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As abordagens sobre população na Geografia Brasileira

1. 216 Quadro 9 Autores mais citados nos programas de p s gradua o analisados 221 Quadro 10 Distribui o por ano das disserta es sobre Geografia da Popula o e total de disserta es sobre este tema delendidas s a coa c30ssopegga saecelicaaipani pe talian dE snes on sua dndiagpangades 232 Quadro 11 An lise da produ o sobre Popula o no Boletim Paulista de Geografia 235 Quadro 12 N mero de publica es BPG 1965 2005 237 Quadro1l3 An lise da publica o sobre popula o e Geografia da Popula o na Revista Brasileira de Geo praia puras pulsa sa facas is Sade a a SAP SENSO SRS a 240 LISTA DE GR FICOS Gr fico 1 A situa o da pesquisa em Geografia da Popula o no Brasil 200 Gr fico 2 Ocorr ncia da disciplina Geografia da Popula o nos cursos de gradua o das universidades pesquisadas o ssqassisa ng u sata sad nisd rage tua id are iqa seas od ganda ga cada tda dao Selos 206 Gr fico 3 Distribui o percentual dos autores mais citados nos programas de ensino apalisadOS sennen DO OUR A RR E E ea E AAT 220 Gr fico 4 Teses sobre Geografia e Teses sobre Geografia da Popula o 1987 1997 227 Gr fico 5 Teses sobre Geografia e Teses sobre Geografia da Popula o 1998 2010 227 Gr fico 6 N mero de disserta es dispon veis no banco de dados da CAPES em Geografia da Popula o da A E a a R a 232 Gr fico 7 Representa
2. Sociologia y Geografia Barcelona Pen nsula 1974 Popula es ativas S o Paulo Difel 1979 GEORGE P GUGLIELMO R amp KAYSER B LACOSTE Y A Geografia Ativa S o Paulo Difel 1966 GIROUX H Teoria Cr tica e pol tica cultural para al m das teorias de reprodu o Petr polis Vozes 1986 330 GOMES de C A escola republicana entre luzes e sombras In GOMES de C PANDOLF D C ALBERT V org A Rep blica no Brasil Rio de Janeiro Nova Fronteira CPDOC 2002 Hist ria e Historiadores Rio de Janeiro FGVS 1996 GOMES P C da C Geografia e modernidade Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2003 GOMES P C da C O deslocamento geogr fico dos conhecimentos e de seus int rpretes Os exemplos de Pierre Monbeig e Roger Bastide no Brasil IN SALGUEIRA H A Org Pierre Monbeig e a Geografia Humana Brasileira a din mica da transforma o BAURU SP EDUSC 2006 GRAMSCI A Os intelectuais e a organiza o da cultura Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1968 Quaderni del Carcere Ed Valentino Gerratana Turim Einaudi 4 v 1975 Materialismo hist rico e a filosofia de Benedetto Croce Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1981 Concep o dial tica da hist ria Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1996 GREENHALGH Susan Por uma abordagem reflexiva nos estudos de popula o para o s culo XXI In OLIVEIRA M C F A org Demografia da E
3. Figura 2 Incid ncia da pesquisa em Geografia cuja tem tica versa sobre popula o Geografia da Popula o por regi es brasileiras Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior Org MORMUL Najla Mehanna 2012 244 De acordo com as figuras anteriores verificamos que as regi es sul e sudeste t m o ensino e a pesquisa em popula o em mais evid ncia isso n o significa que se compararmos a pesquisa em popula o com outras reas da Geografia como a agr ria ambiental a urbana a f sica a propor o se mant m ou seja no cen rio brasileiro essas regi es se destacam sobretudo pela concentra o de Programas de P s Gradua o em Geografia contudo as dificuldades persistem Com o intuito de contribuir com essa quest o retomamos a fala da professora Am lia Damiani quando disse O estudo da popula o importante dentro da Geografia para estudar a mobilidade do trabalho entre outras coisas mas tamb m pra n s nos situarmos e expormos a leitura que imperou h s culos sobre a popula o que a leitura malthusiana porque ela achata distorce os fundamentos do que seria a popula o Destituir a ideologia malthusiana pois ela foi instrumental serviu ao imperialismo importante at ao n vel da geopol tica portanto na forma o do sujeito em qualquer mbito e agora com a quest o ambiental volta a ser importante porque h uma naturaliza o da quest o social e pode
4. O pensamento geogr fico brasileiro as matrizes cl ssicas origin rias S o Paulo Contexto 2008 MOURA M Pesquisa colaborativa um foco na a o formativa In BARBOSA R L Trajet rias e perspectivas na forma o de educadores Mar lia Editora da UNESP 2004 p 257 284 335 NADALIN S Hist ria e Demografia elementos para um di logo Campinas ABEP 2004 NAGEL E La estructura de la ciencia problemas de la l gica de la investigaci n cientifica Barcelona Paid s 1991 NUNES J O R SUERTEGARAY D M A A Natureza da Geografia F sica na Geografia S o Paulo Terra Livre AGB Associa o dos Ge grafos Brasileiros N 17 p 11 24 2 semestre 2001 OLIVEIRA A U de Org Para onde vai o ensino da geografia 5 ed S o Paulo Contexto 1994 OLIVEIRA F de A economia da depend ncia imperfeita Rio de Janeiro Graal 1977 OLIVEIRA L A P de O Brasil atrav s do censo Revista Carta na Escola edi o n 50 publicado em 27 de outubro de 2010 OLIVEIRA L Percep o da paisagem geogr fica Piaget Gibson e Tuan Geografia Vol 25 n 2 2000 Rio Claro PATARRA N L coord et al Tend ncias demogr ficas recentes e perspectivas para a pr xima d cada Demografia S o Paulo FUNDAP mar o 1991 p g 35 38 PEREIRA R M F do A Da Geografia que se ensina g nese da Geografia moderna Florian polis UFSC 1999 O significado da Alemanha para a g nese da geo
5. chegamos conclus o de que provavelmente a raz o cr tica n o pode ser a mesma que pensa constr i e legitima o que critic vel SOUZA SANTOS 2007 51 52 De acordo com Boa Ventura de Souza Santos 2007 preciso que renovemos a teoria critica n o queremos dizer com isto que as teorias de Marx n o servem muito pelo contr rio acreditamos que n o devemos cobrar de Marx algo que realmente n o era o prop sito dele nem t o pouco seu campo de interesse e investiga o Assim como todas as teorias elas t m seus limites e suas contribui es nenhuma teoria sozinha a nosso ver em especial as que se prop e a fazer a cr tica sociedade consegue sozinha dar conta do complexo universo que comp e a vida e o mundo Mas ao mesmo tempo devemos levar em considera o alguns aspectos do pensamento de Souza Santos sobretudo no que se refere necessidade de avan armos para al m da estrutura monocultural dos saberes este elemento para n s permite que disciplinas como a Geografia da Popula o saiam da esp cie de limbo que foram relegadas com as cr ticas marxistas e que se projetem para fora ou seja que sejam capazes de pensar geograficamente as necessidades do hoje E como j discutimos acreditamos que a leitura interdisciplinar possa contribuir para que esta rea seja novamente acionada como um campo importante para a Geografia para as ci ncias de um modo geral mas sobretudo para a sociedade Por isso o
6. 59 concep es que ele apresentava sobre o car ter humano da hist ria eram especulativas quando n o metaf sicas HOBSBAWM 1998 p 158 A concep o positivista de ci ncia vai influenciar de modo incisivo na Geografia que por muito tempo mant m a discuss o da Geografia F sica desatrelada da Geografia Humana sendo a Geografia uma ci ncia que tem o espa o geogr fico como objeto e para ela esse espa o de acordo com Dollfus o espa o mut vel e diferenciado cuja apar ncia viv vel a paisagem DOLLFUS 1972 p 8 Podemos considerar como um importante elo entre a Geografia F sica e Geografia Humana o conceito de paisagem por abrigar ambas as reas j que uma das defini es de paisagem que ela o conjunto de elementos naturais e humanos que comp em o espa o geogr fico O uso do conceito de paisagem nos estudos geogr ficos contribuiu para centralizar as pesquisas naturais e humanas ou seja delinear maior exatid o ao objeto da Geografia Nesse sentido Besse 2006 p 65 complementa O ponto de partida da an lise geogr fica seria sem d vida o seguinte mesmo sendo a paisagem uma dimens o do vis vel esta paisagem o resultado o efeito ainda que indireto e complexo de uma produ o A paisagem um produto objetivo do qual a percep o humana s capta de in cio o aspecto exterior H como que um interior da paisagem uma subst ncia um ser da paisagem que s deixa ver seu exte
7. Am lia Luisa Damiani Membro convidado USP r Prof Dr F bio Betioli Contel Membro convidado USP Dedico esse trabalho aos meus pais Fayez Kassem Mehanna in memoriam e Therezinha Mehanna ao meu esposo Wilian e as minhas amadas filhas Adriele e Arielle AGRADECIMENTOS Agradecer a todos que de uma forma ou de outra contribu ram para que este trabalho fosse realizado algo engrandecedor Pois nos possibilita enxergar o quanto precisamos dos outros uma vez que as coisas realizadas e vividas s fazem sentido se forem compartilhadas Escrever uma tese algo que exige mais do que vontade e conhecimento exige doa o e se doar algo dif cil mas enobrece Foram muitas horas destinadas para a realiza o desta pesquisa essas suprimidas do conv vio com a fam lia e amigos noites sem dormir espera de que ao final deste rduo trabalho o esfor o tenha valido a pena Agradecer um ato de generosidade de reconhecimento e de humildade sobretudo um ato humano um ato de amor E sendo assim est repleto de sentimentos de valores morais culturais e sociais Enfim valores que foram introjetados em n s e hoje nos moldam como seres humanos e influenciam na forma como vemos e entendemos o mundo as pessoas e os acontecimentos Agrade o muit ssimo a Deus pela d diva da vida ela um presente precioso todavia na maioria das vezes n o sabemos viv la Somos seres em constante transforma
8. Z a for a de trabalho uma mercadoria que pertence como bem particular ao trabalhador que pode dela dispor a sua vontade o trabalhador ent o considerado como ator da sua pr pria liberdade considerado isto como liberdade positiva j a liberdade negativa o trabalhador n o tem diante de si outra hip tese que n o seja vender ou n o a sua for a de trabalho n o tem mais nada para vender e na pr tica ou vende a sua for a de trabalho para viver ou n o a vende e morre A liberdade de trabalho encontra se totalmente definida nesta dupla determina o o trabalhador disp e livremente da sua for a de trabalho mas tem absoluta necessidade de vend la GAUDEMAR 1977 p 189 190 Nisto resulta a mobilidade for ada do trabalho que um entre tantas outras formas de mobilidade Assim mobilidade da for a de trabalho introduzida em primeiro lugar como a condi o de exerc cio da sua liberdade de se deixar sujeitar ao capital de se tornar mercadoria cujo consumo criar o valor e assim produzir o capital GAUDEMAR 1977 Atualmente o mundo do trabalho n o se resume mais ao ch o da f brica o trabalho hoje ganhou uma conota o mais ampla revelando se complexo din mico Entender os mecanismos impl citos no processo de trabalho s o t o fundamentais quanto compreender o trabalho do pr prio ch o de f brica mas hoje o trabalho se realiza de formas t o variadas que se ficarmos restritos s as f br
9. o anterior e nas an lises empregadas por Davis n o h como admitir que as leis n o possam ser desenvolvidas em Geografia Humana porque para Christofoletti 1985 esta uma ci ncia com princ pios de m todo ou seja o pr prio homem respons vel em conferir transforma es quilo que poderia parecer ordem natural A Geografia Humana trabalha sobre uma base territorial e recorre hist ria para explicar e compreender os diferentes fen menos sociais Em retrospectiva poss vel constatar que a hist ria emergiu como algo que necessitava ser compreendido e explicado a partir da poca moderna A raz o disso relativamente simples enquanto os homens garantiam a pr pria exist ncia no mbito de condi es dominantemente naturais relacionando se com a natureza atrav s da ideia da m e natureza como provedora o que implicava o entendimento de que o meio natural lhes fornecia os elementos b sicos de subsist ncia os quais eram apropriados em estado bruto exigindo quando muito processos rudimentares de transforma o que por isso mesmo resultavam em formas de vida social est veis e entrosadas com uma vis o c clica do tempo N o se punha a necessidade de se compreender a raz o o sentido e a finalidade das transforma es que se processam no tempo isto n o se colocava o problema da hist ria o aspecto da naturalidade se sobrepunha Em dire o a essa quest o o professor Dermeval Saviani ar
10. o aos governantes Conjunto de pessoas que pertencem classe mais pobre classe oper ria ou classe dos n o propriet rios plebe Lugarejo aldeia vila pequena povoa o um povo P blico considerado em seu conjunto Partindo se das observa es feitas entre na o e povo percebemos que devemos considerar que os estudos populacionais baseados nos estudos de mobilidade do trabalho e nos estudos sobre migra o d o mais movimento e visibilidade popula o pois se analisarmos na o e povo de forma estanque novamente cair amos nos estudos de popula o com pouco ou nenhuma rela o com a produ o do espa o ou seja a produ o da vida material Outra discuss o bastante presente nos estudos urbanos concernentes s quest es populacionais a discuss o f sica do tamanho da popula o sobre esse assunto David M Heer 1972 p 152 argumentou H uma correla o positiva entre o tamanho da popula o de uma na o e o peso de sua influ ncia nas quest es internacionais est visto que nenhum pa s com popula o muito pequena poder ser uma grande pot ncia trata se de correla o aproximada Por exemplo muitas pessoas concordariam em que os Estados Unidos s o a mais poderosa na o do mundo entretanto a China a ndia e a Uni o sovi tica t m maior popula o do que eles Haveria tamb m concord ncia geral em que a Uni o Sovi tica a segunda pot ncia mais importante do mundo a popula
11. o de uma tese entender para onde v o os estudos de popula o na Geografia uma vez que a Geografia da Popula o em si est em descr dito E percebemos que os rumos desses estudos s o bastante variados e de certo modo est o envolvidos de forma mais concreta com os estudos de migra o e de mobilidade A Geografia da Popula o est de roupa nova e isso n o significa que ela est bem mais que est diferente e tamb m n o significa que est melhor mas que j n o mais a mesma que um dia foi e isso ao mesmo tempo bom e ruim Bom porque percebemos que h muitas possibilidades de estudos e avan os nessa rea e ruim por nos dar a impress o que ela esta ficando obsoleta ocupando aqueles espa os que n o faz falta ou se quer s o percebidos pela maioria se ficar ou se sair n o muda em nada E a percep o resultante da inutilidade geralmente leva ao abandono ao esquecimento a perda sobretudo do sentido de sua exist ncia E diante deste cen rio que conclu mos esta tese com a sensa o de dever cumprido sabemos que h muito para estudar contudo nos propomos a esse desafio n o de forma pretensiosa mas de forma corajosa e principalmente por considerarmos que vale a pena discutir popula o N o obstante estudar popula o nos causa uma esp cie de estranhamento pois ao falar de algo t o pr ximo parece que estamos t o distantes Terminamos essa tese mas ao mesmo tempo temos a agudeza que
12. o s o tarefas dific limas que muitas vezes s o descartadas ou inviabilizadas pelos embustes do pr prio sistema econ mico institu do Entre as quest es analisadas junto aos programas e os planos de ensino buscamos verificar a quest o do tempo ofertado ao ensino da Geografia da Popula o tomando como par metro os conte dos propostos e o tempo destinado s aulas Em nossas avalia es percebemos que o tempo destinado disciplina Geografia da Popula o correspondente s cargas hor rias apresentaram interessante varia o por exemplo 51h a na Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG at 90 h a na Universidade Estadual de Londrina UEL interessante que as duas universidades citadas est o localizadas no estado do Paran e apresentam uma varia o significativa entre as cargas hor ria destinada disciplina Contudo v lido enfatizar que a dispensa o de carga hor ria direcionada disciplina est em conson ncia com o Projeto Pol tico Pedag gico PPP de cada Institui o de ensino superior portanto est de acordo com a identidade do curso e com perfil de sujeitos que visam formar Entretanto importante destacar que um grande n mero de aulas elevada carga hor ria n o significa que essa disciplina est sendo bem trabalhada e a mais importante do curr culo acad mico mas que h uma diferencia o que atende as exig ncias previstas no PPP dos cursos onde disciplinas com carga hor rias
13. o te rica predominava nas an lises geogr ficas que passavam a considerar os fen menos espaciais e sociais de acordo com a realidade vigente Em rela o aos estudos de popula o na Geografia esse processo n o foi diferente Com base nas leituras e estudos desenvolvidos para a elabora o da tese podemos notar que o espa o ocupado pela popula o na Geografia n o foi de destaque mesmo em per odos onde a Geografia da 171 Popula o esteve em evid ncia no Brasil contudo essa situa o decorre da ado o de diferentes proposituras te rico filos fica e metodol gica incorporada pela Geografia ao longo de sua trajet ria Com a Geografia pragm tica os estudos populacionais ganharam proje o por meio do emprego da estat stica e de modelos te ricos convergindo numa aplica o pr tica dos conte dos e conceitos embasados no chamado neopositivismo O ge grafo Christaller 1893 1969 criou a Teoria dos Lugares Centrais assim como outras como a dos sistemas e as no es de percep o e comportamento O emprego do termo nova Geografia foi proposta por Manhey em 1966 entre as caracter sticas dessa escola est o um rigor maior na aplica o da metodologia cient fica um maior incremento de teorias o uso de t cnicas estat sticas e matem ticas entre outras importante relembrar que o aparecimento de uma concep o geogr fica n o rompe totalmente com as antigas muitas vezes ambas se sobrep em As orig
14. rela o do homem com a natureza E a constru o de conhecimentos inerentes ao papel ocupado pela popula o ao longo da Geografia e o surgimento da Geografia da Popula o O anseio em encontrar os momentos de perman ncias transforma es e rupturas da popula o na Geografia especialmente da Geografia da Popula o possibilitou nos amplificar dissecar nosso objeto perscrutando suas possibilidades limites e contradi es Acreditamos que essa tese ter mais sentido se for capaz de dialogar criticamente com a realidade isto com as aspira es e preocupa es de hoje ou com as demandas que v m se mantendo no processo de produ o da vida humana Diante do exposto buscamos articular o conhecimento pr existente com os apreendidos e assim relacionar a teoria com a vida A pesquisa inicia com uma breve recupera o de Geografia moderna no mundo ocidental e a partir disso foram tecidas algumas considera es com a popula o Em seguida apresentamos uma discuss o acerca da ci ncia geogr fica quest o da Geografia Humana e da Geografia da Popula o buscando dialogar com a hist ria da Geografia enfatizando a quest o populacional Sendo assim estruturamos a presente pesquisa em 4 quatro cap tulos os quais permearam quest es relevantes para o desvencilhamento do problema levantado O primeiro cap tulo da pesquisa apresenta uma breve discuss o a respeito da ci ncia geogr fica seu desenvolvimento e suas i
15. Estes apesar de aludirem ami de a ge grafos e a teorias geogr ficas se aproximam mais dos naturalistas dos s culos XVI XVIII que do pensamento geogr fico europeu que lhes era contempor neo Este estar mais presente no plano da constru o simb lica onde todavia manifesta se de modo bastante difuso n o gerando nem especialistas nem institui es especializadas MORAES amp COSTA 1999 p 6 7 Assim descortinava se um universo interessante a se desvendar ou seja a constru o de uma identidade nacional respaldada em fundamentos geogr ficos era um modo diferente de se entender a na o tomando como refer ncia o territ rio e suas potencialidades e n o somente a sociedade que o ocupava Somando as riquezas naturais e a popula o em prol de um desenvolvimento progressista verificando as leituras realizadas pelos ge grafos da poca e a ado o de diferentes concep es de pensamento de acordo com o contexto do momento ajudaria a esclarecer o porqu do atraso na institucionaliza o da Geografia no pa s apesar de sua centralidade pr tica e ideol gica O ensino e a pesquisa da Geografia no Brasil se institucionalizaram ap s a Revolu o de Trinta quando a burguesia e a classe m dia passaram a ter maior influ ncia sobre o governo Ainda na chamada Rep blica Velha foram publicados livros de interesse geogr fico influenciados sobretudo por ge grafos alem es e franceses Vimos que os interesses e informa
16. o da publica o com a tem tica vinculada popula o no Boletim Pa list de Go ftali creerii a AE Sd E e Ea a a e a ET 236 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Incid ncia do ensino de Geografia da Popula o por regi es brasileiras 243 Figura 2 Incid ncia da pesquisa em Geografia cuja tem tica versa sobre popula o e Geografia da Popula o por regi es brasileiras ci eres 243 TABELA Tabela Quantidade de disserta es e teses defendidas sobre popula o nos programas de p s gradua o em Geografia de 1987 a 2010 qu cuseiisopapadtsfecinaabiganasosiiacensa os qurnbasafasrdo 226 Sum rio INTRODU O sessenta dass DS a N a 14 1 O CONTEXTO DA CI NCIA GEOGR FICA E OS DESAFIOS DE SE ESTUDAR A 10 m BI Dy OSN OE E E EEE 27 1 1 A Geografia a Geografia Brasileira e a sua rela o com o capitalismo 35 1 2 O papel da Geografia escolar na transi o do s culo XIX para o XX 47 1 3 A fragmenta o da Geografia e a Geografia da Popula o 53 1 4 A Geografia Humana e o lugar da popula o na Geografia o disciplinamento da Geografia da Popula o onies a gidua sos tdalp ass e zotadal 0 E iso sala A N A re dona dad doou da cota ce pasdi a 61 1 5 Para al m da fragmenta o l eee eE E EEEE EOE E E OEA EOE ea 14 2 A POPULA O E SUAS MANIFESTA ES NO PENSAMENTO GEOGR FICO E A CONTRIBUI O DE OUTRAS CI NCI
17. o no sentido de tentar n o s entender mas tamb m averiguar se h meios caminhos onde estas reas t o ricas e importantes para a Geografia possam realmente dialogar Quem sabe por meio dos estudos das migra es possamos impor maior espacialidade aos estudos populacionais chancelados pela Geografia da Popula o E futuramente produzir trabalhos de mbito populacional mostrando que as quest es afetas aos estudos de popula o podem oportunizar maiores melhorias aos estudos migrat rios e vice versa objetivando assim melhores contribui es Talvez a ideia n o seja dispensar o ensino e a pesquisa em Geografia da Popula o por conta do forte vi s da chamada Geografia tradicional ainda presente em suas an lises mas ao contr rio promover a cr tica e a contextualiza o chamando para ge grafos e professores de geografia a responsabilidade de assumir a Geografia da Popula o atribuindo a ela aqueles elementos que faltam e n o fragment la ainda mais Este nosso anseio talvez seja ing nuo e descabido diante do mundo globalizado repleto de informa es e sedento por novidades por m se continuarmos a criar mais e mais disciplinas mais e mais linhas de pesquisa isso n o necessariamente significa que estamos avan ando talvez a quest o n o seja s criar mas sobretudo resignificar 4 3 Os estudos de urbana e suas rela es com a Geografia da Popula o Segundo a professora Am lia Damiani 2011 para Pierre
18. o outro do poder um de seus primeiros efeitos O indiv duo um efeito do poder simultaneamente ou pelo fato de ser um efeito seu centro de transmiss o O poder passa atrav s do indiv duo que ele constituiu FOUCAULT 2011 p 183 184 305 Tanto as rela es de poder quanto a produ o cient fica n o s o desprovidas de interesses por m esta constata o vai al m da busca por culpados j que isto acabaria por reduzir ou empobrecer o universo de produ o cient fica Torna se importante compreender que a ci ncia n o est isolada do mundo e os fen menos sociais n o podem ser explicados por leis naturais A especula o cient fica parte de sujeitos humanos como tentativa de conhecimento da verdade numa rela o com a totalidade dos aspectos sociais e hist ricos No mundo moderno a produ o cient fica est cada vez mais atrelada a disponibilidade de recursos financeiros uma vez que com parcos recursos e falta de estrutura dificilmente se produzir ci ncia ou conseguir dar prosseguimento aos projetos sobretudo se considerar que produzir ci ncia ou conhecimento exige tempo disposi o condi es financeiras entre outros elementos Algumas reas requerem mais recursos financeiros do que outras como os setores voltados para o desenvolvimento tecnol gico ou as reas que dependem da aquisi o de materiais para experimentos um r pido exemplo s o os investimentos necess rios para os estudos sobre
19. pr tica educativa S o Paulo Paz e Terra 1996 Pedagogia do oprimido 50 ed rer e atual Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 2011 FREITAS M C de A escrita da hist ria da educa o e a forma o dos professores Ou Quando mestres foram promovidos a antrop logos In MAGALDI Ana Maria ALVES Cl udia GONDRA Jos G Educa o no Brasil Hist ria cultura e pol tica Bragan a Paulista SP EDUSF 2003 p 29 47 FREITAS I A Em nome do pai a geografia dos jesu tas no Brasil nos s culos XVI XVII e XVIII Instituto Geoci ncias da Universidade Federal do Rio de Janeiro 1992 Disserta o de Mestrado FOUCAULT M En intervju med Michel Foucault Bonniers Litterare Magasin n 37 3 p 202 211 mars 1968 Vigiar e punir O nascimento da pris o Tradu o Raquel Ramalhete Petr polis Vozes 1987 2007 2009 Em defesa da sociedade Curso no Coll ge de France 1975 1976 trad de Maria Ermantina Galv o S o Paulo Martins Fontes 2000 2005 Seguran a territ rio popula o curso dado no Coll ge de France 1977 1978 S o Paulo Martins Fontes 2008 Microf sica do Poder Organiza o e tradu o de Roberto Machado Rio de Janeiro Graal 1979 2011 GAUDEMAR J P Mobilidade do trabalho e acumula o do capital Lisboa Estampa 1977 GEORGE P Geografia social do mundo S o Paulo Difel 1969 Geografia da Popula o S o Paulo Difel 1971
20. uma dificuldade imensa lidar com o espa o e a mortalidade infantil a fecundidade entre tantas coisas Ent o o que ocorre que o ge grafo est trabalhando com um espa o complexo arbitr rio repleto de pessoas e ao ver essas pessoas encontra dificuldade de trabalhar porque ou ele vai para a migra o e muitas vezes se desgasta por ver que este lugar n o necessariamente s produto de migra o E esta uma quest o muito interessante de ser percebido entrevista concedida a pesquisadora em abril de 2011 Como salientado por um longo tempo os estudos da popula o na Geografia punham em destaque as abordagens apenas quantitativas Embora isso ainda predomine o que podemos notar que ela vem sofrendo mudan as A professora Damiani nos alerta que Para Pierre George as formas de sociabilidade n o v o se alterar com o processo de concentra o da popula o pois al m da quest o migrat ria tem a quest o social que se modifica a partir da experi ncia urbana Em rela o ao professor Pierre George os primeiros momentos de leitura dele s o demarcados pela Geografia Cl ssica pelo projeto da Geografia 181 Cl ssica depois come amos a perceber a influ ncia da demografia e isso alterou substancialmente a forma dele inserir os estudos populacionais no corpo dos estudos geogr ficos e foi importante pois os estudos de popula o de uma forma escrita levam em considera o em seus fundamentos hist ric
21. Harvey inclusive foi um importante divulgador dessa condi o na qual Marx destr i Malthus fazendo uma cr tica incisiva ao Malthus sobretudo a ideia que n o existe uma lei geral da popula o Vale salientar que quando o professor P voa Neto se referiu a isso ele comentou sobre a professora Rosa Ester Rossini mas acrescentou dizendo que ela n o s trabalhou com a Geografia da Popula o trabalhou com v rias outras coisas mas reconhece que talvez ela seja uma das pessoas da Geografia que mais reconhece essa rea e se remete aos textos dela sobre crescimento da migra o a migra o japonesa entre outros entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 271 mas existe uma lei geral do modo de produ o capitalista e esta cr tica de certa forma desestabiliza os estudos de popula o na Geografia por m n o a coloca em outro lugar Marx diz que n o h uma lei geral da popula o conforme defendia Malthus mas que existem leis do modo de produ o capitalista embora reconhe amos que meio exagerado falar em leis do modo de produ o capitalista Portanto n o se deixa de tratar de uma esp cie em desconstru o da pr pria relev ncia de estudar a popula o e como a Geografia cr tica foi bastante influenciada pelo marxismo entendemos que essa desconstru o que Marx fez teve uma influ ncia direta na Geografia e diante disso os ge grafos passaram a se opor a ideia da Geografia da Po
22. J as quest es referentes a o humana estavam inseridas no quadro natural como se a paisagem tivesse sido modelada para receber a humanidade e fornecer a ela os recursos necess rios a sua sobreviv ncia Por fim a parte econ mica era enfatizada com o intuito de demonstrar a rela o homem e meio atrav s das diferentes atividades econ micas desenvolvidas como o extrativismo agricultura pecu ria ind stria e outros Havia dificuldades em explicar as rela es existentes entre o homem e o ambiente sob a tutela da Geografia tradicional No que se refere aos estudos de popula o predominava a nfase nos conceitos e n meros sem nenhuma contextualiza o com a realidade ou seja n o se levava em conta os fatos cotidianos as rela es pol tico sociais e econ micas e adotava se um estudo do espa o de maneira fragmentada Por conta dessa fragmenta o era dif cil estabelecer rela es entre o homem e o meio f sico e suas particularidades A dicotomia imperante entre a Geografia F sica e Geografia Humana impedia que os estudos populacionais ganhassem a aten o necess ria j que preocupa o da Geografia era estudar de forma compartimentada o meio f sico e o homem e n o analisar e entender as rela es entre as sociedades e a natureza bom relembrar que essa forma de interpreta o da popula o estava consonante com as preocupa es e interesses do momento o que significa que as teorias malthusianas j tinham
23. Nesse sentido elaborou se o quadro para ilustrar as Institui es as quais n o se obteve retorno Assim sendo consideramos que a pesquisa em popula o n o desponta com uma rea de grande repercuss o nas linhas de pesquisa dessas institui es 196 Quadro 3 Universidades onde n o foi poss vel o acesso aos dados para a pesquisa AUS NCIA DE DADOS Universidade de Bras lia UNB Universidade Federal de Uberl ndia UFU Universidade Estadual do Par UEPA Universidade Federal de Pernambuco UFPE Universidade Federal do Paran UFPR Universidade Federal Fluminense UFF Universidade do Estado Rio de Janeiro UERJ Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Dos 46 quarenta seis cursos de p s gradua o pesquisados foram analisadas suas respectivas gradua es Dessa forma a Geografia da Popula o ou reas correlatas aparecem em 30 trinta cursos de gradua o dos 46 quarenta seis que tiveram suas grades curriculares analisadas e com elas os respectivos planos de ensino O que demonstra que os estudos de Popula o encontram mais ades o nas reas destinadas ao ensino do que pesquisa Se comparar a investiga o desenvolvida pelo professor Odeibler na d cada de 1980 e a pesquisa ora desenvolvida podemos perceber que as quest es afetas Geografia da Geografia est o perdendo espa o tanto no ensino quanto
24. S o Paulo v 83 n dez 2005 p 57 90 2005 DEFFONTAINES P Posi es da Geografia Humana Por que Geografia Humana IN Boletim Paulista de Geografia S o Paulo N mero 81 Dezembro de 2004 DEMANGEON A Probl mes de G ographie Humaine Paris Armand Colin 1952 DEMO P Pesquisa princ pio cient fico e educativo S o Paulo Cortez 1992 DESCARTES R O Discurso do M todo In Descartes 4 ed S o Paulo Nova Cultural 1987 p 25 71 Col Os Pensadores DESCARTES R apud RUSS J Dicion rio de filosofia Trad Alberto Alonso Mufihoz S o Paulo Scipione 1994 DOLLFUS O O Espa o Geogr fico S o Paulo Difus o Europ ia do Livro 1972 DOUGLAS I The influence of human geography on physical geography Revista Progress in Human Geography 1991 ENGELS F A situa o da classe trabalhadora na Inglaterra S o Paulo Global s d FAUSTO B Hist ria geral da civiliza o brasileira v 1 t 3 2 ed S o Paulo Difel 1977 FEBVRE L Morfologia social ou Geografia humana In Panorama da Geografia Livro II Geografia humana Lisboa Cosmos 1954 p 413 733 A Terra e a Evolu o Humana Ed Cosmos Lisboa 1955 FERRAZ C O B O discurso geogr fico A obra de Delgado de Carvalho no contexto da Geografia brasileira 1913 a 1942 S o Paulo 1995 FEYERABEND P Contra o m todo Rio de Janeiro Francisco Alves 1989 329 FREIRE P Pedagogia da autonomia Saberes necess rios
25. a ontologia do ser humano Sen o por que quest es ligadas aos fen menos populacionais parecem n o ser importantes aos olhos de boa parte dos pesquisadores da ci ncia geogr fica em especial quando retiramos destas an lises os estudos de migra o E mais ser que essas indaga es s o leg timas Diante de tantas elucubra es vem tese de que a hist ria nos oferece condi es leg timas de avaliar a produ o de conhecimento e nos presenteia com a possibilidade de superar alguns ran os que acompanham o desenvolvimento cient fico e que promovem uma esp cie de engessamento tanto do pesquisador quanto de seu universo de pesquisa Mas como superar este processo de aliena o O que compete ci ncia na atualidade O positivismo a grosso modo j foi repelido da pesquisa mas suas perman ncias est o a para todos verem A impress o que se tem que muitas vezes estamos marcando passo pois em pleno s culo XXI a compartimenta o dos saberes imperante e para aquilo que n o h interesse de investiga o o senso comum suficiente e isto not vel nos estudos de popula o onde muitas an lises s o desprovidas de senso cr tico que redundam muitas vezes na divulga o de dados est reis que pouco ou nada contribuem para o avan o na pesquisa em popula o ao menos no que tange ci ncia geogr fica Se a Geografia da Popula o se tornou hoje pouco relevante para a pesquisa cient fica talvez
26. aberto e dial tico em vez de um corpo fixo e fechado de compreens es HARVEY 1992 A denominada Geografia pragm tica intensificou se nos anos 1960 e 1970 principalmente por conta dos interesses governamentais Vivemos nesse per odo uma intensa participa o governamental nas diferentes esferas da vida p blica O arcabou o oferecido pela Geografia pragm tica servia para sustentar a ideologia do governo tendo em vista que a ci ncia estava a seu servi o Assim faziam uso das descobertas cient ficas para alcan arem os objetivos almejados Se por um lado as descobertas cient ficas colaboravam para o aprimoramento de m todos e t cnicas por outro podia cercear o direito individual e coletivo Uma vez que o governo tinha em suas m os a possibilidade de controlar os variados segmentos da sociedade visando com isso atender seus interesses Desse modo dependia para quem o conhecimento cient fico era ofertado quais os reais anseios de quem o direcionava bem como os investimentos a ele destinados Para Gramsci 1996 a individualidade e personalidade se constroem pela consci ncia e pelo agir do homem a partir das circunst ncias atrav s da tomada de consci ncia das rela es do que o limita ou o liberta Assim est atrelada compreens o da rela o da forma o do indiv duo a partir do envolvimento do sujeito no contexto social num compromisso constante com a sociedade A quest o a ser discutida perpassa pela an lise
27. ao passo que tamb m come ou a trabalhar com disciplinas optativas sobre migra es e com a cria o do mestrado de Geografia na UERJ por volta de 2001 lecionou uma disciplina sobre migra o Criando um n cleo juntamente com outra professora e o interesse pelas migra es internacionais foi se expandindo No doutorado iniciado em 1991 na USP come ou a estudar as migra es dos garimpeiros seu orientador foi o professor Dieter Investigou o processo hist rico das migra es nas reas de garimpo Em 2000 foi criado o N cleo Interdisciplinar de Estudos Migrat rios NIEM e o gosto pela interdisciplinaridade tomou mais corpo e ades o com a entrada de pessoas que trabalham sobre migra o em diferentes aspectos o que perdura at hoje Em 2006 fez o concurso da UFRJ e trouxe consigo o NIEM no qual continua trabalhando com o tema das migra es e passou a n o dar mais aulas de Geografia da Popula o Atualmente dedica sua vida acad mica a estudar as migra es quest es como pol ticas de acolhimento de refugiados do Rio de Janeiro desde a Segunda Guerra Mundial at a atualidade como o caso dos congoleses fazendo ao mesmo tempo contato com v rias associa es de refugiados Seu p s doutorado realizado em 2003 foi realizado num centro de estudos ligados a Igreja Cat lica dos Scalabrianos que uma ordem religiosa e realizou seu estudo na It lia Colaborando ainda mais para a quest o da interdisciplinaridade P voa Neto r
28. ao restringir os trabalhadores aceita o de certas concep es de estilo de vida de h bitos de consumo e de desejo os capitalistas podem garantir mais facilmente a obedi ncia no mbito do processo de trabalho ao mesmo tempo em que capturam nichos de mercado distintivos e em prolifera o para suas vendas Surgem confrontos entre o modo como os trabalhadores fazem individual ou coletivamente suas escolhas de consumo e estilo de vida e a maneira como as for as capitalistas tentam capturar e orientar essas escolhas para o consumo racional em favor da acumula o continuada Marx n o submete a escrut nio esses conflitos mas h dificuldades particulares para integr los a seu corpo te rico Est claro que o processo marcado por uma extraordin ria heterogeneidade ao mesmo tempo em que acossado pela instabilidade Por exemplo podem ser criadas comunidades inteiras de estilos de vida como as moldadas pelas classes trabalhadoras em ambientes industriais ou por tradi es culturais marcadas pela especificidade no mbito da circula o do capital vari vel apenas para ser dissolvidas mesmo que isso encontre consider vel resist ncia pelos mesmos processos que levaram sua forma o inicial Os estudos de mobilidade t m sido recorrentes nos estudos de mbito geogr fico esta tem tica prende a aten o dos ge grafos e outros pesquisadores h um bom tempo Nos estudos populacionais a compreens o da natureza causas e in
29. clima sobre a a o do homem sendo a escola profundamente culturalista e at certo ponto determinista Produziu not veis trabalhos na linha chamada f sica como os de Passage mas desenvolveu tamb m estudos na rea pol tica paralela as ci ncias sociais e aproximada da Geopol tica como os trabalhos de Alix e de Otto Maul A Alemanha imprensada na Europa entre a Fran a o Imp rio Austro H ngaro e a R ssia sentia se no direito de se expandir em dire o aos B lc s e questionava o dom nio colonial ingl s na frica onde tendo realizado tarde a sua unidade pol tica conseguiu abocanhar poucos territ rios Togo Sudoeste Africano e Tanganica ao contr rio dos ingleses e franceses que praticamente dividiram entre si o continente negro Os alem es fizeram numerosos disc pulos nos Estados Unidos onde Huntington e Helen Simple levaram as ideias deterministas a um forte grau de exagero e onde Sauer desenvolveu a chamada Geografia Cultural Na Inglaterra os estudos de Geografia Pol tica sobretudo das reas coloniais despertaram 121 grande interesse fazendo compreender conhecer e justificar o imperialismo brit nico ANDRADE 1989 p 15 16 Vale destacar que cada um desses paradigmas refletiu a situa o s cio pol tico econ mica da poca em que se desenvolveram sendo que desde o surgimento da ci ncia geogr fica sempre houve uma ou duas correntes dominantes Assim todas as principais escolas nacionais tamb
30. essas continuam vivas um exemplo disso foram os estudos da d cada de 70 que consideraram o crescimento demogr fico como um c ncer para a sociedade e precisava ser extirpado Controversas a parte quest o do crescimento demogr fico sempre fora algo que mereceu aten o Por m cada forma de interpreta o desse fen meno chega a resultados diferentes Desse modo importante estabelecer as prioridades e os meios para que os habitantes da Terra possam usufruir da vida e dos elementos para sobreviv ncia sem com isso prejudicar a sa de do planeta Terra Ao contr rio de Malthus Karl Marx 1989 considerava que a popula o n o resultado da despropor o entre crescimento da popula o e dos meios de subsist ncia Em outros termos a produ o de uma superpopula o absoluta Para ele toda a vida social essencialmente pr tica todos os mist rios que levam a teoria para o misticismo encontram sua solu o racional na pr xis humana e na compreens o dessa pr xis Marx reconhecia a exist ncia de uma rela o entre a acumula o de capital e o crescimento num rico do proletariado Ele ressaltava por m que n o se trata de uma rela o direta e mensur vel atrav s da evolu o dos sal rios Isto porque enquanto os sal rios se apresentam constantes e at declinantes a acumula o de capital n o cessa de crescer Essa acumula o altera a chamada composi o org nica do capital ou seja a rela o entre
31. gico preciso tomar um pouco de cuidado j que a geografia n o tem priorizado nem a si pr prio como o todo Mas at que ponto isso importa Na realidade menos ainda quando se trata de popula o quando se olha o livro sobre popula o qual a parte te rica que mais lhe interessa O que mais se aproxima enquanto ge grafo Na maioria das vezes quando se discute a migra o A geografia discute mortalidade discute migra o discute envelhecimento ent o o que mais lhe chama a aten o Muitas vezes o t tulo n o contempla o que prop e preocupo me especialmente com a an lise espacial proposta e esta para mim a grande compet ncia geogr fica Para a qual temos muitos desafios a come ar pela parafern lia que a geografia cria com territ rio e regi o lugar espa o como manusear tudo isto Veja n o pela falta de teoria que ela n o pode contribuir na quest o da popula o mas pela forma como interpretamos as informa es os problemas que chamamos de problemas urbanos na verdade s o problemas humanos e que se configuram num determinado espa o por exemplo nascer e morrer n o s o problemas uma condi o da esp cie que nasce cresce e morre a grande mobilidade para o trabalho n o necessariamente problema nico do Brasil um problema humano por que a sociedade humana de maneira geral n o tem mais espa os reais o que temos s o espa os para perambular que significa onde sou encontrado
32. hist ria e pesquisa In OLIVEIRA M A T de RANZI S M F Orgs Hist ria das disciplinas escolares no Brasil contribui es para o debate Bragan a Paulista EDUSF 2003 BRASIL T P S Comp ndio elementar de geographia geral e especial do Brasil Rio de Janeiro Casa dos Editores 1864 Popula o do Cear em 1889 Revista do Instituto Hist rico e Geogr fico do Cear v 4 1890 Ra zes do Brasil S o Paulo Companhia das Letras 1999 BESSE J M Ver a Terra seis ensaios sobre a paisagem e a geografia S o Paulo perspectiva 2006 BOSI A O positivismo no Brasil uma ideologia de longa dura o In PERRONE MOISES L Do positivismo desconstru o ideias francesas na Am rica S o Paulo Universidade de S o Paulo 2004 BOURDIEU P Contrafogos 2 por um movimento social europeu Tradu o de Andr Telles Rio de Janeiro Jorge Zahar 2001 Os usos sociais da Ci ncia Por uma sociologia cl nica do campo cient fico S o Paulo UNESP 2004 BOURDIEU P PASSERON J C A reprodu o Elementos para uma teoria do sistema de ensino Rio de Janeiro Francisco Alves 1975 BRAUDEL F Escritos Sobre Hist ria S o Paulo Perspectiva 1992 326 A Gram tica Das Civiliza es Rio de Janeiro Martins Fontes 1989 BRUNHES J G ographie Humaine Paris Alcan 3 t 1925 Geografia humana 3 ed Rio de Janeiro Fundo de Cultura 1969 BUARQUE DE HOLANDA S Hist ria geral da civ
33. mas que exerce seu poder mais sobre uma multiplicidade do que sobre um territ rio Ao definir o poder pastoral busca realizar um paralelo com a Gr cia antiga e a constru o de um saber sobre os homens Da filosofia grega Foucault concentra se mais sobre o texto O Pol tico de Plat o no qual apresenta um tipo de procedimento que leve a plenitude da vida moral para o homem pol tico que tem como objetivo tico o trabalho sobre si mesmo isto governa se a si pr prio para posteriormente governar a cidade O que est em discuss o o dom nio de si mesmo e por conseguinte a dispensa da figura do pastor A partir de ent o busca explicitar uma s rie de diferen as entre a produ o de conhecimento do sujeito tico e pol tico Foucault nos apresenta um modo de atuar das pr ticas crist s que se caracteriza por uma rela o de m rito e dem rito onde a finalidade ltima a salva o de cada um e portanto de todos Para isso cada crist o dever obedecer sem ressalvas aos ensinamentos do pastor Registra desta maneira um processo de individualiza o do homem por meio do poder exercido pelo pastor que est concentrado em tr s linhas a salva o a 111 obedi ncia e resigna o no entanto essas condi es mediadas pelas a es do pastor subvertem a vontade dos sujeitos ao seu poder De in cio Foucault retoma as linhas fundamentais do poder pastoral a fim de demonstrar as diferen as entre essa forma de g
34. materialidade dentro da qual vivem Em suas obras Michel Foucault desenvolveu estudos a partir de evid ncias que expressam as formas de racionalidade e as rela es entre poder e saber que constituem o sujeito moderno Sujeito verdade poder saber e tica em torno destes temas articula se o pensamento de Foucault Discursos de verdade formas de racionalidade efeitos de conhecimento e de ci ncia acabaram por nos constituir como sujeitos de desejo e de prazer sexual ARA JO 2001 p 19 Foucault 1977 analisou os processos de racionaliza o da sociedade e da cultura moderna em diferentes extens es da experi ncia humana as rela es entre as experi ncias que dizem respeito loucura doen a morte criminalidade e sexualidade E os regimes de verdade que desenham esses objetos tais como os saberes psiqui tricos psicol gicos jur dicos e pedag gicos e as t cnicas de poder exercidas a partir das institui es psiqui tricas m dicas penais e educacionais No curso Seguran a Territ rio e Popula o dado no Coll ge de France 1977 1978 Michel Foucault d prosseguimento em seus estudos sobre as pr ticas da biopol tica Ampliando seus questionamentos sobre as circunst ncias hist ricas do conhecimento que se evidencia e tem como objetivo conhecer o homem como um sujeito biol gico e racional Foucault delimita com objetividade que estudar sobre a biopol tica significa analisar uma s rie de fen menos
35. mobilidade urbana redistribui o espacial teorias demogr ficas como a de Malthus pol ticas populacionais entre outros vis vel a repeti o de temas nos programas analisados por m em muitos casos esses temas foram abordados com terminologias diferentes por m o significado se mant m O quadro 5 traz os temas mais citados tanto nos programas de ensino das p s gradua es analisadas quanto nos planos de ensino dos cursos de gradua o tamb m analisados como forma de dar visibilidade ao que est sendo trabalhado atualmente Quadro 5 Temas mais citados na p s gradua o e na gradua o relacionados aos estudos populacionais TEMAS TEMAS Demografia Natalidade Mortalidade Din mica populacional natalidade fecundidade mortalidade Caracter sticas Ambientais Distribui o populacional Migra es Teorias demogr ficas Mobilidade urbana Migra es Fecundidade Fonte Programas e planos de ensino das institui es analisadas Org MORMUL Najla Mehanna 2012 A t tulo de explica o do quadro 5 os temas referem se an lise dos planos de ensino de Geografia da Popula o na gradua o e os temas referem se an lise dos programas de P s Gradua o em Geografia A quest o dos temas trabalhados bem como de sua distribui o na p s e na gradua o novamente nos leva a considerar o que o professor Guidugli 1990 p 105 106 afirmou 209 O ge grafo d
36. na pesquisa as causas ou motivos que podem explicar essa situa o s o v rios entre eles destacam se a inefici ncia na forma o dos professores de Geografia e dos ge grafos para se trabalhar com a quest o da popula o pautados em an lises quantitativas com pouca relev ncia para o entendimento da din mica populacional a dissemina o dos assuntos pertinentes popula o entre outras reas da Geografia como a urbana a agr ria e a econ mica a propriedade da demografia em dar conta dos estudos da popula o E ainda a dificuldade de trabalhar com dados heterog neos amplos e complexos pautados num paradigma de ci ncia onde predominam an lises fragmentadas do conhecimento Nesse sentido George alerta existem poucos campos em que as contradi es dial ticas ocorram com maior liberdade do que na evolu o dos efetivos populacionais e no jogo complexo de fatores que interv m nessa evolu o GEORGE 1969 p 70 A professora Damiani comenta que o fundamento moderno da Geografia levou a discernir a popula o aos elementos quantitativos A ci ncia moderna deixou de ser uma ci ncia qualitativa e passou a ser quantitativa ent o se explica em partes o desenvolvimento da f sica das matem ticas com a Geografia Segundo Damiani para o professor Pierre George as circunst ncias espaciais do estabelecimento da popula o inferiam muitas informa es com esse mapeamento se a popula o estava dividida no territ
37. necessidades Para Lessa qualquer forma de sociedade n o se viabilizaria se n o 46 TREWARTHA G T Mobilidade e migra o In TREWARTHA G T Geografia da popula o padr o mundial Trad Veneranda Barreto Hellmeister S o Paulo Atlas 1974 41 LESSA S Trabalho e proletariado no capitalismo contempor neo S o Paulo Cortez 2007 289 houvesse a natureza para que o homem pudesse dela se dispor J que a natureza fonte dos meios de manuten o da vida e tamb m de sua produ o O trabalho se altera ao longo da hist ria e a forma como os homens se apropriam e transformam a natureza Assim a natureza sofre todo um processo de transforma o vinculado quest o do trabalho vale destacar que nosso foco o trabalho humano portanto n o entraremos na discuss o de outras formas de transforma o que ocorrem na natureza Pois o homem antes de realizar qualquer trabalho concebe o resultado bem como sua finalidade desse modo o trabalho um processo consciente Neste sentido o trabalho um ato teleol gico j que se realiza primeiro na consci ncia na qual projetada sua finalidade que s o previamente determinadas pela sociedade Contudo para que o trabalho tenha xito necess rio uma s rie de conhecimentos anteriormente adquiridos pois esses possibilitaram a realiza o ou n o de determinado trabalho No processo de trabalho a atividade do homem efetua portanto mediante o meio de trabalho uma
38. o psicologismo A realidade social objetiva que n o existe por acaso mas como produto da a o dos homens n o se transforma por acaso Se os homens s o os produtores dessa realidade e se essa na invers o da pr xis volta se sobre eles e os condiciona transformar a realidade opressora tarefa hist rica tarefa dos homens O que importa de fato n o s entender o lugar ou import ncia da popula o para a Geografia ou da Geografia da Popula o mas tamb m entender como vive a popula o e os porqu s das diferentes formas de vida quais s o os interesses de quem a controla e quem controla quem realmente define como gasto o tempo e o que consumir e por que e para qu a vida se manifesta de diferentes formas no espa o geogr fico Seja para produzir capital para ser massa de manobra para se alienar em frente televis o aberta que infelizmente inunda as mentes das pessoas com um monte de informa o in til isso precisa vir tona para que se possa fazer pensar agir diferente e ainda para que a Geografia seus professores e pesquisadores possam contribuir efetivamente para uma leitura cr tica n o s da tem tica populacional mas tamb m do mundo Pois acreditamos 235 que atrav s do olhar e pensar geogr fico muitas coisas ganham dimens es e propor es diferentes e instigantes antes talvez n o observadas Isso tudo posto no sentido de problematizar a inten o n o dar respostas
39. o cient fica sobremaneira no que se 248 refere Geografia da Popula o Boa parte dos estudos de popula o relacionados a temas como crescimento fertilidade mortalidade natalidade s o encrustados de explica es naturalizantes e simplistas o que leva a constata es bvias com nenhuma relev ncia social pol tica e econ mica e esse empobrecimento de uma rea t o rica que infelizmente predomina na Geografia Max Sorre 1984 p 90 sobre as no es de g nero de vida e sua repercuss o comenta Na an lise das rela es entre o grupo humano e seu meio o ge grafo utiliza uma no o de car ter funcional que na verdade uma no o central para sua disciplina a no o de g nero de vida Ratzel faz dela grande uso e entre n s Vidal de la Blache mais f cil apreend la por exemplos concretos de modo por assim dizer intuitivo do que por meio da defini o sistem tica Contudo pode se dizer que a express o designa o conjunto mais ou menos coordenado das atividades espirituais e materiais consolidados pela tradi o gra as s quais um grupo humano assegura sua perman ncia em determinado meio Descrevemos assim os g neros de vida baseados na pesca na cria o n made na agricultura e em seus diversos modos Tudo isto perfeitamente claro A quest o se complica por m quando passamos a considerar modos de exist ncia s vezes menos completos mais especializados e geralmente mais indep
40. o coletiva que leva o ser humano a realizar as suas potencialidades e encarar as contradi es Pois sempre h interesses econ micos pol ticos sociais que se projetam sobre a popula o N o raro identificarmos um conceito idealizado de popula o o qual esconde os interesses que pessoas e grupos t m para o seu uso administra o organiza o e at controle Do ponto de vista de quem controla muitas vezes definir popula o legislar sobre ela e isso implica justamente em ocultar os interesses ou seja a realidade de que ela serve e sob quais circunst ncias O crescimento populacional bem como outras din micas relacionadas aos estudos populacionais na maior parte das vezes fazem parte de um processo cont nuo que acompanha o ser humano desde o nascimento at a sua morte E pode ser mais compreendida se posta luz da hist ria isto no contexto em que os homens estabelecem entre si e com as rela es de produ o da sua exist ncia Assim as an lises populacionais como as pol ticas demogr ficas est o comprometidas com a economia e com a pol tica do seu tempo e envolve as rela es humanas em sua totalidade A presente tese representa o esfor o de promover uma pequena reflex o a respeito das diferentes abordagens acerca da popula o na Geografia por isso buscamos o caminho da hist ria da Geografia para entender como esse tema fora abordado no cerne da Geografia Tendo como pressuposto que as disti
41. o da URSS inferior da China ou ndia Talvez a mais Dicion rio novo Aur lio S culo XXI Nova Fronteira S A Rio de Janeiro 1999 277 not vel ilustra o recente da imperfeita correla o entre o tamanho da popula o e o poder nos assuntos internacionais foi a vit ria de Israel em 1967 com uma popula o de apenas 2 7 milh es de habitantes sobre os seus advers rios rabes cuja popula o conjunta totaliza perto de 100 milh es Claro est que s o tamanho da popula o n o explica as varia es do poder internacional S o talvez necess rias quatro vari veis para explicar a for a de uma na o nas quest es mundiais 1 o tamanho da popula o 2 a renda per capita 3 o grau de motiva o governamental para a consecu o de metas intencionais e 4 a efici ncia do governo na mobiliza o dos recursos para atingir essas metas O tamanho da popula o importante por suas raz es Primeira necess ria grande popula o para que o pa s possa ter grande conjunto de homens em servi o militar Segunda importante porque do esfor o produtivo de cada membro da for a de trabalho poss vel deduzir certa quantidade para pagar os custos dos efeitos militares e outras despesas destinadas a fortalecer o poderio do pa s Se essa quantidade for constante para cada membro da for a de trabalho o esfor o que poder ser despendido para manter ou aumentar o poder de uma na o variar na r
42. o de uma geografia geral sobre o urbano no mundo sugerindo tipos de cidades e os condicionantes de seu crescimento urbano de sua reparti o desigual no mundo em estudos comparativos DAMIANI 2008 p 156 Em outro momento a professora Damiani adverte quanto a aproxima o da quest o urbana por meio da popula o onde P George discorre sobre a reparti o das cidades no mundo Nesse sentido ela destaca que importante se ater a contradi o dial tica presente onde quantidade e qualidade aparecem nesse movimento A raz o dial tica traz a possibilidade de reunir o real e o racional em sua complexidade sem que isto signifique uma redu o ou isolamento do conte do real e da apar ncia refletida dele A base de sua constitui o est o sentido contradit rio do real H movimento contradit rio porque a natureza o homem os objetos cont m em si mesmos seu oposto pois cont m em si mesmos suas m tuas rela es Examinados n o isoladamente mas em suas rela es intera es o sentido contradit rio prevaleceria Esta uma lei universal da realidade concreta DAMIANI 2008 p 93 Pierre George em Geografia Ativa comenta que a import ncia num rica da popula o certamente um elemento de relevo para a economia de um Estado contudo esse processo bastante heterog neo e flex vel uma vez que de acordo com as necessidades do Estado a entrada no mercado se dar em volume ou propor es maiores ou menores com
43. o do territ rio nacional Em 1938 os conselhos de Estat stica e o de Geografia se uniram num nico Instituto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IBGE A partir disso o Conselho Brasileiro de Geografia passa a ser Conselho Nacional de Geografia que atrav s de suas assembleias tomava decis es importantes para o desenvolvimento da ci ncia geogr fica no Brasil Uma das medidas foi aprova o da publica o da Revista Brasileira de Geografia e a aprova o da integra o do Instituto Hist rico e Geogr fico Brasileiro da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro da Academia Brasileira de Ci ncias e da Associa o dos Ge grafos Brasileiros no sistema geogr fico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica Atitudes ou a es como essas foram importantes tanto para o desenvolvimento quanto para a consolida o da Geografia no pa s Apesar da liga o com a universidade a Geografia produzida nesse per odo pelo IBGE se diferenciava muito daquela produzida nas universidades principalmente na Faculdade de Filosofia Letras e Ci ncias Humanas de S o Paulo A Geografia praticada pelo IBGE compartilhava das teorias desenvolvidas por Ratzel ou seja estavam voltadas s quest es pol ticas do Estado Novo importante destacar que a administra o do IBGE era composta por engenheiros militares e pol ticos ligados simultaneamente a organiza es geogr ficas mais tradicionais e experientes nos jogos de poder
44. o peri dicas segundo Trewartha comparar com exatid o a mobilidade populacional de todos os pa ses do mundo algo complexo Percebemos que a leitura de Trewartha sobre mobilidade n o tem necessariamente uma rela o direta com as rela es capitalistas de trabalho Dessa maneira podemos de certo forma entender que ao se tratar da Geografia da Popula o este fen meno tamb m n o foi acolhido dentro de uma dimens o cr tica Por isso que ao considerarmos a mobilidade como um fen meno importante na din mica populacional entendendo inclusive inseridos dentro das rela es capitalistas de produ o de for a de trabalho Nesse sentido podemos tamb m abordar os estudos populacionais na Geografia da Popula o de forma cr tica e atuante Defendemos o trabalho como condi o do ser humano independente do modo de produ o dominante e das rela es sociais neste caso o trabalho ontol gico e est expl cito na rela o existente ao longo da hist ria entre homem e natureza O homem por meio de sua rela o com a natureza transforma ou a altera ou seja busca um modo de agir sobre ela Para Marx o homem ao atuar ou transformar a natureza atrav s de sua forma de trabalho ao mesmo tempo em que a transforma tamb m transforma a si mesmo A natureza a ess ncia de toda forma de organiza o social o homem por meio da for a de trabalho altera substancialmente a natureza visando com isso atender suas i 47 a A EEI E
45. o universais e outros s o acidentais mas que de uma parte nunca s o inteiramente compreens veis mesmo que sejam acidentais e que acarretam tamb m consequ ncias an logas de incapacidade de p r indiv duos fora de circuito de neutraliza o etc ser o problema muito importante j no in cio do s culo XXI na hora da industrializa o da velhice do indiv duo que cai em consequ ncia para fora do campo de capacidade de atividade E d outra parte os acidentes as enfermidades as anomalias diversas E em rela o a estes fen menos que essa biopol tica vai introduzir n o somente institui es de assist ncia que existem faz muito tempo mas mecanismos muito mais sutis economicamente muito mais racionais do que a grande assist ncia a um s tempo maci a e lacunar que era essencialmente vinculada Igreja Vamos ter mecanismos mais sutis mais racionais de seguros de poupan a individual e coletiva de seguridade etc FOUCAULT 2005 p 291 As contribui es de Foucault abrem debate sobre muitas quest es a respeito da popula o e nos fazem relembrar que durante o s culo XVII houve uma discuss o sobre popula o onde predominava a ideia de que um grande n mero de pessoas precisava de um apoio pol tico centralizado e o estado seria esta identidade desse corpo populacional Havia outra tend ncia na qual se discutia a quest o do reconhecimento das diferen as e esta tend ncia levou a discuss o de
46. por meio da janela te rico metodol gica que realizamos a pr xis Por isso reconhecemos que n o poss vel realizar aferi es t o precisas quanto ao fen meno populacional bem como as causas ou n o de seu desenvolvimento na ci ncia geogr fica sem com isso recorrer a explica es gen ricas O que conseguimos perceber que desde a antiguidade esse tem rio sempre se fez presente na hist ria da humanidade Houve momentos que as quest es sobre popula o ocuparam um lugar de destaque nos estudos da Geografia Percebemos que desde as primeiras interpreta es acerca do fen meno demogr fico sempre houve uma ou mais quest es em evid ncia Por m as fortes influ ncias exercidas pelas chamadas teorias demogr ficas e o desenvolvimento da Demografia contribu ram para que a Geografia no que se refere aos estudos populacionais desce uma esp cie de scratch the surface sobre os fatos mas n o se preocupou efetivamente em desfazer os n s que envolvem essa problem tica 116 Outro tema discutido pela Geografia que de certa forma envolve a quest o populacional o que diz respeito concentra o das popula es nas cidades Diga se de passagem a quest o urbana vem ocupando gradativamente um espa o consider vel entre os temas abordados pela Geografia na contemporaneidade O espa o urbano entre outras coisas est sujeito especula o imobili ria o que sugere que esse est disposi o de todos de
47. pria revela o de atributos naturais da din mica humana Assim o homem para Ratzel n o deve ser visto apenas como parte da natureza mas como integrante e resultado de sua din mica evolutiva ou em suas palavras foi a partir dela que ele se constitui e n o sem que a natureza gravasse em seu ser e da forma mais m ltipla o pr prio sinal CARVALHO 1999 p 6 Apesar da nfase pautada numa concep o naturalista isso n o impediu que as teorias de Ratzel bem como de Alfred Hettner 1858 1941 se difundissem para ele a Geografia n o seria a ci ncia da totalidade e sim do estudo da superf cie terrestre entendia ainda que a Geografia n o podia ser dualista j que em cada rea havia componentes f sicos e humanos que formariam um s objeto Contribuiu tamb m acerca da defini o de m todos ou seja o m todo regional que analisaria todo o complexo de caracter sticas das reas e o m todo geral que compararia as reas em rela o as suas especificidades O desenvolvimento da Geografia acad mica ocorreu por conta do novo perfil das universidades na modernidade o surgimento das Sociedades Geogr ficas e das pesquisas sobre caracter sticas e recursos naturais eram patrocinadas por governos de diversos pa ses Essas sociedades apadrinhadas pela burguesia e pelo governo estavam em busca de informa es que pudessem contribuir na pol tica A Geografia como disciplina ou seja como campo de pesquisas e estudos se est
48. ricos a ocupa o nas diferentes regi es O n mero chave para as ci ncias humanas aquele que exprime em escala planet ria ou em escala regional e local o efetivo populacional Na verdade todas as demais avalia es num ricas se situam em uma hierarquia qualitativa e com ele mant m rela o Uma superf cie ou uma produ o somente assumem uma significa o sob a forma de quocientes que exprimem um potencial de exist ncia ou das disponibilidades deficit ria ou em excesso com rela o ao n mero de homens diretamente afetados Todavia este n mero de homens constituiu atualmente um dos dados num ricos mais vari veis da geografia humana e da economia mundial Suas varia es influem sobre as rela es que se consideravam estabelecidas e fixadas em longo prazo com a rela o produ o consumo ou a rela o demanda oferta de empregos GEORGE 1969 p 67 Vidal de La Blache em seu livro Princ pios de Geografia Humana reconheceu a popula o como um elemento primordial do extenso campo em que ele estava escrevendo Pois ele dedicou cerca de um ter o de seu volume com o tema distribui o da popula o A nfase est na distribui o dos n meros e padr es de densidade associados N o h reconhecimento de outros aspectos geogr ficos da popula o nenhuma tentativa feita no 104 sentido de organizar e classificar o seu conte do e a subdivis o principal o amplo campo da Geografia Humana Vid
49. se resumiram em levantamentos estat sticos estudos descritivos e produ o de alguns atlas produzidos pelos Institutos e Sociedades Geogr ficas Vale ressaltar que esse modelo de abordagem era consonante com os interesses dominantes o pa s era uma na o em processo de consolida o portanto a escola foi usada como um dos meios para formar o indiv duo civilizado do mesmo modo que a institui o da Geografia acad mica se deu por conta de uma necessidade hist rica O ano de 1930 serve como marco para a Geografia brasileira na maior parte das vezes o pensamento geogr fico no Brasil analisado quase sempre a partir da d cada de 1930 Per odo em que o pa s come a a romper com as estruturas pol ticas e econ micas da Primeira Rep blica 1889 1930 e tamb m momento em que ocorreram significativas mudan as na educa o e no ensino do pa s Havia cr ticas em rela o Geografia produzida no pa s at mesmo Delgado de Carvalho recriminava a Geografia produzida pelos Institutos j que a considerava n o cient fica pela falta de rigor metodol gico E antes dele Rui Barbosa como vimos j tecia cr ticas contundentes sobre o ensino de Geografia O pr prio Delgado de Carvalho nas primeiras d cadas do s culo XX publicou obras que contribu ram para o desenvolvimento do pensamento geogr fico cient fico entre elas destacamos Brasil Meridional Geografia do Brasil Metodologia do Ensino da 132 Geografia Intro
50. tem a quest o dos deslocamentos pois ele deixa claro por exemplo que a escola aquele lugar que deve 3 Para maiores informa es acerca desta discuss o recomendamos a leitura da obra FOUCAULT Michel Vigiar e punir O nascimento da pris o Tradu o Raquel Ramalhete 32 ed Petr polis Vozes 1987 269 ensinar as pessoas a se distribu rem neste sentido a ideia de distribui o e n o de mobilidade est impl cita cada um ocupa seu lugar No ex rcito tem que se marchar em tropa o louco precisa ser ensinado a ficar parado quando necess rio sem falar de todas as representa es simb licas e at fotogr ficas que retratam essas situa es nas obras foucaultiana Para mim assim que Foucault aborda a quest o do controle da popula o como um todo Como trabalho com migra o eu enfatizo mais a quest o da mobilidade e n o da distribui o Mas acredito que Foucault como um importante pensador pode sim nos dar pistas interessantes para pensarmos e entendermos as quest es relativas popula o entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Outra quest o que aproxima os estudos da Geografia da Popula o com a quest o migrat ria s o as relacionadas s pol ticas de popula o ou seja novamente a ideia de que a popula o algo que deveria ser gerenciado controlado A Associa o Brasileira de Estudos da Popula o ABEP publicou os 15 anos da Confer ncia do Cairo material que
51. ticas j que homogene za tudo Com o advento da chamada Geografia cr tica o espa o geogr fico passa a ser concebido como fruto da a o humana constru do por meio do trabalho Essa concep o geogr fica busca romper com a compartimenta o dos saberes geogr ficos atrav s de uma abordagem integrada dos conte dos sendo o espa o geogr fico resultado da inter rela o entre os aspectos f sicos e humanos levando em considera o as transforma es espaciais causadas pela a o antr pica e pelas causas naturais tanto a n vel local quanto global Na pr tica a Geografia cr tica se configura como possibilidade de discuss o sobre o espa o geogr fico buscando avan ar para al m da descri o das paisagens considerando as rela es entre espa o e sociedade auxiliando na forma o de sujeitos cr ticos e integrando o meio f sico e as rela es interpessoais Com essa abordagem os estudos populacionais come aram a superar as explica es pautadas sobretudo em an lises quantitativas existentes at ent o nos estudos de Popula o difundidos pela Geografia A professora Am lia Damiani 2008 refor a essa ideia quando escreveu sobre a valoriza o dos dados quantitativos nos estudos populacionais em detrimento dos aspectos humanos hist ricos presentes na Geografia por um bom tempo Dessa forma salienta se que popula o pode ser bem compreendida luz das condi es que foram criadas ou seja analisando a f
52. tulos 21 revistas entre outros foram organizados levando em considera o o ano e tem tica principal Contudo buscamos trabalhar com as informa es obtidas de modo articulado para isso fizemos uso da dial tica j que entendemos que os fen menos hist ricos n o ocorrem de modo linear e cronol gico mas sim de forma c clica e cont nua o que exige do pesquisador e tamb m do leitor um constante ir e vir j que entendemos que um fen meno n o supera totalmente outro O emprego dessa forma de reda o est em conson ncia com as escolhas e o perfil de pesquisa que desenvolvemos o que para muitos causa desconforto j que o modo como optamos em escrever esta tese n o muito comum em textos acad micos nos quais o peso da cientificidade se sobrep e ao eu de quem escreve Desse modo nosso objeto a popula o na Geografia e a Geografia da Popula o foram implicados no marco da realidade da qual faz parte Pois articulamos os dados adquiridos sem fazer uso de separa es estanques pelo contr rio buscamos unir as informa es por meio do emprego das categorias hist ricas Para tanto foi imprescind vel selecionar as fontes separando aquilo que prim rio do secund rio As fontes prim rias s o os materiais sobre os quais a an lise repousa e a partir deles retirada boa parte das informa es necess rias ao estudo Entre elas destacamos os programas da disciplina Geografia da Popula o ou r
53. uma vez que acredito que o conhecimento deva ir para al m da intelectualidade acad mica Assim ao estudar a popula o h possibilidade de preencher algumas lacunas do que se entende por Geografia Geografia da Popula o e o que ela compreende N o 29 obstante a defesa em rela o tese desenvolvida n o dispensa a probabilidade de averiguar se realmente os estudos populacionais e a manuten o da disciplina de Geografia da Popula o s o relevantes E ainda refor o ao dizer que a maneira com que os dados quantitativos s o convencionalmente trabalhados na Geografia ao se estudar as quest es afetas a din mica da popula o causam nos estranheza Ao passo que ao inv s de aproximar a realidade dos sujeitos a afasta sobretudo por imperar uma ideia pronta e acabada de popula o N o queremos com isso dispensar o uso da quantifica o nos estudos populacionais mas sim buscar entender de que forma ge grafos e professores de Geografia t m trabalhado com as informa es estat sticas presentes nos estudos sobre popula o Para tanto consideramos necess rio recuperar brevemente o contexto da cria o da ci ncia geogr fica Como sabido o s culo XIX foi o per odo de cria o de v rias ci ncias e entre elas a Geografia Em meio a uma convuls o de ideias e de mudan as que alteraram a forma de pensar e entender o mundo e as rela es humanas o conhecimento geogr fico passou a ser discutido de forma mai
54. uso das principais ideias que retrataram essa poca N o pretendemos com isso fazer uma leitura extenuante dos acontecimentos de cada per odo todavia reconhecemos que as diferentes concep es te ricas e metodol gicas utilizadas na Geografia podem orientar na compreens o dos principais pontos de estrutura o dos estudos de popula o na Geografia brasileira relevante salientar que n o rotularemos as diferentes abordagens da Geografia com o emprego dos termos como Geografia cl ssica ou tradicional ao nos remeter a formas como o conhecimento geogr fico ao longo do tempo Entendemos que o desenvolvimento do conhecimento geogr fico fruto de uma s rie de condi es materiais e imateriais portanto sua constru o ocorre por meio de processos de nega o e afirma o O problema que muitas vezes as novidades acabam por dispensar elementos importantes que estavam sendo constru dos pois a hist ria nos mostra que normalmente o processo de transforma o muitas vezes tomado como um momento de hiato onde o que estava em constru o n o aproveitado ou deve ser descartado Quando pensamos a popula o identificamos os momentos de perman ncias e at de transforma es mas as rupturas essas s o dificilmente identificadas o que percebemos um processo de nega o da n o condi o da Geografia em enfrentar as quest es populacionais Nessa dire o percebemos que h muitas afinidades entre as obras dos
55. ximo poss vel de optativas para cada estudante construir o seu percurso de estudo conforme os seus interesses Ent o h um n mero de optativas mas apesar da filosofia de amplitude e liberdade para o estudante h na percep o de muitos professores e na percep o de muitos estudantes que as disciplinas obrigat rias s o as mais importantes e as optativas s o disciplinas de segunda categoria nisto v se que a Geografia urbana est dentro das obrigat rias ao contr rio da Geografia da Popula o entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 De acordo com a fala do professor Dieter quando h um curr culo flex vel quest o da disciplina ser obrigat ria ou n o n o vai interferir diretamente no valor da disciplina Entretanto v lido lembrar que nem todas as universidades brasileiras possuem curr culo flex vel a maioria das universidades estaduais por exemplo trabalha com curr culo fechado e s vezes a carga hor ria destinada disciplina de Geografia da Popula o na gradua o vai se eximindo a ponto de at deixar de existir no curr culo de bacharelado e licenciatura em Geografia a exemplo do que ocorre em algumas universidades Vale salientar que nem todos os programas analisados traziam informa es referente carga hor ria Em pesquisa aos PPP dos cursos alguns haviam sofrido altera o e n o estavam dispon veis de tal modo que elaboramos um quadro demonstrativo tomando como refer
56. 2011 ano 11 n 130 p 56 75 LA BLACHE V Pr ncipes de G ographie Humaine Paris Colin 1896 1922 332 LACOSTE Y Geografia do Subdesenvolvimento Geopol tica de uma Crise Difel 7 ed S o Paulo SP 1985 A Geografia Isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra 3 ed Campinas Papirus 1988 1993 LACOSTE Y apud MOREIRA R Pensar e ser em geografia ensaios de hist ria epistemologia e ontologia do espa o geogr fico S o Paulo Contexto 2007 LAJOLO M org Livro did tico um quase manual de usu rio Em Aberto Bras lia v 16 n 69 jan mar 1996 LAMBERT P Y La langue gauloise Edi es Errance 1994 LEBON J H G Introdu o Geografia Humana Rio de Janeiro Zahar 1970 LEFEBVRE H A vida cotidiana no mundo moderno S o Paulo tica 1991 O Direito Cidade 3 ed S o Paulo Centauro 2004 LEONEL Z Geografia do discurso pedag gico a uma quest o anterior a qualquer discuss o cr tica ci ncia geogr fica Universidade Federal de S o Carlos 1985 Disserta o de mestrado Contribui o hist ria da escola p blica Elementos para a cr tica da teoria liberal da educa o Faculdade de Educa o Universidade Estadual de Campinas SP 1994 Tese de Doutorado LEVASSEUR E La population fran aise Paris Rosseau 3 vol 1889 1891 LUZURIAGA L Hist ria da educa o e da pedagogia S o Paulo Nacional 1959 Antologia de Pestalozz
57. 269 Na perspectiva apontada pela autora na cita o anterior criam se excedentes populacionais teis que constituem uma reserva de trabalhadores inativos pass veis de serem usados a qualquer momento dependendo das necessidades de valoriza o ou expans o do capital A rela o essencial entre crescimento populacional e acumula o de capital colocada nos seguintes termos por Joan Robinson 1965 Enquanto o produto marginal do trabalho excede o sal rio qualquer aumento do n mero de trabalhadores aumenta o volume total de investimento Do incremento de trabalhadores dispon veis apenas uma parte tem que ser colocada na produ o de meios de consumo para o conjunto de recrutados popula o ativa e o resto pode engrossar a for a de trabalho engajada no investimento Enquanto houver espa o dispon vel pode se evitar que o produto marginal do trabalho caia quando o emprego total se eleva mediante o uso de uma parte relativamente pequena do investimento para abrir novas terras e produzir equipamento que poupa m o de obra para a agricultura de modo que o crescimento populacional pode ir muito longe antes que deixe de ser verdade que o investimento total cresce com aumentos ulteriores do n mero de trabalhadores ROBINSON apud SINGER 1970 p 278 Na literatura marxiana notamos que h pouco interesse na quest o demogr fica em si E ainda Marx considerava Malthus um inimigo da classe trabalhadora referindo se a
58. 30 Infelizmente os estudos populacionais na Geografia s o em grande parte da compet ncia do senso comum e acabam explicitando os fen menos por eles mesmos isto n o explicam a realidade do fen meno Na maior parte das vezes descreve os e descrever a realidade apenas n o significa produzir conhecimento cient fico Conquanto sabemos que a ci ncia atende na maioria das vezes ao interesse e necessidade da classe dominante contudo as informa es manipuladas por ela s o desencadeadas de um 34 processo de objetiva o dos sujeitos uma vez que ci ncia n o um instituto mas algo produzido pelos homens que munidos de seus m todos e metodologias buscam o melhor modo de produzi la A ci ncia tamb m revela as precariedades humanas e a nosso ver uma forma de tentar superar uma leitura anacr nica por exemplo das quest es ligadas popula o seria situ la na hist ria Pois entendemos que a hist ria n o prev o futuro mas elucida as escolhas e decis es feitas pelos sujeitos O modo como s o interpretados e analisados os dados da popula o pautados numa vis o empirista torna o estudo da popula o e suas vari veis como algo estanque e distante da realidade Para suplantar a ideia cristalizada que temos ao pensar a popula o precisamos fazer uso de diferentes metodologias at ousaria dizer que dever amos pensar em reescrever uma diferente hist ria da popula o na Geografia Ao nos propormos veri
59. Ad o e Eva que se multiplicassem e depois tenha dito a S o Paulo no Novo testamento bom para o homem abster se de sua esposa Caracterizando se dessa forma uma rdua tarefa para os padres todavia v lido destacar que cada um dos textos b blicos bem como a interpreta o dos mesmos refere se a distintos contextos hist ricos algumas vezes bem antag nicos Portanto a interpreta o ipsis litteris verbis pode levar a graves erros de compreens o apesar disso os padres recorriam categoricamente a defender o ponto de vista atinente aos interesses e necessidades de sua poca Vale destacar que o apoio ou n o ao crescimento da natalidade estava mais associado s necessidade de garantir e manter a ordem e o desenvolvimento econ mico do que necessariamente a vontade divina Em especial porque para a maioria dos cl rigos da antiguidade todos os meios contraceptivos divergiam dos preceitos religiosos j que as rela es sexuais tinham um nico fim a procria o No que tange ao per odo medievo prudente enfatizar a quest o do n mero uma vez que a superioridade num rica passa a ser encarada como uma arma isso significa que desde o in cio do s culo X os povos ocidentais souberam explorar o valor estrat gico da import ncia num rica Como exemplo podemos citar o per odo das Cruzadas no qual o fluxo cont nuo e intenso de popula o indo e vindo favoreceu a expans o do cristianismo o que denota q
60. Brasil A influ ncia da escola francesa na Geografia do Brasil foi aguda sobretudo pela presen a do professor Pierre Deffontaines que foi um dos membros da miss o francesa no Brasil primeiramente contratado pela Universidade de S o Paulo e posteriormente entre os anos de 1936 a 1938 passou a lecionar Geografia na UDF No Rio de Janeiro exerceu grande influ ncia nos estudantes de Geografia e nos ge grafos promovendo nesses o incentivo para a cria o do Conselho Nacional de Geografia e para a publica o da Revista Brasileira de Geografia iniciada em 1939 Pertencendo a uma gera o que havia recebido forma o e inspira o dos grandes mestres franceses como Jean Brunhes disc pulo de Vidal de La Blache Deffontaines implantou no Brasil a chamada escola francesa de Geografia Perspectiva que Seus artigos descreviam a dimens o continental do Brasil e davam o tom da nova Geografia acad mica que estava sendo introduzida a linha vidalina na qual a moldura do quadro natural comandava a organiza o das atividades humanas De fato essas preocupa es estavam a servi o de um governo empenhado na centraliza o do poder num pa s at ent o essencialmente agr rio extremamente segmentado em arquip lagos econ micos MACHADO 2000 p 3 Outro expoente da Geografia francesa no Brasil foi Pierre Monbeig que lecionou tamb m no primeiro curso de Geografia ambos oriundos do pensamento cl ssico lablachiano h de considera
61. Embora essa abordagem preencha com mais propriedade as quest es referentes ao processo migrat rio ainda apresenta lacunas que de alguma maneira v m sendo explicitadas como por exemplo a necessidade de se dar conta dos deslocamentos e das localiza es compuls rias Quest es e desafios como esses t m estimulado os estudos populacionais mais atuais e v m repercutindo na postura de muitos ge grafos e professores de Geografia que passam a adotar atitudes problematizadoras que buscam aprofundar as an lises dos contrastes globais quanto regionais Dessa forma salientamos que uma investiga o mais acurada das quest es populacionais globais pode contribuir para o entendimento das din micas demogr ficas regionais N o obstante ainda h muito a ser feito sobretudo porque os estudos populacionais na Geografia ou se repercutem nas quest es migrat rias o que de forma alguma significa que isso seja ruim por m ser que suficiente para a Geografia Ou fica a cargo das interpreta es da Demografia 185 Nas ci ncias em geral como na matem tica na biologia na geologia etc a no o de regi o possui um emprego tamb m associado localiza o de certo dom nio ou seja dom nio de uma dada propriedade matem tica dom nio de uma dada esp cie de um afloramento ou dom nio de certas rela es como por exemplo na biogeografia inspirada na ecologia onde dividimos a Terra segundo associa es do clima da fau
62. George as formas de sociabilidade n o v o se alterar com o processo de concentra o da popula o por isso 273 que para al m da quest o migrat ria tem um processo social que se metamorfoseia a partir da experi ncia urbana Para ela os primeiros momentos dos estudos populacionais de George foram demarcados pela chamada Geografia cl ssica a partir de certo ponto aparece influ ncia da Demografia e essa influ ncia altera consideravelmente o modo como a Geografia insere os dados populacionais em seus trabalhos Esses momentos s o importantes pois n o s explicam os processos de desenvolvimento da Geografia da Popula o para esse autor como sinaliza que na produ o de qualquer conhecimento sempre haver momentos de perman ncias transforma es e rupturas Na Geografia da Popula o a proximidade com as teorias de Malthus uma constante e em rela o ao Pierre George isso n o diferente apesar de que a partir do movimento de cr tica da Geografia P George tamb m incorpora essas cr ticas s suas an lises contribuindo muito para o desenvolvimento da Geografia da Popula o Entretanto as rela es com os pressupostos marxistas s o quase impercept veis no estudo de popula o o que denota que n o em v o a cr tica severa de Marx a Malthus no que tange as quest es populacionais e por seguinte a Geografia da Popula o Como vimos os estudos sobre migra o na Geografia se apropriaram inici
63. Geral ou Comparada Na sua primeira obra Europa Quadro Geogr ficos Hist ricos e Estat sticos Ritter atribui pela primeira vez um importante papel geografia humana combatendo a ent o chamada geografia pura que se recusava a dar um lugar ao Homem O seu principal objetivo era o de explicar as rela es existentes entre o meio f sico e a atividade humana Da sua pretens o em explicar os fatos humanos em fun o dos fen menos f sicos resultou o seu acentuado determinismo No entanto uma ci ncia com princ pios e fins influenciados pela sociedade burguesa capitalista Dito em outras palavras a servi o do interesse burgu s de sociedade e na o 40 Geografia articula se pois com motiva es de natureza pol tica A forma o do Estado Nacional alem o precisava de est mulos o que fez com que o discurso geogr fico assumisse uma centralidade consolidando o sentimento de pertencimento por meio da unidade territorial importante lembrar que o aparecimento do saber institucionalizado da Geografia data de pouco mais que um s culo que a poca de seu nascimento isto final do s culo XIX e come o do s culo XX se vincula vertente oposta aquela da escalada do capitalismo que corresponde sua fase progressiva o que vale dizer que sua origem ideol gica no qual o saber s tem exist ncia institucional enquanto instrumento de domina o de uma classe LEONEL 1985 p 10 A pr pria ci ncia g
64. Instituto Hist rico e Geogr fico Brasileiro a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e a Academia Brasileira de Ci ncias nessa ocasi o o ilustre visitante formulou o convite oficial no sentido de o Brasil concretizar a desejada filia o HIST RICO 1939 p 09 Em seu discurso o professor De Martonne destacou a riqueza e variedade dos temas geogr ficos brasileiros Ainda salientou que as atividades de cunho geogr fico desenvolvidas no pa s poderiam ser mais representativas desde que um Comit Nacional de Geografia pudesse coorden las e coloc las em contato com organiza es an logas por intercess o da UGI Dessa forma a Geografia brasileira poderia ter voz e vez na esfera internacional uma vez que as atividades geogr ficas desenvolvidas no Brasil al m de serem variadas eram potencialmente importantes para a comunidade geogr fica como um todo Desde claro que se estabelecesse um corpo s lido de representatividade junto a UGI Assim os poderes p blicos foram mobilizados para que se encarregasse da organiza o geogr fica e da ades o da Geografia brasileira Uni o Geogr fica Internacional enfatizando com isso angariar benef cios em prol da cultura nacional e dos conhecimentos geogr ficos do Brasil Tendo em vista os anseios do governo federal em enaltecer o pertencimento em rela o p tria brasileira Para tanto fora apresentado ao Minist rio da Agricultura um memorial que expunha as finalidades
65. Mas abrir possibilidade para o debate pois a Geografia da Popula o est perdendo espa o na Geografia e o que fazer diante disso E isso realmente importa Como mais uma forma de qualificar a tese que a Geografia da Popula o vem sofrendo que h um processo de esvaziamento buscamos verificar tamb m como est a publica o na rea tomando como par metro dois peri dicos conhecidos e difundidos na Geografia brasileira o Boletim Paulista de Geografia BPG e a Revista Brasileira de Geografia O BPG um peri dico semestral editado pela AGB SP que em 2009 completou 60 anos trata se portanto de um peri dico de alcance nacional bastante conhecido sobretudo porque atualmente suas publica es s o encontradas on line o que possibilita uma maior divulga o dos estudos realizados O levantamento que realizamos levou em considera o a presen a de temas afetos popula o na Geografia num per odo aproximadamente de 49 anos 1956 a 2005 vale explicar tamb m que de 1956 a 2005 conseguimos os Boletins impressos e isso de certo modo facilitou nosso trabalho Pois de posse da sequ ncia impressa das publica es em m os buscamos realizar um levantamento mais detalhado poss vel para que pud ssemos tra ar um panorama da produ o cient fica em popula o no Brasil Vale salientar que esse esfor ou pautou se em tentar dar mais materialidade ao objeto e a problem tica acerca da quest o do esvaziamento da Geografia d
66. Paulo Scipione 2010 GUERINO Luiza Ang lica Geografia A din mica do espa o mundial Curitiba Positivo 2010 Projeto ECO em 3 volumes obras estas adotadas para o ensino m dio Para a an lises dessas obras foram v lidas as contribui es dos professores mas tamb m minha experi ncia como professora da rede estadual de ensino do Paran por 07 setes anos consecutivos a qual inclusive participei ativamente da elabora o e constru o das Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia desenvolvida durante a gest o do Roberto Requi o 2003 2010 261 brasileira inserido em unidades o que significa que este pode ser trabalhado em qualquer momento do ano letivo dependendo claro do planejamento do professor que n o precisa seguir necessariamente os sum rios dos livros e geralmente s o subdivididos em cap tulos como Quantos somos e onde vivemos este cap tulo comumente apresenta um estudo voltado para os dados censit rios e por meio deles trabalha se conceitos como populoso povoado densidade demogr fica al m de outros frequentemente aplicadas aos estudos populacionais Normalmente existe uma aus ncia de questionamentos referentes import ncia de se conhecer esses dados e ainda sua rela o com a vida dos alunos Mas vale salientar que na maioria dos livros s o propostas algumas atividades de reflex o buscando explicar e dar maior concretude aos fen menos O cap tulo referente diversidade
67. S o Paulo Moraes 1984 A ideologia alem 7 ed S o Paulo Hucitec 1989 Manifesto do partido comunista S o Paulo Cortez 1998 MALTHUS Robert Ensayo sobre el Principio de la Poblaci n Fundo de Cultura 1789 MELEZIN A Trends and Issues in the Soviet Geography population Annals of the Assoc of American Geographers 1963 MENDON A F Geografia F sica Ci ncia Humana S o Paulo Contexto 1998 M SZ ROS I Para al m do capital rumo a uma teoria da transi o Campinas Unicamp S o Paulo Boitempo 1994 2002 S culo XXI socialismo ou barb rie S o Paulo Boitempo 2003 A educa o para al m do capital 2 ed Tradu o Isa Tavares S o Paulo Boitempo 2005 MONBEIG P Os modos de pensar na Geografia Humana IN Boletim Paulista de Geografia S o Paulo N mero 15 Outubro de 1953 Papel e valor do ensino da geografia e de sua pesquisa publicado originalmente in Boletim Carioca de Geografia ano VII 1954 n 1 e 2 e republicado como um cap tulo do livro Novos Estudos de Geografia Humana Brasileira S o Paulo Difel 1957 MONTEIRO C A de F A Geografia no Brasil 1934 1977 Avalia o e Tend ncias S o Paulo Instituto de Geografia USP 1980 MORAES A CR de Geografia pequena hist ria cr tica S o Paulo Hucitec 1981 2007 334 Renova o da geografia e filosofia da educa o In OLIVEIRA Ariovaldo U de Org Para onde vai o ensino de geografia S
68. Sedan humilhados e movidos pelo esp rito revanchista jamais se esqueceram da necessidade de aprender Geografia enquanto a Geografia alem superiormente cultivada nas universidades e secundada pela hist ria de longa data garantia a unidade do reino Havia bons exemplos de Geografia p tria tanto na Fran a como na Alemanha mas aqui isso parecia n o importar Esse era o cen rio do sentimento de brasilidade no per odo final do s culo XIX impreciso e vol til Portanto poderia a Geografia contribuir para reverter tal situa o De acordo com Ver ssimo e antes dele Rui Barbosa tamb m dizia sim mas t nhamos que reformular totalmente a maneira como era ensinada Apesar da pretens o contr ria n s n o sabemos Geografia Nesta mat ria a nossa ci ncia de nomenclatura e em geral cifra se nomenclatura geogr fica da Europa VER SSIMO 1985 p 92 Jos Ver ssimo fez severas cr ticas sobre o modo como a Geografia era ensinada e comentava sobre a precariedade dos recursos did ticos com que era trabalhada No ensino prim rio brasileiro o da Geografia lament vel e quando feito por uma decora o absurda e uma recita o sem sentido da li o decorada VER SSIMO 1985 p 93 E comentou que nos Estados Unidos os materiais did ticos eram excelentes de boa qualidade f ceis de manusear enquanto os do Brasil eram p ssimos e caros E por isso lamentava Que desamor profundo do Pa s est este fat
69. a rela o entre o fen meno da mobilidade que amplo e complexo e suas rela es territoriais Nesse sentido Rog rio Haesbaert 2007 p 237 comentou importante destacar que n o focalizamos mobilidade nem no sentido estrito de mero deslocamento objetivo e gen rico de um local para outro nem no seu extremo o oposto como abstra o e mesmo como simples met fora onde tudo pass vel de mobilidade Haesbaert como j comentamos trabalha com os conceitos de territorializa o e desterritorializa o e neles a din mica da mobilidade pode estar imbricada para ele Um dos fen menos mais frequentemente ligados desterritorializa o diz respeito a crescente mobilidade das pessoas seja como novos n mades vagabundos viajantes turistas imigrantes refugiados ou como exilados express es cujo significado costuma ir muito al m de seu sentido literal ampliando se como poderosas ou ambivalentes e assim controvertidas met foras Toda uma cultura das viagens e mesmo uma travelling theory passou a se desenhar a partir da crescente mobilidade p s modernidade Entretanto at que ponto a mobilidade geogr fica pode ser vinculada a desterritorializa o HAESBAERT 2007 p 237 Retomando o conceito de mobilidade humana desenvolvido por M rcio Rocha entendemos que para ele a mobilidade humana pode ser composta por tr s ordens a f sica a centrada no trabalho e a social importante s
70. acerca do estudo da popula o na Geografia Por meio das entrevistas realizadas buscamos encontrar as poss veis respostas para as inquietantes indaga es por que os estudos de popula o foram perdendo espa o dentro da Geografia Qual o futuro da Geografia da Popula o Ainda foram analisadas as publica es relacionadas aos estudos populacionais na Geografia atrav s das cole es do Boletim Paulista de Geografia 1956 2005 e da Revista Brasileira de Geografia 1939 2005 e tamb m do levantamento realizado no banco de teses e disserta es da CAPES das pesquisas realizadas que versaram sobre popula o na Geografia desde 1987 at 2010 Dessa forma tentamos mapear como est o distribu dos os estudos de popula o no Brasil sua incid ncia no ensino e na pesquisa brasileira para que pud ssemos a partir da sistematiza o dos dados 26 das leituras e entrevistas realizadas projetar alguns caminhos para os estudos populacionais na Geografia Averiguando a atual situa o da Geografia da Popula o e sua import ncia para a ci ncia geogr fica No quarto e ltimo cap tulo realizamos breves considera es sobre como os professores que atuam nas escolas p blicas estaduais oeste e sudoeste do Paran trabalham com a tem tica da popula o para isso tra amos um panorama de como se encontra o ensino da Geografia tendo como pressuposto a diretriz predominante e os livros did ticos adotados Abordamos tamb m a
71. artigo intitulado The influence of human geography on physyical geography publicado na Revista Progress in Human Geography 56 imagem de ser cientificamente melhor executada Ao contr rio da Geografia Humana que encontrava dificuldades em estabelecer sua fun o e finalidade como ci ncia The emphasis on law formulation is apposite today Although the technology used by physical geographers is vastly different from that of 100 years ago many of their methods have remained essentially the same For example Reclus had figures for rates of denudation by major rivers based on river flow measurements and water quality determinations Indeed Briggs and Smithson 1985 may be exaggerating a little in suggesting that question asked by physical geographers are changing The basic aim physical geography has always been to understand how the word works in the last 20 years or so physical geographers have begun to adopt different approaches and to ask different questions Increasingly emphasis has been placed on monitoring and understanding processes and in predicting change in the physical word Briggs and Smithson 1985 6 While the ability to predict to monitor and to observe have all improved the questions How does it work How did it come to be the way it is And How will it change the future are still being directed at a similar list of topics to those described by Davis in 1902 DOUGLAS 1991 p 32 Baseado na cita
72. as guas um homem foi visto muito ocupado em tirar da gua com seu arp o o chap u de um homem que se afogava Isto aconteceu porque havia abund ncia de homens e escassez de chap us Se os chap us fossem abundantes e os homens escassos a hist ria teria sido completamente diferente tragicamente inevit vel que quando ocorre uma abund ncia de homens em rela o a outros recursos seu valor marginal diminua e a dignidade da vida humana se deteriore na mesma propor o Para a salvaguarda do valor e da santidade da vida humana imperativo que o homem n o se torne a mais barata de todas as mercadorias BARROW 1805 p 112 apud CIPOLLA 1977 p 119 Nesse sentido Szmrecs nyi 1980 p 273 discute sobre a quest o do chamado neomalthusianismo que inseriu uma nova roupagem no malthusianismo todavia a ess ncia continua mesma A aceita o ou n o do neomalthusianismo n o tem apenas um car ter cient fico ela sempre envolve entre suas premissas uma op o pol tica e ideol gica Para os que se op em a essa teoria a nfase que ela confere s vari veis demogr ficas do desenvolvimento s tem servido para escamotear os fatores sociais e econ micos que veem impedindo ou dificultando o progresso dos pa ses subdesenvolvidos tais como o imperialismo e a a o das empresas multinacionais a concentra o da propriedade e da renda a sobreviv ncia de regimes pol ticos n o democr ticos etc Trata se de fatores cuj
73. atrav s de um int rprete Sem se deixar desviar pelas teorias os comerciantes alem es h tempos a realizar o que lhes ditava o bom senso estudando os pa ses os povos e aprendendo sua l ngua Ratzel se tornou conhecido p r dar maior nfase ao homem na sua formula o de Geografia Sua concep o geogr fica correspondia aos anseios expansionistas da Alemanha Encarou o homem como uma esp cie animal Entre os princ pios que formulou destacamos a rela o do homem com o meio natural Estudou tamb m o Estado em sua Geografia pol tica Sua argumenta o em torno da complexidade do objeto da Geografia pol tica discutido do livro Politische Geographie denota um extenso esfor o em prol de exig ncias investigativas dos fatores pol ticos econ micos que envolviam a ci ncia geogr fica A Geografia cient fica sofreu influ ncia tantos dos alem es como dos franceses ou seja essas diferentes escolas produziram conhecimentos importantes trabalhados pela Geografia Podemos considerar como precursores da geografia cient fica no Brasil autores que publicaram nas tr s primeiras d cadas do s culo XX livros especificamente de geografia ou livros de an lise do meio ambiente e das paisagens de grande interesse Dentre os precursores podemos destacar figuras como Raimundo Lopes que escreveu um ensaio not vel sobre o Maranh o e depois um livro quase did tico de Geografia Humana que ele chamava como
74. cadas dos anos oitocentos mas suas principais obras descendem da pena de um pensador que convertido s humanidades dedicou se investiga o dos processos civilizat rios e das rela es entre hist ria das popula es humanas e a hist ria da pr pria Terra ou entre os fatos culturais e os tel ricos Aparentemente Ratzel moveu se do positivismo ao historicismo mas seria uma precipita o simplificadora qualquer caracteriza o nesse sentido pois ao examinarmos algumas das suas obras v rias de suas formula es dificilmente poderiam ser enquadradas com tranquilidade em quaisquer redu es esquem ticas CARVALHO 1999 p 4 33 an lise a quest o referente ao senso comum e ao conhecimento cient fico Por considerarmos que esses dois elementos s o importantes para entendermos o desenvolvimento da ci ncia geogr fica e a forma como a Geografia abordou os estudos populacionais ora dando maior nfase aos dados emp ricos ora se reportando aos estudos mais t cnicos e cient ficos Desse modo vale referenciar os primeiros te ricos da popula o entre eles merecem destaque Glenn Thomas Trewartha Pierre George Emile Levasseur Wilbur Zelinsky entre outros que ofereceram especial aten o quest o da Geografia da Popula o desenvolvendo trabalhos de alcance internacional A popula o n o um conceito num rico sendo assim a Demografia n o pode ser sozinha uma companheira da Geografia ao analisar estudar
75. capital vari vel e o capital constante SZMRECS NYI 1980 p 269 Marx defendia que o pobre n o somente aquele privado de recursos mas aquele incapaz de se apropriar dos meios para sua subsist ncia Isso ocorre porque no capitalismo a finalidade primeira da produ o o lucro e n o a satisfa o das necessidades da popula o Nesse sentido existem leis hist ricas que regem o crescimento ou n o da popula o E essas recuperam a singularidade da natureza humana e social nos mais diferentes per odos hist ricos demonstrando seu valor seu uso e sua import ncia Dessa forma a quest o da superpopula o relativa e n o est ligada diretamente ao crescimento absoluto da popula o mas ao progresso da produ o social e de como se desenvolve e se reproduz o capital 96 Marx distinguia tr s tipos de superpopula o relativa a o ex rcito de reserva flutuante que resulta do desemprego conjuntural b o ex rcito de reserva latente produzido pelo subemprego na agricultura e c o ex rcito de reserva estagnado decorrente do desemprego tecnol gico Para ele crescimento vegetativo da popula o n o bastava para engrossar as fileiras do ex rcito de reserva qualquer que fosse a modalidade do mesmo O crescimento do ex rcito de reserva dependia fundamentalmente da atua o de fatores econ micos como a ocorr ncia das crises de conjuntura ou com a moderniza o da agricultura SZMRECS NYI 1980 p
76. chamados ge grafos da popula o Trewartha Zelinsky P George B J Garnier entre outros assim como h semelhan as nos interesses pol ticos e econ micos que circundam a vida econ mica e social do pa s Consideramos que essas semelhan as se manifestam no papel que esses ge grafos atribu ram Geografia e at mesmo no trato com os aspectos ligados aos estudos da popula o e a nosso ver esse exerc cio potencializa e enriquece a hist ria da Geografia e da Geografia da Popula o Para alguns autores principalmente os denominados ge grafos da popula o as quest es populacionais deveriam ocupar um lugar de destaque dentro da ci ncia geogr fica Tais quest es podem ser bem entendidas quando se percebe que houve significativas mudan as que influenciaram e at definiram os rumos da Geografia Entendemos com isso que para compreender as abordagens da popula o na Geografia 143 brasileira faz se necess rio primeiro analisar os caminhos do disciplinamento do conhecimento geogr fico e com ele o nascimento da Geografia da Popula o 2 3 O disciplinamento do conhecimento geogr fico e a Geografia da Popula o Como lembra nos Foucault 2005 o positivismo representou um intenso processo de disciplinamento dos saberes o que vinha sendo exercitado nas ci ncias estava proposto nas concep es positivistas Representando na maioria das vezes uma retomada radical das propostas de Francis Bacon e Ren Descartes c
77. coisas evolu ram foi forma o do pensamento um esfor o muito grande mas v lido entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Nesse sentido a fala da professora Rosa Ester chama aten o pelo fato da necessidade de professores pesquisadores terem em sua forma o um embasamento filos fico que os oriente a trabalhar e entender os pressupostos que norteiam os temas afetos a suas reas de estudos H algumas reas que t m mais familiaridade com alguns temas filos ficos mas em contrapartida h outras que perdura total aus ncia de postulados filos ficos o que compromete as pesquisas bem como as an lises realizadas por seus pesquisadores Essa fragilidade filos fica provoca certo desconforto em rela o por exemplo por onde come ar uma pesquisa Ao iniciarmos essa pesquisa t nhamos a impress o de est vamos pisando num terreno que n o competia a Geografia e isso desconfort vel pois n o se encontrava nos 230 pares e na literatura suportes para aprofundar nossas inquieta es A pesquisa em Geografia da Popula o tira nos do lugar de conforto e coloca nos as inquieta es N o obstante que nos estudos da popula o predominam trabalhos de car ter demogr fico ou sociol gico e raras vezes geogr fico Nesse sentido podemos retomar a discuss o que a Geografia ambiciona dar conta do todo pelo menos isso que percebemos quando resgatamos os pressupostos te ricos f
78. colaboram de modo expressivo para o desenvolvimento da Geografia brasileira tanto na rea da Geografia Humana como na Geomorfologia Desde 1934 a Universidade de S o Paulo tem formado professores de Geografia e ge grafos que v m atuando nos mais variados n veis de ensino bem como em atividades t cnicas Vale ponderar ainda que em setembro de 1934 por iniciativa do professor Pierre Deffontaines em S o Paulo foi criado a Associa o dos Ge grafos Brasileiros Surgiu pela presen a da cadeira de Geografia da Universidade de S o Paulo seus primeiros passos foram modestos as primeiras reuni es aconteciam na resid ncia do professor Deffontaines 137 2004 e participavam dessas reuni es figuras como Caio Prado Junior Luis Flores de Moraes Rego Rubens Borba de Moraes Antonio Carlos Couto de Barros entre outros e alunos do curso de Geografia e Hist ria Pela primeira vez no pa s fundava se uma associa o de mbito nacional fora da capital da Rep blica por essa e outras quest es S o Paulo passou a ocupar um lugar de destaque para a Geografia brasileira No entanto coube a Monbeig dar continuidade obra iniciada por Deffontaines Com Pierre Deffontaines e Pierre Monbeig a Geografia brasileira tomou um novo impulso consolidando no pa s a influ ncia da escola francesa a Geografia brasileira ganhou refor o no contato com o Minist rio das Rela es Exteriores e as solicita es de se criar um Conselho de Geogr
79. com isso identificar os momentos de maior e menor inser o da Geografia da Popula o Durante o s culo XX muitas e variadas foram s tend ncias geogr ficas cada qual influenciada por autores e linhas te rico epistemol gicas distintas Cada qual ao seu modo buscaram introduzir na Geografia abordagens e referenciais pertinentes ao momento em que viviam e ao projeto de sociedade que se almejava construir N o se quer com isso novamente reconstituir as chamadas correntes de pensamento como j salientado anteriormente quer sim recuperar o pensamento geogr fico brasileiro mas por meio de uma abordagem investigativa E assim dialogar com o objeto de investiga o da pesquisa Sem com isso desconsiderar os estudos desenvolvidos sobre as correntes de pensamento geogr fico especialmente porque esse tema j fora tratado v rias vezes e com propriedade Aspiramos no entanto dar uma contribui o a essa discuss o sobretudo porque o foco est voltado quest o da Geografia da Popula o e com isso busca se entender inclusive se esse di logo poss vel A Geografia tradicional difundida nas primeiras d cadas do s culo XX era centrada na observa o e descri o principalmente do quadro natural estruturada basicamente em 166 tr s partes aspectos f sicos humanos e econ micos Os aspectos f sicos considerados os mais importantes os quais abordavam principalmente a hidrografia o relevo o clima e a vegeta o
80. como as circunst ncias hist ricas da vida social s o decisivas tamb m o s o as bases intelectuais das ci ncias O trajeto do conhecimento do objeto da Geografia Urbana que se anuncia atrav s dos estudos populacionais e se desdobra na reparti o geogr fica das cidades no mundo com suas qualidades socioculturais muitas vezes de ra zes de longa dura o definindo uma regionaliza o do fen meno no mundo esse trajeto compreendido no plano mais abrangente do processo de conhecimento em geral tem a profundidade do desenvolvimento do conhecimento moderno assim como seus impasses a rela o dial tica entre o infinito e o finito entre a quantidade e a qualidade entre a an lise e a s ntese entre a parte e o todo a superf cie terrestre como um todo e a particularidade mesmo a individualidade dos lugares Talvez a abordagem que faremos agora n o seja interessante para a maioria das pessoas que lerem este trabalho mas algo que nos toca profundamente j que reconhecemos que o crescimento das cidades resultado de um processo que acima de tudo est estritamente relacionado ao crescimento da popula o e tamb m do consumo Essa popula o aumenta pelos mais variados motivos os principais normalmente est o relacionados ao crescimento natural outros associados aos deslocamentos humanos sejam de reas pr ximas ou muito distantes A cidade um espa o constru do e assim sendo reflete os interesses e tamb m as ne
81. considerada no processo de investiga o A no o de cultura seja ela escolar ou universit ria certamente n o un voca nem pode ser tomada como categoria de an lise de forma mec nica Em decorr ncia dos in meros estudos que t m sido desenvolvidos nesse campo podemos dizer que a no o de disciplina escolar hoje adotada com mais clareza O mesmo n o ocorre no entanto com rela o s disciplinas acad micas sobretudo pela escassez de pesquisas nessa rea Em rela o s disciplinas acad micas geralmente h interpreta es d bias ou equivocadas algumas vezes h falta de clareza quanto validade e a necessidade de tal disciplina na forma o do futuro profissional Em boa parte das vezes algumas disciplinas se mant m mais por quest es pol ticas ou pessoais at corporativistas do que necessariamente pela sua import ncia Um exemplo para isso a quase aus ncia de disciplinas de metodologias e t cnicas de pesquisa nos cursos de licenciatura em Geografia tamb m compete ao professor em sala de aula saber pesquisar A no o de professor pesquisador est t o distante da forma o do professor de Geografia como se para esses o importante fosse seguir o livro did tico de prefer ncia nem pensar sobre o que est exposto no livro s executar isto ler os conte dos e transferir aos alunos E o pior que esta pr tica perversa repassada para os alunos em pleno s culo XXI e ainda s o capazes de r
82. consolida o do Estado nacional e do capitalismo sob a hegemonia da burguesia Detentora do poder pol tico ela percebe que sua domina o pode ser mantida n o apenas atrav s do poder repressivo mas tamb m da dissemina o de seus valores de classe apresentados como universais A rede de escolas que ent o se implanta no interior dos diferentes territ rios europeus assume um car ter indispens vel utiliza o de institui es que possibilitem a imposi o da nacionalidade Apesar dos sentimentos de nacionalidade a na o n o se constitui algo espont neo mas algo constru do que para se impor precisa do aux lio de institui es que possam induzir uma determinada unidade nacional como por exemplo o Estado a instru o p blica e o servi o militar PEREIRA 1999 p 26 27 Para tanto entendemos que prudente sinalizar rapidamente o papel do ensino de E E 5 14 ias ihi Geografia j que a cria o do primeiro curso de Geografia no Brasil tinha como objetivo z 15 5 a a forma o de professores uma demanda vista como necess ria A tarefa principal que a geografia universit ria tratou de desenvolver foi a forma o de professores para o ensino prim rio e secund rio por meio deles pensava se elevar a qualidade dos conhecimentos geogr ficos no pa s CAPEL 2010 p 30 Nesse sentido a professora Raquel Pereira 1999 salienta que o per odo decisivo para a Geografia quando essa ci ncia se
83. consolida alcan ando status acad mico al m da sua institui o como disciplina obrigat ria e da necessidade de formar professores Diante disso consideramos que abordar o ensino de Geografia no momento que a Geografia brasileira se institucionalizava um tema relevante uma vez que o di logo entre a escola e 14 O primeiro curso de Geografia no Brasil foi criado em S o Paulo com a Faculdade de Filosofia Ci ncias e Letras em 1934 Assunto que ser abordado com mais detalhes nos cap tulos seguintes 47 a universidade algo que ainda hoje almejamos sem comentar que a atua o do professor extremamente importante na forma como os alunos passaram entender para que serve a Geografia 1 2 O papel da Geografia escolar na transi o do s culo XIX para o XX Enquanto disciplina escolar a fun o ideol gica da Geografia desponta quando seu objetivo marcado pela difus o de dados e informa es gerais sobre os diferentes territ rios do mundo sem muita rela o com a vida humana Justamente com base nessa conota o foi deflagrada a revis o das bases te ricas e metodol gicas da ci ncia geogr fica bem como suas repercuss es no ensino As propostas de reformula o do ensino de Geografia tamb m t m em comum o fato de explicitarem as possibilidades da Geografia e da pr tica de ensino de cumprirem pap is politicamente voltados aos interesses das classes populares Nessa perspectiva os estudiosos alertam pa
84. da Geografia da Popula o No Brasil os processos que levaram a cria o de disciplinas escolares come aram a ser investigados h pouco tempo No entanto importantes contribui es foram dadas sobre esse assunto Estudos indicam que esses processos s o frutos da necessidade de entender o passado e com isso avan ar no sentido de perceber que as hist rias das disciplinas v o al m dos ideais e dos discursos pedag gicos Podemos ainda afirmar que esses estudos permitem identificar a complexidade dos elementos que os abarca e que as transforma es ocorridas n o obedecem a uma ordem linear Mas s o resultados de uma s rie de injun es que possuem e assumem caracter sticas espec ficas Muitas indaga es surgem quando nos propomos a pensar como est o organizados os conte dos que s o ensinados nas universidades Certamente quest es dessa natureza n o poder o ser respondidas se levarmos em considera o apenas uma via de investiga o Uma resposta sobre como uma disciplina pode ser ensinada foi formulada por Yves Chevallard 1991 p 39 por meio da concep o de transposi o did tica Um conte do de saber que tenha sido definido como saber a ensinar sofre a partir de ent o um conjunto de transforma es adaptativas que ir o torn lo apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino O trabalho que faz de um objeto de saber a ensinar um objeto de ensino chamado de transposi o did tica Para Chev
85. da Popula o nos parece que n o ficou muito clara j que muitos trabalhos de cunhos geogr ficos se confundem com os realizados pelos dem grafos A este respeito o professor P voa Neto comentou N s ge grafos temos a dificuldade de enxergar a dimens o espacial acredito que deveria ter uma contribui o espec fica da Geografia sobre isto eu penso que n s tentamos pegar a concep o dos dem grafos mas de um modo geral ela n o nos parece ser suficiente ou seja o debate sobre a quest o do crescimento da estrutura populacional por exemplo tem sido apropriada tal e qual pela Geografia E h muitas outras possibilidades de trabalhar quest es como essas de forma mais 224 integradora n o presa somente ao crescimento ou diminui o da fam lia por exemplo preciso levar em considera o as varia es tanto do tempo quanto do espa o abordando inclusive quest es sobre mobilidade j que houve muitas pessoas que nasceram e morreram na mesma localidade e outras n o Ent o por que essas mudan as foram ocorrendo A fam lia foi se transformando ao longo do tempo e por que ela foi se deslocando Acredito que falta um pouco de criatividade de provoca o pois de modo geral no que se refere aos estudos populacionais na Geografia a tend ncia ir para o que est pronto como os conte dos de crescimento e de distribui o da popula o A pr pria palavra distribui o populacional nos remete a alguma coisa est ti
86. da organiza o dos servi os geogr ficos e estat sticos Concomitante a esses fatos foram criados no Brasil os primeiros cursos superiores de Geografia que impulsionaram a institucionaliza o da Geografia no Brasil O ensino de Geografia no pa s foi visto com mais import ncia sendo uma das pe as fundamentais do curr culo a forma o de um esp rito patri tico e o papel ideol gico para com os reais interesses do Estado nacionalista Mas uma vez poss vel diagnosticar que sempre h interesses por tr s das pol ticas de cria o e manuten o de cursos superiores por mais diversas que sejam essas intencionalidades n o podemos ser ing nuos e n o perceber que o que vem primeiro s o os interesses da classe dominante Com Vargas no poder o Brasil passou por importantes mudan as tanto na esfera econ mica quanto social vale salientar ainda que ele fez uso de estrat gias pol ticas para manter se no poder em oposi o ao fim da Guerra Civil almejava se consolidar a na o 135 por interm dio de um apelo nacionalista Al m do discurso Vargas lan ou m o de v rias estrat gias de valoriza o nacional como a pol tica de substitui o de importa es E nesse processo a Geografia surge como importante instrumento de organiza o territorial j que os conhecimentos geogr ficos al m de estrat gicos possibilitavam o controle do territ rio por meio de pol ticas de gest o e gerenciamento De acordo com Gome
87. da popula o brasileira sempre muito presente nos livros analisados neste cap tulo s o apresentados aos alunos os diferentes povos que comp e a na o brasileira e com isso s o propostas atividades que buscam relacionar a realidade do aluno com o conte do abordado Por m tem ticas conflitantes e pol micas que permeiam estas quest es s o abordadas de forma muito superficial ou seja ainda prevalece uma leitura descontextualizada da forma o do povo brasileiro assim como s o insuficiente os aspectos relacionados vida cotidiana O que verificamos que na tentativa de se explicar a diversidade acaba se homogeneizando caracter sticas proeminentes que s o importantes para os alunos entenderem a forma o do povo brasileiro bem como os desdobramentos desse processo na forma o econ mica social cultural e pol tica do pa s Outro cap tulo muito presente nos livros did ticos s o os relacionados aos movimentos migrat rios no Brasil inicialmente s o apresentados para os alunos conceitos como emigrantes imigrantes migra o nas suas diferentes acep es entre outras S o sinalizados de forma sucinta os principais motivos que provocam o deslocamento de milhares de pessoas Inclusive vale salientar que nos estudos populacionais associados aos ndices num ricos a mobilidade outro aspecto bastante interpelado a quest o ser que estes realmente expressam a realidade e como a Geografia l esse processo C
88. da unidade e da diversidade propondo que um sistema uma unidade global n o elementar visto que constitu do por partes diversas e inter relacionadas MORIN 1977 p 102 Desde o come o segundo Morin 1977 certo n mero de princ pios considerados como de ordem provocaram sob certas condi es alguns encontros nessa agita o de part culas Em outros termos estamos diante deste paradoxo as no es de ordem e 79 desordem se repelem mutuamente Para Morin 2001 o universo um coquetel de ambas uma mistura diferente segundo os casos as condi es os lugares e os momentos De acordo com o ngulo de observa o dele um dado fen meno pode ao mesmo tempo se inclinar para um lado ou para o outro O encontro da ordem e da desordem produz organiza es criando no seu pr prio interior uma ordem que lhes pr pria O mundo dos seres vivos corresponde a todas as leis da f sica e da qu mica sua ordem baseada predominantemente na autoprodu o e na regenera o Quanto separabilidade percebeu se que ela leva divis o das partes constituintes dos conjuntos organizados em sistemas o que proporciona um conhecimento insuficiente mutilado A partir dos anos 80 a ecologia come ou a levar em conta al m dos ecossistemas o sistema ainda mais complexo e mais ou menos regulado que a biosfera Isso permitiu acrescentar os seres humanos e sua civiliza o t cnica e prever com alguma certeza os riscos pos
89. das obras afetas Geografia da Popula o das entrevistas realizadas dos programas de P s Gradua o em Geografia no Brasil 2010 das publica es do banco de teses e disserta es da CAPES e da pesquisa conversa com os professores de Geografia que atuam na rede estadual de educa o oeste e sudoeste do Paran que nos propomos a re pensar s finalidades dos estudos populacionais na Geografia brasileira Por conta do recorte temporal escolhido optamos em construir nossa pesquisa retomando alguns fatos importantes desse per odo tanto em escala nacional como mundial J que entendemos que os acontecimentos sociais econ micos e pol ticos que ocorreram Lembrando que as publica es analisadas foram o Boletim Paulista de Geografia e da Revista Brasileira de Geografia reconhecemos que essas publica es n o representam o todo mas nos d o um panorama interessante sobre o tema na ci ncia geogr fica Sobretudo porque nosso foco n o era analisar as publica es mas refor ar a tese sobre o esvaziamento da pesquisa em popula o na Geografia brasileira e desta forma estes dados foram teis 24 no Brasil n o est o isolados do contexto hist rico internacional Por m tornou se tamb m importante retomar algumas discuss es referentes pr pria g nese da ci ncia moderna e com ela a Geografia Seus pressupostos te ricos para que pud ssemos reconstruir parte de sua trajet ria em especial no que concerne
90. de configura o ou reconfigura o de suas dimens es te rico metodol gicas permitindo realizar um exerc cio reflexivo e avaliativo em torno dos elementos que foram sendo concretizados no interior do seu campo espec fico Permitem tamb m em reflex es de s ntese perceber como a Geografia da Popula o foi historicamente se relacionando com outras reas de saber ou vice versa e como essas discuss es aparecem no seu ensino e na pesquisa identificando com isso seu campo de dom nio e tamb m suas interfaces com diferentes metodologias Trewartha defendia que a geografia da popula o continuava a ser negligenciada e que deveria ser desenvolvido um s rio conceito de 154 trabalho o qual deveria ser aplicado no ensino e na pesquisa Os ge grafos principalmente os estadunidenses n o tinham feito da popula o uma de suas maiores preocupa es negligenciando a em tratamento sistem tico especial Retomando a hist ria da Geografia pouco encontrou que justificasse sua afirma o exceto um autor Hettner que citou que a popula o possu a uma grande influ ncia sobre os temas geogr ficos mas n o realizou nenhuma tentativa verdadeira de analisar seus conte dos e m todos Vidal de La Blache em Princ pios de geografia humana reconhecia a popula o como fornecedora de um elemento fundamental do campo mas enfatizava a distribui o de n meros e padr es de densidade associados Nenhuma tentativa foi feita para organ
91. de dados dos programas de ensino de Geografia das universidades credenciadas pela Capes encontramos dificuldades em reunir os dados necess rios em algumas universidades o acesso foi f cil pois os dados estavam dispon veis on line Contudo em outras as informa es postadas pouco ou nada contribu am para o avan o da pesquisa v rias tentativas foram realizadas por meio de e mail telefonemas contato com professores conhecidos todavia n o se obteve xito Tendo em vista que boa parte dessas universidades se localiza a grandes dist ncias se comparadas com local de realiza o da pesquisa com recursos parcos e sem apoio financeiro de rg os de fomento pesquisa teve se que optar em trabalhar com os dados coletados mesmo frustrados com as investidas em v o Assim buscou se para a an lise dos dados dispon veis apesar de saber que n o representa o todo por m possibilita ter um par metro para que futuramente outros possam aperfei o los Sendo assim foram elaborados gr ficos e quadros com o intuito de dar maior visibilidade aos dados obtidos transferiram se as informa es obtidas em linguagem gr fica na tentativa de enriquecer o trabalho e tamb m possibilitar um di logo mais pr ximo entre a teoria e a pr tica No quadro 3 est o os Programas de P s Gradua o em Geografia que n o disponibilizaram informa o quanto pesquisa em Popula o apesar de incisivas tentativas como j salientadas anteriormente
92. de explicar a sociedade por meio de mecanismos que ocorriam na natureza Mesmo que isso muitas vezes pudesse representar a distor o de algumas ideias mas o intuito era de legitimar a ci ncia dentro da concep o positivista As teorias naturalistas serviram de inspira o dentro da Geografia na qual o determinismo geogr fico foi adotado como par metro para entender e habitar o espa o geogr fico Na Geografia n o s se convencionou a evocar Friedrich Ratzel como o precursor das ideias deterministas mais ainda seu grande organizador e divulgador mesmo que ele n o tivesse sido o expoente m ximo Vale destacar que Ratzel foi criticado ao compor suas obras j que algumas vezes n o compartilhava das ideias que lhe eram atribu das como a de ser determinista pois como j advertimos melhor se compreende a obra de determinado autor se entendermos o contexto em que foi produzida Dessa forma as obras de Ratzel s o reflexos de uma Alemanha rec m unificada vivendo a efervesc ncia da revolu o burguesa Para Ratzel a geografia era antes de tudo uma ecologia Essa ecologia cuja matriz inspiradora encontraremos em E Haeckel se distingue no entanto e desde o in cio da perspectiva biologista ao direcionar os esfor os de suas preocupa es no sentido da compreens o das din micas humanas Tais din micas apresentam as particularidades de desfrutar certo grau de liberdade e tamb m de ascend ncia sobre as demais E isto seg
93. de fen menos e ao mesmo tempo muito amplo o que dificilmente pode ser descrito ou explicado com poucas palavras Desta forma ao escolhermos enveredar pela hist ria da Geografia para atingir nosso objetivo deparamo nos com outra tarefa que a de entender a organiza o e valores dos saberes dentro desta rea de conhecimento Geografia e no nosso caso com nfase para a Geografia da Popula o Como sabemos os anos de 1950 marcou um per odo importante para a Geografia acad mica e mais especificadamente para a Geografia da Popula o sobretudo pela influ ncia de ge grafos franceses de forma o marxista que promoveram por meio de seus estudos um processo de renova o como resgaste do conceito de g nero de vida de Vidal de la Blache A no o de g nero de vida extremamente rica pois abrange a maior parte sen o a totalidade das atividades do grupo humano preciso atingir um grau de cultura bastante avan ado para que os indiv duos se libertem da tirania do costume Esses elementos materiais e espirituais s o t cnicas transmitidas pela tradi o mediante as quais os homens asseguram dom nio sobre a natureza T cnicas de obten o de energia t cnicas de produ o de mat rias primas de utens lios elas s o sempre produtos da arte t cnicas e tamb m assim as institui es que mant m a coes o do grupo assegurando lhes a perenidade Cria es do g nio humano a press o do meio f sico esti
94. de outra englobam um rol de conte do e tema no qual se pode trabalhar sem tanta preocupa o de formular teorias ou refutar ideias Por m fundamental salientar que na escola temos um campo importante de difus o de conhecimentos e os estudos da popula o em sala de aula podem potencializar essa rea desde que os professores tenham condi es de trabalhar com esse tema de forma a desenvolver o senso de pertencimento e tamb m o senso cr tico nos alunos Sem d vida a Geografia da popula o uma rea riqu ssima e a hist ria da Geografia nos permite verificar isso e ainda nos permite enxergar o fato de n o sabermos ou n o conseguirmos oferecer os estudos populacionais na Geografia a nega o da fragmenta o herdada do positivismo na busca desenfreada pela objetividade em oposi o aos ideais filos ficos materialidade merecida a esse campo de conhecimento Como falou a professora Rosa Ester Rossini A base te rica do ge grafo a pesquisa eu trabalho com pesquisa de campo fa o perguntas gerais e por meio das conversas as pessoas entrevistadas v o relatando os fatos e uma caracter stica interessante que percebi desde as minhas primeiras pesquisas foi a altera o nos n meros de filhos o que revela uma mudan a de mentalidade das mulheres associadas press o dos organismos internacionais que acaba se transformando num desejo da mulher sendo a gravidez inclusive encarada como um empecilho para arrumar e
95. demanda significativa no pa s ou seja era um per odo prop cio para o florescimento da Geografia no Brasil De acordo com as fontes pesquisadas sobretudo no Boletim Paulista de Geografia 2004 h v rios artigos que afirmam que a primeira e nica cadeira de Geografia do momento foi entregue a Pierre Deffontaines e sua participa o na Geografia paulista embora r pida foi importante deixando admiradores e disc pulos Outro expoente da Geografia paulista foi Pierre Monbeig ele ficou no pa s por onze anos 1935 1946 Assim como Deffontaines trabalhou com entusiasmo tanto no ensino como na pesquisa formando disc pulos por interm dio dele o professor Emmanuel De Martonne passou tr s meses em S o Paulo em 1937 e realizou cursos memor veis Pierre Monbeig presenciou ainda o desdobramento da primeira cadeira de Geografia em outras duas em 1939 foi criada a de Geografia F sica e foi entregue a Jo o Dias Silveira e a de Geografia Humana que ficou sob sua dire o e em 1942 uma terceira cadeira foi criada a de Geografia Geral ocupada por Aroldo de Azevedo Ao retornar Fran a em 1946 deixou em funcionamento o Departamento de Geografia que funciona em plena atividade at os dias atuais Depois de Monbeig outros professores franceses contribu ram para a consolida o da escola paulista de Geografia entre eles destacamos Roger Dion 1947 Pierre Gourou 1948 Louis Papy 1950 e Francis Ruellan 1952 1953 esses mestres
96. desamparado que alguma vez tenhas visto e pergunta te se o passo que pretendes dar lhe vai ser de alguma utilidade Poder ganhar alguma coisa com isso Far com que recupere o controlo da sua vida e do seu destino Por outras palavras conduzir autonomia espiritual e f sica dos milh es de pessoas que morrem de fome Ver s ent o como as tuas d vidas e o teu eu se desvanecem Mohandas Gandhi 315 Estudar a popula o luz da Geografia compreender o contexto hist rico no qual os fen menos econ micos pol ticos sociais associados a ela est o inseridos O homem como ser hist rico imprimiu no espa o geogr fico diferente formas e ritmos que est o expressos no processo de produ o da vida humana Ao delimitarmos a an lise dessa tese a partir do contexto da constitui o da ci ncia geogr fica tivemos como necessidade analisar os diferentes contextos no qual o tem rio da popula o foi se transformando O estudo da popula o seja como tema ou como uma disciplina deve ser entendido como algo no qual concorrem for as naturais e n o naturais que conjugadas pela a o consciente ou n o dos seres humanos constroem e transformam continuamente o espa o geogr fico e suas vidas Para tanto as an lises populacionais n o podem ser confundidas com o simples desenvolvimento ou crescimento dos seres vivos nem com a mera adapta o do indiv duo ao meio Consiste num conjunto de atividades resultantes da a
97. desta forma os ge grafos acabaram deixando os estudos populacionais de lado n o que quisessem mas o interesse n o se desenvolveu tanto quanto o da migra o e se desenvolveu associado urbaniza o a geopol tica a globaliza o a desterritorializa o Enquanto na Geografia da Popula o h um grupo de conte dos cuja pertin ncia era duvidosa ou pelo menos os professores n o se sentiam seguros enquanto os dem grafos n o tinham d vida At na escola os bi logos se apropriaram disso e os pesquisadores das ci ncias naturais tamb m J a migra o 270 como tema da Geografia mais manifesto e seus estudos foram sendo valorizados mas por outro lado aparecem como temas associados ent o tamb m acabam sendo trabalhados muitas vezes na Geografia econ mica na Geografia urbana mas dificilmente acabam sendo trabalhados na Geografia da Popula o pois nesta rea n o temos um reconhecimento t o claro como existe na Geografia urbana com a presen a de importantes ge grafos como Milton Santos Maur cio de Abreu Roberto Lobato s o pessoas de reconhecimento indiscut vel Na Geografia agr ria tem o Ariovaldo Umbelino de Oliveira Bernardo Man ano que s o pessoas com reas espec ficas e na Geografia da Popula o temos quem entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Talvez a falta de reconhecimento dos ge grafos pela Geografia da Popula o pode ser entendido pelo fato da Demografia e da Soc
98. dimens o da criticidade e da espacialidade como produto da a o humana sobre o espa o geogr fico Defendemos que um dos meios para superar alguns dos limites presentes nos estudos de popula o a apropria o da categoria da dial tica e do materialismo hist rico j que essa op o metodol gica n o implica na mera nega o dos questionamentos dos desafios te rico metodol gicos existentes na Geografia da Popula o mas pelo contr rio proporciona um esfor o no sentido de promover como afirma Harvey 1992 uma renova o do materialismo hist rico geogr fico que pode impulsionar a ades o a uma nova variante aos estudos de popula o que est o acoplados a Geografia da Popula o Promovendo um entendimento que para os estudos de popula o as dimens es do espa o e do tempo s o proeminentes e que preciso trazer tona esses debates como a rela o homem e meio na atualidade o discurso da sustentabilidade a quest o dos impactos ao planeta o envelhecimento da popula o as quest es previdenci rias as pol ticas populacionais a mundializa o da economia os fluxo e refluxos de pessoas o 297 reconhecimento das fronteiras entre outras Convergindo em prol de uma Geografia da Popula o aberta e dial tica que precisa ser vista estudada e compreendida em suas m ltiplas determina es Verificamos a import ncia dos estudos de mobilidade e mobiliza o como um vi s relevante para entender a din mic
99. do trabalho mas tamb m para nos situarmos e expormos a leitura que imperou h s culos sobre a Popula o que a leitura Malthusiana leitura essa que achata distorce os fundamentos do que seria a Popula o Destituir a ideologia malthusiana revelando que ela foi instrumental serviu ao imperialismo e importante at na geopol tica Portanto na forma o do sujeito em qualquer mbito e agora com a quest o ambiental volta a ser importante ativar essa discuss o porque h uma naturaliza o da quest o social que pode expor novamente e acionar as leituras malthusiana entrevista concedida a pesquisadora abril de 2011 A professora Am lia Damiani graduou se em Geografia pela Universidade de S o Paulo USP em 1975 fez mestrado em Geografia Humana pela USP em 1985 doutorado em Geografia Humana pela mesma Institui o em 1993 e livre doc ncia em Geografia Urbana pela Universidade de S o Paulo em 2008 professora doutora da Universidade de S o Paulo com experi ncia na rea de Geografia com nfase em Geografia Urbana atuando principalmente nos seguintes temas cotidiano urbano urbaniza o cr tica produ o do espa o e metr pole Ao escrever o livro Popula o e Geografia em 1991 acreditava que seria para os col gios mas pela aus ncia de bibliografia o livro se tornou um texto universit rio Para ela a passagem de uma leitura malthusiana para uma leitura marxista tornou se uma discuss o importante assim co
100. e a absor o dos estudos populacionais em outras disciplinas da Geografia e atualmente a metamorfose dos estudos populacionais dentro da Geografia Como a experi ncia do professor Dieter ao introduzir a mobilidade no trabalho ao ler os trabalhos dos alunos dele veremos n o somente a quest o da migra o mas teremos uma leitura extraordin ria com uma tend ncia em Geografia entrevista concedida a pesquisadora abril de 2011 Partindo da opini o da professora Am lia Damiani quanto quest o da influ ncia da Geografia cr tica nos estudos populacionais buscou se entender o posicionamento do professor Dieter em rela o quest o apresentada A minha tend ncia quando falo de Geografia da Popula o sempre para a tem tica das migra es Mas preciso estudar internamente a rea de conhecimento da Geografia sua fragmenta o isso um procedimento que vimos muito nos anos 1960 quando se desenvolveu a Geografia social com nfase nas rela es entre a Sociologia e a Geografia Por m na d cada de 1960 se instalou uma Geografia social a partir dos grupos sociais e o estudo passou a se fragmentar ainda mais Estudava se o homem enquanto h bitat enquanto morador enquanto trabalho enquanto forma o enquanto estudo enquanto sa de H ge grafos que entraram nessa Geografia social viraram meio especialistas com um olhar mais espec fico para uma tem tica Morar estudar enfim as sete fun es b sicas da
101. e biol gicas natureza sociais e econ micas sociedade Em 267 um ponto se postam as for as propriamente naturais que impelem os homens indiv duos a agirem irrefletidamente ou seja o exerc cio da natureza bestial constitutiva dos indiv duos conducente aos v cios na reprodu o humana noutro ponto se postam as for as morais institu das socialmente restringindo a a o e seu significado no processo de constitui o e fortalecimento das popula es humanas REZENDE 2005 p 45 46 A verifica o anterior nos permite uma reflex o diferente de Malthus uma vez que podemos perceber que suas argumenta es eram consistentes e tinham desdobramentos para al m daqueles normalmente rotulados de teorias malthusianas Contudo isso n o isenta Malthus pois de modo geral ele trabalhou com a quest o do crescimento demogr fico de uma forma evidentemente n o espacial inclusive o predom nio da vis o acr tica como se popula o que nasce cresce e morre estivesse sempre no mesmo lugar E neste sentido o professor P voa Neto complementa na migra o a din mica espacial uma dimens o evidente ou seja n o existe migra o sem din mica espacial entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Podemos dizer que Malthus compreendia o indiv duo como ser livre e relativamente aut nomo compreendendo se capaz de atuar sob a raz o assim como sob os dom nios da paix o A sociedade e mais propriamente a pop
102. e conquistas territoriais do Novo Mundo O Mundo Cl ssico do s culo XVIII abalado pela irrup o de novas estruturas produtivas pol ticas e ideol gicas cede espa o para as novas atitudes e comportamentos que ir o marcar distintamente o campo discursivo e pr tico das ci ncias implica dizer novas percep es e interpreta es dos fen menos emp ricos tal como sucede popula o e migra o Portanto MALTHUS emblem tico porque inscreve o peso e a profundidade da marca de uma diferente realidade objetiva a popula o no campo das ci ncias emp ricas A popula o tomada em conceito objetivo derivado empiricamente submetida s concep es malthusianas e assimilada matriz epistemol gica moderna T o importante quanto o Estado o Mercado ou a pr pria Sociedade a Popula o tamb m se objetiva ganha for a e autonomia junto aos mecanismos de causalidade institu dos no campo das ci ncias modernas REZENDE 2005 p 14 Por m sempre importante relembrar que Malthus tinha concep es bem claras sobre a popula o e essas teorias al m de influenciarem os estudiosos de seus per odos tamb m exerceram influ ncias em tempos posteriores Um grande exemplo disso s o os estudos de popula o na Geografia e seu alcance na Geografia da Popula o Para MALTHUS a popula o deveria ser apreendida como uma unidade de for a que encontra seu limite e sua virtude na conflu ncia de estruturas ecol gicas
103. ele pode ser entendido como fator principal para o entendimento da din mica territorial A mobilidade humana uma no o que procura estabelecer a s ntese das constru es te ricas sobre os v rios conceitos de mobilidade desenvolvidos nos ramos das ci ncias humanas que trataram desta quest o Procura se uma articula o dos diversos caminhos te ricos ROCHA M rcio Mendes A Espacialidade das Mobilidades Humanas Um olhar para o norte central paranaense Tese de Doutorado USP 1998 286 percorridos com o intuito de criar uma no o com algum poder explicativo Para tanto parto de uma perspectiva transdisciplinar para atingir o objetivo almejado ROCHA 1998 p 21 importante salientar que a concep o de mobilidade manifestada pelo professor P voa Neto difere um pouco da concep o do professor M rcio Rocha contudo gostar amos de salientar que apesar das diferentes interpreta es existentes para o fen meno da mobilidade consideramos que o trabalho predominantemente o aspecto mais influente na sociedade que faz com que as pessoas se desloquem A mobilidade enquanto categoria pode ser utilizada para explicar os movimentos das pessoas nas suas mais variadas escalas Desse modo os estudos populacionais os movimentos migrat rios e as formas de mobilidade s o no es que buscam investigar e embasar os fen menos que est o inseridos no desenvolvimento das sociedades Quanto a Geografia essa busca
104. em 1940 Souza Revista Brasileira de Outubro Dezembro 1952 Expans o do povoamento no estado do Nilo Bernardes Geografia Paran Revista Brasileira de Distribui o da Popula o no estado de Eug nia Gon alves Geografia Janeiro Margo 1233 Minas Gerais em 1940 Egler Revista Brasileira de Abri 1953 Junho 1955 Sem Publica es Geografia Revista Brasileira de Julho Setembro 1955 Distribui o da Popula o na ilha do Lourdes M M Geografia governador Strauch Revista Brasileira de Outubro 1955 Set 1957 Sem Publica es Geografia Revista Brasileira de Est do da Populara auva fl uminense e sua Maria Rita da Silva Outubro Dezembro 1957 Utiliza o e Distribui o nas Zonas SP Geografia Guimar es Econ micas do estado Revista Brasileira de Janeiro 1958 Jun 1959 Sem Publica es Geografia Revista Brasileira de Notas sobre a ocupa o Humana da f Geografia Jultio Setemibro 1233 montanha do Distrito Federal Nilo Bernardes Revista Brasileira de Out 1959 Mar o 1960 Seia Pesa Geografia Revista Brasileira de Geografia Abril Junho 1960 Codaj s Comunidade Amaz nica Estudo M dico Social de uma Popula o da Hinterl ndia Amaz nica Djalma Batista Wallace Ramos de Oliveira Virg nia Dupl e M rio Morais Revista Brasileira de Julho 1960 Junho 1966 Sem Publica es Geografia Beyit Brasilera de Julho Setembro 1966 Aspectos Demogr ficos de Santa C
105. em se ater ao tema e por meio dele demonstrar como a Geografia pode contribuir para aprofundar essa rea de estudo importante enfatizar que entendemos que n o h melhorias no ensino sem pesquisa e vice versa desse modo se a pesquisa em popula o na Geografia for enfraquecendo certamente o ensino de Geografia da Popula o tamb m sofrer esse enfraquecimento pois enquanto ensinamos continuamos buscando procurando O processo de ensinar est associado busca da indaga o e a pesquisa auxilia nos a constatar e constatando podemos intervir Pesquisamos para conhecer o que ainda n o conhecemos ou queremos conhecer Logo quando verificamos que h pouco interesse na pesquisa desconfiamos que possa ser porque h pouco para se conhecer ou ser por que realmente pouco se conhece Defendemos que a Geografia da Popula o deve ser apropriada pelos ge grafos e imagino que muitos v o dizer que fa o pesquisa sobre popula o mas em que medida em qual dimens o para qual finalidade N o queremos dizer com isso que as pesquisas sobre popula o n o s o boas mas que as pesquisas sobre Geografia da Popula o s o escassas Ser que ainda em pleno s culo XXI ainda n o conseguimos dar materialidade e espacialidade aos fen menos populacionais seja eles em qual escala de an lise for acreditamos que n o h muita dist ncia entre a ingenuidade e criticidade entre o saber fruto da experi ncia vivida e o saber que resul
106. ensino de Geografia no Brasil refor ando que os conhecimentos geogr ficos embora fossem de grande interesse do Estado eram pouco valorizados nas salas de aulas Assim f cil notar que a constitui o da Geografia enquanto ci ncia moderna e enquanto disciplina escolar estava ligada a rearticula o do pensamento da burguesia Para Marx os homens fazem sua pr pria hist ria mas n o a fazem como querem n o a fazem sob circunst ncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente ligadas e transmitidas pelo passado MARX s d p 203 Os conte dos geogr ficos portanto tanto pode contribuir para alienar como para despertar o senso cr tico Se trabalhados dentro de uma perspectiva problematizadora pode possibilitar que as pessoas se reconhe am enquanto parte integrante e importante do pa s e se comprometam com as rela es econ micas sociais pol ticas e culturais que afetam suas vidas No entanto para que ocorra uma apropria o cr tica do conhecimento geogr fico necess rio entender a realidade como ela de fato e n o como ela aparenta ser A pedagogia equivocada condiciona a pr tica a uma vis o reducionista refor ada por modelos prontos e acabados Dessa forma n o poss vel estabelecer uma fronteira n tida entre o ensino de Geografia como reprodutor do sistema e como agente de mudan as sociais Sabemos que os desafios quanto ao ensino de Geografia s o muitos e que a a
107. entre o homem e o meio que se expressou de modo claro na proposi o de Albert Demangeon em 1942 o estudo dos grupos humanos nas suas rela es com o meio geogr fico Muito mencionada tamb m a defini o elaborada por Emmanuel de Martonne em sua obra Trait de Geographie Physique cuja primeira edi o surgiu em 1909 e a ltima em 1951 De Martonne ponderou que a geografia moderna encara a distribui o superf cie do globo dos fen menos f sicos biol gicos e humanos as causas dessa distribui o e as rela es locais desses fen menos Embora houvesse acordo de que a superf cie terrestre era dom nio espec fico do trabalho geogr fico essas defini es e a pr tica da pesquisa geogr fica estavam eivadas de contradi es dicot micas CHRISTOFOLETTI 1985 p 71 Frente a essa complexidade que abarca a Geografia mesclada por elementos f sicos e humanos e marcada fortemente pela dicotomia nos propomos a come ar a pensar a popula o e com ela o desejo de entend la tomando como diretriz mediadora para nossa 7 Ratzel um pensador cuja obra foi produzida exatamente na Alemanha desse per odo fim do s culo XIX e in cio do s culo XX Tanto em sua forma o como em sua obra incorporou os diversos fundamentos e horizontes epistemol gicos que na poca se debatiam Formou se como naturalista atra do como tantos outros pelo fasc nio do evolucionismo darwinista que empolgou a ci ncia nas ltimas d
108. es da sociedade mas por outro lado acabou por enrijecer os estudos de popula o por conta dos aspectos predominantemente quantitativos E a ideia da popula o como algo est tico estanque alheio s transforma es sociais e principalmente econ micas contribuiu para o enfraquecimento da Geografia da Popula o Para Sauvy 1979 p 293 o termo demografia traduz uma inten o quantitativa mais n tida correspondente an lise demogr fica ou demografia pura Ao contr rio o estudo dos costumes das migra es etc que est o incluindo na hist ria da popula o A tem tica da Geografia da Popula o tem se ampliado Isto decorre n o apenas do crescimento populacional e da crescente mobiliza o das pessoas mas especialmente como das novas formas de organiza o do espa o e da implanta o dos homens sobre elas decorrentes de aceleradas transforma es espaciais e econ micas A partir destas constata es n o pudemos supor que o caminho do aperfei oamento deva ser o de permanente ampliar os temas e aumentar a bibliografia H a necessidade do estabelecimento de novos par metros para a identifica o dos temas relevantes que respondam tanto para o ensino quanto para a pesquisa as novas condi es de rela es espaciais dos indiv duos sobre a superf cie da terra Da mesma maneira como a Demografia uma ci ncia til e com largo p blico fora de sua sociedade interna tamb m preciso que a disciplina G
109. es liter rias Depende tamb m das ci ncias naturais renovadas e reunidas que s o a Cosmologia as ci ncias da Terra e a Ecologia O que essas ci ncias fazem apresentar um tipo de conhecimento que organiza um saber anteriormente disperso e compartimentado Ressuscita o mundo a Terra a natureza no es que nunca deixaram de provocar o questionamento e a reflex o na hist ria de nossa cultura e de uma nova maneira despertam quest es fundamentais o que o mundo o que nossa Terra de onde viemos Elas nos permitem inserir e situar a condi o humana no cosmo na Terra na vida MORIN 2010 p 35 82 Se considerarmos que superar a dicotomia pode significar um avan o para as ci ncias inclusive para as ci ncias humanas podemos entender mesmo que parcialmente a dificuldade de operacionalizar isso j que sabemos que o conhecimento cient fico acompanha a demanda do grande capital Morin coloca a quest o da hiperespecializa o como uma forma de impedir de ver o global e o essencial Uma vez que com a hiperespecializa o os problemas s o estudados cada vez mais isolados mais espec ficos e particulares Dessa forma deixamos de analisar as influ ncias que esses problemas sofrem exteriormente e as rela es homem e cosmo foram deixadas de lado com a particulariza o deles Desse modo o problema fica isolado mas n o solucionado e nem analisado corretamente A produ o cient fica portanto est atrelada a
110. est distribu da onde na maioria das vezes est o presentes dados sobre o n mero de nascimentos e mortes de um determinado lugar e per odo A composi o da pir mide et ria que se traduz em grande parte numa vis o est tica da popula o voltada mais para os dados estat sticos do que an lises problematizadas da din mica populacional As pesquisas sobre popula o est o presentes em muitas ci ncias e a forma como cada uma aborda essa tem tica tamb m diferenciada A Geografia por sua vez apresenta um modo particular de discutir a popula o ora com maior nfase na quest o da migra o ora na quest o da distribui o e crescimento Por m reconstituir uma parte da ci ncia geogr fica e por meio dela discutir a popula o objetivo da pesquisa Sabemos que n o se encontrar o manifesta es puras dos estudos populacionais na ci ncia geogr fica se encontrar momentos de maior ades o aos estudos de popula o e outros de desaquecimento frente a essa tem tica No entanto o que se objetiva refazer essa trajet ria e com ela pesquisar o problema levantado e para isso far se uma breve investiga o sobre o tema por considerar esse exerc cio relevante para o desenvolvimento da pesquisa A Antropologia um ramo do conhecimento que possui um olhar peculiar para os conjuntos humanos em especial pelo r pido desenvolvimento num rico de nossa esp cie j que isso afeta sobremaneira o bem estar humano Ass
111. forma indiscriminada Todavia o que ocorre o contr rio este bem a terra est cada vez mais restrito a um n mero limitado de pessoas Essa l gica imposta pelo capitalismo representa de forma contundente que mesmo instaladas na cidade a maior parte da popula o n o tem direito real a ela vivem de forma sub humana sem a possibilidade de adquirir um peda o de terra para construir sua habita o e abrigar sua fam lia Essa distribui o irregular da terra que sem sombra de d vidas uma mercadoria mais uma das in meras formas de exclus o das pessoas pois n o assegurada grande maioria nem sequer um peda o de ch o para morar com dignidade O legado da desigualdade permaneceu e sua marca na cidade a crescente segrega o s cioespacial A terra urbana teve sua fun o de mercadoria refor ada cujo acesso passou a se dar mediante o mecanismo da compra e venda Cresceu com isso a especula o imobili ria com a disputa de solo urbano para diversos fins em especial para fins de moradia Com a forte especula o imobili ria observa se no espa o urbano o fen meno dos vazios urbanos de terras estocadas esperando valoriza o Para os trabalhadores e grupos sociais mais vulner veis os vazios s o um obst culo na realiza o de sua necessidade b sica de moradia Esses vazios urbanos demonstram o car ter perverso que o urbano assume no capitalismo car ter esse agravado pelo fato dos investime
112. garantir a governabilidade e ent o Foucault invoca a quest o do Estado para se organizar e tamb m para gerir a popula o A nosso ver Foucault aborda a din mica da popula o e nesse aspecto da governabilidade o que est mais claro a quest o relativa ao crescimento populacional Nesse sentido fica evidente que o Estado que tem que controlar a popula o n o s porque ela cresce mas tamb m porque ela se desloca porque a popula o possui uma din mica n o t o facilmente controlada assim em outros momentos Foucault vai discutir acerca das poss veis formas de controle dos deslocamentos da popula o Houve durante a poca cl ssica uma descoberta do corpo como objeto e alvo de poder Encontrar amos facilmente sinais dessa grande aten o dedicada ent o ao corpo que se manipula se modela se treina que obedece responde se torna h bil ou cujas for as se multiplicam O grande livro Homem m quina foi escrito simultaneamente em dois registros no an tomo metaf sico cujas primeiras p ginas haviam sido escritas por Descartes e que os m dicos os fil sofos continuaram o outro t cnico pol tico constitu do por um conjunto de regulamentos militares escolares hospitalares e por processos emp ricos e refletidos para controlar ou corrigir as opera es do corpo Dois registros bem distintos pois se tratava ora de submiss o e utiliza o ora funcionamento e de explica o corpo til corp
113. intrigantes colaboram substancialmente no debate acerca das quest es populacionais apesar de n o rotularem seus trabalhos e publica es como Geografia da Popula o O campo dos estudos de migra o se expandiu na Geografia as migra es s o consideradas manifesta es din micas do espa o geogr fico Todos os processos de circula o de bens e mercadorias envolvem pessoas podemos considerar a migra o como consequ ncia do capitalismo uma condi o din mica do espa o geogr fico ajuda a compreender os processos de urbaniza o portanto entendemos os processos migrat rios se situ los historicamente as causas e o desencadeamento desse processo Para P voa Neto Entender a Geografia como um processo hist rico de organiza o do espa o de forma o e transforma o dos territ rios entende se historicamente e vai perceber que a migra o o deslocamento da popula o est atravessando quase todos os per odos hist ricos e isso ajuda a ter uma compreens o do momento atual como um momento ao 265 longo de um grande processo na qual as pessoas algumas vezes decidiriam ou foram for adas a migrar possibilitando desenvolver um olhar mais rico para a quest o da urbaniza o para o desenvolvimento das regi es das quest es de povoamento at a quest o ambiental que est muito relacionada com o meio ambiente Acredito que boa parte dos estudos de geografia tem rela o com os processos de mobilidade d
114. investigar as quest es populacionais Vale salientar que entendemos a Demografia como a ci ncia que estuda a din mica populacional por meio de estat sticas que utilizam como crit rios a religiosidade educa o etnia entre outros influenciados por fatores como taxa de natalidade mortalidade fecundidade entre outros Considerada como um dos ramos das ci ncias sociais a Demografia uma ci ncia nova se comparada por exemplo com a Economia O termo demografia foi empregado pela primeira vez em 1855 por Achille Guillard Sua import ncia reside no fato da popula o ser um elemento pol tico que caracteriza uma sociedade e logo tornar se ia necess rio compreend la a fim de tornar poss vel o planejamento econ mico social ou pol tico Dessa forma a Geografia pode se apropriar dos estudos demogr ficos e contribuir para que as informa es sobre popula o na Geografia avancem para al m dos dados quantitativos e com isso melhor compreender a din mica populacional E possa nos dizer algo sobre a nossa exist ncia o que somos e o que podemos fazer ou esperar O estudo da popula o na Geografia exige o aporte de outras ci ncias sociais como a Economia Pol tica e a Sociologia para explicar o porqu do lugar de pessoas nas classes sociais a perda dos indiv duos na coisidade da for a de trabalho do homem gen rico ao mesmo tempo submetido na sociedade n o por obra do acaso mas das leis sociais dominantes RIQUE 2004 p
115. isto o conjunto dos mecanismos pelos quais aquilo que na esp cie humana constitui suas caracter sticas biol gicas A partir disso ele estabelece algumas proposi es para o trabalho geneal gico analisar os mecanismos de poder as rela es de poder pois o poder n o se funda em si mesmo mas causa e efeito de uma rela o entre for as Interrogar a pr pria atualidade da filosofia e os efeitos de saber por ela veiculados como uma pol tica geral de verdade substituiu a ideia de imperativo categ rico para incorporar um imperativo condicional que opere n o como uma teoria geral mas como uma cr tica que se realiza a partir de indicadores t ticos de an lise E finalmente apresenta um imprescind vel categ rico e fundamental nunca 109 fazer pol tica a fim de n o se perder em pseudo pol micas acerca do problema da rela o entre luta e verdade A partir disso o autor inicia sua an lise sobre os mecanismos de seguran a constitutivos da racionalidade moderna e discorre ao longo das aulas os elementos fundamentais que o constituem como a arte de governar a organiza o pol tica do Estado Moderno e os mecanismos para a organiza o da racionalidade sobre as formas de experienciar do ser humano Por m a boa nova da an lise de Michel Foucault reside nos modos de operar dos mecanismos de poder no qual se faz presente forma o das cidades em detrimento ao objeto de dom nio no per odo medieval e os lim
116. linguista e em um livro relativo s aulas dele chamado Em defesa da Sociedade interessante e como ele observou que no final do s culo XVIII in cio do s culo XIX havia uma concentra o populacional muito grande e isso sugeriu uma metamorfose das pol ticas de regula o foi onde compreendi porque tudo tem seu contexto entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 A respeito das argumenta es realizadas pela professora Am lia Damiani sobre a import ncia da obra de Foucault para seus estudos consideramos prudente sinalizar sucintamente um aspecto de como a cidade era por ele entendida A concep o da cidade modelo do s culo XIX a cidade oper ria segundo Foucault ela articula mecanismos disciplinares de controle sobre o corpo sobre os corpos pela localiza o cada uma numa casa e dos indiv duos cada um num c modo Assim seria poss vel normalizar os comportamentos regras de higiene aplicadas popula o press es que a cidade exerce sobre a sexualidade sobre a procria o os cuidados dispensados s crian as a escolaridade etc FOUCAULT 2000 Para Foucault a filosofia fisiocr tica dispersou a ideia de que a produtividade est em conformidade com a produ o econ mica e social que ocorreria livremente Desse modo os chamados poderes locais passam a n o ter mais a responsabilidade de proteger o territ rio esta caracter stica se transforma com o desenvolvimento das cidades Neste se
117. m ximo pois abrangeu a distribui o do homem sobre a Terra sistematicamente e compreendeu que se poderia criar a Geografia Humana para servir de complemento Geografia F sica LEBON 1970 p 39 Por meio s culo cultivou se o estudo da Terra independemente do homem A primeira infloresc ncia do assunto nas universidades norte americanas partiu dos seus ramos f sicos Nas escolas a Geografia F sica era apreciada como uma abordagem n o especializada ci ncia e a gera o mais antiga dos ingleses sem d vida recorda dos seus esfor os para dominar a obra Realm of Nature de Mill que de maneira menos exaltada procurou alcan ar o mesmo objetivo que o Kosmos Dessa forma por cerca de cem anos procedeu se ao estudo sistem tico das caracter sticas da Terra seus climas e dos aspectos f sicos dos oceanos sendo que os ramos isolados da Geografia F sica isto a Geomorfologia a Climatologia e a Oceanografia adquiriram o status de 1A aceita o das novas tend ncias de pensamento como a salva o da Geografia foi uma realiza o fundamental na obra de Friedrich Ratzel Seu mbito de racioc nio era amplo e ele procurou compreender uma nica ci ncia da humanidade abrangendo uma Filosofia da Hist ria a Etnologia e a Geografia Em consequ ncia publicou em 1882 e 1891 os dois volumes da sua Antropogeografia introduzindo assim o termo Antropogeografia ou Geografia Humana LEBON 1970 p 39 64 ci ncias
118. mal come amos e que nem sa mos da linha de largada H ainda muitos caminhos a ser percorrido esse estudo nos possibilitou entender que h um di logo entre popula o e Geografia e esse fecundo 323 e para os interessados certamente h nas reminisc ncias da hist ria humana muito potencial encoberto que precisa ser explorado Estamos cientes de que trilhamos os caminhos que consideramos os mais proeminentes que eles t m limites sabemos e reconhecemos entretanto buscamos nas mais variadas fontes percep es sensa es e at intui es as perguntas das respostas por n s almejadas e mesmo n o nos propondo a advogar em prol da Geografia da Popula o vou me valer da ltima frase que ouvi e depois transcrevi da entrevista concedida pelo professor Odeibler S Guidugli quanto ao futuro da Geografia da Popula o este excelente j quanto aos ge grafos e suas Geografias j n o posso dizer o mesmo entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 E para finalizar me aproprio da sensibilidade e criatividade do saudoso professor Aziz Nacib Ab Saber 1924 2012 e assim como ele sou filha de liban s e acredito numa Geografia que serve para cuidar das rela es entre os homens e o meio ambiente e que deve estar atenta a hist ria em processo na qual devemos inserir criticidade aos mais variados elementos que comp e o planeta Terra e desse modo n o s passaremos pela vida mas vivemo la em sua
119. mas que necessitavam para se manter no cargo recorrer assessoria de um corpo t cnico moderno O car ter t cnico do IBGE se diferenciava dos postulados apregoados na universidade de S o Paulo como os dirigentes do IBGE em sua maioria eram pessoas de confian a do 140 governo esses exerciam suas fun es assim como administravam o Instituto a fim de oferecer ao Estado os meios e mecanismos necess rios a sua manuten o Boa parte das informa es veiculadas pelo IBGE soavam estranhas para a maioria da popula o que n o conseguiam ou mal interpretavam as informa es divulgadas pelo Instituto ficando muitas vezes presas as informa es prestadas pelas fontes do governo federal e alheia as principais mudan as e as consequ ncias dessas para suas vidas Para Ferraz 2005 as decis es ligadas gest o do territ rio e s propostas destinadas as estruturas territoriais do pa s dificilmente partiam de ge grafos Mas basicamente dos dirigentes do IBGE que eram em sua maioria pessoas indicadas pelo governo A cria o do IBGE foi um imperativo do Estado Novo revestindo se de um car ter de comprometimento com o poder distinguindo se como Geografia do Estado Novo ou como Geografia oficial Essa Geografia serviu para atender e garantir que as necessidades do Estado Novo fossem atendidas a aus ncia de ge grafos frente do Instituto j era um indicativo que esse tinha um objetivo claro atender as demandas do Estado e n o
120. meio dele entender melhor o mundo em que vivemos e as formas como as pessoas n o s ocupam o espa o mais os motivos dessas ocupa es perpassando ao mesmo por quest es atinentes Geografia da Popula o mas que muitas vezes passam despercebidas pela Geografia Sobre essa disciplina o professor P voa Neto comentou O ge grafo da popula o tem a oportunidade de travar em sala de aula um debate sobre esse tema porque o melhor lugar para isso Por exemplo na escola que se vai tratar disso quem pode se aproximar o professor de ci ncias que muitas vezes tem uma vis o viciada pelas ci ncias naturais O professor de Geografia traz quest o da popula o no espa o geogr fico A Geografia tem uma tima oportunidade de trabalhar com isso e outra quest o o tema das migra es o qual atravessado por todo um debate pol tico e permite interven o dos ge grafos nos embates pol ticos tanto na quest o da migra o interna quanto internacional entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 importante salientar que o ensino e a pesquisa s o processos relevantes na forma o profissional principalmente de professores e ge grafos A pesquisa possibilita a produ o de conhecimento por meio de situa es problemas o que permite promover reflex es entre as informa es obtidas com as informa es do mundo Desde modo ensino e pesquisa n o deveriam ser vistos como coisas desconexas mas como a
121. meios ou para estimul las ou impedir esse movimento ou seja o que for necess rio e interessante para as pol ticas de planejamento e desenvolvimento de uma rea ou na o Nesse sentido a identifica o dos grupos mais propensos migra o est associada a maior parte das vezes aos fatores de expuls o e atra o que podem ter causas diversas A riqueza desse debate repousa na possibilidade de discuss o que a tem tica da Popula o nos oferece assim P voa Neto contribui dizendo N o se entende a din mica do espa o abstraindo a quest o da migra o A mobilidade um dos elementos para se compreender os processos diferenciados O lugar dos estudos populacionais aparece subordinado a outras quest es exemplo hoje a Geografia est estudando a quest o da reorganiza o dos territ rios Muitas vezes a migra o aparece inclu da nesse processo ou seja os processos de desterritorializa o e territorializa o H alunos que leem esse processo como processo de migra o n o que n o seja verdade mas ao mesmo tempo em que ocorre uma reterritoriza o a migra o tamb m contribui s que a migra o enquanto processo merece uma an lise em si Ela um processo que tem suas especificidades s se entende a migra o em fun o de sua hist ria ela n o instant nea ou seja deve ser entendida dentro de um processo hist rico e tem diversas dimens es que n o s a quest o da territorializa o H
122. metodol gico da hist ria defende que os problemas existentes nessa rea podem ser nominados ou entendidos pelo estruturalismo Na obra As Palavras e as Coisas argumenta que a no o de campo epistemol gico expressa uma inten o impl cita que pode estruturar uma rea cultural por m essa inten o se mant m camuflada s pessoas que a utilizam Tanto as Palavras e as Coisas quanto A Arqueologia do Saber s o obras percebidas como decretando em nome de um estruturalismo mais preocupado em procurar descobrir as estruturas organizando um dom nio o fim do humanismo trata se de fazer a an lises das condi es hist ricas dando conta do que dizemos rejeitamos e transformamos na massa das coisas ditas sem levar em conta o sujeito psicol gico ou a consci ncia individual Em L Arch ologie du savoir Foucault reconhece embora a estrutura n o seja diretamente observ vel tem um fundamento objetivo aqu m da consci ncia constitui o real De instrumento de an lise torna se uma realidade Nesse sentido o ator dos soci logos o agente dos economistas o sujeito dos psic logos numa palavra o individuo deportado para longe e desparece sem deixar rastro Donde o car ter anti humanista do estruturalismo a pouca ou quase nenhuma import ncia que confere ao indiv duo e s suas capacidades de conhecer e julgar JAPIASSU 2012 P 23 Diante das argumenta es apresentadas poss vel perceber que a Geografia Humana traba
123. mico t cnico e cient fico e tamb m com a mis ria com a fome com as doen as e a viol ncia Num cen rio t o diversificado onde a riqueza vizinha da pobreza pode vir tona os problemas de ordem estrutural que na maioria das vezes tem sua ess ncia acobertada e qui com esse processo de desvelamento pode ocorrer sua supera o Os estudos sobre popula o na Geografia como relatado anteriormente no in cio do s culo XX eram incipientes Contudo era necess rio obter os dados populacionais para criar e controlar o territ rio Nesse sentido importante destacar que o fato de n o termos obras espec ficas sobre popula o n o significa que esse tema n o tenha sido tratado antes Uma obra muitas vezes vem para firmar a import ncia do tema em determinado contexto hist rico n o anulando que a gesta o do tema n o viesse acontecendo dentro da Geografia Dessa forma com a sistematiza o da tem tica houve a possibilidade de intensificar o di logo sobre o tema que repercutiu nas universidades nos cursos de forma o docente e tamb m nas escolas de ensino b sico Como vimos a quest o populacional acompanha o desenvolvimento da ci ncia geogr fica ao passo que a popula o tamb m um elemento importante para se compreender a din mica do espa o Os momentos de perman ncia dos estudos de popula o na Geografia est o de certa forma alicer ada no que se convencionou Geografia cl ssica j os momentos d
124. mios a quem explorasse novas terras juntamente com todos os encorajamentos poss veis de prefer ncia agricultura sobre a manufatura e ao tamanho do solo sobre os pastos Desenvolver se iam todos os esfor os para enfraquecer e destruir todas as institui es relativas s corpora es aprendizagens etc que levam a que os trabalhos agr colas sejam mais mal pagos que os do com rcio e manufatura Na verdade um pa s nunca pode produzir a quantidade de viveres necess ria enquanto prevalecem essas distin es a favor dos artes es Esses encorajamentos agricultura tenderiam a fornecer ao mercado uma quantidade crescente de trabalho saud vel e ao mesmo tempo ao aumentarem a produ o nacional elevaram o pre o comparativo da m o de obra e melhorariam a condi o do trabalhador Encontrando se ent o em melhores circunst ncias e n o lhe apresentando 95 quaisquer perspectivas de assist ncia paroquial estaria em melhores condi es assim como mais inclinado para entrar em associa es para aux lio no caso de doen a sua ou da fam lia MALTHUS 1789 p 50 Em 1789 no ano que Malthus publicou seu ensaio foi descoberta a vacina da var ola por Edward Jenner essa foi primeira de muitas a es que associadas melhoria nas redes de saneamento e de alimenta o colaborariam para aumentar a esperan a de vida ao nascer O desenvolvimento da medicina fez com que as teorias de malthusianas fossem refutadas apesar disso
125. momento de entrada no tema e posteriormente a quest o da disciplina Geografia da Popula o 22 J as fontes secund rias s o aquelas que cumprem o papel de auxiliar a an lise realizada por meio das fontes prim rias Entre as fontes secund rias destacamos a leitura de algumas obras de importantes pesquisadores como Vidal de La Blache Friedrich Ratzel Karl Ritter Emamuel Kant Maximilien Sorre Pierre Monbeig Pierre Deffontaines Albert Demangeon Pierre George David Harvey Boa Ventura de Souza Santos Pierre Bourdieu Hor cio Capel Lucien Febvre Antonio Gramsci Thomas Kuhn Henri Lefebvre entre outros Por interm dio delas buscamos analisar as perman ncias e as poss veis rupturas existentes no pensamento geogr fico com o intuito de identificar e sopesar a popula o seus temas abordagens e sustenta o te rico metodol gica Na mesma dire o no que concerne ao uso das fontes secund rias buscamos compreender o contexto da cria o da disciplina Geografia Humana e Geografia da Popula o suas transforma es conte dos e m todos Para tanto recorremos leitura das obras de alguns estudiosos brasileiros como Pasquale Petrone Jo o Rua Aroldo de Azevedo Manuel Correia de Andrade Antonio Carlos Robert de Moraes Armem Mamigoniam Neide L Patarra Tam s Szmrecs nyi Josu de Castro Marilena Chau Antonio Christofoletti Rosa Ester Rossini Odeibler Santo Guidugli Am lia Damiani e outros As leitura
126. na de professores para a qual se criaram duas diretorias s para atacar esse problema O objetivo recuperar o est mulo dos docentes para a educa o b sica atrav s de projetos nas universidades junto aos futuros professores Not cia divulgada na Revista Carta Capital em 18 de maio de 2011 dispon vel em www cartacapital com br carta acesso em 14 de janeiro de 2013 308 poder est o atreladas n o s ao capitalismo mas a concep o positivista de ci ncia Na qual as ci ncias humanas poderiam desmistific las por isso talvez n o sejam valorizadas j que poderiam promover a transforma o da estrutura vigente e qui romper com o ciclo de manuten o e opress o institu do pelo capital A produ o cient fica se situada no contexto hist rico passa a ser entendida como um processo din mico e complexo esse movimento permite que a compreens o de determinado objeto ocorra em sua totalidade revelando n o somente suas peculiaridades mas tamb m sua import ncia No capitalismo a produ o cient fica tamb m mercadoria e sendo mercadoria precisa ser til ou que ao menos atenda aos interesses do momento desta forma a produ o cient fica n o se justifica por ela mesma mas pelo o que ela pode oferecer Como em um mercado os pesquisadores vendem seus produtos como publica es e trabalhos cient ficos e s o pagos em termos de prest gio e influ ncia acad mica Como no mercado a racionalidade individual lev
127. naquilo que se denomina curr culo oculto por isso a import ncia de se compreender os pressupostos te ricos que fundamentam as pr ticas A Geografia brasileira tem sido permeada por um discurso ideol gico que mascara a import ncia estrat gica dos racioc nios centrados no espa o obviamente que esse discurso n o toa e sim proposital e sistematicamente organizado Por muito tempo a Geografia da Popula o tem sido marcada por uma enumera o mec nica de fatores de ordem natural presentes num dado territ rio Ignorar o car ter ideol gico e pol tico do conhecimento seja em qualquer rea parece nos n o s uma atitude ing nua mas comprometida com a aliena o social A Geografia se abordar as quest es populacionais de forma comprometida com a realidade vigente pode auxiliar no processo de democratiza o da sociedade e at contribuir no processo de emancipa o humana Os aspectos te ricos e metodol gicos que na atualidade orientam a Geografia da Popula o enquanto campo do conhecimento apoia se predominantemente em quatro orienta es te rico metodol gicas a tradicional a cr tica a pragm tica e a da percep o ou comportamental Todavia nesse momento especificadamente vamos nos ater a tradicional cl ssica e na cr tica por serem essas duas orienta es as mais difundidas na Geografia Muitas das propostas estudadas deram nos a entender que a renova o metodol gica atuaria por si s na melhoria do
128. ncia os planos de ensino completos Desse modo foi explicitada no quadro 6 a situa o da carga hor ria da disciplina de Geografia da Popula o dos cursos de gradua o analisados Lembrando que essa informa o t o somente no intuito de levar a reflex o que a maior ou menor disponibilidade de tempo destinado disciplina tamb m est de certo modo associada ao perfil do docente sua forma o e especializa o o que de uma forma ou de outra interfere no desenvolvimento e aproveitamento da disciplina Quadro 6 Carga hor ria destinada disciplina de Geografia da Popula o Universidade Federal de Santa Catarina UFSC SC Sul 108 b a Universidade Estadual de Londrina UEL PR Sul 90 b a Universidade Estadual do Par UEPA PA Norte 68 b a Universidade Estadual de Maring UEM PR Sul 68 h a Universidade Estadual do Centro Oeste UNICENTRO PR Sul 68 h a Universidade Est do Oeste do Paran UNIOESTE FB PR Sul 68 h a Universidade Federal do Cear UFC CE Nordeste 64 h a Universidade Federal de Minas Gerais UFMG MG Sudeste 60 h a Universidade Federal de Uberl ndia UFU SP Sudeste 60 h a Universidade do Estado Rio de Janeiro UERJ RJ Sudeste 60 h a Universidade Federal do Esp rito Santo UFES ES Sudeste 60 h a 212 Universidade Estadual de S o Paulo UNESP SP Sudeste 60 h a Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG PR Sul 51 b a Fonte Progra
129. no contexto socioecon mico promovem a cont nua mudan a nos desafios e nos problemas enfrentados pelos homens CHRISTOFOLETTI 1985 p 71 Assim ao refletirmos sobre o contexto da ci ncia geogr fica e os desafios de se estudar a popula o percebemos que ele est alicer ado concep o de ci ncia e de Geografia predominante j que professores e pesquisadores se apropriam e sofrem 35 influ ncia de ideias existentes Por isso preciso estimular a cr tica para que se possa contribuir de forma significativa no re pensar as quest es relacionadas popula o Desse modo a reflex o apresentada faz sentido pois entendemos que na constitui o da ci ncia geogr fica a quest o da popula o sempre esteve presente contudo n o de modo expl cito muitas vezes subjugado nos discursos dominantes Por m a preocupa o como o homem se relaciona com o meio e as formas de assegurar sua sobreviv ncia fazem parte da hist ria humana e da g nese da Geografia Diante disso e na medida em que buscamos situar a popula o no contexto hist rico consideramos importante discutir a rela o entre a Geografia e o capitalismo uma vez que a pr pria constitui o da Geografia enquanto ci ncia coadunou com os interesses do sistema econ mico dominante E assim continuamos nossa busca a fim de desvelar nossa inquieta o 1 1 A Geografia a Geografia brasileira e sua rela o com o capitalismo A ci ncia geogr fica despont
130. no qual as pessoas se uniriam em prol de mudan as por m isto n o f cil uma vez que para isso os intelectuais deveriam se opor contra a domina o e vislumbrar alternativas de supera o coletiva ou seja assumir a condi o de trabalhador org nico Neste sentido o primeiro passo seria buscar construir novas perspectivas para a sociedade Para isso importante destacar como e de que forma a produ o do conhecimento ocorre uma vez que este processo resultado da inter rela o entre o sujeito e o objeto que pode ser conhecido A priori a produ o do conhecimento ocorre pela troca entre a intencionalidade do sujeito sobre determinado objeto ou fen meno por m esta troca n o ocorre de forma mec nica mas ela reflexo das condi es econ micas e pol ticas existentes n o h produ o cient fica despretensiosa pelo contr rio a produ o da ci ncia impregnada de interesses e intencionalidade o que ocorre muitas vezes que essas rela es n o s o aparentes As pesquisas em ci ncias humanas normalmente visam contribuir para aprofundar o debate acerca de alguns temas promovendo sua transforma o ou at sua manuten o contudo esta produ o tamb m fica restrita h um grupo de pessoas que por quest es de afinidades interesses ou curiosidade acabam se interessando pelo tema o qual para a maior parte da popula o torna se sem sentido pois est distante da realidade que o cerca ou ainda desconhec
131. nos fazer refletir que quando falamos em popula o estamos falando de pessoas que se submetem conscientemente ou n o s formas de controle impostas a elas pelo sistema econ mico predominante No decorrer desse trabalho notamos que a Geografia da Popula o uma disciplina que vem se mantendo a duras penas nos cursos de Geografia e h insignific ncia nas pesquisas nessa rea demonstrando que h um desdobramento dos estudos populacionais em suas diferentes reas a urbana econ mica agr ria e ainda migra o e mobilidade que s o atualmente campos de pesquisa considerados leg timos e importantes aos olhos dos pesquisadores da Geografia Nessa tese propomo nos a analisar as teorias e as metodologias da Geografia da Popula o que se desenvolveram a partir da Geografia brasileira enquanto conhecimento sistematizado Desse modo verificamos os caminhos trilhados pelos estudos populacionais na Geografia e a constitui o da Geografia da Popula o Essa an lise nos permite afirmar que as pessoas s o seres da pr xis entendendo assim que elas n o s admiram e se impressionam com o mundo mas se imergem nele para que possam conhec lo e transform lo especialmente por meio de seu trabalho n o do trabalho alienante mas do trabalho como meio de exerc cio da autonomia e emancipador A pr xis nesse sentido a transforma o isto a transforma o do objeto em sujeito e reflex o a o que incide sobre as e
132. nos permite dizer que durante o per odo de realiza o da pesquisa do professor Odeibler Santo Guidugli o ensino de Geografia da Popula o estava difundido nas universidades brasileiras contudo a pesquisa ainda era incipiente No momento em que fiz a pesquisa eram centenas de departamentos mas n o tantos quantos hoje aos que tinham a disciplina de Geografia da Popula o era solicitado curr culo carga hor ria entre outros elementos que fizeram parte da minha an lise entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Com rela o popula o na geografia e a especificidade de uma disciplina chamada geografia da popula o quando eu fiz minha pesquisa aparecia tamb m este departamento os chamados estudos sociais comecei a verificar os cursos e era n tida a presen a da geografia da popula o ou a geografia humana contemplando a geografia da popula o entrevista concedida a pesquisadora em abril de 2011 Todavia v lido destacar que a proje o dessa disciplina nas universidades brasileiras de Geografia demonstra que houve um momento em que as quest es afetas aos estudos populacionais na Geografia ganharam visibilidade no cen rio nacional As causas e desdobramentos desse processo o que se busca tamb m desvendar Para tanto consideramos necess rio retroceder um pouco com intuito de lan ar luz sob o objeto e o caminho que se optou em construir buscar dialogar com a ci ncia geogr fica e
133. num ricas Como exemplo do forte apego as quest es culturais temos a interfer ncia da Igreja em especial da interpreta o da B blia que traz o crescei e multiplicai vos como algo a ser seguido No entanto h muito tempo existem contradi es entre os que viam a quest o da superpopula o como uma utopia e os que advertiam sobre as poss veis consequ ncias desse fen meno 2 Vale ressaltar que essa incurs o pelos diferentes momentos hist ricos n o se remete desde os in cios do tempo quando surgiram as primeiras formas de organiza es humanas Mas do aparecimento da sociedade moderna tendo em vista que as mudan as decorrentes desse per odo em diante a nosso ver fertilizam mais nosso objeto ou seja estudar a popula o tendo como base a ci ncia geogr fica 87 Por um bom tempo n o era poss vel se pautar em estat sticas j que as que existiam n o eram confi veis por trazer graves erros o debate predominante era acima de tudo filos fico religioso ou pol tico As discuss es sobre superpopula o produziam as mais variadas rea es por envolver orienta es de toda ordem inclusive religiosas e ideol gicas E despertavam opini es sobre a vida seu valor j que essas diziam a respeito das convic es pessoais de cada um Isso demonstra que assuntos dessa natureza expressam valores morais e pessoais o que gera inseguran a e at desconfian a nas pessoas Assim trata se de algo dif cil de ser
134. o simplesmente percorrer a hist ria do pensamento geogr fico haja vista que cada momento de produ o do conhecimento geogr fico teve sua intencionalidade e tamb m a necessidade de se garantir no meio cient fico Baseado nisso buscou se demonstrar que foram principalmente duas as correntes de pensamento que mais orientaram os estudos populacionais na Geografia ou seja O positivismo e o materialismo hist rico apesar da dificuldade como alertada pela professora Damiani que acessar os estudos de popula o pelo marxismo algo desafiador Marx exp s as condi es hist ricas que viabilizaram a produ o da concep o materialista e dial tica da hist ria como o m todo cient fico capaz de explicar as transforma es do s culo XIX O autor descreve o est gio de desenvolvimento da economia pol tica na Alemanha enquanto express o do pr prio est gio de desenvolvimento das for as produtivas naquele pa s Retoma as condi es hist ricas que impediram o crescimento das for as produtivas alem s e as condi es que permitiram as primeiras reflex es no campo da economia acentuando as ra zes da fragilidade desses primeiros esfor os Filia se cr tica da economia pol tica a economia cient fica concep o materialista e dial tica da hist ria destacando sua contribui o para a funda o do partido prolet rio alem o Viabilizou o reconhecimento das rela es sociais e do Estado dos sistemas religiosos e jur
135. o do professor deve direcionar para al m da sele o de metodologias que o orientem de forma a tornar se um gerenciador do conhecimento aut nomo e criativo Contudo mesmo com todas as mudan as e influ ncias sofridas na ci ncia geogr fica e tamb m no ensino ainda perdura uma quest o que causa certo desconforto na Geografia sua fragmenta o em f sica e humana que parece n o ter uma rela o aparente com o ensino e com a popula o mas certamente tem pois a fragmenta o da Geografia tanto atrapalha o ensino quanto o entendimento da popula o pois ambos necessitam de uma an lise dial tica dos fen menos que os cercam An lise essa que fica impossibilitada de se realizar em sua totalidade quanto nos atemos apar ncia e n o ess ncia dos fen menos Entendemos que pensar a Geografia enquanto ci ncia enquanto disciplina acad mica ou escolar uma tarefa rdua e que possui caracter sticas pr prias Na ci ncia 52 geogr fica temos a impress o que os temas s o mais facilmente compartimentados por assim melhor atender as especificidades de uma pesquisa cient fica J na Geografia escolar esta fragmenta o apesar de tamb m estar presente acaba por dificultar o trato com os temas que fazem parte do universo da Geografia digo isso porque enquanto escrevo cada parte dessa tese reconhe o nela que o elemento populacional est presente pois a hist ria feita pelos homens por m h uma dificuldade imp
136. o Paulo Contexto 1989 Org Ratzel S o Paulo tica 1990 p 94 95 Notas sobre a identidade nacional e institucionaliza o da Geografia no Brasil Estudos Hist ricos Rio de Janeiro v 4 n 8 p 166 176 1991 Geografia Pequena hist ria cr tica S o Paulo Hucitec 2003 Territ rio e Hist ria no Brasil 3 ed S o Paulo Annablume 2008 MORAES A C R COSTA W M Geografia cr tica a valoriza o do espa o S o Paulo Hucitec 1999 MORAIS J F R de Ci ncia e Tecnologia 2 ed S o Paulo Cortez Moraes Editora 1978 MORIN E O M todo I A Natureza da Natureza Portugal Publica es Europa Am rica 1977 Introdu o ao pensamento complexo Tradu o Dulce Matos Lisboa Instituto Piaget 1991 Ci ncia com Consci ncia Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1998 Os sete saberes necess rios educa o do futuro S o Paulo Cortez 2001 cabe a bem feita repensar a reforma reformar o pensamento tradu o Elo Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2002 2010 MOREIRA R Repensando o estudo da popula o AGB UPEGE s d _ O que geografia S o Paulo Brasiliense 1981 1994 2009 O discurso do avesso Rio de Janeiro Dois Pontos 1987 Para onde vai o Pensamento Geogr fico S o Paulo Contexto 2006 Pensar e ser em geografia ensaios de hist ria epistemologia e ontologia do espa o geogr fico S o Paulo Contexto 2007
137. o a Ma Ano 19881990199219941996199820002002 2004200620082010 Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Quadro 10 Distribui o por ano das disserta es sobre Geografia da Popula o e total de disserta es sobre este tema defendidas ANO N MERO DE DISSERTA ES 1987 1988 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 O Ol olol Nol O olu oj o IO Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Essa pesquisa buscou explicitar de modo sutil como est organizada a disciplina Geografia da Popula o na atualidade Muitos dados foram analisados portanto com os resultados podemos dizer que a Geografia da Popula o vem atravessando um per odo de transforma o dentro da Geografia o que nos leva a indagar para onde vai a Geografia da 233 Popula o Especialmente no que diz respeito a seus estudos uma vez que o ensino importante mas a pesquisa imprescind vel para o fortalecimento de qualquer que seja a rea de conhecimento Para contribuir com essa discuss o o professor Odeibler S Guidugli salientou Como a Geografia vem contribuindo para fomentar os embates sobre os estudos populacionais Primeiro pelo ponto de vista te rico metodol
138. o e enumera o de dados priorizando somente aqueles aspectos vis veis e observ veis Ao contr rio devem propiciar a compreens o do espa o geogr fico na sua concretude e com suas contradi es Uma abordagem equivocada dos fen menos populacionais condiciona a uma vis o reducionista da popula o refor ada por modelos prontos e acabados poss vel verificar uma fronteira n tida entre uma abordagem tradicional da popula o que pode agir como reprodutora e mantenedora do sistema e uma abordagem cr tica que pode atuar como agente de mudan as na forma de entender produzir e viver socialmente Sabemos que os desafios quanto aos estudos sobre popula o na Geografia s o muitos e que a a o dos interessados no tema deve se direcionar para al m da sele o de metodologias que o orientem nas diferentes abordagens do tema acreditamos que devemos estimular uma reflex o sobre o valor e sentido dessa disciplina n o s para a Geografia mas para as demais ci ncias como um todo preciso refletir sobre os elementos contradit rios presentes na popula o e no mundo e relacionar dialeticamente a sua teoria com a pr tica cotidiana Freire 1988 argumentava que toda pr tica cont m uma teoria e ambas s o indissoci veis e se 318 constroem reciprocamente Para Giroux 1986 a cultura dominante n o est apenas entranhada na forma e no conte do do conhecimento expresso claramente mas constantemente reproduzida
139. o em n vel de mestrado e doutorado em Geografia acessamos as gradua es dessas institui es e com isso buscamos verificar como est n o apenas a pesquisa mas tamb m o ensino da Geografia da Popula o no Brasil No entanto antes de chegar aos dias atuais buscamos ao longo da trajet ria da Geografia compreender as diferentes abordagens da Geografia da Popula o pela ci ncia geogr fica refazendo por meio das principais concep es te ricas e metodol gicas o caminho ocupado da popula o enquanto disciplina O presente estudo se estruturou a partir de algumas quest es norteadoras quais objetivos direcionaram a disciplina acad mica Geografia da Popula o a partir da institucionaliza o da Geografia em n vel superior no Brasil Quais refer ncias te ricas a fundamentaram Especificamente procuramos compreender as perman ncias e importante retomar que foram analisadas as gradua es em Geografia que t m programa de p s gradua o em n vel de mestrado e doutorado reconhecidos pela Capes e atrav s dos programas de p s gradua o que acessamos os cursos de gradua o sobretudo porque h atualmente muitos cursos de gradua o em Geografia no Brasil nos quais o tempo para a realiza o da pesquisa ex guo se comparado com a quantia de material que ter amos que coletar e analisar caso propus ssemos analisar todos Dessa forma as an lises dos programas de p s gradua o em Geografia nos ofer
140. o geogr fica favorecia a aliena o j que estavam descoladas da realidade e voltadas aos pressupostos do psicologismo Dessa forma os estudos de popula o estavam ligados forma como cada um entende ou percebe o mundo a nfase no indiv duo a n o contesta o da ordem estabelecida transfer ncia para o individual de muitos problemas considerados como sociais os quais contribu ram para que as an lises populacionais na Geografia se tornassem ainda mais incipientes j que a coletivo sucumbia ao individualismo As diferentes concep es que nortearam a ci ncia geogr fica uma buscando sobrepor se a outra continuaram a produzir estudos populacionais com pouco ou nenhuma mudan a significativa Especialmente na forma como a Geografia interpretava analisava e discutia a quest o populacional demonstrando com isso as dificuldades existentes em produzir estudos populacionais cr ticos luz da Geografia Como forma de superar esses limites nas an lises populacionais geogr ficas desponta se o emprego de categorias como a mobilidade Por meio dessa categoria poss vel assegurar aos estudos de popula o na Geografia um car ter cr tico sob as an lises espaciais bem como suas intera es possibilitando aos sujeitos perceber e analisar as mudan as naturais e humanas no contexto da contemporaneidade e do processo de globaliza o pulsante Contudo evidente que existe certa dificuldade da Geografia em trabalhar com as qu
141. o na Revista Brasileira de Geografia T TULO ANO DA PUBLICA O PUBLICA O AUTOR Revista Brasileira de Janeiro 1939 Set 1945 Sem Publica es Geografia Reyista Pra a de Outubro Dezembro 1945 A popula o do Brasil Giorgio Mortara Geografia Revista Brasileirade Jan 1946 Mar o 1947 Sem Publica es Geografia Revista Brasileira de Abril Junho 1947 Aspectos Geogr ficos da imigra o e Dr Artur Hehl Geografia coloniza o do Brasil Neiva Revista Brasileira de ytho 1947 Junho 1950 Sem Publica es Geografia Revista Brasileira de Distribui o da popula o no estado do Ruth Bouchaud Geografia Tlhoset mbro p0 Esp rito Santo em 1940 Lopes da Cruz Revista Brasileira de Outubro Dezembro 1950 Distribui o da popula o no estado do L sia Maria Cavalcanti Geografia Paran em 1940 Bernardes Revista Brasileira de Distribui o da popula o no estado do Eug nia Gon alves Geografia dance Margo 1231 Maranh o em 1940 Egler Ta a L sia Maria Revista Brasileira de Abril Junho 1951 Crescimento da popula o no estado do Cavalcanti Geografia Paran Bernardes Revista Brasileira de Julho 1951 Mar o 1952 Sem Publica es Geografia e de Abril Junho 1952 Densidade da Popula o Rural no Sudeste Elo sa de Carvalho Revista Brasileira de Julho Setembro 1952 Distribui o da Popula o no estado de S o Elza Coelho de Geografia Paulo
142. o na geografia ou na geografia da popula o em 238 particular e quem sabe seja capaz de n o s estudar o fato mas mostrar a pobreza com que isso aparece no estudo da geografia da popula o e isto um eixo brilhante entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Inspirada pela fala do professor Odeibler S Guidugli acreditamos que somos uma dessas pessoas que conseguem enxergar na popula o por mais subliminar que apare a o sentido para a vida para a Geografia enfim para a sociedade os dados demonstram que cientificamente a Geografia da Popula o est sem f lego sobretudo porque n s n o damos a ela o retorno merecido digo isso porque sinto que na forma o do profissional da Geografia h um v cuo em que n o conseguimos dialogar com a popula o A n o ser mediado pelas quest es migrat rias ou quando abordamos as estat sticas que acabam por contribuir ainda mais para a manuten o da ideia da popula o como algo est tico sobretudo atrav s das leituras malthusianas essa falta de forma o rebate quando percebemos um descompasso entre os estudos do territ rio com o crescimento populacional e as demandas decorrentes desse fen meno que na maioria das vezes s o descritas mas n o analisadas A pesquisa nos peri dicos foi um momento importante para verificarmos a situa o da pesquisa em popula o na Geografia por m o resultado j era previsto em virtude dos levantamentos realiza
143. o oxig nio do trabalho do professor e preciso cotidianiz la questionando a realidade e elaborando a partir dela 263 A experi ncia com os conte dos e a forma como os professores se apropriam para ensinar os alunos tem grande import ncia no ensino de Geografia sobretudo pela oportunidade de articula o entre a teoria e a pr tica os saberes e conhecimentos sobre o espa o de viv ncia Considerando que esses momentos propiciam a problematiza o pelo aluno e possibilita o aprendizado Estas quest es do estudo e do ensino da popula o pela Geografia devem fomentar a necessidade e a atitude de investiga o de pesquisa que se baseie na inquietude e na busca pelo desenvolvimento Sempre momento de prestar aten o no significado do nosso olhar e do olhar do aluno Verificar qual a a o semi tica que medeia fala e pr tica do professor e do aluno na intermedia o com o livro did tico A pr tica e a teoria n o sobrevivem isoladas Elas est o nas nossas leituras da realidade realidade na qual o tema popula o est muito presente Devemos possibilitar ao aluno o estar junto a essa realidade presenciar a pr tica a viv ncia a vida a realidade de forma compreensiva No ensino e aprendizagem de Geografia al m da linguagem textual que exige que os autores sejam especialistas portanto conhecedores da ci ncia e de seu ensino h as representa es gr ficas e cartogr ficas que s o extremamente importan
144. o volume de teses defendidas sobre o r tulo de Geografia da Popula o com intuito de dar maior visibilidade e dimensionamento produ o cient fica em n vel de p s gradua o strictu sensu em Geografia no Brasil Portanto para promover uma maior visualiza o das teses defendidas optamos em fazer um comparativo entre o total de teses de Geografia defendidas no Brasil de acordo com o banco de teses da CAPES e as teses defendidas sobre Geografia da Popula o Primeiramente do per odo corresponde aos anos de 1987 a 1997 e depois de 1998 a 2010 para facilitar inclusive a compreens o das informa es por conta do n mero de dados 221 Gr fico 4 Teses sobre Geografia e Teses sobre Geografia da Popula o 1987 1997 Proporcionalidade entre o n mero de teses de Geografia e Geografia da Popula o de 1987 a 1997 m N MERO DE TESES DE GEOGRAFIA DA POPULA O E TOTAL DE TESES EM GEOGRAFIA NO BRASIL Fonte Coordena o de Aperfei oamento de N vel Superior Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Vale salientar que os n meros indicados de 1 a 11 no gr fico correspondente respectivamente aos anos citados no t tulo O gr fico 5 representa as teses defendidas de 1998 a 2010 onde percept vel verificar um aumento no n mero de teses defendidas em Geografia boa parte desse aumento pode ser explicada pela crescente difus o dos cursos de p s gradua o em Geografia no Brasil Por m o aumento no n mero
145. obtidos nos programas das disciplinas e ainda investigar os novos rumos da Geografia da Popula o sem citar a riqueza de informa es que foi poss vel extrair por meio delas Foi feito uso tamb m do recurso das cita es longas para explicitar o que os professores pesquisadores pensam sobre a disciplina Geografia da Popula o seu futuro e sua import ncia para a Geografia e as principais dificuldades com o ensino e pesquisa em popula o O uso de cita es longas foi utilizado por considerarmos de extrema relev ncia as informa es nelas contidas para o entendimento do nosso objeto De forma alguma elas foram postas para preencher lacunas e t o pouco de modo aleat rio consideramos que tanto as contribui es dos professores pesquisadores como as interlocu es com autores como Michel Foucault foram valios ssimas para o enfretamento e entendimento das muitas quest es que margeiam o campo dos estudos populacionais Esse trato com as fontes prim rias e secund rias nos deu um substrato te rico importante para entendermos como a Geografia poderia contribuir para entendermos o espa o ocupado pela popula o em especial no que diz respeito ao seu futuro dentro da ci ncia geogr fica E ainda a import ncia da interdisciplinaridade uma vez que esse tema propicia o di logo da Geografia com outras ci ncias como a Demografia a Sociologia a Economia entre outras Dessa forma ratificamos que foi por meio dos autores cl ssicos
146. obtidos por meio da an lise delas s o t o somente no sentido de incrementar a an lise Al m de outros documentos cuja interpreta o pode fornecer as pistas necess rias urdidura da quest o em foco N o h a ideia de uma hierarquiza o das fontes orais ou escritas mas o entendimento de que a diversidade dos documentos sua contextualiza o e a observa o rigorosa de suas condi es de produ o s o balizadores indispens veis para explicar a hist ria da constitui o de uma disciplina bem como sua fun o e relev ncia para a ci ncia de refer ncia ou seja no nosso caso a Geografia da Popula o 160 3 GEOGRAFIA DA POPULA O E SUAS DIFERENTES ABORDAGENS NO PENSAMENTO GEOGR FICO BRASILEIRO O conhecimento desejado pela maioria das pessoas mas poucos param para explor lo com sabedoria trocando os questionamentos anteriores por qual o valor do conhecimento Que tipo de conhecimento devo adquirir para me tornar uma pessoa melhor um cidad o melhor um profissional melhor Porque at mesmo os s bios t m dificuldades para descrever o conhecimento pois a ci ncia que estuda o conhecimento muitas vezes encontra se perdida entre conceitos teorias descri es hip teses e princ pios Por n o existir um conhecimento completo nem valor exato que satisfa a a fome de saber do homem a humanidade busca o conhecimento para evoluir sem reconhecer sua verdadeira import ncia Por isso a educa o pr
147. olhar para o Norte Central Paranaense S o Paulo Universidade de S o Paulo Faculdade de Filosofia Letras e Ci ncias Humanas Departamento de Geografia 1998 Tese de Doutorado ROUSSEAU J J Discurso sobre as Ci ncias e as Artes discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens Tradu o Roberto Leal Ferreira S o Paulo Martin Claret 2010 SANTOS M Metamorfoses do espa o habitado 5 ed S o Paulo HUCITEC 1997 SANTOS M e SILVEIRA M L O Brasil Territ rio e sociedade no in cio do s culo XXI 11ed Rio de Janeiro Record 2008 SASAKI E M e ASSIS G de O Teoria das migra es internacionais ABEP Associa o Brasileira de Estudos Populacionais Outubro de 2000 Caxambu SAVIANI D Equidad o igualdad en educaci n Revista Argentina de Educaci n n 25 p 27 31 agosto de 1998 SAUVY A Elementos da Demografia Rio de Janeiro Zahar 1979 SIMMEL G A Metr pole e a Vida Mental In VELHO Ot vio G org O Fen meno Urbano Rio de Janeiro Ed Guanabara 1987 SIM ES L M Origens e sistematiza o da Geografia V RTICES ANO 5 N 2 MAIO AGO 2003 p 87 95 SINGER P Din mica populacional e desenvolvimento S o Paulo CEBRAP 1970 Economia Pol tica do trabalho S o Paulo HUCITEC 1977 Economia Pol tica da Urbaniza o S o Paulo Brasiliense 1995 SORRE M El Hombre en la Tierra Barcelona Labor 1961 337 M Max Sorre geografia org
148. ou sem distin o de g nero Alerta tamb m que a situa o econ mica do mercado de trabalho sobretudo durante o forte incremento do capitalismo industrial varia muito ora havendo uma grande demanda de m o de obra ora n o essas peculiaridades sem d vida altera substancialmente a din mica das cidades A Geografia Urbana no interior da Geografia tem um importante papel de elucidar a voracidade das transforma es sociais que precipitam 279 transforma es geogr ficas O mundo que se moderniza industrializa o mundo que se urbaniza O urbano det m contradi es hist ricas fundamentais DAMIANI 2008 p 158 Com esse relato da professora Damiani verificamos que a Geografia urbana sem querer entrar no m rito de recuperar historicamente sua trajet ria principalmente porque este n o o foco primordial do nosso trabalho dinamiza os estudos de popula o e suas rela es com os deslocamentos humanos e com a produ o da vida material Sua proximidade com as teorias de Marx e as cr ticas contundentes ao sistema capitalista potencializam a nosso ver essa rea Por m a t tulo de uma r pida explana o sobre a quest o da Geografia Urbana a professora Damiani 2008 p 164 relata Os fundamentos conceituais e epistemol gicos da Geografia Urbana s o tamb m fundamentos do processo de conhecimento filos fico e cient fico como um todo que se realiza de alguma forma na Geografia e na Geografia Urbana Assim
149. para al m dos limites das aldeias Essa formata o geogr fica formava uma esp cie de c lula fechada com tamanhos diminu dos onde a press o humana era fortemente percebida uma vez que n o havia espa os poss veis ou conhecidos para extravasar o excedente populacional Assim a configura o do relevo colaborava por despertar o interesse a prop sito do fator demogr fico Ao se falar em cidades gregas n o h como n o abordar a contribui o de Plat o que ao escrever seus dois principais di logos A Rep blica e As Leis Definiu o conceito de popula o tima em fun o do espa o e dos recursos dispon veis isto um equil brio entre ambos Inclusive a professora Am lia Damiani aborda o conceito de popula o tima em seu livro Popula o e Geografia que ser discutido de forma mais prof cua posteriormente nesta tese Ele descreveu os m todos de organiza o e funcionamento social muitas vezes no limite derradeiro da realidade necess ria para alcan la Plat o inclusive ao escrever sobre o conceito de popula o tima defendia que era poss vel estabelecer uma harmonia entre o espa o ocupado pela popula o e os recursos destinados a sua sobreviv ncia Outro pensador de relev ncia foi Arist teles que na obra Pol tica enfatizou que a grandeza de uma cidade n o est atrelada a quest o de ser populosa Para ele um grande n mero de pessoas podia contribuir para dificultar a ordem ou seja dificultand
150. poder de inventiva com toda a sua iniciativa na busca da conquista do globo para transform lo no oikumene A composi o por certo de ordem ecol gica por m em escala mais ampliada Abrange n o apenas as formas mais elementares e primitivas de atividade mas todas as mais evolu das Sua busca leva explana o geogr fica do mundo SORRE 1961 Com essas palavras Sorre demonstrou que os aspectos da sociedade de import ncia para Geografia humana s o a forma de organiza o social no que tange a sua subsist ncia e os Estados em suas diversas manifesta es territoriais Para Lebon Maximilien Sorre assinala consider vel progresso tanto em sistema como inteireza LEBON 1970 p 44 Nesse sentido os estudos desenvolvidos por Max Sorre como os que abordaram os Fundamentos da Geografia Humana contribu ram para que not ssemos que as intera es entre homem e meio assim como os fatores humanos f sicas sociais culturais ambientais e biol gicos entram em conflito com os denominados complexos patog nicos que envolvem o homem e seu meio de vida importante refor ar que essa quest o sobre os complexos patog nicos foi muito bem trabalhada por Sorre Ele advertia que todos esses condicionantes que envolve a rela o homem meio inclusive as doen as podiam atrapalhar o desenvolvimento da vida humana e tamb m diminuir a produtividade comprometendo tamb m o desenvolvimento econ mico mas ao mesmo passo possib
151. ponto as leituras ou interpreta es demogr ficas contemplam a complexidade social e hist rica atual Assim podemos salientar no que tange a complexidade do tema popula o e os problemas socioecon micos que h tamb m uma variedade de opini es e teorias sobre o assunto Uma vez que existem pesquisadores que defendem que a melhor sa da para a pobreza o desenvolvimento enquanto para outros o r pido desenvolvimento econ mico pode ser mais custoso do que o aumento populacional o que demonstra que velhas e novas teorias demogr ficas se confrontam continuamente No interior da Geografia observamos tamb m por meio da hist ria do pensamento geogr fico uma preocupa o com a influ ncia do meio sobre o comportamento humano quest es como essas s o explicitadas no estudo desenvolvido por Max Sorre a respeito da Geografia das enfermidades Sobre esse assunto o pesquisador discute a resist ncia que alguns grupos humanos apresentam em virtude de suas caracter sticas gen ticas e tamb m da localiza o geogr fica das reas que habitam Apesar da nfase dada s caracter sticas geogr ficas e as caracter sticas gen ticas n o h como desprezar a influ ncia econ mica no modo de vida das pessoas seus h bitos e costumes Desse modo os ge grafos sentiram que as rela es econ micas travadas entre popula o e espa o geogr fico seria um bom meio para se estudar o fen meno da popula o espacialmente hou
152. por meio das associa es cient ficas ou por meio das pr prias universidades reuni es com os pesquisadores que t m se predisposto a trabalhar com a rea propiciando trocas de experi ncias que possibilitem aperfei oar os estudos dessa rea e tamb m discutir orienta es e preposi es metodol gicas que norteiem os estudos de Geografia da Popula o E por fim acreditamos que devemos encontrar a unidade do conhecimento ligada aos estudos de popula o na Geografia e com isso averiguar a capacidade dessa rea de produzir conhecimento permitindo ao mesmo tempo um constante repensar sobre a legitimidade dessa especificidade para a Geografia O que percebemos que a Geografia da Popula o ainda n o revela essa unidade de conhecimento e de alguma forma n o tem contribu do para o desenvolvimento da Geografia ao contr rio do que ocorre com outras disciplinas Dessa forma consideramos baseados em nossos estudos e levantamentos que a tend ncia da Geografia da Popula o tem sido ganhar f lego na medida em que busca aproximar seus campos de interesse com os temas populacionais que s o abordados pela Geografia em suas diversas reas urbana agr ria econ mica entre outras Contudo vale destacar que os estudos produzidos por essas reas s o estudos com uma base te rica e metodol gica bem espec fica na qual a popula o aparece na maioria das vezes ligada a uma problem tica apresentada N o sendo necessariamen
153. que envolve os estudos da popula o A hist ria nos referencia com as formas excludentes inerentes ao sistema capitalista na qual os privil gios da minoria se sobrep em aos da maioria Assim ficam assegurados os mecanismos de manuten o do status quo A t tulo de exemplifica o de como a quest o da popula o pode ser camuflada basta analisar as taxa de mortalidade das zonas ricas do globo terrestre em contraposi o com as reas paup rrimas onde imperam a pobreza e a mis ria No que concernem s causas das mortes os problemas saltam aos olhos mas na maioria das vezes s o encarados como naturais e acabam reduzidos a mera especula o ou causalidade Por muito tempo o estudo da popula o na Geografia respaldou se quase que exclusivamente na an lise de como se comportavam indicadores demogr ficos dos conjuntos populacionais Os n meros trazem consigo informa es acerca da realidade socioecon mica de determinado lugar regi o ou pa s Contudo importante abordar os 108 dados estat sticos com a pretens o de compreend los e analisar como se comportam os indicadores demogr ficos criticamente Uma importante contribui o para pensar ou entender a popula o parte de Foucault que insere a popula o no centro da discuss o quando faz o estudo do biopoder Na interpreta o de Foucault popula o uma multiplicidade de indiv duos que s existe profunda essencial biologicamente ligado
154. raz o veem a Revolu o Francesa com certa simpatia Os intelectuais alem es acompanharam o movimento social Franc s com entusiasmo porque percebem que sob inspira o dele seria poss vel modernizar pol tica e economicamente a Alemanha Na It lia a revolu o Francesa acompanhada de outra forma A rea o diferente A Revolu o Francesa e a pr pria Fran a s o vistas com certa animosidade Esta rea o contr ria se deve ocupa o francesa do norte do pa s A Revolu o Francesa age sobre os outros pa ses como um sinal para a possibilidade de realiza o da transi o por v rias vias atrav s da burguesia do povo ou da aristocracia PEREIRA 1999 p 114 115 41 Aparenta ent o ser essa a raz o da Geografia ter nascido primeiramente entre os alem es o que refor a a tese de Marx e enfatizou Ratzel 1905 p 818 sobre a utilidade da ci ncia geogr fica Todo aquele que atua sobre os povos deve sofrer tamb m a a o destes povos E estas rea es come am j na pr pria prepara o necess ria a tal fim j que para poder atuar sobre os povos preciso antes conhec los Necessita se ao menos aprender sua l ngua e com a l ngua seu modo de pensar por m al m disso necess rio adquirir o conhecimento da situa o geogr fica e do clima dos costumes e dos usos de um povo com o qual se quer entrar em rela o de interc mbio J n o estamos nos tempos nos quais o mercador comerciava
155. reconhecer o trajeto enquanto ci ncia moderna da geografia incluindo os estudos populacionais porque a Geografia absorveu e reconheceu a popula o em si como uma abstra o e localizou a popula o como uma quest o populacional como uma quest o de geopol tica urbana agr ria com isso a traduziu em novas disciplinas Na USP n o se desistiu da Geografia da Popula o ela se conserva entre as disciplinas da Geografia entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 278 A partir da explana o da professora Damiani e da leitura de textos artigos livros dela tivemos a oportunidade de n o s de mergulhar nos estudos populacionais a partir da leitura atrav s da quest o do urbano mas tamb m entender um pouco a trajet ria desde importante ge grafo sobretudo situando a para tamb m nos ajudar a entender a Geografia da Popula o extraordin rio examinar o livro de Pierre George Geografia Urbana luz da realidade da urbaniza o de nossos tempos Trata se de encontrar a pot ncia da observa o dos fen menos urbanos nos anos 1950 60 e avaliar como o corpo conceitual da Geografia deste per odo lidava com fen menos t o mut veis como aqueles que envolvem o urbano O autor buscou dentro da Geografia uma concep o de totalidade dos processos geogr ficos que atravessavam as cidades no mundo nos anos 1960 O livro data de 1961 Contudo j em 1952 ele escrevia sobre o tema desse ponto de vista
156. redescobre o mundo filos fico e sociol gico em busca da prud ncia perdida a economia que legitimara o reducionismo quantitativo e tecnocr tico com o pretendido xito das previs es econ micas for ada a reconhecer perante a pobreza dos resultados que a qualidade humana e sociol gica dos agentes e processos econ micos entra pela janela depois de ter sido expulsa pela porta SOUSA SANTOS 2010 p 74 75 Assim ao definir o que espec fico a cada campo cient fico isto o que pode ser reconhecido com essa denomina o incentivou que os estudiosos do positivismo elaborassem teorias condizentes com o modo dominante de produzir ci ncia Segundo Foucault o processo de disciplinamento do saber ocorreu sobretudo nos s culos XVIII e XIX atingindo seu pice com a legitima o do positivismo como modelo majorit rio para se fazer ci ncia Foucault 2005 afirma que a organiza o de cada saber como disciplina e 144 o escalonamento desses definem a intercomunica o a distribui o e hierarquiza o rec proca do campo global a que chamamos precisamente de ci ncia Esses termos elencados por Foucault se tornaram elementos importantes para entendermos o processo de disciplinamento realizado pela ci ncia positiva Todavia o que mais importante no pensamento de Foucault foi entender o que ele define como ci ncia ou melhor como campo cient fico pois a partir da podemos discutir se a popula o por exe
157. rico ou seja dos sujeitos e suas rela es com a sociedade historicamente constru da Sobre isso Foucault alerta para n o tomar o poder como um fen meno de domina o maci o e homog neo de um indiv duo sobre os outros de um grupo sobre os outros de uma classe sobre as outras mas ter bem presente que o poder desde que n o seja considerado de muito longe n o algo que se possa dividir entre aqueles que o possuem e o det m exclusivamente e aqueles que n o o possuem e lhe s o submetidos O poder deve ser analisado como algo que circula ou melhor como algo que s funciona em cadeia Nunca est localizado aqui ou ali nunca est nas m os de alguns nunca apropriado como uma riqueza ou um bem O poder funciona e se exerce em rede Nas suas malhas os indiv duos n o s circulam mas est o sempre em posi o de exercer este poder e de sofrer sua a o nunca s o alvo inerte ou consentido do poder s o sempre centro de transmiss o Em outros termos o poder n o se aplica aos indiv duos passa por eles N o se trata de conceber o indiv duo como uma esp cie de n cleo elementar tomo primitivo mat ria m ltipla e inerte que o poder golpearia e sobre o qual se aplicaria submetendo os indiv duos ou estra alhando os Efetivamente aquilo que faz com que um corpo gestos discursos e desejos sejam identificados e constitu dos enquanto indiv duos um primeiro efeito de poder Ou seja o indiv duo n o
158. se espalham em espa os materialmente definidos OLIVEIRA 1994 p 18 Entendemos a Geografia da Popula o pelo vi s da Geografia cr tica quando as tarefas de compreender e explicar os fen menos populacionais na sua especificidade encaminhado no sentido de formar convic es princ pios orientadores da atividade pr tica do homem frente a problemas e desafios da realidade social cr tica porque se espera dela o alcance de objetivos sociopol ticos e o emprego de metodologias escolhidas e organizadas mediante determinada postura frente ao contexto das rela es vigentes nas pr ticas sociais A Geografia por muito tempo se preocupou em descrever paisagens naturais e humanizadas influenciada pelo positivismo e por procedimentos pedag gicos pautados na memoriza o dos elementos que comp em o espa o geogr fico No entanto o materialismo hist rico associado ao contexto hist rico tenta romper com essa maneira de pensar e fazer Geografia revelando a import ncia de compreender as diferentes formas de organiza o das sociedades e a pr tica de seu cotidiano Contudo o universo geogr fico n o limitado e restringir os estudos populacionais apenas aos dados num ricos e a explica es superficiais e rasas sem considerar seus desdobramentos no mbito cotidiano e socioecon mico seria o mesmo que limitar ou empobrecer a Geografia Compreender analisar e conceituar empiricamente o espa o geogr fico gera efeito positivo qu
159. seja mais consistente Her doto apontado por v rios autores n o s como o pai da historiografia mas tamb m da Geografia Entretanto o saber geogr fico ainda anterior os gregos pois pode ser detectado at mesmo nas sociedades primitivas onde os deslocamentos e as migra es bastante remotas levam ao conhecimento mais amplo da superf cie terrestre e tend ncia ao registro ou transmiss o desse conhecimento PEREIRA R 1999 p 51 52 Vale destacar que h na literatura evid ncias da exist ncia de estudos geogr ficos anteriormente aos produzidos pelos gregos Por m nossa preocupa o n o s o as datas nem a atribui o de m ritos para uma determinada civiliza o em detrimento de outra Por entendermos as complexidades da produ o de conhecimentos sendo que sua sistematiza o decorre da jun o de m ltiplos fatores Assim n o ordem dos fatos que determina sua validade mas o contexto em que foram produzidos por isso acolheu a import ncia de compreender as ra zes da Geografia especialmente para entender seus processos e por meio deles sua hist ria que ao mesmo tempo a hist ria dos homens os quais se apropriam de determinados conhecimentos medida de sua necessidade 6 o ER a A Para Arist teles 385 322 a C a ci ncia era o conhecimento dos fen menos do cosmo pelas suas causas Tratava se neste sentido de demonstrar atrav s de argumenta es racionais e n o de verifica
160. seja porque se deixou de lado a a o social e se esqueceram de que a ess ncia da sociedade pol tica O processo de despolitiza o presente nos estudos populacionais redunda de uma leitura mercadol gica sobre ci ncia na qual as rela es sociais s o reguladas pelo mecanismo de oferta e procura Arist teles lembra de que a 304 ci ncia pol tica determina quais s o as ci ncias indispens veis ao Estado bem como o que compete a cada uma a partir de tais constata es podemos prescindir que produzir ci ncia uma a o pol tica e que se expressa por meio de rela es de poder que manifestam na universidade e na sociedade 4 6 Produ o de conhecimentos uma necessidade real A produ o do conhecimento cient fico est atrelada a quest es de diferentes mbitos sobretudo pol ticos e econ micos As rela es pol ticas e econ micas existentes na produ o cient fica interferem diretamente no modo como as pessoas concebem ou passam a conceber a import ncia de determinado ramo do conhecimento cient fico e tamb m no valor atribu do e destinado para o desenvolvimento da pesquisa cient fica nas diversas reas Essas rela es pol ticas est o de certo modo vinculadas s rela es de poder que se processam inclusive no meio acad mico Tanto as manifesta es pol ticas quanto as de poder expressam as motiva es e inten es de determinados e ou diferentes grupos cada qual inseridos em seu contexto hist
161. seu valor s o mais compreendidas se postas luz do tempo hist rico Os estudos populacionais assim como a Geografia da Popula o s o exemplos interessantes de como o processo de produ o cient fica na academia sofre ou s o influenciados com os processos pol ticos econ micos e de poder existentes Para Kosik 2002 a produ o do conhecimento se realiza quando ocorre a separa o do fen meno e da ess ncia do que secund rio e do que essencial pois atrav s da separa o se pode mostrar a coes o desse conhecimento e com isso o car ter espec fico da coisa Para ele a decomposi o do todo o elemento constitutivo do conhecimento sem decomposi o n o h conhecimento E esse processo de conhecimento 300 esta condicionado de certo modo s necessidades e interesses iminentes da cada contexto socialmente produzido Nesse sentido a discuss o por ora apresentada pretende trazer para o di logo n o s a quest o dos interesses existentes na produ o cient fica mas tamb m aprofundar o debate sobre popula o na Geografia um tema importante que vem passando por transforma es significativas dentro da Geografia Mas que por motivos pol ticos econ micos sociais e at culturais n o vem recebendo muita aten o por parte dos ge grafos Tratar das quest es populacionais um desafio e ali la Geografia n o simplifica em nada esta an lise j que se refere a um tema que abriga uma complexidade
162. sobre o sujeito que se traduz no empobrecimento submiss o ou despossess o deste Esse terceiro elemento do processo t o caracter stico da rela o religiosa feuerbachiana n o o encontramos em Hegel V ZQUEZ 2007 p 416 No marxismo o sujeito que se aliena o trabalhador o car ter de sua atividade a pr tica o produto desta atividade o produto do trabalho e a esfera da aliena o o trabalho humano e o conte do da aliena o se pauta na desumaniza o do trabalhador Neste sentido o produto do trabalho se volta contra quem o produz onde o que aliena e desaliena a ess ncia humana Inclusive Lefebvre denuncia a quest o dos sujeitos serem bem mais do que objetos do espa o social fruto das rela es econ micas de domina o dos quais o Estado ordena e controla a popula o O autor aponta que o Estado autorit rio pode at resolver as necessidades de transporte e moradia contudo priva as pessoas da condi o de sujeitos da constru o da cidade Nesse sentido o autor politiza a produ o social do espa o assentando o direito cidade e a plena frui o do espa o social avan ando sobretudo no que diz respeito concep o de cidadania que vai muito al m do voto Assim a realiza o de seu projeto s pode ocorrer no confronto com a l gica de domina o que prevalece sobre o espa o dos cidad os Para ele a classe trabalhadora deve ser agente de luta o novo urbanismo almejado por Le
163. sobre os desdobramentos de quando o conhecimento cient fico usado de modo a colocar em pr tica uma pol tica antidemocr tica sobretudo por meio de governos autorit rios Ao longo do s culo XX testemunharam se as arbitrariedades ocorridas sob a gide de governos totalit rios tanto de direita quanto de esquerda A nfase na ci ncia pautada em filosofias desiguais como o positivismo e o historicismo ocasionou em preju zos a busca por verdades universais promovidas pelo emprego incisivo da estat stica Geraram problemas tanto para a 170 sociedade quanto para uma disciplina cient fica como a Geografia da Popula o Para o historicismo qualquer fen meno seja social cultural ou pol tico hist rico e s pode ser compreendido pela hist ria importante perceber que o historicismo quando aparece sobretudo na Alemanha do s culo XVIII apresenta um car ter conservador ou at mesmo reacion rio j que visava legitimar as institui es econ micas sociais e pol ticas existentes e todas as tentativas de abolir essas institui es eram consideradas anti hist ricas A fun o ideol gica essencial do palavreado da geografia escolar e universit ria foi sobretudo de mascarar atrav s de processos que n o s o evidentes a utilidade pr tica da an lise do espa o sobretudo para a condu o da guerra assim como para a organiza o do Estado e da pr tica do poder sobretudo a partir do momento em que surge
164. tem ticas geogr ficas ganharam maior proje o sobretudo pela influ ncia exercida pelo neoliberalismo na produ o cient fica e tecnol gica do pa s Com o desenvolvimento dessa pesquisa se pode notar que o tema popula o transita melhor no ensino de Geografia do que na pesquisa propriamente dita pelo menos no que se refere aos estudos de ge grafos e professores de Geografia Isso pode ser justificado porque no ensino o car ter fragmentado e a menor precis o e rigor metodol gico do saber n o atrapalha categoricamente o processo de ensino e aprendizagem necess rios na constru o e elabora o de conceitos e conhecimentos Contudo isso n o evita que os temas correspondentes a Geografia da Popula o ao serem abordados na universidade e na escola n o ocorram de forma superficial e descolada da realidade Parte dos conte dos populacionais foi ou s o trabalhados de forma descontextualizada e com muita nfase nos n meros Os estudos populacionais para n o ca rem numa leitura desinteressante precisam ser contextualizados isto romper com a naturalidade promovendo uma leitura din mica e complexa da realidade Entretanto defendemos que poss vel trabalhar com esse conte do de forma din mica e instigante mediante situa es que problematizem os diferentes espa os geogr ficos Por m de forma quase un nime tanto na universidade quanto na escola h a cren a que uma reformula o metodol gica atuaria por si mes
165. territ rio nacional e com ele do contingente populacional atrav s dos dados dos recenseamentos por exemplo o governo tem a possibilidade de controlar a popula o e ao mesmo tempo organizar seus territ rios Por isso n o coerente continuar a encarar os estudos populacionais pautados apenas em dados num ricos os n meros s o importantes mas sozinhos s o insuficientes necess rio compreender as diferentes e complexas rela es sociais pol ticas econ micas e culturais existentes nos dados acerca dos estudos sobre popula o No caso das migra es relevante a supera o da vis o neocl ssica ou liberal que explicam esse processo como direito individual de ir e vir como uma liberdade exercida por indiv duos livres nas quais as migra es seriam um mecanismo de ajuste destinado a eliminar os desequil brios entre as regi es Esse tipo de an lise tira qualquer perspectiva de criticidade e despolitiza as pessoas que passam a focar apenas em dados que pouco ou nada revelam se n o forem estudados de modo cr tico e comprometidos O fen meno da 183 migra o pode ser compreendido como um movimento de mobiliza o de pessoas de uma rea para outra Os motivos que levam as pessoas migrarem mais importante do que entender o conceito em si Esses movimentos s o primordiais para que se possa entender n o s a din mica interna do pa s mas os motivos pelos quais as pessoas migram e assim buscar encontrar
166. tica de Rosa Luxemburgo representa uma 84 importante contribui o para se entender o passado o presente e acima de tudo para reavaliar as a es humanas e com isso avan ar para al m do capital Guardadas as devidas diferen as entre M sz ros e Morin cr se que esse exerc cio de repensar as quest es dicot micas tanto no pensamento cient fico como na l gica do capital permite ao mesmo tempo reconhecer os seres humanos como produto da hist ria e assim entender que ao pensar a popula o n o h como dissoci la das quest es afetas ao interesse do capital e tamb m n o poss vel entend la somente pelo prisma da Geografia A abrang ncia do tema escolhido para a tese bem como sua complexidade favorece a articula o entre outros ramos cient ficos Todavia cientes das dificuldades te ricas e epistemol gicas recorremos a outras reas para enriquecer nosso objeto A categoria da dial gica permite esse exerc cio todavia sem perder de vista a Geografia Propomos dessa forma fazer uma incurs o sobre como a popula o foi trabalhada em diferentes momentos situando a em seu tempo em sua hist ria analisando seus desdobramentos como processo da constru o humana Atribu mos assim o tom holista a hist ria do homem que por ele transformada em hist ria social tornando se natural e social ao mesmo tempo sendo sujeito e em alguns momentos objeto de sua pr pria exist ncia 2 A POPULA O E
167. transforma o do objeto de trabalho pretendida deste o princ pio MARX 1984 p 151 No capitalismo o trabalho resultado da apropria o da for a de trabalho tornando se algo estranho ao trabalhador pois no capitalismo n o mais o trabalhador que decide vender ou n o sua for a de trabalho nem o que produzir e para qu Desse modo a finalidade do trabalho n o escolha do trabalhador e muito menos determinada por ele do mesmo modo que as rela es com a natureza tamb m se processam de forma diferente uma vez que transform la ou n o n o est mais condicionada a sua necessidade de sobreviv ncia mas a manuten o e reprodu o do capital No capitalismo o trabalho assume outras formas muito mais elaboradas e dissonantes das rela es primitivas entre homem e natureza tornando se algo complexo e abstrato envolvido por m ltiplas determina es A fun o primordial do trabalho a produ o e valoriza o do capital Essa abordagem breve sobre a quest o do trabalho no sistema capitalista foi no sentido de buscarmos compreender a mobilidade do trabalho Entendemos que isso nos provoca a pensar sobre a natureza da for a de trabalho e as formas de mobiliza o que a nosso ver s o compostas pelos respons veis em desempenhar as fun es de trabalho mais precarizadas e insalubres impostas pelo capital Gaudemar 1977 destaca que a mais valia representa a diferen a apropriada pelo capitalista entre o
168. valor de uso e o valor de troca da for a de trabalho Mas tamb m se 290 refere natureza desta for a de trabalho que se presta tanto ao uso extensivo quanto intensivo em prol da qualidade Para o professor M rcio Rocha a mobilidade for ada porque vista a partir do sistema de produ o capitalista e conduzida por uma l gica pr pria na qual capital e trabalho se articulam caracterizando uma forma de mobilidade da for a de trabalho que determinada pela luta de classes e pela explora o capitalista do trabalho Deste modo o sujeito encarado como uma mercadoria a servi o do capitalismo e seu deslocamento condicionado pelas leis gerais da acumula o capitalista Assim a mobilidade do trabalho est atrelada ao exerc cio de poder e press o imposta pelo sistema capitalista em rela o venda e explora o da for a de trabalho A mobilidade do trabalho de certo modo reflexo de como o capitalismo controla o trabalho Segundo Gaudemar 1977 a mobilidade do trabalho revela sempre o modo como os homens submetem o seu comportamento s exig ncias do crescimento capitalista Toda estrat gia capitalista de mobilidade ao mesmo tempo t tica de mobilidade for ada e ainda ressalta que os fen menos da mobilidade do trabalho est o pautados na reestrutura o industrial na organiza o do territ rio na imigra o na mobilidade profissional e ainda na forma o escolar Enquanto os objetivos vis
169. 97 o desenvolvimento t mido da Geografia da Popula o em per odos anteriores aos anos de 1950 pode ser explicado por algumas raz es entre eles defici ncias dos dados geogr ficos principalmente quanto espacializa o dos mesmos maior a nfase nos estudos regionais onde a dimens o populacional n o possu a posi o 73 importante e ainda o desenvolvimento tardio da Demografia como impulsionadoras dos estudos de popula o em Geografia Superadas mesmo que parcialmente essas dificuldades ocorreram uma dissemina o dos conceitos da disciplina ao passo que crescia a import ncia das quest es populacionais de forma quase gen rica Para situar de forma mais categ rica o desenvolvimento da popula o na Geografia e com isso realizar uma aprecia o sobre os estudos populacionais por meio do pensamento geogr fico buscar se apreender como esse tema fora abordado pela Geografia em seus diferentes momentos sem com isso recorrer a uma sistematiza o unidimensional da produ o acerca do tema mas sim levando em conta os variados aspectos fen menos que comp em esse estudo Fazendo uso de leituras transversais para dinamizar e potencializar a quest o apresentada atribuindo hist ria e materialidade aos elementos que comp e o objeto de an lise O estudo de uma ci ncia ou de uma disciplina acad mica pode ser desenvolvido de m ltiplas maneiras Qualquer que seja a escolhida n o ser suficiente para oferecer aos
170. AS sx SE ES 85 2 1 A Institucionaliza o da Geografia acad mica eseesessresessrrresrrrrserrrrssrrrrnsrirrnsrrrnnserrneserees 119 2 2 O processo de institucionaliza o da Geografia no Brasil eeeeeeeeeeeeeeseeeserrreserrrerserrerssrrees 127 2 3 O disciplinamento do conhecimento geogr fico e a Geografia da Popula o 143 3 GEOGRAFIA DA POPULA O E SUAS DIFERENTES ABORDAGENS NO PENSAMENTO GEOGR FICO BRASILEIRO eee eee meeeeeeeeeenes 161 3 1 Os programas de Geografia da Popula o e reas correlatas dos cursos de P s Gradua o em Geografia no Brasil sc ussse se osinas sesaass temas dog iaspuaSaco eai e Pong Tesa FL TEUAL id a pias CiA a gado 192 4 A IMPORT NCIA DOS ESTUDOS POPULACIONAIS NA GEOGRAFIA 246 4 1 O ensino da popula o nas aulas de Geografia das escolas p blicas estaduais do Paran a vis o dos professores e os livros did ticos serras reeeaeeraeareanaeeraneranoa 256 4 2 As rela es existentes entre a geografia da popula o os estudos de migra o a quest o urbana e os estudos de mobilidade e mobiliza o rr ereeeereaeeeraeeraneraneea 264 4 3 Os estudos de urbana e suas rela es com a Geografia da Popula o 272 4 4 Os estudos de mobilidade e mobiliza o e a Geografia da Popula o 284 4 5 A Geografia da popula o e a produ o do conhe
171. Assim qual o lugar do estudo populacional na geografia Qual a relev ncia do estudo populacional na geografia Diria que o lugar da pesquisa populacional em geografia tem sido fraco continua fraco porque se v o reflexo do produto que vem da universidade Quando leio ou vejo uma tese ou disserta o que fa a refer ncia popula o ou seja popula o urbana j que esse o r tulo que est aparente tento achar uma parte que com propriedade discuta isto muitas vezes complicado n o se acha ent o o lugar dos estudos da popula o na pesquisa geogr fica n o est bom e se precisa tomar cuidado entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 A discuss o apresentada pelo professor Guidugli representa bem a encruzilhada que vive a pesquisa da popula o na Geografia h uma aus ncia de espacialidade de criticidade sobretudo de necessidade ou interesse para que a pesquisa se realize com propriedade n o s te rica mais humana O tema apresenta se como algo h brido e muitas vezes sem sentido porque estamos habituados a trabalhar com fragmentos N o h muitas vezes consci ncia de classe e as interfaces disso com a produ o do espa o pois ao mesmo tempo em que se produz a riqueza produz se tamb m a pobreza Nisso reside a contradi o inerente do capitalismo que ocultada pelo processo de aliena o Tratam se 234 na maior parte das vezes dos problemas relacionados popula o c
172. B J P PB UFPE PE UFPR PR UEL PR UEM PR UEPG PR UNICENTRO PR UNIOESTE FB PR UNIOESTE MCR PR UFRJ RJ UFF RJ UERJ RJ PUC RIO RJ UFRN RN UNIR RO UFRR RR UFRGS RS UFSM RS FURG RS UFSC SC FUFSE SE UNICAMP SP UNESP PP SP UNESP PP SP UNESP RC SP PUC SP SP UFT TO UFG GO UFG GO USP SP USP SP PUC MG MG Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES Org MORMUL Najla Mehanna 2012 O quadro 1 representa os 46 quarenta e seis programas de p s gradua o salientando que alguns programas s o citados duas vezes por ter a rea da Geografia F sica separada da Geografia Humana em Geografia no Brasil sendo que desses 46 quarenta e seis programas 1l1l onze possuem p s gradua o em n vel de mestrado e doutorado que 194 trabalham com popula o pois apresentam linhas de pesquisa ou pesquisas correlatas aos estudos de popula o como mostra o quadro a seguir Vale relembrar que esse levantamento consiste na an lise dos cursos de p s gradua o existentes em 2010 Como alertado anteriormente foi consultado o banco de dados da CAPES elaborado um quadro com os nomes de todos os Programas de P s Gradua o em Geografia e posteriormente avaliado um por um desses programas seja por meio de consulta pelos sites dispon veis por telefone via e mail e em ltimo caso pessoalmente e ainda atrav s de contato com professores que trabalham nas universidades e est o
173. Durante la segunda mitad del XIX coincidiendo com el espectacular desarrollo de La comunidad cient fica de los ge grafos La historia de La geografia fue prestando atenci n a nuevos temas El eco Del Ensayo hist rico sobre el desarrollo progresivo de La Idea del Universo inclu do en el Cosmo 1845 1862 de Alejandro de Humboldt y el desarrollo de La geograf a f sica incorpor a estas historias La evoluci n de las ideas sobre La estructura f sica del mundo y sobre las interrelaciones de los fen menos naturales a la vez que el creciente interes por los temas humanos que desembocaria en la creaci n de una geograf a humana sistem tica dirigi tambi n la atenci n hacia la historia de los m dios y procedimientos utilizados para conocer la riqueza y poblaci n de los pa ses censos catastros etc CAPEL 1989 p 56 Diante do que foi exposto percebemos que na transi o do s culo XIX para o s culo XX o mundo e o Brasil enfrentaram uma grande transforma o econ mica capaz de consolidar n o s o dom nio burgu s mas o modo de produ o capitalista Ao mesmo tempo em que s o postas tanto em n vel de pensamento quanto material as condi es que possibilitariam o afloramento da ci ncia geogr fica e seu disciplinamento Embora a Geografia grega seja considerada a primeira na produ o de estudos geogr ficos foi da segunda g nese a alem que resultou a institucionaliza o da Geografia como ci ncia e isso
174. Geografia guardadas as particularidades de cada poca tiveram maior impulso com a forma o dos Estados Nacionais e com a difus o das teorias ratzelianas Como um dos principais expoentes da Geografia Humana Friedrich Ratzel considerado pai da Antropogeografia a partir do estudo da geopol tica introduziu o conceito de espa o vital Ratzel dominado a la vez por su parti pris de antropoge grafo y por preocupaciones de origen m s pol tico que cient fico que NE ciertos momentos hacen aparecer la m s reciente y menos fecunda de SUS grandes obras la Politische Geographie como una esp cie de manual del imperialismo alem n escribe Si los tipos m s sencillos del Estado sonlrrepresentablessin um suelo que les pertenece lo mismo debeo currir com los tipos m s sencillos de la sociedad la conclusi n se impone Y contin a Familia tribu y poblado no sonposibles m s que em um territ rio dado y sudesarrollo no puede ser comprendido m s que em rel cion com este territorio Em primer lugar estas agrupaciones no son las nicas que representam los tipos m s sencillos de la sociedad J FEBVRE 1955 p 37 Ratzel mesmo sendo admirador de Darwin 1809 1882 e Haeckel 1834 1919 n o concordava com o mecanicismo presentes em seus estudos Em suas obras exp s os princ pios de seu pensamento O homem na concep o de Ratzel um ser da natureza que possui instintos necessidades e aptid es um ani
175. Geografia da Popula o percebe se que a situa o da pesquisa em popula o no pa s ao contr rio de outras reas ocupa um lugar t mido na produ o cient fica brasileira Gr fico 1 A situa o da pesquisa em Geografia da Popula o no Brasil Pesquisa em Geografia da Popula o no Brasil Universidades que possuem p s gradua o em Geografia da Popula o 19 Universidades que possuem p s gradua o em Geografia 81 Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES Org Mormul Najla Mehanna 2012 A representa o gr fica 1 retrata a realidade antes comentada de que a visibilidade da pesquisa sob o r tulo de Geografia da Popula o tem ocupado uma fatia pequena no universo cient fico da Geografia brasileira e isto percept vel tanto na pesquisa quanto nos grupos de trabalhos vinculados s universidades brasileiras e representados nos eventos t cnicos cient ficos de Geografia no Brasil Esse esvaziamento explicado em parte pela explana o da professora Rosa Ester Rossini que come ou a pensar em Geografia no 2 ano ginasial e a pensou exatamente a partir da popula o pois ela morava numa cidade ou podemos at chamar de vila onde o com rcio fechava na segunda feira e abria no domingo para que as pessoas pudessem fazer compras Rossini comenta que ia com sua nona visitar col nia onde viviam os italianos imigrantes que tinham ido pa
176. Publica o Boletim Paulista de Geografia 2001 77 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 2003 80 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 2004 81 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 2005 83 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 2005 68 Nenhuma Publica o Projeto O ensino na cidade de S o Paulo AGB 2005 Migra es para a cidade de S o Arlete Moys s Paulo e os problemas de moradia Rodrigues Fonte Boletim Paulista de Geografia Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Gr fico 7 Representa o da publica o com a tem tica vinculada popula o no Boletim Paulista de Geografia Boletim Paulista Publica es com a tem tica de Popula o O e NUUA U 1956 1960 1965 Quantidade de Publica es 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 Fonte Boletim Paulista de Geografia Org MORMUL Najla Mehanna 2012 237 O quadro 12 tem o objetivo de auxiliar ou contribuir na compreens o das informa es expressa no gr fico anterior E vis vel o pequeno n mero de publica es nesta rea Quadro 12 N mero de publica es BPG 1956 2005 Ano Publica es 1956 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 olololAIoIololololo Fonte Boletim Paulista de Geografia Org MORMUL Najla Mehanna 2012 De acordo com os dados apresentados po
177. Ratzel de Antropogeografia baseado em curso que ministrou sobre a mat ria no Museu Nacional Tamb m foi not vel a contribui o dada por Agamenon Magalh es ao escrever em 1921 a sua tese de candidato C tedra de Geografia Geral do Gin sio Pernambucano sobre o Nordeste Brasileiro onde analisou a regi o a luz dos ensinamentos dos maiores ge grafos do seu tempo sobretudo franceses Nesta poca j se tinham difundido no Brasil ideias de ge grafos franceses como Elis e Reclus e Vidal de la Blache Conv m salientar que o bar o do Rio Branco nos fins do s culo XIX colaborou na Geografia Geral do mestre Frances Elis e Reclus como o tomo sobre o Brasil ANDRADE 1999 p 22 23 42 prudente relembrar que foi nesse contexto que a ci ncia geogr fica fora ideologicamente influenciada pelos interesses da burguesia isto na maior parte das vezes estavam voltadas a produzir espa os necess rios expans o do capitalismo e na forma o de cidad os necess rios s exig ncias da sociedade A transforma o de s ditos em cidad o fundamental para a ruptura do modo de produ o feudal e implanta o do modo de produ o capitalista s pode ser alcan ada atrav s da educa o A escola surge ent o como um instrumento capaz de transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade retirando os homens do estado de ignor ncia em que se encontram e ao mesmo tempo inserindo os na concep o burguesa que emerge na
178. SUAS MANIFESTA ES NO PENSAMENTO GEOGR FICO E A CONTRIBUI O DE OUTRAS CI NCIAS A astronomia nasceu da supersti o a ret rica da ambi o do dio da adula o da mentira a geometria da gan ncia a f sica da curiosidade v e todas elas mesmo a tica do orgulho humano As artes e as ci ncias devem portanto o seu nascimento aos nossos v cios e n s dever amos duvidar menos das suas vantagens se elas tivessem tido origem nas nossas virtudes Quantos perigos Quantos caminhos equivocados na investiga o das ci ncias Por meio de quantos erros milhares de vezes mais perigosos do que a verdade til n o preciso abrir caminho a fim de alcan la O problema patente pois a falsidade admite um n mero infinito de combina es mas a verdade possui apenas um modo de ser Jean Jacques Rousseau 86 importante avaliar que o dom nio da totalidade que cerca determinado objeto algo complicado de se realizar em especial pelo tempo destinado realiza o de pesquisas que dispomos e tamb m por outros condicionantes sendo assim o recorte uma forma de sobreviver produzir pesquisas e manter se pesquisando Sem recorrer a explica es gen ricas e cientes da necessidade de trabalhar a popula o na Geografia e n o perder de vista o objeto consideramos importante discutir como a popula o foi entendida em diferentes momentos tomando como ponto inicial que as quest es af
179. Sociedade e Popula o S o Paulo Pioneira 1972 HIST RICO da cria o do Conselho Nacional de Geografia in Revista Brasileira de Geografia v 1 n 1 Rio de Janeiro IBGE janeiro 1939 HOBSBAWM E J A era dos imp rios 1875 1914 Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 Sobre Hist ria S o Paulo Companhias Das Letras 1998 A Era das Revolu es A Revolu o Francesa S o Paulo Paz e Terra 2008 Na es e nacionalismo desde 1780 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2002 HUMBOLDT A V Cosmos Description Physique du Monde Paris Gide et J Daudry Libraires diteurs Tomo I 1848 HUNT L Hist ria Cultura e Texto In A Nova Hist ria Cultural S o Paulo Martins Fontes 1992 IANNI O Estado e planejamento econ mico no Brasil 1930 1970 Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1979 JAPIASSU H A Crise das Ci ncias Humanas S o Paulo Cortez 2012 KANT I Cr tica da Raz o Pura Lisboa funda o Calouste Gulbenkian 2 ed 1989 KOSIK K Dial tica do Concreto Rio de Janeiro Paz e Terra 2002 KUHLMANN JR Moys s As grandes festas did ticas a educa o brasileira e as exposi es internacionais 1862 1922 Bragan a Paulista SP Editora da Universidade S o Francisco 2001 KUHN T A Estrutura das Revolu es Cient ficas 5 ed S o Paulo Perspectiva 1970 KUNSIG R J somos 7 bilh es os desafios de um mundo superpopuloso Revista National Geographic Brasil Janeiro
180. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING CENTRO DE CI NCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES PROGRAMA DE P S GRADUA O M D DOUTORADO EM GEOGRAFIA AS ABORDAGENS SOBRE POPULA O NA GEOGRAFIA BRASILEIRA 1934 2010 PERMAN NCIAS TRANSFORMA ES E RUPTURAS NAJLA MEHANNA MORMUL MARING PR 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING CENTRO DE CI NCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES PROGRAMA DE P S GRADUA O DOUTORADO EM GEOGRAFIA AS ABORDAGENS SOBRE POPULA O NA GEOGRAFIA BRASILEIRA 1934 2010 PERMAN NCIAS TRANSFORMA ES E RUPTURAS Tese apresentada por NAJLA MEHANNA MORMUL ao Programa de P s Gradua o em Geografia da Universidade Estadual de Maring como um dos requisitos para a obten o do t tulo de Doutora em Geografia rea de Concentra o Organiza o do Espa o Habitado Orientador Prof Dr M RCIO MENDES ROCHA MARING PR 2013 AS ABORDAGENS SOBRE POPULA O NA GEOGRAFIA BRASILEIRA 1934 2010 PERMAN NCIAS TRANSFORMA ES E RUPTURAS Tese de Doutorado apresentada a Universidade Estadual de Maring para obten o do grau de Doutor em Geografia rea de concentra o An lise Regional e Ambiental linha de pesquisa Produ o do Espa o e Din micas Territoriais Aprovada em 13 de setembro 2013 BANCA EXAMINADORA Orientador UEM A YV Re w sA Prof Dr Cesar Miranda Mend Membro convidado UEM Prof Dr Sueli de Castro Gomes Membro convidado UEM ii Prof Dr
181. a que tanto a geografia moderna tamb m denominada cient fica ou tradicional como o sistema p blico de ensino s o frutos do s culo XIX At essa poca as escolas al m de passarem um saber extremamente elitista estavam praticamente atreladas s institui es religiosas Durante muitos s culos saber ler escrever e contar constitui privil gio das classes dominantes 48 porque tinham poder e o desejam conservar O ideal iluminista assentado na cren a do poder da raz o humana que passa a defender a amplia o da forma o cultural para todos como forma capaz de transformar o homem e por meio dele a sociedade PEREIRA 1999 p 21 A Geografia ao lado de outras disciplinas passou a compor o curr culo escolar Essas disciplinas seriam um dos meios que a burguesia usaria para manter e atingir seus objetivos O ensino de Geografia passou a ter mais f lego a partir do clamor em favor da educa o p blica e da busca por uma educa o que rompesse com o formalismo ou seja uma educa o voltada para as massas Foi somente nas ltimas d cadas do s culo XIX com a difus o dos argumentos em favor da educa o p blica popular que surgiram por meio dos intelectuais e pol ticos progressistas mais eminentes e das mais diversas tend ncias expressivas manifesta es contra o formalismo e o verbalismo do ensino em geral em particular do ensino de Geografia Na opini o desses intelectuais a educa o da elite j
182. a popula o entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 De acordo com a explana o do professor P voa Neto entendemos que n o podemos ver a migra o como um mero resultado da disparidade espacial ela pode ser mais bem entendida se relacionada com o processo de forma o da mobilidade no capitalismo Dessa forma a migra o tem uma dimens o espacial talvez por isso os ge grafos se situassem bem nesse ramo de estudo por perceber a quest o da espacialidade de forma mais evidente J nos temas relacionados ao crescimento demogr fico e as transforma es na estrutura da popula o embora a dimens o espacial exista a impress o que esses temas n o est o intrinsecamente espacializados no sentido original bem amplo o termo aplica se somente ideia de movimento de mudan a de lugar e de moradia Designa tanto uma atitude individual como a do homem da cidade que vai para o campo quanto uma transfer ncia de m veis ou uma mudan a de sentido de uma palavra Pode se portanto utiliz lo igualmente para transportes ou circula o de grupos humanos atrav s dos oceanos sem expectativa de volta para movimentos sazonais de grupos procura de trabalho e para os deslocamentos peri dicos de esp cies animais aves ou peixes descritos pelos naturalistas O termo rico em possibilidades A palavra migra o presta se hoje no vocabul rio das ci ncias humanas a usos mais espec ficos o que de certo
183. a uma vez que o tem rio da popula o como a Geografia da Popula o um recorte dentro da Geografia Como tema pode se enquadrar no que se denomina Geografia Humana como disciplina um desdobramento tanto da Geografia Humana como da Geografia Social Assim n o poss vel trat la como um conhecimento estanque mas poss vel atrav s dessa r pida an lise verificar os limites existentes ao se trabalhar com a quest o da popula o na Geografia j que esse tema tem a necessidade de di logo com outras reas do 54 conhecimento o que dificilmente ocorre quando se pensa a Geografia inserida numa concep o de ci ncia positiva para Bosi 2004 p 158 O positivismo seria a hegemonia da coisa espacializada mensur vel impenetr vel portanto opaca e inerte Banido das interpreta es macro hist ricos pela sociologia da cultura e pelo marxismo aberto de Benjamim e Adorno expulso da cr tica liter ria pelo intuicionismo de Croce e da estil stica espanhola ou mais recentemente pela semiologia prazerosa do texto de Barthes rejeitado desde B rgson por fil sofos prestigiosos do s culo XX Heidegger Jaspers Sartre e Foucault o discurso positivo acantonou se a afinou se no empirismo l gico que d prioridade ao nico fato e incontest vel a linguagem a qual por sua vez fala de fatos como o signo fala de coisas e de suas rela es Foi o que restou de uma doutrina t o segura de si que pretendia
184. a Popula o e importante salientar que por meio das an lises realizadas nesses dois peri dicos acreditamos que podemos ter uma no o melhor sobre a difus o da pesquisa em Geografia da Popula o ou da popula o na Geografia no pa s E com isso promover uma reflex o dial tica sobre esse fato Foi organizado a seguir um quadro 11 e um gr fico 7 com a inten o de mostrar a situa o da produ o referente popula o no Boletim Paulista de Geografia Quadro 11 An lise da produ o sobre popula o no Boletim Paulista de Geografia T TULO ANO N PUBLICA O AUTOR Boletim Paulista de Geografia 1958 Jul 29 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1959 31 Nenhuma Publica o BPG A regi o de S o Gabriel 1962 44 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1964 40 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1967 44 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1972 47 Nenhuma Publica o BPG A ind stria de vinho do sul de Minas 1972 47 Nenhuma Publica o 236 Boletim Paulista de Geografia 1973 Nov 48 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1974 49 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1976 Jun 51 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1976 Mar 50 Nenhuma Publica o Bole
185. a abordagem gen rica dos estudos de popula o na Geografia importante ressaltar que o que estamos tratando neste momento s o os aspectos predominantes o que n o significa dizer que n o houve em determinados momentos um maior envolvimento da Geografia com os estudos de popula o como foi explicitado nesta tese da mesma forma que houve momentos de desapego geogr fico aos estudos populacionais como da pr pria Geografia da Popula o Por exemplo com o limiar do movimento da denominada Geografia cr tica onde s an lises populacionais sofreram um processo de metamorfose que redundou numa esp cie de espraiamento dos estudos de popula o dentro da ci ncia geogr fica ao passo que outras reas geogr ficas passaram a ganhar maior proje o dirimindo a import ncia e rea de ocupa o da Geografia da Popula o na ci ncia geogr fica Por isso a constata o de que a produ o cient fica atende aos interesses pol ticos e econ micos de cada contexto hist rico E isto se confirma ao avaliarmos por exemplo o per odo de auge da Geografia teor tica quantitativa que favoreceu o florescimento dos estudos populacionais sobretudo pela presen a marcante dos institutos que atribu ram aos estudos de popula o um aspecto quantitativo e com grande repercuss o tanto nacional quanto internacional N o obstante essas sinaliza es s o somente no sentido de perceber que as mudan as na produ o cient fica bem como
186. a busca n o por culpados pela n o repercuss o dos estudos de popula o na Geografia uma vez que a pr pria ci ncia geogr fica nos oferece algumas explica es sobre os motivos que levaram a essa situa o Entre eles a forte interfer ncia dos dados estat sticos nos estudos populacionais e a intensa preocupa o das coisas que marcaram o estudo populacional na Geografia inviabilizando pesquisas contextualizadas mediadas pela perspectiva da cr tica e ainda a influ ncia da Demografia como ci ncia respons vel em compilar os dados referentes s quest es populacionais Esses fatores somados a outros como a pr pria fragmenta o da ci ncia e 195 seus desdobramentos na ci ncia geogr fica com a cria o de reas e sub reas na Geografia contribu ram para que a Geografia passa se a estudar a popula o como um dado pronto ou sob a perspectiva de outras categorias ou conceitos como o trabalho a migra o a quest o de g nero ou seja h muita compartimenta o do tema Por isso a dificuldade do estudo de popula o pois exige a n o fragmenta o importante destacar que essa situa o n o exclui e t o pouco desabona as pesquisas e estudos at ent o realizados pois foi por meio das pesquisas realizadas pelos estudiosos da rea que se encontrou o combust vel que move a presente tese e esta afirma o fruto das leituras realizadas dos estudos desenvolvidos e das entrevistas concedidas Na coleta
187. a ci ncia como um todo E epistemol gico por considerar que compreender os aspectos fundamentais inerentes ao processo de conhecimento geogr fico contidos nas diferentes formas de cria o e de abordagens da Geografia da Popula o pode contribuir para tecermos considera es acerca do objeto que move a presente tese O homem civilizado criou o que aparecia de novo no mundo n o podia ser classificado como um elemento de sua pr pria significa o pois isto o fazia ficar de fora Ou seja ele mesmo n o se tornava um objeto da investiga o geogr fica Assim a ci ncia geogr fica falhou ao n o lhe fornecer um nicho especial Por esta raz o ofereceu uma modifica o b sica sendo dada uma posi o mais expl cita popula o No lugar da bifurca o propunha se uma organiza o triangular dos elementos em que o homem a terra f sica e os trabalhos do homem seriam uma tr ade dos elementos principais A Geografia estudaria o homem o criador e benefici rio do aspecto cultural a terra natural fornecedora do meio ambiente e dos materiais para ele e a terra cultural produto da cria o do ser humano atrav s dos aspectos naturais Estes tr s aspectos seriam agrupados em uma ci ncia unit ria a Geografia TREWARTHA 1953 p 81 A partir do exposto por Trewartha poss vel ter uma breve no o de qu o complexa ou rica a rela o entre popula o e Geografia j que uma mera simplifica o n o d conta de
188. a como uma consequ ncia inevit vel da superpopula o O Novo Mundo possibilitava um espa o para as migra es tempor rias para fugir do ciclo de pobreza e mis ria Este pensamento derivava de sua concep o de que a popula o crescia em ordem geom trica enquanto a capacidade de gerar tecnologias crescia em ordem aritm tica SASSAKI amp ASSIS 2000 p 3 importante salientar que raros s o os momentos que encontramos onde falam que Malthus est escrevendo sobre a Inglaterra do final do s culo XVII e in cio do XVIII Naquele momento a Inglaterra era um pa s que recebia imigrantes da Irlanda e tamb m era um pa s de sa da de imigrantes principalmente em dire o Am rica Diante disso a impress o que predomina que essa quest o n o aparece na obra de Malthus mas ela aparece como vimos e o exemplo a seguir refor a essa situa o Por consequ ncia as an lises demogr ficas que se debru aram sobre a problem tica dos deslocamentos humanos tamb m acompanham os princ pios anal ticos originados em MALTHUS e depois da economia pol tica especialmente os princ pios organizados pelo pensamento econ mico liberal Sem d vida o marco anal tico estabelecido por MALTHUS no in cio do s culo XIX fundamental para a compreens o de como as migra es como componente populacional s o instauradas no campo cient fico tendo como substrato emp rico os deslocamentos populacionais da recente sociedade industrial
189. a da hist ria ou seja entender o desenvolvimento da hist ria como se fosse uma m quina na qual cada engrenagem se posta em seu devido lugar e funcionaria perfeitamente desde que fizessem a manuten o necess ria Consideramos que foram as motiva es humanas somadas as suas necessidades que colaboraram para o desenvolvimento da Geografia enquanto ci ncia como bem lembra Sim es 2003 p 89 a fase de progresso da Geografia que passa pela antiguidade grega e o imp rio romano at chegar ao come o do s culo XIX caracteriza se pela uni o do esp rito de aventura necessidades materiais curiosidade e desejos dos homens para criar as escolas de cosmografia as sociedades geogr ficas as expedi es cient ficas e a Geografia militar Outra quest o pertinente quando nos referimos ci ncia geogr fica refere se abordagem sistem tica da Terra Desse modo h na literatura relato de pesquisadores como Sim es 2003 que afirmam que o nascimento da Geografia pode ser situado na pr pria origem do homem Embora tenha alcan ado a categoria de ci ncia no s culo XIX pela contribui o do conhecimento acumulado pela civiliza o grega e pelas necessidades e interesses do momento pois a produ o do conhecimento ativa e se altera com as transforma es e mudan as que ocorrem no mundo 31 Os gregos tinham dom nio de uma s rie de conhecimentos astron micos como a distin o entre planetas e e
190. a de Malthus pela teoria do timo de popula o Essa teoria se baseava na exist ncia de um estado de equil brio ideal como j postulava Plat o alcan ado quando a Popula o desfruta do m ximo de bem estar econ mico Apesar disso tanto a busca pelo timo populacional quanto a quest o da migra o est atrelada a estrutura econ mica e social vigente Tendo em vista que o cerne do sistema capitalista a reprodu o do lucro e portanto para sua reprodu o torna se necess rio a ado o de algumas medidas inclusive a ado o formas de controle exercidas sobre a popula o Como forma de controle ou at mesmo como meio de manuten o do sistema o sistema de produ o lan a m o de estrat gias de mercado Objetivando manter o controle n o s dos produtos mas tamb m dos consumidores Compele se a humanidade a autodestruir se atrav s do controle de natalidade etc para conservar as estruturas dos atuais sistemas econ micos e pol ticos DAMIANI 2008 E nesse sentido Damiani lembra nos Nos Estados Unidos a leitura malthusiana tem muita rela o com o imperialismo com o desenvolvimento do imperialismo americano os meus alunos por exemplo de Geografia da popula o chegaram a fazer estudos pesquisas nessas revistas norte americanas elas traziam uma no o de fam lia g nero tudo organizada e estritamente decifrada com rela es entre controle da popula o com o imperialismo era uma leitura est
191. a demogr fica pelo prisma da Geografia delineando as poss veis contribui es que os estudos de popula o podem agregar ao desenvolvimento da Geografia de forma geral N o se aspira com isso advogar em prol da Geografia da Popula o mas perceber as diferentes nuances que esse tema recebe e vem recebendo da Geografia ao se tratar da popula o Dessa forma percorrendo brevemente os diferentes campos do conhecimento que s o e est o sendo dilu da a quest o populacional como a dimens o dos estudos de migra o da urbana de mobilidade entre outros podemos perceber o movimento dessa rea e quanto ela ainda tem e pode contribuir O que de certo modo parece estar fragmentado est a nosso ver agregado tendo como elo de unidade a quest o populacional Por fim gostar amos de salientar a import ncia do N cleo de Estudos de Mobilidade e Mobiliza o NEMO que tamb m um espa o importante no processo de forma o e fortalecimento da Geografia da Popula o No NEMO temos a possibilidade de conversar de pesquisar com diversos pesquisadores As experi ncias resultantes dessas trocas visam n o s o fortalecimento das pesquisas mas tamb m uma forma o pessoal mais comprometida com as demandas da sociedade Desse modo caracteriza se como um espa o de aperfei oamento de estudo uma vez que ele representa a uni o de pessoas que possuem afinidades com as quest es de mobilidade mas sobretudo interdisciplinar o que t
192. a e poder da burguesia agr rio exportadora minguavam se Com isso a Geografia ganha for a e campo para se desenvolver cientificamente no Brasil Um fato importante para a Geografia se fortalecer foi a participa o do pa s no Congresso Internacional de Geografia realizado em Paris em 1931 promovido pela Uni o Geogr fica Internacional UGI Nesse Congresso foi poss vel expor para as outras na es a cultura geogr fica brasileira que incentivou os ge grafos brasileiros a iniciarem um movimento de renova o atrav s da inser o de novos conceitos essenciais para o desenvolvimento da pesquisa em Geografia Esse momento foi importante por possibilitar ao Brasil expor ao mundo seus anseios quanto pesquisa e o desenvolvimento da Geografia Ao passo que pode tamb m acompanhar e discutir a situa o da Geografia em outros pa ses e a partir disso tra ar metas e estrat gias para se alcan ar os objetivos almejados n o s para a efetiva moderniza o do pa s assim como para os avan os nas pesquisas geogr ficas O primeiro contato real da cultura geogr fica com a Uni o Geogr fica Internacional foi sem d vida a participa o do Brasil no Congresso Internacional de Geografia promovido pela Uni o realizado em 1931 em Paris e no qual o delegado brasileiro o conhecido e acatado Prof A de Sampaio desempenhou fun es de vice presidente da Sec o de Biogeografia Nasce a o primeiro anseio pela ades o do Brasil da
193. a ele o capital antecede ao capitalismo e a ele tamb m posterior Sendo o capitalismo uma das 2 Publicado em 1994 em ingl s com o t tulo Beyond Capital Toward a Theory of Transition e publicado no Brasil como Para al m do capital pela Editora Boitempo 2003 83 formas poss veis de realiza o do capital uma de suas variantes hist ricas como ocorre na fase caracterizada pela subsun o real do trabalho ao capital Assim como existia capital antes da generaliza o do sistema produtor de mercadorias do mesmo modo que se pode presenciar a continuidade do capital ap s o capitalismo pela constitui o daquilo que M sz ros denomina como sistema de capital p s capitalista Portanto o capital se caracteriza por ser poderoso e abrangente tendo seu n cleo constitutivo formado pelo trip capital trabalho e estado sendo que essas tr s dimens es fundamentais s o materialmente constitu das e relacionadas Por m sua supera o s seria poss vel com a elimina o do conjunto dos elementos que compreende esse sistema Entretanto sendo esse um sistema que n o tem limites para a sua expans o ele se torna incontrol vel M sz ros 1994 demonstra que com essa l gica incontrol vel esse sistema essencialmente destrutivo Essa tend ncia que se acentuou no capitalismo contempor neo leva o autor a desenvolver sua tese sobre a taxa de utiliza o decrescente do valor de uso das coisas Assim quanto ma
194. a o cientista a trabalhar nos temas que lhe sejam mais preciosos quer dizer que lhes possam dar maior prest gio e reconhecimento Ele busca benef cios comparativos em termos de sua forma o pr via e sua capacidade intelectual Se caso n o tenha xito na escolha de sua rea de investiga o certamente ser exclu do do mercado pela competi o Assim o imp rio da ci ncia estimula a racionalidade individual e ao faz lo incita a ci ncia como um todo O resultado agregado de tantas decis es individuais n o o caos mas coer ncia a comunidade cient fica se organiza segundo os princ pios de autocoordena o por ajustes m tuos e disciplina sob autoridade m tua Essa comunidade desenvolve pelas leis do mercado um conjunto de no es a respeito do que importante e do que n o que padr es de comportamento s o aceit veis e quais n o o s o e quais s o os problemas que merecem ser estudados Em termos mais atuais ela desenvolve um paradigma comum de trabalho SCHWARTZMAN 2008 p 31 A vis o mercadol gica presente na ci ncia moderna relegou s ci ncias humanas um espa o espinhoso neste universo em n vel de subjetividade e complexidade presente nos seus estudos faz com que as pesquisas em ci ncias humanas n o tenham um lugar de destaque na produ o cient fica moderna Se as ci ncias humanas se tornaram hoje socialmente pouco relevantes ou insignificantes talvez seja porqu
195. a origem nada tem a ver com a popula o em si mas cuja ocorr ncia sem d vida tem interferido na sua din mica Pode se supor at que eles sejam parcialmente respons veis pela especificidade hist rica do crescimento demogr fico recente de tais pa ses Mas para caracterizar e interpretar a natureza dessa especificidade n o basta simplesmente apontar os fatores respons veis Torna se necess rio incorpor los a um esquema de an lise amplo e consistente Para Damiani 2008 Malthus n o s est vivo atrav s do pensamento neomalthusiano do s culo XX que recuperou seus ensinamentos avan ando em novas dire es ou vulgarizando os como orientou a constru o da Demografia ao conferir import ncia socioecon mica aos problemas populacionais A t tulo de contribuir com a discuss o apresentamos a seguir uma cita o que aborda de forma sucinta a quest o da Demografia no que tange a leitura malthusiana Segundo Hauser e Duncam demografia o estudo do tamanho da distribui o territorial e da composi o da popula o das mudan as e dos componentes de tais mudan as estes ltimos podem ser identificados como natalidade mortalidade movimentos territoriais e mobilidade 99 social Para eles a composi o populacional envolve n o apenas as chamadas vari veis demogr ficas como idade o sexo e estado civil mas tamb m vari veis que se aproximam da ideia de qualidade de vida como sa de capacidade mental
196. a popula o n o tem se envolvido quer de maneira quantitativa mas especialmente qualitativa com um dos temas mais centrais ao seu pr prio trabalho Disto decorre a marginaliza o de temas paralelos como os da an lise avalia o e correla o de dados especialmente quanto s suas especializa es O conjunto parece indicar que os ge grafos al m de n o se envolverem com a produ o dos dados demogr ficos muito pouco se preocupam com sua utiliza o adequada Esta situa o impede o avan o dos estudos populacionais elaborados pelos especialistas da ci ncia e especialmente impossibilitam a considera o da dimens o prospectiva indispens vel para estudos sobre espacializa o da urbaniza o desenvolvimento regional envelhecimento populacional entre outros No sentido de contribuir com a discuss o proposta o professor P voa Neto comentou que considera os temas da Geografia da Popula o instigantes mas sobre a quem compete investigar esses temas se s o ge grafos ou soci logos ele realmente n o sabe pois trabalha na perspectiva interdisciplinar e ainda defende que h tend ncias dominantes E no Brasil para ele a tend ncia dominante dos estudos populacionais s o as quest es migrat rias e relata isso com tranquilidade pois para ele vivemos num mundo especializado em que as pessoas se dirigem cada vez mais s suas reas de interesse que s o mais espec ficas e cada pesquisador a seu modo pode contribuir c
197. a sociedade e a economia Podemos citar alguns expoentes que contribu ram efetivamente com a constru o de uma geografia cient fica e abriram espa o para a formula o de uma geografia humana Pensadores como Varenius Bar o de Montesquieu Kant prepararam o terreno para o que posteriormente constituir se ia a geografia humana Durante o segundo per odo que cobre a primeira metade do s culo XX os estudos de mobilidade populacional se desenvolvem porque se apoiam sobre uma informa o num rica mais abundante e confi vel gra as aos recenseamentos empreendidos pelas na es mais avan adas tornando se um tema bem estudado pelos ge grafos preocupados com os fatos humanos Este desenvolvimento se notabiliza em dois pa ses que v o ter um importante papel no desenvolvimento da geografia moderna a Alemanha e a Fran a ROCHA 1998 p 18 19 Os estudos de mobilidade e mobiliza o s o importantes para o desenvolvimento dos estudos populacionais da Geografia Entre os te ricos que se dedicaram a estudar a popula o luz da Geografia devemos a Pierre George 1966 1971 1974 1979 e suas contribui es o aperfei oamento da Geografia da Popula o seus estudos s o importantes para entendermos inclusive os estudos de mobilidade e a pr pria evolu o da Geografia da Popula o bem como da pr pria humanidade 296 Pierre George apresentou hip teses sobre as poss veis causa dos deslocamentos populacionais que muita
198. abeleceu na Alemanha em 1870 seguida da Fran a e de outros pa ses europeus O aumento de ge grafos com forma o acad mica contribuiu para o surgimento de diferentes correntes de pensamento dentro da Geografia Neste sentido prudente lembrar que a Geografia na Fran a surgiu em uma poca em que a Geografia na Alemanha representada por Ratzel legitimava o expansionismo prussiano com vistas ao futuro Estado alem o Portanto era necess ria uma resposta da Fran a com o intuito de neutralizar a ideologia alem Assim destacam se as obras de Vidal de La Blache e seus disc pulos que desempenharam um importante papel na Geografia A funda o da escola francesa de Geografia deve ser entendida dentro do contexto da Terceira Rep blica ou seja em oposi o ao determinismo geogr fico alem o e das 125 caracter sticas particulares do desenvolvimento hist rico franc s importante ressaltar que tanto a escola alem de geografia quanto a francesa vincularam se ao discurso dos interesses das classes dominantes de seus pa ses por meio do discurso cient fico MORAES 1999 p 138 Paul Vidal de La Blache foi um dos principais respons veis pelo surgimento da Geografia moderna na Fran a deve se a ele a defini o do campo da Geografia regional como nfase no estudo de reas pequenas e relativamente homog neas como j foi brevemente comentado Foi o primeiro professor de Geografia da Sorbonne e planejou uma obra mon
199. ada sobre a forma o ou aperfei oamento profissional ou desenvolvimento escolar a nosso ver tamb m uma forma de mobilidade importante e bastante presente sobretudo porque hoje em dia para se manter em seus trabalhos exige se maiores habilidades o que por um lado ruim por condicionar forma o somente necessidade do trabalho mas por outro pode oportunizar aos sujeitos um reconhecimento maior de suas potencialidades assim como o pr prio desvelamento do senso cr tico e talvez com isso consigam vislumbrar outras possibilidades para al m daquelas impostas pelo capital que muitas vezes vista como a nica poss vel Uma das formas mais cru is da mobilidade do trabalho considerado por n s est relacionado intensifica o do trabalho objetivando maior produtividade Em uma de nossas entrevistas realizadas para essa tese tivemos contato com um p s graduando em n vel de mestrado orientado pelo professor Dieter Em conversa com ele sentimos que a mobilidade do trabalho associada a sua intensifica o ainda muito presente e para nossa surpresa ou ignor ncia esse jovem pesquisador se dirigiu a Francisco Beltr o e Dois Vizinhos dois munic pios do sudoeste do Paran para estudar o trabalho realizado sobretudo por africanos na Brasil Foods uma das maiores empresas do ramo de alimentos do mundo Nessa oportunidade tivemos ci ncia de que o volume de imigrantes trabalhando nessa empresa surpreendente claro q
200. ado tanto uma gl ria coroada do desenvolvimento do capital passado como uma pris o inibidora do progresso adicional da acumula o pois a pr pria constru o dessa paisagem anti tica em rela o derrubada das barreiras espaciais e no fim at a anula o do espa o pelo tempo HARVEY 2005 p 53 Partindo das argumenta es de Harvey e toda a complexidade que envolve o capital e sua rela o com o urbano enfim com as pessoas que objetivamos nessa parte da tese fazer uma breve an lise da Geografia urbana e sua rela o com a Geografia da popula o ou com os estudos de popula o buscando explicitar sua no o de campo cient fico Para isso fazemos uso das argumenta es apresentadas para entender o espa o em que est o inseridas a popula o e as institui es que produzem reproduzem o espa o urbano Relacionando a quest o urbana com o contexto hist rico com as teorias de George e outros onde os e agentes envolvidos nesta an lise contribu ram para os estudos deste tema que nos t o importante s cr ticas marxistas permitiram relacionar diversos campos do meio urbano com a produ o e manuten o da vida analisando as interven es sobretudo dos elementos socioecon micos As grandes teorias s quais nos acostumamos de alguma maneira o marxismo e outras correntes e tradi es n o parecem nos servir totalmente neste momento Servem nos em parte e acredito que hoje h uma volta ao ma
201. ado de economia t o vol til no qual as pessoas desejam cada vez mais e mais ser que a Geografia da Popula o n o tem sentido mesmo Lembrando que a fragmenta o do conhecimento resultado da necessidade em produzir ci ncia capaz de dar respostas cada vez mais r pidas e eficientes o que nos leva a indagar a quem a ci ncia serve E a quais interesses E qual a relev ncia dos estudos populacionais na Geografia nessa perspectiva Uma vez que a pr pria no o de efici ncia est alicer ada concep o de estado neoliberal e nesse modelo de desenvolvimento econ mico n o h espa o para conjecturas pouco produtivas a l gica a produ o de conhecimentos teis vida material Na qual as an lises da popula o n o se enquadram ou n o s o relevantes Dessa forma por que se interessar pelos estudos populacionais j que eles n o representam status cient fico e os dem grafos j d o conta de oferecer dados para que as pessoas saibam onde e como vivem os diferentes grupos humanos O que buscamos expressar com essas palavras que predomina o vi s do esquecimento das 178 causas e consequ ncias da vida humana dos motivos e das condi es de produ o da vida e quanto mais se busca respostas ficamos mais certos de que elas n o existem Para ajudar a elucidar essa quest o a professora Am lia Damiani lembra O estudo da popula o importante dentro da Geografia n o s para estudar a mobilidade
202. ados pelo governo e pelos patr es s o mobilizar a m o de obra dinamiz la e reconvert la Neste sentido a for a de trabalho se mobiliza a partir das exig ncias do capital A mobiliza o da for a de trabalho tem como objetivo os interesses do momento ou seja do capitalismo Mas importante tamb m que esta for a de trabalho esteja disposta ou melhor esteja disposi o de se condicionar de acordo com as demandas do capital Para Gaudemar 1977 a l gica incentivar a mobilidade tornando se assim um instrumento de condicionamento de m o de obra adaptando se s necessidades do mercado e tamb m as exig ncias de deslocamentos espaciais a adapta o da m o de obra as desloca es espaciais n o s o aqui os nicos em causa mas juntamente com eles todos os modos de passagem da m o de obra dispon vel para as esferas de valoriza o do capital e todos os modos de intensifica o e produtiviza o desta m o de obra GAUDEMAR 1977 p 21 Dentre essa perspectiva Gaudemar 1977 sintetiza quatro formas de mobilidade que segundo ele s o o encorajamento dos movimentos migrat rios que facilitam as expans es espaciais importantes para o desenvolvimento capitalista o encorajamento do desenvolvimento das camadas mais m veis e o controle da imigra o estrangeira o 291 incremento da forma o profissional a intensifica o de todo o trabalho tanto industrial como terci rio A mobilidade assent
203. afia A cria o da Associa o dos Ge grafos Brasileiros foi um marco significativo por ser uma institui o cultural nova que se destacava pelo alto teor cient fico e por refor ar a solicita o da cria o do Conselho Nacional de Geografia a ades o UGI e ainda por depositar confian a na a o do poder p blico atrav s do Minist rio das Rela es Exteriores O desenvolvimento da Geografia vinha ao encontro das transforma es ocorridas na sociedade brasileira Em especial com a implementa o da pol tica nacionalista voltada a resolver os problemas nacionais Nesse sentido era necess rio um maior conhecimento do territ rio brasileiro e o desenvolvimento de estudos geogr ficos sobre o pa s tornavam se importantes j que o momento reclamava por um conhecimento do territ rio nacional como um todo com mais detalhamento de seus aspectos buscava se com isso resolver os problemas e dirimir os insucessos que expunham os pontos fracos da pol tica nacionalista Todavia n o era na Geografia que se via essa sa da e sim na Estat stica que o Estado via um meio eficaz para detectar os problemas e orientar os estudos deles Cria se assim em 1934 e instala se em 1936 o Instituto Nacional de Estat stica que mais tarde se constitui em algo fundamental para a Geografia Por meio da Estat stica os dados geogr ficos passaram a ser acurados com maior precis o e detalhamento que favoreceu os estudos j que as pesquisas geog
204. afia da Popula o em Universidades Brasileiras Caracter sticas e Problemas O 164 professor Guidugli ge grafo e dem grafo formou se em Geografia e fez mestrado na Sociologia pol tica fez doutorado na Universidade de S o Paulo com o professor Dr Armando Correia Seu projeto de doutorado enfatizava que na Geografia a popula o era estudada de uma maneira banalizada mas que a popula o urbana era uma especificidade significativa e relevante na compreens o da Geografia Como o espa o e sua popula o se urbanizavam era uma de suas preocupa es Donde derivou sua tese de doutorado sobre a cidade todavia o apre o pela popula o e pelos estudos da Demografia contribuiu para que professor Guidugli ao contr rio de outros ge grafos n o padecesse da falta de uma forma o demogr fica pois segundo ele quando analisamos os trabalhos de ge grafos dentro da popula o esses est o trabalhando com mortalidade fecundidade migra o porque na leitura deles algo que est na Geografia e portanto est o fazendo Geografia A migra o por exemplo ao tratar do deslocamento espacial da mobilidade da concentra o d um achego geogr fico um conforto geogr fico por isso no entender de Guidugli o ge grafo trabalha predominantemente com a migra o e para ele isso um equ voco porque toda a din mica demogr fica pode ser tratada e analisada pela Geografia Guidugli salienta ainda que alguns ge grafos est o d
205. ais Revista Brasileira de Janeiro Mar o 1981 A migra o como indicador para o estudo de Fany Davidovich Geografia aglomera es urbanas no Brasil Revista Brasileira de Geografia Abril 1981 Mar o 1982 Sem Publica es 242 Vera Maria Revista Brasileira de Imigra o e favelas O caso do Rio de vila Cavalcanti Geografia Anita nodos Janeiro de 1970 Bezerra Jana Maria Cruz Revista Brasileira de yo 1982 Junho 1985 Sem Publica es Geografia Maria Helena Revista Brasileira de Julho Dezembro 1985 A din mica demogr fica de uma rea de Fernandes de Geografia fronteira Rond nia Trindade Henriques Revista Brasileira de 7 1986 Junho 1990 Sem Publica es Geografia Revista Brasileira de O5 Povos d tores ta os migrantes Eo Dora Rodrigues E Julho Setembro 1990 modelos de ocupa o territorial Impactos e Geografia Hees alternativas 83 Revista Brasileira de Out 1990 Set 1992 Sem Publica es Geografia Revista Brasileira de Organiza o Temal go REA geopol tica Luiz Paulo Souto Outubro Dezembro 1992 da popula o qual o desafio para o pr ximo Geografia as Fortes mil nio Revista Brasileira de am 1993 Dez 2005 Sem Publica es Geografia Fonte Revista Brasileira de Geografia Org MORMUL Najla Mehanna 2012 E assim podemos entender que a publica o na rea de estudo da Geografia da Popula o restr
206. al de La Blache foi um dos respons veis pelo surgimento da Geografia moderna na Fran a Deve se a ele a defini o do campo da Geografia regional com nfase nos estudos de reas pequenas e relativamente homog neas Foi o primeiro professor de Geografia da Sorbonne e planejou uma obra monumental que cobria a Geografia regional em todo o mundo mas n o viveu o bastante para conclu la G ographie Universelle 1927 1948 foi completada por seu aluno Lucien Gallois e uma das mais bem sucedidas publica es sobre o tema O projeto de La Blache era de uma Geografia como ci ncia das rela es do homem com o ambiente natural em que o homem e a sociedade eram considerados dentro da natureza Por essa raz o n o superou os limites de uma ci ncia ecol gica para fundar se numa ci ncia social e hist rica Outro elemento presente nas obras dos principais autores cl ssicos da Geografia foram os estudos referentes ao povoamento das reas Notamos que a quest o do povoamento era uma premissa bastante discutida em boa parte dos estudos humanos formulados no mbito da ci ncia geogr fica Jean Brunhes em seu volume Geografia Humana restringe o conte do do campo para as evid ncias vis veis de ocupa o do homem e utiliza o do ambiente f sico Os fatos essenciais da Geografia Humana s o as marcas deixadas pelo homem sobre a superf cie da Terra Brunhes no entanto introduz ordem e classifica o para o tratamento dos fatos ou elemen
207. alguns planos de ensino h reflex es cr ticas sobre as defini es cl ssicas da Geografia da Popula o e em apenas um dos programas analisado est descrito que dado nfase a assuntos da popula o no Brasil H planos que possuem temas comuns a essa rea desde os idos da d cada de 1950 O que nos remete novamente ao estudo do professor Guidugli quando aponta 208 O conjunto de temas propostos nos programas para o desenvolvimento de uma determinada disciplina resulta simultaneamente de escolhas e de influ ncias e representa ou deve tamb m representar tamb m n o apenas a linha mestra condutora do processo de aprendizagem como tamb m deve refletir as formas pelas quais a tem tica est sendo abordada os diferentes n veis de signific ncia dos temas no conjunto da ci ncia e especialmente a coer ncia te rica e a capacidade de identificar o cerne da ci ncia No caso o da Geografia GUIDUGLI 1990 p 101 102 Como citado anteriormente dos planos analisados somente um se referia a popula o do Brasil todavia isso n o deve ser encarado como se n o se falasse da Geografia da Popula o com rela o aos assuntos do Brasil apenas n o foram enfatizados nos programas de ensino analisados relevante citar que outras tem ticas aparecem com frequ ncia nos programas de ensino como por exemplo o reconhecimento da demografia nos assuntos populacionais an lises de distribui o do espa o geogr fico e sua din mica
208. alientar que esse conceito tem como pressuposto te rico e metodol gico o marxismo no qual o desenvolvimento geoecon mico bastante debatido Em rela o chamada mobilidade f sica os elementos analisados est o condicionados aos fluxos e refluxo da popula o e ainda a pr pria quest o da Para maiores informa es sobre este tema sugerimos da leitura do Cap tulo 6 do livro O Mito da Desterritorializa o de Rog rio Haesbaert 287 quantidade populacional das reas Os estudos da mobilidade f sica est o presentes nos mais variados espa os e podem ser subdivididos em micromobilidade ou macromobilidade Cada qual variando de tamanho propor o e dura o A denominada mobilidade social est associada ao movimento de ascens o dos sujeitos isto as mudan as das chamadas classes sociais este processo se ocupa de analisar as mudan as ocorridas na sociedade em virtude das altera es de classe e os desdobramentos deste processo na vida das pessoas e na sociedade como um todo A mobilidade que tem sua centralidade no trabalho considerada a principal causa que leva os indiv duos a se deslocaram pelo espa o geogr fico de certo modo este tipo de mobilidade muitas vezes a qual viabiliza a realiza o das demais As denomina es dadas s ordens de mobilidade s o a mobilidade f sica que se subdivide em macromobilidade f sica e micromobilidade f sica s o mobilidades horizontais ou seja se r
209. allard 1991 a passagem do saber dos especialistas para o saber ensinado no interior dos sistemas de ensino ocorre por meio da transposi o did tica Atrav s da transposi o did tica os conte dos especializados seriam ensinados e ao mesmo tempo estaria assegurado legitimidade do saber produzido pelos pesquisadores 146 Nesse sentido tanto as disciplinas escolares como as disciplinas acad micas se constituiriam a partir dos conhecimentos cient ficos de refer ncia Portanto o avan o das pesquisas nessa rea vem sedimentando novos arqu tipos anal ticos Com o objetivo de investigar a hist ria das disciplinas escolares o historiador franc s Andr Chervel escreveu um trabalho intitulado Hist ria das disciplinas escolares reflex es sobre um campo de pesquisa traduzido e publicado no Brasil em 1990 Com essa obra o autor pode analisar o lugar das disciplinas escolares e sua import ncia al m de promover um melhor entendimento do contexto em que foram produzidas e at mesmo a condi o de inferioridade destinada a esse campo de investiga o em rela o pesquisa em outras reas Desse modo acreditamos que ao voltar an lise para a hist ria de uma disciplina como objeto de investiga o poder se trazer luz para interpretar o significado dos saberes ensinados pelas institui es de ensino ou melhor entender como a ci ncia geogr fica foi se disciplinando E ainda verificar qual espa o destinado aos est
210. almente dos estudos marxistas sobre popula o contudo importante salientar que n o somente o tempo que determina essas varia es nas interpreta es afetas aos temas populacionais pois desde o in cio dessa tese estamos defendendo que por mais distintas que sejam as concep es te ricas e metodol gicas h possibilidades de encontrarmos divulga o e express o de diferentes concep es no mesmo tempo hist rico Em nossa pesquisa foi poss vel verificar isso h textos escritos na d cada de 30 por exemplo que serviu de respaldo para as pesquisas de estudiosos da popula o muito tempo depois voltando ao Pierre George podemos perceber que seus estudos alteram se tamb m na medida em que o elemento cidade aparece ou ganha proje o sobretudo quanto ao seu crescimento e as formas de organiza o Diante da complexidade das cidades P George busca estudar uma s rie de elementos desde as quest es relacionadas s unidades familiares como a no o de g nero entre outras Os estudos elaborados por Pierre George nos oferece um panorama rico e interessante sobre a din mica da popula o pois ao mesmo tempo em que ele tece argumenta es para explicar os fen menos populacionais ele revisa suas ideias N o f cil entender a obra desse autor foi algo dif cil e que n o conseguimos realizar do modo como realmente gostar amos por conta do tempo da dificuldade ao acesso a bibliografia 274 entre outras coisas M
211. an ar no que tange as an lises sobre popula o na ci ncia geogr fica Acrescentando a ela elementos importantes que tornam esse tema atraente e interessante tanto sob o ponto de vista te rico quanto pr tico Nesse sentido as atividades realizadas durante o curso de doutorado foram importantes pois possibilitou a troca de ideias experi ncias aprofundamento te rico e ainda a revis o da literatura No doutorado novas trilhas do conhecimento apareceram As disciplinas cursadas ajudaram mas as cursadas no Mestrado tamb m foram importantes pois me permitiram ter maturidade te rica para organizar e sistematizar a tese J que eram disciplinas com perfis filos ficos o que assegura uma an lise mais acurada dos dados e ainda complementa o estilo de pesquisadora mais reflexiva Outra quest o importante para a constru o da tese foi o contato com o N cleo de Estudos de Mobilidade e Mobiliza o NEMO o qual o professor Dr M rcio Mendes Rocha o l der trata se de um espa o importante no processo de forma o tanto dos 16 graduandos quanto mestrandos e doutorandos No NEMO temos a possibilidade de dialogar com diversos pesquisadores trocar experi ncias e fazer amigos A Revista Percurso DGE PGE UEM da qual sou parcerista e autora tamb m um espa o de aperfei oamento uma vez que ela representa a uni o de um grupo comprometido com as quest es de mobilidade e as de mbito interdisciplinar o que traz um enri
212. ando s o relacionados ao cotidiano das pessoas e sua viv ncia pr tica sem falar que atribui sentido e significado s a es humanas e possibilita o entendimento das rela es que permeiam a produ o e manuten o da vida cotidiana Trabalhar com a Geografia da Popula o apoiando se apenas nas descri es de fatos e estudo dos n meros apesar de serem as pr ticas mais comuns pode gerar preju zos para seu entendimento Relegando a para segundo plano na Geografia Mesmo com o progresso que se manifesta na Geografia o lugar da Geografia da Popula o ainda modesto no seio da disciplina ROCHA 1998 p 21 Dessa forma o estudo do pensamento e da produ o geogr fica brasileira revela a necessidade de discutir quest es b sicas como o fato da Geografia ter m todos que lhe s o pr prios sobretudo no que tange as an lises populacionais Outra quest o o momento em que a Geografia passou a integrar o corpo disciplinar na academia constituindo um ramo espec fico de pesquisa e do conhecimento cient fico Nas ltimas d cadas foram 189 not rias as indefini es na escolha dos conte dos trabalhados pela Geografia problemas como abandono de alguns conte dos fundamentais modismos preocupa o exacerbada com conte dos conceituais propostas que intensificavam a separa o entre Geografia Humana e Geografia F sica entre outros Nesse sentido defendemos que entender os estudos populacionais na Geografia n
213. ando se tem um objetivo tudo vale pena Coloquei todo o meu empenho n o em criticar deplorar e maldizer as a es humanas mas em compreend las O homem n o um imp rio num imp rio Espinoza RESUMO A presente tese tem o objetivo de discutir como a popula o enquanto tema e a disciplina Geografia da Popula o foi trabalhada pela Geografia Para isso optamos em realizar uma recupera o hist rica sobre os principais fatos que propiciaram o desenvolvimento da ci ncia geogr fica e assim buscar identificar o lugar dos estudos populacionais Nosso problema reside no fato de que a Geografia da Popula o principalmente no que se refere ao Brasil 1934 2010 vem perdendo espa o tanto na pesquisa quanto no ensino Nesse sentido adotamos como metodologia inicial a pesquisa bibliogr fica ou documental visando recuperar o conhecimento cient fico acumulado e desvelar o problema A pesquisa realizada te rica e metodol gica tendo ao mesmo tempo um car ter explorat rio e investigativo Para tanto realizamos um levantamento atrav s da Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES dos Programas de P s Gradua o em Geografia em n vel de Mestrado e Doutorado no Brasil referente ao ano de 2010 e acessamos a gradua o dessas Institui es para verificar os planos de ensino e averiguar como se encontra o ensino de Geografia da Popula o Tamb m foram realizadas entrevistas com pesquisadores
214. anet ria o que faz expandir a rea de a o das sociedades europeias a todo globo terrestre Outro pressuposto era a exist ncia de um 36 reposit rio de informa es sobre variados lugares da Terra o aparecimento de uma Geografia unit ria residia no aprimoramento das t cnicas cartogr ficas enfim todas as condi es materiais para a sistematiza o da Geografia s o forjadas no processo de avan o e dom nio das rela es capitalistas MORAES 2003 p 41 43 Para a professora Z lia Leonel 1985 a Geografia n o esteve em crise pois considera que a Geografia filha da crise do capitalismo Porquanto a crise entre teoria e pr tica apregoada na ci ncia geogr fica n o verdadeira j que a crise existente para ela hist rica e fruto da agita o entre for as produtivas e rela es sociais de produ o E no imbr glio desse conflito que se revela a ci ncia do homem pela unifica o pr tica entre trabalho manual e trabalho intelectual Decorre ent o que a Geografia enquanto ci ncia pode ser considerada filha do capitalismo e poderia cumprir bem o papel de legitima o dos interesses burgueses J que boa parte da hist ria da Geografia bem como suas transforma es est na maior parte das vezes associadas s mudan as ocorridas no modo de produ o capitalista A necessidade de conhecer e conquistar mais mercados atribuiu Geografia maior valor porque os conhecimentos geogr ficos permitiram
215. anizador Janu rio Francisco Megale coordenador Florestan Fernandes S o Paulo Atica 1984 SOUZA SANTOS B Renovar a Teoria Cr tica e Reinventar a Emancipa o Social S o Paulo Boitempo 2007 Um discurso sobre as ci ncias 7 ed S o Paulo Cortez 2010 SPENCER H Educa o intellectual moral e physica Porto Livraria Chardron 1927 SHAEFER F K O expepcionalismo na geografia um estudo metodol gico Boletim de Geografia Teor tica Rio Claro v 7 n 13 1977 p 5 37 SCHWARTZMAN S Ci ncia Universidade e Ideologia a pol tica do conhecimento Biblioteca Virtual de Ci ncias Humanas do Centro Edelstein de Pesquisas Sociais www bvce org 2008 SUERTEGARAY D M A In NUNES J O R A Natureza da Geografia F sica na Geografia S o Paulo Terra Livre AGB Associa o dos Ge grafos Brasileiros N 17 p 11 24 2 semestre 2001 SZMRECS NYI T Retrospecto hist rico de um debate In SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSANYI T orgs Din mica da Popula o S o Paulo T A Queiroz Editor Ltda 1980 TAVARES L P de O S o Jos dos Pinhais no contexto da recente industrializa o metropolitana reflexos s cio espaciais Revista Paranaense de Desenvolvimento Curitiba n 108 p 33 59 jan jun 2005 TREWARTHA G T The case for population Geography Ann of Assoc of Am Geographers 1953 43 71 97 Geografia da popula o padr o mundial Tradu o de Veneranda Bar
216. anizavam expedi es e pesquisas em diversas partes do mundo especialmente nas regi es dominadas pelos grandes imp rios coloniais europeus Foi assim que os ingleses os franceses os belgas e em seguida os alem es fizeram o levantamento de amplos territ rios na sia e na frica e organizaram suas col nias ANDRADE 1992 p 13 Nesse sentido refor ou Pereira 1992 que o desejo de expans o imperialista alem o apresentou se como decisivo para a consolida o da nova ci ncia o surgimento da Alexander Von Humboldt 1769 1859 de uma grande polival ncia desenvolveu diversas reas entre elas a etnografia e a bot nica lan ando em bases cient ficas a Geografia Geologia Climatologia entre outras Apesar de ter pesquisado diversas coisas em seus m nimos detalhes sempre o fez com uma vis o geral e imparcial Karl Ritter 1779 1859 com forma o em ci ncias humanas sendo fil sofo e historiador homem ligado s classes dominantes um explorador e grande leito procurou explicar a evolu o da humanidade ligando a as rela es entre o povo e o meio natural fazendo sobretudo a descri o da sociedade Nasceu na Alemanha e foi professor de geografia na Universidade de Berlim O seu grande m rito foi o de ter compreendido e teorizado corretamente os princ pios b sicos da geografia que Humboldt aplicara pouco tempo antes nomeadamente o Princ pio da Causalidade ou Interdepend ncia e Princ pio da Geografia
217. ante que nos preocupa que muitos ingressam nos cursos das reas de humanas como a Geografia sem ter com ela nenhuma identidade estuda primeiramente por necessidade e por conseguinte outros elementos v o aparecendo isso quando muitos n o desistem no meio do caminho mas os que continuam normalmente se engajam nas pesquisas nessas reas 310 Na atualidade com a expans o dos cursos de p s gradua o h de certa forma uma difus o maior da produ o cient fica e esse processo sen o for analisado com aten o pode gerar n o s uma banaliza o da produ o cient fica por conta do produtivismo mas um processo de aliena o da chamada massa cr tica j que a produ o cient fica ganha mais repercuss o se aliada ao capital Da mesma forma que deve ser reticente quando se diz que a expans o dos cursos de p s gradua o favorece a divulga o cient fica uma vez que o ingresso cada vez maior de pessoas na p s gradua o demonstra que h cada vez mais competitividade para entrar no mercado de trabalho E esta mesma competitividade leva para muitas armadilhas entre elas o produtivismo e com ele a precariza o do trabalho do pesquisador e com isso a quantidade na maioria das vezes se sobrep em a qualidade Na ltima d cada o n mero de matr culas nas universidades e escolas superiores no Brasil quase decuplicou a c tedra foi abolida institutos e departamentos acabaram com as escolas isoladas nas univ
218. ar realizar uma an lise integrada aos movimentos hist ricos que interferiram na transforma o perman ncia e ruptura da tem tica da popula o bem como da disciplina acad mica de Geografia da Popula o ao longo da Geografia brasileira Por acreditarmos que a historicidade da Geografia possui um car ter did tico que nos possibilita a constru o de um panorama dessa disciplina e de suas diferentes abordagens epistemol gicas 1 4 A Geografia Humana e o lugar da popula o na Geografia o disciplinamento da Geografia da Popula o Ao pensar a tem tica da popula o na Geografia vinculamo la a Geografia Humana Mesmo diante das v rias cr ticas existentes sobre a dicotomia vivente not vel que ao se estudar a popula o a maioria das fontes e dos materiais produzidos nessa rea est o relacionados aos estudos humanos da Geografia Desde a Antiguidade muitos escritores de esp ritos curiosos e observadores constataram na superf cie da Terra diferen as entre os costumes dos homens Muitos viajantes desde Her doto as t m descrito 62 muitos historiadores e moralistas desde Tuc dides as t m tomado como base de suas reflex es filos ficas Por m a ideia de constituir uma ci ncia isto em procurar a explica o veio muito mais tarde e s apareceu a partir do fim do S culo XVIII At ent o o estudo dos fatos que agrupamos sob o nome de Geografia Humana modos de vida dos homens na superf cie da T
219. argem dessas rela es uma abstra o e a ess ncia humana concebida como atributo individual t o abstrata como ele N o existe a ess ncia do homem como atributo comum dos indiv duos simplesmente porque o O homem produz o pr prio homem em sua rela o metab lica definida por Marx como o processo do trabalho com a natureza Esse metabolismo que na geografia chamamos de rela o homem meio uma rela o reiterativa de interc mbio que o homem trava dentro da natureza mas fazendo o dentro da rela o social com os outros homens com as outras formas naturais numa troca de energia e mat ria Marx fala de for as de que resulta a constitui o do meio humano MOREIRA 2006 p 45 81 indiv duo isolado n o existe realmente A ess ncia universal e a natureza humana dos indiv duos s podem ser descobertas no conjunto de rela es sociais que produzem tanto a natureza do homem social como do indiv duo V SQUEZ 2007 p 406 Para Morin uma nova cultura cient fica pode oferecer cultura human stica a situa o do ser humano no mundo min scula parte do todo mas que cont m a presen a do todo nessa min scula parte 2010 p 41 Segundo ele as ci ncias humanas t m contribu do de forma fr gil para o estudo da condi o humana isso ocorre porque a fragmenta o e compartimenta o ainda se fazem presente em seus estudos contribuindo por velar o pr prio homem Nesse sentido po
220. as humanas que devem se reconhecer como agente pol tico e assim agir E partir desta constata o a pol tica passa a ser um elemento de luta no sentido de promover um esfor o coletivo para que as pesquisas e tamb m o ensino nessas reas recebam e tenham o respeito e o reconhecimento que merecem N o d para admitir que as pesquisas bem como o ensino nessas reas humanas sejam destinadas apenas aquelas pessoas que possuem pouca condi o financeira com raras exce es n o que isso seja um problema mas que talvez por este motivo vejam essas reas como nica op o para ingressar num curso superior e assim n o encontram e n o tem com ela nenhum v nculo pol tico ou de reconhecimento enquanto classe todavia porque essas reas normalmente apresentam menor concorr ncia Sabemos que h muitos pesquisadores e estudantes que optaram escolheram as reas das humanas como a Geografia por exemplo e isso muito bom Sem d vida h uma maior facilidade de ingresso para a entrada em alguns cursos por m importante enfatizar que n o defendemos que o ingresso no ensino superior seja superdif cil e excludente no qual s uma minoria de pessoas que tiveram chances ou oportunidades de estudar tenham acesso ou seja que as escolhas sejam entre os que podem e os que n o podem Talvez seja ut pico pensar numa sociedade como a nossa que acesso ao ensino superior n o ocorra de forma excludente contudo h um aspecto import
221. as n o podemos deixar de dizer que foi um aprendizado importante em especial por nos fazer refletir que algo que hoje afirmamos com tanta convic o amanh n s mesmos podemos question los E isso salutar pois como diz o ditado o dif cil n o mudar de ideias mas n o ter ideias para mudar Damiani se tornou uma refer ncia para quem estuda popula o apesar de sabermos que hoje seu foco s o os estudos do urbano por m comentou o seguinte pensei num segundo momento em estudar integra o da popula o ao estado relacionar popula o e estado Cheguei nisso porque estudei os grandes conjuntos habitacionais que re nem duzentas mil pessoas trezentas mil pessoas e eram propostas de pol tica habitacional agregar toda essa gente em S o Paulo somando esses conjuntos com alguns da empresa estadual todos amarrados s pol ticas federais Enxergamos um corredor imenso de gente Zona Leste de S o Paulo ligados a conjuntos habitacionais e na Zona Sul uma massa de gente que loteamentos clandestinos favelas corti os Na minha tese lan o uma ideia de inova o cr tica que uma ideia que venho trabalhando h alguns anos e o mapa sobre urbaniza o tem uma rela o e sensibilidade sobre a quest o populacional Num determinado momento cheguei a pensar o que significam grandes massas de popula o e as pol ticas de estado descobri com o tempo um autor chamado Michel Foucault que vem da sociologia foi
222. as brasileiras est o normalmente voltados em explicar a distribui o da popula o e algumas caracter sticas do povo brasileiro Uma abordagem contextualizada da popula o pode possibilitar a interpela o de m todos e t cnicas que permitam desenvolver metodologias de estudos e an lises que contribuam para o entendimento da din mica populacional de forma cr tica e participativa Para romper com a nfase quantitativa dos estudos populacionais imprescind vel a interven o do professor para que esse supere alguns ran os ainda presentes nesses estudos importante salientar a participa o do professor e que seu modo de perceber e entender a realidade incidir tanto na forma de ensinar o conte do populacional na Geografia quanto no desenvolvimento de futuras pesquisas refor ando que a forma o do professor pesquisador extremamente importante inclusive para o enriquecimento da Geografia sabido que os primeiros cursos de p s gradua o em Geografia foram os de Geografia Humana e de Geografia F sica da USP ambos institu dos em 1971 e acompanhados pelo Programa de P s Gradua o em Geografia da UFRJ implantado em 1972 A partir da institui o desses dois programas a Geografia viveu um per odo de lento crescimento contabilizando em uma d cada nada mais que 8 oito programas institu dos 199 Sendo a maioria concentrado na regi o Sudeste seguido por 2 dois no Nordeste e 1 um na regi o Sul A quant
223. as de Marx n o se realizam a revolu o prolet ria n o ocorreu n o d forma idealizada por ele e o sistema capitalista se fortaleceu e diante desse cen rio as pessoas continuam produzindo suas vidas ou planejando suas vidas nascem crescem deslocam se indignam se alegram se revoltam se regozijam se enfim morrem E nesse sentido os estudos de mobilidade humana s o percebidos de forma mais ativa no processo de submiss o do trabalho ao capital a partir do conceito de mais valia de modo que a migra o leva em apre o as contradi es do processo social E nessas decorr ncias percebemos a complexidade e a influ ncia da mobilidade humana Sendo assim a mobilidade humana poderia ser entendida como uma chave interpretativa que propicia um entendimento mais amplo do fen meno de mobilidade a partir das avalia es contidas nos estratos estudados ROCHA 1998 294 Muitas pessoas encontram na mobilidade do trabalho uma possibilidade de sobreviv ncia que faz por exemplo com que as pessoas se desloquem do campo para a cidade ou as pendulares etc H ainda por exemplo como o conceito de mobilidade do consumo desenvolvido por Guizzo 2012 onde o motor do deslocamento est condicionado ao consumo no qual a mobilidade ocorre por conta da necessidade de consumir Necessidade esta muitas vezes manipulada e tamb m condicionada aos interesses do capital e que Harvey 2006 p 154 155 nos leva a refletir
224. as destacamos a media o a contradi o a luta de classes e a mobilidade Entendemos que as categorias d o visibilidade aos fen menos revelando seu movimento e marcando o aspecto hist rico do objeto Elas expressam movimento contradi es e os nexos com a hist ria Na constru o de um texto narrativo predomina a sistematiza o dos dados em ordem cronol gica j para uma an lise hist rica defendemos que as informa es est o inter relacionadas s categorias hist ricas com as quais se analisa o objeto Contudo algumas categorias n o encontram respaldos te ricos o que incita o pesquisador a elaborar outras categorias com o intuito de entender os desdobramentos do objeto analisado Desse modo usamos a palavra popula o tamb m como categoria uma vez que ao analisarmos a popula o partimos de uma s rie de conjunturas da qual nosso objeto passa ter materialidade assim o emprego desse termo enquanto categoria alimenta e move a constru o da pesquisa sobretudo por meio das ideias que v o sendo tecidas Indo al m indicamos a possibilidade de abordar a popula o como uma categoria trans hist rica o que significa que a priori h um tr nsito impl cito e expl cito dessa categoria na Geografia que nos permite um melhor esclarecimento acerca desse tema Contudo essa discuss o algo que precisa ser aprofundado e deix mo la como possibilidade futura de estudo Ao propormos um estudo sobre como a popula o
225. as migra es aparecem como um tema muito importante e tamb m como uma possibilidade n o s para renovar o ensino como para potencializar os estudos de popula o na Geografia entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 O relato do professor P voa Neto convida nos a n o s pensar o quanto a Geografia pode contribuir para os estudos de popula o ao mesmo tempo em que chama a aten o para a influ ncia da Demografia Vale destacar que a ci ncia demogr fica contribui para que a Geografia da Popula o se expandisse no pa s contudo a forte vincula o com essa rea impediu ou dificultou que a Geografia atribu sse aos estudos populacionais elementos atinentes a suas formas de an lises e compreens o do mundo Enfim do espa o ao longo das transforma es hist ricas ocorridas Esse relato e essa r pida discuss o nos impulsionou a realizar tamb m o levantamento no banco de teses e disserta es da CAPES para verificar a incid ncia da pesquisa em popula o em Geografia Dessa forma foi feito uma busca ano a ano desde 1987 isto as teses e disserta es dispon veis de 1987 at 2010 foram analisadas Essas pesquisas nos indicam o 225 volume de trabalhos realizados mas tamb m as concep es te ricas e metodol gicas dominantes Essa an lise nos ofereceu um panorama interessante no qual foram encontradas desde pesquisas com cunhos predominantemente demogr ficos a pesquisas com concep es for
226. as por distintas matrizes filos ficas e tamb m pelos interesses da classe dominante Ao ser institucionalizada e tamb m ensinada nas escolas a Geografia revelava seu car ter empobrecedor resultante da matriz filos fica dominante que convergia para a aplica o de um nico m todo comum a todas as ci ncias o que contribuiu em transferir para os conhecimentos de cunho geogr ficos uma face in til e est ril E essa situa o se faz presente tamb m quando nos propomos a analisar a popula o ao longo da Geografia A nfase dada anteriormente a Geografia escolar est atrelada ao fato como de conhecimento de todos que a Geografia surgiu inicialmente nas escolas e depois nas 28 2 Eita 2 Gostar amos de ratificar que consideramos o positivismo a matriz te rica dominante mas reconhecemos a exist ncia de outras matrizes de pensamento Portanto essas n o coadunavam com os interesses da classe dominante 106 universidades e seu aparecimento bem como sua legitima o estava associada as matrizes filos ficas e te ricas predominantes Assim entendemos que o racioc nio geogr fico foi prejudicado por conta da ado o do m todo positivo e com ela os estudos populacionais tamb m foram amofinados tanto nas universidades quanto nas escolas Concordamos todos que se a maior parte do p blico culto tem uma ideia mais ou menos exata do que s o a biologia a geologia a economia ou a sociologia o mesmo p b
227. asso que permite verificar que o processo dial tico portanto est em constante transforma o Logo a presente tese oportunizou que entend ssemos melhor a popula o enquanto tema da Geografia e tamb m o surgimento da Geografia da Popula o Assim verificamos as diferentes abordagens te ricas e metodol gicas e os momentos hist ricos onde esse campo do conhecimento sofreu transforma es na Geografia brasileira Bem como entender os motivos que levaram a Geografia da Popula o perder espa o na ci ncia geogr fica o que est vinculado ao pr prio processo de desenvolvimento da Geografia e da forma o de ge grafos e professores que atuam como disseminadores e formuladores do conhecimento geogr fico Neste sentido acreditamos que esta tese nos permite pensar geograficamente e agir localmente j que almejamos entender e contribuir no desenvolvimento dos estudos populacionais na Geografia Todavia buscamos incitar a reflex o e a o acerca desse tema pois defendemos que ele merece maior aten o da Geografia e dos professores pesquisadores uma vez que h muito a se fazer e contribuir tanto para o desenvolvimento da ci ncia geogr fica quanto para a Geografia da Popula o Palavras chave popula o Geografia Geografia da Popula o ci ncia geogr fica ABSTRACT This thesis aims discuss how the population as a subject and discipline Population Geography were worked by Geography For this we chose to perf
228. atarina Paulo Lernando Geografia Lago Revista Brasileira de Outubro Dezembro 1966 Sem Publica es Geografia Revista Brasileira de Geografia Atlas de Rela es Internacionais Janeiro 1967 Dez 1968 Sem Publica es 241 Revista Brasileira de Geografia Atlas de Janeiro Mar o 1969 Ilhas Falklands ou lhas Malvinas Quadro Delgado de Rela es Edi o 9 natural Popula o antecedentes hist ricos Carvalho Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de April 1969 Mar o 1971 Sem Publica es Rela es Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de Abril Junho 1971 Edi o Suriname Aut nomo Fei es f sicas Delgado de Rela es 18 Popula o Hist ria da Coloniza o Carvalho Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de Julho Setembro 1971 Taiwan e as Ilhas de Ryu Kyu Aspectos Delgado de Rela es Edi o 19 F sicos As Popula es Economia Carvalho Internacionais Revista Brasileira de f Geografia Atlas de Julho Setembro 1971 p Ao mumar e O Ss ni Delgado de Rela es Edi o 19 Fei es Fisiogr icas j Popu a o Evolu o Carvalho See Hist rica Internacionais Revista Brasileira de ai Geografia Atlas de Outubro Dezembro 1971 Mauricio Monarquia Independente do Delgado de 5 ca Indico Oceano ndico As Mascarenhas Rela es Edi o 20 a Carvalho A Popula
229. atualmente preocupa o em relacionar os estudos populacionais com quest es que envolvem politicamente o g nero ra a ou seja as chamadas janelas demogr ficas A quest o da previd ncia social est em debate por m considero esses debates mais afetos a demografia e sociologia do que geografia entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 A esse respeito a professora Rosa Ester contribuiu para que pud ssemos encontrar caminhos que conduzissem para an lises e reflex es acerca da situa o da Geografia da Popula o pois a exemplo da pesquisa no banco de teses da CAPES a situa o das disserta es n o muito diferente neste sentido a professora orienta No estudo da popula o deve se dar estrutura para os estudantes como trabalhar a popula o Mas dif cil trabalhar sem integrar em alguma coisa para mim a quest o b sica a metodologia de pesquisa Como a popula o atrav s do seu trabalho produz e reproduz o espa o Como o espa o como categoria indispens vel para a Geografia foi sendo produzido e reproduzido ao longo da hist ria Assim temos que nos informar porque n o recebemos a base suficiente como a hist ria do pensamento geogr fico O defeito dos nossos jovens acessar os cl ssicos atrav s de outros Falta nos uma base filos fica para poder entender tenho uma orientanda estudando Pro lcool territ rio poder e bicombust vel come ou com a filosofia para entender como as
230. az o direta do tamanho da for a de trabalho Essa discuss o apresentada por Heer interessante pois nos possibilita verificar que os temas associados ao tamanho da popula o e sua import ncia para o Estado algo que permeia as pol ticas p blicas e as quest es governamentais desde muito tempo Hoje as quest es relacionadas ao tamanho das popula es sobretudo nos grandes centros geram uma gama de estudos e debates que os ge grafos urbanos est o discutindo aprimorando e problematizando Desse modo percebemos que os estudos urbanos possuem uma vincula o muito pr xima com a Geografia da Popula o a exemplo disso citaremos uma argumenta o da professora Am lia Damiani que na atualidade tem desenvolvido trabalhos urbanos dialogando os com as obras de Pierre George Escrevi um trabalho sobre Geografia urbana para uma revista chilena baseando me no professor Pierre George como a sua trajet ria foi marcada pelos estudos populacionais interessante ler o trabalho dele sob o ponto de vista da Geografia Urbana Para ele as formas de sociabilidade v o se alterar a partir da experi ncia urbana em um dos estudos dele pude perceber que a forma de sociabilidade vinculada aos estudos populacionais altera se intensamente no processo hist rico quando as cidades crescem O fen meno citado como uma metamorfose sociocultural gigantesca Neste sentido minha tese tamb m faz uma ponte com Pierre George pois importante
231. bre sua relev ncia enquanto disciplina acad mica intencionando contribuir com ele Buscando refletir sobre alguns elementos te ricos que possam permitir avan ar na tarefa de re pensar o papel da Geografia da Popula o no momento atual Almejamos portanto com este trabalho localizar nos estudos que foram e v m sendo realizados no campo da Geografia da Popula o elementos norteadores para a compreens o dos nexos relacionais entre Geografia e Geografia da Popula o N o como coisas distintas mas como reas que se complementam Por entendermos que a Geografia uma ci ncia que pode contribuir para que os estudos de popula o sejam vistos ou 152 interpretados de modo mais significativo e com isso tentar superar a forte influ ncia do malthusianismo do positivismo quando pensamos popula o luz da Geografia Sabemos que existem fronteiras entre a ci ncia de refer ncia e as disciplinas cient ficas notamos isso ao analisar as transforma es ocorridas com a Geografia enquanto ci ncia e a formula o da Geografia da Popula o Percebemos que as disciplinas acad micas sinalizam que o desenvolvimento delas n o se deve apenas aos processos de re organiza o das ci ncias de refer ncia Mas que se fazem fundamentalmente pelo cumprimento de finalidades sociais isto envolvem pessoas e institui es e rela es de poder Geralmente as cria es de disciplinas visam atender os princ pios de pertin ncia e util
232. buco Os dois ltimos desenvolveram estudos geogr ficos com fins espec ficos de defesa do direito do Brasil e reas fronteiri as contestadas por pa ses vizinhos ANDRADE 1998 p 18 Havia nesse per odo alguns comp ndios sobre a Geografia do Brasil nos quais era descrita a paisagem brasileira que marcadamente remetia se a um retrato da Geografia F sica do pa s com a valoriza o dos aspectos topogr ficos e vegetacionais Entretanto a presen a humana era minimizada inclusive era como se essa nem existisse O Brasil era abordado como um pa s com uma imensa rea territorial coberto por amplas florestas circundado por extensos vales com planaltos de altitudes modestas e localizado pr ximo zona t rrida da Terra Eram comuns trabalhos que abarcavam a Geografia geral assim como partes do territ rio brasileiro mas eram generalizantes pois possu am defini es e conceitos vagos Nesse momento destacaram se os trabalhos de Thomaz Pompeu de Souza Brasil que escreveu Comp ndio Elementar de Geografia Geral e Especial do Brasil adotado no Col gio de Pedro II nos liceus e semin rios do Imp rio em 1864 composto por 556 quinhentas e cinquenta e seis p ginas Um material rico em detalhes com forte vi s conte distas e voltado a enfatizar os aspectos naturais do pa s por exemplo ao abordar o clima do Brasil o autor escreveu O Brasil quase todo situado entre o Equador e o tropico de Capric rnio apresenta em geral um c
233. buir com a discuss o apresentada pela professora Am lia Damiani retomamos rapidamente a obra de Lefebvre onde o autor repudia a postura determinista do urbanismo moderno criticando o urbanismo positivista ao fazer isso 43 LEFEBVRE H O Direito Cidade 3 edi o S o Paulo Centauro 2004 281 rejeita o car ter alienante de tornar os problemas urbanos como uma mera quest o administrativa ou t cnica pois essa postura transforma os cidad os em sujeitos alienados O conceito de aliena o certamente de origem hegeliana e feuerbachiana Em Hegel o seu sujeito o esp rito em Feuerbach o homem Tanto em um como no outro a aliena o assunto espiritual e reveste se de um car ter t o abstrato como seu sujeito No entanto n o se deve perder de vista que de acordo com a cr tica a que Marx submete a Fenomenologia do esp rito tal conceito tem em Hegel um conte do real antropol gico ainda que de forma mistificada O conceito de aliena o em Marx parte e n o obstante o de Feuerbach ou o de Hegel j antropologizado Neste problema concreto parte de Feuerbach n o s porque com ele a aliena o se situa em um plano humano antropol gico mas tamb m porque toma dele a pr pria estrutura do processo de aliena o que se conserva nos Manuscritos de 1844 a saber a objetiva o do sujeito no produto de sua atividade b objetiva o como aliena o ou estranhamento c a o inversa do objeto
234. buraco negro investigados pela F sica Por m independente da rea produzir ci ncia algo que exige n o s esfor o intelectual do pesquisador mas condi es materiais para que as pesquisas projetos se realizem H algumas reas que ocupam um lugar de maior destaque na produ o cient fica seja pelos resultados que delas se esperam como as pesquisas nas reas de sa de ou dos interesses existentes o que comumente se percebe que as pesquisas em ci ncias humanas n o ocupam um espa o de destaque na produ o cient fica como um todo para isto basta ponderar o volume de recursos destinados as pesquisa nessa rea Portanto o desprest gio das ci ncias humanas remonta ao um processo hist rico vinculado concep o de ci ncia moderna tema este inclusive que j fora abordado anteriormente Contudo isto n o significa que as pesquisas nesta rea n o s o de qualidade mas sim que as produ es cient ficas desta rea n o s o de grande interesse especialmente para os rg os financiadores de pesquisa se comparadas com outras reas em que o volume de recursos s o maiores Maior acelerador de part culas do mundo o LHC Large Hadron Collider ou em portugu s grande colisor de hadr es or ado em 4 quatro bilh es de euros a maior m quina o planeta com um per metro de 27Km de extens o e com um total de 9300 magnetos supercondutores no seu interior Segundo muitos esta a m quina do ju z
235. ca o da minha inf ncia at os dos dias de hoje em especial aos professores da banca pela dedica o e disponibilidade das horas roubadas para a leitura desta tese Aos professores e funcion rios do Programa de P s Gradua o em Geografia da UEM os quais contribu ram para a minha forma o profissional mas sobretudo pessoal Agrade o muito aos professores entrevistados Odeibler Santo Guidugli Heinz Dieter Heldeimann Rosa Ester Rossini Am lia Luisa Damiani e H lion P voa Neto que muito me ajudaram e me auxiliaram na elabora o da pesquisa proporcionando uma experi ncia riqu ssima e engrandecedora Devo lhes meus mais sinceros agradecimentos primeiro pela disponibilidade gentileza e aten o dispensada e segundo pelas sugest es e ideias que contribu ram para a elabora o desta tese Agrade o a todos os meus alunos pela paci ncia e cumplicidade destinada a mim durante esses anos pela compreens o em rela o entrega das provas corrigidas com atraso pela demora na entrega de notas e at pelos meus lapsos cometidos por conta do ac mulo de trabalho E agrade o imensamente ao meu orientador M rcio Mendes Rocha que numa feliz escolha do destino entrou na minha vida acad mica e sem d vida far parte da minha hist ria Obrigada professor por me orientar aconselhar e me acalmar durante esses anos uma pessoa admir vel sua sabedoria garra disposi o e determina o s o exemplos de que na vida qu
236. ca e o chamado movimento de renova o da Geografia no final da d cada de 70 e in cio de 80 criticou muito as concep es est ticas assim como a ideia de distribui o populacional que de certa forma uma ideia cristalizada Pode se at falar para os seus alunos que n o bem assim mas a primeira imagem que a express o evoca a de uma popula o que est distribu da de forma est tica em v rios ambientes desde sempre e para sempre ou seja o mapa nos convida a olhar as coisas de forma est tica pois vemos as reas divididas em cidades estados pa ses Nessas reas tem popula o aqui tem popula o e isso nos acena a ver que nesta rea se tem popula o tem densidade tem formas de ocupa o tem as proporcionalidades entre g neros e que as reas s o diferentes s o distintas e a ideia de distribui o cont m necessariamente a din mica da mobilidade claro que podemos mostrar essa distribui o de forma hist rica mas ainda a imagem do limite da fronteira ainda muito forte ent o quando mostramos o mapa as porcentagens de crescimento populacional a distribui o espacial se n o trabalhadas de forma problematizadora com os alunos podem concluir que as popula es est o estanques cada uma presa no seu lugarzinho Defendo que a ideia de renova o da Geografia tem que tentar mobilizar os alunos para entender a din mica do espa o no qual a popula o est nitidamente inclu da e para mim
237. cally and act locally since we wish to understand and contribute to the development of population studies in Geography Nonetheless we tried to incite reflections and actions on this complex and challenging issue because it deserves more attention by Geography teacher researchers since there is much to do and so much to contribute to the development of geographical science as for Geography Population Key words population Geography Population Geography geographical science LISTA DE QUADROS Quadro 1 Siglas das universidades brasileiras que possuem curso de p s gradua o em Credgrana Strict sensi hi eric ae heeri ea cabo ado s Eate api sono d iii ANPR E Soco aba cipa PEARES 192 Quadro 2 Universidades que trabalham com quest es afetas a popula o na p s PTAQUA O o maia desgra a po Aa e a a a E E 194 Quadro 3 Universidades onde n o foi poss vel o acesso aos dados para a pesquisa 196 Quadro 4 Gradua o das institui es pesquisadas que possuem a disciplina Geografia da POpUIA O nenori E a lc pao R T ad an aa 203 Quadro 5 Temas mais citados na p s gradua o e na gradua o relacionados aos estudos POQUIACIONAIS sopa Uia ca AS SS SO a 208 Quadro 6 Carga hor ria destinada disciplina de Geografia da Popula o 211 Quadro 7 Universidades que tiveram seus planos de ensino analisados 215 Quadro 8 Autores mais citados nos planos de ensino analisados
238. cessidades das pessoas os grandes centros na maior parte das vezes s o as reas de maior atra o populacional em especial pelas supostas oportunidades que s o oferecidas mas ao mesmo tempo se torna um ambiente afugentador sobretudo para aqueles que n o reconhecem nesses espa os elementos que lhes transmitam seguran a e acolhimento Essas pessoas em sua maioria s o imigrantes e quando falo de imigrantes inevitavelmente 280 lembro me do meu pai um imigrante liban s pobre num pa s distante e com pouqu ssimos meios para sobreviver O Brasil foi para ele a terra da oportunidade de fugir da guerra e da fome Aqui fez sua vida aprendeu precariamente o idioma e buscou seu lugar entre outros tantos iguais e diferentes dele Seu ref gio foi uma cidadezinha no interior da Paran que atualmente tem aproximadamente 10 dez mil habitantes Trabalhou uma vida inteira e no seu leito de morte ainda se lamentava por n o ter feito mais Essas palavras e o exemplo est o gravados na minha mem ria e nos faz acreditar e repudiar ainda mais este sistema econ mico t o excludente que faz com que as pr prias pessoas se culpem pelos seus fracassos como se os motivos para a t o almejada ascens o econ mica que diga se de passagem t o bem propalada pelos meios de informa o fosse op o escolha e n o algo determinado por um paradigma de vida que se pauta num sistema econ mico que n o para todos e se assim o fosse certam
239. cimento cient fico 297 4 6 Produ o de conhecimentos uma necessidade real e ererererereea 304 CONSIDERA ES FINAIS usp nte a AT N aa 314 REFERENCIAS EAE E E MEIE a Algo Un ao cp pe EE a ca a a nado 324 AP NDICE Roteiro de entrevista realizada com os professores que ministraram disciplina de Geografia da Popula o css arenen a lt Los a db e lado oa Enade Lusde rosana 339 INTRODU O Os homens encontram nas pr prias crises a for a para supera o O ser humano sabe fazer dos obst culos novos caminhos porque vida basta o espa o de uma fresta para renascer Nesta tarefa o primordial negar nos a sufocar a vida que podemos dar a luz Defender como heroicamente fazem os povos ocupados a tradi o que nos revela quanto de sagrado h no homem N o deixarmos desperdi ar a gra a dos pequenos momentos de liberdade que podemos desfrutar uma mesa compartilhada com pessoas que amamos umas criaturas que amparamos uma caminhada entre rvores a gratid o de um abra o Gestos de coragem como saltar de uma casa em chamas N o s o atos racionais mas isso n o importa nos salvaremos pelo afeto Ernesto S bato 15 Para dar materialidade ao projeto de pesquisa apresentado para ingresso no curso de Doutorado em Geografia da Universidade Estadual de Maring UEM intitulado inicialmente As Diferentes Abordagens sobre Popula o ao longo da hist ria da Geograf
240. classe dominante A Geografia propagava que o bom cidad o era aquele que n o se opunha aos ditames da m quina capitalista Essa forma acr tica despolitizada de ensinar Geografia estava fortemente associada metodologia tradicional intensamente empregada no ensino dessa disciplina e se respaldava numa abordagem positivista do mundo Assim predominava uma vis o naturalizadora e conservadora da sociedade que representava o ide rio burgu s conservador que de t o conservador tornava se reacion rio Por meio do positivismo poss vel perceber que os interesses da burguesia se legitimavam uma vez que o positivismo reconhecia inclusive a pr pria desigualdade social como um fen meno natural O ensino da Geografia na escola articulado pedagogia tradicional estava voltado para a descri o dos lugares sem atribuir a eles nenhuma rela o com a a o humana Privilegiava se exaustivamente o uso da mem ria para decorar as li es listas de nomenclaturas sem sentido que em pouco ou em nada contribu am para despertar o interesse do aluno Desse modo procurava se criar a imagem da p tria associada a uma sequ ncia linear de conte dos numa abordagem enciclop dica fragmentada que 51 privilegiava a observa o a localiza o a classifica o a descri o e memoriza o em detrimento da an lise e da interpreta o As breves considera es realizadas at o momento s o para situarmos um pouco o desenvolvimento do
241. como in til que o palavreado da geografia exerce sua fun o mistificadora mais eficaz pois a cr tica de seus fins neutros e inocentes parece sup rflua LACOSTE 1977 apud MOREIRA 2007 p 61 V rias cr ticas foram feitas Geografia pragm tica brasileira por servir ao planejamento e auxiliar o regime militar Contudo vale ponderar que cada momento hist rico adotava concep es filos ficas que contribu ssem ou estivessem de acordo com as necessidades mais iminentes Na qual cada um desses modelos ou paradigmas p de a seu modo colaborar ou n o para a aquisi o e constru o de conhecimento Lembrando que n o h neutralidade na produ o cient fica e dessa forma os estudos de popula o postulados sob a batuta do pragmatismo avan ou em termos de coleta de dados e no aprimoramento de t cnicas de an lises por m atenderam as especificidades do Estado que tinha como gide fundamental o conhecimento do territ rio brasileiro seus limites fronteiras e seu povo mesmo que em termos num ricos Pois por meio dessas informa es era poss vel por exemplo a ado o de pol ticas p blicas ou medidas paliativas ou provis rias que viabilizassem o desenvolvimento da na o e o fomentar o ide rio do bem estar social O processo de produ o do conhecimento na Geografia acompanhou as necessidades e condi es hist rico sociais de cada per odo Nesse sentido ora uma ora outra concep
242. completa da rela o da sociedade com o meio Assinala ainda que o grande problema da Geografia seja por exemplo estudar dentro de um espa o definido todas as rela es de causalidade dos fen menos de consumo no sentido mais amplo do termo o que teria como pressuposto o estudo da produ o de recursos de grupos hist ricos entre outros ou seja novamente ele ratifica que as an lises amplas dificultam o entendimento dos processos humanos Assim o autor nos leva a crer que a superficialidade e a enorme gama de responsabilidades conte dos e correla es da Geografia s o os grandes obst culos dos estudos geogr ficos E destaca a dist ncia entre a 71 Geografia escolar e a pesquisa universit ria criticando o primeiro como respons vel pela abordagem de uma grande gama de conhecimentos formais que d o uma imagem distorcida da Geografia A partir dessa r pida explana o acerca do pensamento de P George podemos notar que para ele a riqueza da Geografia consistia na possibilidade de entendimentos dos fen menos menores j que a nsia de dar conta de uma gama complexa de informa es tenderia a levar a Geografia s formula es generalizadoras Nos Estados Unidos a contribui o de Trewartha 1953 foi muito importante para a Geografia da Popula o o professor Odeibler Guidugli afirmou que o tema da popula o na Geografia passou a ter influ ncia compar vel a de P George na Fran a Contudo Trewartha dizia qu
243. conhecimento produzido ou trabalhado pela Geografia da Popula o bem como na sua utilidade inclusive para romper com os excessos e com o aspecto da abstra o presente nas abordagens da Geografia Todavia t o importante quanto renova o da metodologia definir as bases te ricas que se fundamenta a Geografia da Popula o pois na articula o entre elas que podem surgir as explica es sobre os tipos de processos que a acompanham e posteriormente seu enfrentamento Quando situamos as explica es metodol gicas como definidoras procuramos encontrar o modelo a partir do qual qualquer tema possa ser trabalhado o que pode recorrer em sucessivos erros uma vez que n o h manuais ou receitas para se desenvolver qualquer assunto importante salientar ainda que conte do metodologia e m todo embora distintos n o existe um sem o outro e portanto precisam estar articulados e com propostas claras Desse modo defendemos que deveria estar sempre presente nas 319 abordagens populacionais de Geografia o trabalho da autocr tica e da observa o e investiga o j que n o existem metodologias infal veis e o processo dial tico de nega o da nega o leva nos a s ntese de conceitos e conhecimentos relativamente importantes para o desenvolvimento e reconhecimento dessa rea Para que os estudos populacionais alocados na Geografia sejam significativos e contribuam para a forma o de sujeitos aut n
244. contrados onde foi poss vel identificar uma contribui o acerca das quest es populacionais genuinamente geogr ficas talvez uma poss vel resposta para esta situa o esteja na pr pria fragmenta o do conhecimento s an lises microsc picas dos fen menos populacionais acabam por reduzir o campo de investiga o e outra hip tese a dificuldade da Geografia de trabalhar de forma interdisciplinar Ao se referir a an lises genuinamente geogr ficas esta observa o est vinculada ideia de interdisciplinaridade na qual o trabalho intelectual dependeria da exist ncia de pessoas formadas em reas espec ficas e que em determinados momentos buscam formas de coopera o entre si e entre as reas j que as universidades atuais se configuram como um espa o m ltiplo diverso e para que a interdisciplinaridade ocorra importante que haja espa o para a aceita o das diferen as e do pluralismo de ideias e valores Mas como as rela es de produ o est o imbricadas com as rela es de poder n o h como desconsiderar o fato da necessidade de certa defesa ideol gica por parte dos estudiosos dos temas como investigamos para que a pesquisa e o ensino em Geografia da popula o se mantenham em alguns momentos necess rio fazer uso de atitudes militantes acreditamos inclusive que isso tenha sido um meio utilizado para que esta rea n o desaparecesse completamente Os cursos de p s gradua o strictu sensu no Bras
245. contudo h uma grande confus o quando se aborda os temas populacionais na Geografia ora enfatizam se os dados n meros 317 lembrando que esses s o important ssimos pois a partir deles por exemplo podemos problematizar e dar materialidade aos estudos de popula o todavia isso nem sempre ocorre Ora predominam interpreta es descritivas como se tivemos que somente contar o n mero de pessoas num determinado espa o geogr fico sem levar em considera o as causas e os fatores que alteram e influenciam transformam suas vidas inclusive dando a impress o que esses nem existem Tratando a popula o como um mero dado sem nem reconhecer se como parte dela Os problemas surgem quando essa situa o conduz massifica o de conhecimentos e n o a sua problematiza o As propostas de reformula o da Geografia da Popula o deveriam ter o objetivo de explicitar as possibilidades de a Geografia cumprir pap is politicamente voltados aos interesses das classes menos favorecidas e n o somente da classe dominante Contudo essa perspectiva ainda n o se realiza em sua totalidade Nesse ponto de vista os estudiosos alertam para a necessidade de se considerar o lugar e a realidade dos sujeitos como refer ncia inicial para o estudo entendimento e reconhecimento do espa o geogr fico E isso cabe tamb m as forma de abordagem dos estudos populacionais Nesse sentido esses estudos n o devem se pautar apenas pela descri
246. cupa es do ge grafo colocar os fatos humanos em rela o com a s rie de causas naturais que podem explic los e recoloc los desta maneira no encadeamento do qual faz parte O entendimento dessas causas nos esclarece sobre os modos de vida e os h bitos materiais dos homens Esta influ ncia do meio f sico ambiental como dizem certos americanos manifesta se em toda a parte em todos os dom nios da atividade humana em exemplos entre os quais o ge grafo s tem o embara o da escolha numa depend ncia causal que se encontram frente a frente os tr s termos de uma associa o que une estreitamente uma planta um animal dom stico e um modo de vida isto o l quen a rena e o Lap o DEMANGEON 1952 p 27 Com essa defini o de Geografia Humana podemos perceber que n o poss vel abranger todo o estudo das rela es humanas com o meio natural A defini o por ser extremamente ampla acaba afastando se da compet ncia da Geografia Humana e ligando a outras ci ncias Torna se relevante relembrar que as an lises primitivas da coletividade humana pautavam se numa vis o descritiva assim a Geografia do homem era principalmente uma ci ncia descritiva Embora como escreve Moraes n o uma falha para uma ci ncia ser descritiva desde que ela n o se limite exclusivamente ao trabalho de descri o por m nesse caso a ci ncia n o atingiria seus objetivos MORAES 1990 p 65 94 Em vistas de esclarecer
247. cupou na ci ncia geogr fica As preocupa es em definir o campo da Geografia da Popula o como espa o e rea de conhecimento levam nos a especular sobre algumas quest es preocupa o com a fundamenta o epistemol gica da Geografia da Popula o que apresenta v rios aspectos te ricos como o de formar um corpo crescente de conhecimento ou seja um conjunto de ideias e teorias estabelecidas em forma de conhecimento cient fico organizado Estudos dos programas ou planos de ensino da disciplina que proporcionam um marco coerente para o ensino e para a pesquisa e que permita facilitar a elabora o de teorias progressivamente mais consistentes e abrangentes N o obstante h um aspecto importante para pensarmos a quest o da Geografia da Popula o isto seus estudos e an lises na maior parte das vezes est o alicer ados na atividade dos sujeitos do processo e n o somente l gica de seus conte dos e m todos necess rio considerar que a investiga o de seus aportes conceituais assim como suas abordagens metodol gicas s o proje es da rea do conhecimento de qual derivam portanto produto da a o humana e suas intencionalidades Por isso e para que possamos realizar uma reconceitualiza o ou revisita da Geografia da Popula o optamos em historicizar seu desenvolvimento para isso recorremos a uma revis o cr tica do desenvolvimento da Geografia da Popula o e dos dispositivos que a fundamenta enqua
248. dades geogr ficas viveram um per odo ureo foi poca em que a Etnografia e a Antropologia ganharam forte express o como ci ncia e se lan aram pesquisa nas mesmas reas de atua o da Geografia At cerca dos anos 1870 estes campos de conhecimento atuavam juntos ao da geografia no interior das Sociedades quando ent o se separam Melhor preparadas que a geografia para o levantamento dos quadros culturais em particular os rituais e a l ngua em suas rec procas rela es a etnografia e a antropologia v o deslocando para si as tarefas de estudos e cadastramento desse campo de conhecimento Por outro lado quando a biologia surge tamb m se dedicando ao levantamento das formas de fauna e flora dos continentes analisadas junto a todo o quadro da natureza identificando se com o tema da hist ria natural Restringida em 120 seu campo a geografia vai limitando se a um elenco menor de atividades levando as Sociedades de Geografia a coabitar o mundo institucional com entidades cong neres surgidas junto emerg ncia daqueles saberes erguido condi o de formas maiores de ci ncia Por volta de 1920 o n mero de Sociedades de Geografia continua a crescer por m agora nos ambientes extraeuropeus MOREIRA 2009 p 9 O surgimento da Geografia universit ria acontece na medida em que os conhecimentos geogr ficos s o transformados pela atua o das pr prias Sociedades Assim seu aparecimento est vinculado primei
249. de popula o realizados nas salas de aula dominados pela vis o evolucionista Para ele o m todo de estudos de popula o na Geografia apresentava inexist ncia de historicidade do fen meno populacional e sua compartimenta o O autor ofereceu uma importante contribui o ao criticar a fragmenta o desse recorte tem tico em crescimento estrutura e distribui o da popula o e prop s que se integrasse o homem sociedade da qual faz parte e que n o se dissolvessem essas duas categorias Cabe enfatizar que a abordagem sobre crescimento da popula o tema bastante difundido na Geografia da Popula o deixou de ser puramente quantitativa e voltou se para uma an lise qualitativa em que as teorias e pol ticas demogr ficas passaram a ser enfatizadas e onde a rela o desenvolvimento e popula o mais recentemente incluindo tamb m a natureza ganharam nfase importante discutir tamb m o papel das pol ticas oficiais e analisar seus efeitos na sociedade imprescind vel estabelecer rela es entre popula o desenvolvimento e natureza sem com isso refor ar o discurso neomalthusiano j incorporado pela m dia e com isso privar as pessoas de uma reflex o cr tica e essencial para defini es de escolhas individuais e coletivas Os assuntos atinentes popula o t m fortes implica es territoriais e sociais a quest o do crescimento populacional por exemplo tem grande import ncia para o Estado como gestor do
250. de Geografia para verificar a divulga o das publica es cient ficas cujo objeto de investiga o foi a Popula o O estudo de Geografia da Popula o nas d cadas de 1980 e 1990 como demonstrou a pesquisa do professor Odeibler Santo Guidugli era bastante disseminado o contr rio do que se percebe hoje onde em busca realizada sobre o tema foram localizadas 36 trinta e seis universidades que apresentam em sua grade curricular a disciplina de Geografia da Popula o somando gradua o e p s gradua o perfazendo um total de 92 noventa e dois cursos analisados sendo 46 quarenta e seis programas de p s gradua o recomendados pela Capes e respectivamente seus 46 quarenta e seis cursos de gradua o distribu das em todas as regi es do Brasil como podemos observar nos quadros a seguir O primeiro quadro 1 trata do levantamento dos programas de p s gradua o em Geografia reconhecidos pela CAPES Quadro 1 Siglas das universidades brasileiras que possuem curso de p s gradua o em Geografia strictu sensu UNIVERSIDADES ESTADO UFAM AM UFBA BA UFC CE UECE CE Vale destacar que foram encontrados 36 cursos de 92 analisados somando gradua o e p s gradua o 193 UNB DF UFES ES UFG GO UFMG MG UFJF MG UFU MG UFMS MS UFGD MS UFMT MT UFPA PA UFP
251. de alguma forma dado resposta a quest o populacional portanto apenas era necess rio vigiar e exercer quando necess rias formas de controle para que o crescimento populacional n o viesse a prejudicar o desenvolvimento econ mico necess rio mile Levasseur fez em 1891 um estudo sobre a popula o francesa abordando as quest es de popula o notadamente a rela o entre crescimento demogr fico e crescimento econ mico e faz a cr tica da teoria malthusiana e da estimativa do valor do homem A contribui o de Levasseur para a Geografia brasileira foi importante uma vez que o autor estudou o pa s contribuindo assim com pesquisas sobre o Brasil colaborando com outros intelectuais do s culo XIX Para Levasseur o Brasil demonstrava saber quais as institui es quais os h bitos de trabalho e de economia quais os costumes pol ticos e sociais eram favor veis ao desenvolvimento pac fico de uma grande na o Desde a funda o do Imp rio sob um governo nacional e liberal e particularmente sob o reinado de um soberano que a Europa tinha apreciado pelas suas eminentes qualidades o Brasil havia dado um passo consider vel com a supress o gradual dos escravos decretada h 167 treze anos Esse passo havia sido dado de forma espont nea de previs o n o sob press o de outra pot ncia ou como resultado de lutas e desde essa poca continuava se a despender esfor os generosos no sentido de uma liberta o definitiva dos esc
252. de discuss o que ainda pode ser realizado contudo precisamos discutir como a Geografia pode participar e contribuir com esse processo e seus por qu s 4 A IMPORT NCIA DOS ESTUDOS POPULACIONAIS NA GEOGRAFIA De in cio creio como Schopenhauer que um dos motivos mais fortes conduzindo arte e ci ncia o desejo de evas o da exist ncia terra a terra com a sua aspereza dolorosa e o seu desolado vazio de liberta o das peias dos pr prios desejos eternamente vol veis uma for a impelindo os que a ela s o sens veis a sair da exist ncia pessoal para o mundo da contempla o e da compreens o objectiva esse motivo semelhante atrac o que leva o habitante da cidade irresistivelmente a sair do seu ambiente barulhento e confuso e procurar a paisagem calma dos altos montes onde o olhar se espraia pelo ar tranquilo e puro e acaricia as linhas calmas que parecem ter sido criadas para a eternidade A esse motivo negativo por m alia se outro positivo O homem procura formar para si de qualquer modo adequado uma imagem simples e clara do Mundo e vencer assim o mundo da vida banal tentando substitu lo at certo grau por essa mesma imagem o que faz o pintor o poeta o fil sofo especulativo e o cientista da natureza cada um sua maneira dessa imagem e da sua conforma o que ele faz o centro da sua vida afectiva para procurar aquela tranquilidade e seguran a que n o consegue encontrar no turbil
253. de onde tr s pessoas formam um todo sendo distintas e separadas A santa trindade um interessante exemplo de complexidade teol gica onde o filho torna a gerar o pai que gera e onde as tr s inst ncias se geram entre si A dial gica da Terra precisa ser concebida de um modo diferente mas igualmente dif cil Isto ela continua andando sobre quatro pernas diferentes ou seja sobre a perna do empirismo da racionalidade da imagina o e sobre a perna da verifica o Mesmo assim est o presentes a dualidade e conflito entre as vis es emp ricas que no m ximo se tornam racionalizadoras e lan am para fora da realidade quilo que escapa a sua sistematiza o De acordo com Morin racionalidade e empirismo mant m um di logo fecundo entre a vontade da raz o de se apoderar de todo o real e a resist ncia do real raz o Ao mesmo tempo h complementariedade e antagonismo entre a imagina o que faz as hip teses e a verifica o que as seleciona ou seja a ci ncia se fundamenta na dial gica entre imagina o e verifica o empirismo e realismo A ci ncia progrediu porque h uma dial gica complexa permanente complementar e antagonista Assim a dial gica comporta a ideia de que os antagonismos podem ser estimuladores e reguladores Para Morin a palavra dial gica n o uma palavra que permite evitar os constrangimentos l gicos e emp ricos como a palavra dial tica Ela n o uma palavra chave que faz com que as dif
254. de teses defendidas em Geografia n o representa necessariamente um crescimento num rico nas teses sobre Geografia da Popula o sobretudo porque a partir dos fins da d cada de 90 outras tem ticas come aram a despontar nas pesquisas em Geografia como as teses defendidas sobre a quest o de g nero mobilidade entre outras Gr fico 5 Teses sobre Geografia e Teses sobre Geografia da Popula o 1998 2010 Proporcionalidade entre o n mero de teses de Geografia e de Geografia da Popula o entre 1998 a 2010 m N mero de teses em Geografia da Popula o E N mero de teses em Geografia 373 369 205 215 253 175 182 nem 168 E ERES 0 a p B 1 0 1 1 6 m E 2 3 4 5 6 7 9 1 8 320 324 10 11 12 13 Fonte Coordena o de Aperfei oamento de N vel Superior Org MORMUL Najla Mehanna 2012 228 De acordo com os gr ficos anteriores podemos perceber que a pesquisa em Geografia da Popula o na Geografia n o ocupa um lugar de destaque na produ o cient fica brasileira O que refor a a tese do professor Odeibler quando relata A geografia n o uma religi o basta caminhar um pouquinho pela geografia por exemplo h duas d cadas falar em g nero de vida era o topo hoje n o mais Mas naquele momento captamos o problema e discutimos em compensa o nos deparamos com novos temas no desenvolvimento da geografia e que decorrem da sociedade N s estamos prestando aten o na sociedade A u
255. definido e t o pouco seguido pois as opini es valores e convic es s o as mais variadas poss veis e est o tamb m repletos de sentimentos e emo es O n mero baixo de nascimentos durante algum tempo causava certo desconforto tanto nas pessoas quanto nos governos Isso levou muitos pa ses europeus na transi o do s culo XIII para o XIV a enfrentar problemas relacionados ao n o crescimento da popula o Essa situa o estimulou que os te logos come assem a rever suas posi es frente ao tema v lido destacar que os assuntos afetos ao crescimento demogr fico sempre estiveram presentes na hist ria da humanidade por m muitas dessas preocupa es n o eram amplamente difundidas com toda a sociedade Contudo estavam muitas vezes associadas ao desenvolvimento das na es ou seja aos interesses de alguns Nesse contexto os conceitos morais como a castidade e a virgindade continuamente entraram em debate assim como a legalidade das pr ticas contraceptivas No entanto as ideias apregoadas e defendidas pelas proibi es b blicas como a discuss es sobre o onanismo exerceram forte influ ncia no debate sobre o tema Ao recorrer hist ria percebemos que h mais de 40 quarenta mil anos quando havia sobre a superf cie terrestre aproximadamente meio milh o de pessoas o aviso da superpopula o parecia muito remoto Todavia porque o crescimento demogr fico estava associado possibilidade de produ o de aliment
256. deixaram livres a mim e a outros colegas para trabalhar considerando as metamorfoses socioculturais e a Popula o entrevista concedida a pesquisadora abril de 2011 Assim para romper com o formato n o instrumental dos estudos populacionais imprescind vel a supera o ou substitui o de alguns conceitos ou concep es presentes nesses estudos Como por exemplo a concep o de popula o estanque ou concebida que prevalece ao se estudar essa tem tica como se as pessoas num dado espa o fossem objetos de contempla o e n o de investiga o Vale salientar a participa o do pesquisador e que seu modo de perceber e entender a realidade incidir no resultado de suas an lises Odeibler ao tecer cr ticas da forma como o ge grafo lida com as quest es demogr ficas diz No caso da Geografia as pessoas come am assim considerando a como dona do espa o e de quem o espa o O espa o da Geografia Pois assim que muitas an lises come am como se a Geografia fosse dona do espa o mas esse espa o tem popula o e essa popula o muda e muda quantitativamente e qualitativamente quantitativamente quanto ao seu n mero no total de habitantes e qualitativamente muda em termos de fecundidade na medida em que essa se altera muda na quest o da mortalidade infantil muda em rela o ao ndice de sobreviv ncia de expectativa e forma de vida Mas sobretudo ela muda espacialmente e para o ge grafo
257. demos entender porque o di logo entre popula o e Geografia se d na maior parte das vezes de modo fragmentado Ao nos apropriamos do pensamento de Morin podemos perceber que as ci ncias de modo geral encontram dificuldades em pensar o homem em sua ess ncia desse modo as an lises da popula o s o comumente realizadas baseadas em dados e n o no intr nseco relacionamento entre o homem seu meio de vida t o pouco na quest o do poder do Estado e os efeitos que as pol ticas exercem sobre a popula o Conhecer o humano n o separ lo do Universo mas situ lo nele Todo conhecimento para ser pertinente deve contextualizar seu objeto Quem somos n s insepar vel de onde estamos de onde viemos para onde vamos Pascal j nos havia situado corretamente entre dois infinitos o que foi amplamente confirmado no s culo XX pela dupla evolu o da Microf sica e da Astrof sica Conhecemos hoje nosso duplo enraizamento no cosmo f sico e na esfera viva MORIN 2010 p 37 Para ele superar essa condi o a seu ver preciso uma ci ncia antropossocial que concebesse a humanidade em suas diversidades individuais e culturais MORIN 2010 Considera assim que todas as ci ncias podem ser mobilizadas de modo a convergir para a condi o humana que para ele significa O estudo da condi o humana n o depende apenas do ponto de vista das ci ncias humanas N o depende apenas da reflex o filos fica e das descri
258. demos identificar o quanto a pesquisa e publica o em popula o na Geografia irris rio Isso demonstra que h certa fragilidade ou desinteresse por parte dos ge grafos e professores de Geografia em lidar com a tem tica havendo um completo esvaziamento na publica o como foi poss vel perceber Vale destacar que analisamos o Boletim Paulista de Geografia at o ano de 2005 pois dessa data em diante encontramos algumas dificuldade em manter uma sequ ncia que nos permitisse dar unidade ao trabalho Mas em conversa na Associa o de Ge grafos Brasileiros de S o Paulo percebemos o quanto as fontes ligadas Geografia da Popula o s o escassas apesar de ficarmos por horas vasculhando o arquivo da AGB pouco se encontrou que pudesse contribuir com nossa pesquisa Mesmo reconhecendo e verificando que a Geografia da Popula o n o uma rea de interesse dos pesquisadores da Geografia mas sempre h aqueles que encontram nela seu brilho e seu valor e para demonstrar isso vou novamente me valer da fala do professor Odeibler S Guidugli quando apontou De vez em quando encontramos algu m que se atreveu a escrever um livro de Geografia da popula o que por sinal ficou interessant ssimo e quando se vai ler prov vel que algumas ideias ali expostas precisam de tempo para a matura o Ent o se cria um conjunto de ideias que me permite citar uma parte do seu trabalho e que mostra que n o h todo esse avan o de popula
259. denominou de nova Geografia os estudos de popula o sofreram algumas rupturas nas formas de suas abordagens especialmente pela maci a interven o da estat stica e da matem tica aos estudos populacionais O que promoveu um apanhado significativo de dados e informa es quanto din mica populacional influenciados especialmente pela escola norte americana e a cria o dos Institutos geogr ficos No que concerne o momento de maior ades o da chamada Geografia da percep o not vel que o historicismo bem como o neopositivismo e tamb m a fenomenologia atribuiu aos estudos de popula o um olhar a partir da individualidade das sensa es do empirismo e por meio disso instigou uma maior aproxima o com rela o natureza formando neste momento uma mescla te rica e metodol gica que ora se aconchegava com o positivismo em outros momentos refutava ou reativava o com mais intensidade atribuindo o nova roupagem e em outros se apropriava dos pressupostos da fenomenologia E durante o advento da chamada Geocr tica foi o per odo no qual as abordagens te ricas e metodol gicas dos estudos de popula o sofreram maiores transforma es por conta da incorpora o da dial tica e da elabora o de an lises mais acuradas acerca dos desdobramentos e interfaces do sistema capitalista e das rela es humanas com nfase na quest o do trabalho na sobreviv ncia da popula o na expectativa de vida nos moviment
260. di logo com a Geografia urbana um caminho para que a Geografia da Popula o possa quem sabe perceber qual trajeto trilhar e com qual finalidade conscientes que n o teremos condi es de aprofundar os estudos de urbana na Geografia Nossa inten o foi verificar nesse momento a rela o entre essas reas e se h este reconhecimento Nesse sentido que nos propomos a discutir menos que parcialmente esta quest o por acreditar na viabilidade pol tica social e cultural deste debate 284 Diante de um panorama amplo como o trabalhado pela Geografia urbana a qual por sinal infelizmente n o nos aprofundamos possibilita nos dizer que a Geografia devido sua politiza o pode contribuir na conquista da autonomia cient fica que se reflete nos campos cient ficos no qual a Geografia da Popula o pode se destacar Trata se da especificidade de seu campo cient fico pois defendemos que quanto mais os campos cient ficos s o aut nomos mais eles escapam s leis sociais externas e importante destacar aqui que ser aut nomo n o significa se isolar do contexto mas ter voz e vez na produ o e reprodu o do conhecimento assim como seu reconhecimento Dessa forma a autonomia almejada por todo campo cient fico no qual seus agentes esfor am se para isso atrav s de instrumentos conceitos categorias que permitam o avan o da ci ncia bem como de suas reas e no caso da Geografia da Popula o almejamos seu aprimo
261. dicionadas Um dos fatos incontest veis da organiza o da pesquisa no ltimo s culo Uma extraordin ria explos o disciplinar A grande divis o do trabalho intelectual se traduziu por uma acelerada e extremada especializa o dos conhecimentos as pesquisas emp ricas passaram a exigir o aprimoramento de um sofisticado arsenal de t cnicas e m todos constituindo a verdadeira caixa de ferramentas dos pesquisadores A fragmenta o dos saberes foi t o exagerada que nenhum pesquisador se considera mais qu mico mas um especialista da combust o de materiais comp sitos Ningu m mais se julga bi logo mas um especialista do comportamento desta ou daquela esp cie animal Temos hoje milh es de historiadores Mas n o h mais uma cadeira de hist ria das civiliza es N o podemos mais falar de uma Psicologia pois h v rias abordagens dos fatos ps quicos segundo os consideremos sob o ngulo das condutas exteriores das dimens es inconscientes dos processos biol gicos ou dos estados mentais E assim por diante JAPIASSU 2012 p 28 29 Percorrer o campo do conhecimento geogr fico tendo em vista o universo de especializa es fragmenta es existentes e atrav s dele identificar e explicitar a quest o da popula o n o uma tarefa f cil Diante dos limites e das possibilidades existentes nosso objetivo n o fazer uma s ntese ou uma severa cr tica acerca do disciplinamento da ci ncia geogr fica Nosso intento tent
262. dicos luz das condi es de produ o da vida material da poca correspondente Sua cr tica economia pol tica descrita como uma vis o de conjunto sistem tico de todo o complexo da ci ncia econ mica desenvolvimento coerente com as leis da produ o burguesa e da troca burguesa Explica o m todo l gico e hist rico a partir da primeira rela o econ mica com a qual nos deparamos no capitalismo a economia pol tica come a com a mercadoria com as trocas que a produzem Nesse sentido percebemos que as preocupa es de Marx se referiam ao processo e desenvolvimento do capitalismo do seu tempo por m a dial tica e o m todo por ele desenvolvido nos permite tamb m avan ar nas quest es que tange as abordagens populacionais na Geografia pois possibilitam que an lises sobre as rela es entre sujeitos e sociedade evidenciando que essas est o repletas de contradi es e tamb m de condi es para sua poss vel supera o 190 Karl Marx bucou superar dialeticamente o Idealismo de Hegel a filosofia dos neo hegelianos e o materialismo abstrato de Feuerbach Para Marx toda a filosofia anterior se deteve em analisar o mundo e suas representa es sem que observasse o homem como o produtor da sua hist ria e de suas ideias Todos esses fil sofos se preocuparam em legitimar o estado de coisas constitu do na sociedade estimulando que os valores morais eram valores de ordem divina metaf sica E na medida em que o pr prio
263. din mica e dial tica da qual suas an lises deveriam brotar desde que se fa am escolhas em prol de um conhecimento organizado sistematizado mas n o fechado em si mesmo Uma das quest es que nos passa a mente quando analisamos a popula o a quest o a quem interessa esses estudos e porque a Geografia deve ou n o se preocupar com isso N o podemos ser ing nuo ao ponto de achar que as pol ticas populacionais s dizem respeito a uma pequena parcela da sociedade deve se enquanto pesquisador e acima de tudo professor pensar que o mundo est sendo construindo ou o que se quer construir e diante disso provocar a reflex o a pr xis no sentido de buscar entender de que forma os estudos de popula o podem ou n o auxiliar na melhoria da vida de todos e at no entendimento da din mica social Para finalizar a discuss o acerca da varia o entre as cargas hor rias destinadas a disciplina ou seja entre a universidade que apresenta maior carga hor ria e a menor relevante complementar e relembrar que o fato da disciplina Geografia da Popula o ter 213 uma carga hor ria maior em determinada universidade n o significa dizer que ela possui um melhor ensino ou maior comprometimento com as an lises populacionais N o obstante se ofertada uma carga hor ria anual maior isso pode representar que no rol de disciplinas ofertadas para o curso de Geografia de tal localidade h uma maior resist ncia ou necessidade em se mant
264. ditora UFPR 2001 ARA JO J T N de O centro liberal Bras lia Senado Federal 1979 ARA JO L L Introdu o filosofia da ci ncia Curitiba Ed UFPR 2003 ARIST TELES A Pol tica Livro I In Os Pensadores S o Paulo Nova Cultural 1999 AZEVEDO A de A Geografia a servi o da pol tica In Boletim Paulista de Geografia S o Paulo N mero 21 Outubro de 1955 Dez anos de ensino superior de Geografia In Revista Brasileira de Geografia Rio de Janeiro Abril Junho de 1946 Geografia Humana do Brasil 12 ed S o Paulo Cia Editora Nacional 1956 325 SILVEIRA J D da O ensino da Geografia na Faculdade de Filosofia da Universidade de S o Paulo In Boletim Paulista de Geografia S o Paulo n 1 Mar o de 1949 AZEVEDO A de A Geografia em S o Paulo e sua evolu o Boletim Paulista de Geografia S o Paulo n 81 p 57 76 2004 BACON F Novum Organum Verdadeiras Indica es Acerca da Interpreta o da Natureza In Bacon S o Paulo Nova Cultural 1979 p 13 231 Col Os Pensadores BARROW apud CIPOLLA C M Hist ria econ mica da popula o mundial Tradu o de Sergio Flaksman Local Rio de Janeiro Zahar 1977 BEAUJEU GARNIER J Geografia da popula o S o Paulo 1974 BITTENCOURT C M F Org O saber hist rico na sala de aula 10 ed S o Paulo Contexto 2005 Ensino de Hist ria Fundamentos e M todos S o Paulo Cortez 2005 Disciplinas escolares
265. dividi lo em pequenas partes donde deriva a ideia chave de separabilidade e reflete nas disciplinas cient ficas dando origem nova fragmenta o Para Morin a separa o entre o observador e sua observa o ou seja entre humanos e seus objetos de conhecimento tinha valor de certeza absoluta O conhecimento cient fico objetivo implicava a elimina o do indiv duo e da subjetividade A l gica a separabilidade e a ordem levaram para a ci ncia cl ssica essa certeza absoluta na qual ela se baseia E os resultados t m sido t o brilhantes que acabaram paradoxalmente colocando em xeque os princ pios fundamentadores da separa o Foi ordem isto o determinismo tudo o que escapa ao acaso s perturba es e imprevis o que entrou primeiro em crise Com efeito a termodin mica introduziu a desordem molecular no fen meno chamado calor Sabemos hoje que nosso Universo tem uma origem calor fica surgiu de um fen meno t rmico inicial uma esp cie de explos o seguida de enorme agita o A presen a da desordem universal se revela em todos os n veis microsc pico cosmof sico e tamb m hist rico humano Em rela o a este lembramos que a hist ria n o se reduz a processos determin sticos rever doutrinas e tiveram aplica es nas mais diversas reas da filosofia ind stria b lica A teoria qu ntica por exemplo derrubou certezas da F sica e as substituiu pela no o de probabilidade A relati
266. do creditada por muitos te ricos como o primeiro paradigma a caracteriz la Segundo o entendimento convencional os te ricos deterministas afirmavam que as condi es naturais em especial as clim ticas eram decisivas para a evolu o do homem que por conseguinte desenvolver se tam povos ou pa ses que se encontrassem em reas clim ticas mais favor veis Essa corrente de pensamento criava uma depend ncia grande do homem com a natureza A tese do determinismo ambiental era pautada nas teorias naturalistas de Lamarck e Darwin em 1809 o bi logo franc s Jean Baptiste Lamarck prop s uma teoria para explicar de qual maneira os seres vivos evolu am Segundo Lamarck uma grande altera o no meio ambiente provocaria em uma esp cie uma necessidade de se modificar Ele baseou sua teoria em duas suposi es a lei do uso e desuso e a lei dos caracteres adquiridos Charles Robert Darwin 1809 1882 foi um naturalista brit nico que prop s 122 uma teoria para explicar a sele o natural Esta teoria se desenvolveu e foi considerado o paradigma central para explica o de diversos fen menos na Biologia Darwin come ou a se interessar por hist ria natural na universidade enquanto ainda era estudante Suas observa es da natureza levaram no ao estudo da diversifica o das esp cies e posteriormente ao desenvolvimento da teoria da Sele o Natural Estas teorias foram adotadas pelas ci ncias sociais que viram nelas a possibilidade
267. do mediante o oferecimento de recompensas pela aceita o das metas propostas amea a do emprego da for a no caso de n o aceita o emprego real da for a quando n o se obt m de outro modo aceita o As vari veis populacionais influem no poder relativo das na es no terreno da pol tica internacional mas tamb m dos grupos empenhados em conflitos pol ticos dentro de uma na o Entretanto a influ ncia das var veis populacionais sobre o poder nem sempre simples Seria sobretudo um erro afirmar que o poder pol tico poder sempre ser fortalecido pelo aumento da popula o HERR 1972 p 151 Contudo essas constata es s o discut veis ao se analisar como a Geografia abordou e aborda as quest es ligadas popula o ao longo de sua hist ria As concep es e pressupostos te ricos e metodol gicos dominantes na hist ria da ci ncia geogr fica pouco ou nada contribu ram para o enriquecimento e aprofundamento das an lises geogr ficas acerca da din mica populacional com raras exce es O que predomina ao se enveredar pela Geografia e nela analisar a popula o s o observa es reducionistas pautadas numa vis o positivista de ci ncia com forte apego dos ideais malthusianos que colaboraram por traduzir os estudos de popula o em algo matematiz vel abstrato sem sentido e sem rela o hist rica com a produ o da vida humana Sem dizer da pouca infer ncia dos estudos populacionais com a produ
268. dos fundamentalmente econ micos sobretudo baseado no comportamento dos consumidores e fornecedores Almejavam se reduzir gastos com transportes de produtos ou seja esses postulados estavam atrelados a uma teoria na qual era poss vel diminuir o arranjo espacial dos centros de servi o Para tanto foram criados alguns modelos de arranjos espaciais com formas e contextos diferenciados Durante o predom nio da nova Geografia os indicadores estat sticos invadiram os estudos populacionais Havia certa obsess o num rica em torno das quest es populacionais e no entendimento desses estudiosos essas quest es podiam ser explicadas atrav s do emprego de n meros tabelas gr ficas e pir mides que 169 dominaram o campo de estudos da Geografia da Popula o especialmente pelo desejo em transformar a Geografia em uma ci ncia exata quantific vel Para David Harvey o reconhecimento de que as dimens es do espa o e do tempo s o relevantes e de que h Geografias reais de a o social territ rios e espa os de poder reais e metaf ricos se tornaram vitais como for as organizadoras na geopol tica do capitalismo Foram constituintes de in meras diferen as e alteridades que t m de ser compreendidas tanto por si mesmas quanto no mbito da l gica global do desenvolvimento capitalista Para ele o materialismo hist rico enfim come a a levar a s rio sua Geografia O materialismo hist rico geogr fico portanto um modo de pesquisa
269. dos das conversas tidas com professores pesquisadores sobre a quest o do esvaziamento que algo concreto Esse mesmo processo tamb m est presente nos congressos e eventos cient ficos nos grupos de trabalho pois dificilmente encontramos pessoas que discutam a quest o da popula o e os trabalhos sobre a tem tica populacional muitas vezes s o alocados em reas consideradas mais pr ximas neste sentido o professor Helion P voa Neto lembra nos Percebo que o interesse sobre migra o continua vejo pessoas trabalhando com migra o mas quando tem encontro da ANPEGE e da AGB nunca vemos temas ligados Geografia da popula o a migra o aparece mas me parece que a Geografia n o reconhece muita autonomia a ponto de merecer uma rea de estudo pr pria seja talvez por que a cr tica que a Geografia fez h 30 anos s o quest es quantitativas e formais da an lise do espa o Talvez esse estere tipo da demografia como sendo quantitativa pode ter ficado muito associado Geografia da popula o Os processos sociais que foram estudados na Geocr tica ficaram ligados luta no campo e a migra o uma consequ ncia do desenvolvimento do capitalismo no campo a migra o um processo dentro do processo da urbaniza o mas acho que a migra o uma condi o din mica do espa o e n o simplesmente um reflexo n o existe uma migra o do nordeste para o sudeste porque h um desequil brio regional n o existe u
270. du o aos estudos da Geografia Moderna Geografia Elementar e Physiografia do Brasil Era o in cio do pensamento geogr fico cient fico no Brasil marcado pela influ ncia da escola francesa Delgado de Carvalho foi considerado por alguns autores o precursor dos estudos cient ficos de Geografia no Brasil e tamb m o primeiro ge grafo Contudo assim como Rui Barbosa pouco adiantou as posi es de Delgado de Carvalho j que os estudos geogr ficos continuaram a se desenvolver pautados por m todos considerados ultrapassados da Geografia que deveriam estar superados no entanto n o estavam Isso come aria a ser arcaico em partes somente ap s 1930 Assim espalhou se pelo pa s a cr tica entre a Geografia tradicional e a moderna A primeira baseava se excessivamente na descri o dos lugares e a segunda buscava atrelar a descri o com a explica o das peculiaridades que compunham os lugares Persistia ainda na Geografia a forte presen a dos interesses pol ticos visando sobretudo atender aos interesses da sociedade dominante Nesse sentido as transforma es oriundas ap s a d cada de 30 sobretudo no mbito pol tico e econ mico favoreceu o desenvolvimento das ci ncias entre elas a Geografia que passou a contar com cursos superiores As mudan as ocorridas nessa d cada provocaram altera es substanciais na forma de organiza o e administra o pol tica do pa s Os mecanismos voltados moderniza o da na
271. dutos de processos hist ricos econ micos e a investiga o desses fen menos bem como suas interpreta es e entendimentos desses processos podem ser diferentes esse o pressuposto que nos orientou na proposta de investigar a Geografia da Popula o no contexto dos cursos de p s gradua o e seus respectivos cursos de gradua o em Geografia do Brasil para termos um par metro de an lise do ensino e da pesquisa em n vel de Brasil mas cientes que as quest es disciplinares exigem an lises de muitos outros elementos como estamos tentando demonstrar ao longo dessa tese As fronteiras entre as disciplinas acad micas s o conveni ncias administrativas e n o barricadas Consequentemente o estudioso que nominalmente um dem grafo pode por vezes realizar um trabalho til de natureza geogr fica e um ge grafo pode ocasionalmente achar se trabalhando no campo da Demografia til notar entretanto que os dois campos se divergem em seus objetivos b sicos embora compartilhe um interesse comum pela distribui o territorial da popula o ZELINSKY 1969 p 12 A discuss o de Zelinsky realizada no fim da d cada de 1960 deixa viva a influ ncia da Demografia nos estudos de popula o sobretudo na Geografia da Popula o Mas mesmo assim o autor exp e que ambas as reas contribuem de forma diferente para o ensino e pesquisa sobre popula o A quest o que para a Geografia a clareza quanto a finalidade da Geografia
272. e desta generosidade que se nutre da morte do desalento e da mis ria FREIRE 2011 p 41 42 A universidade em nosso entendimento tem o desafio de refletir constantemente o valor e o sentido do conhecimento da cultura da ci ncia e at da autonomia da forma o de sujeitos que possam atuar criticamente na sociedade A produ o cient fica mais uma das formas de conhecimento do mundo mas n o a nica o problema aparece quando essa parece ser a mais importante se n o a nica fun o da universidade sobretudo quando percebemos o processo de verticaliza o que vem ocorrendo nos meios acad micos onde a gradua o parece ir aos pouco perdendo espa o e valor frente aos 312 avan os dos cursos de p s gradua o Um processo que a nosso ver deveria ser totalmente o inverso j que uma boa gradua o com professores e alunos comprometidos levaria consequentemente a uma p s gradua o de t o ou melhor qualidade mas o que vemos s o os professores mais qualificados irem limitando suas horas de trabalho na gradua o e dedicando se mais propriamente a p s gradua o Por que ser que isso ocorre H ainda rumores que haver concursos espec ficos para docentes ou seja concurso para trabalhar na gradua o e concurso para trabalhar na p s gradua o Acredito que daqui a algum tempo dever existir cursos para formar pesquisadores e outros para formar professores porque ao que nos parece
273. e mecanismos disciplinares que as ci ncias se organizam coletivamente Definem espa os de poder de aloca o de recursos e de reprodu o dos m todos e princ pios de constru o do conhecimento E esses espa os de poder e at de resist ncia demonstra que esse processo algo que se constr i na cotidianidade hist rica e muitas vezes pode se apresentar como controverso Apesar disso um exerc cio salutar pois permite um constante repensar em torno das pr ticas assim como das abordagens te ricas e metodol gicas e das estrat gias did ticas que compreendem as disciplina Diante disso perguntamos qual o lugar da Geografia da Popula o como campo disciplinar na Geografia brasileira Compreendemos que tal indaga o possa contribuir para se re pensar como est o os estudos dessa rea de conhecimento isto sua import ncia cient fico acad mica para a Geografia Para o desenvolvimento dessas reflex es procuramos sinalizar para as possibilidades da Geografia da Popula o se tornar um espa o de unidade das discuss es em torno das quest es populacionais debatidas por v rias ci ncias Sem com isso perder o olhar e o pensar geogr fico sobre determinados fen menos ou situa es mas por meio de um di logo rico e salutar com outras ci ncias e identificar o campo de atua o dos ge grafos e professores de Geografia Pretendemos ainda buscar entender s diferentes indaga es que se colocam na atualidade so
274. e Holanda procurou analisar a forma o brasileira com nfase no car ter humano considerado por ele como cordial Analisou tamb m a ideologia dos conquistadores e o desenvolvimento expansionista brasileiro 12 Em seu livro Casa Grande amp Senzala Gilberto Freire salientou as transforma es ocorridas com os negros no desenvolvimento da sociedade capitalista Caio Prado Junior enfatizou nessa obra caracter sticas geogr ficas e geoecon micas de v rias regi es do Brasil para ele a coloniza o sofrida pelo Brasil era fruto do capitalismo em sua expans o extraeuropeia 46 cria o desses cursos a Geografia brasileira passa a ser institucionalizada e forma professores de Geografia A forma o desses professores era influenciada pelas escolas geogr ficas dominantes ou seja a francesa e a alem posteriormente outras escolas se fizeram presentes como a norte americana que intensificou as interpreta es sobre a popula o Diante do exposto podemos verificar que a modernidade se delineou como um momento de grandes convuls es pol tico sociais na qual a Geografia se instaurava como uma ci ncia e uma disciplina importante do curr culo acad mico e escolar Contudo a import ncia da disciplina de Geografia perpassava tanto pelos interesses da classe dominante quanto pelo projeto pol tico de sociedade que se almeja construir A escola e a escolariza o se firmam ao longo do s culo XIX no mesmo momento em que se d a
275. e a Geografia da Popula o tem sido e continua sendo negligenciada em preju zo da Geografia em geral E um esfor o s rio e continuado deve ser feito para desenvolver um conceito de trabalho s lido acerca da Geografia da Popula o que pode ser aplicado amplamente tanto no ensino quanto na pesquisa O autor defende que a escrita metodol gica o resultado de ampla experi ncia em fazer pesquisa sobre um fundamento mais seguro do que aquele que desenvolvido pelo racioc nio filos fico dedutivo Para o autor a popula o um aspecto menosprezado na Geografia ao concluir que os ge grafos especialmente os americanos n o fizeram da popula o uma de suas principais preocupa es Nos estudos de Hartshorne 1899 1992 por exemplo v rias partes do campo da Geografia tais como Geografia F sica Geografia Pol tica e Geografia Econ mica s o apontadas para o tratamento especial mas n o feita refer ncia Geografia da Popula o como uma subdivis o sistem tica Todavia Hettner passa a elevar Geografia Popula o a uma posi o importante porque para ele a popula o tem uma grande influ ncia sobre todos os outros elementos geogr ficos Ele argumenta que a Geografia da Popula o Geografia Popula o e Estat stica s o essencialmente diferentes Limita se aos aspectos da popula o que est o estreitamente relacionados com a natureza e vai al m da estat stica na medida em que analisa as caracter sticas da p
276. e a cultura do Brasil em especial no fim do s culo XIX e in cio do s culo XX A proposta de moderniza o do pa s estava portanto atrelada necessidade de forma o de indiv duos que colaboram com a ideia de sociedade burguesa No caso brasileiro a Geografia que aqui se instalou teve uma forte influ ncia da Geografia francesa como ser salientado com mais nfase posteriormente Como o ensino e a pesquisa da Geografia no Brasil institucionalizariam ap s a Revolu o de Trinta esse per odo marcou tamb m uma maior influ ncia da burguesia brasileira Como bem lembra Andrade 1987 p 82 83 quando diz 43 O estudo e o ensino de Geografia do Brasil em n vel superior por m s seriam institucionalizados ap s a Revolu o de Trinta quando foram criadas as Faculdade de Filosofia Ci ncia e Letras na Universidade de S o Paulo 1934 e na Universidade do Distrito Federal 1935 atual Universidade Federal do Rio de Janeiro Ainda na d cada de 30 o Governo federal criaria no Rio de janeiro o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica com tr s Conselhos o de Geografia o de Cartografia e o de Estat stica que seriam utilizados para desenvolver o conhecimento do territ rio nacional Tamb m em 1934 foi funda o da Associa o dos Ge grafos Brasileiros AGB organizada inicialmente pelo professor Pierre Deffontaines que durante alguns dec nios prestou not veis servi os ao desenvolvimento da Geografia no
277. e comunica es que tratam de geografia da popula o nos congressos de geografia Observa se uma grande diferen a do per odo precedente e isso se deve basicamente pela abund ncia de informa es colocadas disposi o dos ge grafos pelos servi os de estat stica de diversos pa ses e pela facilidade relativa de sua explora o ROCHA 1998 p 21 22 A partir do advento da Geografia cr tica o homem passa a ser estudado atrav s de suas condi es econ micas e sociais E com isso poss vel entender historicamente como os homens vivem e suas forma de manuten o de vida P George contribui significativamente com o que se convencionou a ser denominada Geografia Ativa ao estudarmos as obras de George se nota que h uma mescla em seus estudos entre a heran a da Geografia cl ssica de La Blache com os postulados marxistas no pensamento de Pierre George encontramos possibilidade de avan os no que se refere aos estudos populacionais especialmente pelo o que ele representou para a Geografia da Popula o ao realizar an lises para al m das concep es malthusianas No entanto a quest o que ora se coloca como um corpo de conhecimento como o que comp e a Geografia da Popula o se mant m no cen rio de produ o cient fica atual Cientes de que esta rea vem perdendo espa o dentro da produ o cient fica atual por todas as cr ticas e quest es por n s apontadas ao longo deste trabalho Sendo a universidade um espa
278. e deixaram de lado a interroga o sobre o agir social e se esqueceram de que a ess ncia das sociedades pol tica assim como o a do homem consiste em seu um zo n politik n Arist teles e Marx n o um indiv duo vivendo numa sociedade mas um animal pol tico um ser por ess ncia coletivo e social A crise o 309 decl nio ou eclipse dessas disciplinas coincide com seu processo de despolitiza o iniciado a partir do momento em que as sociedades mais avan adas e democr ticas come aram a n o mais p r em quest o a seguinte verdade praticamente aceita por todos sem discuss o doravante o mercado a institui o protot pica pois ele que assegura uma fun o de aloca o dos bens entre os agentes a fim de tornar compat veis ofertas e demandas a priori disparatada ademais constitui o nico e melhor meio para se organizar a produ o e as trocas de modo eficaz e equit vel harmoniza o interesse individual com o geral pelo jogo do mecanismo da oferta e da demanda Ao impor se como mecanismo regulador permitindo se atingir o equil brio geral apresenta se como uma esp cie de m o invis vel que decide o optimum da produ o e da reparti o das riquezas em fun o da prefer ncia dos consumidores reais JAPIASSU 2012 p 113 114 Esta constata o acima faz nos refletir sobre um elemento importante para os pesquisadores de forma geral mas principalmente para os pesquisadores das ci nci
279. e desta condi o por mais adversas que sejam as condi es de trabalho h sempre a possibilidade de fazer diferente de instigar a reflex o cr tica de debater quest es atinentes ao mundo em que vivemos especialmente por que ser professor deve ser acima de tudo uma escolha um reconhecimento enquanto classe e n o algo que sobrou por n o ter outra op o 4 2 As rela es existentes entre a Geografia da Popula o os estudos de migra o a quest o urbana e os estudos de mobilidade e mobiliza o Nesse momento nosso olhar volta se para aquelas reas da Geografia inclusive disciplinares que de uma forma ou de outra se apropriaram dos temas afetos a popula o e produzem um volume consider vel de trabalhos e que colaboram significativamente para que os estudos de popula o se mantenham pulsantes dentro da ci ncia geogr fica e com novas conota es Inclusive essas manifesta es dos estudos de popula o est o cada vez mais presentes pois medida que o tempo passa outras quest es v o surgindo temas antes n o comentados surgem e ganham propor es A priori come aremos a discutir a respeito da relev ncia dos estudos de migra o para a ci ncia geogr fica e tamb m para os estudos de popula o na Geografia de uma forma geral Tema esse que por sinal bem aceito pelos ge grafos pelo menos no que diz respeito boa parte dos pesquisadores de Geografia As quest es migrat rias al m de
280. e maneira te rica quer pr tica Esta aus ncia indicadora de que o tema popula o em Geografia n o tem sido considerado convenientemente na forma o de seus profissionais Na verdade ele tem sido apenas acess rio o que gera insignific ncia para o professor da ci ncia n o podemos contudo supor que o caminho do aperfei oamento deva ser o de permanentemente ampliar os temas e aumentar a bibliografia H a necessidade do estabelecimento de novos par metros para a identifica o dos temas relevantes para estudo os quais respondam tanto para fins acad micos quanto para a pesquisa aplicada solu o de problemas s quest es envolvendo as novas condi es de rela es espaciais dos indiv duos sobre a superf cie da terra particularmente a rela o homem natureza GUIDUGLI 1997 p 78 79 O gr fico 6 e o quadro 10 foram elaborados com o intuito de ilustrar o volume de disserta es em Geografia da Popula o envolvendo os mestrados no Brasil o que de certo modo dialoga com as argumenta es citadas anteriormente Fizemos uso desse 232 recurso metodol gico para expressar a quest o da Geografia da Popula o seus avan os suas transforma es perman ncias e rupturas Gr fico 6 N mero de disserta es dispon veis no banco de dados da CAPES em Geografia da Popula o Disserta es sobre Geografia da Popula o 20 15 10 m N mero de disserta es 5 sd a ai
281. e n vel de qualifica o por sua vez o termo mobilidade social entendido como mudan a dos indiv duos da condi o de solteiros e casado bem como mudan as atrav s da natalidade da mortalidade e da migra o PATARRA 1991 p 10 E a autora completa ainda sobre a influ ncia do neomalthusianismo na Demografia da d cada de 1950 o que denota o alcance desses nas formas de an lises e interpreta es dos dados Foi na d cada de 1950 que ocorreu o maior florescimento do enfoque neomalthusiano referente s rela es entre popula o e desenvolvimento econ mico estabelecendo se uma estreita vincula o entre produ o cient fica e pol ticas controlistas Para tanto tonava se necess rio acoplar a produ o cient fica s necessidades de pol ticas populacionais voltadas para o controle do crescimento populacional encarado como obst culo ao desenvolvimento econ mico A fim de poder executar os v rios programas de controle demogr fico seja sob a forma de cl nicas de planejamento familiar seja por meio da capacita o de especialistas nos diversos pa ses n o industrializados era preciso obter a legitima o cient fica dessas atividades Nesse sentido entendendo ci ncia como um corpo de conhecimento emp rico sistem tico Hauser e Duncam procuram revestir a Demografia de um car ter neutro e objetivo cujos resultados possam orientar pol ticas adequadas PATARRA 1991 p 9 10 No in cio do s culo XX o pr
282. e transforma o correspondem ao per odo de forte inser o dos dados estat sticos na ci ncia geogr fica e os de ruptura podemos dizer que correspondem ao per odo dominado pela Geografia cr tica com nuances interessantes que perpassam a posteriori e ou concomitantemente a Geografia comportamental Contudo esses processos ser o abordados com mais acuidade depois N o queremos com isso tra ar um panorama linear sobre a quest o da popula o luz da Geografia mas sinalizar momentos que n o obstante dialogam entre si Acreditamos que um dos pap is que ge grafos e professores de Geografia devem desempenhar na atualidade o de desmistificar dogmas questionar teorias praticar a d vida esclarecer as diferen as propor solu es e analisar os conflitos buscar mudar ou transformar a realidade para melhor Uma tarefa dificultosa j que a Geografia na 119 contemporaneidade um ramo do conhecimento que tem como necessidade inerente o entendimento das rela es produtivas e espaciais Apesar de ter apresentado em muitos momentos de sua trajet ria uma fun o distorcida e at secundarizada em rela o s demais ci ncias N o obstante essa aparente neutralidade enredada no seio da ci ncia geogr fica por muitos anos teve sua inten o de ser ou seja para atender aos interesses da classe dominante e ou o de reproduzir as rela es de produ o existentes e esses interesses tamb m se manifestaram na forma como a Ge
283. e verificar de qual ou quais formas a tem tica da popula o foi se delineando luz da Geografia Nesse sentido optamos recuperar brevemente a hist ria da Geografia com o intuito de abranger nosso objeto e encontrar as respostas que almejamos A tese que ora nos propomos construir visa entender como a popula o bem como a Geografia da Popula o foi e vem sendo trabalhada pela ci ncia geogr fica seus retrocessos e avan os Al m da recupera o hist rica que nos propomos fazer existe a vontade em contribuir de forma significativa para pensarmos a popula o pelo vi s da Geografia mostrando como podemos por meio da popula o entender melhor o espa o geogr fico suas transforma es e com isso talvez acenar quanto ao futuro dos estudos populacionais na Geografia Se ainda perdura a necessidade de explicar o porqu de desenvolver uma pesquisa assim respondemos que por acreditar que o tema popula o importante e al m disso pela sensibilidade de perceber que esse estudo est se esvaziando dentro da Geografia Uma vez que ao falar da popula o n o me refiro somente aos outros mas antes de tudo a n s mesmos Certa vez ouvi dizer que se a Geografia n o servir para nossas vidas seja no sentido de melhor la como no sentido de ajudar nos a entender os processos hist ricos econ micos sociais culturais do qual a humanidade o cerne ela n o serviria para nada e vou ao encontro dessa afirma o
284. eas correlatas dos cursos de P s Gradua o de Geografia credenciados pela Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES e seus tem rios refer ncias e aspectos te rico metodol gicos E as entrevistas realizadas com professores de Geografia que desenvolveram importante parte de sua produ o geogr fica no contexto dos estudos populacionais Odeibler Santo Guidugli Heinz Dieter Heldeimann Rosa Ester Rossini Am lia Lu sa Damiani e H lion P voa Neto Nas quais foi poss vel verificar o que pensam sobre o tema questionando os como est o os estudos populacionais na Geografia E para onde vai a Geografia da Popula o Elencamos ainda como fontes prim rias o banco de teses e disserta es da CAPES pelo qual foi feito um levantamento das pesquisas afetas popula o em Geografia E o Boletim Paulista de Geografia 1956 2005 e a Revista Brasileira de Geografia 1939 2005 nos quais objetivamos ter um par metro de como est a publica o sobre popula o na Geografia E tamb m a pesquisa realizada junto aos professores da Rede Estadual de Educa o que atuam no oeste e sudoeste do Paran a fim de verificar o ensino da popula o das aulas de Geografia na escola E e ua e EO nado E importante salientar que a tem tica Popula o aparece na Geografia antes de se tornar uma disciplina acad mica ou um ramo espec fico da Geografia por isso tratado a Popula o na Geografia como um primeiro
285. ecem um panorama da pesquisa em Popula o no Brasil e as da gradua o permitem nos avaliar seu ensino 159 transforma es ocorridas no interior da disciplina no mbito acad mico a partir da hist ria da Geografia e dos programas das disciplinas acad micas Retomando as observa es inicialmente feitas na introdu o desse texto entendemos finalmente que s o esses elementos que podem permitir a defini o de maneira mais elaborada e discutida de crit rios para eleger eixos norteadores para a investiga o da Geografia da Popula o E como eixos elencamos a breve recupera o hist rica da Geografia a Geografia brasileira e sua institucionaliza o o entendimento sobre a cria o das disciplinas como foi explicitado nesse subcap tulo por entendermos que esse movimento importante por nos possibilitar entender melhor nosso objeto e dialogar como est expressa a Geografia da Popula o na atualidade Nesse sentido foram analisados al m dos programas de ensino publica es acerca da tem tica estudada importante ressaltar que as escolhas dessas publica es Revista Brasileira de Geografia e Boletim Paulista de Geografia em virtude do n mero expressivo de publica es na rea ocorreram por serem publica es de alcance nacional e conhecidas por boa parte dos ge grafos do pa s e tamb m por serem revistas que surgiram quase que concomitantemente com a Geografia acad mica brasileira Contudo os dados
286. eciona no Col gio Estadual Guilherme de Almeida localizado no munic pio de Santa Izabel do Oeste pertencente ao N cleo Regional de Educa o de Francisco Beltr o PR 258 Em rela o ao segundo questionamento os professores conseguiram expressar melhor suas respostas demonstrando acima de tudo que consideram um tema importante por m ainda pouco aprofundado pela Geografia escolar Como demonstra o relato Nas s ries finais do ensino fundamental II abordam se as quest es populacionais relacionadas mobilidade e de certa forma bem superficial No ensino m dio ocorre al m da mobilidade o crescimento populacional por m com a mesma parcialidade ou seja de maneira superficial dependendo do autor o enfoque geralmente desconexo Acredito que n s como professores acabamos nos atendo ao livro did tico e portanto n o damos nfase import ncia deste conte do resposta dada pela professora que leciona no Col gio Estadual de Renascen a Pe J J Vicente Ensino fundamental e m dio munic pio de Renascen a pertencente ao N cleo Regional de Educa o de Francisco Beltr o PR Notamos com as respostas que as formas de abordagem deste conte do em sala de aula d o se predominantemente por meio de an lise de gr ficos tabelas pir mides et rias figuras mapas dos dados disponibilizados pelo IBGE e sobretudo pelas informa es fornecidas pelo livro did tico Os professores relataram que buscam faze
287. ecisa formar cidad os aptos a absorver informa es e transform las em conhecimento para que a ignor ncia seja comprimida pela consci ncia de que o mundo que queremos depender dos nossos atos e atitudes E mesmo sabendo que milh es n o alcan ar o a sabedoria a humanidade desvendar um dos maiores mist rios que o segredo do viver bem usufruindo da exata import ncia dos valores humanos Paulo Freire 162 A an lise de uma ci ncia ou de uma disciplina acad mica pode ser realizada de diferentes modos Contudo independente da forma utilizada ela n o pode ser realizada de forma isolada uma vez que a an lise isolada insuficiente por n o oferecer uma vis o ampla de seu desenvolvimento e de suas dificuldades Sem falar que ao investigar uma ci ncia ou disciplina estamos analisando tamb m seus pesquisadores pois a ci ncia feita pelos homens e esses possuem ambi es desejos e vontades Assim a avalia o de uma produ o cient fica pode ocorrer de v rias maneiras e est atrelada aos elementos escolhidos para desenvolver tal an lise como os econ micos sociais pol ticos culturais enfim muitos outros Desse modo os crit rios escolhidos ser o os mediadores do processo de constru o de determinadas formas de pensamento nesse caso espec fico a quest o da Geografia da Popula o Kuhn exerceu uma influ ncia decisiva nos rumos da ci ncia Ele avan ou ao discutir as teses sobre o conhecimento ci
288. edicado discuss o dos problemas humanos Foi assim de sua autoria uma das pioneiras formula es sem d vida a mais trabalhada de uma geografia do homem A import ncia de sua obra tamb m emerge por ela ter sido uma das origin rias manifesta es do positivismo nesse campo de conhecimento cient fico Ratzel foi um dos interlocutores desse m todo que posteriormente se assentou como o dominante no mbito do pensamento geogr fico O significado da sua produ o para o desenvolvimento da geografia pode ainda ser apontado no fato de ter aclarado aquela que viria a ser principal via de indaga o dos ge grafos ou seja a quest o da rela o entre sociedade e as condi es ambientais MORAES 1990 p 7 Como abordamos a obra de Ratzel expressa em seus dois livros mais famosos Antropogeografia e a Geografia Pol tica a influ ncia que esse autor teve para o desenvolvimento da Geografia em especial no que diz respeito ao papel do homem e da pol tica para a Geografia Por isso importante retom lo pois sua contribui o foi importante para o processo de institucionaliza o da Geografia assunto esse que estamos nos atendo de forma mais incisiva nesse momento Friedrich Ratzel tornou se famoso por haver dado maior nfase ao homem na sua formula o geogr fica Vivendo na Alemanha e tendo assistido sua unifica o sob a gide da Pr ssia formulou uma concep o geogr fica que correspondia aos anseios e
289. efer ncia popula o n o consegue encontrar com propriedade quem discuta isso entrevista concedida a pesquisador em abril de 2011 Podemos entender que esse processo complicado porque muitas vezes n o achamos o lugar dos estudos da popula o na pesquisa geogr fica e isso um indicativo que algo n o vai bem e precisamos tomar cuidado tem que ser claro que a realidade uma uma totalidade concreta dialeticamente articulada e essa unidade do real que ser a premissa b sica da unidade da ci ncia Isso quer dizer que se por um lado o enfoque de cada pesquisador espec fico o pano de fundo da explica o do fen meno um s a nosso ver discutir o problema da Geografia da popula o n o simplesmente reproduzir as ideias de Marx a respeito da popula o como alguns j fizeram mas pensar a popula o do ponto de vista geogr fico atrav s do materialismo hist rico o que bem diferente Isso quer dizer que teremos que pensar a popula o como uma sociedade de classes no seu papel enquanto produtora do espa o geogr fico e consequentemente a apropria o desse produto criado no processo de produ o social O espa o geogr fico um espa o humanizado exatamente pelo fato da sociedade produzi lo e apropriar se do objeto produzido ent o pelo fato de habit lo CARLOS amp ROSSINI 1982 p 09 A hist ria tem nos mostrado que a popula o se desenvolve em rela es bem diver
290. ela o ao crescimento populacional O ge grafo da Popula o tem a oportunidade de travar em sala de aula um debate sobre esse tema porque o melhor lugar para isso Por exemplo na escola o professor tem a oportunidade de abordar quest es importantes sobre popula o quem pode se aproximar um pouco do tema o professor de ci ncias que muitas vezes tem uma vis o viciada pelas ci ncias naturais o professor de Geografia tem a oportunidade de trazer quest o da Popula o no espa o geogr fico eu penso que a Geografia pode contribuir muito com o enriquecimento desse tema entrevista concedida a pesquisadora abril de 2011 Nesse sentido cabe refor ar a cr tica vis o evolucionista que ainda recai sobre as aulas de popula o nas escolas nas quais considera as diferen as culturais como consequ ncias de sucessivos atrasos no desenvolvimento econ mico de alguns pa ses Na vis o evolucionista os modelos ocidentais de crescimento econ mico e demogr fico t m servido de par metro para o estudo do crescimento populacional Nessa an lise predomina uma vis o neomalthusiana em que se mostra uma rela o linear entre crescimento demogr fico e press o sobre a natureza e segundo a qual bastariam reduzir o crescimento 182 das popula es nos pa ses pobres para se diminuir os efeitos do desmatamento da eros o da desertifica o entre outros Moreira 1987 por exemplo apresentou importante cr tica aos estudos
291. elata que sua rela o hoje com a Geografia da Popula o de interesse mas recorre que o que faz n o estritamente Geografia da popula o apesar da compatibilidade dos estudos Diante do que foi exposto e da trajet ria do professor P voa Neto podemos tamb m perceber que trabalhar com a quest o da Geografia da Popula o um desafio para os ge grafos e representa ainda mais uma compartimenta o dentro da Geografia todavia os temas a ela atribu dos podem muito bem ser trabalhados por outras ci ncias e tamb m pela Geografia como o caso da migra o que ocupa um lugar de interesse na produ o geogr fica atual Para P voa Neto Os estudos sobre migra o no Brasil de modo geral acabou sendo um processo importante desde o final da Segunda Guerra Mundial e a partir de 1908 e 1990 o Brasil come a a receber novos imigrantes como os latinos americanos asi ticos e africanos e ao mesmo tempo o Brasil passa tamb m a ser um pa s de emigra o No qual a quest o dos 177 brasileiros no exterior come a a aparecer inclusive torna se preocupa o da Associa o Brasileira de Estudos da popula o Por conta da grande inser o do Brasil na migra o internacional hoje h um grande interesse sobre isso basta analisar revistas como a Travessia O campo de estudos da migra o se expandiu e da geografia e eu como ge grafo sempre considerei que o tema migra o est profundamente imbricado na Geografia porq
292. ele como arrogante e subserviente das classes dirigentes Considerava o tamb m como um obst culo para o desenvolvimento da ci ncia contribuindo para o descr dito para com a ra a humana Condenava ainda o conceito de lei natural absoluta que podia ser v lida em qualquer momento e em qualquer lugar e faria com que a popula o aumentasse sempre com mais rapidez que os recursos Para Marx lei da popula o abstrata s existe para as plantas e os animais margem da interven o hist rica do homem O que importava para ele n o o n mero de seres humanos mas a reparti o das riquezas o principal desafio ent o era acabar com a pobreza Nesse sentido vale ressaltar que para os cr ticos o malthusianismo encobre as formas concretas e hist ricas e suas media es sociais particulares e ao estudar as rela es 97 entre natureza e sociedade oculta as rela es de troca desiguais entre os diferentes pa ses cujas discrep ncias sociais econ micas produzidas resultam da concentra o de riquezas O malthusianismo n o explicaria a produ o concomitante e contradit ria da riqueza e da mis ria da superprodu o de alimentos e da fome Fundamentaria a es imperialistas Serviria portanto a uma pol tica interna reacion ria e externamente agressiva DAMIANI 2008 p 21 Outro aspecto relevante ainda dentro das correntes malthusianas foi s an lises realizadas sobre os avan os na medicina que passaram a preser
293. em que o tempo virou artigo de luxo e as informa es t m que ser repassadas e refutadas num piscar de olhos o que acabou por gerar ou estimular uma intensa dissemina o da pesquisa cient fica e que certa for a imprimiu competitismo entre as reas para ver quem mais produtivo j que infelizmente a produtividade muitas vezes se confunde com compet ncia Ou ser que a l gica separar fragmentar dividir para controlar ainda v lido O que diriam os fil sofos da antiguidade que produziram trabalhos magn ficos Fazer ci ncia isso Ou ser que isso que querem que pensemos que seja De qualquer modo a comunidade acad mica est vivendo nesse turbilh o e acreditamos que boa parte dos pesquisadores encaram suas atividades com muita seriedade e buscam por meio dela contribuir para a sociedade como um todo quanto para o desenvolvimento da pr pria ci ncia Assim para situar de forma mais categ rica o desenvolvimento da popula o na Geografia e com isso realizar uma aprecia o sobre os estudos populacionais por meio da an lise dos programas de ensino dispon veis buscamos apreender como est sendo abordada a disciplina Geografia da Popula o pela Geografia na atualidade Sem com isso recorrer a uma sistematiza o linear da produ o acerca do tema mas sim levando em conta os aspectos que comp em os programas de ensino fazendo uso de leituras transversais para dinamizar e problematizar a quest o por
294. emos afirmar que representa o todo mas partindo do pressuposto que o Estado do Paran instituiu nas escolas do Estado as Diretrizes Curriculares Estaduais 2004 em todas as disciplinas e que este um documento norteador da pr tica escolar e os livros did ticos distribu dos nas escolas p blicas do Estado s o os mesmos acreditamos que nossa an lise mesmo que n o represente o todo d nos elementos importantes para diagnosticarmos o ensino de popula o nas aulas de Geografia das escolas p blicas paranaense Em rela o ao primeiro questionamento como a Geografia aborda as quest es populacionais a maiorias dos professores respondeu que ela aborda de modo conceitual hist rico com nfase na descri o e de forma fragmentada Outros associaram esta resposta aos temas referentes a esta rea como estrutura da popula o densidade demogr fica migra o mobilidades e teorias demogr ficas No entanto predominou a vis o de uma abordagem na maior parte das vezes desvinculadas da leitura e interpreta o cr tica da din mica populacional com enfoque na Demografia e nos dados quantitativos Conforme relata a professora A Geografia aborda os estudos populacionais de forma a conceituar t picos que norteiam o tema Popula o como estrutura populacional popula o distribu da nos setores da economia expectativa de vida etc Entendo que ocorre mais em n vel de descri o Pelo menos como se 36 4 x E impor
295. empre que necess rio pela coletividade Tal como ocorre em rela o s disciplinas escolares as disciplinas acad micas considerando sua especificidade tamb m n o s o simples transposi es de um conhecimento de refer ncia Assim torna se imperioso entender como se estabelecem suas rela es com o conhecimento cient fico como se instituem historicamente no interior de uma dada cultura acad mica qual o lugar de cada disciplina acad mica no contexto curricular onde se encontra e para qual finalidade social da educa o se endere a Esses s o alguns dos t picos fundamentais que demandam cada vez mais reflex o por parte dos pesquisadores desse campo Nos debates mais espec ficos sobre os processos curriculares e as metodologias de ensino das diferentes reas disciplinares verifica se um reconhecimento por parte da comunidade cient fica da complexidade que envolve as rela es entre a especificidade 151 metodol gica dos diferentes saberes escolares e a forma o de seus campos pedag gicos As disciplinas cient ficas s o geralmente constitu das por discursos especializados que delimitam uma determinada rea diretamente associado aos mecanismos institucionais da comunidade cient fica em seu processo de produ o do conhecimento CHERVEL 1990 Nesse sentido as disciplinas t m seu pr prio campo intelectual de textos pr ticas regras de ingresso entre outros elementos E na maioria das vezes por interm dio d
296. endentes do meio f sico como modos de vida de grupos que vivem da ind stria no mundo contempor neo Diante dessa constata o de Sorre poss vel verificar que na chamada Geografia cl ssica o pensamento da escola francesa de Geografia se fez presente e como j sabemos interferiu nos estudos de popula o Vale salientar que consideramos a Geografia da Popula o uma rea do conhecimento com conte do extremamente din mico e defendemos que ela deveria deixar de ser uma simples disciplina relegada s salas das universidades para se transformar tamb m em objeto de pesquisa exterior de observa o de an lise de investiga o Colaborando com isso para que criem novas perspectiva a esta rea do conhecimento que pode contribuir para enxergarmos a din mica populacional por uma perspectiva diferente A Geografia da Popula o pode debru ar se sob o car ter geogr fico do local potencializando um conjunto de fen menos populacionais que variam no interior desses lugares atrav s do tempo e do espa o na medida em que s o abordados n o s as diferentes formas que as pessoas produzem e reproduzem a vida Mas tamb m destacando a relev ncia dos fatores externos que exercem influ ncia sobre as pessoas Podemos ent o extrair de tal ideia que os principais conceitos a serem utilizados como instrumentos tanto para o ge grafo quanto para o professor de Geografia dedicados aos estudos do crescimento populacional e tamb m de outra
297. enfeixar no seu s lido Sistema todas as realidades inorg nicas org nicas e superorg nicas sociais na esteira do mestre Auguste Comte A sua enciclop dia das ci ncias culminava com a mais complexa de todas as Sociologias que ele pr prio criara e batizara com o nome h brido de latim e grego E Bosi complementa que o positivismo passou por intensas cr ticas sobretudo entre os pesquisadores das chamadas ci ncias humanas conforme podemos perceber na cita o a seguir H pelo menos tr s gera es o termo positivismo vem conhecendo baixa conota o entre os estudiosos de ci ncias humanas Antrop logos historiadores cr ticos e pensadores das mais variadas tend ncias tem visto nos m todos positivistas de fazer ci ncia uma regress o aos determinismos do s culo XIX O alvo comum a ser combatido seria o vezo factualista contra fatos n o h argumento vezo que ignoraria o drama das rela es intersubjetivas e em escala maior o movimento contradit rio da Hist ria ao qual desde Hegel e Marx se d o nome de dial tica BOSI 2004 p 157 Embora o objetivo desse cap tulo n o seja discutir a quest o da dial tica no entanto a ponto de lan ar luz sobre nossa discuss o acerca da dicotomia da Geografia situando em seu tempo e sua hist ria consideramos pertinente apresentar breve passagem do posf cio segunda edi o alem do primeiro tomo de O Capital de Marx por acreditar que a quest
298. ens do movimento que culminou com a chamada nova Geografia est o presentes na a o cient fica que buscava solucionar ou encontrar meios para amenizar a crise econ mica capitalista al m de criar mecanismos ou instrumentos de controle social culminado em a es voltadas ao planejamento regional e urbano Demandas postas s ci ncias humanas no per odo p s Segunda Guerra Mundial propiciou que a Geografia recorresse ao m todo cient fico e a modelos espaciais atrav s de abordagens quantitativas Entre as contribui es relevantes da ci ncia geogr fica foi permitir ou possibilitar que o espa o geogr fico emergisse como algo importante para os estudos cient ficos de forma geral Sendo que a reorganiza o territorial e os desdobramentos inerentes a esse processo passaram a configurar como um elemento relevante para a compreens o das rela es pessoais e econ micas Por isso as precis es das informa es populacionais obtidas com o emprego da nova Geografia acenavam como mais um ingrediente na organiza o do territ rio e no controle e distribui o das pessoas e dos recursos econ micos Dessa forma h de considerar que cada momento expressa as condi es materiais que o formou assim com o passar do tempo alteram se as terminologias e o sentido da Geografia N o se trata de um processo natural mas sim historicamente produzido como o que ocorreu com a Geografia pragm tica que foi suplantada pela Geografia da percep
299. ent fico e o conhecimento em geral que receberam cr ticas filos ficas diversas ao longo dos anos De forma simples a concep o huhniana consiste na tese de que o desenvolvimento t pico de uma disciplina cient fica se d ao longo de diferentes estruturas para ele a transi o para a maturidade ou seja para a fase cient fica de uma disciplina envolve o reconhecimento por parte dos pesquisadores que defina de maneira mais ou menos clara os principais pontos de diverg ncia dessa fase A mec nica de Arist teles a ptica de Newton a qu mica de Boyle e a teoria da eletricidade de Franklin est o entre os exemplos dados por Kuhn de paradigmas que fizeram algumas disciplinas adentrarem fase cient fica Kuhn entende a ci ncia como uma atividade de resolu o de quebra cabe as j que ela se desenvolve segundo regras relativamente bem definidas Assim quando um novo paradigma vem substituir o antigo ocorre aquilo que Kuhn chama de revolu o cient fica Grande parte das teses filos ficas desse autor se tornou alvo de pol micas entre os especialistas sobre o que ele assevera acerca das revolu es cient ficas Enquanto para Gramsci os intelectuais podem constituir um grupo aut nomo e independente ou um grupo que possui sua pr pria categoria especializada de intelectuais Para ele existem v rias formas no processo hist rico real das categorias intelectuais destacando duas mais importantes a do grupo social que nasce de u
300. ente a cria o da Faculdade de Filosofia Ci ncias e Letras da Universidade de S o Paulo e a funda o da Associa o dos Ge grafos Brasileiros 131 m todo seguido era sempre um s quando n o se iniciavam por Elementos de Geometria ou por um Resumo da Hist ria de S o Paulo preocupavam se desde logo com as coordenadas geogr ficas e com a linha de fronteiras descrita esta sempre com um cuidado e nfase nem mesmo compreens veis se tratasse das lides com pa ses estrangeiros Vinha depois a geografia f sica como se a compreendia no s culo XVIII a orografia a potamografia a limnografia a nesografia acrografia e uma infinidade de outras grafias dentro das quais se alinhavam compactos os nomes de acidentes geogr ficos e para terminar um estudo superficial e geralmente bastante otimista do clima AZEVEDO 2004 p 59 A cita o acima expressa o que havia sido comentado sobre o comp ndio escolar adotado no Col gio Pedro II com isso podemos perceber o quanto o ensino de Geografia praticado nas escolas nesse per odo era in til uma vez que pouco contribu a para a forma o de sujeitos cr ticos e ativos muito embora isso n o fosse uma preocupa o da poca Mas a forma como a Geografia era praticada nas escolas denunciava sobretudo o qu o distante estava o discurso geogr fico da real necessidade dos sujeitos Os estudos geogr ficos que se desenvolveram no Imp rio e na Primeira Rep blica no Brasil
301. ente ainda n o estar amos sob sua gide A perspectiva da cidade como organismo urbano tamb m a compreens o da cidade como obra humana aquela que reflete e ao mesmo tempo humaniza o homem Nesta literatura geogr fica sobre a cidade antev se um embate surdo n o refletido completamente amb guo teoricamente entre a humaniza o e a desumaniza o expresso na manuten o da ideia da cidade como organismo urbano Essa ambiguidade conceitual tamb m aquela da rela o n o plenamente resolvida entre o imediato e o mediato a dificuldade da compreens o da presen a constitutiva da abstra o nas rela es sociais modernas Por outro lado o espa o guarda outros tempos incluindo os da imediaticidade das rela es sociais Os pr prios princ pios de tratamento da popula o por idade sexo equivalendo a diferen as prim rias ainda mant m esse car ter antropol gico Mas como aponta as grades conceituais que come amos a apresentar a voracidade do processo urbano da urbaniza o recebe nesse m todo geogr fico um impulso necess rio e consider vel inclusive pondo em quest o de alguma forma o conceito de organismo urbano no caso do estudo das cidades Estar amos resvalando algo relativo no o de medida quando a quantidade deixa de ser estritamente um elemento indiferente e passa a ser ativo impulsionando a dial tica entre quantidade e qualidade DAMIANI 2008 p 162 163 Com o intuito de contri
302. ente resultantes das mudan as sociais e econ micas que se difundiram pelo mundo e no pa s Com a Revolu o de Trinta e os desdobramentos dela difundidos contribu ram para alavancar temas antes n o abordados como a preocupa o sobre o territ rio e o povo brasileiro sem falar da necessidade do fortalecimento da identidade nacional Nessa poca surgiram numerosas obras a respeito do pa s que n o eram necessariamente geogr ficas mas que tinham preocupa es dessa natureza Por m trouxeram contribui es importantes acerca do pa s Entre elas podemos destacar Ra zes do Brasil de S rgio Buarque de Holanda Casa Grande amp Senzala de Gilberto Freire e a Forma o do Brasil Contempor neo de Caio Prado Junior Os anos de 1930 marcaram de forma contundente a vida pol tico econ mica e cultural do Brasil inclusive a Geografia Com o governo de Get lio Vargas 1882 1954 importantes mudan as ocorreram no Brasil e consequentemente na vida das pessoas A institucionaliza o da Geografia acad mica ocorreu em S o Paulo e no Rio de Janeiro essas cidades permitiram a difus o da Geografia e consolida o da Geografia no Brasil A cria o do curso superior de Geografia nas Universidades de S o Paulo 1934 Distrito Federal 1935 e em seguida a cria o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IBGE em 1936 marcaram a hist ria da Geografia moderna brasileira Com a ll Nesse livro S rgio Buarque d
303. entender que o momento hist rico interfere de forma congruente nos estudos populacionais Durante o per odo de disputas entre Estados Unidos e Uni o Sovi tica conhecido como Guerra Fria os estudos de popula o atendiam as exig ncias pol ticas econ micas e ideol gicas de ambas as na es n o obstante a produ o na rea da popula o n o era desprovida desses interesses por isso tanto as publica es norte americanas quanto as sovi ticas estavam de acordo com o contexto hist rico e os interesses do Estado importante relembrar que nesse per odo a quest o da expans o territorial da consolida o do capitalismo ou socialismo sovi tico ambicionavam al m de demonstrar poder e for a diferentes formas de controle e persuas o da popula o bem como o condicionamento das pessoas s ideias propostas por essas pot ncias antag nicas que sem sombra de d vida interferiram em todos os segmentos da vida humana Essas discuss es nos permitem refletir que a escolha de autores para se trabalhar determinada tem tica representa a forma como os professores e pesquisadores leem e entendem os estudos populacionais No Brasil a ocorr ncia dos textos de George Trewartha Beaujeu Garnier Zelinsky Damiani entre outros demonstra que no per odo atual os textos e conte dos voltados ao que se convencionou chamar de new Geography perderam espa o no rol de autores citados em suas refer ncias o que demonstra que os estudos
304. ento cient fico com o nico fim de dela talhar uma matraca Para obedecer a essa ltima exig ncia de uma justifica o manifestamente imposs vel mais vale n o saber pensar incomodamente e pelo contr rio estar se bem exercitado nas comodidades do discurso espetacular E com efeito nesta carreira que a ci ncia prostitu da destes tempos miser veis encontrou agilmente com muito boa vontade a sua mais recente especializa o Guy Debord 28 Ao pensarmos a tem tica da popula o percebemos o quanto esse tema ao mesmo tempo emblem tico e complexo A leitura que nos propomos a realizar est pautada numa concep o que os estudos de popula o s o intr nsecos Geografia Uma vez que n o entendemos o espa o geogr fico sem popula o assim como n o entendemos popula o sem o espa o geogr fico Nessa considera o aparentemente simples podemos indagar como n s enquanto ge grafos professores de Geografia trabalhamos com essa quest o medida que sa mos em procura de respostas para as inquieta es que compreendem nosso objeto a popula o na Geografia e a Geografia da Popula o deparamo nos com v rios desafios e na vontade de superar alguns deles nos lan amos em busca de respostas Nossa inten o n o indicar caminhos mas acima de tudo problematizar o tema em especial no que tange ao papel que compete a n s ge grafos e professores de Geografia Ainda buscamos entender esse processo
305. eogr fica constituiu se porque havia uma necessidade hist rica que contribuiu para sua consolida o Assim a Geografia se apresenta como uma possibilidade para um momento determinado De acordo com Marx os pr prios problemas sociais s se apresentam quando as condi es materiais para resolv lo existem ou est o em vias de resolv lo MARX apud IANNI 1982 p 83 Necessidade que est vis vel ao voltar a repensar brevemente a quest o da Alemanha ou seja n o se pode reduzir a constitui o da ci ncia geogr fica Alemanha atrelando a somente a quest o da fragmenta o territorial Uma vez que ao se discutir a problem tica do espa o discute se tamb m poder N o obstante para os alem es a quest o do espa o era fundamental importante salientar que a Alemanha n o o nico pa s a enfrentar no s culo XIX a fragmenta o do seu territ rio A It lia vivia a mesma situa o mas n o entre os italianos que a geografia vai despontar O problema da unifica o territorial por si s portanto n o explica o aparecimento da geografia Na Alemanha a unifica o pensada como moderniza o pol tica e econ mica enquanto na It lia a moderniza o se faz mais pelo entendimento de que se moderniza primeiro a pol tica a moderniza o econ mica posterior Para os alem es pol tica e economia s o insepar veis Eles sentem que a revolu o Burguesa necess ria a moderniza o do pa s e por esta
306. eogr ficos estavam limitados a um enfoque matem tico e de agrimensura O ensino de Geografia no Brasil era ca tico al m de existirem poucos comp ndios esses eram mal escritos e sem nenhuma import ncia pedag gica A maioria dos escritores brasileiros n o destinava aten o em escrever sobre sua pr pria regi o os mapas e as 49 cartas eram escassos e prec rios Dessa forma pass vamos a saber de nosso pa s por meio de relatos de estrangeiros Est vamos distantes dos trabalhos realizados pelos europeus e norte americanos importante salientar que essas informa es n o s o especulativas e nem resultam do senso comum elas s o oriundas da an lise acurada sobre os pareceres educacionais produzidos por Rui Barbosa na transi o Imp rio para a Rep blica Ele se lan ou ao esfor o de ler trabalhos produzidos por ge grafos de todo mundo acerca da condi o do ensino de Geografia e por meio de um estudo aprofundado analisou a condi o do ensino de Geografia no Brasil importante salientar ainda que esses pareceres apesar de valios ssimos n o sa ram da gaveta e no limiar do s culo XX ainda severas cr ticas a respeito do ensino de Geografia perduravam j que pouca altera o ocorreu no que tange ao processo de ensino e aprendizagem da Geografia Essa condi o come a alterar se com as mudan as provocadas com o surgimento da Escola Nova Ver ssimo 1985 relata que os franceses ap s o desastre de
307. eografia da Popula o considere as possibilidades de trilhar caminhos semelhantes Para tanto necessitamos melhorar os 250 fundamentos epistemol gicos e metodol gicos de nosso trabalho para dar aos estudos de Geografia da Popula o um car ter de maior rigor cient fico e n o uma caracteriza o de permanente descri o das localiza es das popula es no espa o terrestre GUIDUGLI 1990 p 115 Reconhecemos a amplitude do tema que nos propomos a estudar mas pretendemos de certo modo aprofundar analisar os pontos de perman ncias transforma es e rupturas presentes nos estudos da popula o ao longo da Geografia Todavia reconhecemos que o elemento popula o um desafio e um problema pois medida que avan amos em dire o a essa tem tica verificamos o pouco que sabemos e isso nos inquieta cada vez mais Ao divulgar essa preocupa o implica indiscutivelmente reconhecer que esse tema exige n o apenas viabilidade metodol gica mas tamb m a necessidade de ser lido e interpretado a partir de sua realidade hist rica A preocupa o nesse trabalho apenas apresentar alguns aspectos que nos parece constituir o que hoje entendemos como Geografia da Popula o e a nosso ver esse exerc cio tem que ser realizado a partir da media o entre sujeito e espa o geogr fico ou seja algo que deve ser constru do por n s e n o para n s Enquanto popula o que luta pela recupera o de sua humanidade e tamb m
308. eographico S o Paulo Francisco Alves 1925 O Ensino de Geografia no Curso de Humanidades In Boletim Geogr fico Rio de Janeiro Ano I N mero 10 Janeiro de 1944 Evolu o da Geografia Humana In Boletim Geogr fico Rio de Janeiro Ano HI N mero 33 Dezembro de 1945 O sentido geogr fico In Boletim Geogr fico Rio de Janeiro Ano III N mero 25 Abril de 1945 327 CARVALHO J A M Crescimento Populacional e Estrutura Demogr fica no Brasil Belo Horizonte UFMG Cedeplar 2004 CASTRO J de Geopol tica da fome ensaio sobre os problemas de alimenta o e de popula o do mundo Pref cios de Pearl S Orr e Max Sorre S o Paulo Editora Brasiliense 1957 CASTRO In Elias de amp GOMES Paulo C sar da Costa CORR A Roberto Lobato orgs Geografia conceitos e temas 8 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2008 CAVALCANTI Lana de Souza Geografia escola e constru o de conhecimentos SP Campinas Papirus 1998 CIPOLLA C M Hist ria econ mica da popula o mundial Tradu o de Sergio Flaksman Local Rio de Janeiro Zahar 1977 CHALMERS A F O que Ci ncia afinal S o Paulo Brasiliense 1993 CHANDNA R C e SIDHU M S Introduction to Population Geography N Delhi Kalyani Publishers 1980 CHAUI Marilena Convite Filosofia S o Paulo tica 2000 Experi ncia do pensamento S o Paulo Martins Fontes 2002 Democratiza o e transpar ncia a tarefa d
309. eproduzem no espa o concreto f sico Apresentando um perfil hist rico geogr fico Funda se nos estudos migrat rios a partir de uma avalia o hist rica de tais fluxos A macromobilidade f sica diz respeito aos deslocamentos f sicos praticados pelos indiv duos em escala internacional nacional estadual e municipal Nesta categoria a temporalidade dos deslocamentos n o cotidiana diz respeito aos fluxos demogr ficos Quanto micromobilidade a escala temporal curta cotidiana diz respeito aos deslocamentos di rios de casa ao trabalho s compras b mobilidade centrada no trabalho esta ordem de mobilidade uma mobilidade horizontal ou seja o deslocamento se d no mbito da qualifica o dos indiv duos de seu status profissional da produtividade do trabalho de sua condi o funcional e de sua submiss o l gica capitalista de acumula o Esta mobilidade nasceu da reflex o de economistas marxistas A explica o parte da contradi o entre trabalho e natureza da apropria o hist rica da natureza pelo homem Esta for a de trabalho entendida como uma mercadoria especial que se desloca em fun o da din mica do mercado e c mobilidade social entendida como mobilidade vertical trata de interpretar a mudan a de status social dos indiv duos sua posi o e estrutura de classes e o movimento de polariza o das classes sociais Aqui a fonte de reflex o parte de soci logos marxistas que a partir da cr
310. er obras de diferentes pensadores e assim ao final de cada leitura um leque de novas possibilidades se abria e se desvendava um universo complexo e desafiador Como se trata de uma pesquisa pautada predominantemente em fontes bibliogr ficas foi feito um pr vio levantamento do que havia sido publicado no Brasil que contemplasse a Geografia e em especial a Geografia da Popula o Simultaneamente foi realizado um sucinto levantamento do que j havia sido publicado sobre o tema proposto ou seja os estudos populacionais Com o Estado da Arte constatamos alguns trabalhos que versavam sobre o tema mas muitos n o contemplavam especificamente o que desej vamos por m foram v lidos porque nos aproximaram do assunto al m de 18 contribu rem para elucidar nosso prop sito Dentre os autores pesquisados destacamos T Malthus 1766 1834 A Comte 1798 1857 K Marx 1818 1883 Ratzel 1844 1904 La Blache 1845 1918 J Brunhes 1869 1930 L Febvre 1878 1956 M Sorre 1880 1962 P Deffontaines 1894 1978 G Trewartha 1896 1984 P Monbeig 1908 1987 P George 1909 2006 A Azevedo 1910 1974 J Beaujeu Garnier 1917 1995 W Zelinsky 1921 E Morin 1921 P Petrone 1924 M Foucault 1926 1984 Y Lacoste 1929 P Singer 1932 R Moreira 1941 entre outros que foram importantes para o desenvolvimento dessa pesquisa Em sua maioria estudiosos conhecidos na Geografia por suas contribui es Al m de
311. er Geografia da Popula o S o eles que mais precisam disso por isso j podemos saber que a leitura absolutamente descritiva que predomina isso um desastre e se for isso mesmo podia queimar a Geografia da Popula o na fogueira da inquisi o pois n o se tem outro lugar para coloc la Existem coisas na vida que n o s o claramente explic veis mas que afetam a nossa vida a nossa trajet ria Sempre fui uma pessoa que 204 gostava de viajar eu achava uma das coisas mais lindas poca em se viajava de trem e queria ir janelinha pois pela janelinha eu ia vendo as coisas da geografia embora as coisas passassem t o r pido A geografia marcou a minha vida mesmo que a princ pio n o dava conta disso E em 1985 fiz um curso que me possibilitou ser um ge grafo mais competente no manuseio do trabalho com a popula o que certamente n o uma tarefa f cil entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Dessa forma e com base no relato do professor Guidugli podemos dizer que lecionar Geografia da Popula o e mant la no curr culo tamb m assumir uma concep o de mundo de sociedade e de espa o e uma atitude frente s complexidades presentes na quest o populacional Nesse sentido entendemos que essa disciplina assume um papel importante tanto da forma o do ge grafo quanto do professor de geografia pois poder a partir da tica geogr fica entender os processos populacionais e por
312. er como o meio natural influenciava os usos e costumes dos povos tornando se pioneiro dos estudos de Geografia Humana Japiassu 2012 alerta que a hist ria das ci ncias nos ensina que as disciplinas humanas funcionam sobre um modo mais ou menos 30 reticular apresentando uma esp cie de el comum JAPIASSU 2012 p 14 Nessa mesma dire o Carvalho 1999 p 2 3 complementa No chamado campo das ci ncias humanas ou sociais os v nculos que tais hist rias nos revelam quando o interesse o de entender por exemplo o desenvolvimento da geografia restringe se aos liames concordantes ou n o estabelecidos entre figuras como Humboldt Ritter Ratzel La Blache etc com seus respectivos pensamentos ou ent o caso o interesse se volte para outras disciplinas particulares ainda dentro desse mesmo campo das humanidades como a antropologia a sociologia ou a historiografia s o outros os agrupamentos que vemos desfilar tais como aqueles pertencentes s linhagens usualmente estabelecidas a partir da evoca o dos nomes ou das formula es de personalidades como Durkheim Malinowski Febvre Bloch etc apenas para citar alguns manifesto que os temas referentes ao conhecimento geogr fico foram por muito tempo objeto de curiosidade e investiga o dos homens O conhecimento da Terra e sua din mica acompanhou o pr prio desenvolvimento da humanidade N o queremos com isso nos apropriar de uma vis o manique st
313. er geogr fico dos lugares formado por um conjunto de fen menos de popula o que varia no interior deles atrav s do tempo e do espa o na medida em que seguem os outros e relacionando se com numerosos fen menos n o demogr ficos ZELINSKY 1969 p 2 Ent o a partir dos anos 1950 que se come ou a elaborar uma leg tima disciplina reconhecida como Geografia da Popula o e cuja principal diferen a em rela o s contribui es abrolhadas de ci ncias diversas estava na propaga o de t tulos direcionados totalmente compreens o do tema popula o no cerne da ci ncia geogr fica Com nfase sobretudo para os estudos voltados para a distribui o espacial populacional Nesse sentido Guidugli 1997 afirma que a Geografia da Popula o n o s foi definindo sua posi o no contexto da sociedade geogr fica como tamb m na pr tica passou a contribuir de forma mais substancial para a compreens o das realidades espacialmente observ veis Segundo Zelinsky 1969 o prop sito essencial dessa mat ria bem mais amplo e profundo que a tarefa elementar de estabelecer onde as pessoas vivem seu n mero e tipo Para ele como em todos os demais campos da Geografia o mero das coisas n o pode ser aceito como defini o suficiente do campo e do objetivo da Geografia da Popula o Assim para ser anal tica a Geografia deve olhar para o car ter inter relacionado das coisas que variam atrav s do espa o Para Guidugli 19
314. er transmitido de uma gera o a outra atrav s principalmente da escola e tem sua origem nas ci ncias de refer ncia Assim as disciplinas acabam por se caracterizar como simplifica o ou redu o de um conhecimento mais elaborado Refor ando ainda a separa o do lugar de produ o do lugar de transmiss o do conhecimento universidade e escola No que se refere disciplinariza o a valoriza o do pragmatismo da t cnica e da efici ncia torna se importante na forma o do profissional Vistas inclusive como um dos meios necess rios para o acesso dos sujeitos ao mercado de trabalho A proposta predominante que quanto mais espec fica for qualifica o t cnica maiores ser o as chances de xito profissional em consequ ncia disso a reflex o sobre os problemas da sociedade assumem cada vez menos import ncia Valores como engajamento social mobilidade solidariedade perdem sentido na mediada que o lucro o individualismo se tornam priorit rios Nesse sentido o ser humano visto cada vez mais como mercadoria e diante do mundo excludente e alienante refletimos sobre qual a relev ncia de uma disciplina como Geografia da Popula o Ser que ela pode contribuir para combater ou ao menos discutir ou denunciar as formas de exclus o existentes no mundo As quais na maioria das vezes a pr pria universidade faz quest o de esconder Alguns estudos notadamente aqueles realizados por pesquisadores anglo sax e
315. er uma carga hor ria compat vel com as necessidades do curso da disciplina ou at do professor e assim tamb m um maior comprometimento em rela o a seu ensino Essa afirma o deriva das v rias entrevistas coletadas durante a pesquisa que demonstra que em v rias universidades a manuten o da disciplina ocorre pelo esfor o do professor da rea que na maioria das vezes infelizmente precisa sustentar sozinho a relev ncia da disciplina no contexto acad mico A concep o e a pr tica do professor que ministra a Geografia da Popula o que estamos analisando e tamb m algumas vezes criticando se instauram como eficientes instrumentos para a legitima o da real situa o dessa disciplina A nosso ver isso resulta num dos objetivos fundamentais mesmo que sem advert ncia dos que a realizam dificulta o pensar aut ntico Em especial porque o modo como muitas aulas s o lecionadas pautadas em aulas verbalistas em m todos de avalia o dos conhecimentos como forma de controle ou at puni o e h ainda a dist ncia entre educador e educando em que prevalece a proibi o do pensar verdadeiramente por esses e outros motivos essa disciplina vem atravessando um per odo de transforma o no qual sujeito e objeto precisam se conectar em prol da produ o de um conhecimento verdadeiramente v lido Em que quest es como n mero de aulas entre outras quest es passem a ser mais um elemento a ser discutido e n o um fat
316. erar a fragmenta o que pode dificultar a compreens o das quest es populacionais luz do pensamento geogr fico A crise do paradigma fragment rio se evidencia no correr dos anos 1960 1970 Seu sinal mais claro no mbito da geografia a crise ambiental sin nimo de crise dos esquemas de arruma o espacial da superf cie terrestre ent o existente Um fato implementado pelos interesses da ind stria que a geografia da civiliza o a exemplo das obras de Max Sorre e um de seus grandes herdeiros insistentemente denuncia e que traz de volta o tema da rela o te rica do espa o e da superf cie terrestre MOREIRA 2006 p 39 Como forma de supera o da fragmenta o Edgar Morin prop e a complexidade e nos convoca para uma verdadeira reforma do pensamento semelhante produzida no passado pelo paradigma copernicano Todavia essa nova abordagem e compreens o do mundo de um mundo que se autoproduz confere tamb m um novo sentido a o trata se de fazer nossas apostas o que vale dizer que com a complexidade se ganha liberdade A z TATAE AR 20 grande descoberta do s culo que a ci ncia n o o reino da certeza Ela se baseia OQ in cio do s culo XX foi marcado por duas revolu es cient ficas a teoria da relatividade de Albert Einstein 1858 1947 e a mec nica qu ntica da Max Planck 1879 1955 Ambas obrigaram a humanidade a T11 seguramente numa s rie de certezas locais e e
317. ero da popula o e suas densidades em diferentes partes da terra Assim preparado o terreno para responder pergunta mais importante qual a capacidade da terra e das suas regi es individuais para apoiar a popula o Os trabalhos desenvolvidos por Trewartha s o de grande import ncia para os estudiosos em popula o na Geografia al m de ser um marco do nascimento da Geografia da Popula o nos oferece um panorama sobre a trajet ria dessa ci ncia Houve uma sofistica o nos estudos populacionais associando dados quantitativos e hist ricos todavia essa sofistica o n o promoveu por si s uma transforma o no modo como a Geografia trabalhava com os dados e informa es sobre popula o Mas ao menos come ou um di logo mais estreito entre os dados estat sticos e as quest es populacionais entretanto essas transforma es ocorreram gradativamente e n o de forma instant nea j que as transforma es s o resultantes de um processo historicamente constru do Como vimos na Geografia inicialmente o conceito de popula o correspondia ao homem como ser biol gico e n o social portanto um homem a hist rico n o condicionado aos fluxos e refluxos das rela es sociais e interpessoais inclusive as de classe Situa es como essas representam os diferentes momentos hist ricos vividos pela ci ncia geogr fica na constru o de seu conhecimento esses momentos foram marcados por produ es geogr ficas influenciad
318. erra modos de grupamentos consistia em uma simples descri o olhada sobretudo como um conhecimento de car ter utilit rio e pr tico ou como uma imagem pitoresca dos costumes e das diferentes maneiras de ser dos povos Eram relat rios de informa es destinados a guiar os viajantes eram narra es frequentemente romanceadas de aventuras maravilhosas feitas sobretudo para agradar a imagina o eram enumera es de lugares e de dist ncias todas entremeadas de recorda es hist ricas eram por vezes considera es arqueol gicas e geneal gicas no es de estat stica e de administra o Estes trabalhos visavam certamente satisfazer a curiosidade que todos os esp ritos mesmo os mais humildes sentem por aquilo que se relaciona com os povos estrangeiros e com as paisagens ex ticas Por m de fato este conjunto de conhecimentos era apenas um caos desordenado sem esfor o construtivo sem luz explicativa isto sem caracter stica cient fica DEMANGEON 1952 p 25 Contudo n o h como n o argumentar que os estudos de popula o tamb m encontram ades o em outras reas de conhecimento e portanto o di logo com essas diferentes reas torna se imprescind vel para enriquecer essa an lise A necessidade de discutir a Geografia Humana e com ela identificar o lugar da popula o associa se a preocupa o de pensar a popula o primeiramente luz do conhecimento geogr fico Por isso optamos em abrir esta di
319. ersidades amplos sistemas de p s gradua o foi implantado Nem por isso parece que a Universidade tenha menos problemas o n mero de candidatos que n o conseguem entrar nas escolas superiores maior proporcionalmente do que antes a qualidade m dia dos alunos caiu assustadoramente houve uma grande prolifera o de cursos de m qualidade diplomando profissionais de forma o cada vez mais t nue para um mercado de trabalho cada vez mais saturado a p s gradua o cara restritiva e muitas vezes de qualidade duvidosa a cria o de sistemas de vestibular unificado n o igualou efetivamente as oportunidades ao permitir que os alunos melhor formados oriundos de fam lias mais ricas e educados nas melhores escolas secund rias privadas escolham as carreiras de maior prest gio das universidades p blicas deixando as escolas pagas de m qualidade e nas reas profissionais menos valorizadas para os alunos de origem social mais humilde E n o est claro que as ci ncias sociais e naturais geradas pelos novos institutos de pesquisa tenham a qualidade e a pertin ncia que seriam necess rios SCHWARTZMAN 2008 p 80 N o queremos dizer que se devem reduzir as vagas nos cursos de p s gradua o pelo contr rio quanto mais pessoas tiveram acesso ao ensino superior e a p s gradua o melhor o problema reside quando o processo de produ o cient fica se banaliza por conta de incentivos financeiros atribu dos a quem publica ma
320. es de cunho geogr fico al m de instrumentais eram estrat gicos entretanto havia no pa s muitos obst culos a serem superados para a efetiva consolida o da Geografia no Brasil boa parte da demora em se institucionalizar a Geografia no Brasil 130 pode ser entendida no contexto de forma o da sociedade moderna brasileira e sua heran as de um pa s escravocrata governado por uma aristocracia conservadora e dependente economicamente das na es europeias Nesse ponto da tese h a vontade de estabelecer uma a o investigativa sobre as diferentes trajet rias que marcaram o processo de institucionaliza o da Geografia no Brasil O que interessa n o um entendimento desse processo por ele mesmo fundamental compreendermos os caminhos necess rios para dialogar com nosso objeto de estudo Nosso foco est direcionado para a quest o da institucionaliza o da Geografia no Brasil por acreditar que isso dar sustenta o te rica e metodol gica para entendermos e apreendermos como a popula o foi trabalhada pela Geografia Com essa discuss o pretendemos debater tanto os processos que marcaram a hist ria da institucionaliza o da Geografia no Brasil quanto posteriormente analisar as implica es disso no que diz respeito popula o e a Geografia da Popula o na atualidade E a partir dessa perspectiva buscar olhar por outro ngulo para a quest o da popula o luz da hist ria da Geografia brasileira bem com
321. esponder que Geografia se memoriza e n o se aprende Bittencourt 2003 acena que as pesquisas que analisam disciplinas ministradas em cursos do n vel superior de ensino ainda s o escassas H imprecis es inclusive de nomenclatura ora se adotando o termo disciplina acad mica ora disciplina universit ria Al m disso os limites e rela es entre as disciplinas acad micas e as respectivas ci ncias de refer ncia ainda necessitam de explicita es Bittencourt 2003 p 36 pondera que os estudos sobre a hist ria das disciplinas acad micas e a vida universit ria t m se voltado para Apreens o da l gica interna do funcionamento do conhecimento cient fico seus avan os ou conflitos considerando o espa o da institui o universit ria com suas especificidades de conte dos mas nem sempre s o associados ao campo educacional Os estudos realizados em torno das disciplinas acad micas come am a ganhar aten o no Brasil e esses estudos ampliam e estimulam o entendimento dos contextos de an lise dessa problem tica que at ent o como destaca Chervel 1990 eram 150 predominantemente delimitada s disciplinas escolares Esse movimento come a a introduzir novos objetos nas investiga es das disciplinas universit rias Chervel 1990 adverte que n o podemos esquecer que o pesquisador que se prop e a estudar a hist ria das disciplinas acad micas tem pela frente alguns desafios Um desses desafios possivelmente o
322. esquisa geogr fica como discuss o de massa multid o mobilidade mobiliza o popula es tradicionais entre outras Por um lado isto pode demonstrar um enfraquecimento da Geografia da Popula o como tema de pesquisa na Geografia Mas ao mesmo tempo mostra a capacidade de adaptabilidade e transforma o que esse tem rio possui e ainda o quanto os ge grafos e professores de Geografia podem avan ar nas pesquisas em popula o e qu o ilimitadas s o na capacidade de flexibiliza o que esse tema tem e isso pode oferecer aos interessados em pesquisas ligadas din mica da popula o uma vasta gama de investiga o e estudos Diante desse quadro n o h como fecharmos os olhos e n o perceber que a tend ncia da ci ncia atual apesar dos rumores contr rios ainda as especificidades das especificidades Os cientistas asseguram que com um universo pequeno de investiga o 222 as possibilidades em alcan ar resultados mais promissores s o mais preciso Assim perguntamos o que leva o pesquisador a afunilar cada vez mais seu campo de investiga o A falta de tempo em realizar pesquisas j que as ag ncias de fomento n o v o esperar a vida toda por resultado e maior facilidade para realizar pesquisas j que trabalhar com um recorte menor possibilita an lises mais aprofundadas e tamb m um fluxo maior de produ o Ou ainda a necessidade ou din mica imposta pelo mundo globalizado capitalista
323. essa quest o Demangeon ressalta o papel desempenhado por Vidal de La Blache Vidal de La Blache que foi o iniciador da Geografia Humana na Fran a mostrou que o car ter cient fico desta geografia remonta a dois ge grafos alem es Alexandre Von Humboldt 1769 1859 e Karl Ritter 1779 1859 quando os dois demonstraram que entre os fen menos f sicos e os fen menos da vida h rela es constantes de causa e efeito mas cada um deles trouxe sua maneira original de conceber esta conex o Autor do Cosmos Humboldt sobretudo naturalista interessou se em estudar os fen menos f sicos e a mostrar por exemplo a influ ncia dos fatores como a altitude a temperatura a umidade a seca sobre as forma es vegetais Autor de Allgemeine vergleichende Geographie provido de uma forte cultura hist rica K Ritter mostra que em Geografia Humana a natureza n o o nico poder causal e que o pr prio homem na superf cie da Terra um agente de transforma o e de vida Dessa maneira a natureza e o homem Natur und Geschichte como dizia Ritter s o os dois termos perpetuamente associados entre os quais deve gravitar o pensamento do ge grafo neste caminho que a Geografia Humana permaneceu com dois mestres de escola Ratzel na Alemanha e Vidal de La Blache na Fran a Suas doutrinas e seus ensinamentos foram divulgados em quase todos os pa ses inspirando aqui e acol obras que contribu ram para vulgarizar a nova ci ncia e em faze
324. est es populacionais de modo dial gico ou seja o de entender o papel e o lugar da Geografia da Popula o no contexto atual e de compreender que os fen menos populacionais n o podem ser encarados dentro de uma ordem social est tica mas de uma sociedade em movimento N o dos interesses da classe dirigente mas dos interesses de todos para poder qui abra ar por meio da Geografia da Popula o um horizonte cada vez mais amplo e entender multiplicidade de necessidades dos grupos sociais Muitas hip teses podem ser levantadas com o intuito de entender os motivos que contribuem para que a Geografia da Popula o seja uma rea de pouco destaque na Geografia Nesse sentido as entrevistas realizadas com especialistas na rea podem ajudar a entender as ra zes dessa dificuldade o professor Helion P voa Neto aponta a Geografia da popula o n o vista como uma rea forte dentro da Geografia normalmente a nfase maior para a urbana pol tica e para as quest es vinculadas a temas internacionais uma coisa dif cil de explicar talvez porque na Geografia da Popula o o enfoque da Geografia n o ficou claro ao contr rio da urbana com a quest o do 175 espa o constru do e da territorialidade ficou claro aos olhos do ge grafo assim como o tema das fronteiras internacionais O tema da Popula o se confunde muito com o do dem grafo com o sociol gico e penso que isso fez que n o existisse uma identidade m
325. etas ao tema populacional crescimento demogr fico natalidade mortalidade fecundidade sempre estiveram presentes na hist ria da humanidade Quest es como o planeta vai suportar muitas pessoas O controle da natalidade importante e necess rio para atingir os objetivos dos Estados O emprego de uma sele o antes ou depois no nascimento imprescind vel preciso estimular a reprodu o independente das condi es dos pais de esperar e educar seus filhos O homem tem o direito de interferir no processo de procria o S o quest es que se colocam desde que existem Estados organizados com normas culturais e morais e que de uma forma ou outra sempre estiveram presentes na hist ria da humanidade Mas na atualidade continuam sendo intensamente veiculadas pelos meios de informa es N o obstante ainda hoje nos causam certo desconforto pois as respostas e opini es sobre essas quest es s o variadas Por m desde muito cedo a humanidade se preocupou com o aumento da popula o isto a quest o da superpopula o algo que ronda a sociedade h muito tempo Mormente por conta dos mitos e falta cientificidade em torno dos estudos populacionais No s culo XVII quando o planeta Terra abrigava n o mais que 200 duzentos milh es de habitantes os Estados j empregavam uma estrita regulamenta o da natalidade Todavia nesse tempo a tese da superpopula o estava mais ligada a quest es culturais do que necessariamente
326. etividades que por outro lado j foram medidas pela estat stica e pela demografia popula es rurais e popula es urbanas com diferentes sistemas de explora o e com diferentes graus de desenvolvimento popula es industriais popula es com atividades de servi o em tipos de cidades ou em fra es de cidades diferentes GEORGE 1974 p 92 2 Em Geografia Ativa o autor destaca que o papel do seu livro salientar a import ncia da Geografia para quem n o a compreende ou desconhece a sua fun o Ao mesmo tempo alerta o ge grafo de suas responsabilidades ele preocupa se em localizar as ra zes da Geografia que est o diretamente ligadas constru o de mapas e a ideia de descri o Logo o autor parte da ideia de descri o para definir duas correntes principais que podem ser consideradas como orienta o de pesquisa Assim o autor aborda essas duas correntes sendo que a primeira abrange rela es de causalidade e pode ir at o anseio de formula o de leis da Geografia e a segunda conforme ele mais diretamente utilit ria Para o autor necess rio que o ge grafo percorra e discuta com v rias disciplinas mas sem se aprofundar muito j que o papel do ge grafo passar uma vis o ampla mais superficial do que profunda pertencente reuni o de olhares do que um olhar especial Para P George a Geografia uma ci ncia humana logo o estudo geogr fico estudo sobre a sociedade de uma forma mais
327. exist ncia como eles chamaram isso e uma delas era o trabalho Ent o importante colocar a popula o no centro daquilo que a Geografia faz Agora vem minha defesa de colocar o trabalho no centro da reflex o sobre a popula o Penso que nossa sociedade uma sociedade do trabalho voltada para o trabalho abstrato ent o tem que entender o que esse trabalho abstrato E a partir do entendimento do trabalho abstrato pode se fazer todas as outras rela es que aparecem de forma fragmentada N o d para estudar sa de sem saber do trabalho n o d para estudar as migra es sem saber do trabalho ao estudar as migra es se faz isso muito na percep o do migrante Se estudarmos as motiva es do migrante verificaremos que ele quer um sal rio melhor quer uma melhor educa o para os filhos quer ir para um lugar e leva os pais porque tem um melhor atendimento sa de uns fogem da pol cia e t m outros que fogem at da sogra As motiva es s o in meras mas se procurarmos sempre reconheceremos que estamos numa sociedade do trabalho abstrato e por isso quando o professor M rcio Rocha estuda a mobilidade do trabalho para poder estudar a migra o percebe se que ele est num caminho bom num caminho certo para isso entrevista concedida pesquisadora abril de 2011 Para o professor Dieter o trabalho um elo capaz de dar unidade ao pensamento por meio do trabalho podem se juntar os saberes fragmentados e entende
328. explicitar os fen menos e uma abordagem geral tende a perder de vista elementos significativos para a compreens o da din mica populacional em si bem como os desdobramentos desse processo E diante dessa teia de informa es e opini es uma quest o ainda perdura a nosso ver o que compete ao ge grafo da popula o na atualidade Entendemos que o ensino da Geografia da Popula o e a pesquisa populacional na Geografia n o se referem transmiss o do conhecimento pronto ou acabado ou at mesmo de interpreta es estanques com nfase quantitativa nos estudos populacionais se 156 fosse assim as mudan as nas metodologias de ensino resolveriam a quest o did tica e a exclus o de dados quantitativos nas pesquisas sobre popula o melhoraria substancialmente as pesquisas Embora os estudos realizados no campo da disciplina de Geografia da Popula o tenham acenado que cada rea do conhecimento possui uma metodologia espec fica que acompanha o m todo utilizado na sua pr pria explicita o h mais fatores que precisam ser analisados quando se dedica ao estudo de uma tem tica em particular Seria ingenuidade assegurar que a ci ncia geogr fica por si s seria capaz de dar conta do universo dos estudos populacionais No entanto importante assinalar como a Geografia toma conta daquilo que lhe compete ou ao menos deveria lhe incumbir Essas compet ncias dizem respeito ao espa o que a Geografia da Popula o ocupa ou o
329. febvre o da utopia experimental que parte dos problemas locais concretos para a cr tica e sugest es de novas possibilidades cabendo ci ncia fazer cr tica vida cotidiana atrav s da an lise da vida habitual das pessoas estudando as implica es e consequ ncias das novas possibilidades de apropria o criadas pelos 282 cidad os Lutar pelo direito cidade romper com a l gica da indiferen a e caminhar para um novo modelo de produ o do espa o urbano O surgimento de uma estrutura espacial diferente com a ascens o do capitalismo n o um processo livre de contradi es Para superar barreiras espaciais e anular o espa o pelo tempo criam se estruturas espaciais que no fim agem como barreiras contra a acumula o adicional Essas estruturas espaciais se manifestam de forma fixa e im vel de recursos de transporte instala es fabris e outros meios de produ o e consumo imposs veis de serem movido sem serem destru dos Depois que se introduz o modo de produ o capital esse modo estabelece seu domic lio na rea e as pressuposi es aparentemente s lidas dadas pela natureza afiguram se nos bens im veis como fixadas pela ind stria Assim o capital passa a ser representado na forma de uma paisagem f sica criada sua pr pria imagem criada como valor de uso acentuando a acumula o progressiva do capital numa escala expans vel A paisagem geogr fica abrangida pelo capital fixo e imobiliz
330. ficar como a popula o fora abordada pela Geografia sabemos que essas abordagens est o de certo modo condicionadas a matriz filos fica predominante e ao m todo e metodologias utilizadas Baseado nisso entendemos que podemos chegar a resultados diferentes sobre o problema levantado a Geografia da Popula o vem perdendo espa o dentro da ci ncia geogr fica ou n o chega a resultado aparente Nesse sentido defendemos que os fen menos humanos por si s n o explicam o todo da realidade eles s o manifesta es parciais dessa realidade isto manifesta o aparente dela por isso muitas vezes n o avan amos para al m da apar ncia E a apar ncia n o d conta sozinha de explicar os fen menos preciso mergulhar em dire o a sua ess ncia no contexto das contradi es e de toda gama de rela es que produzem determinado fen meno para que se possa entender seus determinantes suas implica es a fim de encontrar a raiz do problema e com isso compreend lo e qui transform lo Decorre da a necessidade de entender nosso problema explicando os fen menos pela sua ess ncia e assim abordar o contexto da popula o pelo prisma da ci ncia que uma constru o e produ o humana em outras palavras entender o fen meno da popula o anexo com a realidade da qual foi e est sendo produzido e imbu do em sua totalidade Para Christofoletti as transforma es sucessivas que ocorrem no conhecimento cient fico e
331. foi trabalhada na Geografia buscamos fazer uso das categorias citadas pois n o queremos perder de vista que as an lises populacionais bem como as pol ticas p blicas a ela destinadas s o reflexos dos interesses dominantes de cada poca Principalmente porque os conte dos da Geografia da 20 Popula o assim como os interesses sobre a popula o no mundo e no Brasil foram se transformando de acordo com o tensionamento das rela es de poder e produ o de cada contexto hist rico Portanto ao desenvolver essa pesquisa sob a perspectiva hist rico cr tica reconhecemos que foram muitos os fatos analisados e os desafios que precisaram ser superados Embora a popula o n o tenha sido a preocupa o mais iminente dos estudos de Geografia salientamos sua import ncia tanto para o entendimento da pr pria ci ncia geogr fica quanto para verificarmos de que forma as rela es humanas est o imbricadas no espa o geogr fico Uma vez que entendemos que popula o um tema importante por m verificamos que a Geografia vem contribuindo pouco no que diz respeito aos estudos sobre popula o Por isso indagamos por que a Geografia da Popula o foi perdendo status dentro da Geografia Nesse sentido imergir na Geografia nos possibilitou entender e analisar a constru o e desenvolvimento da ci ncia geogr fica inclusive lan ando m o de fatos que ficaram margem da hist ria e assim encontrar poss veis respostas para no
332. g nuo realizar uma cr tica fatalista da ci ncia assim como definir o que ou n o considerada como ramos cient ficos acreditamos que preciso verificar por meio de uma an lise dial tica e dial gica quais s o as possibilidades de supera o existentes e por meio delas buscar entender a popula o ao longo da hist ria da Geografia sobretudo no Brasil Nesse sentido n o h como desconsiderar os ramos de conhecimento j que encontramos mais eco ao pensarmos a tem tica proposta quando nos remetemos aos textos associados ao ramo da Geografia considerada humana assim como o de outras ci ncias correlatas como a Sociologia Economia e a pr pria Demografia Mesmo n o defendendo a dicotomia n o se pode desconsiderar que com a popula o ocorre uma separa o similar porque as quest es associadas din mica demogr fica como seus desdobramentos encontram maior ades o no campo da Geografia Humana j as quest es ligadas aos movimentos migrat rios est o na maioria das vezes associados chamada Geografia Agr ria e os estudos de mobilidade e mobiliza o se encontram na maior parte na Geografia Urbana com raras exce es 61 Sabemos que uma ci ncia n o deve ser entendida apenas como resultado de teorias bem elaboradas de conceitos claros e bem constru dos e de experi ncias empiricamente comprovadas Porque nossas ideias s o veiculadas por homens concretos e institui es social e historicamente con
333. ge grafos que dedicaram boa parte de sua trajet ria acad mica em pesquisar esse tema Ainda por interm dio do banco de teses e disserta es da CAPES diagnosticamos o volume de trabalhos defendidos que envolviam a tem tica popula o entre os anos de 1987 a 2010 e analisamos duas revistas geogr ficas de abrang ncia nacional a Revista Brasileira de Geografia 1939 a 2005 e o Boletim Paulista de Geografia 1956 a 2005 para verificar a publica o sobre Geografia da Popula o no que tange o volume e a periodicidade Objetivando qualificar a an lise realizamos pesquisa em fonte de papel com os professores que atuam na rede estadual de educa o do Paran especialmente professores que trabalham no oeste e sudoeste para avaliarmos o ensino da popula o nas aulas de Geografia Tendo como pressuposto as Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia DCE PR e os livros did ticos p blicos de Geografia do Ensino Fundamental II 6 a 9 ano e do Ensino M dio 1 a 3 ano adotados no ltimo tri nio Por meio dessas op es metodol gicas obtivemos maior familiaridade com o tema pois a forma de abordagem dos dados permitiu traduzir algumas informa es por meio de gr ficos tabelas e quadros com o objetivo de n o s serem classificados mas principalmente analisados Adotamos como m todo o materialismo hist rico dial tico por acreditarmos que ele possibilita a investiga o e an lise dos fen menos em sua totalidade Ao p
334. go racionalizar significa acreditar num sistema coeso e coerente Portanto perfeito e por isso n o precisa ser verificado Vivemos sob o imp rio de ideias racionalizadoras que muitas vezes n o conseguem dar conta do que acontecem pois privilegiam os sistemas fechados l gicos e consistentes 80 De acordo com o pensamento moriniano o conhecimento n o sen o uma tradu o uma reconstru o N o conhecemos a ess ncia das coisas exteriores Sabemos das coisas objetivas que se pode confirmar mas n o h conhecimento sem integra o do conhecido Essa circunst ncia vale tamb m para os fen menos sociais e humanos O soci logo e o economista s o parte da sociedade e suas totalidades tamb m est o neles Num est gio superior vejo a necessidade de uma reforma paradigm tica dos conceitos dominantes e de suas rela es l gicas que controlam inconsciente e incorrigivelmente todo o nosso conhecimento O paradigma sob o qual vivemos o da disjun o e da redu o e ele nos torna cegos nesta era de globalidade e mundializa o N o podemos produzir por decreto a reforma necess ria porque ela est inscrita no pr prio curso da hist ria pensemos na passagem do paradigma ptolomaico ao copernicano Tal reforma consiste em passar para um paradigma de religa o conjun o implica o m tua e distin o Ela pressup e uma mudan a no ensino que por sua vez implica uma transforma o do pensamento um c rcu
335. go do s culo XX e o advento das tecnologias No entanto v lido salientar que o trabalho considerado a for a motriz da sociedade moderna e est repleto de significados e portanto exerce consider vel import ncia nos estudos populacionais de fundamental import ncia que esse represente a viv ncia e o cotidiano dos alunos para que esses possam dimensionar este conhecimento e apropriar se de determinados conceitos percebendo se assim como sujeitos de sua hist ria Acreditamos que aprender um processo de aquisi o de experi ncia que executa uma fun o determinada do conhecer Na escola se vive uma etapa de trabalho e de forma o que vai propiciar a transi o do Ser aluno ao Ser profissional uma fase importante para trabalhar o cotidiano da vida quando estamos desejosos do aprender de mudar de vivenciar o novo e de planejar a vida Portanto a prepara o do aluno para entender os conte dos geogr ficos e neste caso a popula o t o importante quanto do professor necess rio trabalhar com o cotidiano que sem d vida a conex o entre a realidade em que vivemos e o saber que produzimos assim como a liga o com o que outros viveram e produziram e com as possibilidades de construir e se reconstruir continuadamente importante sempre trabalhar com os conte dos na perspectiva da pesquisa e a aprendizagem significativa possibilita isto Pois conforme Demo 1992 a possibilidade da pesquisa
336. grafia moderna In Semin rio de Hist ria da Ci ncia e Epistemologia Piracicaba SP 1992 PETRONE Pasquale Geografia Humana In Hist ria das Ci ncias No Brasil Coordenadores Ferri Mario et all S o Paulo EPU Ed USP 1979 O ensino da Geografia nos ltimos 50 anos IN Revista Orienta o S o Paulo N mero 10 1993 Pasquale Petrone e a Geografia na USP IN Estudos Avan ados S o Paulo vol 8 n 22 1994 POKSHISHEVSKIY V V Population Geography in the USSR Moscow Institute of Scientific Information 1966 QUEIROZ E A emigra o como for a civilizadora Lisboa Perspectivas e realidades 1970 RATZEL F Anthropogeographie Stutgarl J Engelhom 1891 RATZEL F La Terra E La Vota Geografia Comparativa Vol 1 Torino Unione Tipografico Editrice 1905 336 RECLUS A evolu o a revolu o e o ideal anarquista S o Paulo Imagin rio 2002 REZENDE D F de A REFLEX ES SOBRE OS SISTEMAS DE MIGRA O INTERNACIONAL PROPOSTA PARA UMA ANALISE ESTRUTURAL DOS MECANISMOS INTERMEDI RIOS Faculdade de Ci ncias Econ micas da Universidade Federal de Minas Gerais Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional 2005 Tese de doutorado em Demografia RIQUE L Do senso comum geografia cient fica S o Paulo Contexto 2004 ROBINSON apud SINGER P Din mica populacional e desenvolvimento S o Paulo CEBRAP 1970 ROCHA M M A Espacialidade das Mobilidades Urbanas Um
337. guez e dissipa o se n o confiassem na assist ncia paroquiana para o sustento em caso de acidente E que os pobres empregados em f bricas consideram essa assist ncia um motivo pelo qual podem gastar todos os sal rios que auferem e divertirem se enquanto livres poss vel parece evidente pelo n mero de fam lias que na sequ ncia do encerramento de uma f brica importante se apressam a recorrer par quia quando porventura os sal rios recebidos nessa f brica enquanto floresceu se achavam suficientemente acima do pre o da m o de obra corrente no pa s para lhes permitir economizar o bastante para os seu sustento at que conseguissem encontrar outra via de aplica o dos seus m ritos Um homem incapaz de deixar de frequentar a cervejaria em virtude da considera o de que por sua morte ou doen a obrigar a mulher e a fam lia a recorrerem par quia poderia hesitar em dissipar assim as economias se lhe assegurassem que em qualquer desses casos a fam lia passaria fome ou teria de se sujeitar a caridade p blica MALTHUS 1789 47 48 Para ele era preciso distinguir o n mero de bra os que o capital da sociedade poderia empregar e o n mero que poderia produzir alimentos em seu territ rio e ainda dizia que o crescimento da popula o induziria incorpora o ao cultivo de novas terras menos f rteis e ou intensifica o do cultivo das terras j dispon veis Por outro lado poderiam atribuir se pr
338. gumenta que as condi es de produ o da exist ncia humana passam a ser dominantemente sociais isto produzidas pelos pr prios homens quando esses necessitam e dominam uma s rie de 57 t cnicas capazes de transformar o meio de modo mais efetivo SAVIANI 1998 p 8 A hist ria portanto emerge como um problema n o apenas pr tico mas tamb m te rico O homem al m de ser hist rico aspira se tornar consciente de sua identidade Os princ pios citados por Christofoletti 1985 fazem da Geografia Humana uma ci ncia que tem o homem como ser hist rico porque ele se cria e recria socialmente e culturalmente cotidianamente e compete a Geografia Humana compreender e explicar os processos hist ricos e sociais da humanidade A todos os que pretendem ainda falar do homem do seu reino ou da sua liberta o a todos os que formulam ainda quest es sobre o que o homem na sua ess ncia a todos os que querem partir dele para ter acesso verdade a todos aqueles em contrapartida que reconduzem todo o conhecimento s verdades do pr prio homem a todos os que n o pretendem mitologizar sem desmitificar que n o querem pensar sem pensar logo que o homem que pensa a todas essas formas de reflex o canhestras e torcidas n o se pode sen o opor um riso filos fico quer dizer em certa medida silencioso FOUCAULT 1968 p 445 446 Nesse contexto Foucault em A Arqueologia do Saber ao abordar os problemas do campo
339. h esfor os por parte de outros autores em aproximar o di logo das quest es 2 populacionais com as proposituras investigadas por Marx como o caso da Am lia 217 Damiani Paul Singer Ruy Moreira Josu de Castro e outros Oferecendo maior aten o e criticidade ao fen meno populacional O caso de Pierre George por exemplo considerado um dos maiores representantes da Geografia da Popula o percebemos ao longo das obras abordagens diferenciadas o que denota um amadurecimento do autor ou momentos em que o pr prio George colocava em xeque as quest es aparentemente resolvidas Uma parte da obra de Pierre George foi atravessada pela influ ncia da geografia cl ssica em outros momentos aproxima se das leituras marxistas ou seja h um ecletismo em suas obras e na sua escrita parecendo s vezes que h mais de Pierre George no mesmo texto N o se trata de uma interpreta o f cil j que em momentos h congru ncias com a Demografia e Geografia e depois discrep ncias chamamos a aten o para essa quest o porque quando se analisa apenas o autor por uma nica obra dificilmente conseguiremos entender ou captar seu pensamento muitas vezes suas ideias podem ser distorcidas ou at condicionadas pelas leituras de mundo sociedade popula o o que predomina em n s por isso que a escolha do referencial te rico assim como das obras dos textos n o uma a o mec nica mas sim algo que deve ser refletido repe
340. h o demasiado estreito da experi ncia pessoal Albert Einstein 247 Geralmente o tem rio da popula o no mbito da Geografia ocupa um lugar no rol das chamadas disciplinas acad micas comumente os estudos de Popula o est o na maior parte das vezes alocados na disciplina chamada Geografia da Popula o trata se portanto de uma disciplina a ser cursada predominantemente durante o curso de gradua o em Geografia Em termos gerais a Geografia da Popula o se mant m entre as disciplinas abordadas pela rea humana da Geografia e se dedica aos estudos dos fen menos demogr ficos procurando explic los bem como sua din mica A partir dessas constata es poss vel afirmar que a Geografia da Popula o tem um importante papel no cen rio atual pela raz o de seu objeto de estudo concentrar se em um din mico fen meno humano Al m de considerarmos que a quest o populacional imp e se como mat ria merecedora de maior aten o de todos os governos visto que o cont nuo crescimento populacional se d de modo cada vez mais concentrado colocando em pauta o equil brio da equa o popula o X recursos naturais exigindo desse modo estudos e debates mais aprofundados entre outras quest es Podemos definir o poder pol tico de uma na o ou grupo como a capacidade de influenciar outras na es ou grupos no sentido de empreenderem programas de a o que de outro modo n o empreenderiam Esse poder pode ser exerci
341. has te ricas e metodol gicas adotadas por cada pesquisador o que n o podemos perder a dimens o e a relev ncia dos estudos populacionais inclusive para o desenvolvimento da Geografia enquanto ci ncia a e tamb m enquanto disciplina escolar A fim de aprofundar um pouco mais o tema em especial sobre a produ o de divulga o do mesmo buscamos tamb m averiguar como est o os estudos de popula o no Paran cientes que quando falamos da situa o da pesquisa e ensino relacionados Geografia da Popula o brasileira estamos de certa forma contemplando o Paran O Paran est passando por um processo de desenvolvimento cient fico e de difus o de cursos superiores bastante expressivos em especial nos munic pios de m dio e pequeno porte que t m recebidos extens es das universidades maiores e tamb m da entrada significativa de faculdades universidade e centros de educa o superiores mantidos pela iniciativa privada e tamb m pelo governo federal com a amplia o dos campus da Universidade Federal Tecnol gica da Paran UTFPR da Universidade Federal Fronteira UFSS e da Universidade Federal de Integra o da Am rica latina UNILA O Paran um estado que possui um n mero expressivo de universidades mantidas pelo governo do Estado e boa parte dessas institui es possuem cursos de p s gradua o stricto sensu e vem ao longo dos anos formando in meros professores No Paran h tamb m o Programa de De
342. homem n o percebe sua capacidade hist rica a sua pr xis revolucion ria contribui para a manuten o dos discursos ideol gicos dominantes da sociedade A partir da an lise hist rica da filosofia Marx promove uma verdadeira ruptura com o Idealismo de Hegel propondo o homem como sujeito hist rico Como para Marx a sociedade capitalista dividida em classes h por um lado os detentores do capital e do outro os prolet rios Havendo uma luta entre ambos caracterizando a luta de classes Para ele lutas de classes e conflitos s o inevit veis numa sociedade capitalista j que os interesses dos capitalistas e dos trabalhadores s o antag nicos Desse modo a luta de classes seria o motor que levaria a transforma o social Marx almejava a revolu o prolet ria com o intuito de modificar o sistema econ mico vigente e promover uma sociedade mais igualit ria onde a desigualdade entre as classes deixaria de existir Quando a desigualdade fosse suprimida e a riqueza nacional produzida coletivamente capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas atingir se ia um novo est gio denominado de comunismo Marx concebia o comunismo como um desdobramento do socialismo a ponto do Estado perder sua raz o de ser E acreditava que a burguesia estava cavando sua pr pria derrocada que resultaria na vit ria da classe trabalhadora pois defendia que os pr prios capitalistas como j discutido em momentos anteriores desta tese fo
343. homens do capital a articula o do crescimento dos grupos humanos do capital a articula o do crescimento dos grupos humanos expans o das for as produtivas e a reparti o diferencial do lucro foram em parte tornados poss veis pelo exerc cio do biopoder com suas formas e procedimentos m ltiplos O investimento sobre o corpo vivo sua valoriza o e a gest o distributiva de suas for as foram indispens veis naquele momento FOUCAULT 2007 p 153 154 Entre os te ricos da Geografia que produziram estudos sobre popula o vale destacar as contribui es de Pierre George a Jaqueline B Garnier Os estudos desenvolvidos por estes dois autores foram importantes para os estudos de popula o na Geografia e nos permite realizar di logos com as proposituras de Foucault todavia vamos discutir com mais afinco as contribui es deles em cap tulos subsequentes Para complementar as argumenta es por ora apresentadas consideramos interessante trazer para o debate as discuss es presentes na obra Popula o e Geografia 2008 da professora Am lia Damiani Nessa obra a autora destaca a valoriza o dos dados quantitativos nos estudos populacionais em detrimento aos aspectos humanos e hist ricos A autora realiza uma coerente recupera o hist rica da popula o ao longo da Geografia Refor ando que a atualidade das teorias demogr fico que faz com que 113 retornemos a elas Para que possamos verificar at que
344. hus tiveram de imediato uma enorme repercuss o sendo rapidamente incorporadas ideologia conservadora das classes dominantes Neste sentido sua maior contribui o ao debate cient fico dos problemas populacionais n o residiu tanto no conte do de sua teoria visto por muitos como pouco original e tecnicamente discut vel mas na imensa pol mica que ela suscitou Gra as a essa pol mica Malthus pode ser considerado um verdadeiro divisor de guas na hist ria dos estudos demogr ficos Ao chamar a aten o para a import ncia socioecon mica dos problemas populacionais ele acabou contribuindo indireta mas intensamente para a g nese das modernas teorias e t cnicas de an lise da Demografia SZMRECS NYI 1980 p 267 Malthus 1789 alertava que o crescimento desordenado da popula o certamente repercutiria em crises constantes J que as pessoas sedentas por alimentos provocariam convuls es generalizadas Por m para ele a natureza se encarregaria de eliminar o excedente humano Defendia o controle da natalidade e a supress o da ajuda assistencialista aos mais necessitados com isso buscava incutir ideias de responsabilidade O casamento e a procria o deveriam ocorrer apenas quando estiverem garantidos os meios de alimenta o e educa o Segundo Malthus a r pida dissemina o da mis ria era um risco para a humanidade e portanto era preciso erradic la Estes fatos parecem demonstrar que a popula o aumenta exa
345. i Buenos Aires Losada 1946 LYOTARD J F A condi o p s moderna 7 ed S o Paulo Jos Olympio 2002 MACHADO M C G Rui Barbosa Pensamento e a o Campinas SP Autores Associados Rio de Janeiro Casa de Rui Barbosa 2002 MACHADO M S A Implanta o da Geografia Universit ria no Rio de Janeiro Scripta Nova Revista Electr nica de Geograf a y Ciencias Sociales Universidad de Barcelona ISSN 1138 9788 N 69 5 1 de agosto de 2000 Fontes e hist ria das institui es escolares O projeto educacional de Rui Barbosa no Brasil In LOMBARDI J C NASCIMENTO M I M Org Fontes hist ria e historiografia da educa o v 1 Campinas SP Autores Associados 2004 p 65 83 MAGNOLI D Globaliza o estado nacional e espa o mundial S o Paulo Moderna 1997 Cole o Pol mica 333 MAMIGONIAN A G nese e objeto da geografia passado e presente Revista Geosul Florian polis v 14 n 28 p 167 179 jul 1999 A escola francesa de Geografia e o papel de A Cholley Cadernos geogr ficos Florian polis n 6 p 7 45 maio 2003 MARX K apud IANNI O Dial tica e capitalismo ensaio sobre o pensamento de Marx Petr polis Vozes 1982 MARX K Introdu o cr tica da economia pol tica In Contribui o cr tica da economia pol tica 2 ed Tradu o de Maria Helena Barreiro Alves S o Paulo Martins Fontes 1983 p 199 231 MARX K e ENGELS F A ideologia alem
346. ia Assim novas conceitua es foram inseridas a fim de legitimar as an lises demogr ficas Vale ressaltar ainda que ao recuperarmos a hist ria da Geografia notamos que o estudo da popula o n o foi uma de suas maiores preocupa es Por isso a dificuldade em trabalhar com essa problem tica Tendo em vista que ela n o mereceu muita aten o dos ge grafos ao longo de sua hist ria Essa afirma o se justifica parcialmente pelo fato de encontrarmos obras de ge grafos da popula o somente em meados do s culo XX Antes disso n o havia muita preocupa o em rela o popula o na Geografia para perceber isso basta recorrer aos cl ssicos da Geografia e a literatura afim N o se quer com isso afirmar que a popula o n o era abordada pela Geografia cl ssica mas que seus aspectos n o eram considerados de grande relev ncia para o entendimento do espa o Os estudos de popula o na Geografia passam a ter mais relevo a partir do momento que os estudos populacionais passaram a compor uma disciplina 107 espec fica Geografia da Popula o assunto esse que ser abordado com maior nfase posteriormente A estrutura tradicional da disciplina tamb m trabalhou contra o xito dos estudos populacionais A Geografia era geralmente dividida em duas partes fundamentais A primeira delas a Geografia F sica considera as caracter sticas de uma crosta terrestre na qual a presen a humana t o ignorada quanto po
347. ia acad mica foi reflexo de um contexto de intensas transforma es que afetaram o mundo inclusive o Brasil e para entender um pouco esse processo e com ele as abordagens sobre popula o no pa s faremos a seguir uma breve contextualiza o sobre a institucionaliza o da Geografia em solo brasileiro 127 2 2 O processo de institucionaliza o da Geografia no Brasil No Brasil o processo de institucionaliza o da Geografia brasileira se deu principalmente por duas vertentes a primeira foi a contribui o e influ ncia da escola francesa que colaborou na cria o da Faculdade de Ci ncias e Letras de S o Paulo e a segunda a cria o dos Institutos Geogr ficos Essas condi es somadas aos interesses do governo e as necessidades do pa s levou a Geografia no s culo XX a ganhar express o e se desenvolver no pa s Podemos dizer que o Brasil j a partir da segunda metade do s culo XIX apresentava condi es para uma ampla divulga o dos discursos geogr ficos e uma r pida institucionaliza o da Geografia No Brasil o desenvolvimento dos estudos geogr ficos se fez muito importante durante o per odo imperial e da Primeira Rep blica os ge grafos se dedicaram mais a fazer estudos descritivos levantamentos estat sticos e a produzirem alguns atlas Entre os estudos de interesse geogr fico do per odo podem ser salientados alguns trabalhos de Homem de Melo de Ramiz Galv o do Bar o do Rio Branco e de Joaquim Na
348. ia no Brasil 1934 2010 perman ncias transforma es e rupturas sob a orienta o do professor Dr M rcio Mendes da Rocha buscamos agregar o interesse em realizar a pesquisa com as condi es reais para sua efetiva o Trata se de um desafio tanto pelo car ter predominantemente te rico da pesquisa o que exigiu um esfor o te rico e metodol gico consistente e coerente tanto pelo intento em se trabalhar pelo vi s epistemol gico da Geografia sem com isso recorrer descri o narrativas ou uma retomada desvinculada da problem tica que move o objeto da tese sem a qual a pesquisa se tornaria sem efeito Uma vez que trataria de um levantamento te rico que talvez pouco contribu sse para o enriquecimento do tema sobretudo porque isso foi feito por muitos pesquisadores e de forma respons vel Diante do exposto enfatizamos a necessidade de discutir o objeto a partir da perspectiva da pr xis isso nos levou a questionar inclusive os motivos dessa tem tica sendo posta em segundo plano em especial quando analisamos o caso da pesquisa em popula o na Geografia A proposta inicial apresentada para o ingresso no curso e a tese agora realizada mant m uma peculiaridade que n o foi modificada ou seja a ambi o de construir uma pesquisa pelo vi s da criticidade buscando entender os caminhos percorridos pelos estudos populacionais na Geografia e acima de tudo a cren a de que enquanto professores pesquisadores possamos av
349. icas de certo modo isto limitaria nossa vis o sobre a magnitude desta categoria especialmente se atrelada mobilidade Logo porque os espa os da produ o e o da reprodu o est o interligados e um depende do outro evidenciando se o trabalho abstrato e sua express o territorial explicitada cotidianamente nos movimento de mobiliza o dos trabalhadores Marx exp e as condi es hist ricas que viabilizaram a produ o da concep o materialista e dial tica da hist ria como o m todo cient fico capaz e explicar as transforma es do s culo XIX Viabiliza o reconhecimento das rela es sociais e do Estado dos sistemas religiosos e jur dicos luz das condi es de produ o da vida material de sua poca A cr tica da economia pol tica descrita como uma vis o de conjunto sistem tica de todo o complexo da ci ncia econ mica um desenvolvimento coerente das leis da produ o burguesa e da troca burguesa Aborda o m todo l gico e hist rico a partir da primeira rela o econ mica com a qual nos deparamos no capitalismo 293 a economia pol tica come a com a mercadoria com as trocas que a produzem Deste modo as discuss es expressas at aqui sobre a mobilidade do trabalho pautado no materialismo hist rico dial tico ajuda nos a entender as rela es entre homem e trabalho inclusive nos dias atuais para muitos as concep es formuladas por Marx foram superadas e n o respondem mais os anseios capitalista
350. iculdades desapare am como fez durante anos os que 76 usavam o m todo dial tico Ao contr rio defende que o princ pio dial gico a elimina o da dificuldade do combate com o real Tomando como pressupostos os postulados de Morin entendemos que ir al m da fragmenta o significa pensar o conhecimento de modo integrado isso n o significa que basta reunir todas as partes que comp e o todo O pensamento complexo requer uma habilidade que possibilite romper com a vis o dicot mica enraizada no modo como se produz ci ncia N o queremos fazer apologias ao uso do paradigma da complexidade uma vez que existem cr ticas acerca desse assunto A proposta apresentada vem ao encontro de produzir uma leitura mais din mica complexa e hist rica sobre o tema como salientado n o se analisa a popula o por ela mesma Portanto ao pensar e realizar a presente pesquisa busca se levar em conta seu contexto hist rico e algumas problem ticas elencadas Do contr rio pod amos ser lan ados s escuras de forma desorientada e assim dificilmente conseguir amos avan ar na pesquisa e contribuir para os estudos de popula o na Geografia O esfor o em realizar a pesquisa pauta se na tentativa de apresentar algo novo ou diferente algo que talvez supere o j realizado sem pretens es ing nuas e sem desvalorizar o j feito Busca se fomentar o debate sobre complexidade e em especial sobre os estudos populacionais E com isso tentar sup
351. idade visando acolher as demandas sociais espec ficas E nesse sentido o esvaziamento referente pesquisa e at ao ensino de Geografia da Popula o significa indica que a mesma n o atende mais as demandas sociais Num momento em que o mundo ultrapassou 7 sete bilh es de pessoas onde o consumo exacerbado produz toneladas de lixo por ano onde os danos a natureza s o grandiosos e a especula o imobili ria galopa a passos largos em contraposi o a m distribui o de terra E a mis ria a fome o medo a viol ncia e o envelhecimento da popula o al m de muitos outros motivos ainda nos batem a porta Ser que a Geografia da Popula o saiu de moda n o importa mais n o d conta deve ser substitu da ou j foi E os professores e os ge grafos que fazem parte desse contexto t m algo a contribuir O professor Dieter ao ser questionado sobre indaga es pr ximas as propostas anteriormente respondeu minhas indaga es da seguinte forma Vou coloc la num caminho para refletir por que n o h perguntas que incluem os problemas da popula o claro que os estudos de popula o t m import ncia para a Geografia n o d para pensar a produ o do espa o sem conhecimento sobre a popula o tanto em rela o aos comportamentos biol gicos de reprodu o de fertilidade de mortalidade entre outros como os temas da migra o Temos como contribuir para um conhecimento relevante e e
352. idade de cursos de p s gradua o ampliou se a partir de meados da d cada de 1990 aumentando gradativamente os n meros de cursos O que denota que os cursos de p s gradua o em Geografia tendem a gradativa expans o inclusive com a aprova o de mais cursos em doutorado Demonstrando que os cursos de mestrado sofreram um processo de interioriza o no pa s e que de uma forma ou de outra contribui para as ofertas de doutorado tamb m aumentam a demanda e as necessidades da ci ncia geogr fica Entre os motivos que explicam o aumento dos cursos de p s gradua o no Brasil a partir da d cada de 1990 est o de alguma forma atreladas as pol ticas p blicas vividas no pa s s transforma es ocorridas sobretudo no que se refere s reformas o governo conseguiu a aprova o da quebra dos monop lios estatais nas reas de comunica o e petr leo bem como a elimina o de restri es ao capital estrangeiro Pol tica de privatiza o de empresas estatais invadiu o pa s No Congresso Nacional os opositores ao neoliberalismo n o tiveram for as para se opor ao governo todavia as cr ticas quanto ao governo defender os interesses do capital estrangeiro e a iniciativa privada continuava acirrado Algumas mudan as ou avan os ocorreram na educa o e na sa de E na quest o agr ria h elogios com algumas conquistas avan adas na fr gil democracia brasileira por m a pobreza continuava imperante apesar das medidas palia
353. ido seja pela linguagem adotada ou pela forma de divulga o que restringe e limita a publica o e conhecimento do tema Ent o n o h como afirmar que a 307 ci ncia se popularizou uma vez que boa parte da popula o vive alheia aos conhecimentos produzidos nas universidades e em outros ambientes de produ o cient fica Com o passar dos anos a democratiza o do conhecimento e o acesso ao ensino superior se tornou algo defendido por todos mas isso n o significa que a produ o cient fica e o acesso universidade deixaram de ser privil gio A universidade como espa o democr tico de produ o de conhecimento ainda enfrenta na contemporaneidade mazelas decorrentes de sua forma o hist rica um exemplo de uma das muitas mazelas o modo como ocorre o ingresso no ensino superior p blico A forma de ingresso apenas um exemplo de como a democratiza o do ensino superior algo ainda a ser conquistado Contudo para uma an lise mais aprofundada sobre esta quest o seria necess rio uma reflex o acerca de toda a educa o escolar melhor sobre a educa o no pa s e n o somente da universidade em si Al m dos ideais de democratiza o e triagem dos mais aptos universidade cumpriria outra fun o a de racionaliza o da sociedade A educa o universit ria permitiria abolir as diferen as entre o culto e o inculto entre o saber cient fico e o saber comum Ela proporcionaria enfim a chegada do terce
354. igia se inteiramente a Ratzel defendendo que as potencialidades abertas pelo patrim nio natural e territorial s poderiam se sustentar com a participa o direta de um Estado forte 129 O in cio da Rep blica foi um per odo importante no qual se discutia o que era necess rio ter e conquistar para a constru o do pa s questionando sobre o povo que se dispunha para a realiza o de tal empreitada Nesse momento aparece claramente a imagem do pa s como um espa o a se ganhar sendo que a participa o popular deveria estar de acordo com os interesses da elite dominante para a realiza o de tal tarefa Dessa forma vale ponderar que o elemento populacional aparece tamb m como um instrumento para a consolida o da recente na o brasileira assim o povo deveria ser educado e governado de forma a atender as necessidades iminentes Observa se assim uma poca de acentua o tanto do processo de produ o material do espa o brasileiro a constru o da geografia material do pa s ou a valoriza o objetiva de seu espa o quanto de sua produ o simb lica de constru o de representa es dos dois planos animou a instala o no pa s da geografia como um campo especializado e institucionalizado O primeiro aponta um pouco mais nesse sentido gerando alguns institutos que se dedicam ao levantamento geogr fico das reas pioneiras um labor desempenhado por um corpo de especialistas denominados engenheiros top grafos
355. il oferece um interessante panorama sobre o assunto bastam verificar as linhas de pesquisa os grupos de pesquisas e de trabalho formados e consolidados na atualidade e percebemos que o lugar destinado aos estudos de popula o na Geografia irris rio se comparados com outras reas o que refor a a tese de que a Geografia da Popula o n o uma rea de atra o de ge grafos pesquisadores E n o uma rea atrativa talvez pelo aspecto de abstra o da popula o introjetados nesses estudos pela Geografia sobretudo pela heran a existente entre a 303 Geografia da Popula o e a Geografia cl ssica e a n o supera o desta situa o que permanece em muitos estudos populacionais de ge grafos ou ainda pela falta de forma o que capacite os ge grafos a abordarem os estudos populacionais luz das contradi es existentes e situando o sujeito como um ser hist rico que necessita viver socialmente e com isso dando materialidade ao fen meno populacional as a es humanas sobretudo em suas v rias formas de mobilidade Nosso intento n o tecer considera es empolgadas acerca da popula o e nem supervaloriz la mas propor uma reflex o ser que na pesquisa em Geografia na atualidade n o h um esfor o coletivo em abordar quest es que dizem respeito ou atendam l gica perversa do capitalismo em detrimento de estudos que promovam um maior reconhecimento e entendimento das quest es ligadas por exemplo
356. ilh es de ferro que os cingem sufocam neles o sentimento desta liberdade original para qual eles parecem ter nascido fazem no amar a pr pria escravid o e com eles formam o que chama de povos civilizados Ergueu os tronos a 147 necessidade as ci ncias e as artes firmaram no Pot ncias da terra amai os talentos e protegei os que os cultivam Povos civilizados cultivai as escravos felizes v s lhes deveis esse gosto delicado e fino de que vos gabais esta do ura de car ter e esta urbanidade dos costumes que fazem com que o com rcio entre v s seja t o amig vel e t o f cil ROUSSEAU 2010 p 10 Palavras como essas citadas por Rousseau expressa o momento hist rico em que ele viveu Mas ainda hoje percebemos que as ci ncias as disciplinas ou seja as forma de manifesta o dos saberes s o cria es humanas portanto hist ricas E mesmo que de forma sutil exercem influ ncia e interferem na forma como as pessoas compreendem o mundo que habitam E ao pensar nas especificidades dos campos cient ficos acreditamos que essas tamb m possuem fun es e mecanismos para sua consolida o e repercuss o criando muitas vezes pr ticas que no caso os estudos de popula o requerem algumas vezes articula o com outros saberes e isso de alguma forma refletem no modo como esses conte dos ser o e s o trabalhados e entendidos bem como suas finalidades As disciplinas acad micas e entre elas a Geografia da Popula o s o
357. ilitaria aos homens desenvolverem meios para superar as dificuldades impostas Assim a necessidade de sobreviv ncia seria uma esp cie de motor que impulsionaria n o s a vida mas a sua manuten o e reprodu o sem perder de vista o movimento da hist ria e suas varia es espaciais N o devemos limitar a vis o a uma s ordem de fen menos o menor estudo geogr fico se pretende ser completo n o deve restringir a observar fatos isolados Pois como dizia Vidal de La Blache nenhuma parte da terra leva em si sozinha a sua explica o E refor a Brunhes ao escrever que uma montanha n o forma um todo isolada em si mesma uma cidade n o uma unidade independente depende do solo em que se edifica do clima a que se acomoda do meio que a faz viver um rio n o um indiv duo tendo em si mesmo toda sua raz o de ser BRUNHES 1969 p38 Desse modo atingisse a ideia do todo terrestre j que as for as terrestres n o agem em condi es determinadas mas existe uma conex o entre as diferentes a es que atuam sobre o mesmo espa o A ideia de que a terra um todo cujas partes est o 67 coordenadas fornece a Geografia um princ pio de m todo cuja fecundidade aparece melhor medida que se estende sua aplica o VIDAL de LA BLACHE 1896 p 129 O homem n o escapa lei comum sua atividade compreendida dentro da malha dos fen menos terrestres Por m se a atividade humana por tal for
358. iliza o brasileira t II O Brasil mon rquico Do Imp rio Rep blica v 5 S o Paulo Difus o Europ ia do Livro 1972 BUTTIMER A Apreendendo o dinamismo do mundo vivido In CHRISTOFOLETTI A Perspectivas da Geografia S o Paulo Difel 1982 p 165 193 CAMPOS R R de Aspectos demogr ficos na obra de Josu de Castro Mercator volume 8 n mero 17 2009 set dez p 55 a 67 CANETTI Elias Massa e poder S o Paulo Cia das Letras 1995 CAPEL H Filosofia y Ciencia em La Geografia Contemporanea Barcelona Temas Universit rios 1982 Historia de La Ciencia e Historia de las disciplinas Cient ficas Geocr tica UNIVERSIDAD DE BARCELONA ISSN 0210 0754 Dep sito Legal B 9 348 1976 Afio XII N mero 84 Diciembre de 1989 Geografia contempor nea ci ncia e filosofia org Jorge Ulisses Guerra Villalobos tradu o Jorge Ulisses Guerra Villalobos et al Maring Eduem 2010 CARLOS A F A ROSSINI R E Popula o e Processos de estrutura o do Espa o Geogr fico Revista do Departamento de Geografia Entregue para publica o em junho de 1982 p 09 a 18 Benjamim Constant e a instru o p blica no in cio da Rep blica 1994 Faculdade de Educa o UNICAMP Campinas SP 1994 Tese de Doutorado CARVALHO M B de Geografia e Complexidade Scripta Nova Revista Eletr nica de Geografia y Ci ncias Sociales Barcelona n 34 1999 CARVALHO D Methodologia do Ensino G
359. ilo que George 1951 e Trewartha 1953 representaram nos anos 50 Com a an lise do referencial bibliogr fico podemos notar que as obras relacionadas aos estudos de popula o se mant m as mesmas por d cadas e a aus ncia de peri dicos nas bibliografias analisadas j um indicativo que esse tipo de fonte de informa o e conhecimento n o bem utilizado pelos professores pesquisadores de Geografia da Popula o Em se tratando de peri dicos h um n mero consider vel de revistas de renome internacional que discutem quest es acerca dos estudos de popula o na Geografia Um agravante que podemos identificar a n o ades o a esses peri dicos pois a maioria est em ingl s e sua aquisi o exige um desembolso financeiro o que na maioria das vezes cabe ao pr prio pesquisador esta incumb ncia j que boa parte das universidades n o paga por este tipo de acervo pois algumas vezes s o dispendiosos Para a realiza o desta tese 215 tive acesso a alguns textos publicados nas revistas Geography Abstract esta revista proporciona uma leitura prospectiva dos assuntos e uma quest o interessante da revista a organiza o do ndice por meio dele temos possibilidades de encontrar o que procuramos com rapidez e facilidade A revista Progress in Geography Human da qual alguns textos foram extra dos para a leitura e que contribuiu para a constru o desta tese aborda uma s rie de quest es atuais e suas abordagens s o
360. ilos ficos da ci ncia geogr fica no qual vale a m xima Geografia a ci ncia que estuda a Terra e com isso muitas reas ficaram descobertas j que entendemos que ci ncia alguma consegue dar conta do todo Por m ao entender a Geografia como ci ncia de s ntese qual sua contribui o quando se pensa e estuda a Popula o em mbito geogr fico J que a ci ncia trabalha em guetos portanto a fragmenta o apesar de suas controv rsias continua sendo o modo de se fazer ci ncia neste pa s E por que os estudos sobre Geografia da Popula o apesar de importante parecem que transitaram na contram o da hist ria Muitas das respostas a essas indaga es foram dadas Mas ao que parece a mais s lida consiste na quest o da identidade curricular do curso de Geografia e do perfil de profissionais que as institui es de ensino superior que tem curso de Geografia no Brasil pretendem e est o formando Para que formar esse ou aquele perfil de profissional Para qual sociedade O que a sociedade almeja Na maioria das vezes a forma o superior em Geografia est atrelada a ideia do professor ou seja o professor aulista e nesse pa s para ser professor qualquer um serve pelo menos essa impress o que se tem quando analisamos as pol ticas para forma o docente do pa s Sendo assim a maioria dos profissionais que concluem o curso de Geografia quando chegam sala de aula para ministrarem suas aula
361. interessados uma vis o abrangente de suas caracter sticas e problemas H os que procuram efetuar esta avalia o a partir de an lises das contribui es elaboradas Outros efetuam reflex es sobre a tem tica considerada avaliando seu n vel de coer ncia de perman ncia de avan o e de elimina o Outros consideram relevante analisar a posi o que determinado conhecimento tem no curr culo geral da academia bem como no curr culo espec fico de determinada rea GUIDUGLI 1997 p 64 De acordo com a cita o e com o que foi apresentado at o momento podemos admitir que qualquer tentativa de an lise de uma rea tem tica ou disciplina como a Geografia da Popula o por si s complexa Uma vez que entendemos que estudar a quest o da popula o luz da Geografia remete nos a analisar os fen menos como eles s o n o como aparentam ser Sendo que esse movimento n o nega sua hist ria mas na maior parte das vezes o debela Por m na grande maioria das vezes esses fatos est o margem da hist ria o que dificulta a apropria o do pesquisador pois a hist ria oficial isto aquela que est a servi o da classe dominante imperante e romper com essa l gica n o uma tarefa f cil Assim defendemos uma Geografia dial tica capaz de dar vaz o as determina es hist ricas revelando as contradi es ao mesmo tempo em que possibilita o di logo para al m da fragmenta o Portanto o subcap tulo a seguir ve
362. internacional Visto que os problemas da Geografia nacional estavam ligados aos da Estat stica e precisavam ser tratados por um rg o oficial O ministro Jos Carlos de Macedo Soares promoveu no Itamarati reuni es para que fosse elaborado o projeto de cria o do Conselho Brasileiro de Geografia com a participa o de ge grafos Via se nesse momento que os interesses em prol da Geografia e da Estat stica estavam em conson ncia com os interesses 139 do Estado e para que as inten es e projetos governamentais fossem executados houve esfor os por parte de alguns ministros do pa s para que a Geografia ou os ge grafos passassem a ocupar fun es espec ficas n o s na esfera p blica do pa s como em escala internacional Paulatinamente os conhecimentos geogr ficos foram ganhando visibilidade no cen rio nacional ao passo que os representantes pol ticos brasileiros passaram a atribuir maior import ncia aos referenciais geogr ficos para melhor entender a complexidade territorial do pa s E tamb m as poss veis formas de monitoramento e controle inclusive da popula o importante lembrar que a valoriza o regional era uma das metas do Estado Novo j que o conhecimento regional bem como sua divis o era encarado como uma forma de controle e de realiza o dos projetos pol ticos do governo central Nesse sentido quanto mais e melhores informa es se tivesse do pa s melhor seria para administra o e gest
363. iologia terem dado muita mais aten o aos temas populacionais e por isso est o presentes nessa rea Basta notar que quando se discute quest es sobre crescimento demogr fico sempre h um dem grafo ou soci logo comentando sobre isso j se o assunto cidade mais prov vel que procurem um ge grafo que tenha um reconhecimento social Acreditamos que a Geografia cedeu lugar ou n o reconheceu seu espa o mas defendemos que ainda h tempo para que esta situa o se inverta mesmo reconhecendo que as reas como urbana e os estudos migrat rios aparecem em termos de pesquisa como rea mais forte Tendo em vista a difus o dos estudos de migra o e a parca participa o da Geografia da Popula o pode se ser explicada rapidamente por m pautada em aspectos hist ricos que a Geografia da Popula o ficou muito associada chamada Geografia tradicional Geografia esta que foi fortemente criticada a partir dos fins dos anos de 1970 medida que esta Geografia foi desconstru da a Geografia da Popula o foi desconstru da tamb m o interessante que este processo n o ocorreu com outras reas como a agr ria ou a urbana Pois a impress o que temos que essas reas buscaram reconstruir seus estudos adotando metodologias de pesquisas e teorias mais adequadas ao contexto atual Em rela o Geografia da Popula o esse processo n o est t o evidente sobretudo por conta das cr ticas de Marx s teorias malthusianas
364. iplinar refletem e se referem a um contexto hist rico e a intencionalidades iminentes Por isso n o s o puras ou simples manifesta es do pensamento humano por m formas de pensamentos criadas engendradas ou forjadas de acordo com as demandas do mercado ou dos interesses dominantes ou at mesmo da pr pria necessidade de consolida o e manuten o da ci ncia moderna ou p s moderna importante salientar ainda que a participa o do pesquisador importante nesse processo j que seu modo de perceber e apreender a realidade dos fatos incidem no resultado das an lises realizadas e tamb m na forma como os dados ser o divulgados Nesse caso buscamos enveredar pelo caminho da Geografia da Popula o em mbito acad mico tomando como refer ncia os programas das disciplinas de Geografia da Popula o trabalhados na atualidade nos programas de p s gradua o de Geografia no Brasil Durante a pesquisa verificamos certo esvaziamento tanto no ensino como nas pesquisas sobre popula o na Geografia os motivos que levaram a esse esvaziamento podem ser justificados por v rios aspectos Mas antes de adentrar nessa quest o ser feito um breve adendo acerca de um per odo considerado de grande efervesc ncia para os estudos de popula o na Geografia brasileira Como fundamento para a an lise amparamo nos num trabalho realizado pelo professor Odeibler Santo Guidugli publicado em 1990 com o t tulo O Ensino da Geogr
365. iriam para abastecer os mercados consumidores al m de contribuir para estimular a economia mercantil internacional A circula o de mercadorias proporcionou uma integra o superficial das economias mercantilistas Os investimentos no exterior impulsionados pela Revolu o Industrial do s culo XIX deflagraram um segundo est gio do processo de mundializa o A condi o pr via desse novo est gio foi a transforma o dos sistemas de produ o pela introdu o do trabalho assalariado Essa revolu o na esfera da produ o de mercadorias gerou vasta acumula o de riquezas MAGNOLI 1997 p 18 A Geografia F sica um dos ramos de conhecimento da Geografia possu a uma fun o espec fica descrever as diferentes reas do globo terrestre identificando as condi es geol gicas geomorfol gicas vegetacionais e clim ticas da Terra As cartas topogr ficas os mapas e as plantas levaram a descobrir reas at ent o desconhecidas Com as grandes navega es lan ou se m o de mapas n uticos bem como de informa es cartogr ficas valiosas A Geografia juntamente com a matem tica foram respons veis pelas viagens aos diferentes oceanos e mares com a finalidade de se obter cada vez mais informa es J a Geografia Humana abordava aspectos referentes a o do homem sobre o meio e acercava se das quest es pol ticas econ micas demogr ficas e religiosas Por conseguinte obtinham se amplas no es sobre as pecu
366. iro estado defendido por Comte de evolu o positivista da sociedade o da ci ncia A busca pela universidade em termos gerais parece que se d prioritariamente em fun o da necessidade de titula o para ingresso no mercado de trabalho e n o necessariamente pela busca da compet ncia cient fica ANDRIOLI 2010 Por mais que se tente negar a universidade tamb m se organiza a partir das demandas do capital e isso de certa forma explica o fato de que a forma o human stica no mundo contempor neo acaba por exercer papel secund rio se comparada com a crescente valora o das reas de tecnologia e da informa o da sa de Essa condi o est associada l gica imperante da sociedade ocidental capitalista pois necess ria a distin o de classes entre os que consomem e os que produzem conhecimento os que vendem sua for a de trabalho e os que lucram com a explora o do trabalhador enfim entre os que sabem e os que obedecem Portanto essas rela es de 5 Melhorar a qualidade da educa o b sica um dos fatores necess rios para maximizar a qualidade e a quantidade cient fica do Pa s e um dos pilares do novo Plano Nacional de Educa o elaborado pelo ministro Fernando Haddad para o per odo 2011 2020 O ministro optou por aumentar as atribui es da Capes para que a entidade tamb m trabalhe a melhora nas primeiras camadas educacionais do Pa s A Capes agora focada na forma o de cientistas e tamb m
367. is o evolucionista fruto da abordagem tradicional da Geografia em que os modelos ocidentais de crescimento econ mico e demogr fico t m servido de par metro e por meio deles t m sido percebido o crescimento populacional No entanto a recente moda de preocupa es ecol gicas trouxe para a atualidade considera es efetuadas na virada dos anos 60 para os 70 sobre o confronto entre o r pido crescimento demogr fico e a capacidade de carga do planeta Na vis o neomalthusiana ainda dominante em muitos autores a explica o para o subdesenvolvimento seria buscada no crescimento populacional Durante o processo de desenvolvimento da denominada nova Geografia os trabalhos gr ficos vinculados a dados estat sticos ganharam proje o os estudos de popula o ficavam atrelados aos n meros busca pela coes o metodol gica e a necessidade de produ o cient fica pautadas em dados mensur veis fortalecia o emprego de modelos matem ticos Todavia os trabalhos desenvolvidos pela Geografia pragm tica constitufram se em importantes elementos para a compreens o do espa o geogr fico No que diz respeito aos estudos de popula o sob a luz dessa concep o de Geografia esses puderam contar com dados mais precisos contudo as an lises mantinham se vinculadas a quantidade pela quantidade como se o n meros pudessem explicar sozinhos a din mica da popula o Para Harvey 1969 essa Geografia derivava de um conjunto de postula
368. is aumentam a competitividade e concorr ncia intercapitais mais nefastas s o suas consequ ncias a explora o na era moderna da for a humana que trabalha a degrada o crescente do meio ambiente a rela o metab lica entre homem tecnologia e natureza conduzida pela l gica societal subordinada aos par metros do capital e do sistema produtor de mercadorias Ele defende que s um vasto movimento de massas pode ser capaz de destruir o sistema de dom nio social do capital Consequentemente o processo de autoemancipa o do trabalho n o pode restringir se ao mbito da pol tica Isto porque o Estado moderno entendido por M sz ros como uma estrutura pol tica compreensiva de mando do capital um pr requisito para a convers o do capital num sistema dotado de viabilidade para a sua reprodu o expressando um momento constitutivo da pr pria materialidade do capital Por meio de sua an lise poss vel notar que para Istv n M sz ros o Estado moderno inconceb vel sem o capital que o seu real fundamento e o capital por sua vez precisa do Estado como seu complemento necess rio N o h como deixar de discutir que suas ideias polarizam diversas quest es Apesar disso por sua amplitude gera controv rsias e pol micas no entanto sua obra representou um desenho cr tico e anal tico ousado contra o capital e suas formas de controle social Portanto sua an lise inspirada em Marx em Luk cs e na radicalidade cr
369. is o que de alguma forma deturpa e atrapalha a produ o cient fica de qualidade Porquanto n o d para aceitar que os respons veis em produzir ci ncia atuem como marionetes pois ao passo que a quest o 51 O que estamos nos referindo como produtivismo processo de precariza o do trabalho do professor onde se prioriza a quantidade de trabalhos artigos livros resenhas produzidos durante um per odo que transforma o professor pesquisador em um fazedor de artigos e como b nus por seu esfor o muitas vezes descomunal recebem bolsas e conseguem aprova o de projetos que s o indispens veis para o desenvolvimento das ci ncias 311 da quantidade for resolvida acreditamos que outras formas de subservi ncia possam a vir ser criadas importante ressaltar que os efeitos do poder n o s o sempre negativos para Foucault 1977 o poder produz realidade produz campos de objetos e rituais da verdade O indiv duo e o conhecimento que dele se pode ter se originam dessa produ o O poder portanto n o apenas domina o mas tamb m produ o e a partir dessas rela es que a realidade se configura As rela es de poder est o presentes em toda vida social Nessa perspectiva Foucault 2008 refor a que as rela es de poder existentes nas universidades foram marcadas pela disciplinariza o dos indiv duos que trazem consigo uma maneira espec fica de punir isto atrav s das rela es de poder i
370. isoladas A geografia foi de fato quase que desmembrada quando a teoria darwiniana foi apresentada ao mundo n o sendo exagero declarar que independentemente do novo vislumbre do lugar da vida sobre a terra a separa o poderia ter sido seguida pela dissolu o LEBON 1970 p 38 39 A necessidade de sistematizar o estudo do homem sobre a Terra estava atrelada a condi o de sobreviv ncia da Geografia enquanto ci ncia isto diante das mudan as decorrentes tanto no mbito te rico conceitual quanto a interfer ncias da a o humana na Terra era preciso enquadr la num ramo cient fico do qual a Geografia se ocupasse Nesse sentido a Geografia humana foi vinculada s atividades humanas e o resultado dessas atividades sobre a superf cie terrestre A jun o dos fen menos que ocorrem na Terra oriunda das a es humanas denominou se como Geografia Humana dessa forma o homem passa a ser encarado como um ser social sendo a cidade a aldeia o povo um produto do esfor o coletivo De in cio a Geografia Humana aparece nos como o estudo das rela es dos homens com o meio f sico Esta no o nos vem sobretudo da Geografia Bot nica por interm dio de Humboldt e de Berghans e particularmente dessa ci ncia bot nica chamada Ecologia que estuda at que ponto os fatores do clima e do solo determinam a vida das plantas Da mesma forma eles podem em uma grande escala determinar a vida dos homens Uma das primeiras preo
371. ist teles a inser o do indiv duo na p lis onde a liberdade est condicionada ao racional Com essa breve considera o acerca do pensamento de Arist teles poss vel notar no pensamento dele como no pr prio pensamento grego o debate que se encontra no mundo moderno isto a presen a de certo eugenismo do malthusianismo e ainda a xenofobia Dessa forma um debate que apresentasse desde a antiguidade se o n mero grande de pessoas bom ou n o torna se ao mesmo tempo atual j que ainda nos deparamos com opini es e teorias heterog neas acerca do crescimento populacional Como proposta de contraposi o ao pensamento grego tamb m para aquilatar nossa discuss o realizamos uma breve explana o acerca do pensamento romano antigo No caso de Roma predominava uma vis o natalista principalmente porque a fecundidade era mais baixa se comparada com outras civiliza es No entanto em rela o ao conceito de populoso esse apresentava para os romanos da antiguidade uma no o amb gua isto para eles a condi o de populoso ou de cidades populosas podia facilitar a conquista de novas reas uma vez que a popula o era desejosa de mais espa o for ando inclusive o rei a tomar medidas emergenciais ao mesmo tempo em que servia de justificativa em an2 resposta a Invas o 2 4 Esse tema ser debatido posteriormente 5 Sobre esse assunto importante lembrar se da G lia G lia era o nome roma
372. istantes das quest es importantes para se trabalhar em popula o Primeiro s o pessoas quase avessas ou incompetentes ou desvinculadas das quest es dos dados demogr ficos e esse um tema de alt ssima relev ncia n o simplesmente encontrar o dado saber como trat lo ra capaz de ser cr tico ao dado essa uma quest o fundamental na demografia isso mais tranquilo faz parte do nosso meio na Geografia n o entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 No trabalho referido O Ensino da Geografia da Popula o em Universidades Brasileiras Caracter sticas e Problemas o professor Guidugli realizou uma interessante pesquisa sobre o ensino da Geografia da Popula o para isso investigou os cursos de gradua o de Geografia do Brasil Por meio de question rios pode n o apenas diagnosticar mas analisar a situa o do ensino sobre o r tulo de Geografia da Popula o no Brasil A forma como organizou o trabalho e os dados obtidos possibilitam nos afirmar que seu trabalho refer ncia para aqueles que pesquisam a Geografia da Popula o Al m de servir como apoio e nos orientar no sentido de avan ar com a pesquisa nessa rea Em sua pesquisa o professor Odeibler Santo Guidugli avaliou 62 sessenta e dois cursos de Geografia e em apenas um deles na Universidade Federal do Amazonas a 165 Geografia da Popula o n o constava no curr culo de forma o em Geografia Esse indicativo
373. ita o que n o significa dizer que n o h ge grafos preocupados com essa quest o mas que h raz es para a n o dissemina o dessa tem tica na Geografia como foi discutido ao longo do trabalho Os levantamentos realizados nos dois peri dicos tiveram o objetivo de corroborar a tese que os estudos de popula o ao longo da ci ncia geogr fica v m perdendo espa o o que pode ser demonstrado atrav s da an lise dos programas de ensino da gradua o das linhas de pesquisas da P s Gradua o em Geografia do acesso ao banco de teses e disserta es da CAPES e pela revis o realizada nas duas revistas de abrang ncia nacional da Geografia Mas tamb m para ilustrar e corroborar como est a situa o dos estudos de popula o na Geografia brasileira foram elaborados duas figuras para que possamos visualizar melhor o que estamos discutindo desde os primeiros rascunhos dessa tese As figuras 1 e 2 representam o Brasil e foram divididas por regi es brasileiras segundo o IBGE e por segmentos o primeiro voltado para a quest o do ensino da Geografia da Popula o nas Institui es de Ensino Superior pesquisadas e o segundo para a situa o da pesquisa em n vel de P s Gradua o em Geografia recomendada pela CAPES 243 Figura 1 Incid ncia do ensino de Geografia da Popula o por regi es brasileiras Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES Org MORMUL Najla Mehanna 2012
374. ites do territ rio Nesse ponto se encontra a problem tica da modernidade que est em foco na obra supracitada ou seja o problema t cnico pol tico da naturalidade da esp cie humana dentro de um meio artificial que a cidade E justamente na rela o com esse meio que se encontra a raz o do conceito de popula o e as materialidades a serem examinadas pelos dispositivos de seguran a O espa o pr prio da seguran a remete ao temporal e ao aleat rio um temporal e um aleat rio que vai ser necess rio inscrever num espa o dado O espa o em que se desenrolam as s ries de elementos aleat rios creio mais ou menos o que chamamos de meio O meio uma no o que em biologia s aparece como voc s sabem muito bem com Lamarck uma no o que em compensa o j existe em f sica que havia sido utilizado por Newton e os newtonianos O que o meio o que necess rio para explicar a a o a distancia de um corpo sobre outro portanto o problema circula o e causalidade que est em quest o nessa no o de meio Pois bem creio que os arquitetos os urbanistas os primeiros urbanistas do s culo XVIII s o precisamente os que n o diria utilizaram a no o de meio porque tanto quanto pude ver ela nunca utilizada para designar as cidades nem os espa os planejados em compensa o se a no o n o existe diria que o esquema t cnico dessa no o de meio a esp cie de como d
375. izar o seu conte do e para reconhecer como uma distinta e fundamental subdivis o do campo da geografia humana Jean Brunhes enfatizou os n meros e n o suas qualidades e afirmou que os homens estavam pegos e contados pelas habita es sendo o povoamento atrav s de moradias um fen meno mais geogr fico que o povoamento de seres humanos Destacou uma publica o de Pierre George como uma introdu o geografia populacional do mundo como uma tentativa de apresentar um livro sobre o tema abrindo caminho para quem deseja se aperfei oar CAMPOS 2009 p 62 Diante do exposto na cita o podemos notar que as quest es relacionadas s finalidades da Geografia da Popula o assim como sua import ncia enquanto uma disciplina agregadora dos estudos sobre popula o na Geografia motivaram opini es e despertaram sensa es variadas nos estudiosos da ci ncia geogr fica A quest o populacional pode se dizer que sempre foi algo perturbador na medida em que viabiliza uma s rie de estudos Todavia ao mesmo tempo tende a lev los a superficialidade desde que as bases de an lises geogr ficas seus crit rios meios e fins n o estejam bem estabelecidos o que sem d vida perpassa pela forma o do ge grafo e do professor Enfim buscamos mobilizar algumas categorias de an lises como a media o e a contradi o pautando se numa perspectiva hist rica para melhor compreender a forma o dos campos disciplinares e tamb m repen
376. izer estrutura pragm tica que a desenha previamente est presente na maneira como os urbanistas procuram refletir e modificar o espa o urbano Os dispositivos de seguran a trabalham criam organizam planejam um meio antes mesmo da no o ter sido formada e isolada O meio vai ser portanto aquilo em que se faz a circula o O meio um conjunto de dados naturais rios p ntanos morros e um conjunto de dados artificiais aglomera o de indiv duos aglomera o de casas etc O meio certo n mero de efeitos que s o efeitos de massa que agem sobre todos os que a residem um elemento dentro do qual se faz um encadeamento circular dos efeitos e das causas j que o que efeito de um lado vai se tornar causa do outro Por exemplo quanto mais se morrer mais haver cad veres e por conseguinte mais haver miasmas etc portanto esse fen meno de circula o das causas e dos efeitos que visado atrav s do meio E enfim o meio aparece como um campo de interven o em que em vez de atingir os indiv duos como um conjunto de sujeitos de direito capazes de a es volunt rias o que acontecia no caso da soberania em vez de 110 atingi los como uma multiplicidade de organismos de corpos capazes de desempenhos e desempenhos requeridos como na disciplina vai se procurar atingir precisamente uma popula o FOUCAULT 2008 p 27 28 A popula o ser ent o uma base de dados cujos c lcul
377. l cita em trazer essas quest es tona E partindo desse pressuposto que defendemos que as an lises mais singulares s o propensas a perder a dimens o do todo ao menos essa impress o que temos quando almejamos trazer para o debate a hist ria da Geografia que tamb m a hist ria dos homens A separa o entre os aspectos naturais e sociais e a tend ncia de apresentar o espa o f sico como algo unit rio desses dois aspectos respons veis pela forma o do espa o geogr fico Os elementos naturais s o destacados a tal ponto que acabam assumindo propor es quantitativas que n o correspondem ao lugar qualitativo ocupado por eles na conforma o do espa o Com esta fragmenta o generaliza se a ideia de que n o preciso compreender a rela o entre a natureza e o homem e muito menos dos homens entre si mas simplesmente memorizar um saber sobre a natureza f sica O tem rio geogr fico caracterizado como um discurso sobre os diferentes lugares ocupa se fundamentalmente com uma nomenclatura vazia que se esconde por detr s de uma pretensa cientificidade Isto enquanto s aceito como verdadeiro o que cient fico E a preocupa o com a cientificidade n o deixa de ser um dos aspectos de uma mentalidade positivista que defende por um lado que s o que cient fico que verdadeiro e por outro o cient fico visto como um conhecimento neutro por isso acima de qualquer interesse seja pessoal naciona
378. l e econ mico da Geografia da Popula o nos processos de consolida o e moderniza o da sociedade brasileira Por m esse tema ser tratado com maior detalhamento no pr ximo cap tulo Todavia vale relembrar que a necessidade em responder s demandas pol ticas da forma o dos Estados Nacionais favoreceu para que a Geografia da Popula o se ocupasse de certas tarefas inerentes a sua fun o institucional Nesse contexto os conte dos de Geografia da Popula o receberam finalidades estat sticas cujo sentido era demonstrar o crescimento demogr fico e a distribui o da popula o Ao que parece inicialmente essa era a quest o principal sob o qual veio se definindo e se firmando os estudos populacionais na Geografia No entanto as quest es pol ticas e sociais eram afastadas progressivamente das quest es mais gerais com que se envolve a Geografia da Popula o Para n o recorrer a defini es superficiais far se a seguir uma an lise da ci ncia geogr fica e com isso relacionar a situa o da Geografia da Popula o buscando responder as seguintes indaga es a quem ela servia e para que servia A preocupa o hist rica com a Geografia pode levar a uma reconceitualiza o dos fen menos e processos manifestos na Geografia da Popula o e ainda possibilitar encararmos os problemas da investiga o dessa disciplina n o apenas como problemas formais ou t cnicos mas como problemas te ricos conceituais e met
379. l ou pol tico PEREIRA 1999 p 32 33 A quest o da fragmenta o existente entre a Geografia F sica e a Geografia Humana algo que se faz presente na hist ria dessa ci ncia e podemos at dizer que ainda se faz presente na atualidade E percebemos que as explica es para essa situa o talvez possam ser encontradas no momento em que a Geografia se institui como ci ncia uma vez que esse processo exigiu uma s rie de condi es para que os conhecimentos fossem sistematicamente organizados e tamb m no momento que ela passa a ser introduzida como disciplina obrigat ria Nesse sentido acreditamos ser interessante quando nos propomos a refletir sobre a fragmenta o tamb m analisar os reveses existentes quando se pensa a popula o um tema importante por m tamb m abordado de forma fragmentada pela Geografia em especial pela sua abrang ncia e tamb m por suas especificidades 53 1 3 A fragmenta o da Geografia e a Geografia da Popula o A Geografia moderna passou a ter seus conhecimentos separados em duas grandes reas a f sica e a humana resultante da matriz filos fica positivista que alicer ava as ci ncias Esse movimento hist rico influenciou de sobremaneira a organiza o do conhecimento geogr fico Para a primeira cabia descri o das diferentes reas do globo terrestre identificando as condi es geol gicas geomorfol gicas vegetacionais e clim ticas da Terra O desenvolvimento das carta
380. lantados laborat rios especializados na Universidade de S o Paulo o que colaborou para o fortalecimento da Geografia e tamb m para sua difus o em outras universidades do pa s O processo de renova o na Geografia fez com que as posturas te rico metodol gicas at ent o adotadas fossem vistas como algo ultrapassado Assim a chamada Geografia tradicional foi assolada por diversas cr ticas sobretudo pela aus ncia de praticidade e criticidade relegando a ao passado que deveria ser superado Assim entendemos que para Moreira os estudos da popula o puseram em quest o as abordagens apenas quantitativas com rela o ao crescimento e estrutura Questionando nos at onde foram as mudan as Para o autor o m todo de estudos de popula o na Geografia apresenta duplo aspecto a aus ncia de caracteriza o da historicidade do fen meno populacional e sua fragmenta o colagem O autor ofereceu uma importante contribui o ao criticar esse recorte tem tico em crescimento estrutura e 168 distribui o da popula o e ao propor que se integre o homem e a sociedade da qual faz parte que n o se dissolvam essas duas categorias Concordando com as numerosas cr ticas apresentadas forma como vinha se desenvolvendo o estudo da popula o for oso reconhecer que tanto na universidade como nos livros did ticos a tradicional fragmenta o colagem est presente Infelizmente isso que predomina na v
381. lgo que se complementam por permitir ao sujeito um amadurecimento cognitivo frente s complexidades do mundo O professor al m de ser pesquisador pode ser mediador no processo A pesquisa n o deveria ser algo que come asse somente na fase acad mica pois o quanto antes o 205 sujeito for apresentado pesquisa aos seus m todos e procedimentos provavelmente mais cedo se interessar por essa atividade e descobrir suas vantagens e desvantagens v lido destacar que boa parte da defasagem do ensino est no desconhecimento de como fazer pesquisa o que para muitos alunos inclusive durante a fase escolar pensam e acham que pesquisar fazer c pias de textos e livros Sem falar que escrever um h bito que se aprimora com a escrita e partindo desse pressuposto consideramos que a dist ncia entre o ensino de Geografia da Popula o e a pesquisa pode ser explicada pela dificuldade de articula o entre ambas como na elabora o de situa es problemas e as dificuldades em operacionaliz las A seguir foi elaborado um gr fico 2 para melhor visualiza o e representa em percentagem dentre as universidades pesquisadas as que possuem a disciplina Geografia da Popula o em suas grades curriculares Salientando que a manuten o da disciplina Geografia da Popula o nas universidades pesquisadas supera a pesquisa em popula o das mesmas institui es o que demonstra de certo modo um descompasso entre o ensino acad
382. lha com quest es que passam por concep es te ricas e metodol gicas diferenciadas das adotadas pela Geografia F sica n o se quer com isso dizer que uma 58 melhor que a outra pelo contr rio almejamos enfatizar que s o os fen menos naturais e sociais que enriquecem a ci ncia geogr fica N o haveria necessidade de separar o homem do meio f sico que onde ocorre a constru o da vida social da humanidade Nesse sentido Ian Douglas afirma que the interrelationship between people and their environment long considered the influence of human geography on physical geography core of geography remains the common ground for human and physical geographers DOUGLAS 1991 Apesar da Geografia F sica e a Geografia Humana permanecerem separadas por longo tempo hoje as necessidades s o outras A rela o entre ambas acontece quando se faz um trabalho integrado e isso contribuiu de forma substancial para o desenvolvimento da Geografia A divis o da Geografia em dois ramos cient ficos se deu em especial por conta da pr pria dificuldade da Geografia se firmar enquanto ci ncia ou seja a distin o epistemol gica entre a natureza e o homem se aprofundava E ainda podemos destacar que a vis o corol gica presente na Geografia dificultou para que ela fosse considerada tamb m uma ci ncia social Assim a articula o entre a natureza e o homem n o ocorreu facilmente pois construir uma liga o entre as duas na
383. lhar dial tico e n o unidimensional Focamos mais no movimento hist rico nas ideias nos conceitos do que nas denominadas correntes geogr ficas e suas generaliza es Por isso a op o em retomar alguns autores cl ssicos da Geografia e da Geografia da Popula o e por meio de suas obras entendermos suas perspectivas seu tempo e o modo como idealizavam e acreditavam ser a Geografia que concretizavam Pierre George 1951 introduziu a express o Geografia da Popula o na literatura geogr fica de sua poca A partir de ent o os estudos realizados sob o t tulo de Geografia da popula o se proliferaram e se desenvolveram em v rias reas do mundo P George em Geografia da Popula o obra cl ssica sobre o estudo da popula o abordou primorosamente a quest o da distribui o espacial da popula o fundando se em aspectos de densidade uma obra importante para os estudos de popula o Trata se de uma obra que est organizada em duas partes na qual a primeira se limita a demonstrar a distribui o da popula o mundial e na segunda parte s perspectivas sobre os estudos de popula o na qual s o apresentados os dados demogr ficos e abordado a quest o das migra es No entanto P George um pesquisador respeit vel para a Geografia e devemos a ele a difus o da Geografia da Popula o Nesse sentido a obra uma porta de entrada para os interessados nos assuntos populacionais na Geografia contudo precisa ser a
384. liaridades dos povos que ocupavam diferentes lugares Nesse sentido a Geografia colaboraria ao oferecer um panorama da realidade de cada na o Com o capitalismo industrial que culminou com a Revolu o Industrial as rela es econ micas entre as antigas col nias com suas respectivas metr poles se estreitaram obviamente a rela o de depend ncia econ mica se fortaleceu e a desigualdade econ mica e social se maximizou poss vel verificar ao longo da hist ria do capitalismo que o desenvolvimento mais efetivo da ci ncia geogr fica foi resultante dos desdobramentos do sistema capitalista Logo notamos o quanto os conhecimentos geogr ficos contribuiriam para o fortalecimento da burguesia j que essa desejava mais poder e concomitante o desenvolvimento do sistema capitalista aprofundava as contradi es sociais A Revolu o Industrial favoreceu a cren a que a a o humana podia dominar a natureza O turbilh o de fen menos que assolaram o mundo durante a primeira e a segunda Revolu o Industrial juntamente com o avan o t cnico cient fico e a emin ncia do 38 positivismo como matriz filos fica dominante na sociedade ocidental contribuiu para que o pensamento burgu s e sua influ ncia se fortalecessem A Geografia tornou se importante visto que seus fundamentos foram de grande valia e interesse para os burgueses Por m sua constitui o enquanto ci ncia tamb m perpassou por muitas intencionalidades
385. lico n o acompanha o progresso das ci ncias geogr ficas quando n o ignora sua exist ncia Para uns a geografia confundida com narrativas de viajantes um ge grafo um explorador a rigor um cart grafo traz de suas viagens narrativas agrad veis de ouvir se sobretudo se tem a habilidade de ilustr las com belas imagens Para P4 outros talvez mais numerosos a geografia uma lembran a extremamente penosa de sua inf ncia Seu nome evoca listas indigestas de nomes de lugares ou dados num ricos li es atrozes que somente os menos inteligentes e os mais obstinados de nossos condisc pulos chegavam a recitar razoavelmente Os esp ritos brilhantes ao contr rio mostravam se rebeldes E ficamos satisfeitos quando nossos filhos recebem uma nota m porque n o souberam de cor a lista das esta es da Central do Brasil entre Rio e S o Paulo ou as altitudes exatas dos vulc es andinos a fraqueza em geografia uma esp cie de teste de intelig ncia MONBEIG 1954 Em rela o das abordagens sobre popula o relatada pelos te ricos cl ssicos da Geografia havia uma pormenoriza o das diferen as e dos contrastes Com o passar do tempo com o desenvolvimento do capitalismo e as mudan as nas rela es interpessoais houve a percep o de que os espa os erigidos se diferenciam por conta das necessidades e do contexto de produ o da vida e para isso exigiu se novas formas de pensar a popula o inclusive na Geograf
386. lima quente que varia segundo as latitudes e circunstancias locaes Nas provincias do Sul al m do tropico temperado e macio por m ao N quente e no interior do sert o at ardente Em geral por m saudavel a excep o de alguns pontos do litoral onde de 128 1850 para c tem apparecido a febre amarella das margens paludosas de alguns rios sujeitos a intermittentes As esta es s se conhecem duas a chuvosa e a secca vari o segundo as latitudes mas ordinariamente come o depois da passagem do sol pelo parallello Chove excessivamente no Par e em todo Valle do Amazonas bem como nas provincias de Pernambuco para o Sul mas na parte que fica entre os rios S Francisco e Parnahyba a parte mais oriental nem sempre as esta es s o regulares algumas vezes as chuvas v m tarde ou falt o absolutamente o que d ocasi o as seccas flagelo que por vezes tem assolado as prov ncias que fic o nessa zona BRASIL 1864 p 347 348 No in cio do s culo XX surgem os trabalhos de Theodoro de Sampaio Delgado de Carvalho e Mario da Veiga Cabral Delgado de Carvalho brasileiro formado na Fran a iniciou estudos sobre o espa o brasileiro conforme os moldes da escola francesa que seria continuada nas escolas de filosofia j que foram v rios os professores franceses que viveram e trabalharam no Brasil como Pierre Deffontaines Pierre Monbeig e Francis Ruellan ANDRADE 1998 Portanto podemos considerar
387. limites impostos a Geografia n o eram apenas metodol gicos mas limites de uma sociedade que se nega ao mesmo tempo em que nega as rela es capitalistas e prop e uma interpreta o abstrata da sociedade Contudo o 15 reducionismo incrustado na Geografia bem como o processo de aliena o institu do impossibilitou que as an lises geogr ficas inclusive no mbito dos estudos populacionais ocorressem de forma mais integradora Por isso para entender a popula o pelo vi s da Geografia precisamos muitas vezes recorrer a outras ci ncias assim como trazer tona elementos antes n o citados J que ao estudar a popula o de modo fragmentado perdemos seu movimento hist rico e acabamos por fazer explica es estanques desconexas da realidade que cerca o objeto A priori a vontade de avan ar na discuss o possibilitou o uso de categorias de pensamento Para isso recorremos dial gica e filosofia da complexidade proposta por Edgar Morin e tem se a pretens o de dialogar com elas para que possa tentar superar pelo menos em parte a dicotomia imperante Para Edgar Morin o termo dial gico significa que duas l gicas dois princ pios est o unidos sem que a dualidade se perca nessa unidade de onde origina a ideia de unidualidade Desse modo para ele o homem um ser unidual totalmente biol gico e totalmente cultural a um s tempo E continua advertindo quando afirma que a teologia cat lica mostrou isso na trinda
388. lo vicioso do qual precisamos sair um dia Um conhecimento pertinente aquele que capaz de contextualizar isto religar globalizar A a o adquire um novo sentido fazer as apostas Pascal novamente ele apostava em Deus N s apostamos em valores que n o podem ser fundamentados Assim como o mundo a tica se autoproduz A complexidade tem assim seus riscos Ao atingir o extremo da complexidade a sociedade se desintegra Para impedi lo pode se recorrer a medidas autorit rias entretanto supondo que desejemos o m nimo poss vel de coer o o nico cimento que nos resta a solidariedade vivida MORIN 1998 Essa r pida explana o sobre o pensamento de Morin nos permite verificar que o conhecimento est inserido num contexto mais amplo e complexo j que ele resultado da a o humana Portanto compreendido num conhecimento global uma vez que homem visto como parte da natureza assim h uma liga o entre o ser humano e o planeta que habita O homem para Morin aquele que reflete sobre sua ess ncia S o n tidas na concep o de complexidade as quest es abstratas e subjetivas Diferente da concep o marxista em que o processo de hominiza o do homem se d pelo pr prio homem fundando com isso o materialismo hist rico Marx adverte que n o no indiv duo onde podemos encontrar a ess ncia humana mas sim nas rela es sociais das quais ele mesmo um produto O indiv duo m
389. los te ricos do Estado e da economia pol tica do mercantilismo ao liberalismo passando Z pela fisiocracia Entretanto no final do s culo XIX que evid ncias emp ricas mais consistentes a esse respeito puderam ser observadas em especial no noroeste da Europa Com novos instrumentos nas m os os estudiosos da popula o constatavam um crescimento demogr fico substantivo que demandava hip teses explicativas Em outras palavras procurava se elucidar a hist ria recente de uma parcela da popula o europeia que havia passado de um estado de recente equil brio com n veis elevados de natalidade e mortalidade para uma fase que anunciava outro equil brio mas com n veis baixos de natalidade e mortalidade NADALIN 2004 p 126 Em rela o ci ncia geogr fica vale ressaltar que an lises populacionais iniciais da Geografia tiveram como m todo a ideia de popula o da Biologia Os ge grafos sob influ ncia da Biologia ci ncia com maior status na modernidade transportaram para a Geografia a forma de an lise dessa como se os humanos se comportassem como col nia de fungos Sem levar em considera o os fatores econ micos sociais pol ticos culturais as cat strofes naturais ou at mesmo o indiv duo em sua exist ncia Sabemos que as contribui es de Vidal de La Blache Friedrich Ratzel foram important ssimas para o desenvolvimento do pensamento geogr fico e tamb m nos ajudam a elucidar nossa tese Ratzel
390. m para dar mais visibilidade aos autores citados 221 Quadro 9 Autores mais citados nos programas de p s gradua o analisados AUTORES MAIS CITADOS QUANTIDADE DE VEZES CITADO BEANINGER R 2 MARTINE G MOURA H A PATARRA N L V RON J GEORGE P MARTINS J P VOA NETO H 2 Fonte Programas de ensino dos cursos de p s gradua o das universidades pesquisadas Org MORMUL Najla Mehanna N NI NI NI NI N Com mais de duas obras importante reconhecer que a ci ncia moderna ao abordar os estudos populacionais acabou reconhecendo a popula o como uma abstra o E isso de certa forma contribui para que os estudos populacionais fossem gradativamente dispersados entre as outras reas da ci ncia geogr fica e essa dispers o culminou na cria o de outras disciplinas e tamb m em variadas reas de pesquisa Nesse sentido ao observarmos a p s gradua o h programas que ainda mant m a popula o como rea de pesquisa espec fica na Geografia esses normalmente comp em seus planos ou curr culos tomando como base al m dos autores cl ssicos da Geografia da Popula o outros autores que trabalham com reas espec ficas da popula o como dem grafos soci logos economistas que tamb m comp e o universo dos estudos populacionais A tend ncia tem sido que os temas ligados popula o est o ganhando cada vez mais novas nomenclaturas e peculiaridades na p
391. m propor um debate sobre a possibilidade de supera o da fragmenta o por considerarmos que essa prejudica ou limita os estudos de popula o que no nosso entendimento carece de interlocu es e an lises mais amplas mas n o generalistas 14 1 5 Para al m da fragmenta o A fragmenta o do conhecimento geogr fico que por um bom tempo predominou e ainda prevalece em alguns estudos de Geografia resultante da influ ncia do pensamento positivista nessa ci ncia o que leva a redu o dos fen menos A ess ncia do pensamento positivista a redu o dos fen menos a um conte do f sico e a um encadeamento que faz as ci ncias interagirem ao redor desse conte do f sico ao passo que as fragmenta por seus conhecimentos em diferentes campos de objetos e m todos espec ficos A fonte dessa estrutura ao mesmo tempo integrada e fragmentada a concep o do conhecimento cient fico como um processo que se d indo do mais simples e geral ao mais complexo e espec fico princ pio que organiza as ci ncias num sistema piramidal de acumula o tendo na base a matem tica e no topo a sociologia a matem tica a ci ncia mais simples e geral Em contrapartida a sociologia a ci ncia mais complexa e espec fica Assim ap s a matem tica se segue a f sica a qu mica a biologia e por fim a sociologia a soma das anteriores servindo como o conte do base de forma o das seguintes at culminar no topo d
392. m tiveram seus trabalhos norteados por uma ou mais correntes de pensamento No in cio do s culo XX come aram a se diferenciar consideravelmente as concep es da ci ncia geogr fica nos v rios pa ses ganhando grande import ncia s chamadas escolas nacionais Cada uma delas refletia naturalmente as concep es e os interesses dos respectivos pa ses Dentre as escolas nacionais se destacaram logo a alem e a francesa Entre os ge grafos alem es continuou a haver uma grande preocupa o com as condi es naturais com a influ ncia do relevo dos solos e do clima sobre a a o do homem sendo a escola profundamente culturalista e at certo ponto determinista ANDRADE 1998 p 16 importante dizer que mesmo reconhecendo a import ncia das escolas geogr ficas e das correntes de pensamento n o h pretens o de realizar um trabalho linear cronol gico como se fosse poss vel aprisionar as rela es existentes de cada contexto hist rico bem como a produ o do conhecimento de forma isolada sem perceber os di logos travados entre as diferentes reas do conhecimento Buscamos por meio da hist ria da Geografia moderna localizar ou ao menos identificar os principais momentos de perman ncias transforma es e rupturas dos estudos populacionais na Geografia A Geografia quando estabelecida como disciplina acad mica em meados do s culo XIX sofreu forte influ ncia do que se convencionou chamar de determinismo ambiental sen
393. ma a englobada disso n o se deduz que esteja fatalmente determinada Fica introduzida na Geografia com todo o direito por sua conex o com os fen menos naturais e duplamente introduzidos Explico me sofre a influ ncia de certos fatos e por outro lado ela exerce sua influ ncia sobre outros por esta raz o dupla pertence Geografia Eis por que temos o direito e a obriga o de juntar ao grupo de for as materiais cujas a es incessantes fizemos notar essa nova for a que n o unicamente de ordem material mas que se traduz por efeitos materiais ou seja a atividade humana Eis como somos conduzidos a estudar como ge grafos a a o do homem na Natureza sem a separar nunca do estudo da Geografia natural ou Geografia F sica BRUNHES 1969 p 41 Partindo do pressuposto acima defendido por Jean Brunhes n o h como dissociar a popula o do contexto hist rico do qual as rela es humanas foram produzidas uma vez que entendemos sua constitui o inserida nesse movimento E assim pergunta se qual o lugar da popula o no estudo de Geografia Humana J que se entende que para estudar a popula o torna se necess rio n o s enveredar pelos caminhos da Geografia Humana mas tamb m perceber a contribui o de outras ci ncias e identificar os momentos de concep o dos estudos da popula o na ci ncia geogr fica e da composi o da disciplina acad mica de Geografia da Popula o Para de
394. ma fun o essencial no mundo da produ o econ mica representado pelo empres rio mas tamb m os senhores feudais que eram detentores de uma particular capacidade t cnica e o grupo social surgido a partir da estrutura econ mica anterior e que n o muda com a continuidade hist rica 163 Comenta ainda das analogias entre a Igreja e as rela es de poder e escreveu que com o absolutismo cientistas fil sofos e te ricos n o eclesi sticos passaram a compor uma categoria intelectual relevante Tudo isso para montar um quadro geral hist rico de quem s o os detentores da intelectualidade em cada poca Assim Gramsci traz tona que cada per odo hist rico cont m em si as bases para o per odo posterior o qual se caracteriza tamb m embora minimamente pelo per odo precedente O autor faz uma rica e profunda an lise da conjuntura s cio hist rico e econ mico cultural da It lia da Fran a da Inglaterra da Alemanha entre outros pa ses I ando a um modelo anal tico global como ocorre a organiza o cultural e intelectual no mundo E discute o trabalho como central n o s do princ pio educativo nos processos de produ o pedag gica e intelectual mas tamb m nos processos de produ o da vida social Tanto as argumenta es de Kuhn quanto as de Gramsci guardadas as devidas peculiaridades hist ricas de cada uma faz nos refletir que a produ o acad mica seja ela em mbito pol tico acad mico ou cient fico disc
395. ma migra o internacional porque um pa s subdesenvolvido e outro desenvolvido para mim a compreens o da 239 migra o uma forma de entender os processos de urbaniza o exemplo n o h como entender a industrializa o de S o Paulo sem entender a migra o A exist ncia da migra o foi uma condi o necess ria para que ocorresse um desenvolvimento capitalista em S o Paulo para mim o tema da migra o central No entanto a sub rea da Geografia da Popula o est no segundo time dentro das diversas reas da Geografia entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Com essa constata o do professor P voa Neto fica n tido que a Geografia da Popula o vem passando um per odo dif cil ou conflituoso na Geografia digo dif cil porque n o encontramos na popula o uma identidade geogr fica ao contr rio do que ocorre com os estudos de migra o Por m necess rio reavaliarmos quais s o as reais condi es tanto te ricas quanto metodol gicas que temos para fazer dessa tem tica uma rea de interesse para a Geografia brasileira na atualidade Vimos v rios caminhos onde a popula o pode se aconchegar na Geografia e al m disso produzir estudos interessantes Entendemos ainda que cada vez mais pujante a necessidade de entender as rela es humanas a produ o e consumo do espa o a quest o crescimento e decl nio demogr fico a busca pela eterna juventude a l gica do pr
396. maior deles consiste em n o transpor negligentemente as explica es epistemol gicas e hist ricas constru das nas pesquisas sobre a hist ria das disciplinas escolares para as disciplinas acad micas preciso estabelecer com clareza os limites inter rela es semelhan as e diferen as entre elas Todavia esse processo de distin o entre disciplina escolar e universit ria n o algo simples de ser feito sobretudo pelas especificidades de cada uma N o podemos ainda considerar que as aulas dadas nos cursos de licenciatura em Geografia por professores cada vez mais especializados em suas reas poder o ser transportadas para a escola como se l a inten o do ensino de Geografia fosse a forma o mini ge grafos preciso ter a lucidez de quais s o as habilidades e compet ncias que o futuro professor necessita para ensinar Geografia Devemos levar em considera o que a Geografia mais uma das v rias disciplinas presentes no curr culo da escola b sica que visa forma o geral do educando Quanto s disciplinas universit rias essas tamb m deveriam exercer um papel essencial na forma o tanto do professor quanto do bacharel O acesso s informa es obtidas por meio delas pode e muito contribuir no perfil do profissional que cada institui o e cada curso superior desejam formar Desde claro que esteja em conson ncia com o Projeto Pol tico Pedag gico e este seja pensado revisitado e revalidado s
397. mais anal ticas apresentadas nas edi es posteriores do seu trabalho A pol mica de Malthus era dirigida contra o ideal de progresso de Condorcet 1743 1794 o igualitarismo de Godwin 1756 1836 o populacionismo de Robert Wallace 1697 1771 e o otimismo de seu pr prio pai Daniel Malthus que foi amigo e disc pulo de J J Rousseau 1712 1778 SZMRECS NYI 1980 p 266 A mis ria para Malthus era necess ria pois se desdobrava no aparecimento da fome no desemprego e no rebaixamento dos sal rios Ainda contribu a no aumento da mortalidade das doen as e al m de colaborar para reduzir o n mero de matrim nios porque consequentemente seria mais dif cil sustentar os filhos Sendo entretanto um obst culo preventivo ou uma at uma obriga o moral Por outro lado para Damiani 2008 a mis ria poderia estimular os cultivadores a aumentar o emprego da m o de obra dispon vel ao abrir novas terras ao cultivo Com isso diminuir se ia a fome ao mesmo passo que se expandiram as reas de planta o harmonizando a rela o popula o recursos Poder ao princ pio parecer estranho mas penso que corresponde verdade que eu n o consiga por meio de dinheiro fazer elevar um homem pobre e permitir lhe que passe a viver melhor sem deprimir proporcionalmente outros da mesma classe Se reduzo a quantidade de comida consumida em minha casa e entrego a uma pessoa a que suprimi beneficio a sem prejudicar algu m de mim pr p
398. mal favorecido possuidor de uma liberdade nica no reino animal um ser terrestre que tem a Terra como m e provedora sua morada enfim como suporte de sua vida na rela o com os quadros naturais locais onde se encontra inserido que o homem deve conquistar sua liberdade A aceita o da exist ncia de influ ncias das condi es naturais n o implica na argumenta o de Ratzel uma passividade total do elemento humano pelo menos n o nesse plano de defini o do objeto antropogeogr fico As influ ncias se p em de forma mediatizada no indiv duo como condicionamentos som tico anat micos e como est mulos psicol gicos cujo estudo estaria fora do mbito da geografia na constitui o social pelos recursos e riquezas dispon veis na constitui o tnica de um povo pelas condi es de difus o propiciadas pelo meio gerando o isolamento e a mesti agem como casos limite na organiza o do trabalho pelos est mulos ou barreiras existentes na forma o dos Estados pela posi o geogr fica desfrutada etc Os condicionamentos da natureza s o portanto atuantes na vida material dos homens atrav s de suas necessidades como recursos Ratzel antev uma malha de influ ncias que manifestar se iam atrav s de causas econ micas e sociais MORAES 1990 p 11 103 E importante relembrar que La Blache e Ratzel tinham concep es te ricas e interesses diferentes mas cada qual a seu modo contrib
399. mas e planos de ensino das universidades pesquisadas Org MORMUL Najla Mehanna 2012 importante salientar que na Universidade Estadual de Maring h a disciplina Geografia da Mobilidade e Mobiliza o sendo essa optativa e com carga hor ria de 68h a A oferta dessa disciplina demonstra que os estudos de popula o est o e podem ser contemplados por reas que abordam fen menos no qual a popula o est inserida Desse modo revela que o tema por ser rico e amplo possibilita um campo importante de investiga o a exemplo dos estudos de mobilidade e mobiliza o De acordo com o quadro 6 podemos perceber que a carga hor ria designada disciplina Geografia da Popula o nas universidades consultadas demonstra que os estudos de popula o sobre o r tulo de Geografia da Popula o s o incipientes uma vez que destinada a essa disciplina uma carga hor ria reduzida o que pode ser um indicativo que esta disciplina vem perdendo espa o dentro do curr culo acad mico de Geografia talvez pela falta de uma an lise cr tica referente aos assuntos populacionais pelo vi s geogr fico ou talvez pela pr pria dissemina o do tema em diferentes reas O corporativismo presente nas universidades acaba muitas vezes engessando o processo democr tico e cr tico de produ o do conhecimento as especificidades e a busca insistente em forma o de eixos estritamente espec ficos t m tirado de temas como popula o a dimens o
400. mbrica es com a popula o Abordamos tamb m a rela o entre a Geografia e o capitalismo por entendermos que esse exerc cio pode dar mais corpo ao nosso objeto de pesquisa e tamb m por se tratar de uma abordagem necess ria para situarmos a Geografia no contexto de produ o da hist ria humana Ainda analisamos o papel desempenhando pela Geografia escolar na transi o do s culo XIX para o XX como um dos meios de legitima o do poder da burguesia E discutimos a fragmenta o existente na Geografia ou seja a separa o em Geografia F sica e Geografia Humana as diferentes abordagens te rico metodol gicas e o caso da Geografia da Popula o nesse nterim No momento o objetivo foi abordar essa quest o por consideramos que ela relevante para o entendimento do nosso objeto Uma vez que ela pode ser entendida como resultado da fragmenta o da Geografia especialmente da chamada Geografia Humana por isso a necessidade de reconhecer os limites e 25 possibilidades da dicotomia para al m dela Todavia porque o di logo com a popula o se feito de modo fragmentado como apregoa a ci ncia moderna pode se limitar as explica es generalistas que pouco contribuem para o avan o da ci ncia geogr fica No segundo cap tulo abordamos a contribui o de outras ci ncias para o entendimento dos estudos populacionais j que reconhecemos que os estudos populacionais rea de interesse tamb m de outra
401. menores pode exercer uma importante fun o formadora especialmente porque a import ncia da disciplina muitas vezes est mais condicionada postura do professor sua compet ncia did tico pedag gica seu compromisso e comprometimento frente disciplina e os conte dos por ele ministrados do que necessariamente a um n mero excessivo de carga hor ria Apesar de que na maioria das vezes n o ocorre altera o de carga hor ria de algumas disciplinas mesmo alterando se o contexto e o Projeto Pol tico Pedag gico do curso o que de demonstra que de alguma forma as intencionalidades e as exig ncias relacionadas ao perfil profissional possivelmente sofreram altera es Enquanto outras disciplinas sempre se adaptam s exig ncias do curso o que demonstra mesmo que de forma sutil as rela es pol ticas e at pessoais presentes em algumas reas contudo esta quest o n o vem ao m rito agora Nesse sentido bom relembrar que a disciplina Geografia da Popula o poucas vezes esteve no rol das disciplinas obrigat rias o que nos reporta a fala do professor Dieter quando disse Quando faz a diferen a entre as disciplinas obrigat rias e as disciplinas optativas a migra o ou a Geografia da Popula o est o entre as disciplinas optativas Apesar quando os professores montam a grade 211 curricular e n o querem privilegiar as disciplinas obrigat rias dizendo que estas s o mais importantes eles querem deixar o m
402. mens o mais ampla pois basta procurar por livros que tratam de popula o e Geografia que encontraremos se es onde s o discutidas crescimento da popula o mundial distribui o geogr fica da popula o mortalidade fertilidade migra o composi o por idade e sexo popula o e pol ticas p blicas popula o e meio ambiente e assim por diante Nesse sentido entendemos que momento de se perguntar sobre a natureza e sobre o conte do concreto desses estudos Os estudos de todas essas problem ticas citadas e muitas outras s o sem d vida importante e se caracterizam como a base dos estudos de popula o na Geografia mas a falta de atividade e de esclarecimento ou at de conhecimento faz com que muitos ge grafos e tamb m professores de Geografia somente repisam essas informa o como se fossem dados pass veis de n o serem analisados criticamente Uma geografia que inclua a dial tica e ainda rela o entre estrat gia e dial tica pode nos ajudar a compreender os termos da moderniza o do mundo necess rio examinar o processo de moderniza o extensiva e intensivamente E neste duplo os termos de deteriora o da vida social e humana a da pr pria economia DAMIANI 2005 p 61 253 A argumenta o da professora Damiani somada ao coment rio do professor Guidugli que considera que os estudos de popula o na Geografia s o incipientes expondo que quando l uma tese ou disserta o que fa a r
403. metodologias condizentes com a perspectiva do professor e dos alunos quanto disciplina pode colaborar n o s para a melhoria do tema como para a Geografia avaliar suas particularidades assim como criticar seu desempenho tanto na pesquisa quanto no ensino Assim contribuir para que a Geografia da Popula o alce voos mais altos promova discuss es mais prof cuas elabore an lises cr ticas proponha caminhos j que consideramos que a Geografia tem muito a contribuir com o estudo da popula o e por meio da problematiza o dos temas a Geografia qui possa sugerir propor solu es alternativas para a gama de problemas populacionais que podem ser observ veis nas mais variadas escalas Para representar o n mero de vezes que cada autor aparece nos programas de ensino analisado transformamos em percentagem e constru mos o gr fico a seguir Essa forma de representa o gr fica acreditamos ser did tica pois permite de forma r pida a compreens o dessa distribui o 220 Somadas com as discuss es feitas anteriormente fornece elementos importantes para a constru o de nossa an lise pois o que realmente nos interesse n o somente indicar esses elementos mas buscar entender os motivos da exist ncia deles J que combatemos o uso de gr ficos e tabelas apesar de ser muito importante ganham mais valor e relev ncia na medida em que s o analisados interpretados e nos conduzem a poss veis respostas dos fe
404. mico e a pesquisa Para Odeibler Santo Guidugli o ensino da disciplina Geografia da Popula o permanece ainda com papel secund rio nos curr culos dos cursos de forma o de ge grafos especialmente nos pa ses menos desenvolvidos onde justamente a problem tica populacional espacialmente observ vel bastante grave este ltimo aspecto o motivador da avalia o da disciplina no ensino universit rio brasileiro GUIDUGLI 1990 p 97 Nessa passagem do professor Guidugli podemos notar que a disciplina Geografia da Popula o cumpriria no curr culo acad mico do curso de Geografia uma fun o primordial principalmente em pa ses como o Brasil onde os estudos sobre a quest o populacional est o alicer ados a v rias problem ticas as quais os ge grafos poderiam contribuir no sentido de explicit las e at explic las tanto para a comunidade cient fica ou para a sociedade E talvez com uma contribui o mais efetiva dos ge grafos e dos professores de Geografia O tema populacional que t o afeto aos estudos dos dem grafos e soci logos pudessem tamb m estar entre os mais discutidos pelos ge grafos uma vez que a contribui o dada por esses profissionais a nosso ver seria al m de interessante tamb m importante para a visibilidade desse profissional no mercado 206 Gr fico 2 Ocorr ncia da disciplina Geografia da Popula o nos cursos de gradua o das universidades pesquisadas A Geografia da Po
405. mites da Geografia da Popula o analisa a participa o do homem como ser social por m n o apenas como mais um elemento da paisagem mas como um agente transformador sinaliza as armadilhas dos dados demogr ficos que camuflam informa es importantes que na maior parte das vezes s o escassos ou fr geis Estuda a distribui o da popula o no mundo descrevendo os impactos dos fatores f sicos e econ micos sobre o homem realizando um estudo acerca das quest es culturais aliadas quantidade e distribui o da popula o Posteriormente faz um trabalho de regionaliza o do espa o analisando as diferentes formas de ocupa o do territ rio e das civiliza es rurais urbanas Trata se de uma obra importante por fornecer dados sobre as diferentes reas do globo sinalizando de forma incisiva como o ge grafo pode ou deve se postar diante dos aspectos atinentes a din mica populacional na Terra Desta forma expressa n o s a relev ncia do m todo mas das metodologias para que as pesquisas e estudos em popula o na Geografia ocupem o lugar que merecem Por esses e outros motivos que consideramos importante trazer os elementos discutidos por Zelinsky ao tratarmos dos autores mais citados nos planos de ensino que analisamos Pois acreditamos que por meio das quest es levantadas defendemos que os estudos populacionais possuem uma natureza interdisciplinar e assim sendo o di logo com autores de outras reas e o emprego de
406. mo a quest o da superpopula o absoluta para superpopula o relativa Por m Damiani acredita que o reconhecimento da literatura do cotidiano jornais revistas e da reitera o de leituras malthusianas subliminar nessa quest o Nos livros cl ssicos de Geografia h uma primeira aproxima o relevante do ponto de vista anal tico nas monografias cl ssicas assim como nos estudos amplos sobre a quest o urbana pois tem uma aproxima o quantitativa do processo Assim como ela defende que h uma rela o entre a Geografia e a Demografia como ci ncia moderna nos estudos populacionais e relata que no seu texto h essa aproxima o Com o apoio das obras do professor Pierre George a autora foi decifrando no cerne de cada cap tulo uma aproxima o quantitativa Destaca que a aproxima o com a popula o tem esse car ter relativo quantidade mesmo n o sendo estritamente demogr fico pois para ela antes de ser demogr fico filosoficamente de uma rela o com a quantidade necess rio primeiro ter instrumentos anal ticos para lidar com a quantidade Sobre a 179 quantidade a autora argumenta que esse elemento o texto vai reconhecer tornar mais concreto essa abordagem e conhecer uma diversidade qualitativa e destaca que interessante verificar a import ncia de superar o limite malthusiano da interpreta o porque a leitura malthusiana pode ser perversa em rela o s diferen as socioculturais diferen as pol
407. mo na melhoria da aprendizagem ou no modo como os conte dos s o trabalhados Mas o sucesso na aprendizagem e da elabora o de conhecimento sem d vida perpassa fundamentalmente 198 pela forma o docente e pelo comprometimento do professor e tamb m do aluno O professor deveria entre o rol de conte dos associados ao tema popula o selecionar e adequ los realidade na qual trabalha problematizando o conte do mobilizando os alunos na apropria o do conhecimento uma vez que o processo de ensinar est intimamente ligado ao processo de aprender Dessa forma os conte dos sobre popula o est o de modo direto vinculado concep o de mundo de sociedade do professor e tamb m dos alunos Assim n o s o os livros cl ssicos peri dicos revistas e nem os livros did ticos que determinar o o xito na aprendizagem e na transforma o e assimila o de conhecimento esses s o complementos que podem ser usufru dos na medida das necessidades importante destacar que as atividades de ensino possuem especificidades pr prias que as diferem das reas de pesquisa mas isso de modo algum significa que esse conhecimento menos importante que o outro mas que as formas de abordagens e os universos de an lises s o distintos por m ambos desempenham fun es sociais pol ticas e culturais e at econ micas importantes Os conte dos acerca das quest es populacionais comumente ensinados nas universidades e escol
408. modo denota um empobrecimento Os estat sticos encarregados de fornecer material de base a economistas e soci logos tentaram circunscrever lhe o sentido de dar a ele uma defini o conveniente para os objetivos em mira Encontraram se ent o diante de verdadeira anarquia resultante da diferen a de conceitua o do fen meno migrat rio de pa s para pa s No mais das vezes esse fen meno apreendido apenas indiretamente avaliado em termos de volume pela diferen a entre balan o demogr fico global de determinado per odo e o balan o de mortalidade correspondente Evidentemente trata se de abordagem grosseira E mesmo ao ser apreendido diretamente a diversidade das defini es de migrante era causa de lament vel discord ncia entre estat sticas nacionais bases dos recenseamentos internacionais SORRE 1984 p 124 125 J Malthus por exemplo ao introduzir a discuss es sobre o crescimento da Popula o teve algumas considera es sob o ponto de vista migrat rio apesar de pouqu ssimos estudiosos falarem disso o que predomina s o as cr ticas que se faz s teorias malthusianas sobretudo porque ele considerava que o crescimento demogr fico e a rela o dele com a disponibilidade de alimentos de trabalhos de meio de vida estavam 266 vinculados aquela vis o fechada de que n o haveria alimentos nem trabalho suficientes se a popula o continuasse crescendo Segundo Malthus a migra o era vist
409. mos a partir de uma leitura psicol gica ou psiqui trica ent o na realidade esse um exemplo de uma ci ncia que muda entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Esse relato do professor Odeibler nos orienta no sentido de perceber a mudan a nas ci ncias e al m disso a necessidade de flexibiliza o das ci ncias frente s demandas do sistema econ mico predominante O fato da popula o n o estar entre os temas mais pesquisados na Geografia n o tira dela seu valor No entanto retrata que a Geografia que se faz uma Geografia voltada para certos fins e interesses que refletem na produ o cient fica em si pode se analisar que o que tange as pesquisas de ge grafos e professores de Geografia da popula o n o figura como uma rea atrativa A dificuldade vivida pela orientanda do professor Odeibler teve ao pesquisar sobre o crime a impress o que t nhamos a de est vamos sem rumo j que a percep o era que ningu m ou pouqu ssimas pessoas na Geografia atualmente querem discutir Geografia da Popula o Os motivos dessa resist ncia ou n o recai sobre uma s rie de quest es e 229 para refor ar essa impress o apresentamos ao debate a fala do professor Helion P voa Neto A respeito dos estudos populacionais quando se fala no Brasil sobre isso na maioria das vezes est se referindo a demografia porque a rea que se dedicou em estudar seus diferentes aspectos No Brasil existe
410. mplo vale ou n o como campo cient fico E com isso consideramos que a hierarquiza o do saber de certo modo rotula a produ o cient fica dizemos mais n o apenas rotula mas tamb m determina sua validade E podemos nos indagar se os conhecimentos inerentes popula o realmente ocupam lugar dentro da ci ncia geogr fica uma vez que notamos que compreender o disciplinamento da Geografia da Popula o algo que exige um posicionamento atento frente ao movimento hist rico econ mico pol tico cultural que comp e o nosso objeto Desse modo compreender o disciplinamento do conhecimento geogr fico e as abordagens da Geografia da Popula o no pensamento geogr fico brasileiro em conson ncia com as interpreta es foucaultiana a nosso ver dialoga com processo hist rico de disciplinamento e de hierarquiza o dos campos cient ficos Para n s nesse momento o importante entender o processo de disciplinamento do conhecimento geogr fico e a Geografia da Popula o pois nos propomos compreender como foram realizadas as abordagens da Geografia da Popula o no pensamento geogr fico brasileiro portanto o disciplinamento dos saberes geogr ficos algo que nos interessa Por m consideramos importante discutir como ocorreu o processo de disciplinamento do conhecimento geogr fico ao mesmo tempo em que entendemos como nos lembra Souza Santos 2010 p 75 76 que Os males da parceliza o do conhecimento e do reducioni
411. mula orienta esse g nio mas preciso ter sempre em mente sua for a criadora SORRE 1984 p 100 Neste per odo ganha destaque os trabalhos de Max Sorre e Pierre George considerado um continuador dos trabalhos de Sorre George ocupou um lugar importante na produ o cient fica de sua poca suas an lises n o s acionaram conceitos cl ssicos da Geografia como introduziu discuss es consonantes aos sistemas econ mico sociais e por meios deles interpretou a realidade econ mica do mundo tecendo an lises acerca do desenvolvimento econ mico dos pa ses diferenciando os Ao estudar a Geografia de cada 301 pa s n o a fez apenas com os dados econ micos mais tamb m naturais elegendo a hist ria como um m todo para entender a rela o dos homens com o meio natural Os anos 50 marca uma transforma o no desenvolvimento da geografia da popula o A primeira obra de geografia geral consagrada geografia da popula o aparece em 1951 a partir de 1956 que a bibliografia geogr fica internacional consagra uma rubrica especial a este ramo da geografia A partir da se torna mais frequente esta disciplina no ensino universit rio de v rios pa ses A pesquisa neste per odo aumenta chegando a representar 10 dos t tulos de geografia geral De 1962 a 1972 a propor o dos artigos sobre popula o passa de 5 a 12 nos grandes peri dicos de geografia nos EUA Observa se tamb m um importante aumento das publica es d
412. muladas pela Geografia cr tica pulverizando quest es antes por n s n o problematizadas Como de praxe nas pesquisas acad micas de Geografia predominam pesquisas de estudo de caso Quanto s metodologias das pesquisas encontradas preponderaram as te ricas e metodol gicas com nfase para a pesquisa emp rica em rela o aos objetivos verificados pelas informa es obtidas atrav s dos resumos dos autores em sua maioria tratavam de pesquisas de car ter descritivo e investigativos No que tange aos procedimentos houve o predom nio de pesquisa de campo e quanto ao objeto predominou nas disserta es e teses analisadas a pesquisa bibliogr fica e de campo com forma de abordagem quantitativa Contudo sabemos que nem todas as teses e disserta es defendidas constam no banco de teses da CAPES no entanto essa uma fonte acess vel e confi vel para se obter informa es De posse dos dados elaborou se uma tabela 1 e um gr fico 4 para demonstrar a difus o da pesquisa em popula o na Geografia brasileira na forma de teses e disserta es j que as quest es discutidas anteriormente ajudam nos mesmo que sutilmente no entendimento das propostas dessas pesquisas que apesar de numericamente n o serem expressivas provavelmente contribu ram para o desenvolvimento tanto dos estudos de popula o na Geografia quanto da pr pria disciplina Geografia da Popula o importante salientar que a busca no banco de teses e dis
413. n menos neste caso relacionados disciplina Geografia da Popula o Todavia j realizamos muitas vezes cr tica em rela o abordagem dos n meros expressos em tabelas e at mesmo gr ficos pois por si s n o s o capazes de analisar os fen menos demogr ficos em sua totalidade O que fazem na maioria das vezes nos passar uma informa o parcial da realidade o que contribuiu para que os estudos demogr ficos traduzidos por essas formas de representa o sejam na maior parte das vezes s contemplativos Gr fico 3 Distribui o percentual dos autores mais citados nos programas de ensino analisados nuy Autores mais citados nos programas de Moreira 5 ensino analisados Damiani 18 Josu da T p Am lia Luisa Castro 5 Wilbur Zel ins ky 4 5 Milton Santos 6 Karl Marx 2 Jacqueline 8 Beaujeu Garnier 17 George Martine 10 paul Singer Pierre George 13 13 Fonte Programas e planos de ensino da universidade analisadas Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Em rela o p s gradua o o referencial bibliogr fico dos programas de ensino analisados se diferenciou com a presen a de outros autores no entanto na p s gradua o de Geografia os estudos de popula o sob o r tulo de Geografia da Popula o insignificante Assim de posse dos programas das disciplinas elaboramos o quadro 9 como forma de organiza o dos dados e tamb
414. n o bastava O acesso do povo escola tornava se imprescind vel medida que o mundo do trabalho come ava a se diversificar e a exigir alguns pr requisitos como a leitura a escrita o conhecimento de aritm tica mesmo para o exerc cio das atividades mais simples na f brica ou na presta o de servi os ZANATTA 2005 p 175 Os programas escolares de estudos geogr ficos existentes no Brasil no fim do s culo XIX e in cio do s culo XX apresentavam uma vis o compartimentada dos conte dos Os comp ndios escolares estavam cheios de defini es vagas de conceitos A Geografia passou a ser uma disciplina de cunho te rico na qual predominava o uso da mem ria Indevidamente desvinculada da realidade caracterizava se como uma disciplina empobrecedora e estreita Durante muitos anos o ensino de Geografia ficou reduzido a descri es e observa es a metodologia tradicional foi bastante praticada e difundida Segundo Ver ssimo 1985 em nossas escolas a Geografia resumia se a cita es de nomes europeus e a Geografia p tria em geral circundava os programas Em rela o ao curso prim rio a Geografia n o ultrapassava uma decoreba bestial e no secund rio era ensinada apressada e precipitadamente objetivando sempre o exame n o havendo estudo mais aprofundado da mat ria Na escola polit cnica o ensino de Geografia estava voltado para a forma o dos denominados engenheiros ge grafos Por m os conhecimentos g
415. n o quer dizer no entanto que a desordem tomou o lugar da ordem Um universo assim seria t o insensato e imposs vel como aquele em que reinasse a ordem pura No reinado da ordem pura n o h cria o n o h possibilidade de nada novo Se s existisse a desordem agita o o universo seria simplesmente invi vel segundo princ pio da termodin mica e a ideia de entropia devem sempre ser associados nova e complexa concep o da physis e do cosmo que congrega num mesmo conjunto de processos ordem desordem intera o organiza o Pode se dizer de modo mais geral e isto inclui a organiza o viva que todo o retrocesso de entropia todo o desenvolvimento organizacional ou manuten o por trabalho e transforma es de entropia estacion ria isto toda a atividade organizacional paga se com um aumento de entropia no ambiente que engloba o sistema O que significa em termos limites que todo o retrocesso local de entropia ou neguentropia aumenta a entropia do universo Temos assim com grande exatid o o inverso do princ pio morfogen tico onde a dispers o c smica trabalha em certo sentido para a organiza o Outras concep es como os princ pios organizativos da Teoria da Informa o que tamb m s o levados em conta pelo autor revelam uma natureza neguentr pica e questionam a irreversibilidade termodin mica O autor defende que a primeira e fundamental complexidade do sistema consiste na conjuga o
416. n o se deu por acaso na Alemanha Algumas foram as condi es que propiciaram o surgimento da Geografia moderna na Alemanha primeiro um territ rio fragmentado em dezenas de pequenos reinos segundo o desejo de expans o imperialista constitutivo do capitalismo As condi es necess rias ao surgimento da geografia existem mas n o teriam determinado automaticamente a sua g nese n o fosse exist ncia de um est mulo social mais direto presente na particularidade hist rica da Alemanha e de certas caracter sticas individuais relativas ao pensamento de alguns cientistas alem es Somente a an lise da especificidade do desenvolvimento do capitalismo e das ideias neste pa s capaz de aprender as raz es que levaram esta sociedade a valorizar a reflex o sobre o tem rio geogr fico portanto em solo alem o que a geografia alcan a sua forma de ci ncia moderna O salto qualitativo se d entre os alem es no momento em que as quest es relativas ao desenvolvimento do capitalismo encontram se j plenamente resolvidas na Inglaterra e em curso bastante adiantado na Fran a enquanto a Alemanha permanece ainda s voltas com o seu processo de unifica o interna Se para o capitalismo ingl s e franc s o papel da geografia o de lhes viabiliza a 39 expans o colonial para o capitalismo alem o seu papel ser o de dar respostas a quest es ainda preliminares a unidade alem O car ter tardio da penetra o das rela es ca
417. na e da flora em diversas regi es regi o australiana regi o ne rtica regi o pale rtica etc Neste caso pr ximo de sua etimologia ou seja rea sob certo dom nio ou rea definida por uma regularidade de propriedades que a definem Na geografia o uso desta no o um pouco mais complexo pois ao tentarmos fazer dela um conceito cient fico herdamos as indefini es e a for a de seu uso na linguagem comum e a isto se somam as discuss es epistemol gicas que o emprego mesmo deste conceito nos imp e Uma das alternativas encontradas pelos ge grafos foi a de adjetivar a no o de regi es para assim diferenci la de seu uso pelo senso comum Ao tentar precisar no entanto o sentido do conceito de regi o atrav s de associa es surgiu outros debates que interrogam mesmo a natureza o alcance e o estatuto do conhecimento geogr fico GOMES 2003 p 54 Entre as diversas concep es adotadas pela Geografia e suas manifesta es na Geografia da Popula o percebemos ainda a necessidade de an lises que levam em considera o tanto as quest es mundiais quanto as regionais e locais Desse modo para identificar ou abordar a quest o da popula o na Geografia h uma teia de rela es que contribu ram para al m da descri o ou interpreta o de dados no entanto preciso analis las Em cada momento de acordo com cada contexto hist rico a popula o foi gerida e entendida de modo diferente trata se
418. nalisada cuidadosamente para que n o fa amos uma discuss o descolada da realidade O autor em Sociologia e Geografia faz um estudo sistematizado entre a Sociologia e a Geografia apresentando temas que se correlacionam Portanto h um cap tulo espec fico sobre o n mero que chama aten o pela forma como o autor trabalha com os dados fazendo cr tica aos estudos quantitativos Isso denota um amadurecimento por parte do autor que ao relacionar as quest es sociais com as demogr ficas atribuiu mais dinamismo as quest es populacionais Dessa forma percebemos que a Sociologia uma grande parceira para an lise e interpreta o dos estudos populacionais e por meio dela podemos encontrar outros caminhos e percorrer diferentes espa os antes n o detidamente 70 estudados pela Geografia Nessa troca interdisciplinar est o enriquecimento de temas como a popula o A professora Am lia Damiani relembra que em Sociologia e Geografia P George avalia que comum a possibilidade de uma concep o da import ncia das comunica es e das informa es enquanto elos de cada lugar com o mundo Ainda que como s o tecidas essas rela es no espa o vivido mais complicado de considerar DAMIANI 2008 A geografia oferece uma imagem diferencial e explicativa da reparti o do n mero de homens na superf cie do globo baseando se no conhecimento das rela es fundamentais entre os n meros de homens e os meios de exist ncia das col
419. naridade por m n o podem mais ser encarados como exclusivamente naturais exigindo inclusive um novo posicionamento dos ge grafos f sicos frente essa tem tica Portanto Nunes e Suertegaray 2001 destacam que seria pueril afirmar que com a propaga o dos problemas ambientais a dicotomia na Geografia foi superada apesar de avan os significativos ocorridos nos ltimos anos em rela o a essa situa o a dicotomia ainda perdura Podemos dizer que de uma forma menos exacerbada ainda perdura a separa o j que a maneira como o conhecimento produzido persiste a promo o da fragmenta o ou compartimenta o dos saberes que continua se desenvolvendo a passos r pidos invadindo as carreiras acad micas e at o ensino de Geografia tanto na escola quanto nas universidades O v cio do s culo XIX de se pensar os conhecimentos cient ficos de modo separado como lembra Morin 2002 aprofunda se gradativamente com as hiperespecializa es comuns e bastante praticadas na sociedade contempor nea e acaba por contribuir cada vez mais com o distanciamento existente entre as ci ncias Apesar do apelo em busca de um conhecimento mais acess vel e amplo convivemos diariamente com uma vis o mistificada do conhecimento que na maioria das vezes est a servi o da l gica capitalista que tudo quer totalizar na qual a popula o na maioria das vezes acometida por um processo intenso de aliena o N o obstante tamb m seria in
420. ncionalidades desde a es consideradas corriqueiras como a constru o de um Projeto Pol tico Pedag gico PPP at as discuss es de planos de ensino O problema acentua se quando n o se reconhece as intencionalidades ou as naturaliza Acreditamos que um bom ant doto ao processo de aliena o seja realmente admitir ou reconhecer que ci ncia pretende se construir e para que e com isso assumir as consequ ncias e riscos dessas escolhas e isto serve inclusive para a Geografia Partindo do pressuposto anteriormente apresentado podemos indagar qual a rela o da Geografia da Popula o com isso tudo Ao adentrar neste mbito importante discutir se nos estudos populacionais ocorre separa o entre os fen menos e sua ess ncia e ainda h uma investiga o sobre sua coer ncia interna e a partir dessas indaga es como a Geografia aborda este tema por qual vi s e com qual intencionalidade Diante dessas inquiri es n o queremos apresentar ideias especulativas que pouco ou nada contribuiriam para o entendimento da quest o mas sinalizar poss veis respostas A popula o assim como muitos outros temas que se enquadram na denominada Geografia humana apresenta um car ter singular e na medida em que avan amos para o esclarecimento do objeto desta tese verificamos que a Geografia da Popula o sofreu uma grande influ ncia da Demografia ao abordar os estudos populacionais e sendo assim muitas quest es afetas a popula
421. nder os motivos que geram a valoriza o de uma determinada rea e a desvaloriza o de outras ou seja realizar um constante e cr tico exerc cio avaliativo das reas do conhecimento geogr fico para que a produ o cient fica na Geografia exer a seu papel social e pol tico Neste sentido importante compreender que o conhecimento cient fico n o pode ser dissociado de sua dimens o social O fazer ci ncia al m de atender as exig ncias do 313 m todo uma atividade humana e por isso n o pode ser considerada neutra uma vez que os sujeitos que a produzem est o imbu dos em uma sociedade culturalmente institu da Dessa forma as rela es presentes na produ o cient fica tamb m expressam a forma como cada um interage e concebe o mundo Sem perder de vista que fazer ci ncia uma atividade que est tamb m vinculada aos interesses do mercado talvez em algumas reas isto seja mais expl cito em outras n o contudo essa uma condi o que n o pode ser descartada sem ao menos uma pr via reflex o acerca disso Num estado da rela o de for as econ mica e pol tica onde os poderes econ micos est o colocados a seu servi o recursos cient ficos t cnicos e culturais sem precedente o trabalho dos pesquisadores indispens vel para desmontar as estrat gias elaboradas e postas em pr tica pelas grandes empresas multinacionais e pelos organismos internacionais que como a OMC produzem e imp em regula e
422. ndo o homem enquanto habitat enquanto morador enquanto trabalho enquanto em seu processo de forma o escolar enquanto sa de propiciando uma maior separa o entre os ge grafos que aderiram a essa Geografia social tornando os especialistas com olhares cada vez mais espec ficos para uma tem tica A partir das discuss es propostas sobre a relev ncia ou n o dos estudos de migra o para a Geografia da Popula o pudemos perceber que apesar da proximidade das reas essas n o se reconhecem como parte de um mesmo processo A Geografia da 272 Popula o aparece como uma coisa relegada aos ditames do positivismo resultante da forte influ ncia da Demografia e da Geografia tradicional e as migra es como uma rea rica ampla com muitas possibilidades de desenvolvimento e ainda com probabilidades reais de surgimento de conceitua es novas ou revis o das antigas que podem gerar intrigantes estudos que podem resultar em aberturas para novas investiga es dos fen menos hist ricos e econ micos que variam no tempo e no espa o Sem d vida que os ge grafos se identificam mais com esta rea e esta identifica o n o a toa mas condicionada a uma s rie de processos hist ricos e metodol gicos que nos ajudam a entender os encaminhamentos desse processo N o queremos de forma alguma desmerecer a Geografia da Popula o e t o pouco supervalorizar os estudos de migra o nosso intento problematizar esta situa
423. ndo que em alguns cursos a Geografia da Popula o aparece como desdobramento da Geografia Humana e em outros como uma rea aut noma A pr pria indefini o dentro da Geografia acaba por reduzir o campo de atua o dos estudos da popula o na Geografia Como bem lembra a professora Am lia Damiani a Geografia da popula o compreendida como primeira aproxima o dos fen menos urbanos pol ticos econ micos constitui se nesse sentido o primeiro cap tulo dos tratados de Geografia humana DAMIANI 2008 p 10 E complementa Zelinsky 1969 p 22 Se definirmos popula o nos termos mais amplos amplitude dos t picos tratados pelo dem grafo e pelo ge grafo da popula o inclui tudo o que concerne ao ser humano e s Ci ncias Sociais Tal massa de aspectos sociais econ micos psicol gicos culturais e pol ticos obviamente excederia o campo de vis o de qualquer grupo de especialistas necess rio portanto circunscrever com bastante nitidez o campo dos estudos de popula o Nas an lises realizadas dos programas de ensino de Geografia da Popula o que tivemos acesso tanto da p s gradua o quanto da gradua o em Geografia apareceram abordagens de variadas tem ticas referentes aos estudos ou a rea da popula o O que demonstra que apesar da recorr ncia dos temas conte dos as propostas metodol gicas indicadas nos planos de ensino analisados demonstram uma variedade de concep es did ticas Em
424. necessariamente pensar na popula o como um todo Desse modo o car ter cient fico do conhecimento geogr fico foi se adaptando ao discurso nacionalista proposto pelo Estado e nesta rela o institucional assumida pelos intelectuais principalmente os liberais e progressistas da poca que se via a solu o para os problemas da exist ncia desse ramo do saber Assim como a viabiliza o racional para a constru o da na o brasileira O di logo entre os estudiosos da ci ncia e os pol ticos igualmente como a sociedade foi posto em ltimo plano ao passo que a Geografia assume novamente um perfil ideol gico nacionalista Onde as contradi es os confrontos os contrastes as discrep ncias econ micas s o relegados aos taxados de revolucion rios ou revoltados Contudo apesar da Geografia ter sido incorporada pelos interesses e necessidades do Estado brasileiro n o se pode tamb m deixar de reconhecer a import ncia do momento hist rico no qual ela adquiriu seu car ter cient fico no Brasil Considerando o avan o metodol gico e a conquista pol tica feita atrav s dessa nova concep o de Geografia a Geografia moderna Concep o essa que tinha preocupa o com a vaguidade das ideias e a falta de rigor cient fico que a Geografia at ent o apresentava ou seja a preocupa o com a quest o do m todo era uma constante para essa proposta de renova o da ci ncia geogr fica Dessa forma apesar dos percal os exi
425. necessidade do capital bem como sua fragmenta o Para exemplo disso basta verificar o valor crescente da produ o cient fica em detrimento da reflex o A l gica capitalista est em busca do imediatismo e do produtivismo Dessa forma o cerco se fecha para as ci ncias ditas humanas ao passo que sua produ o geralmente mais lenta que os demais ramos cient ficos N o podemos com isso incorrer a explica es precipitadas e considerar que a supera o da dicotomia cient fica por si s dar conta de resolver as quest es sociais culturais e at psicol gicas da humanidade e t o pouco superar as mazelas econ micas que a muito assombram a sociedade Porque t o importante quanto ir al m da fragmenta o poder ir al m do capital Sobre essa quest o relevante a contribui o de Istv n M sz ros 1930 que se lan ou ao desafio de investigar o mundo contempor neo e a l gica que o preside Objetivando com isso fazer uma atualiza o dos nexos categoriais presentes em O Capital de Karl Marx O livro Para al m do capital 1994 de Istv n M sz ros tornou se sua obra de maior envergadura se configurando como uma das mais agudas reflex es cr ticas sobre o capital em suas diferentes formas Nele o autor empreendeu ferrenha cr tica ao capital e realizou uma instigante reflex o sobre a sociabilidade contempor nea e a l gica dominante M sz ros 1994 considera capital e capitalismo fen menos diferentes par
426. necessidades desaparece com a constitui o do novo habitat podendo ressurgir se este novo habitat n o atender s esperan as dos migrantes SORRE 1984 130 131 Os estudos populacionais desenvolvidos na Geografia devem se diferenciar da Demografia sobretudo por sua perspectiva de an lise enfatizar na espacializa o dos fen menos Dessa forma n o dif cil entender porque os estudos migrat rios ganharam repercuss o na Geografia Neste sentido a Geografia da Popula o aborda as diferentes concep es de mobilidade populacional como a pendular sazonal tempor ria entre outras Por m a abordagem deste tema levou certo tempo para ocupar lugar de destaque nos estudos populacionais Como lembra o professor M rcio Rocha Antes do s culo XIX os estudos sobre a mobilidade dos homens se apresentam de forma fragmentada ligados fundamentalmente descoberta do mundo e sua orienta o as an lises de mobilidade nesta fase podem ser classificadas como etnol gicas Durante a antiguidade e idade m dia os indicadores apreendidos nas viagens mar timas e terrestres s o incompletos e apresentam incoer ncias Durante o s c XVII e sobretudo XVIII aparecem os primeiros estudos sobre a rela o existente entre o meio e a sociedade As reflex es filos ficas um repensar do mundo e o triunfo do liberalismo frente igreja a revolu o tecnol gica e a revolu o social marcam este per odo com importantes reflex es sobre
427. njunto e em cada um de seus aspectos J como dizia L nin s d a unilateralidade e a superficialidade das abordagens desconhecendo as liga es m tuas e as leis internas das coisas subjetivismo Para fundamentar nossa an lise sobre a dicotomia entre a Geografia F sica e a Geografia Humana nos apoiamos principalmente em Christofoletti 1985 e 1999 Nunes e Suertegaray 2001 no fil sofo Foucault 1968 e no artigo de Ian Douglas com o intuito de compreender um pouco a quest o da fragmenta o da Geografia e discutir como essa situa o se reflete no meio cient fico Na academia a quest o da fragmenta o da ci ncia geogr fica intensamente debatida ou seja h pesquisadores que defendem que a Geografia F sica est numa posi o vantajosa em rela o Geografia Humana especialmente porque as leis que a regem s o mais consistentes e necessitam de menor suposi o Nesse sentido percebemos que o rigor cient fico difundido por Bacon Descartes se faz presente nessa concep o isto a busca da ci ncia pela exatid o e aplica o de m todos capazes de separar as partes e at dissec las pode ser utilizada pela Geografia F sica diferente da Geografia Humana que possui objetos de an lise complexos e subjetivos De acordo com Christofoletti 1991 o aparato metodol gico usado pelas ci ncias f sicas e com os estudos elaborados por William M Davis a Geografia F sica ganhou a
428. no Col gio estadual Jos de Alencar do munic pio de Braganey que pertence ao N cleo Regional de Educa o de Cascavel PR 260 Como esses questionamentos e por meio da nossa experi ncia enquanto professora que forma professor percebemos que os crit rios utilizados para a sele o dos conte dos a serem trabalhados em sala de aula referem se escolha de certas categorias consideradas essenciais no estudo sobre popula o Nos livros did ticos de Geografia adotados pelas escolas p blicas do Paran notamos que boa parte dos conte dos populacionais s o abordados de forma descontextualizada e com grande nfase nos n meros Os estudos populacionais para n o ca rem numa leitura desinteressante sem sentido precisam ser problematizados objetivando uma leitura dial tica da realidade Em rela o aos livros did ticos analisados e discutidos percebemos que h diferentes propostas desde textos produzidos pelos pr prios organizadores da referida obra como textos de jornais e revistas de outros autores Al m de textos liter rios que contribuem para a forma o geral do educando Apesar das cr ticas dos limites que o livro did tico imp e ao processo de ensino e aprendizagem acreditamos ser prefer vel que os educandos os tenham em m os a n o ter nenhum especialmente por reconhecermos que no que tange s milhares de fam lias brasileiras livros n o fazem parte dos elementos culturais presentes em seus lares Pe
429. no dado na Antiguidade para as terras dos celtas na Europa ocidental Os romanos protegeram a regi o contra as invas es germ nicas desenvolveram a trabalhos p blicos e grandes cidades foram fundadas Lyon Arles Toulouse Bord us Lut cia Paris No final do s culo II alguns imperadores criaram um imp rio g lico semi independente que serviu como engodo contra as invas es germ nicas O imp rio ocidental o imp rio g lico foi devastado 90 Com a forte presen a do cristianismo entre os s culos III e IV o foco sobre procria o migrou da esfera pol tica para a esfera religiosa e moral Com isso uma fervorosa disputa ideol gica se instituiu em torno dos m ritos atinentes a quest o da virgindade De modo que a virgindade era apresentada como virtude suprema a ser exaltada Nesse ambiente as quest es relacionadas ao casamento eram polarizadas com defesas morais de intensa severidade A fam lia e a religi o eram o principal elemento constitutivo da sociedade romana Por m os debates em torno das ideias sobre incentivar ou n o a reprodu o humana continuavam sem respostas Tendo em vista que para boa parte dos crist os a resposta s podia ser encontrada na palavra de Deus Contudo as escrituras sagradas eram conflitantes e cabia aos padres da Igreja convencer por meio do uso da palavra que tais conflitos ou contradi es n o estavam presentes nos textos ditados por Deus Ainda que Deus tenha ordenado a
430. ns 8 a 10 anos uma orientanda queria estudar a geografia do crime e isso era rar ssimo No direito na criminologia na sociologia encontrava se mas na geografia era incomum pois a bibliografia era pobre nos peri dicos e se n o tem nos peri dicos n o existe Como a bibliografia sobre a geografia do crime rara n o precisa matar uma formiga com uma bala para matar um elefante Solicitei a mesma que fizesse uma disserta o focada na quest o da bibliografia para criminalidade e com nfase na geografia e depois com tudo o que aprendesse levasse sua experi ncia para o doutorado onde se estudaria o criminalismo N o deu outra o que foi importante na verdade que ela era soci loga tinha uma boa forma o na rea de metodologia de ci ncias sociais Porque quando se traz tal autor n o simplesmente citar o autor e procurar o seu resumo na verdade essa caminhada tem que ser cr tica tem que ser encaixada ajustada e ela fez uma disserta o de mestrado interessante Na poca esse assunto era raro hoje nem tanto Atualmente a geografia apresenta outros temas por exemplo est na ordem dos ltimos anos a geografia do medo o medo se coloca por que eu n o o vejo No entanto eu me comporto e vivo e me organizo e mantenho me no contexto do medo conhe o artigos de geografia psicologia e psican lise psiquiatria que discutem o assunto e isso na verdade importante pois quando n s vemos no espa o uma leitura de como so
431. nsado para que os objetivos formulados quando se prop e uma disciplina um curso ou uma linha de pesquisa sejam atingidos de forma satisfat ria e respons vel Assim constatamos que o ensino da Geografia da Popula o no Brasil ainda se mant m assentado sobre uma vaga contribui o de textos externos ou seja textos ou obras de autores diferentes dos amplamente citados por m essa constata o n o indica que n o h diversas obras sobre os temas Mas h certas dificuldades na inser o de outros autores na leitura geogr fica sobre popula o do mesmo modo como h o desconhecimento de outras contribui es O professor Guidugli em sua pesquisa chamou a aten o pelo fato de que a produ o sobre Geografia da Popula o em ingl s tinha despontado na d cada de 1980 a 1990 com um grande n mero de contribui es J a professora Damiani alertou anteriormente que nos Estados Unidos a leitura malthusiana teve uma forte vincula o com o desenvolvimento do imperialismo americano e as abordagens presentes nas revistas norte americana que discorriam sobre o controle de natalidade por exemplo tamb m estavam alicer adas aos princ pios do imperialismo Os livros russos tamb m apresentavam uma leitura extremamente dogm tica nos quais estava explicitado o processo de vulgariza o das discuss es populacionais tanto pelo vi s malthusiano quanto pelo marxismo Essa constata o da 218 professora Damiani ajuda nos a
432. nserida no contexto A partir disso coloco o em contato com outros espa os e viv ncias fazendo o integrar se atrav s de metodologias variadas reportagens atuais imagens e textos al m do livro did tico reposta dada pela professora do Col gio Estadual Marechal Arthur da Costa e Silva do munic pio de Medianeira pertencendo ao N cleo Regional de Educa o de Cascavel PR Alguns professores al m de se interessar pelo tema o consideram um dos mais interessantes de trabalhar fazendo com que n s percebamos que na escola esse conte do ainda tem muito a contribuir para a forma o dos alunos e quanto melhor formados e preparados os professores estiverem para lidar abordar contextualizar problematizar a quest o populacional nas aulas de Geografia colheremos dessas interven es pedag gicas resultados positivos tanto para o ensino quanto para a pesquisa em popula o na Geografia brasileira Em sala o tema que mais gosto de trabalhar in cio o trabalho sempre com imagens que v o me dar condi es de abordar os principais conceitos que levam a compreens o da realidade partindo do contexto em que os alunos est o inseridos Particularmente fa o a introdu o com a frase diferentes formas de nascer viver e morrer e a ilustro com diversas imagens dando continuidade ao trabalho As atividades est o sempre vinculadas pr tica social fazendo as inter rela es resposta dada pela professora que leciona
433. nstra como a Geografia da Popula o fora compreendida e vivenciada por ela ao longo de sua forma o Na forma o acad mica os estudos populacionais baseavam se na hist ria da humanidade teorias populacionais e crescimento demogr fico Quanto ao estudo da popula o brasileira o enfoque era a sua forma o e nas especializa es as quais participei a tem tica n o foi abordada Na forma o continuada os temas n o contemplam popula o resposta dada pela professora que leciona no Col gio Estadual Pacaembu Ensino Fundamental e M dio do munic pio de Cascavel PR Verificamos tamb m uma rela o dos estudos de popula o muito forte com a quest o migrat ria quase todos os professores questionados inseriram a migra o como um tema a ser trabalhado pela Geografia da Popula o sendo inclusive o mais citado novamente refor amos a tese que nos estudos de migra o os ge grafos e professores de Geografia conseguem dar mais visibilidade ao fen meno populacional em si Por m mesmo reconhecendo a migra o como um tema importante destacaram que h algumas falhas que de certo modo prejudicam ou empobrecem a compreens o do fen meno migrat rio A Geografia aborda os estudos populacionais de forma conceitual e ap s descreve os movimentos migrat rios mundiais e nacionais n o relacionando com o momento hist rico e econ mico Deixando vazios em determinados per odos hist ricos resposta dada pela professora que l
434. ntas abordagens representam os interesses vigentes no mago das rela es sociais e econ micas da sociedade Assim ao estudar a ci ncia geogr fica e seus desdobramentos enquanto Geografia da Popula o pode se entender que essa disciplina seria mais til e melhor estudada desde 316 que situada em paralelo com o projeto de sociedade que se busca construir j que as diferentes orienta es te ricas por ela vivenciadas indicam nos as fun es e ou atribui es destinadas Geografia da Popula o ou seja a quem ela serve e para que E tamb m se paut ssemos os estudos populacionais em situa es problemas poder amos promover a reflex o e a o dos sujeitos a partir do lugar que vivem reconhecendo esse espa o e construindo com ele la os de pertencimento ao mesmo passo que compreende a din mica da popula o global e sua transforma o ao longo da hist ria Com o movimento de renova o caracterizado como Geografia cr tica a partir dos anos 1970 sob influ ncia das teorias marxistas intensificou se a cr tica Geografia tradicional em especial no que diz respeito das an lises populacionais A exemplo disso poss vel verificar a prolifera o de livros e textos sob o t tulo de Geografia cr tica que foram difundidos no pa s A insatisfa o voltada s formas de an lises da popula o revelava que a maneira como a Geografia da Popula o era trabalhada pela Geografia transformava la em um conhecimen
435. ntido os obst culos territoriais deveriam ser abolidos para que a economia flu sse e com 275 ela o fluxo de pessoas mercadorias de ideias que ainda colaboraram na difus o dos ideais liberais Promovendo uma esp cie de transforma o no objeto essencial do governo da cidade Pois agora a cidade que florescesse traria consigo um modelo de governo que garantisse as demandas do mercado ao passo que controlaria o fluxo populacional por meio dos estudos da Demografia da medicina e dos comportamentos da popula o no territ rio Assim para Foucault uma governan a na qual o poder fundado n o mais no controle do territ rio mas na popula o era o foco onde os olhos dos poderes se voltam Desse modo soberania se pauta no poder de assegurar a vida Poder esse que precisava se reorganizar ou seja ampliar sua capacidade produtiva dentro da nova l gica que o mercado e a amplia o da forma de trabalho Esses fen menos se traduzem na introdu o de uma medicina que vai ter agora a fun o maior da higiene p blica como organismos de coordena o dos tratamentos m dicos de centraliza o da informa o de normaliza o do saber e que adquire tamb m o aspecto de campanha de aprendizado da higiene e de medicaliza o da popula o Portanto problemas da reprodu o da natalidade problema da morbilidade tamb m O outro campo de interven o da biopol tica vai ser todo um conjunto de fen menos dos quais uns s
436. nto explicita a quest o 173 primordial de sua obra a busca pelos ju zos sint ticos a priori da metaf sica Tal tarefa assim constitu da passa a ser analisada nas partes posteriores denominadas de Est tica Transcendental e Anal tica Transcendental Para a Geografia da Percep o a solu o se d pelos elementos a priori da faculdade da sensibilidade espa o e tempo e os do entendimento as categorias A rela o desses elementos para com os objetos a posteriori gera o conhecimento emp rico E a partir dessas premissas se desdobram mesmo que parcialmente a Geografia comportamental Dessa forma a percep o estar sempre ligada a um campo sensorial e subordinada presen a do objeto que lhe fornece conhecimento por conota o imediata Para Tuan 1980 a superf cie da terra extremamente variada mas s o ainda mais variadas as maneiras como as pessoas percebem e avaliam essa superf cie Duas pessoas n o veem a mesma realidade Nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avalia o do meio ambiente Para ele os seres humanos ostentam uma capacidade altamente desenvolvida para o comportamento simb lico Uma linguagem abstrata de sinais e s mbolos privativa da esp cie humana Com ela os seres humanos constru ram mundos mentais para se relacionarem entre si e com a realidade externa Os povos em diferentes pocas e lugares constru ram seus mundos de maneira muito diferente Kant portanto fornece um fio condu
437. nto disciplina acad mica Dessa maneira defendemos que os aspectos que queremos tratar s o relevantes Isso porque ao tratar tanto das fronteiras entre ci ncia de refer ncia e da disciplina acad mica pensamos o espa o da Geografia da Popula o como campo de investiga o hist rica e epistemol gica cujos 157 resultados contribuem para que se possamos compreender os pressupostos da Geografia da Popula o e o seu ensino e pesquisa na atualidade Pensar a Geografia da Popula o portanto dar nfase ao seu lugar como campo espec fico de produ o de conhecimentos porque n o existe disciplina acad mica sem o objeto espec fico do conhecimento a ser ensinado mas tamb m n o existe esse fen meno independente dos sujeitos e isso revela as liga es da Geografia enquanto ci ncia e da Geografia da Popula o enquanto disciplina e das diferentes concep es e metodologias que est o diretamente ligadas na produ o de seu conhecimento cient fico Outra quest o a ser ressaltada diz respeito aos caminhos te ricos nesse caso parece prudente pensar que para entender ou compreender o papel da Geografia da Popula o no interior das discuss es e mudan as atuais ser necess rio problematizar as teoriza es sobre esse tema ou assunto Nesse aspecto os primeiros estudos desenvolvidos no decorrer de 1950 sobre a disciplina de Geografia da Popula o envolveram o debate sobre a metodologia e compreens o do papel socia
438. ntos p blicos em benfeitorias darem se prioritariamente nas reas mais valorizadas VITTE 2010 p 83 Nesse sentido o crescimento demogr fico pautado numa concep o capitalista possibilita amplia e aprofunda as formas de explora o do trabalhador A presen a excessiva de m o de obra dispon vel para o capitalismo bom uma vez que h uma disponibilidade importante de trabalhadores que se sujeitam a serem explorados e pior se sentem culpados na maior parte das vezes pela situa o que se encontram Pois n o conseguem perceber as ciladas impostas pelo sistema predominante Assim mesmo que vivam em condi es sub humanas expropriados e explorados pelos detentores da m quina capitalista al m de serem vistos por muitos como parasitas da sociedade s o considerados teis uma vez que por meio deles e das mais cru is formas de explora o da vida humana podem assegurar o bem estar de uma minoria e se isso por si s n o bastasse ainda 117 agradecem por viverem margem da sociedade J que a eles s o tolhidos todos os direitos apesar dos discursos hip critas dos chamados representantes do povo Contudo teoricamente o crescimento populacional pode potencializar os conflitos sociais e as formas de ruptura das estruturas econ micas e sociais existentes principalmente ao atingir o universo dos pa ses explorados A express o teoricamente foi empregada pois na an lise se abstraiu as formas de domina
439. o Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de Janeiro Mar o 1972 Sem Publica es Rela es Edi o 21 Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de Abril Junho 1972 Edi o Su a Geo hist ria Uma na o Quadro Delgado de Rela es 22 Geogr fico Popula o Carvalho Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de Julho Setembro 1972 Os Dois Mundos Paquistaneses Ambientes Delgado de Rela es Edi o 23 Culturais Popula o L nguas Carvalho Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de Outubro Dezembro 1972 Rom nia Pa s Latino dos Balc s Os treze Therezinha de Rela es Edi o 24 n cleos populacionais Castro Internacionais Revista Brasileira de Geograria Atlas ge Jan 1973 Junho 1973 Sem Publica es Rela es Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de Julho Setembro 1973 Camerum Rep blica Federal Condi es Delgado de Rela es Edi o 27 F sicas Popula es Carvalho Internacionais Revista Brasileira de Geografia Atlas de Outubro Dezembro 1973 Sem Publicac es Rela es Edi o 28 s Internacionais Revista Brasileira de Ugand dade odena athean Geografia Atlas de Janeiro Mar o 1974 E E r EAS A RNA E EE gt a Aspectos f sicos Popula o Condi es Rela es Edi o 29 P RA Internacionais SEO Revista Brasileira de Geogratia Atlas de Abril 1974 Dez 1980 Sem Publica es Rela es Internacion
440. o Por m sempre considerando que essa suplanta o ocorre de forma gradativa e assim como em outros momentos as diferentes concep es e abordagens geogr ficas podem convergir Em oposi o a Geografia pragm tica desponta se a Geografia da percep o que estava 172 voltada a recuperar o valor do homem na Geografia Em Topofilia Tuan 1980 prop e a abordagem dos conceitos de percep o atitudes e valores do ser humano em rela o ao meio ambiente entendido como tudo aquilo que rodeia o homem quer como indiv duo quer como grupo e dessa forma ele n o apenas composto de cores formas e extens es mas tamb m de sons odores e sensa es OLIVEIRA 2000 p 21 A percep o a resposta dos sentidos aos est mulos externos como a atividade proposital na qual certos fen menos s o claramente registrados enquanto outros retrocedem para a sombra ou s o bloqueados Muito do que percebemos t m valor para n s para a sobreviv ncia biol gica e para propiciar algumas satisfa es que est o enraizadas na cultura TUAN 1980 p 101 Conhecida tamb m como Geografia human stica ou comportamental essa Geografia busca atrav s da ado o de diferentes procedimentos metodol gicos investigarem como as pessoas sentem e se relacionam com o espa o usando para isso explica es oriundas da psicologia Para a Geografia da percep o o estilo de vida de um povo a soma de suas atividades econ micas sociai
441. o atrelados ao crescimento urbano estimularam a cria o de novas demandas internas no Brasil Diante disso o conhecimento cient fico ajudaria na gest o do territ rio nacional simultaneamente contribuiria para corroborar com o discurso ideol gico necess rio para a consolida o pol tica da na o brasileira Assim o desenvolvimento cient fico encontrou incentivo por parte dos dirigentes do pa s por permitirem a compreens o e an lise dos problemas brasileiros Dessa forma as ci ncias passaram a ser vistas como ferramentas para o desenvolvimento social e tamb m como meio para a efetiva integra o nacional importante salientar que as informa es trabalhadas nesse momento da tese foram reorganizadas e interpretadas a partir da leitura do Hist rico da cria o do Conselho Nacional de Geografia publicado na Revista Brasileira de Geografia em 1939 essa leitura foi realizada durante o mestrado por m n o foram utilizadas porque naquele momento nossa an lise se limitou ao s culo XIX E tamb m de outros pesquisadores que estudaram com afinco a d cada de 1930 como Cl udio Benito Oliveira Ferraz 2005 e Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro 1980 Assim com essas leituras entendemos que as 133 transforma es ocorridas no pa s influenciadas pela Revolu o de 1930 possibilitou que a burguesia ent o classe m dia urbana passasse a ter maior influ ncia sobre as decis es do governo ao passo que a influ nci
442. o sistema de ci ncias MOREIRA 2006 p 27 Na Geografia a concep o positivista contribuiu para que a separa o dos ramos da ci ncia geogr fica se tornasse ainda mais incisivos A busca para se tornar uma ci ncia positiva fez com que a Geografia sofresse um processo de fragmenta o intenso Vale ponderar que as especifica es decorrentes na Geografia por conta da influ ncia do positivismo nos s culos XIX e XX acirraram ainda mais a dicotomia existente na ci ncia geogr fica A pulveriza o e especializa o que transforma a geografia numa s rie de saberes sistem ticos de mbito f sico e inorg nico s o o reflexo do acompanhamento dessa nova ordem paradigm tica do pensamento A geografia reproduz a setorializa o geral da pir mide positivista referenciando sua setorializa o interna na linha de fronteiras com os grandes campos de ci ncias que o positivismo vai autonomizando por seus objetivos e m todos Assim na fronteira com a geologia surge a geomorfologia na fronteira com a meteorologia a climatologia e na fronteira com a biologia a biogeografia a fragmenta o se multiplicando a cada novo campo de ci ncia que surja no plano geral do sistema de ci ncias MOREIRA 2006 p 28 Para Lefebvre no final do s culo XIX houve uma nega o do positivismo pois esse representava pouco avan o cient fico Para ele as ci ncias n o possu am fronteiras mas linhas de demarca es Os
443. o PT contra a despolitiza o e pela constru o de uma tica p blica In GUIMARAES J Leituras da Crise S o Paulo 2006 Cultura e democracia 12 ed S o Paulo Cortez 2007 CHERVEL Andr Hist ria das disciplinas escolares reflex es sobre um campo de pesquisa Teoria Educa o Porto Alegre n 2 p 177 229 1990 Cultura e democracia 12 ed S o Paulo Cortez 2007 CHEVALLARD Y La Transposition Didactique Du Savoir Savant au Savoir Ensign Grenoble La pens e Sauvage 1991 CHIARAINI T amp VIEIRA K P Universidades como Produtoras de Conhecimento para o Desenvolvimento Econ mico Sistema Superior de Ensino e as Pol ticas de CT I Rio de Janeiro v 66 n 1 p 117 132 Jan Mar 2012 CHISTOFOLETTI A Perspectivas da Geografia S o Paulo SP Difel 1985 Modelagem de Sistemas Ambientais S o Paulo Edgar Bl cher Ltda 1991 e 1999 COMTE A Augusto Comte S o Paulo Nova Cultural 1996 Col Os Pensadores 328 CORR A R L Regi o organiza o espacial S o Paulo tica 1986 Espa o Um conceito chave da geografia In CASTRO In e outros Org Geografia conceitos e temas Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1995 Geografia brasileira crise e renova o In MOREIRA R Org Geografia teoria e cr tica Petr polis Vozes 1982 DAMIANI A L Popula o e Geografia 9 ed S o Paulo Contexto 2008 A Geografia que desejamos Boletim Paulista de Geografia
444. o a quest o da Geografia da Popula o tentando fugir dos olhares comuns que a tem marcado e das dicotomias que nela converge O aparecimento da Geografia no Brasil ocorre num per odo de intensas mudan as tanto na vida pol tica quanto na social Como exemplo dessas mudan as podemos citar a luta em prol da liberta o dos escravos esse debate contudo bastante interessante uma vez que em substitui o a m o de obra escrava despontava se a quest o da migra o Elemento esse afeto as quest es populacionais mas que n o era aprofundado pela Geografia Como o foco da pesquisa se concentrava a partir de 1934 dar se mais nfase a esse per odo contudo sem desmerecer a trajet ria hist rica anterior da Geografia no Brasil Para tanto v lido relembrar que os estudos de car ter geogr fico anterior a esse tempo por exemplo os que eram ensinados nas escolas tinham forte apelo ao uso da mem ria com um curr culo composto por conte dos que pouco ou nada tinham a ver com a realidade dos alunos como j fora abordado rapidamente nesta tese As obras publicadas na poca imperial e no per odo republicano antes de 1934 sob o t tulo de Geografia ou Corografia n o passam de modestos comp ndios destinados ao ensino prim rio ou secund rio e aparecem eivados dos defeitos que t o bem caracterizavam a velha Geografia O O ano de 1934 tem um marco significativo para a Geografia brasileira porque marca simultaneam
445. o a revelar Entretanto o conhecimento do Pa s em todos os seus aspectos que todos se 50 podem resumir em dois geogr fico e hist rico base de todo o patriotismo esclarecido e previdente VER SSIMO 1985 p 96 Jos Ver ssimo insistia sobre a import ncia de equipar as escolas para que os conte dos geogr ficos fossem trabalhados de maneira contextualizada e enriquecedora fazendo do momento da aprendizagem um momento de forma o do cidad o Para finalizar afirmou que amar o ensino de Geografia concomitantemente amar a p tria Desse modo a Geografia poderia ser um elemento importante da educa o nacional e contribuiria para despertar o bom patriotismo Lembrando que o momento hist rico do qual Ver ssimo se refere almejava a forma o do cidad o que seria o mantenedor da ordem para que o progresso ocorresse sem sobressaltos A defesa dele era que os materiais did ticos deveriam ser melhorados e as metodologias voltadas para o ensino de Geografia n o incentivasse a memoriza o mec nica dos conte dos Rui Barbosa defendia tamb m o emprego do m todo intuitivo no qual desde a mais tenra idade a crian a pudesse conhecer o espa o geogr fico por meio da observa o e do desenvolvimento dos sentidos Diante do exposto asseveramos que a Geografia foi portadora de um car ter eminentemente patri tico e seus conte dos serviam para a consolida o do t o almejado projeto social e educacional defendido pela
446. o de Pesquisa Interdisciplinar de Estudos Migrat rios IPPUR contribuiu para que seu interesse sobre interdisciplinaridade se desenvolvesse e salientou que esta aproxima o com as quest es multidisciplinares j estavam de certa forma presentes desde a gradua o por conta do movimento de cr tica Geografia tradicional no qual a leitura de muitos autores n o ge grafos eram comuns E com o mestrado o professor P voa Neto teve a oportunidade de se desenvolver com mais afinco fundamentando seu trabalho tamb m em autores n o ge grafos sobretudo soci logos e economistas mas sempre vinculado migra o P voa Neto relatou ainda que trabalhou num projeto de pesquisa do professor Carlos Vainer e que hoje ele se dedica mais aos estudos de mobilidade do trabalho o qual o professor P voa tamb m se apropriou em seus estudos por conta da aproxima o com Vainer realizando nesse per odo uma pesquisa sobre as ag ncias de planejamento no estado do nordeste novamente vinculada quest o migrat ria A entrada no doutorado 176 demorou um pouco durante esse per odo ele lecionou na educa o b sica e tamb m na PUC at que em 1991 ingressou na Universidade Estadual do Rio de Janeiro UERJ onde trabalhou por 15 anos ministrando v rias disciplinas sobretudo as ligadas popula o Como Geografia da Popula o e Geografia da Popula o do Brasil o professor P voa Neto tratava sobre povoamento e ocupa o do territ rio
447. o desde ent o o primeiro ge grafo brasileiro O cl ssico Le Br sil M ridional E tude conomique sur l s Etats du Sud 1910 apresentava um grau de elabora o ainda n o visto nos estudos que eram desenvolvidos sobre o territ rio brasileiro De uma abordagem tradicional baseada na divis o e descri o de estados o Brasil come ava a ser estudado atrav s de uma vis o totalizadora que permitia agrupar em uma mesma regi o um conjunto de estados Le Br sil M ridional levanta re ne e interage os diferentes elementos naturais e humanos da por o subtropical do Brasil propondo uma nova divis o territorial que a partir das regi es naturais se sobrepunha aos limites pol tico administrativos dos Estados e aos interesses regionalistas de suas oligarquias agr rias MACHADO 2000 p 79 Segundo Andrade 2003 a trajet ria da Geografia no Brasil pode ser dividida em tr s grandes per odos o colonial o de transi o do Imp rio para a Rep blica e o moderno iniciado por volta dos anos de 1930 No primeiro per odo a contribui o ficou por conta dos chamados cronistas coloniais que pelas raz es mais diversas estiveram por essas paragens realizaram descri es da terra e do povo influenciados pela ideia europeia de mundo tropical Novamente percept vel o elemento populacional como algo a ser contemplado e mensurado entre v rios exemplos que podem ser dados sobre isso destacamos a carta que Pero Vaz de Caminha en
448. o docente que ministrava a disciplina Geografia da Popula o assim possibilitando nos a realizar uma busca por meio da plataforma Lattes para verificar se 203 esses professores pesquisavam na rea da popula o com intuito de agregar mais fundamentos nossa an lise Quadro 4 Gradua o das institui es pesquisadas que possuem a disciplina de Geografia da Popula o INSTITUI O SIGLA ESTADO REGIAO Universidade Federal de Goi s Catal o UFG Catal o Goi s Centro Oeste Universidade Federal de Goi s Jata UFG Jata Goi s Centro Oeste Universidade Federal da Grande Dourados UFGD Mato Grosso do Sul Centro Oeste Universidade Federal de Mato Grosso UFMT Mato Grosso Centro Oeste Universidade Federal da Para ba UFPB JP Para ba Nordeste Universidade Federal de Pernambuco UFPE Pernambuco Nordeste Universidade Federal do Cear UFC Cear Nordeste Universidade Federal do Rio Grande de Norte UFRN Rio Grande do Norte Nordeste Funda o Universidade Federal de Sergipe FUFSE Sergipe Nordeste Universidade Federal de Rond nia UNIR Rond nia Norte Universidade Estadual do Par UEPA Par Norte Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Minas Gerais Sudeste Universidade Federal de Uberl ndia UFU S o Paulo Sudeste Universidade Federal Fluminense UFF Rio de Janeiro Sudeste Universidade do Estado Rio de Janeiro UERJ Rio de Janeiro Sudeste Pontif cia Uni
449. o e por meio disso transformar a n s mesmos ao lado de falar como por em pr tica nossa imagina o ainda que sujeita a restri es na busca de realiza o de tal projeto pressupor alguma maneira de nos compreendermos como esp cie de compreender nossas capacidades e potencialidades espec ficas em rela o ao mundo que habitamos A rela o dial tica e metab lica que temos com a natureza e por meio dela com uma natureza distintivamente humana com suas qualidades e seus significados especiais tem por conseguinte de estar na base daquilo que n s na qualidade de arquitetos de nosso futuro e de nosso destino podemos e queremos realizar HARVEY 2006 p 271 Diante das argumenta es de Harvey n o h como n o nos sentirmos respons veis por nossas escolhas e nossas a es Escrever que os estudos de popula o para a Geografia assim como a Geografia da Popula o importante o mesmo que dar uma senten a decisiva entre se ela serve ou n o E acreditamos que o caminho seja completamente o reverso n o defender cegamente uma rea mas relativizar at que ponto os estudos de popula o ou a pr pria Geografia da Popula o importante n o s para a Geografia mas para a vida das pessoas de uma forma geral Desse modo insistimos em discutir sobre as condi es as motiva es e os objetivos dos estudos populacionais para a Geografia porque acreditamos que isso permitiu apresentar esta quest o sobre uma di
450. o e a cada minuto nos modificamos e vamos construindo nossa hist ria Hist ria esta escrita com alegrias e tristezas e mediada pelo tempo biol gico e pelo cronol gico E esse tempo ao passar leva com ele muitas experi ncias mas tamb m nos deixa tantas outras entre elas a o conhecimento e a maturidade que nos ajudam a entender ou melhor compreender as pessoas e a vida Agrade o imensamente a minha fam lia que sem d vida o esteio da minha exist ncia Os apoios recebidos das minhas filhas e do meu esposo foram o combust vel que me mantiveram firme no intuito de redigir esta tese de doutorado Sem eles e o apoio incomensur vel que me deram certamente n o teria chegado ao fim desta pesquisa A raz o pela qual nos propomos a escrever pode ser as mais variadas poss veis mas acredito que n o s o as raz es mas sim os motivos que nos fazem prosseguir e que nos mant m firmes at o fim Agrade o a minha m e pelas incans veis ora es sua f e amor me mantiveram em p nos momentos mais dif ceis Agrade o aos meus irm os minha sogra meu sogro meu cunhado e meus poucos mas queridos amigos pelo apoio e solidariedade ao longo desses anos Agrade o ao meu pai Fayez Kassem Mehanna in memoriam que me ensinou pelo exemplo o valor e a import ncia da dignidade da honestidade e da persist ncia se hoje posso me considerar uma pessoa resiliente devo isso a ele Agrade o a todos os professores que me mostraram o valor da edu
451. o em vista a complexidade do contexto hist rico Nesse contexto o crescimento da popula o era visto quase que ao mesmo tempo como b n o e como puni o Havia diversas explica es e teorias que visavam justificar o aumento ou n o do crescimento populacional Apesar disso os ndices estat sticos e com eles seus instrumentos continuavam deficit rios sobretudo pela falta de t cnicas e crit rios bem definidos Com a forma o dos Estados Nacionais modernos ap s a Revolu o Industrial entre os s culos XVIII e XIX as necessidades das sociedades mais complexas do com rcio mundial e dos objetivos econ micos das na es determinaram um salto de qualidade nas atividades censit rias que ganharam status cient fico e metodologias que buscavam refletir a din mica do conjunto dos fen menos sociais Estavam a partir da maduras as condi es para o surgimento dos sistemas estat sticos modernos e dos grandes Censos nacionais Inglaterra Fran a e Alemanha s o precursores OLIVEIRA 2010 p 34 35 A ideia de popula o seja ela em crescimento ou em decrescimento foi por muitos s culos tema de grande controversa em especial por estar associada no o de sobreviv ncia da esp cie humana Se levarmos em considera o que o aumento da popula o na maioria das vezes esteve condicionada a produ o de alimentos necess rios para a sobreviv ncia e a quest o da distribui o da riqueza que sem sombras de d vida
452. o final Trabalham nesta pesquisa pesquisadores brasileiros Para maiores informa es acesse http obviousmag or archives 2008 08 lhc a maquina do fim do mundo 306 as ci ncias sociais aplicadas ci ncias humanas e lingu sticas letras e artes n o s o contempladas como reas estrat gicas relevantes para o desenvolvimento industrial e cient fico tecnol gico do Brasil No entanto n o se busca afirmar que elas n o sejam importantes para a compreens o da din mica regional hist rica econ mica e social reconhecemos o papel dessas reas CHIARINI amp VIEIRA 2012 p 126 Olhar a produ o cient fica pelo mbito das rela es pol ticas e de poder exige que se considere que toda ou qualquer produ o de conhecimento est em consonante com os interesses do momento historicamente constru do A hist ria nos revela que por muito tempo o dom nio da ci ncia era privil gio de poucos quando n o um fator de distin o de classes todavia pelo distanciamento existente entre os produtores de conhecimento e o restante da popula o ou seja a separa o entre o trabalho manual e o trabalho intelectual atende a l gica funcionalista do capitalismo e possui um car ter ideol gico de manuten o da domina o Para Gramsci 1968 a popula o sente ou sabe mas nem sempre consegue compreender j o intelectual sabe mas nem sempre compreende e sente Desta forma o produto do trabalho intelectual deveria ser o elo
453. o intelig vel E entretanto de um ao outro pontos de cruzamento O Homem m quina de La Mettrie ao mesmo tempo uma redu o materialista da alma e uma teoria geral do adestramento no centro dos quais reina a no o de docilidade que une ao corpo analis vel o corpo manipul vel d cil um corpo que pode ser submetido que pode ser utilizado que pode ser transformado e aperfei oado Os famosos aut matos por seu lado n o eram apenas uma maneira de ilustrar o organismo eram tamb m bonecos pol ticos modelos reduzidos de poder obsess o de Frederico II rei minucioso das pequenas m quinas dos regimentos bem treinados e dos longos exerc cios Nesses esquemas de docilidade em que o s culo XVIII teve tanto interesse o que h de t o novo N o a primeira vez certamente que o corpo objeto de investimentos t o imperiosos e urgentes em qualquer sociedade o corpo est preso no interior de poderes muito apertados que lhe imp em limita es proibi es ou obriga es FOUCAULT 2009 p 132 Sobre essa discuss o o professor P voa Neto complementa ao relembrar um texto de Foucault denominado O nascimento da medicina moderna no qual comenta que A cidade de Paris do s culo XIX tem um inspetor que vai ver se as pessoas est o doentes ou n o esse controle todo est muito relacionado quest o da reparti o dos corpos ou dentro daquilo que Foucault chamou de docilidade dos corpos Mas tamb m
454. o na Geografia foi tratada superficialmente n o queremos com isso criticar a Demografia e atribuir a ela todos os limites e fragilidades da Geografia da Popula o mas entender a Geografia e com ela as quest es populacionais que a priori estiveram essencialmente ligadas aos estudos realizados pelos dem grafos Para o professor Guidugli 1990 a Demografia uma ci ncia til e com um amplo p blico fora de sua sociedade interna e ele defende que a Geografia assim como a Demografia deveria considerar as possibilidades de trilhar caminhos parecidos GUIDUGLI 1990 Contudo este forte v nculo com a Demografia fez com que a Geografia n o avan asse muito nos estudos populacionais para al m da apar ncia isto seus estudos de certo modo estavam muito focados em an lises abstratas e descolados do movimento da hist ria Assim os estudos populacionais foram gradativamente perdendo 299 espa o dentro da Geografia sobretudo pela falta de criticidade e dom nio te rico e metodol gico dos ge grafos pesquisadores no trato das quest es populacionais Muitos dos estudos realizados sobre o r tulo de Geografia da Popula o apresentam se apol ticos naturalizantes o que de certa forma permitiu que se camuflasse a real import ncia dos estudos populacionais na Geografia n o s se camuflasse mas tamb m n o se identificasse a relev ncia deste estudo Estas an lises geralmente foram tecidas levando se em conta um
455. o o controle se favoreceria a criminalidade Arist teles advertia sobre os perigos em se controlar um contingente grande de pessoas j que as diverg ncias de ideias valores e culturas podiam interferir para a manuten o da ordem Alertava inclusive sobre a quest o dos estrangeiros que podiam n o ser notados e aos poucos poderiam usurpar o direito da cidadania Sobretudo nas reas mais populosas pois sua presen a seria 89 dificilmente detectada por conta do grande n mero de pessoas Arist teles defendia tamb m que excesso de pessoas era sin nimo de mais pobreza o que poderia aflorar a amea a de dist rbio populacional bom salientar mais uma vez que o excesso de pessoas era visto como algo ruim j que n o era poss vel destinar a todos os recursos necess rios a sua sobreviv ncia e isso poderia acarretar a desordem Todavia para Arist teles n o era a disponibilidade de recursos ou a fome que o atormentava mas a manuten o da ordem Para ele o homem deveria ser respons vel por seus atos assim como por seus filhos E defendia que havia no homem duas esp cies de virtudes uma intelectual e outra moral e dentre as virtudes intelectuais a sabedoria era a superior Do mesmo modo entendia que havia bens preciosos e outros desej veis Arist teles idealizava na p lis a vida feliz e racional e a raz o devia dirigir e regular todos os atos da vida humana sendo a sabedoria a m xima Um aspecto relevante na obra de Ar
456. o pode passar despercebida para uma ci ncia como a Geografia que tem como foco os estudos da din mica terrestre ou seja o conhecimento do meio natural e suas transforma es Assim Deffontaines 2004 p 94 refor ou dizendo Esse ramo da Geografia tem pois bem o direito de se intitular humana Legitimamente deve fazer parte dos estudos que constituem o Humanismo apresenta se mesmo como seu coroamento encarregada como de estabelecer o balan o material da obra humana esp cie de conclus o concreta das ci ncias do homem Tornou se momento o nosso planeta realmente a Terra dos Homens n o estar a sua pr pria defini o atual No estado presente de nossos conhecimentos n o nos poss vel assegurar n o existir o outras humanidades al m da que habita a Terra Na incalcul vel abund ncia dos corpos celestes nosso globo foi o nico onde emergiu o homem Por esta simples quest o pode se avaliar a extens o de nossa ignor ncia A explana o realizada por Deffontames exige a realiza o de uma an lise aprofundada para que se possa entender em que contexto surge a Geografia Humana e com ela uma s rie de estudos referentes ao homem e o espa o geogr fico Assim h necessidade de retomar os estudos de Ratzel j que se atribui a cria o da Geografia Humana aos princ pios formulados por ele como lembra nos o professor Lebon ao escrever que foi talvez no mbito da Geografia que Ratzel alcan ou o
457. o pol tica e econ mica a que historicamente grande parte dos pa ses explorados teve que se sujeitar bom destacar que sempre h interesse por tr s das pol ticas populacionais quer sejam pol ticas migrat rias de crescimento populacional ou de controle de natalidade E n o h formas de controle infal veis Por exemplo existem reas que passam a receber grande leva de pessoas e t m uma forte concentra o populacional por m medida que a popula o cresce os problemas tamb m crescem sobretudo porque grande parte dessas reas n o est preparada para receber uma leva grande de pessoas em pouco tempo Muitas vezes um r pido e desordenado crescimento faz que muitas dessas reas sofram preju zos das mais variadas ordens Ao mesmo tempo as reas que perdem popula o sofrem um processo inverso apresentando tamb m problemas tornando se reas isoladas e desprovidas de assist ncia m dica hospitalar e at de recursos educacionais algumas se tornam cidades dormit rios por conta da proximidade com os grandes centros e tamb m pelo valor mais baixo dos im veis Guardada as devidas propor es a de se avaliar como a din mica populacional em particular as quest es demogr ficas podem ser vistas como algo positivo ou n o se percebido em sua totalidade A grandeza desses movimentos de popula o provocou impactos de imediato nas infraestruturas e nos equipamentos urbanos dispon veis Nos munic pios que cresceram o
458. o tamb m de disputas e os intelectuais n o serem sujeitos neutros toda pretens o de manuten o de determinada rea ou disciplina tem uma origem hist rica de como est organicamente estruturada a ordem social Desta forma entendemos que o conhecimento intelectual est ideologicamente situado Tais questionamentos v o ao sentido de perscrutar qual o sentido ou valor destinado Geografia da Popula o principalmente no que diz respeito pesquisa nesta rea Tendo em vista que a produ o cient fica bem como sua divulga o requer na maior parte das vezes a uni o de profissionais em torno de determinadas problem ticas Por m devido ao 302 car ter mercadol gico da ci ncia o que vemos que a produ o cient fica ou o interesse por uma ou outra rea tem sido transit rio Uma vez que a din mica exigida de um ambiente cient fico que este abra espa o para a moderniza o de algumas disciplinas tidas como ultrapassadas ou desnecess rias o erro recorre quando se mudam os r tulos mas as interpreta es continuam as mesmas Neste sentido Souza Santos diz que criam se novas disciplinas para resolver os problemas produzidos pelas antigas e por essa via reproduz se o mesmo modelo de cientificidade SOUZA SANTOS 2010 p 75 Ao longo da hist ria da Geografia foi poss vel perceber que os estudos de popula o sempre estiveram presentes ora com mais nfase ora com menos por m foram poucos os momentos en
459. o tratada por ele ajuda nos inclusive entender a dificuldade da Geografia ao trabalhar as quest es humanas fundamentada em bases cient ficas aut nticas E tamb m por reconhecermos a dial tica como um m todo importante para o desenvolvimento da ci ncia geogr fica Marx entendia que o m todo dial tico defendido por ele era diverso do de Hegel pois para Hegel o processo do pensamento se converte sob o nome de ideia em sujeito 55 com vida pr pria demiurgo do real j para Marx o ideal o material transposto e traduzido no c rebro do homem Para ajudar a entender os preceitos da dial tica Gramsci diz que a dial tica algo muito rduo e dif cil na medida em que o pensar dialeticamente vai de encontro ao vulgar senso comum que dogm tico vido de certeza perempt rio tendo a l gica formal como sua express o GRAMSCI 1981 p 159 Assim tomando a dial tica como o estudo da contradi o na ess ncia mesma dos objetos podemos re elaborar a an lise e pensar como poss vel uma ci ncia como a Geografia trabalhar com as quest es f sicas e humanas de modo separado Uma vez que para n o realizar explica es superficiais afirma es absolutizadas ou conclus es que n o evidenciam aspectos essenciais e un vocos vale a cr tica a quem s v a rvore e perde a dimens o da floresta importante superar a vis o superficial e abstrata e levar em conta os elementos da contradi o no co
460. oal de N vel Superior CAPES Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Quadro 8 Autores mais citados nos planos de ensino analisados AUTORES MAIS CITADOS QUANTIDADE DE VEZES CITADOS Am lia Luisa Damiani 10 Jacqueline Beaujeu Garnier 9 Pierre George 8 Paul Singer 8 George Martine 6 Karl Marx 4 Milton Santos 4 Josu de Castro 3 Wilbur Zelinsky 2 Ruy Moreira 2 TOTAL DE PROGRAMAS COMPLETOS 14 Fonte planos de ensino das universidades analisadas Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Com mais de duas 2 obras Observando os planos de ensino notamos que h uma proporcionalidade entre os autores citados e podemos dizer que as an lises de suas obras s o importantes para entender os desdobramentos dos estudos de popula o na Geografia E que nessa rea n o h muita altera o de referencial bibliogr fico se comparar os planos de ensino analisados na pesquisa do professor Guidugli realizadas h mais de duas d cadas muitas obras se repetem nos planos que analisamos referente ao ano de 2010 O que significa dizer que no estudo da Geografia da popula o h uma recupera o dos estudos cl ssicos da Geografia por parte de alguns autores como Pierre George Jaqueline Beaujeu Garnier Wilbur Zelinsky Trewartha e outros balizados por an lises voltadas a explicar os indicadores estat sticos o crescimento populacional a distribui o da Popula o e suas caracter sticas e
461. odol gicos que 2 podem ter fortes implica es na forma como essa disciplina foi e trabalhada pela 158 Geografia e ao mesmo tempo possibilitar reavaliar as rela es sociais econ micas pol ticas demogr ficas e espaciais contempor neas Isso se justifica porque se verificaram nas an lises de livros de Geografia da Popula o que a sua valida o como um dos ramos do conhecimento geogr fico guarda rela es com uma Geografia em que o estudo da Geografia da Popula o era uma terceira via de investiga o entre a Geografia F sica e a Geografia Humana e essas disjun es marcaram o per odo moderno e estenderam suas normatiza es pluralidade de concep es te rico metodol gicas presentes na Geografia do s culo XX esse o pressuposto que orienta a proposta de investigar a disciplina Geografia da Popula o no contexto dos cursos de p s gradua o em Geografia do Brasil e seus respectivos cursos de gradua o Nesse sentido esta pesquisa busca explicitar como foram constru dos os discursos e os modos como s o organizados os conte dos sobre o r tulo da disciplina Geografia da Popula o na atualidade Nesse momento consideramos prudente enfatizar que o acesso a esses cursos se deu por meio da an lise dos programas das disciplinas de Geografia da Popula o e disciplinas correlatas dos cursos de p s gradua o em Geografia credenciados pela CAPES e por meio dos cursos de p s gradua
462. odutivismo a quest o do consumo voltado para as pessoas da terceira idade o aumento substancioso do uso de antidepressivos pelos jovens e a adequa o das cidades por conta do excesso de ve culos automotores a falta de espa o nas m dias e grandes cidades as necessidades de cria o de reas de lazer entre outras tantas coisas Todas essas quest es somadas a outras abrem um vasto campo de investiga o que n s enquanto professores e ge grafos podemos discutir e dar a essa tem tica o lugar que ela merece Ao exemplo do levantamento realizado no Boletim Paulista realizamos uma classifica o da Revista Brasileira de Geografia como j hav amos sinalizado Essa revista foi uma das pioneiras na divulga o peri dica de assuntos relacionados ao territ rio nacional suas publica es visa contribuir para um melhor conhecimento da na o brasileira al m de difundir no pa s uma metodologia geogr fica a g nese dessa revista inicialmente estava atrelada ao reconhecimento da p tria e objetivava a fomenta o da publica o geogr fica com o intuito de divulgar os estudos realizados em mbito geogr fico no pa s Porquanto o quadro 13 apresenta um panorama bem similar com a do Boletim Paulista de Geografia ou seja a publica o sobre a tem tica Geografia da Popula o ou sobre popula o na Geografia tamb m insignificante 240 Quadro 13 An lise da publica o sobre popula o e Geografia da Popula
463. ografia abordou e aborda a popula o Por isso defendemos que na efervesc ncia da hist ria dos homens que foram tributados seus aspectos peculiares que agora ge grafos e professores de Geografia devem ter a pretens o de conhecer e entender 2 1 A Institucionaliza o da Geografia acad mica Embora as ra zes hist ricas da Geografia tivessem sido lan adas ao longo dos s culos sabemos que foi no s culo XIX que a Geografia come ou a usufruir o status de conhecimento organizando penetrando nas universidades primeiramente na Alemanha e posteriormente na Fran a A geografia transformou se desde a segunda metade do s culo XIX em uma ci ncia a servi o dos interesses imperialistas dos pa ses europeus O conhecimento dos pa ses coloniais constitu a uma urgente necessidade para os governos europeus que estimularam por isso n o somente a realiza o de explora es base importante do conhecimento geogr fico mas tamb m a cria o de centros de estudos dedicados pesquisa dos pa ses de ultramar Tais institui es estavam destinadas a elaborar um corpo de conhecimentos a respeito dos pa ses europeus e a formar os funcion rios coloniais a cartografia a geografia a medicina tropical e a etnografia est o entre as reas cient ficas que obtiveram destacados benef cios e na geografia al m disso surgiram novos temas m todos e tradi es acad micas CAPEL 2010 p 83 Entre os anos de 1870 e 1920 as socie
464. ogresso tecnol gico a produtividade crescente o aumento no n vel de vida nos pa ses ricos contribuiu por gerar certo otimismo que fez com que os economistas passassem a se preocupar menos com os problemas populacionais A Demografia passa a ter mais destaque como ci ncia os recenseamentos tornaram se mais frequentes inclusive pelo emprego de t cnicas estat sticas e matem ticas mais consistentes e outros especialistas como economistas soci logos e antrop logos passaram a participar mais das an lises e discuss es te ricas sobre popula o Os debates sobre crescimento e distribui o populacional prosseguiram at meados do s culo XX quando a humanidade entra num ritmo de crescimento desenfreado No per odo de 1950 a 2000 a popula o mundial dobrou passou de 3 tr s bilh es de pessoas para 6 seis bilh es Caracterizando n o s um vertiginoso crescimento mas acima de tudo uma explos o demogr fica Diante de tal cen rio outras quest es sobre popula o apontam para al m do crescimento demogr fico e a da produ o de alimentos Nesse cen rio surgem temas relacionados aos impactos ambientais causados pela a o antr pica 100 no planeta E ainda assuntos afetos ao desenvolvimento econ mico desigual dos pa ses levam a formula es de teorias e questionamentos a respeito de como as a es humanas sobre o meio podem ser mitigadas Para que possamos manter vida e a sustentabilidade do planeta Terra Nes
465. ol gicas fundamentais vai poder entrar numa pol tica numa estrat gia geral de poder Este biopoder sem a menor d vida foi elemento indispens vel ao desenvolvimento do capitalismo que s pode ser garantido custa da inser o controlada dos corpos no aparelho de produ o e por meio de um ajustamento dos fen menos de popula o aos processos econ micos Mas o capitalismo exigiu mais do que isso foi lhe necess rio o crescimento tanto de seu refor o quanto de sua utilizabilidade e sua docilidade foram lhe necess rios m todos de poder capazes de majorar as for as as aptid es a vida em geral sem por isto torn las mais dif ceis de sujeitar se o desenvolvimento dos grandes aparelhos de Estado como institui es de poder garantiu a manuten o das rela es de produ o os rudimentos de an tomo e de biopol tica inventados no s culo XVIII como t cnicas de poder presentes em todos os n veis do corpo social e utilizadas por institui es bem diversas fam lia o Ex rcito a escola a pol cia a medicina individual ou a administra o das coletividades agiram no n vel dos processos econ micos do seu desenrolar das for as que est o em a o em tais processos e os sustentam operaram tamb m como fatores de segrega o e de hierarquiza o social agindo sobre as for as respectivas tanto de uns como de outros garantindo rela es de domina o e efeitos de hegemonia o ajustamento da acumula o dos
466. omo o caso dos estudos de migra es no Brasil O professor Dieter tamb m discute essa ideia ao declarar que os ge grafos inteligentes t m contribui es importantes para entender o mundo n o porque s o ge grafos e nem porque s o donos de uma carteirinha do CREA mas porque a Geografia tem um potencial de reflex o cr tica contra os mecanismos de controle de aliena o contra a automatiza o fetichista que faz a cabe a das pessoas todos os dias Por m isso exige um esfor o intelectual de consci ncia diferente de entender o mundo parar de reproduzir as coisas para poder enfrentar criticamente e isso significa pensar o mundo a partir de sua negatividade preciso cutucar as feridas e refletir sobre o que negativo na sociedade moderna sociedade essa que prioriza a produ o de mercadoria valoriza o dos bens m veis im veis semoventes isso que deveria estar no centro do debate da cr tica e como entender isso trata se de um processo duro dif cil preciso encontrar contribui es informativas mas informa o uma coisa conhecimento outra Na era da tecnologia o mundo est repleto de informa o os jovens as pessoas s o bombardeadas o tempo todo por elas e isso para muitos j basta e pior alguns acreditam que quanto mais informa es autom ticas tiverem se traduzir o em conhecimento o que n o verdade Produzir conhecimento pensar criticamente e agir em prol da 210 transforma
467. omo norte para essa tese Buscamos entender a popula o luz da Geografia que por si uma ci ncia complexa Esperamos ter demonstrado que atravessamos desde a d cada de 80 para c um caminho de imprecis o sobre a Geografia 245 da Popula o pois se mant m custa de empenhos individuais e onde ela n o est presente justifica se especialmente pela sua dissolu o ou ressignifica o em outras reas que abordam problemas mais caros aos olhos dos ge grafos Novamente retomamos aqui a ideia que por muito tempo persistiu se que ainda n o persiste de que para fazer ci ncia precisamos isolar os fatos ou as partes para compreender o todo tarefa dif cil quando se trata de aspectos humanos em que as a es e rea es n o podem ser meramente controladas Sobremaneira pelas intercorr ncias existentes na produ o da vida humana Intencionamos no pr ximo cap tulo estreitar mais essa discuss o objetivando trazer para o debate o valor relegado Geografia da Popula o ou aos estudos populacionais na Geografia e tamb m discutir sobre a dispers o desse tema em v rias reas da Geografia Dessa forma entend los e discutir suas contribui es para o desenvolvimento da ci ncia geogr fica E assim indicar como podemos contribuir para que um tema t o imprescind vel para o desenvolvimento das ci ncias humanas n o desapare a na Geografia j que reconhecemos que a Geografia da Popula o tem um grande potencial
468. omo os professores promovem o pensar geogr fico sobre esta quest o O cap tulo em especial trabalha demasiadamente com conceitos no sentido de explic los mas n o prioriza uma abordagem cr tica e contextualizada Muitas vezes naturaliza aspectos que deveriam ser analisados de forma contundente e cr tica 38 Neste sentido destacam se a quest o do preconceito da discrimina o do racismo da desigualdade econ mica e social concentra o de renda fundi ria e outras 262 H outro cap tulo presente em quase todos os livros did ticos de Geografia que se refere popula o e o trabalho no Brasil o conte do fundamenta se numa abordagem conceitual dos estudos sobre popula o no qual a PEA Popula o Economicamente Ativa tomada como ponto de partida para a an lise dos trabalhadores do pa s bem como s o evidenciados o papel da mulher no setor produtivo e sua efetiva participa o na renda familiar Diante disso importante que se estabele a di logos com os alunos a partir da realidade que est o inseridos Sobretudo porque as respostas dadas pelos professores bem como as an lises e discuss es dos livros did ticos adotados destacam a divis o setorial e seus incrementos como tamb m um tema bastante presente nas aulas cujo conte do seja popula o Neste momento os professores buscam demonstrar com o apoio do livro did tico como est o divididos os setores econ micos e as mudan as sofridas ao lon
469. omo se esses fossem n o humanos ou seja n o produzido pelo homem pela explora o e expropria o do trabalhador Focam se sobretudo nas quest es de ordem ditas naturais por isso a cr tica realizada desde o come o da constru o dessa tese importante deixar de encarar a popula o como um elemento da paisagem est tico a ser contemplado mas enfrentar os processos e desdobramentos vinculados produ o humana no espa o ou seja a reprodu o e manuten o da vida a produ o dos meios de sobreviv ncia o envelhecimento da popula o os deslocamentos populacionais assim como as consequ ncias oriundas das transforma es humanas sejam elas ambientais econ micas sociais ou culturais preciso avan ar e para isso torna se imprescind vel propor uma an lise da popula o a partir do que essa produz e produz espacialmente A Geografia ao longo da sua hist ria apresentou a popula o como um dado predominantemente descritivo muitas vezes sem vigor sem vida sem propriedade necess rio parar de afirmar que s se faz pesquisa de qualidade quando se estuda coisas palp veis quantific veis dissec veis importante perceber a dimens o do sujeito e em sua subjetividade e com ela enxergar um campo repleto de quest es a ser discutidas Nesse sentido vale relembrar que em Marx como em nenhum pensador cr tico o que ele criticou e cientificamente destruiu n o foi subjetividade mas o subjetivismo
470. omos e para a constru o de conhecimentos importantes a nosso ver faz se necess rio a conjun o de dois fatores que se conhe am as diferentes orienta es te ricas e metodol gicas presentes nos estudos dessa rea e que se tenha clareza sobre concep o geogr fica que adota e aonde se quer chegar isto que tenhamos objetivos definidos e coerentes com as expectativas e necessidade do momento com vistas a transforma es sociais e n o sua reprodu o ou manuten o Destarte importante dizer que as orienta es te ricas que fundamentam a Geografia da Popula o seja ela tradicional pautada no positivismo cr tica ajustada no materialismo hist rico dial tico estat sticas respaldadas no pragmatismo ou subjetiva postulada na fenomenologia correspondem a um projeto pol tico econ mico cultural de sociedade N o h produ o de conhecimento sem intencionalidade assim como n o h a o docente pesquisadores institui es oficiais ou n o desprovidas de qualquer posicionamento pol tico O que pode ocorrer um desconhecimento ou at mesmo uma naturaliza o dos fen menos hist ricos pol ticos e econ micos produzidos pela a o humana o que demonstra um processo de aliena o que tamb m pode estar presente no meio acad mico Mas o que percebemos que esse entendimento pol tico a leitura cr tica do mundo na maioria das vezes uma a o consciente e presente nos meios de constru o de c
471. onfigurando se enquanto uma forma viva de normatiza o e regula o dos distintos saberes e conhecimentos presentes naquele contexto hist rico Na ci ncia moderna o conhecimento avan a pela especializa o O conhecimento tanto mais rigoroso quanto mais restrito o objeto sobre que incide Nisso reside ali s o que hoje se reconhece ser o dilema b sico da ci ncia moderna o seu rigor aumenta na propor o direta da arbitrariedade com que espartilha o real Sendo um conhecimento disciplinar tende a ser um conhecimento disciplinado isto segrega uma organiza o do saber orientada para policiar as fronteiras entre as disciplinas e reprimir os que as quiserem transpor hoje reconhecido que a excessiva parceliza o e disciplinariza o do saber cient fico faz do cientista um ignorante especializado e que isso acarreta efeitos negativos Esses efeitos s o sobretudo vis veis no dom nio das ci ncias aplicadas As tecnologias preocupam se hoje com o seu impacto destrutivo nos ecossistemas a medicina verifica que a hiperespecializa o do saber m dico transformou o doente numa quadr cula sem sentido quando de facto nunca estamos doentes sen o em geral a farm cia descobre o lado destrutivo dos medicamentos tanto mais destrutivo quanto mais espec fico e procura uma nova l gica de combina o qu mica atenta aos equil brios org nicos o direito que reduziu a complexidade da vida jur dica secura da dogm tica
472. onhecimento portanto expressa os interesses e intencionalidade de cada grupo e seus contextos hist ricos e portanto deveriam ser mediado pela pr xis Esperamos que com a discuss o apresentada possamos ter maior clareza quanto s orienta es te ricas e metodol gicas adotadas pela Geografia no que se refere aos estudos de popula o e com isso avaliamos o modo como a popula o foi trabalhada pela Geografia e como a Geografia da Popula o ganhou corpo ao ser integrada s reas de estudo da Geografia ao mesmo tempo que entendemos que o conhecimento produto da a o humana portanto transit rio e suscet vel de constante transforma o Acreditamos que a apropria o de conhecimento deveria conduzir as pessoas de um estado para outro isto mudar transformar e modificar numa certa dire o o que suscet vel de transforma o esperamos que ao estudar a popula o luz da Geografia 320 possamos refletir analisar e agir em prol de uma sociedade melhor e ainda que a quest o populacional possa contribuir para que os sujeitos alcancem maior autonomia permitindo lhes conhecer e entender o bairro a cidade o pa s enfim o mundo em que vive e os fen menos que os envolvem O conhecimento a respeito dos fatos e fen menos que envolvem as vidas das pessoas deve instrumentaliz las para que se tornem capazes de agir sobre o mundo e ao mesmo tempo compreendam a a es por elas exercidas Promover o deba
473. ontinuar saindo duas tr s vezes por semana deslocando se a longa dist ncia indo e vindo Ent o nesse sentido eu acho que a nossa sociedade j uma sociedade mobilizada Acho que houve um momento em que foi necess rio produzir em um momento hist rico foi necess rio produzir essa aptid o para a mobilidade essa disponibilidade para se deslocar e que hoje em dia essa disponibilidade j est produzida Talvez o que falte apenas desenvolver um pouco a quest o da mobilidade da resist ncia isso que o Gaudemar assinala no final de estrat gias da contra mobilidade da resist ncia Eu na verdade tenho a curiosidade de saber como Gaudemar desenvolveria a sua ideia ele n o continuou e o ltimo livro dele foi um livro sobre a quest o estudantil popula o estudantil nas universidades e depois disso eu n o sei eu n o consegui achar mais nada dele claro que n o impede que a gente veja outros autores mas a mobilidade nesse sentido ficou um pouco concentrada em torno da figura do Gaudemar e n o surgiram outros autores temos o Dieter em S o Paulo o M rcio Mendes que continua trabalhando nesse sentido mas penso que est um pouco restrito a esses lugares entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Uma das formas de conceitualiza o de mobilidade bastante difundida est relacionada capacidade dos corpos se deslocarem O professor M rcio Rocha desenvolveu o conceito de mobilidade humana que segundo
474. opula o 340 Roteiro das entrevistas 9 Explicitar de modo sucinto sua trajet ria no ensino e pesquisa em Geografia especialmente no que diz respeito Geografia da popula o Diante do quadro te rico e metodol gico que hoje se configura os estudos populacionais como a Geografia v m contribuindo para fomentar o debate em torno desses estudos Qual o lugar dos estudos populacionais na pesquisa em Geografia Qual a relev ncia dos estudos populacionais na Geografia Comente sobre as maiores dificuldades encontradas ao se trabalhar com popula o na Geografia Embates pol ticos entre outros De que forma os Institutos de Pesquisa em popula o e os N cleos de estudos populacionais podem ou n o contribuir para dinamizar ou reformular o ensino e pesquisa em popula o na Geografia Em sua opini o os estudos sobre popula o ministrados na disciplina Geografia da popula o contribuem para forma o de qual sujeito e de qual Geografia Por que ao longo da trajet ria da Geografia acad mica os estudos de popula o foram se esvaindo em boa parte do projeto politico pedag gico das universidades brasileiras Qual contribui o os te ricos cl ssicos da Geografia deixaram para os pesquisadores em popula o na Geografia brasileira Por que a Geografia da popula o foi perdendo status dentro da Geografia 10 Qual o futuro da Geografia da Popula o E de seus pesquisadores 11 Indiq
475. opula o de reas para as quais h pouca ou nenhuma estat stica populacional Mas embora Hettner reconhe a especificamente o campo da Geografia da Popula o foi poss vel verificar na literatura afim que ele n o faz nenhuma tentativa criteriosa para analisar seu conte do ou m todos Outra evid ncia que a avalia o do elemento da popula o por ele feita realizada sobre alguns dos tratados substantivos sobre a Geografia Humana 12 O professor Guidugli 1997 afirma que outras contribui es qualificadas de Geografia da Popula o se expandiram pelo mundo como as produzidas na R ssia com os trabalhos de Melezin 1963 e de Pokshishevskiy 1966 e na ndia com Chandna amp Sidhu 1980 que colaboraram para definir e difundir as diferentes trajet rias ou abordagens te ricas e metodol gicas nos estudos dessa disciplina N s buscamos essas obras e verificamos que o discurso sobre popula o produzidos nos mais variados lugares do mundo tinham em comum o desejo de consolidar uma Geografia da Popula o capaz de dar vaz o aos tratados populacionais antes abordados pela Demografia Os estudos sobre popula o ganharam espa o inclusive contribuindo para entendermos as caracter sticas da popula o as rela es familiares bem como as quest es afetas ao crescimento vegetativo das v rias localidades A Geografia da Popula o pode ser definida com precis o como a ci ncia que trata dos modos pelos quais o car t
476. or de descaso e desprezo em rela o disciplina na qual v rios professores para a manterem precisam quase que literalmente promover uma guerra para tentar defender suas ideias argumentos e justificar a relev ncia de algo imprescind vel como a Geografia da Popula o tanto para a forma o do ge grafo quanto para a forma o do professor de Geografia Acreditamos que repetidas vezes na academia sobra efici ncia intelectual e falta bom senso e complac ncia em especial no que se refere s quest es pedag gicas porque muitos docentes s o excelentes pesquisadores mas n o conseguem manter essa mesma excel ncia enquanto docentes talvez por isso seja interessante a exemplo do que vem ocorrendo no Estado de S o Paulo fazer concursos para pesquisador e outro para professor J que a concep o de professor pesquisador infelizmente n o passa muitas vezes de intencionalidades expressas nos PPP dos cursos de licenciaturas 214 Outra quest o apontada ao se analisar os planos de ensino dos cursos de gradua o diz respeito ao referencial bibliogr fico na maioria dos planos observou se que a maior parte s o similares Com destaque para as obras dos seguintes autores Am lia Luisa Damiani Jacqueline Beaujeu Garnier Pierre George Paul Singer George Martin Karl Marx Milton Santos Wilbur Zelinsky Josu Castro e Rui Moreira vale enfatizar que o n mero de planos de ensino analisados proporcional ao n mero de plano
477. or si s pouco contribu am para que as pol ticas e transforma es necess rias ocorressem Sendo imprescind vel portanto an lises contextualizadas das informa es obtidas que podiam ocorrer por meio dos modus operandi da escola humanista lablachiana As duas correntes de iniciativas para a cria o de um rg o oficial de Geografia uma relacionada com as atividades internacionais a outra preocupada com a coordena o das atividades nacionais ao fim encontraram se Isto em Outubro de 1936 Era Ministro das Rela es Exteriores o eminente brasileiro Jos Carlos de Macedo Soares tamb m presidente do Instituto Nacional de Estat stica como Chanceler chegavam lhe as solicita es partidas das maiores autoridades mundiais em Geografia dizendo da indispens vel colabora o cultural do Brasil pa s geograficamente interessant ssimo no concerto da geografia internacional como presidente do Instituto avivavam se lhe os apelos no sentido de ser cuidada a geografia nacional cujos problemas t o ligados estat stica precisavam ser tratados por um organismo nacional congregador das energias geogr ficas brasileiras em uma patri tica soma o de esfor os HIST RICO 1939 p 14 O Ministro das Rela es Exteriores e tamb m presidente do Instituto Nacional de Estat stica Jos Carlos de Macedo Soares levou s maiores autoridades mundiais em Geografia a import ncia da participa o da Geografia brasileira no contexto
478. ora apresentada e como isso buscou atribuir hist ria e materialidade aos elementos que comp e o objeto de an lise A investiga o sobre disciplinas acad micas como sabemos tem campo a ser pesquisado pois h muitos elementos que podem ser analisados Tais elementos se configuram como combust vel para fomentar e fortalecer essa pesquisa As pesquisas de amostragem nos d o importantes indicativos de como est situa o do tema proposto a elabora o de tabelas e gr ficos por meio dos dados obtidos facilitam a visualiza o todavia esses precisam estar acompanhados de explica es que as fundamentam Em rela o pesquisa apresentada tivemos a inten o de contribuir com o debate sobre o lugar da pesquisa e do ensino da popula o na Geografia com intento de 223 vislumbrar poss veis caminhos para o futuro da Geografia da Popula o tendo em vista que na atualidade a popula o vem sofrendo certo esvaziamento dentro da ci ncia geogr fica o porqu e as causas desse processo podem ser explicados de v rias formas contudo isso algo que exige um esfor o te rico e metodol gico e por vezes at s o necess rios propor algumas suposi es que podem futuramente serem corroboradas ou refutadas Todavia sabemos que os programas de ensino n o s o suficientes para qualificarmos ou n o uma disciplina j que as transforma es que passam as disciplinas acad micas e entre elas a Geografia da Popula o s o pro
479. orm a recovery on key historical or events that led to the development of geographical science and thus seek to identify the place of population studies Our problem lies in the fact that the Population Geography especially regarding Brazil 1934 2010 has been losing ground in both research and teaching Accordingly we adopted as the initial methodology literature or documentary aiming to recover the accumulated scientific knowledge and uncover the problem This research is theoretical and methodological having both an exploratory and investigative Therefore we conducted a survey through the Coordination of Improvement of Higher Education Personnel CAPES of the Graduate Program in Geography at Masters and PhD level in Brazil for the year 2010 and accessed the graduation of these institutions to check teaching plans and find out how is the teaching of Population Geography Interviews were conducted with researchers geographers who devoted much of his academic research on this topic Still through the bank of theses and dissertations from CAPES diagnosed the volume of work advocated involving the subject population between the years 1987 to 2010 and analyzed two Brazilian journals in geography Revista Brasileira de Geografia 1939 2005 and Boletim Paulista de Geografia 1956 2005 to verify publication on Population Geography regarding volume and frequency To qualify the analysis conducted research paper source with the teachers working in the s
480. orma como as pessoas satisfazem suas necessidades e garantem sua sobreviv ncia seus valores culturais e sociais suas ferramentas de organiza o entre outras coisas Uma abordagem contextualizada da popula o possibilita entender que n o poss vel se satisfazer apenas com m dias nacionais que frequentemente disfar am fortes contrastes regionais Para isso importante desenvolver m todos de estudos e an lises que realmente contribuem no entendimento da din mica demogr fica e seus condicionantes de forma cr tica e participativa Neste aspecto Damiani refor a A dificuldade em trabalhar com Popula o na Geografia n o instrumentalizar os estudos populacionais porque os estudos populacionais de car ter e fundamentos malthusiano se tornaram instrumentais tanto que numa certa circunst ncia na d cada de 1970 Raffestin escreveu um livro Geografia em Poder e nele o autor cita que a popula o da Espanha se recusava ser mapeada atrav s do censo 180 porque liam como uma forma de controle Ele transmutou a leitura foucaultiana para o trabalho dele A dificuldade est em n o instrumentalizar a Geografia por m quando estudei Geografia da Popula o era uma fase que o marxismo tinha entrado na Geografia inclusive est vamos em dire o democratiza o do pa s ent o os estudos populacionais na universidade de S o Paulo n o foram instrumentalizados n o serviram ao planejamento de estados estritamente e
481. os E tamb m porque o modo de vida das pessoas daquela poca diferenciava se dos modos da vida moderna Vidas modestas no qual a acumula o para o futuro era algo para poucos e a pr pria expectativa de vida n o previa a manuten o futura a condi o que estava mais tona era viver o presente Entretanto num aspecto as rela es pessoais se assemelham ou seja a quest o da superpopula o estava intimamente relacionada aos recursos existentes e dispon veis e sua representa o estava na maior parte das vezes associada s pessoas vivendo comprimidas 88 num espa o limitado j que a pr pria quest o da mobilidade assim como o conhecimento e dimens o da Terra era algo desconhecido Outro aspecto bastante simb lico ao se pensar a popula o ao longo da hist ria humana diz respeito ao emprego dos n meros que historicamente podemos dizer virou quase que um estigma Os n meros fazem parte da popula o e por conta disso muitos estudos sobre esse tema sempre tiveram como for a propulsora a quest o num rica Como exemplo vale recuperar a hist ria das cidades gregas As cidades gregas apresentavam uma formata o geomorfol gica que lhe conferia certa compartimenta o Cada bacia se organizava como uma cidade independente principalmente pela dificuldade de deslocamento e pelas rudimentares t cnicas existentes o que contribu am para que a forma de relevo se tornasse um impeditivo para o avan o da popula o
482. os certa rela o com o Malthus e pouca rela o com Marx enfatizando que mais dif cil acessar pelas leituras marxistas as quest es populacionais embora seja extremamente importante entrevista concedida a pesquisadora em abril de 2012 Sobre a influ ncia da Geografia cr tica muitas destas mudan as n o ocorrem somente nas universidades mas inclusive nas escolas ou seja o conhecimento produzido nas universidades reproduzido nas escolas claro que guardadas as especificidades de cada segmento Entretanto em rela o aos conte dos de popula o trabalhados nas aulas de Geografia nas escolas percebe se que mudan as v m ocorrendo especialmente por conta das cr ticas realizadas por autores de livros did ticos que algumas vezes mesmo sem modifica es radicais passaram pelo menos incluir novos assuntos nesse campo de estudos Inclusive o professor Helion P voa Neto relembra O tema da Popula o no 6 ano um dos temas que mais propicia o debate com os alunos em aula inclusive as quest es pol ticas e podemos trat las tanto no n vel escolar quanto na universidade O controle da natalidade a cr tica ao malthusiano quest o do migrante como o respons vel pela marginalidade entre outras Quando se come a discutir isso com alunos a quest o do racismo aparece muito vivamente os temas populacionais mexem com quest es pol ticas importantes como a quest o da capacidade de sustenta o do planeta em r
483. os de mobilidade e mobiliza o e ainda nas discuss es sobre cadastro de reserva ac mulo de capital desigualdade social entre outros Por m no sentido de buscar respostas para respaldar a tese dos estudos de popula o na Geografia bem como a pr pria disciplina Geografia da Popula o t m sofrido um desaquecimento nas ltimas d cadas e com o intuito de corroborar essa ideia realizamos uma an lise dos Programas de P s Gradua o de Geografia do Brasil o que ser explicitado com maior detalhamento no pr ximo subcap tulo 192 3 1 Os programas de Geografia da Popula o e reas correlatas dos cursos de p s gradua o em Geografia no Brasil O objetivo neste cap tulo entender como est o os estudos de popula o na Geografia ou seja por meio de an lise dos programas da disciplina Geografia da Popula o das principais universidades brasileiras que possuem p s gradua o em n vel de mestrado e doutorado credenciados pela CAPES buscamos identificar qual o lugar da Geografia da Popula o no curr culo universit rio analisando a ocorr ncia da disciplina e seus programas de ensino seja na p s gradua o stricto sensu ou nas gradua es das respectivas universidades Assim foi analisado o banco de teses e disserta es da CAPES para verificar a difus o da pesquisa em popula o na Geografia brasileira tamb m foram analisados a cole o do Boletim Paulista de Geografia e da Revista Brasileira
484. os estat sticos se orientam a partir das flutua es das curvas de normalidade que possibilitam posicionar a todos da m dia aos seus extremos Ap s delimitar os elementos dessa racionalidade dos c lculos e da an lise dos riscos que poderiam amea ar a paz governamental Foucault se dedica a falar de uma raz o governamental que tem in cio no s culo XVI o poder pastoral Em suma podemos dizer o seguinte a ideia de um poder pastoral a ideia de um poder que se exerce mais sobre uma multiplicidade do que sobre um territ rio um poder que guia para um objetivo e serve de interm dio rumo a esse objetivo portanto um poder finalizado um poder finalizado sobre aqueles mesmos sobre os quais se exerce e n o sobre uma unidade de tipo de certo modo superior seja ela a cidade o territ rio o Estado o soberano enfim um poder que visa ao mesmo tempo todos e cada um em sua paradoxal equival ncia e n o a unidade superior formada pelo todo Pois bem creio que as estruturas da cidade grega e do Imp rio Romano eram totalmente estranhas a um poder desse tipo Voc s dir o que existe no entanto certo n mero de textos na literatura grega em que se faz de maneira expl cita a compara o entre o poder pol tico e o poder do pastor FOUCAULT 2008 p 173 Pautado principalmente na obra de Maquiavel O Pr ncipe Foucault ir descrever procedimentos e t cnicas de um tipo de poder que se fundamenta na soberania divina
485. ou se no decorrer do s culo XIX concomitante com a crise do capitalismo e das profundas mudan as que vinham ocorrendo no mundo ocidental O seu desenvolvimento foi impulsionado pelos processos hist ricos e econ micos gerados pelo sistema capitalista Como sabido at o final do s culo XVIII n o era poss vel falar de conhecimento geogr fico como algo uniformizado Designava Geografia os relatos de viagem comp ndios de curiosidades sobre os mais diferentes lugares relat rios estat sticos de rg os administrativos e cat logos sistem ticos sobre continentes A sistematiza o do conhecimento geogr fico ocorreu no in cio do s culo XIX uma vez que nessa poca umas s ries de condi es hist ricas estavam prontas Inclusive os pressupostos hist ricos de sistematiza o da Geografia que objetivava o processo de avan o das rela es de produ o capitalista O primeiro pressuposto dizia respeito ao conhecimento efetivo da extens o real do planeta Era necess rio que a Terra fosse toda conhecida para que fosse pensado de forma unit ria seu estudo Essa condi o come a a se realizar com as grandes navega es e as consequentes descobertas efetuadas pelos europeus a constitui o de um espa o mundial que tem por centro difusor a Europa elemento destacado do processo de transi o do feudalismo para o capitalismo A forma o desse modo de produ o exige a articula o de suas rela es a uma escala pl
486. overno e a raz o de Estado sendo elas a salva o a obedi ncia e a verdade O problema da salva o para o Estado n o mais salvar a alma mas salvar a si mesmo a na o e suas riquezas isto o eixo fundamental dessa raz o governamental fortalecer as for as e riquezas do pr prio Estado N o se trata mais de salvar a todos e a cada um mas salvar as riquezas da na o mesmo se para isto for necess rio sacrificar alguns indiv duos desde que calculadamente comprovado pela estat stica o seu custo benef cio Para que isso seja poss vel constr i se a no o de necessidade da exist ncia do Estado para a preserva o da paz de seus cidad os Com rela o s pr ticas de obedi ncia a mudan a dos seus procedimentos Foucault se respaldar nas obras de Francis Bacon na qual o enfoque se transfere para a boa condu o da sociedade e para a manuten o de um bem estar social O bom governo para ele desenvolve se a partir de c lculos sobre os n veis admiss veis de pobreza para que n o se corram riscos que afetem a paz de Estado E por fim a mudan a nas rela es com a verdade que se estabelece a partir da produ o do conhecimento isto o que est em quest o n o mais conhecer as coisas da natureza mas sim a natureza e o funcionamento das coisas e a estat stica ser um tipo de saber fundamental para a constru o de uma base de dados sobre os fen menos da popula o campo de interven o a a o e
487. pelo entendimento do seu lugar no mundo O grande problema est em como fazer com que uma Geografia em que os fen menos da popula o predominantemente s o desprovidos de criticidade passe a elaborar como rea da ci ncia geogr fica com conhecimentos que promovam um pensar geograficamente Nesse sentido valeremo nos do conceito de intelectual org nico de Gramsci onde o autor indaga se os intelectuais constituem um grupo aut nomo e independente ou cada grupo social possui sua pr pria categoria especializada de intelectuais E responde dizendo que existem v rias formas no processo hist rico real das categorias intelectuais destacando em seguida duas mais importantes a do grupo social que nasce de uma fun o essencial no mundo da produ o econ mica representado pelo empres rio mas tamb m os senhores feudais que eram detentores de uma particular capacidade t cnica e o grupo social surgido a partir da estrutura econ mica anterior e que n o muda com a continuidade hist rica Tomando como pressuposto os postulados de Gramsci podemos nos questionar que talvez para a Geografia da Popula o esteja faltando esses intelectuais org nicos isto sujeitos que se reconhecem no processo de constru o do conhecimento com objetivos claros e vislumbrando os atingi los Esse enfraquecimento da pesquisa e at do ensino da Geografia da Popula o at certo ponto pode ser explicado por essa aus ncia de pesquisadores 251 estudiosos
488. pesquisadores de outras reas que escreveram sobre popula o e Geografia da Popula o As obras encontradas contribu ram para que pud ssemos analisar de modo contextualizado e amplo a Geografia E assim buscar de forma dial gica destacando os principais aspectos pol ticos econ micos e sociais que envolveram os estudos populacionais na Geografia especialmente a Geografia brasileira Nesse sentido esse trabalho tem o objetivo de contribuir para a reflex o acerca dos estudos populacionais luz da Geografia bem como discutir a disciplina Geografia da Popula o ao longo da Geografia brasileira no per odo de 1934 a 2010 Para isso buscamos tanto nos autores cl ssicos da Geografia quanto nas diferentes abordagens te rico metodol gicas identificar a constru o organiza o e as transforma es ocorridas nos estudos de popula o E ainda atrav s do ensino e pesquisa de Geografia da Popula o no Brasil entender o passado e principalmente o presente e qui sinalizar o futuro dos estudos populacionais na Geografia brasileira Como os documentos n o falam por si buscamos nas fontes pesquisadas os subs dios necess rios para fundamentar essa investiga o e fertilizar nosso objeto Para a concretiza o da pesquisa escolhemos realizar um recorte temporal entre os anos de 1934 a 2010 enfatizando os principais desdobramentos pol ticos econ micos e sociais do per odo que marcaram os estudos da popula o e a disci
489. pitalistas no pa s liga se ao fato de ele ainda n o ter se constitu do como um Estado nacional Ao desejo de unifica o corresponde uma necessidade de expans o intr nseca ao pr prio capitalismo porque ele s poder se constituir no interior da Alemanha na medida em que se expandir fora dela MOREIRA 1981 p 22 A origem cient fica da Geografia se deu na Alemanha do s culo XIX luz dos trabalhos de Alexander Von Humboldt e Karl Ritter Com a contribui o desses mestres a Geografia se estabeleceu em bases cient ficas Apesar de Humboldt n o ser ge grafo e t o pouco ter se preocupado em sistematizar seus conhecimentos geogr ficos por meio de escolas sua contribui o foi fundamental para a Geografia Os alem es foram importantes para a consolida o da Geografia enquanto ci ncia sobretudo com a contribui o desses intelectuais a Geografia p de se estabelecer sobre fundamentos cient ficos aut nticos e deixar de ser uma simples descri o do planeta para se transformar em uma ci ncia baseada na investiga o das rela es entre natureza e sociedade Humboldt como naturalista e grande viajante percorreu a Europa a R ssia asi tica o M xico a Am rica Central a Col mbia e a Venezuela observando os grandes fen menos f sicos e biol gicos seus trabalhos s o todos de natureza cient fica sem qualquer finalidade pedag gica Humboldt tamb m foi animador das chamadas Sociedades de Geografia que org
490. plenitude apoiando nos naquilo em que acreditamos por encontramos motivos para continuar vivendo trabalhando por uma Geografia e por um mundo melhor REFER NCIAS ALMEIDA A B de Abordagem fenomenol gica transcendental e existencial na geografia as bases para o entendimento do espa o vivido Revista Geografar Curitiba v 6 n 2 p 43 57 dez 2011 ANDRADE M C de O pensamento geogr fico e a realidade brasileira In SANTOS M Ed Novos rumos da geografia brasileira S o Paulo Hucitec 1982 Geografia ci ncia da sociedade uma introdu o an lise do pensamento geogr fico S o Paulo Atlas 1987 Geopol tica do Brasil S o Paulo tica 1989 A AGB e o pensamento geogr fico no Brasil Terra Livre S o Paulo Associa o dos Ge grafos Brasileiros Marco Zero n 9 jul dez 1991 Geografia ci ncia da sociedade uma introdu o an lise do pensamento geogr fico S o Paulo Atlas 1992 Caminhos e descaminhos da Geografia Campinas SP Papirus 1998 A Constru o da Geografia Brasileira Finisterra XXXIV 67 68 1999 p 21 30 Trajet rias e compromissos da Geografia Brasileira In CARLOS Ana Fani A et al Org A Geografia na Sala de Aula S o Paulo Contexto 2003 ANDRIOLI A I O lugar das ci ncias humanas na universidade Revista Iberoamericana de Educaci n ISSN 1681 5653 2010 ARA JO I L Foucault e a cr tica do sujeito In Fragmenta Curitiba PR E
491. plina Geografia da Popula o no Brasil Esse recorte temporal tem um motivo expressivo visto que o estudo pretendido exigiu uma constante reflex o acerca do objeto pesquisado Diante disso muitas indaga es surgiram a partir do momento que nos propomos a tal empreitada N o obstante seria pretensioso querer dar conta de toda a realidade que cerca o objeto para qual o tempo ex guo diante da riqueza do tema Acreditamos que uma primeira preven o a isso foi circunscrever um recorte temporal para que fosse realizada uma tese 19 que priorizasse o aspecto qualitativo do estudo sem menosprezar o fator quantitativo do per odo estudado Desse modo o per odo escolhido justifica se porque o ano de 1934 marca o nascimento do primeiro curso de Geografia no Brasil condi o importante para a constru o dessa tese e a partir disso dialogar com os anseios e preocupa es de hoje E o ano de 2010 al m de marcar o in cio do curso de doutoramento coaduna com o nosso anseio em entender a quest o dos estudos populacionais na atualidade sobretudo porque partimos da premissa da pr xis como mediadora no processo de interconex o entre o passado e o presente Dessa forma estudar as variadas abordagens sobre popula o ao longo da Geografia brasileira 1934 2010 e o desdobramento desse processo foi de grande valor Compreendemos tamb m que pela envergadura te rica o presente estudo exigiu a delimita o de categorias entre el
492. po de atua o levou alguns estudiosos a considerarem como uma ci ncia de s ntese Todavia para realizar tal tarefa torna se necess rio compreender os fen menos e conceitu los atrav s da leitura geogr fica inclusive fazendo uso de categorias e conceitos geogr ficos Com isso promover a reflex o a an lise e a s ntese dos objetos que est o sendo por ela investigados Com a discuss o que fora apresentada buscamos situar a constitui o da ci ncia geogr fica em seu tempo e em sua hist ria Para muitos pode ser considerada uma retomada desnecess ria por m a consideramos pertinente porque a recupera o hist rica da constitui o da institucionaliza o da ci ncia geogr fica bem como a participa o de Ratzel e La Blache s o importantes para entendermos melhor a Geografia mas tamb m a quest o populacional Ambos apresentavam em suas obras discuss es de cunho populacional n o s eles mas outros te ricos cl ssicos da Geografia como Max Sorre tamb m contribu ram para o debate em torno da popula o Todavia de forma assintom tica j que os estudos de popula o passaram a ganhar relevo na Geografia somente com a consolida o da Geografia da Popula o A Geografia din mica e as reas por ela investigadas s o amplas e necessitam de constante revis o Com esse cap tulo tivemos a pretens o de construir uma singela retrospectiva no qual acreditamos foi poss vel perceber que o nascimento da Geograf
493. poca em que a Geografia surge como ci ncia parecia dif cil j que nesse per odo como lembra Nunes e Suertegaray 2001 vis o de ci ncia dominante privilegiava a divis o entre as ci ncias da natureza e as da sociedade Assim o que prevaleceu durante o final do s culo XIX e at meados do s culo XX foi a sua fragmenta o De acordo com Foucault o pensamento cl ssico que entrou em crise no s culo XIX tinha por base um campo epistemol gico gerador das categorias sujeito e consci ncia na qual o homem um produto recente A quest o que existe pouco dom nio sobre os lugares epistemol gico em que se movimenta Foucault talvez seja a a grande contribui o que ele pode dar quando se pensa a quest o da dicotomia na Geografia mesmo reconhecendo que ele n o abordou esse tema diretamente Por m ao tratar a quest o da subjetividade humana e com ela os inv lucros que a constituem podemos ent o vislumbrar a dificuldade existente em se pensar o homem integrado natureza em tempos que se predominava uma matriz te rica alicer ada na concep o positivista de Auguste Comte A fragilidade do positivismo era que a despeito da convic o de Comte de que a sociologia era a mais elevada das ci ncias tinha pouco a dizer sobre os fen menos que caracterizam a sociedade humana em compara o queles que poderiam ser diretamente derivado da influ ncia de fatores n o sociais ou modelados pelas ci ncias naturais As
494. popula o J que a base filos fica de alguns ge grafos rasa e buscar os pressupostos na filosofia para fundamentar suas pesquisas seria um trabalho rduo Enquanto a pesquisa de campo mais comum para os pesquisadores da Geografia e em alguns casos e na medida do necess rio os pesquisadores querem encontrar algumas respostas que os dados emp ricos n o deram conta de responder de forma satisfat ria No entanto importante salientar que n o estamos querendo dizer que a pesquisa filos fica melhor ou mais importante que a pesquisa de campo mas que possuem caracter sticas diferentes e ainda se bem trabalhadas podem se complementar Quest es como essas talvez justifiquem os motivos da pequena difus o da pesquisa em popula o nos cursos de p s gradua o em Geografia ao menos no que foi poss vel percebermos com as an lises dos programas das linhas de ensino das ementas e dos planos de ensino Enquanto que no ensino a propaga o da disciplina de Geografia da Popula o mais presente lembrando que foram analisadas as gradua es de Geografia das institui es brasileiras que possuem curso de p s gradua o reconhecido pela CAPES Em rela o aos cursos de gradua o em Geografia das universidades pesquisadas a disciplina Geografia da Popula o foi encontrada nas Institui es listadas a seguir as quais tiveram seus planos de ensino analisados Os planos de ensino verificados em alguns constavam o nome d
495. populacionais apesar de t midos t m resistido s abordagens estritamente t cnicas das tem ticas populacionais O professor Zelinsky 1969 13 adverte que talvez um dos maiores problemas relacionados disciplina Geografia da Popula o n o esteja t o vinculado aos autores escolhidos mas as quest es de ordem metodol gica A defici ncia mais s ria est na metodologia Os princ pios diretores para a organiza o da pesquisa e a ordena o dos fatos e das ideias t m sido no melhor dos casos nebulosos Este trabalho uma tentativa de construir uma estrutura para a disciplina Ele tenciona delinear modelar e discernir as linhas gerais da Geografia da Popula o e colocar algumas das quest es centrais que ela procura estabelecer bem como os encaminhamentos mais prov veis para essas quest es De modo algum pode se encarar isso como os pr cis pelo trabalho maior que ainda deve ser feito apenas uma esp cie de cap tulo introdut rio Embora muitos fatos isolados a exemplos regionais sejam citados de passagem n o h qualquer esfor o em larga escala para aplicar as t cnicas propostas an lise de qualquer t pico ou rea Nesse estudo que Zelinsky faz refer ncia na cita o acima representa parte da obra Introdu o Geografia da Popula o em que o autor faz um estudo acurado sobre a Geografia da Popula o explicitando inclusive o papel do ge grafo da popula o 219 salienta ainda os conte dos e li
496. por exemplo em Antropogeografia sistematizou a chamada Geografia moderna apresentando uma proposta expl cita de um estudo geogr fico especificamente dedicado discuss o dos problemas humanos Essa inclusive considerada uma das origin rias manifesta es do positivismo na Geografia O significado da obra pode ser destacado como aquela que seria a principal via de indaga o dos ge grafos com a quest o da rela o entre a sociedade e as condi es ambientais No entanto sua preocupa o n o se limitou Geografia outro campo de discuss o foi o da ci ncia pol tica temas como o Estado as rela es de fronteiras ou de guerras entre outros tamb m estiveram no centro de suas considera es Apesar de estar centrado na Geografia o projeto te rico de Ratzel pode ser considerado interdisciplinar A preocupa o central era entender a difus o dos povos pela superf cie terrestre problem tica que segundo ele articularia a Hist ria a Etnologia e a 27 X x p P S Para a Biologia popula o define se como um grupo de indiv duos que acasalam uns com os outros produzindo descend ncia 102 Geografia em uma intensa discuss o Assim reconhecemos o elemento populacional nas obras desse autor apesar da forte influ ncia da Biologia as contribui es de Ratzel nos permitem afirmar que a popula o est presente no desenvolvimento da Geografia mesmo n o sendo esse seu foco principal As an lises da popula o na
497. portanto de algo din mico real que precisa ser estudado ou at mesmo recontextualizado Sobretudo para que os aspectos obscuros e neutros sejam elucidados isto que os dados ou informa es que s o maquiados manipulados se dissipem para que os imbr glios socioecon micos pol ticos e ambientais dos quais as an lises populacionais est o essencialmente inseridas sejam revelados e discutidos Por isso a defesa que no cerne do desenvolvimento hist rico econ mico social ambiental que as rela es humanas ganham express es diferentes Nesse sentido a Geografia cr tica contribuiu ao priorizar temas sociais para explicar o processo de produ o e reprodu o do espa o geogr fico fundamentando se no materialismo hist rico dial tico Nessa nova dimens o da Geografia conceitos como modos de produ o rela es de produ o divis o internacional do trabalho globaliza o problemas ambientais entre outros foram e s o usados a partir de uma an lise cr tica do espa o geogr fico A professora Am lia Damiani ajuda a entender essa quest o ao dizer 186 Os estudos populacionais em si mesmos tinham um v nculo com a Geografia cl ssica ent o a Geografia cr tica absorveu os estudos populacionais e traduziu esses estudos em estudos sociais e pol ticos Ent o a abstra o da popula o quantitativamente definida passou a deixar de ter import ncia assim estabeleceria um elo entre a Geografia cr tica
498. povo popula o etc outras quest es pertinentes Para informa es sobre este tema sugerimos a leitura de GRAM TICA DA MULTID O Para uma An lise das Formas de Vida Contempor neas por Paolo Virno 276 tamb m foram aventadas nos estudos de popula o como a quest o da diferen a entre na o e povo que parecem coisas similares mas que no fundo s o quest es complexas Para alguns historiadores a na o est ligada ao fator tempo sendo a hist ria um elemento fundamental para conceitu la Est intimamente ligada cultura de um povo cultura que se constr i atrav s do tempo e se desenha em boa parte em fun o dos acontecimentos hist ricos que de uma forma ou de outra marcaram a hist ria de um povo Existem autores inclusive que consideram que o conceito de na o est superado ou nem chegou de fato a existir A nosso ver o conceito de na o existe portanto n o possui elementos t o claros como o de Estado Nesse sentido a na o agrupa uma s rie de elementos como os aspectos naturais hist ricos culturais e at psicol gicos De acordo com o dicion rio povo um conjunto de homens que vivem em sociedade Conjunto de indiv duos que constituem uma na o Conjunto de indiv duos de uma regi o cidade vila ou aldeia Conjunto de pessoas que n o habitam o mesmo pa s mas que est o ligadas por sua origem sua religi o ou por qualquer outro la o Conjunto dos cidad os de um pa s em rela
499. press o que a Geografia da Popula o um desses conte dos n o cr ticos que n o serve para pesquisador mas para dar aulas serve para os alunos aprenderam alguma coisa ou outra Talvez o estudo da migra o por mais que voc possa mostrar mapas ele se presta mais abordagem n o t o comportada do ensino de Geografia na medida em que as migra es n o respeita a lei das fronteiras Por isso n o se pode afirmar que a distribui o da popula o essa tem que mostrar n o trabalhando os dados de forma acabada como geralmente a Geografia da Popula o mas como um processo din mico entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 207 A cita o anterior al m de proporcionar um repensar sobre a Geografia da Popula o sua import ncia sua relev ncia sua necessidade e funcionalidade mostra a valoriza o dada dos estudos de migra o para a Geografia a exemplo do professor P voa Neto que declarou que a quest o da migra o o que ele consegue ver melhor por conta dos anos dedicados a essa rea mas alerta segundo seu entendimento para o empobrecimento da Geografia da Popula o H muitas hip teses para explicar a dificuldade da disciplina Geografia da Popula o se manter no curr culo universit rio tanto enquanto disciplina quanto na pesquisa Mas no momento vamos nos ater num aspecto que nos parece peculiar que a falta de sintonia entre a Geografia Humana e a Geografia da Popula o se
500. processo de ocupa o do solo sob a l gica da mercantiliza o da terra e da moradia abriu espa o ao mercado informal da habita o Favelas ocupa es e loteamentos irregulares adentraram reas ambientalmente vulner veis tornando ainda mais inst vel vida das popula es obrigadas a essa condi o de moradia A aus ncia de investimentos maci os em infraestrutura e servi os urbanos voltados aten o de demandas da coletividade privou grandes e crescentes contingentes de moradores de servi os de saneamento b sico sa de educa o e transporte p blico E como mais grave constata o a incompatibilidade entre oferta de postos de trabalho e demandas por vagas somada precariza o do emprego acentuaram a pobreza refor aram a inseguran a e impuseram cada vez mais que o Estado viesse a assumir seu papel de provedor MOURA 2004 p 38 Por m se olhar o contexto pelo prisma do crescimento demogr fico em si pode se generalizar superficialmente os fen menos e deixar de investigar quest es 118 relevantes para o entendimento da tem tica Se partir da premissa que concentra o populacional e econ mica sin nima de progresso corre se o risco de fazer considera es simplistas e fr geis Porque ao mesmo tempo em que as cidades crescem outras conjunturas despontam ao ponto de naturalizar fen menos complexos e desafiadores Os grandes centros urbanos convivem lado a lado com o r pido crescimento econ
501. produtos de uma cultura s o resultados dos processos hist ricos e sociais e tamb m pol ticos e econ micos E por meio delas as interpreta es e entendimentos dos fen menos humanos e naturais podem ser diferentes Podemos considerar que produ o cient fica sobre a hist ria das disciplinas e sua rela o com a ci ncia de refer ncia relativamente contempor nea e origin ria de tradi es te ricas diferenciadas embora pass veis de aproxima o O estudo de uma determinada disciplina n o ocorre apenas por meio da transposi o did tica outros aspectos precisam ser levados em conta quando se pretende investigar uma disciplina entre eles damos nfase aos pressupostos filos ficos e te ricos que a orientam O termo disciplina se refere geralmente a um campo de conhecimento abrangente didaticamente organizado e pass vel de ser ensinado e aprendido Contudo uma disciplina se materializa em uma cultura acad mica porque elaborada por sujeitos sociais com determinadas hist rias de vida Para Chervel 1990 o termo disciplina surgiu ap s a Primeira Guerra Mundial em resposta necessidade de preencher uma lacuna existente porque as express es ou termos comumente empregados n o davam conta de responder s necessidades existentes N o obstante a ado o do termo disciplina n o resolveu de todo a ambiguidade de seu significado Uma vez que a ideia de disciplina sempre esteve atrelada a tudo aquilo que 148 deve s
502. professores que consideram esse assunto um tema interessante no qual eles conseguem abordar quest es associadas viv ncia dos alunos partindo da realidade local e a partir disso ir aprofundando o tema 259 Com os alunos trabalha se bastante este tema pois a viv ncia deles j que moram em Foz do Igua u e trabalham na Ciudad de Leste por exemplo a mobilidade cidade cidade para moradia uma situa o comum Nossa cidade tem a segunda maior col nia de liban s do pa s com mais de 70 setenta etnias presentes os paraguaios e argentinos est o diariamente ao nosso lado no tr nsito no banco no mercado enfim em v rios lugares portanto o tema popula o parte do nosso cotidiano resposta dada pela professa que leciona no CEEBJA Centro Estadual de Educa o B sica para Jovens e Adultos Professor Orides Balotin Guerra Ensino Fundamental e M dio Localizado no munic pio de Foz do Igua u PR Quando o professor consegue partir da realidade do aluno a problematiza o do conte do ganha mais sentido promovendo uma aprendizagem significativa que se converte numa aprendizagem de fato e n o simplesmente numa memoriza o ou numa aprendizagem mec nica que visa t o somente uma nota no fim do trimestre ou bimestre O meu trabalho parte do cotidiano da viv ncia do aluno Por que ele mora aqui Por que o pai ou a m e trabalham aqui Por que se mudou para c Levando o aluno a perceber que sua vida est i
503. pula o talvez pelo fato da Geografia da Popula o ficar muito associada Geografia tradicional Foi meio deixada de lado mas a migra o os ge grafos adotaram como objeto de respeito para a Geografia sobremaneira por suas associa es urbaniza o geopol tica entre outras O professor P voa Neto destacou que n o nota muito futuro para a Geografia da Popula o v que a rea das migra es tende a permanecer e se fortalecer o que demonstra que o tema da migra o vem aparecendo cada vez mais E assim o professor Dieter complementa esta pesquisa que est desenvolvendo acredito que n o vai resultar em informa es muito positivas popula o tradicionalmente n o tenho muito envolvimento com ge grafos entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 E ainda o professor Dieter refor a que para falar de Geografia da Popula o voltar se para a quest o da migra o Para ele uma das quest es cruciais que permeiam esta tese refere se quest o da fragmenta o que segundo ele foi um procedimento que se deu de forma mais enf tica a partir da d cada de 60 no Brasil quando se desenvolve a chamada Geografia social com nfase nas rela es entre Sociologia e Geografia que foram observadas e estudadas pelos cl ssicos da Geografia em todo s culo XX A partir da d cada de 60 instalou se uma Geografia social que emergiu dos grupos sociais e o estudo se fragmentou ainda mais estuda
504. pula o nos cursos de gradua o pesquisados Universidades que possuem em sua grade curricular a disciplina de Geografia da Popula o 37 Universidades que possuem gradua o em Geografia entre as pesquisadas 63 Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Vale relembrar que a Geografia da Popula o encontra certa dificuldade em se consolidar como disciplina acad mica nos cursos de gradua o em Geografia mesmo na atualidade apesar dela se manter mais no ensino do que na pesquisa Durante a realiza o da pesquisa e conversa com professores que trabalham com a disciplina podemos perceber certo desconforto em rela o a Geografia da Popula o nos cursos de bacharelado em Geografia por exemplo Percebemos que a manuten o da disciplina na grade curricular do curso se mant m sobretudo por conta das atribui es no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia CREA e n o necessariamente pela relev ncia da disciplina na forma o do ge grafo Entendemos que essa disciplina poderia potencializar o futuro ge grafo a trabalhar com os fen menos populacionais de forma mais abrangente e espacialmente por m ao se analisar o curr culo de boa parte das institui es nota se que n o h abordagem cr tica contextualizadora e espacializada das quest es populacionais P voa Neto teceu uma interessante critica sobre este fato A im
505. qual o Prof Sampaio constituiu se o advogado principal HIST RICO 1939 p 09 A participa o no congresso rendeu a Geografia brasileira a necessidade de aderir UGI j que isso facilitaria que a ci ncia geogr fica fizesse uso dos poss veis benef cios oriundos das pesquisas desenvolvidas por esse rg o Com isso o Brasil poderia ter maiores informa es das mais variadas e distantes na es Assim se evidenciou a necessidade do governo criar uma comiss o que pudesse representar o pa s junto a UGI o que levou ge grafos da poca a n o medir esfor os no sentido de promover a ades o do Brasil a ela Por m o convite oficial da ades o do Brasil UGI foi feito em 1933 com a vinda ao Brasil do ge grafo franc s Emmanuel De Martonne que na ocasi o foi recebido pelas grandes institui es culturais brasileiras como o Instituto Hist rico e Geogr fico Brasileiro a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e a Academia Brasileira de Ci ncias O ingresso na UGI representou um salto qualitativo para a Geografia brasileira que pode por meio dos mais variados encontros e reuni es perceber os rumos da ci ncia geogr fica tanto em escala global como local 134 em Julho de 1933 vinha ao Brasil o eminente ge grafo franc s Prof Emmanuel De Martonne Secret rio Geral da Uni o que na memor vel sess o conjunta do dia 25 daquele m s foi solenemente recebido pelas maganas intui es culturais brasileiras o
506. que os estudos geogr ficos sobre o pa s ocorreram em parte e como conte do escolar n o se efetivou totalmente Isto as teses da Geografia ganharam certo destaque sem que a disciplina conhecesse uma objetiva o institucional Na verdade isso vai ocorrer muito tempo depois no final da d cada de 1930 Dessa forma existia no pa s um debate marcadamente geogr fico com alus es a autores e a teorias da Geografia contudo de fato n o havia ge grafos ou cursos de Geografia no pa s Ap s 1930 a luta travada por Delgado de Carvalho para modernizar a Geografia brasileira introduzindo no pa s os princ pios da Escola Cl ssica Francesa lablachiana levou o a publicar uma s rie de livros sobre o Brasil e sobre a metodologia de ensino da Geografia chegando a publicar com fins eminentemente did ticos uma Corografia do Brasil editada pela Francisco Alves em 1929 e adotada no Col gio Pedro II ANDRADE 1998 p 58 Vale ponderar que a divulga o e a c lere assimila o das chamadas teses do determinismo geogr fico ecoaram satisfatoriamente em solo brasileiro Assim as teses deterministas se faziam presentes numa variada gama de estudos e podemos afirmar que compunham um amplo campo de investiga o no qual havia muito a ser explorado Geralmente o emprego do determinismo geogr fico agiu no sentido de naturaliza o do destino da p tria circunscrito na conforma o territorial J que um pequeno n mero de autores dir
507. quecimento para todos os membros O espa o acad mico diversificado h nele discrep ncias de ideias e opini es sem as quais muitas vezes n o haveria mudan as e avan os Entretanto nesse espa o t o heterog neo encontramos grupos afins que desenvolvem importantes trabalhos Para desenvolver a pesquisa proposta al m das leituras da troca de experi ncias outros conhecimentos se tornaram relevantes escrever uma tese n o significa somente sentar e escrever unir as viv ncias experi ncias e conhecimentos em busca de entender o objeto evidenciado Acreditamos que nisso resulta a especificidade do trabalho ou seja enxergar no objeto aquela linha t nue que separa o que j foi falado e escrito sobre o tema com aquilo que enquanto pesquisadora enxergamos Neste sentido a participa o em eventos e a publica o de trabalhos n o um ato mec nico mas sim reflexivo fruto daquilo que se almeja ou j conquistou por esse vi s a atividade da pesquisa ganha express o ganha sentido Entendemos que a constru o de uma pesquisa perpassa pelo posicionamento do pesquisador frente ao objeto por ele investigado Por m para a pesquisa ir al m de uma mera investiga o ou uma atividade te rica necess rio que o tema trabalhado contribua tanto no mbito profissional quanto social promovendo reflex es caracterizando se como objeto de constante aperfei oamento no qual o resultado que se espera seja mais do que a ti
508. r ficas ganharam maior status cient fico uma vez que os dados por ela apresentados eram mais confi veis Por meio da Conven o Nacional de Estat stica foi estabelecido um acordo fundamental da coordena o estat stica brasileira por representantes dos governos da 138 Uni o e de todas as unidades da Federa o os Estados o Distrito Federal e o Territ rio do Acre fixando se dessa forma os fundamentos da regulamenta o do Conselho Nacional de Estat stica Desse modo ficaram reveladas s necessidades de se ter conhecimentos geogr ficos isto esses ajudariam a interpretar os dados estat sticos Assim a cria o desse Instituto consolidou uma alian a entre a Geografia e a Estat stica Estabelecem se nesse contexto dois fluxos de iniciativas orientados pela ci ncia geogr fica uma buscava criar um rg o oficial de Geografia relacionada s atividades internacionais constitu da por iniciativas relacionadas efetiva ades o do Brasil UGI embasada nas orienta es te ricas e metodol gicas da escola francesa com destaque para Vidal de La Blache e a outra voltada coordena o dos servi os geogr ficos no pa s influenciada pela escola alem com destaque para Ratzel Nesse momento a conflu ncia entre a escola lablachiana e ratzeliana demonstrava os reais interesses da Geografia brasileira a Geografia aliada a Estat stica possibilitava uma avalia o mais acertada dos indicadores contudo os dados p
509. r os 187 desdobramentos sociais econ micos e culturais O professor Dieter antes de ser professor de Geografia e pensar em ensino e pesquisa nasceu numa regi o industrial da Alemanha que estava cheia de migrantes que era segundo ele uma caracter stica marcante dessa regi o Dieter relatou que seus bisav s fizeram parta daquele conjunto de pessoas que na Geografia passaram pelo processo do xodo rural eram fam lias que viviam em reas agr rias que foram para o centro industrial na vale do rio Ruhr que desde os meados do s culo XIX se industrializou fortemente Ent o o conv vio com os imigrantes era constante Lembra se que durante sua inf ncia nos times como Borussia Dortmund e Schalke 04 que hoje fazem parte da liga havia imigrantes E ao ingressar no curso de Geografia em 1969 a tem tica migra o estava clara para ele antes de saber o que era Geografia da Popula o no entanto a tem tica da migra o e seu contexto j estava presente para ele Dieter come ou a estudar a migra o de portugueses para a Alemanha desde a gradua o onde se envolveu em v rias atividades com os portugueses Desta forma deu se a abertura para estudar a migra o al m do caminho de ser migrante No doutorado fez uma tese sobre as migra es internas no Brasil estudando as altera es das rela es de trabalho que levaram o deslocamento populacional no estado de Pernambuco Come ou a lecionar e foi convidado como professor visitante pa
510. r pela experi ncia os enunciados sobre os fatos 32 No que tange a quest o da diferencia o entre a Geografia Humana e a Geografia F sica percebemos que no fim do s culo XIX essa tend ncia avultasse sobretudo pelo desenvolvimento das ci ncias sociais Nesse per odo ganha nfase os trabalhos de Friedrich Ratzel com nfase na ecologia Ratzel retirar de Spencer a no o de sociedade como organismo e a concep o naturalista do desenvolvimento da sociedade humana Introduzi las no discurso geogr fico de seus predecessores assimilando destes os fios invis veis que ligam suas obras com os interesses do capitalismo alem o Formular um discurso geogr fico cujas chaves de compreens o s o a teoria do determinismo geogr fico e a teoria do espa o vital MOREIRA 1994 p 31 N o obstante a Geografia n o deveria ser dualista j que em cada rea habitam os elementos f sicos e humanos e assim formulariam um nico objeto de estudo Para Alfred Hettner 1858 1941 a Geografia seria uma ci ncia unit ria por m sua realidade seria composta de elementos heterog neos e mutuamente relacionada Em 1925 Alfred Hettner considerava como objetivo fundamental da Geografia o estudo da diferencia o regional da superf cie terrestre Esta defini o foi acatada e elaborada de modo minucioso por Hartshorne em 1939 em sua obra The Nature of Geography Outra defini o referia se an lise das influ ncias
511. r penetrar os princ pios e as li es fora dos meios intelectuais at nas esferas de ampla cultura DEMANGEON 1956 p 25 Entretanto ao observar os trabalhos inicias de Geografia Humana havia um esfor o em detalhar com precis o o modo como as pessoas se organizavam no espa o sua distribui o e seus modos de vida No entanto havia uma aus ncia de an lise voltada a entender as for as motrizes que por vezes at determinavam o modo pelo qual as pessoas viviam ou seja esses elementos n o estavam presentes nos primeiros estudos de Geografia Humana a tentativa de transformar a Geografia numa ci ncia precisa acabava por mitigar aspectos importantes para se entender a din mica humana no espa o terrestre Conquanto a nfase na descri o em detrimento da an lise cr tica estava associada ao contexto hist rico em que os estudos iniciais de Geografia Humana se desenvolveram e a palavra desenvolveu cabe bem nesse contexto ao passo que o que acontecia era um estudo que levava em considera o as consequ ncias e n o as causas dos fatos fen menos humanos literalmente eram descoladas ou de sen vol vi das dos fen menos que as causavam O professor Max Sorre levanta uma pertinente quest o a respeito da Geografia humana onde pergunta qual o conceito de sociedade latente ou impl cito na busca da Geografia Humana E responde dizendo que 66 Colocamos o homem no centro do quadro com todo o seu
512. r que a partir do Congresso Internacional de Geografia realizado em 1956 na cidade do Rio de Janeiro houve a entrada maci a de outros intelectuais de diferentes nacionalidades que influenciaram a maneira de se fazer e pensar a Geografia no pa s 10 Sobre este tema H lio de Ara jo Evangelista escreveu um artigo intitulado O XVIII Congresso Internacional da Uni o Geogr fica Internacional UGI Rio de Janeiro 1956 Dispon vel na Revista Geo Paisagem online Ano 3 n 5 Janeiro Junho de 2004 ISSN N 1677 650 X Revista indexada ao Latindex 44 No Rio de Janeiro destacou se um grupo de estudiosos da realidade brasileira profundamente influenciado pelas ideias de Ratzel e que teve como maior expoente o geopol tico Everardo Backauser que combatia o sistema federativo e que para inviabiliz lo defendia que se fizesse uma nova divis o territorial do pa s que contrariasse as tradi es existentes Estas ideias deram origem a uma proposta semioficial formulada por Teixeira de Freitas quando influente no Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica criado no governo Vargas em 1939 ANDRADE 1999 p 23 Dentre os precursores da Geografia cient fica brasileira destacamos o professor Delgado de Carvalho que introduziu m todos de pesquisas geogr ficas francesas interessando se especialmente pela Geografia regional O grande marco de sua carreira foi a publica o do livro O Brasil Meridional em 1910 considerad
513. r uso de metodologias variadas com a inser o de charges not cias depoimentos v deos mas admitem que encontram certa dificuldade em trabalhar com o tema sendo que para muitos um conte do acess rio Trabalha se na Geografia quest es populacionais no ensino fundamental II nas s ries finais relacionando com o desenvolvimento de pa ses com alto crescimento demogr fico e tamb m pa ses que j apresentam um crescimento negativo Aborda se tamb m o aumento no n mero de idosos e uma consequente diminui o da m o de obra em geral fala se de v rias quest es relacionadas popula o mas de forma superficial No ensino m dio explora se a mobilidade do crescimento populacional e as teorias demogr ficas mas tamb m de forma imparcial Na verdade n o nos atemos muito a esse tema N s professores acabamos tamb m deixando a desejar trabalha se mas n o feito um aprofundamento necess rio trabalha se com pir mides crescimento vegetativo taxa de fecundidade etc em alguns momentos no ano letivo s o feitas feiras culturais onde se exp e algumas carater sticas referente viv ncia dos diferentes povos com dan as folcl ricas comidas t picas mas depois deixa se tudo de lado resposta dada pela professora que leciona no Col gio Estadual Arnaldo Busato Ensino Fundamental e m dio localizado no munic pio de Ver pertencente ao N cleo Regional de Educa o de Francisco Beltr o PR Entretanto h v rios
514. ra a necessidade de se considerar o saber e a realidade do aluno como refer ncia para o estudo de espa o geogr fico O ensino da geografia assim n o se deve pautar pela descri o e enumera o de dados priorizando apenas aqueles vis veis e observ veis na sua apar ncia na maioria das vezes imposta mem ria dos alunos sem real interesse por parte destes Ao contr rio o ensino deve propiciar ao aluno a compreens o do espa o geogr fico na sua concretude nas suas contradi es CAVALCANTI 1998 p 20 Notamos que as quest es geogr ficas circundaram os principais acontecimentos de cada poca cada matriz de pensamento era condizente com os interesses e necessidades do momento Por m entendemos que a Geografia antes de qualquer outra disciplina deveria ter como finalidade identificar o espa o e entender o modo como as pessoas se apropriam do meio e os resultados dessas a es Entretanto a burguesia como detentora do poder sabia que para se consolidar era indispens vel al m das for as armadas a utiliza o de institui es como escolas igrejas que possibilitassem a dissemina o dos seus ide rios e a forma o do almejado cidad o A presen a constante da geografia entre as disciplinas que comp em as diferentes propostas curriculares da escola de 1 e 2 graus oferece ind cios de que as rela es entre essa disciplina e o sistema escolar s o mais profundas do que se possa imaginar primeira vist
515. ra fase das Sociedades Geogr ficas Com a Idade Moderna o desenvolvimento cient fico ganha um impulso e ocorre o fen meno de especializa o dos ramos de saber Nesse momento o conhecimento passa ter mais rigor cient fico quanto aos objetos de sua an lise Em refer ncia ao s culo da ci ncia natural e da hist ria no mbito acad mico pode ser entendida como indica o aos processos de afirma o das disciplinas vinculadas aos dois campos de conhecimento que institucionalmente academicamente ou cientificamente se preferir naqueles anos se afirmaram CARVALHO 1999 p 140 A Geografia depois de ser institucionalizada proporcionou o surgimento das escolas nacionais e com elas as denominadas correntes de pensamento As formas pensadas disciplina geogr fica em cada momento hist rico foram denominadas como paradigmas geogr ficos determinismo o possibilismo o m todo regional a nova Geografia e a Geografia cr tica No inicio do s culo XX come aram a se diferenciar consideravelmente as concep es da ci ncia geogr fica nos v rios pa ses ganhando grande import ncia s chamadas escolas nacionais Cada uma delas refletia naturalmente as concep es e os interesses dos respectivos pa ses Dentre as escolas nacionais se destacaram logo a alem e a francesa Entre os ge grafos alem es continuou a haver uma grande preocupa o com as condi es naturais com a influ ncia do relevo dos solos e do
516. ra l na d cada de 1940 a popula o dessa localidade denominada Serra Azul SP era composta por 35 de italianos Nessa poca j havia ocorrido crise do caf a perda da propriedade e o loteamento da propriedade pela coloniza o Rossini percebia que a casa do imigrante era diferente das demais com mais 201 adornos despensas entre outras coisas e come ou a querer descobrir a diferen a entre classe e organiza o Em 1961 foi fazer Geografia na USP mas sempre querendo desvendar os segredos da popula o A Professora Rosa Ester Rossini relata que foi formada numa concep o positivista e diz que foi dif cil transpor a estrutura hist rica do positivismo para entender a popula o De acordo com a r pida trajet ria relatada da professora Rosa Ester Rossini percebemos que as quest es afetas popula o bem como sua pesquisa apresentam quest es muitas vezes ligadas como a forma o do sujeito sua hist ria sua vida a pesquisa em popula o talvez n o tenha decolado na Geografia a exemplo do que vem ocorrendo com a urbana e com a agr ria por exemplo pois os temas por ela abordados s o trabalhados nas mais variadas reas como a an lise da dimens o do trabalho da fam lia do g nero da urbaniza o da mobilidade o que cada vez mais fragmenta sua rea A impress o que se tem que para o chamado ge grafo da popula o em termos atuais restam as quest es associados ao ensino que de uma forma ou
517. ra trabalhar na Universidade Federal de Pernambuco ficando sete anos em Sergipe Veio para S o Paulo em 1989 e todas as disciplinas que ministrou tinham algo a ver com a problem tica popula o migra o Novamente a relev ncia dos estudos migrat rios aparece com nfase nos estudos de popula o Contudo outros pesquisadores cr ticos t m demonstrado que poss vel fazer uso de outras categorias para entender a din mica da Popula o no espa o Nesse sentido a contribui o dada pelo professor M rcio Rocha importante uma vez que para ele A mobilidade enquanto categoria cient fica utilizada constantemente para explicar os movimentos dos homens em suas mais diversas inst ncias Os estudos populacionais as migra es e as mobilidades s o no es que tratam de investigar a din mica de desenvolvimento das sociedades No que concerne a Geografia busca se o nexo territorial deste fen meno t o amplo e complexo ROCHA 1999 p 16 e 17 Assim podemos perceber que existem diversos caminhos para se estudar a popula o e n o temos a pretens o de defender um nico caminho mas entender como essa tem tica se faz presente na Geografia n o como categoria mas como processo a ser entendido e desvelado Uma vez que o homem adquire consci ncia do ritmo natural 188 compreende o ritmo da escala geol gica quando resgata sua pr pria escala hist rica analisando os passos evolutivos concretamente dados que
518. ramento para uma Geografia mais cr tica problematizadora e impulsionadora dos estudos de popula o na Geografia 4 4 Os estudos de mobilidade e mobiliza o e a Geografia da Popula o Podemos entender a mobilidade em sentido amplo como deslocamentos geogr ficos E nesse sentido os estudos de migra o os estudos populacionais de certa forma incluem a mobilidade como forma de deslocamento Existem muitas formas de mobilidade como a pendulares a movimenta o de grupos n mades ou semin mades como os ciganos e tamb m os executivos que est o sempre se deslocando entre muitas outras H pessoas que incluem o turismo dentro dessas formas de mobilidade s o formas de mobilidade que n o implicam na mudan a de domic lio n o pelo menos num per odo muito grande de tempo Para Gaudemar 1977 a ideia de mobilidade uma qualidade inerente for a de trabalho no capitalismo dessa forma muitas pessoas utilizam a ideia de Gaudemar e a difundiram O conceito dele bastante disseminado nos estudos de mobilidade do trabalho respaldando se nas concep es de Marx Trabalhou se sobre a ideia dos estudos e dos processos de moderniza o e o papel que o trabalho tem dentro deles Acreditamos que esse tipo de abordagem tem uma relev ncia tem um futuro importante os estudos de mobilidade a nosso ver s o um elo importante entre esse processo e a Geografia da Popula o P voa Neto sobre Gaudemar e a quest o da mobilidade disco
519. ravos O autor apresenta dados sobre a popula o francesa tecendo considera es sobre a problem tica da produ o alimentar e o crescimento da popula o Desenvolveu estudos de hist ria da economia relativos popula o francesa ao trabalho e a classe oper ria Levasseur possuia concep es pr prias de cunho gen rico que se poderiam designar como sendo de natureza te rico cultural Para ele o homem seria aquele que daria forma a seu pr prio destino A natureza seria apenas a mat ria que deveria receber a forma A humanidade possuiria na ci ncia uma ferramenta capaz de agir sobre essa mat ria podendo assim domin la e configur la mantendo as harmonias econ micas LEVASSEUR 1891 Nas d cadas seguintes a Geografia passou a ser reformulada especialmente porque a forma como vinha sendo trabalhada n o dava conta de explicar as transforma es econ mico sociais que estavam ocorrendo no mundo ap s a Segunda Guerra Mundial Esse momento marcou o processo de renova o da Geografia brasileira e foi coroado com a realiza o do XVIII Congresso Internacional de Geografia que ocorreu no Rio de Janeiro em 1956 e contou com a presen a de ge grafos oriundos de outros pa ses que inclusive permaneceram no pa s ministrando palestras e cursos por um bom per odo de tempo E em 1957 os cursos de Geografia e Hist ria foram separados contribuindo para a valoriza o dessas reas em cursos superiores ap s alguns anos foram imp
520. raz um enriquecimento para todos os membros do n cleo o NEMO acima de tudo um espa o de resist ncia formado por pesquisadores empenhados com a transforma o social 4 5 A Geografia da Popula o e a produ o do conhecimento cient fico 48 NEMO N cleo de Estudos de Mobilidade e Mobiliza o um grupo de pesquisa de cunho interdisciplinar que se fundamenta nos estudos de mobilidade humana a partir da produ o do espa o Os estudos populacionais as pol ticas p blicas as redes urbanas e o mundo do trabalho s o as linhas b sicas de a o dos pesquisadores envolvidos no grupo O grupo orienta as discuss es dos pesquisadores de inicia o cient fica e de mestrado doutorado bem como profissionais da educa o que trabalhem em conson ncia com as linhas do grupo O grupo at o momento tem desenvolvido suas atividades vinculadas ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maring UEM e vem tendo apoio tamb m da Pr Reitoria de P s gradua o PPG UEM Este grupo faz parte do 5 Diret rio de Pesquisa do CNPq 298 Abordar as quest es pol ticas e de poder presentes na produ o do conhecimento cient fico exige uma an lise acurada acerca dessas quest es contudo essas quest es n o est o claramente expostas e divulgadas essas rela es ocorrem de forma sutil mascarando muitas vezes os reais interesses presentes na produ o de determinado conhecimento A academia est repleta dessas inte
521. rcebemos que predominam conte dos voltados em explicar a distribui o e as caracter sticas da popula o brasileira A nosso ver uma boa abordagem sobre a popula o brasileira tomando como par metro o conte do dos livros did ticos de Geografia permite aos alunos e estimulam os professores a tecerem considera es mais concretas acerca do fen meno populacional fazendo inclusive o aluno pensar geograficamente esta quest o Acreditamos que o professor tem condi o de salientar sobre a import ncia dos estudos populacionais para o entendimento das din micas locais e regionais Apesar da nfase quantitativa dos estudos populacionais imprescind vel a interven o do professor para que este rompa com alguns estere tipos presentes nestes estudos Nos livros did ticos adotados nos Estado do Paran o conte do sobre popula o T importante salientar que medida que convers vamos com os professores colet vamos as informa es obtidas por meio dos dois questionamentos apontados sentimos a necessidade de analisar mesmo que de forma r pida os livros adotados pelo Estado da Paran para o ensino de Geografia e percebemos que predominam as seguintes obras PROJETO ARARIB Geografia obra coletiva concebida desenvolvida e produzida pela Editora Moderna editora respons vel Virginia Aoki 2 ed Obra em 4 volumes para alunos de 6 a 9 anos 2010 SENE Eust quio de MOREIRA Jo o Carlos Geografia Geral e do Brasil S o
522. ressuposto que os estudos populacionais foram e s o produzidos a partir das rela es sociais e econ micas de cada poca Essa inquieta o est associada a uma viv ncia particular j que como professora de Geografia questionava me por que a Geografia da Popula o enquanto disciplina encontra dificuldades em se legitimar nas grades curriculares Pois muitas vezes vista como uma disciplina suplementar Na pr tica com base nos postulados te ricos e metodol gicos da Geografia e por meio da experi ncia adquirida constatamos que a hist ria da Geografia poderia nos auxiliar a encontrar as respostas desejadas Acreditamos que para enveredar na hist ria da Geografia seria prudente iniciar o estudo por meio de levantamentos de fontes documentais que possibilitariam uma maior apreens o dos acontecimentos que produziram a hist ria da ci ncia geogr fica Assim buscamos nas fontes bibliogr ficas e nas pessoas que marcaram a Geografia no s culo XX no mundo ocidental sobretudo no Brasil os fundamentos te ricos para desenvolver essa pesquisa O s culo XX foi selecionado por ser o s culo em que a Geografia passou a ser ministrada em n vel superior no Brasil Esse s culo foi sobremaneira importante para a consolida o das ci ncias de forma geral Por m importante salientar que estendemos nossa an lise at a primeira d cada do s culo XXI Diante disso e motivada a esclarecer essas inquieta es procuramos conhec
523. reto Hellmeister S o Paulo SP Brasil Atlas 1974 Mobilidade e migra o In TREWARTHA Glenn T Geografia da popula o padr o mundial Trad Veneranda Barreto Hellmeister S o Paulo Atlas 1974 TUAN Y F Topof lia S o Paulo Rio de Janeiro Difus o Editorial S A 1980 VAINER C B Interdisciplinaridade e estudos regionais In MELO J G Regi o cidade e poder Presidente Prudente Gasperr 1996 p 11 32 V SQUEZ A S Filosofia da Pr xis Buenos Aires Consejo Latino americano de Ci ncias Sociales CLACSO S o Paulo Express o Popular 2007 VER SSIMO J A educa o nacional 3 ed Porto Alegre Mercado Aberto 1985 Para uma geografia cr tica na escola S o Paulo tica 1992 338 VITTE C de C S Cidadania qualidade de vida e produ o do espa o urbano desafios para a gest o urbana e para o enfretamento da quest o social In BAENINGER Rosana org Popula o e Cidades subs dios para o planejamento e para as pol ticas sociais Campinas N cleo de Estudos de Popula o Nepo Unicamp Bras lia UNFPA 2010 ZANATTA Beatriz Aparecida O m todo intuitivo e a percep o sensorial como legado de Pestalozzi Caderno Cedes Campinas SP v 25 n 66 p 165 184 maio ago 2005 ZELINSKY W Introdu o Geografia da Popula o Rio de Janeiro Zahar 1969 AP NDICE Roteiro de entrevista realizada com os professores que ministraram a disciplina de Geografia da P
524. riam resultado dos desequil brios socioecon micos no espa o e ao mesmo tempo atuariam como fator de corre o desses equil brios Adotar a concep o neocl ssica das migra es implicaria deixar para segundo plano a preocupa o com seu car ter hist rico As migra es aparecem em cada momento como decorr ncia inevit vel da vontade individual para os deslocamentos rumo as melhores condi es de vida entendidas como melhores n veis salariais ou seja na concep o neocl ssica o espa o concebido como um espa o de liberdade e a migra o como exerc cio dessa liberdade Outro enfoque adotado em rela o quest o da migra o est atrelado voca o estrutural do capitalismo e o desenvolvimento desigual no espa o As rela es campo cidade e as diferen as entre regi es aparecem como fatores condicionantes e explicativos dos fluxos de Popula o Nessa vis o enfatiza se que a sa da de uma rea fruto de um antagonismo entre o capital e o trabalho conflitos que se reproduzem nos locais de chegada j que s o inerentes ao pr prio capitalismo As raz es de sa da s o priorizadas em rela o aos fatores de atra o que n o teriam for a suficiente para tirar as pessoas de suas fam lias de seu meio social A ideia de migra es espont neas fortemente combatida enfatizando se o direcionamento dos fluxos de acordo com as necessidades do modelo econ mico respons vel pelas determina es estruturais
525. rio se estava concentrada para ele era muito importante para decifrar s cio culturalmente do pa s e depois a discuss o da diversidade cultural no mundo Ent o tem uma perspectiva de Geografia geral a 197 Geografia cl ssica que de acordo com Damiani n o era muito monogr fica ela era uma rela o entre as monografias e uma perspectiva de constru o de uma geografia geral Por isso que os ge grafos faziam os manuais gerais de Geografia mesmo para o ensino eles faziam essa abordagem relativa ao mundo para eles naquele momento o nico acesso ao mundo era atrav s da diversidade sociocultural pol tica que aparecia como uma diferen a qualitativa Mas nessa diferen a qualitativa eles chegaram antes passando por recortes quantitativos e n o s a quantidade das popula es um mapeamento da sua diversidade territorial os racioc nios tamb m atingiram a quest o do superpovoamento que para os ge grafos era uma rela o entre territ rio e popula o entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Em rela o propaga o da pesquisa em popula o no Brasil bem como suas heran as hist ricas como relatadas na cita o acima devemos considerar entre os motivos que podem explicar a pouca dissemina o da pesquisa em popula o nos programas de p s gradua o pois os cursos de p s gradua o no Brasil em n vel de mestrado e doutorado se disseminaram ap s a d cada de 90 per odo em que muitas outras
526. rio e a fam lia a qual conseguir porventura suportar a prova o Se exploro uma por o de terra abandonada e lhe ofere o a produ o beneficio a a ela e a todos os membros da sociedade porque o que essa pessoa consumia at ent o entra no produto comum e provavelmente parte da nova produ o Mas se me limitar a dar lhe dinheiro supondo que a produ o do pa s se 26 Sobre este assunto recomenda se a leitura de Henderson W O A Revolu o Industrial S o Paulo Verbo Edusp 1979 p 178 80 94 mant m inalterada ofere o lhe um t tulo a uma parte dessa produ o maior que anteriormente parte essa que ela n o pode receber sem diminuir as dos outros obvio que esse efeito em casos individuais deve ser reduzido ao ponto de se tornar totalmente impercept vel mas deve existir como acontece com muitos outros efeitos os quais semelhan a dos insetos que povoam a atmosfera iludem as nossas percep es mais grosseiras MALTHUS 1789 p 45 Malthus 1789 discordava da assist ncia do Estado aos pobres considerando a nefasta porque diminuindo a mis ria em curto prazo favoreceria o casamento e a procria o dos indigentes Z E uma queixa generalizada entre os industriais que os sal rios elevados arru nam todos os seus oper rios mas torna se dif cil conceber que esses homens n o economizariam uma parte dos seus sal rios elevados para sustento futuro das fam lias em vez de os consumirem na embria
527. rior ali s isto que dar aos olhos de certos ge grafos o limite da abordagem paisag stica Ao mesmo tempo a inten o e a esperan a cient ficas do ge grafo consistem em tentar ultrapassar esta superf cie esta exterioridade para captar a verdade da paisagem Outra abordagem relevante aos estudos geogr ficos se deu a partir da d cada de 1970 com o surgimento da discuss o ambiental que trouxe para o debate elementos f sicos e humanos do espa o geogr fico que n o podem ser abordados de modo separado por entender que a jun o de ambos que contribuem para fomentar o debate sobre a quest o ambiental Inclusive a quest o ambiental uma das poucas reas que o di logo entre a Geografia F sica e Geografia Humana ocorre de forma menos conturbada E nos estudos de popula o a rela o sociedade e natureza uma premissa muito presente Mas infelizmente o que prevalece s o leituras controversas existentes entre popula o e a sobreviv ncia da Terra ou preserva o do planeta que n o levam em conta as desigualdades sociais e consequentemente econ micas Para Nunes e Suertegaray a emerg ncia da quest o ambiental vai definir novos rumos Geografia f sica eles n o abandonam a compreens o da din mica natural mas incorporam em suas an lises as variabilidades decorrentes da din mica social NUNES e 60 SUERTEGARAY 2001 p 16 Os estudos ambientais t m como peculiaridade a interdiscipli
528. riqu ssimas e ampliam o horizonte do pesquisador priorizando mant lo informado e buscando assegurar qualidade sobre os assuntos que interessam ao leitor no nosso caso a popula o Informa es como essas prestadas por esses peri dicos e por tantos outros que est o em circula o no Brasil e no mundo s o important ssimos pois trazem o conhecimento a informa o de forma mais gil atualiza o pesquisador o professor e permite que revis es ocorram de maneira c lere ao mesmo tempo em que contribui na divulga o das pesquisas cient ficas lament vel para n s ge grafos percebermos que as revistas de Geografia brasileira n o se interessam tanto pelos temas populacionais As revistas onde encontramos discuss es temas pol micos popula o na sua maioria das vezes n o s o da Geografia mas de outras reas Esses e outros motivos podem explicar em parte a recorr ncia das obras quando analisados os planos de ensino N o que essas obras n o sejam boas pelo contr rio prestam um papel importante nos estudos de popula o a problem tica ao nossa ver quando n o se avan a para al m delas O que esperamos que os ge grafos passem a se interessar mais pelas quest es populacionais pois como relatou o professor Guidugli nosso pa s oferece raz es substanciosas sua extens o territorial o volume da popula o e o dinamismo revelado pela mesma as transforma es econ micas etc Tudo isso se constitui em
529. ritamente dogm tica que era do Marx vulgar e outra malthusiana mas tamb m vulgar onde era poss vel ver nitidamente um processo de vulgariza o sobre a discuss o populacional entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 O capitalismo se fortalece ao fomentar e criar necessidades para sua manuten o As necessidades forjadas pelo capitalismo visa somente atender os interesses do grande capital contudo na sociedade atual o discurso oficial acaba por camuflar os reais interesses do capitalismo a maioria da popula o vive num estado de completa aliena o O que permite a realiza o dos anseios do capital ficando reservado massa o pseudo direito ao consumo e a venda de sua for a de trabalho para sobreviver Nesse sentido aos trabalhadores dos pa ses pobres reservado o acesso ao m nimo necess rio a sua sobreviv ncia pois at as suas necessidades s o manipuladas Contudo a sociedade como um todo alvo desse processo de aliena o no qual os objetos de desejo s o forjados pelo pr prio capitalismo assim como os meios para sua consolida o Esse processo de aliena o t o perverso que acaba por gerar um sentimento de impossibilidade em rela o s condi es reais de sobreviv ncia 115 A sensa o de impot ncia gerada pelo sistema leva descren a e desesperan a por n o se enxergar outra possibilidade de garantir a vida Isso pode levar ao mesmo tempo ao comodismo e ao confo
530. rjariam as armas que os destruiriam Contudo outras concep es tamb m se fizeram presente contribu ram e interferiram na forma como ge grafos e professores de Geografia passaram a produzir e entender os fen menos populacionais Esperamos que a breve contextualiza o hist rica at o momento realizada possa permitir a compreens o de como a popula o bem como a Geografia da Popula o fora abordada pela Geografia e pela Geografia brasileira ao longo de seu processo hist rico que continua em constru o O esfor o realizado pautou se na vontade de mostrar que houve diferentes abordagens da popula o na Geografia sobretudo com a cria o da disciplina Geografia da Popula o que favoreceu um aprofundamento da tem tica pela Geografia Vimos 191 portanto que durante o per odo que ficou conhecido como Geografia cl ssica os estudos de popula o eram incipientes e na maior parte condicionados forma de vida da popula o com a forte influ ncia da escola lablachiana em que o homem passou a ocupar um lugar de destaque na ci ncia geogr fica Contudo as an lises eram predominantemente interpretativas a distribui o das pessoas era um dos elementos mais importantes o que podemos considerar que durante esse per odo as abordagens te ricas metodol gicas a respeito dos estudos de popula o permaneciam na grande parte das vezes acopladas concep o positivista na Geografia Durante o per odo que se
531. rmismo ao menos no que confere a grande massa de trabalhadores E aqueles que almejam superar a condi o de oprimidos quando assim se reconhecem ambicionam chegar maioria das vezes condi o de opressores ou seja alteram se as posi es de classes sociais mais as quest es estruturais perduram Para alguns pesquisadores o crescimento da popula o tende a diminuir o ritmo de crescimento econ mico pois parte dos investimentos precisam ser desviados para manter a popula o jovem dependente N o obstante sobre essa problem tica h controv rsias j que os fen menos populacionais compreendem quest es sociais econ micas culturais entre outras Portanto necess rio compreender as rela es existentes entre as partes que comp e o todo E esse exerc cio metodol gico aparentemente simples torna se um grande desafio No caso em quest o como optamos em fazer um trabalho predominantemente te rico foi necess rio tamb m tra ar um di logo com a hist ria emp rica O fato de fazer um estudo te rico metodol gico n o se restringe a ler textos livros enfim trabalhos pelo contr rio preciso contar essa trajet ria de modo cr tico atrav s da literatura geogr fica Em alguns dos trabalhos lidos reconhecemos a presen a da popula o em estudos mais espec ficos nos quais foi poss vel conversar com uma realidade social pr tica Acreditamos que a rela o teoria e pr tica s o inerentes e necess rias pois
532. rre que 285 Considero que a an lise dele est muito associada a um determinismo hist rico na qual a mobilidade precisava ser produzida por exemplo estuda se os processos de acumula o primitiva num determinado momento em que as pessoas n o eram m veis no sentido que elas n o se dispunham vender sua for a de trabalho nas condi es que o capitalismo demandava ou requeria que essa mobilidade fosse reproduzida Processos inclusive violentos expuls es de popula o produziram um homem m vel um homem que se desloca um homem que internalizou Marx diz que ele deve sentir sua for a de dimens o positiva e negativa da mobilidade que deve vender sua for a de trabalho aonde ela for requerida porque ele n o tem outra op o a n o ser fazer isso Acredito que Gaudemar chama a aten o para isso s que a partir de certo momento essa mobilidade torna se uma coisa muito internalizada penso que ela passa a ser uma caracter stica dos trabalhadores que n o precisa ser produzida originalmente O que Gaudemar descreveu ou seja essa mobiliza o um processo que acaba acontecendo quase que naturalmente mesmo as pessoas j acham natural que elas v o se deslocar para aonde elas tiverem mais condi es mas acha que como o trabalho dela fosse requerido As pessoas se conformam com a ideia de que se ela perderem o emprego aqui elas tem que se mudar para outra cidade ou se n o se mudar a fam lia vai continuar ali Ela vai c
533. rxismo em todo o mundo Isso n o me surpreende porque a crise do marxismo de alguma maneira coincidiu com a marxiza o do mundo a ideia de que o mundo era cada vez mais parecido com o que Marx havia diagnosticado As dificuldades aparecem ao passarmos do diagn stico para uma vis o do futuro quest o que no marxismo nos traz muitos problemas Mas h outras dificuldades O materialismo hist rico converteu o capitalismo em um fator de progresso em uma fase de progresso da humanidade e isso nos trouxe problemas pelo fato de essa ter deixado de fora uma quest o fundamental a quest o 283 colonial O colonialismo n o tem sido bem tratado nessa teoria e al m disso em alguns textos de Marx vemos uma justifica o sobretudo na ndia do colonialismo como fator do capitalismo o colonialismo e muito importante recordemos isso A outra consequ ncia foi tornar invis veis esconder outras formas de opress o de discrimina o e de exclus o que para n s hoje s o muito importantes o racismo o sexismo as castas etc outra consequ ncia que o marxismo de alguma maneira compartilha o ideal da unidade do saber da universalidade do saber cient fico e de sua primazia Prop em se hoje a necessidade de uma ecologia dos saberes estamos falando de algo distinto Finalmente toda a teoria cr tica tem sido bastante monocultural e estamos cada dia mais conscientes da realidade intercultural de nosso tempo Por essa raz o
534. s segundo Chervel 1990 analisam as disciplinas a partir da hist ria dos curr culos Visto que o curr culo de vital import ncia para entendermos as verdadeiras intencionalidades presentes na forma o acad mica ou escolar Contudo a quest o curricular muitas vezes encarada como algo burocr tico e n o como algo capaz de promover a transforma o pelo menos para alguns o curr culo n o tem fun o pedag gica Entendemos que o curr culo tem a fun o de potencializar e diagnosticar os problemas tanto de ordem te rica quanto pedag gicas por isso n o toa que muitos estudiosos da educa o consideram no como o cora o do processo educativo Portanto importante que os indiv duos que congregam ou participam da elabora o dos curr culos das institui es de ensino saibam e assumam o que querem e como querem formar Sem perder a dimens o que o curr culo deveria ser algo constru do pelo coletivo professores diretores agentes educacionais entre outros tanto das universidades quanto das escolas Outra vertente importante refere se s quest es epistemol gicas que busca a g nese e os diferentes momentos hist ricos em que se constituem os saberes para ent o inserir estas problem ticas na constitui o dos curr culos BITTENCOURT 2005 p 1 149 Para Bittencourt 2005 a disciplina se materializa em uma cultura pr pria e expressa valores inten es de quem a organiza e precisa ser
535. s 1996 foi com Get lio Vargas que o Conselho Nacional de Geografia criado e posteriormente substitu do pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica Esses dois rg os tinham como principal objetivo fazer um levantamento detalhado das condi es de cada uma das regi es brasileiras Tal levantamento por sua vez foi fundamental para a defini o do papel de cada uma das regi es no processo de industrializa o do pa s Por meio desses levantamentos era poss vel saber as potencialidades e limites de cada regi o como o Brasil um pa s de dimens es gigantescas informa es como essas eram valiosas para o desenvolvimento do pa s assim como para a ado o de pol ticas desenvolvimentistas Com Vargas o discurso da unidade nacional passa a ser almejado e alvo de pol ticas de Estado E nesse contexto portanto que o processo de institucionaliza o da Geografia como ci ncia moderna no Brasil intensifica se tornando se ainda mais evidente a partir de 1934 principalmente em S o Paulo e no Rio de Janeiro Sob a influ ncia da Geografia francesa principalmente de Paul Vidal de La Blache inicia se o processo de institucionaliza o da Geografia enquanto saber cient fico A escola lablachiana foi de fundamental import ncia para o desenvolvimento da Geografia cient fica brasileira Nesse per odo foi criado o primeiro departamento de Geografia do pa s assim como o primeiro curso de forma o de professores dessa di
536. s ocorre de forma desigual n o h como n o considerar a ambiguidade do tema bem como sua complexidade Na transi o do s culo XVIII para o XIX ocorre uma grande mudan a no modo de se conceber as teorias demogr ficas e boa parte das mudan as ocorridas neste per odo estavam atreladas as ideias de Thomas Malthus 92 Em 1798 o cl rigo e economista ingl s Thomas Malthus expos seu princ pio geral da popula o afirmando que ela necessariamente aumenta com maior rapidez que a produ o de alimentos at um ponto em que ocorrem guerras doen as e fome reduzindo assim a quantidade de gente Na realidade os ltimos flagelos de escala grande o suficiente para reduzir a popula o global j haviam ocorrido bem antes de Malthus publicar seu ensaio A popula o mundial n o havia ca do segundo os historiadores desde a peste negra do s culo XIV Nos dois s culos posteriores afirma o de Malthus de que a popula o n o poderia continuar crescendo foi exatamente isso o que ocorreu KUNZIG 2011 p 57 Como vimos a opini o de Malthus era bastante pessimista pois para ele o crescimento populacional ocorreria num ritmo mais r pido do que a produ o de alimentos e essa situa o provocaria a generaliza o da fome em grande escala Uma vez que n o haveria meios suficientes para abastecer a demanda alimentar da popula o Principalmente por causa de seu teor pol tico as ideias econ mico demogr ficas de Malt
537. s veis da desregula o A partir da descoberta da tect nica das placas nos anos 60 as ci ncias da Terra sismologia vulcanologia geologia que n o se comunicavam entre si hoje s o articuladas umas s outras Essa circunst ncia tem permitido compreender o planeta como um conjunto articulado e complexo O ecologista por exemplo n o conhece todos os dados da Zoologia Bot nica F sica Geografia tem um conhecimento parcial de cada uma um pouco de tudo como dizia Pascal MORIN 2001 A rela o entre a ordem desordem e da separabilidade podem ser tiradas as tr s vertentes do pensamento complexo moriniano A palavra complexus significa em seu primeiro sentido o que tecido junto Desse modo pensar a complexidade respeitar a tessitura comum o complexo que ela forma para al m de suas partes Um pensamento complexo deve ser capaz de n o apenas religar mas de adotar uma postura em rela o incerteza As ci ncias f sicas que descobriram a incerteza encontraram estrat gias para lidar com ela utilizando estat stica por exemplo A eletr nica permite alcan ar resultados de grande precis o em termos de conhecimento desse mundo flutuante O pensamento capaz de lidar com a incerteza existe no dom nio das ci ncias mas n o nos mbitos social econ mico psicol gico e hist rico MORIN 2001 Outra quest o pertinente no pensamento de Morin 2001 que a raz o est a servi o da l gica lo
538. s ci ncias ao que mesmo tempo que buscamos tecer sucintas an lises acerca da popula o nos diferentes momentos hist ricos Analisamos o processo de institucionaliza o da Geografia acad mica seus desdobramentos te rico metodol gicos e a disciplinariza o do conhecimento geogr fico Discutimos o papel da Geografia da Popula o nas diferentes concep es do pensamento geogr fico Logo houve a preocupa o em situar nosso objeto luz dos principais fatos que ocorreram no Brasil a partir da cria o do primeiro curso superior de Geografia resgatando dessa forma as mem rias da Faculdade de Filosofia Ci ncias e Letras de S o Paulo E por conseguinte apresentamos uma argumenta o a respeito do ensino e pesquisa de Geografia da Popula o no Brasil Para tanto recorremos aos acontecimentos que marcaram a institucionaliza o da Geografia brasileira e buscamos abordar as diferentes concep es atribu das a Geografia de Popula o no transcorrer da hist ria da Geografia no pa s No terceiro cap tulo buscamos debater a disciplina Geografia da Popula o seus momentos de maior incid ncia no meio acad mico e suas inter rela es com outras ci ncias como meio ou alternativa para seu fortalecimento no seio da ci ncia geogr fica brasileira Ainda realizamos a an lise dos programas de P s Gradua o em Geografia do Brasil com o objetivo de verificarmos as abordagens te rico metodol gicas existentes bem como refletir
539. s com pretens o universal capazes de conferir realidade pouco a pouco utopia neoliberal de desregulamenta o generalizada BOURDIEU 2001 p 70 A divulga o cient fica de forma contextualizada e cr tica importante n o s no processo de populariza o do conhecimento mas tamb m para sua manuten o divulga o e fortalecimento uma vez que uma pesquisa pode resultar em muitas outras pois o processo din mico e requer um constante ir e vir para que seja cada vez mais aprimorado Ao estudar a quest o dos estudos de popula o na Geografia e com eles a situa o da Geografia da Popula o percebemos que a pesquisa e divulga o nessa rea s o incipientes nos congressos cient ficos de Geografia os grupos de trabalhos relacionados Geografia da Popula o as mesas redondas ou at mesmo palestras s o rar ssimas E aqueles pesquisadores que de certa forma est o envolvidos em pesquisas nessa rea sentem a necessidade de politizar as rela es estabelecer alian as trocar experi ncias para que ocorra um reconhecimento das potencialidades dos limites desse campo e com isso possam realizar proje es futuras e assim mant la entre o rol das reas de interesse da Geografia na contemporaneidade com objetivos e fins bem esclarecidos CONSIDERA ES FINAIS Sempre que tiveres d vidas ou quando o teu eu te pesar em excesso experimenta o seguinte recurso lembra te do rosto do homem mais pobre e mais
540. s de ensino de Geografia da Popula o completos que se teve acesso para a constru o do trabalho j que havia planos de ensino da gradua o sem o referencial bibliogr fico Sobre a quest o bibliogr fica percebemos que s o raros os planos de ensino que trabalham com peri dicos o que predomina s o as obras de autores cl ssicos da Geografia da Popula o n o que essas n o sejam importantes mas levando em conta o contexto atual algumas modifica es seriam interessantes e importantes para o ensino dessa disciplina como lembra nos o professor Guidugli 1990 p 112 Qualitativamente a bibliografia indicada comp e se dominantemente dos cl ssicos manuais de Geografia da Popula o em utiliza o h algum tempo na geografia brasileira A Geografia da Popula o de Beaujeu Garnier 1956 58 Geografia da Popula o Trewartha 1969 e Geografia da Popula o de George 1970 formam o conjunto S o raras as indica es de textos mais recentes Isto um grave problema especialmente quando se verifica que em peri dicos recentes surgiu um n mero n o desprez vel de novas contribui es e o que mais importante dimens o demogr fica vem apresentando grandes altera es te rico metodol gicas O texto de Woods 1982 intitulado de Theorical Population Geography apesar de alguns reparos que podem ser feitos apresenta um salto qualitativo em Geografia da Popula o Este texto representa para os anos 80 aqu
541. s do s culo XXI Nosso intuito nunca foi transplantar as ideias de Marx para o nosso momento hist rico mas por meio da categoria da dial tica do trabalho e da mobilidade buscar entender os desdobramentos desses processos quando pensamos a Geografia da Popula o no s culo XXI e percebemos que n o podemos continuar abordando a transvestida com as ideias e concep es do s culo passado e at retrasado A sociedade capitalista uma sociedade dividida em classes de um lado os opressores e do outro os oprimidos Devendo haver uma luta entre esses lados a luta de classes a quest o que hoje em dia as pessoas n o se reconhecem mais como classes somos todos iguais ao menos essa impress o que muitas pessoas t m apesar de uns serem milion rios e outros miser veis Segundo Marx luta de classes e conflitos s o inevit veis numa sociedade capitalista uma vez que os interesses dos capitalistas e dos trabalhadores s o antag nicos Assim a luta de classes seria o motor que levaria a transforma o social Quando a desigualdade fosse suprimida e a riqueza produzida coletivamente seria capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas atingir se ia um novo est gio denominado de comunismo Marx concebia o comunismo como um desdobramento do socialismo a ponto do Estado perder sua raz o de ser E acredita que a burguesia estava cavando sua pr pria derrocada que resultaria na vit ria da classe trabalhadora Bom as teori
542. s e an lises feitas nos conduziram a novas leituras n o somente da popula o na Geografia mas tamb m como vem dialogando com outras ci ncias Economia Sociologia Demografia Psicologia Filosofia entre outras E assim almejamos entender a din mica da Geografia da Popula o Nessa pesquisa procuramos analisar os desdobramentos dos estudos populacionais na Geografia brasileira enveredando nas matrizes te ricas que a subsidiaram visando explicitar a impossibilidade de naturalizar fen menos pol ticos econ micos e sociais Trata se de uma pesquisa te rico qualitativa que teve a inten o de realizar uma an lise dial gica e reflexiva acerca da constru o do pensamento geogr fico sobre a popula o sendo esta ativa din mica e modificada no tensionamento permanente pelo dom nio das rela es produtivas A an lise dos programas das disciplinas de Geografia da Popula o ou reas correlatas j que muitas vezes os estudos populacionais na Geografia n o aparecem sob o r tulo Geografia da Popula o nos permitiu identificar as principais abordagens 3 o a e As obras est o citadas nas refer ncias 4 5 De As obras dos autores citados encontram se listadas nas refer ncias 23 te rico metodol gicas e problematizar o tema Com isso foi poss vel verificar a incid ncia dos estudos sobre popula o no ensino e na pesquisa As entrevistas foram utilizadas para corroborar refutar e analisar os dados
543. s e ultraterrenas Essas atividades geram padr es espaciais requerem formas arquitet nicas e ambientes materiais que influenciam o padr o das atividades E o habitante da cidade parece ter uma necessidade psicol gica de possuir uma imagem da totalidade do meio ambiente para localizar o seu pr prio bairro Cada pessoa vista como tendo um lugar natural que considerado o ponto zero de seu sistema pessoal de refer ncia Cada pessoa est rodeada por camadas conc ntricas de espa o vivido da sala para o lar para a vizinhan a cidade regi o e para a na o BUTTIMER 1982 p 177 Desse modo podemos verificar que a Geografia da percep o buscou dialogar com as quest es populacionais Por m se esse di logo oportunizou an lises promissoras para a Geografia da Popula o outra hist ria Uma vez que a Geografia da percep o inspirada no positivismo e no kantismo tem alguns de seus seguidores comprometidos com o humanismo e se dedicaram em compreender o papel desempenhado pelo homem como ser independente e n o como sociedade Kant por exemplo buscou a partir de um m todo cr tico a prior stico denominado por ele de filosofia transcendental expor os limites e as condi es de possibilidade do conhecimento humano A filosofia transcendental procurava as raz es que realmente poderiam fundamentar as verdades que se tornariam ci ncia Isto as que podem ser aceitas aqui e em qualquer outra parte do universo Para ta
544. s rela es existentes entre a Geografia da Popula o os estudos de migra o os estudos do urbano e os estudos de mobilidade e mobiliza o como via de fortalecimento da tem tica na ci ncia geogr fica Por meio desse estudo pudemos verificar que o tema popula o est dilu do em v rios outros campos da Geografia na qual os ge grafos e professores de Geografia encontram maior ades o te rica e metodol gica Ainda objetivamos trazer para o debate a quest o da Geografia da Popula o e a produ o do conhecimento cient fico entendendo que esse processo envolve rela es de poder e revelam de certo modo as influ ncias pol ticas e econ micas que est o de certo modo ligadas no processo de pensar e fazer Geografia na atualidade percebendo a universidade como um campo de discuss o de ideias de constru o e fortalecimento das reas de conhecimento Salientando inclusive as rela es pol ticas e corporativistas presentes nos ambientes de produ o de conhecimento e com isso verificando a situa o da Geografia da Popula o 1 O CONTEXTO DA CI NCIA GEOGR FICA E OS DESAFIOS DE SE ESTUDAR A POPULA O J n o se pede ci ncia que compreenda o mundo ou o melhore alguma coisa Pede se lhe que justifique instantaneamente tudo o que faz T o est pida neste terreno como em todos os outros que explora com a mais ruinosa irreflex o a domina o espetacular promoveu o abate da rvore gigantesca do conhecim
545. s reproduzem o que est posto no bom e velho livro did tico encaram no com uma cartilha a ser detidamente seguida Enquanto nas universidades timos pesquisadores se tornam professores que formam professores sem nunca ter experenciado realidade de uma sala de aula E nessa convuls o de fatos que se depara a quest o principal quais os conte dos ou requisitos necess rios para ser um bom profissional da Geografia seja ele ge grafo mas sobretudo professor N o se quer com esta discuss o apresentar um modelo de profissional ideal mas fomentar a discuss o no sentido de perceber que muitas das mazelas hoje 35 Com essa frase n o se quer desconsiderar o trabalho realizado por ge grafos sobre a quest o da Popula o se quer apenas compartilhar que muitas das vezes que se buscaram meios para desenvolver a tese com exce o dos professores colaboradores que foram entrevistados e do professor orientador raras foram s pessoas ou at mesmo textos encontrados que puderam contribuir efetivamente para realizar uma interpreta o mais contundente dos dados e informa es obtidas 231 encontradas na produ o cient fica das ci ncias humanas t m rela o com a forma o desse sujeito que hoje professor e pesquisador e retomando a discuss o sobre Geografia da Popula o e sua incid ncia tanto no ensino quanto na pesquisa em Geografia percebemos que a Geografia da Popula o tornou se desintere
546. s sistem tica Kant dividiu as ci ncias em dois ramos as cognitivas e as emp ricas e a Geografia foi colocada nesse segundo grupo A Geografia de ent o era feita pelo que os sentidos a vis o principalmente passavam ao estudioso da mat ria e continuou assim O legado empirista kantiano unido heran a cartesiana vem atrav s dos s culos deixando a Geografia fora da perspectiva de movimento que caracteriza qualquer objeto estudado no campo das ci ncias em particular das Ci ncias Sociais Faz permanecer na imobilidade dos lugares paisagens espa os territ rios como se eles tivessem s uma apresenta o e o seu conte do vai ser desvendado por profissionais de outros ramos da ci ncia Quem tenta trabalhar as no es geogr ficas embutidas na conota o de movimento tido pelos conservadores como um n o ge grafo RIQUE 2004 p 45 O uso do senso comum fortemente empregado na Geografia acabou por abordar tudo em separado contribuindo inclusive para sua fragmenta o Essa divis o acabou por limitar o universo e suas abordagens A compartimenta o entre f sica e humana colaborou para que as pesquisas na Geografia ocorressem de modo independente retirando o homem da natureza Por m j h algum tempo alguns ge grafos come aram a estudar o homem relacionando com o meio f sico como o caso de Volney 1820 que preocupado com os problemas da sociedade prop e uma reflex o sobre a hist ria buscando compreend
547. s tem ticas est o vinculados s quest es do 249 lugar do comportamento das pessoas da din mica do espa o bem como de sua produ o al m das rela es econ micas Esses instrumentos muito vezes est o al m daqueles presentes nos estudos dos dem grafos do qual o ge grafo da popula o se vale tanto Assim o estudo da Geografia da Popula o pode se cobrir de import ncia redobrada dado que seus estudos envolvem mais que an lises do comportamento humano mesmo que em seu sentido mais amplo Seus estudos s o importantes tamb m em campos distintos da Geografia mas que tamb m se apropriam das quest es populacionais em seus debates Nesse sentido a Geografia da Popula o vem buscando incorporar conceitos de outras reas em seus estudos como os da Demografia Biologia Sociologia Economia Filosofia Psicologia entre outras o que demonstra n o somente a difus o de conceitos ditos populacionais mas tamb m a possibilidade de aprimoramento dos estudos populacionais sobretudo para a Geografia H uma gama grandiosa de temas assuntos que a Geografia da Popula o pode abordar Temas que variam desde quest es culturais religiosas sociais econ micas familiares at ambientais Sabemos da forte influ ncia da Demografia acerca dos procedimentos de quantifica o dos dados de popula o o que de certa forma colaborou com a Geografia na qualifica o de suas an lises e tamb m no esclarecimento de algumas tens
548. s topogr ficas dos mapas e das plantas topogr ficas levou a descoberta de reas at ent o desconhecidas J para a segunda a Geografia Humana competia abordar os aspectos referentes a o do homem sobre o meio os temas pol ticos econ micos demogr ficos e religiosos Por conseguinte obtinham se amplas no es sobre as peculiaridades dos povos que ocupavam os mais diferentes lugares Nesse sentido a Geografia colaboraria ao oferecer um panorama da realidade de cada na o Vale ressaltar que os estudiosos como Bacon Descartes e outros procuravam decompor a ci ncia em v rios ramos mas o conhecimento n o poderia ser compartimentado ele um s A separa o das ci ncias foi uma experi ncia de conjugar a imensidade do saber com a jurisdi o de acumula o de conhecimentos pelo homem No entanto importante salientar que essa experi ncia foi extremamente relevante j que o positivismo fora incorporado de modo intenso pela burguesia Intelectuais como Kant e Comte s o lembrados pelas suas classifica es cient ficas na qual as ci ncias humanas inclusive a Geografia foram acometidas por uma explica o meramente pr tica emp rica e descritiva que perdurou por muitos anos Abordar a quest o da fragmenta o da Geografia entre f sica e humana n o trata de algo f cil ao elencar esse tema como uma parte da tese acreditamos que por meio dele podemos elucidar quest es referentes problem tica apresentad
549. s vezes eram motivadas por quest es de sobreviv ncia como fugas das guerras Abordou tamb m a quest o dos recenseamentos como fundamento para os estudos de mobilidade Para ele os estudos populacionais s o desenvolvidos a partir da rela o entre a quantidade de pessoas e o tamanho o territ rio Deste modo George colaborou para a difus o dos estudos de mobilidade ao passo que incorporou em seus estudos algumas dimens es desse fen meno Sua base marxista contribuiu para sobrepujar as an lises descritivas e acr ticas fortemente presentes nos estudos populacionais na Geografia Os ge grafos por um bom tempo se ocuparam em estudar as quest es relacionadas sa da do homem do campo para a cidade o fen meno da urbaniza o as migra es as quest es de g nero por m h um vasto campo de estudos populacionais a serem perscrutados pelos ge grafos e os estudos de mobilidade se apresentam como uma possibilidade intrigante e importante para fortalecer e fomentar os debates em prol dos estudos de popula o na Geografia Se a inten o potencializar a Geografia da Popula o tornando um campo mais atrativo para os ge grafos e tamb m para os professores de Geografia acreditamos que o caminho mais interessante parece nos que lan ar uma cr tica sobre a condi o dos estudos de popula o abordados pela Geografia da Popula o na atualidade pautados em concep es neopositivistas e neomalthusianas perdendo com isso a
550. sar a partir de dimens es hist ricas a emerg ncia de se voltar an lise para a quest o da Geografia da Popula o ou dos estudos de popula o em mbito geogr fico E com isso buscar identificar as perman ncias as rupturas e as transforma es existentes nas abordagens te rico metodol gicas sobre popula o na Geografia Dessa forma os debates sobre as rela es entre ci ncia e disciplinas acad micas t m possibilitado pensar os desdobramentos do conhecimento cient fico articulando os com as concep es filos ficas dominantes E ainda verificar de que forma isso se expressa no curr culo formal de determinadas disciplinas ministradas no meio acad mico 155 Entendemos ser contributiva a ideia de que na dimens o hist rico epistemol gico a Geografia da Popula o pode ser um espa o de unidade de debate e de constante reflex o que ambiciona apresentar discuss es que contribuam para que se possa v la ou entend la como rea de conhecimento que ao se desenvolver busca tamb m redefinir seu valor te rico e epistemol gico no cerne da ci ncia geogr fica Acreditamos ser hist rico o processo por conta do esfor o em entender e explicitar a g nese e o desdobramento desde campo cient fico ou rea assim como suas tem ticas no contexto das rela es da sociedade moderna que concebe a universidade e o disciplinamento dos saberes cient ficos como algo importante para o desenvolvimento da sociedade moderna e d
551. sas e que tanto a popula o que considerada excedente como a que considerada necess ria para o capitalismo s o produtos da hist ria e se d o por meio das rela es entre os sujeitos e o processo hist rico Os estudos de popula o pautados nas suas rela es com o capitalismo uma das formas de perceber o movimento hist rico e dial tico do qual a popula o est inserida Como nos propusemos a defender ao longo dessa pesquisa os estudos de popula o s o por natureza interdisciplinar e assim sendo importante que a Geografia da Popula o encontre seu espa o E mais do que isso sua fun o n o apenas como disciplina curricular mas como articuladora entre os saberes produzidos e as realidades vividas A partir dessas elucubra es acreditamos que temos que ampliar a pesquisa e tamb m o ensino em Geografia da Popula o para isso acreditamos que uma possibilidade para acontecer estender o nosso olhar para al m da produ o brasileira Consideramos que necess rio uma maior divulga o dos trabalhos de ge grafos tanto em congressos como em revistas especializadas bem como em jornais de circula o popular importante que os grupos de estudos de pesquisa como os da urbana da agr ria dos 254 estudos regionais entre outros encontrem espa os para discutir os pontos em comum com a quest o populacional e a Geografia da Popula o E ainda consideramos pertinente que sejam oportunizados seja
552. sciplina J que para a constru o da identidade nacional postulada nos princ pios nacionalistas da pol tica de Get lio Vargas o ensino de Geografia se destacou e assumiu uma centralidade pol tica importante na forma o do cidad o brasileiro Em 1930 havia no pa s duas universidades em funcionamento a Universidade do Rio de Janeiro criada em 1920 por decis o do governo federal e a Universidade de Minas Gerais formada em 1927 como realiza o do governo desse estado Al m delas foram criadas mais tr s ap s a reforma de 1931 a Universidade do Rio Grande do Sul que obteve o seu reconhecimento em 1934 a Universidade de S o Paulo USP formada em 1934 durante o governo de Armando Salles Oliveira e a Universidade do Distrito Federal UDF organizada por An sio Teixeira em 1935 quando Pedro Ernesto era prefeito do Rio de Janeiro Tanto na USP quanto na UDF existia uma FFCL GOMES 2002 p 421 136 O ano de 1934 tem um significado importante para a Geografia brasileira pois marca a cria o da Faculdade de Ci ncias e Letras da Universidade de S o Paulo e a funda o da Associa o dos Ge grafos Brasileiros Com a cria o da Universidade de S o Paulo e com ela a Faculdade de Filosofia a Geografia passou a ter curso superior no pa s objetivando a forma o de professores para o magist rio secund rio e de pesquisadores para realizarem trabalho de campo Tanto para o magist rio quanto para a pesquisa havia uma
553. scri o da superf cie terrestre por ela mesma n o d conta de explicar uma s rie de fen menos que coabitam o espa o terrestre e portanto merecem ser analisado com um maior detalhamento medida que as transforma es iam se processando e afetavam sobremaneira as ci ncias o pensar e fazer ci ncia na modernidade afetou a Geografia que passou a receber influ ncia de diferentes concep es te rico filos ficas No entanto manteve a peculiaridade ou necessidade de dialogar com outras ci ncias como a Meteorologia a Biologia a Economia a Sociologia a Hist ria entre outras Para Andrade 1987 a Geografia ao estudar as rela es entre sociedade e natureza t m aspectos em comum com os dois grupos cient ficos se o espa o produzido e reproduzido pela 126 sociedade a Geografia tem grande aproxima o com as mais diversas ci ncias sociais Se ela analisa a interven o dessa sociedade na natureza tem naturalmente a necessidade de manter contatos de trocar conhecimentos e experi ncias s ci ncias ditas naturais Ao usar t cnicas modernas divulgadas pelas chamadas ci ncias exatas a Geografia necessitou manter contato com elas Essa diversidade de contatos e de enfoques para o autor tem colocado em perigo at a identidade da Geografia fazendo com que ora se afirme a dualidade da Geografia ora a exist ncia n o de uma mas de diversas ci ncias geogr ficas A semelhan a com outras ci ncias bem como seu amplo cam
554. scuss o com a quest o da Geografia Humana por reconhecer que os estudos de popula o na Geografia est o na maior parte assentados dentro desse ramo do conhecimento Para isso tomamos como proposta inicial a an lise sobre Geografia Humana atrav s dos textos Posi es da Geografia Humana Por que Geografia Humana do professor Pierre Deffontaines o livro Introdu o Geografia Humana de J H G Lebon 1970 al m de escritos pelo Jean Brunhes 1969 Moraes 1990 e outros Geografia Humana nome estranho e de singular aud cia Nenhuma outra ci ncia ousou atribuir se tal qualitativo nem mesmo a hist ria que n o se intitula humana embora tenha a seu lado uma hist ria dita natura DEFFONTAINES 2004 p 93 Nessa passagem do professor Pierre Deffontaines poss vel perceber certo desconforto ao Este texto est dispon vel no Boletim Paulista de Geografia Edi o Hist rica n 81 de Dezembro de 2004 Refere se tradu o realizada pela professora Dra Amarante Romariz do artigo publicado no Boletim Paulista Geogr fico n 32 de julho de 1959 MORAES Ant nio Carlos Robert Org Ratzel S o Paulo tica 1990 p 94 95 63 atribuir a Geografia o adjetivo de humana uma vez que o homem objeto de investiga o de v rias ci ncias Por que ent o a Geografia se intitula como humana Sem d vida a presen a humana na Terra medida que essa come a a alterar substancialmente o espa o n
555. se contexto ocorreu diverg ncia de opini es entre os mais variados cientistas dem grafos economistas ge grafos al m dos fil sofos historiadores etn logos e claro os pol ticos ficaram divididos quanto interpreta o do fen meno populacional E nesse sentido a respeito da demografia Susan Greenhalgh 2001 p 26 escreveu Nos ltimos anos por m a sensa o de que algo est faltando nessa abordagem rigidamente cient fica dos estudos populacionais est aumentando Esta sensa o de desconforto tem sido acompanhada por uma procura por formas de abrir o campo justamente atrav s do uso de m todos qualitativos Caldwell Hill e Hull 1988 Obermeyer 1997 da incorpora o de vari veis culturais Kertzer e Fricke 1997 Se essas tentativas para alargar o terreno de investiga o demogr fica mostram se promissoras tais esfor os at o momento t m avan ado sem uma an lise cuidadosa das for as que antes de tudo fizeram da demografia um empreendimento cient fico relativamente estreito Um olhar cr tico para o nosso passado faz se necess rio para possibilitar outro futuro que se desvencilhe dos limites desse mesmo passado Entre os economistas a din mica populacional bem como as quest es relacionadas ao crescimento da popula o e o futuro do planeta um processo que precisa ser melhor compreendido A fim de se poder traduzi lo numa s rie de dados que possibilitam optar de forma consciente entre em adeq
556. se expor novamente e reativar as leituras malthusiana Os estudos populacionais para a geografia cr tica foi traduzido em estudos sociais e pol ticos a abstra o da popula o quantitativamente definida deixou de ter import ncia ent o estabeleceria um elo entre a geografia cr tica e a absor o dos estudos populacionais em outras disciplinas da geografia e agora a metamorfose dos estudos populacionais dentro da Geografia entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 Nessa passagem a professora Am lia Damiani enf tica ao dizer que temos que tomar cuidado ao trabalhar com a quest o da popula o na Geografia para n o reacender as teorias malthusianas que por muitos anos foram amplamente aplicadas aos estudos de popula o na Geografia A naturalidade que as teorias malthusianas possuem em dirimir os problemas populacionais como se esses fossem resultados de aspectos isolados do contexto da din mica demogr fica um caminho perverso que retira da Geografia a criticidade necess ria para que os estudos de popula o se consolidem como uma rea importante tanto para o ensino quanto para a pesquisa Ao recuperarmos inclusive a abordagem da Geografia teor tica para responder entender as quest es de mbito demogr fico devemos ter cautela para n o fazermos an lises fugazes de fen menos complexos Estudar popula o n o algo f cil o campo amplo e heterog neo e nos faz trilhar caminhos diferentes c
557. se manter no emprego Ent o h uma din mica interessante pois h um controle do capital desembolsado pelos patr es j que fatalmente essas mulheres teriam que tirar licen a Ent o eu tive a oportunidade de ver essas mudan as de 202 concep o das mulheres em rela o ao trabalho e essas mudan as tamb m ocorreram na forma como elas respondiam a essas quest es E uma pesquisa no tempo lhe permite ver essas varia es na fertilidade na percep o da mulher com o mercado de trabalho a diminui o da fam lia o aumento da escolaridade feminina a entrada de eletrodom sticos em casa contudo um trabalho longo e algumas vezes se torna caro dependendo do tipo de material que deseja se produzir entrevista concedida a pesquisadora em abril de 2011 As pesquisas realizadas pela professora Rosa Ester Rossini s o muito importantes e como ela afirma nunca deixou de pesquisar popula o e defende que a metodologia de pesquisa importante sen o o elemento mais importante Nesse sentido indagamos como a popula o pode produzir e reproduzir o espa o Assim fica a pergunta a popula o produz espa o Para qu Por qu E como E para finalizar Rossini adverte que falta aos ge grafos uma base filos fica para entender como e porque as coisas evoluem por m a professora admite que um esfor o grande E ser que n o seria uma quest o que colabora para afugentar os ge grafos pesquisadores dos estudos de
558. se per odo Os problemas relacionados grande extens o territorial a rela o do homem com o meio as rela es sociais e econ micas e a crescente urbaniza o eram objetivos imediatos do Estado a serem solucionados E foi atrav s dos trabalhos de campo da coleta de dados observ veis das descri es minuciosas das mais diferentes reas do pa s que os ge grafos desenvolviam seus estudos e alavancavam a Geografia brasileira Assim no contexto da pol tica do nacionalismo do novo modelo de desenvolvimento capitalista no Brasil com suas atividades assentadas na ind stria e no com rcio interno que a Geografia alcan a seu prest gio enquanto ci ncia atingindo seu momento de maior relev ncia e influ ncia junto ao Estado e sociedade brasileira Depois da d cada de 1930 a Geografia passa a sofrer novas interven es sobretudo por conta das mudan as no cen rio pol tico e econ mico brasileiro Por m ela j estava institucionalizada e as mudan as que ocorreram na Geografia nos per odos posteriores a sua institucionaliza o demonstram a sua import ncia e relev ncia para o projeto de consolida o da na o brasileira e tamb m para a moderniza o do pa s 142 Dessa forma ao buscarmos elucidar a quest o da popula o no per odo de institucionaliza o da ci ncia geogr fica no Brasil e nos momentos subsequentes e sua articula o com o desenvolvimento da Geografia que o objetivo da pesquisa faremos
559. senvolver esse estudo que estimado em virtude do que ele significa e ao mesmo tempo o que ele consome j que a busca de respostas se que elas existem faz emergir um oceano de informa es No qual se teve a rdua tarefa de selecionar os autores que contribuiriam para a presente an lise a fim de alcan ar as respostas almejadas buscando com isso n o perder de vista a criticidade que o elemento que nos move muitas vezes em terrenos t o fr geis levou nos a alguns autores como Ratzel 1882 1891 Levasseur 1889 1891 e Brunhes 1925 e a produ o desses autores acerca da tem tica da popula o Contudo h um desafio maior que foi pensar a popula o n o s como disciplina mas antes como tema isto um tema abordado pela Geografia E para pensar a popula o como tema foi preciso acessar outras reas do conhecimento e assim buscar associar a tem tica da popula o com os assuntos de mbito geogr fico Para essa incurs o foram valiosas as contribui es de Michel Foucault Paul Singer Carlo M Cipolla Alfred Sauvy Tam s Szmrecs nyi entre outros Devido 68 abrang ncia do tema popula o esse aparece na maioria das vezes vinculado a alguma quest o particular como o trabalho a mobilidade humana a fome o medo o meio ambiente a quest o de g nero e muitas outras Isso ocorre porque n o poss vel analisar a popula o por ela mesma Quando isso ocorre o que temos um panorama de como
560. senvolvimento Educacional PDE esse programa viabiliza o retorno dos professores da educa o b sica s universidades a fim de se aperfei oarem considerado como uma forma o continuada e entendemos que esse retorno universidade tem propiciado resultados importantes Desse modo percebemos que o contato com esses professores poderiam nos oferecer uma via interessante de investiga o em especial no que se relaciona popula o ou seja o ensino da popula o nas aulas de Geografia 256 4 1 O ensino da popula o nas aulas de Geografia das escolas p blicas estaduais do Paran a vis o dos professores e os livros did ticos Em rela o aos professores de Geografia e a forma como trabalham com a Geografia da Popula o tivemos a oportunidade de ter contato com 60 sessenta professores que trabalham nas escolas p blicas estaduais que pertencem ao N cleo Regional de Educa o de Francisco Beltr o Dois Vizinhos Cascavel e Foz do Igua u perfazendo um total de 54 cinquenta e quatro munic pios Propusemos a eles dois questionamentos a Como a Geografia aborda os estudos populacionais b Como voc trabalha com os temas vinculados din mica populacional Com o intuito de saber como esses professores trabalham o tema coletamos essas informa es pois as respostas foram feitas na forma escrita esse esfor o foi no sentido de ter um panorama do sudoeste e oeste do Paran ciente que metodologicamente n o pod
561. ser professor e pesquisador algo que n o se coaduna em tempos como o nosso A Geografia enquanto ci ncia enquanto disciplina enquanto um campo formado por tantos ge grafos e professores tem tamb m esse compromisso e a fun o de pensar seus rumos seu futuro e dessa forma o processo dial tico de a o e reflex o deveria ser uma constante na produ o e manuten o cient fica de todas as reas em especial no nosso caso da Geografia da Popula o O espa o acad mico e a produ o resultante do trabalho intelectual de seus pesquisadores tamb m um espa o social de disputa que se constr i a partir das rela es sociais que v o se estabelecendo Assim importante lembrar que o professor pesquisador um trabalhador e dessa forma parece coerente que esse esteja aliado s lutas enquanto classe e suas escolhas sejam em prol de seus pares e do desenvolvimento da ci ncia em que acredita Sendo a ci ncia uma atividade essencialmente humana a defesa em prol de uma rea do saber bem como sua manuten o s o a es comuns ou melhor necess rias no meio acad mico A produ o de textos de divulga o ou a forma o e consolida o de grupos de pesquisas trabalhos de leituras s o importantes para o fortalecimento da Geografia e tamb m para os estudos sobre popula o na Geografia e da Geografia da Popula o O embate entre pesquisadores professores precisam ser estreitados e melhorados essencial compree
562. serta es da CAPES se deu por meio do uso de palavras chave que se remetia aos estudos populacionais como popula o natalidade fertilidade crescimento vegetativo fecundidade teorias demogr ficas mortalidade Geografia da Popula o estudos populacionais entre outros para que pud ssemos chegar o mais perto da realidade contudo sabemos da limita o dessa busca e ainda ratificamos que n o empregamos o termo migra o por considerarmos que a an lise de pesquisas nessa rea merece maior aprofundamento e n o esse nosso objetivo no momento 226 Tabela Quantidade de disserta es e teses defendidas sobre popula o nos rogramas de p s gradua o em Geografia de 1987 a 2010 N MERO DE TESES TOTAL DE TESES EM ANO DE GEOGRAFIA DA GEOGRAFIA NO E NE POPULA O BRASIL 1987 1 14 7 14 1988 0 8 0 1989 0 10 0 1990 1 11 9 10 1991 1 16 6 25 1992 2 19 10 50 1993 0 22 0 1994 1 33 3 1995 0 34 0 1996 1 64 1 50 1997 0 89 0 1998 0 75 0 1999 1 117 0 80 2000 1 168 0 60 2001 1 175 0 60 2002 1 182 0 50 2003 0 205 0 2004 1 215 0 50 2005 1 239 0 40 2006 0 253 0 2007 2 320 0 60 2008 0 324 0 2009 1 373 0 20 2010 0 369 0 Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES Org MORMUL Najla Mehanna 2012 A seguir buscamos por meio de representa o gr fica 4 demonstrar
563. smo arbitr rio que transporta consigo s o hoje reconhecidos mas as medidas propostas para os corrigir acabam em geral por os reproduzir sob outra forma Criam se novas disciplinas para resolver os problemas produzidos pelas antigas e por essa via reproduz se o mesmo modelo de cientificidade Apenas para dar um exemplo o m dico generalista cuja ressurrei o visou compensar a hiperespecializa o m dica corre o risco de ser convertido num especialista ao lado dos demais Este efeito perverso revela que n o h solu o para este problema no seio do paradigma dominante e precisamente porque este ltimo que constitui o verdadeiro problema de que decorrem todos os outros 145 Para Souza Santos 2010 o paradigma dominante constitui se envolto numa tessitura complexa de temas Nesse sentido com o exerc cio de totalidade e localidade do conhecimento consideramos pertinente realizar uma discuss o acerca do tema popula o que sofreu um importante processo de disciplinamento ao compor a Geografia da Popula o Recuperar a hist ria das disciplinas escolares uma vez que antes de ser uma ci ncia acad mica a Geografia j estava sendo praticada nas escolas e o disciplinamento do conte do geogr fico um aspecto relevante de ser analisado no entanto a inten o fazer uma breve discuss o sobre esse assunto j que o objetivo da pesquisa concentra se em analisar o disciplinamento da Geografia acad mica especialmente o caso
564. sociedade Interessada em mudan as a burguesia que inicialmente defende a igualdade e a liberdade como essenciais ao homem ao se consolidar no poder desloca os seus interesses de transforma o para a perpetua o da sociedade neste contexto que a expans o do sistema de ensino passa a servir para assegurar a hegemonia burguesa reproduzindo as rela es de classe existentes e garantindo ao mesmo tempo a expans o do capitalismo BOURDIEU amp PASSERON 1975 p 185 Por meio dos conhecimentos geogr ficos o indiv duo poderia tornar se consciente da exist ncia do Estado de sua dimens o de suas fronteiras ou seja que pertencia a um territ rio e era o respons vel pela sua organiza o e administra o Era um conhecimento de car ter eminentemente nacionalista patri tico por m acr tico Desse modo podemos novamente ratificar a presen a do elemento populacional no desdobramento da Geografia no entanto n o era algo tratado abertamente j que as quest es afetas a popula o eram explicadas na maioria das vezes por meio de teorias demogr ficas e quanto mais alienadas as pessoas estivessem acerca das formas de controle e subvers o impostas popula o pelos Estados melhor seria j que o se propalava era o esp rito nacionalista Para Ianni 1979 o nacionalismo estava presente em todos os movimentos art sticos isto a constru o dessa nova nacionalidade era debatida nos movimentos que redirecionavam a arte
565. spacialmente situadas A rota o da Terra em torno do sol por exemplo que hoje parece certa n o era vista com tanta tranquilidade h alguns s culos Sabemos que o Universo est submetido a flutua es e perturba es as quais chamamos de movimentos ca ticos A ci ncia de fato um dom nio de m ltiplas certezas e n o o de uma certeza absoluta Nesse sentido a obra de Popper se tornou indispens vel para a compreens o de que uma teoria cient fica n o existe como tal a n o ser que na medida em que aceita ser fal vel submete se ao jogo da falsificabilidade Alguns fil sofos da ci ncia entre os quais Karl Popper afirmaram que a reelabora o cient fica decorre do fato de ter havido uma mudan a no conceito filos fico cient fico da verdade Esta como j vimos foi considerada durante muitos s culos como a correspond ncia exata entre uma ideia ou um conceito e a realidade Popper afirma que as mudan as cient ficas s o uma consequ ncia da concep o da verdade como coer ncia te rica E prop e que uma teoria cient fica seja avaliada pela possibilidade de falsa ou falsificada Uma teoria cient fica boa diz Popper quanto mais estiver aberta a fatos novos que possam tornar falsos os princ pios e os conceitos em que se baseava Assim o valor de uma teoria n o se mede por sua verdade mas pela possibilidade de ser falsa CHAU 2002 p 259 Descartes defendia que para resolver um problema era necess rio
566. ss vel Contudo a utiliza o pelo homem dos recursos naturais uma das grandes motiva es aberta ou implicitamente que inspira boa parte dessa Geografia n o humana O outro dom nio a Geografia Humana trata das obras do homem e de uma grande variedade de institui es atividades e ideias humanas Contudo o pr prio homem o elemento fundamental em quase todas as equa es geogr ficas seja como o agente dos fatos ou o utilizador das coisas tem sido negligenciado de modo consider vel pelos ge grafos Eles tratam fundamentalmente de coisas objetos de dimens es consider veis e secundariamente de certas rela es e ideias que por defini o deveriam excluir a popula o que geralmente encontram express o sens vel na paisagem Em considera es metodol gicas recentes Trewartha e Hooson argumentaram de forma convincente contra a quest o da visibilidade sustentando que a Geografia da Popula o constitui uma terceira divis o fundamental do campo colocando se ao lado da Geografia F sica e da Geografia Humana em fun o de sua import ncia ZELINSKY 1969 p 11 12 importante argumentar que as diferen as espaciais contribu ram com a generaliza o dos fen menos sociais e cumpriu um decisivo papel na mitiga o da real complexidade dos problemas socioecon micos e demogr ficos j que a ci ncia geogr fica muitas vezes filiada ao positivismo acabava por anular a rica e complexa teia
567. ssa inquieta o Por isso utilizamos o m todo de investiga o hist rico cr tica porque entendemos que seja capaz de suscitar os acontecimentos relevantes do per odo A fim de compreender as diferentes abordagens da popula o na Geografia e na Geografia da Popula o e os principais imbr glios que marcaram a hist ria da Geografia em nosso pa s Vale salientar que a import ncia do m todo reside na possibilidade em entender algumas formas do pensamento humano Todavia sabemos que essas manifesta es de pensamento nem sempre aparecem de forma clara Na maioria das vezes sofrem distor es ou s o camufladas ou subvertidas por quem as pronuncia Diante disso temos que ter cautela ao interpretar as matrizes de pensamento bem como suas manifesta es em outros campos E um dos meios para evitarmos essas armadilhas repousa na escolha do m todo pois por meio dele podemos melhor compreender e identificar as formas dominantes de pensamento Acreditamos que a op o quanto ao m todo utilizado est imbricada diretamente com o posicionamento do pesquisador frente ao objeto investigado Desse modo nesta tese buscamos trabalhar com as fontes de modo contextualizado apreendendo a realidade e destacando os fatos como constru es hist ricas produzidas pela a o humana De posse das informa es necess rias fez se um banco de dados ou seja criou se uma metodologia de trabalho na qual os materiais usados livros artigos cap
568. ssante nas universidades mas tamb m nas escolas e sem sombra de d vida que esse desinteresse proposital ou n o consciente ou n o ter seus reflexos na ci ncia geogr fica como um todo e a nosso ver j est tendo Recuperando a discuss o sobre a incipiente difus o das pesquisas em popula o na Geografia em n vel de doutorado fez se o mesmo exerc cio tomando como base as disserta es de mestrado dispon veis no banco de disserta es da CAPES e novamente o resultado da produ o foi irris rio Tendo em vista as quest es j debatidas ainda levantamos a provoca o que talvez muitos desses pesquisadores estudaram em institui es de ensino superior que provavelmente n o atribu am Geografia da Popula o a problem tica necess ria ao ponto de se tornar objeto de estudo de pesquisas posteriores Muitas institui es n o possuem grupos de pesquisas e trabalhos de Geografia voltada aos estudos populacionais com rar ssimas exce es Deixando esse tema a cargo da Demografia da Sociologia da Antropologia da Economia e outros Neste sentido o professor Guidugli contribuiu ao dizer a pequena signific ncia do tema Geografia da Popula o em car ter aplicado solu o de problemas Neste item as quest es sobre dimens o populacional no planejamento territorial os assentamentos humanos a adequa o entre popula o e recursos os modelos de densidade demogr fica etc deveriam ser consideradas quer d
569. sso se torna mais facilmente observ vel pois por meio dela que estabelecem as rela es opressor oprimido mandante mandat rio persuasivo persuadido e tantas quantas forem s rela es que exprimam comando e comandados A viol ncia dos opressores que faz tamb m desumanizados n o instaura uma outra voca o a do ser menos Como distor o do ser mais o ser menos leva os oprimidos cedo ou tarde a lutar contra quem os fez menos E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos ao buscar recuperar sua humanidade que uma forma de cri la n o se sentem idealisticamente opressores nem se tornam de fato opressores dos opressores mas restauradores da humanidade em ambos E a est a grande tarefa humanista e hist rica dos oprimidos libertar se a si e aos opressores Estes que oprimem exploram e violentam em raz o de seu poder n o podem ter neste poder a for a de liberta o dos oprimidos nem de si mesmos S o poder que nas a da debilidade dos oprimidos ser suficientemente forte para libertar a ambos Por isto que o poder dos opressores quando se pretende amenizar ante a debilidade dos oprimidos n o apenas quase sempre se expressa em falsa generosidade como jamais a ultrapassa Os opressores falsamente generosos t m necessidade para que a sua generosidade continue tendo oportunidade de realizar se da perman ncia da injusti a A ordem social injusta a fonte geradora permanent
570. sta a parte emp rica a analogia com diversos lugares como foi feito em diversos momentos na hist ria da Geografia brasileira N o d pra entender uma das categorias caras da Geografia sem pensar a popula o n o se entende Geografia sem a popula o sem o homem Mas tamb m n o d para dizer Ah eu fa o o estudo da fertilidade ent o eu vou entender o mundo melhor um conjunto de produ o de conhecimento O que vai se percebendo que houve uma preocupa o muito grande em determinado per odo sobre a popula o especialmente a Geografia da Popula o em rela o distribui o dessa popula o no globo terrestre onde est o estas pessoas 31 Poa P Era eo No pr ximo cap tulo entrevistas de professores entre eles o professor Dr Hein Dieter Heidemann 153 mas n o com uma an lise cr tica mas sim muito quantitativa e deve se alertar sobre isso entrevista concedida pesquisadora em abril de 2011 A provoca o feita pelo professor Dieter nos permite reavaliar e relativizar sempre nosso objetivo al m de nos fazer analisar criticamente as nossas escolhas tanto te ricas quanto metodol gicas Suas palavras bem como seus ensinamentos nos fizeram perceber que percorremos terrenos fr geis e n o pelo fato de serem fr geis que s o ruins mas que nos possibilitam renovar amadurecer e criticar nossas pseudoverdades E os estudos de popula o na Geografia fazem isso ao passo que mo
571. statal Dessa forma Foucault apresenta elementos suficientes para criar um campo de experi ncia inquietante no que diz respeito ao tipo de rela o que o homem moderno estabelece com a liberdade Com esse curso Michel Foucault oferece uma aula esclarecedora sobre os procedimentos investigativos anal ticos e cr ticos que possibilitam o estudo geneal gico Vimos no desenvolvimento do pensamento foucaultiano a apresenta o de perguntas que propiciam a an lise dos efeitos de poder inseridos nas formas de aparecer do ser humano e de como esse ir experienciar as coisas do mundo sem se valer de proposi es te rico ideol gicas universais ou reducionistas Nesse sentido o que Foucault entende por popula o algo que est ligado ao essencialmente humano hist rico e socialmente constru do distanciado do conceito biol gico de popula o inserido pela Geografia ao longo da sua hist ria O que possibilita um salto qualitativo nos estudos populacionais O autor afirma ent o que a defini o de popula o e seu sentido utilit rio foram se transformando de acordo com o tensionamento 112 das rela es sociais podendo ser popula o para ser pastorada para ser convencida sobre determinadas formas de exerc cio do poder como por exemplo o emprego da liberdade como ideologia e t cnica de governo Para Foucault biopoder o conjunto dos mecanismos pelos quais aquilo que na esp cie humana constitui suas caracter sticas bi
572. stentes n o h como n o considerar que 141 ocorreram avan os na ci ncia geogr fica brasileira especialmente no que tange a quest o metodol gica e procedimental Buscava se um m todo que descrevesse a realidade estudada de forma objetiva empiricamente comprovada racionalmente apropriada de maneira a inviabilizar d vidas e explicar as contradi es Para tal a indu o an lise e s ntese eram elementos fundamentais j que ao se estudar a realidade como um todo comumente dividia se esse todo em partes descrevendo suas caracter sticas principais ap s criteriosa observa o e juntavam se essas v rias partes para se ter a no o do todo Foi por meio da incorpora o do m todo positivista funcionalista que a Geografia moderna brasileira delineou seus rumos encarado como solu o tanto dos problemas da ci ncia geogr fica quanto da sociedade brasileira At a d cada de 1930 predominou uma concep o positivista funcionalista na Geografia influenciada pela escola geogr fica francesa e encontrou no cerne filos fico brasileiro concep es semelhantes o empirismo e o pragmatismo que iam ao encontro dos anseios dos homens da ci ncia dos pol ticos e dos governantes importante sinalizar que as d cadas posteriores a de 30 ser o abordadas nos pr ximos cap tulos especialmente porque o objetivo desse cap tulo discutir o processo de institucionaliza o da Geografia no Brasil por isso a nfase dada a es
573. stra muitos caminhos muitas trajet rias muitas interpreta es e inquieta es nesse processo contradit rio e dial tico que buscamos exercer a pr xis Durante o processo de consolida o de uma disciplina acad mica seja a Geografia da Popula o ou n o existe um processo de aproxima o das inst ncias acad micas universit rias buscando com isso encontrar um elo de equil brio e de legitima o do trabalho acad mico sobretudo docente Por m o debate em torno da cria o de disciplinas complicado j que envolve em sua formula o ou consolida o a necessidade de entender certos processos sociais inclusive o contexto hist rico isto os elementos expl citos e impl citos que viabilizam a solidifica o de diferentes campos de investiga o e conhecimento de uma mesma rea de refer ncia A procura por definir os campos de fronteiras entre ci ncia e disciplina acad mica tem possibilitado uma discuss o progressiva sobre como se constr i os campos disciplinares bem como sua rea de atua o mostrando que isso n o diz respeito apenas s quest es da rea curricular Novos conhecimentos produzidos nas diferentes reas t m contribu do para repens las inclusive as mais espec ficas Os estudos de investiga es hist ricas das ci ncias de refer ncia como a Geografia e seus distintos saberes e o caso da Geografia da Popula o suas pr ticas seus agentes e seus conte dos anunciam o caminho
574. strelas o movimento da Lua em redor da Terra entre outros A necessidade de entendimento da constitui o e forma o do universo e do planeta Terra motivou a cria o de inventos e realiza o de experimentos que colaboraram de forma efetiva na produ o de determinados conceitos e novos conhecimentos Ao passo que os conhecimentos de car ter geogr fico se ampliavam e a curiosidade em entender a din mica natural da Terra tamb m se estendia Nasceram diversos estudos a respeito da din mica dos rios da distribui o das chuvas das esta es do ano entre outros Inclusive os gregos foram os respons veis pela divulga o do sistema planet rio geoc ntrico com a obra Almagesto datada do s culo II d C Geografia ci ncia da Terra Etimologicamente descri o da Terra Sob esta express o t o remota e aparentemente t o simples apresenta se um ramo do conhecimento cientifico marcado por enormes pol micas Sua origem remonta Antiguidade Cl ssica A geografia nasce entre os gregos que s o os primeiros a registrar de forma sistem tica os conhecimentos ligados a esse ramo do saber S o eles ali s que come am a rotular as informa es relativas superf cie da Terra de Geografia Estrab o parece ter sido o primeiro utilizar o termo Para alguns autores Erast stenes 275 195 a C diretor da biblioteca de Alexandria foi o primeiro autor da obra intitulada Geografia muito embora a obra de Estrab o 200 anos mais tarde
575. struturas que devem ser constantemente transformadas A partir desse entendimento acreditamos que possamos transformar um tema ou disciplina que aparentemente nos parece esquecido enfraquecido na Geografia brasileira em algo que n o tema sua expressividade e sua participa o efetiva na constru o do conhecimento A nossa convic o que quanto mais cedo come ar o enfretamento de seus equ vocos de suas dificuldades mas cedo poder ocorrer sua transforma o 322 preciso deixar claro que defendemos a pr xis como a teoria do fazer n o estamos propondo mais dicotomias que resulte na separa o entre a etapa da reflex o e a da a o a nosso ver reflex o e a o se d o concomitantemente Ser amos idealistas se separando a a o da reflex o entend ssemos que a reflex o sobre a Geografia da Popula o por si s levasse a sua transforma o ou reformula o e isso sozinho significasse mudan as substanciais contudo a reflex o j um indicativo de mudan a e qui possamos gerar uma maior apropria o dos ge grafos por essa tem tica e com isso possamos conduzir a uma transforma o do atual cen rio na qual se encontra a Geografia da Popula o Desde o in cio desse trabalho n o nos propusemos a nos posicionar como advogados da Geografia da Popula o por reconhecer que tudo tem limites inclusive n s E assim sendo nossa inten o foi atrav s do modo como compreendemos o processo de constru
576. ta das interven es metodicamente rigorosas Defendemos que a supera o ocorre quando a curiosidade ing nua sem deixar de ser curiosidade se criticiza Dizemos isso porque constamos que os estudos de Geografia da Popula o descansam predominantemente sobre o saber associado ao senso comum e por isso entendemos que ao fazermos a cr tica aos fen menos da popula o aproximamos de forma cada vez mais metodicamente do objeto cognosc vel assim a disponibilidade em investir algo em investir tempo e motiva o o caminho para a transforma o deste conhecimento comum em consci ncia filos fica ou seja consci ncia esta que promove maior integra o entre os sujeitos e o mundo assim como os estudos de popula o com sua base hist rica e socialmente constru da e reconstru da A import ncia dos estudos populacionais para Geografia reside na necessidade em n o s conhecer o mundo mas as transforma es ocasionadas pela rela o homem e natureza Entender esse fen meno sempre foi um dos maiores desafios da ci ncia geogr fica Desse modo a Geografia da Popula o se inserida no movimento da dial tica ela soma agrega e n o enfraquece o desenvolvimento da Geografia Entendemos a 252 popula o n o como um elemento est tico mas como uma for a m vel desafiadora e repleta de aspectos a serem investigados analisadas mais acuradamente Falar de nossas capacidades de transformar o mundo por meio do trabalh
577. tamente na propor o em que seus dois grandes controles mis ria e vicio s o removidos e que n o existe um crit rio mais verdadeiro da felicidade e inoc ncia de um povo que a rapidez do seu aumento A novicidade das cidades s quais algumas pessoas s o necessariamente atra das pela natureza das suas atividades deve encarar se como um tipo de mis ria e mesmo o m nimo controle do casamento de uma perspectiva da dificuldade de manter uma fam lia deve classificar se na mesma 93 categoria Em suma dif cil conceber qualquer controle da popula o que n o se inclua na descri o de alguma esp cie de mis ria o v cio MALTHUS 1789 p54 Thomas Malthus viveu na Inglaterra do s culo XVIII e XIX per odo de movimentos sociais importantes como o ludismo que tamb m ficou conhecido como movimento dos destruidores de m quinas Era o in cio da luta de classe trabalhadora para enfrentar o pauperismo Para Malthus a mis ria e o v cio eram obst culos positivos ao crescimento da popula o por reequilibrarem duas for as t o desigual Assustado e preocupado diante das perspectivas de crescente proletariza o da sociedade inglesa de seu tempo Malthus acabou assumindo uma vis o pessimista e conservadora para n o dizer reacion ria do mundo vis o da qual resultaria uma obra essencialmente pol mica Essa caracter stica se manifesta principalmente na primeira edi o do Ensaio mas n o est ausente das vers es
578. tante salientar que este contato ocorreu atrav s dos cursos de forma o continuada na qual os professores da Rede Estadual de Educa o B sica v o at a universidade no nosso caso a UNIOESTE campus de Francisco Beltr o cursar o PDE Programa de Desenvolvimento Educacional sendo que o primeiro contato deu se em 2011 quando ministrei um curso de 8 horas e outro em 2012 tamb m com 8 horas 257 apresenta nos livros As inter rela es ficam no plano secund rio cabendo ao professor essa tarefa A proposta da Secretaria de Estado da Educa o do Paran que s o as Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia em que se trabalha o conte do na abordagem das dimens es pol ticas econ micas e f sicas No entanto isto ainda est longe de se realizar resposta dada por professora que leciona no Col gio Estadual Jos de Alencar do munic pio de Braganey que pertence ao N cleo Regional de Educa o de Cascavel PR Percebemos tamb m que houve certa confus o entre os professores sobre a diferen a de como a Geografia enquanto ci ncia aborda o tema e como eles enquanto professores e professoras fazem a transposi o did tica O que notamos foi um predom nio de respostas tendo como par metro a viv ncia na escola o contato com o livro did tico e pouqu ssimo entendimento em rela o forma como a Geografia trata e analisa os dados e informa es populacionais Contudo o relato da professora a seguir demo
579. tar os efetivos da for a de trabalho um desequil brio cada vez maior entre oferta e procura de empregos reduzindo os sal rios e marginalizando amplas camadas de popula o do mercado de trabalho DAMIANI 2008 p 23 Apesar das v rias cr ticas existentes sobre a teoria malthusiana o que se pode perceber que suas ideias continuam vivas sobretudo quando se considera o crescimento da popula o como fator determinante do desenvolvimento social e para a preserva o do planeta A melhoria qualitativa da esp cie humana n o necessariamente alternativa ao crescimento quantitativo Uma popula o maior pode representar maiores possibilidades de divis o do trabalho e econ micas de escala Essas possibilidades podem contribuir para o crescimento da renda per capita para a conquista de melhores n veis de vida e de melhor educa o Mas al m de certos limites a quantidade e a qualidade podem tornar se competitivas No final do s culo XVIII durante uma viagem 98 atrav s da China como secretario particular do Conde de Macartney embaixador do Rei da Inglaterra John Barrowtes testemunhou uma cena estranha entre as pessoas que se amontoavam s margens do grande canal que leva a Cant o muitas as puseram sobre a alta popa de um velho barco que infelizmente rompendo se com o peso atirou ao canal todo um grupo delas Apesar de v rios botes navegarem pelo lugar n o se observou nenhum sair em auxilio dos que lutavam com
580. tate of Paran education especially teachers working in the west and southwest to evaluate the teaching population in Geography lessons Based on the assumption Curriculum Guidelines for State Geography DCE PR and public Geography textbooks of Elementary Education II 6th to 9th grade and High School Ist to 3rd year adopted in the last three years Through these methodological choices got more familiar with the topic as the way to approach the data allowed translate some information through charts and tables in order to not only be classified but mainly examined Adopted as a method of historical materialism dialectic because we believe that it provides research and analysis of phenomena in their entirety While it shows that the process is dialectical therefore is constantly changing Therefore this thesis provided an opportunity we understood better the population as an issue of geography and also the emergence of Population Geography Thus we see the various theoretical and methodological approaches and the historical moments in which this field of knowledge has been transformed in Brazilian Geography As well as understand the reasons that led to Population Geography lose space in geographical science what is linked to the process of development of Geography and geographers and training teachers who act as disseminators and formulators of geographical knowledge In this sense we believe that this approach allows us to think geographi
581. te e a reflex o em torno da popula o n o apresentar algo pronto e acabado buscar a uni o entre teoria e pr tica A partir do momento que os sujeitos perceberem que os fen menos geogr ficos trabalhados por meio da Geografia podem ser importantes para melhorar e entender suas vidas eles ser o vistos com maior apre o por todos aqueles que se reconhecem como sujeitos e n o objeto no processo de constru o e produ o da hist ria humana Como vimos para Marx a lei da popula o defendida por Malthus era abstrata e s podia servir para plantas e os animais que vivem margem da interven o hist rica do homem Para ele o que importava n o era o tamanho da popula o mas a reparti o das riquezas Pensamos que um dos maiores desafio do s culo XXI tirar da pobreza o m ximo de pessoas e com isso tamb m reduzir os danos causados natureza Por um bom tempo alguns estudiosos lan avam teorias avassaladoras sobre a extin o da humanidade e ainda surge sempre uma aqui ou acol Em contrapartida h os otimistas que acreditavam na capacidade humana de contornar os impactos causados ao meio ambiente e com isso promover uma maior integra o entre homem e meio Entretanto n o podemos deixar de considerar nessa am lgama de rela es as rela es capitalistas de produ o Apesar das multifacetas do capitalismo o artif cio da acumula o de riqueza e o lucro ainda prevalecem como sendo um dos elementos constituti
582. te objeto primeiro de investiga o Para o professor Odeibler S Guidugli de todas as disciplinas nas quais o tema popula o relevante a Geografia tem mais a fazer ela precisa buscar uma dire o para produzir novas reflex es e teorias para a gera o de pr ticas que permitam prescrever alternativas para a ampla gama de problemas populacionais observ veis GUIDUGLI 1990 Diante do exposto e cientes de que a import ncia dos estudos de popula o para a Geografia algo que pode gerar diferentes opini es e tamb m contradi es apostamos na ideia de que os estudos populacionais s o importantes e mesmo com a escassez na pesquisa e no ensino em Geografia da Popula o n o podemos deixar de apontar que existem muitos trabalhos interessantes produzidos por ge grafos que relacionam a popula o com v rias quest es como a produ o de espa o geogr fico o trabalho a 255 quest o urbana entre outras Trabalhos importantes que refor am a tese de que n s enquanto ge grafos aos poucos nos afastamos da leitura demogr fica da popula o ou n o conseguimos nos apropriar bem dela para convert la em algo geograficamente espacializado Por m a quest o da popula o e seus fen menos est o postos ao longo da hist ria humana e tamb m nos dias atuais estud la sobre o vi s da quest o ambiental do envelhecimento populacional da mobilidade da fecundidade da mortalidade da desigualdade s o op es escol
583. tensidade dos deslocamentos tem proporcionado um amplo campo de estudos na Geografia O estudo do habitat isto das condi es de estabelecimento dos grupos humanos na superf cie terrestre e de sua estabilidade constitui um dos cap tulos principais da geografia humana Constitui mesmo o cap tulo central para todos aqueles que se empenham em descrever antes qualquer outra coisa a paisagem humana Mesmo sem ir muito longe deve se admitir a perman ncia do habitat com a express o completa do arraigamento dos homens A perman ncia corresponde a uma esp cie de cristaliza o do complexo geogr fico e isto verdadeiro tanto para o habitat rural como para o habitat urbano quando um grupo est perfeitamente arraigado ao solo quando n o apenas os recursos do meio est o em equil brio atual com suas necessidades mas seus recursos potenciais equiparam se ao crescimento demogr fico se nenhum evento exterior interv m n o h raz o alguma para que seus membros abandonem o conv vio grupal quando o equil brio entre os recursos de uma comunidade e suas necessidades rompido ou mesmo quando amea a romper se essa comunidade pode ser abandonada por uma parcela algumas vezes pela maioria de seus membros que parte para 295 agregar se a outro habitat ou fundar um novo O habitat original algumas vezes totalmente abandonado As migra es tem car ter definitivo A mobilidade que se manifestou sob press o das
584. tes para legitimar a produ o do conhecimento N o obstante vale ponderar o posicionamento de Lajolo 1996 quando afirma que n o h livro que seja prova de professor ou seja o pior livro pode ficar bom nas m os de um bom professor e o melhor livro desanda nas m os de um mau professor Portanto o livro apenas um livro instrumento auxiliar na aprendizagem e os conte dos expressos neles podem ou n o contribuir para a forma o e constru o do conhecimento No entanto o cuidado com os conte dos e a forma como s o apresentados s o importantes porque nos revelam o conceito de homem e sociedade que almejamos formar e assim n o deve ser negligenciado Essa experi ncia com os professores que atuam nas escolas p blicas do Paran nos possibilitou averiguar que o tema da popula o tende a se fortalecer na escola por m esse fortalecimento est de certo modo condicionado forma o do professor seja esta inicial ou continuada uma vez que o professor deve estar sempre em constante aprendizado e mais do que acumular conhecimento o professor precisa avaliar e reavaliar suas pr ticas rever suas metodologias em prol de um ensino e uma aprendizagem realmente de qualidade E o Estado do Paran vem de algum modo buscando proporcionar aos 264 professores esse constante repensar contudo h sempre interesse por tr s das pol ticas educacionais mas sem d vida o professor o agente de transforma o social e cient
585. tica escola de estratifica o social de cunho funcionalista constroem um referencial te rico para tratar esta quest o ROCHA 1998 p 14 Como a interpreta o e an lises dos fen menos de mobilidade est o alicer adas numa concep o materialista hist rico dial tica isso permite uma discuss o prof cua e din mica do objeto investigado possibilitando uma an lise interdisciplinar envolvendo inclusive o di logo com outras ci ncias as quais a Geografia pode se apropriar de aprofundar aspectos importantes acerca dessa discuss o Desta forma o uso dessa 288 categoria referenda o esfor o em buscar apresentar uma leitura contextualizada e abrangente dela com a Geografia da Popula o Trewartha aponta para a necessidade dentro do escopo da Geografia de que o termo migra o abranja a mobilidade populacional em todas as suas formas De qualquer maneira para ele considerado migrante sob uma perspectiva geogr fica o grupo que devido a circunst ncias diversas sai das fronteiras de sua terra de origem em dire o a outros territ rios A popula o mundial por raz es ecol gicas econ micas religiosas e ou pol ticas tem a mobilidade como uma de suas principais caracter sticas Ainda que a maioria dos indiv duos apresente uma prefer ncia por se manter em uma mesma localidade uma parcela consider vel da popula o mundial tende a trocar o local de resid ncia ou a se submeter a viagens peri dicas ou n
586. tim Paulista de Geografia 1976 52 Nenhuma Publica o Sele o de textos AGB 1977 2 Nenhuma Publica o Sele o de textos AGB 1977 Set 3 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1977 53 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1977 54 Nenhuma Publica o Sele o de textos AGB Geopol tica 1984 9 Nenhuma Publica o Sele o de textos AGB Urbano 1985 12 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1986 64 As Condi es de exist ncia de Santos R C B parcelas da popula o trabalhadora Osasco SP Sele o de textos AGB Teoria e M todo 1986 14 Nenhuma Publica o Sele o de textos AGB Terci rio Econ mico 1986 16 Nenhuma Publica o Sele o de textos AGB 1986 15 Previs o Regional de popula o e B M Ekkel processos tnicos Boletim Paulista de Geografia 1986 15 A Regi o demogr fica como I N Kornev objetivo para o planejamento e administra o Boletim Paulista de Geografia 1987 65 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1989 67 Materiais para o estudo da Milton Santos urbaniza o brasileira no per odo t cnico cient fico Sele o de textos AGB Geomorfologia 1991 19 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1991 69 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1992 71 Nenhuma Publica o Sele o de textos AGB Teoria e M todo 1992 20 Nenhuma Publica o Boletim Paulista de Geografia 1995 74 Nenhuma
587. tivas A educa o p blica praticamente seguia os rumos ditados tanto pelo Banco Mundial quanto pelo Fundo Monet rio Internacional no qual os ndices estat sticos explodiram como mecanismos forjados de avalia o da escolaridade A velha l gica dominava ou n o t o velha assim o rico cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre apesar das falsas expectativas criadas Essa explana o foi realizada t o somente com o intuito de demonstrar mesmo que de forma breve e parcial que as mudan as ocorridas no pa s no limiar da d cada de 1990 como as dos dias de hoje atendem a um projeto pol tico econ mico estabelecido para o pa s o qual todos n s estamos mesmo que indiretamente envolvidos E a compreens o desse aspecto importante por possibilitar o entendimento quanto aos valores destinados n o s a educa o como em outras reas O que demonstra as perspectivas e interesses do governo quanto ao desenvolvimento do pa s com a maior oferta de curso de p s 200 gradua o mestrado e doutorado h tamb m uma maior demanda no mercado de trabalho por pessoas capacitadas a desenvolverem fun es espec ficas Nesse contexto os cursos de p s gradua o expandiram se e por meio deles entendemos a situa o da pesquisa e ensino sobre Geografia da Popula o A seguir h um gr fico que representa em percentagem os Programas de P s Gradua o em Geografia no Brasil e os que trabalham com quest es ligadas
588. tivemos acesso e pudemos perceber que h estudos sobre a rela o do desenvolvimento econ mico a quest o da sa de reprodutiva a quest o do g nero a quest o do envelhecimento e tamb m da migra o Essas confer ncias s o mais centradas nas quest es ligadas a g nero e direitos reprodutivos do que necessariamente migra o tema que no momento estamos tentando discutir juntamente com a Geografia da Popula o lembrando que n o somos especialistas na rea de estudos migrat rios mais reconhecemos sua import ncia Ent o interessante notar que as quest es mais debatidas nessa confer ncia como as citadas ocuparam maior espa o e outras como a pr pria quest o da migra o ocupou menos espa o ao passo que as quest es relacionadas ao crescimento da popula o ficaram a cargo dos dem grafos e as migrat rias mesmo que timidamente estavam representadas por ge grafos A impress o que as quest es relacionadas popula o com exce o das migra es os dem grafos se apropriaram como suas eles n o hesitam enquanto os ge grafos sim Nesse sentido P voa Neto comentou Quanto a quest o da migra o os ge grafos se apropriam melhor porque reconhecem como algo geogr fico por todas as conex es evidentes que ela oferece como a quest o da urbaniza o como o processo de esvaziamento do campo como as quest es das fronteiras Com a globaliza o o tema das migra es um tema indissoci vel nesse estudo
589. to in til e est ril Com a dissemina o da Geografia cr tica o centro de discuss o passa a ser as rela es entre sociedade trabalho natureza e produ o do espa o geogr fico Contudo no que tange a quest o te rica e metodol gica da Geografia da Popula o ainda predominava um modelo curricular conteud stico fortemente padronizado e engessado em substitui o consci ncia cr tica acerca do fen meno populacional A l gica funcionalista impregnada por muito tempo s an lises populacionais desvendava o pragmatismo que a sociedade ocidental vinha mantendo e que de uma forma ou de outra rebatia se nas universidades nas escolas enfim nos lugares de difus o de conhecimento A trajet ria da Geografia enquanto ci ncia e da disciplina Geografia da Popula o tem apresentado uma ampla complexidade O processo de produ o de conhecimento bem como a elabora o de teorias mais consistentes sup e o dom nio de determinados conhecimentos conceitos categorias e de certos m todos e metodologias Por m acima de tudo fundamental que se considere a produ o de conhecimento sua manuten o e propaga o como um processo e que se tenha clareza das concep es te ricas e metodol gicas que os norteiam A consist ncia a coer ncia e a clareza da op o te rica e metodol gica s o fundamentais para trabalhar com os fen menos populacionais H uma grande variedade de pr ticas e de concep es geogr ficas
590. tor para pensar o lugar e o espa o vivido e experenciado na medida em que entendemos que podemos analisar o espa o e formular conceitos a partir das intui es sens veis de algo A intui o humana sup e um objeto dado e que este nos afeta o esp rito Segundo ele pela sensibilidade que nos s o dados objetos e apenas ela nos fornece intui es ALMEIDA 2011 p 51 A partir das concep es engendradas pela Geografia da Percep o alguns estudiosos come aram a investigar a natureza das migra es orientadas por quest es econ micas e tamb m nas formas da percep o do espa o urbano Os estudiosos dessa escola como Tuan e L via Oliveira se dedicaram com os padr es de car ter multidisciplinares voltados sobremaneira para as pol ticas de planejamento No entanto imbu dos na vontade de produzir estudos geogr ficos vinculados com a educa o ambiental Estudos como a natureza das migra es ganharam destaque por m associados s causas econ micas na percep o do espa o e nas no es de dist ncia Essa forma de an lise dificultava a reflex o objetiva uma vez que a percep o de cada lugar est vinculada a concep o de mundo e da sociedade de cada indiv duo Estando relacionado s 174 suas viv ncias e caracterizando se por an lises individualizadas e subjetivas N o havendo portanto uma ideia de espa o mas uma superposi o de espa os de um mesmo lugar os cr ticos alertavam que essa concep
591. tos de Geografia Humana Como primeira ordem est cobertura desigual da superf cie da Terra e seus habitantes Os n meros e n o as qualidades s o enfatizadas Os mapas prim rios de acordo com Brunhes s o aqueles de gua e os homens Mas ele pergunta como que a popula o se revela E responde que os homens s o abordados e medidos atrav s da habita o pois eles s o capturados e contados Cobertura da terra e habita es humanas nesse sentido um fen meno mais do que geogr fico Embora Brunhes especificamente reconhe a a import ncia geogr fica do elemento da popula o ele prop e estud la obliquamente atrav s do canal de habita o e morfologia e como consequ ncia contribui pouco com a Geografia Popula o Trewartha ressaltava que n meros moment neos e densidades embora importantes n o s o suficientes popula o pois essa deve ser tratada dinamicamente De acordo com Hettner importante que se envolvam os conceitos de natalidade regional de mortalidade 105 imigra o e emigra o Tamb m refor a que a an lise do ge grafo n o deve se limitar a fen menos biol gicos As qualidades sociais dependentes de condi es econ micas pol ticas e s cio psicol gicas s o igualmente sen o mais importantes A Geografia considera por um lado depend ncia comparativa da popula o em condi es naturais econ micas e sociais e por outro descreve e explica o contraste entre o n m
592. tula o que almeja aferir Faz se necess rio o compromisso e comprometimento do pesquisador frente ao objeto de sua pesquisa Dessa forma pesquisar algo ganha significado na medida em que isso represente uma atitude transformadora e relembrando o professor Paulo Freire 1921 1997 que possa conduzir a uma a o libert ria Com essas poucas palavras espero ter conseguido expressar que a presente tese resultado de empenho e dedica o e sobretudo um pouco de mim naquilo em que acredito e especialmente no que me apoio para continuar estudando pesquisando e trabalhando por uma Geografia e uma sociedade melhor 1 ns Os oprimidos nos v rios momentos de sua liberta o precisam reconhecer se como homens na sua voca o ontol gica e hist rica de ser mais A reflex o e a o se imp em quando n o se pretende erroneamente dicotomizar o conte do da forma hist rica de ser do homem FREIRE 2011 p 72 17 A presente pesquisa fruto de uma constante inquieta o a respeito da Geografia em especial no que diz respeito aos estudos populacionais e o futuro da disciplina Geografia da Popula o suas transforma es perman ncias e rupturas Desse modo objetivamos entender a interdepend ncia entre o passado e o presente com vistas de entender o passado perscrutar o presente e sinalizar o futuro Para isso buscamos o caminho da hist ria da Geografia para encontrar as respostas necess rias tendo como p
593. uar a popula o estrutura vigente ou de acomod la ao desenvolvimento econ mico Ou ainda de adaptar as eventuais mudan as dos mecanismos de produ o e reprodu o econ mica a necessidade da popula o e do planeta E ainda h nesse contexto os que defendem a prolifera o da vida independentemente da capacidade dos recursos econ micos e sustenta o da Terra e os que defendem que o controle da procria o necess rio bem como a ado o de atitudes ecol gicas algumas inclusive bastante radicais As opini es sobre esse assunto variam por conta dos mais diversos motivos por m a nfase na quest o econ mica preponderante Quando o assunto o crescimento demogr fico as opini es s o d spares e isso se deve s particularidades que esse assunto envolve n o uma equa o matem tica n o algo pass vel de ser rigorosamente controlado h rupturas h tens es h contradi es e sendo assim a tend ncia mais comum adequar s demandas populacionais as necessidades do mercado Uma vez que as quest es econ micas s o na grande maioria das 101 vezes decisivas quando se trata em controlar ou n o a popula o Assim como na ado o ou n o de medidas sustent veis para amenizar os impactos contra a natureza O interesse pela popula o n o constitui um fen meno novo modernamente desenvolve se de maneira coerente com a pr pria Demografia datando das preocupa es manifestadas pe
594. udos de popula o com a cria o da disciplina Geografia da Popula o em mbito universit rio No entanto cabe observar que a historiografia das disciplinas tem se voltado com mais nfase para os n veis de ensino anteriores ao n vel superior Por m como nos lembra Chervel 1990 n o ocorre de forma ocasional basta observar na literatura corrente a predomin ncia de pesquisa sobre as disciplinas escolares ao passo que as pesquisas das disciplinas acad micas ou simplesmente disciplinas s o pouqu ssimas estudadas Nesse sentido h um desafio a ser superado quando se prop e a pensar a disciplina acad mica preciso identificar o lugar a partir do qual ela instaurada ou seja para analisar a Geografia da Popula o faz se necess rio entender o contexto em que foi criada Como se trata de algo amplo e ciente das limita es optou se por fazer essa an lise luz da Geografia j que entendemos que as disciplinas ministradas nos cursos superiores s o desdobramentos das ci ncias de refer ncias Assim ao analisarmos a ci ncia geogr fica vemos que ela revela uma sistematiza o de conhecimentos produzidos em diferentes contextos que visavam na maior parte das vezes atender as especificidades de cada per odo hist rico Enquanto o governo e as leis tratam de proporcionar o bem estar dos homens reunidos as ci ncias as letras e as artes menos desp ticas e mais potentes talvez estendam guirlandas de flores sobre os gr
595. ue as migra es s o manifesta es din micas do espa o geogr fico Todo processo de circula o de bens e mercadoria envolve pessoas assim como os processos de controle por meio das quest es dos estudos de fronteiras Por conta da minha experi ncia e contato com outros pesquisadores percebo que quantitativamente os ge grafos n o s o os que mais est o produzindo no campo das migra es pelo menos at onde eu sei o que acontece que t m pessoas estudando o tema porque encantador fascina as pessoas o que normalmente n o ocorre com a Geografia da Popula o Percebo que o tema da migra o central no entanto a sub rea geogr fia da Popula o est no segundo time dentro das diversas reas da Geografia entrevista concedida a pesquisadora em abril de 2011 A discuss o apresenta a nosso ver duas facetas uma que os temas populacionais podem ser trabalhados de forma interdisciplinar sem com isso empobrecer suas an lises como o caso das migra es E outra que a compartimenta o ou reducionismo ou at mesmo falta de conhecimento acaba por algumas vezes reduzir limitar o universo de an lise dos estudos da Geografia da Popula o o que pode levar as mesmas interpreta es dos fen menos sem muita autonomia o que pouco contribuiu para os avan os dos estudos populacionais na Geografia Considerando a muitas vezes como uma disciplina sem um fim ou prop sito ou validade espec fica Nesse mundo globaliz
596. ue esta uma exig ncia do mercado j que esta empresa exporta seus produtos para boa parte do mundo e nos pa ses predominantemente isl micos as aves s s o consumidas se abatidas conforme os preceitos dessa religi o mas fora isso existe as rela es de trabalhos essas sim repetitivas e prec rias fazem do imigrante um ref m das p ssimas condi es de trabalho e pior na maioria das vezes esses s o invis veis para a sociedade mas o que importa que o capitalismo continua lucrando Diante desses fatos e das argumenta es tecidas at aqui n o d para n o considerar que a mobilidade algo importante para melhor entendermos e dinamizarmos os estudos de popula o na Geografia esse campo do conhecimento abre um rol de formas de mobilidade que podem e est o sendo estudado o que demonstra que quest es como estas realmente precisam vir tona Desse modo destacamos que a mobiliza o para o trabalho poss vel porque no capitalismo o trabalhador livre e assim sendo pode dispor de sua for a de trabalho 292 enquanto mercadoria e por meio da venda de sua for a de trabalho o dinheiro se transforma em capital E assim ele sobrevive pois sem dinheiro n o h como manter a vida Enfatizando que est liberdade est relacionada aos interesses do sistema capitalista na realidade n o existe liberdade alguma j que as ambi es capitalistas ditam as regras tanto fora quanto dentro do ambiente de trabalho
597. ue o fator num rico exerceu influ ncia decisiva para esse momento pelos germanos godos hunos e v ndalos no s culo II O territ rio da G lia fraccionou se quando no s culo V foi invadida pelos visigodos pelos burg ndios e pelos francos S voltou a unir se sob o reinado do rei franco Cl vis por volta do ano 500 LAMBERT 1994 p 194 Para maiores interessados sobre este assunto recomendadas a leitura da obra Grandes Civiliza es Desaparecidas A Ressurrei o da G lia Editora Ferni 1979 de Henry Paul Eydoux 91 hist rico O fator num rico expressava acima de tudo superioridade seja pelo fato de possuir um maior n mero de s ditos seja pela possibilidade de impressionar os inimigos ao passo que eram contabilizados desde adolescentes at idosos O mundo ocidental se configurou at o fim do s culo XIX como um misto de ideias e opini es a quest o do crescimento demogr fico ora eram defendidas pelos representantes da Igreja ora por fil sofos ora por pol ticos que debatiam discutiam a respeito da quest o populacional Uns defendendo o aumento da popula o outros com receio das consequ ncias desse aumento sem saber na maioria das vezes se seguiam os preceitos religiosos ou as quest es de ordem racional levando em considera o os recursos dispon veis e o espa o Nesse conturbado contexto em que ora um preceito falava mais alto do que outro as opini es n o tinham como n o serem divergentes tend
598. ue quais s o as tend ncias dominantes nos estudos populacionais e de que forma podemos contribuir para que tanto a popula o na Geografia como a Geografia da popula o se fortale a 12 Qual sua opini o sofre os estudos de mobilidade e mobiliza o
599. uito clara dos ge grafos da Popula o entrevista concedida a pesquisadora abril de 2011 O professor Helion P voa Neto formou se em Geografia pela Pontif cia Universidade Cat lica PUC do Rio de Janeiro em 1982 tanto em licenciatura quanto bacharelado teve como professores pessoas que estavam inseridas no movimento de renova o de Geografia Come ou o curso em 1979 momento onde ocorreram v rios encontros da Associa o de Ge grafos Brasileiros em 1978 e 1980 estudou com o professor Milton Santos P voa foi seu estagi rio sobre uso do solo urbano desde esse momento o interesse sobre Geografia urbana aumentou Devido a influ ncia de professores que participaram do movimento de renova o da Geografia como o Rui Moreira e Carlos Porto ele teve uma boa forma o O curso de Geografia da PUC ficava inserido na rea de Ci ncias Sociais Fez cursos b sicos relacionados s reas sociais e esses cursos o ajudaram a se interessar pela quest o da migra o O professor P voa Neto relatou que para ele a Geografia urbana e a Geografia agr ria se comunicavam com a migra o Ao finalizar a gradua o seu trabalho de conclus o de curso foi sobre migra es no qual investigou um munic pio pequeno ou seja estudou a popula o numa rea de planta o de caf relacionando a com o per odo de crise dessa atividade agr cola E ao ingressar no mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ e sua ades o ao Institut
600. uiu significativamente com discuss es sobre a rela o homem e meio Na segunda metade do s culo XIX a Fran a e a Alemanha no caso ainda da Pr ssia disputam a hegemonia no controle continental da Europa Havia entre estes dois pa ses um choque de interesses nacionais uma disputa entre imperialismo Tal situa o culminou com a guerra franco prussiana em 1870 na qual a Pr ssia saiu vencedora A Fran a perde os territ rios de Als cia e Lorena vitais para sua industrializa o pois neles se localizavam suas principais reservas de carv o No contexto da guerra caiu o Segundo Imp rio de Lu s Bonaparte ocorreu o levante da Comuna de Paris e sob as suas ru nas ergueu se com o benepl cito prussiano a Terceira Rep blica francesa Foi nesse per odo que a Geografia se desenvolveu E se desenvolveu com o apoio deliberado do Estado franc s MORAES 2003 p 67 O campo de estudo da Geografia desse per odo que abordava os assuntos populacionais centrava boa parte de seus esfor os em explicar a distribui o da popula o e suas caracter sticas Essa distribui o por m pode ser melhor compreendida se posta luz das condi es que foram criadas ou seja analisando a forma como as pessoas viviam e satisfaziam suas necessidades Para Vidal de La Blache as rela es entre a terra e o homem estavam vinculadas forma como estava distribu da a popula o na superf cie terrestre determinando em termos num
601. ula o atuariam como for a reguladora das raz es e paix es individuais ao cingir demograficamente o palco de possibilidades da a o humana Marx discordava de Malthus cuja vis o ele considerava reacion ria pois apontava para a inevitabilidade e ou naturaliza o da pobreza Marx colocava a culpa do quadro de pobreza nos empreendedores capitalistas que deliberadamente abaixavam os sal rios para maximizar seus ganhos Ao examinar os efeitos das mudan as econ micas e pol ticas na Fran a Irlanda e Esc cia Marx real ou a cumplicidade dos governos e dos militares na coer o de camponeses e pequenos propriet rios para migra o atrav s de movimentos de cercamento autoriza o de partida e assist ncia estatal aos movimentos de emigra o SASSAKI amp ASSIS 2000 p 3 Com os estudos de migra o as quest es populacionais aparecem mais din micas e tamb m abordam conte dos mais interessantes todavia no estudo da Geografia da Popula o a dimens o da migra o acaba aparecendo menos do que as dimens es do crescimento populacional Foucault por exemplo delega um lugar interessante popula o mostrando que a partir do s culo XVIII existe a emerg ncia do problema da popula o e existe tamb m uma preocupa o com as formas de governabilidade da popula o e a partir do momento 268 que h um grande crescimento demogr fico o modelo de fam lia existente j n o mais eficiente para
602. um excelente laborat rio para os ge grafos da popula o GUIDUGLI 1990 p 113 A seguir foi elaborado um quadro 7 com as universidades pesquisadas e outro quadro 8 com os autores mais citados E posteriormente foi elaborado um gr fico 3 para auxiliar e ajudar na identifica o e visualiza o dos autores mais citados nos planos de ensino das universidades analisadas Observe primeiramente os quadros Quadro 7 Universidades que tiveram seus planos de ensino analisados Universidades Sigla Estado Regi o Universidade Federal da Grande Dourados UFGD Mato Grosso do Sul Front Universidade Federal do Cear UFC Cear Nordeste Universidade Estadual do Par UEPA Par Norte 216 Universidade Estadual de S o Paulo UNESP S o Paulo Sudeste Universidade Federal de Uberl ndia UFU S o Paulo Sudeste Universidade do Estado Rio de Janeiro UERJ Rio De Janeiro Sudeste Universidade Estadual de S o Paulo USP S o Paulo Sudeste Pontif cia T R do Rio de PUC RIO Rio De Janeiro Sudeste Universidade Federal de Santa Maria UFSM Rio Grande do Sul Sul Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Santa Catarina Sul Universidade Federal do Paran UFPR Paran Sul Universidade Estadual de Londrina UEL Paran Sul Universidade Estadual de Maring UEM Paran Sul Universidade Estadual do Oeste do Paran na Paran Sul Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pess
603. uma aproxima o das grandes na es com diferentes lugares isso inicialmente foi poss vel com o desenvolvimento de mapas mais precisos Nesse sentido no contexto das transforma es universais da sociedade moderna e estimulado pelo capitalismo pujante desenvolve se a Geografia Durante o denominado capitalismo comercial compreendido como a primeira fase do sistema capitalista que se estendeu do s culo XVI ao XVIII a burguesia mercante come ou a buscar riquezas em outras terras fora da Europa Os comerciantes e a nobreza estavam procura de ouro prata especiarias e mat rias primas n o encontradas em solo europeu Esses comerciantes financiados por reis e nobres ao chegarem Am rica por exemplo v o come ar um ciclo de explora o cujo objetivo principal era o enriquecimento e o ac mulo de capital Nesse contexto podemos identificar as seguintes caracter sticas capitalistas busca do lucro uso de m o de obra assalariada moeda substituindo o sistema de trocas rela es banc rias fortalecimento do poder da burguesia e desigualdades sociais e a explora o e controle da popula o impl cito nesse processo Considerada uma das fases mais pujantes do sistema capitalista objetivava inicialmente a acumula o de capitais baseada na crescente circula o de mercadorias Assim artes os camponeses escravos entre outros se encarregaram na Europa sia e Am rica de 37 produzir as mercadorias necess rias que serv
604. uma s rie de dimens es que os antrop logos e soci logos estudam e que os ge grafos parecem que s prestam a aten o quando veem a forma o de territ rios mas a migra o n o se reduz s a isso Considero a migra o uma das maiores dimens es entrevista concedida a pesquisadora abril de 2011 Um dos primeiros estudiosos a elaborar uma teoria para explicar os movimentos migrat rios foi Ravenstein em 1885 Ele desenvolveu um estudo sobre as migra es internas na Gr Bretanha desenvolvendo uma s rie de leis para explicar o processo de deslocamento populacional em seus estudos levou em conta elementos como dist ncia tecnologia sexo condi o econ mica entre outras Por meios de suas leis buscava justificar a diferen a dos movimentos ou deslocamentos exercidos pelas mulheres em rela o aos homens pois aquelas requeriam mais disp ndio de tempo e de recursos o que 33 Para maiores informa es sobre o tema sugere se a leitura de RAVENSTEIN E G 1885 As leis da migra o Traduzido de RAVENSTEIN E G The laws of migration Journal of the statistical society 47 1 167 227 In MOURA H A org Migra o interna textos selecionados teorias e modelos de an lise Tomo 1 19 88 Fortaleza BNB 1980 184 para muitas mulheres eram invi veis Entre muitas outras quest es estudadas por ele Ravenstein considerado um dos maiores estudiosos sobre migra o Para Vaimer 1996 as migra es se
605. ume tamb m que os problemas de popula o apresentam aspectos pr prios que concernem a cada continente a cada pa s dada a variedade de condi es geogr ficas ecol gicas e demogr ficas e socioecon micas Portanto an lises detalhadas levando em considera o os dados as estat sticas s o bem quistas pela Demografia De tal modo cabe nos a averiguar como a Geografia alocou os estudos populacionais ou seja como ao se pensar o homem ela tratou os assuntos afetos a popula o v lido destacar que os estudos de popula o na Geografia podem ser mais bem compreendidos se postos no contexto hist rico em que foi produzido isso n o se trata de realizar uma leitura linear da Geografia e da hist ria mas entender as for as pol ticas econ micas e culturais que influenciaram o modo como as pessoas se organizam e vivem socialmente 69 Entender o lugar da popula o na Geografia tamb m tentar abranger as organiza es dele no desenvolvimento dessa ci ncia Ao realizarmos portanto esse exerc cio epistemol gico o fazemos por acreditar que o mesmo permitir um melhor entendimento das especificidades que marcaram a Geografia e a Geografia da Popula o mesmo que de forma n o aparente acreditamos que muitos resqu cios est o presentes nos processos atrelados ao entendimento dessa quest o Com intuito de superar a periodiza o estanque presente quando se estuda as diferentes correntes do pensamento geogr fico nosso o
606. umental Geografia Universal que cobria a Geografia regional em todo o mundo Ela concebia o homem como um h spede de diferentes pontos da superf cie da Terra e que se adaptava ao meio que vivia criando v nculos com a natureza e desenvolvendo habilidades que possibilitavam retirar da natureza os recursos necess rios sua sobreviv ncia Ao conjunto de t cnicas e h bitos constru do e perpetuado de gera o a gera o La Blache denominou g nero de vida que se resumia na rela o entre homem e meio constru da historicamente e de forma diferenciada por conta da variedade de meios Assim ao desenvolver na Fran a o estudo dos g neros de vida Vidal de La Blache o famoso chefe da escola francesa procurou trazer aos que exerciam poder pol tico e econ mico a ideia de como viviam as popula es atrasadas das col nias e em consequ ncia facilitar o desenvolvimento de t cnicas de persuas o das mesmas Os trabalhos geogr ficos se transformaram em armas que facilitariam a penetra o do capital no meio colonial promovendo a forma o de cidades e for ando as popula es que viviam em um est gio comunit rio a entrar na economia monet ria de consumo ANDRADE 1989 p 17 Durante o s culo XX a Geografia progrediu e passou a incorporar e desenvolver novos conceitos e m todos Por muito tempo coube ci ncia geogr fica o papel de descrever a superf cie terrestre como se isso por si s bastasse contudo a de
607. undo Ratzel deve ser real ado sobretudo quando o que se pretende a compreens o da evolu o da fisionomia planet ria Em verdade na hist ria desta evolu o as plantas influenciam as plantas os animais influenciam os animais e estes aquelas e vice versa mas nenhum outro organismo exerceu uma influ ncia t o ampla e extensa sobre os outros seres como fez o homem transformando de maneira muito profunda a fisionomia da vida na Terra Assim a biogeografia de Ratzel se distingue da biologia pela mesma raz o pela qual sua ecologia humana se distinguir da ecologia sugerida por Haeckel Essa ecologia ratzeliana se recusa a desvincular a din mica que preside as particularidades da geografia dos homens dos outros universos de conex es que envolvem todas as formas de vida presentes no planeta CARVALHO 1999 p 5 N o s o poucos os te ricos que afirmam que Ratzel era positivista e determinista como poss vel perceber na cita o a seguir e essas afirma es muitas vezes derivavam 123 de interpreta es parciais da obra de Ratzel assim como pela pr pria e incisiva influ ncia do positivismo no pensamento moderno apesar de alguns autores apontarem que o read gt E positivismo enfrentou tamb m sua nega o A obra de Friedrich Ratzel representou um papel fundamental no processo de sistematiza o da geografia moderna Ela cont m a primeira proposta expl cita de um estudo geogr fico especificamente d
608. var e ampliar a vida Por m esses avan os devem ser vistos com retic ncias pois ao passo que possibilitaram o prolongamento da vida contribuiria para o aparecimento de uma popula o excedente Esse tipo de popula o era considerado por Malthus como nefasta uma vez que n o haveria meios para suprir as demandas desse contingente populacional Sem falar que para ele os homens eram inclinados aos v cios o que por um lado era ruim j que precisariam ser atendidos assistidos onerando o Estado mas por outro seriam mais rapidamente mortos pelos h bitos prom scuos adotados durante a vida Sem citar ainda que o excedente populacional contribuiria para o subdesenvolvimento das na es O crescimento populacional especialmente a partir da d cada de 50 nos pa ses do terceiro Mundo no entender da teoria neomalthusiana determinaria a exist ncia de uma popula o excedente s possibilidades do desenvolvimento econ mico desses pa ses E assim explicaria seu subdesenvolvimento Dois ter os da humanidade estariam localizados na sia frica e Am rica Latina Isso constituiria um obst culo ao desenvolvimento na medida em que essa popula o expandida cuja estrutura et ria privilegiaria os mais jovens e as crian as requisitaria investimentos n o produtivos hospitais escolas etc desviando recursos que poderiam ser diretamente produtivos como a constru o de f bricas Provocaria inclusive ao aumen
609. ve dentro da geografia da popula o o privilegiamento cada vez mais acentuado dos crit rios t cnicos e econ micos para definir o marco espacial de localiza o de uma dada popula o Cabia ao ge grafo determinar a distribui o dos diversos tipos geogr ficos para posteriormente relacion los aos caracteres espec ficos de cada tipo Dessa forma o recenseamento definiria um saber um poder J que se poderia fazer crescer e deslocar a popula o como primeiro recurso de energia para atender a este ou aquele objetivo DAMIANI 2008 p 5 E ao se trabalhar a din mica demogr fica luz da espacialidade geogr fica ganha f lego os estudos sobre migra es na Geografia A respeito desse tema Max Sorre assinalou que o processo migrat rio n o um fato simples Para ele o processo migrat rio composto por necessidades desejos sofrimentos e sonhos Caracterizando a situa o econ mica como um dos motivos que mais estimula a migra o Os estudos sobre migra o acabou sendo um tema importante desde o fim da Segunda Guerra Mundial a partir disso o campo dos estudos de migra o se expandiu rapidamente e a Geografia passou a ser uma rea profundamente imbricada ao tema porque as migra es s o manifesta es din micas do espa o geogr fico 114 Durante o per odo de expans o ou difus o das ideias malthusianas houve alguns estudiosos de outras nacionalidades principalmente europeus que substitu ram a teori
610. versidade Cat lica do Rio de Janeiro PUC RIO Rio de Janeiro Sudeste Universidade Estadual de Campinas UNICAMP S o Paulo Sudeste Universidade Estadual de S o Paulo UNESP PP S o Paulo Sudeste Universidade Estadual de S o Paulo UNESP RC S o Paulo Sudeste Universidade de S o Paulo USP S o Paulo Sudeste Pontif cia Universidade Cat lica de Minas Gerais PUC MG Minas Gerais Sudeste Universidade Federal do Paran UFPR Paran Sul Universidade Estadual de Londrina UEL Paran Sul Universidade Estadual de Maring UEM Paran Sul Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG Paran Sul Universidade Estadual do Centro Oeste UNICENTRO Paran Sul Universidade Estadual do Oeste do Paran Ep e Paran Sul Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Santa Catarina Sul Universidade Federal do Rio Grande FURG Rio Grande do Sul Sul Universidade Federal de Santa Maria UFSM Rio Grande do Sul Sul Fonte Planos de ensino ou programas de ensino das universidades pesquisadas Org MORMUL Najla Mehanna 2012 De acordo com o quadro anterior podemos verificar que na gradua o a disciplina Geografia da Popula o aparece com mais frequ ncia apesar de que em alguns cursos a disciplina n o compor mais o rol de disciplina como exemplo o caso do curso de Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paran Campus de Marechal C ndido Rondon nesse sentido Guidugli relata o c mulo dos c mulos o bacharelado em Geografia n o t
611. vidade p s em quest o os conceitos de espa o e tempo Para completar na termodin mica Niels Bohr 1885 1962 chegou necessidade de tratar as part culas f sicas tanto como corp sculos quanto como ondas Quando tudo parecia incerto e relativo a teoria do caos j na segunda metade do s culo veio de certa forma na dire o oposta ao demonstrar que tamb m nos sistemas ca ticos existe ordem 78 tamb m feita de bifurca es acasos crises daquilo que Shakespeare chamou de o som e a f ria MORIN 2001 Para Edgar Morin 1991 o paradigma da complexidade passa pelo entendimento dos conceitos de ordem e desordem O conceito de ordem amplia as ideias de estabilidade rigidez repeti o e regularidade unindo se ideia de intera o O conceito de desordem comporta dois lados um objetivo e outro subjetivo O objetivo o lado das agita es dispers es colis es irregularidades e instabilidades e o lado subjetivo o da impredictibilidade ou da relativa indeterminabilidade Morin 1977 defende que a desordem traduz se pela incerteza e traz consigo o acaso ingrediente indispens vel de tudo que surge como desordem A respeito dos conceitos de ordem e desordem ele considera n o ser mais poss vel o paradoxo de um lado o princ pio da termodin mica indicando que o universo tende entropia geral desordem m xima e de outro nesse mesmo universo as coisas se organizando se complexificando se desenvolvendo Isso
612. vinculados aos programas analisados Quadro 2 Universidades que trabalham com quest es afetas a popula o na p s gradua o Institui o Sigla Estado Regi o Universidade Estadual do Par UEPA Par Norte Universidade Estadual do Cear UECE Cear Nordeste Universidade Federal do Esp rito Santo UFES Esp rito Santo Sudeste Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Minas Gerais Sudeste Universidade Estadual de Londrina UEL Paran Sul Universidade Estadual de Maring UEM Paran Sul Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG Paran Sul Universidade Estadual do Centro Oeste UNICENTRO Paran Sul Universidade Estadual de Campinas UNICAMP S o Paulo Sudeste Universidade Estadual de S o Paulo UNESP RC S o Paulo Sudeste Pontif cia Universidade Cat lica de Minas Gerais PUCMG Minas Gerais Sudeste Fonte Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior CAPES Org MORMUL Najla Mehanna 2012 Os dados do quadro 2 e as an lises realizadas indicam que as linhas de pesquisa associadas s quest es populacionais ainda s o modestas as pesquisas dessa tem tica ainda ocupam um lugar de pouco destaque na pesquisa geogr fica brasileira n o querendo com isso supervalorizar os estudos de popula o mas demonstrar que apesar de ser um campo vasto e rico encontram dificuldades em se legitimar a pesquisa nessa rea Os motivos para tal situa o s o variados contudo
613. viou ao rei D Manuel descrevendo a terra onde aportara dividindo a de acordo com as atividades econ micas das regi es povoadas suas riquezas e a popula o que aqui vivia No fim desse per odo numerosos naturalistas contribu ram significativamente para o conhecimento das reas por eles percorridas entre eles destacamos Saint Hillaire 1779 1853 Na transi o do Imp rio com a Rep blica os naturalistas continuaram a produzir informa es substanciais inclusive a respeito da popula o relatando sua diversidade 45 cultural e os sistemas de explora o da terra No momento em que o discurso de levar a cidadania maioria da popula o estava no auge em virtude da heterogeneidade do povo brasileiro composto predominantemente por ndios escravos e negros ganham destaque os trabalhos de cunho geogr fico desenvolvidos por Jos Bonif cio 1763 1838 Tavares Bastos 1839 1875 Tobias Barreto 1839 1889 Bar o do Rio Branco 1845 1912 Joaquim Nabuco 1849 1910 Rui Barbosa 1849 1923 Alberto Torres 1865 1917 Teixeira de Freitas 1890 1956 entre outros Cada qual a seu modo e de acordo com os interesses dominantes desenvolveram trabalhos sobre a Geografia do Brasil desde a quest o da divis o regional sobre o povo brasileiro e at elaboraram cr ticas em rela o ao modelo dominante de sociedade Nas primeiras d cadas do s culo XX houve um consider vel crescimento das reflex es sobre o Brasil principalm
614. vos desse sistema e ainda agem como determinantes para a vida de muitas pessoas sobretudo aquelas que vivem margem da sociedade expropriadas inclusive da sua condi o humana Frente a uma sociedade que cada vez mais impulsionada pela ambi o e pelo ter a divis o de classes se torna necess ria para a manuten o do sistema e nesse sentido as condi es nos quais a popula o abordada diz respeito na maioria das vezes a quest es sensacionalistas como o fato de haver muitas pessoas no planeta sendo isso a raz o do aumento da pobreza e dos danos natureza Ideias como essas est o camufladas nos 321 discursos hegem nicos que acionam as teses malthusianas que deturpam distorcem os motivos que levam a degrada o do planeta e tamb m o aumento da popula o sobretudo nas reas mais deprimidas do globo terrestre Marx n o se interessou pela quest o demogr fica em si mas considerava Malthus um inimigo da classe trabalhadora referindo se a ele como um insolente sicofanta das classes dirigentes Assim a sociedade baseada no modo de produ o capitalista produz e reproduz as desigualdades sociais E essa desigualdade condi o inerente das rela es sociais de produ o que se expressam na constitui o da superpopula o relativa ou seja dos trabalhadores desnecess rios Por m interessante aos olhos do capital por comporem um ex rcito de reserva Essas constata es est o no sentido de
615. xclus o Social Campinas Editora da Unicamp p 25 46 2001 GRUPPI L Tudo come ou com Maquiavel as concep es de Estado em Marx Engels L nin e Gramsci Porto Alegre RS L PM 1983 GUIDUGLI O S O ensino da geografia da popula o em universidades brasileiras caracter sticas e problemas GEOGRAFIA Rio Claro 15 1 95 118 Abril 1990 Pesquisando e Ensinando a pesquisar na tem tica populacional Texto Apresentado ao Concurso de Livre Doc ncia na Disciplina An lise Populacional IGCE UNESP Rio Claro 1997 GUIZZO M R A mobilidade do consumo e a produ o do espa o aglomerado urbano de Maring Maring Universidade Estadual de Maring Programa de P s Gradua o 2012 Tese de Doutorado HABERMAS J Mudan a estrutural da esfera p blica investiga es quanto a uma categoria da sociedade burguesa tradu o de Fl vio R Kothe Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1984 HAESBAERT R O Mito da desterritorializa o do fim dos territ rios multirerritorialidade Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2004 2007 331 HARDMAN F F Hist ria da ind stria e do trabalho no Brasil das origens aos vinte anos S o Paulo Global 1982 HARVEY D Explanation in Geography London Edward Arnold 1969 A condi o p s moderna 14 ed S o Paulo Loyola 1992 O novo imperialismo S o Paulo Loyola 2005 Espa os de Esperan a S o Paulo Loyola 2006 HEER D M
616. xpansionistas do novo Imp rio Dedicando se s ci ncias naturais sobretudo Antropologia encarou o homem como uma esp cie animal e como elemento social tentando explicar a evolu o da humanidade dentro dos postulados de Darwin A evolu o se processaria atrav s da luta entre as v rias esp cies vencendo as mais capazes na sua adapta o ao meio natural Se isto ocorria entre as v rias esp cies ocorria tamb m entre as ra as humanas e os povos sendo selecionadas para a sobreviv ncia e para o mundo as mais capazes de se adaptar e de controlar o meio natural Da a ideia de superioridade dos europeus povos com uma civiliza o mais din mica frente aos coloniais ditos selvagens Esta concep o levou os ge grafos ingleses e americanos sobretudo ao determinismo declarado de vez que para eles o homem era um produto do meio ANDRADE 1987 p 54 Para melhor entendimento deste assunto sugiro a leitura da obra de Henri Lefebvre Methodologie des sciences Paris Anthropos 2002 124 Com a contribui o de Ratzel a Geografia passou a exercer uma presen a mais incisiva em rela o aos temas pol ticos e econ micos j que p s o homem no centro de sua an lise Segundo Ratzel o homem estabelece com a natureza uma rela o intermediada pelo esfor o de seu trabalho e de suas ordena es sociais Por via desse esfor o conquista se uma aparente autonomia mas que Z outra coisa n o sen o a pr

As abordagens sobre população na Geografia Brasileira

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