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Espaços de criação

1. Organizadores M rcia Arbex Izabela Baptista do Lago Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor v vv v V viva voz FALE UFMG Belo Horizonte 2015 Diretora da Faculdade de Letras Graciela In s Ravetti de G mez Vice Diretor Rui Rothe Neves Comiss o editorial Eliana Louren o de Lima Reis Elisa Amorim Vieira F bio Bonfim Duarte Lucia Castello Branco Maria C ndida Trindade Costa de Seabra Maria In s de Almeida S nia Queiroz Capa e projeto gr fico Gl ria Campos Mang Ilustra o e Design Gr fico Revis o de tradu o Nath lia Dias Prepara o de originais Thiago Landi Tradu o Izabela Baptista do Lago M rcia Arbex Diagrama o Ol via Almeida Revis o de provas Larissa Vaz ISBN 978 85 7758 262 4 impresso 978 85 7758 263 1 digital Endere o para correspond ncia Laborat rio de Edi o FALE UFMG Av Ant nio Carlos 6627 sala 3108 31270 901 Belo Horizonte MG Tel 31 3409 6072 e mail vivavozufmg O gmail com site www letras ufmg br vivavoz Sum rio 5 7 Apresenta o Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor Colet nea bilingue 25 31 35 39 45 49 53 Alexandra Lapierre Artemisia Un duel pour l immortalit Artem sia um duelo pela imortalidade 1998 Pascal Quignard Tous les matins du monde Todas as manh s do mundo 1991 Tracy Chevalier La Jeune fille la perle Mo
2. Vers o em portugu s Dante Gabriel levou Dogson at seu ateli Um imenso c modo o nico verdadeiramente luminoso de Tudor House gra as a tr s imensas janelas abertas para o parque Como em Chatham Place Rossetti n o quis um ambiente voltado unicamente pintura Sof s cobertos de chintz cor tinados de veludo framboesa porcelanas orientais m veis renascen a ritmavam o espa o e o tornavam um lugar vibrante As ltimas telas de Dante estavam ali em sua costumeira desordem Figura 20 Of lia Sir John Everett Millais 1851 52 Tate Britain Londres Inglaterra Fonte lt http goo gl wzylxx gt 8 Tradu o nossa Philippe Delerm Autumn 95 Oscar Wilde Le Portrait de Dorian Gray O retrato de Dorian Gray 1890 O retrato de Dorian Gray o trabalho mais longo de Oscar Wilde publi cado em 1890 O pol mico romance se inicia no ateli do pintor Basil Hallward autor do retrato de Dorian um jovem ing nuo de beleza encan tadora que acabara de conhecer A descri o do ateli se concentra sobretudo no jardim que o cir cunda e insiste na riqueza de cores sons e fragr ncias da natureza que penetram no ambiente para imprimir ao ateli uma aura de pureza pri maveril semelhante ao jovem Dorian quando posa como modelo para a pintura ao mesmo tempo em que antecipa para o leitor o misterioso destino do pintor trecho 25 A descri o do ateli de Basil feita a partir de seu jardim faz com qu
3. Ele me quer como imagem e me pinta o dia inteiro mais frequentemente no pr prio apartamento Outras modelos tamb m v m durante o dia Mulheres muito belas e que se parecem um pouco com cabelos longos e olhos 1 DELERM Autumn p 51 52 2 Tradu o nossa 92 Colet nea bil ngue claros sempre Elas n o gostam nem um pouco de mim pois seus con tatos com Dante e Walter n o s o os mesmos Rossetti odioso com elas violento e s vezes obsceno e entre duas bordoadas de palavr es ele se vira e se dirige a mim com uma considera o singular ainda que afetada Ele me d medo e me fascina noite ele desaparece e volta apenas de manh zinha na maioria das vezes muito b bado como um bronco qual quer e a sua pintura t o celeste Trecho 22 O ateli de Millais durante uma sess o de pose de Elizabeth Siddal para Of lia Gower Street elle p n trait chez les Millais La porte de l atelier pouss e une chaleur d tuve tombait sur elle Le contraste tait agr able En plus du feu de chemin e toujours copieusement nourri John Millais avait fait installer un po le bois ronfleur Mais le raffinement l tranget c tait ce dispositif plac sous la baignoire une dizaine de chandelles constam ment allum es pour garder l eau bien chaude Rev tir une robe de bro cart antique rehauss e de dentelles d argent S engloutir dans ces eaux domestiques au creux de l hiver londonien c tait comme un jeu q
4. como um tipo de ninho de insetos essa esp cie de casulo que s vezes encontramos nos galhos de uma rvore ou sobre a folha de uma amoreira Trata se portanto de um local ou de um bocal org nico mas cons tru do pelo pr prio indiv duo para ali se enclausurar longamente sem contudo deixar de se beneficiar da luz do dia gra as transpar ncia Mas a qual atividade ele ali se dedica T o simplesmente e tragi camente sua metamorfose Perdoem nos se t o logo concebida essa ideia nos emudece Pois certamente poder amos discorrer longamente Mostrar como com a ajuda de certos membros franzinos ali espalhados escadas cavale tes pinc is ou compassos gra as tamb m a essas pequenas gl n dulas secretoras que s o os tubos de tinta por vezes laboriosamente e outras freneticamente o artista o nome dessa esp cie de homens e ele deve se alimentar de um pat real naturezas mortas nus por vezes paisagens transforma se palpita e arrebata suas obras Que devem ser a partir de ent o consideradas como peles 128 Colet nea bil ngue Figura 28 O ateli da rua Crussol Sam Szafran 1972 Cole o particular Fonte lt http goo gl AICieR gt Francis Ponge L Atelier contemporain 129 Michel Butor L Atelier la chambre O ateli o quarto 2009 Inclu dos na vasta obra de Butor os Escritos sobre a pintura formam uma s rie de textos de g neros indefinidos inspira
5. des toiles sans cadres achevaient de donner cette pi ce irr guli re la physionomie d un atelier que distingue un singulier m lange d ornement et de nudit de mis re et de richesse de soin et d incurie Cet immense vaisseau o tout para t petit m me l homme sent la coulisse d op ra il s y trouve de vieux linges des armures dor es des lambeaux d toffe des machines mais il y a je ne sais quoi de grand comme la pens e le g nie et la mort sont l la Diane ou I Apollon aupr s d un cr ne ou d un squelette le beau et le d sordre la po sie et la r alit de riches cou leurs dans l ombre et souvent tout un drame immobile et silencieux Quel symbole d une t te d artiste Au moment o commence cette histoire le brillant soleil du mois de juillet illuminait l atelier et deux rayons le traversaient dans sa profondeur en y tra ant de larges bandes d or dia phanes o brillaient des grains de poussi re Une douzaine de chevalets levaient leurs fl ches aigu s sem blables des m ts de vaisseau dans un port Plusieurs jeunes filles ani maient cette sc ne par la vari t de leurs physionomies de leurs attitu des et par la diff rence de leurs toilettes Les fortes ombres que jetaient les serges vertes plac es suivant les besoins de chaque chevalet produi saient une multitude de contrastes de piquants effets de clair obscur Ce groupe formait le plus beau de tous les tableaux de l atelier Vers o em port
6. le peintre rejoint le po te dont les travaux n ont pas en g n ral le bel espace d un atelier pour se d ployer Il a m me rarement un bureau pour y ranger ses livres 2 Tradu o nossa 3 BUTOR L Atelier la chambre p 870 132 Colet nea bil ngue La chambre fonctionne comme un atelier embryonnaire Elle aussi est un instrument pour voir le monde sur lequel donnent parfois de belles fen tres mais souvent ce ne sont que lucarnes ou vasistas La personna lit de l occupant s inscrit dans les quelques objets apport s ou gard s lorsqu on est en location en meubl leur placement l tat des lieux C est tout cela qui devient filtre pour interroger et montrer Vers o em portugu s Por mais que alguns pintores tenham como quarto um canto de ateli outros mais pobres ainda t m por ateli o seu quarto Eles pintam no ch o e utilizam uma cadeira como cavalete espalhando as ma s e as jarras para suas naturezas mortas no canto de uma mesa estreita Alguns pintores representaram quartos libertinos para Fragonard familiais para Vuillard Mas o quarto do pintor um tema muito pouco tratado Pensamos imediatamente no de Vincent Van Gogh como se a maioria dos pintores tivesse algum escr pulo em escancarar essa regi o de sua pobreza No entanto na estreiteza desse m nimo habit culo o pintor encon tra o poeta cujos trabalhos n o t m em geral o belo espa o de um ateli para se desenvolverem Rara
7. regulares lancinantes como os batimentos de um cora o A luz do dia filtrada por um painel de papel untado com gor dura de porco passava por uma nica janela e iluminava de uma grande mancha amarela o piso onde Marco Gentileschi um garoto de sete anos 2 Tradu o nossa 28 Colet nea bil ngue cortava faca entre as pernas nuas pequenos quadrados de linho que ele usaria para filtrar as prepara es Com seus potes p s caldeir es bacias cadinhos alambiques e retortas o lugar lembrava mais o laborat rio do alquimista do que o ate li do pintor Mesmo o monte de tecidos as caudas p rpuras dos veludos os drapeados brancos dos len is todos os acess rios do artista que se amontoavam sobre os cavaletes no fundo do c modo os h bitos de capuchinho as grandes asas de anjo as rodas dos m rtires e os cr nios contribu am para o mist rio desse antro de atmosfera irreal e vagamente inquietante De um braseiro subia uma fuma a negra densa que n o escapava por nenhuma chamin Um menino de quinze anos Francesco o mais velho dos filhos observava dentro de um pote de terra vermelha de fundo chumbado um leo cintilante como ouro que ele mexia lenta mente com uma longa pena Mas a pena acabava de queimar com um cheiro de ave chamus cada sinal de que toda a opera o devia ser recome ada prova de que o leo n o havia sido suficientemente desengordurado para ser incorpo rado aos pigmentos que dariam
8. tait occup peindre une table un verre moiti plein de vin rouge un luth couch un cahier de musique une bourse de velours noir des cartes jouer dont la premi re tait un valet de tr fle un chiquier sur lequel taient dispos s un vase avec trois illets et un miroir octogo nal appuy contre le mur de l atelier 1 QUIGNARD Tous les matins du monde p 59 61 Tout ce que la mort tera est dans sa nuit souffla Sante Colombe dans l oreille de son l ve Ce sont tous les plaisirs du monde qui se retirent en nous disant adieu Monsieur de Sainte Colombe demanda au peintre s il pouvait recou vrer la toile qu il lui avait emprunt e le peintre avait voulu la montrer un marchand des Flandres qui en avait tir une copie Monsieur Baugin fit un signe la vieille femme qui portait la coiffe en pointe sur le front elle s inclina e alla chercher les gaufrettes entour es d b ne Il montra au Monsieur Marais pointant le doigt sur le verre pied et sur l enroulement des petites p tisseries jaunes Puis la vieille femme impassible s occupa I envelopper de chiffons et de cordes Ils regard rent le peintre peindre Monsieur de Sainte Colombe souffla de nouveau dans l oreille de Monsieur Marais Ecoutez le son que rend le pinceau de Monsieur Baugin Ils ferm rent les yeux et ils l cout rent peindre Puis Monsieur de Sainte Colombe dit Vous avez appris la technique de I archet Comm
9. um Broadwood meia cauda que havia sido enviado da Inglaterra por petite vitesse como s o chamados os trens de mercadoria na Fran a 2 Tradu o nossa Georges du Maurier Trilby 77 se encontrava disposto ao longo da parede leste rec m afinado sobre a parede oposta uma cole o de floretes m scaras e luvas de boxe Um trap zio uma corda cheia de n s e duas argolas presas na ponta de suas cordas estavam pendurados em uma viga massiva do teto Sobre o vermelho opaco usado habitualmente nas paredes moldes de gesso de bra os pernas m os e p s difundiam algum brilho a poeira ainda n o havia tido tempo de se depositar sobre a m scara mortu ria de Dante o alto relevo de Leda e o cisne de Michelangelo e os Centauros e L pitas dos m rmores de Elgin Havia ainda estudos a leo de nus c pias de Ticiano Rembrandt Vel squez Rubens Tintoretto Leonardo da Vinci mas nenhum da escola de Botticelli Mantegna e companhia grupo sobre o qual o grande p blico ainda n o havia descoberto os m ritos A uma certa altura ao longo das paredes corria uma larga prate leira empoleirados ali em cima estavam outros moldes em gesso barro imita es de bronze as miniaturas de um Teseu de uma V nus de Milo de um disc bolo de um esfolado que amea ava os c us um ato justifi c vel diante das circunst ncias um le o e o javali de Barye a pe a de anatomia de um cavalo na qual restava uma s pata e faltava
10. uma carta esposa do pintor Madox Brown Walter partage avec Dante Gabriel cet appartement d o je t cris Red Lion Square Il y r gne un incroyable d sordre de toiles de livres d objets h t roclites J ai ma chambre et mes deux chevaliers servants sont avec moi d une tonnante courtoisie Walter est amoureux de moi je crois bien qu il n ait jamais tent de me le dire Il me veut comme image et me peint tout le jour le plus souvent dans l appartement m me D autres mod les viennent aussi dans la journ e Des filles tr s belles et qui se ressemblent un peu avec de longs cheveux et des yeux clairs toujours Elles ne m aiment gu re car leurs rapports avec Dante et Walter ne sont pas les m mes Rossetti est odieux avec elles violent et parfois presque obsc ne et entre deux bord es de jurons il se tourne vers moi et me parle avec une d f rence exquise quoiqu un peu prononc e Il me fait peur et me fascine Le soir il disparait pour ne rentrer qu au petit matin le plus souvent tr s m ch comme n importe quelle brute et sa pein ture est si c leste Vers o em portugu s Walter divide com Dante Gabriel esse apartamento de onde eu te escrevo em Red Lion Square Nele reina a mais incr vel desordem de telas livros objetos heter clitos Eu tenho meu quarto e meus dois cavaleiros me tratam com uma cortesia surpreendente Walter est apaixonado por mim eu acho apesar de ele nunca o ter tentado me revelar
11. une cinquantaine de chaises dossier basses et solides un couple de chevalets cr maill re et de nombreuses planches dessin compl taient le mobilier 3 MAURIER Trilby p 77 78 Georges du Maurier Trilby 79 Une foule de caricatures ornait les murs nus des charges au fusain et la craie blanche et aussi des clats de palettes qui faisaient une d coration polychrome assez plaisante Vers o em portugu s O ateli ou escola de pintura de Carrel situava se rua Notre Dame des Potirons Saint Michel nos fundos de um amplo p tio largas vidra as empoeiradas deixavam a luz do c u penetrar dentro de vastos ate li s empoeirados O maior e o mais empoeirado era o de Carrel Trinta a quarenta estudantes de belas artes ali desenhavam e pintavam a partir de modelos nus todos os dias de oito ao meio dia com exce o do domingo e ainda mais duas horas na parte da tarde a n o ser na do s bado dedicado varredura e limpeza rigorosa necessidade nesses est bulos de ugias Durante uma semana o modelo era um homem na semana seguinte uma mulher e assim por diante alternando ao longo do ano Um fog o um tamborete de modelo bancos alguns ba s umas cinquenta cadeiras com encosto baixas e s lidas um par de cavaletes e v rias pranchas de desenho completavam a mob lia Uma grande quantidade de caricaturas charges feitas com car v o ou com giz branco enfeitavam as paredes nuas al m de lasca
12. 105 repetida numa mesma tela que a introduzia essa unidade poderosa e multiforme causa s vezes n o percebida claramente por eles do entu siasmo que excitava em certos amadores a pintura de Elstir Figura 22 Impress o nascer do sol Claude Monet 1872 Mus e Marmottan Paris Fran a Fonte lt http goo gl MLrosm gt 106 Colet nea bilingue Albert Camus Jonas ou l artiste au travail Jonas ou o artista no trabalho 1956 Jonas ou o artista no trabalho uma das seis novelas de Albert Camus publicada em 1956 no volume O ex lio e o reino explora o universo do pintor Gilbert Jonas que se instala com sua fam lia em um curioso apar tamento no qual aloja seu ateli trecho 27 Na medida em que cresce seu renome como artista Jonas v seu apartamento tomado por ino portunos disc pulos cr ticos amigos e tamb m por sua fam lia trecho 28 o que desloca o seu espa o de trabalho para os outros ambientes da casa trecho 29 E a aus ncia de espa o no ateli que permita ao artista se isolar para pensar na sua pr pria arte que coloca o pintor em um impasse que o torna incapaz de produzir Nessa obra de cunho autobiogr fico Camus retrata o dilema do artista na dif cil tentativa de equilibrar os aspectos sociais e profissionais de sua vida conflito resumido na frase Mas a vida breve o tempo pouco e sua pr pria energia tinha limites Era dif cil pintar o mundo dos homens e ao mesmo tempo
13. 117 do ateli propriamente dito por um m vel em L e uma estante de livros sem fundo de estilo vagamente chin s ou seja laqueada de preto com incrusta es imitando madrep rola e ferragens de cobre trabalhadas alta comprida e larga a perna mais longa mede pouco mais de dois metros a mais curta um metro e meio No alto dessa estante alinham se alguns moldes um busto da Rep blica francesa tirado de alguma antiga prefei tura grandes vasos tr s belas pir mides de alabastro enquanto as cinco prateleiras se vergam ao peso de um amontoado de bibel s objetos ex ticos e aparelhinhos s o artigos kitsch vindos de um concurso de inven es dos anos 30 um descascador de batatas um batedor de maionese com um pequeno funil que deixa o leo pingar gota a gota um instru mento para cortar ovos cozidos em fatias finas outro para fazer cara mujinhos de manteiga uma esp cie de pua terrivelmente complicada que na verdade n o passa de um saca rolhas sofisticado artigos rea dy made de inspira o surrealista uma bisnaga de p o completamente prateada ou pop uma caixa de 7 Up flores secas imprensadas no vidro compondo pequenas paisagens rom nticas ou rococ s pintadas em cart o ou tecido encantadores trompe l oeil nos quais cada detalhe est minuciosamente reproduzido desde uma toalhinha rendada sobre uma mesa de p central com dois cent metros de altura at um assoalho de taquinhos em zigue zague em que cada taco
14. 2014 SOROLLA Joaqu n Minha fam lia 1901 leo sobre tela 185 x 159 cm Dispon vel em lt http goo gl IUi8OE gt Acesso em 25 jan 2014 SPITZWEG Carl O pobre poeta 1839 leo sobre tela 36 2 x 44 6 cm Dispon vel em lt http goo gl 3ogB4g gt Acesso em 25 jan 2014 STRADANUS Johannes Jan van der Straet O laborat rio do alquimista 1570 leo sobre ard sia 24 x 18 cm Dispon vel em lt http goo gl k6DQW0 gt Acesso em 25 jan 2014 SZAFRAN Sam O ateli da rua Crussol 1972 Pastel sobre papel 105 x 75 cm Dispon vel em lt http goo gl AICieR gt Acesso em 25 jan 2014 TASSAERT Octave Interior de ateli 1845 leo sobre tela 46 x 38 cm Dispon vel em lt http goo gl 1a5JCt gt Acesso em 25 jan 2014 TASSAERT Octave Meu quarto 1825 leo sobre tela 32 x 40 cm In GAUSSEN Fr d ric Le Peintre et son atelier les refuges de la cr ation Paris ditions Parigramme 2006 p 71 VERNET Horace O ateli do pintor 1820 21 leo sobre tela 52 x 64 cm In GAUSSEN Fr d ric Le Peintre et son atelier les refuges de la cr ation Paris ditions Parigramme 2006 p 227 146 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor Publica es Viva Voz de interesse para a rea de tradu o Oficina de tradu o do franc s traduzindo quadrinhos II ed bil ngue Maria L cia Jacob Org Contos franceses edi o bilingue Marcel B alu Frank
15. Andr Telles HOUELLEBECQ O mapa e o territ rio p 172 174 Michel Houellebecq La Carte et le Territoire 139 Poucas pessoas de toda forma no momento da apresenta o do quadro prestaram aten o ao fundo ofuscado pela incr vel expressivi dade do personagem principal Captado no instante em que acaba de detectar uma corre o a ser efetuada numa das folhas dispostas sobre a escrivaninha sua frente o autor parece em estado de transe possu do por uma f ria que alguns n o hesitaram em qualificar de demoniaca sua m o empunhando a caneta corretora tra ada com uma ligeira indefini o de movimento lan a se sobre a folha com a rapidez de uma cobra lan ando se para dar o bote na presa como escreve de maneira ima g tica Wong Fu Xin A luz bem mais contrastada que nos quadros anteriores de Martin deixa na sombra grande parte do corpo do escritor concentrando se unicamente na parte superior do rosto e nas m os com os dedos em gancho compridos descarnados como as garras de uma ave de rapina A express o do olhar pareceu na poca t o estranha que n o podia estimaram os cr ticos ser aproximada de nenhuma tradi o pict rica existente cabendo antes avizinh la de certas imagens de arquivos etnol gicos registradas por ocasi o de cerim nias vodus 140 Colet nea bilingue Figura 31 Voltaire recebendo a visita do imperador Fr d ric II durante sua estadia na Pr ssia entre 1750 e 175
16. Desbordes Valmore como autobiogr fico No primeiro dos dois volumes que comp em a obra o pintor fict cio L onard abriga em seu ateli sua jovem sobrinha rf Ondine qual se compromete a ensinar a arte da pintura enquanto lhe confidencia aven turas passadas durante sua forma o como pintor O ateli de L onard trecho 10 est instalado no antigo convento das Capuchinhas ent o em ru nas mas que se tornou uma esp cie de ref gio de pintores incluindo o do renomado Girodet 1767 1824 A ima gem das ru nas j explorada por Diderot no s culo XVIII na po tica das ruinas considerada um estimulante da medita o e dos devaneios mas tamb m tem profunda liga o com o per odo hist rico refletido pelo romance em que a Fran a reerguendo se ap s a revolu o se apoia nas ru nas para a constru o do novo o que inclui o trabalho de cria o do artista nesse sentido que o pintor se recusa a procurar outro ateli inspirado pela atmosfera do local FIG 9 e negando o nomadismo pr prio dos pintores bo mios Trecho 10 O ateli de L onard L atelier nu d ornements et de meubles superflus ne s agrandissait pas mesure qu on I encombrait de cartons de pl tres de chevalets et de 1 DESBORDES VALMORE L Atelier d un peintre sc nes de la vie priv e p 20 26 mannequins La muraille un peu humide raviv e tous les deux ou trois ans d une couche paisse de couleur grise nuanc e c et l par la
17. VOUILLOUX Bernard Tableaux d auteurs apr s I Ut pictura poesis Paris Presses Universitaires de Vincennes 2004 144 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor Artes visuais BAQUOY Pierre Voltaire recebendo a visita do imperador Fr d ric II durante sua estadia na Pr ssia entre 1750 e 1753 1825 Gravura sobre couro 584 x 447 cm Dispon vel em lt http goo gl 3zbu3J gt Acesso em 25 jan 2014 BAUGIN Lubin Natureza morta com tabuleiro de xadrez 1663 leo sobre madeira 55 x 73 cm Dispon vel em lt http goo gl ad8Qxp gt Acesso em 25 jan 2014 BAZILLE Fr d ric O ateli de Bazille 1870 leo sobre tela 98 x 128 cm Dispon vel em lt http goo gl ekHcgm gt Acesso em 25 jan 2014 BOTH Andries O pobre pintor em seu ateli 1635 Gravura 330 x 247 cm Dispon vel em lt http goo gl 3V2p1D gt Acesso em 25 jan 2014 BOSSE Abraham O nobre pintor Aproximadamente 1642 Gravura 254 x 326 cm Dispon vel em lt http goo gl NJ2njq gt 25 jan 2014 C ZANNE Paul Retrato de Gustave Geffroy 1895 leo sobre tela 110 x 89 cm Dispon vel em lt http goo gl oHkkvd gt Acesso em 25 jan 2014 COURBET Gustave O ateli do pintor Entre 1854 e 1855 leo sobre tela 361 x 598 cm Dispon vel em lt http goo gl OFS70y gt 25 jan 2014 DAUMIER Honor O enterro ou O artista 1868 70 leo sobre madeira 26 x 34 cm In GAUSSEN Fr d ric Le Peintre e
18. a com brinco de p rola 1999 Honor de Balzac Le Chef d uvre inconnu A obra prima ignorada 1831 Honor de Balzac Pierre Grassou 1839 Marceline Desbordes Valmore L Atelier d un peintre O ateli de um pintor 1833 Honor de Balzac La Vendetta A Vendetta 1830 59 65 73 81 85 89 95 99 105 113 123 129 135 141 Edmond et Jules de Goncourt Manette Salomon 1867 mile Zola L uvre A obra 1886 Georges du Maurier Trilby 1894 Nicolas Gogol Le Portrait O retrato 1835 Octave Mirbeau Le Calvaire O calv rio 1886 Philippe Delerm Autumn 1990 Oscar Wilde Le Portrait de Dorian Gray O retrato de Dorian Gray 1890 Marcel Proust la recherche du temps perdu Em busca do tempo perdido 1919 Albert Camus Jonas ou l artiste au travail Jonas ou o artista no trabalho 1956 Georges Perec La Vie mode d emploi A vida modo de usar 1978 Francis Ponge L Atelier contemporain O ateli contempor neo 1977 Michel Butor L Atelier la chambre O ateli o quarto 2009 Michel Houellebecq La Carte et le Territoire O mapa e o territ rio 2010 Refer ncias Apresenta o O presente trabalho resultado da pesquisa de Inicia o Cient fica desenvolvida por Izabela Baptista do Lago com apoio do PIBIC CNPq no per odo de agosto de 2013 a julho de 2014 pesquisa inserida no projeto Descri o Inscri o varia es so
19. a solid o e o recolhimento o ateli pode ainda de acordo com Maurisson exercer as fun es de lugar de cria o de socializa o e de negocia es nesse sentido que diante da pluralidade de fun es que assume o mesmo espa o cabe ao pintor manter s vezes n o sem percal os o equil brio entre o espa o profis sional e o cotidiano dom stico entre o que lhe demanda sua profiss o e sua vida privada Sobre as pinturas que retratam ateli s interessante observar segundo Gaussen que O ateli como o envelope do pintor Mas tamb m o seu mundo interior A c mara escura na qual a obra pouco a pouco toma forma um laborat rio de sonhos povoado com os fantasmas 3 BARED PERNAC La Peinture repr sent e all gories ateliers autoportraits p 172 4 LANEYRIE DAGEN Le M tier d artiste dans l intimit des uvres p 181 5 MAURISSON crire sur la peinture p 207 10 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor dos quadros passados e a vir Quando ele representa o seu ateli o pintor nos mostra o que se passa na sua cabe a Assim o pintor tem ci ncia de que ao transpor para a tela o seu pr prio ateli estar abrindo sua intimidade e revelando para o olhar do espectador as suas refer ncias e inspira es seus anseios e devaneios E al m disso por ser um espa o consagrado arte os quadros pendu rados nas suas paredes assim como outras obras ali presente
20. ardentes mortais nascidos da chama que imortalizou e matou Rafael 5 1 O ateli at nova ordem estava instalado ao longo de um corredor do antigo convento das Capuchinhas labirinto no qual aqueles que ainda o habitavam acabavam por se perder s vezes como os visitantes que ali vinham procur los Muitas vezes as pessoas s se encontravam quando chamavam uma outra em voz alta entre os muros do velho monast rio desabados ou em pleno desmoronamento Algumas celas permaneciam intactas mas elas eram rodeadas por tantos destro os e pilastras titubeantes por muros t o altos que toda hora ca am com um barulho surdo e amea ador que sem a seguran a profunda do Sr L onard que jamais parava de pintar em meio a esses ru dos devastadores sua sobrinha teria fugido aterrorizada Enquanto Girodet pintar acima de nossas cabe as dizia o Sr L onard como que em resposta ao olhar aflito de sua sobrinha por que devo me preocupar Eu n o farei um passo antes dele para procurar um ateli Voc n o sabe como terr vel procurar um ateli Transportar uma multid o de objetos minha caixa de tintas cheia de leo meu quadro de borboletas perturbar toda uma exist ncia imagina se que seja pouca coisa primeira vista mas veja se Girodet foge E com certeza eu s me separarei de uma tal vizinhan a em caso extremo no ltimo grito de afli o 2 Tradu o nossa Marceline Desbordes Valmore L Atelier d un peintr
21. beg nias e um pequeno caramanch o sob o qual alongavam se cadeiras de balan o diante de uma mesa de ferro Mas depois de todos esses sinais de feiura cita dina n o mais prestei aten o s molduras cor de chocolate dos plintos quando estava no ateli senti me absolutamente feliz pois por todos os estudos que me rodeavam imaginava a possibilidade de me elevar a um conhecimento po tico fecundo em alegrias de muitas formas que at ent o n o havia isolado do espet culo geral da realidade E o ateli de Elstir me surgiu como um laborat rio de uma esp cie de nova cria o do mundo onde do caos que s o todas as coisas que vemos ele havia tirado pintando os sobre v rios ret ngulos de tela que estavam coloca dos em todos os sentidos aqui uma onda do mar arrebentando col rica de encontro areia com sua espuma lil s ali um jovem de terno de brim branco apoiado no conv s de um barco O casaco do jovem e a onda espumejante tinham adquirido uma dignidade nova pelo fato de que con tinuavam a existir ainda que desprovidos daquilo que aparentemente os constitu a visto que a onda j n o podia molhar nem o casaco vestir pessoa alguma No momento em que entrei o criador estava a ponto de terminar com o pincel que tinha na m o a forma do sol poente Os estores se achavam descidos de quase todos os lados o ateli estava bem refrescado e obscuro salvo num ponto em que a claridade do dia colava na parede sua decora o
22. bil ngue Edmond et Jules de Goncourt Manette Salomon 1867 Os irm os Goncourt publicam em 1867 Manette Salomon romance que explora o mundo dos artistas na metade do s culo XIX com nfase na pintura descrevendo o ambiente dos ateli s a vida bo mia dos artistas e propondo reflex es sobre a est tica da poca e sobre as rela es do artista com o amor Coriolis personagem principal do romance pintor orientalista de origem aristocrata possui uma certa tranquilidade material o que lhe permite dedicar se exclusivamente ao g nero de pintura que lhe agrada a pintura orientalista No entanto o pintor v seu talento definhar sufo cado pela rela o amorosa que desenvolve com Manette sua modelo que se torna sua esposa No in cio do romance a descri o do ateli de Coriolis trecho 12 o aproxima de uma verdadeira cole o particular de objetos ex ticos com refer ncias claramente orientais aproximando esse ambiente de cria o saturado de cores jogos de luz e texturas impregnado pela voluptuosi dade das formas femininas a uma tela de Delacroix FIG 11 Ap s o encontro com Manette devorado pelo amor e pela rela o sufocante que ambos alimentam o talento de Coriolis definha pouco a pouco transformando o em um artista est ril condi o que se reflete imediatamente em seu ateli que do transbordamento de cores texturas e objetos ex ticos que ali se encontravam se descobre vazio despido de todo o movi
23. c toyaient les chevalets les brosses et les flacons les tubes de peinture La porte fen tre s entrouvrait sur le balcon et au del la Tamise miroitant au soleil sans son manteau habituel de miasmes et de brouillards d odeurs naus abondes Vers o em portugu s O apartamento de Chatham Place estava banhado em uma luz fresca e nova nesse in cio de tarde do m s de mar o O grande aposento de pin tar n o era um ateli propriamente dito pufes e sof s tapetes amonto ados de todos os tons ruivos livros abertos dispersos aos quatro cantos do c modo conviviam com os cavaletes as escovas e os frascos os tubos de tinta A porta janela se entreabria na varanda e ao longe o T misa brilhava sob o sol despido de seu manto habitual de miasmas e neblina de odores nauseantes Trecho 24 O ateli de Rosetti em Tudor House Dante Gabriel emmena Dodgson jusqu son atelier Une immense pi ce la seule vraiment lumineuse de Tudor House gr ce trois immenses fen tres ouvertes sur le parc Comme Chatham Place Rossetti n avait pas voulu un espace vou uniquement la peinture Des canap s cou verts de chintz des tentures de velours framboise des porcelaines orien tales des meubles Renaissance rythmaient l espace et en faisaient un 5 DELERM Autumn p 105 6 Tradu o nossa 7 DELERM Autumn p 265 94 Colet nea bil ngue lieu vivant Les derni res toiles de Dante taient l dans son d sordre coutumier
24. de deux ou trois millim tres tout un assortiment de vieilles cartes postales repr sentant Pomp i au d but du si cle Der Triumphbogen des Nero Arco di Nerone Arc de N ron Nero s Arch la Casa dei Vetti un des meilleurs exemples d une noble villa romaine les belles peintures et les d cora tions de marbre ont t laiss es telles quelles dans le p ristyle qui tait orn de plantes Casa di Cavio Rufo Vico di Lupanare etc Les plus 1 PEREC La Vie mode d emploi p 63 65 116 Colet nea bil ngue belles pi ces de ces collections sont de d licates boites musique l une d entre elles r put e ancienne est une petite glise dont le carillon joue quand on soul ve l g rement le clocher le c l bre Smanie implacabili che m agitate de Cosi fan tutte une autre est une pr cieuse pendulette dont le mouvement anime un petit rat en tutu Dans le rectangle d fini par ce meuble en L dont chaque branche se termine sur des ouvertures que des tentures de cuir peuvent venir masquer Hutting a dispos un divan bas quelques poufs et un petit bar roulant garni de bouteilles de verres et d un seau glace provenant d un c l bre night club de Beyrouth The Star il repr sente un moine gros et court assis tenant dans sa main droite un gobelet il est v tu d une longue robe grise avec une cordeli re sa t te et ses paules sont prises dans un capuchon noir qui constitue le couvercle du seau Le mur de ga
25. e de suas duas faces feitos por Rivi re e Vittoz esta vam de p como cari tides Era a vida era a real presen a da carne que essas impress es sobretudo a que clareava esquerda a luz filtrada do 2 Tradu o nossa Edmond et Jules de Goncourt Manette Salomon 63 dia essas costas nas quais ricocheteava em todos seus relevos e sobre as suas formas cheias uma luz que acariciando as pernas perdia se no calcanhar Uma sombra flutuante dormia o dia inteiro nesse reduto de mist rio e de pregui a nesse pequeno santu rio do ateli que com seus odores de despojos selvagens e sua cor de deserto parecia abrigar o recolhimento e os devaneios da tenda Trecho 13 Segundo momento do ateli de Coriolis Tout avait chang dans l int rieur de Coriolis Son petit logement n tait plus son grand et large appartement de la rue Vaugirard Son atelier d pouill de ce clinquant d art sur lequel l il du coloriste aime se promener semblait vide et froid presque pauvre Vers o em portugu s Tudo havia mudado no interior de Coriolis Sua pequena habita o n o era mais seu grande e largo aparta mento da rua Vaugirard Seu ateli despido dessa ostenta o de arte sobre a qual o olho do colorista gosta de passear parecia vazio e frio quase pobre 3 GONCOURT E GONCOURT J Manette Salomon p 503 4 Tradu o nossa 64 Colet nea bil ngue Figura 11 Morte de Sardanapalo Eug ne Delacroix Fonte lt htt
26. e permanece vivo o desejo de abolir os limites entre esses ambientes po ticos que exatamente o que o presente trabalho pretende refor ar nesse passeio pelos ateli s liter rios e pict ricos aqui relacionados Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor 21 Figura 1 Retrato de Charles le Brun Nicolas de Largilli re 1686 Mus e du Louvre Paris Fran a Fonte lt http goo gl HbxpLu gt 22 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor Figura 2 Monet e sua esposa no barco ateli douard Manet 1874 Neue Pinakothek Munique Alemanha Fonte lt http goo gl G3B3b1 gt Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor 23 Colet nea bilingue Alexandra Lapierre Artemisia Un duel pour l immortalit Artem sia um duelo pela imortalidade 1998 Artem sia 1998 um romance inspirado no personagem hist rico da pintora Artemisia Gentileschi 1593 1653 filha do c lebre pintor Orazio Gentileschi 1563 1639 Criada dentro do ateli do pai em Roma na It lia do s culo XVII familiarizada desde cedo com as t cnicas da arte da pin tura Artem sia dever lutar pelo reconhecimento de seu talento insta lando seu pr prio ateli em Floren a e em N poles O in cio do romance explora o cen rio do bairro romano dos artis tas familiarizando o leitor com o t pico ateli de um pintor do s culo XVII no caso o de Orazio Gentileschi permitindo l
27. essencial no exerc cio da cria o e atrav s de sua descri o a arte deixa de ser simples ornamento do texto liter rio atingindo a posi o de protagonista da obra nesse sen tido que o pintor deve ser visto como meton mia do artista com ineg vel e estreito parentesco com o escritor uma vez que ambos se apresentam como representantes dessa classe que se dedica ao rduo trabalho da cria o profundo impacto sobre sua forma o como pintor o que tamb m contribuir para a constru o da vis o do amor expresso pelo romance O ateli de um pintor de Marceline Desbordes Valmore Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor 13 As v rias faces do ateli uma breve compara o do ateli liter rio e da pintura de ateli Como j foi visto a descri o do ateli nos romances de artista tem import ncia fundamental na constru o da narrativa e todo elemento ali descrito tem fun o meton mica e simb lica As descri es do ateli podem ser feitas sob a perspectiva de diver sos personagens e isso tem impacto no aspecto do ateli que o autor pretende ressaltar assim como na rela o desse espa o com a pessoa e a obra do pintor personagem Esses diferentes n veis de olhar capazes de acrescentar ao ambiente refer ncias pr prias como alus es pintura m sica hist ria e s experi ncias vinculadas a viv ncias particula res elevam a qualidade expressiva da obra pois pe
28. et des murs laqu s de blanc nus l exception d un long panneau d acier poli sur lequel trois affiches sont maintenues par des punaises aimant es affec tant la forme de demi billes une reproduction en couleurs du Triptyque du jugement dernier de Roger Van der Weyden conserv l H tel Dieu 3 PEREC La Vie mode d emploi p 334 336 Georges Perec La Vie mode d emploi 119 de Beaune l affiche du film d Yves All gret Les Orgueilleux avec Michele Morgan G rard Philipe et Victor Manuel Mendoza et un agrandissement photographique d un menu fin de si cle s inscrivant dans des arabesques beardsleyennes me Bochort de Saron 47 Tiph 148 84 Truffes au foie Caviar aux lentilles Cailles en caisses Huitres d Ostende o H Bau d A Le client est un Japonais au visage couvert de rides portant un pince nez monture d or v tu d un strict costume noir chemise blanche cravate gris perle Il est assis sur une chaise les mains sur les genoux les jambes serr es le buste bien droit les yeux tourn s non dans la direction du peintre mais vers une table a jeu dont la marqueterie repro duit un tablier de trictrac sur laquelle sont pos s un t l phone blanc une cafeti re en m tal anglais et une corbeille d osier pleine de fruits exotiques Devant son chevalet sa palette la main Hutting est assis sur un lion de pierre imposante sculpture dont l origine assyrienne ne fait de doute pour personne mais qui p
29. invariablement historiques M me il I e t d sir plus mis rable encore il en voulait au plancher de n tre pas en terre battue C est mon atelier que je reconnais les vrais amis disait il souvent ceux ci reviennent les autres ne reviennent pas C est tr s commode Il en revenait fort peu Vers o em portugu s O ateli do pintor Lirat situado em um local tranquilo do Faubourg Saint Honor o quarteir o Rodrigues era um vasto c modo nu de paredes cinzas com funda es vista sem m veis Lirat o chamava familiar mente de seu s t o Um s t o realmente no qual o vento se infiltrava e a chuva ca a do teto por pequenas fendas Duas mesas compridas de madeira branca serviam de suporte para caixas de l pis past is cader nos blocos cabos de leques revistas japonesas moldes uma desordem de objetos in teis e estranhos Pr ximo a um arm rio biblioteca reves tido de velhos jornais um canto repleto de caixotes telas estudos que deixavam mostra seus suportes Um div t o decr pito que desde que se pensava em us lo emitia os sons pr prios a um piano desafinado Duas poltronas bambas e um espelho sem moldura constitu am o nico luxo do ateli iluminado por um dia muito vibrante No inverno quando recebia um modelo Lirat acendia seu pequeno fogareiro de ferro fundido 2 Tradu o nossa 88 Colet nea bil ngue cujo cano recurvado em ngulos bruscos preso com arame e cobert
30. local de trabalho com o do ateli de um pintor como comprovam Andr Gide que em Os moedeiros falsos n o hesita em nomear ateli o ambiente de trabalho de seu escritor personagem douard assim como Francis Ponge que em O ateli contempor neo exp e ao leitor em sua introdu o 24 MAURISSON crire sur la peinture p 209 25 GIDE Les faux monnayeurs p 297 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor 19 Bem que a evoca o de v rios ateli s famosos lhe tenha sido prometida e seja a principal raz o da sua visita voc ir penetrar aqui em um dos meus e s encontrar expostos os objetos de que sou capaz uma cole o de escritos bastante numerosa 5 Inclusive o pintor retratado nos romances de artista tamb m pode por sua vez encontrar ref gio na escrita ambiente familiar do autor para expressar o eterno conflito do artista dividido entre a arte e a vida como atestam os personagens dos pintores Jonas em Jonas ou o artista no trabalho de Albert Camus e Pippo em O Filho do Ticiano de Alfred de Musset Ambos escrevem diretamente na tela o dilema que os aflige Jonas e Pippo s o portanto pintores que escrevem Assim que se concretiza a ineg vel correspond ncia entre o escritor e o pintor incluindo o seu ambiente de cria o como atestam os quadros representando escritores em sua mesa de trabalho Na mesa de mile Zola FIG 15 por Manet podemos ver entre penas pa
31. o se trata de um espa o de cria o o rigor met dico de sua orga niza o o torna um anti ateli um espa o mais aparentado a uma cozi nha meticulosamente limpa FIG 8 do que a um ateli de artista Trecho 9 O ateli de Pierre Grassou Au dessus des trois ou quatre pi ces de l appartement occup par Grassou de Foug res s tendait son atelier qui regardait Montmartre L atelier peint en tons de briques le carreau soigneusement mis en couleur brune et frott chaque chaise munie d un petit tapis bord le canap simple d ailleurs mais propre comme celui de la chambre coucher d une pi ci re l tout d notait la vie m ticuleuse des petits esprits et le soin d un 1 BALZAC Le Chef d uvre inconnu et autres nouvelles p 273 274 homme pauvre Il y avait une commode pour serrer les effets d atelier une table d jeuner un buffet un secr taire enfin les ustensiles n ces saires aux peintres tous rang s et propres Le po le participait ce sys t me de soin hollandais d autant plus visible que la lumi re pure et peu changeante du nord inondait de son jour net et froid cette immense pi ce Foug res simple peintre de genre n a pas besoin de machines normes qui ruinent les peintres d Histoire il ne s est jamais reconnu de facult s assez compl tes pour aborder la haute peinture il s en tenait encore au chevalet Vers o em portugu s Acima das tr s ou quatro pe as do apartamento ocupado p
32. olhos pressionou os dedos sobre suas p lpe bras como se procurasse imprimir em seu c rebro algum sonho estranho do qual temia acordar Oscar Wilde Le Portrait de Dorian Gray 99 Figura 21 Fachada para o jardim da casa de Ary Scheffer rue Chaptal Ary Johannes Lamme 1865 Mus e de la Vie Romantique Paris Fran a Fonte lt http goo gl Dr7n0B gt 100 Colet nea bilingue NES M Marcel Proust A la recherche du temps perdu Em busca do tempo perdido 1919 Obra monumental de Marcel Proust Em busca do tempo perdido com posta de sete volumes publicados de 1913 a 1927 Centrado no percurso da vida do narrador at sua transforma o em escritor o romance pode ser analisado sob diversos aspectos entre eles como cr tica social e como descoberta interior por meio da mem ria No entanto o papel desempe nhado pela arte em todas as suas dimens es n o pode ser desprezado tanto na estrutura da obra quanto na sua import ncia para a forma o do narrador personagem e suas impress es sobre o mundo que o cerca No segundo volume da s rie sombra das mo as em flor o nar rador adolescente faz uma viagem cidade balne ria de Balbec onde conhece o c lebre pintor Elstir que iria influenciar a sua maneira de ver o mundo e contribuir para a sua forma o como escritor Em sua primeira visita ao ateli de Elstir trecho 26 o narrador se surpreende com o contraste entre o aspecto com
33. pintura Trecho 6 O ateli de Porbus Porbus s inclina respectueusement il laissa entrer le jeune homme en le croyant amen par le vieillard et s inqui ta d autant moins de lui que le n ophyte demeura sous le charme que doivent prouver les peintres n s l aspect du premier atelier qu ils voient et o se r v lent quelques uns des proc d s mat riels de l art Un vitrage ouvert dans la vo te clairait l atelier de ma tre Porbus Concentr sur une toile accroch e au chevalet et qui n tait encore touch e que de trois ou quatre traits blancs le jour n atteignait pas jusqu aux noires profondeurs des angles de cette vaste pi ce mais quelques reflets gar s allumaient dans cette ombre rousse une paillette argent e au ventre d une cuirasse de re tre suspendue la muraille rayaient d un brusque sillon de lumi re la corniche sculpt e et cir e d un antique dressoir charg de vaisselles curieuses ou piquaient de points clatants la trame grenue de quelques vieux rideaux de brocart d or aux grands plis cass s jet s l comme mod les Des corch s de pl tre des fragments et des torses de d esses antiques amoureusement polis par les baisers des si cles jonchaient les tablettes et les consoles D innombrables bauches des tudes aux trois crayons la sanguine ou la plume couvraient les murs jusqu au plafond Des bo tes couleurs des bouteilles d huile et d essence des escabeaux renvers s ne laissaie
34. plus grand nombre de ceux qui m entouraient n taient pas ce que j aurais le plus aim voir de lui les peintures appartenant ses premi re et deuxi me mani res comme disait une revue d art anglaise qui tra nait sur la table du salon du Grand H tel la mani re mythologi que et celle ou il avait subi l influence du Japon toutes deux admirable ment repr sent es disait on dans la collection de Mme de Guermantes Naturellement ce qu il avait dans son atelier ce n tait gu re que des marines prises ici Balbec Mais j y pouvais discerner que le charme de chacune consistait en une sorte de m tamorphose des choses repr sen t es analogue celle qu en po sie on nomme m taphore et que si Dieu le P re avait cr les choses en les nommant c est en leur tant leur nom ou en leur en donnant un autre qu Elstir les recr ait Les noms qui d sig nent les choses r pondent toujours une notion de l intelligence tran g re nos impressions v ritables et qui nous force liminer d elles tout ce qui ne se rapporte pas cette notion Parfois ma fen tre dans l h tel de Balbec le matin quand Fran oise d faisait les couvertures qui cachaient la lumi re le soir quand j attendais le moment de partir avec Saint Loup il m tait arriv gr ce un effet de soleil de prendre une partie plus sombre de la mer pour une c te loign e ou de regarder avec joie une zone bleue et fluide sans savoir si elle appart
35. salvo quando infor mados o autor da tradu o e a edi o utilizada Com rela o aos crit rios utilizados para a ordem das obras liter rias e seus respectivos trechos foram levados em considera o o tempo cronol gico ou hist rico em que se passa a narrativa assim como a data de publica o da obra Privilegiou se contudo o tempo cronol gico pois a passagem dos s culos vai modificar tanto a figura do artista quanto o car ter do ateli o que poder ser objeto de interessante reflex o para O leitor nesse percurso de ateli s que vai do s culo XVII at a atualidade Cada obra liter ria se encontra relacionada no sum rio com o nome do autor t tulo da obra em franc s t tulo da obra em portugu s e data da publica o Por fim destaca se que esta colet nea bilingue vem precedida de um ensaio in dito cujo t tulo d nome ao livro Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor pre tende portanto n o apenas colocar disposi o do leitor interessado na linha de pesquisa literatura artes e m dias uma sele o de textos por meio da colet nea bil ngue mas tamb m apresentar uma reflex o te rica sobre esse espa o privilegiado da cria o que o ateli de artista As organizadoras 8 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor M rcia Arbex Izabela Baptista do Lago Entre os s culos XIII
36. se comer na cozinha desde que Jonas ou Louise se dispusessem a ficar de p Rateau por sua vez multiplicara as instala es engenhosas Com portas rolantes prateleiras escamote veis e mesas dobr veis conse guira compensar a escassez de m veis acentuando o ar de caixinha de surpresas desse original apartamento Trecho 28 O ateli invadido Ainsi coulait le temps de Jonas qui peignait au milieu d amis et d l ves install s sur des chaises maintenant dispos es en rangs concentriques autour du chevalet Souvent aussi bien des voisins apparaissaient aux fen tres d en face et s ajoutaient son public Il discutait changeait des vues examinait les toiles qui lui taient soumises souriait aux passages de Louise consolait les enfants et r pondait chaleureusement aux appels t l phoniques sans jamais l cher ses pinceaux avec lesquels de temps en temps il ajoutait une touche au tableau commenc Dans un sens sa vie tait bien remplie toutes ses heures taient employ es et il rendait gr ces au destin qui lui pargnait l ennui Dans un autre sens il fallait beaucoup de touches pour remplir un tableau et il pensait parfois que l ennui avait du bon puisqu on pouvait s en vader par le travail acharn La production de Jonas au contraire ralentissait dans la mesure o ses amis devenaient plus int ressants M me dans les rares heures o il tait tout fait seul il se sentait trop fatigu pour mettre les b
37. sur une dunette de navire Ce tendo pendait des cordes que paraissaient tenir de chaque c t de la baie deux grands anges de style byzantin peints et nimb s d or Le divan tait recouvert de panth res et de tigres aux t tes dess ch es Aux deux encoignures du fond deux moulages de femme de grandeur naturelle les deux moulages admirables du corps de Julie Geoffroy et de ses deux faces par Rivi re et Vittoz se dressaient en esp ces de cariatides C tait la vie c tait la pr sence r elle de la chair que ces empreintes celle surtout qu clairait gauche une filtr e de jour ce dos que fouettait sur tous ses reliefs et sur le plein de ses orbes une lumi re chatouillante allant se perdre le long de la jambe sur le bout du talon Une ombre flottante dormait tout le jour dans ce r duit de myst re et de paresse dans ce petit sanctuaire de l atelier qui avec ses odeurs de 1 GONCOURT E GONCOURT J Manette Salomon p 216 221 62 Colet nea bilingue d pouilles sauvages et sa couleur de d sert semblait abriter le recueille ment et la r verie de la tente Vers o em portugu s Era um ateli de nove metros de comprimento por sete de largura Suas quatro paredes se assemelhavam a um museu e a um pande m nio A exposi o e a confus o de um luxo barroco um empilhamento de objetos estranhos ex ticos heter clitos souvenirs peda os de obras de arte a acumula o e o contraste de coisas de todos os tem
38. t tes de lion taient sculpt es en haut des montants Contre le mur le plus loign derri re la chaise et le chevalet on apercevait un petit bahut sur lequel taient dispos s des pinceaux et un de ces couteaux la lame en forme de diamant pr vue pour nettoyer les palettes c t du buffet un bureau disparaissait sous les papiers les livres et les gravures Deux autres chaises orn es elles aussi de t tes de lion avaient t pla c es contre le mur pr s de l entr e Cette pi ce tait en ordre elle semblait exempte de la confusion de la vie quotidienne On la sentait diff rente des autres pi ces on se serait presque cru dans une autre maison La porte ferm e il devenait difficile d entendre les cris des enfants le cliquetis des clefs de Catharina le va et vient de nos balais sur le sol Vers o em portugu s Dispondo de um minuto eu percorri o ateli com o olhar Espa oso e quadrado o aposento contudo era menos comprido que a sala de baixo Com as janelas abertas ele era luminoso com suas paredes brancas caia das e seus ladrilhos de m rmore cinza e branco dispostos em cruz Uma fileira de azulejos de Delft representando cupidos protegia o rodap das paredes do ardor dos nossos esfreg es Esses tamb m n o eram obra do meu pai Por mais espa oso que ele fosse o c modo continha poucos m veis Notava se o cavalete e a cadeira na frente da janela central e a mesa frente da janela da direita na qu
39. tout le comble de la maison offrait ces proportions normes qui surprennent toujours les curieux quand arriv s soixante pieds du sol ils s attendent voir les artistes log s dans une goutti re Cette esp ce de galerie tait profus ment clair e par d immenses ch s sis vitr s et garnis de ces grandes toiles vertes l aide desquelles les peintres disposent de la lumi re Une foule de caricatures de t tes faites au trait avec de la couleur ou la pointe d un couteau sur les murailles peintes en gris fonc prouvaient sauf la diff rence de l expression que les filles les plus distingu es ont dans l esprit autant de folie que les hom mes peuvent en avoir Un petit po le et ses grands tuyaux qui d crivaient un effroyable zigzag avant d atteindre les hautes r gions du toit taient l infaillible ornement de cet atelier Une planche r gnait autour des murs et soutenait des mod les en pl tre qui gisaient confus ment plac s la plupart couverts d une blonde poussi re Au dessous de ce rayon et 1 BALZAC La Vendetta p 25 27 56 Colet nea bilingue l une t te de Niob pendue un clou montrait sa pose de douleur une V nus souriait une main se pr sentait brusquement aux yeux comme celle d un pauvre demandant l aum ne puis quelque corch s jaunis par la fum e avaient l air de membres arrach s la veille des cercueils enfin des tableaux des dessins des mannequins des cadres sans toiles et
40. um intelectual em seu escrit rio se cerca dos objetos que o inspiram o nico ind cio de que se trata de um pintor s o os pinc is em suas m os com rever ncia e at mesmo com um certo fervor m stico que se penetra no ateli santu rio experi ncia vivida pelo narrador de Em busca do tempo perdido trecho 26 e pelos jovens Poussin em A obra prima ignorada trecho 8 e Griet em Mo a com brinco de p rolas trecho 5 No ateli santu rio revelam se tamb m os mist rios da arte como no ateli de Baugin em Todas as manh s do mundo trecho 4 Ao pene trar no ambiente sagrado do ateli pode se at mesmo ouvir o farfa lhar de asas angelicais enquanto o pintor trabalha o nascimento da obra revelando se como um milagre divino como descrito em Os prod gios da vida Ou ao contr rio esse ambiente pode chocar escandalizar como ocorre com o pastor Mr Brand ao vislumbrar o ateli do pintor F lix em Os Europeus diante da assustadora presen a do nu nos esbo os que o ornam Ambiente compartilhado com a fam lia o ateli dom stico insta lado no lar do pr prio pintor Nele circulam al m dos personagens t pi cos do mundo da arte os filhos e a esposa do artista que este n o raro retrata em suas obras como o fizeram os pintores Derain em O pintor e sua fam lia FIG 23 e Sorolla em Minha fam lia FIG 25 Na literatura os ateli s dom sticos proliferam pois muitas vezes faltavam meios eco n micos
41. 3 Baquoy 1825 Biblioth que Nationale de France Paris Fran a Fonte lt http goo gl 3zbu31 gt Michel Houellebecq La Carte et le Territoire 141 Figura 32 Retrato de Gustave Geffroy Paul C zanne 1895 Cole o particular Fonte lt http goo gl oHkKvd gt 142 Colet nea bil ngue Refer ncias Liter rias BALZAC Honor de A com dia humana Tradu o de Vidal de Oliveira Rio de Janeiro O Globo 1947 v 2 Ortografia e pontua o adaptadas BALZAC Honor de A obra prima ignorada Tradu o de Teixeira Coelho S o Paulo Iluminuras 2012 BALZAC Honor de La Vendetta Paris Librairie G n rale Fran aise 2000 BALZAC Honor de Le Chef d uvre inconnu et autres nouvelles Paris Gallimard 1994 BUTOR Michel L Atelier la chambre In Michel Butor uvres compl tes x Recherches Paris ditions de La Diff rence 2009 p 867 868 CAMUS Albert Jonas ou l artiste au travail Paris Gallimard 2013 CAMUS Albert O ex lio e o reino Tradu o de Valerie Rumjanek Rio de Janeiro Record 1997 CHEVALIER Tracy La Jeune fille la perle Paris ditions de La Table Ronde 2000 Quai Voltaire DELERM Philippe Autumn Paris Gallimard 1990 Folio DESBORDES VALMORE Marceline L Atelier d un peintre sc nes de la vie priv e Paris Dumont 1833 v 1 Hachette BNF Ortografia adaptada GIDE Andr Les Faux monnayeurs Paris Gallimard 1925 Folio GOGOL
42. Crouzet em seu esclarecedor pref cio para Manette Salomon como se o pintor fosse a consci ncia clara e viva do scritor 22 O escritor se aproxima do pintor na medida em que lan a m o da escrita para discorrer sobre a pintura A literatura se torna ent o um ponto de encontro entre essas duas artes uma reuni o entre dois artis tas O pintor e o escritor De fato desde os prim rdios a rela o entre pintura e literatura baseada na correspond ncia pois Hor cio em sua Ep stola aos Pis es utiliza a pintura para falar da poesia na frase que se tornou um marco para o di logo entre essas duas artes ut pictura poesis Trata se por tanto de uma rela o de correspond ncias rec procas Assim como v rios escritores homenagearam os pintores ao escre ver sobre eles ou se inspiraram em suas obras para suas cria es liter rias tamb m in meros pintores representaram em suas telas persona gens liter rios vide a obsess o do pintor Rosetti pela Beatriz de Dante 21 MAURISSON crire sur la peinture p 207 22 CROUZET Pr face p 11 220 pr prio Dante em sua Divina Com dia faz refer ncias pintura citando os pintores Cimabue e Giotto no Canto XI do Purgat rio 18 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor tema explorado por Delerm em Autumn e at mesmo os pr prios escri tores como atestam a presen a de Zola nas pinturas de ateli de Bazille FIG 13 e Fantin Lato
43. Nicolas Le Portrait Paris Gallimard 1998 GONCOURT Edmond de GONCOURT Jules de Manette Salomon Paris Gallimard 1996 Folio HOUELLEBECQ Michel La Carte et le Territoire Paris Flammarion 2012 HOUELLEBECQ Michel O mapa e o territ rio Tradu o de Andr Telles Rio de Janeiro Record 2012 JAMES Henry Les Europ ens Paris ditions Albin Michel 2009 LAPIERRE Alexandra Artemisia Un duel pour l immortalit Paris Robert Laffond 2012 MAURIER Georges du Trilby Paris Payot amp Rivages 2005 MIRBEAU Octave Le Calvaire Paris Les ditions Nationales 1934 MUSSET Alfred de Le fils du Titien In LEDDA Sylvain Org Le Peintre et son mod le Paris Gallimard 2006 p 73 128 PEREC Georges A vida modo de usar Tradu o de Ivo Barroso S o Paulo Companhia das Letras 2009 PEREC Georges La Vie mode d emploi Paris Librairie G n rale Fran aise 2012 Le Livre de Poche PONGE Francis L Atelier contemporain Paris Gallimard 1977 PROUST Marcel la Recherche du temps perdu Paris Gallimard 1988 v 2 Biblioth que de La Pl iade PROUST Marcel Em busca do tempo perdido No caminho de Swann sombra das mo as em flor Tradu o de Fernando Py Rio de Janeiro Ediouro 2002 v 1 QUIGNARD Pascal Todas as manh s do mundo Tradu o de Pedro Tamen Rio de Janeiro Rocco 1993 QUIGNARD Pascal Tous les matins du monde Paris Gallimard 2013 Folio WILDE Os
44. a journ e ses amis ou ses clients et qui est s par de l atelier proprement dit par un meuble en L une biblioth que sans fond de style vaguement chinois c est dire laqu e de noir avec des incrustations imitant la nacre et des ferrures de cuivre travaill es haute large et longue la branche la plus longue faisant un peu plus de deux m tres la plus courte un m tre et demi Sur le sommet de ce meuble s alignent quelques moulages une vieille Marianne de mairie de grands vases trois belles pyramides dalb tre tandis que les cinq tag res croulent sous un amoncellement de bibelots de curiosit s et de gadgets des objets kitsch venus d un concours L pine des ann es trente un pluche patates un fouet mayonnaise avec un petit enton noir laissant tomber l huile goutte goutte un instrument pour couper les ufs durs en tranches minces un autre pour faire des coquilles de beurre une sorte de vilebrequin horriblement compliqu n tant sans doute qu un tire bouchon perfectionn des ready made d inspiration surr aliste une baguette de pain compl tement argent e ou pop une boite de seven up des fleurs s ch es mises sous verre dans des petits d cors romantiques ou rococo en carton peint et en tissu charmants trompe l ceil dont chaque d tail est minutieusement reproduit aussi bien un napperon de dentelle sur un gu ridon haut de deux centim tres qu un parquet b tons rompus dont chaque latte ne mesure pas plus
45. ai historique p 91 2 GAUSSEN Le Peintre et son atelier p 8 trabalha seja ele um quarto ou um sal o uma mansarda ou um pal cio Assim a pintura de ateli tornou se praticamente um g nero a partir do s culo XVII 3 Representando o espa o em que se dedica cria o de sua obra al m de mostrar se como um artista livre independente e em plena ascens o o pintor revela o que o toca mais profundamente sua aptid o para a pintura suas rela es profissionais e os dilemas pr prios da vida de artista O car ter do ateli do pintor varia de acordo com a escolha de sua carreira conforme Laneyrie Dagen os pintores mundanos e tam b m aqueles j mais reconhecidos precisam de mais espa o pois rece bem muitos visitantes importantes e trabalham em quadros de grandes dimens es como as prestigiosas pinturas de hist ria j os pintores de cavalete contentam se com um c modo em seu apartamento pessoal Mas o que todos possuem em comum que procuram aposentos favorecidos pela luz preferencialmente natural raz o pela qual elegem como local de predile o para a instala o do ateli o alto dos novos edi f cios que contam com grandes vidra as e at mesmo claraboias O ateli se torna ent o um espa o protegido um santu rio e um ref gio no qual o pintor pode trabalhar ao abrigo dos olhares de terceiros meditar se dedicar s suas obras em andamento e planejar as futuras Espa o que a princ pio privilegia
46. ais exerc cios da for ma o do artista a pr tica do desenho a partir de modelos nus FIG 10 Trecho 11 O ateli escola de mo as Servin l un de nos artistes les plus distingu s con ut le premier l id e d ouvrir un atelier pour les jeunes personnes qui veulent des lecons de peinture g d une quarantaine d ann es de m urs pures et enti re ment livr son art il avait pous par inclination la fille d un g n ral sans fortune Les m res conduisirent d abord elles m mes leurs filles chez le professeur puis elles finirent par les y envoyer quand elles eurent bien connu ses principes et appr ci le soin qu il mettait m riter la con fiance II tait entr dans le plan du peintre de n accepter pour coli res que des demoiselles appartenant des familles riches ou consid r es afin de n avoir pas de reproches subir sur la composition de son atelier il se refusait m me prendre les jeunes filles qui voulaient devenir artistes et auxquelles il aurait fallu donner certains enseignements sans lesquels il n est pas de talent possible en peinture Il avait pouss le scrupule de ses pr cautions jusque dans l ordonnance du local o tudiaient ses coli res L entr e du grenier qui r gnait au dessus de ses appartements avait t mur e Pour parvenir cette retraite aussi sacr e qu un harem il fallait monter par un escalier pratiqu dans l int rieur de son logement L atelier qui occupait
47. ali que pretende transform la contra todas as expectativas em uma cantora de talento 74 Colet nea bil ngue Trecho 17 O ateli dos pintores ingleses C tait une de ces journ es d avril ond es claire et ensoleill e On avait ouvert les panneaux sup rieurs de la grande baie de l atelier qui lais saient p n trer une brise agr able de nord ouest Lameublement de la pi ce semblait en voie d ach vement Le piano imposant un Broadwood demi queue avait t achemin depois l Angleterre par la petite vitesse on nomme ainsi les trains de marchan dises en France il se tenait nouvellement accord le long du mur est sur le mur oppos une panoplie de fleurets et de masques et des gants de boxe Un trap ze une corde n uds et deux anneaux au bout de leurs cordages taient suspendus une poutre massive du plafond L habituel rouge terne recouvrait les murs o des moulages en pl tre de bras e de jambes de mains et de pieds jetaient quelque clat et la poussi re n avait pas eu jusqu ici le temps de se d poser ni sur le masque mor tuaire de Dante ni sur le haut relief L da et le cygne de Michel Ange ni sur un Centaures et Lapithes des marbres Elgin Il y avait encore des tudes l huile de nus copies de Titien Rembrandt V lasquez Rubens Tintoret L onard de Vinci aucune de l cole de Botticelli Mantegna et compagnie une boutique dont le grand public n avait pas encore d couvert le
48. ao artista para manter um segundo domic lio onde instalar um ateli Mas da podem surgir in meros conflitos pois caber ao pintor separar a sua vida dom stica da sua profiss o o que nem sempre evi dente quando o espa o de cria o constantemente invadido pelo burbu rinho do cotidiano de uma fam lia como atesta o dilema vivido pelo pintor Jonas na novela Jonas ou o artista no trabalho trecho 29 S o comuns nas pinturas de ateli representa es do ateli es cola ateli s livres em que os alunos se reuniam para trabalhar em torno de um modelo enquanto um mestre supervisionava seus esfor os Essas pinturas tinham o intuito de relembrar a juventude ou homenagear o 16 ZWEIG Les Prodiges de la vie p 63 67 17 JAMES Les Europ ens p 190 16 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor mestre 8 como o fez Mass em O ateli dos alunos de Gros FIG 17 Os ateli s escola para mo as inaugurados no s culo XIX quando no es de arte come aram a fazer parte da forma o de uma jovem bem nas cida gabavam se de em nome da dec ncia proteg las das sess es de pose com modelos vivos como atesta o quadro de Adrienne Grandpierre Deverzy Ateli de Pujol FIG 10 Mas para essas mo as criadas na ignor ncia da realidade os ateli s eram locais de grandes revela es onde o mundo lhes era desvendado pela primeira vez Na literatura o ateli escola retrata a despreocupa o do jo
49. as tintas Trecho 2 O ateli preparado para receber visitantes poderosos Le matin o Orazio avait eu la r v lation du talent de sa fille il avait com menc par la chasser de l atelier avec ses petits fr res et tous les appren tis L un de ses puissants commanditaires venait d annoncer sa visite Il voulait tre seul quand il recevrait son client Mais pendant tout l entre tien il avait senti Artemisia coll e derri re la porte les couter Apr s avoir reconduit son client jusqu son carrosse il la rejoig nit Artemisia se tenait alors debout devant la table de la cuisine Autour d elle gisaient les spatules les couteaux les pierres broyer le pincelier tous les instruments de profession qu Orazio lui avait fait sortir en h te de l atelier l instar des autres peintres il savait qu un artiste ne doit jamais se pr senter devant ses commanditaires comme un travailleur manuel V tu de noir l air content de lui la mine respectable il faisait les 3 LAPIERRE Artemisia Un duel pour l immortalit p 69 Alexandra Lapierre Artemisia Un duel por l immortalit 29 honneurs de son atelier en donnant croire que la peinture n tait rien d autre qu un exercice intellectuel Vers o em portugu s Na manh em que Orazio teve a revela o do talento de sua filha ele come ou por expuls la do ateli com seus irm os e todos os aprendizes Um de seus poderosos mecenas acabara de anunciar sua visita E
50. bre a escrita e a imagem II coorde nado pela Profa M rcia Arbex Tomando por base uma sele o de obras liter rias que se inscre vem na tradi o dos romances de artista K nstlerroman de prefer ncia em l ngua francesa foram extra dos os trechos que se dedicam descri o do ambiente de cria o ateli ou est dio Assim a partir dos v rios exemplos descritivos do local em que o pintor personagem d vida sua produ o art stica foi poss vel confront los com a bibliografia te rico metodol gica e iconografia pertinente compar los e definir sua impor t ncia na narrativa tanto na esfera da produ o da obra quanto de sua recep o Como conclus o diante da interdisciplinaridade da pesquisa foi tra ado um paralelo entre o personagem artista e a figura do escritor pois como ambos exercem um trabalho de cria o pode se pensar em um espelhamento do personagem artista no de seu criador o pr prio escritor Foram selecionados para compor esta colet nea bilingue os tre chos das obras liter rias estudadas que tratam de descri o do ateli ambiente de cria o do pintor Cada obra introduzida por uma pequena contextualiza o seguida dos trechos selecionados em franc s e em por tugu s al m de ilustra es pertinentes aproxima o entre o ateli lite r rio e o retratado pelas pinturas de ateli Todas as tradu es para o portugu s deste trabalho foram feitas pelas autoras
51. bretudo eram os esbo os pendurados nas paredes sem molduras um jorro espesso de esbo os que descia at o ch o quando ent o se juntava a um amontoado de telas jogadas ao acaso Ela nunca vira uma pintura t o terr vel rugosa radiante de uma viol ncia de tons que a feriam como os palavr es de um carroceiro ouvi dos porta de uma hospedaria Ela baixava os olhos atra da no entanto por um quadro virado de costas o grande quadro no qual trabalhava o pintor que ele todas as noites virava para a parede a fim de melhor o avaliar no dia seguinte com o frescor do primeiro olhar O que ele poderia esconder para que n o ousasse mostr lo E atrav s do vasto aposento o manto de sol ardente ca do da vidra a passeava sem ser atenuado por nenhuma cortina escorrendo como ouro l quido por cima de todos os destro os de mob lia acentuando sua despreocupada mis ria 5 Tradu o nossa 70 Colet nea bil ngue Figura 12 O ateli do pintor Gustave Courbet entre 1854 e 1855 Mus e d Orsay Paris Fran a Baudelaire o personagem da direita com um livro aberto Fonte lt http goo gl OFS70y gt mile Zola L uvre 71 Figura 13 O ateli de Bazille Fr d ric Bazille 1870 Mus e d Orsay Paris Fran a Zola foi subindo as escadas Fonte lt http goo gl ekHcgm gt 72 Colet nea bil ngue retratado Figura 14 Um ateli em Batignoles Henry Fantin Latour 1870 Mus e d Orsay Pa
52. c pias Importa ressaltar que muitos aspectos desses subgrupos podem se manifestar em uma mesma descri o de ateli at porque esse espa o 18 GAUSSEN Le Peintre et son atelier p 42 19 ZOLA L uvre p 305 20 ARBEX LAGO Camus ou o artista ao trabalho p 5 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor 17 como j foi dito pode ser descrito pelo olhar de diversos personagens cada um com sua forma de express o e refer ncias pr prias como o caso de A obra trechos 14 15 e 16 em que a vis o do ambiente de cria o no qual vive e trabalha o pintor Claude Lantier descrita alter nadamente pelos olhares do narrador e de Christine em tr s momentos distintos j no primeiro cap tulo E tamb m porque o ateli se transforma intencionalmente como em Artem sia preparado para a visita do mece nas trecho 2 ou sintomaticamente como em Manette Salomon trecho 13 e Jonas ou o artista no trabalho trecho 29 refletindo o nimo do pintor personagem Neste caso a descri o do local de cria o deve ser lida como uma interpreta o simb lica do artista O escritor no ateli do pintor uma rela o especular De acordo com Maurisson quando um artista descreve outro artista ocorre um movimento de espelhamento assim entre o ateli do pintor e o escritor em sua mesa de trabalho se tecem claras afinidades e cor respond ncias Esse espelhamento atua como uma transposi o pois segundo
53. car Le Portrait de Dorian Gray Paris Flammarion 1995 ZOLA mile L uvre Paris Librairie G n rale Fran aise 1996 Le Livre de Poche ZWEIG Stefan Les Prodiges de la vie Paris Librairie G n rale Fran aise 1996 Le Livre de Poche Te ricas ARBEX M rcia LAGO Izabela Baptista do Camus ou o artista ao trabalho In CONGRESSO 1 INTERNACIONAL DE LETRAS ARTES E CULTURA 4 2013 S o Jo o Del Rei Anais S o Jo o del Rei Universidade Federal de S o Jo o del Rei 2013 p 1073 1079 BARED Robert PERNAC Natacha La Peinture repr sent e all gories ateliers autoportraits Paris Hazan 2013 BERTHO Sophie Asservir l image fonctions du tableau dans le r cit C R I N Amsterdam v 23 p 25 36 1990 CROUZET Michel Pr face In GONCOURT Edmond de GONCOURT Jules de Manette Salomon Paris Gallimard 1996 p 11 GAUSSEN Fr d ric Le Peintre et son atelier les refuges de la cr ation Paris Parigramme 2006 KRIS Ernest KURZ Otto La L gende de l artiste un essai historique Paris ditions Allia 2010 LANEYRIE DAGEN Nadeije Le M tier d artiste dans l intimit des uvres Paris Larousse 2012 LEDDA Sylvain Org Le Peintre et son mod le Paris Gallimard 2006 MAURISSON Charlotte crire sur la peinture Paris Gallimard 2006 OLIVEIRA Solange Ribeiro de Literatura e artes pl sticas o kunstlerroman na fic o contempor nea Ouro Preto Editora UFOP 1993
54. cinza Ela n o reconheceu nada ergueu os olhos para o v o envidra ado sobre o qual a chuva batia com um ru do ensurdecedor de tambor Trecho 16 O ateli visto por Christine de manh L atelier il est vrai continuait I effarer un peu Elle y jetait des regards prudents stup faite d un tel d sordre et d un tel abandon Devant le po le les cendres du dernier hiver s amoncelaient encore Outre le lit la petite table de toilette et le divan il ny avait d autres meubles qu une vieille armoire de ch ne disloqu e et qu une grande table de sapin encombr e de pinceaux de couleurs d assiettes sales d une lampe esprit de vin sur laquelle tait rest e une casserole barbouill e de vermicelle Des chaises d paill es se d bandaient parmi des chevalets boiteux Pr s du divan la bougie de la veille tra nait par terre dans un coin du parquet qu on devait balayer tous les mois et il n y avait que le coucou un cou cou norme enlumin de fleurs rouges qui par t gai et propre avec son tic tac sonore Mais ce dont elle s effrayait surtout c tait des esquisses pendues aux murs sans cadres un flot pais d esquisses qui descendait jusqu au sol o il s amassait en un boulement de toiles jet es p le m le Jamais elle n avait vu une si terrible peinture rugueuse clatante d une violence de tons qui la blessait comme un juron de charretier entendu sur la porte d une auberge Elle baissait les yeux attir e p
55. cio enquanto Bartlebooth pinta ao ar livre e Val ne n o demanda mais um espa o para sua arte pois j se encontra aposentado Assim s o os ateli s de Hutting que possui dois espa os dedica dos cria o que Perec descreve ao leitor o grande ateli trecho 30 o qual o pintor reserva para os encontros sociais e as negocia es e o pequeno ateli trecho 31 no qual se dedica efetivamente ao exerc cio de sua arte As descri es dos ateli s de Hutting procuram ressaltar a decora o dos ambientes que re ne objetos que se sup em caros ao pintor ou por vezes refletir suas concep es est ticas aproximando o das cole es particulares exibidas por um cabinet d amateur Nesse sentido o pr prio ateli se torna uma obra de arte FIG 26 tomando formas de uma galeria o que ressalta o car ter sofisticado do artista que recebe seus clientes em um ambiente requintado FIG 27 valorizando assim o seu trabalho Trecho 30 O grande ateli de Hutting l extr me droite des deux derniers tages de l immeuble le peintre Hutting a r uni huit chambres de bonne un morceau de couloir et les faux greniers correspondants pour en faire un immense atelier qu une vaste loggia menant plusieurs chambres ceinture sur trois de ses c t s Autour de l escalier en colima on qui m ne cette loggia il a fait am nager une sorte de petit salon o il aime se reposer entre deux s ances de travail et recevoir dans l
56. conviver com eles Nas pinturas representando ateli s comum a representa o do ambiente de cria o invadido pelos elementos da vida dom stica FIG 23 e pelos cr ticos FIG 24 figuras onipresentes nos ateli s mesmo que o artista n o raro opte por deixar claro na composi o da tela o seu dis tanciamento face sua pr pria fam lia FIG 25 1 CAMUS O ex lio e o reino p 113 Trecho 27 O ateli apartamento de Jonas La hauteur vraiment extraordinaire des plafonds et I exiguit des pi ces faisaient de cet appartement un trange assemblage de parall l pip des presque enti rement vitr s tout en portes et en fen tres o les meubles ne pouvaient trouver d appui et o les tres perdus dans la lumi re blan che et violente semblaient flotter comme des ludions dans un aquarium vertical De plus toutes les fen tres donnaient sur la cour c est dire peu de distance sur d autres fen tres du m me style derri re lesquelles on apercevait presque aussit t le haut dessin de nouvelles fen tres don nant sur une deuxi me cour C est le cabinet des glaces disait Jonas ravi Sur le conseil de Rateau on avait d cid de placer la chambre conju gale dans l une des petites pi ces l autre devant abriter l enfant qui s an non ait d j La grande pi ce servait d atelier Jonas pendant la journ e de pi ce commune le soir et l heure des repas On pouvait d ailleurs la rigue
57. da fazendo face para a se o mais longa do L est recoberta de corti a Num trilho pregado a cerca de dois metros e meio do ch o correm v rias estruturas met licas nas quais o pin tor afixou uma vintena de seus quadros a maior parte de pequeno for mato pertencem quase todos a uma fase antiga do pintor que ele pr prio designa seu per odo nebuloso com o qual adquiriu notoriedade no geral trata se de c pias finamente executadas de quadros famosos A Gioconda O Angelus A retirada da R ssia Le d jeuner sur l herbe A li o de anatomia etc sobre as quais pintava em seguida efeitos mais ou menos pronunciados de n voas chegando a uma grisalha impre cisa sob a qual mal se podiam distinguir as silhuetas de seus modelos prestigiosos Trecho 31 O ateli pequeno de Hutting Hutting travaille non dans son grand atelier mais dans une petite pi ce qu il a am nag e dans la loggia l intention des longues s ances de pose qu il inflige ses clients depuis qu il est devenu portraitiste C est une pi ce claire et cossue impeccablement rang e n offrant absolument pas le d sordre habituel des ateliers de peintres pas de toiles retourn es contre les murs pas de ch ssis entass s en piles ins tables pas de bouilloire bossel e sur des r chauds d un autre ge mais une porte capitonn e de cuir noir de hautes plantes vertes d bordant de grands tr pieds de bronze et grimpant l assaut de la verri re
58. da Silva Gon alves Josiane F lix dos Santos Editoras mineiras o lugar da tradu o S nia Queiroz Karina Mitalle Os livros e cadernos Viva Voz est o dispon veis em vers o eletr nica no site lt www letras ufmg br vivavoz gt Composto em caracteres Verdana e impresso a laser em papel reciclado 75 g m miolo Acabamento em kraft 300 g m capa e costura artesanal com cord o encerado v V V V V viva voz As publica es Viva Voz acolhem textos de alunos e professores da Faculdade de Letras especialmente aqueles produzidos no mbito das atividades acad micas disciplinas estudos orientados e monitorias As edi es s o elabo radas pelo Laborat rio de Edi o da FALE UFMG constitu do por estudantes de Letras bolsistas e volunt rios super visionados por docentes da rea de edi o
59. da casa de Ary Scheffer rue Chaptal 1865 leo sobre tela 84 x 71 cm Dispon vel em lt http goo gl VGEDfK gt Acesso em 25 jan 2014 LARGILLI RE Nicolas de Retrato de Charles le Brun 1686 leo sobre tela 232 x 187 cm Dispon vel em lt http goo gl aFxen5 gt Acesso em 25 jan 2014 Refer ncias 145 MANET douard mile Zola 1868 leo sobre tela 146 x 114 cm Dispon vel em lt http goo gl ytmcBw gt Acesso em 25 jan 2014 MANET douard Monet e sua esposa no barco ateli 1874 leo sobre tela 82 7 x 105 cm Dispon vel em lt http goo gl G3BJbJ gt Acesso em 25 jan 2014 MASS Auguste O ateli dos alunos de Gros 1830 leo sobre tela 80 x 100 cm In GAUSSEN Fr d ric Le Peintre et son atelier les refuges de la cr ation Paris ditions Parigramme 2006 p 46 47 MILLAIS Sir John Everett Of lia 1851 52 leo sobre tela 76 2 x 111 8 cm Dispon vel em lt http goo gl pymbG9 gt Acesso em 25 jan 2014 MONET Claude Impress o nascer do sol 1872 leo sobre tela 48 x 63 cm Dispon vel em lt http goo gl MLroGm gt Acesso em 25 jan 2014 PICASSO Pablo Pintor e modelo tricotando 1931 Gravura 19 3 x 27 8 cm Dispon vel em lt http goo gl TEBOYr gt Acesso em 25 jan 2014 ROBERT Hubert Vista imagin ria da Grande Galeria do Louvre em ru nas 1796 leo sobre tela 115 x 145 cm Dispon vel em lt http goo gl 9b94M5 gt Acesso em 25 jan
60. da une bougie Il n y en a pas dit Nikita Comment cela Mais hier d j il n y en avait plus dit Nikita Le peintre se rappela qu en effet hier d j il n y avait plus de bou gie se calma et se tut Il se laissa d v tir puis endossa sa vieille robe de chambre laquelle tait us e et m me plus qu us e Vers o em portugu s Tchartkov entrou em sua antessala tomada por um frio intenso como na casa de todos os pintores o que ali s eles sequer percebem Sem estender seu casaco a Nikita ele penetrou em seu ateli vasto aposento quadrado mas de teto baixo as vidra as cobertas de geada congestio nado por toda uma tralha art stica fragmentos de gesso telas emol duradas esbo os come ados e abandonados drapeados suspensos nas cadeiras Exausto livrou se de seu casaco colocou distraidamente entre duas telas o retrato que trazia e se deixou cair sobre o estreito div o qual n o se poderia dizer que era de couro pois a fileira de tachas que antigamente fixava o couro havia desde muito ficado de um lado e o 1 GOGOL Le Portrait p 35 2 Tradu o nossa 84 Colet nea bil ngue couro do outro assim Nikita escondia ali embaixo as meias pretas as camisas toda a roupa suja Ap s sentar se em seguida deitar se tanto quanto poss vel no estreito div Tchartkov pediu uma vela N o tem disse Nikita Como assim Mas desde ontem que n o tem mais disse Nikita O pintor se lembrou que r
61. de Valerie Rumjanek CAMUS O ex lio e o reino p 121 110 Colet nea bil ngue ele tentou e desistiu o frio penetrava o at o cora o Viveu v rios dias com suas telas na maioria das vezes sentado perto delas ou ent o plantado diante da janela n o pintava mais Albert Camus Jonas ou l artiste au travail 111 Figura 24 Os cr ticos visitantes no ateli de um pintor Honor Daumier 1862 Mus e des Beaux Arts de Montr al Montreal Canad Fonte lt https goo gl NPhoFu gt Figura 23 O pintor e sua fam lia Andr Derain 1939 Tate Collection Londres Inglaterra Fonte lt http goo gl kacg59 gt 112 Colet nea bilingue Albert Camus Jonas ou l artiste au travail 113 Figura 25 Minha fam lia Joaquin Sorolla 1901 Ayuntamiento de Valencia Valencia Espanha Fonte lt http goo gl IUi8OE gt 114 Colet nea bilingue Georges Perec La Vie mode d emploi A vida modo de usar 1978 A vida modo de usar com o subt tulo Romances foi publicado em 1978 e re ne em noventa e nove cap tulos dois mil personagens que ser o explorados de acordo com o espa o que ocupam em um edif cio pari siense e seguindo regras propostas pelo OuLiPo Tr s personagens pintores s o apresentados no romance o pintor de sucesso Hutting o modesto professor de pintura Val ne e o amador Bartlebooth propriet rio do im vel Desses tr s pintores Hutting circula em seu ateli instalado no edif
62. de cuidado e de inc ria Esse imenso batel onde tudo parece pequeno inclusive o homem lembra os basti dores da pera Encontram se ali roupas velhas armaduras douradas 58 Colet nea bil ngue peda os de fazenda m quinas mas h um n o sei qu de grande como o pensamento o g nio e a morte ali est o veem se a Diana ou o Apolo junto a um cr nio ou a um esqueleto o belo e a desordem a poesia e a realidade cores vivas na sombra e muitas vezes todo um drama im vel e silencioso Que s mbolo de uma cabe a de artista No momento em que come a esta hist ria o luminoso sol do m s de julho inundava o ateli de luz e dois raios atravessavam a pe a em toda a sua extens o desenhando largas faixas de ouro di fanas onde brilhavam gr os de poeira Uma d zia de cavaletes erguia suas flechas agudas semelhantes a mastros de navios ancorados num porto V rias mo as davam anima o a essa cena pela variedade de suas fisionomias de suas atitudes e pela diferen a de suas toilettes As sombras carrega das proporcionadas pelas telas verdes colocadas segundo as necessida des de cada cavalete produziam uma infinidade de contrastes de curio sos efeitos de claro escuro Esse grupo formava o mais belo de todos os quadros do ateli Honor de Balzac La Vendetta 59 Figura 10 Ateli de Pujol Adrienne Grandpierre Deverzy 1822 Mus e Marmottan Paris Fran a Fonte lt http goo gl Uc7RFi gt 60 Colet nea
63. de gu pard et un tapis de pri re persan de grandes dimensions l aplomb du trap ze et vers le c t le plus loign de la baie jusque derri re la sellette du mod le la moiti de ce tapis tait couverte d une natte grossi re pour permettre la pratique de l escrime ou de la boxe sans risque de glissade et sans qu on se rompit les os en cas de chute Deux fen tres de la taille et du type courants en France garnies de leurs volets et de lourds rideaux de serge ouvraient l est et l ouest pour dispenser volont la lumi re du jour naissant ou finissant ou au contraire en pr munir Et des niches des alc ves des renfoncements d tranges coins et recoins taient partout m nag s pour accueillir avec le temps l innom brable collection des menus objets et bibelots acquisitions ou propri t s personnelles toutes les choses qui font d un logement un endroit chaleureux intime agr able au souvenir et qui engendreront quand le temps aura pass m ditations exquises et regrets attendris Un divan immense et d un d licieux moelleux tenait toute la lon gueur sous la large baie orient e nord pour les besoins du travail Vers o em portugu s Era um desses dias de abril sujeito a chuvas claro e ensolarado Os basculantes superiores da grande vidra a do ateli estavam abertos dei xando penetrar uma agrad vel brisa vinda do noroeste O mobili rio do aposento parecia incompleto O imponente piano
64. de nid d insectes d une sorte de cocons Et donc bien s r encore d un local ou d un bocal organique mais construit par l individu lui m me pour s y enclore longuement sans ces ser d y b n ficier pour autant par transparence de la lumi re du jour Et quelle activit s y livre t il donc Eh bien tout simplement et tout tragiquement sa m tamorphose 126 Colet nea bilingue Qu on nous pardonne si cette id e con ue elle nous ferme aussi t t la bouche Car certes nous pourrions piloguer longuement Montrer comment l aide de tels membres gr les pars chelles chevalets et pinceaux o compas gr ce aussi par exemple ces petites glandes s c r tives que sont les tubes de couleurs laborieusement ou fr n tiquement parfois l artiste c est le nom de cette esp ce d hommes et il doit se nourrir d une p t e royale natures mortes nus paysages parfois mue et palpite et s arrache ses uvres Qu il faut consid rer d s lors comme des peaux Vers o em portugu s Quem observa uma cidade do alto mesmo que imaginariamente per cebe algumas constru es elementos ou s rie de edif cios cujo aspecto peculiar ser inteiramente ou em parte de sua superf cie paredes e telhados transl cidos Sobretudo noite brilha assim que tomada pelas sombras toda morada humana que a exemplo de certos organismos fosforescentes produz em seu interior uma luz bastante viva Mas para uma sensibi
65. deslumbrante e ef mera S estava aberta uma pequena janela retangular enquadrada de madressilvas que depois de um peda o do jardim dava para uma avenida de modo que a atmosfera da maior parte do ateli estava sombria transparente e compacta na sua massa mais mida e brilhante nas fraturas onde a luz 2 Tradu o de Fernando Py PROUST No caminho de Swann sombra das mo as em flor p 630 631 104 Colet nea bilingue lhe colocava engastes como um bloco de cristal de rocha uma de cujas faces j talhada e polida aqui e ali reluz e se irisa como um espelho Enquanto Elstir a meu pedido continuava a pintar eu circulava por esse claro escuro parando diante de um quadro e depois diante de outro A maioria dos que me rodeavam n o eram dos que mais desejaria ver de Elstir eram pinturas pertencentes s suas duas primeiras for mas como dizia uma revista inglesa de arte atirada na mesa do sal o do Grande Hotel a maneira mitol gica e aquela em que ele sofrera a influ n cia do Jap o ambas admiravelmente representadas segundo se dizia na cole o da Sra de Guermantes Naturalmente o que havia no seu ateli eram s marinhas pintadas aqui em Balbec Mas eu podia distinguir que o encanto de cada uma delas consistia numa esp cie de metamorfose das coisas representadas fen meno an logo ao que em poesia se denomina met fora e que se Deus Pai havia criado as coisas nomeando as era tirando lhes os nomes ou dando lhes ou
66. do ao leitor a origem do estranho quadro e do personagem que representa A figura do pintor oprimido pela mis ria em seu ateli foi explorada por diversos artistas FIG 18 uma vez que esta n o era uma condi o estranha profiss o e parte importante do folclore da boemia que muitas vezes s seria modificada por um repentino e mais do que espe rado sucesso mas que na maioria dos casos n o vinha a se concretizar Trecho 19 O ateli de Tchartkov Tchartkov p n tra dans son antichambre ou s vissait un froid intense comme chez tous les peintres ce que d ailleurs ils ne remarquent m me pas Sans tendre son manteau Nikita il p n tra dans son atelier vaste pi ce carr e mais basse de plafond aux vitres givr es encombr e de tout un bric brac artistique fragments de bras en pl tre toiles enca dr es esquisses commenc es puis abandonn es draperies suspendues aux chaises Tr s las il rejeta son manteau posa distraitement entre deux petites toiles le portrait qu il venait d apporter et se laissa choir sur un troit divan dont on n aurait pu dire qu il tait tendu de cuir car la ran g e de clous qui avait jadis fix ledit cuir tait depuis longtemps rest e d un c t et le cuir de l autre aussi Nikita fourrait il dessous les bas noirs les chemises tout le linge sale Quand il fut assis puis qu il se fut tendu autant qu il tait possible de s tendre sur cet troit divan Tchartkov deman
67. do ateli do pintor mesa do escritor Paredes nuas m veis vetustos e reduzidos ao essencial aus ncia de decora o e poeira acumulada real am o car ter exc ntrico cultuado pelo mito do artista que alheio ao conforto e ao esplendor do mundo material em sua dedica o exclusiva arte capaz de ignorar o frio e a fome pois possui prop sitos t o grandiosos que n o se at m aos peque nos dramas humanos O ac mulo e a desordem por sua vez indicam a revolu o que se trama na cabe a do pintor profeta revelar uma nova ordem do mundo recriar uma realidade por meio do trabalho criativo Alguns ateli s s o ambientes vivos vibrantes repletos de objetos curiosos ricos em detalhes que indicam uma intensa e cont nua ativi dade Outros mostram a harmonia entre as esferas abstratas da arte e os aspectos concretos da exist ncia como o neg cio que permite ao artista garantir a sua sobreviv ncia E ainda h os ateli s impregnados por uma atmosfera fant stica m stica que evocam os mitos da cria o ou at mesmo uma presen a divina angelical que trabalha lado a lado com o artista No ateli poss vel ver o artista em pleno trabalho sendo que seus gestos s o atos simb licos que permitem a passagem da realidade cria o o leitor assiste ao nascimento de uma obra o que frequente mente se d a duras penas um exaustivo combate di rio que o pintor trava com sua tela O ateli enfim tem import ncia
68. dos pela pintura pelos pin tores e por textos de autores com tem tica relacionada arte pict rica No texto L Atelier la chambre publicado em 2009 Butor retrata os elementos que comp em o ateli e o quarto do pintor tomando os como base para discorrer sobre o trabalho do artista trecho 33 O ateli e o quarto do artista que frequentemente podem ocupar o mesmo ambiente transformando se em um quarto ateli s o perce bidos como o universo particular do artista que mesmo sem nenhum conforto trecho 34 FIG 29 faz do seu trabalho uma transposi o de sua percep o do mundo Al m disso Butor tamb m tece correspond ncias expl citas entre o escritor e o pintor reprimidos pelas priva es espelha mento que podemos encontrar exemplo na pintura FIG 30 Trecho 33 O ateli Le peintre vit dans le rectangle de sa toile du moins certaines poques et dans certaines r gions celles dont les t moignages couvrent les murs de nos galeries et mus es Parfois pendant des heures il n en d tache pas les yeux ajoutant ici retirant l dans un dialogue entre ses mat riaux et son uvre Mais les pots et les tubes il les conna t si bien qu il a peine besoin de les regarder Dans ces moments d attention intense le monde 1 BUTOR L Atelier la chambre p 867 868 se r sume pour lui dans ce rectangle C est par son interm diaire qu il le percoit E L atelier est par rapport au monde ce que la toile e
69. e 53 Figura 9 Vista imagin ria da Grande Galeria do Louvre em ru nas Hubert Robert 1796 Mus e du Louvre Paris Fran a Fonte lt http goo gl 9b94M5 gt 54 Colet nea bilingue Honor de Balzac La Vendetta A Vendetta 1830 A Vendetta novela publicada em 1830 inclu da nas Cenas da Vida Privada em Com dia Humana desenvolve se a partir da violenta rivalidade entre duas fam lias corsas di Piombo e Porta Por volta de 1800 Bartolomeu di Piombo vingando se do assassi nato de seu filho incendeia a casa dos Porta e acreditando ter aniqui lado toda a fam lia foge para Paris com a esposa e a filha Ginevra bus cando prote o junto ao conterr neo Napole o Bonaparte Por m dez anos depois um novo cap tulo da antiga rivalidade est prestes a se ini ciar quando Ginevra aluna do pintor Servin descobre que seu professor esconde em seu ateli um soldado refugiado de Napole o Luigi Porta sobrevivente da chacina promovida por seu pai Assim no cen rio do ateli escola de Servin trecho 11 que Ginevra e Luigi tentar o superar a crueldade da vingan a que separa suas fam lias Os ateli s escola eram bastante populares no s culo XIX quando o interesse pela arte aumentou grandemente passando a ser importante at mesmo na instru o das mo as de fam lias mais requintadas No entanto com o pretexto de preservar os bons costumes das jovens o ateli escola de mo as negava lhes um dos princip
70. e Monsieur Baugin se retournait et les interrogeait sur ce qu ils murmuraient entre eux Je parlais de I archet et je le comparais votre pinceau dit Monsieur de Sainte Colombe Je crois que vous vous garez dit le peintre en riant J aime l or Personnellement je cherche la route qui m ne jusqu aux feux myst rieux Vers o em portugu s Encontram se ao p do fog o no est dio do Senhor Baugin O pintor estava ocupado a pintar uma mesa um copo meio cheio de vinho tinto um ala de pousado um caderno de m sica uma bolsa de veludo preto cartas de jogar a primeira das quais era um valete de paus um tabuleiro de xadrez tendo em cima uma jarra com tr s cravos e um espelho octo gonal encostado na parede do est dio Tudo o que a morte vier a tirar est na sua noite soprou Sainte Colombe ao ouvido do aluno S o todos os prazeres do mundo que em n s se retiram dizendo nos adeus 2 Tradu o de Pedro Tamen QUIGNARD Todas as manh s do mundo p 47 48 34 Colet nea bil ngue O Senhor de Sainte Colombe perguntou ao pintor se podia recu perar a tela que lhe havia emprestado o pintor quisera mostr la a um mercador da Flandres que dela tirara uma c pia O Senhor Baugin fez um sinal para a velha da coifa pontiaguda sobre a testa ela inclinou se e foi buscar os biscoitos enquadrados a bano Mostrou a tela ao Senhor Marais apontando com o dedo o copo de p alto e o enrolado dos bolinhos amarelos De
71. e Rome de Venise de Florence se regroupaient autour d Artemisia Gentileschi Ils apportaient chez elle les nouvelles des Cours qu ils avaient fr quent es ils divulguaient les secrets qu ils avaient surpris ils propageaient les renseignements vrais 4 Tradu o nossa 5 LAPIERRE Artemisia Un duel pour l immortalit p 374 30 Colet nea bil ngue ou faux qu ils destinaient l Espagne Apr s des ann es d pres riva lit s La Gentileschi semblait avoir triomph de la Cabale Sa personne sa peinture et son atelier appartenaient Naples aussi profond ment que ceux de Ribera Vers o em portugu s A visita ao ateli de Artemisia Gentileschi tornara se uma parada obriga t ria para os viajantes e os estrangeiros Nessa esp cie de sal o pol tico os visitantes tratavam das vicis situdes da guerra com a desculpa de falar de pintura Como Rubens e Balthazar Gerbier que alegaram estar procura dos quadros de Delft na ocasi o de uma viagem que fizeram juntos durante o ver o de 1627 na Holanda admirando as maravilhas de Amsterdam e de Utrecht quando na verdade preparavam um tratado de paz entre a Espanha e a Inglaterra os jovens pintores rec m chegados de Roma Veneza e Floren a se juntavam em torno de Artemisia Gentileschi Eles lhe tra ziam as novidades das cortes que haviam frequentado divulgavam os segredos surpreendidos propagavam as informa es verdadeiras ou falsas que destinava
72. e XVII o exerc cio da profiss o de pintor manteve se vinculado a uma corpora o de of cio o que lhe conferia um car ter eminentemente artesanal N o havia portanto distin o entre o artista e o simples artes o No s culo XIX ap s uma crescente e progressiva valoriza o das artes e do trabalho do artista uma forte influ ncia da filosofia e da lite ratura alem s concretizaram se as diferen as entre a obra do pensa mento e o trabalho manual Assim por meio da valoriza o do trabalho intelectual do artista sobretudo em raz o de sua atividade de cria o criou se o mito do artista como uma esp cie de homem fora do comum um ser superior pr ximo aos seres fant stico ou divinos No entanto o local de cria o do artista o ateli espa o de pre dile o do pintor universo privado no qual a arte toma vida guardou a sua correspond ncia com o trabalho artesanal do marceneiro pois por etimologia seu nome tem origem no latim hastula em franc s astelle que significa estilha o ou lasca de madeira O espa o de cria o do artista de suma import ncia para sua forma o para o jovem pintor instalar se em seu pr prio ateli signifi cava atingir o status de artista propriamente dito aquele que j havia abandonado os ateli s escola Por isso conforme Gaussen uma vez ins talado com orgulho que o pintor se dedica a retratar o ambiente onde 1 KRIS KURZ La L gende de l artiste un ess
73. e et son atelier p 106 7 OLIVEIRA Literatura e artes pl sticas o kunstlerroman na fic o contempor nea p 5 8 MAURISSON crire sur la peinture p 207 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor 11 A descri o do universo privado do pintor como explica Vouilloux rejeita qualquer gratuidade ou arbitrariedade pois registra os principais elementos que entram na cadeia da cria o art stica que inclui desde os materiais necess rios e as opera es puramente t cnicas at o produto que deles resulta o nascimento da obra de arte Nesse local atravancado congestionado pelos utens lios do artista onde esbo os e telas se amontoam onde se cruzam cr ticos e modelos o ateli objeto de descri es precisas representado em cenas com plexas em que cada objeto tem uma fun o simb lica De fato a descri o do espa o de cria o reserva uma parte importante aos efeitos de luz e aos acess rios que comp em o ateli a luz por ser essencial s condi es do trabalho art stico e da constru o pictural da imagem o que d vida ao ateli e obra de arte os acess rios porque s o os instrumentos de trabalho do pintor por atuarem como modelos dos objetos que ele representar em seus quadros cen rio e por indicarem como o pintor se relaciona com o mundo real que o cerca Nesse sentido tanto os m veis quanto a natureza dos objetos dis postos no ateli muito dize
74. e expressi vit du personnage principal Saisi l instant o il vient de rep rer une correction effectuer sur une des feuilles pos es sur le bureau devant lui l auteur para t en tat de transe poss d par une furie que certains n ont pas h sit qualifier de d moniaque sa main portant le stylo cor recteur trait e avec un l ger flou de mouvement se jette sur la feuille avec la rapidit d un cobra qui se d tend pour frapper sa proie comme l crit de mani re imag e Wong Fu Xin L clairage beaucoup plus 1 Tradu o de Andr Telles HOUELLEBECQ O mapa e o territ rio p 172 174 138 Colet nea bil ngue contrast que dans les tableaux ant rieurs de Martin laisse dans l ombre une grande partie du corps de l crivain se concentrant uniquement sur le haut du visage et sur les mains aux doigts crochus longs d charn s comme les serres d un rapace L expression du regard apparut l poque si trange qu elle ne pouvait estim rent alors les critiques tre rappro ch e d aucune tradition picturale existante mais qu il fallait plut t la rapprocher de certaines images d archives ethnologiques prises au cours de c r monies vaudoues Vers o em portugu s Em Michel Houellebecq escritor aponta a maioria dos historiadores da arte Jed Martin rompe com a pr tica de fundos realistas que caracteri zara sua obra ao longo de toda a fase das profiss es Rompe com difi culdade e sent
75. e o ambiente de trabalho n o se separe de seu exterior que mui tas vezes funciona como seu prolongamento ou extens o pois al m de refletir o estado de esp rito ou a pr pria est tica do pintor atua como fonte de inspira o para o artista compondo um cen rio para suas pin turas como exemplifica o quadro Fachada para o jardim da casa de Ary Scheffer rue Chaptal de Ary Johannes Lamme FIG 21 Trecho 25 O ateli de Basil Hallward La riche odeur des roses embaumait l atelier et lorsque la brise d t soufflait dans les arbres du jardin de lourds effluves de lilas ou le parfum 1 WILDE Le Portrait de Dorian Gray p 43 44 plus subtil des aub pines en fleur entraient dans la pi ce par la porte ouverte Depuis l angle du canap aux coussins de cuir persan sur lequel il tait allong en train de fumer comme son habitude cigarette sur cigarette Lord Henry Wotton pouvait tout juste apercevoir l clat aux douces tonalit s de miel d une cytise en fleur dont les rameaux fragiles semblaient tre peine capable de supporter le poids d une beaut aussi flamboyante que la leur Les vols d oiseaux qui projetaient de temps autre leurs ombres fantastiques sur les longs rideaux de soie tendus devant la fen tre immense produisaient comme un effet japonais passa ger et lui rappelaient ces peintres de Tokyo aux bl mes visages de jade qui tentaient par le truchement d un art n cessairement statique de cr e
76. ealmente desde ontem j n o tinha mais velas acalmou se e calou se Ele se deixou despir depois colocou seu velho roup o desgastado na verdade at mais que apenas desgastado Nicolas Gogol Le Portrait 85 Figura 18 Interior de ateli Octave Tassaert 1845 Mus e du Louvre Paris Fran a Fonte lt http goo gl Iasict gt 86 Colet nea bilingue Octave Mirbeau Le Calvaire O calv rio 1886 Publicado em 1886 o romance de fundo autobiogr fico O calv rio nar rado na primeira pessoa relata os tormentos vividos pelo personagem do escritor fict cio Jean Minti em sua vida na capital francesa do s culo XIX Ligado por uma forte amizade com o pintor Lirat recluso em seu ateli miser vel trecho 20 e massacrado pela cr tica atormentado pela paix o destrutiva que nutre por sua amante Juliette Roux Jean Minti se ver tra do em suas mais profundas convic es raz o que o leva a transpor na forma de romance o calv rio de sua exist ncia de escritor desiludido Mais uma vez a descri o do ateli insiste em ressaltar a pobreza do ateli a rusticidade e as priva es a que s o submetidos os artis tas devido sua situa o econ mica FIG 19 a qual n o conseguiram melhorar com o exerc cio de seu trabalho de cria o Trecho 20 O ateli de Lirat L atelier du peintre Lirat situ dans une cit tranquille du faubourg Saint Honor la cit Rodrigues tait une vaste pi ce
77. eli FIG 13 e 14 como tamb m serviu de modelo tendo sido retratado por Manet sentado sua mesa de trabalho FIG 15 Desde o primeiro cap tulo de 4 obra o leitor penetra no ateli de Claude n o sem antes ter uma vis o de seu aspecto exterior trecho 14 entrevisto pelo pr prio Claude em um passeio noturno pelas ruas de Paris quando surpreendido por uma violenta tempestade Nesse momento encontra Christine uma jovem provinciana rec m chegada em Paris procura de trabalho e se v compelido a hosped la naquela noite chu vosa Assim atrav s do olhar abismado de Christine que o leitor ver o ateli noite trecho 15 e no dia seguinte ao acordar trecho 16 Trecho 14 A vis o externa do ateli Du reste Claude n avait plus que quelques pas faire Comme il tour nait sur le quai de Bourbon dans l ile Saint Louis un vif clair illumina la ligne droite et plate des vieux h tels rang s devant la Seine au bord de l troite chauss e La r verb ration alluma les vitres des hautes fen tres sans volets on vit le grand air triste des antiques fa ades avec des d tails tr s nets un balcon de pierre une rampe de terrasse la guirlande sculpt e d un fronton C tait l que le peintre avait son atelier dans les combles de l ancien h tel du Martoy l angle de la rue de la Femme Sans T te Le quai entrevu tait aussit t retomb aux t n bres et un formidable coup de tonnerre avait bran
78. elo pr prio pintor num campo onde estava enterrada a menos de um metro de profundidade na poca em que expoente da mineral art ele andava procura de seixos nas proximidades de Thuburbo Majus Hutting est com o torso nu veste umas cal as de chita meias brancas de l grossa um len o de cambraia fina atado ao pesco o e uma dezena de braceletes multicoloridos no pulso esquerdo Todo o seu material tubos de tinta god s pinc is facas gizes vaporizadores ras padeiras penas esponjas etc est cuidadosamente arrumado numa longa caixa de tipografia colocada sua direita Figura 26 O ateli Jean H lion 1953 Cole o particular Fonte GAUSSEN Le Peintre et son atelier p 100 122 Colet nea bil ngue Georges Perec La Vie mode d emploi 123 Francis Ponge L Atelier contemporain O ateli contempor neo 1977 O ateli contempor neo uma colet nea de textos publicada em 1977 que descreve o ambiente dos ateli s e a obra de diversos pintores dentre eles Braque Picasso Fautrier Giacometti e H lion Francis Ponge toma como ponto de partida de seus escritos o artista em seu ambiente de fora es Me er RETZ fem s5 PAi e ZE AA E dE 3 72 ME HH trabalho e seguindo o seu estilo de prosa po tica pretende desvendar ao Po ls morna Je poses t gt TRES LAS Mix mme leitor o local onde o pintor elabora e apresenta sua obra com a certeza Figura 27 O nobre pintor Abraham Bosse aproxi
79. enait la mer ou au ciel Bien vite mon intelligence r tablissait entre les l ments la s paration que mon impression avait abolie C est ainsi qu il m arrivait Paris dans ma chambre d entendre une dispute presque une meute jusqu ce que j eusse rapport sa cause par exemple une voiture dont le roulement approchait ce bruit dont j liminais alors ces vocif rations aigu s et discordantes que mon oreille avait r ellement entendues mais que mon intelligence savait que des roues ne produisaient pas Mais les rares moments o l on voit la nature telle qu elle est po tiquement c tait de ceux l qu tait faite l uvre d Elstir Une de ses m taphores les plus fr quentes dans les mari nes qu il avait pr s de lui en ce moment tait justement celle qui com parant la terre la mer supprimait entre elles toute d marcation C tait cette comparaison tacitement et inlassablement r p t e dans une m me toile qui y introduisait cette multiforme et puissante unit cause parfois Marcel Proust la recherche du temps perdu 103 non clairement aper ue par eux de l enthousiasme qu excitait chez cer tains amateurs la peinture d Elstir Vers o em portugu s Foi assim desviando os olhos que atravessei o jardim que tinha um relvado como uma miniatura de qualquer resid ncia burguesa nas vizi nhan as de Paris uma pequena estatueta de galante jardineiro bolas de vidro onde a gente se olhava cercaduras de
80. f d ceuvre iconnu et autres nouvelles p 54 4 Tradu o de Teixeira Coelho BALZAC A obra prima ignorada p 28 29 5 BALZAC Le Chef d uvre iconnu et autres nouvelles p 64 65 6 Tradu o de Teixeira Coelho BALZAC A obra prima ignorada p 40 44 Colet nea bil ngue Figura 6 Pintor e modelo tricotando Pablo Picasso 1931 Tweed Museum of Art University of Minnesota Duluth EUA Fonte lt http goo gl zH4vIv gt Honor de Balzac Le Chef d ceuvre inconnu 45 Figura 7 O enterro ou O artista Honor Daumier 1868 70 Mus e des Beaux Arts de Reims Reims Fran a Fonte GAUSSEN Le Peintre et son atelier p 141 46 Colet nea bil ngue Honor de Balzac Pierre Grassou 1839 Pierre Grassou uma novela publicada em 1839 inclu da nas Cenas da vida parisiense da Com dia Humana O personagem principal um pintor sem talento Pierre Grassou de Foug res que incapaz de criar uma com posi o original para suas telas usa o artif cio de copiar de forma disfar cada obras de grandes mestres O pl gio passa despercebido e de forma inesperada acaba rendendo a Grassou um certo renome Repleta de ironia e com um certo humor a novela critica o aspecto comercial da arte a burguesia endinheirada do s culo e exemplifica o fato de que o talento ou a aus ncia dele n o sin nimo de gl ria para o artista Nesse aspecto a descri o do ateli de Grassou trecho 9 indica que n
81. fechado a qualquer intrus o a n o ser com a autoriza o da sogra do artista que regia a casa com excepcional rigor com um olhar curioso que Griet penetra pela primeira vez no misterioso ateli trecho 5 ansiosa para descobrir o que se encontra por tr s daquela porta t o meticulosamente trancada A autora cuidou para que os detalhes do ateli de Vermeer descritos no romance possam ser visualizados como no cen rio da maioria de seus quadros FIG 5 como os m veis e o piso Trecho 5 A vis o do ateli de Vermeer Disposant d un moment je parcourus l atelier du regard Spacieuse et carr e la pi ce tait toutefois moins longue que la grande salle d en bas Une fois les fen tres ouvertes elle tait lumineuse avec ses murs blan chis la chaux et ses dalles de marbre gris et blanc dispos es en croix Une rang e de carreaux en faience de Delft repr sentant des amours 1 CHEVALIER La Jeune fille la perle p 52 53 prot geait le bas du mur des ardeurs de nos serpill res Ceux l non plus n taient pas l uvre de mon p re Si spacieuse qu elle f t cette pi ce ne contenait que peu de meu bles On remarquait le chevalet et la chaise devant la fen tre centrale et la table devant celle de droite dans l angle de la pi ce c t de la chaise sur laquelle j tais grimp e se trouvait une autre chaise pr s de la table Cette derni re tait en cuir non travaill fix par de gros clous en cuivre Deux
82. fra cheur r gnante de l atmosph re montrait pour tout luxe le portrait de Rapha l celui de la m re de M L onard o quelques traits de la jeune Ondine se r v laient sous l immense bonnet flamand de sa grand m re et puis des mains mod les les pieds ail s du Mercure des bras d enfants moul s sur nature une t te de mort et un cadre aux papillons Cet espace de vingt pieds carr s oubli debout encore sous la destruction du vieux clo tre des Capucines tombant sous les marteaux actifs d un riche propri taire servait de ruche ou de Vatican quelques br lants ph m res n s de cette flamme qui avait immortalis et tu Rapha l L atelier jusqu nouvel ordre tait dans un long corridor de l an cien couvent des Capucines labyrinthe o ceux qui l habitaient encore finissaient par se perdre quelquefois comme les trangers qui venaient les y chercher On se retrouvait souvent quen s appelant voix haute parmi les murs croul s o pendants de ce vieux monast re Quelques cellules taient demeur es intactes mais elles s entou raient par degr s de tant de d bris et de poutres chancelantes il tombait chaque heure de si hauts murs avec un fracas si sourd et si mena ant que sans la s curit profonde de M L onard qui ne s arr tait jamais de peindre durant ces craquements destructifs sa ni ce e t pris la fuite avec pouvante Tant que Girodet peindra au dessus de nos t tes d
83. he acompanhar dentro desse ambiente de cria o mais semelhante a um laborat rio FIG 3 a minuciosa prepara o dos preciosos pigmentos o empenho das crian as da fam lia e dos aprendizes no trabalho do pai artista trecho 1 as visi tas dos poderosos mecenas ao ateli para encomendar obras do artista trecho 2 J no ateli de Artem sia em N poles o leitor se depara com importantes figuras da sociedade que ali penetraram n o s para apre ciar a arte mas tamb m para tratar de assuntos pol ticos trecho 3 Trecho 1 O ateli laborat rio de Orazio Gentileschi La v rit tait que la pi ce empestait l huile de lin la colle la t r ben thine et les vernis quelques pas dans la p nombre deux appren tis pench s sur des mortiers les V tements en haillons la mine rica nante broyaient les couleurs coups de pilon De marbre blanc pour le 1 LAPIERRE Artemisia Un duel pour l immortalit p 55 56 vermillon de porphyre rouge pour le lapis ils s abattaient contre temps Bruits sourds r guliers lancinants comme les battements d un c ur La lumi re du jour filtr e par un panneau de papier graiss l huile de porc tombait d une seule fen tre grande flaque jaune sur le parquet o Marco Gentileschi un gamin de sept ans d coupait au couteau entre ses jambes nues de petits carr s de lin dont il se servirait pour filtrer les pr parations Avec ses pots ses poudres ses chaudrons ses ba
84. imos que essa ruptura lhe custa grandes esfor os e que na medida do poss vel e por diferentes artif cios ele procura manter a ilus o de um fundo realista m nimo No quadro Houellebecq est em p diante de uma mesa tomada por folhas escritas ou come adas Atr s dele a uma dist ncia que podemos estimar em 5 metros a parede branca se encontra inteiramente forrada por folhas manuscritas e justapostas sem qualquer interst cio Ironicamente apontam os historiadores da arte na obra em quest o Jed Martin parece atribuir enorme import ncia ao texto concentrando se no texto dissociado de todas as refer ncias reais Ora todos os historiadores da literatura confirmam que se Houellebecq gos tava durante o per odo em que trabalhava de espetar diversos docu mentos na parede de seu quarto tratava se quase sempre de fotografias representando os lugares onde ele situava as cenas de seus romances raramente cenas escritas ou esbo adas Em todo caso ao represent lo em meio a um universo de papel Jed Martin provavelmente n o desejou tomar uma posi o sobre a quest o do realismo na literatura tampouco procurou aproximar Houellebecq de uma posi o formalista que este de qualquer forma repudiara explicitamente De maneira mais simples sem d vida foi arrebatado pelo puro fasc nio pl stico diante da imagem daqueles blocos de texto ramificados conectados engendrando se uns aos outros como um gigantesco p lipo 2 Tradu o de
85. ina do aposento Ao lado da cadeira sobre a qual eu havia subido se encontrava uma outra cadeira pr xima mesa Esta ltima era de couro bruto preso com grandes tachas de cobre com duas cabe as de le o esculpidas no alto das colunas que formavam o 2 Tradu o nossa 38 Colet nea bil ngue encosto Encostada na parede mais distante atr s da cadeira e do cava lete vislumbrava se uma pequena arca sobre a qual estavam dispostos pinc is e uma dessas facas com l mina em forma de diamante pr pria para limpar paletas Ao lado do aparador uma escrivaninha desapare cia debaixo de pap is livros e gravuras Duas outras cadeiras tamb m ornadas com cabe as de le o estavam apoiadas contra a parede perto da entrada O c modo estava em ordem ele parecia livre da confus o da vida cotidiana Sentia se que ele era diferente dos outros aposentos fazia nos crer que estiv ssemos em outra casa Com a porta fechada era dif cil escutar os gritos das crian as o tilintar das chaves de Catarina o vai e v m das nossas vassouras no ch o Tracy Chevalier La Jeune fille la perle 39 Figura 5 4 arte da pintura Johannes Vermeer de Delft 1665 66 Kunsthistorisches Museum Viena ustria Fonte lt http goo gl bNB5HQ gt 40 Colet nea bilingue Honor de Balzac Le Chef d ceuvre inconnu A obra prima ignorada 1831 A obra prima ignorada novela publicada em sua primeira vers o em 1831 coloca em cena tr s
86. isait M L onard comme r pondant au regard inquiet de sa ni ce de quoi voulez vous que je m alarme Je ne ferais pas un pas avant lui pour chercher un atelier Vous ne savez pas comme c est effroyable de chercher un atelier Transporter un monde d objets ma bo te couleurs pleine d huile mon cadre aux papillons bouleverser toute une existence on s imagine que c est la moindre chose au premier coup d ceil mais voyez Girodet s il bouge Et tr s certainement je ne me s parerai d un tel voisinage qu la derni re extr mit au dernier cri de d tresse 52 Colet nea bilingue Vers o em portugu s O ateli livre de decora es e de m veis sup rfluos diminu a na medida em que era atravancado por caixas gessos cavaletes e manequins As paredes um pouco midas renovadas todos os dois ou tr s anos por uma espessa camada de cor cinza matizadas em alguns pontos pelo frescor reinante da atmosfera exibiam como nico luxo o retrato de Rafael o da m e do Sr L onard no qual os tra os da jovem Ondine podiam ser reconhecidos sob o imenso chap u de Flandres de sua av e tamb m moldes de m os os p s alados de Merc rio bra os de crian as moldados in natura um cr nio e um quadro de borboletas Esse espa o de vinte p s quadrados esquecido ainda de p em meio destrui o do velho claustro das Capuchinhas ruindo sob as ati vas marteladas de um rico propriet rio servia de colmeia ou de Vaticano a alguns
87. l le quartier endormi Vers o em portugu s Ademais restava a Claude apenas mais alguns passos a dar Ao virar no cais de Bourbon na ilha de Saint Louis um rel mpago vivo iluminou a linha reta e plana dos velhos edif cios enfileirados em frente ao Sena na beira da cal ada estreita O reflexo bateu nos vidros das altas janelas sem persianas revelando o ar profundamente triste das antigas fachadas com detalhes muito n tidos uma varanda de pedra um parapeito de ter ra o a guirlanda esculpida de um front o Era ali que o pintor tinha o seu ateli no s t o da antiga resid ncia dos Martoy no cruzamento da rua da Femme Sans T te O cais entrevisto ca ra de novo nas trevas e uma terr vel trovoada abalou o bairro adormecido 1 Tradu o nossa 2 ZOLA L uvre p 26 68 Colet nea bil ngue Trecho 15 O ateli visto por Christine noite Elle entra regarda sans voir Lunique bougie p lissait dans ce grenier haut de cinq metres empli d une confusion d objets dont les grandes ombres se d coupaient bizarrement contre les murs peints en gris Elle ne reconnut rien elle leva les yeux vers la baie vitr e sur laquelle la pluie battait avec un roulement assourdissant de tambour Vers o em portugu s Ela entrou olhou sem ver A nica vela empalidecia naquele s t o de cinco metros de altura repleto de uma confus o de objetos cujas enor mes sombras se recortavam estranhamente contra as paredes pintadas de
88. le que ria estar s quando recebesse seu cliente Mas durante toda a entrevista ele havia sentido Artem sia que os escutava colada atr s da porta Ap s ter reconduzido seu cliente at sua carruagem ele se juntou a ela Artem sia estava ent o em p na frente da mesa da cozinha Em volta dela estavam as esp tulas as facas as pedras de moer porta pin c is todos os instrumentos da profiss o que Orazio a havia feito retirar apressadamente do ateli Seguindo o exemplo dos outros pintores ele sabia que um artista n o deve jamais se apresentar na frente de seus mecenas como um trabalhador manual Vestido de preto um ar respeit vel e confiante ele fazia as honras de seu ateli deixando a entender que a pintura n o era nada al m de um exerc cio intelectual Trecho 3 O ateli sal o de encontros de Artem sia em N poles La visite l atelier d Artemisia Gentileschi tait devenue le passage oblig des voyageurs et des trangers Dans cette sorte de salon politique les h tes voquaient les vicis situdes de la guerre sous couvert de parler peinture Comme Rubens et Balthazar Gerbier qui avaient pr tendu chasser les tableaux de Delft lors du p riple qu ils avaient entrepris ensemble durant l t 1627 en Hollande admirer les merveilles d Amsterdam et d Utrecht alors qu ils ne faisaient que pr parer la signature d un trait de paix entre l Espagne et l Angleterre les jeunes peintres arriv s d
89. li dade experiente talvez a impress o seja de dia ainda mais comovente como se a epiderme da cidade tivesse nesses lugares afinado desgas tado ao extremo deixando a carne protegida apenas pela mais fr gil das pel culas Ea Assim apesar de n o se tratar de um desgaste propriamente dito a serosidade derramada entre a derme em carne viva e a epiderme forma esses pequenos tumores que podem dar a todo um quarteir o um aspecto globuloso ou dilatado E aqui est o que chamamos de ateli no corpo das constru es uma varia o de bolha entre o vidro e a verruga Insiste se o que prescinde a sua forma o assim como a intensa atividade celular que se produz coletivamente ali embaixo n o se deve somente ao desgaste mas principalmente a uma sutil dial tica do desgaste e de sua repara o qui sua fabrica o muito ativa Frequentemente acompanhada de uma sensa o aguda do tipo h tica 3 Tradu o nossa Francis Ponge L Atelier contemporain 127 qual n o nos compete atribuir um coeficiente de dor ou de prazer E naturalmente a transpar ncia da parte desgastada ou vidra a muito til ao que se faz ali embaixo em raz o dos efeitos terap uticos da luz Pode se ver tudo o que sobre ele se poderia dizer al m dos ele mentos acess rios como por exemplo cor odor ritmo som ou m sica Ezi Ah Para explicar nos desde j digamos que o que vemos no corpo de certas constru es
90. m Espanha Ap s anos de duras rivalidades A Gentileschi parecia ter triunfado da Cabala Sua pessoa sua pintura e seu ateli pertenciam a N poles t o profundamente quanto os de Ribera 5 Tradu o nossa Alexandra Lapierre Artemisia Un duel por l immortalit 31 Figura 3 O laborat rio do alquimista Johannes Stradanus 1570 Palazzo Vecchio Floren a It lia Fonte lt http goo gl 1gnxus gt 32 Colet nea bilingue ELAND ff 670 Pascal Quignard Tous les matins du monde Todas as manh s do mundo 1991 Publicado em 1991 Todas as manh s do mundo um romance baseado no personagem hist rico Sainte Colombe 1640 1693 m sico do s culo XVII Virtuoso violista compositor de obras tocantes Sainte Colombe se recusa a exibir sua arte Prefere dedicar se m sica que homenageava a falecida esposa na solid o e na contempla o de um quadro peculiar que o pintor Lubin Baugin 1612 1663 executou a seu pedido Acompanhado de seu disc pulo Marin Marais 1656 1728 Sainte Colombe faz uma visita ao ateli do amigo pintor trecho 4 a fim de recu perar o quadro que lhe havia emprestado Nessa oportunidade Quignard retoma uma das pinturas mais c lebres de Baugin FIG 4 enquanto constr i um di logo que tra a correspond ncias entre a arte da pintura e a arte da m sica Trecho 4 A visita ao ateli de Baugin Ils se retrouv rent pr s du po le dans l atelier de Monsieur Baugin Le peintre
91. m lhe as orelhas uma cabe a de cavalo do front o do P rtenon igualmente sem orelhas e enfim o busto de Cl cie com sua testa baixa majestosa o olhar p lido e sereno a inef vel inclina o de seus ador veis ombros que formam seu seio ofertado como um ninho um travesseiro uma pausa ref gio do amor eterno da busca eterna para o qual gera o ap s gera o os filhos dos homens vagaram trabalharam e penaram Uma grelha uma frigideira uma torradeira e um par de foles de lareira estavam pendurados pr ximos ao fog o Ao lado atr s dos pai n is de vidro de um arm rio de canto estavam dispostos pratos e copos facas de cabo preto colheres de estanho e garfos de a o com tr s den tes uma saladeira latas de leo e de vinagre dois potes de mostarda inglesa e francesa todos esses objetos e mais alguns guardados meticulosamente limpos Sobre o soalho tingido e encerado a pre o de ouro estavam duas peles de leopardo e um tapete de ora es persa de grandes dimen s es Aprumado com o trap zio e do lado mais distante da vidra a at 78 Colet nea bil ngue o tamborete do modelo a metade do tapete estava coberta por uma esteira grosseira que permitia a pr tica da esgrima ou do boxe sem risco de escorreg es e de rompimento dos ossos em caso de queda Duas janelas do tamanho e do tipo comuns na Fran a com suas persianas e pesadas cortinas de sarja abriam se ao leste e ao oeste para espalhar v
92. m sobre o car ter do artista sua condi o social seu trabalho de cria o pois evidente nos romances de artista a vincula o entre o ateli e a obra do pintor personagem Enfim a efic cia da descri o do ateli reside na cria o de um efeito de real no leitor permitindo lhe adentrar nos mist rios da cria o art stica J a estrat gia da descri o uma vez que os objetos que com p em o ambiente s o carregados de uma simbologia citar os objetos um por um como pe as de um quebra cabe a para permitir que o leitor atrav s de um complexo exerc cio de composi o reconstrua o ambiente e compreenda a import ncia de cada objeto para o todo tanto na compo sic o do ateli o papel que o objeto ali desempenha quanto na pr pria obra liter ria 2 9 VOUILLOUX Tableaux d auteurs apr s I Ut pictura poesis p 5 10 MAURISSON Ecrire sur la peinture p 208 Tradu o nossa 11 VOUILLOUX Tableaux d auteurs apr s I Ut pictura poesis p 5 12 LEDDA Le Peintre et son mod le p 60 Como exemplo de objeto disposto no ateli que ter impacto sobre toda a obra citamos o retrato de Marianne primeiro amor do pintor L onard disposto em seu ateli sempre voltado para a parede para n o interromper o trabalho do aplicado artista com devaneios de tempos passados No entanto descoberto o retrato por sua sobrinha o pintor acaba por revelar lhe os detalhes da hist ria que teve 12 Espa os de cria o
93. madamente 1642 Biblioth que Nationale de France de S O ateli muito tem a dizer sobre o trabalho de cria o Cabinet des Estampes Paris Fran a Na introdu o da colet nea antes de adentrar nos ateli s propria ES H c c lo Bo oi mente ditos o poeta explica ao leitor o intuito de seus escritos aniquilar a no o de ateli destru la de algum modo a fim de perfurar o seu mist rio trecho 32 Assim o ateli comparado a um orga nismo vivo no qual o pintor em meio ao caos que o circunda cria uma nova ordem para mundo FIG 28 Trecho 32 O ateli Qui regarde de haut une ville serait ce par l imagination seulement aper oit certains b timents l ments ou s ries de b timents dont l as pect singulier est d tre par tout ou en partie de leur surface murs et toits translucides 1 crever la notion d atelier de la d truire en quelque fa on enfin d en percer le myst re PONGE L Atelier contemporain p 1 Tradu o nossa 2 PONGE L Atelier contemporain p 1 4 124 Colet nea bilingue Voil certes qui clate de nuit surtout depuis qu aussit t envi ronn e par les ombres chaque demeure humaine l instar de certains organismes phosphorescents produit en son int rieur une lumi re assez vive Mais pour une sensibilit exerc e peut tre l impression est elle de jour encore plus touchante il semble que I piderme de la ville ait t l par
94. mente possui uma escrivaninha para guar dar seus livros O quarto atua como um ateli embrion rio Ele tamb m um ins trumento para ver o mundo que s vezes se mostra atrav s de belas janelas mas frequentemente s o apenas claraboias ou basculantes A personalidade do ocupante se insere nos poucos objetos dispostos ou guardados quando se est alugando um apartamento mobiliado sua posi o o estado do lugar tudo isso que torna se filtro para interrogar e mostrar 4 Tradu o nossa Michel Butor L Atelier la chambre 133 Figura 30 O pobre poeta Carl Spitzweg 1839 Neue Pinakothek Munique Alemanha Figura 29 Meu quarto Octave Tassaert 1825 Mus e Fabre Montpellier Fran a Fonte lt http goo gl 3ogB4g gt Fonte GAUSSEN Le Peintre et son atelier p 71 134 Colet nea bil ngue Michel Butor L Atelier la chambre 135 Michel Houellebecq La Carte et le Territoire O mapa e o territ rio 2010 Publicado em 2010 o romance O mapa e o territ rio se concentra no per curso do artista Jed Martin que inicia sua carreira como fot grafo e em seguida decide se dedicar pintura Ao organizar sua mais recente expo si o composta por uma s rie de quadros retratando profissionais em seu ambiente de trabalho s rie intitulada Profiss es Martin contrata o escritor Michel Houellebecq para redigir a apresenta o da exposi o e decide inclu lo em sua s rie de quadros retratand
95. mento da cria o trecho 13 Trecho 12 Apresenta o do ateli de Coriolis C tait un atelier de neuf m tres de long sur sept de large Ses quatre murs ressemblaient un mus e et un pand monium L talage et le fouillis d un luxe baroque un entassement d objets bizar res exotiques h t roclites des souvenirs des morceaux d art l amas et le contraste de choses de tous les temps de tous les styles de toutes les couleurs le p le m le de ce que ramasse un artiste un voyageur un collectionneur y mettaient le d sordre et le sabbat du bric brac Partout d tonnants voisinages la promiscuit confuse des curiosit s et des reliques un ventail chinois sortait de la terre cuite d une lampe de Pomp i entre une p e trois tr fles qui portait sur la lame Penetrabit et un bouclier d hippopotame pour la chasse au tigre on pouvait voir un chapeau de cardinal la pourpre historique tout us e et un personnage d ombre chinoise de Java d coup dans du cuir tait accroch aupr s d un vieux gril en fer forg pour la cuisson des hosties 653 Le fond de l atelier tait enti rement rempli par un grand divan lit qui ne laissait de place dans un coin qu une psych en acajou pied griffes Sous le jour de la baie une sorte d alc ve s enfon ait l entre deux grandes cantonni res de tapisserie verdure sous un large tendo de toiles grises qui rappelait le ton et le grand pli l che d une voile
96. mpre surpreendem os curiosos quando ao chegar a sessenta p s do solo esperam ver os artistas alojados num desv o Essa esp cie de galeria era profusamente iluminada por imensas vidra as guarnecidas com essas telas verdes com aux lio das quais os pintores distribuem a luz Uma por o de caricaturas de cabe as desenhadas a l pis com cores ou a ponta de faca sobre as paredes pintadas de cinzento escuro provavam salvo nas diferen as de express o que mesmo as mo as mais distintas t m no esp rito tanta loucura quanto um homem pode ter Uma pequena estufa de ferro com seus grossos tubos que descreviam um espantoso ziguezague antes de alcan ar as elevadas regi es do teto era o infal vel ornamento daquele ateli Ao longo das paredes havia uma t bua que amparava modelos de gesso os quais se achavam desordenadamente colocados e na maioria recobertos por uma poeira dourada Abaixo dessa prateleira aqui e acol uma cabe a de N obe pendurada num prego ostentava sua dolorosa express o uma V nus sorria uma m o apresentava se de s bito aos olhos como a de um mendigo pedindo esmola Depois alguns esfolados amarelecidos pela fuma a pareciam ter sido arrancados na v spera de um ata de finalmente quadros desenhos manequins arma es sem tela e telas sem arma es davam quela pe a irregular a fisionomia de um ateli que se caracteriza por uma singular mistura de ornamentos e de nudez de mis ria e de riqueza
97. n o mede mais de dois ou tr s mil metros um sortimento completo de cart es postais represen tando Pompeia no in cio do s culo Der Triumphbogen des Nero Arco di Nerone Arc de N ron Nero s Arch Arco de Nero a Casa dei Vetti um dos melhores exemplos de mans o da nobreza romana em que as belas pinturas e decora es de m rmore foram deixadas como originalmente estavam no peristilo o qual era ornado de plantas Casa di Cavio Rufo Vico di Lupanare etc As pe as mais bonitas dessas cole es s o umas delicadas caixinhas de m sica uma delas tida como antiguidade uma igrejinha cujo carrilh o toca quando se levanta de leve o campan rio a c lebre Smanie implacabili che m agitate do Cos fan tutte outra um precioso reloginho de p ndulo cujo movimento faz dan ar um ratinho com saiote de bailarina No ret ngulo definido por esse m vel em L no qual cada perna termina numa abertura que pode ser eventualmente disfar ada por um 118 Colet nea bil ngue forro de couro Hutting mandou colocar um div baixo alguns pufes e um pequeno carrinho de bar guarnecido de garrafas copos e um balde de gelo proveniente de c lebre nightclub de Beirute The Star representa um frade gordo e baixote sentado tendo m o direita uma ta a veste um h bito cinzento comprido atado cintura por um cord o a cabe a e os ombros est o metidos num capuz negro que constitui a tampa do balde A parede da esquer
98. ndo como de costume um cigarro ap s o outro Lorde Henry Wotton podia apenas vislumbrar o brilho de doces tonalidades carameladas das flores de uma ac cia cujos ramos fr geis mal suporta vam o peso de uma opul ncia t o radiosa Os voos de p ssaros que vez ou outra projetavam suas sombras fant sticas nas compridas cortinas de seda frente da imensa janela produziam um ef mero efeito japon s e lembravam lhe os pintores de T quio de p lidos rostos de jade que ten tavam criar por meio de uma arte necessariamente est tica uma sen sa o de velocidade e de movimento O mon tono zumbido das abelhas abrindo caminho atrav s da grama alta e selvagem ou rodopiando com entediante insist ncia em volta das corolas cobertas de p len e douradas de uma sinuosa madressilva parecia tornar o sil ncio ainda mais esma gador Ouvia se o fraco murm rio de Londres como um long nquo ru do de rg o No centro do aposento pousado em um cavalete vertical erguia se o retrato de um jovem de extraordin ria beleza na frente do qual a pouca dist ncia estava sentado o pr prio artista Basil Hallward cujo brusco desaparecimento h alguns anos causou muito alvoro o e levan tou estranhas suposi es Um sorriso de satisfa o apareceu no rosto do pintor e ali perma neceu por um momento enquanto ele olhava a graciosa silhueta de belo porte que havia fielmente reproduzido com sua arte Mas de repente ele estremeceu e fechando os
99. ngles de toile qui taient pos s dans tous les sens ici une vague de la mer crasant avec col re sur le sable son cume lilas l un jeune homme en coutil blanc accoud sur le pont d un bateau Le veston du jeune homme et la vague claboussante avaient pris une dig nit nouvelle du fait qu ils continuaient tre encore que d pourvus de ce en quoi ils passaient pour consister la vague ne pouvant plus mouiller ni le veston habiller personne Au moment o j entrai le cr ateur tait en train d achever avec le pinceau qu il tenait dans sa main la forme du soleil son coucher Les stores taient clos de presque tous les c t s l atelier tait assez frais et sauf un endroit o le grand jour apposait au mur sa d coration clatante et passag re obscur seule tait ouverte une petite fen tre rectangulaire encadr e de ch vrefeuilles qui apr s une bande de jardin donnait sur une avenue de sorte que l atmosph re de la plus grande partie de l atelier tait sombre transparente et compacte dans la masse mais humide et brillante aux cassures o la sertissait la lumi re comme un bloc de cristal de roche dont une face d j taill e et polie et l luit comme un miroir et s irise Tandis qu Elstir sur ma pri re con tinuait peindre je circulais dans ce clair obscur m arr tant devant un tableau puis devant un autre 1 PROUST a recherche du temps perdu p 190 192 102 Colet nea bilingue Le
100. nova organiza o que conciliaria os prazeres da amizade e as virtudes do t dio Trecho 29 O ateli itinerante Les jours qui suivirent il tenta de travailler dans le couloir le sur lende main dans la salle de douches l lectricit le jour d apr s dans la cui sine Mais pour la premi re fois il tait g n par les gens qu il rencontrait partout ceux qu il connaissait peine et les siens qu il aimait Pendant quelque temps il s arr ta de travailler et r fl chit Il aurait peint sur le motif si la saison s y tait pr t e Malheureusement on allait entrer dans l hiver il tait difficile de faire du paysage avant le printemps Il essaya cependant et renon a le froid p n trait jusqu son c ur Il v cut plu sieurs jours avec ses toiles assis pr s d elles le plus souvent ou bien plant devant la fen tre il ne peignait plus Vers o em portugu s Nos dias que se seguiram tentou trabalhar no corredor no outro dia no banheiro com luz el trica e no outro dia ainda na cozinha Mas pela primeira vez as pessoas que encontrava por toda parte o incomodavam tanto as que mal conhecia quanto os seres mais chegados que amava Durante algum tempo parou de trabalhar e refletiu Teria pintado uma paisagem se a esta o se prestasse a isso Infelizmente o inverno ia come ar seria dif cil fazer paisagens antes da primavera Assim mesmo 8 CAMUS Jonas ou l artiste au travail p 50 7 Tradu o
101. nt qu un troit chemin pour arriver sous laur ole que projetait la haute ver ri re dont les rayons tombaient plein sur la p le figure de Porbus et sur le cr ne d ivoire de l homme singulier L attention du jeune homme fut bient t exclusivement acquise un tableau qui par ce temps de trouble et de r volutions tait d j devenu c l bre et que visitaient quelques uns de ces ent t s auxquels on doit la conservation du feu sacr pendant les jours mauvais Cette belle page repr sentait une Marie gyptienne se disposant payer le passage du bateau Ce chef d uvre destin Marie de M dicis fut vendu par elle aux jours de sa mis re 1 BALZAC Le Chef d ceuvre iconnu et autres nouvelles p 40 41 42 Colet nea bilingue Vers o em portugu s Porbus inclinou se respeitosamente deixou entrar o jovem que ele pen sou estar com o velho e ocupou se ainda menos dele na medida em que o ne fito mostrava se sob o encanto que devem experimentar os pintores natos ao verem o primeiro ateli onde se revelam algumas das opera es materiais da arte Uma claraboia no teto iluminava o ateli de mestre Porbus Concentrada numa tela presa a um cavalete e que mostrava apenas umas tr s ou quatro pinceladas brancas a luz do dia n o alcan ava as sombrias profundezas dos recantos daquele vasto apo sento mas alguns reflexos perdidos acendiam por entre aquela sombra ru a uma paleta prateada no ventre de uma coura a suspensa na
102. nue aux murs gris aux charpentes visibles sans meubles Lirat lappelait famili rement son hangar Un hangar en effet o la bise soufflait o la pluie tombait du toit par de petites crevasses Deux longues tables en bois blanc suppor taient des bo tes de pastel des cahiers des blocs des manches d ven tails des albums japonais des moulages un fouillis d objets inutiles et 1 MIRBEAU Le Calvaire p 69 70 bizarres Pr s d une armoire biblioth que tapiss e de vieux journaux dans un coin beaucoup de cartons de toiles d tudes qui montraient le ch ssis Un divan fort d labr rendant des sons de piano d saccord d s qu on faisait mine de s y asseoir deux fauteuils bancroches une glace sans cadre constituaient le seul luxe de l atelier qu un jour tr s vibrant clairait L hiver quand il avait mod le Lirat allumait son petit po le de fonte dont le tuyau coup d angles brusques maintenu par des fils de fer et couvert de rouille zigzaguait au milieu de la pi ce avant de se per dre par un trou trop large dans le toit Hormis ces jours l m me par les plus grands froids il rempla ait le feu du po le par une vieille pelisse d astrakan us e pel e galeuse qu il endossait chaque fois avec une ostentation manifeste Lirat avait la vanit une vanit enfantine de cet atelier pauvre et il se parait de sa nudit comme les autres peintres de leurs peluches brod es et de leurs tapisseries
103. o de ferrugem ziguezagueava no meio do c modo antes de se perder por uma abertura muito larga do telhado Nas demais ocasi es mesmo nos dias de frio mais intenso ele substitu a o calor do fogareiro por um velho casaco de l desgastado ro do carcomido que ele sempre vestia com evidente ostenta o Lirat envaidecia se com uma vaidade infantil desse ateli pobre e ele se orgulhava dessa nudez como os outros pinto res de seus veludos bordados e de suas invari veis tape arias hist ricas No entanto ele o desejava ainda mais miser vel pois ressentia se com o piso de t buas que ele preferia que fosse de terra batida com o meu ateli que eu reconhe o os verdadeiros amigos dizia frequentemente esses voltam os outros n o muito pr tico Muito poucos voltavam Octave Mirbeau Le Calvaire 89 Figura 19 O pobre pintor em seu ateli Andries Both 1635 Rijksmuseum Amsterdam Holanda Fonte lt http goo gl 3V2p1D gt 90 Colet nea bilingue Philippe Delerm Autumn 1990 Publicado em 1990 Autumn mergulha no universo dos pintores pr rafa elitas grupo de artistas formado na Inglaterra em meados do s culo XIX O romance explora o clima rom ntico e bo mio da vida do pintor e poeta Dante Gabriel Rossetti introduzindo o leitor nos ateli s dos principais pin tores da confraria John Everett Millais e Walter Deverell nos quais tam b m circulam o cr tico de arte John Ruskin e as m
104. o o em sua mesa de trabalho pintura que se torna um exemplo emblem tico do artista ao trabalho Na descri o do retrato do escritor em sua mesa de trabalho tre cho 35 poss vel identificar o espelhamento que ocorre com o ambiente de cria o do pintor como nos mostra a iconografia uma vez que os qua dros que representam escritores em suas mesas de trabalho n o deixam de represent los cercados pelos livros que comp em sua biblioteca e portanto suas fontes e inspira es suas notas pessoais que ajudam a orientar o seu trabalho de cria o a mesma fun o do esbo o do pintor al m de figuras e objetos que representam sua est tica e seu estilo N o desprezam tampouco os instrumentos de seu trabalho como a caneta e as folhas de papel como bem mostram o retrato de mile Zola em sua mesa de trabalho por douard Manet FIG 15 Voltaire recebendo a visita de Frederico II FIG 31 e o retrato de Gustave Geffroy por C zanne FIG 32 Trecho 35 O escritor retratado em seu escrit rio Dans Michel Houellebecq crivain soulignent la plupart des histoi riens d art Jed Martin rompt avec cette pratique des fonds r alistes qui avait caract ris l ensemble de son uvre tout au long de la p riode des m tiers Il rompt difficilement et on sent que cette rupture lui co te beaucoup d efforts qu il s efforce par diff rents artifices de maintenir autant que faire se peut l illusion d un fond r aliste
105. o os pigmentos os 13 BERTHO Asservir l image fonctions du tableau dans le r cit p 33 14 Espacos de criac o do ateli do pintor mesa do escritor vernizes e as telas Nesse sentido aproximam se pintura e alquimia sem excluir o car ter m stico e m gico atribu do a seus praticantes A alian a da fun o social e negocial ao trabalho da cria o se concretiza no ateli vitrine onde o pintor recebe seus amigos cr ticos e marchands uma verdadeira multid o que penetra no universo privado do artista como nos mostra o quadro de Fantin Latour Um ateli em Batignoles FIG 14 Nele tamb m o pintor exibir as suas obras trans formando o ateli em um t pico cabinet d amateur ambiente sofisticado cujo prop sito acrescentar lustro profiss o de artista como o ateli do pintor Husting em A vida modo de usar trecho 30 Tamb m em um desses ambientes que trabalha O nobre pintor de Bosse FIG 27 que em seu espl ndido ateli desdenha com um olhar altivo a imagem do pintor indigente que seu aprendiz lhe apresenta O ateli santu rio por sua vez surge como uma esp cie de ref gio da arte no qual o pintor pode se isolar dedicar se medita o e ao planejamento de suas obras futuras Uma vez que o trabalho do pintor n o se resume s simples pinceladas pois para manter se criativamente ativo necess rio tempo dedicado reflex o o ateli santu rio revela se como um ambiente voltado a
106. o recolhimento e isolamento do artista imprescind veis ao exerc cio da cria o 5 Por ser um ambiente ntimo nele que o pintor vai se revelar expondo n o somente os objetos indispens veis sua arte como os utens lios pr prios ao trabalho do artista pinc is cavaletes moldes e paletas mas sobretudo aqueles que revelam o seu universo particu lar obras de arte que muito t m a dizer sobre suas escolhas est ticas e ideol gicas como o destaque dado ao retrato de Rafael no ateli do pintor L onard em O ateli de um pintor trecho 10 Importa ressaltar que as obras escolhidas para compor o ateli santu rio n o se encontram expos tas para agradar o olhar do visitante mas sim a do pr prio pintor por isso n o est o carregadas do lustro impresso naquelas que se encontram no ateli vitrine 14 De fato a cren a do valor m gico atribu do imagem segundo a qual a alma de um homem estaria presente em sua representa o pict rica vigorava em muitas sociedades primitivas mas tamb m na hist ria moderna da arte europeia KRIS KURZ La L gende de l artiste un essai historique p 69 93 Em especial no cap tulo 3 L artiste comme magicien 15 ARBEX LAGO Camus ou o artista ao trabalho p 6 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor 15 Para ilustrar o ateli santu rio tomamos como exemplo o Retrato de Charles Le Brun FIG 1 por Largilli re em que o pintor sentado como
107. ontade a luz do dia nascente ou minguante ou ao contr rio para a conter E nichos alcovas reentr ncias estranhos cantos e recantos esta vam disposi o por todos os lados para com o tempo acolher a cole o de pequenos objetos e bibel s aquisi es ou propriedades pessoais todas as coisas que fazem de uma resid ncia um local caloroso ntimo aconchegante e que alimentar o quando o tempo tiver passado agra d veis medita es e afetuosos pesares Um imenso div deliciosamente macio ocupava todo o compri mento da larga vidra a orientada para o norte necess ria para o trabalho RE Trecho 18 O ateli escola Latelier ou cours de peinture de Carrel tait situ rue Notre Dame des Potirons Saint Michel au fond d une vaste cour de larges baies pou ssi reuses laissaient p n trer la lumi re du ciel dans de vastes ateliers poussi reux Le plus vaste et le plus poussi reux tait celui de Carrel Trente quarante tudiants de beaux arts y dessinaient et peignaient partir de mod les nus chaque jour sauf le dimanche de huit heures midi et deux heures encore l apr s midi sauf celui du samedi consacr aux balayages et nettoyages d une rigoureuse n cessit dans ces curies d Augias Une semaine le mod le tait un homme la semaine suivante une femme et ainsi de suite en alternant tout au long de l ann e Un fourneau une sellette de mod le des tabourets quelques cof fres
108. or Grassou de Foug res se estendia o seu ateli voltado para Montmartre O ateli pintado em tons de tijolo o piso amarronzado cuidadosamente esfre gado cada cadeira provida de um pequeno tapete bordado o sof sim ples mas limpo como o de um quarto de dormir de uma comerciante ali tudo indicava a vida meticulosa dos esp ritos pequenos e o cuidado de um homem pobre Havia uma c moda para guardar os objetos de ateli uma mesa de jantar um aparador uma escrivaninha enfim os utensi lios necess rios aos pintores arrumados e limpos O fog o participava desse sistema de cuidado holand s ainda mais vis vel devido luz pura e est vel do norte que inundava com seu dia claro e frio esse aposento imenso Foug res simples pintor de g nero n o tem necessidade das m quinas enormes que arruinam os pintores de hist ria ele nunca reco nheceu em si faculdades suficientemente completas para abordar a alta pintura ele ainda se limitava ao cavalete 2 Tradu o nossa 48 Colet nea bil ngue Figura 8 O interior de uma cozinha Martin Dr lling 1815 Mus e du Louvre Paris Fran a Fonte lt http goo gl LcFuls gt Honor de Balzac Pierre Grassou 49 Marceline Desbordes Valmore L Atelier d un peintre O ateli de um pintor 1833 Publicado em 1833 o romance O ateli de um pintor ambientado em Paris durante o primeiro imp rio franc s e considerado pelos estudio sos da escritora Marceline
109. osa pourtant de difficiles probl mes aux experts car le peintre la trouva lui m me dans un champ enfouie moins d un m tre de profondeur l poque o champion du Mineral Art il cherchait des cailloux dans les environs de Thuhurbo Majus Hutting est torse nu il porte un pantalon d indienne des chausset tes de grosse laine blanche un foulard de fine batiste autour du cou et une dizaine de bracelets multicolores au poignet gauche Tout son mat riel tubes godets brosses couteaux craies chiffons vaporisateurs grattoirs plumes ponges etc est soigneusement rang dans une longue casse d imprimeur plac e sa droite 120 Colet nea bilingue Vers o em portugu s Hutting trabalha n o em seu grande ateli mas na pequena pe a que dis p e na sobreloja para servir s longas sess es de pose que inflige a seus clientes depois que se tornou retratista uma sala clara e aconchegante impecavelmente arrumada n o oferecendo de maneira alguma a desordem habitual dos ateli s de pin tura nada de telas voltadas contra a parede nada de molduras empi lhadas em rumas inst veis nada de chaleiras achatadas sobre aque cedores antiquados mas uma porta almofadada de couro negro altas plantas verdes que transbordam de grandes trip s de bronze e grimpam no encal o das vidra as e paredes nuas laqueadas de branco com exce o de um grande painel de a o polido contra o qual tr s p steres s o mantido
110. ouch es dou bles Et dans ces heures il ne pouvait que r ver d une nouvelle organisa tion qui concilierait les plaisirs de l amiti et les vertus de l ennui Vers o em portugu s Assim corria o tempo de Jonas que pintava no meio de amigos e de alu nos instalados em cadeiras agora dispostas em fileiras conc ntricas em torno do cavalete Da mesma forma muitas vezes apareciam vizinhos nas janelas em frente e juntavam se ao seu p blico Ele discutia trocava ideias examinava as telas que lhe eram apresentadas sorria passagem 4 CAMUS Jonas ou l artiste au travail p 33 34 5 Tradu o de Valerie Rumjanek CAMUS O ex lio e o reino p 109 Albert Camus Jonas ou l artiste au travail 109 de Louise consolava as crian as e atendia efusivamente aos chamados telef nicos sem nunca abandonar os pinc is com os quais vez por outra acrescentava um toque ao quadro iniciado Em certo sentido sua vida era bem cheia todas as suas horas eram utilizadas e ele dava gra as ao destino que o poupava do t dio Por outro lado eram necess rias muitas pinceladas para encher um quadro e ele s vezes pensava que o t dio s vezes era bom j que se podia escapar dele pelo trabalho obstinado Mas a produ o de Jonas diminu a medida em que os amigos se tornavam mais interessantes Mesmo nas raras ocasi es em que ficava totalmente s sentia se cansado demais para trabalhar dobrado E nessas horas s conseguia sonhar com uma
111. ourtant par un 3 Tradu o nossa 4 Tradu o nossa 5 ZOLA L uvre p 26 mile Zola L uvre 69 tableau retourn le grand tableau auquel travaillait le peintre et qu il poussait chaque soir vers la muraille afin de le mieux juger le lendemain dans la fra cheur du premier coup d il Que pouvait il cacher celui l pour qu on n os t m me pas le montrer Et au travers de la vaste pi ce la nappe de br lant soleil tomb e des vitres voyageait sans tre tem p r e par le moindre store coulant ainsi qu un or liquide sur tous ces d bris de meuble dont elle accentuait l insoucieuse mis re Vers o em portugu s O ateli na verdade continuava a amedront la um pouco Lan ava lhe olhares prudentes estarrecida com tamanha desordem e abandono Diante do fog o amontoavam se ainda as cinzas do ltimo inverno Al m da cama da penteadeira do div havia apenas um velho e desconjun tado arm rio de carvalho e uma grande mesa de pinho coberta de pin c is de tintas de pratos sujos de uma lamparina a lcool e sobre a qual tinha sido deixada uma panela manchada de macarr o Cadeiras sem palha se espalhavam entre cavaletes mancos Perto do div a vela da noite anterior estava jogada no ch o em um canto do piso que devia ser varrido apenas uma vez por m s e s um rel gio cuco enorme pintado com flores vermelhas lhe pareceu alegre e limpo com o seu tique taque sonoro Mas o que a assustava so
112. p goo gl yNAh07 gt Edmond et Jules de Goncourt Manette Salomon 1827 Mus e du Louvre Paris Fran a 65 mile Zola L uvre A obra 1886 A obra 1886 o d cimo quarto romance dos vinte volumes da s rie dos Rougon Macquart projeto liter rio de mile Zola que conta a hist ria de uma fam lia sob o segundo imp rio franc s Ambientado na Paris do s culo XIX A obra coloca em cena Claude Lantier cercado por um grupo de amigos artistas escritores escultores etc pintor obstinado na pro du o de uma obra vanguardista a pintura do ar livre liberta dos rigo res da academia Constantemente recusada nas exibi es dos sal es e incompreendida pelo grande p blico a obra de Claude Lantier torna se uma obsess o para o tr gico pintor que luta exaustivamente pelo reco nhecimento de sua concep o da arte anunciadora de uma nova era Inspirado na pintura impressionista A obra retrata com precis o os ambientes art sticos da segunda metade do s culo XIX notadamente o ateli do pintor que ultrapassa seu car ter de espa o de cria o para tornar se um local de encontro e de discuss es De fato nessa poca pro liferaram quadros representando o interior de ateli s de artistas como O ateli do pintor de Gustave Courbet FIG 12 O pr prio Zola grande fre quentador de ateli s e amigo de v rios pintores sobretudo de C zanne chegou a ser retratado em mais de uma dessas representa es de at
113. p is e o tinteiro do escritor a reprodu o reduzida de Olympia 1863 quadro do pr prio Manet que fora elogiado por Zola anteriormente simbolizando a estreita rela o do escritor com a arte pict rica O mesmo ocorre com a representa o de Voltaire na gravura de Baquoy FIG 31 e de Gustave Geffroy em Retrato de Gustave Geffroy de C zanne FIG 32 o escritor debru ado em sua mesa de trabalho assim como o pintor em seu ateli se cerca dos utens lios indispens veis sua arte no caso da escrita o papel a pena o tinteiro e dos objetos que o inspiram sobretudo os livros de sua biblioteca pessoal ineg vel presen a dos autores que constituem suas fontes e influ ncias e nos quais espelham sua pr pria literatura Essa correspond ncia est tica entre o escritor e o pintor que se reflete em seus locais de trabalho foi bastante explorada por Butor em seus escritos sobre a pintura trecho 34 e sobretudo por Houellebecq trecho 35 em O mapa e o territ rio quando podemos reconhecer na pintura que representa a mesa do escritor a desordem t pica do ateli os in meros esbo os esparsos al m dos tormentos da cria o traduzidos na express o angustiada do artista ao trabalho 2 PONGE L Atelier contemporain p 1 27 MUSSET Le fils du Titien p 73 128 20 Espa os de cria o do ateli do pintor mesa do escritor Pode se afirmar portanto que literatura e pintura n o interrom peram seu di logo
114. parede riscavam num brusco sulco de luz a cornija esculpida e encerada de uma antiga cristaleira cheia de vasilhames curiosos ou respingavam com pon tos brilhantes a trama granulosa de algumas velhas cortinas com brocado dourado de grandes pregas quebradas espalhadas por alicomo modelos Figuras humanas sem a pele em gesso membros e torsos de deusas antigas amorosamente polidos pelas car cias dos s culos acumulavam se nas mesinhas e consoles In meros esbo os estudos a tr s l pis em sanguina ou bico de pena cobriam as paredes at o teto Caixas de pig mentos de tinta garrafas de leo e terebintina escabelos ca dos pelo ch o deixavam apenas um estreito caminho at a aur ola projetada pela claraboia cujos raios ca am em cheio sobre o rosto p lido de Porbus e o cr nio de marfim do singular homem A aten o do jovem logo foi atra da por um quadro que naqueles tempos de como o e revolu o j se tor nara c lebre e era visitado por alguns desses teimosos aos quais se deve a conserva o do fogo sagrado durante a tempestade Aquela bela p gina representava uma Maria do Egito dispondo se a pagar a passagem do barco Esta obra prima destinada a Maria de M dicis foi por ela vendida quando se viu na mis ria 2 Tradu o de Teixeira Coelho BALZAC A obra prima ignorada p 15 16 Honor de Balzac Le Chef d ceuvre inconnu 43 Trecho 7 O ateli como esconderijo de tesouros e mist rios Nous pouvons parti
115. pintores o iniciante Poussin 1594 1665 o ilustre Porbus 1569 1622 e o mestre Frenhofer Os dois primeiros s o inspira dos em pintores reais o ltimo fruto da imagina o de Balzac Quando Poussin procura o ateli de Porbus procura de um men tor capaz de inici lo na carreira de pintor trecho 6 ele se depara com a inquietante figura de Frenhofer e acaba presenciando uma li o do experiente mestre sobre suas concep es art sticas e est ticas al m de testemunhar seu incr vel talento para a pintura Na segunda parte da novela o ateli de Frenhofer reputado por guardar tesouros inigual veis trecho 7 se revela aos olhos de Poussin e de Porbus trecho 8 assim como a oportunidade de vislumbrar a obra prima do mestre nunca antes revelada qual este se dedica h mais de dez anos O personagem de Frenhofer pintor obcecado por uma obra que incompreendida por seus pares h s culos seduz artistas e estudio sos que acreditam ver em sua pintura as marcas da arte moderna des vendada antes de seu tempo Frenhofer inspirou v rios pintores dentre eles C zanne e Picasso que realizou uma s rie de gravuras inspiradas na novela FIG 6 por atuar como uma representa o dos sofrimen tos da cria o do embate do pintor frente sua obra FIG 7 e pela maneira como a recep o e a cr tica de seu trabalho influem sobre o artista questionamentos recorrentes tanto nos romances de artista como na pr pria
116. places ces endroits aminci att nu l extr me et que la chair n en soit prot g e plus que par une pellicule des plus fragiles lu Ainsi ne s agit il pas proprement parler d une simple usure mais la s rosit panch e entre le derme vif et I piderme forme alors ces petites tumeurs qui peuvent donner tout un quartier l aspect bullescent o bullul Et voici donc ce qu on appelle un atelier sur le corps des b timents comme une vari t d ampoule entre verri re et verrue Insistons y ce qui pr side leur formation comme l activit cellu laire tr s intense qui se produit collectivement l dessous ne doit pas tre mis au compte tout simplement de l usure mais plut t d une dialec tique subtile de l usure et de la r paration voire de la fabrication tr s active Accompagn e le plus souvent d une sensation tr s vive du genre hectique qu il ne m appartient pas d affecter d un coefficient de douleur ou de plaisir Et naturellement la transparence de la partie us e ou ver ri re est tr s utile ce qui se fait l dessous cause des effets th ra peutiques de la lumi re On voit tout ce qui pourrait tre dit l dessus et ajout par exem ple comme couleur odeur rythme bruit ou musique li Ah pour nous en expliquer au plus vite disons qu il s agit ici sur le corps de certains b timents comme parfois sur la branche d un arbre ou sur la feuille du m rier d une sorte
117. pois a velha impass vel come ou a embrulh la com trapos e cordas Ficaram vendo o pintor pintar O Senhor de Sainte Colombe soprou outra vez ao ouvido do Senhor Marais Escutai o som do pincel do Senhor Baugin Fecharam os olhos e ouviram no pintar Depois o Senhor de Sainte Colombe disse Haveis aprendido a t cnica do arco E porque o Senhor Baugin se virava e os interrogava acerca do que entre si estavam murmurando disse o Senhor de Sainte Colombe Estava eu a falar do arco e comparava o ao vosso pincel Creio que vos enganais disse rindo o pintor Eu gosto do ouro Pessoalmente procuro a rota dos misteriosos fogos Pascal Quignard Tous les matins du monde 35 Figura 4 Natureza morta com tabuleiro de xadrez Lubin Baugin 1663 Mus e du Louvre Paris Fran a Fonte lt http goo gl ad8oxp gt 36 Colet nea bilingue Tracy Chevalier La Jeune fille la perle Mo a com brinco de p rola 1999 Inspirada no c lebre quadro de Vermeer 1632 1675 Mo a com brinco de p rola 1999 uma recria o ficcional da g nese da obra Em Delft Holanda no ano de 1664 a jovem Griet rec m contratada como criada na casa do pintor Vermeer encarregada de limpar o seu ateli Como a numerosa fam lia do pintor dependia exclusivamente de seu trabalho para sobreviver a sua tranquilidade para se dedicar pin tura devia ser preservada acima de tudo fazendo com que o ateli per manecesse
118. pos de todos os estilos de todas as cores a confus o de tudo o que guarda um artista um viajante um colecionador compunham ali o tumulto e o sabbat de uma grande desordem Por todos os lados surpreendentes vizinhan as a promiscuidade confusa das curiosidades e das rel quias um leque chin s sa a da cer mica de uma lamparina de Pompeia entre uma espada com tr s trevos em cuja l mina estava gravado Penetrabit e um escudo de hipop tamo para a ca a ao tigre podia se ver um chap u de cardeal com a p rpura hist rica desgastada e um personagem de sombra chinesa de Java recortado em couro pendurado pr ximo a uma velha grelha de ferro fundido para cozer h stias REA O fundo do ateli era inteiramente tomado por uma grande cama div que apenas deixava lugar em um canto a um grande espelho m vel emoldurado em mogno com p s em forma de garras Sob a luz da janela uma esp cie de alcova estava embutida entre dois grandes cortinados de tape aria estampada com folhagens debaixo de uma larga tenda de tecido cinza que lembrava o tom e o grande vinco frouxo de uma vela sobre a popa de um navio Essa tenda estava suspensa a cor das que pareciam segurar a cada canto da janela dois grandes anjos de estilo bizantino pintados e banhados a ouro O div estava recoberto de panteras e tigres de cabe as empalhadas Nos dois cantos do fundo dois moldes de mulher em tamanho real os dois moldes admir veis do corpo de Julie Geoffroy
119. possible Dans le tableau Houellebecq est debout face un bureau recouvert de feuilles crites ou demi crites Derri re lui une distance qu on peut valuer cinq m tres le mur blanc est enti rement tapiss de feuilles man uscrites coll es les unes contre les autres sans le moindre interstice Ironiquement soulignent les historiens d art Jed Martin semble dans son travail accorder une norme importance au texte se polariser sur le texte d tach de toute r f rence r elle Or tous les historiens de la litt ra ture le confirment si Houellebecq aimait au cours de sa phase de travail punaiser les murs de sa chambre avec diff rents documents il s agis sait le plus souvent de photos repr sentant les endroits o il situait les sc nes de ses romans et rarement de sc nes crites ou demi crites En le repr sentant au milieu d un univers de papier Jed Martin n a pourtant probablement pas souhait prendre position sur la question du r alisme en litt rature il na pas davantage cherch rapprocher Houellebecq d une position formaliste que celui ci avait du reste explicitement rejet e Sans doute a t il t plus simplement entra n par une pure fascination plastique devant l image de ces blocs de texte ramifi s reli s s engen drant les uns aux autres comme un gigantesque polype Peu de gens de toute fa on au moment de la pr sentation du tableau pr t rent attention au fond clips par l incroyabl
120. r d ici dit Porbus Poussin il ne nous entend plus ne nous voit plus Allons son atelier r pondit le jeune homme merveill Oh Le vieux reitre a su en d fendre l entr e Ses tr sors sont trop bien gard s pour que nous puissions y arriver Je n ai pas attendu votre avis et votre fantaisie pour tenter l assaut du myst re Il y a donc un myst re Oui r pondit Porbus Vers o em portugu s Podemos ir embora disse Porbus a Poussin ele n o nos ouve mais n o nos v mais y Vamos ao ateli dele respondeu o jovem deslumbrado Ham a velha raposa soube proteger a entrada da toca Seus tesouros est o muito bem guardados n o podemos chegar at eles N o precisei esperar por voc e sua imagina o para tentar eu mesmo o assalto a esse mist rio Quer dizer que h um mist rio Sim respondeu Porbus Trecho 8 O ateli de Frenhofer En proie une vive curiosit Porbus et Poussin coururent au milieu d un vaste atelier couvert de poussi re ou tout tait en d sordre o ils virent et l des tableaux accroch s aux murs Ils s arr t rent tout d abord devant une figure de femme de grandeur naturelle demi nue et pour laquelle ils furent saisis d admiration Vers o em portugu s Tomados por uma viva curiosidade Porbus e Poussin correram para o centro de um vasto ateli coberto de p onde tudo estava em desordem 3 BALZAC Le Che
121. r la sensation de la vitesse et du mouvement Le morne bourdonne ment des abeilles se frayant un chemin travers les hautes herbes folles ou tournant avec une insistance monotone autour des cornes poudreuses et dor es d un tortueux ch vrefeuille semblait rendre le silence encore plus oppressant La faible rumeur de Londres faisait comme un lointain bourdon d orgue Au centre de la pi ce fix un chevalet vertical se dressait le portrait en pied d un jeune homme d une extraordinaire beaut devant lequel faible distance tait assis l artiste lui m me Basil Hallward dont la disparition soudaine il y a quelques ann es fit un tel bruit et sus cita des tranges conjectures Un sourire de contentement passa et s attarda un moment sur le visage du peintre qui regardait la silhouette gracieuse et de belle pres tance qu il avait si fid lement repr sent e par son art Mais tout coup il sursauta et fermant les yeux mit les doigts sur ses paupi res comme s il cherchait emprisonner dans son cerveau quelque r ve trange dont il craignait de se r veiller Vers o em portugu s O rico perfume das rosas invadia o ateli e quando a brisa de ver o soprava nas rvores do jardim o forte aroma dos lilases ou a fragr ncia mais sutil dos espinheiros em flor exalava at a porta aberta do aposento 2 Tradu o nossa 98 Colet nea bil ngue Do canto do sof de almofadas de couro persa sobre o qual estava deitado fuma
122. ris Fran a Zola o terceiro em p Fonte lt http goo gl bcicvu gt mile Zola L uvre 73 Georges du Maurier Trilby 1894 Best seller quando publicado em 1894 Trilby apresenta um grupo de pintores ingleses vivendo no bo mio Quartier Latin da Paris do s culo XIX capital da pintura na poca ambiente familiar ao autor que ali iniciou sua carreira de pintor e desenhista O romance inicia descrevendo o ambiente de cria o comparti lhado por tr s pintores ingleses que vivem a vida de artista instalados em um espa oso ateli trecho 17 cuja atmosfera lembra mais uma sala de esportes um clube ou um caf do que um espa o reservado pintura Assim como a representa o do ateli de Horace Vernet FIG 16 o local de trabalho dos pintores descrito em Trilby rompe com a imagem aca d mica da arte inacess vel e inating vel reconciliando a com a vida em uma alegoria que mescla diversas artes esportes e a alegria de viver Enquanto o grupo de pintores frequenta os t picos e indispens veis ateli s escola dos mestres parisienses trecho 18 FIG 17 pratica sua arte e recebe os amigos em seu ateli entra em cena Trilby sin gela lavadeira que aproveita seus momentos de folga para posar como Figura 15 mile Zola Edouard Manet 1868 Mus e d Orsay Paris Fran a modelo Trilby atrai a aten o do pintor Pequeno Billy e do mal fico pia Fonte lt http gl yt 4 lt z S E ANNEE nista Sveng
123. rmitem ao leitor uma maior abrang ncia de interpreta o agregando aos objetos ali expostos uma fun o ontol gica Isto porque revela por meio de outra arte a ess ncia da pr pria vida reunindo em um mesmo esfor o o narrador o personagem e o leitor Nesse sentido as descri es de ateli s das obras liter rias anali sadas podem ser organizadas em subgrupos diretamente relacionados persona e cria o do pintor o que repercutir na obra ali produzida e no papel que o autor do romance de artista reserva ao seu personagem ar tista Ademais esses subgrupos tamb m encontram sua representa o na iconografia pertinente como se ver adiante O ateli laborat rio aquele que em raz o dos utens lios des critos e do complexo trabalho t cnico que ali se desenvolve revela se pr ximo ao laborat rio do alquimista como o caso do ateli de Orazio Gentileschi em Artem sia trecho 1 cuja descri o retoma os elementos do quadro de Stradanus O laborat rio do alquimista FIG 3 Repleto de utens lios pr prios complexa fabrica o dos pigmentos como as retor tas para destila o os in meros potes vasos e caldeir es o pintor do s culo XVII retratado pela literatura por preservar o car ter artesanal da pintura se aproxima do alquimista e seu ateli toma a forma de um ver dadeiro laborat rio da cria o em que se cria n o apenas a obra de arte em si mas tamb m a sua pr pria mat ria prima com
124. s evocam temas que inspiram o pintor a tradi o na qual ele se espelha e retira elementos para suas pr prias cria es os objetos que guarnecem o ate li comp em a mitologia pessoal do artista Nesse sentido podemos perceber fen meno id ntico nos ateli s recriados pelos romances de artista para os quais em grande parte a caracteriza o do espa o de cria o do pintor ultrapassa a simples fun o descritiva e constitui por vezes um elemento norteador do enredo e at mesmo do destino do pintor personagem O ateli do pintor nos romances de artista um exerc cio de descri o um ponto de encontro na narrativa Juntamente com o entusiasmo pelo tema da arte que se evidenciou no s culo XIX cresceu tamb m nesse per odo o interesse pelo g nero lite r rio do romance levando cria o de um subg nero de tradi o alem que aliou essas duas paix es do s culo o K nstlerroman ou romance de artista Esse tipo de romance em que uma figura de artista ou uma obra de arte real ou fict cia desempenha fun o estruturadora essen cial floresceu exponencialmente em toda a Europa sobretudo na Fran a verdadeiro centro da arte nesse per odo A descri o do ateli assim como a cfrase e as refer ncias aos mitos da cria o um dos topoi do romance de artista como salienta Maurisson 8 ela uma esp cie de passage oblig para a constru o da ilus o realista GAUSSEN Le Peintr
125. s de tinta o que formava uma agrad vel decora o policrom tica 4 Tradu o nossa 80 Colet nea bil ngue Figura 16 O ateli do pintor Horace Vernet 1820 21 Cole o particular Fonte GAUSSEN Le Peintre et son atelier p 227 Georges du Maurier Trilby 81 Figura 17 O ateli dos alunos de Gros Auguste Mass 1830 Mus e Marmottan Paris Fran a Fonte GAUSSEN Le Peintre et son atelier p 46 47 82 Colet nea bil ngue Nicolas Gogol Le Portrait O retrato 1835 Publicado em sua primeira vers o em 1835 O retrato uma novela fan t stica em duas partes ambientada em S o Petersburgo no s culo XIX A primeira parte da novela introduz o leitor no universo do jovem pintor Tchartkov que apesar de talentoso n o consegue se sustentar na profiss o e passa por dificuldades em seu humilde ateli trecho 19 que serve de apartamento ao artista e ao seu ajudante Nikita Sem con di es de sequer pagar seu aluguel Tchartkov em um passeio noturno pela cidade adquire por impulso com seus ltimos trocados um qua dro empoeirado representando um velho vestido de uma ampla t nica asi tica cujos olhos estranhamente reais o intrigaram profundamente Obcecado e atemorizado pela peculiaridade da figura Tchartkov descobre escondida na moldura do retrato uma certa quantia de dinheiro o que o leva a fazer escolhas que acabam distanciando o de sua arte Na segunda parte da novela revela
126. s m rites Le long des murs grande hauteur courait une large tag re juch s l dessus d autres moulages en pl tre terres cuites imitation de bronze les miniatures d un Th s e d une V nus de Milo d un discobole celle d un corch qui mena ait les cieux un acte presque justifi en la circonstance un Lion et sanglier par Barye la pi ce d anatomie d un cheval qui restait une seule patte et manquaient les oreilles une t te de cheval du fronton du Parth non galement priv e d oreilles le buste de Clytia enfin un front bas majestueux un regard p le et serein et l ineffable inclinaison de ses adorables paules qui creuse son sein offert l comme un nid un oreiller une halte le havre de l amour ternel de l ternelle qu te ce pour quoi g n ration apr s g n ration les fils des hommes ont err uvr et pein 1 MAURIER Trilby p 77 78 76 Colet nea bil ngue Un gril une po le frire un grille pain et une paire de soufflets taient accroch s pr s du fourneau Derri re les panneaux vitr s d une armoire de coin voisine taient dispos s assiettes et verres couteaux manche noir cuillers en tain et fourchettes d acier trois dents un sala dier des burettes huile et vinaigre deux pots moutarde anglaise et fran aise tous ces objets et d autres encore tenus dans une propret m ticuleuse Sur le parquet teint et cir prix d or deux peaux
127. s por meio de tachas imantadas as quais t m a forma de semies feras uma reprodu o em cores do Tr ptico do Ju zo Final de Roger Van der Weyden conservado na Santa Casa de Beaune o cartaz de um filme de Yves All gret Os orgulhosos com Mich le Morgan G rard Philipe e Victor Manuel Mendoza e uma amplia o fotogr fica de um card pio fim de s culo inscrito em arabescos beardsleyanos YE OLDE IRISH 47 re Bochan de Saron 47 Tiph 148 84 Trufles au foie gras Caviar aux lentilles Cailles en caisses Hultres d Ostende Vin de Tokay Bau d Arquebuse Eana Grand ni O cliente um japon s de rosto coberto de rugas usando um pincen com aros de ouro vestido com um traje negro formal camisa branca gravata cinza p rola Est sentado numa cadeira as m os sobre os joelhos as pernas juntas o busto retesado os olhos voltados n o na dire o do pintor mas na de uma mesa de jogo cuja marchetaria 4 Tradu o de Ivo Barroso PEREC A vida modo de usar p 334 336 Georges Perec La Vie mode d emploi 121 reproduz um tabuleiro de gam o sobre o qual est o pousados um tele fone branco uma cafeteira prateada e uma cesta de vime cheia de frutos E ex ticos y aut Diante do cavalete a palheta m o Hutting est sentado sobre gt XO a lli um le o de pedra imponente escultura cuja origem ass ria ningu m p e gt em d vida mas que acarretou problemas aos especialistas j que fora encontrada p
128. ssines ses creusets ses alambics et ses cornues l endroit voquait davantage le laboratoire de I alchimiste que l atelier du peintre M me le tas d toffes les train es pourpres des velours les drap s blancs des linges tous les accessoires de l artiste que s amoncelaient sur les tr teaux au fond de la salle les robes de capucin les grandes ailes d ange les roues de martyrs et les t tes de mort contribuaient au myst re de cet antre I atmos ph re irr elle et vaguement inqui tante D un brasero montait une fum e noire paisse qui ne s chappait par aucune chemin e Un gar on de quinze ans Francesco l a n des fils surveillait dans un pot de terre roux au fond plomb une huile scintillant comme de l or qu il touillait lente ment avec une longue plume Mais la plume venait de br ler d gageant une odeur de volaille flamb e signe que toute l op ration tait recommencer preuve que l huile n avait pas t suffisamment d graiss pour qu on puisse I incor porer aux pigments qui donneraient les couleurs Vers o em portugu s Na verdade o aposento empesteava com os cheiros do leo de linho da cola da terebintina e dos vernizes A alguns passos na penumbra dois aprendizes debru ados sobre almofarizes as roupas em frangalhos as faces zombeteiras moiam as cores a pancadas de pil o M rmore branco para o cin brio porphyro vermelho para o l pis laz li eles batiam alter nadamente Sons surdos
129. st par rapport l atelier L instrument d optique a au moins deux lentilles Vers o em portugu s O pintor vive no ret ngulo de sua tela ao menos em algumas pocas e em certas regi es aquelas cujos testemunhos cobrem as paredes de nossas galerias e museus Algumas vezes durante horas ele n o tira os olhos dela acrescentando aqui retirando l em um di logo entre seus materiais e sua obra Mas os potes e tubos ele os conhece t o bem que os observa apenas de relance Nesses momentos de intensa aten o o mundo para ele se resume quele ret ngulo por seu interm dio que ele o enxerga ES O ateli em rela o ao mundo o que a tela para o ateli O instrumento tico possui pelo menos duas lentes Trecho 34 O quarto ateli Si bien des peintres n ont pour chambre qu un recoin de leur atelier d au tres plus pauvres encore n ont pour atelier que leur chambre Ils peig nent sur le sol prennent une chaise comme chevalet disposent les pom mes et pichets destin s leur nature morte sur le coin d une table troite Certes les peintres ont repr sent des chambres libertines chez Fragonard familiales chez Vuillard Mais la chambre du peintre est un th me fort peu trait On pense imm diatement celle de Vincent Van Gogh C est comme si la plupart des peintres avaient quelque scrupule nous taler cette r gion de leur d nuement Pourtant avec l troitesse de cette habitation minimale
130. t son atelier les refuges de la cr ation Paris ditions Parigramme 2006 p 141 DAUMIER Honor Os cr ticos visitantes no ateli de um pintor 1862 Pena tinta preta l pis Cont aquarela e guache 36 x 45 1 cm Dispon vel em lt https goo gl WWZvYE gt Acesso em 25 jan 2014 DELACROIX Eug ne Morte de Sardanapalo 1827 leo sobre tela 392 x 496 cm Dispon vel em lt http goo gl yNAh07 gt Acesso em 25 jan 2014 DELFT Johannes Vermeer de A arte da pintura 1665 66 leo sobre tela 130 x 110 cm Dispon vel em lt http goo gl Ntjrmv gt Acesso em 25 jan 2014 DERAIN Andr O pintor e sua fam lia 1939 leo sobre tela 176 5 x 123 8 cm Dispon vel em lt http goo gl kaGq59 gt Acesso em 25 jan 2014 DR LLING Martin O interior de uma cozinha 1815 leo sobre tela 65 x 80 cm Dispon vel em lt http goo gl LCFulG gt Acesso em 25 jan 2014 FANTIN LATOUR Henry Um ateli em Batignoles 1870 leo sobre tela 204 x 273 cm Dispon vel em lt http goo gl bcicvu gt Acesso em 25 jan 2014 GRANDPIERRE DEVERZY Adrienne Ateli de Pujol 1822 leo sobre tela 96 x 129 cm Dispon vel em lt http goo gl Uc7RFi gt Acesso em 25 jan 2014 H LION Jean O ateli 1953 leo sobre tela 81 x 100 cm In GAUSSEN Fr d ric Le Peintre et son atelier les refuges de la cr ation Paris ditions Parigramme 2006 p 100 LAMME Ary Johannes Fachada para o jardim
131. ticas musas modelos Elizabeth Siddal e Jane Burden Autumn centrado no personagem de Rossetti obcecado pela figura da Beatriz de Dante Alighieri a qual recria com os tra os de suas musas a mais marcante delas Elizabeth Siddal tornou se sua esposa atrav s do olhar de Elizabeth que o leitor introduzido pela primeira vez no ateli que Rossetti divide com Walter Deverell em Londres trecho 21 Encarnando a beleza ideal para os pr rafaelitas Elizabeth posa para a Of lia de Millais cujo ateli foi especialmente preparado para a sess o trecho 22 Enciumado Rossetti decide isolar se com sua musa em um ateli apartamento afastado da fam lia e dos amigos em Chatham Place trecho 23 Ap s a morte de Elizabeth o atormentado Rossetti se instala no decadente palacete de Tudor House trecho 24 com sua ltima musa Fanny Cornforth Assim o leitor penetra em tr s diferentes ateli s de Rossetti cada um marcado por uma fase de sua vida e de sua pintura Por meio de um vocabul rio centrado na figura po tica e nas cores do outono no clima medieval cultuado pelos pr rafaelitas Philippe Delerm nos permite assistir g nese de uma das obras mais emblem ticas do grupo a Of lia de Millais FIG 20 inspirada na pe a Hamlet de Shakespeare um brilhante exemplar do di logo entre as artes no qual a literatura inspira a pintura Trecho 21 O ateli que Rosetti compartilha com Deverell descrito por Elizabeth Siddal em
132. tros que Elstir as recriava Os nomes que designam as coisas correspondem sempre a uma no o da intelig ncia estranha s nossas impress es verdadeiras e que nos obriga a eliminar delas tudo o que n o se refira a essa no o s vezes da minha janela no hotel de Balbec de manh quando Fran oise abria as cortinas que ocultavam a luz de tarde quando eu esperava o momento de partir com Saint Loup ocorrera me gra as a um efeito de sol tomar uma parte mais sombria do mar por uma costa afastada ou olhar com alegria uma regi o azul e fluida sem saber se pertencia ao c u ou ao mar Bem depressa a minha intelig ncia restabe lecia entre os elementos a separa o que minha impress o abolira Era assim que me acontecia em Paris no meu quarto ouvir uma discuss o quase um motim at que tivesse transferido sua causa por exemplo um carro cujo rodar se aproximava esse barulho do qual ent o eliminava essas vocifera es agudas e discordantes que meu ouvido de fato perce bera mas que minha intelig ncia sabia que as rodas n o produzem Mas os raros momentos em que se v a natureza tal como poeticamente era desses momentos que se compunha a obra de Elstir Uma de suas met foras mais frequentes nas marinhas que tinha ali naquele momento era justamente aquela que comparando a terra ao mar suprimia toda demarca o entre eles Era esta compara o t cita e infatigavelmente Marcel Proust la recherche du temps perdu
133. uche qui fait face la plus longue branche du L est recouvert de papier li ge Sur un rail fix peu pr s deux m tres cin quante du sol coulissent plusieurs tringles m talliques sur lesquelles le peintre a accroch une vingtaine de ses toiles la plupart de petits for mats elles appartiennent presque toutes une ancienne mani re de l artiste celle qu appelle lui m me sa p riode brouillard et avec laquelle il conquit la notori t il s agit g n ralement de copies finement ex cu t es de tableaux r put s La Joconde L Ang lus La Retraite de Russie Le D jeuner sur l herbe La Le on d Anatomie etc sur lesquelles il a ensuite peint des effets plus ou moins prononc s de brume aboutissant une grisaille impr cise dont mergent peine les silhouettes de ses prestigieux mod les Vers o em portugu s extrema direita dos dois ltimos andares do pr dio o pintor Hutting uniu oito quartos de empregada um trecho do corredor e os falsos s t os correspondentes para fazer um imenso ateli onde uma longa galeria envolve tr s de suas paredes e d acesso a v rios quartos Em torno da escada em caracol que conduz galeria mandou dispor uma esp cie de pequeno living onde gosta de descansar entre duas sess es de traba lho e receber durante o dia os amigos ou clientes o qual est separado 2 Tradu o de Ivo Barroso PEREC A vida modo de usar p 56 58 Georges Perec La Vie mode d emploi
134. ugu s Servin um dos nossos mais distintos artistas foi o primeiro a conceber a ideia de abrir um ateli onde as mo as pudessem receber li es de pintura Homem de uns quarenta anos de costumes irrepreens veis e completamente dedicado sua arte casara se por amor com a filha de um general sem fortuna A princ pio as m es levavam elas pr prias as filhas casa do professor mas depois acabaram mandando as sozinhas quando se certificaram da pureza dos princ pios do mestre e do cuidado 2 Tradu o de Vidal de Oliveira BALZAC A Com dia Humana p 268 270 Honor de Balzac La Vendetta 57 que ele tinha em merecer a confian a das fam lias Fazia parte dos pla nos do pintor s aceitar como alunas senhoritas pertencentes a fam lias ricas ou de grande considera o para n o sofrer censuras quanto fre qu ncia de seu ateli chegava mesmo a recusar mo as que queriam ser artistas e s quais teria sido preciso subministrar certos conhecimentos sem os quais n o h talento poss vel em pintura Extremara o escr pulo de suas precau es at na organiza o do local onde suas alunas estudavam A entrada do sal o existente por sobre o seu apartamento fora fechada com uma parede Para chegar quele ref gio t o sagrado quanto um har m era preciso subir por uma escada constru da no inte rior de seus aposentos O ateli que ocupava a totalidade dos altos da casa oferecia essas enormes propor es que se
135. ui semblait prendre contre pied tous les usages et jusqu au conformisme de la sensation bien l abri du froid dans l humide et le chaud s aban donner l immobilit d une beaut mouvante devenir Oph lie Vers o em portugu s Em Gower Street ela Elizabeth penetrava na casa dos Millais Aberta a porta do ateli um calor de estufa caiu sobre ela O contraste era agra d vel Al m do fogo da lareira sempre generosamente alimentado John Millais instalara um fog o a lenha roncador Mas o requinte o estranho era o dispositivo instalado sob a banheira uma dezena de velas constan temente acesas para manter a gua bem quente Vestir um antigo ves tido de brocado real ado com rendas de prata Mergulhar nessas guas domesticadas em pleno inverno londrino era como um jogo que parecia ir contra todos os costumes at o conformismo da sensa o bem ao 3 DELERM Autumn p 99 100 4 Tradu o nossa Philippe Delerm Autumn 93 abrigo do frio na umidade e no calor abandonar se imobilidade de uma beleza movente tornar se Of lia Trecho 23 O ateli isolado de Rosetti em Chatham Place L appartement de Chatham Place tait baign d une lumi re fra che et neuve en ce d but d apr s midi du mois de mars La grande pi ce peindre n tait pas proprement parler un atelier des poufs et des sofas des tapis de tous les tons fauves amoncel s des livres ouverts dispers s aux quatre coins de la pi ce
136. um de seu exterior e as maravilhas que esconde em seu interior Observando as pinturas expostas no ateli o narrador transp e as paisagens que misturam a terra e o mar para o campo da literatura comparando as a met foras e evocando no leitor a imagem das pinturas marinhas impressionistas que sugerem formas e contornos sem revelar limites determinados entre os diversos elementos da composi o pictural FIG 22 Trecho 26 O narrador descobre o ateli de Elstir C est aussi en d tournant les yeux que je traversai le jardin qui avait une pelouse en plus petit comme chez n importe quel bourgeois dans la banlieue de Paris une petite statuette de galant jardinier des boules de verre o l on se regardait des bordures de b gonias et une petite tonnelle sous laquelle des rocking chairs taient allong s devant une table de fer Mais apr s tous ces abords empreints de laideur citadine je ne fis plus attention aux moulures chocolat des plinthes quand je fus dans l atelier je me sentis parfaitement heureux car par toutes les tudes qui taient autour de moi je sentais la possibilit de m lever une connaissance po tique f conde en joies de maintes formes que je n avais pas isol es jusque l du spectacle total de la r alit Et l atelier d Elstir m apparut comme le laboratoire d une sorte de nouvelle cr ation du monde o du chaos que sont toutes choses que nous voyons il avait tir en les peig nant sur divers recta
137. ur FIG 14 e a de Baudelaire no Ateli do pintor de Courbet FIG 12 O la o entre esses artistas t o estreito que permite por vezes que a fic o se misture com a realidade como testemunham a instala o de Picasso em um ateli na rue des Grands Augustins n o por acaso a mesma rua em que o Frenhofer de Balzac mantinha seu ateli e a ruptura da amizade de C zanne com Zola ap s a publica o de 4 obra Uma vez que o pr prio ateli tamb m um local de di logo no qual o pintor recebe seus amigos modelos e cr ticos para expor e comentar o seu trabalho certo que o discurso que ali se desenrola geralmente um metadiscurso pois nesse movimento reflexivo o escritor pretende explorar seus pr prios dilemas transformando o romance espa o do imagin rio por excel ncia em um local de questionamentos ideol gicos e est ticos sobre o conjunto da problem tica da arte e da cria o comuns a todos os artistas Conclui se portanto que ao decidir colocar em cena a pintura o escritor n o o faz somente por motiva es estil sticas mas sobretudo como meio de transposi o deslocando para outro ambiente art stico os tormentos e dilemas subjetivos do artista revelando os sofrimentos da cria o seus ideais est ticos transmitindo suas pr prias reflex es ou teorias sobre a arte e sobre o artista O escritor em sua mesa de trabalho V rios escritores n o deixam de ressaltar a viva semelhan a entre seu
138. ur manger dans la cuisine pourvu que Jonas ou Louise voul t bien se tenir debout Rateau de son c t avait multipli les installations ing nieuses force de portes roulantes de tablettes escamotables et de tables pliantes il tait parvenu compenser la raret des meubles en accentuant l air de bo te surprises de cet original appartement Vers o em portugu s A altura realmente extraordin ria dos tetos e a exiguidade dos c mo dos faziam desse apartamento um estranho conjunto de paralelep pe dos quase totalmente envidra ados todo de portas e janelas onde os m veis n o conseguiam encontrar apoio e onde os seres perdidos na luz branca e violenta pareciam flutuar como peixes num aqu rio vertical Al m disso todas as janelas davam para o p tio isto a pouca dist n cia para outras janelas do mesmo estilo por tr s das quais distinguia se quase que de imediato o desenho de outras janelas que davam para um segundo p tio a galeria dos espelhos dizia Jonas encantado A conselho de Rateau decidira se a instalar o quarto conjugal numa das pe as pequenas j que a outra abrigaria a crian a que j se 2 CAMUS Jonas ou l artiste au travail p 24 25 3 Tradu o de Valerie Rumjanek CAMUS O ex lio e o reino p 102 103 108 Colet nea bil ngue anunciava A pe a grande servia de est dio para Jonas durante o dia e noite e na hora das refei es de pe a comum Ali s a rigor podia
139. vem artista a liberdade e a alegria da boemia como na vida dos pintores ingleses de Trilby trecho 17 e tamb m palco da descoberta do amor para Ginevra no ateli es cola de mo as de Servin em A Vendetta trecho 11 Nada mais bvio para um pintor impressionista obcecado pela luz natural do que sonhar com um ateli itinerante como o representando por Manet em Monet e sua esposa no barco ateli FIG 2 como o faz Claude Lantier em A obra lamentando se n o ter o dinheiro necess rio para viver como um bo mio da arte J uma abordagem menos literal do ateli itinerante pode ser feita em Jonas ou o artista no trabalho tre cho 29 onde o ateli do pintor muda constantemente de lugar dentro do apartamento familiar migrando da sala para o quarto conjugal do corredor para o banheiro refor ando o car ter deslocado do pintor per sonagem e culminando com sua esterilidade criativa Por fim observamos o peculiar ambiente em que trabalha Pierre Grassou trecho 9 na verdade um anti ateli pois contradiz todos os paradigmas de um t pico espa o dedicado cria o art stica Tudo ali limpo e arrumado os objetos do artista n o est o negligentemente esparsos mas encerrados cuidadosamente em uma gaveta Isso acon tece porque Grassou n o um verdadeiro artista em seu ateli n o se v nenhum exerc cio de cria o n o se assiste ao nascimento de nenhuma obra de arte mas sim prolifera o de meras

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