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FACULDADE DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS

1. simplesmente epistemol gica e a sugest o de que se costuma utilizar a teoria em detrimento da literatura j nos indicam a posi o de Ana Cristina no debate Por mais que ela tente deslocar a discuss o para as rela es de poder intramuros da Universidade sua posi o se assinala no discurso dizer que a teoria est em detrimento da literatura dizer que ela est contra o prazer do texto e recusar a discuss o simplesmente epistemol gica faz que se torne necess ria a justifica o ideol gica De forma instigante Ana Cristina fala somente em teoria sem se referir ao estruturalismo ou qualquer corrente 48 espec fica O debate assim se amplia colocando o pr prio teorizar em oposi o a algum tipo de pr tica A leitura da sequ ncia do artigo aponta para o tipo de repress o envolvida na teoria A teoria usada num contexto de domina o dos alunos pelos professores um controle estabelecido n o de modo explicitamente autorit rio mas atrav s de estrat gias de persuas o A rela o professor aluno tem nesse sentido o mesmo funcionamento da sedu o aquele se torna um modelo que este copia cegamente Trata se de uma repress o velada 1999 147 Em seu racioc nio a autora enfatiza a necessidade de que a rela o docente se politize com os alunos adquirindo voz ativa Na formula o de Ana Cristina os alunos devem botar a boca no mundo 1999 148 Grifo no original O que po
2. es Come o o terceiro cap tulo com uma retomada das hist rias da literatura brasileira que tratam dos anos 1970 com o objetivo de situar as obras do corpus de an lise Este se comp e dos romances Catatau de Paulo Leminski Lavoura arcaica de Raduan Nassar e Zero de Ign cio de Loyola Brand o A variedade interna deste corpus justifica sua escolha Tomando como exemplo o aspecto da f bula do enredo temos em Lavoura arcaica um enredo fechado de modelo tr gico em Zero uma sucess o alucinante de epis dios que como observou Leyla Perrone Mois s numa resenha do livro poderiam prosseguir indefinidamente 1976 101 em Catatau a quase aus ncia de f bula Da mesma forma a ambienta o e a linguagem diferem bastante de um livro a outro 10 Os tr s livros selecionados em um momento ou outro de sua hist ria editorial trazem a palavra romance abaixo do t tulo Lavoura arcaica traz essa defini o na sua primeira edi o de 1975 abandonando a na terceira edi o revista de 1989 Zero designado como um romance pr hist rico na nica edi o de que disponho 1979 J o Catatau sem classifica o na edi o original ap s a segunda edi o de 1989 traz a denomina o romance id ia 17 Logo ap s fa o uma an lise das obras com o objetivo de integr las ao mundo do ano de 1975 mostrando como elas se relacionam com os dispositivos e c digos definidos anteriormente No cap
3. que um povo avarento de seus av s e coruja do seu futuro iria admitir assimassim a derrota do melhor dos seus esfor os perante um bando de p s rapados uma pena atr s da orelha e ferido o joelho esquerdo Qual a vantagem de quem conta Quem conta ganha Conta porque ganhou Ou ganha porque contou 1975 188 Poucas p ginas depois mencionado um escriba persa que teria se disposto a registrar as guerras m dicas mas que teria sido convencido pelos poderes de se dedicar ao truque indiano da corda donde extrai at hoje sua merenda 1975 193 poss vel portanto observar a rela o do tema da supress o da Hist ria com o da censura pelas estrat gias da linguagem como as da censura que se constitui a Hist ria e a realidade Quando Cart sio atacado pelo dem nio textual Occam que acaba com suas certezas o discurso do romance se torna extremamente fragment rio h uma justaposi o de blocos no mais das vezes de uma s frase que quase n o se ligam aos cont guos O sentido passa a se constituir pela recorr ncia de temas entre blocos que podem estar bastante distantes Nesses temas esparsos pelo texto h tamb m rela es com a censura O sil ncio aparece repetidamente com uma certa configura o espacial Entre estes espa os figurava um no grupo IV cont guo ao Grande Sil ncio 1975 128 Evidentemente n o se sabe de que espa o se fala nem que seria esse grupo IV nem
4. tudo um brado um libelo a representa o do caos contempor neo menos claro 1 2 2 Marginal A figura do marginal constitui uma parte importante da literatura brasileira de hoje Basta ver o sucesso do autor carioca Jo o Ant nio que este ano lan a dois livros em que essa figura proeminente Le o de ch cara e Malha o do Judas carioca Rompendo a barreira de g neros entre fic o e reportagem Jo o Ant nio tenta acabar com o distanciamento absurdo do escritor de certas faixas da vida deste pa s procedendo com o levantamento de realidades brasileiras vistas de dentro para fora Jo o 1987 315 6 conforme ele define em Corpo a corpo com a vida posf cio de Malha o ao mesmo tempo manifesto po tico e declara o de princ pios Z O levantamento dessas realidades feito em diversos contos que descrevem a vida de tipos da marginalidade brasileira Os tipos aparecem nas narrativas do autor assim distribu dos em Malha o do Judas carioca h o menor 1 Quase sempre essa marginalidade brasileira carioca ou paulista Uma exce o se encontra no texto E uma revolu o de Malha o do Judas carioca que fala do futebol em Belo Horizonte 25 abandonado Mariazinha Tiro a Esmo o homossexual empobrecido e marginalizado Galeria Alaska a prostituta Cais e o malandro jogador Sinuca Em Le o de ch cara comparecem a figura do seguran a de boate
5. 1975 Malagueta Perus e Bacana o incluindo Malha o do Judas carioca S o Paulo Clube do Livro 1987 JORNAL Nacional a not cia faz hist ria Rio de Janeiro Jorge Zahar 2004 KUSHNIR Beatriz C es de guarda jornalistas e censores do Al 5 Constitui o de 1988 S o Paulo Boitempo 2004 LEMINSKI Paulo Catatau Curitiba Ed do Autor 1975 Descoordenadas artesianas um texto e sua hist ria 23 anos depois In Catatau 3 ed Curitiba Travessa dos editores 2004a p 270 72 Plano do Catatau In Catatau 3 ed Curitiba Travessa dos editores 2004b p 358 68 LIMA Leda de Azevedo et alii Vestibular 75 literatura Rio de Janeiro Record 1975 LIMA Luiz Costa Dispersa demanda ensaios sobre literatura e teoria Rio de Janeiro Francisco Alves 1981 LUHMANN Niklas A nova teoria dos sistemas Porto Alegre UFRGS 1997 Sistemas sociales lineamientos para una teor a general Barcelona Anthropos 1998 The reality of mass media Stanford Stanford University Press 2000 MACHADO Jos Pinheiro Opini o x censura momentos da luta de um jornal pela liberdade Porto Alegre L amp PM 1978 MELLO Jo o Manuel Cardoso de NOVAIS Fernando A Capitalismo tardio e sociabilidade moderna In NOVAIS Fernando A SCHWARCZ Lilia Moritz Org Hist ria da vida privada no Brasil contrastes da intimidade contempor nea S o Paulo Companhia das Letras 2006 p 559 658 MELLO Thiago
6. Esse mais um dos erros hist ricos do Catatau apontados por Delmo Montenegro 2004 260 84 a futura capital federal A ambig idade domina o jogo de associa es Ora os holandeses s o os troianos defendendo a cidade contra os p s rapados gregos com uma pena atr s da orelha Leminski 1975 188 ora s o os pr prios gregos que defendem seu pa s dos b rbaros persas ora Mauritstadt Tr ia ora Esparta que manda seus trezentos guerreiros combaterem sombra das flechas z O pr prio nome da cidade confuso Na maior parte das vezes a Recife holandesa chamada de Vrijburg nome do pal cio onde viveria o pr ncipe Maur cio em frente ao qual Cart sio fuma sua maconha z A cidade holandesa vista como um empreendimento civilizacional por Cart sio H uma oposi o constante entre os elementos da cidade como a torre de Vrijburg e os elementos da natureza brasileira do campo A cidade holandesa planejada representa a ordem enquanto a natureza brasileira o caos Quando formos embora o c ncer de Bras lia engolir tudo ou o n cleo de ordem da geometria dessas jaulas prevalecer aqui Tr ia cair caiu Vrijburg O real cheio de c ries vem a 1975 24 Cart sio pressente a queda da cidade holandesa Associa es e alus es exploram o tema ligando a queda de Virjburg queda da torre de Babel derrota de Esparta pelos maced nios invas o de Roma pelos b
7. Teu recolhimento justamente O significado da palavra tempor o Enquanto o tempo n o trouxer teu abacate Amanhecer tomate anoitecer mam o Abacateiro Sabes ao que estou me referindo Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo Cedo antes que o janeiro doce manga venha ser tamb m Gil 1975 faixa 3 f cil interpretar o recolhimento do abacateiro O abacateiro tempor o fora do tempo certo e cedo chegar seu agosto azedo m s do mau agouro e 24 talvez uma refer ncia ao agosto de 19549 Acatar o ato do abacateiro pode ser visto como uma refer ncia necessidade de continuar vivendo sob a ditadura continuar brincando no regato at que o regime tal como fruta caia sozinho Abacateiro Sabes ao que estou me referindo o significado apesar de compartilhado n o pode ser dito claramente A pr pria necessidade da alegoria do discurso obl quo est incrustada na can o Pudemos ver que a censura al m de agir por suas proibi es acaba configurando formas espec ficas de rea o Aos exemplos citados provenientes da m sica popular podem ser acrescentados outros a estrat gia da obscuridade pode ser vista nas Gal xias s rie de textos de prosa experimental que o concretista Haroldo de Campos est concluindo este ano Ou num filme como Claro que Glauber Rocha dirige e lan a na It lia falado em quatro l nguas e sem nada que possa ser chamado de enredo o filme
8. Um dos poucos grupos que se pretende a pr tica sem teoria parece ser o dos poetas marginais De fato o primeiro grupo de poetas brasileiros em d cadas que n o fez um manifesto ou declara o de princ pios sobre sua poesia Simplesmente vivem e escrevem com ou sem dinheiro ou apoio imprimindo seus livros em gr fica ou mime grafo do jeito que for poss vel 3 TR S ROMANCES 3 1 Hist rias da literatura brasileira e romances As hist rias da literatura brasileira geralmente omitem dados sobre o per odo posterior a 1970 A raz o principal desse sil ncio o fato de que as hist rias foram publicadas antes dessa poca A literatura no Brasil obra coletiva dirigida por Afr nio Coutinho teve sua primeira edi o em 1955 a Hist ria concisa da literatura brasileira de Alfredo Bosi publicada em 1970 Depois do livro de Bosi somente em 1997 que surge outro esfor o historiogr fico em moldes tradicionais a Hist ria da literatura brasileira da autora italiana Luciana Stegagno Picchio refundida a partir de um livro escrito para uma s rie italiana de literaturas mundiais Alguns cap tulos da edi o mais recente de A literatura no Brasil revisada e aumentada tratam do per odo p s 1970 O primeiro deles O p s modernismo no Brasil de Eduardo de Faria Coutinho encontra diversas tend ncias na prosa das d cadas de 1970 e 1980 a fic o reportagem o memorialismo o fant stico a narrativa int
9. criar ele mesmo seus mecanismos e elementos internos e ter acoplamentos estruturais com o ambiente Por exemplo os acoplamentos estruturais do sistema psicol gico s o os rg os sensoriais e o pr prio corpo humano e sua subsist ncia o sistema psicol gico precisa desses dados sensoriais e da subsist ncia material do corpo mas seu desenvolvimento ser causado por si mesmo e n o por esses aspectos Os diferentes sistemas al m disso podem ou n o ser codificados Um sistema codificado j admite um grau maior de complexidade necess rio para seu funcionamento a distin o entre elementos positivos e negativos Por exemplo os sistemas de comunica o de massa se codificam pela oposi o entre informa o e n o informa o com o valor positivo ficando com a primeira Luhmann 2000 17 Dessa codifica o bin ria Gumbrecht retirou a no o de que a cultura tamb m se comp e de pares opositivos As oposi es que ele v n o estruturam um sistema geral sendo mais pr ximas da experi ncia cotidiana a oposi o entre centro e periferia por exemplo seria forte no ano de 1926 Essas oposi es s o op es alternativas que se apresentam nos mundos cotidianos do per odo em quest o Mais importante elas n o s o universais mas circunscritas ao momento hist rico e ligadas aos documentos estudados assim em tal documento se v a op o pelo centro em outro pela periferia S o temas e pol micas presentes
10. mudar de novo 2 Evitar que a v tima olhe muito para o seu rosto 3 Usar artif cios fingir que manca um pouco 4 Respirar como asm tico 5 Ter uma tossinha seca 6 Fingir que n o enxerga bem aproximar o dinheiro roubado do rosto 74 7 8 9 Usar salto bem grosso Falar palavras em espanhol carai laplata etc Ficar cuspindo 10 Vestir se bem se vestir mal usar v rios dias um acess rio que chame a aten o depois mudar 11 Parar por alguns dias recome ar parar de novo fazer dois seguidos ficar um m s sem agir 12 Colocar sempre o dinheiro no banco Movimentar a conta Fazer amizade com o gerente Solicitar empr stimo Pagar em dia Depositar sempre 1979 135 Jos por m n o se contenta em roubar Em determinado momento vai at um bairro qualquer e coloca um rev lver na cara de um homem Achando que um assalto o homem levanta os bra os Jos atira matando o sem qualquer motiva o Um m s depois com a certeza da impunidade Jos se considera diplomado seu diploma mostra a cabe a do homem com uma brecha a pele dilacerada o osso partido miolos 1979 157 Jos continua matando gratuitamente Como fizera normas para assaltar agora elabora instru es para matar matar de uma vez ao localizar a pessoa matar tamb m as testemunhas ter a cabe a fria n o ser perverso matando como se estivesse fazendo um favor 1979 170 Nem s Jos o margi
11. no conto t tulo do livro e em Jo ozinho da Babil nia e o malandro que ascende ao crime organizado em Paulinho Perna Torta H todo um l xico pr prio em torno da malandragem No texto Sinuca o malandro definido em oposi o ao trouxa ou ot rio o qual sempre um trabalhador muitas vezes oper rio pobre morando de aluguel e morando mal e longe vizinho de uma classe m dia bastante decadente 1987 269 O ot rio tamb m chamado de coi sem sorte estrela mocorongo cavalo de teta z man loque pixote trouxa pangar j ia pato paca mondrongo pa ba 1987 267 O malandro da sinuca separado em categorias malandro malandrinho e malandreco O primeiro sempre bem vestido fala pouco tem a caracter stica maior de saber fazer parceiro tratando jeitosamente o perdedor 1987 271 O malandrinho o falso malandro que se veste de modo extravagante e no fundo n o passa de um grande cultor de g ria J o malandreco se veste de trouxa e trata todos de senhor fingindo humildade Dissimulado n o mostra habilidade mas o jogador que sai invariavelmente com o dinheiro na m o 1987 272 A malandragem como caracterizada por Jo o Ant nio tem seu ethos pr prio Pra que trouxa quer dinheiro 1987 268 o malandro pergunta encontrando sua justifica o para alimentar o v cio dos ot rios que v m perder no sal o de sinuca H um
12. o cara ao autoritarismo brasileiro 2004 70 Em Retratos amp egos a autora divide a produ o liter ria em categorias das quais as maiores s o literatura verdade e literatura do eu Na literatura verdade est o as fic es marcadas pela representa o da viol ncia e da tortura as narrativas centradas no ego mem rias pol ticas romances que reatualizam o picaresco que tendendo ora para a fic o ora para o documento trariam uma recupera o da intimidade com o leitor e do perfil do narrador 2004 93 a est tica do fragmento de Waly Salom o o neonaturalismo no qual se encontra a fic o reportagem e a fic o aleg rica aproximadas por seu desejo de uma verdade nica seja documental ou escondida atr s de estratagemas e por fim uma fic o que investiria na linguagem e sua materialidade na qual estariam 28 Nesta an lise utilizo a segunda edi o revista de 2004 60 inseridas obras como Catatau e Lavoura arcaica 2004 109 Na literatura do eu est a poesia que pouco se distingue da vida do poeta aproveitando viv ncias cotidianas no que se conjugam poetas t o diversos quanto Leminski e sua filia o concreta e Cacaso e sua ojeriza aos concretos Dentro dessa poesia parte se da afirma o eg tica em Leminski passando pelas luvas de pelica que escondem a intimidade em Ana Cristina C sar chegando ao sujeito fora de foco de R gis Bonvicin
13. rbaros do norte destrui o de Pomp ia pelo vulc o Na vis o de Cart sio o abismo entre o mundo europeu e o caos do Novo Mundo t o grande que impede o experimento holand s de funcionar 3 3 2 Engajamento versus desengajamento 46 No Plano do Catatau um excerto das anota es anexas ao manuscrito do romance que traz uma esp cie de planejamento para a obra um dos itens o Roubo dos planos Niemaicos de Bras lia o que refor a a equivocidade Leminski 2004b 366 Infelizmente esta planifica o de Leminski t o confusa quanto o pr prio Catatau n o podendo ajudar muito para os demais aspectos da compreens o da obra Mesmo no paratexto a confus o permanece ao final da primeira edi o do romance se reproduz uma gravura da poca holandesa com a legenda Vrijburg a Recife dos holandeses s c XVIII 1975 215 85 Diversas vezes no in cio de Zero s o mencionados os Comuns grupo terrorista liderado G As vis es sobre o grupo que o romance apresenta divergem enquanto o governo paga por informa es que os denunciem o boato que corre que G ajudaria o povo Um dos casos que aumentou o status her ico e lend rio de G foi quando a filha de um de seus homens foi se casar A fam lia do noivo era muito pobre e n o teve dinheiro para comprar cerveja ou vinho para a festa s iam servir groselha com raspa de gelo Sabendo disso pelo pai da noiva G foi ao fundo da casa o
14. trocadilhescos com abund ncia de prov rbios e palavras valise os valores de Cart sio tendem a ser postos em d vida ou invertidos quando Occam domina que por exemplo a festa aparece como valor positivo Occam n o apenas perturba os sentidos do texto mas cria novos interferindo ativamente dialogando com Cart sio A teoria dominante quando Cart sio comanda o discurso J nas primeiras frases aquelas citadas anteriormente quando abordei a vida fora de casa em Catatau se v a posi o de usu rio da raz o te rica em que ele se coloca n o s o texto come a com uma reformula o do cogito cartesiano como 89 a personagem contempla a paisagem N o necess rio lembrar do peso que a contempla o tem para a filosofia desde os gregos J4 O problema de Cart sio justamente a atitude contemplativa que pressup e uma dist ncia entre sujeito e objeto dist ncia que se realiza de muitas formas no romance como na luneta que a personagem usa Essa dist ncia materializa se na maneira como Cart sio concebe a rela o entre nome e coisa para ele uma rela o entre medida e medido Leminski 1975 165 Ou conforme seu desespero aumenta e suas tend ncias idealistas se exacerbam Coisas s o palavras que uma bruxa petrificou 1975 179 As palavras s o anteriores s coisas servem de medidas a elas e organizam a priori o mundo Resulta da a confus o de Cart sio frente aos animais
15. A leitura dos romances remete de Ser e tempo privilegiando a oposi o entre autenticidade e artificialidade e a n o op o entre uma e outra representada pela vida No meu trabalho escolhi uma forma mais simples de reda o dispondo os dispositivos e c digos e dentro das se es reservadas a cada um deles analisando os romances Os dispositivos que na an lise de Ser e tempo por Gumbrecht raramente aparecem acabaram assim tendo um papel importante trazendo luz rela es imprevistas com o ano de 1975 Na an lise referente aos c digos os romances nem sempre optam revelando a possibilidade de escapar do binarismo 48 Parece estranho pensar nos Estados Unidos como cultura perif rica mas precisamos lembrar que em 1926 o pa s ainda n o conquistara sua posi o hegem nica p s Segunda Guerra 94 No decorrer da reda o do terceiro cap tulo percebi que a an lise das obras do corpus trazia n o s afinidades como contrastes com o tratamento dado aos dispositivos e c digos no segundo cap tulo As diverg ncias efetivamente enriqueceram os dispositivos e os c digos levando os a dire es insuspeitadas o que pode ser comprovado por uma breve retomada da forma como eles se realizam nos dois contextos descritivo e de an lise Representa es da censura em Zero correspondem a temas j lan ados no segundo cap tulo como a censura imprensa Em Catatau utilizam se diversas das estrat gias liga
16. De Greimas Fodor Chao Lacan et caterva Libera nos Domine apud Martins 1983 791 93 Os excertos s o significativos Drummond satiriza os termos t cnicos utilizados pela an lise estrutural na maior parte tomados de empr stimo ling stica Enquanto na primeira estrofe ainda estamos no terreno da ling stica se entendermos linguagem f tica como refer ncia fun o f tica de Jakobson na segunda o absurdo toma conta Realmente se fazem cortes epistemol gicos e dial gicos se bem que em sentidos diversos mas n o se sabe o que seria substrato ac stico ou sistemas genitivamente afins Outras caracter sticas do l xico te rico satirizadas por Drummond evidenciam se pela abund ncia de palavras em ema algumas existentes outras n o e pelos estrangeirismos sem sentido reliabilidade dos testes psicoling sticos anglicismo formado a partir de reliability Ao final do poema Drummond cita dezesseis te ricos mesclando estruturalismo formalismo russo filosofia ling stica psican lise e sociologia satirzando ao mesmo tempo a confus o que ele v na teoria liter ria e a mania de compor longas listas bibliogr ficas ao final dos trabalhos O poeta utiliza a forma da ora o como a dizer que a teoria atrapalha uma certa experi ncia m stica ou religiosa da leitura do poema e que o Deus da poesia nos deve libertar 17 Saussure Na vers o em livro o nome parcialmente corrig
17. a instala o de cooperativas e pequenas propriedades nas reas amaz nica e do Centro Oeste incentivo coordenado pela cria o ano passado do PALAMAZ NIA Programa de P los Agropecu rios e Agrominerais da Amaz nia Silva 2005 O esfor o de ocupa o tem se tornado especialmente atrativo para jovens da regi o Sul vindos de pequenas propriedades rurais fragmentadas por sucessivos processos de heran a Grynszpan 20083 331 Em novembro deste ano o governo cria por decreto o Pro lcool Programa Nacional do lcool que visa diminuir a depend ncia brasileira em rela o s importa es de petr leo depend ncia nefasta dado os altos pre os do produto no mercado internacional O lcool ser produzido principalmente a partir da cana de a car e da mandioca com incentivos governamentais para planta o e ser misturado gasolina consumida Biodieselbr 2007 A planta o da cana de a car tende ao modelo do latif ndio O incentivo que se tem ao minif ndio na Amaz nia na maior parte aproveitado por migrantes oriundos da regi o sul do Brasil Para os habitantes do campo que n o s o donos de latif ndio nem v m do Sul como os b ias frias os ndios e os posseiros a situa o periclitante Desde o Estatuto da Terra no in cio do governo Castello Branco n o h sombra de uma pol tica fundi ria Percebendo a situa o terr vel dos trabalhadores do campo a Confer ncia Nacional dos Bispos do Brasi
18. capit o polon s Artyczewski parece ter se integrado aos costumes brasileiros sendo quem forneceu a Cart sio a erva de negros que este fuma Por essa integra o Cart sio acredita que o polon s poder lhe explicar os mist rios da absurda natureza brasileira e sua godotiana espera constitui o tempo do romance Quando Artyczewski finalmente chega Cart sio desespera AUMENTO o telesc pio na subida l vem ARTYSCHEWSKY E como S ojo obatavista Vem b bado Artyschewsky b bado B bado como polaco que B bado quem me 4 Esta forma j era utilizada pelo pr prio fil sofo sendo uso comum da poca a latiniza o A investiga o hist rica torna a premissa fraca embora tenha vivido na Holanda e servido um certo Maur cio de Nassau o Nassau a quem Descartes serviu n o era o mesmo que veio ao Brasil Um levantamento dos erros hist ricos do Catatau feito no ensaio Sukkar in hell uma leitura do Catatau atrav s do Recife de Delmo Montenegro 2004 42 Na verdade Nassau teria morado em uma outra resid ncia mencionada em mapas da poca como Sein Esctie Hoff Corte de Sua Excel ncia Ver Montenegro 2004 260 79 compreender 1975 213 Caixa alta no original pergunta com que Leminski encerra o romance Al m de Cart sio e de seus companheiros de miss o outras alus es vida fora de casa se encontram no romance de forma fragment ria A pris o mencionada diversas vezes pr
19. de caos marginalidade e controle surgem juntas na concep o de cidade como utopia ou distopia como exp e Luis Fernando Verissimo na cr nica Voc vai ver Escrita no futuro interpelando o leitor Voc tomar um t xi etc a cr nica descreve o fim do dia desse leitor impl cito voltando para casa do trabalho A cidade pela qual ele passa dividida em dois Do lado de fora h moleques pedindo dinheiro assaltantes e um engarrafamento que nunca terminou acabando por se constituir como moradia de marginais Vila Sucata ou Jardim Lataria como chamada O leitor futuro mora dentro de uma Vila de Seguran a chamada Forte Apache cercada por muros eletrificados e metralhadoras e com diversos procedimentos de identifica o Dentro da Vila h escola supermercado e centro comercial pr prios mesmo assim n o permitido a ningu m sair de casa depois das dez da noite Todos andam armados O final da cr nica o seguinte Voc janta com a fam lia O seu filho pergunta pela mil sima vez como o mundo do lado de fora dos muros E quer saber de novo que estranho som aquele que ele ouve todas as noites como se fossem gemidos humanos de milhares de pessoas do outro lado do muro E por que aquelas rajadas de metralhadoras 39 Voc e sua mulher se entreolham e voc explica a televis o do vizinho meu filho Verissimo 1995 55 56 1 3 2 Engajamento versus desengajamento O engajame
20. de uma certa liberaliza o Hamburger 2006 472 A imagem da cidade oscila entre dois p los O primeiro deles o da modernidade e da vida de alta sociedade A ascens o social mostrada como poss vel desde que respeitadas as regras Um exemplo disso a novela Pecado capital de Janete Clair que vai ao ar logo ap s a vers o condensada de Selva de pedra que substitu ra a censurada Roque Santeiro O motorista de t xi Carl o enfrenta o dilema de ficar ou n o com o dinheiro esquecido por um passageiro em seu carro fruto de um roubo Acaba ficando com o dinheiro que lhe permite uma breve ascens o mas que por fim o leva ru na J a oper ria Lucinha personagem da mesma novela acaba se casando com o milion rio Salviano Lisboa o que a novela trata como uma forma leg tima de enriquecer j que um casamento por amor Bahiana 2006 385 Gomes 2007 36 O outro p lo o do caos e marginalidade que parecem surgir do pr prio crescimento desordenado das cidades evocados no livro Malha o do Judas carioca lan ado este ano por Jo o Ant nio Nele o autor faz uma esp cie de retrato do caos urbano do Rio de Janeiro enfocando as rela es entre a Cidade Maravilhosa e sua metade esquecida o sub rbio O livro exp e por exemplo a vida de Otac lio h dez anos cabeleireiro na Galeria Alaska que ganha quatrocentos e vinte cruzeiros por m s tem tr s bocas pra dar de comer em casa e gasta dois cru
21. desaparecimento do primeiro tipo de censura a do tipo ca tico nos ltimos meses de governo do presidente Geisel 1978 134 5 Apesar dessa dita evolu o o segundo dos Cadernos de Opini o s rie de livros editada pelo jornal recolhido das livrarias em agosto logo ap s ser lan ado Machado 1978 105 18 Diversos intelectuais posicionam se publicamente contra a censura como por exemplo Erico Verissimo em entrevista revista Manchete Nela a entrevistadora com inten o evidente de desviar o foco de leitura registra Logo ap s a publica o de Caminhos Cruzados Erico Verissimo teve problemas com as autoridades Era a poca do Estado Novo havia censura No entanto a declara o de Erico que segue n o deixa d vida pela contund ncia sobre qual seja seu real alvo Fa o quest o de dizer que sou contra a censura contra o princ pio da censura Sempre tive medo de que essa pr tica se incorporasse vida cultural do pa s E acho uma incoer ncia que algum escritor concorde em particular com qualquer mecanismo de censura em qualquer inst ncia Verissimo 1997 153 22 A fala de Erico ainda que modulada pela refer ncia ao Estado Novo mant m sua efic cia Afinal o princ pio da censura com artigo definido um s e permanece o mesmo e n o concordar com qualquer mecanismo de censura inclui n o concordar com os mecanismos presentes Ainda nessa entrevista Erico revela se
22. do zool gico de Vrijburg Eles n o s o palavras petrificadas eles exigem palavras novas palavras retiradas desses idiomas estranhos dos povos ind genas Sem um referencial pr prio uma palavra que fa a parte de sua estrutura importada de mundo Cart sio se perde O s pensar esse bicho basta para passar a noite em claro e o dia em trevas Como entrou esse c ncer em minha m quina 1975 14 A solu o apresentada fragmentariamente por Occam o que se poderia chamar da raz o dos tr picos encontra se em associar o pensamento a um gesto n o separ lo da a o A a o tem o poder de afetar o objeto o pensamento ao acompanh la tamb m teria esse poder pensamento que um gesto pensando junto que um jeito e n o tem mais outro Afirmo tudo Onde n o h provas grito palavras novas 1975 45 Outras formula es da mesma id ia se encontram no romance como todo pensamento novo leva a fazer Sen o n o Tigre sabe que n o erra 1975 50 Ou ainda A atitude mais radicais pensamentos mais profundos 1975 178 Pensamentos novos numa realidade nova devem estar acompanhados de uma nova a o n o podem apenas reproduzir o que j era feito antes A cria o de uma Nova Holanda em Pernambuco fracassar por essa incapacidade de fazer pensamento e a o seguirem juntos por essa falta de adaptabilidade Cart sio como emblema da raz o europ ia que os holandeses tenta
23. ele largado no meio do nada pelas for as repressivas 1979 271 72 Um fragmento situado na metade do romance simulando um recorte de jornal que fala de uma confer ncia no Copacabana Palace exp e a rela o entre campo e cidade no pa s de Zero Segundo o conferencista Robert Panero cada pa s da Am rica do Sul dividido em tr s pa ses distintos o pa s A urbano integrado ao s culo XX ocupando menos de cinco porcento do territ rio o pa s B rural saindo do feudalismo que ocupa trinta porcento e o pa s C um far west outro planeta o pa s por exemplo da Amaz nia 1979 99 Grifo no original O mundo de Zero o do pa s A os pa ses B dos pais de Rosa e C os descampados onde largam Jos e enterram tila s o vistos como amea a S o muitas as cidades mencionadas no Catatau a Babil nia Bras lia Esparta Jerusal m M nfis N nive Pomp ia Roma Tr ia Todas elas no entanto associam se metaforicamente a Mauritstadt no livro simultaneamente a Recife holandesa e a cidade planejada por Nassau para ser constru da na ilha de Ant nio Vaz atual ilha de Santo Ant nio que nunca se realizou Bras lia em especial um termo equ voco usado para se referir terra na qual Cart sio est como sin nimo de Brasil mas tamb m com uma acep o de cidade lembrando 45 Mauritstadt se associa a Olinda e Recife apenas no romance historicamente o sentido da cidade planejada o correto
24. est reo 7 pol SILVA Larissa Kashina Rebello da A migra o dos trabalhadores ga chos para a Amaz nia Legal 1970 1985 Il A pol tica de ocupa o das fronteiras amaz nicas Klepsidra revista virtual de Hist ria S o Paulo n 24 2005 102 Dispon vel em http Anww klepsidra net klepsidra24 agro rs2 htm Acesso verificado em 13 de novembro de 2007 STEGAGNO PICCHIO Luciana Hist ria da literatura brasileira Rio de Janeiro Nova Aguilar 2004 SUSSEKIND Flora Literatura e vida liter ria pol micas di rios amp retratos Belo Horizonte UFMG 2004 VELOSO Caetano Qualquer coisa Rio de Janeiro Phonogram 1975 1 disco sonoro 41 min 33 1 3 rpm est reo 12 pol VERISSIMO Erico A liberdade de escrever entrevistas sobre literatura e pol tica Porto Alegre Editora da Universidade 1997 VERISSIMO Luis Fernando Com dias da vida p blica 266 cr nicas datadas Porto Alegre L amp PM 1995 VILLALOBOS Marco Ant nio A guerrilha do riso Carlos Nobre x ditadura militar brasileira Porto Alegre Mercado Aberto 2000 CURRICULUM VITAE Forma o Acad mica Titula o 2006 2000 2005 Mestrado em Ling stica e Letras Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul PUC RS Porto Alegre Brasil Bolsista do a Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior Gradua o em Bacharelado em Filosofia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFR
25. m da proximidade e amizade dos autores creio que a interpreta o de Deleuze boa por n o destoar das preocupa es foucaultianas s quatro linhas definidas correspondem realmente preocupa es centrais do pensamento de Foucault 13 via de eterna vigil ncia de um lado e de ofusca o por outro As linhas de for a tamb m est o claras os prisioneiros se submetem a um poder escondido que nunca v em e subjugam uns aos outros em nome deste poder Bentham previa que o medo estimularia a dela o e autovigil ncia entre os presos As linhas de subjetiva o est o impl citas na solid o radical a que cada preso est condenado abole se o coletivo A enuncia o a pr pria proposta do Pan ptico Foucault 1987 165 9 Gumbrecht parte do conceito foucaultiano de dispositivo para entend lo de maneira mais condizente com seu objetivo de presentificar o passado Para ele os dispositivos s o artefatos pap is e atividades por exemplo Avi es Engenheiros Dan a que exigem que os corpos humanos entrem em rela es espaciais e funcionais espec ficas com os mundos cotidianos que eles habitam Gumbrecht 1999 483 O segundo conceito a ser utilizado o de c digo proveniente da teoria sociol gica de Niklas Luhmann A teoria desse estudioso baseia se numa vis o epistemol gica que privilegia a diferencia o o que percept vel n o s o os dados sensoriais mas as descontinuidades desses dados que vemo
26. no momento hist rico Gumbrecht ainda utiliza um terceiro conceito o dos c digos em colapso Tais colapsos seriam como uma terceira alternativa frente ao binarismo dos c digos uma esp cie de s ntese Para o par opositivo centro e periferia por exemplo esse colapso estaria representado em 1926 pela infinitude Essa quebra de c digos n o necess ria podendo perfeitamente n o aparecer Dos dez c digos que Gumbrecht apresenta sete recebem esta terceira op o 8 Gumbrecht utiliza tanto quebra de c digo como c digo em colapso os termos se referem ao mesmo conceito Os c digos que Gumbrecht define s o utilizo mai sculas iniciais por ser a forma que consta em seu livro A o versus Impot ncia Autenticidade versus Artificialidade Centro versus Periferia 15 1 2 Disserta o Embora Gumbrecht afirme que sua teoria hist rica n o configure um m todo 1999 474 e que talvez do jeito que as coisas est o tudo esteja condenado a permanecer um experimento 1999 14 esta disserta o justamente a tentativa de utilizar seu livro Em 1926 como modelo e suas explica es te ricas reunidas nas se es Manual do usu rio e Estruturas do mesmo livro como m todo Tal como Gumbrecht disponho no segundo cap tulo deste trabalho os dispositivos e c digos do ano de 1975 em verbetes separados por categoria e dentro destas em ordem alfab tica Em fun o d
27. nobres e atemporais S ssekind se Pode haver uma confus o entre esta literatura do eu e as narrativas do ego presentes na literatura verdade mas Flora ressalta a diferen a dizendo que esta literatura do eu como a dos poetas marginais n o est centrada na mem ria 2004 115 61 concentra nos poetas novos analisando suas obras como um tipo de reflexo do ego autoral que n o tem rela o com a mem ria Ign cio de Loyola Brand o Paulo Leminski e Raduan Nassar comparecem de maneiras diversas s hist rias da literatura analisadas Em A literatura no Brasil nenhum citado na Hist ria concisa Brand o e Nassar s o mencionados com os romances do corpus enquanto Leminski s aparece como poeta O livro de Luciana Stegagno Picchio tamb m menciona Brand o e Nassar esquecendo Leminski de todo Nas duas obras espec ficas consultadas as obras do corpus surgem dentro da prosa do investimento ling stico Em Anos 70 literatura apenas o Catatau n o aparece com Leminski sendo mencionado como poeta Os tr s romances s o mencionados no livro de Flora S ssekind 3 2 Dispositivos e romances 3 2 1 Censura A censura rondou Zero de diversas formas Desde que fora escrito em 1969 o livro tinha sido recusado por quatro editoras brasileiras que alegavam dificuldades gr ficas N o fazia sentido n o se editar um autor j de certo prest gio como Ign cio de Loyola Brand o que j publicara um outro roma
28. o Paulo S o Caetano e S o Bernardo s o n cleos urbanos da t cnica industrial n o s o ainda associadas com o controle milim trico da tecnocracia Esse posto ocupado por Bras lia a distante capital federal O poema seguinte do livro Museu de tudo ltima publica o de Jo o Cabral de Melo Neto relata sua visita capital acompanhando o fil sofo estruturalista Max Bense Enquanto com Max Bense eu ia como que sua filosofia mineral toda esquadrias do metal luz dos meios dias arquitetura se fazia mais um edif cio sem entropia literalmente se constru a um edif cio filosofia 38 Enquanto Max Bense a visita e a vai dizendo Bras lia eu tamb m de visita ia ao edif cio do que ele dizia edif cio que todavia de duas formas existia na de edif cio em que se habita e de edif cio que nos habita Melo Neto 1997 43 44 Bras lia assim como a filosofia bensiana uma cidade de edif cios sem entropia sem o caos e o acaso costumeiro das cidades Cidade mineral rida Bras lia habitada e ao mesmo tempo habita quem nela est submergindo o homem na sua organiza o Inadvertidamente o poeta Jo o Cabral refor a as cr ticas de parte da juventude universit ria de que as teorias estruturalistas como a de Max Bense colaboram com o sistema autorit rio Ao unir no poema Bense e Bras lia Jo o Cabral cria a imagem de um racionalismo arquitet nico e sufocante Por vezes id ias
29. onipresen a na capacidade crescente de mem ria dos computadores a onisci ncia e por fim o desejo de superar os limites que o nascimento e a morte imp em experi ncia tem a ver com o desejo humano de eternidade 1999 467 Encobertos pelas fun es mais espec ficas e pr ticas que por exemplo televisores e computadores t m esses desejos ltimos raramente aparecem consci ncia A falta que sentimos de uma racionaliza o funcional para a Hist ria faz ver que seu fundamento ltimo o desejo de eternidade de falar com os mortos 1999 466 Queremos ter uma experi ncia direta do passado queremos tocar cheirar e provar estes mundos atrav s dos objetos que os constitu ram 1999 467 A atual fascina o por reconstru es hist ricas por edi es facsimilares pela reconstru o de ambientes em museus ou filmes ind cio desse desejo de experi ncia direta J4 A reconstru o da experi ncia de mundos passados a finalidade que Gumbrecht v para a Hist ria e o que tenta realizar no livro Para tanto tornam se necess rios alguns conceitos operativos que ajudem a lidar com a complexidade do mundo passado A primeira escolha do ano a ser tratado realiza se de forma arbitr ria Segundo ele se n o h o que aprendermos com a Hist ria a escolha de per odos a serem estudados n o precisa de justificativa por meio de fatos ou processos relevantes Assim ele escolheu 192
30. poesia marginal n o s o universalmente aceitas Luciana 56 Stegagno Picchio prefere empregar outros crit rios de regi o ou de g nero para a classifica o A falta de crit rios constantes se agrava ainda mais com o h bito exaustivamente repetido em todas as tr s obras de se fazer listas de autores descontextualizadas como se a simples men o fosse suficiente Sendo tratada de maneira claramente prec ria nas hist rias tradicionais a hist ria da literatura brasileira dos anos 1970 deve ser buscada em obras mais espec ficas A primeira delas a ser publicada j em 1979 foi Anos 70 literatura parte de uma s rie de sete volumes da editora Europa sobre a cultura nos anos 1970 contendo um cap tulo sobre a prosa e outro sobre a poesia O primeiro Pol tica e literatura a fic o da realidade brasileira de autoria de Marcos Augusto Gon alves e Helo sa Buarque de Hollanda entremeado de entrevistas com algumas das personalidades da vida liter ria da d cada como Ant nio Callado Waly Salom o e Luiz Costa Lima tornando a voz mais plural O cap tulo inicia contextualizando a situa o cultural da virada da d cada de 70 constatando que a persegui o pol tica e o financiamento estatal deixavam numa situa o delicada de negocia o os produtores culturais o que tem efeitos principalmente nas reas que dependem desse financiamento como o cinema Isso configura uma esp cie de vazio cultura
31. primeira medita o de Descartes um dos seus passos na d vida sistem tica O outro livro O Catatau de Paulo Leminski des coordenadas cartesianas de Tida Carvalho 2000 segue uma linha semelhante por m privilegiando o Discurso do m todo como matriz interpretativa Proponho deslocar esta oposi o entre pensamento e natureza ou raz o e irracionalidade para uma oposi o entre teoria e pr tica Minha leitura depende de uma outra interpreta o do papel de Occam A interpreta o do que seria o monstro textual tamb m costuma seguir Leminski Z Occam um monstro que habita as profundezas do Loch Ness do texto um princ pio de incerteza e erro o malin g nie da c lebre teoria de Ren Descartes A entidade Occam Ogum Oxu Egum Ogam n o existe no real um ser puramente l gico semi tico monstro de z o de Maur cio interiorizado no fluxo do texto o livro como parque de locu es ditos prov rbios idiomatismos frases feitas O monstro n o perturba apenas as palavras que lhe seguem ele atra do por qualquer perturba o respons vel por bruscas mudan as de sentido e temperatura informacional Leminski 2004a 271 Na interpreta o do autor Occam seria um procedimento de desorganiza o do texto sem carga sem ntica puramente l gico semi tico A meu ver por m Leminski se equivoca na auto avalia o Quando Occam surge no texto nos momentos mais fragment rios
32. rebro Bem l no fundo as lembran as se atropelaram Eu diante do cad ver sem passado e sem presente Brand o 1979 156 57 Essa viol ncia contudo n o configura uma pr tica alternada por estados de falta de vontade da mesma abulia que acomete Rosa em certo momento Isso fica expl cito quando Jos relata que ficou dois dias parado no mesmo lugar sem nimo de dar um passo Quero mas n o quero me movimentar 1979 157 Jos acaba se unindo pr tica da luta armada mas n o compartilha com ela seus objetivos movido somente pela raiva Sua participa o levado ao sabor das circunst ncias apenas repete o percurso anterior de f ria e falta de vontade Somente ao final do romance quando toma consci ncia de sua condi o at ndia americana ele consegue compreender o horizonte da pr tica sistem tica organizada Enquanto isso estendemos as m os lat ndio americanos africanos asi ticos N o para chorar gemer mas para compreender organizar Irm os sangue pele pele negros n o negros brancos n o brancos quem tiver uma pedra no intestino 1979 281 No entanto a compreens o vem tarde demais para Jos Ele perdeu Rosa sacrificada num ritual religioso e perdeu o grupo ao qual fazia parte ap s ser desmantelado o campo de treinamento Viciado em drogas rec m deportado dos Estados Unidos sem que lhe reste nada Jos marcha tal qual seu hom nimo drummondiano para
33. serm es e das par bolas para afirmar sua palavra e chega ao primog nito Pedro sombra do pai A autoridade da voz paterna se expressa tanto pelas precep es gn micas supracitadas quanto por proibi es expl citas como quando o pai diz que n o h lugar para a blasf mia em nossa casa 1975 56 Al m dos preceitos e proibi es a moral paterna circunscreve o campo impl cito do n o dito com especial nfase no corpo Essa se torna para Andr a 65 maneira de resist ncia censura Andr pensa encontrar na roupa ntima do cesto da casa um grito corporal de todos 1975 40 Sua pr pria express o de revolta toma essa forma corporal com sua cole o de pe as de roupas de prostitutas e suas viola es da moral sexual zoofilia incesto A op o corporal de Andr acaba privando o da express o ling stica na verdade eu me sentia incapaz de dizer qualquer coisa 1975 24 o que no entanto um processo ambivalente que tamb m conota uma nega o do discurso paterno era calando a minha revolta tinha contund ncia o meu sil ncio tinha textura a minha raiva que eu a cada passo me distanciava l da fazenda 1975 31 Aplicando a materialidade contund ncia textura ao sil ncio ressignifica o H tr s momentos em que Andr escolhe se expressar pelo discurso O primeiro d se no in cio do romance quando conversa com o irm o Pedro que tinha ido a sua busca e o encontrado no
34. t cnicas comuns a esses dois tipos de discurso Essa aproxima o tomada como programa pelo Novo Historicismo norte americano que Gumbrecht caracteriza mais como um gesto estil stico do que como uma escola historiogr fica propriamente dita Para o Novo Historicismo a constru o narrativa e discursiva do passado aproximada de tal forma do paradigma liter rio que se perde de vista o referencial hist rico colocando se uma nfase demasiada na inven o de um passado Apesar de concordar que dif cil se falar de um referencial ou de uma realidade objetiva Gumbrecht acha problem tico que mesmo o desejo de alcan ar tal realidade seja extinto 1999 465 A partir desse diagn stico de crise Gumbrecht tenta uma justificativa filos fica para o estudo do passado Ele recupera o conceito husserliano de Lebenswelt mundo da vida e acrescenta a esse os mundos cotidianos que estariam a ele subordinados Os mundos cotidianos s o os mundos de experi ncia no qual todos n s vivemos J o mundo da vida inclui al m de todos os mundos cotidianos o repert rio de a es e formas de comportamentos que podem ser imaginadas O exemplo que Gumbrecht apresenta s o os atributos divinos eternidade onipot ncia onipresen a e onisci ncia Por n o serem alcan veis aos mortais esses elementos imagin rios aparecem nos mundos 11 cotidianos como objetos de desejo Assim se pode ver nos meios de comunica o um desejo de
35. uma nostalgia avant la lettre dos pr prios anos 70 evidenciada por exemplo em Tente outra vez primeira can o do lbum Novo aeon de Raul Seixas Tente Levante a sua m o 70 e recomece a andar N o pense que a cabe a ag enta se voc parar H uma voz que canta uma voz que dan a uma voz que gira Bailando no ar Seixas 1975a Que s o esses anos 60 ou 70 que pararam de andar Parecem ser os anos 60 do Summer of Love de San Francisco n o os da luta dos direitos civis e dos Black Panthers os anos 70 de tomar ch de cogumelo e vender artesanato n o os anos da luta armada A opera o de viver fora de casa envolve uma reinven o tanto do lugar de chegada quanto de partida 1 3 C digos 1 3 1 Campo versus cidade Uma das preocupa es do governo tem sido a de povoar a Amaz nia Atrav s da SUDAM Superintend ncia de Desenvolvimento da Amaz nia o 34 governo vem concedendo subs dios e isen o de impostos para empres rios dispostos a investir na regi o A estrat gia de ocupa o dividida em v rios programas diferentes destinados a diferentes reas do territ rio amaz nico Ribeiro 1986 N o s esse territ rio tem sido visado mas tamb m o Centro Oeste outra das reas despovoadas do Brasil Uma das diferen as da atua o do atual governo do general Ernesto Geisel em rela o ao seu antecessor Em lio M dici diz respeito ao maior incentivo concedido para
36. vida liter ria pol micas di rios amp retratos de Flora S ssekind e dividido em tr s partes Censura uma pista dupla a primeira corresponde s pol micas mencionadas no subt tulo Flora tra a um panorama hist rico colocando a censura ao lado de outras estrat gias utilizadas pelos governos militares como o desenvolvimento da cultura de massa a partir do governo Castello Branco que faria a esquerda se fechar dentro de si mesma cortando seu di logo com a popula o e o financiamento cultural a partir principalmente do Plano Nacional de Cultura do governo Geisel Ao lado desse panorama s o tratadas as pol micas internas ao mundo cultural a querela nacionalista surgida numa resist ncia da pr pria esquerda apropria o do rock pelo Tropicalismo a pol mica sobre o estruturalismo que acaba respingando por toda a teoria liter ria e a pol mica das patrulhas ideol gicas que iria contra uma certa obrigatoriedade do engajamento que certos setores viam na arte brasileira A autora discute a pol mica como mecanismo autorit rio de discuss o intelectual na qual o espet culo dominaria S ssekind 2004 66 Ainda segundo ela Talvez o que se possa dizer que a durabilidade do regime militar marcado pela altern ncia de momentos de repress o e de coopta o reatualizou a necessidade das pol micas como duelos necess rios para aproximar a discuss o cr tica da linguagem do espet culo t
37. 1 13 N o conseguindo ter acesso tese de Gilberto Velho tive de me valer da exposi o de suas id ias principais no livro Impress es de viagem de Helo sa Buarque de Hollanda 1980 65 66 29 Intimamente ligado marginalidade o lcool est sempre presente como op o legal para as drogas Citando novamente Jo o Ant nio Isto n o vida Mas a gente toma o primeiro chope do dia e como se tudo come asse de novo Jo o 1975 21 Marginal ainda a poesia feita s margens do sistema liter rio Realizada de forma artesanal as edi es lan adas pelos novos poetas criam um outro circuito que pela pr pria precariedade da distribui o e da venda aproxima autor e leitor Este ano publicada a cole o Vida de artista com livros de Cacaso Carlos Saldanha Chacal Eudoro Augusto e Luiz Olavo Fontes Hollanda 1980 105 Libertando se dos engajamentos pol ticos e das posi es vanguardistas dos anos 60 os poetas marginais brincam com a poesia trazendo a mais perto do ch o e da fala cotidiana Quando a voz marginal usa descri es e termos rebuscados sua finalidade brincar com a pr pria tradi o como neste poema de Cacaso Para so perdido borboletas em revoada e mais as m ltiplas variedades do verde e mais a inesquec vel palavra Igarim como bela e harmoniosa a Bahia que n o conhe o Cacaso 2002 99 Quando enfoca as rela es sociais o poema marginal o faz dentro do e
38. 6 um ano sem particular import ncia Mesmo a escolha da extens o temporal um ano e n o um dia ou m s radicalmente contingente tendo como principal utilidade a data o de documentos usualmente classificados de acordo com o ano Dentro da reconstru o do ano de 1926 Gumbrecht prefere dar voz aos textos da poca limitando sua participa o autoral As rela es feitas entre esses textos tentam fugir da causalidade com o objetivo de sublinhar o aspecto de simultaneidade de descri o dos mundos cotidianos de forma n o narrativa A desist ncia da causalidade implica a desist ncia de enxergar sujeitos como Gumbrecht n o traz um exemplo relativo onipot ncia 12 agentes hist ricos j que assim seriam causas de fatos A descri o deve se aproximar de um palco sem atores 1999 481 Os documentos escolhidos para estudo s o os que estavam dispon veis em 1926 n o s os que vieram a p blico naquele ano mas tamb m os que tiveram algum tipo de divulga o ou discuss o inclui portanto textos passados Em um nico caso o da obra Sein und Zeit Ser e tempo de Heidegger Gumbrecht utiliza um documento que estava sendo escrito em 1926 e s seria divulgado no ano seguinte Gumbrecht afirma ter estudado documentos at ter chegado o ponto que o acr scimo de novos apenas confirmava suas conclus es Seu m todo foi a observa o emp rica das recorr ncias entre os documen
39. A nica rela o que parece efetivar se com o tema da guerra e da festa que aparece durante todo o livro Na guerra o necess rio na festa o luxo nesse cen rio Acusaxis eixo o vazio de quem essa guerra Nem toda guerra importa o que vem da festa n o me atinge Festa guerran o Leminski 1975 39 Guerra a ferro e fogo na festa 1975 40 Seria a festa o desengajamento poss vel que sim e que n o j que vista como resist ncia guerra a festa se torna uma forma de se engajar Como tudo no Catatau a quest o n o se decide 3 3 3 Teoria versus pr tica O Catatau tem sido entendido como um embate entre a raz o europ ia e o Novo Mundo o qual precisaria do surgimento de uma nova l gica para ser compreendido O pr prio Leminski em posf cio que escreveu para a segunda edi o do livro interpreta assim O Catatau o fracasso da l gica cartesiana no calor o fracasso do leitor em entend lo emblema do fracasso do projeto batavo branco no tr pico Leminski 2004a 271 Os dois livros j publicados que analisam a narrativa destacam pontos semelhantes aos do posf cio do autor do romance Em Catatau as medita es da incerteza de Romulo Valle Salvino 2000 o romance lido como uma par dia das Medita es metaf sicas de Ren Descartes luz da par dia s o entendidos 88 os elementos do texto Occam o monstro textual do romance seria o dem nio enganador da
40. Afr nio Vis o final In COUTINHO Afr nio Dir COUTINHO Eduardo de Faria Co dir A literatura no Brasil S o Paulo Global 1999 6 v V 6 Rela es e perspectivas conclus o p 362 67 COUTINHO Eduardo de Faria O p s modernismo no Brasil In COUTINHO Afr nio Dir COUTINHO Eduardo de Faria Co dir A literatura no Brasil S o Paulo Global 1999 6 v V 6 Rela es e perspectivas conclus o p 236 44 DELEUZE Gilles O que um dispositivo Dispon vel em http Avww unb br fe tef filoesco foucault art1 4 html Acesso verificado em 25 de setembro de 2007 DIAS Lucy Anos 70 enquanto corria a barca S o Paulo Senac 2008 FISCHER Lu s Augusto Lavoura arcaica foi ontem Organon Porto Alegre n 17 p 14 26 1992 FONSECA Rubem Feliz ano novo S o Paulo Companhia das Letras 1990 FOUCAULT Michel Vigiar e punir nascimento da pris o Petr polis Vozes 1987 FREITAS FILHO Armando Poesia v rgula viva In Anos 70 literatura Rio de Janeiro Europa 1979 p 83 122 GASPARI Elio A ditadura encurralada S o Paulo Companhia das Letras 2004 99 GASPARIAN Fernando Circular aos assinantes e carta ao presidente da ABI In MACHADO Jos Pinheiro Opini o x censura momentos da luta de um jornal pela liberdade Porto Alegre L amp PM 1978 p 131 137 GIL Gilberto Refazenda Rio de Janeiro Phonogram 1975 1 disco sonoro 37 min 33 1 3 rpm est reo 12 pol GO
41. Aquino do seu lbum Solta o pav o o mesmo Santo Tom s que para D H lder C mara funciona como um s mbolo para as alian as do engajamento e da luta para Jorge Ben se torna um exerc cio de transposi o da filosofia para a letra de m sica transformando a em divers o e consumo Deus n o uma medida proporcionada ou medido Por isso n o necess rio que esteja contido No mesmo g nero da criatura No mesmo g nero da criatura 43 Da criatura Por isso dobro meus joelhos Diante do pai de nosso Senhor Jesus Cristo Do qual toda sua s bia paternidade Tomou nome nos c us e na terra Assim falou Santo Tom s de Aquino Assim falou Santo Tom s de Aquino Ben 1975 faixa 2 A interpreta o de Jorge Ben da filosofia tomista volta a afastar Deus e os homens que D H lder tentara reunir como co criadores Para o Santo Tom s de Ben resta aos homens dobrar os joelhos frente paternidade divina de prefer ncia ao ritmo do samba rock A desconfian a frente aos n o engajados que estariam cooptando com o sistema leva a um acirrado debate cultural com firmes cobran as de posi o Protestando contra tais cobran as Caetano Veloso cria o termo patrulhas ideol gicas querendo dizer que os intelectuais engajados estariam policiando a vida e a arte dos outros Ribeiro 1986 1 3 3 Teoria versus pr tica O livro Vestibular 75 literatura que busca atrav s da an lise de obras auxiliar os al
42. Argentina ou na Europa Essa vida fora de casa no ex lio a vida de muitos brasileiros no momento Ningu m sabe exatamente quantos mas se fala em milhares Gaspari 2004 324 A maior parte deles est na Europa boa parte aproveita o novo ambiente pol tico de Portugal estabelecido a partir da Revolu o dos Cravos do ano passado para ficar l Gaspari 2004 118 Apesar de o presidente Ernesto Geisel dizer que H muitos anos o Brasil n o tem tanta liberdade pol tica como tem hoje e que Todo mundo livre no Brasil 2004 172 o que ocasiona o ex lio a falta de liberdade pol tica Se a 31 distens o pretendida pelo presidente resulta no afrouxamento relativo da censura o mesmo n o se d no caso da viol ncia e das pris es pol ticas Terezinha Coelho esposa do preso pol tico Marco Ant nio Coelho publica na p gina 15 d O Estado de S o Paulo do dia 28 de fevereiro uma Carta a Geisel denunciando a tortura de seu marido Ela descreve o estado f sico do preso como sendo de o baga o de um homem descarnado pela tortura com bra os roxos e inchados marcas vis veis de golpes e picadas e m os insensibilizadas pelos choques el tricos No ltimo par grafo da carta a mulher faz um apelo Matem o meu marido mas n o o torturem 2004 44 Casos suspeitos como o do jornalista Vladimir Herzog que o laudo oficial diz que teria se suicidado enquanto preso fazem ver
43. EXISTEM AQUI VOCE JA ESTEVE UMA VEZ NAS IVESTIGA ES SE FOR OUTRA VAI SER O SEU FIM VOCE DESAPARECE COMO TANTA _ GENTE ANDA DESAPARECENDO MAS VOCE NAO SABE ESTAS COISAS ELAS NAO S O PUBLICADAS ELES NAO DEIXAM PUBLICAR PARA JOSE PARA DE LER ESSES LIVROS sucata Brand o 1979 53 A censura mencionada nesse caso tanto aos livros que n o devem ser lidos e s s o encontrados no empoeirado dep sito de uma editora j fechada quanto imprensa que n o publica os atos repressivos do governo Paralelamente ao percurso de Jos o romance narra o endurecimento do regime ditatorial do pa s onde eles vivem que inclui um endurecimento progressivo da censura A censura no mundo ficcional de Zero caminha no sentido de um controle das formas de express o pelo governo assim que s esperadas censuras de livros e filmes acrescentam se c digos de vestimenta cada vez mais r gidos indo desde a proibi o de biqu nis no in cio institui o de uniformes e listas de nomes para o batizado dos rec m nascidos visando acabar com o abuso de nomes pag os de inven es malucas de prenomes que envergonham o indiv duo e a na o 1979 73 Em certo momento a narrativa registra que se Caixa alta no original A linguagem do romance de Loyola Brand o altamente pessoal tomando todo tipo de liberdades quanto sintaxe ortografia pontua o e demais t picos da gram tica tradicional por esta raz
44. GS Porto Alegre Brasil Forma o complementar 2002 2002 2003 2003 2006 2006 2006 2006 Curso de curta dura o em Aplicando a L gica Formal Instituto de Filosofia Porto Alegre IFPA Brasil Ano de obten o 2002 Curso de curta dura o em Curso de revis o editorial C mara Rio Grandense do Livro CRGL Brasil Ano de obten o 2003 Curso de curta dura o em A cria o liter ria Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul PUC RS Porto Alegre Brasil Curso de curta dura o em Historiografia liter ria quest es te ricas Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul PUC RS Porto Alegre Brasil Atua o profissional 1 Biblioteca P blica Municipal Monteiro Lobato BPMML V nculo institucional Retirado do sistema de curr culo Lattes CNPQ 104 2004 2004 V nculo Servidor p blico Enquadramento funcional Auxiliar Carga hor ria 20 Regime Parcial Outras informa es Atendimento ao p blico e aux lio no cadastro de livros 2 Encontro Internacional de Educa o EIE 2005 V nculo institucional 2005 2005 V nculo Tradutor portugu s ingl s Enquadramento funcional Tradutor portugu s ingl s Carga hor ria 20 Regime Parcial Outras informa es Tradu o e vers o de textos para o Encontro Internacional de Educa o www encontrodeeducacao org br realizado em Gravata de 9 a 12 de novembro de 2005 3 F rum Mundial d
45. MES Adriano Trindade LUCCHESE Eliane Pecado capital tr s considera es Dispon vel em http www teledramaturgia com br pecado texto htm Acesso verificado em 13 de novembro de 2007 GON ALVES Marcos Augusto HOLLANDA Helo sa Buarque de Pol tica e literatura a fic o da realidade brasileira In Anos 70 literatura Rio de Janeiro Europa 1979 p 7 81 GRYNSZPAN Mario A quest o agr ria no Brasil p s 1964 e o MST In FERREIRA Jorge DELGADO Lucilia de Almeida Neves Org O tempo da ditadura regime militar e movimentos sociais em fins do s culo XX Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2003 p 315 48 Cole o O Brasil Republicano v 4 GULLAR Ferreira Toda poesia 1950 1980 Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1981 GUMBRECHT Hans Ulrich Em 1926 vivendo no limite do tempo Rio de Janeiro Record 1999 HAMBURGER Esther Diluindo fronteiras a televis o e as novelas no cotidiano In NOVAIS Fernando A SCHWARCZ Lilia Moritz org Hist ria da vida privada no Brasil contrastes da intimidade contempor nea S o Paulo Companhia das Letras 2006 p 439 87 HOLLANDA Helo sa Buarque de Impress es de viagem CPC vanguarda e desbunde 1960 70 S o Paulo Brasiliense 1980 HYLDON Na rua na chuva na fazenda Rio de Janeiro Polydor 1975 1 disco sonoro 43 min 33 1 3 rpm est reo 12 pol 100 JO O Ant nio Le o de ch cara Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira
46. PONTIF CIA UNIVERSIDADE CAT LICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE LETRAS PROGRAMA DE P S GRADUA O EM LETRAS EM 1975 TR S ROMANCES BRASILEIROS Pedro Mandagar Ribeiro Profa Dr Maria Eunice Moreira Orientadora Disserta o apresentada como requisito para a obten o do grau de Mestre em Letras pelo Programa de P s Gradua o da Faculdade de Letras da Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul Data da defesa 11 01 2008 Institui o deposit ria Biblioteca Central Irm o Jos Ot o Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2008 AGRADECIMENTOS CAPES e PUCRS por possibilitarem que eu cursasse o Mestrado professora Maria Eunice Moreira pela orienta o e paci ncia extrema ao professor Gabriel de Britto Velho pela inspira o professora Maria Lu za Rem dios pela conviv ncia Mara e Isabel da Secretaria do PPGL sempre prestativas aos meus colegas de Mestrado em especial a Sabrina a Carol e os Diegos aos meus amigos e amigas como um todo e a cada um deles ao meu pai minha m e e minha irm Bibi s minhas av s tios tias e infinidade de primos e primas Vivi B bado quem me compreender Paulo Leminski Catatau vamos p r grito neste rito Raduan Nassar Lavoura arcaica Dand Dand Dand pra ganhar tent m Ign cio de Loyola Brand o Zero RESUMO Esta disserta o de Mestrado estuda o ano de 1975 a
47. R P domo Paralelos Rio de Janeiro 2005 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Meio digital Home page htip Awww paralelos org outO3 000674 html Miniconto publicado na revista eletr nica Paralelos www paralelos org 2 MANDAGAR P dos universais sua validade filos fica paralelos Rio de Janeiro 2004 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Meio digital Home page http www paralelos org outO3 000360 html Conto publicado na revista eletr nica Paralelos www paralelos org 3 MANDAGAR P Muitas coisas NAO Porto Alegre 2000 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Meio digital Home page http www nao til com br nao 71 textos muitas html Conto publicado na revista eletr nica NAO Produ o art stica cultural 1 MANDAGARA P DULLIUS M ZANDAVALI R SIMONE V Tartarugo 2004 reas do conhecimento Cinema Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Filme Voz do personagem t tulo no desenho animado Tartarugo dirigido por Melissa Dullius Rochele Zandavali e Virginia Simone Eventos Participa o em eventos 107 1 Apresenta o de Poster Painel no a Il Mostra de Pesquisa da P s Gradua o da PUCRS 2007 Outra Em 1975 tr s romances brasileiros 2 Apresenta o Oral no a VII Semin rio Internacional de Hist ria da Literatura novos olhares m ltiplas perspectiv
48. a 4 N o que os autores do cap tulo necessariamente concordem com as avalia es no caso de Jorge Amado reproduzem a avalia o de alguns artigos da imprensa da poca e no caso de Jo o Ant nio o texto program tico Corpo a corpo com a vida que se encontra no fim de Malha o do Judas carioca 58 por um alto investimento ling stico Ap s uma retomada de autores organizados por regi o para enfatizar a descentraliza o da produ o liter ria na qual Lavoura arcaica citado como livro indispens vel e de uma r pida passada de olhos na produ o de contos do final da d cada os autores comentam os textos memorial sticos que surgem junto ao processo da anistia no fim da d cada O segundo cap tulo Poesia v rgula viva de Armando Freitas Filho volta a 1968 apontando naquela data a presen a de tr s correntes que influenciariam a d cada de 1970 a poesia engajada as vanguardas concretismo pr xis e processo e o tropicalismo Freitas Filho trata das pontes entre o tropicalismo e o grupo concreto que viriam dar na revista Navilouca de n mero nico em 1974 que traz lado a lado Caetano Veloso Waly Salom o e Augusto de Campos Ao mesmo tempo que ligada em alguns momentos s vanguardas dos anos 1960 a poesia dos 1970 retomaria a li o do modernismo de 1922 supostamente esquecida depois do formalismo dos poetas de 45 e dos concretos O pequeno c none modernista que Freitas Filho elabora ent o
49. a Todos os cortes determinados foram feitos Depois de examinar detidamente os cap tulos gravados o Departamento de Censura decidiu a novela estava liberada mas s para depois das dez da noite Assim mesmo com novos cortes Cortes que desfigurariam completamente a novela Assim a Rede Globo que at o ltimo momento tentou vencer todas as dificuldades v se for ada a cancelar a novela Roque Santeiro Jornal 2004 75 O texto lido ao p blico telespectador impresso na p gina 5 do jornal O Globo do dia seguinte Pode causar estranheza a censura Rede Globo mas deve se lembrar que o roteirista de Roque Santeiro Dias Gomes dramaturgo que j teve algumas pe as censuradas Em substitui o novela cancelada o canal exibe uma vers o condensada da novela Selva de Pedra de Janete Clair esposa de Dias Gomes grande sucesso em 1972 Se n O Estado de S o Paulo h um relaxamento da censura h outros rg os de imprensa em que sua atua o continua sendo forte O seman rio Opini o em circular enviada aos assinantes no dia 14 de mar o apresenta a situa o da censura em outras publica es Sentimo nos no dever de p lo ao assinante a par da realidade da censura ao nosso jornal Opini o Isto porque se est generalizando a impress o de que com a retirada dos censores da reda o d O Estado de S o Paulo terminou a censura imprensa no Brasil Se a censura pr via foi realmente elimina
50. a tica do trabalho Malandro que malandro n o espera cair do c u O que cai do c u chuva 1987 269 N o simplesmente jogar necess rio esfor o e dedica o O malandro que joga sinuca n o pode beber por exemplo pois atrapalharia seu jogo Justificando se como trabalhador do achaque o malandro coloca se acima das outras pessoas Considerando outro campo da atua o do malandro a cafetinagem vejamos como esse comportamento se traduz na rela o com a prostituta Em 26 certo momento de Paulinho Perna Torta Paulinho recebe uma li o de como proceder com Ivete a prostituta francesa O brilho de simpatia nos olhos de La rcio Arruda come ou a me ensinar que quem bate o homem E manda surra a toda hora e fala pouco Quem chega tarde o homem Quem tem cinco dez mulheres o homem a mulher s tem um homem Quem vive bem ele para tanto a mulher trabalha se vira e arruma a grana Quem imp e vontades nove horas cocorecos bico de patos e lero leros o macho Homem grita manda e desmanda exige disp e p e cara feia e pede pressa A mulher ouve e n o diz um a nem sim nem n o rabo entre as pernas Mulher s serve para dar dinheiro ao seu malandro Todo o dinheiro Por isso entre os malandros da baixa e da alta as mulheres se chamam minas Pousando as duas m os nos meus ombros falando baixo e s rio um portugu s bem clarinho La rcio come ava a me esco
51. a louca de Ana e a c lera final do pai este cap tulo o pen ltimo volta a ser de uma s frase Contrap em se no romance duas formas de discurso o discurso de Andr da revolta e da loucura e o do pai as palavras simples da sintaxe ordenada O Catatau por sua vez pode ser entendido por inteiro como uma resposta a censura uma apropria o da linguagem cifrada ou herm tica como forma de resist ncia Por outro lado pode ser tamb m entendido como um coment rio ir nico sobre a arte aleg rica ou cr ptica que pretende burlar a censura N o poss vel escolher nenhuma das duas op es pois a ambiguidade o pr prio mote do livro 67 No romance id ia podemos ver rela es com a censura em n veis diversos Dentro do resqu cio de f bula que o Catatau cont m o que se poderia chamar de seu universo romanesco o personagem principal Cart sio se espanta com as l nguas ind genas do pa s que est conhecendo Seu n o entendimento dos sons dessas l nguas leva a incertezas ortogr ficas Cresce de salto o sol na rvore vhebehasu que enviro u embira u imbiro u abera u aberra u inversu invera u inverossy conforme as incertezas das falas destas plagas onde podres as palavras perdem sons caindo em peda os pelas bocas dos bugres fala que fermenta Leminski 1975 3 A preocupa o com o n o entendimento das l nguas ressurge em diversos pontos do livro muitas vezes associada image
52. a regra Andr comete o incesto com Ana foge e depois de voltar repete seu incesto com Lula Ana explode em lasc via na dan a do pen ltimo cap tulo Lula como o irm o quer fugir dif cil por m ver essa disfun o na forma espec fica da marginalidade N o h o crime ou a explora o e a nica droga que Andr usa o lcool Mesmo assim n o dito se ele se tornara um b bado ou se apenas bebia vinho no dia espec fico em que Pedro o encontra 3 2 3 Viver fora de casa O fio condutor de Lavoura arcaica gira em torno da fuga e do retorno de Andr Na primeira parte do romance A partida s o narrados alternadamente o epis dio de Pedro indo buscar de volta Andr que est morando num quarto de pens o de uma cidade do interior e epis dios da vida anterior na fazenda culminando em sua decis o de deixar a casa Os dois estratos se complementam fazendo liga es entre um e outro Por exemplo Andr revela a Pedro seu desejo por Ana no cap tulo dezenove s ap s ter sido narrado no dezoito o epis dio que culmina com o incesto Os dois estratos n o se desenvolvem paralelamente de modo estanque j que o passado ocupa mais espa o na narrativa que o presente dos vinte e um cap tulos desta parte quinze referem se ao j ocorrido 76 Conjugando as narra es se pode ver pelos olhos de Andr o caminho que o levou a sair de casa Andr menciona a oposi o entre o rigor do verbo paterno e o c
53. ado por vezes identificado a uma certa desilus o pol tica o do 42 desengajamento o que no in cio da d cada se chamou de desbunde E a se v outros tantos diferentes caminhos pode se optar pela fuga pela assimila o consumista como nos recentes hipermercados e shopping centers ou por ignorar o sistema por completo adotando uma posi o marginal Na can o Dores do mundo do novo lbum de Hyldon a op o pelo desengajamento e pela fuga merece o seguinte registro A tua voz dizendo amor Foi t o bonito que o tempo at parou De duas vidas uma se fez E eu me senti nascendo outra vez E vou esquecer de tudo Das dores do mundo S quero saber do seu do nosso amor Hyldon 1975 faixa 6 Esquecer das dores do mundo de qualquer responsabilidade compartilhada aparece como caminho poss vel N o se trata mais de procurar op es sociais supostamente apol ticas como nas sociedades e comunidades alternativas sobra apenas o indiv duo integrado num certo ceticismo no qual as op es pol ticas s o todas assimiladas a um t dio indistinto Essa parcela n o a mesma que a fam lia m dia brasileira idealizada como p blico da televis o que sentaria todas as noites para ver o Jornal Nacional e a novela das oito Para o desengajado n o h integra o a um projeto de Brasil mas simplesmente a divers o como valor Um exemplo a can o de Jorge Ben Assim falou Santo Tom s de
54. afastamento das superpot ncias socialistas n o praticado apenas pelos crist os engajados Tanto o PCB orientado por Moscou quanto os movimentos de luta armada da virada da d cada est o em refluxo Em seu lugar surge uma mir ade de novas organiza es concentrada especialmente em torno da atua o estudantil Em abril ocorre uma greve na ECA Escola de Comunica o e Artes da USP que exige a ren ncia do diretor da Escola A greve organizada pelo diret rio acad mico que foi tomado por alunos trotskistas e marca um fen meno novo nos protestos estudantis Gaspari 2004 182 Diversas tend ncias engajadas trotskistas crist s pecebistas ou sindicais podem se unir estrategicamente o que acontece nos dias seguintes morte do jornalista Vladimir Herzog ocorrida dia 25 de outubro Herzog morre nas depend ncias do DOI CODI de S o Paulo em circunst ncias suspeitas que o laudo oficial qualifica como suic dio Na sexta feira seguinte D Paulo Evaristo Arns celebra uma missa f nebre e um ato ecum nico em homenagem a Herzog com um p blico de oito mil pessoas e a presen a de D H lder C mara e do rabino Henry Sobel Cartazes que informam do ato ecum nico convidam a popula o para ato p blico em rep dio ao assassinato de Vladimir Herzog 41 Concomitantemente estudantes fazem mais greves na USP e na PUC de S o Paulo desta vez protestando contra o suspeito suic dio 2004 193 O engajame
55. al e a completa nega o dos elementos ideol gicos contidos nas objetiva es est ticas O estruturalismo negaria assim as rela es da literatura com a vida social efetivamente alienando a A cr tica ao estruturalismo vai at o ponto da s tira como no poema Exorcismo de Carlos Drummond de Andrade publicado no Jornal do Brasil de 12 de abril deste ano Da leitura sintagm tica Da leitura paradigm tica do enunciado Da linguagem f tica Da fatividade e da n o fatividade na ora o principal Libera nos Domine E Do programa epistemol gico da obra Do corte epistemol gico e do corte dial gico Do substrato ac stico do culminador Dos sistemas genitivamente afins Libera nos Domine E Da semia Do sema do semema do semantema Do lexema Do classema do mema do sentema Libera nos Domine Da estrutura o sem mica 1 N o conseguindo localizar o texto original de Carlos Nelson Coutinho que at onde sei n o foi republicado tive que me valer das cita es e coment rios de Flora S ssekind em Literatura e vida liter ria 2004 50 45 Do idioleto e da pancronia cient fica Da reliabilidade dos testes psicoling sticos Da an lise computacional da estrutura o sil bica dos falares regionais Libera nos Domine Das apari es de Chomsky de Mehler de Perchonock De Chaussre Cassirer Troubetzkoy Althusser De Zolbiewski Jakobson Barthes Derrida Todorov
56. aprender algo com a Hist ria est fora de quest o As diferentes maneiras de aprender foram sucessivamente abandonadas raz o pela 1 Utilizo p s modernidade e p s modernismo num sentido deliberadamente vago sem pretender me alinhar a qualquer das teorias que reivindicam os termos A an lise deste boom se encontra no artigo Pol tica e literatura a fic o da realidade brasileira de Helo sa Buarque de Hollanda e Marcos Augusto Gon alves 1979 10 qual ningu m mais confia no conhecimento hist rico como base de decis es pr ticas O modo medieval de aprender com o passado atrav s de exemplos que deveriam garantir que boas a es tivessem bons resultados foi abandonado Em seu lugar foi se criando a Filosofia da Hist ria que pretendia ver um movimento de transforma o perpassando a linha hist rica Dela se pretendeu que pudesse prever as macrodire es da Hist ria Conforme Gumbrecht sua derrocada completa se deu em 1989 com o colapso do experimento marxista da Uni o Sovi tica 1999 460 61 Formas de lidar com o passado sem pretender discernir esses movimentos amplos de transforma o foram tentadas Assim Michel Foucault recuperou o conceito nietzschiano de genealogia querendo mostrar que sua reconstru o de modos discursivos do passado n o tinha a for a de lei Por sua vez Hayden White procurou aproximar o discurso hist rico da narrativa liter ria apontando para o repert rio de
57. arinho materno sempre associado a inst ncias corp reas de seu gosto por cobrir o corpo com a terra da fazenda de sua inicia o sexual com a cabra Sudanesa de suas escapadas at os prost bulos da vila pr xima onde recolhe sua cole o de adere os femininos guardados numa caixa Associa a casa onde morava ao pai refugiando se numa velha casa abandonada da fazenda sempre que queria se masturbar sobre um monte de palha num quarto dessa casa onde finalmente se envolve com Ana Declarando seu amor Andr prop e que continuem juntos em segredo o que tornaria poss vel seu reinser o na fam lia e no trabalho da fazenda Encontra como resposta o sil ncio de Ana e sua fuga da capela ao que decide abandonar a fazenda A casa era associada metonimicamente por Andr estrutura familiar mantendo com ela uma rela o amb gua Por um lado seu movimento de deix la ir para a vila para a casa abandonada por fim fugir de vez por outro Andr n o consegue realmente abandonar a moradia n o era com estradas que eu sonhava jamais me passava pela cabe a abandonar a casa jamais tinha pensado antes correr longas dist ncias em busca de festas para os meus sentidos entenda Pedro eu j sabia desde a mais tenra puberdade quanta decep o me esperava fora dos limites da nossa casa Nassar 1975 65 E a decep o houve j que Andr apesar de sua revolta reconhecia para si mesmo que estamos indo sempre
58. as 2007 Semin rio O concretismo nas hist rias da literatura brasileira breve estudo comparativo 3 Apresenta o Oral no a VII Semana de Letras PUCRS 2007 Outra O que n o conto nos contos de Paulo Leminski 4 Apresenta o Oral no a Ill SEPesq Semana de Extens o Pesquisa e P s Gradua o UniRitter Responsabilidades da Universidade 2007 Outra Terra papagalli hibridismo est tico e resist ncia 5 Muta es do conhecimento 2007 Outra 6 XVIII Congresso da Associa o Internacional de Literatura Comparada 2007 Congresso 7 Di logos a filosofia e o direito em Hegel 2006 Congresso 8 Semin rio Nacional 20 anos sem Josu Guimar es 2006 Semin rio 9 2 ENAPEL Encontro Nacional de Pesquisadores em Peri dicos Liter rios Brasileiros 2006 Encontro 10 32 Semana Acad mica da Filosofia Por que o Estado ainda moderno 2005 Outra reas do conhecimento Filosofia 11 Encontro Internacional de Educa o 2005 Encontro reas do conhecimento Educa o 12 Oficina Liter ria da III Festa Liter ria Internacional de Parati 2005 Oficina reas do conhecimento Literatura Brasileira 13 XII Col quio Nacional L gica e Ontologia 2004 Outra 14 Oficina Liter ria Veredas da Literatura 2004 Oficina reas do conhecimento Literatura Brasileira 15 Col quio Internacional de Est tica Est tica na Sociedade Contempor nea 2004 Outra reas do conhecime
59. assinato de L cio Fl vio o bandido intelectual encontrado morto a estocadas em sua cela dia 28 de janeiro ap s ter revelado conex es entre pol cia e marginalidade no Rio de Janeiro Bahiana 2006 296 Sua vida transforma se em um livro L cio Fl vio passageiro da agonia de Jos Louzeiro A figura da marginalidade glamourosa sobrevive na literatura mas o que agora aparece como figura de poder o crime organizado Premiado como melhor filme no Festival de Gramado deste ano O amuleto de Ogum de Nelson Pereira dos Santos une os dois lados O her i tem o corpo fechado como nas velhas hist rias de cangaceiro mas se integra no crime organizado urbano como pistoleiro Bahiana 2006 334 Monteiro 1979 97 A ascens o do crime organizado traz a morte do malandro de Jo o Ant nio e do marginal her i Novas figuras da viol ncia mais assustadoras v o aparecendo processo captado por Rubem Fonseca no seu conto Feliz ano novo do livro de mesmo t tulo Nele tr s marginais ociosos vendo televis o bebendo cacha a e fumando maconha em casa pegam algumas armas roubam um carro e invadem uma mans o durante a festa de ano novo rendendo e amarrando todas as pessoas presentes na casa Pereba um deles leva a dona da casa para o andar de cima a estupra e mata a mulher e sua m e O narrador cujo nome n o aparece assassina Maur cio um dos convivas para testar a teoria de que o tiro de sua espingarda de dois canos gru
60. berro ao mesmo tempo grito de protesto e g ria para rev lver o erro geral A melodia a instrumenta o e 23 as alus es geogr ficas concedem um clima meio oriental rabe can o Teer capital do Ir descendendo do Imp rio Persa Marrakesh fica ao p do Atlas que na mitologia grega sustenta o c u nos ombros e a Espanha o mais rabe dos pa ses europeus dona de um vast ssimo imp rio em certo momento Essa qualquer coisa de que se fala abrange o mundo todo e sustenta o c u um berro por falar de tudo A Espanha tamb m casa de Francisco Franco que falece em novembro ap s longa agonia O humorista Carlos Nobre tem feito uma s rie de piadas com o General ssimo como esta no jornal Zero Hora de Porto Alegre de 9 de outubro Dizem que o Franco resiste porque tem consigo uma rel quia A m o direita da Santa Teresa de vila Vai ver que ele arrancou quando ela ainda estava viva Villalobos 2000 125 A insist ncia de Nobre com Franco faz pensar que o alvo mais a figura geral do militar chefe de Estado do que especificamente o l der espanhol de 82 anos Outra estrat gia que aparece na m sica popular a alegoria A can o de Gilberto Gil Refazenda fornece um exemplo valioso desse recurso Abacateiro Acataremos teu ato N s tamb m somos do mato como o pato e o le o Aguardaremos Brincaremos no regato At que nos tragam frutos teu amor teu cora o Abacateiro
61. ce podendo se dizer que a op o muda conforme tomamos o ponto de vista de um ou outro personagem Em Lavoura arcaica a teoria est ligada ao discurso paterno o que faz que Andr opte pela pr tica A op o de Zero pela pr tica surge somente quando esta n o mais poss vel quando Jos chegou ao fim Os contrastes como podemos ver s o grandes e mostram a inser o e o deslocamento simult neo das obras selecionadas de seu ano de publica o Muitas perguntas surgem dessa avalia o de afinidades e diferen as Poder se ia perguntar por exemplo se o que faz com que algumas obras sejam avaliadas como universais o maior grau de diverg ncia em rela o aos mundos cotidianos dos quais fazem parte No sentido inverso algu m pode pensar nas 96 obras que t m um grau alto de semelhan a com os mundos cotidianos de um momento espec fico como datadas O mundo de 1975 definido por seu campo de op es culturais tem uma rela o conflitante com os objetos e seres que engloba Apontar e compreender esses conflitos num espa o simult neo tomando tr s romances como caso espec fico o que moveu este trabalho A realiza o desta disserta o mostra que o experimento presente no livro Em 1926 pode sim ser utilizado como modelo ao contr rio do que pensa Gumbrecht o livro n o est condenado a permanecer um experimento 1999 14 A reprodu o do experimento se torna particularmente
62. ce na imprensa de forma expl cita A mesma revista Veja na se o Datas republica as rela es de obras censuradas que aparecem no Di rio Oficial Em setembro foram proibidos livros t o diversos ao menos considerados os t tulos quanto Sexo para jovens e adultos de Robert Charthman e La internacional comunista desde la muerte de Lenin de Leon Tr tski Kushnir 2004 200 Tal explicita o da censura chega tamb m rede televisiva No Jornal Nacional do dia 27 de agosto o apresentador Cid Moreira l um editorial de Roberto Marinho comunicando o cancelamento da exibi o da novela Roque Santeiro de autoria de Dias Gomes Desde janeiro que a novela Roque Santeiro vem sendo feita Seria a primeira novela colorida do hor rio das oito da noite Antecipando se aos prazos legais a Rede Globo entregou Censura Federal o script dos vinte primeiros cap tulos No dia 4 de julho finalmente o diretor de Censura de Divers es P blicas Sr Rog rio Nunes comunicava Rede Globo os vinte primeiros cap tulos estavam aprovados para o hor rio das oito condicionados por m dizia o of cio verifica o das grava es para 20 obten o do certificado liberat rio O mesmo of cio apontava expressamente os cortes que deviam ser feitos e recomendava que os cap tulos seguintes a partir dos vintes j examinados deviam manter palavras textuais da Censura o mesmo n vel apresentado at agor
63. centivo governamental ocupa o amaz nica mas sua op o pela cidade que se 95 mostra ca tica No Catatau aparece a cidade planejada tecnocr tica mas n o se pode dizer que h uma op o pelo campo ou pela cidade As quest es relativas ao engajamento e desengajamento em 1975 est o ausentes ao menos de forma direta nos romances A liga o entre o marxismo e a Igreja o movimento estudantil e as diversas alian as entre estas e outras for as n o aparecem Em Zero o engajamento representado o da luta armada n o mais presente em 1975 O romance por m diagnostica esse fim da luta armada mostrando os diversos problemas ideol gicos e pr ticos ligados a ela A op o de Zero pelo engajamento como uma forma de tomada de consci ncia como a que ocorre com Jos ao fim do romance No Catatau a oposi o entre guerra e festa pode representar o c digo engajamento versus desengajamento mas n o poss vel dizer qual lado representa qual e menos ainda decidir os p los positivo e negativo Na forma espec fica do debate sobre o estruturalismo e a teoria liter ria os p los do c digo teoria versus pr tica tamb m n o aparecem nos romances A teoria est presente no Catatau como um debate entre uma raz o europ ia representada por Cart sio e uma raz o tropical que aliaria pensamento e pr tica representada por Occam N o h propriamente uma op o entre teoria e pr tica no roman
64. comparando esses usos com observa es de Auerbach sobre a linguagem b blica em Mimesis 78 Renatus Cartesius ou simplesmente Cart sio teria vindo para o Brasil holand s junto com o pr ncipe Maur cio de Nassau O in cio do texto um dos seus momentos mais claros conta essa situa o ergo sum ali s Ego sum Renatus Cartesius c perdido aqui presente neste labirinto de enganos deleit veis vejo o mar vejo a ba a e vejo as naus Vejo mais J l v o anos Ill me destaquei da Europa e a gente civil l morituro Isso de barbarus non intellegor ulli dos exerc cios de ex lio de Ov dio comigo Do parque do pr ncipe a lentes de luneta CONTEMPLO A CONSIDERAR O CAIS O MAR AS NUVENS OS ENIGMAS E OS PRODIGIOS DE BRAS LIA Leminski 1975 1 Caixa alta no original Cart sio quer apenas contemplar a natureza brasileira atrav s de uma luneta Sua posi o afastada compartilhada pelos holandeses mencionados na obra seja o pr ncipe Maur cio sejam os naturalistas e pintores que o acompanham O empreendimento holand s como um todo se separa do pa s onde se localiza separa o representada no texto de v rias formas por exemplo na men o torre do pal cio de Vrijburg um dos pal cios de Nassau sempre associada a imagens de isolamento torre de marfim e outras semelhantes onde no romance o pr ncipe mora Dos companheiros de Cart sio na miss o holandesa apenas o
65. da de O Estado ela continua a ser feita em Opini o Pasquim O S o Paulo rg o da Igreja Cat lica Veja e Tribuna da Imprensa Gasparian 1978 131 Em anexo circular reproduzindo carta ao presidente da Associa o Brasileira de Imprensa o editor Fernando Gasparian explica o funcionamento da censura ao Opini o Para o jornal ser impresso na quinta feira todo o seu material 21 tanto textos quanto imagens e an ncios deve ser enviado para Bras lia at a noite de segunda feira Durante a ter a feira os censores indicam os cortes e remetem de volta o material que conferido pelos agentes da Pol cia Federal do Rio ao ser impresso o peri dico O editor v como evolu o os censores n o estarem mais atrasando o envio dos cortes al m de permitirem excepcionalmente que o jornal acrescente modifica es e atualiza es na quarta feira 1978 133 4 Nesta carta ao presidente da ABI Gasparian tamb m comenta os crit rios da censura definindo dois tipos que s o praticados O primeiro deles a censura ca tica atinge cr ticas sem import ncia a aspectos secund rios do governo assim como o que ofendesse o esdr xulo padr o de pensamento cultural econ mico e pol tico dos rg os de repress o J a censura previs vel impede a cr tica aberta a certos atos de maior consequ ncia como tamb m s caracter sticas estruturais do governo Sinal de evolu o para Gasparian a tend ncia clara ao
66. da de seu desejo anterior Tentando brevemente dizer ao pai o que pensa da vida na fam lia Andr encontra um descompasso entre os discursos o pai reclama que ele diz coisas estranhas incompreens veis que ele dissimula e n o fala claro afirmando que uns poucos dias de trabalho ao lado dos teus irm os h o de quebrar o orgulho da tua palavra 1975 155 56 Andr ent o expressa sua descren a no discurso dizendo que est convencido que uma planta nunca enxerga a outra ao que o pai reafirma sua cren a na for a do verbo fundamento de toda pr tica 1975 156 O di logo se desenvolve num crescente desentendimento at que o pai tomado de c lera manda Andr se calar Andr talvez convencido da inutilidade da discuss o desculpa se prometendo se reintegrar fam lia e ao amor paterno O descompasso discursivo que se nota no di logo entre Andr e o pai se reflete na tessitura verbal do romance Na primeira parte A partida quase todos os cap tulos s o compostos por uma nica frase que se desenrola ao longo de v rias p ginas a exce o o cap tulo treze na qual narrada a par bola do faminto parte do serm o paterno Na segunda parte O retorno a sintaxe apresenta se convencional h frases divis o de par grafos travess es para a nota o de di logos A exce o nesse caso o cap tulo vinte e nove que narra a festa em homenagem ao retorno de Andr na qual ocorre a dan
67. daria o corpo do homem na parede Como isso n o ocorre Zequinha o terceiro informa que para que isso aconte a a parede deve ser de madeira e testa sua teoria atirando num outro homem contra a porta Por fim Zequinha estupra uma garota e os tr s voltam para casa levando j ias rel gios a comida e a bebida Fonseca 1990 11 21 A marginalidade n o toma sempre a forma da criminalidade e da viol ncia Uma op o pela margem se revela no uso de drogas A maconha compartilhada tanto pelos tr s marginais de Feliz ano novo quanto por jovens de classe m dia e artistas Em tese de Doutorado sendo defendida este ano na Universidade de S o Paulo o antrop logo Gilberto Velho diz que no caso dos intelectuais que s o 28 Z usu rios de drogas o aumento do consumo coincidente com uma menor participa o pol tica substituindo a revolu o social por uma transforma o individual Entrando no lugar da pol tica as drogas s o tamb m contesta o Um exemplo do uso pac fico das drogas reunindo algo do misticismo dado ainda por Jo o Ant nio no conto Galeria Alaska de Malha o Fumac E mais sagrado que o almo o ou o jantar Todas as tardes pouquinho antes do lusco fusco Os pederastas grupinho de cinco seis sa dos da Alaska ou de outros escondidos e buracos de Copa tocam para aquelas pedras e areias e v o ver o p r do sol debaixo de onda legal V o dar uma bola o baseado o fi
68. das censura tanto as que a efetivam quanto as que a ela resistem O sentido do dispositivo se expande em novas dire es na an lise de Lavoura arcaica que revela o quanto a censura manifesta o poder positivo ou negativo sobre o discurso A marginalidade na sua forma de criminalidade aparece representada em Zero Em Catatau a representa o da marginalidade se d na presen a da maconha A hist ria editorial deste segundo romance se conecta ao tratamento anterior da poesia marginal Duas expans es aparecem na an lise dos romances quanto a esse dispositivo A primeira ainda em Catatau que representa a marginaliza o das popula es n o brancas pela cultura europ ia por meio de seu representante Cart sio A segunda em Lavoura arcaica remete ao sentido do marginal o sentido de estar margem como se sente Andr em sua fam lia Os aspectos pol ticos da vida fora de casa como o ex lio e a pris o est o presentes em Zero e Catatau A busca do espa o pr prio pela juventude aparece em Lavoura arcaica mas de uma maneira invertida enquanto a esperan a dos jovens de viver fora de casa em 1975 ainda revela tra os ut picos no romance Andr se mostra totalmente c tico quanto vida fora da fazenda Lavoura arcaica mostra sua op o pelo campo ao mesmo tempo que trata do desaparecimento de suas estruturas pr prias Zero menciona brevemente o aspecto do campo como espa o a ser explorado presente no in
69. de Vento geral poesia 1951 1981 Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1984 101 MELO NETO Jo o Cabral de A educa o pela pedra e depois Rio de Janeiro Nova Fronteira 1997 MONTEIRO Ronald F O cinema de perspectiva popular In Anos 70 cinema Rio de Janeiro Europa 1979 p 97 119 MONTENEGRO Delmo Sukkar in hell uma leitura do Catatau atrav s do Recife In CALIXTO Fabiano DICK Andr Org A linha que nunca termina pensando Paulo Leminski Rio de Janeiro Lamparina 2004 p 257 70 NASSAR Raduan Lavoura arcaica Rio de Janeiro Jos Olympio 1975 PASSETTI Gabriel Ilha Grande ilha c rcere Klepsidra revista virtual de Hist ria S o Paulo n 17 2003 Dispon vel em htto www klepsidra net klepsidra17 ilhagrande htm Acesso verificado em 13 de novembro de 2007 PERRONE MOIS S Leyla Zero romance pr hist rico Col quio Letras Lisboa n 33 p 99 101 set 1976 RIBEIRO Darcy Aos trancos e barrancos como o Brasil deu no que deu Rio de Janeiro Guanabara 1986 ROSSION Pierre Drogados podem gerar anormais Ci ncia e vida S o Paulo n 1 p 28 31 maio 1975 SALVINO R mulo Valle Catatau as medita es da incerteza S o Paulo Educ 2000 SEIXAS Raul Novo aeon Rio de Janeiro Phonogram 1975a 1 disco sonoro 37 min 33 1 3 rpm est reo 12 pol O medo da chuva Rio de Janeiro Phonogram 1975b 1 disco sonoro 16 min 33 1 3 rpm
70. deria se tratar de mera ret rica estudantil deixa de ser Ana Cristina C sar ocupa o restante do seu artigo com a transcri o de uma discuss o entre estudantes sobre o tema da teoria trazendo para o horizonte da pr tica o que discutira at ent o Os alunos alguns da UFRJ outros da PUC do Rio de Janeiro t m posi es que divergem entre si mesmo sem perceber Sua fala d vaz o a um horizonte de preocupa es muito diverso daquele dos cr ticos ou literatos contr rios teoria Suas preocupa es s o no mais das vezes concernentes pr tica Como reconhece a ex aluna da PUC Marina Rosado A gente n o vai propriamente discutir o problema de produ o te rica o que est importando aqui o problema do ensino 1999 149 Ou como diz a aluna da UFRJ Regina de S Eu acho que a teoria sem pr tica sem a leitura de livros n o funciona A faculdade de letras est prejudicando o pr prio racioc nio dos alunos Voc antes discutia sobre o texto gostava mesmo de literatura o que me interessava era o conte do Agora n o voc chega aqui l um texto come a a fazer aqueles esqueminhas aquelas an lises estruturais que no fundo n o deixam de ser subjetivas O problema n o s da faculdade muito mais complexo a faculdade apenas um reflexo de uma s rie de fatores Esse tipo de teoria de uma certa maneira ajuda a manter esse tipo de sistema que todo mundo tem medo de falar E muito ma
71. do grupo Suas liga es s se estreitam quando come a a participar dos assaltos a banco planejados por eles Ainda assim prefere agir sozinho 86 Jos N o G com bomba n o mexo n o Nem quero me meter em a es nos quart is J te disse esse neg cio de grupo n o comigo Quero trabalhar sozinho Me d trabalho sozinho Nem com esses amigos meus 1979 193 Engajado na luta armada Jos n o tem a motiva o ideol gica de G eu n o acredito nessas coisas que voc s acreditam 1979 188 Seu sentimento apenas de raiva o mesmo instinto destrutivo que lhe levara ao assassinato gratuito J fazendo parte plenamente dos Comuns num campo rural de treinamento Jos passa a desconfiar das id ias que movem G Quando eu disse a G que n o confiava nas pessoas e que tinha medo de a es em grupo ele falou todos t m Porra amigo a gente tem barriga tem cu tem est mago igual aos outros S que os outros n o t m uma coisa nossa a id ia E a id ia a gente ajuda com uma bolinha Caiu no meu conceito na mesma hora Precisavam de bolas Eu nunca precisei Ent o me lembrei de que no come o tinha mais coragem Porque no come o eu tinha mais dio era mais cego me atirava Para estes homens se atirar era suic dio Atirar se era precipita o Precipita o e impaci ncia s o a morte Estava no Mini manual um livro xerografado que G trouxe uma tarde 1979 253 54 N
72. dos vanguardistas das d cadas anteriores a exist ncia de uma linhagem imagista que incluiria M rio Faustino Carlos Nejar e outros e de uma linhagem experimental que incluiria nomes como Affonso Romano de Sant Anna Leminski e Chacal ressaltando o ltimo como representante de uma linhagem populista oriunda das edi es de mime grafo 1999a 267 Comentando em detalhe alguns dos poetas citados Assis Brasil revela sua posi o frente a essa linhagem Chacal representa aqui um tipo de poesia marginal ou seja que n o quer entrar no sistema editorial nem participar do que chamam de literatura oficial Come ou publicando os livros mimeografados sendo vendidos nos bares E uma poesia que usa muita g ria e tenta revolver a literatura gramatical quase sempre caindo na pobreza de express o intencionalmente 1999a 269 Grifo no original Ao tratar do conto e do romance Assis Brasil enfatiza a continuidade com o per odo anterior arrolando dezenas de autores sem grandes pretens es de 52 categoriza o Em determinado momento trata da narrativa experimental citando nomes como Hilda Hilst Jorge Mautner e Glauber Rocha Um terceiro cap tulo novamente escrito por Assis Brasil de t tulo A nova literatura prop e se a complementar os dois anteriores seguindo at a d cada de 1990 O cap tulo composto por listas de nomes entremeadas a alguns coment rios Um dos coment rios sob
73. e mesmo oposto O segundo dado de afastamento encontra se no car ter que investe as edi es independentes Os marginais enfatizavam sua n o inser o no sistema liter rio por meio de um descuido proposital que ia do desleixo gr fico at o desprezo pela gram tica e ortografia Um exemplo pode ser visto no livro Na corda bamba de Cacaso com uma edi o facsimilar encartada no volume de sua poesia completa 2002 Todos os poemas do livro aparecem em letras mai sculas num tipo que se assemelha ao das antigas m quinas de escrever el tricas As ilustra es da capa e contracapa est o identificadas ao final por desenhos PEDRO escrito m o com letra de crian a J o cuidado de Leminski com o apuro visual de seu livro pouco deixa a dever aos mestres da tr ade concreta Seu uso da edi o independente est mais afiliado ao p s tropicalismo corrente liter ria que Helo sa Buarque de Hollanda em Impress es de viagem v como atuante no per odo caracterizada por um di logo com a tecnologia das comunica es de massa o que leva a uma est tica visual mais apurada 1980 71 No romance a marginalidade aparece de duas formas A primeira parte principal do que se pode chamar de a o romanesca Cart sio est na Recife holandesa esperando um amigo sob uma rvore observando o zool gico e o jardim bot nico de Nassau com uma luneta fumando maconha A erva de 3 Catatau dedicado ao pai do
74. e Educa o FME V nculo institucional 2001 2001 V nculo Volunt rio Regime Integral Outras informa es Volunt rio no F rum Mundial de Educa o de 2001 que aconteceu em Porto Alegre de 24 a 27 de outubro Enquadramento funcional Volunt rio reas de atua o 1 Teoria Liter ria 2 Cria o Liter ria 3 Filosofia 4 Tradu o e vers o do ingl s Idiomas Alem o Compreende Pouco L Razoavelmente Ingl s Compreende Bem Fala Razoavelmente Escreve Razoavelmente L Bem Pr mios e T tulos 2003 Men o Honrosa no VIII Concurso Nacional de Contos Josu Guimar es X Jornada Nacional de Literatura Produ o em C T amp A 105 Produ o bibliogr fica Livros publicados 1 MANDAGAR P RIBEIRO J L BRUNO P R P O torno do oper rio Gravata St via 1998 p 66 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso Escrito a partir de hist rias reais de oper rios 2 MANDAGAR P A lenda de Perseu Porto Alegre Edi o do autor 1993 p 32 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso Pe a teatral infantil Cap tulos de livros publicados 1 MANDAGAR P Gente que l todo o tempo In Contos de Oficina 28 1 ed Porto Alegre WS Editora 2002 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso Antologia da 28 oficina liter ria ministrada pelo professor Luiz Antonio de Assis Bras
75. e limita es temporais enfoco apenas seis verbetes contra os cinquenta e um de Em 1926 Al m do n mero h outras diferen as entre os verbetes deste trabalho e aqueles constru dos por Gumbrecht Em primeiro lugar abro m o do conceito de c digos em colapso justamente por eles n o serem sempre necess rios nem todo par de oposi es no livro de Gumbrecht apresenta esse terceiro termo Em segundo lugar privilegio as fontes secund rias livros que tratam sobre a poca sem terem sido escritos ou publicados nela dadas as referidas limita es temporais Defini como fonte mais importante para a constru o deste estudo o livro A ditadura encurralada de Elio Gaspari 2004 A narrativa do dia a dia do governo do General Geisel nos anos 1975 e 1976 torna se preciosa para a percep o do ambiente pol tico e social brasileiro Outra fonte indispens vel para o per odo o livro de Flora S ssekind Literatura e vida liter ria 2004 uma vez que a autora consegue inserir a literatura no contexto de toda a produ o cultural do Pa s nos acirrados debates intelectuais que se davam ent o Por fim para captar elementos Iman ncia versus Transcend ncia Incerteza versus Realidade Individualidade versus Coletividade Macho versus F mea Presente versus Passado Sil ncio versus Barulho e Sobriedade versus Exuber ncia As quebras de c digo s o novamente grafo de acordo com a maneira idiossincr tica do original A o Imp
76. echo Os nativos s o fracos calmos loucos covardes adoram divindades estranhas odores S o objetos que podem ser usados pela conveni ncia de estarem soltos de protocolos ou podem simplesmente ser estudados e expostos dentro de um vidro No romance Zero o protagonista Jos se torna um marginal Desde o in cio ele tem uma vida margem trabalha como exterminador de ratos num cinema e mora num beliche de um quarto de uma pens o miser vel Ap s uma s rie de subempregos consegue o trabalho de entrevistar e selecionar as aberra es para o Boqueir o uma esp cie de circo que ocupa toda a antiga zona de meretr cio da cidade com atra es como o homem roda e o bezerro de sete cabe as Ao mesmo tempo conhece Rosa atrav s de uma ag ncia de encontros e os dois se casam As press es financeiras tomam conta Rosa deixa de trabalhar por achar que a esposa deve cuidar da casa e pressiona Jos a comprar uma casa pr pria e mudar de emprego pois o do Boqueir o a envergonha Largado o emprego e assumidas as d vidas do financiamento da casa Jos reflete Se eu n o tenho dinheiro Se n o tenho emprego para ganhar dinheiro Roubo F cil Roubo e se acabou Brand o 1979 132 A partir da Jos transforma o roubo em modo de vida elaborando uma s rie de normas que orientam sua atividade 1 Fazer uma s rie de roubos seguidos todos os dias em lugares pertos depois mudar o rumo subitamente fazer um roubo s
77. em mesmo datas Nela constam nomes como Carlos Nejar Hilda Hilst e Armando Freitas Filho Bosi ainda ressalta a desvincula o desses poetas das vanguardas anteriores resist ncia s modas Tratando da produ o po tica em geral Bosi ressalta tr s aspectos da d cada de 70 a volta do discurso po tico e do verso livre ou metrificado em oposi o sintaxe espacial concretista uma investidura na fala autobiogr fica em oposi o a uma suposta frieza emocional das vanguardas e uma reproposi o do car ter p blico e pol tico da escrita em oposi o a um autocentramento ling stico Bosi cita como exemplo Ferreira Gullar logo passando poesia marginal Como atitude de desafogo mais do que como realiza o formal convincente a nova po tica exprime se na l rica dita marginal abertamente an rquica sat rica par dica de cad ncias coloquiais e s aparentemente antiliter rias 1994 487 S o citados como emblemas da poesia marginal Ana Cristina C sar e Cacaso ambos j falecidos Paulo Leminski citado como um caso parte que tentou criar n o s uma escrita mas uma antropologia po tica pela qual a aposta no acaso e nas t cnicas ultramodernas de comunica o n o inibisse o apelo a 54 uma utopia comunit ria 1994 487 88 Os nicos livros citados de Leminski s o de poemas seus dois romances passam ao largo Ainda s o lembrados ao final da subse o Manoel de Ba
78. enos se esperava recolhiam a fita conferiam Se faltasse um dia Pena de 1 a 6 anos de pris o sem julgamento s 9 o pa s parava o povo sentava se diante da TV bloco de notas na m o anotando Quem n o tinha televis o seguia pelo r dio Quem n o tinha um nem outro devia ir ao vizinho pra a mesma hora quando o arauto comparecia 1979 146 47 Todo o tempo alternam se as duas estrat gias governamentais a de proibir a voz do outro e de tornar obrigat ria a sua pr pria H fechamento de jornais fogueiras de livros revista de casas em busca de material proibido assim como h a cria o de um super her i do governo para ser explorado nas hist rias em quadrinhos o Super Cabo com sua baioneta m gica As personagens tamb m colaboram para a manifesta o da censura Uma rea o cr tica a de Jos a esta altura j casado com Rosa que est gr vida Perguntado por ela como iria se chamar o filho Jos diz que eles deviam deixar o filho sem nome para que ao crescer ele escolhesse um o que se pode interpretar como rea o inconsciente s j citadas listas de nomes 1979 123 64 Uma estrat gia expl cita de burlar a censura o grafite com o s mbolo dos Comuns grupo terrorista de oposi o a que Jos acaba se juntando O s mbolo se comp e de uma linha reta da qual saem outras quatro linhas perpendiculares e aparece diversas vezes no romance tanto citado na narrativa quanto i
79. es estanques O primeiro ponto de refer ncia a literatura reportagem que Bosi interpreta como resposta engajada ao regime militar parte dessa e sofrendo de alguma forma influ ncia da contracultura norte americana haveria uma corrente da contra E Os autores do corpus desta disserta o n o s o mencionados por Assis Brasil Novamente os autores do corpus deste trabalho n o s o citados 53 ideologia do discurso cr tico representada por Zero e pelas narrativas autobiogr ficas de Fernando Gabeira Outras tend ncias incluiriam uma continua o do investimento no universo regional com grande nfase na recupera o hist rica uma narrativa do movimento corporal e do del rio representada por Jo o Gilberto Noll e por Estorvo de Chico Buarque uma narrativa da an lise materialista Rubem Fonseca e por fim uma linhagem introspectiva representante de um certo ideal de prosa narrativa refletida e compassada representada por Carlos Sussekind Raduan Nassar e Milton Hatoum 1994 437 Tratando da poesia p s 1970 a subse o Poesia ainda delimita uma linhagem que Bosi diz que poderia ser vista como sobrevivente da est tica da gera o de 45 mas na qual ele prefere o verbo dele enxergar o nosso veio existencialista em poesia 1994 485 Essa linhagem apresentada por uma lista de autores e obras sem qualquer crit rio organizacional intelig vel e nenhuma informa o adicional n
80. icipa es em eventos OUEra ug aulas adobe E oracao Gee qa ada SS a aaa E a CRS SUE ELO A dire eds Produ o cultural Sonoplastia CINEMAS acalma as E ae narra ego Ee EO O D O de DO UE DES E PE o a a RCA RO ES E arca a E
81. ido para Chaussure o que faz pensar que o erro intencional invento humor stico segundo Wilson Martins 1983 793 nota 268 18 O poema foi republicado no livro Discurso de primavera e algumas sombras de 1978 No entanto h modifica es entre uma vers o e outra e cito esta recolhida por Wilson Martins que teria sido a publicada no JB em 1975 46 Enquanto a s tira de Drummond sintetiza diversas das cr ticas costumeiras a teoria um artigo de Luiz Costa Lima tenta sistematiz las e respond las O artigo Quem tem medo de teoria publicado em novembro quase que simultaneamente no Opini o e na revista Vozes Costa Lima distingue sete cr ticas diversas feitas teoria 1 Aprecia o cr tica alguma muito menos nenhuma teoria jamais substituir o prazer da pr pria leitura o prazer est tico 2 A teoria p e em circula o uma linguagem cifrada compreens vel apenas pelos iniciados Ela pois uma atividade esot rica que separa o leitor da literatura 3 A teoria como hoje concebida pelos vanguardeiros e estruturalistas uma concess o ao cientificismo que esquece como Eliot dizia nunca a ci ncia poder dar conta da poesia 4 A teoria incrementa o formalismo a mera l gica o m todo de espremer lim es que mata o jogo livre da intui o a emo o desinteressada a leitura como uma aventura da personalidade 5 Toda interpreta o um ato de viol ncia qua
82. il Cap tulo contendo tr s contos meus 2 MANDAGAR P Quando N nive reinava sobre Babel In Antologia causos contos e cr nicas 1 ed Gravata St via 1999 p 84 90 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso 3 MANDAGAR P C u sem estrelas In C u sem estrelas 1998 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso Antologia referente a um concurso de reda o promovido pelo Col gio Jo o Paulo I 4 MANDAGAR P A vingan a de Joana In 1 Concurso Paulo Fink e Neto Saldanha de Literatura 1 ed Gravata St via 1997 p 8 11 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso 5 MANDAGAR P A sala do Hugo In 1 Concurso Liter rio de Gravata 1 ed Gravata FUNDARC 1996 p 20 23 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso 6 MANDAGAR P O computador revoltado In 1 Concurso Liter rio de Gravata 1 ed Gravata FUNDARC 1996 p 11 19 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso Comunica es e Resumos Publicados em Anais de Congressos ou Peri dicos completo 1 MANDAGAR P Terra papagalli hibridismo est tico e resist ncia In III SEPesq Semana de Extens o Pesquisa e P s Gradua o UniRitter Responsabilidades da Universidade 2007 Porto Alegre RS Anais do Ill SEPesq Semana de Extens o Pesquisa e P s Gradua o UniRi
83. imeiro atrav s das jaulas dos animais do zool gico de Nassau depois principalmente atrav s de jogos com palavras como xadrez e xilindr O interrogat rio e a tortura aparecem ainda mais vezes algumas de modo expl cito Me enfiam um trabuco goelas abaixo confesso tudo e ainda reclamam do sotaque 1975 158 Tenazes alicates torquesas e outros apetrechos mec nicos calham como luva para arrancar a verdade da alma atrav s da dor do corpo a pris o do ventre o aperto de m o a chave de bra o o estrangulamento 1975 192 A tortura ainda faz parte do universo ficcional por meio de uma certa c mara de torturas que supostamente haveria no pal cio de Frijburg Por m todas essas alus es est o soltas perdidas dentro da fragmenta o extrema que os ataques de Occam provocam no discurso A pris o e a tortura surgem de forma muito mais expl cita em Zero Jos preso in meras vezes assim como Rosa Chegam a ser presos juntos pois Rosa est tomando p lula o que foi proibido pela Determina o do Incremento ao Aumento da Fam lia Nacional 1979 117 As pris es podem ser feitas sem julgamento determinadas por regulamentos sempre novos anunciados todos os dias nos pronunciamentos do governo Perder um desses pronunciamentos j pode ser motivo para a pris o de um a seis anos 1979 146 Antes mesmo de se envolver com a luta armada mas j fazendo seus assassinatos gratuitos Jos
84. imista e por ltimo a narrativa fragmentada de incorpora o da m dia e car ter predominantemente especular e auto indagador Coutinho E 19 Em novembro de 2007 foi lan ada uma nova Hist ria da literatura brasileira do poeta Carlos Nejar N o houve tempo h bil para a leitura e an lise desta obra 51 1999 239 Dentro dessa produ o a maior for a estaria com o conto e a cr nica Tratando da poesia Coutinho delimita grupos constru dos maneira das vanguardas a arte postal ou arte correio a poesia marginal o poema processo e o tropicalismo Tanto na poesia como na prosa ele enfatiza a continuidade do modernismo nessa produ o ao mesmo tempo em que problematiza sua inser o no quadro p s moderno tal como entendido nos Estados Unidos e na Europa O segundo cap tulo que trata da produ o dos anos 1970 A nova literatura brasileira de Assis Brasil Segundo ele a nova literatura brasileira come a no ano de 1956 com o surgimento da poesia concreta a estr ia de Samuel Rawet como contista e o lan amento dos romances Doramundo de Geraldo Ferraz e Grande sert o veredas de Jo o Guimar es Rosa Ap s tratar desses autores e de outros o autor abre a subse o O moderno e o novo redigida em 1985 bem depois da parte inicial do texto Tratando da poesia ele enfatiza o rompimento com o celebralismo das vanguardas Brasil 1999a 265 mencionando a publica o das obras completas
85. is 49 f cil voc fazer um esquema do que discutir o conte do o que o cara queria dizer com aquilo 1999 151 O que se quer dizer com esse conte do da obra n o explicado No entanto se pode observar no trecho a polariza o que faz a teoria dos esqueminhas o estruturalismo ser associada a uma posi o de colaboradora do sistema Outros alunos n o fazem essa liga o direta mas se concentram em problemas mais imediatos Falando dos estudantes que v m do sub rbio para a universidade o aluno V tor Hugo da UFRJ diz que eles podem ter uma lucidez que a gente n o tem de ver o seguinte o que eu vim pegar aqui um conhecimento para ser professor l em Cascadura onde eu moro e n o de chegar a uma posi o de cr tico liter rio 1999 152 53 A posi o dos alunos a julgar pela discuss o transcrita por Ana Cristina C sar relaciona se com diversos problemas falta de preparo dos professores universit rios estrutura curricular equivocada pouca aten o para a forma o profissional na universidade A teoria entra portanto no meio de outras reivindica es poss vel teoria sem pr tica ou pr tica sem teoria Os defensores do estruturalismo v em em seus resultados uma pr tica enquanto seus detratores apenas f rmulas vazias Os praticantes do engajamento do movimento estudantil consideram sua pr tica como orientada por princ pios te ricos que podem ser obscuros a quem est de fora
86. isso expl cito Fraco o b rbaro o branco grande veio de longe sabia que os simples s o mais calmos mais cheios de enfeites entusiasmam se a tr s por dois soltos de protocolos e bobos de dar luz a gua na boca de qualquer crist o brilho branco na ponta da l ngua O certo que os reles andam tontos de matinas at v speras loucos vagos tristes ora lentos agora lestos prestes e leves dextros entre os r pidos e as elianas do capim ngreme longos se as torrentes se prosseguem torrando reto se for adrede lindos se puserem acintes tantos forem quantos care am brabos quando estando em quatro vierem menos cinco se insistirem demais adoradores de odores hirtos sob as chuvas s bitas 3 Uso a primeira das inumer veis grafias que aparecem no texto 38 No in cio dos anos 1970 Leminski publicou no Pasquim um Indicion rio do malaqu s isto em resumo o vocabul rio do fumador de maconha segundo o bi grafo Toninho Vaz 2001 127 Esse vocabul rio est reproduzido como ap ndice o de n mero 3 na biografia 2001 349 52 13 rijos na moleza moles na peleja salvos se as circunst ncias n o arrocharem o recheio fartos quando tudo est morno e denso suaves consigo mortos quando o belga fala espulheta mais alto e p e o vivo como raro dentro do vidro 1975 162 A imagem europ ia do nativo pregui oso sedento de agradar o invasor reproduzida exemplarmente no tr
87. l Gon alves Hollanda 1979 10 que no caso da literatura inibiria o aparecimento de autores novos na primeira metade da d cada Os autores constatam a continuidade da produ o dos autores de antes e o desenvolvimento e at mesmo a infla o do conto 1979 13 No romance dessa primeira metade da d cada s o tratados em detalhe Bar Don Juan de Antonio Callado e Incidente em Antares de Erico Verissimo constatando em ambos um compromisso com o realismo mesclado a um desejo de transcend ncia 1979 16 Para os autores esse jogo entre o realista e o transcendente vai se desenvolver em diversas obras durante a d cada formando t ticas de alus o e de codifica o ling stica que permeariam o chamado romance pol tico 1979 17 22 Os outros volumes enfocam a m sica popular o teatro o cinema a televis o as artes pl sticas e a m sica erudita 57 A nfase testemunhal seria registrada tamb m na profus o de relatos de mem rias como as de Pedro Nava Trocando radicalmente de assunto os autores tratam da literatura ligada m dia e ao mercado falando de Me segura qu eu vou dar um tro o do poeta Waly Salom o como sintonizado a essas tend ncias Segundo os autores Waly na literatura junto com Torquato Rog rio Duarte Jorge Mautner Agripino e v rios outros artistas em reas diferentes como Ivan Cardoso H lio Oiticica etc etc se identificam nesse momento com um tipo de interve
88. l coimas aai aci 9 1 2 Disserta tapa ir os dubai a inc ga Dia avi RU EL anal A ada Ren n dc tentada 15 21975 NO BRADIE 2 escada a anna esa DORA RODE ATE ae 18 2 1 DISPOSIHVOS aqi EEEE doa Re DER Vo Hi dis Prep REA E Cega EE 18 2 k l Censura serea e a Dc a a a a 18 2 k2 Marginal ssov RR RR A RD O EE a en 24 ma PARAN io qu O fa de Reto RR DP A PR RR COR IR RPPN O ENS JP AR 30 PPA Go fa a o o PR EEE EPE RI DOR RUN NUDE EP EE ASR 33 2 2 1 Campo versus cidade Casa radares atos Si Edo Rad A as iE CEGA nba EAR DARE renerne 33 2 2 2 Engajamento versus desengajamento reene 39 2 3 3 Teoria versus PRACA ces a da OR trenne 43 STR S ROMANCES sn e e GDA e a EA a 50 3 1 Hist rias da literatura brasileira e romances ii 50 3 2 Dispositivos e romances eee 61 E ETATE K EEEE RPE da Re De aca 61 CAEL aT sie asilo ia a o E E oe nao ira 70 3 2 3 Viver fora de casa rar ndco nin Da cado non RRUO ACRE Sado ada D RE a ada n SE Ada aaa nenene 75 3 3 C digos e romances re eeeeeeeneraeaaeaana 81 3 3 1 Campo versus cidade 2 sm A Dad a 81 3 3 2 Engajamento versus desengajamento re 84 3 3 3 Teoria versus pr tica pcaiiataste paia ia SS ine jato debe lan Cana do des E a Lo at ge 87 4 CONSIDERA ES FINAIS eee 92 REFER NCIAS o atra o erre pera S UND TR tter re nerean ne 97 CURRICULUM VITAE 1 CONSIDERA ES INICIAIS Este t
89. l cria este ano a Pastoral da Terra que congrega membros da Igreja dispostos a ajudar os campesinos nas suas lutas por direitos Comiss o 2007 14 Informa o constante nos verbetes 2181 e 2182 35 Mesmo com as iniciativas do governo de coloniza o e da CNBB de luta pela terra o caminho da maior parte dos trabalhadores do campo tem sido o xodo rural As cidades est o cada vez maiores S o Paulo passou de dois milh es e quatrocentos mil habitantes em 1950 para mais de dez milh es no ano corrente de 1975 ou seja mais que quadruplicou sua popula o tornando se uma das cinco cidades mais populosas do mundo Costa 2007 S o Paulo e Rio de Janeiro s o os prot tipos de cidade no imagin rio brasileiro embora outras cidades como Porto Alegre Belo Horizonte ou Recife tamb m estejam crescendo vertiginosamente Mello 2006 586 As telenovelas da Rede Globo passadas quase sempre no Rio propagam para seu p blico de milh es de pessoas o modo de vida da cidade consumista vertiginosamente r pido Essas telenovelas quando tratam do campo dramatizam o fim de suas estruturas sociais pr prias Gabriela novela do hor rio das dez horas apresenta o coronel Ramiro que s tem como descendente uma neta o que representa o fim da linhagem patriarcal Hamburger 2006 478 Gabriela ali s a primeira novela a mostrar uma atriz nua na televis o mais um sintoma de novas rela es e valores sociais no sentido
90. lar que quem gosta da gente a gente S E apenas o dinheiro interessa O resto s o frescuras do cora o Jo o 1975 78 Essa tica do interesse pr prio decorre de uma escolha ou defesa frente a uma situa o social Para Jo o Ant nio n o h propriamente op o pela marginalidade j que ela vem determinada desde sempre em suas personagens Seus contos costumam voltar para a inf ncia dos protagonistas que normalmente vivem em fam lias disfuncionais tendo que trabalhar de engraxate ou vendedor ambulante Em que momento a marginalidade se torna criminalidade Jo o Ant nio n o julga a quest o de por que se d a passagem da marginalidade ao crime se por escolha ou for a externa O que ele faz mostrar o caminho percorrido deixando julgamentos em suspenso Esta quest o da inf ncia tocada por Jo o Ant nio se torna ainda mais urgente quando se levam em considera o os dados reunidos pela C mara dos Deputados de que h treze milh es e meio de menores abandonados no Brasil Ribeiro 1986 O glamour que tinha o marginal na virada da d cada captado em filmes como O bandido da luz vermelha 1968 de Rog rio Sganzerla ou ainda mais 12 A informa o encontra se no verbete 2180 O livro de Darcy Ribeiro n o possui pagina o 27 exemplarmente na frase de H lio Oiticica Seja marginal seja her i est se dissolvendo rapidamente O canto de cisne dessa figura pode ter sido o ass
91. lhou os baldes cheios de gua groselha e a car A noite apanhou um jipe bateu numa adega quando o homem abriu G apontou o rev lver Trouxe tr s barris de vinho bom deixou no lugar da groselha Com isto G manifestou seu car ter e os seus disc pulos acreditaram nele Brand o 1979 174 O narrador sabe muito mais que os convivas do casamento que s viram que onde deveria estar a groselha estava o vinho portanto um milagre de G Como se pode interpretar pelo trecho que parodia a transubstancia o b blica da gua em vinho a figura de G se associa de Jesus Cristo de um salvador Jos que a essa altura j um assassino ao ser torturado se apega a essa figura messi nica odeio o amarelo menos o amarelo p lido do rosto de G ele que pode me salvar de todas estas d vidas que estou tendo desta indecis o deste ficar aqui 1979 176 Tentando encontrar um silenciador para sua arma Jos levado at G na rede subterr nea que os Comuns controlam No di logo que se desenrola G tenta convencer Jos a ser um deles e Jos insiste que deve agir sozinho 1979 179 Em sua primeira a o aluga um quarto em frente a um prost bulo onde um General entrou e fica cinco dias esperando com um fuzil em m os sendo interrompido somente por uma confus o em pra a p blica armada por outro atirador solit rio Nesse momento inicial Jos est ligado aos Comuns sem fazer parte
92. licar qual seria essa distin o entre literatura e paraliteratura A subse o Os nov ssimos e o jogo das gera es de 1960 a 1980 analisa a poesia Sua fonte principal para os anos 1960 uma antologia organizada por Pedro Lyra Dos poetas posteriores s o citados apenas nomes soltos numa lista desordenada que inclui Leminski O nico autor a receber destaque Alexei Bueno Outra pequena subse o de Poetas mulheres trata de algumas autoras sem categoriza o terminando com uma lista de nomes que inclui Hilda Hilst Orides Fontella e Bruna Lombardi 2004 663 A reconstru o feita acima das hist rias da literatura foi longa mas creio que necess ria Considerando todas as suas diverg ncias vemos que o ponto em comum o reconhecimento da dificuldade em lidar com o passado recente na historiografia liter ria Por essa mesma dificuldade torna se interessante reconstruir as diferentes maneiras pelas quais a produ o recente foi categorizada na historiografia Lendo os cap tulos correspondentes aos per odos anteriores a 1970 podemos ver que o grau de diverg ncia entre as hist rias da literatura pequeno A divis o estil stico epocal tem constantes que se tornaram de uso comum existe um Modernismo de 22 um Romance de 30 uma Gera o de 45 na poesia N o existe nada parecido com essas constantes no tratamento da produ o p s 1970 Mesmo as classifica es mais repetidas como romance reportagem e
93. m da torre de Babel por sua vez associada torre de Vrijburg perto da qual est Cart sio Babel urgente Precisa se de um poliglota paga se regiamente 1975 108 No cerne dessa preocupa o est a rela o entre o nome e a coisa como falar de algo se a fala t o incerta se as palavras perdem sons J no in cio do romance essa rela o problematizada com Cart sio mencionando pelo nome diversos animais para ele absurdos da fauna brasileira sem juntar defini es ou descri es Os nomes dos animais assim se tornam um signo vazio e a realidade que o animal teria se perde O nome considerado por Cart sio o lado mais importante desse mundo clivado entre a linguagem e um real perdido Veneno saber teu nome teu nome me elimina aprende comungocomigo 1975 39 Conjugam se dessa forma paradoxal a separa o radical entre linguagem e realidade e uma cren a quase m stica m gica no poder da linguagem 31 Romance id ia o subt tulo que o livro recebeu na segunda edi o de 1989 32 O nome da personagem varia durante o romance Uso neste trabalho a forma Cart sio para diferenciar da figura hist rica de Ren Descartes 68 A cren a no poder da linguagem expressa em algumas anedotas esparsas Em certo momento o narrador se pergunta por que n o haveria restado nenhum relato persa das guerras m dicas contra a Gr cia Explica se luz da l gica Tentemos Como
94. m importar fracassa no terreno do 90 pensamento na mesma medida em que Nassau fracassa no seu empreendimento Colocar a leitura nestes termos n o mais que uma proposta Afinal a polissemia do livro levada ao extremo Qualquer proposta de leitura pode encontrar trechos que a confirmem e a desmintam muitas vezes na mesma p gina ou at frase Ler o Catatau tentar entender um pensamento elaborado a maneira do que Cart sio descreve em certo ponto Porque n o consigo fazer muito longas as pontes entre os antecedentes e suas sofr veis consequ ncias mantendo o controle no salto sem pensar em nada que dele se diferenciam amontoo passagens chegando l quando o l ainda n o deu sinal de si Tiro furo Quem faz feio bonito lhe parece Leva a luz traz a treva e faz fil Vira a causa de pernas para o ar a casaca de frente para tr s Tergiversa retr grado 1975 138 Conclus es sem premissa hip teses sem fundamento passagens amontoadas assim se apresenta o Catatau no qual a experi ncia de leitura ou exegese sempre est na linha t nue entre navegar e se afogar Em Lavoura arcaica a op o de Andr pela pr tica a teoria aparece ligada ao discurso paterno de que ele quer se livrar Teorizar neste romance fazer uso do discurso Sempre que Andr tenta usar o discurso o resultado desastroso acaba contando para Pedro sobre ele e Ana o que ocasiona a cat strofe final tem como respos
95. mesmo ao processo da comunica o cifrada A primeira frase parece apenas reproduzir o sentido do prov rbio a segunda acrescenta um elemento amb guo posso ser til se me vendo onde o verbo pode ser tanto vender quanto vendar e entendedor de colmeias cheias colm ias mel e meias p de meia Continuando a interpreta o microsc pica pode se ver no entendedor no cr tico da arte cifrada um profissional vendido e vendado sobrevivendo de sua especialidade alheio ao que est em volta Num sentido semelhante o terceiro trecho estaria dizendo que todo esse esfor o perdido em criar e interpretar mensagens cifradas poderia estar sendo usado para alguma a o 3 2 2 Marginal O primeiro dado marginal sobre o Catatau de Paulo Leminski pode ser confirmado por sua forma de publica o O livro saiu custeado pelo autor em tiragem de dois mil exemplares trazendo como indica o editorial a imprenta da gr fica Grafipar A revis o do livro gra as extrema complexidade do texto e ao n mero elevado de palavras valise foi feita pela esposa do escritor Alice Ruiz Vaz 2001 167 Outro dado que se acrescenta refere se divulga o um cartaz mostrava Leminski nu sentado em posi o de l tus as pernas encobrindo o sexo com a palavra CATATAU assim em caixa alta sobre sua cabe a 2001 171 O lan amento contribui tamb m para a impress o de marginalidade nele o escritor C
96. n o an rquica dentro das aspira es culturais do Brasil M dici Passarinho 1979 23 Especificamente na literatura essa tend ncia an rquica se identifica com um uso da fragmenta o e das extensivas refer ncias midi ticas Ap s uma discuss o da cr tica liter ria enfocando os debates entre uma cr tica paulista de cunho social e outra carioca e estruturalista de falar das interven es estatais nas universidades e da Pol tica Nacional de Cultura do in cio do governo Geisel os autores voltam literatura comentando o boom da literatura em 1975 segundo eles resultado do fortalecimento do mercado cultural A produ o liter ria ent o considerada em dois p los que representariam op es diversas de relacionamento do escritor com o povo representados por Jorge Amado e Jo o Ant nio um retrataria o povo como caricato e pitoresco enquanto o outro tentaria escrever de dentro do povo integrar se vida dele Enfocam se ent o a rela o entre jornalismo e literatura primeiramente no romance reportagem de Jos Louzeiro logo ap s nas formas consideradas mais complexas e interessantes de Ivan Angelo em A festa e Ign cio de Loyola Brand o em Zero Os autores seguem mencionando uma certa literatura alinhada com a representa o da loucura que viria de Torquato Neto a Carlos Sussekind Armadilha para Lamartine e Renato Pompeu Quatro olhos e se caracterizaria 2 Jos Agripino de Paula autor de Panam ric
97. nal em Zero nem o crime configuram a marginalidade no mundo ficcional do romance A ditadura do pa s de Zero tem um efeito desastroso sobre a economia criando legi es de desempregados pedintes vendedores ambulantes ladr es gente revirando lixo para encontrar comida 1979 133 Quando o bairro do Boqueir o que tomou todo o norte e o leste da cidade abandonado pelas aberra es essa legi o de miser veis se muda progressivamente para l o que cria um problema para o governo Jos inadvertidamente resolve esse problema ao provocar o inc ndio que acaba com o bairro O fogo comendo os bombeiros chamados n o vieram era para deixar Se eu soubesse que era para deixar ent o n o tinha posto fogo em nada 1979 171 75 No microcosmo de Lavoura arcaica Andr se sente margem como uma ovelha negra no mundo familiar Comentando os lugares em que todos sentavam mesa Andr distingue duas linhas na fam lia os que sentavam direita do pai Pedro Rosa Zuleika e Huda e os que sentavam sua esquerda a m e Andr Ana e Lula Segundo Andr O galho da direita era um desenvolvimento espont neo do tronco desde as ra zes j o da esquerda trazia o estigma de uma cicatriz como se minha m e que era por onde come ava esse segundo galho fosse uma anomalia uma protuber ncia m rbida um enxerto junto ao tronco talvez funesto pela carga de afeto 1979 150 51 No lado esquerdo a disfun o
98. nce e uma colet nea do contos e ganhara pr mios o que faz pensar numa certa autocensura das editoras dado o conte do pol tico da obra Zero acabou sendo publicado primeiramente numa tradu o italiana arranjada por meio de uma troca de correspond ncia com Luciana Stegagno Picchio na poca em 1974 professora da Universidade de Roma Somente pela repercuss o da edi o italiana foi poss vel publicar Zero no Brasil pela editora Bras lia Rio No texto h tanto representa es da censura em a o no universo ficcional quanto o uso de estrat gias relacionadas fuga da censura A primeira vez que a 28 As informa es s o retiradas da orelha da edi o de 1979 de Zero Em 1976 j na segunda edi o brasileira Zero foi censurado e recolhido das livrarias sendo liberado apenas em 1979 62 censura aparece representada quando Jos a personagem principal est morando num dep sito de livros de uma editora que j fechou Sem emprego ele l um livro por dia e vende pacotes das publica es para sebos como forma de ir sobrevivendo L romances ensaios gram ticas did ticos livros pol ticos Brand o 1979 45 S o estes ltimos que o narrador adverte que Jos n o devia ler JOS CHEGA DE LER ESSES LIVROS VOC J LEU MAIS DE MIL VOCE NAO E MAIS AQUELE JOSE QUE ENTROU NESSE DEPOSITO BESTEIRA LER ESSAS COISAS SO COMPLICA A VIDA NAO DEIXE AS MIL CIAS REPRESSIVAS SABEREM QUE ESTES LIVROS
99. ncrustado na p gina como imagem Em determinados momentos p ginas 218 249 e 283 aparece um trocadilho visual entre esse s mbolo e uma antena externa de televis o o que se pode interpretar como uma alus o ao car ter de rede dessa resist ncia No romance Lavoura arcaica a censura est ligada autoridade da voz paterna O narrador e protagonista Andr em certo momento diz que tudo em nossa casa morbidamente impregnado das palavras do pai Nassar 1975 39 por essas palavras que se constitui o conjunto de regras da vida familiar comum que Andr quebra Os serm es do pai mesa t m um intuito moralizante Este serm o inclu do no cap tulo nove trata do tempo investigando sua luz uma s rie de prov rbios morais ningu m em nossa casa h de dar nunca o passo mais largo que a perna dar o passo mais largo que a perna o mesmo que suprimir a quantidade necess ria de tempo que pede a nossa iniciativa e ningu m em nossa casa h de colocar nunca o carro na frente dos bois colocar o carro frente dos bois o mesmo que retirar a quantidade de tempo que um empreendimento exige 1975 51 O tempo envolve o pr prio desenvolvimento do discurso A linguagem do pai conforma uma linhagem que come a com o verbo limpo e o asseio mineral do pensamento do av de Andr que a tudo que ocorresse respondia Maktub Est escrito 1975 86 passa pelo pr prio pai que tem necessidade dos
100. ndo nada porque o poema n o foi feito para ser estudado A teoria consagra a viol ncia contra o que h de mais estranhamente humano a arte a poesia 6 A teoria fragmenta a obra leva perda da organicidade do poema qual substitui por um mundo ca tico de pe as cada qual com um nome mais complicado 7 A teoria produto de incapazes e n o humildes Escritores frustrados os cr ticos hoje radicalizam sua impot ncia j n o se querem comentadores de obras mas se querem no lugar delas Em suma a teoria caberia deixar um espa o vago para o adjetivo competente vanguardeira e ou estruturalista instaura o tecnocratismo nas letras substituindo a emo o criadora por equa es abstratas e vazias mata o prazer do texto em nome de monemas e arquissemas introduz a ditadura do sentido sobre a pluralidade significativa Incapaz de construir o te rico atualiza o que o cr tico j trazia em pot ncia a raiva destruidora do texto alheio Descendente dos chato boys de que Oswald falava o te rico o que escreve sobre o que n o sabe fazer Gritemos pois um basta antes que seja tarde Lima 1981 195 196 47 Luiz Costa Lima responde uma a uma essas sete cr ticas De maneira geral seu argumento reside no fato de que teorizar sobre um objeto n o afeta a independ ncia do objeto ou como ele coloca de maneira enf tica Quem presume que o conceito de fruta c trica abole o sabor do lim o A te
101. ninho o cigarro de maconha passando de m o em m o boca em boca sugado mamado devagar enquanto os olhos semifechados espiam o sol que morre na cabe a da Pedra da G vea Aquela paisagem naquele momento m stico a mesma exportada nos postais o Rio para o mundo inteiro Jo o 1987 175 A atitude descrita por Jo o Ant nio e Gilberto Velho n o predomina sendo caracter stica dos primeiros anos da d cada o tempo de coleta de dados para a tese A maconha associada a um certo misticismo lembrando leituras do estilo Carlos Casta eda vem sendo preterida pela coca na sem trazer qualquer conota o semelhante Muito mais cara que a maconha a coca na exige rituais de uso que envolvem o espelho onde colocar o p l minas para separar as carreiras e canudos ou notas enroladas para aspirar o p O status do cheirador definido pelo valor desses componentes l minas de ouro canudos de prata ou notas altas de d lar enroladas Bahiana 2006 348 Reproduzindo as rela es sociais o uso de coca na n o apresenta ideologia contestat ria ou m stica A informa o de quem est vendo as drogas de fora exemplificada por uma mat ria publicada no n mero de maio da revista Ci ncia e Vida Nela se faz refer ncia a uma pesquisa cient fica que comprovaria que as drogas inclusive a pretensamente inofensiva maconha destruiriam os cromossomos fazendo com que os usu rios gerassem filhos anormais Rossion 1975 28 3
102. nsequ ncias te ricas 93 O livro de Gumbrecht enfatiza todo o tempo a centralidade da cultura europ ia ao lado da qual as culturas perif ricas aparecem como objeto de desejo de uma certa autenticidade Am rica do Sul ou de uma artificialidade com ares futuristas Estados Unidos Limitando a reconstru o de 1975 ao Brasil esta oposi o frente a um centro cultural desaparece sendo substitu da por uma centralidade da cultura citadina oposta do campo Da mesma forma op es que para Gumbrecht aparecem de forma muito geral como o c digo que op e a o e impot ncia acabam no meu trabalho pedindo uma abordagem mais pr xima do que havia no Brasil em 1975 como a oposi o entre engajamento e desengajamento Analiso a posi o dos romances do corpus dentro do campo cultural de 1975 no meu terceiro cap tulo Come o por uma leitura das hist rias da literatura que tratam da d cada de 1970 situando os romances nos percursos das hist rias J a an lise dos romances tem por inspira o a an lise que Gumbrecht fez ao final de Em 1926 da obra filos fica Ser e tempo de Martin Heidegger e dos romances Kampf der Gestirne de Friedrich Blunck e Nigger heaven de Carl Van Vechten Gumbrecht acompanha o argumento do livro de Heidegger encontrando a cada ponto a interfer ncia da escolha entre op es culturais presentes em 1926 at o ponto em que aparecem todos os dez c digos tratados no livro de Gumbrecht
103. nto Filosofia Est tica 16 Oficina de Cria o Liter ria Il 2001 Oficina reas do conhecimento Literatura Brasileira 108 17 Oficina de Cria o Liter ria 2001 Oficina reas do conhecimento Literatura Brasileira 18 F rum Mundial de Educa o A educa o no mundo globalizado 2001 Outra reas do conhecimento Educa o Totais de produ o Produ o bibliogr fica Livros Publicados rear dado USE e Era Gran R AS DOG a Da E a SE AP SCE O O N SE RS LL O ua di pas pre o Livros DURA ss E ECA E DE A RI ES E E a a AO PS GAS E DRA ES Cap tulos de livros publicados sms mena A aa E a DR GUS DRE PAS RO aa O SUS Ame RSS Toe de o Jornais de Noticias nne eanan o si sann E rar eo es gAT o Lui no ao ba 3 PIB a ve cash Aa Ia Le ae Sand a Pede be ob Sid CUT EO AL anta a neta EDS Revistas MAGAZINES reste A nina DEE Goa RISADAS E EA de E E A Gp Go ES a E Eno pus Sa Comunica es em anais de congressos e peri dicos proceedings e Suplementos russas escassa Eventos Participa es em eventos COngressSo das TD a O Da e EE a dE Ra a a EE Participa es em eventos SEMINAELO eau D alicia Ste DE raia ta a caniTE aca AUS JeCELO La Dt a d o Ela ba S E o Caraca EA Da es Participa es em eventos oficina gaste Lita ra EE asa onda Apa a ec TE Cana Tr EDER go ta PE aro aca Pe EE Participa es em eventos encontro ss ima dr sta ESSE a pacas 16 a o SU IS 0 paia dd a E Cano GRASS a E Part
104. nto est tamb m na literatura e nas demais artes O novo livro de poemas de Thiago de Mello por exemplo assume esse compromisso desde o t tulo Poesia comprometida com a minha e a tua vida Thiago j n o pratica um engajamento ing nuo como o dos antigos CPCs Centros Populares de Cultura do in cio dos anos 60 que tentavam assimilar a poesia popular a um certo didatismo A poesia de Thiago embora isenta de barroquismos n o nega sua matriz erudita nem se engana conclamando a uma revolu o distante J sofri o suficiente para n o enganar a ningu m principalmente aos que sofrem na pr pria vida a garra da opress o e nem sabem N o n o tenho o sol escondido no meu bolso de palavras tempo sobretudo de deixar de ser apenas a solit ria vanguarda de n s mesmos Se trata de ir ao encontro Os que vir o ser o povo e saber ser o lutando Mello 1984 329 Para Thiago de Mello o engajamento o comprometimento com a minha e a tua vida passa pelo processo lento de sair do individualismo em dire o ao coletivo N o se trata mais do caso de uma subleva o das massas mas de um trabalho de resist ncia e constru o de ir ao encontro O engajamento como vimos j n o uma filia o autom tica a Moscou Cuba ou Pequim mas um complexo de poss veis associa es com fins e meios diversos que podem ou n o se unir estrategicamente No entanto h ainda o outro l
105. nto na luta pol tica leva a alian as estranhas como a do comunismo com a Igreja Cat lica Um exemplo dessa alian a pode ser lido no texto da confer ncia de D H lder C mara publicada no segundo dos Cadernos de Opini o inicialmente proferida na Universidade de Chicago e intitulada O que faria S Tom s de Aquino diante de Karl Marx Na confer ncia D H lder lembra que Arist teles era um fil sofo proscrito poca de Santo Tom s a filosofia corrente do s culo XIII descendia de Agostinho e de uma long nqua heran a neoplat nica O santo confiava o bastante na f crist para saber que ela n o tinha nada a perder sen o muito a ganhar com qualquer uso aut ntico da raz o C mara 1978 152 Santo Tom s corrigiu os erros consequ ncias de inseguran a no uso da raz o presentes em Arist teles fazendo com que o pensamento crist o e o aristot lico se adequassem um ao outro Assim imprimiu um car ter cient fico teologia preparando a para os tempos que viriam para a valoriza o da raz o natural do corpo do homem do conhecimento da natureza material e mesmo nos diz D H lder da autonomia relativa do Estado em rela o a Igreja 1978 154 Id ntico desafio ao que o paganismo aristot lico representava no s culo XIII continua o arcebispo agora representado pelo marxismo que parece intrinsecamente anti religioso e anti crist o Para Marx a liberta o do homem passa
106. o acreditando realmente na ideologia do Mini manual Jos vai indo junto com os Comuns Sua convers o ideol gica s se d quando capturado nos Estados Unidos ap s o campo de treinamento dos Comuns ter sido atacado e ele largado no interior Senti e isso me deu for as que eu era um lat ndio americano que n o era nada diante do mundo e que para n s estava destinado o estigma que perseguiu os judeus mil nios O transplante da persegui o e segrega o e opress o Percebi que haveria nova ra a humilhada ofendida cuspida resto humano dejeto carne inexistente em cima de osso inexistente explorada usada Acabava naquele momento verdeamarelado um ciclo o judaico para iniciar outro o lat ndio americano Passavam para n s as dores e os desesperos do mundo N s pior subdesenvolvidos subnutridos miser veis doentes Talvez dentro de mil anos curtidos sejamos como eles uma coisa 87 dif cil de se destruir e em mil anos sejamos substitu dos por um novo ciclo 1979 281 A convers o de Jos constitui uma tomada de consci ncia frente a sua condi o marginal que n o implica no simplismo t tico dos Mini manuais dos Comuns O percurso da personagem leva a reconsiderar criticamente o caminho da luta armada ao mesmo tempo que reconhece a opress o que faz com que ela surja S o extremamente t nues os tra os que podemos encontrar no Catatau sobre a quest o do engajamento
107. o e Sebasti o Uch a Leite Uma outra corrente enxergada por Flora a passagem a uma poesia reflexiva que recusaria a anota o do cotidiano Agora eu sou profissional que finaliza o livro trata dos dilemas da literatura do in cio dos anos 1980 em processo de profissionaliza o Ambos os livros analisam a literatura dos anos 1970 no contexto maior da produ o cultural do per odo o que dificulta a aplica o de divis es estanques Por m algumas constantes est o presentes pelo menos na prosa Tanto o ensaio de Gon alves e Hollanda quanto o livro de Flora S ssekind tratam de uma literatura ligada representa o da realidade seja sob a forma da apropria o da linguagem jornal stica seja no realismo transcendental do primeiro ensaio seja no neonaturalismo e na alegoria de Flora Tamb m discutem uma literatura da mem ria que podem ser mem rias propriamente ditas como as de Pedro Nava mas tamb m mem rias pol ticas como as de Gabeira ou investimentos no ego picaresco Mencionam por fim valorizando positivamente uma literatura do investimento ling stico que inclui a est tica do fragmento de Waly Salom o as narrativas de loucura e os textos da materialidade da linguagem de que Flora fala Na poesia as diverg ncias de tratamento s o maiores Freitas Filho distingue linhagens estil sticas para os poetas conforme eles invistam no poema de cortes r pidos no m stico ou nas dic es
108. o e tenta voltar Uma dessas casas minha Subiu desceu contornou voltou virou cruzou atravessou desceu subiu Cal adas em cimento cinza lajotas de cimento espa os de um metro para o jardim janelas azuis muros de um metro como espelho infinito em que a vila se reproduzia mil vezes Brand o 1979 144 Apesar dos enclaves de planejamento governamental a maior parte da metr pole tem um ar ca tico Pedintes ambulantes e congestionamentos comp em o ambiente H um mundo escondido da cidade ao entrar para o grupo de guerrilha urbana dos Comuns descobre que eles dominam uma rede subterr nea escavada ao longo dos quinze anos pregressos de ditadura que abarca a cidade inteira Essa tamb m a interpreta o de Fischer 1991 83 O campo em Zero visto negativamente de onde v m as aberra es exibidas no Boqueir o e os migrantes nortistas e nordestinos procura de emprego Quando Jos vai para o campo sempre com um fim espec fico em mente No primeiro caso em que isso ocorre quer pedir a m o de Rosa aos pais dela Por m a experi ncia na cidadezinha horr vel Jos recebe um trote telef nico caluniando Rosa no qual ele diz que n o acredita mas fica em d vida Logo depois apanha na rua dos mesmos playboys que passaram o trote 1979 77 81 A segunda vez que Jos vai para o campo para treinar no acampamento dos Comuns o que tamb m termina mal j que eles s o descobertos e
109. o n o a modificarei ao cit la Esse crit rio tamb m ser utilizado para as cita es provenientes dos outros dois romances pois tamb m eles usam a linguagem de uma maneira bastante pr pria 30 O pa s por vezes identificado com o Brasil na p gina 99 onde inclusive citado o Copacabana Palace Noutras o Brasil citado como pa s estrangeiro 63 pro bem totalmente qualquer m sica que n o seja sacra ou patri tica 1979 141 e se cassam todas as concess es de r dio e televis o 1979 146 O controle das formas de express o n o s negativo e proibitivo como positivo buscando que o governo alcance com sua voz todos os cidad os De in cio isso se d pela instala o de alto falantes que transmitem os ditos do governo Agora esses alto falantes em alta pot ncia falar o e o povo ouvir nem que ponha algod o cera tapa ouvidos 1979 63 Depois s o contratados arautos que l em nas pra as os comunicados do governo Por fim quando s o cassadas as concess es de r dio e televis o criada uma obrigatoriedade de se ouvir ou ver os pronunciamentos oficiais As comunica es oficiais vinham pela televis o s nove da noite Uma fita como de m quina registradora marcava se o aparelho estava ligado ou desligado Era melhor ligar mesmo que n o se ouvisse Mas era melhor ouvir De repente podiam bater na porta levar a fam lia fazer um exame a respeito da ltima comunica o Quando m
110. o que exatamente o Grande Sil ncio a configura o frasal apenas retoma temas conjugando o sil ncio com um tratamento do urbanismo da Recife holandesa que tamb m perpassa o texto Ao sil ncio tamb m acrescentado o 33 Nunca se sabe se o narrador realmente Cart sio As incurs es de Occam desestabilizam o discurso a tal ponto que se pode pensar numa narrativa conjugada entre os dois Falo mais da rela o entre Cart sio e Occam arriscando uma interpreta o um pouco diversa da usual na subse o sobre a oposi o entre teoria e pr tica dentro da se o Os c digos e os tomances abaixo 69 sentido de supress o mais pr ximo da censura reduzamo lo ao sil ncio que se faz mister na atual desconjun o 1975 147 De forma expl cita a censura poucas vezes aparece no Catatau Uma das passagens que mais claramente falam da censura a seguinte N o vejo inconveniente n o conhe o conven as para bem dos incautos instituiu se a persuas o universal de que tudo vai bem quando ningu m se queixa de que lhe pro bam a boca de abrir se a of cios que n o os prestados pelo paladar O entendimento instru do atenta nisso sem sequelas ningu m se queixa de que lhe pro bem a boca de abrir se a of cios que n o os prestados pelo paladar 1975 31 A repeti o dentro do pr prio trecho enfatiza a alus o Seu funcionamento no entanto n o parece ser interno ao universo do romance nele n o menci
111. onado quem teria o poder de tal proibi o se o pr ncipe Maur cio de Nassau se os portugueses se a classe dos europeus invasores como um todo parece antes que se intenta uma liga o com o contexto brasileiro Al m de men es e temas o pr prio funcionamento da linguagem do Catatau aproveita estrat gias relacionadas censura O aspecto fragment rio do texto faz pensar na supress o dos elementos conectores o que pode se interpretar a partir do pr prio texto Certos tra os marcando certas aus ncias asc ncias s atravessas 1975 44 H um trecho na p gina 203 em que muitas palavras s o substitu das por xxxxxxxxx como se fossem apagadas com uma rasura de m quina A ambiguidade uma das estrat gias de resist ncia censura perpassa o texto inteiro Conheci um homem que praticava tr s tipos de ambiguidade sete estilos de ironia e uma maneira contradit ria de fazer que sim 1975 127 H uma infinidade de trocadilhos e duplos sentidos O lado do receptor da mensagem cifrada tamb m tratado Abom entendedor em meados de palavra estamos entendidos 1975 12 Posso ser til se me vendo claro mas entendo e entendendo me fazendo de meu entendedor de meias colcheias e colmeias cheias 1975 22 70 Para bom entendedor meia palavra n o de bosta nenhuma bom entendedor faz o que bem entender 1975 97 A compara o das tr s cita es permite ver a ambiguidade que Leminski aplica
112. onde 4 CONSIDERA ES FINAIS No final de Em 1926 fazendo um balan o dos resultados do seu livro Hans Ulrich Gumbrecht diz que os diferentes dispositivos c digos e quebras de c digos formam um campo de op es que estavam potencialmente dispon veis em todo o mundo cultural ocidental em 1926 1999 527 Dentro desse campo a posicionalidade a op o por um lado ou outro dos c digos bin rios ou a op o por n o optar correspondente aos c digos em colapso torna se crucial estabelecendo escolhas mais prov veis frente a outras Assim a escolha de Martin Heidegger pela autenticidade como valor na obra Ser e tempo uma escolha prov vel que n o causa surpresa dado o campo de op es culturais e o lugar central europeu de onde fala o fil sofo A descri o desse campo de op es culturais presentes no ano de 1926 abarca quase todo o livro de Gumbrecht Os dispositivos c digos e c digos em colapso descritos cruzam no seu texto centenas de artefatos obras liter rias pessoas e temas provenientes de lugares os mais variados do Ocidente da Europa Am rica do Sul Em contraste evidente meu segundo cap tulo que se prop e a fazer uma descri o semelhante de 1975 utiliza um n mero pequeno de fontes atendo se ao Brasil como localiza o geogr fica O que foi decidido como maneira de lidar com o tempo reduzido um ano dispon vel para a elabora o desta disserta o de Mestrado tem certas co
113. onforme nos diz a biografia de Leminski escrita por Toninho Vaz 2001 172 O livro Catatau as medita es da incerteza de Romulo Valle Salvino diz ter sido de cinco mil exemplares a edi o sem citar fonte 2000 22 N o h indica o de tiragem no Catatau ele mesmo Palavras valise s o palavras comp sitas entre duas outras Teriam sido criadas por Lewis Carroll na can o do Jaberwocky Jaguadarte em seu livro Alice no pa s do espelho Era briluz As lesmolisas touvas Roldavam e relviam nos gramilvos Estavam mimsicais as pintalouvas E os momirratos davam grilvos A segunda palavra desta primeira estrofe da can o j uma palavra valise unindo os termos brilho e luz O procedimento tamb m usado extensivamente por James Joyce no Ulysses e no Finnegans Wake 71 autografava o livro com a impress o de seu polegar direito em tinta vermelha de carimbo 2001 172 Se a edi o independente aproxima o Catatau literatura marginal h outros dados que o afastam O primeiro a complexidade da linguagem longe dos poemas em ritmo de fala que caracterizam a obra de poetas como Ana Cristina C sar Cacaso Chacal ou Francisco Alvim H no fundo uma inten o que se pode dizer semelhante uma atitude que usa a linguagem enquanto ready made not vel na apropria o marginal da fala cotidiana e no uso de prov rbios e ditos populares no Catatau mas o resultado n o poderia ser mais diferente
114. oria funciona acrescentando dimens es ao texto de nenhuma forma pretendendo substituir o texto ou o ato da leitura Para captar essas novas dimens es necess rio o emprego de conceitos e formaliza es De qualquer forma a defesa de uma n o teoria subentende j uma outra teoria um conceito pr prio de literatura Lima 1981 196 198 Um tipo de cr tica n o previsto por Costa Lima se desenvolve no artigo de Ana Cristina C sar no Opini o de 12 de dezembro Segundo ela o crescimento do debate sobre o tema leva a formula es metaf ricas como as de um debate entre a Raz o e o Irracionalismo entre a Ci ncia e a Ideologia entre as Luzes e as Trevas ou no limite entre Galileu e a Santa Inquisi o C sar 1999 146 Para Ana Cristina colocar o debate nesses termos estar numa canoa furada Deve se relacionar o debate da teoria com o uso desta dentro da Universidade A teoria n o teria qualquer necessidade de justifica o de exist ncia j que a reflex o sobre a literatura est institucionalmente legitimada O debate diz a autora deve se dar como rea o a uma forma de impor utiliza o de determinados termos e teorias em detrimento do aluno e da pr pria literatura 1999 146 Grifo no original Trata se de politizar as teorias indicando os seus usos repressivos e recusando uma discuss o simplesmente epistemol gica 1999 147 Grifo no original A recusa discuss o
115. os ou 32 encapuzados a propriedades rurais onde incomunic veis s o v timas de tortura Brasil 1986 243 6 H casos ainda em que sequer h um processo pois as pessoas simplesmente desaparecem o que acontece por exemplo com alguns dirigentes do clandestino Partido Comunista Brasileiro entre eles Elson Costa que sumiu dia 14 de janeiro e Jos Montenegro de Lima preso dia 29 de setembro que teve sua pris o logo ap s negada pelas autoridades n o mais reaparecendo Brasil 1986 266 Gaspari 2004 24 Em janeiro o MDB Movimento Democr tico Brasileiro partido de oposi o ao governo recolhe cento e trinta e oito assinaturas para formar uma Comiss o Parlamentar de Inqu rito sobre viola es de direitos humanos O requerimento lista os nomes de vinte e dois desaparecidos Em fevereiro o governo responde atrav s do ministro da Justi a Armando Falc o que divulga uma nota oficial sobre o paradeiro de vinte e sete cidad os inclusive alguns que nunca desapareceram como o economista Paul Singer A CPI acaba n o ocorrendo pois cento e oito parlamentares retiram seus nomes da lista Gaspari 2004 35 40 Para uma parcela da juventude viver fora de casa n o significa persegui o pol tica Muitos querem simplesmente um espa o pr prio o desejo expresso por exemplo no sucesso Na rua na chuva na fazenda casinha de sap do lbum hom nimo de Hyldon 1975 faixa 1 A partir do tema cl s
116. ot ncia Trag dia Autenticidade Artificialidade Vida Centro Periferia Infinitude Iman ncia Transcend ncia Morte Individualidade Coletividade L der Macho F mea Quest o de G nero e Presente Passado Eternidade 1999 7 16 da vida di ria n o registrados na historiografia utilizo o Almanaque anos 70 de Ana Maria Bahiana 2006 Especificamente quanto aos dispositivos concedo a eles no que segue uma forma mais geral daquela apresentada por Gumbrecht Enquanto ele escreve verbetes para elementos t o espec ficos quanto elevadores e gomina opto por reunir pap is e artefatos que podem parecer diversos sob uma nica rubrica tendo em vista o reduzido n mero de elementos estudados Assim a marginalidade congrega tanto o bandido pobre como o drogado de classe m dia e o poeta marginal e mesmo sua poesia como artefato Para acentuar a imers o nos mundos cotidianos uso no segundo cap tulo o presente do indicativo como tempo verbal este presente do texto ser o ano de 1975 Tamb m d iticos como este ano s o usados referindo 1975 Em ambos os casos sigo o exemplo de Gumbrecht que redigiu dessa forma seus verbetes As fontes prim rias citadas principalmente obras liter rias e can es tiveram sua primeira edi o ou seu lan amento em disco no ano de 1975 Se outras datas aparecem na refer ncia porque n o pude realizar a consulta na edi o original tendo que usar reedi
117. para casa 1975 32 Suas tentativas de quebrar com a estrutura familiar d o se dentro do mbito da pr pria fam lia como o incesto Sua fuga um ato de revolta sem o desejo de se integrar a alguma outra forma de vida Ao ser encontrado por Pedro Andr n o Ihe conta nada sobre onde trabalha ou como arruma dinheiro ou dos lugares onde passou ou afinal o que fez Tudo que importa e tudo sobre que ele fala a vida na fazenda que deixou Se o desejo de Andr de uma integra o perversa ao ambiente familiar o de seu irm o Lula que planeja imitar sua fuga parece ser o de realmente deixar TT a fam lia Andr expressara a Ana sua vontade de se integrar vida de trabalho bra al da fazenda de cuidar dos campos e animais Lula conversando com Andr revela n o querer nada disso N o ag ento mais esta pris o n o ag ento mais os serm es do pai nem o trabalho que me d o e nem a vigil ncia do Pedro em cima do que fa o quero ser dono dos meus pr prios passos n o nasci para viver aqui sinto nojo dos nossos rebanhos n o gosto de trabalhar na terra nem nos dias de sol menos ainda nos dias de chuva n o ag ento mais a vida parada desta fazenda imunda 1975 173 Lula quer se afastar realmente da fam lia se Andr era c tico sobre as festas para os sentidos que a vida fora de casa poderia proporcionar Lula quer exatamente essas festas conhecer lugares e pessoas ter aventuras viver
118. partir de meados do ano n o h mais caricaturas no seman rio Opini o anteriormente marcado pelo grande uso desse recurso Machado 1978 124 Para falar do que n o se pode h diversas estrat gias que t m sido adotadas O discurso vago e amb guo uma delas Pode se verificar seu uso no 19 seguinte trecho do editorial Garantia de tranquilidade da revista Veja do dia 5 de novembro Na impossibilidade de apresentar um quadro menos gen rico Veja declara o d bito de uma contribui o mais expl cita a essa serenidade e a essa f que confia poder saldar t o logo lhe seja poss vel Kushnir 2004 47 Para decodificar o que est impl cito necess rio cruzar informa es dos dias anteriores A parte anterior ao trecho citado mencionava a visita do presidente Ernesto Geisel ao Rio de Janeiro e a S o Paulo referindo se a seu discurso numa reuni o de agentes de viagens que acontecera na primeira cidade no dia 27 de outubro No discurso o presidente louva a cordialidade brasileira e nossa compreens o human stica da vida Gaspari 2004 185 A contribui o em d bito do editor Mino Carta seria ligar o discurso do general ao suspeito suic dio ocorrido no dia 25 do mesmo m s do jornalista Vladimir Herzog mostrando o quanto h de paradoxal em se falar de cordialidade e humanismo ou de serenidade e f sob o peso das d vidas que pairam a morte de Herzog Por outro lado a censura tamb m apare
119. partir dos conceitos de dispositivo que s o artefatos ou pr ticas cotidianas e de c digo op es culturais dispostas em pares de oposi o reproduzindo o experimento realizado por Hans Ulrich Gumbrecht no seu livro Em 1926 vivendo no limite do tempo A partir dos dispositivos e c digos definidos s o analisados os romances Catatau de Paulo Leminski Lavoura arcaica de Raduan Nassar e Zero de Ign cio de Loyola Brand o O objetivo a leitura das obras do corpus luz da sua poca num espa o de simultaneidade relacionando hist ria e literatura PALAVRAS CHAVE Hist ria da Literatura Literatura brasileira Romance brasileiro ABSTRACT Based on the concepts of array objects or daily practices and of code cultural options arranged in opposing pairs this master s degree dissertation studies the year of 1975 in Brazil This study reproduces Hans Ulrich Gumbrecht s experiment carried out in his book In 1926 living at the edge of time The novels Catatau by Paulo Leminski Lavoura arcaica by Raduan Nassar and Zero by Ign cio de Loyola Brand o are analyzed through the predefined arrays and codes The objective is the reading of the corpus s novels in the light of their time in a simultaneous space relating history and literature KEY WORDS Brazilian literature Brazilian novel Literary history SUM RIO 1 CONSIDERA ES INICIAIS eee 8 Ta Tedha n onna Sa E Rare pes Sopra a sebo a aaa o so
120. pela supera o das aliena es entre as quais a religi o A religi o aliena n o s por estar do lado dos opressores materiais mas por reconhecer uma inst ncia superior frente qual o homem se reduz a um escravo a um objeto 1978 155 Para D H lder no entanto nem a religi o representa hoje uma for a de opress o secular estando a Igreja crist diretamente envolvida em a es 40 libert rias nem Deus subjugador j que o homem participa da natureza divina e sua a o causa gl ria ao Criador Deus encarrega o homem de dominar a natureza e completar a cria o sem limites como um co Criador 1978 156 O arcebispo ainda v aproxima es entre cristianismo e marxismo nas no es de f e de praxis uni o entre medita o e ensino medita o e a o 1978 158 Tal aproxima o entre marxismo e cristianismo deve tomar cuidado tanto com as superpot ncias socialistas opressoras quanto com os crist os ao menos de nome e origem que formam a minoria m nima que de maneira injusta det m a quase totalidade dos recursos da terra deixando mais de 2 3 da Humanidade em situa o sub humana 1978 160 O engajamento de D H lder prop e que a Igreja a partir da teoria e praxis do marxismo modifique a si mesma fazendo com que n o seja o suficiente ser crist o apenas de nome e origem H um novo receitu rio um socialismo crist o que se deve seguir O
121. pilhadas na cidade enquanto os tecnocratas afiam o arame farpado Passamos anos e 37 anos preocupados com o que alguns cientistas cretinos ingleses e alem es Humboldt disseram sobre a impossibilidade de se criar uma civiliza o abaixo do Equador e decidimos arrega ar as mangas acabar com os papos de botequim e partindo de nossas lanchonetes de acr lico fazer uma civiliza o como eles queriam e constru mos S o Paulo Santo Andr S o Bernardo e S o Caetano as nossas Manchesteres tropicais com suas sementes mort feras Estamos matando todos os bichos nem tatu ag enta v rias ra as j foram extintas um milh o de rvores s o derrubadas por dia daqui a pouco todas as jaguatiricas viraram tapetinho de banheiro N o d mais para Diadorim Fonseca 1990 173 No trecho o crescimento das cidades aparece associado t cnica e ci ncia Por um lado boa parte do crescimento populacional nessas cidades do estado de S o Paulo causado pelo crescimento industrial O II Plano Nacional de Desenvolvimento decretado ano passado prev para esse ano um crescimento global da economia brasileira de dez por cento semelhante ao crescimento que tem se verificado desde o in cio da d cada preciso gente para tudo isso preciso madeira e mat ria prima o que levanta mais um lado da quest o que aparece no texto o da depreda o da natureza e portanto do campo Por outro se cidades como S
122. poeta a Alice Ruiz e a Augusto de Campo D cio Pignatari e Haroldo de Campos 12 negros lhe tinha sido passada por Artyczewski o capit o polon s que Cart sio espera Leminski 1975 2 Conforme a personagem afetada pela droga a natureza brasileira com o seu calor e seus animais fant sticos e incompreens veis passa a constituir uma amea a a sua raz o europ ia Nos pontos m ximos do del rio se d o os ataques de Occam o dem nio que subverte o discurso de Cart sio fazendo com que sua raz o e mesmo seu ego fiquem submersas na massa textual fragment ria Espalham se pelo texto refer ncias ao vocabul rio da maconha com termos como marofa a fuma a e larica a fome que o usu rio sente depois de fumar A segunda forma da marginalidade atinge os ndios e negros que no romance s o associados ora aos b rbaros persas ora aos p s rapados gregos que os derrotaram com for as inferiores A associa o amb gua pode ser vista como uma maneira de lidar com pontos de vista diversos de problematizar o lugar de onde s o definidos o centro e a margem Por m como tudo no romance n o se consegue distinguir se essa problematiza o feita conscientemente por Cart sio ou se efeito dos ataques do dem nio Occam No mais das vezes e numa dic o menos fragment ria possivelmente a de Cart sio o centro associado a uma id ia de superioridade europ ia Em determinado momento
123. preso de forma extralegal e torturado Raptado num Corcel branco trancado numa sala de um pr dio no centro da cidade onde 43 As palavras e nomes com x recorrem a todo o tempo no romance com v rias men es aos reis persas Xerxes e Artaxerxes al m do momento de que j falei na an lise sobre a censura em que os nomes s o cobertos por xxxxxxx Creio que a recorr ncia proposital dado que x tem o valor matem tico de inc gnita de algo que deve ser decifrado 80 o deixam sem comida e bebida Desmaiado o levam para outra sala onde lhe d o de beber primeiro gua depois salmoura Ap s levar socos e perder alguns dentes um padre entra na sala e pede que Jos confesse Conseguindo se soltar Jos bate com um banco na cabe a do padre Quatro homens se revezam lhe batendo Podiam ser cinco quinze n o importa S o apenas n meros 1975 177 depois do que o soltam N o se descobre quem foi o respons vel pelo pris o 1975 174 77 tila o amigo de Jos tamb m vai para a pris o por motivos pol ticos O desocupado tila apenas acompanhava Jos nas a es do grupo de G n o tendo nem id ia de quais suas motiva es ou seus planos ulteriores N o sabendo realmente de nada n o confessava nada fazendo que o torturador Ternurinha achasse que sua resist ncia era resultado de seu treinamento guerrilheiro tila passa por choques pau de arara queimaduras afogamento cor
124. quarto da velha pens o interiorana Em certo ponto da conversa Andr resolve p r grito nesse rito revelando ao irm o tudo o que mantinha em segredo sua canastra de adere os sua paix o pela irm Ana O resultado o sil ncio entre eles na viagem de volta fazenda e o sil ncio subsequente que Pedro deve guardar e que como usu rio do verbo paterno acaba n o suportando revelando tudo ao pai e desencadeando a cat strofe ao final O segundo momento ocorre dentro da capela da fazenda com Ana que fugira para l ap s a consuma o do incesto com Andr Encontrando o sil ncio da irm Andr embarca numa longa declara o de amor idealizando uma vida na qual ele ovelha negra se reintegraria no processo da fam lia pela pr pria liga o a ela eles viveriam juntos em segredo e Andr passaria a ser um trabalhador que falaria sobre coisas simples como todos e que poderia puxar finalmente a conversa remota que ele nunca tivera com o pai na qual o pr prio uso do verbo o reabilitaria 1975 121 22 Andr n o parece perceber que realizando se essa situa o reduplicaria o uso paterno do discurso no qual h coisas que n o devem ser ditas A resposta de Ana fala de Andr o sil ncio obstinado e a fuga da capela deixando o sozinho e causando sua sa da de casa 66 O terceiro momento realiza se na conversa de Andr com o pai que ocupa o cap tulo vinte e cinco realiza o deturpa
125. que o apelo de Terezinha pode de alguma forma macabra estar sendo ouvido pelos torturadores As caracter sticas do ex lio como o estar isolado da fam lia e de casa assemelham se quelas da pris o Um caso ilustrativo ocorre na pris o de Ilha Grande no Rio de Janeiro protagonizado pelos presos pol ticos que ali se encontram A col nia penal de Dois Rios fica no interior da ilha distante de sua costa Nela o isolamento completo As visitas s o extremamente dificultadas pela dist ncia os presos reclamam que seus parentes gastam vinte horas somando a ida e a volta para uma visita de tr s horas A pris o conhecida pelos maus tratos aos prisioneiros sendo chamada de llha do Diabo Gaspari 2004 85 Passetti 2003 Revoltados com a situa o os presos pol ticos come am no fim de abril uma greve de fome lan ando um manifesto em que reclamam das condi es referidas acima maus tratos alimenta o dist ncia das fam lias Trinta e tr s presos a assinam Em 19 de maio ap s vinte dias de greve de fome o governo federal cede e os presos pol ticos s o transferidos para pris es no continente Gaspari 2004 86 Essa possibilidade de negocia o somente aparece quando os presos est o minimamente acess veis ao mundo externo Alguns processos na Justi a Militar referem a exist ncia de c rceres extralegais sendo utilizados pela for a repressiva do governo Os depoentes dizem terem sido levados vendad
126. r fica na regi o Norte Raduan Nassar e Ign cio de Loyola Brand o est o quase juntos no sudeste A Brand o em especial dada certa nfase Ap s percorrer as regi es a autora arrola uma lista de autores representantes da vitalidade da prosa de fic o no Brasil contempor neo Stegagno Picchio 2004 647 A se o dos nascidos em 1930 60 seguida por uma chamada A escrita das mulheres Luciana explica a separa o da an lise dizendo que Nos anos 1930 quando Rachel de Queiroz surgiu com O quinze teria parecido talvez redutivo e at racista falar de literatura feminina teria sido ent o uma forma de apartheid 55 que nem as mulheres aceitariam nem a cr tica de ambos os sexos ousaria propor Mas neste in cio de s culo quando j t o forte aparece a contribui o das mulheres vida p blica do pa s em todos os setores talvez aconselh vel voltar a conjuntos como sexo ra a categoria e regi o para melhor se apreciar a peculiaridade da cosmovis o e portanto da contribui o de cada um quele conjunto superior que continuamos a chamar de literatura brasileira 2004 648 Na an lise em si Luciana se at m a uma ordem cronol gica em flagrante contraste com a distribui o regional escolhida para os prosadores homens A autora dedica uma subse o separada fic o cient fica ao esoterismo e a astrologia que ela entende como fen menos paraliter rios 2004 651 sem exp
127. r n o acredita na possibilidade de realmente escapar de casa do mundo familiar e do trabalho em fam lia da lavoura Ele considera coisas do direito divino coisas santas os muros e as portas da cidade Nassar 1975 138 mas n o para a cidade que vai e sim para dentro de um quarto o que dizer para dentro de si mesmo Nada da vida da cidade interiorana onde fica a pens o de Andr revelado A nica personagem do romance realmente atra da pela cidade Lula conforme ele exp e na sua j mencionada conversa com Andr Como sugere o t tulo do romance o mundo rural do romance arcaico A fam lia trabalha toda junta na lavoura e prepara seu pr prio p o tentando retirar o m ximo da subsist ncia poss vel desse trabalho Pouqu ssimas rela es externas fazenda aparecem no livro Desses o nico individualizado o velho tio imigrante que toca flauta os outros s o amigas de Zuleika e Huda ou apenas circundantes A vila pr xima fazenda constitui um lugar onde se compra v veres ou onde Andr frequenta o prost bulo A fazenda e a fam lia se isolam do mundo externo Esse isolamento e auto sufici ncia levados ltima consequ ncia resultam no incesto de Andr O alinhamento do romance com o p lo do campo pode ganhar um certo car ter amb guo se considerarmos novamente o t tulo Afinal caracterizar como arcaica a lavoura significa dizer que ela n o mais do presente que ela est desapa
128. rabalho resulta de influ ncias que surgiram no decorrer do curso de Mestrado em Teoria da Literatura na PUCRS Ao entrar no curso confesso que tinha uma id ia ainda rom ntica de que a Hist ria ou a Hist ria da Literatura seria uma narrativa organizada que desse um sentido de progresso ao que narrado Naquele momento minha leitura identificava nas hist rias da literatura brasileira uma valoriza o da rela o mim tica das obras liter rias com o social progredindo no sentido da representa o de novas realidades sociais Meu ideal era uma hist ria da literatura que acompanhasse o desenvolvimento da inven o formal aproximada id ia do paideuma de Ezra Pound e de seu tratamento pelos concretistas brasileiros Escolhendo a Hist ria da Literatura como rea de concentra o do curso de Mestrado eu queria revitalizar o estudo de experi ncias formais que as hist rias pregressas teriam esquecido Dentro dessa perspectiva interessei me por uma linhagem do romance da poca da ditadura militar uma linhagem que associei ao experimental Ela come aria j em 1964 com A paix o segundo GH e iria at os anos 1980 com os romances de Reinaldo Moraes Tanto faz e Abacaxi e o Agora que s o elas de Paulo Leminski Nesse momento uma influ ncia inesperada se interp s jogando me de cabe a na p s modernidade e na cr tica historiografia Um curso com a professora Heidrun Krieger Olinto da PUC do Rio de Janeiro inti
129. re a sobreviv ncia da poesia marginal no contexto p s 1980 a poesia oriunda dos marginais n o teria import ncia est tica ou liter ria Brasil 1999b 277 O ltimo cap tulo de A literatura no Brasil Vis o final de Afr nio Coutinho menciona a continuidade de uma poesia alternativa e da poesia marginal ressaltando que Desde Guimar es Rosa est em jogo a busca de uma nova linguagem ou express o art stica para a literatura Coutinho A 1999 365 O autor cr que cedo demais para se denominar caracterizar ou delimitar o novo per odo da literatura brasileira A edi o de 1994 revista e aumentada da Hist ria concisa da literatura brasileira de Alfredo Bosi inclui a literatura posterior a 1970 no oitavo cap tulo da obra sob o t tulo Tend ncias contempor neas Contempor neo para Bosi o que vem depois da revolu o de 1930 O cap tulo trata da prosa da poesia e da cr tica em se es separadas A reda o da maior parte do cap tulo de 1968 69 conforme nota do autor Bosi 1994 386 os trechos redigidos posteriormente variam de 1979 data de uma nota p gina 387 aos anos 1990 sendo estes acrescentados ou como notas ou ao fim dos trechos de 1968 69 como novas subse es dando conta do que ocorre posteriormente A an lise da prosa dos anos 1970 feita na subse o A fic o entre os anos 70 e 90 alguns pontos de refer ncia n o traz classifica
130. recendo Esse tamb m pode ser o sentido da passagem do verbo de pai a filho o discurso simples e puro do av Maktub se descaracteriza ao ser 82 racionalizado pelo pai e repetido por Pedro O desaparecimento do universo rural patriarcal pode ser representado na f bula pela c lera do pai que ap s ficar sabendo por Pedro do incesto mata Ana no meio da festa em homenagem ao retorno de Andr Os clamores horrorizados de Pai que seus filhos d o mostram o rompimento total que a brutalidade do assassinato instaura J o mundo de Zero totalmente citadino O romance se passa numa metr pole ca tica cujas partes constitutivas aos poucos v o aparecendo O crescimento da cidade aparece em a o a Boca a antiga zona do meretr cio foi demolida para a constru o do Boqueir o o circo de aberra es em que Jos trabalha e que acaba ganhando caracter sticas de bairro dos miser veis e desempregados ocupando as zonas norte e leste da cidade por inteiro Al m desse bairro pobre h uma favela mais antiga num morro que Jos Rosa e uma parte do grupo de G sobem procura do menino com m sica na barriga o poss vel filho de G e na qual se perdem Ao menos um bairro planejado pelo governo existe na cidade um bairro de casas pr fabricadas e financiadas uma das quais Jos compra O aspecto desumanizador desse planejamento surge quando Rosa vai ao nico mercadinho dispon vel para as quatro mil casas do bairr
131. rros e a continua o das obras dos poetas veteranos Uma outra subse o de Tradu es de poesia n o traz nada posterior aos anos 1970 A se o de Cr tica traz apenas uma nota de 1979 dando conta do refluxo do estruturalismo do crescimento das correntes contextualistas e marxistas e de uma certa corrente assistem tica vagamente identificada com a psican lise 1994 495 A Hist ria da literatura brasileira de Luciana Stegagno Picchio adota tamb m o crit rio pol tico para a divis o epocal tratando toda a produ o posterior ao golpe militar de 1964 no cap tulo dezesseis o ltimo de sua obra Dentro desse per odo Luciana delimita diferentes gera es de escritores convivendo e as separa de acordo com a poca de nascimento dos autores Seu crit rio seguido risca um contista tardio como Paulo Em lio Salles Gomes que viria a publicar seu nico volume de contos no ano de sua morte em 1977 tratado na mesma subse o que o bem mais precoce Murilo Rubi o por ambos terem nascido na d cada de 1910 Na se o que analisa os prosadores nascidos entre 1930 e 1960 o crit rio adotado o da notoriedade o que escusado pela autora por sua condi o de estrangeira Os autores s o agrupados pela regi o de origem com alguns erros Domingos Pellegrini agrupado com os nordestinos por supostamente ter nascido no Par o que configura um erro duplo j que ele nasceu no Paran e o Pa
132. s como diferen as de sensa es permitindo que distingamos um objeto de outro Essas diferen as para Luhmann s o bin rias A partir da possibilidade universal de diferencia o o autor elabora a teoria geral dos sistemas segundo ele aplic vel tanto sociologia quanto psicologia e biologia A diferen a b sica nesse caso ser entre ambiente e sistema O ambiente se define como tudo que est acoplado ao sistema mas n o faz propriamente parte dele a diferencia o entre ambiente e sistema o que garante a pr pria identidade do sistema A divis o entre ambiente e sistema consiste em uma divis o da realidade em dois campos Gumbrecht sempre escreve com iniciais mai sculas os seus dispositivos e c digos mesmo quando s o citados no meio do texto Mantenho pois a grafia do autor Para essa breve reconstru o da teoria de Luhmann tive como base seus livros A nova teoria dos sistemas 1997 e The reality of mass media 2000 particularmente til por se tratar de uma aplica o da teoria sist mica aos fen menos da comunica o Subsidiariamente consultei Sistemas sociales 1998 7 No entanto trata se de uma divis o n o ontol gica a realidade um continuum e a diferencia o entre ambiente e sistema feita pelo pr prio sistema na sua autopoiesis Ver Luhmann 1998 172 6 Na tradu o espanhola o conceito de ambiente corresponde a entorno 14 O sistema ser autopoi tico isto
133. se comp e de Oswald de Andrade Luiz Aranha Manuel Bandeira Jorge de Lima e Murilo Mendes A partir desses poetas se dividem duas tend ncias uma ligada a Oswald Aranha Bandeira de cortes r pidos e do poema piada e outra ligada a Jorge Murilo de carga m stico vision ria A primeira tend ncia englobaria os marginais e a segunda poetas como Roberto Piva e Afonso Henriques Neto Freitas Filho 1979 106 7 Ao lado dessas h uma poesia tradicional sem data uma voca o nost lgica de estruturas consagradas e dic es nobres que o autor chega a chamar de poesia psicografada 1979 104 Em 1985 foi publicada a segunda obra espec fica sobre a literatura do per odo militar parte da cole o Brasil ao anos de autoritarismo O livro 2 Nesse ponto o autor atribui o poema Viva vaia a Caetano Veloso que apenas segura uma vers o impressa em cartaz do poema de Augusto de Campos numa foto sa da na revista 1979 94 Freitas Filho extremamente cr tico atua o dos poetas concretos Falando das Gal xias projeto de prosa experimental de Haroldo de Campos ele diz que perto desse metatexto dessa verborr ia tatibitate dessa met stase verbal Coelho Neto pinto Rui Barbosa pouco E pura modorra um catatau massudo e desnecess rio 1979 95 Desconhe o se com o uso da palavra catatau se estivesse fazendo alguma refer ncia velada ao livro de Leminski 59 Literatura e
134. sico da amada que o rejeita o compositor invoca o ouvinte a jogar suas m os para o c u agradecendo caso tenha algu m que voc gostaria que Estivesse sempre com voc Na rua na chuva na fazenda Ou numa casinha de sap A experi ncia da casinha de campo da comunidade id lica isolada ainda permanece ainda que n o com a mesma for a dos primeiros anos da presente d cada Dias 2003 189 90 O p blico cantando junto Viva a sociedade alternativa no recente compacto duplo de Raul Seixas O medo da chuva 1975b mostra que a id ia continua presente 33 No entanto a pr tica j n o mais t o ut pica As comunidades alternativas que t m se formado n o parecem querer mais a transforma o social ou mesmo pessoal mas apenas congregam grupos de afinidades Um exemplo o surfe Nele permanece a busca de lugares isolados e id licos como as praias em ascens o de B zios no Rio de Janeiro e de Ubatuba em S o Paulo Nessa pr tica j convive uma certa institucionaliza o O grupo dos surfistas tem uma revista Brasil Surf e h surfistas que abrem neg cios como o restaurante vegetariano integralmente natural fundado por um deles na praia de Ipanema no Rio Bahiana 2006 345 379 A certa nostalgia dos anos 60 parece tomar conta o que pode ser avaliado pela organiza o em janeiro do Hollywood Rock festival de tr s dias lembrando o Woodstock norte americano Registra se inclusive
135. sp rito da brincadeira Cacaso novamente fornece um exemplo In cio das aulas Fui ao circo E vio elefante E vio macaco de t nis as coxas da trapezista e vi muito mais bichos S n o vi o prefeito 2002 87 Para o moleque no circo marginal n o interessa o prefeito interessa a vida e a fala cotidianas Esse desligamento do sistema esse estar margem 30 caracter stico das diversas formas de marginalidade apresentadas por mais d spares que elas sejam em sua atualiza o 1 2 3 Viver fora de casa Apesar de estar vivendo na Argentina Ferreira Gullar publica no Brasil o volume Dentro da noite veloz Num dos ltimos poemas do livro o poeta escreve Numa casa em Ipanema rodeada de rvores e pombos na sombra quente da tarde entre m veis conhecidos na sombra quente da tarde entre rvores e pombos entre cheiros conhecidos eles vivem a vida deles eles vivem minha vida na sombra da tarde quente na sombra da tarde quente Gullar 1981 285 O poema intitulado Ex lio tematiza a quebra radical de la os imposta ao expatriado a casa em Ipanema vem vida formada de m veis cheiros rvores da temperatura para revelar que a vida a que veio a vida mesma que o poeta deixou no Brasil O poema tamb m alude separa o do exilado da fam lia ao corte dos la os afetivos j que a vida deles que minha vida est l na tarde quente de Ipanema n o aqui na
136. ta sua declara o o sil ncio e a fuga de Ana obrigado a se retratar quando se v exposto c lera paterna conversando com este A revolta de Andr requer a es seja a fuga ou o incesto O romance no entanto faz com que as a es de Andr tenham um resultado tr gico no caso a morte de Ana Nas palavras de seu pai o gado sempre vai para o po o Nassar 1975 190 o mundo fechado da lavoura arcaica pune a transgress o de forma violenta Em Zero n o h propriamente op o entre a teoria e a pr tica Ambas est o interditadas a Jos O campo de a o de Jos o da viol ncia o roubo o assassinato bater em Rosa Por m em tudo isso Jos se sente levado ora por 91 impulsos ora pelas circunst ncias A falta de dinheiro o leva a roubar n o uma decis o racional Seus assassinatos gratuitos parecem ter causas quase fisiol gicas Cada vez que comete um deles enxerga uma luz amarela e sente uma n usea Explos o como se eu tivesse tomado mil bolinhas O mundo borbulhou se encheu de raios de um amarelo t o intenso que eu n o podia olhar Mesmo de olho fechado l estava o amarelo Dentro de mim Com o tiro meu organismo deu um salto o cora o disparou o sangue a 180 senti o dedo do p esquerdo amortecido E minha vis o cresceu Eu podia ver num ngulo de 360 graus Era aquilo que eu procurava O tiro provocou o v mito N o do est mago Da cabe a do que havia na mem ria no c
137. teratura brasileira S o Paulo Cultrix 1994 BRAND O Ign cio de Loyola Zero romance pr hist rico Rio de Janeiro Codecri 1979 BRASIL Assis A nova literatura brasileira 0 romance a poesia o conto In COUTINHO Afr nio Dir COUTINHO Eduardo de Faria Co dir A literatura no Brasil S o Paulo Global 1999a 6 v V 6 Rela es e perspectivas conclus o p 245 74 nova literatura d cada de 80 anos 90 In COUTINHO Afr nio Dir COUTINHO Eduardo de Faria Co dir A literatura no Brasil S o Paulo Global 1999b 6 v V 6 Rela es e perspectivas conclus o p 275 80 BRASIL nunca mais Petr polis Vozes 1986 CACASO Lero lero 1967 1985 Rio de Janeiro Cosac amp Naify 2002 C MARA D H lder O que faria S Tom s de Aquino diante de Karl Marx In MACHADO Jos Pinheiro Opini o x censura momentos da luta de um jornal pela liberdade Porto Alegre L amp PM 1978 p 150 161 98 CARVALHO Tida O Catatau de Paulo Leminski des coordenadas cartesianas S o Paulo Cone Sul 2000 C SAR Ana Cristina Cr tica e tradu o S o Paulo tica 1999 COMISS O Pastoral da Terra O nascimento da CPT Dispon vel em http www cptnac com br system news amp eid 26 Acesso verificado em 13 de novembro de 2007 COSTA Felipe A P L Ecologia Urbana Dispon vel em http www lainsignia org 2005 abril soc_009 htm Acesso verificado em 13 de novembro de 2007 COUTINHO
138. tes tem seu t mpano estourado Ao final obrigado a rastejar at um avi o onde levado para o cora o da Am rica e morre enterrado vivo 1979 260 65 270 72 O ex lio em Zero aparece como a op o dos cientistas e professores universit rios perseguidos e mal pagos pelo governo In meros fragmentos escritos maneira de not cia de jornal narram casos assim como o do cientista H lio Borba que vai para a Universidade de Moscou ap s ter sido preso por suas experi ncias de insemina o artificial 1979 164 O cientista Haroldo Limeira parte para a Fran a escoltado por seus amigos que o protegem do senhorio que foi cobrar um ano de aluguel ali no aeroporto mesmo 1979 257 A quest o do imigrante por fim surge no livro de Loyola Brand o A todo momento aparecem mexicanos colombianos ou outros hispano americanos sempre morando mal e aceitando trabalhar em subempregos O sal rio para imigrantes o Ter om nimo uma ter a parte do sal rio m nimo 1979 52 A imigra o ainda faz parte do percurso de Jos Ao final do romance ap s ter sido largado no meio do nada do interior do pa s pelas for as do governo ele consegue chegar a Miami e logo deportado 1979 281 84 81 3 3 C digos e romances 3 3 1 Campo versus cidade O campo o universo de Lavoura arcaica Quando Andr sai de casa vai para uma velha pens o interiorana e n o para uma cidade maior And
139. til na Hist ria da Literatura por meio dela podemos trocar associa es diacr nicas tradicionais como as de escolas grupos e movimentos por associa es sincr nicas entre obras como os dispositivos e c digos que ligam esses tr s romances t o diferentes Como Gumbrecht j ressaltou ao falar de suas bases te ricas o per odo escolhido arbitr rio n o sendo necess ria a limita o a um s ano 1999 476 um estudo mais abrangente e muito mais complexo poderia tentar descrever como uma simultaneidade toda a d cada de 1970 por exemplo ou toda a segunda metade do s culo XVIII Da mesma forma o espa o escolhido n o precisa ser limitado ao Brasil ou ao Ocidente um estudioso que conhe a l nguas orientais pode aumentar em muito a abrang ncia geogr fica de uma poss vel pesquisa Na dire o oposta estudiosos detalhistas podem diminuir o tempo e o espa o limitando se a meses espec ficos ou a cidades Conforme se aumente ou diminua o espa o e o tempo obras diversas podem ser vistas como simult neas obras de diferentes anos de diferentes pa ses e l nguas que assim encontram novas formas de aproxima o REFER NCIAS BAHIANA Ana Maria Almanaque anos 70 Rio de Janeiro Ediouro 2006 BIODIESELBR Online Pro lcool Programa Brasileiro de lcool Dispon vel em http www biodieselbr com proalcool pro alcool htm Acesso verificado em 13 de novembro de 2007 BOSI Alfredo Hist ria concisa da li
140. tos 1999 479 A partir dessa leitura exaustiva de documentos Gumbrecht organiza suas conclus es a partir de alguns conceitos operat rios S o eles dispositivos c digos e c digos em colapso O primeiro conceito de dispositivo vem de Michel Foucault O dispositivo uma m quina que possibilita a correla o de diferentes linhas de visibilidade de enuncia o de for a poder e de subjetiva o Um dispositivo pode ser um nico artefato como o Pan ptico de Bentham ou algo muito mais amplo como a sexualidade O modelo de Bentham ali s pode deixar mais claro o que s o estas linhas do dispositivo O Pan ptico foi um modelo de pris o ideal que o fil sofo Bentham imaginou Nele os prisioneiros estariam dispostos em celas lado a lado formando um c rculo no centro do p tio que preenche este c rculo ficaria uma torre que permanentemente iluminaria todas as celas como um farol exceto que a luz n o faz um percurso mas se projeta continuamente por todo o c rculo Dessa forma os vigias que se colocariam sobre este farol poderiam sempre ver os prisioneiros sem ser vistos A partir da imagina o sobre esse modelo poss vel definir algumas das linhas referidas A visibilidade est colocada como uma rela o de apenas uma O conceito de dispositivo n o propriamente definido em lugar algum da obra de Foucault Dada essa limita o sigo a reconstru o de Gilles Deleuze para o conceito 2007 Al
141. tter Responsabilidades da Universidade Porto Alegre ProPEx UniRitter 2007 Palavras chave Literatura brasileira Jos Roberto Torero Marcus Aurelius Pimenta Estudos culturais Areas do conhecimento Literatura Brasileira Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Meio magn tico 106 Comunica es e Resumos Publicados em Anais de Congressos ou Peri dicos resumo expandido 1 MANDAGAR P Em 1975 tr s romances brasileiros In Il Mostra de Pesquisa da P s Gradua o da PUCRS 2007 Porto Alegre RS Anais do VIII Sal o de Inicia o Cient fica II Mostra de Pesquisa da P s Gradua o da PUCRS Porto Alegre EDIPUCRS 2007 Palavras chave Hist ria da literatura Literatura brasileira Paulo Leminski Raduan Nassar Ign cio de Loyola Brand o Areas do conhecimento Literatura Brasileira Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Meio magn tico Apresenta o de minha disserta o de Mestrado a ser defendida em janeiro de 2008 Artigos em jornal de not cias 1 MANDAGAR P Eles os canalhas Jornal Zero Hora Porto Alegre 1999 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso Folhetim em cinco partes 2 MANDAGAR P Preview de seriado adolescente Jornal Zero Hora Porto Alegre 1999 Refer ncias adicionais Brasil Portugu s Meio de divulga o Impresso Folhetim em tr s partes Artigos em revistas Magazine 1 MANDAGA
142. tulado Historiografia liter ria quest es te ricas e pr ticas experimentais ministrado na PUCRS em agosto de 2006 tratou de todas as tend ncias novas ao menos para mim da historiografia desenvolvendo suas repercuss es para o estudo da Hist ria da Literatura Interessado no assunto e j abalado em minhas convic es poundianas li o livro Em 1926 de Hans Ulrich Gumbrecht descobrindo o qu o interessante e encantadora pode resultar uma experi ncia de historiografia em moldes n o positivistas Do cruzamento do interesse antigo com a teoria nova resulta esta disserta o de Mestrado Pesquisando sobre a literatura dos anos da ditadura militar encontrei refer ncia a um certo boom da literatura em 19752 De pronto a id ia surgiu a partir de uma reconstru o do ano de 1975 feita maneira gumbrechtiana analisar alguns romances publicados durante esse boom que fossem particularmente interessantes 1 1 Teoria O que fazer com o nosso conhecimento hist rico Essa pergunta feita por Hans Ulrich Gumbrecht no in cio de seu livro Em 1926 vivendo no limite do tempo 1999 11 O livro de Gumbrecht exp e o que o autor chama de dispositivos c digos e c digos em colapso em tr s se es uma para cada categoria e em ordem alfab tica dentro de cada se o com refer ncias cruzadas entre os verbetes Como esp cie de posf cio h uma nova se o chamada Estruturas com dois cap tulos Para Gumbrecht
143. tulo final volto ao livro de Hans Ulrich Gumbrecht comentando algumas diferen as entre o experimento nele realizado e esta disserta o Comento tamb m diferen as e semelhan as no tratamento dos dispositivos e c digos na reconstru o do ano de 1975 feita no segundo cap tulo e na an lise das obras presente no terceiro Por fim sugiro outras possibilidades de aplicar o experimento de Gumbrecht no campo da Hist ria da Literatura 2 1975 NO BRASIL 2 1 Dispositivos 2 1 1 Censura O Estado de S o Paulo na sua edi o de 3 de janeiro de 1975 apresenta uma mat ria sobre a sess o da Academia Brasileira de Letras em homenagem ao centen rio do jornal Interpolado na mat ria um trecho de Os lus adas interrompe a leitura Meia palavra bastaria quanto mais decass labos o corte abrupto no registro discursivo marca a interven o da Censura Federal Na edi o do dia seguinte n o h trecho algum do poema de Cam es nem haver nas edi es posteriores a censura pr via deixou a reda o do Estado Gaspari 2004 21 As aus ncias marcadas por elementos como esse trecho de Os lus adas no Estad o mostram uma forma velada de aparecimento da censura que aparece implicitamente sendo necess rio um esfor o interpretativo para enxerg la Dessa forma a interfer ncia da censura pode ser marcada por diferen as diacr nicas na linha editorial da imprensa Mesmo mudan as visuais podem ser reveladoras Por exemplo a
144. u medo da auto censura Mas me pergunto se o simples fato de eu saber que existe censura n o me influencia no ato de criar Essa pergunta muito s ria A censura interna reflexo da externa pode causar uma esp cie de sentimento de castra o 1997 153 A obscuridade de parte da m sica popular brasileira contempor nea pode ter como causa essa censura interna de que Erico fala Esvaziar o sentido obscurecendo ao m ximo o discurso tamb m falar por aus ncias Um exemplo dessa estrat gia s o os versos de Qualquer coisa primeira faixa do lado A do lbum hom nimo de Caetano Veloso Esse papo j t qualquer coisa Voc j t pra l de Marrakesh Mexe qualquer coisa dentro doida J qualquer coisa dentro doida mexe N o se avexe n o bai o de dois Deixe de manha deixe de manha pois Sem essa aranha sem essa aranha sem essa aranha Nem a sanha arranha o carro Nem o sarro arranha a Espanha Me a tamanha me a tamanha Esse papo seu j t de manh Berro pelo aterro pelo desterro Berro por seu berro pelo seu erro Quero que voc ganhe que voc me apanhe Sou o seu bezerro gritando mam e Esse papo meu t qualquer coisa e voc t pra l de Teer Veloso 1975 faixa 1 No meio do non sense da can o aparecem algumas refer ncias er ticas Mexe qualquer coisa dentro doida mas tamb m cr pticas alus es pol ticas o desterro condi o na qual vive parte dos brasileiros o
145. uma vida perigosa e deriva junto aos marginais prostitutas e mendigos Por mais que a vis o do adolescente Lula seja idealizada o que se constata um desejo maior de viver fora de casa Num sentido mais amplo a vida fora de casa em Lavoura arcaica pode ser vista como a vida do imigrante que deixou o seu pa s de origem para se inserir no Brasil com todos os choques culturais que isso acarreta No entanto o microcosmo do romance fechado conhecemos o lado de dentro da fam lia de imigrantes nunca o lado de fora n o conhecemos a sua diferen a em rela o aos aut ctones pois estes n o aparecem Tamb m a na o de origem n o mencionada ou tratada Sem tais contrastes dif cil ver na imigra o como ela aparece no romance parte do dispositivo de viver fora de casa O enredo do Catatau se baseia na premissa aparentemente plaus vel de que o fil sofo Ren Descartes que no romance tem seu nome latinizado para 39 Uma leitura de Lavoura arcaica como romance da imigra o desenvolvida por Lu s Augusto Fischer no seu ensaio Lavoura arcaica foi ontem 1991 Segundo ele assim como Grande sert o veredas o grande romance brasileiro do espa o sertanejo id ia defendida por Jos Hildebrando Dacanal Lavoura arcaica seria o grande romance brasileiro da imigra o Fischer analisa a representa o das tr s gera es de imigrantes o av o pai e Pedro que teriam usos diferentes da linguagem
146. unos na prepara o para as provas de literatura recentemente acrescidas ao vestibular come a assim seu Antipref cio Na verdade n o se trata de ensinar teoria liter ria aos candidatos ao vestibular uma vez que a Literatura se tornou obrigat ria em todas as reas Se fosse mat ria obrigat ria somente nas reas tecnol gicas a sim escrever amos um tratado porque n o h Matem tica mais exatamente t cnica do que o ensino moderno da arte liter ria Com todos os logaritmos derivadas et bin mios Lima 1975 7 O texto faz uma refer ncia aos novos m todos estruturalistas empregados na an lise liter ria alvos de intensa pol mica na imprensa com artigos no Jornal do Brasil no Opini o n O Globo no Jornal de Letras e em outras publica es 15 A informa o encontra se no verbete 2209 44 Sussekind 2004 56 Com as alus es matem ticas o texto chama a aten o sobre a formaliza o implicada pelo estruturalismo que enxerga no texto determinadas fun es profundas pass veis de serem escritas de forma ao menos superficialmente semelhante aquelas da matem tica ou da l gica simb lica Os estruturalistas s o acusados de virar as costas realidade social o que para os mais exaltados seria colaborar com o regime Essa cr tica feita por Carlos Nelson Coutinho escrevendo no jornal Opini o do dia 28 de novembro Segundo ele a corrente estruturalista tem como meta a formaliza o radic
147. zeiros s na vinda para o servi o pegando trem desde Todos os Santos at a Central do Brasil e depois nibus para Copacabana Jo o 1987 170 73 As condi es dessa vinda di ria do suburbano para trabalhar s o enfocadas no texto Pingentes nomeado a partir dos passageiros que viajam pendurados no lado de fora do trem Mais do que pobres os passageiros da central do Brasil parecem n o apenas pingentes nos trens mas pingentes da cidade uma esp cie em quantidade e qualidade de sobreviventes urbanos sempre pendurados na cidade e nunca fixos estabilizados ou tranquilos 1987 186 A superlota o e a completa desorganiza o do sistema de trens favorecem o aparecimento dos pingentes Ao mesmo tempo que essa situa o prossegue nos trens suburbanos causando v rios acidentes graves inclusive com invalidez e morte ocorre a constru o de um metr na zona Sul o lado rico da cidade 1987 190 O ltimo conto do livro Feliz ano novo de Rubem Fonseca realiza se como uma entrevista com um personagem chamado apenas de o Autor As respostas do Autor no conto nunca s o diretas e divagam por diversos temas que nada t m a ver com a pergunta feita No caso que nos interessa uma pergunta sobre a literatura latino americana apresenta se como ponto de partida para o desenvolvimento de uma teoria do surgimento das cidades brasileiras Eu nada tenho a ver com Guimar es Rosa estou escrevendo sobre pessoas em

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