Prezados, as ideias do professor Lenio merecem análises e
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1. as condi es pelas quais se d a atribui o de sentido no ato interpretativo aplicativo Essa tem tica dos princ pios ali s sedutora Veja se o que escreveu a respeito h poucos dias Mauricio Saliba Alves Branco N o necess rio falar a respeito do que disse o referido articulista que cai na armadilha do pamprincipiologismo e na esparrela dos valores O leitor atento Sergio Niemayer matou a charada com um certeiro coment rio postado no mesmo dia do artigo clique aqui para ler A ang stia epistemol gica E evidente que em uma coluna n o d para explicar isso tudo A fun o da coluna levantar problemas e agu ar o senso cr tico dos leitores Se a coluna alcan ar isso j sucesso Ou seja a fun o da coluna provocar ang stias epistemol gicas E a partir do des velamento da ang stia deixar que cada angustiado v tratar dos gaps epist mico hermen uticos resultantes dessa des coberta Como venho referindo o pamprincipiologismo tem origem complexa Resumidamente diria que vem da simplifica o da tentativa de supera o do velho positivismo Expliquei isso na coluna passada na parte das cinco recep es Acrescento apenas ainda que tudo isso tem origem na aposta na discricionariedade cuja origem bem definida em Kelsen e Hart tinha o objetivo ao mesmo tempo de resolver um problema considerado insol vel representado pela raz o pr tica eivada de solipsismo afinal o2. trata se de uma variante da seguran a jur dica nsita ao Estado Democr tico de Direito N o tem evidentemente status de princ pio Afinal princ pios obrigam E no que esse enunciado performativo vincula Novamente se est diante da quest o princ pios s o valores mandados de otimiza o ou s o mais do que isso Ora ora Se por vezes uma situa o j consolidada deve ser mantida fazendo so obrar a sufici ncia ntica de determina regra isso n o transforma a consuma o de um fato em padr o que deva ser utilizado em princ pio Fosse verdadeira a tese e estar se ia incentivando as pessoas a descumprirem a lei apostando na passagem do tempo ou na inefici ncia da justi a Na verdade poss vel afirmar o contr rio isto o fato consumado exce o na aplica o de uma regra Princ pio do deduzido e do dedut vel segundo consta esse instrumento ret rico trata do reconhecimento do julgamento de causa anterior da qual se pode deduzir sic a exist ncia da mesma causa de pedir por uma nova a o O que n o est explicitado pela doutrina e pela jurisprud ncia por que uma dedu o seria um princ pio jur dico Cabe lembrar que de h muito a filosofia inundada que foi pela linguagem superou o dedutivismo Numa palavra admitida ad argumentandum tantum a validade do aludido princ pio ficaria ainda a pergunta nos demais racioc nios interpreta es
3. coluna E invocando o princ pio da m xima expectativa dos leitores prometo a continua o desta saga antipamprincipiol gica Lenio Luiz Streck procurador de Justi a no Rio Grande do Sul doutor e p s Doutor em Direito Revista Consultor Jur dico 10 de outubro de 2013 Fonte http www conjur com br 2013 out 10 senso incomum flambagem direito amprincipiologismo
4. n o se faria dedu es Princ pio da instrumentalidade processual por interm dio desse princ pio que trata do desprezo das formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais autoriza se o juiz estabelecer os caminhos necess rios para chegar a um determinado lugar desde que n o cause preju zo as partes Um exemplo a fixa o de multa com car ter inibit rio por arbitramento do juiz No fundo uma aposta na tradicional delega o processual em favor da prud ncia do juiz O processo deixa de ser considerado um direito material para ser um mero instrumento para alcan ar um fim maior Pode se dizer que no espa o aberto por este princ pio localiza se por exemplo a possibilidade do juiz julgar improcedente a demanda artigo 285 A do CPC de plano pois j teria julgado causa similar alcan ando o fim da celeridade eleito pelo sistema Ou com outras palavras abreviando caminhos Se o juiz j conhece o fim resultado n o precisa transitar novamente pelo meio compreens o interpreta o A aposta feita a partir de uma verdade essencialista A instrumentalidade do processo heran a antiga do paradigma da filosofia da consci ncia na verdade de sua vulgata Princ pio da dela o impositiva esse standard interpretativo tem base sic no artigo 6 da Lei n 10 741 03 que estabelece a obriga o da comunica o de pr ticas que venham a violar garantias estabelecidas a idosos Mas po
5. Prezados as ideias do professor Lenio merecem an lises e discuss es no mbito da academia Assim sugiro abrirmos espa os para discutirmos professores e alunos a tem tica O pamprincipiologismo e a flambagem do Direito Por Lenio Luiz Streck O pamprincipiologismo em terrae brasilis Em 2010 junto com Ferrajoli fiz a confer ncia de abertura do grande Congresso Bianual da Academia Brasileira de Direito Constitucional ABDConst em Curitiba Lembro me que Ferrajoli ficou impressionado com o tema que apresentei o pamprincipiologismo em terrae brasilis Disse ele ter dificuldade em acreditar que fomos t o longe em nossa criatividade Na sequ ncia ele levou essa tem tica para um Congresso em Alicante apresentando ponencia sobre a tem tica no debate que promoveu sobre o positivismo e o p s positivismo registre se minha diferen a te rica em rela o ao positivismo com o mestre fiorentino Minha luta contra o pamprincipiologismo j vinha de antes dessa confer ncia claro Havia feito uma longa lista de princ pios que n o passam de libis te ricos despidos de normatividade Lento STRECK Procurador de Justi a RS De todo modo como deixo explicitado em Verdade e Consenso e no novo Jurisdi o e Decis o Jur dica n o a imperatividade da lei juiz como boca da lei ou a criatividade sem limites do int rprete que se constituem como inimigos da autonomia do Direito e da democracia mas sim
6. claramente para essa garantia H regras que a estabelecem Parece evidente que uma senten a depois de publicada n o pode ser alterada Por que esse princ pio daria essa seguran a ao utente N o seria melhor escrever est proibido alterar uma senten a depois de publicada Hein Princ pio da coopera o processual esse pr t a porter propicia que ju zes e mandat rios cooperem entre si de modo a alcan ar se de uma fei o gil e eficaz a justi a no caso concreto Mas afinal quem deve cooperar E se algu m n o quiser cooperar Ser punido Chicoteado Convenhamos em que condi es um standard desse quilate pode ser efetivamente aplicado H san es no caso de n o coopera o Qual ser a ilegalidade ou inconstitucionalidade decorrente da sua n o aplica o Por enquanto paro por aqui Breve haver mais o manual de instru es e o kit pondera o Ou o em palestras e em salas de aula e leio em artigos e livros coment rios duros e enf ticos do tipo o direito das regras da subsun o do juiz boca da lei esse est morto enterrado Hoje estamos na era dos princ pios E o que s o princ pios Ora princ pios s o valores O que vale hoje s o os princ pios E mais bl s bl s e bl s Os adeptos de tais teses transformaram a autonomia do direito em um territ rio fofo d ctil Flambaram o Direito O resultado Isso tudo que est por a Um do
7. inc pio da absoluta prioridade dos direitos da Crian a e do Adolescente Ora trata se de um princ pio que procura corrigi e ou otimizar a pr pria Constitui o que j trata dessa prioridade Em um universo jur dico calcado no protagonismo judicial e no sujeito solipsista o referido princ pio procura eleger de acordo com a prefer ncia do int rprete quais pol ticas p blicas por exemplo devem privilegiar a concretiza o dos direitos das crian as e adolescentes Convalidar o referido princ pio seria excluir a condi o de delibera o democr tica em benef cio da centraliza o desses direitos nas escolhas dos ju zes No fundo trata se de um retorno t pica ret rica em que esse princ pio seria um topos Ali s uma pergunta como lidar com a palavra absoluta Princ pio da afetividade embora esse standard possa ser considerado fofo quem n o gosta de que sejamos afetivos na verdade apenas escancara a compreens o do Direito como subsidi rio a ju zos morais sem levar em conta os problemas relacionados pelo conceito de afetividade no mbito da psican lise para falar apenas desse campo do conhecimento Isso para dizer o m nimo Da a perplexidade se os princ pios constitucionais s o deontol gicos como retirar da afetividade essa dimens o normativa Trata se na verdade de mais um libi para sustentar justificar decis es pragmatistas E evidente que a ins
8. pio da humanidade Pode se fazer qualquer coisa com ele Quem quer ser desumano O que quero dizer e esse me parece ser um bom exemplo pelo qual uma palavra pode ser absolutamente an mica se os princ pios s o apenas valores ou mandados de otimiza o como querem por exemplo as teorias argumentativas ent o sim tem sentido apostar em um cat logo infinito de slogans e standards aptos a servir de capas de sentido ao Direito Caso contr rio partindo se de uma concep o deontol gica dos princ pios c digo l cito il cito a invoca o de um princ pio desse quilate n o passa de argumenta o ret rica Princ pio da nulidade do ato inconstitucional magn fico esse princ pio n o Sua inutilidade autoexplicativa Princ pio da n o surpresa segundo a doutrina e a jurisprud ncia esse princ pio garantiria a seguran a do cidad o contra uma surpresa inesperada Veja se que h farta recep o do standard na jurisprud ncia Mais uma vez indago por que a garantia da n o surpresa seria um princ pio E seria um princ pio constitucional Derivado de que e de onde Ou seria uma constru o feita a partir dos velhos princ pios gerais do direito De todo modo o paradoxo reside na seguinte quest o de que forma uma demanda resolvida utilizando o princ pio da n o surpresa Antes da viola o do aludido princ pio n o haveria a viola o de uma determinada regra processual Pr
9. r que esse princ pio teria normatividade mais eficaz que a pr pria lei que ali s estabelece o pr prio princ pio Ainda outra indaga o esse princ pio se estende a outros crimes Princ pio do m ximo aproveitamento dos atos processuais por esse princ pio apesar da ocorr ncia de irregularidade processual p ex inobserv ncia do art 552 do CPC deve ser considerada a regra segundo a qual o ato n o se repetir quando n o prejudicar a parte Ora em que casos esse princ pio cab vel Aplicado principiologicamente pode ser uma pedra filosofal para salvar atos nulos Isso para dizer o m nimo Princ pio da eventual aus ncia do plen rio A par de seu car ter inusitado poder amos dizer que neste caso o tal princ pio poderia ser aplicado sim para dar falta a quem n o compareceu se me permitem a blague Princ pio da cortesia por ele quer se dizer que a presta o de servi o p blico demanda um bom tratamento do p blico Pergunto poderia ser diferente E quem n o atender bem Esse princ pio ter normatividade para demitir ou punir de alguma forma o funcion rio N o querendo ser descort s mas qual a sua efetiva serventia Princ pio da inalterabilidade ou da invariabilidade da senten a este enunciado garantiria que a senten a depois de publicada n o pode ser alterada pelo juiz Alv ssaras Um breve exame do C digo de Processo Civil aponta
10. s mecanismos para esse desiderato o verbo pamprincipiologizar Cada um pode abrir uma f brica de libis e enunciados performativos colocando a grife princ pio E um produto cuja venda est assegurada de antem o No kit o cliente recebe o manual de instru es sendo um dos itens a pondera o Na verdade os princ pios no modo como s o apresentados por parte consider vel da doutrina e a totalidade da jurisprud ncia n o passam de topoi Ali s o grande problema do pamprincipiologismo transformar os princ pios em topoi Quem trabalha com a tese de que princ pios s o valores n o faz sequer uma ret rica Faz apenas uma proto t pica Vejam os leitores que se substituirmos os aludidos princ pios por qualquer palavra com car ter ret rico por exemplo canglingon nada mudar por uma raz o simples onde est a normatividade dos aludidos standards Onde est o car ter deontol gico Se princ pios s o normas dever ser a par da aus ncia desse requisito na referida listagem restaria ainda uma pergunta fatal qual a legitimidade de sua constitui o Quem os elaborou Em que condi es Se princ pios s o normas ent o valem Mas e a lei e a Constitui o constru dos democraticamente o que fazer com esse material Respostas para a coluna Encerro esta primeira parte tudo com base no princ pio da economia de p ginas e no princ pio do m ximo de espa o que pode ser ocupado por uma
11. sujeito da modernidade sempre se apresentou consciente de si e de sua certeza pensante e de reafirmar o modelo de regras do positivismo no interior do qual os princ pios gerais do direito equiparados a valores mostravam se como instrumentos para a confirma o desse fechamento O ran o neokantiano e os discursos axiol gicos do e no Direito Ali s a refer ncia reiterada aos valores demonstra bem o ran o neokantiano que permeia o imagin rio daqueles que lidam com a dogm tica jur dica com pretens es cr ticas ou n o De fato n o exagero afirmar que em termos te ricos a maioria dos juristas brasileiros permanece de algum modo atrelada ao paradigma filos fico que se formou a partir do neokantismo oriundo da escola de Baden e da no o de moral convencional Ou seja ainda estamos ref ns de um culturalismo ultrapassado que pretendia fundar o elemento transcendental do conhecimento na ideia sint tica de valores sendo que a uni o de todos esses valores portanto representaria o mundo cultural Chega a ser intrigante o fato de que toda tradi o constitu da depois do linguistic turn inclusive alguns setores da filosofia anal tica tenha criticado o objetivismo ing nuo dessa concep o do neokantismo valorativo demonstrando que a quest o dos valores n o dava conta radicalmente dos fundamentos lingu stico culturais que determinam o processo de conhecimento A pr pria forma o da cul
12. titucionaliza o das rela es se d por escolhas pela relev ncia delas na sociedade Ocorre que as decis es devem ocorrer a partir de argumentos de princ pio e n o por prefer ncias pessoais morais teleol gicas etc No fundo acreditar na exist ncia deste princ pio fazer uma profiss o de f em discursos pelos quais a moral corrige as insufici ncias nticas sic das regras jur dicas Ou seja nada mais do que uma esp cie de terceiro turno do processo constituinte os ju zes apoiados em forte doutrina corrigem no Ali s a vingar a tese por que raz o n o elevar ao status de princ pio o amor o companheirismo a paz a felicidade a tristeza enfim todo o que pode ser derivado do respeito ou n o do princ pio da dignidade da pessoa humana al ado ali s categoria de superprinc pio Princ pio do processo tempestivo que bom que o processo deva ser conclu do dentro de um prazo razo vel n o Alv ssaras Princ pio da ubiquidade esse standard interpretativo considera o bem ambiental onipresente de forma que a agress o ao Meio Ambiente em determinada localidade capaz de trazer reflexos negativos a todo o planeta Terra e consequentemente a todos os povos n o s esp cie humana mas tamb m a todas as esp cies de habitantes do planeta Novamente vale a indaga o e como se aplica o referido princ pio em um caso concreto Princ pio do fato consumado na verdade
13. tura algo muito mais propriamente ligado linguagem e a constitui o de contextos significativos do que propriamente ao problema da forma o e transforma o deste enigma chamado valores Isso fica bem representado na formula o do paradoxo de Humboldt n s possu mos linguagem porque temos cultura ou temos cultura porque possu mos linguagem Portanto o discurso axiol gico no interior do Direito deveria ter sucumbido junto com o paradigma filos fico que o sustentava A despeito disso continua se a falar acriticamente por certo em valores sem levar em conta a sua conhecida e problem tica origem filos fica Quando algu m fala em valores tenho tremores E vejo o direito esfarinhando O in cio da amostragem Positivaram se os valores assim se costuma anunciar os princ pios constitucionais circunst ncia que facilita a cria o sic em um segundo momento de todo tipo de princ pio sic como se o paradigma do Estado Democr tico de Direito fosse a pedra filosofal da legitimidade principiol gica da qual pudessem ser retirados tantos princ pios quantos necess rios para solvermos os casos dif ceis ou corrigir sic as incertezas da linguagem Veja se nesse sentido uma pequena lista de princ pios utilizados largamente na cotidianidade dos tribunais e da doutrina a maioria deles com n tida pretens o ret rico corretiva al m da tautologia que os conforma Princ
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