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Texto Televisivo e Educação Infantil - grupo mel

1. Todo indiv duo tem sua viv ncia diferente cada um no seu mundo e ele traz sua pr pria vis o de mundo E essa socializa o fundamental no ser humano essa troca de experi ncia Todo indiv duo tem sua viv ncia diferente cada um no seu mundo e ele traz sua pr pria vis o de mundo No desenvolvimento geral da crian a na intera o com as com as outras crian as Pra trabalhar coisas que normalmente os p n o se trabalha em casa tamb m A escola a base onde a crian a come a a desenvolver cognitivamente come a a elaborar os controles mentais e a escola o mediador disso a A escola precisa saber conduzir essa troca de rela es e at conduzir e nortear para aquilo que socialmente aceito 335 Os desenhos animados muitos eles contam assim Desenhos animados m sicas programas s vezes eles falam de programas de televis o Principalmente os meninos tem aqueles desenhos que tem lutas marciais esses tipos de coisa eles gostam de brincar a m dia tamb m formadora de opini o e acaba sendo uma educadora A gente tem assim o papel de tentar trazer a m dia pra dentro da escola e discutir e debater e n o s criticar como tem muita gente que s critica Eu tive um professor que ele sempre falava muito que a gente precisa trazer a m dia pra sala de aula porque hoje em dia eles passam muito t
2. E o que voc s gostaram mais no desenho R Da corrida PESQ E qual o momento que na escola voc s podem correr AZ No futebol do recreio R Na hora de ir pra rea E E na quadra PESQ E joga bola na quadra AZ N o PESQ Por qu R Porque professor PEF n o leva a bola PESQ E voc s acham que tinha que jogar AZ PESQ Por qu AZ Porque a gente gosta de bola R E de fazer gol Nesse momento o movimento de correr foi relacionado ao futebol que na escola parece ser mais experimentado na hora do recreio do que na aula de Educa o F sica Algo 256 que as crian as como quase todas as outras espalhadas pelos Brasil gostariam que tivesse na aula porque gostam argumento muito utilizado pelas crian as dessa faixa et ria Mas esse gostar diz alguma coisa sobre o universo da cultura corporal que tem povoado a vida cotidiana dessas crian as Ent o essa coloca o gera o desafio de ouvir a voz da crian a e consider la na defini o dos conte dos e temas a serem tratados na Educa o F sica n o para atender o gosto da crian a e nem para cair no espontane smo em que o professor de Educa o F sica s o juiz do baba mas para partindo da voz da crian a tematizar algo que para ela seja significativo para possibilit la outras experi ncias de brincar de futebol
3. quebra se aquela id ia de que a crian a ela s aprende a partir dos sete anos de idade e a crian a o ser humano n o uma t bula rasa aprende a compartilhar a entender o outro a socializa o que a crian a na Educa o Infantil vai vivenciar a socializa o com o outro eu vejo como fun o da escola esse papel de sistematizar aquilo que a crian a j traz consigo e aquilo que tamb m ela aprende na escola 336 olhar depois quando chegar em casa e ver a diferen a Seria bom se tivesse um projeto porque hoje o professor faz se quiser mas com um projeto todos iriam falar da TV a crian a ela se espelha muito na televis o Se assiste um desenho aqui mesmo na escola assiste um desenho quando chega no outro dia ta brincando desse desenho Semana passada mesmo as crian a tavam tudo subindo nessa tampa a refere se tampa que fecha uma boca de lobo do tanque dizendo que era rebelde Se um desenho de luta eles est o brincando de luta Muitos dos meus alunos passam a manh ou a tarde na frente de uma televis o onde est o assistindo Eles n o t m com quem conversar com que ela dialogar pra trabalhar Educa o F sica a gente precisa ir buscar outras coisas Vigotski Wallon Piaget A Educa o Infantil come a a trabalhar esse conhecimento de mundo que a crian a j traz
4. Logo depois discutiam DL Eu sou o vermelho 264 GR Eu sou o vermelho K Eu sou o verde At as meninas que no in cio n o queriam assistir o desenho prestavam aten o e identificavam se com a Ranger amarela porque A Ela bonita N Tem cabelo cacheado W Eu sou ela A Eu tamb m E as crian as continuavam estabelecendo um jogo presente em todo o momento que assist amos o desenho definindo quem era quem DL que j havia sido o Ranger vermelho decidiu mudar DL Eu sou o preto Sou esse a quando esse personagem apareceu na tela Ao mesmo tempo RF perguntava me Pr esse o preto n PESQ RF Ele o l der PESQ Ele o Ranger mais velho mais experiente RF Ent o eu sou esse Por um momento quando passava a luta final do epis dio as crian as pareciam estar est tuas pois paradas prestavam toda aten o no desenho E s vezes reagiam impressionadas GR Puxa pra isso falava K em rela o ao golpes que os Power Rangers faziam E ele o monstro vai crescer Balancei a cabe a positivamente A os Power Rangers chamaram os zordis e tamb m se transformaram em gigantes animais Esse foi um outro momento de ampla identifica o de cada um com seu Ranger favorito DL Eu sou o azul O meu mais forte
5. MH faz sil ncio que a pr quer falar RF gente p ra de brincar PESQ Exatamente eu estou esperando pra gente poder conversar sobre o desenho PESQ O que o desenho mostrou GR Tinha o mostro do pepino que conseguia imitar as pessoas K e tinha o pai do Ranger branco que tamb m era mal PESQ E al m disso os Power Rangers tamb m s o personagens da hist ria n o DP S o PESQ E o que que os Power Rangers fazem DP Eles lutam pra salvar o planeta W E tamb m teve dois Power Ranger que ajudou o outro Power Ranger P Mas n o tem mais Power Ranger verde porque ele saiu N o h no volume 5 Power Ranger rosa nem verde que foram substitu dos pelos preto e branco Mais uma vez quando se fala das caracter sticas dos personagens a capacidade de lutar que aparece como tra o espec fico No entanto observa se que as crian as interpretam 266 positivamente as a es dos Power Rangers quando dizem que salvam o planeta e que um ajuda o outro As crian as v em nisto uma postura solid ria que em dada medida contrap e o individualismo Eles nem tocam na quest o da viol ncia que tanto gera debates entre os adultos nesse sentido que se esclarece que as interpreta es das crian as n o s o meras c pias do que dito pelo enunciado pois h um processo de apropria o mediado por outros val
6. IC Eu tenho um DVD dos Power Rangers D Eu j assisti esse quando chego em casa DN Power Rangers DN O branco o mais forte IC N nada o branco esse a do mal LZ Esse o vermelho quando apareceu o ator que faz o Ranger vermelho IC Eu sou o preto Quando o monstro apareceu AS comentou T louco Y N o meu filho que ele do mal D Eu sou o ogro Quando come ou a luta no desenho muitas crian as fingiram que estavam lutando imitando os movimentos com os bra os e os sons T T al m de dizerem Dinotrov o for a total reproduzindo as falas dos personagens Praticamente assistiram o desenho lutando tamb m E claro discutiam quem era quem pou 29 LZ Eu sou o vermelho AS Eu sou o preto i DN Eu sou o outro branco Tem dois branco D Eu sou a vermelha Y E eu sou a amarela AS E sou o que mais forte IC E eu que sou o vermelho Quando come ou a luta final as crian as torciam Vai vai vai e faziam pou pou AS E viva o pou Em um determinado ponto do desenho os personagens gritam tiranocajado piterogarras e as crian as gritam junto sabem de cor e come am a fazer de conta que est o lutando Mas h uma crian a que reclama do barulho na sala 259
7. Ou seja o RCNEI apesar de ter que reconhecer o avan o que representa historicamente um documento oficial que traga id ias sobre a organiza o para a Educa o de zero a seis anos nada mais do que um instrumento de adequa o da escola de Educa o Infantil perspectiva de macdonaldiza o da escola Se o entendimento de prepara o para as s ries mais avan adas n o se superou a id ia do pr prim rio A crian a ainda n o vista de fato como sujeito que se constitui s cio historicamente e nem concebida como algu m que tamb m produz cultura O Plano Nacional de Educa o foi previsto pela Constitui o e na LDBE devendo ser constru do por consensos e acordos entre Uni o Estados e Munic pios e tinha como objetivos o aumento do grau de escolaridade da popula o a melhoria da qualidade de ensino em todos os n veis a prioridade no Ensino Fundamental Portanto tal documento estabeleceu metas para a Educa o brasileira no prazo de dez anos GHIRALDELLI JR 2003 Especificamente no que se refere Educa o Infantil apresenta as creches como lugar de compensar car ncias mant m a diferen a entre os objetivos de creches e pr escolas e entende que crian as menores de 3 anos devem ficar em ambiente dom stico ROSEMBERG 2002 Volto ent o ao debate de aspectos que s o antigos e j apareceram neste texto a crian a como responsabilidade somente da fam lia contraria a lei de prote o
8. mais recente que a civiliza o grega o que n o foi empecilho para que os fil sofos gregos pensassem aspectos relativos s crian as e s quest es educacionais De modo geral a crian a era colocada na condi o de ser sem valor mas que ao mesmo tempo guardava todas as possibilidades j que seu destino dependia das influ ncias educacionais Esse processo por sua import ncia deveria ser r gido e regido por pancadas e castigos Reflito ent o que colocar a crian a no lugar de n o falante tirar lhe a condi o de ser humano a possibilidade de express o de suas internaliza es e apropria es dos mais diversos elementos com os quais tem contato e estabelece intera o Portanto coloc la na condi o de objeto no mundo Em outras palavras quando se concebe o infante como aquele que n o fala s o lhe negadas v rias possibilidades de constru o de si mesmo como sujeito do mundo e no mundo Nessa trilha concordo com Oliveira 2005 quando a autora afirma que ao passo em que se coloca a crian a como aquele que n o fala h uma expropria o da sua condi o humana na medida em que vista como algu m que n o se comunica n o interage n o dialoga n o se expressa Enfim fala se da crian a e sobre a crian a mas n o se permite que a crian a fale pense sinta de si mesma e n o se fala com a crian a Este um dos primeiros pontos que quero contrapor Primeiro por entender a necessidade
9. o do projeto este foi refeito e reconstitu do na medida em que eu enquanto pesquisadora entrei em contato com a realidade e com os sujeitos que a constroem As etapas da pesquisa descritas adiante s o resultado da rela o com a realidade As t cnicas usadas para conhecer a realidade foram ampliadas no pr prio contato com a escola na qual pesquisei e com as pessoas desde a dire o at as pr prias crian as O m todo portanto um aspecto importante no processo de pesquisa mas n o pode substitu la porque esta exige constante indaga o da realidade e criatividade no processo de encaminhamento 5 2 Op o te rico metodol gica O objeto de pesquisa um fen meno que se insere numa realidade constitu da por rela es humanas contradi es valores subjetividades ou seja o contexto de pesquisa e aquilo que se estuda exigem uma forma de observa o e interpreta o que n o pode se resumir a elementos quantific veis Ent o para apreens o das rela es fiz op o por uma pesquisa qualitativa Al m disso entendo o ambiente em que pesquisei como declarante dos dados Ou seja o espa o da escola de Educa o Infantil se constitui o l cus de pesquisa e as aulas de Educa o F sica em que se concretizam as rela es que se quer investigar o foco Sem 174 esquecer no entanto que a Educa o F sica comp e a escola Logo foi necess rio estar presente em outros momentos que terminaram se constit
10. o particular ser voltada na verdade para os programas assistidos pelas crian as conforme declara o delas Admite se por isso que poder haver di logo sobre todos os tipos de TV canais e programas pois se fez a op o de estabelecer com as crian as uma rela o de horizontalidade Com rela o s indica es das crian as necess rio esclarecer ainda que n o se objetiva analisar o conte do em si dos programas mas como as crian as internalizam apropriam se e significam tal conte do e as implica es e possibilidades de tais leituras nas aulas de Educa o F sica Ent o necess rio submeter se realidade ouvindo o que as crian as t m a dizer At porque esta uma forma de aproximar o discurso pedag gico no campo da Educa o F sica do que Orlandi 1996 chama de discurso l dico ou seja colocar as mensagens televisivas em debate e permitir que as crian as e pesquisadores estabele am uma intera o discursiva e polif nica sobre e com o objeto Quanto s possibilidades educativas da televis o Pfromm Neto 2001 diz que a imagem m vel v deo ou televis o deve ser posta a servi o da aprendizagem sendo necess rio disseminar o uso desses recursos porque as telas v m ensinando sobre v rios assuntos humanidade desde os tempos das figuras rupestres Napolitano 2003 faz uma considera o no mesmo sentido pontuando a necessidade de se considerar a televis o e o v deo como suportes no ensin
11. o pedag gica a gente v a Educa o como um processo a proposta s cio interacionista Mas a refer ncia principal Vigotski Piaget e os que os seguem A proposta pedag gica da escola est embasada na teoria s cio interacionista A gente tem nossos m todos as compet ncias que a gente quer que cada grupo adquira no final do ano Conhecimentos cotidianos conhecimentos escolares E o ponto de partida Na verdade esse conhecimento a nossa refer ncia n Dentro dessa proposta a gente trabalha com o levantamento dos conhecimentos pr vios que a crian a j traz do que a crian a j sabe para a demandar todo o nosso planejamento a crian a est se socializando desde que ela nasce e o professor significa essa aprendizagem que vem de fora sem perder sem deixar cair no 1 espontane smo claro Ent o de certa forma a gente acaba tamb m aproveitando desse dessas informa es para estar estabelecendo rela es e ampliando um pouco o repert rio que ela j tem Eu acho que tudo que a crian a traz importante algo significativo e que a escola n o pode ignorar porque a crian a vive nesse processo Concep o de Educa o F sica A Educa o F sica tem uma import ncia muito grande pela quest o n o s de cuidar com o f sico Para descentralizar esse egocentrismo
12. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA PROGRAMA DE P S GRADUA O EM EDUCA O MARTHA BENEVIDES DA COSTA TEXTO TELEVISIVO E EDUCA O INFANTIL CONHECIMENTO COTIDIANO E TRABALHO PEDAG GICO NA EDUCA O F SICA SALVADOR 2007 MARTHA BENEVIDES DA COSTA TEXTO TELEVISIVO E EDUCA O INFANTIL CONHECIMENTO COTIDIANO E TRABALHO PEDAG GICO NA EDUCA O F SICA Disserta o apresentada ao Programa de P s gradua o em Educa o da Universidade Federal da Bahia como requisito para aquisi o do t tulo de mestre em educa o Orientador Prof Dr Augusto Cesar Rios Leiro SALVADOR 2007 Ficha Catalogr fica Costa Martha Benevides da Texto televisivo e educa o infantil conhecimento cotidiano e trabalho pedag gico na educa o f sica Martha Benevides da Costa Salvador 2007 345 f il Orientador Augusto Cesar Rios Leiro Disserta o Mestrado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Federal da Bahia 2007 1 Educa o Infantil 2 Educa o F sica 3 Televis o 4 Pr tica pedag gica I Leiro Augusto Cesar Rios II Universidade Federal da Bahia II Faculdade de Educa o IV T tulo CDU 373 21 Dedico esse trabalho a todos que de algum modo colaboraram para sua constru o tanto os que tiveram participa o direta especialmente a minha fam lia e aos educadores que fizeram parte da minha trajet ria como estudante e como eterna professora em forma o e
13. afirmei v o pondo no carrossel do dia a dia id ias e valores sobre formas de ser e estar no mundo de modo que influenciam a sociedade suas institui es enfim a pr pria constitui o do ser humano e as rela es que se estabelecem entre eles No que concerne constitui o do ser humano posso dizer que os meios de comunica o t m uma dimens o pedag gica mesmo estando pautadas no modelo da informa o conhecimento esvaziado de hist ria como afirma Souza 2003a Para Guti rrez 2003 as tecnologias da informa o e comunica o trazem uma pedagogia pr pria porque possibilitam o acesso a informa es permanentemente atualizadas uma vez que os signos que s o a postos interpelam os sentidos moldam valores e desejos dos sujeitos devido ao fato de portarem uma dimens o l dica que envolve as pessoas e ainda por possibilitarem novos modos de intera o que constituem experi ncias educativas Nesse mesmo sentido seguem as afirma es de Magalh es 2006 dentre as quais ele pondera tamb m que os meios de comunica o em especial a TV aproximam se muito da fantasia do faz de conta que vivem as crian as no pr prio processo de apropria o do mundo Ent o por que dentre tantas tecnologias opto em discutir a TV Primeiro porque dentre os meios de comunica o a televis o encontra lugar de destaque por ser uma tecnologia barata que n o exige grandes habilidades de manuseio nem muito esfor o intelectual p
14. elementos comuns formas fon ticas gramaticais e lexicais Esse segundo ponto de vista objeto de cr tica de Bakhtin 2004 pois para o referido autor trata se de uma perspectiva do estudo filos fico lingii stico por ele denominada de objetivismo abstrato que tem raiz no racionalismo e desconsidera as significa es ideol gicas e hist ricas da linguagem ao conceber a l ngua como um sistema fechado que muda devido a equ vocos involunt rios e despercebidos que acontecem no campo individual A perspectiva da semi tica segundo Machado 2001 ocupa se dos signos e significa es na cultura em especial aqueles mediados por meios diversos entendidos como resultado do pr prio ato comunicativo portanto em movimento cont nuo permanente nessa trilha que eu gostaria de destacar os estudos de Bakhtin 2004 autor ao qual j me referi algumas vezes no texto pelo fato de ser um intelectual cuja teoria deu o tom de muitos estudos no mbito da filosofia da linguagem a partir da segunda metade do s culo XX Esse estudioso aponta a necessidade de uma abordagem marxista da filosofia da linguagem e trata do cunho ideol gico da linguagem e da materialidade que a palavra adquire nos processos de intera o dial gica Resumidamente Bakhtin 2004 entende que tanto signo quanto enunciado t m natureza social j que a l ngua e a linguagem se configuram na pr pria necessidade de comunica o Desse modo a enuncia o est intim
15. o cora o da teoria sobre os mass media ligada pesquisa sociol gica de campo consiste de facto em associar os processos de comunica o de massa s caracter sticas do contexto social em que esses processos se realizam Desse modo essa abordagem n o fala nem em manipula o como na teoria hipod rmica nem em persuas o como na perspectiva emp rico experimental Fala se agora em influ ncia atentando n o s para os mass media mas tamb m para as rela es comunit rias tornando ainda mais complexo o olhar para o processo comunicativo atrav s dos meios de comunica o Nessa perspectiva ainda segundo a mesma refer ncia h duas vertentes uma que se preocupa com o consumo dos mass media atentando para o conte do dos programas para o grupo social que os consome e para a satisfa o desses consumidores e outra que numa compreens o de que somente o conte do n o possibilita a an lise dos meios de comunica o de massa preocupa se com os efeitos dos mass media a partir do contexto social em que as mensagens s o difundidas das rela es que se realizam nesses contextos de como aparecem as media es dos l deres de opini o Ainda na corrente norte americana Martino 2001 fala da teoria funcionalista que se mostra como uma abordagem complexa tanto no mbito sociol gico quanto no campo comunicativo preocupando se com as fun es exercidas pelos meios de comunica o de massa em situa es cotidia
16. o curricular contra hegem nica configura se como uma fun o dessa escola em torno de debates sobre um ponto de vista de Educa o de O a 6 anos que garanta cuidado e Educa o numa perspectiva de reflex o sobre os temas e ressignifica o dos mesmos E nesse sentido que Kramer e outros 2003 falam em acesso aos 210 bens socioculturais tendo os como fundamento da atividade cognoscitiva do educando e da possibilidade de fazer da escola um espa o tempo de emancipa o humana Um aspecto bastante significativo a coloca o da escola como campo de est gio e pesquisa para professores e para estudantes de diversas licenciaturas interessante ressaltar que vivi isto no cotidiano pois enquanto estava no CEB UEFS realizando a minha pesquisa havia l algumas estudantes de um curso de p s gradua o em Psicopedagogia realizando o trabalho de campo para a escrita da monografia de conclus o de curso al m de outros pesquisadores que conheci porque realizaram l suas pesquisas de mestrado e doutorado Al m disso como pontuei no t pico da entrada em campo em cada sala de aula h uma professora vinculada rede municipal de ensino e uma estagi ria da UEFS ou de outras IES da cidade de Feira de Santana cuja experi ncia faz parte de sua forma o inicial Eu mesma fui estagi ria do CEB UEFS no campo da Educa o F sica do 4 at o 8 semestre de minha forma o inicial Ou seja de fato o CEB UEFS se constitui um lugar q
17. o e por conta das diversas respostas que encontram para as suas curiosidades sobre variados temas de modo que se tem acesso a novos relatos e s o feitas outras leituras a partir de uma linguagem que tem caracter sticas pr prias mosaico de tantas outras linguagens e que hibridiza diferentes culturas Essa segunda postura parece ser mais pr xima do PPP do CEB UEFS pois h uma ocorr ncia de que a crian a realiza leituras dessas tecnologias numa coloca o que aparece junto com o reconhecimento do impacto das tecnologias colocado logo no come o da an lise da categoria da presen a dos meios de comunica o na escola as crian as s o impactadas pelos avan os tecnol gicos da atualidade pois l em as falas e os sil ncios as express es formais e informais as faces e os gestos e outros textos que d o ressignificados s a es do cotidiano tamb m cobrando para si todas as possibilidades que o mundo letrado oferece e querendo dominar as novas linguagens PROJETO POL TICO PEDAG GICO CEB UEFS 1998 s n Ou seja de forma coerente com o que dito no pr prio PPP sobre garantir acesso a diferentes linguagens as tecnologias s o assim consideradas e portanto constituem textos que podem e s o lidos pelas crian as Essa proposi o vai ao encontro do que colocam os 218 pesquisadores por mim estudados a exemplo de Souza 2003b quando este afirma que os meios de comunica o s o muito importantes na co
18. tentava pegar o monstro Depois dela cada um foi saindo debaixo da mesa para pegar o monstro e agindo como se seu papel na brincadeira j estivesse cumprido Quando acabamos de brincar voltamos para a roda e logo AL disse que sua m e falou que esses desenhos s o violentos Perguntei ao grupo quem achava violento AL disse que n o acha e V falou que acha Questionei o porque s duas crian as V falou que porque tem os monstros E tem briga disse E Mas imediatamente T disse N n o N o tem briga n o perguntei N o luta disse T Nessa intera o ficou expl cita a media o do adulto no sentido mais uma vez de negar o conte do da TV que eles pr prios oferecem crian a A simples nega o como comentei com base em Mart n Barbero e Rey 2004 n o possibilita desnaturalizar e compreender com autonomia a linguagem do texto televisivo Impede portanto o encontro das brechas presentes na pr pria produ o de TV e a forma o para a elabora o de uma contrapalavra e de uma paulatina constru o contra hegem nica interessante notar contudo que AL parece n o concordar com a opini o da m e quando diz que n o acha o desenho violento H ind cios de um estranhamento por parte da crian a da interpreta o do adulto que tenta tanto quanto o discurso da TV impor se H pistas de que outros aspectos do contexto social e cult
19. 1996 p 44 65 FARIAS Mabel Inf ncia e Educa o no Brasil nascente In VASCONCELLOS Vera Maria Ramos de Org Educa o da inf ncia hist ria e pol tica Rio de Janeiro DP amp A 2005 p 33 50 FEIRA DE SANTANA CENTRO DE EDUCA O B SICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Proposta Pedag gica do CEB UEFS Feira de Santana UEFS 1998 FERNANDES Adriana Hoffmann OSWALD Maria Luiza Bastos Magalh es A recep o dos desenhos animados da TV e as rela es entre a crian a e o adulto desencontros e encontros Caderno Cedes v 25 n 65 p 25 41 jan abr 2005 FERRA O Carlos Eduardo Os sujeitos praticantes dos cotidianos das escolas e a inven o dos curr culos In MOREIRA Antonio Fl vio Barbosa PACHECO Jos Augusto GARCIA Regina Leite Orgs Curr culo pensar sentir e diferir Rio de Janeiro DP amp A 2004 p 77 94 FERRAZ Oswaldo Luiz Educa o F sica escolar conhecimento e especificidade a quest o da pr escola 199 FERRAZ Oswaldo Luiz MACEDO Lino Educa o F sica na Educa o Infantil do munic pio de S o Paulo diagn stico e representa o curricular em professores Revista Paulista de Educa o F sica v 15 n 1 p 63 82 jan jun 200la FERRAZ Oswaldo Luiz MACEDO Lino Reflex es de professores sobre a Educa o F sica na Educa o Infantil incluindo o Referencial Curricular Nacional Revista Paulista de Educa o F sica v 15 n 1 p 83 102 j
20. A cultura corporal tamb m est na TV FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS DE UMA METODOLOGIA PARTICIPATIVA Concep o de Ci ncia Pesquisa e M todo 16 28 29 3d 41 42 52 12 76 86 87 96 105 118 136 137 163 171 171 5 2 5 3 5 4 6 1 6 2 6 3 Op o te rico metodol gica Tipo de investiga o estudo de caso com car ter participacionista Estrat gias para dialogar com a realidade O DI LOGO COM A REALIDADE A entrada em campo A escola Educa o F sica e televis o na Educa o Infantil CONSIDERA ES FINAIS O RECONHECIMENTO DE POSSIBILIDADES REFER NCIAS ANEXOS AP NDICES 173 176 179 192 192 195 242 298 16 1 DA MINHA TRAJET RIA AO PROBLEMA DE PESQUISA As quest es aqui colocadas nascem de meu envolvimento di rio com situa es de ensino da Educa o F sica em turmas da Educa o Infantil mais especificamente com crian as entre 4 e 6 anos de idade A experi ncia com o fazer pedag gico da Educa o F sica na Educa o Infantil teve in cio enquanto eu ainda era aluna do curso de Licenciatura em Educa o F sica da Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS Primeiro em atividades desenvolvidas em algumas disciplinas que despertaram o interesse pela pr tica educativa com crian as a exemplo de Recrea o e Lazer e Desenvolvimento e Aprendizagem Motora E particularmente quando fui aprovada como bolsista do Pr
21. E a segunda possibilidade bastante significativa parece ser a amplia o das experi ncias corporais a serem vivenciadas na Educa o Infantil considerando a voz das crian as na sele o de conte dos a serem tematizados Esse aspecto al m de possibilidade tamb m uma necessidade quando se tem em conta que no cotidiano escolar que os sujeitos todos constroem a escola e podem nessa constru o empreender uma luta e uma forma o para a contra hegemonia Quando falo da amplia o das experi ncias corporais que dizer que n o h limites para a sele o de conte dos O que precisa ser garantido que os princ pios curriculares que orientam uma l gica s cio hist rica e dial gica de Educa o fa am se presentes no processo de avalia o sobre o que pertinente ensinar e na organiza o did tica desse ensino Ent o como os esportes do modo como s o espetacularizados pela televis o mostraram se como um elemento importante na composi o do mundo infantil n o h como negar sua presen a na Educa o Infantil Essa proposi o n o significa que o trato com o esporte dar se na 303 mesma perspectiva que mostrado na televis o Ao contr rio essa perspectiva e a leitura que dela fazem as crian as s o tomadas como ponto de partida para a amplia o da experi ncia para promover a viv ncia que tira a crian a do lugar de quem somente assiste e a coloca no lugar de quem pratica E praticando a crian a
22. Ent o o entendimento de que essa forma de organiza o do trabalho pedag gico na Educa o Infantil possibilita considerar a crian a em sua totalidade e como sujeito de di logo no encaminhamento do processo de ensino aprendizagem Consigo estabelecer rela es dessa proposi o com o que trazem Kramer e outros 2003 ao colocarem que o curr culo da Educa o Infantil deve ser organizado por temas a partir daquilo que se seleciona como socialmente relevante para tratar com as crian as e pelas 2A autora leva em considera o que a Pedagogia de Projetos foi fundada como m todo na perspectiva da Escola Nova mas pontua que atualmente ela vem sendo considerada uma postura pedag gica que possibilita estabelecer o di logo entre os conhecimentos cotidianos e os conhecimentos cient ficos tratados na escola sendo uma possibilidade para repensar a organiza o do curr culo fragmentado em disciplinas 160 pr prias curiosidades que as crian as t m a partir das apropria es que fazem das experi ncias social e cultural vivenciadas em diferentes espa os Tais temas seriam eixos de articula o para o trabalho com as diversas linguagens inclusive a cultura corporal Esse ponto destacado por Silva 2005 em sua proposta de ensino para a Educa o F sica na Educa o Infantil ao propor determinados temas pontuando que para articul los leva em considera o as manifesta es da cultura corporal mais presentes na realidade
23. Ent o os meios de comunica o assim como tantos outros recursos aparecem como um mecanismo de formata o dos sujeitos e precisam ser pensados n o para denunciar contradi es mas para entender a din mica pela qual tal estrutura se estabelece e compreendendo a tornar poss vel a elabora o de estrat gias de enfrentamento e transforma o GRAMSCI 2004 SILVA 2001 MARTINS M F 2005 no sentido de adequa o dos meios de comunica o e dos recursos tecnol gicos ao modo de produ o capitalista que se coloca Silva 2001 afirmando que o ataque liberal e conservador divulga novos velhos conceitos para manter sua hegemonia e para tanto imprescind veis fazem se os meios de comunica o para disseminar sua ideologia Seguindo a mesma trilha Mart n Barbero 1987 fala da dimens o pol tica e cultural dos meios de comunica o de sua centralidade incontest vel tendo influ ncia tanto sobre as demandas culturais e pol ticas quanto para mascarar o crescimento da desigualdade medida que funciona como motor eficaz na fragiliza o das culturas subalternas num mercado 19 global Ou seja os recursos tecnol gicos e comunicacionais funcionam para estabelecer os v nculos societ rios os sentidos de que o mercado precisa mas n o capaz de estabelecer por si buscando garantir o que est hegemonicamente posto Ou seja os meios de comunica o assumem o papel de influenciar os indiv duos a terem
24. Hidrocor l pis de cor giz de cera 243 No Grupo 04 o primeiro momento do dia foi a oficina que entre n s cham vamos de aula de televis o Comecei explicando que contaria uma hist ria com o t tulo A bola e a televis o que falava de um menino chamado Jos Comecei a contar a hist ria As crian as ouviram atentamente at que falei da bola que Jos havia ganhado de presente do pai quando V comentou Eu tenho uma bola rosa Ouvi seu coment rio e continuei a hist ria Como o personagem da historinha pensava que a bola era um elemento que tinha que ser ligado perguntei s crian as se uma bola pode ser ligada e desligada E AZ disse Nunca vi isso Terminei de contar a hist ria e perguntei quem gostava de ver televis o Ouvi um coro Eu PESQ E o que voc s gostam de ver V Desenho Perguntei qual era o desenho preferido e ainda V respondeu V Da Barbie L do Shrek BR Eu tamb m tenho do Shrek E Eu gosto do Mickey 244 PESQ E que tal se cada um desenhar o desenho e personagem que mais gosta da televis o As crian as receberam a proposta com alegria e come aram todas ao mesmo tempo a dizer o que iriam desenhar AZ Eu quero desenhar o Rei Le o PESQ Ent o voc vai desenhar o Rei Le o Cada um vai desenhar o que mais gosta Mas para isso precisamos
25. Jos Com a voz mais empolgada do mundo Ent o Jos perguntou Onde que liga Essa pergunta deixou o pai dele realmente muito confuso Afinal como Jos poderia achar que tudo tem que ser ligado e desligado E respondeu Mas bola n o liga A gente simplesmente brinca com ela Ent o Jos pensou Mas como n o liga Nunca vi nada que n o tivesse um bot o para ligar Isto deve ser muito chato E continuou assistindo a televis o que naquele momento mostrava seu programa favorito 2 A historinha foi escrita com base no texto A bola de Lu s Fernando Ver ssimo 2001 341 Enquanto isso o pai de Jos tentava mostrar tudo que a gente pode fazer com uma bola Fazia pontinho chutava equilibrava a bola na cabe a e todas as coisas que conseguia fazer Mas nada Nada conseguia fazer Jos abandonar suas t o queridas m quinas em especial a TV E ele ficou l sentado assistindo seu programa favorito E voc Gosta de TV Que tal desenhar seu programa favorito
26. Petr polis Vozes 2001 HORKHEIMER Max ADORNO Theodor O Iluminismo como mistifica o de massa In LIMA Luiz Costa Org Teoria da cultura de massa 7 ed S o Paulo Paz e Terra 2005 p 169 216 KLIMES Helena Botelho Gomes et al Dicion rio da L ngua Portuguesa Larrousse Cultural S o Paulo Nova Cultural 1992 KOCH Ingedore Vila a ELIAS Vanda Maria Ler e compreender os sentidos do texto 2 ed S o Paulo Contexto 2006 KOHAN Walter Omar Inf ncia e Educa o em Plat o Educa o e Pesquisa v 29 n 1 p 11 26 jan jun 2003 KOSIK Karel Dial tica do concreto Rio de Janeiro Paz e Terra 1976 KRAMER S nia A pol tica do pr escolar no Brasil a arte do disfarce 7 ed S o Paulo Cortez 2003 KRAMER S nia et al Com a pr escola nas m os uma alternativa curricular para a Educa o infantil S o Paulo tica 2003 KRESS Ghunter O ensino na era da informa o entre a instabilidade e a integra o In GARCIA Regina Leite MOREIRA Ant nio Fl vio Barbosa Orgs Curr culo na contemporaneidade incertezas e desafios S o Paulo Cortez 2003 p 115 138 KUHLMANN JR Mois s Hist rias da Educa o infantil brasileira Revista Brasileira de Educa o n 14 p 5 18 mai ago 2000 KUHLMANN JR Mois s Inf ncia e Educa o infantil uma abordagem hist rica 3 ed Porto Alegre Media o 2004 KUNZ Elenor Transforma o did tico pedag gica do esport
27. a fazer parte dos conhecimentos de um sujeito acerca do mundo Um aspecto mal resolvido da perspectiva do agendamento que se fala em efeitos de longo prazo mas a quest o temporal tratada de modo diferente em pesquisas diversas explicitando um problema metodol gico S o hip teses complementares agenda setting o newsmaking e a espiral do sil ncio A primeira perspectiva est relacionada segundo Wolf 1999 sociologia das profiss es sendo na verdade uma teoria do jornalismo A preocupa o central dos estudos a desenvolvidos com a transforma o de fatos cotidianos em not cia de modo que h centralidade no emissor no produtor da not cia no jornalista e na sua pr tica de filtragem das informa es seja pelas regras da profiss o pela rotina dos jornais ou meios de comunica o mas tamb m por quest es subjetivas do jornalista e por aspectos relativos concorr ncia pol tica ou comercial entre as pr prias redes de comunica o Desse modo a distor o da not cia acontece no pr prio plano de produ o por diversos motivos mesmo que involunt ria ou inconsciente J a espiral do sil ncio de acordo com Holfeldt 2001 pesquisa sobre a opini o do p blico de forma sistematizada cientificamente partindo do pressuposto de que os meios de comunica o especialmente a televis o t m um poder de influ ncia sobre o pensamento dos receptores A m dia onipresente como formadora de opini o sobre os a
28. as quatro aspectos precisam ser destacados e analisados inicialmente a luta como elemento que caracteriza a a o dos Power Rangers preciso considerar que nessa caracteriza o j est feita indiretamente a rela o com a Educa o F sica na medida em que a luta um conte do da cultura corporal e um s mbolo encharcado de quest es sociais e hist ricas que fizeram com que o ser humano precisasse guerrear no decorrer de sua hist ria al m de valores que s o pr prios de culturas que cultivam diferentes formas de luta Nos desenhos como j pontuei as lutas aparecem numa perspectiva de disputa por poder ou territ rio em que s interessa que ven a o mais forte Os valores culturais e hist ricos que geram a a o humana de lutar s o esquecidos e as informa es sobre esse tema da cultura corporal configuram se como caracter stico do texto televisivo de forma superficial estereotipada e sem hist ria O segundo fator destacado a identifica o de um valor positivo na luta salvar o planeta Prioritariamente a a o de lutar e cenas de viol ncia na televis o j s o rotuladas de contribui o para a banaliza o da viol ncia e est mulo para o desenvolvimento da viol ncia algo que nos estudos de Leite Duarte e Migliora 2006 posto pelas pr prias crian as No entanto nessa mesma pesquisa e na minha intera o com as crian as do CEB UEFS apareceu o mesmo aspecto as crian as conseguem destacar valo
29. as perspectivas atuais tentando localizar avan os retrocessos e perman ncias em rela o ao per odo anterior e aos aspectos que fincaram ra zes O neoliberalismo constitui se uma alternativa crise do capitalismo estruturada a partir da d cada de 1960 com o excessivo endividamento do Estado Norte Americano GENTILI 1995 1996 FRIGOTTO 1995 ARRIGHI 1996 Para Gorz apud MIGUEL 2002 p 503 o neoliberalismo foi a solu o poss vel encontrada fazendo o Estado regulador ostensivo e suscet vel a reivindica es recuar diante do mercado regulador oculto e imperme vel no controle social Tal perspectiva foi formulada em termos acad micos muitos anos antes mas tornou se uma alternativa de poder na Inglaterra com Margareth Thatcher e nos Estados Unidos com Ronald Reagan ARRIGHI 1996 Os governos neoliberais de modo geral pregam e valorizam a liberaliza o de mercado os tratados de livre com rcio o estreitamento do setor p blico e a diminui o do intervencionismo estatal na economia na regula o dos mercados e em todos os setores sociais Assim fazem se necess rios programas de ajuste estrutural e reformas em diversos campos com o objetivo de garantir a continuidade das rela es de produ o e acumula o capitalistas Portanto trata se segundo Lucena 2003 de um reformismo com base em princ pios conservadores As reformas nos campos pol tico econ mico jur dico e educacional d o se no
30. cia j que nessa sociedade houve espa o para que os sujeitos se vissem livres de considerar todos os fen menos como des gnios divinos algo que caracterizou mais a sociedade medieval e a explica o da realidade por recursos mitol gicos nas comunidades primitivas ou de conceber a realidade como bvia como algo que se l apenas com as percep es sensoriais Todavia o ide rio desse paradigma foi historicamente desprezado pela ci ncia s encontrando espa o quando do desenvolvimento e dissemina o do g nero do romance Seu aprofundamento e aceita o no mbito cient fico aconteceu com o desenvolvimento das ci ncias humanas entre os s culos XVIII e XIX Nesse sentido Ginzburg 1989 p 155 afirma que nessa nega o da transpar ncia da realidade impl cita legitima o encontrava um paradigma indici rio de fato operante em esferas de atividades muito diferentes como a medicina a pesca a ca a entre outras Como em outros estudos das ci ncias humanas busco nesta pesquisa ind cios que emergem ou ficam subescritos nas rela es que se concretizam no espa o escolar ou seja falo de rela es embebidas na cultura e seus signos Por isso ressalto a necessidade que tive de conhecer de perto a escola e de dialogar com os sujeitos especialmente as crian as A quarta etapa da pesquisa consiste no reconhecimento ap s o di logo com a realidade da escola pesquisada da leitura que as crian as fazem do tex
31. comunidade do CEB UEFS AGRADECIMENTOS S o tantas pessoas para agradecer que fica dif cil at come ar Primeiro agrade o aos meus pais Ao meu pai pela disciplina pela honestidade pela preocupa o com o saber e pelas muitas hist rias que sempre teve pra contar A minha m e pelo cuidado sempre pela disposi o de ouvir mesmo quando precisamos for ar um pouquinho pela companhia agrad vel pela f e pela compreens o Aos meus irm os Marcus e Mariana s por serem meus irm os Aos meus tios Ana Maria e Carlos Augusto por tudo que me ensinaram por terem brincado comigo nos tempos da inf ncia por sempre cuidarem de mim Agrade o mais uma vez aos meus pais por terem me dado a possibilidade de escolh los como padrinhos A tia Ana agrade o ainda pelas chatas mas necess rias aulas de matem tica Agrade o especialmente a Gilmar meu companheiro pelo apoio carinho compreens o ajuda na transcri o das entrevistas e debates sobre rigor cient fico que me colocavam no ch o quando eu queria viajar demais Em seguida agrade o a Maur cio meu sobrinho pela alegria pelo companheirismo e por me tirar dos estudos em momentos de tens o transformando os em momentos de prazer alegria brincadeira por me ensinar diversas coisas de que as crian as s o capazes superar desafios a todo momento imaginar e fantasiar sem medo lidando ludicamente com o mundo na medida em que o descobre e conhece H ta
32. crian a e adultos no sentido de que j n o se pode mais consider las sujeitos sem fala emudecidos sociais como foi historicamente Ou seja a crian a compreendida como o outro do adulto com o qual se estabeler intera o j que segundo Bakhtin 2004 s o nas intera es dial gicas mediadas pela linguagem que os sujeitos representam a si pr prios e constituem a pr pria consci ncia em enunciados que se unem a outros enunciados numa cadeia ininterrupta de di logo Desse ponto de vista a TV ser um enunciado que se juntar 188 aos outros enunciados infantis nos quais as crian as ainda de acordo com Bakhtin 2004 est o no limite de encontro com o mundo As autoras supracitadas dizem retomando o que foi posto na ep grafe deste cap tulo Assumir o princ pio metodol gico da dialogia no processo de pesquisa com crian as no qual o pesquisador sempre o adulto um outro por excel ncia com rela o crian a significa deixar ouvir as vozes que foram ou que est o emudecidas Em uma cultura infantil em que a presen a do adulto seus valores sua autoridade seu saber suas experi ncias tem se esvaziado a cada dia o resgate do di logo entre crian as e adultos mais que um princ pio metodol gico consiste em um princ pio educativo de modo que o adulto possa compreender a crian a deixando se surpreender pela sua singularidade e a crian a possa ver no adulto outras formas de perceber e lidar com
33. crian as v o mais longe do que torn la consumidora mas tamb m fazem com que elas cres am sendo formadas em determinados c digos e tornem se adultos teis Prevalece ent o a id ia de inf ncia como fase de passagem na qual s o plantadas as sementes do futuro Um destino que far adultos modelados que garantem a continuidade do modo de produ o capitalista Tal id ia confirmada por Corazza 2002 ao afirmar que tais inven es visam tornar a inf ncia lucrativa e ao mesmo tempo garantir a forma o das crian as pautada em id ias de liberdade igualdade e fraternidade tendo para isto todo o aparato cultural inclusive a escola Contraditoriamente foi nesse contexto ainda segundo a mesma autora especificamente ap s os desmandos da Segunda Guerra Mundial que a crian a passou a ser posta como sujeito Mas as contradi es s o tantas Sujeito com essas diversas formas de controle Libertas mas assujeitadas Quando a crian a passou a ser considerada sujeito o mundo se preocupou em discutir 36 a sua situa o que em muitos aspectos nada tinha de novo O mundo passou a discutir a mortalidade infantil o trabalho infantil a nutri o desnutri o a fun o e a import ncia da escola e tudo mais que pudesse envolver as crian as Foi elaborada toda uma legisla o em defesa da inf ncia Em todo esse aparato legal destaca se a Declara o das Na es Unidas sobre os Direitos da Crian a de 1959
34. descubra junto com a crian a a forma de lidar com as cem que existem e com as outras tantas que podem ser criadas e descobertas Assim tem se nessa concep o de aprendizagem a necessidade posta de supera o por parte da escola de que a aprendizagem se d de forma linear por etapas Pois isso n o acontece do lado de fora e nem assim que a crian a leva escola tudo que aprendeu em outros momentos 206 Trazendo esse debate especificamente para a escola de Educa o Infantil interessante retomar que a perspectiva de Kramer e outros 2003 sobre a organiza o do trabalho com os conhecimentos curriculares por temas geradores estrutura se exatamente na compreens o de que devem ser articulados por todas as reas de conhecimento temas culturalmente significativos curiosidades das crian as demandas das fam lias Ou seja o que se pensa como alternativa curricular para a Educa o de crian as de O a 6 anos de modo que garanta o cuidado e a Educa o sem cair no assistencialismo nem no conteudismo j tem como pressuposto que as crian as aprendem em todas as suas experi ncias sociais e preciso considerar suas curiosidades suas compreens es ter em conta sua zona real de desenvolvimento para encaminhar a aprendizagem Esse reconhecimento de que a crian a aprende fora do mundo escolar possibilita ainda pensar sobre as necessidades que se colocam para a escola diante das coisas interessantes e curiosas que as crian
35. direcionou o quinto volume tem tica da inf ncia entre julho de 2001 e junho de 2002 Al m disso no ltimo Congresso Brasileiro de Ci ncias do Esporte CONBRACE realizado em Recife em 2007 houve uma mesa no GT Escola somente direcionada a tal tem tica E ainda no GT Comunica o e M dia foram apresentados trabalhos que discutiam a rela o entre a inf ncia e os meios de comunica o al m da possibilidade de uso destes na escola direcionados em sua maioria para crian as nas O CONBRACE um evento organizado a cada dois anos pela entidade cient fica mais significativa da rea de Educa o F sica o Col gio Brasileiro de Ci ncias do Esporte 22 S ries Iniciais do Ensino Fundamental nesse contexto tamb m que os meios de comunica o mais significativamente a televis o parece ser uma companheira constante das crian as ao socializ las com uma s rie de informa es al m de disseminar s mbolos valores e id ias das quais as crian as dentro de suas possibilidades s cio cognitivas e contextos internalizam apropriam se e significam O que a crian a aprende na rela o com a TV vai com ela para a escola o que tem sido considerado em diferentes perspectivas problema desafio e possibilidade Problema para aqueles que j tomam a televis o como algo negativo e se eximem de qualquer discuss o sobre a inser o desse texto na escola Desafio para aqueles que compreendem o qu o signifi
36. em alguma medida vinculada a sua fun o higi nica e eug nica do s culo XIX associada com a no o de rendimento esportivo para formar agora corpos que consomem corpos como pontua 147 Ghiraldelli Jr 2002 ou como diz o pr prio Castellani Filho 1998 p 42 corpos mercador mercadoria e consumidor A Educa o F sica nessa tica continua funcionando como atividade sem identidade e que simplesmente colabora com interesses do grupo hegem nico sem assumir uma fun o espec fica Mas qual seria a especificidade da Educa o F sica A cultura corporal A cultura de movimento A cultura corporal de movimento Os jogos e as brincadeiras O movimento em si Depende De qu Do lugar de onde se olha pois como j afirmei v rias foram as perspectivas que se estruturaram para a Educa o F sica na escola superar as refer ncias que parecem insistir em se perpetuar Retomo ent o as palavras de Bracht 1999 e concordo com ele sobre o fato de que a Educa o F sica se constitui como uma pr tica pedag gica pautada em conhecimentos cient ficos cujas proposi es s o delimitadas a partir do papel social a ela estabelecido Ent o Darido 2003 organizou diversas abordagens te rico metodol gicas a partir dos pressupostos de cada uma delas pontuando que todas buscam romper com o modelo mecanicista que ainda se faz presente S o consideradas pela autora a abordagens Psicomotricidade Desenvolvimentista Cons
37. ent o estava presa id ia abstrata e inocente de inf ncia pois ainda n o tinha olhado cruamente para a realidade a minha frente ao meu lado na minha rua na minha escola na minha cidade Dessa mesma experi ncia cotidiana Garcia 2002 p 23 descreve os meninos traficantes as crian as subnutridas as crian as tornadas adultos seja pela necessidade do trabalho seja e tal aspecto interessa pelo pr prio objeto desta pesquisa pela influ ncia dos meios de comunica o e suas mensagens nos comportamentos das crian as o que fica claro na seguinte passagem que traz a voz das pr prias crian as Eu j sei beijar com a l ngua Aprendi na novela diz uma menina em sua ingenuidade que teima em n o desaparecer Tal fala ilustra a necessidade de prestar aten o no que os meios de comunica o dizem nas suas mensagens das e s crian as porque a inf ncia passa sim a se configurar de outro modo pois n o h como manter uma id ia de crian a como ing nua angelical inocente Tem se agora uma inf ncia que na mesma medida em que tem muito a aprender pode ensinar As diversas representa es de inf ncia com base em qualquer disciplina ou conceito cient fico parecem ter se colocado contra a crian a e ela pr pria parece ter estranhado tais representa es Nesse sentido Freitas 2006b p 254 255 afirma E necess rio salientar que a autoridade intelectual com a qual h muitos s culos a 41 cri
38. fizemos uma roda na qual retomei com as crian as o que fizemos nas outras oficinas e aquilo que me falaram sobre cada personagem que assistimos e vivenciamos Ent o questionei se elas achavam que correr saltar lutar tem alguma coisa a ver com a aula de Educa o F sica VT Eu corro na Educa o F sica quando a gente chega na quadra Y A eu fa o corrida porque eu vou correndo e pulo alto como as super poderosas CN Podia ter esporte como voleibol MN colocou que podia ter futebol o que tamb m foi a solicita o de BB CE DN R sendo que ele disse que devia ter porque eu gosto de assistir isso a JC Eu queria que tivesse luta Pode treinar mas n o aprender a bater AS Eu gosto de luta porque eu vejo Power Rangers mas tamb m pode ter futebol TR Eu queria que tivesse luta na aula de Educa o F sica M Eu queria luta porque eu quero ser guerreiro MC Podia ter tudo que esporte AK Ja ser bom se tivesse dan a que nem no Faust o com a qual concordou GB Nas proposi es dessa turma a vincula o das atividades solicitadas pelo grupo com o texto televisivo mais expl cita porque a luta um elemento que se fez presente no trabalho com esse grupo durante todo o percurso desde a identifica o daquilo que assitem na TV at o jogo de faz de conta proposta na Oficina 03 O esporte su
39. gico em que se tem acesso a conhecimento e em que se produz cultura O desafio que se coloca a n o diferente ouvir o que a crian a tem a dizer porque nesse dizer ela avalia a sua experi ncia expressa seus desejos deixa escapar pontos que podem servir como detonadores de problematiza es nas aulas E o que interessante perceber que o pr prio sentido que as crian as estabelecem para a Educa o F sica com a televis o mesmo numa perspectiva mais pr xima do esporte rendimento da competi o da for a do individualismo contraditoriamente n o abalado por uma experi ncia repetitiva de movimento nem d crian a a percep o de que est aprendendo alguma coisa e al m disso s refor a os sentidos espontaneamente constru dos para essa rea de conhecimento porque a televis o e os meios de comunica o passam a ser o nico meio que a crian a tem de estabelecer um significado e um sentido para a Educa o F sica Antes de iniciar o procedimento da observa o conversei com o professor estagi rio de Educa o F sica PEF mais uma vez sobre a pesquisa O PEF informou que percebe a emerg ncia da T V nas suas aulas quando as crian as encarnam personagens e nas lutas Em rela o a assumir pap is j discuti que essa uma das formas como se concretiza a intera o entre as novas e variadas inf ncias cuja exist ncia se amplia na contemporaneidade em cuja realidade a crian a real interage com aquel
40. ncia A crian a passou a ser vista como ser fr gil que precisava de prote o Ilustrando esse olhar nas artes o autor analisa a representa o das crian as como anjos ou com fei es mais pr ximas a de uma crian a real em rela o arte da Idade M dia A id ia de prote o trouxe tona a necessidade de educar as crian as Esse ponto tamb m destacado por Corazza 2002 p 33 quando ela coloca que na Modernidade estabeleceu se que as gentes pequenas deveriam existir em separado das gentes grandes em um mundo espec fico e aut nomo s delas Mas essa separa o era para tornar esse corpo til d cil adequado e para tanto foi criado todo um c digo de comportamento e de valores que higienizavam assujeitavam adequavam as crian as e as fam lias Esse processo localizou se num mbito mais amplo de estabelecimento de uma ordem burguesa que utilizou as institui es para se firmar Para ratificar tal id ia mais uma vez trago Gramsci 2001 ao afirmar que uma hegemonia se constitui nos espa os institucionais que forjam o senso comum E encontro apoio na afirma o de M szaros 2004 de que uma ideologia disseminada e enraizada por diversos caminhos inclusive os culturais num jogo 34 de mostrar e esconder os interesses ideol gicos sob discursos de objetividade neutralidade e naturalidade Esse processo aconteceu e ainda se perpetua pela necessidade de impedir e vencer conflitos q
41. ncia contempor nea Kincheloe 2001 em uma an lise de alguns personagens marcantes da cultura infantil como Bart Simpson e Kevin e eu poderia passar p ginas citando uma infinidade de outros mostra como a crian a perspicaz representada por esses personagens o cone da inf ncia subversiva contempor nea que reitera a cada instante a sua autonomia e onipot ncia na desordem desconcertando as hierarquias principalmente as que at ent o definiam as rela es entre crian as e adultos Ainda sobre a intera o das crian as reais com as crian as da TV Salgado 2003 diz que as crian as reais valoram os her is interpretam nos na pr pria incorpora o desses her is nas brincadeiras de faz de conta Coloca es que me levam a tr s considera es Primeiro a considera o de que as crian as interpretam e valoram as crian as virtuais com as quais interagem nos meios de comunica o Segundo o lugar que a inf ncia passa a encontrar no mundo em rela o ao adulto E terceiro as inten es subliminares dos meios de comunica o de massa que colocam as crian as no lugar de consumidoras considerando as nada mais do que um novo nicho de mercado como j comentei e trato de agora ressaltar Considerar que as crian as interpretam aquilo a que t m acesso pelos meios de comunica o considerar que elas tecem uma leitura das mensagens Nessa a o est posta muitas vezes a leitura do mundo com o qual
42. ncia social dos conte dos as possibilidades sociais e cognitivas dos educandos tratando os como sujeitos hist ricos portanto tomando o trabalho pedag gico como espa o tempo de dialogia Quando falo em dialogia recorro mesmo perspectiva bakhtiniana quando se pontua que nas intera es discursivas que se tem acesso aos significados sociais dos signos que medeiam nossas rela es com o mundo e que para os mesmos s o estabelecidos sentidos Portanto o trabalho pedag gico deve possibilitar a internaliza o dos pensamentos pelos educandos e ainda promover o posicionamento destes diante dos enunciados que est o postos pela realidade produzindo olhares e respostas para a mesma Especificamente em rela o Educa o Infantil essa tem sido uma das perspectivas que mais tem avan ado assim como a perspectiva da cultura corporal de movimento na proposi o de orienta es para esse n vel de ensino apesar de no chamado Coletivo de Autores somente se tratar da chamada pr escola e a partir de seis anos de idade 156 Nessa refer ncia quando na Educa o Infantil a Educa o F sica continua trabalhando a cultura corporal Como objetivo geral aparece a proposi o de possibilitar aos alunos a reflex o pedag gica intencional e sistem tica dos temas postos no mbito da cultura corporal Como objetivos espec ficos s o postas a viv ncia do universo da cultura corporal a constru o da no o de funcionalidade
43. o O desenho infantil conforme Silva 1998a uma forma n o verbal de comunica o que representa uma leitura que a crian a faz do mundo de modo que traz marcas do contexto em que produzido uma atividade na qual a crian a objetiva produzir sentido Para Leite 2002 o desenho express o transbordamento e frui o que reflete as condi es de produ o s quais as crian as est o submetidas estando muito significativamente presentes o meio social e cultural 189 Expor imagens cotidianas fazendo uso de TV e DVD uma proposi o metodol gica de Ribes 2002 por compreender que na medida que os sujeitos t m a possibilidade de se posicionar diante das mensagens que podem estabelecer sentidos criar recriar criar se e recriar se diante dela Assim assistir televis o com as crian as traz a possibilidade de disparar entre as crian as e destas com o pesquisador o debate sobre o conte do daquilo que se v e aprende Brincar de faz de conta como j comentei em outros momentos com base em Vigotski 1998 representa para as crian as dar conta de algumas de suas necessidades al m de ser um elemento no qual a crian a inclui elementos de sua realidade social e cultural apreendendo significados dos signos culturais e estabelecendo significado para os mesmos Nessa atividade a crian a assume pap is e cria situa es relacionadas as suas condi es de vida A roda de conversa uma forma de organizar o espa
44. o caracter sticos no que diz respeito ao uso de maquiagem ao namoro e o culto a padr es de beleza que refor a um modelo que todos devem alcan ar para serem aceitos socialmente Enfim padr es que refor am uma vis o higienista sobre o corpo que quando se volta para a inf ncia desconsidera seu car ter real e a transforma numa fantasmagoria olha a 164 a partir de refer ncias abstratas Na pesquisa realizada por Wiggers 2005 foram encontradas refer ncias de corpo das crian as muito ligadas aos super her is especialmente os lutadores de artes marciais Esse aspecto permite estabelecer o di logo com Salgado 2003 quando pontua que a intera o da crian a real com a crian a virtual influencia a forma o destas e seu olhar para o mundo mesmo que isto n o se d de forma autom tica E n o se d O estudo de Duarte Leite e Migliora 2006 sobre o que as crian as pensam dos diferentes canais dos seus programas prediletos da viol ncia na TV do papel da televis o no cotidiano e na sociedade mostrou que as crian as n o entendem a TV apenas como divers o mas tamb m como meio de informa o e Educa o que proporciona a forma o de pessoas inteligentes Essa seria uma fun o de todos os canais indo ao encontro do que coloca Magalh es 2006 ao desconstruir o olhar para as redes educativas e comerciais j que os produtos de um circulam pelo outro e que estrat gias de produ o aproximam se Apesar diss
45. o de rela o com o outro que possibilita de acordo com Oliveira 2002 a acolhida de todos os sujeitos a express o de todos a partilha de tarefas e opini es Nas oficinas a roda de conversa foi utilizada para contar hist ria explicar atividades de cada dia conversar com as crian as sobre o que assistimos na televis o e sobre as aulas de Educa o F sica importante considerar que apesar das oficinas terem ajudado a elaborar a resposta da primeira quest o orientadora da pesquisa e de descrev las por uma quest o de organiza o do texto antes de apresentar o conte do das observa es elas foram realizadas ap s as observa es por dois motivos porque senti necessidade de conviver com as crian as para estabelecer v nculos e s depois realizar as oficinas e porque tinha receio que as oficinas influenciassem o comportamento das crian as diante das aulas de Educa o F sica A segunda estrat gia foram as observa es das aulas de Educa o F sica realizadas entre os meses de mar o e maio de 2007 o primeiro bimestre letivo tendo in cio no dia 14 03 07 segunda semana de aula do ano e findando em 09 05 07 dia em que aconteceu a ltima aula do primeiro bimestre letivo totalizando seis 06 aulas observadas em cada turma O crit rio de satura o foi posto como refer ncia para a finaliza o das observa es Para Minayo 2006 a satura o tem rela o com a compreens o da din mica do grupo pesquisado
46. o instigadora em rela o ao discurso pedag gico escolar e o discurso televisivo feita por Guimar es 2001 que se p e a analisar a caracter stica dos dois discursos entendendo que o discurso escolar autorit rio enfadonho de n o prazer e a n o aprendizagem torna se mesmo uma estrat gia de defesa J o discurso televisivo est pr ximo das narrativas parecendo coadunar com a realidade e com o imagin rio dos alunos interessante aqui falar de Orlandi 1996 quando a autora caracteriza o discurso pedag gico como um discurso autorit rio no qual o referente aparece como algo sobre o qual se deve saber por dever tornando a escola um espa o tempo com as caracter sticas acima postas e fazendo com que a hora preferida seja a sa da da escola J o discurso da televis o parece estar mais pr ximo do discurso l dico quando se coloca a crian a como capaz de resolver quest es que ficam em aberto nos programas educativos infantis mais especificamente o Castelo R m Tim Bum analisado por Guimar es 2001 Todavia necess rio pontuar que o discurso da televis o tamb m pode se constituir de forma autorit ria e geralmente assim o na televis o aberta em canais comerciais FISCHER 2006 Desse modo Guimar es 2001 entende que a televis o d pistas de como a escola pode e deve pensar a reconstitui o do discurso pedag gico tornando o pr ximo do chamado discurso l dico em que os diferentes sujeitos que partici
47. o os aspectos que justificam a Educa o F sica Essa proposta encontra se mais sistematizada no livro de Freire e Scaglia 2003 quando prop em os blocos de conte dos e o trabalho com diversos temas e subtemas organizados por s rie a partir dos est gios sens rio motor pr operat rio operat rio concreto e operat rio formal propostos por Piaget No mbito da Educa o Infantil o jogo seria o foco do trabalho corporal em especial o jogo de faz de conta pois os autores chegam a afirmar que a Educa o Infantil deveria se constituir como uma escola da fantasia H sem d vida nessa proposi o um avan o em rela o ao entendimento da crian a mas as quest es sociais s o ainda deixadas de lado al m de no olhar da pr pria Darido 2003 n o ficarem claros o conte do e fun o espec ficos da Educa o F sica pois o jogo e a brincadeira parecem ser mais um meio para outras aprendizagens do que propriamente um conte do o que dificulta seu estabelecimento como componente curricular Al m disso quero concordar com Bracht 1999 quando ele pontua que a perspectiva construtivista interacionista ao relacionar todas as decis es did tico metodol gicas a aspectos da psicologia da aprendizagem de base piagetiana que tamb m estabelece fases de desenvolvimento naturaliza e desculturaliza a Educa o F sica Na l gica dos jogos cooperativos evidente que os jogos s o o foco do trabalho da 150 Educa o F s
48. p 31 52 COSTA M rcio da A Educa o em tempos de conservadorismo In GENTILI Pablo Pedagogia da Exclus o cr tica ao neoliberalismo em Educa o 11 ed Petr polis Vozes 1995 p 43 76 DARIDO Suraya Cristina Educa o F sica escolar quest es e reflex es Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2003 DEL PRIORE Mary Org Hist ria das crian as no Brasil 5 ed S o Paulo Contexto 2006 DEMO Pedro Pesquisa participante saber pensar e intervir juntos Bras lia L ber Livros 2004 DE PAULA Branca Truques coloridos Belo Horizonte L 1986 DIDONET Vital A pol tica de Educa o Infantil e o Fundeb In Presente revista de Educa o ano 14 setembro novembro 2006 p 12 19 DUARTE Ros lia LEITE Camila MIGLIORA Rita Crian as e televis o o que elas pensam sobre o que aprendem com a tev Revista Brasileira de Educa o v 11 n 33 p 497 564 set dez 2006 DUARTE Newton Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilus es Campinas Autores Associados 2003 ENGELS F O papel do trabalho na transforma o do macaco em homem 4 ed Rio de Janeiro Global 1990 ESCOTEGUY Ana Carolina Os estudos culturais In HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Teorias da comunica o 5 ed Petr polis Vozes 2001 p 151 170 FARIA JUNIOR Alfredo Gomes A reinser o dos jogos populares nos programas escolares 308 In Motriviv ncia ano VIII n 9 dezembro
49. por tais recursos toma se a crian a como interlocutora para aprender o que ela sabe sobre os recurso t cnicos de comunica o e para conhecer a imagem que ela faz de si mesma e do mundo em que vive para dialogicamente problematizar refletir partilhar e contribuir para a constru o de uma crian a que seja mais que cidad consumidora um sujeito aut nomo e capaz de realizar leituras das mais diversas linguagens que povoam o mundo contempor neo Como diz Freire 2006 p 21 neste sentido que a leitura cr tica da realidade dando se num processo de alfabetiza o ou n o e associada sobretudo a certas pr ticas claramente pol ticas de mobiliza o e de organiza o pode constituir se num instrumento para o que Gramsci chamaria de a o contra hegem nica Todos esses aspectos incidem n o s na rela o da crian a com o adulto socialmente 85 sobre a qual j me referi mas incidem tamb m sobre o lugar que a escola assume nessa sociedade e as pr ticas que nela se concretizam 86 3 A EDUCA O INFANTIL HISTORICIDADE E DILEMAS CONTEMPOR NEOS A crian a feita de cem A crian a tem cem m os cem pensamentos cem modos de pensar de jogar e de falar Cem sempre cem modos de escutar de maravilhar e de amar Cem alegrias para cantar e compreender Cem mundos para descobrir cem mundos para inventar cem mundos para sonhar A crian a tem cem linguagens e depois cem cem cem Mas rouba
50. quando chega escola n s temos todo o cuidado de procurar saber diagnosticar o conhecimento da crian a pra que a gente possa da ajudar o potencial dela a ser desenvolvido Quando eles v m para a escola ele j trazem um conhecimento A escola tem que respeitar o que a crian a aprender l fora e tentar modificar tentar consertar o que a crian a n o assimilou Eu acho que a crian a aprende na rua dentro de casa e tem que ta trabalhando na escola tamb m a crian a se socializa E a fase mais importante da vida da crian a eles aprendem E importante porque nessa fase a crian a tem que ter v rias atividades quanto mais melhor A Educa o F sica importante porque tem crian a que a gente percebe que tem algumas dificuldades motoras lateralidade no o de espa o e as que v m de outra escola a gente perecebe que tem algumas diferen as das crian as que que teve qu passou 4 5 e 6 aqui Atividades com bola mesmo A Educa o F sica trabalha o 337 tem a m dia que a crian a aprende Com o que passa na TV a crian a se torna violenta mas tem aquele deseno que a crian a vai aprender se descobrir A escola tem que modificar Porque eles querem a brincadeira de luta sabe brincar na sala de bater um no outro chutando o outro Ent o a escola tem por obriga o assim n o cheg
51. que inclusive uma cr tica recebida pela abordagem construtivista Significa ao contr rio que a escola tentar dar conta das cem linguagens que se mostram no mundo Outro ponto com pouca fregii ncia mas que d o tom do que C1 pensa sobre Educa o F sica a afirma o de que se cuida da sa de Essa coloca o deixa emergir um outro ran o hist rico em rela o Educa o F sica enquanto rea que d conta das quest es da sa de Debate tecido por Castellani Filho 1994 mostra que a rea m dica foi bastante influente no campo da Educa o F sica e respons vel pela redu o do seu olhar ao corpo biol gico Al m disso teci coment rios sobre a perspectiva da sa de renovada que vem tentando reformar a justificativa da Educa o F sica na escola pelo argumento da preven o e 232 tratamento de doen as cr nico degenerativas Perspectiva que desculturaliza a Educa o F sica faz com que ela se resuma pr tica de exerc cio f sico sistematizado e descomprometa se de ensinar a crian a a ler o mundo nas manifesta es da cultura corporal que a se apresentam Todas essas contradi es se explicam com uma ocorr ncia em que o professor de Educa o F sica diz usar o RCNEI como refer ncia para organizar sua pr tica seu planejamento Comentei anteriormente achar estranho que o RCNEI n o fosse citado no Projeto Pol tico Pedag gico de uma escola que atende crian as de O a 6 anos de idade Contu
52. rica Latina t m envergadura pol tico econ mica cultural e s o respons veis em alguns pa ses at pelo desenvolvimento do sentimento de na o de modo que necess rio manter uma tens o cr tica MART N BARBERO 1987 Mas o que significa falar em na o na Am rica Latina Para o mesmo autor significa falar na pr pria moderniza o desses pa ses Processo que teve in cio com a dissemina o do desejo de formar um sentimento nacional desembocou em governos populistas como o de Get lio Vargas no Brasil Cen rio em que a m dia serviu para compor e difundir essa identidade e sentimento de nacionalidade transformando as massas em povo que foi promovido na o A partir de 1980 ser na o significou a retirada do Estado do palco em que o protagonista passou a ser o mercado Assim as m dias passaram a ser porta vozes de uma cultura globalizada sem hist ria sem contexto sem mem ria num processo de desordenamento cultural Para Mart n Barbero e Rey 2004 o desordenamento cultural que vive a Am rica Latina resultado do descentramento da modernidade ou seja internacionaliza o dos mercados modas e universaliza o dos padr es al m da globaliza o dos meios de comunica o Ou seja todos os acontecimentos que caracterizaram potencializaram e foram potencializados pelas alternativas que buscaram a perpetua o do capitalismo ap s a crise norte americana da d cada de 1960 ARRIGHI 1996 Foi nesse pr
53. se comportam Ainda AS que tem uma lideran a no grupo disse que tinha o treinamento A as crian as come aram a fazer movimentos de luta e a fingir que estavam treinando fazendo polichinelos e pulando LZ deitou no ch o da sala e come ou a fazer flex o de bra o e abdominais bem r pido Deixei as crian as brincando livremente misturando me com elas Eu fui monstro quando todas as crian as me puxavam para a pris o Fui Menina Super Poderosa e tinha que ficar em um determinado espa o da sala que era delas e em alguns momentos sair correndo r pido pela sala fingir que estava voando e voltar para o mesmo lugar Enquanto isso todos os Homens Aranha imitavam os movimentos que o her i faz com os bra os e m os de lan ar a teia para prender as crian as que estavam fantasiadas de monstros Mas os monstros eram fortes e quebravam a teia As crian as brincavam dialogavam com os outros super her is trocavam de m scaras umas com as outras mudavam de grupo depois destrocavam Mas na brincadeira de lutar que foi a que imperou mesmo entre aqueles que quiseram ser Bob Esponja contrariando o car ter de com dia desse desenho as crian as n o se tocavam de fato A luta estava no plano do faz de conta Al m disso o que os desenhos trazem nem sempre aconteceu da mesma forma da brincadeira apesar da reprodu o anteriormente descrita pois havia momentos que era o monstro que corria atr s do super her i e n o o
54. seguiu se ao primeiro momento como nas outras turmas a escolha do epis dio que seria assistido Mostrei s crian as tudo que tinha dispon vel e n o houve discuss o quanto ao que assistir pois a escolha de Bob Esponja foi un nime Assistimos ent o o epis dio Hora da Hiberna o que algumas crian as j haviam visto em casa As crian as assistiram atenciosas quietas algumas t o concentradas que estavam boquiabertas as aventuras de Sandy e Bob Esponja uma semana antes da hiberna o do 253 esquilinho Sandy que se preocupava em aproveitar seus ltimos dias acordada para fazer uma s rie de atividades e viver aventuras como nadar noite num rio repleto de mariscos gigantes passear pelo parque industrial jogar boliche catar uma palha num agulheiro Uma crian a LU falava enquanto assistia Eu sou Bob Esponja V Se voc Bob Esponja ent o voc menino LU Eu sou ela referindo se a Sandy E essas duas crian as iam identificando os detalhes do desenho V o peixinho LU minha V Eu sou o peixinho Tu a menina referindo se a Sandy Voc a Sandy a apontando para a televis o LU Sou essa referindo se de novo a Sandy E elas se espantaram com o tamanho cansa o que Bob Esponja sentiu LU ta Logo ap s termos assistido o desenho com o Grupo 04 voltamos para a sala de aula onde fizemos uma roda nortea
55. sica constitui se hoje em disciplina de conte do mat ria de ensino e n o somente um adorno ou algo sup rfluo na 145 escola Tem portanto objetivos que implicam avalia es tanto da escola quanto da pr tica pedag gica quanto dos aprendizes Algumas reflex es s o colocadas doravante a partir de tais coment rios e afirma es Reflex es que se constituem tanto no mbito da pr pria literatura mas tamb m do contato cotidiano com a Educa o F sica no espa o concreto da escola em especial na Educa o Infantil A Educa o F sica disciplina extra confunde se com recreio e com o desenvolvimento motor Ent o ser que se configura como componente curricular Por que ser que muito do debate acad mico em busca de uma outra Educa o F sica n o chega escola claro que existe o aspecto hist rico n o se muda a dire o do barco de um momento para outro mas h tamb m e Vago 2007 na VIII Jornada Pedag gica do CBCE BA colocou isto de forma pontual uma cis o entre o fazer cient fico e o fazer escolar Esse mesmo aspecto tamb m apontado por Kunz 2004b ao afirmar que apesar das den ncias e das novas formas de Educa o e Educa o F sica que se apresentam ainda n o se concretizaram mudan as efetivas nos cotidianos escolares Portanto preciso resgatar o lugar do professor como sujeito de transforma o e compreender que no cotidiano escolar no espa o tempo da escola q
56. stica faz Mart n Barbero 1987 afirmar que a pr pria visibilidade de quest es culturais para torn las significativas faz se via meios de comunica o Tal conceito traz a possibilidade de dialogar com a id ia de cria o de uma nova cultura oral j que para Postman 1999 o advento da televis o far com que os sujeitos abandonem a l ngua escrita e os h bitos de leitura pois ver e ouvir mais prazeroso que ler o texto escrito O que como j afirmei anteriormente traz apenas a perspectiva e necessidade de um conceito mais amplo de linguagem de texto e de leitura no que me ajudaram Freire 2006 ao pontuar que o mundo um texto Koch e Elias 2006 afirmando que a leitura n o se faz pela decodifica o mas pelo di logo entre texto leitor contexto e Martins 2005b quando comenta que a leitura feita de todos os objetos que nos causam rea es no que se refere ao estabelecimento de sentidos J Pfromm Neto 2001 define televis o como sistema de transmiss o eletr nica de imagens em movimento e de exibi o destas a um receptor Ou seja esse autor enfoca as quest es t cnicas para definir televis o e para a partir disto pensar nas suas possibilidades como suporte para as rela es de ensino aprendizagem no sistema formal de ensino Em rela o aos programas televisivos Magaldi 2006 classifica os em programas educativos programas tem ticos e programas n o tem ticos Os programas educativos t m por objetiv
57. t la como sujeito com quem podemos partilhar experi ncias e hist rias e que tamb m pode como interlocutora colocar em xeque as nossas verdades diz Salgado 2003 p 85 Ter a crian a como interlocutora para Salgado Ribes e Souza 2005 p 16 fundamental num mundo em que a presen a do adulto tem sido esvaziada diante de tantas outras fontes de informa o por possibilitar que o adulto possa compreender a crian a deixando se surpreender pela sua singularidade e a crian a possa ver no adulto outras formas de perceber e lidar com a vida contempor nea Inclusive a pr pria possibilidade de dialogar s existe se um sujeito se dispuser a compreender o mundo do outro pois em estudo realizado com crian as de sete a dez anos de idade Fernandes e Oswald 2005 ouviram delas que h uma prefer ncia em assistir sozinhas aos desenhos animados porque como os adultos n o os conhecem eles terminam atrapalhando Essa coloca o diga se de passagem inverte a afirma o de Postman 1999 de que a crian a n o sabe pois nesse caso quem n o sabe o adulto E traz a necessidade 83 apontada por Ribes e Souza 1998 de se reconhecer a diferen a no outro e desse modo conseguir estabelecer uma intera o enriquecedora para ambos Isto no entanto exige que o adulto dialogue com o seu passado com a sua experi ncia de ser crian a Outra autora que chama aten o para esse aspecto de dialogar com as
58. um padr o corporal de beleza que se disseminou na contemporaneidade e uma qualidade f sica e de car ter que permite vencer no jogo no esporte na fantasia O modelo da for a por assim dizer um estere tipo ligado a alguns aspectos que cabe destacar a forma o de um sujeito competitivo a inculca o de que o sucesso ou o fracasso s o responsabilidades pessoais e a valoriza o de um padr o corporal que tem levado as pessoas a doen as e dist rbios psicol gicos pelo desejo de alcan arem um modelo de beleza distante de suas possibilidades genot picas e ao consumo desenfreado de uma infinidade de produtos que prometem a felicidade No Grupo 05 as crian as ficaram em um grande impasse entre os Power Rangers que foi escolha de muitos da turma na Oficina 01 como desenho preferido e Bob Esponja de modo que procedi com uma vota o Os Power Rangers foram escolhidos por uma parte bem significativa da turma O epis dio de Power Ranger que assistimos foi Triunfo Tri ssico do volume 05 258 Power Ranger Dinotrov o que o mesmo volume que estava sendo exibido na poca da pesquisa no Programa TV Xuxa da Rede Globo Antes de come ar a exposi o do desenho as crian as estavam agitadas euf ricas e algumas delas come aram a pedir sil ncio em tom de ordem aos colegas Solicitei ent o ao grupo que fizessem sil ncio para poder ouvir o que os personagens iam dizer Logo um coment rio
59. voc homem respondeu o colega Uma outra menina retrucou dizendo Tem a Power Ranger rosa e amarela que s o mulheres Ao mesmo tempo outras crian as corriam para uma tampa de concreto acredito que algum po o artesiano que fica mais alta que o n vel do ch o As meninas subiam e cantavam uma m sica que Xuxa vem retomando em seus programas Xu xu Xu X X x um jeito novo de se dan ar fazendo a coreografia Os meninos subiam e diziam que eram Super homem No Grupo 06 o come o da aula foi conturbado porque o professor precisou sair do espa o da aula por alguns instantes Enquanto isso fiquei conversando com algumas crian as sobre o que eles acham da aula de Educa o F sica Alguns concordam que falta mais esporte porque A gente v e aprende a nadar Tem os homens jogando bola disse uma menina acrescentando ao que o colega falou Quando o professor voltou fez a mesma atividade da gin stica oferecida aos outros grupos e de novo as crian as desse grupo associaram a atividade aos movimentos das lutas vivenciadas pelos super her is Mais uma vez os super her is s o convidados a fazer parte da aula de Educa o F sica cujos movimentos s o associados aos que s o propostos nesse espa o tempo pedag gicos recorrente a presen a do esporte como tema que as crian as gostariam de vivenciar e como manifesta o de indisciplina quando as crian as o vivenciam e n o permitem ao profes
60. AS Voc s p ra a de zuada que eu quero ouvir Mas o sil ncio volta a se fazer presente na medida em que as cenas que s o o auge do desenho chegam ao fim Somente no final do desenho quando h uma nova luta agora com o monstro em forma gigante e com o Ranger branco concentrando a for a de todos os outros Rangers que as crian as voltam a se agitar no mesmo sentido de brincar que s o os her is No momento em que isto est na imin ncia de acontecer Y disse Eles v o morfar s que a o monstro vai ficar grande e eles v o ter que chamar o zordi Enquanto AS repetia com o personagem Tiranocajado rajada de vento Quando o epis dio acabou comecei a roda de conversa com as crian as PESQ Muita gente nessa sala me disse que gosta dos Power Rangers Por que que voc s gostam AS Ah porque tem for a LZ Porque tem o vermelho PESQ E o que que tem o vermelho LZ O vermelho forte AS Porque o Ranger vermelho tem o poder de a o D Eu gosto do Power Ranger porque tem a amarela que menina E o mesmo foi repetido por Y VT Eu gosto do rosa AS Mas n o tem mais rosa LZ Tem vermelho azul amarelo preto e branco DN Eu gosto porque eu sou o preto TR E eu gosto do branco porque ele corre r pido O gosto pelo desenho mais uma vez aparece vinculado for a e capacid
61. M Pr eu gosto do Power Ranger PESQ Ent o voc vai desenhar o Power Ranger Extrovertido ele perguntou turma bem alto Quem gosta dos Power Rangers Muitas crian as levantaram animadas gritando Eu Ent o GB interferiu dizendo GB Eu n o Gosto de Xuxa PESQ Quem gosta de Power Ranger vai desenhar Power Ranger Quem gosta de Xuxa vai desenhar Xuxa Cada um vai desenhar o que gosta mais As crian as puseram se a produzir e procedi do mesmo modo como havia feito na turma anterior BB disse sobre seu desenho que Eu fiz as Tr s Espi s Demais mas n o deu para fazer a outra Penso que ela estava se referindo ao espa o do quadro que representa a televis o mas perguntei o por qu BB Porque Susan uma das Tr s Espi s est em perigo e as outras v o tentar salvar ela Ainda MN desenhou as Tr s Espi s Demais J GB desenhou se assistindo o mesmo desenho e dizia s colegas durante a produ o Eu vou fazer minha casa e eu assistindo MC desenhou a si mesma e toda sua fam lia assistindo Xuxa e RC fez o Super Homem AK desenhou Xuxa as Tr s Espi s Demais e uma bola dos jogos que Xuxa mostra Y tamb m desenhou Xuxa assim como VT BA desenhou os Power Rangers mas com um detalhe E o Power Ranger chamando o Zordi Os Zordis s o as m quinas em forma de 248 animais que os Power Rangers comanda
62. O F SICA NA EDUCA O INFANTIL A Educa o F sica uma disciplina que trata pedagogicamente na escola do conhecimento de uma rea denominada aqui cultura corporal O estudo desse conhecimento visa apreender a express o corporal como linguagem SOARES et al 1992 p 61 62 Diante de tantos olhares para a inf ncia assumi a concep o de crian a como sujeito que se constitui social e historicamente que tem direitos e que produz de acordo com suas capacidades s ciocognitivas e das intera es que estabelece sentidos para o mundo que a rodeia Portanto as suas express es e pensamentos devem ser considerados nas rela es que com ela se estabelecem Quanto escola de Educa o Infantil posiciono me e fa o quest o de ressaltar tomando a como lugar de cuidar que inclui preocupa es com os hor rios espa o materiais e necessidades b sicas da crian a e educar que se refere a lan ar o olhar para o fato de as crian as estarem em processo de forma o num movimento em que a intera o com pessoas e coisas do mundo levam nas a elaborar significado e sentido para aquilo que as rodeia e deve fazer parte desse processo um acesso sistematizado aos bens socioculturais elaborados historicamente pela humanidade Portanto a es que podem parecer bvias no trabalho escolar como sele o de conte dos delimita o de objetivos de ensino aprendizagem transposi o did tica devem fazer pa
63. PEDAG GICO CEB UEFS 1998 s n e a afirma o de que o PCN o documento de refer ncia para organizar a Educa o F sica na escola Nesse momento em que lia e organizava aquilo que o PPP me dizia meu mundo caiu pois vinha t o feliz ao perceber que todas as condi es estavam postas para a constru o de uma Educa o F sica integrada s outras reas de conhecimento escolar e portanto legitimada naquela comunidade E de repente aparece me o PCN Mas por que meu mundo caiu Vejamos O PCN e est claro que os referidos objetivos para a rea de Educa o F sica v m de l e muito possivelmente o pr prio termo cultura corporal de modo que me prenderei em um nico momento de an lise alvo de cr tica dos estudiosos da Educa o F sica por um motivo em especial a miscel nea te rica E teoricamente que o PCN se coloca como uma orienta o que os docentes podem optar por adotar porque como pontuei no referencial do terceiro cap tulo tomado como refer ncia para avaliar as escolas Vou mais longe e ponho me a pensar em quantas refer ncias t m acesso os professores dos confins desse pa s com sal rios aviltantes e sem condi o para investir num processo de forma o continuada Certamente no entanto esse n o o caso do CEB UEFS cuja escola e corpo docente est o localizados espacialmente dentro da universidade 216 E ainda assim o PCN a refer ncia para a constru o da Educa o F
64. TV educativa muitos programas comerciais t m quadros que assumem modelos pr ximos da proposta educativa e os programas educativos t m aderido ao modelo do consumo at por uma quest o de sobreviv ncia dos programas e emissoras Ent o a defini o de programa educativo ampliada tornando se independente dessas caracter sticas Os programas tem ticos n o s o pensados como instrumento para as rela es de ensino aprendizagem mas s o excelentes recursos na medida em que discutem temas espec ficos a exemplo dos document rios E os programas n o tem ticos a maioria nos canais comerciais t m objetivo de entretenimento e publicidade Ao menos esse o objetivo declarado pois podemos lembrar as estrat gias complexas utilizadas pelo capital para moldar os sujeitos e de algum modo educar inculcar Para Pfromm Neto 2001 a televis o aberta em especial os canais comerciais pouco usada com fins educativos mas h que se considerar que presente no contexto tamb m ensina forma de se ver o mundo e de se ser no mundo FISCHER 2006 Portanto essa natureza de televis o tamb m edifica desafios para a realidade educacional Nesse ltimo caso especificamente pode se trazer Silva 1998 quando ele pontua a exist ncia de um mundo comunicativo extra escolar que parece agradar mais os educandos do que a pr pria escola Vale ressaltar que esse n o o olhar quando se fala da televis o como instrumento ideol gico pois s
65. a o da fam lia Tudo isso visto como um alicerce do desenvolvimento da crian a Al m disso h uma abordagem de que o espa o do CEB UEFS localizando se dentro da universidade deve se constituir campo de est gio e pesquisa para os professores da escola e para os estudantes universit rios garantindo a manuten o do trip que sustenta a a o da universidade que o ensino a pesquisa e a 196 extens o Em rela o presen a dos meios de comunica o na escola o PPP n o fala em meios de comunica o mas em tecnologias Estas s o vistas como elemento que tem impacto na vida da sociedade e por isso exige a apropria o de novas linguagens H uma compreens o de que as crian as realizam leituras a partir dessas tecnologias Todos esses fatores exigem que os professores dominem e usem essas tecnologias como recurso no processo de ensino aprendizagem No que se refere presen a da Educa o F sica no curr culo da escola achei pertinente pontuar que o PPP repete a necessidade do trabalho com diferentes linguagens que ser o integradas em projetos de ensino O movimento e o corpo aparecem como aspectos que devem ser explorados para garantir a aprendizagem das crian as e a Educa o F sica como rea de conhecimento que permite conhecer padr es de sa de beleza e est tica al m do lazer e da express o Aparece ainda que a Educa o F sica trabalha com uma linguagem conhecida como cultura corporal e qu
66. a de zero a seis anos fosse necess rio foi a industrializa o e todas as suas consegii ncias dentre as quais a sa da da mulher para o mercado de trabalho de modo que esse atendimento surge como um direito da mulher oper ria estando a crian a colocada como um mero objeto que precisa ter um destino diante das novas rela es trabalhistas Considerando a legisla o atual est posto no ECA que fam lia e comunidade s o respons veis pelo cuidado com a inf ncia Ou seja colocar o atendimento escolar como complemento do trabalho familiar n o deixa de ser uma considera o que respeita as proposi es legais de direitos da inf ncia S preciso destacar que o atendimento escolar tem caracter sticas pr prias na medida em que trabalha com conhecimentos cient ficos e culturais mesmo atentando para as quest es que comp em as dimens es afetivas e de cuidado Pontuo isto para fugir considera o bem ao gosto de um atendimento assistencialista de que a escola a segunda casa O que se observa portanto que as fun es assumidas pelo PPP do CEB UEFS como responsabilidade da escola atentam para quest es hist ricas que est o na nascente das institui es de Educa o Infantil e trazem junto os riscos de cair no assistencialismo mas trazem tamb m sobretudo olhares para a Educa o Infantil que s o pr prios de uma posi o de enfrentamento do modo como o atendimento de zero a seis anos se constituiu historicamente sen
67. a refer ncia buscando responder ao enunciado com o qual t m contato o que no caso das crian as de Educa o Infantil se manifesta em suas diferentes linguagens como os jogos os desenhos enfim no universo da fantasia Tenho com esses pressupostos suporte para confrontar a afirma o de E6 e concordar que s h como saber sobre o efeito que os meios de comunica o t m sobre os sujeitos no di logo com eles com o conhecimento de suas demandas culturais e sociais MART N BARBERO REY 2004 e com a perspectiva de que do lado da c dos meios de comunica o n o existe apenas uma massa de modelar mas interlocutores em potencial DUARTE LEITE MIGLIORA 2006 No mesmo sentido segue a ocorr ncia que considera a m dia manipuladora Desse modo preciso confrontar essa percep o com o car ter comprometido da TV com os interesses mercadol gicos que aparecem hegemonicamente na TV comercial e que j invadem as redes educativas na tentativa de estabelecer la os societ rios que o mercado por si n o capaz de fazer No entanto preciso lembrar que o pr prio espa o de produ o midi tica contradit rio tanto quanto a pr pria sociedade E al m disso as enuncia es a veiculadas transitam pela via da ideologia cotidiana e podem ser transformadas Numa outra face da mesma figura duas estagi rias colocam a m dia como educadora falando que a m dia tamb m formadora de opini o e acaba sendo uma educ
68. a vit ria na guerra 168 como sinal incontest vel de sucesso foi sendo constru da lentamente ao longo dos s culos nas sociedades humanas A guerra faz parte da identidade de cada povo e embora seus conte dos e formas variem certos elementos essenciais permanecem constantes o fundamento econ mico a legitima o dos mais violentos para defesa dos fins erigidos em cren as mitos ou palavras do l der Ent o como a rela o das crian as com as m quinas faz com que elas se apropriem dessa perspectiva de sociedade em que forte e fraco se enfrentam e o mais forte vence A viol ncia foi tecnificada de modo que seu potencial como cultura e est tica foi exacerbado Desse modo s o disseminados valores e s mbolos em cenas emolduradas e enaltecedoras de comportamentos violentos que influenciam os gostos e os padr es est ticos das crian as ainda Wiggers 2005 que discute as reclama es constantes no universo da escola no que diz respeito viol ncia s lutas entre her is e monstros Contudo afirma que nos desenhos em geral esses confrontos aparecem como forma de fazer evoluir um personagem de modo que as crian as gostam porque tem luta d poderes WIGGERS 2005 p 74 Mas e as crian as o que acham das lutas Na pesquisa de Duarte Leite e Migliora 2006 o que as crian as mostram aprender com esses desenhos s o valores como for a de vontade respeito honestidade apesar de percebere
69. abrem Por isso entende se que h a necessidade de pensar as diferentes facetas da televis o e n o s pontu la como alienadora e ou manipuladora N o s pelo movimento do real mas porque com essa concep o assume se a dialogia como parte do processo de atribui o de sentidos e significados e a realidade passa a ser entendida como poliss mica a ent o que se entende que a televis o na mesma medida que assume o papel de recurso educador inculcador alienante tem a possibilidade de informar e conscientizar tem possibilidades educativas E nessa trilha aparece a necessidade de pensar a TV como aparato que p e a necessidade de refletir as quest es educacionais e a pr pria televis o como elemento educativo numa l gica contra hegem nica Mas antes de discutir as possibilidades educativas da televis o e os desafios gerados para o sistema educacional h a necessidade de definir televis o admitindo se no presente trabalho os programas assistidos pelas crian as as parceiras da pesquisa ser o o ponto de partida para discutir as rela es do texto televisivo com a escola de Educa o Infantil e com a Educa o F sica Assumo nesta pesquisa uma concep o de crian a como sujeito que nas suas possibilidades s ciocognitivas faz uma leitura de mundo e que a todo tempo est estabelecendo sentidos para aquilo que a rodeia e apreendendo os significados sociais Nesse sentido a crian a n o precisa que o outro fale por
70. ao sinalizarem que a desintegra o entre crian a e adulto acontece porque como os meios de comunica o destacadamente a TV n o exigem o saber ler formal eles desmascaram os pap is sociais tradicionalmente assumidos n o s porque a crian a passa a ter um saber Mas tamb m porque o adulto da TV n o um modelo de perfei o Ele chora mente maltrata aos outros e a si mesmo faz tudo o que historicamente foi ensinado s crian as que feio Na mesma medida a crian a tolhida de fazer suas leituras mas as faz e n o pode ser culpada por isso pois quando nasceu a televis o j estava ligada na estante da sala mostrando o er tico o violento o inapropriado e tudo o mais que se diz na perspectiva de que se deve desligar a TV Mas ningu m desliga preciso considerar ainda e essas coloca es v m refor adas pelos coment rios de Briggs e Burke 2004 que muitas mudan as nas rela es sociais inclusive entre adultos e crian as n o s o simplesmente geradas pelos meios de comunica o mas potencializadas por toda a mudan a que aconteceu com a inven o das sociedades industriais com a sa da da mulher para o mercado de trabalho a reorganiza o familiar o feminismo Ao mesmo tempo os meios de comunica o s o potencializadores dessas transforma es quando falam de modos de ser no mundo Ent o j n o cabe excluir a crian a n o cabe mais tom la como sujeito que n o fala mas ao contr rio
71. as t m acesso diante da TV que paralelo escola se coloca para a crian a como uma respondedora de perguntas sem cobrar nada e faz se um elemento significativo na vida de muitas crian as de todas as classes sociais Al m disso tenho uma compreens o de que a televis o apresenta textos aos telespectadores que devem ser tomados como elementos que comp em o universo sociocultural das crian as e dos quais a escola precisa se apropriar para ensinar a crian a a l los de forma cr tica para desnaturalizar o que h de hegem nico nessa linguagem com os alunos e para integrar se quilo que se mostra como possibilidade de reestrutura o da pr pria escola do seu discurso pedag gico historicamente autorit rio Al m disso h uma compreens o de que o ser humano se constitui na intera o como ocorr ncia sobre a rela o entre conhecimentos cotidianos e conhecimentos escolares que aparece como maior frequ ncia Mais uma vez inevit vel n o relacionar o que est posto no PPP do CEB UEFS perspectiva vigotskiana de aprendizagem desenvolvimento e trabalho escolar posto que para Vigotski 1998 as fun es psicol gicas constituem se nas experi ncias sociais nas situa es compartilhadas ou seja no plano interpsicol gico possibilitando a reorganiza o da atividade cognitiva a partir das experi ncias com os signos sociais pela reconstru o interior do psiquismo Outro autor que tamb m toma a intera o como fun
72. brincadeiras cooperativas Ent o eu vejo na Educa o F sica um papel muito importante de integrar tamb m al m de tratar da quest o f sica mesmo n da sa de de estar fazendo movimentos principalmente na Educa o Infantil em que isso necess rio n Al m de estar desenvolvendo outras quest es motoras tamb m que ajuda tamb m dentro da pr pria sala de aula Fun o social da escola Rela o m dia conhecimentos cotidianos A m dia na verdade ela est dentro da nossa casa Exerce grande poder sobre nossas mentes na de um adulto imagine de uma crian a na escola que s o transmitidos aqueles fundamentos j pr determinados j um in cio de desenvolvimento desde os quatro anos da crian a como um todo desde a socializa o at o processo de ensino aprendizagem Eu acho complicado at a quest o da proibi o isso assiste e isso n o assiste N o assim E a qualquer hora s vezes uma exibi o inapropriada para a crian a em qualquer hor rio Ent o a responsabilidade da reflex o dentro da sala de aula para que a gente possa estar canalizando essas aten es sistematizar as quest es que a crian a j tem para socializar n Ir socializando com essas outras crian as que aqui ela encontra n o s o que ela aprende fora da escola aprende em casa com as outras com os passeios com os pai
73. carros J n o se pode dizer o mesmo do cinema que foi bastante abalado pela televis o com a diminui o do n mero de salas de exibi o e com a necess ria adapta o da ind stria cinematogr fica que passou a produzir TV e a negociar filmes com as redes de televis o Estas com uma programa o inicialmente de jogos quebra cabe as e novelas passou a exibir filmes tornando se por essa trilha uma via significativa de informa o forma o e entretenimento Mas tamb m e necess rio ressaltar de forma o cultural e dissemina o de interesses pol ticos Em aproximadamente quinze anos a televis o se tornou o meio de comunica o mais significativo de modo que muito do que as pessoas sabem sobre quest es cient ficas religiosas pol ticas passou a ser transmitido pelas imagens e sons que caracterizam a linguagem da produ o televisiva Por isso Almeida 2004 entende que os meios de comunica o representam uma vis o de mundo dos sujeitos que est o por tr s da produ o Dessa forma h que se considerar que as informa es a veiculadas s o interessadas ideologicamente e podem informar mas tamb m alienar nas palavras de Fischer 2006 No contexto espec fico da Am rica Latina segundo Thompson 1995 p 252 houve uma influ ncia significativa do modelo norte americano de difus o gra as depend ncia econ mica e pol tica Desse modo desenvolveram se grandes corpora es que se tornaram
74. concerne realidade pol tico econ mica destaco a globaliza o enquanto um evento inicialmente econ mico mas que atinge todos os setores da vida social e individual e o neoliberalismo que aparece como caminho poss vel no contexto da crise do capitalismo no sentido de perpetu lo Tal din mica motiva uma reestrutura o tamb m no plano ideol gico num processo de direcionamento para garantir a continuidade das rela es de produ o e acumula o capitalista Tal rumo vincula a Educa o s quest es de ordem mercadol gica que precisa de um novo trabalhador de um sujeito aculturado preparado para o livre mercado para a concorr ncia e para o desemprego Ou seja a Educa o encaminhada a partir de um vi s economicista Os sujeitos s o definidos como cidad os pela sua capacidade de consumir A crian a nessa trilha tamb m descoberta como consumidora de modo que h uma infinidade de produtos destinados a esse nicho de mercado por conta desta realidade que Postman 1999 fala no desaparecimento da inf ncia na contemporaneidade e responsabiliza esse contexto e os meios de comunica o em especial a televis o por tal fato j que as crian as est o diante das mesmas informa es que os adultos Apesar disto h autores a exemplo de Ribes e Boruchovitch 2003 Souza 2003a 2003b 1994 e Salgado 2003 que entendem que a inf ncia influenciada pelo contexto configura se de outro modo e de fato
75. contr rio Os super her is jogavam se no ch o diversas vezes fingindo dor cansa o e morte Mas chamou aten o uma crian a que ficou na frente do espelho da sala durante todo o tempo da brincadeira reconhecendo se de m scara e fazendo uma s rie de movimentos com o pr prio corpo observando a si pr pria A partir dessa intera o tenho tr s pontos que considero ind cios para infer ncias significativas O primeiro que a rela o com os personagens dos desenhos animados faz se em grande medida pela imita o do movimento corporal pr prio do her i ou do vil o O jogo de faz de conta tem como regra impl cita que o lugar de dada figura dram tica quando se conseguir gesticular de forma parecida com a mesma Isto j traz uma quest o significativa 212 para a Educa o F sica pois a linguagem e a express o corporal aparecem como eixo central da intera o crian a real crian a ou adulto virtual Esse fator coloca ainda mais a linguagem corporal como aspecto com papel ideol gico significativo no processo de formata o do sujeito para a sociedade neoliberal O segundo aspecto que emerge da que de fato nem toda a experimenta o dos alunos somente c pia do desenho As crian as modificam no plano da pr pria brincadeira algumas regras Apesar dos super her is n o se misturarem eles trocam de lugar Apesar de o her i ser o mais forte h momentos em que ele foge do monstro e o monstro vence num proc
76. corporal de movimento Pr tica que deve fundamentar se cientificamente de modo interdisciplinar para descolonizar cientificamente a Educa o F sica como coloca o mesmo autor mas n o se confundir com a pr pria ci ncia pois as refer ncias para estabelecimento de objeto cient fico e objeto pedag gico s o diversas 144 e quando se trata de um vi s pedag gico est o em jogo as teorias pedag gicas ligadas a projetos hist ricos A Educa o F sica ent o tornou se disciplina extra como chamada nas escolas do munic pio em que realizo esta pesquisa Feira de Santana e tem sua aula invadida para a realiza o de uma s rie de atividades ensaios refor o de outras disciplinas entre tantas outras atividades que posso listar aqui mesmo que se insita em dizer que tais a es significam o que n o a Educa o F sica Na Educa o Infantil perpetuou se a influ ncia significativa nesse vazio da psicomotricidade que carente de condicionantes hist rico sociais estando vinculada a uma perspectiva reprodutivista de Educa o SOARES et al 1992 Para Kunz 2004a em concord ncia com tal coment rio h um abandono dos aspectos sociais e culturais para pensar a Educa o Um outro fator destacado por Bracht 1999 no que diz respeito crise da Educa o F sica tem rela o com a defini o de sua especificidade singularidade que poderia possibilitar a supera o da condi o de disciplin
77. crian as Souza 2003a quando comenta sobre a import ncia de conhecer refletir e problematizar as constru es e interpreta es das crian as sobre a realidade a partir de suas diversas rela es inclusive aquelas mediadas pelos meios de comunica o Para tanto necess rio ouvi las Mas afinal o que o di logo Como j pontuei o di logo entre sujeitos na perspectiva de Bakhtin 2004 pressup e que eles coloquem enunciados e encontrem no outro uma postura ativa e responsiva A pr pria linguagem na perspectiva bakhtiniana que possibilita a intera o dos sujeitos e a intera o com o mundo De tal modo toda enuncia o faz parte de um di logo ininterrupto j que ningu m o primeiro a expressar uma id ia uma afirma o pois se considera que ela vem de algum lugar nasce num contexto do qual traz as marcas e direciona se para algu m perto ou longe que tamb m ocupar se de estabelecer sentido para um dado enunciado num processo infinito de compreens es SOUZA 1994 Talvez quando se coloca em jogo os meios de comunica o estejamos falando de uma conversa entre adulto crian a e meios de comunica o H ainda alguns pontos que s o postos por Postman 1999 do qual n o posso discordar como a afirma o de que os meios de comunica o agem incentivando o consumo pois est o comprometidos com a l gica neoliberal que orienta a organiza o que se quer e hegemonia socialmente Como as c
78. crian as noventa e nove de suas linguagens e separando o corpo da cabe a Com esse direcionamento a escola desenvolveu uma id ia de que a aprendizagem se estrutura de modo linear numa perspectiva facilmente identificada com a Educa o banc ria em que o professor deposita o que sabe na cabe a recept culo do aluno e governa numa l gica de manda quem pode obedece quem tem ju zo o espa o tempo da sala de aula FREIRE 2005 Quando tendo tal refer ncia olha se especificamente para a Educa o Infantil o que se v um cen rio t o perverso quanto o das a es meramente assistencialistas e 132 compensat rias nas quais se tolhe a criatividade das crian as em atos de leitura mais amplos em nome de um aprender a ler passivo que se restringe decodifica o de letras e palavras para se preparar para as S ries Iniciais do Ensino Fundamental Novamente a crian a emudecida Pautada e enraizada em modelos ora assistenciais ora intelectualistas al m das dificuldades de financiamento que a constituem a rainha da sucata da precariedade hist rica na forma o das professoras tias soma se a id ia de que televis o tem que ser desligada com as cr ticas que s negam sem buscar possibilidades Est feito o panorama em que professores e escola fazem parte de um time e televis o e crian as de outro e em que a escola que ensina a ler numa perspectiva ampla de leitura nada teria a fazer porque deslig
79. culo Afinal o curr culo n o substitui o trabalho criativo dos sujeitos que constr em e vivem a escola pois n o se trata de uma listagem pr concebida de conte dos e objetivos a serem executados Para refor ar essa afirma o trago a fala do professor Coutinho Estrela quando afirmava que as escolas s o feitas por gente porque paredes n o d o aula n o produzem conhecimento n o constroem hist ria E recorro ainda a Ferra o 2004 ao afirmar que o curr culo vai para al m das prescri es escritas e diz respeito ao uso que os sujeitos fazem dele de modo que est o em jogo n o s a fun o institucional mas os pr prios sujeitos suas realidades necessidades e interesses Ent o para entender valores e contradi es preciso tomar tais sujeitos como interlocutores no di logo com os sujeitos concretos que poderemos ver a escola servir ou questionar o sistema por dentro dele pr prio conversando com os sujeitos que se faz poss vel perceber como as escolas t m desencadeado processos de resist ncia criando estrat gias por debaixo por dentro e ao redor dos mecanismos de controle Ent o repito a escola n o est condenada a servir aliena o nem a se acabar com o pr prio capitalismo Assim estamos assumindo as escolas p blicas como lugares onde apesar de todas as press es sofridas a esperan a ainda um dado de vida FERRA O 2004 p 79 Ent o a escola pode ser lugar de reconstru
80. cultura corporal representada Quero chamar aten o diante do que foi descrito em rela o a esse dia para a presen a da bruxa Esse outro personagem imagin rio mas caracter stico dos contos de fada mas que hoje tamb m transita pela TV Bruxa Keka pelo cinema com a representa o dos pr prios contos em filmes a exemplo dos irm os Grimm faz se presente mostrando que o campo de intera o das crian as com personagens virtuais mais amplo do que a TV Ou seja a televis o pode at ter centralidade na vida da crian a mas divide seu reinado com 294 outras intera es que d o s crian as ferramentas para interpret la E por fim no sexto dia de observa o a aula n o aconteceu na quadra mas na rea gramada que existe na frente da escola Nessa aula o professor prop s uma atividade de gin stica e inicou cantando uma m sica Essa a hora do aquecimento Vamos aquecer nesse momento Enquanto essa musiquinha era cantada por todos v rios movimentos corporais eram repetidos lembrando muito a gin stica calist nica polichinelos saltitos movimentos repetidos com bra os e pernas de abrir e fechar Mais uma vez as crian as faziam a atividade e diziam que iam ficar fortes igual aos Power Rangers No Grupo 05 na viv ncia da mesma atividade apareceu de novo o debate sobre ser menino e menina no seguinte di logo entre as crian as Eu tenho um Power Ranger disse uma menina Ent o
81. das atividades Atenciosamente ROBERTO SIDNEI MACEDO COORDENADOR Divis o de Educa o Infantil da Secretaria Municipal de Educa o de Feira de Santana Bahia 320 ANEXO B 321 X UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCA O PROGRAMA DE P S GRADUA O Of 0 84 PPGE 2006 Salvador 10 de novembro de 2006 Senhora Diretora Apresentamos a V Sa Martha Benevides da Costa mestranda deste Programa de P s Gradua o que est desenvolvendo a pesquisa intitulada Educa o F sica na Educa o Infantil e Discurso Midi tico Implica o Pedag gica e Possibilidades de A o Educativa e necessita colher dados nessa Institui o Esperamos contar com a colabora o de V Sa no sentido de facilitar o acesso da referida mestranda s informa es bem como autorizar o uso de equipamentos para fotografia e grava o das atividades Atenciosamente ROBERTO SIDNEI MACEDO COORDENADOR Ao Centro de Educa o B sica da Universidade Estadual de Feira de Santana Feira de Santana BA 322 AP NDICE A 323 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezados professores Estou no Centro de Educa o B sica CEB da Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS para realizar minha pesquisa de mestrado O estudo trata da rela o entre o trabalho pedag gico da Educa o F sica na Educa o Infantil e sua rela o com aquilo que as crian as aprendem na e com a televis o sobre os con
82. das esta es comerciais Thompson 1995 afirma que sempre houve canais n o comerciais com fins educativos mas com pouco poder e escasso tempo para difus o 49 Outra inven o que influu no mundo da comunica o foi a evolu o das xilogravuras para a fotografia inventada no s culo XIX cuja m quina tamb m se tornou elemento de consumo de milh es de pessoas no in cio do s culo XX em especial nos Estados Unidos que desde ent o j ditava o ritmo de desenvolvimento de uma sociedade de consumo Mas Briggs e Burke 2004 atestam que esse desenvolvimento e o consumo estavam presentes em todas as sociedades industrializadas do mundo j que o tempo livre aumentara o transporte tornara se mais r pido com consegiiente aumento da circula o de pessoas nos centros urbanos e fora deles Ou seja havia mais tempo e espa o para consumir essas novas necessidades Em 1872 houve um avan o em rela o capta o de imagem da fotografia para a imagem em movimento Estava posta a possibilidade de desenvolver o cinemat grafo inventado por Lumi re em 1895 A atividade cinematogr fica atraiu tanto grandes companhias comerciais quanto o p blico de modo que as grandes cidades ficaram repletas de salas de exibi o os cinemas J a televis o tem uma pr hist ria que vem desde 1839 com a inven o da fotografia e com a transmiss o de imagens individuais com o uso de sel nio e luz solar num sistema de varredura e a
83. de D1 ao afirmar que a refer ncia principal Vigotski Piaget e os que os seguem na coloca o de P5 quando diz que a escola s cio interacionista Piaget Vigotski Wallon O PEF tamb m fala que pra trabalhar a Educa o F sica a gente precisa ir buscar outras coisas Vigotski Wallon Piaget Ou seja as mesmas contradi es que apareceram no PPP repetem se no decorrer das entrevistas em rela o concep o pedag gica mostrando que esse confronto contradi o se configura mesmo no cotidiano da escola na a o educativa das professoras e do professor estagi rio de Educa o F sica trazendo um conflito inerente ao cen rio educacional brasileiro constituindo se uma perspectiva bem disseminada que trabalha em fun o de manter O status quo que serve aos interesses de forma o para o mercado de trabalho e toma as crian as como futura m o de obra e uma outra que a confronta nos seus princ pios estruturadores mas que o construtivismo vem tentando envolver formando uma concep o mesclada chamada de construtivista interacionista e que aparece nas falas transcritas no par grafo anterior Mais um ponto com baixa fregii ncia que aparece somente na fala de E4 me traz alguns pontos de reflex o Eu n o acho que ningu m 100 construtivista Tem horas que a gente vai pro tradicional mesmo quando chama aten o das crian as Quando se fala em pedagogia tradicional colo
84. de Olinda munic pio para o qual tal proposta elaborada Vou mais longe e trago Oliveira 2002 mais uma vez ao di logo pois essa autora pontua que numa perspectiva s cio hist rica de cuidar e educar a Educa o Infantil deve possibilitar crian a o acesso a diferentes linguagens que comp em o mundo cultural e social Lembro ent o o que trazem Soares e outros 1992 quando colocam a cultura corporal como uma forma de linguagem Essa rela o j d ind cios da necessidade de tematizar as quest es do corpo e da cultura que se manifestam atrav s do movimento corporal na escola seja em que n vel for A Educa o F sica como componente curricular da Educa o Infantil deve possibilitar crian a o acesso a conhecimentos organizados historicamente tendo como princ pios e isto bem posto por Soares e outros 1992 a relev ncia social dos conte dos o contexto s cio cultural dos educandos as capacidades s cio cognitivas das crian as Ent o apontar a interdisciplinaridade como um caminho poss vel dialogando com a perspectiva da pedagogia de projetos e falar em especificidade da Educa o F sica pode parecer mas n o contradit rio Quero reafirmar com isto que uma postura interdisciplinar n o promove a perda de identidade das reas de conhecimento nem coloca a Educa o F sica como muleta de outras reas e aprendizagens nem refor a sua condi o de disciplina extra Ao contr rio esse caminho
85. de concretizar a id ia j transformada em lei sob a forma do Estatuto da Crian a 30 e do Adolescente ECA da crian a como sujeito de direitos E tamb m por entender que apesar de ser uma etapa de vida do ser humano em que muito se aprende com aqueles que s o mais experientes mais rica far se tal forma o na medida em que a crian a puder estabelecer intera es diversas colocar opini es j formadas nas intera es anteriores e d vidas Al m disso para tratar das quest es da leitura do texto televisivo relacionada com o trabalho escolar realizado com crian as faz se necess rio identificar o sentido que as crian as estabelecem para tais mensagens algo que s poss vel se a crian a tem o direito de expressar seus pensamentos Por m se o processo educativo continua tendo o professor como figura autorit ria que determina tempo espa o e conhecimento a escola se perpetua como institui o distante do mundo que est fora dos seus muros Para Lajolo 2006 p 230 partindo desse significado n o deveria causar espanto o sil ncio que se infiltra na no o de inf ncia e necess rio o entendimento de que tal mudez est presente nos significados sociais da inf ncia e na forma de encaminhar pesquisas e a es educacionais para as crian as Na medida em que se entende a inf ncia da forma como coloca seu significado literal as crian as juntam se a outros grupos sociais exclu dos emudecidos hi
86. de pesquisa fiz contato inicial devidamente identificada por um of cio do Programa de P s gradua o Anexo A com a Secretaria Municipal de Educa o do munic pio de Feira de Santana na qual tive acesso ao cadastro das escolas p blicas municipais de Educa o Infantil e fui informada de que nessas escolas desenvolve se recrea o no trato com a linguagem corporal e que somente o Centro de Educa o B sica da Universidade Estadual de Feira de Santana CEB UEFS desenvolve Educa o F sica por conta do contato com os cursos de forma o de professores da institui o Nesse percurso em todo o universo de escolas de Educa o Infantil da cidade de Feira de Santana cheguei ao CEB UEFS por ser uma institui o que atendia aos crit rios estabelecidos e pela acessibilidade que a institui o disponibiliza a pesquisadores de v rios campos O CEB UEFS uma escola municipal com todo o seu quadro de professores ligado 193 rede municipal de ensino conveniada com a UEFS cujas instala es funcionam em dois locais da cidade no campus universit rio da creche ao 5 ano do Ensino Fundamental 4 s rie e no Centro Social Urbano CSU tamb m pertencente UEFS onde funciona do 6 ao 9 ano do Ensino Fundamental 5 a 8 s ries A creche funciona em um pr dio com caracter sticas pr prias para atender crian as de 0 a 3 anos sendo que as instala es possuem um amplo p tio no qual se encontra uma casa de bon
87. dessa forma n o s por uma tradi o positivista de fazer pesquisa mas tamb m por conta das diferentes percep es que perpassaram o olhar idealizado e desvalorizador para a inf ncia pregui osa fr gil ing nua com tend ncia ao pecado H que se notar o significado etimol gico da pr pria palavra inf ncia aquela que n o fala Isso teve consequ ncias para a forma como se fez pesquisa sobre crian as por n o falar a inf ncia n o se fala e n o se falando n o ocupa a primeira pessoa nos discursos que dela se ocupam E por n o ocupar esta primeira pessoa isto por n o dizer eu por jamais assumir o lugar de sujeito no discurso e consequentemente por consistir sempre um ele ela nos discursos alheios a inf ncia sempre definida de fora LAJOLO 2006 p 230 Desse modo quando se fala em pesquisa sobre crian as isto visto como sin nimo de silenciamento de sujeitos sociais hist ricos e portadores de direitos Ou seja a crian a ainda tratada como objeto de grupos com interesses pr prios falada pelos adultos a partir de suas pr prias refer ncias sem preocupa o com as vontades verdades interesses curiosidades e particularidades das crian as Enfim elas s o vistas como sujeitos vazios Contraditoriamente trato com uma concep o de pesquisa entendida como atividade b sica da ci ncia que possibilita um processo de constru o do conhecimento com utiliza o de uma base te rica
88. dia novos olhares outras pr ticas S o Paulo HUCITEC 2003b p 91 137 BETTI Mauro Entre assistir e praticar Educa o f sica esporte televis o e lazer In MARCELLINO Nelson Carvalho Org L dico Educa o e Educa o f sica 2 ed Iju Uniju 2003c p 201 230 BOTERF Guy L Pesquisa participante propostas e reflex es metodol gicas In BRANDAO Carlos Rodrigues Org Repensando a pesquisa participante 3 ed S o Paulo Brasiliense 1999 p 51 81 BOURDIEU Pierre Contrafogos t ticas para enfrentar a invas o neoliberal Rio de Janeiro Jorge Zahar 1998 BRACHT Valter Educa o F sica e ci ncia cenas de um casamento in feliz Iju Uniju 1999 BRACHT Valter Saber e fazer pedag gicos acerca da legitimidade da Educa o F sica como componente curricular In CAPARROZ Francisco Eduardo Org Educa o f sica escolar pol tica investiga o e interven o v 1 Vit ria Proteoria 2001 p 67 79 BRATT Beth MELO Rosineide de Enunciado enunciado concreto enuncia o In BRATT 306 Beth Org Bakhtin conceitos chave S o Paulo Contexto 2005 p 61 78 BRAND O Carlos Rodrigues Pesquisa participar In BRAND O Carlos Rodrigues Org Pesquisa participante 8 ed S o Paulo Brasiliense 1999a p 9 16 BRAND O Carlos Rodrigues Pesquisa participar In BRAND O Carlos Rodrigues Org Repensando a pesquisa participante 3 ed S o Paulo Brasiliens
89. e a partir das concep es que descreviam as crian as como seres espera de passagem para a vida adulta quando poderiam ser teis sociedade em que produtividade era a t nica como sujeitos extremamente fr geis ou ainda como indiv duos a serem disciplinados por terem tend ncia imoralidade e desobedi ncia Para falar da Educa o Infantil no Brasil tomei como refer ncia a organiza o feita por Kramer 2003 nos seguintes per odos hist ricos at 1930 de 1930 a 1980 J com inspira o em Rosemberg 2002 organizei um outro per odo de an lise de 1980 a 1990 e de 1990 at as atuais perspectivas que se colocam para a Educa o Infantil brasileira O ltimo per odo por tratar do ordenamento legal que rege hoje o atendimento primeira inf ncia no Brasil ser discutido em um t pico espec fico No per odo anterior Proclama o da Rep blica o atendimento observado crian a de zero a seis anos segundo Oliveira 2002 constitu a se de iniciativas isoladas no sentido 88 de combater a mortalidade infantil De acordo com Kramer 2003 at 1874 havia pouca preocupa o com a inf ncia em termos jur dicos e no que concerne concretiza o de alternativas Entre 1874 e 1889 havia grupos especialmente m dicos que se preocupavam em elaborar projetos para atender crian a Essa influ ncia m dica nos direcionamentos educacionais se deu segundo Kuhlmann Jr 2004 porque o desenvolvimento c
90. e de um m todo que t m um princ pio educativo no sentido de fazer com que se transformem as concep es da realidade e a pr pria teoria Mais amplamente a pesquisa aqui concebida no sentido de transformar um dado contexto de modo que tomo como princ pios a considera o da realidade concreta vivida pelo grupo pesquisado e as pessoas que constituem tal coletivo com o estabelecimento de rela es 173 horizontais e n o autorit rias com os sujeitos e o reconhecimento de implica es pol ticas e ideol gicas presentes em qualquer pr tica social GAJARDO 1999 Dessa forma o m todo concebido como um guia para apreens o da realidade para a descoberta e desreifica o da mesma com suas contradi es movimentos peculiares qualidades e valores Logo e considero tais afirma es o m todo est encharcado de interesses concep es de homem de mundo e de conhecimento Ou seja hist rica e socialmente constitu do e reflete as condi es concretas do tempo espa o em que o conhecimento elaborado ANDERY et al 2004 Sendo o m todo tomado como percurso de constru o do estudo e determinado pelas condi es reais concretas o mesmo se constr i e n o foi diferente na minha trajet ria de pesquisa no contato com a pr pria realidade No entanto a pesquisa uma atividade que deve ser planejada e organizada intencionalmente Todavia apesar de ter proposto um caminho no in cio da pesquisa quando da elabora
91. e eu diria at que se amplia a diversidade de inf ncias pois literalmente posso falar nas inf ncias reais das crian as de rua das crian as negras brancas ndias mesti as que povoam o Brasil Posso falar ainda das crian as que v o escola das que ajudam os pais a criar os irm os mais novos Mas posso tamb m falar das inf ncias virtuais dos super her is que povoam os filmes de Hollywood que comp em os desenhos animados que est o postas nos an ncios publicit rios das que s o representadas nas telenovelas Nesse sentido Salgado 2003 reflete sobre as formas de intera o que se apresentam no contexto contempor neo entre as crian as de mundos aparentemente t o distantes as do mundo real e as do mundo virtual A autora destaca que h um di logo das crian as inclusive com as crian as da TV que s o distantes mas ao mesmo tempo s o reais quando se leva em conta que a mensagem da TV se apresenta como uma verdade e pr ximas na medida em que as crian as passam boa parte do seu tempo diante da TV partilhando e ensinando 80 experi ncias E em geral chama a aten o Salgado 2003 as crian as da TV s o crian as espertas que se destacam her is como as meninas super poderosas Avatar Jimmy N utron entre tantos outros Falando desse aspecto Salgado 2003 p 83 84 afirma que Perspic cia misturada com autonomia e onipot ncia estes s o os adjetivos que identificam a inf
92. ela mas pode explicitar seu entendimento do mundo suas id ias d vidas representa es Busca se aqui estabelecer uma rela o 126 dial gica com as crian as para buscar possibilidades de ensin las a ler as mensagens dos meios de comunica o A televis o definida por Fischer 2006 como meio de comunica o social que possui uma linguagem espec fica e faz parte do contexto sociocultural constituindo se uma natureza de Educa o informal Isto porque n o h um cuidado pedag gico com as mensagens apesar destas sugerirem uma forma de se ser e se estar no mundo Em rela o linguagem espec fica da televis o Fischer 2006 fala em televisibilidade como uma linguagem pr pria desse meio presente na contemporaneidade e que se caracteriza pelo audiovisual Isto faz com que seja necess rio encarar juntas v rias linguagens oral escrita ic nica pl stica gr fica digital sonora musical FISCHER 2006 p 68 ou seja as cem linguagens da crian a existem e na televis o aparecem juntas Com o uso de todos esses recursos esse meio emite uma imagem eletr nica que ao mesmo tempo que se caracteriza pela dispers o de tantas linguagens precisa ser sint tica para atingir o p blico No que concerne Educa o informal Silva 1998 fala em comunica o educativa informal que se caracteriza pela n o exist ncia de um tempo espa o determinado que em geral acontece no pr prio contexto cultural n
93. em que a crian a tamb m se coloca em rela o quilo que deseja aprender com a constru o de ndices de quest es norteadoras da a o pedag gica de professores e alunos em cujo processo de produ o e pesquisa por respostas o professor aparece como algu m que apresenta s crian as outras formas de viver a cultura corporal J a segunda afirma o me faz observar a presen a da l gica do culto ao corpo entre crian as de 05 anos de idade que querem ficar fortes musculosas magras alcan ando o tal corpo perfeito e constituindo se corpo que consome corpo como diz Ghiraldelli Jr 2002 E justamente pela dissemina o de padr es corporais e pela id ia de que os bonitos numa refer ncia de beleza burguesa magra alta e sensual s o felizes que o est mulo ao consumo de roupas sapatos produtos est ticos para os mais variados p blicos das diversas classes sociais claro que com diferentes padr es de qualidade concretizado por esse caminho que os sujeitos podem se tornar mais iguais na materializa o do princ pio liberal da igualdade Digo podem se tornar iguais porque a escola e a Educa o F sica como rea de conhecimento que tematiza uma linguagem que manifesta no movimento corporal podem contribuir para essa constru o E n o h d vidas quanto a implica o hist rica de ambas com 283 o encaixamento de padr es de sujeito inf ncia corpo condizentes com a estrutura ca
94. em l gicas tecnicistas e pragm ticas e nas m os do Estado fica apenas um r gido sistema de exames FRIGOTTO 1995 Nesse percurso encontra se a vincula o da Teoria do Capital Humano e do conceito t o em voga atualmente de Sociedade do Conhecimento que tem como base a forma o de um ser humano din mico flex vel capaz de resolver rapidamente situa es problema na l gica da Qualidade Total Vejamos flexibilidade dinamismo polival ncia resolu o eficaz HA teoria do capital humano traz a id ia de que uma boa Educa o est diretamente ligada gera o de boas condi es de vida porque o indiv duo est mais qualificado para o trabalho Ou seja uma teoria diretamente ligada l gica da efici ncia e produtividade que caracteriza o processo de desenvolvimento capitalista 98 de problemas Para Frigotto 1995 esses conceitos est o estritamente vinculados s necessidades do mercado de um novo trabalhador subordinando a Educa o aos interesses empresariais Posso at voltar ao s culo XVIII quando a Educa o passou a ser considerada significativa para o desenvolvimento da sociedade industrial Outrossim a crise educacional percebida como uma crise de efici ncia produtividade e efic cia estruturada por conta da expans o escolar da inefici ncia do Estado no gerenciamento das pol ticas p blicas da difus o do conceito de cidadania e da pretensa universaliza o dos direitos humanos j q
95. emocional com as crian as porque eram comuns altas taxas de mortalidade infantil Assim logo que uma crian a morria ela era substitu da por outra sem nenhuma como o Al m disso surgiram nesse per odo conforme Oliveira 2002 alguns arranjos de atendimento crian a fora da fam lia com a cria o das rodas nas quais eram depositadas as crian as fruto de rela es inaceit veis em dada estrutura social Em geral tais sujeitos eram postos sob a responsabilidade de entidades religiosas que garantiam a sobreviv ncia da crian a e tratavam de ensin la um of cio Esse era um modo inclusive de a Igreja se redimir diante da sociedade pois apesar de tanta repress o estava garantindo a caridade para com os mais necessitados E era exatamente a t nica da caridade que norteava o atendimento dado s crian as deixadas nas rodas dos expostos numa din mica inclusive de culpar as fam lias pela condi o daqueles infantes Quando conseguia sobreviver a crian a logo participava das mesmas atividades que os adultos como jogos dan as e festividades e nessa conviv ncia aprendia os s mbolos sociais Outro aspecto importante destacado por Freitas 2006a a id ia de que a diferen a 33 entre crian a e adulto estava no dom nio dos segredos culturais Ent o numa sociedade iletrada a nica diferen a era o dom nio da palavra Desse modo era considerado infante o menino ou a menina at os 7 anos idade da
96. entre a inf ncia real e os produtos virtuais a ela direcionados AC e MH tamb m desenharam Bob Esponja Durante a confec o do desenho as crian as tamb m lan avam desafios umas s outras T Ningu m sabe quem esse Mas logo as outras crian as identificaram o Batman e o Homem Aranha que ele produzia 251 Perguntei a RT sobre seu desenho e ela disse Eu t fazendo Xuxa mas a cabe a ficou torta e eu tenho que consertar Interroguei se ela gostava daqueles jogos que tem no programa RT Eu gosto de torcer para as meninas P interferiu Eu vou torcer para os meninos P Eu tamb m As meninas parece que demora um ano para fazer qualquer coisa Menino parece que mais r pido Nesse momento fez se recorrente mais uma vez a perspectiva da competi o mas agora com um vi s sexista que traz o modo como os jogos s o tematizados nos programas infantis e que vai sendo apropriada pelas crian as Esse aspecto pode ser um rico elemento de problematiza o nas aulas de Educa o F sica e um ponto de partida para gerar conflitos que exijam trabalho coletivo e partilha entre as crian as Para tanto necess rio que a aula se configure como espa o pedag gico de di logo de modo a possibilitar a compreens o por parte das crian as daquilo que est para al m do texto televisivo formando os num processo de leitura das entrelinhas se que se pode usar esse termo p
97. escola coordenadores professoras e professores de crian as entre 4 a 6 anos estudo do projeto pol tico pedag gico An lise de conte do Devolu o sistem tica para os professores em reuni o pedag gica 3 etapa Busca sistem tica do objeto e da rela o pesquisada 3 oficinas com Falando de Educa o F sica e as crian as nas aulas de Educa o F sica televis o na Educa o Infantil Feedback reuni o pedag gica com os professores e 1 oficina com as crian as 4 etapa Retomada do que foi dito pela realidade e das discuss es realizadas Conclus o reconhecendo em campo para apontar possibilidades para um projeto de ensino possibilidades aprendizagem de Educa o F sica na Educa o Infantil considerando os sentidos e os significados que as crian as estabelecem para a essa rea a partir do texto televisivo de forma a contribuir com a forma o de um interlocutor cr tico em rela o a tais mensagens Como explicito no quadro o primeiro momento do estudo constituiu se da constru o do projeto de pesquisa que teve in cio desde o momento de sele o para ingresso neste Programa de P s gradua o e continuidade durante todo o primeiro ano letivo de estudos 2006 com aux lio efetivo de algumas das disciplinas cursadas no mestrado a exemplo de Abordagens e T cnicas de Pesquisa e Projeto de Disserta o No que diz respeito sele o do espa o de pesquisa ela aconteceu como exp
98. est mulos ampliando a recupera o do brinquedo livre BETTI 1998 p 40 Ou seja duas posturas s o poss veis diante da TV no campo escolar e no que diz respeito ao que ela faz com os conte dos da cultura corporal Uma neg la no espa o escolar assumir uma postura negadora e um olhar negativo para a TV E a outra aceitar a sua exist ncia e a presen a significativa que ela tem na vida das crian as da contemporaneidade e contribuir para a forma o de telespectadores que sejam bons leitores dispondo se at a aprender com o meio aquilo que ele traz e que pode contribuir para a mudan a do discurso tradicionalmente autorit rio da escola Ainda nesse sentido e no que se refere ao esporte Betti 1998 diz que a Educa o F sica na escola n o pode negar a TV e o esporte que ela retrata pois nesse universo que est o se formando as novas gera es Ent o necess rio atentar para os novos jogos inclusive de faz de conta que a se configuram e alterar significados e sentidos tomar a aula de Educa o F sica usando termos que usei no cap tulo anterior ao discutir a escola diante da TV como espa o tempo de produ o cultural 171 5 FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS DE UMA METODOLOGIA PARTICIPATIVA Restaurar o espa o do sentido significa portanto devolver ao sujeito n o apenas seu discurso mas a autoria da sua palavra e o lugar do seu desejo no confronto com a realidade SOLANGE JOBIM E SOUZA 1994
99. expandiu na segunda metade do s culo XX sob o argumento do entretenimento e n o se pode desconsiderar que no lazer os indiv duos aprendem mesmo que os fins n o sejam intencionalmente educativos mas financiada por governos militares e consequentemente comprometida com seus ideais o autor rende se din mica interessada da TV Nesse mesmo pa s a TV educativa tem dificuldades financeiras e tecnol gicas Observando tal trajet ria h uma confirma o de que no Brasil a televis o influencia a mudan a de concep es estruturas sociais e padr es de pensamento e comportamento contribuindo na tarefa de desenvolvimento econ mico e social e na difus o de id ias por todo o territ rio nacional Ap s todos esses desencontros que colocam em quest o as inten es da televis o e suas mensagens fica ainda mais escancarada a necessidade dos grupos dominantes de formar os indiv duos para dan arem a m sica do projeto capitalista Para tanto preciso fazer com que os sujeitos sejam fabricados em s rie E a estrat gia para efetivar tal escopo apossar se dos recursos culturais entre os quais a televis o que influenciam cotidianamente a produ o de sentidos e significados dos sujeitos sobre a realidade Ent o os meios de comunica o t m uma relevante amplitude e uma fun o pol tica clara nas sociedades contempor neas de modo que podem ser resumidamente postos como inst ncias reprodutoras das estruturas hege
100. fam lia sociedade e Estado Segundo Cerisara 2002 a Constitui o indica objetivos gerais e amplos para a Educa o brasileira e coloca a crian a no lugar de sujeito de direitos em vez de objeto a ser disputado por grupos sociais diversos Isto aponta primeira vista novas possibilidades para a constru o social da inf ncia e do atendimento escolar Ou seja a d cada de 1980 tem in cio com a esperan a de constru o de um servi o educacional para as crian as zero a seis anos E como in cio da supera o a Educa o Infantil foi reconhecida como dever do Estado e direito da crian a Observe se que n o mais como direito das m es trabalhadoras ou como servi o de assist ncia social o que por si j representou um avan o na concep o de inf ncia e de Educa o Infantil CAMPOS ROSEMBERG FERREIRA 2001 OLIVEIRA 2002 CERISARA 2002 Parece a um primeiro olhar que come aria a trajet ria de supera o das concep es assistencialistas e da fragmenta o no atendimento 96 3 2 Ordenamento legal da Educa o Infantil brasileira na atualidade e seu lugar nessa terra de gigantes Busco neste trecho refletir sobre as condi es da Educa o Infantil brasileira no contexto de globaliza o e neoliberalismo Para tanto o percurso tecido vai dos aspectos gerais de tal contexto e de suas rela es com a Educa o para retomar a trajet ria da Educa o Infantil no Brasil a partir da d cada de 1990 at
101. forma da l ngua escrita Coloco ent o duas considera es A defini o de leitura proposta por Martins M H 2005 mais ampla que a decodifica o de palavras impressas pois compreende que todo objeto ao qual um sujeito d sentido est sendo lido de modo que o ato de leitura j era muito mais antigo e n o se fez presente com a prensa tipogr fica E ser mesmo a leitura um ato individual A mesma autora afirma que no ato de leitura fazem se presentes as mais diversas influ ncias sociais de modo que essa a o se constitui nas condi es materiais e culturais al m das condi es internas ps quicas que dizem respeito internaliza o dessas condi es pelo sujeito leitor Desse ponto de vista a leitura est muito longe de ser um ato individual j que todo o referencial para interpreta o de um texto que constitui a bagagem do sujeito leitor por assim dizer constitui se socialmente Posso ent o com Bakhtin 2004 dizer que a leitura polif nica e portanto socialmente constitu da Desse modo n o seria a pr pria leitura um processo comunicativo entre escritor e leitor Ser que o escritor o faz para ningu m O pr prio ato da escrita j algo que busca a intera o a comunica o pois a linguagem e a enuncia o ainda na compreens o de Bakhtin 2004 t m como condi o necess ria a rela o entre sujeitos Todo enunciado na perspectiva da filosofia da linguagem de cunho marxista mesm
102. grupo as crian as logo relacionaram o movimento do Homem Aranha com um esporte que devem conhecer de alguma outra refer ncia talvez os pr prios meios de comunica o O fato que apesar dos desenhos animados n o constitu rem os produtos televisivos respons veis pela espetaculariza o do esporte de que fala Betti 1998 eles t m uma participa o significativa no modo como as crian as constituem sua rela o com as lutas com os esportes e com a dimens o expressiva do movimento e ainda influenciam no conte do dos jogos de faz de conta que passam a povoar o cotidiano infantil Esses produtos s o portanto influenciadores do pensamento que as crian as t m de que a Educa o F sica esporte de que se pratica esporte para ficar forte e magro e de que esses aspectos propiciar o o seu crescimento 275 QUADRO 8 OFICINA 4 Oficina 4 Data Grupo 04 05 06 07 Tempo de dura o 20 minutos Grupo 05 05 06 07 Grupo 06 04 06 07 Objetivo Conversar com as crian as sobre o que vi e ouvi nos dias das oficinas Identificar com elas se h atividade que gostariam de vivenciar nas aulas de Educa o F sica a partir do que aprendem com a TV Atividades Roda de conversa Encaminhamento Na roda de conversa expor brevemente para as crian as sobre o que me disseram em rela o aos programas assistidos e a sua rela o com a Educa o F sica Questionar o grupo Ser que h algo do qu
103. grupos Na etapa seguinte empreende se um estudo da estrutura social na qual se inserem os sujeitos assim como se investiga a percep o que eles pr prios t m de si al m de levantar dados s cio econ micos No final da segunda fase de pesquisa ainda de acordo com o autor referido deve se empreender uma devolu o 2 sistem tica do que foi encontrado ao grupo Tal etapa na verdade uma unidade de diagn stico O feedback ou devolu o sistem tica essencialmente a coloca o em discuss o dos resultados encontrados com o grupo pesquisado Isto segundo Gajardo 1999 em geral n o acontece quando se trata de uma perspectiva tradicional de pesquisa pois representa a capacidade de abrir m o do poder que tem o pesquisador e compartilh lo com os sujeitos pesquisados A terceira fase da pesquisa um primeiro trabalho de an lise cr tica no sentido de 181 promover um conhecimento mais objetivo do problema e da realidade sendo que pode haver uma reformula o do mesmo a partir daquilo que o grupo coloca como pontos priorit rios Enfim a quarta etapa na qual hipoteticamente formulam se possibilidades de a o elaboradas coletivamente o grupo est agindo na esfera das decis es assim como na implementa o de a es de curto prazo entendendo que ser o necess rias a es de longo prazo Deve haver tamb m nessa fase um exerc cio constante de feedback e avalia o das a es N o obstante tais etapas
104. id ias quanto pelas dimens es de poder inerentes sua elabora o e realiza o o curr culo sempre produto de contendas de disputas de debates Em outras palavras est claro que al m de objeto de disputa o curr culo resultado desses embates um produto s cio hist rico Assim esse artefato escolar tanto na sua estrutura o quanto na sua concretiza o tecido por conflitos e negocia es constituindo se um elemento contradit rio a que se colocam as possibilidades de t lo como instrumento de controle mas tamb m como ferramenta de constru o participativa e ativa pois a pr pria escola pode assumir as fun es de reprodutora e produtora Ao tomar Gramsci 2001 por refer ncia entendo que isto se deu e se d porque a escola uma das vias atrav s das quais pode se estabelecer uma hegemonia Mas nessa mesma perspectiva tomando por refer ncia a id ia de contradi o como motor de desenvolvimento e transforma o das realidades que posso discutir a possibilidade de uma constru o contra hegem nica na estrutura curricular das escolas Trago ent o o pr prio Gramsci 2001 ao afirmar que a filosofia da pr xis ou pr tica hist rica revolucion ria como chama Vasquez 1977 deve tentar combater as formas mais refinadas da ideologia capitalista para constituir um grupo de intelectuais org nicos que combatam tal 107 forma de organiza o social Para tanto a Educa o fato
105. imp rios familiares oligopol ticos Comentando sobre o mesmo contexto Mart n Barbero 1987 pontua que as tecnologias audiovisuais t m envergadura econ mico cultural a ponto de darem o tom das demandas pol ticas e culturais e contribuirem para a unifica o de muitos pa ses do referido continente de modo que se tornou mais que uma quest o de media o dos processos interativos mas uma quest o de cultura de reconhecimento enquanto na o Assim temos um n o reconhecimento do povo enquanto na o se deu por um processo claramente interessado ideol gica e politicamente No entanto o pr prio Mart n Barbero 1987 que afirma n o caber o entendimento de que os meios e seus enunciados s o meras estrat gias do emissor dominante que impregnam o receptor dominado condenado aliena o preciso compreender para o autor como os sujeitos produzem e reproduzem seu cotidiano como usam os meios o que abre brechas para pensar nas resist ncias que t m lugar no cotidiano nos espa os de tens o institucionais e n o institucionais Mais uma vez a perspectiva ideol gica e cultural que se coloca converge para as coloca es de Bakhtin 2004 p 119 sobre a ideologia oficial e a ideologia do cotidiano nas quais ele afirma 52 Os sistemas ideol gicos constitu dos da moral social da ci ncia da arte e da religi o cristalizam se a partir da ideologia do cotidiano exercem por sua vez sobre esta em retorno uma fort
106. import ncia do atendimento s crian as de zero a seis anos era alardeada a partir da necessidade de prepara o para a escola obrigat ria por conta do interesse das camadas m dias da popula o por tal atendimento compartilhado cada vez mais intensamente pelas fam lias de baixa renda que viam na Educa o uma forma de melhorar a sua condi o social OLIVEIRA 2002 na perspectiva de Educa o como reden o Tal condi o gerou debates entre a perspectiva de assist ncia e de Educa o que se intensificou no decorrer da d cada de 1970 de modo que em 1975 foi criada a Coordenadoria de Ensino Pr escolar com a fun o de expandir o atendimento s crian as de O a 6 anos sem grandes custos N o obstante foi tamb m na d cada de 1970 que se deu o desenvolvimento do Projeto Casulo descrito por Oliveira 2002 e Kramer 2003 O referido projeto foi organizado pela Legi o Brasileira de Assist ncia com o objetivo de combater a desnutri o amenizar desigualdades e suprir necessidades b sicas A Legi o Brasileira de Assist ncia e o Projeto Casulo constitu ram se alternativas de expans o do atendimento a crian as de zero a seis anos A inten o era atender a parcela mais pobre da popula o instituindo pr ticas de compensa o de car ncias O que se percebe no final desse per odo que diferentes rg os vinculados sa de assist ncia social previd ncia justi a encaminhavam a es voltadas para o atendime
107. importante que eu lembre o contexto do Velho Mundo no momento em que os jesu tas desembarcaram no Brasil Naquele momento se configurava a Modernidade e a pr pria aventura ultramarina fez parte desse movimento como consequ ncia do amplo desenvolvimento cient fico e tecnol gico Era nesse contexto que se estabelecia todo um novo c digo moral que atingiu a fam lia e fez com que fosse criada uma nova concep o de inf ncia No per odo do Brasil Col nia com a influ ncia dos padres jesu tas em um primeiro per odo at 1759 as id ias da Igreja Cat lica foram trazidas para c com a inten o de aculturar os ndios atrav s das atividades instrucionais ensino da doutrina religiosa leitura e escrita e sua submiss o r gida autoridade e disciplina Em tal contexto segundo Chambouleyron 2006 p 58 entendia se que o processo de domina o concretizar se ia a partir das crian as pois na concep o de inf ncia como terra em que se plantando tudo d havia uma cren a de que elas iriam facilmente se integrar l gica do catolicismo e educariam consegiientemente os pais A convers o dessas crian as para os jesu tas representava a mudan a de todo o c digo moral da sociedade ind gena considerada pelos lusitanos pecadora e b rbara por seus h bitos de poligamia antropofagia e nudez Al m disso crian as rf s trazidas de Portugal foram auxiliares nesse processo de convers o porque aprendiam rapidament
108. inf ncia que compartilha essa responsabilidade cotidiana em que as m es est o nos mais variados postos de trabalho no corre corre das cidades e n o t m tempo para cuidar integralmente dos filhos Retomo ainda a discuss o da Educa o compensat ria Essa perspectiva estabelece um padr o ideal de crian a burguesa do qual as outras devem se aproximar em especial as pobres Ent o se a fun o da creche compensar car ncias porque se esqueceu de sua fun o educacional e porque a creche continua sendo tratada como assistencialismo popula o empobrecida A diferencia o entre creche e pr escola p e a segunda no lugar de formadora de 104 alunos que n o reprovar o no Ensino Fundamental ou seja fun o preparat ria e aquela com objetivos de cuidado Enfim a Educa o Infantil deixa de ter uma especificidade uma fun o em si mesma e constitui se apenas um meio O que se observa nesse per odo a focaliza o de recursos da Educa o para o Ensino Fundamental o que a Lei do Fundo de Manuten o e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valoriza o de Magist rio FUNDEF n o deixa esquecer a descentraliza o centralizada que atribui a fun o de gest o da Educa o Infantil aos munic pios e as submete a um sistema de exames e o incentivo ao setor privado com vistas a constituir a j citado mercado educacional No que concerne s conseqii ncias desse quadro para a Educa o Infantil pos
109. intera es discursivas entre diferentes l gicas que podem se aproximar em determinados pontos E o debate sobre o esporte como conte do hegem nico da Educa o F sica um deles pois para o referido autor no mbito tradicional o esporte praticado na l gica de fomento sa de compreendida numa perspectiva reducionista como aus ncia de doen a e incorpora a perspectiva da sele o e da instrumentaliza o al m de sua valoriza o no mbito econ mico j que por meio do esporte uma infinidade de produtos e id ias s o vendidos Outro olhar para a amplitude que assume o esporte na Educa o F sica nas d cadas de 1970 e 1980 posto por Bracht 1999 ao ponderar que esse movimento gerou o aparecimento de um discurso cientificista na Educa o F sica entendida como ci ncias do esporte cujo objetivo era promover um melhor desempenho do pa s em grandes eventos esportivos Assim o fen meno esportivo ganhou status social e pol tico conferindo legitimidade ao campo da Educa o F sica O aluno nessa rela o passou a ser o atleta E este de acordo com Kunz 2004a n o ultrapassa a condi o de objeto que faz a engrenagem capitalista funcionar O professor configurava se como o treinador ou seja mero executor de tarefas e t cnicas de treinamento considerado bem sucedido na medida em que vencia A Educa o F sica estava posta mais uma vez na l gica da racionalidade efici ncia e produtividade confo
110. isto interfere na rela o adulto crian a pois j n o se pode considerar a inf ncia a partir da refer ncia do n o saber e do n o falar Agora ao contr rio preciso dialogar com ela para entender seus desejos gostos necessidades e para possibilitar uma forma o cr tica em rela o aos est mulos consumistas e narcisistas dos meios de comunica o Concordo com o fato de a crian a ter sido posta no lugar de consumidora Afinal o modo de produ o capitalista para se manter precisa englobar as pessoas e suas vidas N o 20 posso admitir todavia que a inf ncia est desaparecendo Entendo que do mesmo modo que em outros momentos hist ricos a macroestrutura influenciou o modo de ser crian a e da sociedade olh la no atual contexto a inf ncia se reconfigurou e as formas de intera o entre crian a e adulto alteraram se No entanto esse cen rio n o faz desaparecer a inf ncia quando a considero como per odo da vida em que ser o empreendidas aventuras e descobertas no sentido de entender apropriar se e significar o mundo e as rela es de seu grupo social muitas vezes at recriando as Al m disso velhas concep es n o desapareceram Diferentes modos de ver a crian a simplesmente convivem no mundo contempor neo Podemos ver crian as sendo paparicadas muitas sendo tratadas como pequenos adultos e outras poucas tendo direito de usufruir o que h alguns poucos anos foi garantido no arcabou o legal com
111. las constru um quadro demonstrativo de cada oficina a partir do qual expus as atividades realizadas e os acontecimentos significativos na intera o com as crian as em cada grupo Para fins da pesquisa chamei a turma de crian as de 04 anos de idade de Grupo 04 05 anos de idade Grupo 05 e 06 anos de idade Grupo 06 As crian as foram denominadas por uma ou duas letras aleatoriamente escolhidas Para descrever a minha intera o com as crian as denominei me PESQ QUADRO 5 OFICINA 1 Oficina 1 Tempo de dura o 40 minutos Data Grupo 04 15 05 07 Grupo 05 15 05 07 Grupo 06 14 05 07 Objetivo Identificar os programas preferidos das crian as na televis o Atividades Conta o de Hist ria Produ o de desenho do programa preferido da TV Conversa individual sobre os desenhos Encaminhamento Forma o de roda com as crian a Retomada o que estou fazendo na escola falar sobre a pesquisa Apresenta o do livro de historinha A televis o e a bola Contar a hist ria Conversa sobre a hist ria quem assiste televis o O que assistem O que gostam mais Solicita o de que as crian as desenhem seus programas ou personagens favoritos da TV A medida que as crian as forem produzindo o desenho conversar com cada uma sobre o que desenharam porque aquele o programa ou personagem favorito Recursos Livrinho de hist ria Ap ndice F Papel of cio
112. linguagem Retomo aqui as considera es de Vasquez 1977 quando ele destaca a necessidade de ter uma consci ncia din mica em rela o aos aspectos da realidade para n o se dar o assassinato da pr pria teoria Ent o assumo a seguinte posi o tenho o materialismo hist rico dial tico como refer ncia para discutir o objeto posto nesta pesquisa mas n o deixarei de empreender di logos com aspectos e teorias que se mostrem significativas no debate do trabalho pedag gico da Educa o F sica da Educa o Infantil e da TV at porque como j disse na justificativa essa rela o precisa ser estudada pela sua pr pria escassez Desse modo faz se necess rio estabelecer rela es p las em debate para encontrar possibilidades coerentes e fact veis quando se toma a realidade da Educa o brasileira N o quero afirmar nem o multirreferencialismo nem a colcha de retalhos como paradigma Ao contr rio quero afirmar a pr pria perspectiva dial gica e polif nica que norteia o processo deste estudo e que se funda em bases dial ticas e materialistas A perspectiva de trabalho proposta por Betti e Zuliani 2002 tem alguns princ pios como o princ pio da inclus o que concebe que os conte dos e estrat gias de ensino devem possibilitar a express o e participa o de todos os educandos o princ pio da diversidade entendendo que todos os temas da cultura corporal de movimento devem ser tematizados o princ pio da complexidade qu
113. m dia 6 O professor precisa conhecer o que est na 1 m dia para entender as crian as A m dia est nas brincadeiras das crian as 4 Presen a dos meios de As lutas s o estimuladas pelos desenhos 4 comunica o na escola A crian a fica violenta 1 A m dia educadora 2 A m dia manipuladora 1 Assistem TV porque n o t m com quem 1 conversar Projeto de Ensino 2 As entrevistas foram realizadas com as professoras repito tendo apoio na percep o de Ferra o 2004 para quem necess rio conversar com os sujeitos que constituem e constroem a escola dentre os quais os professores para saber as transforma es e 224 acontecimentos que v m se conjeturando no cotidiano E retomo ainda as palavras de Vago 2007 ao pontuar que a pesquisa em Educa o F sica precisa se aproximar da escola para fazer chegar a ela as mudan as e os avan os que essa rea de conhecimento tem conseguido gestar no mbito acad mico superando a id ia de que nas universidades por meio da pesquisa se produz conhecimento e que na escola o professor ir apenas executar tarefas Em rela o concep o pedag gica mais uma vez apareceram com a mesma frequ ncia afirma es que pontuam que a escola trabalha com o s cio interacionismo e com o construtivismo sendo que em tr s das ocorr ncias as professoras colocam as duas abordagens como concep es cont nuas ou como uma constituindo a outra Isso fica claro na fala
114. m entrevistas semi estruturadas com diretora coordenadora pedag gica professoras e professor da escola dos grupos de 4 a 6 anos no sentido de apreender as concep es pedag gicas que orientam as a es educativas totalizando entrevistas com nove sujeitos da escola E al m disso apesar de n o planejado no projeto de pesquisa a estada em sala de aula se constituiu um momento de observa o porque acontecimentos significativos foram gritando sua exist ncia e ind cios de presen a do texto televisivo na constitui o dos sujeitos e de seus conhecimentos cotidianos tamb m foram se mostrando Nesse momento apareceram os princ pios norteadores contradi es e valores presentes em tal realidade O Projeto Pol tico pedag gico PPP segundo Vasconcellos 2000 deve ser o guia 184 das a es da escola numa analogia que faz com remadores que sabem para onde remar porque t m um guia e de outros que apenas remam sem rumo porque n o t m no o de sua dire o Assim o PPP deve ser constitu do de um marco referencial que se refere concep o educativa assumida pela escola por uma leitura da realidade num movimento de contextualiza o dos sujeitos educandos da institui o sua realidade e necessidades objetivos educacionais plano de a o e estrutura curricular O autor pontua ainda que este deve ser um instrumento em constante avalia o Portanto n o deve ser uma algema para o desenvolvimento do trabal
115. mesmos e aos outros Tais express es formas simb licas constituem se ent o um campo de significados elaborados em contextos sociais e hist ricos nos quais se estabelecem rela es de poder inten es de quem se expressa e de quem interpreta um enunciado conven es que norteiam a vida cotidiana Em outras 44 palavras h por parte do autor uma considera o de que a vida humana tem um car ter simb lico j que a linguagem verbal gestual ic nica tem um significado que compartilhado por processos comunicacionais Fica claro ent o que cultura e intera o s o processos organicamente ligados Essa concep o de cultura e sua rela o com a comunica o aproximam se do pensamento de Bakhtin 2004 quando ele comenta sobre o car ter din mico dos signos e traz a sua compreens o de que os pr prios signos s existem quando comp em a consci ncia dos sujeitos que deles se utilizam para atender suas necessidades de enuncia o Desse modo o que est em jogo n o a forma simb lica Bakhtin refere se especificamente palavra mas seu significado no contexto Esse processo fica claro no conto Ui de Gamba Junior 2003 quando ele conta uma hist ria do termo ui como primeiro som emitido pelo ser humano que convencionado em diferentes circunst ncias como dor nome de um sujeito festa morte flor poss vel ir al m e pontuar que tanto o signo quanto seu significado e compreens o configuram
116. movimentos democr ticos e socialistas uma fantasia inating vel nas palavras do autor de modo que saltam aos olhos as bases autorit rias conservadoras e antidemocr ticas da teoria e o car ter contradit rio dessa orienta o como sustent culo para reconstruir a democracia contempor nea para a implementa o de uma nova velha constru o da sociedade A partir dessa an lise entendo como necess rio abordar criticamente algumas dimens es do discurso neoliberal quando se trata da Educa o no sentido mesmo de questionar as formas de pensar e projetar a Educa o nesse contexto j que esta chamada a contribuir para a estrutura o da forma neoliberal de conhecer fazer e ser Para tanto em concord ncia com Frigotto 1995 e Gentili 1995 1996 preciso lan ar o olhar sobre o entendimento neoliberal acerca da crise da Educa o e para as estrat gias das quais se faz uso para superar tal crise como tamb m entender os novos conceitos utilizados para retomar velhas defini es a fim de garantir a continuidade do processo de acumula o capitalista O primeiro ponto que se destaca nesse debate o retorno do pensamento educacional a um vi s economicista com base na Teoria do Capital Humano difundindo a id ia de inadequa o dos sistemas escolares s novas necessidades emergentes COSTA 1995 Um outro aspecto que na perspectiva neoliberal s o propostas pol ticas que fragmentam o sistema educacional baseadas
117. mut veis Ou seja preciso estabelecer uma rela o dial gica entre professores e alunos sendo ambos concebidos como sujeitos num processo de descoberta e produ o cultural Essa minha reflex o em alguma medida confirmada pelas falas das pr prias professoras quando aparecem dez afirma es relativas ao ato de que se deve estabelecer uma rela o entre os conhecimentos cotidianos e aquilo que ser ensinado Afirma es que me fazem retomar as coloca es de Martins J B 2005 de que na perspectiva vigotskiana de Educa o a escola tem o papel de aproximar as crian as de conhecimentos cient ficos a partir de sua zona de desenvolvimento real ou seja a partir das a es que a crian a realiza com autonomia e dos conceitos cotidianamente formulados articulados com a experi ncia social Outras coloca es feitas em rela o a essa categoria de an lise s o menos freq entes mas em sua maioria confirmam o j dito aparece uma ocorr ncia de que os conhecimentos cotidianos das crian as s o o ponto de partida para planejar mas tamb m que n o se pode cair no espontane smo H uma ocorr ncia ainda de que os conhecimentos cotidianos das crian as facilitam a aprendizagem e que a partir deles poss vel gerar zonas de desenvolvimento proximal Por que os conhecimentos cotidianos facilitam a aprendizagem Como j comentei s o os recursos por assim dizer que os sujeitos t m para se apropriarem daquilo que nov
118. n o se constituem um processo r gido de organiza o metodol gica Ao contr rio Gajardo 1999 e Brand o 1999b chamam aten o de que para cada situa o concreta dever se elaborar uma forma de pesquisa participante articulada com as condi es particulares da realidade pesquisada e do pesquisador A mesma observa o para Boterf 1999 cabe para os procedimentos t cnicos da pesquisa Apesar disso Gajardo 1999 afirma que nesse g nero de pesquisa algumas t cnicas imp em se como a observa o participante e a entrevista livre Dessa forma a pesquisa por mim realizada teve um planejamento pr prio elaborado a partir das quest es norteadoras da minha realidade como pesquisadora e da realidade do espa o em que a investiga o foi realizada No sentido de explicitar as fases de investiga o contextualizando as e explicitando o caminho que segui neste estudo do mesmo modo que fiz anteriormente um quadro para explicitar a proposta organizacional tomada como sugest o para a constru o metodol gica desta pesquisa constru um outro quadro com as etapas que concretizei 182 QUADRO 2 PERCURSO METODOL GICO DA PESQUISA 1 etapa Elabora o do projeto de pesquisa A entrada em campo Sele o do espa o de pesquisa Feira de Santana crit rios Comunica o do projeto a professores pais crian as Autoriza o 2 etapa Conhecimento do espa o entrevista semi estruturada com diretores Conhecendo a
119. na atividade psicol gica ao instrumento de trabalho na a o humana de dom nio da natureza Mas ambos n o podem ser tomados como iguais apesar da analogia porque a a o do instrumento se d externamente para mudar o objeto da a o humana e a do signo internamente mudando o objeto da a o psicol gica o controle que o sujeito tem de si O conceito de internaliza o na obra da Vigotski fundamental por embasar a id ia de que o individual antes social e por constituir a compreens o dos processos de incorpora o de modos culturais de sentir pensar e agir Mas a reconstru o intrapsicol gica n o mera c pia da situa o externa mas uma elabora o que envolve todo o contexto e experi ncias anteriores do sujeito Por isso Smolka 2000 fala em apropria o 114 pr prio Al m disso a linguagem enquanto signo possibilita a intera o social que o pontap das mudan as intrapessoais Ambos os processos todavia s o considerados imbricados porque na medida em que o homem altera a natureza altera tamb m a si pr prio Para entender o processo de internaliza o Vigotski 2000 reconhece o conceito de egocentrismo desenvolvido por Piaget Na perspectiva da teoria piagetiana o egocentrismo caracteriza a fase inicial de desenvolvimento do sujeito at que este tenha consci ncia de si mesmo como sujeito o que leva at o in cio do chamado per odo operat rio concreto Vigotski 2000 elabora o co
120. na verdade busca impedir a conscientiza o dos educandos em rela o concretude da realidade A partir desses argumentos s o implementadas reformas educacionais a partir de diagn sticos elaborados por rg os internacionais que estabelecem diretrizes pol ticas sem considerar as especificidades locais usando a autoridade t cnico cient fica Isto se tornou mais efetivo nos pa ses em desenvolvimento a partir do Consenso de Washington como coloca Rosemberg 2002 p Resumidamente o Consenso de Washington se constituiu num conjunto de id ias sobre modos de organizar a vida econ mica e pol tica de um pa s Tais id ias orientavam processos de redu o de custos com os setores sociais diminui o de barreiras de importa o e exporta o aumentando o com rcio transnacional e de investimentos estrangeiros Tal consenso coincidiu com a queda do regime sovi tico e teve muita influ ncia 99 De tal modo estabeleceram se mecanismos de controle e avalia o dos servi os educacionais que institu ram marcos meritocr ticos e competitivos para se adequar a Educa o s necessidades de mercado ou seja a qualidade dos servi os educacionais passou a ser pensada numa perspectiva pr xima aos modelos empresariais e as pr prias escolas s o postas como empresas Tais estrat gias deixam claro pois que a Educa o deve servir ao mercado competitividade l gica de acumula o de capital Em outras palavras busca
121. no processo pedag gico 5 ed Campinas Autores Associados 2006 SAY O Deborah Thom Corpo e movimento notas para problematizar algumas quest es relacionadas Educa o infantil e Educa o F sica Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte v 23 n 2 p 55 68 jan 2002 SMOLKA Ana Luiza Bustamante O im pr prio e o im pertinente na apropria o das pr ticas sociais Caderno Cedes ano XX n 50 p 26 40 abr 2000 SILVA Bento Duarte Educa o e comunica o Braga Universidade do Minho 1998 SILVA Eduardo Jorge Souza da A Educa o F sica como componente curricular na Educa o Infantil elementos para uma proposta de ensino Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte v 26 n 3 p 127 142 mai 2005 SILVA Juremir Machado O pensamento contempor neo franc s sobre a comunica o In HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Orgs Teorias da comunica o 5 ed Petr polis Vozes 2001 p 171 186 SILVA Maur cio Roberto da O assalto inf ncia no mundo amargo da cana de a car onde est o lazer l dico O gato comeu Campinas SP UNICAMP 2000 395 p Tese Doutorado em Educa o F sica Faculdade de Educa o F sica Universidade Estadual de Campnas 2000 SILVA Silvia Maria Cintra da Condi es sociais da constitui o do desenho infantil Revista de Psicologia da USP v 9 n 2 p 1 9 1998 SOARES Amanda Fonseca Os projetos de ensino e a Educ
122. o a id ia ademais de que pensar a condi o da crian a na contemporaneidade traz como imperativa a necessidade de form la para ter autonomia em rela o aos meios de comunica o e suas mensagens j que com esta que ela tece uma s rie de experi ncias e olhares sobre o mundo E ainda de que preciso assumir o lugar do adulto que dialoga com as crian as Frente realidade posta passei a valorizar uma explica o dada por Minayo 1994 p 17 nada pode ser intelectualmente um problema se n o tiver sido em primeiro lugar um problema na vida pr tica Diante do que expus at aqui tanto no mbito da experi ncia como professora de Educa o F sica quanto das leituras e debates sobre a Educa o Infantil a Educa o F sica nesse n vel educacional e os meios de comunica o enquanto aspectos concretos que interferem nas rela es que se constr em no espa o da escola o recorte aqui apresentado tem foco no trabalho pedag gico e no processo de elabora o e avalia o que esse tempo envolve considerando n o obstante que tal tempo constru do por professores e alunos inseridos num contexto social muito mais amplo e complexo Assim a presente pesquisa versa sobre a rela o entre o trabalho pedag gico da Educa o F sica na Educa o Infantil e o sentido que as crian as produzem para essa rea de conhecimento a partir da intera o com as mensagens televisivas acerca da cultura corporal Destaquei a t
123. o do mundo e das rela es humanas em que o di logo n o poss vel 268 QUADRO 7 OFICINA 3 Oficina 3 Data Grupo 04 29 05 07 Tempo de dura o 40 minutos Grupo 05 29 05 07 Grupo 06 28 05 07 Objetivo Identificar o sentido e o significado que as crian as estabelecem para a mensagem televisiva Identificar as rela es que s o estabelecidas com a Educa o F sica Atividades Jogo de faz de conta Roda de conversa Encaminhamento Convidar as crian as para brincar de faz de conta com os seus personagens preferidos da TV Solicitar que as crian as criem a hist ria a ser vivenciada Brincar Roda de conversa sobre a brincadeira norteada pelas quest es De que brincamos Por que voc s gostam desses personagens O que fazem esses personagens Na brincadeira apareceu alguma relativa ao que voc s fazem na aula de Educa o F sica Recursos M scaras de diferentes personagens tinta guache maquiagem legos No Grupo 04 procedi com os jogos de faz de conta inicialmente explicando s crian as que elas iam criar uma hist ria e ao mesmo tempo n s ir amos viver essa hist ria Mas teria que ser uma hist ria que tivesse os desenhos animados que elas gostavam e ao mesmo tempo mostrei as m scaras de todos os personagens que havia levado Bob Esponja Patrick Power Ranger Batman Homem Aranha Meninas Super Poderosas monstros As crian as primeiro come a
124. o entre o conhecimento tratado pela Educa o F sica escolar e a grande intensidade de informa es que a m dia traz sobre o corpo o jogo a brincadeira o esporte a dan a a luta entre outros temas da linguagem corporal Essa proposta pode legitimar a escola como espa o significativo de media o das rela es da crian a com a m dia E mais traz a possibilidade de a Educa o F sica marcar seu papel na escola de Educa o Infantil num rumo que exige uma postura interdisciplinar j que ela n o pode dar conta de sozinha tematizar sobre as mensagens postas pelos meios de comunica o Outrossim Betti 2003b e Lisboa e Pires 2004 mesmo com perspectivas te rico metodol gicas diversas ao pensarem a realidade da Educa o F sica na escola afirmam a necessidade de realizar estudos que sistematizem as influ ncias dos meios de comunica o no fazer pedag gico Nesse sentido Betti 2003b coloca que necess rio indicar rumos para a interven o pedag gica da Educa o F sica na escola j que a influ ncia dos meios de comunica o no mundo atual ineg vel para possibilitar uma apropria o cr tica dos conte dos da cultura corporal De fato pensar o sentido que as crian as produzem para a Educa o F sica a partir das mensagens televisivas e as rela es que se estabelecem a partir disto nas aulas um dos aspectos que poder possibilitar Educa o F sica superar a condi o de fazer por fazer par
125. o feminina numa manifesta o que culturalmente considerada coisa de homem indo contra o pretenso conceito universal de que na sociedade cada um tem seu papel homem mulher adulto crian a Essa situa o apresenta tamb m o modo como a 257 TV interfere nas rela es de g nero e em todas as outras que se fazem presentes na forma o desses sujeitos e que n o discutirei aqui porque esse um tema que por si j geraria muitas pesquisas Ent o apesar de a TV ter muitos aspectos negativos desde o comprometimento com a cultura do consumo e com a ideologia neoliberal preciso e poss vel perceb la tamb m como um meio contradit rio E assim sendo deve se considerar para retomar Magalh es 2006 que nem tudo na TV comercial for a do mal mesmo que n o seja um programa educativo da TV p blica Quando eu j me preparava para finalizar a oficina V come ou a fazer pose de quem estava contraindo o b ceps PESQ O que isso V M sculo PESQ E voc s trabalham o m sculo na escola N O professor PESQ Que professor N Educa o F sica AZ pra ficar forte R forte quem nem o Huck Aparece nessa fala das crian as uma perspectiva de Educa o F sica que recorrente em v rios momentos e em todos os grupos de que a aula tem o objetivo de torn los fortes Quando falam em for a dois aspectos fazem se presentes
126. o livraria o documento das contradi es no que se refere Educa o F sica mas ao menos traria um olhar de especificidade ao eixo corpo movimento de O a 6 anos pois o fato de o RCNEI n o ser citado no PPP pode dar ind cios de que no momento de constru o daquele documento n o se pensou na presen a da Educa o F sica para esse segmento roubando das crian as uma de suas linguagens ainda na trilha das cem linguagens infantis que come o a pontuar o olhar do PPP para os recursos tecnol gicos da escola A primeira coloca o que tem apenas uma apari o em todo o projeto o reconhecimento de que as tecnologias impactam a vida das pessoas na seguinte coloca o as crian as s o impactadas pelos avan os tecnol gicos da atualidade PROJETO POL TICO PEDAG GICO CEB UEFS 1998 s n Essa afirma o apesar de n o ter muita import ncia pela frequ ncia com que aparece no PPP representa uma possibilidade de interven o com os meios de comunica o da escola traz a compreens o de que essa institui o n o pode deixar de considerar a exist ncia das tecnologias Ou seja mesmo tendo aparecido uma vez essa coloca o representa um grande passo na medida em que se considera o desafio para a escola posto pelas consegii ncias do desenvolvimento tecnol gico na vida das pessoas especialmente as crian as Sobre essa impacto do desenvolvimento tecnol gico na vida das pessoas individual e 217 z soc
127. o na pesquisa na qual se v a ci ncia como um compromisso para conhecer explicar e compreender o outro para servi lo Desse modo o pesquisador que se transforma em compromisso e n o o objeto sujeito pesquisado que se transforma em conviv ncia N o obstante tem se a pesquisa participante quando esse outro concebido como sujeito vivo social hist rico sujeito provis rio de uma pesquisa na qual participa como companheiro de modo que se faz necess rio entender o grupo no qual esse sujeito se insere e seus mundos BRAND O 1999b 179 Nesse g nero de pesquisa de modo geral a participa o a investiga o e a a o educativa trazem a totalidade e a possibilidade hist rica ou seja o posicionamento dial tico como categorias b sicas na produ o comunica o e cria o de uma nova hegemonia H o entendimento ainda que a teoria e a pr tica s o elementos de uma unidade e que uma sem a outra pode gerar debates esquizofr nicos conservadores ou levar ao ativismo desvairado Esse um dos princ pios metodol gicos de tal g nero de investiga o Assim resgato Freire 1999 p 22 para entender a pesquisa participante quando este afirma que a reflex o cr tica sobre a pr tica se torna uma exig ncia da rela o Teoria Pr tica sem a qual a teoria pode ir virando bl bl bl e a pr tica ativismo Recomp e se nisto a dial tica do relacionamento entre teoria e pr tica Ambos os term
128. o para que a chamada ideologia do cotidiano nas palavras de Bakhtin 2004 fa a se presente na determina o do curr culo e na sua concretiza o O outro ponto a id ia de que a escola deve nortear para o que socialmente aceito Essa afirma o d as linhas e o tecido para se costurar todo um debate pol tico sobre a fun o da escola Volto ao percurso do surgimento da pr pria institui o escolar que segundo Ara jo 1996 e Farias 2005 surgiu para separar as crian as dos adultos calar a voz das crian as representando um espa o de confinamento e polimento sob a pecha da prote o de 229 tir las do mundo para coloc las de volta nele de um modo mais civilizado Enfim a escola nasceu para roubar noventa e nove das cem linguagens infantis e deixar lhes apenas uma a socialmente aceita em que se aceita a estrutura social desigual e injusta em que as pessoas vivem na organiza o capitalista Nas palavras de Gramsci 2001 a escola nasceu para implementar uma Educa o dogm tica maquiar as desigualdades e controlar qualquer desequil brio no sistema social No entanto ainda Gramsci 2001 que afirma que se o grupo hegem nico prescinde do conhecimento e dos recursos culturais para impor veladamente aos sujeitos uma forma de ser por dentro do cotidiano institucional que se tem que ensinar sobre tal forma de ser mas o suficiente para tecer lhe uma cr tica capaz de provocar outras proposi es uma
129. para socializar conhecimentos e experi ncias locais A Jornada Pedag gica do CBCE BA do ano de 2007 aconteceu nos dias 05 e 06 de maio com a tem tica da produ o do conhecimento no campo da Educa o F sica 146 d cada de 1990 quanto no que se refere ao fato de a Educa o Infantil ter sido promovida primeira etapa da Educa o B sica na qual a Educa o F sica obrigat ria Nesse movimento v rias propostas te rico metodol gicas se estruturaram para a Educa o F sica e ainda hoje n o h um consenso Todavia ganhou for a a id ia de que a Educa o F sica n o pode existir descontextualizada do Projeto Pol tico pedag gico PPP da escola no seu Projeto de Ensino aprendizagem PEA que envolve objetivos espec ficos da rea a sele o de conte dos a serem tematizados e a avalia o Retomo Vasconcellos 2000 quando considera que o PPP um documento que norteia as a es escolares Mas para que sua concretiza o torne se poss vel preciso que sua elabora o na defini o do marco referencial em que a escola apresenta os princ pios educacionais da pr tica que ali se efetiva na leitura da realidade da escola no levantamento das necessidades que ali se apresentam e na defini o de objetivos plano de a o e curr culo aconte a com a participa o dos sujeitos que vivem a escola Assim ser poss vel que os professores elaborem seus Projetos de Ensino aprendizagem definindo objetivo
130. para tal coment rio em Mart n Barbero e Rey 2004 ao afirmarem 123 que a televis o tem muitos aspectos a serem criticados e eles v o no sentido de tudo o que j pontuei com os outros autores at esse momento Por m a maior parte das cr ticas soam como queixas e n o superam o conselho de desligar a televis o E dentre tantos motivos por que a televis o exerce fasc nio sobre muitas pessoas esses pensadores trazem mais um que bastante significativo a aus ncia de espa os de express o pol tica enquanto a TV um palco para o teatro pol tico al m de uma pretensa democracia simulacro de democracia e pelo fato de as pessoas de algum modo se verem representadas quando se identificam com personagens pois lembremos que mesmo ligada e comprometida com a cultura do consumo a produ o televisiva se apropria de elementos comuns e cotidianos s pessoas na tentativa de atingi las Essa coloca o ainda confirmada por Magalh es 2006 ao dizer que a TV se oferece para responder as curiosidades das crian as sem pedir nada em troca e esse potencial intensificado pela aus ncia de espa os p blicos de lazer pela viol ncia que assola as cidades e pela falta de tempo dos pais ou seja todo o desordenamento que caracteriza a atualidade contribui para que a televis o seja uma companheira significativa das crian as No sentido de corroborar a necessidade da cr tica e partir para al m dela os mesmos autores referid
131. parte do mundo infantil contempor neo h que se considerar entre os conhecimentos cotidianos aqueles que se elaboram com essa intera o sen o h risco de cair na fraqueza pedag gica posta por Brougere 2004 ao falar da nega o das mensagens televisivas na escola e de um olhar apenas negativo para a televis o que impedem o entendimento do pr prio mundo infantil na atualidade assim como o estabelecimento de rela es entre o mundo escolar e o n o escolar E a partir desse conceito que se passa a entender que no processo de reflex o 16 Apesar de n veis diferentes de generaliza o os conhecimentos cotidianos e cient ficos se relacionam porque nas palavras de Martins J B 2005 p 58 atrav s do uso dos conceitos cotidianos que as crian as constroem o sentido das defini es e explica es dos conceitos cient ficos Ou seja os conhecimentos cotidianos aparecem como ferramentas instrumentos de media o para a internaliza o de novos conhecimentos 116 pedag gica a ser promovido nos processos de ensino e no alcance de sua fun o de aproximar dos fundamentos do conhecimento cient fico e vale ressaltar que isto que considero quando falo da Educa o Infantil como espa o tempo de educar preciso possibilitar crian a ir al m daquilo que se estabelece nos ciclos j completados de desenvolvimento O processo de ensino aprendizagem deve possibilitar a intera o da crian a com pares e a
132. pelas apari es de Barbie Shrek e Rei Le o tudo que foi desenhado pelas crian as exibido na programa o da Rede Globo no programa TV Xuxa inclusive o S tio do Picapau Amarelo que estava no per odo da pesquisa posto como um componente da programa o da TV Xuxa Quanto Barbie preciso refletir que ela um dos mais antigos objetos de dissemina o de um dado modelo de beleza e de um padr o de beleza e comportamento J Shreck aparece como uma proposta de s tira aos contos de fada mas se transformou tamb m num grande produto comercial que envolve al m dos filmes brinquedos e alimentos em grandes redes de fast food E o Rei Le o um produto de Walt Disney ou seja tamb m est comprometido com os valores da sociedade capitalista As outras produ es foram relativas aos Power Rangers Bob Esponja Em lia a bonequinha do S tio do Picapau Amarelo a 246 pr pria Xuxa sendo que AL se desenhou participando do programa de Xuxa e Mickey Al m de identificar os desenhos assistidos pelas crian as foi poss vel observar ind cios da media o familiar em rela o TV tanto na fala da crian a que diz n o assistir televis o at tarde quanto na que a m e desligou a televis o em que passava os Power Rangers Essa postura especialmente parece apontar para um caminho de proibi o de discurso autorit rio e adultoc ntrico no que se refere interpreta o daquilo que passa na televis o Desse
133. por via da linguagem dos elementos culturais que se fazem esses movimentos de domina o e de homogeneiza o tamb m por a que deve se colocar a constru o contra hegem nica Assim a linguagem enquanto fen meno social de fundamental import ncia de modo que me sinto vontade para estabelecer rela es entre essa proposi o e as considera es bakhtinianas 72 2 2 3 Conseqii ncias para a inf ncia um di logo com Neil Postman No que se refere ao olhar para a inf ncia entre os s culos XV e XVI houve o nascimento de um sentimento social de uma preocupa o com as particularidades e necessidades infantis Para Postman 1999 soci logo norte americano professor titular do Departamento de Comunica o da Universidade de Nova York cujo debate sobre inf ncia e meios de comunica o vem tendo eco em todo mundo esse sentimento tem sua origem vinculada ao surgimento da prensa tipogr fica A id ia de crian a defendida pelo autor vincula se no o de adultez se crian a na medida em que se diferente do adulto E o que gerou essa diferen a foi o novo mundo simb lico adulto criado com a prensa tipogr fica que exclu a a crian a porque trazia a necessidade de saber ler Ainda para Postman 1999 a tipografia fez florescer a individualidade j que tanto a escrita quanto a leitura entendida por ele como a leitura do texto escrito s o consideradas a es individuais que fazem abandonar a tradi o or
134. povoam o universo infantil transitam entre o gibi o cinema o video game Mas gera tamb m um questionamento sobre a perpetua o de uma etapiza o do acesso ao conhecimento que diz que o esporte n o deve estar presente nas s ries de crian as menores No entanto as crian as trazem o esporte para o seu jogo de faz de conta para a sua experi ncia corporal mesmo que n o seja poss vel dizer que eles 296 praticam esporte porque de fato eles jogam esporte no plano de suas fantasias Ainda assim a aula de Educa o F sica no caso em que pesquisei parece n o dar conta dessa nsia das crian as parece n o considerar o conhecimento produzido no cotidiano pelas crian as sobre a cultura corporal Estou diante ent o de uma esquizofrenia pedag gica pois o PPP da escola prev e orienta a considera o desse conhecimento Estou diante de uma realidade amplamente complexa porque h orienta es pedag gicas simp ticas a perspectivas em que a crian a tem direito voz mas em que a Educa o F sica parece ainda n o ter se integrado O que nesse caso envolve n o s a escola mas o pr prio di logo que parece faltar entre a escola e a discuss o acad mica tecida no curso de Licenciatura em Educa o F sica da universidade Ao mesmo tempo emerge nessa aula emerge de forma gritante a presen a da linguagem televisiva na vida das crian as e a partir da poderia ser pensado o trabalho da escola com tal linguagem que c
135. pr prio deixando de lado quest es pol ticas econ micas e culturais espec ficas e particulares da regi o S na d cada de 1970 que teve in cio uma preocupa o com quest es relativas comunica o da regi o inclusive com a falta de referencial e com o cunho meramente descritivo e quantitativo de suas pesquisas Nesse mesmo per odo levantou se a necessidade de um referencial te rico metodol gico produzido por latino americanos para dar conta das particularidades da regi o e que ampliassem o olhar para estabelecer rela es entre a comunica o e as quest es econ micas pol ticas sociais e culturais Nascem da a preocupa o com a comunica o popular a proposta de realiza o de pesquisas de car ter participante e o interesse de compreender a realidade da regi o Nesse per odo segundo Berger 2001 foram fundados o Instituto de Investigaciones de la Comunicaci n ININCO na Venezuela e o Centro de Estudos da Realidade Nacional CEREN no Chile com influ ncia do pensamento marxista que se debru ou sobre o dom nio das multinacionais na comunica o lembro que para Arrighi 1996 as multinacionais representam a apropria o da economia de outras na es o que mais grave quando se tem em conta os meios de comunica o de massa pois al m de uma significativa influ ncia econ mica eles t m tamb m e isto reconhecido de modo diferente pelas diversas teorias da comunica o um impacto na vid
136. quadro onde est instalada a teoria hipod rmica Nesse modelo ainda conforme Wolf 1999 dois pontos podem ser destacados Primeiro os processos comunicativos s o considerados assim tricos pois o emissor um sujeito ativo e o receptor apenas algu m que reage um objeto passivo no processo de comunica o Al m disso n o se considera o contexto em que se d o processo de est mulo resposta numa l gica mecanizada de comunica o Do ponto de vista de tal teoria n o h relev ncia pesquisar sobre a produ o de sentido para o texto televisivo devido compreens o da onipot ncia dos meios de comunica o e dos sujeitos como seres vulner veis passivos diante do poder dos emissores A teoria hipod rmica segundo Wolf 1999 foi superada pela sua herdeira a abordagem emp rico experimental ou da persuas o desenvolvida a partir da d cada de 1940 Essa abordagem ampliou o quadro de an lise da comunica o de massa porque considera que existem outras vari veis no processo de emiss o e recep o al m do meio que est o relacionadas mensagem e ao receptor No que se refere ao receptor essa abordagem leva em conta o interesse do sujeito em obter a informa o o que se relaciona com seu grau de instru o padr o de consumo e profiss o Ou seja o pr prio sujeito se exp e mensagem de uma forma seletiva E ainda considera se que a mensagem recebida pode ser interpretada de um modo totalmente dif
137. qualitativa e levei em conta o movimento e n o linearidade dos processos comunicativos Trato ent o com a defini o de an lise de conte do proposta pelo autor j referido como t cnica de an lise pautada em diferentes procedimentos que se aplicam quando se considera que as mensagens n o se mostram em ess ncia primeira vista e torna se portanto necess rio ir al m do significado imediato Em outras palavras a partir do conte do da mensagem poss vel inferir sobre a realidade dos sujeitos que a constituem buscando desvendar valores condutas ideologias postas nas entrelinhas das mensagens um sentido que aparentemente desprez vel est em segundo plano Realizei o tipo de an lise de conte do definida pela autora como an lise tem tica que se constr i a partir de tr s etapas A primeira etapa a pr an lise na qual se organiza o pr prio processo de pesquisa a escolha do material a ser analisado e com que objetivo Aqui como comp s a segunda etapa da pesquisa foi analisado como j foi posto o Projeto Pol tico pedag gico da escola e as respostas das entrevistas semi estruturadas realizadas com os professores e com as professoras da escola al m da diretora e da coordena o e os registros das observa es livres realizadas nos meses que permaneci em sala de aula Foi esse o momento de sele o do material coletado diante de muitos aspectos que foram se colocando para mim na realidade da escola q
138. quanto ao capital mas localizada quanto ao trabalho a import ncia dos meios de comunica o e mais recentemente das tecnologias da informa o muito grande em todas as esferas da vida social com consegii ncias claras para os processos culturais comunicacionais e educacionais Ou seja os meios de comunica o n o s o simplesmente recursos de lazer e entretenimento Ao contr rio assumem uma amplitude consider vel na vida dos sujeitos na 134 medida em que falam sobre o mundo em que vivemos a partir de estere tipos e com estes inculcam formas de ser e viver Dessa forma no sentido de formar um sujeito que exer a sua cidadania plenamente e ainda para estabelecer comunica o significativa com os alunos das novas gera es gera o do audiovisual a escola que assume o lugar de campo de confronto silencioso constante e criativo na inten o de uma produ o cr tica e contra hegem nica deve superar apenas e vis o negativa sobre as tecnologias e os meios de comunica o e integr la como suporte das a es pedag gicas al m de ao mesmo tempo ensinar as crian as a lerem o texto das mensagens televisivas No sentido da escola como espa o de constru o contra hegem nica Gramsci 2001 52 diz que preciso transformar em liberdade aquilo que necess rio mas para tanto preciso reconhecer uma necessidade objetiva ou seja preciso reconhecer que h um projeto a ser e
139. que necess rio ter em conta que os conhecimentos cotidianos servem como ferramenta inicial aos quais os sujeitos recorrem para iniciar sua rela o com o novo conhecimento Ou seja as crian as usam os conhecimentos cotidianos para compreender os conhecimentos cient ficos Al m disso mais uma vez aparece aqui a possibilidade de colocar a crian a educanda no lugar de algu m que trava um di logo com o professor at porque s assim poss vel saber o que a crian a conhece e pensa sobre um tema qualquer Enfim est posta mais uma vez no PPP do CEB UEFS a perspectiva de inf ncia como constitu da de seres que podem falar Isto significa que est presente na escola uma concep o de inf ncia em que a crian a algu m falante capaz de elaborar leituras que est o para al m da leitura formal de terem posturas responsivas e criativas diante do mundo Por fim uma outra afirma o importante do ponto de vista pedag gico que se preocupa com o debate dos conhecimentos cotidianos mas que s aparece no PPP do CEB UEFS em um momento refere se articula o pelos pr prios educandos dos conhecimentos escolares com os conhecimentos cotidianos no processo de aprendizagem J me referi que na perspectiva vigotskiana h uma compreens o de que os conhecimentos cotidianos s o ferramentas de media o com o conhecimento cient fico do qual ir o se apropriar na escola interessante perceber como no que se refere rela o
140. que foi inspirada na pr pria Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 e resultado de uma preocupa o mundial com a condi o em que se encontrava a inf ncia ap s dois intensos per odos de guerra Al m disso a Conven o sobre os Direitos da Crian a de 1989 que representou o reconhecimento das crian as como sujeitos de direitos e n o estou falando aqui do sujeito que somente corpo que consome corpo o que certamente um dos aspectos que gera a descontinuidade entre legisla o e realidade Al m disso focando na realidade brasileira posso falar do Estatuto da Crian a e do Adolescente que colocou todas as crian as brasileiras em condi o de igualdade perante a lei e garantiu direitos que historicamente foram negados em especial inf ncia empobrecida Mas muitos estudiosos al m da pr pria situa o em que vejo muitas crian as cotidianamente chamam aten o para a diferen a entre a legisla o e a realidade Del Priore 2006 fala da descontinuidade entre o mundo infantil da legisla o e dos discursos oficiais e o mundo infantil do contexto real no qual a crian a est imersa Este para um sem fim de crian as constitu do por uma s rie de aspectos tais como o trabalho a explora o sexual a mis ria o crescimento desordenado das cidades a viol ncia o tr fico de drogas e escolas que desde cedo ensinam essas crian as a serem parte de uma massa exclu da Ou seja na realidade h uma s
141. que outros dois pontos precisam ser destacados Primeiro que com o jornal apareceram os an ncios de publicidade como geradores de renda para as grandes empresas da comunica o constituindo se o seu sustent culo financeiro E em segundo lugar que essa t cnica permitiu tamb m a 47 reprodu o mec nica de ilustra es as xilogravuras geradoras de mudan as na comunica o visual por conta da possibilidade de difus o das imagens para um grande n mero de pessoas Essas imagens segundo Briggs e Burke 2004 difundiram id ias sobre o Novo Mundo acerca do movimento da Reforma religiosa e serviram para fazer com que as culturas de diferentes lugares tivessem acesso uma a outra Foram tamb m divulgadas id ias sat ricas e de tom revolucion rio Ou seja tanto como os textos as xilogravuras ajudaram a tornar ainda mais complexo o contexto de nascimento da sociedade capitalista interessante ressaltar que desde ent o j se tinha o apoio em imagem e texto para difundir e divulgar id ias e informa es Esses dois elementos somados ao som t cnica desenvolvida mais tarde caracterizam o que Fischer 2006 aponta como linguagem caracter stica da televis o Uma outra inven o que impactou a sociedade foi a m quina a vapor que nas palavras de alguns escritores do s culo XIX permitia alcan ar o que os antigos desejavam em f bulas e possibilitava uma velocidade nunca antes vista Como dizia um poema da poca de Samu
142. que se refere situa o da crian a na contemporaneidade no processo de continuidade do que se concretizou na modernidade surgiram um sem fim de produtos espec ficos para as crian as de alimentos a brinquedos e roupas e houve um incentivo para a comemora o de dias especiais a exemplo de anivers rio e dia das crian as Tudo isto fica claro quando se observa as artimanhas do capital com o objetivo de incentivar o consumo e tornar as crian as mais um nicho de mercado Essa trajet ria se concretiza segundo Ghiraldelli Jr 2002 porque o neoliberalismo faz reemergir com for a total a valoriza o do indiv duo e a id ia de uma sociedade harm nica que se organiza a partir da vontade consciente desse indiv duo al m dos aspectos que caracterizavam o que ele chamou de sociedade do trabalho p s revolu o industrial e sociedade cient fico tecnol gica que se concretizou na primeira metade do s culo XX e em que a subjetividade orientada pela pr pria ci ncia Esse indiv duo neoliberal todavia reduzido a consumidor E al m de consumidor o 35 sujeito passou a ser algu m que consome e o pr prio objeto de consumo Assim nas palavras de Ghiraldelli Jr 2002 p 37 no limite o sujeito se torna objeto O sujeito ent o este estranho elemento corpo que consome corpo Essa mercadoriza o da inf ncia passa portanto pelo fato de a pr pria crian a estar sendo consider
143. raz o quando as crian as j sabem falar sem dificuldade Ainda n o existia um sentimento social de inf ncia e para demonstrar tal id ia ries 1981 fala da representa o da crian a na arte do per odo reconhecendo que a inf ncia quase n o era representada e quando isto acontecia colocava se apenas a representa o de adultos em escalas menores Os trajes das crian as tamb m n o eram diferenciados e elas vestiam se da mesma forma que os adultos de sua condi o social O olhar para a inf ncia come ou a mudar com as transforma es estruturais ocorridas entre os s culos XV e XVI nos quais houve um processo de questionamento do poder e dos preceitos difundidos pela Igreja Cat lica Esse foi um per odo de intenso desenvolvimento cient fico tecnol gico art stico comercial Come avam a se colocar os interesses de um grupo que buscava espa o no cen rio pol tico a burguesia E junto com os interesses pelo poder veio a necessidade de disseminar seus ideais para o que investiu em cultura ci ncia e conquista territorial utilizando dois aspectos apontados por Gramsci 2001 como forma de justificar uma hegemonia a for a e a cultura Todas as mudan as que caracterizaram esse momento segundo ries 1981 fizeram com que se estabelecesse toda uma ordem moral a partir da qual se reestruturaram as fam lias e fez se desenvolver uma consci ncia coletiva da inf ncia nascendo o que ele denomina sentimento de inf
144. rica Latina E desde ent o j era acirrado em muitos pa ses o debate sobre quem deveria controlar os recursos t cnicos da comunica o o estado ou o mercado Na Europa desenvolveram se esquemas de controle estatal Nos Estados Unidos a iniciativa privada e as grandes corpora es dominaram o campo da comunica o Tais posturas foram decisivas no destino da hist ria da comunica o no mundo A tecnologia da telegrafia evoluiu para o telefone demonstrado por Grahan Bell em 1876 Essa inven o se tornou uma necessidade na vida do trabalho e no mbito dom stico Essa tecnologia possibilitou a comunica o entre duas pessoas em tempo real com uma grande varia o de dist ncia Tanto a telegrafia quanto a telefonia s o vistas por Briggs e Burke 2004 como a pr hist ria da radiodifus o que evoluiu no sentido de fazer com o som fosse ouvido a dist ncia por muitas pessoas O r dio foi pensado como uma forma de transmiss o sem fios e encontrou grande utilidade nos oceanos e em grandes continentes Mais tarde teve fins militares e comerciais j que a publicidade era uma das formas de fazer com que as esta es de r dio dessem lucro em especial no contexto norte americano em que o controle da comunica o se dava por empresas privadas Foi nesse movimento de comercializa o que no in cio do s culo XX o r dio se tornou um eletrodom stico que possibilitava informa o Educa o e entretenimento Todavia al m
145. rio da leitura quando grupos subversivos reuniam se para ler teve tom formativo quando usada para o desenvolvimento de boas maneiras e atitudes morais Ent o a leitura conviveu enquanto ato p blico e privado em diferentes pessoas e por diferentes classes e ou grupos sociais Para finalizar o debate com as id ias de Postman 1999 em rela o prensa tipogr fica segundo Briggs e Burke 2004 os novos recursos t cnicos de comunica o tiveram sim um amplo impacto sobre as formas de comunica o e circula o de informa es na vida di ria das pessoas mas potencializaram muito mais do que foram geradores transforma es sociais que j tinham come ado seu curso com o pr prio movimento renascentista Em outras palavras os autores chamam aten o para o fato de que a prensa tipogr fica enquanto t cnica n o agente de mudan as sociais ocorridas no in cio da modernidade mas que as t cnicas s o usadas em favor de interesses diversos em diferentes contextos Posso afirmar ent o que se trata de uma via de m o dupla que fica expl cita nas palavras dos pr prios autores ao afirmarem que A geopol tica a ci ncia e a economia sempre influenciaram o modo de desenvolvimento da tecnologia da m dia e ao seguirem postuland que quando uma inven o produzia efeito havia uma mudan a de perspectivas hist ricas BRIGGS BURKE 2004 p 122 O debate com os posicionamentos de Postman 1999 segue quan
146. roda Perguntei se eles queriam brincar da faz de conta Mostrei que tinha levado para a escola as m scaras de todos os super her is e personagens que tinham aparecido nos desenhos da oficina 01 Assim que as viram as crian as come aram a escolher todas ao mesmo tempo que m scara elas queriam Alguns come aram a levantar da roda e a fazer os movimentos dos seus personagens preferidos Para conseguir escutar perguntei de um em um o que eles queriam ser e ia entregando as m scaras Alguns colocaram nas imediatamente e outros precisaram de minha ajuda Quando eu distribui a m scara do monstro para algumas crian as que quiseram representar esse papel AS come ou a pular gritando O Ogro o Ogro apontando para a m scara E j come ou a montar a hist ria AS Os monstros v o fazer um plano para dominar o planeta E todos os meninos que estavam com m scaras de Power Rangers reuniram se e come aram a se abra ar e a pular em c rculos Um Homem Aranha chegou e quis se integrar 271 no grupo mas os Power Rangers n o aceitaram A exclus o do Homem Aranha traz um fator importante a regra impl cita no jogo Nesse caso a regra foi determinada pelo pr prio produto televisivo posto que Power Rangers e Homem Aranha s o her is com causas diferentes O que est posto nesse jogo portanto a reprodu o da regra que vem pronta da TV determinando a forma da brincadeira infantil e o modo como as crian as a
147. s Fernando A bola In VER SSIMO Lu s Fernando Com dias para se ler na escola S o Paulo Objetiva 2001 VIGOTSKI L S A constru o do pensamento e da linguagem S o Paulo Martins Fontes 2000 VIGOTSKI L S A forma o social da mente 6 ed S o Paulo Martins Fontes 1998 WERTSCH James SMOLKA Ana Luiza Bustamante Continuando o di logo Vygotsky Bakhtin e Lotman In DANIELS Harry Org Vygotsky em foco pressupostos e 317 desdobramentos 4 ed Campinas Papirus 1994 p 151 167 WIGGERS Ingrid Dittrich Cultura corporal infantil media es da escola da m dia e da arte Revista Brasileira da Ci ncias do Esporte v 26 n 3 p 59 78 mai 2005 WOLF Mauro Teorias da comunica o 5 ed Lisboa Presen a 1999 ANEXO A 318 319 X UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCA O PROGRAMA DE P S GRADUA O Of 0 84 PPGE 2006 Salvador 10 de novembro de 2006 Senhora Diretora Apresentamos a V Sa Martha Benevides da Costa mestranda deste Programa de P s Gradua o que est desenvolvendo a pesquisa intitulada Educa o F sica na Educa o Infantil e Discurso Midi tico Implica o Pedag gica e Possibilidades de A o Educativa e necessita colher dados nessa Institui o Esperamos contar com a colabora o de V Sa no sentido de facilitar o acesso da referida mestranda s informa es bem como autorizar o uso de equipamentos para fotografia e grava o
148. s na Educa o F sica AL Brinca de bambol T Brincar pegar correr PESQ E voc s j brincaram de que V Brincou de gato de pegar de fugir PESQ E isso que eles Bob Esponja e Sandy fizeram parece com a aula da Educa o F sica de voc s A resposta foi um misto de n o e sim R interrompeu a conversa dizendo outra quadra es t bonita referindo se a uma das quadras do Parque Esportivo que foi reformada PESQ Por que n o E Porque cansa muito reportando se ao excessivo cansa o sentido por Bob Esponja nas brincadeiras do epis dio mostrado que o fez se esconder da amiga PESQ E por que sim AZ Na aula de Educa o F sica a gente corre PESQ Pra qu AZ Pra brincar LU Pra crescer Ao fazerem a leitura do desenho as crian as identificaram primeiro o enredo da hist ria mas levantaram tamb m que se tratava de um conjunto de brincadeiras jogos e movimentos corporais realizados pelos personagens Ao falarem da Educa o F sica as crian as trazem que aprendem movimentos fazendo reemergir que a perspectiva desenvolvimentista de fato norteia a a o pedag gica com eles desenvolvida E exatamente no movimento de correr que elas conseguem estabelecer a rela o do desenho com a referida rea de conhecimento Correr que na concep o das crian as para ficar forte numa aproxi
149. se constitui a partir da realidade social hist rica cultural e pol tica de modo que bvio n o se poder falar da inf ncia atual com as mesmas refer ncias do Imp rio Romano Al m disso outras duas considera es s o necess rias Se compreendo a partir dos pressupostos vigotskianos os processos de desenvolvimento a aprendizagem entendo que o mundo n o precisa se mostrar s crian as por etapas nem ser organizado por outros adultos para que a crian a tenha contato com ele Ao adulto cabe promover intencionalmente a atividade das crian as para que elas possam se apropriar dos signos que circulam numa dada sociedade e possam compreend la e posicionar se O terceiro e ltimo ponto que trago acerca da discuss o de Postman 1999 sobre a TV refere se mais uma vez compreens o de texto J pontuei que o conceito de texto muito mais amplo do que a codifica o de s mbolos na forma escrita por um autor Retomo Martins M H 2005 ao afirmar que texto toda mensagem que tem um sentido e gera uma interpreta o no sujeito leitor Soma se a isto a afirma o de Fischer 2006 de que a linguagem que caracteriza a TV n o composta somente por imagens mas por um h brido de imagem som e texto Ent o a partir de um conceito amplo de texto posso dizer e assim considero que toda mensagem televisiva constitui um texto que lido pelos diferentes sujeitos em contextos variados a partir de capacidades s ciocognitivas d
150. se o treinamento de sujeitos que devem ser capazes de selecionar conhecimentos teis ao seu cotidiano aplicar tais conhecimentos e aprender a aprender FRIGOTTO 1995 nessa perspectiva que Gentili 1995 fala da macdonaldiza o da escola em que no dizer de M szaros 2005 p 35 o objetivo fornecer o conhecimento e o pessoal necess rio m quina produtiva em expans o do sistema do capital como tamb m gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes como se n o pudesse haver nenhuma alternativa gest o da sociedade a din mica inerente ao mercado de trabalho que ir determinar o direcionamento das pol ticas educacionais vinculadas l gica de produtividade e efici ncia Assim a escola deve transmitir compet ncias e habilidades aos sujeitos para que eles atuem de forma competitiva no mercado de trabalho e para que sejam flex veis e din micos na chamada sociedade do conhecimento Al m disso as pr ticas escolares devem ser altamente controladas institucionalizando se o que Gentili 1995 chama de pedagogia da qualidade total Para Perrenoud 1999 p 7 compet ncia a capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situa o identificando e selecionando os conceitos procedimentos e atitudes pertinentes para resolv la J no que se refere qualidade total Moura 1997 prop e uma forma de gest o em que as empresas s o co
151. se tem contato e no caso das crian as de hoje em dia os textos as palavras as letras como coloca Freire 2006 p 12 s o tamb m as mensagens emanadas pelos meios de comunica o aos quais necess rio ler e que at mesmo antecedem a leitura da palavra escrita Faz parte desse mundo de leitura segundo o pr prio Paulo Freire o universo da linguagem dos mais velhos sejam outras crian as ou os adultos com os quais se convive Mas como e trago uma pergunta para colocar lenha na fogueira conforme se diz popularmente se as gera es est o em conflito devido ao esvaziamento da mem ria do passado Chegarei pretendo no percurso de minhas reflex es a uma poss vel resposta a essa pergunta Al m disso com a compreens o do sentido e do significado das mensagens midi ticas n o ser constru do de forma unidirecional mas na rela o entre o universo particular do sujeito e os produtos da m dia Duarte Leite e Migliora 2006 pontuam que do lado de c dos meios de comunica o especialmente a televis o n o h apenas uma massa de modelar al m 81 de nos pr prios meios de comunica o as contradi es poderem se fazer presentes abrindo ainda mais a possibilidade de di logo que os sujeitos j possuem e imprimem aos meios quando refletem com diferentes n veis de criticidade sobre o conte do e o significado que as mensagens querem transmitir As autoras afirmam ent o que por mais que o
152. tamb m o professor estava posto na condi o de objeto do sistema Digo isto porque o professor constitu a se um instrutor de exerc cios f sicos que apenas executava movimentos Nesse sentido Vasconcellos 2001 pontua que o professor ainda hoje pelos mesmos processos de aliena o de todo e qualquer sujeito tamb m perdeu a no o de seu papel e encontra se alienado de suas possibilidades enquanto intelectual org nico que pode colaborar para a conscientiza o e emancipa o dos educandos em rela o realidade Portanto afirma o autor trata se mesmo de resgatar a fun o do professor enquanto sujeito de transforma o social 140 Retomo ent o o que Freitas 1992 afirma no que concerne influ ncia do projeto hist rico nas concep es de Educa o e ser humano que se colocam no processo educativo que pode ser tanto para a aliena o ou para a emancipa o e conscientiza o dos sujeitos Ent o isto determinar se a Educa o ir se constituir como instrumento hegem nico ou contra hegem nico Na d cada de 1930 um outro objetivo colocou se para a Educa o F sica segundo Castellani Filho 1994 O aprimoramento racial passou a ser um dos aspectos mais importantes para o desenvolvimento que se postulava no decorrer dos quinze anos de governo Vargas Este junto com a pol tica de Seguran a Nacional e forma o para o trabalho formou um trip de conceitos que ganhou for a crescente durante esse per od
153. tanto que Ara jo 1996 comenta que sob o argumento de prote o a escola teve do ponto de vista burgu s pelo e para o qual foi criada o papel de tolher a capacidade criativa dos alunos e mold los 13 para a sociedade que se instalava Oliveira 2002 tamb m chama aten o para o fato de que muito do atendimento inicial inf ncia em creches tinha por objetivo preservar a futura m o de obra da ind stria nascente de modo que se investia tanto no combate mortalidade infantil quanto no desenvolvimento de atitudes de valor ao trabalho e disciplina Essa concep o n o coaduna entretanto com a perspectiva de que escola espa o de forma o para a autonomia em que al m da aprendizagem e do dom nio de formas simb licas o educando poder refletir sobre as mesmas e t las como instrumento para compreens o e leitura do mundo em que vive tendo inclusive a possibilidade de posicionar se diante dele e nele E mais tais considera es desprezam a possibilidade trazida por Gramsci 2001 de nos espa os institucionais mais conservadores tecer lutas silenciosas mas constantes que podem transformar esses espa os e tempos em modos de resist ncia Simplesmente ent o h uma aceita o da escola como espa o de reprodu o social H ainda um terceiro ponto a ser discutido nas considera es de Postman 1999 a concep o de leitura como ato individual e que se restringe decodifica o de sinais impressos na
154. tarde pode questionar a ordem estabelecida Forma o s para os l deres ou seja a elite a minoria Aos pobres o que dos pobres O lugar de sujei o E seguindo essa trajet ria sua hist ria nunca foi outra al m da culpabiliza o e da garantia do que hoje posso chamar de m nimo necess rio para estar a servi o E de prefer ncia numa postura conformista de agradecer por me deixar respirar por me deixar existir HOLLANDA 1971 mesmo que uma exist ncia anulada Em rela o Educa o de zero a seis anos Kramer 2003 p 57 afirma que 92 A causa da inf ncia despertava o interesse de autoridades oficiais e consolidava iniciativas particulares Num contexto de refor o ao patriotismo e por quest es de concilia es pol ticas foram tomadas medidas burocr ticas que influenciaram a conjuntura administrativa e os programas de atendimento inf ncia Todavia cabe questionar o que mudou com medidas burocr ticas e de cunho administrativo Que concep o de atendimento estava posta concretamente As respostas a essas quest es Penso que j est o pra l de expl citas nos coment rios anteriores Portanto dispensam qualquer an lise Na d cada de 1940 ainda com as perspectivas at aqui postas houve uma expans o das institui es direcionadas s crian as de zero a seis anos em sua maioria sob a responsabilidade de institui es assistenciais preocupadas em cuidar e n o em educar as crian a
155. tico inventivo descobridor e acima de tudo aut nomo atuante e integrado na sociedade e na cultura da qual participa A Educa o volta se para a forma o de homens conscientes e comprometidos com a emancipa o coletiva e individual e dessa forma contribuir para a transforma o e humaniza o da sociedade o fim pol tico da a o educativa cr tica trabalhar no sentido de que todos os cidad os tenham acesso e perman ncia dentro do processo escolar sendo lhes garantida uma aprendizagem satisfat ria e significativa dos conte dos cient ficos e culturais sistematizados atrav s dos curr culos A Educa o deve portanto exercer uma fun o social e socializa dora Social enquanto prepara o indiv duo como um ser hist rico inserindo o numa sociedade Socializadora porque deve garantir e possibilitar ao ser individual o acesso aos bens culturais historicamente elaborados 330 pela m dia e evitando o consumismo e o preconceito crian as do CEB UEFS depende que o pessoal envolvido neste saiba como intermediar o processo de apropria o e constru o de novos esquemas de a o processo esse que deve ser explicitado e operacionalizado pela sua proposta pedag gica Nesse sentido torna se essencial a caracteriza o de cada fase do desenvolvimento da crian a Na busca de uma nova orienta o para nosso trabalho no cotidiano da
156. 01 uma grande preocupa o em contestar aquilo que a Educa o F sica foi Mas segundo o mesmo autor houve uma neglig ncia em rela o elabora o de novas propostas Isto fez com que a Educa o F sica perdesse seu valor pedag gico pois n o servia mais imposi o da hegemonia pelo pr prio movimento numa perspectiva reprodutivista j que inclusive entrou na din mica de questionamento dessa refer ncia mas n o sabia que papel podia incorporar numa perspectiva cr tica e conscientizadora da Educa o porque n o houve a elabora o de um corpo de conhecimentos que a justificasse na escola Segundo Bracht 2001 p 68 O que fica evidente a dificuldade que mostram os segmentos mais envolvidos com a quest o da Educa o F sica curricular para justificar sua presen a na escola Como mostram nossas pesquisas os argumentos listados s o de car ter gen rico s vezes contradit rios e inconsistentes Parte dessa crise se explica ainda pelo fato da pretens o dos profissionais da rea que tinham o desejo de estabelecer o objeto da Educa o F sica como objeto cient fico quando para Bracht 1999 o objeto da Educa o F sica deve ser definido a partir de um olhar pedag gico j que a pr pria Educa o F sica tomada nessa refer ncia como pr tica pedag gica que trata da linguagem corporal chamada por alguns te ricos que buscam uma s ntese cr tica dos debates na rea de cultura
157. 05 porque as 274 crian as que estavam com as mesmas m scaras foram se identificando umas com as outras As Meninas Super poderosas conversavam sobre o que iriam fazer e RT dizia A gente tem que combinar como vai ser Ent o faziam movimentos iguais e depois colocavam as m os umas sobre as outras e gritavam o nome das personagens Os Power Rangers come aram uma brincadeira de pegar os monstros e quando pegavam trocavam de m scaras e durante a brincadeira faziam A movimento da capoeira rolavam pelo ch o pulavam Os Homens Aranha imitavam o movimento do personagem e encostavam o corpo na parede para dizer que estavam subindo a Ap s um tempo de brincadeira solicitei com a ajuda da P6 que as crian as formassem uma nova roda de conversa E a conversa foi sobre os poderes que cada um daqueles personagens tem Os monstros correm lutam tem poderes e armas segundo as crian as Os Power Rangers lutam fazem capoeira e pulam O Homem Aranha sobe as paredes E logo RF comparou com um esporte que Os homens v o subindo as paredes com a m o Eu perguntei se eles sabiam o nome e DI falou Sei Escalada E as Meninas Super poderoas sabem voar e lutar PESQ O que pode ter na aula de Educa o F sica RF Pode ter correria DP Fazer luta Nessa oficina do Grupo 06 o que pude observar mais uma vez que a intera o com os personagens se faz pelos movimentos sendo que nesse
158. 06 o estudo de caso caracteriza se pela investiga o direta do fen meno do qual se ocupa o pesquisador Ademais esse tipo de investiga o possibilita um maior aprofundamento daquilo que se pesquisa de modo que no contexto tanto situa es relevantes quanto ind cios que se apresentem devem ser considerados Nesse sentido est posta a necessidade de buscar diferentes fontes de informa o Ent o para dar conta de um estudo expandido e aprofundado e do di logo com os sujeitos que constroem a realidade pesquisada assumi tamb m os princ pios da pesquisa participante na efetiva o deste estudo porque ela coaduna com uma perspectiva dial tica de pesquisa compromete se com o di logo e com a dialogia e vem avan ando em termos de alternativas metodol gicas 177 Segundo Demo 2004 p 94 a pesquisa participante um g nero de pesquisa ligada pr xis hist rica e assume compromissos com mudan as concretas em rela o a grupos marginalizados no sentido de construir sua emancipa o Dessa forma o autor a define como atividade integrada que combina investiga o social trabalho educacional e a o Ao considerar as afirma es de Kosik 1976 posso entender que a pesquisa participante est comprometida com uma pr xis revolucion ria J Brand o 1999b quando inicia os coment rios sobre a pesquisa participante o faz localizando a tradi o da pesquisa comentada anteriormente e afirma que ao contr rio de
159. 148 desenvolvimento infantil E mais ser que o movimento humano s tem influ ncia cultural ap s os sete anos Onde est o as crian as antes disto N o interagem n o se relacionam Enfim h nessa perspectiva uma desconsidera o das quest es sociais que s o marcantes no desenvolvimento e aprendizagem humanos em toda a vida dos sujeitos Em especial quando se pensa na quest o da pr escola coloca se como especificidade da Educa o F sica o conhecimento te rico e pr tico sobre a motricidade humana com o objetivo de otimiza o das possibilidades e potencialidades do educando para movimentar se FERRAZ 199 com o objetivo de promover o desenvolvimento cognitivo psicomotor e afetivo social tratando de dimens es simb licas atitudinais e procedimentais As primeiras dariam conta de promover ao aluno o conhecimento do corpo das habilidades b sicas e das regras J quando se fala em atitudes trata se de aceitar a atividade f sica portar se como indiv duo que tem uma imagem corporal positiva comportamentos diante da competi o limita es dos outros E por fim quando se pontuam procedimentos o que est em jogo o desenvolvimento das capacidades f sico motoras e perceptivo motoras Outro ponto a destacar especificamente quando se trata da Educa o F sica na Educa o Infantil no que concerne s pesquisas feitas a partir dessa refer ncia a constru o de um diagn stico da Educa o F sica
160. 70 1977 305 BATISTA Sidnei Rodrigues BETTI Mauro A televis o e o ensino da Educa o F sica na escola Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte v 26 n 2 p 135 148 jan 2005 BAUDRILLARD Jean Significa o da publicidade In LIMA Luiz Costa Teoria da cultura de massa 7 ed S o Paulo Paz e Terra 2005 p 291 302 BELLONI Maria Luiza O que m dia Educa o Campinas Autores Associados 2001 BELLONI Maria Luiza Inf ncia m quinas e viol ncia Educa o e Sociedade v 25 n 87 p 575 598 mai ago 2004 BENEVISTE mile Problemas de ling stica geral I Campinas Pontes Editora da Universidade Estadual de campinas 1991 BERGER Christa A pesquisa em comunica o na Am rica Latina In HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Teorias da comunica o 5 ed Petr polis Vozes 2001 p 241 278 BETTI Mauro ZULIANI Luiz Roberto Educa o F sica escolar uma proposta de diretrizes pedag gicas Revista Mackenzie de Educa o F sica v 1 n 1 p 73 81 2001 BETTI Mauro A janela de vidro esporte televis o e Educa o F sica 3 ed Campinas Papirus 1998 BETTI Mauro Estudos sobre a m dia portas e chaves In BETTI Mauro Org Educa o F sica e m dia novos olhares outras pr ticas S o Paulo HUCITEC 2003a p 11 14 BETTI Mauro Imagem e a o a televis o e a Educa o F sica escolar In BETTI Mauro Org Educa o F sica e m
161. ANOS CONHECIMENTOS ESCOLARES FIGURA 2 A RELA O ENTRE OS CONHECIMENTOS COTIDIANOS E OS CONHECIMENTOS ESCOLARES 237 FIGURA 3 FUN O SOCIAL DA ESCOLA FIGURA 4 PRESEN A DOS MEIOS DE COMUNICA O NA ESCOLA 238 A INSER O DA EDUCA O F SICA NO CURR CULO FIGURA 5 INSER O DA EDUCA O F SICA NO CURR CULO ESCOLAR Ao observar as figuras foi poss vel observar as continuidades e contradi es no PPP do CEB UEFS nas entrevistas e ainda quando se relaciona um com o outro Essa leitura permite me falar um pouco mais sobre a realidade da escola e preparar o terreno para informar sobre os debates que foram tecidos com as professoras e com o professor de Educa o F sica na reuni o pedag gica em que realizei a devolu o sistem tica do que fora dito pela realidade nesses dois momentos No que se refere concep o pedag gica da escola aparecem basicamente as perspectivas construtivista s cio interacionista e tradicional num gesto de assumir tanto no documento do PPP quanto na fala das professoras mesmo que indiretamente que diferentes correntes pedag gicas s o tomadas como refer ncia para o desenvolvimento do trabalho Configura se uma queda de bra o entre as proposi es hegem nicas e as que buscam fazer da escola um espa o de luta contra hegem nica sendo que considero que na medida em que as contradi es aparecem est o postas as condi es para desenvolver um trabal
162. Al m disso os projetos de ensino de acordo com Soares 2001 2002 s o uma forma de colocar a Educa o F sica como componente curricular na Educa o Infantil sem fragmentar e disciplinarizar a a o pedag gica independente do professor que esteja realizando o trabalho se especialista ou pedagogo E para legitimar o projeto de ensino como uma possibilidade tanto o PPP do CEB UEFS quanto as professoras na devolu o sistem tica reconhecem que um projeto de ensino possibilitaria trabalhar a leitura do texto televisivo com as crian as Esse aspecto faz transcender inclusive a pr pria perspectiva de pesquisa que pensava numa proposta para a Educa o F sica Todavia uma outra reflex o a que chego que o texto televisivo significativo demais no mundo infantil para ser tematizado por somente uma rea de conhecimento Esse um desafio da escola como institui o que ensina a ler e ajuda a crian a a compreender o mundo em que vive Ent o esse um desafio que precisa ser tomado pelo conjunto de docentes e reas de conhecimento e pela Educa o F sica em particular Nesse processo a Educa o F sica tem um papel especial por dois motivos O primeiro que muito da rela o das crian as com o texto televisivo concretiza se atrav s do eixo corpo movimento Segundo porque como a cultura corporal tem centralidade nos meios de comunica o a rea encontra uma oportunidade de sair do anonimato e integrar se escola
163. Eu sou o verde gritou A do fundo da sala que no in cio n o queria assistir esse desenho eu a mostrava se DL MH Eu sou o vermelho brother DL O meu bem mais forte porque aquele neg cio aqui pega no bra o para 265 mostrar o objeto que respons vel por chamar os zordis chamado de Dinopedra do azul n o do vermelho n o forte MH Eu sou a furadeira do trov o O eu a W O branco mais forte E perguntou a K 2 W O branco Tu o branco K Tu o branco ou o preto O branco mais Ficou claro durante toda a assist ncia do desenho que a intera o das crian as com os personagens se d pela identifica o e pela coloca o dos personagens no seu faz de conta No entanto as crian as estabelecem regras e preocupam se em saber quem s o os personagens para se identificarem com eles Somente em um momento uma nica crian a quis ser o vil o mas logo depois mudou de posi o Assim que acabamos de assistir o desenho organizamo nos em roda e o grupo estava bem agitado querendo brincar que eram os her is de modo que foi dif cil come ar a conversa Ent o levantei meu bra o demonstrando que queria falar porque esse o combinado da turma com a professora quem quer falar levanta o bra o Esperei algum tempo at que GR falou ao grupo s o GR A pr quer falar
164. JES Maria Isabel Edelweiss Educa o Infantil pra que te quero In CRAIDY Carmen KAERCHER Gl dis E Orgs Educa o Infantil pra que te quero Porto Alegre Artmed 2001 p 13 22 CAMPOS Maria Malta A legisla o as pol ticas nacionais de Educa o infantil e a realidade desencontros e desafios In MACHADO Maria L cia de A Org Encontros e desencontros em Educa o Infantil S o Paulo Cortez 2002 p 27 34 CAMPOS Maria Malta ROSEMBERSG F lvia FERREIRA Isabel M Creches e pr escolas no Brasil 3 ed S o Paulo Cortez Funda o Carlos Chagas 2001 CASTELLANI FILHO Lino Educa o F sica no Brasil a hist ria que n o se conta 4 ed Campinas Papirus 1994 307 CASTELLANI FILHO Lino Pol tica educacional e Educa o F sica Campinas Autores Associados 1998 CERISARA Ana Beatriz O Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil no contexto das reformas In Educa o e Sociedade v 23 n 80 p 326 345 setembro 2002 CHAMBOULEYRON Rafael Jesu tas e as crian as no Brasil quinhentista In DEL PRIORE Mary Org Hist ria das crian as no Brasil 5 ed S o Paulo Contexto 2006 p 55 83 CHAU Marilena Convite filosofia 13 ed S o Paulo tica 2005 CORAZZA Sandra Era uma vez Quer que conte outra vez As gentes pequenas e o indiv duo In GARCIA Regina Leite Org Crian as essas conhecidas t o desconhecidas Rio de Janeiro DP amp A 2002
165. NCIA Saiba todo mundo foi nen m Einstein Freud e Plat o tamb m Hitler Bush e Sadam Hussein Quem tem grana e quem n o tem Saiba todo mundo teve inf ncia Maom j foi crian a Arquimedes Buda Galileu E tamb m voc e eu CSAIBA de Arnaldo Antunes Esse cap tulo apresenta reflex es acerca da etimologia da palavra inf ncia em seu sentido literal para a partir disto desenhar um percurso no sentido de entender os diversos olhares constru dos social e historicamente sobre a crian a lan ando o olhar especificamente para a realidade brasileira Assumo neste trabalho a concord ncia com a afirma o de que as concep es de inf ncia s o constitu das a partir da ordena o econ mica pol tica e cultural Ent o apesar de todos terem sido nen ns e terem tido inf ncia a forma como isto se configura diferenciada a partir desses v rios aspectos que influenciam o ser crian a em uma sociedade localizada no tempo e no espa o Trago o debate sobre a palavra por entend la como arena de conflitos Ou seja trata se de um elemento que ganha sentido significado e materialidade nas rela es sociais Assim compreendo que a etimologia da palavra inf ncia e a mudez que caracterizou a hist ria social da crian a s o aspectos em rela o e que a afonia etimol gica do infante est expl cita nos olhares para as gentes pequenas para a forma de trat las e para os direitos que a elas s o garantidos e ou
166. Org Hist ria social da inf ncia no Brasil 6 ed S o Paulo Cortez 2006a p 11 19 FREITAS Marcos Cezar de Hist ria da inf ncia no pensamento brasileiro Ou fugindo de Gilberto Freyre pelas m os de M rio de Andrade In FREITAS Marcos Cezar de Org Hist ria social da inf ncia no Brasil 6 ed S o Paulo Cortez 2006b p 251 269 FRIGOTTO Gaud ncio Os del rios da raz o crise do capital e metamorfose conceitual no campo educacional In GENTILI Pablo Org Pedagogia da Exclus o cr tica ao neoliberalismo em Educa o 11 ed Petr polis Vozes 1995 p 77 108 GAJARDO Marcela Pesquisa participante propostas e projetos In BRAND O Carlos Rodrigues Org Repensando a pesquisa participante 3 ed S o Paulo Brasiliense 1999 p 15 50 GALLARDO Jorge Sergio P rez OLIVEIRA Amauri A Bass li de ARAVENA C sar Jaime Oliva Did tica de Educa o F sica a crian a em movimento S o Paulo FTD 1998 GAMBA JUNIOR Ui Um conto infanto juvenil sobre o conceito de neutralidade da palavra de Mikhail Bakhtin In SOUZA Solange Jobim e Educa o O p s modernidade fic es cient ficas e ci ncias do cotidiano Rio de Janeiro 7 Letras 2003 p 101 106 GARANHANI Marynelma Camargo A Educa o F sica na escolariza o da pequena inf ncia In Pensar a Pr tica v 5 julho junho 2001 2001 p 106 122 GARCIA Regina Leite Todas s o crian as mas s o t o diferentes In GARCIA Regin
167. TINELI 2005 A atual lei considerada uma das leis mais avan adas do mundo no que concerne prote o da inf ncia por perceber a crian a como sujeito de direitos e por responsabilizar fam lia Estado e comunidade pela sua prote o CAMPOS 2002 A LDBE de acordo com Rosemberg 2002 e Ghiraldelli Jr 2003 resultado de intensa disputa de interesses entre diferentes setores mas que no final atende aos interesses de um novo governo agora j afinado com as pol ticas neoliberais que come aram a se fazer concretas no Brasil a partir do governo Collor que teve in cio no ano de 1990 Como a LDBE n o determinou o que deveria ser ensinado nas escolas houve espa o para que o Minist rio da Educa o elaborasse os Par metros Curriculares Nacionais PCN fortemente criticados pela sua fragilidade te rica e por terem se tornado verdadeiros curr culos nacionais No mbito da Educa o Infantil o documento elaborado em tr s volumes foi o RCNEI que se prop e a contribuir com as orienta es pedag gicas de escolas de Educa o Infantil tendo como princ pios o respeito dignidade e aos direitos da crian a a prioridade no brincar o acesso aos bens socioculturais o atendimento aos cuidados essenciais da crian a assim como a articula o entre cuidar e educar BRASIL 1998 Vale ressaltar que esta articula o posta como a principal fun o social das escolas de Educa o Infantil na contemporaneidade Nesse senti
168. a nas palavras de Escoteguy 2001 referindo se cultura dos oper rios Por isso os Estudos Culturais s o uma rea em que v rias disciplinas encontram se para dar suporte ao estudo e ao debate sobre os aspectos culturais da contemporaneidade H uma compreens o nessa abordagem que no mbito popular n o h apenas domina o mas tamb m resist ncia inclusive em rela o aos meios de comunica o Para os autores dessas abordagens entre os quais Raymond Williams e E P Thompson cultura era uma rede vivida de pr ticas e rela es que constitu am a vida cotidiana dentro da qual o papel do indiv duo estava em primeiro plano fala Escoteguy 2001 p 153 Assim no plano cultural h um enfrentamento de diferentes modos de vida No direcionamento da vida cotidiana h uma compreens o de que os meios de comunica o t m um papel central mas necess rio pesquisar pr ticas de resist ncia nas subculturas j que essa abordagem enfatiza a atividade humana a produ o cultural e n o o seu consumo passivo Essas considera es incidem e s o formuladas a partir do conceito de cultura elaborado por esse grupo de estudiosos que consideram segundo Escoteguy 2001 o aspecto heterog neo da cultura no tempo hist ria e no espa o comunidade j que ela n o sabedoria recebida herdada assimilada mas tamb m discurso e representa o dos indiv duos que constituem uma comunidade localizada espa o e t
169. a o contempor nea vem se legitimando E essa sa de est presente no corpo bonito que se consegue com a pr tica de esportes Nesse discurso n o se consegue contudo superar uma perspectiva competitiva e frustrante para muitos da pr tica esportiva N o se ultrapassa uma concep o reducionista de sa de pautada somente nas quest es biol gicas e negligenciadora de todos os condicionantes sociais e econ micos que afetam o estado de sa de da popula o No momento da aula que tamb m tinha o objetivo de acolhimento foi oferecida s crian as a mesma atividade do circuito e logo uma menina gritou para o professor quase em tom de ordem s os meninos e depois as meninas Eu perguntei porque e ela respondeu Porque tem que ser uma vez deles e uma vez nossa Mas um outro aluno que concordou com ela encontrou outra justificativa Porque menina fraca e eu n o gosto de brincar com elas Outro acontecimento bastante significativo que se deu nesse in cio de aula foi a queixa das crian as de que j conheciam aquela atividade e tinha que ter outras coisas Nesse momento chateados dois alunos sa ram da roda e sentaram em bancos ao lado da quadra Fui at eles e perguntei porque haviam sa do da aula A resposta que a aula de Educa o F sica para aprender esportes e isso a referindo se atividade n o esporte Por que voc acha isso eu perguntei A resposta foi imediata e bem
170. a o F sica na Educa o infantil Revista Pensar a Pr tica v 5 p 15 38 jul jun 2001 2002 SOARES Carmem L cia Par metros Curriculares Nacionais e Educa o F sica escola In Col gio Brasileiro de Ci ncias do Esporte Org Educa o F sica frente a LDBE e aos PCNSs profissionais analisam renova es modismos e interesses Iju Sedigraf 1997 SOARES Carmem L cia et al Metodologia do ensino da Educa o F sica S o Paulo Cortez 1992 SOUZA JUNIOR Marc lio O saber e o fazer pedag gicos da Educa o F sica na cultura escolar o que um componente curricular In CAPARROZ Francisco Eduardo Org Educa o f sica escolar pol tica investiga o e interven o v 1 Vit ria Proteoria 2001 p 81 92 SOUZA Solange Jobim e Inf ncia e linguagem Bakhtin Vygotsky e Benjamim 9 ed Campinas Papirus 1994 316 SOUZA Solange Jobim e GAMBA JUNIOR Novos suportes antigos temores tecnologia e confronto de gera es nas pr ticas de leitura e escrita In SOUZA Solange Jobim e Org Educa o p s modernidade fic es cient ficas e ci ncias do cotidiano Rio de Janeiro 7 Letras 2003 p 27 45 SOUZA Solange Jobim e Educa o na p s modernidade Educar pra qu In SOUZA Solange Jobim e Org Educa o p s modernidade fic es cient ficas e ci ncias do cotidiano Rio de Janeiro 7 Letras 2003a p 15 26 SOUZA Solange Jobim e Educa o e felicidade na cultura d
171. a o Infantil Garanhani 2001 2002 tamb m realizou pesquisa acerca da produ o cient fica sobre o eixo corpo e movimento na Educa o Infantil e encontrou poucos estudos que discutissem tal rela o E assim mesmo com diferentes enfoques sem dar conta de aprofundar o debate Assim as autoras referidas apontam a necessidade de estudos que enfoquem a Educa o F sica na Educa o Infantil nesse sentido que o presente estudo tem relev ncia social e acad mica j que trago o debate sobre a inf ncia com enfoque em quest es contempor neas e numa perspectiva hist rico cr tica Nos ltimos anos tem sido mais intenso o debate no sentido de sistematizar conte dos objetivos espec ficos a transposi o did tica dos mesmos para a primeira inf ncia Os objetivos s o possibilitar s crian as a reflex o pedag gica sobre os conhecimentos da cultura corporal e alcan ar a necess ria integra o do trabalho pedag gico nesse n vel educacional j que n o se tem a inten o de reproduzir a disciplinariza o e fragmenta o que caracterizam o trabalho pedag gico na escola tecnicista e tradicional Tais pondera es est o presentes em muitos ve culos cient ficos da rea da Educa o F sica como a Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte que dedicou todo o terceiro n mero do vig simo sexto volume discuss o da Inf ncia e Educa o F sica em maio de 2005 e a Revista Pensar a Pr tica que do mesmo modo
172. a o confirma que a escola tem sido lugar de podar castrar polir tirar roubar a inf ncia Mas essa estrutura se v agora questionada e desafiada porque o mundo extra escolar tem oferecido s crian as uma diversidade de informa es por diversas fontes que se configuram estruturas formativas t o significativas quanto a escola ainda Garcia 2002 que chama aten o para o fato de as crian as aprenderem fora da escola temas diversos e na escola n o conseguirem a mesma desenvoltura porque n o entendem a import ncia daquilo que se deve saber Na escola as coisas s o porque s o e pronto Logo n o t m sentido Mas a escola pode ser lugar de liberdade aventuras e cria o Afinal tudo depende das concep es que os sujeitos assumem e da forma como por dentro do pr prio sistema institu do as a es contra hegem nicas se configuram O desafio est no di logo com as pr prias crian as e com o mundo do qual a escola faz parte mas parece insistir isolar se 3 1 O percurso da Educa o Infantil no Brasil Posso dizer resumidamente que a Educa o de zero a seis anos construiu se como um paliativo para as consequ ncias sociais geradas no processo de estrutura o do capital com o processo de industrializa o que causou o crescimento das cidades a reestrutura o familiar e a entrada da mulher no mercado de trabalho O atendimento crian a configurou se como um mal necess rio como coloca Bujes 2001
173. a que s o transmitidos aqueles fundamentos j pr determinados De fato e Duarte 2003 destaca esse aspecto ao tratar das ilus es do aprender a aprender a escola ao aproximar os alunos dos conhecimentos cient ficos aproxima os dos fundamentos da ci ncia que foram articulados historicamente pela humanidade O termo pr determinado no entanto gera perguntas Pr determinados por quem A partir de que refer ncias Ser que em uma pr determina o h espa o para di logo e levantamento da zona de desenvolvimento real dos educandos Ser que em uma pr determina o h espa o para que o curr culo seja din mico e mut vel Ser que h espa o para a din mica rela o que deve se estabelecer em sala de aula Diante de tantas perguntas h que se considerar que quando falo de acesso aos conhecimentos cient ficos e seus fundamentos estou falando de algo que j existe no mundo desde antes de as crian as nascerem No entanto mesmo a ci ncia e os conhecimentos que selecionamos para tratar na escola s o comprometidos ideologicamente com uma concep o de ci ncia de ser humano e por que n o dizer de Educa o por isso que o curr culo considerado por Saviani 2006 e Veiga Neto 2004 como espa o de conflitos e disputa por poder E a escola considerada espa o que pode atender aos interesses hegem nicos ou ser espa o de resist ncia criativa No entanto nessa segunda refer ncia h espa
174. a Ao contr rio torna imprescind vel tematizar sua forma atual transitar para o passado encontrar suas origens e contrastar valores Na Educa o Infantil o trato com a dan a segundo Silva 2005 possibilita o reconhecimento e a express o de si mesmo de estados afetivos e de diferentes a es corporais a experimenta o de diferentes ritmos inclusive aqueles que comp em o calend rio cultural as cantigas de roda e situa es imagin rias Al m da dan a a capoeira tamb m possui um significado hist rico que contrasta com o processo de esportiviza o pelo qual vem passando e possibilita na Educa o Infantil diferentes a es corporais a rela o m sica movimento a explora o r tmica dos instrumentos o conhecimento dos aspectos hist ricos presentes na capoeira e dos s mbolos e rituais que comp em a roda SILVA 2005 A gin stica segundo Soares e outros 1992 justifica se na escola porque promove rica experi ncia corporal e porque no confronto das formas tradicionais e espont neas do exerc cio gin stico os educandos podem elaborar sentido para seu pr prio exerc cio Esse conte do na Educa o de O a 6 anos garante a experi ncia das pr prias possibilidades de a o corporal no que se refere ao saltar equilibrar rolar trepar embalar com e sem objetos al m de promover a explora o de desafios do ambiente natural e social e a identifica o das pr prias sensa es Tenho uma pondera o a fa
175. a Leite Org Crian as essas conhecidas t o desconhecidas Rio de Janeiro DP amp A 2002 p 9 30 GENSINGER Humberto Terra de Gigantes In A Revolta dos D ndis I Sony amp BMG 1987 GENSSINGER Humberto Ningu m Ningu m In 10 000 Destinos Sony BMG 2000 GENTILI Pablo Adeus escola p blica a desordem neoliberal a viol ncia do mercado e o destino da Educa o das maiorias In GENTILI Pablo Org Pedagogia da Exclus o cr tica ao neoliberalismo em Educa o 11 ed Petr polis Vozes 1995a p 228 252 GENTILI Pablo Neoliberalismo e Educa o manual do usu rio In GENTILI Pablo SILVA Tomaz Tadeu Orgs Escola S A Bras lia CNTE 1996 p 9 49 310 GHIRALDELLI JR Paulo Hist ria e filosofia da Educa o brasileira Barueri Manole 2003 GHIRALDELLI JR Paulo Pedagogia e inf ncia em tempos neoliberais In GHIRALDELLI JR Paulo Org Inf ncia Educa o e neoliberalismo 3 ed S o Paulo Cortez 2002 p 11 41 GINZBURG Carlo Sinais ra zes de um paradigma indici rio In GINZBURG Carlo Mitos emblemas sinais morfologia e hist ria S o Paulo Companhia das Letras 1989 G ES Maria Cec lia Rafael de A abordagem microgen tica na matriz hist rico cultural uma perspectiva para o estudo da constitui o da subjetividade Caderno Cedes ano XX n 50 p 9 25 abr 2000 GON ALVES Cl zio J S Ler e escrever tamb m com o corpo em movimento In NEVES Iara Co
176. a O esporte e Mauro Betti discute isso em v rios textos espetacularizado de modo que deixa de ser praticado e passa a ser assistido e nesse processo ele apresentado na l gica da efic cia e da produtividade fabricando her is e necessidades de consumo Todavia parece haver mesmo na experi ncia das crian as uma hibridiza o entre o oficial e o popular entre o hegem nico e o cotidiano porque elas estabelecem a competi o entre meninos e meninas mas v o decidindo o que vale e o que n o vale Ressalto que para tanto n o foi necess ria nem interven o nem media o do professor de Educa o F sica Ent o gostaria de retomar que as regras segundo Vigotski 1998 representam um elemento que est sempre presente no jogo infantil e que seu estabelecimento entre as pr prias crian as representa o momento em que a crian a manipula os signos os valores com os quais tem contato e assume um dado papel no jogo Tendo conhecimento da import ncia do jogo nas intera es das crian as cabe ao professor gerar intencionalmente situa es em que isto seja necess rio e tematizar com as crian as a competi o e o lugar do forte vencedor homem e do fraco perdedor menina No segundo dia de observa o o professor prop s s crian as do Grupo 04 uma atividade de conhecimento do corpo As crian as foram organizadas em duplas e desenhavam umas s outras no ch o da quadra fazendo o contorno do corpo As crian as come aram a
177. a principalmente quando se pensa na realidade gerada em um pa s em que nem toda a popula o tem acesso a diferentes modos de formar se e informar se sendo os meios de comunica o as formas mais significativas de acesso informa o O contexto de globaliza o e neoliberalismo representa uma fase ou como chama Arrighi 1996 um ciclo sist mico de acumula o do capital enquanto modo de produ o que come ou a se configurar ainda no contexto da Idade M dia E desde ent o vem se repetindo em diversos circuitos sucessivos e c clicos com diferentes hegemonias passando por per odos de crise reestrutura o e reorganiza o sob novas bases mas sempre com caracter sticas de flexibilidade e ecletismo Desse modo pode se entender toda a hist ria do capital como uma unidade din mica com formas diversas em momentos hist ricos espec ficos A cada novo ciclo o capitalismo amplia suas dimens es recursos e poder de controlar o sistema mundial de organiza o das na es abrangendo cada vez um territ rio mais extenso at envolver todo o planeta e atingir a atual dimens o global Al m disso em cada momento novo mudan as s o estruturadas no sentido de perpetuar o modo de produ o As mudan as que acompanham esse movimento da estrutura o capitalista s o 71 resumidas hoje em globaliza o e neoliberalismo A globaliza o pode ser definida como movimento inicialmente econ mico de supera o das fron
178. a se efetivar como um componente curricular que estabelece rela o entre a cultura escolar e o contexto sociocultural dos quais os meios de comunica o contemporaneamente s o parte integrante Assim constr i se a possibilidade de o aluno elaborar uma leitura de sua realidade hist rica e social Desse modo a Educa o F sica se integra fun o da escola enquanto institui o que pretende a forma o de sujeitos cr ticos e aut nomos e que deve socializar e transformar a cultura elaborada no percurso de desenvolvimento da humanidade Enfim um espa o que tem como fun o ensinar o sujeito a ler numa perspectiva pr xima a de Freire 2006 em que se l o mundo e de Koch e Elias 2006 para quem a leitura como uma intera o entre sujeito contexto e conhecimento numa l gica criativa e responsiva Pensar todos esses aspectos voltados para a Educa o Infantil traz mais uma vez o embate acerca da fun o social da Educa o de O a 6 anos Assumo neste trabalho esse contexto como espa o de cuidar e educar ao negar a perspectiva do assistencialismo e a l gica intelectualizante de pr escola Entendo ainda que o trabalho pedag gico deve ser desenvolvido numa perspectiva que permita a retomada da viv ncia dos alunos dos seus conhecimentos produzidos no cotidiano muitas vezes fragmentados sem sistematiza o que quando problematizados podem possibilitar a apropria o dos conhecimentos tratados 26 Abra
179. a Educa o F sica para o espa o pedag gico em que normalmente as aulas se concretizam para o movimento corporal PESQ E a luta Tem gente que faz luta sem ser no desenho DP Tem respondeu PESQ E isso tem alguma coisa a ver com a aula de Educa o F sica W Tem K Eu ia gostar que o professor fizesse luta PESQ E como que o professor ia ensinar isso DL Dando aula de Karat como se isso fosse a coisa mais bvia do mundo 267 A Colocando a roupa de Karat PESQ E s colocar a roupa de Karat que j aprende DL assim pr fazendo os movimentos de lutas RT A gente bota a roupa e o professor ensina Apesar do anseio pelo esporte a viv ncia da luta tamb m vista como algo poss vel para ser feita nas aulas de Educa o F sica pelas crian as do Grupo 06 Elas sugerem ainda formas de fazer e reduzem a luta ao karat que tem uma rela o pr xima com os super her is assistidos Considero importante dizer que a luta como tema da cultura corporal pode e deve ser trabalhada na escola Esse conte do al m de promover ricas experi ncias de a o corporal permite o acesso aos valores culturais de diferentes regi es do mundo e utiliz los como ferramenta para analisar a forma como essas lutas aparecem nos desenhos as dicotomias bem mal forte fraco que perpetuam uma perspectiva de fragmenta
180. a crian a se autoconstr i sendo o educando o ator principal de sua pr pria aprendizagem segundo Rosa 2000 J para Rossler 2000 quando se fala em construtivismo est o em jogo v rias teorias que se baseiam na perspectiva piagetiana de desenvolvimento e aprendizagem que organiza o desenvolvimento em etapas sens rio motor pr operat rio operat rio concreto e operat rio formal considerando que em cada uma delas as crian as t m determinadas caracter sticas que as habilita a aprender e resolver situa es problema com grau de dificuldade que seja 200 adequado quela etapa conforme discutem Freire 1997 e Freire e Scaglia 2003 ainda Rossler 2000 que pontua que v rias outras perspectivas t m sido incorporadas pelo construtivismo dentre as quais a pedagogia das compet ncias Como pontuei no referencial te rico dessa pesquisa quando se fala em compet ncia segundo Perrenoud 1999 fala se da capacidade de uma pessoa de mobilizar conhecimentos para resolver situa es problema de modo eficaz devido s caracter sticas de constante transforma o de chamada Sociedade do Conhecimento em que o sujeito precisa ser din mico flex vel capaz de resolver rapidamente os problemas Al m disso quando se coloca o sujeito como respons vel por sua aprendizagem est posto ent o que na condi o atual da sociedade o que ele precisa em primeiro plano aprender a aprender Apesar de uma frequ ncia menos si
181. a das pessoas nas informa es e valores que s o disseminados na sociedade O CEREN foi dissolvido quando se instaurou a ditadura militar no Chile Mas o mesmo grupo migrou para o M xico e l fundou o Instituto Latinoamericano de Estudos Tansnacionales ILET que foi uma institui o significativa na difus o de propostas alternativas para a democratiza o da comunica o no nosso continente Al m das influ ncias norte americanas e marxistas tamb m houve na Am rica Latina a influ ncia da sociologia e da semi tica Pode se afirmar resumidamente que os estudos no campo da comunica o refletem as contradi es e influ ncias do pr prio continente a pobreza a tend ncia e simpatia ao socialismo o emudecimento causado pelos governos ditatoriais que se instalaram e dissolveram entre as d cadas de 1960 e 1980 e a resist ncia de milhares de her is an nimos Nesse sentido Berger 2001 p 248 diz E nesse contexto contradit rio de sonho e luta pelo socialismo e de interven o 66 militar e do capital norte americano que a Comunica o de Massa como investimento econ mico e projeto de domina o introduzida e sedimentada no continente Comunica o identificada com a televis o e esta com moderniza o e com financiamento norte americano e este com desenvolvimento formando o pano de fundo e a motiva o para a produ o de uma pesquisa cr tica sobre o projeto de comunica o massiva que se instal
182. a delimita o de pressupostos na perspectiva s cio interacionista MAPA DE AN LISE DO CONTE DO TEM TICA DO PPP DO CEB UEFS Conhecimentos conhecimentos escolares n o deve haver separa o entre os que ensinam e os que aprendem pois o processo de desenvolvimento do aluno din mico social e ocorre a partir da pr pria exist ncia do indiv duo tanto dentro como fora da escola vivenciando situa es que desafiem seu pensamento para uma rela o construtiva com o mundo que se realiza a partir das experi ncias vividas pelos sujeitos nos diversos espa os educativos a que tem acesso fam lia trabalho escola grupos de conviv ncia na intera o com o mundo e com as pessoas que fazem parte de seu universo cultural O professor dever agir como mediador e desafiador na rela o aluno objeto de conhecimento detectando que ele j sabe apresentando lhe situa es problema para que estas possam ser O CEB UEFS est fundamentado em alguns pontos b sicos quais sejam a utiliza o de diferentes linguagens organiza o Projetos Coletivos pedag gica de atrav s Ensino de que viabilizem o florescimento da imagina o da fantasia do senso de realidade e da contextualiza o interativa investiga o a de conviv ncia aprendizagem e Urge ent o que o indiv duo para exercer sua cidadania apropri
183. a extra Ent o de que saber trata a Educa ao F sica entendida como pr tica pedag gica Nas palavras de Bracht 1999 p 42 quando nos referimos ao objeto da Educa o F sica pensamos num saber espec fico numa tarefa pedag gica espec fica cuja transmiss o tematiza o e ou realiza o seria atribui o desse espa o pedag gico Foi diante dessas quest es e da busca pela especificidade segundo Soares e outros 1992 que emergiram movimentos ditos renovadores na Educa o F sica A preocupa o era superar as condi es e concep es cientificistas e reprodutivistas reducionistas sobre as quais se desenvolvia a Educa o F sica No encaminhamento da garantir a legitimidade da Educa o F sica portanto a d cada de 1990 assistiu a um crescimento significativo da produ o cient fica da rea Nesse movimento diferentes propostas para a Educa o F sica no mbito escolar foram organizadas Ent o no que se refere Educa o F sica escolar muito conhecimento foi e est sendo produzido a ponto de atualmente se entender que a Educa o F sica deve se estruturar como um componente curricular e n o mais como um enfeite na escola ou como uma disciplina que molda corpos e adestra os Souza Junior 2001 fala da necessidade de a Educa o F sica superar a condi o de marginalidade digo de disciplina extra para se legitimar Segundo Taffarel e outros 2000 p 196 a Educa o F
184. a internaliza o e produ o de sentidos elaborados pelas crian as para as mensagens da televis o e inclusive que a escola pode se constituir um desses espa os Concebo que o pr prio sujeito que se constitui s cio historicamente n o sujeito passivo diante da tela pois contr ria aliena o est a possibilidade de alteridade e autonomia Al m disso preciso admitir que a televis o tem possibilidades educativas a depender do objetivo que busca atender No mbito da Educa o F sica entendida segundo Silva 2005 como rea de conhecimento que tematiza os conte dos da cultura corporal no intuito de ampliar a consci ncia pedag gica do sujeito e permitir ao mesmo a leitura da realidade as mensagens dos diversos meios de comunica o se refletem na percep o de corpo nas formas de realizar o movimento corporal e expressar se atrav s do mesmo nos jogos e no esporte que parece ser um dos conte dos da cultura corporal mais explorado pela m dia televisiva Diante disto o trabalho pedag gico realizado no mbito na Educa o F sica precisa considerar da mesma forma que todo o fazer escolar aquilo que a crian a traz como conhecimento produzido no seu cotidiano com as mais diversas experi ncias dentre as quais assistir televis o parece ser algo bastante significativo Portanto preciso atentar para aquilo que nesse fazer cotidiano estrutura se a partir da rela o da crian a com a TV Assim emerg
185. a no seu PPP aproximando se da proposi o curricular sugerida por Kramer e outros 2003 ao afirmarem que a escola de Educa o Infantil deve assumir a fun o de organizar a atividade cognoscitiva do educando a partir do acesso aos bens socioculturais produzidos pela humanidade que se manifestam em forma de diferentes linguagens Se o curr culo se constitui como afirmam ainda os mesmos autores num instrumento de trabalho escolar essa coloca o feita pelo documento aqui analisado garante nos seus princ pios que a Educa o F sica ter lugar na forma o dos educandos que a estiverem O que se confirma quando o documento traz uma proposi o curricular em que a Educa o F sica est presente como uma rea de conhecimento Esse aspecto aparece apenas uma vez quando o documento se refere a todas as reas de conhecimento que ser o tratadas na escola e a Educa o F sica est presente na listagem No entanto muito significativo quando levo em conta quest es e debates espec ficos que norteiam a nossa rea de conhecimento e que interessam numa pesquisa cuja proposi o de trabalho est pautada na identifica o de possibilidades para o trabalho da Educa o F sica na escola Essas reas constituem se componentes curriculares no mbito escolar que se constituem de acordo com Souza Junior 2001 como elemento do curr culo que tem um conhecimento espec fico a ensinar para os alunos garantindo lhes aprendizagens a p
186. a por poder ou territ rio Ent o os valores da competitividade e do individualismo aparecem auxiliando para que desde cedo se edifique um senso comum de que a vontade de poder que determinar o lugar social do sujeito bem ao gosto da teoria das elites No Grupo 06 comecei como nas outras turmas contando a hist ria na roda As crian as que ouviam com aten o faziam express es K A televis o vai explodir de tanto ficar ligada Muitas crian as riram e DI disse espantando Cruz credo no momento em que apresentei a forma como Jos imaginava ser uma bola No final da hist ria como nas outras turmas perguntei quem gostava de televis o e foi un nime o sim E ent o come aram os relatos sobre como v em TV A Oh pr eu n o preciso nem ficar na sala assistindo televis o O meu quarto 250 tem televis o E certamente quem escolheu tal lugar para a televis o n o foi a pr pria crian a mas os adultos da fam lia Oferecer a amiga TV n o o problema desde que se assuma o desafio de mediar essa rela o e de dialogar com a crian a sobre suas leituras do que assiste na TV W Eu s fico vendo enquanto es t dia Ent o propus Que tal todo mundo desenhar o programa ou personagem da TV que mais gosta As crian as mais uma vez reagiram com euforia Logo foram para as suas mesas alguns ajudaram me a distribuir o papel e os l pis e come aram a produ o de
187. a reflex es problematiza es e estudos J a rela o entre Educa o F sica e m dia televisiva tamb m n o parece ser dos temas mais estudados na rea Segundo Betti 2003b Lisboa e Pires 2004 e Batista e Betti 2005 apesar de a preocupa o se tornar cada vez mais efetiva quanto mais intensos se fazem os estudos sobre tal rela o maior a necessidade de desenvolver pesquisas por conta das problematiza es que s o aprofundadas e por sua vez geram novos problemas de pesquisa que v o desde os conte dos da m dia at sua apari o dentro da escola Ent o apresentam se como imprescind veis estudos que sistematizem as implica es pedag gicas da m dia no mbito da Educa o F sica escolar para que seja poss vel entender os meios de comunica o e suas mensagens assim como os sentidos produzidos pelos educandos e como consider los no encaminhamento do trabalho pedag gico Isto poder Castellani Filho 1994 faz uma diferencia o da Educa o F sica como mera atividade quando sua pr tica caracteriza se como um fazer por fazer sem significados sentidos sem clareza da especificidade dos conte dos e objetivos dessa rea de conhecimento e como componente curricular em que se pensa na Educa o F sica enquanto rea de conhecimento que tematiza conte dos espec ficos e tem objetivos pedag gicos definidos que norteiam a sua pr tica 25 oportunizar aos alunos o estabelecimento de rela
188. a sua voz ouvida com essa posi o que assumo compromisso desde a constru o te rica at a constru o metodol gica da pesquisa Ap io a minha op o em Freitas 2006b ao afirmar que necess rio ir em busca de outros olhares para a inf ncia como um contraponto das representa es hegem nicas seja na hist ria seja para uma poss vel constru o de devir Essa contraposi o tem compromisso tamb m com todos aqueles que defendem um outro projeto de sociedade e fazem da pr pria utopia algo al m do meramente sonhador Para tanto preciso ouvir quando a crian a nesse processo de constru o disser eu para que ela n o se torne algu m definida de fora Quero aqui falar de e com uma crian a real em um espa o tempo de contradi es a escola num pa s pobre em que se configuram diferentes inf ncias 2 2 Desenvolvimento t cnico consegii ncias para a inf ncia O meu trabalho se insere num ponto de intersec o entre a inf ncia como categoria social a televis o um meio de comunica o que tem presen a significativa na sociedade 42 contempor nea a escola de Educa o Infantil que tem a fun o de aproximar os conhecimentos elaborados na vida social dos conhecimentos cient ficos e culturais produzidos historicamente pelo ser humano e a Educa o F sica como rea de conhecimento que tematiza um aspecto espec fico da cultura que se manifesta atrav s de uma linguagem corporal Por i
189. a vida contempor nea SALGADO RIBES SOUZA 2005 p 16 Para tanto necess rio que esse di logo seja mediado por linguagens significativas no universo infantil sendo que a mais significativa das cem linguagens que a crian a tem a brincadeira pois se considerarmos as afirma es de Vigotski 1998 de que no brincar a crian a se apropria e ordena a realidade psicologicamente claro que at as brincadeiras infantis s o transformadas devido intera o crian a televis o emergindo nesse brincar os sentidos a forma como as crian as manipulam apropriam se e interpretam o texto da TV Ou seja o espa o da brincadeira do faz de conta do jogo dos desenhos pode ser um campo para entender os sentidos que as crian as constroem a partir das intera es com o texto televisivo e suas diferentes formas de programa o Mas tamb m pode ser o espa o para produzir estranhamento no olhar das crian as sobre a TV para desnaturalizar essa linguagem como sugere Fischer 2006 As hist rias para as crian as t m segundo Oliveira 2002 rela o com o imagin rio infantil As hist rias fazem parte do universo do faz de conta no qual as crian as t m acesso a diferentes experi ncias valores e t m atendidas necessidades que n o lhe s o poss veis atender imediatamente No caso dessa pesquisa a hist ria foi o modo por mim encontrado para iniciar com as crian as o levantamento dos programas que elas mais assistem na televis
190. ada indiv duo Logo cidad que precisa articular se ao pr prio significado de cidadania numa sociedade guiada pela l gica do lucro e do consumo Enfim precisa consumir para exercer sua cidadania Ser crian a cidad est ligado a consumir objetos de crian a Nos termos apresentados a crian a definida como sujeito de direitos diga se de passagem E mais sujeito livre e ativo O que ser que se quer dizer com isto Livre para manipular os signos do mundo para se formar ou livre para consumir V se desse modo toda a curiosidade e atividade infantis devidamente controladas Tem se mesmo um simulacro de sujeito e uma exacerba o do valor de indiv duo Essa an lise se fortalece com a discuss o tecida por M szaros 2004 sobre a expans o do capital que toma todo territ rio terrestre a partir de estrat gias diversas e engloba todos os sujeitos com uma forma o que modela submete Para o autor referido a expans o ilimitada do capital condena os sujeitos a desigualdades profundas e contr ria a qualquer id ia de gratifica o humana Nessa conjuntura faz se necess ria a imposi o de uma ideologia nica para minar qualquer conflito ou questionamento das for as hegem nicas Elas devem ser consideradas a via poss vel e inevit vel a qual a hist ria certamente se dirigiria e com esse discurso que a globaliza o se concretiza Abre se espa o para a conclus o de que essa infinidade de cria es espec ficas para as
191. ade f sica do correr For a que em outro momento foi vinculada e posta como fun o da aula de Educa o F sica e correr que uma experi ncia corporal presente nas aulas dessa rea de conhecimento Ou seja muitos enunciados est o sendo postos para a crian a sobre a linguagem corporal e sobre seu papel na forma o do indiv duo na sociedade contempor nea Se a Educa o F sica na escola n o se justificar para essas crian as e n o colaborar na constru o de sentidos e significados para essa linguagem que por sua vez pode possibilitar a amplia o da leitura dos textos produzidos pelas TV sobre o corpo as crian as t m com quem num processo pedag gico aprender superficialmente sobre essa manifesta o cultural 260 humana a partir das refer ncias mais presentes e mais significativas em seu cotidiano os meios de comunica o destacadamente a TV e ao que parece seus desenhos animados PESQ E o que que os Power Rangers fazem AS Eles lutam com os inimigos PESQ E eles lutam com os inimigos pra qu AS Pra matarem e n o ter mais inimigo para eles derrotarem e o mundo vai se salvar GB Por causa dos maus VT Eu n o gosto muito porque luta e luta violento GB Eu gosto AS Mas quando eu luto eu n o bato n o PESQ Tem que respeitar os colegas ME Tem que respeitar Nesse ponto da minha intera o com as crian
192. ades que atuam como educadoras Essas coloca es ficam ainda mais claras quando Gramsci 2004 afirma que o jornalismo n o est interessado somente em atender as necessidades de uma certa categoria mas tamb m pretende criar necessidades de modo a gerar e ampliar seu p blico Ou seja parte se de um grupo cultural com seus princ pios e valores para a partir da construir todo 71 um edif cio cultural completo aut rquico come ando precisamente dela l ngua isto pelo meio de express o e de contato rec proco GRAMSCI 2004 p 197 O edif cio tem uma estrutura racional e funcional organizada para atingir dadas conseq ncias previamente planejadas Em outras palavras via l ngua eu diria linguagem que se estrutura uma hegemonia que se educa as pessoas Aspecto bem explicado por Martins M F 2005 ao afirmar que a constru o e a justificativa de uma hegemonia fazem se pela via cultural O pensador salienta ainda que existem v rios tipos de jornais e revistas que s o constru dos a partir do leitor que se deseja atingir do projeto educativo que se tem desde os religiosos at os governamentais e antigovernamentais Cada um desses tipos segue uma determinada linha de reda o organizada de forma homog nea para impedir improvisa es e contradi es E Gramsci 2004 p 201 diz Um organismo unit rio de cultura que oferecesse aos diversos estratos do p blico os tipos de re
193. ado O estudo trata da rela o entre o trabalho pedag gico da Educa o F sica na Educa o Infantil e sua rela o com aquilo que as crian as aprendem na e com a televis o sobre os conte dos tematizados por essa rea de conhecimento Para a realiza o desse estudo que se far a partir da pesquisa participante precisarei discutir com o grupo docente o objeto de pesquisa nas reuni es pedag gicas frequentar as salas de aula regularmente entrevistar todos os professores da educa o infantil realizar oficinas com as crian as dentro do hor rio escolar o que exigir que dado momento da rotina escolar fique sob a responsabilidade da pesquisadora em data e hor rios previamente combinados observar as aulas de Educa o F sica e fotografar o espa o das salas de aula Venho atrav s deste pedir autoriza o aos pais para a realiza o das atividades com as crian as oficinas de desenhos rodas de conversa sobre o que assistem na televis o que tenha rela o com jogos dan as lutas esportes capoeira e outras manifesta es da linguagem corporal bem como para filmar a realiza o de tais atividades para fins de levantamento e an lise dos dados significativos para a pesquisa Atenciosamente Martha Benevides da Costa Aluna regular do Programa de P s gradua o em Educa o Mestrado da Universidade Federal da Bahia Eu respons vel pelo aluno do grupo do Centro de Educa o B sica da UEFS
194. ado constroem sentido e o que aparece sobre a Educa o F sica na televis o companheira de muito tempo que n o pede nada em troca parece ser onde a crian a responde a essas perguntas Quando o professor entrou na sala antes que ele falasse qualquer coisa sobre a atividade do dia o mesmo aluno perguntou ao professor Professor hoje a gente vai jogar bola O PEF respondeu Outro dia e o aluno lamentou se Poxa eu adoro jogar bola Quando chegamos ao Parque Esportivo da UEFS onde ficam as quadras em que normalmente os alunos t m aula a piscina foi o assunto do dia e o colchonete que estava na 293 quadra para a realiza o da atividade transformou se numa piscina de metinrinha e uma menina perguntou ao professor Professor um dia vai ter aula na piscina e o professor disse que n o porque a piscina muito funda No final da aula apareceu um cavalo que era montado por um dos vigilantes do campus universit rio No mesmo momento as crian as come aram a apontar a fingir que seus dedos eram rev lveres e a gritar p p p representando o barulho do rev lver O professor questionou as crian as Por que tem que matar o cavalo E uma das crian as da sala que mais gosta de brincar de pol cia disse N o o cavalo o bandido Eu sou pol cia e um outro respondeu de mentirinha No Grupo 05 as crian as j estavam na roda quando o PEF entrou na sala de aula E
195. adora E4 e que com o que passa na TV a crian a se torna violente mas tem aquele desenho que a crian a vai aprender se descobrir E6 Na fala da primeira estagi ria est posta tanto a possibilidade da Educa o para a emancipa o quanto para a aliena o O que n o d pra fingir que a m dia n o existe E isto a pr pria E4 que confirma A gente tem assim o papel de tentar trazer a m dia pra dentro da escola e discutir e debater e n o s criticar como tem muita gente que s critica Na fala de E6 transparece o fato que nem tudo na m dia negativo Esse olhar vai ao 235 encontro das coloca es de Pfromm Neto 2001 sobre as possibilidades educativas da TV n o como recurso pedag gico somente mas tamb m como meio que ao colocar as crian as diante de diferentes mensagens nem sempre sistematizadas nos mais variados tipos de programas exige que elas elaborem interpreta es e respostas de modo que h uma aproxima o da TV com o discurso l dico atrav s do qual a escola pode achar pistas para mudar a forma enfadonha e pouco desafiadora como vem se organizando Aparece ainda na fala de P4 a perspectiva de que para entender as brincadeiras entender o que est passando com as crian as interessante que o professor conhe a os desenhos Essa coloca o segue a perspectiva de que o adulto ser algu m que na contemporaneidade dialogar com a crian a e no campo esco
196. agmentado ocultado e que torna o outro que v um mero objeto Todavia diante dessas coloca es s o me permitidas duas rela es para estabelecer di logos com a perspectiva da linguagem de Bakhtin A primeira refere se ao fato de que como forma de express o a imagem uma linguagem e portanto tanto quanto o signo ling stico est no limite de encontro entre o ser humano e o mundo Assim as express es imag ticas tamb m refletem as condi es materiais o contexto do locutor e constituem se polifonicamente A se configura a segunda considera o a imagem coloca se para o di logo para a interlocu o para a resposta do outro contribuindo e constituindo arena como a linguagem da citada batalha cultural nesse contexto que a TV se torna hegem nica como recurso de comunica o interferindo na autoridade intelectual mesclando se com outros tipos de cultura as hibridiza es de que fala Mart n Barbero 1987 mostrando a corrup o e o seu enfrentamento sendo arena do teatro pol tico transformando a rela o p blico privado constituindo o espa o de visibilidade cultural Nesse mesmo sentido Leiro 2004 comenta que a televis o colabora na constru o de um novo habitat porque se constitui um espa o de diversas aprendizagens povoado por diversas manifesta es culturais e envolve v rias possibilidades de produzir e consumir imagens que prefiro chamar de textos O mesmo autor reconhece ta
197. al ainda a mesma autora que refor a a necessidade de di logo com a crian a quando afirma que essa uma possibilidade de recuperar o lugar da crian a como sujeito num mundo adultoc ntrico Outro pensador que refor a a necessidade de di logo com os sujeitos Bakhtin 2004 ao afirmar que existe uma rela o dial tica entre a linguagem e a sociedade j que o signo tem natureza social assim como as enuncia es internas ou externas Em outras palavras a linguagem constitui se arena de conflitos disputas e resist ncias que se configuram socialmente Al m disso o mesmo pensador entende que o pr prio sujeito e seu psiquismo se constituem no limite entre sujeito e mundo exterior e isso fica claro quando ele afirma que O indiv duo enquanto detentor dos conte dos de sua consci ncia enquanto autor de seus pensamentos enquanto personalidade respons vel por seus pensamentos e por seus desejos apresenta se como um fen meno puramente s cio ideol gico BAKHTIN 2004 p 58 Desse modo um signo seus significados e sentidos s podem ser compreendidos a partir de uma situa o social em que a palavra representa at mesmo a pr pria necessidade de intera o e comunica o Ent o em cada palavra em cada enuncia o realizada est o presentes e em rela o os valores sociais de orienta o contradit ria Enfim s no di logo com os sujeitos ser poss vel encontrar os significados que assumem os signos aqueles que c
198. al e coletiva da comunica o humana essa preocupa o com a individualidade que vai fazer com que se passe a observar as particularidades e necessidades infantis E para tornar se adulto a crian a deveria dominar os s mbolos desse outro mundo tornando se necess ria a escola As coloca es desse autor merecem coment rios O primeiro ponto que chama aten o a rela o de adulto que sabe e crian a que n o sabe N o h d vidas quanto a import ncia da experi ncia social das crian as tanto para seu desenvolvimento quanto para a aprendizagem das formas simb licas que permeiam as pr prias intera es humanas No entanto essas intera es d o se com adultos com outras crian as al m da pr pria atividade infantil nessa apropria o dos signos n o para ser simplesmente adulto mas para desenvolver suas capacidades cognitivas e para compreender a si mesmo e o mundo em que vive Al m disso quando coloca a crian a no lugar do n o saber e considera o ser crian a em rela o a um conceito de ser adulto Postman 1999 n o consegue se libertar de uma id ia abstrata e adultoc ntrica de inf ncia n o consegue liberar a escola de uma fun o meramente preparat ria para o futuro e n o consegue tirar a crian a do lugar de ele ou ela no discurso alheio Emerge da o segundo ponto de an lise a escola como lugar que tornar a crian a adulta Sem d vida durante muito tempo essa foi a fun o da escola
199. al por um resultado objetivo Al m disso com o dom nio de signos simb licos os la os societ rios se tornam mais articulados pelo pr prio desenvolvimento da cultura No pensamento de Bakhtin 2004 h uma valoriza o da fala e da enuncia o como elementos de natureza social que se vinculam s estruturas de organiza o de dada sociedade pois no seio das pr prias rela es que os signos s o criados t m seus significados convencionados e que se d a apropria o destes pela consci ncia humana O signo de que o referido autor trata com destaque a palavra que penetra todas as rela es humanas e d ind cios dos processos de transforma o social tendo pois um significado m vel No signo o sujeito se reflete na medida em que seu pr prio psiquismo entendido como limite em que ele se encontra com o mundo exterior e se refrata pois sua atividade mental expressada por meio dos signos que t m uma significa o por meio da qual se possibilita a troca entre dois sujeitos sendo que a enuncia o e o signo nascem e ganham sentido no contexto que os geram e ou em que s o utilizados Por esse processo d se a constitui o do pr prio sujeito pois ele se apropria dos elementos simb licos socialmente constru dos e pode recri los a partir de suas necessidades materiais Para Thompson 1995 a vida se faz de fatos a es e manifesta es significativas e de sujeitos que se expressam e buscam entender a si
200. al se exerce o controle da sociedade poss vel em uma breve reflex o perceber como dessa maneira a televis o vem se constituindo um meio de forma o aliena o cultural dos sujeitos que com ela convivem nos 121 termos do que colocava Gramsci O estudioso pontuava que os meios de comunica o no seu contexto o jornal e o r dio disseminavam diferentes vers es para os mesmos fatos porque diferentes grupos que formam a t o abstrata opini o p blica colocam opini es que refletem seus interesses Nas palavras do autor os meios de comunica o difundem as tend ncias ideol gicas que operam continuamente e simultaneamente sobre a popula o GRAMSCI 2001 p 24 No mesmo percurso Porto 2000 pontua que as mensagens veiculadas na televis o atingem muitas pessoas e a pr pria produ o das mensagens utiliza se de uma l gica din mica e gil com a inten o de fazer aflorar o desejo o imagin rio de mexer com a subjetividade de atingir a sensibilidade das pessoas fazendo com que elas se reconhe am na tela sem a necessidade de grande esfor o cognitivo Aparece ent o a amplitude que a televis o assume por ser um meio de comunica o barato e disseminado em quase todo o territ rio nacional Destaca se mais uma vez que tal territ rio um espa o com s rios problemas de distribui o de renda e precariedade na Educa o formal Chama se aten o para esse fato porque tamb m Porto 2000 de
201. ala em adapta o Mais uma vez as contradi es abrem espa o para pr ticas conservadoras e revolucion rias A inser o da Educa o F sica no curr culo talvez seja o ponto mais cr tico desses dados porque muitas perspectivas se fazem presentes Isto aponta para a dificuldade da Educa o F sica se integrar ao universo da Educa o Infantil para a dificuldade do pr prio professor estagi rio justificar a sua pr tica pedag gica e ainda para a perpetua o de perspectivas superadas no mbito acad mico ao menos na realidade da Educa o F sica escolar interessante retomar que no caso estudado existem v rios fatores que tornam esse n ainda mais dif cil de desfazer porque se trata de um espa o localizado dentro de uma universidade em que h um curso de forma o em Licenciatura em Educa o F sica Os estagi rios s o estudantes do referido curso que n o faz nenhuma interven o sistem tica nesse espa o no mbito da pesquisa e da extens o Em rela o aos meios de comunica o h um reconhecimento de sua presen a na sociedade e na vida da crian a No entanto aparecem as perspectivas de que se trata de um desafio do qual o professora deve tentar dar conta mas tamb m olhares negativos para a TV que dificultam o encaminhamento de a es pedag gicas que busquem integrar a linguagem audiovisual na escola Com base nesses aspectos realizei com as professoras uma reuni o pedag gica de dev
202. alho l gica de produ o e acumula o do capital Posto isto cabe me agora analisar como esse cen rio se faz presente no mbito da Educa o Infantil brasileira E iniciarei esse novo caminho pontuando que se seguiram Constitui o de 1988 uma s rie de outros documentos oficiais complementares que d o a impress o de uma mudan a na dire o da Educa o Infantil A come ar pelo ECA que legalizou o direito de toda crian a Educa o passando pela Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDBE de 1996 que estabeleceu a Educa o Infantil como primeira etapa da Educa o B sica e por fim em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil RCNEI proposto como uma orienta o para a elabora o de propostas pedag gicas que destacou como fun o da escola desse segmento cuidar preocupa es com os hor rios espa o materiais e necessidades b sicas da crian a e educar refere se a lan ar o olhar para o fato de as crian as estarem em processo de forma o num momento em que a intera o com pessoas e coisas do mundo levam nas a elaborar significado para aquilo que as rodeia Ou seja apesar de a legisla o primeira vista representar um avan o na concep o de crian a tenho que atentar para a j comentada descontinuidade entre legisla o e realidade al m de pontuar que mudan as aparentes e de papel n o garantem efetivamente transforma es nas pr ticas s
203. alidade no paradigma de um outro projeto hist rico no qual o curr culo assume a fun o de auxiliar os sujeitos a aprenderem e apreenderem criticamente a realidade que constituem e que os constr i Para Freitas 1992 preciso considerar a escola do modo como ela ora se estrutura entendendo a como espa o de contradi es e interesses antag nicos e ent o tomar como objetivo a emancipa o humana Com tal escopo somente no mbito do trabalho coletivo dar se o desenvolvimento hist rico interessante pontuar que essa perspectiva coaduna com a id ia vigotskiana de que o desenvolvimento individual antes social Al m disso condizente com a id ia bakhtiniana de que os sujeitos constituem se nas intera es discursivas A partir dessas considera es a Educa o e a escola numa refer ncia s cio hist rica deyem assumir a fun o de conscientiza o atrav s da garantia da aprendizagem de um acervo de conhecimentos acumulados pela humanidade promovendo a organiza o da atividade cognoscitiva do educando ou seja sua capacidade de leitura sistem tica e cr tica da realidade SAVIANI 2006 A Educa o assume mesmo um papel de geradora de conscientiza o nas palavras de Freitas 1992 p 128 Desse modo princ pio orientador o estabelecimento de rela es dial gicas entre professor e aluno sendo ambos concebidos como sujeitos num processo de descoberta e produ o cultural Ou seja toma se como
204. amente ligada s estruturas sociais deixando emergir as contradi es e os conflitos de classe e constituindo um processo ininterrupto de di logo da tamb m que parte a considera o de que o signo tem uma significa o din mica apesar de a classe dominante tentar dar um significado un voco aos signos pois ser incorporado e enunciado pelos sujeitos a partir do tempo hist rico e das condi es culturais e ideol gicas que est o postas no contexto Preciso falar especialmente da pesquisa em comunica o na Am rica Latina lugar geogr fico de onde falo e onde as pesquisas em comunica o se iniciaram mais por quest es pol ticas de depend ncia submiss o e resist ncia cultura do sil ncio que se imp s historicamente do que por raz es cient ficas Segundo Berger 2001 a influ ncia norte americana coloca se claramente nas primeiras pesquisas em comunica o desenvolvidas na Am rica Latina Nesse processo foi criado em 1959 o Centro Internacional de Estudos Superiores de Periodismo para a Am rica Latina CIESPAL a partir do qual foram desenvolvidas as primeiras pesquisas com 65 referenciais relacionados Escola Norte americana ou seja foram pesquisas que tomavam a comunica o como uma rela o mec nica Em outras palavras a influ ncia estadunidense e o cen rio de depend ncia pol tica e econ mica fizeram com que a pesquisa em comunica o na Am rica Latina n o tivesse referencial te rico
205. an a tem sido abordada em muitos casos decorre da superposi o de ci ncia sobre ci ncia de campo epistemol gico sobre campo epistemol gico e o resultado muitas vezes corresponde a um acervo de imagens sobre a inf ncia impregnado de certa fantasmagoria Fantasmagoria quer designar aqui a situa o do ator social que se v no espelho e n o reconhece a pr pria imagem Ou seja mais uma vez aparece o silenciamento da crian a Talvez uma primeira forma de viol ncia ou mais uma dentre tantas contra a crian a Mas n o posso deixar de considerar que as crian as que vivem as mais diversas inf ncias pelo pr prio estranhamento que demonstram a essas representa es criam formas para viver neste mundo e para ele produzem sentidos Sentidos que precisam ser ouvidos e considerados pelos adultos Portanto as crian as s o sujeitos que resistem ao silenciamento Fica claro ent o que as crian as foram brutal e subliminarmente caladas desde os prim rdios da humanidade seja porque n o havia um sentimento de inf ncia seja porque a forma como se configurava a preocupa o com a inf ncia se constru a a partir de referenciais que desconsideravam o humano do homem Aparecem no entanto como em toda hist ria contradi es teorias e pontos de vista que colocam a crian a como sujeito de direitos como ser que se constr i social e historicamente que aprende nas rela es que tem a possibilidade de estabelecer que deve ter
206. an as da primeira inf ncia o movimento foi considerado como uma manifesta o inadequada ou com um objetivo disciplinar Negando essas perspectivas pontua que a escola de Educa o Infantil deve garantir atividades que promovam a amplia o da cultura corporal infantil propiciando um amplo desenvolvimento da motricidade das crian as J come am a as contradi es porque na perspectiva da cultura corporal n o se entende o movimento corporal apenas como um instrumento para o desenvolvimento motor cuja perspectiva j disse considerada idealista Ao contr rio quando se fala em cultura corporal fala se em uma linguagem Tem se portanto v nculos estreitos com as quest es culturais e sociais da realidade do contexto em que vive e relaciona se o sujeito Essas contradi es e as refer ncias na perspectiva do desenvolvimento motor ficam ainda mais claras quando o documento em quest o passa a analisar a rela o da crian a com o movimento a partir das conquistas no plano da motricidade bem ao gosto da l gica em que a cada etapa h a matura o de alguma capacidade As pr prias brincadeiras mesmo relacionadas com a cultura regional s o tomadas como oportunidades para o desenvolvimento de habilidades motoras Como blocos de conte dos a serem trabalhados no mbito do movimento na Educa o Infantil est o as capacidades expressivas e instrumentais do movimento Na sua dimens o expressiva o movimento diz respeito possi
207. an jun 2001b FERREIRA Giovandro Marcus As origens recentes os meios de comunica o pelo vi s do paradigma da sociedade de massa In HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Orgs Teorias da comunica o 5 ed Petr polis Vozes 2001 p 99 118 FISCHER Rosa Maria Bueno Televis o e Educa o fruir e pensar a TV 3 ed Belo Horizonte Aut ntica 2006 FRAN A Vera Veiga O objeto da comunica o A comunica o como objeto In HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Teorias da comunica o 5 ed Petr polis Vozes 2001 p 39 60 FREIRE Jo o Batista SCAGLIA Alcides Jos Educa o como pr tica corporal S o Paulo Scipione 2003 FREIRE Jo o Batista Educa o de corpo inteiro teoria e pr tica da Educa o F sica 4 ed S o Paulo Scipione 1997 FREIRE Paulo Criando m todos de pesquisa alternativa aprendendo a faz la melhor atrav s da a o In BRAND O Carlos Rodrigues Org Pesquisa participante 8 ed S o 309 Paulo Brasiliense 1999 p 34 41 FREIRE Paulo Pedagogia do Oprimido 45 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2005 FREIRE Paulo A import ncia do ato de ler 48 ed S o Paulo Cortez 2006 FREITAS Luiz Carlos de Projeto hist rico ci ncia pedag gica e did tica Educa o e Sociedade n 27 p 122 140 1992 FREITAS Marcos Cezar de Para uma sociologia hist rica da inf ncia no Brasil In FREITAS Marcos Cezar de
208. ando tanto o conte do do pensamento quanto a pr pria personalidade do sujeito Est claro que os processos psicol gicos superiores constituem se na vida social a partir de situa es vivenciadas e compartilhadas pelos sujeitos e que a media o dos signos possibilitar a internaliza o de atividades organizadas socialmente considerando o complexo percep o fala a o Como o pr prio Vigotski 1998 coloca tais processos come am a se constituir no plano interpsicol gico rela es e s depois no plano intrapsicol gico reorganiza o da atividade cognitiva pela internaliza o que a reconstru o interior de uma opera o externa 113 Ent o quando se fala em internaliza o apropria o coloca se em jogo a reconstru o interna intrapsicol gica a partir das intera es com signos S o as fun es sociais formas de produ o das quais os sujeitos participam rela es que estabelecem com outros sujeitos convertidas em fun es mentais ou seja trata se da aprendizagem apreens o da realidade social e cultural Tal processo influencia a forma o da personalidade dos sujeitos podendo ser adequado ao outro com o qual se relaciona ou n o de modo que a apropria o tamb m processo de conflito e que pode gerar conflitos Segundo Vigotski 1998 p 75 A internaliza o de formas culturais de comportamento envolve a reconstru o da atividade psicol gica tendo como base as opera es com s
209. ando a televis o as mensagens n o ser o vistas e n o ter o um impacto sobre a sociedade e essa leitura n o precisar ser aprendida Posicionamento que poupa a escola de questionar sobre o reordenamento que vivem os mundos das linguagens e das escritas desresponsabilizando a consequentemente de pensar sobre sua pr pria reestrutura o A escola deixa de perguntar Se a escola uma institui o que ensina a l leituras de linguagens diversas e compreendendo que atualmente as linguagens e escritas t m sido recompostas e delas faz parte a televis o como a escola ainda se pretende lugar de produ o e apropria o de conhecimento se n o permite a entrada dessa diversidade de linguagens Ainda comentando sobre a resist ncia que a escola imp e de integrar a TV como uma linguagem e at mesmo como um suporte Pfromm Neto 2001 coloca que o contexto escolar at tem alguma receptividade integra o dos recursos audiovisuais no sentido de reconhecer a import ncia dessa linguagem Todavia n o se faz uso disso no cotidiano At porque isto envolver um outro aspecto que n o nos interessa aprofundar mas que est intimamente ligado a essa resist ncia da escola que a condi o da forma o dos professores Tal ponto me leva a tr s reflex es Primeiro fica claro o fosso na rela o teoria pr tica caracterizando o que Vasconcellos 2000 chama de esquizofrenia pedag gica ou seja fala se de determinados temas mas o
210. antes com a gin stica Conforme Bracht 1999 ap s a Segunda Guerra Mundial o fen meno esportivo emergiu como preocupa o priorit ria da Educa o F sica Sobre isto Soares e outros 1992 p 54 afirmam que Essa influ ncia do esporte no sistema escolar de tal magnitude que temos ent o 8 Exemplo disto o Manifesto dos Pioneiros da Educa o Nova que compunha de acordo com Ghiraldelli Jr 2003 toda uma sistematiza o pedag gica que adequava a escola sociedade urbano industrial ou seja l gica do racionalismo e da modernidade 141 n o o esporte da escola mas sim o esporte na escola Isso indica a subordina o da Educa o F sica aos c digos sentido da institui o esportiva Esses c digos podem ser resumidos em princ pios de rendimento atl tico desportivo competi o compara o de rendimento e recordes regulamenta o r gida sucesso no esporte como sin nimo de vit ria racionaliza o de meios e t cnicas etc Ou seja a rea de conhecimento continuou servindo a interesses que se colocavam hegem nicos e ainda permaneceu contribuindo para o adestramento a aliena o a naturaliza o dos princ pios do individualismo da liberdade aprisionada s bases do liberalismo Quero nesse ponto recorrer a Kunz 20044 mesmo tendo consci ncia de que ele fala de um outro lugar Mas se a realidade transit ria e inacabada preciso tamb m aqui estabelecer di logos e
211. ao brincar imagin rio pois a crian a realiza seus desejos e estes envolvem aspectos da realidade que s o apreendidos na experi ncia e come am a fazer com que as opera es baseadas em significados sejam as motiva es para as a es e comportamentos humanos O pr prio Vigotski 1998 p 135 diz que o brinquedo fornece ampla estrutura b sica para mudan as das necessidades e da consci ncia A a o na esfera imaginativa numa situa o imagin ria a cria o das inten es volunt rias e a forma o dos planos da vida real e motiva es volitivas tudo aparece no brinquedo que se constitui assim no mais alto n vel de desenvolvimento pr escolar A crian a desenvolve se essencialmente atrav s da atividade de brinquedo Por isso Silva 2005 entende que o jogo simb lico na Educa o F sica importante porque a crian a vivencia numa totalidade os desafios do contexto em que vive e as necessidades que lhe s o a colocadas expressando se corporalmente experimentando diferentes a es corporais estabelecendo v nculos afetivos nessa mesma dire o que caminha Faria Junior 1996 ao discutir sobre a presen a dos jogos populares na escola Na medida em que sentidos e significados do contexto sociocultural fazem se presentes nos brinquedos brincadeiras e jogos eles s o uma manifesta o cultural que traz marcas do passado da hist ria do saber popular dos c digos b sicos da sociedades
212. apitalista funcionando como articuladoras das mitologias contempor neas Na perspectiva da complexidade segundo coment rios de Wolf 1999 a cultura de massa compreendida como um conjunto de cultura civiliza o e hist ria que se comp e de 59 um sistema de s mbolos valores mitos imagens ligados vida pr tica e ao imagin rio coletivo N o se pode no entanto falar em cultura mas numa realidade policultural dentre as quais a cultura de massas Esta tem uma liga o com produtos industriais e traz algumas conseq ncias como a contradi o estandardiza o car ter individual do consumo cultural e a tend ncia de homogeneizar a diversidade Al m disso a cultura de massa vista como portadora de uma tica do consumo guiada pelo mercado Seguindo com as teorias da comunica o classificadas por Wolf 1999 h a perspectiva dos cultural studies movimento te rico e pol tico que busca dentre tantos debates compreender a a o dos meios de comunica o de massa a partir de fatores como a estrutura social e o contexto hist rico necess rio ressaltar que as considera es dos Estudos Culturais que t m in cio na Inglaterra e hoje encontram se descentrados geograficamente est o muito al m do debate sobre os meios de comunica o e t m como eixo principal as rela es entre formas culturais da sociedade contempor nea institui es e pr ticas culturais em especial a cultura comum e ordin ri
213. aprendizagem gera o que Vigotski 1998 chama de Zona de Desenvolvimento Proximal Al m disso para Baquero 1998 significa tentar entender o papel do processo educativo no desenvolvimento Mas Vigotski 1998 considera tamb m que as aprendizagem n o se d o s no espa o escolar Ent o quando a crian a vai escola ela j tem uma hist ria de aprendizado 15O conceito de ZDP na teoria vigotskyana passa pelo fato de ele rejeitar a id ia de est gios de desenvolvimento tomados como pr requisitos para que a crian a aprenda alguma coisa Para Vigotsky 1998 existem dois est gios de desenvolvimento o real que s o as fun es com ciclos de desenvolvimento j completos e estabelecem a es que as crian as podem executar por si mesmas com autonomia e o proximal que define os processos ainda em desenvolvimento estabelecendo a es que a crian a consegue desenvolver em colabora o com outras pessoas ou com a orienta o de adultos 115 mesmo que produzida de modo assistem tico que gera processos psicol gicos superiores rudimentares Isto faz com que seja necess rio nas a es de ensino escolar que busca possibilitar a apropria o dos fundamentos do conhecimento cient fico e que est fincado na linha do desenvolvimento cultural considerar os conhecimentos pr vios das crian as para organizar a es que efetivamente gerem as ZDP e possibilitem o desenvolvimento dos processos psicol gicos superiores a
214. ar e dizer voc n o pode fazer mas dizer isso bom e isso ruim movimento o corpo os movimentos que s o naturais que nem no correr no saltar lateralidade direita esquerda sempre com atividades que sejam mais simples mesmo da crian a do dia a dia 338 AP NDICE F 339 340 A BOLA EA TV Era uma vez um menino chamado Jos Esse menino gostava muito de todas as m quinas Ele se perguntava porque as m quinas n o eram como a gente Por que n o podia conversar com elas Coloc las para dormir E todas as outras coisas que a gente faz como comer tomar banho Os pais de Jos ficavam preocupados em alguns momentos porque mandavam ele dormir mas ele n o ia Chamavam no para comer mas ele levava o prato para a frente da televis o e comia por l mesmo Mas a m quina preferida de Jos era a televis o Ah Ele passava horas e horas diante da TV assistindo seus programas preferidos As vezes ficava at tarde da noite assistindo a novelas filmes e tudo mais que passasse naquela m quina maravilhosa Um dia o pai de Jos teve uma id ia que achou excelente para Jos passar menos tempo com a m quina Pensou Vou comprar uma bola de presente para ele A quero ver se n o consigo tir lo de frente das m quinas O pai de Jos saiu comprou a bola e voltou para casa todo confiante Quando encontrou Jos mostrou a bola dizendo Olha o que eu trouxe pra voc
215. ara entender o que est posto como mensagem BELLONI 2001 FISCHER 2006 Devido a esses fatores esse mais um motivo de minha op o a televis o um meio de comunica o ao qual grande parte da popula o brasileira tem acesso e al m disso devido pobreza que caracteriza a sociedade brasileira muitos sujeitos t m apenas esse recurso como op o de informa o lazer e entretenimento PORTO 2000 119 No que se refere especificamente televis o Mart n Barbero e Rey 2004 falam da natureza da imagem que sempre foi um meio de express o do ser humano mas num universo de encantamento de cura de adivinha o e por isso foi recluso ao campo da arte e da magia foi tido por Plat o como engano Mito da Caverna e foi vista como manipuladora Diante de toda essa longa e pesada carga de suspeitas e desqualifica es que abre caminho um novo olhar que por um lado des cobre a envergadura atual das hibridiza es entre visualidade e tecnicidade e por outro resgata as imag sticas como lugar de uma estrat gica batalha cultural MART N BARBERO REY 2004 p 16 Desse modo a imagem aparece ligada ao sublime e ao lazer trazendo atualmente tanto a quest o da media o tecnol gica que inaugura novos relatos com o uso dessa linguagem mas tamb m o esvaziamento do conte do da pr pria imagem devido a sua integra o com a cultura do consumo trazendo imagens em que n o h o que ver com o real fr
216. ara um texto que mistura imagem e som Tamb m desenharam Xuxa DB RK sendo que DB tamb m desenhou Chaves K desenhou a si mesmo assistindo os Power Ranger e disse Sou eu assistindo Power Ranger Minha m e es t lavando P desenhou Pica pau e CL desenhou Tom e Jerry Foram retratadas tr s emissoras Globo Record e SBT sempre em desenhos animados que foram Picapau Tom e Jerry Bob Esponja Power Ranger Apareceu ainda o programa do Chaves Chaves Chaves Todos atentos olhando pra TV No caso da Rede Globo houve refer ncia apresentadora Xuxa Apareceram ainda ocorr ncias a desenhos que transitam entre cinema gibi e TV como Homem Aranha e Batman Al m disso uma crian a JS trouxe um desenho da TVE Pingu mas ela n o sabia o nome 252 QUADRO 6 OFICINA 2 Oficina 2 Data Grupo 04 22 05 07 Tempo de dura o 40 minutos Grupo 05 22 05 07 Grupo 06 21 05 07 Objetivo Identificar o sentido e o significado que as crian as estabelecem para a mensagem televisiva Identificar as rela es que s o estabelecidas com a Educa o F sica Atividades Assistir televis o Roda de conversa Encaminhamento Assistir com as crian as imagens do cotidiano das crian as programa escolhido pelas crian as Roda de conversa sobre o programa norteada pelas quest es O que o programa mostrou Quais os personagens se houver Voc s ap
217. aracterizam o texto televisivo e como se d a internaliza o e apropria o dos mesmos e dos sentidos para eles estabelecidos a partir de sua interpreta o e valora o pelos sujeitos que com ele convivem e interagem No mesmo percurso procurei considerar o car ter total da exist ncia humana j que sempre h uma rela o entre a hist ria das id ias e a hist ria dos fatos econ micos e sociais de modo que a pr pria realidade foi entendida como contexto din mico assim como o indiv duo e a sociedade vistos como termos de uma contradi o Assim as contradi es encontradas no contexto da escola pesquisada s o entendidas como o pr prio movimento que possibilita transform la num espa o de resist ncia criativa Tal assertiva remete a dois princ pios b sicos da dial tica a totalidade e a contradi o A totalidade coloca o real como algo complexo e a media o como categoria central para apreender os fen menos sociais de modo que como j foi posto necess rio partir da realidade na qual tudo se relaciona da forma como ela se mostra para o exerc cio da abstra o e apreens o da ess ncia Para tanto segundo Kosik 1976 s o necess rios esfor os para ultrapassar a pseudoconcreticidade Ent o concebo como necess rio atentar para sinais e ind cios da real estrutura do fen meno 176 2 J a contradi o tomada como um princ pio da realidade em constante transforma o e sempre um vir a ser p
218. artir de 214 objetivos pedag gicos espec ficos No entanto numa perspectiva de organiza o interdisciplinar prop e se que os conhecimentos as diferentes linguagens estejam articuladas No PPP do CEB UEFS a proposta para tal articula o est posta como a realiza o do trabalho escolar a partir de Projetos de Ensino cuja proposi o aparece com significativa frequ ncia no PPP do CEB UEFS Na concep o curricular para a Educa o Infantil tomada como refer ncia te rica nesta pesquisa aparece a proposi o de organizar o curr culo escolar a partir de temas geradores que sejam relevantes socialmente para as crian as para as fam lias para os docentes No entanto ao discutir sobre as possibilidades de inser o da Educa o F sica na Educa o Infantil um dos pontos que aparece que isso pode acontecer de modo significativo na medida em que a linguagem com a qual trabalhamos conseguir se integrar s outras que comp em o curr culo escolar como prop em Soares e outros 1992 sendo que Soares 2001 2002 aponta a Pedagogia de Projetos como uma possibilidade de tematizar a cultura corporal infantil porque possibilita superar a fragmenta o dos conhecimentos que caracteriza a escola e que numa perspectiva cr tica n o se deseja reproduzir na Educa o de zero a seis anos e o isolamento vivido pela Educa o F sica Desse modo defendo que seja na perspectiva dos temas geradores seja na proposi o do trabal
219. as formativas a serem organizadas pelo grupo M dia mem ria Educa o e lazer UFBA em rela o ao texto televisivo e os desafios colocados escola al m de mediar a constru o do referido projeto de ensino especialmente no que diz respeito elabora o de um projeto para a Educa o F sica e o seu encaminhamento did tico pedag gico para continuar o di logo que comecei a tecer com as professoras e com as crian as e para que possamos chegar a um processo de avalia o do que ora se prop e aqui como uma possibilidade teleol gica claro que tanto a concretiza o dessas propostas como todo seu processo de avalia o poder ser consolidado na medida em que a comunidade do CEB UEFS e das escolas p blicas de Educa o Infantil compreendam a sua necessidade e avaliem que tem condi es estruturais no que diz respeito a tempo e espa o da escola em rela o a essa proposi o 304 REFER NCIAS ABR O Bernadette Siqueira Hist ria da filosofia S o Paulo Nova Cultural 1999 ANDERY Maria Am lia et al Para compreender a ci ncia uma perspectiva hist rica 14 ed Rio de Janeiro Garamond S o Paulo EDUC 2004 ANDRADE Carlos Drummond de A flor e a n usea In ANDRADE Carlos Drummond de Poesia e prosa Rio de Janeiro Aguilar 1979 ANDRADE Carlos Drummond de M os dadas In ANDRADE Carlos Drummond de Poesia e prosa Rio de Janeiro Aguilar 1979 ALMEIDA Milton Jos de Imagens e sons a
220. as coisas mais valorizadas a vontade de poder do indiv duo num processo em que as conquistas e derrotas j trazendo a id ia da competi o s o entendidas como resultados das a es individuais numa clara contribui o para naturalizar a desigualdade J a coopera o parece ir na contram o do individualismo cujo est mulo deveria fazer emergir a perspectiva da competi o Comecei ent o as observa es atentando para situa es de intera o que me dessem ind cios de dois aspectos sentidos para a aula de Educa o F sica constru dos na intera o com o texto televisivo e consegii ncias para a aula de Educa o F sica No primeiro dia de observa o o primeiro momento foi com a turma de 04 anos de idade que denominei Grupo 04 Presenciei um momento que parecia gerar ansiedade nas crian as a primeira aula de Educa o F sica de suas vidas O objetivo da aula de acordo com o PEF era conhecer a quadra com as crian as espa o onde normalmente as aulas acontecem e demonstrar diferentes movimentos A ansiedade e curiosidade das crian as eram tamanhas que antes de o professor chegar uma aluna perguntou me O que Educa o F sica sem nem conseguir falar direito esse termo t o complicado para ela Eu respondi que o professor diria ao chegar sala de aula Mas ele chegou e n o disse porque se preocupou mais em estabelecer regras para a aula Depois seguimos para a quadra Quando chegamos antes d
221. as entrevistas a socializa o e intera o que a crian a deve ter na escola Ou seja se a crian a aprende sobre o mundo e se desenvolve na medida em que estabelece rela es inter psicol gicas para usar o termo de Vigotski 2000 a escola tamb m se constituir espa o para tal tanto na intera o com pares quanto com os educadores Proposi o que chama para o di logo do ponto de vista bakhtiniano como elemento significativo e fundamental no cotidiano escolar Mas para n o cair no espontane smo necess rio atentar para o papel da escola posto por Saviani 2006 Kramer e outros 2003 e Freitas 1992 de organizar a atividade cognoscitiva do educando a partir do trato com o conhecimento cient fico e cultural relevante socialmente para contribuir na forma o de sujeitos cr ticos e aut nomos Aspecto que aparece em tr s ocorr ncias em que a fun o da escola promover aprendizagens Elemento que fundamental do ponto de vista de Vigotski 1998 porque as aprendizagens geram ZDP e portanto potencializam o desenvolvimento das fun es psicol gicas superiores Existem outros dois pontos que aparecem com uma ocorr ncia que dispensam extensa an lise por terem se apresentado no PPP que s o a a perspectiva de que a Educa o Infantil a base para os anos posteriores e b a escola deve trabalhar o que n o se trabalha em casa Em rela o ao primeiro ponto preciso admitir que aquilo que se aprende ser
222. as outras que s o espertas perspicazes aut nomas e que fazem parte de um outro universo real no contexto da contemporaneidade apesar de sua virtualidade as crian as da TV do cinema do gibi do video game com as quais experi ncias s o compartilhadas e aprendizagens s o concretizadas E nessa intera o que a crian a se apropria das mensagens dos conceitos dos valores No que diz respeito s lutas trago o debate do referencial te rico que constru no qual se discute as muitas implica es desse conte dos na TV desde a banaliza o da viol ncia que passa a ser cena comum na vida di ria tanto do ponto de vista real com as not cias jornal sticas at no plano virtual com os desenhos e filmes passando pelo incentivo ao consumo de brinquedos alimentos num processo de transforma o da crian a num cidad o consumidor que comp em um rent vel e lucrativo nicho de mercado e do mesmo modo que as antigas concep es de inf ncia dita as necessidades infantis sem considerar sua exist ncia real No fim da trilha chega se aprendizagem de valores que podem se ligar ao individualismo e consumismo mas que as crian as da pesquisa de Duarte Leite e Migliora 279 2006 dizem aprender for a de vontade e coopera o considerando os valores positivos Em rela o for a de vontade considero importante retomar Miguel 2002 sobre as bases antidemocr ticas da democracia contempor nea em que uma d
223. as passam pra gente s vezes a gente nem assiste e a gente n o obrigado n mas a gente assiste pra entender o que que est passando o que que acontece nesses desenho pra gente entender o brincar o jeito delas brincarem o jeito delas sexpressarem E elas fazem muito isso atrav s dos desenhos elas imitam trabalha muito o Jogo simb lico atrav s do que passa na televis o a m dia ajuda e ao mesmo tempo tem coisa que a m dia atrapalha Tem muitos programas educativos e tem tamb m programas assim que distorcem o construtivismo j observei alguma coisa assim que eles trabalham em cima de Piaget nesse neg cio de idade Eu n o acho que ningu m cem por cento construtivista Tem horas que a gente vai pro tradicional mesmo quando chama aten o das crian as Mas acho que a gente tenta andar no construtivismo S cio interacionista Piaget Vigotski Wallon Por exemplo os meninos tavam cantando uma m sica a na sala de aula a a professora fez N o n o pode cantar a m sica pagode essas m sicas porque a letra assim Mas isso o que elas vivem l fora e eu acho que a gente poderia trazer e falar que um tipo de m sica popular Trabalha a coordena o motora um ponto positio que a escola conseguisse trabalhar com o que eles trazem da rua com o que a gente tem como objetivo da escola
224. as reais possibilidades corporais e mudam a forma de realizar a luta no seu faz de conta num processo espont neo de ressignifica o do texto e da regra que j vem pronta Aparece a a capacidade infantil de ressignificar o texto televisivo sobre a luta o que pode ser potencializado num trabalho sistem tico e intencional nas aulas de Educa o F sica sobre esse tema PESQ Voc s me disseram que gostam dos Power Rangers porque eles correm r pido e porque lutam Tem alguma aula que voc s correm na escola Algumas crian as disseram que n o e outras disseram que s correm na hora do recreio mas a GB interviu dizendo Tem sim MC A aula de Educa o F sica PESQ E l voc s tamb m aprendem luta A turma respondeu em coro que n o PESQ Dava pra ter MC Eu faria DN Eu tamb m LZ pra ficar com poder de vermelho E ficar forte e acabar com os ogros VT Mas a gente tamb m nem faz gin stica direito PESQ E o que tem na aula VT O professor fica s fazendo joguinho 262 ME Briga PESQ Briga de qu ME De lutar que os meninos ficam fazendo VT E tem brincadeira de pular de bambol As crian as entendem a possibilidade de as lutas aparecerem como tema da aula de Educa o F sica mas n o por compreenderem que se trata de um conte do espec fico dessa rea de conheci
225. as reconhecem tamb m que n o poss vel saber a influ ncia que a televis o tem sobre as pessoas apesar de serem muito bem conhecidas as 124 suas inten es se n o houver conhecimento das demandas culturais e sociais que as pessoas t m e o que esperam desse meio de comunica o Ou seja preciso saber como as pessoas enquanto sujeitos e enquanto coletividade alimentam se da TV e o quanto se projetam nela pois a televis o um espa o de cruzamento de hibridiza es culturais E justamente esse movimento que traz as brechas que possibilitam a resist ncia a contradi o a transforma o a contrapalavra Na mesma dire o segue Pfromm Neto 2001 ao discutir sobre o potencial educativo da TV por considerar que o ser humano aprende tamb m pela experi ncia ic nica em especial quando se tem a imagem em movimento e a associa o entre imagem e som Essa perspectiva das brechas e do potencial educativo da TV tamb m posta por Magalh es 2006 que comenta que nem tudo que est na TV aberta e comercial pode de imediato ser condenado como for a do mal contra a inf ncia Mas para esse autor no Brasil o uso desses recursos como forma de enriquecer a aprendizagem se d de modo limitado porque h uma resist ncia em integrar o uso desses suportes al m de desafios para a Educa o que exigem uma reestrutura o do sistema educacional Contudo quando imerge pela hist ria da televis o brasileira que se
226. autorizo a realiza o das atividades relacionadas pesquisa de mestrado da professora Martha Benevides da Costa concordando com todos os termos postos neste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Assinatura do pai da m e ou respons vel 326 AP NDICE C Bom 327 ROTEIRO DA ENTREVISTA Qual a import ncia da escola de Educa o Infantil Qual a concep o pedag gica usada para orientar o trabalho pedag gico desenvolvido no CEB UEFS Como nessa concep o voc s compreendem que deve acontecer a rela o entre os conhecimentos produzidos pelas crian as no cotidiano e os que a escola tem o objetivo de tematizar Como voc concretiza essa rela o na sala de aula Nessa concep o qual a import ncia da Educa o F sica Para coordena o e professor de Educa o F sica Quais os conhecimentos que as crian as aprendem na Educa o F sica Para coordena o e professor de Educa o F sica 328 AP NDICE D Concep o pedag gica que o encontro confronto dignos destas diferen as em sala de aula pode ser altamente enriquecedor para a a o pedag gica que n o busca colocar as crian as em f rmas Dos professores esperamos que sejam capazes de construir propostas de trabalho a partir de uma concep o interacionista do desenvolvimento da crian a A forma como a crian a e o conhecimento interagem transforma se mutuamente a partir d
227. ava e ganhava ades es No contexto brasileiro uma can o d o tom das contradi es que se faziam presentes no momento de instala o e dissemina o dos meios de comunica o de massa de modo que empresto a Gonzaguinha 2000 as pr ximas linhas desta disserta o Bi bi Brazil Bye bye Brasil adeus Tanto faz se eu cantar em portugu s ou em ingl s Pois se mudou foi Deus foi Deus Salve a maravilha eletr nica Que j resolveu a fome cr nica Mares de antenas de TV pelo pa s Tornam nosso ndio mais alegre e mais feliz E ningu m segura esse milagre At Frank Sinatra veio a festa Pois este um pa s que foi pra frente meu bem E se ele foi foi Deus foi Deus Fica claro tanto na cita o quanto na m sica que os interesses de enraizar o modelo capitalista e mais o american way of life estavam claros e que havia apoio dos grandes empres rios nacionais N o toa inclusive que no Brasil o per odo de maior desenvolvimento da televis o segundo Napolitano 2003 foi o do governo militar com a conforma o voltando Mart n Barbero 1987 de grandes corpora es oligopol ticas familiares Nesse cen rio estruturou se na Am rica Latina uma an lise cr tica dos meios de comunica o com influ ncias marxistas frankfurtianas denunciando a instala o e degreda o gerada pela Ind stria Cultural e gramsciana Mesmo os estudos de influ ncia semi tica tiveram um car ter compr
228. bilidade de se comunicar e se expressar destacando se a dan a Na fun o instrumental fala se do equil brio e da coordena o do movimento para a qual os jogos motores s o considerados recursos significativos Nessa trilha os objetivos de trabalho seriam de modo geral a familiariza o com a imagem do corpo explorar possibilidades de gestos e ritmos deslocar se com destreza no espa o explorar movimentos corporais indo do mais simples de zero a tr s anos para o mais complexo de quatro a seis anos de modo a possibilitar o aprofundamento das habilidades BRASIL 1998 Uma an lise sistem tica deste proposta constru da por Arantes 2003 Com base na perspectiva da cultura corporal a autora contrap e o RCNEI aos princ pios de ensino aprendizagem postos na perspectiva por ela assumida Destaco tais considera es por fazer op o pela mesma perspectiva de desenvolvimento do processo educativo e por concordar com os olhares cr ticos lan ados ao RCNEI O primeiro aspecto destacado por Arantes 2003 na an lise que faz do RCNEI o fato de diferentes perspectivas epistemol gicas at contradit rias serem tomadas como refer ncias para sua constru o Nesse ponto d se especial aten o s refer ncias 153 2 piagetianas para as quais a crian a inicialmente egoc ntrica e s depois come a e se relacionar e perspectiva s cio hist rica que considera o individual social Esses posicionamentos di
229. ca se em jogo os termos da pedagogia do oprimido discutida por Freire 2005 em que a rela o entre professores e alunos se d de modo vertical tendo no professor o centro da rela o pedag gica como sujeito que determina a organiza o do tempo do espa o e o conte do a ser tratado Esse ponto vai de encontro s coloca es da crian a como sujeito e d um ind cio de que em alguns momentos a crian a na realidade do CEB UEFS perde seu direito voz e as determina es s o dadas pelo professor No entanto esse aspecto controverso Primeiro porque por baixa frequ ncia n o invalida mas complexifica o cen rio contradit rio em que o s cio interacionismo e uma 225 perspectiva cr tica de Educa o parecem tentar emergir Segundo h um outro aspecto que merece destaque na fala de E4 pois ela revela que o tradicional s emerge quando necess rio chamar a aten o das crian as N o h d vidas de que atualmente um tema que tem se colocado para debate no mbito educacional refere se disciplina Mas com uma fala de Paulo Freire num livro que n o foi anteriormente citado a Pedagogia da Autonomia que me ap io para discutir essa quest o O referido pensador diz que a rela o entre professor e aluno deve ser uma rela o de autoridade n o de autoritarismo na medida em que o educador tem um percurso a oferecer e o sujeito mais experiente em rela o ao conhecimento que est sendo aprendido Isso s
230. cativa a sua presen a na vida das crian as de modo que necess rio tratar no processo educativo das informa es ali disseminadas Possibilidade para os que v o al m da percep o do desafio e entendem que a TV pode dar pistas de como fazer da escola um lugar mais prazeroso para a crian a e um lugar de di logo de produ o sem a ingenuidade de achar que televis o a panac ia para as mazelas da Educa o nem que ela ensinar por ela mesma sobre os conhecimentos que a crian a precisa aprender Concretamente no entanto a escola como institui o parece ignorar a onipresen a da m dia como elemento que influencia o olhar dos educandos e dos pr prios professores sobre o mundo e em alguns momentos at nega e rejeita sua presen a como se esse fosse o caminho para resolver a quest o que est posta H tamb m uma outra perspectiva que concebe os meios de comunica o e os recursos tecnol gicos como suportes para a aprendizagem mas os colocam na fun o do ensino por si mesmos como se s as informa es a veiculadas fossem o pr prio conhecimento escolar N o cabe nessa perspectiva a supera o da id ia do receptor como um interlocutor mas como um mero sujeito que assiste e reproduz a informa o numa mudan a da Educa o banc ria do professor para a televis o Logo n o se trata de uma supera o e ressignifica o do trabalho escolar necess rio pontuar contudo que a m dia parece funcio
231. ce do desenvolvimento Complemento fam lia Est gio e pesquisa de professores Desenvolvimento de sujeito aut nomo e cr tico cidadania Presen a dos meios de comunica o na escola Impacta a vida da sociedade Representa novas linguagens As crian as realizam leituras Constitui desafios para o profissional E recurso de ensino aprendizagem Em uma primeira an lise o que se pode perceber que aparecem quatro proposi es 199 em rela o concep o pedag gica no PPP do CEB UEFS sendo que com a mesma freq ncia aparecem men es ao s cio interacionismo e ao construtivismo sendo este ltimo posto em termos como assimila o ativa desenvolvimento de habilidades e compet ncias conhecer as fases de desenvolvimento ou seja em conceitos que est o ligados a essa orienta o pedag gica que tem tido presen a marcante no cen rio educacional brasileiro como pontuam Rossler 2000 e Rosa 2000 Al m disso h uma refer ncia realiza o de um trabalho interdisciplinar e ainda uma men o ao uso de diferentes correntes pedag gicas o que pode ser um ind cio do porqu de o PPP trata tanto do construtivismo quanto do s cio interacionismo O s cio interacionismo uma perspectiva pedag gica que tem sido relacionada pedagogia s cio hist rica com base nas proposi es vigotskianas sobre aprendizagem desenvolvimento e papel
232. chamei de Grupo 06 tamb m tive a oportunidade de perguntar porque eles acham que t m aulas de Educa o F sica As respostas forma muitas A aula de Educa o F sica para aprender a correr melhor e para fazer f sica que d sa de para fazer bem para o corpo para dar sa de Educa o F sica para diminuir a barriga Porque se quando a gente crescer se a gente quiser praticar esportes a gente j saber Nessa turma a perspectiva da sa de a que mais se coloca mas tamb m a busca pelo corpo perfeito sem barriga e a presen a do esporte aparecem necess rio ressaltar que na fala das crian as certamente est o presentes as media es dos adultos que comp em seu universo mas que tamb m vivem numa sociedade midiatizada e que tamb m s o influenciados pela conviv ncia com as mensagens televisivas e de todos os outros meios de comunica o e esse discurso tamb m est muito presente nos textos midi ticas e televisivos sobre a cultura corporal As pr ticas corporais v m sempre representadas por pessoas aparentemente saud veis o discurso sobre o esporte tamb m o da compensa o das car ncias de sa de nas comunidades pobres e de manuten o da mesma para aqueles que procuram o esporte por vontade pr pria 284 Parece que pela via dos meios de comunica o notadamente a TV a perspectiva de Educa o F sica baseada no discurso de prevenir e tratar males da sa de da popul
233. como n o havia rg os de fiscaliza o esse direito como ali s muitos na realidade brasileira n o se concretizou Observo ent o que a descontinuidade entre legisla o e realidade no percurso da Educa o Infantil brasileira algo que vem de longa data Al m disso Kramer 2003 descreve que em 1922 o mesmo grupo do Instituto de Prote o e Assist ncia Inf ncia criou o Departamento da Crian a no Brasil Essa entidade tinha por objetivo fomentar iniciativas de assist ncia a m es e crian as pois se entendia que proteger a crian a seria uma forma de resolver os problemas sociais Tal evento nas an lises de Kuhlmann Jr 2004 n o trouxe mudan as para a configura o do atendimento crian a Apenas consagrou pr ticas que j vinham sendo desenvolvidas nas d cadas anteriores Nesse movimento os setores sociais menos favorecidos conseguiram conquistar alguns benef cios Esses todavia foram concedidos mais no sentido de controlar a vida dos oper rios e provocar um aumento da produtividade dos trabalhadores do que de cess o por parte do empresariado Fez se na verdade uma esp cie de jogo dos contr rios em que a garantia de um direito que tamb m n o se concretizou de fato acalma os nimos como se diz popularmente e representa uma intensifica o do processo de aliena o do oper rio da sua for a de trabalho do seu corpo da sua identidade da sua pr pria vida Chamo aten o ainda para o
234. conforme Lisboa e Pires 2004 o jogo colocado numa perspectiva competivista e sexista S para exemplificar na TV aberta h programas como a TV Xuxa e outros do g nero que realizam torneios com dura o semanal mensal aspecto que varia de um programa para outro compostos de v rios jogos em que disputam equipes organizadas por cor e ou que colocam em confronto meninos e meninas Modelo em que os apresentadores dizem as regras e assumem o lugar de rbitros Ou seja mesmo as regras dos jogos j s o postas prontas e tiram das crian as a possibilidade de cri las e convencion las com os pares As dan as e ritmos est o postos na dissemina o do funk do pagode do ax music e de coreografias que se fazem presentes nos mais diversos programas de audit rio que comp em a programa o televisiva As lutas est o postas em v rios desenhos animados no confronto do bem contra o mal a exemplo dos Power Rangers Tr s Espi s Demais Avatar O grande debate que emana da entre pais e educadores gira em torno da viol ncia Sobre esse assunto Belloni 2001 diz que as cenas de viol ncia na TV t m uma dupla fun o de naturalizar que se vive num mundo violento e banalizar as cenas que de tal modo se caracterizam E geralmente posturas violentas aparecem relacionadas com a coragem com modos eficazes de resolver problemas Ent o Belloni 2004 p 577 afirma que A ideologia da luta do vencedor e do pr mio recompensa
235. constitui se da organiza o dos conhecimentos cient ficos e culturais de modo que se tornem objetos ensin veis e pass veis de serem aprendidos pelos educandos para que estes os internalizem e ent o eles passem a ser recursos da leitura de mundo dos alunos Desse modo para Grillo e outros 2002 os conte dos escolares passam por intermedia es que geram cria es did ticas artificiais e provis rias para atender as necessidades dos alunos dos sujeitos que constroem a escola de um projeto de sociedade e dela pr pria Esse processo mais complexo que uma simples tradu o e chega se a formar mesmo um outro conhecimento Eles t m uma rela o porque ambos est o imbu dos de apreender as caracter sticas do contexto social Este coloca quest es para a ci ncia como tamb m 118 apresenta escola aspectos culturais significativos sobre os quais ela deve se debru ar Desse modo ci ncia e escola s o elementos do contexto s cio cultural mesmo apresentando formas e procedimentos diversos O que distancia esses dois aspectos que o conhecimento cient fico tem um rigor e linguagem pr prios que precisam ser modificados no processo de transmiss o desse conhecimento pela escola por diversos motivos entre os quais os que j foram postos aqui como os outros eixos estruturadores do curr culo escolar 3 4 A escola diante da TV embates e debates As informa es geradas e disseminadas em ritmo de fast food como j
236. contecimentos e sobre o mundo tanto na defini o da agenda do pensamento quanto na forma e no conte do do pensamento preciso considerar ainda a perspectiva da semi tica Semi tica segundo Machado 2001 o estudo dos signos imersos na cultura Assim h uma compreens o da comunica o como troca como intera o dial gica que transforma a informa o em linguagem que produtora de sentidos Deve se atentar portanto para o ambiente interativo no qual s o produzidos os discursos H dois posicionamentos amplos na perspectiva da semi tica Pierce e Saussure Na perspectiva de Pierce de acordo com a mesmo te rico citado no par grafo anterior a semi tica definida como uma teoria geral dos signos sendo que se constitui signo qualquer coisa que estiver no lugar de outra representando algo para algu m Na primeira perspectiva na qual se localiza Machado 2001 n o se trabalha com o esquema emissor mensagem receptor pois a mensagem vista como um n cleo que representa algo para um sujeito inserido na cultura O sujeito interpretante dos signos na medida em que o fizer dar uma resposta no pr prio processo comunicativo ou enunciativo 64 Assim h uma compreens o de que a linguagem que permite estabelecer significados para as manifesta es culturais e estabelecer intera es Na perspectiva saussureana o centro organizador da l ngua o sistema ling stico de modo que em cada enuncia o h
237. crescer e poder ficar grande Ficar forte crescer e ficar grande s o tr s express es recorrentes na minha intera o com as crian as quando falam do sentido atribu do Educa o F sica Mas esse aspecto mostra tamb m o modo como as crian as est o aprendendo a conceber sua pr pria inf ncia J comentei sobre esses aspectos ent o serei breve s para retomar que a Educa o F sica aparece relacionada ao alcance de um padr o hegem nico de corpo E a inf ncia concebe se como fase de passagem sendo que nesse caso s o as pr prias crian as que se v em como sujeitos que querem crescer D para questionar aqui o papel tem assumido a escola diante de tal perspectiva Digo isto porque durante muito tempo inclusive na perspectiva da pr escola a fun o da escola foi preparar para o futuro quando a crian a deixar de ser um pingo de gente como se diz por a Mas quando se assume a fun o de cuidar e educar a justificativa que a crian a tem condi o enquanto sujeito de O a 6 anos com a ajuda dos adultos professores de elaborar uma leitura de mundo que possibilitar uma viv ncia plena de sua condi o de crian a sujeito al m de partilhar um processo de produ o cultural No Grupo 05 cheguei e as crian as estavam na mesa finalizando alguma atividade com a professora Esperei que terminassem Eles ficaram conversando vontade brincando pela sala e quando finalmente todos terminaram come amos a
238. cursos acerca do trabalho l desenvolvido e recebe estagi rios de diferentes cursos da institui o Na gradua o a monografia de conclus o de curso tematizou sobre o professor como sujeito avaliado na Educa o F sica com crian as Na especializa o em Psicopedagogia na Universidade Est cio de S UNESA desenvolvi monografia de conclus o sobre as dificuldades de ensino e de aprendizagem na Educa o F sica escolar J no curso de especializa o em Metodologia do Ensino Pesquisa e Extens o em Educa o na Universidade do Estado da Bahia UNEB a monografia versou sobre a legitimidade da Educa o F sica na Educa o Infantil 17 Nesse percurso o texto televisivo emergiu como elemento presente nas aulas quando as crian as atribu am aula de Educa o F sica conota es tais como ficar fort o jogar bola e ficar malhado a partir do que compreendiam sobre a cultura corporal nas mensagens televisivas O interesse pela rela o entre a Educa o F sica Infantil e os sentidos atribu dos pelas crian as Educa o F sica a partir da mensagem televisiva sobre a cultura corporal tornou se mais intenso e gerou maior inc modo quando numa turma de crian as de 6 anos de idade solicitei no primeiro dia de aula que os alunos desenhassem atividades que para eles fariam parte das aulas de Educa o F sica As produ es eram na totalidade de desenhos relativos ao esporte de rendimento
239. da escola Nessa perspectiva h uma compreens o de que as fun es psicol gicas especificamente humanas s o constru es sociais e hist ricas atrav s de instrumentos de media o externa as ferramentas e interna os signos H por isso uma aten o dada em tal teoria ao desenvolvimento da linguagem tanto por ser instrumento de comunica o como por possibilitar o planejamento de a es a organiza o do pensamento e as diversas intera es nos diferentes espa os de experi ncia da crian a Al m disso entende se que as aprendizagens geram as Zonas de Desenvolvimento Proximal que possibilitam o avan o da crian a em processos ainda em desenvolvimento Para tanto necess rio que a escola considere os conhecimentos elaborados pela crian a cotidianamente e utilizados por elas para organizar suas a es zona de desenvolvimento real e da aproximem as crian as dos conhecimentos culturais e cient ficos que s o tratados pela escola O papel da escola quando orientada pela perspectiva vigotskiana segundo coloca Martins J B 2005 aproximar os alunos dos conhecimentos cient ficos de forma mediada em situa es organizadas e intencionais Em tais experi ncias tanto educandos quanto docentes s o considerados sujeitos do conhecimento que traz em si as contradi es hist ricas e que por isso na medida em que apropriado ressignificado Na pedagogia construtivista entende se que no processo educativo
240. da por algumas perguntas minhas para as crian as perguntas que foram elaboradas anteriormente e que foram mudando e sendo acrescidas de outras no processo de di logo para conversar sobre o que hav amos assistido Inicialmente as crian as se preocuparam em dizer que j viam Bob Esponja R Eu tamb m tenho Bob Esponja O DVD de filme referindo se ao Bob Esponja o filme recentemente lan ado no cinema e nas locadoras PESQ O que aconteceu no desenho LU Bob esponja n o atendeu Como o nome da menininha mesmo PESQ Como o nome da amiga de Bob Esponja T Sandy LU Sandy estava procurando Bob Esponja com as pessoas e Bob Esponja achou PESQ Sim mas o que que eles dois fizeram no desenho R Eles brincaram PESQ De que R Eles correram andaram de bicicleta ele desceu um neg cio com a l ngua G E eles nadaram num rio que Bob Esponja virou gelo V Jogou boliche AL Jogou v rias coisas PESQ Voc s aprendem jogos com quem na escola Quem ensina jogos pra voc s 254 V A pr PESQ E quem mais LU Tem pr de ingl s R E tem o professor PESQ E como o nome do professor As crian as falaram PESQ E o que que ele ensina pra voc s V Educa o F sica PESQ E o que que o PEF ensina pra voc
241. da t cnica da imprensa jornais folhetos Para Thompson 1995 a escrita cuneiforme inventada pelos sumerianos j se constitu a um avan o t cnico nos modos de comunica o Da a t cnica evoluiu para o papiro e o pergaminho que s foram abandonados quando da inven o e dissemina o do papel pelos chineses Todos esses recursos eram usados nas pr ticas comerciais e administrativas 46 livros serviram para expandir o sistema capitalista com a dissemina o de id ias condizentes com a forma como se dava o exerc cio do poder al m de an ncios de publicidade e de not cias referentes a outros lugares do mundo que fizeram com que as ag ncias de not cias tivessem influ ncia significativa nas esferas econ mica e pol tica dos Estados Para Briggs e Burke 2004 a imprensa gerou mudan as porque havia condi es sociais e culturais favor veis na Europa renascentista tanto por conta da possibilidade de dissemina o de informa o e conhecimentos quanto pelas mudan as que gerava nas pr ticas comerciais permitindo a abertura de cr dito e no exerc cio de poder porque havia a necessidade de controlar o que era divulgado nos jornais censura e porque se usava os mesmos para publicar mat rias e artigos que justificassem uma dada hegemonia Nesse sentido Thompson 1995 p 233 afirma que O desenvolvimento inicial da imprensa e das publica es era interligado de maneiras complexas com o exerc cio do poder p
242. dade de reden o e liberta o do receptor Todavia considera que necess rio atentar para os h bitos de consumo e apropria o das formas simb licas no cotidiano individual e coletivo Prestar aten o nesse aspecto abre brechas para pensar na cultura nas resist ncias que t m lugar no modo como as pessoas se apropriam dos meios de comunica o Por fim o autor fala da necessidade de desconsiderar a id ia de meios de comunica o de massa como lugar de 69 degrada o cultural j que eles trazem de algum modo a mesti agem que caracteriza a pr pria forma o do continente Latino americano Como diante de tantas possibilidades definir comunica o Come o como Holfeldt Martino e Fran a 2001 informando que a palavra comunica o vem de communicatio e est relacionada com o contexto de evolu o e intera o entre seres humanos como j comentei que partilham um mesmo objeto de consci ncia Ainda para os mesmos autores a comunica o portanto est ligada s rela es de poder e nas teorias em comunica o fica claro que esse um aspecto central no debate e envolve o dom nio do diferente as rela es de alteridade Mas como fica claro diante de tantas possibilidades de pensar a comunica o e desenvolver pesquisas sobre essa a o e sobre os recursos t cnicos que a potencializam est posta a polissemia do termo Cabe ent o optar por uma perspectiva de comunica o que d continuidade co
243. damental na constitui o do sujeito Bakhtin 2004 que discute especificamente o lugar da intera o verbal da pr tica da comunica o localizada no espa o e no tempo como fatores que se fazem presentes na constitui o do sujeito porque h uma compreens o da palavra como signo que est presente em todas as a es humanas e que o limite entre o psiquismo e o mundo exterior que ser 207 internalizado a partir de significa es ling sticas e tamb m a partir delas que os sujeitos poder o enunciar suas compreens es necessidades interesses Um ponto fundamental mas com pequena frequ ncia no PPP do CEB UEFS o que considero at uma contradi o quando se leva em conta que as crian as aprendem coisas no mundo extra escolar e que a intera o o ponto de constitui o do ser humano que esses conhecimentos cotidianos devem ser o ponto de partida para o planejamento escolar Um dos aspectos discutidos por Saviani 2006 que a realidade e o contexto das crian as devem ser considerados nas proposi es curriculares e se a inten o fazer com que a aprendizagem seja significativa isto deve se concretizar nos projetos de ensino aprendizagem e no cotidiano das aulas Na perspectiva de uma pedagogia com base na teoria de Vigotski o que Martins J B 2005 coloca que nessa perspectiva cabe escola aproximar os educandos dos conhecimentos cient ficos e culturais selecionados para compor o curr culo e
244. das regras que orientam as rela es sociais a rela o entre valores atitudes e possibilidades de a o que a crian a tem em diferentes situa es a promo o de situa es que fa am emergir o faz de conta SILVA 2005 Para desenvolver o trabalho pedag gico o mesmo autor coloca como aspectos significativos a serem observados a possibilidade de usar diferentes objetos e seus significados simb licos a rela o da crian a com o mundo e a realidade atrav s do jogo simb lico o estabelecimento de rela es dial gicas com as crian as a contextualiza o do sentido e significado das pr ticas da cultura corporal a constru o de novas alternativas e possibilidades de a o corporal Seriam temas a ser tratados na Educa o Infantil na proposi o elaborada por Silva 2005 o jogo a brincadeira a dan a a gin stica e a capoeira Essa proposta e o pr prio autor chama aten o para esse aspecto foi constru da para concretiza o no munic pio de Olinda PE Em outros lugares preciso atentar para as especificidades at porque a considera o da realidade social hist rica e cultural do educando um dos princ pios curriculares sugeridos por Soares e outros 1992 H destaque nessa proposta para o tema do jogo especialmente o jogo simb lico Para compreender esse aspecto basta atentar para as discuss es de Vigotski 1998 sobre a import ncia do brinquedo e das a es de brincar e jogar no desenvolvimento
245. de de considerar os conhecimentos cotidianos dos alunos no trato com os conhecimentos culturais e cient ficos j que s o ferramentas para a aprendizagem Ent o preciso trazer as lutas para a aula de Educa o F sica n o s para vivenciar as possibilidades de movimento corporal que se apresentam nessas manifesta es mas para apresentar e experimentar com os alunos os princ pios da cultura oriental que est o postos nessa manifesta o para comparar com as crian as a viv ncia da luta na aula de Educa o F sica com a forma como ela se apresenta nos desenhos animados Enfim para dar in cio a um processo de leitura das lutas e da banaliza o da viol ncia No mesmo dia na turma de cinco anos que chamei de Grupo 05 o PEF falou que a atividade proposta era mais de acolhimento de boas vindas ao novo ano letivo A atividade realizada foi a mesma do Grupo 04 Nessa turma na roda inicial do dia ainda na sala de aula perguntei s crian as o seu pensamento sobre o porqu ter aulas de Educa o F sica Ouvi que para fazer esportes basquete v lei sei l e Pra ficar malhado Tamb m nessa ocasi o aparecem ind cios de sentidos produzidos para a Educa o F sica com os grandes meios de comunica o que merecem discuss o no que diz respeito 282 fun o que essas crian as atribuem Educa o F sica praticar esportes e malhar A primeira coloca o refere se presen a marcante da cult
246. de existir um debate sobre quem o professor que deve dar aulas de Educa o F sica na Educa o Infantil se o professor generalista com forma o em Magist rio ou Pedagogia ou se o professor especialista em Educa o F sica e n o h consenso nem entre os professores de Educa o F sica sobre tal aspecto estabeleci outro crit rio de sele o que a exist ncia de uma concep o clara de Educa o F sica que norteasse o desenvolvimento do trabalho pedag gico Tal posicionamento foi assumido porque em muitas escolas h uma confus o entre Educa o F sica recrea o e parque por conta inclusive de como essa rea de conhecimento se inseriu em tal espa o educacional Ent o se as escolas tivessem clara uma perspectiva te rico metodol gica de Educa o F sica para a realiza o do trabalho pedag gico teriam a possibilidade de ser selecionadas como espa o de pesquisa independente do professor que desenvolvesse as atividades Por fim o ltimo crit rio para definir o espa o de pesquisa foi a acessibilidade ou seja ter a autoriza o da escola para o desenvolvimento do estudo A segunda etapa da pesquisa foi o momento de conhecer o espa o e os sujeitos envolvidos Para realizar essa etapa foram utilizados os procedimentos de estudo do projeto pol tico pedag gico da institui o j que este para Vasconcellos 2000 o guia das a es empreendidas em todo o contexto escolar Foram realizadas tamb
247. de satisfazer suas necessidades o acompanhamento e estimula o da conduta infantil das al LJ confrontadas e estimulem o aluno a modificar suas hip teses e informa es de modo que estas o ajudem a ampliar suaas redes de significa o O educando um recebedor ativo pois na medida em que est compreendendo a realidade apresentada tamb m est articulando o conte do exposto com a sua experi ncia vivida o ponto de partida para a obten o do conhecimento escolar passa a ser o conhecimento que o aluno j traz consideramos as formas pr prias de as crian as constru rem A metodologia de trabalho ser realizada atrav s de Projetos Coletivos de Ensino tendo em vista que este tipo de planejamento constitui se numa organiza o compartilhada da pr tica pedag gica A op o por uma Pedagogia de Projetos est respaldada na possibilidade de constru o de um ambiente cooperativo onde decis es coletivas e compromissos assumidos garantam o exerc cio da experi ncia democr tica e na constru o de um espa o significativo de aprendizagem onde as experi ncias de intera o ressignifiquem numa perspectiva social os atos de ensinar e aprender Buscando uma compreens o que melhor contemple a complexidade da quest o a o CEB UEFS visa forma o global do aluno como ser livre capaz de auto construir se e de ser cr
248. dem significar alguma coisa para o objetivo anal tico escolhido O estabelecimento de temas tem como objetivo categorizar o conte do do texto A categoriza o consiste portanto na classifica o dos elementos que constituem todo o material analisado Normalmente as categorias re nem um conjunto de elementos Ent o busquei com esse procedimento identificar as concep es pedag gicas que norteiam o trabalho escolar a rela o entre os conhecimentos cotidianos e os escolares j que considero que os conhecimentos elaborados pelas crian as na rela o com a mensagem televisiva s o classificados como conhecimento cotidiano elaborado sem sistematiza o pedag gica e sem uma preocupa o espec fica com os conte dos das mensagens Al m disso busco saber sobre a concep o de Educa o F sica que orienta as experi ncias dos alunos com essa linguagem Portanto estabeleci as seguintes unidades de significa o tem tica concep o pedag gica conhecimento cotidiano conhecimento escolar concep o de Educa o F sica sendo que este ltimo aspecto na realiza o das entrevistas foi diretamente tematizado somente nas entrevistas da coordenadora e do professor estagi rio de Educa o F sica Entendo ainda que al m de expor aspectos pr prios e imediatos da escola esses temas dizem tamb m sobre a concep o de inf ncia subjacente na pr tica a tecida e sobre possibilidade de pensar na m dia e nos diversos recursos
249. direta constituindo se mais que um ind cio mas uma prova se eu quiser brincar de Sherlock Holmes Porque eu vi no Planeta Xuxa que a aula de Educa o F sica que aprende todos os esportes As crian as que continuaram fazendo as atividades fizeram na na l gica da competi o entre meninos e meninas numa configura o bem pr xima do que tinha sido feitos pelas crian as do Grupo 05 o que gerou inclusive debates entre as crian as sobre o que valia e o que n o valia e eles foram sem a interven o do professor estabelecendo regras para o circuito Mais uma vez num s dia de observa o aparece a expectativa das crian as sobre a viv ncia do esporte agora de uma maneira muito clara na vincula o com a TV e a competi o entre meninos e meninas H tamb m e isso a mim se apresenta como uma riqueza que faz fugir da l gica do jogo como se apresenta na TV o que pode mostrar uma possibilidade da aula de Educa o F sica de questionar a l gica estabelecida pelo jogo na TV que a constru o de regras pelos alunos A reflex o que me parece pertinente aqui que segundo alguns autores que consultei 285 para a constru o do referencial te rico dessa pesquisa os temas da cultura corporal que se apresentam na TV t m digamos uma forma fechada O jogo dizem Lisboa e Pires 2004 tem uma perspectiva sexista e competitiva na qual a crian a s faz tarefas cujas regras s o transmitidas por uma apresentador
250. do Cerisara 2002 p 335 afirma Se poss vel considerar um poss vel avan o para a rea a exist ncia de um documento que se diz voltado especificamente para a Educa o Infantil preciso verificar at que ponto ele efetivamente garante a especificidade defendida pelos educadores da rea para o trabalho a ser realizado com meninos e meninas de O a 6 anos em institui es educativas como creches e pr escolas Al m disso preciso verificar at que ponto ele contempla o que anuncia O RCNEI analisado pela autora como um dos mecanismos de reforma do governo Fernando Henrique Cardoso Apesar de trazer conceitos importantes para a rea na medida em que se caminha na leitura do documento percebe se a vincula o com o que se pensa para 103 o Ensino Fundamental revelando a concep o de escolariza o ou preparo para as s ries mais avan adas esquecendo se das especificidades da crian a da faixa et ria atendida e sua diversidade cultural J para Arce 2001 o documento que se diz apenas uma orienta o tem se transformado num curr culo nacional a partir de uma refer ncia nas necessidades b sicas de aprendizagem implementando uma pedagogia do m nimo necess rio Arce 2001 p 276 ainda afirma que o RCNEI a ponta de um iceberg enorme constitu do pelo ide rio neoliberal para a Educa o pol tica e organiza o de nossa sociedade vinculado s ilus es colocadas por Duarte 2003
251. do essa refer ncia aparece no cotidiano escolar E no seu 3 volume o RCNEI traz no 1 cap tulo o movimento como elemento importante para a crian a conhecer o mundo o que um avan o porque ao menos considera que a crian a tem corpo mesmo que numa perspectiva reducionista Do mesmo modo que o PCN esse documento fala da cultura corporal que poder ampliar a motricidade tratando do equil brio da coordena o do ritmo da expressividade Ou seja as mesmas contradi es postas no PCN est o no Projeto Pol tico Pedag gico do CEB UEFS no RCNHI e na pr tica pedag gica cotidiana da Educa o F sica nessa escola chegado o momento de discutir com a fala dos professores sobre seu cotidiano de trabalho aquilo que dizem sobre os meios de comunica o e suas mensagens para as crian as A considera o que apareceu com maior frequ ncia nessa categoria quando as professoras falavam dos espa os de aprendizagem das crian as foi que elas aprendem por meio das mensagens da m dia Conforme Magalh es 2006 os meios de comunica o notadamente a TV oferecem respostas a todo tempo para d vidas tidas pelas crian as sobre os mais diversos temas constituindo se textos na proposi o conceitual de Martins M H 2005 aos quais a crian a tem acesso em muitos espa os Al m disso na contemporaneidade os meios de comunica o e destaco mais uma vez a televis o t m um espa o significativo na vida das crian as de modo qu
252. do tem autoridade em rela o ao educando mas dialoga com ele Talvez essa figura seja capaz de confrontar a perspectiva que se tenta impor da crian a como futuro adulto tratada socialmente como adulto em miniatura quando posta no lugar de consumidora Na aula do Grupo 05 o professor deixou as crian as na quadra sentadas em roda enquanto foi pegar o material As crian as solicitaram que trouxesse bolas Alguns queriam bola de futebol outros queriam bola de basquete Olha a a perspectiva e a cobran a pelo esporte mais uma vez O material trazido pelo professor n o atendeu a expectativa das crian as e a atividade proposta praticamente n o aconteceu porque um dos alunos que queria basquete negou se a fazer a atividade e ficou sentado emburrado no meio da quadra Fui perguntar crian a se ele sabia como era basquete Resposta s jogar a bola ali apontando para o aro que ele n o sabia o nome que eu vi passando na televis o Essa mais uma prova e n o um ind cio do sentido que as crian as estabelecem para a Educa o F sica na intera o com o texto televisivo A outra rea o dos alunos que queriam futebol foi pegar uma garrafa vazia que estava jogada no ch o e come ar a jogar futebol Perguntei ao aluno que come ou a chutar a garrafa porque ele achava que a aula de Educa o F sica deveria ser futebol Resposta Eu jogo futebol no video game a eu aprendi Tem se nesse caso n o a televis o mas
253. do a bola de meia na cesta de basquete Fui at ela e perguntei se sabia o nome do que estava fazendo e ouvi uma resposta em tom de sabedoria misturada com desprezo por conta da obviedade da minha pergunta Sei Basquete Apesar do desprezo continuei questionando Onde voc aprendeu A crian a disse Eu vi um menino jogando na televis o Questionei se o menino era adulto ou crian a Menino crian a respondeu me o aluno Como ele agora j estava mais interessado na conversa perguntei E voc acha que o professor poderia fazer isso aqui Mais ou menos Eu ia gostar disse me o aluno Ap s a atividade o professor levou as crian as de volta para a sala mas no caminho um menino deitou no ch o e come ou a fazer flex es de bra o apoio Perguntei Pra que voc faz isso Pra ficar mais forte disse a crian a Esse dia foi marcante porque vestidos como os super her is que povoam o mundo e o imagin rio as crian as queriam ser eles assumiam com muita seriedade seu papel mostrando que as mensagens televisivas para elas s o recurso de intera o n o s com as crian as virtuais mas apresentam possibilidade de intera o com seus pares de carne e osso reais seja na rela o de autoridade na experi ncia de diferentes movimentos corporais e na viv ncia do pr prio faz de conta em que algumas regras s o colocadas especialmente que n o pode bater de verdade Regra que ficou clara qua
254. do estas posturas muito mais frequentes na escrita do documento Entrarei agora no debate de dois aspectos que s o fundamentais para as proposi es 213 que aparecem como conclus o come o deste estudo Tratarei do que aparece no PPP sobre a presen a da Educa o F sica e sobre os meios de comunica o N o trouxe na elabora o das categorias nem considerei como categoria emp rica a concep o de curr culo da institui o por entender que para tratar da presen a da Educa o F sica no curr culo escolar poderia incluir considera es gen ricas sobre o curr culo da escola j que elas t m interfer ncia direta na presen a da Educa o F sica na escola no papel que ela assume e na defini o daquilo que lhe legitima Ent o no que se refere a aspectos gerais do curr culo aparecem tr s ocorr ncias em todo o PPP de que a escola deve dar conta de contemplar diferentes linguagens no trabalho escolar sendo que essas diferentes linguagens devem ser trabalhadas em projetos de ensino tamb m em tr s ocorr ncias O trabalho com diferentes linguagens proposto no RCENI documento j citado a partir da discuss o que venho tecendo a partir do PPP do CEB UEFS mas abandona o trato com essas diferentes linguagens na medida em que se avan a na leitura e se deixa vincular Educa o Infantil o papel de melhorar o desempenho e portanto repetir o modelo do Ensino Fundamental No entanto o CEB UEFS assume essa taref
255. do se coloca em debate a televis o Para o referido soci logo a segunda metade do s culo XIX e o s culo XX marcam o princ pio do fim da inf ncia com o advento das mensagens eletroeletr nicas porque as Informa es passaram a ser globais de modo que a identidade dos sujeitos se funde com o 15 coletivo Al m disso as informa es deixam de ser segiienciadas organizadas e s o an nimas descontextualizadas instant neas e incontrol veis Desse modo n o h mais hierarquia social em rela o aos conhecimentos devido natureza imag tica da TV para diferir o mundo simb lico do adulto do mundo simb lico da crian a Outro ponto que Postman 1999 chama aten o a banaliza o da cultura pela TV na medida em que n o h seletividade n o h aprofundamento dos temas tratados e nem preocupa o com o tratamento dos conte dos possibilitando que a crian a tenha acesso ao que antes era segredo dos adultos em especial erotiza o pondo fim id ia de vergonha que fez o sentimento de inf ncia quase nascer em Roma de modo que emerge a barb rie Logo s o todos da mesma gera o pois n o h mais inoc ncia curiosidade A partir dos pressupostos tomados pelo autor para caracterizar a inf ncia ingenuidade e n o saber e a escola prepara o para a vida adulta de fato necess rio considerar que a televis o mexe nesses conceitos No entanto prefiro considerar com Oliveira 2002 que a inf ncia
256. du o a recurso a instrumento faz com que a pergunta da qual o CEB n o se exime seja esquecida e a fraqueza pedag gica de que fala Broug re 2004 se instale gerando uma fenda nas a es escolares e entre os sujeitos que se encontram nesse espa o No que diz respeito an lise das entrevistas segui o mesmo percurso posto no estudo do PPP ou seja fiz um mapa de an lise de conte do tem tica trazendo as falas dos sujeitos no que diz respeito aos destaques feitos para cada categoria A partir disso fiz o levantamento de ocorr ncia e contagem de fregii ncias para construir a descri o anal tica e as infer ncias al m de discutir pontos de contradi o e de avan os nas falas das professoras Antes de iniciar a an lise das entrevistas queria retomar uma coloca o de Ferra o 2004 quando ele pontua que na for a dos cotidianos que est o presentes todas as possibilidades de fazer coletivo para gerar uma transforma o social Considerando as proposi es gramscianas de luta contra hegem nica claro que se ela se d institucionalmente de forma constante e silenciosa ela estar se configurando dia a dia Isto torna ainda mais importante a realiza o de entrevistas e de di logos com os sujeitos que comp em e constroem o todo dia da escola Nas entrevistas em rela o concep o pedag gica da escola h algumas quest es a serem destacadas Primeiro o fato de aparecerem tamb m duas concep es a s cio
257. duca o F sica parece n o estar presente nos cursos de forma o em Pedagogia 149 O que quero destacar que desconsiderar as influ ncias sociais e culturais presentes no eixo corpo movimento humano desprezar a realidade dos sujeitos deixar de lado as intera es que se estabelecem cotidianamente com outros sujeitos e com a cultura nas quais o pr prio ser se constitui Desse modo instala se a perspectiva em que a crian a educanda uma idealiza o e n o um sujeito com o qual o professor dialoga Na chamada abordagem construtivista interacionista a Educa o F sica extrapola o eixo corpo movimento e fala em desenvolvimento cognitivo motor e social a partir do resgate do universo de jogos e brincadeiras dos alunos al m do trabalho com blocos de conte do que s o o conhecimento de si mesmo conhecimento do meio e cultura da Educa o F sica numa perspectiva de resolu o de problemas FREIRE SCAGLIA 2003 H nessa perspectiva uma preocupa o com a redu o da Educa o F sica ao ato motor num entendimento de que as habilidades motoras precisam ser desenvolvidas mas a partir de elementos que fa am parte do universo cultural infantil Ent o com base na teoria piagetiana sobre o desenvolvimento e a aprendizagem Freire 1997 prop e o trabalho corporal na escola por meio dos jogos e brincadeiras e os ganhos motores afetivos sociais e cognitivos que a crian a tem com essa atividade s
258. duca o da crian a foi posta com um direito algo que pela primeira vez apareceu legalmente na Constitui o de 1988 e no ECA aprovado em 1990 em substitui o ao C digo de Menores de 1927 Segundo Oliveira 2002 o ECA concretizou os direitos garantidos s crian as pela Constitui o N o se pode todavia analisar com ingenuidade tal situa o j que parece haver uma descontinuidade entre a legisla o e a realidade Para Kuhlmann Jr 2000 a realidade nacional e nela a situa o da inf ncia e da Educa o das crian as de zero a seis anos n o permite um convite ao esquecimento de nossa hist ria Complemento colocando que n o permite tamb m festejar conquistas t o duramente alcan adas porque elas s o de papel Sempre que me refiro a essa contradi o legisla o realidade gosto de trazer uma express o de Francisco de Oliveira apud CAMPOS 2002 quando ele pontua que existem id ias fora do lugar e o lugar fora das id ias Tal coloca o possibilita perceber que a legisla o n o garante por si s a supera o de desigualdades que v m acompanhando a trajet ria da sociedade e da inf ncia brasileira desde o in cio da forma o do Estado Portanto n o posso deixar de concordar com M szaros 2004 sobre a necessidade de um outro projeto de sociedade que se concretizar na rota das pr prias contradi es intranspon veis postas pelo modo de produ o e organiza o capitalistas pois o si
259. dultos para solucionar diversos problemas de modo a iniciar outros processos internos de desenvolvimento que quando forem internalizados far o parte da gama de a es que a crian a desempenha com autonomia VIGOTSKI 1998 A apropria o dos fundamentos do conhecimento cient fico colocada como objetivo da a o escolar na teoria s cio hist rica segundo Baquero 1998 uma quest o central a ser pontuada nessa refer ncia porque est posta entre os conhecimentos cotidianos que s o marcados por processos espont neos assistem ticos de desenvolvimento e os processos que s o iniciados intencionalmente com a a o de ensino aprendizagem Isto faz com que conforme Saviani 2006 o curr culo e cada a o escolar devam ser cuidadosamente planejados para que se alcance o objetivo geral de fazer com que o aluno al m de se apropriar dos conhecimentos aproprie se dos fundamentos do pensamento cient fico e da caracter stica de mutabilidade destes A a o escolar possibilita a inter rela o entre os conhecimentos cotidianos e os cient ficos partindo das a es comunicativas que se estabelecem no trabalho pedag gico no qual o educando tem a possibilidade de participar de situa es espec ficas com a ajuda do adulto Os conceitos que a crian a aprende na escola possibilitam a reorganiza o cognitiva portanto a reorganiza o dos pr prios conceitos cotidianos Ou seja determinados processos de desenvolvimento das fun es
260. dutivos comerciais e econ micos mas pelo dom nio no campo cultural de modo que o grupo hegem nico imp e suas verdades e seus interesses no cotidiano Em poucas palavras a estrutura o do capitalismo de uma dada forma exige uma organiza o jur dica pol tica econ mica e especialmente cultural Tal configura o ser a coluna de sustenta o para a edifica o s lida de um projeto de sociedade Ou seja para manter a din mica do capital devem se ultrapassar as transa es econ micas e comerciais e atingir todos os setores da vida social e o cotidiano dos sujeitos os sentidos e significados que eles estabelecem para o mundo e para a pr pria vida Seguindo a id ia de que a cada mudan a nas rela es sociais de produ o ergue se uma superestrutura que com contornos pr prios influencia as rela es sociais no sentido de manter a hegemonia MARTINS M F 2005 os meios de comunica o e suas mensagens podem ser vistos como uma for a a servi o da ideologia com importante papel na forma o e conforma o de dado sistema social Essa afirma o discutida por autores que reconhecem uma intencionalidade por tr s das mensagens emanadas pelos diversos meios de comunica o Ou seja n o h ingenuidade ou somente a fun o de lazer e entretenimento pois tal estrutura social e considerando a realidade brasileira os recursos de comunica o e informa o s o instrumentos para organizar e controlar os sujeitos
261. e 50 modificou o modo como as pessoas produzem respostas aos outros j que as pessoas vivem em contextos diferentes mas tamb m podem ser cooperativas e formar grandes grupos organizados os pr prios processos de interlocu o foram modificados porque a organiza o do espa o dom stico mudou para integrar a TV o hor rio das pessoas passou a ser organizado a partir dos programas que se quer assistir com uma disputa familiar de poder para decidir o que ver Mas o desenvolvimento da televis o que para Thompson 1995 revolucionou os sistemas de difus o n o foi t o f cil quanto pode parecer O r dio quando do aparecimento da televis o j era um meio de comunica o universal com importante papel informacional pol tico e formativo al m de ser barato Enfim em qualquer lugar e para qualquer um o r dio era um bom companheiro J a televis o tecnologia inicialmente cara n o encontrou nas primeiras d cadas do s culo XX com duas guerras e a crise econ mica de 1929 nos Estados Unidos uma situa o econ mica que favorecesse seu r pido desenvolvimento Ent o dois motivos fizeram protelar o desenvolvimento da televis o os interesses pol ticos e comerciais do r dio e a dif cil situa o econ mica por que passava o mundo Ainda assim na d cada de 1920 a televis o era vendida A popularidade no entanto s viria na d cada de 1940 sendo que tanto a tecnologia quanto as transmiss es ficaram nas m os de
262. e 1999b p 7 14 BRASIL Estatuto da Crian a e do Adolescente 1990 BRASIL MINIST RIO DA EDUCA O Lei de Diretrizes e Bases da Educa o nacional 1996 BRASIL MINIST RIO DA EDUCA O E DO DESPORTO SECRETARIA DE EDUCA O FUNDAMENTAL Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil Introdu o Bras lia MEC SEF 1998 BRASIL MINIST RIO DA EDUCA O E DO DESPORTO SECRETARIA DE EDUCA O FUNDAMENTAL Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil Conhecimento de Mundo Bras lia MEC SEF 1998 BRIGGS Asa BURKE Peter Uma hist ria social da m dia de Gutenberg internet Rio de Janeiro Jorge Zahar 2004 BRINHOSA M rio C sar Interdisciplinaridade e transversalidade possibilidades e equ vocos In LOMBARDI Jos Claudinei Org Temas de pesquisa em Educa o Campinas Autores Associados Ca ador HISTEDBR UNC 2003 p 171 194 BRITO Vera L cia Alves de A Educa o F sica e a constru o de uma nova escola na tica da LDBE In Col gio Brasileiro de Ci ncias do Esporte Org Educa o F sica frente a LDBE e aos PCNs profissionais analisam renova es modismos e interesses Iju Sedigraf 1997 BROUGERE Giles O interesse de estudar os Pok mons para demonstrar que s vezes as crian as t m compet ncias extraordin rias para aprender Dispon vel em lt http sns cemol com br entrevistas entrevista0033 asp gt Acessado em 12 de maio de 2004 BU
263. e 2006 ao pontuar que a inf ncia 39 dependeria das condi es dos pais Assim a crian a poderia ser uma trabalhadora livre ou escrava ou ser entregue a preceptores que se responsabilizavam pela sua Educa o Qualquer semelhan a com a atualidade n o mera coincid ncia j que falo aqui do percurso hist rico do mesmo pa s apesar do vento da nova esta o que em algum momento soprou uma apar ncia de modernidade e progresso No come o do per odo republicano a id ia de inf ncia postulada adequou se aos ditos ideais de progresso Assim propagou se a id ia de pureza ingenuidade em rela o crian a mais privilegiada Isto ao mesmo tempo fecundava o sentimento de piedade caridade assist ncia e filantropia com rela o crian a exclu da LAJOLO 2006 Conforme Marc lio 2006 s a partir da d cada de 1960 come ou a mudar a configura o assistencialista e filantr pica Mas preciso ter cuidado ao analisar o per odo militar e mesmo a atualidade quando velhos estigmas come am a ganhar f lego num projeto neoliberal apesar da legisla o que garante direitos crian a A d cada de 1980 marcou a redemocratiza o do Brasil e foi um per odo em que diferentes grupo sociais esperan osos na constru o de uma democracia efetiva tentaram combater as profundas desigualdades que assolavam a sociedade brasileira Ent o no que concerne s crian as alguns direitos foram garantidos nas letras da lei a E
264. e 6 ed Iju Uniju 2004a KUNZ Elenor Pr ticas did ticas para um conhecimento de si de crian as e jovens na Educa o F sica In KUNZ Elenor org Did tica da Educa o F sica 2 2 Ed Iju Uniju 2004b p 15 52 LAJOLO Marisa Inf ncia de papel e tinta In FREITAS Marcos Cezar de Org Hist ria social da inf ncia no Brasil 6 ed S o Paulo Cortez 2006 p 229 250 LAZASRFELD Paul MERTON Robert Comunica o de massa gosto popular e a organiza o da a o social In LIMA Luiz Costa Orgs Teoria da cultura de massa 7 ed S o Paulo Paz e Terra 2005 p 109 134 LEIRO Augusto C sar Rios Educa o e m dia esportiva representa es sociais das juventudes 2004 290p Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Federal da Bahia Salvador 2004 LEITE Maria Isabel F P Nem fase de grafismo nem exerc cio psicomotor o desenho como espa o de produ o cultural das crian as In MACHADO Maria L cia A Org Encontros 312 e desencontros em Educa o infantil S o Paulo Cortez 2002 p 201 212 LEITE Miriam L Moreira A inf ncia no s culo XIX segundo mem rias e livros de viagem In FREITAS Marcos Cezar de Org Hist ria social da inf ncia no Brasil 6 ed S o Paulo Cortez 2006 p 19 52 LISBOA Mariana Mendon a PIRES Giovani De Lorenzi Televis o representa es sociais e cultura de movimento tecendo reflex es de uma trama n
265. e portanto s o importantes para a constru o da identidade da crian a No mbito da Educa o F sica Silva 2005 diz que esse tema possibilita a experi ncia com diferentes objetos dos quais as crian as conhecer o as propriedades f sicas e os quais poder o atribuir significados e sentidos diversos o estabelecimento de diferentes rela es com outras crian as e adultos a negocia o e a compreens o do valor das regras impl citas ou expl citas o conhecimento de diferentes culturas presentes nos jogos cantigas e parlendas a viv ncia de diferentes pap is Al m dos jogos e das brincadeiras a dan a uma manifesta o da linguagem corporal que tamb m traz signos sociais do passado e do presente E ainda segundo Soares e outros 1992 possibilita a express o corporal espont nea dos alunos o conhecimento de s mbolos de diversas culturas presentes nas dan as e a forma o da identidade cultural dos educandos Por 158 isso nas palavras de Soares e outros 1992 p 83 faz se necess rio o resgate da cultura brasileira no mundo da dan a atrav s da tematiza o das origens culturais H que se considerar no entanto a partir dos pr prios princ pios curriculares propostos por esse coletivo de autores que a dan a tem formas provis rias e apresenta se contemporaneamente sob outras formas e traz valores pr prios da sociedade narc sica e consumista em que vivemos Isto n o significa negar a dan
266. e a elas ter o acesso a uma s rie de enunciados a partir dos quais dar se sua atividade de forma o cotidiana de conceitos Ou seja est posta a condi o de que para as professoras entrevistadas a m dia tem uma dimens o pedag gica que interpela e ensina modos de ser e estar no mundo J que as crian as aprendem com a m dia as professoras em cinco ocorr ncias falam que a escola tem responsabilidade de refletir na sala de aula sobre os conte dos da m dia Ent o h uma admiss o de que fora da escola h circula o de informa es e aprendizagens concretizadas de modo que a escola n o pode se fechar aos meios de comunica o Ao 233 contr rio como diz Belloni 2001 preciso que a escola integre se linguagem audiovisual e de tal modo possibilite uma interlocu o com a mesma e a elabora o de uma postura responsiva refletida e sistematizada diante dos estere tipos e das informa es superficiais que s o emanadas pelos mais diversos meios de comunica o alentador encontrar essa postura das professoras do CEB UEFS pois tradicionalmente a escola enquanto institui o tem estado ap tica diante dos meios de comunica o ou olha para eles de modo meramente negativo numa compreens o de que seria esvaziar o sentido da Educa o e a autoridade intelectual dos professores se houver integra o com qualquer mensagem de grandes meios o que faz distanciar de acordo com Silva 1998 o mundo esco
267. e a l ngua nativa e facilitavam a comunica o com os ndios Esse destino das crian as rf s portuguesas ao trabalho j diz um pouco o que seria da 38 inf ncia pobre e abandonada no Brasil CHAMBOULEYRON 2006 Mas foi ainda no Brasil col nia que se configurou uma outra inf ncia quando teve in cio o tr fico de escravos vindos da frica Ou seja inseriu se nesse contexto uma outra cultura tamb m considerada b rbara e desumana pelos colonizadores e escravocratas As crian as negras eram inicialmente tratadas como animais de estima o principalmente se filhas de amas de leite Mas ao mesmo tempo eram consideradas pregui osas Percep o que se agravou com a Lei do Ventre Livre j no per odo imperial porque as crian as que nasciam n o seriam produtivas O Imp rio brasileiro configurou se no s culo XIX ap s a Independ ncia do Brasil em 1822 Nesse per odo segundo Leite 2006 muitos dos problemas que assolam a inf ncia hoje j se faziam presentes Ent o come aram a surgir as orienta es da medicina para a higiene infantil porque os h bitos e cren as at ent o cultivados colocavam em risco a vida das crian as de todos os grupos sociais A realidade em que viviam e morriam as crian as n o era ainda motivo de grande preocupa o p blica porque a inf ncia n o era objeto de aten o Isto fica claro quando os registros hist ricos de acordo com a mesma autora mostram que n o era incomum a p
268. e com a repeti o constante dos mesmos acontecimentos algo que come ou a acontecer no meu processo de observa o mesmo antes da sexta aula observada Foram realizadas observa es que Minayo 2006 chama de descritivas que se caracterizam por acontecer de forma livre As observa es foram registradas num di rio de campo e continham anota es de situa es significativas nas intera es entre professor e 190 crian as entre as pr prias crian as e da pesquisadora com as mesmas al m de falas das crian as que trazem ind cios importantes para a emerg ncia do objeto pesquisado As observa es possibilitaram olhar as implica es pedag gicas que os sentidos atribu dos pelas crian as para a Educa o F sica a partir do texto televisivo ou seja como esses sentidos emergem no momento da aula que rea es as crian as apresentam diante do que oferecido e solicitado pelo professor estagi rio de Educa o F sica PEF A descri o o levantamento de ind cios e a an lise foram constru dos a partir da refer ncia da an lise microgen tica que tem influ ncias dos estudos desenvolvidos por Vigotski forma o social do sujeito e media o dos signos e Bakhtin todo enunciado considerado social e marcado pelo contexto apresentando o modo como os sujeitos apropriam se dos s mbolos sociais Esse tipo de an lise foi tomada em uma perspectiva s cio hist rica e utilizada para compor um estudo de car ter
269. e concebe que o grau de complexidade no trato com os conte dos deve aumentar na medida em que passam as s ries escolares e o princ pio da adapta o ao aluno que considera a import ncia de levar em conta as necessidades e interesses do aluno Al m disso uma outra abordagem a que Darido 2003 chama de Cultural que se baseia conforme a autora na Antropologia para propor a supera o de um olhar meramente biologicista para a Educa o F sica Para tanto necess rio compreender o universo simb lico de professores e alunos e atentar para a diversidade pois no olhar dessa perspectiva os sujeitos s o iguais nas suas diferen as Essa tamb m uma abordagem com a qual posso estabelecer di logo pois na perspectiva s cio hist rica h um entendimento de que socialmente que o sujeito se individualiza Al m disso existe uma preocupa o com a heterogeneidade dos sujeitos j que faz se uma cr tica ao que posso ironicamente chamar da escola industrial que para adequar os sujeitos sociedade capitalista e globalizada busca a homogeneidade e a produ o 155 em massa de indiv duos uns mais iguais que os outros como disse Humberto Genssinger Inclusive no mbito da Educa o F sica na Educa o Infantil tal rela o estabelecida por Soares 2001 2002 ao trazer a Pedagogia de Projetos como uma possibilidade de tematizar a cultura corporal na Educa o Infantil superando a fragmenta o e o isola
270. e entende que h sim uma intencionalidade de forma o de um novo senso comum que seja adequado s vis es hegem nicas de mundo Enfim h um confronto entre o espa o da escola que enfadonho e constitui se espa o do n o prazer e o mundo extra escolar que aparenta democr tico din mico e abarca uma infinidade de informa es O fato que tanto os meios de comunica o quanto a escola promovem em diferentes n veis e formas processos interativos que comp em o processo de forma o e possibilitam que os sujeitos avancem no seu desenvolvimento e aprendizagem e estabele am di logos relativos a temas internos e externos a si mesmo A TV traz isto informalmente e a escola com a es efetivadas a partir de todo um planejamento e com rituais pr prios Por isso Mart n Barbero e Rey 2004 dizem que de todo o impacto social causado pela TV as institui es mais atingidas s o a escola e a fam lia devido sa da da crian a do lugar do n o saber No caso da escola a crian a sai do lugar do n o saber ler e a escola esteve e est centrada no texto escrito para o espa o de quem l a TV mesmo antes de 129 conhecer as letras do alfabeto e de quem brinca com a tecnologia E por n o exigir aprendizagens t o complexas como com a leitura formal a televis o exp e as crian as ao mundo desde que elas abrem os olhos compondo o texto do mundo anterior e mais amplo do que aquele que a escola apresenta Uma incurs
271. e ganhar medalha na Educa o F sica s o professor treinar a gente e a gente ganhar Nesse mesmo sentido foi LC Eu j ganhei no v lei CL O professor n o faz esporte Ia gostar que tivesse Ainda no esporte mas voltando ao futebol teve a coloca o de T Queria futebol porque eu gosto dos jogadores J N disse Tem alongamento A gente corre mas n o luta S tem pega pega assim Eu queria que tivesse luta Nos coment rios das crian as do Grupo 06 est clara a influ ncia televisiva na expectativa de vivenciar o esporte nas aulas Aparece ainda a palavra treinamento Ou seja o sentido estabelecido pelas crian as para a Educa o F sica que se vai quadra treinar numa perspectiva de Educa o F sica em que o exerc cio f sico sistematizado o orientador da organiza o das atividades Aparentemente as atividades que s o feitas na aula s o vistas pelas crian as como algo divertido mas que n o tem desafio em que n o se aprende Isto aparece nas falas dos jogos para brincar e no s tem pega pega assim Essa coloca o traz um desafio ao 278 processo de legitimidade da Educa o F sica na escola N o basta ter Educa o F sica no curr culo n o basta que a coordena o a dire o e os colegas de trabalho disponibilizem se a discutir a organiza o da Educa o F sica preciso tamb m que as crian as a compreendam como um espa o pedag
272. e imp e disfar ado de uma postura democr tica tentando tornar as crian as em cidad s consumidoras livres para consumir ou tornando as n o cidad s pela impossibilidade de acesso ao consumo pelos mais diversos caminhos em modelos que muitas vezes as crian as nem se reconheciam Todo esse processo para M szaros 2004 ocorreu para esconder contradi es evitar o conflito e impor uma ordem relativa aos interesses dos grupos hegem nicos Ent o as crian as teimavam e teimam em dizer que as cem linguagens existem teimavam em se expressar e n o 203 eram ouvidas Ao contr rio se incomodassem demais ficavam de castigo e eram reprovadas Trazer a crian a para o lugar de di logo concordar com a id ia de Freitas 2006b de que necess rio buscar outros olhares para a inf ncia o que se articula no di logo com elas reconhecer que as crian as fazem leituras de textos palavras e letras como coloca Freire 2006 antes mesmo de aprender a leitura formal reconhecer que na contemporaneidade as crian as t m coisas a ensinar aos adultos t m coisas a perguntar t m coisas a discordar porque interpretam quilo a que t m acesso E ainda colocar o adulto na condi o de quem tem o que aprender tirar o professor do lugar central no processo de ensino aprendizagem colocando o lado a lado com o educando e exatamente essa proposi o segundo Freire 2006 que pode possibilitar a constru
273. e influ ncia e d o o tom a essa ideologia Mas ao mesmo tempo esses produtos ideol gicos constitu dos conservam constantemente um elo org nico vivo com a ideologia do cotidiano alimentam se de sua seiva pois fora dela morrem A partir dessa coloca o tenho duas compreens es Inicialmente e de modo mais direto entendo que a ideologia constitu da hegemonicamente apreendida no contexto da vida das pessoas e encontram lugar num universo composto dos desejos e necessidades dessas pessoas A segunda reflex o que no mbito do cotidiano tem se a possibilidade de um posicionamento diante da ideologia oficial e da mudan a da infra estrutura s cio econ mica que ao se infiltrarem na ideologia oficial influenciam na e deixam se influenciar por ela Enfim trata se de uma via de m o dupla que permite concordar com Gramsci 2001 sobre a necessidade de uma luta constante e silenciosa em espa os diversos da sociedade para construir e constituir o enfrentamento 2 2 2 As teorias da comunica o e a polissemia do termo na trilha de todo o desenvolvimento t cnico e tecnol gico que no decorrer do s culo XX diversas teorias sobre a comunica o se estruturaram com diferentes vertentes e an lises da comunica o a teoria hipod rmica ou de manipula o as teorias experimentais ou de persuas o a teoria funcionalista a teoria estruturalista a teoria cr tica Escola da Frankfurt as teorias culturol gicas a teor
274. e n o queriam ver aquilo O epis dio assistido foi O monstro copiador do volume 05 Power Ranger Dinotrov o Antes mesmo de come ar teve in cio um coro na sala Eu sou o preto Eu sou o preto Eu sou o preto Ao mesmo tempo algumas crian as levantavam e come avam a fazer movimentos de luta DP levantou veio at mim dizendo pr eu sou o branco Ao mesmo tempo fazia movimentos de luta Power Ranger branco i representando os movimentos do personagem Sentados RF GR LC e K tamb m se identificavam com seus her is preferidos e lutavam uns com o outros Mas foi come ar o desenho e instalou se paulatinamente e com a interven o das pr prias crian as o sil ncio Exceto por DI que ainda repetia Eu sou o Power Ranger branco i Fazendo os movimentos do her i Logo que come ou o desenhou DI me fez um pedido Eu sou o branco pr deixa eu ser o branco por favor PESQ A gente s vai assistir mas voc pode ser o branco se voc quiser E quando o Power Ranger branco aparecia ele dizia A eu a eu Teve uma crian a GR que se identificou com o monstro que copiava tudo e quando ele aparecia dizia Eu sou esse da E as crian as iam identificando cada personagem do epis dio como o pai do Ranger branco que o vil o respons vel pela cria o do monstro copiador GR A o pai dele
275. e o PCN a base para a organiza o desse componente curricular A partir desses dados foi poss vel organizar um quadro das frequ ncias das ocorr ncias em rela o a cada categoria como sugere Bardin 1977 que dar em certa medida orienta o para a descri o anal tica dos dados A partir deste para facilitar a triangula o dos dados e a an lise inferencial constru um fluxograma que chamei de fluxograma de an lise de conte do tem tica 197 QUADRO 3 FREQU NCIAS TEM TICAS NO PPP DO CEB UEFS CATEGORIA OCORR NCIAS FREQU NCIA EM N MERO S cio interacionismo 5 Concep o pedag gica Interdisciplinaridade 1 Construtivismo 5 Diferentes correntes 1 Aprende se no mundo extra escolar 4 O ser humano constitui se na intera o 8 Conhecimentos cotidianos conhecimentos escolares P Os conhecimentos cotidianos devem ser o ponto 2 de partida para o planejamento O educando articula os conhecimentos escolares 1 com as experi ncias vividas Aborda a import ncia do trabalho com diferentes 3 linguagens Sugere o desenvolvimento do trabalho por 3 A inser o da Educa o F sica projetos de Ensino no curr culo Possibilita Lazer express o 1 Trata da Sa de beleza e est tica 2 uma rea de conhecimento 1 198 Trata da Cultura corporal organizada a partir do PCN Fun o social da escola Acesso aos bens socioculturais Alicer
276. e para os anos posteriores e que na escola se complementa o trabalho da fam lia 221 QUADRO 4 FREQ NCIAS TEM TICAS NAS ENTREVISTAS K FREQU NCIA EM CATEGORIA OCORRENCIAS A NUMERO S cio interacionismo 6 Construtivismo Concep o pedag gica 6 Tradicional 1 Ponto de partida para o planejamento 1 1 N o pode cair no espontane smo Deve se estabelecer rela es com o que ser ensinado 10 A crian a aprende em todas as suas experi ncias 12 Conhecimentos cotidianos conhecimentos escolares A socializa o fundamental para o ser humano 2 Facilita a aprendizagem 1 Gera zona de desenvolvimento proximal 2 A escola ignora 1 A inser o da Educa o F sica no Cuida do f sico 2 curr culo 222 Descentraliza o egocentrismo RCNEI Desenvolve a coopera o Cuida da sa de Possibilita fazer movimentos Desenvolve a motricidade Ajuda na sala de aula Ajuda o trabalho da sala de aula Fun o social da escola Transmiss o de fundamentos pr determinados Socializa o intera o Promover aprendizagens Base para os anos posteriores Trabalhar o que n o se trabalha em casa Nortear para o que socialmente aceito 223 Exerce poder sobre as crian as 1 Responsabilidade de reflex o na sala de aula 5 As crian as conhecem por meio da
277. e qualquer palavra do PEF foi feita a primeira pergunta Cad a bola O professor n o respondeu mas eu intervi perguntando ao educando Por que voc acha que precisa de uma bola E a resposta foi Por causa do gol apontando para a trave Essa situa o apresentou se para mim como um ind cio de que a espetaculariza o do futebol que se disseminou por todos os lugares da sociedade brasileira desde o jogo televisionado at o an ncio publicit rio provoca nas crian as mesmo naquelas que nunca experimentaram a Educa o F sica e a cultura corporal sistematizada numa aula uma vis o sobre o espa o em que essa experi ncia normalmente se realiza Ou seja preciso concordar com Betti 1998 quando ele afirma que os temas da Educa o F sica especialmente o esporte t m uma centralidade na produ o televisiva e consegiientemente as crian as Trata se na verdade no Parque Esportivo da UEFS um espa o amplo constitu do de tr s quadras poli esportivas uma quadra de t nis um piscina uma caixa de salto e um amplo espa o livre al m de uma sala para a realiza o de pr ticas corporais onde tamb m funciona o Laborat rio de Atividade F sica nesse espa o que se realizam as pr ticas corporais do curso de Licenciatura em Educa o F sica da UEFS 280 p blico que mais assiste TV entram em contato muito cedo com o mundo esportivo e isto afeta sua cultura l dica as pr ticas corporai
278. e se das diversas formas de uso da linguagem As reas de conhecimento L ngua Portuguesa Matem tica Hist ria Geografia Ci ncias Naturais Arte Educa o F sica L ngua Estrangeira Moderna e Inform tica cotidianos Curr culo Concep o de Educa o F sica Fun o social da escola a Educa o pressup e viv ncia e inser o em problemas vitais circunstanciados mediante contato direto e cr tico com a realidade a escola o espa o que garante ao indiv duo o acesso aos bens culturais socialmente produzido a Educa o infantil contribui para o processo de democratiza o da escola constituindo se o alicerce de desenvolvimento da crian a e na constru o de sua cidadania entendemos a Educa o b sica como um direito de todas as crian as e oferecida para em complemento a o familiar proporcionar condi es adequadas de desenvolvimento global promovendo a amplia o de experi ncias e constru o de conhecimento pelo educando a escola exerce a fun o de formadora e qualificadora do ser humano nos aspetos f sicos ps quicos e sociais objetivando sua plenitude e participa o consciente no processo hist rico Cabe escola oportunizar crian a o acesso aos bens culturais historicamente produzidos a fim de favorecer lhe a constru o e reconstru o dos diversos saberes existe
279. e sobre cada organismo orden los em s rie gradual harmoniz los com o per odo de evolu o org nica incutindo o prazer ou ao menos evitando o t dio e constatar enfim pelos processos v rios de mensura es corporais os resultados de seu ensino fazer em uma palavra o registro dos benef cios que provieram dos exerc cios e dos inconvenientes que determinaram Ou seja est claro que o papel assumido pela Educa o F sica e pelo professor dessa rea de conhecimento tem rela o com a forma o de um corpo sadio forte e que apenas a refer ncia da aptid o f sica encontrava lugar no seu direcionamento Destaco que tanto a concep o posta quanto a pr tica incentivada e efetivada estavam de acordo com o interesse do grupo hegem nico em tal momento hist rico Ent o a Educa o F sica era somente um instrumento de controle e disciplinariza o que se responsabilizava pela forma o de trabalhadores fortes e saud veis indispens veis l gica de desenvolvimento e progresso que pairava nos ares brasileiros O aluno configurava se nessa l gica como indiv duo posto na condi o de objeto pela concep o de mundo sociedade e Educa o que existia subjacente a essa postura Assim o professor exercia o seu poder sobre o aluno sobre o saber e sobre o espa o no qual a rela o de ensino aprendizagem se que se pode falar em rela o se construia No entanto olhando com um pouco mais de acuidade percebo que
280. e viram que fazem na aula de Educa o F sica Ser que h algo que acham que poderiam fazer Por que acham que poderiam fazer Recursos N o foram utilizados recursos A oficina 04 na verdade constituiu se num momento de devolu o sistem tica s crian as daquilo que elas me disseram o que foi feito numa roda de conversa na qual fui tentando retomar com as crian as tudo que fizemos nos dias anteriores e reapresentei para elas o que havia sido dito sobre os super her is quando assistimos desenho e quando brincamos de faz de conta Falei tamb m do que tinham me falado sobre a aula de Educa o F sica trabalhar a luta para ficar forte correr jogar Retomamos ent o o que cada super her i podia fazer A partir disso perguntei o que que tem na aula de Educa o F sica desses movimentos e temas al m do que que as crian as acham que pode ter No Grupo 04 quando entrei na sala as crian as j estavam na roda Aproveitei a forma o e perguntei quem lembrava tudo que a gente j havia feito As crian as foram respondendo que brincamos vimos desenhos de Bob Esponja Ent o disse a elas que naquelas oficinas elas me disseram que os super her is lutam que sobem na parede andam de bicicleta fazem jogos E perguntei se elas pensam que pode ter isso na Educa o F sica e que atividades podem vivenciar Teve uma crian a que falou do skate trazendo uma outra refer ncia Porque meu irm o gosta e pod
281. ealized a case study with participant research concepts I did questions observations meets with the children and systematic devolution to community that aims to find educational possibilities I conclude that the possibilities are the thematic full size of the Physical Education in practice educational and development of the practice educational with educational projects Key words Child School Physical Education Television Educational Practice 2 1 2 1 1 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 3 2 2 4 3 1 3 2 3 3 3 4 4 1 4 2 5 1 SUMARIO DA MINHA TRAJET RIA AO PROBLEMA DE PESQUISA CONSIDERA ES SOBRE A INF NCIA Inf ncia da etimologia hist ria social As inf ncias brasileiras Desenvolvimento t cnico conseq ncias para a inf ncia A intera o a linguagem e os recursos t cnicos de comunica o As teorias da comunica o e a polissemia do termo Conseq ncias para a inf ncia um di logo com Neil Postman Outro di logo sobre inf ncia linguagem e meios de comunica o EDUCA O INFANTIL HISTORICIDADE E DILEMAS CONTEMPOR NEOS O percurso da Educa o Infantil no Brasil Ordenamento legal da Educa o Infantil brasileira na atualidade e seu lugar nessa terra de gigantes Conversa sobre o curr culo da Educa o Infantil A escola diante da TV embates e debates EDUCA O F SICA NA EDUCA O INFANTIL Educa o F sica hist ria conhecimento e possibilidades na Educa o Infantil
282. ecas uma piscina de bolas al m da presen a de refeit rio cozinha ber rio e salas para as crian as a partir de 1 ano Atualmente por falta de espa o no pr dio que atende as crian as maiores o grupo de 4 anos funciona no pr dio da creche Aqui cabem duas an lises Se creche e pr escola constituem um n cleo integrado de Educa o Infantil isto n o para ser visto como um problema No entanto as crian as de 4 anos t m dificuldades de espa o o que n o novidade nas escolas brasileiras a biblioteca dispon vel fica em outro pr dio e o contato com da professora e das crian as com coordena o da Educa o Infantil tamb m fica dificultado H ainda dentro do campus universit rio um segundo pr dio que atende as crian as de 5 anos at o atual 5 ano do Ensino Fundamental 4 s rie Nesse pr dio h um amplo p tio com jogos de amarelinha pintados no ch o As salas de aula a sala da coordena o de Educa o Infantil e Ensino Fundamental uma sala de professores com estantes com os materiais did ticos computador e mesa de trabalho uma biblioteca em que al m dos livros com temas infantis e temas pedag gicos h dispon vel TV DVD e v deo e na qual se concretiza a din mica de empr stimo de livros s crian as e aos professores As salas de aula s o organizadas por temas a partir do que deseja cada professor E interessante ressaltar que os conte dos da T V est o presentes na decora o da esc
283. ecimento Al m disso segundo Wolf 1999 tem se uma hip tese de que os meios de comunica o impressos t m mais influ ncia sobre os sujeitos do que a televis o porque o texto escrito aprofunda mais a informa o e permite um maior grau de conhecimento sobre um determinado tema Tal hip tese analisa que as informa es televisivas s o r pidas fragmentadas e assim h uma diminui o da import ncia e do significado do que dito Mas apesar de n o fornecer dados precisos a televis o sem d vida exprime uma imagem uma opini o Por fim h um reconhecimento de que apesar do impacto dos mass media os fatores psicol gicos sociais e interpessoais interferem no modo como as mensagens s o recebidas e interpretadas E ainda que a agenda do receptor pode influenciar a m dia e os diferentes meios de comunica o podem ter impacto sobre o que discutido pelos outros meios Para Wolf 1999 essa perspectiva apresenta problemas porque quando fala do impacto parece que a agenda dos meios de comunica o ir ser automaticamente transferida para o p blico Al m disso quando se coloca um meio de comunica o como mais capaz de influenciar o p blico n o se considera as especificidades de cada um dos meios o que se considera importante em cada um deles e qual o objetivo social que se quer atingir Al m 63 disso n o h explica o clara de como o novo conhecimento adquirido via meios de comunica o passar
284. ecimento Ou seja uma concep o de leitura que pressup e o dialogismo na concep o de Bakhtin 2004 na qual interagir ser interlocutor e interpretar relacionam se com a tomada de posi o diante daquilo com o que se tem contato Ainda no sentido dos desafios que se colocam para a Educa o F sica no mbito da escola considero as afirma es de Betti 2003a sobre o fato de que preciso indicar rumos para a interven o pedag gica dessa rea de conhecimento quando se leva em conta que os meios de comunica o atrav s de seus enunciados sugerem entendimentos sobre as pr ticas corporais e coloca novas necessidades de consumo A pergunta elaborada por Betti 2003a p 92 como compreender tal fen meno como lidar com ele no cotidiano profissional particularmente na escola tendo a Educa o F sica como pr tica pedag gica que possibilita a aproxima o e apropria o cr tica dos jogos das dan as da gin stica das lutas das manifesta es regionais capoeira samba de roda dos esportes Ent o necess rio integrar a linguagem audiovisual nas aulas de Educa o F sica como recurso pedag gico e como objeto de estudo No entanto afirma a necessidade de considerar que a m dia espetaculariza a cultura corporal e isso muitas vezes destoa dos objetivos que a escola tem no trato com esse conhecimento Contudo se os meios de comunica o fazem parte da realidade das crian as disseminam o
285. ecursos t cnicos que permitem espetacularizar 169 qualquer coisa o que no mbito do esporte se concretiza com os recursos do close da c mera lenta do replay dos recursos gr ficos possibilitados pela inform tica pelas microc meras postas em diversos lugares dos campos e quadras dos mais diversos esportes nos capacetes de pilotos Desse modo ainda de acordo com Betti 1998 a rela o com o esporte altera se tanto no que se refere pr tica quanto forma de perceb lo pois esse fen meno passou a ser consumido mercadorizado como tantas outras manifesta es culturais por aqueles que procuram por lazer No que diz respeito vincula o entre esporte televis o e interesses mercadol gicos ponto importante a destacar j que afirmei a necessidade de ter um olhar desconfiado para esse meio de comunica o Betti 1998 p 36 diz que A televis o al m de estimular o consumo de produtos esportivos vestu rio equipamentos etc utilizando o esporte como conte do e associando o a outros produtos por meio do an ncio publicit rio tornou o pr prio telespet culo esportivo um produto de consumo compar vel s telenovelas e aos programas de audit rio A midia o do esporte para retomar um termo de Thompson 1995 potencializou tamb m o poder econ mico do esporte justamente por conta desse potencial de ser consumido e de gerar consumo de uma outra s rie de produtos Al m disso o esporte deixou de ser a
286. efetivados Tomo tal discuss o como algo importante apesar de n o ser este o tema central do trabalho por conta da pesquisa falar da e com as crian as Logo faz se necess rio entender como ela foi percebida historicamente e a partir disto pontuar a concep o de inf ncia que tenho como refer ncia para a investiga o e para sua rela o com os meios de comunica o 29 2 1 Inf ncia da etimologia hist ria social Segundo Oliveira 2005 e Kohan 2003 a palavra inf ncia vem do latim e formada por um prefixo de nega o in e pelo partic pio do verbo latino fari de falar dizer Logo etimologicamente tem se o infants como n o falante Mas que implica es o lugar de n o faltante tem para a concep o de inf ncia Para responder tal quest o trago alguns posicionamentos em rela o linguagem e fala Para Chau 2005 a linguagem um dos aspectos que caracteriza o ser humano como animal pol tico Para Vigotski 2000 a fala tem fun o comunicativa organizativa e expressiva J para Beneviste 1991 a linguagem transcende a fun o comunicativa configurando se uma forma de constitui o do pr prio sujeito na medida em que favorece o di logo Para Bakhtin 2004 a linguagem interna ou externa constitui um ponto lim trofe entre a realidade e o psiquismo de modo que ela tanto meio da forma o social do sujeito como tamb m de express o A palavra inf ncia segundo Kohan 2003
287. egemonia e a contra hegemonia e a perspectiva de linguagem de Bakhtin 2004 e a Educa o F sica como pr tica pedag gica A partir disto foi realizado um estudo de caso com base nos princ pios da pesquisa participante cujos procedimentos foram entrevistas semi estruturada com docentes da escola pesquisada oficinas com as crian as observa es das aulas de Educa o F sica al m da devolu o sistem tica daquilo que era encontrado para debater com os sujeitos da escola sobre possibilidades de a o pedag gica Conclui que as possibilidades que se apresentam nesse processo de pesquisa s o a amplia o dos temas tratados pela Educa o F sica na escola e o trabalho pedag gico desenvolvido a partir de projetos interdisciplinares Palavras chave Educa o Infantil Educa o F sica Televis o Pr tica Pedag gica ABSTRACT The research reflect about the televiosion s text and the educational possibilities to discuses that in Physical Education en child school So the work had two questions what the children think about the television s text about the corporal culture What educational consequences that thinks in the classes The research had four points theories the child like a social category the child school like a space to teach and to learn the mass media was looked with the Latino Americaba school about communication and Gramsci and Bakhtin concepts and the Physical Education like practice educational So I r
288. el Taylor Coleridge citado por Briggs e Burke 2004 p 114 Mover se voc deve Esse o desejo de hoje Lei e moda atual Essa cria o provocou conseqgii ncias que atualmente a sociedade contempor nea tem quando se v s voltas com cada vez mais refinadas cria es da mecatr nica rob tica a substitui o da for a humana pela energia inanimada al m da melhoria na obten o e transforma o da mat ria prima Tal realidade gerou dois olhares do ponto de vista hegem nico houve uma tentativa de relacionar todo o desenvolvimento t cnico e cient fico ao progresso possibilitado pela modernidade pelo modo de produ o capitalista Para os cr ticos mais ferrenhos do capitalismo inclusive os de pensamento marxista essa foi mais uma forma de expropriar o ser humano de sua pr pria condi o humana na medida em que o sujeito n o conhece o que produz e n o pode ter acesso a um dado objeto para atender suas necessidades Tal inven o mexeu significativamente com o transporte com a circula o de mercadorias e o com rcio e logicamente teve impactos na comunica o pois se gastava menos tempo com a impress o e produzia se mais livros e jornais com not cias mais recentes Todos esses produtos se movimentavam mais com a mudan a nos transportes Al m de not cias mais recentes podia se falar do contexto internacional porque o tel grafo permitiu a internacionaliza o das not cias Desse modo tornou se ainda mais
289. elevis o por ser um dos meios de comunica o mais presentes na vida infantil na medida em que diminui a solid o da crian a enquanto os seus pais e familiares est o envolvidos na din mica acelerada e pulsante da vida contempor nea Ent o a presente pesquisa buscou responder o seguinte problema Que possibilidades existem para um projeto de ensino aprendizagem de Educa o F sica na Educa o Infantil para contribuir na forma o de um interlocutor cr tico dos textos televisivos sobre a cultura corporal A partir da segui a partir de duas quest es orientadoras Que sentidos as crian as produzem para a Educa o F sica a partir do texto televisivo sobre a cultura corporal Quais as implica es pedag gicas de tais sentidos produzidos pelas crian as nas aulas de Educa o F sica Para chegar s respostas dessas perguntas esta produ o est organizada em Da minha trajet ria ao problema de pesquisa onde localizei minha trajet ria como professora de Educa o F sica e o modo como nesse percurso emergiu o problema de pesquisa e trouxe a justificativa para a realiza o da mesma O texto segue com a discuss o da etimologia e da hist ria social da inf ncia chegando at o debate contempor neo sobre a crian a e sua rela o 27 com os meios de comunica o no cap tulo Considera es sobre a inf ncia Como meu trabalho tece um debate que se insere especificamente no mbito escolar no cap tulo A Ed
290. em ent o ser analisados Primeiro a id ia de adapta o que coaduna com a l gica de busca de um ideal de homogeneiza o Segundo a busca de um indiv duo h bil para viver numa sociedade que se estrutura em refer ncias de produtividade e tecnicismo de modo que a inf ncia est a concebida como fase de passagem e de prepara o para a vida adulta Ent o a Educa o F sica esteve presente durante todo esse tempo na escola como atividade como Educa o do f sico conforme Castellani Filho 1994 e n o como uma rea de conhecimento que porta um saber espec fico para colaborar na forma o humana e conscientizadora dos educandos Ou seja a Educa o F sica n o se constituiu um componente curricular na escola j que n o possu a especificidade nem objetivos de ensino aprendizagem e era apenas uma pr tica reduzida a si mesma sem reflex o pedag gica como coloca Souza Junior 2001 No mbito espec fico da Educa o Infantil Oliveira 2005 diz que historicamente a Educa o F sica n o se legitimou como componente curricular j que n o contribu a para a amplia o da leitura de mundo das crian as a partir de uma linguagem que lhe fosse pr pria Vale ressaltar que nem mesmo as institui es de atendimento a crian as de O a 6 anos assumiam essa responsabilidade e por isso n o eram postas e nem vistas como entidades educacionais Mas tamb m a Educa o F sica n o se configurou como atividade na med
291. em como fatores importantes para o desenvolvimento do estudo a necessidade de estudar sobre a Educa o F sica no mbito da Educa o Infantil a import ncia de refletir sobre a rela o m dia Educa o F sica a prem ncia de pensar na forma como tal rela o se coloca para as crian as de Educa o Infantil numa escola e no trabalho que a se realiza que se configurou historicamente como a rainha da sucata e por fim a necessidade de se pensar em possibilidades para uma interven o pedag gica atenta para o texto televisivo em conjunto com professores e crian as inseridos no contexto da Educa o Infantil com todas as suas mazelas e conflitos No que se refere Educa o F sica preciso considerar que ela reproduziu na escola segundo Oliveira 2005 inclusive quando direcionada a crian as menores de 6 anos pr ticas pautadas em refer ncias de disciplinamento opress o de corpos e aptid o f sica Por conta dessa realidade Say o 2002 afirma que a Educa o F sica n o se legitimou na Educa o 2 O termo rainha da sucata usado por Rosemberg 2002 no texto Organiza es Multilaterais Estado e Pol ticas de Educa o Infantil para se referir precariedade que em geral caracteriza essas escolas 24 Infantil nem como componente curricular nem como atividade No entanto ap s a Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDBE de 1996 legalizar a Educa o Infantil c
292. embora na escola aquela n o fosse a refer ncia de Educa o F sica em nenhuma das s ries pois o trabalho era desenvolvido a partir de projetos cujos temas relacionavam se s diferentes possibilidades de movimento corporal ao resgate dos jogos da cultura popular constru o de brinquedos com sucatas elabora o de jogos com regras a partir da compreens o do seu conceito Ao perguntar s crian as o porqu daqueles desenhos as respostas versaram sobre o fato de elas terem visto na televis o ou terem ouvido dos pais que era daquela forma que se desenvolviam as atividades da referida rea de conhecimento Sobre a opini o dos pais entendo que elas podem advir tanto de suas experi ncias escolares com a Educa o F sica como tamb m da pr pria televis o E ainda as crian as podem observar as atividades f sicas cotidianamente praticadas pelos mais velhos e relacion las Educa o F sica Mas a minha pr tica como professora de Educa o F sica na Educa o Infantil n o se esgotou a Em 2005 iniciei um novo percurso atuando na forma o de novos professores supervisionando o est gio de acad micos de Licenciatura em Educa o F sica em institui es de Educa o Infantil e atualmente coordenando as atividades de est gio da IES em que trabalho Essa nova fun o teve in cio devido viv ncia com a Educa o F sica escolar pelo fato de na forma o inicial e em n vel de especializa o sempre ter a
293. empo na frente da televis o e carregam muito da m dia com eles mesmos A m dia faz parte da vida da crian a do indiv duo desde crian a da hora que acorda at a hora que dorme Peincipalmente as classes populares que n o t m uma certa cultura ent o a crian a v muita televis o que o recurso mais barato A gente n o vai dizer que a m dia n o necess ria n importante na vida deles Ent o a gente tem que trabalhar com eles isso discutir trazer assim o que eles v em em casa todo dia e o que a gente v no comportamento como luta E a gente saber trabalhar com eles e discutir com eles na sala at para que eles possam saber Fundamentamos o nosso trabalho numa postura s cio interacionista Estamos sempre baseando nosso trabalho em Vigotsky Tamb m fazemos outros estudos em cima de Piaget e Em lia Ferreiro muito na quest o da escrita E acho que tem que fazer assim um conjunto o que elas aprendem fora da escola tem que trazer pra sala de aula At porque tudo que t l fora n o precisa nem a gente pedir Eles trazem E bem mais f cil at para eles mesmos aprenderem coisas dodia a dia do cotidiano deles A crian a o ser humano n o e uma tabula rasa que a crian a mesmo ela talvez n o tendo um conhecimento t o abrangente como o de n s adultos temos ela tamb m tem um conhecimento um conhecimento de mundo
294. emporalmente e ainda tem rela o ntima com as pr ticas econ micas O entendimento da cultura como aspecto influenciado pelas quest es econ micas vem da refer ncia marxista que marca os Estudos Culturais No entanto ela n o totalmente 60 determinada pela economia mas influenciada por ela porque tamb m os aspectos pol ticos e as tradi es culturais se fazem presentes como fatores que desembocam nas pr ticas de uma comunidade Al m disso o conceito de cultura passa a ser mais que artefatos e envolve as pr ticas cotidianas dos sujeitos Nesse sentido Escoteguy 2001 p 157 afirma A extens o do significado de cultura de textos e representa es para pr ticas vividas e suas implica es na r gida divis o entre n veis culturais distintos propiciou considerar em foco toda produ o de sentido E ao enfatizar a no o de cultura como pr tica se d relevo ao sentido de a o de ag ncia na cultura z Desse modo cultura mais do que o tradicionalmente valorizado mais do que as reminisc ncias elitistas e constitui se nas atividades criativas e nas interven es concretizadas em diferentes n veis sociais de modo a legitimar o popular e transcender as hierarquiza es culturais No que se refere aos mass media h reconhecimento das condi es hist ricas como fatores que influenciam a fun o de tais recursos mas os meios de comunica o n o s o vistos apenas como instrumentos da hege
295. ento de seu car ter educacional Esse atendimento deveria ser encaminhado por escolas maternais e jardins de inf ncia e as empresas deveriam manter espa os em coopera o com o poder p blico Por m o contexto educacional brasileiro teve um brusco impacto ap s a institui o da 93 Ditadura Militar em 31 de mar o de 1964 Depois do golpe vieram as leis de 1968 e 1971 com um vi s tecnicista e o sistema educacional explicitamente vinculado forma o t cnico profissional o que ficou ainda mais escancarado com os acordos do Minist rio da Educa o com o United States Agency for International Development MEC USAID que transformou em objetivo priorit rio da Educa o brasileira a forma o de for a de trabalho para a ind stria multinacional crescente no pa s No mbito espec fico da Educa o Infantil conforme Rosemberg 2002 as perspectivas que se colocaram foram conseqii ncia da circula o de id ias do Fundo das Na es Unidas para a Educa o UNESCO e do Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia UNICEF em pa ses perif ricos Se no mbito educacional os acordos MEC USAID representaram a entrada do poderio do tio Sam no Brasil o mesmo aconteceu com a receptividade das id ias divulgadas pelas organiza es multilaterais acerca das a es a serem efetivadas naquele momento para as crian as de zero a seis anos A Educa o Infantil foi posta como meio de combate pobreza e como forma de mel
296. entre conhecimentos cotidianos e conhecimentos escolares o PPP do CEB UEFS traz considera es que se vinculam muito mais perspectiva vigotskiana de desenvolvimento e aprendizagem apesar da frequ ncia com que o construtivismo apareceu no que dizia respeito concep o pedag gica interessante destacar esse aspecto porque esse um ponto fundamental tanto 208 para entender como se constitui a arena de conflitos que se faz essa escola como para pensar em que medida existe a a possibilidade para pensar em uma Educa o f sica que integra a linguagem audiovisual no sentido de formar leitores cr ticos da televis o e de seus textos sobre a cultura corporal Um ponto de an lise que emergiu no contato com o pr prio PPP do CEB UEFS foi a fun o da escola at porque este um dos objetivos de um projeto pol tico pedag gico se levo em conta as considera es de Vasconcellos 2000 sobre esse assunto e se mais que isto considero que quest es relacionadas ao tipo de sujeito que a escola quer formar aparecem tanto aqui como nas concep es pedag gicas assumidas como refer ncia para guiar o trabalho escolar O ponto que aparece como maior fregii ncia do PPP do CEB UEFS em rela o a essa categoria a fun o de formar sujeitos cr ticos e aut nomos que em todas as ocorr ncias aparece de modo direto ou indireto ligado cidadania Cabe ent o uma reflex o sobre cidadania e quero viajar pela Gr cia antiga onde e
297. envolveu se na Fran a a teoria culturol gica atenta aos aspectos antropol gicos e rela o consumidor objeto de consumo ao tratar da cultura de massa Mas as an lises tecidas pelo pensamento franc s n o 58 s o t o simples o que Silva 2001 demonstra ao afirmar que falar de uma escola francesa j em si um paradoxo pois muitos pensadores com diferentes posicionamentos est o a presentes como Edgar Morin Jean Baudrillard Pierre Bourdieu Pierre L vy Roland Barthes para citar alguns Diante do n Silva 2001 localiza amplamente tr s tend ncias que compreendem a comunica o respectivamente como fen meno de domina o como fen meno extremo e como v nculo social complexo Com uma compreens o da comunica o como forma de domina o Bourdieu 1998 no livro Contrafogos entende que os recursos da m dia funcionam para fazer parecer que nada h a opor a vis o neoliberal em um processo de viol ncia simb lica e a que est a for a do discurso dominante Ou seja os meios de comunica o de massa s o respons veis junto com um grupo de intelectuais e pesquisadores que s o a favor desse sistema pela reprodu o de um discurso que busca impor a vis o neoliberal como algo natural Enfim a m dia considerada pelo autor uma formadora de pensamentos e de cultura constituindo uma terceira forma hist rica de subjugar o outro a acultura o j que o genoc dio e a escravid o s
298. ep o de aprendizagem e desenvolvimento como aspectos imbricados e tem implica es para o lugar da escola na vida desses sujeitos Em rela o ao primeiro ponto a concep o de aprendizagem e desenvolvimento h uma compreens o de que as crian as apropriam se dos signos culturais nas suas intera es na pr tica comunicativa que estabelecem com pessoas em espa os tempos diversos E que nessa apropria o como coloca Bakhtin 2004 o sujeito se reflete e se refrata estabelecendo sentido para o mundo e elaborando um olhar sobre si mesmo 226 z Quando se pensa no lugar da escola admite se que essa institui o mais uma experi ncia na vida das crian as e isso fica claro na fala de P6 quando ela afirma que a crian a n o uma tabula rasa e na fala de D1 a crian a est se socializando desde que nasce Essa coloca o traz como pressuposto que essas experi ncias essas vis es de mundo ser o compartilhadas na escola Portanto a crian a assume o lugar de falante de primeira pessoa ao inv s de ele ela e de algu m que na medida em que fala organiza os pr prios pensamentos encontra se com o mundo em que vive posiciona se nele BAKHTIN 2004 Tais posicionamentos geram um comprometimento para a escola e para as a es pedag gicas o professor precisa ser um sujeito que se relaciona com o aluno e n o lhe d ordens os pontos de partida e chegada estabelecidos no curr culo precisam ser din micos
299. eproduzi la e transform la instrumentalizando o para usufruir do jogo do esporte das atividades r tmicas e dan a das gin ticas e pr ticas de aptid o f sica em benef cio da qualidade de vida Nessa perspectiva a Educa o F sica teria por fun o aproximar os alunos da cultura corporal de movimento considerando os diferentes aspectos disciplina cada vez mais presentes no nosso cotidiano atrav s dos meios de comunica o de massa e levando em conta que estes substituem a pr tica pela assist ncia em especial do esporte espetacularizado Ent o a Educa o F sica na escola tem como uma de suas fun es contribuir para a forma o de um olhar cr tico em rela o s mensagens mid ticas BETTI 1998 Entendo como importante ressaltar que apesar de se tratar de uma outra perspectiva na constru o de Darido 2003 muitos di logos podem ser estabelecidos com a obra do referido autor por ser ele um dos professores de Educa o F sica que trata de modo significativo da discuss o dos meios de comunica o e de sua influ ncia sobre os conte dos e o trabalho com 154 a Educa o F sica na escola O autor entende que s o necess rios construir fundamentos para dar conta da rela o meios de comunica o Educa o F sica espa o escolar Al m disso pelo fato de que mesmo assumindo a perspectiva da cultura corporal chamada de cr tico superadora e estabele o no decorrer do trabalho di logos com a filosofia da
300. erente com um sentido destoante das inten es do emissor podendo ser aceita ou recusada de modo que o receptor memoriza e aceita aquilo que lhe mais significativo Por todos esses fatores essa abordagem entende como necess rio atentar para a credibilidade e autoridade do emissor al m da estrutura adequada ou inadequada das mensagens A mensagem e o meio j n o s o considerados t o poderosos diante do receptor mas h uma busca por seu poder de persuas o H desse modo uma complexifica o do processo comunicativo mas sem perder a id ia de que os meios podem e devem influenciar os sujeitos Aspecto que se torna 54 compreens vel quando Wolf 1999 e Fran a 2001 afirmam que a maior parte das pesquisas desenvolvidas dentro da abordagem emp rico experimental foram financiadas pelas grandes corpora es norte americanas de comunica o em busca da melhor efic cia das mensagens sobre o destinat rio deixando claro que essa abordagem est organicamente relacionada com a consolida o da sociedade capitalista e com a forma o de mercados consumidores Uma outra perspectiva posta por Wolf 1999 a abordagem emp rica de campo ou teoria dos efeitos limitados que continua a ter como problema central a exemplo das duas teorias anteriormente descritas o efeito dos meios de comunica o de massa sobre o receptor s que com uma orienta o sociol gica e de car ter qualitativo Nas palavras de Wolf 1999 p 47
301. escola temos assimilado algumas concep es de diferentes correntes e vivenciando algumas repercuss es de outras propostas de ensino seus conhecimentos constru rem proposta dos PCNs adotou a distin o seus sentimentos sua pr pria entre organismo e corpo identidade e consci ncia reflexiva na intera o permanente com outros parceiros fora e dentro da escola cada um se constr i atrav s das a presente proposta entende a rela es sociais pois somos Educa o F sica como uma culltura resultantes de nossa intera o corporal nenhum ser humano est isento de influ ncias e exatamente no seio delas que nos constru mos dialeticamente aceitando as ou rejeitando as incorporando as ou recusando as Dentre as produ es dessa cultura corporal algumas foram incorporadas pela Educa o F sica em seus conte dos jogos o esporte a da a a gin stica e a luta Assim a rea de Educa o F sica hoje contempla m ltiplos conhecimentos produzidos e usufru dos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento Entre eles se consideram fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidade de lazer express o de sentimentos afetos e emo es e com possibilidades de promo o recupera o e manuten o da sa de 331 AP NDICE E 332 Sujeitos 333 MAPA DE ANALISE DE CONTE DO TEM TICA DAS ENTREVISTAS Concep
302. esferas institucionais Tanta aten o s min ncias deve se ao fato de que nem sempre os aspectos Para Smolka 2000 quando se fala em apropria o est em jogo um processo de tornar pr prio algo novo tornar pertinente para si talvez impertinente para o outro aos valores com os quais se convive Ou seja significa transformar se com o novo mas tamb m transform lo 191 significativos das intera es colocam se explicitamente de modo que se faz necess rio atentar para aspectos aparentemente desprez veis Para isso faz se uso do paradigma indici rio proposto por Ginzburg 1989 que se pauta em res duos sinais pistas Ainda de acordo com Ginzburg 1989 o paradigma indici rio t o antigo quanto o pr prio ser humano j que este sobreviveu e sobrevive em algumas realidades da ca a que se implementa atrav s de ind cios tem base na semi tica Em rela o a esse mesmo aspecto Pino 2000 pontua que a ca a representou no processo de desenvolvimento humano a entrada na cultura por exigir a cria o e uso de instrumentos e a comunica o Ou seja o conhecimento produzido nasce na pr tica na experi ncia de modo que a pr pria cultura que tem in cio com o trabalho realizado por ind cios sinais nasce na rela o do homem com a natureza Em outras palavras os ind cios s o ascendentes da cultura Enquanto paradigma a id ia dos sinais j vem se colocando desde a Antigiiidade em especial na Gr
303. essa intera o que a crian a agrega ao super her i aspectos da realidade de seu cotidiano a rela o com os pais os professores que ir o contribuir para a interpreta o valora o e aprendizagem com esses her is atribuindo sentidos tanto para ele quanto para a realidade No caso descrito em rela o crian a do Grupo 4 e o Flash a crian a estabelece intera o com o super her i a partir de sua caracter stica principal que ser r pido Ent o logo associa intera o algo que real na aula de Educa o F sica correr Desse modo estabelece se uma constru o de que a aula de Educa o F sica faz bem para o her i para o desenvolvimento de sua caracter stica porque ao treinar o correr ficar ainda mais r pido N o muito diferente no caso do Grupo 05 em que as crian as levam os super her is para participar da aula de Educa o F sica afinal nessa aula que h mais liberdade para a realiza o de diferentes movimentos corporais inclusive aqueles que caracterizam as lutas presentes nos desenhos N o algo proposto pelo professor de Educa o F sica mas as crian as convidam seus amigos e her is virtuais a se fazerem presentes A segunda atividade da aula ningu m teve tempo de saber qual era porque como a atividade faria uso de uma bola antes mesmo que o professor explicasse as crian as pegaram a bola e come aram a jogar futebol Momento no qual um dos meninos fez um gol e saiu correndo
304. esso talvez inconsciente de democratiza o da vit ria Isto mostra que as crian as n o s copiam o texto televisivo mas o reconfiguram de acordo com seus desejos Findado o momento da brincadeira fiz a roda com as crian as Come amos conversando sobre o porque se gosta tanto de tais desenhos As respostas foram as mesmas de oficinas anteriores relativas for a aos poderes a salvar o mundo Questionei sobre Por que voc s s brincam da parte da luta LZ Porque eu gosto AS E a gente n o bate de verdade PESQ E voc s acham que na televis o eles batem de verdade GB N o AS A gente sabe que de mentirinha Apesar de toda a influ ncia que a televis o tem na vida das crian as elas mostram saber que a verdade da TV n o real Ou seja assim como seus jogos a televis o trabalha no plano do faz de conta fator que as crian as conhecem e gostam Isto d a possibilidade de construir infer ncias por duas vias A primeira que as crian as gostam tanto da TV porque a forma desse meio de falar sobre a realidade aproxima se do modo como a crian a no per odo de desenvolvimento do jogo simb lico apropria se da realidade e do contexto em que vive A segunda via que se amplia a possibilidade de uma leitura cr tica da TV porque a crian a n o est rendida por essa fantasia Ela mostra estar atenta para a possibilidade de o mundo real mostrar se de outra forma e ser co
305. evitar o aparecimento de disfun es controlar as tens es e promover a adapta o e integra o do organismo ao ambiente Esses subsistemas s o formados por diferentes estruturas sendo uma delas os meios de comunica o que trabalham na difus o de informa es com dois objetivos alertar os cidad os diante de perigos e amea as e fornecer instrumentos para atividades institucionalizadas na sociedade capitalista al m de prevenir poss veis disfun es do organismo social numa l gica de integra o dos meios de comunica o e da estabilidade financeira e econ mica Lazarsfeld e Merton 2005 analisam que os mass media s o financiados pelo Estado e reafirmam a aceita o da estrutura social que a se tem No entanto preciso ter consci ncia dos efeitos dos mass media na vida das pessoas em especial a decad ncia do gosto est tico No entanto os pr prios meios de comunica o geram um efeito disfuncional porque empobrecem as experi ncias culturais dos sujeitos no seu tempo livre tornando os uma massa ap tica Outra quest o abarcada pela teoria funcionalista s o os usos que as pessoas fazem dos mass media a partir de suas necessidades e do seu contexto Na perspectiva dos usos e satisfa es considera se o efeito da mensagem a partir do contexto comunicativo com que h uma compreens o de que o receptor n o invariavelmente influenciado pela mensagem No entanto Wolf 1999 pontua que quando se fala do receptor e
306. experi ncia corporal do outro aspirando tornar essa brincadeira uma experi ncia vivida E na experi ncia vivida tomando os pressupostos vigotskianos de aprendizagem e desenvolvimento que se d a possibilidade de mudar a forma de rela o das crian as com os signos que passam a circular pelo meio televisivo pois s o promovidas intera es sistem ticas e intencionalmente pensadas pelo educador Essas intera es ampliam os recursos simb licos que as crian as t m para se relacionar com diversos enunciados entre os quais os televisivos no seu processo de apropria o No Grupo 05 solicitei que as crian as formassem a roda logo que entrei na sala Ent o falei o que seria feito no dia e comecei a contar a hist ria durante a qual as crian as tiveram rea es de riso em muitos momentos e fizeram coment rios como JC Eu n o sou louco pelas m quinas n o 247 M Eu sou Adoro televis o RB Eu tamb m No final da hist ria perguntei quem gostava de televis o e todas as crian as responderam que sim Ent o sugeri a produ o dos desenhos de programas ou personagens preferidos e eles gostaram da id ia Ent o desfizemos a roda todas as crian as foram para as mesas e repeti o procedimento do grupo anterior Enquanto eu explicava a proposta de atividade elas iam dizendo que gostavam de desenhos animados Expliquei que cada um deveria desenhar aquilo que mais gostasse A M disse
307. fato de que mesmo tratando se de um avan o a crian a ainda n o est presente no debate nem como pessoa nem como voz Est posta mesmo como um problema a ser resolvido Solu o que passa pela garantia de um direito ao trabalhador e n o a ela pr pria Acurando ainda mais o olhar n o se est falando da possibilidade de reflex o pedag gica sistematizada por parte da crian a sobre temas de relev ncia social Outro olhar que passa a se fazer presente no per odo conhecido como Era Vargas segundo Kramer 2003 a Educa o moral e higi nica a eugenia da ra a que junto com a 91 pol tica de Seguran a Nacional e de forma o para o trabalho formou um trip de conceitos que ganhou for a crescente Nesse contexto surgiram as primeiras regulamenta es de creches e jardins de inf ncia Estes para atender s classes mais abastadas influenciadas pelas id ias da Escola Nova consonantes com os interesses da burguesia industrial e com o desejo de ascens o social das massas urbanas E aquelas como um paliativo para as condi es sociais urbanas O intuito era mesmo de manter a futura m o de obra de modo que se configurou um atendimento de cunho sanitarista Os jardins de inf ncia tanto no Brasil quanto na Europa atendiam s classes m dias e altas Na sua implementa o Kuhlmann Jr 2004 pontua que se utilizava at o termo pedag gico tanto como forma de atrair as classes mais abastadas quanto como um modo de difere
308. fazer a atividade mas depois se dispersaram come aram a correr pela quadra enquanto o mesmo aluno que havia perguntado pela bola na primeira aula fazia de conta que estava Jogando basquete com o giz que lhe foi dado pelo professor Mesmo assim a atividade foi feita e o professor analisou com as crian as os corpos desenhados o que faltava neles e as crian as um pouco fazendo e um pouco correndo foram colocando olhos boca nariz roupas cabelo Nesse primeiro momento da aula duas coisas chamam aten o Uma diz respeito perspectiva de Educa o F sica que est posta na pr tica do professor pois falar em conhecimento do corpo algo que caracteriza a abordagem construtivista de Educa o F sica Falar em demonstrar diferentes movimentos seria pr prio do desenvolvimentismo preciso lembrar que na entrevista o RCNEI apareceu como refer ncia e de fato as contradi es te ricas a postas aparecem no cotidiano do trabalho do professor estagi rio O fato que at esse momento das observa es n o apareceu nenhuma interven o 286 diferente do sentido de realizar movimentos corporais e desenvolver a motricidade As crian as que v o com outras aprendizagens e media es estabelecendo um sentido para a Educa o F sica E a outra o papel de jogador de basquete representado por um educando o que mais uma vez faz emergir a rela o dessas crian as com o esporte De novo faz se concreta a tese de Be
309. ferentes diante da aprendizagem e do desenvolvimento pressup em posturas diversas de ensino aprendizagem Na organiza o dos conte dos segundo as coloca es de Arantes 2003 h uma perspectiva etapista que entende o desenvolvimento como um pr requisito para a aprendizagem e n o como aspectos concomitantes e interdependentes Por isso como j afirmei antes tem se uma prerrogativa de trabalhar do mais simples para o mais complexo Mant m se de tal modo uma l gica linear de ensino e aprendizagem al m da homogeneiza o de todas as crian as num referencial idealista e de fantasmagoria Est presente al m disso a j posta desculturaliza o do movimento e portanto um vi s biologicista em seu bojo Na perspectiva chamada por Darido 2003 de abordagem sist mica cita se Betti como principal refer ncia Betti e Zuliani 2001 diz que dentro do atual contexto social caracterizado por mudan as constantes e uma extrema instabilidade que caracterizam as sociedades contempor neas a Educa o F sica e seus objetivos devem ser repensados no sentido de formar um cidad o capaz de se posicionar criticamente diante das novas formas da cultura corporal de movimento Nas palavras de Betti e Zuliani 2001 p 75 A Educa o F sica enquanto componente curricular da Educa o B sica deve assumir ent o uma outra tarefa introduzir e integrar os alunos na cultura corporal de movimento formando o cidad o que vai produzi la r
310. fetivado que enxerga de dado modo a organiza o social e que se contrap e ao modo capitalista de organiza o Para question lo ent o preciso utilizar das mesmas estrat gias que o grupo hegem nico que faz uso do conhecimento Ent o preciso ir escola compreender a escola e faz la tamb m espa o de conflito Para tanto n o cabe mais considerando o contexto da comunica o e do acesso s informa es na contemporaneidade e os impactos sociais que eles geram uma rela o vertical entre professor e aluno Primeiro pelas pr prias transforma es nas rela es entre crian as e adultos s quais me referi no segundo cap tulo Segundo porque j n o cabe considerar que a crian a chega escola sem saber pois como afirma Vigotski 1998 a crian a vai constituindo socialmente em todas as suas experi ncias das quais contemporaneamente faz parte o texto televisivo conhecimentos cotidianos que a escola deve considerar e aproximar dos conhecimentos cient ficos Para Brouge re 2004 num debate espec fico sobre os desenhos animados os professores da contemporaneidade para conhecer a cultura infantil devem afastar se de uma vis o exclusivamente negativa desse elemento o que mostra uma fraqueza na proposta cr tica de educar e conhecer esse discurso para poder analis lo com os alunos Portanto considera se o discurso televisivo como aspecto que deve ser objeto de an lise trabalhado pedagogicamente par
311. fil sofos gregos de que as crian as n o tinham valor enquanto cidad s constituindo se apenas como possibilidade de futuro Em rela o a essa realidade ries 1981 fala da aus ncia de um sentimento de inf ncia como caracter stico das sociedades antigas nas quais as crian as eram concebidas como adultos em miniatura e aprendiam os valores e s mbolos sociais participando das mesmas atividades do adulto de sua condi o J os romanos de acordo com ries 1981 desenvolveram uma no o de inf ncia a partir da id ia de vergonha pois havia segredos dos adultos em especial aqueles relacionados s quest es sexuais que deveriam ser escondidos dos pequenos e foi nessa civiliza o em 374 d C que se proibiu a pr tica do infantic dio No entanto a queda do Imp rio Romano marcou o in cio de um per odo conhecido como Idade M dia no qual a Igreja Cat lica centralizou o poder pol tico e imp s um modo de vida que atendesse seus interesses A imposi o do modo cat lico de pensar foi marcada com a repress o pela for a e os cap tulos dessa hist ria foram escritos com o sangue de todos aqueles que de algum modo pudessem representar o questionamento do poder divino Em tal contexto nas castas sociais mais privilegiadas a crian a era tratada como objeto divino como brinquedo como engra adinha Esse tratamento denominado por ries 1981 de paparica o Apesar de tal olhar n o havia grande envolvimento
312. fios Primeiro desenvolver pesquisas que levem em conta as realidades escolares e dialoguem com os sujeitos que constituem e constroem o cotidiano da escola para assim construir na perspectiva de uma filosofia da pr xis os rumos dessa legitimidade e operacionaliz los Esse olhar superador exige ainda assumir os embates no mbito pol tico para garantir os direitos da inf ncia e n o permitir que a crian a e a sua Educa o sejam reduzidas a um olhar economicista colaborando para que se entranhem na escola a id ia de afronta criativa de constru o contra hegem nica de desnaturaliza o do senso comum imposto por vias cada vez mais elaboradas e complexas 163 4 2 A cultura corporal tamb m est na TV Quando se considera que a Educa o F sica est na escola para tratar pedagogicamente de uma linguagem dentre as tantas que devem ser contempladas no espa o escolar e que essa experi ncia ir aproximar as crian as de conhecimentos cient ficos e culturais importante considerar tamb m que conhecimentos cotidianos sobre essa linguagem s o articulados na intera o com as crian as virtuais com os enunciados televisivos Ou seja todo o impacto da TV sobre a escola est presente no trato pedag gico de todos os conhecimentos inclusive aqueles que dizem respeito Educa o F sica Encontro refor o para essas reflex es nas coloca es de Betti e Zuliani 2001 ao afirmar que a cultura corporal tem aparecido com
313. forma bastante comentada socializando com os colegas o que iriam desenhar Enquanto isso duas crian as que tamb m discutiam o que iam desenhar come aram a brincar de luta no ch o da sala j anunciando o que seria desenhado Nesse momento solicitei que eles sentassem para fazer a atividade proposta Uma crian a P chamou me para dizer que n o sabia desenhar seu personagem favorito Sugeri que ela fizesse do jeito que conseguisse fazer do jeito que achava que era Nas mesas com grupos de 4 crian as elas continuavam discutindo o que iam desenhar ao mesmo tempo que j desenhavam e disputavam os l pis As crian as entretiveram se na produ o do desenho e eu ia passando pelas mesas e conversando com elas sobre o que estavam produzindo Em geral al m dos programas as crian as desenharam o contexto em que assistem televis o ou detalhes do aparelho de TV colocaram at o n mero que corresponde ao canal em que se tem acesso ao programa preferido deixando claro que a televis o ocupa espa o central na vida da fam lia e no tempo em que as crian as est o em casa Portanto trata se de um recurso significativo de comunica o e informa o ou melhor de uma amiga cotidiana W foi uma dessas e me devolveu o desenho dizendo Eu es tava assistindo Picapau IV identificou seu desenho Bobesponja que aparecia como um companheiro de brincadeira na sua produ o mostrando o modo como se d a intera o
314. gens PROJETO POL TICO PEDAG GICO CEB UEFS 1998 s n Esse ponto leva me a duas considera es refor a se o reconhecimento de que a escola n o pode ficar alheia aos recursos tecnol gicos o que clama para uma pr tica educativa que integra mundo escolar e extra escolar pois se a escola existe para ensinar a ler como dizem Mart n Barbero e Rey 2004 n o h sentido deixar de fora os textos e relatos constitu dos pelas linguagens que s o caracter sticas da contemporaneidade A segunda considera o que mais uma vez o documento passa a discutir forma o Nesse ponto o PPP do CEB UEFS tanto confronta a hist ria da Educa o Infantil falando de um profissional com forma o como enfrenta a postura de isolamento que a institui o escolar tem tido diante das tecnologias o que lhe possibilita enxergar mais um caminho para vencer os desafios que se cristalizaram em pr ticas retr gradas no trabalho escolar como a perspectiva da aprendizagem linear e do conhecimento fragmentado Ou seja o CEB UEFS n o se poupa da pergunta sobre a recomposi o das linguagens e escritas com os recursos tecnol gicos e qual seu lugar como produtora de cultura Todavia quando se prop e sobre o trabalho com essas tecnologias s o seis 219 ocorr ncias sobre as tecnologias reduzidas a recurso pedag gico deixando emergir no pr prio projeto uma esquizofrenia pedag gica ou um n o saber o que fazer com essas tecnologias E essa re
315. gerido porque se gosta dos Jogadores ou porque se gosta de assistir numa vincula o entre a a o de assistir e a possibilidade de vivenciar o que se v A dan a nesse caso aparece por conta da Dan a do 277 Faust o que n o foi nem citado nas oficinas anteriores mas que aparece agora como uma refer ncia para a sugest o da aluna em rela o aula de Educa o F sica No Grupo 06 o encaminhamento da oficina foi o mesmo realizado nas outras turmas Na roda de conversa as crian as disseram que K O professor de Educa o F sica faz v rios jogos para brincar Mas queria aprender futebol W Quando vai para a Educa o F sica ta treinando um monte de coisa corrida pular bambol DL Jogar futebol porque eu sou igual a Ronaldinho mas eu sou melhor Na Educa o F sica eu n o uso meu poder porque tem que esconder e porque o professor n o faz n o Ele faz umas coisas de correr RKR N o tem jogo de bola A aula de correr DP Na aula a gente faz algum tipo de brincadeira Eu queria que tivesse o goleiro os jogador es fazer o gol Essa tamb m foi a solicita o de IV MH P e LC porque aprende a chutar a bola disse GR e porque Eu queria que tivesse esporte disse P Uma outra coloca o em rela o ao esporte foi de GR que falou Queria esporte porque eles s o do pan americano e tem medalha Ia gostar d
316. gin stica movimentos diferentes com o nosso corpo e que se aprende sobre como esses temas s o em v rios lugares do mundo de onde eles vieram Penso que ela se sentiu satisfeita por ter ouvido um Ah bom A segunda situa o que muitas crian as voltaram para a sala brincando de faz de conta que eram os Power Rangers grintando Hora de morfar fala dos her is quando v o se transformar para enfrentar os monstros pegando galhos ca dos no ch o para fazer de espada e escudo e fazendo movimentos de luta vivenciando espontaneamente e a partir de sua experi ncia dois temas da cultura corporal o jogo de faz de conta e as lutas A mim algumas perguntas tornam se inevit veis se as lutas representadas nos desenhos banaliza a viol ncia e estimula o consumo o que fazer com elas nas aulas de Educa o F sica Uma poss vel resposta tamb m se apresenta a partir de quatro pressupostos que s o as falas do pr prios docentes nas entrevistas quando afirmam que os conhecimentos produzidos no cotidiano devem ser o ponto de partida para o planejamento o que diz Vasconcellos 2000 ao considerar que o PPP o guia das a es escolares e deve conter uma leitura da realidade e um levantamento das necessidades dos educandos e as afirma es de Kramer e outros 2003 de que as demandas e curiosidades das crian as tamb m devem ser detonadores de temas geradores a serem discutidos e ainda Martins M H 2005 ao apontar a necessida
317. gnificativa as outras duas coloca es tornam ainda mais conflituoso o cen rio do PPP do CEB UEFS e da pr pria escola quando compreendo que o documento foi produzido no contexto e fala dele E mais quando retomo a compreens o de que o guia das a es escolares o projeto O que se tem na mesa do jogo quando se fala em interdisciplinaridade Para Saviani 2006 a organiza o da proposta curricular da escola e as a es que se efetivam em sala de aula devem possibilitar aos alunos a leitura cr tica da realidade partindo das a es cotidianas das crian as e a elas direcionando se no sentido de garantir que a apropria o do conhecimento se d de forma significativa Para tanto indispens vel uma postura interdisciplinar porque de acordo com Saviani 2006 e Brinhosa 2003 ela possibilita transcender o trabalho pedag gico engessado pela disciplinariza o permite uma a o integrada entre o contexto escolar e o mundo do lado de fora dos muros e grades exige que se supere a l gica cient fica fragmentadora e racionalista e potencializa uma postura de participa o coletiva e di logo na sala de aula entre professores e crian as Todavia o que significa dizer que se faz uso da v rias correntes Aqui cabem infer ncias no sentido de salientar que o conflito que envolve a institui o escolar no contexto neoliberal est posto na realidade do CEB UEFS E seria de se estranhar se fosse diferente Como indica o desse c
318. grandes companhias p blicas e privadas convivendo umas com as outras em muitos pa ses Desse modo na d cada de 1950 logo ap s a Segunda Guerra Mundial floresceu a idade da televis o nas palavras de Briggs e Burke 2004 Inicialmente como um bem de luxo mas tendo paulatinamente um barateamento e um alcance cada vez maior por conta do interesse de grandes corpora es norte americanas de modo que a televis o se tornou um dos mais significativos meios de transmiss o cultural do Ocidente industrializado A televis o aspecto destacado tanto por Thompson 1995 quanto por Briggs e Burke 2004 gerou o aumento na disputa pela publicidade que por sua vez diminuiu nos jornais Era a propaganda que garantia lucro para as empresas privadas de TV e para os comerciantes de produtos variados Outro ponto que Thompson 1995 destaca o aparecimento de redes interessadas na difus o educacional Mas como no r dio havia sempre um pequeno or amento e menos horas de exibi o Assim desde o come o da TV convivem emissoras comerciais e educacionais Em geral as primeiras est o ligadas a redes privadas de TV e almejam o entretenimento lucrativo ao passo que as emissoras educativas normalmente ligam se TV p blica padr o mais seguido na Europa Apesar dessa popularidade da TV o r dio n o acabou e continuou tendo um espa o 51 forte na vida pol tica econ mica e dom stica em especial com o desenvolvimento de sons para
319. ho com projetos entre os quais inclusive consigo estabelecer rela o por haver uma sele o de aspectos socialmente relevantes que ser o tratados de modo interdisciplinar a partir do di logo com as crian as considerando o que j sabem zona de desenvolvimento real o que t m curiosidade de saber o que pode o docente apresentar num processo de acesso mediado ao conhecimento de pesquisa de aventura dialogada de horizontalidade h possibilidade de integrar de modo interdisciplinar a Educa o F sica tanto na proposi o de Soares 2001 2002 como na proposta de Barbosa 2001 2002 Ent o o PPP do CEB UEFS traz uma possibilidade significativa de inserir a Educa o F sica de forma significativa no curr culo da Educa o Infantil Mas o curr culo como j pontuei em outro momento uma sele o de conhecimentos cient ficos e culturais que s o considerados importantes na forma o dos educandos E essa escolha n o se d aleatoriamente mas a partir de posicionamentos ideol gicos e pol ticos configurando uma eterna continuidade daquele cabo de guerra ao qual me referi quando fiz a discuss o da concep o pedag gica da escola A rea de conhecimento Educa o F sica diz o PPP trabalha com uma linguagem chamada de cultura corporal O conceito de cultura corporal uma s ntese proposta por 215 Soares e outros 1992 na tentativa de definir qual o objeto de que trata a Educa o F sica superando as pe
320. ho escolar mas um recurso participativo aqueles que constroem e realizam a escola Nesse caso o texto analisado retrata um contexto e foi produzido nele pr prio de modo que traz em si as contradi es e embates que se concretizam no referido espa o Contudo segundo Minayo 2006 o documento precisa ser questionado pelo pesquisador sendo que eu atentei para tr s aspectos concep es pedag gicas que norteiam as a es da escola a rela o entre conhecimentos cotidianos e conhecimentos escolares em tal concep o e a concep o de Educa o F sica apresentada Ainda com a inten o de conhecer o espa o da escola e sobre o cotidiano da sala de aula realizei entrevistas semi estruturadas com alguns sujeitos da escola Na perspectiva de Minayo 2006 a entrevista semi estruturada deve guiar uma conversa com a finalidade de aprofundar a comunica o entre pesquisador e sujeitos e contribuir para que ju zos vis es e valores dessas pessoas sobre dado fen meno possam emergir A entrevista norteou conversas com a diretora denominada de D1 coordenadora que chamo de C1 professoras professores dos grupos de 4 a 6 anos de idade chamados de professora do grupo 04 P4 professora do grupo 05 P5 professora do grupo 06 P6 professor estagi rio de Educa o F sica PEF e estagi rias dos grupos de 4 a 6 anos de idade chamadas de estagi ria do grupo 04 E4 estagi ria do grupo 05 E5 estagi ria do grupo 06 E6 A
321. ho pautado num projeto hist rico diferente do capitalista n o s de forma silenciosa mas tamb m declarando aos quatro ventos o desenvolvimento do trabalho e as aprendizagens por ele promovidas No que diz respeito rela o entre os conhecimentos cotidianos e os conhecimentos escolares de modo geral as considera es observam a import ncia das experi ncias cotidianas e dos conceitos que a se articulam na pr tica escolar Somente E4 baseada em uma situa o que vivenciou na sala de aula diz que a escola ignora Um fato pouco para fazer tal afirma o mas d ind cios de que em alguns momentos podem se fazer presentes as esquizofrenias pedag gicas e os conflitos no que se refere a ouvir a voz da crian a e respeitar 239 seu modo de ser na contemporaneidade Todavia posso dizer que est o postas as condi es para dialogar com as crian as sobre o que assistem na TV o que isso tem a ver com a Educa o F sica e como gostariam que fossem as aulas dessa rea de conhecimento Na categoria fun o social da escola aparece tanto aspectos que coadunam com a perspectiva da Educa o Infantil como espa o de cuidar e educar como tamb m permanecem alguns ran os como a perspectiva de preparo para o futuro de pr escola e de adapta o sociedade que me remete a um projeto educativo vinculado a uma perspectiva conservadora e desigual de sociedade e a uma vincula o da Educa o aos preceitos do mercado j que se f
322. horar o desempenho nas s ries mais adiantadas Com esse fim os modelos sugeridos baseavam se na perspectiva do baixo custo com modelos ditos alternativos Al m disso as crian as eram postas como o futuro da na o de modo que seu desenvolvimento era visto como necess rio ao progresso social Assim disseminou se a id ia de que as crian as das classes populares sofriam de priva es nutricionais e culturais e estas deveriam ser compensadas na escola Assim as institui es passaram a admitir como paradigma a chamada Educa o compensat ria herdada da influ ncia norte americana Objetivamente o que se buscava que as crian as alcan assem um padr o de crian a burguesa Esta abstrata ideal fantasmag rica Estava posto mais uma vez o lugar da crian a como aquele que precisa ser moldado E o processo de lapida o se dava nessa conjuntura subjacente a um discurso de prote o de compensa o de car ncias para que a inf ncia pobre tivesse a possibilidade de se aproximar da f rma da crian a ideal Contraditoriamente conforme Rosemberg 2002 foi nesse per odo que come aram a se desenvolver nos pa ses do primeiro mundo as id ias de crian a como sujeito social e hist rico de direitos e o atendimento crian a de zero a seis anos de idade come ou a tomar o rumo de integra o entre cuidado e Educa o O per odo da Ditadura Militar assistiu tamb m segundo Ghiraldelli Jr 2003 a um intenso c
323. humano Para o referido autor o brinquedo o ato de brincar e jogar preenchem as necessidades das crian as especialmente aquelas que n o h como saciar imediatamente o que contribui para que a crian a se envolva num mundo imagin rio A imagina o portanto uma atividade humana consciente porque normalmente a mem ria de uma situa o real mas em que a crian a busca atingir algum objetivo E mesmo que a crian a n o tenha consci ncia do que lhe leva a o de brincar ela adquire regras de comportamento na medida em que tenta imitar e exibir imaginariamente um jeito de ser Vigotski 1998 afirma ainda que atrav s do brinquedo a crian a consegue transitar do est gio em que a percep o e o significado se confundem em que os objetos determinam sua a o para o est gio em que as id ias determinam a a o agora determinada por regras impl citas ou expl citas As regras para esse pensador s o um elemento essencial e sempre presente no jogo infantil pois toda situa o imagin ria possui regras e todo jogo de regras 157 possui uma situa o imagin ria Isto fica claro na afirma o de que o papel que a crian a representa e a rela o dela com o objeto se o objeto tem seu significado modificado originar se o sempre das regras VIGOTSKI 1998 p 125 Al m disso no brinquedo a crian a inclui a es e objetos reais interpretando os e valorando os porque nem tudo no comportamento da crian a
324. humanos os criadores dos mesmos J para a crian a e Souza 2003a traz isto de modo de muito pertinente esses recursos aparecem como brinquedos com os quais se inventa jogos e se experimenta desafios Assim a crian a passa a ser algu m que tem o que ensinar ao adulto e n o fica apenas no lugar de aprendiz Desse modo n o h mais lugar para concep es de inf ncia pautadas em modelos que colocam o ser adulto como refer ncia que a crian a precisa alcan ar pois essas postura negadora da inf ncia e enfatiza a linearidade e a cronologia preciso considerar para Ribes e Souza 1998 que a crian a constr i e reconstr i o mundo a partir de seu olhar infantil No entanto as pr ticas sociais que caracterizaram a hist ria da sociedade ocidental foram encharcadas de a es para separar crian as de adultos numa rela o de que os adultos que governam o destino infantil a partir de um referido saber No entanto hoje temos as refer ncias das crian as que n o precisam dos adultos como colocam as crian as da TV e h pontuam as mesmas autoras uma adolesc ncia e juventude 82 que se alargam sem inquietude para ser adulta E esse mesmo distanciamento que faz com que o adulto n o saiba sobre a crian a n o saiba o que fazer com ela e a possibilite ainda mais uma inser o na cultura mediada pela ordem do virtual pelos meios de comunica o H ainda um outro fator tratado por Mart n Barbero e Rey 2004
325. i logo a escola apresentar para os educandos conhecimentos cient ficos e culturais historicamente elaborados pela humanidade dos quais a crian a ir se apropriar internalizar e compreender Tanto as id ias de compreens o como de di logo permitem trazer para o jogo a for a das coloca es de Bakhtin 2004 para quem dialogar significa confrontar se com os enunciados do outro e com todas as vozes a contidas e que interpretar e compreender exigem achar o lugar de um determinado tema posicionando se em rela o a ele Ou seja esses processos exigem posturas responsivas e criativas diante daquilo com que se teve contato A escola sai do lugar de transmissora de conhecimento e passa a ser lugar de produ o cultural Falar em produ o cultural tirar a escola do lugar onde ela esteve historicamente Retomo ent o Farias 2005 quando ela pontua que a escola sempre representou e ainda representa um espa o de confinamento em que sob a desculpa da prote o o adulto imp e crian a determinados modos de ser e de se comportar roubando lhe noventa e nove de suas cem linguagens Al m disso traz uma implica o pol tica da escola criada no alvorecer da modernidade para atender os interesses de uma classe constituindo se em estrat gia cultural de domina o domestica o submiss o desde a inf ncia Trazer o lugar hist rico da escola de Educa o Infantil que discuto aqui especificamente falar al m dos aspectos po
326. ia dos estudos culturais ingleses e o que Holfeldt 2001 chama de hip teses contempor neas de pesquisa em comunica o al m do ponto de vista da semi tica Entendo que importante fazer a apresenta o e discuss o das teorias da comunica o apesar de j ter dado pistas do meu posicionamento para esclarecer o modo como concebi a comunica o e arquitetei as reflex es para as intera es que se fazem via meios de comunica o Na perspectiva da teoria hipod rmica segundo Wolf 1999 h uma compreens o de que o p blico diretamente atingido pela mensagem de modo que h uma preocupa o central com o efeito dos mass media especialmente a propaganda que como j salientei foi e importante na guerra e se constitui o motor lucrativo das grandes corpora es envolvidas 53 com a difus o radiof nica e televisiva Essa perspectiva tem o behaviorismo como uma de suas bases de modo que a mensagem emitida o que dito o est mulo que vai gerar uma resposta efeito homog nea nos sujeitos a quem se diz da sociedade de massa bem ao gosto do modelo de Lasweel proposto na d cada de 1940 Um coment rio de Ferreira 2001 p 108 d o tom do contexto em que foi elaborada e alcan ou destaque a teoria hipod rmica De um lado a teoria social refor a que o indiv duo est isolado e desprovido de cultura de outro a teoria psicol gica enfatiza que ele se comporta segundo os ditames dos est mulos Eis o
327. ia ter Mas o professor n o tem skate disse L Podia ter boliche falou N J AZ entrou no time dos que acham que na Educa o F sica n o joga bola e eu ia gostar de aprender que foi o que tamb m sugeriu R J AL falou que Aqui tem piscina e n o faz nata o No grupo da dan a ficou L que disse Eu gosto de dan a e na Educa o F sica podia ter dan a Podia fazer escalada na grade referindo se ao alambrado da quadra disse T porque o Homem Aranha fica subindo Na quadra tem como jogar 276 basquete e o professor podia fazer disse E Eu queria ter uma aula que voasse mas o professor n o sabe fazer isso disse V As falas das crian as sobre o que pode ser vivenciado nas aulas de Educa o F sica s o mais amplas do que os conte dos dos desenhos e brincadeiras que experimentamos Claramente ligado aos produtos televisivos est o as proposi es de escalar na grade e de voar sendo que a aluna tem consci ncia da impossibilidade de concretiza o do que est propondo O esporte tamb m apareceu no meu percurso com as crian as inclusive o basquete como coisa de menina e o futebol como coisa de menino A nata o conhecida mas n o fica clara a refer ncia a fonte de conhecimento mas a crian a reconhece a possibilidade de sua viv ncia j que h uma piscina no Parque Esportivo No Grupo 05 como j descrevi acima
328. ialmente interessante retomar que isso se d devido altera o e diversifica o das possibilidades de comunica o intera o humanas pelas mudan as nas formas de produzir e fazer circular os s mbolos culturais pela amplia o no espa o tempo de acesso a diferentes enuncia es pela maior quantidade de informa o que circula e pela transforma o nas dimens es do p blico e do privado preciso e considero importante retomar tamb m com apoio em Briggs e Burke 2004 que os recursos de comunica o n o s o geradores de todas as mudan as sociais mas encontram na pr pria organiza o da sociedade contempor nea espa o para seu desenvolvimento e dissemina o e assim geram uma s rie de outras mudan as e novas necessidades No que diz respeito especificamente inf ncia esses impactos s o vistos de muitas maneiras por pensadores diferentes de modo que duas grandes posi es que n o s o de todo antag nicas aparecem na discuss o tecida por mim no referencial te rico da pesquisa a primeira postulada por Postman 1999 diz que as tecnologias especialmente a televis o s o respons veis pelo desaparecimento da inf ncia a segunda entende que as tecnologias fazem com que a inf ncia contempor nea se constitua de um outro modo que lhe tira do lugar de n o saber devido ao fato de as crian as brincarem com os mais diversos recursos tecnol gicos e passarem a poder ensinar aos adultos sobre sua manipula
329. ian as com mundo est o cada vez mais racionalizadas porque essa uma caracter stica do pr prio mundo E ele segue afirmando que n o nos permitimos dialogar com o mundo fora do uso da racionalidade pr condicionada pelas refer ncias certeiras do mundo cultural e cient fico colocado a nossa disposi o KUNZ 1994b p 22 Ou seja os sujeitos constituem na contemporaneidade o mundo do pr moldado porque tudo est igual e normalmente determinado pela m o invis vel do mercado que faz uso dos recursos tecnol gicos e eletr nicos mais diversos Ent o aparecem ainda na mesma refer ncia como possibilidades de conhecer a si mesmo e poder pensar num movimento de questionamento de tal estado das coisas a linguagem e o movimentar se humano como um di logo com o mundo Desse modo a Educa o F sica na escola deve possibilitar a experi ncia e a viv ncia do movimentar se humano livre criativo e aut nomo Outro destaque que considero importante fazer que nessa refer ncia que se desenvolve a maior parte dos estudos da rea de Educa o F sica que faz vincula o com aspectos da comunica o Como pontuei n o essa a perspectiva de Educa o F sica que assumo e n o ser tamb m a perspectiva de comunica o que assumirei j que fiz op o pelos estudos da chamada escola latino americana de comunica o cujas refer ncias est o pautadas nos estudos de Gramsci e ainda pelo trabalho com os conceito
330. ica es cognitivas sobre os esquemas de conhecimentos dos indiv duos e n o mais comportamentos e atitudes Nas palavras de Wolf 1999 p 140 141 real a se o car ter processual da comunica o que analisada quer na sua din mica interna quer nas suas rela es com outros processos comunicativos anteriores ou contempor neos A dura o do espa o de tempo em que esses efeitos se tornam percept veis e s o de qualquer forma mensur veis portanto bastante ampla Evidencia se a intera o e a interdepend ncia permanente dos factores que entram em jogo no processo de influ ncia e este aspecto institui a via interdisciplinar que tal atitude de pesquisa insinua Ou seja quando se toma em conta os processos espec ficos dos meios de comunica o e da comunica o humana al m da constru o da realidade social j n o h mais espa o para teorias mec nicas de comunica o nem para estudos fragmentados disciplinares Assim preciso olhar a comunica o a partir do processo de significa o e abandonar a id ia de transmiss o Outro entendimento que se configura nessas novas tend ncias que os efeitos s o algo intencionalmente perseguido pelos mass media e estariam latentes nas distor es que as mensagens geram e refletem no patrim nio cognitivo dos destinat rios Ou seja os efeitos s o resultados da rela o entre a a o dos meios de comunica o de massa e o conhecimento da 62
331. ica O objetivo que se estabelece o questionamento do impulso competitivista de nossa sociedade e a aprendizagem do trabalho coletivo DARIDO 2003 H que considerar a import ncia dessa proposta no processo de transforma o social que assumo aqui j que considero que s coletivamente a transforma o de uma realidade se torna poss vel e que o pr prio desenvolvimento humano acontece nas rela es No entanto h muito que se sistematizar nessa proposta esclarecendo as bases de desenvolvimento e aprendizagem humanos a que projeto pol tico pedag gico se vincula essa proposi o A abordagem da sa de renovada apresenta o redirecionamento da perspectiva biol gica devido ao questionamento sofrido na d cada de 1980 As tem ticas da sa de e qualidade de vida continuam orientando a proposta mas na perspectiva de prevenir e reverter quadros de doen as cr nico degenerativas que afetam a sociedade contempor nea tamb m pela falta de atividade f sica DARIDO 2003 Considero que tal abordagem representa mesmo uma tentativa de recoloca o de poder por dados grupos da Educa o F sica brasileira Al m disso a perspectiva n o supera o vi s biologicista nem considera quest es culturais e sociais que est o significativamente presentes na escola Agora para combater a obesidade e a diabetes infantil por exemplo a Educa o F sica deveria continuar se pautando nas refer ncias da Fisiologia do Exerc cio e do Treinamento Esporti
332. ica que possibilita o enfrentamento da fragmenta o que por vezes se faz presente na perspectiva de Educa o Infantil entendida somente como prepara o para o Ensino Fundamental Tal posicionamento traz a necessidade de tomar a dialogia como princ pio pedag gico como sugerem Salgado Ribes e Souza 2006 porque com essa postura que se torna poss vel no estabelecimento de intera es com os educandos a identifica o de sua realidade da leitura que eles fazem da mesma dos seus conhecimentos produzidos no cotidiano para poder pensar a transposi o did tica de conte dos selecionados a partir de sua relev ncia para o contexto de tais educandos essa postura ainda que possibilitar que a televis o sua linguagem espec fica as hibridiza es entre a cultura popular a cultura erudita e a cultura do consumo a implementadas sejam consideradas no trabalho escolar como constituintes dos conhecimentos cotidianos que as crian as elaboram devido presen a significativa da TV na vida das crian as N o posso esquecer afinal que a televis o uma amiga presente em muitos momentos e sempre disposta a responder as d vidas e quest es das crian as s quais os adultos nem sempre est o dispon veis presentes ou dispostos a responder Com a interven o escolar sistematizada intencional que se faz poss vel elaborar e efetivar com as crian as um trabalho que tenha como objetivo desnaturalizar a linguagem da TV e se
333. icos em diferentes momentos do percurso de forma o da sociedade brasileira Inicialmente relacionada institui o militar que foi amplamente influenciada pela filosofia positivista e vinculava se aos ideais de progresso disseminados pelo pa s a partir do s culo XIX a Educa o F sica serviu ao intuito de proporcionar crescimento progresso e modernidade sob a perspectiva do modo de produ o capitalista Destaco ainda que para Castellani Filho 1994 os m dicos no Brasil do s culo XIX tinham uma grande influ ncia administrativa e a pol tica m dica de ent o compreendia que o indiv duo e a fam lia deveriam buscar corpos limpos sadios purificados livres de enfermidades O papel central assumido pela Educa o F sica portanto considerado muito 138 importante para os higienistas era a forma o desse corpo ideal representante de uma classe e uma ra a bvio que esse processo de higieniza o para n o dizer movimento de embranquecimento serviu para justificar posturas de racismo e preconceito por parte da classe dominante Outra influ ncia significativa para a Educa o F sica adveio da institui o m dica Nesse sentido Bracht 1999 afirma que a Educa o F sica moderna sofreu desde os primeiros passos a influ ncia de um pensamento cient fico pautado em princ pios de experimenta o e quantifica o que possibilitou a presen a massiva de refer ncias fisiol gicas e m dicas nessa rea de co
334. ida em que muitas vezes a pr pria presen a do movimento na escola desconsiderada por completo ou s tomada como elemento de disciplinariza o vigia auxiliar do confinamento empreendido pela escola No final da d cada de 1970 in cio de 1980 com o movimento que se estabeleceu pelo fim da Ditadura Militar com o pr prio afrouxamento das pr ticas de coer o com a volta 143 daqueles que foram exilados e gra as ao trabalho de uma infinidade de her is an nimos da hist ria desse pa s estavam postos ares gerais de questionamento Nesse cen rio as teorias cr ticas come aram a se fazer presentes de modo mais expl cito na Educa o brasileira Tenho duas considera es a fazer sobre essa nova presen a nas teorias da Educa o Em rela o Educa o Infantil Barbosa 2001 2002 afirma a resist ncia dos educadores que traziam essas proposi es cr ticas em direcion las Educa o Infantil por conta da compreens o de que o atendimento primeira inf ncia servia aos interesses compensat rios do governo militar Por isso as teorias cr ticas s se fizeram presentes no debate sobre a Educa o Infantil na d cada de 1990 Especificamente no que se refere Educa o F sica ela entrou em crise Uma crise que contribuiu para a elabora o de diferentes perspectivas que buscam superar a pr tica e as id ias que a nortearam nos per odos que precederam a d cada de 1980 Estabeleceu se de acordo como Bracht 20
335. idade obrigat ria para ingresso na escola N o entendo e n o aceito todavia que a Educa o Infantil com a import ncia que tem no desenvolvimento humano n o seja garantida para a maioria das crian as brasileiras Al m disso tenho receio e alguns colegas de Educa o Infantil com os quais convivo compartilham comigo esse sentimento que o trabalho pedag gico tamb m seja adiantado um ano apesar de n o ser esta a proposta e fale ainda menos realidade e possibilidades s cio cognitivas dos educandos Concluindo essa an lise que de fato ainda um olhar em constru o tenho resist ncia a admitir o argumento de diminui o da repet ncia nas S ries Iniciais A escola deve ser mais que o bin mio aprova o reprova o Deve ser lugar de curiosidade descoberta reflex o e produ o de conhecimento O fato que perspectivas de mudan a est o postas na realidade da Educa o Infantil brasileira Mas possibilidades j existiram em outros momentos Resta fazer parte do coro que clama por uma Educa o Infantil que assuma o compromisso educacional e para que as perspectivas apontadas sejam realidade nos pr ximos anos letivos 3 3 Conversa sobre o curr culo da Educa o Infantil Primeiramente preciso entender mesmo que de modo breve o conceito de curr culo e ter a compreens o de que quando se toca nas quest es de curr culo fala se de concep es educacionais e de projeto hist rico Portanto confor
336. idam nas a es dos pr prios sujeitos Ent o ao se falar de curr culo necess rio levar em conta os sujeitos que o elaboram e concretizam preciso considerar mais que o contexto em que se elabora o curr culo mas olhar tamb m seu contexto de uso o cotidiano Ao contr rio como n o ver a flor feia que nasceu sob o asfalto como diria Drummond de Andrade Concordo com isto na medida em que entendo a escola como um lugar constru do por sujeitos localizados social e historicamente que por mais influenciados que sejam pelos contextos podem tamb m ressignific los produzi los transform los Assim a escola feita de e por sujeitos n o uma institui o que se constitui inexoravelmente instrumento hegem nico Por dentro dela pode se produzir um outro percurso de conscientiza o de liberta o de supera o do modelo vigente de uma constru o que v al m do processo de modelamento de indiv duos para adequar se sociedade capitalista A mudan a estrutural de que fala M szaros 2005 come a no contexto que est posto com suas mazelas valores e normas A partir disto que se abre a possibilidade de rasgar a camisa de for a do modo de produ o em vigor Nesse momento fico vontade em trazer Kramer e outros 2003 ao di logo quando 108 ela pontua que o curr culo um guia das a es escolares mas que a pr tica viva cotidiana faz rever negar acrescentar e reduzir aspectos e temas ao curr
337. idianas de modo a articular os conhecimentos mesmo que insista a estrutura por mat rias de ensino KRAMER et al 2003 As atividades devem ser relacionadas a temas socialmente relevantes pois este deve ser um dos princ pios para a sele o daquilo que precisa ser estudado SOARES et al 1992 No entanto o encaminhamento das atividades ou seja a organiza o metodol gica tamb m ser definida segundo Saviani 2006 a partir daquilo que caracteriza o pr prio conhecimento a ser tratado tendo uma estrutura que pode ser traduzida em objetivo conte do encaminhamento metodol gico Ent o a organiza o sequencial dos conhecimentos tratados no curr culo em cada rea de conhecimento deve refletir tanto as quest es psicol gicas e sociais dos sujeitos que aprendem como a estrutura conceitual do pr prio campo do conhecimento de que se trata Por fim h que se considerar o processo de transforma o do conhecimento cient fico em conte do a ser ensinado e aprendido na escola conhecido como transposi o did tica H ainda outras denomina es que s o trazidas por Saviani 2006 como convers o pedag gica pedagogiza o do saber cient fico saber s bio como objeto de ensino No processo de amplia o do conceito de curr culo e no entendimento de que os conhecimentos escolares est o relacionados a amplos campos da ci ncia e da cultura Morgado 2004 fala em reinven o cultural Tal processo resumidamente
338. ient fico no mbito da medicina deu aos m dicos uma esp cie de autoridade social Al m disso o atendimento num vi s higienista combatia a mortalidade infantil mas tamb m aproximava o pa s de um modelo de progresso e modernidade Era o preconceito que norteava as iniciativas e refor ava a condi o de exclus o das crian as negras e das crian as pobres al m de direcionar um outro tratamento aos filhos das elites A concep o de atendimento vinculado ao higienismo fica expl cita quando Kramer 2003 p 50 afirma que A id ia de proteger a inf ncia come ava a despertar mas o atendimento se restringia a iniciativas isoladas que tinham portanto um car ter localizado Assim mesmo aquelas institui es dirigidas s classes desfavorecidas eram insuficientes e quase inexpressivas frente situa o de sa de e Educa o da popula o brasileira Al m disso no per odo imperial mesmo com a riqueza gerada pela economia cafeeira o sistema educativo foi estruturado em prim rio escola de aprender a ler escrever e contar secund rio com o modelo das aulas r gias e superior com faculdades de medicina e direito nas quatro maiores cidades do pa s Apesar dessa id ia de um sistema educacional a realidade era bem diferente pela insufici ncia de professores e escolas GHIRALDELLI JR 2003 E como se v n o se pensava na Educa o da primeira inf ncia cujo processo educativo ficava a cargo da fam lia es
339. iferenciadas Assim a pr tica da leitura e da escrita n o abandonada na contemporaneidade Ao contr rio essa pr tica ampliada E encontro refor o de tal postura em Souza e Gamba Junior 2003 pois eles afirmam que os novos suportes tecnol gicos geram outras formas de leitura e escrita que 76 transformam a rela o com o conhecimento 2 2 4 Outro di logo sobre inf ncia linguagem e meios de comunica o Com base na afirma o de que transito entre as considera es de Gramsci a perspectiva de Bakhtin e as coloca es articuladas na Am rica Latina sobre os meios de comunica o quero retomar o di logo sobre a inf ncia na contemporaneidade articulando a com as novas linguagens e as novas formas de intera o que os meios de comunica o apresentam atentando para o car ter alienante que as mensagens a contidas procuram imprimir mas para as possibilidades de resist ncia e de elabora o de uma contrapalavra que se colocam no cotidiano Ent o come o com uma pergunta que papel os meios de comunica o s o chamados a assumir num contexto de globaliza o e neoliberalismo Para responder a essa pergunta e tecer minhas reflex es necess rio atentar para o processo de estrutura o do contexto atual e a necessidade que se tem de configurar a sociedade para a aceita o de um dado modelo de organiza o Em seguida busco compreender a amplitude que podem assumir os meios de comunica o em tal conjuntur
340. ignifica que valores como respeito e compreens o e uma postura de di logo t m que estar presentes na rela o educador educando Assim ter uma postura dial gica n o significa que a crian a pode fazer o que quiser na escola o que muitas vezes soa como equivocada interpreta o nem significa que o professor precisa castigar punir aleatoriamente a crian a em momentos de deslize o que tamb m ainda uma pr tica comum Trago esse coment rio por entender que a fala de E4 abre espa o para uma dubiedade de interpreta o porque tanto pode se tratar da primeira postura como da segunda No que se refere s rela es entre conhecimentos cotidianos e conhecimentos escolares o n mero de ocorr ncias maior e mais variado do que no PPP mas em muitos pontos coincidem com o que est posto no referido projeto O que aparece de modo significativo e com maior frequ ncia que a crian a aprende em todos os lugares a partir das diversas experi ncias e por isso traz para a escola uma vis o de mundo Esse reconhecimento passa por se admitir que a crian a tem um olhar sobre si mesma enquanto sujeito em constru o de modo que n o cabem somente os argumentos cient ficos que falam sobre a crian a sobre seu jeito de ser Ao contr rio necess rio ouvi la pergunt la Essa afirma o das professoras revela a busca de uma concep o de crian a concreta real Afirmar que a crian a aprende em todas as experi ncias traz uma conc
341. ignos Os processos psicol gicos tal como aparecem nos animais realmente deixam de existir s o incorporados nesse sistema de comportamento e s o culturalmente reconstitu dos e desenvolvidos para formar uma nova entidade psicol gica Em outras palavras o processo de internaliza o acontece primeiro com uma atividade externa produzida socialmente no plano interpessoal social cultural Depois come a a acontecer interiormente no plano intrapessoal e colabora para a reorganiza o da atividade psicol gica Segundo Baquero 1998 falar em internaliza o faz com que seja necess rio pontuar a atividade instrumental mediadora que possibilita que a pr pria internaliza o se concretize Ou seja a consci ncia do sujeito o controle de si mesmo e sua personalidade s o resultado da rela o com os signos sociais pois para Vigotski 1998 a atividade intelectual resultado de uma s rie de est gios que ampliam as fun es emocionais e comunicativas da fala e isto gera mudan as no plano psicol gico Assim considera se que devido aos contatos sociais estabelecidos por meio de palavras e signos que se concretiza o desenvolvimento dos processos psicol gicos superiores Os signos no processo de internaliza o das fun es psicol gicas superiores agem como instrumento da atividade psicol gica servindo de acordo com o pr prio Vigotski 1998 p 70 como meio de adapta o Os signos teriam uma fun o semelhante
342. il Cadernos de Pesquisa n 115 p 25 63 mar 2002 ROSEMBERS F lvia CAMPOS Maria Malta Orgs Creches e pr escolas no hemisf rio norte S o Paulo Cortez 1994 ROSSLER Jo o Henrique Construtivismo e aliena o as origens do poder de atra o do ide rio construtivista In DUARTE Newton Org Sobre o construtivismo Campinas Autores Associados 2000 p 3 22 SACRIST N Jos Gimeno O significado e a fun o da Educa o na sociedade e na cultura globalizadas In GARCIA Regina Leite MOREIRA Ant nio Fl vio Barbosa Orgs Curr culo na contemporaneidade incertezas e desafios S o Paulo Cortez 2003 p 41 80 SALGADO Raquel Gon alves Eu tenho a for a os super her is mirins nos desenhos animados e na vida In SOUZA Solange Jobim e Org Educa o p s modernidade fic es cient ficas e ci ncias do cotidiano Rio de Janeiro 7 Letras 2003 p 75 87 SALGADO Raquel Gon alves RIBES Rita Marisa Pereira SOUZA Solange Jobim e Pela tela pela janela quest es te ricas e pr ticas sobre inf ncia e televis o Caderno Cedes v 25 n 65 p 9 24 jan abr 2005 315 SANFELICE Jos Lu s Dial tica e pesquisa em Educa o In LOMBARDI Jos Claudinei SAVIANI Dermeval Orgs Marxismo e Educa o debates contempor neos Campinas Autores Associados HISTEDBR 2005 p 69 94 SAVIANI Nereide Saber escolar curr culo e did tica problemas da unidade conte do m todo
343. interacionista e a construtivista Segundo o fato de as professoras e o professor transitarem entre Piaget e Vigotski entendendo que s o teorias pr ximas e ou complementares H ainda uma refer ncia pedagogia tradicional em certos momentos da pr tica pedag gica J no que diz respeito rela o entre conhecimentos cotidianos e conhecimentos escolares as professoras e professor reconhecem que as crian as t m espa os de aprendizagem diversos e ao chegarem escola trazem percep es e olhares sobre o mundo que emergem no processo de ensino aprendizagem mesmo que o professor n o solicite Esse conhecimento visto como ponto de partida para o planejamento porque fala sobre a zona de desenvolvimento real do sujeito e d ao professor uma orienta o do que fazer de como fazer e de porque fazer um determinado trabalho Os sujeitos entrevistados consideram ainda que essa aproxima o facilita a aprendizagem das crian as Foi falando dos conhecimentos cotidianos que muitas professoras tocaram na quest o da m dia compreendendo que esse um elemento que faz parte do cotidiano das crian as e que as influencia bastante H uma id ia de que a crian a se espelha na m dia Essa influ ncia foi citada como aspecto que emerge nas brincadeiras das crian as em especial nas lutas que 220 os meninos gostam de brincar Foi dito que as crian as levam esses conhecimentos para a sala de aula mesmo sem o professor solicitar e q
344. investimento em Educa o nos munic pios Para Didonet 2006 o FUNDEB significativo tanto por prever investimentos na Educa o Infantil pois esta sempre foi uma das suas dificuldades mas tamb m porque mant m em p de igualdade a creche e a pr escola al m de igualar a Educa o Infantil aos outros n veis educacionais Outro avan o o reconhecimento da import ncia da Educa o Infantil que possibilita a conviv ncia das crian as com os pares e a previs o do estabelecimento de um sal rio base para o professor da Educa o B sica o que mexe com a hierarquia velada que h nas escolas numa tend ncia de desvalorizar o professor de Educa o 105 Infantil Quanto ao piso salarial do professor o Governo Lula lan ou o Plano de Desenvolvimento da Educa o que prev um alto investimento em toda a Educa o b sica e formas de controle no esquema de descentraliza o centralizada para equacionar e gerir os investimentos Outro aspecto que tem sido discutido devido a uma recente modifica o legal o aumento do Ensino Fundamental para nove anos de modo que a Educa o Infantil passa a atender apenas crian as at 5 anos de idade Quero e assumirei o risco de me colocar livremente sobre este assunto a partir do que venho acompanhando nos meios de comunica o em semin rios pelas universidades e em conversas com colegas que atuam na Educa o Infantil N o tenho como negar que positiva a diminui o da
345. ira o nos eventos campo feitos por Silva 2000 que de acordo com o autor possibilitam a intensifica o das rela es pessoais e a exposi o de afetos valores posi es As oficinas foram realizadas com as crian as dos grupos de 4 5 e 6 anos de idade sendo que na turma do grupo de 04 anos havia 16 crian as e nas turmas de 5 e 6 anos de idade 24 crian as cada uma de modo que participou da pesquisa um total de 64 crian as no turno matutino que foi aqui considerado para an lise Al m disso Salgado Ribes e Souza 2005 sugerem que a pesquisa sobre crian a e televis o deve ser feita com a realiza o de oficinas no sentido de dar voz s crian as mesmo que n o haja como diz Oswaldo Montenegro o compromisso estreito de falar perfeito coerente ou n o e de estabelecer um di logo entre a crian a e o adulto pesquisador Pesquisar a rela o crian a e televis o tamb m propor uma interven o nessa rela o considerando a atividade l dica como atividade e espa o prop cios para a emerg ncia da dialogia entre crian a e pesquisador adulto Nesse sentido justifica se a organiza o de oficinas com as crian as com o intuito de compartilhar na forma de brincadeiras quest es de pesquisa e produ o de sentidos sobre suas rela es com as tecnologias audiovisuais SALGADO RIBES SOUZA 2005 p 18 Essa proposi o das referidas autoras leva em conta as mudan as nas rela es entre
346. l m disso a entrevista assume import ncia no meu estudo porque entendo com base em Souza 1994 que todo enunciado em si um di logo pois nele est o j dito na medida em que se constitui dialogicamente ou seja aquilo que exposto na entrevista traz as rela es estabelecidas entre os sujeitos da escola as hierarquias as contradi es e os posicionamentos No processo de entrevista atentei para as concep es pedag gicas que norteiam as a es da escola a rela o entre conhecimentos cotidianos e conhecimentos escolares em tal concep o e especificamente para a coordena o e professor estagi rio de Educa o F sica questionei a concep o e a import ncia da Educa o F sica inserida no universo da Educa o Infantil 185 Considerei no entanto outros aspectos significativos que se apresentaram como considera es sobre a fun o social da escola e a rela o das crian as com a m dia e as tecnologias Para analisar os dados dessa etapa da pesquisa fiz op o pela an lise de conte do pois h a uma compreens o de que as mensagens precisam ser submetidas a cuidadosa an lise porque segundo Bardin 1977 p 14 por detr s do discurso aparente geralmente simb lico e poliss mico esconde se um sentido que conv m desvendar Com tal inten o a an lise de conte do consiste em avaliar as mensagens a partir de uma s rie de processos t cnicos Assumi esse tipo de an lise numa perspectiva
347. lar para manter uma comunica o intera o significativa com os educandos das novas gera es preciso conhecer as linguagens midi ticas ao inv s de simplesmente neg las para poder elaborar uma potencializa o uma sistematiza o das leituras infantis com as crian as H ainda uma outra ocorr ncia que fala indiretamente da influ ncia dos meios de comunica o na vida das crian as quando P6 diz que a maior parte de seus alunos passa a tarde na frente da TV porque n o t m com quem conversar com quem dialogar Essa coloca o da professora completamente condizente com o que diz Magalh es 2006 de que a TV apresenta se para como uma companheira para as crian as enquanto os pais est o atribulados com a correria do dia a dia al m de tantas outras faltas e desorganiza es que caracterizam a urbanidade e ajudam a prender as pessoas sentadinhas diante do m gico capaz de truques coloridos Uma outra ocorr ncia bastante significativa para as inten es de proposi o que tenho a fala de P5 Seria importante porque ao fundo viriam as situa es que acontecem cotidianamente pra gente discutir Seria bom at pra ter um compromisso Porque a gente discute mas quando voc tem um projeto com objetivos metas voc tem que discutir e a talvez os resultados fossem mais vis veis Porque sen o o professor faz se quiser ou seja discuss es s o feitas a partir de acontecimentos na sala de aula mas
348. lar e o extra escolar e a integra o entre professor e aluno Outra coloca o que aparece de modo bastante significativo a afirma o de que na escola a m dia desenhos filmes novelas emerge mais nas brincadeiras infantis Considerando a afirma o de Vigotski 1998 de que no jogo simb lico a crian a assume pap is que lhe exigir o uma postura da qual ter de se apropriar possibilitando crian a a aprendizagem por imita o posso afirmar que brincar do que se v na TV uma forma que a crian a tem de dialogar com esses enunciados Dentre essas brincadeiras est aquela que parece ser o mais presente e mais condenado pelas professoras a luta S o aparecimento da luta j d um caminho poss vel a partir do qual se pode pensar na Educa o F sica como rea de conhecimento que contribui para que as crian as vivenciem os seus fundamentos principais j que se trata de um conte do da cultura corporal e nessa viv ncia se d a problematiza o e uma interlocu o sistematizada da forma como as lutas aparecem na TV Digo sistematizada e problematizada porque Salgado 2003 afirma que a intera o entre crian as reais e virtuais acontece no pr prio encontro e nesse momento h repulsa ou identifica o Mas ap io me tamb m em Magaldi 2006 que afirma ser a escola um lugar privilegiado para a produ o de uma leitura cr tica do texto televisivo No entanto as lutas s o postas pelas professoras como alg
349. las que est o fora dos muros da universidade Ent o se o CEB UEFS est l aberto e sedento por proposi es onde est o curso de Licenciatura em Educa o F sica da UEFS Um outro aspecto que apareceu nas entrevistas posto por C1 foi a compreens o de que os movimentos corporais realizados na Educa o F sica ajudam nas atividades realizadas na sala de aula Nesse ponto tenho necessidade de tecer duas reflex es Inicialmente em rela o ao que caracteriza um componente curricular e depois no que se refere ao conceito de interdisciplinaridade Em rela o s caracter sticas de um componente curricular recorro a Souza Junior 2001 ao defini lo como uma rea de conhecimento que trata de conte dos espec ficos a partir de objetivos pedag gicos definidos Na perspectiva desenvolvimentista tem se o movimento com todos os reducionismos de que j tratei como objeto objetivo e meio Na perspectiva construtivista segundo Darido 2003 o objeto j n o claro o que mais uma vez corrobora para que a Educa o F sica n o supere a condi o de disciplina atividade extra Em rela o interdisciplinaridade quero pontuar que esse um caminho visto como possibilidade de legitimar a Educa o F sica na Educa o Infantil seja na perspectiva do trabalho por projetos SOARES 2001 2002 ou por temas geradores KRAMER et al 2003 No entanto retomo que isto n o significa que a Educa o F sica ser muleta
350. le explicou a atividade e nos dirigimos todos para a quadra No meio do caminho um dos meninos disse Eu n o vou fazer vou ficar deitado s malhando Pra qu perguntei Pra ficar forte pra lutar Na aula do Grupo 06 a atividade proposta foi um jogo de Gato e Rato As crian as inicialmente participaram da atividade Mas havia no canto da quadra alguns cones que o professor havia usado na aula do Grupo 04 No momento em que viram os cones as crian as come aram a coloc los na cabe a e a dizer Eu sou bruxa e foram todas aos poucos brincar de bruxa o que inviabilizou o andamento do resto da aula Irritado o PEF solicitou que os alunos se organizassem em fila e voltou para a sala de aula H mais um ind cio na aula do Grupo 04 de que as crian as apesar de interagirem com a viol ncia banalizada na TV t m consci ncia de que n o se trata de algo real porque al m das regras as crian as afirmam que aquele ato de matar n o de verdade e n o o animal que ir morrer e sim o bandido representado pelo vigilante o que se configura uma regra impl cita desse jogo de faz de conta Aparece na aula do Grupo 05 a luta associada ao ato de malhar sendo que uma pr requisito da outra Nesse caso malhar n o s a busca pelo corpo perfeito a a o de preparo para vencer a luta deixando emergir a competitividade que se enra za no cotidiano da sociedade capitalista e faz se presente no modo como a
351. leitura em que permita buscar um lugar tal forma de ser num processo de compreens o e recria o assim que a escola pode tornar se lugar de aventura e produ o cultural Sobre a presen a da Educa o F sica na escola nesse primeiro momento fiz quest es somente para a coordenadora C1 e para o professor estagi rio de Educa o F sica PEF A ocorr ncia mais frequente quanto a import ncia dessa rea de conhecimento foi o desenvolvimento da motricidade Essa concep o na trajet ria da Educa o F sica direcionada ao atendimento crian a de primeira inf ncia tornou se presente ainda na d cada de 1970 e considerada uma perspectiva que traz uma vis o idealista de inf ncia porque tem sua centralidade em padr es de movimento que as crian as devem alcan ar em determinadas etapas do desenvolvimento abandonando quest es s cio hist ricas necess rias para pensar o desenvolvimento humano a aprendizagem e a Educa o Al m disso o movimento visto como um meio para o alargamento das outras dimens es de desenvolvimento humano de modo que n o supera a perspectiva biologicista que regeu a Educa o F sica e ainda contribui assim foi historicamente para uma l gica compensat ria de atendimento OLIVEIRA 2002 Al m disso segundo Arantes 2003 a psicomotricidade tem uma id ia de adapta o sociedade Ou seja d as mesmas linhas e o mesmo tecido com que costurei a an lise de que a fun o da escola no
352. levisivas H tamb m o fato de a mensagem televisiva ter como estrat gia a a o sobre as emo es sobre o imagin rio A partir de tais recursos a televis o concorda Belloni 2001 funciona como fator de homogeneiza o reproduzindo as estruturas sociais e concomitantemente senso importante para a produ o da hegemonia Por isso a mensagem tende a ser repetida e banalizada como se tudo fosse semelhante A televis o constitui se complexo aparato cultural e econ mico segundo Fischer 2006 p 15 com amplas possibilidades de tornar se suporte em prol da aliena o na medida em que banaliza a intimidade valoriza a individualidade que para Frigotto 1995 um dos del rios da raz o ou seja um dos valores que mais se tem pregado na agenda neoliberal Ent o percebe se tamb m aqui que a televis o veicula pretensas verdades desejados conceitos universais a partir dos interesses de uma minoria privilegiada econ mica e politicamente preciso tomar cuidado todavia apesar desse olhar cr tico ser necess rio com uma perspectiva que simplesmente entra em confronto com a TV porque apesar de se dar conta de embates que s o essenciais para a compreens o da complexa estrutura ideol gica que se edifica atrav s do trabalho dos meios de comunica o n o se pode reduzir um debate que se faz t o essencial quanto o embate sobre os desafios que a TV gera para a sociedade e para a escola Encontro refor o
353. lgu m no futuro desconsiderando sua condi o presente Posso afirmar pois que se trata de um espa o de confrontos de poder e de contradi es historicamente enraizadas nesse panorama que a Educa o F sica vem tentando se legitimar como componente curricular significativo Nesse sentido os debates t m sido cada vez mais presentes apesar de n o estar entre os temas mais estudados pela Educa o F sica como fica claro nos estudos realizados por Picelli 2002 e Garanhani 2001 2002 os quais mostram que desde 1979 poucas disserta es e teses discutiram tal tem tica 21 O pouco interesse pela discuss o da Educa o F sica na Educa o Infantil fica claro no estudo desenvolvido por Picelli 2002 sobre a produ o cient fica nos programas de p s gradua o em Educa o F sica A pesquisadora analisou teses e disserta es que tratassem de temas relativos Educa o Infantil e encontrou que entre 1979 e 2000 apenas uma nfima parcela dos trabalhos discutiu temas voltados para crian as de O a 6 anos Mesmo assim essas poucas teses e disserta es n o se preocupavam especificamente com a quest o escolar mas excursionavam em todas as tem ticas que a rea de conhecimento tem possibilidade de discutir Al m disso a autora afirma que n o h disserta es e teses com perspectivas cr ticas que reflitam as quest es s cio econ micas e pol ticas que afetam a vida da crian a que frequenta a escola de Educ
354. lhares sobre jogos dan as esportes e a as crian as articulam conhecimentos sobre a cultura corporal a escola nesse caso especificamente a Educa o F sica deve formar o aluno para compreender os sentidos das mensagens televisivas atrav s de uma a o educativa com o meio e no meio transformando a aula de Educa o F sica e a escola num 166 lugar de troca debate confronto sobre o que foi aprendido Nas palavras de Betti 2003b p 127 a Educa o F sica deve apropriar se cr tica e criativamente da linguagem audiovisual e televisiva se quiser atualizar sua tarefa educativa A postura proposta por Betti 2003b exige a supera o de um olhar comum entre os educadores para a televis o que como j discuti com o aux lio de Mart n Barbero e Rey 2004 de negar a presen a da TV na escola para manter sua autoridade intelectual H que se pensar todavia que se a escola serve para fazer com que os sujeitos compreendam o mundo em que vivem e esse mundo mostra se contemporaneamente atrav s dos meios de comunica o especialmente pela televis o a escola precisa integr la escola n o s como recurso e nem s como objeto de cr tica mas dispor se a analisar no di logo pedag gico o texto televisivo e a aprender com ele aquilo que pode dar pistas para mudar o trato com o conhecimento e a comunica o com os educandos Essa afirma o encontra apoio nas afirma es que as pr prias crian as pe
355. m nicas E mais intensamente do que os outros meios de comunica o a TV mexe com a 125 rela o espa o tempo da informa o e traz imagens que se mostram como verdade Por isso Mart n Barbero e Rey 2004 pontuam que a televis o tem a fun o de produzir o presente como uma sucess o de imagens sem continuidade e num ritmo alucinante Desse modo a rela o com o tempo fica alterada tamb m na rela o com o passado que parece n o ter rela o com os acontecimentos presentes e pode ser descartado e com o futuro pois o hoje amanh ser passado jogado fora Todo esse processo parte do projeto que naturaliza a organiza o social j que as informa es aparecem sem hist ria sem contexto No entanto como j mencionei esse fluxo cont nuo e desagregado mostra o pr prio cen rio urbano da contemporaneidade e traz a necessidade de uma nova leitura Ou seja a inten o de esclarecer tais aspectos n o se d pela simples den ncia mas para compreender tal din mica e a partir disso elaborar estrat gias de enfrentamento Vem tona mais uma vez a perspectiva gramsciana no entendimento da imprescindibilidade de uma luta constante e silenciosa que n o se d no ch o da f brica mas no mbito cultural Tal embate acontece no campo das contradi es enquanto aspecto que caracteriza a realidade e a ela confere o status de constante movimento de possibilidade perene de devir a partir das brechas que a se
356. m a hist ria de apropria o da natureza pelo ser humano e do processo de entendimento de si mesmo As ilus es seguem com a id ia de que a atividade educativa deve ser impulsionada pelo pr prio interesse da crian a numa valoriza o exacerbada da subjetividade Desse modo o professor antes centro do processo ensino aprendizagem passa a ser algu m subordinado vontade do aluno pois eles n o est o nesse caso exercendo a rela o de horizontalidade proposta por Freire 1996 Para o referido autor modismo no contexto capitalista est relacionado a orienta es alienadas para o futuro j que a pr pria din mica que caracteriza a sociedade capitalista de aliena o que come a no processo de divis o social do trabalho e j que h uma perspectiva de para estar atualizado n o se pode estar para traz daquilo que existe de novo sem haver tempo para reflex es mais apuradas sobre as modas 101 Al m disso os indiv duos devem ser preparados para acompanhar a sociedade em constantes transforma es o que aparece como uma vincula o direta do mercado educacional com a disputa por empregos num mundo de reservas Essa coloca o explicita se ainda mais quando Duarte 2003 p 10 afirma que em tal percurso O indiv duo que n o aprender a se atualizar est condenado ao eterno anacronismo Enfim busca se atrav s de uma estrat gia te rica vincular intensamente a Educa o ao mercado de trab
357. m direcionamento interdisciplinar como aspecto para pensar o curr culo em especial quando se trata da Educa o Infantil j aponta dois avan os a escola torna se de fato lugar de resist ncia criativa porque enfrenta a fragmenta o do conhecimento j que isto requer uma outra postura pol tico pedag gica que prioriza o trabalho coletivo e promove uma forma o mais totalizante e a Educa o Infantil reafirma se como espa o que busca superar as perspectivas assistencialistas e compensat rias que marcaram sua hist ria Quando se traz a perspectiva interdisciplinar para pensar o encaminhamento do trabalho pedag gico na Educa o Infantil Kramer e outros 2003 sugerem a organiza o did tica por atividades desenvolvidas a partir de temas geradores definidos com base em 112 aspectos culturais significativos e nas pr prias curiosidades das crian as sendo que em tais temas articulem se com todas as reas de conhecimento e seus conte dos espec ficos sejam tematizados por tal percurso Essa forma vista como possibilidade de articular realidade cultural conhecimento cient fico diferentes reas de conhecimento e os interesses das crian as o que as coloca como sujeitos no seu pr prio processo educativo Em rela o ao processo de desenvolvimento e aprendizagem dos educandos as a es efetivadas na escola devem levar em conta que as crian as passam por processos pr prios na sua trajet ria de desenvolvimento que os
358. m lugar valorativo revelando a como verdadeira ou falsa boa ou m positiva ou negativa o que faz o signo coincidir com o dom nio ideol gico Nesse ponto de vista o lugar valorativo e o valor de dado signo ser o determinados s cio historicamente e nos processos comunicativos que se efetivam nas mais diversas esferas 70 2 da atividade humana Em outras palavras a comunica o est ligada pr pria produ o material da vida e o ponto de partida para a constru o da ideologia que transita entre o oficial ligada aos grupos hegem nicos que tentam mascarar a realidade social ideologia que tenta se impor por diversas vias como traz Gramsci 2001 na rela o entre super estrutura e infra estrutura intermediada por signos e pela presen a destes nas rela es sociais e do cotidiano ligada vida di ria dos sujeitos que se posicionam responsivamente diante dos signos e enunciados a partir dos seus interesses das diferen as e lutas que constituem as pr prias classes sociais e as a es rotineiras para atender as suas necessidades Termino afirmando que considero os enunciados televisivos como textos que t m um cunho ideol gico e pol tico ligado s classes dominantes e portanto preciso olh los com criticidade Ao mesmo tempo procuro transcender a no o de que a comunica o se faz no modelo emissor mensagem receptor e procuro trabalhar na perspectiva de que os sujeitos s o interlocutores mesmo q
359. m nas lutas finais contra os vil es dos epis dios Houve ainda RH que desenhou as Meninas Super poderosas E DN desenhou os Power Rangers com riqueza de detalhes Al m dessa crian a desenharam Power Rangers CN JC TR sendo que ele desenhou se assistindo e disse aTvV de plasma passando Power Ranger Al m disso R e AS desenharam os Power Rangers sendo que AS disse ao entregar o desenho Aqui o Power Ranger vermelho e aqui um pistoleiro O meu Power Ranger voador O desenho de R teve uma peculiaridade porque ele desenhou a si mesmo lutando ao lado dos amigos que eram os referidos super her is CE foi a nica crian a que desenhou Avatar Motivo pelo qual AS que desenhou Power Rangers perguntou porque ele estava fazendo aquele desenho e a resposta foi imediata CE Avatar tamb m luta interessante observar que nessa intera o das crian as a capacidade de lutar aparece como a refer ncia para a legitima o do gosto pelo desenho animado e pelo personagem Emerge da a forma como a cultura corporal representada na TV feita para as crian as sempre relacionada a sujeitos fortes capazes de vencer Vencer numa leitura que parece se aproximar da perspectiva reducionista de felicidade que os meios de comunica o tentam impor Diante dessa leitura n o posso concluir que as crian as est o infectadas com o v rus da aliena o A
360. m que os desenhos tamb m ensinam o errado As crian as mostram que est o atentas para as contradi es da TV De fato Belloni 2004 afirma que a forma como se d a apropria o dessa viol ncia muitas vezes foge aos interesses do mercado que visa homogeneizar os sujeitos pois essas imagens encontram resist ncia contesta o Afinal como j comentei anteriormente apropriar se de algo tornar seu pr prio de si o que significa que o sujeito ter uma postura diante daquilo que acessa e n o se resume a uma massa amorfa que simplesmente reage aos est mulos numa perspectiva quase qu mico f sica Ent o diz a autora apesar de muitos estudos quererem associar a viol ncia nos meios de comunica o a comportamentos violentos de forma causal h muitas ambigiiidades nessa quest o Primeiro pergunta Belloni 2004 p 589 nos referimos viol ncia do fato representado ou viol ncia do tratamento ic nico Distin o dif cil de estabelecer nas situa es cotidianas de uso das m dias pelos diversos p blicos Porque e esse o segundo ponto de tal modo tica e est tica tendem a se confundir E al m disso h muitas media es leituras e releituras que fazem com sejam diversas as apropria es dessa viol ncia Tem destaque no debate sobre a m dia no mbito da Educa o F sica a espetaculariza o do esporte que segundo Betti 2003a acontece devido liga o da linguagem da televis o com diversos r
361. ma o dos 255 padr es corporais hegemonicamente disseminados e para crescer de modo que a pr pria inf ncia colocada compreendida e assumida pela crian a apenas como fase de passagem No di logo entre a crian a e o professor a experi ncia de correr pode ser oferecida e problematizada por que corremos De que diferentes formas pode se realizar esse movimento Al m dessas outras perguntas poderiam ser pesquisadas e respondidas coletivamente pelas crian as junto com o professor Experi ncia que poderia gerar a possibilidade de a crian a elaborar um outro sentido para esse movimento a partir de uma refer ncia presente no seu universo de a o corporal Mas na perspectiva em que se trabalha o movimento reduzido a o mec nica em que correr s correr n o visto como a manifesta o de uma linguagem encharcada de cultura Mas as crian as querem saber porque realizam esse movimento e a pergunta que me foi feita no primeiro dia de aula permite me inferir isto Mas se a resposta que recebem na escola que correr s correr numa curiosidade que comp e seu processo de apropria o do mundo a crian a valer se de outros recursos para responder suas d vidas e a TV aparece como amiga de muitas horas para respond las prontamente e ainda por cima de modo divertido O adulto cede seu lugar de mediador da rela o da crian a com o mundo para o m gico capaz de truques coloridos DE PAULA 1986 PESQ
362. mana na forma de diferentes linguagens que possibilitam o entendimento dos significados e o estabelecimento de sentidos para a sociedade e para a vida No final do s culo XIX com a Proclama o da Rep blica o pa s passou por um cen rio de renova o ideol gica com uma integra o mais efetiva ao ide rio liberal e aos princ pios capitalistas Nesse momento no Brasil efetivou se um movimento de urbaniza o intensificado no in cio do s culo XX Em rela o s quest es educacionais chegaram ao Brasil as id ias da Escola Nova elaboradas por Froebel que serviram tanto aqui como em muitos outros pa ses aos setores mais pr ximos das elites Ao mesmo tempo foi criado no pa s o Instituto de Prote o e Assist ncia Inf ncia que segundo Kramer 2003 tinha por inten o subliminar tornar a crian a til para a sociedade na vida adulta Isto porque conforme Oliveira 2002 quando o ide rio liberal emergiu e iniciou se o dom nio da raz o e da t cnica a Educa o passou a ser elemento considerado imprescind vel para o desenvolvimento social n o como elemento de emancipa o e liberta o mas de adequa o dos sujeitos nova l gica que buscava se legitimar Ou seja dentro dessa tica a crian a em si n o era vista como sujeito que tinha uma particularidade mas como ser que deveria ser moldado para um determinado tipo de sociedade para tornar se til quando adulto A urbaniza o gerou mudan as na estrutu
363. mb m a condi o de monop lio que a TV alcan a no Brasil diante de uma sociedade que l pouco Desse modo esse meio tem papel estrat gico no processo de integra o nacional LEIRO 2004 p 204 120 Al m desses aspectos preciso considerar que todos n s passamos anos consumindo freneticamente as mensagens televisuais Assim as crian as adolescentes e jovens parecem aprender por tal via temas mais interessantes e atraentes do que aquilo que ensinado na escola E esta ainda n o absorveu as tecnologias da comunica o como elementos que s o mais do que recursos t cnicos a servi o da organiza o de uma aula mas que transformam e modificam os modos de conhecer e at de ser BELLONI 2001 Desse modo a televis o fazendo uso de uma linguagem espec fica que mescla som texto e imagem FISCHER 2006 tornou se uma fonte de saber semelhante escola sendo respons vel pelo processo de socializa o ou seja tem influ ncia no sistema de valores nos modos de vida nas cren as nas representa es nos pap is sociais que s o assumidos pelos sujeitos que com ela interagem Isto faz da televis o um m gico capaz de truques coloridos e muitas muitas m scaras diante do qual muita gente vive caladinha prestando aten o como coloca De Paula 1986 A an lise elaborada por Teixeira 1987 leva em conta a realidade do nosso pa s enquanto pa s capitalista considerando pois que a
364. mb m os cachorros Matilde Beco Nina e Bisteca que atrapalham com latidos correria e tudo que os caracteriza mas que s o leais e nunca deixam de me receber em casa com alegria mesmo quando passo meses sem aparecer e al m disso fazem rir e sentir que s vezes um carinho desinteressado o que basta Agrade o a todas as institui es que fizeram parte da minha trajet ria educacional Ao Col gio Patroc nio de S o Jos onde comecei a gostar da escola ao Col gio do Salvador onde aprendi que n o importa o tamanho do esfor o o que importa fazer o que se consegue fazer melhor ao Col gio Saint Louis pela compreens o no momento mais dif cil que vivi at hoje a perda do meu padrinho ao Col gio Nobre onde descobri outras possibilidades de forma o Agrade o ainda aos meus professores Especialmente a professora Lourdes minha primeira professora de quem me lembro do carinho do cuidado da responsabilidade Ao professor Carlos Magno meu professor de m sica durante muitos anos por ter me ensinado a gostar de poesia e a acreditar no que elas dizem Dona Mari pela disciplina Ao professor Bosco diretor do Col gio Saint Louis e professor de filosofia pela conversa que tivemos nos primeiros dias de janeiro de 1996 Aos professores Welington Ara jo Silva Admilson Santos Ac cia Andr Uz da Luiz Carlos Rocha Gra a Sim es Cl udio Lira pelas li es dentro e fora de sala de aula Aos colegas do mo
365. me Saviani 2006 os aspectos hist ricos 106 pol ticos e culturais devem estar presentes nos debates relativos ao curr culo porque possibilitam a compreens o de problemas atuais relativos constru o e estrutura o curricular das escolas Essa observa o de que o curr culo influenciado por fatores diversos tamb m posta por Veiga Neto 2004 ao afirmar que esse artefato escolar modifica se com as transforma es sociais mais amplas por ser uma constru o influenciada e influenciadora da cultura Ou seja cultura escola e curr culo constroem se mutuamente J Saviani 2006 afirma que o curr culo constitui se uma sele o dos elementos da cultura tomados como necess rios e pass veis de serem ensinados em dada realidade para educandos de determinado n vel de ensino O questionamento a partir de que crit rios se p em as prioridades A realidade e as capacidades s cio cognitivas dos educandos s o aspectos a serem considerados mas interesses ideol gicos pol ticos e sociais tamb m precisam ser referendados Ent o pode se afirmar de modo contundente que o pr prio curr culo objeto de disputa de poder e arena de concretiza o de conflitos que est o presentes no cotidiano escolar Nesse sentido Saviani 2006 p 34 afirma Tanto por estar diretamente ligado a quest es do conhecimento que se produz se reproduz se firma e supera se na pol mica no enfrentamento conflituoso peculiar luta de
366. mento mas por conta do poder e da for a que a aula de Educa o F sica tem a fun o de desenvolver e por ser algo que se pode conseguir com as lutas Ao mesmo tempo as lutas aparecem como sin nimo de briga na fala de ME trazendo a estereotipiza o da viol ncia mais uma vez agora caracterizada como comportamento somente dos meninos numa reapari o da perspectiva sexista que se manifestou nas falas infantis interessante destacar o coment rio de VT sobre a aus ncia da gin stica na aula e a pr tica de joguinhos A gin stica segundo Silva 2005 um conte do a ser tratado na Educa o F sica na Educa o Infantil por promover ampla experimenta o de diferentes a es corporais e por possibilitar que nessas experi ncias a crian a elabore um sentido pr prio para o seu exerc cio Quanto ao joguinho a fala da crian a no diminutivo e num tom de desprezo deixa escapar que as suas aulas de Educa o F sica n o passam de um mero fazer jogos que parecem ser pouco significativos para as pr prias crian as Ser que o professor dialoga com as crian as sobre suas expectativas em rela o s aulas Quais os crit rios para definir aquilo que ser tematizado J vimos que existe uma dificuldade na constru o de uma proposta integrada para a Educa o F sica no CEB UEFS mas a rela o professor crian a conhecimento a o pedag gica somente poder ser descrita e analisada quando da descri o das
367. mento que caracterizou a Educa o F sica como disciplina extra A autora embasa seu debate em Daolio para afirmar que na Educa o Infantil mais que tematizar os diversos conte dos da cultura corporal que sejam pertinentes em dado contexto deve se tamb m garantir a express o de todos os alunos em suas diferen as o que pressup e o trabalho coletivo interdisciplinar e o olhar para a realidade como uma totalidade H ainda a perspectiva cr tico superadora que com base no materialismo hist rico dial tico que assume um compromisso com as classes menos favorecidas e constr i orienta es pedag gicas de cunho s cio hist rico A pr pria escola concebida como espa o de contradi es em que est presente o conflito de interesses entre as classes sociais Portanto esse embates est o presentes no pr prio PPP Ainda assim e numa perspectiva de transforma o social de concretiza o de um projeto hist rico contraposto ao capitalista entende se que a sua fun o possibilitar ao educando a capacidade de refletir sobre sua realidade Para isso a escola apropria se de conhecimentos culturais e cient ficos SOARES et al 1992 Entende se ainda que a escola deve estar organizada em ciclos e que a sele o e tematiza o dos conte dos entendendo que a Educa o F sica trata pedagogicamente os temas da cultura que se expressam atrav s de uma linguagem a cultura corporal deve considerar aspectos como a relev
368. mo sugerem Sanfelice 2005 e Kosik 1976 Portanto busquei compartilhar e inserir me na realidade atuando no campo das rela es que se constroem cotidianamente j que o fen meno que investiguei se estrutura no vivido Procurei n o esquecer contudo de considerar a complexidade do humano do sujeito que vivenciava vivencia as rela es investigadas posto num espa o social hier rquico cheio de contradi es e lutas de interesse em especial sendo a escola o espa o de pesquisa e o nascedouro da problem tica do problema e das quest es norteadoras Portanto o sujeito considerado como ser hist rico e social o que ficou claro nas concep es discutidas sobre inf ncia sobre aprendizagem e desenvolvimento e sobre o lugar de leitor do texto televisivo Por isso considerei fundamental dialogar com os sujeitos que constroem a escola Quando tomei os professores como interlocutores fi lo porque s o esses sujeitos que pensam e efetivam as a es que se concretizam no cotidiano escolar que vivem na pr pria pele por assim dizer seus conflitos e contradi es e que precisam buscar alternativas imediatas para a garantia de um atendimento s crian as que lhes garanta cuidado e Educa o Dialogar com as crian as ouvir sua voz deu se no entendimento de que elas tamb m 175 vivem e fazem o cotidiano da escola e porque entendo com o aux lio de Souza 1994 a linguagem como espa o de ser do sujeito hist rico social e cultur
369. modo o di logo e o papel do adulto como algu m que pode apresentar crian a outras experi ncias e modos de encarar e ler o mundo contempor neo fica esvaziado Essa postura externa incoer ncia no que diz respeito a oferecer a televis o porque n o foi a crian a que comprou o recurso e impedir que o texto apresentado por esse meio seja lido ou que essa leitura seja expressa Um outro ind cio que aparece de como se concretiza na cultura l dica das crian as a intera o com os personagens e personalidades televisivas Quando AL coloca se brincando no programa da Xuxa ela me diz tanto o que assiste como do que brinca ou gostaria de brincar e o motivo pelo qual opta por essa brincadeira Esse fato permite concordar com Lisboa e Pires 2004 e Betti 2002 quando afirmam que a forma de brincar das crian as se modifica devido presen a significativa dos meios de comunica o em suas vidas preciso considerar no entanto que essa transforma o n o significa o desaparecimento da inf ncia mas a reconstitui o do ser crian a na contemporaneidade devido s caracter sticas dessa sociedade dentre as quais a midia o da cultura Al m disso necess rio levar em conta que por esse caminho do desenho do jogo do simb lico AL faz e expressa sua leitura do texto televisivo Leitura que mostra um desejo que brincar no programa da Xuxa mas tamb m a transcend ncia da perspectiva de satisfazer se em assistir a
370. monia de uma elite Ou seja compreende se a estandardiza o que favorece o status quo mas h tamb m um entendimento de que existe uma negocia o com a atitude dos indiv duos para englobar press es e contradi es da sociedade pondo em destaque nas palavras de Wolf 1999 p 110 a cont nua dial ctica entre sistema cultural conflito e controle social nesse movimento de entender que h uma resist ncia que tem in cio um movimento de an lise da estrutura ideol gica das mensagens mas tamb m da recep o e do consumo dos meios de comunica o como um fator que repercute na influ ncia que os meios de comunica o ter o nas pr ticas culturais da sociedade contempor nea atentando para as leituras feitas pelos pesquisadores e pelos receptores pela audi ncia e para a influ ncia dos meios de comunica o na constitui o de identidades Foram desenvolvidos v rios estudos segundo Escoteguy 2001 sobre a televis o filmes de grande bilheteria e s ries televisivas sempre com a preocupa o de dar visibilidade aos receptores ao p lo de produ o de sentido trabalhando especialmente com a etnografia Tanto Wolf 1999 quanto Holfeldt 2001 falam de tend ncias contempor neas de pesquisa em comunica o Tr s perspectivas emergem nesse mbito sendo chamadas por Wolf 1999 de estudos dos efeitos a longo prazo que se constituem do agenda setting Holfeldt 2001 fala ainda da hip tese do new
371. munica o In HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Orgs Teorias da comunica o 5 ed Petr polis Vozes 2001 p 27 38 MARTINS Marcos Francisco Conhecimento e disputa pela hegemonia reflex es em torno do valor tico pol tico e pedag gico do senso comum e da filosofia em Gramsci In LOMBARDI Jos Claudinei SAVIANI Dermeval Orgs Marxismo e Educa o debates contempor neos Campinas Autores Associados HISTEDBR 2005 p 123 160 MARTINS Maria Helena O que leitura S o Paulo Brasiliense 2005 MARTINS Jo o Batista Vygotsky e a Educa o Belo Horizonte Aut ntica 2005 313 M SZAROS Istv n O poder da ideologia S o Paulo Boitempo Editorial 2004 M SZAROS Istv n Educa o para al m do capital S o Paulo Boitempo Editorial 2005 MIGUEL Lu s Filipe A democracia domesticada bases antidemocr ticas do pensamento democr tico contempor neo Revista de Ci ncias Sociais v 45 n 3 p 483 511 2002 MINAYO Maria Cec lia de Souza Pesquisa social teoria m todo e criatividade 14 ed Petr polis Vozes 1994 MINAYO Maria Cec lia de Souza O desafio do conhecimento 9 ed S o Paulo Hucitec Rio de Janeiro Abrasco 2006 MIOTELLO Valdemir Ideologia In BRAIT Beth Org Bakhtin conceitos chave S o Paulo Contexto 2005 p 167 176 MONTENEGRO Oswaldo Intui o In Oswaldo Montenegro ao vivo S o Paulo Warnner Chappel 1988 MORAES Vin ciu
372. na primeira etapa da Educa o B sica realizada no munic pio de S o Paulo por Ferraz e Macedo 2001a quando constatam que aproximadamente metade dos professores regentes de classes pesquisadas generalistas desenvolvem atividades de Educa o F sica com os alunos j que quase n o h professores especialistas em Educa o F sica na rede municipal e constatam em outro estudo tamb m de Ferraz e Macedo 2001b que esses professores trabalham com intencionalidade pedag gica para promover o desenvolvimento motor baseados em refer ncias da psicomotricidade Os autores constroem uma an lise positiva dessa realidade por atender s refer ncias da proposta e por serem estes os paradigmas postos no RCNEI do qual tratarei mais a frente No debate sobre qual o professor que deve dar aulas de Educa o F sica na Educa o Infantil tem se um ponto de muita controv rsia que por n o me interessar diretamente tratei de modo breve Falo em controv rsia porque h quem fale que a presen a de professores especialistas prejudica a perspectiva curricular do trabalho integrado na Educa o Infantil o que o caso de Kramer e outros 2003 Todavia existem quem fale que deve dar aulas quem tiver compet ncia e forma o para realizar o trabalho como afirma Freire 1997 E h que se considerar que historicamente o professor de Educa o F sica n o tem essa forma o mas Say o 2002 tamb m pontua que a prepara o para o trato com a E
373. nam m dia e aprendizagem do cinema ao computador 2 ed Campinas Al nea 2001 PICELLI Lucyelena Amaral Produ o cient fica sobre Educa o infantil nos mestrados e doutorados em Educa o no Brasil 2002 154p Disserta o Mestrado em Educa o F sica Faculdade de Educa o F sica Universidade Federal de Uberl ndia Uberl ndia 2002 PIMENTEL Susana Couto O potencial da an lise microgen tica na investiga o dos processos educativos 200 PORTO T nia Maria Esperon A televis o na escola Afinal que pedagogia esta Araraquara JM 2000 POSTMAN Neil O desaparecimento da inf ncia Rio de Janeiro Graphia 1999 RIBES Rita BORUCHOVITCH M nica Costa O Esteves sem metaf sica e a tica da traquinagem In SOUZA Solange Jobim e Org Educa o p s modernidade fic es cient ficas e ci ncias do cotidiano Rio de Janeiro 7 Letras 2003 p 157 163 RIBES Rita Marisa Pereira Inf ncia televis o e publicidade uma metodologia de pesquisa em constru o Cadernos de Pesquisa n 115 p 81 105 mar 2002 RIBES Rita SOUZA Solange Jobim e Inf ncia conhecimento e contemporaneidade In KRAMER S nia LEITE Maria Isabel Ferraz Pereira Orgs Inf ncia e produ o cultural Campinas Papirus 1998 p 25 42 ROSA Sanny S da Construtivismo e mudan a 7 ed S o Paulo Cortez 2000 ROSEMBERG F lvia Organiza es multilaterais estado e pol ticas de Educa o infant
374. nar a favor da manuten o do status quo de modo a auxiliar na forma o de um senso comum que seja til aos princ pios No GT Escola foram apresentados os trabalhos de Ana Cristina Richter sobre o corpo na creche de Luciano Silveira Coelho e Cl udio Rodrigues Lima que apresentaram uma experi ncia de trabalho da Educa o F sica numa escola de crian as de O a 6 anos e Marc lio de Souza Vieira que falou em possibilidades e desafios de inser o da Educa o F sica na escola da primeira inf ncia No GT Comunica o e M dia foram apresentados os trabalhos de C ssia Fernanda Cardoso dos Santos e S rgio Dorenski sobre uma experi ncia de uso da m dia na Educa o F sica escolar Mauro Betti sobre a necessidade de avaliar o uso das mat rias televisivas na Educa o F sica Mariana Lisboa que falou da rela o esporte na m dia e cultura l dica de crian as Camila Ten rio Cunha que falou sobre os jogos tradicionais diante da m dia Iracema Munarim que tratou da rela o televis o brincadeira infantil e eu tive a oportunidade de socializar parte da discuss o dessa pesquisa 23 que t m guiado a reorganiza o do novo ciclo sist mico de acumula o do capital No entanto n o posso tomar aqui que o efeito da m dia sobre os sujeitos imediato ou que os sujeitos s o passivos diante da tela pois assim n o haveria sentido realizar este estudo Ao contr rio assumo que existem muitos aspectos que mediam
375. nas de produ o e difus o das mensagens de massa Essa teoria al m disso segue uma orienta o sociol gica na pesquisa em comunica o Nessa l gica segundo Wolf 1999 o sistema social compreendido como um organismo no qual todos os aspectos est o interligados e as diferentes partes desempenham fun es para manter a simbiose O modo como as pessoas v o agir e influenciar a manuten o desse sistema org nico se d a partir da interioriza o dos valores culturais Sobre a teoria funcionalista Wolf 1999 p 63 diz 55 na evolu o geral do estudo das comunica es de massa que acentuou progressivamente as rela es entre fen menos comunicativos e contexto social a teoria funcionalista ocupa uma posi o muito precisa que consiste na defini o da problem tica dos mass media a partir do ponto de vista da sociedade e do seu equil brio da perspectiva do funcionamento do sistema social no seu conjunto e do contributo que as suas componentes mass media inclu dos d o a esse funcionamento J n o a din mica interna dos processos comunicativos como t pico sobretudo da teoria psicol gico experimental que define o campo de interesse de uma teoria dos mass media a din mica do sistema social e o papel que nela desempenha as comunica es de massa Ou seja a sociedade vista como um sistema org nico constitu do por diferentes subsistemas que funcionam para garantir a sua manuten o e
376. ncei o Bitencourt et al Orgs Ler e escrever compromisso de todas as reas 7 ed Porto Alegre UFRGS 2006 GONZAGA JUNIOR GONZAGUINHA Luiz Bie Bie Brazil In BIS Gonzaguinha EMI 2000 GRAMSCI Antonio Cadernos do c rcere temas da cultura a o cat lica americanismo e fordismo v 4 Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2001 GRAMSCI Antonio Cadernos do c rcere os intelectuais o princ pio educativo e jornalismo v 2 3 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2004 GRILLO Marlene et al Transposi o did tica e produ o de conhecimento Presen a Pedag gica v 8 n 16 p 75 84 jul ago 2002 GUIMAR ES Gl ucia TV e Escola discursos em confronto 3 ed S o Paulo Cortez 2001 GUTI RREZ Francisco Dimens o pedag gica das novas tecnologias da comunica o e informa o In PORTO T nia Maria Esperon Org Redes em constru o meios de comunica o e pr ticas educativas Araraquara JM 2003 p 33 40 HARDT Michel NEGRI Antonio Imp rio Rio de Janeiro Record 2001 HOLLANDA Francisco Buarque Deus lhe Pague In Constru o Marola Edi es Musicais 1971 HOLFELDT Antonio Hip teses contempor neas de pesquisa em comunica o In HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Orgs Teorias da comunica o 5 ed Petr polis Vozes 2001 p 187 240 HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Teorias da comunica o 5 ed
377. nceito de fala egoc ntrica assume a fun o j posta neste texto de planejamento e execu o a es com um objetivo determinado Portanto essa j uma fala psicologicamente interior mas que ainda aparece externamente Desse modo Vigotski 2000 estabelece tr s est gios no desenvolvimento da fala e do pensamento verbalizado a fala exterior a fala egoc ntrica e a fala interior na qual os signos s o interiorizados e usados para resolver quest es interiores Entende se ent o que a linguagem interior se desenvolve mediante um lento ac mulo de mudan as estruturais e funcionais que ela se separa da linguagem exterior das crian as ao mesmo tempo que ocorre a diferencia o das fun es social e egoc ntrica da linguagem por ltimo que as estruturas da linguagem dominada pela crian a tornam se estruturas b sicas de seu pensamento VIGOTSKI 2000 p 148 Fica claro que na perspectiva s cio hist rica tanto o desenvolvimento do pensamento quanto da linguagem depende do uso de instrumentos signos e das experi ncias sociais que a crian a estabelece Reconhece se de tal modo o car ter hist rico social do desenvolvimento e da constitui o do ser humano como sujeito Quando se direciona todo esse aporte para pensar as quest es relativas aos processos de ensino aprendizagem necess rio considerar que h uma ntima rela o nessa perspectiva entre desenvolvimento e aprendizagem porque se entende que a
378. ncep o que assumi em rela o s crian as como sujeitos que constituindo se s cio historicamente t m um olhar sobre o mundo e devem ter a possibilidade de dizer eu no seu cotidiano e que d conta de discutir a comunica o humana que se concretiza no espa o da escola e a que mediada pela televis o Numa perspectiva bakhtiniana a comunica o a ess ncia da linguagem em seu car ter dial gico ideol gico e poliss mico ou seja celebra o di logo entre sujeitos que alternam enunciados sempre produzidos a partir de um contexto e de um posicionamento diante do mundo e das diversas vozes a contidas e constitu das H que se considerar ainda que nessa mesma perspectiva o signo considerado um elemento ideol gico e portanto caminho para estabelecer uma for a dominante com capacidade para legitimar um poder pol tico Mas os signos s o tamb m parte das rela es que se constituem no cotidiano nos modos de produ o e reprodu o da vida di ria Assim n o h estabelecimento de uma ideologia oficial sem conflito pois os sujeitos representam a realidade a partir de um lugar valorativo Nas palavras de Miotello 2005 p 170 O conjunto de signos de um determinado grupo social forma o que Bakhtin chama de universo de signos E todo signo al m dessa dupla materialidade no sentido f sico material e no sentido s cio hist rico ainda recebe um ponto de vista pois representa a realidade a partir de u
379. nciar das concep es assistencialistas que regiam as a es nas institui es voltadas s classes populares Fato que mostra o qu o significativo fazia se o movimento da Escola Nova no Brasil nesse per odo o Manifesto dos Pioneiros da Educa o Nova em 1932 Esse documento conforme Ghiraldelli Jr 2003 vinculava o desenvolvimento econ mico Educa o e a adequava se sociedade urbano industrial que se consolidava naquele momento Entendia se todavia que a Educa o deveria ser prioritariamente p blica numa escola nica laica e obrigat ria N o obstante quando defrontada com a realidade do trabalhador optou se por uma Educa o profissionalizante e a id ia da escola nica foi abandonada A Educa o em tal conjuntura serviu fortemente para a manuten o do regime pol tico e de acordo com Ghiraldelli Jr 2003 a legisla o era clara no sentido de que a escola deveria contribuir para a divis o de classes e separar o alunado pelas discrep ncias nas oportunidades economicamente falando de aquisi o cultural Assim estabeleceu se claramente um sistema educacional bifurcado no pa s que de fato j existia desde o per odo jesu tico Ent o havia escolas que visavam encaminhar os alunos ao ensino superior e a escola profissionalizante que adestrava para o trabalho voltada para as classes menos favorecidas com o objetivo de atender os interesses dos industriais Afinal para que educar um sujeito que mais
380. ncias diversas da Educa o F sica para o trabalho pedag gico na Educa o Infantil assumindo como perspectiva o ide rio da cultura corporal como uma das linguagens que precisa ser garantida na escola numa l gica s cio hist rica de forma o Considerando esses aspectos construi o seguinte percurso tratei da hist ria da Educa o F sica na escola mais especificamente na Educa o Infantil pois o estudo das pr prias disciplinas escolares possibilita articular propostas mais consistentes de a o pedag gica diretrizes curriculares ou de mudan a nos curr culos escolares conforme Saviani 2006 Depois falei das perspectivas te rico metodol gicas que se colocam para a rea de conhecimento na primeira etapa da Educa o B sica Por fim trouxe uma s ntese de alguns aspectos que podem aparecer como poss veis tentativas de integrar e legitimar a Educa o F sica na Educa o Infantil Como fechamento do cap tulo e devido especificidade da discuss o da pesquisa considerei significativo tratar do debate que vem sendo articulado sobre a presen a da cultura corporal na TV e as implica es que isso traz para a pr tica da Educa o F sica na escola 4 1 Educa o F sica hist ria conhecimento e possibilidades na Educa o Infantil Sobre a hist ria da Educa o F sica brasileira o que posso afirmar em poucas palavras que ela esteve hegemonicamente orientada a suprir necessidades de grupos sociais espec f
381. ndo o super homem do Grupo 06 levando a s rio seu papel empurrou e segurou os colegas que representavam bandidos Imediatamente os meninos disseram que s podia segurar sem ser forte dando ind cios de que conhecem os mist rios da fantasia caracter sticos da linguagem televisiva em que as coisas n o acontecem de verdade Esse posicionamento distante da viol ncia mostra uma a o na qual as crian as tornaram na impertinente na sua brincadeira de faz de conta apesar da banaliza o e presen a massiva das lutas na TV Al m disso e j n o sinto mais a necessidade de analisar esse sentido e sua implica o 292 para a aula de Educa o F sica aparece o esporte repetindo os modos de apari o anteriores ou a atividade sugerida associada a algum esporte ou a aula inviabilizada porque as crian as resistem s atividades e v o jogar o esporte que desejam da maneira como conseguem E tamb m como manifesta o de que as crian as n o s o fantoches nas m os da TV mais uma vez as regras da atividade que assumiu o formato pr ximo da TV foram combinadas mostrando que a a o das crian as apesar de influenciada pela televis o mediada tamb m pelas suas possibilidades de movimento cuja percep o vai se dando na pr pria experi ncia contrariando a l gica de que a cultura l dica e a cultura corporal s o determinadas ref ns pela TV inevitavelmente Em poucas palavras no campo da experimenta o co
382. nhecimento A Educa o F sica foi cientificizada por assim dizer e isso trouxe quest es para a legitimidade porque no momento de consolida o da racionalidade capitalista apenas eram validadas socialmente as id ias que fossem cientificamente comprovadas Portanto esse grupo social contribuiu bastante para a forma o dos primeiros olhares para a Educa o F sica no Brasil Em rela o a essas influ ncias Bracht 1999 diz que a atividade f sica no mbito da medicina era vista como forma de promover sa de Mas al m dela havia uma perspectiva de garantia de Educa o moral por meio da Educa o do f sico necess rio relembrar que tal perspectiva tamb m foi importante nos direcionamentos dados ao atendimento crian a de zero a seis anos em institui es espec ficas para tal p blico Ent o n o de se estranhar a afirma o de Oliveira 2005 de que a Educa o F sica nas propostas para crian as at seis anos de idade apareceu como domadora de corpos no s culo XIX confundindo se com o pr prio papel que a Educa o F sica Gin stica assumia em tal per odo Quanto s crian as pequenas em especial aquelas de classes menos favorecidas precisavam adequar se a um ideal de crian a que chegava a ser fantasmag rico e representava a crian a burguesa Para isso serviu o atendimento higienizador crian a da primeira inf ncia Ent o a Educa o F sica no mbito da Educa o Infantil contribuiu para
383. nos pressupostos da pesquisa participante e na perspectiva de dar voz crian a planejei e executei quatro oficinas que foram realizadas com as crian as dos grupo de 04 05 e 06 anos de idade Nesses momentos contei hist ria s crian as elas produziram desenhos assistimos televis o jogamos faz de conta e realizamos rodas de conversa A descri o das atividades de cada oficina foi organizada em quadros que mostram o objetivo as atividades e o encaminhamento de cada um desses momentos a partir dos quais descrevi os acontecimentos das oficinas levantei os ind cios que se mostraram sobre a rela o pesquisada e teci as an lises poss veis com base no referencial te rico al m de identificar ainda de modo disperso possibilidades de a o pedag gica que v o se mostrando nas intera es discursivas que estabeleci com as crian as nesses momentos Nas oficinas realizadas em fun o dessa pesquisa o desenho foi utilizado de forma direcionada porque solicitei s crian as que desenhassem o seu programa ou personagem preferido da televis o perguntando s crian as no momento da produ o e ap s o mesmo o que estavam desenhando ou haviam produzido fazendo as falar sobre as suas produ es Ou seja o desenho foi usado como recurso para trazer a fala sobre o que se assiste na televis o Como j falei as oficinas foram realizadas tendo as brincadeiras e as linguagens que comp em o universo infantil como recurso Para descrev
384. nossa primeira LDBE o atendimento de 4 a 6 anos foi reconhecido como pr prim rio o que era um avan o porque reconhecia o car ter educacional desse atendimento 212 mas representava dois entraves justificar a import ncia desse atendimento pelo futuro trazendo uma concep o de inf ncia que n o considera seu momento suas descobertas e necessidades mas aquilo que ela ser numa pr destina o disto em que a crian a n o tem direito de se expressar colocar claramente a possibilidade de reprodu o na pr escola da reprodu o da escola fragmentada do Ensino Fundamental Inclusive muito o discurso da n o reprova o que tem norteado a discuss o do FUNDEB e que orientou a mudan a do Ensino Fundamental para nove anos de dura o Como j pontuei n o h d vidas de que aquilo que se aprende vai com o sujeito por toda sua trajet ria Por m preciso assumir que quando a palavra alicerce aparece num contexto t o confuso e difuso como a Educa o Infantil e seu processo de legitimidade social esse termo pode remeter a uma perspectiva de Educa o de O a 6 anos como preparat ria para o Ensino Fundamental permanecendo a id ia reducionista de pr prim rio T o perigoso quanto a afirma o anterior a perspectiva de que o atendimento escolar complementa o trabalho da fam lia Volto hist ria para relembrar que e isto foi afirmado por Oliveira 2002 um dos motivos que fez com que o atendimento crian
385. nova cultura oral S o Paulo Cortez 2004 ANTUNES Arnaldo Saiba In CALCANHOTO Adriana Adriana Partimpim o show Sony BGM 2005 ARANTES Milna Martins Educa o F sica na Educa o Infantil concep es e pr tica de professores 2003 105 p Disserta o Mestrado em Educa o F sica Faculdade de Educa o F sica Universidade Estadual de Campinas Campinas 2003 ARA JO V nia Carvalho de Crian a do reino da necessidade ao reino da liberdade Vit ria EDUFES 1996 ARCE Alessandra Compre o kit neoliberal para a Educa o Infantil e ganhe gr tis os dez passos para se tornar um professor reflexivo Educa o e Sociedade ano 12 n 74 p 251 283 abr 2001 ARIES Philippe Hist ria social da crian a e da fam lia 2 ed Rio de Janeiro LTC 1981 ARRIGHI Giovanni O longo s culo XX Rio de Janeiro Contraponto 1996 AYOUB Eliana Reflex es sobre a Educa o F sica na Educa o Infantil Revista Paulista de Educa o F sica supl 4 p 53 60 jan 2001 BAKHTIN Mikail Marxismo e filosofia da linguagem 11 ed S o Paulo HUCITEC 2004 BAQUERO Ricardo Vigotsky e a aprendizagem escolar Porto Alegre Artes M dicas 1998 BARBOSA Ivone Garcia Educa o Infantil o lugar da pedagogia e da Educa o F sica em uma perspectiva s cio hist rico dial tica Revista Pensar a Pr tica v 5 p 71 91 jul jun 2001 2002 BARDIN Laurence An lise de conte do Lisboa Edi es
386. nstitu das de infra estrutura estrat gias sistemas e recursos humanos funcionando como uma engrenagem que visa ao alcance de metas e resultados Tal processo depende de um r gido controle de gerenciamento e de a es de ajuste Esses seriam os princ pios para agir na sociedade do conhecimento Entendo ser pertinente trazer a interroga o que intitula o livro de Duarte 2003 Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilus es e reflito a partir dela As ilus es est o postas em tal refer ncia em alguns princ pios paradigm ticos desse conjunto conceitual ligado ao construtivismo que para Rossler 2000 passou por um grande processo de nos pa ses em desenvolvimento at porque empr stimos do Banco Mundial e Fundo Monet rio Internacional ficaram vinculados ao cumprimento do que era posto pelo Consenso de Washington 100 sedu o e aliena o dos educadores brasileiros e terminou transformando se num grande modismo educacional Mas por que no atual contexto da sociedade brasileira houve uma atra o pelo construtivismo Essa uma quest o central para o referido pesquisador Todavia antes desta tenho outra o que o construtivismo Para responder recorro da Rosa 2000 que diz que o construtivismo o que h de mais novo entre o que se respira nos meios educacionais em que se passa a considerar o conhecimento como resultado das intera es do sujeito com o meio Assim necess rio para essa per
387. nstitu do de um outro modo inclusive por ela mesma no seu pr prio jogo de faz de conta Depois disto retomamos a discuss o sobre o que fazem cada um daqueles personagens Mais uma vez as crian as disseram as mesmas coisas Lutam contra os inimigos dos Power Rangers que o Homem Aranha Usa o poder para se pendurar na parede e subir Perguntei s crian as como o nome do movimento de subir nas paredes e as crian as n o sabiam Ent o eu falei que se chamava esse movimento de escalar e que tem 273 pessoas que com uso de v rios aparelhos de seguran a tamb m escalam montanhas sobem pelos pr dios as Meninas Super Poderosas pula e corre Comecei ent o com um debate para pensarmos sobre a Educa o F sica mais uma vez perguntando Voc s acham que a Educa o F sica pode ter luta escalada salto e corrida ME Pode PESQ Como GB Brincando de faz de conta AS Mas bom os jogos que tem LZ Podia jogar video game PESQ Mas na aula de Educa o F sica jogo de v deo game GB N o jogo com o corpo No momento final da oficina em que voltamos a conversar sobre a Educa o F sica aparece a express o jogo com o corpo Esse enunciado mostra a concep o que a crian a tem de que o movimento corporal algo que deve estar presente na aula de Educa o F sica na viv ncia de jogos e mais de jogos de faz de conta
388. nstru o Da se configura a primeira ilus o posta por Duarte 2003 de que as crian as t m que aprender por si pr prias desconsiderando um ponto que fundamental na perspectiva vigotskiana a aprendizagem na intera o com sujeitos mais experientes que geram zonas de desenvolvimento proximal Al m disso o sujeito passa a ser o respons vel pelo seu sucesso ou fracasso numa l gica de responsabiliza o individual sem a considera o das condi es materiais e hist ricas que geram esse sucesso ou fracasso 204 Uma outra considera o posta por Duarte 2003 que o processo educativo guiado pelo interesse do aluno Essa postura para o referido autor exacerba a valoriza o da subjetividade e torna agora o educando o centro do processo de ensino numa invers o de uma rela o pedag gica que continua sendo vertical Por fim a outra ilus o a afirma o de que o indiv duo n o pode ficar para tr s na sociedade em constante transforma o chamada de sociedade do conhecimento e portanto precisa desenvolver a compet ncia de aprender a aprender Esse um dos argumentos utilizados para vincular a Educa o ao mercado de trabalho numa l gica ligada din mica da qualidade total da produtividade Trata se de um c rculo que se fecha A pedagogia construtivista tem um olhar voltado para quest es individuais A l gica neoliberal uma l gica que retoma os princ pios do liberalismo cl ssico de f
389. ntemporaneidade na difus o de informa es e na forma o dos sujeitos Sujeitos os quais que interagem no plano real e virtual que valoram aquilo e aqueles com quem t m contato Trata se como diz Freire 2006 de textos postos na vida das crian as antes os recursos tecnol gicos comp em a paisagem dom stica e p blica e para al m mais uma das cem linguagens infantis da leitura formal que segundo o PPP do CEB UEFS n o abandonada mas n o a nica presente na escola e no mundo da crian a o que fica claro na ltima frase do ltimo trecho do documento que transcrevi Essa considera o do PPP da escola leva me mais uma vez a refletir que esse documento e portanto a escola assume o lugar da crian a como algu m que tem o que dizer que tem experi ncias a compartilhar e perguntas a fazer e cujas respostas n o ser o dadas prontas pelo professor mas elaboradas no exerc cio dial gico entre crian as e docentes E tal afirma o encontra refor o de novo no texto do pr prio PPP da institui o em que realizei a pesquisa quando aparece em uma ocorr ncia que apesar de baixa freqii ncia bastante significativa de que Para vivenciarmos um ambiente escolar construtivo devemos considerar o desenvolvimento tecnol gico que tem perpassado as nossas escolas PROJETO POL TICO PEDAG GICO CEB UEFS 1998 s n e que isto exige a forma o de um profissional que evidencie o dom nio de v rias lingua
390. ntes 329 Rela o m dia conhecimentos cotidianos as crian as s o impactadas pelos avan os tecnol gicos da atualidade pois l em as falas e os sil ncios as express es formais e informais as faces e os gestos e outros textos que d o ressignificados s a es do cotidiano tamb m cobrando para si todas as possibilidades que o mundo letrado oferece e querendo dominar as novas linguagens Para vivenciarmos um ambiente escolar construtivo devemos considerar o desenvolvimento tecnol gico que tem perpassado as nossas escolas e que exige a forma o de um profissional que n o s domine as habilidades espec ficas de uma determinada rea do conhecimento mas que evidencie o dom nio de v rias linguagens Objetivo da Educa o F sica conhecer a diversidade de padr es de sa de beleza e est tica corporal que existem nos diferentes grupos sociais analisando criticamente os padr es divulgados A nossa op o por um fazer pedag gico coletivo interdisciplinar certamente estar o caminhando rumo escola transformadora e emancipadora Bal a Educa o Escolar deve fazer uso de assimila o ativa dos conte dos s cio culturais j produzidos pela humanidade como suportes da aquisi o de habilidades entendimentos e convic es que servir o de meios para que os indiv duos e as coletividades conservem e renovem a cultura sempre na perspectiva
391. nto crian a de zero a seis anos de idade com diferentes perspectivas e variantes n veis de qualidade de modo que ningu m se responsabilizava e se comprometia de fato com as quest es da inf ncia 95 A d cada de 1980 marcou um per odo de transforma es que aparentemente se fariam profundas no contexto da hist ria da Educa o e da Educa o Infantil brasileira Com o olhar lan ado para aquele per odo depois de vinte e seis anos poss vel perceber que nem t o abruptas assim apesar de alguns avan os serem ineg veis como tamb m intensos e marcantes retrocessos De fato nessa d cada se concretizaram novos passos da Educa o Infantil brasileira vinculados toda a movimenta o pela redemocratiza o do pa s quando v rios segmentos da sociedade come aram a querer romper as barreiras do autoritarismo houve maior press o e articula o dos diversos movimentos sociais O setor educacional obviamente fez parte desse cen rio e a discuss o da pol tica educacional tornou se dif cil como jamais foi como coloca Ghiraldelli Jr 2003 por conta da complexidade da pr pria popula o brasileira Todos esses debates floresceram e fizeram se concretos no cabo de guerra institu do para a aprova o da Nova Constitui o em 1988 Segundo Ghiraldelli Jr 2003 essa foi a nossa Constitui o mais avan ada quando trata a Educa o pois esta aparece como um direito que deve ser prioridade e assegurado pela
392. nto nico que legitima a id ia de que a tecnologia hoje o grande mediador entre as pessoas e o mundo quando o que a tecnologia medeia hoje de modo mais intenso e acelerado a transforma o da sociedade em mercado e deste em principal agenciador da mundializa o em seus muitos e contrapostos sentidos A luta contra o pensamento nico acha assim um lugar estrat gico n o s no polite smo n made e descentralizador que mobiliza a reflex o e investiga o sobre as media es hist ricas do comunicar mas tamb m nas transforma es que atravessam os mediadores socioculturais tanto em suas figuras institucionais e tradicionais como no surgimento de novos atores e movimentos sociais Sentidos e usos que em seus tateios e tens es remetem por um lado dificuldade de superar a concep o e as pr ticas puramente instrumentais para assumir o desafio pol tico t cnico e expressivo que sup e o reconhecimento na pr tica da complexidade cultural que hoje cont m os processos e os meios de comunica o Por m por outro lado remetem tamb m lenta forma o de novas esferas do p blico e s novas formas de imagina o e de criatividade social Ou seja na perspectiva de Mart n Barbero 1987 n o cabe estudar a comunica o como mera manipula o de audi ncia pois a massifica o j acontecia antes do advento dos meios de comunica o de massa por outras vias nem cabe ter a recep o como possibili
393. o Tal leitura numa vis o tradicional e reducionista vista como tarefa da L ngua Portuguesa e a Educa o F sica na mesma perspectiva tomada como educadora de corpos do f sico No entanto j comentei baseada em Martins J B 2005 que se l tudo aquilo que 165 provoca rea es referindo se produ o de sentidos Um debate sobre leitura e Educa o F sica proposto por Gon alves 2006 ao pontuar que os movimentos corporais al m de fazerem parte do universo cultural humano possibilitam a intera o de um sujeito com outros e com as mais diversas experi ncias de modo que posso retomar Freire 2006 e dizer que toda a leitura que antecede a leitura das letras e textos formais constitu da com as experi ncias corporais e tem implica es para todo o processo de articula o de conhecimentos cotidianos e conhecimentos cient ficos sendo fundamentais para o processo de desenvolvimento das fun es psicol gicas superiores Todavia essa an lise de Gon alves 2006 uma faca de dois gumes pois na mesma medida que faz emergir o hist rico equ voco da escola em rela o proibi o do movimento e nega o do corpo pode tamb m abrir brechas para se justificar a Educa o F sica na escola como muleta das outras reas de conhecimento aquelas consideradas mais importantes Portanto torna se imprescind vel retomar que quando falo em leitura refiro me intera o entre sujeito contexto e conh
394. o E como j de se esperar a Educa o foi usada como meio para naturalizar essas id ias Estabeleceu se ent o de acordo com Ghiraldelli Jr 2003 uma pr tica educativa que contribu a para a divis o de classes e para apartar os alunos pelas discrep ncias de oportunidades de aquisi o cultural a partir de crit rios econ micos Enfim a Educa o assumiu mais uma vez a fun o de formar e manter o estado de poder que literalmente se imp s Em rela o Educa o F sica Castellani Filho 1994 sobre o ent o necess rio adestramento f sico associado forma o de um corpo eficiente forte e saud vel submetido l gica produtivista que se instalava no pa s A autoridade do governo Vargas come ou a ruir no mesmo per odo em que findava a Segunda Guerra Mundial Houve espa o ent o para a discuss o dos ideais da Escola Nova que desde a d cada de 1930 j apareciam no cen rio nacional e para se pensar na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDBE Essa legisla o aprovada em 1961 continha um ide rio moderno mas n o livrou o pa s dos ran os do regime autorit rio e o papel da Educa o F sica durante todo esse per odo n o se modificou significativamente apesar de terem surgido outras tend ncias segundo Soares e outros 1992 que colocavam o esporte como elemento predominante que em muitos momentos confundiu se com a pr pria Educa o F sica como j havia acontecido
395. o as crian as afirmam tamb m que a televis o s vezes mostra coisas bobas e n o possibilita a reflex o Al m disso nem tudo considerado bom na TV como a viol ncia e o incentivo a fazer coisas ruins num entendimento de que quando se mostram roubos assassinatos e temas do g nero mesmo quando a inten o noticiar ou advertir o p blico o meio est ensinando e incentivando as pessoas a agir de tal maneira Enfim considerando a presen a significativa da televis o na vida das crian as e a presen a da cultura corporal nesse meio de comunica o de forma expressiva Batista e Betti 2005 apontam a necessidade de buscar estrat gias de ensino que sejam cr ticas inovadoras e criativas E principalmente que levem em conta a realidade da escola brasileira num di logo entre pesquisadores e professores porque h de tal modo a possibilidade de dar respostas pedag gicas aos questionamentos que se configuram para a pr tica da Educa o F sica escolar que v m segundo Betti e Zuliani 2001 muitas vezes dos pr prios alunos Desse modo nas palavras de Betti e Zuliani 2001 p 74 e 75 a Educa o F sica deve assumir a responsabilidade de formar um cidad o capaz de posicionar se criticamente diante das novas formas da cultura corporal de movimento Ou seja tamb m a Educa o F sica deve assumir a responsabilidade e o desafio como toda a escola de potencializar uma compreens o e leitura cr tica do mund
396. o para usar um termo de Belloni 2001 em que a sociedade est midiatizada trazendo agora Thomson 1995 que se constituem os olhares para essas crian as e delas para elas pr prias e para a cultura corporal Portanto a Educa o F sica na escola precisa dar conta dessas curiosidades e percep es que se apresentam para dialogar com as crian as para tornar as aulas significativas pois o conceito de aprendizagem significativa passa pela rela o entre o que se trata na escola e o que est no cotidiano dos educandos para tornar se expressiva na aprendizagem da leitura de mundo Todavia o PEF n o respondeu a pergunta da crian a explicou e demonstrou a atividade a ser realizada um circuito que foi feito pelas crian as repetidas vezes at chegar a hora de voltar para a sala de aula Nesse momento duas situa es merecem destaque A primeira que a mesma aluna que antes havia me perguntado o que era Educa o F sica voltou a mim e questionou Pra que a gente fez isso Solicitei que ela fosse perguntar ao professor mas ela ficou encabulada Iria se configurar ali mais uma aluna que n o saberia o porqu da Educa o F sica mas diante de tal situa o mesmo eu estando preocupada em n o afetar o lugar de refer ncia que deve ter do professor especialmente quando se trata da 281 Educa o Infantil disse a ela que se faz Educa o F sica porque com essas aulas a gente experimenta v rias coisas jogo dan a
397. o solicitei a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Ap ndice A para os docentes autorizando a minha entrada na sala de aula para realizar observa es e conviver com as crian as no sentido de estabelecer v nculo com as mesmas e concedendo parte de seu tempo para realiza o das oficinas que propus no desenvolvimento da pesquisa Al m disso solicitei dos pais ou respons veis pelas crian as a assinatura de Termos de Consentimento Livre e Esclarecido Ap ndice B autorizando as crian as a participar da pesquisa respeitando entretanto a vontade e decis o da crian a em participar das atividades que foram desenvolvidas no desenrolar do estudo 195 6 2 A escola Com a inten o de conhecer mais profundamente o espa o em que se realizou este estudo e sendo este espa o a escola tomei como necess rio inserir no processo de investiga o o estudo do Projeto Pol tico pedag gico da escola tamb m para saber sobre a escola e sobre o trabalho realizado Al m disso como j descrevi realizei entrevistas com professor e professoras das turmas de 04 a 06 anos de idade coordena o e dire o Na entrevista Ap ndice C busquei saber sobre a escola e o trabalho desenvolvido mas tendo espa o para novos temas e para discutir quest es trazidas pelo pr prio entrevistado havendo pois espa o para modificar o pr prio roteiro no processo interativo Afinal esse o perfil da entrevista semi estruturada O q
398. o como instrumentos de seus interesses Nas palavras de Sacrist n 2003 p 60 as proje es que se colocam para a Educa o s o para a forma de conceb la para a hierarquia de valores aos quais julga tem de servir para as prioridades das pol ticas educacionais para o entendimento de qualidade o planejamento dos curr culos os procedimentos de controle das institui es No entanto alguns estudiosos pontuam a relut ncia da institui o escolar para incluir a televis o e as tecnologias de modo geral na pr tica pedag gica pelo fato de considerar que tal id ia uma moda passageira ou pela tend ncia de exclusivamente atacar a televis o e as tecnologias como meios de aliena o como se a escola n o pudesse fazer um trabalho de leitura de tais suportes e mensagens com os alunos promovendo a t o cantada leitura de mundo Em rela o ao fato de a escola resistir integra o das linguagens audiovisuais seja como suporte seja como uma linguagem qual as crian as devem ter acesso Magalh es 2006 pontua que esse um dos fatores que afasta a Educa o do contexto cultural Desse modo a escola vai ficando isolada e distante dos interesses dos sujeitos e sua fun o social come a a ser questionada A escola cristalizou sua a o numa perspectiva conteudista que valoriza apenas o texto impresso o que inclusive fez e faz com que a linguagem corporal seja desprezada na escola ajudando a roubar das
399. o consumo In SOUZA Solange Jobim e Org Educa o p s modernidade fic es cient ficas e ci ncias do cotidiano Rio de Janeiro 7 Letras 2003b p 88 100 TAFFAREL Celi Nelza Zulke et al Avaliar com os p s no ch o da escola a experi ncia da Educa o F sica In CARVALHO Maria Helena da Costa Org Avaliar com os p s no ch o da escola reconstruindo a pr tica pedag gica no Ensino Fundamental Recife UFPE 2000 TEIXEIRA Luiz Monteiro A crian a e a televis o amigos ou inimigos 2 ed S o Paulo Loyola 1987 THOMPSON John B Ideologia e cultura moderna teoria social cr tica na era dos meios de comunica o de massa 6 ed Petr polis Vozes 1995 VAGO Tarc sio Mauro Educa o F sica e produ o do conhecimento Palestra proferida na VII Jornada Pedag gica do CBCE BA em 05 de maio de 2007 Salvador 2007 VASCONCELLOS Celso Para onde vai o professor Resgate do professor como sujeito de transforma o S o Paulo Libertad 2001 VASCONCELLOS Celso Planejamento do projeto pol tico pedag gico ao projeto de ensino aprendizagem S o Paulo Libertad 2000 VASQUEZ Adolfo Sanchez Filosofia da Pr xis 2 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1977 VEIGA NETO Alfredo Cultura e curr culo um passo adiante In MOREIRA Antonio Fl vio Barbosa PACHECO Jos Augusto GARCIA Regina Leite Orgs Curr culo pensar sentir e diferir Rio de Janeiro DP amp A 2004 p 51 56 VER SSIMO Lu
400. o contexto da inf ncia Revista Motriviv ncia ano XVI n 23 p 119 141 dez 2004 LUCENA Carlos A Educa o e trabalho interfaces do mercado In LOMBARDI Jos Claudinei Org Temas de pesquisa em Educa o Campinas Autores Associados HISTEDBR Ca ador 2003 p 143 160 LUFT Celso Pedro Minidicion rio Luft 11 ed S o Paulo tica 1996 MACHADO Irene O ponto de vista semi tico In HOLFELDT Antonio MARTINO Luiz C FRAN A Vera Veiga Orgs Teorias da comunica o 5 ed Petr polis Vozes 2001 p 279 309 MAGALDI Sylvia A TV como objeto de estudo na Educa o id ias e pr ticas In FISCHER Rosa Maria Bueno Televis o e Educa o fruir e pensar a TV 3 ed Belo Horizonte Aut ntica 2006 p 111 144 MAGALH ES Cl udio M rcio Os programas infantis da TV teoria e pr tica para entender a televis o feita para as crian as Belo Horizonte Aut ntica 2006 MARC LIO Maria Luiza A roda dos expostos e a crian a abandonada na Hist ria do Brasil 1726 1950 In FREITAS Marcos Cezar de Org Hist ria social da inf ncia no Brasil 6 ed S o Paulo Cortez 2006 p 53 80 MART N BARBERO Jes s Dos meios s media es comunica o cultura e hegemonia Rio de Janeiro UFRJ 1987 MART N BARBERO Jes s REY Germ n Os exerc cios do ver hegemonia televisual e fic o televisiva 2 ed S o Paulo Senac 2004 MARTINO Luiz C Interdisciplinaridade e objeto de estudo da co
401. o contr rio tenho que considerar o desafio posto de estabelecer um di logo entre tr s interlocutores a crian a o professor e os meios de comunica o Esses recursos disseminam verdades e valores individualistas e competitivistas a crian a tece suas leituras as quais preciso conhecer para tematizar e o adulto sendo professor precisa disponibilizar se a conhecer os textos infantis da televis o a ouvir o que a crian a tem a dizer sobre eles e oferecer lhe outras refer ncias de leitura mais amplas que a simples rotula o da viol ncia ou da superficialidade Est claro ainda que nesse grupo o programa TV Xuxa tem presen a marcante porque somente o desenho das Meninas Super Poderosas n o exibido nesse programa e canal Mas todas as outras produ es referiam se TV Xuxa prioritariamente a desenhos em que as lutas s o presentes Tr s Espi s Demais Avatar e principalmente Power Rangers MC desenhou uma bola de futebol da televis o sendo o nico do grupo que n o 249 fez a produ o voltada para os desenhos animados mas para uma atividade esportiva mostrando como o esporte tamb m se faz presente de forma marcante no mundo infantil contempor neo Identifica o que precisa gerar um pensamento sobre o que fazer com isto Proponho considerando que os conhecimentos produzidos pelas crian as no cotidiano t m que ser refer ncia para a sele o e organiza o dos conhecimentos cient fico
402. o de determinados conte dos Ao mesmo tempo deve se considerar que se os textos televisivos t m influ ncias significativas na vida do sujeito elas devem ser lidas tanto no que concerne s quest es t cnicas como no que diz respeito pr pria mensagem FISCHER 2006 E eu me permito ir al m afirmando que preciso ler os conhecimentos cotidianos que as crian as elaboram com suas leituras do texto televisivo Leitura essa que se far presente nas salas e quadras de aula tanto nas representa es que se tem do mundo como nas curiosidades que s o formuladas sobre temas diversos Todos esses aspectos postos a partir da reflex o sobre a televis o estruturam desafios entre os quais superar a tend ncia especializa o e fragmenta o do conhecimento que caracteriza historicamente o trabalho escolar inclusive na Educa o Infantil quando esta assume uma tend ncia intelectualista imprescind vel articular os conhecimentos entre si de modo que permitam ao educando a leitura de sua realidade para 131 viver entender e interferir nesse mundo Emerge ent o a necessidade de tratar os textos televisivos como objeto de estudo como elemento presente no contexto cultural em que a crian a elabora seus conhecimentos cotidianos e como ferramenta pedag gica a favor de uma perspectiva educacional que fa a da escola lugar de resist ncia criativa tend ncia hegem nica que busca usar tanto a escola quanto os meios de comunica
403. o de uma m tua leitura cr tica da realidade e o encaminhamento de um processo silencioso de uma luta contra hegem nica porque o di logo possibilita recuperar as dimens es sociais e humanas da intera o no mbito escolar J quando se tem em conta o construtivismo o primeiro ponto que preciso considerar a afirma o de Rossler 2000 de que se trata de uma moda pedag gica e que por ser moda apropriada muitas vezes de modo irrefletido pelos educadores Inclusive outras tantas vezes nem apropriado mas os professores se auto declaram construtivistas configurando uma esquizofrenia pedag gica Seguindo o debate sobre o construtivismo retomo as considera es de Freire 1997 que ao falar sobre a teoria piagetiana apresenta as etapas de desenvolvimento e suas caracter sticas sugerindo as aprendizagens que podem ser oferecidas s crian as nesse cen rio Assim a primeira diferen a fundante entre o s cio interacionismo e o construtivismo est na forma de olhar para a rela o entre aprendizagem e desenvolvimento pois aqui este aparece como um pr requisito para que desafios possam ser oferecidos aos educandos Ou seja eles precisam estar aptos aprendizagem a partir daquilo que caracteriza cada uma de suas etapas de desenvolvimento Para continuar retomo a considera o de Rosa 2000 de que nessa perspectiva as crian as s o respons veis por sua pr pria aprendizagem e de que o processo educativo de autoco
404. o direito da inf ncia A escola de Educa o Infantil tem em tal cen rio a fun o de aproximar as crian as dos bens socioculturais de signific los e ressignific los de modo a se tornar um espa o seguro e de novas aventuras um espa o de produ o cultural Isto o que afirmam muitos estudiosos da Educa o de O a 6 anos a exemplo de Oliveira 2002 Bujes 2001 Kramer 2003 Kramer e outros 2003 Kuhlmann Jr 2000 Rosemberg 2002 entre outros Todavia essa fun o n o se mostra realmente efetivada nos pa ses perif ricos nos quais parece haver uma retomada de paradigmas questionados e superados no decorrer da d cada de 1980 j que as propostas de atendimento t m sido voltadas para modelos de baixo custo principalmente para as crian as das classes menos favorecidas No Brasil ao mesmo tempo coloca se uma perspectiva de mudan a com a aprova o do Fundo de Manuten o e Desenvolvimento da Educa o B sica e Valoriza o dos Profissionais da Educa o FUNDEB que prev investimentos na Educa o de O a 6 anos O discurso no entanto de diminuir a reprova o nas S ries Iniciais do Ensino Fundamental Isto uma realidade com rela o crian a que frequenta a Educa o Infantil mas questiono essa fun o pois h o risco de se voltar a colocar esse segmento apenas como preparat rio para a escola e n o se pensar no seu papel social espec fico e de conceber a crian a como aquela que ser a
405. o e que vai gerar mudan as cognitivas E justamente por isso na medida em que o a professor a preocupa se com esse aspecto precisa estabelecer um di logo com a crian a num processo m tuo de compreens o para encaminhar seu trabalho pedag gico de modo a garantir o acesso aos bens socioculturais que sejam relevantes para organizar a atividade cognoscitiva do educando Assim compreendo e penso ser pertinente a compreens o de C1 em pontuar que considerar os conhecimentos cotidianos n o significa cair no espontane smo E algo muito 221 pr ximo da breve discuss o que teci sobre o aspecto disciplinar uma postura s cio interacionista n o deixa a crian a na escola com aquilo que ela j sabe Ao contr rio busca sistematizar e ampliar sua zona real de desenvolvimento a partir da garantia como j foi dito de acesso aos bens socioculturais seu conhecimento sistematiza o ressignifica o e produ o Mesmo a perspectiva construtivista com suas ilus es coloca para as crian as situa es problema no sentido de possibilit la ampliar seus esquemas de conhecimento Mesmo que seja numa refer ncia de que vale mais o que a crian a articula sozinha e de abandono do percurso historicamente constru do de fazer cient fico como coloca Duarte 2003 Como afirmei ao analisar o PPP a concep o pedag gica influencia e influenciada pelo que se considera fun o social da escola Nesse ponto aparece com maior fregii ncia n
406. o e transforma o da realidade social mesmo no contexto de mercadoriza o da escola Assim apesar de as primeiras concep es de curr culo estarem ligadas no o de formaliza o estrutura o ordenamento e sequ ncia dos saberes escolares que por sua vez est ligada ao direcionamento de ordem e disciplina na perspectiva em que tomo curr culo segundo Oliveira 2002 ele considerado elemento fundamental de media o entre a realidade cotidiana do educando e a realidade social de modo a orientar rotas de mudan a nesta Tal conceito amplia se com Kramer e outros 2003 que apresentam o curr culo como um instrumento de trabalho na medida em que se configura um apoio para o trabalho escolar Nele s o estabelecidos percursos pontos de partida e chegada Todavia necess rio compreender que sua concretiza o coloca quest es e conflitos que precisam ser discutidos coletivamente Essa amplia o ainda mais significativa quando se traz a perspectiva de que a din mica escolar e os aspectos diversos da realidade permitem falar em curr culos como pontua Veiga Neto 2004 por se entender que ele vai al m dos limites espaciais da escola 109 sendo tal id ia tomada como forma de diminuir o fosso entre os contextos escolar e extra escolar Nessa l gica acho importante destacar quando o mesmo autor fala em um curr culo da m dia no entendimento de que a se efetivam pr ticas de ensino e aprendizagem mesmo
407. o formas condenadas pelos pretensos direitos humanos e n o acontecem mais explicitamente com uma grande massa Numa an lise da publicidade Baudrillard 2005 traz uma compreens o da fun o que est latente nessa pr tica para al m da venda de produtos Para o autor mais que dirigir o consumo a publicidade passou a condicionar a vida e as necessidades do ser humano Em outras palavras a publicidade e os produtos postos na vitrine s o libis para disseminar valores persuadir os sujeitos e implementar um projeto silencioso de controle e integra o Com uma postura mais ligada semiologia Roland Barthes estrutura seu olhar para os meios de comunica o Ao analis los num texto originalmente publicado em 1962 Barthes 2005 prende se a debater especificamente a fotografia Na discuss o o pensador afirma que o texto entre a coisa que se fala e a fala interp e um c digo que ideol gico e que est muito al m da descri o da realidade objetiva J a fotografia aparentemente traz o real porque n o usa c digo No entanto a fotografia tem um estilo passa por um tratamento minuciosamente escolhida e em geral traz um texto que lhe descreve em rela o a que o autor aponta uma invers o no papel do texto como mero instrumento para falar da fotografia Por isso a fotografia e a imagem de um modo geral por parecerem verdades neutras t m um papel significativo na fun o de integrar o homem no modelo de sociedade c
408. o intencional o ensino de um conte do espec fico e produz se uma sistematiza o em tal sentido Em rela o a estes Pfromm Neto 2001 adverte a necessidade de combinar profissionais que dominem os materiais t cnicos da produ o televisiva a elabora o de materiais educativos e orienta o pedag gica e psicopedag gica Isto no sentido de evitar programas que nada ensinam ou prendem se na perspectiva conteudista Cabe aqui definir tamb m o programa educativo infantil que tem a intencionalidade de ensinar um conte do adequado a um p blico de determinada idade e produzido e sistematizado com tal fim mas toma a ludicidade como aspecto essencial a ser considerado Vale ressaltar que nem todo programa infantil educativo pois nos canais comerciais os programas voltados s crian as tamb m t m fun o de entretenimento e publicidade ou seja descobriram a crian a como consumidora e direcionam se a um nicho de mercado Al m disso segundo Belloni 2001 a viol ncia e fun es sociais estereotipadas s o a t nica desses programas No que se refere especificamente aos programas educativos Magalh es 2006 diz que s o assim denominados aqueles que est o presentes nas redes educativas p blicas ou 128 privadas e que tecnicamente n o manteriam v nculo com o consumo No entanto hoje muitos programas que nasceram com a proposta de serem educativos circulam pelas emissoras comerciais filmes de Hollywood est o na
409. o lirismo comedido n o mais de funcion rio p blico porque afinal o Estado est saindo de cena Encontro refor o para esses coment rios em Ribes e Boruchovitch 2003 quando comentam que o mercado elevou a crian a de filha de cliente a cliente e que o valor movimentado por essa parcela de consumidores equivale a quase 10 do PIB Produto Interno Bruto brasileiro E para estimular esse comportamento h todo um processo de marketing que lhe sugere necessidades e desejos muitas vezes com concep es de inf ncia fantasmag ricas e com valores ticos de competi o trapa a e individualismo Diante de t o estarrecedor cen rio como posso pensar na possibilidade de estrutura o de uma contrapalavra preciso desnaturalizar e isto posto por Fischer 2006 as linguagens midi ticas e as mensagens que fatalizam os caminhos da humanidade Nesse sentido Souza 1994 diz que preciso tratar com uma concep o de linguagem que recupere a import ncia das quest es humanas culturais e sociais para de tal modo trabalhar com uma concep o de sujeito s cio hist rico Em poucas palavras poss vel afirmar que a possibilidade de constru o de uma contrapalavra articula se na medida em que tendo consci ncia do cunho ideol gico no mbito oficial da inten o da forma o de um senso comum que busca naturalizar os rumos que a sociedade capitalista vem seguindo e que as crian as t m sua forma o mediada tamb m
410. o negativo gerando em uma das estagi rias E6 um retrocesso a uma vis o meramente negativa da TV quando ela afirma que a televis o faz as crian as se tornarem violentas H tamb m uma afirma o da D1 de que a m dia exerce poder na mente das pessoas na de um adulto imagine de uma crian a Essas duas afirma es trazem tr s aspectos que precisam ser discutidos a TV ruim influencia as crian as diretamente e as crian as s o ing nuas e por isso mais vulner veis aliena o posta nas mensagens da televis o Devido compreens o de que a TV est comprometida com interesses pol ticos de 234 aliena o h em muitos momentos especialmente por parte dos educadores um posicionamento negativo e negador em rela o a esse meio de comunica o No entanto Mart n Barbero e Rey 2004 pontuam que essa postura da escola termina fazendo com que ela abra m o de sua fun o de institui o que ensina a ler J no que se refere perspectiva da TV influenciar diretamente crian a existe nas entrelinhas uma concep o de que a crian a ing nua facilmente alien vel bem ao gosto daqueles que tomavam a crian a como cera virgem em que tanto se deseja imprimir uma s rie de id ias e valores Ent o preciso retomar as afirma es de Salgado 2003 quando diz que as crian as reais ao interagirem com as crian as virtuais valoram nas e interpretam nas Ao fazerem isto est o quando Bakhtin 2004
411. o negativo porque o cuidado com as crian as era considerado uma responsabilidade exclusivamente familiar e prioritariamente materna e que al m disso despendeu atendimento com perspectivas preconceituosas para combater a 211 mortalidade infantil que desempenhou uma fun o assistencialista e compensat ria e por conta de nunca ter assumido de fato um car ter educacional sempre teve frente desse atendimento mulheres que tinham paci ncia e gostavam de crian as as tias preciso considerar que hoje a legisla o fala em uma forma o espec fica para atuar na Educa o Infantil mas nesse n vel ainda se aceita a forma o em segundo grau com habilita o em magist rio e que com a invas o neoliberal velhos novos conceitos s o retomados e muitos vinculam se ao atendimento de baixo custo e de cunho assistencial que faz as institui es precisarem de bab s e n o de professoras Assim falar em forma o de professores e assumir a fun o de formadora no cotidiano mais uma vez admitir um lugar de confronto com as perspectivas que se colocaram historicamente para essa institui o encarar o embate com as proposi es alternativas de baixo custo que v m se recolocando no cen rio educacional brasileiro enfim responsabilizar se com a perspectiva de cuidado e Educa o que entende que a crian a precisa ter atendidas todas as necessidades priorit rias para sua sobreviv ncia mas tamb m precisa ter aces
412. o que pare a monol gico produzido em resposta a algum enunciado anterior e espera uma resposta daquele que com ele tem contato Ent o o texto espera a leitura e quem l interpreta concorda discorda significa ressignifica e tais a es se constituem como uma posi o diante da mensagem e isto se faz a 74 partir de toda a experi ncia social do leitor Seguem a mesma linha de pensamento as considera es de Koch e Elias 2006 nas quais o pr prio texto lugar de intera o e de constitui o de interlocutores de modo que o sujeito leitor coloca em jogo suas experi ncias e conhecimentos O texto nessa trilha mais que a codifica o de uma mensagem por um emissor que lhe atribui um sentido pr vio e que cabe ao receptor decodificar Assim os pr prios autores afirmam que a leitura e a produ o de sentido s o atividades orientadas por nossa bagagem sociocognitiva conhecimento da l ngua e das coisas do mundo lugares sociais cren as valores viv ncias KOCH ELIAS 2006 p 21 Enfim a leitura se constitui um processo de intera o de interlocu o entre o autor o leitor e o texto Numa refer ncia espec fica pr pria t cnica e comunica o Briggs e Burke 2004 colocam que a leitura se constituiu como pr tica de lazer mas tamb m como forma de cr tica quando opini es eram comparadas em diferentes textos teve tom sagrado quando estava em Jogo a B blia por exemplo foi feito uso revolucion
413. o textos dos quais as crian as fazem uma primeira leitura desde o momento em que v m ao mundo e encontram na sala de casa uma televis o ligada produzindo sentido para o mesmo e que a escola deve ser um espa o tempo de potencializar tal leitura tanto considerando os conhecimentos cotidianos que as crian as a elaboram como problematizando os de forma intencional Tem se ent o um duplo desafio Num universo mais amplo enfrentar cotidianamente as grades que vis veis ou invis veis cercam a escola e aprisionam professores e crian as roubando as noventa e nove de suas cem linguagens para ampliar o curr culo no planejamento e na a o sem esquizofrenias e contemplar diferentes linguagens dentre as quais a corporal e a televisiva E ao mesmo tempo potencializar um processo de constru o de leitura do texto televisivo que desnaturalize sua linguagem que desconstrua suas mensagens Uma possibilidade de concretiza o metodol gica trazida por Porto 2000 que prop e trabalhar com temas geradores que permitem abordar no plano da sala de aula a diversidade de conte dos informados pela TV interessante notar que essa a mesma proposi o que Kramer e outros 2003 trazem como possibilidade de pensar a organiza o curricular na Educa o Infantil justamente com a justificativa de acessar os conhecimentos de forma integrada do modo como se mostram no mundo social possibilitando a compreens o deste 136 4 EDUCA
414. o um dos fen menos mais importantes nos meios de comunica o de modo que ela transformada em produto a ser consumido sob a forma de informa es diversas id ias que colocam o esporte como algo que passa a fazer parte do universo infantil e que relacionam as pr ticas corporais com diferentes concep es de sa de Numa discuss o tecida a partir da corporeidade Wiggers 2005 afirma que as informa es difundidas pelos meios de comunica o confrontam as no es de corpo que s o tratadas na escola por diferentes reas de conhecimento A referida autora estabelece a seguinte dicotomia a escola tradicionalmente s viu o sujeito do pesco o para cima numa perspectiva de segmentar o ser humano em corpo mente enquanto a m dia que visa o sujeito como consumidor potencial transformado em corpo que consome corpo s v o sujeito do pesco o para baixo mantendo o olhar dualista sobre o corpo na medida em que dissemina padr es e imp e ao corpo uma outra forma de disciplinariza o diferente do confinamento empreendido historicamente pela escola ligada imagem do corpo perfeito Nessa trilha Lisboa e Pires 2004 afirmam que a televis o trata tanto dos temas pr prios da Educa o F sica como de temas que s o importantes a essa rea de conhecimento como o corpo Ent o os autores destacam dois elementos a erotiza o precoce quando se mostram crian as vestidas como adultos com comportamentos que n o lhe s
415. observa es descritivas Mas essa fala mostra o qu o importante ouvir a voz da crian a na sela o de temas a serem tratados Destaco que a voz da crian a n o a que impera mas tamb m uma voz que constitui o cotidiano escolar e que apesar da forma assistem tica traz uma leitura sobre aquilo que ser tratado na escola a partir de outras intera es na medida em que a escola consegue estabelecer essas rela es que sua exist ncia se faz significativa na vida da crian a e do educando no di logo que os temas socialmente relevantes emergir o que a zona de desenvolvimento real dos sujeitos mostrar se dando pistas ao professor tanto dos temas da cultura e ci ncia que precisam ser tratados e de poss veis formas de transpor didaticamente o conte do No Grupo 06 as crian as fizeram um momento de grande confus o pois queriam ver 263 todos os desenhos Expliquei que n o havia tempo para assistir tudo porque a professora tamb m precisava fazer outras atividades Ent o combinei que mostraria de novo todos os desenhos dispon veis e quem quisesse aquele levantava o bra o sendo que n s assistir amos o que fosse escolhido por mais pessoas Os Power Rangers tiveram um n mero muito grande de crian as que queriam assistir Quando eu disse s crian as que havia ganhado na vota o os Power Rangers foi um fee geral na sala sendo que N A e RT levantaram sentaram se longe e disseram qu
416. ocesso que as tecnologias tornaram se protagonistas porque se instalaram 68 em qualquer lugar como elemento ex geno s heran as culturais e s demandas locais segundo Mart n Barbero e Rey 2004 p 31 e ao mesmo tempo trabalharam no universo global Tais caracter sticas geram desordem porque se tem um amplo aparato comunicativo predominantemente privado Ent o enquanto o Estado minimizado um grande volume de informa es emitida diante de uma escola cheia de mazelas experi ncias imag ticas orientam a vida dos sujeitos al m de muitos signos serem lan ados numa sociedade cuja cultura especialmente a local est sendo esvaziada de conte do num processo de desmistifica o das tradi es e costumes Assim o autor bebe na fonte dos estudos culturais na compreens o de que preciso pensar na trama das cumplicidades entre discursos hegem nicos e subalternos que envolve estrat gias de antecipa o por parte dos meios e compet ncias de leitura por parte do receptor Tal compet ncia se constitui na socialidade nas rela es cotidianas nos modos e usos coletivos de comunica o nas palavras do autor o pr prio Mart n Barbero 1987 p 20 que diz O que busco reconhecer que os meios de comunica o constituem hoje espa os chave de condensa o e intersec o de m ltiplas redes de poder e de produ o cultural mas tamb m alertar ao mesmo tempo contra o pensame
417. ociais E mais preciso olhar para as entrelinhas para os objetivos que aparecem e desaparecem por tr s do cen rio O que n o se pode perder de vista que a d cada de 1990 marcou o in cio da retomada dos princ pios do liberalismo no Brasil Como bem afirma Arce 2001 a era Collor marcou o in cio da invas o neoliberal no pa s e teve continuidade no governo Fernando Henrique Cardoso sob o argumento de moderniza o para colocar o Brasil no primeiro mundo Pode se somar agora o governo Lula que apesar de ter representado a vit ria da esperan a sobre o medo e em termos educacionais a possibilidade de reescrita da hist ria da Educa o como coloca Ghiraldelli Jr 2003 somente agora aponta possibilidades de modifica o no mbito da Educa o Infantil a serem analisadas adiante Nesse per odo a influ ncia de organiza es multilaterais n o se deu mais pela difus o 102 de id ias da UNESCO e da UNICEF mas pelo investimento direto do Banco Mundial em programas educacionais que com base economicista estabeleceram o Ensino Fundamental como prioridade ROSEMBERSG 2002 O ECA uma lei de prote o inf ncia que vem substituir no Brasil o C digo do Menor que vigorava desde 1927 com uma vis o punitiva e preconceituosa em rela o crian a pobre porque se direcionava apenas s crian as consideradas em situa o irregular ou seja negras pobres e em situa o de abandono que viviam na rua MULLER MAR
418. ograma de Est gio Acad mico da pr pria Universidade A partir da as experi ncias tornaram se parte do meu cotidiano pois nesse Programa eu ministrava aulas de Educa o F sica no Centro de Educa o B sica da Universidade Estadual de Feira de Santana CEB UEFS na Educa o Infantil e S ries Iniciais do Ensino Fundamental Costumo dizer que atrav s dessa experi ncia descobri a Educa o F sica escolar Tal est gio se estendeu entre os anos de 2000 e 2003 Esse espa o contribuiu para a aprendizagem de como ser professora de Educa o F sica al m de nortear trabalhos produzidos durante a gradua o inclusive a monografia de conclus o de curso e de especializa o em Psicopedagia na Universidade Est cio de S UNESA e Metodologia do Ensino Pesquisa e Extens o em Educa o na Universidade do Estado da Bahia UNEB mantendo ainda uma rela o org nica com a estrutura o do problema que investiguei nessa disserta o No decorrer desses anos especificamente numa experi ncia no ano de 2001 fui respons vel pela implanta o da Educa o F sica na Educa o Infantil em uma escola particular de Feira de Santana trabalho que foi consolidado em 2002 Por quest es de cunho administrativo o trabalho foi suspenso em 2003 e a experi ncia s foi retomada em 2004 Escola municipal conveniada com a UEFS com instala es dentro do campus universit rio e que troca experi ncias com professores de v rios
419. oisas do mundo num encontro dial tico e eu diria dial gico Desse modo aparece mais uma vez como condi o para concretiza o desse PPP a concep o de inf ncia como categoria social cujos sujeitos que a comp em devem ser tomados como interlocutores questionadores perguntadores O outro ponto que aparece com fregii ncia significativa a id ia de que a escola precisa garantir o acesso aos bens socioculturais produzidos historicamente pela humanidade Esse tamb m um ponto que merece bastante reflex o pois ao falar do RCNEI no cap tulo segundo deste texto trouxe a id ia contida nesse documento de alguns princ pios curriculares que s o sugeridos para orientar as atividades pedag gicas na Educa o Infantil sendo um deles garantir o acesso aos bens socioculturais produzidos pela humanidade No entanto Cerisara 2002 lembra que o documento foi objeto de ferrenhos debates sobre a fun o e o lugar da Educa o Infantil no sistema educacional brasileiro e retoma em muitos momentos a concep o de pr prim rio que coloca o Ensino Fundamental como a prioridade na forma o escolar de modo que em muitos aspectos n o consegue cumprir nas orienta es que seguem nos tr s volumes do documento aquilo que anuncia Todavia essa fun o social da escola de Educa o Infantil que aparece no RCNEI como demonstra o de uma luta por avan os nesse segmento educacional o que por si j traz possibilidades de pensar numa constru
420. ol tico pelas autoridades respons veis pelos aparatos administrativos dos estados na es emergentes As autoridades dos novos estados fizeram uso ativo dos jornais para comunicar proclama es oficiais de v rios tipos mas elas tamb m procuraram restringir ou suprimir a publica o de material supostamente her tico ou perigoso Essa afirma o faz transparecer ainda mais duas considera es por mim tecidas primeiro a rela o dos novos recursos t cnicos com a emerg ncia e consolida o da sociedade capitalista por meio da via cultural intrincada com a segunda afirma o de que tais recursos s o manipulados como instrumentos de poder de grupos hegemonicamente mais bem colocados na hierarquia social A imprensa possibilitou ainda que os textos religiosos deixassem de ser objeto de estudo exclusivo da alta hierarquia da Igreja Al m disso como se coloca hoje com a internet foi posto o desafio de desenvolver novas formas de gerir a informa o Pode se somar a isto o nascimento e expans o de ocupa es como impressores vendedores de livros bibliotec rios Para al m de tudo isto a inven o da prensa tipogr fica mudou a rela o de tempo e espa o da informa o com o aumento de sua extens o no acesso a informa es E ainda por meio da literatura popular de natureza escapista e anest sica eram difundidos modelos culturais hegem nicos numa tentativa de domina o Voltando ao debate sobre a imprensa entendo
421. ola num processo de tentativa de articular o trabalho escolar para que ele se torne significativo e capaz de ir al m do trato com conhecimentos que s o formalizados a ponto de n o encontrarem eco na vida dos sujeitos e de n o serem capazes de possibilitarem a j posta leitura de mundo a qual se refere Freire 2005 pois neste segundo o pr prio autor est o presentes as influ ncias de pessoas mais velhas e mais experientes Por que n o os professores Essa leitura ser possibilitada na medida em que o trabalho escolar considerar os conhecimentos que os educandos articulam cotidianamente nas suas experi ncias sociais nos processos espont neos de modo que a escola n o o nico espa o de aprendizagem que o sujeito vivencia mas ir promover a apropria o de conhecimentos mais organizados que possibilitar a reestrutura o interna do conhecimento da cogni o e do sujeito Ser o novos conhecimentos que far o parte do conjunto de a es que j se tem condi es de realizar com autonomia segundo o pr prio Vigotski 1998 Al m disso necess rio que a escola supere sua vis o racionalizadora fragmentadora n o s para trabalhar os conhecimentos de forma significativa para os educando mas tamb m para dar conta do trato com as diferentes linguagens que se fazem presentes na acumula o de bens socioculturais historicamente produzidos pela humanidade e ao inv s de roubar noventa e novas das cem linguagens da crian a
422. ola de modo bastante intenso Na sala do grupo de 4 anos a decora o da sala tematizada pelas Meninas Super poderosas de um lado e do outro os Power Rangers No grupo de 5 anos a Hello Kit e o Menino Maluquinho que transita entre a literatura o cinema e a TV s o os personagens que aparecem J no grupo de 6 anos o Garfield que tamb m transita entre cinema e TV quem d as boas vindas s crian as e lhes apresenta jogos hist rias livros e brinquedos At a sala da coordena o decorada com a figura do Bob Esponja e seus companheiros A escola atende filhos de professores e funcion rios da universidade al m de crian as das comunidades adjacentes Vale ressaltar que devido ao status que ganhou de escola p blica de qualidade pessoas de todos os recantos de Feira de Santana buscam l vagas para seus filhos o que gera um reboli o grande em pocas de matr cula e uma demanda que a escola n o tem instala es para atender 194 Sobre o corpo docente todas as professoras ligadas rede municipal t m forma o em n vel superior todas s o pedagogas importante destacar que por ser conveniada com a UEFS a presen a de estagi rios dos cursos de Pedagogia Educa o F sica Enfermagem Farm cia Letras entre outros cursos uma constante E o v nculo com a rede municipal faz com que haja estagi rios tamb m de outras Institui es de Ensino Superior da cidade O professor de Educa o F sica inclusi
423. olu o sistem tica do que foi aplicado que foi encaminhada com a apresenta o dos dados organizados sem an lise e algumas perguntas geradoras de debates sobre os temas encontrados O primeiro tema a gerar grande debate e a mobilizar os professores para discuss o foi a contradi o entre o construtivismo e o s cio interacionismo Momento no qual mais uma vez as mesmas contradi es apareceram pois algumas professoras acham pelo que aprenderam em sua forma o que as teorias piagetiana e vigotskiana se acrescentam sendo que uma tenta para as quest es biol gicas e a outra para a cultura No entanto P5 coloca para 240 o grupo a compreens o de fundo pol tico que est posta na discuss o do construtivismo e o grupo entende que tem compromisso com a forma o de sujeitos aut nomos ainda P5 que explica que os autores do PPP do CEB UEFS o pensaram prioritariamente na perspectiva s cio interacionista Todavia muitos professores do CEB UEFS atuaram em escolas particulares que t m no construtivismo sua refer ncia de modo que no cotidiano as duas concep es terminam convivendo Foi aventada ent o a necessidade de o PPP do CEB UEFS ser reelaborado pelo corpo docente a partir daquilo que eles t m como fundamentos pedag gicos Ap s a supera o dos conflitos gerados nesse primeiro momento perguntei ao grupo qual era para todos os presentes a import ncia da Educa o F sica na escola de Educa o Infantil Rea
424. ometido com a cr tica gerando um panorama sombrio que se centrou na estrutura de poder dos meios de comunica o e suas estrat gias de domina o e sobre a significa o das mensagens 67 S em meados da d cada de 1970 e 1980 que apareceram outros caminhos para pensar a comunica o na Am rica Latina que atentaram para as pol ticas p blicas e a democratiza o da comunica o com o respeito s especificidades do continente e para projetos de comunica o popular deixando de tomar o receptor como algu m meramente passivo e considerando o sujeito que pode se apropriar criticamente das mensagens midi ticas Na d cada de 1990 apareceram ainda outras preocupa es a rela o entre o massivo e o popular a forma o deforma o da mem ria popular pelos meios de comunica o mais atuais a forma como as pessoas assimilam usam e estabelecem sentido para esses meios isto a recep o Houve uma transi o do interesse pelos meios em si para a vida cotidiana e o lugar que tais recursos ocupam nesse tempo espa o Assim foram postas preocupa es no cen rio da cultura com significativa influ ncia dos Estudos Culturais Um dos estudiosos mais importantes no mbito da Am rica Latina Jesus Mart n Barbero para o qual as rela es entre comunica o e cultura precisam ser estudadas a partir de v rias facetas n o cabendo posi es lineares nos estudos da comunica o pois os meios de comunica o na Am
425. ometidos acima de tudo com quest es econ micas possa ser tomado como nico caminho poss vel O que se observa portanto que em dada organiza o social pol tica e econ mica busca se mexer na consci ncia dos sujeitos para que estes adequem se assujeitem se l gica imposta Tomando Gramsci 2001 por refer ncia fica claro que a forma o do supracitado senso comum e a naturaliza o dos caminhos trilhados pela sociedade d se atrav s dos recursos educacionais e culturais pois a monopoliza o de tais elementos que abre caminho para justificar a hegemonia de um grupo essa concep o de mundo que se torna um senso comum entre os grupos e as classes sociais um produto s cio hist rico capaz de garantir a manuten o da dire o e da domina o presente na forma o econ mica e social mediante a orienta o que d ao desenvolvimento da moralidade individual e coletiva MARTINS M F 2005 p 145 O que se percebe a partir dessa afirma o que a monopoliza o da Educa o e da cultura est claramente orientada a suprir a necessidade de forma o de sujeitos que se submetam aos interesses hegem nicos sem a possibilidade de question los Explicita se 78 tamb m que a cada novo passo do capitalismo os recursos utilizados para formar os sujeitos para que estes se conformem realidade imposta tornam se mais complexos e sofisticados e a hegemonia n o se constr i nos aspectos pro
426. omo primeira etapa da Educa o B sica e a Educa o F sica como componente curricular obrigat rio desta come ou uma preocupa o em transcender a legaliza o e buscar a legitimidade da Educa o F sica nesse segmento educacional Consegiientemente segundo Ayoub 2001 essa debate intensificou se a partir de uma refer ncia Educa o Infantil como lugar de cuidar e educar e que portanto deve possibilitar crian a o acesso a diferentes linguagens Entre elas a Educa o F sica aparece como a rea de conhecimento que possibilita refletir conforme Silva 2005 sobre a express o corporal como uma forma de linguagem Quando se pensa em mais que legalizar legitimar a Educa o F sica como componente curricular na Educa o B sica todos os seus segmentos t m que ser sistematicamente pensados no mbito da rea de conhecimento da qual se trata aqui Portanto ressalto a import ncia de discutir o trabalho pedag gico da Educa o F sica na Educa o Infantil e reafirmo as coloca es de Picelli 2002 e Garanhani 2001 2002 de que h poucos estudos com enfoques variados debatendo essa quest o E ainda diante de um levantamento preliminar sobre a produ o cient fica da Educa o F sica na rela o Educa o F sica meios de comunica o inf ncia feito por Lisboa e Pires 2004 a import ncia de produzir conhecimentos nesta rea aparece pela sua pr pria escassez Portanto trata se de um terreno f rtil par
427. omp e uma das noventa e nove linguagens infantis desprezadas na escola Ent o a Educa o F sica poderia ser o epicentro de todo um movimento de integra o da linguagem televisiva no espa o da Educa o formal Alguns caminhos foram apontados pelas pr prias professoras na reuni o de devolu o dentre elas a reconstru o do PPP da escola a partir do que elas acreditam e vivenciam E eu acrescento que tal processo deve ser norteado por um processo de forma o cont nua em semin rios e cursos E ainda a constru o dialogada de uma proposta integrada de Educa o F sica e a constru o de um projeto que envolva a escola para tematizar a linguagem da TV No mbito espec fico da Educa o F sica parece haver a necessidade de ampliar a concep o de temas a serem tratados ouvindo o que tem sido dito de diferentes maneiras pela crian a n o para transformar a aula num espa o de reprodu o do que est hegemonicamente posto mas para transformar a a o pedag gica em lugar de di logo compreens o do mundo em que se vive e da forma como o corpo e a cultura corporal s o a retratados e da produ o com diferentes linguagens de formas infantis de viver a cultura corporal Entendo portanto que o esporte e as lutas podem ser apresentados s crian as de Educa o Infantil no plano de jogo de faz de conta j que de acordo com Silva 2005 que escreve sobre a presen a da Educa o F sica na Educa o de O a 6 an
428. oncep es de inf ncia se constroem socialmente e localizam se no tempo e no espa o Ghiraldelli Jr 2002 pontua que h uma retomada da no o de indiv duo livre mas reduzido a consumidor um consumidor peculiar cuja identidade est centrada no corpo que tamb m um objeto de consumo de modo que ser sujeito tornar se corpo que consome corpo Ent o a m dia define coisas que s o feitas para o corpo da crian a postas como necessidades de um ser livre e ativo na verdade aprisionado a uma l gica conservadora e manipuladora Esse processo muitas vezes representa e trata as crian as como se elas fossem apenas futuras adultas negando a pr pria inf ncia o que n o significa o fim da inf ncia at porque n o significa aceita o disto por parte das crian as e da sociedade Em rela o ao est mulo e inser o das crian as na cultura do consumo Souza 2003b pontua como valores que s o disseminados nesse contexto o hedonismo e o individualismo O que significa ser cidad o nesse contexto A pr pria autora responde afirmando que significa consumir os produtos lan ados ao mercado em turbilh o e partir das 84 necessidades forjadas para movimentar e fazer girar as engrenagens capitalistas E em geral o consumo est ligado a imagens de sucesso e felicidade Em outras palavras para ser feliz desse ponto de vista necess rio estar preso classe e a algumas roupas e contentar se talvez com
429. onflito o pr prio PPP assume que se faz uso de diferentes correntes A partir desse ponto uma s rie de perguntas se estruturam na minha cabe a quase como se fosse um jogo em rela o proposta pedag gica do CEB UEFS O que significa ser s cio interacionista e construtivista Que contradi es est o a postas Que for as est o em confronto De que lado fica a interdisciplinaridade nesse cabo de guerra Que concep es de inf ncia aparecem impl citas nesse documento no que foi exposto e discutido at o 201 momento Quando se fala em uma postura s cio interacionista relacionada com a abordagem vigotskiana de aprendizagem e desenvolvimento fala se primeiro de uma teoria que tem uma raiz marxista portanto de cr tica ao modo mec nico e racionalizador como a psicologia olhava para as quest es do desenvolvimento humano Segundo fala se de uma postura pol tica que precisa estabelecer uma rela o dial gica entre professores e educandos j que os conhecimentos cotidianos das crian as que d o o ponto de partida para a concretiza o do processo educacional Isto significa mexer na estrutura enraizada historicamente de trabalho pedag gico em que professor sabe e aluno n o sabe em que professor transfere conhecimento e aluno reproduz porque dialogia acontece com intera o com di logo pressupondo o que Paulo Freire 2005 sugere como uma rela o horizontal entre professores e crian as A partir desse d
430. ontam a necessidade de assumir uma perspectiva de Educa o F sica no trabalho com a Educa o Infantil que possibilite mais que brincar jogar e aprender movimentos Uma abordagem de Educa o F sica que consiga ter na dialogia um princ pio pedag gico para que essa rea de conhecimento possa assumir com toda a escola a fun o de educar organizar a capacidade cognoscitiva do aluno ensina lo a ler os diversos textos que acessa na forma das mais variadas linguagens atrav s das quais s o postos em circula o diferentes s mbolos culturais e ideol gicos Na fala das professoras na devolu o sistem tica e nas proposi es das crian as na oficina 04 que consigo ter mais vis vel as possibilidades que se apontam como poss veis eixos norteadores para a constru o de um projeto de ensino aprendizagem na Educa o Infantil que possibilite dar conta do desafio que est posto acima A primeira dessas possibilidades o desenvolvimento do trabalho pedag gico por projetos de ensino Como ponderei anteriormente os projetos tem ticos d o a possibilidade de acolher no trabalho pedag gico uma postura interdisciplinar pr xima daquela proposta 302 por Kramer e outros 2003 no trabalho com os temas geradores porque possibilitam o levantamento de quest es das crian as al m da coloca o de aspectos que o professor como sujeito mais experiente em rela o ao conhecimento a ser aprendido considera importante trabalhar
431. or gera uma indetermina o porque os produtores das mensagens a constroem para uma dada audi ncia mas n o garantem que s ela acessar as mensagens al m de utilizarem estrat gias para valorizar economicamente os bens simb licos a quantidade de informa es e mensagens circulando maior tanto no tempo quanto no espa o as informa es circulam publicamente o que gera uma preocupa o pol tica no que diz respeito ao controle social e uma reconstitui o da fronteira entre vida p blica e vida privada j que a vida privada noticiada nos grandes meios de comunica o se torna p blica o que acontece com artistas pol ticos e celebridades em geral e a vida p blica quest es pol ticas por exemplo tornam se objeto de debate em casa e no trabalho ou seja os assuntos de ordem p blica chegam ao espa o em que convivem um n mero limitado de pessoas O primeiro desenvolvimento t cnico que chama aten o o da prensa gr fica por Johann Gutenberg de Mainz que come ou a mudar a forma de comunica o presencial por assim dizer por permitir a produ o de textos em grandes quantidades e sua explora o comercial Thompson 1995 p 231 que chama aten o para o fato de que essa inven o parte do movimento e est no meio dele em que s o desenvolvidas as formas de produ o capitalistas Nas palavras do autor foi o alvorecer da era da comunica o de massa Todos os produtos criados com a ajuda
432. or uma contrapalavra BAKHTIN 2004 p 132 CEB UEFS CEREN CIESPAL ECA EUA FUNDEB FUNDEF ILET ININCO LBA LDBE MEC PCN PPP RCNEI TV UEFS USAID UNESCO UNICEF LISTA DE SIGLAS Centro de Educa o B sica da Universidade Estadual de Feira de Santana Centro de Estudos da Realidade Nacional Centro Internacional de Estudos Superiores de Periodismo para a Am rica Latina Estatuto da Crian a e do Adolescente Estados Unidos da Am rica Fundo de Manuten o e Desenvolvimento da Educa o B sica e Valoriza o dos Profissionais da Educa o Fundo de Manuten o e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valoriza o do Magist rio Instituto Latinoamericano de Estudos Transnacionales Instituto de Investigaciones de la Comuniciaci n Legi o Brasileira de Assist ncia Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional Minist rio da Educa o Par metros Curriculares Nacionais Projeto Pol tico Pedag gico Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil Televis o Universidade Estadual de Feira de Santana United States Agency for Internacional Development Fundo das Na es Unidas para a Educa o Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia QUADRO QUADRO 2 QUADRO 3 QUADRO 4 QUADRO 5 QUADRO 6 QUADRO 7 QUADRO 8 LISTA DE QUADROS Proposta Organizacional da Pesquisa Participan
433. ores que as crian as t m acesso em outros espa os Por isso n o podemos simplesmente condenar e rotular o texto televisivo como algo negativo nem desconsiderar sua presen a na forma o da personalidade das crian as E naquilo que a gente assistiu tem alguma coisa de Educa o F sica DP Tinha os Power Rangers se divertiam P Tinha tinha um que andava de bicicleta PESQ E voc s andam de bicicleta na aula de Educa o F sica DP N o mas esporte DL E o Power Ranger vermelho jogador de futebol pr RF Eu tamb m jogo futebol Al m disso o andar de bicicleta aparece como um fator significativo mesmo as crian as n o vivenciando isso nas suas aulas mas segundo elas mesmas esporte e assim sendo tem rela o com a Educa o F sica do mesmo modo que o futebol Isto mostra que os enunciados da cultura corporal que se colocam para as crian as na TV mesmo nos desenhos animados tem rela o com o esporte Essas falas reportam me aos coment rios dos textos de Mauro Betti por mim consultado na constru o desse estudo ao comentarem a inser o da crian a precocemente no mundo esportivo n o s pela preocupa o que gera o fato dessa inser o se dar pela via do telespet culo que reduz o esporte a uma mercadoria e trata o numa perspectiva de rendimento efic cia e competi o Mas tamb m porque nesse processo as crian as v o elaborando um olhar para
434. orma radical sendo um deles o individualismo e a liberdade Unem se esses dois conceitos soma se tudo isto a alguns novos velhos conceitos relacionados ao mercado de trabalho produtividade e efici ncia Para coroar algumas reformas educacionais s o feitas ap s a aprova o de uma Constitui o democr tica mas inserindo os princ pios do neoliberalismo fazendo o como uma proposi o de Educa o que diz olhar para o aluno e respeit lo Resultado moda pedag gica adequada l gica capitalista Ent o as contradi es que est o a postas s o fundantes primeiro nas considera es sobre o processo de aprendizagem e desenvolvimento que geram posturas pedag gicas distintas Al m disso dizem respeito a posicionamentos pol ticos diante da Educa o Falam do tipo de sociedade e de ser humano que se tem por objetivo formar De modo que posso afirmar que as contradi es que se colocam no PPP do CEB UEFS s o as mesmas que caracterizam nossa sociedade e junto com elas est o as tentativas de abarcar todas as possibilidades pedag gicas para manter a estrutura escolar e social sem questionamentos o que estaria posto na id ia de trabalhar com diferentes refer ncias Todavia est o a tamb m as brechas que se abrem para as a es de enfrentamento que se fazem por dentro do sistema e das institui es No que se refere interdisciplinaridade j pontuei que o que se coloca a possibilidade de trabalhar os conhecimen
435. os O que percebo portanto que apesar do PPP prever a Educa o F sica como um componente curricular e do CEB UEFS ser a nica escola municipal de Feira de Santana em que a Educa o Infantil tem atividades relativas a essa rea de conhecimento ela ainda n o conseguiu sair da condi o de atividade extra nos termos de Castellani Filho 1994 N o seria isto uma fenda entre atividade acad mica e atividade escolar quando se considera que a escola est localizada dentro de uma universidade em que a maior parte dos cursos volta se para a forma o de professores E onde o curso de Educa o F sica come ou a funcionar um ano antes de a escola ser fundada Falo isso pautada em duas coloca es a 231 primeira a de Vago 2007 sobre a necessidade de fazer dialogar o espa o escolar e seus sujeitos e a pesquisa em Educa o F sica eu diria em Educa o para nesse di logo gerar transforma es significativas no fazer escolar A segunda que se constitui um devaneio por se afastar muito do objeto da minha pesquisa de que se pensamos a forma o de professores que n o v o aprender sua profiss o de fato nos primeiros anos de pr tica pedag gica por tentativa e erro e correndo o risco de reproduzir as diversas incoer ncias que historicamente acontecem no interior da escola n o deveria a forma o inicial tamb m se aproximar dos espa os escolares Seja uma escola universit ria por assim dizer ou as esco
436. os momentos de intera o com outros E afirma embora seja desordenada plet rica aleat ria corresponde a um processo amplo de Educa o sin nimo de vida com um impacto determinante na modifica o da vida quotidiana do indiv duo e das sociedades e pela aus ncia de um plano pedag gico sistematizado e estruturado SILVA 1998 p 67 Apesar de n o haver o cuidado pedag gico com as mensagens estas s o produzidas para um determinado p blico a partir do estudo do seu perfil pesquisas de opini o definindo se o que o telespectador e o que se quer que ele seja FISCHER 2006 No entanto nada garante que somente o p blico para quem se endere a a mensagem ter acesso a ela Ao contr rio pesquisas mostram que o maior p blico da televis o nos hor rios noturnos s o crian as e adolescentes PFROMM NETO 2001 E nesse sentido Fischer 2006 p 81 afirma que h uma tens o entre o direcionamento a um p blico espec fico e a sombra das grandes maiorias do p blico disperso Esse aspecto torna ainda mais complexo o debate de que a TV um meio que escancara tudo interferindo na rela o adulto crian a Uma outra defini o interessante de televis o tamb m trazida por Fischer 2006 a 127 de r dio vis vel no qual as pessoas est o sempre falando mostrando algo e mostrando se de modo que se caracteriza pelo dinamismo e pela impossibilidade do sil ncio Essa caracter
437. os na perspectiva cr tico superadora um dos objetivos dessa rea de conhecimento em tal contexto ampliar a reflex o pedag gica sobre os temas da cultura corporal a partir de princ pios relacionados ao contexto s cio hist rico s capacidades cognitivas dos educandos aos conhecimentos produzidos no cotidiano e relev ncia social para mais amplamente contribuir na leitura da realidade 297 Al m disso quero retomar as coloca es de Mart n Barbero e Rey 2004 sobre o papel da escola de ensinar a leitura s crian as numa perspectiva que vai al m do texto formal Ent o se o esporte e as lutas fazem parte do universo infantil da contemporaneidade por que negar sua presen a na escola Para afastar a escola do mundo extra escolar que esse sujeito vivencia Por que n o ouvir suas solicita es Por que n o tematizar suas fantasias O professor somente se desprender de sua condi o de adulto que diz o que a crian a precisa e ir se tornar algu m que dialoga sobre a perspectiva infantil de esporte e de luta mesmo no jogo de faz de conta de competi o e de rela o menino forte menina fraca para gerar problematiza es contribuir com outras experi ncias e colaborar para a forma o de um leitor interlocutor cr tico da m dia e para constitui o de sujeitos que desenvolvam atitudes cooperativas 298 7 CONSIDERA ES FINAIS O RECONHECIMENTO DE POSSIBILIDADES O quadro que organizei para propor o percu
438. os no par grafo anterior dizem que necess ria uma cr tica capaz de distinguir entre a indispens vel den ncia de cumplicidade da televis o com as manipula es do poder e dos mais s rdidos interesses mercantis que segiiestram as possibilidades democratizadoras da informa o e as possibilidades de criatividade e de enriquecimento cultural refor ando preconceitos racistas e machistas e nos contagiando com a banalidade e a mediocridade apresentada pela imensa maioria da programa o e o lugar estrat gico que a televis o ocupa nas din micas da cultura cotidiana das maiorias na transforma o das sensibilidades nos modos de construir imagin rios e identidades MART N BARBERO REY 2004 p 26 Seja no encantamento seja no nojo a televis o forma e deforma o cotidiano hibridizando a cultura popular com a cultura do consumo misturando linguagens e constituindo uma linguagem que lhe pr pria nesse sentido que posso retomar a coloca o gramsciana de que a cr tica e a compreens o s o necess rias Todavia n o somente para construir uma vis o ruim da TV mas para compreender sua estrutura e poder articular alternativas de constru o de uma contra hegemonia ou numa perspectiva mais bakhtiniana para preparar os sujeitos a realizar uma leitura que possibilite emanar uma contrapalavra Nesse mesmo sentido Mart n Barbero e Rey 2004 afirmam o car ter de centralidade da TV enquanto meio de comunica o m
439. os se necessitam e se repelem na unidade dos contr rios Quer dizer um n o existe sem o outro mas cada um possui densidade pr pria o que possibilita o relacionamento din mico DEMO 2004 p 79 Ou seja a pr tica um elemento metodol gico importante na medida em que aparece como um crit rio de verdade da teoria e assume a pesquisa como interven o na realidade Dessa forma a pesquisa participante entendida como uma forma de superar a tens o e a ruptura entre ci ncia e vida Posso tamb m tomar como refer ncia o conceito de pr xis posto por Vasquez 1977 no qual o autor a coloca como atividade propriamente humana que transforma o mundo exterior e ao pr prio ser humano Nesse sentido a teoria pura n o vista como pr xis porque n o gera nenhuma transforma o real J a pr tica puramente transforma a realidade mas pode n o transformar a consci ncia dos sujeitos Ou seja a pr tica fundamenta a teoria e esta em rela o com a pr tica promove a transforma o de concep es representa es e conceitos Em termos de organiza o metodol gica Demo 2004 refor a que o percurso at ent o mais sistematizado o proposto por Boterf que ser descrito antes de explicitar de fato a forma como encaminhei metodologicamente este estudo 5 4 Estrat gias para dialogar com a realidade Segundo Brand o 1999b Gajardo 1999 e Boterf 1999 n o existe um modelo nico de pesquisa participante ma
440. os sobre a viol ncia e sobre a responsabilidade que cada um pode ter com a seguran a do outro Al m disso o leque de movimentos possibilitar a amplia o das a es corporais das crian as e a experimenta o de outras sensa es e emo es tamb m na perspectiva cr tico superadora que Barbosa 2001 2002 aponta a necessidade de forma o dos professores de Educa o F sica para que estes possam ter um olhar amplo para a Educa o Infantil que supere o olhar assistencialista compensat rio e caridoso que norteou a a o educativa com a crian a da primeira inf ncia e ainda para que a pr tica corporal possa ir al m do fazer por fazer recreativo Nessa trilha a autora pondera que a Educa o F sica deve se colocar na escola de Educa o Infantil n o numa perspectiva de fragmenta o do conhecimento j que na perspectiva s cio hist rico dial tica o pr prio conhecimento n o tomado de modo fragmentado especializado sem rela o com os outros conhecimentos escolares Ent o uma postura pol tico pedag gica interdisciplinar um dos rumos aqui apontados para legitimar a Educa o F sica como componente curricular na Educa o Infantil Propondo um modo de concretiza o dessa postura Soares 2001 2002 estabelece um di logo com a Pedagogia de Projetos quando coloca que muito se tem discutido sobre o trabalho por projetos como uma alternativa de conduzir a Educa o de forma interdisciplinar
441. osa e continuou no seu papel Enquanto isso o professor tentava formar uma roda com as crian as para explicar a atividade que seria desenvolvida na aula com o objetivo de trabalhar a no o de espa o A primeira atividade foi a mesma proposta ao Grupo 04 Gato Comandante Para ajudar o professor um dos alunos disse Eu sou Power Ranger e vou pegar Mois s que era um aluno que ainda estava fora da roda e para tanto ia usar toda sua for a e autoridade de super her i A atividade enfim teve in cio mas os personagens que povoaram a escola naquele dia mais que em qualquer outro momento fizeram se presentes quando um dos alunos assumiu o lugar de gato comandante e ao inv s de pedir que os colegas imitassem animais o que era a t nica da atividade disse Todo mundo Power Ranger Imediatamente todas as 290 crian as come aram a saltar dar golpes fazer poses pr ximas das que fazem os personagens do desenho e a representar as lutas com os monstros Assumir o lugar do super her i uma forma que a crian a tem de interagir com o personagem fazendo emergir as novas formas de intera o que caracterizam a sociedade tecnificada concretizada no mbito do imagin rio da crian a real que atrav s do faz de conta apropria se dos signos culturais que a rodeiam E esse imagin rio hoje possibilita a rela o com elementos e pessoas virtuais que nada mais s o do que a express o do imagin rio de seu autor E n
442. ossibilitado pela coexist ncia de for as opostas Essa categoria da dial tica est presente desde a Antig idade com Her clito que tomava a diferen a como fundadora do di logo ABR O 1999 necess rio ademais pontuar que n o assumo o materialismo hist rico dial tico e suas categorias como paradigma a partir de um olhar mec nico para a teoria pois como afirma Vasquez 1977 preciso enfrentar as experi ncias e contextos hist ricos concretos na forma em que estes se constituem em dado momento ou de outro modo posso recorrer a Carlos Drumonnd de Andrade quando este se coloca como poeta do mundo presente da vida presente dos homens presentes e n o de um mundo caduco Isto exige ainda segundo Vasquez 1977 uma consci ncia din mica que enfrente resist ncias e contradi es na realidade pois ao contr rio dar se o assassinato da pr pria teoria Tamb m numa perspectiva gramsciana segundo Martins M F 2005 o entendimento do contexto faz se algo imprescind vel para a busca de possibilidades de supera o e transforma o de uma realidade 5 3 Tipo de investiga o estudo de caso com car ter participacionista Por se tratar de uma pesquisa de mestrado pelo fato de assumir uma perspectiva de ci ncia e pesquisa que exige um olhar comprometido e aprofundado sobre a realidade e ainda por comprometer me a dialogar com os sujeitos que constroem a escola efetivei um estudo de caso Segundo Minayo 20
443. osto no quadro a partir de crit rios Primeiro decidi que a pesquisa seria realizada na cidade de Feira de Santana BA pois todas as experi ncias que me levaram estrutura o da proposi o do estudo se deram em escolas deste munic pio Outra op o foi pelas escolas p blicas municipais como espa o de pesquisa devido ao 2Feira de Santana est localizada a 108Km de Salvador na zona de plan cie entre o Rec ncavo Baiano e os tabuleiros semi ridos do nordeste da Bahia A cidade nasceu em torno de uma fazenda Fazenda Sant Anna dos Olhos D gua devido ao pr spero com rcio de gado e s feiras peri dicas que a aconteciam Atualmente a cidade tem 535 820 habitantes e possui sete distritos Bonfim de Feira Governador Jo o Durval Carneiro Humildes Jaguara Ja ba Maria Quit ria e Tiquaru u 183 fato amplamente reconhecido de que a maior parte da popula o brasileira que freq enta a escola est nas institui es p blicas e porque s o os munic pios que t m pela atual legisla o educacional brasileira a responsabilidade pelo processo educacional das crian as em idade de frequentar a escola de Educa o Infantil Como a Educa o F sica o foco da pesquisa estabeleci um outro elemento a ser considerado na sele o do espa o de pesquisa que as crian as tivessem na escola a viv ncia sistematizada da Educa o F sica Em rela o a esse crit rio uma observa o pertinente devido ao fato
444. p 52 A pesquisa versa sobre a rela o entre o fazer pedag gico da Educa o F sica no contexto da escola de Educa o Infantil e a produ o de sentidos das crian as acerca dos conte dos da cultura corporal a partir das mensagens televisivas Para tanto realizei a pesquisa com crian as de 4 a 6 anos de idade e seus respectivos professores e professoras que frequentam uma escola municipal na cidade de Feira de Santana o espa o de pesquisa ser contextualizado mais adiante Dessa forma trato com um terreno pantanoso de rela es hierarquias contradi es esquizofrenias pedag gicas valores e atitudes que envolvem diferentes sujeitos concretos localizados social e historicamente 5 1 Concep o de Ci ncia Pesquisa e M todo Seguindo a trilha do que foi anteriormente posto assumo a ci ncia como produ o humana que permite ultrapassar as apar ncias e captar os fen menos como resultados das contradi es sociais Entendo ent o os aspectos observados assim como a pr pria produ o cient fica como historicamente constru dos Concebo ainda que a ci ncia n o acontece com base apenas em opini es mas com base em teorias bem demarcadas e com procedimentos metodol gicos para apreens o dos fatos Numa continuidade desse olhar e concordando com Andery e outros 2004 a ci ncia vista aqui como resultado das rela es entre o ser humano a natureza e a cultura na tentativa de entender se e ao mundo Po
445. p e se com centralidade dentre todos os elementos da cultura corporal que s o tematizados e transmitidos pela TV fazendo do esporte uma mercadoria a ser consumida compondo o rol de assuntos que giram em torno da vida infantil Nesse caso o pr prio autor que chama aten o para o fato de a Educa o F sica na aproxima o do educando com a cultura corporal ter que contribuir para a forma o do que ele denomina um espectador ativo Ele fala ent o que o texto televisivo precisa vir para a escola Eu vou mais longe concordando com Souza 2003a que se instala um momento em que a televis o contribui para um conhecimento da cultura corporal sem profundidade porque s mostra aquilo que selecionado como bonito e interessante para atender os interesses mercadol gicos No entanto ao ser superficial permite que o espectador interlocutor complemente o que viu com as pr prias experi ncias e com as diferentes intera es no 289 processo de ver TV Ent o quando est em jogo a cultura corporal a aula de Educa o F sica e o professor como adulto nesse processo pedag gico sem um espa o privilegiado caso esse sujeito se disponibilize a ouvir e entender as interpreta es da crian a a experiment las a oferecer outras alternativas de experi ncia corporal para as crian as e com as crian as compar las quanto riqueza na express o espont nea frustra es alegrias percep es sentimentos No quarto dia de ob
446. pam de um determinado contexto t m direito voz s o interlocutores num processo de produ o de conhecimento e de compreens o m tua ORLANDI 1996 com uma possibilidade de tornar a escola um lugar mais pr ximo das expectativas e demandas dos educandos e em que prazer e conhecimento andem de m os dadas H que se considerar contudo que at os autores que percebem as possibilidades educativas da televis o apontam e concordam que n o se pode ter um olhar ing nuo e positivo desse meio de comunica o porque ele tem o poder de educar e informar mas tamb m de alienar e assujeitar Al m dessa classifica o Napolitano 2003 traz uma classifica o dos tipos de televis o que necess rio pontuar no sentido de esclarecer de que televis o se fala nesse trabalho Fala se em televis o comunit ria e televis o aberta A televis o comunit ria disseminou se no Brasil a partir da d cada de 1980 e apresenta se como uma possibilidade 130 de a sociedade civil discutir problemas sociais e colocar se em rela o a eles Por sua vez a televis o aberta a mais popularizada no Brasil e teve grande impacto no cotidiano desde seu surgimento na d cada de 1930 nos EUA e na d cada seguinte no Brasil A id ia deste estudo na sua g nese voltava se para a televis o aberta com nfase nos canais comerciais por serem aqueles que t m mais dissemina o na realidade brasileira e maior audi ncia segundo Fischer 2006 Mas a aten
447. para vivenciar uma s rie de movimentos que foram citados por mim O jogo de v deo game posto como possibilidade pode apontar duas coisas ou a crian a entendeu que a aula poderia ter qualquer jogo quando se falou nesse termo ou ela pensou que a experi ncia de lutar escalar saltar e correr s o poss veis pela via do virtual estabelecendo uma confus o que est posta no mundo contempor neo que a de confundir o ver e o fazer No Grupo 06 inicialmente as crian as deram a entender que a organiza o do jogo seria mais complexa mais cheia de detalhes Quando expliquei a atividade RF disse que era preciso organizar quem eram os monstros Algumas crian as logo se identificaram querendo ser esse personagem E quem o Power Ranger tamb m disse W E quase toda a turma quis assumir o papel desses super her is Havia crian as que queriam ser mais um personagem A eu perguntei como que eles conseguiriam ser mais de uma pessoa ao mesmo tempo Ent o RF pontuou que s poderia escolher um As crian as foram escolhendo seus personagens e a roda foi se desfazendo pela curiosidade e ansiedade de se transformar Elas foram colocando as m scaras e levantando se para brincar A hist ria que inicialmente deu a impress o que seria bem encenada praticamente n o aconteceu As crian as brincaram livremente mesmo umas com as outras E praticamente a sala se dividiu por grupos de super her is como no Grupo
448. pareceram as perspectivas da coordena o motora e especialmente a aprendizagem de jogos brincadeiras e as regras que as crian as precisam aprender a respeitar Ou seja a perspectiva da psicomotricidade hegem nica no olhar das professoras para a Educa o F sica Todavia os jogos e as brincadeiras aparecem como elementos que devem ser tematizados dif cil dizer a partir de que refer ncia essa coloca o foi posta pois v rias abordagens da Educa o F sica entendem os jogos e as brincadeiras como temas significativos quando se trata do trabalho com crian as No entanto quando se fala das regras parece haver um esquecimento que o faz de conta um elemento presente na vida das crian as da primeira inf ncia o que n o impede o trabalho para que as crian as compreendam a fun o social das regras sejam impl citas ou expl citas Nesse momento coloquei para o grupo brevemente os debates que t m envolvido o campo da Educa o F sica escolar abordando que muitas perspectivas t m sido desenvolvidas inclusive nas abordagnes construtivista e s cio interacionista Falei das diferen as cruciais que ambas encontram e pontuei que a Educa o F sica tematiza conte dos espec ficos que s o os jogos as brincadeiras as dan as a gin stica as lutas os esportes a capoeira Surpresas j que todo esse debate n o faz parte do universo da Pedagogia forma o de todas as professoras e curso das estagi rias elas reconhece
449. participacionista por isso comp e apenas a an lise dos dados Isso porque segundo G es 2000 a abordagem microgen tica muitas vezes articula se com outras t cnicas para compor pesquisas participantes Essa abordagem definida pela mesma autora como an lise minuciosa de um processo de modo a configurar sua g nese social e transforma es do curso de eventos G ES 2000 p 11 Ou seja a an lise microgen tica preocupa se em descrever e analisar detalhadamente as intera es dial gicas atentando para as min ncias e fatores contextuais que como prop e Sanfelice 2005 fazem a realidade estar em constante movimento Mas preciso ir al m da descri o e buscar ind cios para conduzir um processo que possibilite fazer infer ncias explicativas e considere os aspectos macrossociais que s o postos nas rela es que se estabelecem numa perspectiva de totalidade Ou seja a microgen tica parte do pressuposto de que as a es e as enuncia es s o aspectos relacionados a recursos mediacionais e influenciadas por aspectos culturais que fazem parte dos processos de apropria o e significa o que ir o constituir a consci ncia dos sujeitos WERTSH SMOLKA 1994 Nas palavras de G es 2000 p 15 essa an lise micro por atentar para as min ncias e gen tica como sociogen tica por buscar relacionar os eventos singulares com outros planos da cultura pr ticas sociais dos discursos circulantes das
450. pecialmente da m e Em todo o per odo de Col nia e Imp rio a Educa o Infantil imexistia primeiro porque o sistema educacional era elitizado e voltava se para os sujeitos maiores de sete anos de idade e segundo porque os arranjos para atender crian a menor de sete anos n o tinham preocupa es educacionais A inten o de combater a mortalidade infantil tornou se mais emergente com a aboli o da escravatura que fez aumentar o n mero de crian as abandonadas e o ndice de mortalidade infantil pois os negros foram libertados mas n o houve preocupa o com a sua condi o de marginalidade Isto fez com que fosse criada segundo Oliveira 2002 uma s rie de entidades com o objetivo de cuidar dessas crian as num discurso de medicamenta o e 89 culpabiliza o da fam lia pela condi o da crian a Nesse sentido Oliveira 2002 p 93 comenta Nesse momento j aparecem algumas posi es hist ricas em face da Educa o infantil que iriam se arrastar at hoje o assistencialismo e uma Educa o compensat ria aos desafortunados socialmente Planejar um ambiente promotor de Educa o era meta considerada com dificuldade Ou seja a situa o de esquecimento vivida pelo segmento da Educa o Infantil algo que se arrasta desde seu nascimento Isto porque historicamente esse atendimento n o foi elaborado com car ter educacional entendido como acesso aos bens socioculturais acumulados na hist ria hu
451. pela quadra soltando beijos para uma imagin ria torcida bem ao gosto do que se v na televis o com os craques de futebol Um outro momento interessante no decorrer dessa aula se deu quando eu fazia anota es no di rio de campo e uma crian a me perguntou o que eu estava escrevendo Retomei com ela o porqu da minha presen a na escola e o que eu estava observando ali Ela saiu satisfeita e depois voltou achando importante me dizer Eu gosto dos Power Rangers do S tio do Picapau Amarelo e do Bob Esponja viu j me dando ind cios do que eu encontraria no momento em que fosse realizar as oficinas nas quais fiz um levantamento dos programas prediletos das crian as No Grupo 06 n o foi diferente Enquanto o professor foi buscar o material para as 291 atividades da aula bolas de meia as crian as faziam diferentes estripulias corporais imitando seus super her is preferidos Quando o professor explicou a atividade e distribuiu as bolas as crian as n o fizeram o que foi proposto Come aram a quicar as bolas de meia no ch o mesmo elas n o voltando para a sua m o ap s o quique e a jogar a bola num bambol arco que estava no ch o contando os pontos de cada um A segunda atividade foi um boliche com as bolas de meia que todos experimentaram competindo e cobrando o cumprimento de regras que n o foram inicialmente estabelecidas e iam ali sendo postas pelas pr prias crian as Mas uma crian a ficou de fora jogan
452. pitalista de sociedade Podem tamb m no entanto constituir se como espa o de resist ncia criativa no qual se efetiva a luta que Gramsci 2001 dizia n o conhecer no ch o da f brica Para tanto preciso al m de considerar o que as crian as aprendem sobre o corpo na TV formar a Educa o F sica lugar de prazer de descobertas interessantes para poder concorrer com o m gico dos truques coloridos talvez at aprendendo com ele sobre o discurso l dico nos termos de Orlandi 1996 Quando o professor come ou a explicar a atividade recebeu uma sugest o Vamos professor fazer uma fila de menina e de menino E de forma espont nea j que o professor n o deu resposta as crian as fizeram isto sendo que enquanto vivenciavam o circuito eles e elas gritavam Menino menino menino ou Menina menina menina e ainda Ganha ganha ganha O que essas situa es me lembraram Os programas de audit rio em que meninos e meninas competem em diferentes atividades No momento da viv ncia houve uma interven o do professor dizendo que ali n o era competi o Mas as crian as fizeram com que se tornasse fazendo emergir mais uma vez a l gica da competitividade que est posta no modo como a cultura corporal se mostra para eles cotidianamente seja no desenho no programa de audit rio ou na espetaculariza o do esporte Na terceira aula do dia com a turma das crian as de 06 anos de idade que
453. pode e deve contribuir para essa constru o No entanto na trajet ria do meu referencial te rico trago alguns autores que discutem a necessidade de formas cidad os aut nomos e cr ticos Essa proposi o far se concreta nesse segmento na medida em os sujeitos tiverem acesso ao conhecimento n o como algo 209 pronto posto como verdade mas na medida em que t m a possibilidade de ressignific lo e produzi lo efetivando por dentro da institui o escolar uma constru o que v al m da f rma do indiv duo da sociedade capitalista e a fa a mais do que um cidad o consumidor ou cidad o n o consumidor produtor de bens que n o acessa Para tanto preciso segundo Kramer e outros 2003 tomar a atividade educacional como organiza o da capacidade cognoscitiva do educando assumindo a fun o de conscientiza o pela pr pria aprendizagem dos conhecimentos acumulados pela humanidade Vou mais al m para ressaltar que desse ponto de vista a escola de Educa o Infantil migra da condi o de mal necess rio que d um atendimento marcado pelo assistencialismo para institui o educacional em que se edificam todas as contradi es compositoras da escola como lugar de conflito e de poss vel supera o dos sujeitos como objetos e em longo prazo da pr pria organiza o social Al m disso ainda segundo Kramer e outros 2003 em tal processo as crian as estabelecer o rela es com pares pessoas e c
454. pode ser uma trilha para que os conhecimentos sejam tratados sem fragmenta o ou etapiza o e para que a Educa o F sica consiga se legitimar como componente curricular Na classifica o proposta por Darido 2003 h ainda a perspectiva cr tico emancipat ria A Escola de Frankfurt serve como base para as proposi es e an lises elaboradas sobre a Educa o F sica em especial o esporte nessa abordagem Nessa l gica entende se que o ensino deve possibilitar a emancipa o do ser humano em rela o s falsas ilus es e necessidades postas pelo capitalismo e sua l gica comercial que transforma os sujeitos em objetos ferramentas do pr prio sistema e que para tanto faz uso da ind stria cultural KUNZ 2004a que passa a determinar uma outra l gica de cidadania definida pelo consumo 161 Quando se trata nessa perspectiva do desenvolvimento da Educa o F sica escolar para crian as Kunz 2004b afirma de modo geral que o processo educacional deve promover o desenvolvimento de compet ncias que v o para al m do ser bem sucedido no mundo do trabalho quando adulto mas envolve aspectos sociais ling sticos e criativos que possibilitar o a forma o do ser cr tico do saber questionar Em rela o ao desenvolvimento da crian a o mesmo autor pontua que atrav s da inser o no mundo cultural e ling stico que a crian a come a a formar se indiv duo a ter desejos necessidades Mas as experi ncias das cr
455. ponto de partida os conhecimentos cotidianos dos alunos para estruturar o curr culo e aproxim lo dos conhecimentos escolares conhecimentos cient ficos Em outras palavras e tomando Saviani 2006 como refer ncia a pr pria constru o curricular deve acontecer na sala de aula para que se trabalhe numa perspectiva de possibilitar a leitura da realidade porque parte da a o cotidiana e a ela se direciona n o numa l gica utilitarista mas na inten o de garantir uma apropria o significativa do conhecimento tematizado nas escolas No mbito espec fico da Educa o Infantil nessa trilha que se colocam as teorias cr ticas quando direcionadas para esse n vel de ensino Ent o assumo a partir do di logo com Kramer e outros 2003 que a escola de Educa o Infantil um espa o de trabalho coletivo entre educadores e educandos para promover o desenvolvimento da cidadania criativa e cr tica a amplia o dos conhecimentos e um desenvolvimento aut nomo Em tal processo 111 portanto as crian as estabelecer o rela es com os pares as pessoas e as coisas do mundo num encontro dial tico que contribuir para o desenvolvimento da personalidade dos sujeitos aprendizes Nessa l gica as a es de planejamento s o entendidas como essenciais mas n o devem engessar o trabalho pedag gico Este precisa ser reorganizado a partir da realidade das necessidades e dos objetivos porque assim h uma possibilidade maior de re
456. poral pela possibilidade de conhecer as possibilidades de a o corporal e especialmente pela viv ncia do faz de conta que inclusive o espa o tempo no qual as crian as interagem 167 de forma significativa com os enunciados televisivos tanto pela linguagem da televis o se aproximar da narrativa e do plano da fantasia como pelo fato de essa ser uma forma que a crian a tem de se apropriar dos signos do mundo em que vive Quem discute as quest es dos meios de comunica o de massa de forma direcionada a esse segmento de ensino Lisboa e Pires 2004 que destacam a cultura l dica semeada entre as crian as por meio da m dia E aqui preciso retomar a quest o da crian a ser considerada um sujeito consumidor pois atrav s da cultura l dica brinquedos jogos e produtos diversos s o postos como objeto de desejo para as crian as A mesma autora chama aten o de que nos programas televisivos voltados para o p blico infantil e tamb m para o p blico adulto porque h registros de que programas como novelas t m ampla audi ncia entre o p blico infantil h uma s rie de elementos relacionados dan a ao esporte um dos temas mais discutidos no campo da Educa o F sica a espetaculariza o do esporte ao jogo gin stica e a todos os outros temas da cultura corporal Enfim as pr ticas corporais segundo afirmam Batista e Betti 2005 encontram centralidade nos programas televisivos e desenhos animados Ainda
457. possibilita avan ar de um pensamento pr tico ao pensamento complexo a partir de diversas intera es que estabelecem com o mundo e com diferentes pessoas Na teoria vigotskiana as fun es psicol gicas superiores s o tomadas como constru es sociais e hist ricas Al m disso d se aten o fun o que assumem instrumentos de media o ferramentas e signos BAQUERO 1998 Isto fica claro quando Vigotski 1998 afirma que num primeiro momento da vida as crian as t m uma intelig ncia ou racioc nio pr tico que antecede a fala e representa a primeira fase do desenvolvimento cognitivo O avan o em rela o a esse racioc nio pr tico tem liga o com o desenvolvimento da linguagem atrav s da qual a crian a come a a fazer uso de signos sociais Ent o ela apropria se da fala inicialmente como mero instrumento de comunica o nas suas experi ncias Mas isto gera mudan as na estrutura intrapiscol gica da crian a e a linguagem fala passa a ser a organizadora dos seus pensamentos e atividades influenciando no desenvolvimento das fun es psicol gicas superiores Ou seja com a ajuda da fala linguagem a crian a come a a ter controle dos pr prios comportamentos do ambiente e a organizar suas a es na medida em que atrav s desta a crian a pode descrever e analisar situa es como tamb m planejar a es e execut las a partir de um objetivo Esse processo vai gerar novos modos de comportamento influenci
458. pr prios das crian as 3 Ingenuidade simplicidade leviandade KLIMES et al 1992 p 627 Frente etimologia e aos significados das palavras correlatas fica expl cito que a concep o emudecedora da inf ncia permanece enraizada no tempo atual apesar de tantas garantias e direitos que t m sido conquistados Mas o mutismo n o se fez faz presente da mesma maneira em todos os tempos porque as concep es de inf ncia foram se construindo vinculadas organiza o social pol tica cultural e econ mica da sociedade e isto tem consegii ncias concretas quando se trata do fazer cient fico e educativo e do lugar que a crian a ocupa nas rela es sociais Portanto n o h como dizer que falo da inf ncia mas de inf ncias Tal configura o se constr i n o s porque a crian a foi vista e representada de modo diverso mas tamb m porque em uma mesma poca diferentes concep es convivem pois o modo como a crian a vista depende da organiza o social e as contradi es a presentes ir se o fazer sentir na condi o de vida das crian as de diferentes classes sociais Para Lajolo 2006 existir o inf ncias na mesma medida em que houver id ias sobre elas Tais ju zos s o emanados pelos meios cient ficos com toda sua autoridade via psicologia biologia pedagogia Todavia imagens hegem nicas da inf ncia s o reafirmadas pela literatura pela poesia pelas artes em geral e pelos meios de comunica o nes
459. prendizagem infantis e uma concep o de crian a tomada como sujeito de direitos que se forma socialmente numa concep o de Educa o como pr tica que coloca a possibilidade de transforma o social pela promo o da conscientiza o dos sujeitos num projeto hist rico de mudan a do modo de produ o que est estabelecido Isto n o me impede contudo de tecer e estabelecer di logos com sujeitos e teorias que possam colaborar para a compreens o do mundo da Educa o da comunica o da inf ncia e da Educa o F sica contempor neas numa perspectiva cr tica e de transforma o Nessa trilha um aspecto que se coloca significativo a realiza o de um trabalho integrado da Educa o F sica na escola de Educa o Infantil e a valoriza o de temas que fa am parte da realidade social e cultural das crian as com as quais se trabalha atentando para os conhecimentos cotidianos destas sobre tais temas Essa perspectiva na verdade coloca se para o trabalho interdisciplinar que busca a supera o do conhecimento fragmentado e para a escola de Educa o Infantil de modo geral j que na medida em que se entende essa escola como lugar de cuidar e educar n o uma a o coerente reproduzir a pr ticas e princ pios que norteiam uma escola racionalista positivista que historicamente concebeu a Educa o Infantil como assist ncia ou prepara o para as s ries mais adiantadas pr escola Tais quest es colocam desa
460. programa o da televis o comercial tem por inten o estimular o consumo e disseminar padr es de comportamento que interessam ao sistema Al m do fato de no nosso pa s um grande n mero de pessoas n o ter acesso a outras op es de lazer o que destacado tanto por Teixeira 1987 quanto por Porto 2000 Nessa trilha o que se v a televis o como um recurso educador que nesse contexto ratifica um padr o moral religioso assim como gostos e valores que levam a sociedade a uma unifica o cultural TEIXEIRA 1987 Quando se fala em Educa o nessa perspectiva pode se trazer a id ia de inculca o de produ o de um discurso autorit rio que imp e uma forma de falar sobre o mundo e o telespectador tratado como objeto consumidor pois n o h possibilidade de di logo como sugere Orlandi 1996 Tal din mica torna mais f cil perpetuar uma produ o pol tico econ mica Em outras palavras a televis o parte ativa do sistema de produ o contribuindo mesmo para uma outra forma de coloniza o a coloniza o neoliberal Fica expl cita a a necessidade da massifica o para a sobreviv ncia do capitalismo enquanto modo de produ o hegem nica Os meios de comunica o s o postos a servi o desse objetivo Ou seja os meios de comunica o entre os quais se destaca a televis o conformam manipulam despersonalizam homogene zam constituindo se for a pol tica e tamb m uma forma de poder atrav s do qu
461. psicol gicas superiores s s o acionados a partir da aprendizagem efetivada na pr tica escolar O terceiro aspecto posto por Saviani 2006 como elemento que deve ser considerado no processo de organiza o curricular a estrutura das mat rias de ensino e as formas de organiza o dos conte dos Em rela o a esse aspecto teci nesse momento coment rios breves e gerais pois o pr ximo cap tulo tratar de aspectos espec ficos referentes Educa o F sica escolar tanto no que diz respeito sua hist ria na trajet ria escolar brasileira como possibilidades de organiza o desse conhecimento que se apresentam quando se pensa na Educa o Infantil No que concerne a esse aspecto a mesma autora traz o conceito de componente curricular Para entender esse conceito recorrerei a Souza Junior 2001 que o define como elemento do curr culo que possui um conhecimento espec fico a ser tratado e tem objetivos 117 pedag gicos a serem atingidos Tal concep o n o se distancia do que posto pela pr pria Saviani 2006 ao afirmar que se trata da organiza o de determinado conte do relacionado com algum campo do conhecimento ou da cultura pensando nas especificidades de um dado n vel de ensino a partir de objetivos de ensino aprendizagem Quando se assume a perspectiva pol tica e pedag gica da interdisciplinaridade essa organiza o prop e o trabalho por atividades que tenham alguma vincula o com as pr ticas cot
462. que de forma aparentemente assistem tica e sem preocupa o pedag gica com os conte dos que s o transmitidos Processo que Silva 1998 considera como processo de Educa o informal Isto traz a necessidade de elaborar contornos para um projeto de ensino aprendizagem da Educa o F sica na Educa o Infantil que leve em conta o tal curr culo em especial a TV porque esse meio de comunica o se constitui companheiro significativo das crian as na contemporaneidade O curr culo torna se algo ainda mais complexo do que as posi es at aqui postas por envolver al m das quest es hist ricas e pol ticas aspectos relacionados com as finalidades postas para o processo educacional e portanto a concep o educativa que se assume em dada unidade escolar as caracter sticas de cada rea de conhecimento quest es relativas apropria o do conhecimento pelos alunos legisla o educacional n vel de ensino forma o dos professores Isto para ficar no debate do chamado curr culo formal SAVIANI 2006 Com base na mesma autora h que se considerar ainda nessa rela o os valores e normas que s o disseminados de modo subliminar Ou seja necess rio dar aten o ao que est por tr s do conhecimento escolar e as verdades que est o postas em tais conte dos e nos modos de abord los al m do projeto hist rico das concep es de sociedade Educa o e ser humano que est o nas entrelinhas do dia a dia escolar En
463. que mediem a sua rela o com o esporte e com a forma como ele vem sendo espetacularizado pelos grandes meios de comunica o Nesse sentido a Educa o F sica estar assumindo junto com a escola a responsabilidade de ensinar a crian a a ler os textos que v m sendo veiculados sobre a cultura corporal em nossos dias Como s os meninos estavam respondendo essas perguntas sobre futebol coloquei PESQ As meninas iam gostar de jogar futebol AZ N o basquete PESQ E por que as meninas t m que jogar basquete AZ Porque sim porque mulher PESQ E mulher n o joga futebol n o AZ N o PESQ Ah eu achava que podia V voc ia gostar LU Eu gosto V Eu jogo l na minha casa PESQ E voc acha que menina pode LU Pode falou bem alto T Eu vi na televis o passando Retomo o que falei sobre futebol e entendo que esse debate seria um momento pertinente de numa aula de Educa o F sica gerar um objeto de pesquisa e conhecimento H que se notar todavia que nesse momento a televis o poderia ser uma poss vel auxiliar do debate j que T acha que menina pode jogar porque ele viu passando na televis o Nesse ponto a televis o apareceu como um meio contradit rio que na mesma medida que separa menino e menina nos jogos inclusive de futebol permitiu crian a perceber a legitimidade da participa
464. que parcialmente a refer ncia das pedagogias cr ticas para a Educa o Infantil Isso se torna problema quando ao abordar os conhecimentos tratados tal perspectiva n o se mant m e se manifesta um olhar para esse segmento educacional na l gica da prepara o para as s ries posteriores N o obstante entendo a signific ncia de destacar retomando o que j foi posto no cap tulo terceiro que o RCNEI um dos documentos que estrutura a reforma da Educa o brasileira num vi s de liberaliza o e de naturaliza o de um projeto de sociedade que vem tentando se manter atrav s de estrat gias cada vez mais refinadas Olhando especificamente para a Educa o F sica a considera o do movimento como um dos aspectos que vai possibilitar crian a o conhecimento de mundo pode ser posto como mais um avan o Claro que somente inserir o movimento ainda mais numa perspectiva naturalista reducionista e contradit ria n o sana as quest es de qualidade da Educa o Infantil nem de desprezo Educa o F sica na escola Por m s o ao menos postas as condi es para que a a o pedag gica tamb m dessa rea se fa a numa perspectiva de afronta de estabelecimento de embates Mas o que o BRASIL 1998 prop e para o trabalho com o movimento na Educa o Infantil Primeiro o documento considera que historicamente e com as concep es de 152 inf ncia e de Educa o Infantil que nortearam as pr ticas educacionais com as cri
465. r tica do infantic dio pelo n mero de crian as colocadas nas rodas dos expostos por n o haver envolvimento emocional com a crian a pelo fato de ser comum que as crian as andassem nuas at aproximadamente cinco anos de idade As crian as abandonadas de acordo com as considera es de Leite 2006 em sua maioria morriam e poucas tinham a sorte de encontrar novas fam lias ou serem deixadas nas rodas Em geral eram filhos de rela es n o aprovadas pela ordem moral da poca ou de negras que n o podiam cri los porque deviam amamentar os filhos dos senhores Quando sobreviviam os infantes eram encaminhados aprendizagem de um of cio caso fossem meninos Sendo meninas aprendiam a ler escrever e costurar para que pudessem ser oferecidas como esposas a homens que as quisessem e tivessem boa condi o econ mica Al m disso a inf ncia n o durava muito tempo pois conforme Freitas 2006a logo as crian as negras iam para a lida e os brancos pelo respeito que isto impunha e pelos castigos dos quais se livravam aos dez anos j se comportavam como adultos Eram como ainda hoje muitas as inf ncias crian as negras imigrantes pobres brancas ricas mesti as abandonadas educadas E tais diferen as faziam se presentes inclusive na forma de denominar as crian as moleque bastardo neguinho As palavras variavam tamb m a depender do grupo social que as emanava Essas afirma es s o refor adas por Del Prior
466. r a escola da Educa o Infantil no lugar de produtora de cultura assumir o compromisso com a concep o de cuidado e de Educa o de que as crian as ter o acesso aos bens socioculturais elaborados historicamente pela humanidade de que as crian as ter o acessos a diferentes linguagens que lhe ir o permitir conhecer compreender e ler o mundo em que vivem Significa ent o estar puxando a corda do cabo de guerra para o lado de uma Educa o comprometida com uma constru o contra hegem nica transformando a necessidade em liberdade como diz Gramsci 2001 A for a com que se puxa essa corda fica ainda maior quando coloco em jogo o lugar das crian as como interlocutoras j que a rela o de di logo entre professores e crian as Mais uma vez aparece um questionamento hist rico no sentido de que as crian as foram emudecidas mesmo antes de existirem enquanto categoria social Basta lembrar que o pr prio significado da palavra inf ncia aquele que n o fala que lhe tirava sua condi o de ser humano e colocava a na condi o de objeto no mundo Ou seja as crian as eram roubadas em suas noventa e nove linguagens e n o podiam nem reclamar pois compunham um conjunto de pessoas sem cidadania seja em que espa o for e trate se de que inf ncia for O fato que as concep es de inf ncias mais diversas hegemonicamente articuladas mais que calar a crian a impunham modos de ser e de se ver hoje esse mesmo modo s
467. r de acordo Divertir se significa que n o devemos pensar que devemos esquecer a dor mesmo onde ela se mostra Na sua base do divertimento planta se a impot ncia de fato fuga mas n o como pretende fuga da realidade perversa mas sim do ltimo gr o de resist ncia que a realidade ainda pode haver deixado Assim escorrega o v u da fus o entre cultura e lazer que prega e implementa a Ind stria Cultural pois emerge o objetivo do lazer como forma de tomar de assalto a autonomia o desejo do ser humano O indiv duo manipulado tem sua vida invadida pelos mecanismos de produ o e lucratividade tanto no trabalho quanto no lazer Ou seja um fantoche que faz girar as engrenagens capitalistas Trata se na verdade para os referidos autores de pseudo indiv duos porque s h toler ncia ao indiv duo se sua conduta for correspondente ao c digo moral da sociedade capitalista se sua identidade for cont nua ao que se imp e como universal numa l gica bem cantada por Humberto Genssinger Todos iguais todos iguais mas uns mais iguais que os outros Na an lise espec fica que os frankfurtianos fazem da televis o Wolf 1999 pontua que ela considerada tanto quanto os outros meios um instrumento de manipula o que reproduz a mediocridade e seduz os receptores com mensagens ocultas latentes que de tal modo n o encontrar o resist ncia psicol gica Tamb m contr ria s abordagens norte americanas des
468. r primordial sendo o aspecto cultural e o conhecimento elementos significativos na contesta o do modo de produ o capitalista Trata se de lutar com a mesma moeda dos grupos hegem nicos pois apesar de os fatores macrossociais afetarem a escola que convocada a servir aos interesses do mercado implementando o que o Gramsci 2001 p 45 chama de uma Educa o dogm tica os sujeitos que a constroem podem faz lo como modo de enfrentamento Ent o necess rio ter o professor como sujeito que se relaciona com o aluno para possibilit lo a leitura da realidade Portanto nesse outra l gica o professor n o descart vel mas algu m que ao relacionar se com o educando possibilita lhe o desenvolvimento de forma aut noma e cr tica diante da realidade concreta Encontro apoio nas palavras de Ferra o 2004 p 90 ao afirmar que Se a for a dos cotidianos das escolas est no coletivo apesar das marcas do individualismo que se fazem presentes e os processos pedag gicos se configuram como auto organizativos ent o para e com os sujeitos enquanto express es do coletivo que t m que ser pensadas e realizadas a es e propostas pol ticas que pretendem transforma es significativas Quando trago o debate sobre e com os sujeitos ultrapasso a discuss o sobre o curr culo somente como artefato e chego a sua concretiza o Esta encontra se vinculada ao papel que a escola assume e aos confrontos que nela se consol
469. r um ser humano que se veja nesse sistema Essa estereotipiza o e homogeneiza o s o formas de controle que impedem a autonomia e o desejo de emancipa o por parte dos sujeitos 57 A arte nesse processo abandonada pois a imita o massificada ainda na id ia dos dois pensadores instalando se o que eles chamam de barb rie est tica tamb m com o objetivo de roubar os sentidos humanos Em outras palavras trata se da domestica o via produ o espiritual A Ind stria Cultural portanto mercadoriza a arte e a transp e para o plano do consumo Al m disso leva a para o mbito da t cnica e n o da cria o esvazia a de conte do sob o argumento do divertimento do lazer Por m um lazer que est tamb m adequado mecaniza o do capital quando traz a viol ncia divertida e a os autores citam como exemplo o Pato Donald e quando coloca necessidades de consumo Mais uma vez em rela o a esse aspecto trago para o di logo a voz de Horkheimer e Adorno 2005 p 192 quando afirmam que Quanto mais s lidas se tornam as posi es da ind stria cultural tanto mais brutalmente esta pode agir sobre as necessidades dos consumidores produzi las gui las e disciplin las retirar lhes at o divertimento Aqui n o se coloca limite algum ao progresso cultural Mas essa tend ncia imanente ao pr prio princ pio burgu s e iluminista do amusement Divertir se significa esta
470. ra familiar e o processo de industrializa o levou a mulher para o mundo do trabalho Estes s o aspectos que tamb m se fizeram presentes no processo de desenvolvimento da Educa o Infantil nas realidades europ ia e norte americana segundo Rosemberg e Campos 1994 As m es ent o tiveram que encontrar solu es para as crian as deixando as com criadeiras esp cies de bab s tamb m conhecidas como fazedoras de anjos segundo Oliveira 2002 devido ao grande n mero de crian as que morriam tanto por conta de cuidados inadequados como pelas condi es de 90 insalubridade em que viviam as fam lias oper rias Nesse momento o atendimento crian a de zero a seis anos era um aspecto de administra o social mas tal responsabilidade n o foi naquele momento assumida nem pelo Estado nem pelo setor privado Desse modo persistiu o atendimento escasso e numa perspectiva de caridade e assistencialismo Durante as duas primeiras d cadas do s culo XX Kuhlmann Jr 2004 afirma que se propagaram creches de cunho meramente assistencial Na d cada de 1920 e in cio dos anos de 1930 devido influ ncia dos trabalhadores migrantes que tinham maior consci ncia pol tica aumentou a press o social no sentido de garantir o lugar de guarda das crian as enquanto as m es trabalhavam Assim em 1923 a legisla o garantia a instala o de creches pr ximas aos locais de trabalho No entanto de acordo com Kuhlmann Jr 2000
471. ram a escolher o que queriam ser e a dizer o que eram uns aos outros enquanto AZ fazia pose com os bra os para a c mera com a inten o de mostrar sua for a eu aqui forte dizia para o cinegrafista A hist ria foi prioritariamente inventada por AZ e T que me colocaram na condi o por ser grande de monstro e eles foram se esconder Ent o mostrei cada m scara e durante esse momento as crian as iam conversando sobre os personagens Rosa mulher disse LU sobre a m scara do Power Ranger rosa AL comparou o penteado de Docinho uma das meninas Super poderosas ao seu J quis ser Homem Aranha mas os colegas n o concordaram porque Homem Aranha homem disse LU Mas ainda assim J fez sua op o Eu distribui as m scaras e antes de receb las algumas crian as j faziam movimentos dos personagens enquanto outras pulavam ansiosas em se transformar logo As crian as logo come aram a correr para se esconder Todas entraram debaixo das mesas E eu sa da sala para virar monstro Quando voltei as crian as riam e n o saiam de l Aos poucos o jogo foi virando um pega pega improvisado em que inicialmente os super her is corriam do monstro e brincavam entre eles mesmos de fazer os movimentos dos 269 personagens um ensinando para o outro o que podia ser feitos dizendo assim 6 fez AZ para E Somente a Power Ranger rosa V
472. ram cidad os apenas os homens adultos gregos contexto em que a inf ncia nos termos de ries 1981 ainda n o existia Ou seja a crian a era uma n o cidad que se juntava a grupos historicamente exclu dos n o s na sociedade grega mas em muitos outros contextos Num outro extremo cabe comentar sobre a atual configura o da crian a como sujeito de direitos como indiv duo e do conceito de cidadania que se instala em tal contexto apontando para a transcend ncia da disputa pelo infantil por diferentes segmentos sociais Desse modo novas possibilidades de constru o da inf ncia est o postas mas preciso ter cuidado com a dubiedade que vem junto com essas concep es pois numa din mica de adequa o ao neoliberalismo se cidad o na medida em que se tem acesso real ou potencial ao consumo de bens e mercadorias que circulam no mundo mercado capitalista Numa perspectiva contra hegem nica posso considerar cidad o aquele sujeito que tem condi o de fazer uma leitura do seu mundo de compreend lo e portanto posicionar se diante dele Algo que a escola de Educa o Infantil sozinha n o vai garantir porque essa cidadania um elemento que se constr i durante toda a vida do sujeito dentro e fora da escola na idade de frequentar essa escola mas tamb m os segmentos educacionais que se sucedem como o Ensino Fundamental o Ensino M dio e o Ensino Superior e tudo que vem depois Todavia a escola de Educa o Infantil
473. ram fortes Um deles respondeu dizendo Eu sou forte porque eu queria ser igual da Huck grand o e forte Ressalto que Hulk um personagem que transita entre o gibi o cinema e com a adapta o deste televis o faz se tamb m presente no formato desenho animado e filme O que o aluno me mostrou que naquele momento estava assumindo n o o papel do personagem mas vendo na aula de Educa o F sica uma possibilidade de se tornar igual ao seu modelo de atender sua necessidade de ser assim para lembrar Vigotski 1998 deixando aparecer a perspectiva de que quer ser grande e de que busca o corpo forte A primeira observa o que fa o a da crian a que quer crescer quer ser grande fazendo emergir a perspectiva midi tica de tratar as crian as como futuros adultos Talvez no meu lugar 2 Postman 1999 dissesse que esse um ind cio de que a inf ncia est desaparecendo Eu z prefiro dizer que essa uma demonstra o de que as crian as de hoje s o diferentes das 287 crian as de outras pocas porque se constituem tendo acesso a informa es tecnificadas em maior quantidade e velocidade Prefiro admitir que muda o jeito de ser crian a e portanto a rela o do adulto autoridade autorit ria Muda tamb m a rela o do professor que manda e do aluno que obedece Estabelece se a necessidade premente no tempo presente do professor se constituir como sujeito que sendo mais experiente em rela o ao mun
474. ram lhe noventa e nove A escola e a cultura lhe separaram a cabe a do corpo Dizem lhe de pensar sem as m os de fazer sem a cabe a de cantar e de n o falar de compreender sem alegrias de amar e maravilhar se s na P scoa e no Natal Dizem lhe de descobrir o mundo que j existe e de cem roubaram lhe noventa e nove Dizem lhe que o jogo e o trabalho a realidade e a fantasia a ci ncia e a imagina o o c u e a terra a raz o e o sonho s o coisas que n o est o juntas Dizem lhe enfim que as cem n o existem A crian a diz ao contr rio as cem existem AO CONTR RIO AS CEM EXISTEM de LORIS MALAGUZZI apud ARCE 2001 p 71 preciso ir al m da apreens o das inf ncias e tratar do atendimento educacional crian a de zero a seis anos pois este estudo d se no campo da Educa o e mais especificamente no campo escolar Espa o cujo surgimento para Farias 2005 traz encarnado o contexto social e suas contradi es Ou seja a escola um lugar que muitas vezes calou e cala a voz das crian as representou e representa um espa o de confinamento e de afastamento da realidade sob a desculpa de prote o do adulto sobre a crian a como afirma Ara jo 1996 Como coloca ironicamente Garcia 2002 p 8 a escola lugar de se aprender a escrever certo levam zero e s o reprovadas pois nem sabem falar corretamente e muito 87 menos escrever corretamente Tal afirm
475. ram que o trabalho com a Educa o F sica no CEB UEFS parece n o dar conta dessas perspectivas e afirmaram que precisam de ajuda para que a escola pense num projeto de Educa o F sica que se integre de fato ao que se pensa como proposta para formar sujeitos cr ticos e aut nomos Quero ressaltar todavia que a Cl demonstrou um interesse mais significativo nessa proposi o por estar envolvida com a gest o pedag gica da escola e por afirmar que como s o estagi rios que ministram as aulas de Educa o F sica e h uma rotatividade muito grande de professores estagi rios cada um faz sua proposta sem seguir o PPP leva a consigo ao final do 241 est gio e a escola fica sem dire o nessa rea de conhecimento Quando falei em rela o quest o da crian a com a TV e a Educa o F sica as professoras pontuaram uma compreens o mais uma vez da presen a da m dia na vida das crian as Dessa vez todas concordaram que a escola precisa trabalhar com o texto televisivo numa compreens o de que esse trabalho mais amplo do que a rea de Educa o F sica e deve envolver toda a escola Para tanto apontaram confirmando o que j tinha sido posto anteriormente por P5 que a perspectiva do trabalho com o projeto uma possibilidade para trazer a televis o para dentro da escola e vincular suas mensagens com os conte dos que a escola trabalha 242 6 3 Educa o F sica e televis o na Educa o Infantil Baseada
476. realidade social em dada cultura Os mass media t m admite se nessa linha de pensamento a capacidade de colocar um tema em pauta com mensagens sempre semelhantes e onipresentes Uma primeira hip tese que se apresenta nesse novo contexto de pesquisa em comunica o a agenda setting que segundo Wolf 1999 defende a inclus o exclus o ou preocupa es por parte das pessoas sobre temas variados como algo definido pelos meios de comunica o Ou seja grande parte da compreens o das pessoas sobre a realidade social fornecida pelos mass media A hip tese da agenda setting que h um impacto dos mass media sobre os sujeitos que n o imediato mas a longo prazo porque as pessoas s o abarrotadas de informa es durante todo o dia que ser o guardadas na mem ria em certa medida Esse impacto ent o se faz colocando na ordem do dia os temas que devem ser pensados mesmo que n o haja controle para dizer como se deve pensar sobre o referido tema Al m disso h um entendimento posto tanto por Wolf 1999 quanto por Holfeldt 2001 nessa perspectiva de que nas sociedades industriais determinadas experi ncias s se concretizam devido media o dos meios de comunica o de massa Isto fica claro quando Holfeldt 2001 diz que dependendo da m dia sofremos influ ncia n o nos impondo determinados conceitos mas incluindo em nossas preocupa es certos temas que de outro modo n o chegariam a nosso conh
477. recurso para o que for aparecendo de novo nos momentos posteriores da vida escolar e extra escolar mas esse n o pode ser o argumento de legitimidade da Educa o Infantil Esse segmento importante porque cuida e educa crian as de O a 6 anos e n o os adultos de amanh No que se refere ao segundo ponto h uma divis o entre fam lia e escola que n o de continuidade mas de complementaridade em que cada uma tem sua fun o na forma o dos Z sujeitos E certo que o que se faz em um espa o e no outro tem influ ncias rec procas No 228 entanto como pontuei anteriormente n o se pode tomar a escola como segunda casa porque a especificidade do trabalho que se faz na escola em rela o ao ensino aprendizagem de conhecimentos cient ficos e culturais bem diferentes daquilo que a crian a aprende no mbito dom stico e familiar E considerando a trajet ria de constitui o do atendimento de crian as de O a 6 anos quando se tem uma perspectiva de cuidar e educar imprescind vel estabelecer essa separa o posto que historicamente o atendimento teve mesmo o tom e a legitimidade de simplesmente substituir o cuidado dos pais prioritariamente a m e enquanto estes trabalhavam Existem no entanto outros dois pontos relativos fun o social da escola que merecem destaque e cautelosa an lise porque podem dizer muitas coisas O primeiro desses pontos est presente na fala de D1 quando afirma que na escol
478. rendem alguma coisa com esse programa O que Tem alguma que fale de jogo dan a luta esporte ou gin stica O que Em que parte O que acontece nesse momento Recursos TV DVD Na oficina 2 com o objetivo de identificar o sentido que as crian as produzem para a mensagem televisiva considerei a necessidade de assistir com elas imagens do cotidiano por entender que os sentidos e significados se produzem na pr pria intera o do sujeito com o enunciado e no processo de di logo Parti do que foi dito pelas crian as na oficina 1 e busquei DVD dos diversos desenhos que foram citados para que no in cio de cada oficina discutisse com a turma qual deles seria por n s assistido a partir da escolha da turma Ofereci epis dios das Meninas Super Poderosas Bob Esponja Power Rangers Pingu Mickey Tom e Jerry e Pica pau que estavam presentes nos desenhos produzidos pelas crian as Desse modo em cada oficina as crian as foram levadas para a biblioteca da escola onde ficam os recursos necess rios realiza o da atividade TV e DVD Coloquei cadeiras dispostas em semi c rculos conc ntricos devido limita o do espa o e as crian as sentavam onde queriam inclusive no ch o se preferissem Iniciei a oficina com a roda para explicar aos grupos o que seria feito naquele dia Em todos os grupos o alvoro o foi geral devido possibilidade de assistir televis o na escola algo que parece n o ser comum No Grupo 04
479. res positivos como solidariedade e comportamento cooperativo Uma contradi o numa perspectiva competitivista de luta mas que possibilita que esses valores e atitudes sejam problematizados na escola a partir de uma outra refer ncia que reveja a competi o e a dicotomia forte fraco 261 ganhador perdedor A fala de VT sobre a viol ncia mostra uma media o de adultos na sua rela o com a TV Mas em rela o a esse terceiro aspecto mais uma vez a infer ncia que posso fazer do discurso adulto de rotula o negativa da TV que foi oferecida crian a desde que ela chegou da maternidade no seu ambiente dom stico Com o apoio de Mart n Barbero e Rey 2004 todavia est claro que negar ou rotular a programa o televisiva n o diminui sua influ ncia na forma o das crian as nem possibilita mesma a constru o de uma interlocu o cr tica com esse meio de comunica o O di logo no espa o familiar e especialmente no ambiente escolar que ser o promotor de intera es em que diferentes pontos de vista e leituras ser o colocados em jogo confrontados discutidos e reelaborados assim como as pr prias apropria es das crian as O ltimo aspecto que d o tom da transi o entre o oficial e o cotidiano mesmo que as crian as o fa am inconscientemente a regra estabelecida pelas crian as de lutar sem bater Claramente elas trazem o desejo e a necessidade de ser super her i para o mbito de su
480. rescimento das redes particulares de ensino Analisando tal fato mais de vinte anos Para Ghiraldelli Jr 2003 os acordos MEC USAID marcaram a abertura do cen rio educacional brasileiro para a interfer ncia de t cnicos norte americanos que passaram a dar o tom dos nossos processos educacionais 94 depois f cil reconhecer que esse foi o in cio de um processo de desresponsabiliza o do Estado na garantia de direitos b sicos do cidad o mesmo que depois de 1985 tenha havido a tentativa de fazer valer o chamado Estado de Bem estar Social A rede privada de ensino defendia um padr o educativo nitidamente burgu s A Educa o da primeira inf ncia pois acompanhou o vi s dualista que se estabeleceu na Educa o brasileira tendo de um lado a perspectiva compensat ria e assistencialista para os pobres e do outro propostas de desenvolvimento afetivo e cognitivo para as classes m dias Ou seja desde a primeira inf ncia as crian as aprendem que existem duas vias para os sujeitos que formam a sociedade brasileira aqueles que s o educados para serem submissos humilhados e exclu dos e aqueles que s o educados para ocuparem postos de lideran a Seria at perverso questionar em quais dessas duas camadas sociais as crian as sofreram mais o silenciamento do autoritarismo que regia tanto uma pr tica quanto a outra pois de qualquer forma havia o molde de comportamentos esperados anos mais tarde Ainda nesse mesmo per odo a
481. ria para tudo a TV Mas ningu m pense que esse vazio presente na aula de Educa o F sica n o encontra resist ncia por parte das crian as V se claramente que a rela o com o adulto professor de Educa o F sica n o um elemento em que este se constitui uma refer ncia para as crian as Ent o em busca de dar sentido para suas a es nas aulas de Educa o F sica e tendo por falta de outra refer ncia a televis o como ferramenta para formular respostas as crian as levam o texto televisivo para a aula de Educa o F sica de tr s formas A primeira a tentativa de di logo com o professor com perguntas sugest es pedidos para a aula N o conseguindo dialogar a segunda forma hibridizar a atividade proposta pelo professor com as experi ncias vividas pelos personagens da televis o a que t m acesso formulando regras para vivenciar essas experi ncias estabelecendo competi o entre menino e menina Um outro modo que se presente faz emergir mais o car ter de resist ncia falta de sentido da Educa o F sica a partir de suas expectativas de modo mais agressivo por assim dizer que a inviabiliza o da aula para vivenciar aquilo que elas consideram significativo como jogar futebol com a garrafa pet pegar a bola levada pelo professor e come ar a jogar futebol sem permiti lo dizer qual a atividade que seria proposta sair da aula ficar sentado no meio da quadra Esses acontecimentos e falas das crian as ap
482. rie de suportes t cnicos de comunica o essa realidade se alterou e foi potencializada e potencializadora de uma s rie de mudan as sociais e culturais Todo esse desenvolvimento de recursos t cnicos de comunica o especialmente os que permitem que um enunciado seja acessado por uma audi ncia indeterminada muda a 45 forma como os s mbolos culturais s o produzidos e como eles circulam pela sociedade constituindo o que Thompson 1995 chama de midia o da cultura que tem hoje um car ter global Al m disso para o mesmo autor esses recursos possibilitam que as formas simb licas sejam produzidas num contexto e acessadas e interpretadas numa outra situa o espa o temporal devido possibilidade de estocar informa es e reproduzi las indefinidamente Essas caracter sticas permitem ainda a explora o comercial das formas simb licas e o controle daquilo que ser difundido seja por interesses pol ticos ou comerciais Desse modo o conhecimento das pessoas sobre coisas e fatos passa a ser mediado pelos diversos recursos t cnicos de comunica o que t m quatro caracter sticas b sicas apontadas por Thompson 1995 que s o a produ o e difus o institucionalizada de bens simb licos a fissura dos processos comunicativos j que muitos meios t cnicos n o permitem a interlocu o o que n o significa que suas mensagens s o absorvidas como esponjas pelas pessoas que a elas t m acesso esse fat
483. rie de necessidades n o atendidas que est o ficticiamente garantidas pela lei Frente etimologia do termo e aos significados sociais atribu dos inf ncia em diversos momentos hist ricos al m da realidade na qual de fato a crian a se encontra concluo preliminarmente que quando se coloca a crian a como ser sem fala o que est presente n o s na discuss o etimol gica mas no pr prio olhar e realidade da inf ncia n o se considera a crian a como sujeito de suas rela es E ela que teima em se expressar n o ouvida 37 2 1 1 As inf ncias brasileiras Todos esses aspectos hist ricos em rela o inf ncia fazem com que seja necess rio olhar para a hist ria da crian a no Brasil Afinal n o posso perder de vista as contradi es que lhe s o particulares devido ao seu processo h brido de forma o cultural a partir de v rios povos exploradores e explorados que se formou enquanto col nia de explora o que teve processo tardio de industrializa o e constitui se como na o explorada por conta da depend ncia pol tica e econ mica que o capital imp e KUHLMANN JR 2000 DEL PRIORE 2006 Ent o alguns aspectos particulares e t o antigos quanto a pr pria na o como a desigualdade na distribui o de renda e bens o prec rio acesso Educa o a explora o do trabalho infantil entre outros casos amplamente conhecidos fazem se presentes na constitui o social da inf ncia
484. risionar o indiv duo em tal estrutura social apesar do pressuposto liberal da liberdade Nas palavras dos pr prios te ricos O ambiente em que a t cnica adquire tanto poder sobre a sociedade encarna o pr prio poder dos economicamente mais fortes sobre a mesma sociedade A 2 2 racionalidade t cnica hoje a racionalidade do pr prio dom nio o car ter repressivo da sociedade que se autoaliena HORCKHEIMER ADORNO 2005 p 170 Desse modo os pensadores de Frankfurt explicitam a integra o dos meios de comunica o ao sistema industrial capitalista e massifica o por eles potencializada para imprimir em todos um mesmo padr o As diferen as existem entre classes n veis sociais com uma variedade de produtos essencialmente iguais para que todos possam dentro do seu n vel consumir o que foi preparado para seu tipo e desenvolver o comportamento que lhe adequado Tem se na massifica o o objetivo da Ind stria Cultural Os mesmos autores seguem ainda dizendo A viol ncia da sociedade industrial se opera nos homens de uma vez por todas Os produtos da industria cultural podem estar certos de serem jovialmente consumidos mesmo em estado de distra o Mas cada um destes um modelo do gigantesco mecanismo econ mico que desde o in cio mant m tudo sob press o tanto no trabalho quanto no lazer que lhe semelhante HORCKHEIMER ADORNO 2005 p 175 Compreende se que a inten o produzir e reproduzi
485. rme afirmam Soares e outros 1992 Durante esse per odo no atendimento crian a de primeira inf ncia a Educa o F sica teve influ ncia da psicomotricidade com a id ia da Educa o integral que mant m uma perspectiva fragmentada de corpo mente sala p tio e da pr pria Educa o Infantil segundo Oliveira 2005 A concep o de Educa o e movimento da psicomotricidade considerada idealista porque n o observa as influ ncias dos aspectos s cio culturais no 142 desenvolvimento e porque toma o movimento somente como um meio para o desenvolvimento das fun es cognitivas afetivas e psicomotoras em um vi s que n o supera o biologicismo Trabalhando na perspectiva do desenvolvimento integral com base na psicomotricidade a Educa o F sica acabou por contribuir com a l gica de compensa o cultural e nutricional que caracterizou a Educa o Infantil na poca preciso retomar que era a inten o fazer com que todas as crian as alcan assem um modelo ideal de crian a que chegava a ser fantasmag rico como coloca Kramer 2003 e que representava a classe burguesa justificando pr ticas de preconceito que acostumam a crian a pobre a ser exclu da e negada enquanto sujeito desde as primeiras experi ncias escolares Al m disso num processo de vincula o do desenvolvimento forma o integral objetivava se facilitar a adapta o da crian a sociedade conforme Arantes 2003 Alguns pontos pod
486. rporal a crian a amplia aquilo que a TV lhe coloca como possibilidade percebe suas possibilidades agrupa outras experi ncias e pode ressignifica o texto televisivo No quinto dia de observa o na turma do Grupo 04 as crian as estavam brincando na sala de aula e quando se aproximou o hor rio da aula de Educa o F sica a professora solicitou que as crian as guardassem os brinquedos Como estava na sala de aula junto com as crian as enquanto as ajudava a guarda os brinquedos perguntei a algumas crian as mais uma vez o que elas achavam que era a aula de Educa o F sica depois que a sua experi ncia com essa rea de conhecimento j n o era mais t o novidade assim A surpresa que muitos deles ainda responderam que n o sabiam mas um dos alunos respondeu que se joga bola mas Tamb m tem que jogar bola devagar para o coleginha n o se machucar S que at esse momento n o tinha sido feita a atividade com bola nessa turma Isso problem tico porque mostra que mesmo vivenciando a Educa o F sica na escola n o a que se constr i o sentido para essa rea de conhecimento e o que se aprende com ela Tal conclus o leva me a pensar que a pergunta que me foi feita no primeiro dia de aula n o era s de uma crian a mas de todos n s na escola n o demos conta de faz los entender porque essa aula para qu ela serve Tudo contribui para a Educa o F sica como mera atividade Mas as crian as buscam o signific
487. rso metodol gico da pesquisa prev uma quarta etapa em que est posta a inten o de reconhecer possibilidades para um projeto de ensino aprendizagem de Educa o F sica na Educa o Infantil para contribuir na forma o de um interlocutor cr tico do texto televisivo sobre a cultura corporal Para tanto o primeiro passo para tal sistematiza o voltar ao come o s quest es orientadoras da investiga o e aos princ pios te ricos e metodol gicos que assumi para construir um percurso que desse conta de respond las O primeiro desses pilares foi a perspectiva de que a crian a um ser que fala apesar de muitas vezes n o ser ouvida devido l gica adultoc ntrica racionalista e fragmentadora que orienta a organiza o da sociedade capitalista em que a crian a retirada do mundo sob o argumento de prote o Essa fala potencializada pela presen a significativa dos meios de comunica o na vida infantil especialmente a televis o pois a hierarquia na rela o entre crian a que n o sabe e adulto que sabe abalada tanto pelo fato de a TV mostrar que nem sempre o adulto age de acordo com os c digos morais como pelo fato de a crian a passar mais tempo na frente da televis o e conhecer mais sobre o texto publicizado por tal suporte e sobre a tecnologia Assim a crian a tamb m passa a ter um saber que cotidianamente constru do na rela o com a televis o como recurso e com os textos oferecidos por es
488. rspectivas reprodutivistas e mec nicas sobre o eixo corpo e movimento que foram hegem nicas na hist ria da Educa o F sica Esse conceito est ligado abordagem te rico metodol gica cr tico superadora cujas orienta es est o pautadas na pedagogia s cio hist rica que concebe a escola como lugar de contradi es e de confronto de interesses entre as diferentes classes sociais Al m disso h uma compreens o de que as rela es pedag gicas devem se dar pautadas numa rela o dial gica entre docentes e educandos para promover uma amplia o da reflex o sobre o jogo a dan a a luta a capoeira a gin stica o esporte Na Educa o Infantil essa proposi o apresenta como objetivos espec ficos vivenciar situa es de faz de conta pautado na refer ncia vigotskiana sobre o papel do jogo simb lico no desenvolvimento de ZDP experimentar o universo da cultura corporal contextualizar o significado e o sentido das pr ticas da cultura corporal construir novas alternativas e possibilidades de a o corporal Mas em seguida apresentam se os objetivos relativos Educa o F sica dentre os quais conhecer a diversidade de padr es de sa de beleza e est tica corporal que existem nos diferentes grupos sociais e as atividades culturais de movimento com finalidade de lazer express o de sentimentos afetos e emo es e com possibilidades de promo o recupera o e manuten o da sa de PROJETO POL TICO
489. rtanto a ci ncia exprime as condi es materiais de dado momento hist rico assim como interesses de grupos sociais espec ficos que objetivam atender suas necessidades e ao mesmo tempo buscam estrat gias para atuar sobre o mundo Segundo Vasconcellos 2000 quando se fala em esquizofrenia pedag gica tem se o debate sobre as contradi es que se colocam na concretiza o do trabalho escolar especialmente aquilo que se diz fazer mas n o efetivamente realizado 172 No mesmo percurso Demo 2004 afirma que a pesquisa n o pode ser concebida como a o alien gena num contexto nem como ato realizado por indiv duos com poder t cnico cient fico muito menos vista como algo que se concretiza numa rela o distante neutra e controlada entre sujeito indiv duo que representa o m todo e objeto indiv duo que representa o pr prio dado Tal concep o pr pria do positivismo com bases estruturadas no in cio da Idade Moderna entendia que a a o da pesquisa deveria ocupar se de fen menos observ veis tomando a realidade como partes isoladas e sem se preocupar com as causas hist ricas e sociais do objeto pesquisado Segundo Minayo 1994 essa concep o de ci ncia e pesquisa influenciou muito da tradi o cient fica emudecendo os contextos e os sujeitos sociais Quando a an lise das concep es de ci ncia ocupa se da inf ncia e da escola fica claro que tamb m nesse mbito a pesquisa se constituiu
490. rte do contexto da Educa o Infantil apesar de n o terem sido elementos que se fizeram presentes na sua trajet ria nesse espa o de contradi es que a Educa o F sica vem tentando se legitimar j que um componente curricular obrigat rio como rea de conhecimento que pode colaborar na forma o humana das crian as tratando dos conte dos da cultura corporal Ent o trago nesta sec o um debate no sentido de localizar a import ncia e a legitimidade da Educa o F sica na Educa o Infantil para al m da determina o legal Isto porque apesar de ser componente curricular obrigat rio da Educa o B sica historicamente a Educa o F sica na escola teve seus nexos relacionados a atender interesses que n o lhe eram pr prios Ent o ela n o se constituiu componente curricular mas mera atividade CASTELLANI FILHO 1994 Para Castellani Filho 1994 p 108 quando se fala em atividade fala se de uma a o n o expressiva de uma reflex o te rica caracterizando se dessa forma no fazer por fazer 137 Elaborei o debate sobre a Educa o F sica na Educa o Infantil levando em considera o as orienta es curriculares sugeridas por Saviani 2006 Kramer e outros 2003 Oliveira 2002 entre outros autores consultados para elaborar o t pico Conversa sobre o curr culo da Educa o Infantil Al m disso considerei importante destacar as possibilidades dentro de refer
491. rtear para o socialmente aceito Explico me do ponto de vista da adapta o o que se tem uma escola com a fun o de modelar por em f rmas roubar as particularidades as diferen as num movimento homogeneizante e alienador Bebem nessa mesma fonte as abordagens desenvolvimentista e construtivista A primeira com a id ia de desenvolver habilidades motoras e do movimento como especificidade da Educa o F sica que se faz presente no que Cl e PEF falam sobre essa rea de conhecimento ao afirmarem que as atividades de Educa o F sica possibilitam crian a fazer movimentos e quando PEF afirma trabalhar com movimentos que s o naturais da 230 crian a partindo do simples para o complexo J a perspectiva construtivista aparece quando C1 fala que a Educa o F sica importante porque possibilita descentrar a crian a do egocentrismo e desenvolver atitudes cooperativas A abordagem desenvolvimentista tem no movimento o objeto o objetivo e o meio para atingir suas proposi es que se referem garantia de desenvolvimento das habilidades motoras desde a fase dos movimentos rudimentares at a fase dos movimentos culturalmente determinados Essa perspectiva uniformiza o desenvolvimento humano e estabelece padr es aos quais toda crian a deve alcan ar numa perspectiva mesmo de idealiza o da inf ncia J na perspectiva construtivista fala se em desenvolvimento das dimens es afetivas cognitivas e motoras que seriam con
492. rupo marginalizado facilmente poss vel perceber as crian as como grupo exclu do tanto pelo significado etimol gico e pela cita o de Lajolo 2006 posta anteriormente como pelos significados sociais atribu dos inf ncia em diferentes pocas da hist ria Para Lajolo 2006 considerando as afirma es feitas sobre a inf ncia n o deveria causar surpresa o silenciamento da inf ncia na tradi o em pesquisa e na sua pr pria concep o de modo que a autora considera que as crian as juntam se a outros grupos exclu dos como as mulheres os negros os ndios b rbaros em geral J os professores de modo geral s o vistos como objeto descart vel na sociedade em 178 que se tem acesso ao conhecimento por diferentes meios e ainda culpados pela crise da Educa o VASCONCELLOS 2001 Quando se pensa especificamente no professor de Educa o F sica tem se um sujeito visto como aquele que ensina algo sem import ncia na escola que tem uma tradi o intelectualista SOUZA JUNIOR 2001 Indo um pouco al m no debate sobre o professor retomo a refer ncia da palestra ministrada pelo professor Tarc sio Mauro Vago na VIII Jornada Pedag gica do Col gio Brasileiro de Ci ncia do Esporte Bahia aos vinte e cinco dias do m s de maio de 2007 ao afirmar que a pr tica dos professores nas escolas precisa ser tomada como objeto pelo fazer cient fico da Educa o F sica deixando de ver esses sujeitos como meros executores de
493. s No entanto paralelo a isto classes pr prim rias foram institu das com o objetivo de formar a crian a intelectualmente Esse quadro persistiu segundo Oliveira 2002 at o fim do Estado Novo Entre 1946 e 1964 houve um curto per odo democr tico que viveu com as sombras e fantasmas do autoritarismo deixado pelo governo Vargas tanto no que concerne organiza o do trabalho quanto do ensino Al m disso esses dezoito anos segundo Oliveira 2002 marcaram o incremento da urbaniza o e a participa o mais intensa da mulher no mercado de trabalho Assim houve o aumento da procura por institui es que cuidassem das crian as Em rela o Educa o o avan o foi o estabelecimento de debates para a elabora o de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDBE V rias quest es de acordo com Ghiraldelli Jr 2003 foram discutidas Ainda assim o projeto de lei foi engavetado e s em 1961 foi aprovado Todavia treze anos depois j n o dava conta das necessidades sociais e educacionais do pa s havendo apenas normatizado o que j estava posto no cen rio anterior lei N o obstante essa legisla o trouxe um avan o em rela o Educa o de zero a seis anos a chamada de Educa o pr prim ria Apesar de haver muitas cr ticas e resist ncias id ia de pr escola por reduzir a Educa o para crian as menores de sete anos prepara o para as s ries mais adiantadas h um reconhecim
494. s Oper rio em constru o In MORAES Vin cius Antologia Po tica Rio de Janeiro Paz e Terra 1998 p 205 206 MORGADO Jos Carlos Educar no s culo XXI que papel para o a professor a In MOREIRA Antonio Fl vio Barbosa PACHECO Jos Augusto GARCIA Regina Leite Orgs Curr culo pensar sentir e diferir Rio de Janeiro DP amp A 2004 p 109 138 MOURA Luciano raizer Qualidade simplesmente total uma abordagem simples e pr tica da gest o da qualidade Rio de Janeiro Qualitymark 1997 M LLER Ver nia Regina MARTINELI Telma Adriana Pac fico O Estatuto da Crian a e do Adolesecente um instrumento legal do professor de Educa o F sica Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte v 26 n 3 p 9 24 mai 2005 NAPOLITANO Marcos Como usar a televis o na sala de aula 5 ed S o Paulo Contexto 2003 NEGR O Theotonio C digo de processo civil 31 ed S o Paulo Saraiva 2000 OLIVEIRA Nara Rejane da Cruz Concep es de Inf ncia na Educa o F sica brasileira primeiras aproxima es Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte v 26 n 3 p 95 107 mai 2005 OLIVEIRA Zilma Ramos de Educa o Infantil fundamentos e m todos S o Paulo Cortez 2002 ORLANDI Eni Pecceli A linguagem e seu funcionamento 6 ed Campinas Pontes 1996 PERRENOUD Philipe Construir as compet ncias desde a escola Porto Alegre Artes M dicas Sul 1999 314 PFROMM NETO Samuel Telas que ensi
495. s com o teatro o cinema o meio onde ela vive como tamb m as aprendizagem que ela vai adquirindo aqui A linha dentro da concep o de Vigotski a linha s cio interacionista a gente valoriza os conhecimentos pr vios do aluno a gente trabalha com rela o zona proximal o seu conhecimento do mundo o que ele j traz para a partir da ele chegar na zona potencial A gente na Educa o Infantil trabalha a motricidade a psicomotricidade os movimentos ela j aprende em casa com os pais com os irm os com os parentes com a fam lia com os vizinhos com a televis o tem um monte de coisas que ta sempre levando informa es para essa crian a Ent o ela j vem com uma bagagem e ent o a gente tem que aproveitar essa bagagem Por exemplo quando a gente trabalha a simula o de realidade a gente vai trabalhar uma situa o problema baseados na realidade que a crian a vive A crian a vive um espa o bem mais amplo que a escola A gente tem que se preocupar com o que eles aprendem l fora E a base que elas v o ter para os anos posteriores 334 Os conhecimentos pr vios v m de casa v m tamb m da m dia dos meios de comunica o que hoje em dia est est assim a crian a est mais pr xima desses meios de comunica o Ent o elas trazem muita coisa n Elas trazem de casa esses desenhos e el
496. s vel tomar um verso de Chico Buarque quando diz que quem n o sabe de cor essa hist ria refresque a mem ria e me preste aten o Resumidamente a retomada de modelos n o formais alternativos de baixo custo utilizando indiv duos da pr pria comunidade que possam ser volunt rios mudan a no termo de Educa o Infantil para desenvolvimento infantil em muitos documentos do Banco Mundial direcionados aos pa ses perif ricos que no Brasil atropela a regulamenta o educacional renascimento perpetua o da perspectiva de Educa o compensat ria para crian as pobres justificativa do atendimento crian a de O a 6 anos na melhoria de rendimento no Ensino Fundamental ROSEMBERSG 2002 Mais recentemente desde o ano de 2006 o debate girou em torno da aprova o do Fundo de Manuten o e Desenvolvimento da Educa o B sica e Valoriza o dos Profissionais da Educa o FUNDEB que vem substituir o FUNDEF Em palestra concedida no I Encontro Nacional de Educa o Infantil organizado pela Confedera o Nacional dos Trabalhadores em Educa o o senhor Francisco das Chagas Fernandes representando o Minist rio da Educa o falou sobre os impactos do FUNDEB na Educa o Infantil Foram colocados entre estes a a o sist mica para toda a Educa o B sica e a redefini o do financiamento aumento do percentual de impostos direcionados para a Educa o B sica e aux lio do Governo Federal para complementar o
497. s de Bakhtin 2004 para discutir a postura do sujeito diante das mensagens televisivas e suas possibilidades de produzir questionamentos para as mesmas Quero destacar ent o a necessidade encontrada no decorrer desta pesquisa de estabelecer di logos considerados poss veis entre perspectivas que apesar de diferentes t m pontos de aproxima o Considero isso importante por tr s motivos Primeiro e isto j afirmei pela coloca o de Vasquez 1977 sobre a necessidade de uma consci ncia din mica na rela o e an lise de uma realidade j que ela ser sempre transit ria e inacabada Segundo por compreender que esse conceito se articula com o que Bakhtin chama de atitude responsiva diante dos enunciados BRAIT 2005 que todos devem ter inclusive quando se est no lugar 162 de pesquisador em especial quando se estuda possibilidades de forma o superadora para crian as de primeira inf ncia em rela o a t o expressivo recurso da contemporaneidade os meios de comunica o E por fim por entender que s com o estabelecimento de uma rela o dial gica com e entre as pr prias perspectivas da Educa o F sica ser poss vel transcender o que Bracht 1999 chama de di logo de surdos que prefiro chamar de indisponibilidade para o di logo Ent o assumi como base de refer ncia a perspectiva cr tico superadora no mbito da Educa o F sica a teoria s cio hist rica no que concerne ao desenvolvimento e a
498. s e culturais a serem tratados na escola que a Educa o F sica na Educa o Infantil possibilite a experimenta o do esporte promovendo a amplia o das possibilidades de a o corporal e o estabelecimento de um sentido para a pr pria experi ncia Al m disso a reflex o sobre o conceito e a funcionalidade das regras e a possibilidade de cri las prov las compar las e elaborar outras diferentes daquelas que v m prontas Possivelmente essa viv ncia com a crian a de Educa o Infantil constituir se mais um jogo de faz de conta do que o esporte propriamente dito Mas n o posso deixar de considerar que no simb lico a crian a d conta das necessidades que n o podem ser imediatamente atendidas conforme Vigotski 1998 e estabelece intera es que se intencionalmente pensadas ter o reflexo nas apropria es que a crian a faz do mundo em que vive Quando as crian as foram terminando o desenho ficaram brincando na sala Um grupo de meninos pegou nas mochilas os bonecos do Batman que estavam lutando na brincadeira Nesse momento uma das crian as come ou a brincar imitando para a c mera movimentos de lutas e a dizer ao cinegrafista Ih medalha de prata N o ganha de mim na luta Nessa breve descri o consigo encontrar marcas de como as crian as v em as lutas tema vinculado competi o dicotomia ganhar perder interessante notar que nos desenhos a luta est presente sempre no auge de uma disput
499. s fact veis considerando as necessidades dos alunos selecionando conte dos de ensino a partir de sua relev ncia social e respeitando a realidade estrutural da escola Como diferentes perspectivas te rico metodol gicas foram elaboradas entendo que necess rio apresent las brevemente mostrar como as mesmas se configuram quando se pensa no trabalho com a crian a de Educa o Infantil al m de posicionar me em rela o a elas a partir da refer ncia s cio hist rica que assumo neste estudo estabelecendo as rela es que me forem poss veis Antes disto no entanto quero voltar ao debate sobre a especificidade da Educa o F sica pois para Souza Junior 2001 esse um dos caminhos para que a Educa o F sica se tome um componente curricular significativo na forma o dos educandos No mesmo movimento Castellani Filho 1998 questiona se a Educa o F sica tem o que ensinar sendo ir nico ao responder que se houver aulas de Educa o F sica j estar se dando uma revolu o na rea Isto d a dimens o do qu o dif cil a problem tica da transforma o da Educa o F sica em componente curricular nos termos postos por Saviani 2006 e Souza Junior 2001 Mais complicado torna se ainda quando considero que a refer ncia da aptid o f sica ainda bastante presente em v rias escolas afetando o reconhecimento da Educa o F sica por alunos e professores da escola Ou seja a Educa o F sica ainda est
500. s meios tenham interesses pol ticos e busquem influenciar os sujeitos sempre haver espa o para o leitor conjecturar suas interpreta es importante destacar que para Bakhtin 2004 o processo de interpreta o e compreens o constitui se em encontrar no contexto o lugar adequado para um dado tema e posicionar se em rela o a ele Ou seja interpretar e compreender s o formas de dialogar de replicar em rela o a uma dada enuncia o opor uma contrapalavra A interpreta o e a compreens o s acontecem num processo ativo e responsivo ou seja criativo O segundo ponto que acho pertinente analisar que as crian as s o postas como crian as perspicazes espertas e aut nomas que n o precisam do adulto H aqui duas quest es primeiro h que se considerar e as coloca es de Paulo Freire acima postas tratam desse aspecto que com as pessoas mais velhas as crian as t m acesso a uma s rie de informa es conhecimentos h bitos modos de fazer e ser que s o incorporados nas pr prias intera es ao modo como acontece o desenvolvimento de sua cogni o e personalidade pois as crian as n o s o ilhas no mundo e nem aprendem sozinhas como querem fazer crer algumas concep es pedag gicas Ao mesmo tempo essa id ia mexe com as hierarquias entre crian as e adultos em dois aspectos Em geral a rela o dos adultos com os mais diversos recursos t cnicos de comunica o de medo apesar de serem os seres
501. s menos favorecidas BRITO 1997 Nesse contexto contudo o PCN diz Ghiraldelli Jr 2003 a principal refer ncia para a avalia o das escolas pelo Minist rio da Educa o Por isso falo da arrog ncia de querer se constituir um curr culo nacional Isto lembra ainda coment rio tamb m j tecido neste texto sobre a descentraliza o dos servi os b sicos pela l gica do Estado M nimo mas a centraliza o atrav s de estrat gias refinadas para manter as institui es com um funcionamento que naturalize as id ias necess rias manuten o do status quo senso comum na perspectiva discutida por Martins M F 2005 A id ia de curr culo nacional torna se ainda mais forte quando os PCN tratam dos objetivos por ciclos dos conte dos a serem tratados das formas de avalia o e at como estruturar as aulas SOARES 1997 No mbito da Educa o Infantil todavia o documento elaborado no mesmo movimento dos PCN foi o RCNEI que tamb m considerado um documento fr gil teoricamente com concep es de inf ncia e de Educa o que n o superam as perspectivas sobre as quais se construiu uma Educa o Infantil assistencialista e compensat ria mas que ao mesmo tempo traz marcas das contradi es e lutas que se efetivaram no seu processo de elabora o e aprova o Uma dessas marcas a considera o presente no documento introdut rio de que a Educa o Infantil tem a fun o de cuidar e educar assumindo mesmo
502. s mesmos n o s o incorporados no trabalho pedag gico Em segundo lugar preciso pontuar que n o estou falando dos recursos de comunica o como meros instrumentos pedag gicos porque de acordo com Mart n Barbero e Rey 2004 essa perspectiva deixa de fora o debate sobre a inser o cr tica da escola num mundo em que as informa es s o muitas superficiais e atraentes abrindo ainda mais a fenda entre o que falam os professores e o que aprendem os alunos Por fim o terceiro coment rio que necess rio olhar para a forma o de professores de Educa o Infantil 133 Sabe se pela pr pria trajet ria do atendimento crian a de O a 6 anos que nunca se fez necess ria a forma o de um corpo docente espec fico e que esse segmento educacional fez uso de muitas mulheres sem forma o pedag gica que se constitu am cuidadoras das crian as pois esse era o papel assumido a pr pria Educa o Infantil S com a LDBE de 1996 que se coloca a forma o m nima em Magist rio O que de fato n o se configura realidade pois com a retomada dos modelos de atendimento a baixo custo na d cada de 1990 tornou se comum trabalhar com volunt rios e aproveitar os recursos humanos das comunidades mesmo sem forma o ROSEMBERG 2002 Ent o a forma o de professores de Educa o Infantil nunca foi prioridade das pol ticas educacionais brasileiras Tal contexto dificulta o desenvolvimento do trabalho pedag gico numa perspecti
503. s princ pios gerais que devem ser respeitados j 180 explicitados anteriormente Contudo Boterf 1999 prop e quatro fases para a pesquisa participante a montagem institucional e metodol gica da pesquisa participante b estudo da regi o e popula o envolvida c an lise dos problemas que a popula o considera priorit rios e d programa o e aplica o de um plano de a o que contribua para a resolu o de problemas Essas orienta es est o organizadas no quadro que chamei de proposta organizacional da pesquisa participante QUADRO 1 PROPOSTA ORGANIZACIONAL DA PESQUISA PARTICIPANTE Montagem Estudo An lise dos Programa o institucional regi o e popula o problemas que a aplica o de um plano de metodol gica envolvida estrutura popula o considera a o que contribua para a elabora o do projeto social percep o dos priorit rios promover resolu o de problemas de pesquisa sele o do sujeitos da mesma conhecimento mais espa o de pesquisa dados s cio objetivo do problema e comunica o do econ micos devolu o da realidade podendo projeto sistem tica e discuss o haver reformula o dos resultados unidade deste de diagn stico Como est expl cito no Quadro 1 na primeira fase acontece a elabora o do projeto de pesquisa e a sele o do espa o em que ser realizado o estudo a partir da defini o de crit rios e a comunica o do projeto aos
504. s que vivencia Mais do que isso a id ia que o referido aluno tinha do espa o da quadra influenciou sua expectativa em rela o aula no que diz respeito ao conte do que seria tratado pois ele esperava jogar bola diga se futebol Retorno ent o ao debate que teci sobre os temas da cultura corporal a serem pedagogizados na E I Se a proposi o apresentar para as crian as a linguagem que caracteriza a E F em todos os seus temas a parir de princ pios como a contemporaneidade dos conte dos as capacidades s cio cognitivas dos educandos a simultaneidade como a realidade do mundo esportivo configura contemporaneamente o repert rio de conhecimentos produzidos no cotidiano pelas crian as sobre a E F n o h como negar sua presen a Essa nega o mostraria e sinto me vontade para retomar Mart n Barbero e Rey 2004 abrir m o da responsabilidade que a escola tem de ensinar a ler Representaria ainda eximir se da responsabilidade portanto de aproximar esse aluno da cultura corporal num processo de forma o para a autonomia cr tica e ressignifica o E se for o caso hibridizando tanto quanto faz a TV a cultura corporal para implementar um estrat gia contra hegem nica H que se considerar as afirma es de Oliveira 2002 para quem que a inf ncia e os olhares sociais para ela se constituem num contexto social econ mico pol tico e cultural Ent o preciso levar em conta que num mundo tecnificad
505. sa via O adulto poder relacionar se com a crian a de forma significativa desde que haja disposi o de ouvir e dialogar sobre o que a crian a apreendeu com tais suportes Esse di logo necess rio quando se leva em considera o que o adulto tem a responsabilidade de apresentar crian a formas de interpretar o mundo em que vive com autonomia algo que a TV n o intenciona proporcionar pelo pr prio comprometimento com os interesses comerciais e pol ticos hegemonicamente constitu dos que colocam a crian a como sujeito consumidor que tanto quanto todos os outros cidad os precisa entender se como algu m que consome para ser feliz e que feliz porque consome nessa contenda que se configuram os desafios para a escola Mas quando se fala da escola que atende crian as de O a 6 anos para admitir esse desafio preciso primeiro compreender que essa uma institui o com car ter educacional e negar as perspectivas assistenciais e compensat rias cujos fantasmas ainda rodam as creches e pr escolas E mais que isso imprescind vel assumir que quando se fala em Educa o est se colocando em jogo o compromisso de aproximar as crian as dos bens culturais e cient ficos produzidos 299 historicamente pela humanidade para organizar a capacidade cognoscitiva do educando a partir de um trabalho integrado entre todas as reas de conhecimento de modo que a interdisciplinaridade considerada uma postura pol tico pedag g
506. saltar rolar e trepar como uma forma de mostrar as semelhan as e diferen as com a id ia que elas traziam e n o apenas reproduzir o que estava e est posto pelos meios de comunica o e informa o Tais di logos e experi ncias faziam emergir a necessidade de transformar o trabalho pedag gico realizado nas aulas de Educa o F sica em um momento tamb m de mediar a rela o entre crian a e mensagem midi tica possibilitando o estabelecimento de uma outra leitura em que o educando possa ressiginificar a mensagem e at reelabor la Todas essas situa es me faziam levantar perguntas que nem sempre conseguia responder para mim mesma como professora nem com os meus alunos do curso de Educa o F sica o que as crian as v em na televis o sobre os conte dos da Educa o F sica Como as crian as se apropriam e significam tais mensagens Qual a representa o de Educa o F sica que elaboram com a televis o Essas interroga es contribu ram para a formula o de outras h que se negar ou reproduzir aquilo que est posto pelos meios de comunica o De que forma se pode organizar o trabalho pedag gico da Educa o F sica para elaborar com as crian as uma leitura para os enunciados dos meios de comunica o e uma interlocu o com os mesmos Essa trajet ria levou me a olhar para a forma como os textos midi ticos disseminam uma s rie de s mbolos que se tornam concretos nas rela es e pr ticas sociais Com is
507. se no pr prio contexto tendo um conte do uma mensagem mas tamb m um sentido ideol gico Em outras palavras o signo ganha materialidade na intera o Nas palavras de Bakhtin 2004 p 96 a l ngua no seu uso pr tico insepar vel de seu conte do ideol gico ou relativo vida Nessa l gica o pr prio sujeito definido pela sua pr tica viva de comunica o social Enfim h quatro elementos que est o imbricados linguagem intera o cultura humaniza o Outra considera o interessante em rela o linguagem posta por Chau 2005 que coloca a linguagem como uma forma de demonstrar prazer ou desprazer mas tamb m de o ser humano expressar valores id ias Al m disso h tamb m um refor o da compreens o de que o pensamento tem como fio condutor a linguagem de modo que ela se constitui a forma propriamente humana de comunica o da rela o com o mundo e com os outros da vida social e pol tica do pensamento e das artes CHAU 2005 p 148 Enfim a linguagem nos envolve n o s em sua forma verbal pois o mundo se apresenta sob diversas linguagens Diante da import ncia da linguagem para a comunica o e constitui o do ser humano h que se considerar que esse processo inicialmente dava se face a face com a presen a real dos interlocutores com um di logo direto no qual era poss vel expor id ias argumentar concordar discordar No entanto com o desenvolvimento de uma s
508. se sentido que segue a afirma o de Lajolo 2006 p 232 a crian a que habita romances e poemas parente muito pr xima da crian a que em outdoors vende sabonetes ou planos de sa de da outra crian a que objeto de recomenda es da UNESCO e tamb m daquela outra que inspira pedagogias e puericulturas A afirma o mostra ainda mais claramente que os aspectos hegem nicos econ micos pol ticos e culturais influenciam por todas as vias dispon veis e poss veis a concep o social que se constr i sobre a inf ncia e como as pr prias crian as passam a ser e s vezes at a se ver pela inculca o de determinados valores e h bitos de comportamento Ent o a pr pria inf ncia constru da por todas aquelas vias Mas n o sem relut ncia pois ao assumir aqui a crian a como sujeito mesmo que do ponto de vista legal seja um sujeito tutelado pelo adulto entendo a na condi o de ser que estabelece sentidos para o mundo e apreende os significados dos signos que nele circulam que brinca com estes e que resiste de diversas formas ao se ver aprisionada Quem conta a hist ria da inf ncia de modo bastante original Corazza 2002 No 32 percurso de conta o de sua hist ria ela fala de gentes bem pequenas que inicialmente n o eram vistas nem consideradas nem mesmo incomodavam os grandes exemplo disto n o haver restri o pr tica do infantic dio na Gr cia al m das coloca es dos
509. sentido de legitimar o neoliberalismo como alternativa de concretizar uma reforma ideol gica a partir de diferentes estrat gias a fim de construir com a ajuda dos intelectuais org nicos em prol do sistema um novo imagin rio social um novo senso comum para assegurar que essa nova ordem se naturalize Com essa inten o h uma retomada radical dos princ pios do liberalismo e qualquer interven o estatal passa a ser concebida de modo negativo j que interfere na liberdade 10 O termo terra de gigantes adv m da letra de m sica Terra de Gigantes do grupo Engenheiros do Hawaii de autoria de Humberto Genssinger em 1987 97 individual e que as rela es de igualdade necessariamente t m como consegii ncia a servid o pois os indiv duos s o tomados como naturalmente diferentes poss vel localizar a o que Miguel 2002 chama de bases antidemocr ticas da democracia contempor nea quando ele aponta que existem na constru o da sociedade e democracia atuais conceitos incompat veis com a pr pria no o cl ssica de democracia mesmo considerando o contexto em que esta se fazia concreta na Gr cia Antiga porque nasceram da elabora o te rica da chamada teoria das elites na qual se entende que a desigualdade social inerente condi o humana porque ela resultado das diferen as de capacidade e da vontade de poder entre os indiv duos Desse ponto de vista a igualdade objetivada pelos
510. seria bom se tivesse um projeto para sistematizar o trabalho Vem tona com essa fala de novo o desafio da forma o de professores Eu quero destacar no entanto a possibilidade de um projeto que traz a possibilidade de um trabalho interdisciplinar com os conhecimentos cient ficos e culturais na Educa o Infantil aparecendo como uma forma de integrar a leitura das linguagens audiovisuais com todas as reas de conhecimento inclusive a Educa o F sica Na an lise das entrevistas foi poss vel perceber em que medida reaparecem na fala das professoras os aspectos postos no PPP e em que medida elas o transcendem e o 236 contradizem Por conta desses aspectos elaborei figuras que trazem os dados do PPP e das entrevistas sendo que o que se encontra em bal es azuis corresponde ao PPP o que se encontra em bal es amarelos corresponde s entrevistas e o que corresponde aos bal es verdes comum entre PPP e entrevistas nas quais destaco a partir dos princ pios postos no referencial te rico da pesquisa o que aparece como continuidade e como contradi o tentando localizar em que medida as continuidades e as contradi es abrem espa o para uma pr tica pedag gica cr tica S cio interacionismo CONCEP O PEDAG GICA FIGURA 1 CONCEP O PEDAG GICA DA ESCOLA A socializa o fundamental para o ser humano Ponto de partida para o planejamento CONHECIMENTOS COTIDI
511. serva o foi proposta ao Grupo 04 uma atividade de imita o num jogo chamado Gato Comandante que mistura a imita o de v rios animais e um pega pega O detalhe desse dia que essa semana no m s de abril era a semana da Micareta de Feira de Santana carnaval fora de poca e a escola realizaria nesse dia um baile a fantasia para as crian as de modo que todas estavam fantasiadas dos mais diversos personagens Nessa turma havia Flash Batman Power Rangers Homem Aranha Menina Super poderosa piratas al m de outras fantasias que n o se referiam a personagens da televis o mas que s o do folclore sereia baiana saci Os alunos vivenciaram a atividade meio preocupados para n o estragar as fantasias mas os dois alunos que estavam vestidos de Flash disseram que a atividade era boa porque tinham que correr na hora do pega pega pra ficar r pido assumindo o papel do super her i No Grupo 05 as crian as tamb m fantasiadas dos mais diversos personagens exceto algumas que estavam com roupas normais por assim dizer j chegaram quadra brincando de faz de conta mesmo aquelas que n o estavam vestidas com fantasias assumiram seus pap is Um aluno gritou Eu sou super homem Uma outra falou que era Em lia Teve uma menina que assumiu o papel de Power Ranger e foi logo tolhida por um colega Mas voc n o pode ser Power Ranger porque voc menina Ela respondeu que tem Power Ranger menina como a r
512. sica Esse um ponto a pensar e questionar por qu Por que se h pessoa dentro da universidade que conhece as falhas do PCN e poderia formar os professores de Educa o F sica e todos os outros para ressignifica a partir de um outro olhar a Educa o F sica Mas ser que esse contato existe Isso algo que o PPP n o pode me responder mas no di logo com os sujeitos da escola pude fazer emergir Ent o adiarei esse debate para algumas folhas a frente No entanto minha esperan a de ter caminhos para a Educa o F sica integrar se e legitimar se na escola n o estava de todo perdida pois apesar da arrog ncia de curr culo nacional e das contradi es que fazem aparecer perspectivas que desculturalizam a Educa o F sica e a reduzem ao ato motor quando h uma compreens o de que por ser contradit rio o PCN abre brechas para diversas constru es da Educa o F sica na escola inclusive com perspectivas cr ticas h possibilidade e espa o para uma constru o cr tica criativa contra hegem nica Basta assumir o compromisso com os conflitos nos espa os institucionais algo que j apareceu no PPP do CEB UEFS em muitos momentos de se estranhar no entanto que em um PPP que se refere a uma escola que tem a Educa o Infantil como uma de suas etapas n o haja nenhuma cita o relativa ao que o RCNEI trata sobre o movimento como um elemento importante para o conhecimento de mundo das crian as Certamente isso n
513. significativa a influ ncia das ag ncias de not cias nas esferas econ mica e pol tica Na esteira da m quina a vapor veio a eletricidade que teve a primeira influ ncia no 48 mbito da comunica o com o tel grafo patenteado em 1837 e definido como aparelho que permite melhorias em dar sinais e alarmes sonoros em lugares distantes por meio de correntes el tricas transmitidas em circuitos met licos segundo a descri o da patente citada por Briggs e Burke 2004 p 142 Esse instrumento era uma poderosa ferramenta pol tica al m de ter sido posto como meio para o desenvolvimento e ao mesmo tempo sua inven o foi a ele creditada Al m disso houve uma liga o direta entre o desenvolvimento das ferrovias e do tel grafo j que eram por essas vias que se espalhava a fia o do progresso de modo que n o se pode nesse cap tulo da hist ria da comunica o separ la da hist ria do transporte Os cabos telegr ficos foram postos ainda em dimens o transatl ntica em meados do s culo XIX diminuindo as dist ncias comunicacionais entre os continentes e estimulando o j existente com rcio global al m de possibilitar mais rapidez na transmiss o de informa es p blicas e ou privadas Al m disso a telegrafia teve uma import ncia significativa na unifica o de na es como os Estados Unidos e a Austr lia Papel este que segundo Mart n Barbero 1987 a televis o tamb m teve nos pa ses da Am
514. smaking e da perspectiva da espiral do sil ncio 61 Em rela o a tais perspectivas Wolf 2001 afirma que se busca superar os antagonismos e conflitos das pesquisas em comunica o a partir de dois problemas centrais o efeito dos meios de comunica o e a forma como eles constroem a imagem da realidade social Para Holfeldt 2001 essas hip teses buscam o trabalho em equipe e o encontro de diferentes teorias e disciplinas para compreender de modo amplo o processo comunicacional Uma quest o levantada por Holfeldt 2001 e merece destaque por que se fala em hip tese e n o em teoria O pr prio autor responde pontuando que teoria um sistema fechado que trabalha a partir de um modelo J quando se fala em hip tese tem se um sistema aberto que procura legitimar formas de fazer pesquisa mas pode ser modificada em caso de n o confirma o de hip teses ou de novas variantes emp ricas que forem se mostrando Tal coment rio d a dimens o da perspectiva multite rica e multidisciplinar desses novos modos de fazer pesquisa em comunica o Esses novos estudos se configuraram em rea o id ia simplista de comunica o pautada no modelo de est mulo resposta compreendendo que o efeito dos mass media aparece em longo prazo cumulativo e n o direto Al m disso em resposta a modelos que exclu am outras formas de olhar para os meios de comunica o e agora quando se fala em efeito o que est em pauta s o as impl
515. so n o quero afirmar a incapacidade da crian a para reelaborar as linguagens dos grandes meios de comunica o presentes no seu cotidiano nem de l las com autonomia Ao contr rio procuro reconhecer que para potencializar o processo de reelabora o faz se necess ria uma interven o pedag gica que possibilite o desenvolvimento dessa capacidade que n o inata Ou seja reconhe o a escola e nesse contexto o espa o pedag gico da Educa o F sica como inst ncia que deve assumir a responsabilidade de possibilitar crian a a leitura do mundo em que vive e se no contexto desses educandos est presente a verdade posta pela televis o faz se necess rio considerar os conhecimentos cotidianos que as crian as elaboram a partir de 19 tal rela o H que se considerar ainda o contexto em que se produz a escola o sujeito crian a o fazer pedag gico e o pr prio texto televisivo que deve ser entendido para localizar o problema da pesquisa Uma conjuntura que parece refor ar tudo que est colocado pelas experi ncias anteriormente descritas a realidade pol tico econ mica que orienta de dada forma os processos educacionais a maneira como a Educa o Infantil e o olhar sobre a inf ncia se estruturam em tal conjuntura a forma como a Educa o F sica se legitima ou tenta se legitimar nesse segmento educacional e a influ ncia exercida pelos meios de comunica o no plano social que afetam a escola No que
516. so a conhecimentos sistematizados que lhe possibilitem posicionar se no mundo como sujeitos e cidad os com a garantia de acesso a diferentes linguagens que possibilitam o entendimento dos significados postos nos mais diversos signos sociais e a atribui o de sentido para os mesmos para a sociedade e para a pr pria vida como sugere Oliveira 2002 Quando se tem em conta que a escola existe para complementar o trabalho da fam lia id ia tamb m presente no PPP do CEB UEFS no que se refere fun o social da escola est o em jogo quest es hist ricas ligadas ao nascimento necess rio das institui es de atendimento para crian as de O a 6 anos e quest es sociais que se relacionam hoje com os direitos da inf ncia e sobre quem incide essa responsabilidade Um aspecto que aparece e com o qual preciso ter cuidado porque pode ser ind cio de uma retomada de velhos novos conceitos a perspectiva de que a Educa o Infantil o alicerce do desenvolvimento N o h d vida de que o aprendizado que a crian a adquire nesse n vel educacional e que os conceitos a formulados e reformulados far o parte de sua estrutura cognitiva e de sua personalidade No entanto preciso levar em conta que historicamente e atualmente muitas vezes se discutiu e discute a Educa o Infantil do ponto de vista de que sua legitimidade se faz em fun o das s ries mais adiantadas do Ensino Fundamental Como j pontuei no per odo da aprova o de
517. sor sugerir aquilo que pensou para o dia Mas essa indisciplina demonstra um desejo uma curiosidade uma necessidade que elas fazem emergir no faz de conta caracter stica do mundo infantil contempor neo e das transforma es que se efetivam nesse tempo hist rico devido presen a massiva dos meios de comunica o A dan a aparece pela primeira vez e numa refer ncia clara forma como mostrada e tratada no texto televisivo a partir do qual as crian as de hoje as de 20 anos atr s interagem com a rainha Xuxa real enquanto pessoa mas virtualizada na figura de celebridade 295 Celebridades que s o a todo tempo criadas e reinventadas como uma estrat gia dos grupos hegem nicos para disseminar valores de consumo os padr es de beleza e pretensas novas necessidades que fazem girar a engrenagem comercial a fim de que os sujeitos sejam felizes A dan a nesse processo vem pronta estereotipada tanto nos movimentos corporais quanto na vestimenta e no perfil f sico de quem dan a As aulas de Educa o F sica podem tematizar a dan a e poss vel partir do conhecimento produzido no cotidiano pelas crian as e apresentar diferentes tipos de dan a suas ra zes e hist ria al m de promover a experi ncia corporal espont nea da dan a ampliando o repert rio infantil em rela o a esse tema o que tamb m lhe dar ferramentas para interpretar o texto televisivo A partir das observa es retomo duas quest es iniciais q
518. spectiva formar homens aut nomos e capazes de agir ativamente no seu mundo de modo que o processo educativo se d num processo de autoconstru o ou seja o aluno o ator principal na produ o do seu saber O que leva a uma outra considera o do construtivismo cada crian a respons vel pela sua aprendizagem J para Rossler 2000 o construtivismo um conjunto de teorias que t m como base a epistemologia gen tica de Jean Piaget Ide rio que tem sido incorporado por outras perspectivas pedag gicas como a do desenvolvimento das compet ncias e tem incorporado teorias at mesmo diferentes em termos de ra zes te ricas como o caso da perspectiva vigotskiana numa abordagem que tem se convencionado chamar de construtivismo interacionismo num processo de flexibiliza o e ecletismo que me lembra a pr pria elasticidade capitalista Passo ent o s ilus es Primeiro tem mais valor o que o sujeito aprende por ele mesmo do que aquilo que transmitido por sujeitos mais experientes pois se considera que isto proporcionar a autonomia dos aprendizes Nessa l gica claramente o sujeito responsabilizado por aquilo que pelo que consegue O segundo ponto que o aluno deve desenvolver m todos de aquisi o do conhecimento e elabora o de estrat gias para resolver as situa es problema intencionalmente colocadas pelo professor o que tem mais valor que a aproxima o com m todos cient ficos que caracteriza
519. speitar as realidades e diversidades entre as crian as valorizar as intera es que elas estabelecem propor atividades significativas e enfatizar uma postura cooperativa Ademais deve se ter como princ pio da a o pedag gica nesse segmento educacional o prazer e a ludicidade de m os dadas com a aprendizagem Seguindo essa trajet ria concordo com Saviani 2006 p 52 quando ela fala do curr culo na perspectiva de interdisciplinaridade afirmando que torna se indispens vel a interdisciplinaridade que permite a passagem de um saber setorizado a um conhecimento integrado e que consiste essencialmente num trabalho em comum tendo em vista a intera o das disciplinas cient ficas de seus conceitos diretrizes de sua metodologia de seus procedimentos de seus dados e da organiza o de seu ensino Como fica claro quando se fala em interdisciplinaridade h um questionamento da fragmenta o do conhecimento em campos tomados como imut veis e considera se a possibilidade de co participa o e di logo entre as diversas reas de conhecimento Isto exige uma outra postura diante do conhecimento que segundo Brinhosa 2003 contr ria l gica cient fica fragmentadora em que se construiu o modo de produ o capitalista e sua base liberal vinculada ao processo de divis o do trabalho e expropria o das pessoas de sua condi o de sujeito que caracteriza a sociedade capitalista Portanto o fato de se adotar u
520. squisadas por Duarte Leite e Migliora 2006 colocam ao afirmarem que a televis o um meio de Educa o e que melhor que a escola porque possibilita a forma o junto com o lazer e o entretenimento E ningu m pense que essas crian as se deixam levar somente por um olhar positivo sobre a TV pois conseguem perceber as contradi es desse ve culo e aquilo que ele traz de negativo como a viol ncia Ent o Betti 2003b sugere que a linguagem audiovisual seja integrada de forma planejada nas aulas de Educa o F sica Para tanto destaca que o professor deve conhecer a linguagem televisual e ter diante da mesma uma postura cr tica Mas al m da forma o do professor tamb m necess rio desconstruir a id ia de que a aula de Educa o F sica uma atividade somente pr tica reduzida ao fazer tanto entre os alunos como no universo da pr pria escola Em concord ncia com esse aspecto Lisboa e Pires 2004 p 138 139 afirmam que Sendo a escola uma possibilidade de media o institucional dentro do processo de comunica o importante para a ressignifica o dos conhecimentos propostos pela TV cabe a a o coletiva e pol tica desta institui o investir na sua contribui o para o que poderia ser uma Educa o emancipat ria z Levando em considera o as especificidades da Educa o Infantil necess rio considerar que essa aproxima o passa pelo experimenta o dos conte dos da cultura cor
521. sso necess rio compreender dois percursos Primeiro a trajet ria que levou o ser humano a interagir verbalmente e a import ncia disso em sua humaniza o E segundo o processo de desenvolvimento dos meios t cnicos de comunica o e as conseqiientes mudan as sociais gestadas ou potencializadas por eles No trato dessas mudan as sociais quatro aspectos me interessam a trajet ria de desenvolvimento dos diversos recursos t cnicos e suas consequ ncias no processo de comunica o humana as pesquisas que come aram a ser desenvolvidas no mbito da comunica o e o modo como percebem essa a o humana a fun o social que esses meios s o chamados a assumir no contexto de globaliza o e neoliberalismo e especialmente para o meu estudo as consegii ncias que esses meios geram para a inf ncia em especial nos dias atuais 2 2 1 A intera o a linguagem e os recursos t cnicos de comunica o No que concerne aos processos interativos entre seres humanos por meio da linguagem esclarecedora a an lise de Engels 1990 ao afirmar que foi no processo de transforma o da natureza por meio do trabalho que o ser humano transformou se anatomicamente A cada novo processo de dom nio da natureza o ser humano nas palavras do autor alargava horizontes e descobria as propriedades de materiais diversos Foi tamb m nesse processo de dom nio da natureza e em consegii ncia de si mesmo que o ser humano come ou a produzir in
522. st em jogo a realidade individual al m de haver uma continuidade com a preocupa o da efic cia dos meios Essa cr tica encontra refor o em Martino 2001 ao considerar que a abordagem funcionalista despreza quest es hist ricas importantes na emerg ncia dos meios de comunica o Numa perspectiva diametralmente oposta a todas at agora comentadas est a teoria cr tica que d aos estudos da comunica o uma abordagem pol tico econ mica com 56 influ ncia do pensamento marxista mas preocupada com fen menos sociais caracter sticos de meados do s culo XX Essa abordagem foi cunhada pelos te ricos da Escola de Frankfurt H uma preocupa o nessa perspectiva de acordo com as discuss es tecidas por Wolf 1999 de analisar os problemas sociais em suas causas e estrutura de forma totalizante para colaborar com a constru o de uma contra consci ncia O conceito de Ind stria Cultural tem centralidade numa compreens o de que todos os meios de comunica o constituem uma ferramenta para estandardizar determinar o gosto p blico e impor estere tipos sem nunca se preocupar com a qualidade O sistema dos meios de comunica o compreendido como elemento que condiciona o processo de consumo e a autonomia do consumidor inclusive desprezando novas id ias j que estas podem se constituir riscos Na compreens o de Horkheimer e Adorno 2005 no capitalismo tudo tem um ar de semelhan a como um mecanismo para ap
523. staca que as pessoas mais carentes comumente exclu das do sistema formal de ensino recorrem televis o como meio de lazer e de acesso a informa es diversas A autora entende ainda que a televis o influencia na forma o dos sujeitos como todos os autores at agora consultados o que pode ser facilmente compreendido considerando se a teoria de que nas rela es estabelecidas com a realidade com o mundo que se forma a consci ncia dos indiv duos Mas tal forma o tem sido direcionada para a l gica do consumo e da mercadoriza o das coisas e pessoas Como dessa perspectiva o objetivo da mensagem televisiva assujeitar contribuir para a aliena o dos sujeitos para torn los objetos pe es dos interesses hegem nicos num processo de tornar uns mais iguais que os outros as pr prias mensagens tendem a n o ter tanta heterogeneidade assim sendo tamb m padronizadas e massificadas Formar uma sociedade consumista pede que as informa es sejam dilu das banalizadas e homogeneizadas PORTO 2000 Isto porque as classes dominantes possuidoras dos meios de produ o material apossam se dos meios de produ o cultural e utilizam nos para difundir suas ideologias Assim pode se afirmar mais uma vez a implica o dos meios de comunica o com interesses comerciais e com o consumo real ou potencial Essa domina o pela TV conforme Porto 2000 estabelece se atrav s da veicula o de uma imagem estereo
524. stema catab lico 40 Em rela o crian a brasileira na atualidade posso dizer at por fazer parte desse cotidiano que a diversidade de inf ncias persiste pela continuidade das contradi es e desigualdades na estrutura social que da invas o das terras alheias fez se col nia de explora o numa sociedade patriarcal e escravista e agora apresenta se como uma sociedade preconceituosa e marcadamente desigual N o posso mais falar de crian as escravas mas s o de p blico conhecimento as crian as exploradas e mal tratadas em carvoarias e lavouras pelo Brasil afora Ningu m desconhece a realidade das meninas exploradas sexualmente na beira das estradas em troca do nada que t m Posso falar das crian as pobres que se abrigam nas periferias e favelas das que est o no sinal no ponto de nibus vendendo doces dentro dos nibus estacionamentos vivendo entre uma venda e um roubo furto ou como queira chamar a ordem jur dica Ainda lembro como me espantei certa feita nos meus primeiros dias como professora por encontrar um aluno meu que estudava pela manh vendendo doces cigarros e vales transportes tarde na regi o mais movimentada de Feira de Santana Da inexperi ncia dos meus dezenove anos de idade posso afirmar que s ali os meus olhos atentaram para como estava perto daquilo que me deixava estarrecida e revoltada ao ver e ler nos jornais Aconteceu usando um dito popular meu batismo de fogo porque at
525. storicamente Para ampliar a reflex o sobre a etimologia do termo inf ncia trago alguns dicion rios da atualidade escolhidos arbitrariamente a partir de uso pessoal para resolver quest es relativas aos significados das palavras novas com as quais me deparo e que por isso fazem parte do meu dia a dia nos quais h refer ncias inf ncia ou crian a com base nas quest es cronol gicas ou psicol gicas e ainda alguns sentidos figurados que d o pistas sobre os significados sociais da inf ncia Inf ncia 1 Estado ou per odo em que se crian a puer cia 2 As crian as LUFT 1996 p 355 1 Per odo da vida humana compreendido entre o nascimento e a puberdade 2 As crian as 3 Fig Come o origem 4 Simplicidade ingenuidade KLIMES et al 1992 p 627 Crian a Ser humano de tenra idade menino menina LUFT 1996 p 175 1 Ser humano de pouca idade que est na inf ncia infante 2 Pessoa infantil ing nua KLIMES et al 1992 p 290 Infantil 1 Relativo ou pertencente inf ncia aos infantes 2 Pr prio de crian a pueril 3 Simples ing nuo KLIMES et al 1992 p 627 7 De acordo com Negr o 2000 o ECA uma lei ordin ria que comp e o microsistema do direito civil ao lado do C digo de Defesa do Cunsumidor e do pr prio C digo Civil E o que se chama de uma lei civil avulsa 31 Infantilidade 1 Qualidade de infantil 2 Modos
526. stos no par grafo anterior tamb m de um mal necess rio que se configurou de modo perverso para crian as de classes menos favorecidas que em institui es e arranjos de diversos tipos recebiam apenas os cuidados necess rios para garantir a sobreviv ncia da futura m o de obra a melhoria da sa de do povo pobre taxado de irrespons vel e culpado pela pr pria pobreza brasileiro Ou seja n o posso nem falar em um atendimento educacional repressor 202 Falar em Educa o da inf ncia no Brasil s foi poss vel ap s a Proclama o da Rep blica mas mesmo assim numa refer ncia liberal a escolanovista e para as elites perpetuando se para os mais pobres o olhar assistencialista e higienizador conforme fala Oliveira 2002 Sigo com a lembran a das perspectivas compensat rias que se instalaram na segunda metade do s culo XX e das contradi es que ora s o vividas devido s conquistas e s tentativas atrav s de estrat gias as mais perversas e sutis de sua supress o como bem coloca Rosemberg 2002 ap s a invas o neoliberal e a retomada de velhos novos conceitos que esvaziam o sentido da Educa o e tiram da Educa o Infantil o seu car ter educacional Todo esse processo deu se para estabelecer uma ordem burguesa via meios culturais para tornar o corpo da crian a til d cil adequado aos c digos da produ o capitalista obedi ncia moralidade higiene disciplina devo o ao trabalho Ent o coloca
527. strumentos t cnicos que o auxiliavam no trabalho e que teve a necessidade de interagir com o outro Nesse sentido Engels 1990 p 23 diz numa palavra os homens num determinado momento de sua evolu o tiveram a necessidade de dizer algo uns aos outros Desde esse momento a linguagem constituiu um dos principais fatores que geraram a evolu o ao est gio de homo sapiens Sobre a import ncia da linguagem no desenvolvimento do ser humano recorro a Vigotski 2000 quando diz que o pensamento pr verbal um pensamento pr tico que 43 mostra rela es intelectuais rudimentares e ainda ao afirmar que o signo ling stico tem um papel semelhante no desenvolvimento das fun es psicol gicas ao do instrumento de trabalho no dom nio da natureza s que agindo internamente provocando mudan as psicol gicas Nas palavras de Vigotski 1998 p 33 O momento de maior significado no curso do desenvolvimento intelectual que d origem s formas puramente humanas de intelig ncia pr tica e abstrata acontece quando a fala e a atividade pr tica ent o duas linhas completamente independentes de desenvolvimento convergem Z Essa convers o a base para o desenvolvimento das fun es psicol gicas propriamente humanas porque com o pensamento verbalizado e com a fala intelectualizada os comportamentos ganham nova forma na medida em que poss vel antecipar intelectualmente uma a o planejar na busca intencion
528. t mesmo com a telegrafia de imagens precursora do fax A base t cnica da TV segundo Briggs e Burke 2004 p 179 a varredura de uma imagem por um feixe de luz em uma s rie de linhas sequenciais movendo se de cima para baixo e da esquerda para a direita Quando a luz passa sobre ela cada parte da imagem produz sinais que s o convertidos em impulsos el tricos fortes ou fracos Os impulsos s o ent o amplificados e transmitidos por cabos ou pelo ar por ondas de r dio que s o reconvertidas em sinais de luz na mesma ordem e no mesmo valor da fonte original Ainda no que se refere aos aspectos t cnicos da televis o os mesmo autores pontuam que essa varredura de imagem pode ser mec nica ou eletr nica sendo que essa segunda forma de reprodu o se tornou a base da televis o que revolucionou os sistemas de difus o Thompson 1995 fala em revolu o haja vista que a televis o teve e tem enquanto t cnica um impacto social porque facilita uma quase intera o atrav s do tempo e do espa o transformando o comportamento das pessoas e o modo como se relacionam j que s o mostradas pessoas com m ltiplas personalidades hist rias reais ou ficcionais e com interesses econ micos norteando aquilo que exibido na TV porque mudou a forma como as pessoas agem para os outros na medida em que se pensa na audi ncia nos efeitos que um enunciado pode gerar no comportamento que se quer ver o p blico desenvolver porqu
529. t cnicos da comunica o como elementos e textos que podem ser refletidos sistematicamente dentro da escola Preciso ressaltar que no encaminhamento da entrevista e durante o processo de an lise do PPP outros aspectos se destacaram e fizeram com que emergissem duas categorias emp ricas relacionadas s categorias te ricas anteriormente postas que foram fun o social da escola em rela o presen a dos meios de comunica o na escola que se apresentou quando eu questionava s professoras o que elas pensavam da rela o entre os conhecimentos 187 cotidianos e os conhecimentos escolares Segui ent o com a descri o anal tica na qual constru o que chamei de Mapa de An lise de Conte do Tem tica do Projeto Pol tico Pedag gico do CEB UEFS Ap ndice D e das entrevistas Ap ndice E a partir dos quais descrevi os dados encontrados e organizei tabelas de frequ ncia das ocorr ncias em rela o a cada categoria Com esses recursos concretizei a descri o anal tica confrontando e refletindo sobre os aspectos que emergiram desses dados com base no referencial te rico constru do no decorrer do estudo A terceira etapa da pesquisa como posto no quadro constituiu se basicamente de duas a es A primeira estrat gia foi a realiza o de oficinas nas quais assisti televis o com as crian as brincamos de faz de conta conversamos sobre Educa o F sica Essas atividades foram realizadas com insp
530. t o assumo como concep o para pensar possibilidades curriculares na Educa o Infantil a perspectiva proposta por Kramer e outros 2003 que destaca a import ncia da cidadania e autonomia ou seja tamb m assume o processo educativo como promotor da organiza o da capacidade cognoscitiva do educando Al m disso entende a crian a como cidad e a escola como institui o que deve tematizar os conhecimentos produzidos pela humanidade no decorrer de sua hist ria de modo sistematizado e intencional Entendo como necess rio considerar em tal percurso com Saviani 2006 alguns eixos estruturadores do curr culo escolar e pensar cada um desses aspectos direcionados para a primeira etapa da Educa o B sica S o eles a rela o escola sociedade o desenvolvimento cognitivo do educando as mat rias de ensino e a transforma o do saber cient fico e cultural em conhecimento escolar No que concerne rela o escola sociedade entendo como necess rio pontuar a fun o social da escola Como j disse em outros momentos a escola pode servir como 110 instrumento a servi o dos grupos hegem nicos e a ao curr culo cabe naturalizar o sistema socioecon mico vigente de modo que os temas selecionados para comp lo seriam diversos a depender da classe social e do destino pensado e permitido para cada indiv duo ou como institui o de afronta criativa que constitui o processo de transforma o revolucion ria da re
531. ta es diferentes sendo que uma das esta es do circuito chamou aten o em uma delas as crian as tinham que jogar uma bola e tentar acertar na cesta de basquete Em todos os tr s grupos as crian as associaram aquele primeiro momento ao jogo de basquete Para elas era o que estavam fazendo deixando emergir mesmo o universo da faz de conta Atrav s dessa atividade portanto as crian as tiveram a possibilidade de perceber o basquete atrav s da experi ncia no universo simb lico que criam para dar conta de suas necessidades e desejos E na medida em que n o uma mera reprodu o imita o a crian a tem a oportunidade de se apropriar tamb m pela experi ncia pela elabora o de estrat gias para sua a o corporal do s mbolo real no caso o basquete Al m disso nos Grupos 05 e 06 as crian as mais uma vez impuseram um ritmo de competi o atividade entre meninos e meninas Na aula de Grupo 06 o professor interviu dizendo que a atividade era para ser experimentada E um dos alunos retrucou Ah n o professor tem que ser pra ver quem chega primeiro Eu questionei porque tinha que ser assim e a resposta foi Porque todo mundo que a gente v correndo pra ganhar Parece se impor de forma autom tica no sentido estabelecido para a Educa o F sica por essa crian a a perspectiva da competi o Tal fala parece estar diretamente ligada espetaculariza o do esporte que segundo Betti 1998 im
532. tal rumo s poss vel conhecer algo se houver envolvimento e at mesmo comprometimento com aquilo que se investiga Ou seja mais uma vez aparece a necessidade de submiss o realidade para encontrar sinais da ess ncia fazer desvios e chegar a ela como sugere Kosik 1976 por conta dessa tend ncia que a pesquisa participante volta se para o estudo com aqueles que s o considerados outro nos discursos cient ficos e nas rela es sociais Esse outro s o todos aqueles assujeitados exclu dos da possibilidade de construir hist ria e portadores de vazios de identidade Ainda segundo Brand o 1999a a pesquisa participante um processo coletivo de constru o de conhecimento que recria a forma concreta dos grupos exclu dos de pensar produzir saberes para atender s suas pr prias necessidades Assim a pesquisa participante nasce com a preocupa o de que o conhecimento produzido sirva a algu m sendo explicitamente ideol gica e pol tica quando considera importante tornar o outro do discurso cient fico tradicional em sujeito da produ o de conhecimento e do processo de transforma o de sua pr pria realidade Essencialmente o sujeito pesquisado ter a possibilidade de conhecer a sua pr pria realidade Participar da produ o deste conhecimento e tomar posse dele BRAND O 1999a p 11 Entretanto pergunto ser que as crian as e os professores de Educa o F sica se constituem um g
533. tal projeto na medida em que assumiu este papel na escola Ou seja a Educa o F sica tamb m se pautou em uma refer ncia idealista abstrata da inf ncia que n o d conta das condi es de vida da crian a de modo a expropri la de sua condi o de ser humano e sujeito nas rela es sociais OLIVEIRA 2005 Foi nesse movimento e com tais objetivos que a Educa o F sica se tornou uma atividade curricular entendida por Castellani Filho 1994 p 108 como a o n o expressiva de uma reflex o te rica caracterizando se dessa forma no fazer por fazer Ou seja a Educa o F sica se inseriu na escola como atividade que educava o f sico numa perspectiva 139 de forma o de um indiv duo que se adequasse e vendesse sua for a de trabalho ao mercado como pontuam Soares e outros 1992 Em outras palavras e retomando Martins 2005a a Educa o F sica dentro da escola assume junto com essa institui o o papel de formadora de um senso comum para a naturaliza o do capitalismo como modo de produ o inserindo se no mbito escolar como elemento contribuinte de uma l gica de aliena o e submiss o Alguns aspectos observados na Educa o F sica da poca s o esclarecidos por Fernando de Azevedo apud CASTELLANI FILHO 1994 p 76 Ao professor de Educa o F sica compete pois e n o h exagero algum nesta afirmativa dirigir e orientar os exerc cios de modo que influam en rgica e eficazment
534. tar apto para ganhar o que ficou claro com o desejo de ganhar medalha como no Pan Americano As crian as parecem apreender ainda uma no o de inf ncia posta como fase de passagem j que nos desenhos animados em geral o poder est ligado a algum tipo de evolu o Esta nos Power Rangers est presente na pr pria transi o entre um volume e outro da s rie em que o Ranger vermelho do volume 4 no volume 5 o ranger preto que orienta os outros em suas a es e necessidades Mas tamb m na luta tamb m que as crian as conseguem enxergar valores que nem sempre se fazem presentes no olhar do adulto para esses produtos especialmente o comportamento de solidariedade e coopera o entre um super her i e outro fazendo as ter uma vis o diferente das media es dos adultos que parecem se fazer presentes nas rela es infantis com a TV Os adultos mostram que permanecem no mbito das queixas e nega es discutidas por Mart n Barbero e Rey 2004 ao simplesmente colocarem a televis o como algo negativo e tentar impedir a crian a de realizar e expressar suas leituras Mas a identifica o de valores contr rios pr pria perspectiva capitalista que tenta se enraizar pela via cultural e pelo caminho da linguagem j mostra que as crian as n o absorvem automaticamente o que a televis o exibe apesar de muitas de suas coloca es expressarem apenas reprodu o do discurso da TV As crian as tamb m mudam valoram os textos
535. tarefas mas concebendo os como produtores de um conhecimento que pode ser diferente do conhecimento cient fico sistem tico porque se constitui a partir de um fazer pedag gico Esse um caminho visto pelo referido professor como forma de aproximar a produ o cient fica da realidade escolar e de fato colaborar para a transforma o desta Quando se soma a essa realidade de marginaliza o desses sujeitos as influ ncias do texto televisivo na forma o do imagin rio social sobre o mundo no sentido de adequ lo para a manuten o das rela es capitalistas de produ o deixando claro que os meios de comunica o t m uma fun o pol tica clara entendo que a pesquisa participante com seus princ pios metodol gicos pode auxiliar no sentido de buscar possibilidades de entendimento dessa realidade que tem suas contradi es e portanto possibilidades educativas que possam potencializar a capacidade das crian as de tornarem se leitoras aut nomas do texto televisivo e tenham at a possibilidade de produzir respostas nesse percurso que se constitui a observa o participante segundo Brand o 1999b como caminho que buscar perceber o outro a partir da conviv ncia com o seu mundo Tal tradi o parece ter sido elaborada no mbito da Antropologia mas n o significou que o m todo se tornasse politicamente participante Mais tarde a partir da inspira o marxista nasce o que Brand o 1999b chama de participa
536. tava brincando na televis o No mesmo momento V veio e entregou me sua produ o Tome PESQ Espere porque eu quero saber o que voc desenhou 245 V Eu comecei desenhando a Barbie mas a eu risquei ela pra ela ficar linda A depois eu fiz o Power Ranger Logo em seguida dirigi me a N que havia desenhado Xuxa e ela disse Eu fiz Xuxa mas eu n o fico vendo at tarde n o Ela estava se referindo hist ria na qual o personagem Jos motivo de preocupa o para os pais por ficar at tarde vendo televis o Logo em seguida E veio entregar o seu desenho e eu perguntei o que ele havia desenhado Mickey PESQ Mickey sozinho PESQ E ele n o tem nenhum amigo que fica com ele o tempo todo E Tem Pluto S que ele n o queria desenhar Ent o eu recolhi o desenho Mas logo depois E me pediu o seu desenho e levou o para a mesa Em seguida voltou devolveu me o desenho e disse E Fiz Mickey e Pluto L j chegou a mim falando do seu desenho Eu t estou assistindo desenho do Power Ranger A mainha m e chegou e desligou a televis o IS n o falou muito do seu desenho mas disse que fez a bonequinha do S tio do Picapau Amarelo E AZ desenhou o seu t o desejado desenho do Rei Le o J identificou seu desenho como sendo Bob Esponja que tamb m foi desenhado por G e L Nesse grupo exceto
537. te Percurso Metodol gico da Pesquisa Frequ ncias Tem ticas do PPP do CEB UEFS Fregii ncias Tem ticas nas Entrevistas Oficina 1 Oficina 2 Oficina 3 Oficina 4 180 182 197 221 243 252 268 275 FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 FIGURA 4 FIGURA 5 LISTA DE FIGURAS Concep o Pedag gica da Escola A rela o entre os conhecimentos cotidianos e os conhecimentos escolares Fun o Social da Escola Presen o dos Meios de Comunica o na Escola Inser o da Educa o F sica no Curr culo Escolar 236 236 237 237 238 RESUMO A pesquisa trata do texto televisivo e de possibilidades pedag gicas para tematiz lo na realidade da Educa o F sica infantil Para tanto o trabalho foi constru do a partir de duas quest es orientadoras que sentidos as crian as produzem para a Educa o F sica a partir das mensagens televisivas sobre a cultura corporal Que implica es pedag gicas tais sentidos geram nas aulas Os pressupostos te ricos da pesquisa apoiaram se em quatro pontos a inf ncia compreendida como categoria social a Educa o Infantil concebida como espa o de cuidado e educa o e cujo curr culo deve garantir a aproxima o de conhecimentos cient ficos e culturais traduzidos em diferentes linguagens numa perspectiva dial gica os meios de comunica o em cuja discuss o assumi a perspectiva da escola Latino Americana as considera es gramscianas sobre a imprensa a h
538. te dos tematizados por essa rea de conhecimento Para a realiza o desse estudo que se far a partir da pesquisa participante precisarei discutir com o grupo docente o objeto de pesquisa nas reuni es pedag gicas frequentar as salas de aula regularmente entrevistar todos os professores da educa o infantil realizar oficinas com as crian as dentro do hor rio escolar o que exigir que dado momento da rotina escolar fique sob a responsabilidade da pesquisadora em data e hor rios previamente combinados observar as aulas de Educa o F sica e fotografar o espa o das salas de aula A efetiva o destes procedimentos s acontecer mediante a autoriza o de cada professor para que a pesquisadora possa realizar as atividades Atenciosamente Martha Benevides da Costa Aluna regular do Programa de P s gradua o em Educa o Mestrado da Universidade Federal da Bahia Eu profesor a do Centro de Educa o B sica da Universidade Estadual de Feira de Santana do grupo autorizo a realiza o das atividades da pesquisa de mestrado da professora Martha Benevides da Costa concordando com todos os termos postos neste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Assinatura do a Professor a 324 AP NDICE B 325 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezados pais estou no Centro de Educa o B sica CEB da Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS para realizar minha pesquisa de mestr
539. teiras bem definidas dos estados na es que paulatinamente ultrapassou tal mbito e atingiu o cotidiano dos indiv duos O neoliberalismo um movimento acad mico da d cada de 1940 cujas orienta es comerciais econ micas e culturais passaram a ser a alternativa para a crise do capitalismo norte americano que explodiu na d cada de 1960 Em tal perspectiva deve se retirar do Estado a responsabilidade por condi es b sicas para os indiv duos e retomar radicalmente os princ pios do liberalismo cl ssico As transforma es que se estruturaram nessa din mica s o postas por Kress 2003 de modo claro questionamento das refer ncias b sicas do Estado e o mercado passou a ser uma poderosa entidade abstrata ou entidade metaf sica impondo suas pr ticas e valores relacionados ao consumo gera o e acumula o financeira os sujeitos passaram a ser definidos pela sua participa o no consumo a sociedade passou a ser multicultural devido quebra de fronteiras o que gerou e gera uma tens o entre as na es que querem e t m poder para impor seu life style e aquelas consideradas menos desenvolvidas e por isso menos civilizadas mudaram as formas de produzir armazenar e difundir informa es Para Gentili 1995 a cada reestrutura o do capital necess rio tamb m formar as pessoas para que se edifique um novo senso comum e o rumo escolhido a partir dos interesses de grupos hegem nicos vinculados e compr
540. televisivos nos seus jogos de faz de conta estabelecendo regras pr prias para seus jogos O que as tira da condi o de esponjas para absorver o que diz a TV em que muitos autores tentam coloc las Um ponto interessante a destacar e que j me faz unir as an lises tecidas nas oficinas com os pontos que observei nas aulas que muito do sentido que se constr i para a Educa o F sica se faz com a ajuda da televis o pela falta na pr pria aula que encaminhada com as crian as de momentos de esclarecimento do que e para que serve a Educa o F sica Mas esses momentos s o ausentes devido pr pria perspectiva de Educa o F sica presente no PPP da escola e na a o do professor que segue uma l gica de que na aula dessa rea de conhecimento faz se movimento para aprender movimento ou realiza se jogos para promover o desenvolvimento cognitivo motor e afetivo das crian as Essa abordagem al m de desculturalizar o corpo como j foi discutido n o ultrapassa a percep o mec nica do movimento de modo que n o h espa o para ter na Educa o F sica um di logo cr tico entre crian as e professores nem para que as crian as coloquem se como 301 sujeitos que t m curiosidades e saberes cotidianamente constitu dos sobre a cultura corporal Ent o se assim o as respostas para essas curiosidades das crian as ser o est o sendo respondidas por aquela que onipresente e que tem uma resposta l dica e imagin
541. templadas pela Educa o F sica no trabalho com o conhecimento de si mesmo o conhecimento do meio natural e social e com o trato dos temas da cultura da Educa o F sica numa perspectiva de trabalho baseado em situa es problema sem esclarecer objeto espec fico da Educa o F sica e correndo o risco de fazer da Educa o F sica uma ajudante na aprendizagem das outras reas de conhecimento H ainda uma outra ocorr ncia em que a Educa o F sica considerada importante porque cuida do f sico e essa coloca o aparece duas vezes Reporto me a Castellani Filho 1994 em suas afirma es de que a Educa o F sica como atividade que educa o f sico contribuiu e contribui para que o sujeito se adeque uma estrutura social em que destino e prepara o ser para vender a futura for a de trabalho no seu pr prio processo de aliena o Ou seja historicamente esse cuidar do f sico esteve relacionado com a naturaliza o da estrutura social com a higieniza o preconceituosa que buscava embranquecer e europeizar a sociedade brasileira Concep es que tamb m invadiram as escolas de Educa o Infantil fazendo as lugar de cuidado assist ncia compensa o Projeto no qual a Educa o F sica ajudou Enfim com um olhar hist rico f cil ler que essa coloca o est posta como sin nimo de adestramento de forma o de um corpo assujeitado eficiente submetido aos padr es hegemonicamente estabelecid
542. tentado para as quest es da escola e da Educa o de O a 6 anos Nessa poca algumas situa es mostraram como o texto midi tico se faz presente na concep o das crian as acerca da Educa o F sica Gostaria de destacar dois momentos no primeiro semestre de 2005 um dos grupos de est gio realizado quela ocasi o em uma creche comunit ria no Alto de Ondina bairro da cidade de Salvador escolheu tematizar a dan a e as crian as de forma incisiva queriam reproduzir o que havia de mais evidente nos meios de comunica o particularmente na televis o e no r dio como o pagode e o arrocha No segundo semestre de 2007 em uma escola particular no bairro da Barra os acad micos 18 que ficaram respons veis pelas aulas do grupo de crian as de 3 anos de idade fizeram um levantamento do que as elas entendiam como Educa o F sica e levaram diversos materiais relativos gin stica conte do por eles trabalhado para explorar com as crian as possibilidades de a o corporal com tais equipamentos As crian as disseram que Educa o F sica servia para malhar e reproduziram abdominais nos colchonetes dispon veis Essa realidade em muitos momentos gerou e gera debates na sala de aula sobre a necessidade de aproximar as crian as da cultura corporal e faz las revisitarem tais refer ncias Para tanto eram e s o discutidas as possibilidades de tematizar as dan as regionais promover a experimenta o das possibilidades de
543. ter a possibilidade de acessar suas pr prias possibilidades de a o corporal de fazer de conta que um dado jogador mas tamb m de ser ela mesma elaborando suas regras e formas de brincar de esporte Tal processo possibilitar lhe elaborar outros recursos para ler o texto televisivo o que se torna ainda mais rico com a interven o intencional do professor nessa leitura num projeto de ensino O mesmo acontece em rela o s lutas que s o hegem nicas nos desenhos animados preferidos das crian as naqueles que elas assistem pelas crian as e no jogo por elas vivenciado a partir de tal refer ncia As lutas trazem a possibilidade de conhecer n o s o movimento mas manipular os instrumentos utilizados nas lutas conhecer os valores presentes em cada forma de lutar e aprender em que percurso a humanidade passou a precisar desse recurso na sua organiza o a partir de todos esses aspectos que mais uma vez reconhe o a incompletude desse trabalho por chegar nas possibilidades de um projeto de ensino aprendizagem mas n o chegar a sua concretiza o e avalia o que se fazem t o necess rias no processo de constru o de conhecimento quanto o pr prio di logo com docentes e crian as Ent o concluo essa pesquisa assumindo o compromisso com o CEB UEFS e com a comunidade da Educa o F sica de concretizar as possibilidades aqui levantadas na assun o desse compromisso que proponho desde j e formalmente experi nci
544. tindo se dos sentidos que as crian as produzem para tais enuncia es para potencializar a forma o de sujeitos ativos e cr ticos diante dessas mensagens pois para Belloni 2001 somente a escola pode ensinar s novas gera es a olhar para as mensagens dos meios de comunica o inclusive da televis o numa perspectiva cr tica Tal id ia coaduna com o olhar de Magaldi 2006 que reconhece que a 135 televis o tem possibilidades educativas mas h necessidade de educar para a televis o Essa a o deve ser efetivada na escola formal E ainda pode se relacionar tal afirma o com o trabalho desenvolvido por Porto 2000 que assume a escola como espa o de produ o cultural que deve reconhecer que a televis o faz parte da realidade dos alunos e realizar um processo dial gico a partir dos sentidos produzidos pelos educandos nessa rela o Torna se necess rio ent o dizer resumidamente que est clara a amplitude que a televis o e os demais meios de comunica o assumem na vida cotidiana dos sujeitos tendo a possibilidade de alienar e de educar Esta ltima possibilidade se coloca tanto pelos recursos que tem a televis o de chegar a muitas pessoas ampliando imagens e de forma atraente Para tanto necess rio que a escola assuma o compromisso de integrar o trabalho com a TV como suporte e entender a mensagem da televis o comunit ria ou aberta em canais educativos ou comerciais em qualquer tipo de programa com
545. tipada da realidade Atrav s desse recurso justifica se e naturaliza se um determinado funcionamento social Faz se com que tudo pare a poss vel somente com o 122 esfor o do sujeito sem considerar suas condi es materiais de exist ncia Segundo Porto 2000 p 114 a TV m quina apresenta o mundo encantado onde tudo permitido e poss vel de realizar E por esse caminho vai se efetivando a nova coloniza o Mesmo autores que t m em menor grau a perspectiva de den ncia da televis o e enxergam possibilidades educativas nesse suporte admitem a amplitude dos aspectos postos at aqui Esse o caso de Belloni 2001 quando pontua que os meios de comunica o e suas mensagens disseminam ideologias diversas atrav s da virtualiza o do real ou seja a partir de simulacros que disfar am ou fazem desaparecer a realidade Germina se mesmo uma consci ncia ing nua que se renda a um olhar imediato para a realidade como se n o houvesse nada al m do que se mostra como se apar ncia e ess ncia coincidissem e sem se escandalizar com as contradi es que aparecem lado a lado A autora afirma ainda que os meios de comunica o funcionam como recursos de controle da sociedade tecnificada por conta da influ ncia na forma de os sujeitos olharem para o mundo e o v em Isto porque est o em jogo sistemas de valores modos de vida representa es de pap is sociais formas de comportamento Tudo isso veiculado nas mensagens te
546. to especial s professoras e professores crian as e pais que colaboraram e fizeram parte da constru o dessa pesquisa Assumo aqui que todos eles s o co autores do estudo na medida em que contribu ram significativamente para seu desenvolvimento pois sem ouvir as crian as e dialogar com elas sem a autoriza o dos pais e sem a contribui o das professoras na constru o das oficinas o trabalho n o haveria se concretizado Agrade o professor Maria ngela Nascimento que se disponibilizou a realizar minuciosa leitura do meu projeto de pesquisa logo no come o de sua gesta o e colaborou valiosamente Agrade o tamb m ao profesor Valter Bracht por se disponibilizar a fazer parte de minha banca examinadora principalmente por ser algu m que atrav s de seus textos foi muito significativo na minha forma o Agrade o ainda e especialmente ao meu orientador C sar Leiro que confiou na possibilidade de constru o da pesquisa e sempre me conferiu autonomia para fazer op es E al m disso sempre esteve presente nos momentos de sufoco que n o foram poucos Uma outra pessoa muito especial nessa constru o foi a professora L cia Beltr o que me apresentou Bakhtin junto com o professor Miguel Bordas e a professora Iara como esses dois abriram caminhos e mais que isto possibilitou a compreens o na experi ncia do que significa dialogia alteridade e autonomia Compreender opor palavra do aut
547. to televisivo do modo como ela emerge nas aulas de Educa o F sica e principalmente das possibilidades apontadas no processo de pesquisa de trabalho pedag gico com o texto televisivo nas aulas de Educa o F sica na Educa o Infantil 192 6 O DI LOGO COM A REALIDADE A partir da realiza o dos procedimentos de pesquisa descritos anteriormente essa sec o traz a descri o e an lise tecida em cada etapa do processo de pesquisa desde a entrada em campo at a realiza o das oficinas e observa es concretizadas na terceira etapa da pesquisa Enfim nesse t pico descrevo tendo como apoio o quadro do encaminhamento metodol gico cada etapa da pesquisa e as a es realizadas em cada uma delas al m de apresentar e analisar aquilo que vi e ouvi durante o tempo que permaneci na escola 6 1 A entrada em campo No mbito educacional no plano da Educa o Infantil Feira de Santana possui 162 escolas municipais segundo cadastro cedido pela Secretaria Municipal de Educa o atendendo nessas depend ncias 807 crian as em creches e 12 273 em pr escolas segundo Censo Escolar de 2006 Acho importante destacar que ainda sobrevivem algumas institui es de Educa o Infantil no mbito estadual ainda n o municipalizadas atendendo um pequeno n mero de crian as 341 em creches e 310 em pr escolas J a rede particular atende 214 crian as em creches e 10 987 em pr escolas No processo de sele o do espa o
548. tos de modo integrado superando a racionaliza o disciplinar O que para Brinhosa 2003 representa tamb m uma resist ncia l gica da divis o social do trabalho que uma das formas de alienar os sujeitos de suas pr prias a es Desse ponto de vista esse aspecto mesmo que com uma pequena frequ ncia no PPP puxa a corda para o lado de uma constru o escolar dial gica e contra hegem nica preciso lembrar que quando se traz esse debate especificamente para a realidade de 205 Educa o Infantil h uma supera o n o s do conhecimento fragmentado mas tamb m a pr pria possibilidade de a escola de Educa o Infantil se constituir um lugar de ter acesso ao conhecimento e de produzir cultura No que se refere rela o entre os conhecimentos cotidianos e os conhecimentos escolares h um reconhecimento significativo de que a crian a aprende no mundo extra escolar interessante perceber a vincula o de tal entendimento tanto com a perspectiva vigotskiana para a qual as fun es psicol gicas superiores aparecem primeiro na inter rela o e depois s o internalizadas como para o construtivismo em que a a o do educando no ambiente que possibilitar a aprendizagem daquilo que estiver dentro das possibilidades de seus esquemas mentais De qualquer modo h uma consci ncia de que a escola n o o nico lugar de aprendizagem na vida da crian a do lugar de descentraliza o pelo qual passa a esc
549. trutivista Interacionista Sist mica Cultural Jogos Cooperativos Sa de Renovada Par metros Curriculares Nacionais PCN Cr tico superadora e Cr tico emancipat ria Como j comentei sobre a psicomotricidade n o retornarei a ela J a abordagem Desenvolvimentista influenciada pela psicomotricidade fundamenta se nas mesmas refer ncias a postas de aprendizagem e desenvolvimento e entende o movimento como principal elemento da Educa o F sica como objeto e meio Assim o objetivo da Educa o F sica seria possibilitar experi ncias de movimento adequadas a dada fase de desenvolvimento Nessa perspectiva os movimentos s o organizados a depender do desenvolvimento humano considerando a fase na qual s o caracter sticos movimentos reflexos do nascimento at um ano de idade movimentos rudimentares at dois anos de idade movimentos fundamentais at sete anos de idade e movimentos culturalmente determinados a partir dos sete anos de idade GALLARDO OLIVEIRA AVARENA 1998 N o posso deixar de observar que muito dessa proposta direciona se a crian as menores de seis anos de idade Cabe ressaltar ent o a mesma cr tica anteriormente feita psicomotricidade mais uma vez tomando Kramer 2003 e Oliveira 2005 como refer ncias Uma perspectiva que uniformiza o desenvolvimento humano e estabelece padr es em etapas pauta se em refer ncias idealistas de inf ncia e n o considera aspectos sociais e culturais no
550. tti 2003c de que as crian as t m contato mais cedo com o mundo esportivo A pergunta que me fa o outra em que medida fazer de conta que pratica esporte como era o caso pode promover no mbito da Educa o F sica um momento em que a crian a se apropria dessa linguagem corporal E quero lembrar que se apropriar tornar pertinente para si portanto interpretar e compreender nos termo de Bakhtin 2004 ou seja a possibilidade de emanar uma contrapalavra Nesse caso uma contra experi ncia corporal Ressalto no entanto que nessa constru o o professor sujeito de transforma o tem papel fundamental por ser o outro que quando dialoga com a crian a estabelece modos de viver a contemporaneidade Transformar esporte em jogo de regra ou faz de conta em que as crian as e o professor juntos convencionam as regras e os movimentos corporais pode ser um caminho No segundo momento da aula o professor prop s uma atividade para desenvolver segundo o pr prio PEF a lateralidade Trabalho bem ao gosto da perspectiva desenvolvimentista de Educa o F sica O professor fazia movimentos diversos com os bra os e pernas e as crian as repetiam Mas elas faziam uma interpreta o da atividade Enquanto faziam dois meninos diziam Eu sou forte em tom incisivo e juntavam os movimentos propostos pelo professor com as lutas dos desenhos animados Eu depois da atividade perguntei aos dois meninos porque eles estavam dizendo que e
551. uando se tem uma quase intera o como fala Thompson 1995 Assim os signos que passam a circular pela via televisiva s o levados vida cotidiana portanto lidos interpretados e postos a servi o de grupos com interesses pr prios De tal modo transito no debate sobre a comunica o entre o olhar marxista elaborado por Antonio Gramsci a filosofia da linguagem de cunho bakhtiniano e as concep es constru das no contexto da Am rica Latina na d cada de 1990 especialmente por Jes s Mart n Barbero Anteriormente pontuei os olhares de Mart n Barbero para a comunica o e de Bakhtin para a linguagem Falei no debate sobre as teorias da comunica o daquelas que t m influ ncia do olhar marxista mas n o o trouxe propriamente Situa o que pode gerar a pergunta como Gramsci enxergou em seu tempo os meios de comunica o Nos seus Cadernos do C rcere Gramsci 2004 dedicou se a refletir sobre muitos temas dentre os quais o jornalismo e o setor editorial que eram tomados como parte da din mica de organiza o da estrutura ideol gica da classe dominante com programas de forma o aliena o expl citos e impl citos E diz a imprensa a parte mais din mica desta estrutura ideol gica mas n o a nica tudo o que influi ou pode influir sobre a opini o p blica direta ou indiretamente faz parte dessa estrutura GRAMSCI 2004 p 78 desde escolas at Igrejas ou seja todas as institui es e personalid
552. uca o Infantil historicidade e configura o atual tratei da hist ria desse segmento educacional at as contradi es e possibilidades que se colocam no atual cen rio al m de discutir sobre o curr culo dessa escola e sobre sua fun o diante da presen a significativa da TV na vida das crian as Findando o debate te rico lan ei me a compreender a Educa o F sica sua presen a na escola de Educa o Infantil e caminhos para legitim la em tal espa o pedag gico al m de chamar aten o para o fato de que os conte dos da cultura corporal tamb m est o significativamente presentes na televis o o que traz desafios para a pr tica pedag gica dessa rea de conhecimento Cheguei ent o ao cap tulo Fundamentos e procedimentos de uma metodologia participativa no qual fiz a discuss o das trilhas metodol gicas desde a concep o de ci ncia pesquisa e m todo o tipo de estudo e os procedimentos de pesquisa Em seguida apresentei os dados a an lise dos mesmos a devolu o sistem tica em reuni o pedag gica com as professoras e o professor da escola pesquisada e com as crian as nas oficinas realizadas na terceira etapa da pesquisa no cap tulo O di logo com a realidade at chegar sistematiza o de possibilidades que constituem a quarta etapa da pesquisa e ao mesmo tempo a conclus o do trabalho intitulada Considera es finais o reconhecimento de possibilidades 28 2 CONSIDERA ES SOBRE A INF
553. ue segundo a P4 o professor precisa ver televis o para saber o que se passa e poder entender a forma de as crian as se expressarem brincarem Ent o as professoras pontuam que a escola n o pode ignorar a m dia at porque ela vista tamb m como uma educadora pela E4 e como meio com muitas exibi es inapropriadas em qualquer hor rio para a D1 A P5 entende que a m dia de massa tem muita influ ncia sobre as classes populares e ela tamb m se referiu ao fato de as crian as da escola comporem a classe popular a P5 que se refere ainda ao fato de que seria bom se houvesse um projeto na escola que ajudasse a tematizar com as crian as o que passa na televis o No que concerne Educa o F sica a pergunta na entrevista foi feita apenas coordenadora e ao professor de Educa o F sica mas algumas professoras tocaram no assunto no decorrer de suas falas Nesse ponto percebi que a id ia de trabalho nessa rea com o movimento a motricidade as val ncias psicomotoras a sa de e a ajuda ao trabalho na sala de aula Isso d bastante material para o debate em rela o ao papel que a Educa o F sica assume numa escola que se auto denomina s cio interacionista e construtivista Quanto fun o social da escola as professoras falam em transmitir fundamentos pr determinados em socializa o com outras crian as e com elas pr prias tanto de experi ncias como de conhecimentos Falam ainda que a escola a bas
554. ue contribui na forma o de muitos professores seja no mbito inicial seja na continua o do processo formativo preciso cautela no entanto para que as pesquisas e est gios l desenvolvidos n o transformem a escola num mero laborat rio e as crian as e professores em cobaias necess rio ter em conta que quando se coloca em jogo a pesquisa em Educa o preciso que ela tenha um retorno para a comunidade como ali s deve ser com toda pesquisa no sentido de melhorar a estrutura as a es escolares a forma o dos professores que l lecionam as a es pedag gicas desenvolvidas Mais que uma an lise esse ponto de vista me leva a reafirmar um compromisso que entendi como necess rio desde o momento da discuss o da entrada em campo a minha pesquisa tem fim numa proposi o de trabalho pedag gico com o texto televisivo na Educa o Infantil Ent o necess rio colocar essa proposi o ao debate e avalia o propriamente no campo da a o Desse modo assumo desde j a incompletude de minha pesquisa pois ela somente ser conclu da quando puder ser avaliada a partir da experi ncia com crian as e corpo docente aquilo que proponho aqui em co autoria com todos os sujeitos com quem dialoguei no processo da pesquisa de constru o de tal proposta de interven o pedag gica Continuando o debate sobre esse aspecto retomo a hist ria da Educa o Infantil como segmento que historicamente foi vista como alg
555. ue fiz a seguinte reflex o por se tratar de uma pesquisa em n vel de mestrado e devido ao tempo de vinte e quatro meses estabelecido para a conclus o da pesquisa preciso optar por um dos dois turnos da escola pois n o h como analisar tantos dados Arbitrariamente fiz a op o de trabalhar apenas com os dados referentes aos grupos de 4 a 6 anos do turno matutino Com a realiza o da transcri o das entrevistas e digita o dos registros das observa es seguiu se uma primeira leitura do material que gradativamente tornou se mais 186 profunda A partir dessa leitura hip teses provis rias suposi es foram elaboradas em rela o ao que estava posto no material e portanto na realidade No processo de realiza o da an lise do conte do a pr an lise se deu com a transcri o das entrevistas seguida de uma primeira leitura assim como do PPP A segunda etapa de explora o do material ou descri o anal tica consiste em codificar e categorizar os dados das mensagens Nesse momento os dados brutos s o organizados sistematicamente para esclarecer ao pesquisador as caracter sticas do conte do das mensagens Nesse momento s o determinadas as unidades de registro frases ou palavras organizadas em temas Nas palavras de Bardin 1977 p 105 Fazer um an lise tem tica consiste em descobrir n cleos de sentido que comp em a comunica o e cuja presen a ou frequ ncia de apari o po
556. ue pude perceber na an lise do Projeto Pol tico Pedag gico do CEB UEFS que em rela o concep o pedag gica inicialmente o documento se declara pautado numa perspectiva claramente s cio interacionista No entanto quando aborda as quest es de organiza o do conhecimento fala em assimila o ativa e no desenvolvimento de habilidades que s o conceitos mais pr ximos do construtivismo Al m disso est dito no final do documento que diferentes correntes t m suas concep es apropriadas confirmando a utiliza o de diversos olhares para a Educa o e para a organiza o do trabalho escolar No que se refere rela o entre conhecimentos cotidianos e conhecimentos escolares fala se que o desenvolvimento se d pela experi ncia tanto dentro quanto fora da escola assumindo que nas mais diversas intera es os sujeitos realizam aprendizagens e que articulam os conhecimentos tratados na escola com sua experi ncia O documento mostra ainda que os conhecimentos das crian as s o o ponto de partida para trabalhar o conte do escolar Sabe se que a concep o pedag gica tem papel fundamental e rela o org nica com a fun o que se atribui escola Aparece no Projeto Pol tico Pedag gico do CEB UEFS explicitamente a id ia de promover o acesso aos bens socioculturais de promover o desenvolvimento global de promover uma aprendizagem significativa e de formar sujeitos cr ticos aut nomos e criativos complementando a
557. ue se d o as transforma es e questionamentos Ent o retomo aqui a necessidade de realizar a pesquisa com os sujeitos escolares e destaco que a mudan a da Educa o F sica e da escola dar se a partir do que se tem da escola que se constituiu como rainha da sucata Por isso entendo e assumo o dia a dia da escola como o espa o de realiza o deste estudo e de uma proposi o para a Educa o F sica na Educa o Infantil que para al m de tratar dos objetivos e conte dos atenta para um ponto espec fico os conhecimentos cotidianos das crian as sobre a Educa o F sica e seus conte dos aprendidos na com a TV Esse movimento de questionamento dos modelos postos para o desenvolvimento do trabalho pedag gico da Educa o F sica na escola s encontrou espa o na Educa o Infantil segundo Ayoub 2001 ap s a LDBE 1996 coloc la como componente curricular obrigat rio em toda a Educa o B sica Em outros termos essa considera o tamb m feita por Arantes 2003 quando ela afirma que tem havido uma preocupa o de repensar as contribui es da Educa o F sica na aprendizagem e desenvolvimento infantil numa refer ncia mais dial tica Essas quest es t m rela o tanto no que se refere s pr prias teorias cr ticas da Educa o que no cen rio brasileiro s foram direcionadas a pensar a Educa o de O a 6 anos a partir da 1 A Jornada Pedag gica do CBCE BA um evento que acontece a cada dois anos
558. ue sentido as crian as atribuem para a Educa o F sica a partir da mensagem televisiva A Educa o F sica o espa o tempo da escola em que v o aprender os esportes os movimentos das lutas malhar tanto para ficarem fortes e lutarem quanto para ficarem magros e sarados como se diz por a O que se pode perceber em todos esses momentos que os sentidos que as crian as atribuem para a Educa o F sica a partir do contato com a mensagem televisiva emergem nas atitudes que as crian as t m nas aulas s vezes em falas que cobram ao professor determinadas atividades e outras vezes em manifesta es de indisciplina que s o na verdade a teimosia da crian a em se expressar em dizer o que pensam desejam querem E ainda numa mistura das atividades que s o propostas com os her is e seus movimentos quando podem interferir na atividade e quando podem entrar no universo do simb lico a partir do que proposta Ent o que implica es isto tem na aula de Educa o F sica Ou a associa o das atividades com aquilo que vem da TV transformando a aula numa viv ncia do faz de conta ou a inviabiliza o da atividade impondo outras experi ncias corporais que d em conta de suprir sua necessidade Esse aspecto gera um desafio para a Educa o F sica na Educa o Infantil n o s no sentido do que se pode e deve fazer para contribuir na leitura do texto televisivo e midi tica de modo geral j que os personagens que
559. ue todos esses aspectos impedem a competi o individual Tal crise tem como consegii ncia um processo de exclus o que se estrutura na evas o na repet ncia e no analfabetismo funcional Ou mesmo de modo mais perverso na perman ncia do sujeito dentro de uma escola em que n o h carteiras bibliotecas e at que os telhados desabam A princ pio as fontes principais do quadro educacional ca tico a que chegamos residem no estado em sua burocracia seu modelo de interven o padronizado e centralizado Por m surgem tamb m como empecilhos ao desenvolvimento educacional os pol ticos e seus partidos e os grupos profissionais organizados as corpora es COSTA 1995 p 63 Como mesmo com essa l gica muitas vezes a crise educacional n o se dissolve passa se a culpar tamb m o sujeito pelo fracasso da escola em especial o pr prio aluno e o professor que tem sido posto nos termos de Vasconcellos 2001 como objeto descart vel diante das diversas possibilidades de inculca o ideol gica que se colocam dispon veis para a esfera dominante na perspectiva da Sociedade do Conhecimento Nesse sentido a Educa o deveria n o ser responsabilidade do Estado que se mostra incompetente para geri la Ent o instaura se um mercado educacional no qual cada um poder optar pela Educa o que deseja n o se considerando as diferentes condi es materiais dos sujeitos Ent o a estrutura que parece ser justa e organizada
560. ue trouxessem tragam tona a incompatibilidade de interesses entre os grupos hegem nicos e a maioria da popula o mundial A escola constituiu se como lugar em que as crian as passaram a ser enclausuradas Para qu Para tornarem se teis e d ceis quando adultos Assim deveria ser garantida a aprendizagem da obedi ncia da moralidade da devo o ao trabalho da disciplina pois se entendia que as crian as deveriam se acostumar com a seriedade desenvolver h bitos recatados e fortalecer o car ter e a raz o Quem a crian a ent o Sujeito a ser dominado pelo adulto sob o argumento de prote o de uma crian a idealizada a um padr o burgu s responde incisivamente Ara jo 1996 No decorrer dos s culos XVII e XVIII conforme ries 1981 as fam lias foram desenvolvendo um modo de vida privado A crian a tornou se ainda mais significativa e a Educa o passou a ser um elemento central na vida dessa sujeito Obviamente articulada com a nova ordem estabelecida Contraditoriamente sa da da inf ncia do anonimato n o incomum encontrar relatos de crian as trabalhando na ind stria nascente Tratava se das crian as das classes menos favorecidas que de acordo com Ara jo 1996 tinham sua inf ncia roubada pois eram transformadas em mercadorias em instrumento de produ o de riqueza Uma riqueza a qual n o tinham acesso Enfim estavam desde cedo alienadas de suas a es e de sua condi o de ser ontol gico No
561. uindo momentos significativos de rela o com crian as e docentes apesar disto n o ter sido planejado inicialmente A op o pelo enfoque dial tico foi fundamentada na possibilidade de atender aos objetivos concep es de mundo e Educa o que norteiam essa proposta de pesquisa como mais amplamente as minhas a es como educadora Isso porque sua perspectiva segundo Minayo 2006 funda se no imperativo do modo humano de produ o social para compreender a realidade concreta na sua estrutura o desenvolvimento e transforma o Considero pois o ch o da escola como espa o que traz tona o objeto articulando os aspectos econ micos pol ticos e sociais presentes no mesmo de modo a considerar o conflito e a contradi o como elementos permanentes na compreens o da realidade Iniciei ent o como sugere a mesma autora da descri o das rela es existentes no fen meno observado percebendo o em apar ncia mas tamb m buscando suas causas e rela es Por isso tive uma preocupa o hist rica com o objeto investigado e busquei compreender a consci ncia dos sujeitos mas tamb m a rela o entre a consci ncia e a realidade objetiva Na busca pela transcend ncia da separa o sujeito objeto convivi no espa o da escola em diversos momentos da sala de aula reuni o de pais passando pelo recreio e pelo p tio Enfim entendi como necessidade fundamental submeter me realidade para apreend la em sua ess ncia co
562. uma experi ncia virtual de a o corporal que segundo ele mesmo o ensinou a jogar futebol O meio de comunica o que oferece o jogo sobre a cultura corporal e n o com a cultura corporal assume o lugar de educadora ou melhor de ensinante Essas duas rea es impossibilitaram a realiza o das atividades propostas pelos professor a tal ponto que acabou o tempo da aula e n o quero entrar no debate das rotinas escolares e nenhuma delas foi vivenciada pela turma Mas todos jogaram futebol com a garrafa Posso dizer que n o houve aula de Educa o F sica mas n o posso dizer que n o houve experimenta o de um tema da cultura corporal que naquele momento foi determinada pela intera o das crian as com a m dia emergindo um outro elemento tecnol gico que tamb m faz parte do cotidiano infantil de apenas raras exce es na realidade do CEB UEFS o video game Na aula do grupo 06 foi proposto um jogo em que as crian as apostavam corrida nos 288 diferentes lados da quadra As crian as vivenciaram a atividade mas algumas em muitos momentos ficavam distra das prestando aten o em um baba que estava sendo feito por alunos da universidade na quadra ao lado Essa dispers o mais uma vez mostra me um desejo das crian as de vivenciar aquela atividade na aula da Educa o F sica No terceiro dia de observa o o professor prop s mais uma vez a atividade do circuito para todas as turmas mas agora com es
563. uma postura narc sica e fulgaz diante dos objetos dos outros e de si pr prio atrav s da difus o de informa es superficiais descart veis como s o concebidos os pr prios indiv duos e tomadas como algo a ser consumido rapidamente bem ao gosto dos valores liberais neoliberais de rapidez fluxo produtividade As informa es como toda sua bagagem ideol gica s o mercadorizadas em ritmo de fast food e em vers es diet light e zero Nas palavras de Souza 2003a p 22 instaura se com a ajuda dos meios de comunica o o tempo da cultura e do conhecimento sem profundidade misturados em formatos diversos com um cunho utilitarista estabelecendo o consumo como um modo de ser um modo de vida Mas onde fica a inf ncia e sua rela o com a linguagem nesse contexto Para Souza 2003b os meios de comunica o passaram a ser muito significativos na dissemina o de informa es contribuindo para a forma o da subjetividade das pessoas e formando desde cedo o alicerce para a inser o dos sujeitos na cultura do consumo num universo em que se desenvolve uma postura narc sica e fulgaz diante dos objetos dos outros e de si pr prio poss vel afirmar ent o que o ser crian a na contemporaneidade tamb m influenciado pelas formas de intera o e pelas mensagens que circulam socialmente a partir dos meios de comunica o No entanto essas novas influ ncias nos modos de olhar a inf ncia n o a torna nica Perpetua se
564. ura corporal na TV fazendo com que a integra o da Educa o F sica escola passe pela necessidade de considerar junto com essa institui o a instala o de uma pedagogia dos meios de comunica o que n o paralela escola Ao contr rio os efeitos dessa outra pedagogia desse outro curr culo se fazem sentir no processo formal de ensino aprendizagem Olhando por esse ngulo a legitimidade da Educa o F sica na escola ultrapassa a sua presen a no curr culo escolar a especificidade do conte do e o estabelecimento de objetivos pedag gicos fact veis Todos esses aspectos s o importantes imprescind veis No entanto essa pr tica precisa para ser legitimada ser significativa na vida do educando que a experimenta na escola Ent o se seguir a l gica de negar a TV de negar a presen a dos conte dos da Educa o F sica em sua programa o e a intera o das crian as com a linguagem corporal tamb m por essa trilha a rea de conhecimento estar ignorando as verdades que a s o ditas e negando a constru o de um espa o de express o intera o produ o cultural contribuindo dessa forma para uma viv ncia da cultura corporal que possibilite a compreens o de como a linguagem televisiva mostra o corpo os jogos as lutas os esportes atrav s da compara o entre o que experimento o que fa o de conta e que vivo vendo na TV Portanto preciso concretizar uma pr tica dial gica da Educa o F sica
565. ural tamb m contribuem para essa discord ncia como a pr pria partilha com os colegas que brincam de luta por bastante tempo enquanto permanecem na escola Al m disso para V a viol ncia existe mas ela se faz presente por conta do monstro Ou seja n o a luta do super her i que d essa conota o ao desenho animado Est claro o olhar fragmentado para a realidade que separa o mundo em dois blocos e os sujeitos em bons e maus Um outro ponto interessante a diferencia o estabelecida entre briga e luta A briga violenta mas no desenho tem luta Aparece uma perspectiva de tematiza o desse tema da cultura corporal porque trata se mesmo do conceito de luta como linguagem e da briga como comportamento humano O que lutar e brigar t m em comum e por que s o diferentes Essas s o algumas quest es que a Educa o F sica poder se ia lan ar a responder no trabalho pedag gico com as crian as de Educa o Infantil possibilitando a sistematiza o do olhar das crian as para esse tema t o presente nos desenhos animados da atualidade No meio da conversa L veio me perguntar O Homem Aranha escala n Ele sobe na parede Respondi positivamente e aproprie me disso para come ar a conversar sobre a 270 Educa o F sica Quem acha que na Educa o F sica pode escalar Quase todas as crian as concordaram que pode E quando perguntei porque as crian as responderam que era para ficar forte pra
566. us textos para contribuir na forma o do sujeito de modo que ele possa compreender a din mica ideol gica e t cnica que envolve a televis o e compreendendo a torne se capaz de colocar uma contrapalvra capaz de apropriar se nos termos de Smolka 2000 daquilo que est posto nos textos dos meios de comunica o Foi por esse caminho e no di logo com as crian as al m da observa o das aulas de Educa o F sica do CEB UEFS que busquei responder a primeira quest o orientadora relativa aos sentidos que as crian as elaboram para a Educa o F sica com a televis o Observei que os produtos televisivos mais consumidos pelas crian as com as quais realizei a pesquisa eram os desenhos animados e o programa infantil TV Xuxa Pude observar pela leitura que as crian as fazem dos desenhos animados que muitos elementos a presentes remetem cultura corporal e que por meio da linguagem expressa atrav s do corpo que prioritariamente as crian as reais interagem com as crian as virtuais E a perspectiva de cultura corporal lida pelas crian as nos desenhos animados leva perspectiva da competi o do treinamento da dicotomia bem mal forte fraco A partir disso elas 300 interpretam que na Educa o F sica ser o realizados movimentos luta esporte gin stica dan a tendo prioridade a luta e o esporte para que fiquem fortes tanto no sentido de alcan ar um padr o corporal hegem nico de beleza quanto no sentido de es
567. va de cuidar e educar e logicamente a integra o s linguagens audiovisuais Para Napolitano 2003 o retrato n o assim t o dram tico pois ele entende que cada vez mais essas linguagens t m sido utilizadas na escola mas deve se ter cuidado para n o considerar esses recursos a panac ia da Educa o pois nenhuma tecnologia ensina sozinha Ent o desse ponto de vista o desafio que se coloca articular o conhecimento cient fico do qual trata a escola com as linguagens e conte dos tratados na pela TV Ou seja necess rio que a escola estabele a crit rios na incorpora o da TV sala de aula no sentido de formar para uma reflex o cr tica daquilo que transmitido pela televis o e selecionar parte desse conte do como recurso de ensino e aprendizagem Seguindo essa trilha pode se dizer que se tem um atendimento escolar enfadonho ao qual se soma o fato de a crian a passar boa parte do seu tempo com a televis o Esta substitui experi ncias vividas por experi ncias assistidas gerando consegii ncias para o desenvolvimento infantil e exercendo influ ncia na forma o da personalidade do sujeito S o esses aspectos que fazem Belloni 2001 chamar a televis o de escola paralela e Teixeira 1987 de bab eletr nica Afirmando a influ ncia da televis o dos meios de comunica o e recursos tecnol gicos na vida dos sujeitos Belloni 2001 p 32 diz que Nas sociedades contempor neas de economia globalizada
568. van ados com a participa o da crian a em situa es sociais espec ficas Quando se fala em conhecimentos cotidianos o que est em pauta s o os processos de aquisi o constru o de conceitos ao longo da vida nas intera es sociais com os quais a crian a opera mas nem sempre tendo consci ncia deles a partir desses conhecimentos cotidianos que a crian a transita da zona de desenvolvimento real para a zona de desenvolvimento potencial que alcan ada com novas aprendizagens numa l gica de interdepend ncia entre aprendizagem e desenvolvimento Nessa perspectiva conforme Martins J B 2005 cabe escola aproximar os alunos dos conceitos cient ficos em situa es organizadas e intencionais de modo que o educando ir se apropriar de um conhecimento mais organizado do que aquele que ele acessa cotidianamente Ent o faz se necess ria a presen a do professor e da escola como pessoa e institui o que ir o oferecer experi ncias diversas ao educando atrav s das quais ele ir interagir com o conhecimento apreender seu significado e elaborar sentido para ele em concord ncia com esse posicionamento que assumo aqui duas posi es 1 devem se tomar como ponto de partida para o trato com o conhecimento escolar e para o desenvolvimento de todas as a es de ensino aprendizagem os conhecimentos pr vios elaborados cotidianamente pelos educandos 2 sendo a televis o um dos recursos comunicacionais que fazem
569. ve n o vinculado rede municipal mas um graduando concluinte do curso de Licenciatura em Educa o F sica da UEFS que bolsista do Programa Est gio Acad mico Portanto posso dizer que o CEB UEFS se configura como um espa o educacional para crian as professores em forma o e pesquisadores em n vel de especializa o mestrado e doutorado j que v rias pesquisas s o realizadas l Uma vez selecionada a unidade de trabalho procedi com a informa o do projeto comunidade de escola Tal passo foi encaminhado da seguinte forma entrei em contato com a escola via of cio Anexo B e presencialmente quando apresentei a id ia da pesquisa participei de uma reuni o pedag gica para apresentar o projeto de pesquisa aos professores e funcion rios das institui es participei no espa o de sala de aula de uma roda de conversa com as crian as dos grupos de 4 a 6 anos explicitando as inten es da pesquisa fazendo uso de uma transposi o de linguagem para respeitar as capacidades s cio cognitivas delas e por fim pedi autoriza o para participar de uma reuni o de pais primeira reuni o de pais do ano letivo de 2007 em 14 de mar o do referido ano para tamb m apresentar a estes o projeto Nesse processo de entrada em campo obtive a autoriza o da escola representada pela dire o vice dire o e coordena o para estar presente no espa o e nas atividades desenvolvidas Mas para formalizar tal autoriza
570. vimento estudantil tanto do Grupo Ato Mente e Voz especialmente rico Rodrigo e Ana Terra pelas muitas li es como do Diret rio Acad mico de Educa o F sica da UEFS gest es 1999 2000 2000 2001 especialmente F bio Nunes Gilmar Merc s Jaderson Barbosa Robson Jos Sara Santiago Sid o por terem me ensinado tantas coisas sobre trabalhar coletivamente e lutar pelo que acreditamos Aos amigos que se fizeram presentes em v rios momentos desde a sele o do mestrado at a conclus o do texto apoiando me e apostando no trabalho Ad Micheli Regina F bio Nunes Jo o Danilo Luiz Rocha Welington Ara jo Luiz Alexandre E ainda aqueles que mesmo distantes sempre estiveram presentes de algum modo Carol velha amiga de inf ncia e Simone especialmente Quero destacar as participa es de Paulo Lima e Joana na organiza o e realiza o das oficinas que compuseram a terceira etapa da pesquisa Agrade o ainda a pessoas que tiveram uma participa o significativa na minha forma o como professora e que n o foram minhas colegas ou professoras formalmente mas grandes mestres enquanto colegas de trabalho Ana L cia Aline Saionara Cris Cenilza Ana Carla Ana Virg nia Pr Rita C ssia Paula Cremilza Aos colegas da turma do mestrado pelos debates e pelas contribui es em sala de aula especialmente Zel o Tatiane Lucena Rita Moreira Michele Th Gisely Lima e Maria Em lia Tenho que agradecer de modo mui
571. vista e ademais deveria circular um esp rito comum ao lado de cole es de livros correspondentes satisfaria as exig ncias de uma certa massa de p blico que mais ativa intelectualmente mas apenas em estado potencial e que a que importa elaborar fazer pensar concretamente transformar homogeneizar Desse modo estabelece se a l gica da repeti o n o mec nica e sem pedantismo de um determinado ponto de vista s vezes at apresentando contradi es para esvazi las e dar um tom democr tico quilo que se repete Os leitores nessa perspectiva s o considerados elementos male veis transforma o e ao mesmo tempo sujeitos econ micos que adquirem as publica es e podem influenciar outras pessoas a tamb m adquiri las de modo que faz girar a m quina comercial que muito interessa s ind strias da comunica o Ainda para Gramsci 2004 s o necess rios estudos que d em conta da compreens o dessa estrutura ideol gica n o s para compreend la mas para articular o que se pode contrapor de forma inovadora a esse complexo de trincheiras da que fa o minha reflex o sobre a cr tica gramsciana do jornalismo e da imprensa Um primeiro ponto que aparentemente ele n o consegue superar a id ia do receptor passivo No entanto quando considera a possibilidade de contrapor ao complexo de trincheiras um outro modo de pensar considera a possibilidade de emancipa o dos sujeitos E se
572. viv ncia a pr tica l dica e passou a ser a fala o sobre o assunto um discurso ou seja O jogo esportivo jogado por outros poucos e assistido por uma multid o Desse modo tem se uma vis o superficial do esporte h um escasseamento de uma viv ncia l dica e educativa do esporte que passa a ser visto como uma guerra entre her is No que diz respeito especificamente s crian as Betti 2003b diz que elas entram em contato precocemente com o universo esportivo pois h pesquisas que mostram que esse o p blico que mais assiste televis o Assim para o mesmo autor no seu trabalho A janela de vidro 1998 h uma ruptura com as tradi es infantis como os jogos e brincadeiras Tomando essas considera es como ponto de partida al m de contribuir na forma o do que Betti 1998 chama de um espectador ativo trazendo o texto televisivo para a programa o escola a Educa o F sica deve garantir o acesso ao que posso considerar patrim nio infantil especialmente os jogos tradicionais E ainda pensando na escola como um todo o mesmo autor diz que necess rio introduzir a aprendizagem da imagem na programa o escolar capacitando os alunos a enfrentar de modo cr tico a programa o da TV estimular a manipula o 170 direta das imagens pelos pr prios alunos o melhor meio de destruir toda atividade de mitifica o das mensagens ic nicas e fomentar nas crian as a abertura para outros
573. vo Tal perspectiva apresenta se para mim como o velho de roupa nova Uma outra perspectiva que se coloca e est no mbito da oficialidade porque foi elaborada no contexto das reformas educacionais realizadas no Brasil na d cada de 1990 s o os PCN No mbito da Educa o Infantil trata se do RCNEI j comentado brevemente em seus aspectos gerais no cap tulo terceiro deste trabalho Os PCN s o bastante criticados no mbito acad mico pela sua inconsist ncia e ecletismo te ricos e por terem a arrog ncia de se pretender um curr culo nacional muito mais que orienta es alternativas para os educadores No entanto h que se considerar que para Ghiraldelli Jr 2003 isto n o impede que eles estejam sujeitos a altera es a partir de novos debates e temas que venham a ser discutidos na sociedade O que entendo como necess rio questionar sob que direcionamento dar se iam essas altera es Ent o est posta mais uma vez e constantemente quando se trata do sistema educacional a arena de disputas pela defesa dos interesses das diferentes classes sociais O PCN resultado conforme o mesmo autor do modo n o autorit rio como a LDBE 1996 tratou os conte dos escolares Nessa mesma trilha foi aberto espa o para a busca de novas posturas para a Educa o F sica na escola Ou seja as contradi es da legisla o colocaram e colocam possibilidades de buscar instrumentos de luta pela escola que se deseja 151 para as classe
574. voltar para as mesas da sala de aula que eu vou distribuir papel e l pis As crian as encaminharam se para seus lugares e distribui papel e giz de cera hidrocor l pis de cor Elas envolveram se com a atividade e medida que terminavam devolviam me a produ o Eu sentava ao lado de cada crian a e perguntava o que estavam produzindo ou o que j haviam desenhado Algumas crian as n o desenharam o que foi proposto fizeram outros desenhos que preferiram fazer Ent o como considero importante respeitar a vontade da crian a em participar ou n o das atividades por mim propostas recebi esses desenhos e perguntei s crian as o que haviam desenhado mas os desconsiderei para os fins da pesquisa e trabalhei apenas com os desenhos que estavam vinculados a programas de televis o Pela fala das crian as na roda os desenhos preferidos n o aparentavam ser da televis o mas de produtos do cinema que eles t m acesso em DVD com exce o do Mickey que era exibido no per odo da pesquisa de campo no programa TV Xuxa No entanto nos desenhos as coisas mudaram um pouco T disse me enquanto desenhava Gosto mais do Power Ranger rosa do que do Shrek PESQ Por qu T Porque eu gosto do culos rosa dele J AL disse me Desenhei uma menininha numa piscina de bolas PESQ Quem a menininha AL Eu PESQ Mas algum programa de televis o AL Em Xuxa Eu es
575. zer a essa determina o de temas H que se considerar no que Betti 2002 auxilia que a cultura corporal tem centralidade nos meios de comunica o e as crian as s o inseridas no universo esportivo precocemente e que a luta elemento constitutivo de grande parte da programa o televisiva infantil Esse conhecimento portanto far parte da bagagem dos conhecimentos cotidianos infantis quando chegarem escola e aula de Educa o F sica Penso ent o que a experi ncia do faz de conta pode possibilitar a experimenta o espont nea de movimentos como chutar arremessar entre outros que tamb m representar o uma valiosa experi ncia corporal al m de possibilitar que as crian as assumam diferentes pap is jogadores que ganham jogadores que perdem jogadores que ficam de fora t cnico 159 rbitro torcida e de negocia o de regras pr prias para mudar essa configura o tradicional do esporte Esse movimento pode libertar as crian as de uma viv ncia com regras pr estabelecidas que v m de fora e abrir a via para que o professor estabele a no di logo compara es entre as experi ncias espont neas e o modelo esportivo presente de forma hegem nica na nossa sociedade A luta assim como a capoeira especialmente as modalidades de origem oriental trazem um amplo simbolismo cultural desde a vestimenta at os valores que as crian as ter o a possibilidade de conhecer poss vel ainda levantar di log

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