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Sara Isabel Almeida Magalhães

1. Discursos de sexualidade numa revista para raparigas adolescentes Como ser uma Ragazza Sara Isabel Almeida Magalh es UMinho 2011 Universidade do Minho Escola de Psicologia Sara Isabel Almeida Magalhaes Como ser uma Ragazza Discursos de sexualidade numa revista para raparigas adolescentes Junho de 2011 9002 202179 109 OG1d Sajuoosajope sesuedes esed sejsnas wa sienxos sds opeloid op ojuaweioueuy ojd g00Z 09ZEr AGE HY4S ojusuesojnop ap esjoq ewn ap oessaduod ep snee epedueAy ORdeWO T p eigojodi NIHO HdOd Op ojquig ou eigojouD9 e eug e eed og epuns ejed opepueu 10 OJUBWUIeIO NOG S s va OTELISINTN BOTEZANS OS erdojouDa e EDU e ered ovsepung Loa Universidade do Minho Escola de Psicologia Sara Isabel Almeida Magalh es Como ser uma Ragazza Discursos de sexualidade numa revista para raparigas adolescentes Doutoramento em Psicologia Especialidade de Psicologia da Educacao Trabalho efectuado sob a orienta o da Professora Doutora Lu sa Saavedra e da Professora Doutora Maria da Concei o Nogueira Junho de 2011 DECLARA O Nome Sara Isabel Almeida Magalh es Endere o Electr nico saraisabelmagalhaesQ gmail com Telefone 918864740 N do Bilhete de Identidade 12546400 T tulo da Tese de Doutoramento Como ser uma Aagazza Discursos de sexualidade numa revista para raparigas adolescentes Orientadoras Profess
2. Imagem 8 Publicidade Guarana Antartida Ragazza n 164 Julho 2007 Imagem 9 Publicidade Women s Secret Aagazzan 161 Marco 2007 Imagem 10 Publicidade Killah Aagazza n 163 Maio 2007 e n 164 Junho 2007 Imagem 11 Publicidade Ausonia Aagazza n 163 Maio 2007 e n 164 Junho 2007 Imagem 12 Publicidade Nokia ffagazza n 159 Janeiro 2007 iii is Imagem 13 Publicidade Adidas Aagazzan 161 Mar o 2007 si Imagem 14 Publicidade Swatch Aagazza n 160 Fevereiro 2007 ccccceeceeeeeeeeees Imagem 15 Publicidade Fenalac Ragazza n 166 Agosto 2007 Imagem 16 Publicidade Associa o La o Aagazzan 167 Outubro 2007 xii 117 118 130 131 Quadros Quadro 1 Crit rios de sec o 510 do Social Security Act 1996 para programas abstinence only education Santelli et al 2006 ccccecceeceeeeeeeeeeeeeeeeeaeeeeeeeeeeaeeas Quadro 2 Identifica o e defini o dos blocos tem ticos que constituem a revista ARAL or ahs ii q E hemes TA o te xiii Preambulo Como ser uma Ragazza Discursos de sexualidade numa revista para raparigas adolescentes sobre esta designa o que aqui trouxemos a investiga o que levamos a cabo nos ltimos quatro anos Com momentos mais positivos que outros posso no final deste percurso dizer regozijo me Partimos com a miss o de compreender me
3. McRobbie Angela 1991 Feminism and youth culture From Jackie to Just Seventeen Boston Unwin Hyman Mills Sara 2003 Michel Foucault London amp New York Routledge Money John amp Ehrhardt Anke 1972 Man and woman boy and girl Baltimore John Hopkins University Press Monteiro Maria Jo o amp Vasconcelos Raposo Jos 2005 Compreender o comportamento sexual para melhor reagir 6 HIV AIDS Virtual Congress Disponivel em http www aidscongress net pdf comprender abstract 239 comunic 271 pdf Moore Susan amp Rosenthal Doree 1995 Sexuality in adolescence 2 ed London Routledge Morrison Peter A Samulon Marta amp Zellman Gail L 1981 Teenage Parenthood A review of risks and consequences Santa Monica RAND Corporation 241 Referencias bibliograficas Morris Roberts Kathlyn 2004 Colluding in Compulsory Heterosexuality Doing Research with young women at school In Anita Harris A about the girl Culture power and identity pp 219 229 New York and London Routledge Morrow Raymond amp Brown David 1994 Critical theory and methodology London Sage Publications Mota Ribeiro Silvana amp Pinto Coelho Zara 2005 Imagens de mulheres na imprensa portuguesa Actas do IV Congresso da SOPCOM Repensar os media novos contextos de comunica o e da informa o pp 977 989 Aveiro Universidade de Aveiro Mota Ribeiro Silvana 2005 Retratos
4. 245 Referencias bibliogr ficas Reiss Ira 1960 Premarital sexual standards in America New York Free Rich Adrienne 1983 Compulsory heterosexuality and lesbian existence In Ann Barr Snitow Christine Stansell amp Sharon Thompson Eds Power of desire the politics of sexuality pp 177 205 New York Monthly Review Press Richardson Diane 1997 Sexuality and feminism In Victoria Robinson amp Diane Richardson Introducing women s studies 2 ed pp 152 174 London MacMillan Press Richardson Diane 1993 Sexuality and Male dominance In Diane Richardson amp Victoria Robinson ntroducing Women s Studies pp 74 98 London MacMillan Press Roy Stephannie C 2008 Taking charge of your health discourses of responsibility in English Canadian women s magazines Sociology of health amp illness 303 463 477 DOI 10 1111 j 1467 9566 2007 01066 x Saavedra Lu sa amp Nogueira Concei o 2006 Mem rias sobre o feminismo na psicologia para a constru o de mem rias futuras Memorandum 11 113 127 Disponivel em http hdl handle net 1822 6358 Saavedra Lu sa Nogueira Concei o amp Magalh es Sara 2010 Discursos de jovens adolescentes portugueses sobre sexualidade e amor implica es para a educa o sexual Educa o e Sociedade 31 110 135 156 Disponivel em http www scielo br pdf es v31n110 08 pdf Saavedra Luisa 2001 Vozes de sucesso vozes
5. 5 4 2 5 Defini o de Pr ticas Identificadas as posi es dispon veis s raparigas nesta constru o discursiva importante reflectir sobre as pr ticas que esta potencia No mesmo sentido dos posicionamentos dispon veis nesta constru o discursiva podemos reflectir sobre as pr ticas dispon veis comparando as possibilidades dadas ao sexo masculino e sexo feminino enquanto grupos homog neos e que se contrap em Assim s jovens apenas permitido um pedido de ajuda e a procura de mais e melhor conhecimento de forma a colmatar insufici ncias que derivam da sua formula o enquanto mulher Por contraponto aos rapazes apresentam se oportunidades de condescend ncia e algum paternalismo face a este natural desconhecimento e inexperi ncia feminina que leva a uma inevit vel compara o e constata o de superioridade No entanto estas seriam as pr ticas mais conformistas com este discurso Se mais uma vez reflectirmos sobre uma posi o de resist ncia da parte das raparigas podemos concluir que 175 O que significa ser rapariga estas poder o viver a sua sexualidade de forma saud vel n o se excluindo a ocorr ncia de um de dois cen rios poss veis 1 possuir uma sexualidade realizada e saud vel sem que isso acarrete estigmas sociais quer junto do seu grupo de pares quer no seu contexto social pr tica dispon vel sobretudo a uma jovem numa rela o intima est vel e duradoura 2 viver a sua sexualid
6. Edinburgh Edinburgh University Press Giddens Antony 1992 2001 Transforma es da intimidade Sexualidade amor e erotismo nas sociedades modernas trad Rosa Maria Perez Oeiras Celta Editora Giles David 2003 Media Psychology New Jersey Lawrence Erlbaum Associates Publishers Gill Rosalind 2011 Sexism Reloaded or it s Time to get Angry Again Feminst Media Studies 11 1 61 71 DOI 10 1080 14680777 2011 537029 Gill Rosalind 2007 Postfeminist Media Culture elements of a sensibility European Journal of Cultural Studies 102 147 166 DOI 10 1177 1367549407075898 Gillies Val 1999 An analysis of the discursive positions of women smokers implications for practical interventions In Carla Willig ed Applied discourse analysis social and psychological interpretations pp 66 86 Buckingham Open University Press Gilligan Carol 1982 n a different voice Psychological theory and women s development Cambridge Massachsetts and London Harvard University Press Gilligan Carol 1990 Joining the resistance psychology politics girls and women Michigan Quarterly Review 294 501 536 Disponivel em http hdl handle net 2027 spo act2080 0029 004 06 Giordano Peggy 2003 Relationships in adolescence Annual Review of Sociology 29 257 281 DOI 10 1146 annurev soc 29 010202 100047 Goffman Erving 1979 Gender Advertisements Cambridge MA Harvard University Press
7. Neste sentido organizamos a tese em duas grandes partes Enquadramento te rico em que apresentamos tr s cap tulos dedicados exposi o te rica dos pressupostos do projecto de investiga o e Il Estudo onde se encontra um capitulo de contextualiza o epistemol gica e metodol gica e o cap tulo final dedicado explora o do estudo realizado Por m antes de iniciar a apresenta o desta tese integramos um pre mbulo ou reflex o pessoal onde olhamos sobre o processo de realiza o da tese os desafios te rico metodol gicos e o poss vel impacto dos resultados na representa o e constru o pessoal das jovens bem como na sociedade Consideramos que deste modo realizamos um dos pressuposto deste trabalho contribuir para o desenvolvimento de uma consci ncia social feminista que Introdu o permita reconhecer a exist ncia e o impacto dos tradicionais discursos de g nero no perpetuar de assimetrias simb licas de poder Assim sendo no enquadramento te rico Parte podemos ent o encontrar no capitulo 1 A Adolesc ncia uma reflex o sobre a adolesc ncia o nosso principal foco de an lise enquanto etapa desenvolvimental recentemente formulada Neste sentido referir nos emos e comentaremos criticamente um conjunto de trabalhos que problematizaram sobre a adolesc ncia e as suas transforma es desenvolvimentais nomeadamente ao n vel psicol gico das transforma es f sicas compet ncias
8. Outro aspecto que levanta algumas quest es a primazia dada ao dom nio cognitivo em detrimento do lado emocional Esta dicotomia vem reificar uma outra que frequentemente equiparada dicotomia entre a biologia e o mbito social Este ltimo sobretudo apresentado como contingencial aumentando o estigma social associado s mulheres que s o com frequ ncia identificadas como detentoras destas caracter sticas Este facto sobretudo vis vel pelo destaque dado quase obrigat ria institividade maternal das mulheres e a sua consequente secundariza o face s necessidades de um beb decorrente da retirada da figura paternal do exerc cio da parentalidade Da combina o destas duas limita es emerge uma terceira que surge de forma implicita a estas teorias Referimo nos categoriza o social e rotula o dos indiv duos Decorrente da identifica o de est dios e da dicotomiza o social a press o para uma normaliza o comportamental e sua monitoriza o parece inevit vel Face a esta todos os indiv duos que se afastem destas formula es enviesadas encontram se automaticamente no dom nio do desvio comportamental do disfuncional Esta segrega o serve apenas para reificar o estigma social e compartimentar os indiv duos em fun o de caracter sticas descontextualizadas e que n o s o vistas luz da situa o s cio hist rica localizada em que os indiv duos se desenvolvem Esta tend ncia para a uni
9. es e no conflito face ao duplo padr o esta concep o androc ntrica n o chega a ser efectivamente questionada O objectivo ltimo a reintegra o e regresso a um comportamento normalizado do que adequado para uma rapariga Estes mecanismos apesar de uma primeira impress o favor vel n o possuem valor verdadeiramente emancipador e empoderador das jovens Outro discurso que nos parece estar a manter esta constru o discursiva o que chamamos de discurso de controlo assente na constante responsabiliza o pela conformidade com a norma com comportamentos adequados e saud veis Este representa no mecanismo Manual de sobreviv ncia a um amor verdadeiro e Afirma o do duplo padr o uma sobrevaloriza o da monitoriza o de todas as condi es e influ ncias poss veis quer seja controlando as e os amigas os e rela es interpessoais quer se regulando ou regulando as e os parceiras os sobretudo ao n vel comportamental Como j discutimos a internaliza o da monitoriza o mascara a presen a deste discurso que impele as jovens a um acautelar 198 O que significa ser rapariga constante de cen rios poss veis de forma a responderem adequadamente e evitarem a vitimiza o Estes discursos que discutimos com elementos que predisp em a manuten o desta constru o discursiva representam um refor o constante de assimetrias discrep ncias e um consequente comportamento desigual entre o sexo feminino e mas
10. es sociais da produ o e consumo McRobbie 1999 p 48 tradu o nossa autora parte da filosofia de Foucault para formular o que considera ser o car cter desinstalador 88 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia do seu modelo ao atribuir import ncia central s diferentes formas com que discursivamente se constr i a categoria mulher ou rapariga Neste sentido o discurso das revistas visto como um mecanismo regulador e normalizador que parte de uma experi ncia partilhada homog nea e monolitica de feminino mulher Segundo Ballaster e colaboradores 1991 a leitora ideal que est impl cita nestas revistas claramente uma mulher classe m dia branca e heterossexual sendo por conseguinte exclu das marginalizadas ou consideradas desviantes as mulheres negras de classe trabalhadora ou l sbicas Esta vis o das mulheres enquanto grupo homog neo especialmente refor ada pela sua oposi o directa a outro grupo tamb m considerado homog neo os homens Esta dicotomia reifica e reclama para os conte dos das revistas a constru o dos significados de feminilidade e masculinidade e de diferen as de g nero Apesar das diferentes metodologias in meros estudos t m sido levados a cabo no mbito da representa o e g D ring amp P schl 2005 Gill 2007 Kang 1997 Krassas Blauwkamp amp Wesserlink 2001 Lindner 2004 McRobbie 1999 2004 Mota Ribeiro amp Pinto C
11. o medicaliza o e regime de medo que recai e reifica a import ncia de um comportamento feminino respons vel e atento A internaliza o e naturaliza o deste estado de monitoriza o leva na Viol ncia nas rela es bem em como em outros aspectos quotidianos a uma dificuldade de reconhecer a perman ncia e imers o num regime de opress o e subjuga o A constante responsabiliza o pelos comportamentos independentemente de serem ou n o dependentes das suas ac es t o marcada que podemos assistir a uma permanente recrimina o pessoal Independentemente do seu grau de ag ncia a culpa e responsabilidade inclusive na viol ncia sobre as mulheres compreendida como interna e da mulher legitimando se normalmente em fun o de comportamentos quotidianos desta que parecem estar na origem das altera es comportamentais dos companheiros Por outro lado o regime de medo de uma vitimiza o faz com que interiorizem e restrinjam as suas ac es A monitoriza o mais do que invis vel constante sentida e experienciada pelas mulheres entre si e sobre si pr prias Conflito face ao duplo padr o Conflito face ao duplo padr o procura revelar a percep o por parte das jovens de alguma incongru ncia ao n vel dos pap is e expectativas sociais que lhes s o alocadas Este expressa 192 O que significa ser rapariga sobretudo um posicionamento mais aberto das jovens face a sua sexualidade contraria
12. o da sexualidade e afectividade entre as pessoas no desenvolvimento individual respeitando o pluralismo das concep es existentes na sociedade portuguesa b O desenvolvimento de compet ncias nas e nos jovens que permitam escolhas informadas e seguras no campo da sexualidade h A promo o da igualdade entre os sexos ou l A elimina o de comportamentos baseados na discrimina o sexual ou na viol ncia em fun o do sexo ou orienta o sexual Como afirma Tolman 2002 as escolas como institui es que acolhem as e os adolescentes durante a maior parte do tempo t m como responsabilidade a promo o do desenvolvimento global incluindo a explora o da sexualidade Contudo como observa Fine 1985 apud Tolman 2002 a educa o sexual nas escolas tem como premissa base o facto de as raparigas terem de aprender a protegerem se dos rapazes a dizer n o As raparigas s o ensinadas a falar sobre sexualidade em termos de aprender a dizer n o ao comportamento sexual em vez de explorar a comunica o com os seus parceiros sobre o que ambos querem ou n o para as suas rela es p 202 tradu o nossa Esta perspectiva poder ser localizada como resultado da implementa o de uma vis o moralista e conservadora sobretudo desenvolvida nos pa ses anglo sax nicos e que levou para as escolas os programas de educa o sexual desenvolvidos com base na abstin ncia ou de 59 A sexualidade na adolesc nc
13. 4 forma o para o exerc cio da cidadania numa sociedade mediatizada Comunica o apresentada na Confer ncia Internacional Os cidad os e a sociedade da informa o organizada por S Ex o Presidente da Rep blica Centro Cultural de Bel m 9 e 10 de Dezembro Dispon vel em http repositorium sdum uminho pt bitstream 1822 3067 1 mpinto interven o 199 9 pdf Preciado Beatriz 2004 Multitudes Queer Notas para uma politica de los anormales Multitudes 12 Compl ments Dispon vel em http mulitudes samizdat net spip php article1465 Ramos Vera Carvalho Cl udia amp Leal Isabel 2005 Atitudes e comportamentos sexuais de mulheres universit rias a hip tese do duplo padr o An lise Psicol gica AXXIll 173 185 Dispon vel em http www scielo oces mctes pt pdf aps v23n2 v23n2a08 pdf Reid Pamela Trotman amp Bing Vanessa M 2000 Sexual roles of girls and women an ethnocultural lifespan perspective In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White Sexuality Society and Feminism pp 141 166 Washington DC American Psychological Association Reiss Ira 1999 Evaluating Sexual Science Problems and Prospects Annual Review of Sex Research 10 236 271 Disponivel em http www ncbi nim nih gov pubmed 10895254 Reiss lra 1964 The Scaling of Premarital Sexual Permissiveness Journal of Marriage and the Family 26 188 198 Disponivel em http www jstor org pss 349726
14. Positioning Theory pp 32 52 Oxford Blackwell 230 Referencias bibliogr ficas de Gouges Olympe 1791 Declara o dos direitos da mulher e da cidad Disponivel em http www eselx ipl pt ciencias sociais tratados 1789mulher htm de Lauretis Teresa 1991 Queer theory Lesbian and gay studies Differences 32 iii xviii del Priore Mary 1999 Viagem pelo imagin rio do interior feminino Aevista brasileira de Hist ria 1X37 179 194 DOI 10 1590 S0102 01881999000100009 Devereux Eoin 2007 Understanding the media 2 ed London SAGE Publications Diario da Republica 1984 Lei n 3 84 de 24 de Marco Lisboa Diario da Republica Diario da Republica 1991 Decreto Lei n 190 91 de 17 de Maio Lisboa Diario da Republica Di rio da Rep blica 2005 Despacho n 19737 2005 de 15 de Agosto Lisboa Di rio da Rep blica Di rio da Rep blica 2007 Lei n 16 2007 de 17 de Abril Lisboa Di rio da Rep blica Di rio da Rep blica 2009 Lei n 69 2009 de 6 de Agosto Lisboa Di rio da Rep blica Di rio da Rep blica 2010 Portaria n 196 A 2010 de 9 de Abril Lisboa Di rio da Rep blica Direc o Geral de Sa de Minist rio da Sa de Portugal 2004 Plano Nacional de Sa de 2004 2010 mais sa de para todos vol 2 Lisboa Disponivel em http www dgsaude minsaude pt pns capa html Donat Patricia L N amp White Jacquelyn W 2000 Re examining the issue
15. Tamb m neste mecanismo poss vel verificar a introdu o de um discurso de medicaliza o e tecnologiza o da sexualidade A nfase e destaque dada aos m todos contraceptivos para al m da mera informa o disso exemplo Al m disso ha uma tend ncia para associar a sexualidade inovadora com o recurso a brinquedos sexuais tecnologias do sexo que assumem no quadro da revista e que se articulam com demais discursos como o de amor confluente e de marketing Ora o discurso do marketing ali s um dos mais presentes no mecanismo Manter os conhecimentos actualizados Parte sobretudo das quest es de prazer e da tecnologiza o da sexualidade para se tornar necess rio ou mesmo indispens vel a uma sexualidade inovadora criativa e que mantenha o interesse dos parceiros Aliado a um discurso neo liberal tem como objectivo um aparente empoderamento e liberdade sexual das jovens Associada valoriza o constante de valores neo liberais como a autonomia e a individualidade associados a uma posi o p s feminista instrumentaliza estas perspectivas a favor do sistema de marketing de consumos que pretendem manter Desvirtua o elemento emancipador que apresenta valorizando n o a individualidade mas o individualismo destas jovens Contudo importante destacar que esse discurso emancipador e gir power tamb m se encontra presente ainda que muitas vezes seja ultrapassado por estas estrat gias mercantilistas e mai
16. Viver a adolesc ncia no masculino o desafio da constru o da sexualidade international Journal of Developmental and Educational Psychology 11 153 161 Magalh es Sara Saavedra Luisa amp Nogueira Concei o 2008b Quem mais bela do que eu Revistas para jovens adolescentes e a idealiza o do corpo In Jorge Bonito coord Educa o para a Sa de no S culo XXI Teorias Modelos e Pr ticas p 629 640 vora CIEP Universidade de Evora Magalh es Sara Saavedra Luisa amp Nogueira Concei o 2010 It s your fault only yours Female adolescents social responsibility for preventive behaviours In Maria Jos Magalh es Manuela Tavares Salom Coelho Manuela G is e Elisa Seixas coord Quem tem medo dos feminismos Actas do congresso feminista 2008 volume pp 385 397 Funchal Nova Delphi Editora Marks Micheal J amp Fraley R Chris 2006 Confirmation Bias and the Sexual Double Standard Sex Roles 541 2 19 26 DOI 10 1007 s11199 006 8866 9 Marques Ana C 2007 A primeira rela o sexual contextos e significados Centro de Investiga o e Estudos de Sociologia ISCTE e working paper n 32 2007 Massoni Kelley 2004 Modeling Work Occupational Messages in Seventeen Magazine Gender amp Society 18 47 65 DOI 10 1177 0891243203259133 Matos Margarida amp Gaspar T nia 2005 Adolescentes portugueses risco e protec o 6 HIV AI
17. ent o algo que resulta do uso de discursos em sociedade e n o corresponde no o tradicional de poder enquanto qualidade na posse de um grupo social determinado ou seja a mesma pessoa em situa es diferentes e ou em diferentes interac es sociais pode ocupar uma posi o de maior ou menor poder O poder assume se ent o como mais um recurso que se encontra dispon vel aos individuos para a sua constru o pessoal social e psicol gica Cada discurso permanece portanto em constante contesta o e resist ncia Ao deixar o m todo arqueol gico para a abordagem geneal gica Foucault transportou consigo o conceito e conceptualiza o de discurso Na sua obra 4 Ordem do Discurso 1971 1997 o autor salienta que importante conceber o discurso enquanto pr tica que n s impomos s coisas que permitem a eventos discursivos conceber o seu principio de regularidade Pretendia assim destacar o car cter ritualizado e marcado com que as rotinas discursivas permeiam as nossas interac es sociais de tal forma que n o notamos que recorremos ou estamos ref ns dessas rotinas ou rituais discursivos a n o ser pela sua aus ncia discursiva Como observa o autor em toda a sociedade a produ o do discursos ao mesmo tempo controlada seleccionada organizada e redistribuida por um certo numero de procedimentos que t m por fun o esconjurar os seus poderes e perigos dominar o seu acontecimento aleat rio esquivar a sua pesada e t
18. o das mulheres para as feministas ponto de partida para pr ticas desconstrutoras Isto porque no caso das mulheres o corpo n o apenas uma ess ncia biol gica com que nascemos e que desenvolvemos mas um ponto de partida em que o discurso e a performance concorrem na constru o dos indiv duos inseridos na sua cultura Como relembra Bartky 1990 pelo corpo que a cultura contempor nea e patriarcal domina e restringe as mulheres Na sua opini o e que n s partilhamos existe um connoisseur pan ptico masculino dentro da consci ncia de cada mulher estas est o perpetuamente perante o seu olhar e ju zo A mulher vive o seu corpo como visto por outrem um Outro an nimo e patriarcal Bartky 1990 p 72 tradu o nossa Consequentemente categorias identit rias como masculino e feminino ultrapassam a sua fun o formal para se afirmarem enquanto elementos cr ticos da nossa sociedade Neste caso as revistas para adolescentes que analisamos s o dos mecanismos ideol gicos mais significativos no desenvolvimento humano e na constru o pessoal enquanto cidad s e cidad os No nosso s culo legitimo afirmar que o conte do medi tico desempenha um papel extremamente importante na forma o da nossa percep o do que ser masculino e feminino Este tamb m acarreta um conjunto de pressupostos hegem nicos acerca da sexualidade humana Devereux 2007 p 205 tradu o nossa De facto as revistas para adol
19. proliferaram contributos nesta rea destacando se a formula o do conceito de g nero Este foi sendo introduzido e integrado ao longo dos anos 70 do s culo passado de forma sucessiva por 28 Adolesc ncia varias disciplinas em 1972 na sexologia por John Money e Anke Ehrhardt e na sociologia por Ann Oakley em 1979 por Rhoda Unger na psicologia social ou em 1988 por Joan Scott na hist ria Am ncio 2003 De facto estavam em curso altera es significativas nas ci ncias sociais que espelhavam o debate pol tico da poca O conceito de g nero pretendia assim introduzir na agenda de investiga o a import ncia de se olhar s diferen as entre sexos Este destaque retirava a t nica do dom nio da biologia orientando a sua investiga o para o dom nio das condi es s cio hist ricas que condiziram emerg ncia e legitima o de divis es sociais baseadas no sexo Am ncio 2003 Ao mesmo tempo a introdu o deste conceito veio possibilitar uma tomada de posi o e de ac o face s desigualdades e invisibiliza o de que as mulheres eram alvo Apesar de nos dias de hoje o conceito de g nero deslizalr com dificuldade entre ser apenas uma palavra para sexo e um termo politicamente adoptado Oakley 1997 p 30 tradu o nossa apud Am ncio 2003 p 687 o conceito pretende destacar uma tranforma o psicol gica do self afastando se da concep o de sexo como correspondendo a atributos anat mica e fisi
20. 2001 Sexying the body New York Basic Books Ferin Cunha Isabel coord 2006 4 Televis o das Mulheres Ensaios sobre a Recep o Lisboa Quimera Bond Foucault Michel 1969 2005 A Arqueologia do Saber trad Miguel Serras Pereira Coimbra Almedina Foucault Michel 1971 1997 A ordem do discurso trad Laura Sampaio Lisboa Rel gio d gua Foucault Michel 1975 2003 Vigiar e Punir Nascimento da pris o trad Raquel Ramalhete Petr polis Editora Vozes Foucault Michel 1976 1994 Historia da Sexualidade A vontade de saber trad Pedro Tamen Lisboa Rel gio d gua Freud Sigmund 1926 The Question of Lay Analysis SE 20 179 258 Friedan Betty 1963 2010 7he Feminine Mystique The Penguin Classics Gagnon William 1977 Human sexualities Glenview Scott Foresman Gallagher Margaret 2001 Gender Setting News Agenda for Media Monitoring and Advocacy London Zed Books Gallagher Margaret 2006 Perspectiva feminista sobre os media x aequo 14 11 34 Disponivel em http www apem estudos org page_id 80 233 Referencias bibliograficas Gentry Margaret 1998 The sexual double standard The influence of number of relationships and level of sexual activity on judgments of women and men Psychology of women quarterly 22 505 511 DOI 10 1111 j 1471 6402 1998 tb00173 x Genz St phanie amp Brabon Benjamin 2009 Postfeminism Cultural Texts and Theories
21. 31 tradu o nossa 3 2 1 Processos de sexualiza o da rapariga adolescente Como temos vindo a verificar existe um crescente interesse sobre a forma como os media e o sistema de consumo articulam a sexualidade enquanto estrat gia de venda A American Psychological Association publicou mesmo em 2007 um relat rio sobre a sexualiza o da raparigas feport on the APA Task Force on the sexualization of girls Contudo esta formula o n o se traduziu numa sistematiza o transversal uma vez que se centrou numa perspectiva negativa e negativista da problem tica Na sua defini o de sexualiza o surgem os seguintes quatro itens APA 2007 p 2 tradu o nossa 1 O valor de uma pessoa deriva apenas da sua apar ncia ou comportamento sexual excluindo se outras caracter sticas 2 A pessoa levada a igualar a atractividade fisica com ser sexy 83 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia 3 A pessoa objectificada sexualmente ou seja resume se a um objecto de uso sexual de outrem ao inv s de ser vista enquanto pessoa com capacidade de ac o independente e de tomada de decis o 4 A sexualidade imposta de forma inapropriada a uma terceira pessoa associa o relembra ainda que estas condi es n o tem de estar todas presentes para ser um indicador de sexualiza o Ali s destaca sobretudo as duas ltimas como as mais recorrentes APA 2007 A principal preocupa o ce
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23. Esta constru o discursiva composta por tr s mecanismos discursivos distintos Desvendar o masculino Manual de sobreviv ncia a um amor verdadeiro e Afirmacao do duplo padr o sendo que os dois ltimos s o tamb m eles compostos por diferentes recursos Desvendar o masculino O mecanismo discursivo Desvendar o masculino apresenta se como dando resposta a uma das principais tarefas das raparigas Mais do que construir se a si pr prias centradas no desenvolvimento saud vel e no seu bem estar as raparigas s o chamadas a conhecer bem os rapazes no sentido de melhor se adequar ao rapaz da sua vida A revista apresenta neste sentido um conjunto de t cnicas para conhecer o sexo oposto mantendo sempre latente a expectativa de estabelecimento de uma rela o heterossexual o melhor possivel Desvendar o masculino traduz um conjunto de condi es comportamentais as raparigas dando express o ao estere tipo de que s o atitudes e comportamentos das raparigas que geralmente levam ruptura das rela es Conhecer como agem e pensam os rapazes grupo considerado aqui como homog neo tal como o grupo das raparigas considerado como uma vantagem pois mais facilmente evitaremos ser lhes desagrad veis ou coloc los em situa es de desconforto raz es que poder o motivar a quebra de rela es Por outro lado conhecer alguns dos seus comportamentos permitir s jovens efectuar boas escolhas e assim
24. Gallagher 2006 p 12 Permanecia assim o desafio de se criarem espa os discursivos alternativos que se inscrevessem nas narrativas culturais definindo um novo olhar sobre a realidade social Neste sentido d cadas mais tarde de salientar o contributo de Liesbet van Zoonen para esta disciplina publicando a t tulo de exemplo a obra de refer ncia Feminist Media Studies 1994 que tenta sistematizar elementos essenciais e cr ticos da rela o dos individuos com os media sejam eles produtores de conte dos medi ticos ou audi ncias Portanto perspectiva se como essencial uma an lise cr tica dos media n o s pelo esperado impacto que estes meios podem ter nas suas audi ncias mas tamb m pelo facto de como afirma Fausto Sterling 2001 vivermos num contexto em que a nossa compreens o e significados depende em larga escala da oposi o dual stica dos factos e sistemas de valores Esta vis o essencialista e progressivamente ultrapassada n o se coaduna mais com o feminismo contempor neo onde o conceito de poder se baseia numa perspectiva relacional e inspirada em Foucault e n o meramente enquanto caracter stica de um grupo Oliveira amp Am ncio 2006 N o interessa quem det m o poder mas sim reflectir e desconstruir uma multiplicidade de interac es que subordinam em determinados momentos um grupo ou individuo em fun o de outro Esta constru o de multiplicidades relacionais obviamente influenciada
25. Por todas estas raz es apenas o utilizam quando consideram que as vantagens s o superiores s desvantagens Vieira 2005 entre as quais se encontra a preven o da gravidez adolescente Neste sentido e dado que a escolha das e dos jovens assenta apenas e de forma perigosa neste fim instrumental de impedir a gravidez n o de estranhar que este comportamento diminua consideravelmente medida que aumenta a idade das e dos jovens a estabilidade de rela es parceiros sexuais e o recurso contracep o oral Kvalem amp Traeen 2000 secundarizando a sua protec o face a doen as e infec es sexualmente transmiss veis DST s e IST s No entanto para as os jovens a contracep o oral tamb m n o est isenta de problemas e entraves sua utiliza o De entre a dispon vel a mais utilizada a contracep o oral preventiva que apesar de amplamente divulgada e introduzida na sociedade portuguesa 46 A sexualidade na adolesc ncia n o deixa de ser um recurso envolto em constrangimentos sociais Apesar de ser comum que as raparigas recorram p lula contraceptiva por motivos m dicos como o controlo do ciclo menstrual ou diminui o de sintomatologias associadas socialmente o seu uso geralmente conotado com o controlo da natalidade e acarreta um estigma negativo tendo em conta que um possivel indicador da inicia o sexual da rapariga e de uma atitude promiscua que contraria claramente o script sexual e d
26. a import ncia de se explorar a no o de sujeito que adquiriu maior preponder ncia com o advento das teorias p s modernas que questionavam a exist ncia de um 29 Adolesc ncia agente aut nomo e livre moderno e a sua articula o no seio de estruturas de poder mais amplas Genz amp Brabon 2009 Coube ao feminismo encorajar o p s modernismo a contestar a universalidade do Homem enquanto ferramenta discursiva de domina o e a explorar e a produzir an lises diferenciadas de sujeitos O p s modernismo surgiu ent o nos anos 70 e caracteriza se por uma dist ncia cr tica e ruptura epistemol gica com o modernismo A sua formula o atribu da a Lyotard 1979 que o definia enquanto uma posi o de incredibilidade face s grandes narrativas sociais ou seja que era inevit vel uma revolu o que resultaria numa ben fica mudan a social e a constata o de que os ideais iluministas seriam possibilitados pelo avan o tecnol gico Buchanan 2010 Nesta concep o o conhecimento formulado enquanto algo m ltiplo disperso e fragmentado que se efectiva num contexto e local espec ficos ao contr rio do que era defendido ao n vel das grandes narrativas que regulavam o comportamento dos indiv duos de forma transversal e ahist rica Michel Foucault 1969 2005 partilha destas premissas tendo impulsionado com as suas reflex es o surgimento do feminismo p s moderno Este toma por base a resist ncia ao poder en
27. ainda de destacar que cada uma destas constru es discursivas permeada por v rios mecanismos discursivos A an lise dos resultados permite nos concluir que uma rapariga quando inicia a sua adolesc ncia j deve possuir um repert rio de pap is normas e deveres que dever o ser tomados em conta no seu dia a dia Mais existe ainda uma constante monitoriza o desta adequa o das raparigas as normas sociais sendo que esta dever n o s ser exterior mas tamb m auto referencial Conclu mos ainda que as jovens se encontram constantemente expostas a mensagens contradit rias que lhes apresentam uma aparente emancipa o mediante um conjunto de outras condi es de subjuga o Por fim podemos ainda afirmar que estas publica es possuem uma vis o de rapariga ou de mulher como um individuo que possui um fandicap social que necessita de constante aten o e esfor o pessoal para melhorar se aproximar se do masculino vi How to become a Ragazza Discourses of sexuality in a teenage girls magazine Abstract Quotidian sexualization is in these days more than a reality is a fact to be considered in adolescent development Due to its wide expansion in the most varied social contexts this has been establishing itself as a crucial element on identities construction Concerning young people this sexualization is more evident it media They spend nowadays more of their time with mass media rather than in school or family env
28. ao n vel da sexualidade adolescente e por vis es mais negativas da sexualidade A explora o deste importante recurso educativo e uma articula o pr xima com os demais meios de informa o e forma o em sexualidade revela se em suma fundamental Existem ainda outros recursos mais alargados na sociedade civil Referimo nos a um conjunto de apoios ao n vel dos servi os de sa de nomeadamente nos centros de sa de atrav s dos m dicos de fam lia dos servi os de planeamento familiar e de especialistas em sexualidade e sexologia recursos ainda pouco explorados pelas os adolescentes devido ao estigma associado O car cter vis vel destas ac es inibe comportamentos devido imers o constante numa sociedade reguladora e elevada monitoriza o social de comportamentos e o receio de perda de anonimato Lopes 2004 A t tulo de exemplo de qu o penalizadora pode ser esta constante vig lia referimos a residual procura de jovens raparigas e rapazes dos servi os de sa de nomeadamente de planeamento familiar para aquisi o de informa o e de dispositivos de protec o preservativos e p lula contraceptiva em resultado das diversas limita es mencionadas anteriormente E por fim a um n vel menos formal e face a uma relut ncia das escolas e dos pais em discutir e explorar a tem tica da sexualidade s o os media que mais uma vez surgem dispon veis e que assumem o importante papel de orientar as e os adolescentes no
29. de cruzamento da esfera p blica e privada Como refere Fairclough 1995 p 65 o discurso dos media influencia tamb m o dominio privado das pr ticas discursivas oferecendo modelos de interac o conversacional na vida privada as cited in Torres da Silva 2004 Pretendia se assim atrav s da publica o das cartas de leitora dar voz as aos pr prias os leitoras es para que pudessem participar activamente na constru o da publica o e em ltima inst ncia na sociedade Nos dias de hoje moldadas pelos v rios crit rios de selec o e edi o representam uma reminisc ncia deste desejo As cartas que aqui ser o analisadas pouco se assemelham com esta proposta inicial Representam um formato diferenciado de escrita da revista em que as jovens podem expor as suas inseguran as e medos A escolha editorial de umas cartas em detrimento de outras apesar de n o ser algo expl cito representar o conformismo s condi es sociais vigentes ocultando na sua maioria vozes dissonantes desafiadoras emancipadoras ou simplesmente criticas Jackson 2005b A componente vicariante de modela o comportamental e de normaliza o de atitudes e comportamentos perante as mais variadas situa es e problem ticas n o ser indiferente a uma leitura mais atenta Por exemplo as jovens mulheres do estudo de Currie 2001 afirmavam que as revistas lhes davam coisas que precisavam de saber sobre si pr prias e sobre o seu mundo soc
30. desenvolvimento das suas pr prias cren as e padr es de comportamento sexual Brown 2002 Currie 1999 McRobbie 1991 Apesar de este tema vir a ser alvo de maior explora o importante salientar que os poucos estudos existentes sobre a selec o interpreta o e aplica o de conte dos sexuais nos media sugerem que estes podem afectar a consci ncia as cren as e possivelmente os pr prios comportamentos sexuais uma vez que mant m o tema em discuss o refor am um conjunto de normas sexuais e de relacionamento Brown 2002 No entanto os media n o apresentam apenas no es sobre sexo mas transmitem vis es disfuncionais das rela es humanas N o sendo estas quest es problem ticas para a maioria dos adultos s o preocupantes quando integradas por adolescentes em desenvolvimento sem 64 A sexualidade na adolesc ncia alternativas de compara o Assim marcados pelas contradi es a que est o expostos nos v rios recursos dispon veis e contextos em que vivem as e os adolescentes continuam a construir a s sua s sexualidade s entre ambival ncias que tornam todo o processo bastante mais complexo Como relembra Durham 1998 durante a adolesc ncia que a identidade de g nero e as atitudes sociais est o mais presentes e este per odo marcado e inflacionado pela cultura popular Dentro desta destacam se as revistas que pelos seus ndices de leitura se transformam num recurso significativo na cultura ocide
31. ltimos anos motivo de investimento por se considerar que era algo perigoso ou mesmo patol gico devendo portanto ser prevenido e activamente controlado Welsh Rostosky amp Kawaguchi 2000 Efectivamente como argumenta Tolman 37 A sexualidade na adolesc ncia 2002 temos vindo a assistir a uma progressiva des sexualiza o das raparigas ao substituir o seu desejo sexual por rela es de intimidade e a sua liga o emocional pelos sentimentos sexuais dos seus corpos Dos seus estudos com raparigas adolescentes Sharon Lamb 2001 concluiu que actualmente as raparigas adolescentes iniciam a sua sexualidade mais cedo e reflectem sobre ela com maior vontade No entanto estes comportamentos n o significam maior empoderamento por parte das raparigas uma vez que estas n o se afastam da conceptualiza o da boa menina Ali s estas jovens afirmam mesmo que se pudessem viveriam a sua adolesc ncia de novo e de forma diferente ou seja n o se sentem detentoras de maior poder Este car cter multifacetado acresce sua complexidade pois enquanto fen meno multi determinado torna se dificil concretizar em que propor o contribui para as transforma es pubert rias as expectativas sociais e culturais ou mesmo os padr es de comportamento anteriormente adquiridos Sprinthall amp Collins 2008 As cren as das e dos jovens condicionam a tomada de decis o nomeadamente a pondera o e negocia o face aos seu
32. nimo de script Como tal distingue se do ingl s scenary correspondente ao portugu s cen rio que se aplica com propriedade aos aspectos decorativos do palco Neste contexto julgamos que a tradu o mais apropriada para scenario encena o idem p 38 42 A sexualidade na adolesc ncia essencialmente uma met fora para conceptualizar a produ o de comportamentos no interior da vida social apud Simon amp Gagnon 1986 p 98 tradu o nossa para interpretar o encenacao cultural e dai gerar um curso de accao considerado apropriado para ir de encontro as exig ncias da situa o social Neste sentido o actor altera o script geral para as circunstancias em que se encontra e de acordo com a sua experi ncia dando origem a um novo e nico script interpessoal que reflecte interac es com outros significativos Do mesmo modo o script intrapsiquico emerge atrav s da atribui o de significado as inst ncias anteriores s quais o individuo foi exposto O entendimento que Simon e Gagnon tinham da prescri o social sentida pelas os adolescentes ao longo da sua matura o sexual levou os a concretizar este modelo Como refere Alferes 2002 os modelos essencialistas ou baseados na exist ncia natural de identidades femininas e masculinas dicot micas s o irrelevantes no sentido que tamb m estes s o produto de uma constru o hist rica e socialmente situada Portanto com a teoria dos scripts sexuais pre
33. o de maior afirma o e liberdade de comportamento O excerto 39 retoma as iniciativas de inovar na sexualidade pela explora o da rotina do casal e pela sugest o de comportamentos considerados pouco frequentes numa rela o e que por esse facto poder o melhor la atrav s da novidade da sua escolha Excerto 39 Est s farta da vossa rotina sexual Este Ver o surpreende o teu namorado com massagens alucinantes Basta aliares te s partes mais originais do teu corpo COM UNHAS amp DENTES Sabias que possivel excitares o teu namorado teu com um simples ro ar de pestanas Se queres descobrir as outras partes do teu corpo que podes e deves incorporar na tua vida sexual este Ver o s tens de continuar a ler que o teu corpo esconde segredos t o tentadores que n o resistir s a aplic los nas massagens sexuais mais sedutoras 100 infal vel Junho p 84 85 Outro aspecto a salientar que este tipo de comportamento sexual rotineiro n o parece enquadrar se facilmente no dia a dia das adolescentes que caracterizam o p blico alvo desta publica o pelo que o desfasamento pessoal face ao apresentado poder gerar sentimentos de desadequa o Por fim h ainda que relembrar que muitas vezes esta tipologia de publica es 168 O que significa ser rapariga consumida tamb m por adolescentes mais novas que o publico alvo pelo que se trata aqui de forma o de mentalidade e aumento da sexualiza
34. o psicossocial saud vel Esta mesma centralidade das rela es interpessoais iria posteriormente dar lugar a formula es mais complexas no mbito da psicologia social Tamb m centrada nas quest es sociais encontramos a muito conhecida teoria s cio cognitiva da aprendizagem proposta por Albert Bandura 1977 A sua teoria tinha como pilar fundamental a reciprocidade entre tr s factores que considerava fundamentais o individuo o 14 Adolesc ncia comportamento e o ambiente Para Bandura estes elementos eram fundamentais no estabelecimento das condi es necess rias para a aprendizagem No seu ponto de vista a aprendizagem directa ou vicariante inclui processos atencionais e de reten o que facilitam a reprodu o comportamental Para o autor todos as aprendizagens poderiam resultar de uma experi ncia directa ou da observa o vicariante do comportamento de outrem Adicionalmente no seu ponto de vista as pessoas n o s o nem orientadas por for as internas nem por estimulos ambientais Pelo contr rio o funcionamento psicol gico explic vel por uma continua e reciproca interac o da pessoa com determinantes ambientais Bandura 1977 p 11 tradu o nossa Neste sentido e segundo o autor esta aprendizagem atrav s de experi ncias ligada a situa es circunst ncias e comportamentos atitudes e valores ocorre desde o in cio da vida A pr pria capacidade de aprendizagem pela observa o possibilita
35. s amplamente aceite que o feminismo agora uma face constante dos contextos culturais sendo que o seu mbito de ac o e de constru o de significados encontram se entrosados numa paisagem medi tica globalizada A versatilidade e utilidade conceptual do p sfeminismo leva assim a que seja considerado problem tico ao se revelar uma faceta provocativa e incitadora da cultura da sociedade e da pol tica contempor neas requerendo aten o e escrut nio Genz amp Brabon 2009 As mesmas autoras consideram que a cultura popular e os media devem ser considerados como palco preferencial para a reconceptualiza o p s feminista enquanto pr tica pol tica que vai al m de separatismos colectivos e que se focaliza nas m ltiplas posi es de agenticidade e subjectivas disponiveis aos indiv duos Contudo dentro deste subsistem debates do feminismo da diferen a e da igualdade Como afirma Dourado 1998 o feminismo da diferen a assume o g nero como natural do sexo feminino ou do sexo masculino p 40 defendendo a manuten o e aprofundamento destas diferen as negando a constru o social da identidade feminina e reivindicando um ajustamento entre esta identidade da mulher e a sociedade Dourado 1998 Estas feministas defendem a articula o e a protec o da rela es entre a esfera do privado e do p blico possibilitando o acumular de pap is sociais e g profissional amante m e dona de casa cuidadora De forma
36. um modelo comummente aceite e que globalmente refor ado e que pune quem se aproxima ou atravessa as suas fronteiras sobretudo importante notar que esta vigil ncia n o sempre uma ac o externa mulher pelo contr rio Uma vez que se desconhece quando se est a ser vigiado o indiv duo vai adquirindo um constante sentido de monitoriza o que ser interiorizado O sujeito passa a ser o seu pr prio guardi o Foucault 1975 2003 conceptualiza este dispositivo pan ptico com um importante laborat rio de poder pois automatiza e desindividualiza o poder p 167 que se exerce sobre o individuo Como o pr prio autor destaca o mais importante efeito deste dispositivo induzir no detento um estado consciente e de permanente visibilidade Foucault 19 5 2003 p 166 que permite a sua autonomia relativamente a um guardi o exterior Neste sentido podemos perspectivar que devido ao refor o desde muito cedo de modelos de beleza e atractividade uma rapariga quando chegada adolesc ncia ter j internalizado claramente quais as regras sociais scripts e pap is pelos quais se deve reger pelo que a monitoriza o e compara o de comportamentos se verifica de forma constante entre mulheres e sobre si pr prias 147 O que significa ser rapariga Ambos os discursos mencionados anteriormente s o refor ados e permanecem como elementos naturais e inquestion veis devido a uma triangula o com um outro
37. 154 O que significa ser rapariga de auto estima insatisfa o com o seu corpo e insatisfa o pessoal ao se confrontarem com um modelo de ser mulher a que s o incapazes de corresponder criador de frustra es e ang stias Como j mencion mos estas duas perspectivas despoletar o sentimentos de ansiedade e rivalidade para as jovens que sigam este modelo e queiram de facto atingir a perfei o e aproximar se o mais poss vel da imagem de mulher ideal enquanto as que usam criticamente este modelo consumista poder o sentir se mais afastadas da representa o ideal de mulher e por esse facto sintam insatisfa o relativamente a esta imagem e sobre os estere tipos associados considerando que se encontram exclu das socialmente ao formarem um grupo alternativo ao padr o normalizador Quanto incapacidade de atingir lugares de destaque correspondentes s compet ncias que possuem poder gerar sentimentos de injusti a e de inoper ncia pelo constatar da sua incapacidade de alterar o sistema de reconhecimento em que est o inseridas e que geralmente androcentrado Poder o ainda sentir necessidade de se empenhar mais nas suas tarefas profissionais para verem de facto reconhecido o seu m rito sacrificando muitas vezes a sua vida pessoal e familiar Em suma a constru o discursiva Tornar se sexy permite localizar fronteiras do adequado e desadequado Face a esta diferencia o a sua hierarquiza o inevit vel au
38. Dado o interesse ou afinidade cient fica epistemol gica e mesmo de pr tica pessoal com a An lise Foucaudiana de Discurso explorarei apenas esta tipologia 4 4 An lise Foucaudiana de Discurso A An lise Foucaudiana do Discurso AFD influenciada pelo estruturalismo franc s e p s estruturalismo particularmente pelo trabalho de Michel Foucault e visa a an lise das identidades e rela es de poder com vista mudan a pessoal e social Nogueira 1997 Parker 1997 A An lise Foucaudiana do Discurso p e em causa os princ pios empiricistas positivistas que pressup e resultados cient ficos objectivos verdadeiros e universais interessando se pela forma como determinados discursos promovem alguns comportamentos em detrimento de outros A AFD adopta assim em rela o com a denomina o mais abrangente da An lise de Discurso um postura mais cr tica incluindo na sua an lise uma especial aten o aos mecanismos de poder que circulam nos discursos Ao mesmo tempo esta posi o implica uma tomada de consci ncia pol tica do trabalho Politica no sentido de questionar os mecanismos institu dos e que reificam assimetrias de poder a AFD procura sempre empoderar sujeitos e esbater desigualdades servindo para descortinar os processos sociais que mant m determinadas estruturas de opress o Nogueira 2001c Assim abandona se o neutro e reconhece se a imparcialidade das pr ticas sociais discursivas procurando revel
39. Gonick Marnina 2006 Between Girl Power and Reviving Ophelia Constituting the Neoliberal Girl Subject NWWSA Journal 182 1 23 Dispon vel em http muse jhu edu search results search_id 1726432191 amp action reload 234 Referencias bibliogr ficas Gordon Sol amp Gilgun Jane 1987 Adolescent sexuality In Vincent van Hasselt amp Michel Hersen Handbook of adolescent psychology pp 147 167 New York Pergamon Press Griffin Christine 2004 Good girls bad girls Anglocentrism and diversity in the constitution of contemporary girlhood In Anita Harris A about the girl Culture power and identity pp 29 43 New York and London Routledge Griffin Christine 2000 Absences that Matter Constructions of Sexuality in Studies of Young Women s Friendships Feminism amp Psychology 102 227 45 DOI 10 1177 0959353500010002003 GTES Grupo de Trabalho de Educa o Sexual 2007 Felat rio Final Minist rio da Educa o Gutting Gary 2005 Foucault A very short introduction Oxford Oxford University Press Hall G Stanley 1916 Adolescence vol 1 2 New York World Haraway Donna 1998 Modest Witness Second Millenium FernaleMan Meets OncoMouse Feminism and Technoscience New York Routledge Haraway Donna 1991 Situated Knowledges The Science Question in Feminism and the Privilege of Partial Perspective In Donna Haraway ed Symians Cyborgs and Women the R
40. Um novo olhar sobre as rela es sociais do g nero perspectiva feminista cr tica na psicologia social Tese de Doutorado n o publicada Psicologia Social Instituto de Educa o e Psicologia Universidade do Minho Braga Portugal Nogueira Concei o 2001a An lise de Discurso In Eug nia Fernandes amp Leandro Almeida edts M todos e t cnicas de avalia o contribui o para a pr tica e interven o psicol gicas pp 15 48 Braga UMINHO CEEP Nogueira Concei o 2001b Um novo olhar sobre as rela es sociais de g nero Perspectiva feminista cr tica na psicologia social Lisboa Funda o Calouste Gulbenkian Nogueira Concei o 2001c Construcionismo social discurso e g nero Psicologia XVI 43 65 Dispon vel em http hdl handle net 1822 4039 Novilla M Lelinneth B Barnes Michael D De La Cruz Natalie G Williams Patrick N amp Rogers Janice 2006 Public health perspectives on the family An ecological approach to promoting health in the family and community Family amp Community Health 2 1 28 42 Disponivel em http www ncbi nim nih gov pubmed 16340676 Nunes Maria Teresa 2005 Conhecimento e utiliza o da contracep o de emerg ncia em alunas do ensino secund rio em Guimar es Revista Portuguesa de Clinica Geral 21 247 56 Disponivel em http www apmceg pt files 54 documentos 20070528155613745932 pdf Obercom Observat rio de Comunic
41. a an lise efectuada no estudo apresentado no pr ximo cap tulo sendo estes separada e claramente apresentados para cada constru o discursiva identificada 106 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso directamente relacionados com as quest es de partida da investiga o Assim nesta primeira fase pretende se identificar diferentes tipologias constitutivas de um mesmo objecto discursivo N o objectivo da An lise Foucaudiana do Discurso identificar meramente palavras chave ou sin nimos apresentados esta fase implica identificar refer ncias quer implicitas quer explicitas ao objecto Assim esta metodologia afasta se de modelos mais lingu sticos preocupados com a diversidade vocabular focalizando a sua aten o na partilha de significados que s o atribu dos ao longo do material discursivo 2 Identifica o de Discursos Ap s esta identifica o procede se sinaliza o de discursos presentes no material e compostos pelas constru es discursivas apresentadas Ou seja pretende se identificar caracter sticas distintivas dos v rios discursos em torno de uma constru o discursiva seguindo o pressuposto j enunciado da constru o de objectos atrav s da sua apresenta o discursiva dependente por exemplo do contexto em que enunciado ou interlocutor que enuncia Este contexto sobretudo importante fase seguinte 3 Defini o de Orienta es de Ac o A fase de defini o de orienta e
42. a individualidade deixa de ser uma caracter stica a enaltecer para passar a ser preocupante ao considerar se nica no seu percurso ou problem tica Considerando que a popula o se desenvolve articulando caracter sticas numa representa o normativa curva normal muitas ser o as jovens que n o correspondem norma estabelecida como ideal e por estas considerada obrigat ria As jovens poder o ainda sentir se respons veis ou culpabiliz veis por este afastamento dos padr es constantemente estabelecidos e refor ados Esta discrep ncia quando percepcionada como uma incapacidade poder mesmo potenciar comportamentos de risco que permitam ac es consideradas em maior conformidade com os estere tipos vulgarizados Este envolvimento em comportamentos de risco poder assim resultar de uma concep o fantasiosa do amor rom ntico envolvendo a completa subjuga o a normas relacionais heterossexistas e reguladoras baseadas em princ pios de poder e prazer masculino Podemos concluir que esta constru o discursiva coloca as raparigas numa posi o de stress psicol gico quer seja pela constante tentativa de correspond ncia e conformismo quer pela articula o de mecanismos de resposta a esta press o e resolu o de conflitos resultantes pela contesta o do padr o Em suma esta constru o discursiva remete as raparigas para uma viv ncia pessoal estandardizada e normativa que atrav s destes mecanismos de biopoder Fou
43. a prolifera o de g neros medi ticos como as revistas destinadas a raparigas adolescentes que incorporam no es de normatividade sexual reguladoras da cultura em que as jovens se desenvolvem Durham 1998 Como referem Papalia Olds e Feldman 2001 a sexualidade figura como elemento importante na forma o identit ria das e dos jovens influenciando tanto a sua auto estima como as suas rela es interpessoais Apesar de ser um processo biologicamente conduzido a sua express o culturalmente condicionada e expressa neste sentido que a an lise que nos propomos de an ncios publicit rios cartas de leitora e artigos e reportagens sobre sexualidade numa revista para adolescentes se apresenta como significativa Nomeadamente porque como afirma Devereux 2007 constru mos a rede de significados que atribu mos ao mundo social atrav s da nossa compreens o concep o e elabora o pessoal baseada nos conte dos medi ticos dispon veis Estes frequentemente apresentam nos modelos comportamentais scripts que nos conduzem e d o significado pessoal e pol tico ao contexto social espec fico e localizado onde nos desenvolvemos 113 O que significa ser rapariga Desde os tradicionais jornais e revistas at aos mais recentes meios de comunicacao como a televis o e Internet somos constantemente expostas os a uma socializa o que nos imposta Esta imers o nas normas sociais e culturais acontece desde muito cedo na
44. afasta te imediatamente Nesta carta de leitora a jovem recebe uma resposta reconfortante e que a refor a pelo seu comportamento preventivo o que salutar na revista Esta resposta apresenta ainda um tom neutro n o moralista que possibilita a tomada de decis o da jovem e o delinear de um plano de securiza o para o encontro que deseja ter com o seu namorado virtual Noutro mbito o excerto 56 representa igualmente o depositar de confian a nesta publica o e a import ncia que este formato cartas de leitora tem no estabelecimento de uma rela o com a revista mas tamb m ao mesmo tempo independentemente das respostas um espa o de abertura e comunica o de aspectos que consideram ser dificeis de esclarecer num contacto mais pessoal Neste excerto Manter uma rela o implica conhecer e confiar no companheiro esclarecendo d vidas atrav s da comunica o 187 O que significa ser rapariga Excerto 56 O meu namorado confessou me que bissexual Estou mesmo apaixonada mas n o consigo confiar nele porque tenho medo que volte para o rapaz com quem andou antes O que fa o Sara Vila Nova de Gaia S sincera tens medo que volte para o seu ex ou que afinal goste de rapazes Se tens d vidas deves falar com o teu namorado para que ele te explique qual a sua verdadeira orienta o sexual Quando j estiveres esclarecida e aceitares o facto de ele ser bissexual aborda a quest o do ex Ali
45. amor rom ntico na perspectiva de Giddens representa a formula o de ideais amorosos enraizados em valores morais do cristianismo Giddens 1992 2001 e as novelas romanescas do s culo XIX de ressaltar que esta formula o incutida na forma o pessoal das raparigas desde cedo pela procura do pr ncipe encantado das hist rias de encantar e g Branca de Neve Cinderela Bela Adormecida tem um forte conex o heterossexual Ali s esta conex o com a heterossexualidade algo que limita as ac es que partem deste discurso ao invisibilizar a comunidade homossexual Este amor rom ntico enunciado por Giddens 1992 2001 claramente antag nico com o amor confluente que tamb m apresenta e que tem por base o desejo de intimidade de dois indiv duos sendo assim equacionada a possibilidade de uma rela o n o heterossexual Esta constru o discursiva orienta se sobretudo para o estabelecimento e manuten o de uma rela o de intimidade conceptualizando a enquanto objectivo desenvolvimental e caracteristica central de entrada na idade adulta Neste sentido o desenvolvimento e identidade pessoal passa a estar dependente de um Outro sem o qual n o concebida a sexualidade sobretudo atrav s desta concep o rigida masculinista e faloc ntrica que se omitem propositadamente identidades homossexuais ou bissexuais centralizando a experi ncia da sexualidade como exclusivamente entre um homem e uma mulher ainda poss vel iden
46. and therefore need to run constantly on new informations about sexuality in order to achieve the presupposed male level and to be able to allure Finally we identified also the discoursive constructions Construct a heterosexual relationship which can be seen through agony aunt s letters and articles and reports It focuses on identity issues with feminine identity being considered equal to a wide and profound knowledge on the masculine and about heterosexual intimate relationships Lastly we must highlight that each one of these discoursive constructions are permeated by several discoursive mechanisms The results analysis allows us to conclude that a girl when initiates her adolescence has already a repertoire of roles norms and duties that must be taken into account on a daily basis Plus there is a constant monitoring of this adequacy from girls to social norms and this shall not only be exterior but also self referent We conclude also that young girls find themselves constantly exposed to contradictory messages that are presented to them as apparently emancipator whereas a number of other subjugation conditions Finally we can also state that these publications see girls and women as an individual who has a social handicap that needs constant attention and personal effort in order to improve and approach the masculine viii indice re Im DUO insira OOP cas pe re oO XV ahiidale 8 crc e aaa a a l l Enquadramento Te rico 7 Cap
47. ao aceitarem uma subjuga o dos seus interesses e gostos pessoais ao que o seu parceiro espera que tenham ou que facilitar o o estabelecimento de uma rela o 202 O que significa ser rapariga Em suma tratase de centralizar a experi ncia pessoal das jovens numa sexualidade androc ntrica e heterossexual A este respeito podemos mesmo questionar se a heterossexualidade destas raparigas compuls ria devido matriz comportamental a que s o sujeitas diariamente e aus ncia de comportamentos de refer ncia n o heterossexuais ou se de facto reflecte uma orienta o pessoal Se por contraponto explorarmos pr ticas de maior resist ncia esta constru o discursiva poder despoletar junto das jovens a vontade de confrontar posi es de poder a que est o sujeitas no seu dia a dia nomeadamente o poder masculino sobre as suas vidas Poderia ainda levar a pr ticas mais proactivas e de maior ag ncia sexual reflectindo este desejo de uma viv ncia mais equitativa e saud vel da sexualidade Um ponto de partida para a desconstru o do perfil castrador da sexualidade feminina poder partir de uma explora o ao nivel da inova o sexual e de elementos comunicativos que d em voz s mulheres quanto aos seus desejos e prazeres Estas pr ticas poderiam mesmo representar um esfor o adolescente pela igualdade de direitos partindo sobretudo de din micas de poder mais sim tricas nas rela es de intimidade Outra ac o muito
48. aos standards que figuram como a apar ncia ideal para os seus parceiros Os discursos identificados n o permitem s leitoras desconstruirem formula es sociais para se re construirem de forma mais aut noma pelo contr rio as fun es e pap is poss veis parecem estar j marcadamente selecionados actuando em altern ncia entre si e restringindo posi es mais emancipadoras Assim a jovem adolescente dever permanecer motivada para corrigir as suas imperfei es face ao masculino que natural e biologicamente determinado quanto sua sexualidade quer manipulando a sua apar ncia f sica quer procurando saber mais e novas formas de agradar sexualmente ao seu parceiro Continuamos a assistir a um dom nio de um discurso rom ntico que estabelece como prioridade para as jovens estabelecer uma rela o e a idealiza o da imagem corporal feminina recorrendo a um conjunto alargado de mecanismos de modela o da imagem usando a enquanto ferramenta promotora do estabelecimento desta intimidade isto de rela es que s o marcadamente heterossexuais Ali s toda a organiza o da revista em torno desta tipologia relacional sendo escassa a refer ncia a orienta es sexuais n o normativas Torna se assim relevante sistematizar a aus ncia ao n vel das constru es discursivas de sexualidades n o heterossexuais e refer ncias comunidade LGBT apenas duas refer ncias a aus ncia de conte dos mais emancipat rios
49. auxiliares de decis o comportamental Em consequ ncia s o disseminadas nos mass media imagens estereotipadas do sexo feminino e sexo masculino aludindo se frequentemente a rela es de poder na intimidade pela subjuga o e objectifica o das raparigas adolescentes e das mulheres e pela imposi o de uma heterosexualidade normativa S o frequentes os an ncios publicit rios e colunas que colocam as raparigas como objecto sexual que deve actuar em fun o das prefer ncias e dos desejos do sexo masculino Ortega e Sevilla 2008 verificaram mesmo que as revistas e a televis o s o os meios de comunica o mais importantes para os participantes do seu estudo sendo que 38 destes referia informar se com bastante frequ ncia atrav s das revistas No entanto um estudo de Walsh Childers e colaboradores 2002 conclui que apesar da cobertura de tem ticas de sa de sexual em revistas para adolescentes e para jovens mulheres ter aumentado a maioria da publicidade e conte do editorial permanece focalizado no que as raparigas e mulheres devem fazer para ter e manter o seu homem Brown 2002 Estes dados v o de encontro s conclus es de Jackson 2005b que afirma que as revistas para raparigas adolescentes orientam o seu conte do em fun o de tr s grandes c usters apar ncia f sica rela es heterossexuais e desejo e discursos de auto aperfeicoamento Como poderemos ver de seguida estas revistas apresentam uma vis o muito res
50. como igualmente importantes para o desenvolvimento pessoal caracter sticas de diversidade entre os indiv duos como a ra a etnia g nero condi es de incapacidade f sica estatuto socioecon mico ou varia es nacionais e culturais Nesta perspectiva o desenvolvimento adolescente articulase como o somat rio de v rios desenvolvimentos pessoais distintos pela fus o nica de factores biol gicos psicol gicos e culturais com a sua interac o com o contexto em que est inserido Esta perspectiva distancia se assim da possivel identifica o de leis regras ou padr es universais acentuando em contrapartida a import ncia da integra o e interdisciplinaridade para o conhecimento das quest es desenvolvimentais Em suma o contextualismo desenvolvimental tem como seu principal pressuposto a impossibilidade de identifica o de caracter sticas universalistas e a sua transfer ncia de uma ou mais caracter sticas para outros grupos Desta forma n o possivel a priori prever e generalizar a ocorr ncia de traject rias espec ficas de desenvolvimento Neste sentido a investiga o dever deixar de focalizar se na resolu o de um problemas problem oriented para passar a responder a quest es de diversidade humana diversity focusea Ou seja mais do que nos centrarmos num ponto espec fico de an lise o que pretendemos analisar factores sociais mais amplos que s o condicionados e condicionam o desenvolvimento da sexualida
51. como principal contraceptivo devido sua efic cia comprovada tanto na preven o de gravidez indesejada como de transmiss o de doen as sexualmente transmissiveis 159 O que significa ser rapariga Excerto 20 ESPECIAL SEX CONNECTION ia O grande manual do preservativo Para uns o seu inventor foi um m dico do s c XVII chamado Condom Mas outros asseguram que no antigo Egipto usavam se bolsas de tecido com a mesma finalidade O preservativo sem d vida o rei da contracep o protegete de uma gravidez indesejada e das Doen as Sexualmente Transmiss veis DST s Mas sabias que perde a sua efic cia se n o seguires algumas regras b sicas Aprende a torn lo indestrut vel Novembro p 81 83 Tamb m s o abordados outros m todos contraceptivos tendencialmente menos explorados ao n vel informativo A jovem Raquel excerto 21 questiona a revista se as suas pr ticas s o adequadas e se estas podem afectar o desempenho do m todo contraceptivo Excerto 21 Uso o adesivo contraceptivo mas n o sei se os cremes afectam o seu funcionamento Raquel E mail A zona onde colocares o adesivo barriga costas gl teos ou bra o deve estar sempre seca e limpa Nunca apliques um creme porque o adesivo perder a ader ncia Tem cuidado Funcionamento do corpo Identificado especificamente nas cartas de leitora funcionamento do corpo tenta dar resposta a quest es relacionadas com reac es do corpo e
52. comportamento sexual Vieira 2005 Esta tomada de decis o uma tarefa inerente adolesc ncia pelo que no seu decurso ir o inevitavelmente optar entre ter ou n o rela es sexuais e caso o fa am entre usar ou n o um m todo contraceptivo Kirby Lepore amp Ryan 2005 Neste sentido e no caso das raparigas adoptar um script sexual mais passivo implicar uma posi o menos assertiva e menos incisiva face ao seu bem estar f sico Assim optar o mais frequentemente por ceder n o utiliza o de contraceptivos descurando a sua protec o contra doen as e infec es sexualmente transmiss veis e a pr pria gravidez indesejada Estas decis es s o ainda refor adas pelo sentimento de invulnerabilidade t pico na adolesc ncia Hockaday Jasper Crase Shelley amp Stockdale 2000 Ao se conceber como igual e confundir sexualidade com comportamento sexual limita se as e os adolescentes na sua concep o mais ou menos rom ntica da sexualidade e deles pr prios como seres sexuais Tolman 2002 Esta concep o err nea delimita a concep o social de sexualidade deixando de fora como se se tratasse de algo distinto e n o compat vel as emo es que rapazes e raparigas possuem e que sustentam relacionamentos e comportamentos sexuais Neste sentido concordamos com Ramos Carvalho e Leal 2005 quando afirmam que as diferen as entre os g neros n o u Esta des sexualiza o identificada por Tolman 2002 n o t
53. consequ ncias desta gravidez verificam se sobretudo ao n vel individual familiar e mesmo comunit rio abrangendo os dom nios como a sa de e o socioecon mico Segundo a Organiza o Mundial de Sa de WHO 2007 a imaturidade psicol gica e fisiol gica que mais condiciona as jovens gr vidas interferindo ao nivel dos cuidados de sa de durante a gesta o e do parto Frequentemente as jovens apresentam anemia hipertens o arterial devido gesta o infec es resultando em trabalhos de parto prolongados beb s prematuros e com baixo peso nascen a que aumenta a mortalidade materno infantil Ao n vel socioecon mico existe elevada taxa de abandono ou baixa realiza o escolar pobreza limitadas oportunidades de emprego depend ncia de rendimentos sociais e priva o social WHO 2007 Concluindo dadas as inevit veis altera es a que as adolescentes ser o expostas importante destacar a import ncia de uma cuidada reflex o sobre as implica es desta ac o apesar de nem sempre ser algo indesejado e n o planeado Partindo destes factos a gravidez na adolesc ncia muitas vezes exclusivamente considerada um problema social Esta vis o leva as raparigas a possu rem cren as e atitudes e a reproduzirem comportamentos constrangidos por uma moralidade e normatividade social ao mesmo tempo que dever o abster se de comportamentos sexuais ser passivas e rom nticas de referir que a par do aumento do n me
54. contr ria o feminismo da igualdade assume que o g nero resulta de uma constru o social masculina influenciada por institui es como o patriarcado As diferen as entre sexos n o radicam na biologia ou nos indiv duos mas nas rela es sociais construidas 75 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia desde a inf ncia e diariamente assimetricamente refor adas Procuram sobretudo alcan ar a igualdade formal entre homens e mulheres Mais do que posicionarmo nos neste debate consideramos importante refor ar a exist ncia de feminismos e mulheres plurais marcadas por caracter sticas individuais e nicas que se congregam num posicionamento social desigual e subjugado face aos tamb m plurais e diversos homens e masculinidades Neste sentido adoptar uma perspectiva feminista de an lise mais do que observar o comportamento de homens e mulheres face aos seus pap is de g nero e as implica es destes no quotidiano Implica tomar consci ncia de um sistema externo de for as hostis que s o respons veis pelo tratamento injusto das mulheres e que reifica o sistema de dicotomia em fun o dos pap is de g nero Dourado 1998 Como relembra Gallagher 2006 a unifica o do grupo de quem se fala e por quem se fala est no centro da cr tica feminista aos conte dos medi ticos nomeadamente pela sua tradu o na constru o assim trica das representa es Portanto a opress o nomeadamente pela objectiva
55. conversa e desabafo de troca de ideias e experi ncias pelos muitos ensinamentos pelo activismo e for a de propuls o que move a todas os pelas muitas horas em que a senti do outro lado da mesa de trabalho numa liga o muito para al m dos limites do digital Convosco amigas este doutoramento n o foi um caminho solit rio Pela companhia muito obrigado N o podia deixar ainda de retribuir o carinho da minha fam lia Que sempre me apoiou apesar de nem sempre compreender o que se passava na ilha de muitas folhas livros canetas e l pis que construi como ref gio di rio e onde apenas cabiam eu e o meu fiel computador Pela disponibilidade compreens o ternura e carinho com que de igual forma acolheram momentos de xtase e de ang stia sobretudo a m e e o pai Pelos lanches e boa noites que foram pontes e regressos Pelo olhar atento obrigada Uma palavra tamb m para um agradecimento institucional Funda o para a Ci ncia e Tecnologia pelo apoio na concretiza o deste trabalho dando me estabilidade e disponibilidade ao me atribuir uma bolsa de doutoramento SFRH BD 43260 2008 Escola de Psicologia da Universidade do Minho por acreditar neste projecto e pelo acolhimento e finalmente RBA Portugal editora com os direitos de publica o da revista Aagazza pela disponibiliza o pronta e gratuita dos exemplares analisados Por fim pelo interesse pelo tema e por me ajudar a tornar p blicos estes r
56. critical analysis for social and individual psychology London Routledge Pereira Ana Isabel Canavarro Maria Cristina Cardoso Margarida amp Mendonca Denisa 2005 Relational factors of vulnerability and protection for adolescent pregnancy a cross sectional comparative study of portuguese pregnant and nonpregnant adolescents of low socioeconomic status Adolescence 40159 655 671 Dispon vel em https woc uc pt foce getFile do tipo 6 amp id 1506 Peter Jochen amp Valkenburg Patti M 2007 Adolescents exposure to a sexualized media environment and their notions of women as sex objects Sex roles 56 381 395 DOI 10 1007 s11199 006 9176 y Piaget Jean 1929 The child s conception of the world New York Harcourt Brace Pierce Kate 1993 Socialization of teenage girls through teen magazine fiction The making of a new women or an old lady Sex roles 2X1 2 59 68 DOI 10 1007 BF00289996 244 Referencias bibliogr ficas Pierce Kate 1990 A Feminist Theoretical Perspective on the Socialization of Teenage Girls through Seventeen Magazine Sex Roles 239 10 491 500 DOI 10 1007 BF00289764 Pike Alison 2006 Family Relationships in Middle Childhood London National Children s Bureau Pinto Manuel Pereira Sara Pereira Luis amp Ferreira Tiago Dias 2011 Educa o para os Media em Portugal ERC Entidade Reguladora para a Comunica o Social Pinto Manuel 2003
57. curiosidade uma vez que n o o alvo desta tese de referir que nas revistas para jovens mulheres n o se realiza apenas uma evolu o ao n vel da idade das leitoras mas ao n vel dos conte dos apresentados Estes conte dos n o se distanciam muito das anteriormente apresentadas para as revistas juvenis excep o da introdu o de assuntos profissionais ou de carreira Apresentam sim uma linguagem mais elaborada e s o menos trivializados ainda de real ar que apesar destas revistas serem feitas por mulheres para mulheres e sobre mulheres estas est o imersas numa cultura sexista e focalizam todos os seus conte dos em fun o do estere tipo feminino Assim as mulheres dever o ser por exemplo bonitas magras af veis carinhosas maternais e conciliadoras Destinadas exclusivamente a mulheres brancas heterossexuais de classe m dia ou m dia alta n o deficientes n o reflectem a diversidade inerente categoria mulher excep o feita a algumas figuras publicas afro descendentes Contudo os conte dos apresentados referem se sempre a figuras de sucesso e que deste modo se destacam da maioria dos seus pares de concluir que grande parte dos conte dos exclui nitidamente grande parte da popula o feminina portuguesa Em suma apresentando se como multifacetadas estas revistas eminentemente destinadas s jovens adolescentes constroem de uma forma aparentemente ing nua uma forma tradicional de ser mulher em
58. de Mulher Constru es sociais e representa es visuais no feminino Porto Campo das Letras Mota Ribeiro Silvana 2002 Corpos er ticos imagens da mulher na publicidade da imprensa feminina portuguesa Cadernos do Noroeste N mero tem tico Olhares sobre mulheres 171 2 145 164 Muehlenhard Charlene L amp McCoy Marcia L 1991 Double standard double bind Psychology of women quarterly 15 447 461 DOI 10 1111 j 1471 6402 1991 tb00420 x Muuss Rolf 1996 Theories of adolescent 6 ed New York The McGraw Hill Neves Helena 2007 O corpo das mulheres na hist ria corpo desapropriado In L gia Amancio org O longo caminho das mulheres Feminismos 80 anos depois Lisboa Dom Quixote Neves Sofia amp Nogueira Concei o 2004 Metodologias Feministas na Psicologia Social Cr tica a ci ncia ao servi o da mudan a social ExAeguo 11 122 138 Disponivel em http www apem estudos org page id 72 Nogueira Concei o amp Fidalgo Lurdes 1995 An lise do discurso a tarefa e o poder das palavras Avalia o Psicol gica Formas e Contextos 3 181 188 Dispon vel em http hdl handle net 1822 4145 242 Referencias bibliogr ficas Nogueira Concei o Saavedra Lu sa amp Neves A Sofia 2006 Critical Feminist Psychology in Portugal Will it be possible Annual Review of Critical Psychology 5 http hdl handle net 1822 5899 Nogueira Concei o 1997
59. de forma o pessoal a explora o de valores e cren as pessoais sendo que estes tomam especial import ncia quando se focalizam sobre a sexualidade e rela es interpessoais na adolesc ncia Ser rapariga e feminina implica portanto um processo de identifica o com um conjunto de caracteristicas designadas desde o nascimento atrav s de padr es simb licos como as cores das roupas que demarcam continuamente a diferen a dos sexos atrav s de signos culturais Como lembra Bordo 1988 Ser feminina ser mulher requer tamb m a percep o das rela es frequentemente contradit rias entre imagem e pr tica entre ret rica e realidade as representa es populares podem utilizar convincentemente a ret rica e o simbolismo falando em alcan ar poderes e liberdade pessoal em ter tudo Entretanto os corpos femininos em busca desses ideais podem se encontrar t o desalentados e fisicamente enfermos quanto os corpos femininos do s culo XIX que perseguiam um ideal feminino de depend ncia domesticidade e delicadeza O reconhecimento e a an lise dessas contradi es e de todas as outras coniv ncias deturpa es e engodos atrav s dos quais a cultura imp e a colabora o de nossos corpos para a reprodu o do g nero exigem que voltemos o foco para a praxis feminina recolocando a no lugar central que ocupou anteriormente na politica feminista p 37 tradu o nossa Ou seja ser mulher ultrapassa a exist
60. de informa o e forma o de consci ncia cr tica revelam se medidas importantes no panorama social actual no sentido de desconstruir a influ ncia constante a que somos expostos nos mass media Ambos os mecanismos s o essenciais para regulamentar a transmiss o de informa o e elevar a qualidade dos media dispon veis Medidas estas fundamentais se considerarmos que estes s o elementos com grande influ ncia nas constru es pessoais que implementamos ao longo do nosso desenvolvimento pessoal e humano A grande maioria do tempo das os nossas os jovens passada em tr s contextos fundamentais a fam lia a escola e os mass media sendo que estes ltimos reproduzem ideologias dominantes de forma t o oculta que as julgamos naturais e inevit veis Devereux 2007 Ao aceitar estas condi es estamos a permitir e refor ar a domina o de que se alvo Portanto poderemos activa e efectivamente contribuir para o desenvolvimento equilibrado e ponderado que potencie as e os jovens no seu m ximo independentemente da formula o identit ria e pessoal escolhida Em suma face esperada continuidade das condi es apresentadas urge conhecer as condi es discursivas que continuam a reiterar e refor ar as desigualdades de poder no sentido de as desconstruir e potenciar Para promover mudan a devemos em primeiro lugar desconstruir e abandonar o conceito de poder como elemento que o indiv duo ou grupo possui para o incorporar enquanto
61. desejo e discursos de auto aperfeicoamento Esta regula o n o din mica de poder vem evidenciar o papel que estas constru es discursivas possuem nas vidas das adolescentes ao equivalerem o desenvolvimento pessoal a uma sexualidade centrada no corpo na atractividade na beleza na rela o de submiss o ao masculino extrapolando posteriormente para a pr pria identidade das jovens Que discursos e pr ticas discursivas est o subjacentes a essa s vers o es De facto a express o sexualidade feminina pode parecer um paradoxo uma vez que o discurso da feminilidade que amplamente explorado e que condiciona pr ticas e normas sociais real a a posi o passiva das raparigas e mulheres face sua sexualidade A sexualidade assim eminentemente masculina base de modelo dominante e evento biologicamente incontrol vel Estas caracteristicas v m mais uma vez refor ar o car cter androc ntrico dos conte dos das rela es e do desenvolvimento das raparigas Segundo esta vis o os rapazes s o biologicamente preparados enquanto as raparigas tem necessidade de aprender conte dos de sexualidade Contudo sobre elas que recai a responsabilidade de monitorizar a sexualidade no sentido de uma viv ncia saud vel nomeadamente adoptando comportamentos preventivos face a DST s IST s e VIH SIDA O foco de constru o social da sexualidade adolescente tem como refere Foucault 19 6 1994 sido o da perigosidade e pecado Esta c
62. destacam a import ncia de uma epistemologia de localiza o e de contextualiza o da produ o de conhecimento Os autores refletem sob a proposta de Donna Haraway 1991 de conhecimentos situados que consiste numa incorpora o dos saberes partindo da op o pela responsabilidade na produ o dos saberes e pela sua localiza o s cio hist rica Oliveira amp Am ncio 2006 p 601 Neste sentido consideramos que crit rios epistemol gicos mais cr ticos de constru o da realidade social com objectivo de aceder a um conhecimento intersubjectivo requer um olhar mais descritivo compreensivo e pr ximo das e dos intervenientes Assim assumimos que a nossa postura informada pela perspectiva feminista cr tica defendida por Nogueira Saavedra e Neves 2006 pautada por um olhar contextualizado que se afasta de generaliza es abusivas homogeneizadoras e monot ticas que constituem a perpetua o de assimetrias sociais informada pela teoria cr tica construccionismo social e an lise de discurso A teoria critica que veio introduzir na ci ncia uma perspectiva mais pr xima dos eventos sociais apresenta se como uma vis o hist rica subjectiva e social das interac es As os te ricas os cr ticos recusam sobretudo a ideia que poss vel formular se conceitos independentes ou seja ausentes de subjectividade Na sua globalidade a teoria cr tica procura sistematizar rela es cruzamentos e interfaces
63. discurso que regula esta constru o discursiva o discurso econ mico Este discurso permite a manuten o de uma ideologia de necessidade de ser inacabado que refor a o consumo de marcas produtos e comportamentos publicitados no sentido de auxiliar no perpetrar esse objectivo ltimo de perfei o e completamento Este discurso econ mico refor a ainda o consumo recorrendo a produtos medi ticos que completam este ciclo tautol gico 5 4 1 3 Defini o de Orienta es de Ac o No seguimento das anteriores reflex es podemos agora identificar as orienta es de ac o inerentes a esta constru o discursiva Tornar se sexy nomeadamente referindo nos aos contextos que permitiram o seu despoletar as implica es que desta adv m e que fun es estas desempenham Em primeiro lugar de destacar a import ncia de marcadas desenvolvimentos ao n vel da imagem corporal socialmente valorizada Ao longo das ltimas d cadas tem se verificado altera es valorizando se agora a magreza com medidas rigorosas mimetizando o corpo adolescente de uma rapariga face ao padr o anteriormente valorizado de corpo com medidas mais r gidas associadas a curvas voluptuosas exploradas para despertar o interesse masculino que por sua vez substituiu o interesse dado ao corpo robusto associado reprodu o Como refere Cunha 2008 medida que o peso m dio das mulheres com menos de 30 anos aumentou os seus ideais de beleza diminuiam incitan
64. e empoderadores potenciados por leituras criticas diversas que retratasse a diversidade de constru es pessoais existentes nas raparigas adolescentes e n o se centrasse nas jovens magras brancas heterossexuais e ocidentais Outro aspecto relevante o facto de muitos dos aspectos focados na revista surgirem como elementos de interesse para as raparigas o que antev n o s a padroniza o de interesses e comportamentos mas tamb m uma progressiva internaliza o do male gaze uma internaliza o da vigil ncia da sexualidade e do corpo que legitima hierarquias de poder Do mesmo modo esta internaliza o permite o refor o da idealiza o de rela es que s o uma das mais importantes profecias auto confirmadas se ffu filling prophecies que refor am e legitimam de forma tautol gica as atitudes e comportamentos normalizados adoptados O 220 Conclus o facto de se passar a ideia de que todas as jovens se regem por este padr o de comportamentos aumenta n o s o desejo das de maior conformidade com as mensagens veiculadas mas tamb m um falso sentido de seguran a Esta conjuga o leva sobretudo a uma aus ncia de oportunidades para um claro empoderamento das jovens Torna se premente enfatizar que a sexualidade j n o pertence ao dom nio privado mas ocus de domina o masculina e de subordina o das mulheres qual se pode sucumbir ou resistir Richardson 1993 Trata se de uma aposta que dever ser c
65. em que a psicologia se torna pr xima dos seus individuos dos seus contextos de vida das suas viv ncias Rever mbitos de estudo t o diversos confesso foi no in cio como explorar mundos equidistantes no entanto localizados num mundo social e valorizando a individualidade dos seus sujeitos era esse o meu olhar l deixavam para tr s pontas soltas que os uniam entre si e formavam o que aqui vim a relatar Um desafio que me abriu ainda mais o apetite para novos desafios novas explora es novos dominios Desafio que me confirmou ainda mais no desejo de trabalhar no campo te rico e pr tico quest es que considero essenciais e que se resumem ao vasto campo da diversidade da cidadania e direitos humanos Metodologicamente tamb m estes quatro anos foram frutiferos em aprendizagens ensaios tentativas reflex es e reformula es Contributos XV para melhorar profissionalmente e concretizar a interac o pacifica das diversas lentes para se olhar e construir o mundo neste contexto que declaro a minha primeira grande conclus o pessoal ningu m uma ilha e a sua viv ncia social n o pode ser vista sen o por v rios e diferentes olhares e perspectivas abrangentes o suficiente para captar a individualidade e singularidade da constru o pessoal de cada um Isto aprendi uma perspectiva interseccional Ora mas n o se pode querer abarcar tudo num s projecto ou corremos o risco de nos afundarmos nele e n o mais t
66. esta aproxima o do 30 Adolesc ncia movimento a academia e a produ o de conhecimento tendo por base o desenvolvimento as viv ncias e experi ncias das mulheres Neste sentido a introdu o dos estudos sobre as raparigas Gir s studies veio permitir uma maior const ncia na caracteriza o e an lise da adolesc ncia feminina nomeadamente pela sua forte componente e hist ria transnacional e transdisciplinar A sua integra o resultou como afirma Harris 2004 de uma aus ncia de reflex o quanto ao g nero dos individuos em estudos efectuados sobre jovens youth s studies e quanto posi o de indiv duos mais jovens por parte dos estudos sobre mulheres women s studies Esta rea pretende ent o sistematizar e descrever um conjunto de fen menos inerentes ao crescimento das raparigas nomeadamente a rela o entre a cultura popular e as identidades genderizadas o papel das institui es sociais como a escola e os media na formula o das feminilidades e as vozes e posicionamentos a que as mulheres recorrem para se exprimirem Harris 2004 Neste mbito podemos destacar Allen 2003 que realizou a sua investiga o junto de jovens entre os 17 e os 19 anos de idade na tentativa de compreender a forma como estas estes se percebiam e construiam enquanto seres sexuais em rela o aos discursos dominantes de hetero sexualidade Concluiu que as os jovens de facto recorrem com frequ ncia a estes discursos domina
67. estere tipos discriminat rios e preconceitos face a esta popula o ao marginaliz los num grupo homog neo de Outros que n o correspondem ao que considerado apropriado mainstream Em segundo lugar importante referir que ao se focalizar exclusivamente em jovens que ainda n o iniciaram a sua actividade sexual estes programas excluem e negligenciam os restantes jovens j iniciados deixando os deslocalizados face sua actividade sexual Esta neglig ncia rev se sobretudo pelo ignorar de necessidades espec ficas tanto ao n vel dos cuidados de sa de como ao n vel da informa o sobre contracep o ou acesso a servi os de sa de reprodutiva Claramente um programa de abstinence only education n o contempla estes t picos e n o d resposta s necessidades de informa o completa e exacta destes jovens McClelland amp Fine 2008 Santelli et a 2006 Tumbull Wersch amp van Schaik 2008 Este modelos de educa o sexual contrastam com os mais liberais implementados no sul da Europa e g Portugal e Espanha onde os conte dos de educa o sexual se encontram integrados de acordo com a legisla o no curriculo escolar seja na forma de programas aut nomos ou enquanto conte dos transdisciplinares No entanto a tradi o de modelos mais conservadores da sexualidade tem permeado formula es iniciais neste mbito chegando ainda aos dias de hoje atrav s de desconforto com a tem tica preconceitos e mitos que n o perm
68. excerto 31 apresenta nos um artigo que promete resolver poss veis incompatibilidades relacionais O objectivo deste artigo como o pr prio indica estabelecer uma liga o com o teu namorado prova de qualquer incompatibilidade ou obst culo explorando a a sintonia sexual um dos pilares Este excerto tal como o anterior explora o prazer sexual enquanto elemento alcan vel por qualquer rapariga e n o enquanto algo exclusivo ao sexo masculino Excerto 31 Ele mais alto do que tu s o ambos inexperientes tu est s down Diz adeus a todas as barreiras sexuais e descobre como podem os dois desfrutar de corpo e alma Viagem at ao s timo c u Porque nuns dias est s alegre e noutros triste porque os rapazes n o t m todos as mesmas medidas Enfim nem sempre desfrutaste ao m ximo do sexo e nunca percebeste porqu At agora mas isso vai mudar A sintonia sexual um dos pilares para a vossa rela o resultar Por isso prepara te para estabelecer uma liga o com o teu namorado prova de qualquer incompatibilidade ou obst culo Novembro p 84 85 164 O que significa ser rapariga Para al m da sintonia sexual do excerto anterior a linha editorial da revista considera ainda importante para uma rela o a comunica o interpessoal O excerto 32 exemplifica esta import ncia Na vis o da revista uma melhoria na comunica o permitir a explora o dos desejos pessoais de ambos e uma mel
69. for a unidireccional De facto os receptores destas mensagens a audi ncia possuem um papel importante na sua recep o consumo interpreta o e mesmo resist ncia Devereux 2007 Na maior parte dos casos a ideologia dominante reificada atrav s da legitima o de assimetrias de poder entre os diversos intervenientes sociais ao serem apresentadas como naturais inevit veis e portanto inquestion veis Refor a se assim a 67 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia import ncia de se procurar compreender como se articulam estes discursos de forma a desconstruir a sua orienta o ideol gica Devereux 2007 A posi o que aqui se apresenta ser portanto uma critica aos mecanismos existentes dado que consideramos necess rio distanciarmo nos da posi o patriarcal vigente nas estruturas e institui es sociais mas tamb m da constru o de feminilidade enquanto resultado de um male gaze que oferece s mulheres uma posi o pr determinada face s suas experi ncias pessoais Thornham 2007 Como refere Vilar 2003 os mass media caracterizam as sociedades modernas sendo componentes e produtores de realidade Neste sentido fundamental partir de uma perspectiva pluralista que nos permita manter consciente a import ncia da nossa ag ncia enquanto sujeitos que podem apropriar se da sua realidade social globalizada Tendo por base estas refer ncias este cap tulo tem como principal objectivo s
70. frustrante do que esta exig ncia constante de adapta o inating vel conjugada pela anula o da individualidade da mulher N o h neste discurso espa o para emancipa o ou empoderamento apenas uma necessidade de contesta o e desconstru o 5 4 1 4 Defini o de Posicionamentos Tornar se sexy como temos vindo a verificar uma constru o discursiva que tem por base conceitos como imagem corporal beleza e atractividade localizando um mecanismo de produ o pessoal das jovens enquanto objecto de interesse masculino Neste sentido que posi es subjectivas lhes est o dispon veis e quais as que est o vedadas Em primeiro lugar consideramos necess rio clarificar as repercuss es que esta constru o discursiva pode suscitar Desde logo podemos identificar a valoriza o das rela es heterossexuais como um mecanismo de controlo e refor o de dominio androc ntrico Em consequ ncia da mulher ter abandonado uma posi o de elemento exclusivamente reprodutor aumentou a necessidade percebida pela pr pria e socialmente construida de estas se adaptarem e produzirem de forma a atrairem e serem escolhidas pelo parceiro Os crit rios agora amplamente valorizados passam por modelar a sua imagem corporal e beleza pessoal nem que isso implique maior sacrif cio pessoal e g dist rbios alimentares cirurgias Trata se de um trabalho sempre inacabado e por isso duplamente frustrante n o s se trata de um ideal logo in
71. hist ria do movimento de mulheres e feminista possibilita o ajustamento de princ pios ao interesse corporativista de monop lios comerciais Como se articulam esta s vers o es Para estas vers es contribuem como pudemos verificar os v rios conte dos da revista sendo que os an ncios publicit rios sobretudo pelo seu car cter visual se apresentam como elementos penalizadores ao n vel da imagem e representa o feminina favorecendo o consumo em detrimento de representa es mais activas saud veis e menos objectificadas das jovens A este n vel ser importante reflectir sobre a representa o associada mulher p s feminista a qual apresentada como idealmente branca classe m dia e heterossexual Ora esta descri o permite depreender que a grande maioria das leitoras e das mulheres do mundo 211 O que significa ser rapariga s o partida exclu das O mesmo acontece com a representa o feminina nesta revista que trata as jovens como um grupo sempre homog neo e amorfo com iguais reac es atitudes valores e comportamentos Ao mesmo tempo ao n o representar a diversidade existente exclui a maioria das jovens que absorve as constru es discursivas mas que se percepciona negativamente por n o corresponder ao ideal veiculado Interpreta esta incapacidade como pessoal e n o como uma dificuldade comum a v rias outras raparigas Este aspecto muito importante pois poder potenciar como j refle
72. j apareceu por isso n o estou gr vida Mas tenho medo de ter apanhado uma DST Help me Nat lia E mail A primeira coisa que deves fazer ir ao ginecologista o mais urgentemente poss vel Dirige te ao centro de planeamento familiar da tua zona e marca j uma consulta O mesmo desconhecimento pode ser constatado pelas quest es de Ana excerto 16 e Laura excerto 17 157 O que significa ser rapariga Excerto 16 Onde podem dizerme se tenho uma Doen a Sexualmente Transmissivel Obrigada Ana E mail Deves ir ao ginecologista para que fazeres uma citologia um exame em que retiram uma amostra de c lulas da vagina H gabinetes de planeamento familiar no teu centro de sa de No caso da Laura excerto 17 apesar de se focalizar na mesma preocupa o com as DST importante ressaltar que a jovem procura estes servi os devido ao seu parceiro O facto de haver comunica o entre casais sobretudo os mais jovens muito importante pois poder permitir uma viv ncia mais saud vel da sua sexualidade Excerto 17 Comecei a namorar com um rapaz que confessou me j ter tido rela es sem usar preservativo Obviamente pedi lhe que fizesse an lises mas n o sei onde podemos ir Laura Cascais A tua atitude foi a mais correcta pois quando algu m tem um comportamento de risco nomeadamente ter rela es sem usar preservativo o melhor ir fazer an lises para saber se contraiu uma Doen a Sexua
73. jovens contribuindo para maior conhecimento da interac o que estes fazem com os media que consomem ao mesmo tempo que se estimula uma vis o mais saud vel e menos estigmatizada da sexualidade sobretudo na adolesc ncia educando para uma sexualidade positiva diversa e informada por valores como respeito m tuo e responsabilidade Para isso importante ter em conta que as rela es de g nero nos dias de hoje s o muito contradit rias para as raparigas ao mesmo tempo que lhes possibilitada a adop o de um discurso git power de ac o e escolha pessoal os seus corpos s o vistos enquanto objectos sexuais vigiados de forma hostil Gill 2007 No fundo o que se pretende referir que o paradigma se alterou de uma domina o masculina para uma domina o da popula o em 221 Conclusao geral em que as pr prias mulheres ocupam o lugar central na sua pr pria monitoriza o e na das suas pares Assim poss vel destacar uma mudan a para subjectividades neoliberais em que a objectifica o sexual representada n o apenas como algo perpetrado pelos homens sob as mulheres mas como resultado de um desejo activo e assertivo do sujeito mulher Gill 2007 Dai a import ncia da manuten o de um olhar feminista sobre as quest es da sexualidade ao manter um ponto de vista cr tico face s suposi es tomadas como certas sobre a sexualidade reconhecendo que um grande n mero de pr ticas coercitivas s o consi
74. lugar poss vel verificar que esta constru o discursiva radica numa vis o essencialista da sexualidade associando o masculino a uma perspectiva de determinismo biol gico enquanto que o feminino se associa socializa o de g nero Esta vis o associa geralmente sexualidade masculina uma maior permissividade casualidade e rotatividade de parceiras considerando quase consensual que os homens s o ref ns das suas hormonas que propulsionam comportamentos sendo a sexualidade a express o de um instinto ou puls o para o acto sexual Esta no o e comportamentos est o vedados s jovens que ter o de aprender e continuamente melhorar a sua sexualidade uma vez que se apresentam como elementos sexualmente incompletos mais inexperientes e menos conhecedoras que precisam do auxilio do sexo masculino na sua constru o e para se realizarem sexualmente Como referem Welsh Rostosky e Kawagushi 2000 em resultado da centra o do estudo da sexualidade no feminino as investiga es t m refor ado o pressuposto do senso comum de que a sexualidade masculina incontrol vel e determinada pela biologia Neste sentido para que de facto se realize um controlo sob a sexualidade adolescente a t nica colocada na socializa o e no controlo das adolescentes designadamente de as responsabilizar pelo comportamento sexual Contudo esta vis o da sexualidade tem as suas falhas Esta veio a ser contestada posteriormente ao se afirma
75. m efectua no sentido de uma conflu ncia normalizadora das raparigas O mpeto para a formula o enquanto sujeito consumista que continuamente se preocupa monitoriza e compara com as suas pares Destacam se ent o posi es de maior ansiedade e rivalidade ou por contraponto de insatisfa o e exclus o social Est o assim vedadas possibilidades de sucesso a adolescentes e mulheres que se distanciem do ideal de mulher jovem branca magra ocidental heterossexual classe m dia alta n o portadora de defici ncia Decorrente desta posi o refor am se tectos de vidro na integra o da mulher na sociedade e vedando lhe o acesso a cargos de maior relev ncia social Este mecanismo actua por um lado pelo valoriza o e investimento na imagem em detrimento de conhecimentos e pela generaliza o estereotipada de maior capacidade masculina na tomada de decis o e resolu o de problemas O sucesso feminino ainda amplamente associado a posi es de realiza o familiar e cargos interm dio que permitam a concilia o destes dois dominios 5 4 1 5 Defini o de Pr ticas Identificadas as posi es dispon veis s raparigas nesta constru o discursiva importante reflectir sobre potenciais ac es e pr ticas que lhes est o dispon veis Partindo de uma posi o mais negativa da formula o da adolescente encontram se dispon veis pr ticas de modela o corporal mecanismos de submiss o e subjuga o norma socia
76. medos que nunca te passariam pela cabe a Mas gra as nossa ajuda tudo isso tem os dias contados A tua miss o simples primeiro deves identific los e depois elimin los Estamos a falar dos medos claro Outubro p 80 81 180 O que significa ser rapariga Contudo de referir que a revista oscila entre esta tentativa de fornecer s raparigas uma perspectiva mais empoderadora baseada sobretudo nas vis es do p s feminismo e de Girl Power em que as jovens ser o por exemplo capazes de exterminar os medos masculinos excerto 43 ou em que os rapazes deveriam funcionar como sem foros excerto 44 ainda que muitas das vezes esse objectivo seja tra do como veremos no mecanismo discursivo que se segue em que o fundamental n o s o as jovens mas a rela o heterossexual O excerto 44 apresenta algumas sugest es para perceber se um encontro se traduzir numa rela o ou por contraponto deve ser o ltimo O excerto que apresentamos aprofunda a import ncia para uma rapariga conhecer bem os rapazes com que se relacionar ao mesmo tempo que exemplifica uma tentativa de restituir poder s raparigas no estabelecimento de rela es de intimidade Contudo n o nos podemos esquecer que se trata sobretudo de perseguir a principal miss o das raparigas encontrar o seu rapaz ideal o seu pr ncipe Excerto 44 6 CHAVES PARA SABER SE O PRIMEIRO ENCONTRO DEVE SER O LTIMO OL E ADEUS Os rapazes de
77. nos sujeitos que normalmente s o ocultados Pois se na generalidade dos estudos sobre adolescentes e jovens as raparigas e mulheres permanecem relativamente invis veis existem algumas raparigas e jovens mulheres que s o mais invis veis porque n o s o brancas ou porque n o moram em contextos do chamado primeiro mundo No entanto esta necessidade n o est contemplada na generalidade de representa es contempor neas da adolesc ncia das raparigas mantendo se assim a marginaliza o ou invisibiliza o destes grupos sociais e formula es enquanto raparigas Afigura se assim que a vis o contempor nea de se ser rapariga um projecto impossivel envolto em contradi es em permanente insatisfa o desejo e representa es idealizadas de si pr prias mas ao mesmo tempo invis vel Harris 2004 bell hooks o pseud nimo de Gloria Jean Watkins 1952 Por op o da autora o grafismo do seu pseud nimo exclusivamente efectuado em letras min sculas pretendendo ir contra as conven es da lingu stica enfatizando a sua condi o de dupla subjuga o enquanto mulher e negra 34 Adolesc ncia O nosso objectivo neste sentido chamar aten o para a viv ncia das raparigas adolescentes enquanto grupo heterog neo de indiv duos sujeito a uma homogeneiza o cultural penalizante reificada pela sociedade patriarcal 35 Capitulo 2 A sexualidade na adolesc ncia Apesar de ja se ter exposto n
78. o das subjectividades dos discursos Terminada a apresenta o e discuss o de resultados analisaremos de forma conclusiva a inter rela o entre as tr s 127 O que significa ser rapariga Roteiro de constru es discursivas SER RAPARIGA O Jomarse sexy Atractividade e objectifica o da mulher Disciplina feminina do corpo O Ter de saber sempre mais Q Saber o b sico Contracep o e concep o Funcionamento do corpo Fisiologia e desempenho Manter os conhecimentos actualizados Prazer f sico Inovar na sexualidade O Construir uma rela o heterossexual Desvendar o masculino Manual de sobreviv ncia a um amor verdadeiro Iniciar uma rela o ji Manter uma rela o Afirma o do duplo padr o Viol ncia das rela es Conflito face ao duplo padr o Trai o e tri ngulos amorosos 128 O que significa ser rapariga 5 4 1 Tornar se sexy SER RAPARIGA O Jomarse sexy Atractividade e objectifica o da mulher Disciplina feminina do corpo 5 4 1 1 Identifica o de constru es discursivas A constru o discursiva 7ornar se sexy traduz uma tend ncia actual de sexualiza o dos conte dos e discursos medi ticos Presente ao longo das v rias tipologias analisadas an ncios publicit rios artigos e reportagens e cartas de leitora esta apresenta se fundamentalmente atrav s de duas grandes premissas associadas ao desenvolvimento das raparigas ad
79. of nonconsent in acquaintance rape In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White Sexuality Society and Feminism pp 355 376 Washington DC American Psychological Association D ring Nicola amp P schl Sandra 2005 Images of Men and Women in Mobile Phone Advertisements a content analysis of advertisements for mobile communication systems in selected popular magazines Sex Aoles 55 173 185 DOI 10 1007 s11199 006 9071 6 231 Referencias bibliogr ficas Dourado Alexandra 1998 Os feminismos da diferenca e do g nero In UMAR Movimento Feminista em Portugal pp 40 42 Dispon vel em http umar no sapo pt investigacao comunicacoes Semin Elrio Mov Feminista pdf Duncan Margaret Carlisle 1994 The politics of women s body images and practices Foucault the Panopticon and Shape Magazine Journal of Sport and Social Issues 18 48 65 DOI 10 1177 019372394018001004 Durham M Gigi 1998 Dilemmas of desire representation of adolescent sexuality in two teen magazines Youth and Society 2K3 369 389 DOI 10 1177 0044118X98029003005 Durham M Gigi 2009 7he Lolita Effect New York The Overlook Press Egan R Danielle amp Hawkes Gail L 2008 Endangered Girls and Incendiary Objects Unpacking the Discourse on Sexualization Sexuality amp Culture 12 291 311 DOI 10 1007 s12119 008 9036 8 Ekstrand Maria Larsson Margareta Von Essen Louise amp Tyd n Tanja 2005 Swedish t
80. os An ncios Publicit rios recorremos metodologia mais utilizada nesta rea a An lise de Conte do Visual Goffman 1979 Esta metodologia baseia se na classifica o das imagens publicit rias segundo as categorias Ae ative size Feminine touch Function ranking Ritualization of subordination Licensed withdrawal Goffman 1979 Levando em aten o a evolu o cient fica desta metodologia consideramos ainda contributos de revis es posteriores da metodologia incluindo as categorias Movement Location e Fisktaking Umiker Sebeok 1996 Body display e Independence selfassertiveness Kang 1997 e Objectification Lindner 2004 Esta abordagem n o se verificou vi vel na resposta aos nossos objectivos de investiga o pelo que foi posteriormente abandonada em favor de uma metodologia menos centrada nos conte dos visuais e mais abrangente ao n vel dos discursos que visual e textualmente s o expressos nos an ncios publicit rios como a An lise Foucaudiana de Discurso AFD Quanto an lise das Cartas de Leitora e dos Artigos e Reportagens esta foi sempre efectuada recorrendo AFD Contudo a an lise de cada uma das tipologias por si revelou discursos que se imiscuiam e se completavam numa no o mais abrangente e a nosso entender mais pr xima da recep o dos conte dos pelas adolescentes Neste sentido abandonou se a an lise por tipologia optando por cruzar as v rias representa es analisadas num todo coerente d
81. para mulheres s o uma forma nica de media que funciona enquanto guia para as mulheres no que diz respeito aos pap is associados ao g nero e importante examin las enquanto parte do corpus de discursos 124 O que significa ser rapariga societais que contextualizam o nosso entendimento do que significa ser saud vel e como se atinge a sa de p 463 Partindo desta reflex o atrevemo nos a dizer que verificaremos esse situar dos discursos no mbito da sexualidade Em suma consideramos que a escolha destes conte dos permite responder ao nosso objectivo de identificar o discurso ou discursos desta publica o face sexualidade em que medida estes promovem a emancipa o ou reiteram discursos reguladores ou de submiss o bem como analisar discursivamente e desconstruir discurso s ou tecnologias que amplamente constroem as no es de sexualidade e de serrapariga Neste sentido o estudo que apresentamos resulta da an lise de cento e quarenta 140 An ncios Publicit rios trinta e sete 37 Cartas de Leitora quest es e respectivas respostas publicadas nas sec es D vidas Existenciais e Porque perguntar n o ofende e trinta e dois 32 Artigos e Reportagens sobre sexualidade publicadas na revista para raparigas adolescentes Ragazza na edi o portuguesa do ano de 2007 Os crit rios de selec o do corpus de an lise consistiram no caso dos An ncios Publicit rios em analisar todos os an ncios em q
82. pela comunidade colectiva ou ontog nica resultante da experiencia individual ou desenvolvimento Simon amp Gagnon 1999 p 30 Estes existem como forma de atribuir um 44 A sexualidade na adolesc ncia padr o expectavel de comportamento que permita por um lado reduzir a incerteza de ac o e por outro aumente a legitimidade do comportamento mesmo na adolesc ncia Como afirmam os autores a vertente pragm tica dos scripts sexuais d resposta a dois obst culos 1 a permiss o para a exist ncia de desejo sexual e 2 a sua concretiza o comportamental Afirmando se como uma linha de ac o clara e que se espera que seja seguida permite assim a delimita o est vel do conjunto de scripts ou recursos dispon veis ao indiv duo Ou seja dada a repeti o de padr es performativos j socialmente reificados como adequados observa se um maior conformismo face s exig ncias exteriores ao individuo as encena es culturais por exemplo apresentam se como particularmente relevantes em termos da delimita o de categorias como g nero classe estatuto s cio econ mico ou etnicidade Este fen meno ocorre e reificado diariamente atrav s de profecias auto confirmat rias de pensamentos e consequentes comportamentos que se tornam dif ceis de quebrar face press o social e medi tica associada Simon amp Gagnon 1999 Em suma as principais encena es culturais estimulam as mulheres a estabelecer e manter as s
83. pelas industrias medi ticas uma vez que n o possivel ficar se imune influ ncia dos media Durham 2009 O que de facto necess rio uma atitude c ptica e de distanciamento cr tico Assim pretende se dar aos indiv duos a possibilidade de gest o e reformula o das informa es 74 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia recebidas de adquirir maior perspectiva sobre os factos e maior controlo No entanto continua premente a implementa o e credibiliza o ou atribui o de maior cr dito junto das estruturas governamentais e de gest o privada sobretudo no sentido de desenvolver pol ticas do dia a dia que compreendam melhor n o s o processo de desenvolvimento da personalidade mas tamb m as micro politicas das transac es mais banais segundo as quais constituimos a nossa subjectividade Bartky 1990 p 118 119 tradu o nossa Concordamos com a autora ao afirmar que compreender a opress o sobre as mulheres implica ter em conta a estrutura o das suas subjectividades em pr ticas fraudulentas Bartky 1990 Neste sentido o p s feminismo apresenta se como espa o por excel ncia para um repensar de conceitos como a escolha pessoal como local de reconceptualiza o do empoderamento e ag ncia das mulheres A adop o de uma postura p s feminista responsabiliza as os interlocutoras es numa abordagem critica da sociedade em especial relativa aos contextos medi ticos Ali
84. perspectiva principalmente junto dos media e da cultura popular mas tamb m junto de institui es e apresentando o como um substituto ao feminismo Assim ao usar o conceito p s feminismo podemos estar a referirmos a um de tr s dom nios 1 P s feminismo como movimento de terceira vaga tamb m nomeado de contra feminismo ou backlash ideol gico apresenta se como um elemento conservador e acomodado face igualdade de g nero Este considerava que os objectivos que fundamentavam as lutas feministas teriam sido alcan ados pelo que os seus defensores viam como desnecess ria a continua o da luta feminista sugerindo assim uma formula o posterior p s aos ideais feministas Representava assim uma reac o contra os feminismos de segunda vaga e ao seu conceito de participa o activa colectiva e comunit ria ao n vel social cultural e pol tico 2 Enquanto parceiro do movimento p s moderno e p s estruturalista o pds feminismo tem as suas influ ncias na d cada de 60 e apoia se em concep es te ricas que O p s modernismo feminista ou feminismo p s moderno j foi explorado no cap tulo anterior 70 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia radicam o feminismo na diferen a sexual assumindo como ponto de partida a diferen a de subjectividades entre o masculino e o feminino Esta aproxima o deveu se sobretudo proximidade que se verifica ao n vel dos objectivos que est o na base
85. ponderar da melhor forma o seu investimento de recursos na rela o 178 O que significa ser rapariga Game Lover excerto 40 um artigo que exp e as t cnicas utilizadas pelos rapazes para conquistar as raparigas Contudo n o adverte contra estes comportamentos Poderia dizer se que a aquisi o destes conhecimentos pretende apenas clarificar inten es nas quais as raparigas dever o deixar se levar Excerto 40 GAME LOVER As t cnicas que os rapazes utilizam para conquistar postas a nu Se queres descobrir o que um rapaz quer de ti carrega no Play Outras curiosidades que ainda n o sabes J descobriste como actuam mas saber s o que pensam Revelamos te o que s confessam uns aos outros Resumindo e concluindo somos mais parecidas com eles do que pensavas Janeiro p 76 77 Para al m de conhecer as suas t cnicas de conquista e o que comentam entre si sugere se ainda necess rio saber desmarcarar e descodificar todo um universo masculino e de conquista como apresentado no excerto 41 Excerto 41 DESMASCARA OS X MEN Descodificar o c rebro dos rapazes dificil mas poss vel Agosto p 84 85 Estas sugestivas clarifica es sobre o comportamento e gostos dos rapazes t m por fun o permitir s raparigas que compreendam melhor as atitudes e reac es para que o convivio entre estes se torne mais f cil A carta de Paula excerto 42 vem pedir aux
86. quaisquer problemas na sua vida afectiva Nas figuras masculinas real ada a sua beleza e forma f sica supondo agradar s raparigas a quem a revista se destina Ao mesmo tempo passa se a ideia de que estes famosos s o acess veis a qualquer rapariga desde que esta seja bonita magra bem vestida e bem maquilhada Quanto s Trivialidades inclu todo um conjunto de brindes como colares pulseiras bugigangas v rias posters com imagens dos dolos question rios tem ticos sobre aspectos quotidianos hor scopos cartas ou mesmo pequenas frases enviadas pelas leitoras Estes conte dos centram se sobretudo nesta idolatriza o dos actores e cantores representados posters no exibir de alguma feminilidade pequenos brindes e brinquedos na ajuda resolu o de problemas identifica o de caracteristicas pessoais diversas pela obten o de um resultado final atrav s da resposta a um question rio ou ent o no confortar das leitoras atrav s de previs es ben ficas para a sua semana interessante destacar que estes s o inclu dos pelas editoras como um atractivo ou mais valia para a aquisi o da revista constituindo se como uma importante estrat gia de marketing Por seu turno sob o dominio da Est tica apresentam se produtos que poder o auxiliar as adolescentes a melhorarem ou tirarem partido das suas caracter sticas pessoais Apresenta por exemplo artigos sobre pe as de roupa consoante a cor do cabelo ou as
87. que a natureza determinista associada ao discurso de sexualiza o inadvertidamente op e e coloca em conflito a sexualiza o e a express o sexual das raparigas Por fim alertam para o facto de que ao se caracterizar este fen meno como especifico das jovens e mulheres se estar a reproduzir de forma historicamente persistente cren as moralistas e patriarcais sobre a natureza patol gica da sexualidade feminina heterossexual Egan amp Hawkes 2008 Em suma mais do que assumir uma posi o face a este fen meno necess rio estimular se uma abordagem mais sistem tica que permita respeitar a individualidade pessoal 84 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia Com isto n o pretendemos dizer que a sexualiza o n o de facto um problema dos nossos dias No entanto a sua exist ncia n o pode ser raz o para se restringir o di logo aberto com as e os adolescentes anulando se tamb m a possibilidade de resist ncia e de formula o sexual saud vel O foco deve sair do indiv duo para ser colocado nas institui es que permitem a reifica o de representa es assim tricas e de desigualdades sociais Como sustenta Goldman 1992 apud Gill 2007 as mulheres n o s o primeira vista apresentadas nos media como objectificadas mas enquanto sujeitos activos no seu desejo sexual que escolhem representar se assim de modo a melhor se adequarem aos seus interesses liberais p 151 tradu o nossa Ne
88. que o feminismo j n o fazia sentido que estaria fora de moda tendo esta ideia sido sistematicamente veiculada e refor ada pelos media Os seus objectivos eram como ainda hoje alcan ar uma efectiva igualdade de direitos nas representa es de g nero na presta o de cuidados na fam lia e no espa o p blico e privado Assim a express o feminismo esconde um mosaico de situa es diferentes muito afastadas de um conjunto homog neo e a aparente comunh o de ideologias sob a bandeira do feminismo esconde a variedade de feminismos Cova 1998 p 9 A autora relembra ainda que este feminismo plural n o se resume apenas participa o e activismo de mulheres havendo muitos homens empenhados nas lutas feministas pela igualdade de direitos Paralelamente s diversas vagas dos feminismos emergiram e t m se desenvolvido diferentes correntes te ricas feministas o feminismo liberal o feminismo socialista marxista o feminismo radical o feminismo cultural o feminismo p s moderno e o p s feminismo vide Genz amp Brabon 2009 Nogueira 1997 2001b Tavares 1998 2000 O elemento comum a todas as correntes provocar mudan as profundas no pensamento social Contudo a extens o e direc o diferem entre as correntes te ricas bem como as quest es consideradas mais relevantes e respectivas possibilidades de resolu o Nogueira 2001b 69 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia No quadro desta
89. quest es do poder nos modelos que veiculam e na produ o de sentido dos meios de comunica o Apesar se verificar uma crescente feminiza o profissional Gallagher 2001 esta n o se traduz num efectivo desafio s assimetrias de poder que valorizam o masculino e subalternizam o feminino As posi es dominantes s o ocupadas por homens controlando assim os meios de express o e refor ando ideias e valores patriarcais Coote e Campbell 1982 as cited in Thornham 2007 Neste sentido uma compreens o da globaliza o dos media um ponto de partida que se torna essencial num s culo XXI Devereux 2007 cada vez mais 72 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia mediatizado As imagens medi ticas no entanto nem sempre se revelam precisas e fi is sendo frequentemente distor es preenchidas de estere tipos que denigrem as imagens e auto percep es das mulheres ao mesmo tempo que limitam os seus pap is sociais Thornham 2007 Para o advento dos estudos feministas dos media muito contribuiram dois grandes impetos no ocidente a obra Feminine Mystique da autoria da feminista liberal Betty Friedan 1963 2010 a n vel mais global a D cada Internacional das Na es Unidas para as Mulheres 1975 85 que confirmou a prem ncia destes estudos A obra de Friedan analisava as representa es das donas de casa sobretudo nas revistas femininas da d cada de 60 apresentando as de forma caricaturada Como a
90. rios O excerto que se segue surge de um artigo intitulado 10 Mandamentos para desfrutar de sexo seguro este Ver o Este apresenta de forma gen rica os contraceptivos mais frequentemente utilizados expondo sobretudo o modo correcto de utiliza o chamando aten o a alguns aspectos frequentemente menosprezados pelas os jovens e que podem inviabilizar o seu real efeito A recomenda o final expl cita do seu objectivo Depois de leres esta reportagem n o te restar nenhuma d vida Este Ver o poder s desfrutar do sexo da forma mais louca e segura excerto 19 Excerto 19 10 MANDAMENTOS PARA DESFRUTAR DE SEXO SEGURO ESTE VER O Don t worry be sexy A pilula o anel vaginal o preservativo s o m todos seguros mas n o infal veis O n mero de m es adolescentes continua a ser assustador e uma das principais raz es o uso incorrecto dos contraceptivos Mas n o entres j em p nico Depois de leres esta reportagem n o te restar nenhuma d vida Este Ver o poder s desfrutar do sexo da forma mais louca e segura Junho p 80 82 Por fim apresentamos ainda o excerto 20 Igualmente retirado de um artigo da revista dedica se exclusivamente explora o de elementos relacionados com o preservativo Isto porque como afirmam no pr prio artigo O preservativo sem d vida o rei da contracep o Esta afirma o est intimamente relacionada com a elei o por parte das dos jovens
91. se constrangem a permanecer no padr o veiculado de normaliza o de comportamentos Segundo Lamb e Brown 2006 esta monitoriza o pode mesmo ser irritante e intoxicante elas querem dizer algo sobre quem elas s o mas elas ainda n o est o certas de quem s o O com rcio adora ansiedade Eles enchem os espa os desconfort veis com os produtos que as raparigas podem usar Vender individualidade come a realmente na escola as raparigas querem corresponder e mostrar que s o diferentes e nicas atrav s da sua maneira de vestir O com rcio diz lhes que as roupas que compram pode ajud las a criar um ook especial p 33 tradu o nossa Como tentativa de propor alternativas a esta cultura de constru o de subjuga o feminina surgiram movimentos especificos impulsionados especialmente por um contexto social neo liberal e p s feminista Movimentos como o Avot Grrrls ou Grrrlpower dos anos 1990 eram compostos por uma jovem gera o de cr ticos e activistas feministas que defendiam uma maior diversidade na representa o da rapariga e da cultura de rapariga Representa o diferenciada que distinguisse claramente esta rapariga comercializ vel da grrrl inconformista Genz e Brabon 2009 Tratou se assim do primeiro movimento ou subcultura pol tica com poder que se 92 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia organizava em redor das preocupa es das jovens mulheres Harris 2
92. se expressarem sexualmente apenas numa rela o amorosa heterossexual Jackson 2005b A autora realizou ainda outra an lise dos mesmos conte dos usando apenas as cartas que se referiam a aspectos f sicos da actividade sexual Esta an lise permitiu lhe verificar que o sexo era nesta publica o constru do ora como doloroso perigoso seguro ora como uma t cnica Em conclus o percebeu que no geral os conte dos da revista representavam a actividade sexual como normativa de forma a que nas p ginas de aconselhamento se passassem mensagens de responsabilidade sexual aproveitando assim o facto desta sec o da revista privilegiar um contacto mais pr ximo com as adolescentes Jackson 2005a Por sua vez Brown Halpern e L Engle 2005 procuraram entender como se verificava a influ ncia de v rios media nomeadamente a televis o filmes m sica e revistas A inten o era verificar se estes funcionavam de forma semelhante aos pares super peers e se o seu consumo era distinto para raparigas que iniciavam a sua puberdade de forma precoce face m dia das jovens Foi elaborado um question rio ao qual responderam 471 raparigas com uma m dia de idades de 13 7 anos Os resultados vieram confirmar as suas hip teses tendo demonstrado que as jovens que entram precocemente na puberdade independentemente da idade ou ra a s o mais facilmente influenciadas e procuram com maior frequ ncia conte dos de sexualidade nos media ao mesmo tem
93. sec o apresenta reportagens alargadas sobre uma ou mais personalidades consideradas de destaque Beleza Reportagens Nesta sec o incluem se pequenas entrevistas curiosidades e pequenas fotos sobre personalidades do mundo do cinema televis o e m sica Quadro 2 Identifica o e defini o dos blocos tem ticos que constituem a revista Ragazza Personagens Analisando cada um dos formatos em particular podemos verificar que no que diz respeito Publicidade esta tem sido sempre um tema importante na agenda da investiga o nos estudos feministas dos media O nosso interesse neste assunto baseia se no facto de vivermos numa sociedade saturada pelos meios de comunica o e de existir pouca informa o sobre o seu impacto nas adolescentes portuguesas apesar de j existirem estudos que apontam que a nossa rela o com os meios medi ticos especialmente pop culture estrutura e refor a as concep es de g nero pela influ ncia na auto imagem e vidas das mulheres O facto de se tratarem de an ncios publicit rios presentes numa revista para raparigas adolescentes na nossa opini o motivo de especial aten o uma vez que a adolesc ncia constitui uma fase crucial na constru o de identidades e de escolhas e como temos vindo a ver as revistas s o uma forte influ ncia neste processo desenvolvimental No entanto e apesar de todos sabemos que os media estruturam a nossa vida e apesar de toda a investiga o e con
94. ser rapariga passivo conquist vel para sempre e nico e exclusivo Assim trico quanto ao poder partilhado este foi na sua formula o inicial uma express o de envolvimento emocional de duas pessoas sendo posteriormente suplantado por crit rios sociais Neste sentido o amor rom ntico um amor sexual mas reduz a ars er tica A satisfa o sexual e a felicidade especialmente na forma fantasista do romance est o supostamente garantidos pela pr pria for a er tica que o amor provoca Giddens 1992 2001 p 42 Esta perfei o e idealiza o influencia assim toda uma formula o pessoal e socialmente mediada a qual se encontra altamente relacionada com a concep o do corpo feminino enquanto elemento de prazer masculino e heterossexual Se por um lado este facto cultivado pelos homens pelo seu consumo este despertar de prazer apresenta se s mulheres como mais um mecanismo de sedu o e uma oportunidade de aproxima o rom ntica Apesar de nem sempre esta idealiza o de rela o se concretizar existe um conjunto de discursos adjacentes que refor am esta constru o discursiva e que mant m as mulheres comprometidas com este objectivo Um segundo discurso que podemos identificar o discurso de vigil ncia baseado numa atitude pan ptica identificada por Foucault 1975 2003 de supervis o de pr ticas e comportamentos Esta vig lia constante passa ent o pela verifica o de uma correspond ncia a
95. sexual das jovens Todavia h que real ar que n o s o apenas as condicionantes individuais que modelar o a sexualidade mas tamb m outros medos associados como os perigos e vulnerabilidades da sexualidade feminina sob a gide do patriarcado que s o experienciados Assim e como ser posteriormente explorado a possibilidade de uma gravidez indesejada ou o risco de contrair o VIH SIDA figuram como elementos fundamentais viv ncia de qualquer indiv duo Estas condicionam pr ticas sentimentos e desenvolvimento pessoal ao nivel da sexualidade motivando discursos internos de penaliza o pessoal por parte das raparigas ao ponto de se desejar o n o envolvimento ou identifica o de desejo sexual Tolman 2002 Ali s a internaliza o das normas sociais que desde cedo condicionam a express o sexual de rapazes e raparigas um dos maiores entraves 48 A sexualidade na adolesc ncia a viv ncia positiva da sexualidade independentemente das circunstancias sociais familiares e comunitarias que enquadram o individuo 2 1 1 A sexualidade na adolesc ncia V rias s o as areas que se debrucam actualmente sobre as quest es da sexualidade feminina adolescente nomeadamente quanto as motiva es inerentes a inicia o precoce da sexualidade e muitas vezes em risco Alferes 2002 Buhi amp Goodson 2007 Lopes 2004 Matos amp Gaspar 2005 Marques 2007 Taquette Vilhena amp Paula 2004 Vasconcelos 1998 Este limi
96. sexualidade O excerto 22 refere se especificamente preocupa o de uma jovem com hemorragias Excerto 22 Estou preocupada porque tenho tido hemorragias a meio do m s grave An nima E mail No excerto 23 Vanessa apresenta os problemas que ocorrem durante a sua menstrua o e solicita ajuda para resolv los 160 O que significa ser rapariga Excerto 23 Quando estou com o periodo nem me levanto da cama O que devo fazer para nao sofrer tanto Vanessa Leiria O excerto 24 traz nos a quest o de Neusa que se refere a um problema f sico de cariz m sculo esquel tico que ocorre durante as suas rela es sexuais e que pretende solucionar Excerto 24 Cada vez que tenho rela es fico com caibras nas pernas O que devo fazer Neusa Lisboa Comum a estas cartas est a falta de informa o sobre os recursos dispon veis e que j abord mos ao n vel dos servi os de sa de familiar ou planeamento familiar quer no centro de sa de quer em institui es como o Instituto Portugu s da Juventude Todos os excertos abordam altera es ao n vel do funcionamento do corpo com repercuss es na sexualidade e que independentemente de considera es sobre a sua gravidade dever o ser solucionados para uma viv ncia mais saud vel destas adolescentes Esta lacuna na informa o poder tamb m espelhar a falta de abertura e a vontade dos dispositivos escolares e m dicos para ouvir e questionar respectivament
97. sexuality sex sexual and reproductive health as a theme and or to have present in its literal message a sexual script Simon amp Gagnon 1986 1987 Methodologically once we intended to identify the discourses presents in these contents we chose Foucauldian Discourse Analysis Willig 2003 2008 than has allowed us to locate 2 Due to the unavailability of April s 2007 publication our study will be held with the eleven remaining numbers of 2007 s magazine edition vii discoursive constructions and discourses to define action orientation and possible positionings practices e subjectivities triggered by the identified discourses From this analysis process we were able to identify three main discoursive constructions that travel across the analyzed corpus even though they are more salient on specific contents So to be a girl is To become sexy Always Have to know more and Construct a heterosexual relationship The discoursive construction 7o become sexy rises mainly from advertisements and articles and reports and systematizes information concerning physical attractiveness and sexuality It manifests itself using discoursive mechanisms that present among other aspects informations considered relevant to what concerns body image and contouring A second discoursive construction A ways Have to know more appears in agony aunt s letters and articles and reports Here girls are portrayed as sexually incomplete beings
98. sua inf ncia p 5 tradu o nossa Esta press o e influ ncia como temos vindo a demonstrar mais penalizante para as raparigas aumentando de forma exponencial ao longo do seu desenvolvimento Linda Lemoncheck 1994 por m antev esta posi o explorando e debatendo a distin o entre a constru o da mulher enquanto sexualmente atractiva e a sua constitui o enquanto objecto sexual Para a autora a diferen a fundamental reside na efectiva o de um tratamento moralmente equivalente entre homens e mulheres uma vez que a objectifica o sexual envolve subjuga o subordina o e a intimida o resultante do controlo psicol gico Jaggar 1994 p 148 149 tradu o nossa Lemoncheck 1994 considera que as mulheres ao serem tratadas enquanto objectos sexuais perdem o seu estatuto de sujeito sendo lhes portanto retirada a condi o humana Esta conclus o permite nos alertar para o facto de estrat gias de auto afirma o pessoal inculcadas na sua maioria por pais e familiares culminarem em comportamentos exteriormente determinados e extrapolados da sua inicial formula o Se ponderarmos sobre a aprendizagem e integra o de pr ticas de embelezamento nos comportamentos di rios podemos verificar que est o s o no seu in cio geralmente encorajados e ensinados por m es ou outros modelos sociais No entanto os ideais de beleza que dominam socialmente s o rapidamente 82 Os meios de comunica o e a sex
99. subjectividades despoletadas pelos discursos encontrados Deste processo de an lise resultou a identifica o de tr s principais constru es discursivas que percorrem transversalmente o corpus apresentando se contudo como mais salientes em conte dos espec ficos Assim ser rapariga Tornar se sexy Ter de saber sempre mais e Construir uma rela o heterossexual A constru o discursiva Tornar se sexy emerge sobretudo na publicidade e nos artigos e reportagens e sistematiza informa es ao n vel da atractividade f sica e da sexualidade Esta concretiza se recorrendo a mecanismos discursivos que apresentam entre outros aspectos informa es consideradas relevantes no que diz respeito imagem e modela o corporal Uma segunda constru o discursiva Ter de saber sempre mais aparece nas cartas de leitora artigos e reportagens Nesta as raparigas s o apresentadas como seres incompletos sexualmente e por essa raz o precisam recorrer constantemente a novas informa es sobre sexualidade para alcan arem o n vel desej vel definido pelo masculino e assim conseguirem seduzir Por ltimo identificamos ainda a constru o discursiva Construir uma rela o heterossexual vis vel em cartas de leitora e artigos e reportagens Centra se em quest es de identidades sendo que a identidade feminina aqui igualada a um vasto e profundo conhecimento sobre o masculino e sobre rela es de intimidade heterossexuais Por fim
100. tens de escolher o teu preferido Mar o p 76 77 Outra sugest o apresentada pela revista para inovar na sexualidade o aliar do sexo ao desporto O excerto 38 apresenta os gin sios como um dos novos locais para aproxima es de O excerto 38 foi extra do do mesmo artigo do excerto 2 Localiza no mesmo texto diferentes mecanismos e constru es discursivas 167 O que significa ser rapariga caracter mais intimo ou para desenvolver compet ncias pessoais para melhorar a sua sexualidade e surpreender os seus parceiros Excerto 38 o sexo e desporto j n o s uma tend ncia um sucesso de vendas 2 GIN SIO DO AMOR Nem discotecas nem chats J reparaste que nos ltimos tempos os gin sios transformaram se nos novos pontos de encontro N o duvides o local ideal para conhecer novos amigos ou algo mais 3 MODALIDADES SEXUAIS Existem mas n o s o o que tu pensas que a ltima moda nos EUA s o os Tantra Gym Aqui alia se o exerc cio mental como o ioga e o tai chi para melhorar o orgasmo ao aspecto f sico trabalham se os m sculos que actuam durante o sexo fazendo striptease Em Italia tamb m nasceu uma modalidade parecida o Lap Gym Tamb m se recorre a um var o de strip mas em movimento Curioso Maio p 82 83 O pressuposto base que aqui encontramos uma vida sexual activa que poder mesmo ser j uma rotina que querer o combater recorrendo a uma posi
101. termos rela es anais usarmos brinquedos sexuais N o sei se sou antiquada mas a verdade que n o quero Help me Maria Lourinh 191 O que significa ser rapariga N o se trata de seres antiquada ou n o normal que te sintas assim mas devias ter confian a suficiente com ele para explicar lhe exactamente aquilo de que n o gostas Se dizes apenas que n o queres ele nunca perceber a raz o e pode tirar conclus es precipitadas Um conselho Experimenta s o que te apetecer fazer mas n o te inibas de inovar no sexo ver s que um prazer Viol ncia nas rela es traz assim um novo olhar an lise permitindo contrastar uma dimens o menos positiva das rela es com o car cter de perfei o androcentrismo cumplicidade e romantismo sugerida pela linha editorial da revista Tal como temos vindo a explorar existe impl cito s rela es sociais um sistema de monitoriza o e de vigil ncia que em grande parte invis vel na sua ac o dada a internaliza o de normas e auto regula o comportamental sobretudo na sexualidade que esta presen a mais sentida e se encontra mais invis vel A sexualidade feminina foi retirada do mbito privado para se expor no dom nio p blico ao alcance de qualquer escrut nio e opini o Esta altera o veio constranger em muito os comportamentos sociais a sua face mais not ria uma altera o da sexualidade enquanto elemento saud vel para a sua patologiza
102. um lado os produtos s o apresentados como as solu es desejadas e mais indicadas para as jovens por outro s o tamb m as marcas que recorrem edi o para publicidade Este jogo publicidade financiamento levado bastante a s rio como se pode verificar pela inclus o de uma sec o de oferendas em passatempos Gift shop que motivam a compra da revista e dos produtos mas tamb m alguma depend ncia das marcas publicitadas como forma de divulga o dos produtos alternativa tradicional publicidade directa Para possibilitar uma melhor visualiza o desta organiza o editorial sistematiz mos no quadro 2 os blocos tem ticos em regem a revista e explicamos os seus conte dos Ser importante neste ponto clarificar que se trata de uma organiza o pr via e que n o corresponde de forma linear e em estrito senso ao corpus de analisado Este corpus composto por elementos de diversos blocos tem ticos realcados em baixo sistematizados quanto ao formato de apresenta o e tipologia de conte dos De entre estes conte dos apresentados ponderamos sobre os que maior impacto diversidade de abordagem e rela o com a leitora poderiam ter e seleccion mos para a nossa an lise tr s tipologias de conte dos que consideramos serem bastante relevantes nesta publica o O formato da sua apresenta o foi tamb m tido em conta n o nos focando apenas em conte dos imag ticos ou textuais ou t o pouco apenas em conte d
103. uma cultura de consumo que dirige e perpetua o capitalismo global p 14 tradu o nossa Estimula se nomeadamente o consumo de mecanismos de constru o de sexualidade heterossexual como os mass media a informa o brinquedos sexuais ou f rmacos As raparigas acabam sempre por querer saber mais para agradar ao seu parceiro para lhe dar prazer e n o para efectivamente se emanciparem e assumirem uma sexualidade activa aut noma e com prazer A nomea o deste discurso 7er de saber sempre mais pretende exactamente expressar a constante constata o atrav s dos meios de comunica o e da sociedade em geral da sua incapacidade e menor valia Ora assim a rapariga e a mulher percebe se e interioriza uma constante posi o de inacabada de aprendiz o que a impede de se considerar um sujeito unificado e que poder ser promotor de ac o D se por isso a visibilidade a mais um mecanismo de subjuga o e objectifica o do feminino retirando lhe possibilidade de interac o e resist ncia face ao Outro uno que a oprime Esta perspectiva de inferioridade leva as jovens e mulheres a comprometerem se com um conjunto de comportamentos de melhoria pessoal Estes contudo redundam em mais hip teses de monitoriza o do comportamento feminino e de defini o externa de padr es seguindo um ciclo tautol gico de subjuga o persistindo tanto na esfera p blica como na privada Esta monitoriza o na maioria das vez
104. uma dieta restritiva usar cosm ticos depilar se usar roupas apertadas esticar ou encaracolar o cabelo fazer cirurgia est tica ou lipo aspira o Duncan 1994 constituindo se estes como pr ticas para alterar ou moldar o corpo face a um ideal feminino social e exteriormente definido Este conjunto de pr ticas corresponde ao que Sandra Lee Bartky 1990 chamou de disciplina feminina do corpo ou seja um conjunto de pr ticas que t m por principal objectivo a modela o ou transforma o do espa o corporal feminino no sentido de se aproximarem de um modelo estandardizado de feminilidade constru do por padr es masculinos de beleza peso ideal e sa de Magalh es Saavedra amp Nogueira 2008b p 642 Assim neste mecanismo discursivo podemos localizar um conjunto de recursos de normaliza o do indiv duo neste caso as raparigas ao padr o social dominante Nesta linha de ideias o objectivo principal de cada rapariga deveria ser o de procurar estar o mais na moda possivel para que a sua imagem pessoal cause impacto positivo n o s nas pessoas com que se relaciona mas com um p blico mais geral que supostamente a observa Nada da imagem da rapariga dever ser descurado O excerto que se segue localiza esse esfor o de modela o no cabelo Excerto 3 Este m s o amor subiu nos literalmente cabe a Com estes oito cortes 100 sedutores a conquista est garantida Fevereiro p 36 43 Este conceito foi en
105. utilizada em programas de treino nomeadamente de compet ncias Esta dimens o mais pr tica permite aos indiv duos a constru o pessoal de discursos que realizem ac es de resist ncia vitima o opress o e ou marginaliza o Willig 1999 nomeadamente atrav s da partilha destes discursos com as os suas seus t cnicos sociais Por fim destaca se a potencialidade de empoderamento pela An lise de discurso Esta metodologia poder ser utilizada no design de interven es espec ficas que facilitem o empoderamento pelo reposicionar dos sujeitos na teia social a este n vel destaco a educa o para sexualidade e para os media como facilitadores da capacidade transformacional dos discursos 111 Capitulo 5 O que significa ser rapariga Imersos numa sociedade que em quase tudo depende das tecnologias e dos meios de comunica o ineg vel que aprender a ser um sujeito social depende em grande parte do conhecimento dom nio destes recursos Enquanto mecanismos ideol gicos amplamente implementados estes influenciam desde muito cedo esta interac o do indiv duo com a sociedade Como afirma Durham 1998 durante os anos da adolesc ncia que as identidades de g nero e as atitudes sociais est o mais presentes sendo que este periodo de transi o para a vida adulta marcado e influenciado pela cultura popular Paralelamente a exist ncia de uma cultura espec fica em fun o do sexo biol gico o corol rio para
106. venda de um M A C Viva Glam Batom ou Lipgloss doado M A C AIDS Fund para ajudar Homens Mulheres e Crian as que vivem com HIV e SIDA www maccosmetic com Imagem 4 Outro nivel de objectifica o da mulher poder ser comprovada pelo destaque de partes do corpo feminino em detrimento de um corpo unificado pass vel de ser subjectificado e agente de ac o As imagens 5 e 6 apresentam duas possibilidades de se publicitar um mesmo produto apesar de marcas distintas A imagem 5 apresenta uma mulher no centro do an ncio publicit rio tendo como principal foco nas pernas depiladas da modelo exactamente o mesmo da imagem 6 Contudo na imagem 6 a modelo n o figura na publicidade sendo apenas apresentadas umas pernas femininas como que independentes de um qualquer corpo feminino Trata se de mais um objecto decorativo e ilustrativo recusando a individualidade da mulher Na 132 O que significa ser rapariga imagem 6 a centralidade dada tecnologia da m quina depiladora apresentando com o mesmo n vel de detalhe as j referidas pernas femininas e outros exemplos de pequenos electrodom sticos dom sticos da mesma marca Imagem 5 Rowenta elle MODEL LOOK ximo cuidado para uma epila o Perfeita Rowenta for Elite Mode Look Imagem 6 Um recurso publicit rio tamb m frequente a oculta o do rosto ou da cabe a da modelo As imagens 7 e 8 s o exemplo disso mesmo Na imagem 7 a modelo encontra
107. 004 O movimento p s feminista significava neste contexto uma s mula de discursos feministas neoliberais e de feminilidade convencional que se repercutiam numa feminilidade contradit ria e controversa com desejos de empoderamento pela explora o de um feminilidade e sexualidade jovem e consumista McRobbie 2008 Contudo o Avot Grrris veio a ser resignificado e capturado pelos sistemas de marketing e consumos originando o movimento Gir Power Formulado nos anos 1990 2000 vendia o car cter jovial das raparigas girlieness a sexualidade e a assertividade despojando as da sua concep o pol tica e feminista Assim combinava independ ncia e individualiza o com um recurso a uma feminilidade e sexualidade confiantes Genz amp Brabon 2009 Contudo a expans o do conceito manteve a insist ncia no empoderamento e assertividade conseguidos em resultado das suas identidades femininas e n o do facto de estarem presas sua feminilidade quest o amplamente contestada pelo feminismo Assim Gir Power passou a implicar uma pertormatividade da feminilidade n o enquanto marca de opress o mas como contexto de desafio proibi o Genz amp Brabon 2009 Como concluem Genz e Brabon 2009 a popularidade do Gir Power sobretudo atribu da aus ncia de contesta o efectiva do status guo e os seus efeitos individualizadores e conformistas que debilitam a ac o politica feminista ao apresentar a produ o da feminilidade c
108. 10 1111 j 1471 6402 2004 00124 x Bronfenbrenner Urie 1977 Toward an experimental ecology of human development American psychologist 32 513 531 DOI 10 1037 0003 066X 32 7 513 227 Referencias bibliograficas Brown Travis Cheryl amp White Jacquelyn W 2000 Introduction In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White Sexuality Society and Feminism pp 3 8 Washington DC American Psychological Association Brown Travis Cheryl Meginnis Kayce amp Bardari Kristin 2000 Beauty sexuality and identity The social control of women In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White Sexuality Society and Feminism pp 237 272 Washington DC American Psychological Association Brown Jane D 2000 Adolescents sexual media diets Journal of Adolescent Health 2112 35 40 Disponivel em http www jahonline org issues issue_key S1054 139X 00 X0068 7 Brown Jane D 2002 Mass media influences on sexuality Journal of sex research 39 1 42 5 DOI 10 1080 00224490209552118 Brown Jane D 2007 March The media as powerful teen sex educators Extended abstract commissioned for and presented to the What s it going to take Extending the Research Base to Improve Teen Pregnancy Prevention conference co sponsored by the National Institute for Child Health and Human Development the National Campaign to Prevent Teen Pregnancy and the National Centers for Disease Control Washington D C Dis
109. 64 sobretudo atrav s do conceito de duplo padr o da sexualidade e a teoria dos scripts sexuais Gagnon 1977 Simon amp Gagnon 1973 Com a publica o do livro Premarital sexual standards in America Ira Reiss 1960 definiu a teoria sociol gica da sexualidade tendo baseado a sua teoria nos resultados de um question rio extensamente aplicado a homens e mulheres Na sua formula o te rica identificou quatro posi es face sexualidade pr marital 1 abstin ncia 2 duplo padr o sexual 3 permissividade sem afecto e 4 permissividade com afecto excep o do duplo padr o sexual todas as restantes posi es olham e encaram a sexualidade como ocorrendo da mesma forma em homens e mulheres e por isso poderiam figurar num padr o sexual singular Saavedra Nogueira amp Magalh es 2010 Por oposi o o duplo padr o sexual diferencia os comportamentos dos seus intervenientes em fun o do seu sexo correspondendo ao conjunto de normas sociais que determinam a pr tica de comportamentos sexuais diferenciados para cada um dos g neros sendo que aos homens seria concedido maior liberdade sexual Ramos Carvalho amp Leal 2005 p 174 Este conceito veio a destacar se na literatura dando origem a uma vasta aplica o te rica e g Aubrey 2004 Crawford amp Popp 2003 Gentry 1998 Muehlenhard amp McCoy 1991 Ramos Carvalho amp Leal 2005 Em consequ ncia verificaram se altera es conceptuais decorrente
110. 66 Sharpe Matthew 2006 Jacques Lacan The Internet Encyclopedia of Philosophy Dispon vel em http www iep utm edu l lacweb htm Silverblatt Art 2001 Media Literacy Keys to interpreting media messages Westport CT Praeger Simon William amp Gagnon John H 1999 Sexual Scripts In Richard Parker amp Peter Aggleton Culture society and sexuality a reader pp 29 38 London UCL Press Simon William amp Gagnon John H 1986 Sexual scripts Permanence and change Archives of Sexual Behaviour 15 97 120 DOI 10 1007 BF01542219 Simon William amp Gagnon John H 1973 Sexual conduct The Social Sources of Human Sexuality Chicago Aldine Pub Co Simon William amp Gagnon John H 1987 A sexual scripts approach In James H Geer amp William O Donohue Eds 7heories of human sexuality pp 363 383 New York Plenum Press 247 Referencias bibliogr ficas Soczka Luis 2002 Para uma perspectiva ecol gica em Psicologia Social In Jorge Vale amp Maria Benedita Monteiro eds A Psicologia Social 5 edi o pp 503 541 Lisboa Funda o Calouste Gulbenkian Sprinthall Norman A amp Collins N Andrew 2008 Psicologia do adolescente Uma abordagem desenvolvimentalista 4 ed trad Cristina Vieira Lisboa Funda o Calouste Gulbenkian Stacey Jackie 1994 Untangling Feminist Theory In Richardson Diane amp Victoria Robinson eds ntrod
111. 9 a mais importante faceta do pensamento formal consiste em deixar de lidar directamente com objectos para lidar com elementos verbais Estas caracteristicas encontram se intimamente ligadas com a capacidade de resolu o de problemas Consiste na aplica o de um esquema padr o de pensamento ou ac o j existente a novas situa es do meio de modo a integrar elementos exteriores 5 Ocorre atrav s da aquisi o de um esquema novo ou transforma o de um j existente s Diz respeito ao processo de auto regula o entre os processos de assimila o e acomoda o que permite a adapta o do individuo ao meio permitindo uma progress o no sentido de uma sensa o cada vez mais complexa Articula assim um estado de compreens o activa entre s novas aquisi es e as anteriores 16 Adolesc ncia e processos de tomada de decis o conscientes e posteriormente com a capacidade para realizar julgamentos morais Estas caracter sticas apresentam se assim como fundamentais para os v rios desafios da adolesc ncia e vida adulta nomeadamente devido progressiva complexidade que ir conferindo maior l gica e flexibilidade ao pensamento Como poss vel verificar uma das capacidades que as e os adolescentes s o capazes de realizar quando atingem o est dio desenvolvimental das opera es formais o mais elevado dos enunciados por Piaget a realiza o de julgamentos morais Esta capacidade foi amplamente estudada por L
112. DS Virtual Congress Dispon vel em http www aidscongress net pdf adolescentes_abstract241_comunic_272 pdf McClain Linda 2006 Some ABCs of feminist sex education in light of the sexuality critique of legal feminism Co umbia Journal of Gender and Law 15 1 63 88 Disponivel em http www brandeis edu projects fse about McClain ABCs sexed pdf McClelland Sara amp Fine Michelle 2008 Embedded Science analysis of abstinence only education research Cultural Studies Critical Methodologies amp 1 50 81 DOI 10 1177 1532708607310782 240 Referencias bibliogr ficas McRobbie Angela 2009 7he aftermath of feminism Gender culture and social change London SAGE McRobbie Angela 2008 Young women and consumer culture Cultural Studies 2245 531 550 DOI 10 1080 09502380802245803 McRobbie Angela 2004 Notes on Postfeminism and Popular Culture Bridget Jones and the New Gender Regime In Anita Harris 4 about the girl Culture power and identity pp 3 14 New York and London Routledge McRobbie Angela 1999 More New sexualities in girls and women s magazines In Angela McRobbie n the culture society Art fashion and popular music pp 46 61 London Routledge McRobbie Angela 1996 More New Sexualities in Girls and Women s Magazines In James Curran David Morley and Valerie Walkerdine Eds Cultural Studies and Communications pp 172 94 London Arnold
113. Em resultado do trabalho emp rico extenso Connell 1995 identificou quatro categorias que caracterizam a masculinidade masculinidade hegem nica subordinada c mplice e marginalizada 56 A sexualidade na adolesc ncia 2 2 Educar para a sexualidade Sera importante referir que apesar de serem frequentes as consequ ncias anteriormente exploradas poder o ser contornadas com um conjunto de mecanismos dispon veis aos jovens Assim possivel adquirir compet ncias informa o e mecanismos de empoderamento n o s em contexto escolar onde as os adolescentes mais tempo passam como tamb m num meio mais alargado da sociedade civil Neste sentido desenvolveremos com mais detalhe as poss veis respostas em meio escolar como a educa o sexual educa o para a sexualidade os Servi os de Psicologia e Orienta o e o Gabinete de informa o e apoio ao aluno e num meio social mais alargado os centros de sa de especialistas na rea da cl nica geral planeamento familiar e sexualidade ou outros meios informativos dos quais se destacam os meios de comunica o social Em contexto escolar de referir que o recurso mais dispon vel no quadro do Lei de Bases do Sistema Educativo Portugu s a Educa o para a Sexualidade Sexual parte integrante do Projecto Educativo de Escola Instituida em Portugal desde 1984 esta viu por muitos anos a sua verdadeira implementa o adiada No entanto com a forma o de um Grupo de Trabalho
114. a de facto uma solu o que as confronta com realidades com impedimentos Ser suficiente replicar o modelo masculino Que consequ ncias advir o desta op o e posicionamento Sera mais vitimizante do que permanecer subjugada Existir espa o para um verdadeiro discurso de resist ncia Mais uma vez se torna importante relembrar que este posicionar de maior contesta o se apresenta como estrat gia apenas de resolu o de situa es especificas que uma vez ultrapassadas levar o a jovem a retomar comportamentos de maior cumplicidade com o script tradicional e conformando se com o duplo padr o de sexualidade que contestavam No entanto n o podemos interpretar este ciclo como algo ponderado pelas jovens A press o para o conformismo e a padroniza o de comportamentos reifica comportamentos que as fazem voltar a h bitos que as inferiorizam e aos quais poderiam resistir 5 4 3 5 Defini o de Pr ticas Ser ent o importante continuar a an lise desta constru o discursiva reflectindo sobre as ac es e pr ticas que estes estimulam e as que poderiam ser levadas a cabo pelas jovens de forma a contestarem esta constru o discursiva Se tomarmos por base uma atitude conformista a esta constru o discursiva poderemos identificar pr ticas como o envolvimento no conhecimento do masculino incluindo alguma idolatria e fixa o por estas informa es Poderiamos ainda verificar uma reifica o de uma posi o de vitimiza o
115. a o 2007 Working paper P blicos de media em Portugal Dispon vel em http www obercom pt client newsld 308fileName wr8 pdf Oliveira Jo o amp Am ncio L gia 2006 Teorias feministas e representa es sociais desafios dos conhecimentos situados para a psicologia social Estudos Feministas 143 597 615 DOI 10 1590 S0104 026X2006000300002 243 Referencias bibliograficas Ortega Fernando Lara amp Sevilla Davinia Heras 2008 Formaci n sobre sexualidad en la primera etapa de la adolescencia Datos obtenidos en una muestra de 2 y 3 de ESO en Burgos International Journal of Developmental and Educational Psychology 1 1 241 248 Papalia Diane Olds Sally amp Feldman Ruth Duskin 2001 O Mundo da Crianca Lisboa McGraw Hill Pardun Carol J L Engle Kelly Ladin amp Brown Jane D 2005 Linking Exposure to Outcomes Early Adolescents Consumption of Sexual Content in Six Media Mass Communication and Society amp 2 75 91 DOI 10 1207 s15327825mcs0802_1 Parker lan 1999 Varieties of discourse and analysis In lan Parker and the Bolton Discourse Network eds Critical textwork an introduction to varieties of discourse and analysis Buckingham Open University Press Parker lan 1997 Discursive psychology In Dennis Fox e Isaac Prilleltensky Orgs Critical Psychology An Introduction pp 284 298 London Sage Publications Parker lan 1992 Discourse dynamics
116. a pois pertence ao grupo de amigos Confiam na sua capacidade para reconhecer uma pessoa infectada por observa o que associam a grupos marginais toxicodependentes ou homossexuais Estas s o algumas das muitas raz es que parecem justificar o elevado n mero de jovens que t m rela es desprotegidas McLean et a 1994 as cited in Vieira 2005 p 4 De forma geral as os jovens s o inundadas os por conte dos de sexualidade seja atrav s de campanhas informativas parcerias entre a escola e os centros de sa de ou mesmo consultas de planeamento familiar nos centros de sa de No entanto a exposi o a estas v rias fontes de informa o n o parece ter uma rela o directa com a adop o de comportamentos preventivos Segundo Vieira 2005 num estudo sobre comportamentos de risco como co factores para o VIH o uso do preservativo diminui medida que aumenta a idade devido por exemplo estabilidade das rela es ou percep o de seguran a e o consumo excessivo de lcool e subst ncias psico activas constituem factores de risco acrescidos No que diz respeito por exemplo a ades o aos preservativos as os jovens consideram que o seu uso possui v rias desvantagens como a limita o do prazer sexual a quebra do romantismo e ou a liga o amorosa entre os dois parceiros o facto de serem inc modos o estigma associado ao seu uso o seu valor de aquisi o e o embara o na sua aquisi o perante um t cnico
117. a medi tica e a cultura contempor nea promo o de maior prazer compreens o e reconhecimento dos conte dos medi ticos e finalmente no caso dos comunicadores medi ticos a habilidade de produzir mensagens medi ticas efectivas e respons veis Silverblatt 2001 Trata se de um uso competente dos media compreendendo e avaliando criticamente os diversos aspectos inerentes comunica o aos media e s din micas envolventes Pinto Pereira Pereira amp Ferreira 2011 Pinto 2003 Dam sio 2007 213 CONCLUSAO Conclus o Em conclus o consideramos ainda importante sistematizar alguns aspectos Ser relevante relembrar que as constru es discursivas identificadas Tornar se sexy Ter de saber sempre mais e Construir uma rela o heterossexual se articulam em torno de uma concep o gen rica socialmente constru da do que ser rapariga adolescente Trata se de um estudo que teve por base diferentes conte dos medi ticos an ncios publicit rios cartas de leitora e artigos e reportangens editados pela revista Aagazza ao longo do ano de 2007 Recorrendo An lise Foucaudiana de Discurso Willig 2003 2008 mapeamos constru es discursivas e discursos veiculados por esta revista por forma a melhor conhecer a realidade medi tica que apresentada a estas jovens Trata se de uma tentativa de obter mais conhecimento sobre um aspecto amplamente estudado no estrangeiro mas em falta no nosso pais Antes de abordar a
118. a a desconstru o de mitos do negativismo e esclarecimento de quest es individuais A percep o da disponibilidade de um espa o de explora o ausente de preconceitos e ju zos de valor poder potenciar a explora o pessoal e promover um desenvolvimento mais harmonioso quanto identidade de g nero orienta o sexual e sexualidade no geral Outro mecanismo importante o Gabinete de Informa o e Apoio ao Aluno Trata se da disponibiliza o de um a professor a e ou respons vel que sistematize e coordene as v rias ac es na escola nomeadamente recorrendo colabora o com o centro de sa de e enfermeiras os de sa de escolar Este dispositivo permite monitorizar a implementa o dos projectos previstos bem como a sistematiza o dos conte dos a explorar aumentando a sua variabilidade e chegando ao maior n mero de alunas os Permite ainda a monitoriza o da 62 A sexualidade na adolesc ncia perspectiva de sexualidade apresentada mantendo a o mais isenta possivel e separada de juizos de valor que condicionam pr ticas individuais A este nivel a consciencializa o para a penaliza o das raparigas face aos comportamentos dispon veis aos rapazes seria importante na desconstru o de estruturas assim tricas de poder Tamb m na escola se encontra uma das mais importantes fontes de informa o os pares uma vez que a identifica o de elementos em comum refor a as informa es trocadas aumentando o
119. a de que a igualdade entre homens e mulheres era uma realidade o que levou muitas os a abandonar e a reagirem contra o feminismo Como afirma Sue Thornham 2007 o que veio caracterizar a mulher pds feminista na cultura popular o individualismo a sofistica o e a escolha p 16 tradu o nossa Neste sentido e baseado num falso empoderamento as mulheres acabaram por aceitar as suas situa es pessoais e assim reiterar a domina o que ainda se fazia e faz sentir em v rias reas da sociedade E como conclui McRobbie 2004 o novo sujeito feminino apesar da sua liberdade chamado ao sil ncio e a reter a cr tica de forma a constituir se de acordo com o ideal de rapariga moderna e sofisticada Neste sentido uma das tarefas mais importantes para o feminismo demonstrar como as revistas concorrem para a constru o das subjectividades das suas leitoras ao produzir significado semana a semana McRobbie 1999 p 49 tradu o nossa Numa postura desafiadora destas publica es Angela McRobbie 1999 divide a cr tica feminista s revistas de mulheres em quatro fases 1 repudia o encolerizada 2 teoria da ideologia 3 prazer das mulheres e 4 retorno leitora Numa compreens o mais actualizada incluiria ainda tr s fases as novas sexualidades dos anos 1990 a rela o para com o feminismo e finalmente atrav s desta rela o com o feminismo a reconceptualiza o das rela
120. a de uma educa o para sexualidade consistente e que seja uma alternativa vi vel aos conte dos apresentados pelos media formando indiv duos cr ticos quanto aos conte dos Consequentemente a sexualidade feminina apresentada como algo exterior que aprendido e que caracter stica desenvolvimental essencial sua formula o enquanto mulher feminina e posteriormente enquanto namorada esposa m e cuidadora Para al m deste car cter inicial possivel notar a imers o deste continuum num espa o tempo espec fico da adolesc ncia e que se relaciona com outro crit rio fundamental a heterossexualidade N o seria neste quadro poss vel a uma rapariga ser feminina mulher esposa ou m e sen o face a um referencial de um sujeito masculino Factor esse que permeia as constru es discursivas ao apresentar se como motivo de aprofundamento de conhecimentos por parte das jovens para melhorarem quer as suas rela es de intimidade quer a sua performance junto de um companheiro masculino 218 Conclus o que mais uma vez segundo esta conjectura biologicamente mais desenvolvido e conhecedor Esta concep o posiciona as jovens em situa o de permanente desvantagem e busca de conhecimento o que justificar a aquisi o de mais revistas que as informem sobre as ltimas tend ncias novidades e poss veis truques relacionais Assim sendo a jovem e posteriormente a mulher colocar se sempre enquanto Outro sem ag nc
121. a feminina Para al m disso como sugerido ultrapassados estes constrangimentos que dominam e tornam a vida das mulheres mais s ria esta poder aproveitar mais a vida sem quaisquer outras restri es J pensasi em n o levamamida o a s rio Muito segura Muito mulher PANDIS 0 4062 Imagem 11 Outro exemplo da utiliza o da mensagem textual da publicidade para concretizar o objectivo publicit rio a imagem 12 Nesta figura uma jovem representada em plano fechado da sua cara A jovem utiliza o telem vel publicitado para ouvir m sica e a sua express o facial de satisfa o olhando em redor e prendendo o l bio Para al m do passatempo co organizado com a revista e que apresentado na parte inferior da publicidade o slogan apresentado o principal foco do nosso olhar Este diz 1500 m sicas Uma delas vai fazer com que sem querer ligues ao teu ex Portanto esta mensagem refor a a liga o existente entre o consumo de tecnologias v rias e as rela es interpessoais de cariz marcadamente heterossexual Esta rela o complementa a j apresentada ao n vel da beleza e padr es de imagem corporal enquanto elemento de sedu o e atractividade feminina A jovem apresenta se como modelo de jovialidade a seguir sendo o seu telem vel um mecanismo de elevado valor de que disp e Uma mais valia a adquirir diria a marca 137 O que significa ser rapariga ina o e escre
122. a plasticidade do ser humano possibilita a articula o complexa de inter rela es com o contexto Na opini o do autor compreendendo esta din mica a investiga o espelhar melhor os comportamentos que realmente ocorrem deixando de parte as distor es que podem ocorrer da vis o unidireccional que tem caracterizado os estudos desenvolvimentais Para esta perspectiva o desenvolvimento percebido enquanto o sistema de rela es entre sistemas e subsistemas que v o do mbito biol gico social e cultural ao hist rico Neste sentido eventos como a puberdade n o correspondem a linhas de ac o claras e universais pelo contr rio as expectativas sociais como a press o dos pares os modelos medi ticos as rela es parentais ou normas socioculturais 12 Adolesc ncia mais gerais s o mediadores da influ ncia da puberdade no desenvolvimento adolescente e em comportamentos psicossociais Este modelo de media o destaca ent o as consider veis diferen as que poder o existir ao n vel do desenvolvimento em dois adolescentes em condi es id nticas Consequentemente este modelo interactivo implica a aceita o de que caracteristicas e comportamentos de diferentes indiv duos criam reac es distintas nos seus receptores Ao limite estas contribui es balizam as possibilidades do indiv duo de se desenvolver de acordo com o seu bem estar pessoal Este bem estar pessoal ser ent o plenamente poss vel se tivermos em conta
123. a pr pria no o de rapariga mulher enquanto identidade fixa e transversal dever ser reformulada conceptualizando as mulheres enquanto um grupo em constante din mica e interac o de significados Stacey 1994 Neste sentido importante assumirmos a fluidez das categorias socialmente constru das bem como o seu significado ao longo do tempo espa o e contexto questionando a no o de identidades colectivas bell hooks 1981 introduziu este debate feminismo negro ao publicar o seu livro Ain t a woman Black Women and Feminism uma vez que os debates feministas at ent o centralizavam o sujeito colectivo mulher em torno dos interesses das mulheres brancas e burguesas Conclui se ent o que os estudos sobre raparigas consideram o grupo raparigas enquanto um grupo social em constante constru o e desconstru o composto por uma popula o iminentemente diversa e din mica Nomeadamente destacam que necess rio ter em conta que esta popula o adolescente caracterizada por diferentes caracteristicas pessoais ainda importante notar que durante esta tese nos referiremos a raparigas adolescentes tendo sempre em mente o referencial Ocidental desta popula o mais pr xima das habitantes portuguesas que caracterizado sobretudo por raparigas Euro Americanas brancas genericamente consideradas heterossexuais A condi o de diversidade um ponto importante dos estudos sobre as raparigas pois focaliza se
124. acto existe converg ncia entre o discurso pol tico feminista e o discurso comercial feminino ao n vel dos significados e interesses das mulheres Atrav s deste interesse comum feminismo e feminilidade populares est o acoplados na maioria das vezes para desespero m tuo McRobbie 1999 O poder reside em correntes de significado localizados na sociedade civil e culturalmente determinantes neste caso nas p ginas das revistas McRobbie 1999 Em suma e face facilidade de constru o desconstru o discursiva pelos media torna se importante que se aposte num mapear de discursos e representa es de feminilidade semelhan a do que se verificou noutros pa ses sobretudo nos anglo sax nicos que permita avan ar na compreens o da diade media adolescentes no contexto portugu s e venha a informar posteriores reflex es e interven es tanto acad micas como de activismo pol tico 94 Il Estudo Capitulo 4 Epistemologias cr ticas e An lise s de Discurso Ap s um s culo de domin ncia positivista em que posturas atemporais e acontextuais viciaram profundamente a investiga o psicol gica entramos hoje numa era em que cada vez mais se compreende o franco valor heuristico dos modelos tradicionais tantas vezes alienados da realidade concreta e auto isolados em torres de marfim Procura se pois uma psicologia das pessoas nos seus cen rios de vida reais capaz de responder s interroga es acerca das t
125. adas ou achas que est s prestes a s lo descobre as chaves para desfrutar ao m ximo e sofrer o minimo Outubro p 76 78 Em suma conclu mos que existe um pontuar ao longo da revista de uma tentativa de dar resposta a algumas cr ticas feministas do s culo passado Podemos mesmo identificar uma clara tentativa de contrapor um discurso mais tradicional com um mais neoliberal e p s 165 O que significa ser rapariga feminista Podemos mesmo verificar j que este mecanismo discursivo nas suas v rias partes se apresenta como um desenvolvimento do anterior Saber o b sico sendo a sua conceptualiza o por vezes mesmo contradit ria Ao inv s de se focar como o anterior numa sexualidade f sica e fisiol gica com base no prazer f sico e sa de sexual este mecanismo focaliza a sexualidade enquanto fonte de prazer e bem estar subjectivo afastando se de um julgamento moral de comportamentos Inovar na sexualidade Inovar na sexualidade funda se numa rela o heterossexual est vel e que as jovens reconhecem precisar de renova o relacional Assim s o crescentes as solicita es das jovens no sentido de uma actualiza o constante de conte dos revelando se tanto ao n vel das cartas de leitora como dos artigos e reportagens produzidos O excerto 34 o relato de Patr cia que solicita orienta o para poder surpreender o seu namorado O facto de existir uma cultura de secundariza o da sexualidade feminina l
126. ade Como concluem Brown Travis Meginnis e Bardari 2000 na maioria das sociedades o contexto sociopol tico tem de forma consistente favorecido os homens em detrimento das mulheres p 239 tradu o nossa Paralelamente outra ideia que se apresenta de forma disseminada que normal e natural que este desejo sexual se dirija a um individuo do sexo oposto concep o que veio legitimar discrimina es e actos de viol ncia contra a comunidade homossexual Os mesmos autores afirmam que a sexualidade adolescentes realiza se no contexto de uma sexualidade heterossexual institucionalizada de rela es de poder genderizadas e valores sexuais masculinos como a primazia da penetra o e o seu imperativo biol gico Brown Travis Meginnis e Bardari 2000 p 118 tradu o nossa Verifica se portanto uma clara identifica o com uma matriz heterossexual Butler 1990 de comportamentos sendo as restantes orienta es sexuais invisibilizadas e silenciadas Ao n o se abordar pretende se ocultar estas experi ncias construindo uma realidade em que n o existem e que as descredibiliza Ao mesmo tempo a preponder ncia da heterossexualidade como que legitima o androcentrismo e a supremacia do modelo masculino de poder vigente nas rela es interpessoais Como afirma Morris Roberts 2004 a heterossexualidade o termo silenciado que se inscreve na linguagem nas pr ticas institucionais e no dia a dia Formula
127. ade para passar a figurar em fun o de uma rela o heterossexual Ali s de destacar esta tend ncia para invisibilizar e inviabilizar constru es pessoais n o heterossexuais Esta refer ncia constante apenas refor a como poderemos constatar estere tipos desconfian as e preconceitos Iniciar uma rela o Em niciar uma rela o s o apresentados as raparigas um conjunto de estrat gias e comportamentos a adoptar para que se consiga estabelecer uma rela o de intimidade O excerto 45 apresenta mesmo este esfor o da revista em desvendar o maior mist rio da Humanidade Este ajuda no m s de Janeiro p 72 74 a facilitar esta busca constante do teu pr ncipe encantado Excerto 45 FOMOS AT AO FIM DO MUNDO EM BUSCA DAS CHAVES DO AMOR VERDADEIRO De cora o aberto O maior mist rio da Humanidade n o a receita da vida eterna mas sim o segredo para encontrar o amor verdadeiro Se andas em busca do teu principe encantado presta bem aten o porque foi a pensar em ti que escrevemos esta reportagem Sejas ou n o uma rom ntica incur vel quando acabares de ler at vais jurar que as almas g meas existem E sabes que mais A tua pode estar bem perto de ti Descobre a Janeiro p 72 74 No entanto a busca n o por uma qualquer rela o o seu objectivo encontrar o amor verdadeiro O artigo que apresentamos no excerto 46 pretende categorizar os rapazes alertando para os que n o s o os in
128. ade tamb m de acordo com os seus desejos pessoais e uma perspectiva saud vel mas mais pr xima do modelo atribu do sexualidade masculina mais permissiva casual e rotativa o que poder levar a uma rotula o e estigmatiza o social Em ambas as situa es pr ticas mais gen ricas de combate ao tratamento desigual na sexualidade poder o partir das jovens no sentido de uma maior debate e aceita o da sexualidade feminina adolescentes 5 4 2 6 Identifica o de Subjectividades dos Discursos Por fim necess rio perspectivar que consequ ncias emocionais esta constru o discursiva poder despoletar Neste sentido rapazes sentir se iam mais predispostos para comportamentos sexuais mais libertos e com maior permissividade dada a aus ncia de controlo e censura associada Para al m disso sentir se iam dominadores das rela es de intimidade ao constatarem que s o ao mesmo tempo alvo da aten o feminina Esta valoriza o implicaria sobretudo um sentimento de menor responsabilidade e maior impunidade face a potenciais riscos ou consequ ncias negativas resultantes das suas ac es Por contraponto as raparigas remeter se iam a um segundo plano de import ncia na sua pr pria sexualidade resultando num decr scimo da sua auto estima num sentimento de desadequa o e em falta de prepara o Face a este contexto seria de esperar que concluissem pela sua incapacidade de ac o proactiva resignando se a esta posi
129. adolesc ncia contraponto comportamentos e atitudes que n o s o admitidos socialmente ou seja permitem a institui o e refor o do sistema sexo g nero dominante Preciado 2004 Em suma o niching reflecte se na constru o social do g nero dado a import ncia atribuida aos media actuais De facto os media especializados n o s procuram que as suas mensagens cheguem quer a homens quer a mulheres mas tamb m perspectivam cada vez mais o g nero em termos de nichos afirmando dirigir a sua mensagem para determinados tipos de mulheres ou homens frequentemente estereotipados Tuchman 2009 p 201 Esta quest o torna se tanto mais importante pois as constru es dominantes de como se ser rapariga girlhooa s o constituidas por um conjunto de contradi es que operam para subjugar a pr pria rapariga como um sujeito imposs vel Griffin 2004 O modo contempor neo de se ser rapariga parece ser um projecto imposs vel e simultaneamente invis vel preso entre for as competitivas num permanente estado de insatisfa o ou desejo rodeado por representa es idealizadas de si Ao mesmo tempo que s o cercadas por imagens sobre como ser rapariga centrando se sobretudo em caracter sticas de atractividade f sica as jovens est o constantemente vis veis e monitorizadas face a este ideal de beleza tanto por si pr prias muitas vezes punindo se por alguma discrep ncia como pelas demais jovens e mulheres que socialmente
130. adolesc ncia significado e signific ncia Decorrentemente destaca se o intuito dos mass media de construir os adolescentes enquanto consumidores e a adolesc ncia como tempo espec fico e significativo de explora o e desenvolvimento da sexualidade Welsh Rostosky amp Kawaguchi 2000 p 112 tradu o nossa Sendo que parte dessa press o vem dos corporativismos que financiam as ind strias medi ticas pois estes perceberam que as os adolescentes s o uma excelente aposta de mercado Brown 2000 fidelizando os desde cedo a marcas que os acompanhar o e ser o refer ncia durante toda a sua vida Esta transforma o ao n vel dos media para publica es destinadas a nichos de mercado proliferou se sobretudo no s culo XX com a crescente especializa o de publica es orientadas para uma infinidade de grupos demogr ficos e orientados face a conjuntos de interesses Hodkinson 2011 Esta altera o de conceitos veio a culminar n o apenas num filtrar populacional em segmentos de mercado especificamente identificados mas tamb m num cultivar de um sentido de identidade colectiva entre os seus membros fidelizando os Neste sentido os niche media nos dias de hoje reflectem e simultaneamente constroem experi ncias e viv ncias comuns ao se orientarem para segmentos de popula o que embora possam estar geograficamente dispersos se unem em caracter sticas e interesses particulares Hodkinson 2011 Tuchman 2009 90 Os me
131. ados Este segundo mecanismo discursivo Manter os conhecimentos actualizados sumaria os conhecimentos e informa es mais recentes e consideradas necess rias s raparigas Localiza ainda a sexualidade numa rela o heterossexual est vel que enquadra os comportamentos enquanto sexualidade saud vel Afastando se do estigma de promiscuidade geralmente e facilmente associado sexualidade feminina este discurso composto por dois sub discursos prazer f sico e inovar na sexualidade Prazer f sico Numa posi o de maior proactividade e curiosidade relativa ao prazer f sico as jovens apresentam se como agentes activas na sua sexualidade valorizando sobretudo a rela o com o seu parceiro No excerto 29 Vanda questiona a revista sobre a posi o sexual mais indicada para ter rela es num autom vel Confort vel com a sua experi ncia sexual a jovem mostra se interessada em melhorar a sua experi ncia sexual O car cter fortuito ainda bastante associado sexualidade tamb m pode ser identificado nesta simples quest o Excerto 29 Gostava de saber qual a melhor posi o sexual para ter rela es no carro Obrigada Vanda E mail A melhor posi o sem d vida o teu namorado deitado no banco e tu por cima dele Para al m de rentabilizar o espa o a mais confort vel para ambos Basta praticar Valorizando n o s a rela o como o prazer que ambos os parceiros tem a revista apresenta na sua linha ed
132. adroniza o de atendimento n o servir adequadamente as raparigas que recorrem aos servi os esta constitui um mecanismo de exclus o das e dos jovens rapazes que solicitam individualmente os servi os ou que acompanham as suas parceiras Mas n o s o s os rapazes que procuram pouco estes espa os No estudo acima referido algumas das raz es avan adas para esta situa o passam pela idealiza o da sexualidade dificuldades de acesso a servi os de informa o sexual desconhecimento da sua exist ncia e o medo de que se perca o anonimato mas tamb m a inseguran a e impulsividade pr prias da adolesc ncia Outros factores referidos para esta situa o de afastamento das os jovens incluem o n o possuir habilidades sociais para conseguir informa o e anticoncepcionais n o conseguir falar com o parceiro sexual ter fracas Inqu rito realizado no ano de 2003 com alunas do ensino p blico com uma m dia de idades de 16 2 anos 47 A sexualidade na adolesc ncia expectativas de futuro ou mesmo a escassa informa o sobre contracep o e gravidez em parte por aus ncia de um programa sexual nas escolas a mudan a de atitudes e valores da sociedade actual Vieira 2005 Estas cren as das e dos jovens assumem bastante import ncia na medida em que condicionam a pondera o e a negocia o que estes realizam ao n vel da tomada de decis o face ao seu comportamento sexual Nomeadamente as e os jovens consideram que podem recus
133. ais proactiva e inovadora na sua vida sexual contrariando o script de passividade com o seu namorado que tamb m quebra o seu script recusando essa atitude A resposta aceita a possibilidade de Helena concretizar os seus desejos sexuais mas n o admite a possibilidade do namorado n o querer ou recusar aconselhando a a conversar com ele para que este perceba as suas necessidades e deste modo ser ele a alterar e iniciar novos comportamentos Excerto 65 O meu namorado prefere n o inovar em termos sexuais mas eu quero experimentar coisas novas Helena E mail Deves come ar por abordar este assunto com ele Afinal como podes esperar que ele evolua se n o souber que isso que tu queres Pergunta lhe se n o gostaria por exemplo de experimentar novas posi es sexuais Podemos mesmo concluir que apesar da facilidade do confronto das jovens face a este duplo padr o de sexualidade bastante dif cil que os comportamentos decorrentes sejam aceites socialmente O refor o por parte das revistas desta divis o comportamental ainda bastante frequente Trai o e tri ngulos amorosos Trai o e tri ngulos amorosos revela uma outra vis o sobre o duplo padr o de sexualidade Aqui a afirma o deste pelo desafio das rela es de poder existentes na intimidade quer pela 194 O que significa ser rapariga trai o quer pelo envolvimento num tri ngulo amoroso Localiza sobretudo o desconforto das jovens
134. aldeias e mesmo entre ilhas Estes factos cr se s o devidos ao curto espa o de tempo que Margaret Mead passou nas ilhas de Samoa e o desejo de confirmar a perspectiva desenvolvida pelo seu tutor Denk Freeman 1983 as cited in Sprinthall amp Collins 2008 por sua vez apresentou um cen rio contrastante e cr tico quanto s conclus es de Mead fruto de trabalho antropol gico consistente durante seis anos na principal ilha de Samoa No entanto consideramos importante focalizar o nosso olhar na quest o do desenvolvimento de raparigas adolescentes Das teorias desenvolvimentais a que na nossa perspectiva de an lise se destaca a Teoria do Desenvolvimento Contextualista Lerner 1978 uma vez que consideramos que o nosso trabalho tenta dar resposta a quest es de 11 Adolesc ncia desenvolvimento adolescente tendo em conta a diversidade do publico em analise Esta focaliza a sua aten o nas interac es entre os indiv duos enquanto seres din micos e em evolu o e o contexto ecol gico em que habita Dada a especificidade cultural dos v rios contextos de vida dos indiv duos esta teoria tem como base conceptual a tomada de consci ncia pela diversidade respeitando o indiv duo e a multiplicidade de contextos em que se insere Esta perspectiva surge de forma inovadora ao quebrar com o estudo isolado de vari veis e factores que influenciam o comportamento em prol do estudo da sua inter depend ncia Para o seu a
135. amor confluente por defini o claramente mais activo e contingente do que o amor rom ntico que predomina nas outras constru es discursivas Esta formula o de amor introduz a ars er tica numa rela o est vel fazendo do prazer sexual algo inerentemente reciproco e elemento chave para a continuidade ou dissolu o da liga o entre os indiv duos Giddens 1992 2001 Olhando mais atentamente para cada um dos mecanismos discursivos possivel verificar que em Saber o b sico encontramos um discurso m dico de cariz mais f sico e cient fico que tem como objectivo esclarecer as jovens Este discurso regula a sexualidade das raparigas apresentando se como a consci ncia social a que deveriam dar aten o no sentido da sua protec o pessoal e evitamento de comportamentos de risco Ao mesmo tempo este discurso regulamenta o que adequado e quando adequado com quem e em que condi es J longe do jugo do pecado a patologiza o da sexualidade recorre ansiedade e medo como 169 O que significa ser rapariga elementos de controlo de comportamentos E tamb m neste sentido que as jovens sentem que devem estar bastante informadas existe uma tend ncia a responsabiliza las pela regula o de comportamentos dado que genericamente aceite que a sexualidade masculina est associada a incontrolabilidade Os excertos 19 e 20 s o disso exemplo ao localizarem a responsabilidade e a import ncia de informa o nas jovens
136. ar as estruturas de poder de que est o imbu das Tem como seu principal objectivo contribuir para uma maior auto determina o participa o diversidade e justi a social pelo que partilha com o construcionismo social cr tico e a teoria cr tica posi es de cr tica social que visam a transforma o atrav s da restitui o e emancipa o das popula es e a constante co constru o dos objectos de estudo Como tal a AFD representa uma teoria estruturada em fun o da linguagem e da produ o de discursos Esta contrap e ainda no o de constru o 104 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso pessoal a no o de que as nossas ideias s o constru das dentro de padr es de discurso socialmente que n o podemos controlar Assim o maior destaque da AFD figura na sua express o enquanto um m todo de an lise de dados Este privilegia a an lise de macro discursos atribuindo menor import ncia aquilo que o individuo diz num contexto e mais import ncia ao modo como o pr prio discurso lida com os recursos sociais e culturais que s o usados nas actividades humanas Parker 1992 Consequentemente este tipo de an lise ainda considerado macro devido sua preocupa o com m todos essencialmente taxon micos procurando identificar e descrever ann quais s o os principais discursos em quest o Saavedra 2001 p 261 Existe aqui um vis vel descentrar do estudo do indiv duo para as pr ticas di
137. ar de inicia o assume import ncia redobrada uma vez que quanto mais cedo esta se verifica maior o n mero de parceiras os e maior a exposi o a condi es de risco como o VIH SIDA e a gravidez indesejada Canavarro Pereira amp Morgado 2003 Cruz et al 1997 Continuamos no entanto a verificar um decr scimo na idade de inicia o sexual das e dos adolescentes Contudo e apesar desta tend ncia global das dos adolescentes para iniciarem mais cedo a sua sexualidade s o no geral os rapazes que mais cedo o fazem Assim e por compara o com as raparigas da mesma faixa et ria os rapazes relatam um n mero mais elevado de parceiras Alferes 2002 Matos amp Gaspar 2005 Vasconcelos 1998 Nas ltimas d cadas as os profissionais de sa de investigadoras es e educadoras es t m se debru ado sobre os motivos que levam as os adolescentes a iniciarem cada vez mais cedo e muitas vezes em risco as suas rela es sexuais no sentido de compreender e consequentemente desenvolver interven es eficazes que reduzam os perigos associado a esta inicia o Buhi amp Goodson 2007 Tamb m em Portugal esta tend ncia se verifica Alferes 2002 Lopes 2004 Marques 2007 Matos amp Gaspar 2005 Taquette Vilhena amp Paula 2004 Vasconcelos 1998 A relev ncia deste facto tem vindo a sustentar investiga es e interven es uma vez que ao iniciar precocemente a sua sexualidade as os adolescentes aumentam exponencialm
138. ar os anticoncepcionais porque pensam que desvirtua a rela o sexual rom ntica apaixonada e espont nea n o tendo em aten o as consequ ncias e considerando que a eles nada lhes acontece Em suma ao mesmo tempo que os centros de sa de e unidades de planeamento familiar se direccionam para uma popula o alvo eminentemente jovem e feminina a sociedade transmite como adequado o adiar da inicia o sexual e quando esta j ocorreu espera se que as raparigas sejam menos activas sexualmente mas tamb m as mais respons veis pela preven o de comportamentos de risco Neste sentido a procura de informa o e o evitamento dos riscos associados sexualidade encarada frequentemente como sinal de promiscuidade Permanecem ent o subentendidos na nossa sociedade factores que limitam comportamentos protectores e reificam ou justificam a adop o de comportamentos menos adequados ou de risco por parte das os jovens Tal como possivel verificar a viv ncia de uma sexualidade activa e respons vel n o se apresenta como uma tarefa de f cil alcance das dos adolescentes De facto esta interac o est mediada por factores mais gerais de ordem social que condicionam atitudes percep es e comportamentos Assim ser importante olhar para a adolesc ncia enquadrada por factores geralmente penalizadores para as raparigas ou seja influenciada por factores de contexto sociocultural tais como a resid ncia a ra a etnia e a orienta o
139. ara a crian a os pais da crian a e a sociedade g Ensina os jovens a rejeitar press es sexuais e como o uso de lcool e droga aumenta a vulnerabilidade face a press es sexuais h Ensina a import ncia de se ser auto suficiente antes de se envolver em actividade sexual Quadro 1 Crit rios da sec o 510 do Social Security Act 1996 para programas de abstinence only education Santelli et a 2006 tradu o nossa Estes modelos caracterizam se por um controlo apertado dos conte dos explorados definindo como desviante todos os comportamentos que se afastam de uma matriz heterossexual de comportamentos que tem por base a heteronormatividade o sexo enquanto coito e a rela o sexual confinada ao matrim nio Caracter stico destes modelos s o tamb m discursos de dano e risco como argumento para a abstin ncia sexual formulando a sexualidade das dos jovens enquanto elemento de perigo ou vitimiza o Jackson amp Wetherall 2010 60 A sexualidade na adolesc ncia Contudo e apesar da larga implementa o deste modelo consideramos que existe um conjunto de criticas que importante sistematizar Um primeiro lugar a concep o de que o contexto apropriado para as rela es afectivas e sexuais apenas o casamento heterossexual invisibilizando e tendo impacto muito negativo na formula o pessoal e no bem estar de jovens gays l sbicas bissexuais e transg neros LGBT Para al m disso esta formula o refor a
140. ara melhorar ainda mais o importante melhor o aspecto exterior Neste sentido n o resta outra escolha revista sen o apresentar um conjunto de sugest es de amiga poderiamos dizer para que a Helena consiga modelar o seu corpo e tornar se atraente 5 4 1 2 Identifica o de discursos reguladores Uma vez exposta esta constru o discursiva podemos analis la identificando quais os discursos reguladores que permitiram a sua formula o Apesar de podermos dividir esta constru o discursiva em dois mecanismos independentes Atractividade e objectifica o da mulher e Disciplina Feminina do Corpo estes comp em diferentes olhares externalizado e internalizado respectivamente sobre o corpo feminino pelo que consideramos serem regulados por discursos comuns Antes de mais esta constru o discursiva funda se num discurso rom ntico como ali s veremos acontecer com as demais tendo como base a idealiza o de um corpo que permitir alcan ar a perfei o pessoal e ao n vel das rela es heterossexuais de intimidade O amor rom ntico na perspectiva de Giddens representa a emerg ncia de ideais amorosos fortemente ligados aos valores morais do cristianismo Giddens 1992 2001 e que se baseiam em descri es romanescas da literatura do s culo XIX O amor rom ntico era essencialmente no s culo XIX o amor no feminino Giddens 1992 2001 p 29 Este pautava se por ser mais 146 O que significa
141. ara vigiar e monitorizar o comportamento feminino seja ou n o relacionado com sexualidade A met fora do Pan ptico Foucault 1975 2003 deixou de representar uma posi o da sociedade face aos indiv duos para ser internalizada pelas mulheres quanto aos v rios aspectos do seu dia a dia a beleza e imagem corporal os seus relacionamentos interpessoais a sua carreira entre outros Esta ideia sugere uma constante observa o e compara o a um padr o masculino do que ser feminino que limita e delimita pr ticas Curiosamente este controlo da sexualidade efectuado n o pela sua repress o mas pela responsabiliza o pelo seu controlo quer pela sedu o e selec o de parceiro quer dando permiss o para um envolvimento mais intimo em que imediatamente depois de autorizar se deve abandonar iniciativa masculina quer responsabilizando se pelo uso de m todos contraceptivos e de protec o contra doen as sexualmente transmiss veis mesmo que no ltimo caso n o lhes seja possivel directamente efectuar essa protec o N o se trata de auto determina o confian a desejo ou mesmo algum ind cio de gir power Esta tomada de posi o limita se apenas decis o de envolvimento com um parceiro e uma clara aposta na modela o pessoal enquanto iniciativa de submiss o Apesar de se apresentar como um posicionamento que aparenta conferir alguma ag ncia a mulher aproximando se a uma 174 O que significa ser ra
142. as as revistas possuem p blicos alvo definidos que v o dos 18 aos 34 anos mas comummente aceite que jovens de 14 anos tamb m l em as revistas Assim Farvid e Braun 2006 analisaram tematicamente 399 p ginas das duas revistas Com esta an lise concluiram que a representa o do sexo e da sexualidade continua a ser implacavelmente heterossexual Os dados eram ainda caracterizados por m ltiplos competitivos e contradit rios relatos de sexualidade feminina e masculina Estas jovens era representadas como empoderadas sexualmente activas independentes e com legitimidade para possu rem desejo sexual e experi ncias de prazer com necessidade de ter um homem na sua vida e em ltima inst ncia procurar uma rela o monog mica de longa dura o com um homem encontrar o seu Mr Right Farvid amp Braun 2006 Mais recentemente em 2010 Jackson e Westrupp realizaram o estudo que conclui os anteriormente citados da mesma autora Este foi realizado junto de pr adolescentes 11 15 anos e focalizava se na compreens o de diferentes concep es de sexualidade destas adolescentes partindo de uma an lise da revista Girlfriend O objectivo era ver at que ponto estas jovens se reviam e construiam tendo por base um discurso de sexualidade p s feminista da cultura popular Foram realizados grupos focais com 47 adolescentes em que se verificou que estas identificavam a revista como fonte de informa o em rela o a diferentes aspectos de se
143. as e alvo de decis es pol ticas Ali s esta tem tica tem sido largamente explorada na publicidade para vender todo o tipo de produtos at aos mais descabidos No entanto ultimamente a representa o sexual tem se tornado como alertam Levin e Kilbourne 2009 mais extrema mais penetrante e mais perversa do que nunca p 140 tradu o nossa Esta altera o na representa o da sexualidade implica tamb m uma altera o da representa o da feminilidade e por consequ ncia do pr prio conceito de rapariga adolescente Os corpos das raparigas e jovens mulheres s o frequentemente representados tanto como sujeitos consumidores e objectos de consumo sendo especialmente representadas enquanto objectos de consumo e desejo de homens heterossexuais McRobbie 2004 p 35 tradu o nossa Ora uma vez que vivemos numa sociedade altamente dominada e determinada pelos media podemos ter tend ncia a considerar que os elementos discursivos veiculados pelos meios medi ticos representam uma verdade indiscut vel e inquestion vel Como refere Devereux 2007 os media tendencialmente apresentam os conte dos de forma padronizada refor ando a constru o homog nea de uma realidade socialmente partilhada e contribuindo como importantes agentes de socializa o ao reproduzirem normas sociais dominantes ou n o bem como as suas cren as ideologias e valores nesse sentido que a sexualidade representada nos meios medi tico
144. ating vel como o pr prio desenvolvimento e crescimento contrasta as possibilidades de permanecer eternamente adolescente e magra Assiste se ainda a outra discrep ncia desta vez discriminativa entre as raparigas Se por um lado se valoriza a beleza como caracteristica claramente feminina a intelig ncia e o sucesso acad mico n o o s o Assim o objectivo destas adolescentes n o passa por um investimento 152 O que significa ser rapariga claro no seu desenvolvimento humano Pretende se sim manter o mito da Eva sempre disponivel e sedutora para o seu parceiro Ao mesmo tempo que a rapariga aprende a seduzir aprende a equilibrar a sedu o e os seus desejos com a domina o masculina remetendo se para um papel e script mais tradicional Tentando sobretudo distanciar se de r tulos e estere tipos sociais que associam raparigas activas sexualmente a comportamentos de promiscuidade inadequados e desviantes classifica o esta que contrasta com a atribu da a rapazes sexualmente activos os machos latinos ou macho men que s o altamente valorizados e refor ados pelos seus pares e pela sociedade Richardson 1993 Partindo destas repercuss es resta lhe posi es de submiss o mais conformistas com o script de sexualidade que lhes corresponde socialmente e que reitera um padr o desigual face sexualidade Al m desta formula o podemos ainda verificar a press o que esta constru o discursiva e os discursos que a mant
145. awrence Kohlberg 1958 na sua abordagem cognitivo desenvolvimental da moralidade do adolescente Para ele o desenvolvimento cognitivo do indiv duo realiza se do N vel Pr Convencional passando pelo Convencional e terminando num N vel P s Convencional esta articula o encontrava se ainda dividida em dois sub est dios de desenvolvimento s cio moral para maior detalhe ver e g Sprinthall amp Collins 2008 Apesar das not veis conclus es imperativo destacar Carol Gilligan 1982 que se empenhou em colmatar as falhas ao n vel da diferencia o sexual e de g nero apresentadas nas conclus es de Kohlberg que avaliou apenas rapazes A autora verificou que os est dios propostos por Lawrence Kohlberg favoreciam o desempenho dos homens em provas de avalia o de racioc nio moral e n o representavam minimamente o modo como o racioc nio moral ocorre e se desenvolve nas mulheres Woolfolk 2000 Assim Carol Gilligan 1982 expandiu a teoria inicial de Kolberg e aplicou a a novos dom nios da vida social A investigadora feminista trabalhou o pensamento moral atrav s da formula o de quadros em que constavam dilemas sexuais nomeadamente sobre o aborto Neste sentido Gilligan prop e uma sequ ncia diferente de desenvolvimento centrando se mais numa tica do cuidado No seu ponto de vista possu mos um racioc nio moral baseado no compromisso com o pr prio indiv duo e relacionamentos espec ficos evoluindo posteriorme
146. ca e o feminino restringiu a mulher a esta esfera contribuindo em grande medida para a sua posi o de subordina o ao longo da hist ria nomeadamente a exclus o da escola do trabalho e da pol tica As feministas p s estruturalistas mostraram como esta divis o socialmente constru da e como necess ria a sua desconstru o e o conhecimento das diversas formas em que ela se exprime Bartky 1990 p 31 tradu o nossa 13 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia As dimens es p blico e privado constituem assim um dos dualismos mais importantes e que mais se aproximam e sobrep em nos estudos feministas dos media nomeadamente ao se confundirem em produ es medi ticas que abordam publicamente elementos do mbito privado como o casa da sexualidade Estes estudos iniciais concluiram que os media estavam profundamente implicados nos padr es de dissemina o contra as mulheres contribuindo para a sua aniquila o simb lica Tuchman 1979 Neste sentido os dois principais eixos de an lise nos estudos feministas dos media a an lise de estruturas de poder e o enfoque nas pol ticas de representa o e na produ o de conhecimento reuniram se dando origem a an lises mais complexas da estrutura e do processo de representa o das estruturas culturais e econ micas que os suportam das rela es sociais que produzem um discurso genderizado e da natureza da identidade genderizada
147. cault 1976 1994 institucional procura controlar e monitoriza a sexualidade feminina Defendendo se com discursos biol gicos de diferen a sexual este discurso vem reafirmar uma deslocaliza o da rela o de poder para o masculino Esta continuar a ser mantida por mecanismos institucionais de ordem social mas tamb m politica e econ mica 5 5 Conclus es De forma conclusiva retomaremos o estudo apresentado revendo o de forma sum ria e sistematizando o em fun o das quest es de investiga o a que nos propusemos dar resposta 204 O que significa ser rapariga Que tipo s de vers o es de sexualidade s o apresentadas s adolescentes pela revista Analisando estas constru es discursivas de forma mais abrangente poderemos ver que nos apresentam diferentes formas de representa o das raparigas adolescentes o nosso objecto discursivo Foram assim identificadas diferentes maneiras de se falar sobre raparigas adolescentes cruzando respectivamente as tr s constru es discursivas identificadas com a equa o atractividade identidade sexualidade Brown Travis Meginnis amp Bardari 2000 No geral os resultados identificados v o no sentido de investiga es recentes como a de Jackson 2005b que identificam a produ o de conte do medi tico em revistas para adolescentes como organizadas em fun o de tr s grandes linhas orientadoras a apar ncia f sica as rela es heterossexuais e
148. clui lo na tua vida quotidiana como se nao tivesses nada a esconder Combina uma saida com ele e as tuas amigas Mas nada de beijinhos e abracos E obrigatorio conteres te Marco p 78 80 Obvia a discrep ncia entre a aten o dada ao comportamento masculino e o feminino Resume se a esta transcri o a infidelidade feminina enquanto que as restantes p ginas reportam o comportamento masculino No entanto de salientar que nem num nem noutro existe um tom repreensivo Em suma esta constru o discursiva baseia se na import ncia do estabelecimento ou manuten o de uma rela o de intimidade exclusiva e heterossexual das normas sociais associadas ao duplo padr o de sexualidade que continuam a condicionar comportamentos e atitudes nomeadamente junto das raparigas que aparecem novamente como as mais penalizadas Gill 2007 concluiria que mais uma vez as raparigas s o interpeladas a monitorizar todas as suas rela es interpessoais construir se enquanto sujeitos desej veis bem como ser respons veis por agradar sexualmente proteger se defender a sua reputa o sexual e ter em conta a auto estima masculina 197 O que significa ser rapariga 5 4 3 2 Identifica o de discursos reguladores Construir uma rela o heterossexual em suma uma complexa constru o discursiva que se articula sobretudo em redor das rela es de intimidade das jovens Embora se verifiquem diferen as ao n vel dos discursos regula
149. como uma afirma o cultural uma exposi o sobre o g nero Bordo 1988 p 23 tradu o nossa neste contexto que se considera importante intervir de forma a re agir face a patologias sobretudo associadas adolesc ncia Especialmente tendo em conta que na sua maioria as e 24 Adolesc ncia os adolescentes nao experienciam problemas significativos e desenvolvem se de forma positiva As e os jovens considerados em risco s o geralmente os que menos mecanismos de apoio possuem pelo que n o conseguem relativizar as mensagens por vezes contradit rias que recebem Destes uma minoria s o resilientes pelo que se torna muito importante a interven o precoce e preventiva sob estes comportamentos Estas discrep ncias s o como veremos ao longo desta tese mais penalizantes para as raparigas evidente que o conceito de g nero toca a biologia quando falamos de adolesc ncia uma vez que o processo e produto de transforma o claramente distinto ao n vel f sico para cada um dos sexos Estas transforma es sexuais desencadeiam reac es sociais e expectativas que condicionam n o s a adolesc ncia mas a vida do individuo As os adolescentes experienciam altera es na apar ncia f sica mas sobretudo alteram se os seus sentimentos as expectativas dos outros as press es sociais e potencialmente a sua forma de pensar sobre si pr prios e sobre o mundo que habitam Em suma cabe ao indiv duo no seu processo
150. conjunto de pr ticas institui es e tecnologias que refor am e sustentam posi es de domin ncia e domina o num cen rio concreto Em ltima an lise uma popula o mais informada e cr tica face aos conte dos medi ticos e de sexualidade originaria uma educa o e ind stria mais responsiva e respons vel e uma cultura que nutre adolescentes saud veis Bordo 1993 223 REFERENCIAS BIBLIOGR FICAS Destacamos que as nossas refer ncias bibliogr ficas ser o efectuadas segundo o modelo da APA apresentando contudo uma altera o ao n vel da nomea o dos autores que contemplar o nome por extenso fazendo juz premissa feminista de n o invisibiliza o do processo de autoria feminina Referencias bibliogr ficas Alferes Valentim 2002 ncena es e comportamentos sexuais Para uma Psicologia Social da Sexualidade Porto Edi es Afrontamento Allen Louise 2003 Girls want sex boys want love resisting dominant discourses of hetero sexuality Sexualities 6 2 215 236 DOI 10 1177 1363460703006002004 Am ncio L gia 2003 O g nero no discurso das ci ncias sociais An lise Social XXXVIHK168 687 714 Dispon vel em http analisesocial ics ul pt documentos 1218791078B9rDE5id4Po89MU8 pdf Am ncio Ligia 2002 O g nero na psicologia social em Portugal Ex aequo 6 55 76 Disponivel em http www apem estudos org page id 61 American Psychological Association APA 2007
151. cterizando criticamente n o s as principais altera es f sicas mas tamb m um conjunto de aquisi es intelectuais e sociais Posteriormente aprofundaremos o conceito de g nero e a import ncia da emerg ncia dos estudos sobre raparigas 1 1 Teorias do desenvolvimento um olhar feminista cr tico Construir se como rapariga uma tarefa multi determinada e complexa que carece de apoio e conhecimento As teorias do desenvolvimento s o dentro da psicologia as que maior aten o t m dado ao fen meno da adolesc ncia O primeiro estudo efectuado foi da autoria de G Stanley Hall em 1916 sendo considerado como o pai da psicologia da adolesc ncia Neste trabalho Hall considerava que o desenvolvimento ocorria impulsionado por altera es de ordem psicol gica que na sua opini o eram geneticamente determinadas e internas ao individuo desconsiderando possiveis influ ncias ambientais Para o autor o desenvolvimento humano inicia se com o decorrer de quatro fases inf ncia meninice mocidade e adolesc ncia sendo que por adolesc ncia entendia o per odo de tempo decorrido entre o in cio da puberdade e a total forma o enquanto adultos Muuss 1996 Segundo Sprinthall e Collins 2008 Hall acreditava que a adolesc ncia era um per odo fundamental para a educa o das dos jovens uma vez que estes se apresentavam bastante male veis Com a sua perspectiva maturacionista Hall enfatizava o desenvolvimento de padr es psico
152. ctimos comportamentos de risco no sentido de uma maior aproxima o do estere tipo e ideal perpassado nos meios medi ticos Esta import ncia dada ao grupo de pares pelas e pelos jovens tamb m n o deve ser subvalorizada N o possui apenas esta capacidade de levar a comportamentos de risco mas tamb m funciona como um mecanismo de regula o comportamental ao n vel do marketing de consumo pressionando a compra e a fidelidade a marcas e conte dos A pr pria revista explora esta estrat gia ao se apresentar como um par destas jovens super peen Ao se colocar nas cartas do leitor como um recurso para troca de ideias estrat gias e ajuda oferecendo anonimato e secretismo como se de uma amiga se tratasse leva a uma maior identifica o e consequentemente fideliza o destas ao consumo desta publica o Paralelamente necess rio destacar um certo encadeamento quanto aos conte dos sendo poss vel verificar que as revistas apresentam de forma simult nea informa es de n veis distintos mas complementares De notar que enquanto apresentam quest es sobre o funcionamento do corpo ou contracep o s o exploradas ainda quest es de prazer desejo e performance sexual Este facto permite s jovens a resposta a v rias quest es pessoais mas poder n o levar a um enquadramento e vis o global da sexualidade pessoal Dois outros aspectos que poder o refor ar a n o integra o ampla da sexualidade s o o foco no companheiro
153. culino 5 4 3 3 Defini o de Orienta es de Ac o Esta constru o discursiva Construir uma rela o heterossexual poder ser aprofundada reflectindo sobre as orienta es de ac o que lhe est o inerentes referindo nos sobretudo a uma contextualiza o que a antecedeu as resultantes implica es e funcionalidades Assim podemos em primeiro lugar destacar um posicionar essencialista presente nesta constru o discursiva relativamente sexualidade e identidade Estas vis es essencialistas op em comportamentos femininos aos masculinos sendo estes ltimos os mais valorizados Desde muito cedo que esta divis o baseada em pressupostos fisiol gicos e biol gicos incutida nas os mais jovens formulando cren as consideradas inquestion veis de pap is sociais Como concluem White Bondurant e Brown Travis 2000 na literatura persistem de forma impl cita mensagens de que todos homens s o naturalmente dominantes e todas mulheres naturalmente submissas As pr prias teorias de desenvolvimento como j desenvolvemos foram inicialmente formuladas baseando se unicamente em rapazes e posteriormente completadas apresentando uma situa o geralmente oposta ou com contornos distintos correspondente experi ncia das raparigas Estas teorias desde cedo refor am a exist ncia de dualidades e dicotomias desenvolvimentais anulando e consequentemente discriminando situa es comportamentais correspondentes a outras nuance
154. da educa o para a sexualidade quer de literacia e educa o para os media Poder ainda estimular se a educa o pelos media que recorrendo a exemplos de boas e m s pr ticas poder clarificar e conscientizar as e os adolescentes para a import ncia e influ ncia dos meios de comunica o no nosso dia a dia por vezes em escolhas simples e bastante ntimas sobre as quais n o perspectivamos que pudessem interferir Esta reflex o leva me ltima das minhas grandes conclus es pessoais a psicologia deve estar sempre ao servi o das massas articulando se de forma pr xima e percept vel saindo da redoma da comunidade acad mica e possibilitando verdadeira resist ncia emancipa o igualdade empoderamento e consci ncia cr tica ao se localizar lado a lado com a experi ncia e unicidade dos individuos em sociedade Termino reiterando as palavras de Sue Thornham 2007 escrever como mulher correr o risco constante de reabsor o no fluxo incessante que a feminilidade e a cultura de massas Escrever como um sujeito cr tico implica dist ncia de ambos Insistir em escrever como mulher e feminista desafiar as suposi es sobre a identidade subjectividade e cultura p 14 tradu o nossa Atrevo me a permanecer assim mulher e feminista xvii INTRODUCAO Introdu o we are not born with perceptions of gender differences these emerge developmentally Chodorow 1989 p 108 Nos nossos dias i
155. da esfera do desenvolvimento econ mico com a da vida ps quica e a da cultura Buchanan 2010 na capacidade de reflex o questionamento e resist ncia que a teoria cr tica se cruza com o construcionismo social enquanto espa o de contesta o e modo de explora o desta componente social A sua vis o reflexiva oposta vis o anal tica essencialista faz com que se expanda junto dos cientistas sociais concretizando se numa verdadeira alternativa as vis es tradicionais da ci ncia Sobretudo por enunciar como seu pressuposto que o conhecimento constru do na rela o entre indiv duos em sociedade e por conseguinte apostar no estudo das interac es e nas pr ticas sociais resultantes Segundo Vivien Burr 1998 assumir a 98 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso constru o social dos factos psicol gicos atrav s de meios humanos torna possivel imaginar uma reconstru o dos mesmos sob formas mais atractivas e libertadoras a um n vel social mais amplo p 13 tradu o nossa Nas perspectivas feministas esta tomada de posi o implica que conceitos chave como o g nero sejam enunciados enquanto fen menos eminentemente sociais dependentes das experi ncias pessoais das e dos intervenientes Hyde amp Oliver 2000 Neste sentido os significados e valores atribu dos a conceitos descritores de identidade deixar o de ser considerados est veis e r gidos mas sujeitos a flutua es e mudan as fr
156. de comportamento alimentar O que acontece que as mensagens positivas de sexualidade se perdem numa complexa teia de guides comportamentais de como gerir o seu desenvolvimento sexual Como exemplifica Tolman 2002 as raparigas recebem mensagens contradit rias como n o sejas pudica mas tamb m n o sejas permissiva se quiseres manter o teu namorado tens ou finge 55 A sexualidade na adolesc ncia orgasmos para assegurar que n o se sente inadaptado p 7 tradu o nossa Esta duplicidade baseada em scripts culturais em que as jovens dever o ser as guardias da sexualidade resistindo ao masculino Welsh Rostosky amp Kawaguchi 2000 Se extrapolados estes crit rios as raparigas s o geralmente conotadas como comportamentos de promiscuidade desadequa o e repress o social Motivos pelos quais a press o para a norma se tem mantido durante d cadas e sustenha ainda nos dias de hoje as principais justificativas comportamentais de jovens de ambos os sexos Como referem Reid amp Bing 2000 negociar a adolesc ncia torna se um labirinto de escolhas sexuais valores e interesses contradit rios e uma orienta o n o amb gua e sens vel n o est muitas vezes dispon vel p 152 tradu o nossa Apesar do foco da repress o e castra o social ao n vel do comportamento sexual se centre nas raparigas o facto que tamb m de entre os rapazes existem desvantagens Ser facilmente perspectivado que nem to
157. de feminina adolescente Como refere Griffin 2004 n o existe nada essencial sobre a adolesc ncia feminina girlhood sempre produzida e negociada particularmente em fun o de momentos hist ricos e pol ticos p 29 tradu o nossa Mesmo o conceito outrora atribu do adolesc ncia pouco corresponde s exig ncias situa es e tarefas desenvolvimentais que actualmente lhe s o atribu das Um recente movimento no sentido da reformula o de expectativas e conceito tem vindo a tomar forma encarando a adolesc ncia como a rela o interactiva entre um conjunto de altera es prim rias que ocorrem mediadas por contextos 13 Adolesc ncia sociais que lhe conferem significado e permitem mudan as de car cter secund rio no indiv duo que se desenvolve Podemos ent o verificar que existe alguma proximidade entre a abordagem contextualista e os modelos sociais Dentro destes ltimos de destacar a contribui o te rica de Kurt Lewin 1931 as cited in Muuss 1996 que considerava como fundamental a perten a ao grupo Para este autor o adolescente passa por um estado de movimento atrav s de um ambiente social e psicol gico desestruturado Muuss 1996 p 133 tradu o nossa onde reina a incerteza Esta incerteza seria devido import ncia da auto imagem dos indiv duos remetendo para o corpo do a adolescente As constantes altera es na estrutura corporal nas experi ncias e sensa es ap
158. deradas normais e naturais formas de comportamento heterossexual Richardson 1993 p 86 87 tradu o nossa A confronta o com este enraizamento provoca nas os jovens sentimentos contradit rios tendo permitido a adultera o de movimentos como o Girl Power e Riot Grris a que j nos referimos O que se observa um fen meno a que Vernet Vala Am ncio e Butera 2009 chamaram de cripton sia social uma dissimula o da origem em grupos minorit rios de normas e valores genericamente aceites nos dias de hoje p 131 tradu o nossa O seu resultado mais vis vel a diminui o do potencial transformativo destes movimentos diminuindo a relev ncia dos problemas sociais resultantes Continua se assim a verificar a necessidade de se efectuarem mais estudos e ac es que contribuam para uma efectiva desconstru o das desigualdades de poder Apesar de serem j evidentes algumas altera es ainda muito existe para trabalhar no sentido de promover uma representa o equitativa uma vez que estas n o s o suficientes para uma efectiva emancipa o e empoderamento das jovens Neste seguimento podemos idemtificar limita es deste estudo ao n vel dos media e da sexualidade Ao nivel dos media o facto de se analisar apenas um tipo de formato poder dar uma concep o reduzida desta rela o dado o seu uso e recurso generalizados No entanto a aplica o e an lise de um modelo multi m todo e multi meio baseado
159. destes movimentos ou seja a desconstru o e o questionamento das quest es de g nero contrapondo uma vis o institu da de que o g nero configura uma estrutura ou categoria fixa e inalter vel No fundo um movimento din mico capaz de desafiar enquadramentos modernos patriarcais e imperialistas Genz amp Brabon 2009 p 27 Neste sentido considerado como origem de mudan as nas rela es sociais nos pap is estereotipados e nas concep es de ag ncia questionando n o s o conceito de mulher como a forma como as suas subjectividades enquanto sujeitos do feminismo s o conceptualizadas 3 E o p sfeminismo nos media como sin nimo de uma representa o neoliberal e individualista da mulher contempor nea Este largamente apoiado uma vez que ao mesmo tempo que reconhece as aquisi es dos feminismos de primeira e segunda vaga estimula a uma reinven o do sujeito feminino nomeadamente atrav s de uma atitude mais reivindicativa e implicada com a sua realidade social A no o de um feminismo elitista que pretende melhorar as viv ncias e experiencias de uma maioria silenciosa bem como a ideia de que um feminismo aut ntico e hostil aos media levaram ao desafiar a uma nova conceptualiza o e a institui o do p s feminismo junto da cultura popular Genz e Brabon 2009 Esta tomada de posi o veio a dar azo institui o de uma cultura de feminismo popular pop feminism Como concluem Ana Gabriela Macedo e A
160. dicados ou mesmo interditos quer por serem namorados ou ex namorados da melhor amiga quer por gostarem de viver as suas rela es como numa roleta russa atrav s da sistematiza o de um guia dos rapazes proibidos 182 O que significa ser rapariga Excerto 46 MANUAL D AMORE Guia dos rapazes proibidos N o h Ver o que se preze sem a super curte vista Mas n o vale tudo aprende a programar o teu radar de rapazes interditos e n o deixes que se aproximem Junho p 58 59 Ainda no mesmo sentido um artigo do m s de Novembro excerto 47 acrescenta algum detalhe aos crit rios desta busca oferecendo s jovens a capacidade de perceber se vale a pena investir numa rela o com um companheiro que poder ter potencial aprendendo a salvar mesmos os casos quase perdidos Excerto 47 COMO SABER SE VALE A PENA primeira impress o n o foi boa mas achas que tem potencial Aprende a salvar at os casos quase perdidos APURA OS SEUS DEFEITOS Politica filosofia senso comum ou puro machismo melhor saberes qual o seu ponto fraco para tentar levar o barco a bom porto antes que d tempestade E COMO FAZER COM QUE TE LIGUE O tempo passa velocidade da luz quando est s com ele Se gostas tanto da sua companhia n o hesites em voltar a v lo BE HAPPY Tenta ser alegre e rir das suas piadas mas sem exagerar ele sabe que n o um humorista profissiona
161. diferente desta representa o homog nea de rapariga adolescente protagonizada pelos media em geral A Helena consegue mesmo verificar que as suas amigas s o mais facilmente conformistas com este modelo sentindo se excluida e incapaz de corresponder ao que reconhece como sendo o que a sociedade valoriza 145 O que significa ser rapariga Excerto 13 As minhas amigas conseguem conquistar e eu n o Os rapazes n o olham para mim por ser feia Como posso tornar me atraente Helena Lisboa Obviamente o aspecto f sico o nosso melhor cart o de visita mas tamb m est mais do que comprovado que a nossa atitude fundamental na hora de nos relacionarmos com os outros Enche te de coragem e faz um novo corte de cabelo aprende a maquilharte adere s unhas posti as Experimenta fazer um workshop para mudar o ook Aprender s a real ar o que tens de melhor E quando te sentires confiante conquistar s o Mundo A este n vel a resposta da revista algo amb gua Por um lado a jovem n o est enganada e a sua auto estima provavelmente tem raz es para estar enfraquecida at porque Obviamente o aspecto f sico o nosso melhor cart o de visita Por outro existe um contraponto entre o ser sexy sedu o e atitude positiva e ser se especial para al m das formas f sicas na beleza interior Contudo a resposta contrap e estas posi es com uma proposta irredut vel importante ser se especial mas p
162. diversidade de pensamento Sandra Harding 1986 tomou a iniciativa de criar uma tipologia de epistemologias feministas no sentido de mais facilmente se identificarem e esclarecer as suas posi es face ci ncia moderna A sua tipologia consiste em tr s categorias principais o empiricismo feminista o ponto de vista feminista feminist stanapoin e o p s modernismo feminista Amancio 2002 Nogueira 2001a Mais recentemente e de forma paralela a todo este pensamento surge o conceito de p s feminismo que se tornou controverso ao ser apropriado por muitas os pensadoras es de formas por vezes contradit rias Este foi associado a um conjunto alargado de defini es que v o desde uma perspectiva de backlash mais conservadora os movimentos de terceira vaga feminista ao feminismo p s moderno p s estruturalista Como afirmam Genz e Brabon 2009 n o existe um p s feminismo aut ntico ou original que possua uma defini o estanque da mesma forma que n o existe uma origem concreta O p s feminismo emergiu de intersec es e hibridiza es entre os media a cultura de consumo as politicas neo liberais a teoria p s moderna e de forma significativa o feminismo Genz amp Brabon 2009 p 5 tradu o nossa Como defende McRobbie 2009 o p s feminismo partiu de conceitos como o empoderamento ou a escolha pessoal e converteu os inserindo os num discurso individualista que lhes atribui novos significados implantando esta nova
163. do a tornarem se mais magras Esta press o para a obten o de um corpo que imposs vel para a maioria da popula o Cunha 2008 p 82 refor ou a import ncia de uma formula o mais pr xima das mulheres valorizando n o s a magreza mas tamb m o corpo saud vel Para esta altera o muito contribuiu o desenvolvimento do mundo da moda inicialmente com Marilyn Monroe como simbolo de corpo ideal busto grande cintura fina representado pela voluptuosidade e eleg ncia Seguidamente iconizado na modelo Twiggy valorizou se a simetria entre ancas e busto que real ava o uso da mini saia introduzida por Mary Quant promovendo a mudan a dos par metros de vestu rio que viriam a permitir maior revela o e exposi o do corpo Esta ideia refor ada por Cunha 2008 ao atribuir ao florescimento da ind stria da moda a responsabilidade por estere tipos de beleza associados a corpos magros como nos anos de 1960 as famosas Twiggy e Jean Shrimpton ou mais recentemente com Kate Moss e a 148 O que significa ser rapariga sua historia de anorexia nervosa Cunha 2008 p 77 Do mesmo modo que no mundo da moda esta imagem de corpo esbelto que repetidamente e mediaticamente passada as raparigas como um objectivo e imperativo de vida poder mesmo potenciar junto destas dist rbios alimentares De tal forma que uma vez anor xicas ou bul micas estas jovens tendem a repudiar o seu desenvolvimento querendo permanecer
164. do as tomadas de posi o iminentemente politicas e centradas no objecto de estudo do a investigador a Saavedra 2001 comenta que inevitavelmente ser necess rio tomar decis es quanto aos discursos em an lise Estas resultam sempre ou dever o faz lo n o em fun o das inten es do a investigador a mas fundadas na capacidade transformacional associada a cada constru o discursiva Segundo Ifiguez e Antaki 1994 o papel do a investigador a n o consiste em seguir direc es de an lise que conduzam a um objecto pr determinado pelo contr rio interactuar com os argumentos inerentes aos discursos que as pessoas usam e usando toda uma variedade de armas anal ticas sua disposi o trazer luz tudo o que n o est expl cito p 62 Um outro crit rio que imprime maior rigor tendo em conta que esta metodologia assenta na constante interroga o do a investigador a face aos dados a reflexividade Segundo Neves e Nogueira 2004 a reflexividade manifesta se como processo de permanente interroga o e de an lise atrav s do qual as os investigadoras es avaliam o impacto dos seus valores das suas ideologias e das suas posi es nos produtos que executam e nos caminhos que escolhem percorrer para os executar p 126 A reflexividade ao funcionar como constante questionamento da ci ncia que se produz das suas teorias metodologias e resultados rompe com o pendor cient fico caracter stico da modernidad
165. do mesmo uma mudan a de paradigma O sexo no caso das mulheres deixou de estar estritamente ligado reprodu o para se dar import ncia ao seu prazer sexual Esta reivindica o do seu corpo informava as lutas feministas dos anos 70 atrav s do reclamar do direito contracep o e interrup o volunt ria da gravidez Neves 2007 tendo sido alcan ados na sua totalidade em Portugal apenas na primeira metade do s culo XXI Fruto deste conjunto de reivindica es tamb m o papel da mulher se alterou socialmente deixando de ser consideradas exclusivamente enquanto esposas e m es No entanto esta autonomia nunca foi totalmente estabelecida uma vez que se perpassavam ideais de romantismo que implicavam agora um esfor o extra para cativar o sexo oposto e concretizar uma rela o afectiva situa o que antigamente era agilizada por acordos entre familias Aqui radicam muitos dos mitos e estere tipos que permanecem na nossa sociedade e que mant m vigentes as constru es e mecanismos discursivos identificados O controlo social n o se resume a uma produ o do corpo feminino enquanto elemento imprescind vel para a manuten o da humanidade confinando o ao papel primordial na reprodu o como tamb m o molda e constrange identificando o que necess rio para que seja aceite amado desejado pelo homem Neves 2007 p 315 Como relembra Tiefer 2000 as transgress es na sexualidade pertenciam ao dom nio da moral
166. do por Giddens 1992 2001 o conceito de amor confluente parece tamb m influenciar esta constru o discursiva Nesta poss vel uma formula o de sexualidade feminina menos condicionada pelo script tradicional quando enquadrada numa rela o de intimidade est vel e duradora neste contexto apenas que se reconhecem tra os deste conceito Esta formula o permite nos ent o reflectir sobre a necessidade percebida e apresentada rapariga 172 O que significa ser rapariga de cultivar as suas aptid es sexuais No entanto n o nos podemos esquecer que este conceito n o transversal a toda a constru o discursiva O amor confluente n o se encontra institu do de forma plena pois pressup e a capacidade de dar e experienciar satisfa o e n o apenas a aquisi o de conhecimentos pela rapariga e posterior subjuga o ao parceiro Como referem Jackson e Westrupp 2010 a ag ncia sexual das raparigas apenas representada como legitima quando claramente associada ao consumo Outro pressuposto que possivel identificar consiste nesta associa o entre sexualidade e consumo Este investimento concretiza se em m ltiplos investimentos na comercializa o da sexualidade como bem essencial identidade feminina A sexualidade vista agora como um importante mecanismo de marketing e consumo Como relembra Devereux 2007 as ind strias mainstream dos media desempenham um papel crucial no continuo disseminar de
167. do vis vel na separa o entre psicologia de mulheres e psicologia feministas Ser psic loga feminista implica um claro focalizar na experi ncia assim trica de poder a que as mulheres est o expostas assumindo uma n o neutralidade Harding 1994 Kitzinger 1991 e preocupando se sobretudo com o questionar e desafiar dos resultados de investiga es que contribu ram para a constru o social de g nero uma vez que a sua conceptualiza o desigual condiciona as rela es humanas n o apenas entre homens e mulheres mas tamb m entre os homens e mulheres entre si Por conseguinte procurando sistematizar algumas quest es no sentido de trazer mais rigor na avalia o e caracteriza o do desenvolvimento das raparigas e mulheres consideramos fundamental olhar a algumas limita es que as teorias apresentam Estas limita es adv m sobretudo de um enquadramento te rico restrito no pensamento moderno em que prepondera o androcentrismo e a rigidez conceptual caracterizada por um essencialismo de posi es que dicotomiza no es de sujeito n o sujeito bom mau normal anormal entre outras Em primeiro lugar consideramos importante questionar o universalismo das formula es te ricas baseadas sobretudo num modelo correspondente a um indiv duo masculino branco classe m dia radicado sobretudo na sociedade norte americana Daqui 7 A Psicologia de mulheres carrega em si uma vis o essencialista que olha as mulheres como grupo h
168. dores poss vel identificar dois que s o comuns a toda a constru o discursiva e seus mecanismos o discurso rom ntico e o discurso androc ntrico O discurso rom ntico apresenta se aqui como na constru o discursiva anterior como elemento base de toda uma formula o pessoal das raparigas Neste caso concreto este toma forma sobretudo ao n vel do estabelecimento de caracteristicas identit rias das jovens as suas rela es marcam a forma como se desenvolvem ao n vel psicossocial Este discurso rom ntico apresenta mesmo uma import ncia novelesca no mecanismo Manual de sobreviv ncia a um amor verdadeiro ao determinar como objectivo fundamental do desenvolvimento das jovens o estabelecimento de uma rela o amorosa com um rapaz A tua miss o fazer com que ele te considere a melhor namorada do Mundo excerto 52 Um outro discurso que denominamos por androc ntrico permeia toda a constru o discursiva Este pretende dar visibilidade a uma preocupa o excessiva e quase exclusiva na satisfa o de um conjunto de condi es favor veis ao sexo masculino Estes s o em ltima an lise os principais alvos destes recursos medi ticos apresentando s raparigas um conjunto de mecanismos para os agradar satisfazer e dar prazer Ainda que por vezes a revista tente descentrar e mascarar o foco no enaltecimento do masculino como acontece no mecanismo Afirma o do duplo padr o nomeadamente ao nivel da viol ncia das rela
169. dos os rapazes se enquadram no estere tipo e norma heterossexual de que s o envoltos desde que nascem Mesmo assim estes tendem a manter alguns dos benef cios a que s o expostos devido perten a ao grupo dominante Connell 1995 relembra que a masculinidade n o uma entidade biol gica pr existente sociedade acima de tudo as masculinidades s o modos que a sociedade interpreta e emprega em corpos masculinos p 211 tradu o nossa Tomados como um grupo homog neo de indiv duos com prefer ncias atitudes e comportamentos bem caracterizados e comuns esta vis o global do ser rapaz e homem que colocada como modelo na busca apresentada como constante das raparigas por um parceiro Por fim e muitas vezes de forma subliminar os media que est o constantemente presentes na vida das adolescentes perpassam a cren a que as raparigas devem ser sexy para os rapazes e n o devem sentir desejo Connell 1995 Como veremos posteriormente os media n o est o a promover de forma efectiva esta vis o positiva da sexualidade feminina apesar de contribuirem de forma critica para a defini o de c digos de conduta sexual emergentes Harris 2004 tornando o enquadramento contempor neo da feminilidade ainda mais complexo pela intersec o constante de constrangimentos autonomias e liberdades selectivas Harris 2004 e pelo aumento exponencial de representa es sexualizadas do feminino APA Task Force 2007 2
170. dos sobre as raparigas muito contribuiu tamb m o trabalho de Deborah Tolman Em 2002 publicou o livro Dilemmas of Desire no qual localizou o desenvolvimento de adolescentes enquanto um complexo processo de negocia o e ced ncias face s normas de feminilidade Estas dependem da socializa o das adolescentes e da sua resigna o a um modelo de ser mulher com um espa o pr prio e claramente delimitado dentro do sistema paternalista e patriarcal Na sua opini o as raparigas s o constantemente confrontadas com duplica o da voz e da vis o ou seja seguindo essas normas pr estabelecidas como n o ser mal comportada n o se envolver em conflitos corresponder s necessidades dos outros mesmo que s suas custas cria com frequ ncia disparidade entre o que as raparigas devem pensar sentir ou saber e o que de facto elas experienciam e observam Tolman 2002 p 53 54 tradu o nossa Permanecer nesta vis o discrepante e resistir imposi o da feminilidade dar azo a puni es sociais psicol gicas e mesmo f sicas A autora prossegue afirmando mesmo que a matriz de comportamento para as rela es de g nero no O termo duplica o da voz e da vis o doubling of voice and vision foi originalmente introduzido por Carol Gilligan 1990 p 506 32 Adolesc ncia seio da institui o da heterossexualidade a narrativa do romance Esta permeada por passividade feminina e agressividade e dom
171. drocentrado No excerto do m s de Julho que transcrevemos de seguida poss vel verificar esta import ncia em quest es comuns como a forma de vestir Segundo esta reportagem a rapariga automaticamente adapta se ao estilo do namorado Qualquer semelhan a n o pura coincid ncia alterando o seu estilo pessoal Excerto 9 O ATAQUE DAS CLONES Observa as fotos que apareces com o teu namorado e os teus ex e confessa est o vestidos de forma parecida Qualquer semelhan a n o pura coincid ncia que tendemos a copiar o estilo do nosso namorado para agradar lhe Julho p 56 57 Contudo este facto n o parece ser de maior import ncia pois mesmo mudando de estilo a revista ir continuar a ajud la a manter se dentro dos par metros do ideal de beleza e moda O excerto 10 exemplifica mais um destes conselhos de modela o pessoal Independentemente da personalidade das jovens ou de caracteristicas espec ficas o sucesso garantido Ali s todo este discurso possui como referencial uma concep o homog nea e generalista de adolescente Excerto 10 O cor de laranja o cor de rosa e azul chegam com ares futuristas e revelam o seu lado mais explosivo Damos todas as chaves para utiliz los e arrasar Novembro p 42 48 144 O que significa ser rapariga Mais uma vez parece bvio a multiplicidade de desafios a que as jovens s o expostas com o objectivo ltimo de se modelarem por forma a ficare
172. e B 1986 Processes of peer influence in adolescents In Rainer K Silbereisen Klaus K Eyferth amp Georg Rudinger Eds Development as action in context problem behavior and normal youth development pp 203 228 Berlim Springer Verlag Kang Mee Eun 1997 The portrayal of women s images in magazine advertisements Goffman s Gender Analysis Revisited Sex foles 3 11 12 979 996 DOI 10 1007 BF02936350 237 Referencias bibliogr ficas Kaplan Gisela 1992 Contemporary Western European Feminism London UCL Press Kehily Mary Jane 1999 More sugar Teen magazines gender displays and sexual learning European Journal of Cultural Studies 2 1 65 89 DOI 10 1177 136754949900200104 Keller Sarah N amp Brown Jane D 2002 Media interventions to promote responsible sexual behaviour The Journal of Sex Research 39 67 72 Dispon vel em http www ncbi nim nih gov pubmed 12476260 Kirby Douglas Lepore Gina amp Ryan Jennifer 2005 Sexua Risk and Protective Factors Factors Affecting Teen Sexual Behavior Pregnancy Childbearing And Sexually Transmitted Disease Which Are Important Which Can You Change National Campaign to Prevent Teen Pregnancy ERT Associates Kitzinger Celia 1991 Feminism psychology and the paradox of power Feminism and Psychology 1 111 129 DOI 10 1177 0959353591011016 Klein Jonathan D Brown Jane D Walsh Childers Kim Oliveri Janice Porter Ca
173. e Sexualidade e Planeamento Familiar 36 13 14 Walsh Childers Kim Gotthoffer Alyse amp Lepre Carolyn Ringer 2002 From just the facts to downright salacious Teens and women s magazine coverage of sex and sexual health In Jane D Brown Jeanne R Steele amp Kim Walsh Childers Eds Sexual teens sexual media Investigating media s influence on adolescent sexuality pp 153 171 Mahwah NJ Lawrence Erlbaum Associates Inc Welsh Deborah Rostosky Sharon amp Kaeaguchi Myra Christen 2000 A normative perspective of adolescent girls developing sexuality In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White Sexuality Society and Feminism pp 111 140 Washington DC American Psychological Association White Jacquelyn W Bondurant Barrie amp Brown Travis Cheryl 2000 Social constructions of sexuality unpacking hidden meanings In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White 250 Referencias bibliogr ficas Sexuality Society and Feminism pp 11 33 Washington DC American Psychological Association Willig Carla 2008 Foucauldian Discourse Analysis In Carla Willig ntroducing Qualitative Research in Psychology pp 112 131 London Open University Press Willig Carla 2003 Discourse Analysis In Jonathan A Smith Org Qualitative Psychology A Practical Guide to Research Methods p 159 183 London Sage Publications Willig Carla 1999 Applied discourse ana
174. e impregnando pr ticas cient ficas de posi es sociais e possibilidades de mudan a social altamente questionadas e reflectidas Parker 1999 Este permanente questionamento dever ent o ser incorporado nas pr ticas rotineiras das os investigadoras es partilhando com colaboradoras es o seu percurso anal tico triangula o A triangula o consiste ent o num percurso anal tico informado por diferentes perspectivas pessoais resultantes da partilha na realiza o da an lise de discurso quer com informadoras es privilegiadas os no processo quer com consultoras es externas os conhecedores da metodologia que poder o enriquecer a an lise Segundo Nogueira 2001a como a An lise de Discurso muito rica ser provavelmente imposs vel admitir alguma vez que os dados foram exaustivamente analisados e que por isso n o existe mais nada a 110 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso considerar isto que a an lise est completa p 35 36 Por fim ser ainda importante referir a import ncia de um claro posicionamento do a investigador a face aos dados Um a investigador a que utiliza AFD dever n o s conhecer aprofundadamente os dados que analisa mas tamb m o contexto em que estes foram produzidos os mecanismos ou tecnologias discursivas utilizadas bem como as caracter sticas das os receptoras es a que se destinam Para al m destes aspectos o a investigador a dever estar ciente da sua p
175. e sobre a vida sexual das e dos jovens Fisiologia e desempenho sexual Fisiologia e desempenho sexual inclui tamb m quest es colocadas pelas jovens sendo que estas se relacionam tanto com a fisiologia humana como com o desempenho sexual associado O excerto 25 retrata a quest o colocada por Vitoria ao n vel das hormonas humanas A jovem tenta esclarecer se de facto foi comprovada a exist ncia de uma hormona que condicione as capacidades de aten o e vigilia nos rapazes provocando sonol ncia ap s a ejacula o Excerto 25 verdade que existe uma hormona que lhes provoca sono depois da ejacula o Vitoria Lisboa Sim Depois de ejacular os rapazes libertam noradrenalina uma hormona que lhes provoca sonol ncia Para al m disso tamb m se sentem cansados depois do sexo Por isso que adormecem 161 O que significa ser rapariga Mais ao nivel do desempenho a In s excerto 26 questiona a revista sobre o tempo refractario que medeia duas respostas sexuais masculinas Excerto 26 Ap s uma ejacula o quanto tempo que os rapazes demoram at voltar a ter sexo In s Vila Real Os rapazes precisam de um intervalo de cerca de 20 minutos para recuperar ap s a ejacula o S quando este per odo refract rio termina que podem voltar a ter rela es Outra dimens o do desempenho a correspond ncia entre parceiros No excerto 27 a Andreia aborda a quest o do prazer sexual entre parcei
176. e apresentarem disponiveis para serem olhadas e supostamente escolhidas por um parceiro A primeira imagem imagem 1 que apresentamos representa uma jovem que se encontra abandonada sobre uma cama com olhar n o definido e tocando a boca A jovem est claramente exposta ao olhar do espectador O rel gio que pretende publicitar n o se apresenta no centro da imagem e n o possui qualquer destaque Tamb m n o existe um texto que acompanhe a publicidade sendo que o protagonismo dado jovem ao centro Ali s a sua presen a na publicidade apenas para servir de meio para expor o rel gio da marca Nesta publicidade a jovem n o possui ess ncia pr pria sendo um claro exemplo de objectifica o Imagem 1 Ali s este recurso bastante frequente No exemplo que se segue imagem 2 mais uma vez a jovem ocupa o centro da imagem e tem o maior destaque Neste sobressai ainda a nudez da jovem que centro do olhar do a leitor a expondo se propositadamente a um olhar voyeur ao mesmo tempo que cumpre a fun o de segurar o perfume da Moschino produto de facto publicitado A mensagem que podemos retirar desta publicidade conjuga a import ncia da atractividade do corpo e da beleza enquanto exposi o pessoal aos outros com o papel do Estas mensagens transmitidas socialmente resultar o por sua vez numa percep o das raparigas de uma necessidade de se adequar ao normativo originando mecanismos discursivos como o da Discipli
177. e colocar dispon vel observa o Imagem 16 140 O que significa ser rapariga Apesar da preponder ncia dos an ncios publicit rios nestes discursos podemos encontr lo ainda em outras tipologias de conte do analisadas o caso dos artigos e reportagens O excerto que apresentamos de seguida revela a import ncia de se construir como rapariga recorrendo fortemente aos seus atributos pessoais para atrair os parceiros nomeadamente os rapazes numa matriz claramente heterossexual disponibilizando se pela sua atractividade para serem olhadas e objectificadas nesta rela o O excerto 1 refere mesmo que as cores de maquilhagem sugeridas s o as mais doces criando um olhar guloso na rapariga Contudo este pretende apenas como refere o artigo transformar o teu olhar numa deliciosa sobremesa para que n o se consiga deixar de a olhar Excerto 1 Rosa f chsia OLHAR GULOSO sem d vida uma das cores mais doces desta paleta Ir transformar o teu olhar numa deliciosa sobremesa e ao mesmo tempo darte um ar irreverente Assim n o passar s despercebida Novembro p 42 49 Do mesmo modo o excerto 2 apresenta o exerc cio f sico e a frequ ncia de gin sio como uma ptima oportunidade de se tornar atractiva n o apenas pelo exerc cio modelador e de realce do corpo mas sobretudo pela exposi o As jovens s o sobretudo incentivadas a usar roupas reveladoras e sexy e deixar se admirar Excerto 2 S
178. e da religi o at ao advento da p lula contraceptiva e mais tarde na tentativa de legaliza o do aborto Este facto fez com que o dominio da Igreja passasse para a comunidade m dica transformando se num problema de sa de com implica es econ micas para as mulheres e para a sociedade em geral A crescente autonomia e independ ncia delas aumentou tamb m a necessidade e a const ncia na sua vigil ncia inicialmente com o intuito de restringir excessos mas progressivamente de controlar comportamentos diferentes e considerados desadequado nomeadamente atrav s da puni o Era ent o necess rio velar pelas mulheres sobretudo pelo seu corpo A constru o social da sexualidade com radicada na atractividade veio 150 O que significa ser rapariga a constituir uma equival ncia social entre beleza e sexualidade Neste sentido ao se ligar a identidade a marcadores f sicos identific veis aumenta se a exposi o e a monitoriza o aumentando tamb m a san o e controlo social associados Brown Travis Meginnis amp Bardari 2000 Ao se mover a sexualidade do dom nio privado para o dom nio p blico permite se a forma o de opini o e interfer ncia externa e portanto o controlo na ades o a comportamentos definidos como mais adequados socialmente mantidos pela puni o de comportamentos n o confluentes O aparecimento do VIH SIDA veio aumentar este car cter vigilante e pan ptico associando sexualidade o medo e a desco
179. e de aceder a um ciclo vicioso de estere tipos auto confirmados e de rela es de domina o e assimetrias de poder que n o se esgotam na vida pessoal e sexual mas que perpassam as reas de vida das mulheres Este facto refor a a no o de que a nica fun o delas darem resposta sexualidade masculina o que permite e justifica abusos e inequidades Mais uma vez se verifica que no sujeito mulher n o s o equacionadas fronteiras entre o dom nio p blico e privado permitindo em geral a intromiss o e monitoriza o nos seus comportamentos Em suma mais uma vez clara a retirada s raparigas de uma posi o na ac o mesmo que seja a sua pr pria formula o identit ria Apesar de parecer que dado algo rapariga algum poder de decis o frequentemente confundido com girl power ou mesmo com perspectivas p s modernas esta acaba sempre por se remeter muitas vezes propositada e conscientemente posi o desfavor vel e de subordina o Lamentavelmente este discurso sobre a formula o identit ria tamb m omite e restringe possibilidades de emancipa o ou empoderamento 5 4 3 4 Defini o de Posicionamentos Como temos vindo a verificar esta constru o discursiva Construir uma rela o heterossexual formula aspectos considerados por esta publica o essenciais identidade feminina nomeadamente explorando a sexualidade e a rela o com masculino como fundamentais Partindo deste pressupost
180. e discursos que apresentaremos de seguida 5 4 Apresenta o e discuss o de resultados Por forma a possibilitar uma perspectiva mais global e uma localiza o mais precisa dos discursos identificados na rede discursiva dos conte dos medi ticos analisados apresentamos antes da sua explora o um roteiro para cada constru o discursiva Esta op o sobretudo importante uma vez que os discursos identificados informam e caracterizam de forma mais pr xima a articula o destas constru es discursivas o mundo social e os indiv duos Partiremos ent o an lise das tr s constru es discursivas identificadas e que permitem delinear a import ncia da sexualidade na conceptualiza o das raparigas adolescentes para este g nero medi tico 126 O que significa ser rapariga Assim partindo do nosso objecto discursivo serrapariga e Tornar se sexy e Ter de saber sempre mais e Construir uma rela o heterossexual Com o intuito de sistematizar e clarificar a investiga o desenvolvida cada uma destas constru es discursivas ser apresentada de forma independente seguindo os seis passos propostos por Carla Willig 2003 2008 apresentados no cap tulo anterior Iniciaremos por 1 identificar as constru es discursivas e os 2 discursos que as constrangem posteriormente apresentaremos as suas 3 orienta es para ac o 4 posicionamentos e 5 pr ticas finalizando a an lise com a 6 identifica
181. e fica em forma com prazer Maio p 82 83 O pr prio artigo explica melhor esta rela o ao referir Excerto 6 Nem discotecas nem chats J reparaste que nos ltimos tempos os gin sios transformaram se nos novos pontos de encontro N o duvides o local ideal para conhecer novos amigos ou algo mais Maio p 82 83 sobretudo durante o Ver o que o escrut nio a esta disciplina feminina do corpo maior N o s porque as temperaturas suscitam maior exposi o do corpo e da forma f sica mas tamb m porque segundo a linha editorial o Ver o a poca privilegiada para o estabelecimento de novas rela es sobretudo de intimidade 143 O que significa ser rapariga Excerto 7 Escolhe o teu biquini ideal desvenda os segredos de um corpo de top descobre os rapazes de quem deves fugir Segue o caminho das estrelas e prepara te para conquistar o Universo Ou ainda Excerto 8 EM BUSCA DO CORPO Consegue as curvas das celebrities O rabiosque firme da J Lo a cintura sensual da Shakira Desvenda os segredos das famosas para exibir um corpo 100 fot J est s a tomar nota Junho p 47 49 No entanto na maioria das vezes as jovens s o aconselhadas a adoptarem um regime de maior passividade e n o ac o em que a finalidade estar de acordo com o interesse masculino A conjuntura dos media refor a diariamente este poder associado correspond ncia constante a uma referente masculino an
182. e g nero que lhe atribu do Os constrangimentos e mitos n o se esgotam no entanto na p lula contraceptiva estendendo se tamb m p lula de emerg ncia Apesar de esta ser geralmente esquecida nos discursos das e dos jovens portuguesas es ela uma alternativa vi vel no controlo da gravidez ap s uma rela o sexual desprotegida especialmente porque diminui as consequ ncia adversas de uma poss vel gravidez adolescente Contudo e apesar de como j referimos as os jovens serem inundados por muita informa o ao n vel dos m todos anti concepcionais esta parece n o ser suficiente ou n o ser fornecida da melhor forma Um estudo realizado na cidade de Guimar es Nunes 2005 revela que numa amostra de 419 alunas 80 sexualmente activas do ensino secund rio 94 3 das raparigas conheciam a contracep o de emerg ncia das quais apenas 15 8 sabiam qual o tempo til para a sua aplica o Ser ainda importante referir que das adolescentes inquiridas 261 afirmaram ter recebido a informa o atrav s dos media ou seja ainda necess ria uma explora o e informa o adequada de cariz m dico educacional Apesar desta lacuna poss vel verificar se um claro direccionar da informa o m dica nos centros de sa de e unidades de planeamento familiar apenas para as raparigas e enquanto grupo homog neo esquecendo caracteristicas e especificidades pessoais e do contexto social em que est o inseridas Para al m desta p
183. e olhas ao espelho sentir s autoconfian a Caso contr rio qualquer dia o teu guarda roupa ter de ir ao psic logo Julho p 56 57 O que significa ser rapariga Manter uma rela o esta ainda presente nas cartas de leitora Atrav s desta tecnologia textual as jovens apresentam as suas dificuldades e problemas procurando encontrar respostas que as orientem na sua resolu o O excerto 55 relata o estabelecimento de um relacionamento atrav s das novas tecnologias e o receio da jovem face a um encontro A jovem quer manter o seu relacionamento passando do plano virtual para o contacto face a face mas felizmente n o ignora os perigos que poder o surgir de um encontro que n o corresponda ao esperado Excerto 55 H uns meses conheci um rapaz no chat e apaixon mo nos Gostava de o conhecer pessoalmente mas como ele vive a 300 quil metros teriamos de combinar um encontro numa cidade a meio caminho Apesar de confiar nele tenho medo Help me Marta E mail Talvez o teu namorado seja uma boa pessoa mas est s certa em tomar algumas precau es O mais importante que informes algu m de confian a sobre o vosso encontro de modo a que saibam onde e com quem estar s Seria ptimo se alguma dessas pessoas pudesse acompanhar te Tamb m preferivel que o encontro aconte a num local p blico como por exemplo um shopping e que regresses a casa no pr prio dia se em alguma altura desconfiares dele
184. e se fosse mais uma rapariga como se pode ver pelo t tulo Ragazza que aconselha as suas amigas Esta rela o frequentemente refor ada nas cartas de leitora O excerto 49 apresenta a Sara que se encontra uma situa o de indecis o face ao estabelecimento de uma rela o Nesta carta a jovem apresenta se como duplamente penalizada enquanto rapariga que n o deve iniciar uma conquista mas apenas encetar uma aproxima o e enquanto mais jovem que o potencial parceiro A resposta da revista vem exactamente de encontro ao script feminino indicando que a jovem sugira uma aproxima o e aguarde a resposta masculina e consequente aprofundamento da rela o Tal como uma amiga a revista conclu a resposta jovem com um vamos querer uma foto vossa como prova Excerto 49 Apaixoneime pelo gerente do bar onde trabalho aos fins de semana O problema que ele tem 30 anos e eu 18 por isso n o sei se devo ou n o tentar conquist lo Preciso de um conselho Sara E mail Se at agora nunca detectaste um sinal que te tirasse a esperan a porque n o tentar A idade um factor importante a ter em conta mas n o necessariamente um obst culo intranspon vel O objectivo fazer com que ele note que existe um certo interesse da tua parte para que possas observar a sua reac o antes de atirares te de cabe a E se sim vamos querer uma foto vossa como prova N o poderiamos concluir sem a apresenta o de r
185. e significa ser rapariga sexualidade expressas pelas leitoras ou percepcionadas como ausentes pela linha editorial Este discurso composto por tr s outros recursos contracep o e concep o funcionamento do corpo e fisiologia e desempenho Contracep o e concep o Tema habitualmente presente nas quest es da sexualidade adolescente e g Kvalem amp Traeen 2000 a gravidez na adolesc ncia surge enquanto factor de ansiedade e receio como se pode verificar pelos excertos a explorar compostos por necessidades objectivamente identificadas O excerto 14 revela a preocupa o da Filipa com a gravidez adolescente Atrav s de uma quest o muito simples a jovem permite revista explorar um dos mitos da sexualidade adolescente Excerto 14 Posso engravidar mesmo que o meu namorado n o ejacule para dentro de mim Filipa Aveiro Podes basta haver penetra o sem a protec o de um m todo anticonceptivo Mesmo antes de ejacular os rapazes expulsam um flu do que cont m espermatoz ides Tem cuidado Ainda no mesmo sentido a jovem Nat lia excerto 15 exp e a sua ansiedade Verificada a aus ncia de gravidez a sua preocupa o com a contamina o com uma DST desta forma identificada mais uma lacuna A maioria dos jovens desconhecem os recursos dispon veis de apoio sua sexualidade Excerto 15 H um m s estava a ter rela es com um rapaz e o preservativo rompeu se A minha menstrua o
186. e sofisticadas 29 relativamente bem informadas sobre sexo e sexualidade confiantes nas suas rela es sexuais e com maior probabilidade de serem iniciadas sexualmente Brown 2007 Estes padr es sugerem diferentes posicionamentos face aos media e o seu impacto no comportamento sexual No entanto foi poss vel compreender que existe uma interac o entre estas dimens es na promo o de comportamentos de risco ou saud veis que importante explorar Ainda em 2007 Peter e Valkerbung apresentaram um estudo em que exploravam associa es entre as no es de mulher como objecto sexual e a exposi o com diferentes graus de explicita o a conte dos de sexualidade em diferentes media Um question rio online foi respondido por 745 jovens holandeses 48 rapazes 52 raparigas com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos de idade Quanto aos conte dos n o expl citos ou semi expl citos as e os jovens foram questionados usando exemplos de revistas e televis o quanto a conte dos expl citos de sexualidade foram usados excertos de imagens online revistas videos ou DVDs ou de filmes online Os resultados vieram confirmar as hip teses iniciais refor ando a no o que a exposi o de adolescentes a conte dos explicitos de sexo ou sexualidade aumentam a sua no o das mulheres enquanto objectos sexuais sendo que esta tend ncia maior em materiais audiovisuais do que visuais Para a clarifica o e desenvolvimento dos estu
187. ecomenda es para modela o das raparigas face aos gostos dos rapazes Iniciar uma rela o uma tarefa que implica sobretudo ser apelativa e agrad vel O excerto 50 clarifica esses esfor os sistematizando o tipo de raparigas que n o agrada aos rapazes 184 O que significa ser rapariga Excerto 50 VADE RETRO Manual de raparigas que lhes provocam alergia Sejamos sinceras nem sempre os rapazes s o os culpados por uma rela o ser dif cil A verdade que h alguns comportamentos que devemos evitar para n o sermos uma persona non grata Descobre tudo aquilo que os rapazes detestam em n s e evitar s afugent los para sempre Afinal a tua reputa o que est em risco Julho p 78 79 S o sobretudo tipologias a evitar e das quais as jovens se devem demarcar claramente Como o exemplo de Outras subesp cies al rgicas Excerto 51 Outras subesp cies al rgicas DICION RIO DE DIMINUTIVOS Se n o paras de repetir palavras acabadas em inho acabar s por provocar lhe uma surdez selectiva e ser s vista como uma crian a A TRAG DIA GREGA Ter um dia mau compreens vel desde que n o seja todos os dias Se o teu desporto chorar por tudo e por nada perder s o sex appeal e a sua libido desaparecer antes do ltimo acto AMIGA DE MEIO MUNDO Ele odeia que tu sejas a melhor amiga dos namorados das outras E n o s uma quest o de ci mes n o consegue perceber
188. edida pelo namorado em resultado de uma discuss o motivada por ci mes A sua incapacidade para reagir e o medo que a agress o se repita motivou o contacto com a revista A resposta apresenta um plano securizador da jovem dando lhe n o s mecanismos de resolu o do seu dilema como indica o de recursos sociais dispon veis Excerto 60 O meu namorado super ciumento No outro dia discutiu imenso comigo porque apanhou me a falar a s s com uma amigo meu e acabou por me dar Trata se de uma domin ncia da identidade hetero sexual e de pr ticas discursivas que suportam uma sexualidade masculina activa e uma feminina passiva e que est o profundamente enraizados na participa o social e politica e s o percebidos como normativos Allen 2003 p 217 218 190 O que significa ser rapariga uma bofetada Pediu logo desculpa mas eu tenho medo que volte a bater me O que devo fazer Sara Redondo Uma pessoa incapaz de controlar se poder ter a tend ncia para se tornar mais violenta A verdade que n o tu n o tens de suportar as suas bofetadas e deves tentar lembrar te se j existiram anteriormente outros ataques verbais ou f sicos Se este foi o primeiro pensa que pode ser que n o seja o ltimo e pode voltar a repetir se Ele n o tem o direito de agredir te e tu n o tens de aguentar os seus ataques de ci mes Sempre que necessitares de ajuda entra imediatamente em contacto com a APAV atrav s da
189. eenager perceptions of teenage pregnancy abortion sexual behaviour and contraceptive habits a focus group study among 17 year old female high school students Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica 84 980 986 DOI 10 1111 j 0001 6349 2005 00809 x Ekstrand Maria Tyd n Tanja Darj Elisabeth amp Larsson Margareta 2007 Preventing pregnancy a girls issue Seventeen year old Swedish boys perceptions on abortion reproduction and use of contraception 7he European Journal of Contraception and Reproductive Health Care 1A2 111 118 DOI 10 1080 13625180701201145 Epstein Debbie amp Johnson Richard 1998 Schooling sexualities Buckingham Open University Press Erikson Erik 1950 Chi dhood and society New York Norton Escobar Chaves S Liliana Tortolero Susan R Markham Christine M Low Barbara J Eitel Patricia amp Tickstun Patricia 2005 Impact of the Media on Adolescent Sexual Attitudes and Behaviors Pediatrics 116 303 326 DOI 10 1542 peds 2005 0355D 232 Referencias bibliogr ficas Fairclough Norman 1997 Discurso mudan a e hegemonia In Em lia Ribeiro Pedro org An lise Critica do Discurso pp 77 103 Lisboa Caminho Farvid Pantea amp Braun Virginia 2006 Most of us guys are raring to go anything anyplace anywhere male and female sexuality in Cleo and Cosmo Sex Roles 55 5 6 295 230 DOI 10 1007 s11199 006 9084 1 Fausto Sterling Anne
190. efor o da ac o considerado mais como um facilitador de aprendizagem do que uma condi o necess ria no entanto este mant m um papel determinante na sequ ncia de ac o e aprendizagem Dado que a maioria das aprendizagens sociais ocorrem pela an lise de comportamentos realizados por outros o recurso a meios indirectos de informa o bastante Conjunto de pensamentos sentimentos e comportamentos influenciados por observa o de modelos sociais como por exemplo pais professores amigos her is de TV ou m sica Rafael 2005 15 Adolesc ncia relevante Por exemplo os mass media desempenham um influente papel na modela o de comportamentos e atitudes sociais Bandura 1977 p 39 tradu o nossa Quanto mais as representa es das pessoas derivarem do seu contacto com os conte dos simb licos dos media maior ser o seu impacto social Apesar de Bandura considerar que os indiv duos s o detentores de mecanismos de controlo sobre o seu pr prio comportamento a desejabilidade social e a press o para o conformismo tender a suplantar estes mecanismos apresentando ou mascarando o verdadeiro valor real do car cter simb lico difundido Outro desafio que paralelamente a adolescente ter de realizar s o ajustes psicol gicos decorrentes das transforma es biol gicas universais de que alvo Focando se essencialmente numa perspectiva psicol gica e no indiv duo amplamente reconhecido o contribu
191. eiam a sociedade Ali s a amplamente conhecida dicotomia entre jovens e mulheres boas castas femininas e m s sexuais aberrantes um aspecto crucial da nega o por parte da sociedade em geral da exist ncia de desejo sexual em raparigas adolescentes Tolman 2002 Como real am Simon e Gagnon 1999 faz parte da mem ria hist rica do sexismo o facto de as mulheres raramente terem sido seleccionadas para pap is sexuais tendo como base o seu pr prio interesse e prazer sexual A ideia de interesse da mulher ou o comprometimento com pelo prazer era e possivelmente permanece amea ador para muitos homens e mulheres p 32 tradu o nossa Este facto contudo n o algo restrito mas amplamente aceite permeando quest es de raca etnicidade e classe social Simon amp Gagnon 1999 Neste sentido as discrep ncias que se verificam entre os comportamentos considerados adequados para rapazes e raparigas causam elevado distress e confus o aos adolescentes no processo de aquisi o e constru o de identidade e pap is sexuais uma vez que este exteriormente determinado ao ser constru do com base nos significados partilhados no colectivo social Ou seja de acordo com a perspectiva dos scripts o car cter sexual dos comportamentos n o visto como um aspecto significativo do comportamento humano pelo contr rio o car cter sexual torna se significativo quando adquire import ncia sociog nica atribu da
192. einvention of Nature pp 183 202 New York Routledge Harding Sandra 1986 7he science question in feminism thaca and London Cornell University Press Harding Sandra 1994 Feminism and Theories of Scientific Knowledge In Mary Evans Ed The woman question London Sage Publications Hare Mustin Rachel amp Marecek Jeanne 1990a On making a difference In Rachel Hare Mustin amp Jeanne Marecek Eds Making Difference Psychology and the construction of gender pp 1 21 New Hawen CT Yale University Press Hare Mustin Rachel amp Marecek Jeanne 1990b Beyond Difference In Rachel Hare Mustin amp Jeanne Marecek Eds Making Difference Psychology and the construction of gender pp 184 202 New Hawen CT Yale University Press 235 Referencias bibliogr ficas Harris Anita 2004 A about the girl Culture power and identity New York and London Routledge Henriques Susana 2010 Media o e jornalismo de mercado na imprensa portuguesa Media amp Jornalismo 16 9 163 182 Dispon vel em http www cimj org images stories docs_cimj 16artigo9 pdf Herek Gregory 1986 On Heterosexual Masculinity Some physical consequences of the social construction of gender and sexuality American Behavioural Scientist 29 5 563 577 DOI 10 1177 000276486029005005 Hockaday Cathy Jasper Crase Sedahlia Shelley Mack C amp Stockdale Dahlia F 2000 A prospective study of adole
193. em vel materialidade Foucault 1971 1997 p 9 10 Para Foucault essa materialidade do discurso poderia ser restringida por tr s mecanismos o taboo uma vez que a proibi o condiciona como se fala de algo a distin o entre loucura e sanidade condicionando que discursos s o considerados v lidos e quais n o 101 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso s o atendidos e a distin o entre verdade e falsidade permitindo uma hierarquiza o dos discursos pela valoriza o da autoridade e do estatuto de expert de quem fala reificando os enquanto verdade e opondo os aos restantes De facto esta ltima distin o a que mais valorizada ao considerar que apenas os discursos encarados como verdadeiros permanecem e s o perpetuados pelos ciclos de dissemina o de conhecimento Mills 2003 Esta dissemina o sobretudo potenciada pela associa o de discursos a institui es e as pr ticas que legitimam Nogueira 2001b salienta que um dos principais potenciais dos discursos reside no facto destes estarem em permanente interac o social o que possibilita a sua contesta o e desconstru o operando simultaneamente potenciais de poder e resist ncia representando um aspecto chave para novas constru es e mudan as tanto ao n vel pessoal como social Como refere Foucault 1971 1997 O discurso nada mais do que a reverbera o de uma verdade em vias de nascer diante de seus pr
194. em como objectivo contrapor se a uma tend ncia observada de sexualiza o das mesmas A autora pretende exemplificar a retirada do direito a uma sexualidade pessoal e saud vel liberta de press es sociais e padr es assim tricos onde as raparigas possam expressar os seus sentimentos e desejos sexuais Por contraponto a tend ncia de sexualiza o das raparigas que abordaremos posteriormente refere se a uma sexualiza o da sua imagem e comportamentos mas n o implica dom nio sobre si e sobre o seu corpo Trata se de uma sexualiza o dos seus contextos de vida e n o o reclamar da sua sexualidade 38 A sexualidade na adolesc ncia resultam de distintos padr es gen ticos em fun o do sexo pelo contr rio s o o resultado da aprendizagem dos indiv duos numa situa o hist rico cultural concreta Neste cap tulo abordaremos ent o quest es da sexualidade na adolesc ncia sistematizando os principais contributos te ricos e a sua transposi o para o comportamento sexual das e dos jovens Neste mbito referir nos emos viv ncia da sexualidade na adolesc ncia terminando com a sistematiza o dos principais aspectos da educa o para a sexualidade 2 1 A constru o social da sexualidade as teorias Devido sua relev ncia para o desenvolvimento individual a sexualidade tem sido amplamente estudada Destacam se na nossa perspectiva duas grandes teorias a teoria sociol gica da sexualidade Reiss 1960 19
195. em que aqui se transmite n o muito diferente da que comum dos an ncios publicit rios comerciais No entanto a apresenta o ainda mais subtil e anunciando um bem maior como resultado ltimo da actividade sugerida No caso da Imagem 15 a mensagem que as raparigas bebem leite e logo s o bonitas atractivas e sexy Neste caso beber leite bom n o apenas porque faz bem sa de mas porque nos ajuda a ser bonitas e segundo o pr prio an ncio fotografado em ambiente de gin sio destacando a import ncia do exerc cio f sico e boa forma para as raparigas este baixo em calorias em gorduras baixo em stresses com a linha A apresenta o da modelo com sorriso rasgado e fitando a leitora pretende criar empatia e ades o com a publicidade 139 O que significa ser rapariga Imagem 15 O mesmo tipo de empatia figura na Imagem 16 Neste caso pretende se alertar contra o cancro da mama Na publicidade o foco principal dado ao rosto da modelo maquilhada de forma semelhante s camuflagens de guerra para metaforicamente levar as jovens e mulheres a alistarem se na guerra contra o cancro da mama O recurso a uma modelo que se apresenta sem roupas e apenas camuflada para a guerra traduz a import ncia dada identifica o de todas as mulheres com este exemplo Nitidamente a o publicit ria o utiliza conscientemente a capacidade criar an ncios publicit rios onde a palavra de ordem atrair e de s
196. em recursos e capacidades nos restantes dom nios da sexualidade que lhes permitam uma maior ag ncia individualismo e controlo Verifica se aqui um exemplo claro dos novos sexismos Cabecinhas 2010 Gill 2011 enquanto tend ncia para apresentar a um n vel superficial e textual uma vis o gender friendly ao mesmo tempo que a mensagem e discursos impl citos permanecem sexistas e segregadores Contudo importante destacar uma maior abertura social por parte das raparigas podendo indiciar que alguma da informa o poder de facto estar a ser rentabilizada numa viv ncia mais saud vel e respeitadora da sexualidade No entanto a aus ncia de uma diversidade de representa o parece querer impelir ainda mais pela invisibiliza o de outros fen menos e alternativas para uma heterossexualidade normativa e que traduza um envolvimento amoroso entre os parceiros Outro aspecto a destacar que o discurso rom ntico que enunci mos como suporte das constru es discursivas identificadas possui como principal mecanismo regulador a idealiza o das rela es de intimidade eminentemente de cariz heterossexual e monog mico Ali s esta matriz comportamental em que se inserem os comportamentos de intimidade 207 O que significa ser rapariga considerados adequados vai de encontro a teoriza o de Judith Butler 1990 A reifica o da adequacao de comportamentos baseia se no relacionamento com o sexo oposto como possibilidade
197. encias bibliogr ficas Jeanne Brooks Gunn amp Anne Petersen Eds Girls at puberty Biological and psychological perspectives pp 127 154 New York Plenum Tolman Deborah Striepe Meg amp Harmon Tricia 2003 Gender matters constructing a model of adolescent sexual health Journal of Sex Research 401 412 DOI 10 1080 00224490309552162 Tolman Deborah 2002 Dilemmas of Desire Teenage Girls talk about sexuality Cambridge Massachusetts amp London England Harvard University Press Torres da Silva Marisa 2005 As cartas ao director no jornal P blico um estudo de caso Actas do 4 SOPCOM Dispon vel em http bocc ubi pt pag silva marisa cartas director jornal publico pdf Torres da Silva Marisa 2004 A Cimeira de Copenhaga e os coment rios dos leitores s noticias da TSF online Media amp Jornalismo 4 59 72 Disponivel em http www revistas univerciencia org index php mediajornalismo article view 6132 55 Tuchman Gaye 2009 Media g nero nichos trad Marisa Torres da Silva Media amp Jornalismo 15 62 15 42 Dispon vel em http www cimj org images stories docs_cimj 15artigol pdf Tuchman Gaye 1979 Introduction the symbolic annihilation of women by mass media In G Tuchman A Kaplan Daniels amp J Ben t Org Hearth and Home Images of Women in the Mass Media pp 3 38 New York Oxford University Press Tumbull Triece van Wersch Anna a
198. ente a probabilidade de contamina o por VIH SIDA mas tamb m de gravidez indesejada na adolesc ncia Canavarro et a 2003 Cruz et a 1997 Como principais factores para este in cio precoce encontramos o maior acesso contracep o a erotiza o e sexualiza o dos principais contextos de vida social adolescente as altera es ao nivel dos valores da fam lia dos padr es de casamento e mesmo da adolesc ncia como etapa desenvolvimental Canavarro et a 2003 Nesta linha de ideias esperado que as raparigas se apresentem dispon veis sexualmente mas n o sexualmente activas ou respons veis Apesar deste decr scimo et rio as raparigas continuam a permanecer virgens at mais tarde quando 49 A sexualidade na adolesc ncia comparadas com os rapazes Segundo Monteiro e Vasconcelos Raposo 2005 33 6 dos rapazes inquiridos relatam ter j tido a sua primeira experi ncia sexual tendo esta sido antes dos 16 anos de idade enquanto nas raparigas apenas 11 4 das jovens relatam ter iniciado a sua vida sexual referindo ter na altura mais de 16 anos de idade Dados mais recentes de um estudo comparativo ao nivel europeu concluiam que 30 2 dos rapazes portugueses e 20 3 das raparigas se afirmavam como sexualmente activos aos 15 anos de idade Avery amp Lazdane 2007 A sexualidade adolescente encontra se assim envolta num conjunto de constrangimentos e penaliza es que n o podemos ignorar para uma viv ncia respons
199. entos expect veis das raparigas que se est o a desenvolver de forma adequada Bartky 1990 Posto isto a pubesc ncia de facto um importante acontecimento no desenvolvimento adolescente caracterizado por um surto de crescimento e de transforma es f sicas que conduzem maturidade reprodutiva a puberdade Estas altera es f sicas poder o j ser 23 Adolesc ncia vis veis denotando a sua diferencia o do que o individuo foi na inf ncia ou poder o tornar se progressivamente mais presentes com a puberdade Entre estas transforma es pubescent rias nas raparigas encontram se o alargamento inicial dos seios o aparecimento de p los p bicos lisos e pigmentados e posteriormente retorcidos a menarca e o aparecimento de p los axilares Cordeiro 2009 Moore amp Rosenthal 1995 Sprinthal amp Collins 2008 van Hasselt amp Hersen 1987 Trata se de uma idade claramente caracterizada por um desenvolvimento mais intenso No entanto este processo n o ocorre de forma t o linear como aparenta podendo existir por exemplo um intervalo temporal n o determin vel entre o in cio da menstrua o e o alcance da fertilidade completa Estes ajustes ser o em maior ou menor quantidade influenciados pelo contexto em que a adolescente vive e experiencia o seu desenvolvimento bem como as influ ncias sociais de que alvo e g desde o apoio dos pais experi ncia dos pares e mesmo at s sugest es dos mass med
200. entros de sa de locais quanto ao aconselhamento sexual e planeamento familiar 57 A sexualidade na adolesc ncia adolescentes poder o nestas discuss es come ar a examinar as diferen as que rapazes e raparigas introduzem nas rela es e que o prazer e investimento emocional s o sentimentos igualmente v lidos para indiv duos de ambos os sexos Hoppe et al 2004 p 345 634 tradu o nossa Estas estrat gias permitir o uma respectiva mais alargada das rela es e scripts interpessoais mas tamb m possibilitar o a manuten o da auto estima das e dos jovens ao mesmo tempo que as os dotam de compet ncias de negocia o e recusa da rela o sexual Mais uma vez se evidencia a necessidade de investir em oportunidades de desconstru o de estere tipos sendo que a educa o sexual nas escolas poder ter aqui um papel importante Contudo e apesar de a legisla o considerar que a educa o sexual um direito fundamental das e dos jovens lei n 3 84 de 24 de Mar o e de muitos projectos educativos inclu rem esta componente educativa pouco ainda tem sido realizado neste sentido Segundo o Grupo de Trabalho para a Educa o Sexual GTES 2007 necess rio implementar medidas de base como a forma o de professores mais investiga o e avalia o dos programas de educa o sexual no sentido que esta se aproxime da sua verdadeira versatilidade Ou seja actuar como um processo de troca de informa o sobre a s
201. er tradicionalmente socializada acreditar que para al m da matem tica os rapazes s o bom no desporto e que as raparigas n o o s o e que ser bonita e popular e ter um namorado s o coisas mais importantes que o desempenho acad mico Romer 1979 p 50 66 67 A rapariga vai acreditar que a defini o de sucesso feminino ser atractiva para os homens possuir um status social desej vel e casar o homem certo Weitzman 1979 p 46 apud Pierce 1993 p 59 60 tradu o nossa 22 Adolesc ncia Apesar de alguns desfasamentos pessoais a adolesc ncia oferece e desafia os individuos ao crescimento n o s fisicamente mas tamb m em compet ncias mais sociais e cognitivas No entanto na sua maioria as e os adolescentes preocupam se mais com a sua apar ncia f sica do que qualquer outro aspecto das suas vidas destes grande parte n o est satisfeito com a sua imagem corporal Tobin Richards Boxer McKavrell amp Petersen 1983 No nosso entender importante desconstruir a ideia de que apenas as raparigas se preocupam com a sua apar ncia f sica De facto adolescentes de ambos os sexos se preocupam com o seu peso aspecto e caracteristicas faciais no entanto s o as raparigas que tendem a reagir de forma emocionalmente mais negativa face ao seu aspecto porque a cultura reafirma constantemente a import ncia dos atributos f sicos da mulher Assim sendo falar de raparigas na adolesc ncia simultaneamente referirmo
202. erminarmos De entre os aspectos que deixei cair num saco para depois voltar se poss vel gostaria de partilhar dois que considero preponderantes e que estiveram sempre presentes preocupando me ao longo da investiga o Por um lado a possibilidade de ter a certeza de quem realmente l as revistas que analisei Apesar de ter tido acesso aos dados da Associa o para o Controlo de Tiragem e Circula o APCT e de ler os relat rios da Entidade para a Regula o da Comunica o Social ERC n o posso afirmar com certeza que s o as adolescentes que as l em apesar de ser esse o p blico alvo desta publica o neste pressuposto que assenta a minha an lise mesmo que n o seja este o p blico alvo para elas que escrevem Ora isto levanta a meu ver outro problema o da inapropria o de conte dos para a idade O facto de estes conte dos poderem ser lidos por crian as e pr adolescentes s acentua a preocupa o generalizada com a sexualiza o dos conte dos e das raparigas Por outro considero que seria muito interessante mas tamb m importante um retorno dos conte dos s jovens De contactos espor dicos com adolescentes sobre a tem tica posso perspectivar que os nossos resultados n o estejam conscientes para as jovens embora quando apresentados facilmente s o identificados por estas no seu dia a dia Contudo n o posso negar a frequ ncia com que estas raparigas afirmam n o ler estas revistas mas confirmar que as c
203. es internalizada responsabilizando se pessoalmente pela consecu o de comportamentos socialmente adequados e pela vigilia das restantes retomando assim a met fora do Pan ptico a que aludia Foucault 173 O que significa ser rapariga Em suma as ac es que derivam desta constru o discursiva t m como resultado a reifica o da sexualidade heterossexual assente na reprodu o e androcentrada como padr o e normal 5 4 2 4 Defini o de Posicionamentos Como temos vindo a verificar a constru o discursiva 7er de saber sempre mais retrata a sexualidade e as rela es de intimidade partindo de uma vis o androc ntrica e heterossexista Por conseguinte consideramos importante analisar que fun es s o atribu das a esta constru o e as suas consequ ncias sociais podendo clarificar as posi es de que o sujeito disp e bem como as quais lhe est o limitadas Uma das consequ ncias que mais claramente resultam desta constru o discursiva um crescente de consumo de meios de comunica o meios de informa o e de aconselhamento bem como de todas as refer ncias sexualidade N o admira que a sexualidade seja um dos temas mais constantes mais procurados e utilizados pelas os publicit rios para estimular o consumo e fideliza o sua marca e se a verifique uma tecnologiza o da sexualidade nesta associa o com mecanismos tecnol gicos v rios Verifica se ainda uma permiss o generalizada p
204. es sexuais Rapariga Os rapazes pensam logo em avan ar na rela o sexo sem antes terem a devida informa o m todos contraceptivos doen as Rapariga Quando a noite de sexo corre mal e uma rapariga engravida alguns rapazes simplesmente n o querem assumir responsabilidades Rapariga Saavedra Nogueira amp Magalh es 2010 Afinal como referia um dos participantes do estudo de Ekstrand e colaboradores 2005 the guy isn t exactly the one who becomes pregnant s p 984 Contudo as raparigas n o s o independentes na sua pr pria protec o dependendo do seu parceiro para se protegerem da infec o pelo VIH SIDA quer pelo uso do preservativo masculino usado maioritariamente como m todo contraceptivo e n o como protec o contra DSTs ou ISTs v rias quer pelo recurso a rela es monog micas Esta depend ncia mant m se tamb m devido pouca divulga o e utiliza o em Portugal do preservativo feminino Este foi retirado do mercado devido pouca procura derivada da sua dificuldade de utiliza o poss vel diminui o do prazer feminino e pre o elevado No entanto este est presentemente a ser reintroduzido com o apoio de entidades como a Coordena o Nacional para a Infec o HIV SIDA e a Comiss o para a Cidadania e Igualdade de G nero atrav s da sua disponibiliza o gratuita em hospitais e centros de sa de Estudo realizado com rapazes suecos sobre as suas ati
205. escentes reflectem o universo das revistas para mulheres adultas verificando se apenas O connoisseur pan ptico a que se refere Sandra Bartky pretende retomar o poder devassador do modelo pan ptico enunciado por Jeremy Bentham que enuncia um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento autom tico do poder Foucault 1975 2003 p 166 Assim nesta apropria o pretende se expor mais do que os seus efeitos a incapacidade que decorre por um constante olhar masculino que condiciona viv ncias particulares 76 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia uma adapta o lingu stica mas n o de conte dos ao p blico mas jovem povoado por mulheres magras bonitas e brancas que t m como principal meta alcan ar uma elevada beleza e relacionamentos heterossexuais Ballaster et a 1991 Massoni 2004 Neste sentido estas publica es t m sido identificadas por v rios autores como significativas na constru o da subjectividade feminina Carpenter 1998 2001 Currie 1999 2001 Kehily 1999 Jackson 2005a 2005b McRobbie 1991 1996 Pierce 1990 1993 Ussher 1997 3 2 Sexualidade como estrat gia de marketing Nao nos passa despercebido que a maioria dos produtos mediaticos apresentam nos dias de hoje uma elevada conex o sexual Como referem Brown Travis e White 2000 a tem tica da sexualidade est constantemente exibida nos t tulos medi ticos alimenta controv rsi
206. eseceeeeeeeeeeees 5 4 3 1 Identifica o de Constru o DiSCUISIVa 0ceceeeeeeeeeeaees 5 4 3 2 Identifica o de Discursos Reguladores cscscseeeeeeeaees 5 4 3 3 Identifica o de Orienta es para a ACCAO cceceeeeeeeeees 5 4 3 4 Identifica o de PosicionaMeNntOS scssceeeseseeeeeeeeeees 5 4 3 5 Identifica o de Pr ticas DiSCUISIVAS scccseeeeeeeeeeeeeenes 5 4 3 6 Identifica o de Subjectividades dos Discursos 5 5 Conclus es Conclus o Refer ncias bibliogr ficas 174 175 176 177 178 198 199 201 202 203 204 215 225 xi Indice de diagramas imagens e quadros Diagramas Diagrama 1 Diagrama representativo dos principais assuntos identificados em revistas para early AQOlCSCOINS a cx sicuius ids craniano cada de sasa dada da EL EARNER a PADARIA DEAR TERET EEEREN dd Diagrama 2 Diagrama representativo dos principais assuntos identificados em revistas par ale ADO eSCOM S asi ictiritianididesia wandeevin lo a nda dd nie pda ida paira loan d cado sida ida ia Imagens Imagem 1 Publicidade Calvin Klein Rel gios Aagazza n 159 Janeiro 2007 Imagem 2 Publicidade ao Perfume Love Love da Mochino Aagazza n 160 Fevereiro Imagem 6 Publicidade Rowenta Aagazzan 165 Julho 2007 cccceccesceeeseeeaeeees Imagem 7 Publicidade Timezone Live your passion Ragazza n 170 Dezembro 2007
207. espec fica que consideramos importante uma reestrutura o dos valores associados constru o da identidade pessoal destituindo a sexualidade deste papel preponderante e central que predomina face aos restantes nomeadamente pela primazia de uma valoriza o de aquisi es pessoais em detrimento de conquistas mais localizadas pela aten o masculina Concluindo a constru o discursiva Construir uma rela o heterossexual apresenta esta liga o estreita entre a identidade feminina e o conhecimento do masculino mas ao mesmo tempo permite atrav s de um consumo critico dos conte dos a percep o de assimetrias e a adop o de lugares de resist ncia 5 4 3 6 Identifica o de Subjectividades dos Discursos Para finalizar reflectiremos sobre as subjectividades que esta constru o discursiva poder desencadear ou seja partindo das posi es subjectivas o que poss vel que as jovens sintam pensem ou experienciem em consequ ncia desta constru o discursiva Antes de mais ser importante relembrar que por se tratar de um discurso ideologicamente dominante e hegem nico que toma por base a homogeneidade das jovens este despoletar sem d vida sentimentos de desadequa o desenvolvimental e pessoal 203 O que significa ser rapariga Especialmente porque esta padroniza o n o respeita a multiplicidade identit ria das raparigas mas tamb m dos rapazes e a diversidade social em que vivemos Neste sentido
208. esultados um agradecimento a todos quantos iniciam a leitura desta tese Tamb m assim conhecer o uma parte de mim iv Como ser uma Ragazza Discursos de sexualidade numa revista para raparigas adolescentes Resumo A sexualiza o do quotidiano nos dias de hoje mais do que uma realidade um facto a ter em conta no desenvolvimento adolescente Dada a sua ampla expans o nos mais variados contextos sociais esta tem vindo a estabelecer se como elemento determinante na constru o das identidades No que diz respeito as aos jovens esta sexualiza o mais evidente ao n vel dos media Estas es despendem actualmente mais tempo com os meios de comunica o do que em ambiente escolar ou familiar Tendo em conta que a adolesc ncia um per odo complexo e multi determinado de desenvolvimento o papel destes conte dos veiculados de forma constante e cont nua revela se determinante no estabelecimento de normas sociais Estas acentuam um duplo padr o de sexualidade que contribui para uma constante penaliza o social das mulheres pela indica o de comportamentos considerados adequados e aos quais se devem restringir por compara o a uma atitude mais flex vel para o sexo masculino Assim sendo o nosso objectivo contribuir para maior conhecimento sobre a produ o de conte dos medi ticos para raparigas adolescentes em Portugal bem como compreender quais as constru es discursivas que as revistas para este p blico di
209. etrias com cobertura medi tica especialmente neste tipo de publica es apresenta as raparigas e a sexualidade feminina enquanto elemento conturbado quer pelo seu car cter multifacetado quer pela sua regula o e domina o patriarcal heterossexista e masculinista No entanto ainda possivel identificar a introdu o ao n vel dos conte dos da revista de alguns elementos positivos Entre estes s o de salientar a informa o ao nivel dos m todos contraceptivos a informa o sobre recursos sociais dispon veis sobretudo ao n vel da sa de e de apoio viol ncia no namoro e a formula o das raparigas enquanto detentoras de uma sexualidade activa e saud vel valorizando os seus desejos e prazer quando inseridas numa rela o heterossexual e est vel ainda que se mantenha uma vis o androc ntrica da rela o sugerindo se que as raparigas podem tomar a iniciativa e depois deixar se levar Destacamos a import ncia de se estar consciente destes mecanismos de legitima o discursiva devido ao impacto que estas formula es e constru es de significados t m sobretudo na constru o identit ria pessoal das adolescentes Que vers o es identit ria s da mulher s o defendidas na revista As constru es discursivas identificadas Tornar se sexy Ter de saber sempre mais Construir uma rela o heterossexual procuram mapear os principais conte dos considerados relevantes 206 O que significa se
210. eva a que as raparigas n o possuam recursos pessoais nomeadamente cognitivos para lidar com situa es que gostariam de alterar A revista clara nesta ajuda compreendendo e aceitando o sentimento como natural ao apresentar um plano comportamental a adoptar Excerto 34 O meu namorado esfor a se muito e sempre superinovador em mat ria sexual Agora eu tamb m gostava de surpreend lo mas n o sei como Que truques me recomendam Patr cia E mail Segue este sex p anning e o teu namorado ficar doido Ao mesmo tempo a revista elabora artigos que exploram as novidades nos acess rios de sexualidade como os brinquedos sexuais e posi es sexuais inovadoras O excerto 35 ilustra um desses artigos Excerto 35 Amor retro ook sensual brinquedos er ticos O sexo tamb m se renova no Outono Por isso prepara te para inovar se n o queres ficar para tr s O IN amp OUT DO SEXO Revelamos te as tend ncias sexuais que arrasam ou n o na nova esta o Setembro p 80 81 166 O que significa ser rapariga O artigo 36 explora a mesma tematica apresentando em Fevereiro um caso especifico de popularidade ao nivel do acesso generalizado a brinquedos sexuais Excerto 36 Comprar UM PRAZER Sem pudor nem preconceitos as Tuppersex s o um caso s rio de popularidade no estrangeiro e j chegaram a Portugal Inspiradas nas reuni es da 7upperware o conceito simples um grupo de ami
211. exo amp Desporto 2 GIN SIO DO AMOR N o duvides o local ideal para conhecer novos amigos ou algo mais Por isso da pr xima vez que fores ao gin sio experimenta fazer dos teus leggings o equipamento desportivo mais sexy Quando pegares nos halteres n o ser s a tua for a que os rapazes v o admirar Maio p 82 83 Em suma s o v rios os mecanismos que indicam s raparigas o que socialmente refor ado como atraente e sexy Estes est mulos s o sobretudo de cariz visual mas encontram se ainda disseminados na linguagem utilizada pelos meios medi ticos 141 O que significa ser rapariga Disciplina feminina do corpo Citando o inicio de uma reportagem analisada Uma rapariga n o nasce sexy torna se sexy Este mote que toma por base a c lebre cita o de Simone de Beauvoir Uma mulher n o nasce mulher torna se mulher 1949 2008 permite nos exprimir de forma clara as estrat gias impl citas neste mecanismo discursivo O seu objectivo a criar um sentido pessoal de que importante monitorizar o seu aspecto f sico compondo e transformando a rapariga numa concep o biol gica e essencialista num ser mais sexy ou seja capaz de transmitir emo es suscitar sentimentos nos outros sobretudo nos rapazes e conquistar um parceiro diga se masculino Esta composi o e transforma o dever ser levada a cabo recorrendo a pr ticas v rias como praticar exerc cio f sico iniciar
212. explora o do desenvolvimento moral Robert Selman 1971 apresentou a sua proposta de cinco estados de tomada de perspectiva olhando em profundidade e de um ponto de vista social para o desenvolvimento Os est dios que enunciou s o Tomada de Perspectiva Indiferenciada 3 aos 6 anos de idade Tomada de Perspectiva S cio Informacional dos 5 aos 9 anos Tomada de Perspectiva Auto Reflexiva dos 7 aos 12 anos de idade Tomada de Perspectiva de Terceiros dos 10 aos 15 anos e a Tomada de Perspectiva Social dos 14 idade adulta Segundo o autor as os adolescentes que completam positivamente tarefas desenvolvimentais propostas estar o mais sensibilizados para a relatividade dos seus pontos de vista e dos do seu grupo social Os factos sociais s o ent o compreendidos como pass veis de serem interpretados de forma diferente por cada individuo de acordo com o seu pr prio sistema de an lise Muuss 1996 Nos seus estudos Selman verificou que quando comparando o desempenho de rapazes e raparigas quanto sensibiliza o para rela es e negocia es interpessoais as ltimas t m um melhor desempenho mesmo quando vari veis como idade e quociente de intelig ncia eram controladas para maior detalhe ver e g Selman Benrdslee Schultz Krupa amp Podorefsky 1986 Como sabemos um dos principais indicadores da entrada na adolesc ncia s o as v rias transforma es que ocorrem sendo que dada a sua maior visibilidade se atribu
213. exualidade no sentido de promover a tomada de consci ncia e a adop o de atitudes e cren as acerca da sexualidade e do comportamento sexual Como os autores referem at este momento a maioria dos programas dispon veis centra se na informa o m dica e na sensibiliza o para o sexo seguro mas aliena o car cter afectivo e relacional da sexualidade GTES 2007 Como afirma Allen 2003 urgente moldar mensagens educacionais no sentido de reconhecer a diversidade e complexidade da conceptualiza o da identidade sexual para as e os jovens o que poder resultar numa abordagem mais global e abrangente da sexualidade que se afirme como uma alternativa e um recurso vi vel na constru o da s sexualidade s das dos adolescentes Numa tentativa de regulamentar o j exposto na Lei n 3 84 de 24 de Mar o a Lei n 69 2009 de 6 de Agosto regulamentada pela Portaria n 196 A 2010 veio estabelecer o regime de aplica o da educa o sexual em meio escolar Esta prev a sua aplica o em estabelecimentos de ensino b sico e secund rio tanto do ensino p blico como do privado e cooperativo Para al m de definir e clarificar as reais finalidades da educa o sexual identifica ainda as modalidades em que se inserir este ensino n o retirando a transversalidade de abordagem de conte dos numa carga hor ria n o inferior a seis horas anuais para o 1 e 2 ciclos do ensino b sico e n o inferior a doze no 3 ciclo do ensino b sico e e
214. face revela o de quebra de valores da rela o da sua parte ou do namorado ou destas pelo envolvimento com algu m que j estava numa rela o contrariando tamb m os valores que consideram ser esperados numa rela o amorosa e que s o relativos monogamia heterossexual No excerto 66 a Vera procura ajuda da sua revista para decidir investir ou n o numa rela o com um rapaz com quem se envolveu mas que n o ir terminar a rela o pr existente A resposta claramente libertadora da situa o Aconselha se proactividade na resolu o do problema e o investimento numa outra rela o que seja mais recompensante para a jovem Excerto 66 Comecei a andar com um rapaz mas ele tem namorada e n o quer acabar com ela N o sei se devo esquec lo ou lutar pelo seu amor Vera E mail Encosta o parede Obviamente por ele esta situa o continuar a arrastar se pois perfeita mas para ti n o A esta altura ele j deveria saber de quem que realmente gosta Quando algu m se envolve num tri ngulo amoroso natural que ao princ pio fique confuso Achas mesmo que vale a pena estar ao lado de um rapaz que s pensa nele Mesmo que soubesses no que te estavas a meter o importante que n o queres continuar a ser a outra Segue em frente Lembra te de todos os rapazes que poderias estar a conhecer neste momento No caso do excerto 67 a jovem Sandra que n o sabe como reagir face a um desinvestimen
215. firma van Zoonen 1994 a Feminine Mystique corresponde ent o ao mito de que as mulheres podem encontrar verdadeiro contentamento e realiza o em ser donas de casa e m es p 11 tradu o nossa Este livro pretendia deste modo chamar aten o para esta representa o distorcida das mulheres e assim dar resposta a uma discrep ncia entre a representa o medi tica e os pap is de vida das mulheres nomeadamente as que lutavam pelo acesso igualit rio ao mercado de trabalho e um tratamento equitativo das suas capacidades e oportunidades Friedan observou que estas revistas cingiam se a artigos que articulavam a culin ria e alimenta o com roupas cosm ticos ou corpos jovens Esta representa o limitada das mulheres como felizes hero nas do lar remetendo as sempre para pap is de maternidade cuidado da casa ou enquanto objectos sexuais veio substituir segundo a autora os desejos de carreira estimulados pelas e junto das jovens dos anos 1930s e 1940s Friedan 1963 2010 Massoni 2004 A representa o medi tica opunha mulheres femininas e realizadas em casa confinadas ao espa o privado a mulheres com perfis mais masculinizados que descuidariam afazeres dom sticos e a fam lia pela sua participa o na vida p blica Ora trata se de uma das dicotomias que mais tem sido debatida pelo feminismo as fronteiras entre p blico e privado As feministas mostraram como a associa o entre o privado a vida dom sti
216. forma o rev se em v rios autores Mais concretamente Piaget prop s esta universaliza o e uniformidade de desenvolvimento optando por descrever os indiv duos enquanto inseridos em grupos homog neos em que a individualidade de cada um dos seus membros subjugada as caracter sticas mais comuns independentemente dos seus contextos de vida Para Freud a uniformiza o surgiu em torno da sexualidade A centra o excessiva neste dom nio de vida colocou em segundo plano o estudo de outras condi es e contextos que poder o ter influenciado a constru o pessoal dos individuos Esta proposta te rica de Freud organiza segrega os indiv duos por identifica o com as suas 27 Adolesc ncia fun es disfun es No sentido de contornar esta vis o Bandura prop e um olhar sobre os ambientes e contextos de vida dos indiv duos mas a sua tentativa n o bem sucedida pois a n o especificidade destes ambientes e contextos homogeneiza pr ticas ao n o especificar quais os aspectos que de facto condicionam o comportamento Esta aus ncia de especificidade tamb m uma caracteristica na teoria de Erikson pois uniformiza as viv ncias em fun o de observa es e generaliza es abstractas que n o s o devidamente contextualizadas Miller 1993 Em suma destaca se nas teorias desenvolvimentais uma tend ncia uniformizadora de experi ncias e pr ticas que n o contempla a diversidade dos individuos observados dos seus context
217. g do amor O segredo Aplicar as regras que se usam no mundo da publicidade aos assuntos do cora o Segue os seus principios b sicos e rentabiliza o teu amor Satisfa o 100 garantida Maio p 78 80 Esta tentativa de correspond ncia inclui ainda o recurso a mecanismos v rios como se exemplifica no excerto 53 Este apresenta como uma atitude que ocorre inconscientemente a adequa o autom tica do estilo pessoal das jovens ao dos seus namorados Este artigo desvenda desta forma mais um dos mist rios das rela es amorosas Excerto 53 tendemos a copiar o estilo do nosso namorado para agradar lhe Mas n o agimos da mesma maneira com todos os rapazes A chave est no tipo de rela o que tens Descobre tudo Julho p 56 57 no entanto de ressalvar a advert ncia apresentada no final do artigo excerto 54 O mais seguro at porque as rela es poder o ser de curta dura o adoptar um estilo que se adapte a personalidade Podemos concluir que esta a solu o de compromisso que se poder adoptar de modo a agradar ao namorado ao mesmo tempo que se d alguma nfase aos gostos pessoais 186 Excerto 54 AS AUTORIDADES DO ESTILO ADVERTEM Se mudas a tua forma de vestir por amor mas n o abdicas do teu estilo de vida no problem Mas se as tuas rela es n o costumam durar muito tenta manter um estilo que se adapte tua personalidade que se gostas do que v s quando t
218. gas recebe a visita de uma vendedora que apresenta produtos e brinquedos er ticos a alternativa ideal para quem tem vergonha de ir a uma sex shop o fen meno mais fot do momento Gra as moda das reuni es Tuppersex poss vel descobrir um novo mundo de erotismo Fevereiro p 84 85 Para exemplificar a frequ ncia de artigos sobre esta tem tica apresentamos ainda o excerto 37 Este artigo intitula se as novas leis do desejo e apresenta mais uma vez as tend ncias mais recentes para n o podes perder a vers o mais chic os sexy toys os brinquedos sensuais super discretos Como a pr pria revista sugere as jovens t m apenas de escolher o teu preferido Excerto 37 Desfruta mais da tua vida sexual com as teorias e os truques mais chic As novas leis do desejo Sabias que h um Pod vibrador E que o sexo r pido super saud vel Se enches o guarda roupa com as novas tend ncias por que n o fazer o mesmo no que toca ao sexo Lembra te os rapazes adoram quando aprofundamos este tema Por isso n o hesites e surpreende o com os novos mandamentos do prazer Descobre os brinquedos sexuais Que os brinquedos er ticos est o na moda j n o surpresa certo Entre os mais comuns est o o anel vibrador e o convencional vibrador em forma de p nis Mas se o que queres mesmo inovar ent o n o podes perder a vers o mais chic os sexy toys os brinquedos sensuais super discretos S
219. geral de todas as afirma es 2 um grupo identific vel de afirma es ou 3 enquanto pr tica regulamentada que representa um conjunto de afirma es Mills 2003 No primeiro caso sistematiza todos os enunciados e afirma es que foram proferidos e que possuem significado e efeitos Contudo estes podem articular se formando um grupo espec fico em torno de significados e efeitos semelhantes como por exemplo os discursos de feminilidade masculinidade ou racismo Mas nenhuma destas propostas corresponde ao significado de discurso a que Foucault dava mais aten o mais do que os enunciados ou textos produzidos em si o interesse era colocado nas regras e estruturas inerentes que produzem os enunciados e as afirma es Mills 2003 Mais do que um simples conjunto de frases coerentes o discurso consiste numa articulada teia de rela es significados e pr ticas que promovem posi es de sujeito que se articulam prevenindo em desfavor de outras posi es de sujeito alternativas ou resistentes Para Foucault 1969 2005 o saber a vis o particular do senso comum acerca do mundo prevalecente numa cultura num dado momento est intimamente associado com poder Cada vers o de um acontecimento acarreta consigo o potencial para a pr tica social e para a marginaliza o de formas alternativas de funcionamento Desta forma o poder para agir de determinada maneira reclamar recursos controlar ou ser controlado depende dos saberes
220. hecimento na rea continuamos sem ter a certeza qual a verdadeira dimens o desta influ ncia impacto e at onde poder ir Como refere Holliday Os media e as imagens publicit rias apresentam continuamente vers es idealizadas da mulher enquanto boa bonita glamorosa e feminina a 122 O que significa ser rapariga cuidar do seu marido ou crian as ou enquanto m s sedutoras e manipuladoras de homens e insens veis career bitches Holliday 2008 p 188 tradu o nossa Para al m disso o corpo e a figura da mulher s o centrais publicidade uma vez que figuram apresentam e vendem artigos de consumo feminino e masculino usando a sua influ ncia para dizer o que de desej vel ou n o e excluindo simplesmente o que n o se inclui nessa delimita o Quanto s Cartas de Leitora s o como afirma Jackson 2005a um meio das jovens poderem usar a revista para adolescentes para contextualizar problemas da sua sexualidade sua maneira As cartas de leitora s o um mecanismo institu do na imprensa j no s culo XIX Torres da Silva 2005 quando a esfera p blica dos cidad os penetrou os meios de comunica o Inicialmente as cartas de leitora pretendiam oferecer um contraponto tecniciza o do discurso jornal stico funcionando ao mesmo tempo como uma esp cie de arena para discuss o p blica Torres da Silva 2005 p 2 As cartas de leitora subsistem assim como possibilidade em teoria
221. her Partindo destes pressupostos e assumindo uma posi o feminista e cr tica de an lise procur mos recorrendo An lise Foucaudiana de Discurso Willig 2003 2008 compreender que constru es pessoais se encontram dispon veis para as adolescentes portuguesas quando mediadas pelos discursos que estas revistas veiculam e refor am mensalmente Procur mos ainda desconstruir essas constru es discursivas e discursos tentando fornecer perspectivas alternativas de constru o pessoal feminina Este envolvimento deveu se sobretudo aus ncia de estudos nesta rea em Portugal que perspectivassem nomeadamente as raparigas adolescentes como principais receptoras de discurso medi tico Adicionalmente n o existiam ainda no contexto portugu s investiga es no mbito da Psicologia dos media nem nos Estudos Feministas dos Media que olhassem com maior aten o forma o pessoal das adolescentes O recurso a uma metodologia qualitativa de an lise discursiva constitui ainda uma inova o neste trabalho uma vez que os trabalhos realizados ao n vel dos conte dos de revistas se baseiam em an lise semi ticas e de an lise cr tica mais pr ximas de conte dos visuais e n o discursivos van Zoonen 1994 O nosso intuito era ainda obter maior informa o ao nivel da influ ncia que estas publica es poder o ter nas raparigas adolescentes contribuindo assim para uma vis o mais pr xima da diade adolescentes media em Portugal
222. horia da sua rela o com os seus namorados Excerto 32 Sabias que o sucesso das tuas rela es sexuais depende das tuas palavras Descobre como falar com o teu namorado sobre sexo e n o tardar o a dar novos significados palavra paix o SEXPRESSA TE APRESENTAMOS TE AS MELHORES ESTRATECAS DE COMUNICA AO SEXUAL Dezembro p 80 81 Como temos vindo a verificar a sexualidade feminina tem sido abordada contrariando o script tradicional e o duplo padr o de sexualidade e real ando aspectos de maior igualdade entre os sexos O excerto 33 reflecte pontua es de maior abertura que permeiam a revista coexistindo lado a lado com vis es menos equitativas Segundo a revista os amigos coloridos invadiram as nossas vidas como se fossem uma doce epidemia com direito a uns beijinhos e algo mais Excerto 33 Os amigos coloridos invadiram as nossas vidas como se fossem uma doce epidemia Agarra j este manual de instru es e prepara te para encher a tua vida de cor Muito mais que amigos Se de repente come aste a ver o mundo com outra cor don t worry n o tens nenhum problema de vis o apenas entraste na onda das amizades coloridas Quem que nunca teve um amigo especial ou dois com direito a uns beijinhos e algo mais N o admira que o fen meno esteja a alastrar se a nivel mundial e que nos EUA at j tenha sido baptizado com o termo hooking up ou agarrados em portugu s Se tu s mais uma das vici
223. i o considerado socialmente valorizado mas claramente afastado das possibilidades de modela o corporal de qualquer mulher adulta As mulheres passam assim a ser membros de uma efectiva pol cia social que as monitoriza e julga passando tamb m para elas a fazer equivaler o sucesso pessoal com a habilidade de atrair a aten o masculina Brown Travis Meginnis amp Bardari 2000 Ali s como sugere Gill 2007 a internaliza o por parte das mulheres de que est o sob constante observa o masculina e penalizadora acrescentaria funciona mesmo como um novo regime disciplinar Dai que se possa localizar e quase quantificar o esfor o a dedica o e o envolvimento com que as mulheres em geral cuidam da sua apar ncia e do seu corpo Como j reflectimos anteriormente a disciplina feminina do corpo Bartky 1990 apenas uma das formula es poss veis para explorar e dar visibilidade a este fen meno Esta auto vigil ncia constante 209 O que significa ser rapariga assemelha se refer ncia de Foucault 1975 2003 ao modelo Pan ptico considerado pelo autor como a ess ncia da sociedade disciplinar olhar esse que se faz constante e presente nos v rios aspectos do dia a dia das mulheres desde um simples acto de higiene ou alimenta o ao que vestimos com andamos ou nos sentamos mesmo como falamos Nas palavras de Gill 2007 trata se de um olhar narcisista e auto castrador que se assume como elemento importa
224. i maior import ncia s caracteristicas f sicas Contudo as transforma es conducentes adolesc ncia ou o acto de adolescer t m in cio antes das altera es fisicas serem vis veis nomeadamente atrav s de altera es cognitivas e maturacionais que criam condi es favor veis ao processo desenvolvimental em fun o das caracteristicas especificas do indiv duo em crescimento Neste sentido ser rapariga adolescente corresponde a uma experi ncia singular de desenvolvimento que integra v rias dimens es pessoais e que n o in cua s quest es da diversidade sociocultural sendo amplamente condicionada pelo contexto em que se desenvolve As raparigas e as mulheres em geral s o convidadas a construir se de forma particular articulando 18 Adolesc ncia a sua ag ncia no sentido de se constituir enquanto sujeito que d sentido as fantasias masculinas de se ser mulher Gill 2007 No mesmo sentido Thornham 2007 afirma que todas as representa es e imagens de mulher s o contaminadas por uma ac o masculinista sobre o que a verdade do feminino sendo que esta influ ncia n o se verifica apenas em aspectos negativos mas tamb m em vis es mais positivas Da mesma forma tamb m as teorias do desenvolvimento contribuiram para a constru o ao longo do tempo de uma determinada imagem de ser mulher e rapariga Na perspectiva de Freud 1931 as cited in Sprinthall amp Collins 2008 as raparigas e mulheres possuem
225. ia promo o exclusiva da abstin ncia abstinence only education Estes permanecem presentes em v rios sistemas educativos e g Gr Bertanha ou Nova Zel ndia sendo que o que mais amplamente o defende e utiliza o sistema educativo norte americano Santelli Ott Lyon Rogers Summers amp Schleifer 2006 atrav s da implementa o da sec o 510 do Social Security Act de 1996 que define os oito crit rios inerentes a um programa de abstinence only education ver quadro 1 Defini o federal de um programa de abstinence only education Um programa educativo ou motivacional considerado abstinence only education quando a Tem como prop sito nico ensinar os ganhos sociais psicol gicos e de sa de alcan ados pela abstin ncia de actividade sexual b Ensina a abstin ncia de actividade sexual fora do casamento como o padr o esperado par todas as crian as em idade escolar c Ensina que a abstin ncia de actividade sexual nica forma segura de evitar a gravidez indesejada doen as sexualmente transmiss veis e outros problemas de sa de associados d Ensina que uma rela o monog mica mutuamente fiel o padr o esperado de actividade sexual humana no contexto do casamento e Ensina que a actividade sexual fora do casamento muito provavelmente causadora de efeitos nefastos ao n vel psicol gico e f sico f Ensina que uma gesta o indesejada ir muito provavelmente gerar consequ ncias nefastas p
226. ia Neste sentido e apesar da universalidade do desenvolvimento f sico e biol gico que ocorre as expectativas sociais que dele decorrem s o altamente vari veis em fun o da cultura e meio social Este fen meno especialmente evidente quando ocorre um desenvolvimento precoce Contrariamente aos rapazes a puberdade precoce nas raparigas motiva tendencialmente para uma pior auto imagem corporal o que aumenta a probabilidade de desenvolverem uma perturba o de comportamento alimentar O distress emocional que experienciam em fun o da sua diferencia o face aos pares nomeadamente em ndices corporais como o peso poder ainda levar concomit ncia de humor deprimido ou mesmo depress o cl nica Ali s como afirma Susan Bordo 1988 tamb m o que comemos e o que vestimos s o agentes de cultura centralizados no corpo feminino essa constru o est sempre homogeneizando e normalizando tentando suprimir as diferen as de ra a classe e outras insistindo para que todas as mulheres aspirem a um ideal coercitivo padronizado Nessas desordens a constru o da feminilidade est notavelmente escrita em termos perturbadoramente concretos hiperb licos representa es exageradas extremamente literais s vezes praticamente caricaturadas da m stica feminina corrente Os corpos das mulheres perturbadas apresentam se como um texto agressivamente descritivo para quem o interpreta um texto que insiste e exige mesmo ser lido
227. ia pr pria e sempre na margem dos gostos e desejos do parceiro esse sim o Eu Sujeito da rela o A depend ncia destes meios medi ticos para obten o de aconselhamento e informa o de cariz m dico poder tornar se preocupante uma vez que limita as fontes de informa o as perspectivas sobre um dado evento e ainda as posi es alternativas s sugeridas a problemas semelhantes mas com contornos espec ficos e n o necessariamente coincidentes com todas as dificuldades experienciadas pelas jovens Neste sentido a constru o discursiva Construir uma rela o heterossexual vem integrar as anteriores concretizando a miss o das raparigas Elas s o respons veis por uma iniciativa de que n o s o elemento principal ou seja o ocus de ac o depende sempre da conquista de um parceiro e n o de uma gest o efectiva de uma rela o em que h partilha din mica de poder Construir uma rela o heterossexual coloca nos perante dois aspectos de destaque a emin ncia e quase obrigatoriedade de estabelecer uma rela o heterossexual rejeitando e invisibilizando rela es n o normativas e a necessidade da rapariga se colocar no lugar do seu parceiro conhece lo e modelar se aos seus gostos de forma a ser bem sucedida na sua tarefa despertar o interesse e estabelecer uma rela o com um rapaz Assim podemos observar que a totalidade das constru es discursivas tem como finalidade ltima dotar as jovens de recurs
228. ial p 261 Assim nas p ginas de aconselhamento da revista que mais bvio o pedido de orienta o e conhecimento fazendo destas as favoritas das leitoras apesar de na maioria das 123 O que significa ser rapariga vezes estas se interessarem mais pelas respostas do que pelas quest es em si Jackson 2005a As cartas de leitora permitir o nos dias de hoje cumprir um dos v rios mecanismos de marketing a que somos expostos nomeadamente pelo abordar frequentemente de conte dos de sexualidade De facto a inclus o destas p ginas dedicadas s cartas de leitora representam uma aposta segura face comercializa o das publica es em causa Trata se de um espa o social em que permitido falar de qualquer assunto dado o car cter an nimo da exposi o o que permite o abordar de temas que geram desconforto socialmente constru dos como menos nobres problem ticos e n o question veis e a obten o de uma resposta Estas colunas proporcionam espa o na cultura popular para a produ o defini o e aprofundamento de significados sociais do que ser uma jovem com sexualidade Jackson 2005a Ao mesmo tempo e sob um rosto educativo e informativo e mediante as respostas dadas podem funcionar como mecanismos de constru o ou de domina o Para Foucault 1975 2003 o ritual de confiss o envolto em tens o e mist rio como as cartas enviadas pelas leitoras discursivo em que o sujeito se sente c
229. idade na explora o de mitos e na educa o para os media estimulando um consumo cr tico 5 4 3 Construir uma rela o heterossexual SER RAPARIGA SO Construir uma rela o heterossexual Desvendar o masculino Manual de sobreviv ncia a um amor verdadeiro Iniciar uma rela o Manter uma rela o Afirma o do duplo padr o Viol ncia das rela es Conflito face ao duplo padr o Trai o e tri ngulos amorosos 177 O que significa ser rapariga 5 4 3 1 Identifica o de constru es discursivas Construir uma rela o heterossexual uma constru o discursiva que tem como objectivo fundamental dotar as raparigas de compet ncias e caracteristicas que sejam por elas incorporadas mesmo que n o as possuam por iniciativa pr pria de forma a darem resposta ao que significa socialmente ser rapariga ou seja ser atraente e submissa ao masculino recorrendo para isso ao conhecimento aprofundado do que sup e serem as caracter sticas apelativas comportamentos t picos e gostos espec ficos dos rapazes A constru o de si pr pria passa por adequar se a um parceiro ideal que busca como elemento central da sua personalidade e vida social Esta constru o discursiva visivel em ambas as tipologias de conte do textual artigos e reportagens e cartas de leitora verificando se tanto ao nivel da mensagem do peri dico como ao n vel dos conte dos escritos e enviados pelas pr prias raparigas
230. idades ou os seus conhecimento de sexualidade Empreende se uma dociliza o de corpos Foucault 1975 2003 em que o objectivo o conformismo a subjuga o a valores constru dos hist rica e socialmente e que se mant m como opressores sobretudo das mulheres A sua ac o e efectiva o indirecta de poder apresenta como imperativo a conformidade e modela o a um ideal de mulher Mascaram se os verdadeiros motivos passando os para motiva es que se apresentam como inerentes s jovens fruto das suas vontades ao inv s de serem localizados como mecanismos externos de regula o institucional de poder O facto destas perspectivas serem apresentadas desde jovens especialmente penalizante uma vez que contribui para a forma o de valores e da sua identidade tal como confirma Sandra Lee Bartky 1990 p 118 ao afirmar que a subjectividade feminina constru da atrav s de um processo cont nuo um envolvimento pessoal nas pr ticas discursos e institui es que d o significado valores significado e afectos aos eventos do mundo de Lauretis 1983 Ali s apesar de se poder perspectivar uma leitura informativa e formadora por parte destas publica es esta n o apresentada como a sua principal fun o apenas se verificando alguma informa o na segunda constru o discursiva Ter de saber sempre mais Este distanciar de uma reflex o genericamente formadora e educativa apenas explic vel devido aus nci
231. ina o masculina apresentando claramente o que considerado comportamento adequado em fun o do seu pr prio sexo biol gico e na rela o com os outros do sexo oposto Este script ou gui o comportamental que abordaremos teoricamente no cap tulo seguinte torna se determinante n o apenas nas interac es sociais mas tamb m nas expectativas que se formulam sobre e nessas interac es nomeadamente quanto sexualidade Este script socialmente difundido pelo que permite definir fronteiras num continuum comportamental separando raparigas boas e m s pela aus ncia ou presen a de caracter sticas como o desejo sexual A heterossexualidade poder ser ent o considerada como o elemento mais fortemente enraizado no desenvolvimento adolescente tendo como especial enfoque a normaliza o dos sujeitos com base em princ pios que s o independentes da quest o sexual Esta normaliza o prende se com a manuten o de institui es como a fam lia a reprodu o e a maternidade Por contraponto a homofobia ser o que mais abertamente invisibilizado e combatido apresentando se marcado pelo regime do pecado e do n o natural uma vez que mais do que inviabilizar contesta as institui es mencionadas fam lia reprodu o e maternidade Segundo Adrienne Rich 1983 estamos mesmo perante uma heterossexualidade compuls ria que tem por objectivo controlar a feminilidade na sociedade patriarcal Para isso recorre a fen me
232. inino resulta numa incoer ncia relacional e num desequil brio na regula o desta distribui o que tem como tem vindo a ser observado consequ ncias ao n vel individual mas tamb m ao n vel das din micas sociais neste sentido que podemos referir que este desequilibrio de poder refor ado por institui es sociais v rias tais como a vis o patriarcal da Igreja do conceito fam lia empregabilidade ou mesmo as institui es cient ficas Torna se assim relevante ressaltar que a coexist ncia destas institui es e deste desequil brio de poder permitem a verifica o externa e reifica o por ciclos tautol gicos de eventos da ideologia opressora e dominante neste contexto que reafirmamos a import ncia social e a capacidade modeladora dos meios de comunica o social Esta internaliza o da observa o um processo com v rios n veis e que despoletado por condi es sociais que favorecem o sistema patriarcal esta sobretudo realizada pela atribui o de refor os sociais de forma moderada s mulheres que cuidam da sua apar ncia f sica de acordo com a norma estabelecida Brown Travis Meginnis amp Bardari 2000 A constante necessidade de embelezamento do feminino acrescido da internaliza o do male gaze s o aspectos que n o podemos subvalorizar N o poss vel negar que existe uma compara o constante do modelo actual seja de apar ncia f sica personalidade ou identidade face a um modelo de perfe
233. ios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia Ali s as ind strias mainstream dos media desempenham um papel crucial no perpetuar da dissemina o de uma cultura de consumo que impulsiona e mant m o capitalismo global Devereux 2007 p 14 tradu o nossa O seu objectivo principal permanece focalizado na manuten o e regula o do sistema capitalista na obten o de lucros e dividendos sendo este sobretudo refor ado atrav s de um conjunto de mecanismos discursivos que levam os indiv duos a perceberem o consumo como uma necessidade que lhes inerente Os produtos apresentados constituem mecanismos de potencializa o pessoal que permitir o sobretudo s jovens e mulheres alcan ar uma perfei o idealizada nas imagens e discursos medi ticos As os editoras es trabalham ali s com base nas aspira es de evolu o e melhoria pessoal explorando tanto o desejo das mulheres de se tornarem mais ricas mais magras de classe social mais elevada como de obterem suporte social No caso das revistas para adolescentes esta agenda encontra se bem delimitada gerindo temas e personalidades da actualidade face a tem ticas consideradas essenciais s jovens em desenvolvimento tais como informa es sobre amor e rapazes sexualidade ou imagem corporal No nosso entender a sexualidade a que mais se destaca pela abrang ncia do seu mbito e por incorporar de forma genderizada as restantes nos v rios conte dos exp
234. ios identificados o indiv duo dever articular as tr s inst ncias do aparelho ps quico d ligado ao principio do prazer go ligado ao principio da realidade e Super Ego entidade de consci ncia social do individuo Assim o papel da socializa o na inf ncia e na adolesc ncia consiste apenas em canalizar as puls es e suas gratifica es para comportamentos e atitudes socialmente aceit veis De facto para Freud a negocia o das raparigas atrav s deste labirinto psico social dificultada pela altera o n o apenas na orienta o do seu desejo da M e para o Pai como tamb m da centra o da sua sexualidade do corpo da M e feminino para o do Pai masculino Beasley 2005 Na sua 19 Adolesc ncia perspectiva em vez de ter um p nis lhes requerido que tentem adquirir um atrav s do desejo heterossexual e do coito Beasley 2005 p 54 tradu o nossa Neste sentido a constata o da aus ncia de um p nis corresponde sempre compreens o da superioridade masculina sobre as mulheres e o feminino dado que s podem aspirar alcan ar o que os homens se dispuserem a permitir ou lhes derem Beasley 2005 havendo necessariamente uma prescri o da domina o pela dissemina o desta perspectiva faloc ntrica Por outro lado de acordo com Erikson 1950 a constru o pessoal dos indiv duos n o passa pela sua sexualidade mas pela aquisi o de uma identidade pessoal elemento central ao desenvol
235. ironments Taking into account that adolescence is a complex and multi determined period of time the role of these contents run constantly and continuously reveals itself to be determinant on social norms establishment These norms accentuate a sexual double standard that constitutes a constant social penalty upon women by pointing which behaviors are considered adequate and to which one must restrain when comparing to a more flexible attitude towards the masculine Therefore our goal is to contribute to a greater knowledge about the relationship between media contents production targeted at Portuguese adolescent girls as well as to understand which discoursive constructions are displayed by these magazines concerning sexuality and feminine identity In other words in which way is the content run by these publications guiding the adolescents sexuality construction owing to a more traditional and puritan or a more empowered model of being a girl Thus we based our research on the 2007 Portuguese edition of Ragazza magazine analyzing particularly three types of distinct contents one hundred and forty 140 advertisements thirty seven 37 agony aunts letters and their answers and thirty two 32 articles and reports In order to select these contents we considered some criteria To the advertisements we only analyzed the ones that had at least one girl figured to agony aunt s letters and articles and reports the criteria was to approach
236. isco pois amea a uma revela o mais efectiva de que as diferen as e abusos de poder n o deveriam ser admitidos e tolerados Tolman 2002 Poderemos mesmo considerar este tipo de regula o comportamental como um dos mais eficazes mecanismos de domina o e de indu o performance genderizada em fun o do sexo biol gico Partindo desta categoriza o aparentemente simples e inofensiva podemos localizar uma hierarquiza o social complexa que restringe indiv duos segundo o sexo a idade a identidade sexual ou a classe social Richardson 1993 Tolman 2002 Uma constru o identit ria moldada por no es enviesadas de ser mulher de relacionamentos interpessoais e de intimidade de gest o pessoal de recursos e valoriza o pessoal poder implicar auto estima e auto conceitos fr geis problemas de identidade relacionados com fracassos sucessivos em relacionamentos ou com dificuldade em lidar com a sua apar ncia f sica e as consequentes altera es et rias 210 O que significa ser rapariga No entanto como pudemos constatar esta vis o encontra se em altera o na sociedade portuguesa Existe j patente junto destas jovens uma possibilidade de contornar as imposi es sociais Mais concretamente estas constru es discursivas apresentam uma representa o da rapariga e da mulher mais liberta sobretudo na segunda Ter de saber sempre mais identificada com uma constru o mais neoliberal e p s femi
237. istematizar a import ncia dos estudos feministas dos media clarificando o seu enquadramento feminista nos media contempor neos Posteriormemte reflectiremos sobre o papel dos media na formula o da sexualidade enqunato elemento de marketing abordando a sexualiza o da adolesc ncia Por fim reflectiremos sobre as revistas para adolescentes enquanto nicho de mercado e mecanismo de fideliza o ao consumo 3 1 Feminismos e os estudos feministas dos media Os media desde cedo estiveram no centro da aten o das feministas e no centro da sua cr tica van Zoonen 1994 devido dissemina o de padr es sociais atrav s das representa es sociais que concretizam Ali s os media sempre acompanharam o movimento feminista n o s contribuindo para a sua divulga o mas constituindo tamb m um elemento de an lise Este movimento pode ser descrito em fun o de tr s vagas distintas uma primeira situada em meados do s culo XIX uma segunda retomada no p s 2 Guerra Mundial e finalmente uma terceira que nos acompanha nos dias de hoje Kaplan 1992 A primeira vaga tinha como principais objectivos a luta das mulheres pelo seu direito de voto o seu reconhecimento enquanto cidad s e o acesso vida pol tica Estas lutas tiveram in cio sobretudo devido Revolu o Industrial e posteriormente as Grandes Guerras Mundiais Apesar dos objectivos comuns partilhados n o podemos esquecer que possuiam circunst ncias 68 Os meio
238. item uma abordagem mais concisa e direccionada s reais necessidades das e dos jovens Estes modelos considerados mais liberais reapropriaram discursos de perigo e vitimiza o com o objectivo de prevenir doen as sexualmente transmiss veis gravidez indesejada e abuso em substitui o do objectivo final dos modelos mais conservadores de prevenir a sexualidade pr marital Jackson amp Wetherall 2010 O foco nas rela es interpessoais no prazer e nas sexualidades alternativas veio constituir um modelo mais pr ximo das necessidades identificadas pelas os jovens Jackson amp Wetherall 2010 Contudo n o podemos ignorar a manuten o de din micas focalizadas em binarismos e assimetrias de g nero e a aus ncia da dimens o do desejo Os mesmos discursos de risco perigo e vitimiza o reapropriados mant m a aus ncia de espa o e oportunidade para as raparigas se expressarem sobre o seu desejo sexual indirectamente refor ando a heterossexualidade e o androcentrismo Mesmo as propostas mais 61 A sexualidade na adolesc ncia neo liberais vieram apenas substituir din micas mais colectivas e sociais por vis es mais individualistas Neste sentido mant m se a necessidade de altera es ao n vel das abordagens e conte dos explorados quando existentes na educa o para a sexualidade nas escolas perspectivando se uma maior inclus o enquanto elemento transdisciplinar A proposta feminista a implementa o de um modelo com
239. itorial artigos como o exemplificada no excerto 30 intitulado Especial Orgasmo Este foi concebido para dar resposta a um conjunto de cartas de leitora recebidas pela revista O 163 O que significa ser rapariga objectivo deste artigo desmistificar o orgasmo ao mesmo tempo que informa as jovens sobre algumas das suas d vidas pessoais face ao sexo e ao prazer sexual Excerto 30 ESPECIAL ORGASMO Como que consigo atingir o orgasmo normal masturbar me Estas s o algumas das d vidas que lemos mensalmente nas D vidas Existenciais da Ragazza Por isso fizemos um Especial Orgasmo H quem o descreva como um vulc o em erup o mas estas descri es fazem parte da fic o O que que se passar na realidade Descobre as chaves para conseguires atingi lo sozinha ou acompanhada e prepara te para o prazer Poucas s o as raparigas que conseguem alcan ar o orgasmo com o seu namorado sem dificuldades Queres desvendar o segredo do prazer a dois Agosto p 77 82 Mais uma vez existe press o para o estabelecimento de uma rela o interpessoal os objectivos subjacentes a artigos tal como acontece no excerto 30 visa invariavelmente a viv ncia sexual com um parceiro implicitamente masculino Como podemos verificar o excerto termina com a alus o exist ncia de um namorado rela o est vel e amorosa com o qual a jovem poder experienciar prazer Ainda sobre o prazer heterossexual o
240. izam e limitam comportamentos sexuais definindo as interac es sociais pela cria o de uma linha orientadora de comportamentos esperados e sinalizando as respostas n o normativas Alferes 2002 43 A sexualidade na adolesc ncia Segundo Herold e Mewhimey 1993 o script tradicional assente no duplo padr o sexual encoraja apenas o homem a atribuir uma defini o sexual s suas rela es afectivas enquanto que mulher incutido um sentimento de culpa aquando da pr tica de actos sexuais que transgridam as normas culturais apud Ramos Carvalho amp Leal 2005 p 176 Actualmente e apesar de ser desej vel a converg ncia para um padr o sexual singular em que homens e mulheres possuem iguais expectativas pap is e permissividade face ao comportamento verifica se a exist ncia de um duplo padr o sexual em que o script sexual impele heterossexualidade e onde o crit rio que distingue comportamentos e atitudes a genitalidade Tal como acontece na idade adulta as os adolescentes articulam constrangimentos v rios impostos por pap is e expectativas sociais no sentido de integrarem o considerado adequado no espa o s cio hist rico e temporal em que se inserem Assim possivel concluir que mais do que influenciados por altera es anat micas fisiol gicas ou psicol gicas inerentes puberdade o desenvolvimento condicionado por factores de interac o social vis veis nos scripts sexuais que perm
241. l N o fales sobre os teus problemas nem sobre os teus ex TU VALES MUITO E ele quem dever dar se conta disso N o fales s de ti ouve o com aten o eles adoram e se n o perceberes alguma coisa pergunta lhe Ele ser o teu professor Novembro p 79 Analisando com especial aten o a ltima frase se n o perceberes alguma coisa pergunta lhe Ele ser o teu professor podemos verificar que est bastante presente neste tipo de publica es sendo frequentemente refor ado um duplo padr o de sexualidade que destaca um script sexual penalizador para as raparigas e que valoriza a sexualidade masculina enquanto elemento que lhes natural e inerente quase biologicamente determinado Contudo e apesar desta perspectiva de submiss o e docilidade sugerida o mesmo artigo pontuado por sugest es de marca o de uma posi o pessoal pelas raparigas No entanto estas s o facilmente absorvidas pelas restantes ao se colocarem como mecanismos de ltimo recurso O excerto 48 apenas um exemplo de uma destas sugest es 183 O que significa ser rapariga Excerto 48 PES NO TRAVAO S franca e n o lhe d s raz o s porque n o queres discutir S assim ver s como reage ao saber que tu n o partilhas das mesmas opini es Ser sincera desde o inicio fundamental Novembro p 79 Outro elemento curioso neste tipo de publica es a sua apresenta o como uma forte aliada para as raparigas como qu
242. l gicos e comportamentais biologicamente determinados O facto de ter quebrado com os c nones da sua poca justifica a import ncia ainda atribu da s suas conclus es Nesta perspectiva possivel verificar uma identifica o da adolesc ncia como um per odo conturbado caracterizado por transforma es r pidas e ca ticas nomeadamente ao nivel f sico e psicol gico Tamb m a Antropologia Cultural teve um papel importante no estabelecimento da adolesc ncia como momento de vida diferenciado da inf ncia e idade adulta considerando no entanto a posi o de Hall como estremada e insustent vel Assim os contributos de Margaret Mead 1928 as cited in Sprinthall amp Collins 2008 e Ruth Benedith 1934 as cited in Sprinthall amp Collins 2008 caracterizavam a adolesc ncia como um per odo de vida menos r gido fixo ou biologicamente determinado Para esta abordagem a caracteriza o como um periodo de 10 Adolesc ncia agita o e tens o abusiva uma vez que consideram que esta depende sobretudo das exig ncias e das expectativas culturais do meio onde as os adolescentes est o inseridos Segundo Ruth Benedict a adolesc ncia teria tr s principais dificuldades decorrentes de uma existente descontinuidade 1 responsabilidade irresponsabilidade 2 domin ncia submiss o e 3 actividade sexual aus ncia de actividade sexual para maior detalhe ver e g Sprinthall amp Collins 2008 Estas dificuldades representaria
243. l androcentrada e heterossexista sobretudo nesta rela o que subsistem mecanismos de controlo e regula o social A disponibilidade de posi es mais conformistas mais refor adas e 153 O que significa ser rapariga menos implicativas mant m ciclos tautol gicos de constri o pessoal e enaltecimento do masculino Por outro lado se formularmos posi es de resist ncia e contesta o de discursos podemos identificar como dispon veis ac es de apropria o do corpo enquanto mecanismo de resist ncia quer seja pelo contrariar de normas sociais quer por uma posi o maior ag ncia na sua sexualidade reivindicando identidades desejos e prazeres A produ o reprodu o e veicula o de discursos desconstrutores e de contesta o do normativo atrav s de meios sociais e g grupo de pares media educa o permitem perspectivar novas possibilidades e a explora o junto de outros de posi es de maior empoderamento pessoal e social Ser sexy n o em si um elemento subjugador Pode ser se sexy e inteligente profissional por exemplo O que est ausente destes discursos s o outras possibilidades de se ser mulher para al m deste modelo nico ideal e constrangedor A quest o reside como afirma Neves 2007 na intencionalidade e no contexto em que o corpo modelado segundo estrat gias pol ticas e sociais que o perspectivam como superf cie exterior mat ria pl stica que se transforma segundo interesses do
244. ldados e constrangidos de forma a nos enquadrarmos nos gui es constru dos pelos media Os scripts sexuais s o os mais presentes nestas publica es incutindo desde cedo nas nos jovens e adolescentes estere tipos acerca da sexualidade Este fen meno bem identificado pelas os adolescentes quando abordam tem ticas de sexualidade enunciando as expectativas e deveres que lhes s o atribu dos mas tamb m ao sexo oposto Magalh es Saavedra amp Nogueira 2008a no entanto apenas em 1963 que se divulga uma primeira aprecia o reflexiva destas publica es Atribui se esta primeira an lise a Betty Friedman 1963 2010 que como j vimos teve um papel de destaque na implementa o de uma perspectiva cr tica de an lise dos media Como refere Massoni 2004 espantoso como a ideologia presente nas revistas para mulheres permaneceu constante ao longo das ltimas d cada tanto ao n vel das imagens como dos discursos vindo a reificar e refor ar os tradicionais pap is de g nero a import ncia da juventude da imagem corporal e das rela es amorosas heterossexuais bem como o papel do consumo na obten o destes ideais Estas representa es s o geralmente constitu das para que se apresentem como algo f cil com que se relacionar Como destacam Ballaster e colaboradores 1991 esta aparente facilidade e simplicidade de conte dos e representa es faz com que a tarefa dos cr ticos seja ir al m das representa es e olhar a
245. lhor a realidade medi tica das raparigas portuguesas abrindo essa porta nas revistas para adolescentes Pretendiamos perscrutar os discursos que estas publica es veiculavam a essas jovens e ainda mais desconstrui los Como afirma Griffin 2004 importante reflectir sobre as representa es das raparigas uma vez que estas marginalizam ou invizibilizam formas de se ser rapariga adolescente n o s porque n o espelham a diversidade existente mas tamb m porque a forma ambigua como constituem a adolesc ncia no feminino constr i certas posi es de sujeito como insuport veis incompreens veis ou mesmo incompat veis com o que consideram ser a rapariga normal Agora na escrita desta conclus o geral posso dizer que alcan amos este objectivo contribuindo tamb m para um olhar mais s rio e cient fico da realidade social e senso comum que paralelamente se implica na constru o di ria e intransmissivel destas jovens Teoricamente revelou se uma tarefa desafiante rdua mas muito estimulante Partindo de uma Licenciatura em Psicologia poderia pensar se que parte deste enquadramento estaria feito Contudo um conjunto mais alargado de perspectivas propostas e teorias se afiguraram como preponderantes movendo me entre reas como a educa o sa de a sexologia as ci ncias da comunica o a sociologia a filosofia estudos culturais e de mulheres estudos feministas para nomear apenas algumas Ai sim se percebe um horizonte
246. linha de apoio 707 200 077 No mesmo sentido da carta anterior o excerto 61 representa uma outra face da viol ncia das rela es Neste Neusa afirma estar a ser v tima de press es e viol ncia psicol gica por parte de um colega com quem se relacionou Excerto 61 Curti com um colega da faculdade e agora ele espalhou o boato de que tivemos rela es O que posso fazer Neusa Vila Nova de Gaia P e j um ponto final nesta situa o Assim que tiveres oportunidade de falar com ele confronta o e diz lhe que sabes o que ele anda a inventar Outro tipo de viol ncia relatado a sexual Muitas vezes n o identificada pelas jovens e n o percepcionada como viol ncia pelos seus companheiros a coer o sexual um fen meno invisibilizado de viol ncia nas rela es A Maria excerto 62 um exemplo de n o reconhecimento desta agress o colocando sobre si pr pria a responsabilidade do seu sentimento de desadequa o A resposta contudo n o interv m a este n vel voltando a refor ar que apesar de n o ser uma quest o de ser antiquada ou n o cabe jovem ter confian a na rela o e demonstrar de forma clara e percept vel do que n o gosta Segundo a revista dizer que n o quer que n o gosta parece n o ser suficiente o importante aqui parece ser que o namorado n o tire conclus es precipitadas Excerto 62 Eu e o meu namorado damo nos superbem mas nos ltimos tempos ele tem insistido para
247. lio neste sentido A jovem parece afirmar que compreens vel que os rapazes n o se expressem emocionalmente da mesma forma que as raparigas Apesar da sua desconfian a relativamente aos seus sentimentos a jovem ainda coloca a quest o de ser algo normal e portanto ser ela a exigir demasiado do seu companheiro A resposta n o de todo esclarecedora recorrendo se tanto a factos de senso comum como dificuldade em demonstrar sentimentos que a pr pria Paula identificou como uma possibilidade Assenta ainda em elementos neurobiol gicos no sentido de credibilizar atrav s de um discurso m dico a sua resposta No entanto mais n o faz do que dicotimizar em p los opostos o ser feminino e o ser masculino acentuando as diferen as entre eles 179 O que significa ser rapariga Excerto 42 Namoro h quase um ano mas at agora o meu namorado nunca me disse amo te Eu digo lhe imensas vezes e ele nunca responde Ser normal ou ele n o gosta de mim Paula Montemor o novo Talvez o teu namorado tenha dificuldade em demonstrar os seus sentimentos Sabias que a parte do c rebro que corresponde s emo es est mais desenvolvida nas mulheres do que nos homens Se calhar o teu namorado apenas t mido e tem vergonha de dizer o que sente Noutro n mero da revista localizamos um esfor o para amenizar diferen as e encurtar distancias entre rapazes e as raparigas Os temas explorados s o os medos sexuai
248. lmente Transmiss vel que para al m da SIDA existem outras DST s que n o s o t o perigosas mas que tamb m t m de ser tratadas Para isso poder s ir a uma consulta de planeamento familiar em qualquer centro de sa de aos Gabinetes de Apoio Sexualidade Juvenil ou aos Centros de Atendimento a Jovens que funcionam nas delega es do Instituto Portugu s da Juventude No entanto as lacunas de informa o n o se localizam apenas ao n vel dos recursos sociais dispon veis Existe ainda algum grau de desconhecimento relativo ao modo de utiliza o de alguns m todos contraceptivos Este pode verificar se tanto ao n vel de contraceptivos mais recentes como o caso do contraceptivo oral de emerg ncia vulgo p lula do dia seguinte como acontece no excerto 18 bem como ao n vel de fornecimento de informa o b sica como poderemos ver nos excertos 19 e 20 158 O que significa ser rapariga Excerto 18 Nos ltimos tr s meses tive de tomar a p lula do dia seguinte duas vezes Tenho medo porque se voltar a precisar n o sei se devo ou posso tomar mais uma Como podemos ter mais cuidado ao manter rela es sexuais Uma vez que n o quero tomar a p lula contraceptiva gostava de saber quais os outros m todos que posso utilizar Diana E mail Aten o a p lula do dia seguinte um m todo de emerg ncia e n o um contraceptivo N o deves tom la como um procedimento habitual pois tem muitos efeitos secund
249. lorados Ao n vel da sexualidade as mensagens morais s o no entanto claras de modo a ser uma boa rapariga esta n o deve ser sexualmente provocante nem expl cita Mesmo quanto as raparigas tomam iniciativa elas s o encorajadas a parecer passivas Ballaster et a 1991 p 141 142 tradu o nossa Segundo Griffin 2000 estas revistas constituem mesmo um espa o privilegiado uma vez que a adolesc ncia um espa o crucial de constru o politica dentro da hetero normatividade Apesar de se dirigirem a uma popula o feminina estas publica es apresentam com frequ ncia atitudes e comportamentos marcantes numa cultura androc ntrica e masculinista que subjuga as raparigas face aparente naturalidade biol gica da sexualidade tamb m ela socialmente constru da Segundo Holland Ramazanoglu Sharpe e Thomson 1998 as cited in Jackson 2005a a constru o social da feminilidade e da masculinidade influencia as negocia es do hetero sexo atrav s do posicionamento da mulher enquanto receptora passiva e do homem enquanto instigador activo p 283 Consequentemente poderemos identificar as revistas para raparigas adolescentes como mecanismos tecnol gicos que se apresentam como educativos e de informa o enquanto permitem a institui o da ordem de g nero Connell 1987 pela atribui o a cada um dos sexos de comportamentos expect veis e aceit veis e por 91 Os meios de comunica o e a sexualidade na
250. lorados nas revistas para early adolescents como se pode verificar no diagrama 1 Publicidade Trivialidades Revistas para early adolescents Diagrama 1 Diagrama representativo dos principais assuntos identific veis em revistas para early adolescents O mesmo n o acontece com as revistas para as ate adolescents Nestas poss vel encontrar se ainda conte dos directamente relacionados com Sexualidade Amor e Romance Desporto e Condi o F sica e com Psicologia e Comportamento ver diagrama 2 117 O que significa ser rapariga Trivialidades late adolescents Sexualidade amor e romance Desporto e condicao fisica Psicologia e comportamento Diagrama 2 Diagrama representativo dos principais assuntos identific veis em revistas para ate adolescents Parecendo de alguma forma marcar uma transi o estas revistas assumem mais explicitamente a import ncia da Sexualidade do Amor e do Romance na vida dos e das adolescentes Contudo fazem no recorrendo a imagens estereotipadas e enquadradas numa matriz heterossexual frequente encontrar se alus es a t cnicas de conquista de rapazes dicas para agradar os parceiros namorados quest es sobre separa es e contendas mas tamb m necessidade das raparigas estarem sempre perfeitas porque poder o encontrar o seu principe encantado Marcadamente inseridos numa cultura hetero sexista estas publica es mant m os e
251. lysis social and psychological interpretations Buckingham Open University Press Wood Linda A amp Kroeger Rolf D 2000 Doing discourse analysis methods for studying action in talk and text London Sage Publications Woolfolk Anita 2000 Psicologia da Educacao Porto Alegre ARTMED World Health Organization 2007 Adolescent pregnancy electronic resource unmet needs and undone deeds a review of the literature and programmes Disponivel em http whqlibdoc who int publications 2007 9789241595650_eng pdf Youniss James 1975 Another perspective on social cognition In Anne D Pick ed Minnesota symposia on child psychology vol 9 Minneapolis University of Minnesota Press 251
252. m perfeitas e agradarem ao sexo masculino O excerto 11 apresenta na edi o de Janeiro o objectivo tra ado para todo o ano Excerto11 BE SEXY my friend ESTE ANO DEIXA TUDO E TODOS DE QUEIXO CA DO E AGARRA AS PROPOSTAS MAIS FASHION DO MOMENTO DOCE OU LEOPARDO Janeiro p 42 46 O excerto 12 segue na mesma linha apresentando s jovens um conjunto de comportamentos a adoptar para se transformar num ser sexy Apesar de tudo este excerto bem como o seguinte salientam a import ncia de gostar de si enquanto muito pensamento pensativo excerto 12 programar a mente excerto 12 e a nossa atitude excerto 13 Parece impl cito que o cuidar do visual tamb m produz efeitos de melhoria do estado de espirito e auto estima Excerto 12 10 CHAVES PARA MAXIMIZAR O TEU LADO SEXY Alta Sedu o Algumas pessoas alcan am o sucesso mesmo n o sendo lindas de morrer O segredo Sabem tirar partido do seu lado mais sensual Descobre como Uma rapariga n o nasce sexy torna se sexy E nem preciso ter umas medidas de cortar a respira o um olhar arrebatador um sorriso doce e muito pensamento positivo podem fazer milagres Basta programar a tua mente e o teu corpo para transformares te na deusa da sensualidade Dezembro p 82 84 Podemos mesmo verificar esta sensa o de press o sentida pelas jovens analisando as cartas de leitora O excerto 13 representativo de uma jovem que se sente
253. m You know who am David Fonseca Ao longo deste caminho muitas foram as pessoas que me conheceram e que me reconheceram enquanto pessoa psic loga e investigadora Algumas conhecem ainda melhor quem de facto me fui construindo Uma primeira palavra de apre o s minhas incans veis orientadoras Professora Doutora Lu sa Saavedra que me acolheu como parte da fam lia pelo lan ar da corda e por sabiamente me ter feito passar da superf cie profundidade da utopia ao activismo das inten es s pr ticas Professora Doutora Concei o Nogueira pelo companheirismo e iii amizade pelo estimulo pelo constante desafio pelo incentivo a tornar sempre os desejos em quotidianos Das e dos muitas os amigas os e colegas que acompanharam e me acompanharam ao longo destes anos e a quem muito agrade o n o posso deixar de destacar tr s grandes amigas A Sara Ferreira pelo passo marcado pelo caminhar lado a lado pelas aventuras e partilhas Por um percurso com la os estreitos e por uma complementaridade extraordin ria A Silvana Costa pela amizade ombro e ouvido amigo que em todas as ocasi es esteve dispon vel para mais do que ouvir escutar Pelas quest es sempre pertinentes que me fizeram reflectir e explorar para al m do bvio A Carla Cerqueira porque ganhando uma amiga foi a melhor maneira de come ar este doutoramento Pelo enorme lugar que de forma humilde e simples ocupou na minha vida pelas horas de
254. m na sua perspectiva a propor o em que o processo de socializa o era descontinuo num determinado meio social Sendo que por descontinuidade Benedict se referia rela o interactiva de aprendizagem integracao das dos adolescentes com um conjunto de comportamentos pap is e atitudes caracter sticos da vida adulta e que se encontram em ruptura com os que caracterizam o per odo da inf ncia Durante esta aquisi o e segundo Ruth Benedict exigido s aos adolescentes que num curto espa o de tempo adoptem comportamentos de maior responsabilidade maior domina o e de uma sexualidade activa contrastando com os comportamentos e ensinamentos anteriormente refor ados Quanto s contribui es de Margaret Mead e para al m da sua import ncia hist rica ser importante referir que as conclus es obtidas foram posteriormente contestadas Apesar de Margaret Mead ter confirmado o relativismo cultural de Franz Boas ao apresentar nas suas conclus es as ilhas de Samoa como uma sociedade paciente gentil e pac fica Muuss 1996 em que as transi es desenvolvimentais s o isentas de press es ou incertezas o facto que o trabalho posterior de Derek Freeman veio questionar a validade dos resultados por verificar que se tratou de uma recolha imprecisa e de uma generaliza o abusiva dos factos observados e ila es retiradas Nomeadamente Mead ignorou procedimentos fundamentais investiga o como as diferen as entre indiv duos
255. m ticos que abordem temas id nticos mas n o s o delas dependentes Neste bloco s o ainda contemplados alguns suplementos como o Hor scopo os Presentes ou Guia de Compras que s o considerados importantes pela revista no contacto com as jovens adolescentes tamb m neste bloco tem tico que se incluem suplementos mais pr ximos das leitoras e que dependem da sua participa o O correio ou cartas de leitora nesta publica o surge em sec es denominadas D vidas Existenciais e Porque perguntar n o ofende Al m destas sec es encontram se ocasionalmente outras denominadas Top Secret Contidencial e Caso Real que apresentam hist rias consideradas ver dicas e que decorrem do contacto com as leitoras mas que n o possuem qualquer tipo de coment rio por parte da revista Estes suplementos apresentam hist rias preocupa es ou quest es das a N o se antevia ainda o surgimento de publica es do mesmo sector de mercado com p blico alvo mais alargado tentando nomeadamente fazer a ponte entre estas revistas e as revistas femininas e g Happy Woman 120 O que significa ser rapariga leitoras e s o utilizadas como uma oportunidade de chegar ainda mais pr ximo da realidade das leitoras surgindo como possibilidades de modela o de comportamentos face s respostas e reac es que s o apresentadas Ser interessante notar ainda o constante recurso ao consumo nomeadamente como estrat gia de marketing Se por
256. m um coment rio sobre valores e moralidade Apesar de se apresentarem como situa es de quebra e de afastamento do seu scripttradicional permanece sub repticiamente que o ideal iniciar uma nova rela o 196 O que significa ser rapariga Contudo nao poderia deixar de apresentar o excerto 69 que claramente uma tentativa de quebrar com esta vis o androc ntrica e que brevemente d resposta a algumas cr ticas nomeadamente feministas que s o feitas a esta tipologia de publica es O excerto 69 insere se num artigo de duas p ginas que explora dicas para as raparigas descobrirem se os seus namorados est o a ser infi is No final deste a jornalista aposta numa vis o menos malestream apresentando tamb m as raparigas como potenciais aprendiz de infiel Como este n o um comportamento comum para as raparigas a jornalista opta por fornecer pequenas estrat gias para que estas n o sejam descobertas pelos seus companheiros Excerto 69 Sa das de emerg ncia para um aprendiz de infiel O que acontece quando perdes a cabe a e decides dar lhe o troco na mesma moeda Se j pensaste em transformar a tua rela o num triangulo equil tero aqui ficam quatro conselhos b sicos e eficazes TEM ATEN O AOS PEQUENOS DETALHES Rebaptiza o teu novo amigo na agenda do telem vel Assim em vez de aparecer David fica gravado Joana Nunca levanta suspeitas APRESENTA O AOS TEUS AMIGOS Nada melhor do que in
257. mant m e promovem certas rela es sociais A an lise consiste em estudar como estas pr ticas actuam no presente mantendo e promovendo estas rela es trazer luz o poder da linguagem como pr tica construtiva e reguladora p 63 Mais do que uma ferramenta anal tica do que um recurso metodol gico a An lise de Discurso apresenta se como uma pr tica social que se baseia na linguagem como elemento constitutivo e construtivo da experi ncia humana Neste sentido linguagem mais do que o seu equivalente textual ou oral ac o na medida em que permite e proporciona a constante constru o do mundo na rela o dial ctica entre discursos dos sujeitos Nogueira 2001b Saavedra 2001 Wood amp Kroeger 2000 Com efeito a An lise de Discurso procura desconstruir compreender e desmistificar o modo como a linguagem constr i os objectos os sujeitos a subjectividade e o self Willig 1999 Falar exibir uma pr tica uma ac o as pr ticas discursivas s o aut ntica 103 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso express o de ac es sociais com implica es concretas corporalizadas pela linguagem Nogueira amp Fidalgo 1995 Como se depreende existem ent o v rias tipologias de an lise de discurso An lise Conversacional An lise Cr tica do Discurso e g Gilles 1999 Fairclough 1997 An lise Foucaudiana do Discurso e g Parker 1992 Willig 1999 2003 2008 ou Psicologia Discursiva
258. melhores maquilhagens Mais uma vez enfatizada a import ncia da demonstra o de uma feminilidade 116 O que significa ser rapariga estereotipada ou seja mulher heterossexual fisicamente atraente e sensual que procura agradar ao sexo masculino atrav s de uma imagem feminina Os conte dos s o apresentados de forma a convencer as leitoras de que se trata de uma preciosa ajuda no que diz respeito ao s seu s relacionamento s amoroso s com os rapazes Assim refor a se n o s a adop o destes comportamentos como se verifica uma tentativa de os uniformizar encarando todas as raparigas como id nticas do ponto de vista est tico das concep es do que ser feminina e da sua orienta o sexual A Publicidade e o Consumo s o tamb m presen as indispens veis nas revistas para early e late adolescents respectivamente Ponte com v rios outros aspectos das revistas a publicidade come a por ser inicialmente uma exposi o das novidades para passar nas revistas para ate adolescents a algo que obrigat rio obter As raparigas s o muitas vezes levadas a entender que os artigos apresentados s o a solu o que procuravam para uma determinada situa o Nomeadamente ou porque a publicidade se encontra no corpo de texto das pr prias reportagens ou porque os artigos se encontram dispostos de forma apelativa e tem tica como acontece por exemplo com o vestu rio Deste modo ficam completos os aspectos exp
259. mentando assim a press o para o conformismo e para comportamentos que lhes permitam aceder a uma categoria mais favor vel socialmente independentemente do pre o pessoal a que sejam expostas 155 O que significa ser rapariga 5 4 2 Ter de saber sempre mais SER RAPARIGA E O Ter de saber sempre mais OQ Saber o b sico Contracep o e concep o Funcionamento do corpo Fisiologia e desempenho Manter os conhecimentos actualizados Prazer f sico Inovar na sexualidade 5 4 2 1 Identifica o de constru es discursivas Ter de saber sempre mais pretende expressar apelos que as jovens efectuam no sentido de obterem sempre e ainda mais informa o sobre sexualidade e serem esclarecidas quanto a quest es de sa de sexual e reprodutiva Apresenta um crescendo nas suas componentes uma vez que os aspectos abordados denotam a exist ncia ou inexist ncia de conte dos pr vios e a necessidade de maior detalhe e explora o por parte das raparigas Esta constru o discursiva est presente ao longo das revistas localizando se quer em cartas de leitora quer em artigos e reportagens composta por dois mecanismo discursivo Saber o b sicoe Manter os conhecimento actualizados Saber o b sico Este mecanismo discursivo apresenta as leitoras com uma lacuna ao n vel da informa o sobre sexualidade Tem como principal objectivo mapear as principais dificuldades ao n vel da 156 O qu
260. mercado e ideol gicos p 318 Esta mesma ideia corroborada por Silvana Mota Ribeiro 2005 num estudo centrado em an ncio publicit rios em revistas femininas em Portugal atrav s da sua formula o do conceito de superf cie est tica 5 4 1 6 Identifica o de subjectividades dos discursos Por fim podemos analisar esta constru o discursiva luz das subjectividades que poder originar ou seja que experi ncias subjectivas poder o ser sentidas pensadas e vividas com base nas v rias posi es de sujeito dispon veis Partindo de posi es de submiss o conformismo e tend ncia para a normaliza o e consumo era de esperar que as jovens integrassem esta constru o discursiva em alguns pressupostos 1 sintam que estas constru es s o naturais e incontest veis pelo que considerem n o ser alvo destas tecnologias do corpo n o identificando a necessidade de desconstru o e de movimentos de contesta o Aderir o com facilidade s propostas veiculadas n o tendo um consumo cr tico das publica es 2 sintam incapazes de atingir autonomia e de perseguir os seus pr prios desejos e objectivos uma vez que identificam as restri es de que s o alvo pelo disseminar destes mecanismos tecnol gicos Concluir o que n o existe alternativa sen o aderirem a estes mecanismos de forma atenta e critica enquanto paralelamente os contestam e se servem destes para os desconstruir e debater 3 sintam falta
261. mp van Schaik Paul 2008 A review of parental involvement in sex education the role for effective communication in British families Hea th Education Journal 673 182 195 DOI 10 1177 0017896908094636 Umiker Sebeok Jean 1996 Power and the construction of gendered spaces nternational Review of Sociology 6 389 404 Disponivel em http www slis indiana edu faculty umikerse papers power html 249 Referencias bibliogr ficas Ussher Jane M 1997 Fantasies of Femininity Reframing the boundaries of sex London Penguin van Hasselt Vincent amp Hersen Michel 1987 Handbook of adolescent psychology New York Pergamon Press van Zoonen Lisbet 1994 Feminist Media Studies London SAGE Publications Vasconcelos Pedro 1998 Praticas e discursos da conjugalidade e sexualidades dos jovens portugueses In Manuel Villaverde Cabral e Jos Machado Pais eds Jovens portugueses de hoje pp 215 305 Oeiras Celta Vernet Jean Pierre Vala Jorge Am ncio L gia amp Butera Fabrizio 2009 Conscientization of social cryptomnesia reduces hostile sexism and rejection of feminists Social Psychology 4Q3 130 137 DOI 10 1027 1864 9335 40 3 130 Vieira Paulo Jorge 2005 Preven o da Infec o VIH nos Jovens com os jovens 6 HIV AIDS Virtual Congress Dispon vel em http www aidscongress net pdf com jovens abstract 274 comunic 244 pdf Vilar Duarte 2003 Mass Media e Sexualidad
262. mpossivel negar a prolifera o de contextos em que predomina uma vis o sexual ou se alude sexualidade sendo a t nica sobretudo feminina Os media s o claramente um dos recursos que mais nos exp e e representa tornando esta presen a quase omnipresente Ali s o recuso sexualidade informa mesmo pr ticas de estimula o ao consumo objectificando e ritualizando modelos mulheres e a sexualidade feminina As revistas para adolescente t m vindo a ser consideradas um importante dispositivo de modela o quer positiva quer negativa de comportamentos Welsh Rostosky e Kaeaguchi 2000 no livro editado pela American Psychological Association sobre sexualidade sociedade e feminismo relembram que na constru o do sujeito adolescente cada vez maior a import ncia dada sexualidade e a aquisi o de informa o sobre sexualidade Ali s trata se mesmo de uma das tarefas ou crit rios considerados como mais importantes a adquirir ao longo do desenvolvimento adolescente Neste sentido poss vel identificar as revistas para adolescentes pela sua linha editorial como um dos mecanismos mais significativos e de maior aux lio Estas contribuem n o s para a informa o sobre sexualidade mas tamb m para a sexualiza o precoce e estereotipada das raparigas influenciando a identidade pessoal das jovens pela reifica o de pontos de vista penalizadores Mais tornar se feminina exige que as raparigas aprendam a ser bon
263. na Feminina do Corpo que exploraremos de seguida dentro desta mesma constru o discursiva 130 O que significa ser rapariga perfume Love Love no alcan ar destes objectivos e supostamente no favorecimento da sexualidade feminina CHEAP AOCHI Imagem 2 A sexualidade e as rela es de intimidade t m de facto preenchido a agenda publicit ria tal como nos media sendo um dos t picos de maior explora o A publicidade que apresentamos de seguida imagem 3 ilustra outra marca de perfumes que explora a imagem de um casal que se beija multiplicando a sua apresenta o O pr prio nome do produto Amor Amor completa a mensagem que pretendem ver transmitida os perfumes este especialmente podem ter influ ncia nas suas rela es de intimidade Seria assim uma boa raz o para a sua aquisi o O PERFUME FEMININO 131 O que significa ser rapariga A mesma mensagem parece estar patente na Imagem 4 Trata se de uma publicidade a um produto de maquilhagem feminina que explora a imagem de uma conhecida artista burlesca apresentando a como elemento central do an ncio A pr pria estar a usar os produtos publicitados sugerindo que estes comp em a sua imagem artistica A secundariza o da marca e do produto nesta publicidade concretizada com a apresenta o do nome e texto de forma lateral e quase impercept vel O texto apresentado informa Viva Glam M A C Cada c ntimo obtido com a
264. na Luisa Amaral 2005 no seu verbete sobre p s feminismo no Dicion rio da Cr tica Feminista O conceito de p s feminismo traduz assim a exist ncia hoje de uma multiplicidade de feminismos ou de um feminismo plural que reconhece o factor da diferen a como uma recusa da hegemonia de um tipo de feminismo sobre outro sem contudo pretender fazer tabula rasa das batalhas ganhas nem reificar ou fetichizar o pr prio conceito de diferen a p 154 Partindo deste pressuposto a investiga o feminista dos media reflecte um projecto audaz que junta num mesmo olhar os estudos culturais e os media Esta import ncia continua vigente nos dias de hoje apesar do seu in cio ter sido ha 25 anos Gallagher 2006 como uma das 71 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia principais batalhas do feminismo contempor neo Podemos mesmo dizer que a principal caracteristica que perpassa os estudos feministas dos media a sua dimens o pol tica congregando os v rios desenvolvimentos ao n vel do mbito complexidade e interdisciplinaridade Gallagher 2006 Ora por estudos feministas dos media compreende se o estudo situado e localizado das produ es medi ticas nomeadamente atrav s de uma leitura de g nero baseada em pressupostos feministas Para estes estudos o conceito de representa o ali s um dos mais prementes uma vez que central a toda a critica realizada Por representa o compreende
265. na revista d Estas vers o es do que ser se rapariga e mulher s o uniforme s ou contradit ria s e Como se articulam esta s vers o es Em suma pretendiamos identificar os principais efeitos sociais finalidades e consequ ncias que adv m das constru es discursivas e dos seus discursos para a sexualidade das raparigas adolescentes e as concep es identit rias e de feminilidade 5 2 Procedimento 5 2 1 Averigua o acerca do corpus de an lise No sentido de iniciar este estudo tornou se necess rio explorar com mais aten o os conte dos apresentados nas revistas para adolescentes Assim foi possivel verificar que existe um continuo de publica es em fun o do p blico alvo niche media que inicia com as revistas baseadas nos desenhos animados e claramente divididas em fun o do sexo e que culmina nas revistas femininas destinadas a mulheres No entanto a sua localiza o e correspond ncia s diferentes etapas desenvolvimentais apenas efectuada em fun o da linguagem e temas explorados pois n o se encontra explicitamente qualquer refer ncia et ria nestas publica es Assim ao nivel das revistas para adolescentes podemos analisando os conte dos expostos delimitar duas tipologias distintas as revistas para early e late adolescents No Tal como o nome indica as revistas para early adolescents t m como p blico alvo as raparigas consideradas pr adolescentes ou no inicio da ad
266. naliticamente para a forma como estas se articulam bem como para as condi es que facilitaram a sua introdu o no contexto 87 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia social ao recorrerem a um conjunto de c digos e conven es genericamente aceites reconheciveis e que refor am a sua influ ncia junto das audi ncias Neste sentido na d cada de 1970 a aten o feminista s revistas para raparigas ou mulheres traduziu se na den ncia destas publica es como exemplos de opress o Os seus conte dos nomeadamente os an ncios publicit rios vieram convencer as leitoras da sua discrep ncia face representa o apresentando a cultura de consumo como a estrat gia que as salvaria da insatisfa o com a sua imagem corporal e da sua baixa auto estima al m disso o romantismo e o romance era lhes apresentado como o meio pelo qual as mulheres deveriam interpretar e realizar a sua sexualidade McRobbie 1999 Na d cada seguinte o esfor o destas publica es centrou se na promo o de uma melhoria pessoal e progressivo afastamento de atitudes de maior depend ncia que viriam a dar origem nos anos 90 ao movimento de indole p s feminista Girl Power A dissemina o desta vis o do feminino defendia que face ao alcance dos objectivos defendidos pelas feministas das d cadas de 80 90 n o faria sentido manter se a luta feminista Por outro lado esta caracteriza o da mulher e da feminilidade disseminou a idei
267. ncia biol gica e reafirma se face constru o pessoal de uma identidade genderizada Betterton 1987 Podemos ent o concluir que ao n o considerar a experi ncia das mulheres no estabelecimento de teorias de desenvolvimento estas n o representam um retrato vi vel do 25 Adolesc ncia desenvolvimento humano em geral Este desvio na descri o sobretudo identific vel na invisibiliza o da experi ncia das raparigas adolescentes Gilligan afirma mesmo que o sil ncio das mulheres na narrativa do desenvolvimento adulto distorce a concep o dos seus est gios e sequ ncia 1982 p 156 tradu o nossa Contudo estas s o apenas algumas das limita es que podemos verificar nas teorias de desenvolvimento Partindo do nosso posicionamento enquanto psic logas feministas n o poderiamos deixar de referir alguns aspectos sobre os quais consideramos ser importante reflectir Ali s a posi o de uma feminista n o pode sen o ser de critica de questionamento de reflex o face a estruturas institu das e institui es do patriarcado mas tamb m na cr tica a constru es sociais de feminilidade das posi es identit rias dominantes e da sua proposta de domina o das experi ncias das mulheres Thornham 2007 A resist ncia face a estas perspectivas centra se sobretudo na cr tica de paradigmas te ricos e da forte nfase positivista que dominou a disciplina Hare Mustin amp Marecek 1990a 1990b Esta sobretu
268. ndo o padr o sexual que socialmente aceite bem como o gui o comportamental que veiculado como pertencente s raparigas No excerto 63 a jovem possui d vidas sobre o modo como deve proceder face timidez do rapaz por quem est interessada Tradicionalmente atribu do ao sexo masculino a capacidade e dever de iniciativa nas rela es Dai que a jovem Adriana se encontre hesitante e perceba a exist ncia de um conflito entre o que deseja e o que lhe dito como adequado Esta jovem procura sobretudo o reconhecimento externo para as suas ac es e a partilha validada desta estrat gia com o seu grupo de pares No entanto a revista avisa que dado este n o ser o procedimento mais frequente deve faz lo de forma subtil para n o o assustar posteriormente dada a aproxima o basta voltar ao script tradicional e deixar te levar Excerto 63 Gosto de um rapaz que muito timido Segundo os seus amigos ele est interessado em mim Adriana E mail N o tens alternativa se gostas dele mas sabes partida que a sua timidez um obst culo ter s de ser tu a dar o primeiro passo Mas deves faz lo de uma forma subtil porque se fores muito agressiva poder s assust lo Depois s tens de dizer lhe que gostas dele e deixar te levar Outro tipo de conflito face ao duplo padr o encontrado refere se viv ncia da sexualidade fora da heterossexualidade Assim uma jovem excerto 64 que preferiu n
269. necessariamente um sentido de si enfraquecido resultante dos v rios conflitos internos Este autor considerava a adolesc ncia como uma fase desenvolvimental caracterizada por um periodo de Sturm und drang ou seja uma fase tempestiva e stressante para os indiv duos e para quem os rodeia Segundo Freud o desenvolvimento humano ocorre pela articula o sucessiva de cinco est dios de desenvolvimento psicossexual Est dio Oral primeiro ano de vida Est dio Anal entre 1 e 3 anos de idade Est dio F lico dos 3 aos 5 anos de idade Per odo de Lat ncia dos 6 aos 12 anos de idade e Est dio Genital mais de 12 anos Este ltimo poder ser entendido como tendo in cio com a puberdade e por esse facto correspondente fase da adolesc ncia Freud identificava a adolesc ncia como uma r pida e substancial altera o das puls es sexuais que ressurgem ap s o per odo de morat ria ou lat ncia sexual que exigem gratifica o Muuss 1996 Segundo o autor durante o est dio genital o adolescente retoma o complexo de dipo resolvendo o pela canaliza o da sua libido para outrem no sentido do estabelecimento de um relacionamento sexual adulto Neste est dio n o se destaca nenhuma zona er gena em particular pois Freud acreditava que o desenvolvimento corresponderia integra o de todas as zonas er genas como pontos de prazer para o individuo Para uma resolu o adaptativa do conflito que inerente a cada um dos est d
270. nfian a Comportamentos considerados n o normativos representavam um duplo foco de combate pois eram considerados comportamentos de risco generalizando deste modo a monitoriza o a todos os grupo oprimidos enquanto focos promotores de doen a No entanto n o podemos esquecer que todo este dom nio que permanece nos dias de hoje associado vigil ncia dos corpos femininos e da sua sexualidade n o teria o mesmo efeito se n o estivesse associado tradi o judaico crist envolto na marca do pecado Corpos reveladores v o contra as doutrinas professadas que exultam a castidade e o recatamento e a import ncia da sexualidade enquanto mecanismo de reprodu o promovendo ainda comportamentos de submiss o das mulheres face ao poder masculino enquanto provedor e garante da fam lia Sarti 1994 Ali s podemos mesmo afirmar que a implementa o do constante olhar externo avaliador vigilante e que ainda hoje condiciona pr ticas sobreviveu mais devido a esta associa o com o pecado do que devido aos medos associados sexualidade feminina e g gravidez DST IST s Permanecem sobretudo enquanto falsos mitos apesar de terem sido constantemente contestados pelos avan os cient ficos A no o de fam lia aqui tamb m muito importante pois recria a necessidade do amor rom ntico legitimando as rela es de intimidade Esta no o apesar de ter adquirido novos contornos que a afastam da formula o eclesial foi um dos concei
271. nica de relacionamento silenciando comportamentos e orienta es sexuais n o heterossexuais Esta heteronormatividade articula se como nica alternativa disponivel s jovens uma vez que s assim poss vel manter est veis as assimetrias de poder que favorecem o masculino De facto ao n vel da capacidade de emancipa o das mulheres uma das condicionantes mais expl citas a heteronormaliza o dos comportamentos sexuais estendendo a sua ac o para l das quest es de identidade ou sexualidade para o dom nio da domina o masculina e assimetria de poder O pr prio script que confirma a exist ncia ou presen a de feminilidade implica o estabelecimento de um relacionamento com um parceiro masculino que reforce os seus esfor os para se comprometer com o ideal social de beleza feminino que se apresente como protector face a uma sociedade agressiva e que ainda venha reificar a vis o rom ntica internalizada desde tenra idade na figura do principe encantado das hist rias infantis No entanto esta aparentemente e bvia rela o vem ocultar um conjunto de sujeitos mulher que n o correspondem as caracter sticas apresentadas como essenciais mas que n o deixam de ser mulheres Mais uma vez poss vel verificar a exist ncia de uma estreita rela o entre a sexualidade feminina e a identidade pessoal Esta liga o refor a o dom nio p blico de ambos e possibilita o coment rio e monitoriza o constante e generalizada de c
272. nista Contudo a vis o mais consistentemente apresentada ao longo das v rias constru es discursivas de que o desej vel que a viv ncia da sexualidade se enquadre numa rela o heterossexual de intimidade est vel e duradoura Assim verificamos a altera o de padr es de regula o e controlo comportamental alternando entre um duplo padr o de sexualidade quando sem relacionamento de intimidade e um duplo padr o condicional de sexualidade Ali s como pudemos verificar teoricamente este conceito veio a ser introduzido para retratar esta realidade das jovens Esta altera o da localiza o do sujeito mulher veio trazer uma nova possibilidade de constru o pessoal s mulheres e informar o movimento p s feminista Apesar dos comportamentos se manterem situados ao n vel de um discurso social mais amplo de romantismo e amor rom ntico o adicionar condi es como escolha pessoal e deliberada e de constru o pessoal parece adicionar maior liberdade s mulheres Todavia esta apresenta o focaliza se num mascarar de condi es que apresentam de forma ainda mais reduzida as possibilidades de se ser mulher no s culo XXI Especialmente porque esta tentativa de representar a mulher como mais empoderada n o mais do que uma estrat gia de marketing sem efectiva o real nos contextos espec ficos das jovens Adicionalmente o facto desta apresenta o emancipadora e p sfeminista n o ser informada por uma vis o educativa da
273. no Media Practice Model Steele 1999 e ou semelhante ao 7een Media Study Pardun L Engle amp Brown 2005 incluindo estudos de recep o e confronto com as os adolescentes e jovens sairia dos objectivos de um projecto de doutoramento dada a necessidade de maior extens o no tempo e do elevado n mero de investigadoras es requeridas os No entanto a sua pertin ncia mant m se e poder vir a ser desenvolvido em projecto mais amplo no sentido de contribuir para aumentar o n vel de conhecimento sobre o impacto dos media em Portugal Quanto sexualidade mant m se como j tinham referido Coveney Jackson Jeffreys Kaye e Mahoney 1984 as cited in Richardson 1993 a necessidade de enfatizar que a 222 Conclus o sexualidade n o algo privado mas um espa o de luta em que a domina o masculina e a subordina o das mulheres podem ser mais fortemente refor ada e mantida ou fundamentalmente contestada p 97 tradu o nossa Esta necessidade poder ent o ser localizada pelo trabalho ao nivel dos espa os e agentes educativos nomeadamente pelo desafio formula o e implementa o clara de um plano de ac o para a educa o para os media e para a sexualidade de forma a contribuir para a forma o desde tenra idade de indiv duos com consci ncia cr tica face aos v rios conte dos a que s o expostos no seu dia a dia Assim a introdu o de educa o sexual nas escolas e literacia para os media como meios
274. nos s enumeras altera es f sicas que ocorrem neste periodo de vida nomeadamente por este ser efectivamente delimitado no tempo tendo por base eventos f sicos concretos a pubesc ncia e posteriormente a puberdade Contudo esta enumera o ser importante n o s para se compreender as altera es que decorrer o da entrada das raparigas na adolesc ncia mas permitir por exemplo que posteriormente se compreenda melhor o condicionamento a que as jovens est o submetidas pelo simples facto de serem raparigas entrelacando se assim as quest es de g nero com condicionantes do sexo biol gico de perten a Apesar de na generalidade se considerar que a transforma o fundamental da adolesc ncia consiste na matura o sexual e na aquisi o da capacidade de reprodu o pretendemos quebrar com estes limites e perspectivar o desenvolvimento adolescente no que diz respeito sexualidade em termos de bem estar e satisfa o pessoal das adolescentes Esta tomada de posi o parece nos importante uma vez que a sexualidade feminina no nosso entender n o se esgota com o atingir dos par metros anteriores nomeadamente porque nem todas as raparigas perspectivam a sexualidade no quadro da heteronormatividade e da compuls ria maternidade Neste quadro o pr prio desejo das raparigas n o s incompat vel mas estranho perante as concep es sociais de feminilidade afirmando o como afastado do conjunto de sentimentos e comportam
275. nos discretos que constituem uma sistem tica desumaniza o e opress o da mulher atrav s da sexualidade e que se concretizam na objectifica o da mulher na aceita o da sexualidade masculina enquanto necessidade fisiol gica na idealiza o do romance heterossexual nas quest es de g nero e na constru o social da feminilidade e da masculinidade na nega o do prazer e ag ncia feminina na viol ncia sexual ou na invizibiliza o da comunidade homossexual A sua teoria clarifica ainda de que forma a heterossexualidade enquanto institui o sustentada ao longo do tempo expondo mecanismos repressores como constantes amea as de viol ncia e repercuss es negativas Como ironiza Tolman 2002 apesar da homossexualidade ainda ser reprimida socialmente em favor da heterossexualidade justamente contra a sexualidade masculina que as mulheres s o securizadas dada a presun o de maior vulnerabilidade ou seja apesar de se fomentar o desejo e a procura de um parceiro masculino continua se a paralelamente preparar as mulheres para reagirem face aos seus ataques sexuais viol ncias e ass dios 33 Adolesc ncia Ora de facto o sexismo ou seja a discrimina o de um indiv duo em fun o do sexo biol gico discorre da reflex o anterior A pr pria tese que apresentamos uma tentativa de desconstruir essa divis o essencialista Consideramos portanto que a categoriza o sexual n o espelha a realidade social e
276. nos e comportamentos uma vez que a evolu o din mica n o permite prever que uma associa o existente hoje se venha a verificar num momento diferente Neste sentido surge a segunda premissa n o existe uma verdade ltima nica e neutra em ci ncias sociais Como afirmam Morrow e Brown 1994 qualquer descri o ou justifica o de um fen meno n o apresenta mais do que a vis o num determinado momento de um investigador imbu do do seu patrim nio sociocultural A terceira e ltima premissa enuncia a impossibilidade de se atingir a verdade porque a realidade n o simples nem regular Nogueira 2001a Assim tamb m o objectivo do a investigador a se altera deixa se de se procurar atingir a verdade ltima para explicar fen menos concretos que emergiram num determinado contexto e que condicionaram constru es pessoais e sociais positiva ou negativamente 109 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso Por fim e partindo deste referencial agora poss vel explorar algumas t cnicas ao dispor das dos investigadoras es Uma das t cnicas que caracteriza os modelos de an lise de discurso e que assume um papel importante na pesquisa Foucaudiana a descri o exaustiva do processo de an lise e produ o de conhecimento N o se trata do crit rio de replicabilidade do processo o objectivo desta estrat gia inteirar o a leitor a de todos os passos da an lise bem como de todas as decis es efectuadas justifican
277. nsino secund rio Numa obrigatoriedade hor ria claramente inferior ao desej vel para a integra o desta 58 A sexualidade na adolesc ncia componente em meio escolar esta lei obriga sua inclus o em projecto educativo e de turma cabendo ao director de turma articular esta introdu o curricular Por fim estabelece ainda a cria o de uma equipa interdisciplinar de educa o para a sa de e educa o sexual e a nomea o de um coordenador com forma o garantida pelo Minist rio da Educa o que gerir o gabinete de informa o e apoio ao aluno e que dever dinamizar e promover o envolvimento da comunidade escolar quer promovendo iniciativas internas como parcerias com a comunidade Afastada de uma moralidade e recrimina o comportamental e orientada para a aceita o da igualdade e diversidade a educa o sexual nas escolas dever ent o ser um espa o em que as e os jovens tenham o papel principal Com in cio nos primeiros anos de escolaridade a implementa o da educa o sexual poder permitir atingir n o s os seus objectivos principais redu o da gravidez adolescente e de infec o pelo VIH SIDA mas tamb m a desejada desconstru o de tabus associados sexualidade e consequente aceita o positiva da sexualidade como a igualdade de g nero e a valoriza o pessoal A este respeito a Lei n 69 2009 apresenta no artigo 2 as suas finalidades de entre estas destacamos as al neas a A valoriza
278. ntal quanto negocia o e na aprendizagem de conte dos de sexualidade Jackson 2005a Nesta exposi o e negocia o s o as raparigas que s o sistematicamente mais penalizadas ao serem apresentadas enquanto elementos objectos de desejo dos homens e secundarizando quest es de desejo e ag ncia pessoal A sua exposi o a esta vis o amplamente disseminada nos media altera as suas percep es da realidade social de modo a corresponder vis o dominante e mediaticamente difundida Esta integra o de conte dos mesmo que na sua maioria desadequados ou distorcidos ainda facilitada pela aus ncia de elementos comparativos como escola ou educa o parental Como relembram Levin e Kilbourne 2009 as raparigas que querem ser sexualmente activas em vez de serem simplesmente objectos do desejo masculino possuem apenas um modelo nos media a da explora o masculina Parece invi vel para os media conceber um poder que n o seja manipulativo ou que n o explore ou mesmo um modo das mulheres serem sexualmente activas sem serem como os homens no sentido tradicional p 154 tradu o nossa Em suma concordamos com Foucault 1976 1994 quando relembra que n s estamos numa sociedade de sexo ou antes com sexualidade os mecanismos de poder dirigem se ao corpo vida a sua capacidade de dominar ou a sua aptid o para ser utilizado Sa de descend ncia ra a futuro da esp cie vitalidade do corpo social o pode
279. ntar aproximar se o mais possivel das tend ncias veiculadas Esta imagem considerada ideal na sociedade contempor nea valoriza ent o a juventude das mulheres um corpo magro e esbelto ausente de imperfei es geralmente de ra a branca e loira embora estes dois ltimos atributos tenham vindo a ser flexibilizados em fun o do cumprimento dos restantes 134 O que significa ser rapariga Imagem 8 Exemplo desta imagem a publicidade que se segue imagem 9 que apresenta uma jovem usando a roupa intima vendida pela marca A jovem olha o a leitor a com express o quase inocente como se ignorasse o facto de estar a expor se A modelo jovem loira alta e magra personificando os ideais de beleza feminina Ser de destacar que esta beleza considerada padr o mas n o representa de todo a maioria das mulheres mesmo que localizando apenas no mundo ocidental Ali s a obten o dos par metros sugeridos implica esfor os consider veis que poder o implicar actividades de elevado risco ao n vel da sua sa de vomen secret Imagem 9 135 O que significa ser rapariga A mesma tipologia de mensagem podera ser encontrada ainda na imagem 10 que apresenta uma conhecida marca de roupa feminina atrav s da capta o da imagem de uma jovem bela diriamos a fazer sinal de paragem a um t xi Os par metros s o os mesmos apenas se destaca nesta foto a magreza excessiva da modelo apresentada em contraste com o co
280. nte na performatividade do g nero Ou seja mais do que analisar a forma como as mulheres vivem a sua vida necess rio analisar o modo como as suas subjectividades s o estruturadas pois desvalorizar as formas de subjectifica o que caracterizam o corpo feminino enquanto mecanismo genderizado perpetuar o sil ncio e a aus ncia de poder sobre os quais tem vindo a ser imposta esta disciplina Gill 2007 p 27 tradu o nossa Outro aspecto que se encontra intimamente ligado com estas rela es de poder e com a internaliza o da constante vigil ncia masculina a moralidade A base dos scripts que condicionam e legitimam pelo seu car cter p blico o coment rio e monitoriza o externa do comportamento a adequa o a um modelo considerado moralmente superior Os estere tipos residem exactamente na compila o deste conjunto de ac es permitidas e ajustadas sociedade e sua aplica o generalidade de comportamentos e indiv duos Assim desafiar ou por em causa este conjunto de regras estabelecidas e estandardizadas desloca automaticamente os indiv duos para o extremo oposto da aceita o caracterizando os como desajustados em falta errados Neste sentido possivel compreender a renit ncia apesar da consci ncia da discrimina o de homens e mulheres altera o comportamental e mesmo altera o de atitudes e valores A conscientiza o de raparigas e mulheres pode ser considerada um elemento de r
281. nte para um n vel de baseado nos princ pios da responsabilidade e de cuidados com os outros Para a autora o mist rio que envolvia o desenvolvimento das mulheres a que Freud 1926 tinha chamado dark continent of psychology p 212 residia no reconhecimento da import ncia da dimens o da vincula o no ciclo de vida Ou seja a vincula o e a separa o constituem ncoras no desenvolvimento Estes conceitos vincula o e separa o que surgem na inf ncia voltar o a ser determinantes na adolesc ncia enquanto identidade e intimidade e posteriormente na vida adulta como amor e trabalho Gilligan 1982 neste sentido que a Carol Gilligan fala numa tica de cuidado Comprovado o facto de as mulheres perceberem e constru rem o seu mundo social 17 Adolesc ncia diferentemente dos homens ao se centrarem na vincula o e na separa o esperado que as suas reac es perante marcos desenvolvimentais sejam tamb m distintas Assim uma vez que o sentido de integridade das mulheres est ligado a uma tica de cuidado as mulheres para se reconhecerem enquanto tal recorrem s suas rela es e elos de liga o No mesmo sentido as grandes altera es desenvolvimentais nas mulheres envolvem altera es nas rela es de cuidado Nesta fase desenvolvimental as raparigas parecem confundir a constitui o da sua identidade com a intimidade que estabelecem nas suas rela es com os outros No seguimento da
282. ntes e tradicionais para se expressarem sobre si pr prios e sobre a sua sexualidade Neste sentido a autora concluiu que necess rio ter se em conta que as subjectividades das dos jovens s o permeadas de nuances v rias que devem ser tidas em conta quando se planeiam interven es mais espec ficas e que estas nem sempre se conformam com as tradicionais no es hetero sexuais de passividade feminina e masculinidade activa Allen 2003 No mesmo sentido Jane Brown apresenta em 2007 uma reflex o sobre o seu trabalho no mbito dos estudos com revistas para adolescentes Para tal realizou uma an lise de clusters dos 1017 question rios recolhidos para estudos anteriores e que foram respondidos por raparigas entre os 14 e 16 anos de idade A sua inten o era verificar se existia algum caminho coerente entre o uso de media e os comportamentos sexuais Desta an lise resultaram quatro clusters que denominou de 1 virgens valedictorians 16 mais interessadas na escola e na fam lia do que em sexo usando menos media e identificando se menos com os seus protagonistas 2 curiosas conservadoras 29 interessadas em sexo mas com uma abordagem cautelosa e informada das rela es de sexuais 3 suscept veis silenciosas 26 queriam um aumento da sua actividade sexual e pareciam dispostas a aproveitar qualquer 31 Adolesc ncia oportunidade para ter rela es sexuais ponderando muito pouco as consequ ncias e 4 sexualment
283. ntexto envolvente Tamb m nesta publicidade se torna evidente que a maioria das mulheres n o possui estas caracteristicas corporais distanciando se da possibilidade de usar as roupas apresentadas com o mesmo n vel de impacto sugerido pela marca A utiliza o por vezes de correc o da imagem por computador acentua as discrep ncias evidenciadas e a desvaloriza o pela manipula o do corpo feminino enquanto propriedade e heran a pessoal da mulher Imagem 10 Numa varia o dos par metros que vimos a discutir a imagem 11 apresenta a atractividade de uma mulher morena mas igualmente jovem magra e branca Esta imagem acompanhada com um texto representativo da mensagem do publicit rio J pensaste em n o levar a vida t o a s rio acompanhado de uma pose reveladora e sorriso expansivo A rela o com o produto de higiene intima que se pretende apresentar um pouco for ada Mas acrescenta no seu slogan para concretizar Ausonia Muito segura Muito mulher Ora esta afirma o francamente mais clara usar Ausonia torna te mulher Mas que tipo de mulher querem eles apresentar s leitoras Uma mulher jovem que usa a marca para se libertar de constrangimentos relacionados com a sua intimidade e com o funcionamento do sistema reprodutor 136 O que significa ser rapariga A imagem utilizada ausente de contexto concretiza da melhor forma esta press o para a normatividade quanto ao aspecto e belez
284. ntificar Por pr ticas pretende se enunciar oportunidades de ac o que s o constrangidas ou facilitadas pelos discursos nesse sentido que uma constru o discursiva pode ser opressora ou facilitadora de transforma o social na medida que permite ao indiv duo posicionar se face a um objecto e consequentemente elaborar um discurso emancipador ou cindido nesta fase que o a investigador a poder analisar com maior detalhe as contradi es presentes quer ao n vel de discursos quer ao n vel da rela o objecto sujeito de discurso 6 Identifica o de Subjectividades dos Discursos Por fim sera importante ao investigador a identificar as subjectividades dos discursos Nesta fase o a investigador a tera em aten o as emo es sentimentos e experiencias que os discursos permitem ao indiv duo preocupando se sobretudo com a inibi o ou estimula o constru o da realidade segundo planos psicol gicos e sociais especificos em detrimento de outros potencialmente mais emancipadores menos impregnados de mecanismos de poder e portanto mais igualit rios socialmente Como nos alerta Carla Willig 2008 importante no entanto n o esquecer que estas seis fases n o correspondem na totalidade ao m todo proposto por Michel Foucault correspondendo a uma das propostas de an lise baseada nos crit rios enunciados pelo autor Este inclui ainda refer ncias a conceitos como genealogia poder e subjectifica o considerados po
285. ntima liga o com uma certa concep o igualmente convencional do que o romance e a sexualidade Deste modo de alguma forma preocupante a transmiss o de estere tipos e normas sociais que n o t m em conta a diversidade de identidades de sexualidades e dos contextos socioculturais 5 2 2 Selec o do corpus de an lise A op o pela an lise da revista Ragazza uma revista para ate adolescents resultou de uma conjuga o de factores Entre estes destaca se a refer ncia desta no relat rio relativo a P blicos de Media em Portugal Obercom 2007 como revista exemplo do consumo pelas adolescentes recurso a cita es de estudos cient ficos e de estat sticas realizadas geralmente o meio utilizado para abordarem v rios temas do dominio da Psicologia Contudo a extrac o sem refer ncia ao contexto e aos objectivos do estudo leva sobretudo a que estes sejam mal interpretados pelas leitoras servindo intencionalmente ou n o o prop sito da editora 119 O que significa ser rapariga o p blico alvo a que se destina raparigas adolescentes e jovens apesar de n o haver uma refer ncia explicita e muitas vezes n o ser este o verdadeiro grupo de consumidoras e o facto de se encontram numa fase desenvolvimental importante nomeadamente quanto constru o das suas identidades e por fim apresentar se no ano de selec o da amostra como a revista frequentemente nomeada e reconhecida entre as adole
286. ntimentos de abandono e coloca claramente na jovem a necessidade de uma constru o pessoal aut noma refor ando o facto de ter de ser ela a decidir favoravelmente ou n o Excerto 68 Estou completamente arrasada H dois meses atr s a minha vida era perfeita namorava com o rapaz ideal tinha uma amiga maravilhosa Ou pelo menos assim o pensava Nunca hei de esquecer o momento em que soube que eles andavam enrolados S acreditei quando vi uma fotografia que lhes tiraram com o telem vel Embora tenham pedido desculpa cortei rela es com os dois Agora ele quer uma nova oportunidade Devo aceitar Vanessa Castelo Branco O mais importante definires o que sentes e o que queres Deves perguntar te se ainda est s apaixonada por ele se queres continuar a vossa rela o se a amizade dela algo que gostavas de recuperar Se a resposta for negativa n o h nada a fazer Mas se for positiva e prov vel que sim caso contr rio n o estavas com d vidas Como temos vindo a notar este mecanismo discursivo pontuado por momentos de maior empoderamento das raparigas apostando se nas suas capacidades de resolu o de problemas como a comunica o autonomia de decis o ou resili ncia Contudo permanece em pano de fundo a import ncia de uma rela o heterossexual Em nenhum dos excertos s o explorados os efeitos e preju zos de uma trai o ou infidelidade o foco na gest o de rela es afastando assi
287. ntra se numa vis o passiva das crian as e adolescentes sobre as quais imposta a sexualiza o Sendo um termo relativamente recente muitas s o ainda as inconsist ncias apesar de uma franca expans o e g APA 2007 Durham 2009 Levin amp Kilbourne 2009 ao n vel dos estudos do seu efeito na sua maioria configurados nesta perspectiva negativa do termo Neste sentido Gill 2007 define sexualiza o enquanto elevada prolifera o de discursos sobre sexo e sexualidade na generalidade dos media cada vez mais frequentemente pela apresenta o er tica do corpo de raparigas e mulheres e em menor quantidade de homens em espa os p blicos Numa tentativa de contrapor esta vis o negativa e pretendendo questionar conceitos e pontos de vista Egan e Hawkes 2008 contribu ram para a reflex o sobre esta tem tica ao tentarem posicionar se como exteriores a este processo e debate Assim identificaram quatro premissas que poder o por em causa a capacidade explicativa desta formula o Em primeiro lugar consideram errado ver se o processo de sexualiza o como universal monol tico e perigoso ao ignorar varia es hist ricas culturais ou individuais do termo e do processo Neste sentido o discurso de sexualiza o promove um olhar mecanicista e coloca as crian as e adolescentes como passivos na sua constru o pessoal e n o numa rela o din mica condicionada condicionadora das produ es medi ticas Depois relembram ainda
288. ntrar se programas publica es aplica es inform ticas Entre os quais se encontram a t tulo de exemplo as revistas jornais ou a televis o Onde se enquadram dispositivos de acesso Internet Webblogs ou redes sociais v rias 85 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia ou mesmo gadgets destinados apenas ao sexo feminino ou ao sexo masculino Esta divis o assenta sobretudo num conjunto de caracter sticas estereotipadas que s o atribu das a cada um dos sexos pela correspond ncia directa entre o sexo biol gico e o g nero do indiv duo binarismo este amplamente debatido na literatura ver e g Butler 1990 Dentro dos media tradicionais surgem as revistas como um recurso amplamente utilizado estas destacam se nomeadamente ao n vel da crescente procura que as revistas para crian as raparigas adolescentes e mulheres t m vindo a exercer no estabelecimento desta fronteira entre os sexos As revistas para adolescentes que aqui exploramos encontram se inseridas num continuum que se inicia com revistas de desenhos de anima o muitas vezes apresentando tem ticas associadas a prefer ncias especificas de cada sexo e continua com revistas para jovens para homens e para mulheres pais e av s num constante actualizar de necessidades de consumo e g Lamb amp Brown 2006 Conclui se mesmo que as revistas para adolescentes figurem como manuais introdut rios a um continuum de influ ncias guias e
289. ntre o masculino e o feminino Como vincam Ramos Carvalho e Leal 2005 importante recordar os factores s cio hist ricos que contribuiram directa ou indirectamente para vincar as diferencias s cio sexuais entre g neros o que em muitas situa es ocorreu atrav s da subtrac o da sexualidade feminina ao princ pio dominador o homem e o masculino Para Ira Reiss 1999 este duplo padr o de sexualidade refor ava mesmo a institucionaliza o da heterossexualidade Para o autor tudo se pode reflectir numa preposi o geral que assume que o g nero que det m o poder econ mico e pol tico ser o que ter maiores direitos sexuais nomeadamente porque este refor a as leis e os valores da comunidade Reiss 1999 No entanto este conceito desenvolvido no mbito do estudo de comportamento sexual pr marital encontra se mais presente conceptualmente do que empiricamente Como verificaram posteriormente Marks e Fraley 2006 existe como que um vi s confirmat rio na sociedade que n o ocorre quando verificado empiricamente possivelmente devido a alguma desejabilidade social ou mesmo a uma an lise mais micro centrada em indiv duos espec ficos e n o em conceitos macro sociais No entanto poss vel concluir que a an lise sempre mais prejudicial para as raparigas e que v rias institui es sociais perpassam este ideal dicot mico de comportamento 41 A sexualidade na adolesc ncia Partindo desta l gica de comportamen
290. num corpo pr ximo do de um rapaz adolescente as altera es ao n vel das ancas e dos seios s o consideradas afrontas ao modelo de beleza leia se magreza que pretendem almejar Durham 2009 Esta influ ncia efectiva se de tal forma que na opini o de Susan Bordo 1993 quando vista de forma hist rica a disciplina e normaliza o do corpo deve ser reconhecida como estrat gia extraordinariamente dur vel e flexivel de controlo social p 166 tradu o nossa Paralelamente a progressiva entrada da mulher no mercado de trabalho no per odo p s Grandes Guerras veio beneficiar as mulheres adicionando valores de maior autonomia e independ ncia do jugo masculino at ent o dominante social pol tica e economicamente Como refere Neves 2007 a participa o no mundo de trabalho e o avan o cient fico como a descoberta da p lula veio potenciar sobretudo no per odo ap s a Segunda Grande Guerra uma entrada progressiva em dominios que anteriormente lhes eram interditos Tratava se de uma tentativa de mudan a social mais do que reivindica o feminista do seu corpo Neves 2007 At ent o as mulheres figuravam como objectos de posse sendo que pertenciam pelo nascimento ao seu pai e posteriormente pelo casamento aos seus maridos A cria o do sujeito p blico mulher s foi poss vel atrav s da feminiza o do trabalho e consequente independ ncia econ mica figurando enquanto sujeito pol tico aut nomo adquirind
291. o Este sentimento de inoper ncia seria decerto mantido pela constata o subjectiva de estarem sob vigil ncia social seja esta mantida pela sociedade ou pelas pr prias jovens no sentido de se adequarem o mais possivel e minimizarem as discrep ncias que concluem existir No caso de uma posi o mais resistente a este discurso as jovens poderiam experienciar tamb m dois cen rios 1 de aprecia o por parte do seu companheiro e valoriza o junto do grupo de pares 2 ou pelo contr rio de julgamento social e p blico das suas ac es implicando sentimentos negativos face sua conduta e s implica es que os seus comportamentos originaram 176 O que significa ser rapariga Concluindo esta constru o discursiva apresenta o g nero como indissoci vel de uma matriz heterossexual que limita a formula o pessoal das jovens Esta apresenta um conjunto de conhecimentos a incorporar mas em constante actualiza o que permitir o s raparigas ter uma rela o mais igualit ria e saud vel com os seus parceiros Esta miragem situa se continuamente fora do alcance das jovens nomeadamente pela constante formula o na comunica o social e ao n vel do marketing de consumo Este discurso baseia se assim em quest es biol gicas enquanto garante de superioridade sexual e social masculina A desconstru o desta constru o discursiva poder ser efectivamente implementada com uma aposta clara na educa o para a sexual
292. o baseado num conjunto de pressupostos sobre o mundo social como garante os mass media articulam os seus produtos medi ticos sendo estes igualmente aceites como verdades pelos profissionais e audi ncias Deverex 2007 Neste processo as imagens de sexualidade s o abundantes e claramente n o t m como sua prioridade n o se destinam a vender nos sexo o seu objectivo vender nos uma necessidade de comprar de consumo Levin amp Kilbourne 2009 Como concluem estes autores o desejo que eles nos querem inculcar n o para o orgasmo mas para comprar mais tecnologias Esta a inten o do marketing contudo uma consequ ncia involunt ria o efeito que estas imagens t m no desejo sexual e na vida real Levin amp Kilbourne 2009 p 151 tradu o nossa No entanto seria naive da nossa parte considerar que esta influ ncia unidireccional s o as pessoas que modelam ao mesmo tempo que s o modeladas pelos media Assim cada vez mais os indiv duos se convencem da sua necessidade de um produto ao mesmo tempo que este amplamente explorado nos media Os individuos querem o que mostrado e os media mostram o que os indiv duos mais procuram e anseiam possuir Ora esta associa o reflecte se ent o na precocidade em que as crian as s o bombardeadas com imagens e mensagens sobre sexo e sexualidade Mensagens estas que muitas vezes se apresentam incorrectas estereotipadas ou descontextualizadas send
293. o precoce do corpo feminino Em suma esta constru o discursiva Ter de saber sempre mais desconstr i o desenvolvimento interpessoal amoroso e sexual em principios base normativos e normalizadores Com uma inten o mercantilista e direccionada para o marketing de consumo esta constru o discursiva afasta se de uma vis o m dica da sexualidade para se focalizar numa perspectiva social e de interac o A apresenta o destes conte dos pretende assim n o s informar as jovens e dar lhes recursos mas informar procedimentos comportamentos e atitudes de massas atrav s da estandardiza o de vias de ac o face ao relacionamento amoroso 5 4 2 2 Identifica o de discursos reguladores A constru o discursiva 7er de saber sempre mais apresenta uma vis o da sexualidade enquanto elemento mais f sico ligada ao prazer A representa o das raparigas nesta constru o passa pela identifica o com o papel de aprendizes pouco conhecedoras que precisam de estar constantemente a actualizarem se neste t pico de modo a alcan arem minimamente o nivel dos seus parceiros Neste sentido consideramos que esta constru o discursiva se baseia num discurso de amor confluente que idolatriza o parceiro considerando que o seu n vel de desenvolvimento de sexualidade de forma homog nea o desejado Este discurso tamb m se verifica pela tentativa de agradar aos seus parceiros e focaliza o na sexualidade enquanto prazer O
294. o capitulo anterior uma vez que parte da historia da sexualidade coincidente com a do conceito de adolesc ncia consideramos importante clarificar o conceito de sexualidade Assim entendemos a sexualidade num mbito mais abrangente englobando emo es comportamentos e atitudes associados n o s matura o reprodutiva mas sobretudo aos padr es sociais e pessoais caracter sticos de rela es de intimidade ao longo do ciclo de vida Como refere Tolman 2002 sexualidade emo es intersubjectividade e sentir se perto de uma outra pessoa mas tamb m sentir se viva o no seu corpo p 205 tradu o nossa Ou seja a sexualidade n o se circunscreve s situa es rom nticas ou amorosas conjuga o amor sexo n o uma necessidade biol gica nem um imperativo social mas apenas uma das poss veis solu es hist rico culturais para o problema da articula o entre reprodu o biol gica e vincula o social Alferes 2002 p 19 Do mesmo modo que a pr pria adolesc ncia tamb m a sexualidade se encontra mediada por factores de ordem biol gica e cultural desenvolvendo se sob constrangimentos impostos por pap is e expectativas sociais Como referem Brown Travis e White 2000 a sexualidade n o um atributo que a pessoa possui mas resulta das interac es dos indiv duos sendo por isso repletas por rela es de poder e domina o De facto no que respeita sexualidade feminina esta tem sido nos
295. o como poder o estas jovens posicionar se e de facto construirem se Em primeiro lugar consideramos importante relembrar que esta constru o discursiva representa uma subordina o pessoal das jovens face aos designios e desejos masculinos objectivo claro desta formula o discursiva Neste sentido um dos principais posicionamentos que esta constru o discursiva disponibiliza a de uma alteridade face ao seu pr prio 201 O que significa ser rapariga desenvolvimento Movimento este de exterioriza o uma vez que as descentra da sua pr pria formula o sexual e identitaria que refor ado pela preocupa o das jovens em adquirirem o maior quantidade de conhecimentos sobre o masculino poss vel para que possam mais facilmente chegar at eles e estabelecer esta rela o de intimidade Outro posicionamento que resulta destas constantes tentativas de aproxima o e relacionamento com o masculino o de v tima Vitima de viol ncia de um duplo padr o de sexualidade de tri ngulos e trai es mas tamb m de uma subjuga o a pap is sociais Posicionamento este que as leva a compreender as assimetrias de que s o alvo e as compele para a resolu o de problemas adoptando uma postura mais proactiva de contesta o e resist ncia a estas iniquidades Assim de destacar este posicionamento de contesta o de procura de maior liberdade e poder de decis o Este conflito com o duplo padr o sexual que as subjug
296. o mais 80 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia prejudiciais do que teis Ter em conta se os conte dos dispon veis s o apropriados faixa et ria em diferentes est dios desenvolvimentais apenas uma pequena ajuda face s ideias problem ticas e manipulativas sobre sexo que circulam na cultura popular Durham 2009 Portanto estas perpassam n o apenas na cultura popular mas reproduzem se e reificam se em toda a sociedade de consumo Verifica se ent o uma dupla penaliza o das mulheres quer pelos tectos de vidro ainda existentes no acesso a cargos de lideran a em grandes empresas corporativas quer pelas ideologias patriarcais e vis es de diferen a sexual que continuam a ser veiculadas diariamente Neste sentido poderiamos concordar com Durham 2009 quando afirma que uma nossa atitude passiva est na raiz dos problemas das mulheres De facto ser necess ria uma interven o mais direccionada e focalizada na desconstru o das produ es medi ticas e ideologias patriarcais de forma a potenciar um consumo mais cr tico da cultura popular amplamente divulgada e dispon vel nos nossos dias Extremamente relacionada com estes ideais est a conceptualiza o da cultura feminina como radicada em pressupostos universais de beleza colocando os como elementos de car cter pessoal os quais desviam a aten o de problem ticas sociais mais amplas e que para as feministas s o estruturais uma vez
297. o mesmo tempo possivel 9 identificar possiveis contrastes entre as formas de falar e 10 pontos de sobreposi o Ser ainda necess rio 11 relacionar maneiras de falar para diferentes audi ncias e 12 escolher r tulos ou designa es das formas de falar os discursos Partindo desta identifica o de discursos presentes cabe agora ao investigador a 13 analisar com pormenor o modo como estes emergem e 14 questionar de que modo estes apresentam a hist ria da sua origem 15 identificando institui es refor adas pelos discursos e 16 institui es atacadas por estes Paralelamente 17 identificado que categoria de pessoas ganham e perdem poder com estes discursos ao mesmo tempo que se localiza 18 os seus promotores e opositores Por ltimo 19 resta analisar como os discursos obtidos se interligam com outros discursos opressivos e 20 descrever como eles justificam o presente discurso Outra tipologia e que adoptamos nesta investiga o proposta por Carla Willig 2003 2008 Segundo a autora existem seis passos essenciais para a realiza o rigorosa da An lise Foucaudiana do Discurso 1 Identifica o de Constru es Discursivas A primeira fase permite ao investigador a conhecer os materiais em estudo e perceber como estes se articulam ou constroem em objectos discursivos Estes objectos encontram se 2 Ser importante chamar aten o desde j que estes passos estruturar o
298. o o estatuto de cidad s com direitos pessoais e independentes do v nculo familiar Esta altera o permitiu por exemplo que as mulheres pudessem possuir bens em seu nome individual como era h muito reivindicado por Olympe de Gouges 1791 no XVII artigo da sua Declara o dos Direitos da Mulher e Cidad As propriedades pertencem a todos os sexos reunidos ou separados constituem para cada um um direito inviol vel e sagrado ningu m disto pode ser privado pois representa verdadeiro patrim nio da natureza a n o ser nos casos de necessidade p blica legalmente constatada em que se exige uma justa e pr via indemniza o Contudo n o podemos esquecer que novas formas de domina o foram entrepostas sobre as mulheres e que se mant m at aos dias de hoje refor ando estas constru es discursivas Neste sentido Neves 2007 alerta para a continua o deste desapropriar do corpo da mulher 149 O que significa ser rapariga Na opini o da autora existem formas mais subtis com que a sociedade neoliberal procura neutralizar conter a igualdade a liberta o feminina n o j contra as mulheres mas envolvendo as em teias de sedu o que passam pelo corpo Neves 2007 p 317 Outra grande conquista que j mencionamos e que potenciou esta constru o discursiva foi a inven o e generaliza o do uso da p lula contraceptiva Esta potenciou um maior dom nio das mulheres sobre o seu corpo permitin
299. o que tens em comum com os outros rapazes para al m dele A FASHION TV Claro que gosta que sejas a sua top model particular mas s vezes pergunta se se as outras raparigas tamb m levam na mala duas t Shirts extra laca perfume g oss blush Julho p 78 79 Manter uma rela o Manter uma rela o vem claramente completar e dar continuidade ao exposto anteriormente Aqui s o apresentadas s raparigas estrat gias favor veis manuten o e prolongar de uma rela o de intimidade Considerada uma importante aquisi o na adolesc ncia uma rela o interpessoal constitui um elemento que define a pr pria jovem junto do seu grupo dai a import ncia de mater um sucesso alcan ado evitando problemas e quebras de rela o O excerto 52 apresenta de forma inequivoca o que se considera A melhor namorada do mundo Este ilustra um conjunto de t cnicas de marketing que pretendem seduzir e corresponder aos gostos dos rapazes 185 O que significa ser rapariga Excerto 52 Tens problemas com o teu namorado Revelamos te como acabar com eles e fortalecer a rela o com um bom plano de marketing CHAVES PARA SERES A MELHOR NAMORADA DO MUNDO A tua miss o fazer com que ele te considere a melhor namorada do Mundo O MARKETING DO CORA O Se a vossa rela o est prestes a cair borda fora aqui tens uma b ia para que o vosso namoro n o se afunde de vez sim o milagre existe e tem nome marketin
300. o se identificar apresenta as suas fantasias confrontando se com o que acha ser estranho De facto dentro do script de sexualidade sup e se que as jovens seguir o as prefer ncias e iniciativas masculinas n o incluindo as suas pr prias prefer ncias e fantasias na rela o Ainda neste sentido mais penalizador a resposta refor a o car cter extraordin rio e associado a comportamentos n o aceit veis advertindo para que estas se limitem aos seus sonhos Excerto 64 As vezes sonho que tenho rela es com dois rapazes ao mesmo tempo ou com uma rapariga ou em p blico t o estranho Ser que sou s eu An nima Vila Nova de Gaia 193 O que significa ser rapariga Claro que n o As fantasias n o passam disso mesmo de fantasias O facto de sonhares com situa es que consideras estranhas n o significa que as queiras p r em pr tica na vida real A verdade que se trata de um mecanismo do c rebro que nos permite realizar ac es que conscientemente n o fariamos porque s o proibidas ou mal vistas e que n s pr prias nos autocensuramos No entanto ter fantasias n o s normal como tem imensos benef cios fomentam a nossa auto estima porque nas fantasias tudo perfeito excitam nos e aumentam o apetite sexual Mas cuidado para n o baseares o teu prazer exclusivamente nas fantasias ou ent o sim ter s um problema O mesmo tipo de dilemas possui Helena excerto 65 que pretende adoptar uma atitude m
301. obretudo ao n vel dos valores e sexualidade entre os acontecimentos da inf ncia os presentes e os futuros enquanto adulta o Apesar de Erikson ter identificado diferen as entre o desenvolvimento de rapazes e raparigas o seu ciclo de est gios de desenvolvimento permaneceu inalterado Erikson 1968 as cited in Gilligan 1982 reconheceu que h nas raparigas uma liga o entre identidade e intimidade uma vez que lhes pedido que se preparem para atrair o homem com o qual casar o que lhes dara nome e status social Segundo esta perspectiva a mulher constituir se ia pela nomea o face s rela es que mant m com outros significativos Nomeadamente esta rela o estabelecer se ia face ao homem que preencher o vazio e a solid o do seu interior Gilligan 1982 p 12 tradu o nossa Por contraponto para os homens a identidade precede a intimidade A identidade sobrep e se pela subjectividade tanto no que diz respeito ao sentido de si como ao local de cada um de n s no mundo mas refere se mais especificamente a grupos gen ricos de pessoas e categorias sociais como g nero classe social nacionalidade ra a etnicidade sexualidade regi o religi o estado parental entre outros A subjectividade corresponder ent o configura o particular destes factores de identidade social e cultural num individuo Stacey 1994 p 65 tradu o nossa Em resposta teoria de Erikson surgiram alguns coment
302. ocial mas mais do que isso uma ferramenta de promo o de transforma o social Acrescenta ainda que os discursos veiculados n o s o a priori bons ou maus para os grupos dominados e dependem dos efeitos que provocam na emancipa o dos grupos dominados ou pelo contr rio na sua opress o Saavedra 2001 p 265 105 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso 3 Afirmar se tamb m como guia para a reforma englobando as duas premissas anteriores pelo estimular ao compromisso ao n vel pol tico com pela transforma o e mudan a social partindo destes pressupostos que nos s o propostas diversas tipologias de ac o ou conjuntos de etapas a percorrer ao realizar AFD Umas das tipologias mais completas foi apresentada por lan Parker 1992 Prop e iniciar a explora o pelo trabalho dos textos 1 tratando os objectos de estudo de forma materializada ou seja constituindo os em palavras 2 explorando de seguida conota es e associa es livres que emerjam dos dados Posteriormente ser necess rio 3 encontrar os objectos de an lise nos textos e 4 tratar a fala acerca desses objectos como objectos de estudo Ser ainda necess rio 5 especificar sujeitos discursivos e 6 especular como estes poder o falar Identificadas as premissas de trabalho ser importante 7 identificar o sistema de rela es em que os objectos se inserem e 8 indicar estrat gias defensivas desses sistemas a
303. oelho 2005 Roy 2008 Entre as metodologias mais usadas destacam se a semi tica a an lise cr tica de discurso ou a an lise de conte do visual Estes v rios estudos no entanto confluem numa conclus o que lhes comum e que reside na verifica o de que os media contribuem desde h v rias d cadas para a dissemina o de v rios mecanismos ideol gicos reguladores que orientam comportamentos e a constru o do sujeito feminino Como afirma Driscoll 1995 as revistas para adolescentes apresentam se como fonte de aconselhamento e local de troca de informa es enfatizando a incontorn vel e supra importante dificuldade de uma adolesc ncia n o acompanhada e de um corpo adolescente desregrado p 189 as cited in McRobbie 1999 p 48 tradu o nossa Marcados pelas contradi es a que est o expostos nos v rios recursos dispon veis e contextos em que vivem as e os adolescentes continuam a construir a s sua s sexualidade s entre ambival ncias que tornam todo o processo bastante mais complexo Este aspecto revela se tanto mais importante pois como afirma Pierce 1993 estas revistas disp em da possibilidade de modelar e moldar as os adolescentes numa cultura espec fica nomeadamente pela larga audi ncia que auferem Ali s quando chegam adolesc ncia tanto rapazes como raparigas tem j interiorizadas no es geralmente estereotipadas do que significa ser masculino e feminino e quais os scripts comportamentais
304. olegas l em ocorrendo o identificado 3rd person effect ou othering que corresponde ao efeito de se deslocalizar do acto de ac o quando se identifica essa ac o enquanto capaz de denegrir a imagem pessoal Hoffner et a 2001 Fica ent o o interesse de ouvir as jovens a comentar estas constru es discursivas O ideal consideramos embora fosse invi vel no tempo dispon vel era a triangula o entre produtores medi ticos produtos medi ticos e audi ncias Ainda s o escassos os estudos ao nivel dos estudos de recep o interrogando audi ncias sobre o seu consumo especialmente junto da comunidade juvenil e g Ferin Cunha 2006 Fica mais uma linha de continuidade na investiga o nacional xvi Segunda grande conclus o pessoal podemos sempre ir mais al m Temos que decidir colocar um ponto final mesmo que depois se substitua por um ponto e virgula e se continue o caminho Outro aspecto que gostaria de destacar como fundamental em investiga o em ci ncias sociais a relev ncia social do trabalho realizado Pessoalmente penso que a investiga o tem de possuir necessariamente uma ponte para o dia a dia dos indiv duos Penso ainda que ser importante continuar a divulgar este projecto na comunidade quer apresentando cientificamente os resultados quer participando em reflex es e tert lias que versem este tema Al m disso estes resultados poder o promover pr ticas educativas informadas quer ao n vel
305. olesc ncia e g Bravo Superteen de igual modo as revistas para ate adolescents destinam se a raparigas adolescentes e jovens mulheres em transi o para a maioridade e g Ragazza 115 O que significa ser rapariga sentido de tomarmos uma decis o final informada sobre o nosso corpus de an lise procedemos a uma an lise pr via de ambas as tipologias recorrendo revista Bravo para a tipologia destinada a early adolescents e a revista Ragazza para a destinada a ate adolescents sendo esta ltima a nossa decis o final para o corpus De entre as tem ticas que as comp em interessante notar alguma const ncia Ambas possuem artigos relativos aos Mass Media ou seja conte dos sobre cinema televis o m sica a Trivialidades hor scopos posters testes ou question rios e passatempos e a Est tica apresentando v rios aspectos ligados moda e beleza f sica No mbito dos Mass Media os artigos sobre artistas de cinema televis o e m sica s o tratados com grande centralidade podendo ir da entrevista s curiosidades de vida pessoal e a fotos de dia a dia As pessoas apresentadas s o escolhidas nitidamente pela sua popularidade junto das e dos jovens e representam na sua maioria casos de sucesso que dever o ser seguidos pelas os adolescentes As personagens femininas s o apresentadas com grandes qualidades profissionais e de rela o interpessoal que sabem relacionar se com os rapazes e por isso n o possuem
306. olescentes na sociedade contempor nea a atractividade e objectifica o da mulher e a disciplina feminina do corpo Atractividade e objectifica o da mulher Atractividade e objectifica o da mulher mapeia a import ncia dada pela sociedade imagem corporal e beleza feminina A crescente preocupa o com estes aspectos resulta de uma sobrevaloriza o da atractividade dos corpos femininos que implicam na sua maioria e sobretudo ao nivel dos an ncios publicit rios uma retirada da componente agencial e de sujeito mulher objectificando a Este mecanismo discursivo resulta sobretudo da an lise dos an ncios publicit rios contudo n o lhe exclusivo encontrando se ainda em artigos e reportagens A preponder ncia dos an ncios publicit rios na identifica o deste discurso evidencia a t nica visual que lhes est associada refor ada pela componente de an lise do conte do imag tico Ao nivel do an ncio publicit rio s o v rios os produtos que claramente pretendem passar a imagem do que adequado e normal numa rapariga Podemos mesmo referir a import ncia dada a pe as de vestu rio acess rios perfumes ou produtos de higiene feminina como poder ser comprovado com a exposi o que faremos de v rios an ncios publicit rios considerados na an lise S o 129 O que significa ser rapariga comuns as mensagens de uma efectiva necessidade de se tornarem apelativas no seu aspecto fisico e desse modo s
307. ologicamente determinados Como sintetiza Anne Fausto Sterling 2001 esta transforma o psicol gica do se f corresponderia a uma convic o interna que se masculino ou feminino identidade de g nero e a express o comportamental dessa convic o p 3 tradu o nossa Contudo este apenas um dos significados do conceito de g nero Este pode ainda identificar um principio que sistematiza as rela es entre homens e mulheres perspectiva essencialista traduzir um esquema estruturante ao n vel social das rela es de poder entre os sexos bem como identificar performances pessoais que posicionam homens e mulheres na rede social e que estimulam a constitui o das suas subjectividades Saavedra amp Nogueira 2006 Como afirma Donna Haraway 1998 as quest es de g nero consistem numa rela o humana e n o num conceito ou categoria aprioristica que qualifica os indiv duos ou mesmo algo que seja possu do por estes trata se de interac es entre m ltiplas e diversas caracter sticas de homens e mulheres culturalmente inseridos e localizados Assim decorrendo das vit rias e desenvolvimentos alcan ados considerou se necess rio ir al m das diferen as entre os sexos dando mais aten o diversidade intra grupal diversidade existente entre as mulheres e entre os homens tentando compreender a import ncia de factores s cio hist ricos e contextuais no desenvolvimento pessoal e identidade de g nero Surge assim
308. omo algo inteiramente desejado e comercialmente dispon vel refutando a mudan a social p 80 tradu o nossa No entanto n o se pode ignorar que existe uma influ ncia reciproca entre os media e audi ncias Henriques 2010 em que os consumidores ditam o que mais gostam e necessitam ao mesmo tempo que s o altamente influenciados nesses gostos e necessidades Esta primazia de temas em detrimento de outros algo que permeia os v rios agentes medi ticos e de forma subtil influencia a constru o da sociedade tanto ao n vel micro como macrossocial Ali s a escolha das tem ticas presentes n o inocente sobretudo porque tendem a normalizar a viv ncia dos indiv duos a uma ideologia dominante reificando valores masculinistas e patriarcais do sistema capitalista Neste sentido as mulheres dever o reger se por caracter sticas comuns de consumismo passividade que as colocam como objectos sexuais por contraponto ao script masculino de sujeito empreendedor e activo Kurth Spiller amp Travis 2000 Contudo n o podemos obviamente culpar as revistas femininas da opress o das mulheres Isso implicaria uma confirma o da representa o medi tica associada ao feminismo enquanto movimento pertencente ao dominio de transforma o pessoal e n o de ac o pol tica Ballaster et al 93 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia 1991 ou seja do dom nio privado e n o p blico pol tico De f
309. omog neo e monol tico que possui uma heran a comum e que particulariza na mulher a responsabilidade pela resolu o de problemas e mudan a social dando origem a processos de vitimiza o e culpa alienando as da constru o social e colectiva que invariavelmente condicionam as suas pr ticas A psicologia feminista baseia se no feminismo cr tico inclusivo e integrador e explora as m ltiplas varia es que concorrem para a condi o de menoridade das mulheres entende as mulheres e os homens como grupos heterog neos que em fun o dessa heterogeneidade t m acesso diferenciado ao poder e sobretudo defende que as estrat gias para o combate da opress o e da explora o devem ser conjuntas na medida em que n o excluem os homens do processo de conquista de direitos iguais Neves 2008 p 37 26 Adolesc ncia decorre uma segunda ideia que nos parece question vel a organiza o por est dios Como destaca Erica Burman 1993 imposs vel ler esta divis o por tarefas desenvolvimetais ou por idades sem notar que n o est o a ser tidas em considera o nomeadamente na pondera o da esperan a de vida condi es como o contexto cultural ou a classe social Esta divis o consiste apenas numa aplica o genealista de conceitos e crit rios considerados mais frequentes ao longo do desenvolvimento sem que haja necess ria e obrigatoriamente uma correspond ncia com a idade em que rapazes e raparigas as experienciam
310. ompelido a contar as suas pr prias experi ncia uma necessidade compulsiva de prolifera o de discursos de sobre sexo Como afirma Halloran 1998 p 17 18 as cited in Torres da Silva 2004 os media funcionam ao n vel social criando um ethos social e climas de opini o Podem fazer surgir significados conferir status ao aprovar ou desaprovar oferecer modelos de identifica o definir problemas sugerir solu es oferecer linhas orientadoras determinadas etc p 61 Consequentemente n o surpreende que as revistas nomeadamente para raparigas adolescentes tenham sido cada vez mais sobrecarregadas com elementos de sexualidade ao ponto da concep o de ser rapariga doing girl por estas apresentada corresponder a ser sexual doing sexuality Jackson 2005b McRobbie 1996 neste contexto que se destacam os Artigos e Reportagens das revistas pela sua apresenta o inquestion vel de conte dos de sexualidade Segundo Brown 2007 a maioria dos conte dos a que as jovens assistem nos media incluem mensagens e imagens de atrac o sexual rela es rom nticas e comportamento sexual sendo escassa a informa o sobre sa de sexual No mesmo sentido segundo Jackson 2005a os conselhos apresentados s o conduzidos para que a sua leitura possibilite s jovens mulheres uma apropria o experi ncia pessoal e uma compreens o mais alargada ao n vel da sexualidade Em suma como afirma Roy 2008 as revistas
311. omportamentos Esta ltima refor a ainda mais o sentimento e o pr prio conceito de objectifica o sexual associado identidade feminina enquanto um objecto dispon vel e pass vel de disposi o face a valores ou atitudes pessoais de outros elementos externos Podemos mesmo verificar a exist ncia de um sentido de submiss o e deprecia o internalizada que compele as jovens ao conformismo Este conformismo contudo apresenta se enquanto uma escolha deliberada das jovens mascarando os mecanismos efectivos de normaliza o e normatividade Assim tido pelas jovens pela sociedade e pelos pr prios meios mediaticos como inquestion vel e natural Dai que se assista a um ressurgimento de movimentos anti feministas que se baseiam no car cter desnecess rio das lutas feministas face a uma posi o feminina mais liberal com as mulheres a terem acesso educa o a direitos pessoais maior ag ncia individualismo e escolha No entanto como temos vindo a discutir muitas destas percep es radicam num uso estrat gico e deliberado de mascarar assimetrias e iniquidades que se mant m presentes 208 O que significa ser rapariga Estas vers o es do que ser se rapariga e mulher sao uniforme s ou contradit ria s Regressando formula o de Foucault 1976 1994 sobre poder enquanto elemento relacional e din mico poss vel verificar que a aus ncia de resist ncia por parte do n o sujeito fem
312. oncep o tem raizes na tradi o judaico crista que juntamente com a recente laiciza o do Estado portugu s moldou de forma determinante a nossa sociedade priorizando temas sociais culturais medi ticos e educativos Conceptualizada a sexualidade enquanto algo incorrecto vergonhoso repreensivo e 205 O que significa ser rapariga reprimivel n o s expectavel que as raparigas recorram aos meios de informa o como as revistas para adolescentes para esclarecer d vidas e obter informa o como tamb m n o de estranhar a constante tentativa de normaliza o de comportamentos destas publica es Apesar de se apelar a quest es de sa de p blica a sexualidade saud vel n o chega socialmente a ser exposta como uma alternativa Este facto deve se sobretudo import ncia atribuida virtuosidade feminina e a pureza das jovens sendo que a sexualidade feminina por contraponto vista como elemento de pecado como erro como algo que acarreta sempre consequ ncias negativas del Priore 1999 Tamb m nesta linha de ideias se perpassam linhas orientadoras de comportamentos scripts que compelem as jovens a destituirem se do seu desejo e prazer sexual no sentido de evitar categoriza es e estere tipos negativos Este pensamento judaico crist o discrimina ainda a comunidade LGBT nomeadamente ao n o se apresentarem como legitimas e igualmente comuns sobretudo nas revistas rela es n o heterossexuais Estas assim
313. onomia para as mulheres No entanto e apesar de inicialmente se supor estas altera es n o se verificaram ao n vel da permissividade mas do controlo do corpo Assim poderemos mesmo dizer que existe uma concep o subliminar internalizada pelas mulheres do que esperado n o perdendo de vista o ideal de uma boa menina Esta concep o corresponde como podemos antever a uma constri o comportamental dentro dos par metros anteriormente definidos como sendo caracter sticos do duplo padr o da sexualidade Consequentemente emergiu na literatura contempor nea o conceito de duplo padr o condicional no qual o sexo fora do casamento tolerado tanto para homens como para mulheres mas sob circunst ncias restritas para as mulheres como a exist ncia de amor ou rela o intima est vel Sprecher McKinney amp Orbuch 1987 apud Hyde amp Oliver 2000 Este conceito veio de certo modo refor ar contradi es ao n vel da sexualidade ao apresentar uma aparente disponibilidade equitativa mas constrangendo a um contexto espec fico e refor ar assimetrias ao n vel da import ncia e da pr pria formula o da sexualidade para cada um dos sexos Assim v em se refor ados os mitos de amor rom ntico e de procura do pr ncipe encantado para as raparigas de forma a legitimar o seu comportamento sexual e por contraponto refor a se a heterossexualidade devido depend ncia estabelecida do relacionamento com o masculino que por sua
314. onstante e consciente na promo o de discursos menos assim tricos e de pr ticas equitativas Em termos de implica es para a pr tica destacamos a import ncia de se ter uma atitude activa e cr tica face ao sexismo e s assimetrias presentes nos media Mais do que apostar numa abordagem tradicional h que inovar e apostar na apresenta o de conte dos atrav s de formas criativas e apelativas recorrendo porque n o aos pr prios media sobretudo os de nova gera o Desta forma a interven o poderia articular a educa o para a sexualidade conjuntamente com a literacia medi tica n o adicionando necessariamente mais conte dos aos que j s o leccionados Esta ac o dever ent o privilegiar diferentes abordagens e v rios niveis de conhecimento n o descurando conceitos b sicos mas indo mais al m e introduzindo conceitos como diversidade cidadania e direitos humanos A educa o n o precisa de ser perspectivada como um conjunto de gavetas de saberes que se compartimentam e n o interagem entre si Assim consideramos que uma educa o mais geral para a cidadania poderia cobrir v rias reas focalizando em conte dos medi ticos para apoio educativo educa o pelos media utilizando os e instruindo alunas os num consumo cr tico de v rios conte dos educa o e literacia para os media tais como a sexualidade educa o para a sexualidade A articula o destes conceitos permite uma vis o mais pr xima das os
315. ora Doutora Luisa Saavedra Professora Doutora Maria da Concei o Nogueira Ano de conclus o 2011 Ramo de Conhecimento do Doutoramento Psicologia Especialidade Psicologia da Educa o AUTORIZADA A REPRODU O INTEGRAL DESTA TESE TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGA O MEDIANTE DECLARA O ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE Universidade do Minho 20 de Junho de 2011 Assinatura Agradecimentos Yeah I ve walked through dangers I ve talked to strangers But they didn t they didn t understand When the world seems senseless It s me and you against them And I love you cause you know who am All you dreamers keep dreaming And let those dreams rise into the light Go find someone who loves you To live those dreams through Don t you go get swallowed by the night I ve walked the stages I ve read the pages And never never reached the end All the world seems senseless You re here with me against them And I love you cause you know who am Deep inside every soul There s a sadness on the verge of climbing through Now don t you try and fix it Why would you do that How beautiful when sadness turns to songs And l Il walk through dangers ll dance with strangers But they will never understand We ll never be defenseless We ll win this war against them Don t you doubt this yeah l m sure we can And who cares if they never understand And I love you cause you know who a
316. orgado Lu sa 2003 A adolesc ncia a mulher e a SIDA 4 HIV AIDS Virtual Congress 2003 Dispon vel em http www aidscongress net pdf 176 pdf Carpenter Laura 1998 From Girls into Women Scripts for Sexuality and Romance in Seventeen Magazine 1974 1994 Journal of Sex Research 35 2 158 68 DOI 10 1080 00224499809551929 Carpenter Laura 2001 The first time Das Erstes Mal Approaches to Virginity Loss in US and German Teen Magazines Youth amp Society 3X1 31 61 DOI 10 1177 0044118X01033001002 Chodorow Nancy J 1989 Feminism and Psychoanalytic Theory New Haven Yale University Press Connell Robert 1987 Gender and Power Society The Person and Sexual Politics Cambridge Polity Press Connell Robert 1995 Masculinities Oxford Polity Press Cordeiro Mario 2009 O Grande Livro do Adolescente Dos 10 aos 18 Lisboa A esfera dos livros 229 Referencias bibliogr ficas Cova Anne 1998 Feminismo o que uma abordagem hist rica In UMAR Movimento Feminista em Portugal pp 8 15 Dispon vel em http umar no sapo pt investigacao comunicacoes Semin Elrio Mov Feminista pdf Crawford Mary amp Popp Danielle 2003 Sexual double standard a review and methodological critique of two decades of research 7he journal of sex research 40 1 13 26 DOI 10 1080 00224490309552163 Cruz Jos Fernando Vila a Maria Teresa Sousa Ana Cristina Gomes An
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318. os bem como das conjunturas de poder macro e micro sociais que constrangem assimetricamente a constru o pessoal de cada um e reificam desigualdades que penalizam o feminino 1 2 Estudos feministas sobre raparigas Em virtude da prolifera o de pressupostos cient ficos que se desenvolviam tendo por base e referencial o masculino operou se lentamente a cr tica a estes m todos sua suposta objectividade e neutralidade tal como vimos a apresentar Exigia se uma sociedade que olhasse as mulheres que as considerasse sujeitos cidad s Na ci ncia exigia se que se tivesse em conta as experi ncias e viv ncias femininas No fundo reclamava se um olhar para as mulheres e para o feminino como mais do que um desvio do desenvolvimento masculino pretendia se ainda olhar diversidade desenvolvimental e um apropriar de crit rios uma valida o enquanto sujeitos e n o como mero oposto ou extens o do masculino Foi especialmente durante os anos 50 que a constitui o hist rica da oposi o entre pessoalidade ser se sujeito e feminilidade foi reconsiderada tendo as mulheres sido pela primeira vez reconhecidas enquanto sujeitos nos discursos da modernidade Gonick 2006 At ent o s mulheres era apenas poss vel figurar de forma subordinada na alteridade enquanto outro ou extens o de um homem que possu a racionalidade ag ncia e individualidade Em consequ ncia do intenso debate dos feminismos de segunda vaga Kaplan 1992
319. os de apoio disponibilizados frequente a contrac o desta infec o e ou a gravidez Saavedra Nogueira amp Magalh es 2010 A gravidez e parentalidade na adolesc ncia s o paralelamente SIDA um dos grandes monstros que assombram a sexualidade adolescente Apesar de n o existir evid ncia comprovada de que a gravidez e a parentalidade s o momentos cr ticos na adolesc ncia quem consegue evit los parece ficar partida com mais escolaridade e mais treino para enfrentar da melhor forma a idade adulta Morrison Samulon amp Zellman 1981 No entanto nem sempre se trata de um acto irreflectido podendo significar um projecto de vida resultado de uma decis o ponderada de dois parceiros Contudo esta ideia n o reflecte o que na maioria dos casos acontece levando mesmo a um exagero no controlo da sexualidade feminina pelo medo de uma gravidez indesejada Kvalem amp Traeen 2000 Contudo a gravidez adolescente n o dever ser encarada como um evento penalizante a priori mas enquanto fen meno multi determinado com resultados desenvolvimentais v rios Pereira Canavarro Cardoso amp Mendon a 2005 p 656 tanto ao n vel cultural social e de tomada de decis o Hockaday Jasper Crase Shelley amp Stockdale 2000 Sabendo que a exposi o a v rias fontes de informa o dispon veis n o parece ser suficiente para prevenir os comportamentos de risco ser importante reflectir sobre o impacto de uma inicia o sex
320. os escritos pelas os colaboradoras es da revista ou contribui es das leitoras Preocup mo nos ainda em n o nos centrarmos numa tem tica especifica mas em conte dos que abordem sexualidade n o nos centrando apenas em blocos tem ticos da revista mas analisando a transversalmente Assim opt mos por analisar An ncios Publicit rios Cartas de leitora e Artigos e Reportagens 121 O que significa ser rapariga Nesta sec o incluem se reportagens informa es artigos quest es Psico amp Sexo dos leitores e pequenas resenhas sobre temas de intimidade focalizando se sobretudo no sexo e sexualidade humana Nesta sec o incluem se sess es fotogr ficas tend ncias e reportagens sobre o mundo da moda Inclui um conjunto variado de rubricas sempre presentes que n o s completam as reas anteriores como apresentam conte dos novos Destes destacam se o hor scopo os presentes oferecidos pela revista morada de lojas cup es de assinatura da revista e as cartas de leitoras Nesta sec o incluem se artigos e pequenas rubricas sobre cosm tica maquilhagem cabelos e cuidados di rios Esta sec o constituida por um conjunto variado de artigos subordinados a um tema Este tema normalmente o mote base para a organiza o de toda a edi o da revista S o elas Be sexy Beleza VIP Detox Loucura retro Love attitude Noite Tend ncias Outono Chic Ver o superstar Futuro de luxo Opera o festa Esta
321. os relacionais Isto porque o objectivo dos mecanismos ideol gicos que comp em a nossa sociedade tem como prop sito efectivo a regula o e regulamenta o destas rela es interpessoais das adolescentes Esta rela o no entanto e apesar de se perspectivar como heterossexual nem sempre apresentada como exclusiva e monog mica Podemos mesmo identificar a exist ncia de um discurso paralelo que apresenta a rotatividade de parceiros a altern ncia de rela es amorosas e o sexo casual e g O preservativo sem d vida o rei da contracep o no excerto 20 O grande manual do preservativo como express o de maior controlo feminino sobre a sua sexualidade Contudo esta perspectiva constantemente desvalorizada e invisibilizada pelo contrapor constante com a ideia de que estes comportamentos s o de car cter tempor rio face import ncia de se estabelecer uma rela o est vel e duradora monog mica e baseada numa rela o de amor 219 Conclusao Esta press o efectiva se sobretudo pela apresenta o de uma idade uma tipologia de conduta e comportamentos adequados para que as jovens se possam considerar normais e sentir se integradas numa sociedade que lhes altamente penalizadora Como temos vindo a verificar a apresenta o resultante destas constru es discursivas continua a equacionar as mulheres como seres fr geis em aprendizagem quanto sua sexualidade e que dever o empenhar se em corresponder
322. ostura epistemol gica te rica e social conhecendo bem os seus valores pessoais podendo assim ponderar os efeitos da sua pr pria an lise na produ o de discurso cient fico Ser importante reconhecer que estes crit rios s o apenas alguns dos que poder o enriquecer a an lise qualitativa de dados podendo identificar se quase tantos crit rios de rigor quantas as propostas de an lise metodol gica existentes Dai que seja dif cil identificar se a utiliza o integral de apenas uma tipologia de An lise de Discurso A combina o de recursos que se encontram discursivamente e analiticamente dispon veis n o um entrave pelo contr rio poder funcionar como uma ferramenta importante do a investigador a Em forma de conclus o consideramos ser importante explorar tr s crit rios que Carla Willig 1999 enuncia como modos de implementar a AFD na sua real ess ncia desafio treino e empoderamento Na sua vis o de qual partilho a an lise de discurso uma importante ferramenta de constante desafio s pr ticas di rias dos individuos no sentido de discursivamente resistir legitima o e constante perpetuar de pr ticas sociais segregadoras de explora o e opress o A este n vel o desafio desmistificar institui es sociais como os media ou a academia e conscientizar as os suas seus intervenientes para a resist ncia e mudan a social Outra dimens o importante da an lise de discurso radica na possibilidade de ser
323. otar que as alternativas de constru o pessoal s o restritas ao considerado socialmente adequado disponibilizando apenas um conjunto restrito de possibilidades As restantes formula es s o vistas como extraordin rias e portanto s o sujeitas a um conjunto de julgamentos e estere tipos sociais que fazem a sua adop o mais restrita pelo facto de se afastarem da normatividade social Estas concep es s o sobretudo refor adas como veremos posteriormente por institui es sociais como a fam lia a escola os media ou a religi o neste sentido bvia a constata o de um conjunto de caracter sticas consideradas de forma distinta e natural comuns a todos os rapazes e a todas as raparigas ou seja inerentes identidade de g nero correspondente ao sexo biol gico nascen a Caracter sticas como comportamentos agressivos e de autonomia s o atribu das aos rapazes enquanto as raparigas s o naturalmente cuidadoras emocionais e passivas Archer 1992 as cited in Lytle Bakke amp Romig 1997 No entanto e segundo a nossa perspectiva epistemol gica os pap is sociais e a sua correspond ncia a identidades psicol gicas n o s o biologicamente inerentes ao indiv duo Como salienta Herek 1986 aspectos sociais como a raca a classe social o g nero ou a orienta o sexual dos indiv duos resultam da an lise ao longo do tempo de interac es humanas ou seja ao chegar adolesc ncia uma jovem mulh
324. para a Educa o Sexual em 20052 sob a al ada do Minist rio da Educa o Portugu s com parceria estreita com variadas associa es e ONG s mas sobretudo com o Minist rio da Sa dez esta desenvolveu se e constitui agora parte obrigat ria transversal e avali vel de qualquer projecto educativo Assim articula se como uma alternativa que se prop e a conseguir uma melhoria dos relacionamentos afectivo sociais ao mesmo tempo que pretende reduzir poss veis consequ ncias negativas dos comportamentos sexuais tais como a gravidez n o planeada e as doen as sexualmente transmiss veis GTES 2007 p 6 Deste modo importante que as escolas reclamem para si o papel de forma o e informa o sobre sexo e sexualidade Ekstrand et a 2007 dotando as os adolescentes das compet ncias necess rias para atingirem a igualdade de g nero Ekstrand Larsson Von Essen amp Tyd n 2005 Atrav s de discuss es estruturadas e n o amea adoras com rapazes e raparigas dever ser possibilitado o confronto de cren as erradas e estere tipos enquanto se exploram verdadeiras diferen as ao nivel da experi ncia e das opini es pessoais Hoppe et al 2004 Magalh es Saavedra amp Nogueira 2008a Segundo estas e estes autores as os 2 Institu da pela Lei n 3 84 de 24 de Mar o a Despacho n 19737 2005 de 15 de Agosto 2 Protocolo assinado em Fevereiro de 2006 estabelecendo a coopera o os agrupamentos de escola e os c
325. parceiro e a import ncia atribu da ao aval externo Assim mais do que apresentar um enfoque no desenvolvimento das jovens e na sua sexualidade o destaque atribuido resolu o de problemas e import ncia de um comportamento adaptativo ressaltando a quest o do bem estar da rela o e sobretudo o parceiro o refor o de uma rela o desigual que se deve preservar para o bem de ambos mant m as raparigas num ciclo de depend ncia sexual nomeadamente do prazer do companheiro Por outro lado o aval externo procurado e que aqui se refor a leva normaliza o e naturaliza o de comportamentos reiterando a no o de que fodos s o assim e agem assim pelo que tamb m eu individualmente ou em casal devo reagir e comportar me de acordo com as sugest es apresentadas 212 O que significa ser rapariga Neste sentido conhecer o sexo masculino torna se uma tarefa essencial para a rapariga confirmando a possibilidade de melhor gest o da sua individualidade e das suas rela es de intimidade Este estabelecimento de uma rela o mesmo apresentado como uma aquisi o desenvolvimental sendo o conceito de g nero introduzido no nosso dia a dia atrav s de um complexo processo desenvolvimental As mensagens de como se comportar s o internalizadas desde tenra idade ao nos apropriarmos de pap is sociais nas interac es com fam lia amigos professores entre outros medida que as raparigas se desenvolvem aprendem a impor
326. pariga concep o p s moderna da mulher esta na verdade uma mera marionete que serve os interesses do parceiro ainda muito patente que a manuten o desta constru o discursiva pretende reificar como normal uma sexualidade heterossexual e reprodutiva ocultando e excluindo socialmente outras formula es identit rias Esta categoriza o e patologiza o de identidades consideradas n o normativas diferentes das naturalmente poss veis tem como objectivo refor ar estere tipos mitos e discrimina es hierarquizando socialmente os individuos e punindo os que n o se conformam com a norma social Como j verificamos o ocultar de pr ticas identidades e orienta es sexuais homossexuais redonda numa qualifica o destas enquanto desadequadas puniveis socialmente associadas ao pecado e a um sentimento de vergonha social que dificultam a constru o pessoal destas jovens adolescentes pela aus ncia de modelos s lidos de refer ncia Em suma podemos analisar esta constru o discursiva descrevendo posi es dispon veis a raparigas e rapazes enquanto grupos homog neos As possibilidades para as raparigas consistem numa formula o enquanto aprendizes inexperientes sexualmente e incompletas Por contraponto a estas posi es mais conformistas ainda poss vel que as raparigas se posicionem como mais proactivas e emancipadas redundando em pr ticas mais ou menos favor veis que exporemos de seguida
327. po que consideram que estes conte dos legitimam os envolvimentos sexuais 78 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia Escobar Chaves Tortolero Markham Low Eitel e Tickstun 2005 procuraram determinar o que se conhece ou n o cientificamente sobre os efeitos dos media nas atitudes e comportamentos sexuais dos adolescentes Analisaram assim produ es realizadas n o apenas nos Estados Unidos da Am rica mas tamb m outras produ es em l ngua inglesa Assim reviram literatura cient fica das ci ncias sociais e biom dicas sobre conte dos sexuais nos v rios mass media a exposi o de adolescentes aos media o efeito desta exposi o e modos de atenuar esses efeitos Esta an lise compreendeu estudos publicados entre 1983 e 2004 com revis o por pares e que recorressem a adolescentes e jovens entre os 11 e 19 anos de idade Apesar de encontrarem muitas inconsist ncias que impossibilitavam a compara o entre grande parte dos estudos conclu ram que a maioria dos estudos realizados olhavam para a influ ncia da televis o sendo os restantes meios de comunica o descurados sua maior conclus o foi a necessidade de se incluir maior diversidade de an lise metodol gica e de se construir medidas espec ficas e robustas que sustentem os resultados apresentados Em 2006 Farvid e Braun apresentaram os resultados da sua an lise de seis n meros sequenciais das revistas Cleo e Cosmo Janeiro a Junho 2002 Amb
328. ponivel em http www teenpregnancy org resources research researchconf brown_abstract pdf Brown Jane D Halpern Carolyn Tucker amp L Engle Kelly Ladin 2005 Mass media as a sexual super peer for early maturing girls Journal of Adolescent Health 36 420 427 Disponivel Buchanan lan 2010 Dictionary of Critical Theory Oxford Oxford University Press Buhi Eric R amp Goodson Patricia 2007 Predictors of Adolescent Sexual Behavior and Intention A Theory Guided Systematic Review Journal of Adolescent Health 40 4 21 Disponivel em http Burman Erica 1994 Deconstructing Developmental Psychology London Routledge 228 Referencias bibliogr ficas Burr Vivien 1998 Overview Realism relativism social constructionism and discourse In lan Parker ed Social Constructionism Discourse and Realism pp 13 26 London SAGE Butler Judith 1990 Gender Trouble Feminism and the subversion of identity New York Routledge Cabecinhas Rosa 2010 Express es de racismo mudan as e continuidades In Ana Cristina de Souza Mandarino amp Est lio Gomber eds acismos olhares plurais pp 11 43 Brasil EDUFBA Disponivel em http hdl handle net 1822 11002 Cadete Joaquina 2003 Help need somebody Help ou Socorro estou apaixonado ou sexualidade em revista Sexualidade e Planeamento Familiar 36 7 11 Canavarro Maria Cristina Pereira Ana Isabel amp M
329. preensivo e liberal que tenha no seu centro as quest es de g nero e que opere enquadrado numa perspectiva cr tica de educa o Jackson amp Wetherall 2010 que tenha em conta que problemas como as desigualdades sexuais a domina o e a viol ncia sexual bem como as constru es culturais de masculinidade e feminilidade constrangem o desenvolvimento de um sentido de autonomia pessoal e responsabilidade das dos jovens no que respeita sexualidade McClain 2006 Na nossa opini o e segundo a Lei n 60 2009 de 6 de Agosto da Rep blica Portuguesa esta introdu o mais generalista e adequada s exig ncias da juventude contempor nea indissoci vel de uma articula o pr xima com o Servi o de Psicologia e Orienta o e o Gabinete de Informa o e Apoio ao Aluno O Servi o de Psicologia e Orienta o SPO uma estrutura oficialmente criada nas escolas portuguesas Decreto Lei n 190 91 de 17 de Maio de 1991 e que tem como objectivo apoiar o desenvolvimento humano de alunas os e agentes educativos pais professores e auxiliares educativos procurando o melhor desempenho acad mico e social Neste aspecto e enquanto elemento desenvolvimental o SPO dever apoiar tamb m ao nivel do desenvolvimento e explora o da sexualidade Partindo de ac es especificas em articula o com o restante meio e comunidade escolar ou disponibilizando se apenas para aconselhamento e acompanhamento individual o SPO poder contribuir par
330. prevalecentes na sociedade Foucault 1969 2005 p 11 No livro Hist ria da sexualidade a vontade de saber 1976 1994 Foucault articula de forma mais concreta esta proximidade entre discurso e poder Foucault conceptualiza discurso como meio de opress o e de resist ncia distanciando se da vis o negativa expressa no conceito marxista de ideologia Considerava que mesmo as situa es mais opressivas s o produtivas 100 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso uma vez que estimulam novas formas de comportamento ao inv s de censurar ou fechar pr ticas Neste sentido n o se deve de forma alguma fazer equivaler ou relacionar discurso e realidade De facto discurso sobrep e se ao sistema que estrutura a nossa percep o da realidade Mills 2003 Segundo Nogueira 2001b os discursos s o elemento fundamental na constitui o de rela es sociais pelo que a combina o e desconstru o de diferentes discursos sociais possibilitar o acesso a mudan as sociais A autora concretiza afirmando que variadissimos discursos actuam constantemente em cada pessoa possibilitando posi es de sujeito produzidas socialmente pela linguagem diferenciadas Nogueira 2001b Discurso corresponde assim a padr es de significado socialmente produzidos e pr ticas imbu das de poder Jackson amp Westrupp 2010 que deveremos conhecer e utilizar quotidianamente com o intuito de promover maior equidade nas rela es Poder
331. prios olhos e quando tudo pode por fim tomar a forma do discurso quando tudo pode ser dito e o discurso pode dizer se a prop sito de tudo porque todas as coisas tendo manifestado e trocado o seu sentido podem regressar interioridade silenciosa da consci ncia de si p 37 Em suma Foucault destacava uma an lise que olha para os discursos enquanto sistema interpessoal que excede o individuo no sentido que se apropria de sistemas e estruturas macrossociais que promovem a rela o do sujeito com o sistema Por consequ ncia estes discursos criam condi es para que certas afirma es ou enunciados sejam mais produtivos que outros Cabe nos a n s investigadoras es examinar criticamente em que condi es se moldam os sistemas de verdade 4 3 An lise s de Discurso O trabalho de Foucault que temos vindo a enunciar veio potenciar an lises sociais mais pr ximas das experi ncias e viv ncias concretas dos individuos Nomeadamente o seu trabalho sobre a articula o dos conceitos de discurso e poder tem permitido as aos investigadoras es reflectir criticamente sobre o modo como conhecemos as coisas de onde provem essa informa o com foi produzida e sistematizada ou em que circunst ncias Mas sobretudo a inova o vem pela 102 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso incita o articula o dos discursos com os interesses que podem servir bem como que oportunidades de pensamento e conceptuali
332. qu odi las se as podes neutralizar Fevereiro p 80 82 Afirma o do duplo padr o O mecanismo discursivo Afirma o do duplo padr o localiza assimetrias nas rela es interpessoais demonstrando a aus ncia de equidade de tratamento e de refor o social em fun o do sexo do individuo Localizado dentro da teoria dos scripts sexuais Simon amp Gagnon 1973 baseado num duplo padr o de sexualidade Reiss 1964 e refor ando hetero sexualidades tradicionais Allen 2003 este mecanismo discursivo revela esta discrep ncia atrav s de tr s tecnologias viol ncia das rela es conflito face ao duplo padr o trai o e tri ngulos amorosos Este mecanismo discursivo descreve as rela es interpessoais enquanto campo de express o por excel ncia de disparidades e binarismos entre rapazes e raparigas sendo que nem sempre estas se rev em no papel de submiss o e passividade que lhes sugerido Construir se como raparigas significa neste discurso lidar com uma aparente naturaliza o de assimetrias e o n o questionar de pap is apresentados como inerentes sua condi o de mulher Viol ncia das rela es Viol ncia das rela es refere se a um conv vio menos saud vel no mbito das rela es de intimidade que culmina em agress es f sicas sexuais ou psicol gicas geralmente perpetradas pelos namorados ou amigos das jovens O excerto 60 apresenta o testemunho de uma jovem Sara que revela ter sido agr
333. quanto resist ncia pr pria identidade Beasley 1999 2005 A sua principal preocupa o com a desconstru o de categorias identit rias essencialistas que rigidificam as interac es sociais em torno de dicotomias e binarismo radicadas em posi es essencialistas As feministas p s modernas como elenca Saavedra 2005 reconhecem se nesta perspectiva partindo sobretudo de um constante questionar do distanciar neutro e objectivo da racionalidade moderna e da exist ncia de uma verdade un nime e uniforme deslocalizada tentando efectivar modos de conhecimento n o limitado por vis es masculinas e adroc ntricas que mant m redes de subjuga o e apropria o da verdade Problematizam sobretudo as quest es de poder pluralidade e diversidade implicando se na cr tica de vis es essencialistas e dos binarismos de g nero Como apresenta Sandra Harding 1986 o feminismo p s moderno defende que a localiza o das experi ncias e saberes constitui uma alternativa aos crit rios universalistas e essencialistas postulados por vis es feministas mais empiricistas e de standpoint A condi o de sujeito passa ent o a ser considerada enquanto elemento fluido contestado m ltiplo e desconstru do o articular do interesse pela formula o de teorias que de facto espelhassem o desenvolvimento humano mais do que descrever o desenvolvimento masculino e a formula o por oposi o do feminino que te ricas feministas concretizaram
334. que lhes est o dispon veis Esta no o j existente ent o refinada e repleta de nuances mais precisas quanto aos limites desta separa o dicot mica e 89 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia socialmente constru da Como estas revistas oferecem uma vers o muito particular de se ser rapariga as jovens que as l em tendencialmente associam esta vis o ao mais adequado para a sua faixa et ria e por isso tentam colocar se no seu lugar e perceber os sentimentos pensamentos orienta es comportamentais e como criar reproduzir a imagem desta rapariga normal Lamb amp Brown 2006 Ou seja procuram constantemente convergir com o ideal que lhes proposto conformando se a uma no o estereotipada e restritiva que lhes veiculada As revistas apresentam se assim enquanto poderosas for as de socializa o reflectindo e modelando a sociedade transmitindo ideologias de g nero e influenciando largamente as e os mais jovens nomeadamente as raparigas adolescentes em desenvolvimento e aprendizagem N o demais relembrar que nos referimos a uma realidade que ocorre no contexto dos pa ses ocidentais e por isso mesmo diferenciado de viv ncias distintas A exist ncia desse contexto comum fundamental para a import ncia e for a que estas ideologias possuem influenciando e circulando como verdades desde o in cio do s culo passado Ali s este contexto que atribui s altera es da
335. que tem implica es generalizadas ao nivel da conceptualiza o e representa o do feminino e da mulher Esta rela o com a identidade individual enquanto baseada na apar ncia da mulher articula claramente e demonstra a clara imiscuidade que na mulher os dom nios do pessoal e do pol tico possuem Como relembra Alison Jaggar 1994 estes s o claramente exemplos de como o pessoal pol tico para n o mencionar econ mico p 148 tradu o nossa Ali s como continua a autora as actuais institui es de beleza feminina e de moda levantam quest es de fundo ao feminismo no sentido em que complexo destrin ar autonomia pessoal e escolha de explora o capitalista e coer o Ao mesmo tempo a aus ncia de posi o poder significar algum conformismo ao passo que o contr rio poder denotar uma posi o puritana face sexualidade Para al m destes aspectos encontram se ainda enraizados m ltiplos e contradit rios significados em fun o da apar ncia da adolescente ou jovem mulher valorizando ser branco jovem rico e a aptid o f sica ou seja enaltecendo normas restritivas e discriminat rias Jaggar 1994 Estes pressupostos permitem aos sistemas capitalistas estabelecer uma rede de produtos e servi os que se articulam e publicitam entre si aumentando a necessidade de ades o e a incapacidade de ir para al m deste ciclo vicioso corporativista Este tipo de ind strias 81 Os meios de comunica o e a sex
336. r Arribas Ayllon e Walkerdine 2008 como importantes pontos de refer ncia para o modelo que enunciam Este composto por cinco passos 1 selec o do corpus de an lise 2 problematiza o ou seja identifica o de objectos discursivos que se revelem problem ticos e portanto vis veis e conheciveis 3 tecnologias ou formas pr ticas de racionalidade que regulam o individuo e os outros 4 posi es subjectivas pela identifica o dos repert rios discursivos dispon veis aos indiv duos e 5 subjectifica o ou constru o dos sujeitos pelo recurso a tecnologias como o poder e o se f Arribas Ayllon amp Walkerdine 2008 p 99 Por genealogia os autores pretendiam referir se a uma investiga o hist rica do fen meno em an lise o poder representa aqui a descri o da interac o dos mecanismos de poder nas rela es discursivas e por subjectifica o deve entende se pr ticas e recursos discursivos significativos pelos quais os sujeitos se constituem Arribas Ayllon amp Walkerdine 2008 108 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso Na globalidade as varias propostas permitem ao investigador a mapear recursos discursivos utilizados no texto as posi es subjectivas que estes cont m e explorar as implica es na subjectividade e pr ticas Willig 2008 A proposta destes modelos n o implica contudo a exclusividade destes recursos podendo o a investigador a trazer para a sua an lise os mecanismos q
337. r fala da sexualidade esta n o marca ou simbolo objecto e alvo E o que faz a sua import ncia ou a sua precariedade como a sua insist ncia a sua presen a insidiosa o facto de estar em toda a parte simultaneamente acesa e temida p 149 65 Capitulo 3 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia Vivemos actualmente num mundo dominado pelas tecnologias e pela necessidade de estar em permanente comunica o e interactividade neste contexto que os meios de comunica o se apresentam como um recurso fundamental ao ser humano Desde a r dio aos jornais passando pela televis o e internet os meios de comunica o constituem um conjunto de recursos que reificam tecnologias e mecanismos medi ticos Estas representa es medi ticas que circulam nos meios mainstream s o criadas por um conjunto de conjunturas que dever o ser monitorizadas uma vez que nos s o dirigidas enquanto audi ncia e nos devem preocupar enquanto cidad os Isto porque a globaliza o dos meios de comunica o veio apresentar se enquanto for a normalizadora e culturalmente padronizante As ind strias medi ticas cada vez mais disseminadas e imperialistas apresentam de forma inequ voca e inquestion vel verdades sociais que regulamentam valores atitudes e comportamentos ao apresentar o que certo e errado nas v rias dimens es da nossa vida No entanto esta globaliza o dos media n o representa por si s uma
338. r que a sexualidade se articulava e constituia modelada pela sociedade e pela cultura da mesma forma que outros aspectos da vida social Como enuncia Richardson 1997 a religi o as leis as teorias psicol gicas as defini es m dicas as politicas sociais a psiquiatria e a cultura popular todas informam o que consideramos sexualidade Alem disso aprendemos n o apenas padr es comportamentais mas tamb m os significados er ticos associados com esses comportamentos num dado contexto social e cultural p 155 171 O que significa ser rapariga Esta vis o n o exclui no entanto a exist ncia de uma condicionante biol gica imposta pela fisiologia corporal dos parceiros Richardson 1997 Contudo permanece a necessidade das raparigas serem proactivas quanto aquisi o de conhecimentos de forma a minimizarem discrep ncias e ultrapassarem dificuldades que possuem enquanto inerentes feminilidade Clarifica se deste modo a inten o desta constru o discursiva de manter presente a supremacia do masculino sobre o feminino ao mesmo tempo que desresponsabiliza os homens desta discrep ncia naturalmente existente biol gica e cientificamente suportada Partindo desta posi o s o refor ados padr es assim tricos e duplos de sexualidade Esta duplicidade pressup e junto das jovens a necessidade de se equipararem constantemente ao masculino como refer ncia comportamental de perfei o e sabedoria na sexualid
339. r rapariga para as raparigas interagirem entre si com os rapazes e se desenvolverem adequadamente at a idade adulta A predominancia da tematica da sexualidade nesta publicacdo apresenta se tamb m como um dos mecanismos tecnol gicos que motivam a compra de revistas nomeadamente por se centrar num conjunto de temas que socialmente s o considerados os necess rios para uma rapariga adolescente Jackson 2005b Neste sentido de destacar a presen a constante do dom nio dos estere tipos sociais atrav s do julgamento da adequa o ou n o aos scripts sexuais e de g nero socialmente aceites Um dos principais resultados observados a preponder ncia do discurso rom ntico sobre qualquer um dos outros que condicionam e reificam as constru es discursivas Este claro mesmo em constru es discursivas em que se localizam apontamentos neoliberais e menos penalizadores das jovens como o caso de refer ncias ainda que escassas a sexualidades n o normativas excerto 56 e amizades coloridas excerto 33 Poder amos extrapolar e concluir que as jovens se come am a apresentar como mais afirmativas sexualmente mais respons veis e conscientes das suas possibilidades mas de facto n o estariamos a ser exaustivas na nossa an lise Sobretudo porque n o sabemos at que ponto as jovens que aqui se apresentam como mais afirmativas e admitindo a busca de um prazer pessoal nas suas rela es heterossexuais de intimidade possu
340. ral Apesar de ser um elemento centrado na atitude e comportamentos Destaca se ao n vel das Ci ncias da Comunica o os trabalhos desenvolvidos por Zara Pinto Coelho e Silvana Mota Ribeiro da Universidade do Minho que se dedicaram an lise de conte dos especificos como as an ncios publicit rios em revistas estilo de vida para mulheres No entanto verifica se uma aus ncia de estudos em Portugal que se localizem ao n vel da psicologia dos media Trata se de uma rea de estudos reconhecida em 1986 ano em que Associa o Americana de Psicologia APA criou a divis o n 46 Posteriormente durante os anos 90 esta foi alterada para divis o de psicologia dos media e tecnologias da comunica o Os interesses desta divis o da APA orientam se em dois principais eixos Por um lado pretendem aconselhar e treinar psic logos no seu contacto com os meios de comunica o social por outro pretendem promover a divulga o de investiga o e conclus es do mbito da psicologia quando aplicada a aspectos medi ticos Giles 2003 217 Conclusao das raparigas na verdade existe uma divis o assim trica e n o din mica de poder O conformismo a estes ideiais sociais leva como vimos a uma objectifica o e subjuga o das raparigas face a um padr o masculino de beleza feminina A revista parece responder a esta polariza o ao longo das tr s constru es discursivas adaptando a sua imagem corporal e beleza as suas rela es e qual
341. ransac es entre os processos psicol gicos e as ac es humanas e os contextos e cen rios quotidianos em que elas se desenrolam Soczka 2002 p 503 504 Consideramos fundamental iniciar este cap tulo de epistemologias e metodologias reflectindo sobre a nossa posi o epistemol gica sobre a nossa vis o do conhecimento e da ci ncia social contempor nea Como afirma Boaventura Sousa Santos todos os fen menos sociais s o historicamente condicionados e culturalmente determinados 1987 2007 p 20 Neste sentido pretendemos com este cap tulo localizar as nossas vis es epistemol gicas nos quadros existentes que contribuiram e permitiram maior reflexividade neste estudo que apresentamos Posteriormente exploraremos o conceito de discurso e an lise s de discurso particularizando na s an lise s foucaudiana de discurso enquanto metodologia que melhor nos permitia aceder aos objectivos da investiga o 97 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso 4 1 Fundamentos Epistemol gicos Retomamos Boaventura Sousa Santos 1987 2007 pois apresenta de forma sintetizada esta nossa posi o face investiga o as ci ncias sociais n o s o objectivas porque o cientista social n o pode libertar se no acto de observa o dos valores que informam a sua pr tica em geral e portanto tamb m a sua pr tica de cientista Santos 1987 2007 p 20 21 No mesmo sentido Jo o Oliveira e L gia Am ncio 2006
342. re o papel dos media na conceptualiza o da sexualidade enquanto estrat gia de marketing reflectindo nomeadamente sobre a sexualiza o das adolescentes Por fim olhamos o universo das revistas para adolescentes explorando o seu mbito e a sua formula o enquanto um nicho de mercado que fideliza pelo consumo as jovens e que as constrange aos discursos veiculados Ap s o enquadramento te rico iniciamos a parte Il Estudo Surge desde logo o capitulo 4 Epistemologias cr ticas e An lise s de Discurso Iniciaremos este cap tulo com a explora o dos fundamentos epistemol gicos que sustentam este estudo seguindo se a apresenta o dos Introdu o conceitos de discurso e de an lise s de discurso Posto isto exporemos a metodologia utilizada An lise Foucaudiana de Discurso reflectindo sobre as v rias propostas de formula es da An lise de Discurso real ando as vertentes metodol gicas e processuais foucaudianas No cap tulo 5 O que significa ser rapariga centramo nos ent o na apresenta o do estudo qualitativo de revistas Aagazza da edi o portuguesa do ano 2007 Iniciamos este cap tulo apresentando o nosso m todo concretizando os objectivos e quest es de partida Prosseguimos descrevendo a realidade medi tica portuguesa ao nivel das revistas para adolescentes explorando os seus conte dos e a sua organiza o interna que informou a nossa selec o do corpus Posteriormente concretiz mos o co
343. resenta a estas jovens a interrup o volunt ria da gravidez IVG Desde 2007 permitido em Portugal esta uma alternativa pela qual muito se vinha a lutar e que apenas h pouco foi aprovada Assim as jovens e mulheres disp em agora de uma alternativa s gesta es n o desejadas com condi es m dico sanit rias adequadas Contudo este n o um recurso a que apenas agora recorram Segundo a Direc o Geral de Sa de em 2004 registavam se em Portugal nas jovens com menos de 20 anos de idade uma m dia de 126 4 abortos por cada 1000 nados vivos Este n mero indica n o s o elevado n mero de gr vidas e de interrup es volunt rias como tamb m denuncia os riscos v rios que estas jovens passaram devido clandestinidade do acto que realizavam No entanto e apesar da altera o legislativa o facto de muitas vezes as adolescentes protelarem o acompanhamento m dico a divulga o junto da fam lia ou mesmo ignorarem os sintomas que notam implica que esta alternativa j esteja comprometida ou se realize pressionada pelos tempos legais e n o por uma tomada de decis o ponderada Tal como podemos verificar trata se de uma problem tica a que devemos dar aten o m xima Contudo n o devemos encarar a sexualidade como algo tem vel e a evitar Alguns dos aspectos positivos da sexualidade poder o ser considerados se virmos o desenvolvimento da v A Interrup o Volunt ria da Gravidez IGV foi legalizada em Por
344. resentam se como um fen meno ansiog nico para o indiv duo que considera n o ter recursos para lidar com constantes e r pidas altera es A partilha com o grupo de pares e a verifica o de fen menos que lhes s o comuns ajudar atrav s da rec proca partilha de experi ncias a compreender e responder melhor aos desafios maturacionais com que se deparam Acentuando tamb m a componente social surgiu a teoria interpessoal do desenvolvimento adolescente de Harry Sullivan 1950 Este modelo tem como base a interac o entre o desenvolvimento da personalidade e o meio cultural Muuss 1996 Indo ao encontro das j exploradas perspectivas da antropologia cultural e concordando com Margaret Mead Sullivan acreditava que a identidade se desenvolvia atrav s do contacto reflexivo com outros significativos afirmando mesmo que um individuo poderia ter tantas personalidades quantas as suas rela es interpessoais Assim considerava que o desenvolvimento se efectuava de modo progressivo ao longo de tr s etapas a pr adolesc ncia a adolesc ncia inicial early adolescence e adolesc ncia tardia late adolescence Contrastando com os autores da sua poca Sullivan desenvolveu a sua teoria tendo como base o conte do social da experi ncia humana Esta nfase nas interac es sociais foram mais tarde corroboradas por te ricos como Bronfenbrenner 1977 Kandel 1986 e Youniss 1975 que destacaram a import ncia do grupo de pares na evolu
345. rios quanto possibilidade dos processos de desenvolvimento ocorrerem de forma distinta em fun o do sexo biol gico e consequentes exig ncias de g nero Assim Archer e Waterman 1988 apresentaram dados que concluiam um desenvolvimento semelhante e geralmente simult neo ao n vel et rio para ambos os sexos no que diz respeito a quest es de dominios tradicionais como escolhas vocacionais cren as religiosas ideologias politicas mas tamb m quanto forma o da identidade e a correla o desta com a personalidade das e dos jovens No entanto referem alguns desencontros em reas como a sexualidade Segundo os autores as raparigas 21 Adolesc ncia enfrentam uma tarefa mais complexa do que os rapazes aquando da sua formacao identitaria N o s estas se preocupam com o seu pr prio sentido de si self como est o mais preocupadas do que os rapazes com o impacto do seu se f nos outros que lhe s o significativos Muuss 1996 p 73 74 tradu o nossa O pr prio Archer 1993 explorou posteriormente os processos implicados na resolu o das expectativas de g nero com que s o confrontadas as raparigas Concluindo as raparigas usam com maior probabilidade esquemas complexos que t m em conta v rios e importantes factores quando envolvidas em decis es do dom nio da fam lia e da sexualidade O autor considera que estes contrastes poder o resultar de expectativas socioculturais Contudo n o podemos deixar de n
346. rk Palgrave MacMillan Bandura Albert 1977 Social Learning Theory New Jersey Prentice Hall Bartky Sandra Lee 1990 Femininity and domination studies in the phenomenology of oppression New York Routledge Baudrillard Jean 1970 2010 A sociedade de consumo trad Artur Mour o Lisboa Edi es 70 Beasley Chris 1999 What is Feminism An Introduction to Feminist Theory London SAGE Beasley Chris 2005 Gender amp Sexuality Critical Theories Critical Thinkers London SAGE Publications Beauvoir Simone de 1949 2008 O Segundo sexo Lisboa Bertrand Editora Bettelheim Bruno 1989 Sobreviv ncia Porto Alegre Artes M dicas Betterton Rosemary 1987 Looking on Images of Femininity in the visual arts and media London Pandora Press Bordo Susan 1993 Unbearable Weight Feminism western culture and the body Berkeley amp Los Angeles University of California Press Bordo Susan 1988 O corpo e a reprodu o da feminilidade uma apropria o feminista de Foucault In Alison Jaggar amp Susan Bordo 1988 G nero corpo conhecimento trad Britta Lemos de Freitas pp 19 41 Rio de Janeiro Editora Rosado Tempos Bowleg Lisa Lucas Kenya amp Tschann Joanne 2004 The ball was always in his court an exploratory analysis of relationship scripts sexual scripts and condom use among african American women Psychology of Women Quarterly 28 70 82 DOI
347. rmas sociais de uma determinada cultura As encena es culturais s o orienta es colectivas que direccionam a ac o realizada ao n vel dos pap is sociais tanto do indiv duo como dos restantes actores sociais Por sua vez os scripts interpessoais concretizam esta regulamenta o reflectindo a interpreta o individual das encena es culturais A este nivel os indiv duos s o tamb m autores ou podem mesmo transformar os esquemas orientadores baseando se na sua socializa o e experi ncias pessoais mantendo a congru ncia entre o cen rio abstracto e a situa o concreta modelado activamente os encena es culturais em scripts para as suas pr prias rela es e comportamentos sexuais Bowleg Lucas amp Tschann 2004 Por fim os scripts intrapsiquicos traduzem uma auto orienta o e implicita assun o que os comportamentos dos outros tamb m s o moldados por scripts que atribuem significado a um confronto interno do indiv duo e se constituem como recursos relevantes quando este se confronta com desfechos comportamentais alternativos Simon amp Gagnon 1999 Como sugeriram Jones e Hostler 2002 o actor usa o script O termo encena o cultural foi introduzido na lingua portuguesa enquanto tradu o de cultural scenario por Alferes 2002 No seu livro Encena es e Comportamentos sexuais para uma psicologia social da sexualidade o autor introduz o termo referindo que O termo scenario virtualmente sin
348. ro de gr vidas adolescentes a inicia o sexual precoce inflacionou tamb m a taxa de infec es por VIH SIDA em Portugal Lopes 2004 Saavedra Nogueira amp Magalh es 2010 53 A sexualidade na adolesc ncia estas jovens sao responsabilizadas pelo recurso a m todos anti concepcionais Na mesma linha quando gr vidas esperado socialmente que estas se revelem carinhosas maternais e que mantenham os seus filhos independentemente das condi es que possuam a sua vontade ou envolvimento do parceiro Pelo que se pode concluir que uma vez gr vidas as jovens passaram a orientar se n o pelo script sexual que anteriormente as regia mas um script de g nero que as v como m es maternais e cuidadoras papel esse que se articula de forma independente contrariando o script da mulher dependente de algu m ou algo dos restantes intervenientes na gravidez e na educa o futura da crian a o foco passa a ser a crian a gerada relegando para um segundo plano frequentemente esquecido a jovem m e tamb m ela at ha poucos anos uma crian a N o ser excessivo relembrar que quanto aos rapazes pais destes beb s estes n o experienciam qualquer altera o no seu dia a dia mesmo possuindo um papel activo Pelo contr rio estes s o valorizados pela sua masculinidade pelo seu desempenho porque desempenham o seu papel de g nero No que diz respeito s jovens estas ou aceitam enfrentar a maternidade ou a nica alternativa que se ap
349. rol amp Dykers Carol 1993 Adolescents risky behaviour and mass media use Paediatrics 9A1 24 31 Disponivel em http pediatrics aappublications org content 92 1 24 abstract Kohlberg Lawrence 1958 7he Development of Modes of Thinking and Choices in years 10 to 16 Doctoral dissertation University of Chicago Krassas Nicole R Blauwkamp Joan M amp Wesserlink Peggy 2001 Master your Johnson Sexual rhetoric in maxim and stuff magazines Sexuality amp Culture 73 98 119 DOI 10 1007 s12119 003 1005 7 Kurth Suzanne B Spiller Bethany B amp Brown Travis Cheryl 2000 Consent power and sexual scripts deconstructing sexual harassment In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White Sexuality Society and Feminism pp 323 354 Washington DC American Psychological Association Kvalem Ingela Lundin amp Traeen Beente 2000 Self Efficacy Scripts of Love and Intention to Use Condoms Among Norwegian Adolescents Journal of Youth and Adolescence 243 337 353 DOI 10 1023 A 1005199725666 238 Referencias bibliogr ficas Lamb Sharon amp Brown Lyn Mikel 2006 Packaging girlhood Rescuing our daughters from marketers schemes New York St Martin Griffin Lamb Sharon 2001 7he Secret Lives of Girls What good girls really do sex play aggression and their gilt New York The Free Press Lemoncheck Linda 1994 What s Wrong with Being a Sex Object In Ali
350. ros Excerto 27 Vi o meu namorado a masturbar se na casa de banho da sua casa Ele n o me viu e tenho vergonha de falar com ele sobre este assunto Ser que n o tem prazer comigo Andreia Almeirim Tens de encar lo como algo natural e n o como uma coisa estranha ou negativa Pensa que ele apenas quer descobrir o que lhe d mais prazer e aprender a conhecer o seu corpo Talvez isso o ajude a comunicar melhor contigo sobre as suas prefer ncias sexuais Para al m disso aprender a ter orgasmos e a desfrutar da nossa sexualidade algo supersaud vel que todos deviamos fazer N o te esque as disso Por fim o prazer e a rela o sexual entre parceiros poder o ainda ser condicionados por respostas f sicas como a que descreve a Mariana excerto 28 A jovem afirma sentir dor nas rela o sexual com o seu parceiro Excerto 28 J tentei ter rela es sexuais com o meu namorado v rias vezes Mas tenho tantas dores que desistimos Ser grave Mariana Loul Mais uma vez fica claro o afastamento de uma rede social de apoio sobretudo ao n vel da sa de f sica O desconforto que adultos e jovens sentem em comunica es sobre sexo e sexualidade 162 O que significa ser rapariga leva a que muitas vezes quest es mais prementes sejam ignoradas ou menosprezadas A este nivel de salientar a preocupa o da revista com o aconselhamento ao acompanhamento m dico adequado Manter os conhecimentos actualiz
351. rpus de an lise seleccionado para o estudo descrevendo a nossa recolha e crit rios Neste sentido referimo nos ainda e de forma mais concreta ao processo de investiga o enunciando os v rios momentos que antecederam a formula o final e que resultaram da implementa o reflexiva de procedimentos de an lise Feito este enquadramento e localizados os procedimentos de an lise apresentamos ent o os resultados da investiga o e a sua discuss o subdividindo os em fun o das tr s principais constru es discursivas identificadas Estas por sua vez encontram se organizadas em fun o dos seis passos metodol gicos sugeridos por Carla Willig 2003 2008 para a realiza o de An lise Foucaudiana de Discurso e que identific mos no cap tulo das metodologias Encerramos a parte Il Estudo apresentando as conclus es do estudo cruzando as perspectivas te ricas e as v rias constru es discursivas exploradas Posteriormente finalizaremos com uma sintese conclusiva da tese Enquadramento Teorico Capitulo 1 Adolesc ncia A compreens o do desenvolvimento humano tem desde ha s culos fascinado a Humanidade V rios fil sofos te logos e educadores tentaram compreender o periodo da adolesc ncia antes ainda da formula o da psicologia enquanto ci ncia Apesar de desde o s culo XV se estudar o conceito de adolesc ncia este n o possu a ainda uma designa o pr pria De facto apenas recentemente a adolesc ncia foi con
352. s objectos sexuais o que as impede de ter desejo e esse processo profundamente informado pelo imperativo de n o se tornar uma menina m n o s aos olhos dos outros mas aos olhos do seu pr prio internalizado olhar masculino Tolman 2002 p 82 it lico e tradu o nossas Ora se analisarmos em termos hist ricos a disciplina e a normaliza o do corpo feminino enquanto a nica opress o de g nero que se exerce sobre si pr pria embora em graus diferentes e em diferentes formas atrav s da idade ra a classe e orienta o sexual tem de ser reconhecida como uma estrat gia extremamente dur vel e flex vel de controlo social Bordo 1993 p 166 tradu o nossa Ora as quest es de g nero apresentam se ent o como determinantes pela correspond ncia geralmente directa e essencialista com o sexo biol gico do indiv duo Para as mulheres esta correspond ncia implica por iner ncia no es de sensualidade e corpo ideal maternidade e romantismo Rapidamente se verifica a exclus o desta defini o de Introdu o mulheres incapacitadas mais masculinas l sbicas solteiras n o maternais entre outras Como afirmam Gordon e Gilgun 1987 quando uma rapariga atinge a adolesc ncia j sabe que tem de ligar sempre sexo e amor Em consequ ncia possuir uma rela o amorosa nomeadamente idealizada como o amor verdadeiro e eterno unanimemente apresentado como marco importante para qualquer mul
353. s a comunica o entre os parceiros uma componente bastante valorizada numa rela o de destacar que a comunica o a que se refere esta carta acarreta ainda uma refer ncia a sexualidades n o normativas neste caso a bissexualidade Ali s esta a nica refer ncia existente em todo o corpus de an lise Talvez n o seja de estranhar que este assunto tenha sido levantado por uma leitora e n o por iniciativa da revista No entanto a op o pela sua publica o digna de nota Contudo a resposta da revista coloca a nfase na quest o da inseguran a e desconhecimento da jovem leitora ao inv s de abordar a tem tica Num sentido mais lato a revista adiciona outra componente importante comunica o Para que esta seja o mais verdadeira e eficaz possivel a pr pria revista ajuda a aprender a detectar mentiras excerto 57 ou a perceber se a rela o est a chegar ao fim excerto 58 No excerto 57 apresenta se um artigo intitulado Detector de Mentiras Mais uma vez inserido numa l gica heterossexual de relacionamento pretende se ajudar as jovens a perceberem se o seu namorado est a manter uma rela o com outra pessoa e resolver a situa o Aqui s o apresentadas s jovens duas op es a jovem termina com a trai o e mant m a sua rela o ou descortina o que se passa na sua rela o e opta por finalizar o envolvimento amoroso come ando a investir no estabelecimento de uma nova rela o Podemos dizer que este ar
354. s atacando claramente um dos redutos masculinos de maior especula o Tradicionalmente considerados como biologicamente preparados para a sexualidade determinismo biol gico por oposi o a uma necessidade de aprendizagem por parte das raparigas socializa o os rapazes s o frequentemente representados como experts em sexualidade A revista aconselha as raparigas a conhecerem os medos dos rapazes vistos lupa sugerindo n o s o detalhe e pormenor mas fazendo uma analogia com o tamanho e import ncia destes na sua sexualidade O excerto 43 inicia se com uma frase que poder ser empoderadora das jovens que l em o artigo Afinal dever o ter em conta que n o existe um sexo forte No entanto este facto parece estar intimamente ligado aos medos que os rapazes podem sentir na sua sexualidade A sugest o e miss o clara primeiro deves identifica los os medos e depois elimin los Posto isto j n o haver qualquer assunto desconfort vel para os rapazes voltando a refor los como sexo forte Em vez de emancipar e empoderar as jovens o objectivo deste artigo que estas tomem para si a responsabilidade de ajudar os seus parceiros a ultrapassar estes medos refor ando assim o seu papel de dominante Excerto 43 Se sempre pensaste que eles s o o sexo forte muda o chip Desvendamos te os seus medos sexuais e como podes extermin los de vez OS MEDOS DOS RAPAZES VISTOS LUPA Os rapazes t m
355. s nomeadamente nas revistas para adolescentes contribui de forma clara para uma constru o pessoal e muito espec fica de se ser rapariga Mais concretamente Sue Jackson 2005a 2005b realizou um 77 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia estudo composto por tr s fases an lise de colunas de aconselhamento entrevistas s colunistas de aconselhamento e entrevista a jovens sobre estas p ginas de aconselhamento tendo por base a revista australiana Girlfriend Esta an lise das colunas de aconselhamento recuperou cartas publicadas entre 1997 e 2002 sendo que ap s an lise tem tica as mesmas foram analisadas discursivamente Ap s esta abordagem discursiva a autora identificou tr s formas de constru o da sexualidade das jovens 1 ser sexualmente activas e n o o querer ser 2 n o ser sexualmente activas e querer ser e 3 ser activas sexualmente mas n o ter a certeza se o mais correcto A sua grande conclus o que apesar das cartas das leitoras se apresentarem como formula es de performatividade de desejo sexual as respostas das colunistas contribuiam frequentemente para a desconstru o desta formula o Discursos de romance sexo seguro e adolesc ncia funcionavam assim como entraves s express es de desejo reportando as jovens para hormonas adolescentes conduzindo as por entre receios e ansiedades nomeadamente face gravidez adolescente e reificando a necessidade de estabelecerem e
356. s de ac o possui como objectivo analisar os contextos de constru o e constitui o dos discursos identificando poss veis vantagens e desvantagens de se construir um objecto de um certo modo em detrimento de outro numa refer ncia espec fica do texto Mas pretende se ir ainda mais al m equacionando qual a fun o do discurso e o modo como esta constru o se relaciona com as restantes identificadas 4 Defini o de Posicionamentos Ap s tra ar esta rede de rela es importante definir posicionamentos ou seja analisar as posi es subjectivas que os discursos permitem ao seus interlocutores Segundo Davies e Harr 1999 uma posi o subjectiva de um discurso localiza o individuo que a adopta numa estrutura de direitos e deveres Willig 2003 neste sentido que a metodologia sobretudo enquanto teoria enuncia permitir construir discursivamente objectos e sujeitos As posi es subjectivas distinguem se dos tradicionais pap is uma vez que oferecem localiza es discursivas de onde os indiv duos podem falar e actuar em vez de prescreverem um papel especifico Para al m disso estas posi es subjectivas implicam uma tomada de posi o subjectiva com implica es directas na subjectividade do discurso Willig 2003 107 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso 5 Defini o de Pr ticas Consequentemente esta constru o permite ainda um conjunto de pr ticas que ser necess rio ide
357. s de altera es s cio hist ricas concretas Assim a teoria inicial correspondia a uma poca hist rica em que se valorizava a virgindade feminina o recatamento e se dava muita 39 A sexualidade na adolesc ncia import ncia ao casamento como inicia o sexual e estabelecimento de uma familia A sexualidade feminina centrava se mais em termos reprodutivos do que na obten o de prazer por contraponto para os homens valorizava se a virilidade e obten o de prazer pessoal subjugando as mulheres aos desejos biologicamente determinados masculinos A introdu o da p lula contraceptiva e a vulgariza o de m todos contraceptivos veio devolver algum poder s mulheres removendo o estigma da gravidez indesejada e promovendo alguma autonomia e auto controlo sobre o seu corpo e sexualidade Neste sentido foram efectuados desenvolvimentos desta teoria por Bettelheim 1989 que concluiu da sua an lise de comportamentos que co existiam com o duplo padr o sexual um padr o sexual invertido e padr o sexual singular Ao padr o sexual invertido corresponde uma maior permissividade social aos comportamentos sexuais femininos face aos masculinos e por padr o sexual singular entende se uma permissividade social permitida de forma igualit ria a ambos os sexos Esta altera o da concep o da permissividade surgiu como consequ ncia dos desenvolvimentos dos movimentos emancipat rios das mulheres que reclamavam maior liberdade e aut
358. s de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia distintas classe social ra a pa s de resid ncia ou clima sociopol tico e econ mico que condicionavam as suas formas de luta Como exemplifica Nogueira 2001b enquanto as mulheres da classe trabalhadora pretendiam melhorar o n vel econ mico das suas vidas depauperado pelas consequ ncias da revolu o industrial as mulheres das classes altas visavam a igualdade no mundo do trabalho e a liberdade individual p 131 Surge ent o uma segunda vaga por volta dos anos 60 e at aos anos 80 reacendendo as lutas por direitos pessoais Mais especificamente lutava se sobretudo por acesso ao conhecimento informa o e ao reconhecimento do saber acumulado das mulheres sobre si pr prias tendo sido um per odo pr spero de grande actividade e criatividade tanto activista como acad mica Esta vaga resulta de um aumento do acesso educa o e da insatisfa o com os recuos no acesso ao trabalho em resultado do final da Il Guerra Mundial Estes factos contribu ram para aumentar a consci ncia dos desfasamentos entre a lei e a pr tica di ria Am ncio 2002 J em meados dos anos 80 surge a terceira vaga protagonizada pelo feminismo p s moderno e pelo p s feminismo Esta terceira vaga sobretudo associada a um periodo de backlash ou descr dito do movimento feminista uma vez que se consideravam cumpridos os objectivos propostos pelas anteriores vagas Muitos consideravam
359. s do mesmo continuum desenvolvimental Do mesmo modo ao n o corresponder s teorias masculinas existentes o comportamento feminino foi sempre considerado diferente alterado desviado do padr o esperado Exemplo claro desta teoriza o em fun o do sexo s o as teorias psicanal ticas Nesta sua perspectiva os comportamentos femininos pelo seu desvio face ao masculino deveriam ser controlados dominados e sempre que necess rio vigiados A perspectiva de Ser sempre inacabado acabou por dar azo a um grande n mero de estere tipos relacionados com o comportamento feminino e que ainda hoje persistem Como considera Jacques Lacan todas as mulheres s o seres incompletos por aus ncia do phallus N o do p nis f sico mas do phallus a fully satistying love object 199 O que significa ser rapariga Sharpe 2006 p 5 Nao um desejo sexual Freudianano mas um desejo de necessidade de contacto de conhecimento do Outro Na sua opini o o indiv duo espera constantemente reconhecer se nos outros para constituir este Outro uma entidade que reflecte o self como no espelho e que permite a constru o pessoal por diferencia o dos demais Sharpe 2006 que no fundo o representa a si pr prio Esta constru o discursiva funda se ainda numa articula o rom ntica da sexualidade baseada em conceitos como o amor rom ntico de Giddens 1992 2001 um dos scripts mais interiorizados da sociedade ocidental Como j referimos o
360. s incisivas Os excertos 30 e 33 que apresentam as reportagens Especial orgasmo e Mais do que amigos respectivamente s o elementos que o materializam e concretizam sendo a sua apresenta o paralela e contradit ria s grandes linhas da revista mas como j referimos representam uma aproxima o s realidades das e dos adolescentes De forma mais transversal a toda a constru o discursiva podemos destacar a preponder ncia de uma valoriza o do masculino repercutindo se num repert rio androc ntrico de constru o pessoal e de valoriza o de conhecimentos As v rias cartas das jovens e artigos referidos apresentam como objectivo principal alcan ar o n vel inerente masculinidade e obter dar o mesmo tipo de prazer Como j referimos trata se de um discurso que ainda permeia as rela es interpessoais contempor neas reificando ainda que recorrendo a 170 O que significa ser rapariga tecnologias distintas as mesmas assimetrias e desigualdades verificadas pelas feministas dos s culo passado 5 4 2 3 Defini o de Orienta es de Ac o Partindo dos discursos identificados anteriormente podemos localizar as orienta es de ac o que lhes est o subjacentes Neste sentido ser importante identificar os contextos que est o na g nese da constru o discursiva 7er de saber sempre mais e na sua reifica o bem como analisar as repercuss es que estas possuem na sociedade Em primeiro
361. s nossas vidas nomeadamente atrav s dos nossos pais mas na adolesc ncia que adquire especial relev ncia cada vez mais comum e muitas vezes refor ado socialmente que as e os jovens despendam grande parte do seu tempo com os mass media Klein Brown Walsh Childers Oliveri Porter amp Dykers 1993 Assim desde uma larga exposi o televis o at depend ncia da Internet as os jovens de hoje afastam se cada vez mais de situa es de rela es interpessoais presenciais Consequentemente os meios de comunica o nomeadamente os livros e revistas s o para as e os adolescentes e jovens mais do que os grupos de pares e pais as principais fontes de informa o e aprendizagem Jackson 2005a Klein ef a 1993 A quest o da influ ncia dos meios de comunica o nomeadamente as revistas na adolesc ncia sobretudo evidente em rela o a quest es de sexualidade uma vez que est o cada vez mais inundados por este tipo de conte dos De facto 34 dos adultos europeus que participaram num estudo realizado por Keller e Brown 2002 confirmaram que a TV os livros e as revistas foram as suas principais fontes na informa o relativa a Doen as Sexualmente Transmiss veis Ali s as revistas para adolescentes mas n o s estas utilizam temas de sexualidade como principal estrat gia de marketing Cadete 2003 Jackson 2005a Neste cap tulo exploramos em detalhe o processo de realiza o do nosso estudo e que con
362. scent pregnancy Journal of adolescence 23 423 438 DOI 10 1006 jado 2000 0329 Hodkinson Paul 2011 Media culture and society an introduction London SAGE Hoffner Cynthia Plotkan Richard S Buchaman Martha Anderson Joel David Kawigaki Stacy Hubbs Lisa Kowalczyk Laura Silberg Kelsey amp Pastorek Angela 2001 The third person effect in perceptions of the influence of television violence Journal of Communication 51 2 283 299 DOI 10 1111 j 1460 2466 2001 tb02881 x Holliday Ruth 2008 Media and Popular Culture In Diane Richardson amp Victoria Robinson Introducing gender and women s studies 3 ed pp 187 204 New York Palgrave MacMillan hooks bell 1981 Ain t a woman Black women and feminism Boston MA South End Press Hoppe Marilyn Graham Laurie Wilsdon Anthony Nahom Deborah amp Morrison Diane 2004 Teens Speak Out About HIV AIDS Focus Group Discussions about Risk and Decision Making Journal of Adolescent Health 35 345 e27 345 e35 Disponivel em Hyde Janet Shibley amp Oliver Mary Beth 2000 Gender differences in sexuality results from meta analysis In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White Sexuality Society and Feminism pp 57 77 Washington DC American Psychological Association 236 Referencias bibliogr ficas Inhelder Barbel amp Piaget Jean 1958 1999 7he growth of logical thinking trom childhood to adolescence New Y
363. scentes n o se antevendo a sua posterior extin o em Portugal A revista Ragazza composta por v rios blocos tem ticos que demonstram a exist ncia de uma estrutura inerente linha editorial das revistas para raparigas adolescentes na qual figuram denomina es que denotam desde logo alguma conformidade com um conjunto de estrat gias de acesso normaliza o do ser feminino e por contraponto do ser masculino baseando se em supostos gostos desejos e necessidades dos indiv duos Ao longo das edi es de 2007 da revista possivel contabilizar um total de sete grandes blocos tem ticos organizadoras ao longo das 99 paginas por edi o e que definimos no quadro 2 Alguns destes grandes blocos tem ticos como special e Fixas apresentam uma articula o diferente dos restantes organizando se em reportagens e artigos informativos ou de opini o O bloco tem tico specia apresenta se quando presente no in cio e em lugar de destaque Este bloco compreende um tema a ser explorado na maior parte da edi o e que se baseia geralmente em necessidades femininas noite ser sexy moda beleza glamour amor ou luxo O bloco tem tico fixas composto por um conjunto vari vel de pequenas apresenta es normalmente de uma p gina sobre temas como forma f sica cinema televis o e m sica tempos livres beleza moda sexualidade ou consumo Estas apresenta es podem articular se com outros blocos te
364. scursivas que estes produzem Neste sentido deixa de fazer sentido a expectativa de um amostra tradicional sobretudo ao n vel dos seus elevados n meros e representatividade positivista Pelo contr rio amostras demasiado extensas poder o representar um entrave ao desenrolar do estudo semelhan a da pluralidade de posi es apresentadas anteriormente na An lise de Discurso tamb m a AFD beneficiou de v rios contributos Olhando esses contributos de forma mais gen rica podemos verificar que e segundo Willig 1999 existem tr s pressupostos b sicos 1 Afirmar se como cr tica social contra a legitima o e perpetuar de diferen as de poder 2 Afirmar se como forma de empoderamento procurando identificar poss veis contra discursos que flexibilizem a constru o de indiv duos e institui es sociais Recorrendo desconstru o cr tica de discursos dominantes e s pr ticas de regula o Willig 1999 possivel promover o empoderamento atrav s da adop o de discursos pr ticas subversivas e elementos de resist ncia Nesta perspectiva metodol gica o discurso em si n o possui poder mas adquire o quando utilizado por um determinado grupo social contexto e pr tica discursiva Willig 1999 Saavedra 2001 afirma mesmo que esta forma de an lise de discurso tem especial preocupa o com a aplica o e com a promo o de estrat gias de resist ncia sendo que a AFD n o apenas um mero instrumento de cr tica s
365. se o modo como os conte dos medi ticos simbolizam ou caracterizam um fen meno social ou cultural Refere se geralmente a uma descri o parcial quer de pessoas quer de eventos grupos tradi es ou rela es sociais Hodkinson 2011 No caso dos estudos feministas dos media a representa o parcial e assim trica da mulher e do feminino central uma vez que reproduz e refor a assimetrias de poder e um claro entrave ao alcance da igualdade de g nero Como afirmam Sanchez Leyva e Olaizola 2007 pensar a comunica o de um ponto de vista feminista pressup e ir al m de uma perspectiva de g nero pressup e uma incorpora o desta nos estudos da comunica o sendo que urge desmontar e visualizar as estruturas de desigualdade que mant m o dom nio patriarcal capitalista Mas n o podemos esquecer que n o somos nunca meros espectadores das imagens e representa es das mulheres Thornham 2007 Procura se portanto nos dias de hoje deslocalizar o foco da nossa aten o das imagens das mulheres para nos centrarmos nas ideologias de feminilidade que s o produzidas e reproduzidas pelas representa es dos media no sentido da sua legitimidade perante o p blico produzindo e reproduzindo verdades sociais que os meios de comunica o assumem relev ncia face estrutura o e manuten o de scripts comportamentais Assim muitos dos desenvolvimentos desta perspectiva dos estudos da comunica o centram se nas
366. se vestida com roupas da marca publicitada O slogan Live your passion real people in every timezone Vive a tua paix o pessoas reais em todos os fusos hor rios A utiliza o do holofote a figurar em vez 133 O que significa ser rapariga da cabeca da modelo e a mascara na sua mao sao elementos atrav s dos quais pretendem simbolizar esta disponibilidade para qualquer mulher qualquer que seja a sua individualidade a vestir Contudo os mesmos elementos d o leitora a no o que estes s o meros elementos decorativos sendo que o importante permanece exposto o corpo Imagem 7 Na mesma linha de ideias a Guaran Brasil ocultou a cabe a da modelo com um cartaz alusivo sua campanha promocional de ver o O elemento central da publicidade continua presente pela apresenta o do corpo da modelo usando um biquini ilustrando o que poder ganhar quem concorrer Estando a modelo com a face coberta apresenta se como alvo de observa o de um qualquer leitora n o tem a possibilidade de o fitar Esta oculta o n o inocente remetendo n o s para o corpo feminino mas para o estere tipo de mulher brasileira jovem branca magra e geralmente na praia de biquini Como se pode depreender o recurso exposi o e explora o do corpo feminino bastante frequente nos an ncios publicit rios A imagem considerada um elemento chave na vida de qualquer mulher devendo mesmo prestar lhe bastante aten o e te
367. seu n vel de veracidade e credibilidade Segundo Sprinthall e Collins 2008 tanto rapazes como raparigas constituem os seus grupos diferentemente em fun o do seu enquadramento escolar ou n o No interior da escola os grupos tendem a ser constitu dos por um n mero relativamente grande de adolescentes do mesmo sexo enquanto fora da escola os grupos de amigos s o tipicamente mais pequenos e incluem tanto rapazes como raparigas Sprinthall amp Collins 2008 p 367 Simon Eder e Evans 1992 apud Giordano 2003 sugerem que as concep es das adolescentes nas suas rela es sociais s o muito influenciadas pela interac o e comunica o com outras raparigas nomeadamente pelo estabelecimento de regras espec ficas boatos e outras san es que controlam de forma informal os seus comportamentos Assim o sujeito feminino chamado apesar da sua liberdade ao sil ncio para evitar cr tica e adequar se vis o moderna e sofisticada McRobbie 2004 p 9 A escola constitui se portanto como um espa o de articula o reprodu o e contesta o de identidades apesar destas aprendizagens serem retiradas dos curr culos formais mantendo vis es heteronormativas e assimetrias de poder Morris Roberts 2004 Como acrescentam Epstein e Johnson 1998 a sexualidade est implicada em todas as reas da vida escolar atrav s de rela es sociais com professores e pares mas tamb m atrav s do curr culo formal e politicas educa
368. siderada uma fase desenvolvimental independente Durante muitos s culos considerava se que crian as de apenas seis ou sete anos de idade estariam preparadas para a vida adulta Sprinthall amp Collins 2008 Assim apenas no s culo passado a adolesc ncia se afirmou como um per odo desenvolvimental situado entre a inf ncia e a idade adulta caracterizado por um processo din mico que se inicia com a puberdade e termina com a aquisi o de identidade autonomia bem como com a elabora o de projectos de vida e de integra o social Os primeiros trabalhos curiosamente centraram se na matura o e desenvolvimento sexual considerando que a adolesc ncia decorria sensivelmente entre os doze e os dezoito anos de idade Estudos decorreram desde ent o formalizado um maior investimento no reconhecimento e conhecimento dos comportamentos caracter sticos deste per odo tendo por base a no o de que a adolesc ncia uma componente indissoci vel do ciclo de vida Tolman Striepe amp Harmon 2003 Este primeiro cap tulo tem como principal objectivo sistematizar os principais contributos te ricos sobre a adolesc ncia abordando diferentes dimens es do desenvolvimento social Adolesc ncia cognitivo moral identitario e sexual Neste sentido apresentaremos o que significa ser adolescente do sexo feminino localizando esta fase desenvolvimental face a diversidade sociocultural existente e abordando o desenvolvimento adolescente cara
369. silenciadas de fracasso g nero e classe social na escola Tese de Doutorado n o publicada Psicologia Instituto de Educa o e Psicologia Universidade do Minho Braga Portugal Saavedra Luisa 2005 Aprender a ser rapariga aprender a ser rapaz Teorias e pr ticas da escola Coimbra Almedina Sanchez Leyva Maria Jos amp Olaizola Alicia Reigada 2007 Cr tica Feminista y Comunicaci n Sevilha Comunicaci n social ediciones y publicaciones Santelli John Ott Mary A Lyon Maureen Rogers Jennifer Summers Daniel amp Schleifer Rebecca 2006 Abstinence and abstinence only education a review of the US policies 246 Referencias bibliogr ficas and programs Journal of adolescent health 38 1281 Disponivel em Santos Boaventura Sousa 1987 2007 Um discurso sobre as ci ncias Porto Edi es Afrontamento Sarti Cynthia Andersen 1994 A fam lia como ordem moral Cadernos de Pesquisa 91 46 53 Disponivel em http www fcc org br pesquisa publicacoes cp arquivos 746 pdf Selman Robert Benrdslee William Schultz Lynn Hickey Krupa Michael amp Podorefsky Donna 1986 Assessing adolescent interpersonal negotiation strategies Developmental psychology 22 450 459 DOI 10 1037 0012 1649 22 4 450 Selman Robert 1971 The relation of role taking to the development of moral judgment in children Child development 42 79 91 Disponivel em http www jstor org pss 11270
370. sim durante o per odo da adolesc ncia esta formula o destaca a import ncia da forma o da identidade pessoal ego identity apresentando a como principal conceito a aquirir evitando a confus o ou difus o da mesma Segundo Erikson e apesar de poss veis diferen as culturais ultrapassar com sucesso a principal tarefa desenvolvimental desta idade passa pela resolu o interna de elementos n o determinados culturalmente como o estabelecimento do sentido de identidade que permitem a transi o da inf ncia para a idade adulta Como principal fonte de suporte para esta transi o Erikson identifica o grupo de pares enquanto fonte de aconselhamento conforto e companheirismo Defende assim que o apoio social de outras os 20 Adolesc ncia adolescentes potenciam a aquisi o de uma imagem pessoal baseada na percep o da reac o aos seus comportamentos e atitudes e uma avalia o pessoal mais realista Neste sentido a identidade remete para a necessidade de constante reciprocidade psicossocial Muuss 1996 Sprinthall amp Collins 2008 Segundo o autor esta import ncia do grupo de pares especialmente importante durante as altera es da imagem corporal a matura o genital e o desejo de intimidade com o sexo oposto enquanto possuindo val ncias simultaneamente positivas e negativas Muuss 1996 Um desenvolvimento positivo da crise identit ria depende da capacidade da o adolescente estabelecer continuidade s
371. sistiu na an lise discursiva de conte dos da revista Ragazza Utilizando a metodologia de An lise Foucaudiana de Discurso j apresentada exploraremos as constru es discursivas que fomos localizando apresentando n o s os discursos que as refor am mas tamb m factores que acreditamos terem contribuido para a sua g nese e elementos que decorrer o da sua disponibilidade junto das adolescentes 5 1 M todo objectivos de partida e quest es de investiga o A investiga o que aqui apresentamos teve desde o seu inicio objectivos compreensivos e explicativos de uma constru o medi tica localizada e mediada por valores ocidentais de identidade feminina 114 O que significa ser rapariga Neste sentido os nossos principais objectivos s o estudar de forma compreensiva os conte dos de sexualidade expl citos e impl citos presentes na Aagazza enquanto revista para raparigas adolescentes identificar e descrever as principais constru es discursivas presentes nas revistas neste mbito e localizar estas constru es discursivas em discursos macrossociais que nos permitissem uma reflex o cr tica e desconstrutora dos mecanismos de regula o As nossas quest es de partida s o a Que tipo s de vers o es de sexualidade s o apresentadas s adolescentes pela revista b Que discursos e pr ticas discursivas est o subjacentes a essa s vers o es c Que vers o es identit ria s da mulher s o defendidas
372. sociais e cognitivas Tomando por base estas formula es consideramos ser indispens vel uma breve reflex o sobre o conceito de g nero que nesta investiga o central e a formula o de uma recente rea de estudos os estudos sobre raparigas girls studies No cap tulo 2 A Sexualidade na adolesc ncia abordaremos a tem tica da sexualidade nomeadamente por ser esta o nosso ponto de partida de an lise Procuramos rever os discursos de sexualidade que influenciam o desenvolvimento adolescente Assim apresentamos a sexualidade enquanto dom nio socialmente constru do expondo as principais teorias que informam esta constru o Posteriormente reflectimos sobre os comportamentos de sexualidade nas nos jovens focalizando a nossa aten o nas viv ncias particulares das e dos adolescentes Para concluir a reflex o sobre esta tem tica exploraremos contributos e formula es no mbito da educa o para a sexualidade O capitulo 3 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia baseia se nos pressupostos expostos nos cap tulos anteriores congregando estas contribui es ao n vel da explora o dos meios de comunica o Neste cap tulo abordamos o papel dos Estudos Feministas dos Media apresentando a sua conceptualiza o e evolu o hist rica destacando a sua expans o actual fruto de uma perspectiva pr xima das produ es medi ticas actuais e informada pelo movimento feminista De seguida reflectiremos sob
373. son Jaggar Ed Living with Contradictions Controversies in Feminist Social Ethics pp 199 206 Boulder Westview Press Lerner Richard 1986 Concepts and theories of human development 27 ed New York Random House Lerner Richard 1978 Nature nurture and dynamic interactionism Human development 21 1 20 DOI 10 1159 000130873 Levin Diane amp Kilbourne Jean 2009 So sexy so soon The new sexualized childhood and what parents can do to protect their kids New York Ballantine Books Lindner Katherina 2004 Images of women in general interest and fashion magazines advertisements from 1955 to 2002 Sex roles 510 8 409 421 DOI 10 1023 B SERS 0000049230 86869 4d Lopes Orquidea 2004 Cren as e atitudes como Co Factores do VIH SIDA 5 HIV AIDS Virtual Congress Disponivel em http www aidscongress net article php id_comunicacao 232 Lyotard Jean Francois 1979 7he Postmodern Condition Manchester Manchester University Press Lytle L Jean Bakke Linda amp Romig Charles 1997 Adolescent Female Identity Development Sex Roles 3 A3 4 175 185 DOI 10 1023 A 1025643710311 Macedo Ana Gabriela amp Amaral Ana Luisa 2005 Dicion rio da Critica Feminista Porto Edi es Afrontamento Maclnnes John 1998 2002 O Fim da Masculinidade Porto Ambar 239 Referencias bibliogr ficas Magalh es Sara Saavedra Luisa amp Nogueira Concei o 2008a
374. spectos que destacamos em cada uma das constru es discursivas identificadas importante notar que esta investiga o surgiu da identifica o da escassez de estudos que contemplassem uma an lise de constru es e discursos veiculados ao n vel dos media portugueses sobretudo das revistas para raparigas adolescentes Neste sentido este estudo tornava se premente uma vez que a lacuna desta informa o tem repercuss es ao n vel da educa o das jovens tanto na modela o e constri o comportamental das jovens como ao n vel da educa o para a sexualidade Assim consideramos que os nossos resultados apesar de n o generaliz veis permitem olhar de forma critica e informada para os conte dos medi ticos destinados aos jovens rapazes e raparigas imprimindo lhes uma vis o genderizada e s cio hist rica localizada Este ponto de partida possibilita uma reflex o e uma an lise mais pr xima das viv ncias e experi ncias das e dos jovens ao ter em conta din micas assim tricas de poder que resultam da interac o entre os indiv duos e entre estes e as institui es dominantes Ao n vel da revista Aagazza como temos vindo a verificar existe uma linha de constru o de conte dos que se centra no que Brown Travis Meginnis e Bardari 2000 identificaram como a equa o atractividade identidade sexualidade Em Tornar se sexy nos apresentada uma equival ncia entre a identidade das raparigas e a sua imagem corpo
375. sponibilizam sobre a sexualidade e identidade feminina Ou seja de que forma os conte dos veiculados por estas publica es orientam a constru o da sexualidade das adolescentes face a um modelo de ser rapariga mais tradicional e puritano ou mais empoderado Neste sentido tomamos por base a edi o de 2007 da revista Ragazza analisando nomeadamente tr s tipologias de conte do distintas cento e quarenta 140 an ncios publicit rios trinta e sete 37 cartas de leitora e respectivas respostas e trinta e dois 32 artigos e reportagens Para a selec o destes conte dos foram tidos em conta um conjunto de crit rios Para os an ncios publicit rios analisaram se apenas os exemplares que tinham representada pelo menos uma rapariga nas cartas de leitora e nos artigos e reportagens o crit rio foi abordar a sexualidade sexo sa de sexual e reprodutiva e ou a presen a na sua mensagem literal de scripts de sexualidade Simon amp Gagnon 1986 1987 Dada a indisponibilidade da publica o de Abril de 2007 o estudo versa apenas a an lise dos restantes onze n meros da revista em 2007 Metodologicamente uma vez que pretendiamos identificar os discursos presentes nestes conteudos optamos pela Analise de Foucaudiana de Discurso Willig 2003 2008 que nos possibilitou a localiza o de constru es discursivas e discursos a defini o de orienta es de ac o e a identifica o de poss veis posicionamentos pr ticas e
376. ste sentido trata se de vender uma nova forma de subjectividade s jovens a jovem mulher e sexualmente aut noma que articula o seu poder sexual e est dispon vel para a sua sexualidade Gill 2007 Desta forma a responsabilidade deixa de pertencer s institui es para se localizar no individuo alegando a sua liberdade pessoal 3 3 As revistas e a constru o de feminilidade um nicho de mercado imersos num regime de consumo Baudrillard 1970 2010 cada vez mais importante estar se actualizada o quanto aos mais recentes lan amentos de mercado sobretudo no mbito tecnol gico e da informa o Silverstone 1999 define mesmo os media como uma presen a constante em nossas vidas quotidianas medida que alternamos entre dentro e fora ligado ou desligado de um espa o de comunica o uma conex o medi tica para outra Da r dio jornal para o telefone Da televis o para o hifi a internet Em p blico e em privado sozinho e com os outros p 6 as cited in Devereux 2007 p 13 tradu o nossa Patente em dispositivos medi ticos tanto nos media tradicionais como nos de nova gera o esta uma ideologia que segrega os indiv duos segundo v rias caracter sticas pessoais das quais se destaca o g nero Segundo Baudrillard 1970 2010 continua se a convidar os homens a brincar aos soldadinhos e as mulheres a servirem de bonecas consigo pr prias p 118 Neste sentido frequente enco
377. stere tipos j incutidos pelas early adolescents refor ando os Aparentemente d spares as tem ticas que surgem como adicionais encontram se bastante pr ximas n o ao n vel dos conte dos mas dos seus objectivos Frequentemente por exemplo juntamente com quest es de Desporto e Condi o F sica dito s raparigas que dever o envolver se em actividades desportivas no sentido de ou melhorarem o seu aspecto f sico para agradar aos rapazes ou para encontrar rapazes dispon veis e supostamente atraentes ou para relaxar e melhorar as compet ncias de relacionamento interpessoal Tudo isto com o objectivo de estabelecer uma rela o mais ou menos duradoura mais ou menos s ria com um elemento do outro sexo Por fim nestas publica es apresentada uma sec o de Psicologia e Comportamento Aqui s o sobretudo apresentadas estrat gias de coping com variadas quest es desde sa de sexual e reprodutiva a conflitos em rela es amorosas ou familiares ou mesmo com 118 O que significa ser rapariga psicopatologias frequentes depress o anorexia bulimia entre outras Esta sec o aparece como uma tentativa de legitima o dos discursos apresentados ao longo das revistas dado que os refor a por meio de linguagem cient fica Importa no entanto salientar que se encontram frequentemente nestas sec es formas de transmiss o de informa es e estrat gias de coping bastante v lidas Apenas a t tulo de
378. t es de investiga o Procedimento seis ira aaa E dado Sabado end 5 2 1 Averigua o acerca do corpus de an lise 5 2 2 Selec o do corpus de an lise Momentos num processo de investiga o qualitativa Apresenta o e discuss o de resultados Roteiro de constru es discursivas 5 4 1 5 4 2 Tornar se SOX eeraa iai tines 5 4 1 1 Identifica o de Constru o Discursiva ccsceseeeeeeeeees 5 4 1 2 Identifica o de Discursos Reguladores 5 4 1 3 Identifica o de Orienta es para a Ac o 5 4 1 4 Identifica o de Posicionamentos 5 4 1 5 Identifica o de Pr ticas Discursivas 5 4 1 6 Identifica o de Subjectividades dos Discursos Ter de saber sempre mais 5 4 2 1 Identifica o de Constru o Discursiva 5 4 2 2 Identifica o de Discursos Reguladores 5 4 2 3 Identifica o de Orienta es para a Ac o 95 97 98 99 102 104 113 114 115 115 119 125 126 128 129 129 146 148 152 153 154 156 156 169 171 5 4 2 4 Identifica o de PosicionaMentOS scscceseeeeeeeeeeeeeees 5 4 2 5 Identifica o de Pr ticas DiSCUISIVAS cscseeeeeeeeeeeeeenes 5 4 2 6 Identifica o de Subjectividades dos Discursos 5 4 3 Construir uma rela o heterOSSexal ceccece
379. t ncia de agradar e ajudar os outros mesmo que abdiquem dos seus interesses pessoais Em contrapartida aos rapazes passada a ideia que lhes devida defer ncia e que todos os m todos para atingir os seus objectivos s o vi veis mesmo a agress o Donat amp White 2000 Em suma as contradi es que perpassam a linha editorial da revista s o suplantadas por um discurso englobador dos v rios contextos de vida das adolescentes no sentido de limitar o afastamento da sua proposta de ser rapariga As possibilidades de resist ncia e re posicionamento s o assim restringidas por uma forte e constante press o ao nivel dos seus principais contextos de vida seja ela para a identifica o ou para o conformismo Reafirma se ent o em conclus o a necessidade de se intervir junto das os adolescentes estimulando uma mudan a de postura face aos media Esta altera o comportamental poderia ser incentivada sobretudo atrav s da promo o de um consumo informado e cr tico dos media introduzindo desde cedo esfor os no sentido de uma maior e mais efectiva literacia medi tica que potenciasse a cidadania e igualdade junto de raparigas e rapazes Enfatiza um pensamento cr tico que permita a cria o de ju zos pr prios face aos conte dos maior compreens o dos processos medi ticos maior consci ncia do impacto destes tanto individual como socialmente cria o de estrat gias avaliativas consci ncia do paralelo entre a cultur
380. t nio Rui Melo Barbara Araujo Manuel S Dias Claudia S Freitas Mario C amp Ruivo Maria Lurdes 1997 Preven o do HIV e do Sida nos adolescentes e jovens adultos Investiga o do conhecimento atitudes e comportamento sexual Psicologia Teoria Investiga o e Pr tica A2 279 304 Dispon vel em http hdl handle net 1822 5349 Cunha Maria Jo o F L 2008 Mass Media e Imagem Corporal Representa es e impactos da publicidade da imprensa feminina na Imagem Corporal das adolescentes Tese de Doutorado n o publicada Ci ncias da Comunica o Universidade Aberta Currie Dawn 1999 Girls talk Adolescent magazines and their readers Toronto University of Toronto Press Currie Dawn 2001 Dear Abby Advice Pages as a Site for the Operation of Power Feminist Theory 23 259 81 DOI 10 1177 14647000122229523 CVEDT Centro de Vigil ncia Epidemiol gica das Doen as Transmiss veis 2007 Infec o VIH SIDA a situa o em Portugal documento 138 Lisboa Centro de Vigil ncia Epidemiol gica das Doen as Transmiss veis Instituto Nacional de Sa de Dam sio Manuel Jos 2007 Contributos para a constitui o de uma literacia medi tica Biblioteca online de ci ncias da comunica o Dispon vel em http bocc ubi pt pag damasio manuel literacia mediatica html Davies Bronwyn amp Harr Rom 1999 Positioning and personhood In Rom Harr e Luk van Langenhove eds
381. te Potter e Wetherell 1987 conceptualizam discurso enquanto conceito aberto que congrega formas de interac o verbal formal e informal tal como os mais tradicionais textos escritos Olhando para a complexidade do conceito podemos dizer que qualquer acontecimento discursivo simultaneamente um texto oral ou escrito e as suas pr ticas interpretativa e sociocultural Fairclough 1997 lan Parker 1999 concretiza afirmando que o conceito de 99 Epistemologias criticas e Analise s de Discurso discurso corresponde a padr es de significado que organizam os v rios sistemas simb licos que os humanos habitam dos quais necessitamos para fazer sentido uns aos outros p 3 tradu o nossa Este n o equivale necessariamente a um elemento textual apesar da sua maior difus o ser em textos escritos como cartas entrevistas ou artigos de jornais pelo contr rio poder ser qualquer padr o de significado visual ou espacial desde televis o ao cinema mas tamb m pode concretizar se numa cidade num jardim num corpo Willig 1999 Como veremos estas conceptualiza es de discurso ocupam uma posi o relativa face ao enunciado por Michel Foucault o te rico que mais reflectiu sobre este conceito Foucault iniciou a concep o do conceito de discurso ao expor o seu m todo arqueol gico tarefa iniciada com seu livro Argueologia do saber 1969 2005 Neste livro o autor apresenta o conceito de discurso enquanto 1 dom nio
382. tendia se transmitir a ideia de que para a maioria das dos adolescentes a express o da sexualidade regulamentada n o tanto pelos pr prios impulsos biol gicos mas antes pelas expectativas e pelo significado social associado a actos e padr es de actividade sexual Estes padr es devem ser aprendidos pelas os adolescentes e activamente refor ados pelos indiv duos que o rodeiam embora essa aprendizagem e esse refor o possam ter lugar de uma forma bastante subtil Sprinthal amp Collins 2008 Assim os scripts sexuais veiculados transformam se em gui es indispens veis para a aprendizagem de condutas e avalia o de comportamentos evidenciando a constru o social da sexualidade e o reconhecimento de que os pap is sociais de g nero n o emergem naturalmente Alferes 2002 Portanto o conceito de scripts sexuais assume especial import ncia enquanto esquemas socialmente constru dos de atribui o de significa o e orienta o da ac o reflectindo este duplo equacionar ao n vel da compreens o e do comportamento Neste sentido especificam em fun o da cultura em que se inscrevem comportamentos adequados determinando expectativas relacionais Atrav s da sua organiza o em encena es culturais scripts interpessoais e intrapsiquicos relacionam se com o conceito de g nero definindo pap is e responsabilidades dos indiv duos enquanto actores sociais Estes enquanto significa es partilhadas pelo colectivo social organ
383. tificar um silenciamento da revista face n o s homo e bissexualidade como tamb m a outras rela es afectivas m ltiplas e que se afastam do dom nio da heterossexualidade amorosa e monog mica Como j reflectimos a exist ncia de um mecanismo discursivo centrado na trai o e tri ngulos amorosos permite verificar algum descr dito face imagem ideal apresentada Esta compara o de facto o que leva a que as jovens se sintam em falta e respons veis pela situa o em que se encontram Para al m disso a refer ncia por parte da revista a amizades coloridas evidencia a contradi o que assumem 200 O que significa ser rapariga entre o ideal que prop em e as pr ticas localizadas das e dos jovens Trata se de uma rara ocasi o de contraste com a perfei o da rela o heterossexual fundada no amor rom ntico e que idealmente levar a uma rela o mais est vel na vida adulta Este desfasamento invisibiliza pr ticas e indiv duos aumentando o fosso entre o que socialmente considerado como adequado e comportamentos alternativos reiteradamente rotulados como desviantes e errados Para al m de uma depend ncia quase exclusiva de um Outro masculino para a formula o pessoal das jovens necess rio ainda subordinar se lhe As jovens passada a ideia de que ser feminina ser rom ntica delicada dispon vel mas essencialmente expectante de ser alvo dos desejos de um rapaz Essa sim a oportunidad
384. tigo apesar da sua apresenta o heterossexista permite s jovens ag ncia e posicionamento na rela o Excerto 57 DETECTOR DE MENTIRAS Achas que o teu namorado est a enganar te com outra e n o sabes o que fazer Se acabaste de acenar com a cabe a o melhor continuares a ler Se o teu namorado daqueles que n o desperdi a uma oportunidade para trair te chegou o momento de saberes com que tipo de infiel est s a lidar Descobre a verdade por tr s das mentiras mais utilizadas e age em conformidade Mar o p 78 80 188 O que significa ser rapariga Na mesma linha de ac o o excerto 58 fornece s jovens algumas pistas comportamentais que poder o usar como indicadores do estado da sua rela o amorosa Neste artigo o amor sin nimo de uma rela o de Ver o e representa algo que pode n o ser continuado no tempo Contrariamente concep o de amor eterno apresentado nos restantes excertos apresentados este aparece aqui como elemento que se constr i e que est portanto em evolu o o qual pode ser influenciado elementos externos como per odo de f rias ou as esta es do ano Excerto 58 Achas que o teu grande amor do Ver o est a pensar tirar umas f rias prolongadas de ti Eis os sinais que anunciam o princ pio do fim 4 sinais que anunciam o fim de um amor de Ver o DEPOIS EU LIGO TE Fazer juras de amor eterno em Agosto f cil Mas quando chega o m s de Setembro t
385. tivas Epstein amp Johnson 1998 p 222 tradu o nossa Para al m da import ncia do contexto escolar uma vez que o contexto em que passam a maioria do seu tempo til uma das maiores influ ncias das dos adolescentes s o os pais Para al m da essencial e indissoci vel colabora o no estabelecimento dos curr culos escolares os pais formam e educam os seus filhos passando lhes o seu exemplo pelas suas atitudes concep es e comportamentos Como concluem Novilla e colaboradores 2006 e Pike 2008 faz parte de um consenso alargado de autores que os pais desempenham um importante papel no desenvolvimento e crescimento dos seus filhos constituindo se como principais educadores as cited in Tumbull et a 2008 Esta contribui o ocorre sobretudo atrav s do denominado curr culo oculto Por vezes mesmo ignorado frequentemente mais 63 A sexualidade na adolesc ncia importante do que ac es formativas espec ficas Claro esta que este curr culo oculto n o exclusivo do espa o familiar mas neste onde ele mais potenciado atrav s de uma identifica o das dos adolescentes com os seus pais e com a explora o de valores comuns Contudo esta interac o adolescentes pais n o tem sempre sido a mais franca e directa sendo esta tamb m ensombrada por viv ncias particulares da sexualidade desconfortos e vergonhas e g Kakavoulis 2001 por cren as e mitos pela dificuldade de estabelecer um di logo aberto
386. to na sua rela o actual e interesse pelo seu melhor amigo Mais uma vez a situa o de tri ngulo amoroso visivel ainda que aqui a jovem procure uma estrat gia de finaliza o de rela o Esta situa o de quebra de rela o de intimidade foge aos c nones comportamentais femininos pelo que solicitada ajuda revista como se de uma amiga se tratasse A resposta bastante simples A revista opta por refor ar as compet ncias de comunica o como aliado feminino na resolu o de problemas Excerto 67 J n o amo o meu namorado porque apaixonei me pelo meu melhor amigo Agora n o sei como lidar com esta situa o Sandra Santar m A sinceridade a melhor solu o para o teu problema Pensa bem gostavas que o teu namorado andasse contigo por pena ou pelo contr rio preferias 195 O que significa ser rapariga que ele te dissesse que j n o te amava Temos a certeza que escolheste a segunda op o No excerto 68 a jovem Vanessa revela ter descoberto a rela o paralela que o seu namorado mantinha com a sua amiga Quebradas as expectativas de fidelidade a jovem descreve se como completamente arrasada ilustrando com clareza a import ncia que as rela es amorosas assumem nesta faixa et ria equivalendo muitas vezes a toda a vida Contudo o foco aqui n o sen o no pedido de desculpas e tentativa de reconcilia o ap s a trai o A resposta da revista n o refor a os seus se
387. to de Jean Piaget 1929 para a sistematiza o das altera es cognitivas que a o adolescente est sujeito Para o autor o indiv duo tem um papel activo no seu desenvolvimento e na constru o de conhecimento Para Piaget o desenvolvimento pessoal do indiv duo realiza se em fun o da sua rela o com o meio envolvente ao qual se deve adaptar Para al m desta adapta o crescente existe ainda um aumento na organiza o das estruturas do pensamento permitindo assim o recurso pleno aos mecanismos de adapta o assimila o acomoda o e equilibra os Tamb m Piaget considerava que era poss vel identificar fases que caracterizavam o desenvolvimento do indiv duo tendo formulado quatro est dios Est dio Sens rio Motor dos O aos 2 anos de idade Est dio Pr Operat rio dos 2 aos 7 anos de idade Est dio das Opera es Concretas dos 7 aos 11 12 anos de idade e o Est dio das Opera es Formais dos 12 aos 16 anos de idade sensivelmente Nesta abordagem possivel localizar a o adolescente como experienciando o ltimo est dio de desenvolvimento ou seja o das Opera es Formais Destaca se neste est dio a passagem de um pensamento baseado em opera es concretas para as opera es formais a capacidade de realizar pensamentos abstractos e racioc nios hipot tico dedutivos bem como a capacidade de reflectir sobre o seu pr prio pensamento mas tamb m sobre os dos outros Como referem Inhelder e Piaget 1958 199
388. tos distintos em fun o do sexo Simon e Gagnon desenvolveram a sua teoria dos scripts sexuais focalizando a num n vel mais macro social e societal e menos dependente de comportamentos e atitudes espec ficos do indiv duo A teoria dos scripts sexuais Gagnon 1977 Simon amp Gagnon 1973 surge no mbito do interaccionismo simb lico Trata se de uma teoria explicativa da sexualidade apresentando a como resultado da interac o de tr s n veis distintos encena es culturais scripts interpessoais e intrapsiquicos que t m como fun o servir de linhas orientadoras ao nivel das atitudes e comportamentos tendo por base par metros culturais permitindo a interac o entre parceiros sexuais e constituindo oportunidades de concretiza o dos seus desejos sexuais Ramos Carvalho amp Leal 2005 Simon e Gagnon apresentam esta teoria uma vez que consideram que a sexualidade n o se resume a um impulso biologicamente relevante mas algo historicamente est vel Apesar do seu pendor social estes destacam a possibilidade de interac o do indiv duo com o social permitindo equacionar uma experi ncia individualmente significativa Os distintos n veis interagem com o processo s cio hist rico e articulam se com comportamentos individuais tentando manter a individualidade dos intervenientes Neste sentido assemelham se a esquemas mentais orientadores de ac o que fornecem directrizes claras quanto adequa o afastamento das no
389. tos que mais permaneceu no per odo de laiciza o do Estado e de afastamento da religi o O conceito tradicional de fam lia atrav s das formula es que deste surgiram permitiu manter a l gica comportamental que submete as mulheres necessidade de recorrer a um conjunto de tecnologias especialmente do corpo para conquistar um parceiro eminentemente heterossexual Continuando a excluir se socialmente formula es baseadas em orienta es sexuais n o heterossexuais Em suma esta constru o discursiva poder ser perspectivada como motivada para dois principais objectivos equipar se para cativar o olhar masculino e conquistar um parceiro 151 O que significa ser rapariga Assim este discurso centra se no corpo enquanto ferramenta enquanto base de modela o segundo par metros exteriores padronizados e homogeneizadores do sujeito feminino Toma por base modelos de atractividade considerados amplamente apelativos e uniformiza gostos e expectativas pessoais face sexualidade claramente uma constru o discursiva que penaliza as raparigas e as mulheres refor ando as assimetrias de poder a estas que pedido para se modelarem para se submeterem a t cnicas v rias em fun o dos desejos de um Outro que lhes alheio Ali s pressup e se a anula o de qualquer desejo pessoal para se adoptar os que socialmente s o comuns Pede se aqui a destitui o pessoal do ser face a um ideal Nada poderia ser mais
390. trita do sexo feminino e das caracter sticas que correspondem ao script de g nero apresentando a 86 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia feminilidade como uma identidade global e comum Esta constru o medi tica do sujeito feminino de facto um elemento chave no consumo desta tipologia de publica es mas tamb m na manuten o de um conjunto de comportamentos que fortalecem o corporativismo nomeadamente atrav s do fomento ao consumo de marcas pela publicidade n o institucional A exist ncia de uma cultura de revista feminina preconizada por uma imagem de mulher detentora de direitos pessoais e de um conjunto de objectivos facilmente alcan veis testemunho desta mesma crescente import ncia e influ ncia Este destaque verifica se ja desde o s culo XVIII ao surgirem os primeiros folhetins para mulheres A emerg ncia destas publica es reside no entanto no s culo XIX tendo se assistido a um crescente consumo da revista que gerou implica es tanto ao n vel econ mico como ideol gico O contexto da industrializa o foi assim um importante ponto de partida para a cria o deste mercado espec fico ou grupo de consumo Neste sentido floresceram revistas dedicadas a grupos populacionais espec ficos e que eram organizadas em fun o de idade dos e das leitores as classe social religi o e claro g nero Ballaster Beetham Frazer Hebron 1991 neste sentido que desde bem cedo somos mo
391. tros sendo que esta formula o retira da defini o de sexualidade mulheres mais velhas mais fortes ou pesadas e com algum grau de incapacidade considerando as assexuais neste contexto que Brown Travis Meginnis e Bardari 2000 identificam o que consideram ser a f rmula que caracteriza o feminino a equa o beauty sexuality identity Os conceitos de beleza tal qual os conhecemos resultam de sistemas de conhecimento e significado socialmente constru dos e partilhados Esta liga o estrita da sexualidade feminina com a atractividade constitui uma sobrevaloriza o da est tica e da beleza movendo a sexualidade feminina do dom nio privado para o p blico Esta movimenta o justifica e legitima comportamentos que lhe s o consequentes mas que de facto estiveram na base deste movimento Entre estes o desejo de monitorizar e controlar esta sexualidade facilitando a sua ades o a normativas comportamentais e identit rias do que considerado adequado Brown Travis Meginnis amp Bardari 2000 Esta liga o desenvolve junto das jovens esquemas comportamentais scripts que d o corpo ao estere tipo feminino enquanto objectos sexuais seres passivos e dependentes A dissemina o desta vis o incorpora uma rede de outras concep es predeterminadas que colocam em desvantagem a mulher refor ando o controlo e ades o ao sistema patriarcal Exemplos s o os v rios riscos a que est o expostas desde o ass dio sexual a problemas
392. tudes face aos contraceptivos gravidez indesejada paternidade adolescente e aborto N o propriamente o rapaz que engravida tradu o nossa 51 A sexualidade na adolesc ncia Apesar destas medidas compensat rias a sua procura continua francamente abaixo do preservativo masculino Como se poder verificar discursos como os que apresent mos anteriormente n o s o exclusivamente referidos pelos rapazes numa tentativa de justificar os seus comportamentos mas tamb m pelas raparigas como que situando os seus direitos e deveres nesta teia relacional Tamb m aqui se poder verificar a rigidez hier rquica do sexismo o poder associado ao duplo padr o de sexualidade e aos estere tipos e pap is de g nero a internaliza o das expectativas sobretudo pelas raparigas contribui para uma menor resist ncia aos discursos veiculados e uma verdadeira conscientiza o face ao seu papel activo como sujeitos sociais sexuais Este posicionamento leva muitas vezes desist ncia face ao uso do preservativo masculino ou mesmo a optarem por n o negociar o seu uso receando a reac o do parceiro As diferen as entre os dois sexos ainda fazem do preservativo um tabu que quando associado a um discurso feminino conotado com promiscuidade e n o com um mecanismo preventivo de sa de e bem estar Advinda desta renit ncia na utiliza o de m todos contraceptivos eficazes por vezes devido um desinteresse face informa o e mecanism
393. tugal at s 10 semanas de gesta o atrav s da Lei n 16 2007 de 17 de Abril 8 Ser importante notar que a IVG n o se realiza apenas no Sistema Nacional de Sa de mantendo se activas estruturas que o realizam fora do enquadramento legal Segundo a Direc o Geral de Sa de em 2004 anterior legaliza o registaram se 126 4 abortos por cada 1000 nados vivos em jovens com idade inferior a 20 anos 54 A sexualidade na adolesc ncia sexualidade das raparigas como normativo se compreendermos a experi ncia pessoal das raparigas quanto aos seus sentimentos e comportamentos sexuais e enquanto seres sexuais e mesmo compreendendo a sexualidade enquanto inserida num contexto particular incluindo n o s caracter sticas pessoais mas tamb m vari veis ecol gicas Welsh Rostosky amp Kawaguchi 2000 No nosso entender a sexualidade n o poder nunca ser vista destacada do contexto s cio cultural em est inserida e vivida pelo que esta perspectiva mais positiva n o est dissociada dessa delimita o por normas expectativas r tulos h bitos ou valores at mais do que do seu car cter de experi ncia pessoal e privada A aus ncia desta mensagem poder ser mesmo um factor que constranja e aumente a ansiedade junto das adolescentes Como referem Brown Travis Meginnis e Bardari 2000 a sexualidade n o promovida como um benef cio para as mulheres mas sim definida enquanto capacidade de evocar prazer sexual nos ou
394. tulo 1 Adolesc ncia 9 1 1 Teoria do desenvolvimento um olhar feminista cr tico 10 1 2 Estudos feministas sobre rapariGaS ccccccccccccccccessseeeeeeeeeeeeees 28 Capitulo 2 A Sexualidade na adolesc ncia 37 2 1 A constru o social da sexualidade as teorias 39 2 2 As os Jovens e Comportamento s sexual S cccccccecessseeeeeens 46 2 2 1 A sexualidade na adolesCOncia cccccceseceeeeseeeeeeeeeeseneeeeeeeaes 49 2 3 Educar para a SEXUANCGCS a casscasesevocccsevontavsewerdeananevteiasesvassntnants 57 Capitulo 3 Os Meios de Comunica o e a sexualidade na adolescencia uam ias a ia al a a 67 2 4 Feminismos e estudos feministas dos media 68 2 5 Sexualidade como estrat gia de marketing 77 2 5 1 Processos de sexualiza o da rapariga adolescente 83 2 6 As revistas e a constru o de feminilidade um nicho de MMErCAdO easier saree A A 85 IX E ESTUDO ponenu La Capitulo 4 Epistemologias cr ticas e An lise s de Discurso 4 1 Fundamentos episteMologicos cccccccccccssssssseeeeeeeeeeeessseeenes 4 2 O conget de AN SCURS Os unina as tate ic eres ie len te 4 3 An lise s de DISCUISO q picialaencciete coi dex dadensseieoseeictin seals eevaieextaiooes 4 4 An lise Foucaudiana de Discurso ereere Capitulo 5 O que significa ser rapariga 5 1 5 2 5 3 5 4 M todo objectivos de partida e ques
395. u suspiras para voltar a estar com ele e ele suspira de alivio Abre os olhos e descobre se o vosso amor durar o resto do ano Setembro p 72 73 Por fim referimos ainda um elemento que considerado importante pelas revistas para adolescentes e para as rela es que estas estabelecem o grupo de pares e as rela es de amizade No excerto 59 apresentamos um artigo que sistematiza as rela es de amizade apresentando nomeadamente um perfil das v rias e poss veis amigas do namorado Estas tipologias pretendem apresentar as amigas enquanto amea as s rela es amorosas das raparigas pelo que conhecer como s o e como ultrapassar as dificuldades de relacionamento ou causadas por estas ser uma mais valia O excerto 59 tem ent o como objectivo demonstrar a import ncia que as rela es amorosas nomeadamente a sua manuten o t m para as raparigas Excerto 59 Tooodas o conheceram antes de tu apareceres na sua vida Mas agora que chegaste basta mostrar lhes que vieste para ficar AS AMIGAS DELE S O TUAS INIMIGAS Dizem que os amigos s o o nosso maior tesouro mas isso porque nunca ningu m se preocupou em explorar o circulo de amizades mais perigoso do Universo as amigas do namorado De tesouro n o t m nada e de amigas 189 O que significa ser rapariga no que te diz respeito ainda menos Infelizmente quer queiras ou n o fazem parte do pacote e ter s de aprender a lidar com elas Para
396. ual que se tem verificado ser cada vez mais precoce nomeadamente porque esta tem acarretado no 52 A sexualidade na adolesc ncia caso portugu s o aumento do numero de gr vidas adolescentes Apesar de este facto ter sido parcialmente controlado com a introdu o da p lula contraceptiva uma m dia de 25 em cada 1000 gr vidas na Europa s o adolescentes entre os 15 e os 19 anos de idade WHO 2007 Este elevado valor especialmente importante na medida em que o risco para a m e e o beb aumenta de modo inversamente proporcional idade das m es Portugal tem acompanhado estes valores reduzindo as suas taxas desde meados dos anos 80 do s culo passado atrav s da introdu o de medidas de sa de e de melhorias ao n vel do planeamento familiar Pereira et al 2005 Para al m deste risco de sa de com que confrontam as jovens um elevado indice de actividade sexual inicia o precoce falta de informa o quanto aos aspectos biol gicos do sexo e da gravidez e um fraco uso de contraceptivos Sprinthall amp Collins 2008 s o factores que propiciam uma gravidez precoce e n o planeada Neste contexto a gravidez adolescente rompe com o desenvolvimento normal das jovens e com o seu plano de vida Como conclu ram Morisson e seus colaboradores 1981 a maternidade na adolesc ncia reduz oportunidades de vida em v rios sentidos e os seus efeitos s o t o maiores quanto menor a idade da jovem na sua primeira gravidez As
397. ualidade na adolesc ncia incluem tamb m as medi ticas o que pela sua constante presen a expande esta necessidade consumista ao n vel de tend ncia no mbito de determinados grupos sociais As crian as e adolescentes s o uns dos grupos que mais expostos est o a esta estrat gia de marketing sendo logo desde muito cedo imersos numa cultura de consumo de marcas que n o s o s apenas as destinadas sua faixa et ria mas tamb m as que t m impacto junto dos pais e que ser o refer ncias influ ncias futuras Para estes grupos os recursos que mais vezes s o utilizados s o a sexualidade e a viol ncia Como afirmam Levin e Kilbourne 2009 muitas ind strias obt m lucro pela explora o destas duas tem ticas nos seus produtos De facto independentemente das condi es pessoais do individuo e g ra a etnia estatuto socioecon mico ou g nero e independentemente da capacidade de aquisi o dos produtos as crian as s o sempre profundamente atingidas por estas estrat gias de mercado que valorizam desde cedo a express o da sexualidade e da viol ncia fazendo os corresponder ao sexo feminino e masculino respectivamente Daqui se pode conclui a import ncia da desconstru o destas ideologias dominantes uma vez que iniciam desde cedo comportamentos discriminat rios sexistas e estereotipados Levin e Kilbourne 2009 advertem ainda para o facto das crian as estarem a pagar um enorme pre o pela precoce sexualiza o da
398. ualidade na adolesc ncia internalizados e autonomizados das pr ticas parentais sendo as pr prias jovens que se auto disciplinam e auto e hetero monitorizam Passamos rapidamente de uma brincadeira de crian as e de quest es de beleza para o culto do corpo e da magreza Curiosamente esta sua constante monitoriza o articula se com a sua invisibilidade social enquanto sujeito Mota Ribeiro 2002 Objectivamente a principal preocupa o da utiliza o da sexualidade como estrat gia de marketing o facto de ao mesmo tempo que se vendem todo o tipo de produtos estimulando a promo o do consumo pelo consumo Levin amp Kllbourne 2009 esta estar a ser apresentada de forma trivializada e sem conte dos que permitam s crian as e jovens integrar o que significa uma sexualidade saud vel ausente de objectifica es e de estere tipos Na sua maioria as e os jovens s o confrontados com mensagens e imagens cujo alcance e prop sito lhes dificil destrin ar resultando n o s em confus o mas tamb m em receios e ansiedades Outra caracter stica destas representa es medi ticas a sua rigidez e essencialismo conceptual apresentando um mundo de opostos e contradi es que dificilmente espelham a realidade social de multiplicidade e diversidade Neste sentido as resultantes constru es pessoais enquanto homens e mulheres s o redutoras e fixas A conclus o bvia Sexo Vende Levin amp Kilbourne 2009 p
399. uas rela es interpessoais independentemente de se sentirem integradas e verem as suas pr prias necessidades satisfeitas As press es culturais para esta manuten o s o universais e independentes das varia es culturais em que as encena es se inscrevem Os scripts sexuais s o directivas partilhadas pela sociedade atrav s da partilha de valores e cren as sobre o que ou n o apropriado parceiros rela es e emo es Bowleg Lucas amp Tschann 2004 Neste sentido expect vel que as mulheres se conformem aos pap is de g nero e a uma heteronormatividade compuls ria reprimindo as suas pr prias necessidades e desejos e mantendo rela es de intimidade apenas quando inseridas num relacionamento rom ntico de longa dura o Como conclui Maclnnes 1998 2002 mais do que criar teorias explicativas das assimetrias de g nero ou das produ es do determinismo biol gico importante identificar o mecanismo social que interliga sexo e g nero configurando socialmente masculinidades e feminilidades Ramos Carvalho amp Leal 2005 45 A sexualidade na adolesc ncia 2 1 As os Jovens e Comportamento s sexual s A maioria dos jovens inicia as primeiras rela es sexuais sem planificar Lowenstein amp Furstenberg 1991 muitas vezes envolvida em elevada dose de romantismo estar apaixonado T m a percep o de que n o est o em risco sentimento de invulnerabilidade que a sua parceira o de confian
400. ucing Women s Studies London MacMillan Press Steele Jeanne R 1999 Teenage sexuality factoring in the influence of family friends and school The journal of sex research 364 331 341 DOI 10 1080 00224499909552005 Sullivan Harry Stack 1950 The illusion of personal individuality Psychiatry 13 317 332 Taquette Stella R Vilhena Mar lia amp Paula Mariana C 2004 Doen as sexualmente transmiss veis e g nero um estudo transversal com adolescentes no Rio de Janeiro Cadernos de Sa de P blica 201 282 290 DOI 10 1590 S0102 311X2004000100046 Tavares Manuela 2000 Movimentos de Mulheres em Portugal nas d cadas de 70 e 80 Lisboa Livros Horizonte Tavares Manuela 1998 Correntes do Feminismo In UMAR Movimento Feminista em Portugal pp 20 27 Dispon vel em http uUmar no sapo pt investigacao comunicacoes Semin Elrio Mov Feminista pdf Thornham Sue 2007 Women Feminism and Media Edinburg Edinburg University Press Tiefer Leonore 2000 The social construction and social effects of sex research the sexological model of sexuality In Cheryl Brown Travis amp Jacquelyn W White Sexuality Society and Feminism pp 79 107 Washington DC American Psychological Association Tobin Richards Marize Boxer Andrew amp Petersen Anne 1983 The psychological significance of pubertal change Sex differences in perception of self during early adolescence In 248 Refer
401. ue considera uma mais valia para potenciar o conhecimento a justi a social e o empoderamento das popula es sub representadas Do mesmo modo a sugest o destas tarefas n o implica uma ordem ordenada podendo o a investigador a e sempre que se justifique voltar a passos mais simples para reformula o das suas an lises e pondera o da sua participa o na an lise reflexividade Apesar de uma flexibilidade do m todo importante ter em mente alguns crit rios de processo Ao afastar se dos c nones positivistas que durante muito tempo caracterizam o standpoint cient fico a An lise Foucaudiana do Discurso apresenta se tamb m como um desafio as quest es que lhes s o base como o caso dos conceitos de validade objectividade e rigor cient fico Contudo a an lise n o isenta de crit rios que conferem cientificidade e confirmam os resultados obtidos Esta depende em grande parte de um posicionamento espec fico por parte do a investigador a que realiza a sua an lise num determinado contexto num dado momento e com um ponto de partida te rico e pessoal espec fico importante por isso expor algumas considera es que enformam a investiga o qualitativa nomeadamente a que recorre An lise Foucaudiana de Discurso A primeira diz respeito complexidade dos dados Nogueira 2001a caracter stica da din mica social Esta primeira condi o vem transformar o objectivo da investiga o predizer e controlar fen me
402. ue estava representada pelo menos uma mulher independentemente de constar ou n o um figurante masculino No caso das Cartas de Leitora e dos Artigos e Reportagens foi considerado como crit rio abordar como tema a sexualidade sexo sa de sexual e reprodutiva e ou a presen a de scripts de sexualidade Simon amp Gagnon 1986 1987 5 3 Momentos do processo de investiga o qualitativa Uma vez definido o corpus para a an lise e partindo dos objectivos e quest es apresentadas inici mos a an lise dos materiais Estes foram submetidos a diversos momentos de an lise que resultaram na organiza o final que aqui apresentamos Tendo em conta os crit rios de rigor metodol gico j enunciados no capitulo anterior descri o exaustiva do processo reflexividade e posicionamento do a investigador a descreveremos os procedimentos utilizados ainda que sumariamente at formula o final do corpus de an lise 2 Ambas as sec es s o assinadas por uma colaboradora da revista sem ser identificado nenhuma qualifica o especifica para assumir a sec o Exclui se da an lise o m s de Abril pela sua n o disponibilidade 125 O que significa ser rapariga Ap s a organiza o j exposta dos conte dos da revista em termos tem ticos ensaiamos uma primeira an lise dos dados tendo por base a distribui o dos materiais por tipologias An ncios Publicit rios Cartas de Leitora e Artigos e Reportagens Para
403. uma aquisi o mais vasta de conhecimentos integrando padr es de comportamento Bandura 1977 Como argumenta os complexos padr es comportamentais n o emergem enquanto padr es mas s o construidos atrav s da interac o e integra o de diferentes actividades por esta raz o mais importante analisar os determinantes dos processos comportamentais mais do que caracterizar os comportamentos como aprendidos ou inatos ou mesmo determinar o peso desses diversos factores Bandura 1977 p 17 tradu o nossa Estas aprendizagens tendem a constituir se como linhas orientadoras para padr es comportamentais As associa es que v o sendo estabelecidas v o sendo refor adas e adquiridas conduzindo forma o de padr es comportamentais que preparam os indiv duos para a resolu o de problemas caracter stica inerente s exig ncias e expectativas da adolesc ncia e posteriormente da idade adulta No entanto Bandura n o considerava que a adolesc ncia fosse inevitavelmente uma idade turbulenta Pelo contr rio considerava que as dificuldades que se apresentavam ao longo da adolesc ncia n o caracterizavam um per odo desenvolvimental mas eram consequ ncia de exig ncias do contexto em que ocorrem Bandura considerava que os indiv duos n o s o meros recept culos passivos de experi ncias mas sim participantes activos que procuram tornar significativas as experi ncias com que se deparam Na teoria da aprendizagem social o r
404. unciado pela autora a partir da formula o de monitoriza o e dociliza o de corpos apresentada por Michel Foucault 1975 2003 na sua obra Vigiar e Punir 142 O que significa ser rapariga N o irrelevante que se trate do m s de Fevereiro tendo como tema de fundo o dia dos namorados Este enquadramento poder mesmo dar legitimidade a uma ac o mais permanente e ousada como mudar o corte de cabelo em vez de apenas o modelar Ali s comum verificar se uma preocupa o do projecto editorial no que se refere inclus o de certos assuntos na agenda de determinado m s Assim medida que se aproxima a poca estival as propostas v o se progressivamente centrando mais na forma f sica Ainda na mesma reportagem podemos explorar melhor a raz o pela qual esta modela o importante para as raparigas Excerto 4 LOVE is in the hair Que o nosso corte de cabelo est directamente relacionado com o nosso poder de atrac o j n o novidade para ti Num m s t o sexy como Fevereiro decidimos eleger os oito cortes e penteados que mais cora es conquistar o nos pr ximos tempos Fevereiro p 36 43 Um outro excerto do m s de Maio pretende exactamente aliar a boa forma f sica ao prazer f sico nomeadamente pela conjuga o das tem ticas do desporto e sexo Excerto 5 Tantra gym brinquedos er ticos desportivos O desporto aliou se ao sexo e vice versa Descobre a modalidade mais apetec vel
405. us comportamentos s o em geral penalizadores e sobretudo penalizadores das raparigas Relacionando estes n mero com os dados apresentados nas sec es anteriores poss vel localizar discursos como Alguns rapazes t m menos cuidado quanto preven o Rapaz As raparigas t m mais meios contraceptivos do que os rapazes assim para n o engravidarem Rapaz Magalh es Saavedra amp Nogueira 2008a 50 A sexualidade na adolesc ncia Este ltimo exemplifica uma atitude de prioriza o da protec o na gravidez adolescente Nesta linha de ideias a responsabilidade pela preven o mantida como dom nio feminino compreendendo n o apenas a parte da rela o sexual mas tamb m posteriormente se resultar na concep o de um beb Ausente est uma potencial responsabiliza o do parceiro masculino e a possibilidade de utilizar o preservativo como barreira eficaz Para al m desta atribui o genderizada de responsabilidades exclui se ainda a import ncia da protec o sexual contra as DST IST Na verdade a quantidade de m todos dispon veis n o equivalente dupla efic cia do preservativo masculino contra a gravidez e contra as doen as e infec es sexualmente transmiss veis contudo na l gica quantitativa sugerida a quantidade surge como uma vantagem Estas ideias reflectem se ainda em discursos como Alguns rapazes n o se importam com os cuidados necess rios durante as rela
406. uto das interac es com os diversos contextos espa os e lugares onde se performam enquanto sujeitos Aceitar esta constante re formula o conceber uma constante interactividade com discursos dominantes articulando os seus significados e apresentando projectos de resist ncia e contesta o com objectivo ltimo de maior emancipa o pessoal trata se de viver activamente as din micas de poder Neste sentido as os feministas contestam o significado de ser mulher e o significado atribuido feminilidade por considerarem que este est sujeito a mudan as constantes influenciadas pelos diferentes contextos hist ricos sociais e pol ticos Gergen 1989 1999 apud in Saavedra 2005 o que possibilita o desafiar de discursos dominantes e dos seus significados pela cria o de discursos de resist ncia que possam desafiar os discursos masculinos e subverter o poder Burman amp Parker 1993 Parker 1992 1997 Weiner 1994 Willig 1999 as cited in Saavedra 2005 Por fim a nossa perspectiva como referido acima informada pela An lise do Discurso a que dedicaremos pela sua import ncia metodol gica neste estudo as p ginas seguintes 4 2 O conceito de discurso Partindo desta perspectiva critica construtora de indiv duos fen menos experi ncias e performatividades destaca se a import ncia da constru o social constru o essa que antes de mais discursiva O conceito de discurso assume um papel preponderan
407. utor Richard Lerner o contexto fundamental e representa um sistema de vari veis sociais que s o em grande parte respons veis pelo desenvolvimento Neste sentido contexto mais do que ambiente meio envolv ncia ou cen rio em que o individuo se desenvolve Isto porque o contextualismo desenvolvimental se articula como um processo dial ctico entre o cen rio ambiental e os sistemas sociais em que estes se influenciam mutuamente mas tamb m influenciam e s o influenciados pelo individuo Muuss 1996 Segundo Lerner 1986 o organismo e o contexto est o sempre envolvidos um no outro p 59 tradu o nossa Consequentemente a nfase no contexto n o destaca os est dios presentes nas anteriores teorias mas tamb m n o os anula compreendendo os como eventos de elevada probabilidade mas n o pr determinados invari veis ou previsivos N o se trata aqui de tentar encontrar grandes generaliza es te ricas aplic veis a um largo conjunto de indiv duos mas do estudo de condi es contextuais espec ficas que interagem com os indiv duos localmente e que sofrem reciprocamente a sua influ ncia Assim esta teoria coloca o foco da aten o na conceptualiza o do desenvolvimento enquanto processo complexo multin vel multifacetado e reciproco que envolve a o pr pria o adolescente Outro conceito fundamental nesta abordagem a plasticidade da natureza humana A par da individualidade diversidade e sentido de nico
408. ve um retraa que gostasses ex Vale tudo desde que seja em portugu s i caracteristicas do novo Nokia 5300 Xpress Music Contudo n o podemos generalizar estas op es a todas as campanhas publicit rias Apesar de ter como objectivo dispor se ao olhar do a leitor a e aumentar o seu n vel de atractividade pelo uso de roupas da marca publicitada a imagem 13 apresenta uma campanha que quebra com alguns dos estere tipos que frequentemente figuram e marcam os an ncios publicit rios com que contactamos Nesta podemos ver mulheres negras e latinas fugindo modelo branca e n o s o todas magras como costuma acontecer Contudo de salientar que esta op o recai n o sob uma qualquer mulher mas uma celebridade a actriz Queen Latifah como que compensando uma desloca o do padr o publicit rio Imagem 13 138 O que significa ser rapariga Mas esta n o no entanto a nica publicidade a recorrer a celebridades afastando se da tipologia da mulher branca e magra Inclusive s o cada vez mais frequentes ainda que continuem uma minoria modelos latinas negras e asi ticas como se pode verificar por exemplo com a imagem 14 O Porco O ANO p Imagem 14 Outra nota importante que nem todos os an ncios publicit rios que se encontra nestas revistas s o de cariz comercial Existem ainda an ncios publicit rios institucionais como as imagens que apresentamos de seguida imagem 15 e 16 A mensag
409. vel da sexualidade O facto destes aspectos menos positivos serem os mais frequentemente referidos poder dever se a duas principais raz es 1 porque a sexualidade adolescente continua a ser em grande parte associado a algo mal fico submetido ao regime do pecado e por isso n o valoriz vel e 2 porque s o realizadas campanhas de preven o contra estes efeitos negativos que assombram as sociedades No que diz respeito s Doen as e Infec es Sexualmente Transmiss veis estas s o v rias e t m sobretudo uma base bacteriana ou viral Entre estas podemos enumerar a gonorreia a clamidia a s filis a hepatite A B e C a herpes genital a condiloma ou verrugas genitais mas a mais conhecida o VIH SIDA quer pela sua expressividade mundial quer pelo facto de n o ser trat vel O Virus da Imunodefici ncia Humana e Sindrome de Imunodefici ncia Adquirida apresenta se nos dias de hoje como um risco acrescido ao desenvolvimento das jovens tendo se transformado na epidemia do s culo Em Portugal e no 1 semestre de 2007 existiam 31 677 casos de infec o notificados sendo que 75 8 dos portadores assintom ticos notificados possu am entre 15 e 39 anos de idade CVEDT 2007 Se perspectivarmos estes dados com os comportamentos esperados e atribu dos a cada um dos sexos quanto sua sexualidade n o dif cil compreender e justificar o elevado n mero de casos registados As cren as mitos as atitudes e consequentemente os se
410. veriam funcionar como os sem foros acendia se a luz vermelha sempre que fosse perigoso aproximarmo nos deles o amarelo serviria para distinguirmos os esp cimes indecisos e o verde indicaria o caminho livre Como por agora isso n o poss vel restam te alguns sinais para saber se um encontro j foi demais Novembro p 79 Manual de sobreviv ncia a um amor verdadeiro O mecanismo discursivo Manual de sobreviv ncia a um amor verdadeiro pretende ajudar a cumprir uma segunda tarefa considerada indispens vel s adolescentes ter uma rela o Tal como o mecanismo discursivo anterior Desvendar o masculino tamb m este Manual de sobreviv ncia a um amor verdadeiro pretende auxiliar as raparigas a construir e manter uma rela o Contudo enquanto no anterior se parte do conhecimento dos rapazes para alcan ar esse fim e avaliar o que serve e o que n o serve aqui esse objectivo proposto pela explora o de uma rela o ntima que se inicia ou deve iniciar ou que se pretende manter 181 O que significa ser rapariga Composto por duas tecnologias niciar e Manter uma rela o de intimidade este mecanismo discursivo transforma a experi ncia de uma rela o e ou de sexualidade num elemento de constru o pessoal como que se tratasse de um crit rio fundamental para o desenvolvimento pessoal da jovem Construir se como rapariga representa aqui muito mais do que uma quest o identit ria e de personalid
411. vez aut nomo e mais liberal nas suas op es de sexualidade Daqui se pode antever a import ncia da centra o das jovens no 40 A sexualidade na adolesc ncia estabelecimento de uma rela o de afectividade com o sexo oposto fazendo tudo o que for necess rio mesmo que implique riscos e danos pessoais para atingir tal objectivo Conclui se ent o que esta an lise n o deveria centrar se apenas no comportamento de homens e mulheres face sexualidade mas tamb m nos repert rios comportamentais dispon veis em fun o do sexo Ou seja era necess rio localizar hist rica e culturalmente comportamentos atitudes e pap is sexuais desempenhados por ambos os sexos Tal como temos vindo a reflectir o duplo padr o sexual enquanto orienta o comportamental penalizador das mulheres Na sua forma condicional Sprecher et a 1987 apud Hyde amp Oliver 2000 considera que a sexualidade pr marital apenas aceit vel para rapazes e raparigas enquanto enquadrada num envolvimento afectivo no entanto para os rapazes continua a ser frequente e aceite o envolvimento numa rela o casual que n o pressup e o envolvimento afectivo com a o parceira o Partindo deste pressuposto de desigualdade foi poss vel comentar e descrever v rios comportamentos sociais nomeadamente uma maior compreens o sobre a restri o associada a este comportamento humano ao analisar as concep es e valores que acentua a polaridade essencialista e
412. vimento e resolu o favor vel da crise da adolesc ncia Este de facto um conceito chave a ter em conta na adolesc ncia mas n o de forma est tica predeterminada ou constitu da de elementos acontextuais Erik Erikson 1950 apresentou a primeira teoria desenvolvimental que verdadeiramente acompanha o ciclo vital do indiv duo por est dios sequenciais destacando com maior nfase a contribui o do contexto para o desenvolvimento Cada est dio corresponde ent o a uma tarefa desenvolvimental que dever resolver atrav s da supera o de um determinado conflito O conceito de conflito ou crise introduzido pela teoria resignificado apresentando se como uma possibilidade de desenvolvimento pessoal Estes conflitos resultam sobretudo da interac o entre as necessidades psicol gicas do indiv duo e as press es sociais a que est exposto Erikson identificou oito est dios ou idades 1 idade primeiro ano de vida confian a b sica vs desconfian a 2 idade 1 a 3 anos de idade autonomia vs vergonha e d vida 3 idade 3 a 5 anos de idade iniciativa vs culpa 4 idade 6 a 12 anos de idade ind stria ou realiza o vs inferioridade 5 idade 12 a 18 anos de idade identidade vs difus o da identidade 6 idade 18 a 30 anos de idade intimidade vs isolamento 7 idade 30 a 65 anos de idade generatividade vs estagna o e 8 idade mais de 65 anos de idade integridade vs desespero As
413. xo e sexualidade Concluiu se ainda que as adolescentes construiam a revista enquanto um 79 Os meios de comunica o e a sexualidade na adolesc ncia recurso p s feminista partindo de tr s grandes dominios guia para pr ticas sexuais diversas rapazes e sexo ou sexo seguro No entanto como podemos verificar a padroniza o e normaliza o desta constru o n o em si sin nimo de uma efectiva ajuda ao desenvolvimento pelo contr rio esta representa uma constri o das op es dispon veis ao desenvolvimento e constru o pessoal e auto determinada da rapariga A t tulo de exemplo podemos reflectir sobre o facto de como conclui McRobbie 2004 se considerar que as raparigas e mulheres assumem fazer compras para si pr prias Como refere a autora o desafio colocado pelo consumo das raparigas para si pr prias comprometido ao se verificar que estas se preparam enquanto raparigas para um outro masculino o actual ou potencial namorado McRobbie 2004 p 35 tradu o nossa Ora este exemplo ilustra a dualidade da consumidora mas tamb m a complexidade inerente constru o pessoal enquanto rapariga adolescente inserida num contexto social ocidental Tamb m aqui elas encontram uma dualidade e contradi o ao mesmo tempo que s o consideradas consumidoras ideais consumir denota a exist ncia de desejos e vontades pr prias o que contradit rio com o ideal de uma feminilidade passiva e submissa Portant
414. za o divergente possu mos de modo a localizar os mecanismos que t m permitido que o que conhecemos como verdade possua uma posi o privilegiada face aos restantes discursos Mills 2003 Esta conceptualiza o veio a corresponder an lise de discurso Apesar de possuir uma recente hist ria a An lise de Discurso AD apresenta se actualmente como uma metodologia amplamente divulgada e de vasta aplica o nas ci ncias sociais A afinidade com esta metodologia desde a lingu stica aos estudos psicossociol gicos resulta do facto desta permitir uma investiga o mais pr xima dos objectos em estudo dos contextos que estes habitam e da realidade em constante constru o e reformula o em que vivemos Seria muito dificil e ao mesmo tempo redutor a atribui o de um conceito nico fixo est vel e concreto a uma metodologia ampla e din mica como a s An lise s de Discurso Esta n o representa uma realidade est tica e claramente demarcada Mesmo porque tal como referimos e afirma Nogueira 2001a a variedade de teorias e pr ticas que actualmente se encontram sob esta denomina o n o se esgota num enunciado textual em si mesmo apenas um outro discurso Referindo se tamb m impossibilidade de uma defini o que contenha toda a variedade de teorias e pr ticas e que informe uniformemente a An lise de Discurso lfiguez amp Antaki 1994 afirmam que um discurso um conjunto de pr ticas lingu sticas que

Sara Isabel Almeida Magalhães

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