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texto - PUC-SP
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1. um cap tulo que descreve quem s o os quinze professores pertencentes ao grupo pesquisadore bem como suas representa es sobre a escola e o pr prio grupo docente Os professores tiveram seus nomes verdadeiros alterados com o intuito de preservar sua privacidade verifiquei atrav s da apresenta o dos relatos dos professores a presen a de tr s c digos intuitivos que os caracterizavam enquanto grupo a preocupa o com quest es relativas a escritura o escolar o compartilhar do trabalho pedag gico realizado nas salas de aula e a necessidade da efetiva o de um trabalho coletivo Percebi a partir de Klein 2000 que muitas vezes trabalhos interdisciplinares s o realizados de forma intuitiva nas escolas e que por se atrelarem ao senso comum permitem que boas ideias virem cinzas Com Fazenda 1995 2003 A0 mesmo tempo Gauthier 2004 afirma que nas pesquisas qualitativas em educa o precisamos romper com a cultura de que o pesquisador o nico detentor do saber e os pesquisados pe as de uma realidade observada Para ele fundamental criarmos um grupo pesquisador em que pesquisador e pesquisados compartilhem as etapas do processo investigativo bem como seus resultados 160 verifiquei que as disciplinas s dialogam quando as pessoas se prop em a isso e que Interdisciplinaridade considera os vestigios apresentados no decorrer da pesquisa para a compreens o da verdade que A cerca Ao observar o
2. A coer ncia constitui o primeiro princ pio da Interdisciplinaridade por oferecer subs dios atitude dos que a colocam em pr tica em suas pesquisas e em suas atividades docentes Para Ferreira 1988 p 158 o termo coer ncia se caracteriza por ser 1 Qualidade estado ou atitude de coerente 2 Liga o ou harmonia entre situa es acontecimentos ou ideias rela o harm nica conex o nexo l gica congru ncia O princ pio da coer ncia permite ao educador o estabelecimento de uma sequ ncia l gica em suas fundamenta es epistemol gicas sem desconsiderar a harmonia necess ria s pr ticas e s rela es interpessoais Como afirma Abbagnano 2003 p 147 148 o termo coer ncia pode significar ordem conex o harmonia de um sistema de conhecimento assim como pode apresentar sentido similar ao do termo compatibilidade pois n o se presta a exprimir o car ter do sistema desprovido de contradi o mas designa o car ter de n o contradi o rec proca dos enunciados 9 Abbagnano 2003 p 147 ainda afirma que o sentido de ordem e harmonia de um sistema de conhecimentos fez com que idealistas ingleses a compreendessem como crit rio de verdade Nesse sentido Kant atribu a aos conhecimentos a priori a fun o de dar ordem e coer ncia s representa es sens veis Segundo Bradley por exemplo a realidade uma Consci ncia absoluta que abarca na forma de coer ncia harmoniosa to
3. ES FINAIS Ao propor a quest o Quem possui autoridade para falar sobre a educa o sinceramente n o imaginei que o caminho que percorreria fosse t o complexo e ao mesmo tempo apaixonante A articula o entre as narrativas infanto juvenis os dicion rios de L ngua Portuguesa e de Filosofia as obras publicadas na rea da educa o os dados levantados pelos pesquisadores do GEPI os fragmentos de minha Hist ria de Vida as narrativas e as produ es art sticas das professoras em forma o do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba e as representa es dos professores da Escola SESI do Ipiranga constitu ram a circularidade hermen utica necess ria fundamenta o desta pesquisa A escolha metodol gica fundamentada na fenomenologia demonstrou se essencial para delimitar os par metros de observa o an lise e interpreta o do fen meno estudado caracterizados pela epoch e pela hermen utica a fim de responder ao problema de pesquisa As narrativas infanto juvenis se configuraram como linguagens metaf ricas e permitiram a interpreta o hermen utica destes fen menos auxiliando a epistemologia a atribuir lhes os significados necess rios Essa assertiva p de ser comprovada na escolha das cinco narrativas introdut rias aos textos principais constitutivos de cada cap tulo da tese A primeira narrativa extra da da obra Reina es de Narizinho de Lobato 1988 1989 permitiu a interpreta
4. Escravos de J6 gt gt Os professores que compunham o grupo relataram aos demais que percebiam cada profissional da institui o como um ser humano nico portador de personalidade pontos de vista e hist rias de vida distintos Esta percep o foi retratada na figura de v rios quadrados colados esquerda e no centro da Figura 38 Os professores observaram tamb m a uni o de todos os profissionais da escola em torno de um objetivo comum o desejo de transformar os alunos em cidad os cada vez mais afetivos e conscientes de seus direitos e deveres o que foi representado atrav s da figura de uma pin a que tentava unir os retalhos e atrav s da figura de um cora o colado logo acima no centro da imagem Al m disso o grupo separou tr s peda os de retalhos de cores diferentes e colou os na lateral direita do pano Nestes retalhos foi escrita a seguinte mensagem conclusiva de suas discuss es O trabalho quando realizado em equipe obt m resultados que superam as expectativas 5 Escravos de J uma cantiga popular brasileira cujo compositor desconhecido Seus versos dizem o seguinte Escravos de J Jogavam Caxang Tira p e Deixa ficar Guerreiros com guerreiros Fazem zigue zigue z Guerreiros com guerreiros Fazem zigue zigue z 142 Figura 38 Trabalho em equipe Fonte arquivo pessoal Por fim os dois ltimos grupos de professores os quais denominei Louro e Gengibre ref
5. caminhar de forma aut noma em dire o ao seu pr prio processo de autoria 206 No in cio do ano de 2008 quando na ocasi o exercia o cargo de Administradora Escolar da Escola SESI do Ipiranga realizei uma reuni o com o grupo de professores do 6 ao 9 ano do Ensino Fundamental com o objetivo da an lise coletiva dos resultados obtidos pelos alunos do Ciclo II Final e do Ciclo IV Final na ltima Avalia o Externa realizada no ano de 2005 nas disciplinas de L ngua Portuguesa e Matem tica Naquele momento a discuss o estava focada apenas na disciplina de L ngua Portuguesa Os resultados al m de se configurarem em uma nota geral foram tamb m representados pela m dia de acertos das turmas em cada descritor avaliado na avalia o externa Estes descritores tiveram por objetivo revelar se os alunos ao t rmino do Ensino Fundamental aprenderam com profundidade ou superficialidade os conte dos ensinados pelos professores O d cimo descritor afirmava que os alunos deveriam ser capazes de identificar os elementos que organizam e estruturam textos po ticos O relat rio com os resultados da avalia o externa afirmou que este descritor obteve apenas 42 de acertos ndice proporcional Rede Escolar SESI SP onde a m dia de acertos pairou sobre os 40 Com isso um grande desafio estava proposto como aprimorar o aprendizado dos alunos acerca destes conte dos de forma a elevar a porcentagem de acertos em avalia es
6. es constru das pelas sociedades acerca do que deveria ser ensinado e aprendido pelas gera es mais jovens ou seja como deveriam ser organizados os curr culos das escolas Giroux 1997 afirma que uma das tr s grandes concep es te ricas que explicam a intencionalidade do curr culo denominada Teoria Tradicional de Curr culo enfatiza elementos como o ensino a aprendizagem a avalia o a metodologia a did tica a organiza o o planejamento a efici ncia e os objetivos Pode se observar que esses elementos est o presentes no curr culo elaborado pelos urubus a escolha minuciosa das t cnicas a unicidade dos procedimentos para ensinar o andar dos urubus seu canto e sua comida todos envoltos nos recursos tecnol gicos mais modernos Essa concep o somente considera aspectos que incluam as t cnicas de planejamento e execu o do ensino com o objetivo de reproduzir a cultura e a ideologia dominantes Para o Rei Le o era preciso organizar a educa o da floresta Para os urubus detentores do poder de conferir aos demais s ditos a educa o era preciso legitimar e reproduzir seus mecanismos internos e externos de organiza o Os professores nesse caso exerciam o papel de representar e reproduzir as t cnicas prescritas nos manuais 37 Ora nesse caso o cotidiano tratou de demonstrar os resultados dessa pr tica conforme poss vel verificar no relato abaixo Come aram as aulas de clareza meridiana Todo mu
7. o do que significa ser ator no mbito educativo e das impossibilidades desta concep o para a atua o docente em abordagens curriculares cr ticas e p s cr ticas A segunda narrativa transcri o de uma pe a teatral produzida pela pesquisadora quando possu a doze anos desencadeou o questionamento sobre a legitimidade conferida aos pesquisadores em educa o para a produ o de suas teses e disserta es acad micas A terceira narrativa intitulada As coisas que a gente fala de Rocha 2002 possibilitou a interpreta o de que professores formados e em forma o podem se constituir autores A escrita liter ria sobre a import ncia de falar de calar de agir e de sentir desencadeou a interpreta o das produ es art sticas dos educadores bem como de suas narrativas e de suas manifesta es corporais elementos constituintes da comprova o 277 de que al m do pesquisador o professor tamb m pode ser autor desde o seu processo de forma o inicial A quarta narrativa intitulada Uma ideia toda azul de Colasanti 2000 possibilitou que a observa o atenta dos aspectos constituintes da Teoria da Interdisciplinaridade nos mbitos epistemol gicos ontol gicos e pr ticos comprovasse que a forma o de pesquisadores e professores para a autoria uma realidade absolutamente plaus vel Da mesma forma incitou a constata o de que o conceito de autoria pode ser considerado um princ pio inerente
8. o e interpreta o epistemol gica e ontol gica da palavra sentido a fim de verificar sua correla o com os conceitos de autoria e Interdisciplinaridade Da mesma forma procurarei verificar se 224 poss vel a realiza o do sentido ou seja se h a possibilidade deste ser colocado em pr tica 6 1 INTERPRETA O EPISTEMOL GICA E ONTOL GICA O CONCEITO DE SENTIDO A compreens o do conceito atribu do palavra sentido um grande desafio visto que seu termo sobretudo no campo filos fico possui uma gama de significados ou sentidos que s o determinados conforme o contexto que assumem Para Abbagnano 20083 p 873 874 o termo sentido possui o seguinte significado Sentido lat Sensus in Sense fr Sens al Sinn it Senso 1 Faculdade de sentir de sofrer altera es por obra de objetos interiores ou exteriores Essa foi a defini o dada por Arist teles que permaneceu na tradi o filos fica Nesta acep o o sentido compreende tanto a capacidade de receber sensa es quanto a consci ncia que se tem das sensa es e em geral das pr prias a es capacidade que na filosofia moderna chamada mais frequentemente de sentido interno ou reflex o e s vezes de sentido ntimo ou consci ncia 2 Sensa o ou conjunto de sensa es como quando se diz os sentidos mostram que ou ent o apetites sens veis em especial os desejos sexuais 3 rg os dos sen
9. A Cuca esperta como ela s logo tratou de bolar um plano para raptar a mais nova integrante da turma Afinal bastaria apenas estar de olhos bem abertos O grande dia havia chegado Carla chegou com todos os acess rios da cidade bolsa tiracolo saia e blusa combinando e culos escuros Em lia j foi logo alertando Narizinho N o gostei dessa uma n o Parece muito metida pro meu gosto Deixa de ser mal educada Em lia Olha que eu te levo pro Doutor Caramujo e fa o ele tirar na hora a sua falinha Em lia nem teve tempo de responder Carla j tinha colocado suas coisas no quarto e fora ao encontro da boneca Ela fala Narizinho l gico que falo N o est escutando replicou a boneca antes mesmo que Narizinho pudesse respirar Foi ent o que Dona Benta chamou as crian as lembrando as que o dia apenas come ara Venham logo cozinha H muitos quitutes de Tia Nast cia para comer Ningu m sai pra brincar de barriga vazia Num pulo s as crian as j estavam na cozinha devorando tudo o que viam pela frente Afinal sabiam que a vov n o os deixaria brincar antes de fazer a digest o L pelas duas da tarde as crian as a Em lia e o Visconde foram levar Carla para brincar perto da casa do Marqu s de Rabic o ilustre porquinho de tia Nast cia Brincavam todos de roda roda sob o olhar repreensivo de Carla ela era metida mesmo quando foram paralisados pelo p m gico da Cuca Narizinh
10. cansadas devido s atividades do dia Achei apropriada a escolha do texto Tudo o que eu precisava saber sobre a vida eu aprendi no Jardim de inf ncia FULGHUM 2000 Figura 05 Alunas em roda aguardando a leitura Fonte arquivo pessoal Tudo o que eu preciso mesmo saber sobre como viver o que fazer e como ser aprendi no jardim de inf ncia A sabedoria n o estava no topo da montanha mais alta no ltimo ano do curso superior mas no tanque de areia no p tio da escolinha maternal Vejam o que eu aprendi Dividir tudo com os companheiros Jogar conforme as regras do jogo N o bater em ningu m Guardar os brinquedos onde eu os encontrava N o tocar no que n o era meu Arrumar a bagun a que eu mesmo fazia Pedir desculpas quando machucava algu m Estudar pensar pintar desenhar cantar dan ar brincar e trabalhar de tudo um pouco todos os dias Escolha um desses itens e elabore o em termos sofisticados em linguagem de adulto depois o aplique vida de sua fam lia ao seu trabalho forma de governo de seu pa s ao seu mundo e ver que a verdade que ele cont m mant m se clara e firme FULGHUM 2000 p 25 99 Em seguida utilizando me dos recursos da sociopo tica solicitei s alunas que permanecessem de olhos fechados relaxassem e pensassem nas aprendizagens mais significativas presentes ao longo de suas vidas Ent o pedi que pensassem livremente sobre o que seria dito por mim a
11. investiga o e descri o do fen meno em si A fenomenologia que Husserl chama de pura ou transcendental uma ci ncia de ess ncias portanto eid tica e n o de dados de fato possibilitada apenas pela redu o eid tica cuja tarefa expurgar os fen menos psicol gicos de suas caracter sticas reais ou emp ricas e leva los para o plano da generalidade essencial A redu o eid tica vale dizer a transforma o dos fen menos em ess ncias tamb m redu o fenomenol gica em sentido estrito porque transforma esses fen menos em irrealidades ABBAGNANO 2003 p 438 grifos do autor J por epoch Abbaganano 2003 p 339 compreende a suspens o do ju zo consiste em n o aceitar nem refutar em n o afirmar nem negar Para a fenomenologia a epoch o momento no qual o pesquisador se coloca em sil ncio a fim de poder observar o fen meno tal como ele realmente para depois poder interpreta lo Na filosofia contempor nea com Husserl e a filosofia fenomenol gica em geral a epoch tem finalidade da contempla o desinteressada ou seja uma atitude desvinculada de qualquer interesse natural ou psicol gico na exist ncia das coisas do mundo ou do pr prio mundo na sua totalidade ABBAGNANO 2003 p 339 Neste sentido pode se afirmar que a epoch se constitui como elemento fundamental da fenomenologia pois possibilita ao pesquisador exercer o papel de 2 Para Abbagn
12. pela pessoa do professor quanto pela pessoa do aluno A pesquisa de Mestrado me possibilitou a compreens o de que uma das quest es centrais do fen meno educativo n o est no estabelecimento de uma receita mas na tentativa de apontar possibilidades Percebi que estas possibilidades permitiriam aos professores o vislumbre de um caminho de esperan a mesmo se nele houvesse a exist ncia de pontos de sombra Por fim no ltimo cap tulo intitulado Contamina o aponte algumas possibilidades de efetiva o de um Projeto Interdisciplinar em uma Institui o como o SESI SP partir de uma de suas escolas a Escola SESI de Trememb Para isso fiz uso de seis fundamentos propostos pela Interdisciplinar idade Brasileira a reavalia o do velho para torn lo novo a utiliza o da mem ria como recurso essencial a efetiva o da parceria como categoria mestra do trabalho a import ncia do reconhecimento da sala de aula como espa o de aprendizagem os fundamentos dos projetos interdiseiplinares e as possibilidades de efetiva o de pesquisas interdisciplinares nas escolas Al m disso tamb m propus que o caminho percorrido pela sociopo tica na coleta de dados do crupo pesquisador fosse utilizado em pesquisas qualitativas como a que desenvolvi no mestrado Para isso seria preciso o devido cuidado por parte dos pesquisadores ao resgatar as Hist rias de vida de cada membro do grupo pesquisador pois elas lhes eram extrema
13. que sempre quis ter pois voc me escuta me deixa falar das minhas hist rias malucas e tamb m me aconselha Agrade o a Deus todos os dias por me conceder a gra a de estar cursando a Faculdade e mais ainda por me dar a oportunidade de lhe mostrar quem realmente sou s vezes sei que sou chata fico no seu p para voltar aula mas fa o isso somente para o seu bem Vou ficando por aqui amiga dizendo que voc uma das pessoas respons veis pelo meu sucesso Com voc eu cres o cada dia mais Obrigada por fazer parte da minha vida e n o se esque a A vida tem a cor que a gente pinta Que Deus te aben oe sempre Abra os T Aluna 06 Os seis textos acima constituem exemplos de trabalhos de ordem intelectual por m distintos no conte do e no formato utilizado por cada uma das alunas Em sua atitude de abertura puderam encontrar o sentido atrav s da realiza o de suas tarefas Com isso colocaram em pr tica aquilo que Frankl 1989a denominou valores criativos Os indiv duos denominados autores pesquisadores professores formados e professores em forma o realizam este tipo de valor conforme realizam suas a es a partir de um desejo criador Esta a o pode se dar no campo da escrita de textos acad micos na realiza o de interven es did ticas nas salas de aula ou na realiza o de tarefas cotidianas no ambiente universit rio 251 Freire M 2008 retrata em um poema bast
14. trajeto Figura 10 O segundo caminho tijolos que parecem ouro Fonte arquivo pessoal O terceiro caminho elaborado pela aluna a quem denominei Vermelha conforme exposto na Figura 11 apresenta o elemento gua vital ao desenvolvimento e sobreviv ncia da esp cie humana Ao expor sua pintura a autora afirmou que embora existam dificuldades a enfrentar no seu trajeto este deve estar sempre repleto de emo o sentimento por ela retratado na forma de cora es vermelhos e de vitalidade representada atrav s da gua de um lago 103 Figura 11 O terceiro caminho a gua e os cora es Fonte arquivo pessoal Os tr s exemplos acima contribuem para a afirma o da exist ncia de uma coer ncia presente nos discursos das pessoas que comp em um grupo de trabalho como afirma Gauthier 2004 Todo grupo constitui se a partir de enuncia es coesas opini es comuns metas e sentidos No entanto ao mesmo tempo n o podemos esquecer que s o formados por pessoas e pessoas s o sempre nicas FRANKL 1989a Nesse sentido outras duas alunas tamb m escolheram dentre as v rias possibilidades presentes para a realiza o da atividade o caminho como met fora dos seus sentimentos Os caminhos de cada uma delas por m caracterizaram se por interpreta es e componentes absolutamente distintos daquelas realizadas pelas tr s alunas anteriores A aluna a quem denominei Cor de Rosa como demonstrado na Figura 12 esc
15. 2006 Na poca Abbagnano 2003 p 579 580 ainda afirma que a interpreta o pode ser compreendida como um ato mental mas tamb m como um h bito de a o como a resposta habitual e constante que o int rprete d ao signo Esse o ponto de vista de Morris que prevalece na semi tica contempor nea desse ponto de vista a interpreta o tem as seguintes caracter sticas 12 n o ou n o apenas um h bito mental mas um comportamento uma resposta objetivamente observ vel e constante de um organismo a um est mulo 22 n o existe diferen a entre sinais mentais e sinais verbais no sentido de os primeiros serem suscet veis de interpreta o necess ria e outros n o 32 a refer ncia dos signos aos seus objetos n o nem necess ria nem arbitr ria mas determinada pelo uso nas linguagens comuns ou por conven es cab veis nas linguagens especiais 28 afirmei que uma de minhas decep es ao terminar o Magist rio e iniciar a doc ncia em sala de aula foi a percep o da inexist ncia de um modelo a ser seguido ou neste caso a ser interpretado A op o por representar em sala de aula se constituiu na a o mais racional naquele momento j que minha forma o inicial como professora n o foi totalmente capaz de considerar os prop sitos e desafios envolvidos na profiss o docente Ao mesmo tempo isto me levou reflex o ainda que de forma incipiente sobre quem s o os autores em educa
16. Do ponto de vista metodol gico as pesquisas em Interdisciplinaridade percorreram trajet rias diferentes e ousadas Foroni 2005 descreve a partir da realidade por ela vivenciada enquanto docente do curso de Pedagogia as perguntas e os caminhos percorridos com o intuito da busca por respostas uma de suas turmas continha alunos ind genas e portadores de defici ncia auditiva Para ela era preciso antes do estudo dos conte dos conceituais a correta compreens o da vida destes alunos e de seu estabelecimento enquanto grupo de pessoas e de estudos O curso de Pedagogia ainda foi objeto de estudo para outra pesquisadora a qual defendeu sua tese de doutoramento um ano antes CARVALHO 2004 Neste caso particular a tese foi escrita sob o design de revista A escrita dos cap tulos se adequou linguagem pr pria das revistas respeitando as exig ncias deste portador textual uma tese no design de revista diferente n o apenas na apresenta o mas tamb m na est tica do pensar A est tica do pensar e a da disposi o gr fica do texto substituem cap tulos por artigos bibliografia geral por bibliografias espec ficas ap s cada item e tem ainda profus o de imagens e polifonia de vozes CARVALHO 2004 p 01 15 Conte dos conceituais s o definidos por Zabala 1998 como o conjunto de fatos objetos ou s mbolos que tem caracter sticas comuns Geralmente s o ensinados pelos professores e aprendidos pelos alunos
17. JOSSO 2004 p 39 Para o professor a observa o de suas pr prias viv ncias constitui uma experi ncia extremamente pessoal ao mesmo tempo que intrinsecamente coletiva O movimento interior de retorno s origens e a reflex o sobre suas particularidades permite ao educador em forma o reviver e rememorar aspectos sagrados inerentes a sua Hist ria de Vida Ao mesmo tempo ao realizar a materializa o de suas experi ncias atrav s de um texto escrito de uma imagem ou escultura por exemplo sempre o faz com a intencionalidade de uma fun o socializadora no sentido de compartilhar com o outro presente no grupo sua trajet ria de vida Nesse sentido parte se da an lise das pr ticas dos professores em rela o a problemas complexos que enfrentam a fim de alcan ar maior compreens o do modo como utilizam o conhecimento cient fico como resolvem problemas como modificam rotinas como experimentam hip teses e como utilizam t cnicas FURLANETTO 2004 p 10 11 De acordo com Freire P 1997 atrav s do encontro entre aluno e professor em sua rela o dial gica que ocorre a aprendizagem Por esse motivo o fazer pedag gico exige deste profissional o estabelecimento de rela es de amorosidade respeito e bem querer aos educandos Para o autor o processo de ensino exige a reflex o do professor a respeito do fato de que n o h doc ncia sem disc ncia ao mesmo tempo em que a tarefa de ensinar n o caracteriza
18. Que h doutor H que encontrei o meu dep sito de p lulas saqueado Furtaram me todas Que ma ada exclamou a menina aborrecid ssima Mas n o pode fabricar outras Se quiser ajudo a enrolar Imposs vel J morreu o besouro botic rio que fazia as p lulas sem haver revelado o segredo a ningu m A mim s me restava um cento das mil que comprei dos herdeiros O miser vel ladr o s deixou uma e impr pria para o caso porque n o a p lula falante E agora Agora s fazendo uma certa opera o Abro a garganta da boneca muda e ponho dentro uma falinha respondeu o doutor pegando na sua faca de ponta para amolar J providenciei tudo Nesse momento ouviu se grande barulheira no corredor Que ser indagou a menina surpresa o papagaio que vem vindo declarou o doutor Que papagaio homem de Deus Que vem fazer aqui esse papagaio Mestre Caramujo explicou que como n o houvesse encontrado suas p lulas mandara pegar um papagaio muito falador que havia no reino Tinha de mat lo para extrair a falinha que ia por dentro da boneca Narizinho que n o admitia que se matasse nem formiga revoltou se contra a barbaridade Ent o n o quero Prefiro que Em lia fique muda toda a vida a sacrificar uma pobre ave que n o tem culpa de coisa nenhuma O Doutor Caramujo desapontou porque sem p lulas nem papagaios era imposs vel consertar a boneca E deu ordem para que trouxe
19. a imud vel A palavra JM u Jo u mudan a para o mesmo autor significa dar outra dire o a desviar substituir alterar 102 modificar fazer apresentar se sobre outro aspecto transformar converter fugir p 445 Para Abbagnano 2003 a palavra mudan a possui o mesmo significado de movimento e altera o Para elucidar o significado da palavra altera o o autor faz uso da defini o elaborada por Arist teles segundo a qual Uma das formas da mudan a mais precisamente aquela conforme categoria da qualidade n o se entendendo por qualidade a que essencial a uma subst ncia e se expressa na diferen a espec fica mas a que uma subst ncia ou realidade recebe ou sofre Em outros termos a altera o para Arist teles a aquisi o ou a 102 acredito ser importante mencionar todos os significados atribu dos por Ferreira 1988 ao termo mudar vez que auxiliam na compreens o do que Frankl 1989a considera imut vel ou seja n o suscet vel a qualquer possibilidade de mudan a Mudar V t d 1 P r em outro lugar dispor de outro modo remover deslocar 2 Dar outra dire o a desviar 3 Tirar para p r outro substituir 4 Transferir para outro local 5 Alterar modificar 6 trocar cambiar variar 7 Fazer apresentar se sob outro aspecto T d e i 8 P r em outro lugar remover 9 Transformar converter H comportamentos que mudam o brio em des
20. a que arranca diariamente uma folha fica cada vez mais fino ao passo que quem conceber a vida no sentido do que acima se disse parece se com um homem que cuidadosamente toma a folha que acabou de separar do calend rio para junt la s restantes j arrancadas sem deixar de inscrever no verso uma not cia a modo de di rio a fim de se lembrar cheio de orgulho e alegria de tudo o que nessas not cias assentou de tudo o que na vida foi realmente vivido FRANKL 1989a p 65 A capacidade de a o sobre si mesmo sobre o outro e sobre o meio confere ao homem a possibilidade do encontro do sentido Nesse caso poss vel a observa o de uma converg ncia com uma das defini es atribu das por Fazenda 2001 Interdisciplinaridade para a autora a Interdisciplinaridade uma categoria de a o Se para Frankl 1989a p 45 ser homem significa dirigir se a algo ou a algu m entregar se a uma obra a que se dedica a um homem que ama ou a Deus a quem serve e para Fazenda 2001 a Interdisciplinaridade deve ser vivida a descoberta do sentido das coisas e no caso desta pesquisa do sentido de ser autor exige necessariamente a descoberta de como realizar este sentido ou seja de como coloc lo em pr tica proposta que ser verificada a seguir 6 2 INTERPRETA O PR TICA DO SENTIDO REALIZAR VALORES Frankl 1989a afirma que os valores s o possibilidades atribu das aos sujeito
21. constitui o de um grupo de pesquisa interdisciplinar cuja base caracterizada essencialmente pelo compromisso um projeto interdisciplinar possu fundamentalmente um passado cujo objeto habitado por todos os seus membros Ivani mencionou duas vertentes de projetos denominados interdisciplinares e que na verdade s o somente projetos talvez nem mesmo disciplinares s o eles projeto virtual e projeto trivial Projeto virtual Caracteriza se pela reuni o de um grupo geralmente formado por pessoas de not rio saber cujo objetivo est na elabora o de um projeto comum Embora haja o mesmo objetivo cada um permanece em sua individualidade redigindo pelo impulso de 199 patrocinadores documentos ou projetos que posteriormente ser o disseminados virtualmente com ou sem o aux lio da Internet Ivani ressalta que neste caso a realidade foi ignorada A elabora o de um projeto interdisciplinar requer considerar a realidade dentro da qual as pessoas est o inseridas Quando h a contrata o de um grupo para a elabora o de um projeto considerado inovador por mais competente que seus membros sejam os resultados dificilmente ser o atingidos Isto ocorre porque ao n o se conhecer a realidade das pessoas para quem se elabora o projeto este se tornar distante das reais necessidades destas pessoas Para que um projeto interdisciplinar aconte a preciso haver o desejo por parte das pessoas que fazem parte do p
22. criticar pensar e refletir sobre o conhecimento No entanto frequentemente observamos que a valida o desses saberes nem sempre passava pelo aval dos sujeitos que vivenciavam e constru am os saberes atrav s de suas pr ticas nas salas de aula Se pensarmos na efetiva o das pesquisas interdisciplinares h que se considerar que o aluno da p s gradua o em educa o tenha a possibilidade tamb m de criar escrever e legitimar saberes a partir dos problemas desencadeados em sua viv ncia cotidiana Por m como afirma Picollo 2005 as cria es reflex es e registros nunca partem de algo inexistente s o sempre constru dos a partir de um problema de pesquisa que podem ser de tr s naturezas epistemol gica ou conceitual praxiol gica advinda da pr tica cotidiana e ontol gica ou de origem existencial Durante anos a academia considerou apenas os saberes de ordem epistemol gica inerentes aos conceitos Teses e disserta es eram verdadeiros tratados de revis o bibliogr fica Creio que essa revis o deva ser minuciosa e disciplinar por m n o isolada Os conceitos devem ser os auxiliares do pesquisador na busca por respostas s perguntas de natureza diversa mais profundas e mais complexas s de ordem praxiol gica e principalmente s de ordem ontol gica FAZENDA 2008 Muitas quest es de natureza existencial e por isso de ordem ontol gica podem ser geradas a partir da pr tica do professor pesquisador at
23. e com o ideal de ser professora mesmo em mudan a o compromisso com a turma de 1 ano era fundamental n o conseguiria abandon Los no meio do caminho salsinha acredita que ser professor ser instrumento poder ensinar as pessoas A lutarem por seus sonhos crer que a vit ria poss vel e que sempre haver esperan a Pimenta nos relembra que preciso fazer o melhor uma de suas professoras dedicada e comprometida despertou seu interesse pela profiss o e a fez lutar por seus objetivos vida vai e vida vem namoros v o e outros n o e a trajet ria de Cravo se encontrou com uma fam lia de anjos leitores a alegria de se auto realizar para a partir da fazer o MESMO COM OS OUtroS Mexer nas coisas da tia que era professora nas f rias era o passatempo preferido de Margarida que acabou escolhendo o oficio de ficar com os cabelos em p antes mesmo do almo o Ser que uma atleta n o deveria fazer Educa o F sica samambaia se sente privilegtada pela escolha fazer parte da forma o de cidad os mais conscientes de seu papel na sociedade N o seria o ltimo ano do Ensino M dio a oportunidade de extravasar e deixar rolar N o Para Ger nimo foi o ano decisivo em sua vida professores maravilhosos que jamais ser o esquecidos Das brincadeiras de escolinha com a irm ao curso inesquec vel do Cefam das in meras viv ncias que perpassam Avenca nenhuma delas se compara experi ncia da maternidade e a
24. e os modos de encontr lo Para o autoconhecimento necess rio buscar as charadas as teias as d vidas os labirintos constru dos pela mente influenciados muitas vezes por modelos r gidos de educa o que em lugar de desvelar encobrem a verdade Pode a educa o mostrar os labirintos da mente buscando a compreens o do sentido de nossas vidas O autoconhecimento a reflex o sobre a a o passada faz o ser humano verdadeiro pois n o aceita modelos pr determinados mas busca um modelo nico que a possibilidade de ser no seu mundo 60 A autora destaca que o caminho para o autoconhecimento repleto de teias charadas e labirintos As tr s palavras s o met foras que permitiram a ela a adequada express o do sentido de seu discurso ao mesmo tempo em que facilitaram a compreens o do leitor Por esse motivo afirma que aqueles que buscam o autoconhecimento n o se contentam com modelos a ser seguidos mas constroem a possibilidade de ser no seu mundo Essa possibilidade de verdadeiramente ser no seu mundo parte do momento em que o pesquisador ao compreender a realidade pesquisada se permite exercer a categoria da ousadia proposta por Fazenda 2001 O investigador interdisciplinar ao ampliar o significado das palavras na constru o liter ria formula representa es n o apenas com a finalidade expl cita da explica o factual mas abre se para transitar no campo da subjetividade onde as concep es e
25. entre os saberes e suas formas de operacionaliza o consciente das implica es que suas a es e as dos demais possuem sobre a realidade que o cerca Por esse motivo percorrerei a mesma trajet ria realizada pelo autor atrav s da reflex o sobre as caracter sticas desse homem capaz Primeiramente discorrerei sobre aquilo que esse homem fala ou seja sobre a possibilidade de poder dizer Em seguida analisarei como ele age ou seja sobre o poder fazer e por fim refletirei sobre quem esse homem capaz por meio da realidade de poder narrar se Ricoeur 2006 p 109 110 afirma que o reconhecimento de poder dizer justificado de duas maneiras Em primeiro lugar os sujeitos que agem e sofrem na epopeia na trag dia e na teoria aristot lica da a o s o sujeitos falantes os personagens hom ricos e com mais raz o ainda os her is tr gicos n o cessam de falar sobre sua a o Eles se nomeiam quando se fazem reconhecer eles interpretam a si mesmos quando se desmentem quanto ao sujeito da decis o e do anseio ele que designado como a causa e o princ pio de que depende o que eles fazem O fil sofo os faz falar sobre sua a o Mas h uma raz o que somente a pragm tica moderna do discurso p de evidenciar ela consiste em que falar fazer coisas com as palavras Ao inaugurar a ideia da capacidade pelo poder dizer conferimos de sa da no o de agir humano a extens o que justifica a caracteriz
26. fez uso da linguagem pr pria de uma narrativa infantil Por fim verificamos coletivamente que a forma articulada da escrita e o foco em momentos significativos permitiram transmitir aos leitores a mensagem subjetiva presente na narrativa a de que as crian as precisam de bons exemplos para tornarem se bons cidad os Posteriormente propus s alunas a realiza o da seguinte atividade elas deveriam escolher um dos g neros do discurso vistos em sala de aula receita poema texto instrucional not cia de jornal carta f bula hist ria em quadrinhos ou conto de fadas e ap s deveriam fazer o seguinte relato ao restante da classe qual o aspecto de suas hist rias de vida que poderia ser considerado o principal respons vel pela constitui o da profissional docente que em breve se tornariam Transcrevo abaixo os textos de seis alunas os quais foram elaborados de forma mais apurada o que possibilitou a cada uma delas a realiza o dos valores criativos O primeiro texto foi escrito por uma aluna que decidiu fazer uso do g nero receita para a descri o dos aspectos marcantes presentes em sua Hist ria de Vida Segundo seu relato ela e mais tr s irm os foram adotados por uma fam lia que j possu a v rios filhos Para ela esta foi a maior demonstra o de amor j recebida em sua vida pois a fez enxergar que sempre poss vel fazer o bem mesmo com poucas condi es materiais Isto a faz pensar sempre na possibilidade
27. indiv duo reconhe a sua identidade Para Ferreira 1988 p 349 o conceito de identidade pode assim ser definido Identidade S f 1 Qualidade de id ntico 2 Conjunto de caracteres pr prios e exclusivos de uma pessoa nome idade estado profiss o sexo defeitos f sicos impress es digitais etc 3 Reconhecimento de que um indiv duo morto ou vivo o pr prio 4 C dula de identidade 5 Mat Rela o de igualdade v lida para todos os valores das vari veis envolvidas J para Lalante 1999 p 505 a identidade pode assim ser definida IDENTIDADE B caracter stica de um individuo ou de um ser assimil vel sob este ponto de vista a um individuo acerca de quem se diz que id ntico no sentido B ou que o mesmo Nos diferentes momentos da exist ncia a identidade do eu Como Ricoeur 2006 Lalante 1999 concorda que o processo de busca da identidade abarca al m da necessidade de se identificar a possibilidade que um indiv duo possui de se distinguir do outro que n o si pr prio N o seria esse um passo para a descoberta da autoria pelo pesquisador O mesmo Ricoeur 2006 p 56 57 afirma que identificar e distinguir constituem um par verbal indissoci vel Para identificar preciso distinguir e ao distinguir que se identifica Esse requisito n o rege apenas uma teoria do reconhecimento limitada ao plano te rico ele governar com a mesma insist ncia todos os usos proveni
28. lica de S o Paulo bem como avalia o de obras pertencentes a outros autores ligados ao tema a fim de verificar se do ponto de vista epistemol gico haveria validade na hip tese de autoria presente nos processos de forma o continuada dos professores Gasparian 2008 pesquisadora do GEPI a partir de suas experi ncias como diretora de um col gio particular na cidade de S o Paulo afirma em sua tese de doutoramento que ao menos um fator de suma import ncia para o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar em parceria o objetivo por parte da dire o da escola de que 115 seus professores ao menos conhe am o trabalho desenvolvido por seus pares dentro da institui o Para a pesquisadora tal atitude fundamental pois a partir dela que os docentes poder o dialogar sobre os seus projetos contribuindo com cr ticas e sugest es no sentido do aprimoramento ou in cio de um trabalho em equipe N o h receitas para a constru o interdisciplinar na escola Ela se constitui em um processo de intercomunica o de professores que n o dado previamente e sim constru do a partir de encontros hesita es e dificuldades avan os e recuos tendo em vista que necessariamente s o questionados a pr pria pessoa do professor e seu modo de compreender a realidade no processo Da o porqu de seus altos e baixos Reconhece se que para o desenvolvimento da interdisciplinaridade fundamental que haja di log
29. lo preciso enxerg lo em todas as suas dimens es O mesmo ocorre com o ser humano torna se imposs vel compreender o homem somente a partir das dimens es biol gica e psicol gica preciso considerar uma terceira dimens o a qual Frankl 1989a denominou espiritual Para o autor existe ainda uma segunda lei que explica a natureza tridimensional do homem Ao contr rio da primeira observam se v rios objetos diferentes em lugar de um s De acordo com o autor poss vel projet los em apenas uma nica dimens o sendo a mesma para os tr s objetos conforme observado na Figura 50 Figura 50 Segunda lei ontologia dimensional Fonte Frankl 1989a p 43 85 A dimens o espiritual do homem para Frankl 1989a o que caracteriza o homem como nico e irrepet vel De acordo com o autor o ser humano possui uma unidade antropol gica formada pelas dimens es biol gica e psicol gica que o torna semelhante aos demais seres humanos No entanto coexistindo com essa unidade antropol gica existem as diferen as ontol gicas aquelas que formam sua dimens o espiritual e o diferencia das outras esp cies de um modo mais amplo e dos demais homens em caracter sticas e escolhas sutis Para Frankl 1989a por meio da dimens o espiritual que o homem livre para fazer escolhas perante si mesmo perante o outro e perante a vida sem fugir da responsabilidade que possui nestas escolhas 228 Ao observar a imagem dos objet
30. nimo tr s meses devido ao pouco tempo dispon vel ela possu a apenas cinco aulas semanais com dura o de cinquenta minutos cada uma para a realiza o um trabalho adequado com as turmas de 9 ano Alguns trechos das atividades preparadas as quais foram extra das de seu Plano Docente s o essenciais para a interpreta o de suas expectativas did ticas relativas ao trabalho deste conte do Iniciarei a aula escrevendo na lousa uma das famosas frases do compositor e poeta Vin cius de Moraes A vida a arte do encontro embora haja muitos desencontros pela vida Em seguida colarei na lousa uma figura fornecida pelas Analistas para que a partir dela e da frase os alunos tirem suas conclus es respondendo as seguintes perguntas que irei formular lhes Voc acredita em amor primeira vista Conhece alguma hist ria real em que isso aconteceu Alguma vez voc j gostou muito de algu m e n o foi correspondido a Plano Docente da professora Margarida 1 Bimestre 2008 Ao longo do seu registro a professora vai discorrendo sobre as atividades que pretendia desenvolver para o aprendizado dos alunos sobre o g nero poesia Ao mesmo tempo n o se furtou da an lise das estrat gias atrav s das quais temas existenciais tamb m pudessem ser refletidos pela turma de alunos tanto de forma individual quanto coletiva Ap s as respostas os alunos ser o orientados a formarem grupos de quatro ou cinco integrantes p
31. o imoral e lutar contra ela um dever por mais que se reconhe a a for a dos condicionamentos a enfrentar A boniteza de ser gente se acha entre outras coisas nessa possibilidade e nesse dever de brigar Saber que devo respeito autonomia e identidade do educando exige de mim uma pr tica em tudo coerente com este saber FREIRE P 1997 p 67 A partir dessa concep o de respeito inserido no universo da Teoria da Interdisciplinaridade Matos 2001 o retratou atrav s da figura de dois ret ngulos inseridos um no outro Cada um deles possui seu espa o definido isto sua pr pria identidade a qual est diretamente relacionada identidade do outro Desafia o pesquisador a atingir uma dimens o de reciprocidade de complementaridade de humanidade Por isso o respeito representado pelos pontos que ir o se sobrepor ao ret ngulo representativo do desapego conforme ilustra a Figura 47 Figura 47 Respeito Fonte Fazenda 2001 p 183 2 para Abbagnano 2003 p 380 a tica se caracteriza em geral por uma ci ncia da conduta ou seja da atitude Existem duas concep es fundamentais dessa ci ncia 12 a que considera como ci ncia do fim para o qual a conduta dos homens deve ser orientada e dos meios para atingir tal fim deduzindo tanto o fim quanto os meios da natureza do homem 22 a que a considera como a ci ncia do m vel da conduta humana e procura determinar tal m vel com vistas a dirigir ou disc
32. o quais suas considera es e reflex es sobre este tema e qual o papel dos professores na constitui o e articula o pr tica nas escolas Ao observar a escola de hoje ainda percebo a procura por um modelo a ser seguido talvez pela defici ncia dos sistemas de forma o profissional ou talvez por quest es particulares Com o prop sito de verificar se esta hip tese realmente v lida decidi resgatar outros aspectos oriundos de minha Hist ria de Vida sobretudo aqueles relacionados a minha forma o profissional Talvez estes relatos possam auxiliar na compreens o do papel do ator e do autor em educa o 2 2 INTERPRETAR AS LEMBRAN AS Minha inf ncia foi marcada pelos livros Frequentemente trocava as lojas de brinquedos pelas livrarias Passava tardes inteiras lendo livros de a o e aventura o que foi incentivado por minha fam lia desde muito cedo Em meados do ano de 1989 fui presenteada pelos meus pais com a cole o completa das obras infantis de Monteiro Lobato Tinha oito anos poca em que acabara de adentrar neste universo letrado que s aos adultos pertencia N o li todos os livros por m foi atrav s de Reina es de Narizinho LOBATO 1988 1989 que descobri a possibilidade da leitura de realizar a imers o em um mundo pertencente ao reino do sonho e da magia um reino que tor o e milito para que jamais se esconda dos adultos que desejam ensinar 7A contracapa de cada livro possui o di
33. pria hist ria e posteriormente de sua pr pria pr tica O grupo transforma se tamb m na condi o de ouvinte atento e respeitoso acerca da hist ria do outro A escuta sens vel incorporada ao cotidiano do grupo e permite que ele se forme se aceite e se inscreva BARBIER 2004 FAZENDA 2006 E as alunas assim o fizeram ao final do semestre letivo elaboraram Fazenda 2006 p 12 13 afirma que tanto o pesquisador quanto o professor precisam se inscrever no meio social em que atuam Inscrever se significa escrever sua contribui o te rica pr tica e ontol gica para o grupo com o qual se relaciona As experi ncias s poder o ser lembradas se foram registradas Para ela a trilha interdisciplinar caminha do ator ao autor de uma hist ria vivida de uma a o conscientemente exercida a uma 112 juntamente comigo a professora uma exposi o incluindo todo o material produzido durante as aulas de Fundamentos da Educa o Infantil dentre eles os desenhos aqui representados como demonstrados na Figura 21 Figura 21 Exposi o dos trabalhos Fonte arquivo pessoal Al m disso decidiram que a melhor forma de apresenta o de suas produ es seria atrav s da reprodu o de trechos pertencentes ao texto trabalhado no in cio da atividade Tudo o que eu precisava saber sobre a vida aprendi no Jardim de inf ncia de Fulghum 2000 conforme retratado na Figura 22 VIVER UMA VEDA BALA
34. 3 Fig Homem que sabe fingir Fem atriz Ser a pessoa que representa e interpreta condi o intr nseca quele que se denomina ator Mas o que seria representar e interpretar A fim de analisar a exist ncia de diferencia o conceitual entre os termos recorro novamente Ferreira 1988 p 564 Segundo o autor o termo representar compreende dentre outros os seguintes significados Representar V t d 1 Ser a imagem ou a reprodu o de 3 Participar de espet culo teatral de filme etc desempenhando papel 4 interpretar 4 Levar cena exibir encenar em teatro 6 Estar em lugar de substituir 8 Figurar aparentar T de il 16 Desempenhar um papel As meninas representar o de anjos nas festas marianas P 18 Figurar como s mbolo aparecer sob outra forma 27 J com rela o ao termo interpretar o mesmo autor considera como poss veis os seguintes significados Interpretar V t d 1 Ajuizar a inten o o sentido de 2 Explicar explanar ou aclarar o sentido de palavra texto lei etc 3 Tirar de sonho vis o etc indu o ou press gio 4 Traduzir ou verter de l ngua estrangeira ou antiga 5 Representar 3 no teatro cinema televis o etc Transobj 6 Julgar considerar reputar Interpretou o seu sil ncio como assentimento 8interpret vel adj 2g FERREIRA 1988 p 367 Pode se compreender a possibilidade da converg ncia entre os termo
35. 55 Letramento o mapa do cora o do homem Fonte arquivo pessoal Percebe se a partir do relato desta experi ncia com as alunas do curso de Pedagogia que determinadas propostas did ticas podem proporcionar aos alunos a realiza o da segunda categoria de valores proposta por Frankl 1989a denominada valores vivenciais Concordo que neste caso sua realiza o mais complexa e imprevis vel pois envolve dimens es subjetivas inerentes ao universo existencial de cada indiv duo No entanto cabe ao educador decidir pelas melhores estrat gias que possam contribuir com a forma o do car ter de seus alunos o que j seria um grande passo no caminho para a realiza o deste tipo de valor Freire M 2008 afirma que uma das caracter sticas necess rias ao educador o ato de manter se vivo atrav s do experimento da vida e da capacidade de proporcionar situa es atrav s das quais os alunos tamb m possam faz lo Estas caracter sticas podem ser comparadas capacidade de experimentar em v rias situa es os valores vivenciais pois para a autora Estar vivo assumir a educa o do sonho no cotidiano Para permanecer vivo educando a paix o os desejos de vida e de morte preciso educar o medo e a coragem Medo e coragem em ousar 262 Medo e coragem em assumir a solid o de ser diferente Medo e coragem em romper com o velho Medo e coragem em construir o novo Medo e coragem em assumir a educa o d
36. Ah Se todos os dias fossem jovens Como os jovens Fase cheia de cren as Uma caixinha de surpresas Cheia de incertezas Aluno 02 Ser jovem viver as emo es mais lindas Da vida express las Com um simples sorriso ou Com uma l grima que n o deu para evitar Ser jovem viver tudo e ao mesmo tempo Nada ser perfeito e imperfeito Chorar e rir Morrer e viver N o importa a idade ra a e a cor Ser jovem ser voc Aluno 03 211 Muito al m do aprimoramento de seus conhecimentos relativos ao g nero poesia a professora Margarida possibilitou o contato dos alunos com outros recursos que n o simplesmente os de ordem conceitual para obter tal resultado Ela trabalhou com conceitos provenientes da Literatura e da Filosofia da Arte e da M sica da Hist ria do Brasil e das Civiliza es al m claro de algo que habita no profundo do ser humano o desejo e a paix o pelo conhecimento e pelos alunos Este movimento que n o pode ser explicado de forma linear a Interdisciplinaridade procura compreender como uma mirada interactiva y dial gica de la realidad que llega a manifestarse de m ltiples formas y niveles em base a la capacidad comprensiva e intencionalidad del observador Larealidad em tanto que trasmisora de significado es constru da Una misma problem tica puede ser analizada y comprendida de maneras diferentes dependiendo del significado que se la ortorge La realidad no es e
37. Aos poucos outras ideias foram se materializando de forma a integrar as tr s naturezas dos questionamentos das professoras ao inv s dos alunos pesquisarem a origem do pr prio nome em casa por exemplo aprenderam a conectar a Internet e a fazer o uso de sites de busca para isso Escanearam fotos e ilustra es para a diagrama o final do livro que contou com informa es e desenhos sobre a origem do nome da crian a sua rvore geneal gica suas can es de ninar preferidas seus talentos seus brinquedos mais significativos seu time de cora o e ocorr ncias engra adas como a primeira travessura cometida por exemplo Abaixo selecionei duas fotos presentes em um dos livros elaborados pelos alunos A Figura 01 retrata um dos desenhos feito por uma aluna com a finalidade de ilustrar a p gina de seu livro o qual versava sobre sua can o de ninar 85 preferida De acordo com a garota o pai cantava a m sica Boi da cara preta todos os dias com o intuito de faz la adormecer Figura 01 Can es de ninar boi da cara preta Fonte arquivo pessoal A Figura 02 retrata a ilustra o que deveria ser feita na contracapa do Livro da Vida Nesse caso a menina ilustradora tinha nove anos A folha foi dividida em nove quadrados sendo que cada quadrado simbolizava um ano de sua vida para que em cada um deles ela pudesse desenhar a lembran a mais significativa relativa poca vivida A aluna definiu como aspectos impo
38. Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2008 Met fora In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 215 216 GAUTHIER J Z A quest o da met fora da refer ncia e do sentido em pesquisas qualitativas o aporte da sociopo tica Revista Brasileira de Educa o Campinas SP n 25 p 127 142 Jan Fev Mar Abr 2004 GIACON B D M Coer ncia In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 35 39 GIROUX H A Os professores como intelectuais rumo a uma pedagogia cr tica da aprendizagem Porto Alegre Artes M dicas 1997 GOODSON F Dar voz ao professor as hist rias de vida dos professores e o seu desenvolvimento profissional In N VOA A Org Vidas de professores Porto Alegre Artes M dicas 2000 cap III GON ALVES M H D Met fora In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 211 214 GOSWAMI A Uma breve introdu o ao ativista qu ntico S o Paulo Aleph 2010 GUIMAR ES M J E Avaliar formando o sentido do olhar interdisciplinar na educa o 2010 201 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paul
39. Educa o da Rede Escolar SESI SP pelo apoio dispensado a mim quando da realiza o de meus estudos e pesquisas em seu interior Faculdade de Pindamonhangaba em especial aos professores do Curso de Pedagogia representados pela Professora Marina Buselli Sem seu apoio e confian a esta tese jamais teria a configura o que tem hoje s minhas alunas companheiras de pesquisa e de doc ncia Obrigada por me ensinarem que sempre existem possibilidades a serem alcan adas Voc s provaram que a autoria n o direito de alguns CAPES por ter financiado esta pesquisa RESUMO A experi ncia formativa enfoca como o educador constr i o seu processo de autoria A problem tica investigativa objetiva refletir sobre como a Teoria da Interdisciplinaridade permite que pesquisadores professores formados e em forma o se tornem autores A configura o metodol gica da pesquisa utiliza se da linguagem narrativa que se assume como figura metaf rica para encontrar o conceito da legitimidade da autoria sobre assuntos educacionais O di logo entre as experi ncias pessoais e profissionais narradas e explicitadas cria realidades educativas que d o contorno investiga o Pela hermen utica interpreta os fen menos observados para compreender a constru o de um conhecimento como um modo de ser Esta tese organiza se sete se es iniciadas por uma narrativa que traduz as etapas do processo de autoria incitando seu aprofundamento e disc
40. Esta concep o tamb m aceita pela filosofia ao relacionar o termo valor com princ pios regidos pela moral Para Cortella 2003 os valores s o produtos ideais de cultura criados pelos homens para que suas vidas valham a pena ou em outras palavras que a exist ncia tenha sentido Diz o autor A primeira inten o de todo o ser vivo manter se vivo mas para n s n o suficiente a mera sobreviv ncia apoiada em conhecimentos sobre o mundo fundamental que a vida valha a pena Por isso um dos produtos ideais da Cultura s o os valores por n s criados para o existir humano pois quando os inventamos estruturamos uma hierarquia para as coisas e acontecimentos de modo a estabelecer uma ordem na qual tudo se localize e encontre seu lugar apropriado S assim a vida ganha sentido na dupla acep o de significado e dire o CORTELLA 2003 p 45 46 3 Kant identificara o bem com o valor em geral cada um chama de bem aquilo que aprecia e aprova isto aquilo em que h um valor objetivo e acrescentava que nesse sentido o bem bem para todos os seres racionais A extens o do termo para indicar n o s o bem mas tamb m o verdadeiro e o belo se deve aos kantianos Polemizando contra o pr prio Kant Beneke afirmava que a moralidade n o pode determinar uma lei universal de conduta mas pode e deve determinar a ordem dos valores que devem ser preferidos nas escolhas individuais os pr pri
41. G O Palavra sil ncio escritura a m stica de um curr culo a caminho da contempla o 2008 170 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2008 SILVA N R A colcha de retalhos S o Paulo Brasil 1995 SOARES M Letramento um tema em tr s g neros 2 ed Belo Horizonte 2006 SOUZA M A O SESI SP em suas entrelinhas uma investiga o interdisciplinar no Centro Educacional SESI 033 2006 134 f Disserta o Mestrado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2006 TAINO A M R Reconhecimento movimentos e sentidos de uma trajet ria de investiga o e forma o interdisciplinar 2008 169 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2008 288 TEPEDINO A M Espiritualidade rela es e conex es Grande Sinal Revista de Espiritualidade Petr polis RJ ano LIII nov dez 1999 TRINDADE V Atitude In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 79 83 VALENTE J A 1993 Diferentes usos do computador em educa o Dispon vel em lt http Www nied uncamp br equipe equipe php Contador 103 amp cod usuario 7 amp cod cargo 2 gt Acesso 24 jun 2
42. Presentes nesse contexto tamb m s o apresentadas quest es acerca do papel e da possibilidade de autoria do professor em Educa o B sica J vimos anteriormente discuss es realizadas por diversos pesquisadores acerca dos aspectos relacionados Educa o ao ensino e s aprendizagens E aqueles professores que compartilham desses conceitos em seu cotidiano Poderiam eles tamb m acrescentar suas quest es acerca da educa o que vivenciam Seriam legitimados para discorrer sobre esses assuntos Ora Ferreira 1988 p 163 como analisado no cap tulo anterior afirma que o termo autor comporta os itens discriminados abaixo Autor do lat auctore S m 1 A causa principal a origem de o autor do universo 2 Inventor descobridor o autor do sistema de propuls o a jato 3 Criador instituidor fundador o autor do protestantismo 4 Escritor de obra art stica liter ria ou cient fica 5 O praticante de uma a o agente 6 Aquele que intenta demanda judicial 7 Jud Agente de um delito ou contraven o Autor coletivo Bibliogr e Bibliot Pessoa jur dica considerada como autor sociedade reparti o congresso etc O autor de seus dias O pai ou a m e prezo muito a opini o do autor dos meus dias poss vel afirmar que o professor atende sem sombra de d vida pelo menos ao item 05 cinco da afirmativa acima o praticante de uma a o agente p 163 Por m n o creio que apenas a pr tica de u
43. a possibilidade de dar aten o aos pr prios modos de ser e s pr prias a es bem como de exprimi los com a linguagem o que tamb m constitui uma implica o bastante complexa o de uma rela o da alma consigo mesma de uma rela o intr nseca ao homem interior ou espiritual pela qual ele pode conhecer se de modo imediato e privilegiado e por isso julgar se de forma segura e infal vel Trata se portanto de uma no o em que o aspecto moral a possibilidade de autojulgar se tem conex es estreitas com o aspecto te rico a possibilidade de conhecer se de modo direto e infal vel Percebe se dessa forma que o conceito atribu do palavra sentido tanto por Abbagnano 2003 quanto por Ferreira 1988 permite a reflex o sobre a consci ncia unidade pertencente ao homem e local onde habita a no o de sentido a ele atribu do Por isso poss vel afirmar que o sentido est relacionado pr pria exist ncia humana e consequentemente maneira como se define o ser humano Por este motivo necess ria primeiramente a adequada compreens o acerca das dimens es que constituem o homem a fim de verificar sua capacidade de encontrar sentido Somente assim ser poss vel a afirma o da exist ncia ou n o de sentido relativo ao processo de autoria no campo educacional Frankl 1989a p 42 definiu o homem da seguinte forma Eu gostaria de definir agora o homem como unidade apesar da pluralidad
44. a magia contida no pano e a import ncia da preserva o da mem ria familiar 57 dos cap tulos de sua tese houve um crescente aumento do grau de complexidade de seus registros obrigando a autora a descrev los na forma de c rculos hermen uticos os quais ao se repetirem em movimento o fazem de forma mais complexa oferecendo ao leitor uma sincronicidade para o seu adequado entendimento Atrav s da an lise de teses e disserta es defendidas na linha de pesquisa da Interdisciplinaridade poss vel a verifica o de um consider vel n mero de pesquisas definidoras de percursos metodol gicos singulares com o intuito do estabelecimento de respostas adequadas aos seus problemas No entanto algumas delas foram al m sobretudo se feita a an lise a partir do ponto de vista ontol gico Pesquisas recentes FORONI 2005 GUIMAR ES 2010 PICOLLO 2005 RANGHETTI 2005 SOUZA 2006 TAINO 2008 YARED 2009 conclu ram ser necess ria a investiga o dos desdobramentos referentes aos problemas de pesquisa para al m das ordens epistemol gicas e pr ticas Para estes autores as rela es dentro das quais suas pr prias hist rias de vida se cruzam com o tema pesquisado possuem alta relev ncia acad mica pessoal e profissional j que revelam entre outros fatores os reais motivos para a elei o dos problemas investigativos e do pr prio tema de pesquisa perceber os vest gios presentes nas a es e no meu jeito de ser
45. a os olhos Fomos ao campo de futebol pois o cl ssico Areias x Queluz estava na decis o final e meu pai iria apitar o jogo N o poder amos perder por nada deste mundo Mas ali eu vi tudo acabar Naquele momento eu n o tive de imediato a ideia exata do que era aquela perda s pensava que nunca mais na vida iria v lo Naquela noite dormi chorando at pegar no sono Um sono que eu daria tudo nesta vida para acordar como todos os dias Foram s dez anos ao seu lado mas dez anos intensos de amizade e amor em que guardei tudo o que vivi e ouvi dele foram tijolos na constru o do meu ser Foi um peda o do meu cora o uma parte de mim Saudade e tristeza profunda se apoderaram de mim Nunca mais ouvirei sua voz carinhosa me chamar Eu s pensava ele se foi o meu her i o meu amigo o meu querido pai e est doendo muito E agora quem iria me pegar no colo para levar para a cama N o dormirei mais no sof da sala Quem iria fazer os p es para os bares e para o armaz m do Seu Z Q Para quem eu iria mostrar as minhas notas das provas E para onde correr quando sentisse medo N o iria mais fazer lembrancinhas no Dia dos Pais 272 Ah Doces lembran as como se acostumar e aceitar essa perda que a morte O mist rio mais claro da vida Mas Deus t o maravilhoso que reserva tesouros nesta vida para n s e para mim uma fam lia maravilhosa A I M J A e J A s o b n os presentes de Deus em minha vida Na
46. a repeti o e 2 o destino n o cego porque o reconhecimento e a aceita o deliberada da situa o necessitante 266 SESI do Ipiranga no ano de 2009 com um aluno da quinta s rie ou 6 ano O segundo descreve uma experi ncia obtida junto a tr s alunas do 6 semestre do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba no ano de 2010 Ao final do ano de 2009 as atividades pedag gicas ocorriam normalmente na Escola SESI do Ipiranga A ansiedade presente nas ltimas semanas sobretudo relativa ao comportamento dos adolescentes do per odo da manh era extremamente natural pois ao mesmo tempo em que as f rias se aproximavam as avalia es finais tamb m seguiam rumo ao seu fim A escola possu a duas turmas de quinta s rie 6 ano que em geral n o eram motivo de grande preocupa o aos professores Em uma destas turmas estudava um 106 Este aluno fora matriculado na escola naquele ano e aluno a quem chamarei de A H apesar de ser considerado pelos docentes uma crian a t mida possu a um relacionamento tranquilo com os colegas e com os pr prios professores al m de ser considerado um aluno bastante estudioso A H j havia estudado em outro pa s onde na ocasi o viveu com seus av s maternos e em outra cidade no interior de S o Paulo quando morou com seus tios Aquele era o seu primeiro ano residindo na cidade de S o Paulo onde morava sozinho com sua m e N o fosse pelo fato de frequentemente c
47. adequada fundamenta o desses mesmos conceitos realizada a partir da reflex o sobre a pr tica interdisciplinar Essas polaridades no entanto n o impedem a capacidade desses dois sistemas educativos de terem uma finalidade comum a do desenvolvimento integral da pessoa humana uma pessoa aut noma respons vel e apta a agir na sociedade de maneira refletida e cr tica p 03 O autor afirma ainda que na Fran a a liberdade do homem passa pela aquisi o do saber Saber que remete busca pela verdade e pela pesquisa dos conceitos originada no desenvolvimento do pensamento racional cartesiano da a o dos fil sofos e do pensamento dos enciclopedistas que se levantaram no s culo XVIII contra a Igreja Cat lica e a Aristocracia Saber que problematizado que questiona o sentido antes de agir Saber que se preocupa em definir conceituar al m de explicitar o rigor presente nas revis es hist rico cr ticas Saber denominado saber saber J nos Estados Unidos de acordo com Lenoir 2005 2006 a liberdade do homem passa obrigatoriamente pelo processo de socializa o Liberdade esta que n o est diretamente ligada ao conhecimento mas capacidade da pessoa de agir no mundo e sobre ele instrumentalizando suas pr ticas e suas rela es humanas e sociais Suas quest es centrais fundamentam se na funcionalidade no estabelecimento de procedimentos rigorosos nas etapas e nos objetivos arquitetados para que o projeto tenha
48. al m da an lise epistemol gica do conceito de autoria advindos de Dicion rios de L ngua 48 Portuguesa FERREIRA 1988 HOUAISS 2001 como tenho feito at ent o Os estudos de Fazenda 2002 acerca da Metodologia da Pesquisa Educacional ser o interpretados a partir das teses e disserta es defendidas no Grupo de Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade do Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo da Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo entre os anos de 2000 a 2010 Primeiramente todas as teses e disserta es produzidas nesse per odo foram lidas e catalogadas em uma tabela por ordem cronol gica Em seguida tiveram destacados os conceitos trabalhados pelos autores em suas reas espec ficas e na Interdisciplinaridade Tamb m foram apontados os recursos metodol gicos e os resultados apresentados Somente a partir desse momento foi poss vel interpretar os dados e estabelecer uma narrativa coerente com a investiga o apresentada Tal narrativa permite destacar a centralidade da problem tica BRUNER 2001 na qual o pesquisador em Interdisciplinaridade desenvolve a pr pria autoria pela escolha de sua metodologia de pesquisa pela descoberta da met fora em seus escritos pela articula o da interpreta o dos conceitos com a interpreta o do cotidiano e pela pr pria produ o de conhecimento 3 1 O EXERC CIO DA PESQUISA NA DESCOBERTA DA AUTORIA Para Fazenda 2002 a pesquisa nos
49. aluno aprendiz o professor tamb m o mais experiente que o aluno porque estudou e viveu mais mas isso tamb m n o invalida a exist ncia da experi ncia do aluno em outros campos de conhecimentos ignorados pelo professor e dos quais ele apreende aprende muito Se n o h risco n o h prolifera o de ideias criativas dentro do processo n o atuamos nele como seres pensantes e cr ticos Primeiramente os principais questionamentos da professora L rio foram o que j sabem esses alunos Quais suas principais dificuldades em rela o ao aprendizado De acordo com as professoras a grande maioria dos alunos apresentava dificuldade na reescrita dos textos Muitos erros de ortografia coer ncia e coes o se apresentavam a elas e era extremamente trabalhoso para os alunos detect los Por outro lado os alunos j tinham coletado uma quantidade consider vel de material entrevista com os pais e sele o de fotos significativas para cada ano de vida por exemplo Para esse caso o agendamento com as professoras foi realizado pela professora L rio de forma semanal e medida que as aulas iam acontecendo no Laborat rio o uso de outras ferramentas foi surgindo o recurso de autocorre o ortogr fica passou a exercer o papel de anunciar ao aluno que alguma coisa n o estava bem no texto e com isso j n o precisavam escrever todo o texto novamente bastava digitar de maneira correta somente os pontos precisos de ajustes
50. ao que parece s atrav s dessas miss es que se pode intender para os valores que por tr s delas se escondem FRANKL 1989a p 75 No entanto embora a realiza o dos valores possa ser poss vel apenas no campo concreto de acordo com o mesmo autor nem sempre a sua realiza o levada consci ncia Muitas vezes se realizam valores e deles se obt m uma sensa o de sentido mas n o se consegue defini los Como exemplo desta realidade Klein 2000 observou as pr ticas de diversos professores norte americanos e nelas verificou a exist ncia de caracter sticas comuns pr ticas interdisciplinares como a promo o ao di logo a coopera o e a troca de conhecimentos No entanto ao conversar com os docentes percebeu que muitas destas pr ticas eram intuitivas ou seja nenhum professor as havia planejado para que ocorressem daquela forma Para Frankl 1989b nem sempre se percebe quando os valores s o realizados por isso necess rio o caminhar em dire o ao autoconhecimento para que sua realiza o possa ocorrer de forma consciente Ao mesmo tempo em que existem dificuldades percep o da realiza o de valores na vida cotidiana Meireles 2003 aponta uma outra possibilidade para a sua interpreta o Segundo a autora uma das principais qualidades do educador caracterizada por sua capacidade de medir os valores que s o a ele apresentados Uma das principais porque em suma a fun o
51. atitude requerida para a escuta sens vel a de uma abertura hol stica Trata se realmente de entrar numa rela o de totalidade com o outro tomado em sua exist ncia din mica Uma pessoa s existe pela exist ncia de um corpo de uma imagina o de uma raz o de uma afetividade em permanente intera o A audi o o tato o gosto a vis o o paladar s o desenvolvidos na escuta sens vel BARBIER 2004 p 98 Da mesma forma o autor p 99 100 diz que a escuta sens vel primeiramente uma presen a meditativa Ela simplesmente a plena consci ncia de estar aqui e agora no menor gesto na menor atividade da vida cotidiana Ela pede um outro g nero uma suspens o n o somente de toda teoria e conceitualiza o mas igualmente de toda representa o imagin ria sobre o mundo at mesmo de todo desejo de fazer alguma coisa A pessoa que se encontra nesse estado meditativo est num estado de hiperobserva o de suprema aten o o contr rio de um estado dispersivo de consci ncia E por isso a escuta nesse caso de uma sutileza sem igual A escuta sempre uma escuta a o espont nea Ela age sem mesmo pensar nisso A a o completamente imediata e adapta se perfeitamente ao acontecimento 221 adequada realiza o desta atividade seria a reflex o atrav s da interpreta o de seus textos sobre o que as havia motivado escolha do curso de Pedagogia como forma o acad mic
52. atordoada disse ao doutor que era melhor faz la vomitar aquela p lula e engolir outra mais fraca N o preciso explicou o grande m dico Ela que fale at cansar Depois de algumas horas de fala o sossega e fica como toda gente Isto fala recolhida que tem de ser botada pra fora E assim foi Em lia falou tr s horas sem tomar f lego Por fim calou se LOBATO 1988 1989 p 25 27 25 O trecho extra do da obra Reina es de Narizinho LOBATO 1988 1989 reproduz o momento em que Narizinho neta de Dona Benta procurou o Doutor Caramujo para que ele fizesse com que sua boneca de pano Em lia falasse O procedimento seria simples se as p lulas falantes do Doutor Caramujo n o tivessem sido roubadas de seu consult rio O m dico prop s ent o menina que matasse um papagaio e transplantasse sua falinha boneca Horrorizada Narizinho preferiu que Em lia ficasse muda a cometer um ato como aquele O impasse somente foi solucionado ap s a chegada de um sapo que havia engolido todas as p lulas existentes no consult rio Ap s realizar a cirurgia de retirada das p lulas de sua barriga uma delas foi entregue Em lia que logo ap s a engolir passou a falar de forma ininterrupta Percebe se na narrativa do autor a converg ncia com o tema desta pesquisa De ator a autor do processo educativo uma investiga o interdisciplinar Seus personagens s o atores aqueles que representam su
53. autora afirma ainda que o pensamento hermen utico ganha for a em duas trajet rias a alem e a franco su a e embora estas apresentem diferen as e peculiaridades possuem um sentido comum pois ambas confluem para uma ontologia que se preocupa com a busca da universalidade e do logos A observa o atenta da evolu o do pensamento hermen utico alem o nos permite constatar o desenvolvimento de uma perspectiva regional disciplinar em dire o busca da universalidade tendo a hermen utica como fundamento para a compreens o das ci ncias humanas ESP SITO 2001 p 238 Sob a perspectiva alem a autora afirma que a tarefa da compreens o e portanto da hermen utica hist rica pois se refere ao conte do da obra que interpreta gramatical j que compreende este conte do em sua rela o com a linguagem do autor e tamb m Geistige termo alem o que indica a compreens o da obra na rela o por ela estabelecida entre a vis o do autor e a poca na qual foi escrita A complementaridade entre estas tr s perspectivas relativas compreens o do fen meno conduz o pesquisador tarefa da constru o de c rculos hermen uticos atrav s dos quais se aprofunda nos temas das obras interpretadas em seu conte do na inten o do autor e no per odo hist rico no qual o texto foi escrito Este processo n o linear e por este motivo exige de quem o interpreta uma abertura para a compreens o do pr prio proce
54. auxilia na compreens o dos fundamentos e da complexidade dos conceitos pode tamb m favorecer a fragmenta o disciplinar ou ainda a elimina o da perspectiva social A abordagem americana pode submeter a forma o discente s exig ncias pol ticas e econ micas do pa s ao mesmo tempo que possui o poder de se configurar como elemento fundamental para a solu o de problemas sociais de diversas ordens J a abordagem brasileira que pode fortalecer a tomada de consci ncia por parte do docente de suas fun es profissionais e sociais pode tamb m induzir a condutas que negligenciam sua rela o com o saber Todas elas isoladamente trariam alguma consequ ncia negativa em seu processo de operacionaliza o LENOIR 2005 2006 Por isso o autor acredita na exist ncia de uma complementaridade entre cada abordagem pois ao mesmo tempo em que cada uma delas traz um olhar distinto traz tamb m um valor acrescido que n o deveria ser considerado em nenhum momento como exclusivo Verifica se ent o uma preocupa o dentro do universo da pesquisa no Brasil com a forma o do ser humano com o sujeito que pesquisa com o professor que leciona com o aluno que aprende com o autor que cria Tal preocupa o denominada por Fazenda 2008 como a busca pelo saber ser interdisciplinar seria insuficiente se n o estivesse 170 comprometida com a fundamenta o te rica e com a aplicabilidade concreta dessas representa es A autora
55. coloca em movimento e permite a possibilidade da transcend ncia Por isso elegeu um grande ret ngulo para servir de fundo a outros princ pios da Teoria da Interdisciplinaridade conforme se observa na Figura 46 Figura 46 Desapego Fonte Fazenda 2001 p 151 O respeito constitui o quinto princ pio da Teoria da Interdisciplinaridade Ferreira 1988 p 566 entende por respeito 1 Ato ou efeito de respeitar se 2 Rever ncia venera o 3 Obedi ncia defer ncia submiss o acatamento 4 Lado pelo qual se encara uma quest o ponto de vista aspecto 5 Raz o motivo causa 6 Rela o refer ncia 7 Considera o import ncia 8 Medo temor receio A Interdisciplinaridade afirma que uma atitude de respeito caracterizada primeiramente pelo respeito a si pr prio e ao outro e posteriormente ao pr prio 186 conhecimento Sob essa perspectiva o professor o pesquisador ou o professor em forma o se respeitam sobretudo ao se aceitarem resgatarem e valorizarem suas Hist rias de Vida e suas trajet rias profissionais Abbagnano 2003 p 854 afirma que respeito o reconhecimento da dignidade pr pria ou alheia e o comportamento inspirado nesse reconhecimento A Interdisciplinaridade afirma que o reconhecimento dessa dignidade considerada por Abbagnano 2003 n o passa pelo cultivo do medo do temor e do receio Este reconhecimento adquirido de forma natural pelo profess
56. com a situa o tamb m por seu turno irrepet vel e nico e esta unicidade do nico que se imp e faz com que o sentido extra do da sua trans subjetividade em vez de ser algo dado por n s seja para n s um dado por muito que a percep o e realiza o deste dependa da subjetividade do saber e da consci ncia humanos FRANKL 1989a p 76 Frankl 1989a afirma que frequentemente o homem n o possui consci ncia da possibilidade da realiza o do sentido Neste caso as contribui es advindas do resgate das Hist rias de Vida dos educadores torna se uma a o que pode possibilitar lhes a descoberta do sentido tanto nas a es passadas como na ativa o da consci ncia para a sua adequada aten o s a es presentes e futuras poss vel a percep o deste movimento nos relatos apresentados nos cap tulos anteriores nos quais alunas do curso de Pedagogia tiveram a oportunidade de relembrar experi ncias marcantes presentes em suas trajet rias de vida as quais de alguma forma estavam repletas de sentido Verifiquei tamb m a possibilidade de encontrar sentido nas pesquisas realizadas no GEPI Para Matos 2003 um de seus membros o pesquisador interdisciplinar deve passar obrigatoriamente por um processo de autodescoberta para que sua tese possua sentido No decorrer de sua pesquisa de doutorado ele demonstrou o desejo de ir raiz dos problemas existentes no ensino da Arte Para o pesquisador era preciso
57. com simplicidade confirmou a hist ria Como se tratava de agress o f sica seguimos as orienta es emanadas pela legisla o vigente e o levamos a um pronto atendimento infantil de um hospital p blico a fim de constatar alguma les o mais grave O caso analisado pela equipe m dica e pelo servi o social do pronto atendimento foi encaminhado Vara da Inf ncia e da Juventude O menino permaneceu internado neste hospital embora o seu estado f sico n o fosse grave a ponto de necessitar de uma interna o O juiz que examinou o caso decidiu ser o hospital o local mais seguro para o menino permanecer at a defini o de quais seriam os parentes respons veis por sua guarda provis ria Conversei com a administra o do hospital para organizar o envio de atividades pedag gicas j que era de meu desejo que A H n o se afastasse dos estudos durante o per odo de conclus o da an lise judicial Ficou acordado que dois professores ou funcion rios da escola poderiam levar diariamente ao aluno os materiais necess rios realiza o de atividades trabalhos e avalia es Assim que retornei escola realizei uma reuni o com todos os professores da classe de A H e lhes contei o ocorrido Disse lhes que era preciso verificar quais atividades deveriam ser encaminhadas e que seria disponibilizado um funcion rio da institui o para leva las diariamente ao hospital Neste momento todos os professores sem exce o se disponibilizaram
58. com temas como o respeito a si mesmo e ao outro s suas formas de pensar de se vestir de trabalhar enfim de viver 38 pr ximos cap tulos desta tese e oriundas dos dados de pesquisa levantados emergem v rias perguntas dentre elas a seguinte Ser somente na escola do rei Le o que os conceitos e elementos como ideologia e poder identidade e alteridade curr culo oculto e cultura de resist ncia significa o discurso e multiculturalismo n o s o considerados Por um lado poss vel verificar que no Curr culo dos urubus a constru o do sistema de ensino dos professores e consequentemente do modo de aprender dos alunos se constituem de acordo com as teorias tradicionais e se apresentam como neutros cient ficos e desinteressados Os saberes dominantes definem o que ensinar e as t cnicas aplicadas servem para que o ensino aconte a na escola Ao professor resta apenas transmitir conhecimentos inquestion veis da forma mais organizada poss vel utilizando se de todas as t cnicas aprendidas em seus cursos de forma o ou seja cabe a ele ser um ex mio ator De outro lado percebe se que as teorias cr ticas e p s cr ticas n o aceitam esta maneira de pensar o curr culo e a escola Para os que defendem esta concep o sempre deve existir um questionamento sobre o porqu trabalhar determinados conhecimentos em detrimento de outros tentando entender a ideologia que est oculta sob um aparente r tulo de neutr
59. compreens o de que cada um de n s um ser nico e imprevis vel em seus pensamentos e atitudes permitir ao professor a observa o das potencialidades e riquezas expressas nas rela es com cada um de seus alunos com consequente melhora na sua qualidade e na qualidade do seu of cio docente A segunda a o poss vel para o enfrentamento dos dilemas inerentes pr tica do professor segundo Perrenoud 2001 est na compreens o da din mica presente na rela o professor aluno A aus ncia desse entendimento pode gerar situa es caracterizadas por mal entendidos dentro das salas de aula A realiza o de uma constante avalia o de suas atitudes fundamental para a compreens o por parte do professor do modo como o grupo de alunos ir caminhar a partir de suas interven es Com isso h a possibilidade do reconhecimento de pr ticas consideradas n o funcionais e a sua posterior modifica o ou ado o de outras pr ticas mais adequadas realidade dos alunos A Figura 119 24 foi elaborada por A a uma aluna nordestina que ap s o seu casamento mudou se com o marido para a regi o sudeste Figura 24 Reconhecer o percurso Fonte arquivo pessoal Na figura representada acima a aluna pintou um caminho com cores diversas representadas pelas cores laranja vermelha preta azul amarela e verde A a afirmou que este caminho bastante tortuoso representa sua trajet ria de vida a qual foi marcada por
60. daquilo que se diz que quanto daquilo que se faz e se continua a fazer e que caracteriza a pr pria individualidade Para Ricoeur 2006 p 114 essas s o caracter sticas inerentes identidade j que sob a forma reflexiva do narrar se a identidade pessoal se projeta como identidade narrativa Para Abbagnano 2003 a identidade caracterizada por aquilo que somos por aquilo que nos caracteriza como seres humanos nicos e que nos difere dos demais Por esse motivo acredito que nossas experi ncias sempre s o pessoais nicas insubstitu veis e intransfer veis Muitas vezes corremos o risco de caracteriz las como banais ou demasiado semelhantes s de outras pessoas No entanto se as verificarmos de maneira adequada sempre haver a exist ncia de algo somente vivenciado por nossa individualidade e isso nos legitima a afirmar que a experi ncia nossa e de mais ningu m Essa concep o fundamental quando algu m se disp e a realizar a narrativa de sua Hist ria de Vida concebendo a como nica e irrepet vel extremamente til para a Identidade lat Identitas in Identity fr Identit al Identit t it Identit Este conceito tem tr s defini es fundamentais 12 Identidade como unidade de subst ncia 22 Identidade como possibilidade de substitui o 32 Identidade como conven o 12 A primeira defini o de Arist teles que a Identidade de algum modo uma unidade quer a
61. de diversas formas em diferentes graus de reflex o e a o No seu caso espec fico articulou as experi ncias que possu a enquanto docente e pesquisadora quelas por ela adquiridas quando de sua pesquisa ao se deparar com uma turma de alunos formada por membros da tribo Pankararu e por indiv duos portadores de defici ncia auditiva J Silva 2008 em sua tese de doutoramento relata que a descoberta da met fora ocorreu atrav s da interpreta o das imagens que permaneciam silenciadas nas a es e nas falas de seus alunos durante o estudo da disciplina de L ngua Portuguesa em diferentes cursos de forma o de professores A experi ncia mostrou que as imagens que ficam para os alunos acerca daqueles professores que de alguma maneira os fizeram crescer e o sucesso de alguns trabalhos contribuem para a constru o de suas pr prias imagens como futuros professores elaborando assim suas maneiras de ser e estar na profiss o SILVA 2008 p 10 As met foras da mesma forma que os conceitos s o descortinadas medida que o pesquisador volta o seu olhar a si pr prio e se descobre paulatinamente leitor escritor e autor primeiramente do seu pr prio eu depois de sua pr pria pr tica e s ent o do eu e da pr tica do outro Josgribelt 2003 p 107 em sua tese de doutorado elaborou uma defini o interessante para o significado de autoconhecimento esta capacidade de refletir sobre si mesmo repleta de met foras
62. de garantir nos a fundamenta o te rica necess ria legitima o de nossas pesquisas Assim precisam caminhar aqueles que se dedicam a construir ou reconstruir conceitos no universo de suas pesquisas preciso considerar outros aspectos que n o somente os conceituais mas tamb m a reflex o sobre os atributos presentes na escola seja em qual modalidade e n vel de ensino for englobando sua 18 A possibilidade da descoberta da autoria na metodologia de pesquisa na descoberta da met fora da pesquisa e na reflex o sobre as quest es advindas da pr tica 67 dimens o cotidiana repleta de conflitos e comunh es al m claro das quest es de ordem existencial que envolvem tanto alunos quanto professores Sob esta perspectiva podemos afirmar que v rios pesquisadores do GEPI foram respons veis por agregar conceitos valiosos Teoria da Interdisciplinaridade e pr pria educa o conceitos estes definidos a partir das variadas trajet rias percorridas por estes indiv duos durante suas pesquisas de mestrado e doutorado FORONI 2005 SILVA 2008 TAINO 2008 YAMAMOTO 2003 Elegi tr s conceitos para an lise o conceito do reconhecimento como sendo uma nova categoria da Interdisciplinaridade TAINO 2008 o conceito de que pesquisas ontol gicas s o para a vida toda SILVA 2008 e o conceito que define a revela o de incidentes cr ticos como oportunidades para a pesquisa FORONI 2005 YAMAMOTO 2003 O primeiro con
63. de investiga o pode ser observado em outra tese de doutoramento defendida em 2008 TAINO 2008 Esta autora j explicita na introdu o de seu trabalho o percurso escolhido para que suas observa es an lises interpreta es e infer ncias sobre o problema de pesquisa fossem expressos de forma adequada Descrevo em c rculos hermen uticos a natureza te rica e pr tica do fen meno e nessa interdepend ncia o sentido da forma o ao poder dizer de si e do outro Desenho o primeiro c rculo hermen utico denominado A hermen utica de si e do outro em O TEMPO RECONTADO NARRATIVAS DO PASSADO PARA A DESCOBERTA DE SI Pelos contornos da experi ncia profissional tra o o segundo c rculo a hermen utica da a o no qual o n cleo tem tico dado pelos pesquisadores do GEPI PUC SP e pelos professores do GEPI Jacare desenvolvido em OS MOMENTOS FORMADORES PARA DELINEAR A EXPERI NCIA DO RECONHECIMENTO O texto A REINVEN O DE SI NA FORMA O INTERDISCIPLINAR busca tornar vis vel o sentido da leitura e da escrita nos desafios da autoria e da investiga o ao desenvolver o terceiro c rculo a hermen utica da decis o Procedo pela intersubjetividade o movimento de reflex o que questiona os resultados da investiga o chamando de hermen utica da totalidade Empreendimento que envolve uma compreens o mais ampla do processo de forma o e situa o reconhecimento como pressuposto da categoria interdisciplinar constitu do pelo O M
64. de si para o outro e consequentemente para a educa o Figura 25 Extrapolando fronteiras Fonte arquivo pessoal No entanto ainda existe uma quarta a o poss vel a qual al m daquelas j mencionadas pode ajudar o professor na supera o dos dilemas que ocorrem no relacionamento com seus alunos Perrenoud 2001 afirma que cabe ao educador aprender com a pr pria experi ncia levando em considera o os erros de estrat gia e os limites de sua influ ncia sobre os seus alunos Neste caso esta a o complementa a proposta de Fazenda 2001 quando afirma que o professor ao pesquisar a sua pr pria pr tica docente supera os resultados esperados Visualizar os pr prios erros como uma possibilidade de 122 reflex o e aprendizagem permite ao professor a verifica o dos motivos de sua ocorr ncia em suas origens a fim do adequado planejamento de situa es diversas com a finalidade de n o haver a sua repeti o em pr ticas futuras Esta premissa tamb m foi demonstrada pela aluna Kiwi Ao expor seu quadro Figura 26 para a classe Kiwi relatou que percebe a profiss o docente como uma ponte a qual possibilita a transposi o dos obst culos inerentes pr tica educativa Figura 26 A ponte que supera limites Fonte arquivo pessoal Por m o mais interessante verificar como a aluna expressou sua conclus o ao expor sua figura para as colegas em sala de aula Kiwi confessou seu real interesse por foto
65. de uma melhor compreens o acerca de tal abordagem torna se necess rio o esclarecimento do que se compreende por fen meno e por fenomenologia al m de suas implica es pr ticas presentes na constitui o da metodologia desta pesquisa Para Abbagnano 2003 p 437 fen meno um voc bulo que possui tr s significados 1 apar ncia pura e simples ou fato puro e simples considerada ou n o como manifesta o da realidade ou fato real 2 objeto do conhecimento humano qualificado e delimitado pela rela o com o homem 3 revela o do objeto em si Ferreira 1988 p 294 tamb m acredita que a palavra fen meno assume determinados significados a partir do contexto no qual se apresenta Para o autor o termo significa 1 Qualquer modifica o operada nos corpos pela a o dos agentes f sicos ou qu micos 2 Tudo que percebido pelos sentidos ou pela consci ncia 3 Fato de natureza moral ou social 4 Tudo o que se observa de extraordin rio no ar ou no c u 5 Aquilo que raro e surpreendente prod gio maravilha 6 Pessoa ou objeto que tem algo de anormal ou extraordin rio 7 Pessoa que se distingue por algum talento extraordin rio 8 Filos Objeto de experimenta o fato 9 Filos O que se manifesta consci ncia 10 Filos Tudo que objeto de experi ncia poss vel i e que se pode manifestar no tempo e no espa o segundo as leis do entendimento Ao mencionar os significados atribu dos ao termo fe
66. distanciamento emocional durante a an lise dos seus conflitos com as fam lias os professores passaram a perceber este problema como sendo maior do que de fato ele era O mesmo autor auxilia ainda na reflex o acerca deste conceito ao fazer a seguinte afirma o Humildade reconhecer os pr prios limites Aceitar que sabe algo de modo imperfeito incompleto que a qualquer momento pode ser questionado 137 reformulado e mesmo superado E nessa atitude estar sempre procura de novos elementos para refor ar esclarecer o que se julga saber Encontrando os ter a coragem de coteja los incorpora los mesmo que isso signifique ter que abandonar a satisfa o e a seguran a pessoal ALVES 2001 p 64 A partir dessa atitude de humildade por parte do grupo de professores os demais colegas passaram a ter a coragem e o comprometimento para a verifica o de seus problemas pontuais visando planejar as a es necess rias para a sua resolu o no pr ximo ano Como os assuntos pertencentes Proposta Pedag gica ainda n o haviam acabado outro grupo a quem denominei Alecrim refletiu sobre o tema Intervalo de alunos e professores partindo da interpreta o da letra da m sica Crian a n o trabalha do grupo Palavra Cantada como descrito abaixo Crian a n o trabalha crian a d trabalho L pis caderno chiclete pe o Sol bicicleta skate cal o Esconderijo avi o correria Tambor gritaria
67. do educador repousa na aprecia o dos valores de v rias esp cies morais intelectuais t cnicos etc que se nos oferecem na vida para efetuar a sua adequada aplica o ao problema educacional Educador aquele que est constantemente se evoluindo experimentando em si e em torno de si todas as modifica es que possam constituir um progresso e que o faz principalmente com o fim de medir o valor de cada problema da humanidade e conhecer o ambiente e o significado da sua tarefa pedag gica MEIRELES 2003 p 267 268 Frankl 1989a concorda com Meireles 2003 ao afirmar a exist ncia de uma possibilidade de realizar valores e que esta possibilidade n o imposta A consci ncia do educador neste caso o conduz livre decis o sobre suas escolhas relembrando o sempre 239 da responsabilidade presente em cada uma delas j que feita uma escolha este sempre arcar com suas consequ ncias i fa 95 Ao relembrar sua trajet ria em um campo de concentra o Frankl 1989b afirma que a realiza o de valores nem sempre possibilita a descoberta imediata de sentido Muitas vezes se pratica uma a o com a consci ncia de que seu sentido s poder ser realizado no futuro verdade que se havia alguma coisa para sustentar um homem numa situa o extrema como em Auschwitz e Dachau esta era a consci ncia de que a vida tem um sentido a ser realizado ainda que no futuro Mas sentido e prop s
68. do olhar interdisciplinar a qual ocorre quando professor e aluno passam a estabelecer uma rela o de confiabilidade m tua por meio do conv vio de acolhimento e respeito suas posi es Essa camada predisp e esse olhar a um n vel mais profundo caracterizado pelo desdobramento do olhar do professor em rela o ao aluno o que constitui a quarta e ltima camada Esse desdobramento do olhar em rela o ao aluno permite que o professor se aproprie do seu universo primeiramente por meio dos sinais que o corpo do aluno lhe oferece sobretudo de forma positiva Em seguida o professor se apropria dessa realidade por meio da escrita do aluno e por fim atrav s de sua fala Fazenda 2001 afirma que os alunos come am a falar quando destravam ou seja quando adquirem confian a na pessoa no professor no grupo em que est o inseridos e no conhecimento que j possuem sobre os assuntos discutidos Olhar o aluno em toda a sua inteireza FREIRE P 1997 pr prio de uma atitude interdisciplinar Freire M 2008 afirma que n s educadores n o fomos ensinados a olhar pensando no mundo na realidade e em n s mesmos Por esse motivo muitas vezes o olhar que disparamos em dire o a nossos alunos encontra se repleto de estere tipos De acordo com a autora somente o exerc cio da observa o pode nos auxiliar no rompimento deste modelo autorit rio de olhar Para ela o verdadeiro olhar envolve aten o e presen a Aten o q
69. do tempo Acredito que ser professor antes de tudo ser gente Gente que acredita na forma o de outras gentes e que por isso pode mudar se n o o mundo todo ao menos o seu universo particular Espero que ao reativarmos nossas mem rias de vida possamos construir e reconstruir nossa trajet ria de vida e forma o Kenski 1995 p 137 138 afirma que a ideia mais corriqueira acerca do significado de palavra mem ria de algo que j foi vivido no passado e que retorna como lembran a no prese nte 8 As mem rias das alunas do Curso de Pedagogia se constituem em um grande instrumento para sua forma o profissional Utilizei nesta atividade aspectos do significado que lhe foi atribu do por Ferreira 1988 p 427 Mem ria S f 1 Faculdade de reter as ideias impress es e conhecimentos adquiridos anteriormente 2 Lembran a reminisc ncia recorda o 5 Rela o relato narra o 8 Vest gio lembran a sinal 9 Aquilo que serve de lembran a 10 Nota diplom tica memorial 11 Disserta o acerca de assunto cient fico liter rio ou art stico para ser apresentada ao governo a uma corpora o a uma academia etc ou a ser publicada Mem ria de anjo Mem ria excelente extraordin ria Mem ria de elefante Grande capacidade de memoriza o mem ria extraordin ria Mem ria de galo Mem ria fraca Mem ria visual Faculdade de reter de lembrar posteriormente pessoa coisa ou f
70. e defini o de autor Por compreender a complexidade da defini o neste momento me atenho aos conceitos de descobridor inventor e escritor de obra cient fica art stica ou liter ria Os demais conceitos ser o discutidos e questionados no decorrer desta pesquisa Tanto um quanto outro dicionarista afirmam que o descobridor e o inventor podem ser considerado autor Um dos exemplos constitu do pela consigna o autor do sistema de propuls o a jato FERREIRA 1988 p 163 Ao resgatar os estudos advindos da Pedagogia descobriremos que muitos autores se enquadram nesta defini o como Ferreiro 2001 ao comprovar que os indiv duos sobretudo na inf ncia elaboram hip teses conceituais sobre a escrita A partir de suas primeiras descobertas na d cada de 1970 FERREIRO 2001 WEISZ 2004 a autora agregou parceiros que a tem auxiliado na observa o de tais hip teses e nas possibilidades de interven es did ticas para que as crian as ou adultos nestas condi es desenvolvam conhecimentos de forma qualitativa e se apropriem do sistema convencional de escrita Antes dela nenhum outro educador havia realizado tal observa o No entanto Ferreiro 2001 n o descobre as hip teses de escrita a partir de algo inexistente Disc pula de Piaget utilizou dos mesmos princ pios do autor com o objetivo do estabelecimento de par metros v lidos de compara o Da mesma forma suas observa es foram feitas e
71. elas percebessem um dos objetivos da disciplina de Hist ria nas s ries iniciais do Ensino Fundamental possibilitar a compreens o dos alunos de que todos fazemos hist ria Freire M 2008 afirma que este processo de trazer aspectos da trajet ria pessoal e profissional para o presente implica tanto a volta ao passado com os olhos do presente quanto a vis o do presente com o olhar do passado Para a autora este processo fundamental para a forma o do professor Poder voltar atr s relembrar ati ar as lembran as apropriar se de fatos rela es guardadas e adormecidas possibilita um re ler e re escrever o pr prio processo de aprendizagem localizando o num tempo hist rico com seus desafios Voltar ao passado com os olhos do presente Ver o presente com o olhar do passado para nos apropriarmos do que defendemos hoje na constru o do futuro que acreditamos Voltar ao que vivemos ao que fomos possibilita o contato ntimo com o que somos hoje enquanto educadores Passado e presente quando apropriados pensados gestam a consci ncia pedag gica e pol tica gestam o sonho que buscamos FREIRE M 2008 p 54 Inicialmente fiz uma roda com as alunas e em seguida passamos a uma conversa informal sobre minha experi ncia docente e minhas escolhas pessoais Em seguida pedi para que se apresentassem ao grupo de forma diferente nada convencional cada uma deveria falar o seu nome para que eu tentasse ao menos estabelecer a s
72. em pesquisas qualitativas e fenomenol gicas sobretudo na rea da Educa o mais precisamente nos estudos referentes Forma o de Professores caracterizado pelo resgate das Hist rias de Vida Farei uso aqui das constru es de Josso 2004 e N voa 2000 2001 que muito tem colaborado atrav s de seus estudos nesta rea espec fica Para Josso 2004 necess ria a compreens o da forma o profissional do professor a partir do olhar de quem aprende ou seja do aluno Para isso de suma import ncia a considera o de conceitos descritivos como a experi ncia docente o momento hist rico vivenciado pelo profissional os diferentes processos de aprendizagem 94 vivenciados por alunos e professores a identidade pessoal e profissional do professor al m da subjetividade presente nas rela es pessoais entre professores e alunos Para a autora a abordagem biogr fica a qual respons vel pelo resgate da Hist ria de Vida do educador em forma o um recurso que permite a observa o dos aspectos centrais inerentes s situa es educativas pois ela permite uma interroga o das representa es do saber fazer e dos referenciais que servem para descrever e compreender a si mesmo no seu ambiente natural Para perceber como essa forma o se processa necess rio aprender pela experi ncia direta a observar essas experi ncias das quais podemos dizer com mais ou menos rigor em que elas foram formadoras
73. era feito em casa o sabor era outro a sa de tamb m N o se ouvia falar em colesterol e nossos av s iam at quase 100 anos O namoro acontecia nas escolas fam lias se conheciam e assim a vida ia continuando Sinto saudades do cheiro da sopa da vov do p o assando da mam e dos jogos na rua da conversa ao p da cal ada Hoje nem a janela pode se deixar aberta pois a paisagem mudou drasticamente N o existe mais o famoso campinho de futebol o progresso chegou pr dios e lojas foram erguidos naquele lugar m gico onde guardo as lembran as de minha inf ncia feliz S o recorda es profundas e eternas Ah Que saudades do caf com bolinho de fub que Dona D preparava e sempre nos convidava para apreciar sua casa ficava ao lado do campinho Sua casa n o existe mais Depois de sua partida os filhos venderam a propriedade e atualmente constru ram naquele lugar uma revendedora de autom veis Sobraram me as lembran as que o tempo jamais conseguir apagar Hoje compreendo que o tempo n o somente muda a paisagem o ecossistema Rouba tamb m aquilo que amamos Nasce se e quando crian a se tem todo o tempo do mundo Nada nos aborrece quase tudo alegria evidente que surgem alguns incidentes naturais mas nada que n o seja de se esperar Afinal temos tempo para crescer e aprender Quando se jovem continuamos favorecidos pelo tempo pois se pensamos que n o o temos damos um jeito sem afetar a sa de pois somos jo
74. estabelecimento de um di logo construtivo Embora todo o grupo compreendesse a necessidade da transforma o dessa rela o conflituosa em uma rela o sadia e construtiva seus componentes n o conseguiram encontrar uma solu o ao menos aceit vel para este problema Por isso a imagem utilizada 136 por eles para a sua adequada representa o foi a de um cabo de guerra conforme demonstrado na Figura 34 Atrav s da interpreta o desta figura pode se observar de um lado a presen a do grupo dos professores e do outro a presen a do grupo dos pais dos alunos cada um defendendo o seu ponto de vista sem aceitar o ponto de vista do outro O ponto de interroga o representa a dificuldade para a elabora o por parte dos professores dos encaminhamentos poss veis para a resolu o desse conflito Figura 34 Rela o fam lia escola um cabo de guerra Fonte arquivo pessoal Durante a apresenta o aos demais professores o grupo pediu ajuda para a elabora o de algumas estrat gias que amenizassem ainda que aos poucos a rela o dos professores com as fam lias Esta atitude demonstrou a humildade do grupo diante da aparente incapacidade para a resolu o de um problema com o qual estavam diretamente envolvidos Alves 2001 afirma que a atitude de humildade exige o reconhecimento dos pr prios limites No momento da discuss o o grupo Canela se viu diante de uma grande limita o pela incapacidade de um adequado
75. faz respeitando a hora aula da turma cinquenta minutos 82 conforme a disponibilidade do Laborat rio de Inform tica e a necessidade do professor regente J o atendimento para os alunos dos Ciclos Ill e IV seria realizado dentro de uma disciplina denominada Inform tica Educacional com uma carga hor ria semanal de duas horas aula por turma ministrada pelo Professor de Inform tica Al m disso o professor da turma tamb m poderia agendar um hor rio no pouco tempo restante de uso do Laborat rio j tomado pela carga hor ria da disciplina A pergunta inicial que permeou tal iniciativa foi O que ser feito nesse espa o O que ensinar Quais atividades realizar O que fazer com a disciplina Inform tica Educacional A pr pria explora o da no o de integra o das tecnologias no curr culo e n o a mera adi o ou aplica o torna imperioso que n o se perca de vista que o educativo requer uma legitima o ideol gica fundamentada numa determinada tomada de posi o sobre a natureza do conhecimento e cultura sobre o conhecimento relativo ao desenvolvimento e constru o do saber por parte dos alunos e sobre o papel que neste processo jogam os professores e as escolas ao utilizarem certas tecnologias Sem esta contextualiza o acrescem as dificuldades para se retirar o m ximo potencial curricular e pedag gico de cada tecnologia SILVA 2007 p 852 A escola procurou adequar se a esta invas o tecnol gic
76. finalizavam no Laborat rio A quest o relativa ao trabalho como instrumento de apoio s aulas dos professores parecia j estar adequadamente encaminhada As professoras o fizeram como quem tem autoridade para a cria o dos conte dos de forma a torna lo significativo para os alunos O que fazer agora com as duas horas aula de Inform tica Educacional para as oito turmas de alunos dos Ciclos Ill e IV 6 ao 9 ano do Ensino Fundamental Inicialmente em 2008 a Rede de Ensino SESI SP orientou os professores de Inform tica com a finalidade do desenvolvimento de Projetos de Trabalho com cada turma de alunos privilegiando as seguintes tem ticas Centen rio da Imigra o Japonesa Duzentos anos da vinda da Fam lia Real ao Brasil e o Projeto Institucional gua vida cuide desse bem Al m disso deveriam ser realizadas atividades que propiciassem aos alunos o contato com o que se denominou Curr culo M nimo em suas abordagens Ambiente Operacional Editora o Eletr nica Planilha Eletr nica Multim dia autoria Softwares Educacionais e Internet Para esses trabalhos e os demais realizados no Laborat rio o computador do professor contava com um filtro em formato de lista txt que disponibilizava apenas alguns endere os da Internet para as m quinas dos alunos A princ pio a orienta o dada foi a do seguimento de uma lista padr o composta por alguns sites de tem tica geral dispon vel a todos os Laborat
77. fundamento de suas a es conforme mencionado no cap tulo anterior Esses autores me parecem como a Mo a Tecel presente no conto de Colasanti 2004 a qual estabelece um universo s seu com suas ideias suas cores e suas cren as medida que percebe a inefic cia de seu universo n o se intimida e volta atr s o desfaz e o reconstr i Ao observar analisar e interpretar as produ es de pesquisadores de professores formados e em processo de forma o verifiquei que ambos est o legitimados autoria desde que sejam observadas as caracter sticas e fundamentos de suas produ es baseados em uma an lise ontol gica epistemol gica e pr tica como p de ser refletido ao longo desta pesquisa Nesse mesmo sentido procurei na Teoria da Interdisciplinaridade fundamentos que embasassem a constru o do conceito de autoria em educa o verificando ao mesmo tempo se esta poderia se constituir em um dos princ pios inerentes a esta concep o te rica Ap s a reflex o sobre os aspectos ontol gicos epistemol gicos e pr ticos relativos a Teoria da Interdisciplinaridade pude constatar que a autoria pode ser considerada um de seus atributos No entanto permanece ainda uma d vida de car ter ontol gico qual o sentido da autoria em educa o Por que pesquisadores professores formados e em processo de forma o desejariam tornar se autores desta tem tica Como nos cap tulos anteriores me deterei a seguir na observa
78. g nero ora por idade ora por rendimento escolar por endere o residencial e ora por ordem alfab tica ou interesse do professor Conforme a ideologia da poca relacionada concep o de curr culo de ensino e de aprendizagem a escola assumia contornos posturas e realidades diversas sobre essa escola e sobre o professor que nela exerce sua fun o que desejo continuar a refletir Refletir a respeito de uma institui o consolidada ao longo da hist ria de nosso pa s e participante ativa das mudan as de ordem cultural social pol tica econ mica curricular metodol gica e por que n o existencial Desejo refletir sobre uma escola que ao longo dos anos carrega em si essa tradi o e ao se deparar j no s culo XXI com uma era predominantemente tecnol gica na qual grande parte das crian as e adolescentes se comunicam via Internet celular ou por meio de outras tecnologias digitais come a a reavaliar sua verdadeira fun o e se v tamb m imersa em novas tecnologias 15 Ao repensar seu papel a escola realiza um mergulho em suas pr prias origens delineadas essencialmente por sua concep o de curr culo o que e como ensinar Algumas perguntas associam se s reflex es curriculares inerentes a essa escola qual conhecimento v lido A quest o curricular considerada uma quest o cultural Uma quest o ideol gica Uma quest o metodol gica Uma quest o de did tica Uma quest o tecnol gica
79. h experi ncia onde falta a participa o da pessoa que fala nas situa es de que se fala No segundo significado a experi ncia tem car ter objetivo ou impessoal o fato de a proposi o p ser verific vel n o implica que todos os que fazem tal afirma o devam participar pessoalmente da situa o que permite comprovar a proposi o p O elemento comum dos dois significados a possibilidade de repetir as situa es e isso deve ser considerado fundamental no significado geral do termo Estes dois significados permitem que a experi ncia seja compreendida ou como m todo no sentido do que Ferreira 1988 denominou experimento ou como intui o que considera as viv ncias do sujeito A tese fundamental de Arist teles a redu o da experi ncia mem ria Ele diz que todos os animais t m uma capacidade seletiva inata que a sensa o Em alguns deles a sensa o n o persiste para estes n o h conhecimento fora da sensa o Outros por m finda a sensa o podem conservar alguns vest gios dela na alma Nesse caso depois de muitas sensa es dessa natureza determina se em alguns animais uma esp cie diferente de conhecimentos que conhecimento racional De fato a partir da sensa o desenvolve se aquilo que chamamos de lembran a e da lembran a repetida de um mesmo objeto nasce a experi ncia Dessa experi ncia ou do conceito universal que se fixou na alma como uma unidade que estando al m da multiplicidad
80. horas e horas de cursos cansativos Venha com a gente e fale todas as l nguas poss veis e imagin veis Isso mesmo Depois do Futebol o Tradutone a nova mania nacional qr l ng h s Figura 04 Tradutone Fonte arquivo pessoal A dupla que produziu a Figura 03 Digitexto pensou em um produto que respeitasse as exig ncias da escola caderno e livro e que ao mesmo tempo acompanhasse as inova es tecnol gicas presentes na vida dos adolescentes para eles digitar era uma a o muito mais r pida e eficaz do que escrever com papel e caneta Al m disso o produto armazenaria mais de 150 textos em um nico cart o de mem ria diminuindo o peso das mochilas e a dificuldade do encontro de determinado texto 91 solicitado a eles pelo professor Para elaborar de forma fict cia o produto os alunos utilizaram materiais recicl veis como caixas de papel o e retalhos de isopor J a dupla que elaborou a Figura 04 Tradutone um capacete bastante feminino que tiraria os adolescentes das aulas de l nguas Para eles bastaria colocar o capacete que sua tecnologia j identificaria qual a l ngua falada e a traduziria imediatamente Tamb m utilizaram material recicl vel para elaborar o produto e demonstr lo turma Ao observar essas produ es professora L rio realizou interven es com as duplas e entre elas efetuando algumas modifica es como a exp
81. identidade de cada docente e garantir ao leitor um entendimento da atividade como um todo 132 Uma das sugest es apresentadas pelo grupo Manjeric o para o pr ximo ano letivo foi o in cio da negocia o entre os profissionais docentes e a dire o da escola sobre os prazos para a entrega desses documentos pelos professores a fim de que o seu trabalho pudesse ser organizado de forma mais adequada A mesma l gica tamb m acompanhou as reflex es do segundo grupo o qual recebeu o mesmo poema O tempo QUINTANA 1970 Neste caso entretanto a tarefa caracterizou se pela reflex o sobre a adequada organiza o do tempo did tico Este grupo a quem denominei Salsinha apontou que no universo das rela es de aprendizagem existentes em sala de aula o tempo pode n o ser um parceiro eficiente Os professores demonstraram esta assertiva atrav s da constru o da imagem de uma grande ampulheta repleta de bocas abertas e fechadas de pessoas sozinhas e outras unidas e de diversos cora es e alguns pontos de interroga o conforme retratados na Figura 32 Figura 32 Ampulheta o tempo pode n o ser um aliado Fonte arquivo pessoal a0 Negocia o pode ser compreendida como o processo de buscar a aceita o de ideias prop sitos ou interesses visando ao melhor resultado poss vel de tal modo que as partes envolvidas resolvam seus conflitos conscientes de que foram ouvidas tiveram oportunidade de apresentar toda sua argu
82. import ncia da fam lia valores t o essenciais e esquecidos nos dias de hoje Fazer Faculdade de Direito seguir a carreira jur dica quem sabe Alguns sonhos sempre ser o poss veis se acreditarmos e investirmos neles Espada de S o Jorge Auxiliar de Desenvolvimento Infantil feliz A cada dia um novo desafio que se comp e em mem rias 218 Nessas mem rias encontramos Beijoquinha que descobriu nos caminhos percorridos que determina o fundamental Frutos da professora R que a ensinou A acreditar em sua capacidade Ser que suas escolhas a far o feliz A pergunta fundamental de sapatinho a remete s mem rias de suas professoras cruciais em sua decis o Sempre existe um sonho em ser professora Chuva de ouro venceu as representa es negativas da profiss o e foi atr s do que acreditava ser bom Para Folhagem a profiss o j est marcada em sua vida desde a inf ncia Na quarta s rie um exemplo de professora severa e carinhosa compreensiva e rigorosa Da inexist ncia da vontade de ser professora ao encontro com crian as pequenas Manjeric o carrega uma trajet ria apaixonante chegar em casa acabada e querer voltar no dia seguinte Pai professor e comerciante m e Leitora tias e tios professores Como n o se apaixonar por este of cio Flor de maio n o resistiu Ter ideologias acreditar que independente de sua Hist ria uma grande Hist ria est sendo escrita e inscrita na materialidade
83. importante ressaltar o sentido que ela adquire nesta pesquisa N o o compreendo aqui a partir do car ter que lhe atribu do por determinadas religi es A reflex o sobre o seu significado se dar a partir da epistemologia da palavra atrelada an lise filos fica Entendo o como indica sua defini o latina advinda do termo Fatum ABBAGNANO 2003 ou fato a o Para o autor o termo destino filosoficamente compreendido como uma a o necessitante que a ordem do mundo exerce sobre cada um de seus seres singulares p 243 suo Abbagnano 2003 p 34 ainda complementa que essa concep o de mudan a qualitativa relacionada realidade que o sujeito enfrenta permaneceu no uso filos fico da palavra em quest o altera o conquanto nem sempre esse uso tenha ficado dentro dos limites fixados por Arist teles que exclu a da altera o as qualidades essenciais 104 o primeiro significado de movimento corresponde compreens o do termo pelos gregos Plat o distinguia duas esp cies de movimento altera o e transla o Arist teles distinguia quatro al m dos dois acima o movimento substancial gera o e corrup o e o movimento quantitativo aumento e diminui o Significa que movimento a realiza o do que est em pot ncia por exemplo a constru o a aprendizagem a cura o crescimento o envelhecimento s o realiza es de potencialidade No movimento assim entend
84. indica ainda outra possibilidade para a an lise e interpreta o do conceito de Interdisciplinaridade a partir de duas outras formas que n o as que possuem enfoque cultural como mencionado acima Para ela a Interdisciplinaridade tamb m pode ser concebida a partir de uma ordena o cient fica e social Estas ordena es possuem caracter sticas distintas em fun o dos sentidos que assumem perante o conhecimento A ordena o cient fica est ligada diretamente a organiza o dos saberes por meio da hierarquiza o das disciplinas escolares da mobilidade de seus conte dos e da sua din mica Isso possibilita o reconhecimento da capacidade de cria o de novas fronteiras entre essas disciplinas Cada disciplina precisa ser analisada n o apenas no lugar que ocupa ou ocuparia na grade mas nos saberes que contemplam nos conceitos enunciados e no movimento que esses saberes engendram pr prios de seus l cus de cientificidade Essa cientificidade ent o originada das disciplinas ganha status de interdisciplinar no momento em que obriga o professor a rever suas pr ticas e redescobrir seus talentos no momento em que ao movimento da disciplina seu pr prio movimento for incorporado FAZENDA 2008 p 18 grifos da autora Se a descoberta de novas fronteiras entre as disciplinas encontra se nas m os dos professores que as refletem e ministram nas salas de aula poss vel verificar ent o que tal concep o a respeito da Interdis
85. intervalo era um momento realmente tranquilo e que estava tornando se ainda mais agrad vel com o decorrer dos anos Ap s a conclus o de sua apresenta o dois outros grupos os quais denominei Manjerona e S lvia se prontificaram ao esclarecimento de suas interpreta es acerca do tema Projetos did ticos e de pesquisa Os dois grupos chegaram ao seguinte consenso embora o trabalho pedag gico tenha transcorrido com sucesso durante o ano letivo verificaram que o foco maior das atividades did ticas se concentrou na realiza o dos Projetos de Trabalho BRASIL 1998 e n o na realiza o dos Projetos de Pesquisa Al m disso apontaram a seguinte falha muitos projetos realizados pelos professores com os grupos de alunos n o foram compartilhados com outras turmas muito menos com as fam lias destes estudantes Isto gerou certa frustra o principalmente para as crian as menores as quais tinham o desejo de ver o seu trabalho divulgado Dessa maneira os professores sugeriram para o ano seguinte 2009 a programa o por parte da escola de alguns eventos nos quais os alunos pudessem apresentar os resultados de seus projetos como uma Feira Cultural por exemplo O grupo Manjerona esclareceu que embora reconhecesse todas as dificuldades retratadas acima verificou a exist ncia de uma importante parceria entre o grupo de professores durante a execu o das atividades pedag gicas bem como a presen a da afetividade presente
86. jardim confus o Bola pel cia merenda crayon Banho de rio banho de mar Pula sela bombom Tanque de areia gnomo sereia Pirata baleia manteiga no p o Giz merthiolate band aid sab o T nis cadar o almofada colch o Quebra cabe a boneca peteca Bot o pega pega papel papel o Crian a n o trabalha Crian a d trabalho Crian a n o trabalha 1 2 feij o com arroz 3 4 feij o no prato 5 6 tudo outra vez ANTUNES TATIT 1998 Para esse grupo de professores o momento do intervalo necessita ser analisado de formas diversas j que porque possui caracter sticas e necessidades distintas Por esse motivo para a elabora o da imagem que melhor retratasse suas discuss es os professores optaram pela divis o do pano de fundo em duas metades a metade da esquerda representaria o intervalo dos alunos e a da direita o intervalo dos professores conforme demonstrado na Figura 35 138 Figura 35 Repensando o hor rio do intervalo Fonte arquivo pessoal De acordo com o grupo o intervalo dos alunos precisava ser analisado de forma diferenciada dependendo da faixa et ria No per odo da tarde como a maioria dos alunos era constitu da por crian as entre quatro e dez anos os professores percebiam o intervalo como um momento importante para brincar e lanchar palavras representadas na figura de dois meninos jogando bola J no per odo da manh com a maioria dos alunos estava
87. mais alta e mais complexa de valores o de atitude Diante de uma situa o que n o podia evitar muito menos mudar A H encontrou for as para transformar sua atitude dando lhe outra perspectiva diferente daquela imaginada por todos como sendo poss vel a uma crian a A H respondeu vida com serenidade e alegria encontrando na estreiteza de possibilidade presentes em seu confinamento ao quarto do hospital uma oportunidade de encontrar e realizar sentido Ora desde que os valores de atitude se incluam na esfera das poss veis categorias de valores fica patente que a exist ncia humana nunca na realidade se pode considerar sem sentido a vida do homem conserva o seu sentido at as ltimas at o ltimo suspiro Enquanto est consciente o homem tem uma responsabilidade perante os valores ainda que apenas se trate de valores de atitude Enquanto tem um ser consciente tem tamb m um ser respons vel A sua obriga o de realizar valores n o o deixa em paz at o ltimo instante de sua exist ncia Por muito limitadas que venham a ser as possibilidades de realiza o de valores a realiza o de valores de atitude sempre continua a ser poss vel FRANKL 1989a p 83 A atitude de A H possibilitou ao grupo de professores a reflex o sobre a import ncia de sua a o docente na vida de crian as e adolescentes Segundo o relato de muitos deles algumas vezes as atividades rotineiras os impedem de visualizar o que re
88. mesmo tempo em que estudava se constituiu um grande desafio pois n o era simples vencer o cansa o di rio No entanto trouxeram me experi ncias importantes para a constitui o da profissional que sou hoje O Col gio Nossa Senhora das Gra as uma institui o privada da cidade de Jacare me proporcionou muitos momentos de estudos individuais e coletivos Isto porque sua Proposta Pedag gica estava fundamentada na Educa o Personalizada cujo referencial te rico era constitu do basicamente por Frankl 1989a Estes encontros de estudo me levaram reflex o sobre a possibilidade do favorecimento por parte da escola da descoberta do sentido da vida por alunos e docentes a partir da realiza o de valores o que desencadeou o tema discutido ao final desta tese Os tr s anos que trabalhei nessa escola permitiram me o aprendizado de conceitos como liberdade e responsabilidade a partir da experi ncia direta com os alunos As reflex es em conjunto com a Coordena o Pedag gica me levaram a constatar j naquela poca a necessidade do respeito do direito da crian a alegria brincadeira e leitura Embora estas aprendizagens tenham influenciado de maneira determinante em alguns encaminhamentos desta tese ainda concebia a pr tica do professor como a do ator que interpreta com sua vida as hist rias escritas pelos autores J a Escola SESI de S o Jos dos Campos se configurou como o in cio de minha trajet ria dentro da Re
89. minha juventude um dia li uma entrevista de um autor Berry Stevens Ele falava de seu livro para Paulo Barros que o entrevistava O t tulo do livro era N o apresse o rio ele corre sozinho Segundo Stevens voc n o precisa se apressar tudo em sua vida tomar o rumo certo assim como o rio Precisa deixar se ir para algum lugar assim como o rio pois n o temos como for a lo a ir mais depressa ou devagar mas simplesmente ir E quando chegar nas pedras que s o as dores problemas e tristezas n o fique desesperada simplesmente desvie d a volta Quando chegar em um lugar plano o rio se espalhar e ficar tranquilo e simplesmente ir se movendo de acordo com a situa o em torno qualquer que seja ela At hoje faz parte da minha vida esta frase N o apresse o rio ele corre sozinho N o h motivos para achar que tudo est perdido Pensei um dia que n o tornaria a ver os ip s florirem nem as borboletas despertarem depois de uma metamorfose linda nem ver os desenhos das nuvens As lembran as da inf ncia n o conseguem ser apagadas S o insubstitu veis encantadoras essenciais A vida maravilhosa se n o se tem medo dela Charles Chaplin Aluna 02 J o terceiro texto foi elaborado a partir da met fora das esta es do ano A aluna as utiliza para a descri o do movimento c clico observado em sua vida Atrav s do uso da linguagem po tica e metaf rica a aluna descreve sua experi ncia com
90. miraculosas o que existe um esfor o pessoal e coletivo para que isso ocorra GASPARIAN 2008 p 56 Tal esfor o exige do professor pesquisador um processo de questionamento e reflex o acerca de suas t cnicas de ensino e de como ocorre a verifica o sobre o conte do assimilado pelos alunos Segundo a pesquisadora necess rio o abandono por parte do educador de atitudes consideradas prepotentes e unidirecionais as quais os impedem de navegar por outras possibilidades Mais importante do que ensinar novos m todos t cnicas e estrat gias de ensino a grande quest o encontrar caminhos que possibilitem ao professor a revis o de sua atua o a descoberta de alternativas poss veis de a o na sua pr tica em sala de aula Mudan as efetivas s ser o poss veis se o professor for orientado em como utilizar sua capacidade de media o integra o e sintetiza o das v rias reas do seu conhecimento junto da equipe escolar GASPARIAN 2008 p 19 A autora reflete ainda sobre a capacidade inerente a pesquisa de ser a provedora de subs dios que permitem escola a caminhada em dire o a uma educa o para a paz Isso s poss vel quando o pesquisador encontra se apto a uma adequada revis o a respeito de sua pr tica dentro da rotina da escola sem desconsiderar o processo de forma o profissional do professor 17 Os n veis e modalidades de ensino s o aqueles determinados na Lei de Diretrizes Nacionais pa
91. muitas dificuldades simbolizadas pelos tra os pretos presentes ao longo do percurso Tamb m quis retratar a import ncia de sua inf ncia e adolesc ncia para a forma o de sua personalidade e de seu car ter profissional representada pela imagem de uma praia ao redor do inicio do percurso na parte inferior da figura No meio do trajeto A a pintou uma casa representativa de seu casamento ap s o qual houve a sua mudan a para a regi o sudeste e o consequente distanciamento de seus familiares no nordeste No entanto o final do seu percurso foi pintado na cor verde e com um sol a ilumina lo na tentativa de relembra la que sempre existe uma esperan a para recome ar As reflex es realizadas pela aluna A a sobre sua pintura nos levam reflex o sobre o universo das atribui es docentes Ao conhecer sua trajet ria de vida eu na posi o de professora pude reconhecer a origem de alguns comportamentos e express es usados por ela durante as aulas N o raro no entanto encontramos professores que entendem sua fun o como estando inserida apenas no mbito da instru o S o profissionais ainda resistentes an lise dos fatores geradores de mal entendidos em suas rela es com seus alunos Martins 2001 auxilia na compreens o do significado da pr tica educativa prop sito central do of cio docente Para realiza lo a autora retornou ao conceito de educa o partindo do princ pio de que a mesma derivada da palavra ed
92. na fase da adolesc ncia os professores do grupo percebiam o intervalo como um momento utilizado pelos estudantes para beijar e agitar fato este representado pela figura de um garoto e uma garota de m os dadas Ao socializar sua interpreta o com os demais grupos de professores teve in cio o questionamento por parte deste grupo da atitude que a escola vinha exercendo com rela o separa o dos intervalos por faixas et rias no per odo da manh os alunos do 6 e 7 ano tinham o intervalo das 08h40 s 09h enquanto os alunos do 8 e 9 ano tinham das 09h30 s 09h50 No per odo da tarde quando o n mero de crian as era maior que o de adolescentes existiam pelo menos quatro hor rios de intervalo diferentes Os professores demonstraram compreender que a separa o dos alunos em grupos menores tinha ocorrido devido elevada incid ncia de conflitos entre os estudantes No entanto percebiam que para o pr ximo ano letivo poderiam ser planejadas atividades espec ficas com os alunos visando a trabalho de temas como amizade e conviv ncia saud vel com objetivo de n o mais haver a necessidade de dividi los em turnos de intervalo diferentes 139 A partir da reflex o sobre o intervalo dos professores o grupo afirmou ser este um momento prop cio para o descanso alimenta o e conv vio social o qual foi representado pela figura de uma mesa e de uma mulher em p ao seu lado Para eles o
93. nico ser vivo que desde sempre luta sofre e teme a morte diferente do medo de um predador ou seja vive um sacrif cio existencial peculiar e sempre singular Paradoxalmente tamb m esse mesmo ser humano que cria beleza alegria e amor de forma nica bastando constatar a exist ncia das sinfonias das pinturas dos textos escritos das pe as teatrais das descobertas cient ficas e assim por diante Embora jamais tenha almejado alcan ar os graus de beleza acerca das manifesta es art sticas de reconhecida qualidade a pe a por mim escrita aos doze anos insiste em se fazer presente em minhas mem rias Recordo me n o somente de sua apresenta o para a professora mas tamb m para os alunos menores de nossa escola e para algumas classes da escola vizinha As professoras diziam que trabalh vamos conceitos importantes para elas como o respeito aos mais velhos e a necessidade da humildade e da parceria entre os membros de um grupo Percebo nas falas das professoras o que sugere Esp rito Santo 2007 p 27 para a busca do autoconhecimento A primeira constata o portanto para a busca do autoconhecimento sabermos do desafio de nossa ignor ncia de realmente n o sabermos inclusive quem somos Por m segundo S crates o s bio aquele que nada sabe nem sequer quem ele Assumir tal ignor ncia realmente o primeiro passo para o autoconhecimento a humildade 52 Se o primeiro est gio
94. nos trouxe Educa o Nos fez acreditar que era nossa Utopia O convite que fa o para juntos resgatarmos nossos sonhos Escaparmos da tirania dos vestibulares apresentados como fim ltimo do processo educativo Escaparmos dos pol ticos que nunca sonharam educa o Acordarmos para nossos velhos sonhos guardados no mais dentro At sempre Ferreira 1988 p 661 possui uma defini o interessante para a palavra utopia Utopia S f 1 Pa s imagin rio cria o de Thomas Morus escritor ingl s 1480 1535 onde um governo organizado da melhor maneira proporciona timas condi es de vida a um povo equilibrado e feliz 2 P ext Projeto irrealiz vel quimera fantasia Abbagnano 2003 concorda com o primeiro sentido atribu do ao termo utopia por Ferreira 1988 acrescentando que no pa s criado por Thomas Morus teriam sido abolidas a propriedade privada e a intoler ncia religiosa ABBAGNANO 2003 p 986 Da mesma forma qualquer sentido an logo a este passaria a designar qualquer ideal pol tico religioso ou social de dif cil realiza o No entanto esta utopia preconizada por Esp rito Santo 2007 como parte do processo formativo docente necessita ser transformada em uma a o poss vel Permitir aos alunos dos cursos de forma o de professores o reencontro com suas mem rias e com os E Abbagnano 2003 p 987 ainda afirma que em geral ainda pode se diz
95. o de minha trajet ria acad mica advinda das considera es alcan adas no Mestrado SOUZA 2006 ocorrem em v rios cap tulos a fim de dar sentido narrativa Considero que a estrutura do tempo apontada por Bruner 2001 desenrola em acontecimentos mais importantes para o narrador Viola a sequ ncia cronol gica organizando se segundo o pensamento da pesquisadora o qual se exp e e se imp e enquanto tempo da narrativa Todos os cap tulos igualmente possuem os momentos de epoch e de interpreta o hermen utica Este processo foi fundamental para o estabelecimento do sentido da escrita entre a problem tica investigativa apresentada e a metodologia utilizada para respond la O texto Ser ator se inicia com um trecho da obra Reina es de Narizinho de Monteiro Lobato 1988 1989 a fim de introduzir as discuss es acerca do que significa ser ator de modo geral e do que significa ser ator em educa o A apresenta o da boneca Em lia como uma personagem que durante a hist ria ganha vida e pode falar incita a discuss o sobre a ambiguidade da refer ncia a qual segundo Bruner 2001 um dos aspectos fundamentais compreens o das narrativas liter rias O realismo narrativo se 20 apresenta como uma quest o de arranjos liter rios criando e constituindo sua refer ncia na realidade narrada existente entre o ato de representar e o ato de criar A boneca ao tomar a p lula falante do Doutor Caramujo com
96. o tempo do rel gio e o 200 RaLrol gico o tempo do agora em que o passado pode ser trazido ao presente atrav s da mem ria a fim de projetar o futuro Ambos s o imprescind veis compreens o do todo A L uma das alunas presentes na aula afirmou que a realidade objetivada na aula mostra nos a causa e consequ ncia as quais ocorrem em uma ordem cronol gica e que nos oferecem um produto em tempo cronol gico e sequencial Ivani afirmou a exist ncia de bel ssimos trabalhos imterdisciplinares sob essa tica sobretudo nos Estados unidos com a orienta o da professora Julie Klein 2000 No entanto para Ivani h tamb m uma outra realidade a do desejo Esta transcende a l gica da causa e do efeito pois atemporal e ao mesmo tempo respons vel por agregar toda a hist ria de vida de cada pessoa membro de um grupo Transcendendo a interioridade do homem transforma o e transforma se porque mut vel e portanto interpret vel Este n vel de realidade o do desejo compreende a causa da realidade objetivada Ele encontra se nesta causa Por m n o a aceita simplesmente o desejo questiona todas as suas consequ ncias perguntando para que serve a realidade com o objetivo de introduzir como nos ensina a hermen utica a sua compreens o e interpreta o Atrav s da constitui o de um grupo de pesquisa interdisciplinar h a necessidade por parte de seus componentes do exerc cio da escuta do outro do qu
97. origem na ontologia Da mesma forma o Livro deveria ser registrado respeitando se as caracter sticas do g nero textual escolhido neste caso espec fico o di rio sem contudo abandonar os conte dos pr prios da hist ria como a ordem cronol gica dos acontecimentos questionamentos de ordem epistemol gica Por fim o Livro deveria ser escrito revisado e reescrito no computador utilizando a ferramenta Word for Windows em datas e hor rios pr determinados sendo que deveriam estar prontos para uso ao final do bimestre letivo questionamentos de ordem pr tica Acredito que as ang stias e preocupa es das professoras s o caracter sticas daqueles que est o procura da realiza o de suas tarefas de forma eficaz Ao contr rio do que possa parecer em um primeiro momento tal atitude n o revela inseguran a mas sim a seguran a caracterizada pela consci ncia de que o trabalho realizado complexo e acima de tudo fundamental para a vida dos alunos que dele participam 3 at a conclus o desta tese a Rede Escolar SESI SP n o possu a um hor rio semanal destinado ao planejamento coletivo de seus professores 84 Picollo 2005 p 62 pesquisador do GEPI quando da defesa de sua tese de doutoramento afirmou que o professor precisa ter coragem para admitir a presen a da humildade em sua pr tica cotidiana pois ele fal vel porque n o domina todos os campos do conhecimento igual ao aluno porque sendo o
98. ou intelectual necess ria realiza o de qualquer tarefa servi o ou empreendimento 6 Qualquer obra realizada 7 Maneira de trabalhar a mat ria com manejo ou a utiliza o de instrumentos de trabalho trabalho com cinzel trabalho ao microsc pio 11 Atividade que se destina ao aprimoramento ou ao treinamento f sico art stico intelectual etc 14 Tarefa obriga o responsabilidade 18 Med Trabalho de parto Frankl 1989a ao mencionar o trabalho como o meio pelo qual o homem realiza os valores criativos admite todas as defini es acima para sua conceptualiza o No entanto para ele n o importa em que o homem trabalha O que realmente configura a realiza o de um valor o modo como este homem trabalha ou seja sua atitude diante do trabalho Um homem simples que realmente cumpre as tarefas concretas impostas pela fam lia e a profiss o a despeito da sua vida pequena bem maior e mais altamente colocado do que por exemplo um grande estadista que com uma penada pode dispor da sorte de milh es de pessoas mas toma as suas decis es sem prestar aten o consci ncia FRANKL 1989a p 81 Al m de se ater aos modos pelos quais o homem trabalha o autor n o compreende ser esta uma a o pr pria do mundo dos adultos quando j podem receber remunera o pelo seu trabalho Neste conceito est o inclusas todas as a es pass veis de realiza o por q
99. para a outra ou com base em uma analogia p 667 Ainda para o autor a defini o atual de met fora n o distinta desta proferida por Arist teles Nesse mesmo contexto Rojas 2001 afirma que o significado de met fora a descoberta de similaridades possibilitando ao pesquisador entender se e fazer se entender ao se aproximar de uma linguagem simples pertencente ao sentimento e imagina o Imagina o e sentimento emergindo como capacidades metaf ricas facilitam interpretar o s mbolo no estilo da escrita e na metodologia das a es pr ticas Imaginar possibilitar novas formas de reescrever o mundo Sentir realizar um processo de interioriza o tornar nosso o que foi colocado dist ncia pelo pensamento em fase de objetiva o ROJAS 2001 p 209 59 A autora afirma ainda que a linguagem metaf rica exprime a for a e a virtude na express o po tica daquilo que se quer dizer e ser p 210 Por este recurso o pesquisador pode expressar em seus registros o sentido daquilo que gostaria de dizer e n o conseguiria se n o por meio de linguagem simb lica Sob essa l gica Foroni 2005 p 191 em sua tese de doutorado afirma que os pesquisadores em educa o s o ca adores de met foras na fala e nos sil ncios de seus parceiros de pesquisa Tais met foras podem ser descobertas no sentido de estarem cobertas pela d vida e na medida em que a pesquisa avan a ela vai se descobrindo
100. para cima N o achou a menor gra a Percebeu calamidade que a mentira que ela disse cobria toda a cidade Gabriela era levada Era esperta era ladina Mas no fundo Gabriela Ainda era uma menina Quando viu a trapalhada Que ela conseguiu fazer Foi ficando apavorada Sentou se numa cal ada Botou a boca no mundo Num desespero profundo Todo mundo em volta dela Perguntava o que que havia Por que chora Gabriela Por que toda esta agonia Gabriela olhou pro c u E renovou a afli o E gritou com toda for a Que tinha no seu pulm o Foi mentira Foi mentira Com as palavras da menina Uma nuvem se formou L no alto muito escura Que logo se desmanchou Caiu em forma de chuva E as mentiras lavou Mas mesmo depois do caso Que eu acabei de contar At hoje Gabriela Vive sempre a procurar De vez em quando ela encontra Um peda o de mentira Ent o recolhe depressa Antes dela se espalhar Porque como eu lhes dizia As coisas que a gente fala Saem da boca da gente 72 E v o voando voando Correndo sempre pra frente Sejam palavras bonitas Ou sejam palavras feias Sejam mentira ou verdade Ou sejam verdades meias S o sempre muito importantes As coisas que a gente fala Ali s tamb m t m for a As coisas que a gente cala s vezes importam mais Que as coisas que a gente fez Mas isso uma outra hist ria que fica pra uma outra vez ROCHA 2
101. partir daquele momento Comecei ent o a relatar lhes Se as coisas mais importantes que voc aprendeu na vida na escola na fam lia na rua fosse uma Terra com seria essa terra Ap s vinte segundo Se fosse um t nel como seria esse t nel Se fosse um caminho Um labirinto Um arco ris Uma ponte Uma gruta Uma Gal xia GAUTHIER 2004 p 138 Por fim pedi a cada aluna ainda de olhos fechados que voltasse a sua aten o imagem com a qual mais tivesse se identificado e posteriormente fixasse em sua mem ria o maior n mero poss vel de detalhes cor forma tamanho e luminosidade durante o maior tempo poss vel Em seguida deveriam dirigir se diretamente s mesas coletivas j posicionadas em um local espec fico da Faculdade para posterior reprodu o das imagens de forma fidedigna Tendo em m os papel canson tinta e pincel as alunas deram in cio produ o de suas pinturas conforme demonstrado nas Figuras 06 e 07 Figura 06 Elaborando uma imagem Fonte arquivo pessoal Figura 07 Elaborando uma imagem Fonte arquivo pessoal A partir desse momento o grupo passou a vivenciar o agenciamento maqu nico de corpos emo es e paix es A viv ncia as levou a produzir artisticamente ainda que muitas afirmassem n o saber desenhar O principal objetivo n o era a produ o de obras de arte mas sim o resgate de suas mem rias imprescind veis ao seu processo de forma o pe
102. permite hermen utica franco su a fundamentada em Ricoeur 1988 a apropria o da linguagem expressa pelo autor na interpreta o de seus textos Come a se a privilegiar n o somente a busca do ser mas a busca por significados apresentados nos discursos das ci ncias humanas Tais significados s o descobertos a partir da decodifica o interpretativa do universo dos signos presentes na elabora o dos discursos e dos discursos ideol gicos que se colocam presentes ou dissimulando o conhecimento A linguagem de Ricoeur 1988 considera a necessidade do pesquisador de percorrer c rculos hermen uticos para a adequada interpreta o dos textos A circularidade da interpreta o aponta para a necessidade da comunica o e do di logo inter numano como condi o necess ria progressiva emancipa o do sujeito face a determinismos e depend ncias Consequentemente se estar compreendendo e interpretando o mundo de forma a tamb m produzir conhecimento Por este motivo n o poss vel a compreens o de uma narra o passiva dos fen menos observados ao longo da pesquisa A hermen utica auxilia o pesquisador a interpretar o que n o est expl cito nos textos bem como o que o fen meno possui de mais fundamental Para Masini 2002 p 63 5 Por discurso podemos aprender em Heidegger a inteligibilidade que se articula no interior do ser como uma linguagem silenciosa Ao compreender e articular o logos na sua inteligibili
103. perspectiva interdisciplinar A quinta narrativa intitulada A mo a tecel de Colasanti 2004 introduziu a interpreta o do caminho metodol gico escolhido para a verifica o do sentido relativo autoria em educa o Atrav s da possibilidade expressa pela personagem da constru o de sua hist ria e da possibilidade de desfaz la quando n o se est satisfeito comprovou se que o exerc cio da condi o de autor permite aos pesquisadores professores formados e em processo de forma o o exerc cio de seu of cio educativo de forma livre consciente respons vel e sempre aberto novas aprendizagens viv ncias e sentidos Al m da escolha metodol gica o estabelecimento de uma problem tica investigativa mais abrangente a qual foi sendo desdobrada em outros questionamentos ao longo da pesquisa tamb m corroborou com a afirma o de que tanto pesquisadores quanto professores formados e em processo de forma o podem ser considerados autores Partir de um problema de pesquisa mais amplo traduzido pela pergunta Quem possui legitimidade para falar sobre a educa o exigiu da pesquisadora uma atitude de observa o an lise e interpreta o de conceitos que lhes eram subjacentes como a autoria a autoridade e a legitimidade Da mesma forma esta atitude ampliou a reflex o sobre o movimento contr rio a autoria o caracter stico de ser ator em educa o aquele que apenas representa textos enciclop dic
104. pesquisadores As atividades art sticas realizadas pelas alunas do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba institui o na qual sou docente auxiliaram a identifica o do papel que as a es possuem no desenvolvimento dos processos de forma o para a autoria pois sempre s o motivadas por desejos teorias valores e outras raz es intencionais Tamb m foi necess ria a compreens o dos mecanismos envolvidos na forma o continuada do professor que podem contribuir para a sua constitui o enquanto autor 22 sobretudo na supera o dos dilemas que muitas vezes assolam sua rela o com os alunos como aponta Perrenoud 2001 Por fim a narrativa e a interpreta o de uma atividade realizada com o grupo de professores da Escola SESI do Ipiranga no ano de 2008 apontaram a fun o exercida pelo di logo e pelo trabalho coletivo para o estabelecimento da autoria pelos professores O texto O autor Interdisciplinar ousa apontar a autoria como um dos princ pios inerentes Teoria da Interdisciplinaridade Para isso foi necess ria a observa o e reflex o acerca da composi o hermen utica presente nas narrativas as quais na interpreta o dos significados m ltiplos de um texto considerou seus detalhes particulares O conto intitulado Uma ideia toda azul de Marina Colasanti 2000 fala a respeito de um rei que teve uma ideia linda mas que ao inv s de usa la guardou a a sete chaves em seu pal c
105. posteriores Como propor estrat gias para o aprimoramento de suas habilidades relativas ao g nero po tico Atrav s da avalia o do aprendizado relativo ao conte do conceitual do g nero poesia haveria a possibilidade da listagem de v rias sequ ncias de atividades capazes de estimular o reconhecimento an lise e produ o de textos por parte dos alunos acerca deste g nero lingu stico Seria algo inovador por m para a sua adequada realiza o seria necess ria a an lise por parte da gest o e do corpo docente acerca dos n veis epistemol gico o sentido do conhecer ou seja do conte do conceitual em si praxiol gico o sentido do fazer ou seja da pr tica advinda das experi ncias cotidianas e do ontol gico o sentido do ser o qual respons vel por agregar as dimens es mais profundas e as ess ncias da pessoa humana LENOIR 2005 2006 O Ciclo II Final corresponde 42 s rie ou 5 ano de escolaridade e o Ciclo IV Final corresponde 82 s rie ou 9 ano de escolaridade 78 Os descritores da Avalia o Externa correspondem s habilidades avaliadas dos alunos ou seja habilidades e conte dos que deveriam ser aprendidos em determinado ano de escolaridade 207 Com o objetivo da realiza o de um trabalho mais adequado acerca deste descritor considerando estas tr s dimens es houve a necessidade da reflex o por parte de toda a equipe sobre as caracter sticas dos alunos com os quais iriam comparti
106. procurei em primeiro lugar despertar lhes a compreens o de Letramento como uma capacidade presente al m do ato da simples leitura de textos ele est presente na leitura atrav s de suas entrelinhas ou seja na descoberta do universo m gico da leitura e da escrita Com este despertar as alunas conseguiriam compreender a necessidade da atribui o de bons textos aos alunos e com isso proporcionar lhes situa es de leitura mais significativas Em segundo lugar procurei oferecer a oportunidade do resgate por parte das alunas da viv ncia de situa es agrad veis relacionadas a leitura Este relembrar as viv ncias contribuiria de forma significativa ao processo de utiliza o de suas mem rias pessoais em benef cio do seu pr prio processo de forma o profissional al m de das virtudes sobrenaturais se pode ter conhecimento intuitivo n o s das coisas exteriores mas tamb m dos estados internos do homem como as intelec es as voli es a alegria a tristeza e semelhantes de que o homem pode ter experi ncia em si mesmo mas que n o s o sens veis para n s p 408 255 possibilitar lhes a experi ncia de quem sabe realizar valores vivenciais Por isso durante a aula anterior solicitei que trouxessem sala de aula telas de pintura tinta e pinc is No dia combinado as alunas dispuseram todo o material em mesas maiores retiraram suas cadeiras e nos acomodamos todos em um grupo em formato
107. propor muito mais do que solu es simples Por isso recorreu interpreta o dos fundamentos te ricos convergentes com as suas hip teses com a realidade social dos alunos que se matriculavam no curso de Arte e com os elementos que constitu am a sua pr pria Hist ria de Vida enquanto professor e pesquisador Somente a partir de tais conhecimentos o autor p de perceber o sentido real de sua tese Da mesma forma Taino 2008 ao defender sua tese de doutorado afirmou que o processo investigativo deve ter como foco a pessoa do professor para a adequada compreens o do mundo subjetivo de suas representa es e de seus desejos presentes no mbito das atividades educativas Para a pesquisadora a aten o s falas dos educadores e aos seus sil ncios permite a percep o da escola como um local de troca de experi ncias de partilha de sentimentos de cren as e de sonhos ou seja um ambiente favor vel descoberta do sentido O encontro do sentido algo extremamente complexo j que exige um mergulho nas dimens es profundas da exist ncia humana Por m permanece como uma 236 possibilidade a ser escolhida Concordo com Frankl 1989a quando menciona que este caminho para os otimistas Espero profundamente que os leitores desta tese se considerarem inclusos nesta categoria de seres humanos O pessimista assemelha se a um homem que est diante de um calend rio de parede e v com medo e tristeza como o calend rio
108. que esta tem tica est longe de ser conclu da As discuss es inerentes aos processos de constitui o da autoria precisam ser expandidas na medida em que os questionamentos advindos da realidade adquirirem novas necessidades concretas No entanto aspectos apontados neste estudo n o podem ser desconsiderados Pelo contr rio foram escolhidos para que outros pesquisadores professores formados e em processo de forma o verifiquem a possibilidade de encontrar e apontar novos caminhos al m daqueles j existentes Tais considera es s o parciais porque dependem da pr pria constitui o inconclusa do ser humano Ao mesmo tempo em que a capacidade de criar de estabelecer rela es de duvidar de aprofundar e de interpretar fen menos foram decisivas para as constata es desta tese permitem que novos problemas sejam destacados e consequentemente incitem novos estudos novas pesquisas e novas constata es Esta sem d vida a principal relev ncia da tem tica abordada pesquisadores professores formados e em processo de forma o podem ser autores e ao se reconhecerem como tal assumem o risco de exporem ao outro seus conhecimentos suas pr ticas e seus modos de ser No entanto neste contexto que adv m o sentido dos processos de autoria a possibilidade de se fazer e de se refazer constantemente 280 movimentos pr prios daqueles que n o abrem m o da possibilidade di ria que a vida lhes oferece de narrar sua p
109. que tem em suas m os de propagar este gesto de amor e acolhimento atrav s da profiss o que escolheu ser professora As colegas de turma j sabiam deste fato por m foram surpreendidas pelo cuidado na elabora o de seu texto no qual relatou tanto as situa es pr ticas quanto as subjetivas que marcaram sua inf ncia 246 Ao mesmo tempo em que atentou se aos detalhes importantes de sua hist ria a aluna se deteve a todas as caracter sticas exigidas pelo g nero textual O resultado pode ser observado a seguir Doce amor da minha vida Massa 1 x cara de papai bom e dedicado 1e x cara de mam e amorosa 1 x cara de vovozinha alegre e com bons exemplos 4 colheres de caf de crian as lindas 1 de menina pequenina e 3 de meninos bem sapecas 4 x caras de crian as do cora o Modo de preparo Coloque todos os ingredientes dentro de uma casa bem grande com um quintal gramado com uma mangueira com balan o para boas travessuras varandas com janelas amplas que permitem que o sol entre com sua luz a brilhar e a tudo iluminar Neste momento j pode sentir o aroma de bolo de fub da tarde servido quentinho e com caf Bata tudo na batedeira da minha vida na velocidade baixa em alguns momentos e em outros na velocidade m xima para que cada ingrediente a seu tempo ganhe condi es de desenvolver os seus melhores sabores e aromas Asse no forno do cora o no tempo que n o para e que at hoje assa esta massa
110. retrata a imagem de um labirinto de colora o acinzentada o qual segundo ela representativo de como ainda lhe parece a sua vida repleta de obst culos a serem superados J a pintura presente no lado direito retrata a imagem de um caminho que reflete o brilho do ouro e representa sua aprendizagem mais bonita sua filha raz o maior de sua vida Desde o seu nascimento a autora procura oferecer lhe condi es para que tenha as melhores experi ncias de vida para que assim consiga contribuir a cada dia para a cria o de um caminho mais bonito Figura 18 O labirinto acinzentado e o caminho de ouro Fonte arquivo pessoal Gauthier 2004 ainda afirma no entanto que os grupos n o se comunicam apenas atrav s de suas falas As pessoas que os comp em comunicam se tamb m por meio de suas express es corporais as quais nem sempre v m acompanhadas por palavras Para este autor o corpo lugar onde os valores podem ser invertidos expressa intencionalmente ao mesmo tempo seus gritos e sussurros o que pode ser dito e o que deve ser calado Com isso as pr ticas ganham sentido combinando entre si elementos dessas transforma es Por este motivo Gauthier 2004 leva em considera o outro componente presente nos grupos o componente maqu nico constitu do quando dois agenciamentos o de enuncia o e o dos corpos emo es e paix es interferem entre si caracterizando a denomina o duplagem As express es modific
111. se concebe disciplina como castigo poss vel sua correla o a a es que n o apresentam contrariedades Ela pressup e a aplica o de regras norteadoras e neste sentido ordem e delimita o Al m disso inclui mecanismos de observa o e manuten o de certos par metros reguladores Isto se constata por exemplo pela observa o das pr ticas de controle comportamental utilizadas em nome da disciplina escolar A palavra disciplina no entanto tamb m pode assumir o sentido de motiva o pois envolve tamb m a dimens o de autodisciplina Neste caso ela n o envolveria apenas elementos de auto regula o como coer o e ordem mas um elemento relativo ao desenvolvimento do ser humano Garcia 2000 p 54 ainda afirma que o termo disciplina assumiu ao longo da hist ria a denomina o para um grupo de saberes transmitido a um disc pulo o que mais tarde a faria ser reconhecida como campo de conhecimento De modo ainda mais amplo esse termo vai indicar processos e modos de conhecimento Em complemento o modo como tais processos ser o desencadeados ou seja o ensino ser tamb m considerado disciplina Por fim o autor verifica a conota o do termo disciplina como disciplina escolar e enfatiza que os conte dos das disciplinas escolares s o diferentes dos conte dos observados nas disciplinas cient ficas tanto nas suas l gicas de estrutura o interna quanto nas suas finalidades Salvador 2006 e
112. seja um problema Trata se mais do car ter de uma situa o que n o tem um significado nico ou que inclui alternativas de qualquer esp cie ABBAGNANO 2003 p 796 232 porventura o homem tenha de doentio antes e sem mais para falarmos com propriedade express o do ser humano express o precisamente do que h de mais humano no homem FRANKL 1989a p 56 Questionar se sobre o sentido n o representa uma caracter stica psicol gica doentia mas uma express o da dimens o espiritual do homem Com isso torna se poss vel e natural o questionamento sobre o sentido do processo de autoria presente no cont nuo estado de forma o profissional e pessoal do professor formado do professor em processo de forma o e do pesquisador Cortella 2003 afirma que identificar o ser humano diferenciando o dos animais das plantas e dos objetos tem como significado a procura por uma defini o daquilo que o circunscreve que delimita o seu lugar Os questionamentos sobre n s mesmos a raz o de sermos e de nossa origem e destino isto o sentido de nossa exist ncia de fato um tema presente em toda a Hist ria p 24 Este dos mais antigos temas que a humanidade se vem colocando no decorrer dos s culos Por mais abstratas que pare am perguntas como Por que estamos aqui neste mundo Quem ou o que o faze Por que n s De onde viemos e para onde vamos Por que existe alguma coisa e n o nada t m sido cruciais
113. ser humano para a a o e para a escuta de sua consci ncia o que o torna respons vel por suas a es Esp rito Santo 2007 atribui o mesmo significado que Frankl 1989a dimens o espiritual sobretudo quando afirma que A espiritualidade uma dimens o do ser humano que existe independentemente de suas cren as religiosas Mesmo os que n o creem tamb m s o portadores de tal dimens o A dimens o espiritual do ser humano aquela capaz de inspirar a beleza a alegria e o amor ESP RITO SANTO 2007 p 67 68 Goswami 2010 afirma que muitos dos problemas vivenciados pela sociedade atual decorrem da tentativa de considerar a dimens o espiritual como dissociada da mat ria 88 para Abbagnano 2003 p 354 355 foi Descartes quem introduziu e imp s esse significado Portanto a rigor n o sou mais que uma coisa que pensa um esp rito um intelecto ou uma raz o termos cujo significado antes me era desconhecido A subst ncia na qual reside imediatamente o pensamento aqui chamado de esp rito Embora esse nome seja equ voco porque s vezes atribu do tamb m ao vento e aos liquores sutil ssimos n o reconhe o nenhum outro mais apropriado Embora nessa express o de Descartes a no o de subst ncia sirva de intermedi ria entre o significado novo e antigo subst ncia incorp rea do termo seu uso em descartes acaba por torna la equivalente a consci ncia Subst ncia pensante consci nc
114. stica de um como a entrevista religiosa da outra ficam fora do campo psiqui trico Mas dentro do campo psiqui trico tudo permanece equ voco enquanto n o transparecer esse algo que possa estar por tr s ou acima do plano mencionado e isto semelhan a do que acontecia com a sombra que era equ voca enquanto eu n o podia assegurar se se tratava do cilindro do cubo ou da esfera Toda patologia precisa da diagnose de um dia gnose de um olhar atrav s de o olhar para o logos que est por tr s do pathos para o sentido que a afec o tem grifos do autor Quando o professor observa analisa e interpreta as situa es educativas que vivencia bem como os alunos que possui e os professores que s o seus parceiros ocorre a necessidade do exerc cio de seu olhar para que possa enxergar o que de mais humano h no homem sua terceira dimens o a espiritual Esta pr tica permitir a este profissional a elabora o de um diagn stico mais preciso da realidade de forma a exercer seu of cio com maior consci ncia Este processo exige um caminhar em dire o ao autoconhecimento passando pelo reconhecimento de si at alcan ar o reconhecimento do outro RICOEUR 2006 pode se dizer que segundo Hegel a alteridade acompanha todo o desenvolvimento dial tico da Ideia porque inerente ao movimento negativo intr nseco a esse movimento De fato t o logo estejam fora do ser indeterminado que tem como nega o o nada puro as determi
115. sua individualidade reuniram se e converoiram para a es assustadoras as quais negavam a humanidade de outros Mas n o Nossas aulas precisam caracterizar se de fato por a es ertadoras ou seja em nossa individualidade devemos nos reunir para gerar o bem comum Neste momento estabelecemos a concord ncia com as ideias de Paul Ricoeur 2006 sobretudo quando nos deparamos com a express o por ele denominada valor do reconhecimento Entende se por valor do reconhecimento o ato de reconhecer a st pr prio sua produ o seu esfor o e sua contribui o ao mesmo tempo em que reconhece a contribui o do outro sempre para um determinado fim Para a adequada compreens o destas afirma es Ivani iniciou a aula e incitou nos a praticar as mesmas reflex es que fizera quando da prepara o acerca daquilo que deveria falar em uma conven o educacional no Shopping Frei Caneca em 26 de agosto daquele ano cujo tema seria O papel da Interdiseiplinaridade em Projetos de Educa o Para isso utilizou como exemplo a sua participa o em uma reuni o de grupo denominado multidisciplinar composto por profissionais da rea da sa de a qual foi realizada na segunda feira daquela semana Como este encontro havia ocorrido h apenas dois dias a professora ainda levava consigo muito do que fora vivenciado al Atrav s da utiliza o destes dois aparatos o planejamento de sua fala sobre o papel da Interdiseiplinaridade em proje
116. vel perceber a utiliza o da met fora do rio somente ao final da narrativa No entanto ao formul lo atentou se descri o de um aspecto de grande impacto emocional ocorrido em sua inf ncia o falecimento de seu pai A experi ncia do contato com a morte de um ente querido t o pr ximo e quando ainda muito pequena a fez questionar sobre qual o sentido que teria sua vida a partir daquele momento Por v rias vezes a aluna mencionou acreditar que n o veria mais o brilho ou o sentido nas pequenas coisas No entanto como era imposs vel mudar tal situa o ou seja nenhuma atitude sua poderia trazer seu pai de volta a aluna j ent o resignada redesenhou sua atitude em fun o da aus ncia do pai transformando a em boas lembran as e em aprendizado Este processo foi t o significativo que ainda hoje ela conserva em sua mem ria pequenos detalhes do ocorrido A emo o presente em seu discurso bem como seus questionamentos interiores sobre a descoberta do sentido podem ser observados a seguir Quando chegamos idade adulta lembramos com ternura dos momentos inesquec veis da nossa inf ncia Lembro me com saudade da vida de crian a na cidadezinha de Areias que estar guardada para sempre em meu cora o Os morros verdes o cantar dos p ssaros o cheiro do p o assando na padaria acordar cedo tomar caf e j sair para brincar na rua onde eu deslumbrava os ip s em flor que rodeavam os parquinhos onde br
117. velhice perguntei quais deles tinham av s quais deles moravam com os av s e o que isso representava na vida de cada um A participa o foi un nime j que e isso percebi mais tarde mesmo os que permaneceram calados foram capazes de sentir e isso era o que de fato importava Embora o assunto n o estivesse esgotado pedi ent o que produzissem seus textos em forma de poesia cuja estrutura j havia sido trabalhada em aulas anteriores Foi ent o que veio a surpresa por parte deles sugeri o tema Ser jovem As poesias flu ram com tanta naturalidade e sensibilidade que me levaram a refletir que esse o estado natural do homem ou seja de aprendizado permanente e sereno preciso toc lo nas fibras mais ntimas da alma e tudo o mais acontecer naturalmente Senti que o cora o de todos enquanto escreviam pulsava mais forte Meu objetivo fora atingido Afinal isso era poesia Professora Margarida poss vel perceber que os objetivos did ticos propostos pela professora n o est o isolados em suas ra zes epistemol gicas Ao contr rio convivem e se inter relacionam com objetivos de ordem pr tica e principalmente de ordem ontol gica existencial Atrav s da an lise de trechos de algumas obras de Chico Buarque de Holanda Vin cius de Moraes e Lu s Vaz de Cam es os alunos puderam refletir sobre quest es inerentes a suas pr prias vidas pois a poesia possibilita vivenciar as dimens es subjetivas de su
118. 002 p 01 30 Sempre cito essa narrativa de Ruth Rocha 2002 em reuni es com grupos de professores ou durante as aulas no curso de Pedagogia pois acredito que o professor pode ser considerado o profissional da palavra palavra que fala que cala e que gesticula A responsabilidade deste profissional diante de seus alunos seja em qual n vel ou modalidade de ensino for extrema j que seu of cio o coloca em situa o de destaque de refer ncia e por que n o dizer de modelo Fazenda 2003 afirma que educar na Interdisciplinaridade exige do professor um compromisso existencial com a partilha Partilha de saberes de viv ncias de gestos de olhares enfim da pr pria vida Sem ela as a es educativas n o fazem sentido A narrativa As coisas que a gente fala permite a interpreta o dos fen menos educativos observados a partir do questionamento o professor pode ser autor Por m antes de interpreta los a pesquisa exigiu a efetiva o de um momento anterior a observa o atenta desses fen menos ou seja a realiza o da epoch Foi preciso compreender o conceito de autoria de autoridade e de legitimidade por meio do estudo dos dicion rios de L ngua Portuguesa e de Filosofia e de autores que discorrem sobre esses temas Observou se de forma detalhada a pr tica pedag gica de uma professora de Inform tica Educacional da Escola SESI do Ipiranga que foi selecionada porque a educadora precisou trans
119. 008 VARELLA A M S R Interdisciplinaridade comunica o educa o leituras narrativas e met foras 2006 142 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2006 WEISZ T O di logo entre o ensino e a aprendizagem S o Paulo tica 2004 YAMAMOTO M P Revendo o conceito de compet ncia docente uma an lise da quest o em face de um incidente cr tico no ensino superior 2003 217 f Disserta o Mestrado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2003 YARED Y Pr tica educativa interdisciplinar limites e possibilidades na reverbera o de um sonho Tese de Doutorado 2009 257 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo S o Paulo PUC SP 2009 ZABALA A A Pr tica Educativa como ensinar Porto Alegre Artmed 1998
120. 198 Para isso ainda seria necess rio o cumprimento de mais uma etapa na tinha Metodol gica da Pesquisa Interdisciplinar a auto organiza o 6 Auto Organiza o De posse das reais necessidades do grupo pesquisado possivel organizar os dados e construir a trajet ria da pesquisa de forma clara e consciente Esta clareza e consci ncia deve ser atribu da n o somente ao grupo de pesquisadores ou ao pr prio pesquisador mas tamb m e principalmente ao grupo ser pesquisado As d vidas das gestantes as quais seriam devidamente orientadas pelos profissionais da sa de tanto aquelas relacionadas s quest es que elas mesmas j conseguiam externalizar quanto aquelas que a nda n o estavam t o claras assim deveriam partir delas pr prias Isto s seria poss vel na medida em que as reuni es coletivas fossem acontecendo a d vida exposta por uma gestante pode ser a d vida impl cita de outra e assim sucessivamente Desta maneira o grupo conseguiria um sucesso malor que o esperado pois esta din mica acabaria por favorecer n o somente a adequada resposta s d vidas das gestantes mas tamb m contribuir a para a sua educa o De acordo com Ivani existem ainda duas outras caracter sticas fundamentais para a adequada realiza o de trabalhos deste tipo a constitui o de um grupo de pesquisa e a exist ncia de um projeto O grupo de pesquisa Para que os resultados desejados sejam alcan ados h a necessidade da
121. 1999 p 116 117 ao resgatar as origens do voc bulo autoridade e com isso definir duas formas de compreend lo do ponto de vista da psicologia e da sociologia AUTORIDADE D Autoritat E Authority F Autorit I Autoritat A PSICOLOGIA Superioridade ou ascendente pessoais em virtude dos quais uma pessoa se faz crer obedecer respeitar se imp e ao ju zo a vontade ao sentido de outrem B SOCIOLOGIA Direito ou pelo menos poder estabelecido de decidir ou comandar grifos do autor 78 Podemos admitir duas abordagens distintas acerca do conceito de autoridade a psicol gica e a social Dentro do prisma da primeira o professor se faz crer por sua condi o de ensinante de refer ncia aos alunos durante sua a o docente Por esse motivo se faz obedecer respeitar e consequentemente se imp e ao ju zo de seus alunos Da mesma forma dentro do prisma da segunda abordagem o professor possui o direito e o poder da decis o sobre o transcorrer de sua aula ainda que determinado por ordens superiores divergentes daquelas as que se prop s a trabalhar Embora tenha sua a o docente determinada pela proposta da institui o escola o professor possui em suas m os o poder da decis o entre um ou outro coment rio por uma ou outra afirma o medida que o di logo com os alunos acontece Considero natural que para a adequada organiza o do ensino haja a necessidade do estabelecimento de metas e de linhas metodol
122. 5 272 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2005 FRANKL V E Psicoterapia e sentido da vida fundamentos da logoterapia e an lise existencial 3 ed S o Paulo Quadrante 1989 Um sentido para a vida psicoterapia e humanismo Aparecida SP Santu rio 1989 FREIRE M Avalia o e planejamento a pr tica educativa em quest o S o Paulo Espa o Pedag gico 1997 Educador educa a dor S o Paulo Paz e Terra 2008 284 FREIRE P Pedagogia da autonomia saberes necess rios pr tica docente 6 ed S o Paulo Paze Terra 1997 FULGHUM R Tudo o que eu deveria saber aprendi no jardim de inf ncia S o Paulo Paulinas 2000 FULLAN M HEARGREAVES A A escola como organiza o aprendente buscando uma educa o de qualidade 2 ed Porto Alegre Artes M dicas 2000 FURLANETTO E C Como nasce um professor S o Paulo Paulus 2004 GAETA C Olhar In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 222 224 GARCIA J Interdisciplinaridade tempo e curr culo 2000 119 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2000 GASPARIAN M C C A interdisciplinaridade como metodologia para uma educa o para a paz 2008 151 f Tese
123. 7 182 O princ pio da humildade permite que a esperan a jamais se apague da vis o do professor e do pesquisador pois ela apresenta em si mesma uma caracter stica otimista Matos 2001 tamb m elaborou uma met fora visual representativa do sentido a ela atribu do pela Teoria da interdisciplinaridade Para ele este conceito deveria ser expresso na forma de dois tri ngulos um apontado para cima e outro para baixo demonstrando com isso a atitude manifesta no conhecimento e em cada situa o enfrentada pelo indiv duo frente ao outro frente ao grupo e frente ao pr prio conhecimento conforme pode ser observado na Figura 44 Figura 44 Humildade Fonte Fazenda 2001 p 59 A espera por sua vez constitui o terceiro princ pio da Teoria da Interdisciplinaridade Fazenda 1994 acredita ser imprescind vel a espera pelo tempo de matura o do conhecimento tanto por parte do professor quanto por parte do aluno Para Ferreira 1988 p 269 o termo esperar a o de quem espera apresenta o seguinte significado Esperar V t d 1 Ter esperan a em contar com 2 Estar ou ficar espera de aguardar 3 Supor conjeturar presumir imaginar 4 Ter esperan a em contar com a realiza o de coisa desejada ou prometida 5 Estar reservado ou destinado 6 Aguardar em emboscada T d i 7 Contar obter Costuma esperar tudo de seus amigos T i 8 Ter f confiar esperar em Deus 9 Ter esperan a contar com a r
124. A E C Org Hist ria de vida e forma o de professores Rio de Janeiro Quartet 2008 cap 3 CUNHA R C O B PRADO G V T SOLIGO R Memorial de forma o uma narrativa pedag gica de profissionais da educa o In BARBOSA T M N PASSEGGI M C Org Mem rias memoriais pesquisa e forma o docente Natal RN EDUFRN S o Paulo Paulus 2008 p 135 152 DEHEZELIN M A fome com a vontade de comer Rio de Janeiro Paz e Terra 1994 DE LA TORRE S Transdisciplinaridad y Ecoformaci n uma nueva mirada sobre la educaci n Madrid Universitad S A 2007 DEMO P Educar pela pesquisa 7 ed Campinas SP Autores Associados 2005 DENZIN N K LINCOLN Y S O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 ENCICLOP DIA LUSO BRASILEIRA DE FILOSOFIA L Verbo S o Paulo 1989 ESP RITO SANTO R C Autoconhecimento In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 204 205 Autoconhecimento na forma o do educador S o Paulo gora 2007 O renascimento do sagrado na educa o Campinas SP Papirus 1998 ESP SITO V H C Hermen utica In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 238 241 FAZENDA C A Org A virtude da for a nas pr ticas interdisciplinares Campinas SP Papirus 1996 283 As pesquisas em edu
125. BAGNANO 2003 FERREIRA 1988 FRANKL 1989a correlacionam o termo viv ncia s experi ncias atribu das ao ser humano ou seja experi ncias que fazem parte de sua trajet ria de vida e que por isso contribuem para a sua constitui o enquanto pessoa e profissional Por este motivo torna se fundamental a investiga o do significado da palavra experi ncia Experi ncia para Ferreira 1988 p 284 significa dentre outros termos 1 Ato ou efeito de experimentar se experimento 2 Pr tica de vida 5 Filos Conhecimento que nos transmitido pelos sentidos grifos do autor Para a filosofia o termo experi ncia possui dois significados fundamentais 1 a participa o pessoal em situa es repet veis 2 recurso possibilidade de repetir certas situa es como meio de verificar as solu es que elas permitem ABBAGNANO 20083 p 406 Experi ncia no caso espec fico da fundamenta o dos valores vivenciais possui o significado da primeira acep o proposta por Abbagnano 2003 pois evidencia a participa o pessoal do sujeito em determinadas situa es apresentadas pela vidat reflexivo consegue apreender tem uma ess ncia pr pria a ser captada intuitivamente em conte do que pode ser considerado em sua caracter stica intr nseca ABBAGNANO 2003 p 1006 101 para Abbagnano 2003 p 406 no primeiro desses dois significados a experi ncia tem sempre car ter pessoal e n o
126. De uma ou outra forma individualmente ou nos grupos sociais essas d vidas s o objetos de reflex es temores confrontos desesperos etc CORTELLA 2003 p 24 grifos do autor Por meio do questionamento sobre o sentido de sua exist ncia o homem pode chegar a conclus es muito interessantes como a mencionada por Cortella 2003 p 26 27 no trecho abaixo De forma caricatural mas n o falsa assim se poderia responder quest o Quem sou eu sou apenas um indiv duo entre outros 5 5 bilh es pertencente a uma nica esp cie entre outras 30 milh es diferentes vivendo em um planetinha que gira em torno de uma estrelinha entre outras 100 bilh es que comp em uma mera gal xia em meio a outras 100 bilh es presentes em um dos universos existentes grifos do autor Esta conclus o apresentada pelo autor permite a elabora o da seguinte pergunta Qual o sentido ent o de existirmos se um dia tudo pode acabar O mesmo autor apresenta uma possibilidade de resposta a esta quest o Que n o h um sentido pronto nem um sentido nico que nos tenha sido entregue de antem o Somos antes de mais nada construtores de sentido porque 2 N o natural afirmar que o sentido da autoria seja uma quest o bvia Natural a condi o de buscar o sentido pois se configura como uma caracter stica inerente dimens o espiritual do homem Esta dimens o faz parte da natureza humana ou seja lhe condi o natur
127. NCE ASA APRENDER UM POUCO PENSAR UM POUCO DESENHAR UM POUCO PINTAR UM POUCO CANTAR UM Poco DAN AR UM POUS Figura 22 Tudo o que eu precisava saber na vida Fonte arquivo pessoal elabora o te rica arduamente constru da T o importante quanto o produto de uma a o exercida o processo Para tanto torna se indispens vel cuidar se dos registros das a es a serem pesquisadas 113 Atrav s da interpreta o da pr tica acima descrita verificamos que a autoria pode ser estimulada desde a forma o inicial do professor O docente respons vel por sua forma o necessita adquirir um olhar cuidadoso acerca do discurso individual do aluno bem como de suas representa es coletivas as quais caracterizam a rela o com seus pares e a express o de seus grupos de trabalho como pudemos comprovar No entanto acredito que a descri o desta pr tica ainda insuficiente para a adequada an lise acerca da constru o da autoria durante a forma o inicial do professor Por compreender que tal processo teve seu disparador apenas nos cursos de gradua o neste caso espec fico no curso de Pedagogia decidi pela extens o do questionamento sobre os mecanismos que envolvem a forma o continuada dos professores Essa premissa ainda consideravelmente complexa Se a analis ssemos a partir de um olhar mais ing nuo poder amos supor que somente ao professor j graduado caberia a participa o nos enc
128. OVIMENTO DO RECONHECIMENTO E DA TOTALIDADE NA FORMA O INTERDISCIPLINAR TAINO 2008 p 13 grifos da autora A hermen utica possibilitou a reflex o da pesquisadora sobre os textos constru dos individual e coletivamente ao longo de sua trajet ria docente A tese a qual possibilitou a inclus o de mais uma categoria conceitual Teoria da Interdisciplinaridade o reconhecimento inaugurou uma nova possibilidade metodol gica s produ es acad micas A pesquisadora atrav s do resgate de textos pertencentes a outros autores de suas anota es de aula e das atas dos grupos de pesquisa dos quais participava n o se limitou apenas ao registro das colchas de retalhos criticadas por Fazenda 2002 Na verdade ela atribuiu lhes novo significado o mesmo dado pela av citada em Silva 1995 cada retalho da colcha est carregado de sentido tem uma hist ria O objetivo da tese de Taino 2008 se constituiu em rememorar cada trajet ria cada sorriso cada l grima e cada ang stia presentes em sua trajet ria como professora e em seus encontros com diversos parceiros de doc ncia com a finalidade da confec o de um produto final bem tecido bem costurado e esteticamente harm nico Com o desenrolar 16 O livro infanto juvenil A Colcha de Retalhos SILVA 1995 conta a hist ria de uma av que explica para seu neto as hist rias que est o impregnadas em cada retalho de uma colcha que estava em sua cama O neto descobre
129. Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo PUC SP Mariana Aranha Moreira Jos De ator a autor do processo educativo uma investiga o interdisciplinar Doutorado em Educa o Curr culo S o Paulo 2011 Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo PUC SP Mariana Aranha Moreira Jos De ator a autor do processo educativo uma investiga o interdisciplinar Tese apresentada Banca Examinadora como exig ncia parcial para a obten o do t tulo de Doutora em Educa o Curr culo pela Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo sob orienta o da Professora Doutora Ivani Catarina Arantes Fazenda Doutorado em Educa o Curr culo S o Paulo 2011 BANCA EXAMINADORA Anna L via que em breve vai nascer Espero que ela encontre pessoas maravilhosas como as que tenho encontrado ao longo de minha jornada Aos meus pais pois e eles devo a minha exist ncia Ao Guilherme pelo amor pelo carinho pelo respeito e pela presen a constante em todos os momentos Amor sem voc as conquistas n o teriam o mesmo sentido AGRADECIMENTOS A Deus Autor da Vida Sua presen a tem se mostrado em cada detalhe particular de minha Hist ria Agrade o Lhe por inspirar me realiza o desta pesquisa e por permitir a ela a obten o dos contornos apresentados Agrade o Lhe por permitir me tamb m durante a escrita desta tese a participa o em Seu processo criador obrigada po
130. Sentido ideal supostamente capaz de perceber o que as outros escapa intui o FERREIRA 1988 p 594 grifos do autor Acredito ser importante mencionar ainda os significados atribu dos ao termo senso pelo mesmo autor 3 Faculdade de sentir ou apreciar sentido p 594 ao termo acep o 1 Sentido em que se emprega um termo significa o significado sentido p 09 e ao termo consci ncia 1 Filos Atributo altamente desenvolvido na esp cie humana e que se define por uma oposi o b sica o atributo pelo qual o homem toma em rela o ao mundo e depois em rela o aos 225 pesquisa Para o autor p 594 sentido pode ser compreendido como cada uma das formas de receber sensa es e como intento prop sito e objetivo Tamb m pode ser entendido como a raz o de ser e como orienta o dire o e rumo Da mesma forma pode ter seu significado atrelado palavra consci ncia j que esta compreendida como um atributo pelo qual o homem se relaciona com o mundo em seu estado interior e subjetivo Para Ferreira 1988 a consci ncia permite ao sujeito estabelecer um distanciamento do mundo atrav s do qual pode criar n veis mais altos de integra o com este Nesse caso a consci ncia seria o meio pelo qual o homem pode se questionar acerca do sentido das sensa es que recebe e das a es que pratica J Abbagnano 2003 p 185 afirma que o termo consci ncia significa
131. Somente assim ser poss vel ao aluno internalizar a sua necessidade de continuar aprendendo em graus de complexidade cada vez maiores No entanto para Hern ndez 1998 existe ainda um terceiro eixo que pode contribuir para o estabelecimento de uma educa o para a compreens o o conte do aprendido o qual deve ter rela o com a vida dos alunos e dos professores o que n o significa dizer que se deva ensinar o que os alunos gostariam de aprender As pr ticas pedag gicas devem permitir ao aluno o estabelecimento de estrat gias de conhecimento as quais v o al m do saber escolarizado Para o autor uma tarefa 204 fundamental da escola e consequentemente do professor a iniciativa de propor ao aluno quest es como as descritas abaixo Como se produziu esse fen meno Qual a origem dessa pr tica Sempre foi assim Como o percebiam as pessoas de outras pocas e lugares Consideravam nos tal como n s Como se explicam essas mudan as Por que se considera uma determinada vis o como natural A partir dessa perspectiva se tenta enfrentar o duplo desafio de ensinar os alunos a compreender as interpreta es sobre os fen menos da realidade a tratar de compreender os lugares desde os quais se constroem a assim compreender a si mesmos HERN NDEZ 1998 p 28 Pensar sob essa perspectiva implica necessariamente na realiza o de pr ticas transgressoras as quais negam a realiza o de ativid
132. a Acredito que as pr ticas interdisciplinares presentes nos cursos de Forma o de Professores necessitam sempre do resgate da identidade e da mem ria de seus alunos Este o primeiro passo para o estabelecimento de um processo formativo de forma coerente e assertiva Atrav s desta pr tica o professor permanecer consciente da sua condi o de eterno aprendiz aprendiz de suas experi ncias dos conte dos te ricos que l e de outros profissionais Sobre esta assertiva Freire P 1997 p 140 fez a seguinte afirma o todo ensino de conte dos demanda de quem se acha na posi o de aprendiz que a partir de certo momento v assumindo a autoria tamb m do conhecimento do objeto Neste sentido pode se afirmar que a Teoria da Interdisciplinaridade interpretada no mbito das pr ticas desenvolvidas durante o processo formativo docente pode contribuir para o estabelecimento da autoria tanto relativa aos formadores quanto aos professores em forma o Tal concep o te rica oferece subs dios epistemol gicos para o desencadeamento do processo de autoria na forma o de pesquisadores e professores vez que permite sua conceitua o e sua interpreta o a partir de princ pios lingu sticos e culturais De igual modo n o dissocia a abordagem conceitual da ontol gica na medida em que exige dos sujeitos que pesquisam e que lecionam a considera o de suas Hist rias de Vida pessoais e profissionais Os relatos advin
133. a o mas tamb m ao sabor da navega o di ria de um professor de uma situa o de trabalho outra 173 vividas Para ela este profissional anal tico por excel ncia privilegia atividades que desenvolvam o pensamento reflexivo o que faz com que muitos o vejam como fil sofo um ser de esperas consolidadas que planta planta planta e deixa a colheita para outrem Ele ajuda a organizar ideias classifica las defini las FAZENDA 2001 p 25 H ainda um outro tipo de compet ncia t o necess ria quanto as duas primeiras a compet ncia pr tica Esse tipo de compet ncia permite ao professor a adequada organiza o no tempo e no espa o a fim de que possa cumprir com efici ncia aquilo que foi planejado Diferentemente da compet ncia intuitiva que oferece muitos subs dios para a cria o a compet ncia pr tica permite a quem a possui a capacidade de selecionar boas pr ticas copiar o que foi exitoso e descartar o restante Sua capacidade de organiza o pr tica torna o um professor querido por seus alunos que nele sentem a presen a de um porto seguro FAZENDA 2001 p 26 Por fim a compet ncia emocional se configura como o quarto e ltimo tipo de compet ncia extremamente necess ria forma o do educador para a pr tica da Interdisciplinaridade e do processo de autoria Isso porque ela permite que o conhecimento seja sempre trabalhado a partir do autoconhecimento Esta forma especial de trab
134. a o como homem capaz do si que se reconhece em suas capacidades Grifos do autor O autor afirma que o processo do reconhecimento de si passa primeiramente pela capacidade inerente ao homem do conhecimento de si pr prio e sobretudo pela capacidade de descobrir que devido a isso ele pode dizer pode afirmar coisas e pode fazer li isso em primeira pessoa utilizando se de instrumentos de linguagem que se limitam a mostrar singularidades transcendendo a especifica o gen rica os pronomes pessoais os adv rbios de tempo e de lugar as formas verbais as descri es definidas RICOEUR 2006 p 111 155 O autor ainda afirma que essa possibilidade de falar est ligada ao princ pio da alteridade pois quem fala fala para ser ouvido por outra pessoa Al m disso pode se dar algo em resposta a um pedido ou a uma solicita o do outro Por esse motivo esse primeiro princ pio est intimamente ligado ao princ pio de poder fazer j que considera que falar fazer coisas com as palavras No entanto de uma maneira mais espec fica Ricoeur 2006 afirma que o homem capaz quando se reconhece al m de poder dizer fazendo coisas com as palavras pode agir de forma concreta no ambiente f sico e social em que vive Nesse caso o homem pode se reconhecer como a causa de uma a o a qual torna se absolutamente percept vel quando declara fui eu que fiz Ele est diferenciando algo que ocorreu porque dever
135. a a mesma que Frankl 1989a definiu como dimens o espiritual Nesse sentido o autor apresenta tr s possibilidades para a realiza o de valores ou seja possibilidades de pratic los de forma consciente e intencional Iniciarei agora a sua an lise e interpreta o a fim de verificar se tamb m s o caracter sticas pr prias dos que caminham em dire o autoria 6 2 1 Valores criativos Frankl 1989a afirma que uma das possibilidades de encontro do sentido se d atrav s da realiza o dos valores criativos Ferreira 1988 p 187 afirma que o termo criativo um adjetivo que remete ao terceiro significado da palavra criador e significa tamb m criatividade O terceiro significado da palavra criador o considera como inventivo fecundo criativo Compreende se tamb m que estes dois adjetivos possuem sua origem no verbo criar que para Ferreira 1988 p 187 possui a seguinte acep o Criar V t d 1 Dar exist ncia a tirar do nada 2 Dar origem a gerar formar 3 Dar princ pio a produzir inventar imaginar suscitar 4 Estabelecer fundar instituir 5 Alimentar sustentar 6 Instruir educar 7 Promover a procria o de 8 Entregar se cultura de cultivar 9 Adquirir granjear 10 Adquirir cobrar 11 Vir a ter adquirir T d e Transobj 14 Tornar fazer 15 Encher se de pus uma ferida P 16 Nascer originar se 17 Formar se crescer desenvolver se educar se De modo geral
136. a afirma a exist ncia de uma terceira categoria de valores que permitem ao ser humano o encontro do sentido a qual foi denominada valores de atitude Para o autor a realiza o deste tipo de valor acorre quando n o h a possibilidade da cria o de algo no caso dos valores criativos nem do usufruto das viv ncias no caso dos valores vivenciais Por isso esta considerada uma categoria de valor que se apresenta em um n vel mais elevado da dimens o espiritual do homem pois exige dele uma atitude de 263 mudan a diante de uma realidade que n o pode ser alterada ou como diria Frankl 1989a p 83 diante de um destino imut vel N o s o raros os casos observados nas escolas nos quais professores e alunos se encontram diante de situa es dif ceis de serem transformadas A nica atitude poss vel neste momento seria a mudan a da forma de pensar sentir e agir sobre e a partir daquela situa o O conceito relativo ao destino imut vel no entanto possui varia es conforme a maneira como compreendido pois depende dos conhecimentos adquiridos pela pessoa que o interpreta ao longo de sua vida Por isso necess ria a compreens o do sentido relativo aos termos destino e imut vel a fim de que sua posterior an lise seja de fato bem compreendida Para Ferreira 1988 p 354 o termo imut vel apresenta se como um adjetivo cujo significado caracteriza se por algo ou algu m n o sujeito mudan
137. a as escolas tinham computadores apenas para uso administrativo Muitas delas apenas um computador instalado na secretaria Algumas 2 Esta pr tica docente foi registrada por mim enquanto fui Administradora Escolar da Escola SESI do Ipiranga no in cio do ano de 2008 Professora L rio j desenvolvia trabalhos interdisciplinares em sua pr pria disciplina e em parceira com outros professores Gentilmente corroborou com as teoriza es descritas nesta pesquisa 3o Servi o Social da Ind stria SESI foi criado em 25 de junho de 1946 pelo Decreto Lei n 9 403 GUMIERO 2002 p 105 anexo 2 Possui Departamentos Regionais em todos os estados da Federa o com autonomia pr pria em seus Sistemas de Ensino 2 Os Referenciais Curriculares da Rede Escolar SESI SP foram implementados no ano de 2003 em todos os Centros Educacionais do Estado de S o Paulo fruto de consultorias externas e discuss o entre professores e corpo t cnico da entidade 81 conseguiram adquirir computadores atrav s de recursos advindos da Associa o de Pais e Mestres mas sempre em quantidade reduzida e para uso restrito e quando muito para uso de alguns professores que se aventuravam a digitar suas atividades outrora reproduzidas em mime grafos Ao final do ano de dois mil e seis ap s decis o do Conselho Regional da Entidade foi decidido pela instala o em cinquenta e tr s escolas da rede SESI do Estado de S o Paulo de Laborat rios de Infor
138. a se fundam essa voz age sobre a pesquisa filos fica tanto de forma expl cita com o prest gio que confere s teses que apoia quanto de forma sub rept cia e disfar ada impedindo e limitando a indigna o e prescrevendo ignor ncia e tabus Ocorre neste caso tanto a abordagem religiosa quanto a secular para o emprego do termo autoridade Isso porque n o h a men o das implica es pol ticas e sociais inerentes ao termo correlacionadas s quest es ideol gicas e de poder Usaremos o termo autoridade somente do ponto de vista da autoridade intelectual aproximada do sentido de propriedade conceitual com o intuito da fundamenta o do conceito de autoria e para esta tese de autoria em educa o Houaiss 2001 p 352 auxilia tamb m na compreens o dessa l gica ao fazer a seguinte men o sobre o termo autoria derivado do conceito de autor objeto desta an lise A autoria pode ser considerada como 1 Qualidade ou condi o do autor 2 O que motiva a ocorr ncia de algo causa 3 Imputa o de um comportamento a uma pessoa Para o dicionarista a autoria al m de ser condi o do autor pode ser considerada como a motiva o de algo e a imputa o de um comportamento a algu m Ora nesse caso o professor em sala de aula possui autoridade sobre aquilo que ensina a seus alunos consequ ncia de um comportamento a ele atribu do quando do of cio de sua fun o Corrobora ainda com estas premissas Lalante
139. a subjetividade diferentemente dos corpos e afetos os quais expressam seus conte dos pr prios As enuncia es coletivas possuem pontos de territorializa o que atraem discursos variados os quais est o inseridos no mesmo campo sem ntico e conecta os como se constitu sse uma supercodifica o de forma a constituir um discurso hegem nico dominante Existem no entanto pontos de desterritorializa o S o palavras n o 0 A sociopo tica um conceito defendido por Gauthier 2004 constituinte da metodologia de pesquisa Para o autor pode ser compreendida como m todo no sentido de Morin ou seja caminho que se faz caminhando mais aberto para o imprevisto do que seria uma metodologia precisamente porque estamos atentos experi ncia radical que a poesia prop e p 133 98 capturadas pela ordem institu da no interior do grupo s o frutos de desejos e dificilmente s o percebidas Considerando esses dois modos de organiza o poss veis forma o de um grupo encaminhei as alunas a uma rea externa da Faculdade onde solicitei que colocassem suas cadeiras em formato de c rculo com o intuito da forma o de uma nica roda como demonstra a Figura 05 Em seguida pedi que fechassem os olhos e se concentrassem no texto que seria lido para elas O clima presente naquela noite auxiliou no adequado desenvolvimento da atividade uma t pica noite de ver o com uma suave brisa a refrescar os corpos das alunas j
140. a 29 05 1989 como a data em que fomos presenteados 29 A partir das hist rias vividas no S tio do Picapau Amarelo por Em lia a boneca de pano e por Narizinho e Pedrinho os netos de Dona Benta iniciei o meu interesse por outras obras o que ampliou meu vocabul rio e consequentemente despertou me o interesse pela doc ncia Ao t rmino do Ensino Fundamental optei por cursar o Magist rio o que ocorreu entre 1995 e 1998 na Escola Estadual Professor Jo o Cruz na cidade onde nasci Jacare interior de S o Paulo Durante este mesmo per odo fui Auxiliar de Classe de Educa o Infantil no Col gio Maria Imaculada no mesmo munic pio Muitas reflex es me acompanharam neste per odo sobretudo porque era o in cio dos meus estudos sobre as quest es educacionais Ao observar as pr ticas das professoras no Col gio em que trabalhava e confrontando as com as discuss es te ricas do Magist rio comecei a questionar sobre a possibilidade do planejamento de atividades mais pr ximas da realidade dos alunos e tamb m sobre quais os recursos a serem utilizados pelas professoras para esta mudan a de paradigma Com base neste questionamento decidi por realizar um Trabalho de Conclus o de Curso que analisasse tamb m o curr culo da Educa o Infantil Nesta poca os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educa o Infantil tinham acabado de ser publicados e uma de minhas atividades foi estudar todo o material Concomitantemente d
141. a Interdisciplinaridade e com o processo de constitui o da autoria por professores pesquisadores e professores em forma o 177 Fazenda 1999 p 158 afirma que essa atitude proposta pela Interdisciplinaridade uma atitude de abertura de respeito e de humildade A atitude que adotamos frente s quest es da interdisciplinaridade tem sido de respeito s pr ticas cotidianas dos professores s suas rotinas Por m esse respeito impele nos a faz los acreditar e conhecer novos saberes novas t cnicas novos procedimentos Nosso trabalho parte do pressuposto que as pr ticas dos professores n o se modificam a partir de imposi es mas exige um preparo especial no qual os mesmos sintam se participantes comprometidos Trabalhamos a partir da descoberta e valoriza o de quem s o os professores de como atuam indicando caminhos alternativos para seus fazeres A atitude interdisciplinar pressup e nesse sentido o cumprimento dos princ pios da coer ncia da humildade do respeito da espera do desapego e do olhar Conforme mencionado no segundo cap tulo a autoria conferida aos pesquisadores do GEPI tem contribu do com a cria o de outros princ pios relacionados Teoria da Interdisciplinaridade como a coragem GUIMAR ES 2010 e o reconhecimento TAINO 2008 Nesse momento no entanto me deterei na an lise destes seis primeiros no sentido de verificar se eles corroboram ou n o com o princ pio da autoria em educa o
142. a a partir da descoberta da met fora na pesquisa Como abordado acima Fazenda 2002 afirma que os pesquisadores possuem a miss o da descoberta de pedras valiosas em suas pesquisas pedras raras que surgem na medida do interesse espec fico do indiv duo que pesquisa p 18 A essas pedras os pesquisadores do GEPI deram o nome de met foras subsidiados pelas reflex es epistemol gicas de origem ontol gica de autores como Gauthier 2004 Morin 2008 e Pineau 1998 Ferreira 1988 p 430 define met fora como o tropo que consiste na transfer ncia de uma palavra para um mbito sem ntico que n o o do objeto que ela designa e que se fundamenta numa rela o de semelhan a subentendida entre o sentido pr prio e o figurado A partir de tal afirma o conclui se que met foras s o palavras originalmente distintas daquelas que porventura seriam utilizadas em determinado texto No entanto s o colocadas em seu lugar por expressarem proximidade e refer ncia palavra original em seu sentido figurado oferecendo ao leitor maior possibilidade de compreens o do conceito expressado pelo autor Para Abbagnano 2003 o termo met fora pode ser definido como transfer ncia de significado Sua origem est em Arist teles o qual afirma que a met fora consiste em dar a uma coisa um nome que pertence a outra coisa transfer ncia que pode realizar se do g nero para a esp cie da esp cie para o g nero de uma esp cie
143. a a partir das seguintes perguntas que tipo de aluno desejamos formar Que escola n s queremos Para qual sociedade Qual o melhor caminho a seguir Estas quest es pr prias das discuss es constantes e presentes na Proposta Pedag gica e no Plano Escolar no Curr culo de fato permearam a constru o das pr ticas aqui descritas Para tanto as separaremos em dois momentos distintos uma pr tica pedag gica fruto de um agendamento do professor regente de sala e uma pr tica pedag gica constru da somente na aula de Inform tica Educacional Como os professores n o tinham a obrigatoriedade do agendamento de um hor rio no Laborat rio de Inform tica houve um trabalho da professora L rio na tentativa de conquist los para este uso Durante algumas semanas ela se disponibilizou a acompanh los durante o hor rio do intervalo com a finalidade da descoberta de quais projetos estavam desenvolvendo quais iriam desenvolver e quais os desejos e possibilidades de trabalho no 34 Cada hora aula tem a dura o de cinquenta minutos e nem sempre s o sequenciais Dependendo da turma s o aulas seguidas dependendo n o 3 Fazenda 2003 afirma que a busca por novos parceiros move os que se dedicam a lecionar e a pesquisar na interdisciplinaridade Para Lalante 1989 tem autoridade aquele que se faz crer Percebemos que a professora L rio utilizou essas premissas para influir na decis o dos demais professores no mesmo sentido que a En
144. a caracter stica pr pria dos que caminham em dire o realiza o dos valores e consequentemente da descoberta do sentido Ao investigar no in cio deste cap tulo o sentido do processo de autoria pude constatar que o caminho do autor seja ele pesquisador professor formado ou professor em processo de forma o est repleto de sentido Isto porque conscientemente este possui uma inten o criativa ou seja se orienta rumo ao prop sito de sua pesquisa no caso do pesquisador de sua doc ncia no caso do professor ou de sua reflex o no caso do professor em forma o Da mesma forma o autor procura um estudo mais pormenorizado das quest es advindas da sua dimens o espiritual sobretudo da busca pelo autoconhecimento atrav s do qual poder vivenciar virtudes como a beleza a alegria e o amor Neste sentido poss vel verificar que por meio de seu trabalho seja ele de qual natureza for o autor realiza atrav s de suas experi ncias principalmente as subjetivas valores criativos valores vivenciais e quando n o for poss vel agir dentro destes par metros ainda poder transformar a si mesmo para a realiza o dos valores de atitude A partir de tais argumentos pode se constatar que o sentido do processo de autoria est presente na possibilidade da concretiza o de valores da descoberta do sentido de suas produ es e sobretudo na possibilidade da descoberta do sentido de sua exist ncia 276 7 CONSIDERA
145. a de escola Em um dos cursos que participei uma das formadoras afirmou que as equipes gestoras das escolas ou das redes escolares devem ser consideradas autoras pois determinam o que deve ser ensinado e aprendido na institui o A cada professor caberia a fun o de ser ator e de representar tais determina es a fim de que as aprendizagens acontecessem Tal experi ncia incomodou me por alguns anos transformando a em um problema investigat rio No entanto por ser ampla desencadeou outras e por fim tomou corpo no Mestrado SOUZA 2006 aprofundando me no questionamento Em que medida a teoria estudada permite o desenvolvimento de um olhar interdisciplinar sobre a pr tica cotidiana Atrav s desta tese de doutorado direciono a centralidade da problem tica para discorrer sobre a educa o na seguinte quest o Como a Teoria da Interdisciplinaridade permite que pesquisadores professores formados e em forma o se tornem autores Esta tese apresenta particularidades em sua configura o metodol gica A linguagem narrativa assume a figura metaf rica para encontrar o conceito da legitimidade da autoria sobre assuntos educacionais Ricoeur 1983 p 20 afirma que a met fora o transporte a uma coisa de um nome que designa outra transporte quer do g nero esp cie quer da esp cie ao g nero 13 quer da esp cie esp cie ou segundo a rela o de analogia a qual interpretou a partir da defini o fi
146. a de morrer na ignor ncia Que bem maior que a Educa o poderia existir ALVES 20083 p 70 Em seguida verificou que seria preciso eleger algu m respons vel pela organiza o dessa educa o e pela institui o de um instrumento que a regulamentasse Tal assertiva pode ser comprovada quando o felino convoca o urubu impecavelmente trajado em sua beca doutoral companheiro de prefer ncias e de churrascos para assumir a responsabilidade de organizar e redigir a cruzada do saber p 70 Posteriormente precisou solicitar que a equipe organizadora desta educa o definisse aquilo que deveria ser ensinado e aprendido por todos os animais que frequentassem aquela escola Para o rei Le o o primeiro problema era o que ensinar ou seja uma quest o de curr culo deviam se estabelecer as coisas sobre as quais os professores iriam falar e os alunos aprender Por fim delegou a responsabilidade equipe t cnica de encontrar o consenso para a elabora o dos princ pios fundamentais inerentes a essa educa o bem como de supervisionar a sua execu o A princ pio a tarefa n o gerou contradi es Pelo contr rio pois havia acordo entre os participantes do grupo de trabalho todos urubus 36 Atrav s da observa o desses principais quesitos poss vel concluir que o rei Le o tornou p blica uma s rie de decis es importantes sobre aquilo que deve ser aprendido como aprend lo e por que aprend lo em sua escola P
147. a de um aborto tub ria rota sofrido em 1998 Essa experi ncia me trouxe maturidade e vontade de explorar meus sonhos Comecei ent o a me preparar e a preparar o meu marido para o meu retorno aos estudos isso levou mais oito anos Em 2008 comecei o curso No primeiro dia de aula meu marido que estava me apoiando surtou com a dist ncia o hor rio etc Mas eu fui firme e disse Voc sabe que eu n o vou desistir agora Aluna 04 216 N o nada f cil fazer escolhas e acho que por isso muitos anos se passaram at que eu fosse arrebatada pelos livros pela leitura e pelo desejo de ser professora Vida vai e vida vem namoros v o e outro n o at que uma decis o tomei vou voltar a estudar At que Deus em sua infinita gra a alguns anjos colocou em meu caminho professores e mestres a me pastorear durante um ano inteiro trabalhando noite como bab de seus filhos Crian as que juntamente com os livros me trouxeram para este caminho que agora percorro n o em busca da felicidade mas desfrutando da alegria de se auto encontrar e auto realizar para a partir de ent o tentar me esmerar a fazer o mesmo por outras pessoas Aluna 05 Assim como os cinco relatos citados acima todos os outros continham aspectos sagrados acerca de suas trajet rias pessoais e profissionais Por este motivo encontrei me diante do seguinte dilema Como realizar uma devolutiva s aluna
148. a do conceito de autoria descobridor e escritor de obra art stica liter ria e cient fica FERREIRA 1988 p 163 verificaremos se ao haver a legitima o do pesquisador como criador ou reconstrutor de conceitos poder o mesmo ser considerado autor Compartilho do mesmo pensamento de Giroux 1997 quando afirma a necessidade por parte dos educadores da defini o de um olhar cr tico direcionado escola Ao elencarmos as possibilidades de legitimidade da autoria para o pesquisador em educa o verificaremos em todas as esferas observadas a import ncia do olhar sobre as quest es de ordem epistemol gica ou conceitual pr tica e ontol gica ou existencial Isto significa considerar as escolas como locais democr ticos dedicados a formas de fortalecer o self e o social Nestes termos as escolas s o lugares p blicos onde os estudantes aprendem o conhecimento e as habilidades necess rias para viver em uma democracia aut ntica GIROUX 1997 p 28 O autor discorre sobre a import ncia da considera o de dois atributos inerentes reflex o a respeito da escola o atributo do self neste caso entendido como a dimens o ontol gica do ser humano e o atributo do social entendido como sendo a dimens o praxiol gica ou seja a dimens o das rela es de aprendizagem e conviv ncia estabelecidas entre alunos e professores Fazenda 2003 2008 indica a necessidade tamb m da dimens o epistemol gica aquela capaz
149. a e os sujeitos pesquisados com todas as possibilidades de olhares poss veis a fim de se garantir a percep o do todo que o envolve A pesquisa de Mestrado pretendeu considerar a disciplina exigtda pelo olhar interdisciplinar Fazenda 1994 2003 com 0 intuito da recupera o da magia inerente s pr ticas e ess ncia de seus movimentos O desejo ltimo era o vislumbre de um olhar que pudesse propor caminhos n o com fins em si mesmos mas caminhos que como a pr pria ess ncia humana permitissem supera es 5 2 INTERPRETA O EPISTEMOL GICA DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE Embora fundamental somente a an lise ontol gica da Interdisciplinaridade n o seria suficiente para comprovar que a autoria lhe seria um princ pio inerente S o 164 necess rias duas outras investiga es a epistemol gica e a de ordem pr tica Nesse momento farei uma an lise epistemol gica deste conceito A partir da observa o reflex o e interpreta o dos escritos sobre Interdisciplinaridade no Brasil tanto nas obras de Fazenda 2001 2003 2008 como nas produ es acad micas sobre o tema expl citas nas disserta es de mestrado e nas teses de doutoramento dos alunos dos cursos de P s Gradua o e membros do GEPI realizarei um breve hist rico do conceito de seus significados e de sua evolu o at os dias hodiernos A tese de doutoramento desenvolvida no GEPI por Cascino 2004 inicia a interpreta o do conceito
150. a ideia para perceber o perigo Sozinha no seu sono solta e t o bonita a ideia poderia ter chamado a aten o de algu m Bastaria esse algu m peg la e levar t o f cil roubar uma ideia Quem jamais saberia que j tinha dono Com a ideia escondida debaixo do manto o Rei voltou para o castelo Esperou a noite Quando todos os olhos se fecharam saiu dos seus aposentos atravessou sal es desceu escadas subiu degraus at chegar ao Corredor das Salas do Tempo Portas fechadas e o sil ncio Que sala escolher Diante de cada porta o Rei parava pensava e seguia adiante At chegar Sala do Sono Abriu Na sala acolchoada os p s do Rei afundavam at o tornozelo o olhar se embara ava em gazes cortinas e v us pendurados como teias Sala de quase escuro sempre igual O Rei deitou a ideia adormecida na cama de marfim baixou o cortinado saiu e trancou a porta A chave prendeu no pesco o em grossa corrente E nunca mais mexeu nela O tempo correu seus anos Ideias o Rei n o teve mais nem sentiu falta t o ocupado que estava em governar Envelhecia sem perceber diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade Apenas sentia se mais triste e mais s sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins S os ministros viam a velhice do Rei Quando a cabe a ficou toda branca disseram lhe que j podia descansar e o libertaram do manto Posta a coroa sobre a almofada o Rei logo levou a m o corren
151. a levar as atividades para A H de modo que precisei fazer uma escala de visitas alterando o hor rio de aulas dos alunos sem prejudicar a carga hor ria semanal das disciplinas ministradas e a rotina da professora auxiliar docente a qual era respons vel por substituir algum professor quando de sua aus ncia Cada professor que voltava da visita pedag gica a A H se dizia renovado com o que havia visto Testemunhei professores e professoras chorando ao relatar a alegria demonstrada pelo aluno quando da chegada de um professor ao seu quarto As enfermeiras diziam que A H logo cedo j se preparava para ficar bonito pois algum professor iria visita lo naquele dia pela manh Mantinha ao seu lado um estojo com l pis borracha e caneta al m dos livros did ticos de todas as disciplinas Segundo o relato da administra o do hospital a escola era uma refer ncia segura para ele e por isso solicitaram ao juiz que mantivesse A H estudando na mesma escola no ano seguinte 268 Para os professores era dif cil compreender como A H uma crian a de onze anos poderia demonstrar tamanha felicidade e satisfa o diante da situa o que enfrentava fora agredido pela m e encontrava se preso em um quarto de hospital e ainda aguardava uma decis o judicial sobre quem seria o respons vel por sua guarda provis ria Ao analisar esta situa o poss vel verificar que A H mesmo crian a p de experimentar a categoria
152. a linguagem cotidiana distinguindo a do conceito de compara o Se digo Voc como uma flor uma compara o entretanto se digo Voc uma flor uma met fora Os nomes das alunas cujas obras de arte corroboram para a fundamenta o te rica da possibilidade de autoria durante o processo de forma o inicial do professor ser o preservados e substitu dos por nomes de cores a fim de preservar sua identidade 101 Gauthier 2004 afirma que os agenciamentos coletivos de enuncia o possuem quatro caracter sticas importantes para a an lise dos dados que surgem durante a realiza o das pesquisas as quais denominou componentes Ao realizar a atividade com as alunas observei a ocorr ncia de todos eles nos seus desenhos e em suas falas quando diante de todo o grupo expuseram o que cada tra o representava para elas O primeiro componente dos agenciamentos coletivos de enuncia o denominado de generativo pois demonstra que toda express o respons vel pela combina o de variados regimes de signos Sob essa perspectiva n o existe uma cultura pura uma metodologia pura e uma pr tica pedag gica totalmente fundamentada em uma nica corrente Para o autor o que existe uma coer ncia nas falas por meio de ecos que se refor am mutuamente Durante a realiza o da atividade v rias alunas elegeram o caminho como sua met fora interior confirmando a hip tese de Gauthier 2004 a qual afirma qu
153. a morte comparada ao inverno e com a supera o de suas dores comparada primavera Embora a narrativa n o apresente alguns detalhes importantes sua interpreta o como quem morreu quando e quais as implica es concretas desta experi ncia em sua vida poss vel perceber sua atitude de supera o diante do ocorrido Esta atitude pode ser observada quando faz o seguinte registro embaixo do gelo oriundo do inverno estavam animais e plantas prontos para renascer Segundo ela ap s o seu inverno deixou a primavera despontar lentamente assim como seu processo de transforma o diante de uma situa o t o dif cil Tal sentimento pode ser observado abaixo na transcri o de seu texto As quatro esta es Primavera Ver o Outono Inverno na primavera que as flores desabrocham e as borboletas saem de seus casulos o perfume est no ar e a esperan a aflora No ver o a alegria contagiante o calor inunda os cora es O outono ah o outono que clima agrad vel que friozinho gostoso que traz o desejo de abra o de aconchego de apenas ficar junto Mas o inverno mesmo tendo que obedecer s leis da natureza n o tem hora para chegar e chega sem avisar Como pode na chegada da primavera algu m chorar Como pode o p ssaro voar num c u azul sem nuvens e seu cora o estar sozinho numa plan cie g lida e sem cor 273 A vida assim Quando a morte atravessa o seu
154. a ou oculta Pode ser tamb m definido como regra sub rept cia de infer ncia Um dos significados atribu dos por Arist teles ao termo princ pio foi o de se constituir como aquilo de que parte um processo de conhecimento como por exemplo as premissas de uma demonstra o Causa tamb m tem os mesmos significados pois todas as causas s o princ pios O que todos os significados tem em comum que em todos princ pio ponto de partida do ser do devir e do conhecer ABBAGNANO 2003 p 792 176 Ferreira 1988 p 70 caminha sob a mesma l gica de Abbagnano 2003 ao atribuir os seguintes significados para a palavra atitude Atitude S f 1 Posi o do corpo porte jeito postura 2 Modo de proceder ou agir comportamento procedimento 3 P ext Afeta o de comportamento ou procedimento 4 Prop sito ou maneira de se manifestar esse prop sito 5 Rea o ou maneira de ser em rela o a determinada s pessoa s objeto s situa es etc Os dois autores acima ABBAGNANO 2003 FERREIRA 1988 concordam com a assertiva de que a atitude est correlacionada aos modos de agir do sujeito diante de outra pessoa de um objeto ou de uma situa o Fazenda 2001 por sua vez indica que a atitude diante do conhecimento caracter stica fundamental dos que praticam a Interdisciplinaridade Percebe se no entanto a partir das interpreta es anteriores fundamentadas sobretudo em Lenoir 2005 2006 qu
155. a significa conformar se a morrer o que n o caracter stica pr pria do humano Da mesma forma apenas pensar em como modifica la tamb m n o seria suficiente para interferir no mundo precisa se agir Assim para ele nossa rela o de interfer ncia no mundo se d por interm dio da a o entretanto n o uma a o qualquer o que nos distingue pois todos os animais t m a o Nossa a o porque altera o mundo a o transformadora modificadora que vai al m do que existia todavia alguns outros animais tamb m t m a o transformadora O que vai nos diferenciar de fato que s o animal humano capaz de a o transformadora consciente ou seja capaz de agir intencionalmente e n o apenas instintivamente ou por reflexo condicionado em busca de uma mudan a no ambiente que o favore a grifos do autor 7 A filosofia apresenta uma reflex o cronol gica acerca do desenvolvimento do conceito de trabalho que acredito ser importante para fundamentar nossa discuss o acerca da possibilidade que o sujeito tem de realizar valores criativos por seu interm dio Primeiramente o trabalho manual era considerado menor que a atividade intelectual Com esse mesmo aspecto na B blia o trabalho considerado parte da maldi o divina decorrente do pecado original Gn 3 19 Nem texto famoso de S o Paulo o preceito Quem n o quer trabalhar n o coma deriva da obriga o de n o onerar os outros com o cansa
156. a vez determina sete caracter sticas do conceito de atitude a partir da an lise e interpreta o do termo e de seu contexto socio hist rico a referem se a um objeto que pode ser concreto pessoas ou grupo de pessoas institui es comportamentos coisas ou abstrato conceitos normas ideias mas que possui sempre valor social para o sujeito b t m um componente cognitivo que engloba os conhecimentos que o detentor da atitude possui em rela o ao objeto esses conhecimentos s o tidos como certos pelo sujeito c possuem um componente afetivo preenchido pela avalia o que o sujeito faz do objeto e pode ser positiva ou negativa d apresentam um componente conotativo ou seja uma predisposi o para responder em rela o ao objeto e s o aprendidas sofrendo por isso influ ncias sociais f s o duradouras isto prolongam se suficientemente no tempo para serem est veis mas de modo suficientemente transit rio para permitirem a sua mudan a g s o consistentes isto relacionam se com comportamentos espec ficos permitindo prev los O componente avaliativo para al m de determinar a dire o da atitude permite ainda determinar a intensidade a for a do pr e do contra e a import ncia ou relev ncia da atitude o mesmo objeto da atitude pode ser de diferente relev ncia para diferentes pessoas Acredito que estas duas afirma es acerca do conceito de atitude corroboram com a abordagem adotada pela Teoria d
157. abelecimento de um olhar de respeito sua humanidade e sua doc ncia ou seja aos seus aspectos pessoais e profissionais Um encontro para a avalia o da Proposta Pedag gica poderia ter ocorrido de forma a privilegiar apenas o preenchimento de formul rios espec ficos o que tamb m garantiria o cumprimento do cronograma vigente na escola Por m ao proporcionar lhes experi ncias como estas estaremos oferecendo a estes profissionais as ferramentas necess rias para que continuem a exercer sua profiss o no sentido atribu do por Gusdorf 2003 p 65 66 Tudo se passa como se do professor prim rio ao professor de faculdade o conjunto do corpo docente devesse atuar num jogo duplo correspondendo dupla fun o do conhecimento Para l da fun o propriamente epistemol gica do ensino que promove um saber exercida uma fun o espiritual correspondente a 147 um excedente de significa es Todo aprendizado te rico ou pr tico torna claro o fato de nenhum saber ou habilidade poder ser um sistema fechado uma esp cie de espa o neutralizado em que cada um poderia penetrar sem risco deixando sua personalidade no arm rio Quer se trate da inicia o na pesca com linha nas matem ticas ou na filosofia toda informa o nova uma forma o do ser humano e ao mesmo tempo o risco de uma deforma o A compreens o do professor em sua totalidade sem dividi lo no mbito pessoal profissional coletivo de ensino o
158. academia por meio do cientificismo e dos tr mites que envolvem a an lise da pesquisa realizada sua aprova o e publica o Com isso pode se afirmar que o conceito de descobridor relaciona se intimamente ao autor de obra cient fica art stica ou liter ria vez que esta ltima a possibilidade do registro de suas descobertas Da mesma forma h a possibilidade de que o educador se sagre autor a partir do estudo de teorias j existentes acerca de um conceito medida que as torna mais complexas e consequentemente descobre nelas nuances at ent o desconhecidas o caso de Fazenda 1991 1994 1995 2003 na d cada de 1970 quando de seus estudos no Mestrado onde conhece o conceito de Interdisciplinaridade e se dedica a partir da a estud lo e a torn lo mais completo De tais aprofundamentos surgem produ es escritas no Doutorado na Livre Doc ncia e em centenas de livros sobre os desdobramentos conceituais poss veis em diversos mbitos educativos sejam eles de ordem conceitual pr tica ou existencial Os dois exemplos acima d o nfase a rela o entre autor e pesquisador As duas autoras FAZENDA 1991 FERREIRO 2001 s o pesquisadoras reconhecidas em seu campo de atua o dentro do mbito educacional Cabe nos ent o perguntar seria o pesquisador autor por sua natureza Ou melhor em que medida o pesquisador se transforma em autor Na tentativa de respond las utilizarei de alguns recursos metodol gicos
159. ade da insufici ncia do saber previamente adquirido Por isso precisa estar constantemente em processo de aprendizagem Da mesma forma tem consci ncia de que suas atitudes precisam exprimir aquilo que seus escritos imprimem dimens o interdisciplinar a coer ncia um dos seus princ pios uma virtude m e o fio que faz a conex o entre os fios que formam a trama do tecido do conhecimento uma das diretrizes que norteiam todo o seu trabalho e n o poderia ser diferente pois ela a am lgama entre o manifesto e o latente entre o pensar o fazer e o sentir GIACON 2001 p 37 Matos 2001 pesquisador do GEPI ao analisar a import ncia do espa o f sico e virtual para a Teoria da Interdisciplinaridade elaborou imagens representativas de cada um de seus princ pios A coer ncia foi desenhada no formato de uma grade Linhas de mesmo tamanho imersas em um plano com os mesmos elementos garantiriam a expressividade da coer ncia nas pesquisas conforme observado na Figura 43 Figura 43 Coer ncia Fonte Fazenda 2001 p 31 fundamental uma atitude de coer ncia por parte do professor e do pesquisador ou seja do autor a respeito daquilo que falam e fazem Se houver o entendimento por parte destes profissionais de que a Interdisciplinaridade uma categoria tamb m caracterizada pela a o ser observado ent o o estabelecimento da coer ncia nas atitudes do professor e do pesquisador ou seja o respei
160. ade e Forma o de Professores uma hist ria que se encontra com outras hist rias 6 O SENTIDO DA AUTORIA 6 1 INTERPRETA O EPISTEMOL GICA E ONTOL GICA O CONCEITO DE SENTIDO 6 2 INTERPRETA O PR TICA DO SENTIDO REALIZAR VALORES 6 2 1 Valores criativos 6 2 2 Valores vivenciais 6 2 3 Valores de atitude 7 CONSIDERA ES PARCIAIS REFER NCIAS 12 24 26 28 34 44 48 52 58 64 66 71 78 93 96 114 127 149 151 163 167 174 191 192 203 205 212 222 224 236 240 252 262 276 281 12 1 DE ATOR A AUTOR DO PROCESSO EDUCATIVO A preocupa o com as quest es relativas ao processo de autoria em educa o tem me acompanhado ao longo de minha trajet ria profissional Ainda assim a investiga o de suas implica es nos processos educativos se configurou em um grande desafio traduzido nas p ginas desta tese de doutorado Isto porque compreendo os processos educativos como sendo toda atividade educacional exercida no ambiente escolar independentemente de sua Modalidade ou N vel de Ensino A compreens o neste sentido da autoria em toda a extens o referida por estes processos exigiu me um movimento de pesquisa bastante complexo O problema de ordem ontol gica presente nesta pesquisa foi traduzido na seguinte pergunta Quem possui autoridade para falar sobre a educa o As quest es acerca da autoridade nas a es educativas originaram se no in cio de minha carreira como diretor
161. ade possui diferentes graus pois conquistada pelo professor por meio de um di logo sem palavras ou ainda um di logo atrav s do di logo e para al m dele p 36 Cada aula a partir desse ponto de vista o espa o de uma sociologia bastante particular que embora pare a estranha ao ensino propriamente dito das mat rias do programa tem um papel decisivo na forma o intelectual O discurso educativo do professor situa se no contexto global de suas rela es com a classe as quais influem tanto na palavra pronunciada quanto na acolhida pelos alunos GUSDORF 2003 p 36 Nesse sentido a autoridade do professor ao mesmo tempo conferida e conquistada Conferida por sua atua o profissional desde o instante em que inicia seu relacionamento com o aluno Conquistada porque dependente das rela es estabelecidas com o mesmo a partir dos conhecimentos que possui e da forma como os articula em sua vida e na vida dos alunos com os quais se relaciona Um exemplo disso verificado nos relatos presentes nos Evangelhos Jesus Cristo Mestre dos Mestres para muitos povos ensinava a popula o e a cada dia agregava mais seguidores Sua causa Para os evangelistas isso se dava porque Ele n o ensinava as multid es como aos escribas Sua forma de relacionamento com as pessoas sobretudo quando as ensinava se dava como quem tinha autoridade Dirigiram se para Cafarnaum E j no dia de s bado Jesus entrou na sinagoga e p
162. ades voltadas memoriza o e repeti o Assumir uma postura favor vel educa o para a compreens o exige do professor uma mudan a de comportamento atrav s da qual enxergue as possibilidades inerentes ao aluno acerca do aprendizado da compreens o da a o e transforma o de seu presente Isso s poss vel quando se considera o aluno como sujeito detentor de necessidades e potencialidades e tido como algu m com o qual o professor se relaciona Esta rela o no entanto precisa ser fundamentada em princ pios como o respeito e a amorosidade FREIRE P 1997 Estes s o pressupostos que refletem a urgente necessidade da mudan a de comportamento por parte do professor do aluno e da escola S o atitudes que demonstram a necessidade do estabelecimento de pr ticas interdisciplinares nas quais a parceria seja considerada um de seus principais atributos Assim podemos imaginar um grupo desenvolvendo uma atividade inter onde cada participante utiliza suas habilidades formais para projetar modifica es e avan os sobre um tema sendo investigado que est posicionado em suas mentes Nesse contexto uma pergunta criticamente projetada faria o papel da flecha que provoca impacto e penetra o por onde passa Ent o ver amos a pergunta deixar o rastro de intenso interesse por exemplo A situa o sugerida pela imagem pode surgir em um processo de elabora o coletiva do impacto causado por diversas perguntas cr tic
163. adilha 2004 afirma que preciso ser cauteloso para n o propor a constitui o de um curr culo nico Ele deve ser constru do atrav s de um processo aberto reflexivo tico valorativo criativo ousado e complexo no interior das escolas Para este autor todas as dimens es da organiza o escolar devem ser objeto da reflex o docente em diferentes espa os interculturais salas de aula corredores p tio salas ambiente todo e qualquer espa o interno ou externo da escola que permita uma reuni o um encontro entre as pessoas da escola e da comunidade de forma que se sintam confort veis e bem recebidas dos vizinhos da escola que acreditam e lutam para que se possa construir uma educa o intercultural institui es m ltiplas que desejam criar uma educa o melhor na comunidade no bairro na vila no planeta por isso tamb m os diferentes espa os e tempos virtuais para que se possam buscar curiosamente os sentidos que d o novos rumos para as a es escolares e educacionais como um todo p 249 Tornar a sala de aula e os demais espa os escolares ambientes nos quais o di logo seja poss vel o grande desafio para a profiss o docente e consequentemente para o desenvolvimento desta tese Fazenda 2003 afirma que o di logo a capacidade que as 40 pessoas possuem em ouvir e falar a seu momento certo Quando a escola cria ambientes nos quais o di logo poss vel os professores pod
164. al 233 fundamentalmente somos construtores de n s mesmos a partir de uma evolu o natural CORTELLA 20083 p 32 A partir da observa o an lise e interpreta o de diversas pr ticas interdisciplinares realizadas no cap tulo anterior e da discuss o sobre o processo de autoria na constitui o do professor apresentada anteriormente passei a afirmar que as interven es did ticas frequentemente nascem a partir da observa o docente sobre a realidade em que vive e sobre as rela es que seus alunos estabelecem consigo mesmos com ele e com o conhecimento A partir da o professor inicia a realiza o de uma s rie de perguntas conceituais e pr ticas primeiramente a si mesmo e depois aos discentes com o objetivo de uma reflex o mais pormenorizada acerca dos assuntos em discuss o Estes questionamentos conduzem o professor descoberta do sentido que fundamenta a sua pr tica docente pois assumem tamb m caracter sticas existenciais Freire M 1997 p 45 da mesma forma afirma que todo fazer pedag gico nasce de um sonho de uma falta que nos impulsiona na busca de um fazer Segundo ela toda a o did tica seria impulsionada por um desejo por parte do professor de encontrar sentido em sua pr tica docente e de fazer com que seus alunos tamb m o encontrem A falta apresentada pela autora significa que o professor deve sempre ser impulsionado por uma sensa o de inacabamento de que falta algo
165. alho vai disseminando tranquilidade e seguran a maior no grupo Existe em seu trabalho um apelo muito grande aos afetos Exp e suas ideias por meio do sentimento provocando uma sintonia mais imediata Auxiliando na organiza o das emo es contribui para a organiza o de conhecimentos mais pr ximos s vidas FAZENDA 2001 p 26 A compet ncia intuitiva oferece suporte para o reconhecimento por parte do educador da complexidade de seu papel no processo de autoconhecimento e no processo de conhecimento de seus pares profissionais ou alunos por meio dela que se consegue atingir os objetivos mais profundos e existenciais inerentes ao fen meno educativo pois adquire ferramentas para a interven o na alma dos que o rodeiam Por esse motivo a presen a de apenas um tipo de compet ncia seria insuficiente para fortalecer o educador no enfrentamento das problem ticas cotidianas impelindo o a permanecer em posi es est ticas diante da realidade educacional Isso porque acaba se sentindo tolhido ao exercer valores que n o s o desej veis e ordens que n o lhes pertencem FAZENDA 2001 Reconhecer a necessidade de caminhar para um processo de autoforma o que considere tais compet ncias significa para a Interdisciplinaridade um processo de metamorfose 174 O processo de metamorfose pelo qual passamos e que fatalmente conduzir a um saber mais livre mais nosso mais pr prio e mais feliz um processo lento e
166. alidade cient fica o que uma caracter stica pr pria do autor Por esse motivo acredito que n o se pode analisar o curr culo ou as formas de organiz lo na escola com inoc ncia pois ele tem significados que v o muito al m daqueles aos quais as teorias tradicionais nos confinaram O curr culo lugar espa o territ rio O curr culo rela o de poder O curr culo trajet ria viagem percurso O curr culo autobiografia nossa vida curriculum vitae no curr culo se forja nossa identidade O curr culo texto discurso documento O curr culo documento de identidade MOREIRA SILVA 1995 p 150 De qual identidade a escola da floresta falava Do rei Le o Dos urubus Dos demais animais da floresta Seriam estas as quest es que deveria se ater Ou seriam questionamentos de outra natureza como de quais identidades preciso falar Quais mem rias precisam ser desveladas Sobre quais pr ticas preciso escrever Quais s o os aspectos imprescind veis para a forma o dos t cnicos que elaborar o os curr culos dos professores que os colocar o em pr tica e dos alunos que os vivenciar o por anos a fio Pensar sobre as ltimas quest es sob esta segunda l gica significa considerar que o ocorrido na floresta do rei Le o tamb m est presente nas escolas dos meninos e das 39 meninas dos jovens e dos adultos dos senhores e das senhoras Significa compreender que o curr culo escolar se
167. alidade do homem ou seja da coexist ncia de sua dimens o espiritual conceito abordado no in cio deste cap tulo 252 6 2 2 Valores vivenciais Frankl 1989a afirma que nem todos os valores se condensam na realiza o de um ato criador e por isso n o podem ser considerados criativos Segundo ele existem alguns tipos de valores que se realizam atrav s das experi ncias subjetivas do homem ou seja quando abre o seu esp rito para acolher o mundo e quando entrega os seus sentimentos beleza da natureza e da arte A esta categoria de valores Frankl 1989a p 82 denominou vivenciais Imagine se que um homem amante da m sica est sentado na sala de concertos e que precisamente no instante em que lhe soam aos ouvidos os compassos mais tocantes da sua sinfonia predileta sente aquela forte como o que s se experimenta perante a beleza mais pura Suponha se agora que nesse momento algu m lhe pergunta se a sua vida tem um sentido a pessoa assim interrogada n o poder deixar de responder que valeria a pena viver mesmo que fosse s para experimentar a viv ncia desse doce instante Com efeito embora se trate de um s momento pela grandeza de um momento j se pode medir a grandeza de uma vida Para Ferreira 1988 p 677 o termo vivencial origin rio do termo viv ncia Viv ncia por sua vez significa 1 O fato de ter vida de viver exist ncia 2 Experi ncia de vida 3 O que se viveu O a
168. almente importa no processo educativo a educa o do ser humano como um todo Outra situa o por mim presenciada referente realiza o de valores de atitude se deu em uma de minhas aulas como docente do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba No segundo semestre do ano de 2010 ministrava a disciplina Fundamentos e Metodologia da Geografia para as alunas do 6 semestre do curso Durante o m s de outubro iniciamos o trabalho acerca do conceito de Paisagem em Geografia e suas possibilidades de aplica o did tica s crian as das s ries iniciais Aproveitei esta tem tica tamb m para dar continuidade ao Projeto de Mem rias desenvolvido junto s alunas desde o semestre anterior 269 Em uma das aulas no in cio do m s pedi lhes um minuto de sua aten o e dei in cio leitura do livro Como um rio o percurso do menino Cortez CASADEI 2010 Diferentemente do trabalho realizado com a turma do 4 semestre solicitei s alunas a observa o atenta da descri o da paisagem que percorria toda a narrativa ou seja aquela presente ao redor do tra ado de um rio durante o seu percurso e da forma como a autora descreveu a hist ria do menino Cortez comparando a ao trajeto de um rio elemento constitutivo da paisagem geogr fica presente na narrativa Em seguida relembramos todo o processo atrav s do qual foi realizado o trabalho de resgate de suas mem rias pessoais a linha do tempo os fatos marcan
169. am E saem pelo outro lado Sem fazer complica o Mas s vezes as palavras V o entrando nas cabe as V o dando voltas e voltas Fazendo reviravoltas E v o dando piruetas Quando saem pela boca Saem todas enfeitadas Engra adas diferentes Com palavras penduradas Mas depende das pessoas Que repetem as palavras Algumas enfeitam pouco Algumas enfeitam muito Algumas enfeitam tanto Que as palavras que Engra ado nem parece as palavras que entraram pelo outro lado E depois que elas se espalham Por mais que a gente procure Por mais que a gente recolha Sempre fica uma palavra Voando como uma folha Caindo pelos quintais Pousando pelos telhados Entrando pelas janelas Pendurada nos beirais Por isso quando falamos Temos de tomar cuidado Que as coisas que a gente fala V o voando v o voando E ficam por todo lado E at mesmo modificam O que era nosso recado Eu vou contar pra voc s O que foi que aconteceu No dia em que a Gabriela Quebrou o vaso da m e dela E acusou o Filisteu Quem foi que quebrou meu vaso Meu vaso de ouro e laqu Que eu conquistei no concurso No concurso de croch Quem foi que quebrou seu vaso a Gabriela respondeu quem quebrou seu vaso foi o vizinho o Filisteu Pronto L v o as palavras V o voando v o voando Entrando pelos ouvidos De quem estiver passando Ent o entram pelo ouvido De dona Felicidade O Filisteu Qu
170. am corpos e paix es enquanto essas geram 110 formas de express o novas p 130 Considerar tal duplagem na pesquisa se constitui em um desafio tanto quanto trabalhar com a imprevisibilidade do ser humano Essa duplagem presente nos agenciamentos dos grupos tamb m pode ser observada por mais duas pinturas elaboradas pelas alunas do curso de Pedagogia A primeira delas feita pela aluna a quem denominei Verde Claro e expressa na Figura 19 retratou ao mesmo tempo as esta es do ano primavera ver o outono e inverno e as diversas fases do dia manh tarde e noite com suas nuances Para sua autora elas expressam as marcas de sua vida a qual j sofreu in meras modifica es muitas com certo sofrimento mas que mesmo assim a impulsionaram a continuar a caminhar Um pouco emocionada a aluna relatou que mesmo com o passar do tempo acreditava que as flores presentes em seu caminho jamais deixariam de existir ainda que ela fosse obrigada a enfrentar novamente noites de inverno bastante dif ceis Seu exemplo conseguiu ilustrar a assertiva de que os discursos podem realizar a transforma o dos corpos e que ao mesmo tempo o que foi vivido nos corpos pelas pessoas tem o poder de direcionar suas falas Figura 19 Esta es do ano e fases do dia ou da vida Fonte arquivo pessoal J o segundo desenho retratado na Figura 20 pela aluna a quem denominei Azul Claro representa duas grandes fases de sua vida expres
171. ando bem que me preparo para melhor me colocar ou melhor me situar do ponto de vista das ideias Como sujeito que se d ao discurso do outro sem preconceitos o bom escutador fala e diz de sua posi o com desenvoltura Precisamente porque escuta sua fala discordante em sendo afirmativa porque escuta jamais autorit ria 22 para Barbier 2004 p 94 a escuta sens vel trata se de um escutar ver que toma de empr stimo muito amplamente a abordagem rogeriana em Ci ncias Humanas mas pende para o lado da atitude meditativa no sentido oriental do termo A escuta sens vel apoia se na empatia O pesquisador deve saber sentir o universo 220 aluno diz e o que s vezes n o diz pr prio daqueles que desejam praticar a Interdisciplinaridade Freire M 2008 afirma que os professores n o foram formados para escuta daquilo que falam seu alunos nem tampouco daquilo que dizem seus companheiros de trabalho Em geral n o ouvimos o que o outro fala mas sim o que gostar amos de ouvir Neste sentido imaginamos o que o outro estaria falando N o partimos de sua fala mas de nossa fala interna Reproduzimos desse modo o mon logo que nos ensinaram ouvir demanda implica o entrega ao outro FREIRE M 2008 p 45 Na atividade relatada acima escolhi a escrita das alunas como um instrumento atrav s do qual elas pudessem falar a respeito de si mesmas e do momento em que decidiram pela carreira docente Naqu
172. ano 2003 p 438 os resultados da redu o fenomenol gica no ato de praticar a filosofia como investiga o fenomenol gica podem ser resumidos da seguinte maneira 1 O reconhecimento do car ter intencional da consci ncia em virtude do qual a consci ncia um movimento de transcend ncia em dire o ao objeto e o objeto se d ou se apresenta consci ncia em carne e osso ou pessoalmente 2 evid ncia da vis o intui o do objeto devida presen a efetiva do objeto 3 generaliza o da no o de objeto que compreende n o somente as coisas materiais mas tamb m as formas de categorias as ess ncias e os objetos ideais em geral 4 car ter privilegiado da percep o imanente ou seja da consci ncia que o eu tem das suas pr prias experi ncias Nem todos estes princ pios s o aceitos pelos pensadores contempor neos que se valem da investiga o fenomenol gica apenas o primeiro deles car ter intencional da consci ncia em virtude do qual o objeto transcendente em rela o a ela e todavia presente em carne e osso tem cr dito n o s entre esses pensadores como tamb m junto grande n mero de fil sofos contempor neos Com a epoch diz Husserl pomos fora de a o a tese geral pr pria da atitude natural e pomos entre par nteses tudo o que ela compreende por isso a totalidade do mundo natural que est aqui para n s al alcance da m o e que continuar a perman
173. ano 2003 p 945 a defini o de Arist teles o tempo o n mero do movimento segundo o antes e o depois a express o mais perfeita dessa concep o que identifica o tempo como ordem mensur vel 274 Considero mais adequada a interpreta o de Esp rito Santo 2008 p 39 para o conceito de tempo O autor sem desconsiderar a exist ncia de um tempo cronol gico aponta para as possibilidades que a dimens o do agora ou seja do tempo presente desperta em todo ser humano Na verdade sabemos que o tempo do rel gio fruto de uma conven o pois o planeta Terra onde habitamos gira em torno do Sol sem nenhuma preocupa o com o tempo sempre agora Os demais seres vivos nem sequer t m tal preocupa o pois vivem o tempo org nico peculiar sua constitui o f sica do movimento a 12 Tel sio que criticava essa defini o reduziu o tempo dura o e ao intervalo do movimento Essa concep o de tempo fundamentou a mec nica de Newton que distinguia o tempo absoluto e o tempo relativo mas a ambos atribu a ordem e uniformidade ao afirmar a relatividade da medida temporal Einstein na realidade n o inovou o conceito tradicional de tempo como ordem de sucess o s negou que a ordem de sucess o fosse nica e absoluta J sobre a segunda concep o de tempo o movimento intu do o mesmo autor afirma que esta defini o de Hegel q
174. anquilizante o canto dos urubus era o mais bonito Em suma o que bom para os urubus bom para o resto dos bichos ALVES 2003 p 70 71 35 O texto acima apresenta algumas express es bastante importantes sobre a reflex o da organiza o escolar O primeiro movimento que percorro consiste na an lise e interpreta o dos modos de organizar a escola ou seja seu curr culo N o pretendo discorrer sobre sua hist ria no Brasil e no mundo pois acredito que v rios s o os trabalhos acad micos destinados a este fim Tenho como objetivo interpretar a partir da narrativa de Alves 2003 as implica es e os sentidos que o curr culo pode atribuir educa o de alunos e professores dentro das escolas Na tentativa de compreender o sentido ou os sentidos que a educa o possui e sua implica o na forma o de atores ou atores na rea preciso primeiro elucidar seus elementos constituintes A narrativa acima auxiliar nesta quest o por permitir que a organiza o escolar seja comparada educa o dos animais da floresta A linguagem metaf rica oferecer oportunidades para refletir sobre a escola tal como a conhecemos hoje De acordo com o autor na tentativa de organizar a educa o dos bichos da floresta o rei Le o pensou primeiramente na necessidade da perpetuar sua esp cie Isso se daria por interm dio da educa o conforme observado no seguinte trecho resolveu certa vez que nenhum dos seus s ditos haveri
175. ante as aulas no caderno pessoal e o movimento p s aula caracterizado pela reescrita daquilo que foi anotado permite ao aluno al m de rememorar os acontecimentos a adequada reflex o sobre o que importante e o que desnecess rio no ato da escrita Esse movimento fenomenol gico dial tico e hermen utico contribui para a descoberta do estilo de escrita por parte do pesquisador al m de auxiliar na organiza o de seu tempo e espa o a fim de elaborar um texto coeso e portador de legitimidade Verifiquei tamb m que outros pesquisadores t m utilizado para a realiza o de suas teses e disserta es as atas dos encontros do GEPI a fim de contribuir para a fundamenta o de seus conceitos de suas considera es te ricas metodol gicas ou de ordem existencial como foi o caso de Concei o 2010 Guimar es 2010 Miranda 2008 e Taino 2008 Guimar es 2010 e Taino 2008 fizeram uso de v rios registros seus e de outros colegas para a adequada fundamenta o de suas reflex es e conceitos J Concei o 2010 fez uso apenas das atas por ela elaboradas durante as discuss es do grupo Miranda 2008 por sua vez resgatou os registros presentas em seu caderno pessoal e nos e mails trocados entre os pesquisadores do grupo ap s as discuss es em aula Neste caso pretendo fazer uso da ata por mim elaborada a qual se encontra transcrita abaixo com o objetivo de elucidar o leitor acerca das constru es te ricas e
176. ante interessante a miss o do educador Aqui compreendo como o papel do autor em educa o o ato de caminhar em dire o ao sentido de seu fazer Vida de Educador Educador Educa a dor da falta a dor cognitiva Educando a busca do conhecimento Educador Educa a dor do limite a dor afetiva Educando o desejo Educador Educa a dor da frustra o a dor da perda Educando o humano na sua capacidade de amar Educador Educa a dor de diferenciar se a dor da individua o Educando a autonomia Educador Educa a dor da imprevis o a dor do incontrol vel Educando o entusiasmo da cria o FREIRE M 2008 p 27 O verdadeiro autor sempre educador e o verdadeiro educador sempre autor pois ambos estabelecem uma rela o de comprometimento com sua pr pria forma o e com a forma o de seus alunos A realiza o de valores criativos constitui um importante aspecto de sua pr tica de autoria pois n o mede esfor os para educar e consequentemente formar da melhor forma poss vel Isto exige a considera o de que as pr ticas educativas apresentam limites frustra es e perdas como afirma Freire M 2008 No entanto apresentam ao mesmo tempo desejos afetos e entusiasmo caracter sticas intr nsecas do ser humano Encontrar o sentido nestas pr ticas a partir da realiza o dos valores criativos parece me uma atitude natural O natural neste sentido segue a mesma l gica do reconhecimento da tridimension
177. ao dom nio da educa o apenas ap s o fim da Segunda Guerra Mundial na tentativa de organizar os sistemas das disciplinas cient ficas surgidas no s culo XVIII Percorreu o mundo atravessando pa ses francof nicos germano escandinavos anglo sax nicos e pa ses de l ngua portuguesa e espanhola Neles foi aplicada na forma o de professores na pesquisa e no ensino LENOIR 2005 2006 Para o autor ao ser aplicada em diferentes culturas incorporou em si caracter sticas dos locais nos quais se inseriu Por isso para ele existem duas l gicas distintas que a definem uma francesa e outra americana 168 A francesa denominou l gica do sentido Esse termo foi institu do porque apresenta preocupa es com a epistemologia e com quest es conceituais que buscam atribuir uma certa ordem e uma certa disciplina ao fen meno educacional observado seja no ensino na pesquisa ou na forma o de professores J a americana denominou l gica da funcionalidade Nesse caso o atributo que a caracteriza a centralidade das discuss es a qual se configura a partir de quest es sociais emp ricas presentes na atividade instrumental Para Lenoir 2005 2006 as duas l gicas retratam as caracter sticas culturais da Fran a e dos Estados Unidos Se por um lado existe uma preocupa o com a fundamenta o dos conceitos a partir da reflex o sobre a Teoria da Interdisciplinaridade por outro encontramos a mesma preocupa o com rela o
178. apegar se Quando o professor se apega as suas metodologias e aos seus conceitos de forma a aderir se a eles encontra muita dificuldade no processo de adapta o a outras metodologias de ensino de aprendizado e de relacionamento O desapego proposto pela Teoria da Interdisciplinaridade prop e ao educador n o permitir que a rotina muito menos o conhecimento que possui colem em si Este voc bulo portanto n o est relacionado indiferen a e ao desinteresse mas sim a falta de apego ao que est tico 185 Fazenda 2001 acredita que desapegar se pr prio do professor que se descobre interdisciplinar pois a constante busca pelo saber aponta ind cios de uma pr tica que se percebe cada vez mais inacabada e necessitada da ajuda de outras pr ticas e de parceiros que o auxiliem a avan ar Isso pode ser observado no registro de Barbosa 1999 p 66 o qual descreve a necessidade que teve em transformar sua pr tica do docente para que os alunos pudessem avan ar na constru o do conhecimento Aos poucos pude compreender que a minha pr tica pedag gica pautada por uma busca insistente em estabelecer a integra o do saber escolar com a pr tica social na educa o de adultos revelou se como uma maneira interdisciplinar de produzir o conhecimento Matos 2001 afirma que o desapego relembra a met fora do olhar um olhar atento que se apega ora nos detalhes ora ao todo Um olhar que longe de ser im vel se
179. aprendizagem Entretanto a maior contribui o do computador como meio educacional adv m do fato do seu uso ter provocado o questionamento dos m todos e processos de ensino utilizados VALENTE 1993 p 25 O movimento da professora L rio nesse momento foi similar ao realizado com os professores dos Ciclos e Il No hor rio do intervalo entre as aulas conversou com os colegas ao longo dos dias com o intuito do conhecimento das tem ticas trabalhadas por eles e quais delas eles pensariam ser interessante um estudo mais profundo durante o trabalho com as turmas nas aulas de Inform tica Educacional recordando o desafio agora era o que a professora L rio trabalharia nos cem minutos semanais junto a seus alunos adolescentes Encontrar tem ticas significativas e contextualizadas exigiria di logo com os outros professores dos alunos Aos poucos alguns professores come aram a sair do seu lugar comum e a iniciar uma discuss o sobre os trabalhos realizados Relatamos aqui um trabalho desenvolvido em parceria com a professora de L ngua Portuguesa em duas salas de Ciclo IV Inicial 82 ano do Ensino Fundamental No primeiro bimestre do ano de 2008 a professora de L ngua Portuguesa a quem denominei Margarida estava trabalhando o g nero textual an ncio publicit rio Geralmente quando se trabalha um g nero textual com os alunos a professora parte do que eles j sabem sobre o assunto ou seja realiza um levantamento dos conheciment
180. ar empenhar se 11 Fazer com cuidado esmerar se na feitura ou execu o de FERREIRA 1988 p 642 Esta compreens o acerca do ato de trabalhar pode ser estendida por exemplo aos jovens e s crian as j que considera a realiza o de alguma atividade pass vel de esfor o empenho e cuidado a fim de realizar algo Assim crian as e jovens podem realizar valores criativos pois podem trabalhar O trabalho de uma crian a pode ser neste caso uma atividade realizada em casa de forma rotineira como arrumar a cozinha por exemplo O de um jovem uma produ o de texto a ser entregue para seu professor Sob essa perspectiva existem in meras possibilidades para a realiza o desta categoria de valores na escola Acredito at mesmo que muitos educadores j o fazem sem contudo reconhecerem esta dimens o em suas pr ticas ou seja sem leva las consci ncia Para melhor exemplificar este conceito utilizarei de dois relatos advindos novamente de minhas mem rias profissionais O primeiro deles descreve uma de minhas experi ncias ao observar a pr tica docente de uma das professoras da Escola SESI do Ipiranga no ano de 2007 O segundo descreve uma experi ncia atual como professora da disciplina Fundamentos e Metodologia da Alfabetiza o do curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba no ano de 2010 No in cio do ano de 2007 enquanto era diretora da Escola SESI do Ipiranga muitas mudan as estruturais
181. ara ele a escola da floresta deveria definir o que deve ser ensinado como ensinar para que para quem e por que ensinar Mais adiante a narrativa aponta o desenrolar dessa tarefa E assim se organizaram os curr culos com todo o rigor e precis o que as ltimas conquistas da did tica e da psicologia da aprendizagem podiam merecer Elaboraram se sistemas sofisticados de avalia o para teste de aprendizagem Os futuros mestres foram informados da import ncia do di logo para que o ensino fosse mais eficaz e chegavam mesmo vez por outra a citar Martin Buber Isso tudo sem falar na parafern lia tecnol gica que se importou do exterior m quinas sofisticadas que podiam repetir as aulas vontade para os mais burrinhos e fascinantes circuitos de televis o Ah que beleza Tudo aquilo dava uma deliciosa impress o de progresso e efici ncia e os rep rteres n o se cansavam de fotografar as luzinhas piscantes das m quinas que haveria de produzir o saber como uma linha de montagem produz um autom vel Quest o de organiza o quest o de t cnica N o poderia haver falhas ALVES 2003 p 71 72 Percebe se nesse momento as estruturas que antecedem e envolvem a educa o escolarizada rigorosamente planejadas as interven es educativas amparadas nas mais modernas t cnicas e recursos deveriam supostamente alcan ar os objetivos propostos pelos urubus Ao longo da Hist ria da Educa o verifica se que s o variadas as concep
182. ara que possam trocar ideias sobre o seguinte tema Por que a solid o a tristeza e a ang stia s o sentimentos cada vez mais comuns nos dias atuais Ao final da discuss o solicitarei que um dos integrantes apresente aos demais colegas da turma as opini es do grupo Plano Docente da professora Margarida 1 Bimestre 2008 Conversando com a professora sobre qual a sua real inten o de aprendizagem ao propor este trabalho colhi o seguinte depoimento 209 Penso que para todo e qualquer processo de aprendizagem preciso que o professor tenha em mente que sensibilizar os alunos antes de dar o conte do seja fundamental Quando iniciei meu trabalho com poesia nos Ciclos IV Finais n o esperava que esses jovens tachados muitas vezes de insens veis e desinteressados pudessem trazer tona uma percep o t o agu ada da vida atrav s das poesias Levando em conta que poesia tudo o que nos emociona antes que pudessem produzir seus textos busquei sensibiliz los utilizando a pintura de Li Zi Jian cujo tema Tenacidade onde o pintor mostra uma idosa que com dificuldades tenta colocar a linha de costura em uma agulha Abrimos ent o um debate sobre a velhice suas limita es e o respeito que ela merece de todos n s e tamb m sobre o nome do quadro que deixava clara a mensagem de seu realizador ou seja perseverar sempre mesmo em condi es adversas Buscando aproxim los dessa realidade t o distante a
183. artir de minha primeira experi ncia enquanto docente ao terminar o Magist rio e desejar modelos prontos para que pudesse representa los em sala de aula j n o possu a mais sentido Ainda que o professor precisasse da fundamenta o elaborada por outros autores tamb m seria pertinente que ele criasse estrat gias pedag gicas pr prias mais adequadas realidade vivenciada em suas salas de aula 34 Deste modo se ser ator na esfera educacional constitui uma tarefa insuficiente o questionamento sobre quem pode ser autor em educa o come a a delinear seu espa o Ferreira 1988 p 163 define autor da seguinte forma Autor do lat auctore S m 1 A causa principal a origem de o autor do universo 2 Inventor descobridor o autor do sistema de propuls o a jato 3 Criador instituidor fundador o autor do protestantismo 4 Escritor de obra art stica liter ria ou cient fica 5 O praticante de uma a o agente 6 Aquele que intenta demanda judicial 7 Jud Agente de um delito ou contraven o Autor coletivo Bibliogr e Bibliot Pessoa jur dica considerada como autor sociedade reparti o congresso etc o autor de seus dias O pai ou a m e prezo muito a opini o do autor dos meus dias A quest o da autoria e no caso espec fico desta tese da autoria na Educa o est relacionada possibilidade de cumprir o que afirma Ferreira 1988 como sendo a possibilidade de criar de descobrir de escrev
184. arto lugar de leitura e principalmente de conforto espiritual devido a esta experi ncia transcendente que em sua ingenuidade de crian a acalmava o seu sofrimento Figura 53 A leitura da B blia Fonte arquivo pessoal A quarta aluna relatou ao grupo que suas mem rias vieram tona ao ouvir o trecho Letramento divers o leitura luz de vela ou l fora luz do sol SOARES 2006 p 41 Disse que imediatamente trouxe lembran a a figura de sua m e a qual mesmo analfabeta estudou os oito filhos Para ela a lembran a de sua m e incentivando a ela e a todos os seus irm os ao h bito da leitura a transportaram novamente quela poca Segundo a aluna sua lembran a mais bonita est em avaliar o esfor o da m e na tentativa de ler o mundo aos seus filhos Confessou tamb m que na poca n o teve esta percep o mas agora ao saber que a leitura do mundo precede a leitura da palavra FREIRE P 1997 passou a dar o devido valor a todo o esfor o de sua m e a qual em sua simplicidade n o se furtou responsabilidade de fazer com que seus filhos tivessem acesso 260 ao universo letrado o que ela pr pria n o teve na idade deles Por este motivo decidiu por representar atrav s de sua pintura as duas m os de sua m e as quais se unem e formam a imagem de um cora o como demonstrado na Figura 54 Dentro deste cora o est o presentes alguns pontinhos azuis representativ
185. as desafiar normas viol ncia destrutiva no mundo que os oprime Aos v cios que ajudam a matar o tempo O Pr ncipe que pode acordar a bela adormecida Pode e deve ser o educador se ainda n o for um belo adormecido Conduzindo o fonte interna da criatividade hospedar a beleza da Vida Iniciar o jovem no conhecimento de si mesmo Na percep o da energia construtora ou destruidora De que portador Oriunda da Fonte Interior de Sabedoria a tarefa do novo mil nio para a Educa o O autoconhecimento O desvelar da personalidade integral A vontade liberta participando da Sinfonia da Cria o Autoconhecimento que implica o Nascer de Novo No nascer tamb m para o esp rito Para a consci ncia profunda Do sentido da vida ESP RITO SANTO 2001 p 204 205 O autor elabora uma defini o bastante interessante sobre o autoconhecimento correlacionando o s quest es do sentido e ao papel atribu do ao professor diante da educa o das crian as e dos jovens com o objetivo da capta o deste sentido Afirma tamb m que individual o acordar para a sua realiza o o que para ele exige nascer de novo Frankl 1989a concorda com Esp rito Santo 2001 ao mencionar que 235 A pessoa tem que atingir e captar o sentido tem que apreend lo perceb lo e efetiv lo isto realiza lo O sentido portanto em virtude da sua rela o
186. as E descal a para n o fazer barulho subiu a longa escada da torre sentou se ao tear Desta vez n o precisou escolher linha nenhuma Segurou a lan adeira ao contr rio e jogando a veloz de um lado para o outro come ou a desfazer seus tecidos Desteceu os cavalos as carruagens as estrebarias os jardins Depois desteceu os criados e o pal cio e todas as maravilhas que continha E novamente se viu na casa pequena e sorriu para o jardim al m da janela 223 A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura acordou e espantado olhou em volta N o teve tempo de se levantar Ela desfazia o desenho escuro dos sapatos e ele viu seus p s desaparecendo sumindo as pernas R pido o nada subiu lhe pelo corpo tomou o peito aprumado o emplumado chap u Ent o como se ouvisse a chegada do sol a mo a escolheu uma linha clara E foi passando a devagar entre os fios delicado tra o de luz que a manh repetiu na linha do horizonte COLASANTI 2004 p 7 19 Do decorrer desta pesquisa verifiquei quais as pessoas legitimadas adequada observa o an lise e interpreta o sobre o tema da educa o conforme abordado nos primeiros cap tulos desta tese Inevitavelmente discorri sobre os conceitos relativos ao processo de autoria Verifiquei que tanto pesquisadores quanto professores formados e em processo de forma o podem ser considerados autores sobretudo se houver o estabelecimento da Teoria da Interdisciplinaridade como
187. as ou eventualmente devido a uma nica quest o bem projetada capaz de impactar a malha do conhecimento produzido pelo grupo e assim alterar o estado de conhecimento dos participantes GARCIA 2000 p 105 74 Ferreira 1988 p 644 afirma que transgredir significa 1 Passar al m de atravessar 2 Desobedecer a deixar de cumprir infringir violar postergar Neste caso entendemos que pr ticas pedag gicas transgressoras s o aquelas que n o se contentam apenas com a forma o cognitiva do aluno Esp rito Santo 1998 p 84 afirma que preciso trazer para a sala de aula uma vis o integradora do educando como um ser de natureza f sica emocional racional e espiritual O fato de nos deparamos com a situa o de mist rio a respeito de muitas dessas quest es muito diferente da negativa havida at ent o ou da fuga do enfrentamento da mat ria 205 Recentes pesquisas ALVES 2010 GUIMAR ES 2010 TAINO 2008 YARED 2009 t m revelado que a aprendizagem dos alunos sejam eles crian as jovens ou adultos deve estar repleta de questionamentos tanto os de ordem existencial quanto os ordem conceitual e pr tica De La Torre 2007 p 18 afirma que Son l s preguntas l s que nos brindam nuevos significados y saberes Por eso los grandes descubrimientos cient ficos han sido desvelados por mentes creativas capaces de preguntarse por lo desconocido La apertura mental y la conciencia nos abren a nueva
188. as exist ncias ou nas palavras de Morin 2008 p 43 44 os caracteres existenciais subjetivos afetivos do ser humano que vive suas paix es seus amores seus dios seus envolvimentos seus del rios suas felicidades suas infidelidades com boa e m sorte enganos trai es imprevistos destino fatalidade O trabalho realizado pelos estudantes resultou em um livro de poesias cujo tema principal se originava da seguinte pergunta O que ser jovem Para De La Torre 2007 as grandes inven es da humanidade surgem de homens e mulheres que t m a ousadia para a formula o de perguntas primeiramente a si pr prios e depois ao mundo e realidade que os rodeia 210 Para alguns alunos a estrat gia adotada pela professora Margarida demonstrou a profundidade de suas inten es o que poss vel observar no conte do das poesias elaboradas pelos estudantes acerca do tema juventude Ser jovem ter todos os temperos na mesma comida querer o sol e a chuva querer a terra e o mar querer ser livre Ser jovem escalar montanhas enfrentar desafios realizar sonhos desvendar mist rios Ser jovem n o ter medo do medo comer chocolate cheirar uma rosa ser feliz Aluno 01 Flor da idade Almas como p ssaros prontos pra voar Almas como flores Que esperam pra desabrochar Que ciclo esse Que n o se entende N o se v Apenas se sente Juventude
189. as hist rias que d o vida a suas certezas a suas d vidas e a suas cr ticas Narizinho e Pedrinho netos de Dona Benta s o crian as que ao mesmo tempo em que fazem travessuras possuem um profundo sentimento de respeito reconhecimento e gratid o por sua av J Em lia a boneca de pano possui inversamente caracter sticas que as bonecas jamais deveriam ter espera se que as bonecas sejam obedientes a suas donas e realizem todos os seus desejos Com Em lia n o assim A boneca tem opini o pr pria tem ideias e as transmite de forma clara e muitas vezes de forma irredut vel Narizinho sua dona frequentemente fica perplexa com algumas de suas atitudes Intencionalmente o autor estabelece um questionamento acerca do papel de seus personagens em suas hist rias Sutilmente ocorre o desejo oculto pelo estabelecimento da autonomia em seus personagens desejo este representado pela figura da boneca Em lia para que possam ganhar autoridade para a express o de suas pr prias ideias e com isso caminharem da condi o de atores ou personagens para a condi o de autores Esta reflex o introduz as discuss es que condensam este texto inicial A princ pio farei a an lise dos fundamentos que caracterizam o ator a partir dos diferentes significados a ele atribu dos e a partir de suas implica es filos ficas culturais e sociais Este momento retrata o que a fenomenologia denomina epoch etapa fundamental para a coleta de inf
190. atos vistos De mem ria De cor grifos do autor Obviamente n o foi exigido que nenhuma aluna relatasse os fatos ocorridos de cor j que nem todos possuem mem ria de 219 Essa ideia complementada com a suposi o corrente de que as lembran as do passado permanecem inalteradas em algum lugar de nossa consci ncia e que quando solicitadas retornam com fidelidade e elucidam nos sobre fatos e situa es anteriormente acontecidos Resgatar os aspectos essenciais presentes no momento da escolha pelo Curso de Pedagogia permitiu s alunas do 5 semestre do ano de 2010 da Faculdade de Pindamonhangaba uma an lise apurada sobre os reais fatores motivadores sua decis o pelo of cio docente apesar das muitas dificuldades enfrentadas Neste sentido as pr ticas educativas presentes nos cursos de Forma o de Professores precisam assumir o compromisso da escuta atenta quilo que os alunos professores em forma o t m a revelar sobre suas experi ncias motiva es e objetivos profissionais Se na verdade o sonho que nos anima democr tico e solid rio n o falando aos outros de cima para baixo sobretudo como se f ssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais que aprendemos a escutar mas escutando que aprendemos a falar com eles Somente quem escuta pacientemente e criticamente o outro fala com ele mesmo que em certas condi es precise de falar a ele FREIRE P 1997 p 127 128 grifos do a
191. autor denominou componente transformacional o qual constitui a segunda caracter stica dos agenciamentos coletivos de enuncia o Duas outras alunas participantes da atividade pertencente disciplina Fundamentos e Metodologia da Educa o Infantil do curso de Pedagogia auxiliaram na compreens o dessa forma de express o por parte dos grupos bem como dos processos de autoria na forma o inicial dos professores Para a aluna a quem denominei Branca cuja pintura est retratada na Figura 14 a met fora escolhida para o retrato das aprendizagens mais significativas de sua vida foi a de uma ponte com v rias faixas coloridas Atrav s da sua observa o verificamos que sobre a ponte est o presentes as figuras de duas m os bem pr ximas Ao expor sua obra s colegas de sala explicou que uma das m os representava a sua e a outra a de sua m e A aluna pintou tamb m v rias flores as quais simbolizavam a constante presen a da figura materna em todos os momentos importantes de sua vida Com isso mesmo que fosse obrigada a enfrentar alguns obst culos o aux lio de sua m e sempre a ajudaria a enxergar o lado positivo presente no aprendizado de cada situa o Quando mencionou o significado de sua pintura a aluna demonstrou estar bastante emocionada o que contagiou as demais colegas Atrav s da fala de Branca todas puderam captar sentimentos inerentes ao universo subjetivo da pintura caracterizado por seu forte sentimento de amor e
192. b m puramente num rica mas n o a alteridade Por outro lado a diferen a implica sempre a determina o da diversidade quanto a alteridade n o a implica de modo mais geral 229 A esta capacidade de enxergar al m da situa o presente dirigindo sua a o com vistas a este objetivo Frankl 1989a atribuiu como sendo uma caracter stica tipicamente humana Para o autor ser homem significa de per si e sempre dirigir se e ordenar se a algo ou a algu m entregar se o homem a uma obra a que se dedica a um homem que ama ou a Deus a quem serve p 45 poss vel ent o concordar com a hip tese de que o sentido presente nas a es realizadas est relacionado tamb m com o ato de dedicar se a algo ou a algu m Esta atitude pode ser de natureza religiosa afetiva ou intelectual Para Frankl 1989a p 47 esta consci ncia pr pria da dimens o espiritual do ser humano Quando ela n o considerada corre se o risco de julgar erroneamente o outro como demonstrado no exemplo abaixo Se eu em vez de projetar figuras tridimensionais num plano de duas dimens es projeto figuras como Fedor Dostoiewski ou Bernadette Soubirous no plano psiqui trico Para mim enquanto psiquiatra Dostoiewski n o passa de um epil tico como qualquer outro e Bernadette n o sen o uma hist rica com alucina es vision rias O que s o para al m disso n o se reflete no campo psiqui trico Com efeito tanto a cria o art
193. berdade para a cria o a partir dela Para Gauthier 2004 h um duplo agenciamento de conte do e express o denominado duplagem os quais ocorrem inseridos no universo das rela es de grupo sendo eles o agenciamento maqu nico de corpos a es e paix es e o agenciamento coletivo de enuncia o A combina o destas duas formas de express o social permite a investiga o da exist ncia de fato da possibilidade da autoria durante o processo formativo inicial do professor O agenciamento maqu nico de corpos a es e paix es permite a exterioriza o da rela o entre corpos paix es e da concretiza o das emo es pr prias do homem as quais ao mesmo tempo em que se atraem repulsam se alteram se e fazem alian as entre si Isso porque os grupos neste caso de alunas s o constitu dos por indiv duos que se comp em e se transformam segundo regras em tempos e lugares institu dos Nestes grupos tamb m h a presen a dos denominados po os de captura que atraem as energias para pontos institu dos e repetitivos e inversamente a estes as denominadas linhas de fuga desejantes criadoras de jogos n o previstos as quais nem sempre ocorrem por vontade pr pria das pessoas mas perpassam o conjunto de corpos e afetos GAUTHIER 2004 p 130 J o agenciamento coletivo de enuncia o revela as m ltiplas falas do grupo e o seu olhar sempre coletivo de uma realidade Possui como caracter stica fundamental
194. boa qualidade da educa o a pr tica da pesquisa por parte do professor O autor afirma tamb m que a atitude de pesquisador em sala de aula uma condi o bastante desafiadora sobretudo para os professores que ministram aulas para v rias turmas e frequentemente em mais de uma escola Demo 2005 e Fazenda 1994 partem do princ pio de que nenhuma a o docente ocorre de forma independente j que esta depende de um conjunto de conhecimentos e experi ncias previamente adquiridos por parte do professor No entanto a pr tica destes conhecimentos e experi ncias arrisca se a ficar obsoleta ao longo dos anos se n o for posta reflex o Tanto os conhecimentos quanto as experi ncias devem permitir ao professor a cria o de novas estrat gias pedag gicas alimentando com isso no universo do seu desenvolvimento profissional o processo de autoria N voa 2000 tamb m confirma este pensamento ao afirmar ser imposs vel a dissocia o do desenvolvimento profissional docente das caracter sticas relativas ao universo pessoal deste profissional Para o autor torna se imposs vel separar o eu profissional do eu pessoal j que ambos garantem ao professor a possibilidade de questionar intuir e de agir de maneira adequada diante de seus alunos 128 A maneira como cada um de n s ensina est diretamente dependente daquilo que somos como pessoa quando exercemos o ensino Ser que a educa o do educador n o se deve faz
195. ca o e as transforma es do conhecimento Campinas SP Papirus 1995 Org Pr ticas Interdisciplinares na escola 6 ed S o Paulo Cortez 1991 Org Dicion rio em constru o Interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 Formando professores para a Interdisciplinaridade In FAZENDA C A Org Interdisciplinaridade e novas tecnologias formando professores Campo Grande MS UFMS 1999 cap 1 Interdisciplinaridade hist ria teoria e pesquisa Campinas SP Papirus 1994 Interdisciplinaridade qual o sentido S o Paulo Paulus 2003 Org Interdisciplinaridade na forma o de professores da teoria pr tica Canoas RS ULBRA 2006 Interdisciplinaridade na forma o de professores o que pensam alguns de seus pesquisadores Endipe 2006 Metodologia da pesquisa educacional 8 ed S o Paulo Cortez 2002 Org O que Interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2008 FAZENDA C A SOARES M Metodologias n o convencionais em teses acad micas In FAZENDA C A Org Novos enfoques da pesquisa educacional 7 ed S o Paulo Cortez 2010 cap 09 FERREIRA A B H Dicion rio de L ngua Portuguesa Rio de Janeiro Nova Fronteira 1988 FERREIRO E Reflex es sobre alfabetiza o 24 ed S o Paulo Cortez 2001 FORONI Y M D Inter intencionalidades compartilhadas no processo inclusivo da sala de aula no ensino superior uma investiga o interdisciplinar 200
196. ca pela totalidade do conhecimento sobretudo nos registros referentes Educa o Infantil e s s ries Iniciais do Ensino Fundamental Pude concluir a partir destas reflex es que seria necess ria a efetiva o de uma predisposi o institucional para o ato de ouvir os professores que est o nas escolas Somente assim as mudan as ocorreriam de forma mais eficiente e significativa e poderiam ser ampliadas da realidade Local para as demais escolas Pude comprovar essa hip tese pois utilizei argumentos de ordem sociol gica filos fica e antropol gica que possibilitaram a recupera o do que estava oculto nas representa es dos professores Os argumentos de ordem sociol gica investigaram as ra zes ideol gicas que sustentavam a Rede Escolar SESI SP e a mostravam nas diferentes realidades sociais ou seja nas v rias cidades do estado de s o Paulo nas quais a rede estava presente Os argumentos de ordem filos fica tentaram compreender aquilo que estava aparentemente escondido was entrelinhas dos documentos comunicados e referenciais curriculares expedidos pela Dire o Central e aquilo que estava calado nos discursos representa es dos professores Os argumentos de ordem antropol gica por sua vez fundamentaram a discuss o de que nem sempre o complexo precisaria ser dificil Sua supera o encontrou argumento na estrat gia da recupera o das Hist rias de vida Vosso 2004 N VOA 2000 PINEAU 1998 dos professores po
197. ca que ser adotado aqui um posicionamento como o do otimismo ing nuo CORTELLA 2003 caracterizado pela cren a de que toda transforma o necess ria Educa o est nas m os de um ou mais professores de um ou outro autor Pelo contr rio continuarei militando por uma reestrutura o nas escolas nos cursos de forma o de professores exatamente por acreditar como Sacrist n 2000 que a autonomia sempre existe e sempre poss vel ainda que suas fronteiras tamb m coexistam Nesse sentido verifica se ainda que h a necessidade da investiga o de caracter sticas mais espec ficas que determinam a constitui o dos processos de autoria Para isso ser necess rio observar interpretar e compreender todos os aspectos que envolvem a constru o desse conceito Refletirei sobre a autoria adquirida pelo pesquisador ao poder registrar suas descobertas acad micas de modo cient fico por meio da escolha metodol gica mais adequada da conex o entre teoria e pr tica da descoberta de conceitos e met foras presentes nos objetos pesquisados Com o mesmo rigor ser questionado se o professor de Educa o B sica poderia de fato ser considerado autor Para isto recorrerei a an lise de registros acad micos e a observa o da pr tica de uma professora que atuava com alunos do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental Tal reflex o parece me t o complexa que se torna necess rio investigar tamb m os fundamentos que comp
198. caminho n o h sol que o aque a nem primavera que traga esperan as A voz n o sai os p s n o andam mas a vida n o para e preciso continuar Seria pedir demais um par de asas Seria poss vel encontrar ref gio num alto monte Infelizmente n o temos tudo o que queremos e neste momento nossa fragilidade aflora e nos faz pensar no que realmente importante nesta vida Ela curta por isso deve ser bem vivida Num cen rio de inverno onde n o h folhas nas rvores os rios e lagos congelam e s o que seus olhos contemplam uma imensid o branca podemos concluir que estamos sozinhos Mas embaixo de todo o gelo ainda h vida nos rios e lagos embaixo da neve as ra zes est o vivas e ansiosas pela primavera E ela t mida faceira perseverante trazida pelas m os Daquele que nos ama e cuida de n s Um Deus potente capaz de fazer florir o nosso dia com o milagre da vida Aos poucos o sorriso volta a sorrir a voz volta a falar e os p s voltam a andar pois o tempo n o para Ao abrir os olhos as pessoas que voc ama e que te amam tamb m estar o l te esperando com os bra os abertos espera do recome o Recome o percebido no desabrochar da flor no voo das borboletas Aluna 03 A partir da interpreta o dos relatos das alunas percebe se a aplica o de algumas pr ticas pedag gicas interdisciplinares em suas atividades as quais foram respons veis por desvencilh las da rigidez inerente ao tempo cronol
199. cas que se revelam como refer ncias e conectores entre a experi ncia vivida e o tempo a ser constru do Marcas ocultas e desveladas nos relatos de hist rias de vida que s o transformados pela conscientiza o em documentos cient ficos para compreender e interpretar as possibilidades de uma forma o interdisciplinar TAINO 2008 p 149 68 Para essa pesquisadora o movimento que envolve o reconhecimento exige de quem o procura a viv ncia de atributos pr prios da Teoria da Interdisciplinaridade caracterizados pela necessidade da espera do respeito do desapego e da coer ncia propostos por Fazenda 1994 Ao percorrer esse caminho o pesquisador atribui sentido sua trajet ria pessoal e profissional pois a percebe como caminho essencial a sua forma o O segundo conceito analisado foi defendido por Silva 2008 em sua tese de doutorado A pesquisadora afirma que pesquisas de natureza ontol gica s o para a vida toda pois discutem temas inconclusivos Quanto maior o n mero de perguntas respondidas maior a gera o de outras para o pesquisador que as investiga A cada conclus o haver sempre um recome o A cada pergunta uma nova resposta e a cada interven o a possibilidade de fazer de novo e de um modo novo principalmente se partirmos de perguntas ontol gicas Por isso considerou tais pesquisas como um trabalho sem fim p 136 Quando falo de educa o interdisciplinar estou querendo me referir a uma
200. ceito a ser analisado aquele defendido por Taino 2008 em sua tese de doutoramento A pesquisadora afirma a considera o do conceito de Reconhecimento como uma nova categoria da Interdisciplinaridade Ressalta que o movimento de circularidade do reconhecimento em sua pesquisa foi o respons vel por entrela ar e reconfigurar as diversas categorias interdisciplinares na busca pela totalidade No entanto como nenhum conceito surge de algo inexistente a pesquisadora fundamentou suas observa es interpreta es e descobertas nos estudos e no percurso propostos por Ricoeur 2006 denominado percurso do reconhecimento Para ela TAINO 2008 o conceito do reconhecimento poderia ser agregado Interdisciplinaridade sobretudo se houvesse a considera o dos processos de forma o inicial e continuada dos professores De acordo com a autora o reconhecimento de si pr prio do outro do mundo e de suas rela es caracter stico de uma atitude interdisciplinar que ao realizar a discuss o de totalidade e alteridade reflete sobre a totalidade de si mesmo das teorias que o pesquisador estuda e do homem com quem convive Ouso nesse estudo portanto integrar o Reconhecimento entre as categorias da Interdisciplinaridade pois entendo a Forma o Interdisciplinar como movimento de trocas entre o reconhecimento de si e do outro nessa investiga o representada pelos c rculos hermen uticos C rculos que constituem e se reconstituem por mar
201. ceito de sentido fundamentado em Frankl 1989a Suas reflex es constataram a possibilidade de encontrar sentido por meio da realiza o de valores criativos vivenciais e de atitude 23 As pr ticas docentes tanto dos professores da Escola SESI do Ipiranga como das alunas do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba demonstraram que poss vel a concretiza o de valores e consequentemente a descoberta de sentido a partir de a es viv ncias e atitudes pedag gicas O sentido de ser autor est impl cito e expl cito no decurso do pr prio processo de autoria vez que o autor ao produzir conhecimento o faz a partir de um movimento interior consciente livre e respons vel As considera es parciais sobre a tem tica desta tese deixou evidente a possibilidade de pesquisadores professores formados e em processo de forma o tornarem se autores em educa o Atrav s da narrativa de suas hist rias de vida pessoais e profissionais permitem a manifesta o de informa es e sentidos que podem direcionar o olhar educativo para produzir no outro a compreens o daquilo que se faz e do que se pensa sobre o que se faz contextos privilegiados de articula o te rica e pr tica e de produ o de conhecimento pedag gico 24 2 SER ATOR No outro dia a menina levantou se muito cedo para levar a boneca ao consult rio do Doutor Caramujo Encontrou o com a cara de quem havia comido um urutu recheado de escorpi es
202. ceitos de autoria autoridade e legitimidade considerados no mbito educacional O segundo c rculo hermen utico tratou de interpretar a pr tica pedag gica de uma professora da Escola SESI do Ipiranga a partir do momento em que ela decide transgredir as normas institucionais existentes para que as aprendizagens dos alunos fossem mais significativas O terceiro c rculo hermen utico se configurou ao constatar que a forma o do professor para a autoria exige necessariamente a constitui o de um grupo pesquisador no qual pesquisador e pesquisados se tornem parceiros na observa o dos fen menos na reflex o e interpreta o deles e na socializa o dos resultados obtidos ainda que de forma preliminar A partir da interpreta o antropol gica do que Gauthier 2004 afirma sobre tal necessidade as produ es art sticas das alunas do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba foram essenciais para a constata o de que as a es educativas t m motivos impl citos e expl citos em sua operacionaliza o desencadeados por desejos teorias ou outras raz es intencionais conforme prop e Bruner 2001 O quarto c rculo hermen utico fundamentado em Perrenoud 2001 apontou dilemas enfrentados por educadores ao se relacionarem com os alunos A interpreta o de pinturas realizadas pelas alunas do Curso de Pedagogia tornou se essencial para verificar a 74 possibilidade que o professor em forma o tem de refletir sob
203. ciclop dia Luso Brasileira de Filosofia 1999 atribui ao conceito de autoridade 83 laborat rio Esse movimento foi de extrema import ncia pois a Rede de Ensino ainda n o possu a um hor rio coletivo de planejamento semanal ou quinzenal como muitas institui es de ensino o tem A partir dessas conversas duas professoras do Ciclo Il Final 5 ano se disponibilizaram a desenvolver um trabalho em parceria com a professora L rio utilizando como ferramenta b sica um editor de texto Word for Windows para a realiza o do Livro da Vida de cada aluno Essa atividade se constitu a como parte do Eixo de Trabalho Ci ncias Humanas embora devesse primar tamb m pela constru o formal dos textos uma vez que o produto final o Livro da Vida seria disponibilizado s fam lias dos alunos Fazenda 2003 2006 2008 afirma que de extrema import ncia a compreens o da Hist ria de Vida de professores e alunos recuperando aspectos importantes por meio do recurso da mem ria Nesse sentido as tr s professoras administravam questionamentos de natureza epistemol gica ontol gica e pr tica O Livro da Vida deveria registrar aspectos importantes da vida de cada aluno Por isso mesmo deveriam ser resgatados com sensibilidade e cuidado registrados com fidedignidade e rigor por crian as de aproximadamente dez anos e socializados com respeito sacralidade de cada hist ria Tal preocupa o pode ser caracterizada como tendo sua
204. ciplinaridade contribui para a afirmativa de que o professor tamb m autor em sua pr tica e que esses dois conceitos interdisciplinaridade e autoria est o intimamente relacionados Por outro lado a ordena o social da Interdisciplinaridade est relacionada s exig ncias pol ticas econ micas e sociais vigentes o que comprova que esta n o uma ci ncia desconectada do cotidiano vivenciado pela humanidade Por interm dio dela s o enfatizados os impasses vividos pelas disciplinas em suas impossibilidades de sozinhas enfrentarem problem ticas complexas FAZENDA 2008 p 19 Da mesma forma pode se afirmar que a Interdisciplinaridade proporciona ao autor pesquisador professor ou professor em forma o a possibilidade de visualizar o fen meno educativo a partir de v rias perspectivas tanto a de ordem metodol gica quanto a de ordem social caracterizada pelo cotidiano no qual vivem os autores e os alunos Nesse sentido a autora afirma que preciso repensar a forma o do professor para a adequada compreens o da polissemia e da complexidade inerentes ao conceito de 171 Interdisciplinaridade No caso desta pesquisa esse repensar torna se necess rio autoforma o do autor pois A forma o Interdisciplinaridade enquanto enunciadora de princ pios pela Interdisciplinaridade enquanto indicadora de estrat gias e procedimentos e para a Interdisciplinaridade enquanto indicadora de pr ticas na interv
205. colha da profiss o Manual de Instru es para o Curso de Pedagogia Para um uso adequado e para uma maior longevidade do Curso de Pedagogia sugerimos que voc siga as seguintes instru es Transporte Para se transportar para a Faculdade preciso ter muita paci ncia pois nunca sabemos o que nos espera no longo caminho at ela Instala o Ao se instalar se acomode porque o tempo passa r pido e a viagem de volta longa Funcionamento Para um perfeito funcionamento preste muita aten o nas aulas Dedique se 100 pois s o momentos preciosos Quando percebemos j acabou Manuten o e limpeza Os alunos devem pesquisar sempre al m do que dito em sala de aula s vezes o pouco tempo de aula nos restringe apenas alguns conhecimentos necess rios para a nossa rea Problemas t picos e solu es O problema mais t pico do Curso a quantidade de trabalhos a serem feitos e a falta de tempo para realiza los A solu o dar um jeitinho para que eles consigam ser um sucesso e surpreendam os professores A solu o gostar do que faz das pessoas com quem convive criando um v nculo de seguran a e afetividade Aluna 05 O sexto texto por fim pertence a uma aluna que possui uma grande amiga em sala de aula Enquanto escutava a narrativa de Casadei 2010 pensou que talvez esta pessoa n o soubesse da real import ncia que tinha em sua vida pois foi em sua companhia que come ou a
206. conceito de avalia o as interpreta es oriundas de suas mem rias avaliativas e das mem rias de suas alunas bem como suas rela es com a Teoria da Interdisciplinaridade A autora afirma que o olhar interdisciplinar permitiu a compreens o do fen meno avaliativo de modo mais completo a partir da comunh o da totalidade dos olhares locais Para esta comunh o constituinte do olhar interdisciplinar a pesquisadora recorreu outra met fora denominada met fora do caleidosc pio Taino 2008 como observado em sua tese de doutorado afirma que o olhar interdisciplinar permite ao pesquisador a adequada compreens o da totalidade do objeto a ser pesquisado sem desconsiderar suas pr prias caracter sticas e desejos Para ela o olhar interdisciplinar ferramenta essencial para a caminhada do pesquisador rumo ao seu pr prio percurso do reconhecimento Carvalho 2004 em sua tese de doutoramento afirma que a met fora do olhar interdisciplinar pode ser utilizada por outros pesquisadores dedicados s quest es do mbito educacional possibilitando a estes o despertar do processo de autoria o qual observado tamb m na realiza o das diversas atividades destinadas aos alunos do Curso de Pedagogia Em tempos e espa os curriculares entrela amos v rios olhares disciplinares Neste trabalho integrado transformamos os conhecimentos em conte dos de ensino 62 envolvendo os futuros pedagogos no planejamento de situa es difere
207. constitui de praticamente tudo aquilo que se passa na escola e exatamente por isso sua complexidade muito grande Significa a ado o de uma postura extremamente clara e intencional preciso refletir sobre a pr tica teoriz la e ressignific la a partir de um movimento de autoria Por este motivo ser o adotadas aqui as concep es cr ticas e p s cr ticas da teoria curricular Para Sacrist n 2000 a escola constitu da por um projeto educativo complexo que reflete a fun o socializadora da educa o que est muito al m do que ingenuamente costuma se pensar sobre curr culo como sendo apenas o conjunto de disciplinas pr definidas que comp em um plano de ensino Para superar esta abordagem defasada deve haver uma transforma o de todas as rela es pedag gicas existentes na escola o que abrange o profissionalismo dos professores suas formas de controle e os poderes que a institui o escolar possui sobre os alunos Em vez de ser composto de um amontoado de conte dos espec ficos importantes as disciplinas o curr culo deveria incorporar o livre tr nsito entre campos de saberes um terreno eminentemente interdisciplinar que exige mudan as radicais de pensamento e percep o essenciais para o desenvolvimento do indiv duo e de onde fosse garantida a preponder ncia das Associa es por Similaridade isto de gera o de pensamento sobre pensamento PICOLLO 2005 p 12 Segundo a mesma l gica P
208. culturais No entanto para Gauthier 2004 os agenciamentos coletivos de enuncia o possuem ainda um terceiro componente o diagram tico o qual demonstra a maneira pela qual os signos s o extra dos na sua forma original Eles aparecem primeiramente como part culas desterritorializadas as quais quando expressas podem ser combinadas entre si S o tr s os exemplos verificados durante a atividade realizada pelas alunas onde poss vel a comprova o dessa caracter stica presente nos discursos dos grupos de professores O primeiro exemplo demonstrado na Figura 16 elaborada pela aluna a quem denominei Laranja A princ pio as colegas que observaram sua pintura n o entenderam se Laranja havia escolhido um caminho ou um rio para retratar sua met fora a respeito da aprendizagem mais significativa ao longo de sua vida pois sua pintura retratava tanto a figura de um grande rio azul quanto a de um caminho quadriculado presente nas suas adjac ncias No momento de sua apresenta o no entanto a aluna relatou a escolha tanto do rio quanto do caminho para a adequada representa o de suas aprendizagens mais significativas Para ela tanto o rio que corre em dire o ao mar quanto o caminho que o encontra s o express es caracter sticas de suas aprendizagens as quais n o aconteceram sempre da mesma forma mas de maneira bastante diversificada Este exemplo ilustra o que Gauthier 2004 denominou como representa es aparentemente dest
209. curr culo oculto e cultura de resist ncia e as Teorias P s Cr ticas de Curr culo que enfatizam conceitos como identidade e alteridade diferen a e subjetividade significa o e discurso saber poder representa o e cultura g nero ra a e etnia sexualidade e multiculturalismo Para o autor tanto as teorias cr ticas quanto s p s cr ticas de curr culo consideram aspectos importantes da realidade interior daqueles que est o na escola e dos seus mecanismos sociais de conviv ncia Na narrativa de Alves 2003 percebe se pelas falas dos animais que estes aspectos obviamente n o foram considerados na constitui o do espa o do tempo e das rela es da escola da floresta Ao ler as reflex es seguintes contidas nos 13 Tanto as Teorias cr ticas quanto as p s cr ticas trazem para a discuss o do curr culo elementos que transcendem antiga concep o da escola como transmissora apenas de t cnicas de ensino Estas teorias ajudam professores e alunos a refletirem sobre as situa es enfrentadas no cotidiano da escola e no contexto social como um todo Ao refletir sobre curr culo oculto e cultura de resist ncia por exemplo as Teorias Cr ticas permitem que os professores pensem sobre as a es que norteiam o ambiente escolar e que n o est o escritas em nenhum documento Da mesma forma quando o discurso sobre alteridade diferen a e subjetividade proposto pelas Teorias P s Cr ticas permite que a escola trabalhe
210. cursos de p s gradua o apresenta diversas dificuldades ao aluno que deseja transformar se ou firmar se como pesquisador Para ela tais obst culos podem ser categorizados a partir dos seguintes pressupostos a Dificuldade no dom nio da escrita talvez reflexo de uma educa o do sil ncio que n o possibilitou aos alunos a oportunidade da aplica o de seus saberes em jogo Pesquisadores repletos de boas ideias boas inten es e excelentes problemas de pesquisa se deparam com a dura realidade de n o conseguir express las adequadamente por meio da escrita b Cria o de uma colcha de retalhos na escrita consequ ncia da primeira consiste na apropria o das falas de outros pesquisadores citadas recortadas e coladas 49 exaustivamente subtraindo do texto sua coer ncia interna Isso impossibilita a legitima o da autoria do pesquisador c Dificuldade na compreens o e interpreta o de textos esta exige do pesquisador consci ncia de suas limita es e disciplina no h bito da ler com o intuito da supera o de suas limita es A primeira premissa o exerc cio da leitura atenta por meio de constante pesquisa acerca do tema escolhido indispens vel ao pesquisador o exerc cio da escrita de forma que este se constitua um h bito Uma tese uma disserta o um livro enfim s estar o realmente finalizados se reescritos in meras vezes A reflex o acerca do texto escrito em grupos um dos caminhos apon
211. da implementa o de um trabalho com gestantes Pensaram para o in cio do trabalho na escolha de um grupo de duzentas gestantes Ap s isso a professora fez lhes os seguintes questionamentos Que tipo de trabalho realizar com essas gestantes Como realizar o seu acompanhamento Por qu Novo sil ncio Primeiro Ivani tudicou lhes a necessidade da realiza o de uma rev sita ao passado do grupo sobretudo com a verifica o do prop sito de sua exist ncia segundo era imprescind vel considerar tamb m o passado individual de cada um de seus membros ou seja as mem rias que os conscientizavam acerca das raz es de pertencerem quele grupo espec fico A an lise destes dois itens foi realizada pela professora em conjunto com o grupo utilizando se dos recursos de pesquisa demonstrados a seguir 2 Rev sita Focada 195 A partir da revisita anterior e consequentemente do registro sobre ela poss vel a percep o do foco do pesquisador Este foco aqui entendido como o talento de cada indiv duo tamb m denominado por Ivani de refr o No entanto a sua descoberta somente poss vel a partir da reflex o sobre a sua escrita realizada ap s um per odo denominado per odo de dorm ncia Esta dorm ncia ocorre somente quando o pesquisador coloca se em posi o de espera e se permite a uma an lise cr tica sobre seus registros preparando os para a etapa seguinte de fundamental import ncia 3 Revisita ao Cole
212. da a multiplicidade dispersa e contradit ria da apar ncia sens vel a coer ncia nesse sentido muito mais do que a simples compatibilidade entre os elementos de um sistema implica com efeito 178 No entanto constata se tamb m que a Teoria da Interdisciplinaridade assume a ambiguidade como possibilidade de verifica o da totalidade do fen meno e do sujeito que o pesquisa ou que age sobre ele Assumir a coer ncia e a ambiguidade n o seria uma atitude de incoer ncia Giacon 2001 p 35 ao iniciar suas discuss es sobre coer ncia registra o seguinte poema de sua autoria Sou tantas aquelas que fui e aquelas que deixei de ser Sou as minha fobias e a minha coragem sou projeto e desencanto Sou a voz que denuncia e o sil ncio covarde que cala Sou vida que clama e morte que apaga Sou carne e sou esp rito Sou tudo e nada Sou tantas e sou nenhuma Sou aquelas que serei ent o sou todas Sou Analisando o superficialmente poder se ia interpreta lo como o retrato de algu m que se considera amb guo pois vive no mundo das polaridades Por m n o seria essa a caracter stica de todo o ser humano Do ponto de vista existencial imposs vel dissociar a fraquezas da coragem as necessidades do corpo daquelas pelas quais clama o esp rito isso porque n o se deixa de ser quem se mesmo assumindo diferentes pap is no decorrer do dia a dia Viver escolher e a cada escolha existe uma des
213. da intelig ncia emocional que deve sempre envolv lo em suas rela es com seus alunos Sobre estas imagens os componentes do grupo escreveram as palavras professor e aluno ligadas por duas setas em sentidos opostos pois acreditam que a efici ncia do relacionamento entre professores e alunos caracterizada por uma via de m o dupla onde o primeiro passo para o seu sucesso sempre poss vel para ambas as partes 145 Figura 40 A afetividade deve permear a rela o professor aluno Fonte arquivo pessoal Ap s a apresenta o todos os grupos de professores pegamos cada uma das imagens e as costuramos de forma que compusessem duas cortinas Estas cortinas est o at hoje presentes na Biblioteca Escolar conforme demonstrado nas Figuras 41 e 42 Figura 41 Cortina constru da coletivamente Fonte arquivo pessoal 146 Figura 42 Cortina constru da coletivamente Fonte arquivo pessoal As duas cortinas foram o produto final do trabalho de revis o a respeito da Proposta Pedag gica presente naquela escola express o do resultado de um trabalho coletivo e integrado entre a dire o da escola e a equipe docente Juntos os professores constru ram uma vis o da realidade inerente s rela es pessoais e profissionais presentes no universo do seu ambiente de trabalho projetando com isso a es e metas poss veis para o ano seguinte Por esse motivo preciso por parte do professor o est
214. da pela transfer ncia de conhecimento mas sim uma especificidade humana Freire P 1997 afirma que o ato de ensinar exige do professor a capacidade de pesquisa e reflex o cr ticas sobre sua pr tica docente e que as realize com rigorosidade met dica pois o conhecimento est em constante transforma o Da mesma forma esta pr tica traz ao docente o adequado respeito aos saberes dos educandos e a partir disso os 95 faz avan ar muito mais que por suas palavras mas principalmente pela corporifica o delas pelo exemplo Al m disso para o autor preciso aceitar o risco do novo rejeitando sempre qualquer forma de discrimina o Partindo da concep o segundo a qual o homem um ser inacabado e encontra se em constante processo de aprendizagem Freire P 1997 afirma ainda que o ato de ensinar exige bom senso para a adequada apreens o da realidade toler ncia humildade e respeito autonomia de ser do aluno Da mesma forma exige alegria esperan a curiosidade e convic o de que poss vel a mudan a O homem ao ensinar outros homens independente da fase de vida na qual esteja inserido necessita de generosidade comprometimento e seguran a a respeito de sua compet ncia profissional Al m disso para o autor o professor deve compreender a educa o como um instrumento de interven o social e por isso torna se necess rio saber escutar seus alunos e a si pr prio de maneira adequada tendo a disponibi
215. dade esse discurso solicita expressar se pela linguagem legein Nesse sentido a linguagem o discurso pronunciado o falar e o discurso o modo constitutivo e essencial do homem do qual a linguagem como discurso articulado deriva ESP SITO 2001 p 241 grifos da autora 18 Na pesquisa a apropria o do conhecimento d se atrav s do c rculo hermen utico compreens o interpreta o nova compreens o Ao percebermos novas caracter sticas do fen meno ou ao encontrarmos no outro interpreta es ou compreens es diferentes surge para n s uma nova interpreta o que levar a outra compreens o Toda hermen utica expl cita ou implicitamente compreens o de si mesmo mediante a compreens o do outro O enfoque fenomenol gico prop e a reflex o sobre o objeto de pesquisa para que o mesmo adquira legitimidade e com isso a hermen utica ganha destaque na interpreta o dos fen menos elencados O processo investigativo recorre a hermen utica fundamentada na antropologia e com Gauthier 2004 destaca as pr ticas formativas oriundas das manifesta es de grupos de professores pesquisadores e alunos Em sua antropologia o autor afirma a necessidade do reconhecimento das formas de express o estabelecidas pelos grupos diante da realidade que os cerca Para tanto as observa es precisam ser realizadas por pesquisadores dispostos a pertencer ao grupo pesquisado sobretudo colocando se em situa o d
216. dades que inerem subst ncia Por isso em Deus dizemos que n o h propriamente modos ou qualidades mas somente atributos porque nenhuma varia o se deve conceber nEle E mesmo nas coisas criadas o que nelas n o se comporta nunca de modo diferente como a exist ncia e a dura o n o deve ser na coisa que existe e dura chamada qualidade ou modo mas atributo grifos do autor ia Categorias s o definidas tamb m por Abbagnano 2003 p 121 124 primeiramente como determina es da realidade e em segundo lugar no es que servem para indagar e para compreender a pr pria realidade Para Kant as categorias s o os modos pelos quais se manifesta a atividade do intelecto que consiste essencialmente em ordenar diversas representa es sob uma representa o comum isto em julgar O conceito tradicional de categoria como determina o do ser foi retomado pelo idealismo rom ntico e em especial por Hegel Este considera as categorias como determina es do pensamento Contudo cientistas fil sofos e pesquisadores em geral sempre exerceram o direito de propor novas categorias isto novos instrumentos conceituais de investiga o e de express o lingu stica 9 Para Abbagnano 2003 p 789 diferentemente da premissa do postulado da hip tese etc o pressuposto introduzido sub repticiamente no decorrer de um racioc nio limitando o ou dirigindo o de maneira dissimulad
217. de Escolar SESI SP a qual durou dez anos de 2000 a 2010 Permaneci nesta primeira escola at o in cio do ano de 2003 quando iniciei o trabalho como Coordenadora da Escola SESI de Trememb local em que permaneci at janeiro de 2006 Da experi ncia como gestora da Escola SESI de Trememb surgiu minha pesquisa de Mestrado SOUZA 2006 defendida na Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo sob a orienta o da Professora Ivani Catarina Arantes Fazenda Esta pesquisa foi marcada pelas discuss es presentes nas reuni es quinzenais do GEPI Grupo de Estudos e Pesquisa em O GEPI Grupo de Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade foi criado em 1986 pela Professora Doutora Ivani Catarina Arantes Fazenda Atualmente permanece sob sua coordena o e se destina a fomentar estudos e pesquisas na rea da Interdisciplinaridade Ao longo dos anos construiu parceiras nacionais e internacionais Sua trajet ria e relev ncia acad mica bem como as produ es cient ficas que dele se originaram encontram se dispon veis em http www4 pucsp br gepi 31 Interdisciplinaridade das quais participei e por v rios questionamentos tais como seria a Interdisciplinaridade uma possibilidade de atribuir sentido s redes escolares Seria poss vel desenvolver projetos interdisciplinares em seu interior Eu n o mais na fun o de professora mas sim na de diretora da escola aos vinte e tr s anos poderia contribuir com a pr tica de p
218. de Interdisciplinaridade a partir da origem da palavra disciplina Para o autor A raiz da palavra disciplina do latim discere nos remete ideia de aprender O que aprende aquele que conhece que sabe do que se lhe apresenta Assim o prefixo disce nos leva ao afirmado o que se conhece O planus pode ser traduzido como o sem dificuldade o plano liso reto Logo algo que se conhece linearmente sem problemas Algo disciplinado CASCINO 2004 p 148 grifos do autor J Ferreira 1988 p 224 auxilia na compreens o do significado da palavra disciplina Para ele disciplina um substantivo feminino que significa 1 Regime de ordem imposta ou livremente consentida 2 Ordem que conv m ao funcionamento regular duma organiza o militar escolar etc 3 Rela es de subordina o do aluno ao mestre ou ao instrutor 4 Observ ncia de preceitos ou normas 5 Submiss o a um regulamento 6 Qualquer ramo do conhecimento art stico cient fico hist rico etc 7 Ensino instru o educa o 8 Conjunto de conhecimentos em cada cadeira dum estabelecimento de ensino mat ria de ensino Da mesma forma Abbagnano 2003 p 289 tamb m compreende disciplina como mat ria de ensino e objeto de coer o Disciplina lat Disciplina in Discipline fr Discipline al Disziplin it Disciplina 1 Uma ci ncia enquanto objeto de aprendizado ou de ensino 2 Fun o negativa ou coercitiva de uma regra
219. de de contribuir cada vez mais com o melhor de si em cada tarefa delegada As duas pesquisadoras acima convergem sobre a import ncia da atitude do professor no universo das quest es relativas ao conhecimento e ao seu relacionamento com os alunos tendo como objetivo o sucesso de suas pr ticas em sala de aula seja qual for o n vel ou a modalidade de ensino A possibilidade do resgate das pr ticas cotidianas dos professores constitui um tesouro para o pesquisador elas d o subs dios coleta de dados preciosos os quais garantem a legitimidade da reflex o sobre algo pr ximo concreto e repleto das implica es sociais existentes no mbito da vida do pesquisador H alguns anos Fazenda 1996 2001 2003 2006 vem afirmando que a Interdisciplinaridade uma atitude diante das variadas quest es relativas ao conhecimento atitude do pesquisador do professor e do aluno Seria ent o essa atitude uma possibilidade de ampliar conceitos e de recri los para a recupera o do sentido da educa o 66 3 1 4 A possibilidade de autoria ao ampliar conceitos e fazer teoria Primeiramente verificaremos a possibilidade que os trabalhos defendidos na Linha de Pesquisa Interdisciplinaridade do Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo da Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo tiveram de nos ltimos anos construir ou reconstruir conceitos Por meio da reavalia o dos dois termos a que tenho me detido acerc
220. de roda Solicitei lhes ent o para que fechassem os olhos a fim de se concentrarem na atividade que seria proposta desligando se de toda interfer ncia do ambiente externo Aquele momento deveria ser nico e exclusivo para elas e por isso deveriam se entregar imagina o e deixar vir tona ou consci ncia as experi ncias lembradas a partir daquilo que fossem ouvindo durante a leitura O objetivo principal neste momento era a lembran a por parte das alunas de experi ncias causadoras de grande impacto emocional ou seja momentos que tenham realmente valido a pena Respirando fundo li o seguinte poema em voz alta O que Letramento Letramento n o um gancho em que se pendura cada som enunciado n o treinamento repetitivo de uma habilidade nem um martelo quebrando blocos de gram tica Letramento divers o leitura luz de vela ou l fora luz do sol S o not cias sobre o presidente o tempo os artistas da TV e mesmo M nica e Cebolinha nos jornais de domingo uma receita de biscoito uma lista de compras recados colados na geladeira um bilhete de amor telegramas de parab ns e cartas de velhos amigos viajar para pa ses desconhecidos sem deixar sua cama rir e chorar com personagens her is e grandes amigos um atlas do mundo sinais de tr nsito ca as ao tesouro manuais instru es guias e orienta es em bulas de rem dios para que voc
221. de valores A arte em todas as suas manifesta es nos oferece a possibilidade do contato com a beleza com a harmonia e com a est tica elementos constituintes do sentido intuitivo atribu do ao termo experi ncia tamb m afirmado por Frankl 1989a Por este motivo farei o relato de uma atividade realizada no ano de 2010 com as alunas do 4 semestre do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba na disciplina Fundamentos e Metodologia da Alfabetiza o a qual ministro A partir do trabalho com um dos conte dos espec ficos da disciplina O Letramento elaborei uma proposta de viv ncia com as alunas fundamentada na sensibilidade intuitiva que as atividades art sticas despertam nas pessoas que se deixam por elas se envolverem Esta viv ncia se realizou antes mesmo da discuss o sobre as caracter sticas conceituais atribu das ao termo Letramento Essa estrat gia se deu porque frequentemente tenho observado uma certa dificuldade por parte de algumas alunas na compreens o do real significado atribu do ao termo Letramento Isto ocorre porque suas mem rias relativas alfabetiza o frequentemente demonstram que as atividades de leitura por elas vivenciadas enquanto crian as e adolescentes na escola se davam apenas como objeto de cobran a de desempenho durante a realiza o das provas ou durante o preenchimento de extensas fichas tradicionalmente organizadas em formato de question rio Atrav s desta estrat gia
222. do a palavra proferida toca a sensibilidade de nossos alunos S o momentos muitas vezes n o revelados que podem ou n o se mostrar pouco a pouco ao professor profissional da palavra Perrenoud 2001 afirma que a a o de ensinar exige do profissional docente a capacidade e a disponibilidade para o enfrentamento da complexidade Lidar com as quest es da fala e do sil ncio em sala de aula implica em assumir ou envolver se com 116 atitudes complexas as quais n o est o descritas em livros ou enciclop dias e que por isso exigem uma aten o maior deste profissional Para o autor a comunica o do professor com os alunos n o passa de uma parte de seu of cio a qual evidencia os dilemas enfrentados em seu cotidiano docente embora muitas vezes n o tenha consci ncia disso Para ele h seis a es poss veis que podem ajudar o professor no adequado enfrentamento dos dilemas cotidianos que envolvem as rela es entre estes e seus alunos nas escolas aceitar a ambiguidade e a complexidade dos fen menos comunicativos reconhecer em seu funcionamento o que regularmente gera mal entendidos ou disfun es clarificar suas inten es e seus mecanismos essenciais nas diversas situa es aprender com a experi ncia levando em conta os erros de estrat gia e os limites da influ ncia do professor associar os alunos an lise dos fen menos de comunica o pensando sobre o sentido dos saberes e dos trabalhos escolares e por fi
223. dos das pr ticas comprovam que a Interdisciplinaridade tamb m disp e de um car ter funcional podendo ser operacionalizada na pesquisa no ensino e na forma o de professores Nesse sentido poss vel verificar sua import ncia na constitui o do processo de autoria por parte de pesquisadores professores formados e em forma o uma vez que a assume como um de seus atributos fundamentais a autoria passa a fazer parte e com igual relev ncia dos demais princ pios j existentes como a coer ncia a espera O desapego a humildade o respeito e o olhar 222 6 O SENTIDO DA AUTORIA A mo a tecel Acordava ainda no escuro como se ouvisse o sol chegando atr s das beiradas da noite E logo sentava se ao tear Linha clara para come ar o dia Delicado tra o de luz que ela ia passando entre os fios estendidos enquanto l fora a claridade da manh desenhava o horizonte Depois l s mais vivas quentes l s iam tecendo hora a hora em longo tapete que nunca acabava Se era forte demais o sol e no jardim pendiam as p talas a mo a colocava na lan adeira grossos fios cinzentos do algod o mais felpudo Em breve na penumbra trazida pelas nuvens escolhia um fio de prata que em pontos longos rebordava sobre o tecido Leve a chuva vinha cumpriment la janela Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os p ssaros bastava a mo a tecer com seus belos fios dourados para que o s
224. dos demais pesquisadores No entanto h ainda outra possibilidade da caracteriza o do pesquisador como sendo o autor de sua pr pria pesquisa tamb m desvelada a partir da an lise de teses e disserta es defendidas no GEPI Muitas destas pesquisas registram a rememora o das pr ticas docentes dos pesquisadores atreladas aos questionamentos e reflex es te ricas realizadas durante o processo investigativo N o seria tamb m este um importante passo para a sua legitima o enquanto autor 64 3 1 3 A possibilidade de autoria ao refletir sobre a pr tica Atrav s da reflex o do ponto de vista do curr culo sobre a educa o presente nas escolas na forma o de professores e nos processos de aprendizagem dos alunos no Brasil imprescind vel ressaltar as pesquisas respons veis pela constru o das fontes te ricas a respeito da tem tica da Interdisciplinaridade S o fontes pertencentes a autores e autoras dedicados a pesquisa e a viv ncia da pr tica da doc ncia em seus variados n veis e modalidades Podemos citar como exemplo a tese de doutoramento defendida no ano de 2008 por Gasparian a qual menciona a necessidade de se pressupor uma atitude do pesquisador no sentido de conter a ang stia e a ansiedade da descoberta realizada no interior de sua a o docente De acordo com a pesquisa por ela realizada em uma Institui o Privada de Educa o B sica na cidade de S o Paulo n o existem receitas ou f rmulas
225. e uma e id ntica em todas as coisas m ltiplas nasce o princ pio da arte e da ci ncia da arte em rela o ao devir da ci ncia em rela o ao ser para Arist teles a experi ncia permanece o que era para Plat o consiste em conhecer o fato que ocorre repetidamente mas n o tem raz o pela qual ocorre assim conhecimento do particular e n o do universal de tal modo que saber e conhecer cabem arte e ci ncia n o experi ncia ABBAGNANO 2003 p 407 Acredito ainda ser importante mencionar a teoria da experi ncia como intui o j que considera a experi ncia como o relacionar se de imediato com o objeto individual usando como modelo de experi ncia o sentido da vis o Desse ponto de vista um objeto conhecido por experi ncia um objeto presente em pessoa e na sua individualidade O recurso experi ncia quando formulado pela primeira vez no plano filos fico no s culo XIII foi um recurso intui o Sem a experi ncia dizia Roger Bacon nada se pode conhecer suficientemente Os modos de conhecer s o dois o argumento e a experi ncia verdade que para Bacon a intui o n o somente sens vel ao lado da experi ncia sens vel que fonte ou crit rio das verdades naturais Bacon admite uma experi ncia interna ou sobrenatural devido ilumina o divina e que a fonte 254 natural a constante viv ncia de situa es embora nem sempre ela permita a realiza o
226. e 108 y g O mesmo livro fora lido para as alunas do 4 semestre do Curso de Pedagogia da mesma Faculdade na disciplina Fundamentos e Metodologia da alfabetiza o No entanto possu a outro objetivo como descrito na tem tica de valores criativos 270 consequentemente de suas caracter sticas profissionais Isto pode ser observado na narrativa a seguir O Tempo e a Paisagem Como era bom o tempo em que se chamava a m e de senhora e o pai de senhor O leite vinha na porta o litro era de garrafa bebia se e tirava se o bigode P o feito em casa havia as padarias mas era novidade Como era gostosa a canja da vov com galinha do quintal mesmo com gosto Levantava qualquer enfermo A verdura fresquinha vinha da carrocinha ali mesmo na esquina Todos tinham quintal espa o n o faltava Plantava se colhia se trocava se Lembro me dos p s de laranjeira goiabeira pitangueira e das parreiras cheias de uva Andar era t o comum quanto respirar Para que nibus era muito luxo Talvez de bonde pois era uma algazarra mesmo Professora era chamada de professora mais o primeiro nome Com orgulho se dizia ser aluno daquela professora Os doces eram feitos em casa Brigadeiro doce de leite de mam o de ab bora com coco e cocadinha nunca faltavam em qualquer casa As fam lias se reuniam os vizinhos todos se conheciam A vida corria simples acontecendo uma vez ou outra um caso para se contar N o havia comida pronta tudo
227. e a a falar de forma ininterrupta o que causa alguns transtornos a sua dona a menina Narizinho A possibilidade que o autor oferece a sua personagem de ter as pr prias ideias permite tamb m que aspectos oriundos de minha Hist ria de Vida sejam rememorados a fim de compreender a relev ncia da investiga o acerca dos conceitos que envolvem o ser ator para posteriormente refletir sobre as quest es relativas a autoria Como as discuss es se d o no universo das rela es estabelecidas nos processos educativos foi necess ria a reflex o sobre as formas de organiza o da escola atrav s da narrativa da f bula O curr culo dos urubus de Rubem Alves 2003 Esta reflex o primou por contextualizar as discuss es sobre o curr culo de forma hist rico cr tica verificando quais suas implica es para a forma o de atores ou de autores em educa o A narrativa ve culo de atualiza o dos acontecimentos reporta ao que Bruner 2001 denomina particularidades gen ricas j que decorre da generaliza o das a es e do repert rio de conhecimentos da pesquisadora O texto Ser autor se inicia com uma pe a de teatro elaborada por mim quando tinha doze anos Ela foi escolhida por possibilitar a discuss o sobre quem s o as pessoas legitimadas como autores em educa o Como tal relato seria insuficiente para a reflex o sobre a possibilidade de autoria na produ o de textos pr prios foi preciso recorrer epistemo
228. e porque h uma unidade antropol gica apesar das diferen as ontol gicas apesar das diferen as entre as esp cies de ser diferen veis O sinete da exist ncia humana a coexist ncia da unidade antropol gica com as diferen as ontol gicas dos modos chamados estados interiores subjetivos aquela dist ncia em que se cria a possibilidade de n veis mais altos de integra o p 171 226 de ser humanos unos com as esp cies de ser diferen veis em que aquela toma parte grifos do autor Frankl 1989a utiliza dois exemplos interessantes para explicar a natureza humana 34 Chamou estes exemplos de leis da ontologia dimensional as quais s o utilizadas para definir as dimens es que constituem o homem A primeira lei diz que Se tomamos uma e a mesma coisa numa dada dimens o e a projetamos em v rias dimens es inferiores aquela que lhe pr pria a coisa em quest o representa se de tal modo que as figuras obtidas se op em umas s outras Tomemos por exemplo um copo representado geometricamente sob a forma de cilindro em um espa o tridimensional Projetemo lo em seguida nos planos horizontal e longitudinal e temos num caso um c rculo no outro um ret ngulo Observe se entretanto que as figuras obtidas s se op em enquanto se trata de um quadro fechado ao passo que o copo um recinto aberto FRANKL 1989a p 43 A Figura 49 representada abaixo expressa a defini o da primeira lei da ontol
229. e a Interdisciplinaridade tamb m tem seu conceito ligado s quest es de ordem pr tica e ontol gica Nesse sentido poss vel afirmar que a pr tica interdisciplinar seja na pesquisa no ensino ou na aprendizagem exige tamb m uma atitude espec fica diante de si mesmo do outro do fen meno estudado e das situa es nas quais professores e alunos se encontram Abbagnano 2003 p 89 afirma ainda que Dewey considera essa palavra atitude um sin nimo de h bito e de disposi o em particular parece lhe que ela designa um caso especial de predisposi o a disposi o que espera prorromper atrav s de uma porta aberta Lewis analogamente diz que na atitude o que est presente captado em seu significado pr tico e antecipat rio como um ind cio do que est al m no futuro Por outro lado essa palavra foi usada com o mesmo significado fundamental de disposi o por Jaspers As atitudes s o disposi es gerais suscet veis ao menos em parte de pesquisa objetiva assim como as formas transcendentais no sentido kantiano S o as dire es do sujeito e utilizam determinada rede de formas transcendentais Mais precisamente a atitude pode ser definida como o projeto de op es porvindouras em face de verto tipo de situa o ou problema ou como um projeto de comportamento que permita efetuar op es de valor constante diante de determinada situa o Trindade 2001 p 79 80 por su
230. e bandido que irresponsabilidade As palavras continuam A voar pela cidade V o entrando nos ouvidos De gente de toda idade E aquilo que era mentira At parece verdade Seu Golias que vizinho De dona Felicidade E que o pai do Filisteu Ao ouvir que o filho seu Cometeu barbaridade Fica danado da vida Inventa logo um castigo Sem tamanho sem medida N o tem mais festa N o tem mais coca cola N o tem TV N o tem jogo de bola Trote no telefone Nem mais pensar Isqueite Milquicheique V o acabar Filisteu que j sabia Do que tinha acontecido Ficou muito chateado 71 Ficou muito aborrecido E correu logo pro lado Pra casa de Gabriela Que papel o voc fez Me deixou em mal estado Com essa mentira louca Correndo por todo lado Voc tem que dar um jeito Recolher essa mentira Que me deixa atrapalhado Gabriela era levada Mas sabia compreender As coisas que a gente pode E as que n o pode fazer E a confus o que ela armou Saiu para resolver Gabriela foi andando E as mentiras que ela achava Na sacola ia guardando Mas cada vez mais mentiras O vento ia carregando Gabriela encheu sacola Bolsa de fecho de mola Mala malinha maleta E quanto mais ia enchendo Mais mentiras ia vendo Voando entrando nas casas Como se tivessem asas Como se fossem que coisa um milh o de borboletas Gabriela ent o chegou No come o de uma pra a E quando olhou
231. e em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e in til das horas Desta forma eu digo n o deixe de fazer algo de que gosta devido a falta de tempo a nica falta que ter ser desse tempo que infelizmente n o voltar mais QUINTANA 1970 O primeiro grupo denominado Manjeric o refletiu a partir de Quintana 1970 sobre a necessidade do cumprimento dos prazos burocr ticos como por exemplo o preenchimento dos documentos legais plano docente taletas com as notas e as faltas dos alunos di rios de classe relat rios etc e seu consequente impacto na din mica das salas de aula Para eles a documenta o legal e seus prazos transformaram as atividades do ano letivo em um trem que corria sempre contra o rel gio representado pela Figura 31 Figura 31 O trem que corre contra o rel gio Fonte arquivo pessoal Uma das professoras participantes de um dos grupos ao apresentar a imagem para os demais professores afirmou que para ela a corrida contra o tempo tinha ficado muito evidente pois come ara suas atividades na escola ap s o in cio do ano letivo Segundo seu depoimento precisou correr atr s das informa es para a adequada organiza o de todos os seus registros A sensa o de falta de tempo por ela vivenciada foi expressa pelo grupo na forma de um trem sempre em movimento Nesta atividade para cada grupo de professores ser atribu do um nome de tempero diferente a fim de preservar a
232. e est oculto e envolto nas entrelinhas sob um tempo Rairol gico Isto porque segundo Ivani dentro do grupo cada um compreende o fen meno em n veis de realidade distintos de acordo com a sua forma o e com a sua pr pria hist ria de vida Por m o todo do fen meno precisa ser considerado n o como uma mera soma das partes mas em sua natureza constitutiva em sua realidade concreta Acredito que esta dimens o pode ser contemplada a partir da concep o de tridimensionalidade do homem fundamentada em viktor Frankl 19294 psicoterapeuta existencialista idealizador da Logoterapia terceira escola de Psicologia de viena Frankl 19290 considera as dimens es fisica ps quica e espiritual como constitutivas do ser humano as quais puderam ser correlacionadas s explica es de vani durante a aula Ora considerar o enfoque do sagrado existente em cada pesquisador remete a considera o da possibilidade de o homem vir a ser em seu pr prio ser a como afirma 201 Heiddegger ABBAGNANO 2003 ou seja possui um desejo futuro ainda no momento presente Este desejo est Localizado em sua dimens o mais profunda categorizada por Frankl 1929 como dimens o espiritual Em educa o necess ria a considera o acerca desta dimens o independentemente da faixa et ria com a qual se Lida desde a Educa o Infantil at a P s Gradua o Desconsiderando a pode se correr o risco da nega o do todo inerente pess
233. e humildade conceitual e respeitando seus modos de ser e de se expressar Os grupos se expressam em geral de duas formas por meio de seus discursos orais e escritos e por meio de manifesta es art sticas origin rias de suas emo es e de suas manifesta es corporais Esta tese recolheu e interpretou estas duas caracter sticas expressas nos grupos pesquisados de tal forma que se constitu ram em um grupo pesquisador meus parceiros no decorrer das etapas investigativas Ricouer 1988 fundamenta sua hermen utica na interpreta o dos discursos expressos pelos sujeitos Aproprio me das caracter sticas do discurso pr prio de minha Hist ria de Vida para ao interpreta lo elucidar a tem tica proposta Esta tese possui o que Fazenda e Soares 2010 denominaram metodologia n o convencional Para as autoras neste tipo de pesquisa n o existe um ponto que separe nitidamente o convencional do n o convencional Eles podem coexistir sem se repelirem ou se contradizerem Metodologias n o convencionais negando a possibilidade de neutralidade e de objetividade admitem o pesquisador como locutor locutor j n o o referente a terceira pessoa j n o ele o dado o pesquisador o eu quem assume o papel daquele que fala daquele que revela Nesse tipo de pesquisa o interlocutor privilegiado seriam os pr prios pesquisados aqueles que participam aqueles com que e por quem uma a o defla
234. e os grupos possuem algumas express es comuns Podemos verificar que as alunas compreendem o processo de forma o pessoal e profissional como um percurso que vai se realizando ao longo da vida do indiv duo e que por isso n o admite receitas prontas O primeiro caminho retratado na Figura 09 pela aluna a quem denominei Amarela marcado pelas flores coloridas presentes no percurso da aluna caminhante Ela totalmente cor de rosa parece ser envolvida pelo percurso que tra a a cada dia Figura 09 O primeiro caminho flores past is Fonte arquivo pessoal 102 As cores por ela escolhidas caracterizaram se pela preponder ncia de tons past is dando a impress o de fragilidade a quem as observa A autora da figura no entanto caracteriza se por defender com vigor seus pontos de vista durante as aulas Com isso a atividade revelou um aspecto de sua personalidade at ent o desconhecido para as demais colegas J o segundo caminho retratado na Figura 10 pela aluna a quem nomeei Verde formado por tijolos de colora o amarela Verde definiu o caminho por ela tra ado como semelhante a sua trajet ria de vida os tijolos nem sempre s o lineares e confort veis mas n o podem ser escondidos porque fazem parte da sua hist ria Este caminho circundado por um bosque verde composto por flores vermelhas o qual segundo a aluna oferece a quem o percorre a esperan a na possibilidade da supera o dos obst culos presentes no
235. e que tivessem qualquer licenciatura com especializa o em inform tica A Educa o Infantil na Rede Escolar SESI SP atende crian as de 04 e 05 anos divididas em duas turmas distintas denominadas Fase IV e Fase V 3 O Ensino Fundamental na Rede Escolar SESI SP adequou se s determina es que contemplam o Ensino Fundamental de 09 anos Este per odo at o ano de 2009 estava dividido em quatro Ciclos de Estudo denominados Ciclo 12 22 e 3 ano de escolaridade Ciclo Il 42 e 52 ano de escolaridade Ciclo Ill 62 e 7 ano de escolaridade e Ciclo IV 8 e 9 ano de escolaridade 31 O Ensino M dio foi implantado gradativamente na Rede Escolar SESI SP no ano de 2007 somente nos Centros Educacionais que se localizam nos CAT s Centros de Atividades do Trabalhador Ao longo dos anos sua amplia o foi gradativa 32 O atendimento Educa o de Jovens e Adultos ocorre somente no per odo noturno em duas modalidades distintas O PAI Programa de Alfabetiza o Intensiva para os adultos que n o est o ainda alfabetizados e o Telecurso 2000 agora Novo Telecurso nos n veis Fundamental e M dio Este ltimo n o exige a presen a do aluno Ele pode apropriar se do material e estudar em casa No entanto muitos alunos preferem vir escola para participar das atividades propostas 3o agendamento para a Educa o Infantil Ciclos e II e EJA realizado por hora com sessenta minutos O agendamento para o Ensino M dio se
236. e se condensaram a princ pio na compreens o epistemol gica dos conceitos relativos autoria autoridade e legitimidade Os registros apresentados mesclam a poesia com a prosa e as teorias do conhecimento cient fico alternam se com os fen menos educacionais observados por meio de pr ticas docentes e de pesquisa Estes registros transgridem o modelo tradicional para legitimar o encadeamento proposto pela pesquisadora a qual por meio da narrativa permite sua inova o ao considerar as figuras culturais presentes nos textos nas imagens e nas representa es dos professores A palavra do professor d lhe autoridade sobre o ensino N o uma autoridade imposta mas conquistada por seu conhecimento por sua fala e por suas atitudes sobretudo diante de seus alunos Ao assumir uma postura investigativa diante da realidade que o cerca assume caracter sticas pr prias da autoria a qual o legitima para exercer tal condi o A fim de colaborar com essa reflex o foi necess ria a observa o e interpreta o da pr tica de uma professora da Escola SESI do Ipiranga local em que fui diretora por quatro anos Os detalhes particulares da narrativa desencadearam outra reflex o caracterizada pela possibilidade da forma o do professor para a autoria A negociabilidade inerente BRUNER 2001 aos fundamentos que comp em a forma o inicial docente permitiu aos alunos o estabelecimento de atitudes cooperativas e reflexivas pr prias dos grupos
237. e sua pesquisa adquira um maior sentido primeiramente para si mesmo e depois para a comunidade acad mica Sobre isso Freire P 1997 p 74 75 dedicou anos de sua pesquisa O meu respeito de professor pessoa do educando sua curiosidade sua timidez que n o devo agravar com procedimentos inibidores exige de mim o cultivo da humildade e da toler ncia Como posso respeitar a curiosidade do educando se carente de humildade e da real compreens o do papel da ignor ncia na busca do saber temo revelar o meu desconhecimento Como ser educador sobretudo numa perspectiva progressista sem aprender com maior ou menor esfor o a conviver com os diferentes Como ser educador se n o desenvolvo em mim a indispens vel amorosidade aos educandos com quem me comprometo e ao pr prio processo formador de que sou parte N o posso desgostar do que fa o sob pena de n o faz lo bem O autor ainda corrobora com o sentido atribu do humildade pela Teoria da Interdisciplinaridade ao afirmar que esta atitude exprime uma de suas raras certezas a de que ningu m superior a outrem Por isso a humildade n o pode exigir de quem a possui uma atitude submissa arrog ncia e ao desrespeito Pelo contr rio quando n o poss vel reagir altura a alguma afronta a humildade permite ao educador o seu enfrentamento com dignidade A dignidade do meu sil ncio e do meu olhar que transmitem o meu protesto poss vel FREIRE P 1997 p 13
238. e teatro para toda a escola Ap s reuni o com meu grupo de colegas decidimos que caberia a mim escrever a pe a Revivendo minhas mem rias percebo que esta foi a minha primeira experi ncia de autoria de escrita individual Ap s esta viriam mais uma ou duas no Magist rio e s ent o me experimentaria como autora no Mestrado SOUZA 2006 Procurei nos por es da casa de meus pais mas n o encontrei o texto escrito apenas algumas fotografias que retratavam momentos da pe a as quais serviram de subs dio para reviv la A narrativa por mim reescrita a partir do original de 1992 possibilita a discuss o sobre quem s o as pessoas legitimadas para serem autores em educa o e demonstra a necessidade do retorno reflex o sobre a cita o de Ferreira 1988 p 163 mencionada no primeiro cap tulo a fim de tentar responder pergunta quem pode ser autor em educa o Novamente a narrativa se configura de forma metaf rica para auxiliar na interpreta o do fen meno observado A cita o completa afirma que o termo autor se correlaciona a conceitos como origem descobridor fundador escritor de obra cient fica art stica ou liter ria praticante de uma a o agente de um delito pai ou m e como se pode comprovar abaixo Autor do lat auctore S m 1 A causa principal a origem de o autor do universo 2 Inventor descobridor o autor do sistema de propuls o a jato 3 Criador instituidor fundador o autor do protestan
239. ealiza o de coisa desejada Int 10 Estar na expectativa 11 Ter f confiar No universo da Teoria da Interdisciplinaridade a espera origin ria do verbo esperar sobretudo quando este assume o sentido de aguardar sem perder a esperan a j que se tem o conhecimento de que o objetivo presumido ser brevemente alcan ado 183 Cascino 2004 contribui com esta afirma o ao estabelecer a espera como uma atitude necess ria Para isso parte de determinados processos pelos quais as pessoas passam no decorrer de suas vidas como por exemplo a espera vivida por uma fam lia durante o per odo de gravidez Espera se para nascer a gravidez Gravidez longo ou curo esperar Matura o a o de crescer o suficiente e necess rio para sair ex por se Sair ao mundo abandonando um o canto para falar gritar chorar Hora do an ncio s ntese de amores e dores e prazos e ang stias e felicidades Quem engravida gera vida movimento transforma o O novo a novidade longamente anunciada mas s conhecida quando colocada para fora CASCINO 2001 p 109 No entanto assim como ocorre em muitos processos naturais como no exemplo da gravidez entendo que esta espera n o pode ocorrer de forma displicente Pelo contr rio ela precisa ser acompanhada ou de acordo com Fazenda 2001 ela precisa ser vigiada O verbo vigiar neste sentido assume os seguintes significados Vigiar V t d 1 Observar atentamen
240. ecer como realidade para a consci ncia ainda que nos agrade coloca la entre par nteses Fazendo isso como de minha plena liberdade faz lo n o nego o mundo como se fosse um sofista n o ponho em d vida o seu existir como se fosse um c tico mas exer o a epoch fenomenol gica que me veta absolutamente qualquer ju zo sobre o existente espa o temporal A epoch fenomenol gica distingue nitidamente a filosofia de todas as outras ci ncias que est o interessadas na exist ncia do mundo e dos objetos nele compreendidos por isso faz do filosofar uma atitude puramente contemplativa qual pode revelar se em sua genuinidade a pr pria ess ncia das coisas ABBAGNANO 2003 p 339 16 observador atento do fen meno estudado No entanto ela n o suficiente O fen meno precisa ser interpretado a fim de que a an lise fenomenol gica aconte a A interpreta o do fen meno se d a partir da hermen utica definida por Abbagnano 2003 como uma t cnica de interpreta o frequentemente utilizada para a an lise de textos b blicos Esp sito 2001 afirma que o termo hermen utica tem origem no grego hermeios e no latim hermeneia e parece referir se ao deus mensageiro alado Hermes Para a autora no entanto significando dizer compreender explicar traduzir ou arte de interpretar que este termo tem se propagado aplicando se interpreta o do que simb lico p 238 A
241. edagogia matriculou se na Faculdade e permanece estudando sempre com o firme prop sito de exercer a doc ncia e quem sabe um dia ter a sua pr pria escola Por este motivo escolheu o g nero f bula para expressar sua experi ncia sobretudo porque este g nero apresenta a possibilidade de deixar a moral bastante expl cita o que era sua inten o ao descrev la A Patinha que sonhava em ser Cisne Havia uma Patinha Feia pequenina e magricela que adorava admirar uma bela Cisne Todos os dias a Patinha encontrava a filha da Cisne e lhe dizia Um dia quando crescer serei igual sua m e Ficarei a frente de uma escola como a dela A pequena Cisne sorria e dizia Esquece voc nunca vai conseguir Para isso tem que estudar muito e voc uma patinha muito burrinha Pois bem a Patinha Feia cresceu mas se perdeu de sua amiguinha Cisne Logo n o pode lhe dizer que est a caminho de seu sonho Mas sabe tamb m que onde quer que esteja a Cisne M e ver que deixou belos exemplos a serem seguidos E hoje segue a Patinha Feia rumo ao sonho de se tornar uma Bela Cisne Moral N o ligue para o que os outros falam apenas siga os seus sonhos Aluna 03 O quarto texto pertence a uma aluna que j concluiu dois cursos universit rios Servi o Social e Letras Atualmente atua como professora de Hist ria e L ngua Portuguesa na Rede P blica de ensino da cidade de Pindamonhangaba munic pio no qual reside Inicial
242. ediquei me leitura da obra A fome com a vontade de comer DEHEZELIN 1994 a qual questionava as formas de organizar as pr ticas pedag gicas nas escolas infantis Decidi por uma an lise te rica do material proposto pelo MEC e das afirma es de Dehezelin 1994 Minhas reflex es caminharam no sentido de verificar como cada proposta de trabalho did tico poderia fazer sentido para as crian as o que se traduziu no momento de minha apresenta o banca examinadora e s colegas de turma Ainda que intuitivamente a no o de Interdisciplinaridade j estava presente em minhas aspira es No entanto a l gica que me acompanhava era a do ator aquele que representava as ideias dos autores que escreviam sobre a educa o Entre 1999 e 2001 frequentei o Curso de Pedagogia na Faculdade Maria Augusta Ribeiro Daher tamb m na cidade de Jacare ao mesmo tempo em que lecionava no Col gio 8 Terminei o curso do Magist rio no ano de 1998 A LDB 9394 havia sido promulgada em 1996 e somente no ano seguinte se discutiam as novas publica es do MEC os Par metros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educa o Infantil 30 Nossa Senhora das Gra as como professora de Educa o Infantil e Ensino Fundamental A partir do ano 2000 iniciei minhas atividades na Escola SESI de S o Jos dos Campos como professora de Educa o Infantil Trabalhar em duas escolas diferentes ao
243. educa o que se d acima do n vel das palavras Numa sala de aula onde ocorra uma comunica o profunda onde se aprende a falar de dentro onde se cultive a interioridade e a ess ncia do ser A interdisciplinaridade como atitude de abertura para o conhecimento buscando conhecer mais e melhor me inspira a pensar que essa abertura me leva para dentro para o interior do ser pessoa profissional humano SILVA 2008 p 20 Por fim o terceiro conceito analisado foi trabalhado por duas pesquisadoras do GEPI FORONI 2005 YAMAMOTO 2003 De acordo com ambas existe a real possibilidade do papel do professor como transformador de incidentes cr ticos GOODSON 2001 em problemas de pesquisa e a partir deles realizar a constru o e a reconstru o de teorias Foroni 2005 e Yamamoto 2003 s o un nimes ao concordar que os incidentes cr ticos se caracterizam por uma situa o complexa ocorrida em sala de aula Por suas propor es estes interrompem a possibilidade do conv vio e a continuidade da rela o pedag gica entre professores e alunos FORONI 2005 Por m ao mesmo tempo oferecem ao professor e ao pesquisador a possibilidade de revisit los e com isso realizar o questionamento de sua origem e de seus aspectos ontol gicos Somente ent o ap s adequada an lise poder o inseri los luz da epistemologia e da pr tica as quais ser o capazes de devolver lhes o sentido ltimo de suas exist ncias 19 Para Go
244. eitura das entrelinhas Como cuidar da leveza e beleza do discurso sem macular a cr tica Como legitimar a autoria do outro sem ferir a pr pria Como auxiliar a lentid o da metamorfose sem precipitar o desfecho Como auxiliar na descoberta do melhor estilo FAZENDA 2006b p 10 Essas quest es s o apresentadas Teoria da Interdisciplinaridade como um grande desafio pois traduzem realidades e pr ticas n o exitosas que frequentemente ocorrem no cotidiano docente Elas podem ser consideradas incidentes cr ticos FORONI 2005 GOODSON 2000 YAMAMOTO 2003 os quais parecem afastar professores pesquisadores e professores em forma o do processo de constru o de sua pr pria autoria Da mesma forma s o respons veis por afastar estes profissionais da pr tica da Interdisciplinaridade Gradativamente precisamos nos habituar ao exerc cio da ambiguidade procedimento que rejeita a mediocridade das ideias estimula a vitalidade 172 espiritual radicalmente contr rio ao h bito instaurado da subservi ncia pois reconhece que este massacra as mentes e as vidas A l gica que a interdisciplinaridade imprime a da inven o da descoberta da pesquisa da produ o cient fica por m gestada num ato de vontade num desejo planejado e constru do em liberdade FAZENDA 2001 p 19 Na tentativa de oferecer condi es para que estes profissionais da educa o enfrentem tal problem tica e com isso caminhem em dire o ao s
245. ele instante este foi o recurso utilizado por mim na condi o de formadora com o objetivo de ouvi las adequadamente Para Cunha Prado e Soligo 2008 este processo de escrita permite ao professor em forma o a produ o de conhecimento sobre si mesmo sobre os outros e sobre o seu pr prio cotidiano ou seja O estimula a busca pela autoria por meio de seus registros Os textos das alunas assumiram caracter sticas distintas algumas fizeram um relato extremamente t cnico outras um relato mais po tico e menos formal Cunha Prado e Soligo 2008 afirmam que os textos que relatam as mem rias dos professores podem ser apresentados de modo mais acad mico ou mais liter rio na depend ncia das orienta es estabelecidas pelos formadores destes profissionais No caso da atividade a qual propus deixei a cargo das alunas a escolha da melhor forma de express o de suas ideias O essencial afetivo imagin rio e cognitivo do outro para compreender do interior as atitudes e os comportamentos o sistema de ideias de valores de s mbolos e de mitos ou a existencialidade interna na minha linguagem a escuta sens vel afirma a coer ncia do pesquisador Este comunica suas emo es seu imagin rio suas perguntas seus sentimentos profundos Ele est presente quer dizer consistente O autor ainda afirma que a escuta sens vel se apoia sobre a totalidade complexa da pessoa ou seja sobre os seus cinco sentidos A
246. em coragem porque muitas vezes as experi ncias vividas podem n o ter sido t o boas assim e traz las de volta ao presente pode abrir algumas feridas esquecidas As duas primeiras premissas fazem parte da discuss o realizada acerca das caracter sticas pr prias de quem se constitui autor conforme realizada nos cap tulos anteriores sobretudo quando Ferreira 1988 ao apontar o reconhecimento como o ato de reconhecer se o relaciona com a capacidade que o sujeito possui de declarar o seu conhecimento e as demais experi ncias de sua vida Ainda para Ricoeur 2006 p 109 o poder dizer o poder fazer e o poder narrar se s o caracter sticas que definem o que denominou hermen utica do homem capaz Para ele o desvio pelo qu e pelo como antes do retorno ao quem parece exigido A premissa de poder dizer est relacionada ao significado atribu do por Ferreira 1988 ao termo autor escritor de obra art stica cient fica ou liter ria J a premissa poder agir expressa tamb m por Ferreira 1988 em o praticante de uma a o agente 154 explicitamente pelo pr prio car ter reflexivo de si que no momento de autodesigna o se reconhece a si mesmo Parece me novamente que o pressuposto segundo o qual professores e pesquisadores podem ser considerados autores encontra novo fundamento a partir do conceito de homem capaz S o homem capaz fala de si mesmo e estabelece conex es
247. em a forma o inicial do professor Da mesma forma atrelado a mais autores acad micos ser preciso recorrer observa o de algumas de minhas pr ticas como docente do curso de Pedagogia constituintes da forma o inicial do professor Tal observa o tentar responder se poss vel desenvolver a autoria na forma o continuada do professor em momentos espec ficos e na reflex o sobre os problemas por ele enfrentados no cotidiano escolar 43 Os caminhos para a autoria come am a se mostrar cada vez mais complexos e por isso necessitam de uma interpreta o mais cuidadosa e exaustivamente descrita sobre o que ser autor 44 3 SER AUTOR A hist ria se passa no S tio do Picapau Amarelo Dona Benta vivia com sua fiel cozinheira Tia Nast cia com sua neta L cia conhecida por todos como Narizinho com a boneca Em lia que h pouco aprendera a falar e com o Visconde de Sabugosa Naqueles dias o neto de Dona Benta Pedrinho estava no s tio brincando com sua prima durante as f rias escolares Acontece que naquela semana Dona Benta queria deixar o S tio em ordem pois sua outra neta Carla viria conhec lo pela primeira vez A carta de sua m e tinha chegado por aqueles dias e a vov deixou que Em lia a lesse para seus netos Todos ajudaram na arruma o T o entretidos que estavam nem perceberam que eram vigiados pela Cuca aquele jacar gigante e horroroso que n o deixava os meninos do S tio em paz
248. em parte do grupo objeto de pesquisa quais suas caracter sticas suas particularidades Como s o Como vivem essas pessoas Como se relacionam consigo mesmas com OS outros Como enfrentam a vida O que pensam Quais seus desejos seus ideais suas aspira es e projeto de vida quais suas duvidas seus medos e receios mais secretos Por qu Por que fazem parte daquele grupo e n o de outro Por que fizeram esta op o e n o outra A princ pio a sugest o dada por Ivani para a realiza o do trabalho com apenas vinte gestantes teve como objetivo proporcionar os meios mais adequados para que todas pudessem ir se conhecendo aos poucos e livremente come assem a falar sobre si delineando com isso um caminho que pudesse Levar os profissionais da rea da sa de ao conhecimento de suas hist rias de vida Orientar a conversa na roda de forma que as coloca es das gestantes possibilitassem o real mapeamento de suas necessidades possibilitou a estes profissionais conhec Las melhor aumentando com isso as possibilidades da elabora o de um projeto mais eficiente Conceber estas gestantes como seres humanos que est o gerando outros e que por isso possuem necessidades especiais de ordem f sica ps quica e social acabaria segundo Ivani por favorecer a realiza o de um diagn stico mais coerente de suas reais necessidades transformando com isso o trabalho naquilo que sempre deveria ser essencialmente numano
249. em passar a compartilhar suas experi ncias valores caracter sticas e culturas de forma a contribuir tamb m para o desenvolvimento do processo de autoria e para a sua pr pria forma o Fullan e Hargreaves 2000 afirmam que preciso devolver o curr culo s escolas de forma consciente e cr tica permitindo que diretores e professores tenham um pouco mais de controle sobre o ensino Para estes autores as escolas devem preparar a es conjuntas ao acompanhar as mudan as em suas popula es as quais se tornam cada vez mais multiculturais Ao desenvolverem uma pesquisa no Canad sobre a organiza o escolar e os modos de ensino e aprendizagem na escola Fullan e Hargreaves 2000 verificaram a presen a de sinais preocupantes de desist ncia e descontentamento presentes nas escolas sobretudo conforme o aluno avan a no sistema Al m disso constataram a exist ncia de um impacto limitado quanto ao uso de estrat gias isoladas de reforma por parte das autoridades pol ticas as quais est o presentes em quest es como pacotes curriculares e forma o continuada de professores Durante a realiza o de minha disserta o de mestrado SOUZA 2006 pude registrar os momentos de ang stia proporcionados por essas informa es contidos na an lise de minha trajet ria enquanto aluna e no in cio de minha carreira como professora Enquanto aluna meus contatos com os livros inclu ram sempre a leitura de textos pertencentes a autores mu
250. en o educativa precisa ser realizada de forma concomitante e complementar Fazenda 2001 p 14 Esse processo exige uma real preocupa o com o cotidiano vivido nas escolas com o que os professores sentem pensam e fazem e com o cotidiano das pesquisas e dos cursos de forma o A autora verificou que muitos professores enfrentam diversas dificuldades em suas pr ticas nas salas de aula o que lhes impossibilita a participa o em um processo por ela denominado criativo caracterizado como um processo de autoria Em suas pr prias palavras os docentes encontram se Perdidos na fun o de professar impedidos de revelarem seus talentos ocultos anulados no desejo da pergunta embotados na cria o prisioneiros de um tempo tarefeiro ref ns da melancolia induzidos a cumprir o necess rio cegos beleza do sup rfluo FAZENDA 2006b p 09 A autora ressalta que h muito tem o desejo de formar o professor para a pesquisa mas pouco tem conseguido Isso porque para ela existe uma certa resist ncia em alguns casos por parte do professor para a discuss o do sentido e do valor das pesquisas em suas vidas Tece ainda dilemas como quest es existenciais que tem enfrentado em sua tarefa Como retecer hist rias interrompidas Como estimular a alfabetiza o em linguagens novas Como recuperar a mem ria de fatos sombrios Como valorizar a linguagem singular Como auxiliar a descoberta de talentos Como estimular a l
251. encial da esfera das viv ncias porquanto todas as experi ncias de uma forma ou de outra t m intencionalidade A intencionalidade aquilo que caracteriza a consci ncia em sentido pregnante permitindo indicar a corrente da viv ncia como corrente de consci ncia e como unidade de consci ncia Posteriormente o pr prio Husserl falou de intencionalidade atuante no sentido de que a viv ncia n o se refere somente ao seu objeto mas tamb m a si mesma e por isso ci ncia de si Seja como for no mbito da fenomenologia a intencionalidade era assumida como caracter stica fundamental da consci ncia e como tal ficou em boa parte na filosofia contempor nea especialmente na fenomenologia e no existencialismo Grifos do autor 156 reflex o sobre a complexidade que envolve tamb m as a es efetuadas pelo professor em sala de aula j que neste caso pode se compreend las como pr prias de autoria Quando me aventuro no percurso do reconhecimento ele me oferece a possibilidade do encontro primeiramente com a possibilidade de falar de dizer algo a respeito de minha vida de minha trajet ria e do que me constitui como pessoa e como profissional Em seguida esse mesmo percurso traz consci ncia a intencionalidade das a es e com ela toda a responsabilidade diante daquilo que se faz seja por si mesmo seja para o outro Por fim esse percurso oferece a possibilidade da narrativa das pr prias experi ncias tanto
252. endo formado ao longo de sua trajet ria pessoal e profissional Essa forma o pode ser compreendida de duas maneiras dependendo da concep o assumida Primeiramente a compreens o da forma o profissional do professor pode ser estabelecida colocando o em uma f rma bem definida r gida e reprodutora na qual aprenderia e repetiria t cnicas m todos conte dos e materiais Por outro lado a compreens o de sua forma o profissional pode se dar como uma possibilidade de dar forma a qual propicie ao professor buscar os pr prios contornos aqueles que possibilitem sua express o p 25 Assumirei aqui a segunda concep o que considera o processo de forma o profissional do professor um processo din mico realizado de forma cont nua e permanente e incapaz de dissociar seus avan os pessoais dos profissionais Para a autora O professor interv m em um meio ecol gico complexo em um cen rio vivo e mut vel definido por intera es simult neas al m de enfrentar m ltiplas situa es para as quais n o encontra respostas elaboradas o que o obriga a ir al m das regras FURLANETTO 2004 p 10 Para a adequada interfer ncia nesse universo de complexidade o papel do autoconhecimento fundamental medida que ocorre sua amplia o dentro do universo pessoal e profissional do professor maior seguran a se estabelece em sua pr tica em seu agir Um dos meios para a amplia o do autoconhecimento utilizado
253. enos n o se apresentam ao pesquisador em sua totalidade pois exigem dele uma observa o atenta para sua interpreta o De acordo com Denzin e Lincoln 2006 p 33 N o existem observa es objetivas apenas observa es que se situam socialmente nos mundos do observador e do observado e entre esses mundos Os sujeitos ou indiv duos dificilmente conseguem fornecer explica es completas de suas a es ou inten es tudo o que podem oferecer s o relatos ou hist rias sobre o que fizeram e porque o fizeram Nenhum m todo capaz de compreender todas as varia es sutis na experi ncia humana cont nua Denzin e Lincoln 2006 p 17 afirmam que a pesquisa qualitativa envolve o uso e a coleta de uma variedade de materiais emp ricos estudo de caso experi ncia pessoal introspec o hist ria de vida entrevista artefatos textos e produ es culturais textos observacionais hist ricos interativos e visuais que descrevem momentos e significados rotineiros e problem ticos na vida dos indiv duos Portanto os pesquisadores dessa rea utilizam uma ampla variedade de pr ticas interpretativas interligadas na esperan a de sempre conseguirem compreender melhor o assunto que est ao seu alcance Entende se contudo que cada pr tica garante uma visibilidade diferente ao mundo Logo geralmente existe um compromisso no sentido do emprego de mais de uma pr tica interpretativa em qualquer estudo 14 A fim
254. entes da invers o do reconhecer para o 51 ser reconhecido Nesse sentido o uso l gico das opera es de distin o e de identifica o jamais ser ultrapassado e sim permanecer pressuposto e inclu do no uso existencial que com isso permanecer definitivamente enriquecido quer se trate da distin o e da identifica o aplicadas a pessoas relativamente a si mesmas ou a outras ou tomadas em suas rela es m tuas Uma distin o uma identifica o verdadeira permanecer sempre pressuposta mesmo que em favor de estima es e avalia es segundo o bom e o justo estas n o deixar o de implicar opera es de identifica o e de distin o Percebo que reviver as hist rias que criava na inf ncia e adolesc ncia como esta do S tio do Picapau Amarelo contribuiu para minha identifica o enquanto ser humano capaz de distinguir a minha individualidade da do outro visualizando limites e possibilidades reais transformada em oportunidade de questionar minhas verdades minhas pr ticas a literatura os pr prios autores e como consequ ncia elaborar esta tese O percurso do reconhecimento de si RICOEUR 2006 ou da busca pelo autoconhecimento n o me parece l gico nem linear parece me apenas presente ora num formato ora em outro na medida em que me abro a novas possibilidades de ler nas entrelinhas tamb m detalhes de minha hist ria Para Esp rito Santo 2007 p 20 o ser humano o
255. ents the methodological approach adopted Being an actor begins with an extract from the book Reina es of Narizinho of Lobato 1988 1989 in order to enter discussions about what it means to be an actor in education Being author of notes that researchers in education can be considered authors phenomenon observed in the interpretation of dissertations and theses in the Research Line Interdisciplinary between the years 2000 to 2010 From actor to author suggests that besides the researcher the teacher can also be an author The word of the teacher gives him authority over the education Not an imposed authority but won by his knowledge his speech and his attitudes For the investigative approach in the face of reality that surrounds him the teacher assumes characteristics of authorship The author Interdisciplinary dares to consider his authorship as one of the principles inherent to the Interdisciplinary Theory proposed by Fazenda 2001 The meaning of authorship seeks to answer one last question What is the meaning of being an author in education Refers to the signification of the concept of meaning based on Frankl 1989a to verify the possibility of understanding of meaning in the realization of creative experiential and attitudinal values The partial considerations show clearly the possibility of researchers trained and in training teachers to be authors in education When narrating their stories of personal and profe
256. er o um abandono uma possibilidade que fica pelo caminho a nossa vontade mutante que se reveste e se transveste do hoje incrustado pelo ontem das nossas hist rias pelas cores das nossas paisagens interiores um gesto de relativa eternidade que se fecha para logo depois se abrir num mundo infinito de promessas que cresce continuamente at implodir numa nova escolha Se assim n o fosse viver seria um ato emperrado destitu do do car ter din mico que impulsiona a vida para o salto ut pico cont nuo e descont nuo de se completar e de se fazer feliz GIACON 2001 p 35 A coer ncia n o impede a oculta o das caracter sticas pr prias de cada pessoa para que uma m scara de perfei o assuma seu lugar Pelo contr rio ela permite a cada educador assumir a sua realidade suas caracter sticas e suas d vidas para que encontre nelas um fio condutor A coer ncia da qual fala a Teoria da Interdisciplinaridade assume o desejo de Freire P 1997 p 38 Quem pensa certo est cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem Pensar certo fazer certo n o s conex es positivas que estabele am harmonia entre os elementos do sistema Nessa acep o esse termo n o tem significado l gico grifos do autor 179 O pesquisador o professor ou o autor coerente aquele que assume a constante transforma o do conhecimento e que por isso aceita a possibilid
257. er e de praticar uma a o Lobato 1988 1989 incitou a primeira motiva o relativa ao processo de autoria ao dar voz a uma boneca de pano o que desencadeou algumas de minhas mem rias formativas a respeito deste tema No entanto torna se necess ria uma investiga o mais detalhada sobre a organiza o da educa o na escola traduzida de maneira espec fica em seu Curr culo a fim de verificar a exist ncia de um ambiente favor vel ao desenvolvimento da autoria ou se este ambiente permite aos professores a sua representa o como em um palco 2 3 REFLETIR SOBRE A ESCOLA O rei Le o nobre cavalheiro resolveu certa vez que nenhum dos seus s ditos haveria de morrer na ignor ncia Que bem maior que a educa o poderia existir Convocou o urubu impecavelmente trajado em sua beca doutoral companheiro de prefer ncias e de churrascos para assumir a responsabilidade de organizar e redigir a cruzada do saber Que os bichos precisavam de educa o n o havia d vidas O problema primeiro era o que ensinar Quest o de curr culo estabelecer as coisas sobre as quais os mestres iriam falar e os disc pulos iriam aprender Parece que havia acordo entre os participantes do grupo de trabalho todos urubus claro os pensamentos dos urubus eram os mais verdadeiros o andar dos urubus era o mais elegante as prefer ncias de nariz e de l ngua dos urubus eram as mais adequadas para uma sa de perfeita a cor dos urubus era a mais tr
258. er mais pelo conhecimento da disciplina que ensina Eis nos de novo face pessoa e ao profissional ao ser e ao ensinar Aqui estamos N s e a profiss o E as op es que cada um de n s tem de fazer como professor as quais cruzam a nossa maneira de ser N VOA 2000 p 17 Ao analisar estes pressupostos verifiquei ser conveniente o relato uma experi ncia por mim vivenciada em dezembro do ano de 2008 quando na ocasi o exercia o cargo de Administradora Escolar na Escola SESI do bairro do Ipiranga na cidade de S o Paulo A Rede Escolar SESI SP estabelecia anualmente uma data no m s de dezembro para a realiza o por parte da dire o de cada escola de uma reuni o com todos os funcion rios com o intuito da avalia o conjunta da Proposta Pedag gica e das atividades desenvolvidas durante o ano letivo para a partir de sua an lise realizar de forma mais eficiente o planejamento dos projetos da escola para o ano seguinte De acordo com um question rio preenchido pelos professores da institui o no segundo semestre daquele ano letivo v rios afirmaram sentir a falta de uma maior participa o por parte dos professores nas discuss es a respeito da Proposta Pedag gica Como proporcionar ent o uma reuni o na qual estes profissionais pudessem realizar de forma adequada s suas necessidades a reflex o sobre os principais aspectos relacionados a Proposta Pedag gica e a avalia o das atividades realizadas com vis
259. er que a utopia representa a corre o ou integra o ideal de uma situa o pol tica social ou religiosa existente Como muitas vezes aconteceu essa corre o pode ficar no est gio de simples aspira o ou sonho gen rico resolvendo se numa esp cie de evas o da realidade vivida Mas tamb m pode tornar se for a de transforma o da realidade assumindo corpo e consist ncia suficientes para transformar se em aut ntica vontade inovadora e encontrar os meios de inova o Em geral essa palavra considerada mais com refer ncia primeira possibilidade que segunda No entanto elegemos a primeira possibilidade como motivadora da utopia que possu mos diante da pr tica docente de formar professores 214 motivos que os levaram a escolher tal profiss o constitui um passo inicial para a sua transforma o em algo real Somente assim poder o adentrar nos estudos da Interdisciplinaridade com o objetivo da descoberta de seu processo de autoria Relato a seguir uma experi ncia por mim realizada com as alunas do 5 semestre do curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba ocorrida no primeiro semestre do ano de 2010 quando ministrei a disciplina Fundamentos e Metodologia do Ensino da Hist ria Minha inten o ao iniciar as aulas foi primeiramente conhecer um pouco sobre as alunas seu nome o motivo da escolha do curso de Pedagogia e algumas de suas qualidades pessoais ou profissionais Al m disso desejava que
260. erritorializadas pois o rio e o caminho eram em sua constitui o bastante diferentes No entanto ap s a explica o da autora a rela o entre ambos ficou mais clara 108 mm D Figura 16 O caminho e o curso do rio Fonte arquivo pessoal O segundo exemplo tamb m relativo ao componente diagram tico dos discursos representado atrav s da pintura da aluna a quem denominei Lil s como retratado na Figura 17 A cachoeira foi a met fora escolhida para retratar suas aprendizagens Atrav s da exposi o da pintura a suas colegas a aluna relatou que embora bonita a cachoeira estava repleta de pedras as quais precisariam ser superadas para que a beleza da natureza e do arco ris que a envolviam pudesse ser contemplada Tamb m interessante foi o relato de Lil s ao retratar a presen a do arco ris no trajeto das guas do rio Se elas estivessem correndo calmas ele estaria em sua companhia por m se elas estivessem turbulentas momento representado pela cachoeira ele jamais as abandonaria Para a aluna esta pintura revela que a esperan a jamais deixou a sua vida assim como o arco ris n o deixou as guas Figura 17 A cachoeira e suas pedras Fonte arquivo pessoal 109 J a Figura 18 elaborada pela aluna a quem denominei Preta retrata dois desenhos em um s e constitui o terceiro exemplo do componente diagram tico A pintura presente no lado esquerdo da figura explicou a autora a suas colegas
261. es da Escola SESI do Ipiranga No entanto a verifica o das possibilidades de autoria em educa o na atualidade exige ainda uma avalia o conceitual mais pormenorizada Acredito ser necess ria a investiga o com maior propriedade dos fundamentos que norteiam a Teoria da Interdisciplinaridade proposta por Fazenda 1991 1994 1995 1996 1999 2001 2002 2003 2005 2006a 2006b 2007 2007 At o presente momento as contribui es acerca desta teoria auxiliaram na percep o da possibilidade de outros sujeitos atuantes no campo da educa o e do curr culo terem a possibilidade de contribuir para o enriquecimento te rico deste conhecimento al m dos te ricos j consagrados Neste sentido verificaremos se a autoria pode ser considerada ent o um princ pio pr prio da Teoria da Interdisciplinaridade Para isso ser necess ria a realiza o de uma investiga o tamb m sob tr s mbitos epistemol gico ontol gico e pr tico 149 5 O AUTOR INTERDISCIPLINAR Uma ideia toda azul Um dia o Rei teve uma ideia Era a primeira da vida toda e t o maravilhado ficou com aquela ideia toda azul que n o quis saber de contar aos ministros Desceu com ela para o jardim correu com ela nos gramados brincou com ela de esconder entre outros pensamentos encontrando a sempre com igual alegria linda ideia dele toda azul Brincaram at o Rei adormecer encostado numa rvore Foi acordar tateando a coroa e procurando
262. es e exerc cios propostos em parceria com os autores acad micos de refer ncia os diretores e coordenadores das escolas juntamente com os professores das turmas seriam os atores representariam no palco da sala de aula o material que era elaborado por eles Embora compreendesse a necessidade da constru o de uma modalidade de ensino detentora de uma unicidade de procedimentos eu n o podia aceitar a obrigatoriedade da padroniza o das mesmas pr ticas educativas a todas as escolas Parecia me no m nimo estranho que uma mesma discuss o fosse interessante para grupos de alunos que viviam em localidades diferentes com problem ticas espec ficas e trajet rias nicas de vida sobretudo quando se tratava da Educa o de Jovens e Adultos Tal assertiva n o comungava com o que Freire P 1997 sugeria para o trabalho com esta modalidade de ensino respeitar os saberes dos educandos e a partir deles criar estrat gias de aprendizagem Ap s este encontro passei a questionar qual o motivo da n o cria o por parte dos professores de suas pr prias estrat gias de aprendizagem se na pr tica eram eles que determinavam o rumo das discuss es em sala de aula Seria justo tolher lhes a miss o de refletir sobre a teoria que o fundamenta de pesquisa la e pesquisar sua pr tica N o seria empobrecer demais o seu of cio A partir de tais reflex es passei a questionar a validade da autoria na Educa o A hip tese anterior elaborada a p
263. es que na maioria das vezes imposs vel a um s indiv duo isto a uma s viv ncia As alunas puderam vivenciar situa es nas quais se perceberam autoras sobretudo ao refletirem sobre os problemas que envolvem a a o docente Fizeram isso de forma individual conforme percebemos nos quadros que pintaram e em grupo como neste ltimo exemplo quando confeccionaram um desenho coletivo Como Meireles 2003 p 268 acredito que 127 O educador n o o burocrata que vai escola como a uma reparti o que limita a sua atividade de funcion rio a meia d zia de horas di rias e respeita o prod gio das autoridades a criatura construtora de liberdade e progresso harmoniosos que vivendo no presente est sempre investigando o futuro porque nesse futuro povoado de promessas de vida melhor que o destino de seus disc pulos se dever realizar com toda a plenitude Proporcionar atividades nas quais os professores possam refletir coletivamente a respeito das quest es inerentes realidade de suas escolas ao mesmo tempo em que desenvolvem suas potencialidades pessoais fundamental para o seu processo formativo Somente a partir desta dupla atividade poderemos contribuir com a forma o profissional de educadores mais conscientes a respeito do seu papel de autoria na sociedade 4 2 3 A autoria coletiva repensando a constru o da Proposta Pedag gica Demo 2005 afirma que condi o imprescind vel
264. esma forma o vaso de flor representa a possibilidade que o professor tem de plantar em seus alunos sementes de esperan a de cordialidade e de respeito para que estes se tornem a cada dia pessoas melhores Por fim colaram as figuras de diferentes bonecos de m os dadas presentes abaixo da casa e sobre o cora o simbolizando o desejo de que os alunos possam superar suas diferen as para a constru o de uma atitude de parceria afeto e solidariedade 144 Figura 39 Manter a rela o harmoniosa Fonte arquivo pessoal O grupo Gengibre atrav s das imagens representadas na Figura 40 tamb m mencionou que cabe afetividade o papel de regente das rela es entre professores e alunos ainda que existam adversidades Esse sentimento foi representado na forma de um cora o colado esquerda da figura e localizado no in cio de um caminho que vai em dire o a uma escola expressa pela figura de uma casa Para eles era preciso ressaltar que principalmente nas situa es de conflito o adulto da rela o professor aluno e sempre ser a figura do professor e que por isso cabe a este profissional exercer uma adequada intelig ncia emocional com o intuito da resolu o destas quest es de ordem afetiva Essa premissa foi observada atrav s da figura de um boneco localizado direita da casa o qual representa a figura do professor Este boneco ou seja o professor iluminado pelos raios do sol representativos
265. esse drama cujos personagens s o nossos desejos de vida e morte Educar a paix o de morte e de vida lidar com esses dois ingredientes cotidianamente atrav s da nossa capacidade for a vital que todo ser humano possui uns mais outros menos em alguns anestesiada de desejar sonhar imaginar e criar Somos sujeitos porque desejamos sonhamos imaginamos e criamos na busca permanente da alegria da esperan a do fortalecimento da liberdade de uma sociedade mais justa da felicidade a que todos temos direito FREIRE M 2008 p 34 Da mesma forma poss vel afirmar que o autor em educa o aquele que se disp e a um olhar atento sobre as experi ncias que a vida lhe apresenta desde as mais simples at as mais complexas N o teme o enfrentamento dos desafios cotidianos e muito menos as responsabilidades que estes lhe exigem Aos que se dispuserem ao mergulho no universo da autoria h de se frisar que estar o suscet veis a realiza o dos valores vivenciais e mais do que isto estar o aptos a permitir que por meio de sua cria o outros tamb m o fa am sejam eles os seus alunos ou os leitores de suas conclus es Esta atitude possibilita ao autor o encontro do sentido em suas a es ao mesmo tempo em que consegue despertar no outro a busca pelo sentido Como afirma Frankl 1989a atrav s de um pequeno est mulo que ambos podem descobrir o sentido de suas vidas 6 2 3 Valores de atitude Frankl 1989
266. estes significados levam afirma o de que ser criativo significa fundamentalmente exercer alguma a o de cria o de elabora o relacionada dimens o do saber fazer Para Frankl 1989a esta possibilidade de cria o ou de saber fazer estabelece a conex o dos valores criativos ao campo do trabalho presentes nas a es que as pessoas exercem em seu cotidiano 241 Cortella 2003 considera o trabalho como uma a o transformadora consciente exercida pelo homem sobre sua realidade a partir de sua necessidade de modificar o ambiente que o rodeia Essa a o transformadora consciente exclusiva do ser humano e a chamamos de trabalho ou pr xis consci ncia de um agir intencional que tem por finalidade a altera o da realidade de modo a molda la s nossas car ncias e inventar o ambiente humano O trabalho assim o instrumento da interven o do humano sobre o mundo e de sua apropria o tornar se pr prio por n s CORTELLA 2003 p 41 Abbagnano 2003 p 964 tamb m considera tal abordagem ao afirmar que o trabalho uma atividade cujo fim utilizar as coisas naturais ou modificar o ambiente e satisfazer as necessidades humanas Para este autor o conceito de trabalho ainda implica tr s condi es as quais s o objeto de estudo filos fico Cortella 2003 p 40 41 ainda afirma que o trabalho a ferramenta pela qual o homem enfrenta sua realidade Para o autor adaptar se a el
267. eu pr prio processo de autoria sem ferir a do outro a autora ainda prop e o desenvolvimento de quatro tipos de compet ncia a intuitiva a intelectiva a pr tica e a emocional Para Fazenda 2001 a compet ncia intuitiva caracterizada pela possibilidade inerente ao sujeito de visualizar al m de seu tempo e espa o Ela oferece subs dios para que o professor por exemplo busque sempre outras alternativas para a resolu o da problem tica vivenciada em seu cotidiano para o seu plano de aulas e para as pr ticas desenvolvidas junto aos alunos Possui como marca registrada a ousadia para a transgress o de dogmas j consagrados em fun o das necessidades apresentadas por sua realidade o que nem sempre permite aos que a exercem serem bem compreendidos O intuitivo competente sempre uma pessoa uma pessoa equilibrada e comprometida embora aparentemente pare a algu m que apenas inova Sua caracter stica principal o comprometimento com um trabalho de qualidade ele ama a pesquisa pois esta representa a possibilidade da d vida FAZENDA 2001 p 25 Possuir somente a compet ncia intuitiva seria ainda insuficiente para o desenvolvimento por parte do professor de mecanismos que o impulsionem ao enfrentamento dos problemas cotidianos e ao consequente caminhar em dire o a autoria z E necess rio desenvolver o que a autora denominou de compet ncia intelectiva caracterizada pela capacidade de reflex o ace
268. eu uma folha contendo um tema contemplado na Proposta Pedag gica da escola ou uma situa o importante do cotidiano da institui o acompanhado por um texto De posse do material eles deveriam realizar as quatro tarefas solicitadas 12 Ler o tema da Proposta Pedag gica e o texto recebidos e posteriormente realizar a discuss o conjunta sobre como enxergaram a sua operacionaliza o ou n o na escola durante o ano letivo 22 Expressar esta discuss o atrav s da elabora o de uma imagem Esta imagem deveria ser constru da pelo grupo utilizando se de retalhos colados em um peda o de pano previamente distribu dos a cada grupo 32 Escrever em uma folha de papel sugest es para a adequada pr tica deste tema visando o pr ximo ano letivo 42 Decidir sobre a melhor forma de socializar a atividade com o restante dos grupos de professores durante a apresenta o oral O trabalho transcorreu de uma forma bastante surpreendente conforme poss vel observar nos relatos a seguir Dois grupos de professores receberam o poema O tempo A vida o dever que n s trouxemos para fazer em casa Quando se v j s o seis horas Quando se v j sexta feira Quando se v j terminou o ano Quando se v perdemos o amor da nossa vida Quando se v j se passaram 50 anos Agora tarde demais para ser reprovado Se me fosse dado um dia outra oportunidade eu nem olhava o rel gio 131 Seguiria sempr
269. exercitar a espera e escuta para captar nos detalhes nas marcas nos ru dos e sil ncios a express o impressa o registro feito O exerc cio da espera vigiada requer acreditar que poss vel a descoberta a revela o o renascimento de algo que para n s foi preterido No entanto o passado est ali e pode ser re significado a partir do movimento que se produz quando se tenciona passado presente e se projeta o devir re visitando os lugares tempos espa os pelos quais se passou que se consegue ver com sentido novo as dimens es esquecidas ver o mais dentro e buscar a luz que se reveste de energia alimento do renascimento di rios do meu eu RANGHETTI 2005 p 56 Assim sendo a escolha metodol gica pode proporcionar ao pesquisador a autoria de sua pesquisa na medida em que ela se reveste de atributos que lhe s o pr prios os quais se aliam coer ncia conceitual do tema aspectos singulares de sua trajet ria pessoal e profissional Ao analisar esses aspectos verificamos que na maioria das teses e disserta es defendidas na linha de pesquisa da Interdisciplinaridade ocorrem met foras com o intuito da explica o de conceitos defini o de op es e para a adequada resposta s perguntas ou mesmo para elabor las Por ser uma caracter stica marcante e inovadora decidi por sua inclus o nesta tese com o objetivo de comprovar a possibilidade de autoria 58 3 1 2 A possibilidade de autori
270. exist ncia humana est constitu da na possibilidade de sua autotranscend ncia a partir da consci ncia de todas as suas dimens es inclusive a espiritual Abbagnano 2003 p 970 afirma que a transcend ncia a condi o do princ pio divino que est al m de tudo inclusive da pr pria experi ncia humana Afirma tamb m que a transcend ncia o ato de se estabelecer uma rela o sem que esta signifique unidade ou identidade de seus termos mas sim garantindo com a pr pria rela o a sua alteridade 56 Para Ferreira 1988 p 644 transcend ncia significa a qualidade do transcendente Transcendente por sua vez compreende 1 Que transcende muito elevado superior sublime excelso 2 Que transcende do sujeito para fora dele 3 Que transcende os limites da experi ncia poss vel metaf sico Transcender interpretado como 1 Ser superior a exceder 2 Passar al m de ultrapassar 3 Elevar se acima de 4 Ser superior aos outros ou a outra coisa exceder avantajar se Sua intelig ncia transcende a todos os seus m ritos 5 Distinguir se evidenciar se Aquele homem transcende em numerosos talentos 6 Passar al m ultrapassar grifos do autor 37 Compreendemos alteridade em seu sentido filos fico que significa ser outro colocar se ou constituir se como outro A alteridade um conceito mais restrito do que diversidade e mais extenso do que diferen a A diversidade pode ser tam
271. experimentar a import ncia do trabalho em parceira na profiss o docente Esta amiga sempre foi sua parceira nos grupos de trabalho montados em sala e juntas 250 precisaram muitas vezes colocar em pr tica aspectos essenciais inerentes a este of cio como o planejamento em conjunto a escolha das melhores estrat gias e a realiza o de interven es em atividades pr ticas na sala de aula Por isso o g nero escolhido foi carta extremamente prop cio adequada express o de seus conceitos e sentimentos de ordem pessoal O resultado pode ser observado a seguir Pindamonhangaba 05 de outubro de 2010 Ol P como vai Bem resolvi te escrever essa carta para expressar o qu o importante s para mim Te conhe o h mais ou menos uns seis anos mas foi na Faculdade que pude ter a certeza de quem realmente s Foi em nossas lutas alegrias conquistas e in meros trabalhos que juntas fizemos que eu me aproximasse mais de ti Quero que saiba que jamais te julguei por n o gostar de mim no passado quando estudava com o meu irm o Voc n o tinha contato comigo e me via como uma irm chata e metida lembra Mas esse n o o caso no momento tudo o que foi j n o existe mais em mim Desde que iniciamos a Faculdade comecei um novo caminho ao seu lado deixando registrado em mim somente o carinho e a aten o com que me dedica Hoje digo que a irm biol gica que n o tive Deus se encarregou de me dar voc a irm
272. express es s o despertadas pela sensibilidade Dessa forma o fen meno observado compreendido tamb m pelas emo es e estados de esp rito impl citos no pr prio fato GON ALVES 2001 p 212 Sem d vida a inclus o nas pesquisas acad micas de quest es advindas do sentimento das emo es e dos estados de esp rito um passo extremamente ousado Isso porque se n o estiver atrelado a uma fundamenta o epistemol gica consistente o discurso arrisca se a ser dissociado da coer ncia atributo fundamental da Interdisciplinaridade e consequentemente de suas pesquisas Considerando a necessidade de tal coer ncia Carvalho 2004 em sua tese de doutoramento utilizou a met fora do olhar interdisciplinar com o intuito da integra o dos v rios olhares disciplinares presentes em suas observa es na din mica dos cursos de forma o de professores Para essa pesquisadora cada depoimento de aluna cada aspecto conceitual estudado e cada an lise de legisla o efetuada se constitu a em um olhar diferente que se integrado sob uma tica comum a do pr prio olhar da pesquisadora poderia se denominar interdisciplinar Percebe se nesse caso que a met fora do olhar interdisciplinar n o foi usada ao acaso A pesquisadora primeiramente analisou os depoimentos de suas alunas Para ela este foi o primeiro olhar Em seguida se deteve nos conceitos que fundamentaram suas observa es e afirma es o que constitu
273. forma a elaborar se necess rio novos encaminhamentos A partir do ano de 2010 quando me desliguei do of cio de diretora de escola retornei ao Ensino Superior como docente do curso de Pedagogia na Faculdade de Pindamonhangaba na cidade de mesmo nome no interior de S o Paulo Esta experi ncia permitiu me a reflex o sobre a import ncia da forma o inicial de professores e sobre o meu papel dentro deste processo formativo As discuss es em sala de aula corroboraram com a crescente hip tese de que os professores ainda que em processo de forma o poderiam come ar a questionar a teoria j existente atrav s do seu confronto com a realidade observada nas escolas Tais experi ncias pessoais me exigiram um aprofundamento nas quest es conceituais envolvidas nas concep es relativas a representa o e a interpreta o com o objetivo de fundamentar o que se compreende por ser ator al m de verificar as implica es do termo autoria e seu uso no universo educacional Durante este per odo reflexivo a compreens o hermen utica me auxiliou na percep o da exist ncia desde minha vida escolar de um desejo de ser autora A princ pio isto se revelou nos textos que escrevi quando cursei o Ensino Fundamental e o Magist rio Depois este desejo se revelou nas adapta es dos planos de aula e dos projetos desenvolvidos com os alunos Ao mesmo tempo comecei a questionar os autores que estudava se suas reflex es e an lises s
274. gicas definidas dentro da concep o de ensino e de aprendizagem que a escola possui Acredito da mesma forma que o curr culo n o se consolida somente na dimens o do prescrito H fatores que desencadeiam e subsidiam a pr tica docente os quais n o est o escritos nos manuais mas se revelam nos cotidianos e s o os frutos tamb m da autoridade do professor sobre seu of cio da sua pr tica e da de seus alunos Por esse motivo uma an lise reflexiva acerca da pr tica pedag gica docente poder oferecer subs dios para verificar se o professor tem autoridade real e legitimada para se tornar autor 4 1 A PR TICA COTIDIANA COMO POSSIBILIDADE DE AUTORIA Com o intuito de uma resposta adequada a mais essa tem tica entendo como fundamental recorrer Teoria da Interdisciplinaridade como um fator de subsidio a essa reflex o Talvez seja esta teoria um suporte metodol gico auxiliar para a compreens o da 21 O termo ensinante utilizado neste contexto para definir a condi o do professor aquele que ensina 2 A fim de garantir a coer ncia do discurso n o me aterei s quest es da indisciplina na escola nem tampouco crescente perda de autoridade do professor objeto de estudo de muitos pesquisadores em educa o 79 possibilidade de autoria do professor no contexto de sua disciplina espec fica e em suas conex es com outras disciplinas outros professores alunos e com a din mica da escola No entanto tor
275. gico e com isso proporcionar lhes a descoberta a partir do agora ou seja do tempo kair s como observado no primeiro relato O educador respons vel pela promo o de pr ticas que permitam aos alunos a descoberta do sentido ou dos sentidos em suas vidas Despertar os discentes para o processo de autoria seria um destes passos Minha experi ncia de trabalho junto s alunas do Curso de Pedagogia foi fundamental observa o medida que se estabeleciam como autoras de seus textos de suas falas e de suas pinturas do processo de redescoberta e aceita o de suas hist rias de vida para com isso projetarem de maneira efetiva suas a es rumo a um futuro em constru o O processo de autoria como dimens o educativa somente poder ser estabelecido a partir de uma nova compreens o acerca do tempo a qual desconsidere suas amarras cronol gicas e permita aos alunos pesquisadores e professores a capacidade do estabelecimento de um processo criativo a partir de suas lembran as Estas se fundamentadas por viv ncias significativas passam a assumir a condi o presente pois permitem consci ncia a consolida o do sentido de determinada a o viv ncia ou atitude Abbagnano 2003 p 944 afirma a possibilidade da distin o de tr s concep es acerca do tempo 1 o tempo como ordem mensur vel do movimento 2 o tempo como movimento intu do 32 o tempo como estrutura de possibilidades 1 109 para Abbagn
276. grada aqueles que informam e desvelam FAZENDA SOARES 2010 p 139 140 19 A trajet ria percorrida por esta tese se configurou em cinco cap tulos importante mencionar que todo cap tulo se inicia com uma narrativa A princ pio elas traduzem as etapas relativas ao meu processo de autoria enquanto pesquisadora professora e diretora de escola Ao iniciar uma aula fa o uma leitura para os alunos O mesmo acontecia quando organizava cursos de forma o continuada para professores Da mesma forma todas as narrativas escolhidas no transcurso desta tese introduzem a reflex o existente nos cap tulos para incitar seu aprofundamento e discuss o O todo narrado se constr i a partir das partes escolhidas Esta rela o entre a narrativa e o que nela se revela faz com que sejam realizadas interpreta es j que n o o que se explica que realmente importante mas o que se pode interpretar Bruner 2001 afirma que as narrativas liter rias pressup em estrutura de tempo particularidades gen ricas raz es por traz das a es composi o hermen utica canonicidade impl cita ambiguidade de refer ncia centralidade da problem tica negociabilidade inerente e elasticidade hist rica as quais destaco no registro e na partilha de hist rias educativas Esclare o que o percurso metodol gico expl cito nesta tese fez com que os registros acerca de minha Hist ria de Vida n o estivessem condensados em um nico cap tulo A revis
277. grafias de filmes que retratam cen rios de castelos medievais localizados em locais pitorescos e distantes repletos de vegeta o nativa e cercados de rios com pontes Todas as colegas exprimiram um Ahhhh agora entendi e Kiwi riu disse lhes que por n o possuir habilidades art sticas sabia que precisaria explicar a todos o que imaginou ao pintar o quadro A aluna apresentou esta situa o espec fica para explicar a suas colegas que acreditava ser uma das principais caracter sticas da profiss o docente a realiza o de pontes entre a tem tica exposta em sala de aula e a realidade inerente capacidade da correta compreens o desta por parte dos alunos Isto representa o movimento feito por Kiwi naquele momento j que o significado de sua pintura n o seria compreendido sem a correta exposi o de suas nuances caberia a ela a autora sua correta tradu o atrav s da fala Talvez este seja um bom exemplo da necessidade do reconhecimento por parte do 123 professor de suas limita es com o objetivo do estabelecimento de estrat gias para a correta compreens o de sua pr tica pedag gica por parte de seus alunos Para Perrenoud 2001 existe ainda uma quinta a o que pode auxiliar o professor na supera o dos problemas existentes em sua rela o com os alunos a adequada an lise dos fen menos de comunica o comparando os com o sentido dos saberes e dos trabalhos escolares Para o autor o professor exe
278. gratid o relacionados presen a materna 106 Figura 14 A ponte colorida sua m o e de sua m e Fonte arquivo pessoal A segunda aluna a eleger a ponte como met fora a quem denominei Cinza como expresso na Figura 15 a retratou de maneira distinta Sua ponte n o passava sobre um rio mas sim sobre as esta es do ano Para a aluna estas esta es embora detentoras de caracter sticas diversas apresentavam se floridas pois eram iluminadas por um grande arco ris sinal da certeza da exist ncia de tesouros em nossas vidas ainda que n o estejam vis veis ao primeiro olhar Ao relatar isso para o grupo Cinza ficou visivelmente emocionada e em meio a este forte sentimento numa esp cie de comunh o com suas colegas j que todas ali presentes tinham conhecimento de suas dificuldades pessoais a aluna relatou que jamais iria desistir de seus sonhos e da busca pela felicidade j que possu a tesouros inestim veis em sua vida Figura 15 Diferentes esta es um movimento Fonte arquivo pessoal 107 Atrav s dos dois exemplos acima percebemos a exist ncia nos grupos de professores j formados e em processo de forma o de grande parte do componente transformacional o qual ainda precisa ser estudado mais pormenorizadamente pois exige a adequada capta o das emo es das pessoas a qual deve sempre estar pautada pelo respeito identidade de cada indiv duo sem desconsiderar suas caracter sticas
279. gredir algumas normas institucionais para que a aprendizagem dos alunos pudesse ser significativa A observa o atenta tamb m foi realizada por mim diante das produ es art sticas e dos discursos elaborados pelas alunas dos 3 e 5 semestres do Curso de Pedagogia da 73 Faculdade de Pindamonhangaba no ano de 2010 O mesmo crit rio proposto pela epoch foi utilizado durante a observa o de uma atividade coletiva realizada pelos professores da Escola SESI do Ipiranga na qual era preciso avaliar a Proposta Pedag gica Esses tr s fen menos educativos acrescidos do estudo epistemol gico dos conceitos de autoria autoridade e legitimidade precisaram ser interpretados luz da hermen utica Por esse motivo os registros apresentados mesclam a poesia com a prosa e as teorias do conhecimento cient fico alternam se com os fen menos educacionais observados Transgridem o modelo tradicional de observa o e an lise para legitimar o encadeamento interpretativo proposto pela pesquisa Os detalhes particulares da narrativa desencadearam a constitui o de c rculos hermen uticos RICOEUR 1988 pois alternam a compreens o a produ o art stica e o discurso dos professores das alunas do curso de Pedagogia professores em forma o dos autores estudados e da pr pria pesquisadora sobre o problema investigat rio o professor pode ser autor O primeiro c rculo hermen utico se constituiu da interpreta o epistemol gica dos con
280. gualdade e do registro para condensar material de pesquisa assim que uma necessidade for apontada s ser poss vel obter sucesso na atividade a que nos propomos se ap s a rev sita ao coletivo adentrarmos no campo que Ren Barbier 2004 denominou escuta sens vel O grupo de profissionais da rea da sa de que possuta como objetivo central o trabalho de orienta o a duzentas gestantes agora se via diante de um entrave como ouvi Las uma solu o apontada por Ivani foi ao inv s de duzentas por que n o trabalhar com apenas vinte gestantes O desafio havia se transformado agora o objetivo seria traz Las todas para uma mesma roda com todos os membros do grupo que de posse de um gravador as deixariam falar discorrer sobre suas d vidas suas ang stias seus desejos e suas viv ncias Aos profissionais caberia o grande dever de ouvir ouvir ouvir e ouvir para somente ent o mapear as suas necessidades o que constituiu a pr xima etapa da Linha metodol gica da Pesquisa Interdisciplinar 197 5 Mapeamento das Necessidades A partir da escuta sens vel do grupo de pesquisa torna se poss vel realizar o mapeamento de suas reais necessidades pelas quais a pesquisa vai trilhar o seu caminho por interm dio do desenvolvimento do saber ouvir que a pesquisa toma corpo e com isso o pesquisador adquire a capacidade de resposta a perguntas simples mas essencialmente concretas Quem s o Quem s o as pessoas que faz
281. hegar atrasado escola dificilmente algum professor lhe apontaria alguma ocorr ncia negativa Ao final do m s de outubro daquele ano em meio s chuvas que assolavam a cidade de S o Paulo nos fins de tarde ocorreu um fato que marcaria para sempre a vida de alguns dos professores daquela escola Certa manh logo cedo uma das professoras notou a presen a de hematomas no nariz e no bra o direito de A H naquele dia ele havia chegado pontualmente aula Na tentativa de ocultar os hematomas presentes em seu bra o o menino fez alguns desenhos neles com uma caneta esferogr fica Assim que a professora veio me comunicar o ocorrido recebi o telefonema de uma das tias de A H pedindo ajuda no dia anterior o menino fora agredido fisicamente pela m e e logo ap s expulso de casa por desobedecer a uma de suas ordens a de n o brincar no computador no per odo da tarde enquanto ela trabalhava N o tendo para onde ir e debaixo de chuva o menino caminhou o quanto p de at uma esta o de metr Ali pediu ao motorista de um nibus que o levasse gratuitamente at o ponto pr ximo casa de sua tia a qual ficava muito distante da sua 108 A fim de preservar a identidade do aluno o denominarei de A H nesta pesquisa 107 Z a 4 pri 4 A H morou at os oito anos em um outro pa s da Am rica Latina de l ngua espanhola 267 Ap s ouvir o relato da tia eu e uma de suas professoras iniciamos uma conversa com o menino Ele
282. i ou a posteriori poss vel explicitar o que foi aprendido iniciar integrar subordinar em termos de capacidade de saber fazer de saber pensar e de saber situar se O ponto de refer ncia das aquisi es experenciais redimensionam o lugar e a import ncia dos percursos educativos certificados na forma o do aprendente ao valorizarem um conjunto de atividades de situa es de rela es de acontecimentos como contextos formadores Acredito assim como Josso 2004 que a rememora o do meu percurso acad mico no universo da Teoria da Interdisciplinaridade poder ser mais um fator a iluminar a interpreta o ontol gica sobre esta teoria Isso porque a realiza o de um estudo mais pormenorizado sobre esta teoria exigir de mim um mergulho mais profundo nos aspectos inerentes a minha Hist ria de Vida Para a autora transcrever a pr pria Hist ria de Vida exige um caminhar para si o qual est presente muito al m da compreens o do conjunto de experi ncias que vivenciamos ao longo da vida Caminhar para si significa Tomar consci ncia de que este reconhecimento de si mesmo como sujeito mais ou menos ativo segundo s circunst ncias permite pessoa da em diante encarar o seu itiner rio de vida os seus investimentos e os seus objetivos na base de uma auto orienta o poss vel que articule de uma forma mais consciente as suas heran as as suas experi ncias formadoras os seus grupos de conv vio as suas val
283. ia intelecto ou raz o s o portanto sin nimos de esp rito 32 Abbagnano 2003 p 354 afirma que pneuma ou sopro animador o significado origin rio do termo esp rito do qual derivam todos os outros Esse significado ainda permanece nas express es em que esp rito significa aquilo que vivifica Kant usou o termo nesse sentido em sua teoria est tica No significado est tico esp rito o princ pio vivificante do sentimento Mas aquilo com que esse princ pio vivifica a alma a mat ria de que serve o que confere impulso finalista faculdade do sentimento e a insere num jogo que se alimenta de si mesmo e fortifica a faculdade de que resulta Foi com esse sentido que a palavra esp rito permaneceu no uso corrente em que s vezes se contrap e a letra para indicar o que vivifica ou sem met fora o significado aut ntico de alguma coisa 231 Hoje vivemos in meros problemas de ordem social e cultural em que se destacam o aquecimento global o terrorismo e as constantes crises econ micas Mas h outros dilemas n o menos importantes Um imenso abismo est se abrindo entre ricos e pobres e a classe m dia est sendo comprimida Nossa democracia se curva influ ncia sempre crescente da m dia e do dinheiro A educa o n o inspira Os custos de sa de crescem assustadoramente e assim por diante A origem de todos esses problemas est na ideia mecanicista de que h um conflito entre esp r
284. ia ocorrer de qualquer maneira do que ele fez com que ocorresse do que ele imprimiu com uma inten o Ferreira 1988 p 365 auxilia na compreens o do significado da palavra inten o no sentido que desejo imprimir a este texto Para o autor inten o pode ser definida como 1 Ato de tender intento ten o 2 Vontade desejo pensamento 3 Prop sito plano delibera o Nesse sentido quando algo feito com inten o significa que possui o prop sito a vontade e o desejo de quem pratica a a o atitudes estas que identificam e caracterizam o homem capaz A intencionalidade da a o exercida pelo indiv duo sobre algu m ou sobre alguma coisa o que lhe confere a capacidade de poder dizer que aquilo que fez foi feito por escolha pr pria pessoal e intransfer vel Quando h o reconhecimento de nossa capacidade de fazer verificamos ao mesmo tempo que somos respons veis por nossas a es Esta responsabilidade se inicia j no plano da consci ncia quando se decide por realizar as a es Isso d a possibilidade da alteridade para Abbagnano 2003 significa colocar se ou constituir se como outro um conceito mais restrito do que diversidade e mais extenso do que diferen a 3 Abbagnano 2003 p 577 afirma que a caracter stica das viv ncias Erlebnisse que pode ser indicada como o tema geral da fenomenologia orientada objetivamente a intencionalidade Representa uma caracter stica ess
285. ica materializada pela linguagem de nossa escrita para que a nobreza de nossas pr ticas atrav s de enfoques te ricos consistentes e cada vez mais coerentes seja disseminada Ivani afirma ainda que a relev ncia da pesquisa depende tamb m de sua beleza a qual somente efetivada atrav s do adequado enquadramento da narrativa dos mapeamentos efetivos e da sutileza das met foras Estes quando bem introduzidos 202 revelam a ess ncia da pesquisa e desvelam o ser pesquisador Este o grande diferencial da pesquisa interdisciplinar No Brasil a Interdisciplinaridade denomina a beleza e as met foras da pesquisa de sagrado Para Ivan esta sacralidade revela a mais profunda dimens o espiritual do pesquisador onde atrav s do desenvolvimento da pesquisa esta se deixa revelar em sua plenitude Inserir esta viv ncia tamb m no universo da pr tica do professor devolver fun o docente o que de mais belo ele abandonou A sala de aula seu v sis por inteiro precisa ser explicitada nas linhas das teses e disserta es como forma de revelar sociedade que poss vel a realiza o de um trabalho de boa qualidade e que tamb m poss vel o encontro por parte do aluno do sentido presente nas atividades realizadas na escola sem d vida alguma a realiza o de pesquisas dessa natureza segundo Ivani permite que nos fundamentemos de maneira mais adequada a cada dia de forma a sustentar nosso caminho o qual fazemos e
286. ida centralidade ao como aprender e ensinar como propiciar o desenvolvimento pleno dos educandos em cada ciclo tempo de vida os conte dos a trabalhar recuperam sua centralidade Os docentes v o se colocando como quest o coletiva que dimens es formar que potencialidades desenvolver que sujeitos sociais e 96 culturais cognitivos ticos e est ticos que linguagens dominar que h bitos e compet ncias de que ferramentas culturais se apropriar Por que n o reconhecer que tudo isso s o os conte dos de nossa humana doc ncia ARROYO 2000 p 117 118 A partir desses pressupostos analisarei tr s pr ticas formativas de educadores com foco na possibilidade do desenvolvimento da autoria As duas primeiras descrever o os movimentos ocorridos com duas turmas do curso de Pedagogia a fim de repensarmos a autoria inserida na forma o inicial e continuada do professor e a outra far a descri o da pr tica de professores em exerc cio na Educa o B sica com o intuito da an lise das possibilidades de autoria presentes nas constru es coletivas advindas do cotidiano da escola 4 2 1 A autoria na Forma o Inicial do Professor Atrav s da reflex o sobre o conceito de humana doc ncia proposto por Arroyo 2000 no trecho citado acima analisarei uma atividade pertencente disciplina Fundamentos e Metodologia da Educa o Infantil por mim ministrada durante o primeiro semestre do ano de 2010 Esta ativ
287. idade foi realizada com alunas do 3 semestre do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba Institui o de Ensino Superior na qual sou docente a fim de haver a compreens o a respeito do papel do professor na forma o das novas gera es e tamb m a prov vel comprova o da hip tese a respeito da possibilidade da forma o para a autoria Concordo com Gauthier 2004 quando afirma a urgente necessidade da constitui o de grupos pesquisadores ou seja pesquisadores parceiros daquele que se disp s perante a academia investiga o de determinada realidade O rompimento com a l gica de um detentor do saber validado que na tentativa de colher dados para a sua pesquisa invade um universo j existente contribui para divulgar a concep o da possibilidade da constru o e valida o do conhecimento em diferentes e diversos mbitos Para ele o grupo pesquisador pode ser constru do somente a partir do estabelecimento de rela es afetivas corporais e cognitivas entre seus membros Para 97 exemplificar tal rela o o autor fez uso em uma de suas pesquisas de uma t cnica espec fica a qual denominou sociopo tica Ao repensar quais aspectos seriam essenciais forma o inicial das pedagogas a turma era constitu da por mulheres a partir dos conte dos previstos na disciplina por mim ministrada percebi dois aspectos importantes n o existia a liberdade de transforma o da ementa por m havia a li
288. ido a parte fundamental a do motor com cujo contato gerado o movimento Qualquer que seja o motor diz Arist teles ele sempre trar uma forma subst ncia particular qualidade ou quantidade que ser princ pio e causa do movimento quando o motor mover do mesmo modo como no homem a entel quia faz o homem do homem em pot ncia ABBAGNANO 2003 p 686 105 Em sua forma o tradicional o conceito de destino segundo Abbagnano 2003 p 243 244 implica 1 necessidade quase sempre desconhecida e por isso cega que domina cada indiv duo do mundo enquanto parte da ordem total 2 adapta o perfeita de cada indiv duo ao seu lugar ao seu papel ou sua fun o no mundo visto que como engrenagem da ordem total cada ser feito para aquilo que faz Para Bo cio que com a Consola o da Filosofia transmitia esses problemas Escol stica latina destino e provid ncia s se distinguem porque a provid ncia a ordem do mundo vista pela intelig ncia divina e o destino essa mesma ordem desdobrada no tempo Mas no fundo a ordem do destino depende da provid ncia O livre arb trio humano subtrai se da provid ncia e do destino porque as a es a que d origem se incluem exatamente em sua liberdade na ordem do destino Heidegger n o fez sen o exprimir o mesmo conceito ao falar do destino como decis o aut ntica do homem Destino a decis o de retornar a si mesmo e de assumir a heran a das
289. iero 2002 que d scorria sobre a organiza o curricular do SESI SP Comecei a questionar a exist ncia de um conhecimento prescrito o qual se encontrava distante da realidade vivida pelos professores que habitavam a escola Por isso utilizei como metodologia o di logo entre as afirma es presentes nos documentos da Rede Escolar SESI SP sobretudo em seus Referenciais Curriculares e a Teoria da interdisciplinaridade Os pontos te ricos de converg ncia foram por mim denominados pontos de Luz Na medida em que os registrava mais reflex es e questionamentos foram surgindo J no terceiro cap tulo que denominei Interdisciplinaridade procurei descobrir como a Teoria da interdisciplinaridade foi concebida pela Rede Escolar SESI SP partir 161 da d cada de 1990 Defini este per odo porque foi a partir dele que a Institui o come ou passar por mudan as curriculares e estruturais at ter as caracter sticas atuais Continuei a observa o de outros pontos de luz a partir do movimento dial tico de an lise da estrutura institucional da Rede SESI SP e a realidade dos professores da escola a qual dirigia iniciei novamente as minhas observa es pelo estudo da realidade Local vivida pelos professores do Centro Educacional Nesta realidade percebi ind cios de parceria conforme prop e a Teoria da Interdisciplinaridade Ao refletir sobre a proposta curricular da Rede Escolar percebi mais um ponto de luz a bus
290. inc pio pr prio da Interdisciplinaridade foram observados tr s mbitos metodol gicos a epistemologia a ontologia e a pr tica Primeiramente a observa o ontol gica do conceito de Interdisciplinaridade ou o momento determinado pela epoch foi feito a partir da narrativa das etapas por mim vivenciadas quando da elabora o e defesa de minha disserta o de mestrado SOUZA 2006 Epistemologicamente foram observados os constructos te ricos acerca da Interdisciplinaridade a partir da leitura de dicion rios publica es editoriais e acad micas fundamentadas nas representa es de Fazenda 1994 1997 2001 2002 2003 2006a 2006b 2008 e da polissemia conceitual e cultural proposta por Lenoir 2005 2006 Pr ticas de pesquisa de ensino e de forma o de professores foram atentamente observadas a fim de que pudessem ser interpretadas luz da hermen utica Os princ pios constituintes da Teoria da Interdisciplinaridade FAZENDA 2001 coer ncia humildade desapego respeito espera e olhar desencadearam a interpreta o dessas pr ticas novamente configuradas em c rculos hermen uticos O primeiro c rculo hermen utico procurou interpretar uma pr tica interdisciplinar de pesquisa ocorrida no GEPI O movimento de escrita da ata dos encontros presenciais apresenta caracter sticas pr prias do processo de constru o da autoria 3 A narrativa advinda de minha disserta o de mestrado SOUZA 2006 tem como ob
291. inc vamos todos os dias Brincadeiras sem se preocupar com nada brincar na areia subir em rvores amarelinha corda Qualquer coisa era motivo de felicidade Abra ar ou brigar com os amigos levar flor para a professora dividir o lanche no recreio ajudar a m e a varrer o quintal ou at m mesmo ir ao armaz m do Seu Z Q o que eu fazia com muita satisfa o Tudo era felicidade tomar banho no rio ir s festinhas juninas comer cachorro quente pipoca Desfilar no 7 de Setembro ah Isso era o m ximo Ganhar presentes no dia das crian as n o esquecer que o Natal estava chegando e por isso colocar as cartas e os sapatos atr s da porta Mas a vida segue o seu destino e acaba nos reservando momentos que n o ser o s de alegrias pois a alma n o permanecer infantil e o olhar de ternura ser deixado para tr s ao descobrirmos que o mundo assustador Saber que correr atr s das borboletas das tanajuras do cachorro que fugiu ficar ouvindo o canto das cigarras ficar horas procurando desenhos nas nuvens tudo isso pode acabar Chorar sem constrangimento ter a inoc ncia na alma por n o compreender porque voc perdeu a pessoa que tanto ama nessa vida Essa inoc ncia perde se no tempo quando se conhece o sofrimento Perder algu m querido perder se quando somos feitos dos outros que nos rodeiam Naquele domingo de manh apesar de estarmos no m s de julho o dia estava lindo o sol estava morno e o c u azul que at do
292. inhamentos Esta possibilidade de reflex o coletiva garante ao pesquisador a legitimidade necess ria observa o reflex o e escrita de forma coerente com a realidade pesquisada Este fundamento essencial para a pr tica da pesquisa interdisciplinar 5 3 2 Interdisciplinaridade e ensino um olhar sobre a aprendizagem De acordo com Hern ndez 1998 embora pare a bvio a educa o precisa favorecer a compreens o dos alunos sobre o conte do ensinado pelo professor a fim de que possam agir sobre aquilo que foi aprendido Para o autor os processos educativos devem ser organizados a partir de dois eixos que se relacionam como se sup e que os alunos aprendem e a vincula o que o processo de aprendizagem e a experi ncia da escola possuem em suas vidas p 26 Tais eixos constituem o que ele denominou uma educa o para a compreens o Para o autor necess rio por parte do professor romper com a concep o da forma o de cidad os para o futuro quando ainda n o se preocupa com sua forma o no presente Isto requer por parte deste profissional uma disposi o para ir al m das disciplinas escolares assim como para a an lise das problem ticas respons veis por estimular o aprendizado dos alunos Esta disposi o por parte do professor respons vel por incitar em seus alunos a pr tica do questionamento e da reflex o al m do estabelecimento de rela es entre si e com o pr prio conhecimento
293. inho nela e aquele sono imenso a fez desmaiar S para ter certeza Pedrinho mirou seu estilingue bem no meio da testa da bruxa e pluft ela caiu de vez Narizinho e o Visconde trataram de desamarrar Carla Em lia o Marqu s Pedrinho e o saci cuidaram de amarrar bem a Cuca J poderiam ficar sossegados quando ela acordasse eles estariam bem longe dali Antes de entrarem no S tio j recomposta do susto e do medo Carla agradeceu os primos e os novos amigos Se eles n o estivessem l ela seria o jantar da bruxa Em lia soltou aquele seu gritinho danado e olhou pra Narizinho que imediatamente a reprovou Calma Narizinho eu s estava pensando que ela logo no primeiro dia j aprendeu a li o 45 Dona Benta alheia s travessuras das crian as lhes acenou da varanda Continuem a brincar meus filhos Logo logo a noite cai e todo mundo vai ter que se arrumar pro jantar Aproveitem N o precisou nem repetir Todos sa ram em dire o ao pomar quem chegasse por ltimo seria a mulher do padre Adapta o do texto por mim produzido em 1992 na 62 s rie a partir de arquivo fotogr fico pessoal No ano de 1992 cursava a 62 s rie do Ensino Fundamental na Escola Estadual Coronel Carlos Porto na cidade de Jacare interior de S o Paulo Em determinado momento do ano letivo a professora da disciplina de Educa o Art stica solicitou a cada grupo de alunos da classe a realiza o e apresenta o de uma pe a d
294. interfer ncia em suas pr ticas pedag gicas De acordo com eles quando os indiv duos se disp em a dialogar o trabalho coletivo e individual flui de maneira mais eficiente e harmoniosa Ressaltaram tamb m esta assertiva atrav s da descri o ao redor da imagem da ampulheta de que algumas palavras s o consideradas essenciais para o gerenciamento de uma eficiente comunica o entre os professores e a dire o da escola as quais foram representadas pelas express es dividir somar cumplicidade parceria amizade troca e envolvimento Afirmaram tamb m o reconhecimento de que algumas atividades administrativas por parte dos professores s o inevit veis no cotidiano interno da escola e que devido a isso haveria a necessidade por parte do coordenador pedag gico de compartilhar tais tarefas com o grupo de professores visando o seu melhor encaminhamento J o terceiro grupo a quem denominei de Or gano recebeu outro tema para an lise e discuss o a rela o dos professores com a equipe gestora da escola Para melhor auxiliar o grupo nesta discuss o distribu s componentes um fragmento de um poema de Carlos Drummond de Andrade No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho ANDRADE 1930 Atrav s da reflex o acerca do tema 5i Abbagnano 2003 p 274 275 define di logo da seguinte forma lat Dialogus in Dialogue fr Dialogue al Dialog
295. io No entanto preciso clarificar o contexto institucional vivenciado pela professora a Rede Escolar SESI SP Criada h sessenta anos a Rede Escolar SESI SP consolidou se no Estado de S o Paulo como a maior Rede de Ensino Privada do Estado com aproximadamente duzentas escolas Ao longo deste per odo o seu curr culo acompanhou as determina es propostas pelas legisla es vigentes Com a implementa o da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional no ano de mil novecentos e noventa e seis os dirigentes do SESI no Estado de S o Paulo decidiram consultar seu corpo docente composto por mais de sete mil professores acerca da necessidade da reconfigura o do seu curr culo Tais questionamentos resultaram no ano de dois mil e tr s na implementa o de um Referencial Curricular pr prio o qual atende tanto legisla o nacional e estadual quanto s necessidades da institui o de suas escolas de seus docentes e alunos Embora este Referencial Curricular trate da import ncia do conhecimento contextualizado de quest es sobre aprendizagem significativa da figura do aluno como centro do processo de ensino e aprendizagem e do desenvolvimento de habilidades e compet ncias para a sua aplicabilidade em uma sociedade do conhecimento a materializa o de um trabalho com Tecnologias da Informa o e da Comunica o e com Tecnologias Digitais ainda n o era apreciada de forma clara e sistematizada Mesmo em sua estrutur
296. io conforme demonstrado na Figura 33 De um lado desta balan a colaram uma boneca simbolizando o trabalho da diretora da escola Do outro lado colaram duas bonecas simbolizando o trabalho das duas coordenadoras pedag gicas Figura 33 A balan a met fora do equil brio Fonte arquivo pessoal O grupo Or gano para a adequada retrata o do perfil profissional da diretora da escola escolheu as palavras profissional do futuro sucesso e comprometimento J para retratar o perfil profissional das coordenadoras pedag gicas as palavras escolhidas foram uni o di logo alegria e parceria Para que ocorra a parceria entre os membros de um grupo um dos fundamentos da Interdisciplinaridade n o h a exig ncia de que seus componentes possuam personalidades semelhantes muito menos que cheguem a um consenso comum em todas 135 as suas decis es A parceria para acontecer requer a presen a constante do di logo com o objetivo da realiza o de uma a o coletiva em favor do bem comum conforma afirmado por Men ndez 2001 p 157 Podr a hablarse de parceria cuando un grupo con el que se va a trabajar tiene incorporada la premisa de que ninguna forma de conocimiento es en s misma exclusiva Por lo tanto para valorar el conocimiento cient fico del otro es imprescindible partir de una gran dosis de humildad e intentar luego el di logo con otras fuentes del saber porq
297. io durante toda a sua vida Quando decidiu destranca la j n o possu a for as nem disposi o para coloca la em pr tica A provoca o da autora propiciou a interpreta o de aspectos de natureza ontol gica epistemol gica e pr tica presentes nos princ pios da Teoria da Interdisciplinaridade A compreens o ontol gica do conceito de Interdisciplinaridade foi descrita a partir da revis o de minha disserta o de Mestrado SOUZA 2006 Em seguida tornou se imprescind vel delimitar a compreens o te rica acerca de seus conceitos o que foi feito a partir da an lise epistemol gica das pesquisas anteriormente defendidas no GEPI das representa es de Fazenda 1994 1997 2001 2002 2003 2006a 2006b 2008 e da polissemia proposta por Lenoir 2005 2006 Os princ pios constituintes da Teoria da Interdisciplinaridade coer ncia humildade desapego respeito espera e olhar propiciaram a interpreta o de pr ticas pedag gicas consideradas interdisciplinares ocorridas tanto na pesquisa quanto no ensino na Educa o B sica e no Ensino Superior Recorri s pesquisas desenvolvidas no GEPI bem como s pr ticas pedag gicas desenvolvidas na Escola SESI do Ipiranga e na Faculdade de Pindamonhangaba O texto O sentido da autoria inicia se com o conto A mo a tecel de Marina Colasanti 2004 e procurou responder a uma ltima quest o Qual o sentido de ser autor em educa o Recorri ao significado do con
298. iplina Inform tica Educacional e de sua transforma o em momentos de apoio coletivos nos quais as duas pudessem realizar atividades em conjunto como ocorre com os Ciclos e Il Educa o Infantil Educa o de Jovens e Adultos e Ensino M dio Acreditam que isso traria maior significado s suas pr ticas permitindo a realiza o de um trabalho em parceria de modo mais eficaz De acordo com elas as aulas ministradas pelo professor de inform tica seriam realizadas junto ao professor da turma e transformariam o Laborat rio em uma extens o da sala de aula Enquanto isto n o ocorre pois h uma s rie de quest es legais para sua efetiva o ou n o adapta es como as relatadas acima ser o feitas na tentativa de proporcionar uma aprendizagem mais significativa aos alunos Afinal as inova es tecnol gicas avan am com extrema rapidez e sua apropria o por crian as e adolescentes tem crescido na mesma propor o Adaptar se a tais inova es mantendo sempre o princ pio da coer ncia da fundamenta o te rica que permeia a pr tica da escola permite um novo olhar sobre as aprendizagens dos alunos Isso nos remete a novas possibilidades e novos questionamentos a busca pela autoria inerente ao professor ou ela pode ser formada poss vel cuidar da forma o do professor para que ele se transforme em autor 93 4 2 A FORMA O DO PROFESSOR COMO POSSIBILIDADE DE AUTORIA Para Furlanetto 2004 o professor vai s
299. iplinar essa conduta ABBAGNANO 2003 p 380 Assumimos neste caso a primeira concep o de tica j que ela fala a l ngua do ideal para o qual o homem se dirige por sua natureza e por conseguinte da natureza ess ncia ou subst ncia do homem J a segunda fala dos motivos ou causas da conduta ou das for as que a determinam pretendendo ater se ao conhecimento dos fatos grifos do autor 188 Por fim Fazenda 2001 afirma que o olhar princ pio fundamental da Teoria da Interdisciplinaridade Ferreira 1988 p 465 atribui ao verbo olhar diversos significados os quais traduzem a real amplitude de suas poss veis interpreta es Olhar V t d 1 Fitar os olhos ou a vista em mirar contemplar 2 Olhar de cara encarar 3 Estarem frente de estar voltado para 4 Pesquisar observar sondar examinar estudar 5 Atentar ou reparar em ponderar 6 Tomar conta de zelar por proteger 7 Reputar julgar considerar 8 Tomar conta cuidar velar 9 Atentar considerar 10 Dispensar benevol ncia ser ben volo interessar se ocupar se 11 Fitar os olhos mirar observar 12 Estar voltado estar em frente ou em face 13 Estar mais elevado estar sombranceiro 14 Estar em certa dire o 15 Exercer ou aplicar o sentido da vista procurar ver 16 Bras Deitar olhos rebentar brotar 17 Ver se mirar se encarar se S m 18 O aspecto dos olhos o olho Quando inclui o olhar c
300. iplinaridade poderia auxiliar na forma o de pesquisadores professores formados e professores em forma o para a autoria A partir de interpreta es epistemol gicas acerca dos conceitos constitutivos da Interdisciplinaridade bem como de suas manifesta es ontol gicas e pr ticas p de se comprovar que al m de oferecer subs dios fundamentais forma o da autoria em todos estes mbitos de atua o do educador a Interdisciplinaridade assume a autoria como um de seus princ pios fundamentais atrelados atributos j consagrados como a coer ncia a humildade o respeito o desapego a espera e o olhar Ap s a comprova o de que pesquisadores e professores podem ser considerados autores que possuem autoridade e legitimidade para tratar de assuntos educacionais novo questionamento despontou nesta pesquisa Qual o sentido ent o de ser autor em educa o A interpreta o epistemol gica do significado da palavra sentido constatou que sua concretiza o atribu da concep o da tridimensionalidade inerente constitui o do ser humano ou seja ao considerar que o homem possui uma dimens o espiritual al m das dimens es biol gica e psicol gica Tal dimens o permite ao educador n o se acomodar perante a realidade por ele vivenciada mas sim procurar encontrar novas possibilidades de atualiza la contribuindo com isso com o seu pr prio processo de forma o e com a forma o de seus alunos sobre
301. ir dela a de outros autores fez com que me desvencilhasse dessa l gica a qual n o retratava a realidade 6l Sobre o encontro com a professora Ivani com a Interdisciplinaridade e com a desconstru o desta concep o que possu a acerca da teoria a narrativa se encontra aprofundada em minha disserta o de mestrado SOUZA 2006 158 Esta foi uma das minhas princ pais quest es ao adentrar no Mestrado Na poca era Coordenadora de um Centro Educacional da Rede Escolar SESI SP e havia muitas d vidas sobre a possibilidade da aplica o pr tica da Teoria da Interdisciplinaridade Posteriormente passei a verificar que os projetos interdisciplinares propostos por Fazenda 1995 20023 poderiam ocorrer em diversos momentos e sob diversos enfoques sempre considerando a realidade da escola dos professores e dos alunos por eles atendidos Al m disso estes projetos possu am consistente arcabou o filos fico metodol gico sociol gico e antropol gico e n o estavam Ligados ao conceito de m todo como receita mas sim como um caminho que se constr i Fol a partir dessa concep o que propus a realiza o da pesquisa de Mestrado de car ter qualitativo que considerou a realidade da escola que na poca dirigia de seus professores e de seus alunos Propus a realiza o de uma pesquisa encarnada nas reais viv ncias da escola que encontra na hermen utica uma possibilidade de caminhar uma pesquisa constitu da no territ rio da I
302. iras sentada ao redor da mesa da cozinha escrevendo cartas para suas amigas Nelas estavam contidos os seus segredos suas paix es e algumas de suas confiss es mais ntimas Afirmou ainda que neste per odo tamb m tinha o h bito de escrever as letras das m sicas que mais gostava e em seguida as anexava s cartas Sua fala est representada pela pintura retratada na Figura 52 a moldura vermelha e dourada representa o dos enfeites que suas cartas traziam as notas musicais representa o da import ncia atribu da reescrita de suas can es favoritas e uma carta s mbolo das boas lembran as de sua juventude de seus amores 258 eee Figura 52 Sobre cartas e can es Fonte arquivo pessoal A terceira aluna desejou compartilhar com as colegas uma experi ncia que origin ria de um grande sofrimento a fez amadurecer precocemente conforme ela mesma relatou ao grupo Contou lhes que aos doze anos presenciou a doen a de seu pai e um grave acidente de moto sofrido por seu irm o Com isso sua vida mudou completamente De uma crian a distante de qualquer responsabilidade passou repentinamente ao mundo cheio de responsabilidades dos adultos Ajudar sua m e tanto nos afazeres dom sticos quanto nos cuidados com o pai e o irm o debilitados passou a ser uma desgastante rotina em sua vida de pr adolescente Como somente o pai trabalhava na poca logo a fam lia se viu enfrentando tamb m graves problemas fi
303. isse que at hoje escreve de modo errado a palavra que ela a fez repetir Vejam caros leitores o que ela conseguiu foi apenas instalar mais um trauma que a garota carrega at hoje e que poderia ser evitado Cabe a n s agora voltar olhares aos futuros educadores para que os mesmos n o cometam os mesmos erros que esta professora fez no passado Aluna 02 O terceiro texto selecionado pertence a uma aluna que decidiu fazer uso do g nero f bula para a exposi o de um aspecto marcante de sua inf ncia atrav s do qual optou pela doc ncia e pela futura carreira de diretora de escola Atrav s de seu relato a aluna exp s sala que quando crian a possu a uma amiga cuja m e era diretora de escola e que talvez devido a admira o que possu a por ela passou a alimentar o sonho de exercer a mesma profiss o quando adulta No entanto a amiga disse lhe certa vez que para exercer a mesma profiss o de sua m e ela deveria estudar muito e que devido a isto seria necess rio percorrer um rduo caminho para a realiza o de seu sonho com poucas chances de obter sucesso Na poca esta situa o havia lhe deixado muito aborrecida e pessimista com rela o a sua capacidade de conseguir tal intento No entanto optou por tomar uma atitude diante da fala da amiga ela enfrentaria sim todas as dificuldades com o objetivo da 248 realiza o de seu sonho Ao terminar o Ensino M dio prestou vestibular para o curso de P
304. it Dialogo Para grande parte do pensamento antigo at Arist teles o di logo n o somente uma das formas pelas quais se pode exprimir o discurso filos fico mas a sua forma t pica e privilegiada isso porque n o se trata de discurso feito pelo fil sofo para si mesmo que o isole em si mesmo mas de uma conversa uma discuss o um perguntar e responder entre pessoas unidas pelo interesse comum da busca O car ter conjunto dessa busca da forma como os gregos a conceberam no per odo cl ssico tem express o natural no di logo grifos do autor 5 Na poca essa equipe era formada por uma administradora escolar que exercia a fun o de diretora da escola cargo ocupado por mim e duas coordenadoras pedag gicas 134 proposto e de sua rela o com o trecho do poema as professoras apontaram o trabalho da equipe gestora n o como um obst culo ou seja uma pedra obstruindo a plena realiza o de suas atribui es mas sim como um parceiro respons vel por contribuir para a melhoria da qualidade de seu trabalho docente Para elas a organiza o interna da equipe gestora lhes transmitia a sensa o de equil brio entre suas atribui es observada na forma de condu o e gerenciamento das pr ticas docentes e no seu relacionamento com os alunos com as fam lias e com os demais funcion rios da institui o Com o intuito da adequada representa o desta assertiva as professoras elaboraram a imagem de uma balan a em equil br
305. ito distantes da minha realidade social e da de meus professores Talvez este tipo de experi ncia tenha me levado a conclus es err neas por certo de que os autores estariam sempre distantes dos leitores Esta concep o equivocada me acompanhou at o in cio dos estudos no Mestrado Foi somente nessa poca que me aproximei de autores como Ivani Fazenda Mario Sergio Cortella e Ruy Cesar do Esp rito Santo os quais me induziram reflex o de que os autores por n s lidos s o pessoas comuns educadores que escreveram e continuam a escrever sobre as possibilidades que veem em seus cotidianos sobre as teorias que creem e sobre as possibilidades que vislumbram pelos caminhos O sentimento de que a autoria poss vel veio transformar e continua transformando a minha pr tica enquanto docente e certamente transformou a minha pr tica no per odo em que exerci a fun o de diretora de escola Como afirma N voa 41 2001 nem sempre poss vel que o educador mude o mundo inteiro mas se puder fazer a diferen a no pequeno universo em que vive isso j se tornar uma grande revolu o ainda que para aquela realidade espec fica Nesse sentido pode se afirmar que se o curr culo uma pr tica desenvolvida atrav s de m ltiplos processos e na qual se entrecruzam diversos subsistemas ou pr ticas diferentes bvio que na atividade pedag gica relacionada com o curr culo o professor um elemento de primeira ordem na conc
306. ito e mat ria Mas a boa not cia que essa aparente contradi o vem se desfazendo com a consolida o do novo paradigma cient fico abrangente e integrador que redescobre a espiritualidade ao afirmar que a consci ncia e n o a mat ria o substrato para tudo o que existe GOSWAMI 2010 p 08 Conceber o homem a partir da abordagem tridimensional considerando sua constitui o f sica ps quica e espiritual permite que esta reflex o se estenda novamente para as quest es relativas ao sentido Tanto Abbagnano 2003 quanto Ferreira 1988 concordam que o sentido permite ao homem manter se consciente de suas sensa es e de suas pr prias a es pois est ligado s conex es que internamente estabelece consigo mesmo com o outro e com a sociedade Neste caso o sentido tamb m proporciona ao sujeito a reflex o sobre sua vida e sobre as situa es por ele vivenciadas na tentativa de extrair delas o seu significado o seu prop sito Frankl 1989a afirma que o sentido um problema que se apresenta para o homem em determinados momentos de sua exist ncia O autor o compreende como uma necessidade inerente ao ser humano de investigar as causas e os prop sitos das situa es que enfrenta durante sua vida O problema do sentido da vida quer se apresente quer n o expressamente cumpre defini lo como um problema caracteristicamente humano Por conseguinte o p r se em quest o o sentido da vida n o pode ser n
307. ito eram apenas uma condi o necess ria para a sobreviv ncia n o uma condi o suficiente Milh es morreram apensar de sua vis o de sentido e prop sito Sua f n o conseguiu lhes salvar a vida mas permitiu lhes enfrentar a morte de cabe a erguida Por isso mesmo achei adequado prestar lhes um tributo por ocasi o da inaugura o da Frankl Library and Memorabilia na Graduate Theological Union em Berkeley Calif rnia quando apresentei o estojo com uma doa o um simples punhado de terra e cinzas que trouxera comigo de Auschwitz Isto para recordar aqueles que ali viveram como her is e morreram como m rtires Incont veis exemplos de tal hero smo e mart rio testemunham a capacidade que s do homem de descobrir e realizar um sentido ainda que in extremis e in ultimis numa extrema situa o de vida como em Auschwitz e mesmo diante da morte na c mara de g s Possa nascer daquele sofrimento inimagin vel uma consci ncia maior do incondicional sentido da vida foram minhas palavras FRANKL 1989b p 28 grifos do autor Ao refletir sobre o exemplo acima poss vel perceber que a realiza o de valores n o igual para todas as pessoas Ela depende que cada sujeito o elabore e que lhe atribua significados Doar uma por o de terra de um campo de concentra o a uma livraria poderia n o ter sentido para muitas pessoas No caso de Frankl que viveu ali por anos e sobreviveu s mais terr veis
308. ito menos para a observa o an lise e interpreta o da forma o de professores No caso dessa pesquisa tamb m seria 167 incipiente para a comprova o da autoria como um Princ pio da Teoria da Interdisciplinaridade 5 2 1 Polissemia do conceito de Interdisciplinaridade e sua abordagem cultural Fazenda 2008 afirma que n o poss vel definir Interdisciplinaridade unicamente a partir do significado que assume na L ngua Portuguesa A partir dos estudos realizados por Lenoir 2005 2006 a autora concorda que o conceito poliss mico e assume interpreta es diferentes dependendo da cultura do pa s onde estudado Se definirmos interdisciplinaridade como jun o de disciplinas cabe pensar curr culo apenas na formata o de sua grade Por m se definirmos interdisciplinaridade como atitude de ousadia e busca frente ao conhecimento cabe pensar aspectos que envolvem a cultura do local onde se formam professores FAZENDA 2008 p 17 Lenoir 2005 2006 concorda com Fazenda 2008 ao afirmar que a Interdisciplinaridade um termo que adquire interpreta es distintas de acordo com a cultura na qual est inserida Por isso jamais as caracter sticas pr prias de uma nica cultura podem ser admitidas como exclusivas Esta afirma o exige uma investiga o para al m dos significados e dos sentidos atribu dos ao termo Interdisciplinaridade no Brasil A Interdisciplinaridade um conceito que foi expandido
309. iu outro olhar N o satisfeita verificou a necessidade da an lise da legisla o que fundamenta os cursos de forma o de professores mais um olhar Para ela essas an lises n o poderiam simplesmente ser somadas ou dispostas de forma linear Elas configuravam a sua forma de 61 analisar o problema de pesquisa de sua tese e por isso faziam parte do seu olhar de pesquisadora que tentava enxergar todas as partes do fen meno Para definir esta realidade utilizou a met fora do olhar interdisciplinar A met fora do olhar interdisciplinar foi tamb m utilizada por outros pesquisadores do GEPI como Fazenda 2001 Guimar es 2010 e Taino 2008 Fazenda 2001 p 29 ao apresentar suas reflex es sobre a necessidade da elabora o de um dicion rio sobre os principais conceitos e caracter sticas da Teoria da Interdisciplinaridade traz o olhar como a possibilidade de ver o que n o se mostra e alcan ar o que ainda n o se consegue Para Fazenda 2001 reunir os olhares de diversos pesquisadores sobre a Interdisciplinaridade permitiria uma compreens o mais ampla do seu sentido e posteriormente auxiliaria na compreens o da pr pria met fora do olhar interdisciplinar Guimar es 2010 por sua vez recorre met fora do olhar interdisciplinar como uma possibilidade de compreens o da avalia o como pressuposto da Teoria da Interdisciplinaridade Para esta pesquisadora foram indispens veis as an lises epistemol gicas do
310. jetivo corroborar com a comprova o da hip tese de que a Interdisciplinaridade pode agregar o conceito de autoria como uma categoria que lhe pr pria Nesse sentido usarei a narrativa pedag gica CUNHA NOGUEIRA PRADO SOLIGO 2008 p 15 como instrumento de escrita Para os autores as narrativas pedag gicas s o memoriais novelas de forma o cartas pedag gicas cr nicas do cotidiano depoimentos di rios relatos de experi ncia e de pesquisa dentre outros registros em que os educadores documentam o que fazem o que pensam o que pensam sobre o que fazem assim como suas inquieta es dificuldades conquistas sua produ o intelectual S o textos que mobilizam o necess rio di logo entre os conhecimentos saberes e experi ncias da forma o e da profiss o e que funcionam como plataforma de lan amento reflex o sobre si mesmo e sobre sua a o profissional 151 O segundo c rculo hermen utico destaca a pr tica de uma professora de L ngua Portuguesa da Escola SESI do Ipiranga Ao trabalhar poesia com alunos do Ensino Fundamental pode exercer ao mesmo tempo uma atitude interdisciplinar seu pr prio processo de autoria e a autoria em seus alunos O terceiro c rculo hermen utico aponta a import ncia do trabalho com as narrativas das Hist rias de Vida das alunas do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba para a constitui o da compreens o da unicidade do conhecimento e do desenvolvimento do seu
311. laboradas na coletividade de um grupo de pesquisa disposto reflex o sobre as principais quest es relativas Educa o O registro elucidar os aspectos interdisciplinares existentes em uma aula os quais para a Interdisciplinaridade s o um processo de cria o e que por isso pressup em a possibilidade de autoria por parte de professores e alunos 193 Toda Aula um Processo Criador Resumo A ata do dia 12 08 2004 retrata um olhar sobre as discuss es realizadas em sala de aula realizadas a partir de uma interven o feita pela professora Ivani Fazenda em um grupo interdisciplinar de sa de A partir dela foi proporcionado ao grupo a reflex o sobre os princ pios norteadores da pesquisa interdisciplinar os quais caracterizam a aula como um espa o sagrado de cria o Palavras chave Fundamentos da Interdisciplinaridade Aula Projeto A afirma o Toda aula um processo criador desencadeia uma s rie de reflex es epistemol gicas e ontol gicas como ser visto seguir A aula do dia 18 02 2004 teve in cio com a cita o deste belissimo pensamento Toda aula um processo criador Logo poss vel compreender que toda aula encontra se imbu da do novo n o de um novo individual mas sim de uma cria o realizada por um grupo de pessoas unicas em sua individualidade que se re nem para um determinado fim Este poderia ser um fim qualquer como o das reuni es nazistas por exemplo onde homens em
312. lentamente e com afeto nos cora es daqueles que por aquela casa passaram e com aquela vida viveram Cobertura 1 x cara de menina delicada que doou tudo o que tinha 1 x cara e de meninos bem levados 1 bem sorridente 1 bem gordinho e 1 que pouco se v pois vive com a vov o seu xod 4 x caras bem cheias de meninas 1 bem ciumenta 1 bem geniosa e 2 iguaizinhas que at parecem g meas todos do cora o cada um com sua raz o Modo de preparo Mexer bem para que o sabor agridoce possa aparecer e destacar as diferen as e unir as semelhan as e as afinidades de cada um Polvilhe com todo o cuidado sobre a massa Neste momento n o precisa levar ao forno apenas regue com muito respeito e muita dedica o de pai e m e Rendimento Por es eternas de gratid o respeito carinho afeto e muito aprendizado Aluna 01 O segundo texto foi escrito por uma aluna que decidiu fazer uso do g nero not cia de jornal com o objetivo de relatar uma experi ncia constrangedora por ela vivenciada durante o Ensino M dio Segundo seu relato uma de suas professoras era bastante famosa por ridicularizar seus alunos perante a classe quando escreviam ou pronunciavam alguma palavra de forma err nea Quando algo deste tipo acontecia o aluno em quest o era obrigado dependendo do erro cometido a escrever ou pronunciar a palavra de modo 247 correto por v rias vezes na presen a de seus colegas Inevitavelme
313. letiram sobre o seguinte tema Rela o professor aluno a partir do poema A Escola FREIRE P 1997 transcrito abaixo Escola o lugar onde se faz amigos n o se trata s de pr dios salas quadros programas hor rios conceitos Escola sobretudo gente gente que trabalha que estuda que se alegra se conhece se estima O diretor gente O coordenador gente o professor gente o aluno gente cada funcion rio gente E a escola ser cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega amigo irm o Nada de ilha cercada de gente por todos os lados Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que n o tem amizade a ningu m nada de ser como o tijolo que forma a parede indiferente frio s Importante na escola n o s estudar n o s trabalhar tamb m criar la os de amizade criar ambiente de camaradagem conviver se amarrar nela Ora l gico numa escola assim vai ser f cil estudar trabalhar crescer 143 fazer amigos educar se ser feliz Ao apresentarem suas discuss es os professores que compunham os dois grupos afirmaram a percep o da atitude de respeito dos funcion rios para com os alunos sendo estes ltimos por eles tratados de acordo com suas caracter sticas espec ficas ou seja as crian as menores recebiam tratamento adequado sua faixa et ria como um maior cuidado relativo ao aux lio s
314. lhada com outros sujeitos seja atrav s da produ o de textos acad micos seja atrav s da execu o de atividades pedag gicas Entretanto quando Frankl 1989a afirma que o valor de atitude pode ser realizado diante de um destino imut vel verifica se que esta imutabilidade inerente ao destino situa o e n o ao homem que est diante dele Por isso a grande caracter stica necess ria a realiza o deste tipo de valor se d diante da atitude tomada pelo sujeito perante o seu destino ou perante a situa o por ele enfrentada A no o de atitude aqui a mesma apresentada por Fazenda 1994 2001 2003 2008 ao definir a atitude como princ pio norteador da Teoria da Interdisciplinaridade Tal atitude se configura nos modos de agir sentir e pensar sobre uma determinada realidade sobre o outro e sobre o pr prio conhecimento Apresentarei a seguir dois relatos que ser o de grande aux lio reflex o sobre os valores de atitude O primeiro deles adv m de minha experi ncia como Diretora da Escola que j foram Na origem de sua longa tradi o essa no o destino implicava 1 uma ordem total que age sobre o indiv duo determinando o 2 o indiv duo n o se apercebe necessariamente da ordem total nem de sua for a necessitante o destino cego O conceito contempor neo eliminou ambas as caracter sticas Para ele 1 a determina o necessitante n o a de uma ordem mas a de uma situa o
315. lhar as estrat gias de aprendizagem Neste caso espec fico eram alunos de catorze anos pertencentes a n veis sociais e culturais diversificados havia adolescentes cujos pais trabalhavam fora o dia inteiro e pouco tempo tinham para ouvi los outros que n o conheciam os pais e viviam apenas com suas m es e outros que conviviam apenas com seus av s maternos Havia ainda aqueles que residiam em favelas e eram obrigados realiza o dos afazeres dom sticos enquanto os pais e os irm os mais velhos trabalhavam e outros que logo ap s a sa da da escola dirigiam se a seus lares com o intuito de auxiliar a m e na realiza o dos afazeres dom sticos Todos eles adolescentes fadados tamb m s transforma es biol gicas que os horm nios lhes obrigavam a enfrentar e sujeitos s oscila es de humor sentimentos e disposi o Eram estes os alunos inclusos em uma realidade social adversa que deveriam aprimorar seus conhecimentos sobre o g nero po tico Morin 2008 p 45 ao discorrer sobre textos po ticos j afirmava que A poesia que faz parte da literatura e ao mesmo tempo mais que a literatura leva nos dimens o po tica da exist ncia humana Revela que habitamos a Terra n o s prosaicamente sujeitos utilidade e funcionalidade mas tamb m poeticamente destinados ao deslumbramento ao amor ao xtase Pelo poder da linguagem a poesia nos p e em comunica o com o mist rio que est al m d
316. licita o do valor de mercado do produto e a indica o do local de venda Ap s esse segundo momento cada dupla filmou o an ncio de seu produto utilizando se de uma c mera digital e do aplicativo Movie Maker Todo o processo filmagem editora o diagrama o e finaliza o foi responsabilidade dos componentes da dupla Os alunos poderiam usar de quaisquer ambientes da escola para a realiza o da filmagem que depois de editada no Laborat rio de Inform tica foi apresentada professora Margarida Ao analisar esse trabalho verifica se que a professora L rio manifestou uma atitude diante do conhecimento e das possibilidades impostas pela escola e pela Rede de Ensino Atitude de ousadia e de reciprocidade como afirma Fazenda 2003 2006 2008 Demonstrou que mesmo n o estando livre de muitos fatores como a organiza o curricular e as listas txt estava livre para a realiza o de algo inovador FRANKL 1989a Desenvolveu uma atitude respeitosa com a aprendizagem dos alunos e com o trabalho pedag gico desenvolvido pela colega de outra disciplina Atitude de bom senso pr pria dos autores O exerc cio do bom senso com o qual s temos a ganhar se faz no corpo da curiosidade Neste sentido quanto mais pomos em pr tica de forma met dica a nossa capacidade de indagar de comparar de duvidar de aferir tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais cr tico se pode fazer o nosso bom senso O exerc cio
317. lidade para o di logo com o intuito da tomada de decis es conscientes detentoras da liberdade e da autoridade que lhe s o pr prias Por fim preciso a compreens o por parte do profissional para que o ato de ensinar se caracterize pelo reconhecimento da educa o como ideol gica e como um ato de bem querer aos educandos A partir do momento no qual ocorre a compreens o dessas quest es essenciais forma o do professor este profissional passa a vivenciar a doc ncia como uma atividade que vai al m do ensino de conceitos historicamente acumulados realmente poss vel a crescente aproxima o do aluno da experi ncia humana da descoberta da pergunta da curiosidade da criticidade e consequentemente da autoria Arroyo 2000 recorda que a doc ncia uma atividade iminentemente humana Ao professor dada a autoridade perante os conte dos s metodologias e os rumos tomados durante as aulas ele o delimitador dos caminhos a serem percorridos legitimado pela autoridade inerente a quem se responsabiliza pelo que faz a quem se considera autor Quando recuperamos as formas de ensinar e de aprender o como os processos de forma o n o estamos abandonando as dimens es a formar os saberes a aprender a cultura e os significados a internalizar os h bitos a incorporar O que estamos propondo que se equacione a pluralidade dessas dimens es como conte dos de nossa humana doc ncia Quando se cria o h bito de dar a dev
318. lo que pr prio de um ser 3 Estat Caracter stica qualitativa ou quantitativa que identifica um membro de um conjunto observado 4 Filos Car ter essencial de uma subst ncia 5 Gram A qualidade atribu da ao sujeito Categoria para o mesmo autor significa 1 Car ter esp cie natureza 2 S rie grupo 3 Classe qualidade 4 Alta classe ou qualidade 7 Hist Filos Segundo Arist teles predicado de uma proposi o 8 Segundo Kant o conjunto dos conceitos fundamentais do entendimento 9 Mat A possan a de todos os conjuntos que podem ser postos em correspond ncia biun voca com um determinado conjunto p 136 J pressuposto significa 1 Que se pressup e 2 Pressuposi o conjetura 3 Des gnio ten o projeto 4 Jurid Circunst ncia ou fato considerado como antecedente necess rio de outro p 527 Princ pio por fim significa 1 Momento ou local ou trecho em que algo tem origem come o 2 Causa prim ria 3 Elemento predominante na constitui o de um corpo org nico 4 Preceito regra lei 5 P ext Base germe p 529 175 Abbagnano 2003 p 94 possui uma defini o interessante para o termo atributo Para o autor ele pode ser considerado um car ter ou uma determina o que embora n o perten a subst ncia do objeto como decorre da defini o tem causa nessa subst ncia A palavra categoria tamb m possui significado similar ao ser compreendida com
319. logia do conceito de autoria por meio da consulta a dicion rios e autores com o prop sito de investigar o sentido da palavra e quais os conceitos que o legitimam para ser inclu do no mbito educacional Constato que os pesquisadores em educa o podem ser considerados autores o que p de ser comprovado atrav s da observa o e interpreta o de todas as disserta es e teses defendidas no Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo da Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo na Linha de Pesquisa Interdisciplinaridade entre os anos de 2000 a 2010 A narrativa leva me a destacar a centralidade da problem tica pela qual o pesquisador em Interdisciplinaridade desenvolve a pr pria autoria por meio da escolha de sua metodologia de pesquisa e da descoberta da met fora em seus escritos Este movimento permitiu a comprova o de que o exerc cio da pesquisa interdisciplinar permite ao pesquisador tornar se autor de sua pesquisa na medida em que 21 reconhece seu percurso formativo e a partir de uma revis o de rea minuciosa atrelada observa o do cotidiano escolar chega a conclus es pertinentes e in ditas O texto De ator a autor se configurou em um dos principais desafios desta pesquisa vez que se prop s a apontar se al m do pesquisador o professor tamb m pode ser considerado autor As reflex es tiveram in cio com a leitura da narrativa As coisas que a gente fala de Ruth Rocha 2002
320. los fica de Arist teles ABBAGNANO 2003 Recorri a dicion rios de L ngua Portuguesa e Filosofia e a autores consagrados que abordam a fundamenta o epistemol gica sobre o tema da autoria em educa o As experi ncias pessoais e profissionais narradas e explicitadas criaram realidades educativas que d o contorno problem tica investigativa As narrativas dialogam umas com as outras para se inter relacionarem e pela hermen utica interpretarem os fen menos observados para a compreens o da constru o do conhecimento como um modo de ser Martins 2002 p 51 afirma que Pode se dizer que s haver Ci ncias Humanas se nos dirigirmos a maneira como os indiv duos ou os grupos representam palavras para si mesmos utilizando suas formas de significados comp em se de discursos reais revelam e ocultam neles o que est o pensando ou dizendo talvez desconhecido para eles mesmos mais ou menos o que desejam mas de qualquer forma deixam um conjunto de tra os verbais daqueles pensamentos que devem ser decifrados e restitu dos tanto quanto poss vel na sua vivacidade representativa Neste sentido para a fundamenta o da pesquisa utilizei me das representa es dos sujeitos pesquisadores professores formados e em forma o permitindo que os fen menos observados fossem respeitados em sua constitui o e nos significados que as pessoas lhes conferem A fenomenologia eixo metodol gico condutor esclarece que os fen m
321. m gico http www terra com br criancas jogos_somando htm Descubra o n mero Tipo quadrado m gico http smartkids terra com br jogos 54_adicao html O jogo da adi o http www redescola com br software uamf1033 uamf1033 swf O jogo da adi o http www aescolinha com index php option com wrapper amp ltemid 230 Adi o e Subtra o http drkaos psico ufrgs br jogos jogo calculo2 html Jogo do Calculo Quadrante http web educom pt escolovar mat calcmental quadmagico1 1 htm http www cercifaf org pt mosaico edu ca index ca htm http www pakids com br jogos jogos material escolar htm Museus http www sampaonline com br museus htm http www saopaulo sp gov br saopaulo cultura museus htm Centro Hist rico de S o Paulo http www vivaocentro org br bancodados centrosp imagens do centro htm 89 anos que em sua grande maioria j usavam o computador com navega o livre pela Internet diariamente em suas casas O trabalho com os projetos sugeridos seria realmente eficaz Propiciaria um ambiente de aprendizagem Contribuiria na constru o do conhecimento Possibilitaria professora a possibilidade de autoria Afinal Os computadores est o propiciando uma verdadeira revolu o no processo de ensino aprendizagem Uma raz o mais bvia adv m dos diferentes tipos de abordagens de ensino que podem ser realizados atrav s do computador devido aos in meros programas desenvolvidos para auxiliar o processo de ensino
322. m rias por meio do recurso lingu stico presente nas Hist rias de Vida No entanto tamb m elegi como pressuposto te rico o que Ricoeur 2006 denominou Percurso do Reconhecimento O autor afirma que o percurso para o reconhecimento de si pr prio passa pela experi ncia de poder dizer de poder agir e de poder narrar se Ferreira 1988 p 555 ajuda a compreender de forma mais adequada o conceito de reconhecimento ao defini lo como 1 Ato ou efeito de reconhecer se recogni o 2 Agradecimento gratid o Para auxiliar ainda na sua compreens o indica o verbo reconhecer como seu suporte cujo significado descrevo abaixo Reconhecer Do lat recognoscere V t d 1 Conhecer de novo 2 Admitir como certo 3 Certificar se de constatar verificar pela a o que reconhecemos as boas inten es 4 Confessar aceitar 5 Examinar a situa o de observar explorar 6 Declarar afirmar proclamar 7 Admitir como legal 8 Declarar reconhecido legitimamente 9 Dar a conhecer caracterizar identificar 10 Mostrar se agradecido por 11 Admitir como legal assegurar 12 Admitir como bom verdadeiro ou leg timo 13 Declarar se confessar se FERREIRA 1988 p 555 Somente pode dizer pode fazer e pode narrar se aquele que tem a coragem de deixar conhecer a si pr prio ou de reconhecer se aquele que relembra seu passado e o compreende como sendo necess rio para a constitui o de quem hoje aquele que t
323. m tica equipados com quarenta e um computadores conectados Internet pois era de entendimento geral a necessidade da integra o das escolas realidade tecnol gica que se impunha a todos os envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem Diante de tal determina o professores de inform tica foram contratados para o trabalho nas escolas e em janeiro do ano de dois mil e sete participaram de um curso de forma o sobre a concep o de ensino e aprendizagem relativos institui o e sobre as expectativas em rela o ao seu trabalho Encaminhados escola permaneceram at o m s de maio sem usufruir do Laborat rio pois ele ainda n o se encontrava pronto para uso Por op o da Rede de Ensino o trabalho foi iniciado da seguinte forma O atendimento aos alunos da Educa o Infantil Ciclos I e 11 Ensino M dio e Educa o de Jovens e Adultos seria realizado em parceria com o professor regente da turma atrav s de agendamento pr vio podendo ser realizado semanalmente ou a cada quinze dias 27 As Associa es de Pais e Mestres s o Institui es Auxiliares do Centro Educacional judicialmente legitimadas constitu das por professores funcion rios e pais de alunos que t m por finalidade atender aos seguintes objetivos aprimoramento do processo pedag gico atendimento ao escolar e aprimoramento do relacionamento escola fam lia 28 A exig ncia para a contrata o dos professores de inform tica era d
324. m trabalhar as quest es acima mencionadas junto com a equipe pedag gica transferindo aprendizagens do mundo da coopera o entre adultos para o mundo da rela o pedag gica ou vice versa PERRENOUD 2001 p 23 Durante o primeiro semestre do ano de 2010 fui docente da disciplina Fundamentos e Metodologia da Hist ria do curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba Este era o quinto semestre das alunas no curso ou seja O terceiro ou pen ltimo ano delas na Institui o Uma parte das alunas j possu a experi ncia em sala de aula algumas como professoras titulares outras como auxiliares de classe Procurei trabalhar os pressupostos que envolviam o recurso da mem ria para a recupera o da pr pria Hist ria de Vida das alunas e de sua curta mas j iniciada Hist ria Docente Fizemos importantes descobertas juntas sobretudo quando as atividades eram registradas e explicitadas para o grupo Creio que as etapas das atividades por elas desenvolvidas cuja t nica foi o resgate das mem rias presentes em suas Hist rias de Vida propiciou ao grupo a conscientiza o sobre os processos inerentes autoria Sobre isso Pinto 2001 p 116 afirma que A l gica das lembran as a da emo o momentos em que o sujeito deixa que as lembran as tenham voz e v o al m dela por meio de manifesta es corporais de Abbagnano 2003 p 657 define mem ria da seguinte forma Possibilidade de dispor de conhecime
325. m artigo publicado dezesseis anos ap s sua defesa de Mestrado afirma que preciso analisar a origem da palavra Interdisciplinaridade para a adequada 166 compreens o e interpreta o do seu conceito A autora considera o estudo do prefixo inter e do sufixo dade como essenciais a este processo investigativo O prefixo inter do latim desencadeia in meros significados entre no interior de dois no meio fazer a liga o estabelecer nexos junto uma ponte no processo de ir e vir A palavra disciplina tamb m vem do latim disciplina ae ensino instru o educa o e ao longo do tempo recebeu outros significados inclusive mat ria organizada em conte dos O sufixo dade tamb m do latim oferta a id ia de movimento a o SALVADOR 2006 p 116 117 grifos da autora Garcia 2000 concorda com a assertiva de que o prefixo inter adv m do latim e significa entre no meio mutuamente reciprocamente junto e durante Para o autor ainda preciso atentar se tanto part cula in que significa inclus o localiza o situa o e transi o quanto ao complemento ter Este ltimo se caracteriza por ter sua origem no verbo latino tangere cujo significado tocar a o de recolocar algo em contato Assim o prefixo inter nos permite interpretar a inter enquanto um movimento ou processo instalado tanto entre quanto dentro das disciplinas Concebida desta f
326. ma a o legitime o professor para a autoria A a o precisa ser praticada com autoridade A Enciclop dia Luso Brasileira de Filosofia 1989 p 534 afirma que o conceito de autoridade pode assim ser definido Usado primeiramente no campo jur dico e legal o termo foi progressivamente estendendo se a outros dom nios assumindo os m ltiplos significados que hoje tem A no o comum a esses diversos sentidos a de capacidade de influir gra as a certa superioridade reconhecida ou acatada Verifica se sobretudo em duas ordens a intelectual autoridade do mestre do especialista etc e a social autoridade dos pais dos dirigentes dos governantes etc Grifos do autor Nesse sentido podemos afirmar que o professor possui autoridade intelectual sobre o conhecimento a que se dedica a ensinar a praticar e a vivenciar com seus alunos 76 pois sua a o em sala de aula lhe garante capacidade de influir gra as a certa superioridade reconhecida p 534 Gusdorf 2003 p 36 ao discorrer sobre o encantamento do aluno em seu primeiro dia de aula afirma que o professor da primeira aula na inf ncia possu a uma esp cie de direito divino Este prest gio exterior no entanto n o resistiria por muito tempo ao cotidiano pois novas rela es passariam a se estabelecer entre os mesmos 15 baseadas no reconhecimento da autoridade magistral por aqueles que a ela se submetem Ainda para o autor essa autorid
327. ma deveria ao seu tempo ter o devido cuidado para que o desenho fosse compreendido por qualquer pessoa do grupo As alunas iniciaram a tarefa conforme demonstra a Figura 29 Figura 29 Preparando o desenho coletivo Fonte arquivo pessoal Quando o desenho ficou pronto pedi que todas as alunas falassem um pouco sobre a sensa o de trabalharem a partir da produ o de outra colega Muitas disseram que a princ pio pensavam que seria uma tarefa dif cil mas viram que na pr tica ela foi mais f cil 126 do que imaginavam Todas foram un nimes em afirmar tamb m que o tempo para a realiza o do desenho tinha sido muito pequeno Pedi ent o para realizarem a observa o do produto final deste trabalho a pintura em si conforme demonstra a Figura 30 Figura 30 Desenho coletivo Fonte arquivo pessoal Cada aluna falou sobre aquilo que havia desenhado e sobre a sua import ncia para a finaliza o da obra Todas disseram n o esperar um produto final de qualidade Conclu a atividade esclarecendo que muitas vezes na escola os professores enfrentam diversas dificuldades em suas salas de aula No entanto quando todo o grupo docente se re ne para uma discuss o construtiva sobre seus problemas o resultado na maioria das vezes superior a sua resolu o de forma isolada j que durante este processo as experi ncias dos indiv duos se somam e o resultado caracteriza se por uma riqueza de ideias e possibilidad
328. maior necess ria disse para a mulher E parecia justo agora que eram dois Exigiu que escolhesse as mais belas l s cor de tijolo fios verdes para os batentes e pressa para a casa acontecer Mas pronta a casa j n o lhe pareceu suficiente Por que ter casa se podemos ter pal cio perguntou Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates de prata Dias e dias semanas e meses trabalhou a mo a tecendo tetos e portas e p tios e escadas e salas e po os A neve chegava e ela n o tinha tempo para chamar o sol A noite chegava e ela n o tinha tempo para arrematar o dia Tecia e entristecia enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lan adeira Afinal o pal cio ficou pronto E entre tantos c modos o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre para que ningu m saiba do tapete disse E antes de trancar a porta chave advertiu Faltam as estrebarias E n o se esque a dos cavalos Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido enchendo o pal cio de luxos os cofres de moedas as salas de criados Tecer era tudo o que fazia Tecer era tudo o que queria fazer E tecendo ela pr pria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o pal cio com todos os seus tesouros E pela primeira vez pensou como seria bom estar sozinha de novo S esperou anoitecer Levantou se enquanto o marido dormia sonhando com novas exig nci
329. mem porque assim se educa tanto teoricamente por meio dos conhecimentos que o trabalho exige quanto na pr tica ao habituar se sua ocupa o ao adequar suas atividades natureza da mat ria e ao adquirir aptid es universalmente v lidas p 965 Por fim o mesmo autor p 966 afirma que do ponto de vista da tica religiosa existe uma estreita rela o do trabalho com a dignidade humana O dever de trabalhar para viver exprime o universal humano inclusive no sentido de ser uma manifesta o da liberdade exatamente por meio do trabalho que o homem se torna livre o trabalho 242 1 depend ncia do homem em rela o natureza no que se refere sua vida e aos seus interesses isso constitui a necessidade num de seus sentidos 2 rea o ativa a essa depend ncia constitu da por opera es mais ou menos complexas com vistas elabora o ou utiliza o dos elementos naturais 3 grau mais ou menos elevado de esfor o sofrimento ou fadiga que constitui o custo humano do trabalho ABBAGNANO 2003 p 964 grifos do autor Ferreira 1988 p 642 tamb m acredita que o trabalho seja constitu do por atividades produtivas No entanto aponta dezenove significados para conceitu lo Utilizarei aqui os significados mais apropriados reflex o desta pesquisa a saber Trabalho S m 1 Aplica o das for as e faculdades humanas para alcan ar determinado fim 2 Atividade coordenada de car ter f sico e
330. menta o e que o produto final seja maior que a soma das contribui es individuais INSTITUTO BRASILEIRO DE NEGOCIA O Dispon vel em http www institutodenegociacao com br index php option com_content amp view article amp id 22 amp ltemid 83 Acesso em 09 fev 2011 Acredito que a negocia o deva ser aprofundada como uma categoria emergente da Teoria da Interdisciplinaridade Ela permeia as rela es entre o grupo de professores entre estes e a equipe gestora da escola e entre eles e os alunos Dependendo da forma como conduzida pode permitir o bom encaminhamento ou o contr rio das a es propostas e da qualidade do trabalho e das rela es humanas 133 A partir da afirma o de que as rela es quando mal gerenciadas assim como a infinidade de atividades burocr ticas de car ter urgente eram respons veis por interferir de maneira significativamente negativa nos processos de ensino e aprendizagem na escola os professores apontaram uma poss vel solu o para esta importante quest o visando o pr ximo ano letivo o estabelecimento de canais mais eficientes e menos burocr ticos de comunica o interna entre os professores e a dire o da escola Isto seria feito atrav s da apresenta o durante as reuni es entre estes dois grupos de profissionais de indicadores considerados priorit rios para a adequada execu o das pr ticas administrativas inerentes aos profissionais docentes visando com isso sua menor
331. mente decidiu fazer o Curso de Pedagogia para acompanhar sua filha ca ula Sua filha no entanto desistiu dos estudos recentemente A aluna afirmou ent o que pensou muito em desistir tamb m mas n o o fez porque acredita que jamais o seu conhecimento ser suficiente para atuar em sala de aula Por este motivo escolheu o g nero poesia para expressar o que pensa ser o papel do professor conforme descrito abaixo Ser professor Ser professor n o f cil Profiss o dif cil de ser exercida Por mexer com letras palavras e vida Vida de crian as e adolescentes vidos Em saber conhecer aprender Para no futuro vencer Para ser professor e educador necess rio ter muito amor Amor de amigo pai ou irm o 249 Pois uma profiss o miss o Que forma a crian a Que no futuro ser a esperan a De uma na o de abnega o e paz Aluna 04 O quinto texto apresenta uma abordagem bastante interessante Sua autora decidiu pela elabora o de um Manual de Instru es a ser utilizado por aqueles que futuramente tivessem o desejo de cursar Pedagogia A aluna reuniu algumas caracter sticas por ela observadas durante a realiza o do curso e as condensou no formato de um manual Ao apresentar seu registro disse ter procurado mesclar aspectos de ordem pr tica como a infinidade de trabalhos e atividades extraclasse que o curso exigia com aspectos mais subjetivos os quais a motivaram es
332. mente preciosas al m de se constitu rem nos fundamentos daquilo que os mantinha unidos Da mesma forma n o se poderia descartar a cultura 163 dominante e a de resist ncia Foi esta polaridade que permitiu a an lise da Institui o SESI SP assim como do Centro Educacional a ela pertencente para a Leitura e avalia o dos dados Por fim n o se poderia esquecer que a linguagem n o seria manifestada apenas pela palavra mas tamb m pelo corpo pela arte e pelos sentimentos dos professores Por esse motivo utilizei de alguns desenhos elaborados pelos professores durante nossos encontros de forma o A emo o e a arte expressos em suas produ es foram fundamentais elabora o das interpreta es infer ncias e reflex es surgidas naquela pesquisa de Mestrado Pude constatar nesse sentido que tr s momentos importantes fizeram parte de todo o trabalho a teoria existente ou seja o pensado a realidade formal existente ou seja o apreendido e a realidade subjetiva de cada sujeito entrevistado ou seja o vivido Essa reflex o n o foi feita de modo linear mas de um ponto de vista Ratrol gico onde de posse de todos os dados pude relacionar a teoria existente com a realidade formal da escola e com a realidade subjetiva de cada sujeito entrevistado independentemente das import ncias formalmente dadas a eles De acordo com a metodologia de pesquisa organizada por Fazenda 2002 fundamental cercar o objeto de pesquis
333. mente retornou s salas de aula anos mais tarde ap s o nascimento do segundo filho Com isso o curso de Pedagogia s p de ser iniciado no ano de 2008 A aluna relatou enxergar a sua vida semelhante ao caminho do quadro por ela pintado repleto de pedras representativa dos obst culos enfrentados no dia a dia mas cercado de flores representativa de tudo aquilo que nos traz felicidade Para ela as pedras s o interpretadas de diferentes formas por cada indiv duo assim como as dificuldades as quais podem ser encaradas com otimismo ou pessimismo Por isso procura enxergar sempre o lado positivo das situa es que precisa enfrentar sem jamais deixar de ter esperan a s mbolo do grande arco ris que paira sobre o seu caminho Jabuticaba ainda afirmou que a recorda o de suas dificuldades dava lhe ainda mais for as para continuar seus estudos em pedagogia Por fim Perrenoud 2001 afirma a exist ncia de uma sexta e ltima possibilidade para vencer os dilemas enfrentados por professores na sua rela o com os alunos Para ele isso tamb m poss vel quando o professor se disp e a ser parceiro de seus colegas compartilhando com eles seus conhecimentos e suas experi ncias did ticas Esta atitude traz in meros benef cios aprendizagem dos alunos pois problemas aparentemente isolados podem ser resolvidos mais facilmente quando os docentes se unem para a sua an lise e resolu o conjunta Essa uma estrat gia que precisa ser con
334. meu encontro com os professores na escola verifiquei a ocorr ncia de alguns vestigios que poderiam auxiliar na resposta nos problemas de pesquisa A esses vest gios denominei pontos de Luz e pontos de sombra Preferi trabalhar com os pontos de luz pois eram necess rios para a compreens o das pr ticas dos professores de suas hist rias da hist ria da escola em que habitavam e da pr pria hist ria da Institui o em st a Rede Escolar SESI SP Os depoimentos dos professores colhidos em seu pr prio Local de trabalho foram registrados na disserta o na figura de um caderno Naquele momento o caderno representava para mim o instrumento no qual os professores registravam toda a din mica ocorrida em sala de aula Na pesquisa seriam eles quem deixariam transparecer as mem rias opini es coment rios desejos d vidas e representa es do grupo de docentes O segundo cap tulo foi denominado um olhar sobre a hist ria e procurou compreender a Educa o do SESI SP Rede de Ensino a qual a escola pertencia Procurei fazer muito mais que um resgate hist rico da Institui o ao partir do seguinte questionamento qual o Projeto de Educa o apresentado pelo SESI SP Para responder a esta pergunta fot necess rio pesquisar o territ rio onde os professores viviam as caracter sticas da Entidade sua cultura e filosofia educacional Para isso precisei revisitar alguns documentos da Institui o e a disserta o de mestrado de Gum
335. n meno pela filosofia Abbagnano 2003 concorda com Ferreira 1988 sobretudo ao afirmar que os fen menos podem ser objeto de experimenta o os quais se manifestam atrav s da consci ncia e de tudo o que pode ser manifestado no tempo e no espa o A filosofia contempor nea a partir de Husserl ABBAGNANO 2003 p 437 compreende o fen meno como a possibilidade de n o s indicar o que aparece ou se manifesta ao homem em condi es particulares mas aquilo que aparece ou se manifesta em si mesmo como em si na sua ess ncia Para ambos os autores a ci ncia que estuda os fen menos denominada fenomenologia Ferreira 1988 p 294 a compreende como um termo pr prio da filosofia caracterizado pelo estudo descritivo de um fen meno ou de um conjunto de fen menos em que estes se definem quer por oposi o s leis abstratas e fixas que os ordenam quer s realidades de que seriam a manifesta o Abbagano 2003 p 437 afirma que a fenomenologia de modo geral a descri o daquilo que aparece ou ci ncia que tem como objetivo ou projeto essa descri o Para o autor esta uma corrente filos fica bastante particular pois pratica a 15 filosofia da mesma forma que propicia a investiga o fenomenol gica valendo se da redu o fenomenol gica e da epoch Por redu o fenomenol gica o autor compreende a distin o entre psicologia e fenomenologia o que afirma ser uma quest o essencial
336. n o fique perdido Letramento sobretudo 256 um mapa do cora o do homem um mapa de quem voc e de tudo o que voc pode ser SOARES 2006 p 41 Ap s a leitura solicitei s alunas que mantivessem os olhos fechados e fixassem sua aten o na imagem ou na lembran a que mais havia lhes chamado a aten o Tamb m pedi que tentassem buscar outros elementos que fizeram parte destas lembran as as cores os cheiros os sons as sensa es Ap s alguns breves minutos pedi que abrissem os olhos novamente e que se dirigissem s suas mesas Ao olharem para as telas em branco deveriam tentar reproduzir sua lembran a mais significativa experi ncias com cartas bilhetes com leituras no quarto na sala ou no quintal sozinhas ou com algu m A maioria das alunas iniciou o trabalho em sil ncio assim permanecendo at o t rmino da atividade Somente ao final da aula pedi que socializassem o que haviam feito Por tudo aquilo que foi dito entre as colegas atrav s da exposi o de seus trabalhos verifiquei que as alunas de um modo geral demonstraram a compreens o da no o envolvida no conceito de Letramento o que realmente foi o meu principal objetivo para aquela aula No entanto muitas delas deixaram transparecer que a atividade lhes proporcionou trazer ao presente experi ncias altamente significativas atrav s das quais puderam experimentar o que Frankl 1989a denominou de valores vivenciais Selecionei cinco pintu
337. na es negativas da Ideia tornam se por sua vez alguma coisa de determinado isto um ser outro que n o aquilo mesmo que negam A nega o n o mais que o nada abstrato mas como um ser determinado e um algo somente a forma para esse algo um ser outro ABBAGNANO 2003 p 34 35 230 Ao mencionar a dimens o espiritual poss vel investigar tamb m a compreens o da filosofia a seu respeito Abbagnano 2003 p 354 evoca o substantivo do qual deriva o adjetivo espiritual ou seja a palavra esp rito e o define como alma racional ou intelecto 88 em geral Embora esta seja considerada a defini o mais apropriada relativa ao campo filos fico Abbagnano 2003 tamb m atribui ao termo esp rito o significado de pneuma ou sopro animador aquele que d a vida Ferreira 1988 p 270 tamb m atribui palavra esp rito alguns significados comuns aos da filosofia compreendendo o como 1 A parte imaterial do ser humano alma 4 Imagina o engenho intelig ncia finura 5 nimo ndole 8 Faculdade de entender de conhecer de aceitar as coisas 9 Ideia pensamento cabe a 11 Filos O pensamento em geral o sujeito da representa o com suas atividades pr prias e que se op e s coisas representadas mat ria ou natureza Frankl 1989a em conformidade com os sentidos atribu dos acima acredita que o esp rito o local onde reside a liberdade do
338. na busca pelo autoconhecimento caracteriza se pela humildade poss vel considerar que tamb m deva ser ela a propulsora do processo de autoria O verdadeiro autor aquele que se arrisca que consciente da sua condi o humana n o detentora de toda a sabedoria e que por isso necessita investigar o universo e pesquisar in meras outras possibilidades do devir Nesse sentido poss vel responder a pergunta em que medida o pesquisador se transforma em autor desde que se percorra o caminho metodol gico descrito abaixo 3 1 1 A possibilidade da autoria na metodologia de pesquisa Durante o ano de 2009 analisei todas as teses e disserta es defendidas entre os anos de 2000 a 2008 pertencentes Linha de Pesquisa Interdisciplinaridade inclusas no Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo da Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo Ao reavaliar os dados pesquisados durante a realiza o desta tese bem como os resultados obtidos atrav s da busca por respostas me detive tamb m na an lise e interpreta o de algumas pesquisas realizadas entre os anos de 2009 e 2010 Esses estudos tiveram como objetivo central o mapeamento dos principais conceitos trabalhados pelos autores ao longo deste per odo as metodologias de pesquisa empregadas e os estilos de escrita pertencentes a cada um Os dados foram fundamentais para verificar se a autoria poderia ser validada tamb m na abordagem metodol gica dos p
339. na se necess rio a defini o de algumas dimens es presentes na organiza o curricular da escola e da pr pria Teoria da Interdisciplinaridade para somente ent o verificar o lugar do professor e suas possibilidades de a o Para esta reflex o utilizarei o conceito de Interdisciplinaridade Escolar adotado por Lenoir 1998 De acordo com o autor ela exige um movimento crescente em tr s n veis assim compreendidos curricular did tico e pedag gico O n vel curricular exige o estabelecimento de liga es de interdepend ncia de converg ncia e de complementaridade entre as diferentes disciplinas escolares que constituem o curr culo Isso lhe garantiria uma estrutura interdisciplinar Muitas escolas e redes escolares t m procurado a correta organiza o de seu curr culo considerando estas quest es Por m apenas esta organiza o n o suficiente para a materializa o de um curr culo interdisciplinar H a necessidade de um segundo n vel o did tico O n vel did tico tem como objetivo b sico a articula o do que prescreve o curr culo e da sua inser o nas situa es de aprendizagem o espa o de reflex o do fazer pedag gico e sobre ele planejando e revisando estrat gias de a o e de interven o o que tamb m n o o suficiente H ainda um terceiro n vel inerente Interdisciplinaridade Escolar o n vel pedag gico espa o de atualiza o do n vel did tico em sala de aula Exatamente por i
340. nanceiros o que agravou ainda mais o sofrimento da fam lia Ao ouvir o trecho do poema que define Letramento como um mapa de quem voc e de tudo o que voc pode ser SOARES 2006 p 41 a aluna lembrou se dos dias de ang stia ao presenciar o sofrimento enfrentado pela fam lia ao mesmo tempo em que n o mais poderia usufruir de uma rotina parecida com a das crian as de sua idade Nessas horas de grande sofrimento sua m e sempre lhe dizia que era preciso rezar pois Deus jamais a abandonaria e logo tudo iria voltar ao normal Para representar a sua fala como observado na Figura 53 a aluna pintou a imagem de uma nuvem negra s mbolo de seu sofrimento sobre um fundo verde representativo dos preciosos conselhos de sua m e Ao lado desta nuvem h a presen a de uma nuvem azul sobre a figura de um anjo Para ela este anjo simbolizava a presen a de Deus tantas vezes 259 mencionado por sua m e De acordo com a aluna Deus estava presente ao seu lado em todos os momentos principalmente naqueles em que estava sozinha em seu quarto e deitada sobre a cama fazia a leitura do Salmo 22 da B blia O Senhor meu Pastor nada me faltar Sl 22 1 Ao se debru ar sobre a leitura deste trecho b blico sentia uma paz profunda pois era o momento no qual podia se distanciar ao menos um pouco da realidade sofrida de sua fam lia De acordo com seu depoimento relembrar hoje estes momentos a faz sentir o cheiro de seu qu
341. naridade GEPI 2008 174 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2008 MOREIRA A F SILVA T T Org Curr culo cultura e sociedade 2 ed S o Paulo Cortez 1999 MORIN E A cabe a bem feita repensar a reforma reformar o pensamento 14 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2008 N VOA A Profiss o Professor Porto Alegre Artes M dicas 2001 Org Vidas de professores Porto Alegre Artes M dicas 2000 PADILHA P R Curr culo intertranscultural novos itiner rios para a educa o S o Paulo Cortez e Instituto Paulo Freire 2004 PENA M D J Interdisciplinaridade quest o de atitude In FAZENDA C A Org Pr ticas interdisciplinares na escola 6 ed S o Paulo Cortez 1999 cap 8 PERRENOUD P Ensinar agir na urg ncia decidir na incerteza Porto Alegre Artes M dicas 2001 10 novas compet ncias para ensinar Porto Alegre Artmed 2000 PICOLLO C A arte de ensinar como arte da descoberta uma investiga o interdisciplinar 2005 226 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2005 PINEAU G Les histories de vie Paris Presses Universitaires de France 1998 PINTO M C B V Mem ria In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplina
342. nas suas rela es pessoais e profissionais Para representar a sua fala o grupo elaborou a imagem representada na Figura 36 Nela os docentes colaram a figura de uma casa com um grande cora o no centro do pano representativa do ambiente de afetividade cordialidade e respeito observados em suas rela es interpessoais e Sos projetos did ticos e os projetos de pesquisa ocorreram durante o ano na escola e envolveram todos os alunos e professores 34 De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil BRASIL 1998 os projetos de trabalhos s o constitu dos por um conjunto de atividades que trabalham com conhecimentos constru dos a partir de um eixo de trabalho ou de uma disciplina e que se organizam ao redor de um problema que deve ser resolvido pelo grupo professor e alunos ou de um produto final que se deseja obter Ao contr rio das sequ ncias de atividades cuja durabilidade reduzida os projetos de trabalho possuem uma dura o que pode variar conforme alguns itens como o objetivo estabelecido o desenrolar das etapas o desejo e o interesse dos alunos pelo assunto tratado Por ter em sua constitui o o car ter de ser compartilhado com os alunos a todo o momento pode ser alterado sempre que necess rio incluindo modifica es no pr prio produto final 140 profissionais Ao redor desta casa colaram algumas figuras de bonecos os quais representavam a si pr prios e a figura de duas m o
343. nciadas e interdisciplinares Fazemos um convite s mudan as de saberes e fazeres docentes imprimindo o sentido de inteireza na rela o com a realidade do contexto tornando presentes a sensibilidade e a est tica CARVALHO 2004 p 20 Ranghetti 2005 tamb m se utilizou do recurso metaf rico em sua pesquisa de doutorado A met fora do tecido foi utilizada para informar que o curr culo sobretudo nos cursos de forma o inicial de professores ou seja novamente no Curso de Pedagogia deveria ser composto por v rios e diferentes fios No decorrer do curso estes fios ao se entrela arem formariam um nico tecido com a l gica e a est tica necess rias para a aprendizagem dos alunos A compara o do curr culo de um Curso de Pedagogia a um tecido formado por muitos fios permitiu a utiliza o pela pesquisadora RANGHETTI 2005 de recursos metaf ricos com o objetivo da delimita o do seu campo de an lise conceitual e de observa o de sua pr tica docente a fim de atingir o principal objetivo da pesquisa responder aos problemas por ela propostos Um ano depois Varella 2006 inovou ao permitir a condu o da narrativa de sua pesquisa pelo discurso metaf rico J no in cio de sua tese a autora relata um sonho vivido em um reino de caranguejos gigantes Esses caranguejos acompanhados por ela percorreram extensos caminhos que duraram um longo tempo para conclui los houve a necessidade de um ano inteiro per odo no q
344. ndo entendia S que o corpo rejeitava Depois de uma aula sobre o cheiro e o gosto bom da carni a podiam se ver grupinhos de p ssaros que discretamente para n o ofender os mestres vomitavam atr s das rvores Por mais que fizessem ordem unida para aprender o gingado do urubu bastava que se pilhassem fora da escola para que voltassem todos os velhos e detest veis h bitos de andar E o pav o e as araras n o paravam de cochichar ca oando da cor dos urubus Preto a cor mais bonita Uma ova ALVES 2003 p 72 Os resultados da aplica o do curr culo dos urubus na escola do rei Le o s o vitais para a compreens o das demais reflex es que permear o este trabalho Eles ajudar o a compreender se a escola que se tem hoje auxilia na forma o de alunos e professores questionadores das teorias existentes autores de suas pr ticas e conscientes da necessidade da realiza o de valores em favor de um mundo mais humano Sacrist n 2000 afirma sobre a exist ncia de duas outras teorias de curr culo que tamb m permitem a reflex o sobre essa insatisfa o dos animais diante da nega o de suas identidades costumes mem rias e pr ticas socioculturais no interior das escolas Para ele existem as Teorias Cr ticas de Curr culo que enfatizam elementos como ideologia e poder reprodu o cultural e social classe social capitalismo e rela es sociais de produ o conscientiza o emancipa o e liberta o
345. no da escola Embora simples esta atividade permitiu que o grupo de alunos se integrasse e se descobrisse participante da hist ria e do cotidiano da escola Esta turma formou se em 2009 e coincidentemente n o tivemos um nico problema de car ter disciplinar Percebe se que o modo como o muro foi pintado foi reflexo da atitude atribu da por cada aluno tarefa desde a escolha das obras das cores dos materiais e da divis o dos trabalhos Por meio deles mesmos nos anos seguintes as atividades foram se ampliando pintaram alguns corredores da escola depois o refeit rio Em mar o do ano de 2010 a professora de Arte obteve o reconhecimento de seu trabalho atrav s da conquista de uma homenagem especial realizada pelos organizadores 99 do Pr mio Construindo a Na o ap s a inscri o de seu projeto na Comiss o Organizadora do pr mio J na disciplina Fundamentos e Metodologia da Alfabetiza o desenvolvida no ano de 2010 com as alunas do 4 Semestre do Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba verifiquei que algumas delas tamb m puderam realizar valores criativos a partir da realiza o de uma atividade intelectual rotineira O Pr mio Construindo a Na o foi institu do no ano de 2000 pelo Instituto da Cidadania Brasil com o objetivo de destacar valorizar e mostrar as a es que as escolas p blicas e privadas de Ensinos M dio Fundamental e EJA realizam com a presen a ativa de seus alu
346. nos no diagn stico e a es pr ticas de solu o para problemas das comunidades onde as escolas est o situadas O pr mio visa ainda valorizar o papel do educador no processo de forma o do seu aluno como cidad o e estimular os estudantes a participar ativamente dos projetos de sua escola preparando os para a vida do pa s pela relev ncia da aprendizagem tida na conviv ncia com as demandas sociais das comunidades Dispon vel em lt http www institutocidadania org br HTML constru nacao opremio htm gt Acesso em 01 fev 2011 245 Est vamos trabalhando com o tema Letramento discutindo sobre a import ncia de propor s crian as o contato com v rios g neros do discurso durante o processo de alfabetiza o Ao mesmo tempo eu enquanto docente deste curso desenvolvia um projeto paralelo de resgate das mem rias de vida e forma o das alunas a fim de contribuir com a constru o de sua identidade profissional Aproveitei a oportunidade e fiz a leitura para a classe do livro infantil Como um rio o percurso do menino Cortez CASADEI 2010 Pedi lhes para que primeiramente refletissem sobre a nota dedicat ria da autora a qual apresentava o seguinte texto Aos que acreditam que bons livros ajudam a melhorar as pessoas p 03 Em seguida conversamos sobre a maneira atrav s da qual a autora uniu os registros biogr ficos do personagem da hist ria comparando a sua vida ao percurso de um rio Para isto a autora
347. nquanto cursava seu doutoramento ou seja suas descobertas s o o fruto de uma pesquisa realizada no mbito acad mico 14 Ferreiro 2001 desde a d cada de 1970 tem se dedicado a pesquisar o que pensam crian as e adultos considerados analfabetos sobre o sistema convencional de escrita Observou que existe um padr o de hip teses pelas quais esses indiv duos passam medida que se aproximam e se apropriam do sistema convencional 47 Neste caso mesmo sendo considerada descobridora ou precursora dos estudos sobre as hip teses conceituais de escrita que os indiv duos possuem enquanto ainda n o dominam o sistema convencional Ferreiro 2001 n o os realizou em qualquer local ou sob alguma inspira o ou insight Suas observa es foram realizadas em ambiente universit rio e tornadas v lidas por interm dio de uma banca avaliadora que permitiu sua publica o em formato de tese A partir desse exemplo pode se afirmar que um autor em educa o ainda que pioneiro em suas descobertas nunca as faz a partir de algo inexistente h sempre um ponto de partida para seus estudos Este ponto de partida pode advir de sua pr pria hist ria de vida ou de estudos anteriores de outros autores com os quais comunga princ pios b sicos Da mesma forma observa se neste comportamento autor uma postura investigativa pr pria do pesquisador no sentido de comprovar as descobertas realizadas Estas por sua vez s o legitimadas pela
348. nte um dia esta situa o tamb m aconteceu com a narradora e as consequ ncias obviamente foram desastrosas Segundo seu depoimento jamais esqueceu daquela situa o tanto pela exposi o de seu erro quanto pelo constrangimento causado Por este motivo ela escolheu a not cia de jornal no sentido de poder depois de anos manifestar sua indigna o e denunciar pr ticas n o educativas que continuam a acontecer nas salas de aula Percebe se que a aluna dispendeu muito tempo na elabora o de seu texto cuidando da linguagem do conte do e da estrutura interna do g nero Pela satisfa o e flu ncia presentes em sua apresenta o constatei a realiza o pela aluna dos valores criativos conforme prop e Frankl 1989a O resultado pode ser observado a seguir Professora Monstro Uma professora de Ensino M dio est sendo acusada de aterrorizar os alunos em uma escola de Pindamonhangaba O ato acontece toda vez que algum aluno escreve ou pronuncia uma palavra errada A maldosa professora ri e faz piadas expondo os alunos a uma situa o constrangedora As autoridades da cidade foram chamadas e v rias emissoras de TV divulgaram o ocorrido se perguntando como pode uma pessoa que foi formada para ensinar e transmitir seguran a causar tanta maldade Ser que esse terror vai contribuir para que suas aulas se transformem em um aprendizado real Em depoimento ao nosso jornal a aluna P que foi uma das alunas da Professora Monstro d
349. nterdisciplinaridade onde atrav s dela linhas de fugas desejantes GAUTHIER 2004 poderiam ser estabelecias com o objetivo de configurar sentido realidade muito mais do que pesquisa FRANKL 19829 A partir desta primeira constata o estabeLeci um percurso metodol gico na tentativa de responder ao seguinte problema de pesquisa Em que medida a teoria estudada ou seja a Interdisciplinaridade permite o desenvolvimento de um olhar interdisciplinar sobre a pr tica cotidiana Confesso que n o foi um caminho t o simples para se percorrer sobretudo pela minha dificuldade inicial no processo de escrita de car ter acad mico encaminhei meus textos para o exame de qualifica o demasiadamente desconexos e incipientes Isto gerou por parte dos examinadores uma avalanche de d vidas que se traduziram em perguntas muitas das quais incisivas Goodson 2000 no entanto afirma que os incidentes cr ticos ocorridos durante a trajet ria dos professores em sua fun o de lecionar ou pesquisar podem afetar tanto a percep o de sua pr tica quanto a constitui o de seus estilos No meu caso espec fico o incidente cr tico ocorrido durante o meu exame de qualifica o para o Mestrado possibilitou me a reordena o de todos os textos que possu a a ponto de reescrever a disserta o em um m s 159 Durante a arqui o em minha defesa Fazenda afirmou que a disserta o n o foi realizada em apenas um m s pois os an
350. ntos passados Por conhecimentos passados preciso entender os conhecimentos que de qualquer modo j estiveram dispon veis e n o j simplesmente conhecimentos do passado O conhecimento do passado pode ter forma o nova Conhecimento passado tamb m n o simplesmente marca vest gio pois estas s o coisas presentes n o passadas A mem ria parece ser constitu da por duas condi es ou momentos distintos 1 conserva o ou persist ncia de conhecimentos passados que por serem passados n o est o mais a vista a retentiva 2 possibilidade de evocar quando necess rio o conhecimento passado e de torna lo atual ou presente a recorda o Esses dois momentos j foram distinguidos por Plat o que os chamou respectivamente de conserva o de sensa es e reminisc ncia e por Arist teles que utiliza esses mesmos termos 117 gestos express es faciais do comportamento emocionado do choro do riso do movimento do corpo A autora ressalta ainda que a mem ria hist rica n o porque recupera as viv ncias de forma linear ou cronol gica mas sim porque permite a integra o de acontecimentos ocorridos em momentos distintos do passado com a finalidade de atribuir sentido s situa es vividas no presente Analisando sob essa tica as alunas do quinto semestre tradicionalmente categorizadas como estando em processo inicial de forma o auxiliaram na reflex o sobre os aspectos pr
351. o 2010 285 GUMIERO J C A industrializa o no Brasil e as mudan as na parte diversificada do curr culo do SESI SP 2002 102 f Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade S o Marcos S o Paulo 2002 GUSDORF G Professores para qu Para uma pedagogia da pedagogia S o Paulo Martins Fontes 2003 HOUAISS A VILLAR M S Dicion rio Houaiss de L ngua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001 HERN NDEZ F Transgress o e mudan a na educa o os projetos de trabalho Porto Alegre Artmed 1998 JOSGRILBERT M F V O sentido do projeto na educa o uma investiga o interdisciplinar 2004 138 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2004 JOSSO M C Experi ncias de vida e forma o S o Paulo Cortez 2004 KENSKI V M Sobre o conceito de mem ria In FAZENDA C A Org A pesquisa em educa o e as transforma es do conhecimento Campinas SP Papirus 1995 cap 10 KLEIN J Ensino interdisciplinar did tica e teoria In FAZENDA C A Org Did tica e Interdisciplinaridade S o Paulo Papirus 2000 LALANTE A Vocabul rio t cnico e cient fico da filosofia 3 ed S o Paulo Martins Fontes 1999 LENOIR Y Tr s interpreta es da perspectiva interdisciplinar em educa o em fun o de tr s tradi es culturais distintas Revi
352. o comprometimento participa o dos professores na constru o de um projeto comum voltado para o ensino e o processo pedag gico visto com significado GASPARIAN 2008 p 69 Percebe se nesse relato que a realiza o de um adequado trabalho interdisciplinar deve ser fundamentado pela parceria Esta no entanto exige a operacionaliza o de determinadas a es b sicas como o di logo e a maturidade as quais devem estar presentes nas rela es inerentes ao grupo de professores O di logo exige a presen a de dois atributos essenciais a disponibilidade para falar e a disponibilidade para ouvir Somente conseguiremos falar sobre aquilo que conhecemos com propriedade e consequentemente seremos autores se tivermos autoridade suficiente para discorrer sobre algo O of cio docente exige do professor uma atitude receptiva no sentido de compartilhar com seus pares o j sabido Da mesma forma requer maturidade para ouvir e se colocar em sil ncio em uma atitude de escuta do outro de suas concep es e de suas pr ticas Saber ouvir uma pr tica tamb m permeadora da rela o entre professores e alunos a qual algumas vezes ocorre sem a percep o do profissional docente Silva 2008 p 82 tamb m pesquisadora do GEPI descreve sobre este tema em sua tese de doutorado Quantos textos escrevemos em sala de aula ao juntarmos s nossas palavras as palavras de nossos alunos Quantos momentos sagrados acontecem em sil ncio quan
353. o diz vel O grande desafio estava em incitar nestes adolescentes a percep o da possibilidade da descoberta da poesia contida nas palavras express o da poesia presente na vida de cada ser humano muito al m das m tricas dispostas nos livros Esta proposta foi abra ada por uma professora a quem nomeei Margarida cuja experi ncia ser descrita a seguir No in cio do ano de 2008 como de costume em nossa escola a professora Margarida apresentou Coordena o Pedag gica o seu Plano de Trabalho Docente no qual estavam descritas as suas expectativas de ensino e aprendizagem durante o primeiro bimestre do ano letivo relativas ao trabalho realizado com as turmas do 9 ano na disciplina 77 Z amd s Da mesma forma que em relatos anteriores o nome real da professora ser substitu do a fim de preservar sua identidade 208 de L ngua Portuguesa Duas das expectativas elencadas a seguir sugeriam o trabalho com poesia atendendo com isso s expectativas da reuni o realizada no in cio do ano letivo Identificar e distinguir a partir da leitura os elementos que organizam e estruturam diferentes g neros de textos o poema tema estrofe verso e rimas Produzir textos de acordo com sua fun o organiza o e estrutura pressupondo o interlocutor poemas utilizando tamb m os recursos coesivos SESI SP 2003 p 103 As atividades planejadas pela professora teriam a dura o de no m
354. o na tentativa de gritar arregalou tanto os olhos que eles pareciam saltar a qualquer momento A falinha da Em lia ficou presa bem ali perto dos seus dentinhos de pano Pedrinho ficou com a m o presa no bolso n o tinha sequer chegado perto das pedrinhas do seu estilingue Visconde e Rabic ficaram no ch o presos um no outro paralisados de pavor Apenas Carla n o sofrera com o p a Cuca tinha um plano horr vel para ela Com sua voz estridente o monstro saiu correndo com a menina direto para seu esconderijo secreto O que ningu m esperava aconteceu O saci amigo de longa data das crian as estava observando de longe os passos da Cuca e a seguiu at o seu esconderijo Olhando pelo v o da porta viu que Carla seria comida pela Cuca assim que o caldeir o esquentasse Rapidamente voltou onde estavam as crian as e com apenas um sopro do seu cachimbo as libertou do feiti o Saci sacizinho Voc nosso pr ncipe nosso her i Em lia n o parava de cantar Visconde estava muito preocupado com Carla Antes mesmo que perguntasse o saci convocou todos para uma reuni o Afinal de contas o nico que poderia derrotar a Cuca era ele Imediatamente seguiram todos ao esconderijo do monstro atentos ordem do amigo de uma perna s Chegando ao esconderijo cada um se posicionou conforme o combinado O saci foi o primeiro a entrar Pulou t o r pido que quando a Cuca o viu j era tarde demais o p de pirlimpimpim j estava tod
355. o uma no o que sirva como regra para a investiga o ou para a sua express o lingu stica em qualquer campo ABBAGNANO 2003 p 121 J pressuposto para Abbagnano 2003 se constitui em uma premissa n o declarada de um racioc nio que o dirige ainda que de forma oculta A palavra princ pio por sua vez para o mesmo autor significa ponto de partida e fundamento de um processo qualquer p 792 Neste cap tulo farei uso de todos esses termos categoria pressupostos atributos ou princ pios a fim de garantir coer ncia ao texto Os princ pios da Teoria da Interdisciplinaridade dizem respeito principalmente atitude do pesquisador e do professor diante do conhecimento diante dos alunos dos fen menos de pesquisa e diante de si mesmo Abbagnano 2003 p 89 afirma que atitude um termo amplamente aplicado hoje em dia em filosofia sociologia e psicologia para indicar em geral a orienta o seletiva e ativa do homem em face de uma situa o ou de um problema qualquer e Abbagnano 2003 p 94 ainda afirma que na Escol stica esse termo atributo foi usado quase exclusivamente para indicar os atributos de Deus como bondade onipot ncia justi a infinitude etc que tamb m s o chamados nomes de Deus esse uso terminol gico foi modificado por Descartes com a extens o do termo s qualidades permanentes da subst ncia finita Com efeito Descartes entende por atributo as quali
356. o de 2007 dei continuidade aos estudos relativos a rea educacional As reflex es sobre o cotidiano vivenciado por alunos e professores permitiram me a produ o de alguns artigos cient ficos nos quais buscava respostas aos seguintes problemas Qual o sentido da educa o aqui nesta escola Qual o sentido desta escola para os professores alunos e funcion rios poss vel que esse ambiente seja um lugar de sonhos um lugar onde as pessoas possam aprender al m dos conte dos conceituais Qual o meu papel enquanto gestora do conhecimento das rela es e das pessoas NA pesquisa realizada no Mestrado SOUZA 2006 foi fundamental para a escolha e delimita o do problema de pesquisa e da metodologia adotada nesta tese Foi um aprendizado acerca das prescri es acad micas para a elabora o de um trabalho cient fico sem contudo deixar de lado os principais anseios de quem realiza a pesquisa ou seja do pesquisador 32 A partir de tais observa es percebi que os professores poderiam se desligar aos poucos do papel de reprodutores ou atores das ideias dos outros e com isso caminharem em dire o as suas pr prias cren as ou ao seu pr prio processo de autoria Isto se deu na medida em que eu proporcionava momentos de encontro coletivo com o grupo de docentes a partir de teorias j elaboradas por outros autores era poss vel analisar a realidade vivida em sala de aula confrontando a com os conceitos j existentes de
357. o e o sofrimento do trabalho ll Tess 3 8 10 Era nesse mesmo sentido que Santo Agostinho e S o Tom s prescreviam o trabalho como preceito religioso Com base nisso fixava se a contraposi o entre o trabalho manual e atividade intelectual entre artes mec nicas e artes liberais Mesmo no Renascimento a defesa quase un nime feita por literatos e fil sofos da vida ativa em oposi o contemplativa e a condena o un nime ao cio que perde o car ter de disponibilidade para atividades superiores atribu do pela Antiguidade cl ssica nem sempre levam revaloriza o do trabalho manual ABBAGNANO 2003 p 964 grifos do autor O autor ainda afirma o Iluminismo marca a reivindica o da dignidade do trabalho manual a partir do qual Rousseau desejava que Emilio adquirisse as primeiras ideias sobre solidariedade social e sobre as obriga es que ela imp e ABBAGNANO 2003 p 965 Foi somente no Romantismo que se come ou a estabelecer a rela o entre o trabalho e a natureza do homem Hegel considerava o trabalho como media o entre o homem e seu mundo isso porque diferentemente dos animais o homem n o consome de imediato o produto natural mas elabora de maneiras diferentes e para os fins mais diversos a mat ria fornecida pela natureza conferindo lhe assim valor e conformidade com o fim a que se destina S na satisfa o de suas necessidades atrav s do trabalho que o homem realmente ho
358. o propor institui o um adequado encaminhamento se constituiu um desafio a ser enfrentado por todos n s naquele m s de dezembro Tal desafio foi inspirado tamb m no conceito de abrir frestas de Esp rito Santo 1998 p 63 Frestas Regulamentos Circuitos fechados Censura Burocracia o universo denso que nos envolve A incomunica o O v nculo cego com a lei A solid o decorrente preciso perceber as frestas Os espa os criados a cada instante Espa os que surgem da efetiva presen a Somente descobre as frestas aquele que sabe a dire o Sabe para onde caminha Fruto da postura interna que decorre da busca do autoconhecimento Que o traz crescentemente para a eternidade do agora O homem habita a forma e pode sempre transforma la Dos sons a m sica Das cores a pintura Do barro a imagem Da palavra os textos E assim numa infind vel dan a O homem pode sempre abrir as frestas na forma Se assim o desejar com sua vontade consciente Neste mesmo per odo aproximadamente um m s antes da reuni o com os professores participei com algumas colegas do GEPI de um encontro com professores na cidade de Jacare interior de S o Paulo em que abord vamos as representa es da obra O que Interdisciplinaridade FAZENDA 2008 da qual sou autora de um cap tulo O local em que ocorreu esta forma o estava decorado com v rias colchas de retalhos trabalho desenvolvido pela Profes
359. oa podendo se vislumbrar com isso apenas uma de suas facetas como uma sombra utilizo me aqui de um conceito pr prio atribu do por Frankl 19890 com o objetivo da adequada elucida o deste processo o qual descrevo abaixo Tomando por base que o cilindro figura tridimensional seja meu objeto de pesquisa para dele me aproximar h a necessidade por parte de minha pessoa de enxero Lo como um todo No entanto se o iluminar somente atrav s de uma luz com incid ncia da direita para a esquerda verei a sombra de um ret ngulo projetada na parede Se a ilumina o encontrar se direcionada de cima para baixo perceberei apenas a figura de um circulo projetado Em nenhum dos casos conseguirei enxergar o cilindro mas somente sua sombra tamb m denominada proje o que figuras s o essas se considero somente as sombras Para o adequado conhecimento do objeto de estudo necess rio por parte do pesquisador r at a sua presen a para traz lo ao seu sentido real e n o tentar vislumbr Lo apenas atrav s de suas sombras ou proje es Esta necessidade tamb m est relacionada figura do aluno e do professor Ivani afirma que por este motivo h a necessidade do resgate de nossos talentos atrav s de nossas teses e disserta es As dimens es hist ricas e sociais da atualidade podem levar o professor ao abandono e nega o de seu papel e de suas qualidades profissionais Devemos ent o assumir uma atitude cr t
360. obre a problem tica educacional eram pertinentes realidade vivenciada em Entre os anos de 2005 e 2006 na cidade de Jacare lecionei para o Curso Normal Superior nas Faculdades Integradas de Jacare Infelizmente precisei me desligar da Institui o por haver me mudado para a cidade de S o Paulo 2 Hermen utica o trabalho de pensamento que consiste em decifrar o sentido escondido no sentido aparente em desdobrar os n veis de significa o literal mantendo assim a refer ncia inicial exegese isto interpreta o dos sentidos escondidos S mbolo e interpreta o tornam se assim conceitos correlativos h interpreta o onde existe sentido m ltiplo e na interpreta o que a pluralidade dos sentidos tornada manifesta RICOEUR 1988 p 14 15 33 sala de aula e tamb m o questionamento sobre o seu contexto social e cultural Creio no entanto que o desejo de autoria s se demonstrou latente quando participei de um curso de forma o continuada para diretores de escola no ano de 2003 cujo tema era Educa o de Jovens e Adultos No decorrer da forma o deparei me com a fala de uma das organizadoras ao discorrer sobre a operacionaliza o desta modalidade de ensino nas escolas Para a formadora a estrutura do curso para Jovens e Adultos se constituiria da seguinte forma os dirigentes centrais aqueles que elaboravam os curr culos seriam os autores das metodologias dos textos das atividad
361. ocorreram por iniciativa dos rg os gestores do SESI SP Dentre elas a implementa o gradativa do Ensino M dio no per odo da tarde onde at ent o estudavam apenas as crian as da Educa o Infantil e dos ciclos iniciais do Ensino Fundamental Todos os membros da equipe docente e funcion rios se encontravam diante de um dilema seria poss vel promover uma conviv ncia saud vel e prazerosa entre estas duas faixas et rias t o distintas Juntamente com a professora de Arte iniciei um Projeto Institucional denominado 111 maneiras de olhar Aproveitamos um projeto antigo das turmas de Educa o Infantil que se intitulava Arte e Cultura e o adaptamos realidade do Ensino M dio O objetivo 244 principal era a compreens o por parte dos adolescentes recentemente ingressos na escola que a institui o possu a uma hist ria e que esta hist ria era constru da por todos desde os alunos menores de quatro anos Resgatamos todas as obras dos artistas vistos pelas crian as da Educa o Infantil nos ltimos cinco anos para que os alunos do Ensino M dio escolhessem com quais delas gostariam de trabalhar Dentre os artistas apresentados os alunos elegeram os seguintes Aldemir Martins Romero Brito e Tarsila do Amaral todos brasileiros Ap s escolherem quatro obras de cada autor os alunos do Ensino M dio iniciaram uma atividade rdua que durou seis meses ampliaram cada uma das obras e as reproduziram no muro exter
362. odson 2001 sua pesquisa sobre a carreira docente aponta que existem incidentes cr ticos nas vidas dos professores e em seu trabalho Estes podem afetar a percep o que possuem acerca de suas pr ticas educativas inclusive na estrutura o de seus estilos pr prios de a o 69 Os procedimentos de ensino usados correntemente nas minhas aulas normais da universidade tiveram de ser repensados e adaptados sobrepondo se uns aos outros quanto exequidade e dando lugar a alternativas de recursos e meios Aprofundamentos mais espec ficos foram acrescidos aos temas da disciplina O sistema de avalia o e os instrumentos forma repensados Isso foi s o come o Dada a peculiaridade dessa turma comecei a registrar o que ocorria na sala de aula construindo um di rio de campo FORONI 2005 p 28 Foroni 2005 relata que durante anos dedicou in meros esfor os para a formula o de aulas metodologicamente coerentes com seu plano de ensino com os conte dos program ticos a cumprir e com a proposta pedag gica do curso Por m ao lhe serem atribu das aulas para uma turma do curso de Pedagogia constitu da por ind genas e deficientes auditivos deparou se com a seguinte quest o deveriam os conte dos e procedimentos metodol gicos priorizar a es que levassem os alunos a se conhecer interagir e posteriormente se transformar em um grupo Para a autora reflex es de outra natureza a ontol gica passaram a fazer parte dos m
363. ogia dimensional A Figura 49 Primeira lei ontologia dimensional Fonte Frankl 1989a p 43 Para o autor o copo um objeto cil ndrico e tridimensional Independentemente de onde veio a luz e de onde e como sua sombra projetada ele permanecer sendo copo pois a sua natureza n o muda Para Frankl 1989a quando ocorre a interpreta o do ser humano a partir da proje o do copo corre se o risco de v lo apenas sob um de seus aspectos havendo com isso a impossibilidade de enxerg lo em sua inteireza no sentido de Freire P 1997 Se 84 a Bois a as Frankl 1989a denomina ontologia dimensional o referencial te rico por ele estabelecido para definir as dimens es inerentes ao homem a partir de uma an lise ontol gica ou seja a partir da constata o de que o ser humano possui uma dimens o espiritual 227 apenas o ponto de vista biol gico por exemplo escolhido para a compreens o de um determinado sujeito ser poss vel conceb lo como um sistema fechado de reflexos fisiol gicos dominado apenas por instintos e necessidades advindas de seu corpo Da mesma forma se apenas o ponto de vista psicol gico analisado pode se conceber este sujeito apenas a partir de suas manifesta es psicol gicas Em ambos os casos as constata es convergem somente para as suas proje es e n o para o que o sujeito realmente Como o copo um objeto tridimensional para compreend
364. ois tinha com rcio mam e lia muito e na minha fam lia tinha tios e tias professores Aos cinco anos pedia minha tia levar me para a escola L tinha contato com muitas crian as aos seis fui matriculada na pr escola e permaneci na mesma at hoje N o conseguiria sobreviver fora da escola Faz parte da minha hist ria da minha ess ncia de vida pol tica crist sociol gica e filos fica Ser e estar professora na minha concep o ter ideologia acreditar que podemos fazer a diferen a em meio a desigualdade social ter esperan a no futuro fazendo do magist rio um of cio apreciando o ser supremo de toda a cria o o homem Aluna 01 N o posso deixar de citar uma pessoa que marcou minha vida e fortificou ainda mais esse meu desejo Na quarta s rie do Ensino Fundamental tive uma professora que era simplesmente perfeita era um exemplo de pessoa ao mesmo tempo severa e carinhosa compreensiva por m rigorosa Dessa forma desde cedo j estava marcado o meu futuro seria professora Aluna 02 Lembran as me remetem ao passado minha inf ncia pobre e sofrida Uma pessoa muito especial professora R ela me ensinou a acreditar mais em mim e na minha capacidade Hoje quero deixar meu exemplo para meus filhos n o importa a idade Quando temos objetivos a alcan ar conseguimos com certeza Aluna 03 Em 2001 tive meu segundo filho de uma gravidez de risco consequ nci
365. ol voltasse a acalmar a natureza Assim jogando a lan adeira de um lado para o outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para tr s a mo a passava seus dias Nada lhe faltava Na hora da fome tecia um lindo peixe com cuidado de escamas E eis que o peixe estava na mesa pronto para ser comido Se sede vinha suave era a l cor de leite que entremeava o tapete E noite depois de lan ar seu fio de escurid o dormia tranquila Tecer era tudo o que fazia Tecer era tudo o que queria fazer Mas tecendo e tecendo ela pr pria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha e pela primeira vez pensou como seria bom ter um marido ao lado N o esperou o dia seguinte Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida come ou a entremear no tapete as l s e as cores que lhe dariam companhia E aos poucos seu desejo foi aparecendo chap u emplumado rosto barbado corpo aprumado sapato engraxado Estava justamente acabando de entremear o ltimo fio da ponta dos sapatos quando bateram porta Nem precisou abrir O mo o meteu a m o na ma aneta tirou o chap u de pluma e foi entrando na sua vida Aquela noite deitada contra o ombro dele a mo a pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade E feliz foi por algum tempo Mas se o homem tinha pensado em filhos logo os esqueceu Porque descoberto o poder do tear em nada mais pensou a n o ser nas coisas todas que ele lhe poderia dar Uma casa
366. olheu diversos animais de jardim para envolver o seu percurso No momento de socializa o do trabalho preferiu o sil ncio para que as colegas pudessem interpreta lo da maneira que preferissem Figura 12 O quarto caminho a presen a de animais de jardim Fonte arquivo pessoal 104 J a aluna a quem denominei Azul cujo trabalho est retratado na Figura 13 escolheu outro tipo de caminho para expressar as experi ncias mais significativas por ela aprendidas ao longo de sua vida o das guas de uma cachoeira rumo ao final do arco ris De acordo com ela muitas vezes o rio segue o seu percurso de forma tranquila como ocorre em diversos momentos de nossas vidas No entanto de repente surgem alguns obst culos que parecem intranspon veis como representado pela queda de uma cachoeira mas se conseguirmos ultrapass los com xito encontraremos novamente a tranquilidade assim expressa atrav s do caminho percorrido pelo rio ap s atravessar o final da cachoeira repleto de vegeta o e com um arco ris a brilhar no c u Figura 13 O quinto caminho o percurso das guas da cachoeira rumo ao arco ris Fonte arquivo pessoal Ainda atrav s da an lise dos caminhos retratados pelas alunas continuamos a perceber que embora exista uma caracter stica comum ao grupo expressa na escolha do caminho como met fora surge como realidade a ambiguidade Ambiguidade presente nas falas nos corpos nos desejos nas ideia
367. omentos destinados ao planejamento das aulas N s professores podemos desenvolver a atividade profissional sem nos perguntar o sentido profundo das experi ncias que vivenciamos e propomos podemos nos deixar adormecer pela in rcia ou pela tradi o podemos hastear a coer ncia discursiva entre nossas inten es e a o mesmo sem nos preocupar com as condi es emergentes diferenciadoras aplicando apesar disso procedimentos que j deram certo Ou podemos tentar compreender a influ ncia que estas experi ncias t m em nossas vidas e na vida dos outros perguntar conscientemente o sentido delas e s ent o ousar intervir para que sejam ben ficas para todos FORONI 2005 p 66 Nesse sentido o conceito de incidente cr tico foi adquirindo desdobramentos tamb m nos campos existencial e pr tico A pesquisadora considera ainda que os incidentes cr ticos s o os meios pelos quais os educadores podem repensar suas pr ticas e suas rela es de conviv ncia com o grupo de alunos com seus pares e com a pr pria escola Somente a partir da consci ncia de suas caracter sticas e implica es poderemos demarcar os rumos para novas constru es te ricas significativas me faz pensar que somos todos n s a cada dia confrontados com escolhas como cada um de n s quer viver a sua vida de pesquisador na educa o E me faz concluir que algumas pesquisas n o s descobrem realidades mas as constroem Seria a interdisciplina
368. omo princ pio fundamental da Teoria da Interdisciplinaridade Fazenda 2001 assume a necessidade por parte do professor e do pesquisador de adquirir um olhar diversificado a respeito de seus alunos e de seus fen menos de pesquisa Esse olhar nesse caso contemplaria os significados de fitar os olhos mirar contemplar encarar estar voltado para tomar conta proteger cuidar interessar se por considerar e precisamente procurar ver Gaeta 2001 definiu o olhar interdisciplinar de forma po tica traduzindo as v rias especificidades tamb m propostas por Ferreira 1988 Um olhar de dentro para fora e de fora para dentro para os lados para os outros Um olhar que desvenda os olhos e vigilante deseja mais do que lhe dado ver Um olhar que transcende as regras e as disciplinas olhar que acredita que s existe o mundo da ordem para quem nunca se disp s a olhar Um olhar inflado de desejo de querer mais de querer melhor um olhar que recusa a cegueira da consci ncia GAETA 2001 p 224 O professor precisa adquirir o olhar necess rio para que seu of cio se realize cotidianamente de forma plena Precisa enxergar adequadamente suas necessidades de aprendizagem e as necessidades de aprendizagem de seus alunos Necessita ver os melhores caminhos para o aprendizado al m de enxergar adequadamente as necessidades individuais de cada aluno Enfim precisa compreender que muitas vezes o olhar do professor diz muito ao aluno sobret
369. onra T i 10 Deixar uma coisa por outra mudar de nome mudar de conversa Bit i 11 Sofrer altera o modifica o Mudou de af vel em macamb zio Int 12 Ir habitar ou estacionar em outro ponto transferir se para outra casa ou local 13 Tornar se diferente do que era f sica ou moralmente alterar se 14 Deixar o local onde vivia transferir sua resid ncia para outra terra outra casa etc 15 Transformar se converter se transmudar se transmutar se 16 Passar fugir desaparecer FERREIRA 1988 p 445 grifos do autor 264 perda de qualidades acidentais como por exemplo estar ora com boa sa de ora com m sa de ABBAGNANO 2003 p 34 2 J para a palavra movimento Abbagnano 2003 atribui dois significados O primeiro relaciona se de modo geral s mudan as ou processos de qualquer esp cie e o segundo em um sentido mais espec fico ao movimento local ou transla o sendo este mais utilizado em estudos da f sica Nesse sentido poss vel afirmar que o ato de mudar significa de modo geral a transforma o de uma determinada situa o ou de um determinado objeto em algo al m da possibilidade de transforma o atribu da ao homem Sua proximidade do termo movimento possibilita ao homem a confirma o da capacidade de movimento de um processo ou de uma realidade ou seja de alter los podendo ou n o alterar se a si mesmo Com rela o ao significado da palavra destino torna se
370. ontros de forma o continuada por m a pr tica docente me tem alertado sobre a relativa veracidade deste racioc nio Como professora atuante no curso de Pedagogia possuo alunas que j lecionam em escolas e ao mesmo tempo s o consideradas alunas S o figuras integrantes do processo de forma o inicial de professores mas tamb m participantes ativas dos encontros de forma o continuada em seus locais de trabalho sendo com isso cobradas como qualquer outro profissional do ramo Por esse motivo farei a interpreta o das concep es epistemol gicas que envolvem a categoriza o dos processos de forma o continuada do professor comparando as s representa es metaf ricas das alunas algumas j docentes que cursaram no ano de 2010 o pen ltimo ano do curso de Pedagogia Meu objetivo verificar como a autoria pode ser desenvolvida durante a forma o inicial do professor em parceria com os processos de forma o continuada atrelando a teoria pr tica em um movimento que estabele a sentido ao aluno professor em processo de forma o 114 4 2 2 A autoria coletiva na Forma o Continuada do Professor Embora raramente o professor exer a a sua pr tica desacompanhado de seus pares muitas vezes sente se solit rio durante a realiza o de seu of cio docente Isso ocorre por diversos motivos como por exemplo a aus ncia de parceiros que comunguem de suas concep es ideol gicas a atitude pouco interessada
371. opostos por Perrenoud 2001 acerca da possibilidade da supera o dos dilemas vivenciados pelo professor durante seu of cio docente Este autor utiliza se do texto escrito para discorrer sobre cada dilema J as alunas falam por meio da linguagem simb lica a partir de seus desenhos sobre as mesmas realidades Para Perrenoud 2001 a primeira a o poss vel ao professor para o confronto dos dilemas presentes em sua rela o com os alunos caracterizada pela aceita o da ambiguidade e da complexidade envolvidas no universo dos fen menos comunicativos Para isso ele precisa aprender a interpreta o do gesto e do sil ncio presente em cada aluno muito mais do que a interpreta o de sua fala Este aprendizado pode auxiliar o profissional docente a superar mal entendidos e a contribuir para o processo de forma o integral do aluno sem negligenciar a sua pr pria forma o profissional Uma das alunas a quem denominei Morango representou atrav s da Figura 23 quatro caminhos coloridos um vermelho outro mesclado em dois tons de verde outro azul com duas faixas cor de rosa nas laterais e outro tamb m verde mas com flores na sua lateral Todos estes caminhos convergem a um cora o lil s localizado no centro da pintura A aluna revelou que os caminhos representados na pintura representam os in meros e variados trajetos percorridos pelo professor ao longo de sua trajet ria profissional at alcan ar o objetivo final a adeq
372. or e pelo pesquisador na medida em que adquire o devido respeito a si pr prio e ao outro Freire P 1997 afirma a exist ncia de duas formas de respeito o respeito aos saberes dos alunos e o respeito ao desenvolvimento de sua autonomia Para melhor elucidar esta forma de respeito o autor usa o termo pensar certo Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou mais amplamente escola o dever de n o s respeitar os saberes com que os educandos sobretudo os das classes populares chegam a ela saberes socialmente constru dos na pr tica comunit ria mas tamb m como h mais de trinta anos venho sugerindo discutir com os alunos a raz o de ser de alguns desses saberes em rela o com o ensino dos conte dos FREIRE P 1997 p 33 O autor atribui ao respeito a qualidade de um saber necess rio pr tica educativa cuja raiz est na inconclus o do ser que se sabe inconcluso p 65 Para ele fundamental respeitar a autonomia de ser do educando seja ele crian a jovem ou adulto Como educador devo estar constantemente advertido com rela o a este respeito que implica igualmente o que devo ter por mim mesmo N o faz mal repetir a afirma o v rias vezes feita neste texto o inacabamento de que nos tornamos conscientes nos fez seres ticos O respeito autonomia e dignidade de cada um um imperativo tico e n o um favor que podemos ou n o conceder uns aos outros FREIRE P 1997
373. ora o do homem 184 185 187 190 226 227 257 258 259 260 261 SUM RIO 1 DE ATOR A AUTOR DO PROCESSO EDUCATIVO 2 SER ATOR 2 1 O ATOR 2 2 INTERPRETAR AS LEMBRAN AS 2 3 REFLETIR SOBRE A ESCOLA 3 SER AUTOR 3 1 O EXERC CIO DA PESQUISA NA DESCOBERTA DA AUTORIA 3 1 1 A possibilidade de autoria na metodologia de pesquisa 3 1 2 A possibilidade de autoria a partir da descoberta da met fora na pesquisa 3 1 3 A possibilidade de autoria ao refletir sobre a pr tica 3 1 4 A possibilidade de autoria ao ampliar conceitos e fazer teoria 4 DE ATOR A AUTOR 4 1 A PR TICA COTIDIANA COMO POSSIBILIDADE DE AUTORIA 4 2 A FORMA O DO PROFESSOR COMO POSSIBILIDADE DE AUTORIA 4 2 1 A autoria na Forma o Inicial do Professor 4 2 2 A autoria coletiva na Forma o Continuada do Professor 4 2 3 A autoria coletiva repensando a constru o da Proposta Pedag gica 5 O AUTOR INTERDISCIPLINAR 5 1 INTERPRETA O ONTOL GICA DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE 5 2 INTERPRETA O EPISTEMOL GICA DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE 5 2 1 Polissemia do conceito de Interdisciplinaridade e sua abordagem cultural 5 2 2 Os princ pios da Interdisciplinaridade 5 3 INTERPRETA O PR TICA DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE 5 3 1 Interdisciplinaridade e pesquisa toda aula um processo criador 5 3 2 Interdisciplinaridade e ensino um olhar sobre a aprendizagem 5 3 2 1 Interdisciplinaridade e Educa o B sica ser jovem 5 3 2 2 Interdisciplinarid
374. oriza es os seus desejos e o seu imagin rio nas oportunidades socioculturais que soube aproveitar criar e explorar para que surja um ser que aprenda a identificar e a combinar constrangimentos e margens de liberdade JOSSO 2004 p 58 A autora ainda afirma que o processo tamb m exigido pela Teoria da Interdisciplinaridade de realizar um mergulho profundo em sua Hist ria de Vida possibilita ao pesquisador e ao professor transformar a vida socioculturalmente programada numa obra in dita a construir guiada por um aumento da lucidez p 58 59 A constru o de uma obra in dita uma caracter stica pr pria dos autores dos que possuem autoridade para discorrer sobre determinados assuntos sejam eles positivos ou n o como foi visto nas p ginas anteriores Nesse caso espec fico verifiquei que a revisita s Hist rias de Vida constitui um passo importante descoberta da autoria Fazenda 2001 p 15 afirma que recorrer mem ria em toda sua polissemia dif cil pois requer estrat gias pr prias cria o de novas metodologias metamorfose de metodologias j consagradas tais como as hist rias de vida ou outras pouco exploradas como a investiga o hermen utica 153 O processo que utilizo para rememorar minha trajet ria dentro da Teoria da Interdisciplinaridade percorre os caminhos delineados tanto por Fazenda 2001 quanto por Josso 2004 as quais prefiguram a necessidade do registro das me
375. orma es inerentes ao tema Em seguida discutirei alguns aspectos oriundos de minha Hist ria de Vida para fundamentar a op o pela interpreta o dada ao termo ator e a 26 posterior an lise relativa a interpreta o do termo autoria momento caracterizado pela hermen utica Desta reflex o caminharei para a compreens o dos mecanismos que constituem as escolas verificando se estes est o direcionados ao processo de forma o de atores ou de autores A possibilidade da utiliza o de narrativas infanto juvenis como recurso interpretativo dos conceitos inerentes ao termo ator de sua cria o e de sua rela o com as diversas abordagens curriculares incita a discuss o sobre a ambiguidade da refer ncia que segundo Bruner 2001 um dos aspectos fundamentais para a compreens o das narrativas liter rias O realismo narrativo se configura a partir de arranjos liter rios os quais criam e constituem sua refer ncia relativa a realidade narrada Por este motivo a narrativa pode ser considerada a met fora que atualiza e interpreta os acontecimentos j que suas particularidades decorrem tamb m da generaliza o das a es e do repert rio de conhecimentos da pesquisadora 2 1 O ATOR Para Ferreira 1988 p 71 a palavra ator possui o seguinte significado 1 Agente do ato 2 Test Cin e Telev Aquele que representa em pe as teatrais filmes e outros espet culos comediante int rprete artista astro
376. orma a inter seria algo inerente ao espa o das disciplinas envolvidas seja em regi es de interse o portanto ainda dentro delas ou no espa o das suas rela es imediatas ou virtuais tal como um aspecto te rico situado ao alcance das disciplinas por exemplo mas ainda a ser explorado A inter portanto pode ser exercida em espa os de interse o comuns ou explorada em espa os ainda n o compartilhados que residam entre as disciplinas GARCIA 2000 p 66 grifos do autor Nesse sentido poss vel verificar que a an lise e interpreta o da palavra Interdisciplinaridade realizada a partir do desdobramento das palavras que a comp em remete a uma reflex o atrelada s quest es educacionais Todos os autores remontam ao saber escolarizado para a defini o de disciplina muito embora seja poss vel tamb m compreend la sob a tica das disciplinas cient ficas Seguirei nesse caso a mesma l gica dos autores citados adotando a conota o de disciplina escolar Quanto aplica o do prefixo inter palavra disciplina compreendo assim como Garcia 2000 que h a possibilidade da interpreta o do termo tanto em sua rela o entre as disciplinas quanto dentro delas No entanto Fazenda 2008 considera que a compreens o do conceito de Interdisciplinaridade apenas a partir da revis o de seu significado n o suficiente para a adequada fundamenta o das pr ticas interdisciplinares e mu
377. os pr vios sobre o tema A partir da oferece elementos para a mobiliza o do grupo sempre a partir de uma problematiza o S ent o o conhecimento sistematizado e a teoria consolidada Concomitantemente a esse processo a professora L rio em sua aula espec fica e sem a presen a da professora Margarida prop s a cria o por parte dos alunos de um produto algo que pudesse ser comercializado de forma fict cia utilizando de material reciclado Para isso dividiu os alunos em duplas de trabalho Ap s a cria o do produto as duplas foram aos computadores para a realiza o de um cartaz que o anunciasse utilizando 90 dos aplicativos do Word e Paint do Windows Eles deveriam seguir alguns crit rios para a constru o de um an ncio considerando todos os elementos necess rios para isso j trabalhados com a professora Margarida A surpresa das duas professoras foi a constata o de que os alunos foram al m das expectativas para a atividade como demonstram as Figuras 03 e 04 DIGITE gt TO Esse produto vai mudar sua vida Quer mais facilidade e tecnologia em sua vida Compre um digitexto nosso novo produto Ele tem a capacidade de armazenar 150 textos no cart o de mem ria Voc tem a op o de escolher a capa do seu Digitexto cor e imagem N o perca o lan amento ENCONTRE NAS MELHORES LOJAS E PELA INTERNET Figura 03 Digitexto Fonte arquivo pessoal Tradutone Pare de fazer
378. os de sua figura e da figura de seus irm os a quem o carinho das m os maternas tratou de cuidar durante anos Figura 54 M os que leem o mundo Fonte arquivo pessoal Por fim a quinta aluna disse ter se emocionado com a afirmativa segundo a qual Letramento sobretudo um mapa do cora o do homem SOARES 2006 p 41 Segundo ela ao ouvir este trecho houve o desencadeamento de uma s rie de lembran as sobre sua adolesc ncia e com isso p de identificar com grande emo o os muitos momentos de tristeza e felicidade presentes nesta etapa de sua vida A aluna procurou retratar suas experi ncias atrav s da pintura demonstrada na Figura 55 O grande cora o presente no centro da imagem cont m dois lados um deles simbolizado pela cor azul representativo das leituras tristes como a leitura de algumas cartas atrav s das quais brigava com suas amigas e outro simbolizado pela cor branca representativa dos momentos felizes como a leitura de livros no quintal de casa a escrita das letras de suas m sicas preferidas e as trocas de bilhetes de amor Fora do cora o tamb m est o representadas algumas experi ncias agrad veis como a elabora o de um caderno de recorda es no qual cada amiga lhe deixou uma mensagem o seu caderno de 261 rascunhos que usava para escrever suas cartas e a imagem de uma m scara de teatro representativa dos momentos de leitura de suas revistas preferidas Figura
379. os e acad micos na sala de aula e na pesquisa impossibilitando a produ o de conhecimento pr prio significativo e coerente com a realidade vivenciada pelo pesquisador pelo professor e por seus alunos Tal an lise interpretativa contudo demonstrou se insuficiente elucida o de problem tica t o abrangente Foi preciso investigar se pesquisadores professores formados e em forma o possuiriam autoridade para falar sobre a educa o e serem com isso considerados autores A interpreta o das pr ticas destas tr s categorias de sujeitos foi essencial para lhes conferir legitimidade para a condi o de autores no mbito educacional 278 sobretudo por terem condensado atividades de natureza disciplinar diversa As pr ticas cotidianas de grupos de pesquisa ao permitirem por parte de seus membros a produ o de textos significativos contribu ram para esta constata o Professores da Educa o B sica que ao se preocuparem com a aprendizagem significativa de seus alunos atreladas sua forma o integral tamb m tornaram manifesto o exerc cio da autoria no interior da sala de aula A din mica presente nos cursos de Forma o de Professores ao considerar os discursos dos alunos suas manifesta es art sticas e express es individuais e coletivas comprovou a possibilidade da forma o de professores para a autoria De tal observa o nova problem tica investigativa foi desencadeada Como a Teoria da Interdisc
380. os e suas proje es o autor explica que O resultado obtido apresenta se de tal modo que as figuras respectivas em vez de se oporem claramente s o suscet veis de v rios sentidos No exemplo tomamos um cilindro um cone e uma esfera num espa o tridimensional e projetamo los no plano horizontal resultando como se v em qualquer dos tr s casos um c rculo FRANKL 1989a p 44 Para o autor a l gica presente na primeira lei da ontologia dimensional permanece na segunda ao escolher figuras tridimensionais ainda que diferentes um cilindro um cone e uma esfera e ao projet las apenas sob uma dimens o a sombra unidimensional impressa em um plano ser sempre diferente do objeto original Neste caso algo mais grave ocorre no universo das proje es como a incid ncia da luz sobre cada uma das figuras foi realizada na posi o vertical todas projetaram um c rculo como sombra Os que analisarem apenas esta sombra n o conseguir o distinguir qual objeto foi projetado se um cone um cilindro ou uma esfera Poder o todos afirmar que a figura projetada foi uma esfera por exemplo Atrav s da interpreta o das quest es relativas constitui o do ser humano poss vel afirmar que a avalia o de apenas uma de suas dimens es biol gica psicol gica ou espiritual se constituiria em um erro conceitual grave j que n o mais seria poss vel enxergar quem de fato o homem Para Frankl 1989a a ess ncia da
381. os que antecederam o processo de escrita foram essenciais para a coleta de dados e para a revis o bibliogr fica aspectos ess ncias para a fundamenta o te rica necess ria descoberta do meu processo de autoria A trilha interdisciplinar caminha do ator ao autor de uma hist ria vivida de uma a o conscientemente exercida a uma elabora o te rica arduamente constru da T o importante quanto o produto de uma a o exercida o processo e mais que o processo necess rio pesquisar o movimento desenhado pela a o exercida somente com a pesquisa dos movimentos das a es exercidas poderemos delinear seus contornos e seus perfis FAZENDA 2001 P 15 Acreditava que a escrita da disserta o de mestrado fosse minha primeira experi ncia de autoria Por m ao realizar esta pesquisa de doutorado percebi que minha Hist ria de vida esteve repleta de experi ncias como autora conforme vimos nos registros anteriores No entanto minha disserta o de mestrado caracterizou se por ser minha primeira experi ncia consciente como autora conforme veremos nos registros abaixo ao reler meus escritos por meto de uma revis o epistemol gica O primeiro capitulo da disserta o de mestrado ao qual denominei Encontro retratou a primeira etapa de interven o realizada com os professores parceiros do Centro Educacional SESI 033 hoje denominada Escola SESI de Trememb da qual fui diretora de agosto de 2003 a janeiro de 2006
382. os que tamb m devem ser percorridos pelo profissional docente Como sugere Demo 2005 uma das atribui es do professor a pesquisa n o no mbito dos que se dedicam vida acad mica mas com caracter sticas particulares as quais s o respons veis por conduzi lo pelos caminhos da autoria Concordam com Demo 2005 Fazenda 2001 Furlanetto 2004 Freire P 1997 Josso 2004 N voa 2000 e Perrenoud 2001 Para esses autores o professor conhecedor das teorias j existentes as amplia em seu fazer docente a partir das rela es por ele estabelecidas com essa teoria com seus alunos com a escola e consigo mesmo 148 A observa o da pr tica docente no mbito da forma o inicial do professor da forma o continuada e da viv ncia individual e coletiva no interior das escolas conforme aqui descrito demonstra a necessidade da documenta o desse movimento de autoria a fim de que outros profissionais tenham a possibilidade do seu aprendizado e por consequ ncia a oportunidade de dar lhe a merecida continuidade Essa documenta o p de ser verificada no comp ndio das produ es dos alunos no caso das aulas realizadas no Laborat rio de Inform tica pela professora L rio nos desenhos em papel canson pertencentes s alunas do 3 semestre do curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba nos quadros produzidos pelas alunas do 5 semestre do mesmo curso e na cortina de retalhos confeccionada pelos professor
383. os valores s o determinados pelo sentimento 1 A primeira concep o deve por um lado insistir na liga o do valor com o homem e por outro na independ ncia do valor Para Windelband o valor o dever ser de uma norma que tamb m pode n o se realizar de fato mas que a nica capaz de conferir verdade bondade e beleza s coisas julg veis A intui o sentimental do valor tamb m um ato de escolha preferencial que segue a hierarquia objetiva dos valores constitu da por quatro grupos fundamentais valor do agrad vel e do desagrad vel correspondentes fun o do gozo e do sofrimento valores vitais correspondentes aos modos do sentimento vital sa de doen a etc valores espirituais ou seja est ticos e cognitivos e valores religiosos 2 O sucesso do termo valor no mundo moderno se deve em grande parte obra de Nietzsche e ao esc ndalo que provocou com a pretens o de inverter os valores tradicionais Nietzsche declarava depositar suas esperan as em esp ritos fortes e suficientemente independentes para dar impulso a ju zos de valor opostos para reformar e inverter os valores eternos ABBAGNANO 2003 p 990 991 Utilizaremos neste estudo a primeira aferi o do conceito de valor 238 Frankl 1989a afirma que a realiza o dos valores ocorre no cotidiano das pessoas e n o no campo subjetivo das ideias Para ele os valores redundam em exig ncias do dia e em miss es pessoais
384. ou a educa o do bom senso vai superando o que h nele de instintivo na avalia o que fazemos dos fatos e dos acontecimentos em que nos envolvemos FREIRE P 1997 p 69 Seria ut pico descrever esse trabalho como a configura o de uma das experi ncias mais inovadoras no uso de Tecnologias Digitais No entanto ele se configurou como um passo exitoso e real presente em uma escola com pouca experi ncia na realiza o 92 de trabalhos tecnol gicos S o passos dados na tentativa da constru o de um trabalho significativo e interdisciplinar Se considerarmos os tr s n veis da Interdisciplinaridade Escolar LENOIR 1998 apontados no in cio da an lise desta pr tica poss vel verificar que as pr ticas pedag gicas da professora L rio permeiam os espa os de autoria tanto no universo da did tica quanto no da pedagogia Transgridem uma orienta o curricular n o esclarecedora da dire o a seguir no interior da escola mas que oferece apenas algumas possibilidades de caminho e de constru o Configura se em uma possibilidade de parceria A parceria consiste numa tentativa de incitar o di logo com outras formas de conhecimento a que n o estamos habituados e nessa tentativa a possibilidade de interpenetra o delas a possibilidade de que um pensar venha se complementar no outro FAZENDA 2003 p 69 Ao conversar com as professoras L rio e Margarida ambas manifestaram o desejo da destitui o da disc
385. ou de um conjunto de regras que impede a transgress o regra Foi assim que Kant a entendeu ao defini la como a coer o gra as qual a tend ncia constante a transgredir certas regras limitada e por fim destru da Grifos do autor A partir das tr s afirma es acima verificamos a converg ncia entre o significado e a origem da palavra disciplina Para os tr s autores ABBAGNANO 2003 CASCINO 2004 FERREIRA 1988 o termo disciplina est atrelado a caracter sticas inerentes ao conceito de educa o pois assume o significado de ramo do conhecimento mat ria de ensino e objeto de aprendizado Ao mesmo tempo tamb m est remetido a conceitos relativos ordem no 165 sentido de organiza o subordina o submiss o a regulamentos e as fun es de determinadas regras impedindo com isso a sua transgress o Garcia 2000 pesquisador do GEPI quando de sua tese de doutoramento afirmou que o termo disciplina origin rio do latim e constitu do por aquilo que se imparte a um disc pulo aquele que aprende algo a ser seguido p 51 No entanto decidiu pela amplia o da an lise e interpreta o do conceito de disciplina iniciando uma reflex o do ponto de vista do seu desenvolvimento hist rico Percebeu em seus estudos que ao longo do tempo a palavra disciplina assumiu o sentido de castigo de motiva o de ramo do conhecimento e de disciplina escolar Para Garcia 2000 p 52 quando
386. ouro Esta es do ano e fases do dia ou da vida Fases distintas pr ximas ao mar Exposi o dos trabalhos Tudo o que eu precisava saber na vida Aceitar a ambiguidade Reconhecer o percurso Extrapolando fronteiras A ponte que supera limites Qual o sentido do percurso escolar Preparando o desenho coletivo Preparando o desenho coletivo Desenho coletivo O trem que corre contra o rel gio Ampulheta o tempo pode n o ser um aliado A balan a met fora do equil brio Rela o fam lia escola um cabo de guerra Repensando o hor rio do intervalo Projetos de trabalho e o coletivo na escola Trabalhos coletivos oferecem a possibilidade de brilhar Trabalho em equipe Manter a rela o harmoniosa A afetividade deve permear a rela o professor aluno Cortina constru da coletivamente Cortina constru da coletivamente Coer ncia Humildade 85 86 90 90 98 99 99 100 101 102 103 103 104 106 106 108 108 109 110 111 112 112 118 119 121 122 123 125 125 126 131 132 134 136 138 140 141 142 144 145 145 146 179 182 Figura 45 Figura 46 Figura 47 Figura 48 Figura 49 Figura 50 Figura 51 Figura 52 Figura 53 Figura 54 Figura 55 Espera Desapego Respeito Olhar Primeira lei ontologia dimensional Segunda lei ontologia dimensional Viajar sem sair do lugar Sobre cartas e can es A leitura da B blia M os que leem o mundo Letramento o mapa do c
387. p 66 je Abbagnano 2003 p 854 afirma ainda que Dem crito foi o primeiro a transformar o respeito em princ pio da tica N o deves ter para com os outros homens mais respeito que para contigo mesmo nem agir mal quando ningu m o saiba mais do que quando todos o saibam deves ter para contigo mesmo o m ximo respeito e impor tua alma a seguinte lei n o fazer o que n o deve ser feito Fr 264 Diels Arist teles incluiu o respeito entre as emo es excluindo o das virtudes Et nic IlI 7 1108 a 32 e o op s ao temor Ibid 10 9 1179b11 Kant tamb m o reduziu esfera das emo es considerando o por m como um sentimento sui generis ali s como o nico sentimento moral e n o patol gico O respeito sempre se refere s pessoas nunca s coisas pr prio do ser racional finito porque sup e a a o negativa da raz o sobre a sensibilidade portanto a pr pria sensibilidade Mesmo fora da filosofia a no o de respeito foi fortemente influenciada por essas observa es de Kant Por respeito entende se comumente o empenho em reconhecer nos outros homens ou em si mesmo uma dignidade que se tem o dever de salvaguardar grifos do autor 187 O autor relaciona nesse caso a categoria do respeito ao estabelecimento de uma atitude tica que impele o educador a agir de forma coerente e consciente de seu papel na forma o pessoal e social do aluno Qualquer discrimina
388. pac fico Como o conjunto dessas t cnicas se chama cultura uma sociedade n o pode sobreviver se sua cultura n o transmitida de gera o em gera o as modalidades ou formas de realizar ou garantir essa transmiss o chamam se educa o grifos do autor 121 criou um planeta cor de rosa com um c u amarelo No centro deste planeta pintou um caminho de cor branca uma representa o simb lica de seus sonhos Pela sua l gica o caminho deveria terminar no limite entre a terra cor de rosa e o c u amarelo por m a aluna decidiu pela aus ncia de limites para os seus sonhos isto seu caminho poderia sim ir al m ultrapassando as fronteiras da terra e indo em dire o ao c u O caminho simboliza a possibilidade inerente ao professor da realiza o de um trabalho al m das expectativas de seus alunos com rela o a sua pr tica docente Ma pintou tamb m uma flor representativa de sua alegria em rela o possibilidade de poder ultrapassar os limites planejados para a realiza o de sua pr tica educativa um cora o pr ximo ao limite entre a terra e o c u para que o professor jamais se esque a da necessidade da presen a constante do amor e da emo o em sua pr tica sobretudo no relacionamento com seus alunos para que possa ter a for a necess ria para a realiza o de um trabalho al m do esperado e a cruz s mbolo de sua f crist atrav s da qual cr na possibilidade de estar sempre oferecendo o melhor
389. para completar para criar para fazer ou para experimentar poss vel tamb m a extens o desta reflex o ao universo do pesquisador conforme visto no texto Ser autor desta tese sua busca por respostas aos problemas de pesquisa e a procura pela metodologia mais adequada ao seu registro se configuram no desejo da descoberta do sentido em sua pr tica Compreendo que o sentido n o se apresenta ao homem de forma pronta ou acabada e muitas vezes n o t o simples encontr lo Para isto o homem precisa aventurar se pelo caminho do autoconhecimento Ao definir o autoconhecimento como uma possibilidade de encontrar sentido Esp rito Santo 1998 p 74 utilizou se de um texto po tico transcrito abaixo pois acredita que eles dizem mais do que pretendemos por n o se tratar t o somente de uma manifesta o racional mas tamb m de uma participa o da emo o e do esp rito 234 Bela Adormecida Quinze anos Dedo picado e o sono Sono infindo da jovem E de todo o Reino Pesadelos falta de sentido Tem olhos e n o v Ouvidos e n o ouve Crescem as sombras e a aus ncia de significa o Assim cada adolescente Vive suas transforma es Incompreendido no mundo do tem que Buscando o indispens vel quero e n o quero A Educa o tantas vezes Chamada de banc ria N o acorda os jovens Mas os induz a sono mais profundo Sono agora que os conduz s drog
390. para entro a conhecer o todo a partir de c rculos retornos constantes e conc ntricos de sa a e de entrada para permitir o movimento de conhecimento e desconhecimento um movimento que n o tem fim e que n o unidirecional sen o multidirecional um movimento que parece sempre ca tico mas que ora ordem fr gil ora ordem forte em um momento fragmentos e fraturas em outro organiza o e ordenamento CASCINO 2004 p 16 Para o pesquisador a descoberta da met fora nas investiga es acad micas sobretudo se considerada a Teoria da Interdisciplinaridade est atrelada tamb m capacidade da adequada interpreta o de textos contextos situa es e pr ticas Essa interpreta o no entanto deslocada de um modelo unidirecional interpretativo pois exige do pesquisador a analise do objeto dos textos e da realidade de diferentes formas e sob diversas ticas na tentativa do encontro de variados vest gios da realidade observada FAZENDA 1994 SOUZA 2006 As pesquisas citadas acima CARVALHO 2004 CASCINO 2004 FORONI 2005 GUIMAR ES 2010 JOSGRILBERT 2004 RANGHETTI 2005 SILVA 2008 TAINO 2008 VARELLA 2006 demonstram a possibilidade inerente ao pesquisador de sua auto descoberta como autor tamb m a partir do momento em que pode expressar suas conclus es atrav s do discurso metaf rico esteja ele presente em toda a narrativa como no caso de Varella 2006 ou em conceitos analisados como no caso
391. por meio de atividades experimentais que favore am que os novos conte dos se relacionem com os conhecimentos pr vios atribuindo lhes funcionalidade 55 H alguns anos pensar sobre a utiliza o deste formato seria considerado exc ntrico Para a Teoria da Interdisciplinaridade este foi apenas mais um grande desafio Embora o formato e a l gica inerentes pesquisa tenham se constitu do inovadores os saberes nela trabalhados se revestiram de uma seriedade e idoneidade conceitual o que lhe garantiu legitimidade Por ser complexa a Interdisciplinaridade presente na pesquisa permite a cria o de estilos e metodologias pr prias respeitando a identidade do pesquisador suas ang stias seus saberes seus estilos e suas necessidades questionadoras e criativas Incorpora em seus estudos conte dos de v rias disciplinas e os transforma em possibilidades interdisciplinares de escrita e viv ncia Isso tamb m pode ser observado em outra tese defendida em 2008 MIRANDA 2008 Se considerado apenas do ponto de vista disciplinar o trabalho realizado pela pesquisadora poderia ser caracterizado apenas como incluso no universo de uma linha de pesquisa de interesse no mbito das quest es das Novas Tecnologias do Conhecimento e da Informa o vez que ela pr pria revela sua forma de coleta de dados para o trabalho Deste ano para c tenho registrado o movimento que vimos construindo nas interlocu es virtuais e nas rela es entre o pre
392. por parte da gest o da escola no que se refere ao seu papel de facilitadora e apoiadora do trabalho do professor a presen a na institui o de profissionais despreparados para a pr tica docente os quais n o enxergam em seus alunos possibilidades diversificadas Enfim existem in meros fatores que alimentam o sentimento de solid o por parte do professor os quais segundo Varella 2006 s o um desafio a ser vencido No entanto h tamb m uma s rie de atributos que permite a cada profissional docente a cria o de uma rede de parceiros respons veis por desvencilh lo da solid o e com isso em conjunto impulsionarem sua capacidade criativa vital Isso porque somos seres humanos Somos seres nicos singulares e como tais diferentes uns dos outros Somos seres hist ricos datados e situados Somos seres planet rios Somos seres culturais Somos seres pensantes Somos seres de rela o relacionamo nos como o outro como o contexto e conosco mesmos Somos sujeitos e pela media o da linguagem constru mos conhecimentos passamos informa es que poder o se processar em conhecimento e assim sucessivamente SALVADOR 2006 p 115 Como ent o criar possibilidades de parceria entre alunos e professores e destes ltimos com seus pares Retornarei an lise de algumas teses defendidas na Linha de Pesquisa em Interdisciplinaridade do Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo da Pontif cia Universidade Cat
393. possibilidades passadas A repeti o a transmiss o expl cita ou seja o retorno possibilidades de ser a 265 O destino ou seja a a o que estabelece certa ordem sobre o mundo pode ser alterado no decorrer de muitas situa es como visto atrav s dos exemplos citados ao longo desta pesquisa Quando alunos professores e pesquisadores realizam valores criativos interferem de forma direta e significativa sobre a realidade ou no destino alterando a tanto para si autor da a o e descobridor de sentido quanto para o outro que sofre ou observa os efeitos desta a o Esta uma caracter stica inerente ao trabalho realizado pelo homem sua consequ ncia Da mesma forma ao realizar valores vivenciais o sujeito se permite transforma o das situa es por ele experimentadas pois a dimens o afetiva que envolve esta realiza o partilha tamb m da mudan a da realidade Isto pode ser comprovado quando algu m observa o sol se pondo sob o horizonte em um dia considerado por este bastante especial A lembran a do p r do sol para esta pessoa ser alterada de forma permanente sobretudo medida que puder recordar se da intensidade dos sentimentos por ele vivenciados naquele momento Da mesma forma o processo de descoberta e exerc cio da autoria por pesquisadores professores formados e em forma o exige a transforma o da realidade por eles vivida j que a a o pr pria do autor sempre uma a o comparti
394. prias condicionantes ainda que sutilmente dos aspectos relacionados s pr ticas docentes Por esse motivo imprescind vel salientar que nem professor nem aluno e nem pesquisador est o livres das determina es sociais e institucionais N o se tem o poder suficiente para evitar muitos dos acontecimentos que a vida prop e pois Evidentemente o homem est determinado isto sujeito a condi es quer se trate de condi es biol gicas e psicol gicas quer de condi es sociol gicas e neste sentido de modo algum livre o homem n o est livre de condi es e em geral n o est livre de algo mas livre para algo quer dizer livre para uma tomada de posi o perante todas as condi es e precisamente esta possibilidade propriamente humana que o pandeterminismo de todo em todo esquece e desconhece FRANKL 1989a p 40 41 grifos do autor 42 Quando se analisa o cotidiano da escola por exemplo verifica se que poss vel n o possuir recursos financeiros para alguns reparos necess rios e nem estar livre dos modelos e determina es curriculares advindos de cargos hierarquicamente superiores No entanto para o autor FRANKL 1989a o ser humano sempre livre para realizar algo por meio de suas escolhas que s o pessoais nicas e intransfer veis A esta possibilidade de liberdade Fazenda 2008 denominou brechas possibilidades alternativas de realiza o de sentido Isso n o signifi
395. processo de autoria Bruner 2001 destaca a composi o hermen utica presente na narrativa A interpreta o dos significados m ltiplos de um texto permite considerar detalhes particulares de suas constru es bem como a interpreta o do narrador e da pr pria realidade narrada Os c rculos hermen uticos comp em a pesquisa a fim de permitirem que se verifique se poss vel compreender a autoria como um princ pio da Teoria da Interdisciplinaridade e como essa ltima pode contribuir para que pesquisadores professores formados e em forma o se tornem autores 5 1 INTERPRETA O ONTOL GICA DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE Iniciar a busca pela resposta quest o Seria a autoria um princ pio da Interdisciplinaridade a partir de seu aspecto ontol gico constitui um grande desafio No entanto ao mesmo tempo estabelece a possibilidade da compreens o mais apurada por parte do leitor das reflex es de ordem epistemol gica e posteriormente de ordem pr tica acerca das possibilidades de resposta a esta quest o A narrativa que ora apresento ser registrada em primeira pessoa e intercalar express es coloquiais quelas pertencentes ao discurso acad mico vez que retratam aspectos pessoais e s o frutos de minhas mem rias pessoais e de forma o acad mica conforme aponta Josso 2004 p 234 235 152 A experi ncia ou as experi ncias de vida de um indiv duo s o formadoras na medida em que a prior
396. r pria hist ria 281 REFER NCIAS ABBAGNANO N Dicion rio de filosof a S o Paulo Martins Fontes 2003 A B BLIA SAGRADA Ave Maria 1998 ALVES C Humildade In FAZENDA I C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 61 64 ALVES R Est rias para que gosta de ensinar 8 ed Campinas Papirus 2003 ALVES A Contribui es de uma pr tica docente interdisciplinar Matem tica do Ensino M dio 2010 172 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2010 ANDRADE C D Alguma poesia S o Paulo Pindorama 1930 ANTUNES A TATIT P Crian a n o trabalha CD Palavra cantada 10 anos Palavra cantada 1998 Dispon vel em lt http www palavracantada com br final index asp gt Acesso em 09 fev 2011 ARROYO M G Of cio de professor imagens e autoimagens 7 ed Petr polis RJ Vozes 2000 BARBIER R A pesquisa a o Bras lia L ber Livro 2004 BARBOSA D A compet ncia do educador popular e a interdisciplinaridade do conhecimento In FAZENDA C A Org Pr ticas interdisciplinares na escola 6 ed S o Paulo Cortez 1999 cap 9 BRASIL Minist rio da Educa o e do Desporto Secretaria de Educa o Fundamental Referencial curricular nacional para a educa o infantil v 1 Introdu o Bras lia MEC SEF 1998 BRUNER J A cult
397. r meio das quais puderam revelar o segredo de suas falas de suas pr ticas de suas pr prias vidas e da trajet ria da institui o Denominei o quarto cap tulo Di logo pois constatei a necessidade de verificar se o curr culo prescrito pela Rede Escolar encontrava converg ncia com os conceitos propostos pela Teoria da Interdisciplinaridade iniciei esta verifica o a partir da constata o de Fazenda 200z a qual afirma que as disciplinas s dialogam quando aqueles que as 162 ministram se disp em a faz lo Analiset os conte dos das disciplinas de L ngua Portuguesa Matem tica Ci ncias Hist ria Geografia Ingl s Educa o F sica e Arte e os compartei com o que Fazenda 2003 compreende sobre sua pr tica na sala de aula verifiquei que a Teoria da Interdisciplinaridade FAZENDA 1994 2008 preconizava a contempla o por parte das disciplinas das tr s dimens es do saber o conhecer o fazer e o ser Al m disso os professores que as ministravam precisavam realmente conversar e pensar em a es convergentes a fim de que a aprendizagem dos alunos pudesse ocorrer de forma mais prazerosa Encontrei fundamento em Freire P 1997 quando afirma que as palavras precisam ser corporificadas pelo exemplo e em Fazenda 2001 ao enfatizar que a nterdisciplinaridade possu como princ pio a coer ncia Constatei que Projetos nterdisciplinares precisam estar encarnados na realidade social e cultural vivida tanto
398. r permitir que Anna L via fosse concebida e se desenvolvesse na medida em que as ideias e palavras foram adquirindo forma atrav s das linhas que ora se seguem Sou imensamente grata por proporcionar a mim e ao Guilherme a viv ncia deste dom Ao Guilherme pela presen a pelo olhar amoroso e pela leitura atenta deste material Suas revis es e considera es foram fundamentais para mais esta conquista ela nossa Aos meus pais e a toda minha fam lia pelo apoio irrestrito e pela cren a na concretiza o desta tese minha querida av Elizena in memoriam Sua presen a e seu olhar estar o sempre em minha mem ria Professora Ivani Fazenda por sua orienta o coerente s bia e amorosa Aos membros da Banca Examinadora pela leitura atenta e rigorosa de cada palavra e de cada imagem Agrade o lhes pela an lise compreensiva e respeitosa fazendo me enxergar o que n o era vis vel aos meus olhos Com voc s aprendi que poss vel fazer e refazer o j feito e que a sabedoria se traduz nos pequenos gestos e nas palavras cotidianas Aos amigos do GEPI parceiros que admiro e que dividem comigo h mais de oito anos o sonho de que poss vel formar professores para a autoria Sem voc s jamais chegaria s conclus es que apresento neste trabalho Aos professores e funcion rios da Escola SESI do Ipiranga Meu profundo respeito e gratid o Voc s ajudaram me a enxergar que ser professor tamb m ser autor Divis o de
399. ra 45 a espera vigiada em movimento que se alimenta e alimentada em um espa o e tempo caracterizados pelo crescimento pelo caminho e pela constru o 184 Figura 45 Espera Fonte Fazenda 2001 p 105 O desapego foi eleito o quarto princ pio da Teoria da Interdisciplinaridade por se constituir em um termo que exige uma atitude de desprendimento sobre as a es ocorridas durante as aulas e durante as pesquisas Ferreira 1988 p 204 afirma que o termo desapego significa 1 Falta de apego de afei o desamor 2 Desinteresse indiferen a Acredito por m que a investiga o sobre o significado do termo apegar possa oferecer melhores subs dios para a compreens o do real sentido do desapego como proposto pela Teoria da Interdisciplinaridade O mesmo Ferreira 1988 p 50 51 afirma que o termo apegar possui os seguintes significados Apegar V t d 1 Fazer aderir juntar colar pegar 2 Comunicar ou transmitir por cont gio T d e i 3 Comunicar ou transmitir por cont gio 4 Afei oar amoldar adaptar Int 5 Dar ader ncia colar P 6 Aderir agarrar se prender se 7 Aferrar se fincar 8 Valer se recorrer procurando amparo ou patroc nio 9 Tomar apego afei oar se dedicar se 10 Comunicar se por cont gio ou por exemplo pegar se Adotarei aqui o sentido de dar ader ncia de colar de fazer aderir e de adaptar se para a adequada descri o do significado do voc bulo
400. ra a Educa o LDB 9394 96 Educa o B sica constitu da pela Educa o Infantil Ensino Fundamental e Ensino M dio Ensino Superior e Educa o de Jovens e Adultos 65 Compartilha da mesma reflex o outra pesquisadora do GEPI Silva 2008 ainda que analise dados advindos do Ensino Superior Ela desafia alguns conceitos considerados profissionais ao propor questionamentos de ordem ontol gica s pr ticas cotidianas no universo das salas de aula Nas salas de aula mais do que professores e alunos h pessoas seres humanos profissionais e futuros profissionais Pessoas que marcam nossa caminhada nos processos de forma o nos processos de vida Perduram as lembran as daqueles professores capazes de apesar do tempo e da dist ncia permanecerem vivos como se ainda estivessem ao nosso lado suas palavras ecoando sua firme presen a ainda nos ensinando S o seres encantadores capazes de irradiar sua presen a para al m de sua palavra e de seu sil ncio SILVA 2008 p 32 Silva 2008 afirma a necessidade por parte do professor de entender o aluno como um ser humano em toda a sua potencialidade Para ela fun o desse profissional a adequada compreens o do aluno como um indiv duo na condi o de aprendiz para assim poder visualizar at onde ele pode chegar Somente assim o professor poder estimular o desenvolvimento das capacidades do aluno de forma satisfat ria atreladas ao esfor o e responsabilida
401. ra o desespero e impele o a perseguir as grandes coisas de acordo com a reta raz o Spinoza negava que a humildade fosse uma virtude e julgava a uma emo o passiva porquanto ela nasce do fato de o homem contemplar sua pr pria inoc ncia Kant distingue a humildade moral que o sentimento da pequenez do nosso valor comparado com a lei da humildade asp ria que a pretens o de por meio da ren ncia adquirir algum valor moral de si mesmo um valor moral oculto ABBAGNANO 2003 p 519 520 grifos do autor 181 Sem humildade n o teremos os p s no ch o N o poderemos acolher Amar Olhar verdadeiramente para o Outro Sem humildade seremos esp ritos desencarnados Estaremos fora do lugar a origem dos fundamentalismos Dos fanatismos A humildade nos torna verdadeiros instrumentos do Esp rito Entenderemos o porqu de nossos olhos O porqu de nossos ouvidos Ouviremos e olharemos com os olhos do esp rito A humildade nos torna presentes ao nosso corpo Faz nos tamb m entender que o corpo um presente para o Esp rito crescer Esse o Caminho da Humildade Nessa misteriosa via para o nascer de novo o nascer para o Esp rito O mesmo processo ocorre com o pesquisador quanto mais se aprofunda na interpreta o hermen utica assim como na observa o do fen meno de pesquisa e dos pr prios sujeitos mais reconhece a necessidade do estudo para qu
402. ras que retrataram de forma mais fidedigna a realiza o desta categoria de valores bem como a interpreta o do significado de suas express es A primeira aluna cuja pintura est representada na Figura 51 afirmou que suas lembran as foram ativadas ao ouvir que letramento viajar para pa ses desconhecidos sem deixar sua cama SOARES 2006 p 41 Sua inf ncia e adolesc ncia foram marcadas pela leitura de v rios livros as quais eram realizadas quase sempre em seu quarto sobre sua cama Por isso resolveu pintar a figura de um menino deitado sobre sua cama onde realiza a leitura de um livro medida que o garoto percorre suas p ginas sua imagina o realiza uma verdadeira viagem rumo s paisagens contidas em suas hist rias como montanhas vales e colinas habitadas por dinossauros por exemplo as quais est o representadas na parte superior da figura Este menino que a representa pode viajar para muitos lugares descobrir outros universos e outras realidades em qualquer tempo sem sair do lugar 257 Figura 51 Viajar sem sair do lugar Fonte arquivo pessoal A segunda aluna ao ouvir que Letramento uma receita de biscoito uma lista de compras recados colados na geladeira um bilhete de amor telegrama de parab ns e cartas de velhos amigos SOARES 2006 p 41 referiu ao grupo que imediatamente foi acometida pela lembran a do per odo em que era adolescente Segundo ela passava tardes inte
403. rav s de experi ncias por ele caracterizadas como positivas ou negativas Temos visto que experi ncias n o exitosas geram um sentimento de ang stia no pesquisador transformada em um desejo institu do da procura pelas origens dos problemas Essa possibilidade de compreens o das tens es 54 existentes foi apropriada pela Teoria da Interdisciplinaridade no universo da pesquisa sobre o conceito de incidentes cr ticos discutido por Goodson 2001 A primeira pesquisadora a se utilizar deste conceito foi Yamamoto 2003 pesquisadora do GEPI quando da defesa de sua disserta o de Mestrado Dois anos mais tarde Foroni 2005 o utiliza para explicar os caminhos por ela percorridos com o intuito de propor significado sua tese de doutorado bem como metodologia empregada na pesquisa O estudo tenta demonstrar que incidentes cr ticos que surgem no cotidiano da sala de aula exigem do professor pesquisador uma postura interdisciplinar que obriga a se interrogar quanto intencionalidade de sua pr tica educativa FORONI 2005 p 03 Para a pesquisadora os incidentes cr ticos apenas faziam sentido medida que se destinavam compreens o do que estava oculto nas pr ticas pedag gicas observadas e vivenciadas por ela em seu cotidiano Analis los sob o olhar da Interdisciplinaridade s seria poss vel a partir da coerente linha da intencionalidade atributo fundamental da pr tica educativa e da pesquisa em educa o
404. rca de todas as situa es conceitos e pr ticas 63 para Ferreira 1988 p 164 compet ncia significa 1 Faculdade concedida por lei a um funcion rio juiz ou tribunal para apreciar e julgar certos pleitos ou quest es 2 Qualidade de quem capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa capacidade habilidade aptid o idoneidade 3 Oposi o conflito luta Utilizarei aqui a no o de compet ncia expressa no item 2 da defini o de Ferreira complementada por Perrenoud 2000 que afirma que a no o de compet ncia designa uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar determinado tipo de situa o O mesmo Perrenoud 2000 p 15 ainda expressa que existem quatro aspectos necess rios para que consideremos no exerc cio da compet ncia sobretudo quando falamos em compet ncia docente 1 As compet ncias n o s o elas mesmas saberes ou atitudes mas mobilizam integram e orquestram tais recursos 2 Essa mobiliza o s pertinente em situa o sendo cada situa o singular mesmo que se possa trat la em analogia com outras j encontradas 3 O exerc cio da compet ncia passa por opera es mentais complexas subtendidas por esquemas de pensamento que permitem determinar mais ou menos consciente e rapidamente e realizar de modo mais ou menos eficaz uma a o relativamente adaptada situa o 4 As compet ncias profissionais constroem se em form
405. rce o papel de mediador entre os alunos e o objeto de conhecimento Pesquisas recentes FAZENDA 2001 2008 t m apontado dificuldades na percep o por parte de muitos alunos acerca da rela o existente entre o que lhes ensinado na escola e o que ocorre em sua vida cotidiana o que lhes dificulta o aprendizado dos conte dos e o seu relacionamento sadio com os professores Jabuticaba outra aluna do 5 semestre do curso de Pedagogia atrav s de sua pintura expressa na Figura 27 nos auxilia na compreens o da necessidade por parte do professor do estabelecimento de sua fun o de mediador A princ pio seu quadro despertou a aten o das colegas da turma sobretudo por apresentar um longo caminho de pedras cercado por um gramado com flores vermelhas cujo c u bem azul encontrava se preenchido por um grande arco ris Figura 27 Qual o sentido do percurso escolar Fonte arquivo pessoal Jabuticaba iniciou sua fala esclarecendo que apesar de muitas colegas j possu rem algum conhecimento a respeito de sua hist ria pessoal gostaria de retomar alguns aspectos de sua vida ainda n o elucidados para que todas soubessem das in meras dificuldades por ela enfrentadas para a realiza o de seu grande sonho ser professora Quando cursava o 124 Ensino M dio aos dezesseis anos casou se e logo em seguida resolveu engravidar Devido ao nascimento de sua primeira filha houve a necessidade de interromper seus estudos So
406. re problemas educativos reais O quinto c rculo hermen utico desencadeado a partir da narra o e interpreta o de uma atividade art stica realizada com o grupo de professores da Escola SESI do Ipiranga apontou o papel do di logo e do trabalho coletivo no exerc cio da autoria pelos docentes Bruner 2001 afirma que o discurso narrativo dos grupos possui uma negociabilidade inerente j que permite a exist ncia de vers es diversas que n o precisam de brigas para encontrar um ponto comum Os c rculos hermen uticos se constituem das viv ncias dos sujeitos que se expressam e dos conte dos por eles apresentados Por esse motivo s o ampliados ao longo da narrativa sobretudo a partir da descoberta gradual de que o professor pode ser considerado autor Inicialmente cumpre se contextualizar o professor em seu espa o de atua o a sala de aula e a escola pois desde o in cio do s culo passado a institui o escola aparece no Brasil aparentemente inserida nos mesmos moldes atuais um pr dio com salas de aula carteiras preferencialmente enfileiradas uma lousa destinada escrita do professor e ao acompanhamento de seus registros por parte dos alunos um arm rio para a acomodar o material did tico dos professores e alguns materiais dos alunos e por fim um espa o f sico para o descanso dos estudantes entre um per odo e outro claro que ao longo dos anos a forma como se dividem as turmas foi se modificando ora separadas por
407. refazemos ao Longo de nossa pr pria hist ria e da hist ria de nossos pares Pesquisas interdisciplinares exigem do pesquisador a perman ncia do contato com o grupo de pesquisa ao qual pertence pois no movimento de discuss o dos conceitos de partilha das pr ticas e da escrita de suas conclus es que ele vai exercitando sua capacidade anal tica e consequentemente vai se descobrindo autor Fazenda 1994 p 12 afirma que atrav s do di logo com o grupo que o autor volta a ser ator e como ator provoca o nascimento de outros autores que solidariamente trilhar o seus caminhos Para Fazenda 1995 p 15 a pesquisa interdisciplinar em educa o nasce de uma vontade constru da na escola frequentemente observada pelo pesquisador e por seus colegas de pesquisa Seu nascimento n o r pido exige uma gesta o prolongada na qual o pesquisador se aninha no tero de uma nova forma de conhecimento a do conhecimento vivenciado n o apenas refletido a de um conhecimento percebido sentido n o apenas pensado ent o a ci ncia se faz arte E o movimento que essa arte engendra capaz de modificar os mais sisudos e tristes progn sticos para o amanh em educa o e na vida O di logo do pesquisador com os demais membros do grupo de pesquisa com os professores e seus alunos permite a reflex o por parte de todos acerca das origens e da 203 intencionalidade da pesquisa bem como de seus objetivos e encam
408. referiu definir o termo humildade a partir de um texto po tico caracterizando a como categoria essencial ao processo de autoconhecimento durante a forma o do professor Humildade A origem da humildade h mus terra Sinal de que aqui estamos Ent o as dores o sofrimento a morte Saber que nessa terra viemos buscar o sentido de nossa origem 71 Humildade lat Humilitas in Humility fr Humilit al Demut it Umilt Atitude de abje o volunt ria t pica da religiosidade medieval sugerida pela cren a na natureza miser vel e pecaminosa do homem A humildade a virtude gra as qual o homem se avilta com verdadeiro reconhecimento de si mesmo Nesse sentido a humildade era desconhecida do mundo antigo S Paulo que foi o primeiro a empregar essa palavra entendeu a como falta de esp rito de competi o e de vangl ria vendo seu modelo em Cristo que com a encarna o rebaixou se at o homem Da mesma forma S Agostinho fala da humildade sobretudo a prop sito da via humilitatis que a encarna o do Verbo para a reden o dos homens nesse sentido contrap e a humildade crist soberba dos plat nicos que sabiam tantas coisas mas ignoravam a encarna o S Tom s considerava a humildade como a parte da virtude que tempera e freia o nimo a fim de que ele n o tenda desmesuradamente s coisas mais altas e veja nelas o complemento da magnanimidade que fortalece o nimo cont
409. retiza o desse processo Ao reconhecer o curr culo como algo que configura uma pr tica e por sua vez configurado no processo de seu desenvolvimento nos vemos obrigados a analisar os agentes ativos no processo Esse o caso dos professores o curr culo molda os docentes mas traduzido na pr tica por eles mesmos a influ ncia rec proca SACRIST N 2000 p 165 Esse o entendimento que possuo sobre o profissional docente o professor em sua rela o com o curr culo com a escola e com a aprendizagem dos alunos No decorrer desta pesquisa ser investigado seu papel enquanto mediador entre o curr culo prescrito e os alunos e entre os alunos e a cultura Al m disso ser poss vel perceb lo como agente ativo no desenvolvimento curricular e modelador dos conte dos e c digos que o estruturam condicionando a aprendizagem dos alunos Isso significa tamb m a cren a de que os espa os escolares s o locais de reconstru o do conhecimento e da pr tica prescrita pelos curr culos No entanto jamais poss vel esquecer que o trabalho do professor ocorre dentro de uma institui o e por isso sua pr tica est inevitavelmente condicionada j que possui tamb m um car ter social SACRIST N 2000 Este dado de extrema import ncia pois nesta tese ser o analisados pr ticas e depoimentos de professores e alunos oriundos de institui es particulares de ensino com miss es prop sitos e filosofias pr
410. ria o de uma situa o inovadora repleta de sentido Quando pr ticas semelhantes a esta invadem o universo das salas de aula passa a haver a possibilidade do desenvolvimento por parte dos alunos de potencialidades ocultas at ent o Da mesma forma estas pr ticas quando contextualizadas e inseridas na realidade social discente s o respons veis por legitimar o processo de autoria por parte do professor 5 3 2 2 Interdisciplinaridade e Forma o de Professores uma hist ria que se encontra com outras hist rias A observa o an lise e interpreta o das pr ticas interdisciplinares em cursos de Forma o de Professores no Ensino Superior constitui um grande desafio pois exige o seu rompimento com a cultura acerca de um ensino mecanizado tradicional Esp rito Santo 2007 p 88 89 ao relatar suas experi ncias com alunos do Ensino Superior expressa este desafio em um poema intitulado Utopia 213 Utopia Buscar no ntimo de si mesmo Uma cren a Uma esperan a Uma sa da para o ato de educar Cansamo nos do todo dia tudo sempre igua H que haver uma sa da al m dos livros Al m das teorias Al m do consumismo intelectual H que se buscar sa da l atr s No dia em que decidimos ser professores No dia em que presentes nossa juventude sonh vamos Acredit vamos O primeiro passo rumo a uma nova Educa o o resgate daquilo Que um dia sonhamos Que um dia
411. ridade S o Paulo Cortez 2001 p 115 117 QUINTANA M 1970 O tempo Dispon vel em http pensador uol com br frase MTcOMDg Acesso em 09 fev 2011 287 RANGHETTI D S Uma l gica curricular interdisciplinar para a forma o de professores a estampa de um design 2005 231 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2005 RICOEUR P A met fora viva Porto Portugal R s 1983 O conflito das interpreta es Porto Portugal R s 1988 O percurso do reconhecimento S o Paulo Loyola 2006 ROCHA R As coisas que a gente fala S o Paulo Salamandra 2002 ROJAS J Met fora In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 209 210 SACRIST N J G O Curr culo uma reflex o sobre a pr tica 2 ed Porto alegre Artes M dicas 2000 SALVADOR C M Ambiguidade In FAZENDA I C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 42 45 Interdisciplinaridade no Ensino Fundamental In FAZENDA C A Org Interdisciplinaridade na forma o de professores da teoria pr tica Canoas RS ULBRA 2006 p 113 124 SESI SP Referenciais Curriculares S o Paulo Servi o Social da Ind stria 2003 SILVA B D S A tecnologia uma estrat gia Portugal Universidade do Minho 2007 SILVA M P
412. ridade o conceito inovador que integraria o saber e o sentir numa pesquisa FORONI 2005 p 194 Foroni 2005 ao afirmar que algumas pesquisas al m de serem objetos de descoberta s o objetos de constru o de realidades corrobora com a comprova o da hip tese na qual a autoria em educa o pode ser constru da e legitimada por aqueles 70 dedicados a pesquisa la desde que a realizem considerando aspectos de natureza ontol gica epistemol gica e pr tica as quais envolvem o objeto de pesquisa a ser estudado Nesse sentido tamb m concordamos com Cascino 2004 outro pesquisador do GEPI quando em sua tese de doutoramento afirma que o trabalho acerca da interdisciplinaridade n o tem portanto nada de banal Ao contr rio demanda intenso esp rito de coopera o Nesta medida confronta as formas de organiza o dos poderes dentro das institui es educacionais em particular a escola Tal coopera o imp e um procedimento tico a rela o entre a rua e a casa que aponta para novas organiza es desse mesmo poder Trata se a pr tica da interdisciplinaridade como consequ ncia antes de um problema de ordem epistemol gica um que fazer fundado em uma ontologia CASCINO 2004 p 227 Dessa forma o pesquisador auto intitulado interdisciplinar seria como afirmou Matos 2003 em sua tese de doutoramento uma pessoa que sente prazer em atravessar as alf ndegas disciplinares em ousar em inovar Ve
413. rificamos portanto que uma das condi es para a autoria ser considerado descobridor ou escritor de obra liter ria art stica ou cient fica Os que se dedicam a pesquisa em educa o possuem essa possibilidade ao realizarem o levantamento de seus problemas de pesquisa ao observarem as pr ticas cotidianas ao investigarem os conceitos e ao descortinarem as met foras ou seja ao aprofundarem os aspectos de ordem epistemol gica ontol gica e pr tica No entanto h ainda a possibilidade de ampliar a reflex o sobre autoria em educa o Seriam somente os pesquisadores legitimados como autores N o seriam tamb m a escola de Educa o B sica e a de Ensino Superior territ rios para a pr tica de reflex es e conceitua es de diferentes ordens Analisarei a seguir se existe ou n o a possibilidade dos professores serem considerados autores a partir de suas pr ticas e de suas reflex es sobre elas 2 Matos 2003 pesquisador do GEPI se dedicou em suas pesquisas de mestrado e doutorado a investigar a possibilidade de supera o da fragmenta o do conhecimento atrelando a esta afirma o suas experi ncias no campo da arte 4 DE ATOR A AUTOR As coisas que a gente fala As coisas que a gente fala saem da boca da gente e v o voando voando correndo sempre pra frente Entrando pelos ouvidos de quem estiver presente Quando a pessoa presente pessoa distra da N o presta muita aten o Ent o as palavras entr
414. rios de Inform tica Verificando tal lista a professora L rio percebeu que muitos endere os eletr nicos essenciais aos trabalhos que ela havia proposto realizar ficaram ausentes da lista Como o curr culo se faz ao longo do processo e como acreditamos que a partir do interior da escola que partem as reais necessidades e as verdadeiras possibilidades de trabalho j que o professor possui autoridade sobre o que ensina e a partir disso se legitima como autor ela entrou em contato com a Dire o da Escola e exp s o problema Alguma solu o diferente da que estava em vigor precisaria acontecer A escola entrou em contato com a administra o estadual da rea de Inform tica Educacional solicitando a libera o de 38 Na poca eu exercia esta fun o na escola 88 outros sites e se disp s testar a efici ncia desta a o encaminhando mensalmente relat rios das atividades e de seu impacto nas turmas trabalhadas Imediatamente o uso foi liberado O caminho legitimado para a constitui o da autoria pelo professor exige a consci ncia de que muito mais do que a preocupa o com aspectos te ricos h que se dispor de cuidado e respeito com o ser humano com os desejos com as necessidades e potencialidades dos alunos cuja parcela de hist ria depende da responsabilidade das a es do professor como afirma Freire P 1997 p 71 Ao pensar sobre o dever que tenho como professor de respeitar a dignidade do ed
415. roblemas inerentes pesquisa apontados por estes pesquisadores Pude verificar a converg ncia conceitual dos autores embora os caminhos metodol gicos os problemas e temas relacionados pesquisa fossem extremamente diversos e originais Dentre as teses de doutoramento analisadas pude observar que para Carvalho 2004 p 20 a pesquisa um ato de cria o do pesquisador constru da pela habilidade artesanal de elaborar metodologia pr pria A pesquisadora chegou a tal conclus o ap s a reflex o sobre as tramas existentes nos cursos de Pedagogia 53 Nesse mesmo sentido caminha outra tese defendida em 2005 por Picollo O autor afirma que uma pesquisa interdisciplinar n o surge do nada do acaso mas sim de uma vontade constru da que transforma cada um de meus conhecimentos em algo vivenciado na a o pedag gica e n o apenas refletido a qual me leva a uma revis o da bibliografia que vem norteando a minha forma o e uma releitura do que mais me marcou em minha concep o de educador Esse trabalho uma tentativa de transforma o do espa o pedag gico normalmente relacionado somente com a dimens o t cnica num espa o de fazer criativo PICOLLO 2005 p 14 Um dos grandes desafios para os pesquisadores em Educa o a possibilidade de se tornarem autores das quest es emergentes de suas obras Durante anos a academia se legitimou como detentora dos saberes institu dos Cabia unicamente a ela questionar
416. rofessores que tinham mais que o dobro da minha idade Poderia contribuir com a educa o de meninos e meninas que a cada ano entravam e saiam da escola Muitos conceitos foram descobertos e confirmados durante a pesquisa como a import ncia do processo de autoconhecimento presente na forma o do professor o que compreendi como sendo o encontro do educador consigo mesmo com os alunos com outros educadores e com seus autores de refer ncia SOUZA 2006 Da mesma forma verifiquei a complexidade presente na realidade que cerca a quest o central da pesquisa Por isso necess ria a realiza o de uma an lise profunda de seus objetivos para a escolha adequada dos pontos que ser o aprofundados A estes pontos denominei pontos de luz uma alus o metaf rica ao que era essencial para o desenvolvimento da disserta o Na poca da conclus o da disserta o de Mestrado mudei novamente o meu local de trabalho no ano de 2006 deixei a dire o da Escola SESI de Trememb no Vale do Para ba para ser diretora da Escola SESI do Ipiranga bairro da Zona Sul de S o Paulo Novos professores novos alunos novos desafios At o in cio do ano de 2010 data do meu desligamento da Institui o pude condensar muitas experi ncias relativas a gest o de pessoas de processos e de aprendizagens Ap s a defesa da pesquisa de Mestrado ocorrida em setembro do ano de 2006 me candidatei a uma vaga no doutorado fui aceita e no in cio do an
417. rofundamento de seus estudos sobre a Teoria da Interdisciplinaridade De acordo com Kenski 1995 p 150 A mem ria n o se cristaliza ela acompanha o movimento do indiv duo das massas da cultura ao qual o indiv duo se relaciona Atrav s da linguagem o indiv duo se revela Revela sua mem ria e diz Mas o que diz de suas lembran as no entanto n o sempre o mesmo Na recupera o da mem ria por meio da l ngua da fala e da escrita o sujeito conta uma hist ria Uma hist ria cheia de mem rias mas cheia tamb m de revis es de recupera es de constru es atuais daquilo que foi passado Recorrer ao recurso da mem ria para explicitar tais pr ticas interdisciplinares exigiu que eu revisitasse os textos originais para posteriormente atribuir lhes o sentido desejado para a realiza o desta pesquisa 192 5 3 1 Interdisciplinaridade e pesquisa toda aula um processo criador As reuni es de grupos de pesquisa contribuem para a constitui o da autoria por parte do pesquisador no movimento de registro das falas de extra o dos seus principais conceitos de reflex o sobre as metodologias e de interpreta o do n o dito que a autoria aos poucos se legitima Atrav s da reflex o sobre a Interdisciplinaridade e a Pesquisa resgato um de meus primeiros textos socializados com o GEPI realizado por meio da elabora o de uma ata no ano de 2004 importante ressaltar que as anota es realizadas dur
418. rojeto da realiza o de eLabora es coletivas Este desejo pressup e a presen a de um campo que vai al m da objetividade pois est presente em um n vel de consci ncia um pouco acima da racionalidade preciso haver a partilha entre seus membros e o mesmo desejo de mudan a ou seja algo em comum que os impulsione a mudar al m claro da compet ncia t cnica de seus membros sobretudo daqueles que ser o respons veis pelo registro dos objetivos das estrat gias dos resultados e de sua avalia o Projeto trivial Nele as pessoas eventualmente se encontram para a n o realiza o de algo concreto H somente o discurso mesmo porque n o existe sequer um comprometimento Que OS una Em contraponto a este conceito Ivani questionou Por que aquele grupo de profissionais da rea da sa de se reunia h cerca de vinte anos O que ainda os motivava Nas suas entrelinhas por meio da escuta sens vel das pessoas da observa o de seus gestos e das conversas de corredor vani descobriu que um ponto essencial existente na constitui o daquele grupo era o desejo de ajudar ao pr ximo indiseriminadamente Este desejo de natureza essencialmente ontol gica se configurou em um fator primordial pr prio da Teoria da Interdisciplinaridade nela o compromisso fundamental Para Ivani descobrir o encoberto a chave para desvelar a pesquisa Isso porque o pesquisador trabalha em dois niveis de tempo o cronol gico
419. rtantes de sua Hist ria de Vida as seguintes ocorr ncias no 1 ano aprendeu a andar e no 2 ano a falar Suas primeiras palavras foram mam e e papai No 3 ano aprendeu a manusear o computador no 4 ano entrou no CEI no 5 ano aprendeu a ler e a escrever e no 6 ano aprendeu a escovar os dentes sozinha J no 7 ano aprendeu a amarrar os sapatos no 8 ano a usar os talheres e por fim no 9 ano pretende aprender muito mais Ap s a finaliza o do desenho a professora de Inform tica o escaneou e a aluna o anexou ao seu Livro da Vida Na poca o CEI Centro de Educa o Infantil era uma escola SESI que atendia crian as de 04 a 06 anos em um pr dio pr prio localizado dentro do SESI Ipiranga Em geral as crian as atendidas pelo CEI continuavam seus estudos na escola como o caso da aluna que produziu o desenho Como a disputa por uma vaga era bastante intensa as fam lias que a conseguiam valorizavam muito essa conquista o que reflete na fala da menina 86 A A Figura 02 Contracapa do livro a linha do tempo Fonte arquivo pessoal O Livro da Vida no entanto tamb m foi constitu do por depoimentos das crian as acerca dos aspectos significativos de suas vidas A mesma aluna autora dos desenhos acima escreveu o seguinte relato Bem eu nasci de parto cesariana porque como eu tinha passado da hora de nascer fiz coc na barriga da minha m e e seria perigoso se e
420. s como um sinal de solidariedade presente na rela o entre os professores Figura 36 Projetos de trabalho e o coletivo na escola Fonte arquivo pessoal J o grupo S lvia utilizou a imagem representada na Figura 37 para demonstrar sua discuss o a respeito da realiza o de projetos na escola Para o grupo a realiza o de atividades coletivas no ambiente escolar assim como a elabora o de projetos did ticos e de pesquisa constitu am uma possibilidade de oferecer oportunidades para que tanto professores quanto alunos realizassem a descoberta e a coloca o em pr tica de alguns de seus talentos os quais muitas vezes permaneciam obscurecidos pelas pr ticas do cotidiano Essa possibilidade foi expressa atrav s na figura de uma grande flor a qual foi colada no centro da imagem e cujas p talas eram compostas por diversas lantejoulas Da mesma forma os membros do grupo colaram as figuras de v rios bonecos de m os dadas ao redor da flor simbolizando a disponibilidade de cada professor para a realiza o de trabalhos de aux lio aos alunos em seu processo de aprendizagem 141 Figura 37 Trabalhos coletivos oferecem a possibilidade de brilhar Fonte arquivo pessoal Mais um grupo a quem denominei Hortel analisou outro tema tamb m presente na Proposta Pedag gica da Escola A qualidade do trabalho em equipe realizado por professores e demais funcion rios a partir da leitura da cantiga popular
421. s comprometimentos relativos a motricidade de seu maxilar Seus componentes resolveram apurar mais detalhadamente o caso optando pela pesquisa das ocorr ncias que Levaram o menino a desenvolver tais Limita es 196 Atrav s do estudo do caso diagnosticaram que na realidade o problema deu se durante o trabalho de parto o que segundo eles poderia ter sido evitado se aquela gestante no caso sua m e tivesse sido acompanhada por especialistas Por isso o grupo passou a planejar um trabalho sistem tico para que cada profissional pudesse orientar em sua rea espec fica as duzentas gestantes que seriam acompanhadas durante a realiza o do projeto Ap s este relato Ivani fez lhes um questionamento o qual soou a principio desconstrutor At que ponto cada um se sente competente para discutir os problemas ou as angustias de m es gestantes se n o o s o De onde partir para essa discuss o Como prever se s o estas e n o aquelas as reals d vidas dessas m es Como atender qualitativamente um grupo de duzentas gestantes durante o tempo de gesta o sendo que n o h profissionais suficientes para isto Atrav s destes questionamentos Ivani prop s o desenvolvimento de outra etapa pr pria da Linha metodol gica da Pesquisa Interdisciplinar a escuta sens vel 4 Escuta sens vel Novamente se estabelece aqui a import ncia da disposi o do grupo em roda para que todos possam se ver em condi o de i
422. s atrav s da abordagem da representa o teatral ou televisiva dentro do universo de atua o do ator Com isso o ator pode ser compreendido como o sujeito que d vida ao texto pertencente a outro indiv duo Neste caso aceit vel o segundo conceito relativo ao voc bulo interpretar no sentido de tornar claro o sentido de uma palavra ou texto espec fico A filosofia compreende o conceito do termo interpreta o como a opera o atrav s da qual um sujeito int rprete estabelece a refer ncia de um signo ao seu objeto designado ABBAGNANO 2003 p 579 Por isso poss vel estabelecer o papel significativo do ator na representa o da produ o pertencente a outro sujeito o autor As qualidades do ator permitem a interpreta o do que disse o autor a fim de transmitir sua mensagem a um terceiro sujeito o expectador verdade que o autor teatral ou televisivo depende do trabalho do ator para que seu texto seja adequadamente interpretado Sob esta perspectiva o ator assume papel de destaque na arte de representar No entanto o conceito relativo ao termo ator abordado nesta tese n o possui esta caracter stica Abordar se a compreens o do que significa ser ator nos processos educativos elucidando com isso caracter sticas opostas s abordadas pela arte da interpreta o O movimento de descoberta do conceito de ator me permite rememorar um dos relatos por mim realizados em minha disserta o de Mestrado SOUZA
423. s de algo t o pessoal Felizmente a Interdisciplinaridade oferece subs dios de ordem conceitual pr tica e existencial para a adequada reflex o acerca das pr prias a es Ap s realizar uma leitura atenta dos textos das alunas e tentar perceber com sensibilidade aquilo que estava escrito de forma impl cita nas entrelinhas elaborei o seguinte texto o qual foi apresentado a elas na aula seguinte Minha hist ria est e estar sempre conectada s demais hist rias que est o ao meu redor Orqu dea sempre vai a fundo em suas mem rias para tentar explicar sua hist ria com um pouco de coer ncia violeta se Lembra de uma amiga que parecia estar t o feliz com sua op o de ter ingressado no Magist rio Rosa viu na tia professora experi ncias que despertaram um interesse mais pela profiss o A maneira com que a professora da 22 s rie envolvia os alunos marcou definitivamente as mem rias de Azal ia Cacto alagoana veio para a Pedagogia por uma exig ncia Legal como muitas de n s e cr que preciso ter amor ao pr ximo e sua profiss o Brom lia futura professora de Hist ria que se apaixonou pela fase s rdida da mat ria 7 Os nomes das alunas foram trocados por nomes de flores a fim de preservar lhes a identidade 217 Hortel sempre amou estudar Areias guarda a lembran a da menina que dobrava a m e para n o faltar escola Or gano n o p de separar sua trajet ria de m
424. s e tamb m nas teorias relativas ao conhecimento Resgatar a polissemia dos signos e a exist ncia do paradoxo um risco que deve incitar nos professores e pesquisadores o seu enfrentamento Enfrentamento este que i Ambiguidade para Abbagnano 2003 p 36 refere se a estados de fato ou situa es possibilidade de interpreta es diversas ou presen a de alternativas que se excluem Para a Interdisciplinaridade a ambiguidade oferece a possibilidade de incluir alternativas aparentemente excludentes por meio de um confronto inteligente sadio em prol da unidade da pesquisa FAZENDA 2001 Salvador 2001 p 45 afirma que ser amb guo permitir se oscilar entre diferentes contextos mas estar sempre dentro do processo permitir se trilhar na emo o e na raz o na busca de ser inteiro 105 se traduz na diversidade das salas de aula e na heterogeneidade das fam lias das pr ticas pedag gicas e das documenta es administrativas S o ndices relativos a quest es no m nimo interessantes nas quais esta pesquisa poderia se desdobrar Por m decidi pela perman ncia na investiga o da possibilidade da forma o do professor para a autoria durante o processo de gradua o Gauthier 2004 afirma ainda que os grupos de pesquisa ao elaborarem suas falas coletivamente se apropriam de outras quest es existentes n o apenas nos discursos mas tamb m nas express es e nos gestos de seus membros A estas quest es o
425. s para a realiza o do sentido Cumpre neste nterim a compreens o do significado do termo valor A palavra valor para Ferreira 1988 p 663 possui tanto o significado do equivalente em dinheiro por uma mercadoria quanto a import ncia que se d a algo no sentido de qualidade pela qual determinada pessoa ou coisa estim vel em maior ou menor grau m rito ou merecimento intr nseco 237 Para valores o autor atribui dentre outros o seguinte significado s o as normas princ pios ou padr es sociais aceitos ou mantidos por indiv duo classe sociedade etc p 663 J para a filosofia o termo valor significa os objetos de escolha moral Em geral o valor o que deve ser objeto de prefer ncia ou de escolha Desde a Antiguidade essa palavra foi usada para indicar a utilidade ou o pre o dos bens materiais e a dignidade ou o m rito das pessoas Contudo esse uso n o tem significado filos fico porque n o deu origem a problemas filos ficos O uso filos fico do termo s come a quando seu significado generalizado para indicar qualquer objeto de prefer ncia ou de escolha o que acontece pela primeira vez com os est icos que introduziram o termo no dom nio da tica e chamaram de valor os objetos de escolha moral ABBAGNANO 2003 p 989 Frankl 1989a compreende que os valores possuem uma qualidade universal dirigida para o bem por isso os definiu como abstratos universais de sentido
426. s realidades Verifiquei com isso que a Teoria da Interdisciplinaridade se configura em uma possibilidade conceitual pr tica e existencial para a resposta de tais perguntas Os registros dos pesquisadores a partir dos encontros com seus parceiros no GEPI permitiram a reflex o sobre a import ncia desta dimens o pr tica da Teoria da Interdisciplinaridade Com o intuito de provar a possibilidade do estabelecimento da autoria pelo professor em seu fazer pedag gico farei a descri o de duas pr ticas interdisciplinares a primeira relacionada a uma atividade vivenciada por alunos do Ensino Fundamental e a segunda relacionada a uma atividade realizada por alunos do Curso de Pedagogia 5 3 2 1 Interdisciplinaridade e Educa o B sica ser jovem O relato abaixo discorre sobre a experi ncia vivida por uma professora da Escola SESI do Ipiranga no ano de 2008 per odo em que eu era respons vel pela Unidade Escolar Demo 2005 p 39 afirma que o professor necessita ter voz ativa em sua pr tica docente atribuindo com isso sentido as suas escolhas metodol gicas e as suas concep es te ricas Em vez de falar pelos outros ou de ser mero porta voz de teorias alheias ou de apresentar se como mero disc pulo ele precisa comparecer com proposta pr pria elaborada e sempre reelaborada Apresentar se com proposta pr pria significa necessariamente distanciar se do papel de representa o pr prio do ator e com isso
427. s se a ensinar Maravilhavam se da sua doutrina porque os ensinava como quem tem autoridade e n o como os escribas Ficaram todos t o admirados que perguntavam uns aos outros Que isto Eis um ensinamento novo e feito com autoridade Mc 1 21 22 27a Por meio da cita o do evangelista Marcos a conota o utilizada para o termo autoridade possui um sentido muito pr ximo ao de apropria o Para ele Jesus possu a pleno conhecimento acerca daquilo que dizia e suas palavras se corporificavam por meio de seus gestos de seu exemplo A autoridade de Jesus nesse caso advinha da sensa o de que 77 suas palavras transmitiam aquilo que Ele mais acreditava aquilo que Ele produzia aquilo que fazia parte de Sua ess ncia aquilo que Ele realmente Era A segunda conceitualiza o de autoridade feita por Abbagnano 2003 p 100 afirma que 2 Na filosofia medieval auctoritas uma opini o particularmente inspirada pela gra a divina e portanto capaz de guiar e corrigir o trabalho da indaga o racional Auctoritas pode ser a decis o de um conc lio uma m xima b blica a sententia de um padre na igreja A filosofia moderna caracteriza se pelo abandono do princ pio de A ao menos como princ pio explicitamente assumido para a disciplina e a orienta o da pesquisa De qualquer forma a A em moral pol tica ou mesmo filos fica e mesmo quando n o se apoia na for a das institui es pol ticas que nel
428. sas nas cores vermelha e amarela A aluna relatou que a maioria dos momentos marcantes por ela vividos ocorreu quando estava na companhia de sua fam lia na praia A escolha de duas cores fortes para a adequada express o dessas duas fases se deu porque o clima que envolve as cidades litor neas na sua experi ncia geralmente muito quente Tamb m quentes e dif ceis 111 foram muitas das situa es as quais teve que enfrentar ao longo de sua vida No entanto a aluna tamb m pintou a figura de um gramado verde e um c u azul simbolizando que mesmo na presen a de dificuldades sua esperan a jamais se esgotou J as flores presentes nestas duas fases vermelha e amarela foram a colocadas para lembr la da beleza do aprendizado com a viv ncia de cada situa o independente de ter sido boa ou ruim Figura 20 Fases distintas pr ximas ao mar Fonte arquivo pessoal A atividade descrita acima colabora com as representa es te ricas de Gauthier 2004 j que as alunas puderam expressar suas representa es simb licas atrav s dos discursos realizados na Roda de Conversa Ela permitiu que cada uma expressasse suas produ es e seus sentimentos fazendo com que dividissem com as colegas aquilo que habitava na dimens o do sagrado existente em cada uma delas Trazer consci ncia aspectos outrora ocultos e registr los permite ao professor em forma o o in cio do processo de auto percep o como autor de sua pr
429. sencial e o virtual vivenciado pelo grupo Neste sentido a proposta estudar o movimento de significa o e apropria o do uso de recursos virtuais de comunica o baseados no ambiente da Internet entre eles o e mail nossos ambientes virtuais Teleduc Ambiente GEPI e Interdisciplinaridade dist ncia e as anota es no meu caderno de aulas e reuni es MIRANDA 2008 p 68 No entanto ao verificar o cerne da problem tica relacionada pesquisa observaremos a utiliza o pela pesquisadora dos caminhos das tecnologias com o intuito da an lise das rela es as quais os participantes do grupo de pesquisa em Interdisciplinaridade estabeleciam atrav s de seus v rios encontros presenciais e virtuais A rigorosidade do processo investigativo permitiu o registro e a an lise das experi ncias de forma que o produto final a tese em si pudesse estar coerente com tudo aquilo que foi lido pesquisado e discutido O processo de investiga o portanto e n o o produto faz parte fundamental dentro de uma pesquisa interdisciplinar Dele faz parte o registro das experi ncias vividas que ser o atentamente observadas e conduzidas a autores que contribuam com as quest es envolvidas MIRANDA 2008 p 72 Outro processo interessante caracterizado pela organiza o metodol gica de uma pesquisa e consequentemente pela comprova o de que poss vel exercer a autoria 56 quando da elei o de seu caminho metodol gico
430. sidera es parciais deixam evidente a possibilidade de pesquisadores professores formados e em forma o serem autores em educa o Ao narrarem suas hist rias de vida pessoais e profissionais podem produzir no outro a compreens o daquilo que se faz e do que se pensa sobre o que se faz na constru o do processo educativo Palavras chave Autoria Interdisciplinaridade Hist ria de Vida Forma o Processo educativo ABSTRACT The formative experience focuses on how the educator builds his authorship process The problematic investigative aims to reflect on how the theory of interdisciplinarity allows researchers teachers trained and in training to become authors The setting of research methodology makes use of narrative language which is assumed as a metaphorical figure to find the concept of the legitimacy of authorship on educational issues The dialogue between the personal and professional experiences narrated and explained creates educational realities that give shape to the investigation For hermeneutics interprets the observed phenomena to understand the construction of knowledge as a way of being This thesis is organized in seven sections starting with a narrative that reflects the stages of the authorship process by encouraging their further development and discussion The entire narrated is built from parts chosen that according to Bruner 2001 raises interpretations From actor to author of the educational process pres
431. situa es esta a o est repleta de significado simb lico E todo s mbolo s ganha sentido em sua rela o com um determinado grupo social situado em um determinado lugar e inserido em determinado tempo hist rico CORTELLA 2003 p 47 A partir dessa afirmativa pode se constatar que a procura do sentido das a es dos pensamentos e dos sentimentos uma caracter stica pr pria de todo autor seja ele 4 Cortella 2003 p 46 afirma que os valores que criamos produzem uma moldura em nossa exist ncia individual e coletiva de modo a podermos enquadrar nossos atos e pensamentos situando os em uma vis o de mundo uma compreens o da realidade que informe d forma os nossos conhecimentos e conceitos nossos entendimentos a partir dos conceitos que guiamos nossa exist ncia e de uma certa forma porque antecedem nossas a es s o tamb m os nossos conceitos pr vios pr vios nossos preconceitos pr conceitos Entretanto valores conhecimentos e preconceitos mudam porque humanos devem mudar como a vida processo e processo mudan a ser humano ser capaz de ser diferente grifos do autor gt Frankl foi mantido preso em campos de concentra o durante a Il Guerra Mundial sobrevivendo inclusive a Auschwitz 240 professor formado pesquisador ou professor em forma o Isto porque o desejo de autoria sempre uma atividade consciente e fundamentada tamb m na dimens o ontol gic
432. sora Maria Jos Eras Guimar es com alunas do Curso de Pedagogia e por ela descrito em sua tese de doutoramento GUIMAR ES 2010 As reflex es apresentadas pela Guimar es 2010 me incomodaram sobretudo por j ter lido uma das obras infantis que inspirou seu trabalho SILVA 1995 relembrando que os retalhos n o s o dispostos toa eles carregam um sentido uma hist ria e juntos formam um todo diferente da parte anterior nova Parecia me que era exatamente este o processo que eu vivenciava com os professores na escola SESI cada um de n s se parecia com um retalho com um conhecimento particular sobre a realidade da escola e que precisavam de um direcionamento comum para poder realmente pensar em um trabalho coletivo 130 Pela fresta enxerga a totalidade Pela fresta pode efetivamente se comunicar com o outro Pensando nisto elaborei a seguinte atividade durante a reuni o com os professores naquele m s de dezembro eles foram divididos em grupos compostos por quatro profissionais sendo que cada um deles abrigava um professor da Educa o Infantil do Ensino Fundamental do Ensino M dio e da Educa o de Jovens e Adultos Quando n o era poss vel tal distribui o j que os professores de Ensino Fundamental estavam em maior n mero formavam se grupos com dois profissionais do Ensino Fundamental e dois pertencentes a outras modalidades de ensino Educa o Infantil ou Educa o de Jovens e Adultos Cada grupo receb
433. ss vel para a supera o por parte do professor dos dilemas envolvidos em seu exerc cio docente Para o autor o educador precisa compartilhar de suas inten es did ticas com os alunos nas diversas situa es por ele enfrentadas em sala de aula Compartilhar com a classe as suas expectativas de aprendizagem uma estrat gia que pode ser utilizada pelo professor para a real percep o por parte do aluno acerca do conte do a ser ensinado Quando o professor torna expl cito a seus alunos suas estrat gias para a adequada exposi o do conte do did tico e o tempo planejado para isso divide com eles a responsabilidade pelo processo de aprendizagem Mais uma aluna pertencente ao curso de Pedagogia a quem denominei Ma nos ajuda a compreender como essencial para o professor a express o do melhor de suas inten es educativas aos alunos Em seu quadro como demonstrado na Figura 25 Ma E Abbagnano 2003 p 306 apresenta a seguinte defini o para o termo educa o do ponto de vista da filosofia lat Educatio in Education fr ducation al Erziehung it Educazione Em geral designa se com esse termo a transmiss o e o aprendizado das t cnicas culturais que s o as t cnicas de uso produ o e comportamento mediante as quais um grupo de homens capaz de satisfazer suas necessidades proteger se contra a hostilidade do ambiente f sico e biol gico e trabalhar em conjunto de modo mais ou menos ordenado e
434. ssem o segundo paciente Apareceu ent o o sapo num carrinho Teve de vir sobre rodas por causa do estufamento da barriga parece que as pedras haviam crescido de volume dentro Como ainda estivesse vestido com a saia a e a touca da Em lia Narizinho viu se obrigada a tapar a boca para n o rir se em momento t o impr prio O grande cirurgi o abriu com a faca a barriga do sapo e tirou com a pin a de caranguejo a primeira pedra Ao v la luz do sol sua cara abriu se num sorriso caramujal N o pedra n o exclamou content ssimo uma das minhas queridas p lulas Mas como teria ido ela parar na barriga desse sapo Enfiou de novo a pin a e tirou nova pedra Era outra p lula E assim foi indo at tirar l de dentro noventa e nove p lulas A alegria do doutor foi imensa Como n o soubesse curar sem aquelas p lulas andava com medo de ser demitido de m dico da corte Podemos agora curar a Senhora Em lia declarou ele depois de costurar a barriga do sapo Veio a boneca O doutor escolheu uma p lula falante e p s lhe na boca Engula de uma vez disse Narizinho ensinando a Em lia como se engole uma p lula E n o fa a tanta careta que arrebenta o outro olho Em lia engoliu a p lula muito bem engolida e come ou a falar no esmo instante A primeira coisa que disse foi Estou com um horr vel gosto de sapo na boca E falou falou falou mais de uma hora sem parar Falou tanto que Narizinho
435. ssional life can produce on another the understanding of what is done and thought about what is made by someone in building of the educational process Keywords Authorship Interdisciplinarity Life History Training Educational process LISTA DE ILUSTRA ES Figura 01 Figura 02 Figura 03 Figura 04 Figura 05 Figura 06 Figura 07 Figura 08 Figura 09 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Figura 24 Figura 25 Figura 26 Figura 27 Figura 28 Figura 29 Figura 30 Figura 31 Figura 32 Figura 33 Figura 34 Figura 35 Figura 36 Figura 37 Figura 38 Figura 39 Figura 40 Figura 41 Figura 42 Figura 43 Figura 44 Can es de ninar boi da cara preta Contracapa do Livro da Vida a linha do tempo Digitexto Tradutone Alunas em roda aguardando a leitura Elaborando uma imagem Elaborando uma imagem A rvore como met fora O primeiro caminho flores past is O segundo caminho tijolos que parecem ouro O terceiro caminho a gua e os cora es O quarto caminho a presen a de animais de jardim O quinto caminho o percurso das guas da cachoeira rumo ao arco ris A ponte colorida sua m o e de sua m e Diferentes esta es um movimento O caminho e o curso do rio A cachoeira e suas pedras O labirinto acinzentado e o caminho de
436. sso poss vel considerar a Interdisciplinaridade uma categoria de a o pois abrange a din mica real da sala de aula com todos os seus implicadores tanto aqueles relativos gest o da classe quanto aqueles envolvidos nos conflitos internos e externos aula LENOIR 1998 Nesse sentido a percep o dos n veis da Interdisciplinaridade Escolar curricular did tico e pedag gico poderia ser repensada em tr s planos de aprendizagem a disciplina no n vel curricular a interdisciplinaridade no n vel did tico e a transdisciplinaridade no n vel pedag gico N o ser o discutidas aqui as quest es pr prias e aprofundadas relativas a estes tr s n veis No entanto elas nortear o a an lise da pr tica docente da professora L rio a qual desde o ano de 2007 ministra a disciplina de Inform tica Educacional aos alunos do 6 23 Todos os professores citados nesta pesquisa tiveram sua identidade preservada 80 ao 9 ano do Ensino Fundamental Realiza tamb m suas atividades no Laborat rio de Inform tica junto aos professores 1 ao 5 ano do Ensino Fundamental da Educa o Infantil e do Ensino M dio da Escola SESI do Ipiranga na cidade de S o Paulo A descri o minuciosa de uma pr tica pedag gica ser um importante aux lio para a descoberta talvez de uma resposta que corrobore com a hip tese de que o professor detentor de autoridade suficiente para ser considerado autor em seu of c
437. sso de constru o relativo a este conhecimento O conceito de hermen utica ampliado a partir da interpreta o segundo a qual a epistemologia ou os aspectos conceituais de um texto como seu conte do tema e per odo hist rico insuficiente para a compreens o das obras Tal compreens o s seria poss vel a 4 cu x e E ATE di Esta ltima acep o Geistige coloca os fundamentos para a ideia do c rculo hermen utico pelo qual a compreens o se faz como processo que origem de constru o e de reprodu o do conhecimento humano 17 partir do momento em que o pesquisador tenha o poder de captar as possibilidades que cada um tem no contexto do mundo em que cada um de n s existe A compreens o n o algo que se possua mas antes um modo de ser e estar no mundo ESP SITO 2001 p 240 Esta abordagem dirige a hermen utica an lise ontol gica dos textos bem como de seus autores e int rpretes como fundamento anterior a qualquer ato de exist ncia Heidegger considera que a cada compreens o acha se j espreitando uma interpreta o Esta o desenvolvimento de possibilidades j projetadas na compreens o Nesta perspectiva o como n o emerge pela primeira vez numa asser o Nela ele apenas expresso pela primeira vez e isso s se torna poss vel porque aquilo que compreendido solicita ao ser a sua express o ESP SITO 2001 p 241 A abordagem do discurso e da linguagem
438. ssoal e profissional A rememora o de aspectos fundamentais de sua forma o fez com que as 100 alunas colocassem mostra todos os recursos art sticos dispon veis constru o de sua met fora interior e com isso deram in cio ao processo de descoberta da autoria Verificamos que autor aquele indiv duo capaz de reconhecer suas potencialidades e limites e que ao se identificar se distingue dos demais ao mesmo tempo em que os considera e respeita Da mesma forma constr i suas ideias a partir do j existente e se apropria de sua cria o a tal ponto que garante a elas a legitimidade pr pria de quem possui autoridade sobre o objeto de sua cria o Isto pode ser verificado no processo de produ o art stica das alunas Uma delas a quem denominei Marrom autora da Figura 08 intitulada a rvore como met fora traduziu sua compreens o a respeito da sua trajet ria de vida na forma de uma rvore de grandes propor es cuja copa n o caberia na folha de papel canson A luz do sol jamais ausente lhe garantiria a tranquilidade e alegria necess rias O sorriso do sol no c u e das flores no ch o s o caracter sticas que sempre estiveram presentes em seus desenhos de inf ncia Segundo a aluna quando pequena tudo o que desenhava possu a figuras retratando rostinhos felizes Figura 08 A rvore como met fora Fonte arquivo pessoal Gasparian 2001 p 216 exemplifica o uso da met fora n
439. st tica ni fija sino que est em permanente flujo y por lo tanto es susceptible de m ltiples acercamientos y miradas De ah que precisemos cruzar los conocimientos experi ncias y vivencias provenientes de diferentes campos del saber desde la rigurosa observaci n hasta la vivencia personal para conseguir una mayor comprensi n DE LA TORRE 2007 p 17 Fazenda 2003 j afirmava que a Interdisciplinaridade muito mais que o encontro entre disciplinas o grande encontro de homens e mulheres que habitam o territ rio das disciplinas e que desejam ir para al m dele em dire o a um conhecimento que possa ser adequadamente compreendido por si pr prios e pelos seus alunos As ci ncias do homem retiraram toda significa o biol gica a estes termos ser jovem velho mulher homem nascer existir ter pai e m e morrer estas palavras remetem apenas a categorias socioculturais S readquirem sentido vivo quando as conceituamos em nossa vida privada A Antropologia que exclui a vida de nossa vida privada uma Antropologia privada de vida MORIN 2008 p 36 Nesse sentido a realiza o de pr ticas interdisciplinares devolve ao professor a possibilidade de exercer junto a sua profiss o docente um trabalho visando a sua forma o e a forma o de seus alunos rumo a uma dimens o existencial A pr tica docente da professora Margarida expressou a possibilidade do desenvolvimento por parte da gest o e do corpo docen
440. sta E Curriculum S o Paulo v 1 n 1 dez jul 2005 2006 Dispon vel em lt http www pucsp br ecurriculum gt Acesso em 18 maio 2010 LOBATO M Reina es de Narizinho S o Paulo Globo 1988 1989 MARTINS J A pesquisa qualitativa In FAZENDA C A Org Metodologia da pesquisa educacional 8 ed S o Paulo Cortez 2002 cap 3 MARTINS M A V Educa o In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 242 246 MASINI E F S Enfoque fenomenol gico de pesquisa em educa o In FAZENDA C A Org Metodologia da pesquisa educacional 8 ed S o Paulo Cortez 2002 cap 5 MATOS R H Est tica In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 55 58 286 O sentido da pr xis no ensino e pesquisa em artes visuais uma investiga o interdisciplinar 2003 155 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2003 MEIRELES C Melhores cr nicas Sele o e pref cio Leodeg rio A de Azevedo Filho S o Paulo Global 2003 MEN NDEZ N Z Parceria In FAZENDA C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 157 159 MIRANDA R G Tecnologia educa o e seus sentidos o movimento de um grupo de pesquisa sobre interdiscipli
441. stantemente trabalhada nos cursos de Forma o de Professores Os alunos professores em forma o precisam participar de situa es nas quais sejam levados resolu o de problemas de forma coletiva Um exemplo de como isso pode ser exercitado ocorreu em uma de minhas aulas tamb m com o quinto semestre do curso de Pedagogia no ano de 2010 Ao entrar em contato com as alunas que como dito acima j estavam h dois anos convivendo juntas percebi que sempre que solicitava a realiza o de alguma tarefa em grupos elas se reuniam com as mesmas colegas Na tentativa de leva las reflex o sobre a import ncia de trabalhar com pessoas diferentes propus que as alunas formassem uma grande roda apenas com suas cadeiras Em seu centro dispus uma mesa a qual continha uma folha de sulfite grande tamanho A3 v rios pinc is e alguns potes de tintas coloridas Depois de mostrar a folha em branco para elas peguei um pincel molhei o na tinta amarela e desenhei um c rculo bem no meio da folha conforme demonstra a Figura 28 125 Figura 28 Preparando o desenho coletivo Fonte arquivo pessoal Expliquei lhes que ao meu sinal a aluna localizada imediatamente a minha esquerda teria um minuto para continuar o desenho por mim iniciado Esgotado seu tempo a colega ao lado teria mais um minuto para continuar o desenho e assim sucessivamente at chegar a ltima aluna que deveria ser a respons vel pela conclus o da pintura Cada u
442. suas necessidades individuais e ao seu tr nsito nas depend ncias da escola J as crian as maiores e os adolescentes eram tratados com maior autonomia Como consequ ncia havia a percep o por parte destes profissionais de uma atitude de respeito da maioria dos alunos para com eles apesar de algumas exce es as quais eram analisadas e resolvidas pela dire o da escola de forma particularizada Para uma adequada representa o dessa assertiva o grupo Louro utilizando se de um pano vermelho colou sobre este a figura de uma casa e dois grandes cora es um acima da casa e outro bem abaixo dela conforme demonstrado na Figura 39 Para os professores que compunham o grupo as figuras representam o sentimento de forte afetividade que deve estar sempre presente nas rela es inseridas no universo da escola A imagem tamb m apresenta a figura de um boneco ao lado da casa al m da figura de uma vela e de um vaso de flor O grupo esclareceu aos demais que o boneco representava a figura do professor o qual por ser um educador estar sempre na condi o de modelo de conduta para os alunos e que por este motivo atrav s de suas a es e de sua fala deve servir de inspira o ao adequado processo educacional dos estudantes Devido a esta grande responsabilidade os componentes do grupo colaram a figura de uma vela ao lado da figura do professor para que a chama dos valores que os levaram sua escolha profissional jamais se apague Da m
443. tados pela autora Em um grupo cujas caracter sticas principais sejam a parceria a disponibilidade para a escuta atenta e a humildade no reconhecimento dos saberes dos outros o pesquisador pode expor seu trabalho e ao faz lo receber cr ticas e sugest es que o alavanquem rumo a uma escrita mais flu da e consequentemente mais compreendida por todos os leitores para os quais dispuser seu material Outro recurso extremamente valioso a investiga o que o pesquisador deve realizar sobre sua Hist ria de Vida quais aspectos fundamentais de sua trajet ria contribu ram para a sua forma o pessoal e profissional e consequentemente para a escolha do tema e do problema de pesquisa Para Fazenda 2002 temas pouco explorados geram dificuldades na pesquisa O pesquisador precisa garimpar exaustivamente os aspectos te ricos ou epistemol gicos do tema escolhido investigando os de tal forma que consiga fundamentar com legitimidade seus achados o caso observado por Ferreiro 2001 em sua pesquisa que versa sobre o modo como as crian as aprendem a ler e a escrever Por tratar se de um tema desconhecido no final dos anos 1970 e in cio dos anos 1980 a autora precisou observar o que crian as e adultos n o escolarizados sabiam sobre a escrita antes da alfabetiza o Ela verificou que tanto crian as quanto adultos possu am hip teses sobre como deveria ser o ato da escrita Embora n o existisse um padr o de hip teses definido s
444. tas ao pr ximo ano Fazenda 2006 afirma que n o existe uma receita pronta para a adequada pr tica interdisciplinar Antes de tudo necess rio adquirir um profundo conhecimento acerca da realidade que nos envolve al m do comprometimento para com ela para que a partir de ent o planejemos corretamente o pr ximo passo com o objetivo da correta inser o da pr tica interdisciplinar no universo da doc ncia e da pesquisa Para isso necess ria a aten o aos vest gios que aparecem durante o processo de pesquisa e tamb m no dia a dia da pr tica docente vez que nunca um fen meno se apresenta em sua totalidade FAZENDA 2001 Atrav s da pesquisa desenvolvida por mim no Mestrado SOUZA 2006 denominei estes vest gios de pontos de luz fragmentos que foram respons veis por direcionar minha pesquisa e minha pr tica de maneira intencional e coerente com a pr tica interdisciplinar 129 Segundo Foroni 2005 toda a o educativa pressup e uma intencionalidade aonde quero chegar O que preciso atingir Qual o melhor caminho a percorrer Quais as a es mais pertinentes r Esp rito Santo 1998 p 53 por sua vez acredita ser necess ria a abertura de espa os por parte do educador apesar das estruturas vigentes para que a profundidade da descoberta de si mesmo e do outro possa acontecer A cria o de oportunidades para que os professores pudessem realmente socializar a sua vis o da escola e com iss
445. te Ningu m mais se ocupa de mim dizia atravessando sal es e descendo escadas a caminho das Salas do Tempo ningu m mais me olha Agora posso buscar minha linda ideia e guarda la s pra mim Abriu a porta levantou o cortinado Na cama de marfim a ideia dormia azul como naquele dia Como naquele dia jovem t o jovem uma ideia menina E linda Mas o Rei n o era mais o Rei daquele dia Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado l fora o tempo todo parado na Sala do Sono Seus olhos n o viam na ideia a mesma gra a Brincar n o queria nem rir Que fazer com ela Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia Sentado na beira da cama o Rei chorou suas duas ltimas l grimas as que tinha guardado para a maior tristeza Depois baixou o cortinado e deixando a ideia adormecida fechou para sempre a porta COLASANTI 2000 p 30 33 150 Compreendo inicialmente a Teoria da Interdisciplinaridade como sendo essa ideia toda azul que um dia foi apresentada ao rei no conto de Colasanti 2000 Ao inv s de usa la guardou a a sete chaves em seu pal cio durante toda a sua vida Quando decidiu destranca la j n o possu a mais for as nem disposi o Tal provoca o aponta para o risco de reproduzir tal condi o se a ideia ou no caso dessa pesquisa a Interdisciplinaridade n o for observada compreendida interpretada e colocada em pr tica Na tentativa de verificar se a autoria pode ser considerada um pr
446. te de estrat gias inovadoras a partir de um curr culo existente e da necessidade de um trabalho de melhor qualidade acerca dos conte dos assimilados de forma inadequada pelos alunos O reconhecimento dos alunos acerca da efic cia de seu trabalho foi t o grande que ao final do ano durante a cerim nia de formatura a professora foi escolhida paraninfa das 212 duas turmas do 9 ano Em seu discurso mencionou trechos de todas as poesias elaboradas pelos alunos o que causou grande como o a todos os presentes Freire M 2008 p 43 afirma que Perceber se como fazedor de hist rias marcado por nosso inacabamento e finitude ser dono de seu destino pedag gico profissional e pessoal crucial dentro do processo de forma o desse sujeito pensante autor e construtor de conhecimento o professor A autora afirma ainda que o educador um leitor escritor pesquisador que faz ci ncia da educa o p 56 Nesse sentido corrobora com a afirmativa de que atrav s dos fundamentos oferecidos pela Teoria da Interdisciplinaridade h a possibilidade do desenvolvimento do processo de autoria por parte do professor A pr tica da professora Margarida demonstrou esta possibilidade Portadora de grande sensibilidade para a leitura da realidade social de seus alunos esta profissional buscou interpreta la a partir dos conhecimentos dos estudantes e do conte do did tico por ela apresentado Com isso houve a possibilidade da c
447. te estar atento atentar em 2 Observar ocultamente espreitar 3 Velar por 4 Bras Procurar campear 5 P us Tomar cuidado estar atento cuidar Int 6 Estar acordado ou atento velar 7 Estar de sentinela estar alerta velar P 8 Precaver se precatar se acautelar se FERREIRA 1988 p 673 Dentro do sentido expresso pela Teoria da Interdisciplinaridade vigiar cumpre o papel de cuidar de observar atentamente de permanecer sentinela precavendo se de todas as formas poss veis Enquanto espera o desenrolar da pesquisa o autor precisa observar todas as nuances que a envolvem a fim de encontrar o melhor registro e a metodologia mais adequada ao seu trabalho O professor ao respeitar o tempo de espera necess rio aprendizagem do aluno precisa estar atento a todos os seus sinais a fim de garantir lhe a melhor e mais adequada interven o pedag gica Na educa o esperar uma constante O professor a professora sabe n o importa o grau de especializa o ou o n vel de ensino que o aluno a aluna precisa de tempo de espera amadurecimento para introjetar conhecimentos torna los seus fazendo uso adequado daquilo que se ensinou tornando o parte integrante de seu cotidiano e de seus projetos de vida CASCINO 2001 p 109 Matos 2001 afirma que a espera pode ser representada atrav s da figura de um c rculo Ele delimita um espa o mas tamb m possui um trajeto infinito conforme pode ser observado na Figu
448. terdisciplinar Os textos que a comp em estar o grafados em it lico Em 2003 fui apresentada professora Ivani Fazenda na PUC SP J tinha lido alguns trechos de sua obra durante o Ensino M dio antigo Magist rio e durante a Gradua o no curso de Pedagogia e confesso que muito pouco entendia sobre a Teoria da interdisciplinaridade Dirigi me professora com o entendimento de que bastava a uni o do conte do de uma disciplina com o de outra para ocorrer a adequada elabora o de um projeto interdisciplinar A minha primeira decep o durante o Magist rio foi a descoberta da inexist ncia de um manual pronto para a pr tica do ensino N o achava poss vel a aus ncia de uma base curricular seguida risca por todas as escolas a qual pudesse garantir o mesmo n vel de aprendizagem a todos os alunos Passado o trauma pelo conformismo mascarado ereto eu come aram os estudos que originaram anos mais tarde minha disserta o de Mestrado Passei a verificar a possibilidade da implementa o de Projetos Interdisciplinares nas redes escolares e acabei por escolher a escola na qual exercia a fun o de diretora com o intuito de verificar a possibilidade de sua efetiva o ou n o Observei a princ pio ao resgatar minha Hist ria de vida que cresci com a imagem e certeza de que os grandes e renomados autores estariam sempre distantes impossibilitados de qualquer discuss o A descoberta f sica de Ivani Fazenda e a part
449. tes da inf ncia e da juventude os motivos de sua escolha profissional e as atividades mais significativas realizadas durante o curso Naquele momento pedi a cada aluna a realiza o de um texto contendo a correla o de algumas situa es vivenciadas por cada uma delas de maneira metaf rica a algum elemento presente na paisagem geogr fica conforme est vamos estudando Ao retratar a situa o deveriam atentar se linguagem utilizada a fim explicitar adequadamente ao leitor qual o tipo de paisagem da qual falavam sem negligenciar contudo a express o de suas lembran as A princ pio imaginei que os textos fossem propiciar o resgate da mem ria de valores vivenciais realizados em algum momento de suas vidas No entanto tr s alunas descreveram experi ncias atrav s das quais tiveram a possibilidade da realiza o dos valores de atitude sempre a partir de determinadas situa es imut veis como pode ser observado a seguir A primeira aluna elaborou uma narrativa sobre o tempo e a paisagem atrav s da qual expressou as transforma es que observou em sua vida na medida em que o tempo passou Detalhou a impossibilidade de conter os avan os do tempo cronol gico e as mudan as que ele traz consigo tanto referente as paisagens como nos caminhos que sua vida tomou Mencionou tamb m a import ncia de sua atitude cr tica diante das situa es imut veis e o quanto esta foi fundamental constitui o da sua personalidade
450. tidos aquilo que se chama mais propriamente de sens rio ou na terminologia moderna receptor 4 O mesmo que significado grifos do autor Ferreira 1988 por sua vez atribui palavra sentido dezoito significados Destes elegi alguns que podem auxiliar na compreens o do conceito que lhe atribu do nesta 8 Sentido Adj 1 V sens vel 8 2 Pesaroso triste plangente 3 Melindrado magoado ressentido 4 Em princ pio de putrefa o mo do passado S m 5 Cada uma das formas de receber sensa es segundo os rg os destas S o cinco os sentidos vis o audi o olfato gosto e tato 6 Senso 93 7 bom senso ju zo tino 8 Intento prop sito objetivo 9 V Acep o 1 10 Lado aspecto face 11 Raz o de ser cabimento l gica 12 Aten o pensamento 13 Cuidado cautela 14 Consci ncia 1 15 Orienta o dire o rumo 16 Filos Faculdade de conhecer de um modo imediato e intuitivo a qual se manifesta nas sensa es propriamente ditas senso Interj 17 Exprime busca advert ncia recomenda o ou cautela 18 Mil Voz de comando cm que se ordena aten o para as ordens de manobras que vir o em seguida Sentido figurado Sentido metaf rico de uma palavra frase par grafo etc Ex Em um formigueiro de gente a palavra formigueiro est em sentido figurado Sentido positivo Geom Anal Sentido ao qual se atribui o sinal positivo quando se percorre uma curva Sexto sentido
451. tismo 4 Escritor de obra art stica liter ria ou cient fica 5 O praticante de uma a o agente 6 Aquele que intenta demanda judicial 7 Jud Agente de um delito ou contraven o Autor coletivo Bibliogr e Bibliot Pessoa jur dica considerada como autor sociedade reparti o congresso etc O autor de seus dias O pai ou a m e prezo muito a opini o do autor dos meus dias Se consideradas as premissas acima verifica se que pode ser denominado autor o indiv duo que atender a pelo menos um desses itens Ora se ao manter se a mesma 46 reflex o pode se afirmar tamb m que para ser autor em educa o preciso da mesma forma adequar se a um desses conceitos Com o objetivo de uma an lise mais minuciosa decidi procurar em outro Dicion rio de L ngua Portuguesa HOUAISS 2001 p 351 a comprova o ou n o da defini o atribu da ao termo autor Nele encontrei a seguinte senten a AUTOR S m 1 Aquele que origina que causa algo agente 2 Individuo respons vel pela inven o de algo inventor descobridor 3 O respons vel pela funda o ou institui o de algo 4 Pessoa que comp e ou produz obra liter ria art stica ou cientifica 4 1 escritor 5 A obra de um autor 6 O primeiro a divulgar uma noticia ou um boato a de seus dias o pai ou a m e em rela o aos filhos De forma similar a Ferreira 1988 Houaiss 2001 considera os mesmos conceitos para a explica o
452. titude Sem d vida tal interpreta o permite a inclus o da autoria como um de seus princ pios fundamentais No entanto ainda preciso a adequada observa o an lise e interpreta o de algumas pr ticas interdisciplinares a fim de haver a valida o ou n o de tal assertiva 191 5 3 INTERPRETA O PR TICA DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE Ap s a realiza o das interpreta es ontol gica e epistemol gica inerentes ao conceito de Interdisciplinaridade procederei a sua avalia o pr tica a fim de verificar se a autoria pode nesse sentido ser considerada um de seus princ pios Para tanto verificarei as pr ticas interdisciplinares ocorridas nas situa es de pesquisa de ensino e de forma o de professores A pr tica interdisciplinar ocorrida na pesquisa retrata uma das reuni es do GEPI cuja ata foi por mim elaborada no ano de 2004 A pr tica vivenciada no ensino relata a experi ncia de uma professora da Escola SESI do Ipiranga no ano de 2008 per odo no qual eu era respons vel por esta Unidade de Ensino A terceira pr tica por sua vez experimentada na forma o de professores relata uma das aulas por mim ministradas no Curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba no ano de 2010 Decidi recorrer s pr ticas das quais participei a fim de endossar a import ncia do pesquisador no resgate de sua Hist ria de Vida e de suas mem rias tanto no decorrer do seu processo de autoria quanto no ap
453. tivo Como o pesquisador faz parte de um grupo h a necessidade por parte deste do desenvolvimento da humildade a ponto de colocar seu talento individual disposi o do grupo de pesquisa Mesmo sem ter a devida consci ncia disso ao tomar essa atitude torna se agente do enriquecimento de st pr prio e do pr prio grupo Isso porque poss vel perceber que as preocupa es de um membro do grupo correspondem s de outros o que vai fortalecendo neste grupo um car ter de cumplicidade Normalmente percebemos que as preocupa es afins acabam por agrupar as pessoas em duplas as quais come am a deter se nas repeti es e nos refr os comuns os quais diminuem a consist ncia e a solidez do trabalho do grupo Exatamente por isso fundamental para o grupo sempre se colocar em roda durante as suas discuss es pois quando todos os membros se colocam em situa o de igualdade os assuntos por eles discutidos passam a ser compartilhados por todos e com isso h o consequente aumento da riqueza dos questionamentos e dos caminhos poss veis para a adequada solu o dos problemas colocados em pauta A reuni o com o grupo de profissionais da rea da sa de permitiu que Ivani percebesse a ocorr ncia de um incidente cr tico vivenciado pelo grupo h alguns anos o qual havia incitado todos os seus membros a trabalharem ainda que de forma inconsciente sobre ele Certa vez o grupo se deparou com um garoto de oito anos que possuia s rio
454. to ao conhecimento e ao educando a toler ncia a valoriza o dos talentos individuais e coletivos e a rigorosidade metodol gica e cr tica durante o processo de constru o do conhecimento 180 A humildade constitui o segundo princ pio da Interdisciplinaridade Se houver a percep o de que o conhecimento n o algo fragmentado mas que se encontra em constante processo de evolu o e descoberta haver ent o a necessidade da cren a de que sempre poss vel e necess rio aprender Alguns dos significados atribu dos por Ferreira 1988 p 346 ao termo humildade o caracteriza como 2 Mod stia pobreza 3 Respeito rever ncia submiss o Adotarei aqui as representa es mod stia respeito e rever ncia como sin nimos do significado atribu do ao termo humildade dentro da Teoria da Interdisciplinaridade O sentido religioso atribu do palavra sugere a compreens o da humildade como uma atitude de sil ncio e submiss o ou seja atitude de ocultar os saberes que possui em detrimento de outros ABBAGNANO 2003 O sentido atribu do humildade pela Teoria da Interdisciplinaridade no entanto o de uma postura ativa diante do conhecimento O educador reconhece que quanto mais adquire conhecimento mais precisa aprender Da mesma forma reconhece a exist ncia de diversas fontes de aprendizagem inclusive aquelas que decorrem de sua rela o com seus alunos Esp rito Santo 2007 p 27 28 p
455. to de viver para o mesmo autor compreende dentre outros significados Viver V int 1 Ter vida estar com vida existir 2 Perdurar subsistir existir durar 3 Passar posteridade perpetuar se 9 Passar a vida dedicar se habitualmente Vive a trabalhar em obras sociais 10 Dedicar se inteiramente Vive para os prazeres mundanos 12 Passar a vida de certa maneira Vive feliz T d 13 Passar a vida Sempre viveu uma vida desregrada 14 Gozar desfrutar fruir a vida 16 Existir passar a vida ir vivendo FERREIRA 1988 p 677 Para a filosofia o termo viv ncia deriva do alem o Erlebnis e significa experi ncia viva ou vivida toda atitude ou express o da consci ncia 1 ABBAGNANO 2003 p 1006 100 A viv ncia antes de mais nada a unidade estrutural entre formas de atitude e conte dos Minha atitude de observa o juntamente com sua rela o com o objeto uma viv ncia assim como meu sentimento de alguma coisa ou meu querer alguma coisa A viv ncia sempre consciente de si mesma Do mesmo modo Husserl considerou a viv ncia como um fato de consci ncia Consideramos as viv ncias de consci ncia em toda a plenitude concreta com que se apresentam em sua conex o concreta o fluxo da consci ncia e na qual se unificam gra as sua pr pria exist ncia Portanto evidente que toda viv ncia do fluxo que o olhar 253 Os tr s autores AB
456. to diferente o conceito de Husserl sobre o tempo fenomenol gico Ele afirma Toda viv ncia efetiva necessariamente algo que dura e com essa dura o insere se em um infinito cont nuo de dura es em um cont nuo pleno ABBAGNANO 2003 p 946 47 grifos do autor Por fim para a terceira concep o de tempo como estrutura de possibilidades o autor afirma que Heidegger o mencionou pela primeira vez A primeira caracter stica dessa concep o o primado do futuro na interpreta o do tempo as duas concep es anteriores fundam se no primado do presente Heidegger interpretou o tempo em termos de possibilidade ou de proje o o tempo originariamente o por vir Zu kunft A an lise de Heidegger cont m elementos de interesse filos fico not vel 1 Mudan a do horizonte modal passando se da necessidade possibilidade 22 O primado do futuro na interpreta o do tempo n o constitui apenas uma alternativa diferente do primado do presente e a ele oposta mas tamb m oferece a possibilidade de n o achatar sobre o presente as outras determina es do tempo e de entend las em sua natureza espec fica o futuro como futuro e n o como presente do futuro e o passado como passado 3 A rela o entre passado e futuro que Heidegger enrijeceu num c rculo pode ser facilmente dissolvida com a introdu o da no o de poss vel 4 A introdu o de novos conceitos interpretati
457. tos de educa o e a sua participa o na reuni o de 194 um grupo multidisciplinar da rea da sa de constru mos em aula a Linha metodol gica da Pesquisa Interdisciplinar composta por alguns passos os quais compartilharemos a seguir 1 Rev sita ao Passado Coletivo Para que o pesquisador revisite o passado coletivo tanto de um grupo de estudo quanto do objeto de pesquisa necess rio revisitar o seu passado individual Atrav s de seu encontro com os profissionais da rea da sa de Ivani fez a constata o de que o grupo o qual j se reunia h aproximadamente vinte anos necessitava da estrutura o de um projeto de trabalho Durante a reuni o a professora fez lhes a seguinte pergunta Onde est o os registros acerca do conte do das reuni es que voc s fazem um pouco constrangidos os componentes do grupo responderam Lhe que jamais haviam realizado qualquer registro de seus encontros sem sombra de d vida deviam ser reuni es riquissimas com ideias comuns sob olhares diversos mas que infelizmente n o possu am um s registro acerca de seu rico conte do Neste caso se tornaria muito dificil a identifica o das reais necessidades presentes no universo daquele grupo A professora pediu lhes ent o que descrevessem aquilo que desejavam discutir de forma mais aprofundada em suas reuni es e quais eram as exig ncias sociais que lhes demandavam maior preocupa o A maioria discorreu sobre a wecessidade
458. tudo ao permitir que juntos realizem valores criativos vivenciais e de atitude Comprovou se que o sentido de ser autor em educa o condi o impl cita e expl cita dos que se responsabilizam pelos processos educativos de forma livre e consciente seja no mbito da pesquisa do ensino ou da aprendizagem 279 De igual modo al m da escolha metodol gica e do estabelecimento da problem tica investigativa esta tese contribuiu tamb m com as discuss es curriculares ao permitir a comprova o de que poss vel formar professores e pesquisadores com o objetivo de se tornarem autores em educa o A pr pria discuss o dos conceitos e das pr ticas advindas do processo de autoria permite aos educadores de realidades diversas a identifica o de possibilidades de a es em seus campos espec ficos de atua o Da mesma forma s o reflex es considera es e comprova es que podem se estender a outras reas do conhecimento colaborando com discuss es sobre formas alternativas de pensar e agir sobre problemas cotidianos Isto porque as conclus es aqui apresentadas exigem que se rompa com interpreta es incipientes e fragmentadas da realidade e se direcione o olhar investigativo para observa es an lises e interpreta es a partir de uma epistemologia consistente de uma pr tica coerente e de uma ontologia que lhe atribua sentido Ainda que incisivas tais considera es n o podem ser consideradas finais uma vez
459. u aspirasse mas ocorreu tudo bem O meu pai estava l com a minha m e eu nasci com o peso de 2 900 no hospital A R A no dia 23 02 2000 no hor rio 9 09 Meus dias na maternidade foram bem tranquilos nada de anormal Minha primeira travessura foi com seis meses quando minha m e me deixou na cama dela de bru os e virou para pegar a fralda e acabei virando e caindo Eu chorei muito Um acontecimento marcante pra mim foi quando a minha irm zinha nasceu no dia das crian as e ela se chama l E outro acontecimento foi eu ganhar o meu primeiro brinquedo que foi uma boneca e eu dei o nome de Juliana Eu a carregava para onde eu ia Fazer meu pr prio livro foi muito interessante porque legal falar um pouco sobre a sua vida e este livro tamb m ensinou varias coisas como algumas pessoas n o sabiam mexer no computador e a professora ensinou quem n o sabia mexer no computador e aprendemos muitas coisas com este livro de nossas vidas Relato da aluna extra do de seu Livro da Vida 87 Ap s ser revisto por alunos e professores o Livro foi impresso no pr prio Laborat rio de Inform tica e entregue s fam lias durante a Reuni o de Pais O trabalho mobilizou o grupo de professores do mesmo Ciclo ao desenvolvimento de atividades afins no Laborat rio Aos poucos ele foi se transformando em uma extens o da sala de aula ora os alunos iniciavam a atividade no Laborat rio e a terminavam em sala ora iniciavam em sala e as
460. u de aprendizagem se constitui em ferramenta fundamental realiza o de pr ticas promotoras do desenvolvimento de seu esp rito investigativo e consequentemente do seu processo de autoria Esse movimento dial tico e coletivo pode ser ampliado a outros grupos de professores pois permite ao profissional docente perceber se autor de suas pr ticas educacionais para consequentemente ser um colaborador ativo no sentido da constru o de uma nova teoria da educa o Atrav s da interpreta o das possibilidades de autoria por parte do profissional docente realizada sob as tr s ticas epistemol gica ontol gica e pr tica pode se concluir que ao haver o desdobramento do conceito de autoria em seu significado o agente de uma a o FERREIRA 1988 verifica se sua rela o com o conceito de autoridade Neste caso a autoridade intelectual do professor conquistada atrav s de sua rela o consigo mesmo com o conhecimento com o grupo de alunos com os quais exerce sua atividade e com a escola l cus de sua a o docente Percebe se tamb m que para o estabelecimento do processo de autoria por parte do professor necess ria a considera o da mesma l gica expressa no processo de autoria inerente ao pesquisador em educa o como mencionado no cap tulo anterior Neste caso o conceito de autoria desdobrado nos significados de descobridor inventor e escritor de obra art stica liter ria ou cient fica s o caminh
461. ua rela o com a fisionomia de cada uma e um talento ainda n o conhecido pelas colegas de sala A princ pio este comando causou um certo estranhamento por parte do grupo Um talento professora Acho que n o tenho nenhum disse uma das alunas Rapidamente respondi lhes com outra pergunta Ser que n o e iniciei as falas na roda As alunas foram descobrindo que algumas colegas cantavam bordavam desenhavam e administravam suas 215 casas com grande compet ncia Cada uma possu a um talento que mesmo ap s dois anos inteiros de conviv ncia ainda n o haviam sido compartilhados com suas colegas de sala Aproveitando este clima de rememora o interior dos pr prios talentos e dos talentos das colegas solicitei a cada aluna a elabora o de um texto sobre os fatores que as motivaram escolha de um curso de forma o de professores no caso espec fico o curso de Pedagogia Imediatamente as alunas se puseram a escrever Disse lhes que assim que terminassem estariam dispensadas Para minha surpresa todas as alunas escreveram muito Imaginei que registrariam alguns aspectos rapidamente e preocupadas com o hor rio da sa da fossem embora Um movimento contr rio aconteceu elas usaram todo o tempo dispon vel para a realiza o dos textos Ao ler seus registros percebi que muitos deles estavam repletos de emo o como os cinco trechos retratados abaixo Meu pai era professor por m n o lecionava p
462. uada forma o do aluno representada metaforicamente pelo cora o lil s H tamb m a representa o de tr s luzes entre os quatro caminhos uma branca uma vermelha e outra amarela todas sobre um fundo azul as quais s o respons veis por iluminar e direcionar a trajet ria profissional do professor No entanto estas luzes podem n o aparecer com as cores que planejamos e nas posi es que esperamos De acordo com Morango esse exemplo ilustra a necessidade da aceita o por Nesta an lise os nomes das alunas ser o substitu dos por frutas a fim de preservarmos suas identidades 118 parte do professor da ambiguidade e da complexidade existentes na sua rela o com os alunos a qual nem sempre se dar conforme o planejado Por m atrav s desta ambiguidade e desta complexidade que ocorre o surgimento de novas ideias e a consolida o de novas pr ticas Figura 23 Aceitar a ambiguidade Fonte arquivo pessoal Embora se considere de personalidade t mida e certamente n o esteja inclu da na categoria de alunos que vez ou outra d o trabalho ao professor Morango estabeleceu uma reflex o apurada acerca de uma importante quest o envolvida no universo da pr tica docente A partir de seu discurso conclu mos que cabe ao professor a aceita o de que muitas vezes suas rea es com seus alunos n o ser o lineares ou esperadas H in meras express es poss veis no universo de cada ser humano A
463. ual enfrentaram todas as esta es do ano A pesquisadora utilizou um trecho de sua hist ria no in cio de cada cap tulo da tese com a finalidade de serem auxiliares na elabora o da resposta adequada aos seus problemas de pesquisa A partir da utiliza o de suas met foras Varella 2006 passou a refletir sobre conceitos importantes sobretudo no que se refere Teoria da Interdisciplinaridade Para ela o pesquisador interdisciplinar rico em hist rias mas tem dificuldade em entregar o seu ouro p 60 A palavra ouro se configura em mais uma met fora que nos impele reflex o sobre a constitui o da autoria no processo de pesquisa Podemos afirmar assim que o ouro do pesquisador mencionado por Varella 2006 o sentido mais profundo que mobiliza seu processo de autoria Somente quando o pesquisador consegue exterioriza lo por meio da escrita acad mica que permite a revela o do seu eu verdadeiro ou sua identidade ao outro 63 Por fim parece me interessante a abordagem de mais um pesquisador do GEPI CASCINO 2004 que em sua tese de doutoramento fundamentou a Teoria da Interdisciplinaridade e a partir dela a descoberta da met fora Para ele a Interdisciplinaridade n o linear n o possui receitas e n o pode ser compreendida sob um nico ponto de vista ou sob uma nica l gica O sentido da Inter o da interpreta o como exerc cio e leitura circular para baixo e para cima para fora e
464. ualquer pessoa independente de sua idade e da exist ncia de um pagamento para elas domina a natureza com o trabalho ele mostra que est acima da natureza Essa estreita conex o do trabalho com a exist ncia humana passa a ser lugar comum na filosofia e em geral na cultura contempor nea Mesmo fora do mbito marxista o car ter penoso do trabalho n o atribu do ao trabalho em si mas s condi es sociais em que ele realizado nas sociedades industriais Dewey diz natural que a atividade seja agrad vel Ela tende a encontrar sa das e encontra las em si gratificante porque marca um xito parcial O fato de a atividade produtiva ter se tornado t o inerentemente insatisfat ria que os homens precisam ser induzidos a empenhar se nela por vias artificiais prova de que as condi es em que o trabalho se realiza impedem o conjunto de atividades em vez de promov las irritam e frustram as tend ncias naturais em vez de orienta las para a frui o grifos do autor 38 Nesse conceito verificamos o mesmo sentido atribu do pela Interdisciplinaridade FAZENDA 2001 ao termo atitude 243 O ato de trabalhar para Ferreira 1988 implica tr s quest es concordantes com a concep o acima mencionada por Frankl 1989 Trabalhar V int 1 Ocupar se em algum mister exercer o seu of cio aplicar a sua atividade 2 Esfor ar se para fazer ou alcan ar alguma coisa aplicar dilig ncia trabalho lid
465. uas observa es sobre a escrita possu am algumas caracter sticas em comum Foi a partir dessas caracter sticas comuns que a autora elaborou algumas possibilidades de interven o para que tanto crian as quanto adultos avan assem rumo compreens o e utiliza o do sistema convencional de escrita 50 Ainda para Fazenda 2002 temas excessivamente explorados correm o risco de n o se tornarem originais Nesse sentido cabe ao pesquisador a atitude de em uma ou outra situa o encontrar as pedras valiosas para a originalidade de sua pesquisa Para pensar dessa forma na possibilidade da autoria em pesquisa decidi responder aos apelos colocados por Fazenda 2002 Como a dificuldade no ato da escrita pode ser superada transformando o pesquisador em autor de sua pesquisa Por este motivo escolhi iniciar este cap tulo com a reescrita de uma pe a de teatro originalmente elaborada enquanto cursava ainda o Ensino Fundamental Acredito que o percurso de forma o do educador passe por um processo interno de autoforma o Ricoeur 2006 menciona a import ncia de percorrermos durante nossa exist ncia um percurso o qual ele denominou percurso do reconhecimento Para o autor preciso reconhecer a si pr prio para ent o reconhecer o outro ou os outros O primeiro estudo a que se dedica denominado o reconhecimento como identifica o Para reconhecer o pr prio percurso e assim autoconhecer se preciso que o
466. ucando sua autonomia sua identidade em processo devo pensar tamb m como j salientei em como ter uma pr tica educativa em que aquele respeito que sei dever ter ao educando se realize em lugar de ser negado Um passo foi dado na dire o de oferecer aos alunos uma oportunidade de efetivamente construir conhecimento utilizando se dos recursos concretos existentes para as buscas na Internet Ao mesmo tempo n o foi negado professora o desejo e a necessidade da autoria Talvez tenha havido uma atitude transgressora por parte daqueles que gerenciaram este processo ou talvez um passo de ousadia Acredito que a efetiva o de um trabalho inovador na escola e por isso de autoria precisa estar repleta de bom senso e de respeito ao aluno e ao seu processo de aprendizagem A dimens o tica de n o negar lhe o direito pesquisa e ao acesso s ferramentas de que necessita deve ser privilegiada e possibilitada no concreto de cada aula Vencido esse primeiro obst culo adentramos em outro qual o sentido do trabalho de um Curr culo M nimo de Inform tica Educacional com adolescentes de onze a catorze 32 Apresentou se ao setor respons vel uma lista como esta que exemplificamos por Modalidade de Ensino por Ciclo e por tem tica trabalhada afirmando a organiza o e intencionalidade do trabalho Ciclo II Inicial 1 semestre de 2008 Adi o Racioc nio l gico http www profcardy com matematica magico 3x3 htm quadrado
467. ucar 120 Apresenta na sua etimologia um duplo sentido educo eduxi eductu educere com o significado de fazer sair lan ar tirar para fora trazer luz educar e educo educavi educatum educare referindo se a criar amamentar sustentar elevar instruir ensinar Ao tomar se o termo em seu duplo sentido educa o refere se tanto ao desenvolvimento educere como a interven o educativa educare Nesta dupla acep o sem ntica identifica se a complementaridade entre os processos de desenvolvimento e os seus resultados educere e a interven o educativa educare Referir se a um dos termos do bin mio remete se necessariamente ao outro MARTINS 2001 p 243 grifos da autora Percebemos nesse sentido que educar significa ao mesmo tempo ensinar e formar atrav s da aten o forma o cognitiva do aluno e de sua forma o humana ontol gica Abbagnano 2003 p 306 afirma que do ponto de vista do indiv duo e n o da sociedade o fim da educa o caracteriza se pela forma o desse mesmo indiv duo conceito que vem perdurando na tradi o pedag gica do ocidente Neste caso a educa o definida como forma o do homem amadurecimento do indiv duo consecu o da sua forma completa ou perfeita portanto como passagem gradual da pot ncia ao ato dessa forma realizada A partir desta concep o a respeito da educa o Perrenoud 2001 aponta a terceira a o po
468. udo se o pensarmos a partir da transcend ncia Se eu fixar meu olhar em um aluno e ele corresponder terei um instante em minha fase de vida onde a intera o entre eu e o aluno ser em um nico sentido em um nico momento Tive a intencionalidade de olhar o aluno mas esta minha intencionalidade despertou no aluno o desejo de me olhar tamb m ent o n s dois neste momento que um tempo nico sa mos da quest o do olhar e subimos a um patamar maior que transcendente est fora de ambos eu e o 189 aluno onde os desejos foram cooptados de forma que ambos subiram juntos em um momento de transcend ncia onde podemos realizar coisas que est o al m da fus o de nossos olhares coisas muito mais eternas Talvez em uma breve fus o de olhares possamos cooptar o olhar da humanidade toda FAZENDA 2001 p 225 Fazenda 2001 afirma que o olhar interdisciplinar composto por camadas A primeira camada muitas vezes ocorre de forma superficial quando um professor por exemplo entra em uma sala de aula pela primeira vez e ainda n o conhece seus alunos Superficialmente vai tentando desvendar quem s o eles e quais os motivos pelos quais est o ali reunidos Lentamente o olhar do professor vai se aproximando da segunda camada constitu da pela categoria da espera pois a cada aula professor e aluno adquirem maiores e melhores possibilidades de se conhecerem melhor A autora ainda menciona uma terceira camada caracter stica
469. ue a mais alta forma de sintonia consigo mesmo e com o grupo Concentra o do olhar inclui escuta de sil ncios e ru dos na comunica o p 45 190 Matos 2001 tamb m compreendeu que pelo olhar os demais princ pios da Interdisciplinaridade ganham sentido Isso porque eles se unem e constroem uma nova imagem a qual tenta traduzir como seria um educador que sem negar sua hist ria se aventuraria diante do novo do desconhecido e com isso se legitimaria enquanto autor conforme se observa na Figura 48 q Olhar Figura 48 Olhar Fonte Fazenda 2001 p 207 A compreens o da import ncia da atitude nas pr ticas pedag gicas e nas pesquisas em educa o o grande desafio atual da Teoria da Interdisciplinaridade Os princ pios analisados acima levam reflex o sobre a necessidade por parte do professor e do pesquisador de repensarem suas pr ticas a partir das a es exercidas no cotidiano Muitas vezes a partir dos pequenos gestos e da forma como se desencadeiam os conte dos e as metodologias que os alunos se tornam impregnados do sentido pleno da forma o ou seja da forma o do homem em sua totalidade Nesse sentido a an lise epistemol gica inerente ao conceito interdisciplinar possibilitou a reflex o acerca do que necess rio para a adequada compreens o de sua polissemia de sua origem de suas implica es culturais e de seus princ pios sobretudo no que a fundamenta enquanto a
470. ue acrescenta ser o tempo o princ pio mesmo do Eu Eu da autoconsci ncia pura mas esse princ pio ou o simples conceito ainda em sua completa exterioridade e abstra o Portanto Hegel n o identifica o tempo com a consci ncia mas com algum aspecto parcial ou abstrato da consci ncia O tempo identificado por Agostinho com a pr pria vida da alma que se estende para o passado ou para o futuro extensio ou distensio animi Santo Agostinho diz De que modo diminui e consuma se o futuro que ainda n o existe E de que modo cresce o passado que j n o mais sen o porque na alma existem as tr s coisas presente passado e futuro A alma de fato espera presta aten o e recorda de tal modo que aquilo que ela espera passa atrav s daquilo a que ela presta aten o para aquilo que ela recorda Ningu m nega que o futuro ainda n o exista mas na alma j existe a espera do futuro ningu m nega que o passado j n o exista mas na alma ainda existe a mem ria do passado E ningu m nega que o presente care a de dura o porque logo incide no passado mas dura a aten o por meio da qual aquilo que ser passa afasta se em dire o ao passado A tese fundamental dessa concep o de tempo foi enunciada pelo pr prio santo Agostinho A rigor n o existem tr s tempos passado presente e futuro mas somente tr s presentes o presente do passado o presente do presente e o presente do futuro N o mui
471. ue la especialidad de cada uno ser sin duda totalmente ajena a la de los otros A forma pela qual o grupo se expressou demonstra o conhecimento por parte dos professores das exig ncias acerca da realiza o de um trabalho em parceria conforme proposto por Men ndez 2001 a aceita o de que nenhuma forma de conhecimento em si mesma exclusiva e que nenhum educador obt m sucesso se trabalhar sozinho Como havia outros aspectos importantes a serem analisados dentro do universo da Proposta Pedag gica outro grupo a quem denominei Canela recebeu o tema Rela o Fam lia Escola para ser discutido a partir de um poema de Drummond desta vez completo No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas t o fatigadas Nunca me esquecerei de que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra ANDRADE 1930 Os professores participantes do grupo refletiram a respeito das dificuldades vivenciadas por muitos deles durante aquele ano marcadas principalmente pelos conflitos presentes na rela o com algumas fam lias de alunos Ap s uma an lise concreta a respeito das suas experi ncias chegaram ao consenso comum da exist ncia de uma rela o fragilizada entre as duas partes caracterizada pela resist ncia de ambas para o
472. um belo desfecho Saber denominado saber fazer e que reclama um certo saber ser O autor por m afirma a exist ncia de uma terceira l gica al m da francesa e da norte americana a l gica brasileira 169 Se a l gica francesa orientada em dire o ao saber e a l gica americana sobre o sujeito aprendiz parece me que a l gica brasileira dirigida na dire o do terceiro elemento constitutivo do sistema pedag gico did tico o docente em sua pessoa e em seu agir LENOIR 2005 2006 p 05 A l gica brasileira possui uma abordagem fenomenol gica constituindo se em uma metodologia de trabalho que se apoia na an lise introspectiva realizada pelo professor a partir de suas pr ticas as quais lhe permitem o reconhecimento de aspectos at ent o desconhecidos de seu eu e a consci ncia de sua abordagem interdisciplinar Este trabalho constitu do por outro tipo de saber o saber ser Saber este que p e em destaque a quest o da intencionalidade a necessidade do autoconhecimento da intersubjetividade e do di logo Saber que permite a descoberta de si e a atualiza o de atitudes reflexivas sobre seu agir Entretanto pareceria incoerente a compreens o do conceito relativo Interdisciplinaridade presente em cada um desses ninhos culturais Olhando para cada um separadamente corre se o risco de se esbarrar no reducionismo e desviar o olhar para apenas uma parte fragmentada A abordagem francesa ao mesmo tempo em que
473. unca de per si express o do que Falar de espiritualidade expressar atrav s de uma linguagem afetiva uma experi ncia de rela o de interconex o que proporciona sentido para a vida pois uma jornada desde nossa interioridade desde o nosso cora o n o entendido de forma sentimental mas como met fora de nossa capacidade para estabelecermos rela es rec procas para desenvolver uma verdadeira intimidade com as pessoas e coisas atitude que parece ser a forma mais plena de amor bem como o espa o para que o amor desabroche O cora o no sentido semita a faculdade que integra as m ltiplas dimens es da pessoa humana corpo e esp rito intelig ncia e vontade sentimento e imagina o Esta jornada desde o cora o um mergulho em busca do pr prio po o donde jorra a gua viva que permite viver conviver descobrir sentido amar sonhar curar se buscar for a coragem energia e que desemboca num compromisso tico A viv ncia da espiritualidade possibilita novas rela es inter numanas e uma nova ordem mundial TEPEDINO 1999 p 668 Problema aqui tem o significado de quest o n o solvida e que objeto de discuss o em qualquer dom nio do conhecimento FERREIRA 1988 p 530 Significa tamb m qualquer situa o que inclua a possibilidade de uma alternativa O problema n o tem necessariamente car ter subjetivo n o redut vel d vida embora em certo sentido a d vida tamb m
474. unidade se refira a uma nica coisa considerada como duas como acontece quando se diz que a coisa id ntica a si mesma 22 A segunda defini o de Leibniz que aproxima o conceito de identidade ao de igualdade Id nticas s o as coisas que se podem substituir uma outra salva veritate Defini o an loga aceita por Wolff que definia como id nticas as coisas que se podem substituir uma a outra salvaguardando quaisquer de seus predicados 32 A terceira concep o diz que pode ser estabelecida ou reconhecida com base em qualquer crit rio convencional De acordo com essa concep o n o poss vel estabelecer em definitivo o significado da Identidade ou o crit rio para reconhec la mas dentro de determinado sistema lingu stico poss vel determinar esse crit rio de forma convencional mas oportuna ABBAGNANO 2003 p 529 grifos do autor 157 compreens o de pr prio percurso de forma o pessoal e profissional de forma a estabelecer a transforma o do presente e do futuro Compreendo portanto que a possibilidade de narrar se algo pr prio do ser humano O mesmo Ricoeur 1988 p 417 afirma que a narrativa pode ser considerada a guardi do tempo na medida em que s haveria tempo pensado quando narrado Nesse sentido inicio a narrativa do meu encontro com a Teoria da Interdisciplinaridade a fim de verificar os aspectos ontol gicos que est o presentes na perspectiva in
475. ural da educa o Porto Alegre Artmed 2001 CARVALHO C Pedagogia em revista uma revisita interdisciplinar ao processo de forma o de educadores 2004 187 p Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2004 CASADEI S R Como um rio o percurso do menino Cortez S o Paulo Cortez 2010 CASCINO F A Espera In FAZENDA I C A Org Dicion rio em constru o interdisciplinaridade S o Paulo Cortez 2001 p 107 109 282 Reflex es sobre a constru o de uma teoria interdisciplinaridade na educa o brasileira 2004 246 f Tese Doutorado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2004 CONCEI O M H E Dos sentidos da qu mica qu mica com sentido uma disciplina sob a perspectiva interdisciplinar de ensino 2010 125 f Disserta o Mestrado em Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Curr culo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo S o Paulo 2010 COLASANTI M A mo a tecel S o Paulo Global 2004 Uma ideia toda azul S o Paulo Quadrante 2000 CORTELLA M S A escola e o conhecimento 7 ed S o Paulo Cortez 2003 CUNHA R C O B C NOGUEIRA E G D PRADO G V T SOLIGO R A escrita de memoriais a favor da pesquisa e da forma o In MIGNOT A C V SOUZ
476. uss o O todo narrado se constr i a partir das partes escolhidas que segundo Bruner 2001 suscita interpreta es De ator a autor do processo educativo apresenta o percurso metodol gico adotado Ser ator inicia com um trecho da obra Reina es de Narizinho de Lobato 1988 1989 a fim de introduzir as discuss es acerca do que significa ser ator em educa o Ser autor constata que os pesquisadores em educa o podem ser considerados autores fen meno observado na interpreta o das disserta es e teses defendidas na Linha de Pesquisa Interdisciplinaridade entre os anos de 2000 a 2010 De ator a autor aponta que al m do pesquisador o professor tamb m pode ser autor A palavra do professor d lhe autoridade sobre o ensino N o uma autoridade imposta mas conquistada por seu conhecimento por sua fala e por suas atitudes Pela postura investigativa diante da realidade que o cerca o docente assume caracter sticas pr prias da autoria O autor Interdisciplinar ousa considerar a autoria como um dos princ pios inerentes Teoria da Interdisciplinaridade proposta por Fazenda 2001 O sentido da autoria procura responder a uma ltima quest o Qual o sentido de ser autor em educa o Recorre ao significado do conceito de sentido fundamentado em Frankl 1989a para constatar a possibilidade de compreender o sentido na realiza o de valores criativos vivenciais e de atitude As con
477. utor Somente quando o professor que forma professores se disp e a escutar seus alunos compreendendo que est o em processo de forma o profissional que ocorre o estabelecimento de uma rela o de reciprocidade na qual ambos professores e alunos podem falar e serem ouvidos A este tipo de escuta Barbier 2004 denominou escuta sens vel Para o autor a escuta sens vel faz com que o sujeito reconhe a o outro de forma incondicional Ela n o julga n o mede n o compara Ela compreende sem entretanto aderir s opini es ou se identificar com o outro com o que enunciado ou praticado p 94 Escutar o que o elefante ou de anjo O objetivo foi resgatar alguns aspectos da mem ria importantes para compreender a escolha profissional que cada uma delas fez ao eleger a Pedagogia como op o de curso superior Freire P 1997 p 135 ainda afirma que escutar obviamente algo que vai mais al m da possibilidade auditiva de cada um Escutar no sentido aqui discutido significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a abertura fala do outro ao gesto do outro s diferen as do outro Isto n o quer dizer evidentemente que escutar exija de quem realmente escuta sua redu o ao outro que fala Isto n o seria escuta mas auto anula o A verdadeira escuta n o diminui em mim em nada a capacidade de exercer o direito de discordar de me opor de me posicionar Pelo contr rio escut
478. vens Percebo agora que minha juventude se cansou no ritmo natural de sua natureza e tudo vai indo devagar Observando meus antigos vizinhos e amigos de inf ncia verifico que muitos n o tiveram a a o do tempo sobre si mas aqueles dos quais o tempo se ocupou e a ele dedicaram parte de sua vida hoje n o t m tempo Ou n o sabem se ajeitar com a modifica o da paisagem ou ent o n o sabem realmente aproveitar o seu tempo Est o sempre correndo cansados como dizem assoberbados de trabalho Esquecem de apreciar as boas coisas da vida ficam parados na frente de uma televis o sem ao menos assisti la num modo de desligamento dentro de um inferno de not cias que s os ir o estressar mais A fam lia vive uma maratona desde cedo at a noite O profissionalismo e s vezes a gan ncia leva todo o tempo ocorrendo uma perda Ent o vem o sofrimento o arrependimento Precisamos enquanto estudiosos do tempo kronos e kair s intertextualizar que s se v bem com o cora o o essencial invis vel aos olhos Eu poderia ter tido mais tempo mas sabe como corri o dia todo e n o deu E mais tarde o ciclo se repete e tudo come a de novo Ser que haver mudan as no novo tempo Duvido pois estes ciclos ser o no meu modo de ver eternos pois somos o que fazemos Mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos Aluna 01 271 Atrav s da interpreta o do texto da segunda aluna poss
479. vos expressos por termos como projeto ou proje o antecipa o expectativa etc mostraram se teis nas an lises filos ficas e passaram a fazer parte do uso filos fico corrente p 947 948 Na estrutura temporal da civiliza o moderna geralmente se empregar uma s palavra para significar o tempo Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo khronos e kairos Enquanto o primeiro refere se ao tempo cronol gico ou sequencial o tempo que se mede esse ltimo um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece a experi ncia do momento oportuno Na mitologia grega Kairos filho de Chronos o deus do tempo e das esta es Ao tempo existencial os gregos denominavam Kairos e acreditavam nele para enfrentar ao cruel tirano Chronos Na filosofia grega e romana a experi ncia do momento oportuno Os pitag ricos a chamavam Oportunidade Kairos o tempo em potencial tempo eterno enquanto que Chronos a dura o de um movimento uma cria o Dispon vel em lt http pt wikipedia org wiki KairyC3 B3 gt Acesso em 11 mai 2010 275 J os humanos desde pocas remotas refletem sobre o tema Na Gr cia Cl ssica j se sabia da exist ncia de um tempo denominado kair s o tempo absoluto o que denominei de eterno agora grifos do autor Essa possibilidade de conferir ao tempo a dimens o do agora a partir da concretiza o de uma a o de uma viv ncia ou de uma atitude um
480. xige uma atitude de espera n o uma espera passiva mas vigiada Ela exige que provemos aos poucos o gosto da paix o por formar at nos embebedarmos dela por m o sentido que um trabalho interdisciplinar desperta e para o qual n o estamos preparados o da sabedoria de aprender a intervir sem destruir o constru do FAZENDA 2001 p 18 Esse processo novamente alimenta a certeza da afirmativa de que o conceito de autoria possui caracter sticas comuns aquelas propostas pela Interdisciplinaridade e portanto pode ser considerado como um pressuposto que lhe pr prio No entanto a fim de corroborar com esta hip tese me deterei ainda no estudo dos princ pios j legitimados por tal concep o te rica 5 2 2 Os princ pios da Interdisciplinaridade Para Fazenda 1994 1995 1999 2001 2003 2008 existem alguns princ pios comuns Teoria da Interdisciplinaridade que lhe conferem uma base epistemol gica comum Ao menciona los a autora os conceitua tamb m como categorias pressupostos ou atributos Atrav s da an lise e interpreta o das defini es atribu das por Ferreira 1988 a cada um destes termos observa se que todos remetem em determinado momento s caracter sticas que definem fundamentam ou caracterizam uma ci ncia ou objeto do conhecimento nesse caso espec fico a Teoria da Interdisciplinaridade Atributo para Ferreira 1988 p 72 significa dentre outras possibilidades 1 Aqui
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