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Introdução - Duissertação parte 2

1. Suponhamos que o objeto apresentado pela percep o seja similar ao pr prio sujeito perceptor que seja em efeito um semelhante Em tal caso o interesse te rico que se lhe dedica fica explicado tamb m pelo fato de que um objeto semelhante foi ao mesmo tempo seu primeiro objeto de satisfa o seu primeiro objeto hostil e tamb m sua nica for a auxiliar Da que seja em seus semelhantes onde o ser humano aprende pela primeira vez a re conhecer Os complexos perceptivos emanados destes seus semelhantes ser o ent o em parte novos e incompar veis FREUD 1981 p 238 239 Neste texto Freud nos apresenta a apreens o sempre incompleta do objeto A condi o de o objeto portar a possibilidade de dar a satisfa o e a hostilidade de ser dividido Os complexos perceptuais se dividem em uma parte constante e imcompreendida a coisa e outra vari vel compreens vel os atributos ou movimentos da coisa Como o complexo coisa continua reaparecendo em combina o com uma s rie de complexos atributos e estes por sua vez em combina o com uma s rie de complexos coisa surge a possibilidade de se elaborarem vias de pensamento que liguem esses dois tipos de complexos ao estado de desejo da coisa e de faz lo de uma maneira que seja por assim dizer genericamente v lida e independente da percep o que real num dado momento A atividade de pensamento realizada com ju zos e n o com complexos perceptuais d
2. Tenho medo de morrer como minha m e e deixar um filho para outros cuidarem Neste caso podemos fazer v rias articula es com a teoria que foi encaminhada neste cap tulo Priorizaremos a quest o do desejo e do encaminhamento do ginecologista A paciente abordada deixa claro que o desejo precisa estar presente para se ter um filho relevante pensarmos que o contexto materno dessa mo a marcado pelo significante da morte e do sil ncio significantes que mais est o a servi o da puls o de desconstru o do que a de constru o da fun o materna Fica evidenciado que a paciente n o buscou ter filhos durante o casamento porque tinha uma sogra que a apoiaria nos cuidados a seus filhos o que propiciava sua fantasia inconsciente de morte associada hist ria de sua m e N o sem receio e sim com cautela que apesar de portar desejo ela procure ajuda para engravidar Isso demonstra que embora marcada pelo significante da falta fundamental para se ter um filho ela est muito mais na posi o de quem precisa de amparo do que de quem pode ofert lo coisa que ela mesma reconhece como fundamental para se ter um filho Sua fun o paterna a 112 que permite o sujeito amparar vacila o que a faz buscar a escuta anal tica t o bem indicada pelo profissional m dico que prescreveu a melhor receita Este caso demonstra a efetiva participa o interdisciplinar a tica podendo ser operacionalizada atrav s do
3. baby blues presente na maior parte das mulheres Lacan diz que h um n o sabido que se sabe do inconsciente que o amor Logo por amor dolorida a mulher m e procura reconhecer algo de familiar neste estranho para o adotar Todo filho um filho adotivo Ela ent o dar ao filho adornos libidinais de sua pr pria imagem desejando que ele queira por amor a ela obter o falo que lhe falta Assim a crian a demandando amor tentar metaforizar o desejo da m e dando ao falo o qual est sempre oculto no discurso do Outro primordial uma signific ncia uma interpreta o particular de acordo com a cadeia significante em que est inscrito isto recortar dos significantes primordiais de sua hist ria um sentido para o desejo da m e criando uma teoria sexual infantil pelo significante falo que o sexual irredut vel ao biol gico ser articulado em discurso Para o humano ser homem ou mulher uma quest o de discurso de ser de linguagem n o de ser biol gico O falo o significante da diferen a A opera o ps quica de separa o se d pela presen a da castra o a qual demarca a impot ncia humana a falta de um significante que determinaria o 100 ser para o sexo No inconsciente nada se sabe sobre o que ser mulher ou homem isso constru do Com Freud entendemos que a cena traum tica originalmente sexual traum tica porque a crian a nada sabe falar disso e por exigir que se
4. da ordem da demanda informa o verbal Freud afirma que A vida tal como a encontramos rdua demais para n s proporciona nos muitos sofrimentos decep es e tarefas imposs veis 1997 p 22 Em correspond ncia a Einstein Freud 1933 1932 disse que n o acreditava que pudesse haver harmonia entre os homens e a paz pudesse reinar absoluta mas que apenas alguns homens conseguiriam suplantar a puls o destrutiva n o porque amassem mais que outros mas porque poderiam melhor utilizar a tica e ou da est tica Freud aponta como uma das causas desse sofrimento por exemplo o tabu contra o incesto Esse tabu fundamental para a organiza o social pois em fun o dele as sociedades humanas abdicam da livre express o do seu desejo n o sem consequ ncias Esse desejo velado e sua verdade fica inacess vel consci ncia em prol da constitui o familiar Contudo o fato de ficar velado n o remete a sua exclus o sendo necess ria uma censura constante para a manuten o desse recalcamento O humano o sujeito que padece do desejo de contrariar essa lei Por isso sofre de uma divis o um sujeito cindido No texto Totem e Tabu Freud 1912 3 exp e claramente esse processo Essa divis o do sujeito promove conflitos internos e externos ambival ncias que com frequ ncia s o expressas de forma som tica Para ele a travessia do complexo de dipo o encontro com a castra o e sua aceita o s o o qu
5. denunciando no real do corpo esse sofrimento In meros s o os relatos de 94 mulheres que levam uma gravidez a termo apesar de n o possu rem desejo de filho mas que est o inconscientemente submetidas ao desejo do Outro ainda alocadas no lugar de filha ou de filho impossibilitadas portanto de ter um filho S pode ter um filho quem p de fazer o luto deste lugar ou seja quem conseguiu na din mica triangular ed pica Falo M e Crian a deslocar se do lugar de crian a para ocupar o de m e direcionada ao terceiro ao mediador ao falo num processo de n o mais s lo mas no de t lo Em Lacan o dipo abordado de forma distinta de Freud a quest o prec pua a posi o que o sujeito ocupa na interface com o Outro e o objeto tarefa da fun o paterna presente tanto na m e quanto no pai cortar o elo simbi tico de m e beb criar o quadril tero PAI M E CRIAN A FALO dar condi o de que seu filho possa ser desejante e de que a m e possa desejar para al m do seu filho Esta fun o permite crian a ir se apropriando da sua pr pria constru o ps quica Como exp e Lacan justamente isso que demonstra que a atribui o da procria o ao pai s pode ser efeito de um significante puro de um reconhecimento n o do pai real mas daquilo que a religi o nos ensina a invocar como Nome do Pai Pelo simples fato de voc institu rem uma ordem simb lica alguma coisa corres
6. homem Para se ter um filho preciso que se atravesse o processo edipiano e se possa inventar novas modalidades de lidar com o real com aquilo que n o poss vel ser explicado pelo instinto preciso o encontro com a sexualidade e a tomada de uma posi o as vias do que se deve fazer como homem ou como mulher s o inteiramente abandonadas ao drama ao roteiro que se coloca no campo do Outro o que propriamente o dipo LACAN 1988 p 194 Est em jogo o vir a ser feminino a mulher quando menina precisou abrir m o de ser o falo da m e para se encaminhar para o desejo de ter o falo A transmiss o de gera es particularmente importante no que diz respeito ao feminino feminilidade e devasta o entre m e e filha Os ditos e n o ditos transgeracionais marcam e influenciam o desejo materno Por sua vez Lacan fala de tr s tempos do dipo para que o sujeito barrado pela lei do significante Nome do Pai possa advir Mas o que fundamentalmente 110 enfocado neste trabalho a contempla o das tramas estabelecidas pelo Outro e das quais dificilmente se escapa Nenhuma criatura humana pode fugir a seu destino S focles 1997 p 06 A crian a feminina na medida em que n o possui o falo que ela se introduz na simb lica do dom E na medida em que ela faliciza a situa o isto que se trate de ter ou n o ter o falo que ela entra no complexo de Edipo O menino como no
7. individualizado da causalidade etiol gica Recorre a m todos emp rico anal ticos 13 estrutural funcionalistas e fenomenol gicos e institui a patologia admitindo melhorias pontuais e graduais capazes de serem descritas e ou quantificadas George Canguilhem 1943 em sua tese O normal e o patol gico publicada originalmente em 1966 cita Leriche 1936 quando este diz que A sa de a vida no sil ncio dos rg os a doen a aquilo que perturba os homens no exerc cio normal de sua vida e em suas ocupa es e sobretudo aquilo que os faz sofrer LERICHE apud CANGUILEM 1982 67 Em outros termos sa de a inconsci ncia do corpo sendo a sua consci ncia despertada pelos limites impostos sa de ou seja pela doen a seus sofrimentos e suas dores Este um entendimento que Canguilhem endossaria na medida em que esta uma defini o de doen a que deriva do doente e n o do m dico LERICHE apud CANGUILHEM 1982 p 158 Para o primeiro a sa de em seu sentido absoluto nada mais que a indetermina o inicial da capacidade de institui o de novas normas biol gicas CANGUILEM 1982 p 158 Ele introduz a quest o da sa de e da doen a associadas s no es de normal anormal e patol gico Canguilhem interpreta a Medicina como uma t cnica ou uma arte situada na conflu ncia de v rias ci ncias mais do que uma ci ncia propriamente dita uma t cnica de instaura o e
8. Voc nunca ser uma boa m e como veremos no caso a seguir Separar se da lei da m e muito custoso N o se separar da m e se deparar com graves psicopatologias A que amamenta tamb m permite o desmame que fruto da decep o amorosa Quem desmama o beb Ele se desmama porque j pode substituir uma coisa por outra Ele pode brincar Uma paciente n o queria tocar seu beb enquanto estavam em uma unidade de tratamento intensivo por ele haver nascido fora do tempo previsto e com baix ssimo peso Perguntada sobre qual era a dificuldade que a estava impedindo de toc lo uma vez que sua visita estava liberada disse que tinha medo porque poderia causar mais danos a seu beb do que os que j lhe havia causado Questionada sobre que danos seriam aqueles respondeu que quando crian a depois de quebrar uma boneca sua m e lhe disse que ela jamais seria uma boa m e Em decorr ncia disso ela pensava que n o segur lo nem amament lo seria o melhor que poderia fazer por ele pois o estaria protegendo j que n o conseguiu segur lo pelo tempo necess rio na barriga Essa paciente estava sob um vatic nio materno e consequentemente evidenciava um risco da opera o de sua fun o materna Foi preciso escut la e deix la falar de sua rela o prim ria com a m e para que com o apoio do analista ela tivesse a possibilidade de fazer uma retifica o subjetiva de seu lugar infantil e ascender ao lugar de m
9. o objeto que lha falta o falo O filho um substituto f lico um representante um semblante Ao enigma da falta na m e a resposta falo O falo como algo que est al m do rg o sexual um significante tem como fun o paradoxal em rela o ao desejo inscrever a 99 falta ele que impede a acomoda o ao significante o colamento quando ao garantir a falta de um significante que fecharia a quest o do sexual definindo para o sujeito seu ser faz deslizar de significante para significante a representa o do sujeito Dialeticamente ele aprisiona o sujeito linguagem nico meio humano de ascender ao sexual O falo enquanto signo de desejo se manifesta como objeto do desejo a presen a de uma aus ncia O significante f lico situa um campo de ilus o de aliena o imagin ria mas contraditoriamente oferta a desilus o a impossibilidade de se obter o objeto A mulher castrada porta um furo falta real do objeto simb lico sofre a priva o o objeto falta e por isso se deseja t lo O filho falicizado Ideal de EU elevado posi o de objeto de desejo A mulher n o toda acostumada a fazer semblante inconscientemente sabe que seu filho n o seu falo e sofre mais uma vez essa perda Esse preju zo de ter desejado algo e n o o ter obtido chama se frustra o Lesada em seu desejo resta a dor Esse sofrimento que ocorre normalmente ap s o parto diante da presen a real do beb conhecido como
10. 2007 2008 ARAG O Regina Orth de org O beb o corpo e a linguagem S o Paulo Casa do Psic logo 2004 AZEVEDO Ana Mito e psican lise Rio de Janeiro Zahar 2004 BERGES Jean BALBO Gabriel A crian a e a psican lise novas perspectivas Porto Alegre Artes M dicas 1997 BERNARDNO Leda Mariza Fischer org O que a psican lise pode ensinar sobre a crian a sujeito em constitui o S o Paulo Escuta 2006 152 p BRASIL Minist rio da Sa de Assist ncia integral sa de da mulher bases de a o program tica Texto do Centro de Documenta o de Minist rio da Sa de 1984 119 p BRASIL Minist rio da Sa de Assist ncia Pr Natal normas e manuais t cnicos Bras lia 2000 Terceira edi o 56 p BRASIL Minist rio da Sa de Parto Aborto e Puerp rio Assist ncia Humanizada Sa de Secretaria de Pol ticas de Sa de Area T cnica de Sa de da Mulher Bras lia 2003 199 p BRASIL Minist rio da Sa de Pol tica nacional de aten o integral sa de da mulher princ pios e diretrizes Secretaria de Aten o Sa de Departamento de A es Program ticas Estrat gicas Bras lia 2004 82 p 121 BRASIL Minist rio da Sa de Secretaria de Pol ticas de Sa de Programa de Humaniza o no Pr natal e Nascimento Portaria n 569 GM de 1 de junho de 2000 Portaria n 9 de 5 de julho de 2000 BRASIL Minist rio da Sa de Conselho Nacional de Sa de Resolu o n 259
11. 22 sociol gicas antropol gicas e epistemol gicas sobre a produ o de conhecimentos neste campo e sobre as rela es entre o saber cient fico e as concep es e pr ticas populares de sa de influenciadas pelas tradi es cren as e cultura de modo geral A Sa de Coletiva latino americana foi composta a partir da cr tica Medicina Preventiva Medicina Comunit ria Medicina da Fam lia desenvolveu se a partir da Medicina Social do S culo XIX e pela sa de p blica institucionalizada nos servi os de sa de e academia Envolve um conjunto de pr ticas t cnicas ideol gicas pol ticas e econ micas desenvolvidas no mbito acad mico nas organiza es de sa de e em institui es de pesquisa vinculadas a diferentes correntes de pensamento resultantes de projetos de reforma em sa de PAIM 2005 p 22 Ele afirma que ao longo da hist ria da medicina cosmopolita o campo social da sa de tem sido atravessado por um conjunto de movimentos ideol gicos tais como Pol cia M dica Higiene Sa de P blica Medicina Social Medicina Preventiva Sa de Comunit ria Sa de Coletiva Medicina Familiar entre outros Esses movimentos constituem se como lutas te rico paradigm ticas pol ticas e ideol gicas com repercuss es no campo do saber e das pr ticas Foucault 1979 em seu livro Microf sica do Poder identifica tr s etapas para consolida o da medicina como social inclusive para que seja inclu da como
12. Com a perspectiva do profissional de sa de atuando como coadjuvante da experi ncia materno infantil o M S espera que estes possam agir 36 reconhecendo os momentos cr ticos em que suas interven es s o necess rias para assegurar a sa de de ambos Podem minimizar a dor ficar ao lado dar conforto esclarecer orientar enfim ajudar a parir e a nascer Precisa lembrar que s o os primeiros que tocam cada ser que nasce e ter consci ncia dessa responsabilidade BRASIL 2003 p 09 De forma esclarecedora o M S afirmou que Contudo desempenhar este papel n o f cil A maioria dos profissionais v a gesta o o parto o aborto e o puerp rio como um processo predominantemente biol gico onde o patol gico mais valorizado E continua Os estudantes s o treinados para adotar pr ticas rotineiras como numa linha de produ o sem avalia o cr tica caso a caso Disto decorre um grande n mero de interven es desnecess rias e potencialmente iatrog nica BRASIL 2003 p 09 Para o M S Reconhecer a individualidade humanizar o atendimento Permite ao profissional estabelecer com cada mulher um v nculo e perceber suas necessidades e capacidades de lidar com o processo do nascimento BRASIL 2008 p 10 O principal objetivo da humaniza o da assist ncia a ser atingido pelo profissional de sa de o de garantir a seguran a para a mulher e o beb Para isto certamente este profissional
13. Pode portanto ao descobrir que seu filho n o seu falo desfaliciz lo O desmame tem diferentes varia es e intensidades Pode se dar com sofrimentos pass veis de serem elaborados com grande melancolia ou com desamor Essa passagem observada clinicamente em situa es de abandono depress o p s parto maus tratos dentre outros Toda a teoria freudiana da sexualidade infantil se baseia na premissa f lica em torno do falo que a constitui o subjetiva ocorre A castra o a marca da falta desse objeto Diante da castra o origin ria a menina sente se inferiorizada at porque ela percebe a diferen a anat mica dos sexos e responsabiliza sua m e 61 por t la desprovido do p nis confundindo assim p nis com falo Nasce assim a inveja do p nis que marcar sua evolu o e seu car ter Freud revela que o fato de a menina reconhecer se castrada n o significa que tenha a uma aceita o da castra o isto que faz a mulher buscar meios substitutivos de reconhecimento Ele acrescenta que a castra o um ponto crucial da evolu o da menina Quando ela descobre que a m e castrada passa a dividir os seres humanos em dois grupos os seres f licos ou portadores de p nis e os seres n o f licos ou n o portadores de p nis Atrav s de Freud descobrimos que toda m e f lica at que o complexo de castra o possa entrar em vigor visto que todo filho um substituto f lico Se ela
14. e anterior ao complexo de dipo 1981 p 3168 Ele diz que s o v rias as rela es libidinosas da menina com sua m e Elas se estendem pelas fases da sexualidade infantil e se manifestam em seus desejos orais s dico anais e f licos podendo ser tanto de natureza carinhosa como hostil e agressiva Freud aponta que estes desejos hostis geralmente s o transformados em representa es angustiosas S o desejos sexuais bem prim rios e portanto inconscientes O desejo mais claramente manifesto o de dar um filho m e A m e tamb m est relacionada origem das fantasias de sedu o visto que ela quem geralmente realiza a inicia o sexual do beb ao desempenhar os cuidados iniciais Com sua voz seu olhar seu toque libidiniza o beb atrav s dos cuidados maternos que o pequenino vai ser introduzido na din mica pulsional e estabelecer um circuito de prazer desprazer com seu objeto de vincula o Est em jogo o princ pio do prazer a energia sexual da dial tica prazer desprazer a libido Isso n o um processo natural pois s ocorre na presen a do objeto de satisfa o isso o que determina segundo Freud que a sexualidade infantil Outros desejos orais s dicos e f licos s o dirigidos m e As fantasias de assassinato e de envenenamento est o ligadas a esses desejos prim rios Lembremos que onde h Eros tamb m reina Thanatos Existe algo que n o tem representa o para
15. n 1981 La disoluci n del complejo de Edipo 1924 In Obras Completas Tomo Ill Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 Inhibici n s ntoma y angustia 1925 1926 In Obras Completas Tomo Ill Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 O Mal estar na civiliza o 1929 1930 Rio de Janeiro Imago 1997 116 p Sobre la sexualidad femenina 1930 In Obras Completas Tomo Ill Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 123 La feminidad 1932 In Obras Completas tomo Ill Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 Por que a guerra 1933 1932 Einstein e Freud In Obras Psicol gicas Completas vol XXII Edi o Standard Brasileira Rio de Janeiro Imago Editora 1974 G MEZ Gloria compiladora Destinos de la Familia Padres madres e hijos hoy Bogot Edici n a cargo de Gloria G mez 2006 JAPIASS H MARCONDES D Dicion rio B sico de Filosofia Rio de Janeiro Jorge Zahar 2006 JERUSALINSKY Julieta Enquanto o futuro n o vem a psican lise na cl nica interdisciplinar com beb s Salvador Agalma 2002 JULIEN Philippe Abandonar s teu pai e tua m e Rio de Janeiro Companhia de Freud 2000 96 p feminilidade velada alian a conjugal e modernidade Rio de Janeiro Companhia de Freud 1997 104 p KLAUSS Marshall H KLAUS Phyllis H Seu surpreendente rec m nascido Porto Alegre Artmed 2001 LACAN Jacques Escritos Rio de Jan
16. olhar voz pros dia sempre como demanda de amor A demanda faz com que os objetos da necessidade leite gua fezes etc transformem se em significantes Assim um beb passa sob a leitura da m e n o mais a emitir apenas um grito mas um chamado um clamor Por amor ele aprende a buscar o apaziguamento e diversifica suas formas de demanda Por m alguma coisa nessa passagem da necessidade para a demanda n o passa completamente O resto dessa opera o o que sobra dessa passagem o que se chama desejo N o se interpreta um grito por clamor se n o existir desejo em jogo Em Freud vemos que o amor nasce do contexto narc sico da primeira rela o objetal O que ama perde por assim dizer uma parte de seu narcisismo e s pode compens la sendo amado FREUD 1981 p 2031 preciso haver sintonia entre os objetos voz e olhar O encontro com o objeto a emocional Para o beb n o h separa o entre afeto e cogni o Um beb reconhece sua m e mais pela voz do que por suas caracter sticas f sicas Esta voz associada ao rosto da m e e se ele for atra do por esse rosto far buscas intelectuais mas s se tiver atra do por ele As emo es s o o combust vel para a intelig ncia Assim o beb recebe nessa vincula o m e al m de alimento a fala No entanto este n o s um processo passivo uma vez que o beb tamb m atrai o olhar e a voz do Outro primordial Um beb que n o convoca pode
17. sempre um terceiro o grande Outro que constitutivo da posi o do sujeito enquanto algu m que fala LACAN 1999 p 159 4 4 A M E N E MULHER A maioria dos animais tem sua defini o sexual garantida pelo instinto Identifica se com sua esp cie e seguem o caminho do instinto que determina seus comportamentos de sobreviv ncia individual e do grupo de forma sempre padronizada Por sermos seres de psiquismo humanos n o instintivos mas pulsionais Somos regidos pela puls o oriunda da falta original desta inscri o sexual A aus ncia dessa inscri o que como j vimos no cap tulo anterior determina at o padr o sexual fez com que Freud 1905 elaborasse o texto Tr s ensaios sobre a teoria da sexualidade com o prop sito de compreender a sexualidade infantil e humana em geral concluindo que a anatomia nada tem de determinante na posi o masculina ou feminina do humano Essa indetermina o faz com que apesar de anatomicamente portarmos um sexo sejamos convocados a nos interrogar sobre essa falta e a fazer escolhas de posi o e de objeto Escolhas nada t m a ver com a anatomia embora ela seja uma variante importante um amparo imagin rio para o questionamento sobre a diferen a sexual A falta dessa inscri o permite o acesso fala e instaura o desejo a curiosidade e a demanda Para ter um filho preciso primeiro que a mulher se posiciona do lado masculino da sexua o pois dessa posi o desejar
18. sexualidade e aos efeitos da contracep o em detrimento das preocupa es que tinham relevo nos anos 70 Assim come aram a ser revistos os procedimentos m dicos em rela o aos efeitos da intensa medicaliza o ao excesso de ces rias e laqueaduras tub rias e ao grande n mero de histerectomias Apesar das dificuldades e impasses encontrados para a implementa o e viabiliza o do PAISM o movimento de mulheres ainda o tem como refer ncia em sua luta pelos direitos sa de e cidadania O objetivo primordial do Minist rio da Sa de em rela o aten o mulher tem sido nos ltimos anos o aprimoramento do controle do pr natal do parto e do puerp rio Esta proposi o reflete o conceito de assist ncia integral sa de da mulher veiculado pelo M S que recomenda a es de sa de dirigidas para o atendimento global das necessidades priorit rias desse grupo populacional e de aplica o ampla no sistema b sico de assist ncia sa de BRASIL 2002 p 32 S o compromissos que t m convocado os profissionais e os rg os que cuidam das quest es referentes sa de a uma implica o mais efetiva no campo do feminino As proposi es b sicas de a o formuladas pelo M S para a assist ncia integral sa de da mulher devem ser situadas no contexto da pol tica de expans o e consolida o dos servi os b sicos de sa de propugnada em conjunto com o Minist rio da Previd ncia e Assist ncia Soc
19. ticas profissionais para a promo o da sa de preven o de doen as e reabilita o cujo prop sito repensar a pr tica da aten o sa de em novas 29 bases e substituir o modelo tradicional facilitando o acesso do cidad o assist ncia O Conselho Nacional de Sa de atrav s da resolu o de n mero 259 de 09 12 97 estabeleceu crit rios que constituem pr requisitos para a aprova o de um programa de sa de similar ao Programa de Agentes Comunit rios de Sa de do Minist rio da Sa de bem como a integra o daquele ao Sistema Municipal de Sa de Entre as a es priorit rias fixadas por esta resolu o est o o aleitamento materno o controle pr natal e a assist ncia ao parto e ao puerp rio visando a promo o da sa de da gestante Tais a es j est o incorporadas s Portarias Ministeriais e disp em sobre a ades o dos munic pios ao programa A resolu o tem como estrat gia priorizar as a es de preven o promo o e recupera o da sa de de forma integral e cont nua O atendimento prestado na unidade b sica ou no domic lio pelos profissionais que comp em as equipes de Sa de da Fam lia A unidade deve estar vinculada rede de servi os de forma a garantir a aten o integral aos indiv duos e suas fam lias inclusive assegurando a refer ncia para cl nicas e servi os de maior complexidade sempre que o estado de sa de da pessoa exigir Em se tratando do pr natal o objetivo ger
20. Ao comprovar a sexualidade infantil Freud 1930 p de apontar que o desejo de ser m e e o de ter um filho s o distintos pois dependem de operadores ps quicos diferentes Faz parte da constru o ps quica do feminino o desejo de ser m e mas para a mulher s desejo de ser m e n o garante ao beb que ele ter uma m e Com Lacan observamos que para o beb ter uma m e ou melhor para que um beb possa ser filho preciso que a mulher tenha cumprido uma etapa ps quica fundamentalmente importante que a de ter Informa o fornecida pela professora Maria Anita Carneiro durante aula dada no curso de p s gradua o em Psican lise Sa de e Sociedade na Universidade Veiga de Almeida no Rio de Janeiro em outubro de 2006 89 passado pelos tempos do dipo e ter sofrido a a o da castra o No Sem A rela o de objeto Lacan diz A crian a feminina na medida em que n o possui o falo que ela se introduz na simb lica do dom E na medida em que ela faliciza a situa o isto que se trate de ter ou n o ter o falo que ela entra no complexo de Edipo O menino como nos sublinha Freud n o por a que ele entra por a que ele sai No fim do complexo de Edipo no momento em que realiza num certo plano a simb lica do dom preciso que ele fa a dom daquilo que tem A menina se entra no complexo de Edipo na medida em que ela n o tem ela tem que encontr lo no complexo de Edipo 1995 p 125
21. a estas experi ncias e goza das satisfa es com elas vinculadas enquanto que outra parte tenta sua convers o em atividade Primeiro o processo de ser amamentado pelo seio materno substitu do pela suc o ativa 1981 p 3084 3085 Freud bem claro quanto ao exerc cio da fun o materna mostrando que por um dia ter sido cuidada ter participado de forma passiva desta atividade materna que a menina pode realizar este desejo de forma ativa com suas bonecas Freud diz que as brincadeiras com bonecas s o uma fonte da atividade feminina sobrepondo a fun o materna e a feminilidade Ao brincar com a boneca a menina est realizando ativamente seu desejo de ser m e 59 interessante no processo de escuta da fun o materna solicitar que sejam relatadas as experi ncias das brincadeiras infantis Elas mostram como se deu esta passagem do brincar maternidade e qual foi a interpreta o que cada uma p de realizar do que ser uma m e 3 3 A M E F LICA No primeiro momento a m e seu semelhante para o beb que se encontra em estado de impot ncia para a vida lugar de amparo e de al vio de tens o fonte de prazer Sua aus ncia causa ang stia Com ela ele consegue saciar se o que ocasiona uma ilus o de completude A primeira experi ncia de satisfa o humana se d na presen a da m e e com ela A m e deste momento porta o que lhe falta portanto f lica pois para Freud quem tem o poder d
22. al m daquilo que o representado da puls o e que Freud em 1895 chamou de energia desligada e em 1920 denominou de puls o de morte Os desejos orais e s dicos s o manifestados de acordo com a forma operacionalizada pelo recalque O temor inconsciente da crian a de ser morta pela 49 m e justifica os desejos de morte a esta destinados Freud esclarece que o medo de ser devorado pela m e prov m da hostilidade inconsciente dirigida a ela O beb deseja devorar sua m e e teme por seu devoramento Para Freud a viv ncia passiva s dico anal e a intensa excita o experimentada na zona intestinal se manifestam em agressividade e f ria assim como os impulsos passivos da fase f lica s o transformados em atividade atrav s das incrimina es feitas verbalmente m e A m e o primeiro objeto que suscita amor e dio Os destinos da sexualidade humana encontram seus prim rdios nesse tempo pr ed pico 3 2 A PRIMEIRA EXPERI NCIA DE SATISFA O No texto Projeto para uma psicologia cient fica Freud 1895 relata que ao nascer o beb em sua prematuridade Hilflosigkeit utiliza como recurso o grito para dar sinal de sua urg ncia vital Neste primeir ssimo tempo o grito a pura express o de uma tens o A presen a do Nebenmesch de uma m e em fun o que vai interpretar este grito como apelo uma demanda um chamado indo ao encontro daquele que a demandou dirige lhe afeto apaziguando sua tens o e
23. castra o a perda do dedo o que denota que a paciente marcada pela falta t o necess ria ao advir de um filho A falta coloca em movimento o que no sonho demonstrado com as mudan as de atitude e de lugar da av ap s a perda do dedo antes sentada e depois fazendo gin stica na 55 varanda A possibilidade de falar de suas afli es e ang stias p de garantir para esta mo a em especial uma amamenta o com sucesso para seu segundo filho Dessa forma n o devemos falar de aleitamento mas de amamenta o pois o seio um dos objetos da puls o por onde se d o a introje o e a vincula o maternas Isso n o instinto n o natural S ocorre porque est institu da a Lei do Dom simb lico ou de Amor A amamenta o o grande ve culo facilitador desse constructo ps quico No texto Introducci n al narcisismo Freud 1914 diz O primeiro rg o que se manifesta enquanto zona er gena e que emite para o psiquismo uma reivindica o libidinal desde o nascimento a boca Qualquer atividade ps quica agenciada para proporcionar satisfa o s necessidades dessa zona Trata se evidentemente em primeiro lugar de agir para a autoconserva o pela alimenta o Todavia cuidemos de n o confundir fisiologia e psicologia Muito cedo a crian a sugando obstinadamente mostra que existe uma necessidade de satisfa o que ainda que extraia sua origem da alimenta o e seja excitada por ela procura se
24. citada refer ncia ao beb que j se encontra em posi o de substituir a m e por outro objeto e de com ele poder brincar Isso s poss vel porque o significante pai est em fun o na rela o da m e com este espec fico filho Todas as discuss es que se produzem em torno do dipo s o ao mesmo tempo em tomo da fun o do pai pois se trata de uma nica e mesma coisa N o existe a quest o do dipo quando n o existe pai e inversamente falar do dipo introduzir como essencial a fun o do pai O dipo 107 gira em torno de tr s p los o supereu a realidade e o Ideal do eu que concerne a assun o do sexo Estes tr s p los est o referidos quest o do complexo de castra o N o chamar amos o que est em jogo de complexo de castra o se de certa maneira isso n o pusesse em primeiro plano que para t lo primeiro preciso que tenha sido instaurado que n o se pode t lo de modo que a possibilidade de ser castrado essencial na assun o do fato de ter o falo LACAN 1995 p 193 Desta forma a presen a ou aus ncia do pai n o do pai gen tico do pai representante da lei fundamental para a constru o ou n o da cena ed pica e da fantasia O pai o terceiro subverte o desejo da crian a de ser o falo para o de ter o falo Assim o tri ngulo na verdade um quadril tero que instaura lugares e fun es a partir da circunscri o do objeto causa do desejo objeto a e
25. disciplina do curso de forma o m dica a Pol cia M dica especialmente desenvolvida na Alemanha no in cio do s culo XVIII a Medicina das Cidades ou Medicina Urbana atrav s do esfor o de controlar os fatores nocivos sa de que estavam associados s grandes epidemias especialmente saneamento e a Medicina da For a de Trabalho ou Medicina dos Pobres consolidada no sanitarismo ingl s Ao saber cient fico o saber da medicina ele chama de conhecimento uma elabora o te rica sobre um objeto segundo uma l gica pr pria peculiar De acordo com ele h uma correla o entre quem det m o saber e quem exerce o poder e diz que as rela es de poder se apropriam de um saber sobre o corpo e que estas rela es emergem num contexto de controle imposs vel de ser localizado em uma nica institui o ou em um aparelho do Estado O saber 23 representado pelas ci ncias dos homens detentores do poder estabelecido pelas rela es historicamente consideradas nos n veis macro e microf sico No seu livro Vigiar e punir Foucault 1975 nos diz Gostaria particularmente de mostrar como se pode formar no s culo XIX um certo saber do homem da individualidade do indiv duo normal ou anormal dentro ou fora da regra saber este que na verdade nasceu das pr ticas sociais do controle e da vigil ncia 2001 p 6 Para ele foi a partir do s culo XVIII que houve um acentuado interesse pela tem tica corporal e pela percep
26. dissociados exclu a o sujeito do campo da ci ncia Foi apenas no s culo XX que Freud ao introduzir o conceito de puls o colocou o como conceito limite entre o som tico e o ps quico fazendo com que a id ia da puls o novamente reunisse corpo e pensamento Com esse conceito Freud acabou com a primazia da consci ncia A raz o mudou depois de Freud Ele dizia que a puls o est no corpo mas sua representa o est no ps quico Freud revolucionou o pensamento da poca com a cria o da Psican lise Para ele h uma raz o que n o a desraz o e que se chama 15 inconsciente A l gica inconsciente n o a l gica cl ssica a l gica do paradoxo regida pelo princ pio da n o contradi o na qual duas coisas completamente opostas podem conviver lado a lado como verdades O humano o sujeito da dualidade porta ambival ncias A psican lise a pr tica da verdade como causa A verdade para o ser falante que h um furo onde deveria haver a inscri o do sexo A verdade que o humano sofre daquilo que Freud nomeou de castra o a falta de um significante que defina o ser visto que para a psican lise o que define a sexualidade de um ser n o o encontro dos cromossomos X com o Y ou do X com o X mas uma rela o l gica de como o sujeito se localiza na din mica ps quica da condi o feminina e masculina Foi tamb m nesse s culo que Michel Foucault 1926 1984 propondo abordagens inovador
27. ele enuncia um n o n o reintegrar s teu produto e n o te deitar s com sua m e LACAN 1999 p 209 A isso Lacan chama de encontro com o Outro do Outro O Outro que a m e instaura como aquele que dita a lei O pai do segundo tempo o pai imagin rio terr vel o falo rival o que priva a m e do seu objeto de desejo e frustra o filho proibindo lhe seu objeto primordial a m e O segundo tempo do dipo ocorrer tanto para o menino quanto para a menina a partir da descoberta da falta da m e descoberta de que a m e est tamb m submetida a uma lei ela se encontra sob a lei da castra o Com a constata o de que a m e n o toda e de que ela deseja algo para al m da crian a t m in cio s teorias sexuais infantis A crian a passa a se interessar por sua filia o e sua origem O segundo tempo do dipo tem como quest o central a problem tica da filia o Surge o enigma do desejo materno inicia se o processo de investiga o e a curiosidade entra em cena Nesse tempo a crian a aceitando a incompletude materna sua castra o recorrer opera o do recalque e 104 AS esquecer que desejou sua m e como seu complemento narc sico e pulsional a neurose ter origem Caso recuse a priva o materna a crian a estar estabelecendo um tipo perverso de rela o com o desejo far se possuidora de um objeto capaz de reatualizar a pot ncia materna Como j
28. es que aparentemente desenvolviam se a contento e subitamente eclodiram numa pr ecl mpsia num descolamento de placenta ou 90 mesmo num diabetes grav dico Nem toda puls o de vida libido Thanatos tamb m atua A literatura infantil bem mostra a presen a dos desejos quando do nascimento da princesa Aurora votos circularam em torno de seu ber o Al m dos desejos de vida havia tamb m os votos mort feros de Mal vola Lacan diz que quando a crian a sujeito depara se com o desejo do Outro porque ela n o foi capaz de preencher o vazio daquele desejo e diante desse vazio questiona se sobre o que seria capaz de satisfazer o desejo da m e O vazio condi o inexor vel da exist ncia humana clama por significa o Precisa ser bordeado com palavras jamais podendo ser preenchido O trabalho da fun o materna o de produzir uma trama simb lica n o fechada A m e borda os buracos do filho A letra materna lal ngua o que faz borda estabelece um litoral entre o gozo e a linguagem O que resta para o sujeito falar A crian a se apropria da palavra pela antecipa o do Outro e para convoc lo O que preencheria o vazio materno o sujeito responde ser o falo Assim tentar ir se apropriando de significantes f licos para demandar amor de seu Outro primordial a fim de que ele continue desejando o Diante da perspectiva de abandono do Outro o sujeito sente o desamparo e demanda amor demanda deste
29. esse ponto com Lacan Toda crian a precisa sofrer a marca dessa experi ncia No in cio da constru o ps quica a m e o amor representante desse objeto portanto intensa e exclusivamente amada sempre demandada No texto Sobre la sexualidad femenina Freud assegura que O amor da crian a desmedido exige exclusividade n o se conforma com participa es 1981 p 3081 preciso que o beb sofra uma decep o para que dela possa se desvincular O romance edipiano se d em torno dessa m e objeto de satisfa o seja de amor de desejo ou de gozo e do pai que tem a fun o de ser o portador da proibi o 57 deste objeto Depois dessa desvincula o passamos a maior parte da vida procurando o objeto ideal aquele que s satisfaria que n o decepcionaria que seria isento da parte estranha Mas o que encontramos s o apenas substitutos objetos virtuais As buscas repetidas da t o desejada arca perdida o nosso Santo Graal objeto falta estrutura gradativamente o psiquismo a falta que movimenta o aparelho ps quico Para desvincular se deste objeto preciso passar pelo complexo de castra o A castra o um processo simb lico que potencializa a falta originaria do elemento que daria a satisfa o Como n o portamos esse elemento teremos que transmitir essa falta A m e castrada transmite as energias da libido e da puls o de morte e o tra o dessa falta isto o falo em
30. f lica onde a menina diante da descoberta da falta do p nis ter que escolher entre tr s caminhos o primeiro est relacionado perda do gozo f lico o desejo antes ativo e orientado para a m e com a inveja do p nis sofre uma inibi o 62 sexual o que resulta na neurose Ofendida renuncia masturba o clitoriana atividade especial da sexualidade infantil ao amor da m e e muitas vezes a qualquer outro envolvimento sexual O objeto de seu amor era a m e f lica a que n o era castrada O segundo caminho a manuten o acirrada de seu desejo de ter o p nis com o consequente desenvolvimento de um complexo masculino A terceira possibilidade a que Freud estabelece como normal e diz ser a condi o do exerc cio da feminilidade Essa condi o pressup e uma equa o simb lica uma substitui o de desejo de p nis pelo desejo de filho O filho um dos representantes da s rie simb lica de objetos substitutivos do falo Z A interpreta o da quest o do feminino para Freud 1930 pela maternidade O desejo dirigido ao pai tem sua origem na suposi o de conseguir dele o p nis que lhe foi negado pela m e Diante da impossibilidade de receber tamb m dele o objeto do desejo visto que o pai apesar de ter p nis tamb m castrado a menina substitui por equival ncia simb lica o p nis pelo filho Antes da decep o amorosa a menina tamb m havia desejado ter um beb o q
31. gozo da m e tirando o beb da posi o de ap ndice do corpo materno H um rolo de pedra claro que l est em pot ncia no n vel da bocarra e isso ret m isso emperra E o que se chama falo E o rolo que os p e a salvo se de repente aquilo se fecha LACAN 1992 p 105 Quando a lei da m e n o mediada pela lei do pai a crian a passa a ser crian a sintoma da m e o que grave O gozo do outro impede a crian a de se posicionar como sujeito de desejo O desejo que constitui um sujeito dividido depende de que a crian a n o esteja apenas diante da lei da m e O beb do 87 primeiro tempo do circuito pulsional um proto sujeito at deixar de ser objeto de desejo e alcan ar a dignidade de sujeito de desejo Separar se da lei da m e custoso N o se separa da m e sem algum efeito sem algum sintoma Frequentemente o sintoma constru do como uma grav ssima patologia evidenciando que a separa o a fun o paterna est tendo dificuldades em ser operacionalizada Outras vezes o sintoma constru do se apresenta como um estilo pessoal Sempre h um sintoma que fala da sa da do lugar de objeto do desejo do Outro Para o psiquismo do beb importante que este encontre o objeto para depois poder em sua aus ncia simboliz lo Mas ele primeiro precisa encontr lo pois um beb s poder simbolizar um objeto ausente se antes ele o tiver encontrado preciso haver o registro dess
32. maternidade 25 Em 1932 as mulheres conquistaram o direito ao voto no Brasil o que influenciou para que a sa de da mulher passasse a integrar as pol ticas nacionais de sa de Contudo os programas de sa de elaborados nas d cadas de 30 50 e 70 tinham aspectos mais biol gicos e anat micos limitando a sa de da mulher sa de da m e no processo de reprodu o biol gica At o final da d cada de 70 a sa de da mulher correspondia a problemas de sa de das mulheres gr vidas cujo principal foco era o feto Os anos 80 foram marcados pela ruptura deste paradigma e a sa de feminina deixou de ter o enfoque exclusivo ao atendimento das demandas decorrentes da gesta o e do parto com a aten o restrita ao processo reprodutivo para ter uma abordagem mais ampla As agendas oficiais do Minist rio da Sa de M S dedicaram se a enfatizar a an lise do conjunto de problemas que envolvem as causas de mortalidade e morbidade das mulheres Em rela o primeira encontram se como causas mais freq entes as doen as cardiovasculares ou do aparelho circulat rio as neoplasias malignas a viol ncia as implica es da gravidez do parto e do puerp rio as quest es relativas redu o da fecundidade como os abortos dentre outras J com rela o s causas de morbidade em geral est o as cardiopatias a hipertens o arterial e as infec es do trato urin rio Tais estudos revelam que os servi os s o ineficazes quando
33. medidas para atingir as metas contidas da Declara o de Innocenti denominou se Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno medidas que visam informar s gestantes os benef cios da amamenta o e o manejo correto do aleitamento materno As m es devem ser informadas das vantagens do aleitamento e das desvantagens em v rios aspectos sobre o uso de substitutos do leite materno al m de ter no es sobre lacta o est mulos para produ o do leite materno dificuldades e solu es para os problemas na amamenta o A partir da foram escolhidos 12 pa ses dentre os quais o Brasil para dar in cio Iniciativa Hospital Amigo da Crian a os quais assumiram um compromisso formal de tornar os dez passos para o sucesso do aleitamento materno uma realidade em seus hospitais As a es visando a estimular os hospitais e maternidades do pa s a se tornarem amigos da crian a s o coordenados pelo Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno PNIAM Coordena o de Sa de Materno Infantil do Minist rio da Sa de e UNICEF O PNHPN tamb m considera parte do atendimento humanizado o enfoque ao aborto por considerar que as mulheres que passam por este processo precisam de atendimento especial pois precisam superar traumas e evitar sequelas f sicas e 32 emocionais que podem causar at a morte O programa funciona com a ades o dos munic pios Em janeiro de 2002 2 864 munic pios j tinham aderido ao prog
34. n o est referida castra o isto se a falta nela n o estiver potencializada poder manter seu filho como objeto falo ou objeto fetiche O fetiche um substituto do p nis n o de qualquer p nis mas do p nis da m e O fetiche enquanto imagem projetada n o precisa necessariamente parecer com os objetos genitais Ele n o o falo um signo de vit ria contra a amea a da castra o A m e tem que reconhecer algo dela na crian a todavia precisa renunciar a fazer da crian a peda o de continua o de si mesma A m e f lica aquela que em algum momento tem seu filho como o objeto de seu desejo Essa uma vertente que se perdurar dispensa a presen a paterna pois est remetida a uma fase pr edipiana Portanto sem a presen a paterna a constitui o subjetiva fica prejudicada A m e pode transferir para o filho as ambi es que teve que recalcar e o filho passa a ser o deposit rio de todo o complexo de masculinidade que ainda resta nela Por isso Freud chega a dizer que o filho homem tem para o psiquismo feminino uma caracter stica diferente de uma filha Ele fonte de satisfa o ilimitada em geral a mais acabada e livre de ambival ncia de todas as rela es humanas 1981 p 3177 Isso pode ser muito danoso ao psiquismo infantil Freud 1932 observa que o desejo feminino por excel ncia o desejo de ter p nis Em 1923 ele esclarece o primado do falo e tamb m a encruzilhada
35. o quando o analista convoca os profissionais da sa de a passarem do assistir para o escutar o sujeito que demanda cuidados O saber m dico normalmente dessubjetivado e o profissional da sa de mental na maioria das vezes chamado para acalmar o paciente nervoso ou 115 medicar os casos de depress o p s parto isto quando na unidade h psic logos e psiquiatras Em contrapartida o fato de ser um profissional da sa de mental n o garante em absoluto que ele possa ir al m do assistir que possa ir em dire o escuta do sujeito preciso para isto que seu campo de trabalho seja o inconsciente A tentativa de um r pido diagn stico e de uma medicaliza o atenuam o mal estar que acomete a institui o visto que lidar com o sujeito estar diante do mal entendido Para escutar preciso que o inconsciente seja priorizado Lacan assegura que a causa do inconsciente deve ser fundamentalmente concebida como a causa perdida O encontro sempre faltoso aqui que a presen a do psicanalista irredut vel como testemunha dessa perda LACAN 1988 p 122 123 Diante disso imp e se a reflex o a maternidade desde o pr natal n o um lugar extremamente prop cio escuta anal tica Tempo de perda de encontro com o real tanto para a mulher candidata a encarnar o Outro para tornar se o Outro primordial reencontro com a coisa materna e feminina como para o nfans Tornar
36. o feminino e Lacan a chama de devastadora Trata se de dio A hostilidade propagou se na experi ncia dessa filha quando ela passou pelo processo da maternidade em que teve uma menina sua filha nica com quem tamb m n o conseguiu desempenhar a fun o materna A paciente que me procurara por seu conflito sexual e de origem querendo entender por que uma m e abandona uma filha foi a mesma que relatou ser a filha uma estranha para ela Foi no dispositivo anal tico que elaborando sua pr pria quest o adotiva p de perceber a impossibilidade de ter sido m e para sua filha e teve a possibilidade de entender as consequ ncias que o abandono lhe provocou Nesse relato fica claro que ser m e um processo ps quico e que a ado o simb lica logo necess ria a todo filho A impossibilidade de se inscrever como m e para essa filha n o a impediu de ser m e para outra terceira filha vinda de uma gravidez posterior a um aborto Sem d vida alguma n o ter conseguido realizar a fun o materna para a primeira filha ter interrompido a segunda 46 gravidez s podendo operar sua fun o na terceira tentativa est relacionado a sua hist ria particular Sua m e adotiva havia antes de t la adotado perdido uma filha tamb m adotiva que morrera em seus bra os e um menino que fugira de casa e nunca mais se soubera dele A paciente assim como sua m e s conseguiu sustentar a fun o materna na sua terceira tentativa
37. os familiares uma instabilidade provoca mudan as significativas de pap is e fun es porque reativa marcas mn micas Tanto se trate da primeira ou da d cima quinta gravidez uma gesta o sempre uma nova experi ncia uma experi ncia nica Por estar sobredeterminada por quest es inconscientes n o incomum observarmos depress o p s parto alguns surtos ou mesmo melancoliza es como tamb m in meros sintomas f sicos que surgem de forma inesperada durante o pr natal o parto ou o p s parto sinais de que n o se trata de um processo natural instintivo Colette Soler 2005 em seu texto A resposta ao dipo do seu livro O que Lacan dizia das mulheres esclarece imposs vel desde a descoberta freudiana apelar para o instinto para explicar esse fundamental da experi ncia que a reprodu o dos corpos O inconsciente n o conhece a biologia e em mat ria de vida n o abriga nada sen o o que Freud descobriu nele o despeda amento das puls es parciais oral anal esc pica e invocante Falta o que seria a puls o genital que apontaria para cada um parceiro sexuado Da a pergunta formulada por Freud numa das notas acrescentadas ao longo dos anos a 40 seus Tr s ensaios sobre a teoria da sexualidade se existem apenas puls es parciais e se al m disso em mat ria de amor de rela o de objeto a escolha narc sica do semelhante vem primeiro como explicar a atra o entre os sexos 200
38. pequenino a m e responde demandando Amar e ser amado a grande quest o humana Marie Madeleine Lessanha afirma o fato de falar imp e e d sua medida ao desejo do sujeito Nunca se sabe de antem o o la o sutil entre uma vontade declarada e o desejo que esta vontade esconde a vontade pode desconhecer o desejo neg lo caricatur lo s vezes revel lo 2000 p 18 preciso ofertar gestante que se encontra sob fantasias de morte tanto sua quanto do beb lugar de escuta para suas dores seus fantasmas seus desejos Na dial tica da quest o dizemos que esvaziada dos desejos mort feros poder desejar outra vez algo novo para si o futuro para seu filho um homem outros filhos um trabalho uma viagem enfim uma nova amarra o 91 4 3 A FUN O PATERNA No pr natal o acompanhamento da gesta o ps quica deve ser um dos focos privilegiados do olhar escuta do profissional de sa de O trabalho ps quico que est ocorrendo pode ser escutado nas formas discursivas Winnicott 1956 nomeava como preocupa o materna prim ria a presen a necess ria do estado que ele compara a uma dissocia o e que designa como a loucura necess ria de uma m e a qual ocorre durante e principalmente no final da gravidez bem como sua dura o por algumas semanas ap s o nascimento do beb a m e passa a ter uma pros dia pr pria e um di logo singular com seu beb Tempo em que a mulher d
39. por acaso Mesmo aquelas que foram engendradas para serem interrompidas est o sob uma determina o desejante Podemos afian ar que havendo uma gravidez em curso h desejo em pauta Reconhecida negada recusada qualquer que seja a forma de manifesta o do sujeito mulher diante de seu estado grav dico afirmamos que toda gravidez porta desejo inconsciente em a o Assim n o h cabimento a pergunta sobre se a gravidez foi desejada ou n o Podemos dizer sim que a maior facilidade ou n o de uma mulher engravidar d sinais de seu desejo Quanto a se o filho foi planejado dificimente esses planos s o plenamente conscientes N o raro nos depararmos com os fracassos de planejamento de casal at porque este atravessado pelo desejo do Outro Mas que desejo est em curso numa gravidez sempre o mesmo para todas as gravidezes de uma mesma mulher Confundido muitas vezes com demandas o sujeito vai mostrando atrav s por exemplo de quereres bizarros como uma fruta fora de poca que o desejo que est em jogo n o o do senso comum mesmo quando conseguida a tal fruta a gr vida continua a desejar O desejo n o se prende ao significante da demanda O desejo est subentendido nos intervalos dos significantes da demanda corre escondidinho Ele corre entre os significantes da demanda O desejo sexual informa o verbal Toda gravidez acompanhada de uma gravidez ps quica de uma constru o ps quica
40. primeiros tr s meses de gesta o o beb depende da serotonina do corpo materno para o desenvolvimento dos aparelhos digestivo cardiol gico e neuronal pois ele ainda n o capaz de produzi la A psican lise um campo aberto s pesquisas e o nome deste mestrado bem mostra que ela n o mais est restrita ao campo do setting privado do consult rio S o in meros os congressos que abrem espa o ao questionamento da inser o do discurso anal tico no campo institucional Se n o h espa o de escuta onde as palavras e os sentimentos possam ser expressos podemos presenciar psicopatologias que s acarretam grandes medicaliza es e sofrimentos ao sujeito No pr natal o acompanhamento da gesta o ps quica deve ser o grande foco do nosso olhar escuta 120 6 REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ALBERTI Sonia O Adolescente e O Outro Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 2004 ANDRADE Maria Auxiliadora O Casal Gr vido e a Forma o da Parentalidade In Novos Olhares sobre a Gesta o e a Crian a at os 3 anos Sa de Perinatal Educa o e Desenvolvimento do Beb Bras lia DF L G E Editora Ltda 2002 p 167 187 ANSERMET Fran ois Cl nica da origem a crian a entre a medicina e a psican lise Rio de Janeiro Contra Capa Livraria 2003 224 p Apostilas Curso de Capacita o em Sa de Mental para Interven es Precoces A cl nica dos prim rdios Comiss o de Sa de Prim ria da ABENEPI RJ 2004 2005 2006
41. que iniciam o processo de amamentar sendo que apenas 9 7 seguem amamentando at o sexto m s tempo m nimo recomendado Pesquisas elaboradas mostram que complica es do trabalho de parto infec o puerperal hemorragias obst tricas e abortos s o as causas de bitos maternos mais frequentes mesmo sendo facilmente evit veis atrav s de uma adequada assist ncia pr concepcional pr natal durante o parto e o puerp rio bem como entre as gesta es Elas apontam para a insuficiente cobertura do acompanhamento pr natal e a baixa qualidade do atendimento o que caracteriza um grave problema de sa de Assim a quest o da assist ncia ao parto para a maior parte dos pesquisadores em sa de p blica constitui um ponto cr tico da sa de da mulher Com rela o s mulheres adolescentes pesquisadores reconhecem que a gravidez antes dos 15 anos de idade e a ocorr ncia de bitos por causas obst tricas diretas indicam a necessidade de a es mais abrangentes A partir do reconhecimento de que h necessidade de se ampliar o campo de a o a psican lise encontra meios de poder fazer articula o com o saber m dico Pensamos que a gravidez na adolesc ncia merece uma aten o especial pois acumula dois per odos sens veis o da pr pria adolesc ncia momento de passagem significativo para o psiquismo onde tanto biol gica quanto 38 psiquicamente transforma es est o ocorrendo como a da gravidez em si et
42. recebera a not cia de que este portava sinais indicativos da s ndrome de Down associando assim esse fato desmontagem ocorrida em seu psiquismo do lugar de filho constru do anteriormente ao an ncio Ainda elucidando o valor do org nico na ocorr ncia de preju zos montagem ps quica bom esclarecer que nem sempre o dano precisa ser uma altera o cong nita ou heredit ria s vezes basta o nascimento prematuro do beb ou o advento anat mico do nascimento de uma menina no lugar de um esperado menino Sabemos que as altera es gen ticas podem ser um fator importante por m n o determinante pois a constitui o que responde pela condi o humana n o est restrita ao biol gico mas sim ao arranjo desse org nico com o instrumental simb lico do contexto em que nascemos e suas implica es 13 imagin rias Sob a leitura da psican lise falar de constitui o humana o mesmo que falar de constitui o ps quica de sistema pulsional de sujeito da linguagem de sujeito portador de desejo e de demanda A constitui o do sujeito estruturada a partir do arranjo de tr s registros os elos real R simb lico S e imagin rio l atrav s de uma nodula o Esse n se efetivar sobre o significante designado por Lacan de Nome do Pai que realizar a marca fundadora do sujeito e seu trilhamento inconsciente Assim estar se construindo um sujeito com uma disposi o especial nico Em 1966 Lacan ped
43. reconhecimento dos limites dos campos de pesquisa e o respeito ao sujeito do inconsciente O m dico em vez de atender demanda consciente da paciente ofertando medica o ou apenas a garantia do futuro atendimento pr natal escuta a e inicia o pr natal do projeto filho dirigindo essa mo a ao lugar onde ela ir encontrar o re m dio para sua inseguran a ou seja um meio de mediar suas puls es Isto o que chamamos de Interven o Precoce um ato que possibilita a escuta do sujeito 5 CONCLUS O Desde que foi difundida a contracep o qu mica em nossa cultura o lugar da m e passou a ter um destaque especial Desejar uma crian a passa a ser uma situa o consciente racional e deliberada em que cabe inclusive planejamento e programa de fertiliza o Traduz se o desejo de ter um filho como algo natural da condi o sexual da esp cie humana Mesmo com os avan os e implementa es de normas e manuais t cnicos de assist ncia ao pr natal ao parto e ao puerp rio abordando com mais amplitude o contexto da mulher candidata m e ainda percebemos a defici ncia em valorar os efeitos do inconsciente Apesar de todas as estrat gias e condi es desenvolvidas pela ci ncia planejamento familiar fertiliza o in vitro programas de acolhimento e aconselhamento cria o de leis que favorecem o processo de amamenta o etc a for a da puls o respons vel pelo desejo insiste em contrariar qualquer rac
44. rios da rede de profissionais de sa de e aos cargos de gest o um maior controle social das pol ticas de sa de para as mulheres passou a ser exercido Sabemos entretanto que ainda hoje prec ria a quest o das informa es em sa de e que as mulheres ainda continuam fazendo parte dos grupos sociais discriminados pois insuficiente a articula o entre as diversas esferas sociais e a rea da cl nica bem como entre os campos dos saberes ficando a sa de muito mais entendida como tarefa do Minist rio da Sa de Em 1992 o Brasil foi um dos primeiros pa ses que inclu ram a IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Crian a em sua pr tica governamental de prote o e apoio ao aleitamento A IHAC coordenada pelo Minist rio da Sa de M S atrav s do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno PNIAM Os estabelecimentos de sa de para se tornarem Hospitais Amigos da Crian a precisam preencher crit rios estabelecidos pelo PNIAM e cumprir 80 do conjunto 28 de metas no processo de avalia o que envolve v rias etapas A institui o credenciada pelo IHAC vinculada ao SUS recebe pagamento diferenciado 40 a mais em atendimentos pr natal e 10 na assist ncia ao parto O Minist rio da Sa de reconhecendo a import ncia desta iniciativa diferencia o pagamento dos procedimentos obst tricos realizados nos hospitais credenciados J s o mais de 20 mil hospitais credenciados na IHAC em todo o mundo e no Br
45. sa de e ou da doen a No texto O mal estar na civiliza o Freud esclarece o que decide o prop sito da vida simplesmente o programa do princ pio do prazer Esse princ pio domina o funcionamento do aparelho ps quico desde o in cio N o pode haver d vida sobre sua efic cia ainda que o seu programa se encontre em desacordo com o mundo inteiro tanto o macrocosmo quanto com o microcosmo N o h possibilidade alguma de ele ser executado todas as normas do universo s o lhe contr rias Ficamos inclinados a dizer que a inten o de que o homem seja feliz n o se acha inclu da no plano da Cria o 1997 p 24 Especificamente para a psican lise que tem como causalidade o psiquismo a sa de refere se ao campo do inconsciente recorrendo enquanto m todo investigativo t cnica da associa o livre em que o instrumento fundamental de trabalho a palavra No texto Freud mostra ainda como o adoecimento a que ele cnama de neurose condi o inexor vel do processo de civiliza o Segundo ele a cultura exige um controle das for as pulsionais for as pr prias do ser falante que se destinariam ao al vio da tens o na busca da realiza o do prazer Freud aponta a forte tend ncia humana destrui o e o quantum de energia o humano precisa canalizar em fun o de uma vida em grupo Ele rar ssimas vezes utiliza se do termo normal e deixa claro que normalizar impor exist ncia
46. sica maternidades p blicas e conveniadas ao SUS Paulatinamente realizei uma p s gradua o em Metodologia Cient fica na UFF Universidade Federal Fluminense e outra em Gest o Materno Infantil na FIOCRUZ Funda o Oswaldo Cruz Participei tamb m como representante do munic pio do Grupo T cnico de Aleitamento do Estado do Rio de Janeiro fiz o curso de capacita o em IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Crian a o treinamento do M todo Canguru e elaborei um projeto para pr natal de risco que 10 ora encontra se implantado no espa o ambulatorial da maternidade Lu s Palmier como refer ncia s unidades que realizam pr natal na rede b sica de atendimento ao PSF Programa Sa de da Fam lia unidades p los Devo mencionar que fa o parte ainda do grupo t cnico que realiza a investiga o de bitos maternos e infantis daquele munic pio No servi o p blico minha grande tarefa aquela que me atribu da de direito pelo SUS e que me leva a elaborar projetos treinamentos e trabalhos escritos a de ocupar o lugar de facilitadora da promo o de sa de e proporcionar meios para que o profissional de sa de possa ser um facilitador do processo do nascimento humano Esta tarefa tem me conduzido a ocupar muitos lugares em que o contexto m e e crian a est o contemplados Participo efetivamente como conselheira representante governamental dentro do CMDCA Conselho Municipal de Direitos da Crian a e do Adolescente
47. sua vertente positiva Os humanos sofrem da falta do falo Retornaremos a esse ponto Diante da castra o materna os meninos por imaginariamente encontrarem no p nis uma representa o do falo tentam preservar o objeto amoroso m e deslocando para o pai o dio que seria destinado a ela mantendo entretanto um certo menosprezo pela mulher Para a menina por sua vez esse processo mais complexo pois ela n o tem o aporte anat mico por onde melhor poderia fazer sua desvincula o Freud revela que na intensa vincula o da menina com sua m e reina uma forte ambival ncia que corresponde principal condi o respons vel pela desvincula o a t o poderoso objeto Freud d vincula o m e beb um cunho altamente significativo chegando mesmo a dizer que a fonte de uma poss vel depend ncia da mulher em rela o ao pai est no elo tecido com a m e o tempo pr ed pico muito mais importante para a mulher que para o homem Ao eleger um marido as mulheres o fazem de acordo com o modelo paterno Entretanto com esse marido que repete sua m rela o com sua m e A rela o materna a mais primitiva logo as futuras rela es amorosas receber o transferencialmente conte dos deste la o afetivo prim rio Esta experi ncia ps quica s pode ocorrer porque para o psiquismo feminino como mostra Freud o filho um representante do objeto que falta O falo manifesta se como signo do objeto de desejo
48. tamb m lhe fazendo demandas a m e que ir realizar a media o entre as urg ncias vitais do infans e a linguagem A m e primeiro objeto de amor com seu supereu de gozo realiza o que Paul Laurent Assoun 1999 denomina de vocalize do supereu passional ou seja as altern ncias pulsionais por onde o sujeito recebe convoca o e provoca o desse objeto Uma vez dado o aceite n o h mais como dela se desfazer Est inscrita a primeira experi ncia de satisfa o com o pequeno outro o semelhante tomado como objeto No entanto tal experi ncia como vimos acima depende tamb m do Outro da linguagem A m e que responde com palavras ao grito do beb instaura um espa o ou campo Outro diferente da satisfa o simples e direta de uma necessidade biol gica Lavrada 50 como uma escritura organizando e delimitando o campo da mem ria Esta primeira satisfa o inscreve uma marca nica um tra o imposs vel de ser reproduzido at pela tentativa de repeti o A impossibilidade de se repetir da mesma maneira faz com que o sujeito a busque por toda a vida Com Freud vimos que a que se inicia o processo de repeti o de busca do tal objeto de satisfa o objeto que se encontra perdido e perdido desde sempre porque na verdade fruto de uma alucina o J exploramos a fic o de um primitivo aparelho ps quico cujas atividades s o reguladas por um esfor o para evitar um ac mulo de excita o e manter s
49. 1 INTRODU O Para a psican lise o feminino sempre foi desde Freud quest o de grandes elabora es te ricas Neste trabalho nos restringiremos a relatar alguns destes desdobramentos na rea da sa de p blica e a questionar o campo do materno infantil atrav s da leitura psicanal tica A pesquisa sobre a rela o m e beb esteve sempre presente em meus estudos Tamb m sempre foi um tema caro psican lise H 29 anos como conclus o do curso de gradua o acad mica produzi como monografia o tema O primeiro ano de vida do beb e hoje com este trabalho pretendo avan ar mais no meu percurso em rela o ao desejo do analista lan ando me busca de maior entendimento da constitui o do sujeito e das vicissitudes do inconsciente Como psicanalista que me autorizo nomear ap s longos anos de forma o psicanal tica an lise pessoal supervis o lacaniana e atuando em cl nica privada e institui es venho questionando mais sobre os limites do campo da psican lise e suas articula es com outros saberes Por mais de quinze anos alocada na rea de sa de do munic pio de S o Gon alo coordeno junto ao PAISMCA Programa de Aten o Integral Sa de da Mulher da Crian a e do Adolescente o Programa de Humaniza o do Pr natal e Nascimento que abrange pr natal parto e puerp rio com atividades como implanta o do programa treinamento e supervis o das equipes que atuam nas unidades de aten o b
50. 5 p 16 Z Para o humano nem sua sexualidade naturalmente decidida pelo seu anat mico muito menos a condi o de ser m e Sem d vida alguma a gravidez esse fen meno da sexualidade feminina merece aten o especial para al m do imediatamente manifesto do que se d a ver A equipe de sa de precisa tamb m ser focada uma vez que a que se encontra mais pr xima desse processo sem necessariamente estar afetada da mesma maneira como os familiares normalmente est o O processo da transfer ncia conceito indispens vel para a teoria psicanal tica est muito comumente presente em qualquer rela o terap utica Durante o pr natal a gestante vai construindo um processo transferencial positivo ou n o com seu m dico e ou com outro profissional desta equipe A abordagem feita e o manejo dessa rela o transferencial t m lugares diferenciados para quem trabalha com o campo do inconsciente importante haver um profissional qualificado que dessa transfer ncia se ocupe para dar encaminhamento ao lugar de fala s fantasias que possam estar permeando o imagin rio da mulher gr vida o que para a psican lise influencia significativamente seu ser Somos seres da linguagem humanos pertencemos ao campo do simb lico Logo estamos afeitos aos seus signos e determinados pelo significante Somos seres falantes e por isso diferentes de que qualquer outra esp cie o processo de tornar se m e n o pode ser tratado como
51. A sa da de sua fase f lica gerada por essa decep o LACAN 1999 p 286 Lacan cita ainda Lampl de Groot 1927 dizendo que ela justa quando assinala o complexo de dipo na menina seguindo esse campo freudiano e comenta a menina entra no complexo de dipo pela fase inversa do complexo A menina apresenta se no complexo de Edipo inicialmente em sua rela o com a m e e o fracasso dessa rela o com a m e que lhe descortina a rela o com o pai com o que depois ser normatizado pela equival ncia entre o p nis que ela jamais possuir e o filho que ela de fato poder ter e que poder dar em seu lugar O desejado o p nis do pai GROOT apud LACAN 1999 p 288 a teoria do Penisneid Mas o sujeito se frustra Mas ele frustrado nisso tanto pela proibi o edipiana quanto em raz o da impossibilidade fisiol gica surge a fantasia de ter um filho do pai isto de possuir aquele p nis sob uma forma simb lica Uma frustra o imagin ria mas se refere a um objeto real E nisso que o fato de a menina n o receber o p nis do pai constitui uma frustra o Uma priva o absolutamente real embora se refira a um ao objeto simb lico Na verdade quando a menina n o tem um filho do pai a quest o nunca seria afinal que ela o tivesse Ela incapaz de t lo O filho ali s s existe a como s mbolo e s mbolo precisamente daquilo em que ela realmente fru
52. Ang stia disseram E o que poderia apaziguar tal ang stia perguntou a analista Em resposta a equipe se mobiliza nomeando o beb passando a dar lhe mais colo a lhe dirigir mais o olhar e as palavras O beb agora batizado com o nome Pedro passou assim a dormir melhor Este um exemplo de uma interven o de sucesso possibilitada pela presen a de um psicanalista na institui o Nos pr ximos cap tulos desenvolveremos a contribui o da psican lise ao tema m e enquanto lugar e fun o 42 3 A M E EM FREUD A FUN O MATERNA M e S o tr s letras apenas As desse nome bendito Tr s letrinhas nada mais E nelas cabe o infinito E palavra t o pequena confessam mesmo os ateus E do tamanho do c u E apenas menor do que Deus M rio Quintana Diz o poeta que m e letra ou melhor que m e uma quest o simb lica Em conson ncia com ele a psican lise defende que ser m e n o depende de nenhum instinto mas de uma fun o espec fica da mulher inserida no campo da linguagem Em sua rela o com o objeto amoroso da primeira inf ncia desde menina uma mulher percorre caminhos que lhe possibilitar o ou n o ocupar esse lugar Quando se trata do conceito de m e instinto materno inclusive iatrog nico pois em fun o desse mito muitas mulheres e crian as sofrem efeitos danosos N o se m e apenas porque se tem organismo apropriado procria o Na verd
53. In meras vezes nos deparamos com mulheres que engravidam e que n o conseguem levar a termo sua gravidez Algumas entretanto at conseguem parir mas acabam por abandonar seus beb s por maltrat los ou mesmo por livrarem se deles tragicamente s vezes O desejo n o moral tico Desejo sempre de falo Desejo de filho equivale a desejo de falo Por isso muitas mulheres quando engravidam sentem se f licas como se diz popularmente com o rei na barriga Algumas nem desejam mais seus maridos Por m essa ilus o ao nascer o beb desfeita pois o filho real longe est de ser o falo apenas um dos seus representantes O falo o que falta pass vel dos efeitos do imagin rio e por ser objeto falta pass vel de simboliza o Diante da falta real o imagin rio vacila e a palavra o simb lico o recurso que o humano porta para sua sustenta o O corpo efeito da linguagem O real a coisa o indiz vel o que n o tem representa o encontra neste tempo de gesta o parto e puerp rio espa o para seu surgimento j que a imagem corporal est sofrendo mudan as e o n dos registros real simb lico e imagin rio est mais solto Com o advento da chegada do filho h uma nova amarra o em que os lugares e fun es sofrem deslocamentos Tempo prop cio manifesta o silenciosa da puls o In meros s o os relatos nos per odos pr e p s natal de acontecimentos inesperados em gesta
54. Isto quer dizer que o que nos 58 Z mant m vivos enquanto seres falantes efeitos da linguagem a marca que recebemos desse objeto aquilo que tamponaria o vazio humano Um beb candidato a ser da linguagem n o clama apenas por saciar a fome mas pelo prazer Toda nossa vida a partir de ent o ser destinada busca do prazer da felicidade do objeto que imaginamos estar sob a guarda do outro objeto que procuramos para saciar este cavo Por isso a felicidade completa imposs vel s conseguimos beir la Estamos privilegiando a rela o da m e com sua filha por estarmos tratando do processo de tornar se m e Entretanto importante n o deixarmos de apontar com Freud que a condi o ps quica da sexualidade no momento inicial da vida n o exclusiva da menina Ele destina em seu texto Sobre la sexualidad feminina 1932 1933 uma particular aten o ao percurso sexual da menina Introduz quest es de grande relev ncia para o esclarecimento daquilo que a pequena menina pretende de sua m e e quais os fins sexuais desta vincula o particular Assegura que tais fins em rela o m e t m car ter ativo e passivo No mesmo texto Freud declara s primeiras viv ncias total ou parcialmente sexuais do filho com sua m e s o naturalmente de car ter passivo E esta que o amamenta o alimenta o limpa veste o e o obriga a realizar todas as fun es fisiol gicas Parte da libido do filho se mant m aderida
55. Por n o ter tido a possibilidade de poder falar elaborar sua dor ps quica restou lhe quando da sua primeira gravidez sofrer a possibilidade de perder o beb Talvez se tivesse tido a oportunidade de falar sobre as fantasias que permeavam seu psiquismo e colocado em palavras o n o dito que provinha de sua ado o pudesse ter elaborado sua hist ria e t la ressignificado em vez de repeti la N o h m e s porque se gestou e pariu assim como pode haver m e onde n o houve gesta o org nica A gesta o significativa para a fun o materna a simb lica sempre nica e que se d a cada vez Uma m e pode estar em fun o para um filho e n o para outro dependendo do lugar cunhado para aquele espec fico beb em sua economia ps quica s vezes n o houve possibilidade de cunhar lugar algum e n o h possibilidade de acolher o beb gestado Pode se gestar para doar ou para abortar ou mesmo para mal tratar s o maneiras poss veis dependendo do contexto hist rico singular de cada sujeito mulher e de como ela reeditou as marcas ps quicas de sua inf ncia Uma crian a marcada pelas inscri es maternas e por identifica es Ser m e e ter um filho n o algo natural uma constru o ps quica que envolve a hist ria da mulher com sua rela o transgeracional ou seja sua vincula o com os seus ancestrais e sua posi o no quadril tero m e pai filha falo um processo mais complexo do que ge
56. a Camilo Pessanha Podemos tamb m dizer que o que fundamentalmente difere o humano de qualquer outro ser sua condi o de portar uma hi ncia que est no centro da puls o e que converge com a falta geradora do inconsciente S por isso podemos pertencer ao campo do simb lico e sermos afetados pelos significantes do Outro Sempre singular mesmo carregando a mesma carga de genoma destinado a estar submetido ao campo de linguagem campo desse Outro ganhamos a vida n o a vida org nica mas a viida representativa a relacional a humana a simb lica a ps quica a vida pulsional O que caracteriza a passagem da necessidade para a demanda articulado em Freud 1930 com a quest o da demanda oral atrav s do sugar e posteriormente na demanda anal da crian a no momento do controle dos esf ncteres Sabemos que o beb por si n o se monta n o se constr i como falante mesmo tendo todo material org nico para isso O humano precisa do Outro para se constituir enquanto ser de linguagem Todavia apenas nascer no campo da linguagem n o basta para que haja efeito humanizador preciso haver um outro sujeito psiquicamente afetado em seu desejo por esse beb e que num movimento de const ncia responsabilize se por inseri lo marc lo com ins gnias familiares nomeando o e ofertando lhe sua voz melodiosa seu aconchego seu toque sua libido seus processos regulat rios processos fisiol gicos cognitivos motores afetiv
57. a presen a de forma prazerosa para que a falta possa ser potencializada diante da aus ncia do objeto As palavras fazem o Outro voltar A linguagem em si demanda amor e presentifica o do Outro A crian a fala para o Outro Essa falta essa aus ncia Lacan denominou de priva o um furo simb lico no real o objeto falta e por isso deseja se t lo Este objeto um objeto reencontrado o objeto reencontrado do primeiro desmame o objeto que foi inicialmente o ponto de liga o das primeiras satisfa es da crian a LACAN 1999 p 13 este objeto que a causa do desejo Objeto vazio um furo que poder ser preenchido por diversos objetos substitutivos nunca de forma plena Pelo desejo de t lo o sujeito se submete ao campo do Outro tesouro dos significantes faz sua escolha comum ouvirmos questionamentos de profissionais sobre se determinada gravidez foi ou n o desejada ou planejada como se fosse da ordem consciente esse saber Isso demonstra o quanto se desconhece do psiquismo e consequentemente do inconsciente Em psican lise dizemos que o pensamento inconsciente e o pensamento inconsciente imagin rio O inconsciente usa a imagem como significante Pode se ver isso nos sonhos Logo imposs vel desde que pensemos experimentar qualquer coisa olhar cheiro gosto toque 88 som escolhas a es etc dissociada do inconsciente Dessa forma dizemos que nenhuma gravidez ocorre
58. a maior condi o de troca em que a psican lise possa requerer por autorizar se enquanto portadora de saber sobre o ser falante fazer parte das novas diretrizes das pol ticas p blicas e que tamb m possa abrir se ao campo das grandes descobertas cient ficas cada vez mais aprimoradas para melhor avan ar em suas pesquisas porque tais aprimoramentos v m sendo realizados que hoje podemos concluir esta disserta o e abrir caminhos para novas quest es O trabalho de interven o fundamental do analista refere se decifra o das representa es inconscientes transmitidas e em vigor no sujeito Na ocasi o do pr natal o questionamento parental sobre o lugar do filho esperado na economia ps quica familiar sem d vida de car ter fundamental Antes do nascimento real a exist ncia imagin ria e simb lica do beb se permitida ser enunciada falada pode ter efeito ressignificativo A crian a produto de sua pr hist ria como tamb m agenciador do campo de representa es significantes inconscientes do Outro e de suas marcas mn micas no campo da linguagem sob os des gnios da estrutura o ling stica metaf rica pois filho met fora de falo que o ser falante pode surgir como filho de algu m com nome e sobrenome nico porque filho de uma linhagem espec fica Para fins jur dicos o que diferencia um sujeito de outro que possua o mesmo nome o nome de sua m e para a psican lise o significante i
59. a todos e a de todos contra cada um se op e a esse programa da civiliza o Esse instinto agressivo o derivado e o principal representante do instinto de morte que descobrimos lado a lado de Eros e que com este divide o dom nio do mundo Agora penso eu o significado da evolu o da civiliza o n o mais nos obscuro Ele deve representar a luta entre Eros e a Morte entre o instinto de vida e o instinto de destrui o FREUD 1997 p 81 Entretanto apesar de desagregadora ela que possibilita a for a motriz para os rompimentos e os cortes com antigos nexos para que possam surgir novas significa es O primeiro grande corte se d com o nascimento e como j vimos anteriormente chamado de desamparo Nesse momento entra em jogo a energia sexual da dial tica prazer desprazer a libido Dessa forma podemos afirmar que somos seres pulsionais regidos pela puls o de morte e pela libido e que isto nos al a condi o de seres ps quicos introduzindo nos na rela o com o Outro e sua alteridade e com o objeto Para o ser falante n o h possibilidade de se estruturar sem essas duas vertentes da puls o Inicialmente a puls o puls o de morte a puls o a puls o parcial fundamentalmente puls o de morte e representa em si mesma a parte da morte no vivo sexuado LACAN 1988 p 195 Ela vai se tornar libido medida que se apoiar no significante da demanda A puls o de morte vai se encadeando pel
60. a uma lei que lhe d um outro valor A frustra o n o priva o A priva o s pode ser efetivamente concebida para um ser que articula alguma coisa no plano simb lico A frustra o incide sobre algo de que somos privados por algu m de quem poder amos esperar o que lhe ped amos O que est em jogo menos o objeto que o amor de quem pode nos fazer este Dom O objeto da frustra o menos o objeto que o Dom O Dom vem do outro O Dom o que possibilita toda a cadeia simb lica humana Se a demanda atendida o objeto passa a segundo plano Se a demanda n o atendida o objeto se evanesce igualmente por m com uma diferen a que justifica a palavra frustra o s h frustra o se o sujeito entra na reivindica o medida que o objeto considerado como exig vel por direito O objeto entra neste momento no que Lacan chama de rea narc sica das pertin ncias do sujeito O momento da frustra o um momento evanescente A entrada da frustra o numa dial tica condi o necess ria da ordem simbolizada do real nada se articula e se constr i na experi ncia que nada se instaura como conflito propriamente analis vel sen o a partir do momento em que o sujeito entra numa ordem que ordem de s mbolos ordem legal ordem simb lica cadeia simb lica ordem da d vida simb lica E unicamente a partir da entrada do sujeito numa ordem que preexiste a tudo que lhe ocorre acontecimentos satisfa
61. ade as pesquisas mostram que ser m e n o uma quest o de instinto nem para outros seres No livro O sorriso da Gioconda Mathelin 1999 cita uma experi ncia realizada por B Seay em 1962 na qual foi demonstrado o seguinte 43 de 51 macacas separadas das m es no nascimento nove apenas tiveram filhotes ao ficarem adultas Das 9 m es 5 os deixaram morrer na maior indiferen a e 4 tiveram comportamentos agressivos que acarretaram a morte dos rec m nascidos SEAY apud MATHELIN 1999 p 16 N o raro observarmos mulheres que abandonam seus beb s causam lhes maus tratos cometem infantic dio praticam o suic dio surtam deprimem se etc Mulheres que apenas por estarem gr vidas s o erroneamente interpretadas como m es em potencial sem terem sido sequer escutadas para conclu rem sobre qual representatividade mental tinham aquela gravidez e aquele beb naquele momento de sua vida Mas se n o o instinto qual o processo que determina o surgimento de uma m e O adivir de uma m e depende de viv ncias ps quicas anteriormente experienciadas na rela o com seu Outro materno e com a alteridade Freud afirma que a fun o materna come a a ser constru da na inf ncia evidenciada nas brincadeiras infantis da menina Um verdadeiro material que marca diferencialmente o humano como ser inscrito numa linguagem singular M e lugar e fun o Obviamente a m e aquela que gestou e pariu tem um corpo rea
62. al est voltado a oferecer assist ncias cl nico gineco obst trica e educativa aprimoradas para o melhor controle dos riscos gestacionais O M S avaliou e demonstrou a efici ncia do programa nas reas reprodutiva e sexual principalmente no que diz respeito mortalidade e ao controle das doen as sexualmente transmiss veis Reconhece por m que a qualidade dos servi os ainda sofr vel quando se refere aos servi os de pr natal em que as equipes de sa de n o disp em das condi es necess rias ao trabalho proposto Reconhece tamb m a necessidade de maior investimento na qualidade da assist ncia prestada nas unidades de sa de da fam lia Desde 1998 tr s pontos foram b sicos para os indicadores epidemiol gicos relativos sa de da mulher no intuito de minimizar as taxas de mortalidade de mulheres por causas evit veis a amplia o das op es no campo do direito reprodutivo para evitar altos ndices de aborto a cria o de indicadores e comit s de investiga o da mortalidade materna e a assist ncia de qualidade Os servi os 30 passaram a ser organizados para garantir a assist ncia integral e humanizada s mulheres redirecionando do modelo curativo e intervencionista para o fortalecimento de a es preventivas e de promo o de sa de Dentro dessa perspectiva de humaniza o lan ado ent o em primeiro de junho de 2000 o PNHPN Programa Nacional de Humaniza o do Pr natal e Nascimen
63. al para a constitui o do psiquismo humano N o h um sem o outro 84 O desejo a mola impulsora do humano Entramos na vida pelo desejo que primordialmente do Outro O primeiro desejo do beb o desejo do Outro veiculado pelo discurso familiar repleto de significantes singulares O desejo permite inclusive acolher como seu o beb gerado e abandonado por outra mulher O desejo materno subverte o aparato org nico sexualizando o erogeneizando o revestindo o de valor f lico O corpo da crian a erogeneizado pela atividade pulsional dos pais e se inscreve no campo simb lico no campo do sujeito Recebe as marcas da puls o e dos significantes simb licos a ponto de filhos adotivos terem caracter sticas f sicas semelhantes a seus pais n o biol gicos Diferente da necessidade o desejo n o possui objeto que o satisfa a Coisa alguma o sacia Assim ao entrarmos na vida pelo desejo abandonamos de vez qualquer possibilidade de sermos seres da necessidade S por isso podemos nos deparar com situa es como por exemplo a anorexia ps quica do beb Ela demonstra claramente que para a nutri o humana os nutrientes org nicos n o bastam mas apenas servem enquanto circunscritos pela demanda para minimamente apaziguar a puls o oral regida pelo desejo Nascemos em uma trama simb lica repleta de marcas significantes que tecem cunham um particular lugar para cada um de n s Todo filho filho nico Uma const
64. amentos a defesa mais utilizada o isolamento e a chama de a felicidade da quietude Ele declara que a qu mica como recurso para se evitar o sofrimento o pior dos meios de defesa embora a considere de grande efic cia Logo o normal para a psican lise o saud vel aquele que melhor elabora sua doen a sua neurose 2 2 SA DE P BLICA E SA DE COLETIVA Para abordar a rela o entre sa de p blica e sa de coletiva recorremos a uma das mais citadas defini es de sa de p blica apresentada em 1920 nos EUA pelo bacteriologista americano e expert em sa de p blica Charles Edward Amory Winslow Segundo ele a sa de p blica se define como 21 A arte a ci ncia de prevenir a doen a prolongar a vida promover a sa de e a efici ncia f sica e mental mediante o esfor o organizado da comunidade Abrangendo o saneamento do meio o controle das infec es a educa o dos indiv duos nos princ pios de higiene pessoal a organiza o de servi os m dicos e de enfermagem para o diagn stico precoce e pronto tratamento das doen as e o desenvolvimento de uma estrutura social que assegure a cada indiv duo na sociedade um padr o de vida adequado manuten o da sa de WINSLOW 2002 p 52 A persist ncia no uso dessa defini o refor ada pela ampla difus o do conceito de sa de elaborado pela Organiza o Mundial de Sa de OMS que prop s a realiza o de Confer ncias Mundia
65. amor tamb m o objeto hostil M e e filho se amam e se odeiam Por amor redirecionamos o dio e suportamos o outro Entretanto h uma for a que pulsa pela destrui o que escapa a o do recalque a que Freud 1920 chamou de puls o de morte por det la por control la que a ci ncia avan a a morte que d sentido vida N o h Eros sem Thanatos h um entrela amento entre eles Lacan mostra que no inconsciente s h sexualidade e morte S o sempre quest es sobre o sexual e a morte porque se tratam de coisas que s o imposs veis de se dizer totalmente desse n o saber que a psican lise se ocupa A psican lise n o faz diagn stico a partir do fen meno e afirma que o humano que nasce destinado a ser falante sujeito do inconsciente objeto de suas elabora es te ricas sempre aquele que sofre do mal estar de se ter desnaturalizado ou seja ter perdido a sua condi o animal A linguagem ao mesmo tempo em que nos inscreve na sociedade dos homens e neste sentido humaniza nos desnaturaliza nos transforma nos em sujeitos da demanda e do desejo e n o da necessidade ou do instinto 19 Desde que falamos tudo no homem desnaturalizado N o h mais natureza Tudo que se chama de natureza j permeado pela linguagem A natureza para n s cultura O homem ao ser falante perde o acesso imediato a imediatez aos seus objetos Tudo que ent o seria da ordem da necessidade
66. an lise entendido como o terceiro elemento que ir cortar o v nculo simbi tico entre a m e e seu beb t o necess rio num primeiro tempo de uma estrutura o ps quica mas prejudicial se perpetuado Pai o representante da Lei lei que interdita a folia inebriante entre a m e e seu beb lei que impede que o desejo materno devore seu produto lei que cria o espa o favor vel ao surgimento do enigma lei que convoca ao desejo singularidade e apropria o do campo simb lico campo da palavra e dos significantes Lei que instaura o espa o criador espa o facilitador das opera es simb licas e criativas bem como possibilita o brincar a aprendizagem a constru o da imagem corporal as rela es sociais e a cultura Pai humanizador Estamos tomando o pai como aquele que tem que manter seu lugar como membro do trio fundamental da fam lia inclusive o pai que a m e traz em si O pai como normativo n o significa o mesmo que um pai normal A normalidade do pai uma quest o e a posi o normal na fam lia outra S o sinais de falha da opera o da fun o paterna por exemplo crian as que ao nascer n o t m nome nem olhar nem voz a elas dirigidos Crian as que se encontram em risco ps quico Crian as que denotam n o possuir esse lugar simb lico cunhado pelo desejo de filho em suas m es Crian as que podem ter a constru o da imagem corporal seriamente prejudicada com frequ ncia
67. apa de mudan as end crinas e de forte preval ncia de ambival ncias tais como querer e n o querer a gesta o dentre outras No artigo Sa de das mulheres no Brasil subs dios para as pol ticas de sa de de Estela Maria e Liliam F tima 2004 foi demonstrado que Especialmente quanto sa de das mulheres apesar de todos os esfor os e de alguns avan os persistem no es essencialistas que as circunscrevem esfera reprodutiva e privada 2004 p 28 Elas concluem que estudos devem ser estimulados para avalia o das a es e programas de sa de principalmente no que refere s tecnologias reprodutivas e afirmam Desnaturalizar as diferen as de g nero e romper com essencialismos ampliam as possibilidades de reflex o sobre determinantes do processo sa de doen a e consequentemente pode contribuir para a formula o de novas respostas na busca da equidade em sa de LEAO MARINHO 2004 p 33 Portanto a sa de da mulher sua sexualidade e seu processo de tornar se m e s o pr requisitos para pensarmos a sa de de forma integral 2 3 2 A a o da psican lise no processo de tornar se m e N o mais novidade que a gesta o um per odo sens vel para o org nico de uma mulher e de seu beb Em face disso acredito que a gravidez um momento delicado de grande destaque e import ncia quando se trata de pensar nas quest es relativas vida e morte Precisa ser tratada com respeito dignidade e si
68. ara a constitui o do Eu Mesmo sem saber que se encontra na posi o de His Majesty the Baby Freud a crian a sente que ela a causa da felicidade da m e e que a completa desde que seja o que a m e deseja Desta forma ao ser inserida no campo da linguagem a crian a assujeita se encobrindo a falta materna S o duas as opera es da rela o do sujeito com o Outro que ocorrem conjuntamente mas que por uma quest o did tica ser o descritas separadamente a primeira opera o de funda o do sujeito a aliena o correlacionada a esse primeiro tempo do dipo em que a crian a est submetida ao ideal de uma imagem narc sica a primeira aliena o aquela pela qual o homem entra na via da escravid o A liberdade ou a vida Se escolhe a liberdade pronto ele perde as duas imediatamente se ele escolhe a vida tem a vida amputada da liberdade LACAN 1988 p 201 A segunda opera o de funda o do sujeito a separa o Ela est remetida falta A falta estruturante para a demanda e o desejo O desejo a meton mia da falta que vai de significante em significante como vetor que faz falar O desejo aquilo que se encontra para al m da demanda naquilo que a m e n o disse A fala da m e n o diz tudo deixa lacunas que permitem crian a perguntar Mas o que ela quer O desejo aparece naquilo que est articulado nos significantes mas n o dito A entrada no segundo te
69. as marcas mn micas deixadas pela m e S1 Lacan 1969 1970 nos deixa claro que essas marcas mn micas s o significantes primordiais que comemoram uma irrup o de gozo As primeiras marcas mn micas est o referidas primeira experi ncia de satisfa o em que houve prazer e descarga de tens o Essas marcas mn micas s o o que Lacan considera lal ngua o primitivo da linguagem S1 os sons mais ntimos os res duos da nossa primeira experi ncia amorosa 81 Pensamos a partir de Lacan que o objeto alucinado da primeira experi ncia de satisfa o a voz do Outro Ao entrar em jogo a linguagem a puls o de morte vai tomando aspectos libidinais uma vez que ela faz a liga o com o er tico Lacan em seu semin rio Os quatro conceitos fundamentais da psican lise faz nos lembrar Freud quando este diz que a puls o n o tem dia nem noite n o tem primavera nem outono que ela n o tem subida nem descida uma for a constante FREUD apud LACAN 1988 p 157 Tal trecho faz parte de um cap tulo que Lacan intitula de Desmontagem da puls o mas ao final ele afirma Direi que se h algo que se parece puls o com uma montagem N o uma montagem concebida numa perspectiva referida finalidade A montagem da puls o uma montagem que de sa da se apresenta como n o tendo nem p nem cabe a LACAN 1988 p 160 161 A puls o uma montagem Tem que ser montada pelo novo ser O Outro mat
70. as para entender as institui es e os sistemas de pensamento tornou se refer ncia no campo do conhecimento pois segundo ele as pessoas s o atravessadas por rela es de poder que reprimem bem como produzem efeitos de verdade e saber Essa filosofia muito contribuiu para uma nova perspectiva no campo das pesquisas Lacan 1951 com sua no o de sujeito diferente de indiv duo embasado nas teorias freudianas subverte o cogito cartesiano e afirma que a exist ncia do sujeito est exatamente onde o Eu n o pensa com ele que a no o de sujeito do inconsciente mais bem esclarecida O inconsciente a soma dos efeitos da fala sobre o sujeito nesse n vel em que o sujeito se constitui pelos efeitos do significante Isto marca bem que com o termo sujeito por isso que o lembrei uma origem n o designamos o substrato vivo de que precisa o fen meno subjetivo nem qualquer esp cie de subst ncia nem qualquer ser do conhecimento em sua patia segunda ou primitiva nem mesmo o logos que se encarnaria em alguma parte mas o sujeito cartesiano que aparece no momento em que a d vida se reconhece como certeza s que pela nossa abordagem as bases desse sujeito se revelam bem mais largas mas ao mesmo tempo bem mais servas quanto certeza que ele rateia E isto que o inconsciente LACAN 1988 p 122 Nascido na Fran a em 1926 Michel Foucault foi diretor do Instituto Franc s em Hamburgo e do Instituto de Filos
71. asil j h 336 Ao serem reconhecidas com o t tulo Hospital Amigo da Crian a essas institui es se tornam refer ncia em amamenta o para seu munic pio regi o e estado Nestes hospitais as m es s o orientadas e apoiadas para o sucesso da amamenta o desde o pr natal at o puerp rio aumentando dessa forma os ndices de aleitamento materno exclusivo e continuado reduzindo a morbimortalidade materna e infantil s em 1993 durante a Confer ncia Mundial Sobre os Direitos Humanos que a mulher passa tamb m a ser expressamente declarada benefici ria de tais direitos Em 1994 durante a Confer ncia do Cairo Confer ncia Internacional sobre Popula o e Desenvolvimento foi assegurado mulher o direito reprodutivo a mulher poderia decidir sobre o destino de seu corpo optando por m todos anticoncepcionais No manual t cnico do M S para gesta o de alto risco encontra se Ap s a confer ncia Internacional de Popula o e Desenvolvimento em 1994 no Cairo evoluiu o conceito de sa de reprodutiva ganhando enfoque igualmente priorit rio os indicadores de sa de relativos morbidade e ao bem estar geral da popula o feminina Esse conceito lan a novo olhar amplia a cidadania das mulheres para al m da maternidade BRASIL 2000 p 11 Em 1994 foi institu do o Programa Sa de da Fam lia PSF tido como uma das principais estrat gias de reorganiza o dos servi os e de reorienta o das pr
72. asma materno Num faz de conta a crian a goza do que projeta Ela encarna os ideais de eu podendo se identificar ao outro O faz de conta o tempo do brincar de vir a ser Se n o h faz de conta podemos pensar que o engate em rela o ao ideal de Eu ainda n o ocorreu O brincar o trabalho de constitui o subjetiva o inconsciente em forma o O faz de conta o tempo de passagem da passividade para a atividade est sendo constru da a borda que diferencia um dentro e um fora uma media o entre a m e e a crian a A borda n o propicia somente a cria o do espa o intersubjetivo ela cria a no o de tempo A crian a j capaz de se sustentar sem ser sustentada pelo olhar da m e Ela n o mais precisa da m e para existir 52 Z O Nebenmensch ou complexo do objeto um conceito elaborado por Freud para explicar a primeira apreens o da realidade ps quica pelo sujeito No texto Proyeto de una Psicologia para Neurologos ele demonstra que toda a complexidade do aparelho ps quico vai ocorrendo em fun o da din mica prazer desprazer e de uma rela o com o objeto desejado e com seus atributos V rias s o as men es m e feitas por Freud a este primeiro objeto de desejo Suponhamos por exemplo para pegar o caso do lactente que a imagem desejada seja a do peito materno com o mamilo visto de frente por m a primeira percep o real obtida do dito objeto tenha sido uma vis o lateral sem o mamilo
73. aterno antecipa o sujeito atrav s da atividade linguageira O Outro primordial quem d os significantes ao beb Fisga o pequenino antes mesmo de sua exist ncia real e o insere em um lugar simb lico d lhe exist ncia e corpo Dessa maneira a imagem corporal da crian a vai sendo sobredeterminada pelo olhar voz do Outro pelos investimentos ps quicos do Outro primordial De forma antecipat ria a crian a ganha pela primeira vez uma imagem unificada pelo Outro uma Ur bild A antecipa o subjetiva realizada pelo Outro primordial O imagin rio a condi o de representa o o que d consist ncia ao projeto filho atribuindo lhe sentidos O Outro o lugar em que se situa a cadeia do significante que comanda tudo que vai poder presentificar se do sujeito Uma fala inaugural que antecipa o futuro abre a cadeia significante amarra a crian a numa rede familiar com s mbolos paternos e maternos incluindo esse filho numa linhagem numa cultura LACAN 1988 p 198 A anterioridade do Outro um fator constituinte para o sujeito Se o pegamos em seu nascimento no campo do Outro a caracter stica do sujeito do inconsciente de estar sob o significante que desenvolve suas redes suas cadeias e sua hist ria num lugar indeterminado LACAN 1988 p 198 O que ent o determina que o humano possa ter um filho certamente o desejo Para a psican lise desejo um conceito privilegiado porque ele fundament
74. brasileiras e a seus filhos durante a gesta o o parto e o p s parto Outro desafio para a redu o da mortalidade materna o acesso aos hospitais no momento do parto e a qualidade da interven o O percentual de bitos evit veis por causas obst tricas diretas ecl mpsia hemorragias aborto infec o puerperal embolia pulmonar p s ces ria foi detectado em torno de 60 e o de causas obst tricas indiretas aproximadamente 39 1 segundo dados do IBGE do ano de 2000 No que se refere ao programa de sa de da mulher da crian a e do adolescente PAISMCA o M S vem se preocupando de forma significativa criando medidas que intitula como humaniza o da assist ncia Essas medidas entre outras coisas privilegiam a aten o obst trica O PAISMCA tem como base sustentadora a rede b sica de sa de sa de coletiva sem entretanto deixar de priorizar o atendimento hospitalar Sua filosofia o atendimento integrado interdisciplinar e preventivo no qual o humano possa ser trabalhado com respeito e dignidade Prioriza a mulher porque cr que uma mulher sem sa de sinal de um mundo doente O Programa da Mulher dentro do PAISMCA visa oferecer mulher condi es b sicas de sa de como tamb m criar oportunidades de coloc la como agente na cena ou seja orient la quanto aos seus direitos em rela o ao planejamento familiar ao pr natal parto e puerp rio ao preventivo ginecol gico e de mama ao
75. bre o pequeno inocente que sofre as consequ ncias da sexualidade como algo que o fragmenta Diremos que ele o apresenta como aquele que ignora os caminhos de sua humaniza o Que seja a puls o a puls o parcial que ent o o oriente que s a puls o parcial seja o representante no psiquismo das consequ ncias da sexualidade a est o signo de que a sexualidade se representa no psiquismo por uma rela o do sujeito que se deduz de outra coisa que n o da sexualidade mesma A sexualidade se instaura no campo do sujeito por uma via que a da falta LACAN 1988 p 194 A vida humana a vida ps quica em sua ess ncia sexual Freud denomina de Puls o de vida libido energia sexual Eros vertente da puls o que possibilita as liga es os v nculos Sobre a libido Lacan nos diz que A libido o rg o essencial para se compreender a natureza da puls o Esse rg o irreal Irreal n o de modo algum imagin rio O irreal se define por se articular ao real de modo que nos escapa e justamente o que exige que sua representa o seja m tica como a fazemos Mas por ser irreal isso n o impede um rg o de se encarnar LACAN 1988 p 195 80 A puls o parcial porque nem tudo da puls o libido sexual H uma parte que chamada de puls o de morte Esta vertente da puls o tem uma condi o desagregadora Mas o natural instinto agressivo do homem a hostilidade de cada um contr
76. complexo de Edipo O pai o pai simb lico E isto o pai uma met fora A fun o do pai no complexo de Edipo ser um significante que substitui o primeiro significante introduzido na simboliza o o significante materno 1999 p 180 A passagem do segundo tempo para o terceiro tempo do dipo determinada pela submiss o da crian a lei do pai e pelo reconhecimento de que ela n o e n o tem o falo mas o deseja e o procura junto ao pai O pai apontado pela m e como o que porta o falo o pai real encarnado O pai do terceiro tempo do dipo o pai real o potente A crian a nesse tempo dirige se ao pai e se introduz na dial tica do ter ou n o ter o falo e no jogo das identifica es com o Ideal do eu O agente da castra o simb lica o pai real o sujeito investido pelo significante do pai aquele que ocupa o lugar de deposit rio do desejo da m e Este o momento de posicionamento sexual para a crian a 106 O complexo de dipo al m da estrutura moral e das rela es com a realidade tem fun o normativa principalmente quanto assun o do sexo Assim atrav s do dipo o homem assume o tipo viril e a mulher um certo tipo feminino e se identifica como mulher com suas fun es femininas A virilidade e a feminiza o s o essencialmente a fun o do dipo LACAN 1995 p 171 O terceiro tempo do dipo se destina ao encontro da solu o para o problema da sexua o N o
77. consequentemente uma rela o de gozo bom esclarecer que permanecer prolongadamente objeto do gozo tem implica es danosas na constitui o ps quica de um beb V rias ser o as buscas realizadas a fim de encontrar o objeto perdido Dessa forma haver o desencadeamento de uma impuls o ps quica que vai em dire o a esse objeto reinvestindo o Tal movimento se chama desejo e instaura um circuito o circuito pulsional O trajeto da satisfa o da puls o realizado em forma de circuito que se fecharia no ponto de partida por isso trata se de ir ao encontro do objeto que a criou O circuito melhor imagin vel se pensarmos num movimento em elipse Temos a marca da presen a de uma aus ncia a falta real do objeto simb lico que produziria a satisfa o Uma parte da m e estranha Freud 1895 a chama de a coisa das Ding Essa parte estranha a que revela o desejo de morte da m e quebra a ilus o da m e puro amor a descoberta de que ela n o d s prazer oferta tamb m o desprazer Da coisa Unheimliche tentamos escapar porque ela revela a puls o de morte que inconscientemente a m e transmite A quest o da fun o e do lugar da m e est em Freud estruturada em rela o a esse primeiro objeto de satisfa o A constitui o ps quica n o poss vel sem a rejei o do primeiro objeto de amor porque rejeitado como objeto de amor ele se torna objeto causa de desejo Voltaremos a
78. da mulher e da crian a e minimizar os ndices de mortalidade materna neonatal e infantil Para a conquista deste t tulo os hospitais precisam cumprir dez passos determinados cujo foco fundamental o aleitamento visando sa de da mulher e da crian a e o v nculo m e beb Estes passos compreendem normas e regras como por exemplo um n mero m nimo de consultas pr natal o incentivo amamenta o exclusiva at seis meses e continuada at dois anos a mais entre outros Os hospitais e a rede b sica de sa de precisam obedecer a crit rios como colocar o beb ao seio nos primeiros 30 minutos ap s o nascimento desconsiderar o uso de 33 chupetas ou mamadeiras oferecer o planejamento familiar e o atendimento de puericultura etc O alto ndice de mortalidade materna no nosso pa s levou instala o em abril de 2000 de uma CPI Comiss o Parlamentar de Inqu rito na C mara dos Deputados Federais para apurar suas causas Entre as causas apuradas encontra se a aus ncia de atendimento integrado pr natal parto O Minist rio da Sa de vem apresentando uma s rie de normatiza es que servem de refer ncia a alguns programas e projetos implementados para a redu o da mortalidade materna e neonatal O SUS Sistema nico de Sa de por meio da Coordena o do Programa da Mulher implantou importantes programas como os de apoio aos sistemas estaduais de refer ncia hospitalar para atendimento a gestantes de alto risco a
79. da prote o de um pai FREUD 1997 p 19 Com Freud muito caminhamos para o entendimento de que ser m e e ter um filho s o processos que est o relacionados atividade ps quica inconsciente Entretanto ainda permanecemos ap s tantos anos precisando fazer valer a puls o sobre o instinto no campo da sa de materno infantil Com Lacan a partir de sua releitura de Freud caminhamos mais e passamos a ter maior clareza da 70 perspectiva freudiana V rios foram os acr scimos de Lacan ao entendimento do complexo de Nebenmensch e da fun o paterna Neste pr ximo cap tulo tentaremos esclarecer o quanto o Outro primordial de Lacan desde 1936 comporta e ao mesmo tempo traz diferen as ao Nebenmensch por estar vinculado ao campo da linguagem como seu representante portando a condi o da alteridade 4 A M E EM LACAN O OUTRO PRIMORDIAL o que se deve fazer como homem ou como mulher o ser humano tem sempre que aprender pe a por pe a do Outro LACAN 1988 p 195 Para Lacan 1964 por estar o sujeito submetido ao campo da linguagem todo seu percurso desde o nascimento at a morte estar vinculado a uma ordem a uma cadeia de significantes oriunda daquele que ir representar o campo do simb lico na cadeia na rela o de um significante com outro nesse deslizamento que haver possibilidades de sentidos vari veis e ou pontos de fixa o de sentido S o marcas inscri es simb licas ef
80. de 09 12 97 BUSNEL Marie Claire org A linguagem dos beb s sabemos escut los S o Paulo Editora Escuta 1997 CARNEIRO MARIA ANITA Aulas do curso de Mestrado em Psican lise Sa de e Sociedade Rio de Janeiro UVA 2006 CANGUILHEM Georges O Normal e o Patol gico Rio de Janeiro Editora Forense Universit ria 1982 CHATEL Marie Magdeleine O mal estar na procria o as mulheres e a medicina da reprodu o Rio de Janeiro Campo Mat mico 1995 144 p Classifica o Diagn stica O 3 de zero a tr s anos Classifica o Diagn stica de Sa de Mental e Transtornos do Desenvolvimento do Beb e da Crian a Pequena Porto Alegre Artmed 1997 124 p CORIAT Elsa Psican lise e cl nica de beb s Porto Alegre Artes e Of cios 1997 310 p CORIAY Hayd e MACIEL Fernando transcri o Crian a Sujeito na equipe interdisciplinar ciclo de confer ncias In Cadernos do NINAR N cleo de Estudos Psicanal ticos NINAR Recife 2004 n 1 p 13 69 CRUGLAK Clara Cl nica da Identifica o Rio de Janeiro Companhia de Freud 2001 154 p O Corpo do Outro e a Crian a Escola Letra Freudiana Editora o eletr nica Rio de Janeiro Ano XXIII n 33 2004 ELIA Luciano O conceito de sujeito Segunda edi o Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 2007 FOUCAULT Michel O nascimento da cl nica Rio de Janeiro Forense Universit ria 1998 O nascimento da medicina social In Microf
81. de desconhecimento amor e agressividade O simb lico como j vimos relatando o campo do Outro fundamentalmente importante para a humanidade ele que nos diferencia de qualquer outro animal pois porta os signos e significantes a l ngua condi o de acesso fala 74 Somos seres do simb lico afetados pelos significantes do campo do Outro e em fun o disso Lacan se reportou a Freud quando este dizia que h um pensamento que inconsciente advindo desse campo restos mn nicos Por sua vez Lacan 1964 mostrou que tal pensamento inconsciente corresponde ao encadeamento dos significantes que recebemos muito antes de termos consci ncia de que existimos Isso quer dizer que h uma representa o mental inconsciente que desconhecemos e que representativa da puls o energia que movimenta o aparelho ps quico e que vem do campo do Outro Apenas portamos o tra o o tra o un rio dessa inscri o significante que mais adiante veremos estar referido voz e ao olhar do Outro o tra o do objeto perdido O tra o que nos humaniza O objeto perdido ent o relativo voz e ao olhar do Outro Logo pensamos porque estamos sob o vigor do campo pulsional do Outro Freud 1895 afirma que uma puls o n o pode passar a ser objeto da consci ncia a n o ser por uma representa o Essa representa o Vorstellung s se alcan a por meio do seu representante Vorstelhungsreprasentanz o representan
82. de requer uma leitura do v nculo materno infantil A falta da lei paterna deixa o filho merc do gozo materno o que se observa frequentemente nas psicoses pela via da constru o de um sintoma a n o mais de um sintoma org nico mas de um sintoma como forma o do inconsciente que o sujeito consegue a separa o desse gozo De acordo com Freud 1930 o supereu uma voz e um olhar interiorizados que censuram e criticam Como j foi dito a m e primeiro objeto de amor convoca e provoca o beb com seu supereu de gozo passional O supereu ao mesmo tempo jubilat rio e proibidor isto comanda o gozo mas tamb m limita o desejo Enquanto herdeiro do complexo de dipo portanto submetido Lei da castra o a sedimenta o do interdito parental que pro be frustra e enuncia nega es O supereu por estar vinculado a duas leis possui um mandato 67 contradit rio d duas ordens contr rias simultaneamente goze e prive se Ele a fonte do sentimento inconsciente de culpa Para Freud a fun o do supereu a de comparar o Eu Real com o Ideal de Eu Da prov m o sentimento de culpa pois o Eu Real est aqu m do Eu Ideal O Eu Ideal chamado por Freud de sepereu arcaico e cruel bem anterior ao supereu edipiano e n o transmitido pela educa o obscuro e poderoso Est associado ao sentimento de culpa advindo do desejo hostil dirigido ao objeto amado Ele imperativo um impe
83. de sa de organiza o da institui o de modo a criar um ambiente acolhedor e ado o de condutas hospitalares que rompam com o tradicional isolamento imposto mulher BRASIL Portaria n 569 GM 2000 O PNHPN o resultado de v rias iniciativas Em 1990 o Brasil foi um dos pa ses participantes de um encontro realizado em Floren a na It lia Spedale degli 31 Innocenti promovido pela Organiza o Mundial da Sa de OMS e o Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia UNICEF buscando mecanismos e a es que pudessem ser desenvolvidos para prote o promo o e apoio ao aleitamento materno Nesta poca foi produzido e adotado pelos participantes do encontro Aleitamento Materno na D cada de 90 Uma Iniciativa Global um conjunto de metas chamado Declara o de Innocenti resgatando o direito da mulher de aprender e praticar a amamenta o com sucesso Tamb m se enfatizava a recomenda o do aleitamento materno exclusivo at os seis meses de idade e se poss vel com outros alimentos at os dois anos o que vem sendo adotado pelo Minist rio da Sa de com o apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria Nesse encontro foi idealizado a Iniciativa Hospital Amigo da Crian a com finalidade de apoiar proteger e promover o aleitamento materno que consiste na mobiliza o de profissionais de sa de e funcion rios de hospitais e maternidades para mudan as em rotinas e condutas visando prevenir o desmame precoce Ao conjunto de
84. destaque Atualmente muito se tem pesquisado nesse campo In meras disserta es e teses de mestrado e doutorado t m sido defendidas e contribuem para a ado o de novas medidas em rela o sa de da mulher Neste cap tulo priorizaremos os rumos que a sa de p blica vem tomando no Brasil no que se refere sa de da mulher importante reconhecer que muitas a es de sa de v m sendo operacionalizadas ap s a cria o do Sistema nica de Sa de SUS no intuito de contribuir para a identifica o de prioridades para as pol ticas p blicas de sa de no nosso pa s principalmente no que tange mortalidade feminina 2 3 PROGRAMAS PARA A MATERNIDADE O s c XX trouxe grandes mudan as para a civiliza o principalmente ap s as primeira e segunda guerras mundiais A funda o em 1945 da ONU Organiza o das Na es Unidas que tem como principal objetivo a preserva o dos direitos humanos institucionaliza um modo de pensar as pessoas de forma mais igualit ria Especificamente no tocante mulher mudan as fundamentais em seu papel e em sua fun o na sociedade ocorreram nesse s culo Transforma es significativas no mundo inteiro foram sendo progressivamente observadas tal como a sua maior inser o no mercado de trabalho antes destinado apenas ao setor masculino A mulher saiu de uma posi o de grande submiss o e passou a ter direitos garantidos por lei 2 3 1 As a es governamentais em prol da
85. e n o mais cuidadora de uma boneca mas de um filho Havia sinal de 66 que esse beb n o estava referido posi o ed pica em que o referencial ao pai ele estava ocupando um lugar que o sujeito ocupara antes na rela o prim ria com a m e preciso sair da posi o passiva frente lei materna superego materno e ambiguidade sexual para entrar no complexo de dipo ou melhor para que a lei paterna resultante do processo edipiano tenha vigor e o sujeito possa assumir uma identidade sexual A sim ele poder desejar um filho O superego materno perverso faz do filho seu objeto de gozo O sujeito precisa deixar de se identificar imagem f lica da m e A crian a deve necessariamente separar se da m e para ganhar vida ps quica Ela precisa n o completar a m e O falo precisa passar do imagin rio para o simb lico O falo simb lico pressup e a opera o de castra o ou seja uma m e renunciando ao filho enquanto objeto de sua fantasia A crian a investida como falo materno est no lugar de Ideal de Eu Todavia para se constituir enquanto um sujeito n o deve permanecer nesse lugar Na pervers o polim rfica da inf ncia o sujeito se faz instrumento do gozo da m e Nem sempre pela via do dipo que essa separa o da m e ocorre Frequentemente pela via do sintoma Uma crian a pode desencadear um sintoma org nico como apelo separa o Por isso a doen a em crian as de tenra ida
86. e Juiz de Fora Programa de P s gradua o CESJF Juiz de Fora v 1 n 1 1998 p 97 108 2001 PORGE Erik Freud Fliess mito e quimera da auto an lise Rio de Janeiro J Zahar 1998 QUINNET Antonio A Descoberta do Inconsciente Do desejo ao sintoma Rio de Janeiro J Zahar 2008 SHORE Rima Repensando o c rebro Porto Alegre Ed Mercado Aberto Ltda 2000 160 p S FOCLES dipo Rei Rio de Janeiro Ediouro 1997 Ant gona Porto Alegre L amp PM Editores 1999 SOLER Colette O que Lacan dizia das mulheres Rio de Janeiro Jorge Zahar 2005 SOUL Michel CYRULNIK Boris A intelig ncia anterior palavra novos enfoques sobre o beb Porto Alegre Artmed 1999 SPITZ Ren O primeiro ano de vida um estudo psicanal tico do desenvolvimento normal e an malo das rela es objetais S o Paulo Martins Fontes 1979 SZEJER Myriam STEWART Richard Nove Meses na vida da mulher uma abordagem psicanal tica da gravidez e do nascimento S o Paulo Casa do Psic logo 1997 TONUCCI Francesco Com olhos de crian a Porto Alegre Artes M dicas 1997 VER SSIMO Luiz Jos O Banquete Plat o Estudo do Professor Luiz Jos Ver ssimo Material did tico para os cursos da Universidade Veiga de Almeida Rio de Janeiro 2007 VORCARO ngela M R A crian a na cl nica psicanal tica Rio de Janeiro Companhia de Freud 2004 196 p 126 WANDERLEY Daniele de Brito org Palavras
87. e a criara No percurso da an lise esta paciente contou que se casou ap s a morte de seu pai com um homem que n o amava mas que era admirado por aquele Essa atitude inconscientemente retificaria a rela o dif cil que tivera com seu pai Na 45 poca sua m e ent o vi va foi morar com ela Em sua primeira gravidez teve in meras amea as de aborto precisando fazer repouso absoluto para sustent la e conseguir chegar ao fim do processo gestacional Dessa gravidez nasceu uma menina que logo ficou aos cuidados da av A av a quem a neta chamava de m e tomou para si toda a fun o materna Na inf ncia a menina veio a apresentar s rias complica es em seu desenvolvimento sendo acometida de terrores noturnos frequentes Por quatorze anos essa menina foi medicada e acompanhada por uma equipe de profissionais acabando por ser conduzida a uma terapia Ap s a morte da m e av a menina que j estava em idade escolar deparou se realmente com sua verdadeira m e A o caos entre as duas se estabeleceu e essa filha ainda adolescente num momento de instabilidade ps quica da m e internou a em um hospital psiqui trico com a ajuda de um diagn stico fenomenol gico da medicina e de uma amiga de sua m e Dali em diante a louca m e passa a temer a persecut ria filha e a desejar lhe o mesmo destino uma interna o Essa rela o avassaladora entre m e e filha Freud a cita em seus textos sobre
88. e articula significante e corpo O corpo n o biol gico como j vimos na primeira parte uma constru o que implica uma imagem totalizante i a na composi o do qual o Outro como olhar tem um lugar fundamental LACAN apud LAZNIK 2004 p 59 Como se percebe estamos dizendo que a presen a do Outro primordial fundamental por m preciso deixar claro que ele um assegurador e n o um determinador pois existe uma escolha a ser feita pelo sujeito que est por advir 4 2 O DESEJO DA M E Lacan no Sem 5 As Forma es do Inconsciente fala do beb como totalmente assujeitado ao capricho daquele de quem depende mesmo que esse capricho seja um capricho articulado 1999 p 195 O beb humano ao nascer mesmo nascido a termo prematuro para a vida Precisa ser acolhido retirado do puro org nico do real para n o morrer Para o ser falante n o bastam apenas cuidados f sicos N o raro nos depararmos com situa es em que ao nascer beb s n o encontrem um ber o simb lico n o sejam amparados por palavras nomea o por uma trama tecida por familiares S o beb s que n o possuem ber o ou que recebem um ber o duro frio an nimo Muitos beb s 83 nascidos em ber os t o pouco aconchegantes adoecem e por vezes desistem da vida ou permanecem nela com respostas vegetativas sem uma vida ps quica significativa E vida humana vida ps quica cadeia significante O agente m
89. e normalizam a sexualidade do sujeito e o que possibilita a sua inser o nos ideais sociais viris e femininos de uma poca Mas tal percurso n o se processa sem dor Informa o fornecida pelo professor e doutor Ant nio Quinet durante aula ministrada no curso de p s gradua o na Universidade Veiga de Almeida no Rio de Janeiro em novembro de 2006 20 Z Se para muitos a sociedade a causa do sofrimento humano para Freud ela condi o do sujeito Com Lacan podemos entender que o Outro materno fundamental para a constitui o do sujeito Desta forma sendo a m e o maior representante do campo da linguagem podemos afirmar com a psican lise que n o h sujeito sem cultura Na psican lise o bin mio sa de e doen a s o conceitos inapropriados O humano para estar dentro da cultura porta sofrimento Grande parte da vida o sujeito passa evitando esse sofrimento fugindo do desprazer e com isso deixando o prazer para segundo plano apesar de tentar encontrar um meio de obter a satisfa o irrestrita para sua vida Freud mostra no texto O mal estar na civiliza o que isto significa estar a servi o do gozo Uma satisfa o irrestrita de todas as necessidades apresenta se nos como o m todo mais tentador de conduzir nossas vidas isso por m significa colocar o gozo antes da cautela acarretando logo o seu pr prio castigo 1997 p 25 Afirma que contra os sofrimentos causados pelos relacion
90. e tanto quanto poss vel sem excita o 1895 p 636 H a partir da um registro uma marca mn mica desse encontro As marcas ou tra os mn micos impressos por essa experi ncia de satisfa o e por outras criam um trilhamento um caminho facilitador por onde tender a escoar a quantidade de tens o ou excita o do aparelho Freud chama essa tend ncia descarga da tens o de princ pio de prazer desprazer Uma corrente deste tipo no aparelho ps quico come ando do desprazer e visando ao prazer foi por n s denominado de DESEJO e afirmamos que somente um desejo capaz de colocar o aparelho em movimento e que o curso da excita o nele automaticamente regulado por sentimentos de prazer e desprazer FREUD 1981 235 Quando por m a primeira experi ncia marcada pela impossibilidade de al vio da tens o estaremos diante de impasses nos caminhos da constitui o do sujeito Em entrevistas m e de uma crian a de dezoito meses fica claro o quanto de desprazer e tens o cercou os primeiros cuidados dessa m e destinados ao seu beb A hora da alimenta o era sempre um encontro torturante entre m e e filho durante a ingesta alimentar a crian a era contida e o alimento introduzido de forma invasiva numa luta que esgotava a ambos A ang stia dominava a rela o entre eles A inscri o mn mica origin ria do al vio de tens o pela 51 oralidade ficou impregnada de vest gios desprazero
91. e ter o que n o podemos ter para nos saciar porta o falo No texto A significa o do falo Lacan revisitanto Freud reafirma em ambos os sexos a m e mais primordialmente considerada como provida do falo como m e f lica Freud apud Lacan 1998 p 693 Nesse tempo a m e precisa ser a causa de seu desejo emprestar lhe essa ilus o amament lo em sua demanda Ela uma imagem f lica que na verdade n o existe que ser sempre buscada porque foi uma ilus o A rigor a m e f lica uma constru o do beb Isto porque para as crian as de ambos os sexos como j dissemos ela o primeiro objeto de amor Em contrapartida o primeiro objeto de identifica o o pai conforme nos mostra Freud em 1921 A primeira identifica o da crian a ao pai que se gostaria de ser O que pressup e uma m e referida ao falo O beb falicizado se identifica aos tra os inconscientes da m e A primeira identifica o ao tra o do pai que a m e porta pois o filho psiquicamente aquilo que sobrou como representante de sua opera o ps quica sexual junto ao seu pai quando menina No texto Totem e Tabu 1912 3 pode se fazer uma leitura dessa primeira identifica o ao pai Nele 60 encontramos a base do processo humanizador a entrada na civiliza o a culpa tot mica o primeiro estado de direito Esse texto constru o cient fica de Freud refere se autoridade paterna O pai gozador aquele que t
92. e tornar se m e A rela o m e filha geralmente catastr fica pois ela esperava mais de sua m e Freud defende que o nascimento de um filho ou uma filha pode reativar antigas for as relativas viv ncia da castra o e a agressividade pode acompanhar os momentos do pr natal do parto e do puerp rio 64 3 4 A M E COMO OBJETO DE IDENTIFICA O E COMO FIGURA DE SUPEREU A maternidade conforme esclarece Freud pode reanimar uma identifica o com a m e contra a qual muitas vezes a mulher se defendeu A identifica o da mulher com sua m e mostra dois estados um anterior ao complexo de Edipo que repousa sobre a vincula o amorosa m e e gue a toma como modelo outro posterior baseado no complexo de Edipo que quer afastar a m e e substitu la ao lado do pai FREUD 1981 p 3177 Nenhum desses dois estados totalmente abandonado Freud afirma que para os destinos da mulher a primeira identifica o amorosa a mais decisiva nesta primeir ssima rela o de amor em como foi cuidada e recolhida do desamparo primordial ao qual Freud 1895 se refere em seu texto Projeto de uma psicologia para neurologistas que a mulher m e identificada inconscientemente com sua pr pria m e poder ou n o acolher seu beb O momento do nascimento de um filho reativa psiquicamente viv ncias muitas vezes imposs veis de serem lembradas As marcas deste encontro com sua pr pria m e quando de seu nasci
93. eiro Jorge Zahar 1998 Outros Escritos Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008 Os Complexos familiares Rio de Janeiro Zahar 1987 Nomes Do Pai Rio de janeiro Jorge Zahar Ed 2005 O Semin rio livro 3 as psicoses 1955 56 Rio de Janeiro Zahar 1985 Nota sobre a crian a 1969 In Outros Escritos Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008 O Semin rio livro 4 a rela o de objeto 1956 57 Rio de Janeiro Zahar 1995 O Semin rio livro 5 as forma es do inconsciente 1957 1958 Rio de Janeiro J Zahar 1999 O Semin rio livro 7 a tica da psican lise 1959 1960 Rio de Janeiro J Zahar 1995 124 Ang stia Semin rio 1962 1963 Recife Centro de Estudos Freudianos do Recife 2000 380 p O Semin rio livro 11 os quatro conceitos fundamentais da psican lise 1964 Rio de Janeiro J Zahar 1988 O Semin rio livro 17 o avesso da psican lise 1969 1970 Rio de Janeiro J Zahar 1992 LAURENT Paul O olhar e a voz li es psicanal ticas sobre o olhar e a voz fundamentos da cl nica teoria Rio de Janeiro Companhia de Freud 1999 208 p LAZNIK Marie Christine A voz da sereia o autismo e os impasses na constitui o do sujeito Salvador Agalma 2004 LE O Estela Maria MARINHO F tima Barbosa Sa de das mulheres no brasil In Revista Promo o da Sa de Bras lia ano 3 n 6 p 31 36 2002 LEBOVICI S Guedeney A Interven
94. eitos da m e S o tra os de gozo separados por seio fezes olhar e voz os quais Lacan 1970 designa de lal ngua lalangue Um significante entra na cadeia simb lica discursiva de um sujeito carregado de possibilidades de sentido Entretanto por estar na condi o de assujeitamento apenas alguns desses significantes marcar o de forma singular o pequenino beb M e por exemplo sem d vida alguma um significante impregnado pela cultura de sentidos imagin rios o que faz com que haja muito equ voco pois mesmo carregado de significados o que realmente impera o que cada sujeito traz impresso em seu corpo a partir da sua rela o com o seu Outro materno O inconsciente n o est aberto para todas as dire es Existe um automatismo de repeti o que insiste na cadeia N o h uma liberdade 71 total para o ser falante Os significantes que v m do campo do Outro marcam fazem trilhamentos O Outro o lugar do significante o tesouro do significante LACAN 1999 p 162 Sob esse campo do Outro que na ordem simb lica o meio no qual a crian a nasce imersa ocorre uma simboliza o primordial a primeira simboliza o Uma fala inaugural que antecipa o futuro abre a cadeia significante amarra a crian a numa rede familiar com s mbolos paternos e maternos incluindo esse filho numa linhagem numa cultura O beb humano precisa de um outro um outro que como representante do campo da linguagem possa oc
95. em torno do ber o Salvador Agalma 1997 WINNICOTT D W Textos selecionados da pediatria psican lise Rio de Janeiro F Alves 1993 WINSLOW Charles Edward Amory Encyclopedia of Public Health New York Ed Lester Breslow Gale Group Inc 2002
96. ento da gesta o ps quica assim como os tempos de instala o das fun es materna e paterna a partir dos processos de amamenta o e de desmame merecem cada vez mais uma especial aten o pois como vimos neste trabalho o sujeito n o se 117 engendra por si s Em conson ncia com a preocupa o dos programas de sa de que demonstram a necessidade de favorecer um melhor acolhimento m e e ao beb pensamos que a psican lise precisa se incluir como parceira a fim de que cada vez mais o sujeito do inconsciente se fa a respeitar Achamos que a psican lise pode contribuir para que n o mais se afirme com tanta convic o que o beb s precisa do leite materno para crescer forte e feliz No ato de mamar o beb n o est s recebendo leite materno o que sem d vida muito importante Ele est introjetando incorporando o alimento b sico para a sua condi o de advir enquanto sujeito da linguagem os significantes para a constitui o ps quica a voz e o olhar al m do toque do cheiro com as varia es e intensidade singulares de cada encontro m e beb A amamenta o sem d vida alguma um dos mais importantes facilitadores ps quicos para o estabelecimento do circuito da puls o Gra as a isto poss vel considerar a constitui o ps quica daqueles beb s que n o podem ser amamentados ao peito por diversos motivos tais como a intoler ncia a alguma subst ncia do leite por se encontrarem tem
97. er Ele era seu objeto escudo de prote o Perguntamo nos como deve ter sido a rela o prim ria desta jovem com sua pr pria m e Imposs vel calcular quanta hostilidade pode ter sido vivenciada em sua experi ncia pr ed pica com o objeto materno para que no momento em que essa mo a teve a possibilidade de tornar se m e pela primeira vez isso fracassasse e seu beb passasse a ser usado como anteparo agressividade do outro Este caso o reverso do t o declarado e importante lugar que a crian a deve vir a ocupar no contexto familiar Em Introducci n al narcisismo Freud assegura que para as fun es materna e paterna se estabelecerem preciso que o beb venha a ocupar o centro e o n dulo da cria o His Majesty the Baby como um dia estimamos ter sido FREUD 1981 p 2007 O ponto mais espinhoso do sistema narcisista a imortalidade do Eu t o duramente negada pela realidade conquista sua afirma o refugiando se na crian a O amor parental t o comovente e t o infantil no fundo n o mais que uma ressurrei o do narcisismo dos pais que revela evidentemente sua antiga natureza nesta sua transforma o no amor objetal FREUD 1981 p 2027 Para a crian a n o h nada mais necess rio ao desenvolvimento de seu psiquismo do que pais assumindo suas fun es Pais que sirvam de matriz de seguran a e prote o N o consigo pensar em nenhuma necessidade da inf ncia t o intensa quanto
98. erno auxilia nessa montagem quando intima o beb a ser seu filho por seu discurso envolvente fazendo o deixar para tr s e para sempre a necessidade Lacan ainda nesse mesmo semin rio fala da circularidade da puls o e de como se estabelece este circuito Freud nos apresenta como assentado que parte alguma desse percurso pode ser separada de seu vaiv m de sua revers o fundamental do car ter circular do percurso da puls o E preciso bem distinguir a volta em circuito de uma puls o do que aparece mas tamb m por n o aparecer num terceiro tempo Isto o aparecimento de ein neues Subjekt que preciso entender assim n o que ali j houvesse um a saber o sujeito da puls o mas que novo ver aparecer um sujeito Esse sujeito que propriamente o outro aparece no que a puls o p de fechar seu curso circular E somente com sua apari o no n vel do outro que pode ser realizado o que da fun o da puls o LACAN 1988 p 168 169 82 Sob o universo desejante do Outro sob seu narcisismo instala se um circuito um caminho um percurso por onde percorrer o sujeito Para o rec m nascido o Outro primordial em vig ncia estabelece de forma inconsciente o destino aloca o em um lugar na cadeia significante familiar e o marca com inscri es simb licas singulares Segundo Laznik 2004 Em Lacan a puls o n o mais um conceito lim trofe entre o biol gico e o ps quico por m um conceito qu
99. es decep es que tudo a partir de que ele aborda sua experi ncia a seu vivido se ordena se articula assume seu sentido e pode ser analisado LACAN 1995 p 102 96 N o d para negar que de suma import ncia o papel da m e na constitui o subjetiva da crian a Tamb m n o poss vel deixar de reconhecer que principalmente na fam lia atual este papel vem sofrendo in meras transforma es como nos diz o psicanalista Fulvio Marone 2006 Vemos com Lacan que a quest o psicanal tica da m e para o adivir do sujeito tem a primordial tarefa de perpassar uma linha l gica de funcionamento que ocorre da seguinte maneira a m e oferta sua aus ncia real inicialmente com o complexo do desmame depois durante o est dio do espelho opera o ps quica fundamental para a assun o da imagem unificada do Eu ela o suporte do que falta na imagem isto quem assegura a imagem especular da crian a garantindo lhe e certificando lhe aquilo de que ela n o tem condi o de se apropriar sozinha O percurso termina com a f rmula da met fora paterna na qual a instaura o do Nome do Pai determinante para que o desejo da m e caia sob a barra do recalque Na li o de 19 de mar o de 1974 Lacan ressalta que mesmo uma m e sozinha pode garantir uma met fora paterna quando substitui o significante Nome do Pai por uma nomea o para Entretanto o n o da alteridade paterna transformado em uma lei demasiada
100. es psicoter picas pais beb s Porto Alegre Artes M dicas Sul 1999 LESSANHA Marie Magdeleine Entre m re et fille um ravage Paris Ed Pauvert 2000 MARCUSE Herbert Eros e Civiliza o Uma Interpreta o Filos fica do Pensamento de Freud Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1999 MARONE Fulvio De m re en pire Publication de L cole de psychanalyse des foruns du champ lacanien Paris nov n 4 p 31 39 2006 MATHELIN Catherine O sorriso da Gioconda cl nica psicanal tica com os beb s prematuros Rio de Janeiro Companhia de Freud 1999 160 p MOREL Genevi ve La loi de la m re Essai sur le sinthome sexuel Paris Ed Economica 2008 PAIM Jairnilson Silva Desafios para Sa de Coletiva no S culo XXI Salvador UDUFBA 2005 Pol tica e Reforma Sanit ria Salvador ISC 2002 PESSANHA Jos Plat o as v rias faces do amor In CARDOSO S rgio et ali Os sentidos da paix o S o Paulo Companhia das Letras 1987 PESSOA Fernando Poemas de amor de Fernando Pessoa org Alexei Bueno Rio de Janeiro Ediouro 1998 125 POLLO Vera Mulheres hist ricas Rio de Janeiro Contra Capa Livraria 2008 160 p O corpo entre a psican lise e a ci ncia In Stylus revista de psican lise Associa o F runs do Campo Lacaniano AFCL Rio de Janeiro n 8 p 84 96 abr 2004 O dipo freudiano em Lacan mito e estrutura In Verbo de Minas revista de cultura Centro de Ensino Superior d
101. esordenados significa portanto uma economia consider vel 1981 p 241 53 Expliquemos melhor como se processa a passagem do ser da necessidade para o ser do desejo e da demanda O objeto da puls o o objeto perdido para sempre desde a primeira experi ncia de satisfa o E como isso se d Depois da primeira satisfa o de tens o apaziguada pela m e primordialmente com seio voz e prazer o beb reter um tra o uma marca dessa experi ncia A partir da quando por exemplo o beb tiver fome ele ir ativar o tra o mn mico dessa experi ncia Assim a fome n o est vinculada necessidade Ela que ir produzir a mem ria do objeto que o satisfez pela primeira vez Tal tra o sempre evocado depois que a experi ncia de satisfa o ocorreu e s evocado como objeto perdido A ativa o da marca mn mica dessa representa o na mem ria produz uma satisfa o moment nea alucinat ria como se faz nos sonhos O beb vai buscar na lembran a a representa o mn mica do primeiro objeto prazeroso esse o prot tipo do pensamento portanto uma alucina o fundamental para a constru o do psiquismo Nesse momento o beb j capaz de ativar temporariamente o funcionamento do princ pio de prazer desprazer Entretanto a alucina o n o d conta de aliviar a tens o e ele chora demandando o objeto que outrora lhe trouxera prazer O que o beb alucina o objeto que saciaria toda a tens o Co
102. est es pois a pesquisa psicanal tica por tratar do ser falante intermin vel uma vez que o inconsciente inesgot vel Ao psicanalista na institui o cabe fazer valer o questionamento e o deixar falar Como produto final j que este mestrado tem o car ter de ser profissional elaboramos um programa de treinamento para os profissionais de sa de p blica com o objetivo de fazer a inclus o do sujeito do inconsciente nos programas de assist ncia sa de da mulher e da crian a priorizando o atendimento ao pr 12 natal Este material n o pretende ofertar respostas nem ser um material orientador do profissional mas ser um facilitador de releituras de suas pr ticas a partir da evid ncia do inconsciente 2 A SA DE P BLICA E SEUS PROGRAMAS PARA A MATERNIDADE Como por dentro outra pessoa Quem que o saber sonhar A alma de outrem outro universo Com que n o h comunica o poss vel Com que n o h verdadeiro entendimento Nada sabemos da alma Sen o da nossa As dos outros s o olhares S o gestos s o palavras Com a suposi o de qualquer semelhan a No fundo Fernando Pessoa 2 1 SA DE X DOEN A Quando pensamos em sa de e seu contraponto a doen a sempre importante n o esquecermos de situar a que campo de pesquisa estamos referidos conceitualmente O campo da medicina por exemplo conceitua a sa de e a doen a de forma emp rica reduzindo as ao plano fenom nico e
103. fa a uma reconstru o a partir do encontro com a falta real No inconsciente a sexualidade e a morte n o possuem registros que possam ser nomeados fazem parte do real S o dois campos indiz veis imposs veis de serem definidos A sexualidade al m de infantil intelectual pois imp e que se elaborem conceitos Dessa forma o encontro com a castra o materna com o que de feminino uma m e possa portar remete ao vazio aus ncia f lica ao trauma Este est associado ao real ao que n o tem significa o Lacan no Semin rio 4 a rela o de objeto assegura que a m e quem faz o papel do agente trata se de que a m e ensine progressivamente a crian a a submeter se s frustra es e ao mesmo tempo a perceber sob a forma de uma certa tens o inaugural a diferen a que existe entre a realidade e a ilus o Esta diferen a s pode se instalar pela via da desilus o quando de tempos em tempos a realidade n o coincide com a alucina o surgida do desejo 1995 p 230 Isso a fun o materna Ele posteriormente nos fala ainda que O princ pio de prazer n s o identificamos com uma certa rela o de objeto isto a rela o com o seio materno enquanto o princ pio de realidade foi identificado por n s ao fato de que a crian a deva aprender a dele se abster 1999 p 14 A frustra o a recusa do Dom de amor Nesse semin rio ele declara que a castra o s pode ser operacionali
104. filia o sistema cultural simb lico 12 tornando a filho A nomea o uma produ o de marcas Ela d corpo ps quico e pr exist ncia bem como faz la o social Para o processo de humaniza o fundamentalmente importante que se estabele am la os sociais o reconhecimento de que o beb faz parte de uma hist ria familiar e que dele se espera algo Desse jeito a crian a abandona seu estado de pura carne para atingir o estatuto de filho de algu m sai do anonimato de suma import ncia e de grande preocupa o merecendo uma escuta mais apurada gravidezes em finaliza o de processo cujos beb s ainda se encontram desprovidos de um nome Merece tamb m uma melhor escuta as gestantes que se encontram imersas em nega o nomeando o que gesta de mioma c ncer pedra etc Como se v a psican lise defende que para se alcan ar a constitui o de ser falante n o basta possuir um aparato org nico embora reconhe a sua grande relev ncia pois n o passa despercebido escuta dos analistas que altera es biol gicas podem influenciar a montagem da estrutura principalmente porque o sujeito a princ pio montado por antecipa o no campo do Outro Sobre essa relevante participa o do org nico temos como exemplo o relato de uma paciente que indagada sobre o que supunha estar prejudicando o desenvolvimento ps quico de seu filho responde que quando gr vida e esperan osa de um filho saud vel
105. ial e com as Secretarias Estaduais de Sa de com vistas adequa o da oferta de servi os de modo que se concentrem as quest es mais prementes e de maior preval ncia Apesar de comumente 27 denominado de Programa de Assist ncia Integral Sa de da Mulher a compreens o maior da proposta a de que as a es previstas fazem parte de um programa global de assist ncia prim ria sa de da popula o O conceito de assist ncia integral preconizado pelo M S envolve a oferta de a es globalmente dirigidas ao atendimento de todas as necessidades de sa de em que todo e qualquer contato que a mulher venha a ter com os servi os de sa de sejam utilizados em benef cio da promo o prote o e recupera o da sa de premissa b sica do SUS Nos anos 90 ap s terem sido implantados indicadores epidemiol gicos de sa de dados foram obtidos do SINASC SIM IBGE e do DATASUS e n o obstante a baixa notifica o pelo d ficit de investiga o de mortalidade materna em todo territ rio nacional o diagn stico da situa o da mulher brasileira continuou demonstrando que as causas de mortalidade e morbidade estavam correlacionadas a fatores al m dos tradicionais problemas de c ncer de colo de tero As mulheres ainda continuavam morrendo e adoecendo por complica es ocasionadas pela gravidez parto e puerp rio Contudo com a maior participa o das mulheres em entidades sociais e um aumento do acesso ao quadro de funcion
106. instintivo ou fisiol gico ele merece um cuidado diferencial N o podemos deixar de considerar a escuta da equipe e as interven es do trabalho do analista na institui o como de grande relev ncia para o sujeito constitu do e a se constituir Vejamos um exemplo de uma interven o que p de ser realizada numa institui o ao entrar na unidade para visita de rotina 41 maternidade a psicanalista deparou se com um tumulto em torno de um beb nascido h dois dias que estava aos gritos Perguntou sobre o que estava ocorrendo e a auxiliar de enfermagem disse que o beb que ainda n o tinha nome chorava muito n o conseguindo calar se A analista perguntou sobre a m e do beb e lhe respondem que ela havia fugido da maternidade deixando o Ao indagar sobre o nome dele responderam lhe que ele n o tina nome e que no cadastro de entrada da gestante na maternidade n o constava seu endere o Acreditavam que at mesmo o nome da m e fosse falso A analista perguntou equipe se esta achava que a falta do nome tinha alguma coisa a ver com sua inconsolabilidade Responderam que n o acreditavam naquilo mas que a falta da m e devia ser muito sofrida A analista apontou que aquela espec fica crian a n o estava sentindo a falta da m e porque s pode sentir a falta quem j teve a presen a Perguntaram lhe ent o que choro seria aquele E a analista questionou lhes sobre o que aquele choro causava aos membros da equipe
107. ionalidade apresentando sob as mais adversas circunst ncias suas manifesta es afian ando pela presen a do inconsciente A vinda de uma crian a n o programada ou a dificuldade em amamentar traduzem o desejo inconsciente 113 Querer determinar de forma ideol gica quantos filhos uma mulher deve ter presumir que haja maneiras de controlar a poca de uma mulher engravidar e a forma de ela n o abandonar seu beb ou ainda que a amamenta o possa ser exclusiva at o sexto m s de vida do beb continuar a participar da ing nua condi o de nega o do inconsciente t o claramente provada pela psican lise Afinal a quem servem todas essas elabora es t cnicas se n o forem facilitadoras da singularidade do sujeito Negar o inconsciente negar a vida humana Porque h o inconsciente o humano dentre todos os animais capaz de suportar e cuidar de sua cria por tempo t o extenso como tamb m de a abandonar ao nascer ou mesmo de a eliminar por desconhec la O lugar da m e constru do O desejo de filho apesar de parecer natural para o contexto feminino e tamb m o mais universal na verdade um processo complexo de desejos inconscientes relativos imortalidade e identifica o aos pais A partir dos textos freudianos observamos que o desejo de filho perpassa algumas vertentes al m da vertente ed pica do filho advindo do contexto incestuoso existe a n o edipiana O dipo apenas um lado da
108. irige se ao filho supondo o um sujeito e de forma transitivista responde do lugar de sujeito filho utilizando se para isto do manh s linguagem melodiosa pr pria de uma m e a seu filho Lal ngua segundo Lacan repleta de libido e significantes primordiais S Nesse ponto a mulher reencontra sua pr pria m e e a maneira como ela lhe transmitiu seus significantes sempre de forma inconsciente Tamb m nesse reencontro com sua m e ela reviver como esta administrou seus desejos de algo para al m do filho De forma sobredeterminada vai se construindo o v nculo m e beb A rela o de uma mulher com sua m e n o tranq ila Entre filha e a m e h uma dificuldade na identifica o pois n o apenas lhe falta o significante falo falta lhe tamb m o rg o que seria o propiciador de uma identifica o imagin ria O feminino algo que se imp em sem consist ncia l gica presen a do real do indiz vel A experi ncia da maternidade detonadora de fen menos estranhos acompanhados de transbordamentos de sensa es muitas vezes incontrol veis Algo acontece no real do corpo trata se do gozo feminino Freud 1926 designa o feminino como o continente negro e Lacan 1972 caracteriza como devastadora a rela o da menina com sua m e e declara ainda ser toda rela o entre uma m e e sua filha marcada por esta devasta o A palavra devasta o em franc s significa ravage que vem do verbo
109. is a crian a preenche o vazio materno ocupando o centro das afei es da m e o lugar do falo mais ela angustia a m e pois a falta da falta angustia A crian a objeto n o consegue alcan ar o lugar de sujeito de desejo Ela serve aos caprichos maternos Quanto menos dividida encontra se a m e para a crian a mais em risco est a constitui o ps quica desta S rios tamb m s o os casos de crian as que n o se encontram referidas posi o f lica S o crian as sintoma Um exemplo disso o caso de um beb que chegou a certa unidade de sa de com apenas 28 dias acompanhado de sua m e biol gica e da av materna que diziam ter vindo para cumprir uma etapa de seu calend rio vacinal A auxiliar de enfermagem notou que o beb estava com algum problema pois gemia em vez de chorar Ela ent o pediu que uma pediatra o avaliasse O beb tinha os dois f mures tr s costelas e o cr nio fraturados al m de rompimento de ba o Ao ser indagada sobre o que acontecera a m e relatou que a vizinha havia sentado sem querer sobre o beb Hoje esta m e se encontra detida o pai refugiado e o beb que conseguiu ser escutado em seu gemido pela equipe de sa de foi operado retirado da guarda dos pais e 69 colocado para ado o Trata se do filho de uma adolescente de 16 anos e de um rapaz que a espancava A jovem confessou Justi a que durante os momentos de espancamento ela o utilizava para se proteg
110. is de Sa de com integra o de todos os pa ses membro na eloquente busca do completo bem estar f sico ps quico e social A sa de p blica centra sua a o a partir da tica do Estado com os interesses que ele representa nas distintas formas de organiza o social e pol tica das popula es Na concep o mais tradicional a aplica o de conhecimentos m dicos ou n o com o objetivo de organizar sistemas e servi os de sa de atuar em fatores condicionantes e determinantes do processo sa de doen a controlando a incid ncia de doen as nas popula es atrav s de a es de vigil ncia e interven es governamentais A sa de p blica que tamb m tem a vertente da sa de coletiva organiza se atrav s de proposi es do Instituto de Sa de Coletiva que visa como objeto de investiga o s pr ticas em suas dimens es o estado de sa de da popula o ou as condi es de sa de de grupos populacionais espec ficos e as tend ncias gerais do ponto de vista epidemiol gico demogr fico s cio econ mico e cultural os servi os de sa de enquanto institui es de diferentes n veis de complexidade do posto de sa de ao hospital especializado abrangendo o estudo do processo de trabalho em sa de a formula o e implementa o de pol ticas de sa de bem como a avalia o de planos programas e tecnologia utilizados na aten o sa de o saber sobre a sa de incluindo investiga es hist ricas
111. iu que os analistas reconhecessem que a psican lise essencialmente aquilo que reintroduz na considera o cient fica o Nome do Pai PORGE 1998 p 50 Esclareceremos melhor esse processo para sermos sujeitos precisamos ser registrados nos tr s campos e que eles fa am um n Os registros real simb lico e imagin rio e a maneira como v o se nodular que determinar o a forma pela qual o sujeito se organizar como ser falante fazendo seus la os sociais No centro desse n numa regi o de interse o comum ao inconsciente e puls o encontramos a hi ncia cerne da puls o e a falta constituinte do inconsciente o lugar do objeto a Tentaremos de forma simples elucidar um pouco mais sobre esses registros O real o que da experi ncia de humaniza o de desnaturaliza o escapa ou seja o que ainda sobra da nossa natureza e a que por isso n o conseguimos dar nemhum sentido por exemplo o que nos faz ficar surpresos com certos atos que o humano mesmo dentro de uma cultura capaz de realizar muitas vezes contra sua vontade como ao nascer matar o pr prio beb que gestou Sobre o imagin rio podemos dizer que o registro do engodo e da imagem ou melhor aquele onde o Eu constitu do especularmente na rela o com o semelhante Comporta sempre uma rela o fixa entre dois elementos na rela o com o outro que encontramos implicada uma dimens o dual cujos efeitos s o
112. l onde a ci ncia m dica faz suas incurs es N o resta a menor d vida de que a assist ncia ao pr natal tem significativo valor para a sa de Por m para o psiquismo a condi o de reprodu o n o determinada apenas pelo material org nico que a mulher porta mas principalmente pelo discurso que a atravessa E por isso que mesmo um beb deixado ao abandono pela mulher que o gestou pode ter m e Tamb m verdade que uma mulher pode acolher como seu filho o beb n o gestado por ela N o incomum observarmos que mesmo em idade f rtil e ovulando algumas mulheres n o consigam engravidar apesar de realizarem v rias tentativas In meras s o tamb m as atuais buscas pelas fertiliza es in vitro por mulheres que fizeram a op o de serem m es abdicando de um parceiro sexual as conhecidas produ es independentes H aquelas que resolveram escolher como parceiro sexual um representante do mesmo sexo 44 buscando um banco de s men Mulheres que mostram em seus atos que a procria o mais que a uni o dos gametas trata se de uma quest o inconsciente Para Freud as inscri es simb licas do encontro ocorrido entre uma menina e seus pais marcam o sujeito A impot ncia simb lica impeditiva tanto quanto a real Muitas vezes para uma crian a deixada para ado o a marca ps quica do abandono quando n o simbolizada impedida de ter obtido um sentido dialetizador pode numa menina ser obst culo para
113. lavra n o o nomeia bem como uma m e que n o o encanta nem se deixa encantar precisam ser escutadas N o podemos pensar no beb sozinho mas na interface com o Outro O modelo m dico privilegia o beb do momento isso suprime a hist ria O modelo ps quico d nfase hist ria O beb est no apr s cu do desejo dos pais Ele nasce do encontro de pelo menos duas hist rias Precisa se mais do que de um homem e de uma mulher mas de um contexto para fazer nascer um beb N o h vida ps quica sem antecipa o A hist ria n o come a no nascimento mas na vida pr natal e mesmo anteriormente a esta Desde que somos concebidos h uma antecipa o Representa es imagin rias narc sicas representa es mentais acontecem na cabe a dos pais No texto Inibi o Sintoma e Ang stia Freud 1926 1925 assegura que a vida pr natal e p s natal tem mais coisa 19 mais continuidade do que o nascimento pode nos mostrar A din mica ps quica da gravidez importante para a acolhida do beb e a parentalidade Capturado pela demanda da m e e amamentado por seu desejo o beb receber para al m da simples satisfa o da necessidade leite materno e cuidados corporais o primeiro significante o significante un rio o significante do desejo Significante do desejo materno que nomeamos de falo O sujeito vem nascendo antes de seu nascimento real Em uma li o dO Semin rio 11 Lacan 1964 fala so
114. levar sua m e a um desenvestimento libidinal Por isso s o de 78 risco por exemplo as rela es primordiais entre uma m e e um beb de grande prematuridade j que ele n o se encontra em situa o de corresponder narcisicamente ao desejo do Outro A primeira inscri o do Outro pela via da satisfa o marcada por esse encontro com a fala da m e Ele deve ser prazeroso O objeto sonoro materno chega ao beb desde quando ele feto beb intra tero ouve a voz materna O primeiro objeto ps quico do feto a voz materna A voz o primeiro objeto humanizador Podemos observar numa sala de parto que ao nascer o bebezinho que aos gritos se encontra muito antes de come ar a sugar ao ser colocado diante de sua m e quando ouve sua voz acompanhada de vestimentas musicais os picos pros dicos e o ritmo como m gica aquieta se Isso demonstra que com a voz materna primeiro objeto da puls o que ele realizou a primeira experi ncia de satisfa o Arriscamo nos a dizer que para o beb o proto sujeito ela o primeiro objeto antes do olhar A puls o esc pica tamb m presente de forma primordial pertence neste tempo ao campo do Outro O olhar que est para al m do rg o visual j est anteriormente colocado quando da antecipa o especular do Outro a voz e o olhar libidinalmente afetados do Outro convocam o sujeito Uma gestante que n o possui a antecipa o da imagem de seu filho nem lhe dirige pa
115. m importante papel na pr hist ria do complexo de dipo 1981 p 2585 O que de fato ele mostra no decorrer do texto que a primeira identifica o est relacionada ao dipo materno ao desejo de ser o falo da m e Freud declara que se trata de uma conduta ativa portanto masculina ele associa as condi es de passividade e atividade s posi es feminina e masculina respectivamente e considera a bissexualidade como base de toda escolha sexual posterior Neste tempo a identifica o ao falo ao objeto perdido que supostamente a m e det m pois m e e beb ainda est o se completando logo a m e n o mulher n o est na posi o feminina Para a m e o beb o maior representante f lico S com a constata o da castra o materna para ambos que haver uma mudan a na trajet ria da organiza o da libido Para a menina em especial na busca do posicionamento feminino a certa altura esse primeiro objeto amoroso sofrer uma transforma o ela transferir esse amor 48 para o pai na experi ncia ed pica que o objeto m e j sob efeito da castra o substitu do pelo objeto pai poderosa a vincula o ao primeiro objeto amoroso As primeiras experi ncias de satisfa o na vida est o associadas m e bem como os primeiros cuidados Freud chega a afirmar em seu texto La feminidad que n o poss vel compreender a mulher se n o se tem em conta esta fase de vincula o m
116. m torno do falo que o sujeito se constitui e se posiciona sexualmente na rela o com objeto e com a alteridade que a estrutura se evidencia e a sexualidade se organiza Freud nos diz O que me mostra minha experi ncia que tamb m na mulher e n o apenas no homem o falo est no centro ele vai mais longe e nos mostra como esse mesmo falo se produz no centro da dial tica feminina hav amos sido capazes a rigor de compreender o acesso do homem qualidade de homem atrav s do complexo de castra o Na mulher por m essa afirma o certamente comporta um paradoxo tanto a menina quanto o menino desejam inicialmente a m e S existe uma nica maneira de desejar A menina se sup e a princ pio provida de um falo como tamb m acredita que sua m e seja provida de um falo FREUD apud LACAN 1999 p 285 286 S h desejo a partir de uma refer ncia f lica 108 a evolu o das puls es faz com que de transfer ncia em transfer ncia desde a forma do seio e por interm dio de um certo n mero de outras formas chega se fantasia f lica mediante a qual no final das contas na posi o masculina que a filha se apresenta em rela o m e E preciso por conseguinte que intervenha alguma coisa mais complexa no caso dela que no do menino para que ela reconhe a sua posi o feminina E na decep o que Freud v a mola da entrada da menina em sua posi o feminina
117. ma gravidez em curso Informa o fornecida pelo professor Ant nio Quinet durante aula ministrada no curso de p s gradua o em Psican lise Sa de e Sociedade na Universidade Veiga de Almeida em setembro de 2006 no Rio de Janeiro 86 que se presentificar o Outro primordial bom lembrar que todo amor acompanhado de seu contraponto o dio Por isso toda rela o afetiva ambivalente A ambival ncia est presente tamb m na gesta o e no nascimento A puls o agressiva deve ser interditada pela lei N o reintegrar s teu produto A lei da m e voraz Esse interdito ao canibalismo e tamb m ao incesto faz parte da lei do pai isto da lei ed pica S diante da presen a de um beb poder a mulher assumir a fun o materna e o reconhecer como filho O amor importante mas n o basta para cuidarmos de um beb Se ele for a nossa ltima utopia ser pesado demais Al m do amor s o precisos interesse aten o v nculo e limite ao desejo materno Sobre o desejo da m e Lacan 1969 1970 esclarece O papel da m e o desejo da m e capital O desejo da m e n o algo que se posa suportar assim que lhe seja indiferente Carreia sempre estragos Um grande crocodilo em cuja boca voc s a m e isso N o se sabe o que lhe pode dar na telha de estalo fechar sua bocarra O desejo da m e isso LACAN 1992 p 105 Ele complementa falando que a lei paterna barra a lei imperativa de
118. maternidade A rela o inconsciente com a pr pria m e antes de tudo uma vertente de fundamental import ncia O dio a m e o desejo de vingan a pode ser um intenso impeditivo procria o ou mesmo possibilidade de se exercer a fun o materna Muitas vezes o corpo materno n o tem representa o poss vel no inconsciente de uma mulher gr vida e ela apesar de ter desejo de filho n o pode engravidar Existem situa es em que esta falta de representa o de corpo materno pode sintomatizar epis dios abortivos n o raro culminando com o nascimento prematuro de um beb preciso haver uma refer ncia inscrita inconscientemente uma marca da imagem materna positiva no inconsciente de uma mulher para que esta possa conceber Trata se de uma quest o narc sica V rias s o as lendas e mitos descritos nas hist rias b blicas bem como em romances o que demonstra o quanto a procria o est muito mais sob os destinos do relacional que do org nico A d vida simb lica com a m e e os destinos dados aos impulsos hostis s o no ser falante mais determinantes que a pr pria for a da natureza N o esque amos que uma das 114 fantasias prim rias da menina dar um filho m e O primeiro filho para pagar a d vida com a m e O desejo de filho est inscrito n o s em um registro edipiano mas tamb m num registro narc sico Quando a gravidez se desenvolve h uma convoca o identifica o materna Ent
119. mencionamos a possibilidade de se exercer a fun o materna sobre o vi s da presen a aus ncia s poss vel quando a fun o paterna pode estar em opera o tamb m para a m e M e que n o faz o luto do filho como seu objeto insiste em obturar sua falta e a crian a n o se encontra na posi o de desejada mas de gozada A m e desejante a m e faltosa a que est submetida Lei paterna A Lei paterna em fun o opera na mulher e faz com que o desejo materno de devorar o objeto f lico de se obturar com ele seja barrado permitindo que ela possa ofertar ao filho sua aus ncia Dessa maneira ela pode reconhecer o filho n o como o falo mas como um representante f lico e assim desviar seu olhar para outros objetos criando o enigma sobre seu verdadeiro objeto de desejo e favorecendo que ele possa vir tamb m a ocupar o lugar de um sujeito de desejo A m e faltosa deixa ao filho a possibilidade de que este venha a interpretar sua aus ncia O pai cria o tri ngulo amoroso t o necess rio constitui o ps quica O que est no centro da quest o do inconsciente e o que este nos revela o complexo de dipo o tri ngulo familiar O Inconsciente para o psiquismo a mola mestra e o Recalque a condi o de montagem da engrenagem O inconsciente sofre efeitos do recalque que o p e em funcionamento Podemos dizer com Freud 1915 que o recalque o pilar sobre o qual repousa toda a estrutura da psican lise o
120. mente dura de uma rigidez implac vel a m e quem oferece ao filho um pai ou seja pela palavra da m e que um pai passa a fazer parte da estrutura ps quica de um filho Desse pai esperamos que possa se apropriar de seu lugar e junto com a m e oferecer o mundo o diferente o aprendizado a escola possam enfim realizar as podas necess rias para que a crian a cres a longe de se tornar um ap ndice de gozo da m e A Fun o Paterna interdita a simbiose propicia o aconchego sem fus o protege sem oprimir alterna sim e n o d limites bordas contorno a um EU A fun o paterna diferencia e destaca um do Outro A m e sob castra o aquela que reconhece a falta de seu objeto imagin rio e assim o beb falo pode passar a ocupar o lugar de beb filho Quando a constru o da maternidade encontra se sob os efeitos da castra o da 97 inscri o da lei ed pica sob o vigor do significante Nome do Pai podemos dizer que este sujeito esperado tem chances de n o ser o objeto do desejo materno mas seu representante Uma m e barrada pela lei est impedida de devorar seu produto e destru lo pois se encontra sob a interdi o incestuosa A lei paterna divide a mulher em sua condi o subjetiva ou seja ela poder ser m e e mulher ter um filho do homem amado O pai interv m em diversos planos Antes de qualquer coisa interdita a m e Esse o fundamento o princ pio do complexo de dipo a q
121. mento ser o atualizadas ou reeditadas na rela o com seu beb um momento singular do percurso feminino Sofrimentos podem dar sinais pelo seu corpo pois onde n o h palavra pode haver sintoma A condi o do desmame e a proibi o da atividade masturbat ria s o segundo Freud as primeiras interven es maternas Pelos inevit veis desapontamentos a atitude de amor d lugar de pesar Na primeira fase da vida er tica a ambival ncia a regra A intensa liga o amorosa da menina com a m e fortemente ambivalente e seu afastamento tem que ser realizado for a 65 Em conson ncia com Freud Genevi ve Morel 2008 diz que antes da lei do pai a crian a estava totalmente entregue ao reino da m e a lei era materna Ela salienta que a lei da m e acorrenta feita de palavras ligadas ao prazer e ao sofrimento em resumo ao gozo materno S o transmitidas para a crian a desde sua mais tenra idade e imprimem se para sempre em seu inconsciente modelando fantasmas e sintomas A lei materna obscura e torna a sexualidade da crian a repleta de ambig idades Enquanto infans somos subordinados ao gozo da nossa m e assujeitamo nos Em 1927 Freud deixa claro que as marcas mais decisivas do sujeito s o dadas por uma fala com for a de lei Trata se da lei mais arcaica da lei da m e do supereu arcaico S o ditos imperativos que se inscrevem de forma devastadora repercutindo durante a vida do sujeito
122. mo ele n o encontrado porque falta m e a possibilidade de tudo saciar nunca se bebe a mesma gua da mesma fonte continua se a busc lo mas agora j com a inscri o desse n o encontro Esse objeto o para so perdido o que nos completaria o que procuramos por toda a vida o que orienta e d encaminhamento ao desejo Inapreens vel m tico ele nunca existiu O campo da puls o independente do campo da autoconserva o Logo a satisfa o da puls o oral n o est no registro da satisfa o da necessidade alimentar Podemos ent o afian ar que beb s n o precisam s de leite materno para crescer saud veis e fazer v nculo Freud considera a suc o como sexual pois ela se destina busca do prazer Por haver prazer em jogo dizemos que ela pulsional e por isso ele afirma a exist ncia da sexualidade infantil No rec m 54 nascido a fonte da puls o por excel ncia a boca Os beb s normalmente nascem com apetite para a vida e com muita disposi o para sugar O objeto seio o primeiro da lista dos objetos pulsionais enumerados por Freud 1905 seio excremento filho dinheiro presente Aos objetos freudianos da satisfa o Lacan acrescentaria a voz e o olhar A amamenta o um processo que faz parte da sexualidade humana envolve libido N o um processo simplesmente fisiol gico Por isso t o dif cil entender por que s vezes uma m e apesar de ter leite n
123. mpo do dipo requer que a crian a se depare com a falta da m e e a simbolize Para isso a m e precisa permitir a entrada do pai A Lei ou palavra que vem do pai retira o filho do lugar de objeto A crian a que fica fixada a esse lugar encontra se em risco ps quico Da 103 impossibilidade de reciprocidade entre o sujeito e o Outro da incapacidade de se completarem h uma tor o e a crian a se depara com o enigma do desejo do adulto Ela termina a circularidade da rela o do sujeito ao Outro mas a se demonstra uma tor o essencial LACAN 1988 p 202 O desejo do Outro apreendido pelo sujeito atrav s das faltas que comportam seu discurso E a crian a se p e a questionar A base da separa o est sendo dada pelo significante Nome do Pai A fun o paterna a que comporta a alteridade radical separadora por excel ncia o interventor propiciativo a inst ncia terceira com fun o de revela o A opera o de separa o convoca presen a da castra o e esta demarca a impot ncia humana a falta de um significante que determinaria o ser para o sexo O nascimento humano n o se d com um nico corte n o se d com o parto de s uma vez Ser o precisos v rios cortes e amarra es para que o sujeito nas a Antes mesmo da concep o de um filho a falta dever estar em pauta O pai no segundo tempo do dipo n o est mais operando na rela o m e beb de maneira velada O que
124. ngularidade por toda equipe que se disp e ao trabalho no campo do materno infantil Os psicanalistas diferentemente de alguns te ricos da sa de p blica consideram que al m da maternidade biol gica existe uma constru o ps quica que merece considera o e questionamento t o especiais quanto os descritos pelo 39 M S A psican lise apesar de n o deixar de considerar o biol gico discorda de que a gesta o dos seres falantes se trata de um fen meno fisiol gico e que a fisiologia tem determina o sobre os seus efeitos na quest o da vida e da morte no processo de tornar se m e Ser m e n o uma opera o instintiva espont nea Nem sempre se trata de um processo tranquilo pois proporciona revivisc ncias de rela es maternas prim rias e muitas vezes de in meros conflitos e de muitas ang stias Ser m e n o se trata de instinto mas de puls o e consequentemente de desejo A maternidade um processo constru do psiquicamente com referenciais transgeracionais dos representantes maternos bisav s av s m e e seus substitutos transmitidos de forma inconsciente atrav s dos atos e dos ditos e n o ditos de tais representantes H um saber inconsciente uma determina o simb lica que ultrapassa qualquer medida preventiva profil tica e que pode encaminhar o destino de um beb e de seus pais A gesta o portanto cercada de muitas fantasias e muitos mitos Uma gravidez suscita em todos
125. ns gnia recebida em Nome do Pai como marca singular diferenciadora de qualquer outro filho mesmo que g meos univitelinos As doen as auto imunes os autismos as v rias s ndromes descobertas os processos de constitui o de novos n cleos familiares e de novos processos 119 gestacionais o nascimento de beb s de grande prematuridade o estresse do beb ao nascer as revela es da neuroci ncia etc v m exigindo uma pesquisa e uma leitura mais apuradas da psican lise Dentre os v rios questionamentos que este trabalho possibilita est o h uma correla o entre a nfima diferen a cronol gica de irm os e a futura depress o materna no momento de ser m e O nascimento de um irm o quando se est impossibilitado de lidar simbolicamente com a falta real pode ser a matriz da depress o no pr natal e no p s parto Ou ainda se pud ssemos escutar as gestantes desde o primeiro trimestre gestacional poder amos estar intervindo para um poss vel redimensionamento da intensidade de seus diagn sticos Acaso h alguma correla o entre as crian as t o largamente diagnosticadas hodiernamente com autismos e TDAH com a depress o materna no primeiro trimestre de gravidez A ci ncia hoje nos informa que durante as depress es as taxas do neuro horm nio cortisol relativo ao estresse est o elevadas e do neuro horm nio do prazer serotonina est o bem abaixo do esperado Ela afian a tamb m que durante os
126. nte foi conquistada na rela o com o namorado Inconscientemente presa determina o materna mais que um filho o desejo em vigor era o de ter um lar por isso todos os seus projetos de filho n o deram certos Por outro lado seu namorado teve filhos com outra mulher Este caso cl nico demonstra que a assun o da fun o materna exige bem mais que a primitiva identifica o m e A posi o identificat ria m e n o est relacionada a ter um filho a fun o materna est vinculada a receber do pai o falo ou seja o p nis filho Para o desejo de ter um filho preciso que se tenha vivido a experi ncia da castra o e pela inveja do p nis tenha se dirigido ao pai como recurso Para se desejar um filho o pai precisa entrar em cena Com desejo a menina entra no complexo de dipo Segundo Freud o complexo de dipo na menina o desenlace de uma dif cil evolu o uma esp cie de solu o preliminar uma postura de descanso 1981 p 3174 Para se atingir a feminilidade as perdas consequentes do recalque precisam n o ser t o grandes A paciente n o conseguia percorrer o terceiro caminho apontado por Freud como o normal para que o feminino pudesse ser efetivado A m e do tempo pr edipiano considerada f lica detentora do falo A partir do desmame o objeto amoroso m e desencadeia fortes sensa es hostis O modo como a menina atravessou a decep o causada pela m e ter efeitos em sua condi o d
127. o intrincam se dois caminhos da estrutura o ps quica um da identifica o materna arcaica outro da realiza o edipiana A quest o da esterilidade encontra na maior parte das vezes suas ra zes no medo de deixar morrer a imagem de filha para fazer surgir a imagem de m e a mais velha dependendo de como a imagem de m e foi refletida por sua pr pria m e a partir das viv ncias gestacionais desta e da rela o que estabeleceu com sua m e a av a vertente transgeracional a qual Freud designa como filogen tica Ao escutarmos uma gestante e suas fantasias estamos em posi o de escuta do campo pr ed pico em rela o ao proto sujeito Quest es significativas podem se apresentar em rela o ao lugar que este beb estar ocupando na economia ps quica deste outro materno A hist ria da psican lise nos atesta que especialmente ao campo pr ed piano que a experi ncia a preocupa o com a coer ncia e a maneira como a teoria fabricada e se mant m de p fizeram com que fossem atribu das as perturba es profundas em alguns casos do campo da realidade pela invas o do imagin rio LACAN 1999 p 169 Em conson ncia com Lacan quando ele versa sobre o conceito da transfer ncia A presen a do analista ela pr pria uma manifesta o do inconsciente LACAN 1988 p 121 e quando formula que a arte de escutar equivale do bem dizer LACAN 1988 p 119 pensamos que h interven
128. o consegue amamentar O surgimento de uma m e e o processo de amamenta o n o ocorrem apenas porque uma mulher pariu e a apojadura est se dando S o constru es oriundas da for a pulsional Uma paciente quando estava com 25 semanas de gesta o relatou o seguinte sonho Eu estava num carro sentada ao lado do motorista Era passageira Tinha uma pessoa dirigindo que n o sei quem O carro entra numa garagem e a av do meu marido est sentada O carro bateu nela e o dedo dela caiu Eu peguei correndo o dedo e coloquei num copo com um pouco de leite Comecei a procurar pela av para lev la ao hospital Ela sumiu e a gente s foi encontr la na varanda de um pr dio fazendo gin stica Eu falava N s temos que lev la ao hospital Ela perdeu o dedo Eu estava muito aflita preocupada segurando aquele dedo no copo No trabalho de interpreta o do sonho fica claro que na quest o da amamenta o tinha dedo de av Esta paciente estava passando pela segunda gravidez Ela relembrou que o primeiro m s ap s o nascimento de sua primeira filha foi de muita ang stia O processo de amamenta o foi complicado e ela foi parar num hospital com o seio muito ferido Naquela poca estavam presentes em sua casa sua m e e a av de seu marido que se desentenderam in meras vezes Este foi um sonho em que o inconsciente demandou elabora o e a paciente p de fazer resignifica es Nele podemos observar o processo de
129. o de humaniza o do pr natal e nascimento ao de projeto de casas de parto e ao de maternidade modelo O Minist rio da Sa de elaborou o Programa Nacional de Humaniza o Pol tica Nacional de Humaniza o da Aten o e Gest o no Sistema nico de Sa de Humaniza SUS que al m de outras anuncia es proclama Queremos um SUS humanizado Entendemos que essa tarefa nos convoca a todos gestores trabalhadores e usu rios Queremos um SUS em todas as suas inst ncias programas e projetos comprometidos com a humaniza o Queremos um SUS fortalecido em seu processo de pactua o democr tica e coletiva Enfim queremos um SUS de todos e para todos Queremos um SUS humanizado BRASIL 2000 p 09 O desafio lan ado pelo Minist rio da Sa de em 1999 atrav s do pr mio Galba de Ara jo para todos os estabelecimentos integrados rede SUS foi o de humanizar o atendimento s mulheres brasileiras e aos seus filhos durante a gesta o o parto e o p s parto Esse um pr mio pelo reconhecimento para quem valoriza o parto humanizado e pela qualidade da assist ncia obst trica atrav s das respostas encontradas pelas equipes de unidades de sa de no Brasil Ele contempla experi ncias de sucesso pelo uso de recursos dispon veis de tecnologia pela preserva o do respeito e do acolhimento bem como pelo est mulo ao parto normal e ao aleitamento materno O grande objetivo humanizar 34 o atendimento s mulheres
130. o do corpo como lugar para o sexo Isso desencadeou novos saberes e tecnologias O corpo passou a ser objeto de estudo e manipula o em que a vida biol gica foi compreendida sob uma perspectiva pol tica A tecnologia e os novos saberes passaram a organizar uma compreens o instrumental sobre o corpo Os governos percebem que n o t m que lidar simplesmente com sujeitos nem mesmo com um povo mas com sua popula o com seus fen menos espec ficos e suas vari veis pr pria natalidade mortalidade esperan a de vida fecundidade estado de sa de incid ncia das doen as formas de alimenta o e habitat FOUCAULT 2001 p 28 Todo investimento cient fico portanto passa a ser destinado ao prolongamento da vida O sexo torna se um problema de fundamental import ncia visto que est o inseridas quest es populacionais no mbito administrativo Entretanto os temas relativos sa de da mulher s ganharam relevo a partir dos movimentos feministas A quest o do feminino esteve entre os temas mais pol micos dos s culos XIX e XX As mulheres colocaram em pauta quest es culturais sociais pol ticas e de sa de para al m do imediatamente manifesto ou seja convocaram ao aprofundamento e reflex o das bases constituintes de uma sociedade de uma cultura e de um ser No s culo XX foram organizadas pol ticas destinadas 24 sa de espec fica do substrato feminino e o processo da maternidade ganhou
131. ofia da Faculdade de Letras da Universidade de Clermont Ferrand Lecionou no Coll ge de France sobre a Hist ria dos Sistemas de Pensamento Em 1984 ano de sua morte era considerado o mais importante pensador da Fran a Seus estudos sobre a penalidade a loucura a sexualidade tiveram impacto decisivo em reas t o diversas quanto a hist ria a medicina a psiquiatria a cr tica liter ria a pol tica e a filosofia 16 O sujeito objeto da pesquisa psicanal tica diferente do indiv duo porque ele est referido ao campo da linguagem e n o ao campo do org nico Lacan d nfase fala e linguagem esclarecendo melhor que o material da psican lise o material sonoro O inconsciente feito deste imaterial material de uma materialidade significante de representa es desta imaterialidade Para falar preciso estar num social preciso pertencer a uma cultura O sujeito depende do campo da linguagem para se constituir Ele surge de forma singular da rela o com o seu primeiro referencial na l ngua Ele efeito do discurso do Outro Em Lacan encontramos melhor esta defini o Se o pegamos em seu nascimento no campo do Outro a caracter stica do sujeito do inconsciente de estar sob o significante que desenvolve suas redes suas cadeias e sua hist ria num lugar indeterminado LACAN 1988 p 198 Como a l ngua n o est completa em ningu m sempre se tem algo a dizer sobre alguma coisa Essa a fal
132. onde tenho como tarefas supervisionar escolas de ensino infantil e entidades que almejam cadastramento no munic pio para receber recursos que se destinam ao seu funcionamento bem como elaborar e aprovar projetos O campo materno infantil possibilita v rias inser es Desta maneira minha inclus o e participa o t m ocorrido tamb m de forma ativa na rea que se destina aos cuidados com crian as v timas de viol ncia Juntamente com uma equipe venho desenvolvendo fichas de notifica o que hav amos elaborado e implantado Realizamos discuss es com as equipes de rg os como Sentinela NEACA N cleo Especial de Atendimento Crian a e ao Adolescentes V tima de Viol ncia Dom stica em Sexual Minist rio P blico FIA Funda o para a Inf ncia e Adolesc ncia etc para composi o de fluxo de atendimento e questionamentos de diretrizes operacionais aos servi os de atendimento s v timas de maus tratos Na dimens o que o assunto materno infantil favorece as pesquisas acabei por me inserir e participo h 15 anos da ABENEPI Associa o Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil J fiz parte de uma gest o diretora bem como sempre participei como palestrante de seus congressos Sou ainda membro de 11 sua CSP Comiss o de Sa de Prim ria da ABENEPI RJ fazendo parte das equipes de estudos e sendo efetivo organizador e docente dos cursos de Capacita o em Sa de Mental para Interven es Precoces
133. os e seus organizadores ps quicos olhar sorriso etc al m de uma imagem corporal e um lugar simb lico na institui o fam lia tirando o da 16 condi o de anonimato e demandando lhe um ideal a atingir Um outro representante do Outro O outro a partir do lugar do Outro coloca em fun o o Outro primordial a m e 4 1 O OUTRO PRIMORDIAL Como surge o Outro primordial O Outro primordial s existe na rela o com o beb O beb normalmente responde a uma constru o inconsciente materna alojando se em um lugar ps quico est em sintonia com o inconsciente da m e o Outro primordial quem d a condu o ele o primeiro grande guia Logo o aparelho ps quico dela muito importante Winnicott 1956 muito contribuiu com essa discuss o e com ele aprendemos que o primeiro brinquedo do beb a m e Ele brinca de amament la quando por prazer se empresta a ser devorado por ela poss vel neste tempo do advir do Outro primordial ter se acesso dimens o do infantil na m e pois os beb s s o capazes de suscitar o retorno do recalcado O Outro primordial fala e empresta sua fala a seu filho por isso que podemos dizer que o sujeito efeito de uma resposta ao Outro O puro org nico buraco real esta falta de um significante passa a ter borda ser imantado desenhado com os ditos narc sicos da m e s atrav s do narcisismo prim rio do Outro primordial que se torna poss vel fazer f
134. os de minhas tias Elas faziam de tudo para que eu me virasse sozinha e logo eu pudesse crescer e elas se livrar de mim Quando interrogada sobre seu desejo de ser m e afirma parece que filhos para mim s o proibidos pois ningu m me ap ia Eu falo 111 sobre meu projeto de ter um filho e n o me ouvem ningu m diz uma s palavra Minhas primas s o prontamente atendidas todas as tias as ajudam Esta mo a revela seu desejo de ter filho ap s a separa o de um casamento de 15 anos Quando questionada pelo analista sobre este fato responde podia mesmo ter jogado tr s netos no colo de minha sogra isso seria perfeito Minhas tias diziam que ela era uma m e para mim Por que n o fiz Como posso reverter isso Carrego muita culpa Que coisa triste sair de um casamento sem filhos Quando me alertei meu marido j tava t o surtado que n o queria mais nada Meu vizinho queria tanto um filho que acabou engravidando a mulher tinha desejo nele Meu marido n o Para ter um filho tem que ter pelo menos desejo n o A n o ser que seja um acidente Mas mesmo um acidente tem que ter desejo n A analista pede que disserte mais sobre seu desejo e sua inseguran a Ela lhe diz Meu desejo muito reprimido ou melhor depois que estou podendo falar depois dos nossos trabalhos ele est mais livre Penso que s aqui posso falar porque na minha fam lia todos ficam entediados comigo tamb m n o sou filha deles n
135. pesar de isso dar um ancoramento imagin rio significativo O homem tem com isso uma vantagem pois do ponto de vista anat mico suposto f lico A mulher nem mesmo ganha a autoriza o para um dia ter falo a n o ser pela interpreta o do filho como tal Toda m e est posicionada do lado masculino da sexualidade pois almeja ter o falo Ela encontra se envolvida na din mica da conquista do objeto por isso toda m e f lica Para se ter um filho preciso ter sofrido a marca da castra o e ter metaforizado o desejo materno ou seja ter interpretado o desejo materno como desejo de p nis Segundo a teoria lacaniana o complexo de dipo divide se em tr s tempos Ao entrar no primeiro tempo do dipo a crian a se encontra numa rela o de indistin o com a m e Nesse momento a crian a simbolizada pela m e como o 102 falo o falo imagin rio Toda crian a ao nascer deve ficar no lugar de objeto a O primeiro tempo do dipo refere se a ser ou n o ser o falo Neste primeiro tempo do dipo o grande marco a quest o da identifica o formadora do Eu sendo o auge na teoria lacaniana o est dio do espelho Mesmo na impot ncia de sua coordena o motora o beb antecipa imaginariamente uma unidade corporal e jubila se identifica se com a imagem ofertada pelo semelhante A crian a identificada imagem f lica da m e sente se completa Essa identifica o com o Outro primordial indispens vel p
136. ponde ou n o fun o definida pelo Nome do Pai e no interior dessa fun o voc s colocam significa es que podem ser diferentes conforme os casos mas que de modo algum dependem de outra necessidade que n o a necessidade da fun o paterna qual corresponde o Nome do Pai na cadeia significante 1999 p 187 O excesso de presen a materna p e em risco a constru o ps quica do beb Cabe m e que acolhe tamb m ofertar sua aus ncia para que outros possam surgir no mundo da crian a A m e precisa desejar para al m de satisfazer as demandas de seu filho caso contr rio ocorrer na crian a fantasia de que pode ser devorada por ela Isso traz ang stia A m e do in cio um objeto simb lico tesouro do significante 95 Se a m e n o est submetida inst ncia que priva do gozo incestuoso e impede que fa a do filho objeto o filho se encontrar capturado como objeto gozo da m e sem poder ascender ao referente simb lico da fun o f lica E por isso que a fun o paterna referencial e por isto mesmo pode ser contingente CRUGLAK 2001 p 59 Com seu afastamento quando ela n o responde demanda do filho ela torna se objeto real impotente Neste momento em que a m e se torna objeto real ela decai e o objeto que d satisfa o passa a ser objeto de Dom Dom de amor A demanda n o mais de satisfa o mas de amor A castra o instaura a necessidade da frustra o pois transcende e coloc
137. porariamente incapacitados para sugar ou mesmo por serem filhos de m es portadoras de doen as como AIDS ou c ncer em processo de tratamento quimioter pico A gravidez um estado caracterizado por uma grande permeabilidade s representa es inconscientes por uma certa suspens o do recalcamento verdadeira transpar ncia ps quica feminina particular a este estado A maternidade um espa o e um processo que ativam lembran as Tem o poder de remexer o inconsciente de todos que ali operam visto que se trata dos prim rdios da origem do imposs vel de se apreender do m tico Por sua vez o beb pode n o s suscitar v nculos em torno dele como tamb m atacar esses v nculos que ele mesmo cria O cuidado com a rede que cuida do pr natal do parto e puerp rio merece relevante considera o pois esta rede melhor elaborada pode minimizar os efeitos eventualmente devastadores da maternidade Abrir portas escuta do sujeito para que ele possa falar de suas fantasias suas dores e seus 118 desejos mort feros que chamamos de Interven es Precoces um ato o mais a tempo poss vel Neste trabalho a quest o fundamental a ser elaborada a interdisciplinaridade entre a psican lise e a medicina no que diz respeito ao trabalho da analista na sa de p blica Dois campos de pesquisa distintos mas com um ponto de intersec o significativo o lugar da m e Esperamos que nosso caminhar at aqui possa propiciar um
138. precisa ocupar um lugar de coadjuvante deixando de assumir posturas autorit rias sem entretanto precisar se colocar numa posi o ntima mas se posicionando de forma menos desigual O M S questiona sobre como na pr tica podem se alterar essas posturas tradicionais dos profissionais de sa de e conclui que normas e manuais apesar de importantes n o s o o caminho para esta transforma o Acredita que esta mudan a se d em cada um ou melhor seja de f rum interno por m levanta quest es indispens veis sobre o compromisso dos profissionais com a abordagem humanizada S o elas estar sintonizado com novas propostas e experi ncias com novas t cnicas praticar uma medicina baseada em evid ncias com o olhar do observador atento reconhecer que a gr vida a condutora do processo 37 e que gravidez n o doen a E principalmente adotar a tica como pressuposto b sico na pr tica profissional BRASIL 2003 p 10 Ao mesmo tempo as pr ticas obst tricas inadequadas ao atendimento do parto a falta de alojamento conjunto nas maternidades a sobrecarga de trabalho e o insuficiente preparo do pessoal de sa de no que concerne a sua contribui o na solu o de pequenos problemas da m e reais ou imagin rios o que para o M S fundamentalmente obstaculiza processos efetivos como por exemplo o do aleitamento materno No Brasil segundo pesquisas do pr prio Minist rio de 53 o n mero de mulheres
139. que t m ocorrido anualmente desde 2002 Logo a escolha do tema Maternidade deve se ao fato de que por estar submetida enquanto psicanalista ao campo do inconsciente e trabalhando com a sa de p blica em rela o sa de da mulher e da crian a venho questionando sobre como podemos lidar com paradigmas t o diferentes Como pode o psicanalista que trabalha com a singularidade do inconsciente estar referido sa de coletiva Este trabalho tem como prioridade articular em seus cap tulos a abordagem da psican lise e da sa de p blica e tentar articular pontos facilitadores de interse o a fim de acrescentar enorme pesquisa da sa de p blica algum diferencial no que diz respeito ao lugar da m e O primeiro cap tulo ser destinado descri o do caminho percorrido pelos pesquisadores dos rg os de sa de para implementa o das pol ticas p blicas de atendimento mulher e crian a No segundo cap tulo a abordagem visa pesquisa psicanal tica a partir da leitura de Freud e de toda a elabora o do conceito de fun o materna como corte a qualquer possibilidade de pensarmos a maternidade como algo do instinto No terceiro cap tulo dada ao leitor a possibilidade de continuar a pesquisa da elabora o inconsciente da constru o do lugar de m e atrav s da leitura de Lacan em que h um maior aprofundamento da fun o paterna Por fim chegamos conclus o com algumas reflex es e nova abertura de qu
140. rama Eles passaram a receber recursos para implementa o das a es do programa via o SIS Pr natal sistema de capta o de gestantes que s o cadastradas ao programa e acompanhadas at o parto e seu retorno no per odo do puerp rio Grande o investimento do M S e a pactua o de in meros munic pios ao PNHPN Treinamentos e capacita es estabelecidos pelo programa v m sendo constantemente realizados em toda rede b sica e hospitalar de atendimento ao PAISMCA e ao PNHPN a partir das Secretarias de Sa de Entretanto ainda n o foi poss vel operacionalizar totalmente este plano do M S visto que h dificuldade de mudan as operacionais do sistema ambulatorial e hospitalar e tamb m nas atitudes dos profissionais de sa de Deles espera se que sejam facilitadores desse processo e enquanto agentes de sa de diagnosticadores de seus entraves Acentuando o problema ocorrem ainda apesar do empenho de todos um crescimento no ndice de gravidezes na adolesc ncia o aumento de curetagens por abortos n o conclu dos um enorme n mero de partos por cesariana e um acentuado ndice de beb s nascidos de baixo peso S o criados para atingir estes objetivos leis portarias normas e cursos de capacita o incluindo t picos como o de aconselhamento com o intuito de chegar a alcan ar n veis de excel ncia com a oferta de t tulos de Hospitais Amigos da Crian a aqueles que atingirem as metas do programa melhorar o acolhimento
141. rativo de gozo J o supereu herdeiro do complexo de dipo resultante das rela es configuradas com os representantes parentais e seus substitutos av s bab s professores mas a o supereu est operacionalizado pela lei paterna A lei paterna a que limita a lei materna interditando o gozo devorador e impedindo o incesto Atrav s da escuta do sujeito observa se que o imperativo de gozo o que opera por exemplo nas in meras tentativas de engravidar e nos consequentes abortos espont neos que frustram muitas mulheres N o raro cabe a este supereu arcaico impedir a amamenta o ou provocar desde a depress o p s parto hemorragia de libido at a repeti o de atos homicidas por exemplo o fato de uma mulher ter tido tr s filhos que morreram por broncoaspira o etc Uma analisanda conta de sua imensa dificuldade para amamentar o primeiro filho Ao procurar o pediatra para que ele a ajudasse a executar o que para ela era seu dever materno o m dico a aconselhou que deixasse o beb chorar que o deixasse com fome de forma que ele n o teria outra alternativa sen o mamar em seu seio A m e disse que lhe era insuport vel ouvir seu filho chorar mas o pediatra mandou a aguentar pois seria s por um per odo E para confirmar sua tese encaminhou a a uma sala com a crian a que chorava copiosamente para que l ficassem at que o beb desistisse de chorar e sugasse seu seio N o aconteceu o q
142. ravir o qual traduzido pode estar 92 referido a deslumbrar encantar e arrebatar No amor entre m e e filha h o aparecimento de um torturante dio surdo uma mistura de sensa es que tanto liga fixando quanto impede A menina vislumbra na m e a que era f lica a mulher o feminino a falta do significante Surge o apelo ao pai pela opera o da met fora paterna NP A falo que um dia uma menina poder questionar sobre o desejo da m e e por identifica o ao pai buscar o filho falo para dar algum sentido falta que herdou de sua m e mulher n o toda S de S A A met fora paterna n o s afian a pela presen a ed pica e pela a o da lei sobre o desejo recalcando as puls es mort feras mas tamb m aponta al m do beb para o homem garantindo que o filho possa ter um pai o homem amado por sua m e O amor materno fundamentalmente importante a se evidenciar j durante a gesta o resignificado se a mulher permanecer causa de desejo para um homem e esse puder suportar que o beb seja o objeto de seu desejo O homem que tem a condi o de garantir esta din mica merece segundo Lacan 1957 58 o t tulo de pai Dessa forma mulheres que quando gr vidas perdem seus parceiros por morte ou por abandono encontram se em condi o de cuidados e demandando escuta mais apurada A fun o materna pode inibir se em processos depressivos O significante Nome do Pai operador do trabalho p
143. rbal O desejo Wunsch a energia vital que faz operar o psiquismo N o do bem nem do mal n o feio nem bonito n o moral n o disso ou daquilo Vem do Outro Lacan 1957 58 afirma que desejo desejo do desejo do Outro pelo desejo do Outro que um sujeito humano singular inscrito na linguagem pode advir O desejo a for a motriz a mola impulsora da din mica operacional humana o que corre por debaixo fora mas impulsionando o deslizamento da cadeia significante facilitando as rela es significantes e a operacionaliza o da linguagem por se inscrever no campo do Outro fisgando e se oferecendo a ser fisgado pelos significantes primordiais da l ngua materna tesouro de S1 que o pequeno humano deixa o lugar de infans e faz sua escolha for ada como nos explica Lacan 1964 deixando de ser apenas pura carne para ascender atrav s do processo de aliena o opera o fundante da constitui o do sujeito ao lugar de filho Filho do Outro primordial A priva o do outro danosa para a constru o do aparelho mental A numaniza o s pode ser transmitida por um semelhante um outro falante que por amor ofertar inconscientemente junto com sua humanidade o universo simb lico campo verdadeiramente humano Como j vimos o amor materno resultante de uma constru o ps quica N o se trata de nenhuma programa o inata nem puramente biol gica N o pelo fato de haver u
144. recalque prim rio que barra a energia escoante da puls o e estabelece liga es e possibilidades de fazer do buraco energ tico um furo Desse modo institui se o circuito pulsional que cria bordas delimitando de forma singular cada sujeito Tanto o recalque como o inconsciente vem inicialmente do campo do Outro A revela o do inconsciente a amn sia infantil que incide sobre a exist ncia dos desejos infantis pela m e e sobre o fato de 105 esses desejos serem recalcados Eles n o s o s reprimidos Por serem primordiais s o recalcados e est o sempre presentes z Freud revela que com o dipo que a lei paterna internalizada e como conseq ncia temos o supereu que o herdeiro do complexo de dipo Com Lacan 1953 vimos que o que possibilita a amarra o dos tr s registros R S constituintes da estrutura ps quica o significante Nome do Pai marca fundamental que quando posta em funcionamento pela fun o paterna operacionaliza a montagem do aparelho ps quico no vigor do Nome do Pai ou como posteriormente em sua teoria Lacan preconizaria dos Nomes do Pai e em torno do falo que o psiquismo se enodula O reconhecimento da lei do pai por interm dio da palavra da m e fundamental para que a crian a avance para o terceiro tempo do dipo Lacan diz que este pai de quem se deseja um filho o pai simb lico o pai do dipo Que o pai A quest o toda saber o que ele no
145. restaura o do normal que n o pode ser inteiramente reduzida ao simples conhecimento CANGUILHEM 1982 16 Para ele a doen a pode ser uma norma biol gica e consequentemente o estado patol gico n o deve ser considerado anormal no sentido absoluto mas apenas na rela o com uma situa o singular Afirma ainda que Ser sadio significa n o apenas ser normal numa situa o determinada mas ser tamb m normativo nessa situa o e em outras situa es eventuais CANGUILHEM 1982 p 158 Uma caracter stica de sa de segundo ele a poss bilidade de ultrapassar a norma que define o normal moment neo a possibilidade de tolerar infra es norma habitual e de instituir normas novas em situa es novas A sa de uma margem de toler ncia s infidelidades do meio CANGUILHEM 1982 p 156 Atrav s dele entendemos que o estado patol gico ou anormal n o est contempor neo de Canguilhem cirurgi o professor do Coll ge de France e autor de diversos livros e artigos dentre os quais um verbete sobre sa de e doen a destinado Encyclop die Fran aise 14 referido aus ncia de normas porque A doen a ainda uma norma de vida mas uma norma inferior no sentido que n o tolera nenhum desvio das condi es em que v lida O ser vivo doente est normatizado em condi es bem definidas e perdeu a capacidade normativa a capacidade de instituir normas diferentes em condi es diferen
146. ru o ps quica que vem sendo elaborada desde muito antes da gesta o Com a concep o o que foi idealizado vai tomando corpo Freud ensina que O EU antes de tudo um ser corporal FREUD 1981 p 2709 isso quer dizer que o corpo ps quico A no o de corpo vai se construir na rela o com o Outro O beb inicialmente imagin rio para o outro vai sendo revestido do ideal narc sico que povoa o psiquismo dos familiares O lugar simb lico que ele vir a ocupar no contexto familiar que j est a sua espera arrumado com instrumentais simb licos como nome enxoval can es palavras sentidos ideais enfim com adornos libidinosos e com uma imagem O Outro primordial tem um lugar na economia ps quica deste beb deste filho projetado anteriormente desejado 85 O efeito do discurso do Outro instaura o inconsciente a realidade ps quica O desejo inconsciente e por ser inconsciente est presente o tempo todo mas de forma geralmente velada ou melhor sob a a o do recalque estando por debaixo nas entrelinhas Dif cil de ser apreendido escutado lido mas presente para quem souber e puder decifr lo manifestando se nos sonhos atos falhos sintomas chistes enfim nas forma es do inconsciente Faz parte da particularidade do desejo estar articulado ao significante apesar de o desejo ser inarticul vel Conforme Quinet H uma iminente rela o do significante com o desejo informa o ve
147. rvar a privacidade e autonomia do processo que envolve o nascimento Enfatizou a import ncia de se considerar o universo da mulher e de seu parceiro bem como dos familiares e comunidade e destacou a gesta o o parto e o puerp rio como das mais significativas experi ncias humanas inclusive com forte potencial positivo e enriquecedor para todos que dela participam BRASIL 2003 p 09 Em 28 de maio de 2004 o governo lan ou a Pol tica Nacional de Aten o Integral Sa de da Mulher Princ pios e Diretrizes constru da a partir da proposi o do SUS respeitando as caracter sticas da nova pol tica de sa de Para o SUS a sa de n o mais pode ser restrita s medidas curativas mas importante pens la sob a tica da preven o Pensou se que era poss vel garantir atrav s da qualidade da assist ncia um processo de nascimento livre de quaisquer intercorr ncias O M S atrav s de portarias ministeriais valeu se ent o de uma s rie de medidas para estimular a melhoria da assist ncia obst trica nos hospitais da rede do SUS Entre elas quatro foram priorit rias a valoriza o do papel da enfermeira obst trica a garantia da op o de analgesia no parto normal a oferta de atendimento adequado para os casos de gesta o de alto risco e a redu o do n mero de cesarianas Foi proposto que a mulher no processo de parir passasse de agente passivo sob os cuidados do profissional a agente ativo da cena
148. s quico o grande facilitador da entrada em cena do Outro Primordial O Nome do Pai o significante legislador legislador do desejo materno Ele causa espa o de intersec o hi ncia espa o intervalar subtra o borda Divide o sujeito a fun o paterna presentificada na m e que poder inscrever o beb ffilho na articula o f lica antes mesmo do seu nascimento real A fun o paterna possibilita que o beb n o obture a falta da m e na qual se ap ia o desejo preciso que a m e seja suficientemente boa diz Winnicott 1956 ou seja que ela apesar de a gravidez ps quica estar em curso continue desejando enquanto mulher 93 Logo a entrada do pai em cena determinante para que o beb filho possa ascender condi o de crian a filho A passagem de dois para tr s na mente da crian a de um impacto t o forte que dizemos que se trata de um trauma Sem a presen a do pai n o poss vel a fantasia a elabora o mais complexa do pensamento a cria o e a curiosidade t o necess ria ao processo da aprendizagem da leitura e da escrita a lexiescritura a partir do contexto ed pico que a metaforiza o se torna vi vel Dessa forma vemos que o pai normatizador da estrutura mental e ps quica Estar sob a lei simb lica estar sob o vigor da opera o simb lica da castra o A lei simb lica a lei do pai do pai conceituado pela psican lise bom lembrar que pai em psic
149. s neste per odo de pr natal parto e puerp rio outra e tem a ver com o desejo com a constitui o ps quica e com seu atravessamento pelos tempos do dipo Contudo como transmitir este saber aos profissionais que destas mulheres se ocupam tarefa dif cil mas necess ria perfurar o discurso m dico institu do por um saber referido ao campo de pesquisa no qual o foco o fisiol gico principalmente quando se trata do feminino com Freud que se pode entender um pouco dessa constru o ps quica e com Lacan que avan amos na discuss o sobre os destinos do feminino Ter um filho uma das respostas do sujeito feminino ao enigma do desejo da m e Na adolesc ncia per odos da resolu o edipiana e de escolha sexual encontram se n o raramente gravidezes precoces como resposta do sujeito ao enigma do feminino Neste momento nem sempre se trata de desejo de filho mas de uma inscri o sexual de uma passagem de filha condi o de mulher Como consequ ncia surgem beb s precisando ser adotados por exemplo pelo outro av m e da jovem que pariu N o sem raz o que o Estatuto da Crian a e do Adolescente garantia o acompanhamento durante o parto e puerp rio para essas jovens muito antes de ser promulgada a lei que garante tal acompanhamento para todas as mulheres Todo o per odo de zero a tr s anos da crian a incluindo neste zero o pr natal deve receber grande foco do nosso olhar escuta O acompanham
150. s sublinha Freud n o por a que ele entra por a que ele sai No fim do complexo de Edipo no momento em que realiza num certo plano a simb lica do dom preciso gue ele fa a dom daquilo que tem A menina se entra no complexo de Edipo na medida em que ela n o tem ela tem que encontr lo no complexo de Edipo LACAN 1995 p 125 Muito mais que um advento org nico a psican lise afirma que o lugar da m e uma conquista de um arranjo elaborado de forma ps quica em conson ncia com a Lei do desejo No texto Nota sobre a crian a tamb m conhecido como Nota a Jenny Aubrie de1969 Lacan observa que o sintoma da crian a revela a verdade do casal familiar Ela pode ocupar o lugar do objeto na fantasia da m e Seu sintoma p e em relevo que a subjetividade da m e e sua subordina o ao significante Nome do Pai determinam a maneira como ela a crian a ser implicada na sintom tica familiar Uma paciente encaminhada pelo ginecologista ao analista por ter solicitado a este ajuda para que ela pudesse engravidar visto que estava muito insegura Durante as entrevistas com o analista ela relata que havia perdido sua m e aos nove anos de idade por ocasi o do nascimento de seu irm o por complica es no parto Fora a partir de ent o cuidada por duas tias irm s do pai que nunca casaram nem tiveram filhos Segundo a paciente elas n o tiveram outra op o pois meu pai alco latra e me entregou aos cuidad
151. se homem ou mulher pelo destino imposto pela gen tica No terceiro tempo do dipo a crian a submetida castra o realiza seu posicionamento em rela o ao falo O menino recebe a autoriza o para ter o falo um reconhecimento simb lico por parte do pai para que mais tarde como o pai possa ser potente A menina n o possui esta autoriza o e como a m e aprender a se fazer objeto de desejo para quem o tem O caminho para a feminilidade diferenciado No Sem 5 As Forma es do Inconsciente Lacan declara no momento da sa da normatizadora do dipo a crian a reconhece n o ter n o ter realmente aquilo que tem no caso do menino e aquilo que n o tem no caso da menina 1999 p 179 O sexual j mediado pela lei promove a possibilidade de uma inscri o sexual como homem ou mulher a partir do simb lico da fantasia O tipo de objeto amoroso sexual estar relacionado n o s posi es masculina ou feminina mas fantasia que organizou o desejo O agente da castra o que vai p r fim ao dipo um lugar simb lico existente no desejo materno nem sempre ocupado pelo pai biol gico Para Lacan o pai um significante que substitui um outro significante 1999 p 180 logo uma met fora enquanto significante capaz de dar um sentido ao desejo da m e que com justi a posso situar o Nome do Pai Lacan El Enamascarado Revista Conjectural n 1 95 Lembremos da
152. se m e e ter um filho s o processos ps quicos que doem Precisam ser escutados Dor para quem p e no mundo que perde no m nimo o beb imagin rio dor para quem nasce que nem mesmo sabe que para nascer no campo do Outro receber uma inscri o um nome h um pre o a pagar ser filho j portar uma d vida com o Outro a d vida simb lica Ser m e e ter um filho aceitar a submiss o lei do pai castra o A crian a nasce como fruto desta a o ed pica inconsciente Quem nasce nessa trama tem condi o de vir a ser sujeito N o sem motivo que consideramos em todos os projetos e trabalhos apresentados toda gravidez como de risco Muitas mulheres e beb s n o conseguem sobreviver a este encontro e continuamos tendo in meros casos de mortalidade materna e infantil e um aumento das morbidades Os programas de sa de governamentais dedicados a mulheres gestantes declaram sua imensa preocupa o mas empregam como medidas preventivas o aumento do n mero de consultas de pr natal a cria o do ambulat rio de pr natal de risco o 116 incentivo ao aleitamento a cria o dos Hospitais Amigos da Crian a os ambulat rios de seguimento o programa M dico de Fam lia os protocolos de atendimento hipertens o e s DST AIDS aparelhos tecnol gicos ultramodernos entre outras medidas No entanto a grande quest o aquela que n s psicanalistas escutamos das mulheres que conseguem chegar at n
153. se trata de patologias sist micas cr nicas que aumentam o risco na gravidez s a partir dos anos 80 que como conseq ncia das reinvindica es das organiza es feministas houve important ssimas conquistas das pol ticas p blicas de sa de destinadas mulher Em 1981 foi ratificada pelo governo brasileiro a Conven o sobre a Elimina o de Todas as Formas de Discrimina o contra a Mulher firmada pela ONU em 1967 Ficou acertado entre os pa ses signat rios o compromisso de eliminar todas as restri es feitas mulher trabalhadora Em 1984 o Minist rio da Sa de atendendo s demandas do movimento de mulheres elaborou o Programa de Assist ncia Integral Sa de da Mulher PAISM marcando uma ruptura conceitual dos princ pios norteadores da pol tica de sa de das mulheres e a defini o de novos crit rios para elei o de prioridades neste 26 campo culminando em 1985 com a cria o do Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres Desde 1984 passou se a assumir uma postura mais voltada fun o educativa dos setores de sa de e ado o de uma perspectiva de aten o a cada mulher situando a em seu contexto social O Minist rio da Sa de criou condi es para reformula es na defini o de prioridades na aten o sa de da mulher Com a emerg ncia da AIDS e a mudan a no padr o procriativo surgiu uma nova perspectiva na sa de na qual ganharam relev ncia os aspectos relacionados
154. sica do Poder Rio de Janeiro Graal 1979 Vigiar e punir Petr polis Vozes 2001 122 FREUD Sigmund Proyecto de una psicolog a para neur logos 1895 1950 In Obras Completas Tomo Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 FREUD Sigmund Tr s ensaios sobre a teoria da sexualidade 1905 In Obras psicol gicas completas de Sigmund Freud Rio de Janeiro Imago 1980 An lisis de la fobia de un ni o de cinco a os caso Juanito 1909 In Obras Completas Tomo Il Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 T tem y Tab 1912 3 In Obras Completas Tomo Il Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 Introducci n al narcisismo 1914 In Obras Completas Tomo Il Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 La represi n 1915 In Obras Completas Tomo Il Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 Lo Inconsciente 1915 In Obras Completas Tomo Il Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 Pegan a un ni o 1919 In Obras Completas Tomo III Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 Psicolog a de las masas y an lisis del YO 1920 1921 Obras Completas Tomo Ill Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 La cabeza de Medusa 1922 1940 In Obras Completas Tomo Ill Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici n 1981 El Yo Y El ELLO 1923 In Obras Completas Tomo III Madrid Biblioteca Nueva Cuarta Edici
155. sos A crian a passou a evitar qualquer contato com o outro iniciando um processo de fechamento que resultou na recusa ao olhar e alimenta o na n o ascen o fala e na presen a de irregularidades em seu sono Foi encaminhada ao analista por suposi o diagn stica de autismo Esse caso corrobora a afirma o de Freud no texto Proyecto de uma psicologia para neurologos que A defesa recha o prim ria ser ent o tanto mais poderosa quanto mais intenso for o desprazer 1981 p 234 Frente invas o materna a crian a anula a m e como objeto simb lico protege se de sua onipot ncia o Nebemnensch quem primeiro possibilita o trilhamento A impress o das marcas orientada por aquilo que impactou o beb como prazer desprazer Com o decorrer do tempo a crian a come a a se apropriar mais ativamente de tais marcas e j movida pelo princ pio de realidade poder brincar Freud 1920 relata uma brincadeira que seu netinho realizava com um carretel empurrando o e puxando o enquanto pronunciava For da que significa em alem o foi embora voltou como exemplo fundamental dessa passagem de quem sofre a a o para quem pratica a a o Inicialmente a m e quem atribui um brincar quando cuida de seu beb como uma atividade que envolve prazer Para se ter satisfa o a condi o se identificar a certos ideais da cultura depois da entrada da lei O beb j n o se encontra t o fixado ao fant
156. star e parir e se inicia muito antes da fecunda o Para Freud 1930 come a na viv ncia pr ed pica e se conclui com a passagem pelo complexo de dipo 3 1 O PRIMEIRO OBJETO DE DESEJO O DESEJO PELA M E 47 No texto freudiano de 1914 Introducci n al narcisismo encontramos at chegar a elei o do objeto do lactente e da crian a maior temos advertido que ele mesmo toma seus objetos sexuais de suas experi ncias de satisfa o As primeiras satisfa es sexuais auto er ticas s o vividas em rela o com as fun es vitais destinadas conserva o As puls es sexuais se ap iam a princ pio na satisfa o das puls es do eu e s depois se tornam independentes destes ltimos Por m esta rela o se mostra tamb m no fato de que as pessoas as quais s o destinados alimenta o o cuidado e a prote o da crian a s o seus primeiros objetos sexuais ou seja em primeiro lugar a m e ou seus substitutos 1981 p 2025 M e enquanto fun o estruturante para o psiquismo do humano Ela aquela a quem Freud 1895 chama de Nebenmensch semelhante ou pr ximo assegurador Ele mostra que ela o primeiro objeto de desejo com o qual a crian a se depara e que permanecer por toda a vida Freud em seu texto Psicolog a de las masas y an lisis del YO afirma que A identifica o conhecida na psican lise como a manifesta o mais remota de um enlace afetivo a outra pessoa e desempenha u
157. strada LACAN 1999 p 288 289 Para se ter um filho preciso que uma mulher se coloque no lado masculino da sexua o ou seja identifique se ao pai e dele deseje ter o falo Trata se de uma identifica o sob um certo ngulo e de certa maneira a crian a transforma se 109 nesse pai Ela n o se transforma realmente no pai claro mas torna se o pai enquanto Ideal do eu LACAN 1999 p 306 Apesar dessa identifica o ao pai A menina nem por isso se transforma em homem LACAN 1999 p 306 E j n o mais do mesmo desejo que se trata mas de um desejo que vem substituir o que tinha a ver com a rela o libidinal prim ria com o que estava em jogo na constitui o do objeto aquele que ligava a filha m e agora um desejo transformado em met fora Um filho portanto uma met fora preciso que a m e apesar de a gravidez ps quica estar em curso continue desejando enquanto mulher A crian a tem valor f lico quando ela pode dividir no sujeito feminino a m e e a mulher Na dial tica significante sob o significante Nome do Pai o objeto crian a invoca a presen a mas tamb m promove a aus ncia materna divide o sujeito feminino Enquanto significante porta a propriedade de ser equivocante A fun o paterna sustenta e possibilita o transbordamento da mulher em m e dando lhe condi o de amparar seu beb bem como interdita a m e para que a mulher possa se fazer objeto para o
158. ta necess ria para se entrar na linguagem Sempre h algo que falta na cadeia discursiva e sempre h algo do Outro no discurso A psican lise mostra que a linguagem n o tem fun o de comunica o mas de mal entendido onde surge o sujeito A linguagem o terreno do mal entendido A medicina por estar referida ao conjunto de manifesta es que se d o a ver ao fenomenol gico deixa de fora o sujeito do inconsciente o qual n o se d a ver Em seu livro Mulheres Hist ricas a psicanalista Vera Pollo 2003 verifica que A medicina dita cient fica localiza o verdadeiro ponto de partida do saber m dico em Tratado do Homem de Ren Descartes s c XVII considerando o a cis o com o mito Para a psican lise sobretudo ap s o ensino de Jacques Lacan 1901 1981 o cogito cartesiano considerado tamb m a introdu o de um novo conceito de ci ncia no qual certeza e verdade pela primeira vez comparecem disjuntas Os cogitos freudiano e cartesiano contudo n o s o equivalentes pois este mascara a falha que aquele toma a seu encargo 2003 p 14 17 O sujeito age preciso busc lo atrav s da fala ou reconhec lo nas forma es do inconsciente sonhos atos falhos chistes lapsos e sintomas t o bem esclarecidas na teoria freudiana A articula o do sujeito no campo da linguagem com o Outro que porta a alteridade e com o objeto de seu desejo o que na psican lise aponta para a quest o da
159. te da representa o do investimento pulsional do Outro isto n o podemos pensar sem a condi o do imagin rio O significante para ter sentido precisa estar acoplado a uma representa o e essa representa o sempre a partir de uma sobredetermina o imagin ria pulsional portanto narc sica desse Outro que nos marcou A humaniza o do filhote humano n o se d per si um processo realizado por outro humano familiar que o introduz na condi o de ser falante Capturado assim nesse campo do Outro o beb perde sua condi o natural visto que houve um desejo direcionado a ele Esse desejo o que oferece a condi o de o pequeno ser vir a se tornar um sujeito tamb m de desejo deixando para tr s e para sempre qualquer rela o com o instinto Perdermos desde que entramos na vida a naturalidade animal e a liberdade pois surgem a rela o e os atos de compromisso com o Outro Ganhamos a dor de existir Tenho sonhos cru is n alma doente Sinto um vago receio prematuro Vou a medo na aresta do futuro Embebido em saudades do presente 75 Saudades desta dor que em v o procuro Do peito afugentar bem rudemente Devendo ao desmaiar sobre o poente Cobrir me o cora o dum v u escuro Porque a dor esta falta d harmonia Toda luz desgrenhada que alumia As almas doidamente o c u d agora Sem ela o cora o quase nada Um sol onde expirasse a madrugada Porque s madrugada quando chor
160. tes CANGUILHEM 1982 p 146 Conclui se com ele que o normal o saud vel aquele que cria um modo poss vel de elaborar a diferen a Se nos dirigirmos ao seu significado vemos que norma uma palavra que adv m do latim e que significa esquadro e normalis em latim corresponde a perpendicular Logo a norma retifica corrige o que est fora do padr o A id ia de normaliza o foi contempor nea das grandes reformas do s culo XIX tanto pol tica e econ mica quanto pedag gica e hospitalar Em fins do s culo XVIII j ocorria um olhar mais detalhado em busca do que se encontrava fora da normalidade em rela o verdade do sexo ou seja do que era esperado encontrar como resultante da diferen a sexual e de sua reprodu o No s culo XIX esta busca tornou se mais cient fica A no o de ci ncia passou a ser questionada e consequentemente o conceito de normal em sa de tamb m Na Biologia Darwin 1871 trouxe a possibilidade de nos percebermos como macacos mais evolu dos e introduziu as refer ncias classificat rias dos seres vivos Mendel 1865 descobriu as leis fundamentais da gen tica teorias que hoje em dia t m vasta utiliza o na Medicina trazendo um novo olhar para a sa de A ci ncia ficara reduzida ao campo de deten o da verdade Penso logo existo este pensamento era a l gica que detinha a verdade Ren Descartes 1637 seu autor ao defender que a mente e o corpo eram fatores
161. to cuja principal tarefa resgatar a import ncia da gesta o do parto e do puerp rio para a mulher o pai o beb e a fam lia Considera como fundamentais os aspectos f sicos emocionais sociais sexuais e afetivos que interferem neste processo Foca o papel da mulher nesse momento de sua vida O pr natal e o nascimento s o considerados como momentos nicos para cada mulher e uma experi ncia especial no universo feminino Os profissionais de sa de devem passar a assumir posturas de educadores que compartilham saberes na tentativa de devolver mulher a autoconfian a que lhe foi expropriada para viver a gesta o o parto e o puerp rio Os princ pios do PNHPN s o Toda gestante tem direito ao acesso digno e de qualidade no decorrer da gesta o parto e puerp rio toda gestante tem direito ao acompanhamento pr natal com consultas agendadas toda gestante tem direito de conhecer e ter assegurado o acesso maternidade em que ser atendida no momento do parto toda gestante tem direito assist ncia ao parto e ao puerp rio e que esta seja realizada de forma humanizada e segura de acordo com os princ pios gerais e condi es estabelecidas pelo conhecimento m dico todo rec m nascido tem direito assist ncia neonatal de forma humanizada e segura dever das unidades de sa de receber com dignidade a mulher seus familiares e o rec m nascido Isto requer atitude tica e solid ria por parte dos profissionais
162. tratamento das doen as sexualmente transmiss veis etc Com base na pol tica do SUS e no sistema de compromisso com a promo o da sa de considera importante o processo da maternidade sob a perspectiva humanizada e integral de sua qualidade n o apenas atendendo s demandas curativas mas preocupado com a preven o para as sa des f sica emocional e social da mulher e da crian a Os programas de sa de do Minist rio evidenciam tais preocupa es e refor am como medidas preventivas o aumento do n mero de consultas de pr natal a cria o do ambulat rio de pr natal de risco o incentivo ao aleitamento a cria o dos hospitais amigos da crian a os ambulat rios de seguimento os protocolos de atendimento hipertens o e s DST AIDS a instrumentaliza o atrav s de aparelhos tecnol gicos ultramodernos entre outras 35 Nessa tica da humaniza o o M S tenta resgatar o lugar da mulher como protagonista no tocante viabiliza o do parto e do nascimento No ano de 2000 atrav s de seus manuais e cartilhas afirmou que A gesta o e um fen meno fisiol gico e por isso mesmo sua evolu o se d na maior parte dos casos sem intercorr ncias BRASIL 2000 p 11 Em 2003 o rg o assumiu que a gravidez e o parto s o eventos sociais que a viv ncia reprodutiva de homens e mulheres Apontou para a necessidade de conhecimentos pr ticas e atitudes da equipe de sa de que possam vir a garantir e prese
163. u ganho de prazer independente desta Assim esta necessidade pode e deve ser qualificada como sexual 1981 p 2025 Os objetos da puls o s o substitutos representantes da representa o deste primeiro objeto objeto original perdido porque quando ele aconteceu n o havia ainda um sujeito falante para nome lo a marca real de uma falta Logo marca do objeto prazeroso acrescenta se tamb m a marca de uma falta de um imposs vel de ser alcan ado o momento m tico fundamental que demonstra que o humano ser de linguagem n o regido pelo instinto perde sua naturalidade O mito o arranjo do simb lico com o imagin rio para dar conta do real condi o inexor vel para a civiliza o O beb tem posicionamentos diferentes durante esse percurso A princ pio ele vai em busca desesperada e ativamente do objeto da satisfa o N o o encontrando tenta tomar como objeto seu pr prio corpo sugar seu dedinho ou a chupeta por exemplo Esse um movimento auto er tico Por isso n o ser suficiente o beb oferta se como objeto para sua m e Podemos perceber isso quando o beb oferece o pezinho para que a m e o beije ou a barriguinha para que segundo o que se diz popularmente ela possa com la 56 Esse o tempo que Freud qualifica de passivo mas que de fato de muita atividade Fazer se olhar fazer se gostoso para a m e estabelece uma din mica que ir incluir prazer para ambos e
164. udo pode morto por seus filhos e no lugar vazio do pai morto surgem a lei simb lica e a culpa Ocorre a lei do incesto em que o poder do amor faz o homem se privar momentaneamente de seu objeto sexual a mulher em prol da fun o materna e a mulher m e priva se de seu filho como objeto de gozo em prol do homem amado A lei paterna divide o sujeito Somos os nicos animais que lutam por outras coisas sen o a sobreviv ncia O vazio do pai fez com que os homens se unissem para enfrentar a natureza a uni o vem do desamparo A m e s pode oferecer a ilus o de que ela fonte de todo o amparo do filho porque nesse tempo o beb lhe tido como o objeto que a completaria Por sua vez ele lhe oferece a ilus o de que o objeto t o procurado por ela O filho portanto um substituto do falo para a m e Ela ent o fica f lica S o momentos simult neos Por m isso n o pode durar para sempre Chega a ocasi o em que a ilus o vacila e a falta do objeto se apresenta o que estava velado se revela N o adequado manter a farsa por longo tempo Se essa falsa imagem se mant m grandes s o os riscos para o desenvolvimento da crian a para a sua constitui o subjetiva A m e que d a ilus o aquela que tamb m desilude Ela tem como salienta Freud a vertente das Ding A m e porta amor e dio porta Eros e Thanatos A m e como todo humano marcada pela puls o agressiva original n o puro dom de amor
165. ue fica evidenciado nas primitivas brincadeiras com as bonecas nas quais ela era a m e e a boneca era ela mesma Mas essa n o era uma atividade feminina era uma elabora o de sua identifica o ao objeto amoroso deixando de estar na posi o passiva para ocupar a posi o ativa Uma paciente busca ajuda por ocasi o do seu sexto epis dio de aborto e em sofrimento relata a impossibilidade de ter um filho de seu namorado pois dizia n o poder ter filhos sem pai Essa mesma jovem filha mais velha de seus pais foi a que ficara respons vel pelo cuidado de todos os irm os o que fizera muito afetivamente Sua m e criada por uma senhora que n o a adotara contava que casara para ter um lar Dos seis filhos gerados por sua m e o ltimo foi entregue aos cuidados da paciente at mesmo na aquisi o de todo o enxoval Lembremos a afirma o de Freud sobre o desejo prim rio que de dar um filho m e o que foi totalmente invertido nesse caso Sua m e morreu de um c ncer uterino um ano ap s a perda de seu quarto filho morto tragicamente aos 19 anos por afogamento Seu pai que sofria de alcoolismo envolvia se em constantes crises e a paciente 63 perdida em sua fun o de filha abandona a casa materna O irm o filho j envolvido em drogas adoece de Aids e morre aos 16 anos de idade Nenhum de seus irm os e irm conseguiu procriar mas todos conseguiram ter suas casas pr prias A casa desta pacie
166. ue o pai se liga lei primordial da proibi o do incesto LACAN 1999 p 174 Ela porta o terceiro por toda a sua presen a por seus efeitos inconscientes que ele realiza a interdi o da m e O v nculo da castra o com a lei essencial LACAN 1999 p 174 175 Desta forma n o h d ade m e beb como se costuma falar para designar a vincula o da m e ao seu beb Onde h dois sob lei paterna existem tr s A constru o da cena a tr s se nomeia em psican lise de cena ed pica e em torno do dipo da fun o paterna operando na m e que toda a estrutura ps quica e mental se desenvolve Uma m e submetida castra o d ao pai o lugar junto ao filho atrav s de sua palavra preciso uma lei uma cadeia uma ordem simb lica a interven o da ordem da palavra isto o pai N o o pai natural mas o que se chama o pai A ordem que impede a colis o e o rebentar da situa o no conjunto est fundada na exist ncia do Nome do Pai Este o sentido mesmo do complexo de Edipo LACAN 1999 p 152 Por isso mesmo nos casos em que a crian a deixada sozinha com a m e complexos de dipo inteiramente normais se estabelecem portanto sob as leis do simb lico que o humano singular filho nico sujeito de desejo pode advir 98 quando h um sujeito falante n o h como reduzir a um outro simplesmente a quest o de suas rela es como algu m que fala mas h
167. ue o pediatra previra e ap s uma hora de pura afli o desespero cansa o sentimento de incompet ncia e impot ncia sentindo se derrotada e culpada por ter sido incapaz de cumprir seu papel de m e e fazer o que segundo o pediatra era preciso a m e saiu daquela sala e se assumiu uma m m e que nada mais tinha a dar a seu filho sen o leite industrializado numa mamadeira A 68 partir da a fun o materna paralizada e o beb passa a apresentar s rias complica es em seu desenvolvimento Essa paciente tinha s rios confitos com sua m e O impedimento proveniente do supereu arcaico precisa ser levado em considera o em toda rela o materno infantil a fim de que os obst culos ao funcionamento da fun o sejam entendidos como processos inconscientes n o raro contr rios vontade da m e A atitude do supereu tanto pode ser de prote o quanto de imposi o da dor A sintomatiza o ou n o da estrutura vai depender da magnitude relativa das for as contr rias ou seja o amor precisa suplantar o dio preciso por amor ao pai separar se da m e retirar a libido do primeiro objeto amoroso A primeira identifica o est relacionada identifica o ao ser ser o falo da m e Dela n o h como escapar quando se est envolto nas tramas inconscientes da vincula o ao Nebenmensch Freud diz serem os processos de identifica o e de forma o do supereu mais complicados nas mulheres Quanto ma
168. um poss vel futuro exerc cio da fun o materna N o raro que tais mulheres quando d o luz repitam com seus beb s o mesmo processo pelo qual passaram deixando os aos cuidados de outro mesmo que esse outro seja um familiar Uma paciente me procurou trazendo quest es sobre sua sexualidade e sobre sua ado o Relatou que apesar de sua ado o nunca lhe ter sido revelada por seus pais sempre desconfiara de que havia sido adotada pois sua m e constantemente temia que algu m pudesse roub la Ent o ela quando adolescente fazia provoca es tais como dizer a sua m e para agredi la que esta parecia uma madrasta Ap s a morte de seus pais resolveu pesquisar e certificou se de que realmente havia sido adotada e que isso tinha sido mantido em sigilo por imposi o deles importante frisar que essa paciente apesar de querer saber sobre sua origem nunca se aventurou a realizar tal pesquisa antes da morte de seus pais pactuando assim com a manuten o do sigilo Soube tamb m que quando o casal resolveu por sua ado o o pai saiu para buscar um menino e retornou casa com uma menina Essa revela o causou lhe uma desordem ps quica motivo principal que a conduziu busca do tratamento psicanal tico Durante o processo anal tico resolveu em dado momento procurar pela verdadeira m e Quando por m encontrou uma pista de seu paradeiro desistiu de sua empreitada afirmando que m e fora aquela qu
169. uma exig ncia que contr ria ao que portamos de mais ntimo a tend ncia agressividade Ela est na origem humana H uma cruel agressividade como fator prim rio inerente ao humano por m impr pria civiliza o Homo hominis lupus Homem lobo do homem PLAUTO apud FREUD 1997 p 32 preciso uma for a contr ria operando para cont la inibi la A esta for a ele chama de amor Esta for a de conten o instala o recalque 18 opera o organizadora da estrutura ps quica que est ligada lei de funda o do inconsciente S assim o amor elemento necess rio civiliza o pode se estabelecer O dio por m prim rio e constitutivo anterior ao amor Para cada sujeito o hostil o que se apresenta como o que sempre retorna O humano desde que nasce sofre do mal estar o Outro materno que por dom de amor retira o pequeno beb da indiferen a e de seus avatares do desamparo original abordado por Freud no texto do Projeto para uma psicologia cient fica 1895 a m e quem o primeiro referencial do campo da linguagem do campo do Outro ela quem vai ancorar o beb que se encontra deriva Ela vai marcar o pequenino com seus significantes e ir transmitir seu desejo e suas faltas demandando dele que ocupe o lugar que lhe foi reservado em seu psiquismo Isto ampara Por m esse outro porta tamb m o hostil constitutivo em si O amor tem uma face mort fera o objeto de
170. upar um lugar na cadeia simb lica e o v inserindo o nessa cadeia muito antes do seu nascimento A m e ao mesmo tempo o pequeno outro e o grande Outro O Outro o lugar em que se situa a cadeia do significante que comanda tudo que vai poder presentificar se do sujeito o campo desse vivo onde o sujeito tem que aparecer LACAN 1988 p 193 194 Para a psican lise ser m e e ter um filho envolve um projeto desejante uma escolha posta em ato pelo sujeito que deseja Isso trar efeitos desdobramentos estruturais O enla amento inaugural o v nculo amoroso realizado pelo Outro da linguagem que amarra a origem da estrutura o subjetiva do futuro anterior do pequenino filho ou seja aposta no proto sujeito o infans para que ele possa advir como sujeito do desejo Um filho deve existir antes mesmo de seu nascimento quando enunciado Ele deve ser falado imaginado nomeado esperado Para a constitui o subjetiva a palavra precisa ultrapassar o significado precisa ser cunhada de significa o f lica Isto s poss vel porque h desejo em jogo Assim o outro a partir do lugar do Outro colocar em fun o o Outro primordial a m e A primeira rela o de realidade desenha se entre a m e e o filho e a que a crian a experimenta as primeiras realidades de seu contato com o meio vivo Lacan 1957 1958 p 186 Cabe ao Outro o ato de nomear o que inclui e inscreve a crian a no campo da
171. uro onde havia o puro vazio um corpo com furos por onde se escuta fala se transpira se para o Outro A palavra pois essencialmente o resto mn mico da palavra escutada FREUD 1981 p 2704 A esse primeiro outro que faz esta fun o de amparar e marcar o beb principalmente com as marcas dos dois objetos pulsionais olhar e sua voz nomeamos de m e Ele o representante do Outro para o filho Este semelhante afetado psiquicamente pelo pequenino a quem Freud chama de Nebenmensch Lacan o designa como Outro primordial a m e ou seu representante T1 A primeira interpreta o feita pelo Outro m e O que da ordem da necessidade transformado pelo outro capturado pela demanda O que da puls o oral interpretado como demanda ao Outro quando por exemplo ao ouvir o grito do beb a m e diz que ele est pedindo que ela o amamente Ah T com fominha querido T querendo mamar E ela num movimento transitivista responde pelo beb T sim mam e h o estabelecimento de um di logo A necessidade barrada pela linguagem que a transforma em demanda A puls o nesse per odo chamada de libido e todos os investimentos do Outro materno ser o denominados de investimentos libidinais ou narc sicos A psican lise diz que a m e ir transformar interpretar o grito inicial da necessidade do seu beb em demanda a ela sob sua puls o esc pica e invocante atrav s de seus objetos
172. zada pela presen a do pai da lei paterna que divide a m e em m e e mulher pois o homem deseja a mulher traz a media o 101 O pai imp e a presen a da lei para ambos m e e filho crian as cuidadas apenas por suas m es s o crian as que podem receber lei muito tir nica A posi o feminina inclui a falta o que est fora do simb lico o que n o tem consist ncia Por isso a mulher n o definida e faz bem menos conjunto que os homens Uma jovem procura a an lise por se encontrar em grande estresse diante da possibilidade de fazer uma lipoescultura e implanta o de silicone Ela relata L em casa meio assim para meu pai tudo dele at o silicone que vou colocar muito abusado meu pai dif cil Muito dif cil Tudo uma bagun a Todos entram no meu quarto invadem e mexem em tudo que meu No final at minha m e sem querer faz bagun a tamb m Nunca tive privacidade Nunca pude ter uma agenda um cofrinho S tenho uma gaveta que tranco e ando com a chave L em casa s n o mexem nas bolsas Acho que por isso que nunca fui muito menina Este um exemplo que demonstra a import ncia da fun o paterna como aquela que organiza e facilita o posicionamento do sujeito na assun o sexual A identifica o sexual n o suficiente para dizer sobre o sexo Ser homem ou mulher uma resposta um posicionamento diante da castra o uma quest o de discurso jamais de anatomia a

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