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Baixar - Centro de Educação - Universidade Federal da Paraíba

1. O Formul rio eletr nico instrumento de informa es preenchido pelas Institui es possibilita a an lise pr via pelos avaliadores da situa o dos cursos possibilitando uma melhor verifica o in loco Este formul rio composto por tr s grandes dimens es a qualidade do corpo docente a organiza o did tico pedag gica e as instala es f sicas com nfase na biblioteca O processo de sele o dos avaliadores observa o curr culo profissional a titula o dos candidatos e a atua o no programa de capacita o a partir de um cadastro permanente dispon vel no s tio do Inep o qual recebe inscri es de pessoas interessadas em atuar no processo As notas s o atribu das em dois aspectos acad mico profissional e pessoal pela comiss o de avalia o da rea Todos os docentes selecionados far o parte do banco de dados do Inep e ser o acionados de acordo com as necessidades do cronograma de avalia es Para a devida implementa o da avalia o os avaliadores recebem um guia com orienta es de conduta roteiro para o desenvolvimento dos trabalhos e participam de um programa de capacita o que tem por objetivo harmonizar a aplica o dos crit rios e o entendimento dos aspectos a serem avaliados MEC 2008 Esses mecanismos de controle denunciam uma redefini o da vida acad mica e das atividades dos professores e alunos no sentido de adapt las aos interesses dos organismos internacionais e
2. De acordo com Souza 1995 a corrente neoliberal busca conectar se com a realidade a partir de cinco pontos fundamentais definidos da seguinte forma o primeiro deles denominado de globaliza o da economia atrav s da qual estaria se formando um mundo sem fronteiras o segundo fundamento est voltado para a revolu o cient fico t cnica pela qual se afirma o desencadeamento da terceira revolu o tecnol gica e industrial dando se a partir da jun o da ci ncia com a tecnologia o terceiro fundamento trata da fal ncia do Estado que estaria financeiramente quebrado se esgotando seu papel desenvolvimentista o quarto fundamento firma se no discurso do fim da hist ria pela qual o novo homem vai se formando de forma perfeita numa sociedade pronta e acabada n o havendo dessa forma lugar para a evolu o hist rica por ltimo o quinto fundamento que trata da efici ncia do mercado colocada como elemento chave para um mundo globalizado e para a consolida o da revolu o cient fico t cnica O quadro apresentado pelos neoliberais parece perfeito qualquer ser humano gostaria de viver num mundo dessa forma O fato que esse mundo apresentado pelos neoliberais n o existe Nas id ias neoliberais n o existe v nculo com a ess ncia nem tampouco com a apar ncia da realidade O que se consegue no m ximo tomar fragmentos da apar ncia da realidade e a partir da construir a sua doutrina A globaliza o nesse c
3. Maciel M H R Introdu o Tais mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal s o encontrados no conjunto da legisla o que regulamenta a educa o superior no Brasil no per odo de 1996 a 2006 Esses documentos apresentam um fio condutor que caracteriza a marca do compromisso neoliberal na constru o da legisla o da educa o nacional Tal fio condutor sobretudo em rela o ao ensino superior representado pelos princ pios e conceitos que se harmonizam com o discurso da modernidade e com o mercantiliza o da educa o Entre tais princ pios destacam se a flexibiliza o a produtividade a efici ncia a efic cia e a regula o ou controle Eles est o presentes de forma expl cita ou impl cita nos v rios documentos que norteiam a educa o no pa s Nesse sentido confirma se a relev ncia deste estudo que demonstra ser urgente a produ o do conhecimento que explique o fen meno em tela e compreenda os mecanismos hegem nicos que v m sendo trabalhados no limiar do novo s culo para a consolida o do ajuste neoliberal instrumento importante utilizado como mecanismo para a supera o da crise do capitalismo mundial Nessa perspectiva procura se compreender a educa o como um dos instrumentos importantes nesse processo e as altera es que v m sendo realizadas de forma hegem nica nas diretrizes para o ensino superior no Brasil a partir do s culo XX O estudo utiliza os contornos da pesquisa bibliogr
4. Salmo 10 2 RESUMO Este trabalho analisa a pol tica educacional no Brasil direcionada para o ensino superior num contexto de ajuste neoliberal O sistema capitalista mundial passando por mais uma de suas crises e para manter a sua hegemonia tanto nos pa ses centrais como nos perif ricos buscou v rias alternativas destacando se entre elas a ideologia neoliberal e a globaliza o O corpo de doutrina do neoliberalismo constitui se basicamente na desregula o dos mercados sobretudo o financeiro e o do trabalho no estado m nimo que redundou nas privatiza es na abertura comercial para facilitar a entrada de produtos estrangeiros Essa ideologia foi disseminada pelo mundo e sua aplica o afetou drasticamente a economia e as pol ticas sociais entre elas a educa o A partir do denominado Consenso de Washington o Banco Mundial e outras institui es internacionais definiram as regras para a economia e para a pol tica dos pa ses dependentes do capitalismo mundial No Brasil o processo consolida se na d cada de noventa sendo a Educa o uma das pol ticas sociais seriamente atingidas Esta pesquisa centrou se nas reformas do Ensino Superior principalmente no per odo denominado de D cada da Educa o 1996 2006 no qual foram implementadas v rias mudan as na Educa o em geral e em especial na Educa o Superior por meio de diversos instrumentos normativos e programas de a o tais como a Lei de Diretri
5. Ainda de acordo com Portelli 1977 p 30 no esquema gramscista a conquista do poder pol tico culmina no controle da sociedade assim tamb m a sociedade pol tica s deve desempenhar no sistema hegem nico um papel secund rio As defini es sobre a sociedade pol tica apresentada por Gramsci nos Quaderni demonstram que essa tem realmente a fun o de exercitar a coer o e a manuten o e para tal utiliza a for a atrav s da ordem estabelecida Nessa perspectiva a sociedade pol tica trabalha n o apenas no dom nio militar mas tamb m com o governo jur dico o qual representa a for a legal Os intelectuais s o os prepostos do grupo dominante para o exerc cio das fun es subalternas da hegemonia social e do governo pol tico isto 1 do consenso espont neo dado pelas grandes massas da popula o orienta o impressa pelo grupo fundamental dominante vida social consenso que nasce historicamente do prest gio e portanto da confian a obtida pelo grupo dominante por causa de sua posi o e de sua fun o no mundo da produ o 2 do aparelho de coer o estatal que assegura legalmente a disciplina dos grupos que n o consentem nem ativa nem passivamente mas que constitu do para toda a sociedade na previs o dos momentos de crise no comando e na dire o nos quais desaparece o consenso espont neo GRAMSCI 2001 p 20 Ao tratar sobre a coer o na sociedad
6. Conforme afirma Silva 1998 a sociologia cr tica denunciava contrariamente ret rica que a escola era capitalista O neoliberalismo n o apenas admite cinicamente que a escola capitalista a escola deve ser capitalista Como mostram as pol ticas neoliberais na educa o isto significa essencialmente duas coisas Primeiro a escola deve atender s necessidades e os interesses do capital Segundo a escola deve funcionar como uma empresa capitalista SILVA 1998 p 9 A doutrina neoliberal d nfase ao conhecimento considerado como fator fundamental para atender s exig ncias da nova ordem mundial capitalista Todavia indaga se a que conhecimento se refere Esse novo paradigma do conhecimento o que subsidia a a o imediata desprezando a reflex o filos fica e human stica Ele segundo MIRANDA 1997 p 41 Menos discursivo mais operativo menos particularizado mais interativo comunicativo menos intelectivo mais pragm tico menos setorizado mais global n o apenas fortemente cognitivo mas tamb m valorativo Esse conhecimento pregado pelo neoliberalismo pragm tico est voltado para a racionalidade mais instrumental funcional e imediato e tem como objetivo atender aos processos produtivos ignorando o conhecimento universal tico que n o empenhado na busca do lucro mas que busca a forma o emancipat ria e cidad Em resumo desmonta se o projeto de capitalismo nacional e em s
7. Dr Janine Marta Coelho Rodrigues Universidade Federal da Para ba CE 3 Membro Prof Dr Maria Claur nia A de A Silveira Universidade Federal da Para ba PROLING 4 Membro Prof Dr Maria de Lourdes Soares Universidade Federal da Para ba CCHLA 5 Membro Prof Dr Wilson Honorato Arag o Universidade Federal da Para ba CE Dedico Ao meu esposo Sosthenes pelo incentivo apoio e partilha em todos os momentos deste trabalho e principalmente pelo amor e cumplicidade com que enfrentamos as alegrias e vicissitudes ao longo de nossas vidas Aos meus filhos e filha Christiano Ticiano Vitor e Mariama que representam para mim um presente de Deus uma das raz es do meu viver e a esperan a de trazer ao mundo pessoas ticas e crist s As minhas noras Rafaela e Danielly por proporcionarem alegria e felicidade aos meus filhos e por extens o a toda a fam lia E ao meu neto Gabriel por sua inoc ncia A todo o momento me lembra a pessoa de Deus e me envolve de felicidade AGRADECIMENTOS Viver um processo de doutoramento e alcan ar a consolida o da Tese viver momentos de alegrias desafios e vit rias Foi um tempo de crescimento intelectual em que afloraram d vidas e certezas que contribu ram na elabora o de proposi es para o enfrentamento com a realidade Tudo isso s foi poss vel pela busca incessante da presen a de Deus e do Esp rito Santo que me propo
8. Svampa 2005 PAGANO e FINNEGAN 2007 p 64 65 O texto acima transcrito que trata da implanta o do neoliberalismo na Argentina evidencia que n o poss vel se dissociar o crescimento econ mico das pol ticas sociais em especial da educa o Ficou famosa a frase dita pelo General Em lio Garrastazu M dici no auge da ditadura militar brasileira a qual emblem tica do pensamento que separa as pol ticas sociais das quest es econ micas o pa s vai bem o povo que vai mal O texto tamb m demonstra que a pol tica neoliberal era a mesma para todos os pa ses com pequenas altera es decorrentes das peculiaridades de cada um como no caso da Argentina em que a responsabilidade com as pol ticas sociais foi transferida do Poder Central para as prov ncias Os pa ses centrais onde j havia um Estado de Bem Estar Social estruturado estes foram atingidos tanto no econ mico como nas pol ticas sociais o que foi levando ao agravamento das condi es sociais promovido pela desconstru o dos direitos sociais adquiridos ao longo da hist ria da humanidade Nesses pa ses o ajuste neoliberal n o foi aceito de forma pac fica houve resist ncia tanto no que se refere burocracia do Estado como tamb m por parte das popula es alvo 90 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Esse processo de globaliza o econ mica n o teve como objetivo atender aos interesses nacionais dos pa ses que a ele aderir
9. da evolu o ideol gica progressiva o apoio que tem para difundir a religi o atrav s de organiza es poderosas como o clero e as ordens religiosas e o importante material ideol gico que ela produz como tamb m o papel que exerce atrav s de sua organiza o escolar Afirma Gramsci A for a das religi es notadamente da Igreja cat lica consistiu e consiste no seguinte fato que elas sentem intensamente a necessidade de uni o doutrinal de toda massa religiosa e lutam para que os estratos intelectualmente superiores n o se destaquem dos inferiores A Igreja romana foi sempre a mais tenaz na luta para impedir que se formassem oficialmente duas religi es a dos intelectuais e a das almas simples E isto faz ressaltar ainda mais a capacidade organizativa do clero na esfera da cultura bem como a rela o abstratamente racional e justa que a Igreja em seu mbito soube estabelecer entre intelectuais e simpl rios Os jesu tas foram indubitavelmente os maiores art fices deste equil brio e para conserv lo eles imprimiram Igreja um movimento progressivo que tende a satisfazer parcialmente as exig ncias da ci ncia e da filosofia GRAMSCI 1981 p 16 17 Os estudos de Gramsci sobre a sociedade pol tica nos Quaderni foram apresentados com menor intensidade do que a sociedade civil Isso porque os estudos da teoria marxista cl ssica preocupavam se mais com o aparelho de Estado do que c
10. l gica econ mica A partir dessa l gica que o MEC constru o Plano Nacional de Educa o A esse respeito Azevedo 1997 faz o seguinte coment rio Quando pois a pol tica educacional estudada segundo as categorias anal ticas pr prias tradi o de pensamento neoliberal a sua dimens o enquanto pol tica p blica de total responsabilidade do Estado sempre posta em xeque Nesse contexto os problemas que se identificam como causadores da crise dos sistemas educacionais na atualidade s o vistos como integrantes da pr pria crise que perpassa a forma de regula o assumida pelo Estado neste s culo No extremo concebe se que a pol tica educacional tal como as outras pol ticas sociais ser o 124 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil bem sucedidas na medida em que tenha por orienta o principal os ditames e as leis que regem os mercados o privado AZEVEDO 1997 p 17 Paralelamente constru o do Plano de iniciativa governamental a sociedade civil organizada mediante as entidades diretamente interessadas tais como entidades sindicais e estudantis associa es acad micas e cient ficas e demais setores comprometidos com a proposta de educa o para a maioria da popula o brasileira realizou de 6 a 9 de novembro de 1997 em Belo Horizonte o I CONED Congresso Nacional de Educa o o qual contou com o apoio de 36 entidades 13 prefeituras e tr s universidades federais tendo re
11. o das Na es Unidas Produto Interno Bruto Produto Nacional Bruto Programa Nacional de Desestatiza o Plano Nacional de Educa o Programa das Na es Unidas para o Desenvolvimento Partido Oper rio Social Democr tico Russo Programa de Est mulo Reestrutura o e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional Programa Universidade para Todos Partido dos Trabalhadores Secretaria do Ensino Superior Sistema Nacional de Avalia o da Educa o Superior Telecomunica es Brasileiras S A Universidade de Bras lia Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia United States Development Agency Via o A rea S o Paulo SUM RIO LINTRODU O ssa a a ai 1 2 REFLEX ES TE RICAS SOBRE A HEGEMONIA cceeeeeseeeeeensenseaseessensense 7 2 1 Origem e evolu o do conceito de hegemonia sessoesoessessossosssessoesocssessossosssessssso soe 7 2 2 Hegemonia em Gramsci upa ea al a aaa aqua 17 2 3 Educa o e hegemonia em Gramsci oococcoooncoonononnnonncnnnccnonanonnncononcccnonancn coco nonicccones 29 2 4 Hegemonia no s culo XXI cececseersseeerseceseresseessenesecesecesseesseneseceesecesseessenesscessace 43 3 O AJUSTE NEOLIBERAL UM PROJETO HEGEM NICO cceeseemeensess 59 3 1 A crise do capitalismo e o ajuste neoliberal oooooommos 60 3 2 O ajuste neoliberal e o Consenso de Washington ccc
12. o de Incentivo Doc ncia GID e introduzido pela Lei n 10 187 de 12 de fevereiro de 2001 Sistema Nacional de Avalia o da Educa o Superior SINAES Lei n 10 861 de 14 de abril de 2004 trata se de um complexo processo de avalia o das Institui es de Ensino Superior incluindo a avalia o da infra estrutura do trabalho docente e do desempenho dos alunos Informa es retiradas do site do MEC 2008 definem o processo da seguinte forma O processo avaliativo afere a qualidade Credenciamento recredenciamento das IES autoriza o reconhecimento e renova o de reconhecimento s o procedimentos regulat rios Avalia o identifica um cen rio aferindo sua qualidade O Sinaes Sistema Nacional de Avalia o da Educa o Superior o respons vel por estas avalia es sendo ele composto por quatro instrumentos de avalia o A auto avalia o institucional realizada de forma permanente e com resultados a serem apresentados a cada tr s anos A avalia o institucional externa realizada in loco por uma comiss o de avaliadores A avalia o das condi es de ensino ACE aplicada aos cursos nos casos em que a comiss o de avalia o julgar necess ria uma verifica o Processo de Avalia o Integrada do Desenvolvimento Educacional e da Inova o da rea ENADE que ter uma prova aplicada aos alunos por amostragem no meio e no final do curso em quatro grandes reas ci ncias humanas e
13. Regula o RESUMEN Este trabajo tiene por objeto de estudio la pol tica educacional en Brasil direccionada a la ensefianza superior en un contexto de ajuste neoliberal El sistema capitalista mundial pasando por m s una de sus crisis y para mantener su hegemon a tanto en los pa ses centrales como en los perif ricos busc varias alternativas destac ndose entre ellas la ideolog a neoliberal y la globalizaci n El cuerpo de doctrina del neoliberalismo se constituye b sicamente en la desregulaci n de los mercados sobre todo el financiero y del trabajo en el estado m nimo que culmin en las privatizaciones en la apertura comercial para facilitar la entrada de productos extranjeros Dicha ideolog a fue diseminada por el mundo y su aplicaci n afect dr sticamente la econom a y las pol ticas sociales entre ellas la educaci n A partir del denominado Consenso de Washington el Banco Mundial y otras instituciones internacionales definieron las reglas para la econom a y la pol tica de los pa ses dependientes del capitalismo mundial En Brasil el proceso se consolida y en la d cada de noventa siendo la Educaci n una de las pol ticas sociales seriamente afectadas Esta investigaci n se centr en las reformas de la Ense anza Superior principalmente en el per odo denominado de D cada de la Educaci n 1996 2006 en las que fueron implementados varios cambios en la Educaci n en general y en especial en la Ed
14. da regressividade em ascenso de sua estrutura de renda Em 1981 50 da popula o detinha 13 4 da renda nacional enquanto que 1 do outro lado apresentava quase a mesma participa o 13 Esta estrutura absolutamente desigual piorou sensivelmente em 1989 o grupo mais pobre reduziu sua participa o para 10 4 da renda nacional e o mais rico aumentou para 17 3 A estrutura de distribui o de renda portanto um fator muito significativo nas diferen as de indicadores sociais observadas entre os pa ses SOARES 2001 p 41 As sa das encontradas pelos adeptos do neoliberalismo para resolver o problema da fal ncia do Estado foram as privatiza es e a quebra dos monop lios p blicos Os neoliberais argumentado a inefici ncia do Estado falido e sem recursos para cumprir suas fun es afirmam que o Estado deve sair de cena para dar lugar iniciativa privada que disp e de recursos financeiros para dar continuidade ao desenvolvimento econ mico O pensamento de Souza 1995 contraria as id ias dos defensores das id ias neoliberais pois segundo ele h pontos divergentes entre as esferas p blica e privada Para ele a diferen a est nos objetivos de cada uma dessas esferas na esfera p blica se busca o interesse do bem comum o interesse coletivo na esfera privada se busca o interesse individual o lucro e a propriedade As empresas estatais da mesma forma que os monop lios e oligop lios privados tamb m n o se
15. institutos superiores ou escolas superiores como consta do art 4 do Decreto 2 207 97 e art 8 do Decreto 2 306 97 Esses decretos criaram a flexibiliza o das institui es de ensino superior bem como a diversifica o dos v rios espa os institucionais como locus da forma o Essa diversifica o promove a separa o entre os v rios espa os de forma o e criam as 128 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil institui es s para o ensino as que abrigam s a pesquisa e as que promovem o ensino e pesquisa Em rela o ao assunto importante a discuss o de Aguiar 2000 A diversifica o do locus de forma o aparece no Cap tulo 45 da LDB e foi regulamentado atrav s do Decreto n 2 306 de 19 de agosto de 1997 Desse modo como se sabe as institui es do ensino superior do Sistema Federal de Ensino passaram a ser classificadas em cinco modalidades 1 universidades 2 centros universit rios 3 faculdades integradas 4 faculdades 5 institutos superiores ou escolas superiores Esta inova o na legisla o do ensino superior ao mesmo tempo demonstrou e deu margem a que se expressassem os interesses daqueles que prop em a desregulamenta o do Estado e a diminui o da presen a do poder p blico na educa o Essa diversifica o institucional propicia o estabelecimento de uma diferencia o de status e de tratamento s distintas institui es S o oficialmente firmadas diferencia es
16. p 1 Em rela o educa o antes de serem adotadas as pol ticas neoliberais impostas pelos organismos multilaterais como Banco Mundial BM Fundo Monet rio Internacional FMI Banco Interamericano de Desenvolvimento BID e outros a Argentina sempre esteve em posi o de destaque em rela o a outros pa ses da Am rica Latina Ap s a crise do neoliberalismo os ltimos governos argentinos voltaram a priorizar as pol ticas educacionais possibilitando dessa forma o desenvolvimento tecnol gico e cient fico da na o Seg n informaci n oficial producida por la Direcci n Nacional de Informaci n y Evaluaci n de la Calidad Educativa DiINIECE del Ministerio de Educaci n Ciencia y Tecnolog a en el a o 2004 74 el sistema contaba con 10 683 661 alumnos y 41 374 establecimientos a la vez que el plantel docente estaba compuesto por 576 366 cargos 3 655 465 horas c tedra y por 1 397 783 m dulos correspondientes a una hora y media c tedra Por su parte la educaci n de gesti n privada representaba un 24 del total de los estudiantes y un 22 2 de los establecimientos PAGANO e FINNEGAN 2007 p 76 77 Os Estados Unidos da Am rica EUA para manter a sua hegemonia militar importante meio de manuteng o do capitalismo atrav s da venda de armas usou a ideologia para convencer a comunidade internacional da legitimidade da invas o do Iraque em 2003 lan ando m o inclusive da mentira de que havia amea a de fabr
17. representa a vis o norte americana sobre a forma de condu o da pol tica econ mica para os pa ses perif ricos no mundo inteiro sobretudo para os pa ses latino americanos que no momento eram ent o os pa ses mais endividados e dependentes da hegemonia norte americana O Consenso de Washington representa um corpo de id ias desenhado a partir de um programa compacto de pol ticas e reformas para os pa ses perif ricos sob a hegemonia dominante dos pa ses centrais Transformou se em acordos que segundo Fiori 1996 foi dividido em tr s grandes planos todos de ordem macroecon mica nos quais a prioridade a estabiliza o e a pol tica fiscal que devem ser submetidas pol tica monet ria O referido Consenso de Washington apresenta as seguintes caracter sticas um conjunto abrangente de regras de condicionalidade aplicadas de forma cada vez mais padronizada aos diversos paises e regi es do mundo para obter o apoio pol tico e econ mico dos governos centrais e dos organismos internacionais Trata se tamb m de pol ticas macroecon micas de estabiliza o acompanhadas de reformas estruturais liberalizantes TAVARES e FIORI 1993 p 18 Os planos impostos pela ordem macroecon mica priorizavam a estabiliza o que se dava atrav s de uma pol tica austera com cortes de sal rios sobretudo de funcion rios p blicos com demiss es com flexibiliza o do mercado com cortes das contribui es
18. As f bricas e as jazidas que acumulam lucros fabulosos foram controladas pelos burocratas russos sem que esses conseguissem criar uma economia monet ria As opera es econ micas foram substitu das pelo escambo que passou a representar a sua decomposi o econ mica sobretudo quando o Estado n o pode financiar se a si mesmo e passou a endividar se de forma crescente para poder cumprir suas obriga es Com o volume de endividamento p blico na R ssia ficou clara a incapacidade da circula o econ mica atrav s do escambo 80 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal A base da crise atual tem sido demonstrada atrav s da contradi o existente entre o desenvolvimento internacional alcan ado pelas for as produtivas e o car ter nacional dos capitais das moedas e dos Estados Assim a crise se apresenta com um car ter mundial n o uma crise de modelos ou pol ticas e sim do regime social capitalista O ponto m ximo da contradi o ocorreu no momento em que houve a tentativa da cria o de uma moeda mundial o que daria um car ter internacional s moedas nacionais E finalmente a partir do ano de 2004 o Banco Mundial o pr prio Fundo Monet rio Internacional e a Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNESCO produziram documentos que criticavam os chamados neoliberais radicais e passaram a n o mais recomendar o documento dogm tico Consenso de Washington da mesma
19. As organiza es escolares universidades academias e demais centros de investiga o a que Gramsci dedica um grande interesse em toda sua obra estudando as em todos os seus n veis e atribuindo lhes grande import ncia As organiza es religiosas onde a Igreja aparece para ele como uma sociedade civil dentro da sociedade civil tal sua enorme influ ncia sobre a sociedade As organiza es de imprensa livros jornais revistas peri dicos bibliotecas etc Os canais audiovisuais como o cinema e o teatro GRAMSCI apud JESUS 1989 p 55 35 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Dessa forma percebe se a import ncia da sociedade civil como espa o de cria o e difus o de todos os elementos que fazem parte da estrutura ideol gica Entre os citados elementos a escola representa um dos mais importantes meios de difus o da ideologia Uma das preocupa es de Gramsci era ver como a escola os intelectuais e o partido agiam atrav s de suas pr ticas pedag gicas de forma hegem nica para alcan ar o ltimo est gio da luta de classe na dire o da sociedade plena e regulada Outra categoria importante na educa o gramsciana a dos intelectuais que desempenham tamb m um papel importante para a constru o da hegemonia Para exercit la s o necess rias as institui es e os processos pedag gicos Nesse contexto os intelectuais desempenham o papel de elabora o de implanta o e de ma
20. O grande mentor da referida corrente de pensamento foi o economista austr aco Friedrich August Von Hayek autor de O Caminho da Servid o A obra considerada como o estatuto fundador do neoliberalismo e faz uma cr tica severa ao Estado de Bem Estar Social wellfare state O caminho da servid o Road to Serfdom best seller publicado em 1944 em que o autor combate os movimentos pol ticos da esquerda e direita que ent o se expandiam na Europa continental e que foi dedicada a seus amigos socialistas de todos os partidos Hayek defendia a tese de que a tend ncia de substituir se a ordem espont nea e infinitamente complexa de mercado por uma ordem deliberadamente criada pelo engenho humano e administrada por um sistema de planejamento central acabava resultando no empobrecimento e na servid o 65 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Em abril de 1947 F A Von Hayek convoca companheiros que compartilham com ele da mesma orienta o ideol gica e re nem se numa pequena esta o de veraneio na Su a no Mont P lerin Entre os v rios participantes desta grande reuni o encontram se advers rios do Estado Social na Europa como tamb m inimigos ferozes do New Deal americano Ao final desse evento foi fundada a Societ du Mont Pelerin considerada como uma esp cie de franco ma onaria neoliberal a qual passa a ter reuni es internacionais regulares organizadas e dedicadas divulga o das teses neoliberais A p
21. O homem representa para Gramsci o resultado de um processo de rela es sociais Nessa perspectiva o processo educacional se desenvolve em dois n veis o primeiro n vel o molecular que compreende o homem como indiv duo levando em considera o sua personalidade habilidades e capacidades o segundo n vel o coletivo ou o da macroeduca o que se volta para a dimens o coletiva do indiv duo A educa o gramsciana defende uma forma o em que o indiv duo toma consci ncia de que o conhecimento individual s tem valor em rela o com o social satisfazendo dessa forma tanto os interesses particulares como os da coletividade Para Gramsci o coletivo tem primazia em rela o ao individual pois apesar de compreender essa rela o como org nica o individuo est dilu do no coletivo n o podendo dessa forma ser compreendido como um indiv duo biol gico mas como parte de um grupo social Diante da organicidade dessa rela o se existir mudan a individual esta se projetar para fora do individuo atingindo os v rios n veis at chegar rela o m xima que abra a todo o g nero humano Da porque para Gramsci o homem um indiv duo massa cuja personalidade n o se limita a sua individualidade f sica mas uma rela o ativa de modifica es do ambiente cultural Qualquer educa o em qualquer n vel dever visar atingir o homem nesta sua dimens o pol tica isto social ou h
22. ar o ajuste econ mico alicer ado nos ideais neoliberais e tinha como objetivo maior a implementa o dos programas de privatiza o Dando continuidade ao processo de reformas do Estado e ao compromisso de implementar as pol ticas neoliberais o governo de Fernando Henrique Cardoso retomou com todo o vigor a pol tica de privatiza o denominada tamb m de desestatiza o A privatiza o representa o processo de venda de uma empresa ou institui o p blica pertencente ao patrim nio do Estado para o setor privado realizado normalmente atrav s de leil es p blicos O Brasil por exemplo realizou um enorme e pol mico programa de privatiza es durante o governo FHC que apesar de gerar 78 61 bilh es de d lares de receita para o Estado n o impediu o pa s de continuar se endividando a d vida p blica do Brasil que era de US 60 bilh es em julho de 1994 saltou para US 245 bilh es em novembro de 1998 nem ajudaram em nada o pa s a crescer de forma significativa STIGLITZ 2006 p 142 Atrav s desse processo v rias empresas no pa s foram privatizadas a exemplo da Embraer da Vale do Rio Doce Telebr s entre tantas outras inclusive os Estados passaram tamb m a adotar a mesma pol tica de privatiza o A companhia Vale do Rio Doce apesar de n o constar inicialmente na rela o que continha as empresas previstas para a privatiza o ela foi a primeira empresa estatal a ser privatizada no governo de FHC
23. deve se considerar dois aspectos as condi es para sua obten o e o seu significado em termos operacionais ou seja dimens es de autonomia IX O princ pio da gest o democr tica atrav s dos rg os colegiados a nova lei estabelece a gest o democr tica apenas nas institui es p blicas X Educa o a dist ncia A nova LDB abst m se de oferecer diretrizes educativas apenas normatiza um tratamento diferenciado para a educa o dist ncia e com isso remete uma quest o tipicamente educacional para o mbito da legisla o espec fica sobre comunica es XD Est gios A nova lei suprime de todo a mat ria A inexist ncia de diretrizes orientadoras dessa atividade fundamental para a forma o 123 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil global e profissional do aluno conduz possibilidade de desregula o completa BELLONI 1998 p 136 145 As reflex es acima reproduzidas demonstram o car ter generalista e flex vel da nova LDB ao n o assumir uma posi o firme em defesa dos ideais de uma educa o p blica gratuita e de qualidade como a apresentada pela sociedade civil organizada Com a aprova o da nova Lei da educa o segue se a sua regulamenta o mediante diversos instrumentos normativos tais como medidas provis rias emendas constitucionais e projetos de lei encaminhados ao Congresso pelo Executivo al m das Resolu es e Portarias elaboradas pelo Minist rio de Ed
24. ficam relegados condi o neocolonial LEHER 2001 p 4 Ap s essa breve apresenta o das transforma es por que passa a sociedade brasileira e de modo especial a educa o no contexto de ajuste neoliberal destacam se as transforma es no que diz respeito a universidade no Brasil 4 2 A Universidade no contexto neoliberal A concep o te rica advinda do pensamento neoliberal est intrinsecamente relacionada aos fundamentos da denominada p s modernidade Esse pensamento se desenvolve sobretudo para superar as crises e os refluxos desencadeados no sistema capitalista mundial Concordando com a reflex o de Gramsci 2001 sobre a ideologia nesse processo ele demonstra como esta representa um instrumento poderoso como base 113 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil de sustenta o para o projeto hegem nico do capital internacional para que ele possa manter a domina o e a explora o das classes Nesse contexto sendo a universidade o espa o por excel ncia para o desenvolvimento tanto da produ o do conhecimento cient fico como tamb m do pensamento cr tico ela se torna um dos alvos das pol ticas neoliberais Nessa dire o no bojo de todas as reformas previstas na agenda neoliberal o espa o acad mico tem tido destaque e prioridade no conjunto das reformas das pol ticas educacionais no contexto de ajuste neoliberal No processo de reformas para o ensino superior no Brasil as diretrize
25. forma dura dram tica e destrutiva destacando se pelo aniquilamento de direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores No governo do presidente Fernando Collor de Mello 1990 1992 tem in cio o processo de abertura da economia ao mercado internacional via redu o das barreiras alfandeg rias O programa de privatiza o e de desmonte do Estado faz parte da agenda do seu governo como pr condi o para o combate infla o Outras medidas foram tomadas no sentido do projeto neoliberal no seu governo que lan ado o programa de reestrutura o produtiva enfatizando se a gest o pela qualidade e pela produtividade Foi no seu governo que se iniciaram as privatiza es no pa s atrav s da Lei n 8 031 de 1990 inclu das as privatiza es como parte do seu programa econ mico o Programa Nacional de Desestatiza o PND que previa a privatiza o de 68 empresas 94 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal das quais 18 foram privatizadas Um dos obst culos ao andamento do seu programa de privatiza o ocorreu com o processo de privatiza o da empresa Via o A rea S o Paulo VASP A assessora econ mica do seu governo a Ministra da Fazenda Z lia Cardoso de Mello elaborou e coordenou um plano econ mico denominado Plano Collor que tinha como objetivo maior conter a hiperinfla o Esse plano foi considerado como uma das maiores iniciativas neoliberais implementadas no pa s A partir dele e de
26. ia ao Banco Fator transformado em s cio A primeira turma come ou a funcionar neste semestre previsto um investimento nos pr ximos quatro anos de R 18 milh es Com esse dinheiro al m de ampliar a escola em SP seriam abertas unidades no RJ em Belo Horizonte e em Bras lia A meta chegar aos 3 000 alunos Mas por que um banco se une a uma empresa de auditoria para investir em educa o com a mesma ousadia de quem entra na Bolsa de Valores SILVA JR 2001 p 1 Essa mercantiliza o da Educa o coerente com o princ pio do ajuste neoliberal que nega o compromisso do Estado em propiciar educa o de qualidade a todos transformando o que antes era sua obriga o em uma mercadoria somente acess vel a quem pode pagar Dando continuidade s reflex es no que se refere ao processo de regulamenta o da LDB ressalta se o inciso II do Artigo 53 da referida Lei que menciona a necessidade de fixar os curr culos dos seus cursos e programas observadas as diretrizes gerais pertinentes Nesse processo de reformas na rea educacional uma das prioridades tem sido o das reformas curriculares para os v rios n veis de ensino destacando se a do n vel superior No dia 3 de dezembro de 1997 a Secretaria do Ensino Superior do Minist rio de Educa o e Cultura SESu MEC publicou o edital n 04 97 que trata da elabora o das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Gradua o Atrav s desse Edital se
27. l gica empresarial de car ter mais quantitativo do que qualitativo Nesse sentido oportuno o pensamento de Coelho 2003 137 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil O que mais interessa nessa perspectiva a adequa o da universidade ao mercado os feitos que dela se espera o que efetivamente tem realizado a medida de sua efici ncia os resultados e os produtos que ela oferece sociedade quantos alunos de gradua o mestres e doutores formou quantas disserta es e teses foram orientadas quantos relat rios de pesquisa foram apresentados quantos livros e artigos em peri dicos especializados seus docentes publicaram num certo per odo De acordo com a l gica da produtividade da efici ncia do mercado da racionalidade administrativa e gerencial a avalia o institucional tem reduzido exist ncia e o trabalho da institui o e de seus atores a realidade quantitativas mensur veis COELHO 2003 p 122 123 Quanto avalia o dos alunos da universidade esta vem servindo de instrumento para aferir se os conte dos ensinados pelos professores t m atendido s diretrizes curriculares dos cursos de gradua o que dizem respeito aos conhecimentos habilidades e compet ncias que atendam aos interesses do mercado empresarial como afirma com propriedade Tiramonti 2000 A l gica do mercado relaciona o desempenho dos alunos s aos n veis educativos e aos saberes e habilidades que devem adquirir para c
28. m apresentando resist ncia por variadas formas ao processo de submiss o s diretrizes tra adas pelas institui es transnacionais para o Ensino Superior ao contr rio do que ocorre com as institui es de ensino superior privadas que t m se enquadrado nas referidas diretrizes Por isso compreende se a n o aprova o do documento da Reforma do Ensino Superior elaborado pela sociedade civil organizada E sendo a proposta dos sucessivos governos pautada nos ideais neoliberais apresentando se pol mica e contradit ria esses governos silenciosamente decidiram n o aprovar o documento que deveria conter as propostas para o ensino superior no pa s Esses mesmos governos t m implementado as propostas para o ensino superior brasileiro atrav s de leis decretos projetos e programas medidas provis rias e emendas constitucionais deixando de lado a aprova o do documento maior que deveria nortear o ensino superior no pa s Assim a Universidade no Brasil de acordo com Chau 1999 est submetida aos interesses empresariais fortalecendo os princ pios da Universidade Operacional e Gerencial e distanciando se da Universidade fundada p lo reconhecimento p blico de legitimidade ao qual lhe confere autonomia de saber em rela o religi o e ao Estado Dessa forma a universidade reconhecida como l cus onde se d a forma o acad mica e tica de recursos humanos nas atividades de pesquisa cient fica e tecnol gica e
29. mica as transforma es ocorridas nas rela es de produ o trabalhando dialeticamente a base econ mica a estrutura social e a consci ncia dos homens Entende se assim que a Filosofia colabora para a compreens o e constru o do conceito de hegemonia Dessa forma a filosofia marxista compreendida n o somente a partir de conceitos abstratos mas sobretudo pela pr tica quando faz uma an lise dial tica da estrutura econ mica considerando a base econ mica a estrutura social e a consci ncia dos homens Nesse mesmo sentido pode se compreender a reflex o feita por Gramsci 1981 sobre a estreita conex o entre a pol tica e a filosofia poss vel dizer que o valor hist rico de uma filosofia pode ser calculado a partir da efic cia pr tica que ela conquistou e pr tica deve ser entendida em um sentido lato Se verdade que toda filosofia a express o de uma sociedade ela deveria reagir sobre a sociedade determinar certos efeitos positivos e negativos A medida em que ela reage justamente a medida da sua import ncia hist rica de n o ser ela elucubra o individual mas fato hist rico GRAMSCI 1981 p 34 Assim o conceito de hegemonia se refere n o apenas s quest es do poderio militar ou econ mico e pol tico mas sobretudo s quest es da moral e da ideologia ou vis o de mundo Da pode se compreender o que h em comum entre o conceito gramsciano sobre a reforma
30. ncia e cultura e o ensino das profiss es GERMANO 2008 p 2 Em seu lugar surgem as universidades ou as escolas de ensino superior operacionais e os institutos tecnol gicos p blicos e privados Assim enfrenta as institui es de ensino superior p blico do Brasil uma crise que vem se agravando a partir dos anos 90 em face do neoliberalismo a qual segundo Germano 2008 transcrevendo Boaventura Souza Santos se desdobra em tr s aspectos o de hegemonia o de legitimidade e o institucional 114 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil O hegem nico na medida em que est perdendo espa o para outras institui es p blicas e privadas por sua incapacidade de atender plenamente s demandas da sociedade Incapacidade que tem como causa o abandono a que est submetida pelo Estado com cortes de verbas estagna o do quadro de funcion rios e da sua infra estrutura redu o ou n o reposi o do quadro docente provocada pelas aposentadorias e outras formas de perda de professores al m de outras car ncias Os dados apresentados pelos estudos de Leher 2001 refletem o quadro ca tico em que se encontra o ensino superior no Brasil no contexto do ajuste neoliberal Estudo do IPEA Carbucci 2000 atesta a violenta redu o das verbas de manuten o e desenvolvimento das IFES O gasto total com as 39 universidades federais aparentemente se manteve inalterado ap s 1995 Contudo se os valores forem desagregado
31. ncia no ensino superior p blico resgatando o que foi produzido pelos movimentos dos v rios segmentos universit rios tais como professores estudantes e t cnicos de forma democr tica em seus diversos congressos e f runs nacionais de educa o Deve a educa o portanto fornecer os conhecimentos necess rios vida profissional bem como ser instrumento de crescimento humano o que se refletir na transforma o da sociedade e do mundo Al m disso destaca se o car ter revolucion rio da educa o pois tem o potencial de construir a contra hegemonia ao desvelar a domina o de classe e preparar os intelectuais org nicos da classe dominada para assumirem o comando das principais fun es da sociedade Da a necessidade da constru o de um projeto pol tico pedag gico definido e voltado aos interesses da grande maioria exclu da reconhecendo o papel estrat gico exercido pela escola pelos educadores e intelectuais org nicos na constru o da nova sociedade 147 6 REFER NCIAS ABRAMIDES Maria Beatriz A Reforma do ensino superior no Brasil sob a l gica neoliberal no governo Lula Dispon vel em http www apropucsp org br revista r21 r04 htm 2005 Acesso em 19 03 08 ARCHARD e FLORES Gobernabilidad Un reportaje de Am rica Latina M xico PNUD Fondo de Cultura Econ mica 1997 AG NCIA EFE In Mundo globaliza o n o reduz desigualdade e pobreza no mundo diz ONU Folha Online 10 02 2007 s 08
32. o Uma das id ias fundamentais desse pensamento a igualdade de oportunidades Ao longo do tempo v o se desenvolver pol ticas p blicas aumentando o or amento do Estado para essas reas 62 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Com o desencadeamento de fatos ocorridos nesse per odo pode se afirmar que houve a desacelera o da economia mundial e a partir da o mundo foi permeado de recess es generalizadas Em 1971 os EUA ao decretarem o fim da paridade e da livre conversibilidade do d lar trouxera a tona uma crise da economia norte americana Em 1973 o mundo central no qual estavam inclu dos os pa ses mais ricos do planeta entra em crise perde suas refer ncias anteriores e passa por uma longa transi o na hist ria pol tica econ mica cultural e social do mundo contempor neo Segundo Fiori 1996 em tr s anos 1973 1974 1975 rompe se o pacto do capital com o trabalho colocando em d vida a hegemonia militar norte americana e conseq entemente a quebra da hegemonia econ mica e do d lar norte americano Alguns fatos demonstram a consolida o da grande crise do sistema capitalista mundial Entre eles destacam se as revolu es pol ticas e sindicais europ ias isto a rebeli o dos sindicatos fim do pacto a derrota americana no Vietn e de Israel parcial na guerra do Ion Quipur e como conseq ncia a forma o da OPEP e a chantagem em torno do pre o do petr leo isto o q
33. ricas da sociedade mundial de democratiza o da educa o expans o equidade e integra o os governos dos paises do terceiro mundo e em desenvolvimento em atendimento s exig ncias neoliberais iniciaram as reformas sociais colocando em destaque as reformas educacionais Nessa dire o a Confer ncia Mundial Sobre Educa o Para Todos realizada em Jomtien Tail ndia em 1990 foi convocada e financiada pela Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNESCO Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia UNICEF Programa das Na es Unidas para o Desenvolvimento PNDU e o Banco Mundial BM Dela participaram governos ag ncias internacionais organismos n o governamentais associa es profissionais e personalidades destacadas no plano educacional em todo o mundo O Brasil foi um dos pa ses participantes desse Encontro 105 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil O documento produzido pelo referido encontro denominado Declara o Mundial Sobre Educa o Para Todos Satisfa o das Necessidades B sicas de Aprendizagem apresenta essas necessidades como sendo individuais e n o como necessidades do sistema social O artigo 4 da mencionada Declara o Mundial Sobre Educa o Para Todos exemplar do que ora se afirma a respeito desse paradigma do conhecimento utilit rio pragm tico e competitivo quando afirma a necessidade de as pessoas aprenderem de fato ou
34. s que se voltava para a elite e ocupava se da forma o de quadros profissionais para o Estado ou seja para Gramsci 2001 seus intelectuais org nicos De acordo com Ianni 1996 paulatinamente as universidades tinham como objetivo atingir o ideal de promover no pa s modernidade de primeiro mundo atrav s do desenvolvimento da cultura da ci ncia e da tecnologia Esse ideal permaneceu at o final da II Guerra Mundial a qual desencadeou no pa s a diminui o do setor produtivo e consequentemente aus ncia das empresas o que fez diminuir a demanda por servi os tecnol gicos Nesse per odo as atividades de pesquisa eram restritas a alguns institutos Somente a partir de 1934 com a cria o da Universidade de S o Paulo introduziu se no pa s o modelo iniciado na Universidade de Berlim por Von Humboldt em 1810 que defende a indissociabilidade entre o ensino e a pesquisa No per odo do p s guerra com o desenvolvimento industrial o pa s passou a demandar recursos humanos qualificados para atuar principalmente nas empresas multinacionais Nesse contexto o Governo brasileiro passou a se preocupar com o desenvolvimento da estrutura de investiga o acad mica A partir da se originam as primeiras ag ncias de apoio e institui es de pesquisa como o Conselho Nacional de Pesquisa CNPq e o Instituto Tecnol gico da Aeron utica ITA ambos criados em 1948 104 Maciel M H R O Ensino Superior no
35. unit ria Gramsci afirma o seguinte A escola unit ria ou de forma o humanista entendido este termo humanismo em sentido amplo e n o apenas em sentido tradicional ou de cultura geral deveria se propor a tarefa de inserir os jovens na atividade social depois de t los elevado a um certo grau de maturidade e capacidade cria o intelectual e pr tica e a uma certa autonomia na orienta o e na iniciativa GRAMSCI 1988 p 121 Gramsci dando continuidade a sua concep o de educa o na perspectiva da escola unit ria preocupa se com a educa o na sua totalidade Nessa dire o ele preocupa se com os espa os de forma o com o curr culo com os n veis de ensino de acordo com a faixa et ria com os m todos de ensino e at com o financiamento da educa o Na sua proposta educativa est o inclu dos os princ pios que possibilitam o 42 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia homem tornar se sujeito de sua pr pria hist ria ou seja o homem coletivo Nesse sentido ele trabalha com o principio unit rio sobre o qual ele afirma O advento da escola unit ria significa o in cio de novas rela es entre trabalho intelectual e trabalho industrial n o apenas na escola mas em toda a vida social O princ pio unit rio por isso ir se refletir em todos os organismos de cultura transformando os e emprestando lhes um novo conte do GRAMSCI 1988 p 125 Para Gramsci a proposta
36. 1989 Para Gramsci somente a filosofia da pr xis pela elabora o do bom senso tem possibilidade de modificar a maneira de pensar e de sentir do maior n mero poss vel de indiv duos provocando sua ades o luta hist rica pelo estabelecimento de uma nova hegemonia Nesse contexto educar construir o bom senso que leva realidade hist rica e pratica pol tica que situa o sujeito em rela o ao mundo e cada momento em rela o hist ria em conjunto se quiser ganhar ou manter sua legitimidade JESUS 1989 p 50 Gramsci trabalhou com o m todo de an lise hist rica procurou compreender os fen menos sociais de sua poca a partir de uma vis o de totalidade Para ele todos os componentes de uma problem tica a exemplo do fen meno do fascismo na It lia n o podem ser trabalhados isoladamente eles est o relacionados embora em determinado momento um possa se sobrepor ao outro Nessa perspectiva o seu projeto educativo tinha 34 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia como objetivo maior desencadear a hegemonia da classe subalterna na dire o de sua emancipa o ou seja a contra hegemonia A sociedade civil um dos conceitos chaves para a compreens o do pensamento pol tico de Gramsci Nos estudos sobre a educa o gramsciana importante lembrar que na sociedade civil que se encontra a escola considerada um dos mais importantes instrumentos de organiza o da cultura e do s
37. 860 de 9 julho de 2001 Regulamenta para o Sistema Federal de Ensino Superior as disposi es contidas na Lei n 9 396 96 Bras lia DF MEC 2001 Lei n 10 172 de 9 de janeiro de 2001 Plano Nacional de Educa o Bras lia DF MEC 2001 Resolu o n 01 de 4 de mar o de 2002 Institui diretrizes curriculares nacionais para a forma o de professores da educa o B sica em n vel superior cursos de licenciatura de gradua o plena Bras lia DF MEC 2002a Resolu o n 02 de 4 de mar o de 2002 Institui a dura o e a carga hor ria dos cursos de licenciatura de gradua o plena de forma o de professores da educa o b sica em n vel superior Bras lia DF MEC 2002b Lei n 10 861 de 14 de abril de 2004 Sistema Nacional de Avalia o do Ensino Superior SINAES Bras lia DF MEC 2004 Lei n 11 096 de 13 de janeiro de 2005 Programa Universidade para Todos PROUND Bras lia DF MEC 2005 Resolu o n 01 de 15 de maio de 2006 Institui diretrizes curriculares nacionais para o Curso de Pedagogia BUCI GLUCKSMANN Christinne Gramsci e o Estado Trad Angelina Peralva Rio de Janeiro Paz e Terra 1980 Cole o Pensamento cr tico v 39 499 p 149 CADERNOS DE PESQUISA Funda o Carlos Chaga Globaliza o e pol ticas educacionais na Am rica Latina S o Paulo Cortez n 100 1997 183p CARDOSO Fernando Henrique Reforma do Estado In BRESSER PEREIRA L
38. A educa o nesse contexto pode ser utilizada como reprodutora da ideologia dominante e dialeticamente da mesma forma que a educa o pode ocultar e dissimular as contradi es existentes entre as classes sociais pode tamb m possibilitar ao dominado a consci ncia das contradi es existentes entre as classes sociais representando dessa forma o primeiro passo para uma contra hegemonia Assim entende se que a educa o pela sua pr pria natureza num contexto de totalidade hist rica e provis ria dissimula a contradi o Gramsci utiliza a educa o como estrat gia para a constru o da contra hegemonia Para ele uma classe pode superar a outra utilizando seus pr prios aparelhos educacionais escola imprensa sindicatos partidos etc atrav s de seus agentes e institui es educacionais assumindo dessa forma o papel de dirigente O consenso que produzido pelos aparelhos ideol gicos se faz necess rio tanto para a manuten o da hegemonia como para sua substitui o Se do lado dominante a educa o serve ao poder produzindo a separa o entre a teoria e a pr tica entre cultura e pol tica entre saber elitizado e trabalho do lado prolet rio esta mesma educa o conscientiza a classe subalterna revela as contradi es existentes e possibilita uma nova concep o de mundo ponto de partida para uma nova rela o social JESUS 1989 p 44 30 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia
39. Brasil Tamb m a partir desse per odo se inicia o processo de cria o de v rias universidades no pa s Em 1961 criada a Universidade de Bras lia UnB primeira Universidade do pa s concebida no modelo moderno planejada na concep o tecnocr tica norte americana com os princ pios de produtividade efici ncia e efic cia Ela tinha como objetivo atingir o ideal nacional de produzir ci ncia e tecnologia necess rias ao desenvolvimento econ mico do pa s No Brasil sobretudo a partir dos anos 90 a constru o das pol ticas para o ensino superior tem sido feita sob a inspira o das id ias neoliberais Nessa dire o o ensino superior passa a ser formulado de acordo com essas id ias visando atender ao ajuste neoliberal Nesse sentido e de acordo com a categoria dial tica da totalidade a compreens o do processo de constru o das diretrizes para o ensino superior no Brasil realizada no contexto geral das pol ticas educacionais implementadas pelo ajuste neoliberal 4 1 A educa o no Brasil no contexto das pol ticas neoliberais A partir dos anos 90 no bojo das pol ticas neoliberais implementadas pelo governo brasileiro destacam se as reformas que dizem respeito Educa o Um marco para as reformas educacionais que deveriam ser iniciadas nos pa ses signat rios das pol ticas neoliberais foi a Declara o Mundial Sobre Educa o Para Todos Diante do quadro do n o atendimento s reivindica es hist
40. C B SPINK P Reforma do Estado e administra o p blica gerencial Rio de Janeiro FGV 1998 p 15 20 CARDOSO Miriam Limoeiro Reflex es sobre tica e constru o do conhecimento Texto apresentado na XVII Reuni o Anual da ANPEd Caxambu MG 1994 Mimeo Ideologia da globaliza o e des caminhos da ci ncia social In GENTILI Pablo org Globaliza o excludente Desigualdade exclus o e democracia na nova ordem mundial Petr polis Editora Vozes 1999 CASTANHO S rgio E M Educa o superior no s culo XXI Discuss o de uma proposta Dispon vel em http www anped org br reunioes 23 textos 1105T PDF 2000 Acesso em 21 04 2008 CAVALLET Valdo Jos Universidade XXI Fundamentos para uma nova pol tica de ensino superior Dispon vel em http mecsrv04 mec gov br univxxi pdf politica pdf 2003 Acesso em 24 04 2008 CHAU Marilena A universidade operacional S o Paulo Folha de S o Paulo Caderno Mais 1999 COELHO Ildeu Moreira Educa o Superior Por uma outra avalia o In DOURADO Luiz F CATANL Afr nio M e OLIVEIRA Jo o F de Pol ticas e gest o da educa o superior Transforma es recentes e debates atuais S o Paulo Xam Goi nia Alternativa 2003 240 p COUTINHO Carlos Nelson e TEIXEIRA Andr de Paula Ler Gramsci entender a realidade Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2003 293 p O pensador hegem nico Dispon vel em http www acessa com gramsc
41. Delhi Sobre Educa o Para Todos Nova Delhi ndia 1993 VALENTE Ivan e ROMANO Roberto PNE Plano Nacional de Educa o ou Carta de Inten o Dispon vel em http www scielo br pdf es v23n80 12926 pdf 2002 Acesso em 22 04 2008 WILLIANSON John Nossa agenda e o Consenso de Washington In KUCZYNSKI Pedro Pablo e WILLIANSON John org Depois do Consenso de Washington Retomando o crescimento e a reforma na Am rica Latina S o Paulo Saraiva 2003 156
42. Ed vozes 1998 p 7 10 SIMIONATTO Ivete A cultura do capitalismo globalizado Novos consensos e novas subalternidades In COUTINHO Carlos Nelson e TEIXEIRA Andr de Paula Ler Gramsci entender a realidade Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2003 289 p Reforma do Estado ou moderniza o conservadora O retrocesso das pol ticas sociais p blicas nos pa ses do Mercosul 2005 Texto em Gramsci e o Brasil Dispon vel em http www artnet com br gramsci arquiv 150 htm Acesso em 04 09 07 SINGER Paul Desafio Solidariedade In Sindicalismo amp Cooperativismo A Economia Solid ria em Debate Transforma es no Mundo do Trabalho Unitrabalho S d 66 p SOARES M C C Banco Mundial pol ticas e reformas In WARDE MJ et al O Banco Mundial e as pol ticas educacionais S o Paulo Cortez 1996 p 75 123 SOARES Laura Tavares Os Custos Sociais do Ajuste Neoliberal na Am rica Latina S o Paulo Cortez 2000 118 p Cole o Quest es da Nossa Epoca v 78 Ajuste Neoliberal e desajuste social na Am rica Latina Petr polis RJ Vozes 2001 365 p As marcas da ru na neoliberal sobre a prote o social Texto Dispon vel em http www unafisco org br estudos tecnicos 2003 as marcas da ruina htm Acesso em 29 11 2007 SOBRINHO Jos Dias Educa o Superior Flexibiliza o e regula o ou avalia o e sentido p blico In DOURADO Luiz F CATANI Afr nio M e OLIVEIRA Jo
43. M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Para Gramsci os modos de produ o se caracterizam pelas lutas que s o estabelecidas entre as classes sociais como resultado da divis o social do trabalho Nos modos de produ o capitalista as rela es sociais ocorrem num contexto de domina o e de dire o exercendo dessa forma a sua hegemonia A classe hegem nica utiliza o consenso para manter o dom nio e a dire o sobre o conjunto da sociedade E para manter se hegem nica necess rio reproduzir as formas que lhe permitem exercer o dom nio e a dire o da sociedade A educa o considerada como um dos elementos fortes para que se reproduza a ideologia dominante sobretudo atrav s da dissimula o das contradi es Pode se observar que em geral na civiliza o moderna todas as atividades pr ticas se tornaram t o complexas e as ci ncias se mesclaram de tal modo vida que toda atividade pr tica tende a criar uma escola para os pr prios dirigentes e especialistas e conseq entemente tende a criar um grupo de intelectuais especialistas de n vel mais elevado que ensinam nestas escolas A divis o fundamental da escola em cl ssica e profissional era um esquema racional a escola profissional destinava se s classes instrumentais ao passo que a cl ssica destinava se s classes dominantes e aos intelectuais GRAMSCI 1988 p 117 118 Na sociedade as id ias dominantes s o as da classe dirigente
44. Washington como parte de uma rede na qual se re nem grupos de intelectuais para discutir a m dio e longo prazo a perspectiva de crescimento hegem nico do poder em seus pa ses Inicialmente ele usou a seguinte express o para definir o Consenso de Washington O m nimo denominador comum de recomenda es de pol ticas econ micas que estavam sendo cogitadas pelas institui es financeiras baseadas em Washington e que deveriam ser aplicadas nos pa ses da Am rica Latina tais como eram suas economias em 1989 WILLIANSON 2003 p 3 O texto a partir de 1990 passou a ser considerado como uma pol tica oficial do Fundo Monet rio Internacional O documento passou a ser considerado como um receitu rio para promover o desenvolvimento macroecon mico dos pa ses em desenvolvimento Posteriormente a express o Consenso de Washington foi sendo utilizada como um elenco de medidas para justificar as pol ticas neoliberais com as quais o pr prio autor n o concorda Disse Willianson 2003 74 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Claro que eu nunca tive a inten o que o meu termo fosse usado para justificar liberaliza es de conta de capital externo monetarismo suppli side economics que tira do estado a fun o de prover bem estar social e distribui o de renda que entendo serem a quintess ncia do pensamento neoliberal WILLIANSON 2003 p 5 Assim compreende se que o Consenso de Washington
45. a da Grande Depress o ocorrida em 1929 30 as recess es generalizadas em 1974 75 e de 1980 83 que afetaram grande parte do mundo capitalista A hist ria demarcada por acontecimentos que apresentam rupturas resultando em grandes impactos para a sociedade Na hist ria os processos marcados por rupturas t m demonstrado avan os e retrocessos os quais s o apresentados por intervalos curtos e longos alguns podendo durar s culos A seguir apresentam se per odos que demarcaram acontecimentos hist ricos importantes Para alguns historiadores segundo Fiori 1996 o per odo compreendido entre o final da Segunda Guerra Mundial e os anos de 1973 considerado a era do ouro do capitalismo e da democracia pois nos paises de primeiro mundo havia avan os do ponto de vista da igualdade social Trata se de um momento excepcional na hist ria do capitalismo Para esses historiadores esse per odo pode ser denominado de era anti neoliberal se comparado com o atual neoliberalismo pois avan aram ideologicamente A Grande Depress o tamb m chamada por vezes de Crise de 1929 foi uma grande recess o econ mica que teve in cio em 1929 e que persistiu ao longo da d cada de 30 terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial O per odo considerado o pior e o mais longo per odo de recess o econ mica do s culo XX e que causou altas taxas de desemprego quedas dr sticas do produto interno bruto de diversos pa ses bem como quedas
46. aos conflitos de classe a economia livre de um controle r gido e a naturaliza o das desigualdades S o esses os pressupostos pol ticos que nortear o seus princ pios e suas estrat gias de a o pol tica LIMA e MARTINS 2005 p 52 Ocorre que n o um discurso aceit vel ideologicamente o de assumir a condi o de usurpador dos direitos sociais que a conseq ncia da pol tica pregada pelos arautos do neoliberalismo Assim o Estado neoliberal no momento em que passou a ser desnudado o car ter socialmente nocivo de suas doutrinas procurou amenizar a situa o dos mais pobres adotando medidas assistencialistas para uma parcela da sociedade definida como exclu dos Em apoio a tal afirmativa afirma Neves e Sant Anna 2005 nesse intuito que atuar o in meros dos aparelhos privados de hegemonia pertencentes ao atual bloco hist rico procurando disseminar a id ia segundo a qual o incentivo capacidade de doa o das classes socialmente dominantes sua atua o volunt ria e fraterna sua defesa de um interesse comum o qual permeia toda a sociedade seriam mecanismos eficazes para mantendo fora da pauta de discuss es e a es sociais as condi es concretas do atual projeto societ rio estimular o consenso nesse caso espec fico produzindo a convic o de que efetivamente n o haveria exclu do e sim aquele ainda n o inclu do NEVES e SANT ANNA 2005 p 33 48 Maciel M H R
47. as produtivas por isso ele n o defendeu de imediato para a ditadura do proletariado objetivos socialistas mas iniciou com objetivos democr ticos Assim indica como objetivos a nacionaliza o da terra dos trustes industriais dos bancos assim como o controle oper rio sobre a gest o das empresas Articula assim de modo extremamente interessante o car ter democr tico burgu s das reivindica es que a ditadura do proletariado deve se colocar na R ssia naquela determinada situa o hist rica com o objetivo do socialismo GRUPPI 1978 p 45 De acordo com Gruppi 1978 Marx ao tratar do conhecimento cient fico acerca das leis econ micas do desenvolvimento pode abreviar a ruptura do capitalismo ao contr rio de L nin que al m do conhecimento valoriza a iniciativa pol tica para ele esta se torna decisiva diante das contradi es que envolveram a R ssia no contexto da revolu o de 1917 Essas contradi es n o podem ser resolvidas pela burguesia e pelos partidos social democratas elas podem sim ser resolvidas no sentido democr tico e socialista pela classe oper ria pela ditadura do proletariado guiados pelo partido de vanguarda 16 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Nesse sentido L nin rompeu com a concep o evolucionista do marxismo que acreditava que a passagem do capitalismo ao socialismo poderia acontecer de forma evolutiva num processo natural sem a influ ncia do par
48. as rela es entre o Estado e a sociedade bem como as rela es entre capital e trabalho Tudo isso para atender as propostas neoliberais preconizadas pelo Consenso de Washington Os oito primeiros anos do seu governo foram dedicados implanta o de um novo projeto societ rio em conson ncia com o projeto societ rio defendido pelos organismos multilaterais do capital internacional No seu governo a Reforma do Estado cumpriu uma fun o estrat gica na program tica neoliberal ao implantar as reformas tribut ria previdenci ria e educacional O modelo de Estado neoliberal pelo qual os reformadores brasileiros se guiaram nos anos de 1994 a 1998 partiu do pressuposto de que Estado corresponde aparelhagem estatal composta por um n cleo burocr tico setor exclusivo do Estado em sentido estrito e por um setor n o exclusivo de servi os sociais e de obras de infra estrutura Sobre esse ltimo o aparelho de Estado reformado deveria deixar de intervir diretamente passando a ter papel regulat rio No modelo implementado a sociedade civil espa o estrutural de acordo com a vis o liberal de Estado e n o inst ncia superestrutural como define Gramsci corresponde esfera do social o terceiro setor parceria de Estado na execu o de seus servi os sociais MELO e FALLEIROS 2005 p 178 Com a utiliza o do discurso de ideologia dominante apresentou se a premissa de que pela extens o territo
49. brasileira de 1988 por ter sido elaborada com os fundamentos e princ pios do Estado de Bem Estar Social passou a ser um entrave para a consolida o das pol ticas neoliberais Ao adotar o receitu rio neoliberal o Brasil passou a se submeter ao ajuste neoliberal sobretudo por causa da sua grande d vida externa Assim se sujeitou s pol ticas de liberaliza o financeira e comercial de desregulamenta o cambial e passou a ter como principal objetivo a atra o dos recursos externos O que caracteriza a encruzilhada em que se encontra o Brasil na transi o do s culo XX ao XXI o abandono e o desmonte do projeto nacional com as suas implica es pol tico econ micas e s cio culturais e a implanta o de um projeto de capitalismo transnacional com as suas implica es pol tico econ micas e s cio culturais Est em curso a 93 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal transi o de uma na o em prov ncia com a transforma o do aparelho estatal em aparelho administrativo de uma prov ncia do capitalismo global Mais uma vez verifica se que o Estado pode transformar se em aparelho administrativo das classes dominantes neste caso classes dominantes em escala mundial para as quais os governantes nacionais se revelam simples funcion rios IANNI 2000 p 1 A inser o do Brasil no novo quadro financeiro foi se dando de forma subordinada hegemonia da pol tica externa norte americana No per odo do p s g
50. de bienestar al espectro de lo privado Los programas contra la exclusi n quedan as institu dos como derechos sociales de baja intensidad El bienestar ya no es tanto un derecho como una oportunidad Alonso 2000 La magnitud de estos cambios desestructur el conjunto de conquistas obtenidas por la ciudadan a social sobre todo las concernientes los derechos laborales adquiridos por los colectivos de trabajadores y tambi n aquellas que formaban parte de las pol ticas sociales universales llevadas adelante por el Estado El predominio de las pol ticas neoliberales en nuestro pa s implico una serie de reformas virulentas Una de las principales se aplico al rol del Estado As el programa de ajuste basado en la reestructuraci n global del Estado puso en vigor una fuerte reducci n del gasto p blico la descentralizaci n administrativa y el traslado de competencias salud y educaci n a los niveles provincial y municipal as como una serie de reformas orientadas a la desregulaci n y privatizaci n que impactaron fuertemente en la calidad y avances de los servicios hasta ese momento en poder del Estado nacional En consecuencia las reformas conllevaron una severa reformulaci n del rol del Estado en la relaci n con la econom a y la sociedad lo cual trajo como correlato la consolidaci n de una nueva matriz social caracterizada por una fuerte din mica de polarizaci n y por la multiplicaci n de las desigualdades
51. de trabalho intelectual GRAMSCI 1988 p 118 Na escola unit ria o trabalho e a teoria est o interligados Dessa forma as classes subordinadas podem se preparar para exercer um papel diretivo e dominante de forma coletiva na sociedade O que d organicidade escola unit ria o trabalho que passa a ser o elemento fundamental para a constru o do princ pio educativo na educa o gramsciana O conceito e o fato do trabalho da atividade te rico pr tica o princ pio educativo imanente escola elementar j que a ordem social e estatal direitos e deveres introduzida e identificada na ordem natural pelo trabalho O conceito de equil brio entre ordem social e ordem natural sobre o fundamento do trabalho da atividade te rico pr tica do homem cria os primeiros elementos de uma institui o do mundo liberta de toda magia ou bruxaria e fornece o ponto de partida para o posterior desenvolvimento de uma concep o hist rico dial tica do mundo para a compreens o do movimento e do devenir para a valoriza o da soma de esfor os e de sacrif cios que o presente custou ao passado e que o futuro custa ao presente para concep o da atualidade como s ntese do passado de todas as gera es passadas que se projeta no futuro GRAMSCI 1988 p 130 131 Para Gramsci a escola unit ria apresenta como fundamento de sua proposta a id ia de liberdade concreta universal e historicamente constru da Na defesa da escola
52. divulga o das 46 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia id ias da classe dirigente E a educa o como afirmou Gramsci continua sendo um dos principais aparelhos ideol gicos do Estado Sob a hegemonia burguesa o Estado capitalista vem realizando a adapta o do conjunto da sociedade a uma forma particular de civiliza o de cultura de moralidade No decorrer do s culo XX diante das mudan as qualitativas na organiza o do trabalho e nas formas de estrutura o do poder o Estado capitalista mundialmente vem redefinindo suas diretrizes e pr ticas com o intuito de reajustar suas pr ticas educativas s necessidades de adapta o do homem individual e coletivo aos novos requerimentos do desenvolvimento do capitalismo monopolista NEVES e SANT ANNA 2005 p 26 O Estado capitalista identificado tamb m como Estado de Classe tem priorizado em seus projetos as pol ticas sociais e com destaque a educacional por ser esta a que define as diretrizes de uma das mais importantes organiza o de difus o da ideologia a educa o No Estado de Classe a educa o veicula a ideologia da classe dominante para que esta mantenha a dire o e o dom nio dos interesses do capital internacional ou seja a manuten o da sua hegemonia Sob a hegemonia burguesa ao formar intelectuais org nicos em sentido amplo e restrito segundo os ideais id ias e pr ticas da classe dominante e dirigente a escola t
53. do Nosso Tempo Campinas SP Autores Associados 1977 BELLONI Isaura A educa o superior na nova LDB In Brzezinski org LDB INTERPRETADA diversos olhares se entrecruzam 2 ed Revisada S o Paulo Cortez 1998 280 p 148 A Gratifica o de est mulo doc ncia GED e a Pol tica de educa o superior In SGUISSARDI Valdemar org Educa o Superior Velhos e novos desafios S o Paulo Xam 2000 246 p BRASIL Constitui o da Rep blica Federativa do Brasil 5 de outubro de 1988 Plano Decenal de Educa o para Todos Bras lia DF MEC 1993 A Confer ncia de Nova Delhi Bras lia DF MEC 1994 Lei n 9 394 de 29 de dezembro de 1996 Diretrizes e Base da Educa o Nacional Bras lia DF MEC 1996 Edital n 04 de 4 de dezembro de 1997 Convoca as institui es de Ensino Superior a apresentar propostas para as novas diretrizes Curriculares dos cursos superiores que ser o elaboradas pelas Comiss es de Especialistas da SeSu MEC Bras lia DF MEC 1997 Decreto n 2 207 de 1997 Regulamenta para o Sistema Federal de Ensino Superior as disposi es contidas na Lei n 9 396 96 Bras lia DF MEC 1997 Decreto n 2 306 de 1997 Regulamenta para o Sistema Federal de Ensino Superior as disposi es contidas na Lei n 9 396 96 Bras lia DF MEC 1997 Lei n 9 678 de 03 de julho de 1998 Gratifica o de Est mulo a Doc ncia Bras lia DF MEC 1998 Decreto n 3
54. dos 49 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia fundamentos neoliberais ao novo processo de avan o da classe trabalhadora aos cargos de dire o nos pa ses A ideologia neoliberal consolidada no s culo XX n o confirmou as suas teses apregoadas como sendo verdades absolutas as quais s o denominadas de mitos por Pochmann 2001 na obra A d cada dos mitos citado por Hermida 2006 no texto de seu livro A educa o na era FHC houve nessa d cada oito mitos bem definidos o da melhor distribui o de renda no p s real o do alto custo do trabalho no Brasil aquele que sustenta que o esvaziamento do papel do Estado levaria o pa s ao crescimento econ mico sustentado o da abertura comercial e internacionaliza o da economia que permitiria a moderniza o do parque produtivo e a redu o do emprego o do avan o da nova economia favorecido pela aceita o no Brasil do tecnoglobalismo o do rompimento com as pol ticas de desenvolvimento regional do Brasil que possibilitaria a conforma o de um pa s menos desigual o da desresponsabiliza o do Estado para com o rendimento dos trabalhadores de sal rio de base como forma de levar redu o da desigualdade dos rendimentos do trabalho e eleva o do sal rio e finalmente o da necessidade de acabar com a era Vargas atrav s da imposi o de pol ticas neoliberais que retiraram direitos socia
55. e as que promovem o ensino e pesquisa Isso ocorreu mediante a classifica o das institui es de ensino superior em universidades centros universit rios faculdades integradas faculdades e institutos superiores ou escolas superiores tendo cada uma delas fun es espec ficas e distintas Outro fato que demonstra o comprometimento do Estado brasileiro com a pol tica de ajuste neoliberal o de incentivar inclusive com recursos p blicos a prolifera o de institui es privadas de ensino superior reduzindo a sua participa o e transferindo para empres rios privados o oferecimento dos servi os educacionais Assim sob o prisma do neoliberalismo a Educa o passa a ter novo paradigma o qual privilegia o aprendizado das habilidades pr ticas fragmentadas e utilitaristas visando atender ao mercado de trabalho n o dando a devida aten o educa o geral proped utica human stica e omnilateral p blica de qualidade e universal Acredita se que os fundamentos das diretrizes que v m sendo disseminadas para o ensino superior no Brasil e que contemplam prioritariamente os interesses da pol tica econ mica nacional e internacional de expans o e acumula o do capital contrariam seus princ pios de eq idade pertin ncia e autonomia Nessa dire o argumenta se que os mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal definem as diretrizes para o ensino superior no Brasil visando atender aos interesses do capitalismo global
56. es entre estrutura e superestrutura est na representa o de sua unidade E essa unidade forma um v nculo org nico correspondendo a uma organiza o social representada pela situa o hist rica global na qual est inserida uma estrutura social que corresponde s classes que tanto dependem diretamente da rela o com as for as produtivas como da superestrutura ideol gica e pol tica O segundo aspecto defende que o bloco hist rico deve ser tomado como ponto de partida para a an lise do sistema de valores culturais chamado por Gramsci de ideologia Esse conjunto de valores culturais pode impregnar penetrar socializar e integrar um sistema social o qual por sua vez s pode ser considerado integrado quando estiver solidificado em um sistema hegem nico o qual deve ser dirigido pela classe fundamental confiada aos intelectuais O conceito de bloco hist rico n o pode estar isolado do de hegemonia do bloco intelectual somente assim pode captar a unidade org nica entre a estrutura e a superestrutura na sua realidade social E o terceiro aspecto representa o quadro de an lise do bloco hist rico no qual Gramsci apresenta seus estudos sobre como se desagrega a hegemonia da classe dirigente na dire o da constru o do novo sistema hegem nico criando dessa forma o novo bloco hist rico Assim para a compreens o do processo de constru o do conceito de hegemonia gramsciano importante o aprofundamento dos estudo
57. exclus o social visto no pa s Assim o Brasil na transi o do s culo XX para o XXI pela ades o dos sucessivos governos agenda neoliberal globalizante encontra se em r pido processo de abandono e desmonte do seu projeto nacional e consequentemente com as suas implica es pol tico econ micas e s cio culturais 103 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil 4 O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL O ensino superior no Brasil outra das importantes categorias desta pesquisa A sua an lise feita a partir da compreens o dos efeitos produzidos pelos mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal na constru o das diretrizes para o ensino superior no Brasil Esse n vel de ensino se realiza no interior das institui es acad micas as quais t m como fun o social produzir divulgar e aplicar o conhecimento cient fico em todas as reas do conhecimento e exercer a forma o da cidadania plena No Brasil as Institui es de Ensino Superior foram sendo criadas com a id ia de associa o ao processo de moderniza o Nessa perspectiva de acordo com Santos 1994 desde a funda o das primeiras Universidades no s culo XII houve conflito e tens o entre o Estado e a Sociedade em rela o ao papel social a ser desenvolvido pelas universidades No in cio as universidades eram mantidas e controladas exclusivamente pelo Estado e realizavam a forma o de m o de obra pontual O ensino superior seguia o modelo franc
58. hegemonia para Gramsci o analfabetismo representa uma dificuldade para que a classe subalterna supere o est gio de senso comum e avance na dire o da sua hegemonia Nesse aspecto os intelectuais t m papel important ssimo de alfabetizar devendo utilizar novos m todos que favore am a alfabetiza o na perspectiva da forma o da consci ncia cr tica Sabe se que o analfabetismo favorece a classe dominante pelo grau elevado de consci ncia acr tica da classe dominada O homem alfabetizado a partir da leitura da realidade forma uma consci ncia cr tica e pol tica do seu papel na constru o da contra hegemonia Para Gramsci a escola deve ser o locus de forma o da consci ncia e dos valores fundamentais do humanismo capaz de gerar um homem forte e organizado para ser tenaz e resistente educado para ser confiante Na perspectiva de forma o da consci ncia coletiva esse processo educativo se contrap e ao modelo de educa o tradicional que est voltada para a elite A escola tem contribu do para a manuten o do status quo pois mesmo ao avan ar para os m todos modernos que difundem uma educa o voltada para o mundo continua na ess ncia marginalizando a classe dominada uma vez que n o favorece a educa o para as massas A educa o imbu da da concep o acr tica individualista s favorece ao processo de domina o e subservi ncia da sociedade possibilitando a perpetua o da hegemonia da classe dominant
59. intelectual e moral e o leninista sobre o conceito de revolu o cultural L nin destaca a constru o da teoria na consolida o da ditadura do proletariado ao afirmar que N o h revolu o sem teoria revolucion ria n o h revolu o sem um 1 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia partido que encarne a teoria no movimento das massas dirija as massas organize as elabore uma estrat gia e conduza uma t tica L NIN apud GRUPPI 1978 p 38 De acordo com Gruppi 1978 para L nin espontaneamente a classe oper ria n o toma consci ncia do antagonismo em rela o ao patr o e n o vai al m do n vel da consci ncia sindical assim n o alcan a o n vel pol tico Para alcan ar a supera o da espontaneidade da trade unionista do n vel sindical da reivindica o imediata s se alcan ar atrav s da teoria revolucion ria a qual n o se forma espontaneamente no interior da classe oper ria Diz L nin A doutrina do socialismo surgiu daquelas teorias filos ficas hist ricas e econ micas que foram elaboradas pelos representantes cultos das classes possuidoras pelos intelectuais P e sua posi o os pr prios fundadores do socialismo cient fico contempor neo Marx e Engels eram intelectuais burgueses Tamb m na R ssia a doutrina te rica da social democracia surge de modo inteiramente independente do desenvolvimento espont neo do movimento oper rio surge como resultado
60. internos e externos Tal processo desencadeia a expans o de filiais de empresas transnacionais sediadas no pa s a venda das empresas nacionais a fus o das empresas nacionais com as estrangeiras o aumento das importa es de bens de capital a terceiriza o de atividades e outros A diminui o de sua capacidade de investimento e o crescente endividamento p blico interno e externo provocado pelas pol ticas cambial e de juros no qual se sustenta o novo modelo de estabiliza o adotado surgem como conseq ncia do ajuste fiscal permanente A pol tica de minimiza o do Estado n o deu resultados satisfat rios para atender aos interesses do capital financeiro e sendo esse o objetivo maior das pol ticas neoliberais partiu se para a reconstru o do novo papel do Estado para desencadear o crescimento econ mico em prol dos pa ses centrais 88 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal O car ter desigual dessa moderniza o entre pa ses empresas e pessoas leva a uma distribui o regressiva dos benef cios do progresso t cnico A forma como feita a socializa o das perdas provoca entre outras coisas uma crise fiscal de contornos estruturais e transfer ncias patrimoniais de grande porte Neste caso o car ter global da moderniza o est dado pelo sentido comum de agravamento das desigualdades e de produ o de exclud ncia Esse tipo de transforma o produtiva caracteriza se pelo car ter rest
61. mas conhec lo como um ser produzido num processo de rela es sociais ativas Apesar de reconhecer a import ncia da individualidade do ser humano reconhece tamb m que essa constru da a partir de uma totalidade composta por diversos elementos quais sejam o indiv duo os outros e a natureza Em suma deve se conceber o homem como uma s rie de rela es ativas um processo no qual se a individualidade tem a m xima import ncia n o todavia o nico elemento a ser considerado A humanidade que se reflete em cada individualidade composta de diversos elementos 1 o indiv duo 2 os outros homens 3 a natureza Mas o segundo e o terceiro elementos n o s o t o simples quanto poderia parecer O indiv duo n o entra em rela o com os outros homens por justaposi o mas organicamente isto na medida em que passa a fazer parte de organismos dos mais simples aos mais complexos Desta forma o homem n o entra em rela o com a natureza simplesmente pelo fato de ser ele mesmo natureza mas ativamente por meio do trabalho e da t cnica E mais estas rela es n o s o mec nicas S o ativas e conscientes ou seja correspondem a um grau maior ou menor de inteligibilidade que delas tenha o homem individual Da ser poss vel dizer que cada um transforma a si mesmo se modifica na medida em que transforma e modifica o conjunto das rela es do qual ele o ponto central GRAMSCI 1981 p 39 40 29 Maciel
62. nas rela es pol tico sociais com vistas legitima o dos padr es de rela es sociais vigentes NEVES e SANT ANNA 2005 p 20 45 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia As reflex es a respeito do conceito de Gramsci sobre bloco hist rico no qual ele apresenta a rela o dial tica entre a estrutura e a superestrutura representam na atualidade as estrat gias burguesas de expropria o explora o e domina o da classe trabalhadora De acordo com Neves e Sant Anna 2005 a compreens o de que h uma reciprocidade e indissociabilidade entre a estrutura e a superestrutura na hist ria mostra que as sociedades capitalistas e as classes sociais t m vivido concomitantemente uma dupla ordem de contradi es quais sejam entre a socializa o do trabalho e apropria o privada do trabalho social e entre a socializa o da pol tica e apropria o individual ou grupista do poder Ao longo do tempo atrav s de lutas e retrocessos a sociedade civil vivenciou v rias formas de consolida o ou n o de sua hegemonia Acompanhando o pensamento de Neves e Sant Anna 2005 v se como a sociedade civil tem evolu do ao longo da hist ria Sob esse conjunto de determina es a sociedade civil que at ent o era primitiva e gelatinosa isto pouco organizada politicamente politiza se ou seja OS v rios grupos que a comp em passam organicamente de forma mais efetiva a defender seus m ltiplos
63. nova classe dominante forma os seus intelectuais 19 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia org nicos al m de conquistar os que faziam parte do modelo vigente anterior L nin tamb m destacou na sua an lise a import ncia do papel do intelectual no partido pol tico O terceiro aspecto reside na an lise da base social Para Gramsci a classe social que pretende construir a sua hegemonia n o pode faz lo sozinha ter que compor o bloco hist rico para a sua consolida o Para a constru o de uma nova sociedade civil os que representam a classe fundamental buscam apoio entre outros intelectuais representantes de outras camadas sociais Assim consegue se anular as possibilidades de sobreviv ncia dos grupos rivais representantes da antiga classe dirigente A base da classe social de qualquer hegemonia tem como apoio uma classe que se torna fundamental durante todo o per odo hist rico considerado no contexto Os estudos de Gramsci coincidem com os de L nin como ficou demonstrado no artigo Alcuni temi della questione meridionale 1 930 o qual apresentou uma conflu ncia perfeita com as diretrizes da Internacional como tamb m na sua an lise do Mezzogiorno E o quarto aspecto consiste na an lise da correla o de for as no seio do sistema hegem nico Nessa dire o Gramsci refletindo sobre a problem tica cidade campo demonstrou qual deveria ser a atitude das for as urbanas que eram a bur
64. o Paulo Abril Cultural 1978 Os Pensadores 53 p MEC Sinaes Dispon vel em http www inep gov br superior sinaes 2004 Acesso em 20 02 2008 MELO Marcelo Paula de e FALLEIROS Tal Reforma da aparelhagem estatal Novas estrat gias de legitima o social In NEVES L cia Maria Wanderley org A Nova Pedagogia da Hegemonia estrat gias do capital para educar o consenso S o Paulo Xam 2005 192 p MIRANDA M G Novo paradigma de conhecimento e pol ticas educacionais na Am rica Latina Cadernos de Pesquisa S o Paulo n 100 p 49 56 mar 1997 NEGR O J J Para conhecer o neoliberalismo S o Paulo Publisher Brasil 1998 NEVES L cia Maria Wanderley org A nova pedagogia da hegemonia estrat gias do capital para educar o consenso S o Paulo Xam 2005 312 p NEVES L cia Maria Wanderley E SANT ANNA Ronaldo Gramsci o Estado e a nova pedagogia da hegemonia In NEVES L cia Maria Wanderley org A Nova Pedagogia da Hegemonia estrat gias do capital para educar o consenso S o Paulo Xam 2005 39 p PAGANO Ana e FINNEGAN Flor ncia El derecho a la educaci n en Argentina Dispon vel em http www forolatino org flape producciones coleccion Flape 02Arg Derecho pdf 2007 Acesso em 15 01 2008 153 PEIXOTO Maria do Carmo de Lacerda Gest o da qualidade da educa o superior avalia o e curr culos In DOURADO Luiz F CATANI Afr nio M e OLIVEIRA Jo o F de Pol tic
65. o s no campo militar mas sobretudo no pol tico e no religioso No contexto da Idade M dia ele avan ou para as classes a exemplo da Igreja A partir da a hegemonia vai se consolidando em classes diferenciadas como por exemplo a burguesia Na Idade Moderna a utiliza o do conceito de hegemonia voltou se sobretudo para as classes Suas caracter sticas avan aram de atitudes e a es voltadas para o especificamente pol tico militar para as quest es econ micas culturais e religiosas E na contemporaneidade o conceito de hegemonia ganha for a Al m de envolver os elementos pol tico militar econ mico cultural e religioso a a o hegem nica avan a do individual para o coletivo e das classes para as na es Assim a palavra hegemonia no princ pio era utilizada para referir se ao chefe ou comandante posteriormente essas prerrogativas que eram individuais do chefe do l der passaram a pertencer a um ente coletivo ou seja cidade estado A partir da compreens o do conceito de hegemonia utilizado ao longo da hist ria apresenta se neste trabalho a reconstru o desse conceito por te ricos marxistas inicialmente por Marx e Engels e posteriormente por L nin e Gramsci a nova gera o de te ricos marxistas Marx e Engels j haviam esbo ado em grandes linhas a id ia de hegemonia do proletariado As id ias come aram a delinear se quando da defesa da tese de que o proletariado o herdeiro
66. pela press o que ele teve dos concorrentes internacionais que tinham interesse na sua aquisi o Hoje a Vale do Rio Doce uma das maiores mineradoras do mundo liderando mundialmente a exporta o de min rio O processo de privatiza o segue de forma inconseqiiente e atinge os servi os de telefonia fixa Nesses foi feito o desmembramento do patrim nio da empresa estatal de 98 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Telecomunica es Brasileiras S A TELEBR S em duas Brasil TELECOM e TELEMAR Outra empresa tamb m privatizada foi a Empresa Brasileira de Telecomunica es EMBRATEL respons vel pelas liga es telef nicas de longa dist ncia e pela realiza o de servi os de teleconfer ncia Entre os anos de 1991 e 2000 o Brasil consolidou o seu compromisso de ajuste neoliberal com a privatiza o de 65 empresas com participa es acion rias estatais federais atingindo os seguintes setores el trico petroqu mico minera o portu rio financeiro de inform tica e de malhas ferrovi rias Esse processo de privatiza o foi paulatinamente atingindo os Estados brasileiros pois o governo utilizou uma pol tica bem sucedida de transfer ncia de recursos financeiros para os Estados e em troca recebia apoio para acelerar o processo de privatiza o no pa s Ap s as privatiza es das empresas nacionais o governo brasileiro perdeu o seu controle acion rio passando para os investidores externos e internos
67. pequenas diante da avalanche das derrotas para as diretrizes neoliberais n o chegando a amea ar a sua hegemonia 145 Maciel M H R S ntese Propositiva oportuno citar o pensamento de Gruppi 1978 p 90 a respeito da hegemonia da classe dominante ao afirmar o autor que ela entra em crise quando desaparece sua capacidade de justificar um determinado ordenamento econ mico e pol tico da sociedade ocasi o em que pode eclodir um processo de contra hegemonia em que a classe subalterna luta para que prevale am na sociedade as suas concep es de mundo luta que reflexo da infra estrutura econ mica da sociedade tendo a ideologia um papel fundamental nesse processo Por fim empiricamente tem se verificado que as universidades p blicas v m apresentando resist ncia por variadas formas ao processo de submiss o s diretrizes tra adas pelas institui es transnacionais para o Ensino Superior ao contr rio do que ocorre com as institui es privadas de ensino superior que t m se enquadrado nas referidas diretrizes Diante do quadro apresentado como conseq ncia da aplica o das pol ticas neoliberais no pa s v se que necess ria uma profunda reforma na Educa o nacional de forma a atender aos interesses da sociedade que seja p blica gratuita e de qualidade com conte do que possibilite a forma o integral do homem Significa que ao lado da prepara o para o trabalho a educa o deve ter com
68. que v m refor ar a dualidade estrutural da educa o brasileira AGUIAR 2000 p 84 Essa diversifica o dos espa os de forma o acad mica viola o princ pio constitucional contido no art 207 da Lei Maior ao dissociar o ensino da pesquisa e da extens o criando institui es para cada uma dessas fun es da Universidade Esses documentos normativos permitiram a cria o de formatos institucionais diferenciados possibilitando o surgimento de novos cursos p s m dios al m de novas modalidades educacionais tais como educa o a dist ncia e educa o profissional Essa diversifica o dos formatos institucionais da Universidade flexibilizou a educa o superior que ser ministrada em institui es de ensino superior p blicas ou privadas com variados graus de abrang ncia ou especializa o de acordo com o art 45 da LDB Essa foi tamb m uma forma engenhosa de sem despender mais recursos para a manuten o do ensino superior responder aos interesses e press es dos diversos grupos as universidades passam a ser o suposto reduto de inteligentsia os centros universit rios o reino da excel ncia do ensino as faculdades integradas faculdades institutos superiores a grande alegria das massas que agora ter o mais acesso facilitado bem verdade mas pago com certeza ao ensino superior AGUIAR 2000 p 85 De acordo com Dourado Oliveira e Catani 2003 o resultado desse processo foi o vertiginoso c
69. redefini o global do campo pol tico institucional e das rela es sociais Passa a existir um outro projeto de reintegra o social com par metros distintos queles que entraram em crise a partir do final dos anos 70 Trata se de uma crise global de um modelo social de acumula o cujas tentativas de resolu o t m produzido transforma es estruturais que d o lugar a um modelo diferente denominado de neoliberal que inclui por defini o a informalidade no trabalho o desemprego o subemprego a desprote o trabalhista e conseqiientemente uma nova pobreza Ao contr rio portanto do que se afirma a reprodu o em condi es cr ticas de grandes parcelas da popula o faz parte do modelo n o impedindo a reprodu o do capital Essas condi es n o s o uma manifesta o de que o sistema estaria funcionando mal e sim a contra face do funcionamento correto de um novo modelo social de acumula o SOARES 2003 p 1 A partir do pensamento de Soares 2003 percebe se que as id ias neoliberais foram disseminadas de forma hegem nica n o somente no campo econ mico mas sobretudo no mbito das id ias no terreno das pol ticas e no campo social O mundo contempor neo tem assistido s graves crises econ micas que v m assolando a sociedade como um todo Os ide logos do neoliberalismo t m direcionado seus objetivos no sentido de encontrar respostas para a supera o dessa crise O ajuste neolibera
70. reflexo sobre as pol ticas sociais que passaram a ser reformadas procurando atender aos interesses das grandes corpora es internacionais Dentre as reformas do Estado teve destaque a reforma educacional A import ncia dessas reformas explica se pelo fato de ser a educa o como afirma Gramsci 2001 um espa o privilegiado de dissemina o da ideologia um dos instrumentos de conquista e manuten o da hegemonia A luta ideol gica fundamental para a conquista e a manuten o da hegemonia nas demais esferas da sociedade Assim foi sendo aplicado o que se denominou de ajuste neoliberal constitu do por diversas diretrizes econ micas e pol ticas com vistas a colocar em pr tica as propostas do neoliberalismo para a sociedade inicialmente nos pa ses europeus sendo posteriormente impostas maioria dos pa ses do chamado Terceiro Mundo entre eles o Brasil Nos anos 70 a pol tica do ajuste neoliberal surge como modelo e nos anos 80 consolida se como programa As diretrizes econ micas e pol ticas do neoliberalismo seguem um mesmo padr o em todos os pa ses com adapta es pontuais que n o chegam a comprometer o modelo Nos pa ses perif ricos do capitalismo mundial essas diretrizes se traduzem na redu o da responsabilidade social do Estado na nfase estabilidade da economia na abertura dos mercados nacionais para o capital internacional e na privatiza o das empresas estatais al m da flexibiliza o e re
71. rio Aos que fazem a Pr Reitoria de Gradua o pela possibilidade de crescimento na participa o da constru o de pol ticas p blicas educacionais Ao Centro de Educa o espa o de forma o dos professores onde estudei e hoje leciono a v rios que por ali passaram e passam para que possam se tornar verdadeiros educadores A Coordena o do Curso de Pedagogia pela conviv ncia com os alunos e aos funcion rios pelo trabalho t cnico pedag gico realizado com compet ncia e humanidade Ao Departamento de Habilita es Pedag gicas espa o mais pr ximo do exerc cio profissional em que se busca conviver com os colegas as diverg ncias pol ticas de forma cr tica humana e tica Ao Programa de P s Gradua o em Educa o pela estrutura e funcionamento apoio e colabora o para operacionaliza o das atividades acad micas realizadas pelos professores funcion rios e alunos Aos colegas do Doutorado por compartilharem de todos os momentos vividos durante a caminhada acad mica no processo de doutoramento As amigas mais pr ximas no Doutorado Amparo Concei o e Geovan pela conviv ncia na elabora o dos trabalhos em grupo quando exercitamos coletivamente a produ o do trabalho cient fico de forma tranqiila e alegre Ao grupo de amigas em que a afetividade vai al m do relacionamento profissional Amparo Laura Milva e Salete pelos momentos de descontra o em que trocamos experi ncias da n
72. ser privada e torna se p blica pois somente assim ela pode abarcar todas as gera es sem divis o de grupos ou castas GRAMSCI 2001 p 36 Enfim dando continuidade s mudan as propostas pelo ajuste neoliberal foi aprovada a lei que trata das diretrizes da educa o nacional Esta foi aprovada como Lei Ordin ria no Congresso Nacional a Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional Lei n 9 394 96 de 17 12 1996 sancionada pelo Presidente da Rep blica no dia 20 12 1996 e publicada no Di rio Oficial da Uni o no dia 23 12 96 O documento n o contempla os anseios da sociedade mas visa atender aos imperativos do Banco Mundial e da nova ordem econ mica globalizada A nova Lei de Diretrizes e Base da Educa o Nacional apesar de considerar a educa o como um instrumento que leva sociedade a promo o do bem estar social a justi a e a cidadania contraditoriamente quando trata dos princ pios e fins da educa o 122 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil desenvolve os princ pios previstos nos ideais neoliberais que tratam a forma o do cidad o a partir das concep es modernas para o mundo globalizado A nova LDB formada de generalidades o que fez com que os seus defensores a tenham denominado de flex vel Essa flexibilidade possibilitou aos sucessivos governos neoliberais a implanta o de sua pol tica educacional uma tarefa que seria bastante dificultada se tivesse sido aprovada a LDB democ
73. ses levou muitos deles a elaborar programas emergenciais que t m se apresentado insuficientes para diminuir a desigualdade social agravada pelo ajuste neoliberal A esse respeito oportuno transcrever o seguinte coment rio extra do da e book de autoria de Pagano e Finnegan 2007 A partir de mediados de la d cada de 1970 se produce una honda transformaci n de este escenario La aplicaci n de pol ticas neoliberales profundizadas desde fines de la d cada de 1980 y princ pios de la d cada de 1990 produjo un ataque a las bases y conquistas hist ricas desarrolladas durante el Estado de Bienestar As la desmaterizalizaci n individualizaci n y fragmentaci n progresiva de los derechos sociales han sido por tanto las caracter sticas m s notables de la reformulaci n postwelfarista de stos Se trata pues de mantener derechos sociales formales sin crear una esfera de derechos distributivos sustantivos ni alterar los derechos de propiedad Preuss 1991 Si el Estado de Bienestar keynesiando modific la esfera de la distribuci n sin 89 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal intervenir en la racionalidad productiva la vuelta de tuerca postkeyneisna se ha planteado como la realizaci n de una estricta lista de servicios m nimos cheques de prestaciones y acciones asistenciales que sin modificar las relaciones de distribuci n ni la asignaci n de los derechos de propiedad asocien el mbito y la posibilidad
74. sicas do cidad o brasileiro tais como emprego moradia sa de entre outros Ocorre que h uma dist ncia entre o discurso e a pr tica governamental em que o primeiro prega uma educa o para todos e a segunda priva a maioria da popula o de uma educa o de qualidade Na perspectiva neoliberal isto acontece porque a crise educacional n o se reduz apenas exist ncia de certo modelo de Estado nem ao car ter supostamente corporativo das entidades sindicais O problema mais complexo os indiv duos s o tamb m culpados pela crise E culpada na medida em que as pessoas aceitaram como natural e inevit vel o status quo estabelecido por aquele sistema improdutivo de interven o estatal Os pobres s o culpados pela pobreza os desempregados pelo desemprego os corruptos pela corrup o os faceados pelas viol ncia urbana os sem terra pela viol ncia no campo os pais pelo rendimento escolar de seus filhos os professores pela p ssima qualidade dos servi os educacionais O neoliberalismo privatiza tudo inclusive tamb m o xito e o fracasso social Ambos passam a ser considerados vari veis dependentes de um conjunto de op es individuais atrav s das quais as pessoas jogam dia a dia seu destino como num jogo de baccarat Se a maioria dos indiv duos respons vel por um destino n o muito gratificante porque n o souberam reconhecer as vantagens que oferecem o m rito e o esfor o individuais atrav s dos quais se triu
75. sociais e com a reforma da previd ncia social a desregulamenta o e abertura do capital para que ele se tornasse competitivo no mercado internacional o que levou desonera o fiscal flexibiliza o dos mercados de trabalho diminui o da carga social com os trabalhadores e diminui o dos seus sal rios e ao desmonte do modelo anterior O neoliberalismo corporificado num conjunto de propostas que recebeu o apelido de Consenso de Washington uma tentativa de responder a essa dupla necessidade do capitalismo moderno ter uma ideologia positiva legitimadora do sistema e ao mesmo tempo justificadora da nova a o de seus monop lios no conjunto do mundo E tenta faz lo como o pr prio nome indica mais uma vez a partir da bandeira da liberdade da nova liberdade SOUZA 1995 p 15 15 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal As propostas apresentadas neste grande plano macroecon mico para os pa ses perif ricos foram denominadas de pacote de reformas estruturais chamadas tamb m de reformas institucionais ou de reformas condicionais Uma dos alvos das reformas recomendadas pelo Consenso de Washington foi a educa o Nesse contexto a constru o das novas pol ticas educacionais teve como prioridade a educa o b sica A esse respeito seguem coment rios feitos por Leher 2001 A nova gera o de economistas que assumiram o Banco Mundial em 1980 indicados por Reagan como Anne Krueguer e G Psac
76. sogro e sogra Arnaud Silva Costa e Iraci Marinho Costa por estarem presentes em nossas vidas nos momentos de alegria e de luta al m de exemplos de pai carinhoso e intelectual e de m e dedicada Aos meus cunhados e cunhadas Josieldes Maria Auxiliadora Margarida F bio Mozart e Ivana Joaquim Lopes e Vasti Cl a Lavoisier e Dalva e Arnaud Filho por compartilharem a alegria de ser fam lia Marinez av de Gabriel pela sua contribui o na partilha da tarefa de ser av no momento final da Tese A Jane e Zefinha que colaboraram com os afazeres da casa para que eu pudesse me dedicar a este trabalho Ao prof Dr Roberto Jarry Richardson orientador e amigo por ter me acompanhado na elabora o e consolida o desta Tese exercendo sempre o papel de educador competente num relacionamento afetuoso e compreensivo Na constru o deste trabalho fui incentivada a crescer na produ o do conhecimento cient fico de forma humana cr tica e tica Aos professores Janine Marta Coelho Maria Claur nia Silveira e Wilson Honorato Arag o pelas contribui es e cr ticas construtivas que ofereceram durante o processo de Qualifica o Aos professores Janine Marta Coelho Maria Claur nia Silveira Maria de Lourdes Soares e Wilson Honorato Arag o que se dispuseram a compor a Banca de Defesa de Tese A Universidade Federal da Para ba por me proporcionar as condi es necess rias para o exerc cio profissional do magist
77. sua pr pria liberdade logo n o tem condi es tamb m de lutar pela liberdade coletiva O conceito de liberdade em Gramsci exige sempre o de responsabilidade e de disciplina criando a necessidade de um objetivo a n vel de massa Somente ser verdadeira a liberdade que se afirma como a o coletiva e n o individual mas sem anular a personalidade de cada indiv duo JESUS 1989 p 46 A liberdade coletiva alcan ada inicialmente pela educa o voltada para o indiv duo a qual paulatinamente vai transformando o homem num ser social A partir da o indiv duo liberta se da coer o necessidade e alcan a o est gio da liberdade consci ncia necessidade Nos estudos gramscianos a passagem da educa o individual para o sistema social tamb m a que promove a passagem do momento ego stico passional individual para o est gio que eleva o homem para o n vel da consci ncia tico s cio pol tico Nessa dire o a estrutura social se liberta da opress o e alcan a a liberta o Gramsci analisou os estudos de Hegel sobre o conceito de liberdade e a partir desses estudos construiu o seu conceito de liberdade na perspectiva de que essa pudesse se tornar um instrumento de constru o da hegemonia atrav s da educa o Foi atrav s desse conceito de liberdade que Gramsci p de elaborar todos os projetos pol tico pedag gicos objetivando a participa o coletiva no contexto de uma pr tica p
78. sujeitam l gica do mercado Seu funcionamento se fundamenta no planejamento de longo prazo que feito pelos t cnicos e administradores p blicos camada que s na apar ncia se assemelha casta tecnoburocr tica da rea privada Isto porque al m de outras h tr s diferen as fundamentais entre a l gica privada e a p blica a enquanto o planejamento na esfera privada limita se a o do pr prio grupo empresarial o da empresa p blica insere se num contexto mais amplo que o do conjunto da a o governamental b enquanto o planejamento privado obedece ao comando 19 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal de indiv duos que n o respondem a qualquer controle social o planejamento p blico obedece ao comando pol tico governo de quem oriundo do voto popular tem de dar satisfa o sociedade c enquanto na empresa privada o planejamento leva em considera o apenas e t o somente o interesse de seus propriet rios que a busca do lucro m ximo na empresa p blica o objetivo o interesse geral do pa s e da sociedade O progresso econ mico e o bem estar social s o o norte dos planejadores p blicos SOUZA 1995 p 71 72 A partir dessa posi o compreende se que n o existe excesso de Estado na economia mas interesses privados se sobrepondo aos p blicos dentro do Estado E para a solu o dos problemas desencadeados pela crise do capitalismo mundial os neoliberais pensam diferentemente e confir
79. 1996 proposta pelos educadores ou seja n o foi considerado em sua ess ncia na proposta que foi finalmente aprovada pelo Congresso E finalmente o Projeto de Lei do Plano Nacional de Educa o foi conclu do no ano de 1998 e a sua aprova o se deu em janeiro de 2001 Lei n 10 172 de 09 de janeiro de 2001 O processo de aprova o do PNE manteve a mesma postura autocr tica que prevaleceu com a LDB pois em ambos os documentos foi formulada e aplicada uma pol tica educacional com total desprezo pelo debate p blico No Plano Nacional de Educa o os pontos mais pol micos est o relacionados com o financiamento da educa o p blico privado e com as metas a serem alcan adas em rela o ao atendimento demanda para os v rios n veis de ensino Em rela o ao PNE s o importantes as reflex es de Dourado 2002 A proposta de PNE do MEC Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais INEP aprovada na contram o de intensa mobiliza o da sociedade civil reveladora dos seguintes indicativos de pol ticas para a educa o superior diversifica o do sistema por meio de pol ticas de expans o da educa o superior a n o amplia o dos recursos vinculados ao governo federal para esse n vel de ensino aferi o da qualidade de ensino mediante sistema de avalia o amplia o do cr dito educativo envolvendo recursos estaduais nfase no papel da educa o a dist ncia Destacam se ainda no referido docume
80. 44 p SANTOS Boaventura de Sousa Os Processos da Globaliza o Dispon vel em http www eurozine com articles 2002 08 22 santos pt html Acesso em 20 01 2008 SANTOS Bruno Argentina Do elogio ao fracasso das criticas ao sucesso Dispon vel em http criticaeconomica wordpress com 2007 09 14 37 Acesso em 08 11 2007 SANTOS Theotonio O fracasso neoliberal na Am rica Latina Dispon vel em http www cpcmercosur gov ar cpcprensa 2002 2002 05 20020508 htm Acesso em 08 03 2008 SERRA Carlos Henrique Aguiar e SERRA Maur cio Aguiar Neoliberalismo Pol ticas Governamentais e Exclus o Social no Brasil 1999 Texto Dispon vel em www abphe org br congresso1999 Textos CARL_4C pdf Acesso em 04 09 07 SHIROMA Eneida Oto MORAES Maria C lia M de EVANGELISTA Olinda Pol tica Educacional o que voc precisa saber sobre Rio de Janeiro DP amp A 2000 140 p SILVA JR Jo o Reis da Ensino superior na l gica do mercado Dispon vel em http www sinpro rs org br extra maiQ01 entrevista asp 2001 Acesso em 20 01 2008 SILVA Tomaz Tadeu e GENTILI Pablo Org Escola S A Quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo 1 ed Bras lia Confedera o Nacional dos Trabalhadores em Educa o 1996 v 1 188 p SILVA Tomaz Tadeu da A escola cidad no contexto da globaliza o uma introdu o In SILVA Luiz Heron da org A Escola cidad no contexto da globaliza o Petr polis
81. 993 p 1 As teses defendidas na referida Declara o serviram como pontos centrais para a elabora o do Plano Decenal de Educa o para Todos O processo de elabora o do Plano Decenal de Educa o para Todos apesar de conter concep o neoliberal configurou se como um pacto social por ter alcan ado bom n vel participativo da sociedade O documento foi elaborado por um Grupo Executivo um Comit Consultivo e por representantes de organismos internacionais ligados educa o Contraditoriamente o processo de elabora o foi influenciado por particularidades de processos participativos que vinham ocorrendo na sociedade brasileira como o F rum Nacional em Defesa da Escola P blica na LDB Na poca da elabora o do Plano Decenal de Educa o Para Todos durante o governo Itamar Franco j era poss vel identificar iniciativas no sentido de redefinir prioridades educacionais a partir dos objetivos e diretrizes estabelecidas e apontadas pelos principais organismos internacionais a Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNESCO o Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia UNICEF o Banco Mundial BM e o Fundo Monet rio Internacional FMI As iniciativas educacionais apresentavam uma natureza neoliberal que se localiza nas fontes e nas finalidades que inspiraram a proposta constitu das de teorias externas que procuravam contribuir para a constru o de um projeto hist rico def
82. No processo de constru o da hegemonia pol tica Gramsci defende que sendo a ideologia uma concep o de mundo da classe dirigente deve ser difundida por toda a sociedade Mesmo assim ela n o homog nea pois a que difundida nos grupos sociais dirigentes mais elaborada do que a difundida na cultura popular Dessa forma Gramsci faz uma diferencia o entre os v rios graus de difus o da ideologia Para ele a concep o de mundo mais elaborada est no n vel da filosofia a de n vel menos elaborado encontra se no folclore e a de n vel intermedi rio encontra se no senso comum e na religi o Sendo a filosofia a que representa o n vel mais alto da elabora o da ideologia essa passa a ter um papel importante no seio do bloco ideol gico pois tem grande influ ncia sobre as concep es de mundo difundidas no meio das classes auxiliares e subalternas Assim compreende se que o novo grupo social homog neo deve definir sua pr pria filosofia para poder combater o senso comum Dessa forma a filosofia passa a ser a grande refer ncia de qualquer sistema ideol gico Gramsci definiu o papel da filosofia e de seus criadores que s o os grandes intelectuais considerados chaves mestras da hegemonia Entende se assim que a filosofia influencia na forma de viver de todas as camadas sociais Nessa perspectiva diz Gramsci 1981 Colocando a filosofia como concep o de mundo e o trabalho filos fico sendo concebido n o mais a
83. Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Nas ltimas d cadas do s culo XX e in cio do s culo atual a sociedade brasileira como a de outros pa ses capitalistas contempor neos tem vivenciado o processo de disputa da hegemonia nas sociedades ocidentais Apresentam se como os principais projetos de estrutura o do poder e da representa o de interesses o projeto de ocidente do tipo americano e o projeto de ocidente do tipo europeu O projeto americano tem como express o ideol gica o neoliberalismo e pressup e e estimula a auto organiza o da sociedade civil orientando a para a defesa de interesses puramente corporativos setoriais e privatistas inversamente o projeto europeu de ocidentaliza o pressup e e estimula a prolifera o dos movimentos sociais de base a presen a de um sindicalismo combativo e politizado e a media o pol tica de partidos programaticamente estruturados e socialmente homog neos NEVES e SANT ANNA 2005 p 34 O neoliberalismo apresentando resultados desastrosos para a humanidade no campo social econ mico pol tico e cultural tem provocado a indigna o e conseq entemente a organiza o de v rios movimentos de resist ncia em mbito mundial a exemplo da realiza o de v rios F runs Mundiais que t m como objetivo discutir refletir combater e propor novas formas de organiza o social Essas organiza es e movimentos t m reivindicado a supera o do estado de
84. Ribeiro O conceito marxista de ideologia nos estudos de m dia brit nicos 1996 Dispon vel em http www pucrs br famecos pos revfamecos 5 olga guedes pdf Acesso em 16 11 2007 HERMIDA Jorge Fernando A educa o na era FHC fundamentos filos ficos e pol ticos Jo o Pessoa UFPB Editora Universit ria 2006 242 p O Plano Nacional de Educa o Lei 10 172 de 9 de janeiro de 2001 Dispon vel em http www scielo br pdf er n27 a15n27 pdf 2006 Acesso em 20 04 2008 HOUTART Fran ois POLET Fran ois O outro davos mundializa o de resist ncia e de lutas Tradu o de Mariclara Oliveira S o Paulo Cortez 2002 176 p IANNI Oct vio Era do globalismo Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1996 O pr ncipe eletr nico 1998 Dispon veis em http bibliotecavirtual clacso org ar ar libros anpocs ianni rtf Acesso em 08 03 2008 O decl nio do Brasil Na o Dispon vel em http Ra scielo br scielo php script sci ar 2000 Acesso em 16 11 2007 JESUS Antonio Tavares de Educa o e hegemonia no pensamento de Antonio Gramsci S o Paulo Cortez 1989 132 p KRAWCZYK Nora CAMPOS Maria Malta HADDAD S rgio Org O cen rio educacional latino americano no limiar do s culo XXI Reformas em debate Campinas Autores Associados 2000 140 p LAMARRA Norberto Fern ndez La educaci n superior en la Argentina Dispon vel em http www unesco org ve programas nacionales argentina in
85. TTO 2003 p 277 As observa es feitas por Gramsci em rela o s mudan as dos sistemas capitalistas de sua poca demonstram que as mudan as atuais nos processos dos sistemas capitalistas n o t m originalidade apenas apresentam nuances adaptadas ao novo contexto s cio hist rico sobretudo no per odo do p s guerra no qual se podem observar as novas 44 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia formas de organiza o do capital do trabalho e do Estado Essas novas formas representam as estrat gias capitalistas para a consolida o e fortalecimento do novo projeto hegem nico fundamentadas nas id ias neoliberais Ainda que a cr tica gramsciana remonte ao per odo do entre guerras lament vel constatarmos que as quest es cruciais do passado se redimensionam na atualidade de forma cada vez mais avassaladora As desigualdades sociais n o foram resolvidas mas ao contr rio acirraram se a partir da nova forma de express o do capitalismo a divinizada globaliza o que coloca em xeque o papel do Estado os direitos sociais e os projetos da classe trabalhadora SIMIONATTO 2003 p 277 Os pa ses de economia dependente foram praticamente obrigados a ingressar na modernidade capitalista Nessa dire o compreende se a forma pela qual a proposta da constru o democr tica foi ocupada pelo discurso da necessidade urgente da recomposi o da estabilidade pol tica e econ mica As refle
86. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARA BA CENTRO DE EDUCA O PROGRAMA DE P S GRADUA O EM EDUCA O DOUTORADO EM EDUCA O MARIA HELENA RIBEIRO MACIEL HEGEMONIA AJUSTE NEOLIBERAL E ENSINO SUPERIOR NO BRASIL JO O PESSOA 2008 MARIA HELENA RIBEIRO MACIEL HEGEMONIA AJUSTE NEOLIBERAL E ENSINO SUPERIOR NO BRASIL Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P s Gradua o em Educa o do Centro de Educa o da Universidade Federal da Para ba UFPB para a obten o do t tulo de doutora Orientador Prof Dr Roberto Jarry Richardson JO O PESSOA 2008 M152h Maciel Maria Helena Ribeiro Hegemonia ajuste neoliberal e ensino superior no Brasil Maria Helena Ribeiro Maciel Jo o Pessoa 2008 156p Orientador Roberto Jarry Richardson Tese Doutorado UFPB CE 1 Ensino Superior Brasil 2 Pol tica educacional Brasil 3 Ensino superior ajuste neoliberal 4 Educa o Pol ticas sociais 4 Ensino superior hegemonia UFPB BC CDU 378 81 043 MARIA HELENA RIBEIRO MACIEL HEGEMONIA AJUSTE NEOLIBERAL E ENSINO SUPERIOR NO BRASIL Tese submetida aprova o da banca examinadora do Programa de P s Gradua o do Centro de Educa o da Universidade Federal da Para ba para a obten o do t tulo de doutora Tese aprovada em 2008 BANCA EXAMINADORA 1 Membro Prof Dr Roberto Jarry Richardson Orientador Universidade Federal da Para ba CE 2 Membro Prof
87. a o da Nova Ordem Econ mica Internacional E com seu esgotamento o mundo passou a viver sob a divis o de dois sistemas econ micos antag nicos o imperialista liderado pelos EUA e o socialista 60 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal liderado pela Uni o das Rep blicas Socialistas Sovi ticas URSS A partir da o mundo dividiu se em dois grandes blocos o chamado de comunista sob a lideran a da URSS e o ocidental crist o tendo frente os EUA A crise gerada no sistema capitalista mundial pode ser considerada como um produto da contradi o do capitalismo na sua era imperialista O imperialismo multiplicou essa contradi o porque ao mesmo tempo em que permitiu uma enorme socializa o do processo produtivo em mbito mundial na medida em que logrou integrar a economia mundial capitalista num todo nico ainda que contradit rio realizou a monopoliza o da propriedade nas m os de um pequeno punhado de oligarcas financeiros dos pa ses centrais particularmente dos Estados Unidos SOUZA 1995 p 28 Com o objetivo de garantir a sua hegemonia os EUA procuraram escamotear os conflitos latentes que se desenvolviam em v rias esferas da economia tanto na sua como na da Europa e do Jap o Para alcan ar o seu intento passou a polarizar com a URSS e com os demais pa ses socialistas colocando contra os mesmos os demais pa ses do mundo As crises vinham se sucedendo como as que abarcaram toda a Europa
88. a e da cultura O referido autor afirma que a compreens o do conceito hist rico pol tico de hegemonia possibilita avan ar no sentido de buscar estrat gias para alcan ar o socialismo Para Gramsci a sociedade deve ser compreendida numa vis o de totalidade e como tal deve ser abordada em todos os seus n veis A hegemonia tende a construir um bloco hist rico ou seja a realizar uma unidade de for as sociais e pol ticas diferentes e tende a conserv las juntas atrav s da concep o do mundo que ela tra ou e difundiu A Luta pela hegemonia deve envolver todos os n veis da sociedade a base econ mica a superestrutura pol tica e a superestrutura ideol gica GRUPPI 1978 p 78 21 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Para os estudiosos sobre a constru o da hegemonia em Gramsci o conceito de bloco hist rico desenvolvido por ele transformou se em um dos elementos mais importantes como tamb m um conceito chave para expressar a sua compreens o da sociedade na dire o do socialismo e da constru o do conceito de hegemonia A partir dos estudos de Portelli 1977 a forma o do conceito gramsciano sobre o bloco hist rico pode ser visto sobre tr s aspectos O primeiro considerado como essencial apresenta o estudo das rela es existentes entre estrutura e superestrutura Nessa rela o Gramsci jamais concebeu a preponder ncia de uma sobre a outra Para ele o ponto essencial das rela
89. a estrutura econ mica anterior e como express o do desenvolvimento desta estrutura encontrou pelo menos na hist ria que se desenrolou at nossos dias categorias intelectuais preexistentes as quais apareciam ali s como representantes de uma continuidade hist rica que n o fora interrompida nem mesmo pelas mais complicadas e radicais modifica es das formas sociais e pol ticas A mais t pica destas categorias intelectuais a dos eclesi sticos que monopolizaram durante muito tempo alguns servi os importantes a ideologia religiosa isto a filosofia e a ci ncia da poca com a escola a instru o a moral a justi a a benefic ncia da assist ncia etc GRAMSCI 2001 p 16 A partir de seus estudos o conceito recriado e ampliado de forma original Suas an lises partem da compreens o do conceito de intelectual nas dimens es sociol gica e 36 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia hist rica apresentadas metodologicamente de formas separadas Mas ao aprofundar a compreens o do conceito ele analisado na perspectiva de totalidade da mesma forma como ele trabalha com os demais conceitos Todos os homens s o intelectuais poder se ia dizer ent o mas nem todos os homens desempenham na sociedade a fun o de intelectuais Quando se distingue entre intelectuais e n o intelectuais faz se refer ncia na realidade t o somente imediata fun o social da categoria profis
90. a de forma dial tica onde todos os elementos envolvidos no processo de rela es sociais econ mico pol tico cultural s o considerados importantes nenhum pode ser privilegiado em detrimento dos outros No geral os elementos constitutivos do processo s o trabalhados organicamente Para a compreens o do conceito de hegemonia gramsciano al m dos seus escritos s o importantes tamb m os estudos apresentados por Gruppi 1978 Portelli 1977 e Jesus 1989 Os referidos autores analisam o desencadeamento da constru o desse conceito acompanhando o percurso hist rico vivido por Gramsci no contexto pol tico da It lia de sua poca atrav s dos seus escritos nos Cadernos do C rcere redigidos na pris o no per odo de 1929 a 1935 A constru o do conceito de hegemonia desenvolvida por Gramsci descrita ao longo de suas obras sobretudo nos Quaderni uma das refer ncias fundamentais do seu pensamento para a compreens o da hist ria pol tica do surgimento e ou da manuten o tanto das sociedades socialistas como tamb m das capitalistas Assim afirma Gramsci 1981 Toda rela o de hegemonia necessariamente uma rela o pedag gica que se verifica n o apenas no interior de uma na o entre as diversas for as que a comp em mas em todo campo internacional e mundial entre conjuntos de civiliza es nacionais e continentais GRAMSCI 1981 p 37 Gruppi 1978 ao analisar o conceito de hegemonia em Gram
91. a nova divis o do mundo Assim pode se afirmar que como resultado das pol ticas neoliberais a globaliza o tornou se um processo que transcende o local instaura o global reveste se de uma uniformidade e padroniza o tornando se um campo f rtil para a divulga o e implementa o pelos quatro cantos do mundo de suas id ias e padr es mundiais de consumo pelos quais tende a enfraquecer os modelos locais 71 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal A globaliza o deve ser entendida como um conjunto de processos diferenciados e inter relacionados nos quais os ritmos distintos das formas hier rquicas e individualizadas dos espa os n o s o imbricados por intencionalidades A globaliza o uma multiplicidade distinta e interconectada de processos Ocorrendo em diferentes velocidades em diferentes seq ncias e em diferentes lugares com n veis variados de intensidade estes processos est o longe de serem coerentes Eles se enraizaram em importantes reas de modifica o da divis o internacional de trabalho Mas pela intera o com modelos existentes de regula o eles criam v rios tipos de desordem nos campos econ mico financeiro e monet rio AGLIETTA 1998 p 67 A globaliza o um fen meno que envolve m ltiplas e complexas facetas e caminha alinhada com as id ias neoliberais No dizer de Boaventura de Sousa Santos 2002 tal fato possui dimens es econ micas sociais pol ticas culturais r
92. a soberania ou o problema e a solu o a crise e a salva o o exorcismo e a sublima o Assim se instaura o imenso gora eletr nico no qual muitos navegam naufragam ou flutuam buscando salvar se LANNI 1998 p 15 V se a atualidade do pensamento gramsciano ao destacar a hegemonia sobretudo no campo ideol gico como necess ria tomada e manuten o do poder pelas classes dominantes tanto no mbito nacional quanto no internacional O pr ncipe eletr nico cumpre na sociedade mundial o papel de articulador e disseminador da ideologia dominante e consequentemente da hegemonia das classes dominantes 58 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal 3 O AJUSTE NEOLIBERAL UM PROJETO HEGEM NICO O Ajuste Neoliberal outra categoria analisada nesta pesquisa O estudo dessa categoria realizado numa vis o de totalidade e compreendido luz do conceito da hegemonia gramsciana Procura se compreender o conceito de ajuste neoliberal dialeticamente e como ele de forma hegem nica vem influindo nas quest es econ micas pol ticas culturais e sociais dos pa ses centrais e perif ricos Laura Tavares Soares uma dos in meros intelectuais que v m realizando estudos voltados para a compreens o da teoria e da pr tica neoliberal e que utiliza o conceito de ajuste neoliberal Afirma ela Dessa forma continuamos a optar pelo conceito de ajuste neoliberal que n o apenas de natureza econ mica faz parte de uma
93. a sociedade pol tica 28 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia 2 3 Educa o e hegemonia em Gramsci A educa o uma das mais importantes categorias desenvolvidas por Gramsci pois ocupa lugar privilegiado na rela o teoria pr tica Para Gramsci o conceito de educa o est organicamente relacionado ao de hegemonia Trata se de um conceito chave para que se possa compreender e solucionar as contradi es nas rela es de classe ao mesmo tempo possibilita a interpreta o e a conceitua o do ato educativo de forma original Na perspectiva gramsciana a educa o um instrumento importante na luta entre as classes sociais Nesse sentido interpretando Gramsci Antonio Tavares de Jesus afirma N o existe uma educa o neutra no sentido de ser completamente desvinculada dos fatores ideol gicos pertencentes a uma classe mas o que a an lise gramsciana quer acentuar o modo como o processo educativo utilizado pelas classes fundamentais isto a dos dominantes e a dos dominados JESUS 1989 p 42 43 A educa o na perspectiva gramsciana procura compreender o fen meno da constru o da hegemonia e da contra hegemonia nas rela es sociais na qual o homem est inclu do e tem como objetivo maior transformar ou manter a estrutura social Para Gramsci o homem como ser fundamental nas rela es sociais compreendido como um ser hist rico N o interessa conhecer o homem isoladamente
94. aber A sociedade civil o espa o privilegiado para a forma o de redes de fun es educativas e ideol gicas considerado tamb m o lugar onde as atividades hegem nicas se constroem se aperfei oam e se exercitam De acordo com Jesus 1989 a import ncia dada por Gramsci sociedade civil em rela o pr tica educativa se d sobretudo porque nesta encontram se elementos diretamente respons veis pela pr tica pedag gica Quais sejam a ideologia isto a concep o de mundo difundida entre todas as classes que formam uma sociedade e que se manifesta como filosofia religi o senso comum e folclore a estrutura ideol gica que agrupa os meios para a difus o da ideologia como a Igreja a escola a imprensa e outros meios de comunica o o material ideol gico produzido e veiculado pelas igrejas escolas grupos sociais partidos etc que refletem a concep o de mundo de quem o produz JESUS 1989 p 54 Nessa dire o compreende se tamb m o papel desempenhado pelas institui es ou organiza es que criam e difundem as estruturas ideol gicas Consideradas por Gramsci como aparelhos de difus o da ideologia s o elas escolas igrejas partidos jornais bibliotecas incluindo tamb m a magistratura e os oficiais do ex rcito Seguindo a divis o gramsciana Jesus 1989 apresenta os principais organismos que exercem a produ o da ideologia dentro da sociedade civil em ordem de import ncia
95. acerca da educa o superior tanto por priorizar a efici ncia quanto pelo entendimento que parece ter acerca das demandas que a chamada sociedade do conhecimento apresenta para os diferentes cursos de forma o profissional PEIXOTO 2003 p 210 As diretrizes curriculares para a forma o de professores foram um dos assuntos pol micos no processo de regulamenta o do ensino superior As propostas governamentais se distanciavam dos encaminhamentos defendidos e aprovados pelo movimento dos educadores representado por entidades cient ficas e acad micas como Associa o Nacional pela Forma o dos Profissionais da Educa o ANFOPE F rum de Diretores das Faculdades de Educa o FORUMDIR Associa o Nacional de P s Gradua o e Pesquisa em Educacional ANPED Associa o Nacional de Pesquisa em Administra o Escolar ANPAE Centro de Estudos Educa o e Sociedade CEDES e outras Nessa dire o o CNE aprovou as Resolu es CNE CP 01 2002 e CNE CP 02 2002 que tratam das Diretrizes para a forma o de professores da Educa o B sica em n vel superior desvinculadas das Diretrizes para o Curso de Pedagogia Esse fato deu se pela resist ncia do movimento dos educadores que defendiam para a forma o de professores diretrizes que garantissem para esse seguimento uma forma o de qualidade Os educadores envolvidos nesse processo ao longo de suas lutas hist ricas aprovaram uma Base Comum Nacional BCN para a f
96. acional provocou o agravamento da crise a quest o nacional com maior destaque ligou se rapidamente aos objetivos da revolu o socialista tornando se dessa forma um momento integrante da mesma Esse fato pode ser comparado a outras reivindica es democr ticas pois apesar do capitalismo ter eliminado os res duos feudais n o anulou a raz o de ser das reivindica es democr ticas Mas ao contr rio acentuou ainda mais seu car ter opressivo incentivou dessa forma as reivindica es democr ticas ligando as ao mesmo tempo ao socialismo qualitativamente diverso do que tinha ocorrido na supera o do feudalismo Para L nin o proletariado s pode vencer a luta atrav s da democracia e se essa for realizada de forma plena A luta revolucion ria contra o capitalismo deve unir se ao programa revolucion rio e a sua t tica revolucion ria para alcan ar todas as reivindica es democr ticas L nin diz A revolu o socialista na Europa n o pode ser nada mais do que a explos o da luta de massas de todos os oprimidos e de todos os descontentes Uma parte da pequena burguesia e dos oper rios atrasados 15 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia participar inevitavelmente dela sem participa o n o poss vel uma luta de massa n o poss vel nenhuma luta revolucion ria e trar para o movimento n o menos inevitavelmente seus preconceitos suas fantasias reacion rias suas debilidades e seus
97. ada de um consenso internacional difundido pelas novas tecnologias e novas t cnicas de comunica o de massa para o s culo XXI A esse respeito Anderson 1986 faz o seguinte coment rio para Gramsci hegemonia significa aqui subordina o ideol gica da classe trabalhadora burguesia o que permite a esta exercer a sua domina o pelo consentimento ANDERSON 1986 p 26 O novo projeto societ rio disseminado pelo pr ncipe eletr nico instalou se no mundo conquistou o novo espa o de dom nio e dire o e tem elaborado novos pressupostos pol ticos com o objetivo de consolidar a sua hegemonia Entre eles destaca se a cria o de novas ideologias de novas pr ticas pol ticas e sociais e de uma nova interpreta o do mundo no contexto globalizado 56 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia 2 Atrav s das novas t cnicas de informa o de massa a sociedade induzida a compreender a hist ria como resultado de acontecimentos sucessivos e incertos e n o como processo Esses pressupostos pol ticos apresentam tamb m uma s rie de no es que justificam a nova plataforma pol tica para a manuten o das rela es sociais vigentes divulgados pelos novos meios eletr nicos Neste s culo no fen meno da globaliza o mais importante de que os desdobramentos econ micos e financeiros s o os efeitos no plano cultural nos h bitos e estilos de vida universalizando os como resultado da inte
98. adas sendo elaboradas e implementadas a partir dos objetivos previstos no ajuste neoliberal Nessa dire o a educa o deixa de ser um bem p blico e passa a ser vista na perspectiva mercadol gica negando dessa forma a pr pria Constitui o do Brasil de 1988 Maciel M H R Introdu o no Cap tulo II que trata dos Direitos Sociais e no artigo 6 a educa o reconhecida um dos direitos sociais O conjunto das diretrizes para o ensino superior no Brasil apresentadas a partir da d cada de 90 contempla na ess ncia de seus fundamentos os princ pios neoliberais O mesmo se pode dizer a respeito dos processos de avalia o do ensino superior no Brasil Nesse sentido pode se dizer que essa proposta se contrap e da Universidade humboldtiana express o que se refere proposta de Universidade elaborada por Wilhelm von Humboldt cujo princ pio central a unidade indissol vel do ensino e da pesquisa Ao contr rio a proposta disseminada no contexto do ajuste neoliberal para o ensino superior no Brasil vem promovendo o conhecimento fragmentado pela dissocia o entre o ensino a pesquisa e a extens o contrariando o princ pio contido no art 207 da Constitui o Federal A dissocia o entre o ensino a pesquisa e a extens o foi implementada mediante a diversifica o dos v rios espa os institucionais como locus da forma o criando se institui es s para o ensino as que abrigam s a pesquisa
99. ade s propostas de reforma impulsionadas pelo bloco dominante Se o neoliberalismo se transformou num verdadeiro projeto hegem nico isto se deve ao fato de ter conseguido impor uma intensa din mica de mudan a material e ao mesmo tempo uma n o menos intensa din mica de reconstru o discursivo ideol gica da sociedade processo derivado da enorme for a persuasiva que tiveram e est o tendo os discursos os diagn sticos e as estrat gias argumentativas a ret rica elaborada e difundida por seus principais expoentes intelectuais num sentido gramsciano por seus intelectuais org nicos GENTILI 2004 p 1 De fato as reflex es e an lises de Gramsci que tomam como base as mudan as desencadeadas nos processos do sistema capitalista t m se mantido atuais podendo ser aplicadas para a compreens o das mudan as qualitativas relacionadas com o processo de trabalho a organiza o da produ o as rela es sociais globais as rela es de poder de dire o e de domina o exercidas na sociedade para a legitima o de sua hegemonia No campo ideol gico interesses individuais e difusos superdimensionam se fortalecendo uma falsa id ia de pertencimento e de sociabilidade No campo pol tico essa nova cultura produzida com o processo de globaliza o assenta se na implementa o de reformas neoliberais desqualificadoras tanto do liberalismo democr tico quanto das possibilidades de constru o do projeto socialista SIMIONA
100. ajuste neoliberal se espraiaram por toda a sociedade produzindo um estrago social imenso tendo o Estado abandonado o seu papel de promotor das pol ticas sociais para se dedicar prioritariamente a atender aos interesses do capitalismo mundial o que foi escamoteado por um discurso ideol gico destacando as id ias de efici ncia de modernidade e de supremacia do mercado e no qual o Estado descrito como um anacronismo 3 4 O ajuste neoliberal no Brasil Nas d cadas de 80 e 90 o Brasil vivenciou conjunturas que foram marcadas por processos singulares A primeira representa o momento do fim da ditadura militar e a reorganiza o da ordem civil Diferentemente desse per odo a d cada de 90 representa um cen rio de ado o das pol ticas neoliberais Nesse per odo observa se que todos os pa ses perif ricos foram obrigados a se submeter hegemonia dos pa ses centrais Aqui destaca se o Brasil sobretudo em rela o hegemonia dos EUA O Brasil foi um dos pa ses a consolidar tardiamente as pol ticas neoliberais em rela o a outros pa ses da Am rica Latina Este como outros pa ses latino americanos ainda n o tinha consolidado o Estado de Bem Estar Social Ao adentrar na denominada onda neoliberal utilizou as caracter sticas de um novo neoliberalismo adaptado ao novo contexto pois o anterior tinha como exemplo as experi ncias mal sucedidas de outros pa ses latino americanos Nesse contexto a Constitui o
101. al BM Organiza o Mundial do Com rcio OMC para citar apenas algumas al m das mega empresas transnacionais que dominam a economia mundial e estendem o seu poder sobre todas as esferas da sociedade seja econ mica cultural ou pol tica Sob a injun o do Estado transnacional representado pelas institui es acima mencionadas e tendo a doutrina neoliberal como bandeira os pa ses cujos governos se comprometeram com tal sistema empenham se em reformar o Estado e o conjunto das institui es nacionais com o objetivo de acentuar a acomoda o do mercado emergente com o mercado mundial Essa reforma do Estado Na o implica sua subordina o ao Estado Transnacional Esse processo resulta na descaracteriza o do Estado Na o que se transforma em mera prov ncia do sistema global fato que registrado por Ianni 2000 tal a envergadura da transforma o qualitativa do Estado Na o devido s injun es do globalismo que os governantes j n o conseguem mais se apresentar como estadistas parecem muito mais funcion rios d ceis traduzindo para a l ngua nativa o que se dita no idioma das corpora es transnacionais e das organiza es multilaterais sendo que 84 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal alguns parecem figura es de um teatro mundial de t teres IANNI 2000 p 5 As consegii ncias s o desastrosas para os povos submetidos aos ditames do Estado Transnacional O exempl
102. al Esses eram os nicos cursos que estavam formando professores para o magist rio das s ries acima mencionadas no n vel superior O governo pretendia alcan ar a meta da LDB em rela o forma o de professores atingindo dessa forma produtividade com baixo custo financeiro meta que s poderia ser alcan ada atrav s dos Cursos Normais Superiores que desenvolvem uma 132 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil proposta voltada s para o ensino exigindo menor investimento ao contr rio dos Cursos de Pedagogia que oferecem uma forma o de qualidade mantendo na sua proposta pedag gica o ensino a pesquisa e a extens o o que implica mais investimento financeiro Com a doutrina imposta pelas institui es financeiras caminhou se inversamente constru o de uma pol tica educacional emancipat ria As pol ticas p blicas foram relativizadas dando lugar aos neg cios empresariais que s o caracterizados pela curta dura o alta flexibilidade e inexist ncia de unidade treinamentos r pidos e amplamente diversificados de cunho econ mico produtivo visando preparar a pessoa para ser altamente competitiva no processo de trabalho e paralelamente vender o produto educa o que se transformou numa oportunidade para grandes retornos financeiros SOBRINHO 2004 p 73 74 Na tentativa de transferir o l cus da forma o dos professores dos Cursos de Pedagogia para os Cursos Normais Superiores o gov
103. al o triunfo do pensamento nico e a ideologia do fim das ideologias GEORGE apud SIMIONATTO 2003 p 277 Por outro lado deve ser destacado que os meios de comunica o de massa possuem um papel dial tico haja vista que ao mesmo tempo em que contribuem para a dissemina o da ideologia hegem nica ou que pretende ser hegem nica contribuem tamb m com as que s o contra hegem nicas Para a compreens o desse novo contexto Ianni 1998 analisa algumas quest es o processo de forma o de uma sociedade civil mundial o surgimento de novas tecnologias que agilizam os processos s cio culturais e pol tico sociais em todo o mundo e emerg ncia de uma nova configura o hist rico social da vida do trabalho e da cultura Diante do quadro acima apresentado surge o pr ncipe eletr nico como a nova representa o da m dia apresentando se com uma nova figura o capaz de articular teoria e pr tica pol tica na era da globaliza o Afirma Ianni 1998 no bojo desse mesmo processo de globaliza o pol tico econ mica e s cio cultural desenvolvem se tecnologias eletr nicas inform ticas e cibern ticas que agilizam intensificam e generalizam as articula es as integra es as tens es os antagonismos as fragmenta es e as mudan as s cio culturais e pol tico econ micas pelos quatro cantos do mundo IANNI 1998 p 2 O soci logo Octavio lanni 1998 para chegar elabora o do p
104. am mas visaram unicamente atender aos interesses do mercado do sistema capitalista mundial Tratando se do espa o por excel ncia de dissemina o do conhecimento a educa o um dos alvos prop cio para a dissemina o da doutrina neoliberal a qual desencadeia o processo de consolida o da globaliza o Nesse processo ser o decididos os diversos significados do social do humano do pol tico do econ mico do cultural e tamb m do educativo Comentando a respeito do papel do conhecimento no pensamento neoliberal Krawczyk 2000 afirma No processo de mundializa o da economia o conhecimento freq entemente apresentado como a principal vari vel na explica o das novas formas de organiza o social e econ mica e muitas vezes como condicionante e gerador de novas desigualdades e diferencia es Da a centralidade que se tem outorgado educa o escolar Cada vez mais a pol tica educacional passa a ser considerada no marco das pol ticas sociais como uma pol tica de car ter instrumental e subordinada l gica econ mica uma pol tica que sequer tem a capacidade inclusiva do capitalismo industrial KRAWCZYK 2000 p 2 A partir desse entendimento as pol ticas para a educa o passam a ter um papel de destaque no cen rio pol tico e econ mico a luta pelo controle no mundo do trabalho n o se d mais na produ o se d no controle do conhecimento Da a import ncia que se confere s
105. ando o fato de que a Educa o e o crescimento s o p los indissoci veis de um mesmo processo n o havendo possibilidade de se melhorar o sistema educacional sem se adotarem ao mesmo tempo pol ticas econ micas voltadas para a expans o e para a melhor distribui o de renda A Educa o somente poder realizar a reforma que atenda aos interesses da sociedade no momento em que for acompanhado de mudan as que propicie popula o melhor qualidade de vida emprego sa de etc o que implica dizer que a reforma educacional ter que vir concomitantemente e em harmonia com reformas sociais que impliquem supera o dos problemas vividos pela popula o inclusive quanto injusta distribui o de renda que faz um abismo entre a maioria e a minoria da popula o no que diz respeito possibilidade de usufruir dos bens produzidos pela sociedade entre os quais se inclui a educa o Nessa dire o as pol ticas educacionais implantadas a partir dos anos 90 representam as v rias contradi es do Estado brasileiro confirmada pelo discurso neoliberal Tais contradi es s o em resumo O discurso oficial manifestado por meio dos documentos acima citados torna n tida a sua contradi o ao ser comparado com os seus resultados pr ticos e com a realidade social A partir dos anos 90 os sucessivos governos brasileiros assumem teoricamente o compromisso de reverter o quadro ca tico em que se encontra a popula o brasil
106. ane O horror econ mico S o Paulo Editora da Universidade Estadual Paulista 1997 154 p FRUET Gustavo CPI do PROER aprova relat rio final Dispon vel em http www gustavofruet com br portal exibir jsp idNoticia 197 amp idArea 1 2003 Acesso em 15 04 2008 GENRO Tarso A esquerda e a terceira via um dilema te rico e pol tico em curso Dispon vel em http www lead org br article view 1061 2000 Acesso em 28 11 2007 Esquerda em processo Petr polis Vozes 2004 GENTILI Pablo Neoliberalismo e educa o manual do usu rio Dispon vel em http firgoa usc es drupal node 3036 24 03 2004 Acesso em 17 01 2008 GERMANO Jos Willington Carlos Alberto Torres comp Paulo Freire y la agenda de la educaci n latinoamericana en el siglo XXI Buenos Aires 2001 360 p Mercado universidade instrumentalidade Dispon vel em http firgoa usc es drupal node 39047 2008 Acesso em 02 03 2008 GRAMSCI Antonio Quaderni del carcere Edizione critica del Istituto Gramsci A cura di Valentino Gerratana Turim Giulio Einaudi 1977 Concep o dial tica da hist ria 4 ed Trad de Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1981 Cole o perspectiva do homem v 12 341 p Materialismo hist rico e a filosofia de Benedetto Croce Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1981 Maquiavel a pol tica e o Estado moderno 5 ed Trad de Luiz M rio Gazzaneo Rio de Janeiro Civili
107. anov quando ele insistia para que a classe oper ria russa travasse um combate pol tico imperativo contra o czarismo e que n o fizesse apenas um combate econ mico contra os seus patr es No final dos anos 1890 at aproximadamente 1917 o termo j era utilizado como lema pol tico central no movimento social democrata russo De acordo com Anderson 1986 no ano de 1901 Axelrod escreveu uma carta a Struve na qual ele separava as perspectivas social democratas das perspectivas liberais na R ssia Nessa carta ele utilizou o conceito de hegemonia quando disse o seguinte Em virtude da posi o hist rica de nosso proletariado a social democracia russa pode obter a hegemonia gegemoniya na luta contra o absolutismo AXELROD apud ANDERSON 1986 p 17 No mesmo per odo Martov num pol mico artigo que escreveu tamb m j utilizava o conceito quando disse o seguinte A luta entre os marxistas cr ticos e ortodoxos na realidade o primeiro cap tulo de uma luta pela hegemonia pol tica entre o proletariado e a democracia burguesa MARTOV apud ANDERSON 1986 p 17 E L nin no mesmo per odo numa carta que escreveu a Plekhanov j fazia refer ncia sem cerim nia hegemonia da social democracia e afirmava a import ncia de um jornal pol tico como instrumento de luta para preparar a verdadeira hegemonia da classe oper ria na R ssia Dando continuidade ao estudo do conceito de hegemonia ao longo da hist ria
108. apitalista perfeitamente regulada pelos acordos de Bretton Woods e perfeitamente conduzida pelo comportamento hegem nico dos EUA que durante esse tempo por generosidade ou por interesse pensou os interesses dos outros seus pares antes de pensar os seus pr prios FIORI 1996 p 7 Esse foi um per odo em que se constituiu um sistema de prote o social e solidariedade republicana mais sofisticada da hist ria da humanidade Nesse per odo os sistemas democr ticos funcionavam com a participa o maci a da popula o intermediada pelos partidos e sindicatos Foi um per odo em que houve aumento da produtividade do pleno emprego e do crescimento da renda per capita Os anos compreendidos entre 1968 e 1973 para Fiori 1996 representam um per odo de ruptura hist rica pois nele ocorreu um conjunto de fatos nos planos ideol gicos militar e econ mico em que se confirma uma ruptura na hist ria contempor nea A exemplo do ano de 1968 em que ocorreu a revolu o de maio dos estudantes e dos sindicatos em Paris e o fim do padr o d lar 7 Modelo econ mico elaborado por John Maynard Keynes considerado o criador da Macroeconomia e um dos mais influentes economistas do s culo XX serviu de fundamento para o Estado de Bem Estar Social que perseguia dois objetivos essenciais a garantia do bom funcionamento do mercado segundo o pensamento de Adam Smith e a defesa dos direitos dos cidad os na sa de educa o e alimenta
109. ar o clima da inser o da pol tica na cultura eletr nica de massa Essa dissolve se e desloca se dentro dos territ rios e fronteiras nos quais se envolvem espa os p blicos e privados o consumismo e a cidadania a corrente de opini o p blica e o comportamento de auto ajuda a realidade e a virtualidade O novo mundo virtual surgido atrav s da manipula o das novas tecnologias eletr nicas inform ticas e cibern ticas apesar de representar o mundo sem fronteiras tem promovido a mais vasta multid o solit ria do planeta Esse tem se estendido as mais variadas localidade regi es na es continentes ilhas e arquip lagos al m de conduzir e transformar o comportamento das pessoas pela m dia televisiva Os acontecimentos do 55 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia mundo t m se desviado da verdadeira realidade apresentando se como entretenimento publicidade consumismo como um espet culo Enfim diante da realidade apresentada confirma se a constru o te rica de Janni 1998 Em rela o ao pr ncipe eletr nico diz ele O pr ncipe eletr nico o arquiteto do agora eletr nico no qual todos est o representados refletidos defletidos ou figurados sem o risco da conviv ncia nem da experi ncia A as identidades alteridades e diversidades n o precisam desdobrar se em desigualdades tens es contradi es transforma es A tudo se espetaculiza e estetiza de modo a recriar diss
110. ara Todos PROUNI 2005 Al m desses tamb m foram analisados os processos de avalia o do ensino superior no Brasil como Avalia o dos Cursos e Institui es do Ensino Superior 1996 Gratifica o de Est mulo Doc ncia no Ensino superior GED 1998 e o Sistema Nacional de Avalia o da Educa o Superior SINAES 2004 No ltimo cap tulo apresenta se uma s ntese propositiva a partir da confirma o da tese e algumas propostas que permitam a constru o de um projeto contra hegem nico Espera se que esta tese provoque outros debates que possam ser impulsionadores de novas Maciel M H R Introdu o produ es de conhecimento e novas pol ticas de ensino superior no Brasil que n o esque am seus princ pios orientadores Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia 2 REFLEX ES TE RICAS SOBRE A HEGEMONIA A hegemonia uma das categorias fundamentais objeto de reflex o no contexto da presente tese E para tal se faz necess rio o aprofundamento do seu conceito desde a sua origem ao contexto atual e a import ncia que vem desempenhando na compreens o dos fen menos que envolvem as ci ncias sociais e de modo especial a educa o O te rico marxista Gramsci aplicou o conceito de hegemonia nas suas obras para explicar os fen menos que envolvem a superestrutura a pol tica a cultura e os sistemas de valores no contexto da nova ordem capitalista na It lia O cri
111. artir das id ias preconizadas por F A Von Hayek e seus companheiros come am a se desenvolver os fundamentos do neoliberalismo Esse grupo de intelectuais tinha posi es contr rias ao modelo econ mico keynesiano e social democracia concep es dominantes na poca Anderson 2002 afirma que eles acusavam as organiza es dos trabalhadores os sindicatos e o movimento oper rio como sendo respons veis pela crise em raz o de suas reivindica es salariais e press es aumentando as despesas parasit rias do Estado Segundo este ide rio o movimento de trabalhadores deveria ser barrado para preservar a economia de mercado e os lucros das grandes empresas amea ados pelas altas dos pre os decorrentes das reivindica es oper rias A solu o para este estado de coisas para esses ide logos era clara utilizar a for a do Estado para fazer diminuir a influ ncia dos sindicatos bem como controlar a evolu o da massa monet ria pol tica monetarista A estabilidade monet ria deveria ser a meta suprema de qualquer governo Para isso seria necess ria uma disciplina or ament ria com a conten o dos gastos com bem estar e a restaura o da taxa natural de desemprego ou seja a cria o de um ex rcito de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos Desta forma uma nova e saud vel desigualdade iria voltar a dinamizar as economias avan adas ANDERSON 1995 p 11 De acordo com Anderson 2002 o neol
112. as classes sociais polarizadas 47 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Nessa dire o compreende se a necessidade de se retomar a sociedade civil como representa o do espa o verdadeiro onde se constr i a hist ria expressa pelo conjunto das rela es materiais entre os homens e o desenvolvimento das for as produtivas O Estado neoliberal retirou as conquistas sociais do Estado de bem estar social Nessa dire o o Estado neoliberal passou a exercer o papel de coordenador das iniciativas privadas da sociedade civil deixando de exercer o seu papel de produtor das pol ticas sociais Os Estados nacionais no novo cen rio hegem nico continuam exercendo um papel importante tanto no plano internacional como no ordenamento interno por exercerem o controle de territ rios for as militares individual e coletiva al m de serem respons veis pelo aparato legal O novo aparelho estatal renovado pela incorpora o e o desenvolvimento de princ pios pol ticos que orientam a descentraliza o administrativa a democratiza o a transpar ncia a efici ncia administrativa os espa os de participa o e a fun o reguladora dos riscos sociais econ micos e ambientais Em respaldo a tal afirma o Lima e Martins 2005 v m transcrever o seguinte coment rio Tudo isso para preservar princ pios muito caros ao liberalismo quais sejam a defesa da liberdade individual o Estado como inst ncia acima e imune
113. as e gest o da educa o superior Transforma es recentes e debates atuais S o Paulo Xam Goi nia Alternativa 2003 240 p PNUD Relat rio do desenvolvimento humano Publicado para o PNUD das Na es Unidas Lisboa Trinova Editora 2000 POCHMANN Marcio A d cada dos mitos o novo modelo econ mico e a crise do trabalho no Brasil S o Paulo Contexto 2001 PORTELLI Hugues Gramsci e o bloco hist rico Trad de Angelina Peralva Rio de Janeiro Paz e Terra 1977 Cole o pensamento cr tico v 7 142 p QUINTELA Sandra D vida social e ajuste fiscal Informativo do PACS janeiro 2005 Dispon vel em http www consciencia net 2005 mes 08 quintela divida ajuste html Acesso em 21 02 2008 RIBEIRO Ana Paula Brasil tem segunda pior distribui o de renda do mundo Folha Online 01 06 2005 s 17h10 Dispon vel em http www folha uol com br folha brasil ult96u69318 shtml Acesso em 21 02 08 RICHARDSON Roberto Jarry Pesquisa Social M todos e T cnicas 3 ed S o Paulo Atlas 1999 334 p A Escola do s culo XXI In OLIVEIRA Maria Neusa de Org As Pol ticas Educacionais no Contexto da Globaliza o Ilh us Editus 1999 161 p SADER Emir GENTILI Pablo Orgs P s neoliberalismo As pol ticas sociais e o Estado Democr tico S o Paulo Paz e Terra 1995 205 p SADER Emir org Gramsci poder pol tica e partido 1 ed Trad Eliana Aguiar S o Paulo Express o Popular 2005 1
114. as empobrecidas eram peculiares deveriam continuar tendo atendimento diversos do demandado por clientela mais seleta SHIROMA 2000 p 61 62 Nessa perspectiva os princ pios que fundamentam a referida Declara o Mundial contrariam a proposta Gramsciana 2001 de Educa o Unit ria atrav s da qual todo cidad o deveria ser preparado concomitantemente para a intelectualidade e para a profissionaliza o ou seja a educa o que visa a forma o do homem integral a saber a educa o omnilateral que promove a integra o entre a o teoria e a pr tica al m de destacar o processo das rela es sociais desenvolvidas na escola na prepara o para o trabalho e para a vida social como um todo Gramsci n o concorda dessa forma com a educa o dualista que prepara a classe dominante economicamente para a intelectualidade ensino e pesquisa deixando para a maioria da sociedade o conhecimento pr tico profissional ensino profissionalizante Assim confirma se o car ter elitizado e excludente da educa o na concep o neoliberal Para a implementa o das diretrizes tra adas na Declara o Mundial Sobre Educa o Para Todos houve uma orienta o de modo especial aos pa ses mais populosos participantes da Confer ncia dentre eles o Brasil para realizar a constru o dos Planos Decenais de Educa o Em seguida na Confer ncia de Nova Delhi realizada em 16 de dezembro de 1993 com a participa o dos pa ses Ind
115. aumento da pobreza e das desigualdades sociais Dando continuidade ao amplo projeto de reforma do aparelho estatal outro intento do primeiro mandato do governo FHC foi a cria o do Minist rio da Administra o e da Reforma do Estado MARE tendo como titular o Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira O discurso utilizado de forma hegem nica demonstrava a import ncia de 97 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal modernizar a administra o p blica brasileira com o intuito de atender aos desafios impostos pela globaliza o da economia mundial A Reforma do Estado em vig ncia no pa s institu da pelo governo de Fernando Henrique Cardoso tem suas bases te rico pol ticas expressas no documento de Reforma do Aparelho do Estado subscrito pelo Ministro da Administra o e Reforma do Estado Bresser Pereira em 1995 Constitui na realidade uma Contra Reforma do Estado brasileiro ao redimensionar seu papel e atribuir lhe como miss o prec pua a seguran a a fiscaliza o e a arrecada o com nfase na transfer ncia das pol ticas sociais p blicas para a iniciativa privada expandindo a chamada Parceria p blico privado que cumpre o interesse mercantil privado solapando a esfera estatal p blica ABRAMIDES 2005 p 1 Nesse contexto foi criado o Conselho Nacional de Desestatiza o atrav s da Lei n 9 491 que adotou sem restri es as recomenda es do Consenso de Washington e do FMI com a pretens o de alcan
116. ca para Am rica Latina C mara do Ensino Superior Conselho Nacional de Educa o Conselho Nacional de Pesquisa Congresso Nacional de Educa o Conselho Pleno Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Gradua o Direccion Nacional de Informaci n y Evaluaci n de La Calidad Educativa Empresa Brasileira de Telecomunica es S A Exame Nacional de Desempenho de Estudantes Estados Unidos da Am rica Fernando Henrique Cardoso Fundo Monet rio Internacional F rum de Diretores das Faculdades de Educa o Acordo Geral Sobre Com rcio de Servi os Gratifica o de Est mulo Doc ncia no Ensino Superior Gratifica o de Incentivo Doc ncia no Ensino Superior IES IFES IFMs INEP IPEA ITA LDB LDBEN MARE MEC OCDE OMC ONG ONU PIB PNB PND PNE PNUD POSDR PROER PROUNI PT SESu SINAES TELEBR S UNB UNESCO UNICEF USAID VASP Institui es de Educa o Superior Institui es Federais de Educa o Superior Institui es Financeiras Multilaterais Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Instituto de Pesquisa Econ mica Aplicada Instituto Tecnol gico da Aeron utica Lei de Diretrizes e Bases Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional Minist rio da Administra o e da Reforma do Estado Minist rio de Educa o e Cultura Organiza o para a Coopera o e Desenvolvimento Econ mico Organiza o Mundial do Com rcio Organiza o N o Governamental Organiza
117. cala nacional regional e mundial Ao tratar do dif cil palco da pol tica compreendendo essa como sendo te rica e pr tica e submersa na crise pol tica das institui es e partidos pol ticos surge essa nova figura pol tica formalizada como o pr ncipe eletr nico que exerce um papel de destaque nos meios de comunica o de massa Afirma Ianni 1998 O que singulariza a grande corpora o da m dia que ela realiza limpidamente a metamorfose da mercadoria em ideologia do mercado em democracia do consumismo em cidadania Realiza limpidamente as principais implica es da ind stria cultural combinando a produ o e a reprodu o cultural com a produ o e reprodu o do capital e operando decisivamente na forma o de mentes e cora es em escala global S o muitos os caminhos assim como as redes que conduzem pol tica eletr nica democracia eletr nica tirania eletr nica ou ao pr ncipe eletr nico H poderosos e predominantes interesses corporativos impondo se mais ou menos decisivamente s institui es cl ssicas da pol tica compreendendo partidos pol ticos sindicatos movimentos sociais correntes de opini o p blica e governos em seus poderes legislativo executivo e judici rio IANNI 1998 p 10 Nesse novo contexto de sociedade civil mundial do surgimento de novas tecnologias o pr ncipe eletr nico torna se um dos instrumentos capaz de represent
118. can ar seus objetivos elaboram pol ticas sociais e entre elas a educacional visando atender a seus interesses de classe para a consolida o do seu projeto hegem nico As consegii ncias advindas da pol tica de ajuste neoliberal a desregula o dos mercados a defesa do Estado m nimo e as reformas que envolviam mudan as em v rias reas sociais trouxeram mudan as desastrosas para a grande maioria da popula o O Brasil como um pa s em desenvolvimento e dependente sobretudo da hegemonia dos Estados Unidos da Am rica do Norte passou a adotar as pol ticas neoliberais seguindo as orienta es e realizando mudan as que tinham como objetivo maior atender aos ditames da hegemonia neoliberal com o discurso de melhorar a economia do pa s Mas ao contr rio com a realiza o das privatiza es e as reformas sobretudo da previd ncia e administrativa de outras reas sociais como a educacional o pa s agravou a hist rica desigualdade social aumentando o fosso entre as elites econ micas e o restante da popula o A partir do s culo XX observa se como os mecanismos hegem nicos utilizados para a consolida o das reformas neoliberais t m definido as pol ticas sociais sobretudo a educacional em v rios pa ses do mundo principalmente nos pa ses dependentes ou perif ricos Nesse contexto as diretrizes para o ensino superior no Brasil t m sido aplicadas hegemonicamente particularmente nas ltimas duas d c
119. cantiliza o Aliado a essas premissas Bresser Pereira 1998 p 33 advoga mudan as nas formas de organiza o e gest o do Estado por meio de uma administra o p blica gerencial que balize como setores do Estado moderno o n cleo estrat gico as atividades exclusivas os servi os n o exclusivos e a produ o de bens e servi os para o mercado A sa de a educa o a cultura e a pesquisa cient fica comp em nesse projeto o setor de servi os n o exclusivos os quais o Estado prov mas que como n o envolvem o exerc cio do poder extroverso do Estado podem ser tamb m oferecidos pelo setor privado e pelo setor p blico n o estatal n o governamental Tal l gica implica altera es substantivas no campo educacional no que se refere organiza o jur dica das institui es educativas ao possibilitar entre outros aspectos novos processos de regula o e gest o e formatos de privatiza o na arena educacional educa o DOURADO 2002 p 237 238 Assiste se hoje transforma o de uma na o o Brasil em prov ncia e os seus rg os estatais em meros ap ndices do capitalismo global a quem deve prestar explica es para as medidas administrativas e legislativas tomadas pelo estado brasileiro As institui es p blicas nacionais se transformam em instrumentos dessa transforma o Chega se ao ponto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ mico e Social BNDES que foi criado co
120. ccceseereeseereesserecsseneese 73 3 3 Conseqii ncias do ajuste neoliberal oooooonoocoonoccoonoccnonoccnonoccnnncccnnncccononccnnocccnnoccono 81 3 4 O ajuste neoliberal no Brasil ss caiorserensrotertadorsortaa aro roncinidecen rederncad meniidos renato 93 4 O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ees rsrsr ser reresrererererrernerssceraneso 104 4 1 A educa o no Brasil no contexto das pol ticas neoliberais ce cs 105 4 2 A Universidade no contexto neoliberal oocoonnmmmsss 113 4 3 As diretrizes para o ensino superior no Brasil e o ajuste neoliberal 121 5 S NTESE PROPOSITIVA NA DEFINI O DAS DIRETRIZES PARA O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL cisco sencatedaca isento indo sb dsnbiscospndadasiebkasbi Gosta sbadasdsd 140 REFERENCIAS a 148 Maciel M H R Introdu o 1 INTRODU O No contexto das v rias crises econ micas ocorridas no mundo sobretudo a partir da Primeira e Segunda Guerra Mundiais tem sido demonstrada a fragilidade do sistema capitalista mundial Na busca para alcan ar seus objetivos os ide logos e defensores desse sistema t m procurado implementar novos modelos econ micos na tentativa de alcan ar a recupera o do sistema mundialmente falido Desse modo o ajuste neoliberal surge como um instrumento hegem nico de reorganiza o da economia e da pol tica na busca da supera o dessa problem tica Os defensores do capitalismo mundial para al
121. cebe se tamb m como este desenvolvido pela classe dominante para exercer a sua hegemonia Os intelectuais org nicos desta classe s o os representantes do capitalismo empres rios e t cnicos que t m como objetivo maior exercer sua fun o de organizar a sociedade em geral e o Estado na dire o de dar condi es de sobreviv ncia sua hegemonia Na perspectiva gramsciana os intelectuais org nicos tornam se respons veis diretos pela prepara o das bases da constru o da contra hegemonia Para alcan la necess rio o desenvolvimento de uma nova consci ncia de classe desencadeada pela cria o de uma nova cultura que tenha como pressuposto ideol gico a cria o da nova sociedade Para a compreens o da dimens o classista existente no conceito de intelectual org nico gramsciano pertinente a reflex o Jesus 1989 Enquanto o intelectual org nico da classe dominante garante a hegemonia o intelectual org nico da classe prolet ria procurar limitar o poder de coes o dos que det m a hegemonia criando condi es para que sua classe se apodere progressiva e democraticamente dos pontos chave de controle do Estado Enquanto o primeiro tenta organizar as fun es econ micas pol ticas e culturais de sua classe com o objetivo de fortalecer sua hegemonia o segundo isto o intelectual org nico da classe subalterna est empenhado no trabalho de acentuar as crises provocar as contradi
122. chega a ser tamb m uma doutrina uma ideologia mais propriamente o elemento central da ideologia da oligarquia financeira que domina o mundo na atual etapa do capitalismo SOUZA 1995 p 9 Para manter a globaliza o econ mica seus defensores criaram a doutrina ideologicamente chamada neoliberalismo a partir da v rios autores passam a construir suas defini es Entre as diversas defini es apresentadas uma afirma que se trata de um sistema de receitas pr ticas para a gest o p blica cujas palavras chave s o agilidade 69 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal efici ncia efic cia produtividade nada portanto que diga respeito aos ideais de equidade e justi a DRAIBE 1993 p 88 Outra defini o do neoliberalismo a apresentada por Anderson 1995 um movimento ideol gico em escala verdadeiramente mundial como o capitalismo jamais havia produzido no passado Trata se de um corpo de doutrina coerente autoconsciente militante lucidamente decidido a transformar todo o mundo sua imagem em sua ambi o estrutural e sua extens o internacional Este um movimento ainda inacabado Provavelmente nenhuma sabedoria convencional conseguiu um predom nio t o abrangente desde o in cio do s culo como o neoliberalismo hoje Este fen meno chama se hegemonia ainda que naturalmente milh es de pessoas n o acreditem em suas receitas e resistam a seus regimes ANDERSON 1995 p 56
123. cional e mundial Um intelectual org nico coletivo j que sintetiza a atividade o descort nio e as formula es de v rias categorias de intelectuais jornalistas e soci logos locutores e atores escritores e animadores ncoras e debatedores t cnicos e engenheiros psic logos e publicit rios todos mobilizando tecnologias eletr nicas inform ticas e cibern ticas como t cnicas sociais de alcance local nacional regional e mundial TANNI 1998 p 14 15 Trata se na verdade de uma nova adapta o da teoria liberal tendo em vista o fracasso do neoliberalismo Busca assim substituir a velha teoria fracassada para tentar salvar os mesmos interesses de classe Compreende se por tudo o que foi afirmado e os fatos hist ricos contempor neos demonstram que o poder para se manter necessita de buscar a sua legitima o ideol gica utilizando se de v rias estrat gicas de convencimento e dos aparelhos ideol gicos de que disp e Nessa perspectiva o Pr ncipe Eletr nico apresentado por lanni 1998 aprofunda as concep es dos pr ncipes apresentados por Maquiavel e Gramsci e d uma nova configura o ao pr ncipe que se constr i a partir do s culo vinte Essa em larga medida a f brica de hegemonia e da soberania que teriam sido prerrogativas do Pr ncipe de Maquiavel e do Moderno Pr ncipe de Gramsci Agora o Pr ncipe Eletr nico que det m a faculdade de trabalhar a virt e a fortuna a hegemonia e
124. cional e organizativa do Estado atribuindo lhe a responsabilidade pela crise advinda do pr prio capital Essas transforma es t m impactado as economias dos pa ses em maior ou menor grau de acordo com a posi o de cada um deles e a intensidade de sua adequa o aos ditames da nova ordem mundial Isto significa abertura dos mercados nacionais para a entrada de produtos estrangeiros retirada dos direitos dos trabalhadores para tornar a economia nacional mais competitiva no mercado mundial pre os internos adequando se aos pre os praticados no mercado internacional redu o dos gastos governamentais com as pol ticas sociais sa de educa o moradia transporte saneamento etc tendo em vista a op o de aplicar tais verbas no pagamento dos juros das d vidas externa e interna que por sua vez tem como objetivo o combate infla o preocupa o com a queda do d ficit p blico nfase na pol tica de exporta o para que a balan a de pagamentos fique cada vez mais superavit ria para a obten o de divisas as quais se destinar o n o aos gastos sociais mas ao pagamento das d vidas especialmente a que beneficia os banqueiros internacionais reforma legislativa garantindo os direitos da propriedade mesmo que seja em detrimento dos direitos sociais privatiza o das empresas estatais diminui o dos mecanismos de regula o estatal da economia diminui o do peso das pol ticas sociais no or amento do Esta
125. classe elitizada e o saber para as classes subalternas Dando continuidade s reflex es de Gramsci sobre a hegemonia aliado aos estudos feitos por outros autores sobre o ajuste neoliberal observa se como essas duas categorias num processo dial tico t m definido as diretrizes para o ensino superior no Brasil Os sucessivos governos do Estado brasileiro sobretudo a partir dos anos 90 implementaram os princ pios neoliberais de forma hegem nica nos v rios documentos que passaram a nortear a educa o no pa s e dessa forma consolidam as reformas do Estado previstas na agenda neoliberal Entre os v rios documentos que tratam das diretrizes para a educa o no pa s t m destaque a Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 e o Plano Nacional de Educa o PNE Lei n 10 172 de 09 de janeiro de 2001 Esses documentos v o dar a dire o para os demais que ao longo da D cada da zall x 7 Educa o regulamentaram a educa o no pa s 1l Art 87 institu da a D cada da Educa o a iniciar se um ano a partir da publica o desta Lei LDB 1997 p 41 121 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil O processo de aprova o dos referidos documentos representa o resultado de um trabalho extenso e que levou anos para a sua aprova o Esse processo passou por momentos de acordos e desacordos entre as propostas governamentais e as da sociedade civil or
126. constata com isso um novo processo de divis o de trabalho do capitalismo em n vel mundial com o agravamento das condi es de vida dos pobres bem como o aumento dr stico das desigualdades entre na es ricas e pobres como afirma Santos 2002 aumento dram tico das desigualdades entre pa ses ricos e pa ses pobres e no interior de cada pa s entre ricos e pobres a sobrepopula o a cat strofe ambiental os conflitos tnicos a migra o internacional massiva a emerg ncia de novos Estados e a fal ncia ou implos o de outros a prolifera o de guerras civis o crime globalmente organizado a democracia formal como uma condi o pol tica para a assist ncia internacional etc A diferen a de rendimento entre o quinto mais rico e o quinto mais pobre era em 1960 de 30 para 1 em 1990 de 60 para 1 e em 1997 de 74 para 1 As 200 pessoas mais ricas do mundo aumentaram para mais do dobro a sua riqueza entre 1994 e 1998 A riqueza dos tr s mais ricos bilion rios do mundo excede a soma do produto interno bruto dos 48 pa ses menos desenvolvidos do mundo SANTOS 2002 p 1 O processo de ajuste neoliberal trouxe profundas conseq ncias para o sistema interestatal Assistimos ao enfraquecimento do Estado Na o ao mesmo tempo em que se fortalece o Estado Transnacional representado por estruturas mundiais de poder isto por corpora es internacionais tais como Fundo Monet rio Internacional FMD Banco Mundi
127. constru lo reform lo e transform lo a partir das id ias e das metas dos organismos internacionais os quais passam a definir e recomendar as diretrizes para o Estado Moderno orientadas para o mercado passando a exigir dele a aus ncia de instrumento de controle pol tico e restri o na defini o e aloca o de recursos p blicos sobretudo para a rea social As ag ncias de coopera o internacional t m desenvolvido e organizado a alian a tecnocr tica transnacional que tem como objetivo maior articular a racionaliza o dos investimentos na rea social para diminuir as fun es estatais e fortalecer as fun es de cunho privado Cria se desenvolve se e aprofunda se uma singular dissocia o entre o Estado e a Sociedade Em outras palavras as diretrizes econ mico financeiras pol ticas e culturais prevalecentes no mbito do Estado s o cada vez mais evidentemente alheias s necessidades econ mico financeiras pol ticas e culturais da maior parte da Sociedade civil O povo enquanto um conjunto de classes e grupos sociais subalternos esquecido pelos dirigentes j que estes est o empenhados em modernizar racionalizar ou dinamizar as institui es nacionais de forma a intensificar a inser o da emergente economia na din mica do capitalismo mundial Os governantes em conformidade com as diretrizes e injun es das estruturas mundiais de poder isto corpora es transnacionais Fu
128. crise global advinda do modelo social de acumula o os interessados e defensores do sistema capitalista buscaram um novo modelo que pudesse substituir o anterior Esse novo modelo encontrado para a supera o da crise do sistema capitalista mundial foi sendo constru do e fundamentado nas id ias denominadas de neoliberais De acordo com Anderson 1995 Quando todo o mundo capitalista avan ado caiu numa longa e profunda recess o combinando pela primeira vez baixas taxas de crescimento com altas taxas de infla o mudou tudo A partir da as id ias neoliberais passaram a ganhar terreno ANDERSON 1995 p 10 Nesse sentido foram retomadas as id ias econ micas e pol ticas fundamentadas na concep o do liberalismo do s culo XVIII as quais passam a fazer parte do novo modelo neoliberal do s culo XX O novo ideal neoliberal continha as mesmas id ias do liberalismo cl ssico do s culo passado com novas roupagens ou adapta es aos desafios atuais As id ias centrais do liberalismo e da corrente de pensamento neoliberal s o id nticas em v rios aspectos entre elas destaca se a despolitiza o da economia a desregula o dos mercados o estado m nimo e a defesa de igualdade para todos igualdade que n o passa de discurso vazio Para a implanta o desse novo ide rio denominado de neoliberal os defensores do capitalismo foram buscar os fundamentos dessa ideologia nos princ pios firmados na Societ du Mont Pelerin
129. da filosofia cl ssica alem Comungavam do mesmo pensamento quando se referiam ao m todo especulativo da filosofia e defendiam a sua supera o pela pr xis revolucion ria a exemplo da Tese XI contra Feuerbach Os fil sofos se limitaram a interpretar o mundo diferentemente cabe transform lo MARX 1978 p 53 Ambos desenvolveram a an lise da estrutura da sociedade dividida em classes antag nicas Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia chegando conclus o de que para super la era necess ria a ditadura do proletariado ou seja a sua hegemonia Em rela o ditadura do proletariado afirma L nin 1983 a ditadura do proletariado isto a organiza o de vanguarda dos oprimidos em classe dominante para o esmagamento dos opressores n o pode limitar se pura e simplesmente a um alargamento da democracia Ao mesmo tempo que produz uma consider vel amplia o da democracia que se torna pela primeira vez a democracia dos pobres a do povo e n o mais apenas a da gente rica a ditadura do proletariado traz uma s rie de restri es liberdade dos opressores dos exploradores dos capitalistas L NIN 1983 p 109 Estudos feitos por Anderson 1986 mostram tamb m que a no o de hegemonia no contexto s cio econ mico pol tico tem uma hist ria longa e anterior sua utiliza o por Gramsci O termo come ou a surgir no per odo compreendido entre 1883 e1884 nos escritos de Plekh
130. dades e a pobreza nas ltimas d cadas AG NCIA EFE In Mundo Folha Online 2007 A desigualdade na renda per capita aumentou em v rios pa ses da Organiza o para a Coopera o e o Desenvolvimento Econ mico OCDE durante essas duas d cadas o que sugere que a desregula o dos mercados teve como resultado uma maior concentra o do poder econ mico AG NCIA EFE In Mundo Folha Online 2007 A reparti o da riqueza mundial piorou e os ndices de pobreza se mantiveram sem mudan as entre 1980 e 2000 como j previra Tobim em 1981 AG NCIA EFE In Mundo Folha Online 2007 Enfim com o discurso da moderniza o do pa s e das possibilidades do crescimento sustent vel o ajuste neoliberal foi implementado tendo como foco as pol ticas macroecon micas e o mercado desregulamentado bem como o afastamento do Estado como promotor do bem estar social O resultado da ncora do processo de estabiliza o financeira e ajuste da economia promoveram uma brutal degrada o das condi es de vida do povo brasileiro O Brasil adequando se ao ajuste neoliberal tem elaborado e aplicado pol ticas e programas que t m trazido graves problemas sociais ao pa s os quais v m promovendo a marginaliza o social o desemprego a mis ria a fome as doen as epid micas o 102 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal analfabetismo a viol ncia entre outras quest es dram ticas que desencadeiam o mais violento fen meno da
131. dava in cio ao processo de implementa o das diretrizes para os cursos de gradua o Durante o processo foram convidadas as diferentes organiza es entidades e institui es de ensino superior para que enviassem sugest es para as comiss es de especialistas do ensino de cada rea de conhecimento para que essas pudessem elaborar propostas que seriam posteriormente encaminhadas ao Conselho Nacional de Educa o CNE As novas diretrizes que norteiam os Cursos de Gradua o e consequentemente a forma o profissional de n vel superior tem o objetivo de preparar o cidad o para as exig ncias emergentes do capitalismo internacional e para prepar lo para ser competitivo 130 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil no mercado globalizado Da a nfase na compet ncia termo que na sua ess ncia contempla o paradigma tecnicista dos anos 70 mudando se apenas a sua nomenclatura A referida concep o enfatiza o fazer pr tico o saber fazer deslocando o eixo do ensino para a aprendizagem A esse respeito oportuno o coment rio de Peixoto 2003 O ide rio que sustenta essa formula o tem sido marcado pela flexibilidade curricular objetivando no caso do sistema de ensino superior torn lo mais eficiente e sintonizado com o mundo do trabalho concebendo o espa o universit rio principalmente como um campo de forma o profissional Esta condu o da pol tica governamental evidencia uma compreens o limitada
132. de classe para a conquista de sua hegemonia Para concretizar a revolu o era necess rio dirigir ter disciplina organiza o e clareza da teoria revolucion ria constru da no interior da classe oper ria atrav s do Partido Socialista Italiano enfim a sua hegemonia A a o revolucion ria deve ser aplicada em toda realidade social a sociedade como uma unidade org nica deve ser envolvida em todos os seus momentos e em todos os seus n veis Para L nin s se pode compreender o fundamento da hegemonia quando se determina a fun o ativa do sujeito revolucion rio dentro do partido poss vel a consolida o da hegemonia pol tica do proletariado no interior de uma revolu o democr tico burguesa porque a lideran a do proletariado se forma no partido revolucion rio a se encontra a consci ncia cr tica do movimento e a iniciativa pol tica em dire o constru o de sua hegemonia Os economistas tendem a defender que a economia e a pol tica se relacionam mecanicamente ao contr rio do que defende L nin pois critica a afirma o de que revolu o burguesa hegemonia da burguesia e revolu o oper ria hegemonia do proletariado GRUPPI 1978 p 39 pois na experi ncia da R ssia em 1905 pode se observar a hegemonia do proletariado na revolu o burguesa O proletariado tendo uma vis o global da sociedade pode observar a incapacidade da burguesia de levar adiante de forma conseqgiiente a pr pr
133. de escola unit ria representa um projeto maior atrav s do qual as classes subalternas podem construir uma nova ordem nas rela es sociais obter a sua dire o e conseq entemente a sua hegemonia 2 4 Hegemonia no s culo XXI O pensamento gramsciano considerado como uma das refer ncias fundamentais para a compreens o das complexas transforma es por que passam as sociedades contempor neas Seus conceitos permanecem atuais destacando se neste trabalho o de hegemonia Os acontecimentos nas ltimas d cadas podem induzir ao pensamento de que o capitalismo saiu se vitorioso que a hist ria e as ideologias chegaram ao fim e que as utopias representam um corpo de id ias ultrapassadas e sem fundamento Essa aparente vit ria final do capitalismo assenta se na supremacia do sistema financeiro ignorando as outras circunst ncias especialmente os danos causados s economias dos pa ses que aderiram ao ide rio neoliberal e fal cia de seus argumentos Em outras palavras os que apregoavam a vit ria do capitalismo esqueceram se do terreno ideol gico no qual ele demonstra fragilidade tanto assim que a ideologia est sendo transmutada para que possa manter a sua hegemonia As rela es sociais n o se explicam apenas pela infra estrutura econ mica deitam as suas ra zes tamb m em um novo consenso e uma nova ideologia ou a velha ideologia travestida de novas roupagens De acordo com Gruppi 1978 o conceito de h
134. dependentes sobretudo nos da Am rica Latina inspirada nas teses do neoliberalismo doutrina que representa a tentativa de recupera o da crise do sistema capitalista avan ado 73 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Um dos instrumentos utilizados para o ajuste da economia desses pa ses foi o Consenso de Washington O Consenso de Washington representa um corpo de medidas fundamentadas na concep o neoliberal para de forma gil recuperar da grande crise o sistema capitalista mundial sobretudo nos pa ses latinos americanos A esses pa ses foram impostas altera es em sua trajet ria econ mica visando dar respostas para a supera o da crise do Capitalismo Mundial O documento intitulado de Consenso de Washington foi elaborado em novembro de 1989 por um grupo de economistas que faziam parte do Fundo Monet rio Internacional FMI do Banco Mundial BM do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID e do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos Pela primeira vez na hist ria reuniram se na capital dos Estados Unidos funcion rios do governo e dos organismos internacionais especializados em assuntos latino americanos com o objetivo de articular a implanta o do neoliberalismo de forma ordenada em diversos pa ses sobretudo nos latino americanos Os autores do referido documento tomaram como base um texto do economista John Willianson membro do International Institute for Economy que funciona em
135. des politiques sociales s rieusement atteintes Cette recherche est centr e sur les r formes de l Enseignement Sup rieur principalement de la p riode d nomm e de D cennie de l ducation 1996 2006 durant laquelle ont t mis en oeuvre plusieurs changements dans l ducation en g n ral et en particulier dans l ducation Sup rieure au moyen de divers instruments normatifs et de programmes d action tels que la Loi de Directives et Bases de l ducation Nationale LDB le Plan National d ducation PNE et le Programme Universit pour Tous PROUNI Cette th se montre que les m canismes h g moniques de l ajustement n olib ral ont d fini les directives pour l Enseignement Sup rieur au Br sil visant l h g monie du capitalisme mondial Dialectiquement on a recours l analyse documentaire pour comprendre la corr lation entre les m canismes h g moniques d ajustement n olib ral et les directives pour l enseignement sup rieur au Br sil L approfondissement du concept d h g monie propos par Gramsci d montre l importance de l id ologie comme instrument d cisif pour la conqu te de l h g monie et l ducation a un r le pr pond rant en raison de son l importance dans la construction et l instauration de l id ologie dominante et dialectiquement comme elle galement engendre la contre h g monie Actuellement dans ducation Sup rieure au Br sil de tels m canismes sont implicites dans les
136. dessas diretrizes Ao longo da hist ria da humanidade foi sempre presente a preponder ncia de uma pessoa grupo ou classe sobre as demais O conceito definido para essa pr tica que ocorre nas rela es sociais compreendido neste trabalho como hegemonia bem definida por Gramsci como processo de domina o e dire o que se revela de v rias formas com destaque para a ideologia O conceito de hegemonia elaborado por Gramsci para explicar os fen menos sociais de sua poca permanecem atuais para a compreens o desses fen menos na contemporaneidade A hegemonia uma das categorias fundamentais neste trabalho tem demonstrado como ela tem consolidado o seu papel de exercer o dom nio e a dire o nos processos de reconstru o da pol tica da economia e no campo das id ais atrav s da ideologia No s culo XX o cen rio mundial foi objeto de diversas mudan as produzidas pelas sucessivas crises do sistema capitalista mundial Os defensores desse sistema buscavam constantemente novas estrat gias para a supera o dessas crises Uma das alternativas encontradas foi a reconstru o do liberalismo cl ssico que foi revestido de numa nova concep o a que se denominou neoliberalismo A nova concep o te rica desenvolveu se associada a uma nova organiza o mundial denominada de globaliza o As novas id ias fundamentadas no neoliberalismo que objetivavam reverter a crise do sistema capitalista mundial desenvolveram no
137. destacam se Gratifica o de Est mulo Doc ncia GED institu da pela Lei n 9 678 de 03 de julho de 1998 formulada e implementada pelo MEC tendo como alvo os professores de 3 grau das Institui es Federais de Ensino Superior A GED surgiu no per odo de uma greve de quase cem dias no ano de 1998 Durante a greve os docentes reivindicavam melhoria na qualidade do ensino das condi es de trabalho e de sal rio As for as governistas no Congresso Nacional encontraram uma forma de responder s reivindica es da categoria docente concedendo uma melhoria salarial atrav s do velho formato de gratifica es criando a Gratifica o de Est mulo Doc ncia GED Nesse contexto a avalia o do trabalho docente estava atrelada avalia o qualitativa que por sua vez era resultado do desempenho do professor nas atividades de ensino pesquisa e extens o Belloni 2000 apresenta uma s ntese do que se configura como GED A nova Gratifica o de Est mulo Doc ncia tem duas dimens es uma de se constituir um aumento ainda que pequeno de sal rio a de introduzir um novo fator de diferen as salariais entre docentes por tipo de atividade desempenhada em acr scimo aos fatores j existentes a saber titula o tempo de servi o bolsas de pesquisa gratifica o de fronteira e ganhos judiciais Nesse sentido fica claro que se trata de uma nova forma de implementar pol tica salarial usando um procediment
138. dicadores sociais a distribui o de renda ainda um dos piores problemas do pa s De acordo com a pesquisa 1 dos brasileiros mais ricos 1 7 milh o de pessoas det m uma renda equivalente a da parcela formada pelos 50 mais pobres 86 5 milh es de pessoas RIBEIRO 2005 p 1 99 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal As pol ticas neoliberais aqui implementadas n o s vieram desarticular o Estado com sua economia fr gil e dependente como tamb m barrar o desenvolvimento prec rio das pol ticas p blicas sociais a exemplo da sa de da educa o da moradia do trabalho da previd ncia e outras frustrando um processo de conquistas e lutas pela sua melhoria amplia o e implementa o No bojo das pol ticas sociais destaca se a educa o como um componente forte para atingir os objetivos do ajuste neoliberal pois esta al m de ser respons vel pelo processo de forma o profissional o qual insere o cidad o no mundo do trabalho representa tamb m um fator essencial de inser o do homem na sociedade O neoliberalismo estabelece o Estado m nimo e o m ximo de mercado sob a l gica mercantil e privatista na qual a educa o concebida como mercadoria distanciando se cada vez mais da sua natureza de direito social universal ABRAMIDES 2004 p 1 No processo de privatiza o a articula o entre educa o e produ o de conhecimento fundamentada a partir do bin mio privatiza o e mer
139. do Ele vai qualificando a sociedade pol tica utilizando em muitas situa es a palavra Estado baseada na concep o cl ssica apesar de que para ele essa 27 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia 2 era uma concep o superada que a revestida pela concep o liberal de Estado Nessa concep o o Estado n o tinha diretamente o papel principal de agente que exerce a dire o econ mica e ideol gica mas daquele que exerce diretamente a garantia da ordem p blica e o exerc cio de respeito s leis Dessa forma compreende se a sociedade pol tica como tamb m a civil como uma sociedade funcional e que pode ser traduzida em organiza es superestruturais e a sociedade pol tica pode ser tamb m definida como uma sociedade org nica O aparelho de Estado para exercer a sua fun o de coer o utiliza se da administra o burocr tica a qual desempenhada por agentes intelectuais definidos para tal De certa forma a burocracia como uma organiza o que consegue administrar o poder coercitivo pode ser considerada organicamente como uma casta Partindo da concep o gramsciana sobre o papel da burocracia e do poder coercitivo do Estado Portelli diz o seguinte Essa homogeneidade facilitada pelo fato ainda v lido na poca de Gramsci nos pa ses ocidentais de que as antigas classes dirigentes do bloco hist rico frequentemente receberam das m os da nova classe fundamenta
140. do e os interesses de classe que se escondem por tr s de sua pretensa universalidade e irreversibilidade Um dos conceitos que parece mais preciso o apresentado por Perry Anderson com as seguintes palavras trata se de um corpo de doutrina coerente autoconsciente militante lucidamente decidido a transformar todo o mundo sua imagem em sua ambi o estrutural e sua extens o internacional ANDERSON 1995 p 11 Outro autor cujo coment rio a respeito do que seja o neoliberalismo merece ser transcrito o de Sodr 1996 o qual diz o seguinte O neoliberalismo n o passa de uma farsa o disfarce com que se apresenta uma forma de pol tica que pretende justamente o fim da hist ria isto os ricos ficar o mais ricos os pobres ficar o mais pobres e tudo ser como no pa s das maravilhas A realidade n o importa a caracter stica nacional n o importa os interesses do povo n o importam Id ias arroladas como obsoletas n o por serem antigas mas por se oporem a esta vis o simplista e unilateral da realidade a id ia de na o a id ia de soberania a id ia de p tria s o esquecidas ou negadas como se n o existissem Mas o fato que elas existem traduzem rela es sociais e est o longe de funcionarem como t cnicas quando o receitu rio dita as regras Regras e receitu rios que obedecem a interesses muito poderosos SODR 1996 p 26 Ao analisar o percurso hist rico do neoliberalismo ob
141. do e nenhuma preocupa o com o atendimento das necessidades b sicas da popula o mantendo as exclu da do mercado de consumo Esses s o apenas alguns exemplos de medidas tomadas pelos estados nacionais que aderiram s pol ticas neoliberais Al m disto o ajuste neoliberal implica quebra das fronteiras nacionais principalmente para o capital financeiro internacional o qual passa a transitar livremente por todos os pa ses tendo como nico objetivo a obten o de lucros Esse capital retira se dos pa ses quando as taxas de juros que o remuneram perdem atrativo em rela o a outras pra as Dessa forma esse capital ao retirar se dos pa ses ap s terem extra do exorbitantes lucros tem fomentado crises financeiras e at a fal ncia de alguns estados a exemplo do que ocorreu com a Argentina Assim os estados nacionais ficam dependentes do capital transnacional pela necessidade de obter recursos financeiros n o para o investimento produtivo mas para o pagamento dos juros das d vidas acumuladas inviabilizando desse modo o crescimento econ mico dos estados que recorrem a esse financiamento caracter stica ainda do ajuste neoliberal a ocorr ncia de acordos pol ticos interestatais na tentativa de os pa ses envolvidos se capacitarem para a luta acirrada por 83 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal mercados consumidores e a preven o de crises econ micas Exemplos Uni o Europ ia Mercosul NAFTA etc O que se
142. dr sticas na produ o industrial pre os de a es e em praticamente todo medidor de atividade econ mica em diversos pa ses no mundo 61 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal os princ pios da social democracia aplicando os fundamentos econ micos pautados no modelo keynesiano Nesse per odo surge o Estado de Bem Estar Social Para Fiori 1996 esse sucesso ocorrido sobretudo entre os anos de 50 e 70 pode representar no contexto atual uma esperan a de mudan a para o futuro que poder ser denominado de per odo p s neoliberal Seguem alguns fatos apresentados por ele que representam o momento vivido pela social democracia houve uma esp cie de grande consenso ideol gico promovido pelo pr prio efeito da guerra da social democracia e dos liberais keynesianos os liberais dessa poca reconheceram a necessidade e a indispensabilidade de um papel ativo do estado nos pa ses centrais no controle das crises econ micas e nos pa ses perif ricos no comando do desenvolvimento esta poca esteve assentada em um impl cito expl cito e rigorosamente antiliberal entre o capital o trabalho e o estado que se chamou na poca de neocorporativismo esse pacto esse grande acordo foi poss vel gra as sem d vida nenhuma exist ncia de uma ordem mundial pol tica ideol gica que bipolar conflitiva e ao mesmo tempo de uma ordem econ mica do lado ocidental do outro lado c
143. du o dos direitos sociais 141 Maciel M H R S ntese Propositiva O resultado da aplica o dessas diretrizes econ micas e pol ticas foi desastroso para a maioria da popula o que sofreu as conseq ncias do desmonte dos servi os sociais b sicos tais como sa de educa o moradia saneamento emprego transporte e seguran a No Brasil as pol ticas neoliberais come aram a ser implantadas tardiamente em rela o aos demais pa ses da Am rica Latina O fim do regime militar e a promulga o de uma nova Constitui o Federal em 1988 foram entraves para a consolida o dessas pol ticas que j estavam sendo implantadas em outros pa ses tais como Chile Argentina e M xico A Constitui o brasileira de 1988 se tornou um dos obst culos para a implanta o do ajuste neoliberal por ter sido elaborada sob os fundamentos e princ pios do Estado de Bem Estar Social Al m dos entraves acima citados para a implanta o das pol ticas neoliberais no Brasil outro fato hist rico de destaque que contribuiu para o retardamento da consolida o do neoliberalismo no Brasil foi o impeachment do Presidente Fernando Collor de Melo que tinha na sua proposta governamental o compromisso de iniciar o processo de implanta o das pol ticas neoliberais no pa s Todavia foi no Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso que o ajuste neoliberal teve o seu apogeu momento em que ocorreram as reformas do Estado e as privati
144. e refor ando se dessa forma a perpetua o do poder da classe dirigente ou hegem nica H uma tend ncia por parte da classe dominante de excluir o proletariado da escola de n vel m dio e superior que veicule conte do cl ssico a quem seria oferecida apenas a forma o de n vel m dio em institutos t cnicos e profissionalizantes Gramsci condenou essa tend ncia por se tratar de uma forma dualista de educa o que privilegia a classe dominante ao negar ao proletariado o acesso educa o de cultura cl ssica A divis o fundamental da escola em cl ssica e profissional era um esquema racional a escola profissional destinava se s classes instrumentais ao passo que a cl ssica destinava se s classes dominantes e dos intelectuais GRAMSCI 1988 p 118 41 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Com o agravamento da dualidade entre escola human stica e profissional nasce o conceito de escola unit ria defendido por Gramsci como op o para a forma o integral do homem Como defensor do m todo hist rico dial tico Gramsci compreende a escola na perspectiva de totalidade Nessa dire o ele condena a separa o entre a escola human stica e a escola profissional Afirma ele Escola nica inicial de cultura geral humanista formativa que equilibre equanimemente o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente tecnicamente industrialmente e o desenvolvimento das capacidades
145. e est destinado em raz o da car ncia de recursos para a sua manuten o que por sua vez motivada pelo corte de verbas em atendimento s exig ncias das institui es financeiras internacionais Sem verbas fica a institui o universit ria impossibilitada de exercer o seu papel social de produtora e disseminadora do conhecimento Por fim o aspecto institucional como ltima dimens o dessa crise Na medida em que se procura impor institui o universit ria o padr o organizativo empresarial mercantil que n o se coaduna com a sua natureza e miss o haja vista que a universidade 116 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil n o tem como fim a obten o de lucro sendo a sua miss o a de produzir pesquisa e disseminar o conhecimento ensino al m de oferecer servi os em diversas reas extens o em benef cio n o de um grupo de pessoas mas de toda a coletividade Nessa perspectiva se encontra a contradi o principal entre as imposi es neoliberais de car ter mercadol gico para a universidade p blica e o seu car ter de institui o eminentemente social A universidade no pensamento neoliberal avaliada n o por crit rios de atendimento das demandas sociais mas pela medida de sua produtividade luz dos crit rios empresariais capitalistas A esse respeito segue texto de Chau 1999 que corrobora essa linha de racioc nio quanto uma universidade produz em quanto tempo e qua
146. e forma dial tica desempenha um papel fundamental em duas situa es a primeira ocorre quando a classe hegem nica consegue manter os seus valores sem questionamento por parte da massa nessa situa o o senso comum auxilia o homem massa a responder s quest es cotidianas mesmo que sejam respostas contradit rias e na segunda quando a hegemonia entra em crise o senso comum passa a ser ponto de partida para um processo de conscientiza o da massa a partir da reflex o da realidade provocando o rompimento com a ideologia dominante Isso vem demonstrar o car ter tamb m contradit rio da educa o que n o propriedade de nenhuma classe e muito menos instrumento apenas da classe dominante Verifica se portanto a relev ncia central da a o pedag gica na constru o da contra ideologia De fato n o h melhor a o social para facilitar a organiza o e a participa o ativa que a educa o Embora n o seja a solu o sem ela n o poss vel construir novas din micas sociais Por esse motivo deve ser colocado no debate atual o direito educa o como um dos direitos humanos a ser urgentemente promovido e atendido fortalecendo a a o da sociedade civil neste campo haja vista que esse um campo privilegiado onde se estabelece a luta ideol gica tendo a classe dominante interesse pela educa o visando consolidar a sua hegemonia Seguem algumas reflex es de Gramsci sobre o bom senso apresentadas por Jesus
147. e nacionalista e populista que defendia a morat ria da d vida externa Os grandes analistas econ micos n o tinham d vida a Argentina caminhava cada vez mais para o caos econ mico e para a hiperinfla o Contudo ao contr rio de qualquer previs o a Argentina consegue desde 2003 elevadas taxas de crescimento 50 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia econ mico a manuten o da infla o em patamares razo veis e atrair investimentos produtivos Em contraste com esse progn stico os resultados do governo Kirchner s o surpreendentemente positivos apesar do esperado fracasso de suas pol ticas Entre 2003 e 2006 o PIB cresceu em m dia 9 ao ano O crescimento acumulado da Argentina nesse per odo maior do que o do Brasil entre 1990 e 2006 quando os ortodoxos dominaram a pol tica econ mica brasileira A infla o hoje bem menor do que em 2002 ou o que se esperava em 2003 As reservas internacionais quadruplicaram O pa s pagou antecipadamente sua d vida com o FMI O desemprego e a pobreza diminu ram fortemente O risco de crise financeira ou do balan o de pagamentos improv vel pois o pa s tem conseguido manter super vits em conta corrente mesmo com a economia crescendo a taxas t o elevadas E o pa s tem registrado diversos investimentos para a amplia o do parque industrial a despeito dos analistas terem afirmado que a morat ria afastaria os investidores estrangeiros SANTOS 2007
148. e pol tica Gramsci fala dos v nculos que ela tem com a sociedade civil Para ele a ditadura pura e simples quando aut noma e exerce a hegemonia pol tica quando depende da sociedade civil E quando se limita ao n vel t cnico militar est impl cito o uso da for a e ao pol tico militar o uso da dire o pol tica de coer o De acordo com Portelli 1977 Gramsci distingue duas situa es em que utilizada a coer o pela sociedade pol tica Uma delas seria a coer o legal a outra seria a coer o ocorrida em situa es de crise org nica do sistema em que a legalidade n o mais respeitada As duas situa es ou momentos de coer o s o definidas por Gramsci na seguinte forma uma habitual que consiste no controle dos grupos sociais que n o consentem na dire o da classe fundamental esses grupos as classes subalternas entram em contradi o com a classe dirigente em certo grau da evolu o das rela es sociais e econ micas Esta utiliza pois a coer o mais ou menos legal para manter a sua domina o a segunda situa o mais excepcional e tempor ria na medida em que trata dos per odos de crise org nica a classe dirigente perde o controle da sociedade civil e ap ia se na sociedade pol tica para lograr manter a sua domina o GRAMSCI apud PORTELLI 1977 p 31 Na constru o do conceito de sociedade pol tica Gramsci toma como apoio o aparelho de Esta
149. edade civil Para ele o grupo que controla hegem nico e ao alcan ar a conquista da sociedade pol tica essa hegemonia coroada passando a estender se ao conjunto do Estado que contempla a sociedade civil e a sociedade pol tica Na hegemonia gramsciana h uma primazia da sociedade civil em rela o sociedade pol tica ao contr rio da leninista que inverte dando a primazia sociedade pol tica em rela o sociedade civil 2 2 Hegemonia em Gramsci O conceito de hegemonia uma das categorias priorizada para o aprofundamento deste trabalho toma como refer ncia principal os estudos e reflex es apresentadas por 17 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Gramsci considerado o te rico marxista que mais trabalhou com o conceito de hegemonia e que o fez com originalidade Gramsci a partir de suas teses utilizou um m todo de an lise da realidade pol tica italiana que tem possibilitado a compreens o da realidade social econ mica pol tica e cultural em outras na es e em outras situa es na perspectiva de confirm las modific las ou adequ las pois o conjunto de elementos extra dos de suas teses tem sido a base para an lise da pr xis revolucion ria em v rias situa es sobretudo na interpreta o das ideologias existentes para a constru o de novas ideologias elemento necess rio para alcan ar a hegemonia A constru o do conceito de hegemonia em Gramsci foi trabalhad
150. edag gica na qual a vontade individual trabalhada no sentido de ser superada para se alcan ar a vontade universal O processo pedag gico proposto por Gramsci encontra obst culos quando se depara com concep es voltadas para o misticismo o dogmatismo e as incoer ncias pois estas est o relacionadas com senso comum folclore religi o e bom senso Nessa perspectiva o senso comum torna se o folclore da filosofia considerada por Gramsci como uma concep o desagregada incoerente inconsegiiente adequada posi o social e cultural das multid es De forma dial tica o senso comum compreendido como uma concep o acr tica do mundo n o permanece nesse est gio mas pode ser transformado continuamente a partir de contribui es cient ficas e filos ficas A afirma o de que todos os homens s o fil sofos n o significa afirmar que todos t m uma vis o cr tica e reflexiva dos fatos sociais Por existirem v rias concep es de mundo o que vai determinar a vis o cr tica da realidade o tipo de educa o que o 33 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia homem recebe no ambiente ou grupo no qual est inserido Sabe se que a forma o mec nica fragmentada e acr tica tem sido hegem nica Esse processo de forma o desencadeia o desconhecimento dos problemas sociais como esses afetam a sociedade e promove o conformismo social Na vis o gramsciana o senso comum d
151. efetuada por Gramsci evidente quando ele afirma que cada grupo social cria para si ao mesmo tempo de um modo org nico uma ou mais camadas de intelectuais que lhe d o homogeneidade e consci ncia da pr pria fun o n o apenas no campo econ mico mas tamb m no social e no pol tico Por conseguinte o crit rio para definir o intelectual n o ser mais a distin o entre intelectual e massa mas o lugar que ele ocupa em determinada classe social lugar este determinado por sua atividade Assim org nico aquele que se imiscui ativamente na vida pr tica como construtor organizador persuasor permanente como especialista dirigente ligado ao trabalho industrial GRAMSCI apud JESUS 1989 p 64 Ser org nico ser permanente e oposto a conjuntural ser co natural coerente consistente unido e necess rio por possuir as mesmas ra zes s cio etnol gicas Um intelectual org nico portanto o que reflete conscientemente os pontos de vista do grupo social ao qual est vinculado Na maioria das vezes estes intelectuais criados no curso do desenvolvimento de uma classe executam tarefas que representam especializa es de aspectos parciais de atividade primitiva do tipo social novo que a nova classe deu luz GRAMSCI apud JESUS 1989 p 65 38 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia A partir da compreens o do conceito de intelectual org nico apresentado por Gramsci per
152. egem nica atribuindo lhe um car ter que n o depende deste ou daquele educador deste ou daquele modo de produ o mas insere se organicamente na sua pr pria natureza e objetivos Pode se afirmar que a educa o que n o conseguir ou n o quiser estabelecer esta rela o hegem nica n o educa o JESUS 1989 p 44 45 A educa o molecular possibilita ao homem a capacidade de elabora o da consci ncia cr tica e de ser sujeito ativo de sua pr pria hist ria e da produ o da hist ria do mundo A educa o em n vel de massa transforma a educa o molecular em norma de vida coletiva e amplia a consci ncia cr tica das massas A classe dominante utiliza a educa o e a ideologia repressiva como mecanismos para ajustar os indiv duos ordem social vigente pela transforma o de um saber elitista e definido pelo poder estabelecido ocultar as contradi es sociais por meio de discursos dissimuladores da realidade manter coesa toda sociedade atrav s de discursos homog neos igualit rios e at renovadores Para Gramsci a classe que luta pela constru o de uma contra hegemonia utiliza a educa o na perspectiva de uma nova concep o de mundo contrap e se ao poder estabelecido e a dicotomia trabalho manual versus trabalho intelectual A educa o proposta n o se alinha estrutura capitalista das rela es sociais 31 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Se do lado dom
153. egemonia apresentado por Gramsci em toda sua amplitude isto como algo que opera n o apenas sobre a estrutura econ mica e sobre a organiza o pol tica da sociedade mas tamb m sobre o modo de pensar sobre as orienta es ideol gicas e sobre os modos de conhecer GRUPPI 1978 p 3 43 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia V se dessa forma a import ncia que tem para Gramsci o papel da ideologia na consolida o da hegemonia e analogamente na constru o da contra hegemonia tratando se a ideologia de um terreno importante onde se opera a luta de classes Assim para entender a realidade contempor nea a partir do pensamento gramsciano preciso a an lise do capitalismo na sua forma atual nos campos ideol gicos e culturais consubstanciados no que hoje se denomina neoliberalismo bem como as suas muta es preciso se estudar quais as ideologias os valores e as pr ticas sociais que sustentam o neoliberalismo e que o faz hegem nico nos dias atuais Em outras palavras o sistema econ mico para manter se hegem nico necessita da superestrutura ideol gica ou seja das id ias que fortalecem o senso comum o conformismo e a passividade diante das mudan as processadas na sociedade Por outro lado ela expressa e sintetiza um ambicioso projeto de reforma ideol gica de nossas sociedades a constru o e a difus o de um novo senso comum que fornece coer ncia sentido e uma pretensa legitimid
154. egundo o ponto de vista prolet rio a hegemonia pertence a quem se bate com maior energia a quem se aproveita de toda ocasi o para golpear o inimigo pertence quele a cujas palavras correspondem os fatos e que portanto o l der ideol gico da democracia criticando lhe qualquer inconseqi ncia LENIN apud GRUPPI 1978 p 11 A partir dessas reflex0es compreende se que o conceito de hegemonia em L nin foi sendo constru do a partir de suas reflex es te ricas sobre as concep es do Bolchevique russo BoxbmeBHk uma palavra da l ngua russa e significa majorit rio Assim foram chamados os integrantes da fac o do Partido Oper rio Social Democrata Russo POSDR liderada por Vladimir L nin Os bolcheviques defendiam uma mudan a radical de pol tica para seu povo defendendo uma revolu o socialista armada caso necess rio Menchevique russo Menbmesnkn uma palavra da l ngua russa e significa minorit rio pertenciam a uma fac o do movimento revolucion rio russo que surgiu em 1903 depois da disputa entre Vladimir L nin e Julius Martov ambos os membros do Partido Oper rio Social Democrata Russo POSDR Os mencheviques defendiam uma revolu o moderada permitindo primeiro a democracia e s depois o socialismo 14 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia determinismo econ mico Atrav s do seu trabalho o marxismo p de superar a id ia defendida pelo socialismo que aposta
155. eira em rela o educa o emprego moradia sa de e transporte mas na pr tica o que tem ocorrido um total abandona da popula o sua pr pria sorte com o Estado se eximindo de sua responsabilidade Este o Estado M nimo pregado pelo neoliberalismo Estado que m ximo para o capitalismo N o se podem pensar pol ticas educacionais sem que se fa am correla es com as demais pr ticas sociais nem pensar pol ticas educacionais desvinculadas da pol tica em 110 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil geral ou da pol tica social como um todo principalmente s relacionadas ao emprego moradia sa de Fernandes 1979 abra a essa mesma id ia ao afirmar Com isso queremos dizer que se imp e associar as reformas e os planos educacionais a outras modalidades de interven o na realidade A compartimentaliza o imperante nos servi os p blicos brasileiros revela se notoriamente no funcionamento das institui es educacionais e na mentalidade com que os educadores procuram enfrentar os problemas educacionais brasileiros Ela precisa ser combatida para ceder lugar a um estilo de a o que nos leve a considerar a solu o dos problemas educacionais luz dos v rios fatores que concorrem em sua produ o e por isso precisam ser manipulados simultaneamente N o obstante mesmo que essa condi o se realize conv m n o esquecer que a efic cia das medidas educacionais inclusive das que pa
156. eligiosas e jur dicas interligadas de modo complexo O referido autor ao discorrer sobre a dimens o econ mica da globaliza o diz o seguinte Os tra os principais desta nova economia mundial s o os seguintes economia dominada pelo sistema financeiro e pelo investimento escala global processos de produ o flex veis e multilocais baixos custos de transporte revolu o nas tecnologias de informa o e de comunica o desregula o das economias nacionais preemin ncia das ag ncias financeiras multilaterais emerg ncia de tr s grandes capitalismos transnacionais o americano baseado nos EUA e nas rela es privilegiadas deste pa s com o Canad o M xico e a Am rica Latina o Japon s baseado no Jap o e nas suas rela es privilegiadas com os quatro pequenos tigres e com o resto da sia e o europeu baseado na Uni o Europ ia e nas rela es privilegiadas desta com a Europa de Leste e como Norte de frica SANTOS 2002 p 3 Outro autor que tem refletido profundamente acerca da tem tica da globaliza o lanni Para caracterizar as transforma es hist ricas mais recentes do capitalismo ele apresenta a seguinte conceitua o aldeia global cidade global comunica o virtual desterritorializa o redes de corpora es nova divis o internacional do trabalho neofordismo acumula o flex vel zona franca mercado mercadoria e moeda global planejamento global sociedade civil mu
157. em alguns dos anteprojetos de LDBEN que tramitaram durante oito anos no Congresso Nacional prenunciando os cortes de verbas e a privatiza o que assombrariam a educa o nos anos subseq entes A hist rica disputa entre correntes privatistas e publicistas se repetiu Como assinalamos o F rum Nacional realizou rduo trabalho junto aos parlamentares e em eventos que eclodiram por todo o pa s Entretanto medida que a lei da educa o nacional era debatida o governo impingia por meio de decretos resolu es e medidas provis rias o seu projeto educacional articulado aos des gnios firmados em Jomtien e aos grandes interesses internacionais como atestam os documentos da CEPAL Comiss o Econ mica para a Am rica Latina e Caribe SHIROMA 2000 p 61 62 Ap s a constru o e aprova o do Plano Decenal de Educa o para Todos 1993 toda preocupa o desloca se para a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB cujo debate j era travado antes mesmo da promulga o da Constitui o de 1988 no seio da sociedade civil organizada o qual expressava o desejo de garantir a educa o como um direito de todos os cidad os em que v rias entidades representativas dos educadores apresentaram proposi es para o projeto de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB com vistas implanta o de uma educa o p blica gratuita e de qualidade para todos As reformas implementadas pelos sucess
158. ensor de interesses das ag ncias financiadoras articuladas ao capital internacional A problem tica das fontes externas e de intelectuais estrangeiros orientando processos de elabora o de documentos para a educa o n o era nova pois ela se manifestava tamb m em outros pa ses da Am rica Latina Basicamente eram inspirados em express es encontradas nas ltimas d cadas na Alian a para o Progresso nas incurs es da United States Development Agency USAID nos projetos da UNESCO CEPAL PNUD e nas diretrizes do Banco Mundial cujas palavras de ordem eram qualidade produtividade e equidade HERMIDA 2006 p 5 6 Tr s anos ap s a assinatura da Declara o Mundial de Educa o para Todos o Brasil aprova o Plano Decenal de Educa o para Todos 1993 Com esse documento 108 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil o Brasil tra ava as metas locais a partir do acordo em Jomtien Tail ndia e dessa forma acenava aos organismos multilaterais FMI BM UNESCO UNICEF e PNUD afirmando que o projeto educacional por eles prescrito seria aqui implantado Posteriormente cada Unidade da Federa o tamb m elaborou os seus respectivos Planos Decenais de Educa o adequando se s mudan as em mbito nacional A respeito dessa quest o Shiroma e cols 2000 fazem o seguinte coment rio As recomenda es de Jomtien e de outros f runs promovidos por organismos multilaterais poderiam ser claramente identificados
159. ente funcionar o como tal dando acesso a profiss es mais leves leia se mal remuneradas exigidas pelo mercado E os mestrados profissionalizantes instituindo a confus o aviltadora entre um t tulo de prest gio mestre e um conte do curricular de mera especializa o CASTANHO 2000 p 12 13 V se que os princ pios proclamados pela citada Confer ncia Mundial sobre Educa o Superior entram em conflito com os ditames do neoliberalismo pois enquanto o primeiro entende o Ensino Superior como um bem p blico defendendo que o Estado 119 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil aumente o seu financiamento a fim de garantir o acesso a perman ncia e qualidade da educa o para todos os cidad os o neoliberalismo ao contr rio trata o Ensino Superior como uma mercadoria acess vel somente a quem pode pagar para adquiri la impedindo que a maioria da popula o tenha acesso a esse n vel de ensino Coerente com esse entendimento as pol ticas neoliberais para o Ensino Superior restringem as verbas p blicas a ele destinadas e promove a sua privatiza o o que corresponde a n o assumir a sua responsabilidade na promo o da educa o como um bem de fundamental import ncia para o desenvolvimento social da na o ou no dizer do documento final produzido pela referida confer ncia um dos pilares fundamentais dos direitos humanos Por fim empiricamente tem se verificado que as universidades p blicas v
160. ente uma mais justa distribui o de renda ao lado de pol ticas sociais que permitam a melhoria na qualidade de vida da popula o especialmente no que se refere sa de emprego moradia seguran a e outras Essa inter rela o entre a pol tica educacional e as demais pol ticas sociais a aplica o de um postulado dial tico pelo qual tudo se relaciona Por exemplo se h melhoria no ensino o aluno tender a adquirir conhecimentos que lhe possibilitam obter melhores condi es de trabalho e de sal rio o que acarretar uma melhor qualidade de vida Em outro sentido se o aluno possui as condi es b sicas de sobreviv ncia isso lhe permitir um melhor desempenho acad mico Diante do que foi estudado em rela o s diretrizes para o ensino superior no Brasil como resultado da implementa o das pol ticas neoliberais urgente que se promova um amplo movimento tendo frente as entidades acad micas e sindicais representativas dos setores interessados na educa o para que se promova uma profunda altera o na legisla o educacional do pa s tendo como objetivo atender aos interesses da sociedade Nesse sentido necess ria a elabora o de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional de um novo Plano Nacional de Educa o bem como a reforma do ensino superior de forma a preservar o princ pio de indissociabilidade entre o ensino a pesquisa e a extens o a democratiza o do acesso e perman
161. entos selecionados para an lise nesta pesquisa revelam o comprometimento do pa s com os interesses do mercado transformando a educa o de bem social em um bem lucrativo confirmando a supervaloriza o do privado em detrimento do p blico Na Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional fica evidenciado o car ter generalista e flex vel por essa n o assumir uma posi o firme em defesa dos ideais de uma educa o p blica gratuita e de qualidade Um dos aspectos que representa essa flexibiliza o na LDB fica evidenciado no Art 45 em que diversificado o l cus de forma o Esse artigo foi regulamentado atrav s do Decreto n 2 306 97 que institui v rias modalidades de espa os de Institui es de Ensino Superior criando universidades centros universit rios faculdades integradas faculdades institutos superiores ou escolas superiores todas com fun es distintas Essa diversifica o dos espa os de forma o acad mica desconsidera o princ pio constitucional contido no art 207 da Constitui o do Brasil possibilitando a dissocia o do ensino da pesquisa e da extens o atrav s da cria o de institui es para cada uma dessas fun es da Universidade Dessa forma abre se o leque de possibilidades para a prolifera o das institui es do setor privado que trabalham s com o ensino dissociado da pesquisa e da extens o por demandarem um maior investimento confirmando se dessa forma a elitiza o do e
162. eoliberalismo implica uma redefini o dr stica das rela es entre o Estado e a Sociedade e n o apenas com a Economia mesmo porque ambas se constituem simult nea e reciprocamente com os seus ingredientes pol ticos e culturais Este o processo que se acha em curso o Estado est sendo dissociado da Sociedade suas rela es est o sendo redefinidas altera se e rompe se o metabolismo que se havia desenvolvido entre a Sociedade e o Estado na vig ncia do projeto de capitalismo nacional IANNLI 2000 p 2 78 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal A fal ncia do Estado nesse contexto passou a ser um dos dogmas dos neoliberais e eles passaram a definir a inefici ncia do Estado sem qualquer fundamento cient fico Na busca de solu o para essa fal ncia os governos adeptos das id ias neoliberais passam a desenvolver uma pol tica de minimiza o dos recursos financeiros tendo como consequ ncia o desmantelamento das pol ticas sociais Com essa pol tica minguam os escassos recursos para a sa de educa o habita o popular saneamento infra estrutura etc Essa pol tica portanto aumentou de forma crescente a mis ria da maioria da popula o desses pa ses O Brasil citado como exemplo no qual apesar de ter se tornado a oitava pot ncia industrial do mundo apresenta uma situa o social fortemente deteriorada 250 000 crian as menores de um ano morrem anualmente sob o impacto entre os fatores centrais
163. eral alcan ou seu pice em v rias partes do mundo A crise das sociedades socialistas do Leste Europeu consolidada com a queda do Muro de Berlim 1989 e a desarticula o do socialismo sovi tico foram fatores que contribu ram para a consolida o das id ias neoliberais e a aplica o das medidas econ micas corporificadas no documento Consenso de Washington As id ias apresentadas de forma sint tica nesse documento representavam um verdadeiro receitu rio neoliberal que foi sendo adotado por v rios pa ses do mundo sobretudo os em desenvolvimento com o discurso de que seria a solu o para resolver os problemas econ micos mundiais para reduzir a pobreza e acelerar o desenvolvimento global Nesse contexto as pol ticas econ micas e sociais foram sendo elaboradas e 76 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal implementadas fundamentadas da concep o neoliberal inicialmente sem muitos questionamentos O referido documento continha dez regras b sicas que deveriam ser implementadas para a supera o da grave crise econ mica advinda do modelo capitalista em vigor que foram elencadas como Disciplina fiscal atrav s da qual o Estado deve limitar seus gastos arrecada o eliminando o d ficit p blico Focaliza o dos gastos p blicos em educa o sa de e infra estrutura Reforma tribut ria que amplie a base sobre a qual incide a carga tribut ria com maior peso nos impostos indiretos e menor progr
164. erando a rela o espa o tempo por serem assistidas em tempo real Esses meios de comunica o s o instrumentos por meio dos quais a classe dominante exerce e consolida a sua hegemonia apesar de que como nos outros instrumentos de domina o ideol gica tamb m poss vel dialeticamente ser utilizada pela classe dominada como no exemplo dado por COUTINHO 1999 52 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Na medida em que o mundo da m dia continua a ser propriedade privada de pequenos grupos da classe dominante isso provoca um indiscut vel desequil brio na disputa pela hegemonia A nova m dia eletr nica sobretudo a TV tem um peso ineg vel na forma o da opini o p blica na constru o da cultura que est na base das rela es de hegemonia Mas essa nova m dia tamb m est imersa na sociedade civil e sofre sua influ ncia Lembro que na campanha pelas Diretas j em 84 a Globo come ou simplesmente ignorando o movimento Mas a partir de um certo momento medida que a campanha se tornava de massa n o s foi pressionada a repercutir a campanha mas at mesmo assumiu um tom simp tico a ela COUTINHO 1999 p 3 Para se alcan ar a divulga o do credo neoliberal a expans o dos meios de comunica o de massa tem sido uma das prioridades dos governos adeptos do neoliberalismo Simionatto 2003 comenta que milh es de d lares s o gastos a cada ano para difundir o credo neoliber
165. erda da autonomia dos Estados Nacionais diminuindo o espa o e a efic cia das pol ticas econ micas e a precariza o das pol ticas sociais A crise do capitalismo mundial considera se portanto como uma crise da economia que atinge o mundo em todos seus aspectos o econ mico o pol tico o social e o cultural da ser chamada de crise global Contraditoriamente a mencionada crise n o afeta todos os setores da sociedade por igual Por exemplo um setor que fica fora da crise o banc rio Os bancos nesse per odo apresentam lucros exorbitantes os banqueiros e grupos empresariais v o saqueando o Estado sobretudo atrav s da d vida p blica e da especula o financeira Sua participa o na renda mundial aumentou de 1 5 em 1965 para 29 4 no final da d cada de oitenta Segundo a ONU em seu documento Agenda 91 preparat rio para a Rio 92 existem hoje no mundo 157 bilion rios com fortunas medidas em d lar ao lado de 1 5 bilh o de pessoas vivendo num n vel abaixo do limite de pobreza SOUZA 1995 p 27 64 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Diante desse quadro de crises generalizadas no sistema capitalista os pa ses hegem nicos no cen rio mundial passam a investir pesadamente na constru o de pol ticas que as superem Os ide logos do capitalismo se empenharam em encontrar sa das que evidentemente preservassem os lucros das grandes companhias multinacionais Com a inten o de encontrar solu o para a
166. erno encaminhou a discuss o para o Conselho Nacional de Educa o O referido Conselho Nacional de Educa o CNE composto por duas C maras a que trata da Educa o B sica CEB e a que se ocupa do Ensino Superior CES H ainda outra inst ncia que re ne as duas C maras denominada de Conselho Pleno CP O tema relativo Forma o dos Professores foi encaminhado para a C mara de Educa o B sica CEB Ocorre que sendo a quest o tamb m do interesse da C mara do Ensino Superior CES essa solicitou que a discuss o constasse da pauta do Conselho Pleno CP espa o pr prio para ser discutido e aprovado j que dele participam as duas C maras de Educa o B sica e de Ensino Superior Nesse intervalo o Presidente da Rep blica Fernando Henrique Cardoso sentindo amea ada t o importante proposta para a regulamenta o da forma o dos professores do ponto de vista dos interesses neoliberais uma vez que n o detinha maioria no Conselho Pleno do CNE decretou autoritariamente no apagar das luzes o Decreto n 3 276 no dia 6 de dezembro de 1999 no Art 3 2 que estabelece A forma o em n vel superior de professores para atua o multidisciplinar destinada ao magist rio da educa o infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental far se exclusivamente em cursos normais superiores N o foi f cil a manuten o desse Decreto pois houve uma intensa mobiliza o da sociedade ci
167. erros Mas objetivamente atacar o capital e a vanguarda consciente da revolu o o proletariado avan ado expressando essa verdade objetiva da luta de massa variada e confusa polimorfa e exteriormente fracionada poder unific la e dirigi la poder conquistar o poder L NIN apud GRUPPI 1978 p 43 Dessa forma compreende se que a opress o desencadeada pelo desenvolvimento do capitalismo provocou uma s rie de rea es rebeli es e oposi es algumas reacion rias outras corporativistas e nem sempre estas foram na mesma dire o Como s o nascidas numa situa o de opress o provocada pelo capitalismo s o reivindica es anticapitalistas mesmo que os que a promoveram n o tenham tido consci ncia de tal car ter O proletariado tinha a responsabilidade de ser hegem nico de unificar o processo de conquistar a dire o de levar as massas consci ncia do conte do real que com certeza seria anticapitalista para poder alcan ar as suas reivindica es Essa compreens o n o leva em conta somente o desenvolvimento das rela es de produ o e de troca mas capta na luta o momento pol tico o momento da correla o de for as Dessa forma alcan ou se o objetivo da ditadura do proletariado nica forma capaz de poder realizar a hegemonia do proletariado que tinha como finalidade atingir as condi es que pudessem coloc lo diante da revolu o L nin considerou sempre o desenvolvimento objetivo das for
168. es da hegemonia s o os intelectuais representados atrav s de seus quadros da classe econ mica e politicamente dominante Nesse sentido os intelectuais eram considerados os persuasores da classe dominante considerados tamb m funcion rios da hegemonia dessa classe Nessa perspectiva os intelectuais n o fazem parte de um grupo social aut nomo eles fazem parte de v rios grupos sociais afirmando se em cada um com uma fun o espec fica na produ o econ mica Tanto no campo social quanto no campo pol tico e cultural passam para a classe economicamente dominante a consci ncia de si mesmos e de sua fun o v o construindo assim a homogeneidade da classe dominante e a sua dire o Gramsci construiu um novo conceito de intelectual no qual diverge de Marx quando este para formular o conceito de intelectual se reporta separa o de trabalho manual e trabalho intelectual Ao contr rio para Gramsci o intelectual faz parte do quadro hegem nico da sociedade e nesse sentido o analfabeto ou o alfabetizado com qualquer n vel de instru o um intelectual org nico do quadro ao qual pertence socialmente e na medida em que se torna um dirigente considerado um educador de massa ou um organizador do grupo social ou pol tico Dessa forma todo grupo social quando se afirma num novo campo da economia elabora tamb m sua hegemonia pol tica e cultural criando assim seus novos quadros e intelectuais Da mesma forma a
169. es e organizar sua classe em fun o de uma nova hegemonia JESUS 1989 p 67 V se o papel destacado que dado ao intelectual org nico na consolida o da hegemonia atual intelectuais org nicos da classe dominante ou na constru o de uma nova hegemonia intelectuais org nicos da classe dominada A conclus o a que se chega que o intelectual tradicional no conceito desenvolvido por Gramsci tem uma fun o contr ria do intelectual org nico pertencente classe subalterna como se v no seguinte texto dos Cadernos do C rcere os intelectuais tradicionais com seu esp rito de corpo e de casta constituem realmente uma elite dirigente mediadora do consenso entre Estado e sociedade S o no sentido pleno funcion rios das superestruturas porta vozes do grupo dominante para o exerc cio das fun es subalternas da hegemonia social e do governo pol tico Seu estudo est ligado aos diferentes aparelhos de hegemonia da classe dominante cuja expans o eles asseguram GRAMSCI 1980 p 55 Esses intelectuais t m a miss o de elaborar e difundir teorias que d em respaldo aos interesses da classe dominante No contexto atual os intelectuais que elaboraram e 39 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia propagam a teoria que d sustenta o s pol ticas neoliberais se enquadram no conceito gramsciano de intelectuais tradicionais ou intelectuais
170. es econ micas tem demonstrado as contradi es do sistema capitalista mundial Essas contradi es t m sido evidenciadas sobretudo a partir da implementa o de propostas apresentadas como inovadoras e modernizantes mas que ao mesmo tempo tem produzido resultados devastadores para a grande maioria da sociedade As categorias do m todo dial tico como a do individual geral permitem nos compreender tamb m a forma pela qual o particular influencia e influenciado pelo geral ou pela realidade mais ampla Dito de outra forma analisa se o ensino superior no Brasil no contexto de processos mais amplos como o da economia e da pol tica nacional e internacional As categorias priorizadas no aprofundamento te rico deste estudo e que serviram de base para an lise do mesmo foram hegemonia ajuste neoliberal e ensino superior Essas categorias foram trabalhadas na perspectiva dial tica e analisadas numa vis o de totalidade A categoria da hegemonia perpassa todos os cap tulos As categorias de ajuste neoliberal e de ensino superior est o inter relacionadas permitindo observar se a rela o dial tica entre o te rico e o pr tico nas duas categorias A presente introdu o constitui o primeiro cap tulo No segundo cap tulo desenvolvido o conceito de hegemonia Observa se como esse conceito foi elaborado e aplicado ao longo da hist ria da antiguidade aos dias atuais A princ pio na rea militar posteriormente nas reas eco
171. esentar num futuro pr ximo um fator importante de desigualdade social RICHARDSON 1999 p 160 O Estado considerado falido tem apenas vivido enormes dificuldades financeiras provocadas pelas a es dos grupos monopolistas privados Atrav s de sua depreda o e conseq ente fragiliza o os Estados dos pa ses subdesenvolvidos e em desenvolvimento se encontram com reduzida prote o externa de suas economias Como conseq ncia suas empresas foram quebradas e os direitos trabalhistas adquiridos historicamente aos poucos foram sendo retirados Os trabalhadores ficaram dessa forma vulner veis explora o desenfreada dos monop lios De acordo com Anderson 1992 o fim da hist ria express o utilizada pelo japon s Fukuyama foi decretado a partir do desmoronamento da URSS por m o que de fato vem ocorrendo o agravamento da crise provocada pelas contradi es do capitalismo mundial Para esse autor das tr s grandes bandeiras que competiam no campo ideol gico ou seja o socialismo o nacionalismo e o liberalismo apenas a bandeira do liberalismo foi vitoriosa consolidando se o que Fukuyama denominava de fim da hist ria Enfim a efici ncia do mercado demonstrada a partir da tentativa dos pa ses centrais em eliminar todos os obst culos em seu caminho com o objetivo de ampliar de forma ilimitada sua liberdade de invadir o mundo inteiro com seus capitais e mercadorias realizando como conseqii ncia um
172. essividade nos impostos diretos Liberaliza o financeira com o fim de restri es que impe am institui es financeiras internacionais de atuar em igualdade com as nacionais e o afastamento do Estado do setor Taxa de c mbio competitiva Liberaliza o do com rcio exterior com redu o de al quotas de importa o e est mulos exporta o visando a impulsionar a globaliza o da economia Elimina o de restri es ao capital externo permitindo investimento direto estrangeiro Privatiza o com a venda de empresas estatais Desregula o com redu o da legisla o de controle do processo econ mico e das rela es trabalhistas e Propriedade intelectual NEGR O 1998 p 41 42 A partir da d cada de 80 o documento intitulado de Consenso de Washington passou a ser recomendado pelo FMI para implementar a pol tica neoliberal sobretudo nos pa ses emergentes E na d cada de noventa esse se apresenta como um modelo infal vel para promover e acelerar o desenvolvimento econ mico nos pa ses em desenvolvimento Entre os pa ses latino americanos o Brasil foi um dos ltimos a adotar o receitu rio neoliberal Na virada dos anos 90 sobrecarregado com a grande d vida externa ficou subordinado s pol ticas de liberaliza o financeira e comercial desregulamenta o cambial e passou a ter como objetivo principal a atra o dos recursos externos Na implementa o dessas medidas s o utilizados diferente
173. eu lugar instala se o projeto de capitalismo transnacional sob a denomina o de Reforma do Estado compreendendo a cria o do Estado M nimo que significa a desregula o privatiza o e abertura de mercados favorecendo a fus o e a aquisi o de empresas nacionais por transnacionais Nesse contexto apesar da intensifica o dos movimentos de resist ncia desencadeados por partidos de esquerda pelos sindicatos e pela sociedade civil organizada continuaram os cortes lineares com os gastos sociais e a deteriora o dos padr es do servi o p blico Assim foi sendo constru da uma ideologia homogeneizadora pelos governos centrais com a utiliza o da m dia e de documentos elaborados nos quais s o apresentadas id ias falsificadoras da realidade As consegii ncias sociais do Ajuste Neoliberal na Am rica Latina foram por n s denominadas de Desajuste Social na medida em que tal ajuste n o apenas agravou as condi es sociais pr existentes de desigualdade estrutural em nosso continente como tamb m provocou o surgimento de novas condi es de exclus o social e generaliza o da precariedade e da inseguran a em vastos setores sociais antes inclu dos a partir da sua 92 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal inser o no mercado de trabalho e dos mecanismos de prote o social constru dos ao longo de d cadas SOARES 2003 p 3 Diante do que foi colocado acima verifica se que as conseq ncias do
174. fica atrav s da qual se fez um levantamento do que tem sido produzido em rela o ao fen meno pesquisado Dialeticamente recorreu se tamb m an lise documental para se compreender a inter rela o entre os mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal e as diretrizes para o ensino superior no Brasil Na pesquisa foram aplicados os fundamentos do m todo dial tico sobretudo pela clareza com que ele possibilita a revela o da leitura dos fen menos sociais O fen meno estudado explicado a partir de um dos princ pios do materialismo dial tico o princ pio da conex o universal dos objetos e fen menos Todos os fen menos da natureza est o interligados e determinados mutuamente O aparecimento a mudan a ou o desenvolvimento de um fen meno s poss vel em interliga o com outros sistemas materiais mudan as em um traz mudan as em outros Nada pode existir fora dessa liga o RICHARDSON 1999 p 46 47 Assim o fen meno deste estudo relacionado ao contexto mais amplo observando se a rela o permanente entre a economia a pol tica e a educa o No caso do fen meno estudado observam se como as mudan as ocorridas na economia mundial t m desencadeado as mudan as nas diretrizes para o ensino superior no Brasil realizadas de 3 Maciel M H R Introdu o forma hegem nica atrav s do ajuste neoliberal Procura se compreender como o movimento desencadeado na sociedade provocado pelas v rias cris
175. flagrante entre a exig ncia da apropria o de um conhecimento e as condi es prec rias postas disposi o dos cidad os evidencia a insinceridade do discurso neoliberal cujos objetivos n o s o explicitamente declarados pelo contr rio apresenta se de modo sub rept cio impl cito obscuro dizendo uma coisa e efetivamente querendo outra Todavia ao se analisar a aplica o pr tica dessa teoria facilmente se constatam as suas reais inten es A educa o assim continua cada vez mais elitista e excludente pois a grande maioria da popula o a partir das atuais pol ticas obrigada a contentar se quando muito a permanecer no n vel de educa o b sica atendendo s exig ncias do mercado globalizado O conhecimento t cnico cient fico est reservado para uma minoria de alto poder aquisitivo Em rela o a esta problem tica seguem os coment rios de Leher 2001 Imerso na ideologia da globaliza o o ministro Paulo Renato argumenta que as associa es e joint ventures se encarregam de prover as empresas de pa ses como o Brasil do know how que necessitam Parece esquecer que 99 das patentes pertencem a corpora es multinacionais dos pa ses do G 7 que os custos da propriedade intelectual inviabilizam o acesso da popula o a direitos essenciais como a sa de e que em um contexto no qual o conhecimento cient fico dobra a cada cinco anos os pa ses quando submetidos ao apartheid educacional planet rio
176. fnac ar pdf 2002 Acesso em 08 03 2008 152 LEHER Roberto e LUCAS Luiz Carlos Gon alves AONDE VAI A EDUCA O P BLICA BRASILEIRA Dispon vel em http www scielo br scielo php script sci arttext amp pid S0101 73302001000400012 2001 Acesso em 10 02 2008 L NIN V I O Estado e a Revolu o S o Paulo Hucitec 1983 153 LIMA K tia Regina de Souza e MARTINS Andr Silva A nova pedagogia da hegemonia Pressupostos princ pios e estrat gias In NEVES L cia Maria Wanderley org A Nova Pedagogia da Hegemonia estrat gias do capital para educar o consenso S o Paulo Xam 2005 67 p MACCIOCCHI Maria Antonieta A favor de Gramsci 2 ed Trad Angelina Peralva Rio de Janeiro Paz e Terra 1980 301 p MAGALH ES Solange Martins de Oliveira e BARBOSA Ivone Garcia Do topo de uma montanha temos um timo ngulo de vis o das coisas mas ser que podemos ver tudo uma reflex o sobre as pol ticas p blicas para a educa o da inf ncia Dispon vel em http pepsic bvs psi org br scielo php script sci arttext amp pid S1808 42812005000100004 amp Ing pt amp nrm iso 2005 Acesso em 21 03 2008 MARTINS Umberto As crises dos EUA Dispon vel em http www galizacig com index html 2007 Acesso em 04 04 2008 MARX Karl Teses contra Feuerbach Manuscritos econ mico filos ficos e Outros textos escolhidos 2 ed Sele o de Textos de Jos Arthur Giannotti Trad de Jos Carlos Bruni et al S
177. forma como ele foi apresentado defendido com contund ncia e aplicado nos pa ses em situa o de emerg ncia em anos anteriores pois ele n o alcan ou seu objetivo maior que era a supera o da crise pela tica capitalista 3 3 Conseq ncias do ajuste neoliberal A partir da d cada de 90 com a aplica o dos fundamentos previstos no documento Consenso de Washington utilizados de forma hegem nica para a consolida o do ajuste neoliberal que tinha como objetivo maior a supera o da grave crise do sistema capitalista mundial houve no mundo e de modo especial na Am rica Latina consequ ncias desastrosas para a popula o como um todo na rea econ mica pol tica cultural e social Assim observa se que A ortodoxia neoliberal n o se verifica apenas no campo do econ mico Infelizmente no campo do social tanto no mbito das id ias como no terreno das pol ticas o neoliberalismo fez estragos e ainda continua hegem nico Pode se inclusive afirmar que o car ter ortodoxo das id ias e das propostas em torno s quest es sociais que nos afligem no mundo contempor neo manifesta se ainda de forma mais intensa do que no econ mico SOARES 2003 p 1 O referido documento tinha como base duas quest es fundamentais a primeira centrada na crise fiscal do Estado e na forma de sua interven o nos sistemas econ mico e social e a segunda centrada no conjunto de transforma es econ micas pol ticas socia
178. forma monol tica pois h resist ncias ou seja dialeticamente h movimentos de contra hegemonia mesmo tendo prevalecido os interesses do sistema hegem nico como ocorreu com a LDB e com o PNE bem como com os processos avaliativos para professores de 3 grau GED professores de 2 grau GID e para os alunos atrav s do antigo Prov o hoje transformado em ENADE A sociedade civil organizada atrav s de suas entidades acad micas e sindicais representantes dos setores da educa o exerceu a contra hegemonia atrav s de v rios movimentos e lutas na tentativa de barrar a implementa o dos interesses privatistas implementados pelos documentos definidores da educa o no pa s H vit rias pontuais espor dicas das for as contra hegem nicas a exemplo da proposta governamental que retirava dos Cursos de Pedagogia o direito de continuar formando professores para a educa o infantil e para as s ries iniciais do ensino fundamental transferindo essa fun o para os Cursos Normais Superiores onde n o havia espa o para a pesquisa Outro exemplo foram as Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia haja vista que foi aprovada quase na ntegra a proposta apresentada pelo movimento dos educadores atrav s de suas entidades representativas como a ANFOPE FORUNDIR ANPED ANPAE CEDES entre outras Nesse caso o Governo teve que recuar de sua proposta diante da resist ncia do movimento docente S o todavia vit rias muito
179. ganizada tendo prevalecido as propostas governamentais ditadas pelas orienta es dos organismos multilaterais BM FMI BID UNESCO e CEPAL advindas das pol ticas neoliberais O projeto da LDB oriundo do movimento da sociedade civil amplamente discutido e argumentado no Congresso tornou se conhecido pelo nome do seu relator Jorge Hage Presidente da Comiss o de Educa o Ap s as marchas e contramarchas da tramita o do projeto apresentado pela sociedade civil organizada o Governo apresentou o texto conhecido como Projeto do Senador Darcy Ribeiro que finalmente foi aprovado O primeiro projeto representava as bandeiras de movimentos e entidades organizadas da sociedade civil e defendia a educa o p blica gratuita e de qualidade por sua vez o segundo traduzia os interesses privatistas da educa o O Estado precisa assumir a educa o e o projeto Darcy Ribeiro que se transformou na nova LDB n o assume esse compromisso do Estado Gramsci 2001 ao defender a escola unit ria trata desse compromisso que o Estado deve ter para com a educa o ao afirmar A escola unit ria requer que o Estado possa assumir as despesas que hoje est o a cargo da fam lia no que toca manuten o dos escolares isto requer que seja completamente transformado o or amento do minist rio da educa o nacional ampliando o enormemente e tornando o mais complexo a inteira fun o de educa o e forma o das novas gera es deixa de
180. guesia a pequena burguesia urbana e o proletariado todas deveriam formar a correla o de for as juntando se ao campesinato para a constru o de sua hegemonia diante das outras camadas sociais para se contrapor aristocracia italiana e estrangeira L nin por sua vez acreditava que o papel da classe oper ria no seio do sistema hegem nico seria for ar a burguesia a superar seu objetivo inicial e dessa forma ir preparando o sistema hegem nico da classe oper ria e do campesinato A partir da reflex o dos aspectos acima citados percebe se que o conceito gramsciano de hegemonia bastante pr ximo ao de L nin apesar de ambos divergirem em Questo saggio pubblicato qui sulla base del manoscritto conservato nell Archivio del PCI fu pubblicato per la prima volta a Parigi nel gennaio 1930 su Lo Stato operaio preceduto dalla seguente nota Nel 1926 nei mesi che precedettero immediatamente il suo arresto il compagno Gramsci preparava la pubblicazione di una rivista ideologica del nostro partito La questione meridionale sarebbe stata da lui esaminata nei primi numeri della rivista in una serie di articoli che egli aveva ormai pronti e che lesse ad alcuni compagni della Centrale dl partito Pubblichiamo oggi uno di questi articoli cos come venuto in nostro possesso dopo mille vicende Lo scritto non completo e probabilmente sarebbe stato ancora ritoccato dall autore qua e l Gli altri articoli cui si accenna no
181. h50 Dispon vel em http pt wikipedia org wiki Neoliberal Acesso em 10 09 07 AGLIETTA M Semin rio internacional sobre regulation of global financial flows IE Unicamp agosto 1998 Mimeografado AGUIAR M rcia ngela Os Institutos Superiores de Educa o Uma das faces da reforma educacional no Brasil In SGUISSARDI Valdemar org Educa o Superior velhos e novos desafios S o Paulo Xam 2000 246 p ALTHUSSER Louis P Aparelhos ideol gicos de Estado 7 ed Rio de Janeiro Graal 1998 120 p ANDERSON Prry Balan o do neoliberalismo In SADER Emir e GENTILI Pablo orgs P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado Rio de Janeiro Paz e Terra 1985 As antinomias de Gramsci Trad Juarez Guimar es e F lix Sanchez S o Paulo Editora Joru s 1986 156 p O fim da hist ria de Hegel a Fukuyama Trad lvaro Cabral Rio de janeiro Jorge Zahar Editor 1992 Org P s neoliberalismo As pol ticas sociais e o estado democr tico Rio de Janeiro Paz e Terra 1995 Hist ria e li es do neoliberalismo In HOUTART Fran ois POLET Fran ois O outro davos mundializa o de resist ncia e de lutas Tradu o de Mariclara Oliveira S o Paulo Cortez 2002 176 p ANFOPE Base comum nacional Belo Horizonte MG 1994 ANFOPE Documento Final XII Encontro Nacional Bras lia DF 2004 AZEVEDO Janete M Lins A educa o como pol tica p blica Cole o Pol micas
182. haropoulos estabeleceu que no caso dos pa ses perif ricos o ensino fundamental oferece uma taxa de retorno muito maior do que a do ensino superior e a da educa o tecnol gica Desde ent o os governantes latino americanos afinados com o Consenso de Washington exclu ram a universidade de suas prioridades Quando indagado sobre a primazia de sua pol tica educacional o presidente Fernando Henrique Cardoso respondeu a universaliza o do ensino prim rio e freagem do crescimento da universidade federal ARCHARD e FLORES 1997 p 85 Entre tantas outras mudan as esse pacote priorizou a desregula o do mercado sobretudo o financeiro e o do trabalho as privatiza es que foram feitas de forma selvagem a abertura comercial a garantia do direito de propriedade sobretudo na zona de fronteiras servi os e a propriedade intelectual etc Diante de tais propostas os pa ses perif ricos que se encontravam afastados do sistema financeiro internacional por conta da grande d vida externa contra da ao longo dos anos foram intimidados pelos rg os multinacionais e pelo sistema banc rio privado a colocar em pr tica as pol ticas macroecon micas previstas no Consenso de Washington de modo a que pudessem ser reintegrados ao sistema financeiro internacional A partir de ent o as regras contidas no Consenso de Washington passaram a ser utilizadas por esses pa ses No final da d cada de 1980 a vit ria neolib
183. homem alcan ando assim a constru o da contra hegemonia De acordo com Jesus 1989 para Gramsci alcan ar a transforma o do senso comum em bom senso alcan ar a transforma o substancial da filosofia pois esta passa a ter tamb m uma maior participa o coletiva nos bens culturais e intelectuais Assim afirma Gramsci que todos os homens s o fil sofos por isso todos t m o direito e a possibilidade de se libertar de uma filosofia no n vel do senso comum e alcan ar o est gio da consci ncia cr tica do mundo Na educa o gramsciana a liberdade outro componente importante na forma o do homem Para alcan ar a plena liberdade na dire o da supera o dial tica da necessidade ou consci ncia da necessidade a educa o do homem deve estar pautada na supera o do senso comum para a consci ncia cr tica Alcan ando este est gio de liberdade no mbito da massa pode se afirmar que a coletividade tem consci ncia de seus objetivos e tomam atitudes nessa dire o visando consolidar sua hegemonia A partir dessa vis o de liberdade compreende se porque Gramsci discorda do espontane smo como m todo pedag gico Para ele n o existe rela o entre o 32 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia espontane smo e a liberdade A liberdade com este grau de espontaneidade sem disciplina torna se um mal para a sociedade Nessa perspectiva o homem n o alcan a o est gio de exercer
184. i page visualizar amp id 326 1999 Acesso em 04 05 2008 DELORS Jacques Educac o um tesouro a descobrir Relat rio para UNESCO da comiss o internacional sobre educac o para o s culo XXI 2 ed S o Paulo Cortez 1999 288 p DIAS Edmundo Fernandes Gramsci em Turim a construc o do conceito de hegemonia 1 ed S o Paulo Xam 2000 287 p DOURADO Luiz Fernandes Reforma do Estado e as pol ticas para a educa o superior no Brasil nos anos 90 Dispon vel em http www scielo br scielo php pid S0101 73302002008000012 amp script sci arttext 2002 Acesso em 05 01 2008 DOURADO Luiz Fernandes OLIVEIRA Jo o Ferreira de e CATANI Afr nio Mendes Transforma es recentes e debates atuais no campo da educa o superior no Brasil Ih DOURADO Luiz F CATANI Afr nio M e OLIVEIRA Jo o F de Pol ticas e 150 gest o da educa o superior Transforma es recentes e debates atuais S o Paulo Xam Goi nia Alternativa 2003 240 p DRAIBE S nia M As pol ticas sociais e o neoliberalismo S o Paulo Revista da USP 1993 10 p FERNANDES Florestan O dilema educacional brasileiro Em PEREIRA Luiz e FORACCHI Marialice M Educa o e Sociedade 10 ed S o Paulo Editora Nacional 1979 449 p FIORI Jos Luis O Consenso de Washington FEBRAE Rio de Janeiro 1996 Dispon vel em http www dhnet org br direitos direitosglobais textos consenso w htm Acesso em 04 09 07 FORRESTER Vivi
185. ia burguesa A esse respeito diz Gramsci O modo de ser do novo intelectual n o pode mais consistir na eloqu ncia motor exterior e moment neo dos afetos e das paix es mas num inser o ativa na vida pr tica como construtor organizador persuasor permanente j que n o apenas orador puro mas superior ao esp rito matem tico abstrato da t cnica trabalho chega t cnica ci ncia e concep o human stica hist rica sem a qual se permanece especialista e n o se torna dirigente especialista pol tico GRAMSCI 2001 p 53 Os marxistas italianos liderados por Gramsci lutavam pela transforma o social do seu pa s na perspectiva de solucionar os problemas relacionados com o desenvolvimento cultural e socioecon mico Na constru o desta nova ordem social o intelectual se torna elemento essencial para a constru o da hegemonia da classe dominante como tamb m a contra hegemonia da classe dominada 37 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Formam se assim historicamente categorias especializadas para o exerc cio da fun o intelectual formam se em conex o com todos os grupos sociais mas sobretudo em conex o com os grupos sociais mais importantes e sofrem elabora es mais amplas e complexas em liga o com o grupo social dominante Uma das caracter sticas mais marcantes de todo grupo que se desenvolve no sentido do dom nio sua luta pela assimila o e pe
186. ia confirmar a sua dire o ou seja alcan aria a hegemonia sobre a sociedade burguesa O desenvolvimento e a consolida o do conceito de hegemonia em L nin se deu atrav s do acompanhamento direto dos conflitos vivenciados pelo proletariado sobretudo os relacionados aos processos revolucion rios ocorridos na R ssia A sua concep o de 10 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia hegemonia se delineou tamb m atrav s de suas grandes obras cient fico liter rias como por exemplo A fazenda camponesa no sul da R ssia 1893 O desenvolvimento do capitalismo na R ssia 1898 e Duas t ticas da social democracia 1905 Historicamente a hegemonia do proletariado foi desencadeada como estrat gia pol tico revolucion ria de incorpora o das mais amplas massas populares nos processos revolucion rios Dessa forma tinha como objetivo maior a destrui o do Estado controlado pela nfima minoria dos exploradores e opressores para alcan ar a sua emancipa o e a constru o do socialismo No processo da luta revolucion ria L nin deu uma grande contribui o filosofia n o foi apenas por ter teorizado a ditadura do proletariado mas por t la constru do no contexto de fatos hist ricos agindo e transformando a sociedade De acordo com o seu pensamento a filosofia n o gira em torno de conceitos mas a partir de fatos reais Nessa dire o a filosofia analisa o contexto hist rico a estrutura econ
187. ia revolu o 13 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia No contexto hist rico de debilidade e de insuficiente capacidade dirigente da burguesia que o proletariado guiado atrav s do partido dirigente que como sujeito revolucion rio n o se limitou a apenas acompanhar o processo objetivo mas fez interven o no sentido de modific lo e assim realizou sua hegemonia Dessa forma compreende se a hegemonia como a supera o da espontaneidade do movimento A qual se torna poss vel a partir da condi o objetiva do seu conhecimento e tamb m da iniciativa subjetiva Ainda de acordo com Gruppi 1978 em 1903 no II Congresso do Partido Oper rio Social Democr tico Russo POSDR o tema da hegemonia do proletariado na revolu o burguesa era considerada uma heran a pol tica comum aos bolcheviques e mencheviques Posteriormente L nin acusou os mencheviques por ter abandonado o conceito de hegemonia por aceitar o papel t cito de se tornar dirigente do capital russo na revolu o burguesa contra o czarismo Com a derrota de revolu o L nin continuou a denunciar com veem ncia os mencheviques por terem abandonado a hegemonia E passou a mostrar o papel important ssimo e politicamente indispens vel da hegemonia para todo revolucion rio marxista na R ssia Finalmente L nin utiliza o termo hegemonia no in cio da revolu o russa em um dos seus escritos em janeiro de 1905 afirma ele S
188. iberalismo nasceu ap s a Segunda Guerra Mundial e foi implementado inicialmente na Europa Ocidental na Am rica do Norte e posteriormente nos pa ses de Terceiro Mundo E definido por ele como uma corrente 2 O New Deal cuja tradu o literal em portugu s seria novo acordo ou novo trato foi o nome dado s rie de programas implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937 sob o governo do Presidente Franklin Delano Roosevel com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte americana e assistir aos prejudicados pela Grande Depress o O nome dessa s rie de programas foi inspirado no Square Deal nome dado pelo anterior Presidente Theodore Roosevelt sua pol tica econ mica 66 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal te rica e pol tica que expressa uma rea o veemente contra o intervencionismo estatal e o Estado de Bem Estar Social Para Anderson o principal objetivo do neoliberalismo era combater o keinesianismo e o solidarismo reinantes e preparar as bases de outro tipo de capitalismo duro e livre de regras para o futuro ANDERSON 1995 p 10 O neoliberalismo tinha como principal meta a estabilidade monet ria o combate s taxas inflacion rias e ideologicamente retomou o debate anticomunista surgido no contexto pol tico ideol gico da Guerra Fria A doutrina neoliberal foi objeto de estudo por parte de in meros estudiosos que tentaram entender as suas origens e repercuss o bem como o seu conte
189. ica o de armas de destrui o em massa inclusive armas nucleares e a suposta liga o de Saddam Hussein do regime de Bagd Al Qaeda afirma es que posteriormente foram desmentidas pelos fatos Na realidade o que ocorreu foi o desafio de Saddam Hussein s pretens es do imperialismo americano pois na poca fechou contratos com a China a Fran a e a R ssia 51 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia para a explora o de suas ricas minas de petr leo Segue outro exemplo da derrocada da hegemonia norte americana comentado por Martins 2007 Os povos amantes da Paz e da Natureza devem comemorar com otimismo a derrota do imperialismo estadunidense na confer ncia de Bali Em sua arrog ncia imperial o governo de George Bush quis sabotar o acordo sobre o clima e deu as costas ao mundo Colheu um amargo isolamento e viu se constrangido a retroceder acatando o chamado Mapa do Caminho proposto pela China Brasil e outros pa ses em desenvolvimento e a sugest o indignada de Kevin Conrad representante da Papua Nova Guin se n o estiverem dispostos a liderar por favor saiam do caminho Foi mais uma prova da desmoraliza o do imp rio percebida com muita lucidez e regozijo por Oscar Niemeyer ao comemorar 100 anos O rev s do maior inimigo dos povos n o um fato isolado no cen rio pol tico mundial Deve ser interpretado num contexto mais amplo marcado pela crise da hegemonia dos EUA no sistema
190. id que operando uma sele o nada natural define quem pode ou n o cruzar o portal do shopping educacional SHIROMA 2000 p 119 As mudan as relacionadas ao processo de avalia o do ensino superior podem ser compreendidas a partir das mudan as no contexto s cio econ mico das ltimas d cadas como exig ncias das pol ticas neoliberais O processo de avalia o faz parte do projeto 138 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil 2 maior de reformas de Estado no qual a educa o instrumento fundamental como disseminadora das propostas neoliberais Programa Universidade para Todos PROUND Lei n 11 096 de 13 01 2005 trata se de um recente programa que d seq ncia ao processo de reformas para a educa o superior Atrav s dele o governo lan a m o de recursos p blicos e investe no setor privado mediante o pagamento das mensalidades para alunos que ingressam nas institui es de ensino superior privadas Esse um programa pol mico Para a sociedade que tem seus filhos margem do ensino superior p blico ele se apresenta como uma solu o mas para a sociedade civil organizada a qual est sempre fazendo uma leitura cr tica das quest es relacionadas com as posi es pol ticas neoliberais esses recursos deveriam ser destinados ao ensino p blico estatal que precisa ser ampliado em rela o ao acesso e perman ncia dos estudantes despossu dos e pauperizados do pa s al m de investir rec
191. idades para o setor privado cujo objetivo lucrar com os servi os sociais que eram prestados pelo Estado Assim pode se afirmar que o desmonte do aparelho de Estado foi o resultado do processo de media o entre as id ias liberais para a nova concep o ideol gica e hegem nica denominada de id ias neoliberais O Estado foi considerado como o art fice da reforma pois teria que iniciar as mudan as a partir da sua pr pria reforma construindo um novo modelo de desenvolvimento que foi se dando de forma lenta e complexa De acordo com Simionatto 2005 a partir da reforma do Estado as principais caracter sticas das pol ticas sociais em termos gerais s o as seguintes a Focaliza o os gastos e investimentos em servi os p blicos devem concentrar se nos setores de extrema pobreza cabendo ao Estado participar apenas residualmente da esfera p blica redirecionando o gasto social e concentrando o em programas destinados aos segmentos pobres e carentes Efici ncia efic cia e metas quantitativas s o os objetivos centrais a serem atingidos b Descentraliza o busca redirecionar as formas de gest o e a transfer ncia das decis es da esfera federal para estados e munic pios buscando combater a burocratiza o e a inefici ncia do gasto social No n vel local inclui tamb m a participa o das organiza es n o governamentais filantr picas comunit rias e empresas privadas c Privatiza o p
192. idez que no Brasil dessa forma podem se observar os efeitos desastrosos para a classe trabalhadora Diz Singer 2006 Entre o fim do governo Jos Sarney e o fim do governo Fernando Collor a economia estava quase toda aberta Com o Plano Real em 94 o que ainda havia de prote o foi quebrado Os nossos oligop lios foram violentamente jogados contra a parede Foram obrigados a reduzir custos E o fizeram a custa de quem custa dos trabalhadores que eu qualifico de aristocracia oper ria sem ser pejorativo pois eram trabalhadores combativos trabalhadores que se organizavam e viam a si como vanguarda da classe trabalhadora SINGER 2006 p 34 95 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal A partir de 1994 com a ascens o de Fernando Henrique Cardoso 1995 2002 Presid ncia da Rep blica e estando ele comprometido com a burguesia nacional e internacional de modo especial com o setor econ mico acenou se com a possibilidade de o pa s entrar na fase considerada modernizante para isso foi utilizado um discurso com forte potencial ideol gico que transmitia popula o a import ncia de o Brasil realizar uma ampla reforma de Estado que promovesse o grande desenvolvimento aguardado pela sociedade brasileira No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso se mant m a mesma agenda prevista no governo de Collor que tinha como meta acabar com a infla o privatizar reformar a Constitui o para flexibilizar
193. imperialista mundial MARTINS 2007 p 1 A ideologia pregada no continente americano pelo poder governamental dos EUA e na Europa pelo poder governamental da Inglaterra n o tem conseguido ampliar o convencimento nos v rios aspectos de seus interesses na rea econ mica social e cultural Diante dessas afirma es v se em decl nio a hegemonia desses pa ses fortes e poderosos Estados Unidos e Inglaterra que lideram a economia mundial e s o os principais l deres do neoliberalismo que mant m o poder e a dire o de quase todos os pa ses do mundo Por sentirem o abalo de sua hegemonia neste in cio de s culo esses pa ses se mobilizam em busca de novas formas para a manuten o de seu dom nio e de sua dire o ou seja de sua hegemonia Para alcan ar tal intento eles v o a busca de novas ideologias em face do descr dito das anteriores Assim com grande poder de persuas o t m procurado levar a nova sociedade civil e pol tica a partilhar de um novo projeto societ rio de concep o neoliberal adaptado ao novo contexto hist rico A dissemina o das id ias neoliberais nos dias atuais tem sido extremamente facilitada pelas modernas tecnologias da informa o especialmente a microeletr nica a inform tica internet e os demais meios de comunica o de massa Atrav s desses novos meios tem sido poss vel diminuir as barreiras geogr ficas permitindo as intercomunica es regionais e globais alt
194. inante a educa o serve ao poder produzindo a separa o entre a teoria e a pr tica entre cultura e pol tica entre saber elitizado e trabalho do lado prolet rio esta mesma educa o conscientiza a classe subalterna revela as contradi es existentes e possibilita uma nova concep o de mundo ponto de partida para uma nova rela o social JESUS 1989 p 44 Dessa forma a educa o revela se como algo muito importante para as transforma es sociais e sua pr tica por natureza contradit ria Ao mesmo tempo em que ela possibilita a dissimula o da classe dirigente possibilita tamb m sua desoculta o da classe dirigida A luta contra o senso comum permite a ruptura entre o saber dissimulado e o saber revolucion rio Atrav s do ato educativo as massas podem superar o conhecimento ao n vel de senso comum pelo conhecimento cr tico e a partir da iniciar o processo da reforma moral e intelectual prevista por Gramsci Somente atrav s do conhecimento cr tico as massas podem sair da passividade e ativamente construir uma contra hegemonia Nessa perspectiva a educa o torna se um instrumento de luta respons vel pelo novo conhecimento que se contrap e ao que est a servi o da ideologia dominante Na educa o gramsciana o conhecimento imbu do no confronto na rela o educa o trabalho permite s massas se revestirem de um novo saber de uma nova cultura de uma nova concep o de mundo e de
195. incipalmente entre os Estados Unidos o Jap o e a Alemanha Os blocos econ micos liderados por esses pa ses aumentaram o protecionismo dos seus governos desenvolvendo lhes dessa forma competi o e a busca de hegemonia pelo poder e pela lideran a no cen rio mundial Para enfrentar uma das maiores crises econ micas do mundo moderno o caminho encontrado pelos tr s grandes n o se deu atrav s da integra o mundial do mercado mas o que aconteceu realmente foi uma nova redivis o do mundo sob o controle dos grandes monop lios e de seus Estados imperialistas O grande insucesso da economia capitalista se deu sobretudo quando esta se definiu como economia mundial O novo sistema econ mico n o encontrou instrumentos de interven o econ mica de forma global e pol ticas econ micas no mbito mundial que pudessem barrar ou encontrar formas de supera o para a crise da economia mundial Dessa forma observa se que o capitalismo apesar de ter uma tend ncia para internacionaliza o da economia na realidade n o conseguiu avan ar para a forma o de uma economia global e sem fronteiras O que aconteceu realmente foi a forma o dos trustes e cart is que monopolizam cada vez mais os meios de produ o as fontes de mat rias primas as tecnologias e os mercados esmagando as na es mais fr geis e passando a criar as zonas de influ ncia sob a lideran a das oligarquias financeiras dos pa ses dominantes Esse processo leva p
196. interesses e seus projetos de sociabilidade interferindo assim mais diretamente nas decis es do Estado NEVES e SANT ANNA 2005 p 23 Essa mesma politiza o da sociedade civil contribui para que o consenso ou ades o espont nea de indiv duos ou grupos aos projetos das classes sociais em disputa na sociedade civil e tamb m no Estado em sentido estrito passe a se constituir ao mesmo tempo em importante instrumento de domina o da classe burguesa para a consolida o de sua hegemonia nas sociedades contempor neas e em poderoso meio de emancipa o pol tica das classes dominadas na constru o de uma outra hegemonia a dire o intelectual e moral pol tica e cultural da classe trabalhadora NEVES e SANT ANNA 2005 p 23 24 Diante da posi o conquistada pela sociedade civil a burguesia elaborou novos conte dos e formas de domina o mantendo se dessa forma classe dominante e dirigente e para consolidar a sua hegemonia no contexto atual a classe dirigente tem utilizado novas estrat gias pol ticas A ideologia neoliberal tem sido uma das estrat gias trabalhadas no sentido de contribuir para a divulga o das novas formas de rela es sociais e de trabalho que tem como objetivo maior a supera o da crise do capitalismo internacional para que ele mantenha sua hegemonia tanto econ mica quanto ideol gica Os novos meios de comunica o e informa o tecnol gica t m sido o grande instrumento de
197. irris rios e financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econ mico e Social BNDES Ou seja o pr prio Estado financiou a venda de seu patrim nio Outro compromisso assumido pelo governo brasileiro com os organismos financeiros internacionais a exemplo do Banco Mundial BM foi com os chamados acordos de super vit prim rio utilizados para o pagamento da d vida externa levando o governo brasileiro a assumir juros alt ssimos para a rolagem da d vida impedindo o seu desenvolvimento econ mico Nos anos 80 a eclos o da crise de endividamento abriu espa o para uma ampla transforma o do papel at ent o desempenhado pelo Banco Mundial e pelo conjunto dos organismos multilaterais de financiamento De um Banco de Desenvolvimento indutor de investimentos o Banco Mundial tornou se o guardi o dos interesses dos grandes credores internacionais respons vel por assegurar o pagamento da d vida externa e por empreender a reestrutura o e abertura dessas economias adequando as aos novos requisitos do capital globalizado SOARES 1996 p 20 De acordo com Oliveira 2001 o governo brasileiro comprometido com o os organismos financeiros internacionais teve que realizar cortes com as despesas de gastos p blicos principalmente com as pol ticas sociais Tudo isto para gerar receitas para amortiza o da d vida que ao inv s de ser externa passou a ser eterna Com isso a sociedade brasileira viveu um crescente
198. is institucionais e culturais que desencadeiam os processos de produ o e reprodu o da vida 81 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal social Essas duas abordagens trouxeram conseq ncias sem precedentes para a sociedade como um todo Para alcan ar os objetivos previstos no Consenso de Washington foram sendo trabalhadas as regras previstas no ajuste neoliberal as quais definem as mudan as necess rias nas pol ticas liberalizantes privatizantes e de mercado A proposta desse ajuste resume se para o chamado curto prazo em diminuir o d ficit fiscal reduzindo o gasto p blico aplicar uma pol tica monet ria restritiva para combater a infla o e fazer prevalecer uma taxa de juros real positiva e um tipo de c mbio conhecido real adequado Em m dio prazo os objetivos seriam transformar as exporta es no motor de crescimento liberalizar o com rcio exterior atenuar as regula es estatais maximizando o uso do mercado concentrar o investimento no setor privado comprimindo a presen a do setor estatal e promover uma estrutura de pre os sem distor es SOARES 2000 p 14 15 A concep o apresentada tem como princ pio a liberdade no jogo das for as do mercado sem interfer ncia do Estado utilizando um discurso de que toda comunidade pudesse utilizar da melhor forma a produtividade e o lucro Essa concep o est revestida dos fundamentos de neutralidade s o id ias difundidas e ap
199. is e trabalhistas de uma importante parcela dos brasileiros HERMIDA 2006 p 30 De fato falhou o seu discurso em v rias experi ncias implantadas no mundo a exemplo da quebra de v rios pa ses da Am rica Latina como o Chile o M xico a Argentina e outros Todos esses pa ses voltaram a crescer ap s haverem abandonado a implementa o das pol ticas preconizadas pelo neoliberalismo como a Argentina que ap s ir bancarrota levantou se das cinzas e hoje est em processo de franco crescimento Abaixo transcreve o artigo Do elogio ao fracasso das cr ticas ao sucesso de Bruno Santos no blog Coletivo Cr tica Econ mica Em meados da d cada de 90 a Argentina era o exemplo a ser seguido O pa s tinha feito o dever de casa e estava colhendo os frutos dessa racionalidade econ mica O crescimento econ mico argentino entre 1991 e 1994 foi o maior das ltimas d cadas O pa s tinha conseguido eliminar a infla o E os consumidores usufru am viagens ao exterior e bens de consumo baratos No come o deste s culo a situa o mudou por completo O pa s enfrentava um dos maiores desastres econ mico em tempo de paz nenhum expert em economia conseguia minorar a depress o econ mica apesar de exigir sacrif cios cada vez maiores da popula o O FMI concedeu empr stimos ao pa s e ajudou o pa s adotar pol ticas prudentes Ao inv s de melhorar a crise s piorava Para complicar em 2003 foi eleito um president
200. ivos governos a partir da d cada de 90 est o mudando o paradigma de uma educa o human stica privilegiando o aprendizado das habilidades pr ticas profissionalizantes e utilitaristas visando atender ao mercado de trabalho al m dessas outras mudan as nos diversos paradigmas educacionais foram sendo efetivadas O relat rio da Unesco de Jacques Delors intitulado Educa o um tesouro a descobrir conclu do em 1996 refor a esta proposta assinalando que educa o cabe a descoberta de talentos e potencialidades criativas Quatro novos pilares erguem a educa o fundamentados no prazer no utilitarismo e no individualismo encarados como investimento em Capital Humano competitivo no mercado de trabalho tornando clara a nova t nica da educa o e seus novos 109 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil princ pios aprender a conhecer a fazer a viver juntos a ser UNESCO 1998 p 101 Fica evidenciado que o reiterado apelo Educa o uma cortina de fuma a invocada para justificar a acumula o predat ria do capital Isto as grandes massas n o escolarizadas ou mal escolarizadas do Terceiro Mundo explicariam o atraso da regi o os baixos sal rios e a baixa produtividade Assim ao se colocar a Educa o como condi o sine qua non para o crescimento econ mico mas receitando se ao mesmo tempo uma agenda econ mica recessiva para os pa ses perif ricos estar se ia negligenci
201. l privil gios corporativos de ordem burocr tica e militar o aparelho coercitivo de Estado pode n o exercer o monop lio da for a em nome da classe dirigente quando o aparelho de Estado parece impotente para sufocar uma crise org nica essa classe pode suscitar no seio da sociedade civil organiza es para militares que se integrar o no Estado uma vez terminada sua miss o PORTELLI 1977 p 32 Compreende se portanto como a sociedade civil e a pol tica est o imbricadas no seio da superestrutura tanto que se forem analisadas separadamente n o correspondem realidade pr tica A an lise deve partir da unidade dial tica na qual se percebe a forma alternativa de como s o trabalhados o consenso e a coer o Assim seguindo a interpreta o da concep o dial tica da hist ria entende se que nenhum sistema social pode ter o consentimento como a base exclusiva de sua hegemonia como tamb m nenhum Estado pode ter um grupo permanente que possa utilizar se da coer o para manter a sua hegemonia Para a compreens o da constru o da hegemonia portanto necess rio compreender a inter rela o org nica e permanente que existe entre a sociedade civil e a sociedade pol tica Pode se considerar como exemplo dessa integra o entre a sociedade civil e a pol tica a opini o p blica que em muitas situa es desenvolve o consenso advindo da sociedade civil para confirmar os atos do governo representado pel
202. l foi um dos caminhos encontrados para a sa da da crise do sistema capitalista mundial Esse ajuste tem atingindo diretamente de forma mais profunda o campo social haja vista que agravou as condi es de vida da maioria da popula o dos pa ses que adotaram o ajuste preconizado pelo neoliberalismo Nesse sentido oportuno transcrever a posi o de SOARES 2003 59 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Aos pa ses perif ricos s o recomendadas pol ticas de ajuste com abertura indiscriminada rigor fiscal e reformas que n o s o adotadas pelos pa ses centrais que comandam os rg os multilaterais proponentes e supostamente financiadores dessas pol ticas As conseqii ncias ou os desajustes sociais provocados por essas pol ticas s o considerados ou como inevit veis ou inerentes a um processo em dire o modernidade Se ditas consequ ncias tornam se muito fortes a ponto de desestabilizar o bom andamento desse processo esses mesmos organismos se disp em a ajudar financiando programas focalizados de al vio pobreza SOARES 2003 p 1 Dessa forma entende se que o conceito de ajuste neoliberal n o pode estar separado do contexto das crises do Sistema Capitalista Mundial o qual o neoliberalismo pretende superar bem como das consegii ncias sociais que as suas pol ticas de ajuste produziram principalmente nos pa ses da periferia do Sistema Capitalista 3 1 A crise do capitalismo e o ajuste
203. l o custo do que se produz Conseq entemente n o indaga o que se produz como se produz para que ou para quem se produz O que est em jogo portanto n o diz respeito discuss o sobre a democratiza o do saber id ia de forma o das pessoas o exerc cio da cr tica a cria o cultural o bem estar coletivo ou dimens o tica do conhecimento As palavras chave deste discurso por conseguinte s o carregadas de instrumentalidade governa o produtividade empregabilidade Neste sentido a universidade estaria passando da condi o de institui o social para organiza o social CHAU 1999 p 3 No contexto de ajuste neoliberal a universidade repensada na l gica do conhecimento operacional desenvolvido a partir do paradigma da racionalidade instrumental Nessa perspectiva volta se para a forma o profissional e tem como prioridades as exig ncias do mercado de trabalho no qual o profissional preparado para ser produtivo e flex vel ao mercado Dessa forma ela vem se consolidando sob a l gica gerencial submetida aos interesses empresariais Nessa dire o a universidade operacional torna se produtiva e flex vel ao mercado passando a ser regulada por contratos de gest o Com isso se intensifica o desaparecimento da doc ncia marca essencial da forma o e se inicia a expans o desenfreada de cursos a dist ncia os quais prescindem da rela o presencial professor aluno impossibilitando de
204. la conquista ideol gica dos intelectuais tradicionais assimila o e conquista que s o t o mais r pidas e eficazes quanto mais o grupo em quest o for capaz de elaborar simultaneamente seus pr prios intelectuais org nicos GRAMSCI 2001 p 18 19 Para Gramsci o conceito de intelectual deve ser compreendido a partir do conjunto do sistema de rela es sociais nas quais est o inseridas as atividades intelectuais A esse respeito Jesus 1989 afirma Gramsci define o intelectual por sua fun o e n o por um aparato de intelectualidade ou por caracter sticas de classe sendo portanto mais importante para ele a fun o do intelectual do que ser intelectual ou seja a categoria da intelectualidade Portanto n o existem n o intelectuais mas sim tipos diversos de intelectuais que Gramsci segundo seu crit rio hist rico sociol gico classificou em org nicos e tradicionais JESUS 1989 p 63 A classifica o elaborada por Gramsci de intelectual org nico e intelectual tradicional n o f cil de ser compreendida e trabalhada Os dois tipos de concep o de intelectuais podem passar de uma situa o para outra o intelectual tradicional pode ser trabalhado e avan ar no sentido de transformar se em intelectual org nico e vice versa A respeito da constru o do conceito de intelectual de Gramsci Jesus 1989 diz o seguinte A amplia o do conceito de intelectual
205. licadas com poder de persuas o sem a menor coer ncia com o que se apresenta de forma real para toda a sociedade A ess ncia dos princ pios que fundamentam o ajuste neoliberal est contida nos compromissos definidos de forma hegem nica com o novo modelo econ mico fundamentado na teoria cl ssica do livre com rcio o qual desencadeia a organiza o de uma nova redivis o internacional do trabalho comprometido com os interesses dominantes tanto no centro como na periferia do novo sistema capitalista Ao mesmo tempo em que o ajuste neoliberal apresenta a todo custo as regras para a liberaliza o comercial e financeira contraditoriamente os pa ses centrais vivem o neoprotecionismo O que se busca na verdade com a pol tica monetarista a recupera o da crise do sistema capitalista para proteger os pa ses centrais A integra o da economia internacional dando se atrav s da liberaliza o do mercado promoveu a competitividade e a efici ncia melhorou as possibilidades de produ o e de lucro das multinacionais pertencentes aos pa ses centrais e ao mesmo tempo dificultou o crescimento e promoveu a quebra das empresas nacionais Assim verifica se que as consegii ncias advindas do ajuste neoliberal apesar de ter como n cleo as reformas de ordem econ mica como as medidas liberalizantes privatistas e de 82 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal mercado trouxeram mudan as profundas para a estrutura institu
206. m o objetivo de servir pol tica de industrializa o substitutiva de importa es nos moldes do projeto de capitalismo nacional ser direcionado para favorecer a transnacionaliza o ou seja o desmonte do projeto do capitalismo nacional 100 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal A implementa o das pol ticas neoliberais no Brasil representa uma grande contradi o Ao mesmo tempo em que busca o crescimento econ mico e a industrializa o para atender uma minoria da popula o brasileira coloca a grande maioria no mais profundo processo de exclus o social A transforma o violenta que vem ocorrendo na estrutura da sociedade brasileira para atender aos ditames da hegemonia internacional em prol da recupera o da falida economia mundial tem promovido em larga escala de forma quase irrevers vel um processo de marginaliza o pobreza desemprego e subemprego jamais visto na hist ria do pa s Assim observa se que o ajuste neoliberal traz no bojo de sua feitura os ideais da concep o neoliberal Esses ideais entre tantas outras manifesta es trazem na sua ess ncia o interesse pelo crescimento econ mico para atender uma minoria de oligarcas financeiros e ao mesmo tempo a desconstru o de pol ticas sociais voltadas para atender a grande maioria da popula o Diante de todos os processos hist rico sociais ocorridos no Brasil ao longo das d cadas de 80 e 90 decorrentes do ajuste neoliberal observa se
207. ma da identidade de teoria e pr tica se coloque especialmente em determinados momentos hist ricos os quais se chamam de transi o isto de mais r pido movimento de transforma o quando realmente as for as pr ticas desencadeadas demandam a sua justifica o a fim de serem mais eficientes e expansivas ou ent o se multipliquem os programas te ricos que demandam tamb m eles a sua justifica o realista o que ocorre na medida em que demonstram a sua possibilidade de assimila o por movimentos pr ticos que s assim se tornam mais pr ticos e reais GRAMSCI 1981 p 51 52 Dessa forma pode se afirmar que os dois aspectos essenciais destacados por Gramsci em rela o concep o de hegemonia residem na oposi o entre a no o de ditadura e de base social da hegemonia A hegemonia capacidade de dire o de conquistar alian as capacidade de fornecer uma base social ao Estado prolet rio Nesse sentido pode se dizer que a hegemonia do proletariado realiza se na sociedade civil enquanto a ditadura do proletariado a forma estatal assumida pela hegemonia GRAMSCI apud GRUPPI 1978 p 5 Ao analisar e acompanhar os processos hist ricos na vida pol tica italiana pode se observar como Gramsci nesse contexto desenvolveu e aprofundou seus estudos sobre a hegemonia e como procurou compreender o Estado a partir do bloco hist rico estrutura e superestrutura da forma o dos intelectuais da literatur
208. mados de privados Igreja partidos sindicatos escolas etc e o outro de sociedade pol tica ou Estado onde se d a fun o hegem nica que o grupo dominante exerce sobre toda a sociedade atrav s do dom nio e do comando exercidos pelo Estado e pelo governo jur dico Comenta Gramsci Por enquanto podem se fixar dois grandes planos superestruturais o que pode ser chamado de sociedade civil isto o conjunto de organismos designados vulgarmente como privados e o da sociedade pol tica planos que correspondem respectivamente fun o de hegemonia que o grupo dominante exerce em toda a sociedade e quela de dom nio direto ou de comando que se expressa no Estado e no governo jur dico Estas fun es s o precisamente organizativas e conectivas GRAMSCL 2001 p 20 21 Gramsci ao trabalhar a sociedade civil faz uma distin o complexa entre esta e a sociedade pol tica Para ele o Estado se identifica com a sociedade pol tica onde est representado o momento da for a e do poder pol ticos A sociedade civil por sua vez formada por uma complexa rede de fun es ideol gicas Nesse sentido pode se concluir que pelas caracter sticas apresentadas o conceito de sociedade civil de Gramsci original A sociedade civil um conjunto complexo seu campo muito extenso e sua voca o para dirigir todo o bloco hist rico implica uma adapta o de seu conte do segundo a
209. mam o seu receitu rio Somente a partir dos v rios desastres econ micos ocorridos em v rias partes do mundo entre eles a grave crise asi tica 1997 a quebra da economia da R ssia e de pa ses latino americanos como o M xico e a Argentina o Consenso de Washington passou a ser polemizado A crise na sia passou por um processo permanente de agravamento trouxe consigo um n mero cada vez maior de pa ses que tinham grande import ncia na economia mundial Quando a crise supostamente amenizava num pa s eclodia em outro com um poder de destrui o muito maior a exemplo das sucessivas crises ocorridas em escala crescente com os seguintes pa ses Tail ndia Cor ia Indon sia e Mal sia Com a realiza o do acordo para o refinanciamento da d vida externa na Cor ia esperava se que a crise estivesse em processo de supera o no entanto a partir da ela eclode na China e no Jap o pa ses considerados chaves na economia mundial Nesse contexto os citados pa ses sofreram as maiores press es deflacion rias provocadas pela sua elevada capacidade produtiva e pela baixa demanda de seus produtos o que for ou a queda dos pre os dos seus produtos conseq entemente houve diminui o dos seus lucros provocando a desvaloriza o dos capitais de investimentos nestes pa ses A crise na R ssia desencadeia se com o grande d ficit fiscal do Estado russo usado como pretexto para a especula o selvagem contra o rublo
210. n mica e pol tica especialmente na rea ideol gica Apresentam se v rios estudiosos da filosofia e da economia que contribu ram para a constru o do conceito entre eles Marx Engel L nin e com destaque Gramsci O aprofundamento do conceito realizado por Gramsci apresentado como original sobretudo pela import ncia dada por ele sua aplica o no campo ideol gico V rios autores destacando se Luciano Gruppi e Hugues Portelli demonstram a import ncia dada por Gramsci ideologia como instrumento decisivo para a conquista da hegemonia A educa o nos estudos apresentados por Gramsci tem um papel de destaque pela import ncia que essa desempenha na constru o e implementa o da ideologia dominante e dialeticamente como ela tamb m produz a contra hegemonia Desse modo nessa rea Gramsci desenvolve a proposta de escola unit ria atrav s da qual a educa o Maciel M H R Introdu o est em permanente rela o com o conhecimento intelectual e o trabalho manual dando nfase dessa forma ao processo de integra o entre teoria e pr tica No terceiro cap tulo foi desenvolvida a categoria de ajuste neoliberal sempre relacionada com a hegemonia Nesse cap tulo procura se compreender inicialmente a rela o da crise do capitalismo mundial com a implementa o do ajuste neoliberal e como a crise do capitalismo mundial sobretudo no per odo do p s guerra influenciou os pa ses d
211. n en confronto con el principio gramsciano de la educaci n para la formaci n integral Escuela Unitaria Palabras llaves Hegemonia Ajuste Neoliberal Ense anza Superior Flexibilizaci n Productividad Eficiencia Regulaci n RESUME Ce travail analyse la politique ducationnelle au Br sil tourn e vers l enseignement sup rieur dans un contexte d ajustement n olib ral Le syst me capitaliste mondial passant par une nouvelle crise une de plus et pour maintenir son h g monie tant dans les pays centraux que dans les pays p riph riques a cherch plusieurs alternatives parmi lesquelles se distinguent l id ologie n olib rale et la globalisation L essence de la doctrine du n olib ralisme consiste fondamentalement dans la d r gulation des march s principalement du march financier et celui du travail dans l tat minimum qui a abouti aux privatisations dans l ouverture commerciale pour faciliter l entr e de produits trangers Cette id ologie a t diss min e par le monde et sa application a affect de fa on drastique l conomie et les politiques sociales parmi elles l ducation partir du d nomm Consensus de Washington la Banque Mondiale et d autres institutions internationales ont d fini les r gles pour l conomie et pour la politique des pays d pendants du capitalisme mondial Au Br sil le processus se consolide dans la d cennie des ann es quatre vingt dix tant l ducation lune
212. n sono stati trovati GRAMSCI 2007 p 1 O Mezzogiorno pode ser definido como uma grande desagrega o social os camponeses que constituem a grande maioria de sua popula o n o mant m entre si nenhuma coes o compreende se que devem ser feitas exce es a Puglia a Sardenha a Sic lia onde existem caracter sticas especiais no grande quadro da estrutura meridional A sociedade meridional um grande bloco agr rio constitu do de 3 camadas sociais a grande massa camponesa amorfa e desagregada os intelectuais da pequena e m dia burguesia rural os grandes propriet rios de terra e os grandes intelectuais 20 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia um ponto essencial que a preemin ncia da dire o cultural e ideol gica desenvolvida por Gramsci Para Gramsci a hegemonia entendida n o somente como dire o pol tica mas tamb m como dire o moral cultural e ideol gica A hegemonia s poss vel na unidade da teoria e a o porque ela vai se dar com plena consci ncia te rica e cultural atrav s da pr pria a o com a consci ncia de que o nico modo de tornar poss vel a coer ncia da a o superando a imediaticidade emp rica A rela o entre teoria e pr tica permitiu a Gramsci 1981 afirmar A identifica o de teoria e pr tica um ato cr tico pelo qual se demonstra que a pr tica racional e necess ria ou que a teoria realista e racional Da porque o proble
213. natural e inevit vel do desenvolvimento do pensamento entre os intelectuais socialistas revolucion rios L NIN apud GRUPPI 1978 p 34 35 A partir dessa compreens o L nin fez uma constata o hist rica ou seja a de que a teoria revolucion ria n o nasceu no seio dos oper rios mas a partir dos intelectuais burgueses Marx e Engels De acordo com o pensamento leninista o oper rio adquire a consci ncia de classe vinda de fora da luta econ mica e das rela es entre oper rios e patr es E para se chegar a essa consci ncia necess rio alcan ar o campo das rela es de todas as classes e de todos os extratos da popula o incluindo o Estado e o governo Essa uma forma de superar dialeticamente a experi ncia imediata do proletariado Para se atingir a luta revolucion ria necess rio captar o que est subtendido no pensamento do patr o compreender a din mica das classes sociais dos partidos pol ticos suas fun es e poder ou seja a sua hegemonia N o poss vel alcan ar essa vis o ampla e org nica atrav s de um processo espont neo necess ria uma elabora o conceitual com a assimila o de categorias cient ficas alcan adas por um alto n vel de cultura de forma a se ter consci ncia do que h por tr s da luta imediata ou seja o que h por tr s do patr o entender que a explora o que sofre o proletariado apoiada por partidos pol ticos pela classe social hegem nica enfim pela e
214. ndial cidadania mundial ex rcito industrial ativo e de reserva global pensamento universal IANNL 1996 p 50 O novo modelo pode ser considerado tamb m capitalismo transnacional oligopolista no qual a grande empresa tem o predom nio do poder e dita as regras do mercado Esta imp e tamb m a cria o de novos produtos cada vez mais sup rfluos mas adequados ao consumismo exacerbado e cria novos estilos de vida e formas de dissemina o de sua ideologia 72 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Entre as medidas econ micas levadas efeito pelos Estados globalizados destacam se o combate infla o preocupa o com a queda do d ficit p blico nfase na pol tica de exporta o para que a balan a de pagamentos fique cada vez mais superavit ria para a obten o de divisas as quais se destinar o n o aos gastos sociais mas ao pagamento das d vidas especialmente as que beneficiam os banqueiros internacionais reforma legislativa garantindo os direitos da propriedade mesmo que seja em detrimento dos direitos sociais privatiza o das Empresas estatais diminui o dos mecanismos de regula o estatal da economia diminui o do peso das pol ticas sociais no or amento do Estado e nenhuma preocupa o com o atendimento das necessidades b sicas da popula o mantendo as exclu das do mercado de consumo Esses s o apenas alguns exemplos de medidas tomadas pelos estados nacionais que aderiram ao sis
215. ndo Monet rio Internacional FMI Banco Mundial BM e Organiza o Mundial do Com rcio OMC entre outras empenham se em reformar o Estado e o conjunto das institui es nacionais com o objetivo de acentuar a acomoda o do mercado emergente com o mercado mundial TANNI 2000 p 2 Ao Estado apesar de ser considerado como principal articulador para promover o processo de desenvolvimento social e econ mico n o compete mais assumir a fun o de agente direto do desenvolvimento econ mico e social da na o e sim de ser apenas agente catalisador e impulsionador desse processo Ele passou a ter fun es delimitadas com o discurso de que se tornaria mais barato e eficiente na condu o de suas responsabilidades somente assim aliviaria o custo sobre as empresas nacionais que passariam a concorrer internacionalmente O Estado portanto no bojo dessa nova concep o hegem nica mundialmente passou a priorizar e investir no que s o consideradas como fun es essenciais como sejam a justi a a seguran a interna e as rela es exteriores Comprometido com essa nova concep o o Estado investe menos em pol ticas p blicas sociais como educa o sa de e previd ncia O descompromisso pol tico e financeiro com os servi os p blicos al m de promover a queda na qualidade desses servi os passou a oportunizar e apoiar o 86 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal crescimento sem controle e transferir essas ativ
216. neoliberal O ajuste neoliberal um dos constituintes que surge pela necessidade de solucionar a crise do sistema capitalista mundial Por ser uma categoria que faz parte de um todo que busca componentes para a superac o do fen meno da crise do capital entende se que para a sua compreens o faz se necess rio partir de uma an lise hist rico pol tica do movimento que desencadeou a ascens o pol tica ideol gica neoliberal Entende se tamb m que a sua constru o hist rica est relacionada com as crises do sistema capitalista mundial que tiveram momentos de altos e baixos sobretudo no per odo compreendido entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial A partir da metade do s culo XIX e adentrando o s culo XX ocorreram transforma es pol ticas econ micas e sociais que desencadearam uma das maiores crises do sistema capitalista mundial Diante desse quadro pol tico eclode a Primeira Guerra Mundial E a Segunda Guerra foi gerada em consequ ncia dessa crise na tentativa de super la no entanto o que houve foi a sua continua o e aprofundamento A Segunda Guerra Mundial provocou igualmente o fim da hegemonia mundial da Europa e a ascens o de duas superpot ncias os EUA e a Uni o Sovi tica que seriam os protagonistas da cena internacional durante o per odo conhecido como Guerra Fria Ap s a Segunda Guerra Mundial uma das formas encontrada para a supera o da crise do sistema capitalista mundial foi a organiz
217. neoliberal competitivo capaz de passar pelas provas que o mercado imp e e capaz de adaptar se s suas flexibilidades Por isso o mercado investe no Capital Humano no indiv duo ARCE 2001 FRIGOTTO 1999 A educa o deixa de ser encarada como direito e se torna uma mercadoria escrava dos princ pios do mercado atrelada a um reducionismo economicista de sua fun o MAGALH ES e BARBOSA 2005 p 53 A partir do referido documento o Governo brasileiro com o objetivo de implementar e consolidar as pol ticas neoliberais incrementa o processo de mudan as nas pol ticas sociais com destaque nas educacionais A referida Declara o Mundial comentada por Shiroma 2000 destaca o seu car ter elitista e excludente ao afirmar 106 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil Um primeiro problema aqui enfrentado refere se express o para todos que sugeria uma universaliza o da educa o b sica que no Brasil compreendia desde a educa o infantil at o ensino m dio que a confer ncia n o pretendia Em segundo lugar alguns autores compreenderam o conceito NEBA em sua fun o ideol gica de indicar a natureza do ensino a ser ministrado Isto para estratos sociais diferentes ensinos diferentes uma vez que as necessidades b sicas de um e de outro n o poderiam ser as mesmas Reeditava se o dualismo na educa o brasileira partindo se do suposto de que se as necessidades das amplas camad
218. nfa na vida preciso competir e uma sociedade moderna aquela na qual s os melhores triunfam Dito de maneira simples a escola funciona mal porque as pessoas n o reconhecem o valor do conhecimento os professores trabalham pouco e n o se atualizam s o pregui osos os alunos fingem que estudam quando na realidade perdem tempo etc GENTILI 2004 p 7 8 Ocorre que as pol ticas neoliberais n o propiciam a esse mesmo cidad o as condi es necess rias para a sua prepara o profissional pois a escola de qualidade que defendem uma escola elitista excludente e destinada a uma minoria O cidad o assim apontado como sendo culpado pelo seu despreparo quando na verdade ele v tima de uma pol tica deliberada de discrimina o social Esse tema tratado com brilhantismo por Forrester 1997 quando diz Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil S o levados a se considerar indignos dela e sobretudo respons veis pela sua pr pria situa o que julgam degradantes j que degradada e at censur vel Eles se acusam daquilo de que s o vitimas Julgam se com o olhar daqueles que os julgam olhar esse que adotam que os v como culpados e que os faz em seguida perguntar que incapacidade que aptid o para o fracasso que m vontade que erros puderam lev los a essa situa o A desaprova o geral os espreita apesar do absurdo dessas acusa es FORRESTER 1997 p 11 12 Essa contradi o
219. no desenvolvimento cultural econ mico e social sofre as conseqii ncias do processo de ajuste neoliberal Nesse contexto deixam de cumprir o seu papel na qualidade de institui es que det m a capacidade de produ o intelectual cient fica cultural e do pensamento cr tico diante da sociedade 120 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil 4 3 As diretrizes para o ensino superior no Brasil e o ajuste neoliberal Na tentativa da recupera o da crise do sistema capitalista mundial a educa o um dos instrumentos fundamentais utilizados para esse prop sito a qual por sua vez reflete se nas reas econ mica cultural ou social Seguindo as reflex es gramscianas sobretudo em rela o categoria da hegemonia entende se a atualidade do seu pensamento e sua aplica o para a educa o superior no contexto neoliberal Gramsci j nos apresentava a negativa da neutralidade no processo educacional demonstrando que esse processo impregnado pela ideologia da classe hegem nica visando a consolida o de seus interesses em rela o s classes subalternas Seguindo o seu pensamento procura se entender como a ideologia que disseminada pelos aparelhos ideol gicos de Estado incluindo se as institui es educacionais tem promovido a manuten o dos mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal sobretudo no que se refere separa o entre a teoria e a pr tica entre a pol tica e a cultura entre o saber para a
220. nsifica o da comunica o global instant nea e do transporte de massa meios utilizados para divulga o e manuten o da hegemonia da classe dominante Os Estados nacionais no novo cen rio hegem nico da sociedade informatizada continuam exercendo um papel importante tanto no plano internacional como no ordenamento interno por exercerem o controle de territ rios for as militares individual e coletiva al m de serem respons veis pelo aparato legal O novo aparelho estatal renovado pela incorpora o e o desenvolvimento de princ pios pol ticos que orientam a descentraliza o administrativa a democratiza o a transpar ncia a efici ncia administrativa os espa os de participa o e a fun o reguladora dos riscos sociais econ micos e ambientais Em respaldo a tal afirma o Lima e Martins 2005 comentam Tudo isso para preservar princ pios muito caros ao liberalismo quais sejam a defesa da liberdade individual o Estado como inst ncia acima e imune aos conflitos de classe a economia livre de um controle r gido e a naturaliza o das desigualdades S o esses os pressupostos pol ticos que nortear o seus princ pios e suas estrat gias de a o pol tica LIMA e MARTINS 2005 p 52 A teoria neoliberal a partir do s culo vinte disseminada pela m dia eletr nica escamoteia a polariza o das classes preservando o essencial do pensamento liberal como afirma Ianni 1998 esse predom nio do
221. nsino superior O Plano Nacional de Educa o tem destaque em rela o ao financiamento para a educa o por n o confirmar o compromisso de investir verbas p blicas na educa o p blica As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Gradua o t m como objetivo dar uma dire o elabora o dos curr culos dos cursos de gradua o Ao mesmo tempo possibilita a flexibiliza o dos conte dos que s o direcionados para atender s exig ncias emergentes do mercado de trabalho voltadas para os interesses do capital internacional promovendo ainda a forma o com nfase na competitividade para o mercado globalizado 143 Maciel M H R S ntese Propositiva O Programa Universidade para Todos tem como caracter stica principal a canaliza o de recursos p blicos para o setor privado O processo consiste no compromisso de pagar as mensalidades dos alunos carentes nas universidades privadas independente da qualidade da educa o que elas possam oferecer Atrav s desse programa oficializa se o investimento p blico nas Institui es de Ensino Superior privadas com o discurso de estender a educa o superior para os alunos carentes A Gratifica o de Est mulo Doc ncia GED surgiu no contexto de uma greve O governo de uma s vez resolve dois problemas um de seu interesse e outro que atendia aos interesses dos docentes Usou a oportunidade das reivindica es da greve para incrementar o sal rio do p
222. nte a subordina o GRAMSCI 2001 p 135 Apesar de n o ter sido aprovada uma lei reformando totalmente o ensino superior o governo vai implementando a pol tica da Reforma do Ensino Superior paulatinamente atrav s de decretos resolu es projetos programas medidas provis rias e emendas constitucionais Como as reformas anteriores essa reforma paulatina tamb m confirma na sua ess ncia o compromisso com as pol ticas neoliberais No presente estudo al m da LDB e do PNE foram escolhidos outros documentos elaborados e implementados no processo de regulamenta o da LDB de modo especial os que dizem respeito ao ensino superior no Brasil tais como as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Gradua o DCN Edital 04 de 03 12 1997 a Gratifica o de Est mulo a Doc ncia GED Lei n 9 678 de 03 07 1998 o Sistema Nacional de Avalia o do Ensino Superior SINAES Lei n 10 861 de 14 4 2004 e o Programa Universidade para Todos PROUNI Lei n 11 096 de 13 01 2005 No conjunto da legisla o que regulamenta a educa o superior no Brasil identificam se os mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal e a forma como tais mecanismos definiu as diretrizes para o ensino superior brasileiro Para cumprimento da agenda neoliberal das regras previstas no Consenso de Washington e dos ditames dos organismos internacionais como BM FMI BID UNESCO e CEPAL utilizam se mecanismos hegem nicos de ajuste ne
223. nto a aus ncia de mecanismos concretos de financiamento para a efetiva o das medidas o que certamente resultar na concretiza o de novos formatos de privatiza o desse n vel de ensino respaldada pela interpenetra o entre a esferas p blica e a privada DOURADO 2002 p 4 Outro Projeto que desde a d cada de 90 encontra se em processo de discuss o e cuja aprova o n o se concretiza o Projeto de Reforma do Ensino Superior Durante toda a d cada de 90 o Projeto tem passado por muitas discuss es tanto por parte dos que defendem os interesses da sociedade civil quanto por parte dos que atuam no campo governamental Isso vem demonstrando que o mesmo processo vivenciado pela Lei de Diretrizes e Base da Educa o Nacional e do Plano Nacional de Educa o vem ocorrendo tamb m com a Reforma do Ensino Superior o que demonstra a hegemonia governamental a respeito da qual afirma Gramsci 2001 126 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil indubit vel que na atividade hist rica destes grupos existe tend ncia unifica o ainda que em termos provis rios mas esta tend ncia continuamente rompida pela iniciativa dos grupos dominantes e portanto s pode ser demonstrada com o ciclo hist rico encerrado se este se encerra com sucesso Os grupos subalternos sofrem sempre a iniciativa dos grupos dominantes mesmo quando se rebelam e se insurgem s a vit ria permanente rompe e n o imediatame
224. nto que o argumento relacionado com a car ncia dos recursos do Estado n o procede antes a quest o se configura como uma op o deliberada por uma determinada classe em detrimento da maioria da popula o Como se pode imaginar uma educa o e de qualidade quando o aluno oriundo de uma fam lia na qual o pai est desempregado em conseqi ncia falta o alimento as pessoas adoecem sem terem assist ncia m dica sofrem o problema da car ncia de moradia digna sem falar de outras car ncias sociais Dessa forma entende se que n o pode existir Educa o de qualidade se n o h uma correspondente melhora nas demais condi es de vida do aluno 111 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil Outra contradi o flagrante consiste no seguinte o discurso dominante inverte os pap is de v tima e culpado quando afirma que o cidad o dever se preparar adquirir o conhecimento necess rio sua inser o no mercado de trabalho no conceito de empregabilidade sob pena de figurar apenas como um n mero nas estat sticas de desempregados A pol tica educacional faz parte de um contexto de pol ticas p blicas que deveriam no seu conjunto ter como objetivo equacionar o impasse da d vida social para com a maioria da popula o brasileira Ocorre que o Estado brasileiro tanto n o propicia uma educa o de qualidade para todos como trata o tema de forma desvinculada do contexto mais amplo das necessidades b
225. nuten o da hegemonia conceito fundamental no seu pensamento A contra hegemonia constru da atrav s da media o dos intelectuais revolucion rios com as massas oprimidas Gramsci ao explorar o conceito de intelectual partiu da vis o habitual herdada da concep o idealista e individualista da qual discorda al m de desmistificar a vis o de neutralidade impregnada neste conceito Todo grupo social nascendo no terreno origin rio de uma fun o essencial no mundo da produ o econ mica cria para si ao mesmo tempo organicamente uma ou mais camadas de intelectuais que lhe d o homogeneidade e consci ncia da pr pria fun o n o apenas no campo econ mico mas tamb m no social e no pol tico o empres rio capitalista cria consigo o t cnico da ind stria o cientista da economia pol tica o organizador de uma nova cultura de um novo direito etc Se n o todos os empres rios pelo menos uma elite deles deve possuir a capacidade de organizar a sociedade em geral em todo o seu complexo organismo de servi os at o organismo estatal em vista a necessidade de criar as condi es mais favor veis expans o da pr pria classe ou pelo menos deve possuir a capacidade de escolher os prepostos empregados especializados a quem confiar esta atividade organizativa das rela es gerais exteriores empresa GRAMSCI 2001 p 15 16 Todo grupo social essencial contudo emergindo na hist ria a partir d
226. o D AG So Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil dito de avalia o qualitativa talvez adequado aos moldes t picos de uma concep o meritocr tica de avalia o mas certamente baseado em modelos cl ssicos de remunera o por tipo e n mero de tarefas A novidade est na decis o de partilhar a defini o dos crit rios do novo fator com duas das entidades ligadas s IFES a ANDES e a ANDIFES que participaram dentro de limites da elabora o da lei e das normas de implementa o BELLONI 2000 p 107 A GED durante o processo de implementa o desenvolveu atitudes competitivas no meio dos docentes o que um dos objetivos impl citos nos prop sitos das pol ticas neoliberais para a avalia o Essa pr tica de avalia o meritocr tica provocou uma insatisfa o no ambiente acad mico O governo mais uma vez como uma forma de agradar os docentes transformou a GED em uma gratifica o permanente sem passar pelo processo de avalia o Os docentes ao longo de suas lutas atrav s de seu sindicato o ANDES t m reivindicado a transforma o da GED de gratifica o em sal rio Para os professores de 1 e 2 graus das IFES tamb m foi institu do um processo de avalia o elaborado e implementado nos mesmos moldes e na mesma situa o em que foi desenvolvido para os professores de 3 grau num contexto de negocia o em per odo de greve Esse processo avaliativo foi denominado de Gratifica
227. o autor Gruppi 1978 apresenta em seus escritos o desencadeamento da constru o do conceito elaborado por L nin e Gramsci Gruppi 1978 ao apresentar uma reflex o sobre o desenvolvimento do conceito de hegemonia inicia o percurso por L nin comenta que esse surge no contexto do advento Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia do imperialismo capitalista como um te rico do quadro do pensamento marxista contempor neo considerado tamb m como um expressivo intelectual da conquista da hegemonia pelo proletariado e que fundamentou a an lise da sociedade russa e do desenvolvimento do capitalismo na R ssia estudando a especificidade do contexto hist rico vivido naquele momento utilizando na pr tica o conceito de hegemonia Para analisar a sociedade russa L nin tamb m revestiu seu pensamento e sua a o da doutrina do materialismo hist rico e da dial tica materialista concebidas por Marx e Engels A partir de sua an lise foi poss vel desencadear a organiza o de um sistema complexo possibilitando a dire o das massas compostas dos trabalhadores do campo e da cidade proletariado que naquele momento teve como objetivo maior a derrubada do capitalismo em prol da constru o do socialismo sob a ditadura do proletariado Na sua concep o naquele momento a hegemonia do proletariado era a nica forma poss vel para consolidar a transforma o e a constru o de uma nova sociedade de uma nova estrut
228. o B sica neste n vel as pol ticas continuam coerente com as orienta es dos organismos multilaterais Dessas pol ticas se destacam as seguintes a Resolu o 02 97 que estabelece a possibilidade de complementa o pedag gica para qualquer portador de diploma em n vel superior para atuar na Educa o B sica e a cria o dos Institutos Superiores de Educa o que abrigam cursos Normais Superiores e Cursos de Licenciaturas os quais nessa perspectiva priorizam o ensino em detrimento da pesquisa A cria o dos Institutos Superiores de Educa o tinha como principal alvo a forma o de professores que passaria a ser de n vel superior mas em espa os acad micos que n o favorecem nem incentivam a pesquisa Essa proposta repercutiu diretamente nos Cursos de Pedagogia que perderam o espa o para a forma o do professor com qualidade ensino e pesquisa e cederam o espa o para os Institutos formarem professores desenvolvendo atividades apenas voltadas para o ensino O governo contraditoriamente ao mesmo tempo em que precisava cumprir o inciso IV do Art 87 da LDB par grafo 4 que afirma At o fim da D cada da Educa o somente ser o admitidos professores habilitados em n vel superior ou formados por treinamento em servi o retirava dos Cursos de Pedagogia o direito de formar os professores em n vel superior para exercer o exerc cio do magist rio da educa o infantil e das s ries iniciais do ensino fundament
229. o F de Pol ticas e gest o da educa o superior Transforma es recentes e debates atuais S o Paulo Xam Goi nia Alternativa 2003 240 p SOBRINHO Zaki Akel Universidade XXI Fundamentos para uma nova pol tica de ensino superior Dispon vel em http mecsrv04 mec gov br univxxi pdf politica pdf 2004 Acesso em 16 01 2008 SODR Nelson Werneck A farsa do neoliberalismo 3 ed Rio de Janeiro Graphia 1996 120 p SOUZA Nilson Ara jo O colapso do neoliberalismo S o Paulo Global 1995 144 p STIGLITZ Joseph E Making Globalization Work New York London W W Norton 2006 Dispon vel em http pt wikipedia org wiki Privatiza o Acesso em 19 09 07 TAVARES Maria da Concei o e FIORI Jos Luiz Des Ajuste global e moderniza o conservadora Rio de Janeiro Ed Paz e Terra 1993 155 TIRAMONTI Guilhermina Ap s os anos noventa novos eixos de discuss o na pol tica educacional da Am rica Latina In KRAWCZYKS Nora CAMPOS Maria Malta amp HADDAD S rgio O cen rio educacional latino americano no limiar do s culo XXI reformas em debate Campinas Autores Associados 2000 p 140 UNESCO Declara o mundial sobre a educa o superior no s culo XXI Vis o e a o Paris Fran a Outubro 1998 UNESCO Declara o mundial sobre educa o para todos Satisfa o das necessidades b sicas de aprendizagem Jomtien Tail ndia Mar o 1990 UNESCO Declara o de Nova
230. o mais dram tico o que ocorreu com o Estado da Argentina faliu ap s haver implementado as pol ticas neoliberais recuperando se em seguida ap s abandonar as pol ticas que o levaram bancarrota O neoliberalismo torna invi vel a implementa o de qualquer projeto nacional pois o Estado Na o fica submetido ao Estado Transnacional fato que implica na pr tica a perda de sua autonomia visto que as decis es mais importantes somente s o tomadas se houver a concord ncia das institui es que dominam o sistema as quais ditam o que pode e o que n o pode ser feito O Estado Na o perde por conseguinte a soberania sua principal caracter stica A prop sito da descaracteriza o do Estado Na o Ianni 2000 comenta a despeito da vig ncia dos aparelhos estatais dos partidos pol ticos e sindicatos bem como da preserva o de signos s mbolos e emblemas nacionais o Estado na o se torna uma entidade de outro tipo sem algumas das suas bases econ micas e jur dico pol ticas o que contamina toda a sociedade ainda que em diferentes grada es torna se um aparelho administrativo obrigado a acomodar as condi es e exig ncias da transnacionaliza o crescente da economia compreendendo a ampla libera o das for as produtivas esquecendo as exig ncias de setores sociais subalternos LANNI 2000 p 5 6 Dessa forma o Estado passa a ser considerado inepto ineficaz e ineficiente tornando se respon
231. o objetivo a forma o intelectual tica pol tica e espiritual preparando o aluno para a conviv ncia em sociedade e para ser uma pessoa plenamente realizada Nesse sentido do interesse da sociedade a implementa o de propostas pedag gicas que permitam a uni o entre a educa o intelectual e educa o para o trabalho o que significa a educa o integral ou educa o omnilateral Essa mesma proposta apresentada por Gramsci sob a denomina o de Escola Unit ria Por outro lado n o se deve perder de vista que a mudan a da Educa o n o est desvinculada das demais reformas sociais Assim ao lado das transforma es por que deve passar a Escola preciso que se garanta ao aluno uma melhor qualidade de vida emprego sa de etc pois essa melhoria na qualidade de vida do aluno se refletir no seu processo de aprendizagem e reciprocamente a sua aprendizagem se refletir na conquista de melhores condi es de vida V se que esse entendimento oposto ao ajuste neoliberal que d nfase a uma educa o voltada aos interesses econ micos ao mesmo tempo em que retira os direitos sociais dos alunos impossibilitando os de atingir todo o ciclo de ensino de forma a que somente uma minoria consegue alcan ar e concluir o ensino superior 146 Maciel M H R S ntese Propositiva Por esse motivo prop e se a defesa de uma pol tica educacional que tenha sustenta o em uma pol tica econ mica que implem
232. o princ pio da indissociabilidade entre o ensino a pesquisa e a extens o Num dos Decretos mais recentes o de n 3 860 de 9 de julho de 2001 o processo de indissociabilidade entre o ensino a pesquisa e a extens o nas universidades desaparece da legisla o educacional A reda o dada ao artigo 8 desse Decreto diz o seguinte As universidades caracterizam se pela oferta regular de atividades de ensino de pesquisa e de extens o Essa disposi o contraria o disposto na Constitui o Federal do Brasil de 1988 no Art 207 que trata de forma expl cita sobre a indissociabilidade ao afirmar As universidades gozam de autonomia did tico cient fica administrativa e de gest o financeira e patrimonial e obedecer o ao princ pio de indissociabilidade entre ensino pesquisa e extens o Em rela o aos Decretos anteriores de n 2 207 97 e de n 2 306 97 h disposi es contradit rias entre si De fato apesar de transcreverem o art 207 da Constitui o Federal reafirmando a indissociabilidade das atividades de ensino de pesquisa e de extens o conforme o art 5 do Decreto n 2 207 97 e o art 9 do Decreto 2 306 97 eles instituem a diversifica o das institui es encarregadas de executar essas fun es da Universidade quanto sua organiza o acad mica classificado as em cinco segmentos a saber I universidades II centros universit rios II faculdades integradas IV faculdades e V
233. o projeto de reintegra o social com par metros distintos daqueles que entraram em crise a partir do final dos anos 70 Os pobres passam a ser uma nova categoria classificat ria alvo das pol ticas focalizadas de assist ncia mantendo sua condi o de pobre por uma l gica coerente com o individualismo que d sustenta o ideol gica a esse modelo de acumula o no dom nio do mercado existem naturalmente ganhadores e perdedores fortes e fracos os que pertencem e os que ficam de fora SOARES 2000 p 12 13 Dessa forma o capitalismo busca manter uma rela o intr nseca com a nova corrente neoliberal encontrando nela a justificativa para a implementa o do seu novo modelo econ mico A nova corrente neoliberal surge como um ide rio supostamente capaz de oxigenar as velhas teorias as quais j n o davam suporte acumula o do capital Assim foi necess rio encontrar novos modelos que pudessem superar a crise de acumula o capitalista desencadeada no esgotamento do modelo social democrata nos pa ses europeus O neoliberalismo utiliza se de seu receitu rio e dialeticamente vai contribuindo para o desencadeamento hegem nico de um novo processo no mundo contempor neo o da defini o e implementa o de pol ticas econ micas sociais e cultuais Para Souza 1995 O chamado neoliberalismo n o uma teoria cient fica Nem muito menos uma corrente de pensamento cient fico N o
234. oliberal Esses mecanismos t m se consolidado atrav s das Reformas ou seja por meios burocr ticos a exemplo dos v rios documentos elaborados aprovados e implementados no campo educacional Esses documentos de uma forma ou de outra apresentam algo em comum que caracteriza a marca do compromisso neoliberal na constru o da legisla o da educa o nacional Neles sobretudo os do ensino superior identificam se princ pios e conceitos que se coadunam com o discurso da modernidade e com o mercantiliza o da educa o Entre eles destacam se a flexibiliza o a produtividade a efici ncia a efic cia e a regula o 127 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil ou controle Esses conceitos est o presentes de forma expl cita ou impl cita nos v rios documentos que norteiam a educa o no pa s Todos esses documentos normativos t m o objetivo de atender as Reformas de Estado que t m como proposta maior adequar as pol ticas sociais e entre elas a educacional aos processos de reestrutura o capitalista e de internacionaliza o e globaliza o da economia Essas reformas v m ocorrendo em v rias partes do mundo sobretudo nos pa ses perif ricos da hegemonia financeira dos pa ses centrais Nessas reformas o atendimento aos interesses da rea pol tica e econ mica se sobrep e aos interesses educacionais importante ressaltar que no processo de regulamenta o do ensino superior foi sendo retirado
235. olver acentuar e transfigurar tudo o que pode ser inquietante problem tico aflitivo IANNL 1998 p 13 Diante do quadro apresentado percebe se que a partir do s culo vinte h um crescente desenvolvimento das inova es tecnol gicas e uma supervaloriza o das tecnologias eletr nicas da inform tica da cibern tica e do mundo da m dia Percebe se tamb m como essas passam a ter um papel fundamental em todas as esferas da sociedade nacional e mundial sobretudo o significado poderoso e influente das t cnicas sociais e pol ticas apresentadas no mundo da m dia eletr nica Diz Ianni 1998 Este um problema fundamental da rela o entre a m dia televisiva e a pol tica muito do que a pol tica revela se espet culo entretenimento consumismo publicidade Grande parte das linguagens das institui es pol ticas cl ssicas da modernidade dissolve se transforma se ou simplesmente anula se no mbito das linguagens televisivas Modificam se ou apagam se territ rios e fronteiras atropelando problemas fundamentais e curiosidades pol tica e novela democracia e tirania de par em par com realidade e virtualidade IANNL 1998 p 12 A partir das reflex es em rela o ao pr ncipe eletr nico observa se como ele escamoteia e minimiza a grande contradi o existente na pol tica em prol do sistema capitalista no mundo globalizado O pr ncipe eletr nico tem apresentado a nova dire o pol tica para o mundo form
236. om as quest es relacionadas com a dire o ideol gica e cultural da sociedade A partir dos estudos de Portelli 1977 nos Quaderni ele apresenta em rela o sociedade pol tica as seguintes reflex es Sociedade pol tica ou Estado que corresponde fun o de domina o direta ou de comando que se exprime no Estado ou governo jur dico Sociedade pol tica ou ditadura ou aparelho coercitivo para conformar as massas populares ao tipo de produ o e economia de um determinado momento 2 Governo pol tico isto aparelho de coer o do estado que assegura legalmente a disciplina desses grupos que recusam seu acordo seja ativo ou passivo no entanto constitu do para o conjunto da sociedade em previs o dos momentos de crise no comando e na dire o quando falha o consenso espont neo PORTELLI 1977 p 30 Na concep o gramsciana a sociedade pol tica re ne o conjunto de atividades da superestrutura as quais representam a fun o de coer o Nessa perspectiva ela torna se uma seq ncia da sociedade civil Ao estudar os v rios graus de forma o de um sistema hegem nico Portelli apresenta o pensamento de Gramsci a esse respeito quando este afirma que o momento pol tico militar o prolongamento e concretiza o da dire o econ mica e ideol gica que uma classe exerce sobre a sociedade PORTELLI 1977 p 30 26 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia
237. ominantes no cen rio mundial Os formuladores da economia burguesa que s o os seus intelectuais org nicos seguindo as id ias de Gramsci elaboraram uma teoria fundamentada nos princ pios ideol gicos do liberalismo cl ssico atendendo aos interesses da classe hegem nica Tal ideologia foi tornada pr tica na maioria dos pa ses emergentes a partir dos anos 80 do s culo XX e consolidada nos anos 90 o caso do Brasil utilizando se de todo o aparato estatal e privado capitalista prometendo a solu o para os grandes problemas desses pa ses promessas essas a que Pochmann 2001 denominou de mitos e que se mostraram em pouco tempo verdadeiras fal cias trazendo gigantescas crises econ micas e sociais para os pa ses que a adotaram No quarto cap tulo foram analisadas as diretrizes para o ensino superior do pa s a partir da d cada de 1990 luz do referencial te rico das categorias hegemonia e ajuste neoliberal Os documentos foram analisados numa perspectiva de totalidade a partir da conjuntura econ mica e pol tica na qual foram elaborados e implementados e ao mesmo tempo foram compreendidos em situa es que apresentam as contradi es advindas do sistema capitalista Para tanto trabalhou se com os seguintes documentos Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB 1996 Diretrizes Curriculares dos Cursos de Gradua o 1997 Plano Nacional de Educa o PNE 2001 e Programa Universidade p
238. ompetir no mercado de trabalho Al m disto as l gicas de ambos os campos o do mercado de trabalho e a da sociedade civil diferente e n o h fundamento para supor que seja necess ria a substitui o de uma por outra TIRAMONTI 2000 p 129 Outra conseq ncia perversa da avalia o institu da pelo Governo em rela o aos estudantes que os processos avaliativos t m servido de instrumento para sele o que torna cada vez mais elitista e excludente o acesso educa o de qualidade obedecendo a uma l gica de competitividade pr pria do modelo capitalista de sociedade A esse respeito afirma com propriedade Shiroma 2000 Os resultados dos exames nacionais de avalia o s o utilizados para estabelecer um ranking institucional indicando os centros de excel ncia Em poucas palavras as institui es precisam galgar um lugar no ranking uma vez que as maiores fatias dos recursos ser o destinadas s melhores institui es Promove se inequivocamente uma corrida da clientela por vagas nesses estabelecimentos em tese capazes de aglutinar os mais competentes professores e alunos A press o da avalia o externa desencadeia na educa o b sica um processo que muito comum no ensino superior a disputa de candidatos por vagas nas melhores escolas O processo de sele o dos melhores sutil a marginaliza o dissimulada uma verdadeira apartheid educacional na arguta express o de Roberto Leher Aparthe
239. on sia China Bangladesh Brasil Egito M xico Nig ria Paquist o e ndia foram defendidas e aprovadas propostas que expressavam o anseio e a necessidade de assegurar para todas as crian as jovens e adultos os conhecimentos b sicos indispens veis para o desenvolvimento de uma vida produtiva 10 7 z sa z E Sua origem remota est na educa o socialista que pretendia ser omnilateral no sentido de formar o ser humano na sua integralidade f sica mental cultural pol tica cient fico tecnol gica 107 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil considerada no documento co mo pedra angular do regime democr tico O item 1 da Declara o de Nova Delhi Sobre Educa o Para Todos 1993 afirma o seguinte N s os l deres dos nove pa ses em desenvolvimento de maior popula o do mundo reiteramos por esta Declara o nosso compromisso de buscar com zelo e determina o as metas definidas pela Confer ncia Mundial sobre Educa o para Todos e pela C pula Mundial da Crian a realizadas em 1990 de atender s necessidades b sicas de aprendizagem de todos os nossos povos tornando universal a educa o b sica e ampliando as oportunidades de aprendizagem para crian as jovens e adultos Assim fazemos com consci ncia plena que nossos pa ses abrigam mais do que a metade da popula o mundial e que o sucesso de nossos esfor os crucial obten o da meta global de educa o para todos UNESCO 1
240. ontexto compreendida como um processo que rompe as barreiras das cidades pa ses e continentes mas o que existe na verdade uma tentativa de redivis o do mundo refor ada pelas fronteiras econ micas das regi es comandadas pelos monop lios das grandes pot ncias As ci ncias e tecnologias apresentam avan os limitados em determinadas reas e regi es do planeta dessa forma n o se pode afirmar a consolida o da terceira revolu o tecnol gica ou a revolu o cient fico t cnica pois o que se tem visto a estagna o da 70 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal economia mundial um estrito monop lio e os avan os tecnol gicos n o t m beneficiado a maioria da humanidade mas apenas uma minoria dela tem se apropriado a exemplo da micro eletr nica e da tecnologia digital A esse respeito afirma Richardson 1999 Existem claras evid ncias para afirmar que o acesso e uso das novas tecnologias da informa o n o estar ao alcance de toda popula o mundial nem da enorme maioria do terceiro mundo O acesso a essas tecnologias apenas ser uma realidade para quem possa compr las e us las A implanta o e generaliza o da informa o na vida cotidiana est sendo realizada seguindo os par metros da l gica do mercado Por esse motivo a dist ncia cultural entre a popula o que tenha acesso s novas tecnologias e aquela que apenas possua a informa o veiculada pelos meios de comunica o de massa repr
241. org nicos da classe dominante Para uma melhor compreens o do conceito da categoria de intelectuais em Gramsci se faz necess rio a explicita o das fun es que cada tipo de intelectual desempenha na sociedade para a constru o da hegemonia Ao intelectual org nico no exerc cio da hegemonia compete conscientizar sua pr pria classe no sentido de manter a todo custo o status quo usando para isso de todos os meios coercitivos e persuasivos JESUS 1989 p 70 Ao intelectual org nico subalterno compete por sua vez tamb m conscientizar sua pr pria classe por uma atua o constante nas diferentes organiza es partido escola jornais com o objetivo de chegar a uma concep o de mundo homog nea e aut noma JESUS 1989 p 70 Ao intelectual tradicional enquanto categoria social cristalizada e relacionada a uma categoria intelectual precedente est reservada a fun o de ajudar a construir a hegemonia da classe dominante JESUS 1989 p 71 Uma das preocupa es de Gramsci a forma o dos intelectuais org nicos voltados para as classes subalternas para que essas possam contribuir no processo de hegemonia civil Atrav s do processo de educa o e forma o das massas populares poss vel a constru o de um novo bloco cultural e social Nessa perspectiva Gramsci apresenta a escola como a principal ag ncia da sociedade civil para a forma o de intelectuais e representa tamb m uma das mais impor
242. orma o de professores e defendem que ela seja inclu da nas Diretrizes para os cursos de forma o desse segmento A Base Comum Nacional reelaborada e aprovada no X Encontro Nacional da ANFOPE 2000 defende uma concep o para a forma o de professores pautada nos seguintes princ pios s lida forma o te rica e interdisciplinar unidade entre teoria e pr tica gest o democr tica compromisso social trabalho coletivo e interdisciplinar incorpora o da concep o de forma o continuada e avalia o permanente 131 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil O governo pautado nos interesses neoliberais apresentou propostas para a constru o das diretrizes para a forma o dos professores para a educa o infantil ensino fundamental e m dio de forma fragmentada Essas diretrizes aparecem em v rios documentos dois quais se destacam as Diretrizes para a Forma o de Professores da Educa o B sica as Diretrizes para os Cursos de Gradua o que contemplam tamb m as Licenciaturas e posteriormente as Diretrizes para o Curso de Pedagogia Essas depois de um longo processo de discuss o foram aprovadas atrav s da Resolu o do CNE CP n 01 de 15 de maio de 2006 E finalmente foram aprovadas as Diretrizes para o Curso de Pedagogia mantendo 90 da proposta defendida pelo movimento dos educadores No tocante forma o dos profissionais da educa o de modo especial forma o para a Educa
243. orna se importante instrumento de difus o da pedagogia da hegemonia ou pedagogia da conserva o e concomitantemente em ve culo que limita e emperra a constru o e a veicula o de uma pedagogia da contra hegemonia NEVES e SANT ANNA 2005 p 29 Sendo a educa o tamb m contradit ria esta permeada pela influ ncia da sociedade civil que dependendo do n vel e grau de consci ncia cr tica e pol tica pode difundir uma pedagogia contra hegem nica A esse respeito segue a reflex o de Neves e Sant Anna 2005 H nas sociedades contempor neas diferentes grau ou momentos de rela es de for as uma rela o de for as sociais estritamente ligada estrutura objetiva independentemente da vontade dos homens na qual cada grupo social representa uma fun o e ocupa uma posi o determinada na pr pria produ o uma rela o de for as pol ticas com graus ou momentos distintos de consci ncia pol tica coletiva de acordo com o grau de homogeneidade de autoconsci ncia e de organiza o alcan ado pelos v rios grupos sociais e uma rela o de for as militares NEVES e SANT ANNA 2005 p 30 A sociedade civil no mundo globalizado reinventada No mbito te rico a nova sociedade civil constitui se como uma inst ncia que possui for a pr pria portadora de um alto grau de autonomia e independ ncia do processo hist rico Ela passa a assumir um novo papel hist rico ocupando o espa o d
244. orporativas como a que foi criada pelo Banco do Brasil com vistas a fornecer instru o para os seus funcion rios da mesma forma para outras empresas interessadas com um curr culo voltado para atender s exig ncias do mercado profissional Ocorre todavia que a maioria das universidades privadas que surgiram n o apresentam a mesma qualidade de ensino ao serem comparadas com as universidades 115 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil p blicas De fato em alguns casos ocorre a cria o de franquias no modelo comercial mediante a qual uma universidade privada com reconhecimento no pa s ou no exterior empresta o seu nome para a cria o de outras universidades sem contudo oferecer a mesma qualidade da franqueadora tratando se de mera propaganda enganosa Assim que proliferam na atual gest o do Minist rio da Educa o e Cultura MEC cursos irregularmente abertos fora da sede de universidades que a rigor e em respeito ao disposto no Art 207 da Constitui o Federal n o poderiam ostentar este t tulo O setor privado caracteriza se salvo algumas poucas universidades dignas desse nome por uma infinidade de fabriquetas de diploma subsidiadas segundo sua capacidade de influ ncia junto ao governo Eunice Duhram importante colaboradora dos governos Collor e FHC criticou fortemente o MEC e faz uma grave acusa o tem havido um crescimento desmesurado do sistema privado Esse movimento est sendo go
245. ossa vida familiar profissional e pol tico educacional A Amparo de forma especial pelo relacionamento afetivo nos v rios espa os de conviv ncia na Coordenac o do Curso de Pedagogia no Doutorado e no lazer pelo apoio incentivos e aprendizado na partilha das mais variadas experi ncias Associa o Nacional pela Forma o dos Profissionais da Educa o ANFOPE de modo especial amiga Rita pela conviv ncia nas lutas pol ticas em prol da melhoria da forma o dos educadores Aos que fazem o Grupo de Pesquisa sobre Inclus o Exclus o e Diversidade pela discuss o e troca de experi ncias nos variados temas abordados pelos membros do grupo A professora Janselice pela importante contribui o nas sugest es e revis o do portugu s Parab ns pela compet ncia com que leu corrigiu e se envolveu com o trabalho Ao meu filho Christiano que fez a corre o da tradu o do resumo de portugu s para o franc s juntamente com a prima Rejane e seu esposo Jocelyn como tamb m a professsora Marinalva que fez a tradu o para o espanhol Aos familiares e amigos que me inclu ram em suas ora es para que eu consolidasse esta Tese O verdadeiro cristianismo rejeita a id ia de que uns nascem pobres e outros ricos e que os pobres devem atribuir a sua pobreza vontade de Deus D H lder C mara Os mpios na sua arrog ncia perseguem furiosamente o pobre sejam eles apanhados nas ciladas que maquinaram
246. outras medidas governamentais o Brasil passou a implementar as importa es as privatiza es e a moderniza o industrial e tecnol gica Esse plano no contexto de sua aplica o gerou economia para as contas p blicas e diminuiu em longo prazo as d vidas do Estado mas com rela o ao combate infla o ele fracassou A primeira privatiza o do governo Collor ocorreu no dia 24 de outubro de 1991 Foi a da sider rgica USIMINAS localizada no munic pio de Ipitanga MG fato esse que gerou grande pol mica e constrangimento na o brasileira por essa ser uma das empresas estatais mais lucrativas do pa s O seu governo e o do seu sucessor presidente Itamar Franco 1992 1995 apesar de n o terem apresentado medidas legais para a implanta o das pol ticas neoliberais pode ser considerado o per odo preparat rio para o desencadeamento dessas pol ticas para as a es a serem realizadas pelos governos subseqiientes O presidente Itamar Franco teve um posicionamento contr rio ao processo de privatiza o No seu governo o processo foi interrompido e concluiu apenas a privatiza o do setor sider rgico iniciado no governo Collor Ao contr rio do governo de Itamar Franco o seu sucessor o presidente Fernando Henrique Cardoso retomou o processo de privatiza o consolidando se de forma hegem nica o receitu rio neoliberal no Brasil O programa de ajuste neoliberal na Europa e nos EUA n o se realizou com a mesma rap
247. ovo contexto hist rico e complexo da teoria e da pr tica pol tica no mundo globalizado Assim foi sendo teorizado por lanni 1998 o pr ncipe eletr nico tornando se o instrumento capaz de representar a pr tica pol tica do mundo globalizado Esse ultrapassa os outros pr ncipes e apresenta se como uma nova configura o que subordina recria e absorve as novas atividades pol ticas Apresenta se tamb m como uma nova entidade hegem nica que expressa formas e vis es de formas alternativas do que acontece no mundo 54 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia O Pr ncipe Eletr nico no entanto n o nem condottiero nem partido pol tico mas realiza e ultrapassa os descort nios e as atividades dessas duas figuras cl ssicas da pol tica O pr ncipe eletr nico uma entidade nebulosa e ativa presente e invis vel predominante e ub qua permeando continuamente todos os n veis da sociedade em mbito local nacional regional e mundial o intelectual coletivo e org nico das estruturas e blocos de poder presentes predominantes e atuantes em escala nacional regional e mundial sempre em conformidade com os diferentes contextos s cio culturais e pol tico econ micos desenhados no novo mapa do mundo IANNI 1998 p 6 Para Ianni 1998 o pr ncipe eletr nico representa tamb m a express o da vis o de mundo que prevalece nos blocos de poder hegem nicos de forma articulada em es
248. passando as empresas brasileiras ao controle de empresas multinacionais Um dos maiores problemas enfrentados pelas privatiza es s o as atividades econ micas que fazem parte dos monop lios naturais que s o fornecimento de gua tratada e saneamento b sico de energia el trica de g s encanado de telefonia fixa de transporte urbano de ferrovias entre outros Esses s o setores de fundamental import ncia para a vida econ mica e social de toda coletividade O Brasil por ser um pa s de grande extens o territorial e possuir problemas sociais profundos e complexos com o ajuste neoliberal tornou se ainda mais dram tico o agravamento de seus problemas sociais Em todas as regi es do pa s nas reas urbanas e rurais aumenta cada vez mais o distanciamento entre os mais pobres e os mais ricos O n mero de pessoas em situa o de pobreza e mis ria tem aumentado drasticamente nas ltimas d cadas O Brasil tem a segunda pior distribui o de renda do mundo de acordo com o ndice de Gini que mede a desigualdade de renda em valores de O igualdade absoluta a 1 desigualdade absoluta O ndice do Brasil de 0 60 sendo superado s por Serra Leoa 0 62 A ustria uma das na es que tem a melhor distribui o de renda do mundo 0 23 Segundo o Radar Social estudo divulgado nesta quarta feira pelo Ipea Instituto de Pesquisa Econ mica Aplicada embora o pa s tenha conseguido melhorar alguns de seus principais in
249. penas como elabora o individual de 24 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia conceitos sistematicamente coerentes mas al m disso e sobretudo como luta cultural para transformar a mentalidade popular e divulgar as inova es filos ficas que se revelem historicamente verdadeiras na medida em que se tornem concretamente isto hist rica e socialmente universais GRAMSCI 1981 p 36 Entende se assim que toda abrang ncia ideol gica da sociedade civil vai se estendendo por todas as estratifica es sociais do bloco hist rico Assim necess rio que a sociedade civil disponha de uma articula o interna complexa para a supera o da ideologia que abrange as atividades realizadas pela classe dominante Um dos pontos mais importantes da sociedade civil est na sua organiza o interna cuja ideologia difundida pela classe dirigente Para Gramsci essa organiza o interna definida como estrutura ideol gica da classe dirigente Para ele as organiza es t m a fun o de difundir a ideologia e para isto s o utilizados os meios de comunica o social e todos os instrumentos que permitam influenciar a opini o p blica Na estrutura ideol gica a magistratura e os oficiais do ex rcito s o considerados como fra o cultural e as organiza es culturais mais importantes s o a Igreja a escola a imprensa e a edi o Gramsci afirma que a organiza o escolar a im
250. prensa e a edi o t m um papel essencial na sociedade civil isso pelo poder de abrang ncia e pelo total dom nio da ideologia representada atrav s dos livros revistas e jornais todos contemplando conte dos cient ficos liter rios pol ticos Gramsci apresenta outros meios de comunica o de difus o da ideologia que s o os audiovisuais como o teatro o cinema o r dio e a televis o Para ele esses meios de difus o da ideologia s o r pidos t m um raio de a o abrangente e grande impacto emotivo no entanto se comparados com os meios de comunica o escrita seus conte dos s o apresentados superficialmente e sem profundidade apesar do seu impacto ideol gico Assim afirma se que a difus o da ideologia exige uma articula o complexa da sociedade civil A Igreja cat lica apresentada por Gramsci como uma sociedade civil dentro da grande sociedade civil Esta pode ser considerada uma verdadeira sociedade civil aut noma Para ele existem dois fatores que podem explicar a sua perenidade um desses fatores a import ncia da sua estrutura ideol gica e o outro sua homogeneidade ideol gica Para a compreens o do poder ideol gico disseminado pela Igreja Gramsci apresenta algumas quest es a for a dessa unidade ideol gica que consegue manter no seio do bloco hist rico a manuten o de unidade ideol gica oficial atrav s da pol tica e 25 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia
251. que este vem intensificando e promovendo de forma dram tica a grande exclus o social Se em 1980 a faixa 10 mais rica da popula o se apropriou de 44 9 da renda nacional em 1991 esta apropria o passou para 48 1 Em contrapartida os 50 mais pobres tiveram sua participa o na renda nacional reduzida de 14 5 em 1980 para 12 1 em 1991 Por outro lado n o apenas os 10 mais ricos aumentaram sua apropria o da renda como no interior desse mesmo grupo houve tamb m um aumento do processo de concentra o os 5 mais ricos ampliaram sua participa o de 31 9 em 1980 para 34 4 em 1990 e o grupo 1 mais rico eleva sua apropria o de renda em dois pontos percentuais no mesmo per odo SOARES 2001 p 167 Entende se dessa forma que o processo de exclus o social no Brasil uma decorr ncia das pol ticas governamentais aqui implementadas Observa se tamb m a complexa rela o existente entre o neoliberalismo como concep o ideol gica e a elabora o de pol ticas sociais e implementa o de pol ticas governamentais Estas ao serem adotadas na sociedade brasileira a partir dos anos 1980 t m promovido de forma intensa e dram tica a exclus o social no Brasil Os autores Carlos Serra e Maur cio Serra 1999 afirmam que o desenvolvimento social n o est limitado aos aspectos sociais do crescimento econ mico Para eles o desenvolvimento social deve conciliar os objetivos econ micos e sociais tendo como obje
252. r ncipe eletr nico como uma das representa es mais atualizada para a compreens o das novas formas de construir a hegemonia pol tica faz uma retrospectiva do Pr ncipe apresentado por Maquiavel e pelo Moderno Pr ncipe apresentado por Gramsci Em rela o aos dois Pr ncipes Ianni 1998 diz o seguinte 53 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia Para Maquiavel o pr ncipe uma pessoa uma figura pol tica o l der ou condottiero capaz de articular inteligentemente as suas qualidades de atua o e lideran a virt e as condi es s cio pol ticas fortuna nas quais deve atuar A virt essencial mas defronta se todo o tempo com a fortuna que pode ser ou n o favor vel podendo ser t o adversa que a virt n o encontra possibilidades de realizar se Mas a fortuna pode ser influenciada pelo descort nio a atividade e a dirig ncia do pr ncipe IANNI 1998 p 3 Para Gramsci o moderno pr ncipe j n o uma pessoa figura pol tica l der ou condottiero visto como personifica o s ntese e galvaniza o da Pol tica mas uma organiza o o partido pol tico no qual combinam se e fertilizam se as capacidades de uns e outros l deres e seguidores de tal modo que a interpreta o e atividade inteligentes diante do jogo das for as s cio pol ticas cabe a ele Enquanto moderno pr ncipe j que se cria no mbito da sociedade de classes burguesa capitalista o partido pol
253. r odo da Guerra do Peloponeso tornou se a cidade estado hegem nica que nesse contexto coordenava a alian a entre a palavra hegemonia deriva do verbo grego Nyeuovem e quer dizer guiar conduzir mandar governar ser chefe Deste verbo deriva o substantivo Nyeuovia que significa a a o de ir frente ser guia ou condutor Uma outra prov vel raiz da palavra o verbo mye0 01 que igualmente significa conduzir ser l der ser guia general ou seja ocupar a suprema dire o do ex rcito Este verbo tamb m gera o substantivo TyELOV com o significado de ser condutor guia ou o que det m a preponder ncia pol tica e a dire o militar JESUS 1989 p 31 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia outras cidades gregas Esse movimento hegem nico era vivenciado n o somente em per odos de guerra mas prevalecia tamb m em per odos de paz Outras cidades al m de Atenas que tiveram destaque e se tornaram hegem nicas no per odo cl ssico da Gr cia foram Esparta e Tebas n o apenas em pocas de guerra mas tamb m em momentos de lideran a e organiza es das alian as Nesse per odo o conceito de hegemonia avan ou do individual para o coletivo a exemplo do cidad o para a cidade estado No per odo da Idade M dia ele continuou apresentando as mesmas caracter sticas da supremacia pol tico militar antes utilizada no mundo grego Com o passar dos tempos o termo foi sendo utilizado n
254. r stimos contra dos pelos pa ses com essas Institui es Financeiras para qualquer rea passou a exigir um conjunto de reformas como a estatal a educacional a trabalhista a previdenci ria e a fiscal Constitui se o ajuste neoliberal portanto em diretrizes econ micas e pol ticas com medidas governamentais que foram sendo adotadas nos pa ses europeus e posteriormente impostas na maioria dos pa ses do chamado Terceiro Mundo entre eles o Brasil Nos anos 70 a pol tica do ajuste neoliberal surge como modelo e nos anos 80 consolida se como programa As diretrizes econ micas e pol ticas para a implementa o e consolida o do ajuste neoliberal seguem um padr o semelhante em quase todos os pa ses Elas desencadeiam mudan as necess rias atrav s de pol ticas liberalizantes privatizantes e de mercado as quais implicam sobretudo na redu o da responsabilidade social do Estado na nfase estabilidade da economia na abertura dos mercados nacionais para o capital internacional e na privatiza o das empresas estatais Dessa forma a redu o do aparelho estatal sem uma an lise profunda para reformular as suas fun es relacionadas com a economia e com a sociedade gerou um processo de desmonte do Estado provocando efeitos diretos sobre os empregos e os servi os essenciais A reforma do Estado nos termos em que est sendo realizada seguindo fielmente as diretrizes do Consenso de Washington isto do n
255. raticamente constru da pela sociedade civil organizada Seguem algumas reflex es de Belloni 1998 sobre o ensino superior e universidade na nova LDB D Ao definir as finalidades da educa o superior a nova LDB n o explicita a fun o e o compromisso da universidade em realizar ou desenvolver pesquisa e contribuir para o avan o do conhecimento ID Prev a possibilidade de universidade especializada por campo de saber em lugar da exig ncia de universidade dos campos de conhecimento II A nova lei flexibilizou ou reduziu exig ncias nas normas e crit rios para a cria o e credenciamento de Institui es de Educa o Superior ES IV Em rela o a tipos de institui es a nova LDB refere se de modo gen rico a institui es de ensino superior e universidades V Sistem tica de avalia o interna e externa para fins de credenciamento e de aprimoramento da qualidade da educa o superior tratada de modo gen rico na nova LDB sendo apenas mencionada quando trata dos processos de autoriza o e reconhecimento dos cursos e institui es VD Em rela o ao curr culo dentre outras quest es a destacar na nova LDB est a defini o de que a educa o superior abranger cursos segiienciais a crit rio das TES VID A nova LDB determina que nas institui es p blicas de educa o superior o professor ficar obrigado ao m nimo de oito horas semanais de aula VII Em rela o autonomia
256. ravo outro na ferradura Desse modo o artigo 8 abandona a linha geralmente progressista de seu discurso e abre espa o para a diversifica o como meio de refor ar a igualdade de oportunidades p 9 Ora a diversifica o inclusive nos termos propostos aqui nada mais do que o plurimodalismo do modelo neoliberal As modalidades incluem t tulos tradicionais cursos r pidos estudos em tempo parcial hor rios flex veis cursos em m dulos ensino dist ncia com ajuda etc Creio que n o podemos aferrar nos titula o tradicional Nem s modalidades cl ssicas de cursos Os novos tempos exigem respostas institucionais novas Mas receio que a abertura incondicionada provoque uma perda de qualidade que acabar atingindo justamente os que mais necessitam de uma educa o superior qualitativamente forte isto os estudantes trabalhadores provindos das classes populares Os cursos r pidos como as licenciaturas curtas da reforma universit ria da ditadura militar no Brasil Lei 5 540 68 agora reeditadas na Lei 9 394 96 trazem m s recorda es e alimentam sombrios press gios Da mesma maneira os institutos superiores de educa o uma nova modalidade prevista na recente LDB ir o aligeirar a forma o de professores mas talvez tamb m banaliz la ao separar a produ o de conhecimentos do seu ensino Que dizer dos cursos seq enciais que embora n o se apresentem como forma alternativa de gradua o fatalm
257. rcionaram intelig ncia e sabedoria para a realiza o de um trabalho que possa contribuir para o bem da humanidade Al m da presen a de Deus foi importante tamb m a presen a e o incentivo dos familiares e amigos que comigo compartilharam a realiza o deste trabalho Por isso agrade o Ao meu Deus pelo dom da vida por ter me ajudado a construir uma vida crist em todos os meus espa os de relacionamento sobretudo na fam lia e no trabalho A minha m e Josefa Ribeiro Maciel Vera e ao meu pai in mem ria Frederico Maciel por ter me ensinado princ pios e valores crist os solid rios fraternos e ticos nos meus relacionamentos nos mais variados espa os de conviv ncia As minhas tias Maria das Neves e Berenice pelo carinho com que me ensinaram a crescer como pessoa crist Aos meus irm os e irm Frederico Ant nio Am rico e leda L gia pela alegria de crescermos juntos e hoje mesmo em lares diferentes acompanharmos a luta pela vida de cada um e torcermos pela felicidade de todos A S sthenes J nior Andrei e Renata pelo incentivo realiza o deste trabalho e pelos momentos de alegria que compartilhamos Aos meus sobrinhos Frederico e J ssica Fab ola e F bio Diego Janaina Gabriela Helder Erich Etiene Arnaud Neto Maximilien Palloma Puama Luan Jo o Marcos Caio F bio Pedro Henrique e Beatriz que representam a continua o da fam lia e me proporcionam muita alegria e felicidade Ao meu
258. recem bem sucedidas ser ilus ria enquanto elas n o encontrarem condi es de vida social organizada suscet veis de preservar ou renovar a esp cie de melhoria que acarretarem FERNANDES 1979 p 440 441 Essa cr tica ao tratamento da educa o isolada das demais tem ticas sociais pode parecer uma pretens o ut pica ou invi vel do ponto de vista econ mico j que a economia diante de recursos escassos trata justamente de escolher a aplica o mais adequada aos interesses do Estado Ocorre que n o se trata apenas do problema da escassez pois o mesmo Estado que sonega os recursos para uma Educa o de qualidade bem como para as outras demandas sociais entrega 29 bilh es de reais por meio do PROER para socorrer os bancos privados Sete institui es privadas tiveram acesso s linhas de financiamento do Proer Nacional R 5 9 bi Econ mico R 5 2 bi Bamerindus R 3 3 bi Mercantil R 530 mi Banorte R 476 mi Pontual R 325 mi e Crefisul R 296 mi A Caixa Econ mica Federal tamb m recebeu recursos do Proer na opera o de aquisi o das carteiras de cr dito imobili rio dos bancos Econ mico e Bamerindus Os recursos liberados desde ent o somam em valores atualizados cerca de R 29 bilh es o que por si s j escandaliza quase o dobro do or amento anual de estados como Rio de Janeiro ou Minas Gerais e cerca de 15 vezes o dinheiro desviado da Sudam FRUET 2003 p 3 V se porta
259. reformas educacionais que se encontram no centro dos esfor os das atuais pol ticas dominantes visando transformar a realidade para atender aos interesses neoliberais A pol tica educacional passa a ser considerada no marco das pol ticas sociais subordinada l gica econ mica Acerca das reformas educacionais e sua import ncia na agenda neoliberal Silva 1998 afirma No centro das atuais reformas educacionais est a tentativa de transformar a educa o em simples mercadoria Trata se de uma redefini o radical Na tradi o da ideologia da moderna sociedade liberal democr tica a educa o era precisamente um campo situado fora do alcance das opera es do mercado Na verdade a educa o funcionava como uma esp cie de ref gio dos efeitos mais perversos do mercado Tudo bem sabemos que o mercado pode ser respons vel pela produ o de desigualdades mas aqui temos algo que pode diminuir ou at mesmo nivelar essas desigualdades a educa o Nessa vis o a educa o era de certa forma o outro do mercado SILVA 1998 p 8 O neoliberalismo n o tem a pretens o de tornar a educa o um fator de promo o de igualdade social de democracia como o fazia o liberalismo cl ssico A sociologia cr tica denunciava o car ter elitista da educa o calcada no ide rio liberal Ocorre que o 91 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal neoliberalismo tornou obsoleta essa sociologia cr tica
260. rescimento das IES privadas as quais chegaram a responder na era FHC 1995 2002 por mais de 70 das matr culas Esse processo redundou na mercantiliza o da produ o do trabalho acad mico bem como na redu o das verbas p blicas para a manuten o e desenvolvimento das universidades p blicas Ao se permitir e facilitar inclusive com recursos p blicos a prolifera o de institui es privadas de ensino superior descomprometidas com a pesquisa e a extens o o Estado reduziu a sua participa o transferindo para empres rios privados o oferecimento dos servi os educacionais transformando a Educa o em uma mercadoria 129 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil A esse respeito interessante o seguinte coment rio de Silva Jr 2001 A educa o superior tornou se Um Grande Neg cio Os dados est o em mat ria publicada na Folha de S o Paulo e por mim transcritas Faculdade privada com a es na Bolsa Educa o como uma mina de dinheiro Gilberto Dimenstein Folha de SP 22 8 1999 O texto diz o seguinte com o apoio de um banco pela primeira vez uma faculdade brasileira vai ter suas a es negociadas na Bolsa de Valores Um dos mais bem sucedidos auditores brasileiros Antoninho Marmo Trevisan resolveu criar uma faculdade de administra o e ci ncias cont beis a Trevisan a maior empresa nacional de auditoria e est entre as cinco mais importantes do pa s Ele apresentou a id
261. ressup e o deslocamento da produ o de bens e servi os da esfera p blica para o setor privado lucrativo ou seja para o mercado SIMIONATTO 2005 p 5 As indica es acima apresentadas serviram de base para fundamentar o enfoque das pol ticas sociais p blicas na delimita o do campo de interven o estatal a partir da metade dos anos 1980 e ao longo dos anos 1990 Essa orienta o indica por um lado o fortalecimento do pensamento reformador sobre as modalidades e instrumentos de interven o do Estado especialmente na rea social e por outro consagra o re surgimento de novas velhas categorias que implicam revis o dos crit rios e dispositivos institucionais que regulam as pol ticas sociais Diante dos custos sociais desencadeados pelo processo de ajuste neoliberal foram delineadas as pol ticas focalizadas compensa o social concebidas e postas em pr tica atrav s de diversos programas de gest o descentralizada e de car ter primordialmente assistencial medidas que v m sendo efetivadas atrav s de um conjunto de compromissos delineados nos projetos de reforma do Estado As consegii ncias dos planos de estabiliza o macroecon mica e das reformas do Estado que predominaram nos anos de 1990 v m atingindo diretamente as pol ticas sociais p blicas que se tornaram o principal alvo das privatiza es As restri es para o 87 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal seu financiamento a din mica pe
262. rial e n mero de brasileiros o Brasil precisava reduzir gastos p blicos para avan ar no processo de moderniza o ou seja a globaliza o econ mica como afirmou FHC no texto abaixo Vivemos hoje num cen rio global que traz novos desafios s sociedades e aos Estados nacionais imperativo fazer uma reflex o h um tempo realista e criativa sobre os riscos e as oportunidades do processo de globaliza o pois somente assim ser poss vel transformar o Estado de tal maneira que ele se adapte s novas demandas do mundo contempor neo CARDOSO 1998 p 15 96 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal As reformas de Estado apresentadas como necess rias para o desenvolvimento da na o foram iniciadas com a aparelhagem estatal colocada como um dos principais entraves para o desenvolvimento do pa s Na entrada desse novo contexto de reformas de Estado uma das estrat gias realizadas foi a abdica o da moeda nacional em defesa da paridade fict cia do d lar medida que inicialmente apresentou uma aparente estabiliza o do fim da infla o possibilitando um pequeno aumento no poder de compra das classes m dias Dando se continuidade ao projeto de reformas de Estado a partir da se inicia o mais amplo processo de privatiza o de empresas e bancos estatais transferindo uma grande parte do patrim nio p blico brasileiro para o dom nio privado na maioria das vezes por pre os
263. rito e concentrado das mudan as tecnol gicas em poucos pa ses bem como numa distribui o desigual dos frutos do progresso t cnico e dos custos sociais das pol ticas de ajuste e reestrutura o Os custos sociais t m sido pagos primordialmente pelos pa ses perif ricos mas de modo geral houve uma piora nos padr es de equidade social herdados do padr o de desenvolvimento do p s guerra SOARES 2000 p 18 Nos pa ses desenvolvidos reconhecidos tamb m como pa ses centrais apesar de se desenvolverem nas ci ncias e tecnologias n o ocorreu o mesmo com a distribui o dos custos para as pol ticas sociais E com os custos utilizados e distribu dos desigualmente os Estados os sindicatos e a for a de trabalho arcaram com a sobrecarga da grave crise financeira Outra grande conseq ncia provocada pelo ajuste neoliberal foi o agravamento das desigualdades relacionadas com a distribui o de renda e da riqueza nacional entre os povos e as na es que apresentam distor es alarmantes sobretudo no que se refere maior concentra o de riqueza privada apresentada na hist ria do capitalismo Nos pa ses da periferia capitalista onde n o existia um estado de Bem Estar Social o ajuste neoliberal atingiu diretamente a economia pois neles as pol ticas sociais de sa de educa o moradia e previd ncia social j se apresentavam de forma precarizada O aumento do descomprometimento com as pol ticas sociais nesses pa
264. rofessor que ficaria dependente da avalia o das atividades acad micas de cada um Essa solu o feriu o Regime Jur dico nico pois passou a diferenciar o sal rio do professor independente do tempo de servi o e de sua titula o O Sistema Nacional de Avalia o do Ensino Superior SINAES um aparato normativo que inaugura um novo marco de regula o das institui es de ensino superior Pretende avaliar o ensino superior em torno de quatro alvos o processo de ensino o processo de aprendizagem a capacidade institucional e a responsabilidade social das institui es A avalia o desses quatro alvos em conjunto gera o ndice do Desenvolvimento do Ensino Superior IDES Esse processo avaliativo do ensino superior pouco difere do antigo Prov o mantendo a utiliza o de crit rios burocr ticos e meritocr ticos e o ranckeamento dos curso Para consolidar o compromisso com a agenda neoliberal foram aplicados nos referidos documentos conceitos e princ pios pr prios da racionalidade financeira Entre eles destacam se a flexibiliza o a produtividade a efici ncia a efic cia e a regula o ou controle Esses conceitos est o postos de forma impl cita e expl cita nos documentos acima analisados confirmando a hegemonia do capital internacional nas diretrizes do ensino superior brasileiro Pela an lise das reformas implementadas na Educa o Brasileira analisadas a partir do exame dos diversos inst
265. rumentos normativos utilizados para esse fim v se claramente a sua coer ncia com os objetivos neoliberais de desonerar o Estado da responsabilidade social com a educa o e transferir essa responsabilidade para as empresas e organiza es n o governamentais inclusive aplicando fundos p blicos nessas institui es privadas em detrimento das escolas e universidades p blicas 144 Maciel M H R S ntese Propositiva Coerente com esse entendimento as pol ticas neoliberais para o Ensino Superior aplicadas particularmente no Governo de Fernando Henrique Cardoso restringiram as verbas p blicas a ele destinadas e promoveram a sua privatiza o o que corresponde a n o assumir a sua responsabilidade na promo o da educa o como um bem de fundamental import ncia para o desenvolvimento social da na o Cabe destacar o aumento de recursos financeiros e vagas para contrata o de professores das IFES efetivado no atual Governo de Lula Em geral as reformas est o inseridas no contexto do ajuste neoliberal como um todo e foram aplicados n o apenas no Brasil mas em todos os pa ses que est o sob a hegemonia do sistema capitalista global reformas essas que visam consolidar essa hegemonia ou seja a dire o desse sistema econ mico e de poder sobre as classes subalternas e sobre os pa ses que se submetem ao referido sistema Verificou se tamb m que essa luta pela consolida o da hegemonia capitalista n o se d de
266. rversa do mercado a diminui o de recursos humanos para oper las e a redu o da esfera estatal v m se constituindo nos principais fatores de sua deslegitima o Nesse contexto o Estado a sociedade e o mercado passam a ser atores privilegiados no processo da reforma fundamentada nas concep es neoliberais transformada nas regras e medidas sacramentada no documento intitulado de Consenso de Washington O rebaixamento do ritmo de crescimento da economia foi provocado pelo aumento das mudan as causadas pela nova conjuntura na qual o novo modelo de estabiliza o adotado incompat vel sobretudo na fase de transi o com as altas taxas e a expans o da economia A desindustrializa o da economia um processo desencadeado a partir da abertura comercial desordenada e da sobrevaloriza o cambial no qual o componente importado tanto na produ o como na demanda promove a desestrutura o dos segmentos dos sistemas produtivos e do setor de bens de capital que passam a ter uma menor capacidade de adapta o em curto prazo das desigualdades de condi es de concorr ncia e de financiamento A acelera o do processo de reestrutura o organizativa tecnol gica e administrativa apresenta se com padr es globalizados A incorpora o desse processo estimulada com a abertura e desregula o da economia que para isso utiliza se dos setores que apresentam condi es de inser o e de competitividade nos mercados
267. s o quadro outro os gastos com despesas de capital recurso destinado s bibliotecas insumos melhoria de instala es etc despencaram 80 de j irris rios R 173 milh es em 1995 para R 31 milh es em 1998 Os recursos das IFES excluindo aposentados pensionistas e precat rios despencaram de j modest ssimos R 4 7 bilh es 1995 para R 3 6 bilh es 1999 LEHER 2001 p 3 Nas universidades p blicas a partir dos anos 90 se inverteu a situa o em que se apresentavam hegem nicas passando a partir de ent o a oferecer uma quantidade de vagas inferior s que s o oferecidas pelas universidades privadas De acordo com o Censo 2000 do Sistema de Avalia o do Ensino Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais INEP em 30 04 2000 existiam 10 585 cursos de gradua o presenciais no pa s oferecidos por 1 180 Institui es de Ensino Superior IES nos quais se achavam matriculados 2 694 245 alunos Dessas IES 176 s o p blicas 61 federais 61 estaduais e 54 municipais e 1004 privadas 85 do total Tal crise de hegemonia se caracteriza ainda pela perda de espa o na investiga o para os institutos de pesquisa n o universit rios p blicos e privados bem como na presta o de servi os para as organiza es n o governamentais ONG s At as grandes empresas criam institui es similares que pretendem concorrer com as universidades p blicas a exemplo das universidades c
268. s vel pelo d ficit p blico Essa nova interpreta o passou a fazer parte do discurso neoliberal que apresenta a crise estrutural do Estado como justificativa para a sua moderniza o que transforma o Estado em m nimo para as pol ticas sociais e em m ximo para o capital na ess ncia desse discurso que vem se fortalecendo a consolida o da dicotomia entre o p blico e o privado Para o p blico definido tudo que est relacionado com a inefici ncia desperd cio e corrup o e para o privado o que est relacionado com a efici ncia produtividade e qualidade Configura se o Estado ampliado do capital como express o da reestrutura o produtiva ao qual se vinculam economias nacionais e internacionais reguladas por organismos multilaterais no que toca flexibiliza o de direitos sociais e trabalhistas privatiza o dos servi os p blicos e das empresas estatais redu o or ament ria para as pol ticas sociais privatiza o dos setores estrat gicos petr leo comunica o e siderurgia associados sua internacionaliza o com sobrevaloriza o da taxa cambial evidenciada uma pol tica econ mica monetarista de desresponsabiliza o do Estado em rela o aos direitos sociais com transfer ncia de renda e patrim nio p blico para o capital privado internacional ABRAMIDES 2005 p 1 85 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Modernizar o Estado significa portanto re
269. s Universidades No processo de regulamenta o do ensino superior p s LDB uma das quest es em destaque s o os cursos seq enciais que concorrem com os cursos de gradua o plena S o cursos superiores de curta dura o implementados para atender a demande de forma o profissional espec fica ou para complementa o de estudos surgem como justificativa de acesso ao ensino de 3 grau Outro processo em destaque nas reformas para o ensino superior no Brasil s o as pol ticas de avalia o educacional Essas pol ticas est o tamb m atreladas regulamenta o da LDB e s orienta es dos organismos multilaterais que representam os interesses do neoliberalismo Assim constitui se a avalia o em mais um dos mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal Afirma Sobrinho 2003 p 97 que h uma tend ncia internacional de fazer da avalia o um poderoso instrumento da mercadoriza o da educa o e do utilitarismo do conhecimento Assim o neoliberalismo n o poderia deixar de ter as suas diretrizes para a avalia o educacional como um dos mecanismos de impor a hegemonia Essas diretrizes foram aplicadas em outros pa ses imersos na mesma situa o de depend ncia aos ditames neoliberais obedecendo ao que ditado pelo padr o capitalista de qualidade e competitividade exigida pelo mercado Em rela o ao tema s o cab veis as reflex es de Cavallet 2003 134 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil A
270. s as din micas permite compreender a for a hegem nica do neoliberalismo GENTILI 2004 p 2 A partir dos anos 70 com a consolida o da hegemonia da teoria neoliberal o mundo passa por m ltiplos impactos tanto do ponto de vista das pol ticas econ micas como das pol ticas sociais No final dos anos 70 para o in cio dos anos 80 ocorreu a mais violenta onda conservadora neoliberal O neoliberalismo passou a ter alcance mundial em 1979 na Inglaterra com a vit ria de Margaret Thatcher que se empenhou em colocar em pr tica a proposta neoliberal num dos pa ses considerados como centro do capitalismo mundial Logo em seguida nos anos de 1980 Ronald Reagan chega presid ncia dos EUA e em 1982 Helmut Khol assume o poder na Alemanha Esses governos conservadores que estavam frente de tr s dos mais importantes pa ses do mundo passaram a defender e aplicar em seus pa ses a doutrina neoliberal que at ent o era discutida apenas no ambiente acad mico Esses pa ses tiveram um papel fundamental na expans o da pol tica neoliberal e na organiza o da nova ordem mundial Essa teoria serviu de bandeira para os partidos conservadores em sua luta pelo poder pol tico De acordo com Gentili 2004 o neoliberalismo se transformava em uma verdadeira alternativa de poder no interior das principais pot ncias do mundo capitalista Presidentes que antes estavam comprometidos com uma pol tica tipo keynesiana e de movimentos
271. s categorias sociais que atinge Assim a sociedade civil pode ser considerada sob tr s aspectos complementares como ideologia da classe dirigente ela abrange todos os ramos da ideologia da arte ci ncia incluindo a economia o direito etc 23 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia concep o do mundo difundida em todas as camadas sociais para vincul las classe dirigente ela se adapta a todos os grupos adv m da seus diferentes graus qualitativos filosofia religi o senso comum folclore como dire o ideol gica da sociedade articula se em tr s n veis essenciais a ideologia propriamente dita a estrutura ideol gica isto os instrumentos t cnicos de difus o da ideologia sistema escolar mass media bibliotecas etc GRAMSCI apud PORTELLI 1977 p 22 A sociedade civil por constituir tamb m o dom nio da ideologia abrange um campo extenso Gramsci definiu a ideologia como uma concep o do mundo que se manifesta implicitamente na arte no direito na atividade econ mica em todas as manifesta es da vida individual e coletiva GRAMSCI apud PORTELLI 1977 p 23 Para Gramsci o mais importante s o as ideologias consideradas org nicas as que est o ligadas a uma classe fundamental A ideologia no contexto da sociedade civil vai se propagando no processo de desenvolvimento da hegemonia englobando assim todas as atividades do grupo social dirigente
272. s meios entre eles os acordos assinados entre governos nacionais e as Institui es Financeiras Multilaterais IFMs a exemplo do Banco Mundial BM Banco Internacional para a Reconstru o e Desenvolvimento BIRD Fundo Monet rio Internacional FMI e bancos regionais como o Banco Interamericano para o Desenvolvimento BID e outros A sua aplica o mobiliza todas as esferas de Poder dos pa ses inclusive o Parlamento que passa a criar e reformar as leis principalmente aquelas que garantiam os direitos sociais sendo muitos desses direitos simplesmente eliminados ou reduzidos drasticamente Na ocasi o foram estabelecidas as condi es de ajustes para o continente como uma resposta do capital sua pr pria crise estrutural A investida imperialista do grande capital em sua ofensiva neoliberal aprimorada no Dissenso de Washington em 2000 viabilizou a abertura de novos espa os 17 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal de explora o do capital privado e a destrui o de pol ticas p blicas historicamente conquistadas pela classe trabalhadora ABRAMIDES 2005 p 1 Com a redu o dos custos sociais decorrentes de tais pol ticas foram economizados recursos financeiros o que tinha por objetivo possibilitar o pagamento dos juros das d vidas contra das com as referidas Institui es Financeiras Multilaterais IFMs bem como a d vida contra da com os grandes bancos internacionais e nacionais A formaliza o dos emp
273. s meios de comunica o que desafiam os poderes legislativos executivos e judici rios assim como desafiam tamb m os partidos pol ticos sindicatos movimentos sociais e correntes de opini o O pr ncipe eletr nico um novo sujeito que articula a disputa de hegemonia e de valores Isto na era da globaliza o o sistema midi tico faz um brutal confronto entre mercado e Estado entre setor privado e servi os p blicos entre indiv duo e sociedade em que a ideologia do mercado da privatiza o da coisifica o dos indiv duos passa a permear o sistema midi tico que n o tem um comit central n o tem um politiburo nem tem uma dire o nacional mas tem um pensamento nico IANNI 1998 p 6 57 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia 2 Enfim o pr ncipe eletr nico a grande representa o do novo projeto hegem nico articulado com o poder e o dom nio do capital transnacional para levar s na es uma nova ideologia de uma nova concep o de homem de mundo e de sociedade que possui em ess ncia os mesmos pressupostos do neoliberalismo quais sejam os baseados nos interesses da supremacia do capital internacional visando obten o do consenso em mbito mundial Em suas linhas gerais no entanto o modo pelo qual se desenha e movimenta o pr ncipe eletr nico permite defini lo como o intelectual org nico dos grupos classes ou blocos de poder dominantes em escala na
274. s sobre o Bloco Hist rico formado pelas superestruturas compostas por um conjunto complexo que s o a sociedade civil a qual representa a maior parte da superestrutura e a sociedade pol tica representada pelos aparelhos de Estado definidos por Althusser 1998 p 43 44 como Aparelhos Ideol gicos de Estado religioso escolar familiar jur dico pol tico sindical cultural e de informa o Nos Cadernos do C rcere Gramsci retomou o conceito de sociedade civil 22 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia a partir da vis o hegeliana e marxista a qual se reportava dire o intelectual e moral de um sistema social No processo de constru o do conceito de sociedade civil Marx e Gramsci apesar de ambos terem partido do pensamento de Hegel seguiram caminhos diferentes o primeiro identificou a sociedade civil com a estrutura e atribuiu a ela o conjunto das rela es econ micas e o segundo interpretou a sociedade civil a partir da complexidade da superestrutura ideol gica Marx definiu a estrutura como prim ria e subordinante e a superestrutura como secund ria e subordinada Gramsci pensou de forma inversa para ele na superestrutura d se o movimento positivo promovendo a necessidade de liberta o e de transforma o ideol gica Para Gramsci existem dois grandes movimentos superestruturais um chamado de sociedade civil a qual constitu da pelos v rios organismos consensualmente cha
275. s tra adas para o desencadeamento da produ o do conhecimento t m se pautado na nega o do conhecimento dos cl ssicos e das teorias gerais de macro an lise da teoria social cr tica do legado marxiano e da tradi o marxista Em rela o a esse processo Abramides 2004 afirma A orienta o te rica dominante assenta se no neopositivismo na fragmenta o do conhecimento no empiricismo em micro an lises rasteiras e a hist ricas no estudo das identidades e representa es em detrimento da an lise concreta de situa es concretas Os autores antimarxistas e p s marxistas negam a centralidade do trabalho como categoria ontol gica priorit ria do ser social e a rela o tempo espa o se satura no ef mero e no presentismo A p s modernidade declara o fim da hist ria pelo capitalismo triunfante ancorado em um reducionismo te rico que se curva aos interesses do mercado e da l gica privatista enfatizando a reifica o imprescind vel ao imperialismo ABRAMIDES 2005 p 1 Nas universidades p blicas os efeitos das pol ticas neoliberais se fazem sentir dentre outros por estagna o e redu o das verbas a elas destinadas privatiza o acirramento da competi o ado o da l gica do livre mercado Esse processo vem rapidamente solapando o ideal cl ssico de universidade ou a concep o humboldtiana de universidade voltada para a pesquisa a transmiss o da cultura a educa o dos novos homens de ci
276. salizar a educa o b sica Isso implicaria propor objetivos metas e meios audaciosos incluindo a amplia o do gasto p blico total para a manuten o e o desenvolvimento do ensino p blico O custo seria mudar o disp ndio equivalente a menos de 4 do PIB nos anos de 1990 para 10 do PIB ao fim dos 10 anos do PNE A proposta da sociedade retomava visando a organizar a gest o educacional o embate hist rico pelo efetivo Sistema Nacional de Educa o contraposto e antag nico ao expediente governista do Sistema Nacional de Avalia o O PNE do governo insistia na perman ncia da atual pol tica educacional e nos seus dois pilares fundamentais m xima centraliza o articularmente na esfera federal da formula o e da gest o pol tica educacional com o progressivo abandono pelo Estado das tarefas de manter e desenvolver o ensino transferindo as sempre que poss vel para a sociedade VALENTE e ROMANO 2002 p 3 125 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil De acordo com a LDB Lei 9 394 96 o MEC deveria ter encaminhado ao Congresso Nacional o Plano Nacional de Educa o at 23 de dezembro de 1997 A oposi o se antecipou ao MEC e protocolizou no dia 10 de fevereiro de 1998 atrav s do Deputado Ivan Valente PT SP no Congresso Nacional a proposta oriunda da sociedade civil a qual foi encaminhada com mais de um milh o de assinaturas Ocorre que o documento elaborado pelo II CONED teve o mesmo destino da LDB
277. sci observou o v nculo estreito que existe entre os seus estudos e os de L nin e apresentou quatro aspectos essenciais que demonstram essa aproxima o S o os destacados a seguir O primeiro considerado o mais importante consiste na base da classe hegem nica Gramsci ao estudar a sociedade civil e a hegemonia sublinhou a import ncia 18 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia que tem a dire o cultural e ideol gica para a constru o da sociedade Para ele se a hegemonia tico pol tica n o deixa de ser econ mica e de ter seu fundamento na fun o decisiva que o grupo dirigente exerce no n cleo essencial da atividade econ mica E defende tamb m que a base de classe do Estado n o est somente na sociedade pol tica mas antes de tudo a combina o da sociedade civil com a sociedade pol tica Gramsci apesar de admitir a import ncia do aspecto coercitivo da hegemonia destaca o papel educativo ou da dire o cultural e ideol gica na conquista dessa hegemonia Mas Gramsci completa L nin lembrando o car ter de classe de tal dire o Para L nin todas as formas de governo s o transit rias em um regime capitalista tornando se apenas variedades do Estado burgu s isto da ditadura da burguesia Ao mesmo tempo insistiu em demonstrar o car ter de classe da dire o pol tica e ideol gica O segundo aspecto a organiza o intelectual da hegemonia Gramsci afirma que os elaborador
278. seja aprenderem conhecimentos teis habilidades de racioc nio aptid es e valores Da a necessidade de definir nos programas educacionais os n veis desej veis de aquisi o de conhecimentos e implementar sistemas de avalia o de desempenho O texto transcrito bastante elucidativo desse tipo de conhecimento ao ignorar completamente os aspectos sociais coletivos ticos e human sticos do conhecimento detendo se apenas na necessidade de sua efic cia da a men o que feita avalia o de desempenho bem como aos conhecimentos teis O texto do documento ora comentado desconsidera os problemas sociais existentes nos pa ses enfatizando apenas os aspectos individuais e utilit rios da aprendizagem As reformas encaminhadas na Confer ncia tinham como prioridade universalizar o acesso educa o e aumentar o n vel de escolaridade b sica pois o futuro profissional para que tivesse condi es de competir no mercado globalizado teria que se apropriar desse novo conhecimento sob pena de ficar sua margem A esse respeito Magalh es e Barbosa 2005 afirmam O modelo de educa o proposto cruelmente elitista mas perfeitamente org nico s novas demandas do mundo do trabalho flex vel na sociedade globalizada A educa o passa a ser encarada como uma pol tica social e se atribui a ela uma import ncia vital e indispens vel na medida em que a mesma respons vel pela forma o do homem
279. serva se que nos anos 60 e 70 o pensamento neoliberal vai consolidando sua hegemonia te rica assume um formato mais cient fico sobretudo atrav s dos estudos realizados e defendidos nos espa os das universidades norte americanas Essa foi uma poca em que os estudiosos das id ias neoliberais ganharam v rios pr mios Nobel a exemplo de Milton Friedman principal expoente da Escola de Chicago O seu livro Free to Choose Liberdade de Escolher publicado no in cio dos anos oitenta tinha vendido rapidamente nos Estados Unidos mais de 400 000 exemplares em sua edi o de luxo e v rias centenas de milhares em sua edi o popular 67 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Obviamente a penetra o social desses discursos n o foi produto do acaso nem apenas uma quest o decorrente dos m ritos intelectuais daqueles obstinados professores universit rios Ser no contexto da intensa e progressiva crise estrutural do regime de acumula o fordista que a ret rica neoliberal ganhar espa o pol tico e tamb m claro densidade ideol gica Tal contexto oferecer a oportunidade necess ria para que se produza esta conflu ncia hist rica entre um pensamento vigoroso no plano filos fico e econ mico embora at ent o de escasso impacto tanto acad mico quanto social e a necessidade pol tica do bloco dominante de fazer frente ao desmoronamento da f rmula keynesiana cristalizada nos Estados de Bem estar A intersec o de amba
280. sional dos intelectuais isto leva se em conta a dire o sobre a qual incide o peso maior da atividade profissional espec fica se na elabora o intelectual ou se no esfor o muscular nervoso N o existe atividade humana da qual se possa excluir toda interven o intelectual n o se pode separar o homo faber do homo sapiens Em suma todo homem fora de sua profiss o desenvolve uma atividade intelectual qualquer ou seja um fil sofo um artista um homem de gosto participa de uma concep o de mundo possui uma linha consciente de conduta moral contribui assim para manter ou para modificar uma concep o de mundo isto para promover novas maneira de pensar GRAMSCI 1988 p 7 8 Nesse sentido refletindo sobre a constru o do conceito de intelectual em Gramsci na dimens o sociol gica e hist rica Jesus 1989 afirma o seguinte O intelectual definido pela fun o que desempenha na estrutura social ou pelo modo como sua atua o est relacionada com a classe a que est vinculado A defini o leva em conta a fun o do intelectual dentro do processo hist rico isto em fun o da continuidade de classe JESUS 1989 p 62 Ao trabalhar o conceito de intelectual Gramsci tinha como objetivo maior rever o conceito e a fun o dos intelectuais na hist ria e na sociedade Italiana de sua poca e a partir da compreender o funcionamento do sistema capitalista e caracterizar a hegemon
281. socialistas europeus a exemplo de Mitterand na Fran a 1981 e Felipe Gonzalez na Espanha 1982 passaram tamb m a adotar o pensamento neoliberal na constru o de suas pol ticas governamentais A Am rica Latina foi considerada como um laborat rio de experimenta o das pol ticas neoliberais Na d cada de 70 o pioneiro na aplica o dessas pol ticas foi o Chile com a vit ria de Pinochet em 1973 ocorrida num contexto ditatorial considerada tamb m como a mais radical ruptura pol tico institucional da Am rica Latina O seu governo adotou um plano de a o chamado de O Ladrilho preparado pelo candidato da direita com 68 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal o aux lio de um grupo de jovens economistas chamados pela imprensa internacional da poca de Chicago Boys por serem da Universidade de Chicago O documento continha os fundamentos do que mais tarde se denominaria de neoliberalismo Na metade dos anos 80 o ajuste neoliberal implementado tamb m no M xico e na Argentina e a partir dos anos 90 no Brasil Todos os pa ses que se comprometeram com as pol ticas neoliberais tiveram que ser coerentes com a estrat gia do novo ordenamento neoliberal entre outras medidas de car ter estrutural Nesse sentido afirma Soares 2000 o ajuste neoliberal n o apenas de natureza econ mica faz parte de uma redefini o global do campo pol tico institucional e das rela es sociais Passa a existir outr
282. ssa forma o debate acad mico m todo impulsionador da forma o do cidad o cr tico A autonomia universit ria encontra se conjugada ao financiamento permitindo estabelecer contratos de gest o no Pacto de Educa o para o Desenvolvimento Inclusivo com a expans o da educa o a dist ncia como estrat gia para superar a presencial envolvendo uma forma o massificada num rica em detrimento da qualidade acad mica descaracterizada a doc ncia como cerne do ensino universit rio e o virtual se sobrep e forma o respondendo l gica do mercado 117 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil segundo as orienta es internacionais Para al m disso d se continuidade precariza o do ensino e do trabalho com o aumento da carga did tica dos professores e do n mero de estudantes por sala de aula ABRAMIDES 2005 p 4 A universidade constru da a partir do ide rio neoliberal tem promovido o sucateamento do ensino p blico com redu o de recursos or ament rios para a educa o e a subordina o do ensino s demandas do mercado Nesse contexto h um favorecimento da expans o do ensino privado e ao mesmo tempo o aniquilamento do ensino p blico Em rela o ao assunto seguem os coment rios de Leher 2001 Ao mesmo tempo em que o ensino superior p blico exaurido de todos os valores necess rios sua manuten o a oferta de vagas no ensino superior pelo setor privado vigorosamen
283. ssim guardando a coer ncia com objetivos econ micos para a pol tica educacional o modelo de avalia o em vigor esteve mais focado nos resultados produtivos na competitividade individual e orientado prioritariamente para a sele o a mensura o a compara o o controle e a racionalidade pr pria do mundo financeiro e material CAV ALLET 2003 p 74 Nessa dire o a avalia o deixa de ser um processo formativo e pedag gico passando a ser utilizado como produto O processo trabalha com m todos avaliativos impostos por interesses internacionais do capital envolvendo institui es alunos professores e funcion rios com vistas a reduzir recursos financeiros para a educa o p blica e favorecer a mercantiliza o da educa o A avalia o voltada mais para o produto do que para o processo tem sido considerada um pr requisito para a implementa o desses mecanismos na educa o sendo sua pr tica na educa o superior concebida com base no m rito orientada pela l gica da regula o e do controle do cumprimento de requisito e normas e voltada para a identifica o e sele o dos melhores por meio de rankings classificat rios com vistas ao estabelecimento de pol ticas de incentivos e financiamento Em v rios aspectos esses processos podem chegar a colocar em quest o at mesmo a autonomia universit ria PEIXOTO 2003 207 208 Entre os v rios processos de avalia o que surgiram p s LDB
284. strutura econ mica pol tica e ideol gica que domina a sociedade Dessa forma no pensamento de Marx e L nin apesar de o conhecimento partir da percep o sens vel da experi ncia imediata deve ser ultrapassada essa vis o empirista e 12 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia positivista do conhecimento de forma que se d um salto de qualidade entre a experi ncia a percep o e a ci ncia O movimento oper rio russo no seu nascimento tinha poucos elementos de consci ncia pol tica e ideol gica era impulsionado pela espontaneidade tendo o mesmo ocorrido com o partido social democrata russo nos seus primeiros anos de exist ncia L nin quando tratou da concep o te rica do que vem de fora estava nas origens na g nese do partido oper rio o que n o pode ser comparado poca em que o partido oper rio constituiu se como partido quando j tinha suas bases na classe oper ria A partir desse novo contexto hist rico a teoria n o vinha mais de fora mas era elaborada pelo pr prio partido oper rio no interior da classe oper ria Compreende se o grande destaque dado por L nin ao momento da consci ncia da teoria da iniciativa pol tica da dire o e finalmente da supera o do momento vivenciado pois se afirma que a espontaneidade fez com que o movimento oper rio se subordinasse ideologia burguesa Nesse contexto faltou elabora o cr tica global momento decisivo da consci ncia
285. subumanidade que tem sido imposto s na es em prol da supera o da crise do sistema capitalista mundial Nesse contexto os movimentos de esquerda e partidos pol ticos iniciam um novo processo de conquista do poder e passam a ocupar cargos importantes na dire o das na es a exemplo do Brasil com a vit ria do candidato Luiz In cio Lula da Silva para a presid ncia da Rep blica representante da classe trabalhadora no pa s Nessa perspectiva no Brasil a vit ria do Partido dos Trabalhadores PT nas elei es presidenciais de 2002 n o correspondeu s expectativas dos trabalhadores no sentido desse partido romper com o projeto hegem nico neoliberal Foi mantido o projeto de moderniza o iniciada pelo seu antecessor Fernando Henrique Cardoso FHC projeto comprometido com o equil brio macroecon mico com o controle fiscal e com a reforma neoliberal do Estado Um dos seus ministros confirma esse compromisso O partido no governo privilegia a seguran a como condi o m nima para as mudan as N o um partido que exacerba a luta de classes porque essa exacerba o fragiliza o governo ante o dom nio do capital financeiro globalizado GENRO 2004 p 71 Em contrapartida a esse aparente avan o de conquista da contra hegemonia da classe subalterna aos ditames neoliberais o que tem ocorrido de fato a manuten o da dire o e domina o do poder econ mico transnacional impondo a ess ncia
286. t rio metodol gico sobre o qual preciso fundar a pr pria an lise o seguinte que a supremacia de um grupo social se manifesta de duas maneiras como dom nio e como dire o intelectual e moral Um grupo social dominante dos grupos advers rios que tende a liquidar ou submeter mesmo que com a for a armada e dirigente dos grupos afins e aliados Um grupo social pode e deve ser dirigente j antes de conquistar o poder governativo esta uma das condi es principais para a pr pria conquista do poder depois quando exercita o poder e na medida em que o mant m fortemente em suas m os toma se dominante mas deve continuar sendo dirigente GRAMSCI 1977 p 2010 2011 A partir da apresenta o do conceito de hegemonia do autor acima citado percebe se a import ncia deste conceito para o estudo em tela considerando a sua atualidade para aplica o dos fen menos nas ci ncias sociais na contemporaneidade 2 1 Origem e evolu o do conceito de Hegemonia No movimento da hist ria da humanidade o conceito de hegemonia foi ampliando a sua forma de poder de dire o de chefia e de comando Na antiguidade no mundo grego o per odo compreendido entre os s culos VI e V a C vivenciaram v rios movimentos hegem nicos os quais estavam sempre relacionados com algu m que detinha o poder a fun o de comando ou uma miss o importante para cumprir Na Gr cia podemos destacar Atenas que no pe
287. tantes institui es que movimentam o conte do tico estatal isto as ideologias que prevalecem na sociedade civil Elas t m como finalidade legitimar o grupo dominante ou de lutar contra o mesmo para a constru o de uma nova sociedade ou seja de uma contra hegemonia A partir da compreende se porque a escola considerada um instrumento importante na constru o da categoria de hegemonia Essa por si s n o hegem nica por m ela pode estar a servi o tanto da constru o da hegemonia como da contra hegemonia Para Gramsci ela representa uma das mais importantes e essenciais atividades p blicas Nesse sentido Jesus 1989 reflete Gramsci por m ao afirmar que a escola representa uma das mais importantes e essenciais atividades p blicas reconhece que este Z organismo importante tanto dentro dos esquemas de domina o burguesa onde o que se ensina e a rela o professor aluno formam intelectuais destinados a manter a domina o quanto para o estabelecimento da hegemonia prolet ria quando sofrer mudan as substanciais Nenhum movimento social pol tico ou filos fico duvida de que a escola continua sendo o cadinho que funde homens contando 40 Maciel M H R Reflex es Te ricas Sobre a Hegemonia para tal fim com a ideologia sempre presente e que destr i a ilus o de neutralidade educacional JESUS 1989 p 105 Considerando a import ncia da educa o para a constru o da
288. te apoiada e subsidiada pelo Poder P blico sem qualquer mecanismo de controle social Trata se mais uma vez de submiss o a recomenda es do Banco Mundial cumpridas em grande n mero de pa ses perif ricos com o argumento de que a educa o privada mais barata cabendo portanto fomentar lhe o desenvolvimento como imperativo de racionalidade econ mica LEHER 2001 p 4 A reforma do ensino superior no governo de FHC se consolidou sob a l gica gerencial prevista na Reforma do Estado Nessa perspectiva a Universidade deixaria de ser institui o social para se transformar em organiza o social passando a ser regida por medidas provis rias emendas constitucionais e projetos de lei sem ser pautada nos ideais de uma reforma que atenda s reais necessidades da sociedade brasileira Um marco na Educa o Superior no Mundo foi estabelecido com a Confer ncia Mundial sobre a Educa o Superior A Educa o Superior no S culo XXI Vis o e A o promovida pela UNESCO realizada em Paris em outubro de 1998 na qual se constru ram alternativas s pol ticas neoliberais voltadas para o Ensino Superior e o papel da universidade p blica A referida confer ncia publicou um documento final que em parte contraria as posi es que vinham sendo defendidas pelos organismos multilaterais BM FMI OMC entre outros Entre as posi es assumidas destaca se o seu compromisso com uma igualdade de acesso ao ensino superior ar
289. tema globalizado Para a consecu o desses objetivos foram preconizadas algumas pol ticas que seriam aplicadas nos pa ses capitalistas com diferentes matizes e adequa es de acordo com as suas peculiaridades medidas que se constituem no chamado ajuste neoliberal As pol ticas de ajustes neoliberais constituem se tamb m como um movimento de ajuste global por se desenvolver no contexto de globaliza o financeira e produtiva O novo modelo de ajuste neoliberal corrobora com o desencadeamento dos seguintes problemas os direitos sociais perdem a sua identidade a concep o de cidadania restringida aprofunda se um fosso entre o p blico e o privado a legisla o trabalhista desenvolve se no sentido da mercantiliza o promovendo a desprote o dos trabalhadores e o Estado passa a ser legitimado como agente assistencialista Enfim a grande crise do sistema capitalista mundial eclodida nos finais dos anos 70 tornou se uma das maiores preocupa es das lideran as hegem nicas do mercado mundial que buscaram novos modelos para a sua recupera o O ajuste neoliberal representa um forte componente para a sa da da crise No seu bojo outras medidas foram sendo constru das para a supera o desta Aqui destacam se as que fizeram parte de um documento que se denominou Consenso de Washington 3 2 O ajuste neoliberal e o Consenso de Washington Na d cada de 90 inicia se a reestrutura o econ mica nos paises
290. textes normatifs analys s o sont appliqu s les principes de flexibilit de productivit d efficience d efficacit et de r glement ou de contr le ou se v rifie la subordination de l enseignement aux exigences du march au d triment du pr ncipe indissociable entre l enseignement la recherche et l extension Ces r formes se heurtent au principe gramscien de l ducation pour la formation int grale cole Unitaire Mots cl s H g monie Ajustement N olib ral Enseignement Sup rieur Flexibilit Productivit Efficience R gulation ACE ANDES ANDIFES ANFOPE ANPAE ANPED BCN BID BIRD BM BNDES CEB CEDES CEPAL CES CNE CNPq CONED CP DCN DINIECE EMBRATEL ENADE EUA FHC FMI FORUMDIR GATS GED GID LISTA DE SIGLAS Avalia o das Condi es de Ensino Associa o Nacional dos Docentes das Institui es de Ensino Superior Associa o Nacional dos Dirigentes das Institui es Federais de Ensino Superior Associa o Nacional pela Forma o dos Profissionais da Educa o Associa o Nacional de Pesquisa em Administra o Escolar Associa o Nacional de P s Gradua o e Pesquisa em Educa o Base Comum Nacional Banco Interamericano de Desenvolvimento Banco Internacional para a Reconstru o e o Desenvolvimento Banco Mundial Banco Nacional de Desenvolvimento Econ mico e Social C mara de Educa o B sica Centro de Estudos Educa o e Sociedade Comiss o Econ mi
291. tico pode realizar a metamorfose essencial das inquieta es e reivindica es sociais em sentido amplo em pol tica enquanto programa de organiza o atua o conquista do poder e preserva o deste Cabe ressaltar aqui que a teoria de Gramsci diz respeito ao partido pol tico empenhado em expressar as inquieta es e as reivindica es dos seus seguidores mas simultaneamente capaz de interpretar as inquieta es e reivindica es dos outros setores da sociedade Quando se trata de luta pela conquista do poder no entanto seu objetivo principal mais ambicioso o desafio de construir hegemonia alternativa na qual se expressem as classes e os grupos sociais subalternos em luta para realizar a sua vontade coletiva nacional popular alcan ando a soberania IANNI 1998 p 4 Na constru o do conceito do Pr ncipe Maquiavel e Gramsci al m de outras quest es te ricas importantes trabalharam com destaque especial as categorias de hegemonia e soberania que se reafirmam como categorias essenciais da Pol tica Diante do novo contexto hist rico e complexo do mundo globalizado as institui es cl ssicas e anacr nicas da pol tica s o incentivadas a buscar novas formas te ricas e t cnica para a pr tica pol tica As representa es do Pr ncipe de Maquiavel e do Moderno Pr ncipe de Gramsci al m de outros que surgiram em momentos distintos e not veis da hist ria dos tempos modernos j n o correspondiam mais ao n
292. tido sem o espa o para a iniciativa revolucion ria Assim a ruptura que L nin efetuou durante a Primeira Guerra Mundial em 1914 na II Internacional foi considerada uma ruptura organizativa pol tica e ideol gica nesse novo contexto tornou se uma ruptura completa no processo revolucion rio conseq entemente consolidando a teoria da revolu o Para Gruppi 1978 o ponto angular herdado de L nin por Gramsci est em privilegiar a forma o social concreta sobre a qual formulou um planejamento estrat gico t tico para viabilizar a expans o da for a pol tica social da classe oper ria para que lhe fosse facultada a conquista do poder Gramsci considerou que o conceito de hegemonia elaborado por L nin estava pr ximo do conceito de ditadura do proletariado apresentado nos escritos de Marx E Gruppi ao analisar o conceito de hegemonia na obra de L nin mostrou o v nculo estreito que esse tem com os estudos de Gramsci Para Gramsci a ditadura do proletariado foi uma forma pol tica na qual se expressou o processo de conquista e de realiza o da hegemonia L nin diferentemente de Gramsci ao construir o conceito de hegemonia insistiu em ressaltar o seu aspecto exclusivamente pol tico Para ele o problema essencial a derrubada pela viol ncia do aparelho de Estado Nessa dire o a sociedade pol tica torna se o objetivo maior Gramsci ao contr rio de L nin situa a ess ncia na luta contra a classe dirigente na soci
293. tigo 3 do documento com a pesquisa cient fica em todos os campos do conhecimento artigo 5 com o est mulo ao pensamento cr tico e criativo artigo 9 reconhecimento dos funcion rios professores e estudantes como principais protagonistas da educa o superior exigindo uma pol tica de forma o para esses profissionais 118 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil Defende ainda o citado documento uma pol tica de avalia o de qualidade artigo 11 Quanto s novas tecnologias favor vel que seja devidamente aceita em benef cio da qualidade do ensino bem como apresenta v rias sugest es no sentido de seu aproveitamento tendo em vista um esp rito de abertura equidade e coopera o internacional artigo 12 Quanto ao financiamento do ensino superior proclama o documento que haja um refor o nesse financiamento por parte do Estado a fim de garantir o desenvolvimento deste tipo de ensino de aumentar a sua efic cia e de manter sua qualidade e pertin ncia artigo 14 Apesar desse avan o em rela o s posi es neoliberais o documento produzido pela citada confer ncia denominado Declara o Mundial sobre a Educa o Superior no S culo XXI Vis o e A o UNESCO 1998 mant m a ess ncia das pol ticas neoliberais para a educa o superior como destaca Castanho 2000 muito comum em documentos amplos como soem ser as declara es universais que se d um golpe de martelo no c
294. tivo maior o bem estar de toda a sociedade 101 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal Concordando com essa compreens o afirma se que o desenvolvimento um processo dial tico e que n o pode ser tratado com particularidades Os componentes do desenvolvimento social e econ mico est o interligados e se interpenetram nenhum pode ser trabalhado em detrimento do outro Assim promoveria o desenvolvimento desigual e conseq entemente o desequil brio social favorecendo apenas uma parte da popula o As pol ticas governamentais sobretudo as pol ticas p blicas devem estar voltadas para o desenvolvimento tanto o econ mico como o social tendo como prioridade o bem estar de toda a sociedade principalmente priorizar o atendimento popula o marginalizada O Brasil vivenciou por mais de duas d cadas um processo crescente de semi estagna o e v rias crises econ micas tendo realizado sucessivas tentativas de estabiliza o e ajuste na economia e mesmo com todo o esfor o empreendido a situa o econ mica e social do povo n o se alterou substancialmente Num estudo realizado pela Organiza o das Na es Unidas ONU para medir os efeitos provocados pelo neoliberalismo na popula o dos pa ses onde as pol ticas neoliberais est o sendo adotadas chegou se seguinte conclus o A elobaliza o e liberaliza o como motores do crescimento econ mico e o desenvolvimento dos pa ses n o reduziram as desigual
295. uca o e Cultura MEC Destacam se dessa regulamenta o as reformas curriculares para os v rios n veis de ensino al m da implanta o de processos avaliativos para alunos professores e funcion rios bem como para as institui es de ensino superior Outro tema em destaque na regulamenta o da LDB a forma o de professores por serem eles os respons veis diretos pela forma o do cidad o para a nova sociedade a sociedade globalizada Como afirma Gramsci 2001 a escola o espa o de forma o dos intelectuais nos diversos n veis os quais ir o atuar na sociedade civil e na sociedade pol tica A LDB tinha tamb m como meta para a pol tica educacional a elabora o de um Plano Nacional de Educa o o qual deveria dar continuidade ao Plano Decenal de Educa o para Todos Em rela o ao cumprimento dessa meta a LDB afirma o seguinte Art 87 institu da a D cada da Educa o a iniciar se um ano a partir da publica o desta Lei 1 A Uni o no prazo de um ano a partir da publica o desta Lei encaminhar ao Congresso Nacional o Plano Nacional de Educa o com diretrizes e metas para os dez anos seguintes em sintonia com a Declara o Mundial sobre Educa o para Todos LDB 1996 p 41 A l gica da proposta do governo para as pol ticas educacionais dos anos 90 a da racionalidade financeira A referida l gica pr pria do sistema capitalista que subordina as pol ticas sociais
296. ucaci n Superior por medio de diversos instrumentos normativos y programas de acci n saber la Ley de Directrices y Bases de la Educaci n Nacional LDB el Plano Nacional de Educaci n PNE y el Programa Universidad para Todos PROUND En este estudio argumenta que los mecanismos hegem nicos del ajuste neoliberal definieron las directrices para la Ense anza Superior en Brasil visando a la hegemon a del capitalismo mundial Dial cticamente se recurre al an lisis documental para se comprender la interrelaci n entre los mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal y las directrices para al ense anza superior en Brasil La profundizaci n del concepto de hegemon a propuesto por Gramsci demuestra la importancia de la ideolog a como instrumento decisivo para la conquista de hegemon a y la educaci n tiene un papel de destaque a causa de la importancia que desempe a en la construcci n e implementaci n de la ideolog a dominante y dial cticamente como ella tambi n produce la contra hegemon a Actualmente en Educaci n Superior en Brasil dichos mecanismos est n impl citos y los textos normativos analizados donde son aplicados los principios de flexibilizaci n productividad eficiencia eficacia y regulaci n o control a trav s de los cuales se observa la subordinaci n de la ense anza a las demandas del mercado en detrimento del principio de la indisociabilidad entre ense anza investigaci n y extensi n Esas reformas est
297. uerra o Brasil foi influenciado pela concep o pol tico ideol gica advinda dos americanos no combate ao comunismo Posteriormente seguiu automaticamente o alinhamento econ mico social e cultural O texto abaixo esclarecedor a respeito do atrelamento do Brasil aos interesses externos poss vel demonstrar que o modelo de capitalismo transnacional instalou se por etapas Nos anos 1964 85 a ditadura militar consciente ou inconscientemente destro ou lideran as e organiza es pol ticas comprometidas com o modelo de capitalismo nacional Nos anos 1985 94 os diversos governos adotaram medidas econ mico financeiras de cunho neoliberal E desde 1994 o governo empenha se totalmente na concretiza o das institui es e diretrizes econ mico financeiras destinadas a completar a instala o do projeto de capitalismo transnacionalizado segundo as diretrizes te ricas pr ticas e ideol gicas do neoliberalismo IANNI 2000 p 2 De acordo com Fiori 1997 a partir dos anos 1980 os governos brasileiros foram paulatinamente adotando a terapia liberal conservadora a qual consiste em adotar as medidas de privatiza o desregulac o abertura da economia e corte dos gastos p blicos A entrada do neoliberalismo no Brasil tem suas origens no Governo Jos Sarney passou pelos governos Fernando Collor de Mello e Itamar Franco e consolidou se no governo de Fernando Henrique Cardoso No seu governo o ajuste neoliberal ocorreu de
298. uestionamento da hegemonia norte americana no plano econ mico o choque do pre o do petr leo e o fim da paridade ouro d lar isto o fim do Bretton Woods o fim do acordo p s 2 guerra mundial FIORI 1996 p 7 Nesse per odo in cio dos anos 70 a crise provocou uma recess o generalizada atingindo as economias mais desenvolvidas Os pa ses capitalistas mergulharam em uma profunda recess o acompanhada de baixo crescimento econ mico o que se denomina estagflac o a qual na d cada de oitenta provoca a estagna o das economias do Terceiro Mundo invadindo posteriormente os pa ses socialistas Nesse contexto considera se a virada da d cada de oitenta para a d cada de noventa como o pice do pior momento da crise do sistema capitalista mundial Posteriormente a crise da economia global se alastra por todas as partes do mundo atingindo os paises capitalistas desenvolvidos aqueles que integravam o bloco socialista e os de Terceiro Mundo Essas crises n o podem ser consideradas como as crises c clicas da economia capitalista ocorridas em s culos passados S o crises profundas e duradouras que v m atingindo os alicerces da economia mundial at os dias atuais e as conseqii ncias dessas crises t m trazido preju zos incalcul veis para a maioria da popula o do globo 63 Maciel M H R O Ajuste Neoliberal O que ocorreu na realidade foram conflitos entre as grandes pot ncias capitalistas pr
299. unido milhares de educadores com a apresenta o de in meros trabalhos cient ficos confer ncias mesas redondas e semin rios tem ticos nacionais regionais e locais com a finalidade de tornar mais ampla e democr tica a constru o em torno do tema relativo elabora o do Plano Nacional de Educa o O referido CONED resultou em um documento denominado Plano Nacional de Educa o Proposta da Sociedade Brasileira o qual extrapola as exig ncias de um documento formal e representa um referencial pol tico para a sociedade e tem como princ pios Educa o Democracia e Qualidade Social Finalmente a proposta representava a posi o da sociedade civil organizada em contraposi o posi o do Governo Com rela o a essa disputa seguem as reflex es de Valente e Romano 2002 As duas propostas de PNE materializavam mais do que a exist ncia de dois projetos de escola ou duas perspectivas opostas de pol tica educacional Elas traduziam dois projetos conflitantes de pa s De um lado t nhamos o projeto democr tico e popular expresso na proposta da sociedade De outro enfrent vamos um plano que expressava a pol tica do capital financeiro internacional e a ideologia das classes dominantes devidamente refletido nas diretrizes e metas do governo O PNE da Sociedade Brasileira reivindicava o fortalecimento da escola p blica estatal e a plena democratiza o da gest o educacional como eixo do esfor o para se univer
300. ura econ mica e conseq entemente de uma nova organiza o pol tica orienta o ideol gica moral e cultural A cita o abaixo expressa tal concep o Enquanto a luta do proletariado pela liberdade pol tica uma luta revolucion ria pensava L nin a luta da burguesia em troca uma luta oportunista j que tem por objetivo a esmola a divis o do poder com autocracia e com a classe dos prolet rios rurais A tese de L nin que a depender da for a pol tico social que dirija a revolu o a revolu o burguesa ter duas poss veis conclus es ou o capitalismo se desenvolver gra as a uma revolu o guiada pela burguesia dominada pelo compromisso e portanto nas condi es mais dif ceis para a classe oper ria ou a revolu o burguesa se desenvolver sob a dire o do proletariado que por m s poder dirigi la arrastando consigo a grande massa dos camponeses GRUPPI 1978 p 7 De acordo com Gruppi 1978 L nin inicialmente n o usava o conceito de hegemonia na sua forma substancial por m a concep o de hegemonia estava impl cita em seus escritos especialmente no conceito de ditadura do proletariado pois isto somente poderia ocorrer mediante o que se entende por hegemonia ou seja quando o proletariado alcan asse a dire o da sociedade Para L nin e Marx o proletariado deveria ser o protagonista da hist ria e liderar o grupo de alian a contra a hegemonia burguesa Somente assim ele poder
301. ursos p blicos em institui es que n o t m compromisso com a educa o de qualidade pois a sua meta trabalhar com a produtividade financeira As institui es de ensino superior privadas concentram suas atividades acad micas no ensino em detrimento da pesquisa e da extens o Com recursos desse programa PROUNT elas passam a preencher as vagas ociosas por falta de alunos com condi es de pagar as altas mensalidades do ensino superior privado Dessa forma alcan a o seu objetivo maior vender o seu produto educa o para obter o lucro capital financeiro custa do financiamento p blico recolhido pelos impostos pagos pela sociedade para a realiza o de pol ticas p blicas sociais Confirma se diante das reformas para o Ensino Superior no Brasil ora analisadas que em todas elas est o presentes as diretrizes tra adas pelo ajuste neoliberal constitu das pelos princ pios de flexibiliza o produtividade efici ncia efic cia e a regula o ou controle tendo como objetivo final a consolida o da hegemonia do sistema capitalista mundial 139 Maciel M H R S ntese Propositiva 5 S NTESE PROPOSITIVA NA DEFINI O DAS DIRETRIZES PARA O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL A partir da an lise das diretrizes para o ensino superior no Brasil luz do referencial te rico da hegemonia e do ajuste neoliberal compreendem se na ess ncia os fundamentos que desencadearam o processo de elabora o e implementa o
302. va no colapso do capitalismo Dessa forma o conceito de hegemonia em L nin se desenvolveu em torno da luta do proletariado e da revolu o democr tico burguesa a qual tinha como objetivo derrotar o feudalismo e seus res duos e em seguida o conceito retornou na luta contra o capitalismo em desenvolvimento Gruppi 1978 percorrendo o pensamento de L nin para a compreens o da constru o do conceito de hegemonia afirma que entre 1915 e 1916 quando a guerra mundial j havia iniciado o movimento oper rio j havia tamb m adquirido de forma plena o conceito de imperialismo Nesse momento L nin afirmou que na fase imperialista o capitalismo se internacionalizou de tal forma que as reivindica es nacionais de independ ncia nacional de autodetermina o dos povos n o encontraram mais raz o de ser Da ser necess rio substituir a reivindica o de autodetermina o dos povos pela luta revolucion ria do proletariado contra o desenvolvimento do capitalismo A resposta de L nin a seguinte O imperialismo significa supera o dos limites dos Estados nacionais por parte do capital significa extens o e agravamento da opress o nacional sobre uma nova base hist rica Precisamente disso resulta que n s devemos ligar a luta revolucion ria pelo socialismo ao programa revolucion rio na quest o nacional L NIN apud GRUPPI 1978 p 42 A internacionaliza o do capital juntamente com o imperialismo e a opress o n
303. vernado pelo mercado pelo processo do lucro e est amea ando a credibilidade do sistema de ensino superior no Brasil Trindade 2001 p 31 Assim em n tido contraste com a redu o do financiamento das Federais em apenas dois anos o BNDES liberou R 750 milh es para as institui es privadas LEHER 2001 p 4 5 Coerente com a transforma o de ensino em mercadoria acordo da Organiza o Mundial do Com rcio OMC prev a mercantiliza o internacional da educa o conforme not cia publicada no site da Associa o Brasileira de Organiza es n o Governamentais cujo teor o seguinte O GATS considera o ensino superior uma mercadoria que pode ser comercializada sem qualquer controle e retira dos Estados Nacionais o direito e o dever de decidir sobre a forma o dos cidad os Na pr tica permite que estudantes sejam formados virtualmente por institui es estrangeiras p blicas e privadas Em vigor desde 1995 o GATS teve inclu da a educa o em sua rela o de servi os em 1998 menos de duas semanas antes da realiza o da Confer ncia Mundial de Educa o Superior em Paris que em seu documento final afirmava que a educa o superior um bem p blico acess vel a todos com base na compet ncia e no m rito e de responsabilidade do Estado GROSSI 2004 p 1 O de legitimidade dentre outros pelo fato de que a Universidade n o disp e de suficientes meios para cumprir o papel social que lh
304. vil organizada no processo de contraposi o ao Decreto autorit rio sobretudo atrav s de sindicatos associa es e f runs ligados aos interesses educacionais de modo especial as seguintes entidades ANFOPE FORUMDIR ANPED ANPAE CEDES ANDES e CNTE 133 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil A partir dessa intensa mobiliza o o ent o Presidente Fernando Henrique Cardoso foi for ado a alterar o referido Decreto O novo Decreto n 3 554 de 7 de agosto de 2000 alterou o 2 do art 3 do Decreto anterior que passou a ter a seguinte reda o A forma o em n vel superior de professores para a atua o multidisciplinar destinada ao magist rio na educa o infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental far se preferencialmente em cursos normais superiores A nica altera o na reda o foi a substitui o da palavra exclusivamente contida no decreta alterado pela palavra preferencialmente abrindo a possibilidade dos cursos de Pedagogia oriundos das Universidades continuarem realizando a forma o de professores da educa o infantil e das s ries iniciais do ensino fundamental Nesse sentido ap s a aprova o do Decreto n 3 554 de 7 de agosto de 2000 aprovado o Parecer 133 2001 que impedem os cursos de Pedagogia das IES n o universit rias de formar professores de Educa o Infantil e das s ries iniciais do Ensino Fundamental ficando a cargo dessa forma o somente a
305. vos modelos econ micos que surgiram para reorganizar a economia e a pol tica e foram implantados n o s nos pa ses desenvolvidos como Inglaterra 1979 Estados Unidos da Am rica do Norte 1980 Alemanha 1982 Fran a 1981 Espanha 1982 mas tamb m nos pa ses em processo de desenvolvimento como Chile 1973 Argentina 1980 M xico 1980 Brasil 1990 entre outros 140 Maciel M H R S ntese Propositiva O novo modelo econ mico trabalha prioritariamente com a desregula o dos mercados e o desenvolvimento do Estado m nimo Para a implementa o dessas propostas foram planejadas reformas do Estado como as Reformas Administrativa e Previdenci ria e as reformas nas pol ticas sociais em geral aqui se destacando a reforma educacional Nos pa ses perif ricos sobretudo os da Am rica Latina as pol ticas neoliberais foram implementadas sob a orienta o do Consenso de Washington documento que continha as regras b sicas para serem seguidas pelos pa ses subordinados hegemonia americana sobretudo no que diz respeito economia As regras definidas nesses documentos passaram a ser implementadas e monitoradas pelos organismos multilaterais como Banco Mundial Fundo Monet rio Internacional Banco Internacional de Reestrutura o e Desenvolvimento e Organiza o Mundial do Com rcio As regras contidas no Consenso de Washington atingiram n o apenas a pol tica econ mica como tamb m tiveram profundo
306. x es de Gramsci a respeito da complexidade das rela es Estado sociedade representam no contexto atual um ponto fundamental para a discuss o sobre as transforma es do capitalismo contempor neo das novas formas de express o do Estado da sociedade civil e de constru o da hegemonia no novo cen rio mundial em crise A partir dessas observa es compreende se a forma pela qual vem se desenvolvendo as mudan as estruturais e superestruturais no contexto atual e sua aplica o na sociedade contempor nea O seu pensamento est embasado em categorias que buscam uma compatibiliza o da inser o do homem na produ o da vida e a consci ncia do lugar que ele ocupa na hist ria do mundo A hist ria tem demonstrado como tem se dado a correla o de for as na conjuntura atual atrav s da qual as classes sociais em disputa conseguem avan ar ou n o na dire o da constru o de sua hegemonia O novo bloco hist rico que se foi construindo no in cio do s culo XX mant m at os dias atuais suas caracter sticas essenciais No plano econ mico a reprodu o ampliada do capital sob a dire o do grande capital a partir do emprego diretamente produtivo da ci ncia e da t cnica a expropria o crescente do trabalho pelo capital e a extra o da mais valia por interm dio da intensidade do trabalho e do aumento da produtividade da for a de trabalho No plano pol tico um Estado que interv m nos rumos da produ o e
307. xatas tecnol gicas e biol gicas e da sa de MEC 2008 136 Maciel M H R O Ensino Superior no Brasil O Sistema Nacional de Avalia o da Educa o Superior SINAES integra dois grandes grupos no processo de avalia o o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes ENADE e Avalia o dos Cursos de Gradua o Essas Informa es que constam no site do MEC 2008 apresentam a s ntese do processo de avalia o dos dois grupos da seguinte forma O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes Enade tem o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de gradua o em rela o aos conte dos program ticos suas habilidades e compet ncias O Enade realizado por amostragem e a participa o no Exame constar no hist rico escolar do estudante ou quando for o caso sua dispensa pelo MEC O Inep MEC constitui a amostra dos participantes a partir da inscri o na pr pria institui o de ensino superior dos alunos habilitados a fazer a prova A Avalia o dos Cursos de Gradua o um procedimento utilizado pelo MEC para o reconhecimento ou renova o de reconhecimento dos cursos de gradua o representando uma medida necess ria para a emiss o de diplomas Esta avalia o passou a ser realizada de forma peri dica com o objetivo de cumprir a determina o da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Superior a fim de garantir a qualidade do ensino oferecido pelas Institui es de Educa o Superior
308. za es das principais empresas estatais que tinham papel fundamental na economia do pa s tais como a Vale do Rio Doce as empresas de Telecomunica o a Embraer entre muitas outras Nesse processo de desmonte do Estado Nacional o presente trabalho destaca as reformas educacionais em especial as relativas ao ensino superior no Brasil Tais reformas foram levadas a cabo por meio de v rios instrumentos normativos tais como leis ordin rias decretos e medidas provis rias dentre os quais se destacam a Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB o Plano Nacional de Educa o PNE Diretrizes Curriculares Nacionais DCN al m dos documentos que definem os processos de avalia o da educa o nacional como Gratifica o de Est mulo Doc ncia GED Sistema Nacional de Avalia o do Ensino Superior SINAES e O Programa Universidade para Todos PROUNI Analisando se essas normas constata se que elas mudaram o paradigma de uma educa o human stica privilegiando o aprendizado das habilidades pr ticas 142 Maciel M H R S ntese Propositiva profissionalizantes e utilitaristas visando atender ao mercado de trabalho e tornando a educa o uma mercadoria As diretrizes para o ensino superior no Brasil elaboradas e implementadas no contexto de ajuste neoliberal no per odo de 1996 a 2006 seguem as orienta es dos organismos internacionais comprometidos com as pol ticas neoliberais Os docum
309. za o Brasileira 1984 Cole o perspectiva do homem v 35 444 p Cartas do C rcere 3 ed Sele o e Trd de No nio Sp nola Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1987 Cole o perspectiva do homem v 13 420 p A quest o meridional Trad de Carlos Nelson Coutinho e Marco Aur lio Nogueira Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Cole o pensamento cr tico v 72 165 p 151 Os intelectuais e a organiza o da cultura 6 ed Trad de Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1988 Cole o perspectiva do homem v 48 244 p Os intelectuais o princ pio educativo jornalismo 2 ed Trad Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2001 Cadernos do C rcere v 2 334 p Maquiavel notas sobre o Estado e a pol tica 2 ed Trad Carlos Nelson Coutinho et al Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2002 Cadernos do C rcere v 3 428 p Alcuni temi della Questione Meridionale Dispon vel em http lavoce npci samizdat net article php3 id article 310 2007 Acesso em 04 04 2008 GROSSI Ester Acordo da OMC prev mercantiliza o internacional da Educa o Dispon vel em http www2 abong org br final informes pag php cdm 12760 2004 Acesso em 14 03 2008 GRUPPI Luciano O conceito de hegemonia em Gramsci 2 ed Trad Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Graal 1978 Biblioteca de Ci ncias Sociais v 1 143 p GUEDES Olga Maria
310. zes e Bases da Educa o Nacional LDB o Plano Nacional de Educa o PNE e o Programa Universidade para Todos PROUND A presente tese argumenta que os mecanismos hegem nicos do ajuste neoliberal definiram as diretrizes para o Ensino Superior no Brasil visando a hegemonia do capitalismo mundial Dialeticamente recorre se an lise documental para se compreender a inter rela o entre os mecanismos hegem nicos de ajuste neoliberal e as diretrizes para o ensino superior no Brasil O aprofundamento do conceito de hegemonia proposto por Gramsci demonstra a import ncia da ideologia como instrumento decisivo para a conquista da hegemonia e a educa o tem um papel de destaque pela import ncia que desempenha na constru o e implementa o da ideologia dominante e dialeticamente como ela tamb m produz a contra hegemonia Atualmente na Educa o Superior no Brasil tais mecanismos est o impl citos nos textos normativos analisados onde s o aplicados os princ pios de flexibiliza o produtividade efici ncia efic cia e regula o ou controle nos quais se verifica a subordina o do ensino s demandas do mercado em detrimento do princ pio da indissociabilidade entre ensino pesquisa e extens o Essas reformas est o em confronto com o princ pio gramsciano da educa o para a forma o integral Escola Unit ria Palavras chave Hegemonia Ajuste Neoliberal Ensino Superior Flexibiliza o Produtividade Efici ncia

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