo Charaudeau e Maingueneau 2004 p 477 A linguagem representa uma mat ria prima indispens vel para garantir a coopera o entre atores no trabalho para comunicar informar interpretar para prescrever dividir verificar relembrar para argumentar explicar justificar analisar para programar a a o para decidir em grupo para negociar A teoria dos atos de linguagem serviu nas ci ncias sociais que estudam o trabalho para p r em evid ncia e objetivar essas pr ticas linguageiras A no o de coopera o no trabalho opera com os mesmos conceitos compet ncias e habilidades preconizados nos PCNEM o que nos permite determinar uma das principais fun es do ensino de l ngua materna fornecer aos estudantes a mat ria prima indispens vel para garantir a coopera o entre os atores no trabalho A necessidade de atualiza o do Ensino M dio que motivou a reformula o desse n vel de ensino ineg vel O esfor o empreendido pelo MEC traduzido nos PCNEM promove deslocamentos conceituais importantes em compara o com o antigo Ensino M dio Todavia esses deslocamentos se efetuaram prioritariamente conforme tem sido mostrado neste trabalho com uma inten o delibe
225. eviv ncia pol tica Porque a pr pria Igreja Romana constitu a nada mais nada menos do que uma simbiose com as institui es a lei o princ pio mon rquico universalista do antigo Imp rio Romano endossando inclusive o pr prio mito da eternidade de Roma Para os crist os o peso do valor escrito do livro deriva da tradi o judaica fonte inicial da nova religi o e no momento em que S o Paulo internacionaliza e romaniza as mensagens de Cristo faz a op o mais definitiva e duradoura de toda a hist ria do cristianismo e da cultura ocidental O pr prio Cristo nada escrevera Mas pouco a pouco foram surgindo os textos que em princ pio continham seus ensinamentos e relatavam suas fa anhas No entanto para p blicos mais exigentes somente preceitos de a o pareciam n o convencer Gradativamente todo o arsenal de pensamento romano foi ent o acionado em favor do cristianismo O proselitismo demandava t cnicas de orat ria mas tamb m de exegese e sobretudo de coer ncia filos fica O cristianismo passa a ser um interlocutor e muitas vezes um catalisador das ideias e preocupa es intelectuais de um mundo em transforma o imiscuiu se de tal forma com outras correntes que n o raro suas ideias se confundem com o estoicismo e o neoplatonismo O ocidente europeu dos s culos V a XI d C ruralizado com poucos n cleos urbanos significativos com rcio restrito dominado por aristocratas guerreiros e por uma 18
226. fia da l ngua portuguesa hist ria discurso representa es S o Paulo Contexto 2009 p 17 52 CAMARA JR M Estrutura da l ngua portuguesa 36 ed Petr polis RJ 2004 CAMBI F Hist ria da pedagogia Trad lvaro Lorencini S o Paulo Editora da UNESP 1999 CELANI M A A Transdisciplinaridade na lingu stica aplicada no Brasil In SIGNORINI amp CAVALCANTI M C Orgs Lingu stica aplicada e transdisciplinaridade Quest es e Perspectivas Campinas Mercado de Letras 1998 p 129 142 Afinal o que Lingu stica Aplicada In PASCHOAL M S de amp CELANI M A A Orgs Lingu stica Aplicada da aplica o da lingu stica lingu stica transdisciplinar S o Paulo EDUC PUC SP 1992 p 15 23 CEREJA W R MAGALH ES T C Portugu s linguagens S o Paulo Atual 2003 C SAR A CAVALCANTI M C Do singular para o multifacetado o conceito de l ngua como caleidosc pio In CAVALCANTI M C BORTONI RICARDO S M Orgs Transculturalidade linguagem e educa o Campinas SP Mercado de letras 2007 p 45 66 CHARAUDEAU P Grammaire du sens et de l expression Paris Hachette 1992 CHOMSKY N Regras e representa es a intelig ncia humana e seu produto Rio de Janeiro Zahar Editores 1981 COMPAGNON A O dem nio da teoria literatura e senso comum Trad Cleonice Paes Barreto Mour o Consuelo Fortes Santiago Belo Horizonte Editora UFMG 2003 CORACINI M J R F A consc
227. ficadas Por outro lado as diversas disciplinas que estudam essa rela o n o t m sobre ela uma vis o pac fica o que d origem a uma s rie se problemas a Qual a natureza do la o que une linguagem e realidade Como elas se relacionam 158 b Qual a natureza dos signos e como eles cooperam na constitui o de diversos sistemas semi ticos c Qual a natureza da realidade referida ou representada ser algo puramente interno ou subjetivo externo ou objetivo ou constru da de alguma forma pela linguagem Tradicionalmente o estudo do signo sempre foi marcado pelo logocentrismo ou seja tendo a palavra como centro Na teoria da linguagem elaborada pelos estoicos a significa o resultante da combina o de tr s elementos o significado o signo e a coisa que pode ser descrita como uma entidade f sica uma a o um acontecimento O signo por exemplo a palavra o significado o que vem expresso por ela e que n s compreendemos quando dada ao pensamento a coisa o que possui uma exist ncia exterior Para Agostinho a linguagem serve para ensinar ou recordar e tamb m para a fala interior que o pensamento de palavras aderidas mem ria Este processo traz mente as pr prias coisas as palavras s o sinais dessas coisas O conhecimento n o vem das palavras que significam os objetos mas dos pr prios objetos O significado s aprendido ao remeter a algo Dessa maneira o valor da palavra se
228. foi dito pela tradi o da atividade pedag gica romana a tarefa do gram tico se dividia por dois campos distintos n o s se preocupava com as quest es de corre o da l ngua mas tamb m com a interpreta o dos textos po ticos As quest es de corre o envolviam a obedi ncia s regras gramaticais que disciplinam a ordem das palavras os casos de concord ncia verbo e sujeito e os cuidados para fugir dos barbarismos e dos solecismos Essa segunda atividade exercida pelo gram tico aproximava o da atividade e preocupa o do ret rico e as duas disciplinas quase sempre se confundiam na pr tica Nas primeiras escolas romanas o rito era que o gram tico ensinasse as figuras de linguagem mais f ceis e corriqueiras deixando para o 25 ret rico nas classes mais adiantadas o ensino e o coment rio das figuras mais complexas e dos tropos Problema semelhante pode ser verificado principalmente na estrutura o da disciplina L ngua portuguesa das escolas particulares brasileiras que com a determina o dos PCN de se trabalhar o texto como unidade de an lise t m encontrado dificuldades para definir os limites das disciplinas Gram tica e Reda o Segundo Bechara 1999 duas obras representativas da antiga tradi o gramatical entre os romanos exerceram particular influ ncia nos professores medievais da disciplina a Ars poetica de Hor cio escrita entre os anos 23 e 13 a C e o Barbarismus de lio Donato que escrev
229. fornecem pressupostos te rico metodol gicos conceitos e princ pios para a constitui o de qualquer disciplina curricular A situa o fica ainda mais complexa quando se trata de reas de conhecimento que s o subdivididas em v rias disciplinas como a Lingu stica por exemplo Inicialmente seguindo o paradigma cient fico positivista vigente poca a Lingu stica fixou se como uma disciplina aut noma independente No entanto apesar do corte epistemol gico operado a linguagem jamais se prestaria a um estudo isolado das condi es sociais que a constitu a e das quais era constituinte O pr prio Saussure 2004 percebeu tal dificuldade quando afirmou que a linguagem um fen meno social heter clito e multifacetado Assim o que se viu mais adiante foi o abandono da cren a de que era poss vel tratar a linguagem como um objeto cient fico nos moldes propostos para as ci ncias naturais e consequentemente o casamento da Lingu stica com diversas ci ncias sociais como a Sociologia a Psicologia a Psican lise a Filosofia a Antropologia dentre outras Desses entrecruzamentos surgiram novas concep es de linguagem de sujeito novos objetos alguns conceitos foram reformulados outros abandonados o que provocou uma verdadeira revolu o no campo dos estudos da linguagem Diante desse quadro gostaria de propor duas quest es que ser o objetos de discuss o no desenvolvimento deste texto i A revolu o propiciada pelas ci
230. funcionamento dos enunciados A verdade est circularmente ligada a sistemas de poder que a produzem e a apoiam portanto nesse contexto que se produz a significa o A troca e a comunica o ocorrem no interior de sistemas complexos de restri o obedecendo quilo que Foucault denominou ritual O ritual define a qualifica o que devem possuir os indiv duos que falam e que no jogo de um di logo da interroga o da recita o devem ocupar determinada posi o e formular determinado tipo de enunciados define os gestos os comportamentos as circunstancias e todo o conjunto de signos que devem acompanhar o discurso fixa enfim a efic cia suposta ou imposta das palavras seu efeito sobre aqueles aos quais se dirigem os limites de seu valor de coer o FOUCAULT 2004 p 39 5 2 2 Forma es discursivas e g neros textuais Quando falei do discurso como inst ncia onde se produzem as significa es deixei em aberto a discuss o a respeito de como se d esse processo das regras que operam na constitui o e na vig ncia de determinadas concep es a respeito de determinados temas conceitos que figuram nos mais diversos enunciados Quais as diferen as entre esse n vel e os outros descritos nos aspectos semi ticos da linguagem Como se d a rela o entre os discursos e os signos No segundo cap tulo deste trabalho mostrei como a polissemia e a falta de articula o entre esses n veis podem conduzir a equ
231. gem o fato de que os g neros semi tico textuais t m sua estrutura seu estilo e seu conte do tem tico definidos pelos g neros do discurso A orienta o metodol gica que postula o texto como unidade de ensino incorre num equ voco prim rio Por exemplo quando se planejam atividades de leitura e ou produ o textual a partir de um determinado g nero textual o que se explora sua estrutura composicional e negligencia se o fato de que um mesmo g nero pode explorar temas diferentes e em consequ ncia disso apresentar estilos diferentes Isso pode conduzir a fracassos no processo de ensino aprendizagem porque muito prov vel que o professor no processo de avalia o da aprendizagem repita o mesmo g nero que utilizou nas aulas mas com temas e estilos diferentes Diante disso o aluno que estudou exaustivamente a estrutura do g nero mostra se incapaz de lidar com os temas e os estilos apresentados nos textos Desse modo proponho que a unidade metodol gica de entrada seja feita primeiramente por meio dos temas e a seguir pelo g nero semi tico textual Isso imp e a necessidade de uma sele o de temas visto que n o poss vel abordar a totalidade dos temas que circulam socialmente na escola Para isso deve se levar em conta os objetivos educacionais Para manter a coer ncia com a perspectiva de educa o aqui defendida proponho os seguintes temas educa o pol tica sociedade cidadania economia 233 global
232. gnificando apenas pela qualidade da semelhan a O cone n o a imagem externa propriamente dita a imagem mental imita o dos objetos Um signo um cone quando se refere ao objeto pelos caracteres do pr prio signo quer o objeto exista ou n o O s mbolo um signo que se refere ao objeto que denota devido a uma esp cie de regra de leitura a uma associa o de ideias que o leva a ser interpretado como referindo a determinado objeto O s mbolo se constitui como signo por ser usado e compreendido 161 como tal por h bito ou conven o Como vimos Saussure rejeitou a designa o de s mbolo para o signo lingu stico alegando que aquele tem a prerrogativa de nunca ser arbitr rio ao contr rio deste Na semi tica de Peirce o s mbolo aparece como um signo genu no pois depende de um interpretante para ser compreendido As considera es de Saussure restringem se ao signo lingu stico n o podem ser estendidas linguagem em sentido lato As teorias de Peirce n o obstante seu projeto de classificar a semi tica como um ramo da l gica ou como a pr pria l gica dos signos fornece importantes construtos que possibilitam uma ruptura com a abordagem logoc ntrica da linguagem Em se tratando de ensino de linguagem isso bastante promissor j que abre espa o para o estudo de m ltiplas semioses 5 1 2 O signo lingu stico e seus n veis 5 1 2 1 N vel fonogr fico um dos n veis da constitui o material
233. gu stica de hip teses sobre o que seja o que seja a linguagem e de seus princ pios e regras a gram tica uma pr xis ou se desenvolve na pr xis por um processo de balizamento das possibilidades e virtualidades da manifesta o verbal feitas ou aceitas pela comunidade lingu stica de que o falante participa Diante dessas constata es retoma se a quest o por que ensinar a gram tica not rio que o uso da l ngua linguagem em situa es reais de intera o social acompanhado de uma gama de fatores muito complexos que jamais poder o ser reduzidos ao quadro de fatos recobertos por qualquer abordagem gramatical seja ela internalizada descritiva ou normativa Todos concordam que o ensino de gram tica n o traz contribui es significativas para a forma o de bons leitores e bons escritores tarefa fundamental a ser realizada pela escola Chomsky salienta que 19 em princ pio poss vel uma pessoa ter uma compet ncia gramatical completa e n o ter nenhuma compet ncia pragm tica e consequentemente nenhuma capacidade de usar uma l ngua de modo apropriado embora possua uma sintaxe e uma sem ntica intactas CHOMSKY 1981 p 53 Reconhecendo as limita es do sistema gramatical para uma compreens o mais abrangente do conhecimento lingu stico Chomsky 1981 p 74 conclui que Uma explica o mais completa do conhecimento lingu stico ter de levar em conta as intera es da gram tica com outro
234. guesa ao estatuto de disciplina curricular at a estrutura o do ensino de linguagem nos PCNEM Nesse percurso analisa se como se d a constru o dos objetos de ensino as perspectivas metodol gicas e como esses processos s o submetidos aos objetivos da educa o No quadro de uma proposta de educa o que questiona o paradigma cient fico da modernidade e os crit rios utilizados para a sele o dos conte dos curriculares o conhecimento da hist ria contribui para uma reavalia o das raz es que determinaram a exclus o de alguns conceitos e a inclus o de outros de modo que se possa considerar a possibilidade de resgat los no presente al m permitir uma avalia o cr tica acerca de como se definem os objetivos da educa o No cap tulo O ensino na agenda da Lingu stica analisa se o impacto da abordagem cient fica na estrutura o do curr culo e no ensino de linguagem Conceitos como gram tica texto e discurso s o submetidos a um confronto entre diferentes perspectivas te ricas caracterizadas pela metodologia do isolamento do objeto e por seu estudo em condi es ideais de observa o Esse processo contrasta com as condi es reais de funcionamento da linguagem e aponta para a necessidade de avaliar a pertin ncia dos construtos te ricos da Lingu stica na pr tica social O cap tulo termina com uma discuss o sobre a relev ncia social da Lingu stica Em Lingu stica Aplicada e ensino a LA submetida a um proce
235. gumenta o exposi o descri o injun o Usamos a express o g nero textual como uma no o propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida di ria e que apresentam caracter sticas s cio comunicativas definidas por conte dos propriedades funcionais estilo e composi o caracter sticos Se os tipos textuais s o apenas meia d zia os g neros s o in meros Usamos a express o dom nio discursivo para designar uma esfera ou inst ncia de produ o discursiva Esses dom nios n o s o textos nem discursos mas propiciam o surgimento de discursos bastante espec ficos Do ponto de vista dos dom nios falamos em discurso jur dico discurso jornal stico discurso religioso 93 etc j que as atividades jur dica jornal stica ou religiosa n o abrangem um g nero em particular mas d o origem a v rios deles Constituem pr ticas discursivas dentro das quais poderemos identificar um conjunto de g neros textuais que s vezes lhe s o pr prios em certos casos exclusivos como pr ticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas Dessa forma conclui se que a defini o dada aos termos aqui utilizados muito mais operacional do que formal Assim para a no o de tipo textual predomina a identifica o de sequ ncias lingu sticas t picas como norteadoras para a no o de g nero textual predominam os crit rios de a o pr tica circula o s cio hist r
236. heres jovens e adultos para distribuir celulares de ultima gera o para que os pr prios ind genas publiquem mat rias no portal www indiosonline org br a Com esta segunda CHAMADA estar se selecionando mais 30 indigenas tendo em considera o o perfil e o compromisso do indigena para com o projeto e para com a causa ind gena Podem se escrever tanto os ind genas que n o foram contemplados na primeira chamada bem como novos indigenas Para inscrever se s mandar um e mail para celulares indigenas googlegroups com colocando no campo do assunto o nome do candidato e sua etnia No corpo do email o candidato deve se apresentar com detalhes e relatar como pretende usar o celular QUEM ENVIAR SUA CANDIDATURA ESTAR CONCORDANDO COM v omea Somos p po Oquefazemos 1 Onde Estamos Contato gadastre se gy volunt rios are ro Conclu do O internet far Rio Outro exemplo de novas possibilidades interacionais criadas pela linguagem digital vem do discurso jornal stico Tradicionalmente as revistas possuem um canal de comunica o com o leitor que escreve para a edi o comentando as mat rias Essas correspond ncias que deveriam versar sobre conte dos da ltima edi o e que antes eram constitu das de cartas f sicas passaram a ser substitu das por e mails que hoje representam praticamente a totalidade dos contatos A partir de um per odo recente alguns ve culos utilizando se da linguagem digital t m aberto um espa o pa
237. i o 4 exemplos de g neros telefonema serm o carta comercial carta pessoal romance bilhete aula Ea ads 2 29 Z expositiva reuni o de condom nio hor scopo 29 ms a E yoy E ca Diferentemente do autor consideramos a reuni o do condom nio como uma atividade humana e n o como um g nero textual Dessa atividade podem decorrer v rios g neros como of cios solicita es planilhas de despesa e receitas comunicados etc 94 receita culin ria bula de rem dio lista de compras card pio instru es de uso outdoor inqu rito policial resenha edital de concurso piada conversa o espont nea conferencia carta eletr nica bate papo virtual aulas virtuais etc Marcuschi adverte ainda que a express o tipo textual ou tipologia textual muito usada nos livros did ticos e no nosso dia a dia equivocadamente empregada por n o designar um tipo e sim um g nero textual Quando algu m diz por exemplo a carta pessoal um tipo de texto informal ele n o est empregando o termo tipo de texto de maneira correta e deveria evitar essa forma de falar Uma carta pessoal que voc escreve para sua m e um g nero textual assim como um editorial hor scopo receita m dica evidente que em todos estes g neros tamb m se est realizando tipos textuais podendo ocorrer que o mesmo g nero realize dois ou mais tipos Assim um texto em geral tipologicamente va
238. i o p s moderna n o produziu maior liberdade individual n o no sentido de maior influ ncia na composi o da agenda de op es ou de maior capacidade de negociar o c digo da escolha Apenas transformou o indiv duo de cidad o pol tico em consumidor de mercado Esse papel se revela nos discursos oficiais que regulamentam a educa o principalmente quando se declara o objetivo prec puo de forma o para o trabalho Considerando que no contexto atual o trabalho o nico meio de garantir a dignidade que s o consumo pode proporcionar n o dif cil perceber a influ ncia do poder de mercado na defini o dos objetivos educacionais e portanto no curr culo A educa o pol tica n o rejeita a forma o para o trabalho mas entende que as pol ticas que determinam as rela es de trabalho devem ser debatidas coletivamente da mesma forma que todos os aspectos da vida em sociedade Nesse sentido faz se necess ria uma nova ruptura se tal a condi o do Estado em rela o ao poder de mercado segue se que a nica possibilidade de constru o da autonomia pol tica est na separa o entre curr culo e Estado j que este fracassou em sua miss o de garantir a liberdade social Por outro lado desregulamentar a educa o n o significa aderir anarquia pois n o creio que seja poss vel vivermos sem a exist ncia do poder Nas palavras de Bauman 2000 p 79 Desregulamentar significa diminuir o papel regulad
239. i logos ou conversas em romances contos f bulas poemas e outros g neros textuais fez com que Adam equivocadamente propusesse a categoria das sequ ncias dialogais Ele ignorou outro fato importante determinados g neros podem participar da constitui o de outros De acordo com Bakhtin estes s o os g neros complexos H outros que s o incorporados por estes e a se transformam adquirindo um car ter especial Perdem o v nculo imediato com a realidade concreta e os enunciados reais alheios por exemplo a r plica do di logo cotidiano ou da carta no romance ao manterem a sua forma e o significado cotidiano apenas no plano do conte do romanesco integram a realidade concreta apenas atrav s do conjunto do romance ou seja como acontecimento art stico liter rio e n o da vida cotidiana No seu conjunto o romance um enunciado como a r plica do di logo cotidiano ou uma carta privada ele tem a mesma natureza dessas duas mas diferen a deles um enunciado secund rio complexo BAKHTIN 2003 p 263 264 197 A an lise que fiz das sequ ncias ou tipos textuais demonstra sua fragilidade e exp e suas limita es no tocante descri o das opera es que se desenvolvem no interior dos textos opera es essas que os constituem como formula es individuais e ao mesmo tempo como atos intencionais portanto interacionais Uma an lise estrutural da materialidade lingu stica do texto jamais permitir tal persp
240. i ncia cr tica nos discursos sobre e da sala de aula In CORACINI M J amp BERTOLDO E S Orgs O desejo da teoria e a conting ncia da pr tica discursos sobre e na sala de aula Campinas SP Mercado das letras 2003 p 271 289 CORBEIL J C Elementos de uma teoria da regula o lingu stica Trad Marcos Bagno In BAGNO M Org Norma lingu stica S o Paulo Edi es Loyola 2001 p 175 201 CORREIA D A Org A relev ncia social da lingu stica linguagem teoria e ensino S o Paulo Par bola Editorial Ponta Grossa PR UEPG 2007 CUNHA C A quest o da norma culta brasileira Rio e Janeiro Tempo Brasileiro 1985 DEACON R PARKER B Educa o como sujei o e como recusa In SILVA T T da Org O sujeito da educa o 5 ed Petr polis RJ Vozes 2002 250 DIJK T A van Discurso e poder Trad Judith Hoffnagel amp Karina Falcone S o Paulo Contexto 2008 DOMINGUES Em busca do m todo In Org Conhecimento e transdisciplinaridade Il aspectos metodol gicos Belo Horizonte Editora UFMG 2005 p 17 40 ECO U Tratado geral de semi tica Trad Ant nio de P dua Danesi Gilson Cesar Cardoso de Souza S o Paulo Perspectiva 2007 FARACO C A Norma padr o brasileira desembara ando alguns n s In BAGNO Marcos Lingu stica da norma S o Paulo Edi es Loiola 2002 p 37 62 Portugu s l ngua e cultura Curitiba Base Editora v nico 2003 Por
241. ia por exemplo pode qualquer uma das sequ ncias ou v rias delas ao mesmo tempo e mesmo assim continuariam a ser classificados como textos narrativos Discutir essas quest es se torna ainda mais relevante quando se pensa nos impactos que elas podem causar no ensino de l ngua linguagem As an lises de Rojo 2005 2008 sobre as implica es da transforma o do g nero em objeto de estudo levaram na a formular as seguintes quest es i que articula es e aprecia es de valor t m sido constru das em torno do conceito de g nero de discurso texto quando proposto como objeto de ensino de l ngua ii do ponto de vista te rico embora as diferentes teorias sejam igualmente v lidas ser totalmente indiferente trabalhar a partir das teorias de g nero de texto discurso Se a resposta for negativa quais as diferen as Que objetos diversos se constituem a Um olhar apressado sobre essas quest es pode dar a falsa impress o de que elas n o trazem maiores implica es para o ensino No entanto o que se pode verificar que subjacente a esses questionamentos encontra se uma distin o entre texto e discurso conceitos que longe de estarem resolvidos no campo te rico j se tornaram objetos de ensino Por conta dessa flutua o te rica evidente que essas no es ser o objetos de 96 muitas controv rsias que inevitavelmente v o desembocar em discuss es sobre o ensino de l ngua Rojo 2005 considera pertinente
242. ica funcionalidade conte do tem tico estilo e composicionalidade sendo que os dom nios discursivos s o as grandes esferas da atividade humana em que os textos circulam Importante perceber que os g neros n o s o entidades formais mas sim entidades comunicativas G neros s o formas de a o social relativamente est veis realizadas em textos situados em comunidades de pr ticas sociais e em dom nios discursivos espec ficos MARCUSCHI 2002 p 24 5 Para tornar mais vis vel as diferen as entre g neros e tipos textuais o autor prop e o seguinte quadro sin ptico p 23 TIPOS TEXTUAIS 1 construtos te ricos definidos por propriedades lingu sticas intr nsecas G NEROS TEXTUAIS 1 realiza es lingu sticas concretas definidas por propriedades s cio comunicativas 2 constituem sequ ncias lingu sticas ou sequ ncias de enunciados no interior dos g neros e n o s o textos emp ricos 2 constituem textos empiricamente realizados cumprindo fun es em situa es comunicativas 3 sua nomea o abrange um conjunto limitado de categorias te ricas determinadas por aspectos lexicais sint ticos rela es l gicas tempo verbal 3 sua nomea o abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designa es concretas determinadas pelo canal estilo conte do composi o e fun o 4 designa o te rica dos tipos narra o descri o argumenta o injun o e expos
243. ica capaz de orientar a formula o dos curr culos nessa dire o algo que envolve o recorte adequado dos conte dos circunscritos nas reas do conhecimento que fornecer o os objetos que atuar o na constitui o das disciplinas al m de um amplo processo de adequa o desses objetos ao tratamento pedag gico considerando a articula o entre a produ o te rica e os objetivos da educa o Ao longo da hist ria esse tem sido o maior desafio das propostas de ensino de linguagem Mesmo quando se 208 reconhece o papel da linguagem na constru o das representa es e na constitui o do sujeito o seu estudo na escola ainda se restringe aos aspectos estruturais Para tentar resolver esse problema o MEC postula que o novo Ensino M dio deve ser balizado por tr s princ pios metodol gicos i a contextualiza o por meio da qual buscar se atribuir significado ao conhecimento escolar ii a interdisciplinaridade estrat gia que dever ser usada para evitar a compartimentaliza o dos conte dos iii a aplica o de atividades que incentivem o racioc nio e a capacidade de aprender Diante disso dever amos esperar que os par metros estruturadores das disciplinas seguissem esses princ pios Na leitura que faz dos documentos oficiais que estruturam o ensino de linguagem no Ensino M dio Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino M dio PCNEM Linguagens C digos e suas Tecnologias PCNEM L ngua Portuguesa Rojo
244. ico nas pesquisas e propostas referentes ao ensino de linguagem na p s modernidade A se o anterior terminou com uma apresenta o daquilo que deve ser a tarefa da cr tica p s moderna lutar pela constru o de uma sociedade aut noma De acordo com Cornelius Castoriadis o que est errado com a sociedade em que vivemos que ela parou de se questionar um tipo de sociedade que n o reconhece mais qualquer alternativa para si mesma e assim sente se absolvida do dever de examinar demonstrar justificar e muito menos provar a validade deu suas suposi es francas e t citas Bauman 2008a acrescenta que n s at estamos dispostos a criticar quando se trata de defender nossos pr prios interesses A tarefa da cr tica p s moderna atuar em torno dos regimes de verdade e do papel que eles desempenham no exerc cio do poder n o com o objetivo prec puo de mudar a consci ncia das pessoas objetivo da cr tica emancipat ria mas o regime pol tico 151 econ mico e institucional de produ o da verdade Para isso a genealogia fundamental Num primeiro momento por m esclarece Foucault faz se necess rio o uso da arqueologia m todo de an lise das discursividades locais depois vem a genealogia a t tica que utilizando a erudi o faz intervir a partir da triangula o entre saberes locais saberes eruditos e regimes de verdade os saberes assujeitados Dessa forma torna se poss vel o entendimento hist rico a orig
245. ientiza o pode levar emancipa o Uma pedagogia p s cr tica concentra se numa no o de p s modernismo eticamente engajado que pode nos ajudar a nos afastar de um tipo de essencialismo que tem obstru do as art rias da LA com a insist ncia desajustada em identidades culturais e de g neros Essa posi o parece oferecer mais possibilidades para o engajamento com a diferen a pelas vis es de identidade e subjetividade e identidade como m ltiplas e contradit rias 148 Arrisco me a dizer que o problema maior da LA n o reside nas quest es relativas demarca o de seus contornos mas naquilo que deve ser a grande preocupa o das ci ncias humanas na contemporaneidade a sua relev ncia social Nas pondera es de Santos 1989 p 48 a cr tica ser por sua vez ilus ria se for s isso cr tica se n o se souber plasmar no processo de transforma o da realidade e a tal ponto que este se transforme no seu crit rio de verdade Penso que por isso que a LA est sempre s voltas com sua ontologia Uma ci ncia social deve se definir a partir de suas pretens es de interven o pol tica na sociedade Com base nessas pretens es que devem ser definidos os seus pressupostos te rico metodol gicos A LA n o surgiu como uma disciplina que tinha pretens es de realizar interven es pol ticas No af de livrar se da posi o subalterna de aplicadora de teorias lingu sticas foi se tornando cad
246. ificados anti ticos que desrespeitam a diferen a 222 No entanto h pelo menos dois riscos que podem decorrer do uso ing nuo da no o de contextualiza o O primeiro refere se possibilidade bastante comum de se conceber o contexto como uma esp cie de inv lucro natural tanto da utiliza o da linguagem como da aprendizagem Isso acontece quando o foco do estudo de linguagem recai sobre aquilo que Rojo designou como fatores de contextualiza o Essa autora por exemplo defende que esse vi s de estudo viabiliza a aprendizagem de tomar decis es ticas a problematiza o do discurso hegem nico da globaliza o e os significados anti ticos que desrespeitam a diferen a O problema dessa teoriza o que ela pressup e uma rela o direta entre compreens o contextual e desencadeamento de a es O segundo risco consequ ncia do primeiro est relacionado com a possibilidade de que seja negligenciado o fato de que o pr prio contexto uma constru o sociodiscursiva que se configura de acordo com as regras enunciativas definidas pelos rituais discursivos estabelecidos pelas diversas inst ncias de exerc cio do poder Assim acontece com o conceito de contextualiza o o mesmo que ocorre com o de multiculturalismo Trata se de uma no o como muito potencial operacional mas para ter suas potencialidades postas a servi o do ensino deve estar subordinada a uma concep o de educa o Portanto n o basta postular para
247. in es principalmente no modo de pensar a linguagem e a aquisi o de l ngua resultou na desvincula o dos estudos do linguista aplicado das quest es hist ricas sociais culturais ou pol ticas pois segundo Grabe 2002 a dicotomiza o entre o indiv duo com o que o cerca deixou de reconhecer que as rela es de poder eram advindas tanto da cultura quanto da forma de ensino aprendizagem por exemplo Essa vis o da LA deixava de lado a concep o de linguagem na qual a l ngua um sistema de significa o de ideias que desempenha um papel central no modo como o homem concebe o mundo e a si mesmo Procurando ampliar seus estudos os linguistas aplicados uniram se na d cada de 60 para estabelecer novos polos de estudo da LA Em 1964 houve a funda o da Associa o Internacional de Lingu stica Aplicada AILA Em 1966 da Associa o Brit nica de Lingu stica Aplicada BAAL e em 1967 do TESOL Quartely No Brasil nesse per odo ocorreu no dia primeiro de mar o de 1966 a primeira institucionaliza o da Lingu stica Aplicada com o estabelecimento do Centro de Lingu stica Aplicada Y sigi em S o Paulo por recomenda o do Programa Interamericano de Lingu stica y Ensen nza de Idiomas Nessa poca o termo LA continuava a ser associado aplica o dos insights dos linguistas ao ensino de l nguas e a assuntos pr ticos sobre l nguas No entanto nesse mesmo per odo o linguista aplicado envolveu se em assuntos re
248. inada interpreta o diretamente ligada ao prop sito da produ o do texto O leitor ouvinte que a partir do modo como o texto se encontra linguisticamente constru do das sinaliza es que lhe oferece bem como pela mobiliza o do contexto relevante interpreta o vai proceder constru o dos sentidos Essa descri o de como se d a leitura faz parecer que o texto um objeto neutro que desde a sua concep o tinha como objetivo a plurissignific ncia 87 A posi o da autora opera uma fus o entre o previsto o planejamento do locutor e o poss vel as flutua es de sentido no trato da rela o entre autor locutor texto e leitor ouvinte Todavia n o se pode conceber que as diversas possibilidades de constru o de sentidos j fa am parte do projeto do locutor Todo seu esfor o no processo de textualiza o consiste justamente em demonstrar que a posi o por ele assumida a mais ou a nica plaus vel At a pode se dizer que mesmo considerando a atua o virtual do leitor pretendido o autor locutor tem total controle sobre o sentido O nico momento em que esse controle amea ado quando o texto produto do autor locutor devolvido condi o de processo em raz o de estar submetido a o do leitor ouvinte Na realidade subjacente descri o de Koch encontra se um problema relacionado sua concep o de l ngua que por conseguinte se estende para sua defini o de
249. ine simplesmente o que se pretende que o estudante aprenda mas sobretudo o tipo de sujeito que se pretende formar Os PCNEM portanto ser o compreendidos aqui como documentos de identidade como um discurso que engendra discursos Discursos estes que lhe podem confirmar justificar refutar alterar ou contradizer os postulados 2 3 1 A formata o da l ngua nos PCNEM A primeira parte dos PCNEM intitulada Bases Legais BRASIL 2000a discorre sobre o papel da educa o na sociedade tecnol gica p 11 14 De tudo que se diz l interessa nos aqui a asser o de que o desenvolvimento das compet ncias cognitivas culturais exigidas para o pleno desenvolvimento humano passa a coincidir com o que se espera na esfera da produ o p 11 Na mesma p gina um pouco abaixo est escrito De que compet ncias se est falando Da capacidade de abstra o do desenvolvimento do pensamento sist mico ao contr rio da compreens o parcial e fragmentada dos fen menos da criatividade da curiosidade da capacidade de pensar m ltiplas alternativas para a solu o de um problema ou seja do desenvolvimento do pensamento divergente da capacidade de trabalhar em equipe da disposi o para procurar e aceitar cr ticas da disposi o para o risco do desenvolvimento do pensamento cr tico do saber comunicar se da capacidade de buscar conhecimento Estas s o compet ncias que devem estar presentes na esfera social cultural nas a
250. instituir um novo mais adequado ao paradigma cient fico vigente O que se diz sobre as incoer ncias na defini o de sujeito tamb m pode ser aplicado a todas as classes gramaticais o que pode ser facilmente verificado em trabalhos como os de Perini 1996 Bagno 2001 2002 Neves 2004 Mattos e Silva 2004 dentre outros Apesar disso a pesquisa e o ensino de linguagem n o conseguem prescindir das tradicionais partes do discurso Alguns poder o alegar que a redefini o das propriedades formais e ou funcionais dos conceitos tradicionais mesmo sem a mudan a do nome da classe j caracterizaria um abandono da antiga no o Isso evidentemente tem um peso argumentativo e at funciona como uma resposta para o enfoque dito cient fico Mas na pr tica outros problemas surgir o decorrentes da polissemia que acompanhar os conceitos redefinidos Ou seja como todas as defini es v o coexistir essa pluralidade vai mais atrapalhar que ajudar nas atividades de estudo e ensino da l ngua linguagem A talvez resida o grande entrave para uma verdadeira revolu o nos estudos da linguagem a n o supera o dos postulados comprovadamente equivocados da gram tica 15 tradicional em favor de novos mais condizentes com o atual est gio de desenvolvimento das ci ncias da linguagem e capaz de subsidiar uma nova pr tica de ensino Essa posi o coaduna se com as ideias de Kuhn 2007 p 32 para quem a transi o sucessiva
251. inten es o espa o o tempo e Quando se considera a pluralidade de discursos proporcionados por essas variedades nas modalidades oral e escrita torna se pertinente o questionamento de r tulos como certo e errado e Cabe escola propiciar que o aluno participe de diversas situa es de discurso na fala ou na escrita para que tenha oportunidade de avaliar a adequa o das variedades lingu sticas s circunst ncias comunicativas Compet ncia textual A compet ncia textual est relacionada com a capacidade de produzir textos tanto orais como escritos Opera principalmente com os conceitos de texto coes o e coer ncia formulados pela Lingu stica Textual visando produ o de g neros textuais Os PCN adotam a perspectiva de texto formulada por Koch 1992 o texto uma unidade lingu stica concreta percept vel pela vis o ou audi o que tomada pelos usu rios da l ngua falante escritor e ouvinte leitor em uma situa o de intera o comunicativa espec fica como uma unidade de sentido e como preenchendo uma fun o comunicativa reconhec vel e reconhecida independentemente de sua extens o Mas fazem uma ressalva quanto modalidade que ser privilegiada no ensino Ainda que a no o de texto verbal incorpore a ideia de que ao falarmos tamb m produzimos textos vamos centrar nossa aten o especialmente no texto escrito que ser tomado tamb m ao longo do ensino m dio como
252. interacionais Adverti ainda que tal apropria o n o poderia se dar de modo ing nuo Vimos que Searle criticou a confus o entre atos e verbos ilocut rios por parte de Austin a superposi o de categorias al m da classifica o dos atos ilocucion rios No entanto uma quest o n o mencionada por nenhum deles refere se extens o do ato de fala Ambos restringiram se ao n vel da senten a ou da proposi o Acredito que isso tenha levado Adam a afirmar que a teoria dos atos de fala n o oferece suporte para a descri o das sequ ncias textuais Por outro lado alguns pesquisadores como van Dijk postularam a no o de macroato para possibilitar a descri o de unidades pragm ticas de dimens o superior frase constitu das pela integra o progressiva de microatos Note se que essa posi o contraria a tese de Adam segundo a qual as sequ ncias seriam macroa es j que elas ocorrem n o de maneira aut noma mas como unidades constituintes dos textos seriam portanto microatos No quadro de uma perspectiva interacionista de estudo da linguagem Kerbrat Orecchioni 2005 questiona as propostas de classifica o dos atos de fala por considerar que as situa es reais de interlocu o apresentam muitos aspectos que escapam ao esquema comunicativo que est na base das propostas de classifica o Nelas um falante se dirige a um destinat rio e nesse circuito que os atos se desenvolvem Na interlocu o real 204
253. io do texto liter rio em oposi o ao documento hist rico o seu poder de escapar de seu contexto de origem de continuar a ser lido depois dele De fato as obras de arte transcendem a inten o primeira de seus autores e querem dizer algo novo a cada poca Dessa forma a significa o de uma obra n o poderia ser determinada nem controlada pela inten o do autor ou pelo seu contexto de origem 185 uma vez que muitas obras do passado continuam a despertar interesse e a possuir valor no presente Essas ideias constituem um forte fundamento para as teses antiintencionalistas No entanto como adverte Compagnon o equ voco dos antiintencionalistas reside na identifica o que fazem entre sentido e significa o O texto tem um sentido original o que ele quer dizer para um interpretante contempor neo mas tamb m sentidos ulteriores e anacr nicos o que ele quer dizer para sucessivos interpretes ele tem uma significa o original ao relacionar seu sentido original com valores contempor neos tamb m significa es ulteriores relacionando a todo momento seu sentido anacr nico com valores atuais O sentido ulterior pode identificar se com o sentido original mas nada impede que dele se afaste o que tamb m ocorre com a significa o ulterior e significa o original Quanto inten o do autor esta n o se reduz ao sentido original mas compreende a significa o original por exemplo o texto ir nico t
254. ional Com base na exposi o de Hall podemos identificar o multiculturalismo pluralista como perspectiva privilegiada nos discursos sobre a diversidade cultural tanto nos discursos oficiais acerca da educa o como nos discursos acad micos que prop em reformas educacionais a que a distin o defendida por Hall se torna relevante a exist ncia de sociedades multiculturais n o determina por si s a perspectiva de multiculturalismo que deve ser adotada no tratamento das diferen as At porque todas as formas de multiculturalismo s o contest veis Por exemplo alguns liberais afirmam que ao defender a ideia dos direitos de grupos o multiculturalismo se op e ao sonho de uma na o e cidadania constru das a partir de das culturas de povos diversos algumas vers es p s modernas que tratam o sujeito como algo inteiramente contingente e desimpedido se op em radicalmente ao multiculturalismo em que os sujeitos se encontram mais localizados outros apontam o multiculturalismo comercializado e consumista que celebra a diferen a sem fazer diferen a HALL 2003 De acordo com Y dice 2006 as tend ncias art sticas como o multiculturalismo que enfatizam a justi a social talvez compreendida como uma representa o visual equitativa nas esferas p blicas e as iniciativas para promover a utilidade sociopol tica e a econ mica foram fundidas naquilo que o autor denomina economia cultural A cultura cada vez mais invocada como
255. ios interligados que caracterizam o diz vel o universo intertextual e os dispositivos estil sticos acess veis enuncia o dos diversos discursos BRASIL 2000b p 23 Os dispositivos estil sticos por sua vez dar o origem a outra compet ncia a estil stica a capacidade de o sujeito escolher dentre os recursos expressivos da l ngua os que mais conv m s condi es de produ o destina o finalidades e objetivos do texto e ao g nero e suporte Pergunta se o texto unidade suficiente para o estudo de todos os n veis da l ngua Para se estudar os dispositivos estil sticos necess rio sempre recorrer ao texto em sua totalidade Ou seja n o h fatos lingu sticos tamb m indispens veis para o desenvolvimento da compet ncia discursiva que podem ser estudados independentemente de suas articula es com o texto Propondo essas quest es o que nos interessa pensar se o que est no centro da discuss o sobre o ensino de l ngua linguagem a defini o da unidade ou os objetivos do ensino de l ngua Um exemplo que atesta a pertin ncia dessas quest es pode ser visto nas teoriza es de Charaudeau 1992 sobre o signo lingu stico Para ele o signo est no centro de uma tr plice conceptualiza o que transcrevemos abaixo 2 TRAVAGLIA op cit p 45 4 BRASIL 2000b loc cit 83 a A conceptualiza o referencial resulta da atividade de linguagem que considera a realidad
256. ire for a no s culo XII com Santo Anselmo e a prolifera o dos estudos gramaticais Apesar disso uma poca em que a Gram tica come a a ser influenciada pela Dial tica no per odo antecedente ao dos modistas A reforma da Gram tica sobretudo entre os antidial ticos teve por finalidade seu uso em Filosofia e em Teologia mas n o p de evitar sua logiciza o principalmente no s culo seguinte O autor acrescenta que no s culo XIII retorna se a essa linha com Roger Bacon que assume a tradi o das ci ncias sermocinales com suas propostas de gram ticas especulativas Bacon postula que toda linguagem tem dois tipos de problemas os pr prios e os comuns Para resolver esses ltimos requer se uma gram tica universal A segunda gera o de gram ticos especulativos com muita proximidade com os l gicos constitu da pelos modistas escol sticos dos s culos XIII e XIV que se concentram nos modos de significar e que retomando algumas ideias de Prisciano prop em uma nova t cnica e terminologia que constitui a metalinguagem Trabalham especialmente alguns conceitos pr ximos aos l gicos como signum dictum pars orationis etc A hist ria da Dial tica medieval est ligada a um grupo de nomes e a duas circunst ncias as vicissitudes do Organon aristot lico e as disputas com os gram ticos Em rela o ao primeiro a difus o desses escritos sua amplitude e completude que assinalam os marcos do desenvolvime
257. is s o historicamente condicionados e culturalmente determinados as ci ncias sociais n o podem produzir previs es fi veis porque os seres humanos modificam o seu comportamento em fun o do conhecimento que sobre ele se adquire os fen menos s o de natureza subjetiva e como tal n o se deixam captar pela objetividade do comportamento as ci ncias sociais n o s o objetivas porque o cientista social n o pode libertar se no ato de observa o dos valores que informam a sua pr tica em geral e portanto tamb m a sua pr tica de cientista Logo a cr tica p s moderna deve descartar a no o de objeto e devolver s ci ncias humanas o sujeito hol stico destituir o objeto delimitado e instituir o fen meno com toda fluidez que lhe inerente A nfase no objeto conduziu os trabalhos sobre o ensino de linguagem em LA a uma situa o ainda mais grave que a apresentada na abordagem cartesiana Nesta um todo complexo subdividido em partes menores que devidamente exploradas tornariam poss vel a compreens o da totalidade A asser o o todo a soma de suas partes resume bem a metodologia cartesiana Em LA as partes s o estudadas sem nenhuma preocupa o com o todo porque a bem dizer esse todo n o existe A LA em decorr ncia de sua orienta o problematizante n o tem um Projeto de interven o social para a rejestrutura o do ensino de linguagem comum ver trabalhos de linguistas aplicados que se preocupa
258. isciplinares Domingues 2005 apresenta as seguintes caracter sticas das experi ncias transdisciplinares i aproxima o de diferentes disciplinas e reas de conhecimento ii compartilhamento de metodologias unificadoras constru das mediante a articula o de m todos oriundos de v rias reas de conhecimento ocupa o de zonas de indefini o e dos dom nios de ignor ncia de diferentes reas de conhecimento a ocupa o poder gerar novas disciplinas ou permanecer como zonas livres circulando se entre os interst cios disciplinares de tal forma que a transdisciplinaridade ficar com o movimento o indefinido e o inconcluso do conhecimento e das pesquisa 153 Para Domingues n o h ainda exemplos consolidados de pesquisas transdiciplinares segundo ele ela representa ainda uma utopia Para Moita Lopes 1998 uma vez que a transdisciplinaridade consiste num modo de investiga o que envolve uma forma de investiga o que corta v rias disciplinas n o se pode fazer LA transdisciplinarmente Para ele pode se contudo como linguista aplicado atuar em grupos de pesquisa de natureza transdisciplinar que est o estudando um problema em um contexto de aplica o espec fico para cuja compreens o as intravis es do linguista aplicado possam ser teis 1998 p 122 Contudo se pensarmos a complexidade que envolve as pol ticas de ensino de linguagem e a constru o do curr culo seremos for ados a concordar que tanto
259. istem mas isso n o se d de maneira harm nica A consequ ncia n o poderia ser pior al m de n o viabilizarem uma transforma o efetiva na pr tica de ensino de l ngua portuguesa na sala de aula os PCNEM tamb m n o constituem documentos de refer ncia para a forma o de professores V rios fatores cooperam para a exist ncia desse quadro e um deles sem d vida est relacionado com problemas conceituais A tarefa de redefini o dos conte dos do ensino de l ngua portuguesa n o pode ocorrer fundamentada numa concep o disciplinar de ci ncia A organiza o curricular mesmo de uma nica disciplina escolar deve ser vista como um processo para o qual convergem aspectos semi ticos pragm ticos cient ficos pol ticos ideol gicos filos ficos antropol gicos socioculturais pedag gicos e psicol gicos Logo n o pode ser apenas interdisciplinar mas deve ser transdisciplinar uma vez que em sua elabora o n o podem ser garantidas as especificidades das disciplinas particulares que tornariam poss vel sua exist ncia Embora ainda esteja s voltas com quest es relativas sua identidade acad mica e cient fica penso que a rea dos estudos da linguagem que pode tomar para sia responsabilidade de repensar a rela o entre ci ncia linguagem e educa o a Lingu stica 11 Aplicada LA Contudo para que isso aconte a ela precisa passar por um processo de reflexividade questionando se sobre seus princ
260. ito simplesmente que ele n o pesa s como uma for a que diz n o mas que de fato ele permeia produz coisas induz ao prazer forma saber produz discurso Deve se consider lo como uma rede produtiva que atravessa todo corpo social muito mais do que uma inst ncia negativa que tem por fun o punir FOUCAULT 1979 p 7 8 grifo meu Nessa acep o a perspectiva de poder a ser utilizada nas pesquisas em ci ncias humanas n o pode ser a das teorias cr ticas Bauman 2008 por exemplo mostra como a perda da liberdade pol tica deixou de ser um problema para o indiv duo contempor neo que se contenta com a ilus o da liberdade individual nas sociedades de consumo Para esse autor vivemos um momento em que praticamente se estabeleceu uma separa o entre poder e pol tica Durante a fase cl ssica da modernidade o principal instrumento para criar uma agenda de op es foi a legisla o Poder e pol tica estavam entrela ados e os legisladores faziam suas escolhas antes do indiv duo determinando seus espa os de a o na sociedade A legisla o funcionava como instrumento de poder dividindo as op es teoricamente poss veis entre as que s o permitidas e as que s o proibidas e portanto pun veis Na p s modernidade a maior parte das institui es pol ticas existentes tem seu campo de atua o circunscrito aos espa os locais Enquanto isso o verdadeiro poder aquele capaz de determinar a extens o das op
261. itual A pretexto da cientificidade fechou os num formalismo herm tico que podou lhes os aspectos que na teoria da predica o ligava a linguagem realidade Angioni descreve a teoria aristot lica da predica o como uma teoria a respeito das regras pelas quais a linguagem em seu dom nio declarativo ou apof ntico pode satisfazer plenamente sua fun o qual seja reportar se objetivamente ao mundo e oferecer nos constata es fidedignas a respeito a respeito dos fatos e situa es nele presentes Assim a teoria da predica o envolve uma teoria sem ntica que busca delimitar as regras e condi es pelas quais os termos combinados nas proposi es podem objetivamente remeter a situa es verific veis no mundo e por isso precisamente podemos dizer que ela se apresenta ao mesmo tempo como uma ontologia a teoria da predica o uma teoria a respeito das correla es entre de um lado as estruturas objetivas pelas quais as coisas se d o no mundo e de outro as estruturas l gico lingu sticas pelas quais pretendemos constat las e remeter a elas ANGIONI 2006 p 20 De resto a hist ria dos estudos da linguagem se desenvolveu com algumas rupturas e aprimoramentos verdade sob as bases fincadas pela tradi o gramatical e que mais tarde foram chamadas de n cleo duro da Lingu stica a fon tica a morfologia a sintaxe e a sem ntica Neste cap tulo interessa nos apresentar sumariamente como se tem imb
262. iza o trabalho consumo identidade diversidade cultural g nero ra a sexualidade amor na o De igual modo a escola n o pode dar conta da infinidade g neros semi tico textuais nem de todos os g neros do discurso que circulam na sociedade por isso deve selecionar aqueles que melhor atendam aos objetivos educacionais A lista abaixo mostra os g neros semi tico textuais e discursivos que se coadunam com os objetivos da educa o postulados neste trabalho a Discurso jornal stico deve se destacar o fato de que seus temas n o s o produzidos em seu pr prio interior mas por diversos discursos constituintes como o filos fico o pol tico o econ mico o da cr tica liter ria o cient fico dentre outros Os g neros semi tico textuais selecionados desse discurso s o artigos de opini o carta ao leitor editorial entrevista reportagem ensaio cr nica charge tira cartum b Discurso art stico mesmo se diferenciando nas formas de manifesta o destaca se por ser tanto constituinte como constitu do por outros discursos Os g neros semi tico textuais selecionados desse discurso s o o romance o conto o poema a cr nica o filme o document rio a m sica o teatro c Discurso publicit rio trata se de um discurso completamente constitu do por outros discursos Os g neros semi tico textuais selecionados desse discurso s o a propaganda comercial a propaganda institucional e a educativa AUTOR E
263. l ngua e persistiram a ret rica e a po tica estas sob nova roupagem medida que a orat ria foi perdendo seu lugar de 1 Os crit rios foram extra dos de F vero 2002 p 74 A gram tica de J lio Ribeiro seguia a orienta o da Gram tica filos fica e a de Jo o Ribeiro coadunava postulados desta orienta o cient fica Para um panorama acerca da constitui o dessas obras cf F vero e Molina 2006 45 destaque tanto no contexto eclesi stico quanto no contexto social a ret rica e a po tica foram assumindo o car ter de estudos estil sticos tal como hoje os conhecemos e foram se afastando dos preceitos sobre o falar bem que j n o era uma exig ncia social para substitu los por preceitos sobre o escrever bem j ent o exig ncia social Conforme atesta Soares 2002 p 165 embora a disciplina curricular se denominasse portugu s persistiram embutidas nela as disciplinas anteriores at mesmo com individualidade e autonomia o que se comprova pela conviv ncia na escola nas cinco primeiras d cadas do s culo XX de dois diferentes e independentes manuais did ticos as gram ticas e as colet neas de textos 2 2 1 A democratiza o da educa o A partir dos anos 1950 come a a ocorrer uma modifica o no conte do da disciplina Portugu s Isso se d em decorr ncia de uma progressiva transforma o das condi es socioecon micas e culturais e sobretudo das possibilidades de a
264. l o rectum e qual o crit rio de constru o das duas palavras Toda essa teoriza o lingu stica vai ganhar corpo e ser mais bem conhecida e estudada na s rie de autores que integram a corrente dos modistas assim chamados pelo uso da express o modi significandi modos de significa o de cuja tica se serviam para proceder investiga o dos fen menos lingu sticos que estudavam Nem todos os temas geralmente tratados pelas gram ticas foram objeto da aten o dos modistas Das quatro tradicionais partes ortografia som voz letra s laba etimologia partes do discurso diassint tica sintaxe e pros dia s as partes do discurso e a sintaxe tiveram tratamento especial Partiam do princ pio de que a finalidade prec pua da linguagem era a comunica o entre os homens de modo que o objeto central da Gram tica a ora o com suas propriedades que como vimos s o constru o congru ncia e perfei o Apesar das linhas gerais que se podem depreender dos princ pios te ricos que sustentam a Gram tica dos modistas nem sempre corria unanimemente aceita entre eles uma s rie de conceitos e processos de explica o Desse modo f cil entender que surgissem cr ticas ao modelo proposto pelos modistas que come aram a aparecer na primeira metade do s culo XIV especialmente no tocante necessidade de apresenta o mais econ mica dos fatos lingu sticos a exposi o deles era muito prejudicada pela excessi
265. la Editorial 2005 p 184 207 ROMANELLI O O Hist ria da educa o no Brasil 28 ed Petr polis Editora Vozes 2003 ROSA M C Introdu o morfologia 5 ed S o Paulo Contexto 2008 SANTOS B de S Introdu o a uma ci ncia p s moderna 4 ed Rio de Janeiro Graal 1989 Org Conhecimento prudente para uma vida decente um discurso sobre as ci ncias revisitado 2 ed S o Paulo Cortez 2006 Um discurso sobre as ci ncias 5 ed S o Paulo Cortez 2008 SANTOS M B N o coincid ncias do dizer nos par metros curriculares nacionais do ensino m dio a l ngua portuguesa em quest o Disserta o de Mestrado Universidade Federal da Bahia Salvador s n 2007 SAUSSURE F Curso de lingu stica geral Tradu o Ant nio Chelini et al 26 ed S o Paulo Cultrix 2004 SEARLE J R Os actos de fala um ensaio de filosofia da linguagem Trad Carlos Vogt et al Coimbra Livraria Almedina 1981 Express o e significado estudos da teoria dos atos de fala 2 ed Trad Ana Cec lia G A de Camargo Ana Luiza Marcondes Garcia S o Paulo Martins Fontes 2002a Intencionalidade 2 ed Trad Julio Fischer Tom s Rosa Bueno S o Paulo Martins Fontes 2002b SILVA T T da Org O sujeito da educa o 5 ed Petr polis RJ Vozes 2002 Documentos de identidade uma introdu o s teorias do curr culo 2 ed Belo Horizonte Aut ntica 2005 257 SIGNORINI Do resi
266. la de aula quest es artificiais ignorando que h no pr prio conhecimento do aluno e no confronto com a variedade padr o material de trabalho mais do que 112 suficiente Acrescente se que no momento em que o aluno come a a reconhecer sua variedade lingu stica como uma variedade entre outras que ele ganha consci ncia de sua identidade lingu stica e se disp e observa o das variedades que n o domina POSSENTI 2005 p 85 86 grifo do autor O m todo da aprendizagem pela exposi o pelo menos como etapa inicial do ensino de gram tica encontra eco em outros linguistas A proposta de Possenti parece t o simples de ser implementada que n o se entende porque existe ainda tanta discuss o em torno do ensino O problema no entanto n o t o simples como mostra Neves 2004 p 17 dif cil fixar o que particularmente deva constituir a disciplina gram tica ou um conte do curricular a ela ligado dentro da grande curricular escolar especialmente nos graus iniciais dif cil mesmo avaliar os diversos tipos de gram tica que a hist ria do saber gramatical nos tem oferecido Partindo da nova norma te rica estabelecida pela Lingu stica alguns autores investiram na elabora o de gram ticas que fornecessem descri es atualizadas da gram tica da l ngua portuguesa e que portanto pudessem subsidiar uma nova pr tica de ensino desse objeto Em sua Gram tica de usos do portugu s Neves 2000 tem
267. lacionados avalia o s pol ticas educacionais e a um novo campo da aquisi o de uma segunda l ngua que focalizava mais a aprendizagem do que o ensino P de se observar o 123 aparecimento do interesse da LA por estudos a respeito do ensino de segunda l ngua e uma expans o para outros campos do uso da l ngua Mais adiante em 1970 h a chegada formal da LA em solo brasileiro fundado no Brasil na PUC SP o primeiro programa de P s Gradua o stricto sensu em Lingu stica Aplicada Em 1971 o Programa de Estudos P s Graduados em Lingu stica Aplicada ao Ensino de L nguas LAEL reconhecido como centro de excel ncia pelo CNPq e em 1973 o mesmo credenciado pelo Conselho Federal de Educa o Nesse momento hist rico Rojo 1999 Kleiman 1991 1992 1998 e Celani 1998 1992 ressaltam que a LA ainda estava numa situa o de depend ncia da Lingu stica pelo fato de que os linguistas propriamente aplicados terem sido precedidos historicamente por linguistas com uma voca o para as aplica es que utilizavam seus saberes suas descobertas sua forma o seus resultados em pr ticas e contextos sociais predominantemente em quest es pr ticas de ensino Segundo as autoras acima citadas a LA era portanto entendida como uma aplica o de sucessivas teorias ao estudo de contextos de uso um mero consumo e aplica o dos estudos lingu sticos ao ensino aprendizagem de l nguas estrangeiras e materna ocupan
268. lema da defini o dos objetivos da educa o e do ensino de l ngua no mundo contempor neo 10 Os conte dos devem exercer fun es espec ficas no curr culo e este n o pode ser concebido apenas como um documento que estabelece o conjunto de compet ncias e habilidades que o estudante deve desenvolver ao longo de sua trajet ria escolar mas principalmente como instrumentos de poder cuja fun o definir o que o sujeito deve ser SILVA 2005 Esses aspectos n o s o levados em conta quando os linguistas fazem propostas de mudan as no ensino de l ngua linguagem Outro problema desconsiderado nas propostas refere se articula o entre os conte dos e os n veis da educa o quais s o os conte dos do Ensino Fundamental e quais os do Ensino M dio Al m disso resta ainda a tarefa de saber que lugar ser dado tradi o gramatical diante das condi es s cio hist ricas e cient ficas atuais Todos esses fatores t m reflexo direto na sele o dos conte dos escolares e na forma o do professor de l ngua portuguesa Eles nos d o a convic o de que a tarefa de reformular o ensino de l ngua linguagem n o pode ficar a cargo da Lingu stica Um exemplo disso pode ser visto na configura o do ensino de l ngua portuguesa contida nos Par metros Curriculares Nacionais do Ensino M dio PCNEM onde todos os problemas aqui apresentados podem ser encontrados Nesse documento tend ncias inovadoras e conservadoras coex
269. les e quela respectivamente No entanto os autores n o mencionam em nenhum espa o da se o que h outra variedade do portugu s que n o faz a distin o entre este esse e esta essa Depois o livro apresenta a seguinte quest o Leia a tira a seguir de Bill Watterson E PEPOIS EU VOU TER QUE SEGURAR O MEU PRATO DE PONTA CABE A SOBRE MIM E PEGAR A COMIDA TOMANDO CUIDAPO PARA N O DEIX LA CAIR S O PAPAI VAI TER QUE N CHUMBAR A MINHA CAMA NO Co 1 f a TETO HOJE E MAMAE PAPAI E MAM E N O V O 3 w E ISTO VAI SER O rs EDS FICAR MUITO CONTENTES ps ato a E DARD N DR MELHOR DIVERTIMENTO O processo cient fico QUE J TIVE deu tilt S o Paulo Best v 1 p 25 com SSO N O SENHOR JANTAR As quest es foram extra das de Cereja e Magalh es 2003 p 304 305 106 Discuta com seus colegas se os pronomes isso do primeiro quadrinho e isto do ltimo foram empregados adequadamente de acordo com a variedade padr o Note se que mesmo a situa o n o exigindo o uso de uma linguagem formal os autores do livro did tico solicitam que os itens lexicais em quest o sejam analisados segundo a variedade padr o Dessa forma entende se que o conceito de adequa o tem na variedade padr o a matriz para a defini o do que adequado Contrariamente ao projeto da GT a Lingu stica sempre se autodenominou uma ci ncia descritiva Contudo a perspectiva tradicional n o absolutamente norma
270. liza a no o de leitor modelo em suas an lises de textos de comunica o Trata se de uma representa o que autor faz de seu leitor qualquer pessoa dotada de determinado saber enciclop dico de tais aptid es lingu sticas e de tal compet ncia comunicativa para interpretar o texto Esse reconhecimento fundamental quando se pensa em ensino de leitura e produ o de textos por pelo menos dois motivos primeiro porque a grande maioria dos textos que submetemos aos nossos estudantes n o foi escrita pensando neles como leitores modelos Isso deve nos dizer alguma coisa sobre nossa metodologia de ensino de leitura O segundo motivo diz respeito ao texto como processo dial gico e o n vel de consci ncia que os estudantes t m disso Esses aspectos n o s o desconhecidos dos linguistas O grande trabalho a ser feito promover um modelo de an lise da l ngua linguagem que articule as propriedades sist micas normativas e funcionais da l ngua com os diversos matizes que comp em a complexidade das atividades linguageiras A proposta de Dijk 1996 para o processamento do discurso constitui um exemplo do que est sendo feito e do que precisa ser feito O autor n o opera com a distin o entre texto e discurso e de certa maneira permite entrever uma identidade entre ambos S o dois seus principais pressupostos 7 Posi o semelhante adotada por Bakhtin 2004 e van Dijk 1996 ii 89 os cognitivos que considera que
271. lo mais recente a diferen a entre as l nguas explicada a partir de dois conceitos chave princ pios e par metros assim definidos por Mioto et al 2004 p 24 171 A faculdade da linguagem composta por princ pios que s o leis gerais v lidas para todas as l nguas naturais e por par metros que s o propriedades que uma l ngua pode ou n o exibir e que s o respons veis pela diferen a entre as l nguas Uma senten a que viola um princ pio n o tolerada em nenhuma l ngua natural provavelmente porque tem a ver com a forma como o c rebro a mente da esp cie funciona uma senten a que n o atende a uma propriedade param trica pode ser gramatical em uma l ngua e agramatical em outra Os princ pios definem por exemplo a ordem nos termos nas senten as e regras de refer ncia Eles determinam o fato de no portugu s o artigo n o poder ser usado posposto ao nome No caso dos par metros h l nguas que n o admitem o sujeito nulo como o franc s e o ingl s e outras que o admitem como o portugu s Em consequ ncia do fato de as l nguas serem determinadas por princ pios e par metros no modelo gerativo entende se que h formas l gicas estruturais para as formas fon ticas das senten as e que essa rela o mediada pela sintaxe Segundo essa teoria as senten as s o formadas em decorr ncia do acesso que o falante tem ao l xico mental que deve possuir v rias informa es relevantes para a forma o
272. ltural d o conta desses aspectos favorecendo o conhecimento efetivo significativo e cr tico que a escola pretende que seus alunos construam ou adquiram BRASIL 2002 p 27 A partir da tabela abaixo podemos visualizar os conceitos e as compet ncias e habilidades que constituem o eixo Conceitos 1 Cultura 2 Globaliza o versus localiza o 3 Arbitrariedade versus motiva o dos signos e s mbolos Negocia o de sentidos 4 Significado e vis o de mundo 5 Desfrute frui o 6 tica 7 Cidadania 8 Conhecimento constru o coletiva e din mica 9 Imagin rio coletivo Compet ncias e habilidades 1 Usar as diferentes linguagens nos eixos da representa o simb lica express o comunica o e informa o nos tr s n veis de compet ncia 2 Analisar as linguagens como fontes de legitima o de acordos sociais 3 Identificar a motiva o social dos produtos culturais na sua perspectiva sincr nica e diacr nica 4 Usufruir do patrim nio cultural nacional e internacional 5 Contextualizar e comparar esse patrim nio respeitando as vis es de mundo nele impl citas 6 Entender analisar criticamente e contextualizar a natureza o uso e o impacto das tecnologias de informa o 66 Adaptado dos PCN Conforme mostram as tabelas os eixos que estruturam o ensino de L ngua Portuguesa continuam a operar com as teorias lingu sticas j referidas embora n o
273. m isto a potencialidade que t m os discursos de se dobrarem sobre si mesmos De acordo com essas postula es n o h equ voco em afirmar que Jakobson teorizou na mbito das estrat gias lingu sticas e n o no das fun es da linguagem Mas o que diferencia as estrat gias dos atos de linguagem O pressuposto te rico metodol gico central da teoria dos atos de fala consiste na asser o de que dizer tamb m fazer Austin 1990 distingue tr s tipos de atos que s o realizados quando se diz algo O primeiro deles o ato locucion rio que ocorre quando proferimos uma senten a com determinado sentido e refer ncia O segundo s o os atos ilocucion rios tais como informar ordenar prevenir avisar prometer etc isto proferimentos que t m uma certa for a convencional e s o realizados quando se diz algo O terceiro s o os atos perlocucion rios que s o produzidos porque se diz algo tais como convencer persuadir surpreender impedir confundir etc Para se entender a diferen a entre os atos ilocucion rio e perlocucion rio deve se por exemplo distinguir entre ao dizer tal coisa eu o estava prevenindo e por dizer tal coisa eu o convenci ou o surpreendi ou o fiz parar Al m dessa distin o entre os atos os seguintes aspectos sintetizam a teoria de Austin 1 a afirma o de que todos os enunciados s o dotados de uma for a ilocucion ria ou seja um valor de ato e Aqui reside um equ
274. m aceitar a oposi o entre norma culta relativa a falantes cultos e normas populares relativas a falantes incultos Faraco 2008 p 56 57 tenta situar o alcance do adjetivo culta n o h grupo humano sem cultura como bem demonstram os estudos antropol gicos Por isso preciso trabalhar criticamente o sentido do qualificativo culta apontando seu efetivo limite ele diz respeito especificamente a uma certa dimens o da cultura Assim a express o norma culta deve ser entendida como designando a norma lingu stica praticada em determinadas situa es aquelas que envolvem certo grau maior de monitoramento por aqueles grupos sociais que t m estado mais diretamente relacionados com a cultura escrita Por outro lado interessante lembrar que essa designa o foi criada pelos pr prios falantes dessa norma o que deixa transparecer aspectos da escala axiol gica com que interpretam o mundo Seu posicionamento privilegiado na estrutura econ mica e social os leva a se representar como mais cultos Mesmo reconhecendo a impertin ncia do qualificativo culta Faraco insiste em seu uso apontando duas raz es primeiro porque o termo est relacionado cultura da escrita como se esta fosse homog nea em seguida alega que os pr prios falantes da norma se autodenominaram cultos Se esse crit rio for considerado leg timo significa que a lingu stica negligenciou seu objetivo de combater o preconceito e inc
275. m certas 32 Maingueneau op cit p 138 139 98 correntes da lingu stica cognitiva atual Aqui os dados verbais considerados n o ultrapassam muito os limites da frase ii Num segundo plano o discurso marcado pelas correntes pragm ticas que s o sobretudo ligadas a pesquisas que versam principalmente sobre fragmentos de intera es conversacionais sejam eles fabricados pelo pesquisador ou aut nticos iii Num terceiro plano abordamos aquilo que parafraseando Foucault poder amos chamar de a ordem do discurso que ultrapassa a lingu stica estrita Dessa vez abordam se realidades s cio hist ricas conjunto de textos relevantes de g neros relacionados a espa os institucionais Este o dom nio privilegiado da an lise do discurso Nosso objetivo nesta se o n o esgotar nenhuma das discuss es apresentadas Sabemos que estamos diante de construtos te ricos complexos cujo tratamento demanda tanto mais cuidado principalmente quando consideramos as diversas perspectivas de abordagem dos objetos submetidos aprecia o No entanto interessa nos levantar o seguinte problema se os estudos desses objetos texto e discurso s o marcados pela diverg ncia no campo te rico se as metodologias de an lise e descri o s o igualmente caracterizadas pela dissens o o que nos faz acreditar que esses objetos j est o prontos para uma transposi o did tica Ou seja esses objetos est o realmente
276. m de ser o instrumental para a educa o mon stica Ao homem medieval a L gica interessou como uma arte do pensar correto como um conjunto de regras e de modos de operar que permitiram fazer afirma es com certeza sobretudo aquele tipo de afirma es que mais lhe interessavam as relativas aos seus principais problemas Deus o homem o mundo quase sempre em fun o de sua pr pria cren a religiosa No decurso dos s culos medievais a Filosofia e a Teologia ir o adquirir seu pr prio perfil distinguindo se do tratamento dispensado a essas antigas disciplinas A Ret rica sempre esteve desde o in cio mais pr xima da Dial tica por ser tamb m uma arte da argumenta o Reboul 2004 p 37 descreve assim a rela o entre as duas disciplinas 38 a dial tica constitui a parte argumentativa da ret rica Cabe esclarecer por m que a argumenta o n o tem a mesma fun o portanto o mesmo sentido em ambos os casos A dial tica um jogo especulativo A ret rica por sua vez n o um jogo um instrumento de a o social e seu dom nio o da delibera o ora esse dom nio precisamente o do veross mil De fato n o se delibera sobre o que evidente nem sobre o que imposs vel delibera se sobre fatos incertos mas que podem realizar se em parte atrav s de n s Mendonza 1999 observa que a conex o entre Gram tica e Dial tica que se manteve firme durante a Alta Idade M dia adqu
277. m em propor estrat gias de aplica o das orienta es contidas nos PCN ROJO amp BATISTA 2003 mas n o h uma cr tica consistente dessas orienta es 155 A elabora o desse projeto deve ser uma das tarefas mais importantes e urgentes da LA Como j disse uma ci ncia social se define por suas pretens es de interven o na sociedade Enquanto a LA n o fizer isso vai continuar desperdi ando energias com discuss es sobre sua ontologia Uma tarefa que vejo como fundamental para a constru o de um projeto para o ensino de linguagem a constru o de um curr culo nacional que promova uma articula o e uma progress o entre os n veis fundamental e m dio da educa o brasileira Diferentemente do que o volume de trabalhos tem mostrado entendo que esse curr culo deve ser iniciado pela estrutura o do Ensino M dio por uma raz o muito simples ningu m sai de casa para depois pensar no que vai fazer antes define o que precisa ser feito a seguir faz um planejamento onde estabelece a sequ ncia das a es e mobiliza os recursos necess rios sua realiza o Ou seja come a se por onde se pretende chegar Da mesma forma se entendemos que o Ensino M dio constitui a etapa terminal da educa o b sica devemos primeiramente definir sua estrutura e depois disso pensar na estrutura dos n veis inferiores considerando a adequa o dos conte dos s fases do desenvolvimento psicogen tico dos estudantes e pri
278. m natural 2 2 2 A LDBN 5 692 71 A Lei 5 692 71 nasceu de um projeto elaborado por um grupo de trabalho institu do em 1970 pelo ent o ministro da Educa o o coronel Jarbas Passarinho O pa s passava pela euforia da classe m dia com o milagre econ mico Essa expans o econ mica 52 num pa s dependente como o Brasil exigia um aumento do n vel geral do n vel de escolaridade do trabalhador mas por sua vez esse aumento teria de ser concedido de forma compat vel com a condi o perif rica de nossa economia a industrializa o crescente exige uma base de educa o fundamental e algum treinamento o suficiente para o indiv duo ser introduzido na manipula o de t cnicas de produ o e aumentar a produtividade sem contudo ter sobre o processo nenhum controle nem mesmo qualquer possibilidade de exig ncias salariais que um n vel mais elevado de escolariza o e qualifica o acabaria por suscitar Enfim era interessante para os meios empresariais que tiv ssemos a m o de obra com alguma educa o e treinamento bastante produtiva e ao mesmo tempo barata ROMANELLI 2003 p 234 Por essa raz o Romanelli compreende que a reformula o do ensino de 1 grau era tida como mais importante e atendia melhor aos interesses da retomada da expans o econ mica iminente do que a reformula o do ensino de 2 grau Ghiraldelli 2006 observa que os professores suscet veis propaganda governamental
279. m o termo destacado no exemplo como sujeito 73 Vistas de um ponto de vista sincr nico as considera es de Perini concernentes incongru ncia na defini o do termo sujeito mostram muita pertin ncia No entanto conforme observou Bechara 1999 o que hoje denominamos Gram tica Tradicional GT nem de longe d a ideia do percurso hist rico que delineou a constitui o desse campo do saber No cap tulo anterior tra amos um breve panorama hist rico mostrando sucessivas reformula es que ela sofreu ao longo de s culos decorrentes de transforma es filos ficas sociais culturais cient ficas pol ticas e ideol gicas Se todos esses campos interferiram e ainda interferem na constitui o da gram tica n o seria justo que qualquer proposta de reformula o dessa rea os levasse em considera o A defini o de sujeito reputada como carente de teoria gramatical por Perini n o foi elaborada a partir de um referencial cient fico tal como o que fundamenta a Lingu stica Na realidade foi constru do no mbito da teoria l gico filos fica da predica o de Arist teles constitu da de tr s elementos m nimos o sujeito assunto sobre o qual se pretende falar o predicado aquilo que se prop e sobre o assunto previamente introduzido pelo termo sujeito e o operador copulativo que pode ser afirmativo ou negativo n o Em seu trabalho sobre a teoria aristot lica da predica o Angioni salienta q
280. m presentes na escola N o como objetos de ensino sistem tico verdade mas compreendidos como conhecimentos impl citos Por um lado acreditava se que deveriam fazer parte dos recursos cognitivos inatos dos alunos logo n o precisavam ou melhor n o deveriam ser ensinados Por outro acreditava se que eles seriam decorrentes da simples exposi o de conceitos ou seja pensava se consciente ou inconscientemente que se pudesse passar diretamente do 228 conceito ao procedimento Por exemplo quando se pede ao aluno que explique o sentido de um verso de um poema de Castro Alves parte se do pressuposto de que o conhecimento de dados e fatos referentes terceira fase do Romantismo brasileiro e vida do autor possibilitar o diretamente a realiza o da tarefa Contudo n o se ensina ao aluno como utilizar essas informa es para fazer a explica o ou seja n o se ensina o aluno a explicar pois conforme dito acredita se que esse conhecimento j faz parte do sistema cognitivo do estudante Os conte dos procedimentais n o s o objetos novos mas s o revestidos de uma certa novidade na proposta de Coll et al visto que esses autores defendem seu ensino sistem tico e sua eleva o categoria de conte dos expl citos na organiza o curricular De acordo com eles um procedimento um conjunto de a es ordenadas orientadas para a consecu o de uma meta Os autores assinalam que durante muito tempo considerou se de
281. m uma nova perspectiva cient fica Domingues 2005 apresenta as seguintes caracter sticas das experi ncias interdisciplinares i aproxima o de campos disciplinares diferentes para a solu o de problemas espec ficos ii compartilhamento de metodologia iii ap s a coopera o os campos disciplinares de fundem e geram uma disciplina nova Essa caracteriza o explica o surgimento de diversas disciplinas no quadro da Lingu stica como a Sociolingu stica a Psicolingu stica a Etnolingu stica a An lise da Conversa o a Sociolingu stica Interacional a An lise Cr tica de Discurso dentre outras Todavia considerando a descri o de Moita Lopes v se que na LA a interdisciplinaridade tem outro estatuto Em abordagens interdisciplinares a no o de objeto que no paradigma disciplinar entendido de forma redutora e analisado exclusivamente segundo os pressupostos te rico metodol gicos de uma disciplina espec fica se expande de maneira a contemplar aspectos que s o focalizados por diferentes campos disciplinares Isso acontece porque os pesquisadores observam que determinados objetos podem ser melhor investigados se houver uma combina o ou articula o de diferentes concep es te ricas e metodol gicas oriundas de disciplinas que estudam o mesmo objeto A rigor a abordagem interdisciplinar em si mesma n o confere necessariamente o estatuto de aplicada a qualquer experi ncia que a utilize conforme se i
282. mas populares A norma padr o sempre foi acusada por seu car ter idealizado e sua abstra o diante da realidade caracter stica das demais normas Contudo mesmo quando parte dos usos que o falante efetivamente faz da l ngua em seus trabalhos o que os linguistas fazem na verdade transformar seu dito objeto real em abstrato configurando o 115 que Bakhtin 2004 p 82 83 denominou como objetivismo abstrato sintetizado nas seguintes proposi es i A l ngua um sistema est vel imut vel de formas lingu sticas submetidas a uma norma fornecida tal qual consci ncia individual e perempt ria para esta ii As leis da l ngua s o essencialmente leis lingu sticas espec ficas que estabelecem liga es entre os signos lingu sticos no interior de um sistema fechado iii As liga es lingu sticas espec ficas nada t m a ver com valores ideol gicos art sticos cognitivos ou outros iv Os atos individuais de fala constituem do ponto de vista da l ngua simples refra es ou varia es fortuitas ou mesmo deforma es das formas normativas Nesse sentido as normas cultas e populares n o s o t o reais como se sup e uma vez que s o abstratizadas para se tornarem objetos de estudos cient ficos e a norma padr o n o t o abstrata considerando que suas prescri es visam a produzir e em v rias circunst ncias efetivamente produzem determinadas mudan as de comportamento lingu stico
283. mento de v rios desses g neros como a p gina pessoal em sites de relacionamento como o Orkut MySpace Sonico twitter etc o e mail o torpedo web utilizado pelas operadoras de telefonia m vel dentre outros Com a inform tica nasce tamb m a linguagem digital que mistura linguagem oral linguagem escrita uso de figuras os emoticons imagens o que confere ao usu rio m ltiplas possibilidades de uso da linguagem PROCEDIMENTOS e Compreender a produ o de g neros semi tico textuais como um processo de tomada de posi o aut noma e ao mesmo tempo sujeito a limites impostos pela situa o e pelas caracter sticas dos g neros com vistas ao alcance de determinados objetivos e Compreender que toda tomada de posi o consequ ncia de um pr vio processo de negocia o de sentidos no qual s o percorridos diversos g neros do discurso e diversas op es s o submetidas a avalia es com base em determinados crit rios e Compreender a produ o semi tico textual como um processo dial gico e interativo que ocorre entre sujeitos situados em determinado contexto s cio hist rico o que determina escolhas estil sticas e utiliza o de estrat gias de antecipa o e de organiza o dos g neros e Compreender as coer es que o suporte imp e produ o de g neros semi tico textuais e Produzir g neros semi tico textuais tendo em vista suas propriedades formais tem ticas e estil sticas utilizando e ar
284. mina a identifica o de sequ ncias lingu sticas como norteadora 2008 p 158 Ao contr rio de Marcuschi Adam 2008a n o reconhece a exist ncia dos tipos textuais construtos te ricos definidos por sua estrutura lingu stica mas concebe a exist ncia de unidades textuais que correspondem a cinco tipos de rela es macrossem nticas memorizadas por impregna o cultural pela leitura escuta e produ o 193 de textos e transformadas em esquemas de reconhecimento e de estrutura o da informa o textual Essas sequ ncias s o classificadas por Adam como narrativas descritivas argumentativas explicativas e dialogais Note se que a classifica o das sequ ncias de Adam se diferencia dos tipos textuais de Marcuschi pela exclus o da injun o e da exposi o e pela inclus o da explica o e da sequ ncia dialogal Adam prop e ainda uma caracteriza o geral das sequ ncias estabelecendo suas possibilidades de apresenta o na composi o textual Tal como acontece no trabalho de Marcuschi o recurso ao texto limita se abordagem das sequ ncias com a diferen a de que em Adam elas recebem uma abordagem funcional Vale salientar que essa abordagem funcional ocorre no mbito da pr pria sequ ncia textual sem que se fa a uma articula o entre esta e outras sequ ncias ou at mesmo entre as sequ ncias e o texto como um todo Nesse contexto algumas quest es s o extremamente relevantes se se tem a preten
285. mir a fun o de intermedi rio mas de forma imperfeita a at caricata o menos analfabeto SIGNORINI 1998b p 166 167 Na verdade aquilo que a autora identifica como uma desestabiliza o da ordem estabelecida o que na perspectiva foucaultiana caracteriza a inscri o do sujeito na ordem do discurso Sendo assim uma quest o crucial foi negligenciada ao buscar o direito 134 palavra pela apropria o de um c digo aceit vel o ator estrat gico n o estaria tamb m em busca do poder Como diz Foucault 2004a p 10 por mais que o discurso seja aparentemente pouca coisa as interdi es que o atingem revelam logo rapidamente sua liga o com o desejo e com o poder O exerc cio do poder na sociedade n o pode ser analisado simplesmente em termos de estruturas hegem nicas de domina o subordina o O pr prio trabalho de Signorini na primeira parte mostra que a concep o de que um parlamentar deve ter o dom nio da norma padr o compartilhada pela sociedade de um modo geral Em raz o de situa es como essa Foucault concluiu que o poder n o deve ser estudado em termos de ci ncia ideologia mas em termos de verdade poder Em suas palavras A verdade n o existe fora do poder ou sem poder A verdade deste mundo ela produzida nele gra as a m ltiplas coer es e nele produz efeitos regulamentados de poder Cada sociedade tem seu regime de verdade sua pol tica geral de verdade is
286. mo dissemos o paradigma cient fico moderno desconsidera qualquer conhecimento que n o seja constru do de acordo com seus m todos Dessa forma estabelece uma dicotomia entre ci ncia e senso comum poss vel que haja por parte do chamado senso comum certa rever ncia ao discurso das ci ncias biol gicas e naturais ou seja grande parte da sociedade admite sua ignor ncia e aceita como verdade absoluta muitas de suas explica es Inversamente no que se refere ao uso da linguagem o discurso cient fico n o conseguiu o mesmo resultado com o senso comum representado pela tradi o gramatical Oliveira 2007 p 88 89 atribui essa situa o a fatores ideol gicos 33 RAJAGOPALAN op cit p 12 103 a gram tica um instrumento de poder muito melhor muito mais bem sucedido Permite controlar mais classificar mais excluir mais Pode ser centralmente administrada pelo Estado que atrav s dela tem instrumentos para controlar a l ngua escrita e atrav s dela indiretamente a l ngua falada pela popula o O Estado pode fixar a ortografia e inclusive quais categorias podem ser usadas para falar sobre a l ngua como no caso da NGB a nomenclatura gramatical brasileira Favorece o poder e por ele favorecida Contudo se atribuirmos a condi o marginal do discurso cient fico unicamente a fatores ideol gicos seremos tentados a desconsiderar poss veis equ vocos no discurso da Lingu stica que podem estar impedindo
287. mo explic lo e como ele pode ser um conte do do ensino de linguagem Qualquer tentativa de resposta a essas quest es deve partir impreterivelmente do pressuposto de que a palavra um signo e como tal deve ter seu estudo diretamente ligado no o de significado Essa posi o contraria a ideia de que poss vel estudar morfologia separando a palavra ou seus elementos do significado Isso equivale a dizer tamb m que n o poss vel considerar o n vel do lexema como portador de significado e o n vel dos formantes como destitu do dele Se assim procedermos seremos obrigados a aceitar que os usu rios do portugu s por exemplo desconhecem que determinados prefixos t m valor sem ntico negativo que outros t m valor pejorativo ou ainda que ignoram o valor dos sufixos no processo de forma o de palavras Dessa forma defendo a palavra e n o o abstrato lexema como unidade b sica do n vel morfol gico do signo lingu stico mas reconhe o tamb m o morfema como unidade significativa ou seja como um signo Assim temos um novo problema como classificar tais signos O primeiro passo para a classifica o do signo lingu stico deve ser a redefini o do conceito de palavra Como a palavra aqui est sendo compreendida primeiramente como signo e n o como um elemento pertencente a uma tradicional classe gramatical penso que uma proposta bastante coerente consiste em sua inclus o nas categorias s gnicas propostas por Peirc
288. mo tra o b sico da sociedade moderna foi imposto pelo crescente poder adquirido pelas camadas sociais inferiores Sendo assim importante destacar o movimento Escola Nova que contribuiu para a democratiza o da educa o no Brasil ao criticar a elitiza o e o tradicionalismo do sistema educacional em v rios aspectos A quest o primordial das finalidades da educa o gira pois em torno de uma concep o de vida de um ideal a que devem conformar se os educandos e que uns consideram abstrato e absoluto e outros concreto e relativo vari vel no tempo e no espa o Mas o exame num longo olhar para o passado da evolu o da educa o atrav s das diferentes civiliza es nos ensina que o conte do real desse ideal variou sempre de acordo com a estrutura e as tend ncias sociais da poca extraindo a sua vitalidade como a sua for a inspiradora da pr pria natureza da realidade social a educa o nova n o pode deixar de ser uma rea o categ rica intencional e sistem tica contra a velha estrutura do servi o educacional artificial e verbalista montada para uma concep o vencida Desprendendo se dos interesses de classes a que ela tem servido a educa o perde o sentido aristol gico deixa de construir um privil gio determinado pela condi o econ mica e social do indiv duo para assumir um car ter biol gico com que ela se organiza para a comunidade em geral reconhecendo a t
289. mula o da gram tica e consequentemente do ensino de l ngua o autor faz a op o de solucionar os problemas te ricos dela restringindo seu projeto aos aspectos morfossint ticos da gram tica Ao fazer tal escolha as preocupa es com o ensino de l ngua ficam em segundo plano j que todo o esfor o consistir em solucionar as ditas incoer ncias da gram tica Esse esfor o conquanto represente avan os te ricos que talvez possam se reverter em benef cios para o ensino n o o toma como elemento motivador da investiga o uma vez 72 que como j dissemos n o h uma rela o direta entre as teoriza es acad micas sobre gram tica e o ensino de l ngua linguagem A proposta de dupla descri o reduz os n veis de an lise da l ngua aos componentes morfossint tico e sem ntico Pior al m da redu o praticamente efetua a exclus o da sem ntica quando diz que a descri o formal ser a linha mestra do projeto ratificando a filia o ao paradigma cient fico cartesiano Para Perini a falha fundamental da gram tica tradicional consiste na aus ncia de um aporte te rico adequado s posi es que lhe constituem Em outras palavras falta lhe uma teoria gramatical de base cient fica O autor ilustra sua argumenta o com uma an lise da no o de sujeito Partindo de uma defini o muito comum em nossas gram ticas para as quais sujeito o termo sobre o qual se faz uma declara o o linguista afirma
290. n o do conhecimento que sobre ele se adquire os fen menos s o de natureza subjetiva e como tal n o se deixam captar pela objetividade do comportamento as ci ncias sociais n o s o objetivas porque o cientista social n o pode libertar se no ato de observa o dos valores que informam a sua pr tica em geral e portanto tamb m a sua pr tica de cientista SANTOS 2008 p 36 A linguagem constitutiva dos sujeitos e da sociedade al m de se constituir na complexa rede de rela es que os sujeitos mant m entre si nas diversas esferas da sociedade Se tal condi o da linguagem seu al amento condi o de objeto de estudo jamais poder prescindir de bases epistemol gicas e princ pios te rico metodol gicos que possibilitem uma abordagem que n o reduza sua complexidade tratando a apenas atrav s de n veis cientificamente constru dos com o fim de descrever suas regularidades No entanto o que se verifica na pr tica cient fica da lingu stica uma excessiva parceliza o e disciplinariza o do saber cient fico que al m de reduzir a complexidade dos fen menos a um quadro delimitado e devidamente controlado de rela es sistematizadas faz do linguista um ignorante especializado com profundas consequ ncias sociais Santos 2008 p 74 75 observa que os efeitos dessa disciplinariza o s o mais vis veis no dom nio das ci ncias aplicadas As tecnologias preocupam se hoje com seu impacto destrutivo nos
291. n lo operacional na constru o de curr culos e consequentemente na pr tica de ensino Essa uma quest o que n o pode ser respondida sem que se tenha clareza dos objetivos da educa o Muito mais do que representar o per odo que antecede o ingresso do jovem nos estudos superiores ou no mercado de trabalho o Ensino M dio constitui uma etapa que precede o ingresso do jovem no mundo como sujeito de direito e principalmente como sujeito pol tico Vivemos um momento em que a pol tica se esvaziou e deixou de fazer sentido um momento em que o individualismo e o multiculturalismo localista aquele que simplesmente busca o espa o ou os direitos de determinados grupos sem se importar com os problemas dos outros reduziu a sociedade a um aglomerado de ilhas humanas Os movimentos sociais recebem esse nome mas n o lutam pela sociedade mas por seus pr prios interesses N o h di logo entre esses grupos requisito fundamental para a exist ncia da pol tica Assim quando os interesses de um grupo representam preju zo de alguma natureza para outros mesmo que os interesses sejam garantidos por lei o embate toma o lugar do debate num retrato flagrante de uma sociedade individualizada Esse contexto de in rcia pol tica torna se um terreno f rtil para que o poder de mercado dissemine seus regimes de verdade e se estabele a nas chamadas sociedades de consumo Entendo que uma educa o orientada para a forma o pol tica constitui a nica
292. n o muito diferente da que se tem hoje Conforme exp s Bauman 2008a 2008b a forma de liberdade dispon vel na p s modernidade se reduz op o de consumo Para usufru la preciso antes de tudo ser um consumidor requisito que deixa milh es de pessoas de fora O discurso em defesa da igualdade foi um dos maiores tiros pela culatra da racionalidade moderna Se a ideia era us lo como instrumento de manuten o da ordem e como mecanismo homogeneizador da sociedade a nica coisa que ele conseguiu de fato foi revelar as diferen as sociais religiosas econ micas de g nero de ra a tnicas dentre outras que vinham sendo sufocadas por m ltiplos regimes de verdade No entanto hoje poss vel dizer que os movimentos sociais em suas lutas em favor dos direitos das minorias negligenciaram a separa o entre pol tica e poder e dessa forma at avan aram um pouco em termos pol ticos mas foram cooptados pelo poder Como diz Bauman a diversidade prospera e o mercado prospera com ela Para ser mais preciso s se permite prosperar a diversidade que beneficia o mercado A ideia de diversidade que circula na m dia consiste numa variedade de estilos de vida negoci veis de modos de vida cambi veis destinados condi o uniforme de depend ncia dos indiv duos face ao mercado Diante da diversidade o lema da fraternidade que tamb m visava uniformidade foi substitu do pela toler ncia Por meio dela a dif
293. na a cr tica redundante Em sua reflex o duas caracter sticas tornam nossa forma de modernidade nova e diferente A primeira o fim das primeiras ilus es modernas de que sua racionalidade iria nos conduzir a uma sociedade boa justa e livre de conflitos A segunda que apesar de a ideia de melhoria por meio de a es legislativas n o ter sido completamente abandonada ou seja o poder disciplinar ainda se justifica por sua fun o de manter a ordem a nfase agora se direciona para a autoafirma o do indiv duo Isso representou a mudan a do discurso tico pol tico da sociedade justa para os direitos humanos ou seja para o direito de os indiv duos permanecerem diferentes e escolherem livremente seus modelos de 144 felicidade e estilos de vida Dessa maneira os regimes de verdade do biopoder tornaram o ambiente favor vel ao exerc cio do geopoder que atua com toda efic cia no modelo de sociedade individualizada A t tica agora dividir para controlar nesse contexto que se deve pensar os novos valores e as novas pr ticas p s modernas No projeto inicial os pensadores da modernidade prometeram uma liberdade ativa a liberdade de fazer coisas e refaz las para melhorar a exist ncia humana O que eles n o revelaram foi a exist ncia de mecanismos de interdi o que tinham a finalidade de definir quem teria direito ao exerc cio dessa liberdade Dessa forma o que se viu foi uma liberdade truncada que
294. na clientela a que a institui o se dirigia destinado antes prepara o de uma elite do que educa o do povo mant m se de acordo com os desejos dessa elite que ao entrar na escola j dominava a norma culta assim eram mais importantes o latim e a ret rica do que a gram tica filos fica e nacional para a qual dois anos eram mais do suficientes As aulas avulsas estavam proibidas e o curso se estendia por oito anos por m o aluno poderia se assim o desejasse promover se para a s rie seguinte no quinto m s do ano letivo desde que aprovado nos exames organizados com esse fim em cada uma das s ries Desse modo o curso poderia ser feito em 6 5 ou at mesmo em 4 anos F VERO 2002 44 As classes deveriam ter de 30 a 35 alunos e quando poss vel da mesma idade e com o mesmo preparo Os requisitos para ingresso eram a idade pelo menos de 8 e de 12 quando muito os que excederem esta idade n o ser o admitidos sem licen a especial do governo b saber ler e contar as quatro opera es de aritm tica c atestado de bom procedimento dos professores ou diretores das escolas que houverem frequentado d despacho de admiss o do reitor Al m disso dever o que pretender ser aluno interno ter bexigas naturais ou ser vacinado Ret rica Po tica e Gram tica eram as disciplinas nas quais se fazia o ensino de l ngua portuguesa at o fim do Imp rio quando foram fundidas numa nica disciplina que passou a se d
295. ncipalmente selecionando os de maneira que eles contribuam para o amadurecimento necess rio ao estudante do Ensino M dio Essa n o uma tarefa f cil e tampouco desfruta de um consenso entre os membros da LA Muitos acreditam que uma proposta como essa tende a ser totalit ria e a anular especificidades locais Entendo por m que com base naquilo que denominei cr tica p s moderna e utilizando o m todo tr plice aqui defendido fundado nos postulados da genealogia da arqueologia e da transdisciplinaridade tal empresa encontra novos princ pios te rico metodol gicos capazes de subsidi la Como disse a genealogia n o hierarquiza nem exclui saberes ou m todos inclusive o etnogr fico nela n o prevalece a dicotomia ci ncia senso comum Diante do compromisso pol tico da cr tica p s moderna essa tarefa n o apenas necess ria mas sobretudo urgente N o podemos continuar defendendo uma sociedade politicamente fragmentada e confundindo respeito s diferen as com in rcia 156 5 A LINGUAGEM COMO FEN MENO SEMI TICO PRAGM TICO Kaspar Hauser linguagem mundo realidade percep o significa o cogni o assim que procurando desvendar os enigmas do filme de Herzog fui sendo levado pouco a pouco a revisitar um antigo e problem tico tema situado num entroncamento por onde passam a lingu stica a semiologia a antropologia a teoria do conhecimento etc trata se da rela o entre l ngua pens
296. ndo se liga o de termos ou subordinativa quando indica a depend ncia sem ntica de um termo em rela o a outro preposi es pronomes relativos conjun es coordenativas e subordinativas excetuando se as integrantes Note se que na categoriza o aqui defendida predominou o crit rio semi tico que obrigou a uma redistribui o das classes gramaticais tradicionais Esse procedimento muito mais abrangente do que a simples taxionomia por classes que re ne num mesmo grupo signos que apresentam propriedades muito diferentes entre si e permite uma categoriza o mais coerente A respeito das propriedades das classes distribu das nas categorias semi ticas propostas vale ressaltar que as teorias lingu sticas formalistas ou funcionalistas t m privilegiado os aspectos sint ticos Por propriedades entendo um conjunto de particularidades intr nsecas as classes que determinam seu processo de categoriza o semi tica Contrariando o reducionismo sint tico proponho um enfoque que considere o estudo das propriedades distribu das pelos seguintes n veis de constitui o do signo lingu stico a morfol gico abrange as propriedades inerentes s palavras e lhe s o conferidas pelos morfemas S o elas i o g nero atrav s da desin ncia flexional de g nero ii o 169 n mero por meio da desin ncia flexional de n mero o morfema s para os nomes e a cumulativa desin ncia n mero pessoal nos verbos iii a
297. nfere das palavras de Moita Lopes Ali s muitas pesquisas interdisciplinares podem ter finalidades meramente especulativas ou seja podem n o ter como fim a resolu o de problemas sociais que envolvem o uso da linguagem Isso acontece com muitos estudos desenvolvidos no mbito da Sociolingu stica da An lise de Discurso e inclusive da LA A interdisciplinaridade portanto est condicionada exist ncia de campos disciplinares individualizados atrav s da reivindica o de um dom nio particular de objetos 126 de princ pios te rico metodol gicos e de uma metalinguagem Esses elementos ser o respons veis pela fixa o dos contornos de uma disciplina al m de serem os fatores que a distinguir o das demais Nesse sentido para que se possa falar de interdisciplinaridade em LA preciso que antes se determinem seus contornos disciplinares para que da se possa determinar como ela se relaciona com as outras disciplinas Conforme assinalou Moita Lopes o ponto de partida do linguista aplicado sempre um problema com o qual as pessoas se deparam ao usar a linguagem na pr tica social e em um contexto de a o A partir da poder amos definir seu objeto de estudo problemas sociais relativos ao uso da linguagem No cap tulo anterior discorri sobre a natureza do objeto na acep o da racionalidade cient fica moderna que apresenta como uma de suas caracter sticas a delimita o ou seja um recorte da realidade que possi
298. nico da globaliza o e os significados anti ticos que desrespeitem a diferen a ROJO 2004 p 37 38 grifo da autora Rojo adverte ainda que as orienta es dos Par metros devem ser articuladas com uma teoriza o sobre a aprendizagem alinhada com processos contempor neos de constru o de conhecimento incluindo formas de aprendizagem do mundo fora da escola 209 Tem sido cada vez mais argumentado que a aprendizagem situada na comunidade de pr tica na qual agimos portanto contextualizada Isso significa que aprender principalmente um ato social no sentido de que aprendemos de e com os outros envolvidos na busca de conhecimentos e significados comuns Assim aprender um ato situado de estar no mundo com algu m o que implica compreender que n o o indiv duo que aprende mas a comunidade da qual participa ROJO 2004 p 39 grifo meu Diante desse fatores Rojo faz algumas recomenda es para uma reformula o dos PCNEM 1 Sejam mantidas e incrementadas por novas propostas as bases interdisciplinares e relativas a curr culos culturalmente sens veis contextualiza o presentes nas DCNEM 2 As disciplinas de l nguas sejam mantidas integradas s outras linguagens em termos de conceitos conhecimentos habilidades valores e atitudes 3 Novos documentos venham a esclarecer esses conceitos conhecimentos habilidades valores e atitudes de maneira integrada e coerente teoria de linguagem de
299. no de gram tica produ o textual o trabalho com g neros textuais a intera o na sala de aula o livro did tico etc Ora o termo objeto um construto da ci ncia moderna criado com o intuito de possibilitar o controle sobre a fluidez de qualquer fen meno Por meio dessa no o pretende se recortar o fen meno em estudo dando lhe dimens es precisas e portanto control veis Com isso o fen meno perde sua din mica caracter stica sua 154 mobilidade para se relacionar com outros fen menos o que poderia provocar resultados inesperados Essa uma quest o muito discutida por ambientalistas que s o contr rios por exemplo ao cultivo de sementes transg nicas Para eles as pesquisas em laborat rios s o submetidas a um n vel de controle que n o vai se repetir na natureza Eles acreditam que h a possibilidade de a intera o entre as sementes e o ambiente gerar consequ ncias imprevis veis No campo das ci ncias humanas essa quest o deveria ser ainda mais problematizada As a es humanas s o influenciadas por fatores de diversas ordens e n o h qualquer possibilidade de lhes atribuir encadeamento ou previsibilidade Nas palavras de Santos 1989 p 36 As ci ncias sociais n o disp em de teorias explicativas que lhe permitam abstrair do real para depois buscar nele de modo metodologicamente controlado a prova adequada as ci ncias sociais n o podem estabelecer leis universais porque os fen menos socia
300. no estudo das l nguas particulares que a elimina por meio da descri o fonol gica Essas teoriza es por m restringem se l ngua ou fala na acep o saussuriana De acordo com Cagliari 2009 a ortografia n o tem como objetivo retratar a fala de ningu m mas o de neutralizar a varia o lingu stica Dessa forma as transcri es fon tico fonol gicas nada mudam com rela o as dificuldades ou facilidades de memoriza o da grafia das palavras Segundo o autor a ortografia e n o o alfabeto que determina que som uma letra tem O m ximo que o alfabeto faz dar nomes s letras e atrav s deles indicar um dos sons que comumente associado quela letra Ao neutralizar a varia o dialetal uma palavra escrita ortograficamente pode ser lida de todas as maneiras como todos os falantes pronunciam aquela palavra Como h pron ncias diferentes as diferen as mostram os valores fon ticos que as letras t m CAGLIARI 2009 p 40 A posi o de Cagliari retoma um problema proposto por Auroux 1998 pode se inverter ontologicamente a rela o cronol gica entre o oral e o escrito para fazer deste ltimo a condi o de possibilidade de qualquer l ngua Do ponto de vista cient fico da Lingu stica a resposta negativa No entanto na pr tica social principalmente no mbito educacional a escrita que determina a fala E nisto n o estou falando nenhuma novidade As gram ticas normativas estabelecem duas uni
301. nova Constitui o ainda que favorecesse velhos h bitos que desgostaram os que queriam uma maior prote o ao ensino p blico gratuito obrigat rio e laico fornecido pelo Estado por conter uma s rie de mecanismos que permitiam o deslocamento de verbas p blicas para o ensino privado e coisas similares n o podia por ela mesma legislar no campo mais detalhado da educa o Para tal a pr pria Constitui o determinou que se elaborasse uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional a Lei 9 394 96 aprovada no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso Para o autor uma medida relativamente positiva foi a maneira com que a LDB falou sobre o que deve ou n o ser ensinado nas escolas Ela apenas colocou que deveria existir um n cleo comum para todo o territ rio nacional e uma parte diversificada Assim 56 fazendo ela permitiu o aparecimento por obra do Minist rio da Educa o e Cultura MEC dos Par metros Curriculares Nacionais PCN que incentivaram uma vasta literatura em torno de cada t pico abordado Arist teles na Pol tica defende que a educa o do cidad o uma quest o de Estado e deve estar de acordo com o g nero de governo Segundo ele o esp rito de cada forma de governo n o s o protege habitualmente como o consolida desde o in cio Assim o esp rito democr tico protege e fortalece a democracia e o esp rito olig rquico protege e fortalece a oligarquia Na esteira desse racioc nio
302. ntar a transforma o estabelece o Ensino M dio como etapa conclusiva da educa o b sica de toda a popula o estudantil Para o MEC isso desafia a comunidade educacional a p r em pr tica propostas que superem as limita es do antigo Ensino M dio organizado em fun o de duas tradi es formativas a pr universit ria e a 57 profissionalizante Em lugar dessas tradi es fixa se o postulado b sico de se preparar o estudante para a vida Este suposto deslocamento suscita quest es do tipo Qual a concep o de vida subjacente a tal postulado poss vel conceber a vida humana fora do sistema produtivo em sociedades capitalistas Este novo paradigma rompe efetivamente com o antigo Ensino M dio Nesta conjuntura qual seria o papel desempenhado pela disciplina L ngua Portuguesa Tais quest es ser o retomadas e discutidas no decorrer deste trabalho Ao lan amento dos PCNEM seguiram se v rias cr ticas que culminaram com a elabora o dos PCN Orienta es educacionais complementares aos Par metros Curriculares Nacionais As cr ticas referiam se de modo geral dificuldade de adequa o dos conte dos espec ficos de cada disciplina s no es de compet ncias habilidades conceitos valores e atitudes preconizadas nos Par metros Entretanto tamb m n o faltaram cr ticas ao documento apresentado pelo MEC como solu o das limita es contidas no primeiro De acordo Roxane Rojo BRASIL 2004 os PCN apr
303. nto criticar fora da ideologia Al m de pretender uma imuniza o contra os efeitos da ideologia os analistas cr ticos se apresentam como portadores da verdadeira verdade ou seja como os nicos capazes de compreender O sentido do discurso A inten o comunicativa do autor Desse modo se assemelham ao Prometeu Acorrentado que rouba o fogo dos deuses e o entrega aos homens No caso dos analistas eles descobrem a verdade dos detentores do poder os deuses deste mundo e a entregam aos oprimidos Todavia como diz Bauman 2008 p 133 A teoria cr tica em seu come o via o arrancar da liberdade individual do aperto de uma sociedade afligida por apetites totalit rios homogeneizadores e uniformizadores que diziam ser a derradeira tarefa de emancipa o e o final da mis ria humana A cr tica deveria servir a esse objetivo n o precisava olhar al m do momento de sua obten o grifo meu Pennycook 2003 chama a aten o para o fato de que grande parte do trabalho que se faz atualmente em LA se enquadra nessa categoria designada nas ci ncias sociais como modernismo emancipat rio que desenvolve uma cr tica das forma es sociais e pol ticas mas oferece apenas uma vers o alternativa de verdade no seu lugar quando oferece alguma coisa Uma amostra de como se d a cr tica das forma es sociais e o esvaziamento do potencial cr tico em trabalhos desenvolvidos em LA pode ser visto em Signorini 2002 A autora s
304. nto da L gica medieval A composi o desse acervo firmou o desenvolvimento da L gica nos s culos seguintes porque dentre outros fatores transmitiu apenas elementos da sintaxe e sem ntica da linguagem e da infer ncia silog stica separando assim a teoria da infer ncia da teoria aristot lica da demonstra o cient fica Ao mesmo tempo o uso exeg tico junto com a Gram tica configurou a Dial tica medieval como uma disciplina cujo objeto o estudo da sintaxe e da sem ntica da linguagem natural e da validade das formas de infer ncias 39 2 2 O PORTUGU S COMO DISCIPLINA CURRICULAR Percorrer a hist ria do ensino de l ngua ou melhor de linguagem na Idade M dia ganha ainda mais import ncia se considerarmos que o portugu s s se tornou disciplina curricular no Brasil a partir do s culo XIX No in cio da hist ria da educa o de nosso pa s a l ngua portuguesa estava ausente n o apenas do curr culo escolar como tamb m de certa forma do pr prio intercurso social Na realidade tr s l nguas conviviam no Brasil Colonial ao lado do portugu s trazido pelo colonizador codificou se uma l ngua geral que recobria as l nguas ind genas faladas no territ rio brasileiro estas embora v rias provinham em sua maioria de um mesmo tronco o tupi o que possibilitou que se condensassem em uma l ngua comum o latim era a terceira l ngua pois nele se fundava todo o ensino secund rio e superior dos jesu tas
305. o analisado ou sintetizado e semanticamente interpretado Na sua maior parte o modelo est limitado aos processos de informa o sem ntica Representa o de conhecimento e uso n o delinearemos de forma completa a base de conhecimento ou outras informa es cognitivas tais como cren as ou opini es tarefas e objetivos os quais fornecem informa es necess rias para as v rias opera es sem nticas de compreens o do discurso o conhecimento especificado ser ad hoc e intuitivo e enfocaremos somente alguns aspectos dos processos de uso e conhecimento nfase acrescida 90 iii lgnoraremos tamb m a representa o sistem tica das informa es contextuais no processamento do discurso tais como atos de fala relevantes intera o e situa o novamente essas informa es ser o fornecidas ad hoc quando necess rias na formula o dos processos sem nticos As limita es pr ticas referem se ao objeto ao sujeito e aos modos de compreens o Embora pretenda uma teoria geral o autor observa que o objeto restringia se compreens o de hist rias e como se sabe o processamento de diferentes textos vai exigir estrat gias cognitivas diferenciadas Os sujeitos se diferenciam por uma s rie de fatores quais sejam posi o e pap is sociais cren as g nero n vel de escolaridade etc o modelo proposto abstrai essas diferen as Os diferentes objetivos de leitura v o mobilizar modos diferen
306. o passagem que prepara o ouvinte para receber o discurso 2 narratio narra o exposi o de casos suposta ou verdadeiramente ocorridos 3 partitio distribui o torna o discurso transparente porque decide sobre os temas por discutir 4 confirmatio prova arranjo dos argumentos que dar o cr dito e autoridade causa 5 refutatio refuta o apresentam se argumentos contr rios aos do opositor para debilitar sua confirma o 6 peroratio perora o a conclus o de qualquer discurso 36 Se a inventio a primeira condi o de exist ncia da Ret rica confirmatio cabe conferir credibilidade ao orador que depende da pr pria habilidade para ser convincente Para isso ele conta com argumentos extra dos dos loci t picos ou lugares comuns que devem ser prov veis ou irrefut veis e podem ser indiferentemente apresentados mediante racioc nio dedutivo ou indutivo Segundo Mongelli 1999 as refer ncias de C cero arte do discurso est o muito mais direcionadas do que as de Arist teles e visam inequivocamente s modalidade da orat ria forense Como esta ficou bastante restrita pela delega o de suas fun es a especialistas e como os c sares absolutos proibiram a orat ria deliberativa restou apenas a encomi stica e a demonstrativa O entretenimento dos ouvintes ganha maior peso e a Ret rica come a a derivar para outras dire es que dar o prefer ncia amplificatio sobre a inventio 2
307. o da frase senten a ou proposi o as propriedades sint ticas das pragm ticas Desse modo proponho limitar o n vel sint tico ao estudo das regras de combina o dos signos e tratar nesta se o destinada a apresentar os aspectos semi ticos do signo lingu stico apenas dos conceitos e opera es ligados descri o dessas regras Por isso o n vel sint tico ser composto pelos seguintes objetos a b c d proposi o Predica o visto que afeta as regras de concord ncia nominal e verbal al m do emprego de sinais de pontua o Coloca o pronominal que estabelece regras de uso dos cl ticos e sua rela o com os complementos verbais Complemento nominal que se relaciona com o preenchimento de posi es exigidas pelo nome de modo que sua aus ncia afeta a significa o da senten a ou Predicativos que afetam as regras de concord ncia e interferem na constitui o do 173 e Reg ncia que interfere na concord ncia f Ora es subordinadas substantivas que podem desempenhar as mesmas fun es que outros constituintes e por conseguinte afetar regras de concord ncia e emprego dos sinais de pontua o 5 1 2 4 N vel textual Em Koch 2004 a Lingu stica Textual definida como o ramo da Lingu stica que tem o texto como objeto de estudo Todavia se levarmos em considera o quantas disciplinas tomam o texto como objeto e se pensarmos que cada uma delas estuda aspectos
308. o ensino uma concep o sociointeracional ou dial gica de linguagem como se esses termos j fossem intrinsecamente portadores do fator pol tico Antes de qualquer coisa preciso submeter essas concep es a uma reflex o cr tica que vai significar a passagem do sociointeracionismo e do dialogismo ing nuos para o sociointeracionismo e o dialogismo cr ticos nos quais o qualificativo cr tico abrange desde uma reflex o sobre a constitui o material do signo at sua articula o com as forma es discursivas que o atravessam e as condi es de exerc cio da fun o enunciativa que tornam poss vel sua emerg ncia Logicamente um ensino de linguagem alicer ado sobre essas bases precisa repensar a concep o de disciplina de conte dos de aprendizagem de metodologia de avalia o e sobretudo de forma o de professores 223 6 2 1 A quest o dos conte dos A constitui o de uma disciplina curricular tradicionalmente determinada pela conflu ncia de tr s fatores os objetivos educacionais o grau de desenvolvimento t cnico cient fico de determinada rea de conhecimento e por ltimo um recorte de objetos dessa rea tendo em vista os objetivos da educa o Esses fatores por sua vez s o atravessados pelas condi es sociais ideol gicas econ micas pol ticas e filos ficas de cada momento hist rico Na Idade M dia por exemplo formula se a organiza o curricular mais importante da hist ria
309. o tocante ao ensino de linguagem a Lingu stica Aplicada LA busca espa o num territ rio at ent o dominado pelo embate entre a tradi o gramatical e a cientificidade da Lingu stica Seu posicionamento inicial se caracterizou por uma filia o ao discurso cient fico moderno e o que lhe abriu as portas do mundo acad mico foi seu compromisso declarado com a aplica o de teorias desenvolvidas pela Lingu stica O modelo de cientificidade da racionalidade moderna constitui um dos regimes de verdade que estruturam o exerc cio do poder na sociedade Dessa forma qualquer rea de conhecimento que reivindique para si o estatuto de ci ncia deve estar ciente das implica es sociopol ticas de suas interven es e at mesmo de sua omiss o na sociedade Isso inclui evidentemente uma reflex o acerca de como os saberes que ela vai construir v o se relacionar com outras formas de saber que circulam na sociedade A aus ncia dessa reflex o pode ser apontada como uma das causas da dificuldade de di logo entre o discurso da Lingu stica e as concep es arraigadas as verdades sobre a linguagem que circulam socialmente 121 A rela o da ci ncia com as demais formas de conhecimento nas sociedades modernas pode se dar de tr s maneiras por hierarquiza o por exclus o e por usurpa o No primeiro caso o discurso cient fico classifica os saberes utilizando para isso crit rios arbitr rios e definidos em seu pr prio inte
310. objetivos da educa o Isso implica na ado o de uma nova perspectiva de curr culo n o aquela que o identifica de maneira redutora com um conjunto de saberes que um estudante deve adquirir mas uma que al m de elencar saberes contribua tamb m na constru o da identidade dos sujeitos N o quero dizer com isso que a concep o tradicional de curr culo n o seja movida por um projeto de constru o 212 da identidade dos sujeitos mas de acordo com as discuss es realizadas at aqui entendo que estamos diante da necessidade de repensar esse projeto em favor de uma perspectiva educacional politicamente orientada para o Ensino M dio Portanto mais importante do que avaliar erros e acertos nas orienta es curriculares oficiais e encaminhar sugest es de mudan as em sua estrutura de modo que elas se tornem coerentes primeiramente definir a finalidade da educa o na contemporaneidade e repensar seus objetivos Somente ap s isso ser poss vel estabelecer a concep o de aprendizagem e a concep o de linguagem que por sua vez determinar o os par metros de recorte dos fen menos que ir o constituir a L ngua Portuguesa como disciplina curricular Para que esse recorte esteja em perfeita sintonia com os objetivos da educa o e com as concep es de linguagem e aprendizagem ele deve ser feito de forma transdisciplinar por meio da apropria o de conceitos produzidos em disciplinas diversas e sua consequente reteoriza
311. odo indiv duo o direito a ser educado at onde o permitam as suas aptid es naturais independente de razoes de ordem econ mica e social A educa o nova que certamente pragm tica se prop e ao fim de servir n o aos interesses de classes mas aos interesses do individuo e que se funda sobre o princ pio da vincula o da escola ao meio social tem o seu ideal condicionado pela vida social atual mas profundamente humano de solidariedade de servi o social e coopera o A escola socializada reconstitu da sobre a base da atividade e da produ o em que se considera o trabalho como a melhor maneira de estudar a realidade em geral aquisi o ativa da cultura e a melhor maneira de estudar o trabalho em si mesmo como fundamento da sociedade humana se organizou para remontar a corrente e restabelecer entre os homens o esp rito de disciplina solidariedade e coopera o por uma profunda obra social que ultrapassa largamente o quadro estreito dos interesses de classes GHIRALDELLI JR 2006 p 231 232 12 Nesta obra pode se ler o Manifesto dos pioneiros da Educa o Nova na ntegra Os fragmentos transcritos aqui tiveram a grafia atualizada 48 Mannheim entretanto observa que o princ pio da igualdade essencial de todos os seres humanos n o implica um nivelamento social mec nico A quest o n o que todos os homens sejam iguais quanto a suas qualidades m ritos e dons mas que todos personificam o mesmo prin
312. oeminente representante o que a coloca como uma refer ncia quando se pensa no texto como objeto de ensino Os pressupostos te rico metodol gicos de seus trabalhos giram em torno das no es de l ngua sujeito texto contexto leitura produ o de sentidos referencia o progress o textual coes o e coer ncia textuais sequencia o e argumenta o Como nenhum desses conceitos possui defini o consensual no campo dos estudos lingu sticos importante ressaltar alguns que s o centrais na perspectiva defendida pela autora acerca de como se d a rela o entre autor texto e leitor ouvinte O primeiro termo a ser destacado l ngua Aqui a autora assume uma concep o que se tornou dominante entre as teorias que defendem a l ngua linguagem como objeto de estudo das ci ncias humanas a de l ngua como intera o social Assim enfatiza se o car ter ativo do sujeito na re produ o do social medida que participam da situa o na qual se 86 acham engajados e que s o atores na atualiza o das imagens e das representa es que constituem o processo comunicativo O texto visto como evento comunicativo no qual convergem a es lingu sticas cognitivas e sociais O contexto figura como o termo que aglutina o co texto contexto lingu stico a situa o de intera o imediata a situa o mediata entorno sociopol tico e cultural e tamb m o contexto sociocognitivo dos interlocutores que segundo ela
313. ofia Natural seria a F sica a Matem tica e a Metaf sica enquanto que a Filosofia Moral vita determinaria a verdade da vida individual como uma vida mon stica de monos um a verdade da vida mon stica como economia e a verdade coletiva como pol tica No entanto aponta a autora a partir do s culo XVI adotam se outros curr culos nas universidades e escolas com outras prioridades O saber torna se mais enciclop dico mais erudito mas sem uma escala de grada o A Gram tica por exemplo deixa de ser b sica Passa a ser ministrada em conjunto com Matem tica tica Dial tica e Ret rica no curr culo de Amos Comenius autor da Ratio Studiorum um dos detratores das artes liberais A seguir procederemos a uma breve caracteriza o das disciplinas do Trivium com o intuito de entender como eram praticados os estudos da linguagem na Idade M dia Digress es dessa natureza possibilitam entender por que a tradi o gramatical ainda t o forte na configura o da disciplina L ngua Portuguesa mesmo nos PCN que se prop em a modernizar educa o 24 2 1 1 1 A Gram tica A Gram tica tal como a conhecemos resultado de um longo processo hist rico Assim para o homem antigo e no seu percurso at o homem medieval estava longe de se limitar ao mbito em que modernamente se acha circunscrita Bechara 1999 salienta que os diversos matizes de que se revestiu o conceito de Gram tica atrav s dos tempos n o se apagaram
314. ogismo H ainda na Arte Ret rica o argumento pelo exemplo h duas esp cies de exemplo uma consiste em falar de fatos anteriores a outra em invent las o pr prio orador Nesta ltima h que distinguir a par bola e as f bulas ARIST TELES 2006 p 206 Aqui importante destacar o uso argumentativo das f bulas que nas sequ ncias protot picas de Adam seria considerada apenas por sua estrutura narrativa Na esteira desse racioc nio o que impede que a descri o tamb m seja usada como argumento Como se pode ver h v rios aspectos relacionados com a constru o de argumentos que n o s o nem podem ser contemplados pela teoria das sequ ncias argumentativas de Adam Adam distingue ainda a sequ ncia dialogal aquela que se realiza pela participa o de pelo menos dois interlocutores Mas existe realmente uma sequ ncia protot pica conversacional que funciona como unidade constitutiva de textos A quest o pertinente porque se compararmos esta sequ ncia com as demais veremos que ela n o se individualiza visto que num di logo podem ocorrer narra o explica o descri o e argumenta o Considerando que uma as sequ ncias s o definidas como unidades textuais como explicar que uma sequ ncia possa conter outras A distin o proposta por Bakhtin 2003 entre g neros prim rios simples e g neros secund rios complexos oportuna para fins de esclarecimento O fato de aparecerem d
315. onhecimento conforme observa Moita Lopes 1998 p 114 127 Uma an lise dos trabalhos em LA revelar que uma grande maioria ainda tem uma base te rica nica a Lingu stica em seu sentido macro Os pesquisadores em geral operam dentro dos limites da An lise do Discurso da lingu stica textual ou da An lise da Conversa o na tentativa de compreender o problema em an lise Ou seja ficam dentro do limite disciplinar Essas observa es longe de pretenderem negar o estatuto cient fico da LA sugerem que ela est num patamar al m dos modelos cient ficos e disciplinares tradicionais uma vez que os estudos que se desenvolvem sob seu r tulo enfocam aspectos e problemas relacionados ao funcionamento social da linguagem que s o preteridos pelas disciplinas cient ficas fundadas no paradigma cient fico moderno Esse patamar pode ser definido como transdisciplinar Neste cap tulo pretendo explicitar a dificuldade da LA em se desvincular desse modelo de racionalidade e apontar elementos para a ado o de uma perspectiva p s cr tica e transdisciplinar nas pesquisas referentes ao ensino de linguagem 4 2 A LA CR TICA Modern Times o ltimo filme mudo de Charles Chaplin sintetiza de forma magistral aquilo que Bauman 1999a identificou como uma propriedade inerente da modernidade a ambival ncia O filme mostra a situa o do trabalhador automatizado no modelo fordista de produ o ap s a crise de 1929 e fornece um pano
316. onhecimento partilhado e antecipar poss veis obje es de acordo com o momento em que ele produzido A negocia o deve levar em conta tanto a significa o pretendida no momento e nas condi es que definem o contexto de produ o quanto as possibilidades significativas desse mesmo contexto e de contextos distanciados no tempo ou seja em outros contextos de recep o ATOS DE LINGUAGEM Na produ o de g neros semi tico textuais macroatos podem ser realizados diversos microatos de linguagem Todos os g neros s o compostos de microatos unidades respons veis pela materializa o da inten o comunicativa por meio da qual o autor tenta agir sobre seu interlocutor Esses atos devem estar dispostos de maneira harm nica e atender a determinadas condi es impostas pelo contexto situacional e ou marcar posi es assumidas pelo autor no momento de produ o dos g neros Os atos podem ser diretos quando h uma correspond ncia entre conte do proposicional e inten o ou indiretos quando n o h essa correspond ncia Os atos podem ser produzidos levando se em conta a capacidade do leitor previsto de fazer infer ncias ou estas podem ser feitas independentemente da previs o do autor mas a partir de seus atos Neste caso tem se a infer ncia cr tica 235 PROCEDIMENTOS e Compreender a leitura como um processo dial gico e interacional no qual as significa es devem ser negociadas criticamente e Diferenciar
317. ontinuou sendo negligenciado persiste o objetivo de determinar a estrutura de palavras j formadas Al m disso outro grande problema do estruturalismo gira em torno do conceito de morfema j que h elementos constituintes de palavras que n o podem ser definidos em termos de significado Inicialmente tentou se resolver o problema atrav s da cria o de um conceito substituto o voc bulo m rfico ZANOTTO 2001 um conceito convenhamos dotado de tamanha abstra o que s se justifica para o alcance de objetivos estritamente te ricos Uma tend ncia mais recente tem optado pela utiliza o do termo lexema em lugar do voc bulo m rfico que Rosa 2008 entende como a palavra considerada como unidade abstrata mas com significado Essa alternativa apresenta a vantagem de recolocar a palavra no centro dos estudos morfol gicos mas n o lhe devolve a condi o de signo uma vez que o lexema considerando como um conceito abstrato Na argumenta o de Rosa a no o cl ssica de morfema se fundamenta no entendimento de que determinadas sequ ncias f nicas expressam determinados significados Como essa rela o n o se sustenta a autora prop e uma solu o atrav s do 165 estabelecimento de dois n veis i o n vel da estrutura sem ntica ou seja o do lexema ii o n vel da express o fonol gica em que aparecem os processos gramaticais tais como altern ncia nas ra zes a afixa o e a reduplica o Este ltimo n v
318. or do Estado n o necessariamente o decl nio da regulamenta o quanto mais o seu fim O recuo ou a autolimita o do Estado tem como efeito mais destacado uma maior exposi o 245 dos optantes tanto ao impacto coercitivo agendador como doutrinador codificador de for as essencialmente n o pol ticas primordialmente aquelas associadas ao mercado financeiro e de consumo para essa tarefa que a LA p s cr tica deve contribuir Para isso um dos primeiros passos a serem dados assumir se como ci ncia social de fato e romper com os aspectos do paradigma cient fico moderno que ainda segue As an lises que empreendi sobre os construtos te ricos da Lingu stica que ainda exercem uma consider vel influ ncia sobre as pesquisas em LA apontam para a necessidade de se teorizar sob novas bases epistemol gicas fundadas n o no objetivo prec puo de compreender as regularidades sist micas da l ngua mas no compromisso pol tico de compreender o papel da linguagem na constitui o da sociedade e na utiliza o desses resultados para a promo o da autonomia pol tica dos cidad os Nesse contexto a linguagem deve ser entendida como fen meno ao mesmo tempo semi tico e pragm tico cujo in cio da manifesta o pode ser percebido mas que jamais poder ter suas possibilidades de deriva controladas Essa posi o contrasta com a ideia de linguagem como objeto que tem sua extens o e suas possibilidades de funcionamento control
319. or meio de outros artif cios semi ticos deveria poder ser traduzido em termos verbais sem que o inverso seja poss vel No entanto embora todo conte do expresso por uma unidade verbal possa ser traduzido por outras unidades verbais e tamb m grande parte dos conte dos expressos por unidades n o verbais possam ser traduzidos por unidades verbais existem muitos signos n o verbais que n o podem ser traduzidos por unidades verbais sen o por meio de vagas aproxima es Na realidade a quest o das rela es entre os signos n o deve se resumir discuss o sobre as possibilidades de tradu o intersemi tica e hegemonia da linguagem verbal nesse processo Antes deve concentrar se no funcionamento social dos signos e como a articula o entre as diversas semioses incluindo a a tradu o intersemi tica contribui para a constru o manuten o e transforma o das rela es e pr ticas sociais Buyssens 1972 assinala que os signos s o percebidos por cinco vias poss veis auditiva visual t til gustativa e olfativa Essas formas de percep o s gnica evidenciam as tr s categorias de signo postuladas por Peirce A linguagem verbal pode ser percebida por meio da audi o falada ou da vis o escrita neste caso ter amos o s mbolo lingu stico H 176 os s mbolos n o lingu sticos como as cores as bandeiras os bras es dentre outros que s o percebidos pela vis o Outros signos ic nicos como a imagem
320. orreu no mesmo erro 108 da abordagem tradicional classificando as normas de acordo com a hierarquia social atribuindo aos segmentos do topo uma designa o mais prestigiada socialmente Por outro lado podemos nos questionar sobre o crit rio utilizado pela Sociolingu stica para atribuir a designa o normas populares aos usos lingu sticos de determinados segmentos da sociedade Foram os pr prios falantes que assim identificaram sua forma de utilizar a linguagem A rigor a designa o norma padr o semanticamente neutra uma vez que o seu oposto n o padr o n o implica necessariamente um ju zo de valor Na verdade a designa o l ngua padr o n o se refere l ngua mas a uma forma de comportamento social como tantos outros que t m seus contextos sociais de realiza o De acordo com Corbeil 2001 p 182 a regula o lingu stica s diz respeito evidentemente a este sentido da palavra l ngua a l ngua enquanto comportamento O que os defensores da tradi o ainda n o conseguiram aceitar a que a exist ncia da l ngua padr o a prova da exist ncia da varia o ou seja s existe padr o porque existe varia o Dessa forma incorrem num purismo que nega a plasticidade e o dinamismo que caracteriza qualquer l ngua Se a l ngua n o fosse heterog nea todos falariam da mesma maneira independentemente da situa o e isso tornaria desnecess ria a regulamenta o lingu stica j
321. os te rico metodol gicos da proposta de Possenti para o ensino de gram tica s o os seguintes i Gram tica significa um conjunto de regras que podem ser entendidas como a regras que devem ser seguidas gram tica normativa b regras que s o seguidas gram tica descritiva e c regras que o falante da l ngua domina gram tica internalizada ii O ensino de gram tica deve ser iniciado pelo estudo da gram tica internalizada em seguida trabalha se com a descritiva e por ltimo com a normativa Essa orienta o permitiria compreender que aquilo que tradicionalmente classificado como erro de portugu s constitui na realidade amostras da heterogeineidade da l ngua Segundo o autor o ensino deve partir da concep o de l ngua como conhecimento interiorizado Essa posi o corrobora a tese chomskiana da gram tica universal que tamb m identifica a l ngua com a gram tica Na realidade o questionamento que se pode formular com base nesse postulado se o falante j possui um conhecimento interiorizado de sua l ngua o ensino de gram tica n o constituiria uma redund ncia portanto uma atividade desnecess ria realizada pela escola H realmente necessidade de se ensinar esse saber que o falante j possui O pr prio Chomsky pensa que n o 2 POSSENTI op cit p 83 78 O termo capacidade pode ser usado em v rios sentidos cada um mais estrito que outro Quando digo que fulano capaz de fa
322. osofia da linguagem caso de algumas abordagens pragm ticas e da An lise do discurso francesa j que seus interesses recaem menos sobre a estrutura da l ngua do que sobre o car ter simb lico cultural e sociopol tico da l ngua como componente da linguagem Esse mosaico em que se transformou a Lingu stica fez com que na Fran a por exemplo a designa o ca sse em desuso e as disciplinas que a integravam passaram a constituir as Ci ncias da Linguagem Acredita se que dessa forma se estabelece uma simetria entre o nome e o ser O problema que com ela enterra se definitivamente a distin o entre l ngua e linguagem que se do ponto de vista de uma teoria lingu stica pura n o faz diferen a para as ci ncias humanas e sociais extremamente relevante Por isso vou seguir utilizando a designa o cl ssica Esta breve caracteriza o do estatuto disciplinar e epistemol gico da Lingu stica tem como objetivo mostrar que seu foco continua sendo a l ngua N o a l ngua em seu funcionamento social mas estrutural sist mico As disciplinas que apresentam propostas para o ensino fazem no considerando apenas os resultados obtidos com o estudo de seus objetos especificamente O ensino de uma l ngua como disciplina curricular n o se resume compreens o de seus componentes estruturais Antes deve levar em conta os sujeitos a constitui o dos objetivos da educa o o contexto sociopol tico pedag gico e hist rico em
323. ostrava se til para a interpreta o das Escrituras na medida em que estabelecia uma esp cie de conex o nervosa em todo o texto a Ret rica ajudava a expressar o que se havia entendido da leitura sagrada n o propriamente a entend la a Matem tica era um caminho de descoberta dos mist rios ocultos nos n meros da Escritura a Filosofia antiga deveria ser entendida no esp rito dos Evangelhos Foi esse modelo educacional que foi trazido pelos jesu tas para o Brasil no s culo XVI Queiroz 1999 observa que desde o s culo IV algumas escolas mon sticas haviam tentado estabelecer um algum sistema particular de educa o crist Em geral era priorizada a alfabetiza o para que os meninos pudessem ler a B blia e adquirir o saber em 21 torno dessa leitura Mesmo assim os crist os ainda n o estavam absolutamente certos de como deveria ser um novo curr culo de sustenta o do conhecimento religioso Tampouco alteraram a concep o que os antigos tinham das crian as seguiam imaginando a inf ncia e a adolesc ncia como fases de desregramento em que somente uma r gida disciplina poderia domar a indisciplina Nos textos de Agostinho sempre especulares do imagin rio romano crist o as crian as s o consideradas materializa o evidente do pecado original desprovidas de qualquer inoc ncia A partir do s culo V os povos germ nicos instalados em diferentes regi es do Imp rio Romano contribuem com uma vis o diversa do
324. p cie de teoria das paix es que dentre outros conceitos estabelece a distin o entre ethos e pathos no primeiro caso a persuas o decorre de qualidades centradas na personalidade do orador no segundo no p blico ouvinte O Livro Ill da Ret rica versa sobre a elocu o e comp e com o estudo das paix es o destaque da obra por oferecer subs dios Estil stica onde a lingu stica enunciativa e a pragm tica t m bebido as bases das formula es te ricas contempor neas Desenvolve se segundo o preceito da justa medida caro aos gregos O estilo ter a conveni ncia desejada se exprimir as paix es e os caracteres e se estiver intimamente relacionado com o assunto Esta rela o existe quando n o se tratam de modo rasteiros assuntos importantes nem enfaticamente assuntos vulgares quando n o se enfeita de ornamentos uma palavra ordin ria ARIST TELES 1959 p 203 T o minuciosos s o os desdobramentos dessa proposi o que imp em a divis o dos discursos em partes cada uma contendo seu estilo pr prio o ex rdio a exposi o a prova e o ep logo Cabe aqui o elenco das figuras de linguagem que retomadas pelos romanos dar o um tom mais pragm tico Ret rica latina de modo a distingui la da tradi o plat nica e aristot lica C cero mant m a mesma coer ncia de proposi es em seus tratados de Ret rica O arcabou o delas a racional parti o do discurso recheando com numerosos detalhes o
325. pessoa marcada pela cumulativa desin ncia n mero pessoal nos verbos iv a rela o atrav s de morfemas que estabelecem conex es entre morfemas lexicais e sufixos a vogal tem tica vogais e consoantes de liga o v o tempo atrav s da cumulativa desin ncia modo temporal nos verbos b sint tico engloba as propriedades decorrentes da combina o das palavras no n vel da frase ou da senten a S o elas concord ncia nominal e verbal reg ncia transitividade predica o coloca o cl ticos rela o atrav s das conjun es pronomes relativos e preposi es c sem ntico envolve o que hoje se estuda sob o r tulo de sem ntica lexical a sinon mia a anton mia a hiperon mia hipon mia a homon mia a paronom sia a paron mia Geralmente essas propriedades se estabelecem no n vel da palavra mas a homon mia pode se dar no n vel dos morfemas d textual abrange propriedades que as palavras demonstram quando empregadas em textos Tratam se dos mecanismos de coes o lexical e gramatical referencial e sequencial O que estou definindo como n vel textual n o compreende a totalidade dos objetos estudados pela Lingu stica Textual Antes restringe se ao funcionamento das classes no texto tomado como unidade de funcionamento dos signos lingu sticos e pragm tico refere se s propriedades que as palavras manifestam em decorr ncia do uso lingu stico atravessado pela intencionalidade S o elas i a d ixi
326. pios epistemol gicos e pol ticos ou seja sobre o impacto social de suas pesquisas Uma ci ncia social s se legitima quando interfere na sociedade quando devolve a essa sociedade a solu o dos problemas que a afetam e que constituem a raz o de ser dessa ci ncia Este trabalho tem como seus grandes objetivos i submeter as ci ncias da linguagem a essa reflexividade e ao mesmo tempo propor questionamentos sobre sua relev ncia social especificamente no campo do ensino de linguagem ii propor diretrizes gerais para o ensino de linguagem uma totalidade n o totalit ria capaz de funcionar como par metro norteador das pesquisas e consequentemente para a constru o de uma perspectiva transdisciplinar de ensino de linguagem Estabele o como pressuposto o entendimento de que a constru o de tal perspectiva est condicionada aos seguintes fatores i um entendimento acerca de como as transforma es pelas quais passa o mundo contempor neo est interpelando os sujeitos ii uma compreens o do papel que a escola deve desempenhar nesse contexto que est possibilitando a emerg ncia de novos sujeitos da educa o iii uma nova concep o de curr culo em que os objetivos da educa o possibilitem uma articula o entre concep es atualizadas de mundo e de sujeito iv uma reconceptualiza o de no es como ci ncia juntamente com seus objetos e objetivos disciplinas e conte dos v a constru o de uma teoria da
327. pol ticas adotadas para governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades multiculturais Diante das especificidades de cada sociedade multicultural e de suas rela es com a pol tica e o poder h v rias perspectivas de multiculturalismos Hall 2003 p 53 i o conservador que insiste na assimila o da diferen a s tradi es e costumes da maioria ii o liberal que busca integrar os diferentes grupos culturais o mais r pido poss vel sociedade majorit ria baseado em uma cidadania individual universal tolerando certas pr ticas culturais particularistas apenas no dom nio privado iii o pluralista que avaliza diferen as grupais em termos culturais e concede direitos de grupo distintos a diferentes comunidades dentro de uma ordem pol tica comunit ria ou mais comunal iv o comercial que parte do princ pio de que se a diversidade dos indiv duos de distintas comunidades for publicamente reconhecida os problemas de diferen a cultural ser o resolvidos e dissolvidos no consumo privado sem qualquer necessidade de redistribui o do poder e dos recursos v o coorporativo p blico ou privado que busca administrar as diferen as culturais da minoria visando os interesses do centro vi o cr tico ou 218 revolucion rio que enfoca o poder o privil gio a hierarquia das opress es e os movimentos de resist ncia Procura ser insurgente polivocal heteroglosso e antifundac
328. poss vel acreditar que possa ocorrer alguma transforma o efetivamente significativa no ensino de linguagem A situa o fica ainda mais grave se levarmos em conta que os construtos te ricos da Lingu stica n o s o formulados tendo em vista perspectivas de interven o na sociedade mas s o objetos idealizados cuja legitimidade de inclus o no curr culo adv m unicamente do fato de serem produtos de investiga o cient fica 244 Assim sendo a concep o de educa o defendida neste trabalho orientada para a constru o da autonomia por meio da forma o pol tica rompe com a ideia segundo a qual a educa o deva ser conduzida exclusivamente pelos interesses do Estado A principal justificativa para esse rompimento est no fato de que o pr prio Estado n o aut nomo Sua heteronomia se revela em sua subordina o ao poder de mercado que separou a pol tica do poder e reduziu o papel do Estado tarefa de tornar os cidad os d ceis e suscet veis aos padr es que estabelece Ao contr rio do que pressupunha a cr tica marxista o exerc cio desse poder n o se d de forma localizada mas difusa imiscuindo se em diversas inst ncias da constitui o humana como a cultura a identidade as rela es pessoais o trabalho o lazer a pol tica etc Isso exige uma redefini o tanto da concep o de cr tica a ser empregada pelos intelectuais como de suas formas de a o Como observou Bauman 2000 a passagem para a cond
329. prio Bo cio colaboraram com os governos germ nicos QUEIROZ 1999 p 21 evidente que as ideias fora do lugar s o suscet veis de provocar incoer ncias Se a Ret rica era a arte romana por excel ncia n o havia mais cidades nem parlamentos compat veis com sua performance Restavam as igrejas certamente Mas em que l ngua se dirigir aos novos p blicos A entrada dos v rios povos germ nicos no ocidente acarreta a 22 introdu o de uma infinidade de l nguas e dialetos novos por todas as partes O latim se regionaliza ou desaparece De acordo com Queiroz Op Cit p 25 a institucionaliza o ao menos te rica do Trivium e do Quadrivium como suportes metodol gicos e de conte do da educa o talvez possa ser localizada nos tempos carol ngios A autora relata que entre os s culos VIII e IX Alcu no o conselheiro de Carlos Magno escreveu tratados isolados sobre cada uma das artes liberais conectando as com a passagem da B blia sobre os sete pilares da sabedoria refor ando assim um car ter espiritual do aprendizado escolar Na verdade o n mero sete predispunha se a toda sorte de alus es ao sagrado sete dons do Esp rito Santo sete c us sete virtudes sete graus da perfei o Os estudos das mat rias referentes ao Trivium e Quadrivium eram iniciais e podiam demorar quantos anos o aluno quisesse Geralmente os meninos tinham por volta de 14 15 anos quando eram enviados para esse aprendizado Os cursos er
330. procedimentais e atitudinais Os conte dos factuais e conceituais abrangem o conjunto de objetos que a escola tradicionalmente designou como conte dos mas s o ressignificados e postos em rela o de depend ncia m tua com os demais conte dos O conhecimento de qualquer rea cient fica ou n o requer informa es que em grande parte consiste em dados ou fatos Saberemos pouco ou nada sobre o romantismo brasileiro por exemplo se ignorarmos as especificidades s cio hist ricas e tem ticas de cada uma de suas tr s fases Essas informa es constituem dados ou fatos O que caracteriza a aprendizagem de fatos ou dados que eles devem ser lembrados ou reconhecidos de modo literal Por outro lado uma pessoa adquire um conceito quando capaz de dotar de significado uma informa o ou um material que lhe apresentado ou seja quando compreende esse material em que compreender seria equivalente mais ou menos a traduzir algo para as suas pr prias palavras COLL et al 2000 p 25 Segundo os autores os conte dos conceituais s o expressos por verbos como descrever conhecer explicar relacionar lembrar analisar inferir interpretar concluir enumerar resumir etc Contudo entendo que os conte dos factuais ou conceituais s o expressos por nomes como sinais de pontua o verbo pronomes etc e que os verbos apresentados pelos autores remetem a conte dos procedimentais Os conte dos procedimentais sempre estivera
331. prometo me a tenho a inten o de etc os comportamentais que expressam uma atitude do locutor em rela o a uma conduta anterior ou iminente de algu m desculpar se agradecer criticar maldizer etc os expositivos que s o utilizados para expor uma ideia expressar opini es conduzir debates e esclarecer usos e refer ncias afirmar negar objetar exemplificar etc Searle 1981 acrescentou distin o dos atos de fala propostas por Austin locucion rios ilocucion rios e perlocucion rios os atos proposicionais e os atos de fala indiretos Os proposicionais s o realizados para referir e predicar Esses atos podem apresentar o mesmo conte do proposicional mas diferentes valores ilocut rios express o que Searle 2002a prop e em substitui o for a ilocucion ria de Austin No caso das quatro proposi es seguintes extra das de Searle 1981 p 34 1 Jo o fuma muito 2 Jo o fuma muito 202 3 Fuma muito Jo o 4 Oxal Jo o fumasse muito Dir se que elas possuem o mesmo conte do proposicional constitu do pela atribui o do predicado fumar muito ao sujeito ao qual se refere Jo o mas que elas se op em pelo valor ilocut rio respectivamente de asser o de pergunta de ordem e de express o de um desejo Searle tamb m prop e uma taxionomia dos atos ilocut rios Partindo de uma cr tica da classifica o proposta por Austin a quem acusa de confun
332. que ele pr prio n o faz em seu livro did tico A problematiza o dos linguistas em torno da no o de norma obrigou a uma redefini o de outro conceito que lhe d sustenta o o de gram tica Aqui importante citar o pensamento de Padley 2001 p 55 segundo o qual 38 FARACO op cit p 46 111 A no o de norma tem um duplo aspecto Al m do uso falado ou escrito recomendado trata se de uma norma te rica do modelo de descri o que impera num dado momento norma que em ampla medida determina os elementos da l ngua que se escolher p r em relevo ou mesmo inventar Seguindo essa reflex o a norma te rica imposta pela Lingu stica abandona a concep o tradicional de gram tica como a arte de falar e escrever corretamente e redefine a como conjunto de regras intr nsecas ao sistema respons veis pelo funcionamento da l ngua Essas regras foram classificadas por Possenti 2005 em tr s conjuntos o das regras que devem ser seguidas identificado com a gram tica normativa o das regras que s o seguidas identificado com a gram tica descritiva e o das regras que o falante da l ngua domina identificado com a gram tica internalizada O principal problema dessa classifica o decorrente da concep o de ci ncia que a fundamenta Ela encerra os conjuntos de regras em blocos estanques o que nos leva a pressupor que uma gram tica normativa ou internalizada n o s o pass veis de estudos descritivo
333. quistou se lhes radica tamb m o afeto a venera o e a obedi ncia ao mesmo Pr ncipe nesta conquista no Brasil se praticou pelo contr rio que s cuidavam os primeiros conquistadores de estabelecer nela o uso da l ngua que chamamos geral inven o verdadeiramente abomin vel e diab lica para que privados os ndios de todos aqueles meios que os podiam civilizar permanecessem na r stica e b rbara sujei o em que at agora se conservavam determina que um dos principais cuidados dos Diretores ser estabelecer nas suas respectivas povoa es o uso da l ngua portuguesa n o consentindo por modo algum que os Meninos e Meninas que pertencerem s escolas e todos aqueles ndios que forem capazes de instru o nessa mat ria usem da l ngua pr pria das suas na es ou da chamada geral mas unicamente da Portuguesa na forma que S M tem recomendado em repetidas ordens que at agora n o se observaram com total ru na espiritual e temporal do Estado A diretriz de Pombal normatizadora e unificadora Tem como objetivo inibir usos lingu sticos que n o sejam portugueses Funciona como uma censura pois modifica a rela o com uma diferen a existente no diz vel da brasilidade que se firmava trata se de um acontecimento lingu stico que deslocou fronteiras nas pr ticas discursivas em curso no Brasil O Diret rio interv m desse modo no processo de constru o da identidade SOARES Op cit p 158 9
334. r gida entre o que pertencia esfera do legislativo e do judici rio temos que na polis era fundamental a habilidade discursiva de cada um para defender publicamente seus direitos e convic es Nesse contexto n o de se estranhar que haja uma extraordin ria valoriza o da palavra em rela o a todos os outros instrumentos de poder Ela transforma se no instrumento pol tico por excel ncia a chave de toda a autoridade nos Estado o meio de comando e de dom nio sobre os outros Todas as quest es de interesse geral que eram da compet ncia do soberano e que definem o campo da arch s o agora submetidos arte orat ria e ter o de ser resolvidos no final de um debate portanto necess rio que elas possam ser formuladas em discurso que entrem no molde de demonstra es antit ticas de argumenta es contr rias Entre a pol tica e o logos h pois uma liga o estreita um la o rec proco No essencial a arte pol tica manipula o da linguagem entre os sofistas que essa nova organiza o de valores melhor se aclimata ou antes s o eles que lhe d o impulso Ao contrapor antiga Filosofia cosmol gica centrada nas indaga es sobre os princ pios de ordem natural a ideia de que os problemas do homem s o mais significativos e mais urgentes do que os da natureza os sofistas chamam a aten o para o mundo fenom nico para as conting ncias do dia a dia e para a irremedi vel subjetividade de nossos julgamentos
335. r ter problematizador e sem pretens es de promover interven es sociais tem sido criticada devido falta de embasamento pol tico a seu relativismo a sua obscuridade te rica e a sua obsess o com o discurso e a subjetividade No lastro da perspectiva problematizante Moita Lopes 2006b entende que a LA evolui ao superar a premissa de que deveria tentar encaminha solu es ou resolver os problemas com que se defronta ou constr i Segundo ele A LA procura problematiz los ou criar inteligibilidades sobre eles de modo que alternativas para tais contextos de uso da linguagem possam ser vislumbradas Havia nessa perspectiva uma simplifica o da rea ent o entendida como lugar de encontrar solu es para problemas relativos ao uso da linguagem apagando a complexidade e efemeridade das situa es de uso estudadas que n o necessariamente se replicam da mesma forma o que impossibilita pensar solu es MOITA LOPES 2006 p 20 4 3 POR UMA LA P S CR TICA Em um discurso sobre as ci ncias Santos 2008 descreve a crise final do paradigma cient fico moderno e delineia as principais caracter sticas de um paradigma emergente que p e as ci ncias sociais no centro de um processo de constru o de um novo 139 senso comum Essa crise resultante de uma multiplicidade de fatores te ricos e sociais Alguns problemas que contribu ram para a crise da modernidade foram apresentados na se o anterior outros ser o dis
336. ra o di logo a carta dentre outros A partir de Bakhtin cresceu o interesse de linguistas pelos g neros textuais Meurer et al 2005 publicaram um volume em que as diversas abordagens foram classificadas em tr s grupos i abordagens s cio semi ticas incluindo concep es de Rugayia Hasan da perspectiva teol gica de J R Martin da lingu stica cr tica de R Fowler da perspectiva discursivo semi tica de G Kress e da an lise cr tica de Fairclough ii abordagens s cio ret ricas apresentando a proposta s cio ret rica de J M Swales e a concep o de g nero como a o social de C R Miller e C Bazerman iii abordagens s cio discursivas abrangendo os g neros na perspectiva dial gica de Bakhtin a no o de sequ ncia textual na an lise pragm tico textual de Jean Michel Adam a perspectiva interacionista sociodiscursiva de Bronckart e o g nero como componente do arquivo em Dominique Maingueneau A despeito da diversidade de perspectivas h um relativo consenso quanto relativa estabilidade como uma propriedade da no o de g nero Outro ponto pac fico refere se ao fato de que os g neros s o agrupados em dom nios discursivos verdade que a no o de 92 dom nio propriamente dita n o consensual O que interessa considerar que h a busca por um princ pio de agrupamento dos g neros Os tipos textuais embora constituam outro ponto controverso no quadro te rico dos estudos do texto s o
337. ra uma intera o imediata ou seja mesmo antes da circula o da edi o impressa e que extrapola os limites temporais de cada edi o Em 13 02 2009 a revista poca publicou uma reportagem sobre abordando o debate em torno da libera o da maconha Na p gina da revista na internet a mat ria permaneceu dispon vel para coment rios dos leitores por muito mais tempo do que a edi o na qual ela se encontrava Al m disso o fato mais interessante para a an lise das transforma es interacionais decorrentes do uso da linguagem digital a possibilidade de os leitores n o s dialogarem com a revista mas tamb m entre si conforme mostra a janela copiada abaixo 180 O misterioso Ela quer promover 2 assessora acusada Eles tiraram nota vermelha de criar ss o E est o dando auta ataque brasileira Sociedade EDG COMENTARIO LISTA Windows Internet Explore ESSES 9 http revistaepoca globo com Revista Epoca 0 EDIO 15228 1 26723 00 html m leia os coment rios S Fa a seu coment rio EDNARDO DF BRAS LIA 12 03 2009 17 44 ZE libera logo Sou a favor de libera o com restri es ao consumo assim como o lcool e tabaco mas s da maconha n o de outras e os tributos iriam para combate a drogas licitas e il citas RICARDO RS CANGU U 12 03 2009 17 21 123554884125 A MACONHA EST EM 11 LUGAR NO RANKING DAS DROGAS O TABACO ESTA EM 9 O ALCOOL ESTA EM 5 LUGAR POR QUE N O LE
338. rabalhos posteriores Dijk estendeu seus estudos para o que chamou de Estudos Cr ticos do Discurso atrav s dos quais analisa como se d a rela o entre abusos de poder e a forma o social da mente DIJK 2008 Alguns aspectos desses estudos ser o discutidos no pr ximo cap tulo 91 Na teoria bakhtiniana os g neros do discurso s o definidos como tipos relativamente est veis de enunciados produzidos nos mais diversos campos da atividade humana que refletem as condi es espec ficas e as finalidades de cada referido campo n o s por seu conte do tem tico e pelo estilo da linguagem ou seja pela sele o dos conte dos lexicais fraseol gicos e gramaticais da l ngua mas acima de tudo por sua constru o composicional BAKHTIN 2003 p 261 Bakhtin estabelece uma distin o entre g neros prim rios e secund rios que mais tarde se desdobrar nas teoriza es sobre g neros e tipos textuais Os g neros secund rios s o definidos como complexos uma vez que no processo de sua produ o incorporam e reelaboram diversos g neros prim rios Estes s o definidos como enunciados reais produzidos em situa es imediatas de intera o como por exemplo uma conversa cotidiana uma carta Os g neros complexos s o predominantemente escritos e surgem nas condi es de um conv vio cultural mais complexo e relativamente mais desenvolvido e organizado Como exemplo Bakhtin aponta o drama o romance que integ
339. rada de adequar a sociedade s novas 217 imposi es do mundo produtivo Logo a imagem de atualidade que os PCNEM constru ram e depositaram na consci ncia de muitos profissionais de educa o n o subsiste a um exame atento e cr tico de seus fundamentos Em minha disserta o de mestrado apontei como um dos problemas da reformula o do Ensino M dio sua orienta o para o sistema produtivo em detrimento de uma forma o de base humanista voltada para a valoriza o da diversidade cultural Na ocasi o n o desenvolvi esse argumento Na verdade essa tem sido uma tese muito defendida mas ao mesmo tempo muito pouco desenvolvida inclusive no mbito da LA O fracasso do projeto modernista de construir uma sociedade perfeita fundada nos princ pios iluministas da igualdade liberdade e fraternidade teve como uma de suas consequ ncias as discuss es atuais sobre a quest o multicultural e o multiculturalismo Embora esses conceitos sejam frequentemente usados como intercambi veis Hall 2003 defende uma distin o entre eles Segundo ele multicultural um termo qualificativo que descreve as caracter sticas sociais e os problemas de governabilidade caracter sticos de qualquer sociedade na qual diferentes comunidades culturais convivem tentando construir uma vida em comum ao mesmo tempo em que buscam preservar aspectos de sua identidade original Por sua vez multiculturalismo refere se a estrat gias e
340. rama que permite analisar as contradi es do projeto da modernidade No campo das promessas o projeto iluminista de promover a felicidade atrav s da raz o cient fica e tecnol gica d flagrantes sinais de fracasso Enquanto isso os supostos benefici rios das promessas vivem as consequ ncias dos insucessos o desemprego que numa sociedade capitalista representa a exclus o social o isolamento a infelicidade e a certeza de uma exist ncia marginalizada A modernidade foi apresentada como a portadora da solu o de todos os problemas que afligiam o homem e anunciada como o ltimo est gio da escala evolutiva da teoria de Comte Desde o in cio apresentou ideias transgressoras que rompiam com muitas fronteiras firmes e seguras Emancipou nos da cren a no ato da cria o da revela o e da 128 condena o eterna Em lugar de tudo isso gritou seu lema liberdade igualdade e fraternidade que anunciava os novos valores que regeriam a vida social Com base nesses princ pios imaginava se construir a sociedade perfeita na qual a liberdade tinha como marca primordial a capacidade de dar s coisas uma forma tal que seus membros n o mais fossem impedidos de agir de acordo com o mais humano de seus dons naturais aquilo que os distingue das outras esp cies o poder de fazer ju zos racionais e se portar segundo os preceitos da raz o Logo a ordem condi o fundamental do progresso n o seria um fardo Estava pressuposta na capacida
341. rar os discursos e ainda as considera es sobre o ritmo orat rio lim trofe de um ARIST TELES Op cit loc cit 31 ingrediente essencial poesia e inventio liter ria O pr prio Arist teles mais uma vez estabelece as aproxima es definamos a virtude do estilo ela consista na clareza Sinal disso que se o discurso n o tornar manifesto o seu objeto n o cumpre sua miss o Al m disso o estilo n o deve ser rasteiro nem empolado mas convir ao assunto O estilo po tico n o peca talvez por ser rasteiro mas n o conv m ao discurso Entre os nomes e os verbos os que comunicam clareza ao estilo s o os termos pr prios Evita se a baixeza de estilo e d se lhe eleg ncia empregando todos os nomes que indicamos na Arte Po tica Mongelli 1999 esclarece que entram a os conceitos de analogia de barbarismo de solecimo de metaplasmos quase nos mesmos moldes em que se encontram dispostos nas gram ticas de Donato e Prisciano A autora salienta que Quintiliano na esteira de Arist teles insiste na precis o etimol gica da palavra como mecanismo certeiro para mover os afetos do ouvinte havendo sempre o termo adequado para os diversos graus de paix o a suscitar O centro de gravidade das rela es Gram tica Ret rica Dial tica repousa na Filosofia na medida em que as tr s disciplinas visam a um fim moral a uma tica do comportamento em sociedade Todo o conjunto preceptivo oferecido por ela
342. reza e aos objetivos da atividade gramatical e da reflex o lingu stica desenvolvida at ent o No primeiro per odo de car ter formativo os estudos se desenvolveram sem grande originalidade tomando como fontes principais de consulta e orienta o as obras de Donato e Prisciano o que equivale a dizer continuando sem maiores discrep ncias a teoria a metodologia e a pedagogia transmitidas pela tradi o romana Depois dessa fase a Gram tica come a a ocupar lugar de relevo como instrumento ao estudo da L gica e at da pr pria Teologia Paralelamente a essa mudan a e intimamente relacionada com ela foi o corte do tradicional e antigo fio umbilical que prendia a atividade gramatical ao estudo liter rio Essa mudan a representa um movimento em dire o ao privilegiamento de uma concep o l gica sobre a antiga concep o hist rica e formal Duas das principais causas desse deslocamento por uma parte a separa o da Gram tica do estudo dos cl ssicos pela oposi o entre artes e auctores na cultura medieval de maneira que a Gram tica dever encontrar em si mesma a raz o de sua exist ncia em vez de buscar na pr tica dos autores por outro lado a substitui o do pensamento plat nico pelo aristot lico pela m o e obra de S o Tom s Assim a patr stica se transforma em escol stica a ROBINS R H Ancient and medieval grammatical theory in Europe London G Bell 1951 a partir desse per odo que a tradi
343. riando heterog neo MARCUSCHI 2002 p 25 Para Adam 1992 as sequ ncias ou tipos textuais s o concebidos como prot tipos e como formas que se adaptam ao conte do da intera o e do g nero dando origem ao que ele denomina pragm tica textual Inicialmente estabelece uma distin o entre as dimens es discursiva e textual Para ele a dimens o discursiva concentraria os fen menos de natureza social discurso intera o social e g nero n o passiveis de analises u lingu sticas strictu sensu Em suas palavras a lingu stica textual toma por objetivo a observa o de regularidades uma vez que n o tem os meios te ricos de colocar se em rela o direta com os par metros do ato material da enuncia o produ o do discurso e da intera o social ADAM 1987 p 55 apud BONINI 2005 p 214 Isso n o pode evidentemente ser interpretado como uma autonomia dos componentes lingu sticos em rela o ao discurso Retomando a distin o entre g neros prim rios e secund rios proposta por Bakhtin o autor prop e uma reformula o que consiste na redefini o dessas categorias de g neros Os prim rios passam a ser vistos como tipos nucleares mais fixos e respons veis pela estrutura o dos g neros secund rios Dessa forma os g neros prim rios s o 30 4 ma Sa no E no E E o designa o instru es de uso preferimos manual de instru es pois as instru es de uso podem figurar em v
344. riba em provas que a prova uma demonstra o pois que a nossa confian a tanto mais firme quanto mais convencidos estivermos de ter obtido uma demonstra o atendendo a que a demonstra o da Ret rica o entimema que este fornece em resumo a convic o mais decisiva assente que o entimema uma esp cie de silogismo e que a Dial tica tomada em conjunto ou numa de suas partes tem por miss o tratar indiferentemente de toda a sorte de silogismos resulta que todo aquele que melhor souber aprofundar as premissas e a marcha do silogismo ser por isso mesmo mais apto para manejar o entimema desde que possua igualmente o conhecimento dos objetos a que os entimemas se referem e das diferen as que os distinguem dos silogismos l gicos Com efeito a distin o do verdadeiro e do veross mil depende da mesma faculdade 1959 p 19 20 Portanto a Ret rica ao aprofundar as premissas e a marcha do silogismo ensina um conhecimento muito peculiar do objeto j que preciso ver em cada caso teoricamente o que pode ser capaz de gerar a persuas o Da que suas regras servem n o s a um g nero pr prio e determinado mas atuam como substrato de qualquer m todo que vise a convencer As provas que o pr prio discurso fornece basta saber invent las s o de tr s esp cies ou residem no car ter moral do orador o ethos indispens vel principalmente quando n o h possibilidade de se obter certez
345. ricado a produ o te rica e a pr tica de ensino de linguagem ao longo da hist ria Consideramos conveniente e bastante elucidativo iniciar esse percurso descrevendo o estudo e ensino do latim a partir da institui o do Trivium composto pelas disciplinas Gram tica Ret rica e Dial tica e do Quadrivium composto pelas disciplinas Aritm tica Geometria M sica e Astronomia como organizadores curriculares Interessa nos aqui o Trivium exclusivamente 17 2 1 ENSINO DE LINGUAGEM NA IDADE M DIA 2 1 1 O Trivium A reformula o dos conceitos do estar no mundo feita pelos intelectuais crist os no per odo da desintegra o do Imp rio Romano s c Ill a IV d C encerra uma incapacidade deliberada de liberta o das maneiras antigas de pensar a realidade A manuten o da chamada tradi o cultural cl ssica usada como suporte do cristianismo representa um entrave possibilidade de formas originais de pensamento De acordo com Queiroz 1999 pensadores como Agostinho e Jer nimo que formalizaram o sagrado com o brilhantismo de suas mentes romanas acabaram por descrever uma sombra incompar vel sobre os s culos futuros Isto porque o pensar antigo est t o inculcado nos grandes construtores do cristianismo que os s culos seguintes dominados pelo saber eclesi stico se viram afogados por uma sapi ncia deslocada mas imposs vel de ser descartada tal era sua for a intr nseca Mas tamb m isto ocorre por raz es de sobr
346. rior Ou seja ele cria as regras e dessa maneira concede a si mesmo o status de conhecimento verdadeiro colocando se por isso no topo da classifica o Ao mesmo tempo em que se legitima como produtor da verdade o discurso cient fico submete e exclui os outros saberes que n o t m sua origem a partir do emprego das teorias e m todos que ele formulou relegando os condi o de mitos crendices e supersti es senso comum Quando porventura ocorre de o discurso cient fico visitar os saberes exclu dos para ratificar alguma de suas verdades n o para valoriz los mas para usurpar um saber que entende como deslocado e assim perenizar sua imagem de reduto da verdade A LA tem se mostrado empenhada em defender um discurso contr rio a esse modelo de cientificidade No entanto pretendo mostrar neste cap tulo que seu discurso cient fico n o rompe efetivamente com o paradigma da racionalidade moderna e que a despeito de sua pretens o de produzir conhecimento contextualizado tem se caracterizado como uma disciplina estritamente acad mica negligenciando seu papel como ci ncia social qual seja o de intervir nas estruturas sociais e nos regimes de verdade que as fundamentam de maneira a contribuir n o simplesmente para a compreens o da linguagem no contexto social mas para principalmente provocar mudan as nesse contexto Assim defendo que no mbito do ensino de linguagem a LA eleja como sua maior prioridade um proj
347. rior do CFE souberam desconsiderar toda essa diretriz profissionalizante As escolas particulares preocupadas em satisfazer os interesses de sua clientela ou seja em propiciar o acesso s faculdades e universidades 53 desconsideraram atrav s de fraude obviamente tais habilita es e continuaram a oferecer o curso colegial proped utico ao ensino superior As escolas p blicas obrigadas a cumprir a lei forma desastrosamente descaracterizadas GHIRALDELLI Op cit p 125 Como se deu tal descaracteriza o N o foram colocados recursos humanos e materiais para transformar toda uma rede de ensino nacional em profissionalizante Como formar professores para as disciplinas novas surgidas com as diversas habilita es sugeridas pelo CFE Considerando especificamente a quest o do ensino de l ngua portuguesa vimos que a nova lei que sob a gide do governo militar instaurado em 1964 reformulou o ensino prim rio e m dio punha a educa o segundo os objetivos e a ideologia do regime militar a servi o do desenvolvimento a l ngua no contexto desses objetivos e dessa ideologia passou a ser considerada instrumento para esse desenvolvimento SOARES 2002 A pr pria denomina o da disciplina foi alterada n o mais portugu s mas comunica o e express o nas s ries iniciais do ent o criado 1 grau e comunica o em l ngua portuguesa nas s ries finais desse grau s no 2 grau o foco em comunica o desapare
348. rma o das predica es o predicado os argumentos e os sat lites Na segunda a referencia o situacional e textual as palavras f ricas Na terceira a quantifica o e a indefini o Na ltima parte a jun o as preposi es as conjun es coordenativas e as subordinadas adverbiais Outro aspecto que atesta o imanentismo da abordagem empreendida na Gram tica de usos que os itens a despeito do objetivo de descrever seu funcionamento nos textos s o analisados em frases ou per odos Nisso se assemelha metodologicamente GT as frases ou per odos que servem de unidade de an lise tamb m s o extra dos de textos com a diferen a de que na GT o privil gio dado ao texto liter rio Vale lembrar que essa metodologia sempre recebeu severas cr ticas por parte dos linguistas Perini 1996 tamb m elabora uma gram tica descritiva do portugu s com o objetivo de que ela seja uma contribui o para a reformula o do ensino gramatical entre n s p 16 Partindo da compreens o de que o padr o n o homog neo o autor define como objeto de sua descri o uma variedade padr o da l ngua portuguesa em sua modalidade escrita a l ngua utilizada na composi o de textos jornal sticos e t cnicos que segundo o autor apresenta uma grande uniformidade gramatical e mesmo estil stica em todo o Brasil p 26 Tal como na Gram tica de Neves estamos novamente diante do pressuposto metodol gico de redu o
349. rofessor j que o autor do livro did tico assume essa responsabilidade e essa tarefa que os pr prios professores passam a esperar dele A Gram tica no entanto continuou a ter primazia sobre o texto nos anos 1950 e 1960 primazia que ainda hoje dada em grande parte das aulas de portugu s nas escolas brasileiras Esta persistente proemin ncia da Gram tica explica se pela for a da tradi o medieval que passando pelos tempos jesu ticos do Brasil colonial prolongou se at as primeiras d cadas do s culo XX por um lado e por outro pelo vazio que o abandono da Ret rica e da Po tica deixou Mannheim 2004 postula que a democratiza o significa uma perda de homogeneidade na elite governante Se at aqui v nhamos reiterando o car ter elitista da educa o no decurso hist rico a quest o a seguir se imp e com muita propriedade de que modo se alteram a forma e a fisionomia de uma cultura quando os estratos que dela participam ativamente como criadores ou receptores se tornam mais amplos e inclusivos Antes de tentar responder a essa quest o preciso inicialmente indicar a natureza da democracia como um fen meno estrutural e sociol gico capaz de ser estudado tanto na esfera mais restrita da pol tica como no contexto amplo do processo cultural como um todo O princ pio formativo b sico da democracia pol tica o de que todo poder governamental emana do povo Assim todo indiv duo convocado para contribuir na
350. ros textuais e da tradu o dentre outras Como se v nenhuma disciplina espec fica pode dar conta de toda a complexidade que atravessa os diversos aspectos do texto Diante disso como se caracteriza o n vel textual na perspectiva semi tico pragm tica da linguagem que defendo para o ensino N o obstante a diversidade de abordagens do texto poss vel dividir seu estudo em dois grandes grupos um cujo enfoque o funcionamento textual de itens lingu sticos e outro no qual s o abordados aspectos decorrentes das manipula o que os sujeitos fazem da l ngua tendo em vista objetivos variados Para os trabalhos do primeiro grupo proponho a designa o estudos lingu stico textuais e para os do segundo estudos pragm tico textuais No estudo lingu stico textual destaca se a rela o que os signos estabelecem e mant m entre si no processo de constru o dos objetos do texto no estudo pragm tico textual o foco o projeto discursivo do sujeito e s o focalizados os aspectos do uso da l ngua associados aos fatores situacionais e discursivos que contribuem diretamente para o sucesso desse projeto Assim neste trabalho o n vel textual restringe se ao funcionamento textual dos itens lingu sticos mais especificamente aos processos de referencia o e refer ncia MONDADA amp DUBOIS 2003 APOTH LOZ 2003 MILNER 2003 APOTH LOZ amp CHANET 2003 FRANCIS 2003 KOCH 2004 A referencia o consiste num processo de
351. s elites o que pode ser tomado com a terceira caracter stica fundamental da democracia tanto num sentido estritamente pol tico como num sentido cultural amplo Bourdieu 1998 p 41 42 analisa a rela o entre democracia e cultura a partir da no o de capital cultural Para ele cada fam lia transmite a seus filhos mais por vias indiretas que diretas um certo capital cultural e um certo ethos sistema de valores impl citos e profundamente interiorizados que contribui para definir entre outras coisas as atitudes face ao capital cultural e institui o escolar A heran a cultural que difere sob os dois 50 aspectos segundo as classes sociais a respons vel pela diferen a inicial das crian as diante da experi ncia escolar e consequentemente pelas taxas de xito O autor defende ainda que as crian as oriundas dos meios mais favorecidos n o devem ao seu meio somente os h bitos e treinamento diretamente utiliz veis nas tarefas escolares e a vantagem mais importante n o aquela que retiram da ajuda direta que seus pais lhes possam dar Elas herdam tamb m saberes e um savoir faire gostos e um bom gosto cuja rentabilidade escolar tanto maior quanto mais frequentemente esses imponder veis da atitude s o atribu dos ao dom A cultura livre condi o impl cita do xito em certas carreiras escolares muito desigualmente repartida entre os estudantes universit rios origin rios das
352. s esquemas j propostos por Plat o Mongelli 1999 apresenta o seguinte exemplo extra do do De partitione orat ria 35 res verl vig erba oratoris vox actio eloquendi comes motus vultus memoria custos rerum omnium omnis doctrina dicendi principium mee peroratio ad implendos animos oratio narratio confirmatio ad rem docendam amplificatio propositum quaestio causa Aqui est o ao ver de C cero os fundamentos da ratio discendi que principia como se observa pela for a do orador a servi o de quem est o a oratio e a quaestio cujas subdivis es pretendem cobrir todas as possibilidades argumentativas oferecidas pelos arranjos das constru es lingu sticas No De inventione o mesmo C cero distingue dois grandes grupos de partitiones em que se ramifica o n cleo essencial da eloqu ncia i partes da Ret rica num total de cinco 1 inventio inven o descobrir os argumentos v lidos ou aparentemente v lidos que fa am parecer veross meis ou prov veis os pensamentos 2 dispositio disposi o distribui o numa ordem apropriada dos argumentos encontrados 3 elocutio express o adequa o da linguagem mat ria encontrada 4 memoria mem ria firme percep o mental do tema e das palavras 5 pronuntiatio pronuncia o controle da voz e do corpo de modo adequado dignidade da mat ria e do estilo ii partes do discurso com seis itens e extensos desdobramentos 1 exordium ex rdi
353. s linguistas In CORREIA D A Org A relev ncia social da lingu stica linguagem teoria e ensino S o Paulo Par bola Editorial Ponta Grossa PR UEPG 2007 p 94 109 PADLEY G A A norma na tradi o dos gram ticos Trad Marcos Bagno In BAGNO M Org Norma lingu stica S o Paulo Edi es Loyola 2001 p 55 95 255 PEDRO E R An lise cr tica do discurso aspectos te ricos metodol gicos e anal ticos In Org An lise cr tica do discurso uma perspectiva sociopol tica e funcional Lisboa Caminho 1997 PEIRCE Ch S Semi tica 4 ed Trad Jos Teixeira Coelho Neto S o Paulo Perspectiva 2008 PENNYCOOK A A lingu stica Aplicada dos anos 90 em defesa de uma abordagem cr tica Trad Denise B Braga amp Maria Cec lia dos Santos Fraga In SIGNORINI amp CAVALCANTI M Orgs Lingu stica Aplicada e transdisciplinaridade quest es e perspectivas Campinas SP Mercado das Letras 1998 p 23 49 Lingu stica aplicada p s ocidental In CORACINI M J BERTOLDO E S Orgs O desejo da teoria e a conting ncia da pr tica discursos sobre e na sala de aula Campinas SP Mercado das letras 2003 p 21 59 PERINI M A Para uma nova gram tica do portugu s 8 ed S o Paulo tica 1995 Gram tica descritiva do portugu s 2 ed S o Paulo Editora tica 1996 PERRENOUD P Construir as compet ncias desde a escola Trad Bruno Charles Magne Porto Alegre Artmed
354. s o de novos itens praticamente nula Essa classifica o por m apresenta um problema se o lexema s abrange as classes abertas da l ngua substantivo adjetivo verbo e adv rbio podem se chamar os membros das classes fechadas artigo preposi o conjun o pronome de palavras Apoiada na perspectiva gerativa Rosa 2008 p 109 apresenta uma lista de 16 classes fechadas Na sua maioria n o fazem parte do elenco tradicional embora sejam comuns nos trabalhos atuais de lingu stica proformas pronome pro adjetivo pro adv rbio proverbo pro ora o e pro senten a elementos qu cl ticos marcadores determinantes classificadores auxiliares c pulas e predicadores conjun es complementizadores relativizadores e adverbializadores preposi es posposi es ideofones interjei es 166 Todas essas classes fechadas listadas por Rosa s o definidas por crit rios sint ticos o que nos permite concluir que elas n o s o palavras Diante das limita es da lingu stica para definir a palavra e isso se deve ao seu car ter imanentista criam se pseudo solu es com o objetivo prec puo de tornar poss vel o estudo de um objeto facilmente control vel mas pouco relevante para a compreens o do funcionamento social do signo e consequentemente para o ensino de linguagem Por outro lado se as discuss es da Lingu stica s o t o controversas no que tange ao n vel morfol gico do signo lingu stico co
355. s o de utilizar tais categorias no ensino de linguagem i diante das diverg ncias dos linguistas quais seriam essas categorias ii elas permitem realmente a descri o de todas as unidades que comp em os textos iii sua descri o estrutural protot pica d conta de todas as possibilidades de ocorr ncia em todos os g neros textuais nos quais elas podem figurar iv quais as rela es que essas unidades mant m com o texto enquanto unidade macroestrutural A an lise das sequ ncias empreendida por Adam 2008a consiste na descri o de estruturas protot picas que podem evidentemente se aplicar a alguns g neros mas nunca a todos nos quais elas podem aparecer dada a especificidade de cada g nero e sua plasticidade Um g nero n o lan a m o das sequ ncias com o compromisso de preservar sua integridade estrutural pelo contr rio subordina as de modo que elas contribuam tanto para sua estrutura o como para seu funcionamento na sociedade Assim n o raro que nesse processo as sequ ncias sejam transformadas alteradas recortadas simplificadas complexificadas Na exposi o de Adam a sequ ncia explicativa marcada pelo recurso in praesentia de articuladores espec ficos que lhe conferem o valor sem ntico de explica o SE p PORQUE SE p PARA QUE SE p EM RAZ O DE q SE p QUE ou SE p ISSO SE DEVE A q Um exemplo que ele d o seguinte 194 SE os esportistas radicais se vendem
356. s pessoal temporal demonstrativa espacial expressas por meio de pronomes pessoais e demonstrativos verbos adv rbios de tempo e de lugar ii a modaliza o expressa por adv rbios de modo substantivos adjetivos modo verbal verbos modais a voz e o aspecto verbais sufixos de grau O fato de as propriedades se manifestarem em diversos n veis afeta a constitui o e consequentemente a defini o do signo lingu stico Se algumas propriedades podem ser atribu das s palavras por morfemas flexionais ou derivacionais podemos dizer que os s mbolos tamb m s o constitu dos de ndices Por outro lado se um sin nimo pode retomar um t pico textual n o ser mais entendido como s mbolo e sim como ndice j que sua interpreta o ser feita por remiss o ao referente Da a import ncia de n o reduzir o 170 estudo das propriedades do signo aos crit rios morfol gico sint tico e sem ntico como prop e Camara Jr 2004 cujas propostas ecoam em trabalhos recentes Cf VIEIRA amp BRAND O 2007 5 1 2 3 N vel sint tico O n vel sint tico comumente entendido como o n vel das regras de combina o dos signos A gram tica tradicional define como objetos de estudos sint ticos os termos essenciais da ora o sujeito e predicado os termos integrantes complementos verbais nominais predicativos do sujeito e do objeto agente da passiva termos acess rios adjuntos adnominais e adverbiais aposto
357. s da linguagem est o correlacionadas com os fatores constitutivos do processo de comunica o verbal CONTEXTO REMETENTE MENSAGEM DESTINAT RIO CONTATO C DIGO De acordo com esse modelo o remetente codificador envia uma mensagem ao destinat rio decodificador Para ser eficaz a mensagem requer um contexto um c digo comum al m de um contato ou suporte f sico e uma conex o psicol gica entre o remetente e o destinat rio Quando o pendor para o contexto caracteriza a mensagem tem se a fun o referencial Centrada no remetente a fun o emotiva ou expressiva visa a uma express o da atitude de quem fala em rela o quilo que est de que est falando Orientada para o destinat rio a fun o conativa expressa se por meio do vocativo e do imperativo A fun o 199 f tica manifesta se atrav s de mensagens que servem fundamentalmente para verificar se o canal funciona Quando o remetente e ou o destinat rio tem a necessidade de verificar se est o usando o mesmo c digo tem se a fun o metalingu stica neste caso o discurso focaliza o c digo Centrada sobre a mensagem como tal tem se a fun o po tica O modelo de Jakobson foi muitas vezes retomado sendo utilizado inclusive como pressuposto te rico fundamental do ensino de L ngua Portuguesa no Brasil na d cada de 1980 Dentre as v rias cr ticas que o modelo recebeu destaca se o mecanicismo subjacente descri o dos elementos da comunica o Ao
358. s e que um estudo descritivo n o possa ser usado com fins normativos tamb m fundamentada nessa concep o tripartite de regras que se estabelece a suposta oposi o entre os pares dicot micos certo errado e adequado inadequado este apontado pelos linguistas como mais apropriado para classificar as diferentes formas de utiliza o da linguagem A proposta de substitui o apresenta a vantagem de destituir a norma padr o de sua posi o de nica autoridade em mat ria de corre o lingu stica O que os linguistas n o discutem que o novo par classificat rio t o normativo quanto seu antecessor A nica diferen a que o par metro migrou da l ngua standart para a situa o comunicativa j que toda situa o determina a norma que deve ser empregada Por esses motivos n o poss vel aceitar a classifica o estanque proposta por Possenti que inclusive serve de base para sua proposta de ensino de gram tica Nos momentos em que a escola toma a l ngua como assunto sobre o qual se fala a reflex o sobre os valores sociais e situacionais das variantes lingu sticas deveria ali s receber prefer ncia sobre a an lise da estrutura N o se trata claro de substituir os manuais de an lise sint tica por cap tulos sobre varia o lingu stica e menos ainda por listas de express es e modos de dizer pr prios de ricos e pobres nortistas e sulistas situa es formais e informais Isto seria de novo levar para sa
359. s estudos realizados a partir do s culo XIX per odo que na cronologia saussuriana corresponde ao nascimento da ci ncia lingu stica F vero e Koch 2007 incluem a ret rica e a estil stica na rela o de precursores lato sensu da lingu stica textual Kerbrat Orecchioni 2005 tamb m aponta a ret rica como precursora da ideia de que as palavras tamb m s o a es princ pio b sico das teorias dos atos de fala pelo fato de ela ser definida como a arte de persuadir por meio do discurso No entanto penso com Foucault 2004b que a hist ria n o se constitui de uma sucess o de fatos ordenados linearmente mas marcada por descontinuidades estabelecidas pelos limites de um processo o limiar de um funcionamento o in cio ou o fim de um paradigma epistemol gico Sendo assim a partir do momento em que a Lingu stica institui um objeto particular se define como ci ncia aut noma procedimento deveras estranho tradi o estabelece novos pressupostos te rico metodol gicos d in cio a uma nova positividade e inaugura novas perspectivas de estudo Na verdade trata se de grave equ voco agrupar todos os estudos sobre a linguagem feitos antes do advento da Lingu stica 117 sob o r tulo homogeneizador de tradi o visto que com frequ ncia ocorrem em sua hist ria mudan as de teorias objetivos m todos e conceitos O corte saussuriano estabeleceu a Lingu stica como ci ncia aut noma e fixou fronteiras que
360. s formas de hegemonia sociais econ micas culturais no interior das quais ela funciona no momento Para ele a quest o pol tica n o o erro a ilus o a consci ncia alienada ou a ideologia como postulam as teorias cr ticas mas a pr pria verdade entendida como um conjunto de procedimentos regulados para a produ o a lei a reparti o a circula o e o funcionamento dos enunciados Portanto se concordarmos com as reflex es foucaultianas perceberemos que as teorias cr ticas operam com conceitos e pressupostos te rico metodol gicos inadequados para lidar com o exerc cio da complexa rede de poderes e verdades que enformam a sociedade e o mundo p s modernos A crise da p s modernidade desencadeou o colapso de antigos valores e pr ticas mas ao mesmo tempo propiciou o surgimento de outros valores e outras pr ticas que por sua vez est o demandando novas formas de engajamento pol tico das ci ncias humanas Segundo Bauman 2008a p 135 As not cias da morte da modernidade foram grosseiramente exageradas e a profus o de seus obitu rios n o os torna menos prematuros Parece que o tipo de sociedade diagnosticado e colocado em julgamento pelos fundadores da teoria cr tica foi apenas uma das formas que a sociedade moderna assumiria Sua lividez n o pressagia o fim da modernidade nem anuncia o fim do sofrimento humano E muito menos prenuncia o fim da cr tica como tarefa intelectual e voca o e menos ainda tor
361. s identidades eram s lidas localiza es nas quais os indiv duos se encaixavam socialmente hoje elas se encontram com fronteiras menos definidas que provocam no sujeito uma crise de identidade Diante do quadro delineado n o exagerado afirmar que h uma rela o estreita entre curr culo e poder e consequentemente entre poder e ser uma vez que o curr culo n o pode ser concebido apenas como um documento que seleciona uma s rie de 216 conhecimentos compet ncias e habilidades que os estudantes devem adquirir ou desenvolver mas principalmente como forjador de identidade SILVA 2005 Logo ele n o define simplesmente o que se pretende que o estudante aprenda mas sobretudo o tipo de sujeito que se pretende formar O corte conceitual operado pelo deslocamento de uma pr tica centrada quase que exclusivamente nas normas da GT a partir da incorpora o das contribui es da Sociolingu stica da Pragm tica da Lingu stica Textual dentre outras teorias n o foi capaz de conduzir o estudo da l ngua a uma supera o do n vel simplesmente descritivo Totalmente desvinculada do hist rico do pol tico e do ideol gico o ensino de l ngua proposto nos PCNEM perde se num sociologismo e num pragmatismo utilitaristas que descaracteriza a linguagem como espa o de luta e de poder A forma o oferecida no Ensino M dio n o pode ser alheia a esses fatores Conforme foi dito a Lei n 9 394 96 determina que o Ensino M dio d
362. s interativa textual e gramatical que ser o detalhadas a seguir Compet ncia interativa A compet ncia interativa lida com o fato de que a l ngua materna um dos principais operadores de comunica o nas diversas trocas sociais de que participamos cotidianamente Fundamentam essa compet ncia as Teorias Enunciativas de inspira o benvenistiana a Teoria dos Atos de Fala alguns conceitos da An lise da Conversa o como marcadores conversacionais e troca de turnos as no es da varia o diastr tica diaf sica e diat pica cunhadas pela Sociolingu stica assim como as de n veis de linguagem Pela l ngua somos capazes de agir e fazer reagir quando nos apropriamos dela instaurando um eu que dialoga com um outro buscamos atingir certas intencionalidades determinadas em grande medida pelo lugar de que falamos e construir sentidos que se completam na pr pria situa o de intera o BRASIL 2002 p 74 60 Os PCN definem alguns pressupostos que devem ser levados em conta para o desenvolvimento da compet ncia interativa p 75 6 e Os sujeitos que participam do processo de ensino e aprendizagem devem ter consci ncia de que qualquer l ngua entre elas a portuguesa comporta um grande n mero de variedades lingu sticas que devem ser respeitadas e Tais variedades s o mais ou menos adequadas a determinadas situa es comunicativas nas quais se levam em considera o os interlocutores suas
363. s mais coerentes e adaptados a uma forma o erudita liter ria O Quadrivium engloba fontes mais heterog neas n o parecendo haver uma progress o 23 aparente nos estudos Apoiada na documenta o existente sobre o per odo do s culo XII XIII a autora conclui que muitos alunos se contentavam apenas com os estudos do Trivium e n o frequentavam as artes mais cient ficas Partia se do pressuposto de que o Trivium visava a treinar a mente enquanto o Quadrivium seria mais informativo que formativo Isso significa que durante s culos manteve se intacta a ideia de Agostinho de ser a linguagem a chave de todo o conhecimento Queiroz acrescenta ainda que no s culo XIII S o Boaventura concebe outra vez uma aproxima o das artes com as Escrituras Santas No De reductione artium ad theologiam considera a B blia a fonte original das artes Diz que as Escrituras se dirigem s pessoas de tr s maneiras como fala sermo da o Trivium ser considerado artes sermocinales como instru o doctrina e como dire o de vida vita ou seja como Filosofia Racional Natural e Moral Guardadas as devidas propor es para que n o se conceba a hist ria das ideias pedag gicas como uma sucess o de continuidades poss vel afirmar que o trip proposto por S o Boaventura est na base dos discursos educacionais modernos Para ele a Filosofia Racional sermo ligar se ia com a Gram tica a Ret rica e a Dial tica a Filos
364. s possuem maior ou menor poder se forem capazes de exercer maior ou menor controle sobre os atos e mentes dos membros de outros grupos Essa habilidade pressup e a exist ncia de uma base de poder que permita um acesso privilegiado a recursos sociais escassos tais como a for a o dinheiro o status a fama o conhecimento a informa o a cultura ou na verdade as v rias formas p blicas de comunica o e discurso grifo do autor Coracini 2003 argumenta que as an lises realizadas no mbito da ACD ao passo que buscam o desvelamento das conex es ideol gicas que se estabelecem entre determinantes estruturais e discurso e entre discursos e determinantes e efeitos estruturais caminham para uma esp cie de desideologiza o o que imposs vel j que toda atividade social se inscreve numa certa ideologia e que portanto n o h sujeito nem discurso sem ideologia Em sua an lise Persiste ainda a cren a de que alguns provavelmente os analistas do discurso ou os linguistas aplicados t m o privil gio de se manter fora da ideologia que as palavras encobrem Para esses autores que consideram a linguagem como um instrumento de comunica o e de transforma o social que ser tanto mais til quanto mais consciente for o reconhecimento do uso da linguagem para fins ideol gicos de 131 manipula o e portanto de opress o e domina o social parece que poss vel significar e porta
365. s representa para al m de sua fun o informativa b sica o substrato racional e ideol gico de que se espera munir o cidad o para usufruto do Bem que o que se alcan a de posse da verdadeira ci ncia Desde a mais ntima regra da Gram tica at o silogismo mais sofisticado est o a servi o de governar as almas por meio das palavras o que s poss vel governando se primeiro a si pr prio MONGELLI 1999 p 80 O conhecimento objetivo proposto pelas disciplinas human sticas do Trivium funciona como um elevado sistema de princ pios reguladores da linguagem e da conduta entendidos de forma coesa pelos antigos Como se sabe a Ret rica nasceu na Gr cia no seio de homens que cultivavam como um de seus prazeres mais refinados a orat ria o dom da eloqu ncia O aparecimento da polis por volta dos s culos VIII e VII a C com seu sistema espec fico de governo um dos acontecimentos decisivos da hist ria do pensamento grego A exist ncia de uma ou mais assembl ias e dos conselhos com magistrados escolhidos entre personalidades eleg veis fazia com as decis es governamentais fossem coletivas votadas depois da discuss o delas 7 Arist teles Op cit p 189 32 nesses conselhos e assembleias com participa o obrigat ria para toda a comunidade que tinha ali direito soberano exclu dos os escravos as mulheres e os metecos estrangeiros residentes Considerando se ainda que n o havia separa o muito
366. s sistemas em particular o sistema de estruturas conceptuais e o sistema de compet ncia pragm tica e talvez ainda outros como por exemplo sistemas de conhecimento e cren as que fazem parte do que poder amos chamar de conhecimento de senso comum do mundo Essa abordagem fundamentada na complexidade que embora tangenciada por todos os autores que discutem o ensino de gram tica tem sido exclu da das propostas de reformula o do ensino de l ngua linguagem Parece haver um acordo t cito de que o problema com o ensino de gram tica se resume necessidade de sua reformula o Isso explicaria por que muitos aceitam que o ensino de l ngua linguagem deva passar obrigatoriamente pelo de gram tica mesmo que a constitui o desse objeto esteja ainda longe de uma defini o Nesta se o optamos por discutir pressupostos te rico metodol gicos que alguns autores consideram indispens veis para uma reformula o do ensino de l ngua Alguns como Neves 2004 por exemplo ficaram de fora porque trazem algumas propostas para o ensino de gram tica e ter o suas contribui es analisadas na ltima se o deste cap tulo O objetivo era tornar flagrantes as claudica es contidas nos princ pios te ricos da perspectiva cient fica para diante disso compreender um dos aspectos que interferem diretamente nas propostas de reformula o do ensino de l ngua linguagem 80 3 2 PROBLEMAS DO TEXTO COMO OBJETO UNIDADE D
367. scientific and political order Of determined knowledge area they are selected destined specific objects to accomplish a pedagogical function in the education goals situation In the language teaching case the contents always they were cut outs of a tradition that today after a series of historical transformations is usually called from traditional grammar Actually the reduction of all a tradition of language studies that we initiated in the philosophy field stoic platonic aristotelian and soon we branched for the several field of the human activity causes A series of prejudices for comprehension of this object It is known that grammar did not have always the same format that is verified in the several current compendiums None of its concepts established without a significant quantity of debates and today when the scientific studies of the language have been pointing a series of incongruities in practically all of its postulates its vitality still impresses Is it who still constitutes empirically language teaching base and that despite its incontestable limitations it serves as starting point for scientific approach Scientific perspective established by the linguistics from century on XIX puts in check the traditional paradigm and establishes new Language conceptions and consequently study new objects It did not delay so that new science if it became consultation main source when subject is language teaching Still in the scientific p
368. scola se integra ao sistema cultural de uma sociedade e como tal deve transmitir seus valores reproduzir e contribuir para gerar valores sociais 229 Tal qual as compet ncias de Perrenoud os conte dos factuais conceituais e principalmente os procedimentais e atitudinais s o como categorias vazias que ser o preenchidas de acordo com os objetivos da educa o Dessa forma podem servir s mais diversas perspectivas de educa o constituindo inclusive conceitos estruturadores dos Par metros Curriculares Nacionais tanto do Ensino Fundamental como do Ensino M dio Assim entendo que eles tamb m podem ser operacionais na proposta de ensino de linguagem defendida neste trabalho Para isso o ensino ser orientado para o desenvolvimento de compet ncias Logo o primeiro passo ser propor compet ncias de acordo com a perspectiva de educa o j delineada O segundo consiste em selecionar os fatos conceitos procedimentos e atitudes que tornar o poss vel o desenvolvimento das compet ncias estabelecidas Nesse quadro os conte dos procedimentais funcionam como um saber fazer de n vel mais elementar imprescind vel para o desenvolvimento de compet ncias Isso posto proponho as seguintes compet ncias gerais para o ensino de linguagem no n vel m dio 1 Usar a linguagem para debater problemas socioambientais provenientes das rela es de consumo 2 Usar a linguagem para combater discrimina es sociais decorrentes d
369. se limitem a elas Os conceitos compet ncias e habilidades relativos aos eixos envolvem al m dos elementos da lingu stica componentes da l gica da literatura da filosofia da antropologia dentre outros Dessa forma emerge um outro conceito caro aos PCNEM a interdisciplinaridade Segundo os PCN planejar um programa com base nesse conceito implica considerar concomitantemente cada item do trabalho escolar em dois n veis de coer ncia interna com o corpus selecionado para a disciplina e externa em tr s n veis i coma rea em que se insere a disciplina 67 ii da rea com as outras duas reas propostas nos PCNEM iii da rea com a realidade social Quanto estrutura o da disciplina em torno de compet ncias e habilidades os PCN definem que Em conson ncia com uma tend ncia mundial na reforma brasileira do ensino os conceitos centrais e peculiares assim como as rela es conceituais espec ficas e complexas que definem o perfil de cada disciplina se mobilizam a partir da necessidade de fazer convergir a aprendizagem para a aquisi o e o desenvolvimento de compet ncias e habilidades por parte do aluno descentrando o processo do conte do meramente acad mico BRASIL 2002 p 30 Isso n o significa o abandono indiscriminado dos conte dos mas a compreens o de que estes n o podem ser tomados como um fim em si mesmos mas sim como um meio ou a mat ria prima para o desenvolvimento de
370. se resume a uma atitude problematizadora diante dos problemas que quest es referentes ao funcionamento da linguagem na contemporaneidade como postulam dentre outros autores Moita Lopes 2006b e Pennycook 2003 Nesse nterim importante repensar tamb m a rela o da LA com outras disciplinas Se considerarmos a caracteriza o que Domingues 2005 faz das experi ncias interdisciplinares seremos for ados a concluir que a interdisciplinaridade diferentemente do que prop e Moita Lopes 1998 2006b n o seria o pressuposto metodol gico mais adequado para uma LA p s cr tica uma vez que a no o de interdisciplinaridade comprometida com os fundamentos da ci ncia moderna dentre os quais se podem destacar a manuten o das fronteiras disciplinares e o estabelecimento de leis gerais de funcionamento do objeto Se uma caracter stica da pr tica problematizante que representa a ltima fase daquilo que se entende como LA cr tica refere se ao questionamento dos postulados cient ficos defender a interdisciplinaridade como princ pio metodol gico representa um contrassenso Assim entendo que a LA p s cr tica deve operar por meio de um princ pio metodol gico tr plice a genealogia a arqueologia e por fim a transdisciplinaridade Esta s poss vel quando h a possibilidade de afrouxar as fronteiras disciplinares em contraste com as abordagens inter e a multidisciplinares que s fazem sentido em contextos fortemente d
371. seu estudo como sua problematiza o e consequente proposi o de mudan as ou transforma es em sua estrutura s podem ser efetuados mediante o recurso a v rias reas de conhecimento Mesmo com a ado o desse procedimento conforme observa Domingues restar a tarefa de ocupa o de zonas de indefini o deixadas pelas diversas disciplinas Logo se o objetivo discutir o ensino de linguagem numa perspectiva que busque dar conta de sua complexidade a transdisciplinaridade juntamente com a genealogia e a arquelogia constitui pressuposto metodol gico fundamental Nesse processo uma tarefa central repensar os objetivos da educa o Ao longo da hist ria a educa o tem funcionado como uma institui o destinada a instruir e treinar os indiv duos na arte de usar sua liberdade de escolha de acordo com as regras e os valores alinhados com os regimes de verdade vigentes em diversos momentos hist ricos Na esteira do pensamento de Adorno 1995 essa redefini o n o deve ser formulada em torno do para qu educa o mas sim do para onde a educa o deve conduzir Ap s isso deve se pensar nos objetivos e nos conte dos do ensino de linguagem Em outras palavras o ensino de linguagem e de qualquer outra disciplina deve cooperar para a consecu o dos objetivos da educa o Uma pr tica muito comum em trabalhos sobre o ensino de linguagem mesmo em LA a de conferir centralidade ao objeto de estudo qual seja leitura ensi
372. sformar os problemas de uns em problemas que devem ser debatidos por todos e encarados como problemas de todos Essa luta contra a fragmenta o social deve ser estendida ao combate contra a forma de poder que contemporaneamente tem se alimentado dela e transformado praticamente todos os elementos da vida social em mercadorias o poder de mercado nas sociedades de consumo A nica forma de combate desse poder ocorre por meio da liberdade que s pode existir quando agentes aut nomos exercitam a reflex o cr tica e isso s pode acontecer se os agentes tiverem uma educa o pol tica Ao contr rio do que alguns possam 221 imaginar o combate ao poder de mercado n o significa o fim das rela es de consumo mas a luta contra os valores que sustentam esse poder e suas consequ ncias nefastas para as rela es sociais pessoais familiares afetivas a luta contra o consumismo gratuito motivado pelas estrat gias argumentativas de produtores e principalmente a luta pelo direito dignidade de muitas pessoas que s o exclu das da sociedade A educa o pol tica n o exclui a prepara o para o trabalho mas quer debater as rela es de trabalho e propor alternativas n o quer excluir nada que tenha impacto na sociedade pois dela emana e a ela deve retornar para repens la criticamente para orient la e obrigatoriamente para repensar se 6 2 ENSINO DE LINGUAGEM NA CONDI O P S MODERNA Tendo em vista o compromisso com uma
373. smo conter as consequ ncias da produ o desenfreada Esse um cen rio em que se pode verificar nitidamente a separa o entre poder e pol tica no panorama mundial tamb m 146 um cen rio paradoxal no momento em que a ideologia da produ o deveria ser veementemente contestada o geopoder sai mais fortalecido Como isso poss vel Os riscos gerados pela tecnologia que n o podem ser evitados t m seus efeitos minimizados com mais tecnologia As palavras de ordem agora s o energia limpa biocombust veis produtos biodegrad veis reciclagem efici ncia energ tica etc Esse discurso vai dar in cio a uma corrida pela inven o de produtos que sejam concebidos sob o princ pio da responsabilidade socioambiental dando origem a uma nova faceta do mercado produtivo grandes neg cios que v o gerar novos e maiores lucros O discurso da responsabilidade socioambiental como princ pio de produ o d origem a um princ pio correlato para nortear as rela es de consumo o da consci ncia ambiental Como antes os problemas s o formulados como demandas de novos dispositivos e artif cios t cnicos comerci veis claro como antes aqueles que desejam se ver livres do desconforto e dos riscos s o lembrados de que essa liberdade deve pagar o seu pre o e que as grandes contas da cat strofe social supostamente s o quitadas com o troco do consumo privado BAUMAN 1999a p 297 Em todo esse processo de crise e alt
374. so dial gico no qual professor e aluno se informam sobre a condu o do processo educativo em rela o ao projeto de forma o Diante dos resultados o di logo continua no sentido de orientar a tomada de decis es que melhor contribuam para a constru o dos conhecimentos e consequentemente no desenvolvimento das compet ncias Nesse sentido n o o instrumento que deve determinar o processo de avalia o mas este deve ser utilizado de acordo com as necessidades dos alunos O desenvolvimento das compet ncias propostas neste texto exige 242 que a avalia o se desenvolva de diferentes maneiras alternando se as modalidades os suportes os interlocutores e as linguagens A perspectiva de educa o defendida neste trabalho demanda como condi o para o seu sucesso al m do conhecimento de suas bases te ricas e pol ticas por parte do professor o que vai exigir deste o desenvolvimento de novas compet ncias uma reconstru o da identidade docente e da identidade discente Ser professor e ser aluno no contexto da educa o contempor nea ainda s o fun es demasiadamente marcadas por aspectos que n o correspondem aos objetivos de um projeto educacional orientado para a forma o pol tica A mudan a dessa condi o n o algo que pode ser feito por leis ou decretos impostos verticalmente de cima para baixo antes deve ser resultado de um novo projeto de forma o de professores e somente ap s isso ser apresenta
375. sso que a norma culta nunca vista pelos linguistas como fonte potencial de preconceito lingu stico tal qual a norma padr o Dessa forma exime se do compromisso pol tico de tentar estabelecer um di logo com a sociedade a respeito da l ngua A explica o dada por Faraco acerca da padroniza o lingu stica marcada por uma neutralidade que contrasta com o tom cr tico apresentado em outro trabalho temos de lutar contra o projeto hist rico de segmentos da elite de homogeneizar uniformizar nossos modos de falar O desejo de construir uma sociedade branca e europeizada levou essa elite a renegar as caracter sticas lingu sticas do pa s FARACO 2007 p 47 interessante observar que mesmo quando o discurso pedag gico oficial o ENEM Exame Nacional do Ensino M dio define o dom nio da norma culta como uma das compet ncias a serem desenvolvidas no Ensino M dio utiliza a designa o proposta pelos linguistas acusado de equivocado h na defini o dessa grande compet ncia dois equ vocos O primeiro n o distinguir a norma culta da norma padr o o que leva os documentos do exame a falarem em norma culta e as quest es a examinarem de fato o dom nio da norma padr o Segundo tomar a norma como um fen meno em si isolado das pr ticas sociais de fala e escrita em que ela faz sentido e por consequ ncia sobrepondo se a elas Ou seja o autor critica a aus ncia de uma distin o
376. sso de reflexividade atrav s do qual sua condi o de ci ncia social enquadrada num paradigma diverso do imposto pela racionalidade moderna confrontada com algumas de suas pr ticas As discuss es mostram dificuldades da LA em se desligar completamente do paradigma moderno e diante das transforma es decorrentes de uma modernidade 13 ambivalente apontam caminhos para que a LA de fato se posicione como uma ci ncia social O cap tulo finaliza com algumas proposi es para uma reformula o do ensino de linguagem e define qual deve ser a postura da LA nesse processo de transforma o Os cap tulos A linguagem como fen meno semi tico pragm tico e Diretrizes gerais para o ensino de linguagem utilizam todas as discuss es realizadas para construir uma nova perspectiva te rica de linguagem que possibilite a constru o de uma perspectiva transdisciplinar de curr culo orientado para a forma o pol tica do sujeito A teoriza o sobre a linguagem mostra dentre outras coisas que a LA n o pode se limitar a utilizar conceitos constru dos no mbito da Lingu stica uma vez que n o poss vel continuar tratando a linguagem como um objeto facilmente delimit vel e por conseguinte estud la isolada das coer es que sobre ela exercem as condi es s cio hist ricas de seu funcionamento A linguagem concebida como um fen meno que n o pode ser delimitado Temos uma percep o de aspectos de sua manifesta o mas n o
377. strutura 25 w R AER Discurso aqui aparece como sin nimo de texto 85 4 o relacionamento entre gram tica e pragm tica pressup e uma descri o gramatical tamb m de sequ ncias de frases e de propriedades do discurso como um todo por exemplo para dar conta das rela es entre atos de fala e macroatos de fala 5 uma gram tica textual fornece uma base mais adequada para um relacionamento sistem tico com outras teorias que se ocupam do estudo do discurso como a estil stica a ret rica a po tica etc 6 uma gram tica de texto oferece melhor base lingu stica para a elabora o de modelos cognitivos do desenvolvimento produ o e compreens o da linguagem e portanto do discurso 7 uma gram tica textual fornece melhor base para o estudo do discurso e da conversa o em contextos sociais interacionais e institucionais e para o estudo dos diversos tipos de discurso e usos de linguagem entre culturas Pelas palavras de Dijk percebe se que uma gram tica do texto possui em raz o de seus m ltiplos enfoques uma voca o interdisciplinar Para o cumprimento de todos os itens apontados como constituintes de sua agenda de estudos deve coadunar aportes te ricos diversificados dentre os quais podem figurar contribui es das teorias cognitivas da Sociologia da Antropologia das teorias ret ricas da Pragm tica da Filosofia da Linguagem entre outras No Brasil a Lingu stica Textual tem em Koch sua mais pr
378. t gio anterior da corrente dial tica da evolu o social e valorizar a verdade de ontem como sendo v lida hoje em dia Donde o car ter refrat rio e deformador do signo ideol gico nos limites da ideologia dominante BAKHTIN 2004 p 47 Na perspectiva discursiva da significa o defendida por Foucault 2004a a produ o do discurso ao mesmo tempo controlada selecionada organizada e redistribu da atrav s de procedimentos que funcionam de acordo com os regimes de verdade que fundamentam o exerc cio do poder Neste ponto verifica se uma aproxima o entre suas ideias e as de Bakhtin A diverg ncia entre ambos no entanto gira em torno da no o de ideologia Um dos problemas que Foucault identifica no termo que a ideologia est sempre em oposi o a alguma coisa que seria a verdade se ela oculta uma realidade isso significa que existe a verdadeira realidade como se houvesse a possibilidade de existir uma realidade livre de ideologia Outro problema que os trabalhos que tomam a ideologia como no o fundamental dos estudos sociol gicos colocam o seu funcionamento em 188 posi o secund ria com rela o aos aspectos econ micos da sociedade Para Foucault a quest o pol tica n o o erro a ilus o a consci ncia alienada ou a ideologia mas a pr pria verdade A verdade na acep o foucaultiana um conjunto de procedimentos regulados para a produ o a lei a reparti o a circula o e o
379. t ncias b sicas que situem o educando como sujeito produtor de conhecimento e participante do mundo do trabalho e com o desenvolvimento da pessoa como sujeito em situa o cidad o Na perspectiva da nova Lei o Ensino M dio como parte da educa o escolar dever vincular se ao mundo do trabalho e pr tica social Art 1 8 2 da Lei n 9 394 96 De acordo com o MEC a forma o do aluno deve ter como alvo principal a aquisi o de conhecimentos b sicos a prepara o cient fica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas s reas de atua o BRASIL 2000a p 5 O projeto de reestrutura o do Ensino M dio proposto pelo MEC busca uma ruptura com o car ter proped utico do antigo 2 grau O Ensino M dio passa a ter a caracter stica da terminalidade o que significa assegurar a todos os cidad os a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental aprimorar o educando enquanto pessoa humana possibilitar o prosseguimento nos estudos garantir a prepara o b sica para o trabalho e a cidadania dotar o educando dos instrumentos que o permitam continuar aprendendo tendo em vista o desenvolvimento da compreens o dos fundamentos cient ficos e tecnol gicos dos processos produtivos Brasil 2000a p 9 10 grifos meus Logicamente a realiza o de tal intento est condicionada ado o de uma perspectiva metodol g
380. t o do exerc cio do poder legislativo na segunda como se d o embate sociopragm tico e lingu stico entre vereadores n o escolarizados e os representantes da burocracia local numa sess o legislativa de aprecia o de um projeto de lei or ament ria Em ambos os casos parte se do pressuposto de que concep es culturais ideol gicas e pol ticas conflitantes acerca do que seja assumir o papel de um vereador apontam para desestabiliza es e rupturas nas estruturas simb licas hegem nicas de 133 domina o subordina o que procuram manter os vereadores focalizados como membros de direito mas n o como membros de fato A autora conclui que diante do conflito a que se veem expostos diariamente como autoridades destitu das de poder e controle sobre o que justifica e sustenta a institui o os vereadores n o escolarizados tendem a adotar uma das tr s estrat gias seguintes o sil ncio a agress o ou a apropria o de um c digo indexicalizado utiliz vel para a comunica o p blica Segundo ela os que optam pelo sil ncio buscam manter se fi is linguagem e aos interesses de seu grupo de origem ou seja conservam a sua identidade Na verdade n o h como garantir que esses sejam os reais motivos dos que se calam mesmo que eles pr prios tenham declarado pois como observa Coracini 2003 p 279 a linguagem n o transparente as inten es e a posi o do autor n o se encontram depositadas de uma vez por
381. tas defendam essa tese ela n o tem como ser sustentada por um motivo muito simples a fonologia n o tem compromisso com a escrita e sim com a l ngua falada Afirmar por exemplo que os s mbolos destacados nas palavras cerca aux lio p ssaro e ca a s o diversas representa es do fonema s n o significa que se esteja explicando as diferen as entre fala e escrita porque a fonologia n o trata de letras mas de fonemas Estes ao contr rio da escrita operam com o princ pio da correspond ncia biun voca Mesmo que se quisesse aceitar o exemplo dado como argumento para a fun o explicativa da fonologia uma quest o ficaria sem resposta como o conhecimento de que um fonema pode ser representado por diferentes letras pode ajudar o estudante no momento de saber qual delas utilizar para grafar uma palavra espec fica A fon tica e a fonologia n o podem explicar ou resolver os problemas relativos escrita porque n o h correspond ncia entre a transcri o fon tico fonol gica que fazem da 163 fala e da l ngua e a ortografia A fon tica opera com um invent rio de fones e a nica contribui o relevante para o ensino refere se ao conhecimento sobre a varia o e a diversidade lingu sticas Em contrapartida a fonologia busca anula essa varia o atrav s das no es de arquifonema e alofone Resumindo a varia o fon tica entendida como um problema de lingu stica geral que n o pode persistir
382. te rico a ser usado e por outro problemas n o resolvidos da Lingu stica o autor define as linhas de a o de seu projeto incluiremos na gram tica uma dupla descri o a saber a uma descri o em termos formais da estrutura sint tica superficial e b uma descri o de aspectos da interpreta o sem ntica colocada na medida do poss vel em paralelo com a descri o sint tica No caso da sintaxe e da morfologia far se um esfor o no sentido de preservar onde poss vel a nomenclatura tradicional J no caso da sem ntica n o vejo como isso possa ser feito dada a inexist ncia pura e simples de uma terminologia sem ntica minimamente coerente dentro da gram tica tradicional O grau de exaustividade desses dois componentes ser necessariamente muito diferente em vista do atual estado dos estudos lingu sticos Parece me indicado fazer da descri o formal morfossint tica a linha mestra da descri o e apenas nesse aspecto se tentar dar uma vis o razoavelmente abrangente da estrutura da l ngua PERINI 1995 P 10 11 grifo meu Se quisermos considerar as contribui es do projeto de Perini para o ensino de l ngua veremos que ele apresenta algumas claudica es importantes O projeto baseia se numa concep o cartesiana de ci ncia em que a complexidade dos objetos trabalhada a partir de unidades discretas Isso fica evidente quando ap s definir a caminho necess rio para a refor
383. teles e aos estoicos e finalmente estabelecidas por Dion sio da Tr cia em sua T chne grammatike ainda na atualidade constituem as bases das atividades de an lise descri o e ensino das l nguas Robins apresenta a estrutura da gram tica de Dion sio que como se ver marcada por uma voca o pr tica ou como se diria modernamente aplicada A gram tica o conhecimento pr tico do uso lingu stico comum aos poetas e prosadores Divide se em seis partes primeira leitura exata em voz alta com a devida aten o pros dia segunda explica o das express es liter rias das obras terceira preparo de notas sobre fraseologia e tem tica quarta descobrimento das etimologias quinta determina o das regularidades anal gicas sexta cr tica das 5 KUHN op cit p 32 16 composi es liter rias que a parte mais nobre da gram tica ROBINS 2004 p 12 Robins assinala como nica defici ncia importante da T chne a aus ncia de uma abordagem sint tica da l ngua O que hoje chamamos de sintaxe teve sua origem no quadro da l gica aristot lica com destaque para a sua teoria da predica o cuja influ ncia se pode verificar tanto na Lingu stica seja formal ou funcional como na filosofia anal tica da linguagem principalmente em alguns trabalhos de Searle A Lingu stica entretanto n o conseguiu dar aos termos cunhados pela teoria aristot lica a saber sujeito e predicado o mesmo alcance conce
384. ten as n o simplesmente descrevem relatam ou constatam algo quando a enuncia o de uma senten a corresponde execu o de uma a o Exemplos disso s o o Sim num casamento Eu batizo Eu aposto No entanto para um enunciado ser considerado performativo n o basta que a senten a seja pronunciada preciso que certas a es conven es circunst ncias e participantes envolvidos sejam adequados situa o Caso contr rio o ato ser nulo n o realizado infeliz J a senten a constativa pode ser verdadeira ou falsa pois nela algo informado constatado informado Exemplo O menino atravessa a rua em que se descreve uma a o cujo significado est na depend ncia de algu m do sexo masculino infantil ter se movimentado de um lado para outro de uma das vias que cortam a cidade Se 183 o fato ocorreu al m de ser significativa a frase verdadeira se n o ocorreu falsa As constata es geralmente pressup em ou implicam outras constata es Nas reformula es que opera nas teorias de Austin Searle 2002a 2002b postula que o significado dos atos de fala est subordinado intencionalidade do locutor Uma vez que as senten as os sons emitidos pela boca ou os sinais gr ficos que se fixam no papel s o considerados de um certo modo apenas objetos no mundo como quaisquer outros objetos sua capacidade de representar n o intr nseca e sim derivada da inten
385. tes de compreens o Dijk assinala que sua abordagem estrat gica formalmente garantiria a possibilidade de os usu rios da l ngua realmente processarem informa es de maneira informa es de maneira incompleta e incorreta mas mesmo assim sentirem que compreendem o texto 1996 p 21 O modelo apresentado conquanto apresente uma complexidade que o diferencia das abordagens gramaticais do texto n o deixa de ser idealista Muitos aspectos apresentados tocam diretamente a quest o do ensino de l ngua linguagem mas entendemos que aspectos cognitivos e pragm ticos externos como cren as opini es objetivos atos de fala intencionalidade n o podem ocupar uma posi o secund ria quando se trata do processamento e produ o de textos A distin o entre o interior e o exterior nos estudos do texto s se justificam se o objetivo for estar alinhado com um paradigma cient fico positivista O exterior constitutivo do dizer A no o de g neros textuais embora pare a recente tem uma longa trajet ria no quadro dos estudos da linguagem Na Gr cia Antiga por exemplo Arist teles estabeleceu os g neros ret ricos o deliberativo o epid ctico e o judici rio e os po ticos a trag dia e a epopeia a com dia etc Contudo ap s um longo per odo em que sua abordagem esteve limitada distin o entre liter rios e n o liter rios o estudo dos g neros ganhou f lego renovado a partir das ideias de Bakhtin 8 Em t
386. texto em suas postula es ambos se afiguram como fen menos neutros a hist ricos apol ticos desvinculados dos diversos jogos de poder que caracterizam as sociedades humanas A concep o de l ngua como intera o dominante conforme assinalamos nos estudos lingu sticos atuais precisa ser aprimorada sob pena de n o dar conta de estudos sobre a complexidade que caracteriza o uso l ngua linguagem no mundo contempor neo O termo intera o tal qual empregado nos trabalhos de Koch dentre outros linguistas parece tratar se de uma no o vaga Em tese uma defini o formulada para nortear o estudo do objeto definido Todavia a concep o de linguagem como intera o n o se justifica nos estudos empreendidos por Koch a respeito do texto j que seus interesses de pesquisa que giram em torno de conceitos como referencia o progress o textual sequencia o etc n o precisam estar fundamentados nessa perspectiva de linguagem para se efetivar Esses conceitos podem ser estudados e de fato o s o do ponto de vista da iman ncia do texto Al m disso caso desejasse operar com a dita concep o de l ngua haveria a necessidade de desenvolver e ou utilizar novos pressupostos te ricos que contemplassem a complexidade que envolve a intera o verbal Outro fato igualmente problem tico reside na ideia de texto como processo sem interlocutores previstos As considera es de Koch n o levam em conta o fato de que todo
387. ticulando adequadamente as semioses que melhor contribuam para a consecu o dos objetivos propostos e Articular adequadamente inten o comunicativa macro e microatos de linguagem na produ o de g neros semi tico textuais 239 As atitudes relativas produ o de g neros semi tico textuais s o as mesmas propostas para orientar a pr tica de ensino de leitura A diferen a que no ensino de produ o de g neros as atitudes devem se revelar nos pr prios g neros 6 2 2 3 Fatos conceitos procedimentos e atitudes relativos an lise semiolingu stica A an lise semiolingu stica representa uma alternativa pratica de an lise lingu stica proposta por Geraldi que s contempla a linguagem verbal N o significa obviamente sua rejei o mas integra a como uma de suas tarefas A an lise semiolingu stica portanto mais ampla e se prop e a descrever linguagens tradicionalmente n o contempladas pelos curr culos do ensino de linguagem No mundo altamente semiotizado em que vivemos a pr tica de ensino n o pode privar o estudante do conhecimento dessas semioses CONCEITOS SIGNO O signo aquilo que sob certo aspecto ou modo representa algo para algu m Se concordarmos com a teoria peirciana de que essa representa o tamb m um signo concluiremos que a rela o do homem com o mundo uma rela o s gnica O signo pode se manifestar por tr s categorias o ndice o cone e o s mbolo
388. tiva segundo uma generaliza o muito frequente nos dias atuais mas composta de v rias unidades descritivas e explicativas como por exemplo a caracteriza o das classes gramaticais a estrutura m rfica das palavras a estrutura sint tica dentre outras Os aspectos normativos est o em quase sua totalidade concentrados no estudo da ortoepia ou pros dia que determinam os caracteres f nicos considerados corretos da ortografia que determina a escrita considerada correta os sinais de pontua o que s o na verdade mais funcionais que normativos uma vez que contribuem para o estabelecimento e o c lculo do sentido Outros aspectos normativos s o encontrados no estudo dos hom nimos e dos par nimos al m de aparecerem geralmente em se es denominadas empregos de algumas classes gramaticais Diante disso pode se questionar os fundamentos te ricos do que l est posto mas negar que a descri o da l ngua constitui uma das tarefas da GT jamais Como explicar ent o todo o combate que a Lingu stica empreende contra a tradi o gramatical O ponto nevr lgico da quest o reside na concep o de l ngua adotada pela GT Por uma s rie de fatores sociais pol ticos culturais pol ticos ideol gicos a variedade da l ngua eleita como padr o a despeito das outras variedades foi confundida com a l ngua negando inclusive a pr pria heterogeneidade da sociedade e a diversidade das intera es sociais nas q
389. tiva e desvinculado dos aspetos ideol gicos e pol ticos Na esteira dessa reflex o as autoras postulam que se considerarmos a pluralidade de contextos em que falada a l ngua portuguesa no Brasil nada nos impede de afirmar que temos v rias l nguas sob o r tulo l ngua portuguesa p 62 No entanto ao propor que as pol ticas lingu sticas recorram s contribui es te ricas produzidas na rea de educa o bil ngue como forma de demonstrar respeito diversidade lingu stica as autoras demonstram as claudica es que caracterizam os movimentos de avan o e recuo da LA em rela o ci ncia moderna dentre as quais se destacam o foco numa concep o restrita de contexto e uma perspectiva disciplinar de pesquisa A dificuldade de operar com a no o de contexto em toda a sua complexidade nas pesquisas em LA decorre dentre outros fatores da obedi ncia ao princ pio da redu o da complexidade do objeto caracter stico da ci ncia positivista Esse princ pio que ainda determina o modo como se faz pesquisa na academia principalmente na forma o dos novos pesquisadores ou seja os estudantes de mestrado e doutorado ao exigir a delimita o do objeto acaba por extens o impondo a necessidade de redu o do ambiente isto o contexto no qual esse objeto ser observado Buscando uma tentativa de supera o da LA vinculada cr tica emancipat ria Pennycook 2003 defende que a LAC conquanto poss
390. tividades pol ticas e sociais como um todo e que s o condi es para o exerc cio da cidadania num contexto democr tico O Ensino M dio portanto a etapa final de uma educa o de car ter geral afinada segundo o MEC com a contemporaneidade com a constru o de compet ncias b sicas que situem o educando como sujeito produtor de conhecimento e participante do mundo do trabalho e com o desenvolvimento da pessoa como sujeito em situa o cidad o Na perspectiva da nova Lei o Ensino M dio como parte da educa o escolar dever vincular se ao mundo do trabalho e pr tica social Art 1 2 da Lei n 9 394 96 59 Essas considera es permitem identificar o tipo de sujeito que se pretende formar o sujeito moderno aquele que consciente de seus pensamentos e respons vel pelos seus atos Como se pode observar a linguagem constitui elemento fundamental para o desenvolvimento das compet ncias mencionadas Assim os PCN postulam que o ensino de l ngua portuguesa deve objetivar o desenvolvimento de tr s compet ncias a saber a compet ncia interativa a compet ncia textual e a compet ncia gramatical 2 3 1 1 Compet ncias gerais Os PCN estabelecem que o ensino de l ngua portuguesa no Ensino M dio deve ser estruturado em torno de tr s eixos Representa o e Comunica o Investiga o e Compreens o e Contextualiza o Sociocultural centrados no desenvolvimento das compet ncia
391. to os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros os mecanismos e as inst ncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos a maneira como se sanciona uns e outros as t cnicas e os procedimentos que s o valorizados para a obten o da verdade o estatuto daqueles que t m o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro FOUCAULT 1979 p 12 O discurso cient fico em nenhuma de suas vertentes imune aos efeitos da verdade e do poder Ao contr rio mesmo quando refuta verdades e poderes em exerc cio o que pretende estabelecer novos regimes de verdade que consequentemente definir o novas formas de exerc cio do poder Nessa acep o importante que se fa a uma reflex o sobre como se constroem os regimes de verdade no discurso cient fico da LA Ap s uma fase em que era concebida apenas como aplicadora de teorias lingu sticas a LA caracterizou se por uma abordagem interdisciplinar em fun o da necessidade de melhor compreens o de problemas relacionados ao uso da linguagem em contextos espec ficos Isso n o significa que a aplica o de teorias tenha sido exclu da definitivamente de suas pr ticas Inicialmente as fontes disciplinares compreendiam a teoria gramatical a Psicolingu stica a Sociologia a Sociolingu stica a An lise do Discurso a Psicologia as ci ncias cognitivas a Hist ria Social a Literatura e a Antropologia Diante dessa heterogeneidade natur
392. tor Conforme afirmam Faria et al na introdu o que fazem Ret rica a Her nio C CERO 2005 p 32 Concebido como disposi o inata no artista pela qual a natureza d regra arte o g nio n o pode ele mesmo prescrever ou ensinar e assim instrumentalizar outros para criar produtos equivalentes aos seus A regra que ele estabelece n o formular mas algo que s pode ser abstra do do produto art stico e que s servir ao talento de outros homens se a natureza os tiver provido de semelhante propor o de faculdades mentais Assim tomadas as regras da arte como naturais e expressas pelo g nio a preemin ncia de um c digo cultural como a ret rica n o ser mais poss vel medida que perde sua centralidade a Ret rica vai sendo reduzida a uma de suas partes a elocu o Esta reproposta no mbito do romantismo como invent rio de recursos expressivos que j n o se associam mat ria especificada pela conveni ncia de cada g nero discursivo mas se empregam para obter um uso desviante da linguagem adequado exig ncia de originalidade que orienta a produ o liter ria ap s o s culo XVIII Com a preponder ncia da elocu o o adjetivo ret rico passa a designar pejorativamente o discurso cuja falta de subst ncia estaria encoberta pela nfase na express o Ainda em decorr ncia da instaura o do paradigma cient fico moderno a Dial tica arte da discuss o suprimida do curr
393. tos complemente deslocados de suas reais situa es de interlocu o Pior eles n o s o sequer os leitores previstos para muitos dos g neros com que se defrontam O segundo problema refere se proposta de articula o entre atos de fala g neros e ideologia A autora fala desses termos como se eles desfrutassem de um consenso te rico Mesmo que tal consenso existisse n o se pode pressupor que sua transposi o did tica ocorreria diretamente O terceiro problema diz respeito ao que a autora chamou de exame das formas lingu sticas em sua interpreta o 31 Transcrito de Rojo 2005 p 198 nfase da autora 97 lingu stica habitual Mais uma vez ela parte de uma pressuposi o de consenso que definitivamente n o existe Embora outros fatores possam ser considerados atribu mos esses equ vocos ao fato de a autora reproduzir uma orienta o metodol gica proposta por Bakhtin no ano de 1929 num contexto em que n o havia uma preocupa o direta com o ensino e principalmente num momento em que as ci ncias da linguagem n o haviam diversificado tal qual se verifica nos dias atuais seus objetos de estudo e consequentemente seus pressupostos te rico metodol gicos ou vice versa O que Bakhtin chamava de interpreta o lingu stica habitual o mesmo que chamamos hoje evidente que n o Deve se ter em mente que o prop sito de Bakhtin era levar a termo uma filosofia marxista da linguagem cuja base seria
394. tos da escrita ensinava a falar a ler e a recitar corretamente e que introduzia os autores cl ssicos Explicitar a condi o socioecon mica dos estudantes e os objetivos do processo educativo fundamental para que se compreenda a educa o como um direito inicialmente concebido para o acesso exclusivo das classes dominantes Queiroz aponta que nos ltimos s culos do Imp rio a Gram tica al m de estudar os mecanismos da linguagem torna se igualmente um conhecimento especulativo nos in meros tratados de Gram tica desse per odo ocorre uma tend ncia cristaliza o de regras tradicionais de ortografia por exemplo visando a evitar contamina es com a din mica da l ngua falada Assim a pron ncia das palavras vari vel de acordo com a regi o e com a l ngua nativa a falada era ensinada nos manuais de Gram tica de acordo com a pros dia e a m trica da tradi o liter ria Esta tend ncia ao congelamento sobretudo nos s culos IV e V quando o cristianismo j era religi o oficial do Imp rio ser uma das constantes no conceitual pedag gico da Idade M dia Traduz se em termos pr ticos pelo respeito autoridade das fontes antigas respons veis por exemplo por continuidades no sentido foucaultiano FOUCAULT 2004b dentre os quais se podem destacar as no es de tradi o mentalidade imagin rio ou inconsciente coletivo etc N o sozinhas evidentemente tais continuidades s o respons veis pelo pri
395. trabalhos que se prop em a criticar a racionalidade moderna cf SANTOS 1989 2008 Mesmo quando o discurso cient fico identifica um saber verdadeiro no senso comum sua inten o n o valoriz lo o que se pretende usurpar esse conhecimento verdadeiro para que no senso comum s exista o falso A rela o entre eles se resume no par dicot mico mito verdade O prop sito perpetuar a hierarquia Essa exclus o e hierarquiza o de saberes n o se pratica no procedimento geneal gico A LA como integrante da cr tica p s moderna no que toca as quest es do ensino de linguagem deve minimizar seu compromisso com a institucionalidade acad mica e com o cientificismo o que n o significa excluir a ci ncia deve analisar a relev ncia social do discurso cient fico vigente e investigar dentre os saberes exclu dos por ele aqueles que podem contribuir com sua tarefa de interven o social Isso vai exigir que se construa um 152 projeto que por sua vez vai exigir um esfor o conjunto para ser levado adiante Se o objetivo pol tico principal da cr tica p s moderna desfragmentar politicamente a sociedade preciso que os agentes dessa tarefa antes de qualquer empreitada nesse sentido consigam internamente debater e refletir sobre pr prias suas concep es de sociedade sujeito educa o linguagem pol tica e linguagem N o basta portanto se contentar com o entendimento de que a cr tica p s moderna
396. truir enunciados ou seja g neros do discurso Vemos assim que n o poss vel sustentar uma distin o entre g neros do discurso e g neros textuais a partir das ideias de Bakhtin No entanto isso n o quer dizer que a distin o seja improcedente Tenho insistido na tese de que a significa o n o se encontra definitivamente no enunciado mas constr i se fora dele nas pr ticas discursivas express o que Foucault definiu como um conjunto de regras an nimas hist ricas sempre determinadas no tempo e no espa o que definiram em uma dada poca e para uma determinada rea social econ mica geogr fica ou lingu stica as condi es de exerc cio da fun o enunciativa 2004b p 133 Foucault entende o enunciado n o como a performance verbal de um sujeito psicol gico n o como um g nero do discurso que d forma inten o discursiva do falante mas como a unidade do discurso Este por sua vez n o se confunde com o fluxo verbal Trata se de um conjunto de enunciados que se apoiam na mesma forma o discursiva assim que se pode distinguir o discurso liter rio o discurso econ mico o discurso pedag gico o discurso cient fico o discurso filos fico dentre outros para os discursos assim individualizados que proponho a designa o g neros do discurso Certamente os discursos s o feitos de signos mas o que fazem muito mais do que usar tais signos para designar coisas justamente esse mais que os
397. tucionais da sociedade Cada campo religioso cient fico jur dico acad mico etc tem seu pr prio modo de orienta o para a realidade e refrata a a sua pr pria maneira Na argumenta o de fundo marxista de Bakhtin para que o signo pertencente a qualquer esfera da realidade entre no horizonte social do grupo e desencadeie uma rea o semi tico ideol gica indispens vel que ele esteja ligado s condi es socioecon micas do grupo Em sua acep o s o as condi es econ micas que tornam o signo socialmente pertinente e s o elas que criam as formas de comunica o ideol gica que determinam por sua vez as formas de express o semi tica Aplicando o marxismo sua filosofia da linguagem Bakhtin defende que o signo levado condi o de arena onde se desenvolve a luta de classes Segundo ele se o signo for retirado dessa arena ir infalivelmente esvaziar se e n o ser mais um instrumento racional e vivo para a sociedade A classe dominante tende a conferir ao signo ideol gico um car ter intang vel e acima das diferen as de classe a fim de abafar ou de ocultar a luta dos ndices sociais de valor que a se trava a fim de tornar o signo monovalente Nas condi es habituais da vida social esta contradi o oculta em todo signo ideol gico n o se mostra descoberta porque na ideologia dominante estabelecida o signo ideol gico sempre um pouco reacion rio e tenta por assim dizer estabilizar o es
398. turas lingu sticas isto das estruturas formais significantes Menos evidente a afirma o de que elas constituem apenas parte do material de linguagem Cada constituinte morfol gico d sua contribui o elabora o da s ntese que uma significa o E a sem ntica deve como a crian a em processo de aquisi o de uma l ngua apreender interativamente os constituintes que os linguistas separaram em campos separados fonol gico sint tico lexical sem ntico pragm tico Se algumas dessa intera es j s o conhecidas outras ainda permanecem na obscuridade por isso h muito a aprender da descri o sem ntica comparada de v rios sistemas lingu sticos Na verdade o que a autora sugere um alargamento do escopo da sem ntica de modo que ela possa dar conta do significado do signo lingu stico Contudo essa intera o entre os n veis algo que contraria o princ pio da delimita o dos objetos cient ficos Fundamentados nesse paradigma os que tentam fazer essa coopera o acabam por fazer de fato uma bricolage ou uma esp cie de colcha de retalhos trabalhos composto de unidades que est o reunidas num mesmo suporte f sico mas que n o dialogam Com a teoria dos atos de fala a senten a perde o seu car ter metaf sico e usar a l ngua significa realizar atos trata se da virada pragm tica Austin 1990 classifica os atos de fala em constativos e performativos Estes ocorrem quando as sen
399. u m por isso tamb m chamado de representamen Dirige se a algu m isto cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo mais desenvolvido O signo assim criado o interpretante do primeiro O signo n o representa o objeto em todos os seus aspectos mas refere se a uma ideia o fundamento do representamen Na teoria peirciana a palavra signo ser usada para denotar um objeto percept vel ou apenas imagin vel ou mesmo inimagin vel O signo pode apenas representar um objeto ou referir se a ele Pode ser simples quando possui apenas um objeto ou complexo quando apresenta mais de um De acordo com Peirce o signo pode se manifestar por tr s categorias o ndice o cone e o s mbolo O ndice um representamen cujo car ter representativo se deve a uma rela o genu na com o objeto sem levar em conta o interpretante ou o c digo sem a media o da intencionalidade Pode estabelecer uma rela o existencial ou referencial Por exemplo a batida na porta caracter stica de algu m querendo entrar existencial j o emprego de um pronome pessoal demonstrativo uma preposi o referencial O cone n o tem conex o din mica alguma com o objeto que representa suas qualidades se assemelham s do objeto e excitam sensa es an logas na mente para a qual uma semelhan a caso por exemplo das fotografias e de algumas imagens Elas provocam um desengate mais n tido entre signo e coisa nomeada si
400. u significado adv m do conhecimento da coisa significada Assim Agostinho restringe a linguagem refer ncia sem o que o significado vazio uma vez que a linguagem serve para transmitir o pensamento e pensamento sempre sobre algo Em sua teoria a natureza do significado explicada pela revela o divina ou seja pela f Na l gica de Port Royal a l ngua entendida como um sistema de signos As palavras ou express es s o inv lucros das ideias que se ligam aos objetos Nessa perspectiva o n vel l gico das ideias o mais elaborado a l ngua tem a fun o de exteriorizar essa l gica que o fundo comum subjacente diversidade das l nguas naturais A gram tica busca mostrar como as ideias ou ess ncias s o significadas ou seja qual a sua rela o com a realidade Locke critica veementemente a doutrina cartesiana do inatismo que fundamenta a l gica de Port Royal Para ele o conhecimento nasce atrav s da experi ncia e se forma por obra das ideias Ideia todo e qualquer conte do do processo cognitivo Quando algu m pensa os objetos de seu entendimento s o as ideias que podem provir da sensa o ou da reflex o 159 O empirismo de Locke se preocupa tamb m com linguagem Para ele os sons s o sinais das ideias A linguagem transmite pensamentos atrav s desses sinais marcas exteriores das ideias internas Em sua concep o de significado as palavras representam as ideias na mente de quem as usa
401. uais diferentes variedades lingu sticas s o mobilizadas pelos sujeitos A identifica o do padr o com a l ngua ocasionou uma s rie de consequ ncias dentre as quais as mais graves s o o preconceito e a exclus o social Diante desse quadro o m nimo que se poderia esperar de uma ci ncia da l ngua que tais equ vocos fossem atacados Partindo do pressuposto de que o modelo lingu stico defendido nas gram ticas n o passa de uma abstra o idealizada e portanto irrealiz vel a 107 Sociolingu stica postulou uma distin o tri dica entre norma padr o norma culta e normas populares estas ltimas sim correspondendo aos usos que os falantes efetivamente fazem da l ngua Do ponto de vista te rico a distin o aparentemente resolve alguns entraves i possibilita a defini o de um objeto de estudo real em contraposi o abstra o idealizada do padr o ii permite o estudo de um n mero maior de variedades da l ngua uma vez que n o faz uma abordagem normativa iii por considerar a l ngua como um sistema heterog neo prop e o abandono de classifica es do tipo certo errado no que se refere ao uso da l ngua mas na verdade cria outros problemas te ricos e pr ticos talvez ainda mais graves O objetivo de uma distin o colocar os elementos que a comp em em oposi o medida que aceitamos a oposi o entre a norma padr o idealizada e a norma culta real somos coagidos a tamb
402. ue ela funcionava por meio da a o simult nea de dois n veis o sint tico e o ontol gico Sobre o primeiro o autor assinala que as fun es de sujeito e de predicado n o precisam ser necessariamente desempenhadas por termos isolados pois tamb m express es complexas animal b pede no liceu etc podem desempenh las ANGIONI 2006 p 19 Essa teoria parece trazer uma explica o mais s lida sobre o fato de nossos estudantes identificarem o termo Em Salvador como sujeito no exemplo dado Sobre o segundo n vel o autor observa que a teoria da predica o uma teoria a respeito das regras pelas quais a linguagem pode satisfazer plenamente sua fun o qual seja reportar se objetivamente ao mundo e oferecer nos constata es fidedignas a respeito dos fatos e situa es nele presentes Assim a teoria da predica o envolve uma teoria sem ntica que busca delinear as regras e condi es pelas quais os termos combinados nas proposi es podem objetivamente remeter a situa es verific veis no mundo e por isso precisamente podemos dizer que ela se apresenta ao mesmo tempo como uma ontologia a teoria da predica o uma teoria a respeito das correla es entre de um lado as estruturas objetivas pelas quais as coisas se d o no mundo e de outro as estruturas l gico lingu sticas pelas E Z 18 quais pretendemos constat las e remeter a elas 18 ANGIONI op cit p 20 74 verdad
403. ue se estabelecem os preconceitos relacionados ao g nero ra a religi o etc Bakhtin 2004 tamb m parte do pressuposto de que o significado resulta de um consenso entre os indiv duos socialmente organizados no decorrer de um processo de intera o por m n o se limita a essa constata o Antes entende que o estudo do funcionamento do signo deve se iniciar pelo entendimento das causas que levam determinados signos a expressar determinados valores e os processos que fazem com que eles sejam aceitos na sociedade Para Bakhtin o signo s se constitui como tal ao ser submetido a opera es ideol gicas Um signo n o existe apenas como parte de uma realidade ele tamb m reflete e refrata uma outra Ele pode distorcer essa realidade ser lhe fiel ou apreend la de um ponto de vista espec fico Todo signo est sujeito aos crit rios de avalia o ideol gica isto se verdadeiro falso correto justificado bom etc O dom nio ideol gico coincide com o dom nio dos signos s o mutuamente correspondentes Ali onde o signo se encontra encontra se tamb m o ideol gico Tudo que ideol gico possui um valor semi tico BAKHTIN 2004 p 32 grifo do autor 48 a pa A No per odo colonial brasileiro por exemplo a c mara de vereadores era composta pelos chamados homens bons ou seja homens ricos 187 Para Bakhtin o funcionamento ideol gico do signo n o ocorre da mesma maneira em todos os campos insti
404. uisessem se identificar s elites da Rom nia Nesse processo de literaliza o sociocultural o latim recebe o status de l ngua oficial do Imp rio e torna se o meio de express o legitimado pelas elites para a pr tica das atividades linguageiras O ensino sempre visa a uma adequa o a determinados ideais das camadas dominantes Inscreve se numa pol tica de entendimento do mundo e na pol tica propriamente dita Da a necessidade de uma leitura cr tica de qualquer proposta curricular N o se pode definir o curr culo simplesmente como um documento ou um discurso cuja fun o selecionar um s rie de conte dos habilidades e compet ncias que os educandos devem apreender ou desenvolver Antes de qualquer coisa ele seleciona recorta e organiza concep es de mundo e de sujeito Tais considera es apontam para a evid ncia da rela o entre curr culo e poder e consequentemente entre poder e ser o que possibilita diferentes formas de se conceber o estar no mundo QUEIROZ op cit p 15 19 Em Roma a educa o era sin nimo de conhecimentos primordialmente relacionados com a estrutura da l ngua e com sua express o Logo com as atividades ligadas ao comando cria o e interpreta o das leis ao dom nio conceitual da vida pol tica local ou representativa QUEIROZ 1999 Sabendo ler e escrever os meninos de fam lias socialmente bem situadas eram enviados a um gram tico o professor que melhorava os conhecimen
405. uiu a proposta de Verney al m de aprender a ler e escrever em portugu s introduziu se o estudo da gram tica portuguesa que passou a ser componente curricular ao lado da Gram tica Latina que manteve sua posi o de componente curricular Persistiu tamb m a Ret rica que mesmo depois da expuls o dos jesu tas em 1759 conservou seus valores e sua pr tica como fato social Da reforma pombalina at fins do s culo XIX estudos relativos linguagem se fizeram nestes dois dom nios Gram tica e Ret rica Assim a Gram tica embora da l ngua latina j presente como conte do curricular no sistema jesu tico continua presente mesmo ap s a reforma pombalina agora introduzida tamb m a Gram tica do Portugu s ao lado da Gram tica do Latim precedendo a e pelos menos inicialmente com car ter instrumental em rela o a ela A Instru o IV das Instru es para os professores de gram tica latina grega hebraica e de ret rica baixadas pela reforma pombalina em 1759 recomenda aos professores de latim Todos os homens s bios uniformemente confessam que deve ser em vulgar o M todo para aprender os preceitos da Gram tica pois n o h maior absurdo que intentar aprender uma L ngua no mesmo idioma que se ignora CUNHA 1985 p 72 3 Ou seja a l ngua portuguesa ent o denominada vulgar deveria ser instrumento para aprender a gram tica latina at esse momento falando se e lendo se em 42 latim
406. ulo XVIII libertaram os homens de seus apoios est veis nas tradi es e nas estruturas Em sua genealogia do sujeito moderno Hall acrescenta que medida que as sociedades modernas se tornavam mais complexas elas adquiriam uma forma mais coletiva e social As teorias cl ssicas liberais de governo baseadas nos direitos e consentimento individuais foram obrigadas a dar conta das estruturas do estado na o e das grandes massas que fazem uma democracia moderna As leis cl ssicas da economia pol tica da propriedade do contrato e da troca tinham de atuar depois da industrializa o entre as grandes forma es de classe do capitalismo moderno O cidad o individual tornou se enredado nas maquinarias burocr ticas e administrativas do estado moderno Emergiu ent o uma concep o mais social do sujeito o sujeito sociol gico Te ricos como Goffman 1988 2005 por exemplo estavam atentos ao modo como o eu apresentado em diferentes situa es sociais e como os conflitos entre esses diferentes pap is sociais s o negociados Ainda de acordo com Hall outro aspecto problematizador da quest o da identidade est relacionado ao car ter da mudan a na modernidade tardia mais especificamente ao processo de mudan a conhecido como globaliza o e seu impacto sobre a identidade Ele defende que esse processo est fragmentando e deslocando as identidades culturais de classe sexualidade etnia ra a e nacionalidade Se antes esta
407. um ente capaz de conduzir os destinos de cada uma das pessoas O escoc s Adam Smith 1723 1790 nunca escreveu a palavra capitalismo O ingl s Thomas Hobbes 1588 1679 n o utilizou a palavra estado Ambos por m s o associados a esses termos Smith autor de A Riqueza das Na es como o primeiro pensador a explicar o funcionamento da economia capitalista Hobbes com seu Leviat como pioneiro na den ncia do estado pantagru lico Foi na verdade defensor de uma institui o capaz de livrar a sociedade do estado permanente de guerra entre os indiv duos uma entidade soberana em min sculas recomendava Hobbes que escrevia Lei sempre com capitular Grafar estado uma pequena contribui o de VEJA para a demoli o da no o disfuncional de que se pode esperar tudo de um centralismo provedor Em ingl s grafa se Eu sempre em mai scula na entroniza o simb lica do indiv duo N o o faremos Nem vamos tirar a capitular da palavra Deus A tentativa refletir uma dimens o mais equilibrada da vida em sociedade como a proposta pelo poeta franc s Paul Val ry 1871 1945 Se o estado forte esmaga nos Se fraco perecemos A carta ao leitor um g nero textual que tem a finalidade de i apresentar ao leitor os conte dos de uma edi o de um jornal ou revista ii manifestar a opini o do ve culo de comunica o enquanto empresa sobre determinado assunto geralmente atual e pol mico iii comunicar e explicar
408. uma distin o entre teorias de g neros do discurso e teorias de g neros de textos Para ela a abordagem discursiva privilegia o estudo das condi es de produ o de textos em seus aspectos s cio hist ricos e a abordagem textual centra se na descri o da materialidade do texto O perigo que pode advir da falta de compreens o da distin o proposta que sob a premissa de se estar trabalhando com os g neros sejam feitas exclusivamente an lises dos aspectos gramaticais que constituem o texto Para evitar que tal equ voco se estabele a a autora cita e defende uma ordem metodol gica proposta por Bakhtin 2004 para o estudo da l ngua 1 As formas e os tipos de intera o verbal em liga o com as condi es concretas em que se realizam 2 As formas das distintas enuncia es dos atos de fala isolados em liga o estreita com a intera o de que constituem os elementos i as categorias dos atos de fala na vida e na cria o ideol gica que se prestam a uma determina o pela intera o verbal leiam se g neros 3 A partir da exame das formas da l ngua em sua interpreta o lingu stica habitual A proposta da autora apresenta alguns problemas te rico metodol gicos que merecem ser ressaltados O primeiro refere se ao estudo das formas de intera o verbal nas condi es concretas em que se realizam Sabe se que no processo de didatiza o dos g neros os estudantes s o confrontados com tex
409. uma gram tica do texto discurso Na primeira se o deste cap tulo mostrei como essas s o no es bastante discutidas e discut veis em diversos campos te ricos Os autores tentam dar conta dessa complexidade apresentando diversos momentos de diversas teorias e disciplinas que t m o texto discurso como objetos de estudo mas n o chegam a construir efetivamente uma gram tica Como articular a pragm tica conversacional de Grice com a An lise de discurso francesa Como se relacionam as estrat gias cognitivas e interacionais com os mecanismos de coes o textual Esses mecanismos s o os mesmos nos textos orais e escritos Como integrar nesse modelo a quest o da diversidade lingu stica Todas as unidades constituem blocos isolados reafirmando a filia o de mais essa obra ao paradigma cient fico moderno O texto n o visto como uma atividade linguageira que se processa entre sujeitos s cio historicamente situados e atravessados por rela es de verdade e poder mas como unidade lingu stica cuja finalidade essencial servir de objeto para o estudo do funcionamento de elementos da l ngua Retomando a dicotomia saussuriana pode se afirmar que at mesmo o texto estudado na perspectiva da langue A parole uso que o falante faz da l ngua continua exclu da at mesmo das gram ticas produzidas pelos linguistas Essa situa o evoca a antinomia real abstrato que os linguistas usam para diferenciar norma padr o de norma culta e nor
410. uma pedagogia da varia o lingu stica In CORREIA D A Org A relev ncia social da lingu stica linguagem teoria e ensino S o Paulo Par bola Editorial Ponta Grossa PR UEPG 2007 p 21 50 Norma culta brasileira desatando alguns n s S o Paulo Par bola Editorial 2008 F VERO L L O ensino no imp rio 1837 1867 trinta anos do imperial Coll gio de Pedro II In ORLANDI E P GUIMAR ES E Orgs Institucionaliza o dos estudos da linguagem a disciplinariza o das id ias ling sticas Campinas SP Pontes 2002 p 65 86 F VERO L L KOCH G V Lingu stica textual introdu o 8 ed S o Paulo Cortez 2007 F VERO L L MOLINA M A G As concep es lingu sticas no s culo XIX a gram tica no Brasil Rio de Janeiro Lucerna 2006 FRANCIS G Rotula o do discurso um aspecto da coes o lexical de grupos nominais In Cavalcante M M et al Orgs Referencia o S o Paulo Contexto 2003 p 191 228 FOUCAULT M Microf sica do poder Trad amp Org Roberto Machado Rio de Janeiro Edi es Graal 1979 Em defesa da sociedade Curso no Coll ge de France 1975 1976 Trad Maria Ermantina Galv o S o Paulo Martins Fontes 1999 ordem do discurso 11 ed Trad Laura Fraga de Almeida Sampaio S o Paulo Edi es Loyola 2004a 251 Arqueologia do saber 7 ed Tradu o L F Baeta Neves Rio de Janeiro Forense 2004b Vigiar e punir nascim
411. uma propulsora do desenvolvimento do capital Alguns at defendem que a cultura se transformou na pr pria l gica do capitalismo contempor neo uma transforma o que j est desafiando muitos de nossos pressupostos b sicos a respeito do que constitui a sociedade humana Na nova fase do crescimento econ mico a economia cultural tamb m uma economia pol tica A cultura fundamentada na diferen a que funciona como um recurso O conte do da cultura diminui em import ncia medida que a utilidade da reivindica o da diferen a como garantia ganha legitimidade O resultado que a pol tica na acep o pejorativa do termo vence o conte do da cultura Nos nossos tempos representa es e reivindica es de diferen a cultural s o convenientes na condi o de que elas multipliquem as mercadorias e confiram direitos comunidade Para se entender o que a cultura significa quando ela invocada para descrever analisar discutir justificar e teorizar preciso focalizar aquilo que est sendo cumprindo socialmente politicamente discursivamente Y DICE 2006 p 46 219 Se aceitarmos essa condi o do multiculturalismo e se mesmo assim quisermos consider lo como um conceito b sico em propostas de reformula o do ensino de linguagem seremos levados a admitir que ele n o pode ser legitimado por si mesmo Se estamos diante de um conceito que tem suas possibilidades de funcionamento definidas externamente como tor
412. uma unidade de ensino Vale ainda lembrar que a ideia de texto como unidade de ensino ser abordada tanto do ponto de vista da leitura quanto da produ o p 77 grifos meus 61 Atrelado ao conceito de texto os PCN se utilizam da no o de g neros que materializam os textos tomando como pilares para o trabalho com eles seus aspectos tem tico composicional e estil stico Da estabelece alguns pressupostos loc cit e alguns temas podem ser mais bem desenvolvidos a partir de determinados g neros e g neros consagrados pela tradi o costumam ter uma estrutura composicional mais definida e as escolhas que o autor opera na l ngua determinam o estilo do texto N o h men o direta aos tipos textuais mas poss vel perceb los indiretamente quando se l Essa abordagem explicita as vantagens de se abandonar o tradicional esquema das estruturas textuais narra o descri o disserta o para adotar a perspectiva de que a escola deve incorporar em sua pr tica os g neros ficcionais ou n o ficcionais que circulam socialmente loc cit Compet ncia gramatical A compet ncia gramatical est ligada compreens o de que a gram tica constitui um mecanismo para a mobiliza o de recursos teis implementa o de outras compet ncias como a interativa e a textual Compreende tr s tipos de gram tica a normativa a descritiva e a internalizada Entre os procedimentos relativos ao desen
413. ura das etnias e da educa o Revolu o que atingindo as mais variadas dimens es da exist ncia humana inaugura uma abrangente reestrutura o produtiva e uma in dita reorganiza o societ ria prenunciando a intensa reconfigura o existencial do homem Homem agora imerso na din mica da virtualidade da digitaliza o dos saberes e das destrezas Quando a linguagem oral predominava a cogni o privilegiada era a mem ria humana que identificada com a intelig ncia encontrava no c rebro a nica forma de registrar armazenar e disseminar a informa o Instaurando se no interior de uma rela o em que emissor e receptor da mensagem encontram se localizados no mesmo espa o e no mesmo tempo a linguagem oral viabiliza a constitui o de um contexto nico de significa o respons vel pela intera o sem ntica que flui insepar vel do contexto cultural Efeito da lembran a dos indiv duos a Cultura se nutre da mem ria que tece a hist ria com seus invis veis fios Com o surgimento da escrita a linguagem oral cede lugar linguagem escrita da qual nasce uma outra modalidade de comunica o Nela predomina o discurso que separado do contexto espa o temporal no qual foi produzido libera o homem da fun o de mediador da mensagem Por meio da linguagem escrita multiplicam se as formas de registro tornando se o livro seu principal suporte o formato mais conhecido para concentrar o pensamento em que na difus o da inform
414. urtas lembramos que estamos entendendo texto como qualquer sequ ncia lingu stica que independentemente de sua extens o tomada pelos usu rios falante escritor ouvinte leitor da l ngua em uma situa o espec fica de intera o comunicativa como uma unidade de sentido e exercendo uma fun o comunicativa Ou seja n o estamos tratando as sequ ncias desse e outros exerc cios como frases mas como textos Obviamente que assumindo tal postura o autor mostra um compromisso com a resolu o de um problema te rico relativo defini o de texto mas o dito objetivo de propor um ensino de l ngua tendo em vista o desenvolvimento da compet ncia comunicativa fica ainda mais comprometido Sabe se que ao se definir o texto como unidade de ensino de l ngua linguagem o objetivo era romper com uma tradi o de ensino centrada na frase que al m de excluir uma s rie de fatos lingu sticos extremamente relevantes para o uso efetivo da l ngua em situa es reais de intera o transformava a l ngua num objeto mec nico e seu estudo em tarefas de memoriza o de nomenclaturas modelos e regras Assim a op o adotada por Travaglia est na contram o das discuss es envolvendo o ensino de l ngua Isso se agrava ainda mais quando o autor postula uma identidade entre gram tica e texto o sentido que uma sequ ncia lingu stica faz e que a transforma em texto depende de uma s rie de recursos mecanismos fatores e prin
415. ustamente essa reflex o que a Lingu stica deveria propor ao senso comum Contudo ao considerar a norma padr o como idealizada e abstrata e estabelecer como normas reais a culta e as populares a Lingu stica confinou a norma padr o numa esp cie de limbo Agindo assim assumiu uma postura autorit ria marca da racionalidade moderna e fechou as possibilidades de di logo com a sociedade Parte do empreendimento cient fico consiste no refinamento e na reformula o de muitos conceitos e categorias em diversos n veis da GT Contudo n o exagerado dizer que esse projeto ainda n o produziu resultados consistentes o suficiente para constituir uma alternativa GT seja no mbito social seja no educacional N o toa que uma cr tica muito comum que se faz Lingu stica a de que ela desqualificou o ensino tradicional de gram tica mas n o apresentou nenhuma alternativa para substitu lo Assim com desconfian a que recebo concep es como as defendidas por Possenti 2005 p 17 o objetivo da escola ensinar o portugu s padr o Qualquer outra hip tese um equ voco pol tico e pedag gico e por Faraco 2007 p 28 os 3 Muitos linguistas chegam inclusive a usar as express es norma culta e norma de prest gio como sin nimas Cf LUCCHESI 2002 109 linguistas n o s tem defendido que o ensino d aos alunos acesso s variedades cultas como t m tamb m desenvolvido uma compreens o mais r
416. va distin o dos modos de significar Tais cr ticas conduzem ao abandono da ideia da universalidade da Gram tica como ci ncia e sua consequ ncia imediata a revaloriza o dos aspectos positivos do tradicional ensino gramatical Ganha nesse momento novo alento a concep o tradicional da Gram tica orientada pela li o e testemunho dos escritores cl ssicos Retorna ordem do dia a Ars minor de Donato e abre se espa o volta da orienta o emp rica sem evidentemente deixar de incorporar alguns resultados das inova es te ricas medievais O momento de efervesc ncia decorrente dos estudos da gram tica especulativa e sua consequente repercuss o no ensino pode ser comparado ao momento de larga produ o te rica da lingu stica cient fica que presenciamos nos dias de hoje Se por um lado temos a exposi o das v rias correntes acerca das incongru ncias da Gram tica tradicional por outro deparamo nos com uma dispers o de objetos postulados e metodologias que 29 est muito longe de constituir um todo coerente capaz de subsidiar uma pr tica pedag gica que possibilite uma abordagem n o redutora ou n o simplificadora da linguagem Este sem d vida um problema que deve merecer aten o cada vez maior dos linguistas educadores sob risco de podermos reviver a revaloriza o da Gram tica tradicional 2 1 1 2 A Ret rica Etimologicamente a palavra vem do grego rethorike no latim com igual senti
417. ver a Lingu stica n o nasce como uma disciplina que tem um compromisso com quest es sociais relacionadas ao uso da linguagem Sua preocupa o com a l ngua restringe se aos aspectos estruturais e sist micos A Lingu stica moderna criticou muitas das postula es saussurianas mas n o necessariamente rompeu com elas A lingu stica da fala e a lingu stica externa por exemplo passaram de possibilidades a campos efetivos de estudo Nesse percurso de desenvolvimento da Lingu stica a distin o entre l ngua e linguagem fundadora da ci ncia foi perdendo for a As consequ ncias epistemol gicas desse processo podem ser percebidas primeiramente no aumento do n mero de subdisciplinas no interior da 118 Lingu stica e depois no uso indiscriminado que as diversas disciplinas fazem dos termos l ngua e linguagem Os estudos sobre a l ngua podem ser feitos concentrando se apenas em seus componentes articulat rios morfologia e fon tica nas gram ticas descritiva internalizada incluindo as que se desenvolvem na interface formal funcional as chamadas gram ticas funcionais nas quais se entende que apenas as regras internas do sistema n o s o suficientes para a explica o do funcionamento lingu stico Nessa abordagem os fatores externos levados em considera o servem apenas para permitir um entendimento mais amplo ou verdadeiro dos fatos lingu sticos Outras disciplinas a rigor poderiam ser agrupadas na fil
418. vil gio de que goza a Gram tica Tradicional at os dias atuais O gram tico devia ensinar aos meninos a enarratio auctorum ou seja a explica o dos autores cl ssicos Linha por linha a obra era dissecada do ponto de vista gramatical e tamb m hist rico filol gico jur dico e cient fico Disso vem o gosto crist o pela exegese b blica e de textos dos intelectuais crist os A segunda parte da educa o consistia em trabalhar com a t cnica da Ret rica durante uns quatro ou seis anos Aprender as regras e procedimentos do discurso Segundo os autores do s culo IV os Rethores latini minores era necess rio saber inventar temas lugares comuns os topoi construir um discurso a dispositio um ex rdio uma perora o e explicitar tudo atrav s da palavra a elocutio e do gesto a actio Atrav s dos conhecimentos de textos antigos os estudantes aprendiam a dar forma ao discurso a 20 utilizar os exempla a encontrados Treinavam fazendo elogios de grandes personagens descrevendo monumentos discutindo quest es morais Nesses exerc cios os alunos utilizavam toda sua erudi o e tamb m a dita ci ncia da discuss o a Dial tica C cero e Quintiliano viam na Ret rica uma introdu o aos estudos filos ficos mas isto n o era mais verdadeiro nos s culos IV e V No entanto esse treinamento foi indispens vel para as carreiras jur dica administrativa e pol tica do Imp rio Os romanos julgavam os
419. vocos e consequentemente sua inoper ncia na pr tica de ensino de linguagem Logo um desafio que se imp e de imediato refere se tarefa de conduzido por uma perspectiva de educa o que aqui se define como pol tica buscar uma articula o harm nica entre esses n veis de maneira tal que contribua para a consecu o do projeto educacional 189 Uma acep o muito comum de discurso concerne sua identifica o com o produto individual da performance verbal do falante Por esse prisma discurso e texto s o no es intercambi veis e portanto equivalentes Rojo 2005 p 189 tentou estabelecer uma distin o entre g neros textuais e g neros do discurso nos seguintes termos Aquilo que o texto enunciado produz ao se manifestar em alguma inst ncia discursiva o sentido a significa o o tema do enunciado Ao descrever um corpus de enunciado s ou texto s essa a busca do analista bakhtiniano a busca da significa o da acentua o valorativa e do tema indiciados pelas marcas lingu sticas pelo estilo pela forma composicional do texto Talvez por isso a designa o g neros do discurso Ao contr rio na abordagem de g neros textuais parece ser interessante fazer uma descri o mais propriamente textual quando se trata da materialidade lingu stica do texto ou mais funcional contextual quando se trata de abordar o g nero n o parecendo ter sobrado muito espa o para uma abordagem da signifi
420. volvimento da compet ncia gramatical relacionados compet ncia textual mais particularmente s no es de coer ncia e coes o os PCN apontam e comparar textos de diferentes g neros quanto ao tratamento tem tico e aos recursos formais utilizados pelo autor e estabelecer rela es entre partes de um texto a partir de repeti o e substitui o de um termo e estabelecer rela es entre partes de um texto a partir de mecanismos de concord ncia verbal e nominal 62 e estabelecer rela o entre a estrat gia argumentativa do autor bem como os recursos coesivos e os operadores argumentativos usados por ele e analisar as rela es sint tico sem nticas em segmentos do texto grada o disjun o explica o ou estabelecimento de rela o causal conclus o compara o contraposi o exemplifica o retifica o explicita o Os PCN fazem ainda a ressalva de que a compet ncia textual n o pode prescindir do estabelecimento de rela es entre os recursos expressivos presentes em um texto e os efeitos que provocam no leitor De acordo com o documento esses recursos expressivos utilizados por um autor prov m das escolhas que opera nos elementos oferecidos pela l ngua Sendo assim prop em como procedimento de leitura intrinsecamente ligado aos mecanismos gramaticais que se avalie o efeito de sentido consequente do uso da pontua o expressiva interroga o exclama o retic ncias aspas
421. xtuais cf 3 2 Uma delas refere se pr pria designa o dos objetos de estudo Esse n o um problema secund rio ou de pouca import ncia principalmente se considerarmos que um conceito est ligado a uma perspectiva te rica que por sua vez vai determinar a metodologia de abordagem do objeto Assim estamos mais uma vez diante da necessidade de avaliar a pertin ncia da inclus o de um conceito entre os conte dos do ensino de linguagem Marcuschi 2002 2008 apresenta o tipo textual como uma esp cie de constru o te rica subjacente aos textos definida pela natureza lingu stica de sua composi o Segundo ele o tipo se caracteriza mais como sequ ncias lingu sticas do que como textos materializados e abrange um n mero limitado de categorias narra o descri o argumenta o exposi o e injun o A predomin ncia de um tipo em um texto faz com que ele seja classificado como argumentativo narrativo expositivo descritivo ou injuntivo Para Marcuschi os tipos s o modos textuais A exposi o de Marcuschi conquanto tenha pretens es de contribuir com a pr tica de ensino de linguagem apresenta alguns problemas Se os tipos s o definidos com base em sua natureza lingu stica portanto material concreta o que significa dizer que eles s o uma esp cie de constru o te rica Se os tipos n o s o textos materializados qual o seu papel no estudo dos textos Segundo Marcuschi no estudo dos tipos textuais predo
422. zer uma determinada coisa em determinado momento quero dizer que nas atuais condi es f sicas e mentais de Fulano ele n o necessita de mais instru o treinamento desenvolvimento f sico etc para fazer a coisa em quest o em condi es externas apropriadas aceitemos que cada pessoa sabe a l ngua que fala que eu e o leitor por exemplo sabemos portugu s que esse saber em parte compartilhado por n s dois e est de alguma forma representado em nossas mentes CHOMSKY 1981 p 14 Na tentativa de incorporar essa contribui o cient fica sua proposta Possenti cometeu o equ voco de limitar o ensino da l ngua ao desenvolvimento da compet ncia gramatical Mas ele n o est sozinho nesse processo Mattos e Silva 2004 p 79 defende a mesma concep o de gram tica Entendo aqui gram tica como a explicita o do conjunto de regras e princ pios em que se estruturam as l nguas permitindo o seu funcionamento e que fazem parte do saber lingu stico de qualquer ser humano normal que a utiliza nos variados processos de comunica o verbal sob a forma de uma l ngua particular portadora de propriedades espec ficas Franchi 2006 p 25 assume a mesma posi o Saber gram tica n o depende pois em princ pio da escolariza o ou de quaisquer processos de aprendizado sistem tico mas da ativa o e amadurecimento progressivo ou da constru o progressiva na pr pria atividade lin

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