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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

1. Al m da m e o pai e a fam lia imaginarem o beb que est por vir tamb m se espantam diante do beb real o que pode influenciar a m e Ou seja a fam lia tanto pode apoiar a adapta o materna realidade exemplificada na fala de Indira como dificultar como foi relatado por Maria Mas que ele marido olhou ele falou assim amor ela comprida ela tem apar ncia de crian a saud vel Voc vai ver daqui a pouco ela est saindo Indira Ela minha irm tamb m falava muito feinha riso muito magra riso Maria Maria foi a entrevistada que mais se deteve na quest o da imagem do beb pr termo mas em especial naquela que foi expressa pelos outros o que tamb m reflete a disparidade entre a imagem que ela elaborou e o beb real Ela descreveu a sua indigna o diante do olhar das pessoas que julgam comparam e rotulam os beb s Sabe uma coisa que eu achava errado As pessoas que chegavam l em cima olhando os beb s internados Eu achava errado tamb m por exemplo assim na hora em que a visita ficava comparando um com o outro Olha ela t o bonitinha poxa mas a sua est parecendo um ratinho N o podia chegar perto mas sempre tem alguns que as pr prias m es falam Quer dizer eu achava isso errado dizer que o beb n o bonito mesmo que seja Maria 135 Em dois momentos Maria relatou os encontros com o beb real e a interven o positiva do profissional de sa de
2. Oito mulheres relataram n o terem planejado a vinda desse filho que nascera prematuramente Por m planejar n o sin nimo de desejar A gravidez n o planejada revela o desejo inconsciente de ter filhos ou ainda o desejo constru do em si mesmo ou junto ao outro de gest los ap s a confirma o da gesta o mesmo n o sendo o momento adequado N o se deve fazer um julgamento precipitado achar que um beb n o ser amado simplesmente porque n o foi devidamente planejado e desejado porque o desejo de ter filhos pode ser consciente ou inconsciente Logo um beb que n o foi programado ou inicialmente desejado poder desenvolver uma liga o afetiva com seus pais e vice versa BRASIL 2009 p 41 Para Silva 2007 a quest o de planejamento da gravidez tem rela o mais direta com o desejo dos pais de terem filhos em um determinado per odo de suas vidas ou seja seus planos de formar crescer ou n o o n cleo familiar Arruda e Marcon 2007 p 121 ressaltam que no decorrer da vida familial o nascimento do primeiro filho ou mais de um constitui um marco importante no ciclo de desenvolvimento da fam lia representando sua expans o O momento de gerar os filhos um dos enfrentamentos mais comuns vividos pelas fam lias e portanto considerado uma fase vital do n cleo familial Neste estudo destaca se de imediato o fato de que todas as adolescentes Clara 15 anos Nat lia 16 anos Beatriz 17 anos e Cari
3. Vivia doentinho na fala de Ana Louise Por isso fundamental que a fam lia aprenda a posicionar o beb durante e ap s a alimenta o como foi descrito em detalhes por Fl via para minimizar os engasgos e v mitos relatados por Indira Tamez e Silva 2006 p 184 relatam que com o posicionamento e medica es anti refluxo a maioria dos beb s encontra se sem sintomas aos 18 meses de idade 217 Os problemas relatados por Juliana foram a intoler ncia lactose e a grande demora em se alimentar que persistia at a data da entrevista com 1 ano e 5 meses Eles levavam a m e exaust o e causavam preocupa o devido ao baixo peso do filho Ele levava duas horas para tomar uma chuquinha ele n o tinha suc o Copinho ele engolia muito ar e fazia refluxo essa parte para mim foi a mais preocupante Em casa eram duas horas cada chuquinha Ele acabava na hora de tomar a pr xima entendeu Isso era a noite toda o dia inteiro Ele mamando acabava uma e dava um tempo de meia hora Fazia outra dava ele tomava uma chuquinha em duas horas 60 ml em duas horas Essa foi a pior parte At hoje ele ruim de comer Essa foi a pior parte A ele teve intoler ncia lactose E a j n o era mais o problema da suc o era o problema da lactose e assim foi indo Porque ele n o uma crian a que se alimente bem tudo dele for ado Eu for o o almo o eu for o a janta eu for o uma mamadeir
4. de 2 a 6 Agora que eu a levei para casa depois que inteirou 1 ano fiz 1 ano e 3 m s de fisioterapia Fazia aqui e fazia noutro hospital Eram 3 vezes por semana Ela tem plano de sa de ent o o plano cobria fisioterapia S que o dia que era pra trazer ela aqui eu tamb m trazia n A foi aquela coisa persistente mas eu consegui Hoje ela uma garota saud vel quase nem resfriado tem Tomou todas as vacinas tudo direitinho Fala tudo entende tudo o que voc fala Socorro Socorro relata a peregrina o por v rios m dicos e a realiza o de v rios exames diagn sticos e de controle Levei a v rios m dicos M dico pra fazer exame da cabe a da orelhinha pulm o tomografia e a foram v rios exames n Mas gl ria a Deus ela n o tem nada Ela reagiu otimamente Mas devo muito a Deus porque sil ncio suspira Socorro Vit ria e Yasmine demonstraram a grande preocupa o com o desenvolvimento dos filhos Elas descreveram o atraso na aquisi o de comportamentos compat veis com a idade e a alegria nas pequenas vit rias adquiridas com muita estimula o for a de vontade e determina o em busca de atendimento qualificado Ao mesmo tempo pequenas coisas que os outros beb s fazem normalmente para a gente um ganho Ah sustentou a cabecinha Ah sentou Apesar de atrasado do 214 tempo cronol gico do outro beb conseguiu N o sei se vai andar andou Vai demorar
5. eu fiquei com ele um m s internada aqui A depois ele teve alta A eu fui pra casa e quem cuidou dele foi s eu porque eu n o aceitava ningu m Assim s quando ele estava doentinho a minha m e me ajudava Mas eu que sempre dei banho fiz comida cuidei sozinha A agora ele j est a est grande est na escola Ana Louise J Cl udia viu se obrigada a aprender a cuidar do filho pr termo no hospital porque n o teria ajuda de sua m e ou da sogra Porque eu fiquei sozinha aqui quando eu fui pra casa a n o tinha ningu m nem minha sogra nem minha m e s eu Eu fiquei cuidando dele sozinha n o tinha ningu m por isso que eu cuidei dele aqui S fui embora quando ele ganhou alta fiquei 24 dias aqui N o aguentava mais ficar dentro do hospital Mas muito bom Eu aprendi muito Hoje eu n o tenho medo de dar banho em crian a de cuidar de uma crian a Tudo foi por causa dele que eu perdi muito o medo Cl udia Como Ta s aprendeu a cuidar da filha na Unidade Neonatal eventualmente pede ajuda de sua m e O seu marido n o participa do cuidado da filha mantendo se no papel de provedor At que eu cuidei f cil porque eu sempre fazia sempre sozinha Eu n o precisei da ajuda de ningu m para cuidar dela S na primeira vez no posto que a minha m e foi junto comigo Mas depois eu ia sozinha fui sozinha eu e ela Eu pegava nibus sozinha e vamos O meu marido trabalha e
6. hist ria de sa de doen a dos clientes H supervaloriza o das m quinas geradoras de imagem dos exames A cl nica se perdeu ao passo que a gestante tornou se a hist rica A impossibilidade da garantia da vaga no estabelecimento de sa de p blico onde a gestante realizou o pr natal ocasiona o processo de peregrina o das gestantes Knupp Melo e Oliveira 2008 p 42 afirmam que no setor privado verifica se uma tend ncia inversa a 106 mulher acompanhada durante a gesta o pelo m dico que realizar seu parto tendo a oportunidade de estabelecer uma rela o pr via de confian a o que entretanto n o garante uma condu o mais adequada do parto Indira filiada a um conv nio m dico fazia o pr natal em um hospital privado em Santa Cruz bairro pr ximo a sua resid ncia Fez uma crise hipertensiva e buscou atendimento onde era acompanhada Foi medicada na emerg ncia por m como n o conseguiram fazer a estabiliza o da sua press o arterial havia necessidade de interna o com possibilidade de interrup o da gravidez Estava com 30 semanas de gesta o e o seu beb necessitaria de UTIN Por m como n o havia terminado a car ncia do plano precisaria pagar pela interna o da filha um custo imposs vel de arcar Foi orientada a procurar por meios pr prios pelo servi o p blico Indira saiu do bairro de Santa Cruz percorreu a dist ncia de 25 km de trem at Padre Miguel onde mora S
7. 103 que me revoltou porque eu j estava internada e a doutora falou assim Voc n o pode ficar aqui porque prematura Ela fez os exames de novo viu que eu estava com as contra es Ent o ela falou assim Procura outro hospital Mas eu j estou internada eu n o tenho ningu m aqui eu n o sou daqui eu n o conhe o nada aqui direito eu comecei a trabalhar agora Ela falou assim Ah te vira olha tem o hospital perto que tem l que a maternidade A ela come ou a falar o nome dos hospitais Mas eu n o posso ficar com voc aqui Ela me devolveu os documentos e mandou eu me virar Ent o quer dizer nenhuma ambul ncia para me transferir para outro hospital Ela N o podemos fazer isso n o Voc pega um t xi e vai E eu disse como que eu vou pegar um t xi que nem dinheiro eu tenho Se foram as pessoas do trabalho que me trouxeram aqui Eu n o posso fazer nada por voc n o Voc pode pegar um nibus qualquer coisa porque voc n o vai ter essa crian a agora voc n o est em dilata o voc est em 2 de dilata o e vai at o 10 Maria Na sa da Maria encontrou uma m dica que sem poder intervir na conduta da outra ligou do seu celular escondido para que viessem busc la A aquela doutora que eu encontrei no corredor pegou e ligou para o meu trabalho do celular dela Ela fez isso no corredor Ela disse para vir me buscar e ela ficou na
8. BRASIL 2009 p 26 Na explica o encontrada no manual do m todo canguru Brasil 2009 p 28 as realidades ps quicas do pai da m e e mesmo da crian a que est por vir se entrela am antes da concep o Um beb come a a existir para seus pais muito antes de sua concep o a partir do desejo que cada homem e cada mulher possuem desde sua tenra inf ncia de um dia formarem uma fam lia Seus primeiros registros podem ser 16 encontrados nas brincadeiras de menina e menino que repetem atividades de maternagem que observam em seus pais brincam de bonecas montam casinhas criam situa es que imitam as atividades realizadas por suas figuras parentais que envolvem o cuidado e a aten o com todo o grupo familiar Esse beb chamado beb fantasm tico Totalmente inconsciente ele acompanha a vida emocional interna de cada um dos pais mas possibilita alguns arranjos quando de sua aproxima o com experi ncias e viv ncias atuais e reais do casal com seu filho programado ou j intra tero quando passa a ser conhecido como beb imagin rio Este beb continua sendo criado enquanto o casal descobre como pretende configurar sua fam lia e se faz presente nos cuidados oferecidos quando da sua chegada Por m medida que a gravidez transcorre e que o beb intra tero se desenvolve ele come a a ser pensado e imaginado por meio das representa es que pai e m e oferecem s sensa es que ele provoca As id ias qu
9. Envolvido poder se comprometer com os cuidados com a fam lia As autoras Branco et al 2009 p 11 tamb m destacam que a prepara o dos pais para a participa o no trabalho de parto e no parto importante mas n o obrigat ria pois mesmo pais que n o passaram por nenhum treinamento apoiaram a gestante adequadamente 118 O direito do casal Maria e seu esposo de ter um acompanhante durante o processo de parturi o foi respeitado em parte Maria concebeu gemelares e abortou um feto com dois meses e meio de gravidez foi uma gestante de risco e a indica o de ces rea foi ap s a sua estabiliza o cl nica A filha nasceu prematura com 32 semanas de idade gestacional O marido acompanhou Maria no pr parto por m quando ela foi transferida n o p de entrar no centro cir rgico na realiza o da ces rea Ele ficou na porta do centro obst trico aguardando not cias e infelizmente foi desprezado por uma pessoa da equipe de enfermagem Me senti s mas eu n o me senti t o sozinha assim porque gra as a Deus meu marido estava comigo o todo tempo ele estava comigo na hora do parto Ele s n o viu nascer Ele ficou do lado de fora Ele ficou com raiva de uma enfermeira porque ele pediu a ela para saber se eu j tinha ganho tudo e ela disse que ia l olhar E quando ele viu ela saiu pela outra porta e foi embora Ele ficou com vontade de ir atr s dela e dar um soco porque ela fez isso com ele Ele ficou espera
10. Eu moro em cima da casa da minha m e Antes eu n o morava com ele Eu morava com a minha m e Depois que o nen m nasceu que eu fui morar com ele Tem um m s e pouco que eu fui morar com ele quarto sala cozinha e banheiro Eu moro com ele Nat lia Dentre as entrevistadas adultas que revelaram n o planejaram a gesta o est o Ta s 21 anos M nica 33 anos Andr ia 33 anos e Yasmine 42 anos Ta s quando engravidara tinha 19 anos e poca tinha 3 anos de vida conjugal relatou Eu fiquei com medo Eu fiquei gr vida mas n o foi planejado aconteceu Aconteceu porque aconteceu e que seja bem vindo Sou casada desde os 16 anos ent o era independente Ta s 21 anos 82 M nica engravidou da segunda filha no intervalo de troca de m todo anticoncepcional A minha segunda gravidez n o foi planejada Nada Essa n o foi Eu usei DIU durante seis anos depois dessa minha primeira filha E retirei o DIU Como o DIU na parte da rede p blica dif cil de colocar de novo a o m dico optou por inje o A eu estava tomando inje o e devido a esta pausa eu tive uma inflama o no tero Devido essa pausa eu engravidei dela M nica 33 anos Andr ia ex drogadicta n o planejou nenhuma de suas quatro gesta es Nunca conseguiu regular sua fertilidade Eu n o planejei aconteceu Eu n o tomo rem dio n o fa o planejamento n o fa o nada Andr ia 33 anos Yasmine
11. Leininger antenada s novas formas de divulga o do pensamento mant m desde 1997 seu pr prio website www madeleine leininger com no qual os leitores podem al m de obter informa es sobre a enfermagem transcultural interagir com seus colabores oficiais Durante a Terceira Era em 1989 come ou a publica o do Journal of Transcultural Nursing como publica o oficial da Transcultural Nursing Society O prop sito desta publica o foi partilhar academicamente o trabalho entre as enfermeiras transculturais e os interessados e disseminar o conhecimento de enfermagem transcultural Os volumes a partir de 1999 est o dispon veis eletronicamente para os brasileiros atrav s do website da CAPES quando acessado nas bibliotecas conveniadas 43 No levantamento bibliogr fico realizado no Journal of Transcultural Nursing sobre estudos realizados especificamente no Brasil no per odo de 1999 a 2009 encontrei 3 artigos apresentados sucintamente a seguir Com rela o ao relacionamento entre sa de e baixo status s cio econ mico Kraatz 2001 da Universidade de Minnesota dirigiu um estudo etnogr fico com a parceria do N cleo de Assist ncia para o Autocuidado da Mulher NAAM da Universidade de S o Paulo O objetivo do estudo foi descrever o entendimento de sa de e doen a dentro da cultura de mulheres que moravam em uma favela em S o Paulo A an lise resultou numa estrutura taxon mica para o dom nio da sa de e da doe
12. Ros ngela da Silva Santos Presidente UFRJ Prof Dr Valdecyr Herdy Alves 1 Examinador UFF Prof Dr Marialda Moreira Christoffel 3 Examinadora UFRJ Prof Dr Jurema Gouv a de Souza 4 Examinadora UFRJ RIO DE JANEIRO Dezembro 2009 Orientadora Professora Doutora Ros ngela da S lva Santos Mu to obrigada por tudo Pe o desculpas pelas minhas falhas Agrade o por sua incans vel dedica o pelas orienta es s bias pelos desafios impostos Enfim por acreditar e confiar em mim Dedicat ria Ao meu esposo Celestino Obrigada pelo amor incentivo e compreens o voc me ajudou a alcan ar mais uma vit ria Aos nossos filhos Emmanuel e Gabriel Presentes de Deus raz o do meu v ver minha esperan a renovada a cada dia Amo muito voc s Agradecimentos Especiais A Deus que ilumina os meus caminhos d me for as para prosseguir e sempre coloca uma m o amiga para me apoiar Aos meus pa s Eloy e Teresinha meus maiores incentivadores que me ensinaram com seus exemplos de vida minha irm e amiga Cl udia e ao Carlos aos meus sobrinhos Paula minha afilhada e Jo o Ao meu irm o Eloy e a B rbara pela preocupa o e carinho fam lia Pereira Manuel e Trene Elisabeth e Jos Francisco s minhas sobrinhas Rachel e Bruna Le la Rangel amiga e irm muito obrigada por segurar a minha onda nos momentos ma s dif ceis Agradecimentos s
13. Vinha o copinho pra ele Th Eu n o vou dar o copinho pra ele n o que eu t doida pra ir embora Bota ele no peito s pra lamber m e Que lamber o qu eu botei pra sugar mesmo risos Cla dia 183 Mas quando pode ir pro peito sei l foi gostoso No in cio eu ficava t o nervosa que eu s queria que ela pegasse Ela n o pegava A boca dela era muito pequenininha E as outras ficavam l Uns estavam mamando outras compraram um bico de pl stico Eu n o eu n o vou comprar isso n o Ela vai ter que pegar o meu bico mesmo Mas a eu colocava mais noite sempre que eu podia tirar ela da incubadora eu colocava ela no peito para ela ficar puxando Maria As mulheres tiveram de aprender a alimentar o pr termo Por vezes foi introduzido o copinho quando o pr termo n o conseguia sugar eficazmente ou diminuir seu esfor o Elas eram ajudadas pela enfermeira e fonoaudi loga A enfermeira me ensinou a dar comida no copinho Ela comia no copinho ela come ou a comer na sonda e eu dava na sonda e elas me ensinavam tudo direitinho Depois comecei a dar no copinho Depois eu a coloquei para mamar Quando ela come ou a mamar eu recebi alta e fui para casa com ela ngela A fono me ensinou a dar mam Ana Louise Foram as enfermeiras mesmo Aquela A fonoaudi loga Ela ajudou bastante o neg cio de botar no peito Foi bem legal ela ensinou a colocar no peito essas coisas C
14. batizado pelo mundo da tecnologia apresentado sua m e por um curto per odo de tempo e colocado em uma incubadora pl stica para observa o Para Davis Floyd apud Helman 2009 p 156 o tero da m e substitu do n o pelos seus bra os mas pelo tero de pl stico da cultura Ent o ao refletir sobre o nascimento prematuro a separa o intensificada com o encaminhamento do rec m nascido para a Unidade Neonatal E por um per odo o tero materno ser substitu do pela incubadora as m os da m e pelas da enfermagem o acalanto pelos alarmes dos monitores Um longo caminho dever ser percorrido at que m e e beb pr termo possam estar definitivamente juntos no ambiente familiar Nas Hist rias de Vida deste estudo vinte e duas mulheres tiveram partos prematuros ocorreu uma separa o antecipada entre o corpo da m e e do beb Enquanto ele seguiu para a Unidade Neonatal ela foi encaminhada para se recuperar em outro setor para o Alojamento Conjunto ou para a Recupera o P s Anest sica RPA ou para a UTI 124 O depoimento de Clara ilustra a separa o imposta pela necessidade de interven o no filho pr termo A justamente quando meu filho nasce Esperei esse tempo todo na minha barriga aquela ansiedade Quando meu filho nasce ele tem que ir pra l e eu ficar aqui uma coisa meio estranha Clara Socorro teve uma gesta o de gemelares e sonhava em ficar com suas
15. o ambiente n o faz a crian a na melhor das hip teses possibilita crian a concretizar seu potencial Em outras palavras a m e e o pai iniciam um processo de desenvolvimento que resulta em existir um habitante no corpo da m e mais tarde em seus bra os e ap s no lar proporcionado pelos pais Este habitante se tornar algo que est fora do controle de qualquer um Com a descri o dos v rios aspectos do cuidado materno e da preocupa o materna prim ria pode se passar uma falsa no o de que o amor da m e pelo seu beb sempre incondicional WINNICOTT 2000 p 285 6 Por m o cuidado materno inclui a possibilidade de falhas e isto tamb m importante No ritmo do cuidado existe um tempo um intervalo entre a demanda do beb e o atendimento da necessidade por parte da m e Neste pequeno espa o de tempo o beb pode exercer sua capacidade imaginativa Estando a m e adaptada s necessidades do beb estabelece uma ilus o Winnicott 2000 p 328 de que tudo o que est no mundo o que ele pode imaginar A maneira como o beb passa a conceber os objetos coincidente com o modo como os objetos podem ser criados por ele Este funcionamento especial apresentado por Winnicott vem sendo amplamente discutido no caso do nascimento antecipado N o 150 chegar ao fim da gesta o e experimentar um parto diferente do desejado imp em algumas modifica es nas experi ncias psicoafetivas especialment
16. o entre m e e beb se d num momento singular para a vida de ambos O coment rio de Curry em Klaus e Kennel 1992 p 77 enfatiza que deveria ser uma escolha da m e a quantidade de tempo dedicada ao seu beb no hospital Pois para algumas m es vulner veis um atendimento que n o transmita apoio e a constante presen a de um rec m nascido exigente podem impedir e n o facilitar o apego No nascimento prematuro o contato precoce tem de ser adiado Zornig et al 2004 p 139 observam que mesmo o beb pr termo em boas condi es cl nicas ao nascer e com adequado n vel de maturidade necessita de um certo per odo para alcan ar auto regula o e equil brio 131 em seus diferentes sistemas frente s exig ncias de processos fisiol gicos como respirar manter a temperatura e sugar O beb necessita privilegiar a manuten o e bem estar biol gicos em detrimento de um investimento de respostas a partir das estimula es afetivas e sociais enviadas por seu ambiente de cuidados ou seja a m e ZORNIG et al 2004 p 140 A experi ncia de ter um filho inaugura um momento importante na vida da mulher e do homem Com o nascimento de um beb Winnicott 2006 p 47 destaca a transforma o que se d na atitude dos pais pois a crian a poderia ter nascido morta quando n o monstruosa mas aqui est o beb reconhecido por todos como um indiv duo O dado mais importante a grande seguran a que a crian
17. que o beb necessita de cuidados para garantir a sua sobreviv ncia E para a mulher conseguir exercer a maternagem suficientemente boa ao filho pr termo tem de superar a perda do beb idealizado pois o real com seus problemas n o preenche o papel que lhe era destinado no cen rio familiar Neste estudo a prematuridade contrap s imagem social da maternidade alterando a forma de como o rito de passagem do nascimento acontece em uma cultura Houve uma antecipa o da separa o parto prematuro um prolongamento da transi o hospitaliza o do beb na UTIN e uma incorpora o atrasada ou imperfeita Mesmo ap s a alta todas as crian as demandaram cuidados maternos diferenciados tempor rios ou permanentes De acordo com Karinch e Hartley 2008 p 36 se o rito de passagem for apressado atrasado ou esquecido as consequ ncias podem variar de insignificantes a terr veis Ou seja os indiv duos podem n o ser incorporados fam lia ou o s o de forma inadequada havendo um isolamento e at mesmo a exclus o do meio social A seguir apresento as duas categorias anal ticas constru das 74 1 Os Alicerces da Maternagem do desejo in consciente maternidade 1 1 Os caminhos que levam a chegada de um filho A maternagem n o se instala no momento em que a mulher tem o seu filho rec m nascido nos bra os pela primeira vez como num passe de m gica Mais do que os fatores biol gicos hormonais s
18. BERTAUX 2005 Na utiliza o da Hist ria de Vida h necessidade de estabelecimento de uma conversa o ou um di logo entre informante e pesquisador por m dois aspectos s o destacados por Debert 1997 p 142 O primeiro que n o se deve impor aos informantes categorias que n o lhe dizem respeito vindas de uma teoria exterior a eles ou ao conjunto de valores pr prios do pesquisador O segundo aspecto que 52 se deve dar condi es ao entrevistado de levar o profissional a ver outras dimens es e a pensar de maneira mais criativa a problem tica que atrav s dos seus depoimentos se prop e a analisar O m todo Hist ria de Vida tem sido utilizado em recentes pesquisas na Enfermagem sobre os mais diferentes temas Santos e Glat 1999 p 62 em sua tese de doutorado em 1995 trabalhou com m es de crian as especiais adotando esta metodologia por permitir uma aproxima o maior com a clientela sendo poss vel compreender e interpretar o significado para as m es de ter um filho especial Na disserta o de mestrado O cliente renal cr nico e sua adapta o nova condi o de vida Silva 1996 p 36 referiu ter utilizado o m todo Hist ria de Vida por considerar que o importante para uma assist ncia de enfermagem individualizada e hol stica a vis o que o pr prio cliente tem de sua condi o de sa de Assad 1997 p 93 na disserta o de mestrado Entre o sonho e a Realidade de
19. Em 1970 o soci logo americano Denzin prop s a distin o de terminologia conforme esclarece Bertaux 1980 p 200 life story a est ria ou o relato da vida que designa o relato de vida narrado tal como a pessoa vivenciou O pesquisador n o confirma a autenticidade dos fatos pois o importante o ponto de vista de quem est narrando A life history ou estudo de caso cl nico aprofunda estudos sobre a vida de um indiv duo ou grupo de indiv duos Inclui al m da narrativa da vida todos os documentos que possam ser consultados como prontu rio m dico processo judici rio testes psicol gicos testemunhos de familiares amigos entrevistas com pessoas que conhecem o sujeito ou a Situa o do estudo Neste estudo foi utilizada a life history j que foram coletados os dados dos prontu rios das crian as para a obten o de dados referentes hist ria gestacional aos diagn sticos e s terap uticas implementadas durante a hospitaliza o na unidade neonatal com o intuito de aprofundar e entender a vida das mulheres que tiveram filhos pr termo O prop sito da investiga o da est ria de vida revelar como as pessoas comuns d o sentido s suas vidas dentro dos limites que lhes s o concebidos O problema mais importante da pesquisa de uma est ria de vida o da investiga o de como as pessoas vivem o ciclo de acontecimentos chamado tempo de vida e o fazem imprimindo a pr pria marca ou assinatura Isto co
20. Fl via Decorridos mais de 50 anos da afirma o de Winnicott houve um grande avan o da medicina na rea da fertiliza o e da ginecologia o que possibilitou aos indiv duos antes considerados inf rteis se submeterem a terapias medicamentosas ou cir rgicas e poderem concretizar seu desejo de gerar seu pr prio filho Neste estudo v se o empenho da mulher em vivenciar sua fertilidade como foi relatado por Vit ria e Ana Louise Porque eu sempre tive problemas de ov rios micro polic sticos A m dica falou assim pra mim ah isso um caso de infertilidade Vit ria Eu operei pra engravidar dele a eu fiquei seis meses logo quando engravidei Ana Louise 79 Tamb m ocorreu de ambos os parceiros buscarem procedimentos m dicos para engravidar No caso de M nica em sua primeira gesta o ela se submeteu a histerossalpingografia que um procedimento tanto diagn stico como terap utico para desobstru o tub ria Como decorrido o tempo n o engravidara seu marido fez o exame de espermograma para avaliar sua fertilidade Eu da minha primeira eu tinha as trompas obstru das e a eu tive que fazer uma histerossalpingografia e desobstru as trompas e demorei quase um ano e meio para engravidar S que eu quando eu engravidei eu n o sabia Quando eu vim saber eu j estava com quase tr s meses de gravidez Foi at uma surpresa porque a gente o meu ex marido j tinha feito um espermograma para ve
21. N o levou n o me explicou nada A dali come ou um pouco de sofrimento n porque sem saber nada sem saber Ficava pensando s que tinha acontecido alguma coisa Acho que o meu filho morreu e eles n o querem falar Ana O Minist rio da Sa de ressalta a import ncia que a m e receba explica es sobre o beb e para onde ele ser levado sobre os cuidados que ele receber e sobre seu direito de ir v lo logo que ela se sinta em condi es BRASIL 2009 p 48 Devido ao seu estado cl nico Beatriz no momento do nascimento n o estava consciente sequer olhou o beb Assim que eu n o cheguei a ver ele no parto que eu tava meia tonta foi cesariana A pediatra levou ele A eu s pude ver no dia seguinte Beatriz M nica e Viviane devido ao seu estado grav ssimo decorrente da ecl mpsia foram encaminhadas para a UTI e relataram n o estarem conscientes no momento do nascimento Eu nem sabia que eu tinha ganhado ele sil ncio Ah quando eu olhei pra minha barriga eu vi cheia de ponto Fez ces rea Fiquei querendo ver ele s que eu tamb m fiquei internada Viviane Eu j tinha sa do do risco maior a me deixaram aqui Mas depois do parto eu tive uma crise Tipo assim de voc n o reconhecer ningu m n o saber quem era entendeu Depois eu acordei Eu s fui ver ela no dia 28 de Janeiro ela nasceu no dia 26 e eu s fui ver ela no dia 28 M nica Se a sa de da m e
22. Primeiro o encontro m e pai beb em seguida h o relato da visita dos av s ao neto S que na vista dela nascer com 1 600 depois passou pra 1 400 ela n o era t o feia assim sabe Ela n o era muito cabeluda s a perereca dela que era toda aberta At o meu marido perguntou a doutora se ia ficar assim ela falou que n o e que com o tempo ia fechar Maria Mas a os av s da outra chegaram A que menino feio parece um rato parece um macaco Ent o eu olhava assim pras m es e sentia que elas ficavam tristes porque poxa a pr pria av falar que o menino parece um macaco A garotinha era bem cabeludazinha A depois que a av saiu a menina falou assim Viu a minha m e chamou o meu filho de macaco tudo bem que ele cabeludo risos A enfermeira veio assim e disse N o m e o seu filho n o vai ficar assim n o porque toda crian a prematura s vezes nasce com muito cabelo mas depois cai N o fica preocupada n o Maria A equipe de sa de fundamental na apresenta o do beb real O Minist rio da Sa de Brasil 2009 p 48 sinaliza que til que os pais tenham um profissional da equipe de sa de que est assistindo o seu beb a seu lado dentro da UTI para fornecer lhes informa es Por m o detalhe mais impactante no relato de Maria foi a associa o da imagem do beb pr termo com animais de forma depreciativa macaco morcego sapo rato ouvido numa conv
23. WINTER T R Maternagem conceitua o espec fica In DUVIDOVICH E WINTER T R org Maternagem uma interven o preventiva em sa de abordagem psicossom tica S o Paulo Casa do Psic logo 2004 p35 41 ZIMERMAN D Fundamentos psicanal ticos teoria t cnica e cl nica uma abordagem did tica Porto Alegre Artes M dicas 1999 ZORNIG S A J et AL Os tempos da prematuridade Rev Latinoam Psicopat Fund v 7 n 4 135 43p dez 2004 ZVEITER Marcele Contribui es ao documento da Organiza o Mundial de Sa de cuidados essenciais ao rec m nascido coment rios sobre as implica es ps quicas disserta o Instituto Fernandes Figueira Fiocruz 2003 162p ANEXO 241 242 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezada participante Venho por meio deste consult la a respeito da sua participa o na pesquisa que pretendo desenvolver neste hospital Para tanto cabe esclarecer os seguintes pontos Meu nome In s Maria Meneses dos Santos sou enfermeira e professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO Atualmente realizando Curso de Doutorado na Escola de Enfermagem Anna Nery Sobre a pesquisa Trata se de uma pesquisa cujo t tulo A maternagem de mulheres com filho pr termo bases para assist ncia de Enfermagem e tem como orientadora a prof Dr Ros ngela da Silva Santos Esta pesquisa resultar em uma tese de doutorado que me dar
24. aceno afirmativamente com a cabe a Ent o quando chegava uma crian a pior eles tiravam da minha e botava na deles porque elas achavam que ela tava tranquila Mas como a m e sempre insegura se acostuma com aquele bicho l toda hora l medindo voc t olhando acha que t tudo bem n A quando elas tiravam eu ia l e falava com a enfermeira arruma outro neg cio desses a A enfermeira at ria e olhou pra mim Tu t chorando por causa de um esqueci como o nome do neg cio Ox metro Pois tu se acostumou com aquilo Eu digo Pois fazer o que n Mas tua filha est bem N o mas arruma porque eu vou dormir em casa porque eu n o posso dormir a eu vou ficar muito cansada A ela arrumou Socorro Se por um lado as mulheres viam seu beb t o fr gil e miudinho por outro lado elas o viam t o forte verdadeiro guerreiro em sua luta para viver o que lhes confortou e mobilizou suas for as para estar junto a ele como o relato de Indira e Beatriz Ela foi uma menina muito guerreira assim porque ele m dico falou porque realmente ela estava ali lutando para viver Indira A com uma semana ele foi pra UI Foi r pido Ele tinha for a de viver Foi r pido Beatriz H necessidade de apoiar as pu rperas cujos filhos s o encaminhados para a UTI neonatal porque estas s o obrigadas a percorrer caminhos que nada t m a ver com o imaginado ou trilhado por figuras famili
25. atendimento Ressalto que a hist ria do pr natal da mulher a sua vida s o seus exames A mulher tem o direito de ter uma c pia do seu prontu rio O profissional tem o dever de fornec lo Diariamente a m dia informa o descaso a falta de compromisso dos profissionais no atendimento sa de principalmente dos menos favorecidos economicamente A situa o ca tica e est banalizada no Brasil preciso uma pol tica de sa de fiscalizadora com den ncias ao Minist rio P blico As mulheres que passam por isso n o fazem a den ncia por medo por n o acreditarem que a justi a possa ser estabelecida diante da sensa o de impunidade Gomes 2004 p 31 observa a aus ncia de uma abordagem integral dos diferentes elos que comp em a assist ncia perinatal pr natal assist ncia ao parto e per odos puerperal e neonatal em todos os n veis de complexidade Uma parcela significativa da popula o esbarra nas dificuldades de acesso e na m qualidade da des aten o prestada descaso com o acompanhamento pr natal falta de continuidade entre o pr natal e o atendimento ao parto dificuldades para interna o durante trabalho de parto falhas grosseiras na condu o do trabalho de parto do parto e do atendimento ao neonato abandono e viol ncia institucional A 105 autora referenciando estudos mais espec ficos de avalia o t cnico cient fica dos servi os de assist ncia gestante e ao rec m nas
26. cia que fosse para casa j que o beb estava sendo cuidado na Unidade Neonatal Nessa vis o estreita tecnocr tica essa mulher n o est exercendo o papel de m e logo descart vel Foi tamanha a coer o sofrida por Vit ria que ela se submeteu assinou a alta Passou pela situa o degradante de perambular pelo hospital como uma indigente e dormir na cadeira do corredor Por temer repres lias e ser expulsa noite do hospital n o contou a ningu m mesmo tendo um bom relacionamento com a equipe de enfermagem neonatal com medo do corporativismo profissional pois ela era uma funcion ria antiga A situa o s foi resolvida quando a enfermeira chefe insatisfeita porque Vit ria n o foi embora ligou para UTIN cobrando um posicionamento do setor Qual n o foi sua surpresa que a m dica assistente do beb comprou seu barulho e interveio em seu favor Utilizando se do poder m dico institu do autorizou a sua perman ncia Houve um desfecho satisfat rio para Vit ria Ela p de a partir de ent o utilizar um leito no Alojamento Conjunto 167 O que fica evidente a viol ncia institucional praticada pela enfermeira chefe por m a equipe de Enfermagem tamb m se omitiu ante a sua atitude Urge a necessidade de o grupo revisar sua pr tica assistencial assumir coletivamente um projeto de cuidado humanizado com respeito aos direitos humanos e atender com dignidade a sua clientela N o cabe mais em p
27. com 4 leitos destinados ao m todo canguru Na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal UTIN a m e pode acompanhar o filho durante o dia por m de acordo com a din mica do setor quando h necessidade de realizar um procedimento invasivo por exemplo todos os acompanhantes saem do sal o No per odo noturno n o permitida visita Na UTIN s o disponibilizadas algumas cadeiras para as m es mas em quantidade insuficiente para todas havendo revezamento entre as usu rias Enquanto o beb est hospitalizado na UTIN a mulher at que tenha alta obst trica fica no Alojamento Conjunto por m n o h uma enfermaria para as m es sem beb Aquelas que moram longe da maternidade por vezes conseguem permanecer mais tempo no Alojamento Conjunto No entanto como a institui o tem grande demanda de atendimento nem sempre h leitos vagos dispon veis o que pode gerar conflitos Na Ul a mulher pode acompanhar o filho integralmente Cada unidade do paciente composta pelo leito do beb e uma poltrona estofada Na Ul h quatro unidades destinadas segunda etapa do m todo canguru onde a diferen a b sica uma cama para a m e o que significa uma acomoda o mais confort vel e alguma privacidade H de se salientar que a realiza o da segunda etapa do m todo canguru n o se restringe a esses leitos especificados 55 Os rec m nascidos egressos da Unidade Neonatal inclusive os que est o na terceira etapa do m
28. comunica o da equipe para com eles trar um funcionamento mais tranquilo pois eles estar o partilhando com a equipe tudo o que se refere ao seu filho nesta situa o BRASIL 2009 p 43 A preocupa o m dico prim ria um rito de passagem que conduz instala o da preocupa o materno prim ria Para Morsch e Braga 2007 p 624 trata se de um recurso estrat gico que permite a 151 d ade m e beb auxiliados por parceiros como o pai os av s e a equipe de cuidados intensivos contornar as vicissitudes pr prias a quem tem que se constituir como sujeito em meio a um ambiente potencialmente traum tico com o de uma UTIN A Hist ria da Vida de Vit ria demonstra a viv ncia do estado de preocupa o m dico prim ria Ela busca atrav s do prontu rio entender o que se passa com a filha Sempre quando acontecia alguma coisa eu era sempre de pegar o prontu rio e ficar olhando sabe Mesmo eu n o entendendo nada se eu visse alguma coisa diferente do dia anterior eu perguntava e eles enfermeiros sempre assim dispostos a me explicar Vit ria Clara explica sem titubear as modalidades de oxigenioterapia administradas ao beb at que ele pudesse ficar em ar ambiente e fosse seguro ficar com ele no colo Eu ver o meu filho l UTI Eu n o podia amamentar tocar segurar porque ele tava entubado e n o podia segurar Chegou l porque depois do tubo ele foi pro CPAP Do CPAP ele n o
29. e agem de modo diferente em rela o a cada um dos filhos Muito disso depende do relacionamento dos pais na poca da concep o durante a gravidez quando do nascimento e depois Muitos julgam incompreens vel que os 78 irm os sejam t o diferentes entre si quando t m os mesmos pais e foram criados num mesmo lar Essa concep o n o leva em conta toda a elabora o imaginativa da importante fun o do sexo e n o considera o modo espec fico pelo qual cada crian a vem se encaixar ou n o num certo contexto imaginativo e emocional contexto esse que nunca duas vezes o mesmo por mais que todo o ambiente f sico restante n o sofra mudan as WINNICOTT 2005a p 63 Os casais que adotam crian as sabem como estas s o capazes de preencher uma lacuna nas necessidades imaginativas que originam do casamento Os casais sem filhos tentam de todos os modos constitu rem uma fam lia Winnicott 2005a p 64 poca 1957 a solu o era a ado o Como no caso de Fl via impossibilitada de novamente gerar uma crian a num segundo casamento com duas filhas de um relacionamento anterior ela e seu esposo adotaram um menino completando a sua nova fam lia Assim foi uma coisa nova na minha casa que ele o marido queria muito Minhas duas filhas mais velhas de outro relacionamento que j estavam grandes queriam Ent o todo mundo ajudou todo muito queria e todo mundo ajudou A decis o foi de todos todos ajudaram
30. ele capaz de sentir todo o processo como algo natural adequado organiza o mental existente nessa ocasi o H imensas diferen as psicol gicas observadas entre prematuros e p s maturos WINNICOTT 2006 O beb prematuro sofre pela antecipa o poder perder alguma coisa do valor relativo experi ncia do nascimento O p s termo pode estar no momento do nascimento em sofrimento provocado pelo adiamento da respira o WINNICOTT 1990 110 As inj rias que o beb pode sofrer no nascimento n o devem ser consideradas apenas em termos dos danos f sicos h de se considerar os desdobramentos diretamente relacionados sa de mental da crian a que podem influenciar at mesmo na sua sobreviv ncia WINNICOTT 1990 Winnicott 1990 afirma que a interven o cesariana um caso especial pois h antecipa o e o beb ter perdido alguma coisa por ter sido privado da experi ncia comum do nascimento ainda que certo aspecto esteja em melhores condi es As melhores condi es a que Winnicott acima se referiu s o as cl nicas do beb poca que escreveu 1954 a cirurgia cesariana acontecia somente com indica es muito precisas Tanaka 1995 p 36 relata que na Inglaterra no in cio do s culo XX com o aumento gradativo de m dicos na assist ncia ao parto e a incorpora o e o manejo de novas tecnologias como anestesia a anti sepsia e posteriormente a antibioticoterapia e a hemoterapia
31. empregados por profissionais que lidam com a tem tica Por exemplo nas obras traduzidas para o portugu s de Badinter 1985 e de Chodorow 1990 encontra se a palavra materna o Em Sayers 1992 maternaliza o j em Soul 1987 maternalidade enquanto que em Winnicott 2006 maternagem Neste estudo ser utilizado o termo maternagem por ser a palavra encontrada nas obras de Winnicott autor que tem os primeiros trabalhos de psican lise publicados na d cada de 1950 do s culo XX e que influenciou os demais autores seja por concordarem ou discordarem do seu pensamento O tradutor que criou o voc bulo maternagem utilizou para sua forma o dois elementos de composi o matern m e agem sufixo nominal agem agem de origens distintas mas de fun es id nticas ou muito semelhantes i agem deriva do latim go aginis e se documenta em alguns voc bulos portugueses de imediata prodeced ncia latina com no es de estado situa o a o ou resultado da a o imagem voragem ii agem deriva do franc s age ou do proven al atge os quais por 12 sua vez se prendem ao latim at cum gt TICO o sufixo agem ocorre em numerosos voc bulos portugueses alguns deles desde as origens do idioma linguagem linhagem muitos outros introduzidos nos s cs XVI coragem XVII carruagem XVIII abordagem e XIX arbitragem e a atestar a sua grande vitalidade e
32. es protocolares de procedimentos preciso que se compreenda acima de 130 tudo a import ncia ideal deste contato sem que contudo deva ser obrigatoriamente iniciado na sala de parto Esta aparente sutileza deve ser ent o grifada Zveiter 2008 p 68 N o se trata de um protocolo que insista cegamente em colocar o beb para ser aquecido pela m e mas de oferecer a ela esta possibilidade promovendo deste modo um ambiente seguro o bastante at mesmo para que ela possa ser respeitada na sua impossibilidade de faz lo naquele momento Os fen menos f sicos t m uma continuidade em rela o aos ps quicos No caso de colocar o beb no colo materno esta continuidade est bem representada Se o beb e sua m e precisam repousar e n o devem ter mais est mulos ent o n o est o prontos para o contato pele a pele Por m se ambos estiverem bem do ponto de vista biol gico e emocional o contato recomendado O protocolo de colocar o beb no colo de sua m e o mais precocemente poss vel pode promover al m dos benef cios f sicos a abertura para a comunica o m e beb Esta comunica o t o fundamental para a sobreviv ncia do rec m nascido quanto os outros aspectos relativos aos fen menos f sicos Mais uma vez destaca se que cada m e e filho sob os cuidados da equipe s o diferentes cada mulher tem uma hist ria cada gravidez tem um porqu cada beb tem o seu potencial particular Esta comunica
33. es com a sociedade H for as muito poderosas de cria o e conserva o da fam lia que resultam da pr pria rela o entre os pais Essas for as est o ligadas complexa fantasia sexual WINNICOTT 2005a O sexo n o apenas uma quest o de satisfa o f sica mas uma conquista do crescimento emocional da pessoa quando tais satisfa es adv m de relacionamentos agrad veis tanto para a pessoa quanto para a sociedade elas representam um dos pontos culminantes da sa de mental Pelo outro lado os dist rbios sexuais est o associados com todo tipo de neurose problemas psicossom ticos e desperd cio das potencialidades do indiv duo WINNICOTT 2005a p 61 Embora a pot ncia sexual seja de vital import ncia a satisfa o completa n o em si mesma um objetivo no que se refere especificamente fam lia Pois h um grande n mero de fam lias consideradas boas e dignas que todavia n o s o constitu das sobre uma base de satisfa o f sica profunda por parte dos pais poss vel que os exemplos extremos de satisfa o f sica perten am tipicamente ao amor rom ntico que nem sempre a melhor base para a constru o de um lar WINNICOTT 2005a p 62 Para entender a atitude dos pais relativa a seus filhos h de se considerar o significado de cada crian a em termos da fantasia consciente e inconsciente dos pais em torno do ato que produziu a concep o Os pais t m sentimentos muito diferentes
34. fiquei o tempo todo com ele Esse daqui foi participar de um filho depois ser m e canguru muito bom Ele ficou dormindo E era muito bom Cl udia A presen a do companheiro visitando e acompanhando todo o processo da interna o refor a e nutre todos os investimentos que ela realiza em rela o ao filho O pai quando disposto deve ser estimulado a colocar o beb em posi o canguru Isso propicia a todos m e pai e beb outra forma de intera o compartilhada Para o beb ser o possibilitadas novas experi ncias proprioceptivas perceptivas e portanto cognitivas Para o pai ser facilitado um contato diferente que trar como repercuss o uma proximidade maior com seu filho J para a m e ser poss vel sentir se acompanhada nessa tarefa e segura quanto ao apoio de que necessita BRASIL 2009 p 120 Ana Louise relatou a viv ncia de m e beb pai canguru O pai se dedicou intensamente esposa e ao filho O casal n o conseguia deixar o filho sozinho no leito para que a m e pudesse ir fazer as refei es tomar banho Ent o revezavam se Ele acabou por ser demitido devido aos atrasos e falta no trabalho Ana Louise tamb m destacou a participa o da av canguru A ele foi demitido A ele ficava com ele para eu tomar banho para poder almo ar Ele vinha e passava o dia aqui com a gente E no dia da visita a minha m e tamb m vinha Ele ficava papai canguru Eu jantava mais cedo
35. gestantes de alto risco uma pequena parcela de gestantes que por terem caracter sticas espec ficas ou por sofrerem 91 algum agravo apresenta maiores probabilidades de evolu o desfavor vel tanto para o feto como para a m e O manual t cnico gesta o de alto risco BRASIL 2000 p 15 6 salienta a import ncia do componente emocional no seguimento da gesta o de alto risco pois entram em jogo fatores ps quicos pr existentes e atuais que se manifestam atrav s da ansiedade mecanismo emocional basal que se estende durante toda a gravidez de forma crescente at o termo A ansiedade tem causas v rias identific veis para cada trimestre mas que se intercambiam psicodinamicamente Listam se entre elas ambival ncia nega o regress o introspec o medo etc Segundo Quayle 2005 na primeira metade da gesta o est o mais presentes conflitos associados ambival ncia e que incluem o feto e sua concep o o desempenho de pap is vistos como auto excludentes m e esposa profissional filha o medo de perder o beb ou este ser portador de problemas doen as ou malforma es A essas condi es normalmente associam se posturas introversivas regredidas ou infantilizadas desejos vontade de ser cuidada e mimada sonol ncia exagerada ref gio na fantasia A segunda metade da gesta o marcada pela possibilidade de percep o dos movimentos fetais deste outro dentro de si e acarret
36. minha irm Porque aqui quando t na incubadora s pode visitar a m e e o pai n av e av A minha irm enganou que era m e dele risos pra pode ficar vindo visitar Quando eu tive alta a eu comecei a vir ficar com ele A foi indo A ele teve alta A eu fui e liguei pra minha irm A minha irm pegou n s dois Viviane Ang lica m e de mais cinco filhos teve a ajuda da sua filha mais velha para cuidar dos irm os menores Meus filhos foram timos pra mim Eu tenho uma filha de 20 anos que foi realmente maravilhosa Foi legal demais Porque eu n o sai daqui do hospital Ele ficou na UTI 15 dias Eu ia pra casa quando ele foi pra outra unidade intermedi ria Eu n o fui pra casa fiquei direto Quer dizer ela foi superlegal estudando trabalhando mas ficou com os irm os dela Meu marido tamb m sempre me ajudou Meus irm os Ang lica O acolhimento fam lia no ambiente neonatal implica tamb m a facilita o para que outros familiares participem do processo de auxiliar nos cuidados tanto do beb quanto de seus pais e irm os durante esse per odo BRASIL 2009 p 120 Na Hist ria de Vida das entrevistadas as visitas de familiares especialmente dos av s e no caso de sua inexist ncia de substitutos representaram um grande conforto e apoio para as mulheres Somente assim as mulheres puderam ainda durante a interna o gradualmente desenvolver caminhos para atingir o estado d
37. nica psicanal tica com eb s prematuros Rio de Janeiro Companhia de Freud 1999 MELATTI J C ndios do Brasil S o Paulo EdUSP 2007 304p MELO M T Estar gr vida na adolesc ncia um estudo realizado no Hospital Regional de S o Jos SC Psicol soc v 13 n 1 p93 106 jan jun 2001 MENEZES D C S et al Avalia o da peregrina o anteparto numa amostra de pu rperas no Munic pio do Rio de Janeiro Brasil 1999 2001 Cad Sa de P blica v 22 n 3 553 9p mar 2006 MINAYO M C S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sa de 5 ed Hucitec Abrasco SP RJ 1998 269 p MOLLOY C A S Das mulheres e do desejo de filho mais um pouco In LEITE N V A org Corpolinguagem a est tica do desejo Campinas SP Mercado de Letras 2005 MONTEIRO M C Um cora o para dois a rela o m e beb cardiopata Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro Departamento de Psicologia Disserta o de Mestrado 2003 103p MONTICELLI M Nascimento como um rito de passagem abordagem para o cuidado s mulheres e rec m nascidos S o Paulo Robe 1997 346p MONTICELLI M OLIVEIRA M E Assist ncia de enfermagem ao rec m nascido no centro obst trico In OLIVEIRA M E et al org Enfermagem obst trica e neonatol gica Florian polis UFSC CCS 1999 p 56 78 MORAIS A C et al O cuidado da crian a prematura no domic lio Acta Paul Enferm v 22 n 1 24 30p 200
38. o efeito se a postura da equipe de sa de continuar calcada estritamente no modelo biom dico focado somente para a cura Se o profissional n o se colocar disposi o da clientela para 228 compreender suas reais necessidades n o atinge a vis o hol stica necess ria ao cuidado cultural defendida por Madeleine Leininger Um aspecto que me marcou nas leituras da obra de Winnicott foi seu profundo respeito por cada um de seus clientes e sua cren a na capacidade de que cada um faz o melhor que pode para sobreviver mesmo que pare a estranho e inadequado E foi assim que eu fui encontrar essas mulheres com seus beb s nascidos pr termo consciente de que em tais circunst ncias ela pode dar o melhor de si e n o mais que isso WINNICOTT 2007 p 210 A possibilidade do conhecimento da maternagem atrav s das Hist rias de Vida das mulheres com filho pr termo permite apontar ent o que h necessidade da humaniza o da assist ncia mulher e ao rec m nascido de contemplar al m da abordagem biol gica os aspectos sociais culturais e psicol gicos e perpassar todo o per odo grav dico puerperal e o seguimento da crian a A mulher deve ser ouvida valorizada e respeitada como cidad REFER NCIAS AGMAN M DRUON C FRICHET A Interven es psicol gicas em neonatologia In WANDERLEY D B org Agora eu era o rei os entraves da prematuridade Salvador Agalma 1999 ALLIGOOD M R e TO
39. o os aspectos psicol gicos culturais e sociais alicer ados na sua pr pria hist ria de vida que determinam a forma como a mulher vai maternar cada um dos filhos O fen meno da maternagem acontece entre a m e e seu filho por m h de se considerar o contexto familiar Ao analisar a Hist ria de Vida das vinte e tr s entrevistadas que compuseram este estudo sobre a maternagem de seu filho pr termo observa se que diferentes caminhos levaram as entrevistadas a terem um filho e desta forma ampliar suas fam lias Revelaram diferentes motiva es que resultaram na vinda de seus filhos registro desta forma porque um beb fora adotado Falaram de antes do nascimento de seus beb s da inst ncia do desejo consciente ou n o pela maternidade pela constitui o de sua fam lia Das vinte e tr s mulheres entrevistadas quando questionadas em rela o ao estado civil catorze se declararam casadas uma vi va cinco vivem em uni o consensual com seus parceiros e tr s s o solteiras sendo que duas moram com seus pais e uma sozinha com suas filhas O que se observa que a vida contempor nea sofreu transforma es significativas com novas formas de composi o familiar Maciel e Rosemburg 2006 destacam que atualmente h redu o no n mero de filhos e agregados como parentes e vizinhan a aumento das separa es entre os casais que levam os filhos a morar com um dos pais ou com o novo parceiro de um de seus pais aumen
40. o t tulo de Doutora em Enfermagem importante para a minha carreira profissional e para melhor assistir a outras mulheres que tamb m tiveram filhos pr termo Ter por objetivos Compreender a experi ncia vivenciada da maternagem da mulher que teve filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal e Discutir a experi ncia vivenciada da maternagem em rela o assist ncia de enfermagem recebida na Unidade Neonatal Os depoimentos da pesquisa ser o obtidos atrav s de uma entrevista aberta gravada em fita K 7 caso voc concorde em faz lo Ser garantido o sigilo e o anonimato dos seus depoimentos assim como o direito de retirar a sua fala ap s a grava o caso seja essa a sua decis o em qualquer fase da pesquisa bem como o direito a receber esclarecimentos de quaisquer d vidas que venham a surgir antes durante e ap s a entrevista Esta pesquisa n o trar preju zo para voc nem para seu filho Rio de Janeiro de de Assinatura da depoente Assinatura da pesquisadora Contato da pesquisadora In s Maria Meneses dos Santos telefone Contato da professora orientadora Dr Ros ngela da Silva Santos telefone Contato do Comit de Etica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sa de do Rio de Janeiro telefones 2503 2024 2503 2026 AP NDICE 243 244 RIQ Comit de tica em Pesquisa Parecer n 05A 2008 Rio de Janeiro 28 de janeiro de 2008 Sr a Pesquisador a Informamos a V Sa que
41. p 121 Andr ia n o tinha com quem deixar seus dois filhos mais velhos ent o dividia seu tempo entre acompanhar o rec m nascido durante o dia na Ul e retornar para casa para cuidar das crian as Porque assim eu fico com eles Porque desse aqui eu fiquei triste de internar eu queria ter tido e lev lo logo pra casa Eu tenho meus outros dois filhos que n o podiam ficar largados A eu ficava indo e vindo indo e vindo indo e vindo todo dia Pra cuidar das outras crian as direto at a alta Andr ia Maria a princ pio permanecia na UI somente no per odo diurno O argumento que a pediatra utilizou para convenc la a ficar com a filha foi para prevenir as dermatites de fralda Trata se de uma estrat gia perigosa porque pode gerar desconfian a da equipe de enfermagem A m e se obriga a ficar para realizar o cuidado que a profissional deveria fazer e n o pelo v nculo com a crian a Ela pode tamb m sentir se culpada se n o puder permanecer Eu fiquei direto No come o eu ia para casa porque eu ficava sentada e a opera o do a Eu passei uma semana indo para casa Mas quando eu ia dava vontade de voltar J ia chorando e o meu marido falava Por que voc n o volta e fica Era distante Mas depois que eu tirei os pontos a doutora veio e falou para mim M e voc tem mais algum filho Eu disse que n o Ent o ela disse Ent o fica aqui com a sua filha porque evita de ela ter assa
42. para casa por ap s o parto em pouco longo tempo tempo de 1 a 3 dias E frequente a m e inicialmente ir Reincorpora o na sozinha para casa sociedade N o assume o papel de m e Tempo festivo N o tem responsabilidade pelo ncorpora o Celebra o da nova posi o social com cart es e flores Assumir o papel de m e seu beb por um per odo prolongado Reincorpora o imperfeita como se fosse na hora errada Nenhuma celebra o festiva ou acontece atrasada Fonte adaptado de TAYLOR 2008 p 56 7 Ent o ao comparar as caracter sticas entre os ritos de passagem no nascimento a termo e pr termo ficam evidentes as diferen as que interferem sobremaneira a forma pela qual a mulher vivencia a maternagem 26 As pol ticas p blicas na aten o ao rec m nascido O papel das mulheres tal como o conhecemos um produto hist rico O desenvolvimento do capitalismo industrial no Ocidente acarretou que o papel das mulheres na fam lia se tornasse cada vez mais envolvido com rela es pessoais e estabilidade psicol gica A maternagem marcantemente uma fun o psicol gica Chodorow 1990 p 52 salienta que a maternagem n o um fato universal transcultural e imut vel Embora as mulheres e n o os homens tenham a primeira responsabilidade pelas crian as muitos aspectos dessa responsabilidade sofrem mudan as Organiza o da fam lia cuidado infantil e cria o de filhos e as rel
43. passagem A gente tinha um carrinho velho mas n o tinha condi o de vir de t o longe Eu pedia para ficar aqui A a enfermeira falava N o se voc sair voc s vai poder vir nos hor rios que eles estipularem Tem a estrutura do hospital Ent o com isso eu tive muitos problemas porque eu a passei por pior situa o com a enfermeira 166 chefe do Alojamento Conjunto que falava fazia cena l em cima me fazia passar vergonha na frente dos outros sabe Isso eu conversei v rias vezes com ela Eu n o contava nada l na UTI ficava quieta porque eu achava assim depois vai dar problema ela trabalha aqui muitos anos At que um dia ela ligou para l e a m dica como diz assim entre aspas comprou o barulho N o Ela vai ficar O beb dela muito prematuro e ela precisa n o tem condi es de ir pra cidade dela Vit ria H de se refletir sobre a atitude r gida inflex vel e violenta da enfermeira do Alojamento Conjunto preocupada exclusivamente com a libera o do leito por conta da alta rotatividade no setor Isso reflete a cultura moderna do parto ocidental em que o hospital uma f brica de alta tecnologia O produto final mais desej vel o novo membro social o beb a nova m e um subproduto secund rio HELMAN 2009 p 155 Ent o essa enfermeira chefe encarou a mulher sem beb no Alojamento Conjunto como um problema a ser resolvido Se ela estava de alta pela obstetr
44. por algumas semanas e depois devolv lo esperando que a m e continue justamente de onde foi afastada Prejudicam muito a forma o do v nculo o despreparo da m e ambiente na recep o do filho relacionado com a aceita o dele ou a dificuldade da fam lia em lidar com a realidade apresentada com o 138 nascimento do beb real que n o corresponde s expectativas do beb idealizado Zornig et al 2004 p 139 pressup em que a situa o da prematuridade pode ser traum tica para os pais e para o beb pela descontinuidade temporal introduzida pelo parto antecipado prematuro que interrompe o processo de constru o imagin rio e confronta os pais com o real org nico do beb em uma situa o UTIN em que a temporalidade urgente relacionada sobreviv ncia do beb e n o qualidade de seus cuidados A crian a deixa a m e prematuramente agravando a dor ligada separa o que o parto imp e Baldini e Krebs 2000 p 243 aconselham a lembrar que o parto prematuro tanto para a m e quanto para a crian a As primeiras experi ncias na UTIN de acordo com Moreira Braga e Morsch 2008 p 54 s o dif ceis para todos os pais pois o nascimento deixa de ser um encontro entre os genitores e filhos para se transformar numa sucess o de desencontros Os beb s deste estudo logo ap s o nascimento foram encaminhados para a Unidade Neonatal Vinte foram internados na Unidade de Terapia Intensiva Neona
45. precisam de um tempo para lidar com a tristeza de se ter um filho que n o p de nascer do jeito que se queria Alguns necessitam de menos tempo outros de mais O tempo subjetivo assim como a maneira de lidar com a dor Alguns buscam ajuda procurando conversar Outros enfrentam o sofrimento solit rios e calados De acordo com Alves 2008 p 95 os pais e familiares passam por est gios diferenciados diante do pr termo extremo compat veis com os apresentados por clientes e familiares frente a uma doen a grave ou fatal descritos por Kl ber Ross 2008 s o nega o raiva barganha depress o e aceita o Kl ber Ross 2008 explica que os est gios t m dura o vari vel e comum a fam lia vivenciar mais de um est gio ao mesmo tempo Considera se que os pais somente conseguir o assumir a crian a medida que aceitarem a perda das idealiza es projetadas na gravidez O depoimento de Isabela ilustra a viv ncia desse processo imaginar o futuro beb durante a gravidez o choque diante do beb real e com o passar do tempo a aceita o do filho A quando eu vi ele eu chorei muito porque eu n o imaginava como que seria Porque a primeira gesta o Eu n o sabia como que ia ser o rosto Eu ficava imaginando tudo Eu n o via a hora de ele nascer pra eu ver o rostinho dele Eu fiquei superfeliz sil ncio Eu esperava ele maiorzinho Como ele nasceu prematuro fiquei meio assim mas acabei me acos
46. que nesses rituais ligados gesta o e ao nascimento n o somente a crian a passava por um rito de passagem mas tamb m seus pais O reconhecimento da gravidez da mulher punha o pai e a m e num est gio de cuidados especiais separando os de certo modo pela maneira de se comportar dos demais habitantes da aldeia Ficavam assim segregados at que a crian a nascesse e os ritos de sua incorpora o fossem realizados quando eles de novo se integravam na vida normal mas com uma qualidade nova tanto o homem como a mulher tinham adquirido mais um papel social pois eram o pai e a m e de um novo membro da sociedade Karinch e Hartley 2008 p 36 afirmam que ao considerar os ritos de passagem n o se pode desprezar qualquer intera o humana Eles s o criados para separar o indiv duo de um grupo e lig lo a outro para sempre alterando o seu modo de pensar Podem ser elaborados e codificados ou repentinos Da circuncis o ao batismo e chegando at ao primeiro par de culos bifocais cada um deles tem um efeito permanente na maneira como a pessoa se percebe Segundo Pires 2001 p 145 o rito de passagem invariavelmente independentemente da escala que isso aconte a leva altera o da consci ncia e consequentemente ao amadurecimento intelectual emocional e espiritual do indiv duo A falta nas sociedades contempor neas de rituais de passagem que faz com que muitas pessoas que possuam um corpo f sico maduro tenham u
47. todo canguru s o encaminhados com retorno agendado para o ambulat rio da institui o onde funciona o N cleo de Aten o Interdisciplinar ao Rec m Nato de Risco NAIRR O NAIRR foi implantado em outubro de 1998 com outra denomina o Atualmente trabalham no local profissionais de enfermagem pediatra pneumologista pedi trica oftalmologista nutricionista fonoaudi loga terapeuta ocupacional e assistente social As crian as s o acompanhadas no servi o e na unidade b sica da rea program tica do munic pio s quais pertencem Se necess rio podem ser atendidas at os cinco anos Ap s essa idade s o encaminhadas a outros servi os de reabilita o pedi trica Autoriza o da Pesquisa O projeto de doutorado foi encaminhado ao Centro de Estudos do Hospital solicitando autoriza o para realizar a pesquisa com as m es de rec m nascidos pr termos e ao Comit de tica em Pesquisa da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro com registro da pesquisa no Conselho Nacional de tica em Pesquisa CONEP atendendo a Resolu o 196 96 do Conselho Nacional de Sa de que disp e sobre as Diretrizes e Normas Regulamentares de Pesquisa em Seres Humanos O projeto foi aprovado sem ressalvas Parecer n 05A 2008 do CEP SMS RJ Anexo 1 Somente ap s o aceite da Institui o atrav s do Centro de Estudos e do Comit de tica que as entrevistas foram realizadas Ap s a primeira abordagem e aceite em participar da en
48. tornaram o parto mais seguro Concomitantemente ocorreram avan os na neonatologia fazendo com que o parto e a assist ncia ao rec m nascido que sempre foi assistido em domic lio passassem a ser realizado em hospitais principalmente ap s a Segunda Guerra Mundial De acordo com Helman 2009 p 155 em 1959 no Reino Unido um a cada tr s nascimentos ocorria em casa ou em uma cl nica de enfermagem equivalente s casas de parto no Brasil Atualmente 99 acontecem em hospitais do Nacional Health Service Em 2004 a taxa de ces reas foi de 22 ANS 2009 No Brasil a institucionaliza o do parto tamb m se deu ap s a Segunda Guerra Mundial marcadamente a partir da d cada de 70 Tanaka 1995 explica que mesmo com a incorpora o de avan os tecnol gicos a institucionaliza o do parto e o aumento da cobertura pr natal em nosso meio n o foram suficientes para reduzir significativamente a mortalidade materna 111 Al m do que de acordo com Br ggemann Parpinelli e Osis 2005 p 1316 a institucionaliza o do parto foi um fator determinante para afastar a fam lia e a rede social do processo de nascimento uma vez que a estrutura f sica e as rotinas hospitalares foram planejadas para atender as necessidades dos profissionais de sa de e n o das parturientes Assim a maioria das mulheres passou a permanecer internada em sala de pr parto coletivo com pouca ou nenhuma privacidade assistida com pr tica baseada e
49. udia contaram que superprotegem seus filhos N o conseguem impor limites e acreditam que isso se deve ao sofrimento da crian a durante a hospitaliza o Isso mexeu muito comigo tanto que hoje em dia eu n o consigo brigar n o consigo gritar com meu filho Sei l mexeu muito comigo n o sei se por eu ser nova por tudo Beatriz A ele marido fala assim Voc est botando ele perdido porque voc d tudo o que ele quer e n o assim Tudo o que ele quer Porque eu acho que ele sofreu muito aqui Ser furado furou na cabe a furou no pesco o furou nas pernas furou nos bra os Ent o aquilo o maior sofrimento pra mim foi a Foi quando eles furavam n o achava pra botar no soro Aquilo era o mais dolorido ver o bichinho gritando Cl udia De acordo com Monteiro 20083 p 28 o que acontece com essas m es que n o entraram em estado de preocupa o materna prim ria por conta da hospitaliza o que mais tarde tentam compensar o que ficou perdido atrav s do comportamento superprotetor Para Winnicott 2000 p 402 essas mulheres passam por um per odo de adapta o s crescentes necessidades da crian a na tentativa de corrigir as distor es do in cio em vez de terem naturalmente os bons resultados da preocupa o tempor ria inicial elas 220 t m que passar por um per odo prolongado dedicado a adaptar se as necessidades ou seja mimar a crian a As mulheres
50. unidade intermedi ria eu n o fui pra casa fiquei direto Ang lica Clara que j estava de alta hospitalar e vinha visitar o beb com o esposo conta que teve de retornar sua casa para buscar roupas e material de higiene pessoal e desta forma ficar acompanhando seu filho Fiquei dormi os 3 dias l Eu pude ficar entendeu A eu dormia l Eu vim porque era Quarta feira de Cinzas ele passou para a unidade intermedi ria Ent o eu vim visit lo A elas foram levar ele para unidade e eu e meu esposo ele vai pra unidade intermedi ria A eu fui em casa peguei as minhas coisas e fiquei os 3 ltimos dias com ele Clara 169 A UI um espa o onde a mulher come a a realizar cuidados maternos a maternar o seu beb como no relato de Ana e Nat lia Mas foi foi foi bom quando comecei eu mesma a cuidar dele n Eu passei a vir pra c e eu cuidava dele eu dava banho Ana Agora na UI foi melhor porque dava para ficar com ele porque ele ficava mais durinho e eu pegava ele Na UI eu pegava ele sozinha eu cuidava dele eu trocava fralda dele eu dava o leite para ele eu que olhava Eu mesma Eu via ela enfermeira fazendo Nat lia Na fala de Nat lia observa se que ela assumiu os cuidados com o beb a partir da observa o dos cuidados profissionais da enfermagem O beb de L cia havia recebido alta para a Ul por m n o havia leito dispon vel Ela tamb m havia recebido al
51. 1 Las Bases de la Maternaje del deseo a la maternidad 2 El Cuidado Materno al Prematuro de la Unidad Neonatal al Lar y la Existencia Humana El an lisis revelo las diferentes motivaciones que resultaron en la venida de los hijos y el deseo consciente o no por la maternidad Veinte y dos mujeres entrevistadas vivenciaron el parto prematuro una adopt un beb Las declaraciones demostraron que el cuidado profesional de la enfermer a fue facilitador para el cuidado de la madre para con el beb La enfermer a ayud en el primero contacto madre hijo sea en el centro obst trico o en la unidad neonatal Present ese prematuro y el ambiente de la UTI a la madre y a los familiares ense una nueva forma de cuidar de un beb que naci prematuro para que la madre familia asumiese los cuidados en el lar elaborando una nueva forma de maternar El cuidado de enfermer a bajo este punto de vista funcion como facilitador de la maternaje Palabras Clave maternaje prematuro enfermer a neonatal historia de vida RESUM E SANTOS I M M La maternage des femmes avec le b b pr terme bases pour Vassistance d infirmier n onatale Rio de Janeiro 2009 244 fls xii Th se Doctorat Infirmier Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Cette recherche apporte comme th matique la maternage Le choix s est bas sur mon exp rience professionnel et enseignante en soignant d enfants hospitalis s a
52. 2009 244 fls xii Tesis Doctorado Enfermer a Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Esta investigaci n trae como tem tica la maternaje La escoja se bas en mi experiencia profesional asistencial y docente cuidando de ni os hospitalizados acompa ados de sus madres en diferentes escenarios y en mi vivencia personal El objeto de estudio fue la maternaje de la mujer que tuvo hijo prematuro hospitalizado en Unidad Neonatal Los objetivos fueron 1 Comprender la experiencia vivenciada de la maternaje de la mujer que tuvo beb prematuro hospitalizado en Unidad Neonatal 2 Discutir la experiencia vivenciada de la maternaje en relaci n a la asistencia de enfermer a recibida en la Unida Neonatal Los referenciales te ricos fueron las Teor as del Desarrollo Emocional Primitivo de Donald Winnicott y del Cuidado Cultural de Madeleine Leininger El m todo fue la Historia de Vida Las deponentes fueron 23 mujeres que tuvieron hijo prematuro hospitalizado en unidad neonatal El escenario del estudio fue el ambulatorio de follow up de un Hospital Maternidad del Munic pio del Rio de Janeiro La pregunta orientadora de la entrevista fue Hable lo que usted considera importante a respecto de su vida que tenga relaci n con la su experiencia como madre durante la hospitalizaci n de su hijo prematuro en la Unidad Neonatal El proceso anal tico empleado fue el an lisis tem tico Emergieron dos categor as
53. Apoio das mulheres da fam lia Outros filhos criados pela av 1 prematuro da fam lia Prematuro fica pequeno por mais tempo Toda crian a precisa de cuidado N o consigo brigar com meu filho ele sofreu muito Sou sozinha para cuidar dos filhos Ap s a alta em cuido dele Eu cuidei dele em casa n o aceitava ajuda aprendi no hospital cuido como no hospital Dedica o ao beb dif cil conciliar trabalho ou estudo OITAVO AGRUPAMENTO A enfermagem como facilitadora da maternagem Os profissionais de sa de A institui o hospitalar Hospital institui o Profissionais de uma forma geral M dica ajuda pegar o beb apoia explica n o explica Enfermagem ajudar a ver o beb explica apoia ensina supervisiona deixa fazer ajuda tocar habilidade em cuidar do beb cuida da m e imp e aleitamento imp e regras Sei lidar com as pessoas Ap s o agrupamento foi realizada nova leitura e assim emergiram duas grandes categorias com subcategorias que chamamos de S NTESE e que deram origem s categorias anal ticas 1 Os Alicerces da maternagem do desejo maternidade 1 1 Os caminhos que levam a chegada de um filho 1 2 A experi ncia vivenciada da gesta o e do parto prematuro 72 2 O cuidado materno ao pr termo da Unidade Neonatal ao lar e a exist ncia humana 2 1 A experi ncia vivenciada da maternagem do filho pr termo hospitalizado na Unidade Neonatal 2 2 A
54. Dentre outros objetivos apresentados destacam se 30 a elabora o e a atualiza o de normas t cnicas da assist ncia perinatal e a garantia de sua disponibilidade e adequa o s realidades epidemiol gicas locais a valoriza o e a capacita o de recursos humanos com enfoque interdisciplinar a melhoria da qualidade da assist ncia ao parto institucional e domiciliar a redu o na incid ncia de complica es inerentes ao parto conscientizando a equipe e a popula o sobre as vantagens do parto normal a melhoria da qualidade da assist ncia ao rec m nascido promovendo o alojamento conjunto e reservando os ber rios para os neonatos de risco O incentivo ao aleitamento materno a orienta o para o planejamento familiar e a supervis o e a supervis o e avalia o do atendimento por meio de um Sistema de Informa o Perinatal Outra estrat gia adotada pelo Minist rio da Sa de a Iniciativa Hospital Amigo da Crian a IHAC a qual vem contribuindo para a qualifica o da aten o ao rec m nascido desde 1992 poca de seu lan amento no Brasil Em 2000 o Minist rio da Sa de conduz um processo mais amplo de humaniza o dos servi os em maio com o Programa de Humaniza o de Hospitais Em junho lan a o Programa de Humaniza o do Pr Natal e Nascimento PHPN que tem como principal estrat gia garantir a melhoria do acesso da cobertura e da qualidade do pr natal e da assist nc
55. Engenheiro Pedreira e ele ficou internado aqui Ent o eu tinha que dormir aqui Tudo tinha que ficar aqui o tempo todo O tempo todo que eu fiquei aqui eu fiquei com ele Carina J Beatriz morava em um bairro distante ao hospital Enquanto seu filho estava na UTI visitava o diariamente apesar da dificuldade de locomover se do longo trajeto e ter que utilizar dois nibus A alta do beb para a UI foi um al vio apesar das acomoda es Para mim o mais complicado era pegar duas condu es Eu que moro em Realengo cheia de pontos A pra mim era horr vel Fiquei 10 dias com os pontos Mas depois foi tranquilo Eu comecei a dormir l em cima com ele A cadeira n o nenhum pouco confort vel Podia ter uma cama Foi a nica coisa assim que pegou muito Beatriz Na UI no intuito de favorecer a perman ncia materna s o disponibilizadas poltronas estofadas mas em n mero insuficiente Quando o setor est lotado restam as cadeiras pl sticas N o se pode esquecer que as mulheres s o pu rperas ou foram submetidas a episiotomia ou t m a incis o da ces rea Ent o ficar sentada durante 24 horas representa grande desconforto f sico Mesmo diante da permiss o de acompanhar integralmente na UI algumas ficavam durante o dia e iam para casa noite para conseguir dormir Na UI eu ficava o dia todo e depois ia dormir Nat lia Quando ela passou para a UI a era direto Eu s ia em casa s pra ver o marido
56. N o um ideal de perfei o Algu m da enfermagem passa e diz m e voc j lavou as m os Ent o pode tocar no seu filho Muda mesmo sem verbalizar seus olhos indagam como demonstrado como abrir a portinhola diz se da import ncia da sua presen a que o seu filho precisa dela do seu toque da sua voz A mulher hesita mas toma coragem e toca seu beb Primeiro pelas extremidades dedos t o pequenos a preens o d bil n o segura o dedo da m e Tenta buscar o olhar do filho e n o encontra pode estar em sono profundo hipoativo s vezes sedado ou com olhos vendados por conta da fototerapia Tantos fios tubos aparelhos ru dos luminosidade intensa Um sentimento de incapacidade de cuidar do seu filho a invade Chora desespera se mas na luta que o seu filho trava para viver ela encontra for as para estar a seu lado e se superar A mulher aprende a se comportar em um ambiente com regras r gidas estabelecidas e a equipe de enfermagem quem as determina tem a posse do seu filho e a compet ncia do cuidado Por m s o as profissionais que v o mediar a tecnologia e o rec m nascido para a m e Tanto podem facilitar como dificultar o desenvolvimento do cuidado materno da maternagem ao ensinar a essa mulher uma nova forma de cuidar de um beb Com o passar dos dias a m e come a a se familiarizar com o contexto hospitalar absorve a rotina apropria se a seu modo da terminologia med
57. Ser Transplantado Renal optou pela utiliza o deste m todo para captar a subjetividade dos relatos dos clientes Para a autora a Hist ria de Vida trouxe benef cios para a compreens o dos fatos e ainda para uma reflex o pessoal sobre sua atua o como enfermeira atendendo a transplantados renais Utilizei o m todo Hist ria de Vida em disserta o de mestrado Santos 1998 p 23 para identificar a percep o materna do desenvolvimento do seu filho de O a 12 meses residentes em uma favela do munic pio do Rio de Janeiro Apontam se outras disserta es com objetos variados como Gon alves 1999 A percep o da mulher sobre DST Rubio 1999 A percep o de m es de crian as com anomalia cong nita em rela o assist ncia de sa de recebida Ribeiro 2000 A percep o da gestante HIV positivo em rela o soropositividade Marquez 2000 Percep o dos promotores de sa de sobre seu papel social e suas 53 rela es desenvolvidas com as institui es de sa de e a comunidade de Villa el Salvador Chamilco 2001 As pr ticas obst tricas adotadas por parteiras tradicionais na assist ncia ao parto domiciliar Quanto s teses de doutorado operacionalizadas sob os trilhos da Hist ria de Vida destacam se a realizada por Sp ndola 2002 que teve como objeto de estudo O cotidiano da mulher m e trabalhadora de enfermagem o estudo de Silva 2003
58. a falar falou Mas falou Ent o tudo para gente a gente v com outros olhos sabe Outra coisa Para mim foi mesmo uma experi ncia muito marcante mesmo Vit ria O cuidado em casa diferente o cuidado em casa diferente totalmente diferente Porque ele faz fisioterapia porque eu n o quero que ele atrase Ent o toda uma preocupa o do engatinhar quer dizer ele n o engatinha assim com os bracinhos Ele engatinha for ando Eu tenho tamb m apoio de l da m dica que ele tamb m tem uma pediatra em Itagua Conseguiu fazer fisioterapia l ele faz toda semana Yasmine A trajet ria iniciada de consultas m dicas intermin veis com diferentes profissionais e tratamentos de estimula o precoce exp e a fam lia e o beb a abordagens diversas conselhos e posturas muitas vezes contradit rios que podem colocar a m e numa posi o de d vida constante quanto ao seu modo de exercer a maternagem WANDERLEY 1999 Yasmine relatou que conseguiu cadastrar o beb em dois servi os em munic pio diferentes Ela afirmou que geralmente os profissionais falam a mesma linguagem Por m n o consegue controlar sua ansiedade e o medo de a crian a adoecer ou ter complica es graves Ontem estava conversando com o meu marido sobre isso Ele vai fazer um ano amanh e quantas vezes eu sa com ele pra m dico Ele vai direto ele tem alguma coisa eu j vou direto Acompanho aqui eu vou l e aco
59. a mais erudita t cnica materna nada vale WINNICOTT 1985 p 99 b Em segundo lugar a m e necess ria para apresentar o mundo ao beb Atrav s das t cnicas da pessoa ou das pessoas que o assistem processa se a apresenta o do beb realidade externa ao mundo em seu redor WINNICOTT 2008a p 99 c Uma terceira maneira em que a m e necess ria a pr pria m e e n o uma turma de excelentes pessoas de boa vontade tarefa de deslusionamento WINNICOTT 2008a p 102 Em 1957 Winnicott escreveu que seria salutar fazer ver s m es que por vezes m es n o amam seus beb s no come o ou mostrar por que com frequ ncia sentem se incapazes de amamentar o beb ou explicar lhes por que o amor uma quest o complexa e n o um mero instinto WINNICOTT 1999 p 5 Para finalizar saliento tr s aspectos importantes nos textos de Winnicott 1 Sua teoriza o adveio da pr tica pedi trica e posteriormente da cl nica psicanal tica de crian as e adultos H in meros exemplos do setting psicoterap utico 2 O beb descrito o nascido a termo Considerava que o momento certo do nascimento no sentido psicol gico coincide com o fisiol gico A prematuridade antecipa o p s termo adiamento WINNICOTT 2006 p 46 3 Quando se refere ao parto normal refere se por via vaginal realizado pelas midwifes traduzido por parteira ou por enfermeira no domic lio ou pelos m dicos obstetras no hospit
60. agora Ele que anda sai comigo ele faz a fisioterapia desde pequeno esse aqui Ele acorda pra fazer as coisas eu tenho grande apoio tanto dos dois filhos e do marido Mas o marido trabalha ele passa muito tempo fora Mas dos dois irm os eu tive todo apoio tive muito apoio mesmo Yasmine A vida de toda mulher modifica se de muitas maneiras com o nascimento de um filho De acordo com Winnicott 2005a p 6 nos primeiros meses de vida do beb h uma depend ncia absoluta em rela o ao ambiente m e Gradualmente com o seu desenvolvimento evolui para a independ ncia N o porque prematuro que diferente Nem sempre requer tanto cuidado Pode ser uma crian a nascida de 9 meses que requer os mesmos cuidados de um prematuro entendeu isso Juliana Quando ocorre um nascimento prematuro no entanto o beb fica mais tempo no est gio de depend ncia absoluta dessa m e por conta das consequ ncias adversas da prematuridade Como foi relatado por Vit ria cuja filha nasceu foi prematura extrema e at hoje demanda um cuidado materno diferente do beb nascido a termo 208 Foi uma experi ncia muito meio assim como um divisor mesmo na minha vida antes e depois dela entendeu Focalizar assim no tratamento dela Depois abrir m o de muita coisa que eu queria fazer mas sempre priorizando a sa de dela Vit ria A Hist ria de Vida das entrevistadas revelou que toda a aten o da mulher se voltou pa
61. ainda mama Maria Um aspecto importante destacado por algumas mulheres foi o condicionamento da mudan a de setor UTI para UI e da alta hospitalar com o estabelecimento da amamenta o para cumprir o determinado pela Iniciativa Hospital Amigo da Crian a IHAC Ana contou que o m dico condicionou a alta amamenta o Ent o ela imediatamente colocou o beb para sugar o peito com SUCESSO Cheguei a amamentar na semana que teve alta O m dico chegou e falou que ele tinha que sugar Para ter alta ele tinha que come ar a sugar O m dico falou A partir de amanh voc tem que tentar botar ele no peito A no dia mesmo que ele falou eu botei e ele j come ou a sugar Engra ado pra ele que nunca sugou tava s no copinho ele sugou at r pido Ele come ou ele estava sugando bem aqui Parecia que j sugava h muito tempo Ana Por m Ana e Socorro relataram que em casa n o conseguiram manter a amamenta o exclusiva O beb chorava parecia n o estar satisfeito apenas com o peito Elas ent o introduziram a mamadeira e pouco tempo depois a crian a desmamou Ent o na verdade a amamenta o n o estava de fato estabelecida N o basta impor a amamenta o na Unidade Neonatal porque em casa a mulher introduz a alimenta o artificial A come ou a mamar S que depois foi pra casa Por ele estar acostumado com copinho ele mamava mas assim tipo como se n o ficasse satisfeito Ele ficava chor
62. ao nascer BRASIL 2000 p 118 Nesta pesquisa a eleva o da press o arterial foi relatada por sete depoentes Indira Denise Ana Yasmine Fl via Viviane e M nica A hipertens o arterial concomitante com a gravidez associada ao aumento da morbidade e mortalidade materna e perinatal No Brasil a causa mais frequente de morte materna est relacionada com a hipertens o associada pr ecl mpsia e ecl mpsia Sua frequ ncia na gesta o alta refletindo os dados da popula o em geral Tamb m a mais frequente entre as s ndromes hipertensivas da gesta o A hipertens o arterial leva a retardo de crescimento fetal hip xia fetal e aumento da mortalidade perinatal Por sua vez a gravidez tende a agravar os n veis tensionais o que pode gerar complica es graves para a m e BRASIL 2000 p 99 Indira Denise e Ana apresentaram eleva o dos n veis press ricos durante a gesta o que justificaram a interna o e a interrup o da gravidez Quando chegou no sexto m s a minha press o subiu A press o na semana do carnaval deve ter chegado a 20 Quando eu me internei aqui ela estava com 19 19 x 11 19 x 12 uma coisa assim A eu me internei fiquei internada Mas eu jamais imaginei que fosse para eu fazer uma ces rea Eu estava para fazer 7 meses Indira Foi no pr natal A quando chegou l no pr natal a enfermeira perguntou se eu estava sentindo alguma coisa Realmente eu n o estava sentind
63. aprendendo Eu sabia um pouco porque eu cuidei dos meus irm os pequenos L eu aprendi mais n Fiquei mais informada das coisas A eu aprendi a ser m e mesmo Que eu n o estava preparada ainda estava me preparando A como veio antes da hora a tumultuou na minha cabe a Eu fiquei nervosa Tinha que ter algu m pra me ensinar A foram as enfermeiras A minha m e n o podia ficar l A elas que ajudaram Isabela No relato de Isabela h um aspecto importante sem a presen a de sua m e para lhe transmitir a forma de cuidar do filho ela transfere o papel social da av para outras mulheres Ela procura a equipe de enfermagem para lhe ensinar tanto as especificidades do cuidado t cnico como apoio emocional 158 A enfermagem ensinou a mulher a tocar e segurar o beb de forma segura para lhe proporcionar o holding Eu n o queria colocar n o a m o nele Ele era muito mole As pessoas falavam que bom colocar a m o nele A mo a falava Bota a m o nele eu botei sil ncio Quem era essa mo a Foi uma enfermeira l e eu nem me lembro quem foi Nat lia Mas depois eu fui me acostumando eu passando a m ozinha e com dois tr s dias o enfermeiro j colocava no meu colo dava apoio Mas no primeiro dia eu n o toquei nela n o Eu estava com medo com medo de amassar que eu n o sabia Ta s Foi muito estranho segurar porque uma coisinha t o pequena e elas enrolaram no len olzinh
64. aquelas que j N o que tratavam mal mas tinham um jeito l delas A gente at respeita porque o jeito de cada um Eu n o tive problema nenhum mesmo A gente acabou criando um v nculo assim de amizade porque eles viam o que eu estava passando o tempo todo que eu estava aqui brincavam com ela falavam coisas para me distrair Quando achava que complicou e n o ia ter mais jeito ent o essa m dica mesmo que acompanhou ela nesse per odo todo eu ficava assim boba porque m dico da rede p blica mas ela tinha um envolvimento uma coisa ela foi na minha casa l em Cachoeiro de Macacu no anivers rio de um aninho ela estava sempre envolvida E voc viu ela perguntou E onde que o m dico vai estar preocupado com isso Ainda mais a gente que l da rede p blica Mas n o a gente via essa preocupa o os m dicos aqui sempre com essa preocupa o de dar suporte e dar apoio Ent o eu s tenho que agradecer a Deus por ter vindo parar aqui Vit ria Houve refer ncia pediatra respons vel pelo tratamento da crian a como facilitadora quando conseguiram estabelecer di logo e receberam incentivo para estabelecer contato com seu filho Como exemplificado pelos relatos de M nica e Juliana A doutora que a atendeu muito boa Uma pediatra super bacana sabe conversa com a gente Porque tem pediatra na UTI neonatal que n o conversa muito com voc Voc pergunta te responde responde o que a
65. at hoje eu me comunico com elas a gente liga para a outra conversa V o minha casa vou casa delas a gente fez bastante amizade Os meninos que nasceram tudo da idade dela eu vejo ainda Sempre encontro com elas aqui tamb m ngela As mulheres jovens relataram que as mais experientes com outros filhos repassavam o seu conhecimento Elas ensinavam as m es de primeira viagem como cuidar do beb o que refor a o aspecto cultural da maternagem transmitido pelas mulheres mais velhas para as novatas intergeracional mesmo no ambiente hospitalar Depois que ela foi para a UI tinha as enfermeiras do dia ensinavam a gente mas eu j estava pegando com as outras m es Eu fui aprendendo junto com elas As enfermeiras ajudavam Cada dia vinha uma enfermeira e ajudava mas as m es mesmo que me ajudavam porque era a primeira vez Ta s 192 No depoimento de Ta s fica expl cito que o v nculo de confian a que ela estabeleceu com as m es mais experientes que permaneciam todo o tempo na UI Apesar de a equipe de enfermagem estar dispon vel para ajud la com conhecimento t cnico h o rod zio dos plant es e dos setores de trabalho Cada dia havia uma profissional diferente A mulher se sente sozinha no ambiente da Unidade Neonatal sem poder trocar experi ncias de maternagem com familiares no caso a m e ou a sogra NUNES 2003 p 54 O que evidencia a necessidade de valoriza o do entendimento das quest
66. beb na UI Canguru Tecnologia depend ncia vocabul rio Oxigenioterapia Peso Amamenta o Alimenta o Ambival ncia Ruim X aprendizado amadurecimento Tempo corre devagar demorado Religiosidade M e importante para o filho Impot ncia Vi outra mulher perder o beb no parto Medo da morte Morte de outras crian as ao seu lado Morte de outro filho Alta da m e Querer sair ir para casa Ber o vazio Enxoval Apoio das outras mulheres m es Alta do beb Medo da alta de ir pra casa Acompanhamento Follow up Acompanha no servi o p blico e tem plano de sa de V rias vezes ao m dico posto hospital Em casa agravou interna o Em casa broncoaspirou Em casa pneumonia bronquite Apoio da fam lia Apoio do marido pai presente Apoio das mulheres da fam lia 1 prematuro da fam lia Prematuro fica pequeno por mais tempo Toda crian a precisa de cuidado N o consigo brigar com meu filho ele sofreu muito Sou sozinha para cuidar dos filhos 69 Ap s a alta em cuido dele Eu cuidei dele em casa n o aceitava ajuda Eu cuidei dele em casa aprendi no hospital Eu cuido dele como no hospital Trabalho Estudo Hospital institui o Profissionais de uma forma geral M dica ajuda pegar o beb apoia explica n o explica Enfermagem ajudar a ver o beb explica apoia ensina supervisiona deixa fazer ajuda tocar habilidade em cuidar do beb cuida da
67. como fonte complementar de pesquisa como ilustra o e um meio de descobrir pistas relevantes para a pesquisa Por m quando utilizada como m todo principal revela a rede de rela es sociais Santos 1995 p 95 destaca que As experi ncias humanas s o descritas em sua dimens o temporal e permitem alcan ar os mecanismos de funcionamento da estrutura social Respeitam se a individualidade e a especifidade do ator por m seu discurso decomposto reagrupado e interpretado A interpreta o pode ocorrer segundo a posi o funcional ou de classe que cada ator ocupa no interior da estrutura social Glat 1989 p 30 empregou como m todo de pesquisa em sua tese de doutorado o relato de vida por m justificou utilizar o termo Hist ria de Vida pela conveni ncia de ser mais conhecido Para a autora 1989 p 32 a diferen a fundamental do m todo Hist ria de Vida para outras abordagens metodol gicas o respeito que o pesquisador tem pela opini o do sujeito O pesquisador acredita no sujeito E esse ltimo n o visto como objeto passivo de estudo Ao contr rio o pesquisador e o sujeito se completam e se modificam mutuamente em uma rela o din mica e dial tica Um aspecto interessante a ser ressaltado que o pesquisador n o 51 tem controle da situa o ao contr rio todo estudo direcionado pelo entrevistado a partir de sua vis o de mundo de como vivenciou os fatos e como eles interagem com o present
68. de Doutorado em Enfermagem 20083 165p SILVA M G A A O cliente renal cr nico e sua adapta o a nova condi o de vida Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado em Enfermagem 1996 115p SOUL M O filho da cabe a o filho imagin rio In BRAZELTON T B et al A din mica do beb Porto Alegre Artes M dicas 1987 170p SPINDOLA T Trabalho feminino muitos pap is uma s mulher ambival ncia do cotidiano Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Tese de Doutorado em Enfermagem 2002 TAMEZ R N SILVA M J P Enfermagem na UTI neonatal 3 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 253p TANAKA A C A Maternidade dilema entre nascimento e morte Rio de Janeiro HUCITEC ABRASCO 1995 107p TAYLOR L S A rites of passage analysis of the families experience of premature birth Journal of Neonatal Nursing v 14p 56 60 2008 TEIXEIRA E T N Adiamento da maternidade do sonho maternagem Rio de Janeiro Escola Nacional de Sa de P blica FIOCRUZ Disserta o de Mestrado 1999 74 p TYRREL M A R CARVALHO V programas nacionais de sa de materno infantil impacto pol tico social e inser o da enfermagem Rio de Janeiro Tese de Doutorado UFRJ EEAN 1993 267p VALEN A M C A Feminilidade em Freud e na contemporaneidade repercuss es e impasses Recife Univ
69. de que isso n o est certo Elas se conformam e partem em busca de outra institui o Foio o que aconteceu com Denise e seus familiares Diante da impossibilidade de ficar come aram a perguntar como ir para a institui o recomendada de nibus Quando chegou uma ambul ncia trazendo uma parturiente para ser internada conseguiram uma carona Denise percorreu a dist ncia de 43 km at que conseguisse ser hospitalizada A a gente nervosa procurando saber onde era esse hospital aqui A foi quando a enfermeira da ambul ncia falou assim se a menina que eu trouxe n o ficar a eu dou uma carona pra voc s Foi quando eu comecei a pedir a Deus pra menina tamb m n o assinar o termo de responsabilidade Nisso a menina saiu A me trouxeram tamb m pra c Chegou aqui gra as a Deus fui bem 102 atendida Me deram toque falaram que eu tinha que ficar internada a me prepararam toda me trouxeram aqui pra cima Eu estava com medo de perder de novo entendeu Uma coisa que eu tanto queria A me trouxeram aqui pra cima fiquei na sala de pr parto Subi com a minha m e que eles falaram que poderia subir com a minha m e Denise Para Tanaka 1995 p 40 a desumaniza o do setor da sa de t o grande que durante o atendimento a prioridade proceder aos tr mites burocr ticos e s depois atender cliente Nem o parto sempre considerado como um momento sublime no qual uma nova vida come a re
70. de uma informa o com culpa sentem se acusadas de n o serem boas m es Nas culturas industriais do Ocidente a m e deixada a s s para lidar com o fato de ser n o s fonte de vida como tamb m de morte potencial para filhas e filhos Com essa proposi o Parker 1995 p 28 quer dizer que a m e respons vel por manter viva uma crian a incapaz de arranjar se sozinha uma vez sa da do tero A m e sente se a nica respons vel pela vida e pela morte embora essas quest es decerto n o se encontrem sob seu total controle Essa esp cie de ansiedade mobilizada pela maternidade pode amplificar os conflitos provocados pela ambival ncia Parker 1995 p 60 analisa que est imersa na cultura Ocidental a expectativa de que a rela o entre a m e e o filho vai realizar e satisfazer a mulher Dessa forma o sentimento de ambival ncia estaria exclu do desse sistema de cren as sendo transformado em fonte de culpa e de vergonha A autora afirma que assim que d luz a maioria das mulheres conta que vivencia um alegre sentimento de amor e de unidade com o beb Isso entretanto n o ocorre com algumas mulheres frustrando as Segundo a psicanalista nossa cultura faz com que o relacionamento social p s natal seja representado como uma r plica do estado de uni o pr natal intra uterino 20 At hoje as tentativas feministas de desconstruir os mitos em torno da maternidade na perspectiva hist rica Elizabeth Ba
71. diferentes fatores tais como os costumes familiares e os valores morais da sociedade onde acontece a gravidez as dificuldades econ micas sociais familiares e a aceita o pela jovem entre outros BRASIL 2005 p 27 Carina teve uma gesta o de risco e parou de estudar Ap s o nascimento do beb passou a viver com o companheiro e n o vislumbra terminar o 2 grau ou trabalhar Na identifica o da entrevista declarou se do lar Depois que eu comecei a ter problemas na gravidez eu parei de estudar Estava terminando o segundo grau estava no 3 ano do 2 grau Parei Carina Com as mudan as na sociedade brasileira a gravidez se tornou uma forma de constituir fam lia de mudar de status social uma vez que a maternidade valorizada socialmente e vista como elemento formador 210 da identidade por meio da constitui o de nova fam lia BRASIL 2005 p 127 Isabela com 19 anos refere ter terminado os estudos pois concluiu o 2 grau por m n o tem uma profiss o nunca trabalhou Planeja fazer um curso para conseguir trabalhar e garantir o futuro do filho E eu s estou cuidando dele Eu j terminei os estudos o segundo grau eu terminei Eu agora s estou cuidando dele pra depois fazer um curso procurar um trabalho quando ele estiver maiorzinho A eu vou garantir o futuro dele sil ncio Isabela 19 anos x Os nus relacionados maternidade e constitui o da fam lia pod
72. e 600 Maria Interessante a observa o de Maria quanto ao seu peso ao nascer e da fam lia N o o peso adequado ao nascimento seriam classificados como GIG grande para idade gestacional Essa nfase no peso tem a ver com o seu beb imagin rio gordinho rechonchudo O beb real nasceu mi do clara a import ncia dos paradigmas culturais e familiares que ensinam como receber e cuidar de um beb Quando um casal concebe um beb j possui no n vel ps quico muitos passos conhecidos que v o interferir na forma de tocar o beb cuid lo amament lo Tudo isso j foi inicialmente vivido pelos pais quando eram beb s Dessa maneira as tradi es e os mitos de cada fam lia passam de gera o em gera o fazendo com que um beb ao chegar desencadeie lembran as e mem rias de uma hist ria anterior Esses passos incluem as hist rias passadas das rela es afetivas existentes em ambas as fam lias que ao unirem se permitem o in cio de uma nova hist ria que passa a ser narrada com esses mesmos personagens mas acrescida de um novo integrante E s o as informa es pr existentes junto s novas que surgem coma participa o do beb que v o favorecer refer ncias para o desempenho das novas fun es BRASIL 2009 p 27 Por m diante do nascimento prematuro Wanderley 1999 destaca que para a m e como se com este beb diferente seu saber inconsciente a experi ncia passada de gera o a ge
73. e as rela es podem se enriquecer em fun o dessas novas viv ncias provocadas por t o grandes transforma es BRASIL 2009 p 28 O nascimento prematuro configura uma situa o de crise que envolve todos os familiares que compartilham a hist ria da crian a O que se observou nesse estudo que as fam lias se reorganizaram para receber o beb e ajudar a m e a desempenhar o seu papel A mulher encontra se fragilizada e busca habilidades para maternar o filho pr termo A maioria das depoentes referiu o apoio oferecido pelas figuras femininas em especial suas m es O que corrobora com a experi ncia de Moreira Braga e Morsch 2003 p 87 mostrando que o suporte da maternagem ampliada n o se limita ao tempo da interna o hospitalar podendo ser muito mais extenso e decisivo no aux lio ao beb e aos seus pais Quando eu o levei pra casa eu j estava tranquila j j sabia cuidar direitinho Foi tranquilo Em casa foi at melhor do que ficar no hospital Melhor em casa A minha m e tamb m me ajuda em casa Mas agora eu j me acostumei j a cuidar dar banho fazer tudo isso Eu gosto de fazer mas s vezes a minha m e faz Quando eu estou fazendo alguma coisa a ela vai e d banho nele e troca Mas quem mais faz sou eu O pai tamb m n o est em casa porque ele trabalha mas quando ele est ele me ajuda a cuidar dele Isabela 204 Eu que olho eu que dou banho eu que dou mam tudo sou eu Mas
74. e desenvolvimento Acta paul Enferm v 11 n 1 jan abr 1998 p38 45 BRIOSCHI L R TRIGO M H B Relato de vida em ci ncias sociais considera es metodol gicas Ci ncia e Cultura v 39 n 7 p631 637 jun 1987 BRUGGEMANN O M PARPINELLI M A OSIS M J D Evid ncias sobre o suporte durante o trabalho de parto parto uma revis o da literatura Cad Sa de P blica v 21 n 5 p 1316 27 set out 2005 232 CAMARGO H M Empregada e a m e das din micas da maternagem para uma maternagem din mica S o Paulo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo Disserta o de Mestrado Psicologia Social 1992 CARDOSO F S et al Maternagem Acta m d Porto Alegre v 1 p 631 5 1995 CHAMILCO R A S I Pr ticas obst tricas adotadas pelas parteiras tradicionais na assist ncia ao parto e nascimento domiciliar na Amaz nia Legal Santana AP Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado em Enfermagem 2001 CHIZZOTTI A Pesquisa em ci ncias humanas e sociais S o Paulo Cortez 1991 164p CHODOROW N Psican lise da maternidade uma cr tica a Freud a partir da mulher Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1990 319p CIPRIANI R POZZI E CORRADI C Histoires de vie familiale dans um contexte urbain Cahiers Internationaux de Sociologie v LXXIX p253 62 1988 COLIN C MARTIN C OUELLET T F BOYER G Extr me pauvr
75. em claro aqui no hospital passei em claro A eu liguei pro meu esposo ele foi l pra saber not cias Eu estava muito nervosa acho que aconteceu alguma coisa porque n o falam nada A ele foi ver ele A eu n o podia ver Eu fiquei fraca n o conseguia comer n o conseguia me alimentar eu fiquei muito magra e fraca N o conseguia andar ainda que eu estava fraca A ele veio e foi l e foi levar not cia pra mim Ana Algumas mulheres hesitaram no in cio em se aproximar do beb com medo de ligar se a ele e de vir a perd lo em estreitar uma rela o de afetividade O papel desempenhado pelo pai foi fundamental na aproxima o dos dois como observado no depoimento de Maria 142 E depois logo no come o eu n o queria pegar nela n o Eu olhava assim e achava ela muito pequenininha Foi meu marido quem ajudou a pegar Ele disse Pega que sua filha passa a m o nela Eu queria passar mas tirava Tipo assim tenho medo de machucar sei l sabe Ele dizia pode passar pode passar ela sua filha Maria J Ana Louise teve o apoio protetor do marido e de sua m e Eles viram o beb logo ap s o nascimento Diante da gravidade do seu quadro cl nico protegeram na inicialmente para que pudesse se recuperar e somente no dia seguinte foram com ela ver o beb Assim a minha m e e o meu marido viram primeiro Ele desceu e ficou na UTI estava cheio de tubo cheio de coisa Elas
76. em um dado momento afirmou que n o planejara engravidar A o K j n o foi programado o K n o foi programado Yasmine 42 anos Por m no transcorrer da entrevista Yasmine contou que a morte inesperada de um filho aos nove anos de idade a fez desejar engravidar novamente Bom eu j estava programada em ter s dois filhos n O que aconteceu Eu perdi um filho atropelado e eu resolvi ter N o que um filho fosse acalmar a minha dor mas pelo trabalho at de ter uma crian a de ter aquele trabalho da responsabilidade toda eu resolvi ter Yasmine 42 anos Para atender a recomenda o do te rico do m todo Hist ria de Vida Daniel Bertaux 2005 p 26 e descobrir o que h de geral at mesmo de gen rico em cada caso particular deve se dispor n o apenas um s caso mas de uma s rie de casos constru da de maneira a tornar possivelmente sua compara o o que envolve ao mesmo tempo similitudes e diferen as Desta forma foram entrevistadas mulheres com perfis muito diferentes O ponto em comum foi a experi ncia vivenciada da 83 maternagem de um filho pr termo Mas com idades hist ria obst trica e arranjos familiares muito diversos O que se construiu foi um mosaico com as motiva es da inst ncia do consciente ou do inconsciente para a chegada de um filho Como n o h um caminho nico este estudo reafirma a necessidade de n o s as enfermeiras mas todos os profissionais que assi
77. enfrentamento do problema e a manter viva uma esperan a de cura do filho conforme mostra o relato de Ta s Eu fiz promessa e tudo para poder salvar At que enfim se salvou e saiu ta grande a Ta s Socorro cat lica praticante relatou o batizado da filha na UTIN Eu trouxe o padre para batizar ela Ela foi batizada dentro da UTI Chegou o padre e perguntou se podia passar a m o porque a pele dela era t o fr gil que ele tava at com medo de passar a m o assim por cima Eu falei Padre pode passar Ela cabia assim dentro da m o Socorro O batismo um rito de passagem que assinala o nascimento social tornar se um novo membro da sociedade logo ap s o nascimento biol gico HELMAN 2009 p 207 Por m no cen rio em que foi celebrado o batismo apresenta outros significados para essa m e A crian a pag transita para o status de crist recebe o sacramento do padre o que lhe confere prote o e auxilia na sua recupera o Para os cat licos h a preocupa o de a crian a morrer pag Nesses casos um rito de passagem que a prepara para a morte Quando os pais desejam que os filhos sejam batizados caso exista um progn stico sombrio este desejo torna se uma responsabilidade da 177 enfermagem Sempre que poss vel desej vel que um padre realize o ritual como aconteceu com a filha de Socorro Entretanto quando a morte iminente a enfermeira pode realzar o batismo HOCKENBERRY W
78. eu posso liberar Porque eles viram que eu estava muito nervosa com medo de tudo que poderia acontecer comigo e com ele no caso Yasmine 101 J a Hist ria de Vida de Denise com 34 semanas de gesta o ao ir Unidade B sica para consulta de rotina no pr natal tarde ao verificarem hipertens o arterial e edema foi orientada pelo m dico a ir direto para a maternidade sem passar em casa Morando em Santa Cruz dirigiu se a um hospital geral estadual que possui maternidade por ser mais pr ximo cerca de 1 km foi examinada me deram toque e a m dica a indicou para outra institui o Resolveu ir buscar sua m e em sua resid ncia pois estava muito nervosa s com o marido Todos foram para a maternidade municipal distante 33 km de onde estavam por volta de 20 horas Novamente foi submetida ao toque vaginal e come ou a perder sangue por via vaginal Como j tivera um beb neomorto pela tens o da situa o sua press o elevara ainda mais Tinha indica o de interna o mas teria que assinar um termo de responsabilidade pois havia um surto de infec o neonatal como seu parto seria prematuro o beb iria precisar de UTIN Como se negou a assinar foi aconselhada a procurar a maternidade municipal mais pr xima cerca de 9 km A peregrina o tornou se t o comum em nosso meio que nem sempre as mulheres se revoltam quando n o obt m assist ncia Por m Tanaka 1995 p 44 afirma que elas t m consci ncia
79. experi ncia vivenciada da maternagem do filho pr termo no lar As duas categorias anal ticas deste estudo foram constru das utilizando se a diacronia da Hist ria de Vida das entrevistadas e tendo como fio condutor a maternagem do ponto de vista da mulher Ent o na primeira categoria aborda se o anterior ao nascimento o desejo pelo filho a gesta o ado o e o momento de transi o que o parto Na segunda categoria o beb real ao nascer a im possibilidade da maternagem na unidade neonatal o momento de transi o que a alta do beb e a maternagem no lar A maternagem de mulheres com filho pr termo foi discutida luz da psican lise de Winnicott Como os depoimentos revelaram al m da dimens o psicol gica tamb m as sociais e culturais estando todas portanto inter relacionadas foi necess rio utilizar os conceitos da Teoria do Cuidado Cultural de Leininger Cap tulo 5 AN LISE DOS RELATOS DE VIDA A an lise dos depoimentos maternos evidenciou que as Hist rias de Vida das mulheres com filho pr termo que foram hospitalizados em Unidade Neonatal exp em uma trajet ria de sonho decep o reconstru o da maternidade ou seja o caminho percorrido da gesta o at a vida em casa com seu beb H destaque especial ao cuidado profissional da enfermagem como facilitador para o exerc cio da maternagem O nascimento de um beb pr termo rompe a possibilidade da maternagem ap s o parto j
80. falaram que era s praxe mesmo A eles n o deixaram eu ver no primeiro dia A eu s fui ver no outro dia Nossa Eu fiquei horrorizada Que ele estava com capacete ele estava com tubo estava com aparelhinho de press o Ana Louise Beatriz no primeiro contato com seu filho deparou se com a impossibilidade de pegar no colo acariciar maternar M e e beb descompensaram nessa primeira aproxima o Ele clinicamente e ela emocionalmente Tanto que precisou ser retirada da UTIN por sua m e e pela equipe de enfermagem Eu sofri muito porque quando fui botar a m ozinha nele ele come ou a chorar Ele n o tinha for as pra chorar fez um buraco enorme aqui assim no peitinho Foi horr vel por causa de ponto ainda Minha m e teve que me tirar as enfermeiras tiveram que tirar de l de dentro porque eu queria pegar ele pra ver se ele parava de chorar S podia mexer n o podia pegar A foi horr vel porque que eu queria pegar para ver se ele parava de chorar que ele tava chorando muito Pelo fato da minha m o estar fria que tem que lavar a m o todo um processo Beatriz Duas mulheres nesse estudo relataram uma viv ncia muito significativa de reconhecerem seus filhos na UTIN mesmo os tendo visto por alguns minutos no momento do nascimento Maria foi conhecer a filha com o marido e Beatriz com sua m e Para a surpresa dos seus acompanhantes elas identificaram quem era o seu beb 143 Eu olhei s um pouqu
81. fen menos em profundidade que pareciam t o complexos evasivos e amb guos como cuidado humano Ela n o gostava dos termos ferramenta ou instrumento porque eles eram impessoais mec nicos e ajust veis objetiva o experimenta o e outros m todos e aspectos 45 l gicos do paradigma quantitativo E tamb m n o gostava da id ia do pesquisador ser o instrumento de um investigador frio desligado e impessoal A id ia de capacitadores enabler e pesquisadores amistosos indicavam um meio participativo e cooperativo de obter as ideias que s vezes eram dif ceis de saber imediatamente sem a prova gentil dos informantes querendo partilhar suas ideias Os capacitadores eram condizentes com o paradigma qualitativo e permitiam explicar o cuidado cultural Leininger desenvolveu v rios capacitadores enabler para retirar o cuidado em profundidade e o conhecimento da cultura dos informantes que vivem em diferentes contextos culturais sendo destacada aqui a Hist ria de Vida Life History O Capacitador Hist ria de Vida Life History de Cuidado Sa de um guia para obter dados longitudinais de informantes selecionados de suas experi ncias de vida e com enfoque no cuidado e cuidar ou aspectos relacionados enfermagem nos sistemas de sa de profissionais e populares no domic lio ou nas institui es As hist rias de vida t m sido de grande valia em antropologia Para Leininger e McFarland 2006 p 69 as enfe
82. hospital cobra um comportamento compat vel com o de uma mulher adulta no cuidado do filho pr termo Por outro lado infantiliza a pois exige que um familiar maior de idade assine a 195 alta Beatriz precisou que seu companheiro e sua m e viessem busc la Telefonar para seus familiares foi um an ncio de celebra o Sabe um dia que foi muito legal Quando ele foi pra casa Foi maravilhoso quando o pediatra chegou e falou assim Ele vai ter alta Eu cheguei e abracei o pediatra e falei assim T falando s rio A ele s olhou assim e eu falei assim Eu amo o pediatra risos Eu peguei rapidinho arrumei ele arrumei as coisas e falei Vamos embora N o voc tem que esperar que algu m tem que assinar porque voc menor Eu liguei pro pai dele liguei pra minha m e sei que eu liguei pra todo mundo l de casa Veio todo me buscar Foi maravilhoso Beatriz Embora com grande desejo de ir para casa algumas mulheres relataram medo de cuidarem sozinhas de seus filhos sem o aparato tecnol gico e os profissionais de sa de O que vai ao encontro dos achados de Guimar es e Monticelli 2007 p 633 A not cia da alta torna se um verdadeiro desafio para a mulher Afinal foram muitos e longos dias dentro da Unidade Neonatal com uma equipe qualificada durante todas as horas do dia e da noite garantindo a sobreviv ncia do rec m nascido e dando suporte para os seus requerimentos mais sutis Vit
83. l visitar a gente era tipo uma pesquisa e ficava sempre andando com a gente O enfermeiro ele era professor at com duas estagi rias a me levou e eu vi ela Ficamos ca ando e n o achava ainda e achei l Chorei muito quando eu vi l ela era bem pequenininha tinha menos de 30 cm tinha um quilo e 400 era muito pequena Ta s Foi a partir da observa o do cuidado profissional competente e seguro da enfermagem do conhecimento repassado que as mulheres aprenderam a cuidar do filho pr termo As enfermeiras a pegavam s com uma m o pra virar tchum De pequeninha muito pequena Ali s muita f mesmo Ver uma crian a daquele tamanho hoje me faz at chorar E cuidar de um beb prematuro muito dif cil Pra dar leite tem que por a cabe a assim tudo isso vem ensinamento delas das meninas l das enfermeiras n Socorro A enfermagem explicou o mundo da Unidade Neonatal para a mulher desde o primeiro contato e durante todo o tempo de perman ncia no setor A enfermeira veio explicar as coisas que ele tinha N o era que era s rio o problema que ele tinha mas que ali ele ia ser bem tratado Ana E dali para frente tudo tudo tudo eu tinha d vida eu perguntava s enfermeiras e o que elas n o podiam me responder elas me passavam para a pediatra que estava acompanhando ela E assim a equipe toda tanto de enfermagem tanto da UTI como da UI eu n o tenho com que reclamar
84. leitura Os depoimentos foram analisados respeitando se a individualidade e a especificidade de cada depoente por m os seus discursos foram agrupados em categorias de acordo com os temas que emergiram do discurso das mulheres Os fragmentos dos depoimentos n o devem ser utilizados de forma isolada Um depoimento s pode ser compreendido re inserido na hist ria do sujeito para n o interpretar indevidamente a cita o BERTAUX 2005 p 100 s a partir do significado atribu do por cada depoente sua hist ria de vida que o pesquisador pode determinar a orienta o te rica do estudo importante frisar que as categorias de an lise n o foram determinadas antes do trabalho de campo Foram constru das a partir dos dados coletados nas entrevistas SANTOS e SANTOS 2008 p 718 A principal vantagem do m todo Hist ria de Vida garantir que a tend ncia observada ou os fatos considerados dignos de interesse cient fico s o os apontados pelos pr prios sujeitos e n o aqueles que o pesquisador de fora a priori achava que ia encontrar GLAT 1994 p 16 Utilizei a t cnica de recorte e colagem Durante a leitura flutuante de todas as entrevistas anotei a l pis nas laterais do texto transcrito 67 minhas impress es sobre o tema Numa segunda leitura apropriei me das falas na ntegra destaquei a fala recortei e colei em uma folha de papel A4 e dei um t tulo fazendo um cabe alho na parte superior Por exe
85. muito atenciosos ensinando tudo a dar banho a pegar no canguru trocar fralda tudo tudo tudo a 157 responsabilidade de at mesmo de segurar a sondinha de segurar a seringa aquela posi o de segurar ela tomava para sonda Uma vez eu fiquei meio nervosa porque ela teve um solu o e eu n o sabia que era solu o porque ela era t o pequeninha e ela tremia toda e eu cheguei para uma enfermeira e falei assim olha s a minha filha esta se tremendo toda tremendo toda A ela foi ver e riu A ela foi ver e disse era solu o e isso era comum Mas ela era t o pequeninha que um solu o treme o corpinho todo Ela ria e eu disse Ent o t Indira As mulheres aprenderam uma nova forma de realizar os cuidados maternos a maternagem passo a passo com a enfermagem Mesmo as que j tinham experi ncia em cuidar de crian as como Ana m e de outra crian a e Isabela que cuidava dos irm os menores deram depoimentos neste sentido Pra mim eu n o tive dificuldade porque tive ajuda e tamb m por ficar cuidando dele aqui eu j estava As enfermeiras daqui explicavam muita coisa pra gente Eu j estava mais com pr tica n o tinha tanto segredo assim n o Ana Foi uma enfermeira l da UI que me ajudou a mexer nele Esqueci o nome dela porque eu ficava l sozinha n o podia ficar com acompanhante A eu tinha que cuidar dele sozinha Elas me ensinavam como que tinha que fazer as coisas eu acabei
86. nascido est pronto para ser estimulado por esse contato Ele pode ter passado por um processo de nascimento dif cil e talvez precise se recuperar desta experi ncia Essa observa o tamb m v lida para a m e que tendo passado por uma experi ncia de grande demanda de energia f sica pode estar exausta e impossibilitada de manter o beb junto ao corpo Esta observa o um alerta para o risco de generaliza o de procedimentos desconsiderando diferentes situa es de parto e singularidades de cada mulher e seu beb Como a situa o narrada por Maria Sabe para falar a verdade na primeira hora em que ela nasceu eles me colocaram no quarto RPA me colocaram no quarto e eu n o fiquei perto dela Mas eu estava dando gra as a Deus dela n o estar perto de mim porque eu estava me sentindo t o mal toda amarrada e sem poder me mexer Tinha uma garota que estava perto de mim e o nen m chorava pra caramba e ela sem poder se mexer tamb m com o peito na boca dele Ent o gra as a Deus que a minha n o estava Maria Conhecimentos acerca dos aspectos ps quicos maternos e do neonato s o importantes para os profissionais da rea pois podem evitar generaliza es e infer ncias mec nicas como no relato de Maria O risco que se corre ao salientar os poss veis ganhos que o contato precoce pode trazer para m e e beb reside na tend ncia que os profissionais de sa de t m de tomar as recomenda es como indica
87. o cient fico e menos importante do que as interven es m dicas e que portanto n o seja proporcionada a todas as mulheres em todos os hospitais As entrevistadas vivenciaram o parto prematuro medicalizado e institucionalizado mas tamb m um rito de passagem A despeito de toda a moderna tecnologia que tratou o nascimento como um evento biol gico uma importante transi o ocorreu do status social de mulher para o de m e Por m essas mulheres trilharam os caminhos da UTIN para vivenciar a maternagem de seu filho o que ser discutido a seguir 2 O Cuidado Materno ao Pr Termo da Unidade Neonatal ao lar e a Exist ncia Humana A Hist ria de Vida das entrevistadas evidenciou a viv ncia de um evento de transi o um rito de passagem GENNEP 1978 HELMAN 2009 A mulher esposa transitou para o status de m e o homem marido para o de pai A partir do nascimento ou da ado o da crian a tornaram se um casal com filho s transformaram se em pais E toda a fam lia por conseguinte assumiu um novo papel tornaram se av s irm os tios primos Contudo essa transi o social teve caracter sticas diferenciadas pois aconteceu de forma prematura e o beb teve de ficar hospitalizado O processo da maternagem entre a m e e seu filho que nos dias atuais com a hospitaliza o dos partos iniciaria no Alojamento Conjunto e logo continuaria no contexto familiar teve in cio no ambiente da Unidade Neonatal Para e
88. o de seu filho pr termo na Unidade Neonatal E terminou quando mesmo ap s questionamento da entrevistadora a mulher dizia n o ter mais nada a acrescentar A etapa de campo come ou com v rios contatos pr vios com a enfermeira do NAIRR apresentando me s auxiliares de enfermagem do local e chefe m dica que tamb m staff da Unidade Intermedi ria Neonatal Embora atuasse na maternidade desde 1996 supervisionando Ensino Cl nico dos acad micos de Enfermagem nunca trabalhara diretamente no setor Desta forma fui duas vezes para me ambientar com a rotina as anota es em fichas os impressos os livros e os prontu rios Observei que a enfermagem procura agendar as consultas dos diferentes profissionais de que a crian a necessita num mesmo dia 57 diminuindo o n mero de vezes que se tem que comparecer ao hospital at porque muitas moram longe O atendimento acontece das 8 horas s 17 horas por m tarde que se concentra a maioria das consultas tendo em vista que alguns profissionais pediatra terapeuta ocupacional e fonoaudi loga passam primeiro na Unidade Neonatal para depois ir ao ambulat rio que funciona em outro pr dio Isso foi conveniente para a realiza o desta pesquisa pois eu ficava com os alunos na Unidade Intermedi ria Neonatal pela manh e ap s liber los dirigia me ao NAIRR Inicialmente a auxiliar de enfermagem que conhecia bem a clientela apresentava me Muitas mulheres me conhe
89. o nascimento em situa es em que n o h necessidade de reanima o est indicado colocar o rec m nascido junto a m e O contato precoce da m e com seu filho fundamental para o refor o do v nculo Nader 2004 p 18 Portanto s devem ser levados diretamente ao local de reanima o neonatal os que necessitarem de algum suporte como o que aconteceu com a beb de Vit ria Eu s soube pelo m dico que quando ela nasceu na sala mesmo acharam que ela n o ia resistir Ela j estava sabe Teve que ficar reanimando fazendo coisas botando o 126 arzinho para ela At conseguir ligar botar no tubo E ela ficou ficou Dali mesmo ela j foi para a UTI Eu s fui ver no outro dia Vit ria Isabela e Cl udia puderam ver o filho e ao ouvir o seu choro tiveram a certeza de que ele estava vivo antes de ser encaminhado para a Unidade Neonatal Eu ouvi ele chorar comecei a chorar Eu fiquei nervosa muito emocionada S vi assim rapidinho porque ele tinha que ir pra UTI Ele era prematuro A eu chorei muito de nervoso Queria ficar segurando sentindo o cheiro dele Isabela Nossa Quando eu escutei o meu filho chorando eu falei assim perfeito o meu filho Peguei ele esse o meu filho chor o Voc conseguiu pegar ele no colo N o consegui mas ela botou pra mim depois que ela mediu Eu n o me esque o da medida dele Ela pegou me mostrou Depois ele foi pra UI Cla dia Para con
90. o tem condi es de ficar aqui ela tem que ir para uma UTP Eu fui para uma UTI A eu fiquei do dia 22 ao dia 24 noite a no dia 24 noite eu vim para c para fazerem a minha ces rea Ela nasceu uma e vinte e cinco da manh m e se emociona e fala com a nen m Uma e vinte e cinco da manh do dia 26 de janeiro M nica z Considerando que o progn stico fetal melhor quando a transfer ncia ocorre intra tero as mulheres partem em busca de atendimento muitas vezes pelos pr prios meios Ao entrar em trabalho de parto prematuro cinco mulheres Yasmine Denise Maria Vit ria e Indira vivenciaram peregrina o desde os locais onde faziam o pr natal passando por maternidades s vezes fora do seu munic pio de origem por sua conta e risco 100 Essas mulheres vivenciaram percal os na busca de atendimento ao seu parto de assegurar o direito garantido pela Constitui o Federal em 1988 considerando a sa de como direito do cidad o conforme o artigo 196 da se o Il da Sa de A sa de direito de todos e dever do Estado garantido mediante pol ticas sociais e econ micas que visem redu o do risco de doen a e de outros agravos e ao acesso universal e igualit rio s a es e aos servi os para sua promo o prote o e recupera o BRASIL 1988 p 130 Por vezes a mulher examinada em uma unidade que identifica a necessidade da interrup o da gesta o prematuramente Mas
91. oferecido pelas figuras femininas em especial suas m es O suporte da maternagem ampliada n o se limitou ao tempo da interna o hospitalar foi decisivo no aux lio ao beb e aos seus pais Conv vio com outras mulheres acompanhantes Trocar experi ncias com quem estava vivendo a mesma situa o ajudou as mulheres a superar as adversidades do dia a dia Um aspecto interessante demonstrando o aspecto intergeracional da maternagem foi que as m es de primeira viagem relataram aprender a cuidar do beb com as mais experientes na Unidade Neonatal 226 Equipe da Unidade Neonatal As mulheres consideraram de forma geral a equipe da Unidade Neonatal como um facilitador da intera o m e filho cada qual desempenhando a sua fun o procurando falar uma linguagem nica promover o v nculo m e beb e empoderar a mulher para que ela pudesse exercer a maternagem suficientemente boa Al m das considera es acima a pesquisa permitiu concluir que a experi ncia vivenciada das mulheres em rela o assist ncia de Enfermagem na Unidade Neonatal foi positiva quando as profissionais se aproximaram do seu universo e dos seus dramas falaram a mesma linguagem e perceberam as suas necessidades e a dos seus filhos Na maioria dos relatos a equipe de enfermagem foi facilitadora contribuiu para o desenvolvimento da maternagem suficientemente boa Ajudou no primeiro contato m e filho seja no centro obst trico ou na Unidade N
92. par la maternit Vingt et deux femmes interview es ont v cu l accouchement pr matur une a adopt un b b Les d pots ont demonstr que le soin professionnel de l infirmier a facilit le soin de la m re envers le b b L infirmier a aid dans le premier contacte m re fils soit dans le centre obst trique ou dans l unit neonatal Il a pr sent ce pr terme et l environnement de UTI la m re et aux parents Il a enseign une nouvelle forme de soigner d un b b qui n pr matur pour que la m re famille endosse les soins dans le foyer en laborant une nouvelle forme de materner Les soins d infirmier sous ce point de vue ont fonctionn en facilitant la maternage Paroles Cl maternage pr terme infirmier neonatal histoire de vie Cap tulo 1 INTRODU O O presente estudo est inserido na Linha de Pesquisa Enfermagem em Sa de da Crian a do N cleo de Pesquisa em Sa de da Crian a NUPESC do Departamento de Enfermagem Materno Infantil da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro A escolha do tema maternagem tem origem na minha experi ncia profissional assistencial e docente cuidando de crian as hospitalizadas acompanhadas de suas m es em diferentes cen rios e na minha viv ncia pessoal em que observei que para a mulher ter um filho rec m nascido internado na unidade de terapia intensiva neonatal UTIN antag nico s suas expectativas e s da s
93. parto parto e p s parto imediato BRASIL 2005 A maioria das mulheres ainda n o possui um acompanhante para lhe dar apoio durante todo o processo do nascimento Dentre as depoentes deste estudo que vivenciaram a parturi o com um acompanhante referiram a sua m e ou o seu marido A Hist ria de Vida de Denise demonstrou a import ncia da presen a da sua m e acompanhando o seu parto Ela que teve um neomorto anteriormente recebeu o apoio materno durante o trabalho de parto Sua m e foi quem identificou o per odo expulsivo e chamou a equipe m dica para aparar o seu neto na cama do pr parto A minha m e falava comigo Faz for a n o grita n o faz nada pra voc n o perder Que primeiro filho j tinha tido um mas a gente sempre n Ele nasceu ali mesmo na cama em que eu estava n o foi nem pra sala preparada n o fui Foi muito r pido uma coisa muito r pida Porque conforme ele nasceu acho que rasgou um pouco a me levaram para uma outra sala pra poder costurar E ela sua m e conta pra todo mundo que foi ela que viu nascendo foi ela que chamou os m dicos quando ele vinha coroando Ela que chamou os m dicos pra poder dizer que o nen m estava nascendo e veio aquela equipe em cima de mim Tanto que quando ele faz m cria o pra ela ela fala eu vi voc nascendo primeiro do que sua m e risos Denise 117 A adolescente Nat lia tamb m foi acompanhada por sua m e narrou
94. porta do hospital comigo E foi a que o rapaz veio e me pegou e me trouxe para c Olhe voc s n o pode falar o meu nome porque se eles souberem que eu fiz isso eles n o v o gostar E a eu disse tudo bem Eu disse n o pelo amor de Deus Maria Maria foi abandonada pr pria sorte Aos prantos s lhe restou a f Enfim conseguiu sua interna o Sa chorando A parei e pedi a Nossa Senhora para me ajudar e para me iluminar Porque eu n o ia ficar desesperada Tinha uma crian a dentro de mim Eu tinha que me controlar para n o fazer mal a ela E eu sei que eu vim aqui e estava tudo cheio tamb m mas gra as a Deus eles me aceitaram Maria 104 Sem qualquer laudo exames nada Tudo ficou anexado ao seu prontu rio Foi abandonada pelo servi o de sa de N o se pode configurar essa atitude como encaminhamento Eles n o me deram papel nenhum Meus documentos est o todos a os meus exames est o aqui Voc s podem me dar os meus exames para eu poder levar para o outro hospital E ela falou que n o podia E como que eu fa o todos os exames no hospital E ela chega e fala que eu n o posso pegar os exames Maria O que faz um profissional abandonar sua cliente pr pria sorte Seria autoprote o N o se comprometer com o que pudesse vir a acontecer Talvez por isso n o tenha emitido um laudo para que sua hist ria cl nica pudesse ser acompanhada pelo servi o onde conseguisse
95. pouco Foi quando eu passei mal e eles s conseguiram uma vaga para mim s dez horas da noite A conseguiu pela central de vagas uma vaga aqui Tinha uma vaga com UTI neonatal A viemos para c Cheguei aqui quase duas horas da manh Era uma e pouco mais ou menos Mas a n o podiam me receber porque parece que tinha vindo uma enfermeira trabalhar e ela estava com catapora Ent o n o poderiam receber Mas quando a m dica foi dar o toque a hemorragia voltou no consult rio mesmo naquele pr atendimento n A ela falou n o tem como deixar ela ir embora porque ela est em trabalho de parto e ela vai ter que ficar a pra gente ver A eu fiquei e o meu marido foi embora com a ambul ncia e tal E eu fiquei Vit ria A presen a do marido de Vit ria foi fundamental em todo o processo Ao enfrentar a autoridade do m dico n o permitiu a curetagem n o aceitou as insinua es para levar sua esposa em ve culo pr prio e insistiu para conseguir uma vaga e assegurar a transfer ncia de forma segura tanto para a mulher como para filha ainda no tero Menezes et al 2006 p 558 ressaltam que embora haja um sistema refer ncia e contra refer ncia estabelecido fundamental a implementa o dos sistemas de transporte e comunica o entre as unidades Melhorar o sistema de transporte com transfer ncia de 109 pacientes de risco ou em trabalho de parto feita por ambul ncias traria al m de um ma
96. pouco as semanas tipo 26 27 as semanas j come a a descer 22 23 nunca s vai a a m dica vai segurando Vou tomando rem dio pra ver se segura mais um pouco Cl udia S que eu tenho um problema de engravidar eu tenho muita dificuldade Casei durante um ano fui tentando um ano depois certinho de a gente estar casado a eu engravidei A perdi com 6 meses ele chegou a nascer com vida mas eu perdi A a doutora conversou comigo n que era assim mesmo que eu era nova pra tentar outra vez A dois anos depois que eu consegui engravidar outra vez foi quando veio essa ben o na minha vida s que ele veio com 7 meses e meio Denise Maria e Socorro conceberam gemelares mas vivenciaram a perda de um dos conceptos Maria abortou um ainda no in cio do per odo gestacional por m o outro fora preservado como relatado a seguir Quando eu cheguei no m dico ele disse assim vamos fazer uma ultra sonografia A ele fez uma ultra e a ele viu que era g meo eram g meos que eu estava abortando um mas o outro estava intacto Pequenininho incr vel Maria Socorro conseguiu levar a gesta o at a 32 semana quando entrou em trabalho de parto prematuro por m uma das meninas morreu com tr s dias de vida 96 E ele como tem fam lia que tem g meo e na minha fam lia tamb m vieram logo duas A foram logo j mudando os planos dele A quando ela nasceu o baque foi maior porque nasceram prema
97. que teve como objeto Os fatores sociais e culturais que interferem no tratamento da s filis na vis o materna a pesquisa de Dias 2004 que teve como objeto A percep o que a equipe de enfermagem tem de sua experi ncia profissional em atuar no nascimento de uma crian a portadora de malforma o cong nita e a tese de Alves 2006 cujo objeto foi A percep o de m es de rec m nascido pr termo internado em um Hospital Amigo da Crian a acerca da amamenta o O que se observa que as enfermeiras n o t m encontrado respostas puramente cient ficas que justifiquem o seu cuidar H necessidade de ouvir o cliente conhecer o que pensa o que sente e principalmente o que precisa para que juntos possam negociar o tipo de cuidado de que necessita e que pode ser implementado Por isso a utiliza o do m todo Hist ria de Vida possibilita que a assist ncia prestada realmente atenda as necessidades da clientela Deixando de ser uma atua o imposta de cima para baixo para ser um cuidado discutido com o cliente 54 O Caminho Metodol gico Cen rio do Estudo O estudo foi desenvolvido em um Hospital Maternidade do Munic pio do Rio de Janeiro de assist ncia neonatal terci ria situado na zona norte A escolha deste cen rio deve se ao fato de ser refer ncia do munic pio com grande demanda de clientela A Unidade Neonatal disp e de 16 vagas de terapia intensiva e 35 vagas na unidade intermedi ria UI
98. que voc vai tirar se foi a m dica que deixou aqui escrito no prontu rio dela que ela tem que tomar o leite Sem d vida se ela deixou porque a menina est precisando N o m e mas eu vou tirar A senhora m dica Se a senhora for a senhora pode tirar Mas se n o o leite da minha filha voc n o tira n o Porque eu vou dizer uma coisa senhora Eu sou capaz de fazer qualquer coisa pelas minhas filhas Porque ela queria que eu desse s o peito s o peito Eu falei com a m dica Eu posso ficar dando s o peito Ela disse N o m ezinha N o est bom voc dar s o peito ainda Vai vir o leite para voc dar mas voc d primeiro o peito depois voc d o copinho Assim eu fazia Mas tinha vez que ela n o tomava nem todo o copinho porque ela tinha mamado n Ela queria pouco A voc fica uma pilha de nervos e vem uma pessoa dizer que vai tirar a comida da sua filha A eu entrei em p nico e disse um monte a ela Ai depois ela saiu falando de mim nos corredores e eu escutei isso a eu vou mandar essa ot ria dar uma papa de Mucilonf 186 A n o prestou n o eu at jurei bater na cara dela Eu disse assim Papa de Mucilon eu n o dou n o Eu sei que eu discuti muito com ela e nesse dia eu chorei bastante bastante mesmo A depois nunca mais vi essa criatura ngela ngela explica que a filha mamou no peito o suficiente para que pudes
99. seguia a conduta aprendida na Unidade Neonatal de oferecer o complemento por copinho ap s a mamada no peito A amamenta o exclusiva n o foi estabelecida Infelizmente a crian a broncoaspirou durante a administra o do copinho j com 8 dias em casa Denise se culpa pelo leite insuficiente por n o ter introduzido a mamadeira e por ter exposto o filho a risco de morte Ele foi internado em estado grave Dava o peito porque a doutora falou que a crian a precisa mais do peito do que NANQ mas eu tinha muito pouco leite N o tinha leite suficiente ele chorava dava o peito Ele come ava a chorar chorar chorar Ent o parava de chorar quando complementava com o copinho entendeu S que eu acho que era pra ter chegado em casa e dar na chuquinha e n o no copinho A eu continuei em casa com o mesmo ritmo daqui aqui eles davam leite no copinho n Em casa eu continuei fazendo a mesma coisa foi quando ele engasgou broncoaspirou aos 8 dias em casa comigo A levei pra uma cl nica perto da minha casa Chegamos l eles deram os primeiros socorros pra ele S que aquilo eu n o tinha conv nio eu n o tinha nada Ent o tudo que eles usavam eu ia pagando Foi quando a doutora chegou perto de mim e falou assim M e tudo que voc tiver usando aqui vai sair caro pra voc s melhor levar ao hospital p blico Quando eles me botaram numa ambul ncia deles mesmo n o me cobraram nada entendeu Vendo a mi
100. todo Hist ria de Vida abriu se um leque de possibilidades que n o se havia cogitado ao iniciar a pesquisa Pode se ver outras dimens es da vida dessas mulheres e de seus filhos pr termo e refletir sobre a diversidade de fatores que podem influenciar a maternagem Diante da profus o dos depoimentos optou se por realizar uma an lise diacr nica e se percorreu a trajet ria sonho decep o reconstru o da maternidade at a vida em casa com seu beb As mulheres falaram da inst ncia do desejo consciente ou n o pela vinda do filho Houve relatos de gesta es planejadas inesperadas na adolesc ncia tratamentos para fertilidade dolorosas perdas fetais neonatais tentativa de salvar o relacionamento conjugal ou seja construiu se um mosaico com as diferentes motiva es que resultaram na gravidez ou ado o do beb Durante o per odo gestacional algumas vivenciaram a calmaria Ent o o parto prematuro foi um evento inesperado Outras enfrentaram a turbul ncia de carregar o r tulo de gestante de alto risco foram hospitalizadas e conviveram com o medo de perder o concepto Para elas ter um filho vivo mesmo que pr termo foi uma vit ria sobre a doen a Vinte e duas mulheres vivenciaram o parto prematuro uma adotou 224 um beb pr termo quinze submeteram se a cesariana e sete tiveram parto vaginal A antecipa o cir rgica do nascimento foi imperiosa para salvar a vida da mulher e ou do beb Com o nascimento
101. um significado maior do que aquela que t nhamos imaginado Ela requer uma reflex o sobre os eventos e as experi ncias que o narrador possa n o ter pensado em falar ATKINSON 1997 Ap s a realiza o de 23 entrevistas atingi o crit rio do ponto de satura o dos depoimentos encerrando a etapa de coleta de dados A satura o o fen meno atrav s do qual o pesquisador tem a impress o de n o apreender nada de novo referente ao objeto de estudo a partir de um certo n mero de entrevistas E para que o pesquisador consiga identificar corretamente o ponto de satura o recomenda se a transcri o imediata das entrevistas BERTAUX 1980 60 Foram realizadas 23 entrevistas que totalizaram 253 minutos de grava o e 130 folhas de transcri o digitadas em espa o duplo para facilitar posteriormente as marca es no texto A dura o das entrevistas variou de 5 a 23 minutos As Depoentes Foram entrevistadas 23 mulheres que tiveram filhos rec m nascidos pr termos hospitalizados em unidade neonatal Para facilitar a compreens o do leitor os dados de identifica o das mulheres entrevistadas a hist ria obst trica a identifica o dos seus filhos os diagn sticos e a terap utica foram colhidos nos prontu rios das crian as e distribu dos em quatro quadros apresentados a seguir 61 Quadro Il Caracteriza o das mulheres entrevistadas Idade Estado ea Entrevistada anos Civil Escolaridade Profis
102. vi o beb na Unidade Neonatal Not cias do beb para a m e QUINTO AGRUPAMENTO Aprender e maternar o beb pr termo na Unidade Neonatal Apoio das outras m es Alta hospitalar Lutar para ficar com o beb acompanhar integral Rotular os beb s Na UTI n o pode pegar s pode ficar de dia complica es Da UTI para a Ul Da UI para UTI o beb agravou Na UI eu cuidava dele pode ficar dia e noite dormir com o beb visitava o beb na UI Canguru Tecnologia depend ncia vocabul rio Oxigenioterapia Peso Amamenta o Alimenta o Ambival ncia Ruim X aprendizado amadurecimento Tempo corre devagar demorado Religiosidade Ser m e M e importante para o filho Impot ncia Outros filhos em casa Alta da m e Querer sair ir para casa Ber o vazio Enxoval Apoio das outras mulheres m es Alta do beb felicidade Medo da alta de ir pra casa SEXTO AGRUPAMENTO Medo da morte Vi outra mulher perder o beb no parto Medo da morte Morte de outras crian as ao seu lado Morte de outro filho 71 S TIMO AGRUPAMENTO Maternar o beb prematuro em casa cuidados diferenciados apoio familiar dedica o ao beb Acompanhamento Follow up Acompanha no servi o p blico e tem plano de sa de V rias vezes ao m dico posto hospital Em casa agravou interna o Em casa broncoaspirou Em casa pneumonia bronquite Apoio da fam lia Apoio do marido pai presente
103. 006 considera se relevante o estabelecimento de uma rela o de ajuda s m es a partir do entendimento das suas necessidades Isto s ser poss vel se for dada s mulheres a oportunidade de expressarem suas id ias seus medos ang stias expectativas e viv ncia de maternar um filho pr termo Muito h a fazer pelos pais na UTI para que possam construir pontes entre os aspectos f sicos e os ps quicos do rec m nascido N o se pode esquecer de que quem se encontra ali na frente o filho para o qual escolheram um nome e para quem possuem projetos futuros E ao resgatarem seus sonhos estar o resgatando sua pr pria compet ncia apercebendo se de sua capacidade de exercer um cuidado especial e nico a maternagem diferente do oferecido pela equipe A maternagem capaz de unir por meio do toque e da palavra as experi ncias iniciais do beb na UTI facilitando a integra o do beb protegendo o tanto do ponto de vista ps quico quanto imunol gico e fisiol gico uma vez que estes s o aspectos sempre interdependentes MOREIRA BRAGA e MORSCH 2008 p 60 Para entrar na Unidade Neonatal as mulheres t m de aprender novas regras de comportamento H um ritual de entrada guardar os pertences retirar os adornos lavar as m os para depois se aproximarem 163 do leito incubadora ou unidade de cuidados intensivos UCI ou ber o aquecido do beb Na UTIN da institui o pesquisada h restri o de ho
104. 2008 destacam que as mulheres com filhos na Unidade Neonatal rapidamente percebem que o 161 seu sucesso em maternar dependente da sua capacidade de se adaptar e se ajustar ao ambiente da UTIN e de se relacionar com a enfermeira Elas percebem que s o constantemente analisadas ao realizar os cuidados junto ao beb pelos profissionais dentro do espa o p blico limitado da UTIN Sentem se exigidas n o somente para aprender sobre seu beb mas tamb m sobre as regras da Unidade Neonatal e tentam atender as expectativas depositadas sobre elas como m es Ent o aprender as regras do jogo na UTIN as ajuda a construir e manter rela es amig veis com as enfermeiras e assim facilitar a sua participa o ativa com os seus beb s M nica e Indira relatam saber lidar com os profissionais e desta forma conseguiram ser bem atendidas O paciente tem que ser educado Se o paciente for mal educado n o adianta Ent o devido a trabalhar com muitas pessoas no p blico eu tenho essa facilidade de conversar com as pessoas lidar com as pessoas M nica N o voc entrar no hospital e querer que as pessoas tamb m te tratem como um bibel Eu acho que se voc m e tem que ter sua consci ncia que voc esta em um hospital e n o s a sua filha que est ali S o v rias outras crian as como tamb m h v rias outras crian as com problemas muito mais urgentes do que a minha filha A minha filha era peso ent o eu t
105. 6 coloca que Winnicott n o chegou a fazer uma apresenta o sistem tica da Teoria do Desenvolvimento embora ao longo de toda sua obra tenha sempre insistido no car ter central O Desenvolvimento Emocional Primitivo do Beb o per odo antes que ele reconhe a a si mesmo e portanto os outros como pessoa inteira que ele e que os outros s o WINNICOTT 2000 p 222 Para atingir esse est gio a crian a passa por quatro processos chaves sumarizados por Outeiral 2009 1 O caminho da depend ncia independ ncia com este percurso possuindo tr s etapas a depend ncia absoluta correspondendo ao conceito de narcisismo prim rio de Freud e relacionada a m e ambiente objeto subjetivamente concebido momento de ser experi ncia possibilitada pelo elemento feminino puro b depend ncia relativa emerg ncia do campo fusional com a m e surgimento da m e objeto objeto objetivamente percebido m e outro ou como brincava Winnicott a m other momento do fazer possibilitado pelo elemento masculino puro O caminhando em dire o independ ncia enfatizando que esta nunca absoluta O indiv duo sadio nunca se torna isolado mas se relaciona ao ambiente de tal modo que se pode dizer que o indiv duo e o ambiente se tornam interdependentes 34 2 O conceito de n o integra o e integra o Esses conceitos se referem em princ pio sa de enquanto a desintegra o se refere doen a c
106. 9 MOREIRA M E L BRAGA N A e MORSCH D Quando a vida come a diferente o beb e sua fam lia na UTI neonatal Rio de Janeiro FIOCRUZ 2008 191p MORENO R L R et al Viv ncias maternais em unidade de terapia intensiva um olhar fenomenol gico Rev bras enferm v 56 Nn 3 p 282 7 maio jun 2008 237 MORSCH D BRAGA M C A procura de um encontro perdido o papel da preocupa o m dico prim ria em UTI neonatal Rev Latinoam Psicopat Fund v 10 n 4 p 6624 36 dez 2007 MOTTA M A A maternagem e o seu espa o no Estatuto da Crian a e do Adolescente Rev bras crescimento desenvolv hum v 2 n 1 p 97 108 jan jun 1992 MOURA S M S R ARA JO M F Produ o de sentidos sobre a maternidade uma experi ncia no Programa M e Canguru Psicol estud v 10 n 1p 37 46 abr 2005 NADER P J H Atendimento em sala de parto In NADER S S e PEREIRA D N Aten o integral ao rec m nascido guia de supervis o de sa de Porto Alegre Artmed 2004 160p NEDER R M Ser professora entre os ran os da maternagem e a profiss o Salvador Universidade Federal da Bahia Disserta o de Mestrado em Educa o 2005 NERY I S et al Viv ncias de mulheres em situa o de aborto espont neo Rev Enferm UERJ v 14 n 1p 67 73 jan mar 2006 NUNES H H M O cotidiano de m es inseridas no m todo m e canguru Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery U
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108. ILSON e WINKELSTEIN 2006 p 254 O que se p de apreender das Hist rias de Vida das entrevistadas que apesar de a UTIN ser um local de sofrimento houve um amadurecimento As mulheres referiram que a experi ncia vivenciada foi um grande aprendizado E assim foi uma experi ncia traum tica n Traum tica para qualquer m e que v seu filho naquela situa o Mas assim dentro do poss vel ele ficou bem ele ficou bem e a m e que ficou um pouco traumatizada Juliana E legal porque voc amadurece mas ao mesmo tempo ruim entendeu Mas uma experi ncia que d pra superar entendeu Clara Hoje em dia eu olho assim n o vou dizer que valeu a pena porque de sofrimento nenhum de filho a gente vale a pena passar n Mas eu aprendi muita coisa que eu n o sabia L cia As mulheres referiram que a supera o das adversidades da interna o da prematuridade dentro da Unidade Neonatal que lhes permitiu concretizar o sonho de ser m e de maternar seus filhos Mas tirando isso gra as a Deus essa experi ncia de ser m e est sendo pra mim um presente de Deus Que era uma coisa que eu queria muito um filho entendeu Denise Porque a gravidez era a realiza o de um sonho Ser m e para mim era uma vit ria mesmo eu n o conseguia imaginar outra coisa Vit ria Seis mulheres relataram a viv ncia de alguma etapa do m todo canguru Trata se de um modelo de assist ncia perinatal voltado para o c
109. Isabela suspira Porque desde quando eu tive ela desde que eu com um m s e pouco eu fui m dica j me pediu repouso Socorro Desde quando eu descobri a minha gravidez eu j comecei a perder sangue perder l quido Ia toda semana no hospital e falavam que era normal e eu perdendo o meu filho At que ele nasceu de 31 semanas Foi horr vel Beatriz Maria relatou a dificuldade em negociar a abstin ncia sexual com o marido o processo de abortamento e a necessidade de repouso absoluto N s brig vamos porque n o podia ter rela o nem nada mas isso o m dico n o falou A eu tive rela o com meu marido e a que aconteceu Na mesma hora come ou a sangrar A eu internei Foi a que o m dico me explicou que eu n o podia ter rela o que eu podia abortar e que eu n o podia tossir at um espirro que eu desse poderia abortar Maria ngela apresentou uma crise asm tica referida como bronquite que evoluiu para pneumonia necessitando ser hospitalizada Minha gravidez estava indo tudo bem mas quando eu estava no quinto m s eu tive uma crise de bronquite 93 Passei sete dias internada com infec o no pulm o Angela A asma a forma mais comum de doen a pulmonar encontrada na gravidez por m o controle adequado da asma grave tem reduzido a mortalidade perinatal embora exista uma correla o positiva entre a gravidade da doen a e a prematuridade al m do baixo peso
110. Kennel 1992 p 38 destacam a preocupa o com os resultados de uma hospitaliza o pr natal prolongada que dura um m s ou mais Essas mulheres preocupam se mais com o seu beb do que com sua pr pria sa de e relatam solid o Os autores salientam a import ncia de planejar para elas 97 um atendimento individualizado que leve em conta as sutilezas de sua din mica familiar em transforma o A hospitaliza o necess ria no seguimento da gravidez de alto risco deve ser considerada como um fator estressante adicional pois a mulher afastada do suporte familiar E isso independe do tempo de interna o pois tanto Ta s que ficou uma semana internada como Isabela quase um m s relataram sofrimento pelo afastamento do lar e dos familiares A quando eu fiz 7 meses ainda nem tinha completado 7 meses ainda estava perdendo l quido A eu fiquei internada Chorei muito quando eu fiquei internada Estava com medo sozinha Assim com 18 anos e eu n o sabia direito ainda N o podia ficar ningu m comigo porque eu era maior de idade Eu fiquei uma semana internada Ta s Que eu fiquei internada quase um m s internada tentando segurar sil ncio Foi horr vel muito ruim que eu nunca tinha ficado fora assim tanto tempo de casa que eu sou muito caseira fico mais em casa Eu fiquei muito tempo internada Eu vim aqui j estava j com p nico de entrar aqui tinha ficado muito tempo eu fiquei com trau
111. MEY A M Importancia de la teor a para la enfermer a como disciplina y profesi n In ALLIGOOD M R e TOMEY A M org Modelos y teor as en enfermer a 5 ed Barcelona Espanha Elsevier 2003 14 31p ALVAREZ A M S et al Resili ncia um estudo com brasileiros institucionalizados Rev bras crescimento desenvolv hum v 8 n 1 2 p 70 5 jan dez 1998 ALVES A M A A amamenta o de pr termo em um Hospital Amigo da Crian a contribui es da enfermagem a partir da Hist ria de Vida das m es Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Tese de Doutorado 2006 173p ALVES A M A Quando o beb que chega n o o sonhado In FIGUEIREDO N M A Ensinando a cuidar da mulher do homem e do rec m nascido S o Caetano do Sul Difus o Paulista de Enfermagem 2008 p197 211 ANDREANI G CUST DIO Z A O CREPALDI M A Tecendo as redes de apoio na prematuridade Aletheia n 24 p 115 26 dez 2006 ANS Ag ncia Nacional de Sa de Suplementar Dispon vel em lt http www ans gov br gt Acesso em 03 nov 2009 ARRAIS A R As configura es subjetivas da depress o p s parto para al m da padroniza o patologizante Bras lia Universidade de Bras lia Tese de Doutorado em Psicologia 2005 ARRUDA D C MARCON S S A fam lia em expans o experienciando intercorr ncias na gesta o e no parto do beb prematuro com muito baixo peso Text
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113. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CI NCIAS DA SA DE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENA O GERAL DE P S GRADUA O E PESQUISA A MATERNAGEM DE MULHERES COM FILHO PR TERMO Bases para Assist ncia de Enfermagem Neonatal IN S MARIA MENESES DOS SANTOS Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P s Gradua o em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery como parte dos requisitos necess rios para obten o do t tulo de Doutor em Enfermagem Orientadora Prof Dr Ros ngela da Silva Santos RIO DE JANEIRO Dezembro 2009 IN S MARIA MENESES DOS SANTOS A MATERNAGEM DE MULHERES COM FILHO PR TERMO Bases para Assist ncia de Enfermagem Neonatal RIO DE JANEIRO Dezembro 2009 FICHA CATALOGR FICA Santos In s Maria Meneses dos A maternagem de mulheres com filho pr termo bases para assist ncia enfermagem neonatal In s Maria Meneses dos Santos Rio de Janeiro UFRJ EEAN 2009 xii 244f Orientadora Prof Dr Rosangela da Silva Santos Tese Doutorado Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Programa de P s Gradua o em Enfermagem 2009 Refer ncias bibliogr ficas f 229 240 1 maternagem 2 pr termo 3 enfermagem neonatal 4 metodologia hist ria de vida I T tulo CDD 610 73 A MATERNAGEM DE MULHERES COM FILHO PR TERMO Bases para assist ncia de enfermagem neonatal Aprovada por Prof Dr
114. Uma hora era uma suspeita de um sopro no cora o Outra hora a cabe a estava crescendo al m do normal Cada hora era uma coisa assim Cada hora era uma coisa sabe que complicava A aquilo desestruturava Vit ria Duas mulheres Socorro e Ana tiveram filhos submetidos a interven es cir rgicas A filha de Socorro apresentou na avalia o de rotina de fundo de olho feita pela oftalmologista retinopatia da prematuridade com descolamento de retina Isso poderia levar cegueira caso n o fosse submetida a tratamento cir rgico imediatamente Al m do medo da cirurgia em si e da possibilidade da perda da vis o o retorno para a UTI representou grande sofrimento E a ela tava na UTI Passou 1 m s e pouco na UTI A quando chegou ir para UI ela teve um piripaque e teve que 174 voltar de novo pra l Com 2 dias voltou pra UI de novo Com aquele exame que eles fazem no olhinho eles descobriram que a retina do olho dela estava desmembrando Ent o ela foi operada no final do ano de 2005 r pido sem ter tempo pra nada A operaram os dois olhos dela Ainda ficou 3 dias desacordada A foi outro baque dif cil Porque voc tirar da UTI vir para a UI a crian a estar mamando no teu peito e tudo e ter que voltar pra l Ficar desacordada 3 dias a j mexe mais ainda J tava com esperan a A tua filha estava nos teus bra os e ter que voltar pra l de novo Mas a conseguiu de novo gra as a Deus de novo er
115. a es entre o cuidado materno e outras responsabilidades modificam se em resposta a certas mudan as na organiza o da produ o O cuidado em sa de com o rec m nascido pr termo um exemplo dessas transforma es na sociedade No Brasil at o in cio do s culo XX essas crian as ao nascerem eram entregues s suas m es em cuidado domiciliar na t nue esperan a que sobrevivessem As mulheres no entanto eram acolhidas o parto era um evento privado realizado por parteiras mulheres na resid ncia somente em casos extremos a parturiente era assistida por m dicos homens e encaminhada ao hospital Como o ndice de mortalidade era alt ssimo poca era estimulado que as mulheres n o se apegassem a seus beb s para n o sofrerem com uma perda inevit vel Isto porque n o havia conhecimento da fisiopatologia neonatal nem tecnologia apropriada para o atendimento dessa clientela Em rela o alta taxa de mortalidade infantil poca questiona se a m e n o se interessava pela crian a porque geralmente morria dentro do 1 ano de vida ou se a crian a morria nesse per odo porque ela n o se interessava pela crian a Santos e Glat 1999 p 24 acreditam que a responsabilidade pela alta taxa de mortalidade infantil n o deve ficar somente sob a responsabilidade do comportamento materno uma 27 vez que naquela poca as condi es de sa de e os cuidados m dicos ainda estavam se aperfei oando A sociedad
116. a o de algumas semanas ap s o nascimento do beb Dificilmente as m es o recordam depois que o ultrapassaram Eu daria um passo a mais e diria que a mem ria das m es a esse respeito tende a ser reprimida WINNICOTT 2000 p 401 35 No estado de preocupa o prim ria as coisas do cotidiano que at o fim da gravidez tinham um sentido na vida da mulher perdem esse sentido e a mulher volta sua aten o para o rec m nascido tornando se capaz de realizar cuidados para com o seu beb a maternagem Esta m e que desenvolve a preocupa o materna prim ria denominada m e suficientemente boa m e devotada comum ou ambiente facilitador A import ncia do ambiente est em propiciar o desenvolvimento das potencialidades individuais Este ambiente m e suficientemente boa facilitador ao desenvolvimento do beb processo de matura o por desempenhar tr s fun es 1 Holding sustenta o que a possibilidade de sustentar o beb num sentido amplo da palavra Este sentido inclui deix lo em alguns momentos para que ele possa fazer suas pr prias experi ncias como a de ser sustentado por outros materiais n o humanos Quando a enfermeira coloca o beb no colo de sua m e favorece a experi ncia de holding Caracteriza se pela maneira como o beb sustentado no colo pela sua m e e ao mesmo tempo uma experi ncia f sica e uma viv ncia simb lica que significa que a firmeza com que amado e d
117. a o cong nita Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Tese de Doutorado em Enfermagem 2004 DICTIONARY COM Dispon vel em http dictionary reference com search q motherhood amp x 14 amp y 8 Acessado em 18 nov 2007 DINIZ C S G Humaniza o da assist ncia ao parto no Brasil os muitos sentidos de um movimento Ci ncia amp Sa de Coletiva v 10 n 3 p 627 37 2005 ELYSEU JUNIOR S Maternagem e personalidade um guia para os pais Campinas Atomo 2000 104p FALIVENE R B N Maternando interven o terap utica para potencializa o da maternagem suficientemente boa S o Paulo Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo Disserta o de Mestrado em Psicologia 1997 FENWICK J BARCLAY L SCHMIED V Learning and playing the game women s experiences of mothering in the level Il nursery J Neonat Nurs v 8 n 2 p 58 64 2002 FENWICK J BARCLAY L SCHMIED V Craving closeness a grounded theory analysis of women s experiences of mothering in the special care nursery Women and Birth v 21 n 2 p 71 85 jun 2008 FLORIANO E C S O grupo focal e os atos da fala na media o de compet ncias em adultos um estudo junto a m es de deficientes visuais Bras lia Universidade de Bras lia Disserta o de Mestrado em Psicologia 2006 F NSECA A L B BASTOS A C S Maternidade adolescente em contexto cultural um estudo com m e
118. a poca de carnaval Ent o eu ficava dentro de casa mesmo eu n o sa a n o fazia nada s fica dentro de casa chorando O que t acontecendo ser que ele melhorou ser que ele piorou Clara Ele ficou muito tempo na UTI n Ele ficou um m s e pouco na UTI eu acho ele ficou um m s na UI Eu vinha ver ele todos os dias todos os dias de manh Eu ficava o dia todo e depois ia embora Na UTI n o dava porque 164 quando dava 8 horas a guardete ia l e mandava a gente ir embora Nat lia A Hist ria de Vida das mulheres com filho pr termo hospitalizado na Unidade Neonatal revelou a tristeza de terem o ninho vazio o ber o ao lado no Alojamento Conjunto sem beb Ver outras m es com os filhos recebendo visita explicar a estranhos o que acontecera era muito doloroso tanto que Vit ria sa a do andar quando se aproximava o hor rio da visita Eu sempre fui aquela m e que o bercinho estava puro do lado da cama entendeu Todo mundo vinha e perguntava Ent o na hora da visita eu n o aguentava ficar l em cima eu descia ficava l por baixo e fazia hora para estar com a ela l na UTI Porque isso era uma coisa dif cil de voc lidar Vit ria As mulheres que receberam alta obst trica e foram para casa mas tiveram os filhos hospitalizados na UTIN narraram a dor de encontrar o ninho preparado vazio o enxoval pronto e o ber o arrumado sem beb como contou Socorro Agora terr vel quando tu c
119. a acho que era uma auxiliar muito boa n o sei se ela est aqui uma senhora muito boa Ela conversava Maria A eu fui comecei a dar banhozinho nele com algod o Fui pra casa A primeira coisa que eu queria ao chegar em casa era dar banho nele na banheira Eu lembro que eu segurava tanto as perninhas dele segurava ele aqui pra dar banho nele ele chorava muito muito pequenininho As meninas enfermagem daqui que me ensinaram a cuidar dele Cl udia Posteriormente a enfermagem ensina a mulher o handling manuseio do beb de maneira mais pr xima ao cotidiano domiciliar dar o banho na banheira j preparando para alta O primeiro banho que foi horr vel risos Eu toda desajeitada mas as enfermeiras me ajudaram bastante toda 160 equipe foi maravilhosa Eu n o tenho do que reclamar do hospital Beatriz Banho era eu que dava na UI eu cuidava mesmo porque eu j tinha um de 7 filho Ent o o doutor J um dia falou a partir de agora ele j pode tomar banho de banheira que ele j est com tanto de peso Eu disse Ent o t Eu falei Ai meu Deus Essa crian a vai escorregar da minha m o vai acabar dentro da banheira risos Porque at ent o era banho de gato que a gente fala A eu falei N o calma a eu tenho um filho de 7 anos e n o afoguei nem fiz nada e esse aqui tamb m n o vai acontecer A eu peguei e dei banho direitinho As enfermeiras olhavam
120. a Ele n o pode comer uma banana ele n o pode comer um biscoito tudo ele engasga Ele uma crian a normal mas a parte alimentar dele meio complicada N o todo mundo que vai ter paci ncia para alimentar ele uma crian a de 1 ano e 5 meses com 8 quilos e 400 Como o pediatra fala ele n o desnutrido mas muito abaixo do peso At por fator gen tico pode ser como tamb m pode ser por essa falta de apetite que ele tem Juliana Duas mulheres relataram epis dios de broncoaspira o em casa O marido de Socorro foi quem aspirou com a boca o leite regurgitado um cuidado aprendido com a enfermagem da Unidade Neonatal que salvou a vida da beb Mas em casa ela estava o que com 5 dias De repente estava no ber o engasgou com a golfada que veio junto Ela ficou roxinha Se n o fosse o meu marido para chupar no nariz dela acho que poderia ter perdido ela Porque as mo as enfermeiras me falaram qualquer coisa eu fizesse riba os bracinhos dela Elas ensinam tudo Na hora foi aquele neg cio Quando ele puxou veio a coisa que estava tapando o nariz dela Levei de imediato para o m dico Mas gra as a Deus n o tinha ido nada para o pulm o O m dico falou que o risco maior isso ir para o pulm ozinho dela que tudo pequenininho n N o teve nada gra as a Deus Socorro 218 A Hist ria de Vida de Denise mostra os descompassos de orienta o quanto ao processo de amamenta o Ela
121. a proporciona aos pais simplesmente por existir como explica Winnicott 2005a p 64 real e como j disse encarrega se por certo tempo de neutralizar as fantasias e eliminar as expectativas de desastres esperado que a mulher queira conhecer o seu filho logo ap s o nascimento uma quest o urgente Isto n o apenas devido nsia de querer conhec lo mas porque alimentava toda uma s rie de id ias sobre dar luz algo horr vel algo muito diferente de um beb s o e perfeito como se os seres humanos achassem muito dif cil acreditar serem bastante bons para criarem dentro deles alguma coisa boa e perfeita Winnicott 2008a p 25 duvidava que qualquer m e acreditasse realmente completamente em seu filho nos primeiros momentos O pai tamb m participa nisso pois sofre tanto quanto a m e as d vidas sobre ser ou n o capaz de criar uma crian a normal e saud vel O nascimento de uma crian a pr termo provoca profundas altera es na din mica familiar Baldini e Krebs 2000 p 242 t m observado que os pais de rec m nascidos graves entram num est gio de luto ap s o nascimento do filho por n o ser a crian a saud vel que esperavam O luto pode ser t o intenso quanto aquele da morte real da crian a 132 Tendo em vista que todo nascimento marcado por uma hist ria singular que o antecede e atravessa preciso resgatar a trama do desejo Moreira Braga e Morsch 2003 p 59 afirmam que todos
122. a cultural foi a de que ser operada foi a realiza o de um grande sonho O modelo de sunrise de Leininger forneceu um quadro para a discuss o dos resultados e as implica es para o cuidado de enfermagem congruente culturalmente e socialmente O m todo de pesquisa da Teoria do Cuidado Cultural Para atender aos objetivos da Teoria do Cuidado Cultural Leininger desenvolveu um m todo de pesquisa qualitativo para ajudar as enfermeiras sistematicamente a documentar e obter maior compreens o e significado das experi ncias de vida di ria das pessoas relacionadas ao cuidado humano sa de e bem estar em diferentes e semelhantes contextos ambientais LEININGER e MCFARLAND 2006 p 47 O m todo focaliza no aprender com as pessoas atrav s dos seus olhos ouvidos e experi ncias e como faz sentido fora das situa es e dos modos de viver que lhes s o familiares LEININGER e MCFARLAND 2006 p 48 De acordo com qualquer m todo o te rico desenvolve n o somente os principais aspectos do m todo mas tamb m as t cnicas estrat gias e modos que podem ser usados para atingir objetivos do estudo S o os aspectos metodol gicos com t cnicas e guias espec ficos que diferenciam um m todo de pesquisa de outros Nos ltimos anos da d cada de 1950 conduzindo seus primeiros estudos Leininger Leininger e McFarland 2006 p 58 concebeu a ideia dos capacitadores enabler como meios de explicar provar ou descobrir os
123. a da gesta o e do parto prematuro Segunda Categoria O CUIDADO MATERNO AO PR TERMO DA UNIDADE NEONATAL AO LAR E A EXIST NCIA HUMANA 0 gen 8 praio daN ASUS AG O NEED SA A experi ncia vivenciada da maternagem do filho pr termo hospitalizado na Unidade Neonatal ireren enpr a a a A e aa ett A experi ncia vivenciada da maternagem do filho pr termo hospitalizado Cap tulo 6 CONSIDERA ES FINAIS o capeta ads pas an E a tra REFERENCIAS amp saite eres epa esses ped GOES Na Sad a S a a IA S APENDICES pain na a SL LEIS A ERES LADA RD La LAN ESA CERA TELADNNDSS RESUMO SANTOS I M M A maternagem de mulheres com filho pr termo bases para assist ncia de enfermagem neonatal Rio de Janeiro 2009 244 fls xii Tese Doutorado Enfermagem Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Esta investiga o traz como tem tica a maternagem A escolha baseou se na minha experi ncia profissional assistencial e docente cuidando de crian as hospitalizadas acompanhadas de suas m es em diferentes cen rios e na minha viv ncia pessoal O objeto de estudo foi a maternagem da mulher que teve filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal Os objetivos foram 1 Compreender a experi ncia vivenciada da maternagem da mulher que teve filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal 2 Discutir a experi ncia vivenciada da maternagem em rela o assist ncia de enfer
124. a do m dico Ele te falou dessa forma Dessa forma com essas palavras A enfermeira falou Doutor o senhor n o quer passar o aparelhinho para ouvir o cora o do nen m Ele disse N o precisa minha filha Do jeito que ela est perdendo sangue isso da ela j perdeu A eu fiquei nervosa E nesse de eu ficar nervosa 108 eu pedi Doutor pelo amor de Deus salva o nen m tenta fazer alguma coisa A ele falou assim Minha filha o que que eu posso fazer Ele fez sinal para a enfermeira e disse prepara ela prepara para operar Ela me levou para tomar banho eu estava sangrando muito E eu me negava e falava que n o ia deixar ele tirar o nen m O nen m est mexendo eu estou sentindo Eu estava perdendo muito sangue muito sangue mesmo A teve aquele neg cio de o meu marido tentar pedir uma remo o para ver se em outro lugar conseguia Ele explicou que n o que o beb era muito pequenininho n o poderia fazer nada por ele porque se deixasse eu morreria porque eu estava perdendo muito sangue A o meu marido n o aceitou A ele sugeriu ent o voc bota ela no seu carro e leva para outro lugar porque a gente est tentando vaga e n o est conseguindo em lugar nenhum tamb m Era at o feriado de 15 de novembro Ent o por ser um feriado tamb m ficava mais dif cil porque tentava ligar e n o era atendido Tudo complicou Tudo Isso era por volta de meio dia e
125. a inteira responsabilidade a indica o da via de parto e o acompanhamento do trabalho de parto Nesta pesquisa todas as cesarianas foram impostas pelas condi es cl nicas fetais e ou maternas A antecipa o cir rgica aconteceu com quinze das entrevistadas Clara L cia Viviane Maria ngela Beatriz Ana Vit ria M nica Yasmine Ta s Juliana Ana Louise Cl udia e Indira Ao serem examinadas foi identificado sofrimento fetal e as mulheres foram informadas da indica o da ces rea Como exemplo os relatos a seguir Fiz esse exame e a m dica me mandou imediatamente para c para o hospital Quando eu cheguei aqui eles disseram que eu tinha que operar porque a crian a estava entrando em sofrimento ngela Fizeram um exame l de batimento card aco e n o estava batendo o da crian a E me mandaram fazer ces rea E eu chorei muito chorei muito Eu soube disso de manh e s fui ter ela de noite Mas eu chorei muito eu estava com medo sil ncio Ta s A foi feita uma ces rea porque eu estava com risco de infec o Juliana 114 As que haviam tido filhos anteriormente por parto normal compararam sua viv ncia com a cesariana como na fala de Yasmine Mas quando eu soube que iam interromper a gravidez eu fiquei assustada Foi um susto Eu nunca tinha feito ces rea n foi um susto Porque parto normal geralmente a gente tem o nen m eu pelo menos sou assim eu tive os meus tr s filho
126. a minha m e ajuda Nat lia Ana referiu a ajuda da sua irm e da sobrinha com filhos pequenos e com pr tica em cuidar de beb s Eu tinha gente para me ajudar Eu tamb m tinha minha irm que tinha nen m tinha a minha sobrinha que tinha nen m Elas eram muito acostumadas a cuidar de nen m Ele j foi pra l j n o foi t o pequenininho j estava com 2 quilos e pouco j estava com quase 2 meses j n o estava muito molinho como quando estava no hospital Ana Andreani Cust dio e Crepaldi 2006 p 121 recomendam que antes da alta do beb imprescind vel que a equipe de sa de identifique juntamente com os cuidadores com quem de fato eles poder o contar como eles construir o sua rede social de apoio Cada v nculo da rede pode desempenhar mais de uma fun o de modo que a tia materna por exemplo pode servir como ajuda material ao mesmo tempo em que participa como apoio emocional Indira e Juliana relataram o apoio de toda a fam lia em especial dos mais velhos com mais experi ncia E assim a fam lia toda assim eu conto muito com a ajuda das minhas tias e da minha m e Indira O pai me ajuda muito gra as a Deus que a gente se d bem Tem a minha sogra Eu n o posso reclamar eu tenho pessoas minha tia minha m e Mas no dia a dia mesmo s o meu sogro e minha sogra Mas quando eu preciso vem todo mundo Ah estou precisando que v algu m comigo ao m dico sempre aparece um Estou pr
127. a neonatos Em situa es onde n o existem recursos para o tratamento de um rec m nascido de risco seja ele um prematuro ou um rec m nascido gravemente enfermo est indicado o transporte para uma unidade de maior complexidade BRASIL 1994 p 135 Esse fato aconteceu com Carina com 30 semanas de gesta o e amniorrex prematura foi inadequadamente avaliada acabou parindo em munic pio da baixada do estado do Rio de Janeiro que n o possu a UTIN e o seu beb teve de ser transferido Quando eu fiquei com 7 meses eu j comecei a ficar passando mal a eu fui l pra falar com a doutora l que estava passando mal e que eu estava perdendo l quido ela mandou para casa e falou que estava fazendo xixi que era xixi e que n o era l quido Eu fui para casa e a ele ficou seco fui para o hospital l pro hospital eu ganhei ele num hospital l em Nova Igua u S que l n o tinha vaga na UTI e ele veio aqui Carina De acordo com Menezes et al 2006 p 554 a falta de leitos de UTI para o rec m nascido configura o principal motivo para transfer ncia perinatal tornando se portanto o fator limitante para interna o de gestantes com possibilidade de parto prematuro Por m o Minist rio da Sa de BRASIL 1994 p 135 enfatiza que a melhor forma de se transportar um rec m nascido dentro do tero materno O relato emocionado de M nica ilustra a situa o vivenciada de risco de morte iminente Ela passou por quat
128. a um redirecionamento dos interesses e energias para a realidade externa sendo comuns os medos e receios das situa es e tarefas concretas tais como condi es do parto e do beb ao nascer capacidade pessoal para o desempenho do papel maternal manuten o da atra o f sica medo de perder o carinho do companheiro ou de manter a capacidade laborativa Na gesta o de alto risco as dificuldades de adapta o emocional s o maiores a come ar pelo r tulo de alto risco portanto diferente das demais normais A Hist ria de Vida de dez mulheres revelou a viv ncia da gesta o de alto risco com a imin ncia de perder o beb e ou sua pr pria vida 92 Quando a condi o de risco diagnosticada durante a gesta o a mulher experimenta ent o todas as rea es pr prias do vivenciamento do luto pela morte da gravidez idealizada BRASIL 2000 p 16 Surgem sentimentos de culpa raiva censura Houve relatos de processo gestat rio dif cil desde o in cio no caso de Carina Isabela Maria Socorro e Beatriz Essas mulheres tiveram de manter repouso e vivenciaram durante toda gesta o o medo de abortamento Mas depois a minha gravidez foi uma gravidez muito dif cil porque eu tive muitos problemas a gravidez toda Carina Ah foi muito complicada Fui parar umas duas ou tr s vezes no hospital perdi sangue n o podia fazer nenhum esfor o Ficava de repouso foi muito complicada mesmo
129. ada consultas 1 Andr ia 2 Viviane e Nat lia 3 L cia e Beatriz 4 Yasmine e Ana Louise 5 Vit ria M nica Juliana e Isabela Clara Ang lica Maria ngela Socorro Ana 6 ou mais Carina Ta s Cl udia Denise e Indira Fonte Entrevista e prontu rio de 22 filhos das mulheres depoentes do estudo Ao se analisar a Hist ria de Vida de Andr ia entende se o porqu de apenas uma consulta pr natal poca com dois filhos vivos teve de se mudar para um quarto na casa da sua sogra com o esposo quando ambos deixaram de usar drogas da favela onde moravam por conta do tr fico A fam lia sobrevive com o trabalho de camel do marido tem dificuldades financeiras para criar as crian as A cada gesta o h o agravamento das condi es de vida Ent o a n o ades o ao pr natal refletiu a n o aceita o da gravidez e durante a entrevista relatou sua inten o de n o mais engravidar eu vou l no hospital perto da minha casa pra ver se consigo planejamento familiar Pra ver se eu fa o porque filho bom mas tem que ter paci ncia E eu n o tenho mais n o Eu agora tenho 36 anos mas eu assim eu sempre quis ser m e sempre Agora chega n o aguento mais Ter crian a bom mas tem que ter muita paci ncia muito gasto a eu n o t com paci ncia Esse aqui ent o p Eu n o sou ligada A ent o eu quero um planejamento familiar botar um DIU a
130. al Winnicott 2005b O parto anormal descri o do parto prolongado Refere se pouco interven o cesariana Winnicott 1990 at porque em sua poca n o havia os atuais elevados e alarmantes n meros do procedimento 39 A Teoria do Cuidado Cultural de Leininger Madeleine M Leininger nascida em 13 de julho de 1925 em Sutton Nebraska Estados Unidos uma das pesquisadoras pioneiras que na segunda metade do s culo XX nos Estados Unidos desenvolveu uma Teoria de Enfermagem Alligood e Tomey 2008 p 14 afirmam que essas estudiosas desafiaram o status quo com ideias criativas tanto para a sa de das pessoas como para o desenvolvimento da Enfermagem colaborando para o seu reconhecimento como disciplina acad mica e profiss o conseguido no ltimo s culo Em 1954 Leininger obteve o t tulo Master of Science in Nursing M S N em Aten o Psiqui trica Posteriormente trabalhando na Universidade de Cincinnati come ou o primeiro programa universit rio do mundo de enfermagem dedicada aos cuidados psiqui tricos infantis Durante esse per odo escreveu junto com Hofling um dos textos b sicos da enfermagem psiqui trica americana Basic psychiatric concepts in nursing 1960 que foi publicado em 11 l nguas diferentes WELCH 2008 Na metade dos anos 1950 quando trabalhava num centro de orienta o infantil cuidando de crian as com problemas mentais Leininger Leininger e McFarland 2006 percebeu a f
131. alta de compreens o dos fatores culturais que influ fam no comportamento das crian as por parte dos profissionais As crian as de diferentes estratos sociais e origem distintas judias africanas apaches alem es e anglo americanas expressavam suas culturas no brincar comer dormir interagir e explicitavam claramente necessidades diferenciadas exceto no atendimento de algumas necessidades f sicas A seu ver as teorias psicanal ticas e as estrat gias terap uticas n o as atendiam plenamente Com o decorrer do tempo compreendeu que o comportamento das crian as era culturalmente constitu do e influenciado por diversos fatores Era evidente que as enfermeiras e outros profissionais da sa de falhavam em reconhecer e apreciar o papel importante da cultura no 40 cuidar e nos processos de cuidado e pr ticas de tratamento m dico A cultura e o cuidado foram identificados por Leininger Leininger e McFarland 2006 como as principais dimens es que faltavam na enfermagem e nos servi os de cuidado sa de O interesse da te rica continuou a crescer junto com muitas perguntas sobre a interface da cultura e do cuidado Compreender e responder adequada e terapeuticamente a clientes de culturas diferentes era uma necessidade cr tica que merecia explica es te ricas e pesquisa de investiga o para resultados ben ficos LEININGER e MCFARLAND 2006 Nos anos 1960 decidiu seguir um programa acad mico de doutorado em Antropolo
132. an a de maneira excessiva e portanto injusta A autora acrescenta por m que a teoria psicanalista tem o m rito de permitir s pessoas se conhecerem e se aceitarem tais como elas s o pela conquista de seu inconsciente Seguindo seu racioc nio ao mesmo tempo em que descobre o mal a influ ncia patog nica da m e sobre o filho ela dava tamb m a solu o que entretanto n o est ao alcance dos menos favorecidos economicamente 22 A vis o antropol gica do nascimento rito de passagem N o basta a crian a nascer e existir fisicamente Tem que haver o reconhecimento social e cultural Ou seja para a entrada a incorpora o e a aceita o de um novo indiv duo para uma sociedade dever o ocorrer rituais de transi o social Helman 2009 ou mais comumente denominados ritos de passagem Gennep 1978 mesmo que n o estejam presentes na consci ncia daqueles que o realizam O ritual um sistema cultural de comunica o simb lica De acordo com Peirano 2003 p 11 ele constitu do de sequ ncias ordenadas e padronizadas de palavras e atos em geral expressos por m ltiplos meios Estas sequ ncias t m conte do e arranjo caracterizados por graus variados de formalidade convencionalidade esteriotipia rigidez condensa o fus o e redund ncia repeti o Os rituais fazem parte com maior ou menor intensidade e ou varia es de todas as sociedades Pires 2001 p 143 destaca que e
133. an lise no m todo hist ria de vida uma experi ncia de pesquisadores de enfermagem Texto Contexto Enferm Florian polis v 17 n 4 p 714 9 out dez 2008 SANTOS R S Maternagem X medo da maternagem um problema de pesquisa ou da pesquisadora Rev Enferm UERJ Rio de Janeiro v 5 n 1 p307 16 mai 1997 Ser m e de uma crian a especial do sonho realidade Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Tese de Doutorado em Enfermagem 1995 279 p SANTOS R S GLAT R Ser m e de uma Crian a Especial do sonho realidade Rio de Janeiro Editora Escola Anna Nery UFRJ 1999 154p SANTOS et al O M todo de Hist ria de Vida na Pesquisa em Educa o Especial Rev Bras Mar lia v 1 n 2 p 235 250 edi o especial mai ago 2004 SAYERS J M es de psican lise Helene Deutsch Karen Horney Anna Freud Melaine Klein Rio de Janeiro Zahar 1992 296p SERRURIER Catherine Elogio s m es m s S o Paulo Summus 1993 140p SILVA L J Encontros afetivos entre pais e beb no espa o relacional da Unidade Neonatal um estudo de caso luz do m todo m e canguru Rio de janeiro Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO 2007 SILVA L R Cuidado de enfermagem na dimens o cultural e social hist ria de vida de m es com s filis Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Tese
134. ando chorando A ele ficava no peito e na mamadeira ficava no peito e na mamadeira Largou logo o peito porque eu acho que a mamadeira mais n Ana 185 Porque toda hora de 3 em 3 horas tem que dar leite O meu leite secou logo Quando eu fui pra casa talvez eu s tinha dado leite a ela uns 3 dias Ela tinha muita fome muita fome Era muito fomenta At hoje ela muito comilona mesmo Ent o o leite n o dava Eu gastei muito leite Nan 1 depois o 2 A depois eu dei o leite Ninho A que deu certo A gente gastou muito muito muito mesmo Socorro Para Nat lia amamentar foi dolorido Ent o ap s a alta introduziu a mamadeira Mam que n o sil ncio Como assim Ah sei l Agora que ele n o pega mais leite n o quer pegar mais E que puxa muito e d i Agora t na mamadeira Nat lia desejo e incentivo ou imposi o do aleitamento materno Faz se necess ria uma reflex o acerca da conduta dos profissionais quanto forma de p r os beb s no peito a qualquer pre o ngela quando ainda na Ul relatou um embate com uma profissional da enfermagem que n o ofereceu o complemento com leite artificial prescrito pelo m dico Ruim foi um dia que eu discuti com uma enfermeira Ela queria tirar o leite dela porque a m dica passou o leite do copinho e ela estava mamando e ela passou o leite para tomar no copinho A enfermeira chegou e disse que ia tirar o leite dela A eu disse Como
135. ando os fatores psicossociais envolvidos Azevedo e Arrais 2006 a travessia da ado o a ferida na alma do beb Lisondo 1999 e os sentidos produzidos sobre a maternidade em um Programa M e Canguru Moura e Ara jo 2005 Na Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano da Faculdade de Sa de P blica da USP foram relacionados 4 artigos que versam sobre os comportamentos de maternagem das m es Bushi Nenghe um grupo populacional na Guiana Francesa Lican 2004 as m es adolescentes de duas comunidades uma urbana e uma semi rural na Bahia F nseca e Bastos 2001 o relato livre autobiogr fico de sete pessoas que passaram anos de sua inf ncia institucionalizados consideradas resilientes por manterem vincula es afetivas importantes por trabalhar estudar e n o ter atividades delinquenciais que evidenciou a import ncia de aspectos ligados maternagem Alvarez et al 1998 e a maternagem e o seu espa o no Estatuto da Crian a e do Adolescente em institui es que cuidam de crian as MOTTA 1992 Ainda foi encontrado 1 artigo na rea de Antropologia Social Lares de cuidado e linhas de sucess o algumas indica es etnogr ficas na Fran a hoje Weber 2006 Foi achado 1 artigo na Revista de Ginecologia e Obstetr cia onde os autores relatam a experi ncia de atendimento a pais de prematuros de alto risco por uma equipe multiprofissional especialmente no que concerne ao desenvolvimento do
136. aquilo me dava um medo de passar nos lugares Pra tirar a roupa ent o porque era tudo muito miudinho a gente ficava com muito medo de ficar tirando assim as roupas Na hora do banho ent o Acho que era pior o banho assim com medo de escorregar muito miudinho Ah meu Deus Quando essa crian a vai logo engordar e crescer r pido pra poder Que tinha medo aquela bundinha As fraldas quase que ca a nele at as fraldas Fl via Braga e Morsch 2004 p 550 afirmam que em geral a prematuridade est ocorrendo pela primeira vez na fam lia que portanto n o conhece regras para cuidar de um beb que nasceu em um tempo diferente Ang lica Indira e Maria contaram que seus filhos foram os primeiros pr termo da fam lia Diante da viv ncia inusitada n o tinham refer ncia de maternagem Porque nunca tamb m houve isso prematuro na fam lia Ang lica Porque na minha fam lia inteira tem v rios sobrinhos e netos assim e tudo Nunca teve prematuro e ela foi a primeira prematura na fam lia Ent o um caso que a gente n o conhece uma hist ria que a gente desconhece prematuro Cuidados dobrados n E miudinha e a gente n o sabe como agir como fazer Indira Na minha fam lia todas as crian as nascem de 4 quilos de 3 quilos Eu mesma nasci com 6 quilos Ent o a minha m e falava Cuidado com o seu beb voc muito gorda e n o 199 vai comer muito n o A minha filha nasceu com 1 quilo
137. ar do beb A minha m e ainda era viva assim quer dizer as pessoas mais antigas explicavam tamb m Oh tem que ser assim Toma mais cuidado na alimenta o de tudo Ela me ajudou bastante mesmo n o morando pertinho mas ajudou Meu falecido marido que na poca estava vivo ajudou muito tamb m Ele tinha mais pr tica com ele ele tinha muita pr tica com crian a a ele ajudou bastante Minhas 2 filhas tamb m Ent o na hora de um banho na hora de dar o que comer a um fazia sabe Todos j sabiam como que tinha que fazer Todo mundo ajudava Na hora de dormir eu dormia com muito cuidado Porque n o tinha ber o quando chegou ent o tinha que botar assim no meio ele muito miudinho Tinha que dormir numa posi o s eu e meu marido assim demonstra com as m os E eu n o escutava quando ele chorava n o Porque ele nem chorava A meu marido naquela aten o toda no quarto dormindo T chorando o nen m A eu T chorando n o Ele T sim A quando eu virava assim pra olhar estava gemendo A ele pegava e perguntava o que que tinha porque tava na hora de mamar porque era novinho ent o mamava Fl via Um aspecto importante destacado por dezenove entrevistadas foi a participa o de uma figura masculina no cuidado da crian a em casa A 206 maioria delas mencionou o pai indo al m do papel de provedor O que denota uma mudan a nas concep es de g ne
138. ara que a m e fam lia assumisse os cuidados no lar elaborando uma nova forma de maternar O cuidado de enfermagem sob este ponto de vista funcionou como facilitador da maternagem Palavras Chave maternagem pr termo enfermagem neonatal hist ria de vida ABSTRACT SANTOS I M M The motherhood of women with preterm baby bases for neonatal nursing assistance Rio de Janeiro 2009 244 fls xii Thesis Doctorate in Nursing Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery This investigation brings as thematic the motherhood The choice was based in my professional experience in the assistance and teaching field taking care of hospitalized children followed by their mothers in different settings and in my personal experience The study object was the woman s motherhood that had preterm baby hospitalized in Neonatal Unit The objectives were 1 To understand the experience lived of the motherhood of the woman that had preterm baby hospitalized in Neonatal Unit 2 To discuss the experience lived of the motherhood regarding the nursing assistance received in the Neonatal Unit The theoretical references were the Donald Winnicott s Theories of the Primitive Emotional Development and of Madeleine Leininger s Cultural Care The method was the Life Story The deponents were 23 women that had preterm baby hospitalized in neonatal unit The study scenario was the follow up ambulatory of a Maternity Hospital of
139. ares e pr ximas Num primeiro momento a forma de maternagem oferecida numa unidade intensiva lhe muito estranha BRAGA e MORSCH 2004 p 556 153 Ajudar a mulher a entender o que se passa com seu filho e a identific lo nessa hist ria singular atender tanto as suas demandas quanto as do beb Desta forma corroboro com Guimar es e Monticelli 2007 p 629 que h uma necessidade das mulheres em adotar um facilitador que esteja inserido no ambiente neonatal como refer ncia para que possam obter informa es sobre o beb de forma mais segura e direcionada para solicitarem algo tirarem d vidas e at mesmo serem ouvidas em seus desabafos Na Hist ria de Vida das mulheres com filho pr termo a equipe da Unidade Neonatal como um todo recebeu um destaque positivo como facilitador da intera o m e filho cada qual desempenhando o seu papel profissional procurando falar uma linguagem nica promover o v nculo m e beb e empoderar a mulher para que ela pudesse exercer a maternagem suficientemente boa Mas no hospital n o foi tudo As pessoas tratavam a gente bem eu n o tenho do que reclamar nesse sentido n o E o tratavam tamb m bem cuidavam dele direito Ana E assim desde o momento em que ela entrou na UTI foram excelentes excelentes excelentes Eu n o imaginava que a gente realmente a gente faz uma id ia de um hospital p blico Tudo muito tudo muito prec rio e eu imaginei que f
140. arina Maria destacou a atua o da enfermeira em demonstrar para ela que a filha realmente estava sugando o peito com sa da de leite A viv ncia positiva da amamenta o na Unidade Neonatal fez com que houvesse continuidade em casa Mesmo ap s o retorno s atividades laborais da m e a crian a ainda mamava no peito poca da entrevista estava com tr s anos de idade E noite o que eu fazia eu tirava da incubadora e a colocava no meu peito Ficava segurando e conversando com ela Falava que ela tinha que pegar o peito porque era importante para a sa de dela n Que era o melhor para ela conversava com ela Foi quando ela come ou a puxar e para mim eu achava que ela n o estava puxando nada Foi quando a enfermeira veio e falou assim N o m e ela esta puxando Voc quer ver Foi quando ela colocou o dedo na boca dela e disse olha o tanto que ela j puxou Foi 184 a que eu acreditei que estava saindo A vi chegar leite mesmo quando eu cheguei em casa Foi quando eu comecei a trabalhar Voltava com ele cheio e come ava At hoje ela ainda mama S um peito mas ela ainda mama Quando ela fez 6 meses ele rachou Eu chorava chorava mesmo de dor Mas eu falei Eu n o vou deixar de dar de mamar a ela A teve um dia que eu fiquei com pena porque come ou a sangrar e eu n o queria colocar o peito na boca dela A ela rejeitou esse peito n o quis mais E o outro n o At hoje ela
141. arota morreu Aquilo foi um baque Socorro Vit ria e Beatriz que tiveram seus filhos desenganados apavoravam se ante a morte de um beb na UTIN Como s vezes acontecia aqui De uma hora para outra eu via colegas perdendo filho que estavam numa situa o muito melhor do que a dela Ela era considerada um beb de um caso mais arriscado Ao mesmo tempo eu via outros beb s com problemas menores que n o resistiam Vit ria Eu aprendi muito porque eu vi crian a sofrer muito Crian as que a m e n o chegou nem a pegar no colo porque vieram a falecer Meu filho ningu m dava vida por ele Os m dicos j foram supersinceros comigo falaram Olha aqui a gente faz o poss vel e o imposs vel Mas a gente n o sabe o que pode acontecer Beatriz 176 Yasmine vivenciou um rec m nascido sofrendo uma parada card aca que n o conseguiu ser revertida Relatou uma como o na UTIN Teve uma vez que eu fui l e vi uma crian a tendo uma parada Aquilo meu Deus do C u Acho que todo mundo l deixou todo mundo comovido uma coisa uma dor muito grande A gente fica ali muito sem saber Os m dicos sempre falam para gente que o prematuro uma hora est bem na mesma hora pode acontecer qualquer coisa Yasmine Em alguns depoimentos as mulheres verbalizaram a busca de ajuda atrav s da religi o o que caracteriza o est gio de barganha descrito por K bler Ross 2008 A f direcionada a Deus pode auxili la no
142. as din micas da maternagem para uma maternagem din mica em empregadas e m es Camargo 1992 na rela o entre o desenvolvimento de prematuros e o desempenho da maternagem Jung 1985 nas m es de deficientes visuais Floriano 2006 e no estudo de caso com uma m e de crian a portadora da S ndrome de Prader Willi Koiffmann 2005 Em 2 Teses foram discutidas a depress o p s parto Arrais 2005 e a express o criativa de estagi rios de psicologia na pr tica do psicodiagn stico interventivo com referencial de Winnicott BEKER 2002 Na Educa o em 2 Disserta es surgiu a tem tica maternagem Ser professora entre os ran os da maternagem e a profiss o Neder 2005 e Educadoras infantis o que pensam sobre quest es de g nero Coutinho 2005 Em 1 Disserta o em Sa de P blica foi discutido o fen meno do adiamento da maternidade ap s os 35 anos TEIXEIRA 1999 A busca de pesquisas que abarcassem o objeto do estudo me motivou a procura sobre a maternagem da mulher que teve filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal No entanto pude perceber que a produ o voltada a esse enfoque ainda dispersa e fragmentada Verificou se uma lacuna do conhecimento acerca da tem tica maternagem de pr termo inserindo a figura da mulher al m do papel de m e acompanhante Como enfermeira e como docente acredito que a realiza o de um estudo qualitativo utilizando a metodologia Hist ria de Vida que prio
143. ccompagn es de leurs m res en diff rents sc narios et dans mon exp rience personnelle L objet d tude a t la maternage de la femme qui a eu b b pr terme hospitalis Unit Neonatal Les objectifs ont t 1 Comprendre l exp rience v cue de la maternage de la femme qui a eu fils pr terme hospitalis Unit Neonatal 2 Discuter l exp rience v cue de la maternage concernant l assistance d infirmier re ue l Unit Neonatal Les r f rentiels th oretiques ont t les Th ories du D veloppement motionnel Primitif de Donald Winnicott et du Soin Culturel de Madeleine Leininger Le m thode a t 1 Histoire de Vie Les d posants ont t 23 femmes qui ont eu fils pr terme hospitalis dans unit neonatal Le sc nario de l tude a t l ambulatoire de follow up d un H pital Maternit du Municipe du Rio de Janeiro La question orienteure de l entrevue a t Parle ce que tu consideres important concernant sa vie qui aie relation avec son exp rience comme m re pendant l hospitalisation de son fils pr terme 1 Unit Neonatal Le processus analytique employ a t l analyse th matique Ont merg deux cat gories 1 Les Fondations du Maternage du d sir la maternit 2 Les Soins Maternels au Pr terme de 1Unit Neontal au Foyer et Existence Humaine L analyse a r v l les diff rentes motivations qui ont result dans l arriv e des fils et le d sir conscient ou non
144. cia muito triste Ana Assim como Ana as entrevistadas Indira e Ta s planejavam um parto normal por m tiveram de enfrentar al m da antecipa o da prematuridade a interven o cesariana 115 E a eu tive que fazer uma ces rea s pressas A eu me desesperei porque para mim eu ia at o final fazer parto normal Eu queria fazer parto normal parto normal E eu me desesperei porque eu nunca tinha feito cirurgia nenhuma estava em um hospital que eu n o conhecia ningu m sem l quido e sabendo que a minha filha estava sofrendo j A placenta estava come ando a ficar sem oxig nio Eu sozinha e tendo que fazer uma ces rea Indira Eu sempre falei que eu queria normal eu nunca queira ces rea E j de cara veio uma cesariana e desse jeito complicada Ta s O parto prematuro por via vaginal descrevo desta forma porque na vis o winnicottiana o parto normal acontece quando m e e feto est o prontos tanto do ponto de vista psicol gico como fisiol gico alcan ado no termo foi vivenciado por 7 entrevistadas Ang lica Socorro Andr ia Nat lia Carina Isabela e Denise Isabela relatou sua viv ncia de parto por via vaginal melhor do que sua expectativa baseada no que ouvira no seu meio cultural E depois o parto foi tranquilo eu achei que ia ser o fim do mundo que falavam n Mas eu n o achei nada disso Foi parto normal O atendimento foi timo as dores foram horr veis n risos eu nunca tinha
145. ciam lembravam se de mim e dos alunos na Unidade Neonatal Acompanhava as aferi es antropom tricas peso comprimento per metro cef lico a avalia o da caderneta de vacina a conversa da auxiliar com a o acompanhante procurando saber da evolu o da crian a e anota o no impresso Durante esse atendimento aproveitava para ler no sum rio se a crian a havia nascido pr termo Em caso positivo me apresentava e a convidava para participar da pesquisa Como as mulheres aguardavam muito tempo no hall para as consultas agendadas a entrevista n o atrapalhava o atendimento da crian a e de toda forma se houvesse necessidade elas sabiam que poderiam interromper a qualquer momento Apenas uma mulher abordada n o concordou em ser entrevistada pois estava no hospital desde as 7 horas seu filho j havia se consultado e s aguardava um atendimento Ambos estavam com fome e muito cansados J eram 13h30min Ela se prop s a um novo encontro por m n o foi localizada Habitualmente no dia eu entrevistava uma Esta contava para outra E elas ficavam com um olhar de espera Por v rias vezes tive que me ater aos objetivos da pesquisa e entrevistar somente m es de pr termo pois quem tinha beb s nascidos a termo ficava curiosa querendo 58 participar Outros acompanhantes tamb m se ofereceram av s e tias Quem era m e de pr termo e n o tinha sido entrevistada em um dia quando me encontrava em outra oportunidade p
146. cido tem evidenciado situa es que variam da n o disponibilidade e inadequa o at a utiliza o desnecess ria e inapropriada de tecnologias o excesso de partos operat rios a baixa utiliza o da corticoterapia antenatal e as varia es e inadequa es nas pr ticas neonatais Tamb m destaca o perfil quantitativo e qualitativo dos recursos humanos No tocante assist ncia materna e neonatal de maior complexidade essencial nas situa es de risco obst trico e neonatal encontram se problemas n o solucionados e acentuados nos quesitos acesso oportuno adequa o t cnico cient fica e efetividade Gomes 2004 p 33 afirma que nas ltimas d cadas a escassez quantitativa e qualitativa dos servi os de atendimento perinatal de maior complexidade tem sido respons vel pelo mau atendimento e por graus importantes de morbidade e mortalidade materna e neonatal em um elenco de agravos absolutamente evit veis Para a mulher no ciclo grav dico puerperal as assist ncias no pr natal no parto e no puerp rio est o intimamente interligadas Tanaka 1995 p 98 afirma que a impossibilidade de acesso s informa es de forma cont nua e integral em qualquer um desses per odos fragiliza a assist ncia expondo a mulher a risco de morte Tanaka 1995 p 98 faz uma pondera o que o m dico d pouca import ncia s informa es trazidas pela gestante no cart o de pr natal Os profissionais d o pouca import ncia
147. cinas confer ncias e publica es promovidas principalmente pela Transcultural Nursing Society As enfermeiras do Brasil China Jap o Cor ia Su cia Dinamarca e Holanda foram para os Estados Unidos estudar 42 enfermagem transcultural com os l deres no campo e para aprender os modos de desenvolver programas congruentes educacionais e cl nicos com as culturas em suas terras natais Durante a Segunda Era houve crescimento consider vel e progresso em estabelecer a educa o a pesquisa a pr tica e a consulta atrav s dos Estados Unidos em enfermagem transcultural Foram feitas tamb m incurs es significativas em outras na es 3 Terceira Era 1983 at o presente Estabelecimento da Enfermagem Transcultural no Mundo o per odo durante o qual a agenda global da enfermagem transcultural foi o primeiro enfoque Durante as ltimas duas d cadas houve aumento do n mero de enfermeiras que tem viajado e trabalhado em diferentes pa ses e tem interagido com as pessoas de culturas diferentes eletronicamente e frente a frente Com os r pidos avan os em tecnologias contempor neas da comunica o e a velocidade com que os viajantes v o de um lado a outro do planeta as oportunidades de colabora o transcultural entre as enfermeiras e os provedores de cuidado sa de de outras disciplinas aumentam fortemente a cada ano A enfermagem transcultural mundial tornou se verdadeiramente um foco global de interesse e pr tica
148. com as crian as mais velhas passadas as grandes turbul ncias conseguem vivenciar com prazer a maternagem orgulham se seus filhos como na fala de L cia e Cl udia E hoje eu olho pra ele assim nem acredito Eu nem acredito que eu passei pela aquela fase ruim por aquela tristeza toda Hoje em dia eu olho o meu filho assim lindo gordinho sabe esperto bem esperto mesmo L cia O pessoal aqui falava M e o seu filho vai ser muito inteligente Fu falava assim Mas esse pinguinho de gente desse tamanhozinho vai ser inteligente aonde Hoje eu posso dizer Muito Tudo Dia das m es ele falou para mim assim M e eu vou cantar uma m sica do Roberto Carlos Como grande o meu amor por voc Eu falei assim Meu filho risos Nossa A professora ensinou Quando ele chegou em casa que falou para mim eu n o aguentei Cl udia Para Winnicott 2005a p 19 medida que a crian a cresce vai se enriquecendo com novos elementos o significado do termo amor 1 existir respirar estar vivo identifica se a ser amado 2 apetite aqui n o h preocupa o apenas a necessidade de satisfa o 3 o contato afetuoso com a m e 4 a integra o por parte da crian a do objeto da experi ncia instintiva com a m e integral do contato afetivo o dar passa a relacionar se ao receber 5 afirmar os pr prios direitos m e ser compulsivamente voraz for ar a m e a com
149. da porque ela est muito dependente de mim Indira Todos os beb s deste estudo receberam alta da Unidade Neonatal com consulta agendada para o ambulat rio da institui o no N cleo de Aten o Interdisciplinar ao Rec m Nato de Risco NAIRR para realizar o seguimento do rec m nascido de risco ou follow up utilizando a express o inglesa 212 Os programas de follow up foram criados para suprir as necessidades dos egressos das UTIN pois s o crian as que permaneceram internadas por longos per odos e apresentaram uma variedade de problemas decorrentes da imaturidade LOPES 1999 p 6 As crian as s o cadastradas no NAIRR mas as m es s o orientadas a fazerem tamb m acompanhamento dos filhos na Unidade B sica de Sa de mais pr xima de sua resid ncia Conforme relatado por Ta s E ela n o teve doen as essas coisas assim S m dico mesmo marcado vem pra c e no posto mas de correr n o S esses resfriadinhos doen a assim febrezinha assim que eu ia para a emerg ncia mas n o era nada grave n o Tem coisas piores a mas o dela foi f cil Ta s As crian as t m alta do NAIRR quando atingem o desenvolvimento compat vel com sua idade Por m se necess rio podem ser acompanhadas at os cinco anos como o caso da filha de Vit ria que a poca da entrevista tinha 5 anos e 5 meses atendimento fisioter pico e fonoaudiol gico Ap s essa idade s o encaminhadas a outros servi os de reabil
150. dar de uma crian a prematura Procurei agasalhar muito Uma coisa que ele n o ficava aqui agasalhado ele ficava naquela incubadorazinha de fralda Cheguei em casa comecei a agasalhar fiz tudo ao contr rio do que era pra ter sido feito Denise 197 Morais et al 2009 p 27 destacam que ao perceber o corpo da crian a prematura como delicado e fr gil as m es podem se sentir despreparadas e incapacitadas para cuidar no domic lio ou desenvolver uma percep o distorcida do filho concentrando se mais nas defici ncias e vulnerabilidades do que nos recursos positivos presentes e a come am a superproteg los Podem demonstrar apreens o de n o saberem atender s necessidades do beb ou exp lo a situa es de risco Maria e Ta s relataram o medo de dormir noite velavam o sono das filhas verificavam a todo o momento se respiravam se estavam vivas Agora lev la pra casa o primeiro dia foi horr vel A eu ficava com ela via se ela estava respirando eu colocava aqui na minha barriga ela dormia em cima de mim Na verdade ela at hoje dorme comigo risos Agora est dif cil tirar porque ela n o quer ir para a cama dela ela n o quer Mas apesar disso gente ficou muito junto Maria Eu ficava toda hora olhando para ela para ver se ela respirava Parava e ficava olhando para ela At hoje eu ainda fa o Ela dorme e fico olhando para ver se est respirando Eu fico at hoje cismada Ta s E
151. de atendimento Para algumas o sistema de refer ncia e contrarrefer ncia funcionou Diagnosticada a necessidade de interven o elas foram encaminhadas conseguiram a interna o Por m outras mulheres percorreram uma via crucis na busca por atendimento qualificado vivenciaram o fen meno da peregrina o desde as Unidades B sicas de Sa de passando por maternidades por vezes fora do seu munic pio de origem por sua conta e risco Lei Federal n 11 108 2005 Apesar do sancionamento da Lei do acompanhante ela n o cumprida as mulheres vivenciam sozinhas um momento de extrema fragilidade Viol ncia institucional Algumas mulheres deste estudo sofreram viol ncia institucional em busca assist ncia nos servi os de sa de Foram agredidas verbalmente pelos profissionais na procura de interna o Outras depoentes relataram sofrer humilha es para permanecer na institui o enquanto os beb s estavam na UTIN pois n o h alojamento para as mulheres de alta obst trica necess rio criar grupos de reflex o para a equipe de sa de incluindo temas sobre viol ncia institucional rela es de g nero amamenta o modelos de cuidar e maternagem H muito que evoluir para cumprir o Programa de Humaniza o do Parto e Nascimento PHPN que se fundamenta nos preceitos da humaniza o da assist ncia obst trica e neonatal Os protocolos de atendimento do Minist rio da Sa de t o bem estruturados n o produzir
152. de hospitaliza o caso a filha perdesse peso Foi bom demais foi o dia mais feliz da minha vida Eu cheguei no dia 23 de dezembro Eu pedi muito a Deus para passar o Natal em casa com ela quando ela saiu a m dica falou assim Se ela perder um grama quando voc voltar ela fica internada Porque ela tinha que sair com 2 quilos e ela n o saiu com 2 quilos Ela saiu com 1 900 e pouco 945 por a Se ela perder um grama m ezinha quando voc vier daqui a 15 dias ela fica internada de novo ngela De acordo com Guimar es e Monticelli 2007 p 633 os pais referem que a alta hospitalar descrita como liberdade por m vem acompanhada de sentimentos de inseguran a com rela o ao desempenho materno e paterno no mbito domiciliar Afinal em suas casas s o eles que ter o que dominar todas as situa es inesperadas que porventura vierem a acontecer A Hist ria de Vida das mulheres com filho pr temo revelou o medo dos primeiros dias em casa A inseguran a em cuidar desse beb fr gil foi revelado por Denise Cheguei em casa tratando dele direitinho A foi aquele problema Como cuidar de uma crian a prematura Diz que crian a prematura n o igual a uma crian a de tempo normal tem que ter mais cuidado certo A como cuidar de uma crian a prematura Aqui eu tinha aux lio de enfermeiras da doutora Agora quando chegasse em casa eu n o ia ter tinha que ser eu e eu mesma n A como cui
153. deais para registro do som Embora sempre pudesse obter privacidade para a entrevistada o som externo da brincadeira e do choro das crian as se interp s o que posteriormente dificultou bastante a transcri o 59 Algumas mulheres estavam acompanhadas pelo marido ou pela m e ou por uma amiga que ficavam com a crian a no hall Por m muitas iam sozinhas com seus filhos Para superar essa dificuldade levava brinquedos para entret los V rias m es amamentaram durante a entrevista e mesmo interrompendo para dar aten o aos filhos conseguiam retornar ao ponto que haviam parado e prosseguir seu pensamento Apenas uma entrevista foi logo encerrada porque o beb chorava inconsol vel no colo da madrinha Avaliando o meu desempenho como entrevistadora percebo que nas primeiras entrevistas estava muito ansiosa para iniciar a pesquisa Eu conseguira o aceite do Comit de tica em janeiro de 2008 por m fraturei o p e s pude come ar a etapa de campo em mar o que foi at junho do mesmo ano No decorrer do estudo percebi o meu amadurecimento como pesquisadora o que permitiu s entrevistadas partilhar comigo a sua vida revelando aspectos ntimos emocionantes de alegria ou de intenso pesar Como a transcri o foi feita por mim revivi esses risos e choros os momentos de pausa a inspira o profunda um sil ncio de quem ora toma coragem para se expor ora reflete naquilo que vivenciou A hist ria de vida pode revelar
154. dinho Ele teve refluxo engasgava muito Tudo eu ficava muito apavorada Assim ele muito miudinho A eu sentava e ia naquela hora de madrugada Porque ele n o pegou logo mamadeira porque aqui davam copinho n Ent o era aquele pouquinho tinha que dar aquele pouquinho bem devagarinho Ent o tinha que ter uma paci ncia muito grande de madrugada n De acordar ficar com a crian a inclinada aquilo bem pequeninho assim ficar dando aqueles golinhos at arrotar ent o Todos ajudavam sim Tinham paci ncia Fl via Fl via e sua fam lia tiveram de adaptar o conhecimento pr vio de alimentar um beb para a nova situa o frente ao filho pr termo com refluxo um exemplo de acomoda o do cuidado cultural S o as a es e decis es que assistem acomodam facilitam ou capacitam o cuidado e que ajudam as culturas a se adaptarem ou negociarem com outros pelo cuidado congruente seguro e efetivo para sua sa de bem estar ou lidar com a doen a LEININGER e MCFARLAND 2006 p 8 Indira descreveu sua dificuldade em interpretar se a filha estava com c licas ou fome poca com 3 meses de idade ela regurgitava muito Seu marido a ajudava reconhecer as necessidades da crian a As vezes acho que ela est com c lica e fome porque ela est tendo refluxo e s vezes ela arrota quase a mamadeira 216 inteira Ent o d fome mais r pido Tem que ser de 3 em 3 horas mas s vezes n o consegue espe
155. dinter Shari Turner na perspectiva psicanal tica Nancy Chodorow Dorothy Dinnerstein na perspectiva jornal stica Jane Barlett Melissa Benn concentraram se exclusivamente nas mulheres ocidentais e no conceito ocidental de maternidade Mas segundo Forna 1999 p 32 omitiram ou optaram por n o considerar as experi ncias de mulheres que s o m es em outras culturas onde h uma ideologia diferente ou onde n o h qualquer ideologia restritiva No Ocidente de acordo com a cr tica de Forna 1999 p 32 geralmente n o se faz caso da experi ncia de outras culturas principalmente aquelas consideradas menos desenvolvidas Ou h a tend ncia de romantizar atribuindo a outros povos uma sabedoria ing nua que a seu modo melhor do que a nossa porque est livre do grilh o tecnol gico da maternidade A psic loga brasileira Glat 1994 p 22 afirma que o per odo do p s parto uma das pocas da vida da mulher em que a ambiguidade torna se mais exacerbada Ao mesmo tempo que se sente realizada a mulher sente se mais vazia A autora que trabalhou com mulheres de classe m dia questiona se as oriundas de classes sociais menos privilegiadas tamb m passam por essa mesma crise existencial j que imediatamente ap s o parto s o obrigadas a retomar suas atividades profissionais para garantir o sustento da fam lia A autora acredita que esta ambiguidade pode ser at mais marcante para essas m es j que elas t m menos p
156. do beb a mulher transita do status de filha esposa para o de m e Somente a partir da sua intera o com o filho que a maternagem sai do plano dos sonhos e se torna real Por m com a prematuridade tanto a transi o para o papel social e psicol gico como a maternagem aconteceram em um tempo diferente do parto a termo Os eventos foram postergados Constataram se como fatores que interferem negativamente para que a mulher possa exercer a maternagem do pr termo Aus ncia ou pouco contato precoce logo ap s o nascimento Devido necessidade de cuidados para suporte de vida do beb pr termo poucas mulheres tiveram contato precoce e esses foram r pidos Duas depoentes s souberam que foram submetidas interven o cesariana depois da melhora do seu estado de sa de Todos os rec m nascidos foram encaminhados Unidade Neonatal Demora em conhecer o filho Quem primeiro visitou o beb na Unidade Neonatal na maioria dos casos foi o pai ou a av que levava not cias para as mulheres quando impossibilitadas de ir conhecer o filho e as ajudara a ir pela primeira vez a UTIN Luto pelo beb imagin rio Diante do beb real as mulheres viam um ser mi do e fr gil muito diferente do beb imagin rio Cada qual ao seu tempo teve de lidar com a dor de ter um filho pr termo e aceitar o beb real Demora em vivenciar o estado de preocupa o materna prim ria Na UTIN sem poder usufruir da intera o praz
157. dura evita ficar assada As enfermeiras mudam a fralda mas n o mudam com tanta frequ ncia S o muitos beb s Eu falei tudo bem eu fico sim A eu comecei a ficar com ela Maria 173 Duas mulheres Clara e Ta s sofreram com o agravamento do estado de sa de do beb na UI e tiveram de enfrentar o retrocesso a volta para a UTI Ele ficou internado 12 dias na unidade neonatal sendo que ele ficou 2 dias na unidade intermedi ria A depois ele teve um pneumot rax e foi para a UTI Teve que ser entubado tomou bolsa de sangue aconteceu um mont o de coisa A depois que ele teve pneumot rax ele pegou pneumonia e ficou 7 dias na UTI Clara Uma vez ela estava na UTI e passou para a UI A teve um dia que eu cheguei ela estava na UTI de novo Disseram que ela tinha tido uma parada respirat ria Ta s As oscila es entre a melhora e piora do estado de sa de do pr termo s o frequentes devido adapta o ao padr o circulat rio extra uterino e imaturidade pulmonar e imunol gica Essa incerteza leva as m es a apresentarem uma ambiguidade de sentimentos entre a esperan a e o des nimo e a descren a O que foi revelado por Vit ria Sua filha nasceu com 28 semanas de idade gestacional e 690 gramas Considerada pr termo extremo apresentou in meras intercorr ncias Ao mesmo tempo eu pensava Poxa ela passou por isso tudo sobreviveu A cada dia era uma coisa nova que aparecia sabe
158. e A hist ria de vida n o uma progress o ao longo de um continuun mas um vai e vem sobre a experi ncia anterior de um indiv duo ou de um grupo revela se estranha a um modelo de sucess o cronol gica linear Em rela o ao entrevistado a hist ria de vida constitui um conjunto significativo para sua sele o seus procedimentos sua ordem narrativa Organiza se apenas com dificuldade a partir de uma reconstru o temporal definida Corresponde muito raramente a um crit rio pr estabelecido que reparte o passado e o futuro em rela o a um presente bastante flutuante que derrota a precis o e o final do tempo cronol gico Esta linha de separa o evolui continuamente em fun o n o apenas dos pesquisadores mas tamb m de situa es diferentes no mbito de uma pesquisa A defini o de um ponto zero temporal da parte dos pesquisadores sempre uma conven o arbitr ria Da parte do entrevistado narrador sempre uma escolha fluida CIPRIANI POZZI e CORRADI 1983 N o confundir diacronia e cronologia A diacronia se refere sucess o temporal de acontecimentos dizer as rela es de antes depois A cronologia se refere data o de quanto data do acontecimento ou quanto idade No transcurso da entrevista h de se oportunizar que o sujeito ofere a os elementos necess rios para a reconstru o da diacronia e n o importun lo com constantes perguntas sobre as datas precisas de tal ou qual acontecimento
159. e como se fosse poss vel o puro instinto deixando de fora o desejo de filho O depoimento de Maria revela o seu desejo de filho da gesta o Eu sempre tive vontade de ter um filho n Ent o quando eu engravidei eu esperava uma gravidez normal sentir ela mexer Eu acho lindo aquele barrig o sabe Maria J o desejo consciente do casal em comum acordo para constituir uma fam lia com filhos foi revelado por Indira Foi quando eu conheci o meu esposo e tudo apesar de ele j ter um filho de seis anos Ent o quando passou e eu fui 76 convivendo sabe Aquela coisa A gente sa a a gente via aquela coisa de filho E a come ou a pintar a vontade de ter filho A a gente planejou filho E foi tudo planejado Indira No entanto Indira que vivenciava a maternidade pela primeira vez no transcorrer da entrevista revelou que seu marido desejava constituir com ela uma fam lia com filho para vivenciar a paternidade integralmente Ele j era pai mas n o convivia com a crian a Por incr vel que pare a ele queria muito mais um filho um outro filho Porque o filho que ele teve n o convivia com ele 24 horas Foi uma namorada que ele teve e ela engravidou E eles n o tiveram um conv vio Ent o ele sempre quis ter aquela coisa de fam lia Indira J Ang lica que era m e de cinco crian as decidiu engravidar de seu atual companheiro para dar lhe um filho j que ele n o era pai A depo
160. e consequentemente n o pode existir uma m e sem um pai ainda que no imagin rio da m e e referido eventualmente ao pr prio pai da m e Outeiral 2009 p 15 considera que a m e s poder exercer a preocupa o materna prim ria se houver um pai suficientemente bom bem verdade que Winnicott escreveu sobre as rela es precoces entre a m e e o beb mas ele in meras vezes tratou tamb m da quest o do pai Ou seja para que a mulher possa exercer a maternagem fun o primordial na vida do beb precisa do apoio e da presen a do pai ou quem exer a esse papel Dessa forma precisamos na nossa pr tica assistencial na Unidade Neonatal facilitar e promover al m da presen a da m e tamb m do pai e da fam lia Isso tanto para o desenvolvimento ps quico do beb como para o suporte da mulher Winnicott intencionalmente utilizava as palavras suficientemente boa m para a m e e o pai Visto que pais suficientemente bons podem ser usados por beb s e crian as pequenas e suficientemente bons significa voc e eu Para sermos coerentes e assim previs veis para os nossos filhos 37 devemos ser n s mesmos Se formos n s mesmos os nossos filhos podem passar a conhecer nos Se estivermos representando um papel seremos certamente descobertos quando nos surpreenderem sem as nossas m scaras WINNICOTT 1999 p 141 Para Winnicott 2008a p 25 a assist ncia a um rec m nascido uma tarefa absorvente e c
161. e ficavam perto A primeira coisa que eu falei Pelo amor de Deus fica perto de mim Que se acontecer alguma coisa voc s est o aqui A ficaram duas comigo olhando isso a m ezinha isso a mesmo assim mesmo Juliana Ana Louise al m de aprender a banhar foi orientada a cuidar do umbigo o que tem toda uma import ncia simb lica Aqui as enfermeiras Mas a elas me ensinaram a dar banho me ensinaram a cuidar do umbigo Quem cuidou do umbigo fui eu at cair pra quando chegasse em casa como se d de mam tudo eu aprendi ali na UI As enfermeiras me ensinaram a cuidar do umbigo a dar o rem dio no hor rio certo Aqui que eu aprendi tudo A quando eu fui pra casa eu j sabia tudo parecia at que eu j tinha 10 filhos risos Ana Louise Muitas crian as pr termo precisar o utilizar medicamentos em casa Desta forma as m es aprendem com a enfermagem a maneira de administrar a import ncia de seguir os hor rios Mesmo Juliana que era t cnica de enfermagem relatou adquirir um novo conhecimento Tanto na UI na parte de medica o que o m dico como eu fiz enfermagem eu sou t cnica de enfermagem a o m dico prescrevia e orientava As outras enfermeiras me mostravam como era para fazer E era eu que fazia aquela parte de medica o dele de inje o usa a seringa de iml para dar medica o oral ferro vitamina C Era eu que fazia Juliana Fenwick Barclay e Schmied 2002 e
162. e brasileira do in cio do s culo XX passou por intensas modifica es pol tico econ micas a consolida o do regime republicano o in cio da industrializa o a forma o da classe m dia urbana Por m a economia era centrada na atividade agr cola a maioria da popula o era rural A assist ncia mulher e ao seu rec m nascido ainda era domiciliar e feminina embora j come asse a figurar a presen a masculina do m dico como detentor do conhecimento A constitui o familiar brasileira para Neder apud Santos e Glat 1999 p 26 foi influenciada pelo fim do trabalho escravo pela urbaniza o e pelo deslocamento econ mico para o eixo Centro Sul dos p los de desenvolvimento econ mico e pol tico De acordo com Santos e Glat 1999 p 26 a fam lia nuclear brasileira baseou se no padr o de organiza o burguesa Na fam lia tradicional moderna a mulher era educada para desempenhar o papel de m e educadora dos filhos e fornecedora do suporte no lar para que o homem trabalhasse fora Deveria ser prendada e aprender a ler e a escrever tendo em vista que o papel de educadora lhe era destinado Esse era o perfil da nova mulher brasileira criado pelos positivistas no in cio do s culo XX Por m essa vis o da nova fam lia era destinada somente aos brancos estando os ex escravos e demais setores populares da sociedade exclu dos Ap s a Il Guerra Mundial uma nova ordem social se instala tanto pelas mudan as geo pol
163. e da Teoria do Cuidado Cultural de Leininger estudou o nascimento como um rito de passagem e a abordagem da Enfermagem para o cuidado s mulheres e aos rec m nascidos J Taylor 2008 desenvolveu uma an lise dos ritos de passagem das fam lias que experienciaram o nascimento prematuro tradu o livre a partir da teoria de Gennep Para facilitar o leitor foi elaborado a partir do artigo de Taylor 2008 o Quadro que sintetiza as etapas do rito de passagem e a 25 compara o entre os modelos hipot ticos do rec m nascido a termo e o pr termo Quadro Ritos de Passagem a compara o entre o nascimento a termo e prematuro Etapas do Rito de Nascimento a termo Nascimento prematuro Passagem Ocorre no ponto do termo da Ocorre antes do termo da Separa o gesta o 37 a 41 semanas gesta o antes de 37 semanas Acontece dentro do hospital Planejamento Choque Dor Dor Trabalho de parto Sem planejamento Parto seguro Trabalho de parto Parto m e e beb s o Parto inseguro separados e ainda juntos Parto beb imediatamente Alojamento Conjunto retirado UTIN Transi o M e assume a N o assume o papel de m e responsabilidade pelo N o assume responsabilidade cuidado de seu beb pelo seu beb Assume o papel de m e Sem v nculo V nculo Sem reconhecimento social Reconhecimento social Sem comunidade Apoio m tuo e partilha comunit ria Leva o beb para casa N o leva o beb
164. e da mulher Agman Druon e Frichet 1999 p 27 pesquisadoras francesas num livro publicado no Brasil introduziram o conceito correlato ao de Winnicott a preocupa o m dico prim ria quando a m e ocupa uma fun o mais m dica que maternal o que comum nas condutas maternas quando o rec m nascido encontra se internado As autoras Moreira Braga e Morsch 2003 Morsch e Braga 2007 discutem a preocupa o m dico prim ria para a realidade brasileira e posteriormente este conceito foi inclu do na segunda edi o do manual t cnico do m todo canguru BRASIL 2009 p 43 Sem poder usufruir os aspectos prazerosos como troca de olhares proximidade f sica di logos t nicos e express es faciais os quais indubitavelmente estariam mais evidentes com o nascimento a termo a m e do beb disposta em envolver se com seu filho internado procura um caminho para se aproximar Como indica a psicanalista Mathelin 1999 p 67 como sentir se m e desse beb que n o d sinal que n o mama no seio que n o olha que n o sendo em momento algum tranquilizante n o fabrica m e Ent o a partir das informa es que fazem parte de uma hist ria que tamb m peculiar em fun o da hospitaliza o no in cio da vida busca encontrar sinais de um beb que aos poucos vai reconhecendo como seu individualizando o gradativamente MORSCH e BRAGA 2007 Portanto a participa o dos pais nos cuidados com o beb e a
165. e de rec m nascido pr termo internado em um Hospital Amigo da Crian a acerca da amamenta o por Alves 2006 H de se destacar que como no presente estudo n o foi empregada a etno enfermagem o referencial met dico adotado pelos quatro pesquisadores foi de Daniel Bertaux Por m os autores utilizaram conceitos da Teoria do Cuidado Cultural para analisar os depoimentos Cap tulo 4 ABORDAGEM METODOL GICA O M todo Hist ria de Vida Trata se de um estudo de natureza qualitativa A pesquisa qualitativa na vis o de Chizzotti 1991 p 85 privilegia algumas t cnicas que coadjuvam a descoberta de fen menos latentes tais como a observa o participante hist ria ou relatos de vida an lise de conte do entre outros Estes estudos re nem um corpus qualitativo de informa es que se baseia na racionalidade comunicacional Ainda segundo este autor observando a vida cotidiana em seu contexto ecol gico ouvindo as narrativas lembran as e biografias e analisando documentos obt m se um volume qualitativo de dados originais e relevantes n o filtrados por conceitos operacionais nem por ndices quantitativos CHIZZOTTI 1991 p 85 Na an lise de Brioschi e Trigo 1987 p 631 o desenvolvimento tecnol gico favoreceu a efervesc ncia dos m todos qualitativos medida que o uso do gravador substituiu apontamentos manuscritos no campo ou mesmo memorizados de forma muitas vezes imperfeitas ou incomple
166. e informei sobre retirar o leite l mesmo e dar para ela o meu leite Se eu tivesse feito isso eu poderia ter tido leite ou n o Acho que vai muito da maturidade da pessoa E n o consegui n o consegui ter leite mesmo Eu at tento colocar ela mas ela j n o pega Ela vai fazer 4 meses dia 12 Ela j acostumou com o bico de silicone e eu tamb m n o tenho leite mesmo E eu queria muito queria muito mesmo fica emocionada embarga a voz Dizem que uma experi ncia maravilhosa voc amamentar e tal Mas eu acredito que foi por causa da press o Eu tive muito ruim e o meu nervosismo a minha preocupa o de ela estar ali e tudo Sair logo Indira Existe toda uma quest o cultural que norteia a amamenta o e que perpassa gera es Ainda hoje embora proibida pela IHAC a prescri o de f rmulas l cteas continua a ser uma pr tica negativa quando se pensa em bem estar da crian a S durante 3 meses Eu n o tenho quase bico ent o ela n o pegou O leite era pouco tamb m eu fui dando mamadeira para ela A acabou largando o peito S mamou tr s meses Mas foi maneiro foi gostoso risos Eu queria que ela mamasse at hoje e n o tivesse largado Ela ainda fica brincando querendo mamar A colega dela que da mesma idade dela fica mamando o peito da m e Ela v e tamb m 188 quer mamar encosta a boca e fica l Daqui a pouco solta pequeninho e tudo Mas muito bom eu queria que ela mamasse at h
167. e n o sa a nada E eu via at aquelas garotas enchendo o potinho para dar O meu n o sa a n o sa a nada Maria L cia aprendeu a realizar a ordenha para manter a lacta o E o seu leite ordenhado no banco de leite era oferecido ao filho atrav s da sonda orog strica at que sua condi o cl nica permitisse oferecer o peito Aprendi como fazer Como que fala Do leite demonstra a ordenha eu falo ordenha Isso ordenhar o leite essas coisas Higiene n Ordenhar o leite essas coisas banco de leite L cia Com in cio da nutri o tr fica ngela aprendeu a ordenhar o peito para oferec lo ao rec m nascido por gavagem S que a quantidade nfima de 1 ml levava d vida do marido se o beb conseguiria sobreviver com t o pouco alimento Eu dava 1 ml de leite a ela Tirava do meu peito 1 ml O pai dizia Com 1 ml n o se cria nunca vi falar que com 1 ml uma crian a fosse se criar Angela Com a coordena o da suc o degluti o respira o os beb s come am a ser estimulados a sugar no peito um processo que na maioria das vezes foi iniciado na UI Na UI tamb m foi tranquilo Com 11 dias de vida ele j veio pro peito A mamava igual a um coelhinho Beatriz A As mulheres relataram essa trajet ria da sonda mamada no peito Mas depois que ele saiu do soro j come ou a pegar peso Ele ficou com sonda poucos dias Eu queria dar peito nem no copinho ele chegou
168. e preocupa o materna prim ria No estado de preocupa o materna prim ria de acordo com Winnicott 2000 a m e capaz de identificar se com o beb de 148 colocar se no seu lugar e corresponder s suas necessidades Essas necessidades s o no in cio da vida corporais alimenta o manuten o da temperatura higiene respira o Depois passam a ser necessidades do ego Isto se d atrav s da possibilidade que o rec m nascido tem de fantasiar a partir das experi ncias f sicas que s o oferecidas pelo cuidado materno Todos os processos de uma criatura viva constituem um vir a ser uma esp cie de plano para a exist ncia De acordo com Winnicott 2007 p 82 a m e que capaz de se devotar por um per odo a essa tarefa natural capaz de proteger o vir a ser going on being de seu beb Qualquer irrita o ou falha de adapta o causa uma rea o no lactente e essa rea o quebra esse vir a ser Com uma relativa aus ncia de rea es e irrita es as fun es corporais da crian a d o uma boa base para a constru o de um ego corporal unidade psicossom tica Deste modo lan am se as bases para a sa de mental futura A possibilidade que a m e tem de se comunicar com o seu beb de exercer sua preocupa o prim ria depende da sua pr pria hist ria de ter sido cuidada e ter vivido situa es em que o cuidado com o outro foi importante Portanto n o se deve supor que todas as m es es
169. e surgem sobre como ser esse beb quais as caracter sticas que herdar do pai quais receber da heran a materna sejam f sicas comportamentais ou de temperamento constituem a representa o do beb que est por vir Assim enquanto o beb formado em sua estrutura biol gica e corporal tamb m est sendo pensado quanto sua individualidade e sua forma o como sujeito Por outro lado s o esses beb s das representa es maternas e paternas fantasm tico imagin rio e imaginado que v o oferecer paradigmas de cuidado e aten o que o casal dispensar ao seu filho Ao mesmo tempo esses beb s no momento do parto d o lugar ao beb real aquele que comparece ao encontro marcado no nascimento com suas caracter sticas individuais tanto biol gicas como ps quicas BRASIL 2009 p 28 Para Zimerman 1999 uma adequada maternagem alude ao fato de que a m e n o frustra nem gratifica de forma excessiva e que possibilita um sadio crescimento do seu filho Essa condi o de 17 maternagem requer uma s rie de atributos e fun es da m e que devem preencher satisfatoriamente as seguintes condi es ser provedora das necessidades b sicas do filho possibilitar uma simbiose adequada compreender e decodificar a arcaica linguagem corporal do beb frustrar adequadamente presen a e aus ncia da m e conter as cargas de identifica es projetivas intuir o que est se passando com o filho estar d
170. e voltava Nunca a deixei direto direto As enfermeiras at riam falavam Ah tu n o brincadeira n o Toda hora est aqui Claro minha vida est a poxa Eu tenho que ficar com ela V descansar v Teve uma vez que eu tava ruim mesmo Voc dormir em cima daquelas cadeiras l Um dia eu amanheci ruim mesmo N o tava conseguindo nem levantar direito A 171 elas me mandaram embora pra eu ficar pelo menos um dia dormindo um pouco n Socorro As hist rias de vida das mulheres com filho pr termo revelaram a sua necessidade de repouso oportuno lembrar como afirma Nunes 2003 p 54 que est o vivenciando uma quest o cultural o resguardo cercada por informa es repassadas pela pr pria fam lia com rela o ao repouso Vivem a exist ncia de um conflito Relatam que n o tiveram repouso algum no puerp rio Relataram um per odo estressante que vivenciaram o que este influenciou na forma o do apego materno devido ao ambiente da UTIN Guimar es e Monticelli 2007 p 633 destacam que a perman ncia prolongada no ambiente hospitalar gera alguns conflitos para as mulheres frente ambiguidade dos sentimentos da vontade de permanecer na institui o e a saudade que t m de casa dos outros filhos e de seus familiares Estes sentimentos ficam mais aflorados quando a mulher recebe alta da maternidade e precisa permanecer no hospital em decorr ncia da interna o do rec m nascido q
171. ec es compet ncia para respirar sem ajuda de aparelhos mantendo ritmo respirat rio sem pausas respirat rias nem apneias nutri o exclusivamente por via enteral habilidade para manter o controle t rmico quando se oferece fonte de calor incubadora ber o aquecido posi o canguru enfim capacidade de sobreviver sem necessidade de grandes recursos tecnol gicos BRASIL 2009 p 119 O grande diferencial da enfermaria canguru dentro da UI s o acomoda es destinadas ao m todo cama para a m e encosto triangular para que quando deitassem ficassem elevadas Al m de ser um local mais calmo e com mais privacidade mesmo dentro da Unidade Neonatal a mulher assume os cuidados com seu filho E ainda sob supervis o da enfermagem podia sair para o banho de sol Eu fiquei no canguru Eu fiquei na UTI por 3 dias a fui pra UI a o canguru estava cheio Na primeira vaga que teve eu fui pro canguru A eu fiquei uns 20 poucos dias l no canguru sil ncio Poderia falar mais sobre o canguru Ah foi legal Que parece que a gente tem mais contato com as crian as A enfermeira s lembrava Olha o rem dio Quem dava o rem dio era a gente a gente vinha aqui fora dar banho de sol nas crian as Assim eu ficava 24 horas por dia com ele foi bem legal A depois quando eu fui embora ele n o ficava com ningu m Porque ele s me conhecia n o conhecia ningu m Mas foi legal Ana Louise 180 Eu fiquei com ele
172. ece sem real indica o cl nica Winnicott 1990 p 166 observa que o estudo padr o de ansiedade das pessoas nascidas por cesariana poderia fornecer informa es adicionais sobre o problema do significado do nascimento como j havia sido sugerido por Freud em 1905 A psicanalista winnicottiana Dias 2003 salienta que n o se supervalorize a experi ncia do nascimento pois uma entre a s rie de fatores favor veis ao desenvolvimento da confian a da estabilidade e da seguran a Nos casos em que tudo correu bem no processo de 113 nascimento pouco prov vel que ela surja como um ponto importante na an lise A autora destaca que apenas quando as complica es do processo de nascimento ultrapassam os limites que o beb capaz de tolerar isto quando ocorrem graus intoler veis de invas o e as consequentes rea es que ele se torna traum tico podendo decorrer da uma distor o grave relacionada com um in cio for ado e prematuro do funcionamento mental Quando isso acontece a experi ncia ser retomada in meras vezes na an lise o que frequente no tratamento de psic ticos DIAS 2008 p 162 O Manual de Gesta o de Risco Brasil 2000 p 15 chama aten o para a antecipa o do parto evento frequente no atendimento gesta o de alto risco Considera como um dilema vivido atualmente pelo obstetra em rela o ao feto morrer no tero ou morrer no ber rio Isso porque s o de su
173. ecisando de algu m que fique com ele para eu levar o outro no m dico porque o outro pode estar com uma virose ou alguma coisa sempre aparece um algu m Juliana A m e de Beatriz trabalha n o tinha disponibilidade durante o dia Foram suas irm s que ajudaram o padrasto a apoiou e o pai do beb tamb m participava O seu pai que n o queria a gravidez sugeriu que abortasse fez as pazes com a filha ap s o nascimento do neto 205 Fiquei um pouco insegura quando fui pra casa porque a minha m e trabalhava A eu que tinha que dar banho eu que tinha que fazer tudo eu ficava Ser que eu vou conseguir Ser que eu vou ter for as Mas foi maravilhoso minhas irm s me ajudaram o pai dele tamb m minha m e Tive total apoio de todo mundo da minha fam lia Depois que ele nasceu meu pai que n o queria come ou a babar ia l em casa pra me visitar foi muito bom fala muito baixo Beatriz A reflex o que se prop e nesta pesquisa que a partir do entendimento que a maternagem um fen meno cultural aprendido compartilhado e transmitido dentro da fam lia atrav s das gera es principalmente pelas mulheres n o se pode desprezar a viv ncia e o conhecimento das av s Mesmo diante do beb pr termo com necessidades diferenciadas das outras crian as cuidadas pelas v rias gera es as pessoas mais antigas t m um saber que ajuda e conforta Fl via relata a uni o intergeracional para cuid
174. einternou 9d ap s a alta em outra unidade hospitalar com pneumonia IMV 3d Hood 2d O 5d dieta 3d ampicilina gentamicina Teve alta em 13d com peso de 2000g Prematuridade asfixia IMV 11 d CPAP 4d Hood 15d DMH Pneumonia surfactante 3 concentrados de hem cia NPT 4 d Icter cia 5d de fototerapia ampicilina gentamicina cefepime anfotericina B RGE DBP Obs M e adotiva est com ele desde a alta da maternidade Tem pap is de concord ncia quanto ado o Disseram lhe que o pai da crian a era bandido e morreu assassinado Indira DHEG amniorrex prematura Prematuridade lt 1 dia de CPAP lt 1 dia de hood icter cia 7d de fototerapia transfus o sangu nea Fl via Fonte Prontu rio dos 23 filhos das mulheres depoentes do estudo 66 An lise dos Depoimentos O processo anal tico empregado foi a an lise tem tica que consiste em reportar em cada relato de vida as passagens concernentes a tal ou qual tema com o objetivo de comparar depois os conte dos dessas passagens de um relato a outro BERTAUX 2005 p 99 A an lise tem tica consiste em descobrir os n cleos de sentido que comp em a comunica o e cuja frequ ncia de apari o podem significar alguma coisa para o objetivo anal tico escolhido Segundo Bardin 1997 p 105 tema a unidade de significa o que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo crit rios relativos teoria que serve de guia
175. em dificultar o progresso da escolariza o das m es afetando a sua inser o exitosa no mercado de trabalho colaborando assim para a continuidade do ciclo de pobreza com todas as m s consequ ncias para a qualidade de vida dessas jovens Os homens adolescentes tamb m carregam o nus de uma gravidez precoce quando assumem a paternidade sem estrutura econ mica e s vezes emocional para cuidar e educar um filho BRASIL 2005 p 127 Dentre as dezenove mulheres adultas entrevistadas dez j exerceram alguma atividade laboral remunerada com carteira assinada ou aut noma Destas apenas metade conseguiu continuar trabalhando ap s o nascimento do beb O fato de ter um contrato de trabalho e ser amparada pela legisla o trabalhista facilitou a perman ncia no mercado de trabalho Entraram de licen a e conseguiram voltar ap s a organiza o da rotina de cuidados com os filhos Foram os casos de M nica e Vit ria professoras e Cl udia e Yasmine cozinheiras J Fl via diarista aut noma e vi va Ela tem de trabalhar para prover o sustento de suas filhas Dentre as que pararam de trabalhar e n o planejam retornar ao mercado de trabalho est o Andr ia Socorro e Maria 211 Trabalhei em loja em casa de fam lia tem muitos anos Eu n o trabalho mais Meu esposo camel a ele faz uns biscates tamb m s vezes l na Igreja A gente vai vivendo n com isso que d sil ncio Andr ia Com
176. ematuridade USTF HIV grau I subependim ria bilateral ECO forame oval p rvio Carina Icter cia 4d de fototerapia Membrana hialina IMV 1d CPAP Ed NPT 6d Ampicilina gentamicina M nica IMV 3d CPAP 1d Hood 1d NPT 4d Sepsis presumida ampicilina gentamicina USTF 15 02 08 hemorragia subependim ria bilateral Prematuridade P Prematuridade Sepsis ampicilina gentamincina Icter cia 5d de fototerapia USTF normal Ta s ROV normal 3 dias de bolsa rota CPAP 5d Hood 2d cateter labial O 30d apn ia Icter cia 4d de Juliana fototerapia 2 transfus es de concentrados de hem cia Sepsis ampicilina gentamicina NPT IMV 44d CPAP 4d Hood 5 horas 50 dias em 03 Membrana hialina pneumonia Vit ria pneumot rax 5 transfus es sangu neas e 1 plaqueta Cateterismo umbilical venoso PCA resolvido Ampicilina gentamicina cefepime ciprofloxacina vancomicina 28d USTF 5d 65 Ana M e fez duas doses de cortic ide ante parto Fez surfactante 1d CPAP Id Hood Sepsis Louise presumida ampicilina gentamicina Icter cia fototerapia Prematuridade Colonizado por MRSA Teste do pezinho tra o falc mico M e fez duas doses de cortic ide na gesta o Prematuridade asfixia CPAP horas Icter cia Isabela fototerapia 6d Sepsis presumida ampicilina gentamicina 10d USTF 18 04 08 hemorragia subependim ria bilateral Prematuridade transfus o sangu nea Denise R
177. ens o da condi o humana e de direitos humanos Dias 2004 p 19 que em sua tese trabalhou com crian as com malforma o pode ter o seu pensamento transportado para o pr termo A autora afirma que um dos pap is da enfermeira ajudar o cliente no processo de aceita o e uma das formas de favorecer essa aceita o mostrar aos familiares e discutir com eles as possibilidades de recupera o da crian a Por m isso somente ser poss vel se o pr prio profissional for capaz de aceitar a ambival ncia de seus sentimentos conscientizando se do fato de que tem limita es e que tamb m sofre com a situa o A autora destaca que o profissional tem que ser sincero consigo mesmo Ou seja a equipe de sa de em especial a de enfermagem tem de aceitar os beb s reais que cuidam como s o diferentes tamb m do seu pr prio beb idealizado Somente partir dessa aceita o pode se respeitar e enxergar a beleza da sua fr gil exist ncia f sica para ent o vislumbrar o vir a ser do beb pr termo e ajudar as m es a exercer a maternagem suficientemente boa Para exercer a maternagem a mulher teve de rejencontrar seu beb que nasceu antecipadamente e precisou da Unidade Neonatal para sobreviver Quando a continuidade das rela es maternas com seu pr prio beb quebrada algo se perde que n o pode ser recuperado Winnicott 2008a p 99 revela ser uma incr vel falta de compreens o do papel de m e afastar o seu beb
178. ente relatou que a presen a dele foi fundamental em todo o processo de gesta o e interna o do beb que nascera prematuramente O que foi importante pra mim foi a participa o do meu marido que pra ele o primeiro Que j tinha cinco filhos Hoje seis Ang lica A vontade de aumentar sua prole de dar um irm o para o filho mais velho foi manifestada por Juliana Depois de sete anos eu quis engravidar pra poder n o ter filho nico Eu sou filha nica e eu acho muito ruim Juliana Na tentativa de salvar seu casamento Socorro engravidou e a partir nascimento de sua filha pr termo sua rela o com o marido se reestruturou e juntos criam a menina A gente tava quase numa separa o De repente eu engravidei Eu j estava com plano mas como o casamento estava um pouco conturbado A eu falei Se nesse per odo a minha menstrua o descer eu volto a tomar rem dio Se n o descer seja o que Deus quiser A foi Posso dizer que ela um milagre Milagre pela vida que veio Milagre pro meu casamento que tava desestruturado Ele j tinha algu m Dos desentendimentos que a gente tinha tudo 71 mudou depois do nascimento dela Gra as a Deus tamos firme e forte Socorro A exist ncia da fam lia e a preserva o de uma atmosfera familiar resultam do relacionamento entre os pais de acordo com o contexto social em que vivem Mas n o se podem considerar os pais simplesmente segundo suas rela
179. ento da crian a Nesse estado as m es tornam se capazes de colocar se no lugar do filho Isso significa que elas desenvolvem intuitivamente uma capacidade surpreendente de identifica o com o beb o que lhes possibilita ir ao encontro das necessidades b sicas do rec m nascido de uma forma que nenhuma m quina pode imitar e que n o pode ser ensinada Klaus e Kennel 1992 p 75 afirmam que as altera es fisiol gicas end crinas dos n veis de estradiol e progesterona pelas quais a mulher passa no fim da gesta o no parto e no p s parto t m um papel significativo no in cio e na manuten o do per odo sensitivo materno ou preocupa o materna prim ria Por m os pediatras alertam para os aspectos culturais visto que em v rias sociedades a m e e o beb s o colocados juntos com apoio prote o e isolamento pelo menos sete dias ap s o parto A provis o de alimento abrigo e gua bem como um per odo de privacidade para que a m e e o beb se conhe am um ao outro comum na maioria das culturas O processo de maternagem facilitado por essa conduta social 15 O manual t cnico do m todo canguru apresenta no m dulo psicoafetivo os conceitos b sicos dos beb s que povoam as representa es maternas e paternas Fantasm tico trata se de um beb arcaico interior que acompanha os pais individualmente em seu mundo interno desde sua mais tenra inf ncia Impregnado e criado por todas as viv ncias i
180. eonatal Apresentou o beb real e o ambiente da UTI m e e aos familiares Ensinou uma nova forma de cuidar de um beb que nasceu antecipadamente de modo que a m e assumiu os cuidados e reestruturou a maneira de maternar aprendida no seu meio cultural Os conflitos entre as mulheres e a enfermagem aconteceram quando o aspecto t cnico intervencionista predominou em detrimento do humano sens vel imperioso ver a mulher e o beb pr termo como seres inteiros complexos que est o num momento de extrema fragilidade f sica e emocional inseridos no ambiente in spito da Unidade Neonatal Faz se necess rio criar espa o no cotidiano do cuidado para que as mulheres exprimam seus sentimentos facilitando o exerc cio da maternagem Esse estudo p s em evid ncia a fragilidade do Sistema de Sa de Observa se que os servi os t m sido oferecidos de modo parcial a grande parte da popula o H um descompasso entre a avan ada pol tica p blica e a escassez quantitativa e qualitativa dos servi os de atendimento perinatal de maior complexidade que tem sido respons vel pelo mau atendimento e por graus importantes de morbidade e mortalidade materna 221 e neonatal em um elenco de agravos absolutamente evit veis Conhecer a Hist ria de Vida das vinte e duas mulheres que vivenciaram o parto prematuro revelou aspectos important ssimos que devem ser considerados nos n veis administrativos locais e regionais Peregrina o em busca
181. erosa com o filho como o olho no olho pegar no colo amamentar a mulher vivencia a preocupa o m dico prim ria at m se aos procedimentos tecnologia hist ria cl nica tenta partilhar com a equipe de sa de tudo o que se refere ao seu 225 filho um rito de passagem que conduzir instala o da preocupa o materna prim ria quando a mulher enfim poder cuidar maternar o seu filho Imposi o da amamenta o O condicionamento da alta hospitalar com o estabelecimento da amamenta o foi gerador de stress Algumas mulheres relataram que a crian a tinha que mamar Por m em casa o peito foi logo substitu do pela mamadeira Como facilitadores da maternagem do pr termo foram destacados na an lise das Hist rias de Vida Acompanhante no parto Infelizmente poucas entrevistadas contaram com a presen a de um acompanhante de sua escolha para lhe dar apoio durante todo o processo do nascimento Quem o teve referiu sua m e ou o marido Participa o do marido companheiro Neste estudo a maioria dos pais ajudou a mulher a superar as dificuldades f sicas e emocionais para conseguir se dedicar em maternar o filho Maternagem ampliada O que se observou nesse estudo que as fam lias se reorganizaram para receber o beb e ajudar a m e a desempenhar o seu papel A mulher encontra se fragilzada e busca habilidades para maternar o filho pr termo A maioria das depoentes referiu o apoio
182. ersa da equipe de enfermagem s vezes eu ficava sentada e as enfermeiras eu ficava ouvindo elas falavam de outras crian as da UTI Tinha uma enfermeira da noite que falava assim P xa nasceu um beb hoje Que beb feio parece um morcego E aquele que parece um sapo voc viu que coisa horr vel Nossa que crian a feia meu Deus do c u Imagina os pais como s o Isso o que falam de uma crian a prematura Muitas falam que a crian a ainda vai se desenvolver n Uma comentando com a outra falando mal dos beb s das m es Isso a eu acho errado Falando mal do nen m e perto de outra pessoa Porque elas est o se comunicando mesmo N o se pode chegar e falar E a dizer que a crian a parece 136 um rato um macaco Tem muita crian a feinha mesmo mas mas tamb m n o para dizer que lindo porque mentira Mas chegar e falar que o filho parece um macaco sil ncio Maria O coment rio inconveniente dos outros familiares outras m es acompanhantes visitantes e de onde menos se esperava da enfermagem que rotula e ofende o beb real tamb m agride a m e Fere profundamente o narcisismo a imagem de espelho perfeita e ideal materno e prejudica sobremaneira a aceita o do seu filho e por conseguinte a possibilidade da maternagem suficientemente boa A viol ncia das palavras utilizando a express o descrita por Lacerda 2004 p 153 em determinados comunicados dos profissiona
183. ersidade Cat lica de Pernambuco Disserta o de Mestrado em Psicologia Cl nica p 2008 WANDERLEY D B Pref cio In Wanderley D B org Agora eu era o rei os entraves da prematuridade Salvador Agama 1999 WEBER F Lares de cuidado e linhas de sucess o algumas indica es etnogr ficas na Fran a hoje Mana v 12 n 2 out 2006 p 479 502 240 WELCH A Z Cultura de los cuidados teoria de la diversidad y da universalidad In TOMEY A M e ALLIGOOD M R Modelos y teorias en enfermer a 5 ed Barcelona Espanha Elsevier 2003 501 27p WINNICOTT D W Natureza humana Rio de Janeiro Imago 1990 222p Explora es psicanal ticas Porto Alegre Artmed 1994 460p Conversando com os pais 2 ed S o Paulo Martins Fontes 1999 152p Da pediatria psican lise obras escolhidas Rio de Janeiro Imago 2000 455p fam lia e o desenvolvimento individual S o Paulo Martins Fontes 2005a 247p O gesto espont neo S o Paulo Martins Fontes 2005b 244p Tudo come a em casa S o Paulo Martins Fontes 2005c 282p Os beb s e suas m es S o Paulo Martins Fontes 2006 98p O ambiente e os processos de matura o estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional Porto Alegre Artmed 2007 268p crian a e o seu mundo 6 ed 11 reimpr Rio de Janeiro LTC 2008a 270p Pensando sobre crian as 1 reimpr Porto Alegre Artmed 2008b 292p
184. ersidade de S o Paulo Disserta o de Mestrado em Enfermagem Obst trica e Neonatal 2007 BERTAUX D L Approche biographique sa validit m tthodologique les potentialities Cathies Internationaux de Sociologie LXIX p 197 225 1980 Los relatos de vida Barcelona Bellaterra 2005 143p BOGOMELETZ D Sobre a tradu o In WINNICOTT D W Da pediatria psican lise obras escolhidas Rio de Janeiro Imago 2000 p10 BORGES S M N Propostas para uma rela o profissionais de sa de e mulheres Cadernos de Sa de P blica v 7 n 2 p 284 9 1991 BRAGA N A e MORSCH D Cuidando da Fam lia maternagem ampliada pais irm os e av s In MOREIRA M E L et al org O rec m nascido de alto risco teoria e pr tica do cuidar Rio de Janeiro FIOCRUZ 2004 p 543 63 BRANCO V M C et al Unidade de sa de de sa de parceira do pai Rio de Janeiro Secretaria Municipal de Sa de e Defesa Civil SMSDC 2009 24p BRASIL Assist ncia integral sa de da crian a a es b sicas S rie Textos B sicos de Sa de n 7 Bras lia Minist rio da Sa de 1984 20p Assist ncia integral sa de da mulher bases de a o program tica S rie Textos B sicos de Sa de n 6 Bras lia Minist rio da Sa de 1984 27p 231 BRASIL Constitui o da Rep blica Federativa do Brasil Editora Revista dos Tribunais 1988 270p Assist ncia institucional ao parto ao puerp rio e ao rec m nascido B
185. es a amamentarem seus beb s Tanto a m e como o beb sofrem com isso e experimentam um grande al vio quando finalmente passa se alimenta o por mamadeira como foi o caso de ngela A ideia de amamenta o abrange toda uma t cnica de ser m e de um beb de maternagem suficientemente boa Por m o ato de segurar holding e manipul lo handling mais importante em termos vitais do que a experi ncia concreta da amamenta o Isto significa que existem 187 outras formas atrav s das quais um beb pode experimentar um contato f sico ntimo com a m e desenvolver se satisfatoriamente sem vivenciar o aleitamento WINNICOTT 2006 p 21 Na Hist ria de Vida de Indira h a nfase na sua tentativa de manter a amamenta o ordenha uso de bico de silicone ida para casa em aleitamento Por m n o conseguiu sustent lo Ela procura justificativas na hipertens o no estresse na falta de orienta o para ordenhar durante o tempo em que a filha estava na UTI Relatou o seu sofrimento em n o experienciar o idealizado da amamenta o Ent o como ela era muito pequenininha tomava na sonda Eu tentei amamentar e assim fiquei quase 2 meses Quando ela passou no canguru j ia fazer 2 meses Foi por causa disso eu fui para casa e eu ainda tinha leite Mas n o era aquele leite J n o tinha muito leite Eu estava tirando ordenhando tirando na bomba Mas quando eu chegava aqui e eu n o sabia e tamb m n o m
186. es culturais que envolvem a maternagem Na concep o de Leininger as enfermeiras precisam aprender as quest es culturais para poder ajudar as clientes a prevenirem doen as e manterem o bem estar dentro de uma perspectiva cultural LEININGER e MCFARLAND 2002 p 5 necess rio no entanto que haja uma adequa o do conhecimento do profissional s expectativas das clientes a fim de tornar o cuidado humano significativo e terap utico como aponta Leininger LEININGER e MCFARLAND 2002 193 2 2 A experi ncia vivenciada da maternagem do filho pr termo no lar A Hist ria de Vida das mulheres com filho pr termo revelou que a inseguran a ap s a alta hospitalar e a necessidade de um cuidado materno diferenciado foram comuns a todas as entrevistadas Independentemente do n mero de filhos ou seja se m e de primeira viagem ou com at cinco filhos se jovem adolescente de 15 anos ou adulta com 42 anos com apoio da fam lia ou sozinha Todas vivenciaram vicissitudes e alegrias para conseguir maternar seu beb no lar O que se concluiu que a chegada em casa do beb n o significa a imediata incorpora o do novo membro fam lia comunidade O pr termo precisou de cuidados diferentes do beb a termo e demandou tempo para que a mulher e a fam lia se adaptassem nova realidade ao novo papel social e completassem enfim o rito de passagem do nascimento prematuro A alta hospitalar da Unidade Neonatal foi u
187. esejado como filho Segurar o beb impedir que ele caia acalentar aquecer amamentar Podem resultar em circunst ncias satisfat rias e acelerar o processo de matura o A integra o propiciada pelo holding 2 Handling manejo que justamente o modo especial como a m e manipula o seu beb e tamb m como o beb manipula a m e WINNICOTT 1994 A experi ncia de entrar em contato com as diversas partes do corpo atrav s das m os cuidadosas da m e a maneira como o beb tratado cuidado manipulado Winnicott observou em seu trabalho com crian as fisicamente doentes que 36 as vezes podem surgir problemas psicol gicos devido falta de contato com o corpo A personaliza o propiciada pelo handling 3 Object presenting Apresenta o dos objetos ou realiza o a m e estar dispon vel para as demandas de seu beb quando e como ele necessitar Tamb m chamada de realiza o por tornar real o impulso criativo da crian a Inclui n o s o in cio das rela es interpessoais mas tamb m a introdu o de todo o mundo de realidade compartilhada para o beb A m e come a a mostrar se substitu vel e a propiciar ao seu beb o encontro e a cria o de novos objetos que ser o mais adequados ao seu atual estado de desenvolvimento A rela o objetal propiciada pela apresenta o dos objetos necess rio comentar que Winnicott escreveu que n o existe um beb se n o houver uma m e
188. esmo Eu n o poderia ficar mas por eu morar longe em Cachoeira de Macacu e eu n o ter como vir eu n o aceitava Eu achava que eu n o conseguiria ir embora e deixar um peda o meu aqui entendeu Eu queria ir embora com ela Ao mesmo tempo tinha medo de sair e acontecer alguma coisa com ela Eu me sentia culpada por uma coisa que n o tem que Eu vou estar por perto eu vou Mesmo n o podendo fazer nada igual eu ouvi uma enfermeira falando Voc n o Deus voc n o vai poder fazer nada por ela voc pode ir para casa Eu n o conseguia colocar isso na minha cabe a Se eu fosse para casa eu n o ia ficar bem nem l Nem se eu n o estivesse por aqui por perto Eu fiquei eu fiquei de novembro at mar o Eu fiquei com ela eu s sa junto com ela A sim eu sa Vit ria E depois que voc passa por certos constrangimentos que voc Eu mesma eu sei que eu fiquei aqui um tempo indevido porque eu n o abria m o de sair sem ela Ent o eu me recusava assinar a alta E pra uma eu falei Eu n o estou me negando a dar o leito para a outra m e que possa precisar eu s quero ter o direito de ficar aqui mesmo que eu passe a dormir l no corredor da UTI e eu possa ficar no banco Como depois eu assinei e fiquei l sabe eu dormia no corredor e dormia na cadeira mas eu n o abri m o de sair do hospital Porque eu falava que n o tinha condi es de vir aqui todos os dias n o tinha dinheiro para pagar a
189. estudo a maioria dos pais foi quem viu primeiro o beb e ajudou a mulher a superar as dificuldades f sicas e emocionais para 141 conhecer o filho Como nos relatos de Isabela Indira e ngela que esperaram seus maridos para ir Unidade Neonatal Ele viu ele primeiro l na UTI A depois que eu fui l sil ncio Isabela No dia seguinte eu ainda n o tinha pernas para descer para ver ela e ver tudo E quando foi na quinta feira de manh meu esposo veio e desci para v la Indira Quando foi no outro dia eu esperei o meu marido chegar para ir l ver Quando a gente chegou l que eu vi mesmo Eu disse N o n o tem condi es de levar para casa n o Angela A m e ap s o parto quando o beb levado para a UTI vivencia momentos de vazio solid o e medo Sem o beb sem o companheiro e muitas vezes sem not cias n o raro que pense que estejam lhe escondendo ou negando informa es BRASIL 2009 p 117 Foi o que aconteceu com Ana Ap s a cirurgia cesariana foi encaminhada para o Alojamento Conjunto e ficou espera de not cias do filho Como ningu m falou nada ela temeu por sua morte mas n o teve coragem de perguntar N o conseguiu dormir noite ligou para o seu marido para que ele fosse a UTIN saber not cias sobre o beb A quando eu tive ele assim no come o eu tive ele num dia no outro n o me davam not cias A eu fiquei muito nervosa Nessa noite eu at passei
190. et maternit et sant In COLIN C et alli Survivre et penser sa sant en situation d extr me pauvret Montreal Editions Coop ratives St Martin 1993 p 195 203 COSTA J F F Transpar ncia ps quica experi ncia de transforma o materna uma perspectiva psicanal tica Bras lia Universidade de Bras lia Disserta o de Mestrado em Psicologia 2006 COSTA G KATZ G Din mica das rela es conjugais Porto Alegre Artes M dicas 1992 COUTINHO M I A Educadoras infantis o que pensam sobre quest es de g nero Recife Universidade Federal de Pernambuco Disserta o de Mestrado em Educa o 2005 CUNHA A G Dicion rio etimol gico nova fronteira da l ngua portuguesa Rio de Janeiro Nova Fronteira 2 ed 8 reimpress o 1997 DATASUS Departamento de Inform tica do SUS Dispon vel em lt http datasus gov br gt Acessado em 03 de nov 2009 DEBERT G Problemas relativos a utiliza o de hist ria de vida e hist ria oral In CARDOSO R org A aventura antropol gica teoria e pesquisa 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1997 p141 56 DENZIN N K Interpretando as vidas de pessoas comuns Sartre Heidegger e Faulkner Dados Revista de Ci ncias Sociais Rio de Janeiro v 27 n 1 p 29 32 1984 DIAS E O A teoria do amadurecimento de D W Winnicott Rio de Janeiro Imago 2008 339p DIAS M A V Os profissionais de enfermagem frente ao nascimento da crian a com malform
191. eu tio que possui um autom vel a levou a maternidade indicada onde foi realizado este estudo distante 17 km O trajeto total foi 42 km uma maratona A eu conversei e eu n o podia me internar porque o plano estava em car ncia e ia ser 3 mil reais para ela ficar E eu n o tinha condi es nem de 100 reais por dia Ela ficou 2 meses E n o me ofereceram ambul ncia para me trazer at aqui Eu tive a indica o da doutora da ginecologista de l para c pra vir pra c N o me ofereceram ambul ncia e eu vim de trem A gente estava sem carro De trem at Padre Miguel onde eu moro e de l o meu tio me trouxe at aqui Ent o quer dizer foi uma m Eu at cancelei o plano porque foi um momento em que mais precisava precisei e eles me negaram E at tinham uma ambul ncia na Unidade l Eu acho que o m nimo que eles poderiam fazer era isso j que eles n o podiam me internar Eu acho que no m nimo era isso Indira Na situa o vivenciada por Indira a necessidade da interrup o da gesta o por conta da crise hipertensiva a deixou sem a cobertura pelo conv nio pois n o havia decorrido o prazo de car ncia estipulada pelo 107 plano para cobertura do parto A mulher quando adere a um plano privado de sa de deve ter uma aten o especial quanto car ncia Se houver qualquer intercorr ncia que leve ao parto prematuro ela estar descoberta Tamb m h o caso dos conv nios que n o oferecem estrutura
192. filhas ap s o parto por m a separa o foi imposta pelas graves condi es decorrentes da prematuridade o que gerou frustra o e sofrimento Mas quando eu tive ela eu pensei que eu ia ficar com as duas garotas logo l na cama n O mais dif cil foi isso quando eu voltei pro quarto cad as crian as A a menina falou N o as suas crian as est o internadas elas n o v o vir pra c pra mamar no teu peito nem nada A isso mexeu um pouco comigo Socorro Logo ap s o nascimento o rec m nascido recebe assist ncia imediata que embora sejam procedimentos universais e obrigat rios de acordo com normas da OMS os cuidados a serem prestados ao beb devem ser desenvolvidos segundo a tica profissional a filosofia da institui o e os princ pios de humaniza o do nascimento Assim o incentivo precoce da forma o do v nculo familiar deve ser uma atitude acima de qualquer norma ou rotina de atendimento MONTICELLI e OLIVEIRA 1999 p 63 A possibilidade no momento do nascimento de olhar tocar sentir o beb ainda que por um pequeno lapso de tempo segundo Guimar es e Monticelli 2007 p 629 permite aos pais sentirem se pertencentes um ao outro de identificarem se de re conhecerem se e de transmitirem ao rec m nascido seguran a e afei o N o existe qualquer raz o concreta para justificar por que os beb s e as suas m es n o comecem a conhecer se imediatamente um ao outro ap s o acontecimento na
193. foi pro hood ele foi direto entendeu Ele melhorou r pido assim ele n o precisou ficar naquele capacete Ficou respirando sozinho Clara Diante da impossibilidade imediata de proporcionar o holding segurar de maternar o seu filho as mulheres tiveram de procurar um novo entender o seu quadro cl nico e apropriar se da terminologia e da tecnologia da Unidade Neonatal Como exemplificado por Nat lia e Ta s Ah eu fiquei desesperada porque ele era muito pequeno Ele era cheio de aparelho aparelho Eu chorava pra caramba sil ncio Eu n o queria colocar n o a m o nele ele era muito mole Mas eu n o podia pegar ele n o porque ele era muito mole e ele estava com oxig nio n o dava para pegar n o Nat lia Mas como eu estava te falando na vez que eu vi na primeira vez eu n o mexi n o Mas depois a segunda vez que eu vi ela eu mexi Eu abri e tive coragem de mexer nela Ela estava toda cheia de coisas e de aparelho e eu n o queria mexer n o Eu deixava ela quietinha l Ta s 152 Devido imaturidade pulmonar do pr termo as mulheres aprendem a avaliar o padr o respirat rio e interpretar os valores registrados no ox metro e passam a depender da tecnologia para se sentirem seguras com o bem estar do beb Isso fica claro no depoimento de Socorro Houve dia de eu falar para as enfermeiras Arruma outro Quando tirava aquele coisa que bota no p que fica marcando os batimentos sabe Hum hum
194. frer e as incomoda como condi o para que o profissional de sa de possa junto a elas localizar de que forma seu saber espec fico pode lhes ser til A aus ncia de escuta do discurso do outro de sua singularidade e de sua demanda torna a maioria dos atendimentos um grande mon logo BORGES 1991 p 286 Uma possibilidade a utiliza o do m todo Hist ria de Vida que permitiu nesse estudo vislumbrar a complexidade do processo maternagem do pr termo a partir do sujeito da a o as mulheres Concordando com Leininger o cuidado culturalmente adequado deve tornar se parte integral da decis o da enfermeira ao prestar o cuidado ao beb mulher e sua fam lia promovendo um tratamento adequado sua realidade e ajudando os a enfrentar as adversidades da prematuridade LEININGER e MCFARLAND 2002 p 68 Cap tulo 6 CONSIDERA ES FINAIS Este estudo permitiu a compreens o da experi ncia vivenciada da maternagem da mulher que teve filho pr termo hospitalizado na Unidade Neonatal A an lise de suas entrevistas mostrou que a maternagem um processo complexo que envolve fatores psicol gicos culturais e sociais Embora as entrevistas tenham partido de uma quest o norteadora que versava sobre a experi ncia como m e durante a hospitaliza o de seu filho pr termo as mulheres n o se restringiram ao vivido na Unidade Neonatal trouxeram tona assuntos que enriqueceram o estudo Com a ado o do m
195. gente quer saber realmente As enfermeiras tamb m s o timas e s o super bacanas super brincalhonas M nica A m dica da UTI que estava tratando dele tamb m ficou do meu lado e me explicou que visto a muito prematuro ele 155 estava timo e muito bem obrigada Assim eu fui acalmada E a doutora me deixou a par de que sempre que entrar voc toca voc mexe voc fala voc conversa porque a crian a tem que sentir E a hora que voc puder quando voc quiser voc vem pra UTI pra ficar perto dele Ent o desde o primeiro dia ela falou toca mexe D medo D medo porque parece que vai quebrar vai sair um peda o da crian a Mas ela me deixou muito tranquila essa doutora Juliana Quando ocorreu a indica o de uma interven o mais agressiva com o pr termo uma pediatra foi al m da comunica o e proporcionou holding para a m e conseguir superar mais uma etapa junto ao seu filho Como no relato de L cia que ao final deifica a m dica Quem mais me apoiou olha assim em muitos momentos em que precisei at de um abra o de uma palavra assim foi a doutora Ela foi al m de pediatra dedicada Eu achei que ela foi fundamental Quando ele teve previs o de alta de repente teve mais uma complica o Ele estava an mico e tinha que fazer uma transfus o de sangue Ali pra mim foi um desespero Por que at ent o pra mim quem precisava de transfus o de sangue estava beira da mor
196. gia na Universidade de Washington em Seattle Foi a primeira enfermeira com doutorado em Antropologia e durante esse processo educacional desenvolveu a Teoria do Cuidado Cultural Consequentemente criou uma nova disciplina a Enfermagem Transcultural que sucintamente a forma como a enfermeira interage com o conceito de cultura sendo baseada em Antropologia e Enfermagem e apoiada pela teoria pesquisa e pr tica LEININGER 2009 Ap s cinco d cadas de estudo e de pesquisa a Teoria de Cuidado Cultural Diversidade e Universalidade foi conferida como uma teoria principal relevante e dominante em enfermagem Foi tamb m usada por outras disciplinas relacionadas sa de para prover o cuidado transcultural a pessoas de diversas culturas Os fatores do cuidado culturalmente baseados foram sendo reconhecidos como influ ncias sobre as express es humanas relativas sa de doen a ao bem estar ou para enfrentar a morte e as defici ncias Leininger tem uma produ o intelectual prof cua da qual destaco os livros Nursing and Anthropology Two Worlds to Blend 1970 reeditado em 1994 Transcultural Nursing Concepts Theories and 41 Practice 1978 reeditado em 1994 Cultural Care Diversity and Universality A Worldwide Nursing Theory 1991 reeditado em 2006 No desenvolvimento da Enfermagem Transcultural Leininger Leininger e McFarland 2006 identificou tr s per odos hist ricos ou eras no desenvolvimento 1 Prime
197. guer A alegria maior foi sair de l Socorro O filho de Ana n o respondeu ao tratamento medicamentoso para Canal Arterial Patente PCA e foi submetido ligadura cir rgica com xito A m e viveu dias angustiantes Tinha dias logo quando ele foi operar que meu esposo falou que nunca pensou assim n o Mas eu pensava eu pensava acho que ele n o ia voltar pra casa Porque as coisas que ele passou quando eu o vi depois da opera o A eu achava que ele n o ia voltar n o Porque ele nasceu com infec o Nasceu com problema no cora o PCA corre o cir rgica A eu ficava pensando s vezes que ele n o ia superar que ele n o ia conseguir sair daquilo ali Ana A Unidade Neonatal pode ser vista como um lugar de esperan a mas diariamente h situa es de vida e de morte Ent o a UTIN tem o estigma de um lugar para morrer As mulheres convivem o medo de perder a crian a A morte representa o fim da possibilidade da maternagem A maioria das mulheres abordou o tema em seus relatos O mais dif cil foi o medo de perd la Eu n o sa a da daqui ficava em hor rio integral eu pedia pra ficar Eu s fui embora s vezes para pegar roupa e quando estava na UTI e n o podia ficar direto eu ia embora Mas o medo era de perd la O medo era esse de perder e de acontecer alguma coisa Ta s Porque a eu vi o que a gente querer uma pessoa que a gente acha que vai perder Eu acho q
198. hante na UI A E a AE DADO nie toda interna o Carina 17 UTI UI acompanhante na UI M nica 33 UTL UI acompanhou durante toda a interna o sat d0 ficou no AC acompanhou marido filho mais velho durante toda a interna o irm os Ta s 21 UTL UI durante o dia na UTI marido m e fam lia acompanhante na UI telefonava durante o dia na UTI Juliana 27 UTI UI canguru acompanhante na UI marido sogra sogro pais Ana Louise UTI UI canguru acompanhou durante toda a marido foi demitido por interna o faltar interna o Isabela 19 UTI UI acompanhou durante toda a interna o Denise 34 UTI UI acompanhou durante toda a interna o pom F filhas marido e m e Fl via 35 UTI UI visita na UI quando vivos Indira 29 UTI UI canguru a na UTI acompanhou marido m e tias Tipo de perman ncia materna na UN Q Maternagem ampliada Ang lica 35 0 1 L cia 35 Viviane 2 8 Maria 3 N Fonte Entrevista e prontu rio dos 23 filhos das mulheres depoentes do estudo 140 Nascer antecipadamente coloca o beb num mundo diferente e estranho daquele conhecido at ent o a UTIN que descrita por Baldini e Krebs 2000 p 242 como um local que oferece tecnologia avan ada para o cuidado de crian as criticamente doentes podendo causar grande impacto sobre as necessidades f sicas e psicol gicas dos pacientes de suas fam lias e da equi
199. hega em casa s o ber o s v o ber o l sem crian a Batia at uma tristeza n Ver as roupas As roupas eu n o podia vestir nela Desse tamanhinho Botava assim demonstra a palma da m o Dif cil chegar em casa sem crian a chegar em casa ver as coisas todas as roupinhas Socorro lr para casa sem o beb nos bra os e ter de explicar o que aconteceu com o beb era reviver a dor da separa o Voc chega em casa cad seu filho Que n o sei o qu N o ele t internado Por qu Porque ele prematuro entendeu Clara A impossibilidade da perman ncia materna poderia ser resolvida com alojamentos para as mulheres que j realidade em algumas institui es como por exemplo na Maternidade Municipal Leila Diniz no Rio de Janeiro como sugerido por Vit ria 165 Seria bom se tivesse como se fosse um alojamento mesmo para as m es diferente da m e que est com seu beb no tempo certo ali do lado Vit ria Para acompanhar sua filha hospitalizada por um longo per odo na UTIN Vit ria submeteu se a condi es desumanas de acomoda o lutou contra imposi es das rotinas hospitalares at encontrar profissionais que de fato a acolhessem Ela nasceu de 6 meses e passou por esse processo todo de interna o aqui Eu passei por v rios epis dios aqui Eu fiquei o tempo todo aqui nesse hospital com ela N o abri m o de sair a eu tive passei por problemas aqui administrativos m
200. ia ao parto e ao puerp rio O PHPN amplia as a es j adotadas na rea pelo Minist rio da Sa de como os investimentos nas redes estaduais de assist ncia gesta o de alto risco e o incremento do custeio de procedimentos espec ficos 31 O Minist rio da Sa de atrav s da Portaria n 693 de 5 7 2000 lan ou a Norma de Aten o Humanizada ao Rec m Nascido de Baixo Peso M todo Canguru que foi atualizada pela Portaria n 1 683 de 12 07 2007 BRASIL 2009 A vis o brasileira sobre o M todo Canguru na realidade uma mudan a do paradigma da aten o perinatal onde as quest es pertinentes aten o humanizada n o se dissociam mas se complementam com os avan os tecnol gicos cl ssicos A mudan a se caracteriza principalmente pelo cuidado neonatal embasado em quatro fundamentos b sicos acolhimento do beb e de sua fam lia respeito s singularidades promo o do contato pele a pele o mais cedo poss vel e envolvimento da m e nos cuidados com o beb Ent o os Programas Manuais e Portarias lan ados pelo Minist rio da Sa de nas ltimas duas d cadas trabalham com a vis o de um novo paradigma que o da aten o humanizada crian a a seus pais e fam lia respeitando os em suas caracter sticas e individualidades O conjunto de a es da proposta program tica para a rea perinatal est em plena conson ncia com os pressupostos do SUS Dentro dessa l gica dever se ia encontrar na ass
201. ida que solicitada e na observa o dos outros beb s com suas m es tenta fazer da unidade do seu filho um peda o do seu lar Traz len is cueiros sapatinhos bichinhos de pl stico que a enfermagem cuidadosamente envolve com filme Aprende a dar banho segurar a seringa para gavagem estimular suc o trocar fralda l e interpreta os valores do satur metro Sofre com o comportamento amb guo dos profissionais Por um lado a humaniza o o toque o aconchego o acolhimento a intera o m e beb o incentivo para que a m e cuide Por outro as normas r gidas de preven o de infec o hospitalar m nimo manuseio exig ncias e limita es com o cuidado posse da crian a pelos profissionais que valorizam a crian a e esquecem a m e Saudades de sua casa do marido dos filhos em casa Dividida entre acompanhar seu filho ou retornar para o seu lar Quando a mulher n o consegue permanecer seja por n o poder ou n o querer acaba rotulada pela equipe e pelas outras m es como m relapsa desnaturada Pois o discurso culturalmente aceito como natural o mito do amor materno incondicional Por v rias vezes presenciei a dificuldade dessas m es em permanecer no local tanto que elaborei um artigo de reflex o Maternagem e o atendimento crian a e sua m e Naquela reflex o te rica levantei uma s rie de perguntas que revelariam as condi es f sica emocional e social dessa mulhe
202. if cil porque tamb m muito tempo do outro j estava grande Ele ainda por ser muito pequeninho a foi um pouco dif cil assim Igual um dia que ela falou Hoje voc que vai dar banho A eu j fiquei um pouco nervosa Mas dar banho Como que eu vou fazer isso N o ela foi me explicar que era com algod o que n o podia botar na gua refere se ao banho do leito n o podia usar banheira Mas mesmo assim pra pegar Pra pegar no colo pra mim foi Apesar de que foi emocionante porque ele ficou muito tempo l dentro eu n o podia pegar A quando eu peguei tamb m a eu queria ficar sempre pegando risos Mas acho que foi um pouco de medo por ele ser muito pequenininho os problemas que ele tinha eu via a respira ozinha dele Era sempre forte ficava sempre preocupada Ana No in cio fiquei com medo de mexer mas peguei logo uma pr tica Tive logo vontade de come ar a cuidar dele fui logo cuidando dele me ensinaram eu comecei a observar e depois vieram me ensinar Voc n risos da entrevistada e pesquisadora nessa poca estava com alunos no campo Umas aluninhas l iam l e me ensinaram Eu cheguei ver o primeiro banhozinho de gato dele a depois eu j dava Yasmine Mas as enfermeiras daqui tamb m foram muito legais comigo voc tem que dar banho nela voc que vai cuidar dela em casa Mesmo na incubadora eu que passava algod ozinho nela Tinha uma senhora uma branquinh
203. ilo nunca ia acabar Vit ria Com o decorrer do tempo na Unidade Neonatal as mulheres perceberam que existem outras que est o vivenciando a mesma 191 situa o que essa realidade tamb m faz parte da vida de tantas outras fam lias Ent o a troca de experi ncias com outras m es de pr termo que vivenciaram situa es similares as ajudou a ter for a renovada para lidar com a situa o Aos poucos dialogando com esses pares s o levadas a uma melhor condi o de aceita o e supera o das frustra es tornando o dia a dia mais ameno GUIMAR ES e MONTICELLI 2007 p 630 Quando sai para a UI sempre se escutam aquelas m es chorando no corredor A s vezes a gente vai l d at uma for a n Chega outra que interna a crian a tamb m l fica triste A gente tamb m tem que passar a for a que a gente teve pra elas pra animar tamb m Tudo isso vai mexendo A gente chega vai encontrando uma m e com a outra faz aquela amizade entendeu A tudo que uma t passando a gente acaba passando junto com ela Mas gra as a Deus estamos firmes e fortes Socorro As mulheres formaram la os de amizade que continuaram e se estreitaram ap s a alta hospitalar Pois foi muito bem Eu gostei e fiz muitas amizades Eu me dava super bem com as meninas l A gente conversava bastante Foi bom porque ajudava o tempo passar a gente ficava distra do Mas foi muito bom eu fiz bastante amizade e
204. imaginei que ela fosse t o pequena Nunca imaginei que ela fosse t o pequenininha Porque ela nasceu com 33 cm e 870 gramas e ent o quando eu olhei aquele bebezinho t o com a cara miudinha magrinha a primeira coisa que passou na minha cabe a e por mais f que a gente tenha foi que a minha filha n o fosse resistir At ent o eu n o sabia o estado dela e se ela tinha algum problema ou n o Eu sa com as pernas bambas da UTI Indira Assim como Indira outras mulheres diante do beb real expressaram o medo de que o pr termo n o sobrevivesse durante a entrevista como por exemplo no relato de ngela a seguir 2 Meu Deus ela muito pequena S tinha cabe a a m ozinha era s aquele fiapinho os pezinhos as costelinhas A gente via a costelinha dela Eu disse meu Deus ser que se cria ngela 134 No relato de Fl via m e adotiva observa se tamb m o processo de idealiza o do beb pois ao ver o beb pela primeira vez tamb m se espantou e temeu que n o vingasse A primeira vez que eu vi eu fiquei meio com medo Eu falei Ah meu Deus ser que vai vingar n Muito miudinho Porque ele foi muito miudinho mesmo era 1 quilinho e pouco mesmo muito miudinho muito miudinho mesmo Fl via O pai ao entrar na UTIN pela primeira vez sente igual atordoamento diante do seu o beb real O pai quando viu pela primeira vez quando entrou na UTI foi um choque Juliana
205. inha que ter consci ncia e que com certeza na hora que ela pudesse me atender ela ia atender Indira Al m de cuidar do beb a equipe de enfermagem da Unidade Neonatal tamb m cuidou da mulher apoiou a e lhe proporcionou holding O pessoal daqui foi muito bom comigo os enfermeiros todo mundo me deu muito apoio Angela Eu tive muito apoio Olha aqui eu tive bastante apoio das enfermeiras das suas alunas acad micas de Enfermagem Yasmine Voc disse que as enfermeiras mandaram voc pra casa fale mais um pouco Ah eu obedeci porque eu n o aguentava mais Foi coisa psicologicamente foi coisa que me deu Fui ao m dico o m dico falou Voc t muito 162 estressada n o aguenta mais ficar o tempo todo a andando pra l e pra c Porque s vezes eu ia a p s vezes eu ia e carro porque eu tinha carro nessa poca Mas a eu tinha a preocupa o que mexe com o psicol gico da gente n Voc t l deita l a noite todinha numa cadeira daquela tem que levantar toda a hora Socorro Os achados da pesquisa v o ao encontro dos obtidos por Guimar es e Monticelli 2007 p 629 As autoras destacam que a enfermeira neonatal surge neste contexto como prefer ncia dos pais para exercer este papel sobressaindo se na fun o tutorial de acompanhamento continuado durante o tempo que durar a interna o Entendendo o cuidado como a ess ncia da enfermagem conforme postulado por Leininger 2
206. inho mas s de olhar eu vi que n o era ela E foi muito r pido quando eles me mostraram e retiraram no momento do nascimento que eu olhei e senti que n o era ela que n o era a minha filha A ele disse sim N o minha filha olha s n o n o Foi quando ele olhou para cima e tinha o nome da outra garota a ele gritou Enfermeira cad a minha filha que estava aqui A a enfermeira Que isso mo o n o pode gritar aqui n o est pensando o qu A ele disse Desculpa desculpa Eu quero saber onde est a minha filha Ela estava aqui e n o est mais N o ela foi transferida para a UI Em uma parte eu at gostei porque eu reconheci que n o era ela que estava ali n Maria Quando eu desci a minha m e ainda fez essa brincadeira comentou comigo v se voc acha o seu filho a Eu fui na incubadora certinha onde ele tava Falei Esse aqui meu filho Minha m e voc tem certeza Tenho E fui brincando A minha m e E se n o for Eu falei que eu sei que Mas voc nem viu Mas esse o meu filho E era o meu pequeno Beatriz Quatro entrevistadas M nica ngela Denise e Andr ia vivenciaram anteriormente o nascimento de filhos pr termo e ao repetir a experi ncia expressaram significados diferentes M nica nas duas gesta es sofreu com ecl mpsia e suas filhas nasceram prematuras Relatou com tristeza o momento em que foi conhecer sua seg
207. io social e familiar Ela ficou um m s e meio quase dois meses Mas l na UTI ela ficou um m s A foi para a UI Da UI ficou menos de um m s A foi liberada com um quilo e oitocentos O certo era dois quilos mas o m dico era legal e liberou com um quilo e oitocentos Ela j estava mamando direitinho estava ganhando peso legal mas o certo era dois quilos para sair Ta s Eu acho que no finalzinho eu achei que ela ia ter alta na 6 feira Ela j estava ganhando um peso bom Quando ela ganhasse 2 quilos ela j ia ter alta Ela come ou a engordar 5 gramas Eu acho que ela sentia a minha preocupa o e ela engordou s 5 gramas a semana inteira Eu fiquei nervosa Meu Deus do c u eu n o acredito que agora no finalzinho Ent o quando foi no fim de semana ela come ou a engordar e quando foi na 4 ela teve alta Ela engordou de 3 para 4 feira 60 gramas chegou aos dois quilos e teve alta Ent o foi assim tudo muito devagar Para mim foi uma eternidade Indira 190 Guimar es e Monticelli 2007 p 633 afirmam que a ansiedade e a vontade de que o beb fique bem e atinja o peso necess rio para a alta hospitalar esperada pelos pais desde o momento em que o filho nasce A alta condicionada ao peso foi um gerador de estresse materno Denise relatou a ang stia no momento em que as auxiliares de enfermagem vinham aferir o peso do beb Fiquei com ele internada 22 dias s pra pegar peso s mesm
208. ionalmente ansiosas e culpadas A autora 1995 p 14 ressalta que n o existe uma experi ncia nica da maternidade Na verdade a maternidade tem sua pr pria hist ria As mulheres v m com hist rias pessoais diversas e s o m es dentro de diferentes contextos sociais econ micos e tnicos Em nossa sociedade as mulheres n o apenas geram filhos elas tamb m assumem a responsabilidade inicial pelo cuidado da crian a dedicam mais tempo a filhos do que os homens e s o respons veis pelos primeiros la os emocionais com os beb s De acordo com Chodorow 1990 p 17 quando as m es biol gicas n o proporcionam os cuidados iniciais outras mulheres e n o homens assumem o seu lugar 19 A jornalista Forna 1999 p 11 analisa que o mito da maternidade o mito da M e Perfeita Ela deve ser completamente devotada n o s aos filhos mas a seu papel de m e Deve ser a m e que compreende os filhos que d amor total Deve ser capaz de enormes sacrif cios Deve ser f rtil e ter instinto maternal a n o ser que seja solteira e ou pobre e nesse caso ser aviltada precisamente por essas condi es De acordo com Colin et al 1993 p 201 as mulheres de baixa renda s o sens veis e d o import ncia aos bons costumes de vida e n o desconhecem os princ pios de uma vida sadia Por m as informa es relativas sa de que lhes chegam atrav s dos profissionais da sa de e da sociedade em geral atingem nas na forma
209. ior acolhimento s parturientes uma diminui o dos riscos potenciais existentes durante a viagem Apesar dos programas de referenciamento de gestantes de alto risco e humaniza o do pr natal e nascimento Menezes et al 2006 p 553 afirmam que se pode ainda observar um fluxo de gestantes das regi es mais perif ricas em dire o ao centro do munic pio onde existe maior concentra o de servi os Vivemos uma realidade em que os servi os t m sido oferecidos de modo parcial grande parte da popula o H um descompasso entre a avan ada pol tica p blica de aten o perinatal e a realidade brasileira dif cil admitir que em pleno s culo XXI ainda se possa ter uma aten o t o desqualificada sa de das mulheres no ciclo grav dico puerperal Diante dessa conjuntura macroestrutural n o se pode esquecer a mulher que vivencia a gesta o de alto risco e ou a prematuridade Deve ser levado em conta seu contexto emocional suas rea es ambival ncia culpa raiva e luto que podem se manifestar atrav s de sentimentos de exclus o ressentimento agressividade Quando o parto ocorre dentro de um tempo e em condi es fisiol gicas pode ser tomado como normal e n o deixar marcas ps quicas traum ticas no beb WINNICOTT 2000 O momento certo do nascimento no sentido psicol gico igual ao fisiol gico aos nove meses chegando hora de o beb abandonar o tero Do ponto de vista do rec m nascido a termo
210. ira Era 1955 a 1975 O Campo da Enfermagem Transcultural foi estabelecido para o avan o do conhecimento e pr ticas de enfermagem Leininger reorganizou os relacionamentos entre a enfermagem e a antropologia mas conservou o foco na enfermagem e nos benef cios de sua teoria Nos anos 1960 Leininger conceituou a enfermagem transcultural como uma rea formal de estudo e pr tica No in cio desta era foi imperioso o desenvolvimento do conhecimento da enfermagem transcultural com espec ficos conceitos princ pios e pr ticas potenciais Em 1975 atrav s da Teoria do Cuidado Cultural Diversidade e Universalidade e o uso do Modelo de Sunrise os fen menos do cuidado tornaram se de interesse geral para muitas enfermeiras nos Estados Unidos Canad e muitos outros lugares do mundo Em 1974 Leininger fundou a organiza o Transcultural Nursing Society 2 Segunda Era 1975 a 1983 Expans o do Programa e da Pesquisa em Enfermagem Transcultural Um crescente n mero de enfermeiras tornou se interessado na enfermagem transcultural em todo o mundo para melhor compreender as semelhan as culturais e as diferen as Leininger relatou que muitas enfermeiras que estavam trabalhando na Ar bia Saudita ndia frica e em outras partes do mundo tinham uma nova e futura perspectiva para enfermagem educa o e pr tica As enfermeiras canadenses e australianas tornaram se interessadas em enfermagem transcultural quando participaram de ofi
211. is e no momento em que s o faladas aos pais pode produzir efeitos importantes A autora afirma que o olhar da m e constituinte mas como olhar para esse beb se ele aponta o buraco narc sico em que essa mulher caiu Ou seja como essas mulheres v o conseguir maternar seus filhos se eles s o diferentes estranhos e feios at na fala de quem respons vel pelo cuidado Ser que nenhuma dessas profissionais p de perceber a viol ncia das palavras Que ao rotular publicamente os beb s ofendia suas m es e as afastavam ainda mais do beb real H de se ressaltar que na maioria dos relatos das mulheres foi predominante uma vis o positiva da equipe de sa de Houve atitudes isoladas anti ticas que n o refletem o conjunto dos profissionais da Unidade Neonatal A viol ncia das palavras uma forma de viol ncia institucional Diante disso urge p r em pr tica o processo de humaniza o dos servi os proposto pelo Minist rio da Sa de como o Programa de Humaniza o de Hospitais e o Programa de Humaniza o no Pr Natal e Nascimento PHPN lan ados em maio e junho de 2000 De acordo com Diniz 2005 a humaniza o um termo estrat gico menos acusat rio para dialogar com os profissionais de sa de sobre a viol ncia 137 institucional Para a autora a humaniza o aparece como a necess ria redefini o das rela es humanas na assist ncia como revis o do projeto de cuidado e mesmo da compre
212. ispon vel para acolher o conte do das necessidades e ang stias da crian a reconhecer as capacidades do seu filho servir como um modelo de identifica o favorecer a forma o no psiquismo da crian a de representa es valorizadas e admiradas e facilitar uma lenta e gradual dessimbiotiza o e assim abrir caminho para a entrada em cena de um pai respeitado e valorizado Para Costa e Katz 1992 a crian a necessita do pai para prosseguir em seu desenvolvimento emocional evitando o prolongamento excessivo da depend ncia materna e iniciando um processo de conhecimento acerca de um mundo diferente da m e O autor coloca as seguintes fun es no caso do pai proteger a m e durante a gesta o e amamenta o ajudar na separa o filho m e para n o permanecer na simbiose dar sentido da realidade permitir que a crian a perceba as diferen as entre as figuras parentais assim como facilitar a identifica o sexual definida Ainda salienta a import ncia de a crian a sentir o bom v nculo entre os pais pois a id ia dos pais unidos e ao mesmo tempo diferenciados indispens vel para que ela possa integrar os aspectos de sua bissexualidade inata e estabelecer sua identidade Para Chodorow 1990 p 53 proporcionar cuidados maternos n o apenas reproduzir uma s rie de comportamentos Trata se da participa o num relacionamento interpessoal difuso e afetivo n o somente do atendimento das necessidades fisiol gicas com
213. issionais como um problema pode se transformar numa oportunidade para que o servi o tamb m se beneficie Os profissionais possuem uma rejei o inicial que pode ser atribu da ao preconceito e medo de se sentirem amea ados e questionados sobre a conduta profissional No entanto Br ggemann Parpinelli e Osis 2005 p 1325 afirmam que ap s terem a experi ncia de prestar assist ncia com acompanhante presente passam a consider la positiva Por m a presen a do acompanhante mesmo que escolhido pela mulher por si s n o pode ser considerado como sin nimo de suporte Br ggemann Parpinelli e Osis 2005 p 1317 recomendam dar a ele 121 condi es e apoio para realizar essa atividade O suporte no trabalho de parto consiste na presen a de uma pessoa que oferece conselhos medidas de conforto f sico e emocional e outras formas de ajuda para a parturiente durante o trabalho de parto e parto Klaus e Kennel 1992 p 113 insistem que nenhuma mulher jamais deve passar pelo trabalho de parto ou dar luz sozinha sem uma companhia protetora Os autores destacam que apesar de ser uma caracter stica universal do nascimento de seres humanos at o s culo XX e apresentar resultados cl nicos positivos per odo de parto mais curto problemas perinatais diminu dos e intera o afetiva m e filho aumentada na primeira hora o acompanhante por n o se ajustar ao modelo m dico de atendimento pode ser visto como n
214. ist ncia materna e neonatal os pilares desse sistema regionaliza o hierarquiza o equidade garantia de acesso e integralidade A an lise de Gomes 2004 p 30 mostra por m que n o o quadro predominante no pa s e exp e a dist ncia entre as diretrizes e as normas program ticas governamentais e a realidade dos servi os p blicos de sa de Isso se deve falta de articula o ou mesmo separa o entre os formuladores das normas t cnicas programas de sa de coletiva e os respons veis pelo gerenciamento dos servi os de sa de nos quais as a es program ticas acontecem e vis o dicot mica e excludente entre a aten o b sica e a de maior complexidade Cap tulo 3 REFERENCIAL TE RICO Esta pesquisa utilizou o referencial de dois te ricos o psicanalista Donald Winnicott que estudou em profundidade a rela o m e filho e a enfermeira Madeleine Leininger que elaborou Teoria do Cuidado Cultural que s o apresentados a seguir A Teoria do Desenvolvimento de Winnicott Donald Woods Winnicott 1896 1971 ingl s pediatra e psicanalista Participou de momentos cr ticos da pol tica europ ia grande parte de suas observa es te ricas se deve ao trabalho com crian as separadas da fam lia durante a Il Guerra Mundial na Inglaterra Foi um observador de seu tempo com declara es sobre assuntos do cotidiano como os anticoncepcionais e o muro de Berlim Com vasta produ o i
215. ita o pedi trica O filho de Ana foi submetido corre o cir rgica do canal arterial patente Ap s a alta hospitalar foi indicada a realiza o de ecocardiograma quando foi constatada a remiss o do quadro A partir de ent o faz somente as consultas de rotina Depois eu s levei para fazer exames Ele j fez dois eco Todos os dois n o deram mais nada Quando ele foi pra casa ele tinha sopro ainda Mas a fez exame t tudo bem s as consultas de rotina Eu levo ao pediatra Ana O que foi observado na Hist ria de Vida das entrevistadas que muitas delas cadastram e acompanham os filhos em diferentes servi os com o objetivo de garantir a interven o precoce para que as crian as possam atingir o seu melhor desenvolvimento de acordo com suas possibilidades 213 Ele ta grande j mas dif cil Prematuro tem muitos problemas assim Que ele sempre deu probleminhas assim que eu trato dele aqui e como em outro hospital Fl via Lopes 1999 p 6 afirma que uma das queixas comuns dos pais de egressos de UTIN a peregrina o em consult rios de diferentes hospitais em busca de um atendimento capacitado para atender a seu filho Juliana e Socorro com melhor condi o financeira fizeram um conv nio m dico particular para os filhos mas continuam inseridas no NAIRR Assim que ele nasceu a gente fez plano de sa de para ele Juliana A minha rotina era muito de m dico de 2 a 6
216. izada de forma humanizada 120 e segura de acordo com os princ pios gerais e condi es estabelecidas na pr tica m dica todo rec m nascido tem direito assist ncia neonatal de forma humanizada e segura BRASIL 2002 p 6 H tamb m que se trabalhar o preconceito sobre a masculinidade frente aos benef cios da inser o dos homens no mundo dos cuidados Branco et al 2009 p 12 afirmam que durante o trabalho de parto o pai precisa ser acolhido pela equipe pois est vivendo um momento importante na sua hist ria de paternidade N o cabem mais argumentos 3I amp como o pai tem medo de assistir ao parto h sofrimento fetal pode nascer morto o familiar n o est preparado para isso a prioridade de atendimento a gestante e o feto o acompanhante vai desmaiar e n o temos roupa cir rgica para o acompanhante Esse acompanhante precisa ser visto como algu m que est vivenciando um momento especial logo tamb m precisa ser acolhido no contexto assistencial em que estiver inserido Para Br ggemann Parpinelli e Osis 2005 p 1325 isto produzir um sentimento de confian a e reconhecimento do seu papel que refletir positivamente no desenvolvimento de suas atividades de conforto f sico e emocional H a necessidade urgente de a equipe de sa de refletir e cumprir a Lei Federal n 11 108 2005 que assegura o direito da mulher em ter um acompanhante Considerado pela maioria dos prof
217. jetivos do esdi aus ea ga ad SS i 05 JUSTICA areia sap ld a ld Di O A 05 RElCVANCIA arena isns o rosa arauto SAD dr E nd 06 Cap tulo 2 REFER NCIAS CONCEITUAIS e CONTEXTUAIS A escolha do termo IalErnaBENh quais tea esta Aa Ts cai to ta 11 Entendendo o conceito de maternagem sssssssssssesessseesseesseresseressersseeesseesseeeseeee 14 A vis o antropol gica do nascimento rito de passagem sssessesesesseserrrseesseeee 22 As pol ticas p blicas na aten o ao rec m nascido ssesseessesesseesseesereeseresseeeseeee 26 Cap tulo 3 REFERENCIAL TE RICO A Teoria do Desenvolvimento de Winnicott rear 32 A Teoria do Cuidado Cultural de Leininger sosseseseseesesseessesesssresseesseeeesseesseeeseeee 39 Cap tulo 4 ABORDAGEM METODOL GICA O m todo Hist ri de Vida ai a ss E E EEEE A TE 47 O caminho metodol gico sc rar ada ee i E Sa aqi rtas 54 Cen rio do estado saia da cris a a DR a Ra 54 A toriza o da PESQUISA cia age tai L SA AE NO TS RAS A A da A RS RS 55 Coleta dos depommentos sisrcsieusrirssiisini in e Dao na 56 AS CCD OCHLES srerissorrieieitere teroes tis tesori ua EEE Ad Dee nn din 60 Amalise dos depoimentos editais a de Rs saida 66 Cap tulo 5 AN LISE DOS RELATOS DEVIDAS su en srs ps DO a e rs nrn Primeira Categoria OS ALICERCES DA MATERNAGEM DO DESEJO MATERNIDADE Os caminhos que levam chegada de um filho rr A experi ncia vivenciad
218. lara Um dia em que eu menos esperava eu estava em casa acabei de almo ar sentei no sof para ver televis o a eu espirrei a me virei para ele e falei estou parecendo um velho fazendo xixi na roupa A quando ele olhou eu estava lavada de sangue sabe ele disse calma voc n o t voc n o fez xixi n o n o querendo me assustar mas com uma cara de apavorado Vit ria Toda e qualquer gravidez traz em seu bojo a semente do sucesso e do fracasso conceitos esses definidos diferentemente nas diversas pocas e culturas portanto intr nseca a no o de risco pois mesmo numa gesta o que transcorre naturalmente podem ocorrer situa es imprevistas que comprometam a sa de materna ou fetal MARSON 2008 p 164 O parto que a express o da vida e que alberga consigo certo risco ao ser institucionalizado em nome da redu o da mortalidade infantil e da materna foi medicalizado baseado na premissa de que a medicina pode dominar e ou neutralizar seu risco TANAKA 1995 p 26 O Minist rio da Sa de no manual dirigido aos gestores do sistema de sa de ressalta a import ncia de que logo no in cio do pr natal e durante toda a gesta o deve se proceder a uma avalia o de risco das gestantes de modo a identific las no contexto amplo de suas vidas e mapear o risco a que est o expostas BRASIL 2001 p 5 De acordo com o Minist rio da Sa de BRASIL 2000 p 11 o grupo chamado de
219. leno s culo XXI uma Enfermagem burocrata preocupada somente com o quantitativo de atendimentos e procedimentos A sociedade brasileira precisa que a profiss o se dedique sua maior voca o o cuidado Como definiu Leininger o cuidado a ess ncia central e dominante distinta e unificante dos focos de enfermagem O cuidado refere se tanto a um fen meno abstrato e ou concreto S o experi ncias ou id ias assistenciais de apoio e capazes dirigidas a outros com necessidades evidentes ou antecipadas para melhorar uma condi o humana ou modo de vida LEININGER e MCFARLAND 2006 p 12 O que m es de pr termo buscam que o cuidado n o seja apenas realizado como obriga o e meramente t cnico mas que esteja aliado a um gesto de carinho uma voz suave e um toque seguro Al m das mulheres esperarem este tipo de comportamento do cuidador para com a crian a rec m nascida elas tamb m t m a expectativa que este cuidado se estenda a elas pr prias j que est o submetidas a tantas e inesperadas tens es GUIMAR ES e MONTICELLI 2007 p 629 O depoimento de Indira ilustra o sentimento de culpa por n o ser uma boa m e ao ter que deixar sua filha na UTIN e ir para casa ap s sua alta No dia em que eu recebi alta l em cima no andar a nica coisa que eu fiz fazer foi quando eu cheguei em casa a noite para dormir foi chorar Porque eu falei com a minha m e que eu deixei um peda o de mim l Eu
220. les t m a finalidade de situar os indiv duos que partilham de ansiedades comuns causadas pelo constante e simult neo sentimento de perda e ganho que os momentos de transi o imp em e de conduzi los aos conceitos morais ticos e est ticos que far o parte da nova fase de sua vida Morte e nascimento est o sempre interligados nessas cerim nias que possuem um papel fundamental na organiza o social e que revelam atrav s dos s mbolos que as comp em e da forma como estes s o agrupados e ordenados muito sobre a cultura da sociedade a que eles pertencem O conceito de ritos de passagem foi elaborado por Arnold van Gennep 1978 no in cio do s culo XX S o aqueles momentos relativos a mudan a e transi o de pessoas e grupos pessoais para novas etapas de vida e de status Um rito de passagem sempre se desenvolve em tr s etapas que s o universais Separa o das condi es sociais pr vias 23 Transi o um est gio liminar Incorpora o a uma nova condi o ou reagrega o antiga S o ritos de passagem aqueles ligados gesta o e ao nascimento os ritos de inicia o os ritos matrimoniais os funerais e v rios outros como os relativos mudan a de esta o de ano etc Melatti 2007 p 173 afirma que esse conceito abrange t o ampla variedade que dif cil encontrar algum rito que n o seja de passagem A respeito dos ind genas brasileiros Melatti 2007 p 174 destaca
221. lguma coisa Eu n o quero mais ter filho n o Eu n o quero mesmo Andr ia Por vezes a demora da confirma o da gravidez postergou o in cio do pr natal Como no caso de Nat lia que fez apenas duas consultas e Beatriz tr s atendimentos pr natais 87 A minha menstrua o n o estava vindo n o A eu fui naquele posto deu negativo E a eu fui e fiz o de sangue Eu paguei e fiz o de sangue A deu positivo e a eu comecei a fazer o pr natal Eu comecei a fazer com 3 meses Duas consultas ia fazer a terceira s que n o deu tempo Nat lia Descobri que eu tava gr vida j com quatro meses A comecei o meu pr natal tardio Beatriz A aceita o da gesta o pela mulher e pela fam lia se refletiu no cuidado com o seu pr prio corpo a ader ncia s consultas de pr natal e as orienta es dos profissionais O depoimento de Indira que fez seis consultas ilustra tamb m o apoio do marido Ent o toda a gravidez todo o pr natal ele marido ia comigo ele participava controlava a minha alimenta o ele ficava prestando aten o para ver se eu estava caminhando se estava fazendo isso sabe ele sempre foi muito presente Indira Nas consultas de pr natal Branco et al 2009 p 11 recomendam que se convide o pai a sentar e participar da conversa estimulando o a tirar suas d vidas Orientam tamb m a se convidar o pai diretamente ou atrav s da m e a participar de gr
222. m 24 corpo mental e o emocional infantis essa falta que faz com que novos ritos sejam criados ou com que antigos ritos sejam resgatados FAKIR MUSAFAR apud PIRES 2001 p 145 Para n s ocidentais a grande maioria dos ritos de passagem marcada n o fisicamente mas socialmente Diante disso Pires 2001 p 144 analisa que nossos momentos de transi o sejam eles temporais hier rquicos sociais ou familiares s o reverenciados atrav s de cerim nias na sua maioria festivas O indiv duo prepara seu corpo f sico para estas cerim nias quando muito atrav s do uso de uma indument ria roupas adornos penteado maquiagem diferenciada da usada quotidianamente Quando uma sociedade passa a n o valorizar seus rituais ela passa automaticamente n o s a banalizar os momentos de transi o vividos por seus integrantes e a ansiedade que estes causam como tamb m a perder o conhecimento sobre o simbolismo existente nessas cerim nias Essa banaliza o e essa perda abrem uma lacuna com maior ou menor intensidade na organiza o ps quica e social do indiv duo que v um momento t o importante ao inv s de ser reverenciado ser disperso no quotidiano PIRES 2001 p 143 Dois estudos que abordam especificamente os ritos de passagem no nascimento pela Enfermagem destacam se um brasileiro feito por Monticelli 1997 e outro brit nico realizado por Taylor 2008 Monticelli 1997 utilizando abordagem da Antropologia
223. m e imp e aleitamento imp e regras e Sei lidar com as pessoas Ap s a codifica o fiz uma nova leitura das entrevistas na ntegra comparando as com as unidades tem ticas identificando a possibilidade de descobrir novos temas e a forma de como realizar os agrupamentos das unidades tem ticas Ap s esse exerc cio cheguei a 8 AGRUPAMENTOS que s o chamados de RE CODIFICA O PRIMEIRO AGRUPAMENTO Desejo de ter um filho Como aprendi a cuidar de crian as e Desejo de ter um filho de engravidar X N o planejou a gravidez Nova gravidez ap s nascimento do filho pr termo Sempre gostei de crian a J sabia cuidar de crian a Procurei aprender antes Querer nova gesta o N o quero mais engravidar SEGUNDO AGRUPAMENTO Gesta o de risco Prematuridade inesperada e Cada gesta o singular e Gravidez de risco outros filhos prematuros gemelaridade incompatibilidade sangu nea drogas e prematuridade n o poder ter rela o sexual gestante internada e Prematuridade inesperada TERCEIRO AGRUPAMENTO Parto Por conta e risco peregrina o em maternidades Hospital aceitou conseguiu internar Parto normal Ces rea Acompanhante no parto 70 QUARTO AGRUPAMENTO Primeiro contato com o beb separa o m e do filho not cias Vi X n o vi o beb nascer Reconheci o meu filho na Unidade Neonatal M e separada do filho Pai viu primeiro ajuda a ver ajuda a pegar o beb Primeira vez que eu
224. m numeros ssimos voc bulos de introdu o muito recente como a udagem alunissagem defasagem alguns dos quais oriundos da linguagem coloquial CUNHA 1997 p 21 Cabe ressaltar que a tradu o para a l ngua portuguesa dos textos de Winnicott n o uma tarefa f cil conforme afirma Bogomeletz 2000 p 10 que conseguiu decifrar v rios sentidos obscuros do original gra as tradu o do texto para o franc s que fora acompanhado pessoalmente pelo autor Outeiral 2007 p 10 diz que o estilo de Winnicott extremamente pessoal e sofisticado e ao mesmo tempo simples e natura Ele n o traduziu alguns termos fundamentais da sua obra conservando os no ingl s original porque ao faz lo eles perderiam em ess ncia e conte do Ranha 2004 p 7 afirma que ao buscar refer ncias em um trabalho que utiliza o termo maternagem pode se supor que se trata de uma obra que aborde quest es relacionadas s psicoterapias winnicottianas e na rea materno infantil tendo em vista o importante referencial na psican lise dos conceitos do autor Winnicott n o conceitou maternagem por m este termo aparece com frequ ncia em sua obra estando impl cito seu entendimento para o leitor intuitivamente Por exemplo no livro Os beb s e suas m es Winnicott 2006 utiliza as express es maternagem insuficiente p 36 e maternagem suficientemente boa p 37 39 80 Winter 2004 p 37 afirma que o termo maternagem f
225. m momento de muita felicidade e comemora o Finalmente a mulher p de festejar com a fam lia a chegada do novo membro Os relatos de Ana Clara e Denise representam bem o sentimento das depoentes Mas lev lo pra casa foi um dos melhores dias da minha vida Muito tempo que n o acontecia uma coisa t o boa assim foi ver ele ir pra casa Ana A quando chega em casa uma curti o tipo assim parece que ele nasceu naquele dia Clara Quando ela finalmente deu alta fiquei muito feliz Estava saindo com meu filho daqui nos bra os Fui pra casa Denise Quando o beb vai para casa come a preencher o espa o planejado para ele A m e ao vesti lo com as roupinhas do enxoval mesmo que enormes para o seu corpo diminuto v um beb real vivo seu n o aquele da equipe de sa de s de fralda na incubadora Ta s 194 n o permitiu que sua m e levasse a neta O privil gio de carregar o trof u era seu n o podia partilhar com ningu m Ah era muito pequeninho mesmo e eu que queria carregar n o deixava ningu m carregar n o Minha m e que veio me buscar eu falei N o Carregue as bolsas que eu carrego ela Muito pequenininha as roupas de pag o dela n o davam A blusa era um vestido Enrolava naquele saco bem miudinho assim e ia Muito bom Ta s M nica quando recebeu da m dica a not cia da alta quis ir imediatamente para casa com a roupinha que tinha no hospital temendo que ho
226. m normas e rotinas fato este que contribui para que se tornasse passiva e deste modo impediram ou impossibilitaram a presen a de uma pessoa de seu conv vio social para apoi las Os procedimentos de interna o em maternidade acontecem como um verdadeiro rito de passagem Br ggemann Parpinelli e Osis 2005 p 1316 repleto de rotinas e normas de comportamento que s o ditadas pela institui o Na an lise de Tanaka 1995 a medicina criou na mulher uma nova necessidade de sa de por m a incorpora o do parto institucional n o foi acompanhada de uma pol tica de sa de que faciltasse a absor o dessa nova demanda nem diretrizes visando integra o regionaliza o e hierarquiza o dos servi os de sa de para fazer frente a este novo procedimento Iniciou se nas d cadas de 70 80 a peregrina o da gestante por uma assist ncia hospitalar ao parto Esse fen meno foi acentuado ap s a cria o do Sistema nico de Sa de SUS pela Constitui o de 1988 o que deveria propiciar o acesso universal ao parto hospitalar J no Brasil de acordo com os dados do DATASUS 2009 no ano de 2007 a taxa de ces reas correspondeu a 46 47 estando entre as mais elevadas do mundo Segundo a ANS 2009 em 2007 dentre os nascimentos ocorridos no setor de sa de suplementar cerca de 80 foram de parto ces reo e para o mesmo per odo o SUS registrou uma taxa de 30 de partos ces reos 112 Tanaka 1995 p 23 afi
227. m parte esse comportamento tem a ver com o estado de preocupa o materna prim ria Mesmo as mulheres com filhos a termo e saud veis fazem relatos semelhantes aos de Maria e Ta s Por m como ainda est o impregnadas das viv ncias na Unidade Neonatal isso fica muito mais evidente Fl via a m e adotiva destacou as orienta es recebidas no momento da alta acreditando que n o teria dificuldades pois j era m e de duas adolescentes No dia que ele saiu ela a enfermeira me explicou tudo direitinho o que que fazia com ele como que seria n Como ela falou que eu j tinha duas filhas n o era t o diferente Mas ela explicou tudinho e eu fui seguindo Fl via 198 Por m quando Fl via relatou o seu dia a dia ficou clara a dificuldade diante de um beb t o pequeno Ela teve de aprender uma nova forma de cuidar Agora cuidar dele foi assim mais ou menos Eu j tive foi depois que a minha filha j tinha assim minha mais nova tem 14 anos Foi uma experi ncia assim que eles falam tudo de novo Uma de 14 e ele chegou eu j tinha esquecido muita coisa Como ele era prematuro a aten o era redobrada tudo dobrado assim Mas eu consegui me virar bem em termos assim o cuidado Assim primeiro eu n o queria pegar era muito miudinho ficava naquele medo a minha filha ia comigo com ele no nibus pro m dico assim Muito miudinho muito miudinho quer dizer pegava ele com um bracinho s ent o
228. ma da hist ria falamos na forma da hist ria e trazemos significados as nossas vidas atrav s da hist ria Contar hist rias na sua forma mais comum de todos os dias contar uma narrativa por conta de um evento uma experi ncia ou outro qualquer acontecimento N s podemos falar desses acontecimentos porque n s sabemos o que aconteceu Isto o conhecimento b sico de um evento que permite e nos inspira a falar sobre ele O m todo Hist ria de Vida utiliza se das trajet rias pessoais no mbito das rela es humanas Busca conhecer as informa es contidas na vida pessoal de um ou de v rios informantes fornecendo uma riqueza de detalhes sobre o tema D se ao sujeito liberdade para dissertar livremente sobre uma experi ncia pessoal em rela o ao que est sendo indagado pelo entrevistador A Hist ria de Vida uma narrativa completa agrad vel de toda a experi ncia de vida como um todo focalizando os mais importantes aspectos Cada hist ria de vida conter uma vis o de mundo pessoal uma filosofia pessoal e sistema de valores pessoais Os narradores de est rias de vida oferecem significados altamente pessoais lembran as e interpreta es pr prias fazendo do contar a est ria de vida uma forma de arte ATKINSON 1998 p 27 49 Quanto ao significado do termo Hist ria de Vida a l ngua inglesa disp e de duas palavras para traduzir o voc bulo franc s historie que s o story e history
229. ma de entrar aqui de tanto tempo que eu fiquei aqui Isabela Como destacado pelo Minist rio da Sa de Brasil 2000 p 16 a gestante hospitalizada vive o conflito entre a depend ncia imposta e a perda de autonomia perda do controle sobre si e sobre a gravidez Considere se neste ambiente emocional o papel da equipe assistencial sob a tica da paciente a equipe inominada onipotente autorit ria distante fria mal numorada de falar dif cil e pouco comunicativa Por outro lado o m dico tamb m visto pela gr vida como super homem ou deidade capaz de salvar a vida dela e de seu filho BRASIL 2000 p 16 Mas tamb m importante a vis o que a equipe tem de si mesma pois os sentimentos e emo es s o intercambi veis com os da paciente O Minist rio da Sa de BRASIL 2000 p 16 pondera que a equipe trabalha entre dificuldades diagn sticas e terap uticas com cobran as 98 por parte da paciente da fam lia ou da institui o obrigando se muitas vezes pol tica de resultados Conta se ainda o estresse profissional podendo viver emo es tipo montanha russa Desta forma a equipe de sa de h que ter conhecimento e sensibilidade para identificar e entender o processo emocional que rodeia o acompanhamento da gesta o de alto risco Diante da indica o de interna o de uma gestante com possibilidade de um parto prematuro o ideal que na institui o haja leitos especializados par
230. magem recebida na Unidade Neonatal Os referenciais te ricos foram as Teorias do Desenvolvimento Emocional Primitivo de Donald Winnicott e do Cuidado Cultural de Madeleine Leininger O m todo foi a Hist ria de Vida As depoentes foram 23 mulheres que tiveram filho pr termo hospitalizado em unidade neonatal O cen rio do estudo foi o ambulat rio de follow up de um Hospital Maternidade do Munic pio do Rio de Janeiro A pergunta norteadora da entrevista foi Fale o que voc considera importante a respeito da sua vida que tenha rela o com a sua experi ncia como m e durante a hospitaliza o de seu filho pr termo na Unidade Neonatal O processo anal tico empregado foi a an lise tem tica Emergiram duas categorias 1 Os Alicerces da Maternagem do desejo maternidade 2 O Cuidado Materno ao Pr Termo da Unidade Neonatal ao Lar e a Exist ncia Humana A an lise revelou as diferentes motiva es que resultaram na vinda dos filhos e o desejo consciente ou n o pela maternidade Vinte e duas mulheres entrevistadas vivenciaram o parto prematuro uma adotou um beb Os depoimentos demonstraram que o cuidado profissional da enfermagem foi facilitador para o cuidado da m e para com o beb A enfermagem ajudou no primeiro contato m e filho seja no centro obst trico ou na unidade neonatal Apresentou esse pr termo e o ambiente da UTI m e e aos familiares ensinou uma nova forma de cuidar de um beb que nasceu prematuro p
231. meu mais velho era muito ruim mamou at 4 Era s peito peito peito Poxa muito ruim N o pegava mamadeira nem chupeta Esse aqui tamb m n o pega chupeta n o A outra j pegava mamadeira e chupeta P tem que ter muita paci ncia sil ncio Andr ia Houve relatos de sucesso em amamentar por um per odo prolongado Ana Louise amamentou at um ano e Cl udia por quase dois anos Eu amamentei at um ano A um ano ele largou o peito porque eu engravidei de novo Ele largou o peito sozinho 189 A depois disso ele nunca mais pegou peito A agora ele mama mamadeira Ana Louise Amamentar foi bom demais Amei demais N o teve jeito mamou at quase 2 anos Direto Acho que se eu n o tivesse tirado o peito ele mamaria at hoje Que ele fala Mam e deixa eu ver o seu peito T bom filho Ah muito bom Cl udia Estabilizado o quadro cl nico com o estabelecimento da respira o espont nea em ar ambiente uma nova etapa come a a preocupar as mulheres o ganho ponderal Porque na UI ele j foi se recuperando j foi tirando os aparelhos Depois j veio a fase de pegar peso n Cada passo n cada passo que ele avan ava pra mim foi uma experi ncia L cia De modo geral os beb s pr termo necessitar o permanecer no hospital at que adquiram 2 000 gramas estejam clinicamente est veis e sugando seio materno o que representa para as m es um afastamento do conv v
232. mo as pessoas deixam sua marca nas outras pessoas lugares e coisas com as quais tocaram durante o tempo em que percorreram o ciclo de acontecimentos que chamaram a sua vida e a vida dos outros DENZIN 1984 p 42 Uma Hist ria de Vida a ess ncia do que tenha acontecido a uma pessoa O que importante que a hist ria de vida seja contada na forma formato e estilo que seja mais confort vel para o narrador A est ria de vida sempre traz ordem e significado para a vida que est sendo contada tanto para o narrador como para o ouvinte Considerado como um modo de entender 50 melhor o passado e o presente e um modo de deixar legado pessoal para o futuro ATKINSON 1998 p 8 O uso do m todo como meio de pesquisa est em uma evolu o crescente Foi introduzido no meio acad mico em 1920 pela Escola de Chicago Chizzotti 1991 p 96 relata que a Hist ria de Vida que foi desenvolvida por Znaniescki na Pol nia foi preterida pelas t cnicas quantitativas e proscrita dos meios de pesquisa A partir dos anos 60 a hist ria de vida procura superar o subjetivismo e impressionista e formular o estatuto epistemol gico estabelecer as estrat gias de an lise do vivido e constituir se em m todo de coleta de dados do homem concreto No contexto da pesquisa tende a romper com a ideologia da biografia modelar de outras vidas para trabalhar os pessoais no contexto das rela es sociais A Hist ria de Vida pode ser utilizada
233. mpanho aqui tamb m Ele tem nutricionista l e venho aqui tamb m tudo acompanhadinho Como ter duas orienta es Geralmente eles falam a mesma coisa n o tem muita diferen a n o Praticamente a mesma coisa Eles sempre falam a mesma coisa Eles sempre falam que eu que sou ansiosa eu que tenho que me controlar mais Ele esta no tempinho dele eu que tenho que me controlar Yasmine A viv ncia de alimentar um beb com refluxo gastroesof gico foi relatada por seis mulheres Ana Louise Yasmine Indira Fl via Juliana e Socorro Foram descritos em detalhes as in meras regurgita es os 215 engasgos o posicionamento da crian a a dificuldade de ganho ponderal e o medo da broncoaspira o O beb de Fl via foi adotado por m sua alimenta o na Unidade Neonatal era administrada por copinho um procedimento incoerente pois sabidamente ele n o seria amamentado Por que ent o seguir o protocolo da Iniciativa Hospital Amigo da Crian a Por que privar um beb do conforto e prazer da suc o que come ou sua trajet ria de vida privado do afeto da m e biol gica Ele ficou internado por 64 dias recebeu alta sem aprender a sugar na mamadeira e foi a fam lia adotiva quem o ensinou com muita dificuldade por conta do padr o de suc o e da presen a do refluxo gastroesof gico Fl via relata sua viv ncia em aliment lo no in cio Engasgava muito Ficava muito nervosa porque ele era muito miu
234. mplo na UTI n o pode pegar o beb Depois comecei a procurar nas entrevistas se havia alguma fala que tamb m se aproximasse dessa Realizei portanto a CODIFICA O e assim emergiram 86 UNIDADES TEM TICAS UNIDADES TEM TICAS Desejo de ter um filho Desejo de engravidar N o planejou a gravidez Nova gravidez ap s nascimento do filho pr termo Sempre gostei de crian a J sabia cuidar de crian a Procurei aprender antes Cada gesta o singular Outros filhos prematuros Ser m e Outros filhos em casa Outros filhos criados pela av Gemelaridade Gravidez de risco N o poder ter rela o sexual Gestante internada Drogas e prematuridade Incompatibilidade sangu nea Prematuridade inesperada Querer nova gesta o N o quero mais engravidar Por conta e risco peregrina o em maternidades Hospital aceitou conseguiu internar Parto normal Ces rea Acompanhante no parto Vio beb nascer N o vi o beb nascer Reconheci o meu filho na Unidade Neonatal M e separada do filho Pai viu primeiro ajuda a ver ajuda a pegar o beb Primeira vez que eu vi o beb na Unidade Neonatal 68 Not cias do beb para a m e Lutar para ficar com o beb acompanhar integralmente Rotular os beb s Na UTI n o pode pegar Na UTI s pode ficar de dia Da UTI para a Ul Da UI para UTI o beb agravou Complica es Na Ul eu cuidava dele Na UI pode ficar dia e noite dormir com o beb Visitava o
235. mulheres entrevistadas que generosamente dividiram suas vidas comigo Ao Hospital Maternidade Carmela Dutra pelo apoio recebido durante o trabalho de campo Em especial agrade o enfermeira Lu za Bianca e s t cnicas de enfermagem Edi na e Sandra Escola de Enfermagem Alfredo P nto em especial ao Departamento de Enfermagem Materno Infantil Angela Angelina Cristiane Fernando Filomena Leila Selma e Thereza pela ajuda para que eu conseguisse cursar o Doutorado Escola de Enfermagem Anna Nery pela oportunidade de aprendizado Ao NUPESC pelas discuss es acaloradas e produt vas Ao grupo da Maternagem e ao grupo da Hist ria da V da pela cumplicidade Tornamo nos amigas doutorandas Adr ana e Grace mestre Ana Cl udia Aos colegas de turma Doutorado 2006 1 pela troca constante de conhecimentos e solidariedade Com a internet estaremos sempre conectados Beth Carmen Eliane Fredy Inez Juliana Le la Lel ta L ane L cia Mar na e Sandra Aos funcion rios da secretaria da p s gradua o e da b bl oteca pela presteza com que atenderam as minhas solicita es E a todos aqueles que de uma forma ou de outra deramme apoio incentivo aten o e amizade SUM RIO Cap tulo 1 INTRODU O Problematizando O estido ranno renis des seas Sra P ON RUE E a 01 Objeto do cstudi pla e do Ai A sedia 05 Quest es nongadoras uiaaacaasragaaral Sion apa idea SE aa pao ATL O CU n 05 Ob
236. n a com seis componentes necess rios para a manuten o da sa de higiene nutri o visita a m dicos ch s de ervas magias simpatias e espiritualidade A investigadora recomendou a integra o dos componentes identificados de sa de no ensino a fim de real ar a congru ncia entre o cuidado da enfermagem e a vis o de mundo dos moradores da favela Hoga Alc ntara e Lima 2001 empreenderam um estudo com 15 homens com idades de 21 a 64 anos que viviam em comunidades de baixa renda em S o Paulo O objetivo do estudo foi explorar o envolvimento dos homens em sa de reprodutiva Os achados foram a falta de educa o sexual consistente em casa com sua fam lia valores machistas influenciam na sua percep o e expectativas para com as mulheres e contracep o Os modos de cuidado cultural de Leininger foram usados para explicar as a es de cuidado de enfermagem significativas culturalmente Oliveira e Hoga 2005 realizaram uma pesquisa com o objetivo de descrever o processo de procura e submiss o contracep o cir rgica por mulheres de uma comunidade de baixa renda na cidade de S o Paulo As tr s categorias culturais descritas foram a as dificuldades encontradas pelas mulheres com os m todos contraceptivos n o cir rgicos b os obst culos e barreira para obter a contracep o 44 cir rgica por mulheres de baixa renda e c cren as e valores sobre as mulheres que submeteram se laqueadura tub ria O tem
237. n o podia ir junto com a gente ent o fomos eu e ela sempre sozinhas at hoje para todos os cantos eu e ela Eu sozinha em casa Ta s 202 Andr ia se ressente de ser sozinha para criar seus tr s filhos Sua m e tem problemas mentais e n o p de lhe orientar Queixa se da sua sogra pois ela ajuda mas n o compartilhou a responsabilidade pelo cuidado dos netos Quando eu tive a minha filha eu queria que algu m falasse Oh bota uma fralda assim bota uma roupa assim Mas n o tive m e pra me orientar em nada Eu sozinha pra tudo Que nem o outro de 5 anos tamb m Foi eu sozinha pra tudo Esse aqui tamb m a av at ajuda um pouco mas sou eu sozinha pra tudo porque quando a crian a chora voc me d A sou eu quem tem que descobrir se t com dor de ouvido com dor em algum lugar Porque m e m e n sil ncio E muita responsabilidade Mas o que eu posso fazer pra eles eu fa o Do meu jeito mas eu fa o O pai tamb m Viver n o mole n o sil ncio Andr ia Ao analisar a Hist ria de Vida de Andr ia vemos que ela e o marido foram usu rios de drogas Essa av pode n o ter assumido um papel mais presente na cria o dos netos intencionalmente para que seu filho e a nora pudessem amadurecer e atrav s da responsabilidade com o cuidado de seus pr prios filhos conseguissem motiva o para cuidar de si pr prios e ficassem limpos abst mios de lcool e drogas Isso porque ela
238. n o sei se estou sendo uma boa m e deixando a minha filha l e vir embora para casa A minha m e tentava me consolar 168 me confortar Ela falava que tem que ter f tinha que deixar ela mesmo tinha que deixar ela l ela vai sair Ela n o esta l porque voc quer que ela fique l ela est l porque ela precisa ficar l ela est sendo bem cuidada Indira Neste momento considera se relevante que o papel da av ao lidar com Indira de modo a n o aumentar a ansiedade nem reafirmar o sentimento de culpa pela condi o da neta Ent o Indira festejou cada progresso da filha a transfer ncia para a Ul quando pode acompanh la integralmente e posteriormente para a unidade canguru Ent o quando ela foi para a UI e eu pude ficar com ela aquilo para mim foi uma maravilha principalmente quando ela passou para o canguru e eu tive total contato com ela Indira M nica e Ang lica tamb m relataram com muita felicidade a promo o do beb a transfer ncia para UI Como ainda estavam no Alojamento Conjunto se transferiram com os beb s A vim fui conhecendo fui ficando com ela Eu descia do Alojamento Conjunto toda hora vinha e ficava A minha maior felicidade foi quando a pediatra falou assim M e hoje ela vai ser encaminhada para a UI voc j pode ficar com ela l A me deram alta e eu fiquei com ela o tempo todo na UI M nica Quando ele foi pra outra
239. na 17 anos n o planejaram a gravidez N o planejei engravidar Foi assim um erro mas um erro que eu amo Eu tava com o pai dele h pouco tempo A gente se envolveu sem camisinha a veio Beatriz 17 anos 81 Bom eu n o esperava ser m e agora agora agora Mas para mim est bom ser m e agora e bom porque o meu filho j cresce junto comigo risos Eu n o queria engravidar n o n o queria agora n o Agora agora n o Mas j que veio est bom Nat lia 16 anos Diante da constata o da gravidez e o desejo de lev la adiante as adolescentes tiveram que arrumar sua vida pessoal todas passaram a viver maritalmente com o pai do beb N o n o foi uma gravidez planejada E eu n o tinha planos de morar com meu marido essas coisas Carina 17 anos Neste sentido a aceita o da gravidez pela fam lia principalmente da figura materna foi uma preocupa o constante das entrevistadas em busca de suporte emocional e financeiro Minha m e sempre me deu apoio Desde quando soube que eu tava gr vida sempre esteve do meu lado O pai dele tamb m A nica pessoa que foi contra foi o meu pai que me sugeriu um aborto Mas eu nem liguei pro que ele falou Beatriz 17 anos Mas a minha m e ajuda Tipo assim Antes ela disse que eu n o deveria ter engravidado agora porque eu era muito nova A depois ela me deu o maior apoio Ela vinha comigo no pr natal ela que foi fazer exame comigo
240. ndi o humana ou modo de vida LEININGER e MCFARLAND 2006 p 12 H muito que evoluir para cumprir o Programa de Humaniza o do Parto e Nascimento PHPN que se fundamenta nos preceitos de que a humaniza o da assist ncia obst trica e neonatal condi o primeira para o adequado do parto e do puerp rio A humaniza o compreende pelo menos dois aspectos fundamentais BRASIL 2002 p 5 1 A convic o que dever das unidades de sa de receber com dignidade a mulher e seus familiares e o rec m nascido Isto requer atitude tica e solid ria por parte dos profissionais de sa de e a organiza o da institui o de modo a criar um ambiente acolhedor e a instituir rotinas hospitalares que rompam o tradicional isolamento imposto a mulher 2 A ado o de medidas e procedimentos sabidamente ben ficos para o acompanhamento do parto e do nascimento evitando pr ticas intervencionistas desnecess rias que embora tradicionalmente realizadas n o beneficiam a mulher nem o rec m nascido e que com frequ ncia acarretam maiores riscos para ambos O PHPN est estruturado nos seguintes princ pios toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gesta o parto e puerp rio toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso maternidade em que ser atendida no momento do parto toda gestante tem direito assist ncia ao parto e ao puerp rio e que esta seja real
241. ndo a resposta e ela saiu Por m o marido de Maria insistiu com outra funcion ria da Enfermagem enviou um recado esposa e teve xito Maria relatou seu al vio e conforto por ter certeza que ele a estava esperando Mas ele pediu para outra enfermeira falar para mim na hora do parto E chegou uma enfermeira l e falou assim olha o seu marido est l fora e falou que te ama e est te esperando Quer dizer aquilo me deu um al vio porque eu vi que n o estava sozinha Eu estava me sentindo s Mas quando ela falou que ele estava ali perto Poxa Maria A an lise da diferen a de atitude entre as duas profissionais da enfermagem frente solicita o deste marido que pede informa es sobre a esposa uma ignora seu pedido por m a outra al m de atend lo consegue confortar Maria nos leva a uma reflex o sobre o que cuidado Ao dar o recado do esposo parturiente olha o seu marido est l 119 fora e falou que te ama e est te esperando foi um ato simples mas demonstrou respeito aquela fam lia O cuidado mais do que fazer ou realizar tarefas de a o f sica O cuidado tem significados culturais e simb licos tais como prote o respeito e presen a O cuidado refere se tanto a um fen meno abstrato e ou concreto Leininger definiu cuidado como experi ncias ou id ias assistenciais de apoio e capazes dirigidas a outros com necessidades evidentes ou antecipadas para melhorar uma co
242. nha situa o j estava em desespero a crian a j perdendo assim a cor entrei no hospital igual a uma desesperada A chegando l eles logo atenderam O m dico tentando de tudo Ele teve duas paradas card acas reanimaram Mas ele ficou todo intubado Primeiro ele ficou todo intubado durante 9 dias Depois que tiraram aquele tubo dele viram que ele estava conseguindo respirar por ele mesmo a tiraram da UTI passaram pra UI A ele j ficou l mais 2 dias Depois deram alta Denise A viv ncia de familiares com um prematuro no domic lio revela de acordo com Morais et al 2009 p 29 que n o s o cuidar do corpo fr gil e indefeso preocupa a fam lia mas o medo de a crian a adoecer ou ter complica es graves 219 Os problemas respirat rios referidos foram as pneumonias de repeti o por Ana e Socorro e as crises de bronquite por Juliana e Carina Depois que ela teve algumas pneumonias Acho que umas 3 pneumonias com 4 meses com 8 A ltima agora foi com talvez 1 ano e 4 meses por a De l pra c quando ela inteirou 2 anos tudo mudou tudo mais f cil Socorro Vai muito a m dico assim da parte respirat ria Desde fevereiro uma bronquite eterna que nunca tem fim Sexta feira passada foi ao tratamento com alergista devido a um resfriado com alguma virose A imunidade dele mais baixa do que do outro que n o me deu tanto problema Juliana Beatriz e Cl
243. niciais de cuidados recebidos quando os pais eram crian as pequenas somadas quelas oriundas do processo de seu desenvolvimento respons vel pela representa o desse novo beb projetos e desejos relacionados a ele sem que os pais se deem conta desse fen meno Imagin rio beb que criado imaginado em sonhos partilhado e representado internamente no mundo ps quico dos pais j pr ximo gesta o ou durante a mesma Tamb m este beb permanece apenas na vida interna dos pais sem tornar se consciente Imaginado beb criado pelos pais durante a gesta o a partir de experi ncias peculiares do beb intra tero da imagem do ultra som e das caracter sticas do comportamento do beb ainda no ventre materno Mais presente no cotidiano dos pais a partir do final do quarto m s gestacional at cerca do s timo m s colorido pelas melhores fantasias parentais sobre o beb que desejam e que acreditam v nascer Real o beb que nasce e que dever receber todo o investimento materno paterno e familiar para o seu cuidado e desenvolvimento Em geral muito diferente do beb fantasm tico do imagin rio e do imaginado Come a a surgir no pensamento materno e paterno no final da gesta o facilitando a aproxima o que ocorrer quando de seu nascimento Quando o beb pr termo este fen meno pode n o ocorrer resultando em uma grande dist ncia entre o rec m nascido desejado e o que acaba de nascer
244. niversidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado 2003 96p OLIVEIRA E A A HOGA L A K The process of seeking and undergoing surgical contraception an ethnographic study in a Brazilian community Journal Transcultural Nursing v 16 n 1 p 5 14 2005 OUTEIRAL J O Pref cio edi o brasileira In WINNICOTT D W O ambiente e os processos de matura o estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional Porto Alegre Arimed 2007 p9 12 D W Winnicott o homem e a obra Viver Mente amp C rebro Cole o Mem ria da Psican lise n 5 Winnicott 2 ed S o Paulo Duetto Editorial 2009 p 6 15 OXFORD Oxford advanced learner s dictionary of current English 4 ed Great Britain Oxford University Press 1989 PARKER R A m e dividida a experi ncia da ambival ncia da maternidade Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1995 366p PEIRANO M G S Rituais ontem e hoje Cole o passo a passo n 24 Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008 PIRES Beatriz Ferreira Piercing implante escrifica o tatuagem o corpo como suporte da arte Disserta o Mestrado em Artes UNICAMP Instituto de Artes 2001 QUAYLE J Gestantes de alto risco a atua o do psic logo In ISMAEL S M C org A pr tica psicol gica e sua interface com as doen as S o Paulo Casa do Psic logo v 1 2005 280p RANNA W Pref cio In DUVIDOVICH E WINTER T R org Maternagem uma interven
245. ntelectual considera se que elaborou um novo paradigma psicanal tico a partir de Freud LOPARIC 2001 e 2006 Nascendo numa depend ncia absoluta pr via a qualquer rela o de fato o homem winnicottiano tem um estado inicial de solid o e sil ncio que se repete ao final de todo seu processo de matura o na morte Esse ponto de vista winnicottiano coloca o ser humano como uma criatura radicalmente diferente das outras da natureza Enquanto os pacientes de Freud sofrem de reminisc ncias do passado marcas de uma rela o triangular complexo de dipo os beb s winnicottianos podem adoecer pelos problemas ocorridos no seu processo de amadurecimento vivido na rela o m e beb LOPARIC 2006 4 O paradigma winnicottiano defendido por Zeljko Loparic 2001 e 2006 fil sofo e professor da UNICAMP a partir da epistemologia de Thomas Kuhn 33 Elaborou dentre outras a Teoria do Desenvolvimento Emocional Primitivo um estudo pormenorizado da rela o m e filho e das influ ncias da fam lia e do ambiente postulando a intera o de processos inatos de matura o com a presen a de um ambiente facilitador desde uma fase de depend ncia absoluta independ ncia humana OUTEIRAL 2009 p 12 A formula o da Teoria do Desenvolvimento Emocional foi central em seu trabalho te rico e cl nico utilizando a express o espinha dorsal Winnicott 2005c p 241 para expressar essa import ncia Dias 2003 p 1
246. o Elas quem As enfermeiras elas enrolaram em um len olzinho e botaram nos meus bra os A depois eu j comecei a pegar eu mesmo A primeira vez que eu peguei sozinha foi muito dif cil para mim Porque muito mole ainda mais mole de quando nasce de tempo mas a eu fui me adaptando banhava aprendi a banhar A enfermeira me ensinou a banhar me ensinou a dar comida no copinho ngela Na UTI eu ainda n o dava banho mas trocava fralda Eles me deixaram sempre eu sempre quis fazer Eu olhava fazendo e sempre pedia Elas quem As enfermeiras eu olhava elas fazerem e depois perguntava se eu podia fazer no outro dia no dia seguinte Elas do meu lado e eu fazendo elas deixavam e eu sempre quis Juliana Estas atividades facilitadoras apontam para o alcance de uma atitude de apar ncia simples como a de colocar o beb no colo de sua m e Neste momento a equipe pode exercer uma influ ncia altamente significativa para a comunica o entre m e e seu beb que em sua origem tem nos aspectos f sicos seus mais importantes representantes O banho do beb recebeu um destaque especial dentre todos os cuidados de higiene A enfermagem a princ pio fazia mas com a estabiliza o do quadro cl nico as mulheres eram estimuladas a realizarem o cuidado sob supervis o Primeiro o banho no leito ou como as m es referem banho de gato com algod o 159 Porque eu cuidar dele No come o foi muito d
247. o Comit de tica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sa de CEP SMS Ry constitu do nos Termos da Resolu o CNS n 196 96 e devidamente registrado na Comiss o Nacional de Etica em Pesquisa recebeu analisou e emitiu parecer sobre a documenta o referente ao Protocolo de Pesquisa conforme abaixo discriminado Coordenador RR PROTOCOLO DE PESQUISA N 12 08 Vices Coordenadores Sal sia Felipe de Oliveira Mari ngela Freitas Lavor z r T TULO A matemagem de mulheres com filho pr o PRE termo hospitalizado em unidade neonatal bases para arla Lopes Porto Brasi P O ag Carlos Alberto Maia assist ncia de enfermagem Carlos Alberto Pereira de Oliveira Jos M Salame PESQUISADOR RESPONS VEL In s Maria Jucema Fabr cio Vieira sms Guerra Bras Meneses dos Santos M rcia Const ncia P A Gomes Maria Alice Gunzburger UNIDADE ONDE SE REALIZAR A PESQUISA Milene Rangel da Costa A i Rafael o Ada Hospital Maternidade Rondineli Mendes da Silva E Sandra Regina Victor DATA DA APRECIA O 28 01 2008 S rgio Aquino Suzane Oliveira de Menezes PARECER APROVADO Secret ria Executiva Carla Costa Vianna Ressaltamos que o pesquisador respons vel por este Protocolo de Pesquisa dever apresentar a este Comit de tica um relat rio das atividades desenvolvidas no per odo de 12 meses a contar da data de sua aprova o item VII 13 d da Resolu o CNS MS N 196 96 Esclarecemos ainda c
248. o Contexto Enferm v 16 n 1 p 120 8 jan mar 2007 ASSAD L G Entre o sonho e a realidade de ser transplantado renal Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado em Enfermagem 1997 128p ATKINSON R The life story interview Thousand oaks Sage University Paper Series on qualitative Researchs methods v 44 1998 97p AZEVEDO K R ARRAIS A R O mito da m e exclusiva e seu impacto na depress o p s parto Psicol Reflex Crit v 19 n 2 p 269 76 2006 BADINTER E Um amor conquistado o mito do amor materno 7 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1985 370p BALDINI S M KREBS V L J Rea es Psicol gicas nos Pais de Rec m Nascidos Internados em Unidade de Terapia Intensiva Pediatria Moderna S o Paulo v 36 p 242 6 Edi o Especial jun 2000 BANDEIRA L OLIVEIRA E M Representa es de g nero e moralidade na pr tica profissional da enfermagem Rev bras enferm v 51 n 4 p 677 96 out dez 1998 BARDIN L An lise de conte do Lisboa Edi es 70 1997 229p BEKER E Os bastidores de uma hist ria a express o criativa de estagi rios na pr tica do psicodiagn stico interventivo S o Paulo Instituto de Psicologia Universidade de S o Paulo Tese de Doutorado 2002 284 p BERGAMASCHI S F F A viv ncia da pu rpera adolescente com o rec m nascido no domic lio S o Paulo Escola de Enfermagem da Univ
249. o e Sa de P blica Em 7 artigos cient ficos em peri dicos de Enfermagem encontrou se maternagem em trabalhos que tinham por objetivo analisar a participa o da fam lia na assist ncia ao prematuro em uma UTI neonatal de um hospital universit rio atrav s de observa o participante Ga va e Scochi 2005 compreender as viv ncias maternais na UTI de um hospital infantil no Cear na perspectiva de Martin Heidegger Moreno et al 2003 analisar as implica es da pesquisadora com a pesquisa na rea de defici ncia mental Santos 1997 discorrer sobre os fatores sociais econ micos e culturais que causaram mudan as na vida privada familiar e suas repercuss es para maternagem e a presen a da creche no contexto atual da fam lia Br tas e Silva 1998 analisar representa es de g nero e moralidade na pr tica profissional da enfermagem Bandeira e Oliveira 1998 analisar os significados atribu dos pela equipe de sa de da participa o das m es pais no cuidado ao filho prematuro em unidade neonatal Mart nez et al 2007 e descrever e discutir a viv ncia das mulheres ap s aborto espont neo utilizando o m todo Hist ria de Vida NERY et al 2006 Nos peri dicos da rea de Psicologia e de Psican lise foram listados 6 artigos que trataram sobre o perfil psicol gico da clientela adolescente gestante atendida em uma maternidade de Santa Catarina Melo 2001 reflex es acerca da depress o p s parto enfatiz
250. o higiene e alimenta o Caso os beb s n o recebam esse tipo de cuidado poder o tornar se deprimidos retardados psicoticamente incapazes de se 18 relacionar ap ticos ou at morrer Do ponto de vista da crian a a autora afirma que o que relevante a qualidade do cuidado e n o quem o d A capacidade de ser m e n o inata Nesta afirma o Roz 2005 p 20 refere se capacidade da mulher em exercer a fun o materna ou melhor dizendo a fun o simb lica da maternagem que vai possibilitar que os alicerces da vida ps quica da crian a sejam instalados a partir desse outro primordial na vida do beb a m e ou seu substituto que fundar se a subjetividade do beb portanto as bases de seu sentido de identidade Ser m e uma fun o simb lica ocupada pela mulher que n o se resume s rie de cuidados ligados sobreviv ncia do rec m nascido Essa mulher s poder exercer essa fun o a partir de sua pr pria subjetividade que envolve sua hist ria de rela o com sua m e suas viv ncias ed picas sua rela o com o homem e o estabelecimento de sua feminilidade De acordo com Roz 2005 p 21 a mulher assume posi es e escolhas frente maternidade a partir de certos valores e demandas advindos de seu contexto s cio cultural A psicanalista Parker 1995 p 13 afirma que as press es pessoais e culturais sob as quais as mulheres frequentemente exercem a maternidade tornam nas excepc
251. o lado vai ao encontro dos achados de Morais et al 2009 p 28 que dizem que o cuidar da crian a uma tarefa culturalmente delegada a mulher Principalmente quando se trata de uma crian a prematura que requer cuidados especiais Ressalta se que as av s e os pais ajudam a cuidadora por m no cuidado indireto com a es facilitadoras Para Braga e Morsch 2004 p 550 a maneira de interagir com o beb no ambiente intensivo tamb m consagra um modelo aten o que ele poder receber posteriormente junto fam lia uma vez que com a equipe profissional que a m e aprender as novas refer ncias do cuidado Foi o que ocorreu com ngela e Carina que repetiram a rotina hospitalar em casa Eu tinha muito medo de n o dar a alimenta o certa dela n Mas eu dava tudo direitinho eu me levantava de 3 3 horas Do mesmo jeito que eu dava no hospital eu dei na minha casa Quando eu voltei ela estava com mais de 2 quilos ngela 201 E assim quando pequenininho ele n o dava muito trabalho dormia bastante e foi direitinho Como eu te falei aqui eles falavam e davam o hor rio certo de eu dar mam Ent o eu tava acostumada j a acordar toda hora assim de 3 em 3 horas foi bem simples Carina Ana Louise n o conseguiu compartilhar a maternagem do filho com sua m e pois afinal foi ela quem aprendeu a cuidar de um beb prematuro durante a interna o a n o ser em momentos de extremos de adoecimento A
252. o m e canguru uma contribui o da enfermagem Texto Contexto Enferm v 16 n 4 p 626 35 out dez 2007 HELMAN C G Cultura sa de e doen a 5 ed Porto alegre Artmed 2009 432p HOCKENBERRY M J WILSON D e WINKELSTEIN M L Wong fundamentos de enfermagem pedi trica 72 ed Elsevier 2006 1344p HOGA L A K ALC NTARA A C LIMA V M L Adult male involvement in reproductive health na ethnographic study in a community of S o Paulo city Brazil Journal Transcultural Nursing v 12 n 2 p107 14 2001 JUNG M E G Maternidade e prematuridade um estudo sobre a rela o entre o desenvolvimento de prematuros e o desempenho da maternagem Porto Alegre Instituto de Psicologia Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul Disserta o de Mestrado em Psicologia 1985 KARINCH M HARTLEY G Voc para mim um livro aberto RJ Qualitymark 2008 KAKEHASHI T Y Editorial Acta Paul Enf S o Paulo v 9 n esp p 15 16 1996 KLAUS M H FANAROFF A A Alto risco em neonatologia 4 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1995 392p KLAUS M H e KENNEL J H Pais beb a forma o do apego Porto Alegre Artes M dicas 1992 360p KLUBER ROSS E Sobre a morte e o morrer o que os doentes terminais t m para ensinar aos m dicos enfermeiros religiosos e aos pr prios doentes Trad Paulo Menezes 9 ed S o Paulo Martins Fontes 2008 KNUPP V M A O MELO E C P
253. o nada A minha press o subiu foi a 19 A m nima eu n o lembro Eu n o lembro mais Ela me perguntou se eu estava sentindo alguma coisa a eu falei pra ela que n o Ela estranho voc n o estar sentindo nada olha como est a sua perna toda inchada o 94 p A quando o m dico me examinou falou que n o era pra ir pra casa mas ir direto pro hospital Denise Porque eu fiquei internada bem antes eu fiquei uma semana fiquei aqui porque a minha press o estava alta Estava sentindo j as contra es Ana Yasmine al m de hipertensa cr nica poca da gravidez tratava de um quadro depressivo Eu tive muito problema na gravidez Problema de press o alta Eu era hipertensa j n E eu estava com problema de depress o Devido ao meu filho morto estava fazendo tratamento Tive que parar o tratamento Ent o foi bem complicada a gravidez do K Yasmine J Fl via que adotou o beb era hipertensa e relatou n o poder mais engravidar pelo risco de morte Eu n o podia mais engravidar por causa da press o Fl via A evolu o durante a gesta o do quadro hipertensivo para ecl mpsia foi vivenciado por Viviane e M nica Porque a minha gravidez foi de alto risco me deu ecl mpsia Eu tive que tirar ele Por isso ele nasceu prematuro sil ncio Viviane Essa daqui foi complicada foi mais dif cil do que da outra Essa aqui foi complicad ssima porque a minha press o come ou a a
254. o pra pegar peso Ela dizia que ele ia passando tinha dia que ele perdia peso A eu chorava Eu queria ir embora Eu queria ir embora sair com meu filho nos bra os A a doutora vinha olhava N o m e ele perdeu peso Eu n o posso dar alta pra ele S posso dar alta pra ele depois que ele alcan ar 2 quilos A eu ficava naquela expectativa Todo dia quando vinha pesar vinha aquela enfermeira pra poder pesar aquela expectativa do meu filho Quando ele ganhava peso eu ficava alegre Quando ele perdia eu ficava triste porque eu queria ir embora Ao mesmo tempo queria ir embora mas n o queria deixar o meu filho aqui A foi at que chegou um belo dia e ele alcan ou 2 quilos Denise Vit ria conta que a enfermagem tamb m partilhava a apreens o pelo ganho ponderal de sua filha e juntas tentavam prever a alta as enfermeiras a gente ficava contando graminhas Ganhou quantos gramas A daqui a quantos dias ent o vai para casa e nada Ao mesmo tempo que ganhava da dois tr s dias perdia aquilo tudo de novo Vit ria O tempo de interna o vivenciado pela m e do prematuro como um tempo de exclus o de sua vida familiar e social MARSON 2008 p 166 As mulheres referiram que na Unidade Neonatal os dias s o longos e intermin veis Voc pensa que nunca ele vai sair dali pelo menos eu pensava assim Vai demorar muito Clara Ao mesmo tempo eu achava que era um pesadelo eu achava que aqu
255. o preventiva em sa de abordagem psicossom tica S o Paulo Casa do Psic logo 2004 p7 15 RIBEIRO M G Gestantes HIV positivo A hist ria de vida contribuindo para a assist ncia de enfermagem Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado em Enfermagem 2000 ROZ D P A import ncia do aleitamento materno para o rec m nascido e o desejo da mulher impasse na pediatria Correios da SBP Ano 11 n 1 p20 21 2005 RUBIO S A R Relato de m es de crian as com anomalia cong nita sobre a assist ncia recebida na gesta o Um estudo comparado no Rio de Janeiro Brasil e em Piura Peru Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado em Enfermagem 1999 S O BENTO P A S Rasgando o verbo a voz de mulheres submetidas episiotomia Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado em Enfermagem 2005 176p SANTOS M M O Olhar da M e sobre o Desenvolvimento de seu Filho no Contexto de sua Hist ria de Vida Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado em Enfermagem 1998 104p SANTOS M M Maternagem e atendimento crian a e sua m e Revista Enfermagem Atual Ano 4 n 19 p27 30 jan fev 2004 SANTOS M M e SANTOS R S A etapa de
256. ociedade Entrar no mundo da UTIN despeda ar seus sonhos cultivados desde a inf ncia e reiniciar outros sem tempo para elabor los adentrar em um mundo impregnado de tecnologia diferente do seu desejo do seu mundo privado do ninho cuidadosamente preparado por ela e sua fam lia o quarto o ber o o enxoval a escolha do nome Ao refletir sobre a situa o das mulheres que est o acompanhando seu filho pr termo internado na unidade neonatal percebo que elas vivenciam em uma situa o extremamente adversa para ambos a maternagem que corresponde aos cuidados que a m e ou sua substituta tem para criar o seu filho ou uma crian a esses cuidados s o condutas ou atitudes de intera o que mesmo quando t m um objetivo f sico n o deixam de provocar viv ncias na crian a as quais d o base para o seu desenvolvimento cognitivo e especialmente emocional ELYSEU JUNIOR 2000 p 14 1 Rec m nascido pr termo ou prematuro aquele que nasceu antes de completar a 37 semana de idade gestacional BRASIL 1994 p 38 No meu dia a dia percebo in meras barreiras a transpor para vivenciar a maternagem suficentemente boa A primeira a porta da UTIN uma barreira f sica real e tamb m psicol gica A mulher d passos pequenos um olhar atento e assustado para as incubadoras tentando reconhecer qual o seu filho Muitas vezes a mulher est vendo o beb pela primeira vez Devido necessidade de inter
257. oi utilizado por Winnicott em v rios livros e momentos de sua obra A autora psicanalista e diretora do Centro de Investiga o em Medicina e Psican lise CIMEP interpreta que 13 Para Winnicott maternagem a forma de uma m e cuidar de seu beb de maneira boa protetora S o os bons cuidados que incluem o amparo s necessidades fisiol gicas e todo investimento de desejo de amor de aconchego Na maternagem segundo Winnicott a m e passa ao seu beb os limites e a prote o dando possibilidades a ele de sobreviv ncia com o m nimo poss vel de desconforto frente ao ambiente fora do tero que pode ser muito hostil se se considerarem as agress es desconhecidas WINTER 2004 p 38 14 Entendendo o Conceito de Maternagem O manual t cnico do M todo Canguru do Minist rio da Sa de 2009 p 115 utiliza como conceito b sico de maternagem conjunto de cuidados dispensados especialmente pela m e ou seu substituto ao beb Segundo Soul 1987 p 163 maternagem o conjunto de processos psicoafetivos que se desenvolvem e se integram na mulher por ocasi o da maternidade As m es saud veis apresentam segundo Winnicott 2006 p 30 um estado psiqui trico especial chamado preocupa o materna prim ria Essa condi o desenvolve se gradualmente e se torna um estado de sensibilidade aumentada durante e especialmente ao fim da gravidez persistindo por v rias semanas ap s o nascim
258. oje Ta s O filho de Juliana n o conseguiu sugar na Unidade Neonatal apesar de todo o est mulo da m e e dos profissionais Como j tinha atingido condi es cl nicas adequadas e peso foi liberado Ele s n o teve peito Ele n o aceitou Ele saiu com quase 2 meses At a sa da dele eu fazia copinho eu tirava mesmo o leite ordenhava para ele e vinha um complemento O copinho ele n o aceitou ele s queria sonda tanto que quando eu fui para casa o m dico falou Eu vou te liberar Juliana Duas entrevistadas amamentaram o beb durante a entrevista Isabela relatou uma viv ncia positiva J Andr ia se mostrou muito cansada em conciliar amamenta o e os afazeres dom sticos sil ncio d o peito Voc poderia falar como foi amament lo Ah a primeira vez foi engra ado risos Eu n o sabia n segurar direito pegar Que doeu um pouco n doeu quando pega assim Mas agora eu j me acostumei a dar mam Isabela Amamenta o beb Ele ainda quer mamar Voc poderia falar sobre dar o peito Ah assim eu amamentei todos S para a de 6 que n o porque ela ficou tomando na sonda Depois passaram para o copinho A eu dei mamadeira n quando chegou em casa Esse aqui tamb m dou mamadeira mas peito tamb m Tem que ter muita paci ncia Porque crian a que mama no peito se voc t fazendo uma comida tem que parar pra dar peito Se t fazendo arroz tem que parar pra dar peito O
259. om rela o aos Protocolos que o CEP SMS dever ser informado de fatos relevantes que alterem o curso normal do estudo devendo o pesquisador apresentar justificativa caso o projeto venha a ser interrompido e ou os ci sejam publicados Aa lu E ma te r s l gia Fsfipe de Oliv i Vice Coordenadora Comit de Etica em Pesquisa Comit de tica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sa de Rua Afonso Cavalcanti 455 sala 701 Cidade Nova Rio de Janeiro CEP 20211 901
260. omem e mulher Filho tanto faz ser homem como mulher Agora ele diz verdade Ele leva ele n o tem vergonha se ela quer fazer xixi ele sabe a hora de trocar fralda ele sai com ela sozinho eu fico despreocupada D mingau ele faz mingau dela Ele faz tudo ngela O que se percebe que com o arranjo familiar nuclear ou seja quando a fam lia formada apenas pelo casal o pai a nica refer ncia emocional e social da mulher Como foi o caso de Cl udia ramos s eu e o meu marido ramos s n s dois que cuidamos dele A gente ficava s os tr s Ele vinha todo dia aqui L em casa a mesma coisa ele acordava de madrugada me ajudava Eu n o posso reclamar do pai dele 207 Nossa o pai nota 10 Porque ele cuida muito dele muito Cl udia Nestes casos fundamental o envolvimento do seu pai se poss vel desde a Unidade Neonatal para que ele tamb m seja empoderado e habilitado a compartilhar os cuidados com a fam lia Ana Louise relatou a sua viv ncia com o esposo E quando chegou em casa foi a mesma coisa dava banho levantava de madrugada pegava no ber o Me ajudou pra caramba Tudo o que as enfermeiras me ensinaram ele estava junto e aprendeu tamb m A elas ensinaram pra n s dois Ana Louise Yasmine morava com o esposo e os filhos Seu principal apoio no dia a dia em casa foi seu filho de 14 anos Em casa eu tive todo o apoio principalmente do meu filho que fez 14 anos
261. omo rea o por exemplo a uma experi ncia traum tica 3 O conceito de personaliza o que significa a integra o psique soma a constitui o de uma trama psicossom tica ou seja a psique habitando o soma Esse processo poss vel quando a m e exerce com o beb a preocupa o materna prim ria 4 Remete passagem do estado de pr ocupa o ao estado de preocupa o concern O est gio de preocupa o concern constitui se quando o beb passa a sentir se preocupado com a m e quando passa a relacionar se como uma pessoal total com uma m e total e passar a importar se com as consequ ncias de seus pr prios pensamentos e atos sobre ela WINNICOTT 2000 p 230 A palavra preocupa o concern empregada para expressar de modo positivo um fen meno que em seu aspecto negativo expresso pela palavra culpa O sentimento de culpa a ansiedade ligada ao conceito de ambival ncia Preocupa o implica maior integra o e crescimento e se relaciona de modo positivo com o senso de responsabilidade do indiv duo especialmente no que concerne aos relacionamentos em que entram os impulsos instintivos WINNICOTT 2007 p 70 Esses processos referidos se organizam medida que exista a preocupa o materna prim ria descrita como um estado psiqui trico em que Gradualmente esse estado passa a ser o de uma sensibilidade exacerbada durante e principalmente ao final da gravidez Sua dur
262. ont nua que s pode ser bem executada por uma pessoa sua m e Por m a maternagem pode ser exercida na falta da m e biol gica de acordo com Winnicott 2000 p 404 pela m e adotiva que seja capaz de ficar doente no sentido da preocupa o materna prim ria estando em condi es de adaptar se suficientemente bem medida de identificar se com o beb O objetivo dos cuidados maternos n o est limitado ao estabelecimento da sa de na crian a mas inclui o fomento de condi es para a experi ncia mais rica poss vel com resultados a longo prazo na profundidade e valor crescentes do car ter e personalidade do indiv duo WINNICOTT 2008a p 63 Winnicott 2008a p 99 tem uma frase impactante N o existe tal coisa chamada beb E a seguir explica significando com isso que se decidirmos descrever um beb encontrar nos emos descrevendo um beb e algu m Um beb n o pode existir sozinho sendo essencialmente parte de uma rela o Em outro texto novamente a nfase na rela o m e filho Winnicott 2007 p 40 explica que sempre que se encontra um lactente se encontra o cuidado materno e sem cuidado materno n o poderia haver um lactente A m e necess ria a Primeiro como pessoa viva O beb deve estar apto a sentir o calor de sua pele e alento a provar e ver Isso vitalmente importante Deve existir completo acesso ao corpo vivo da m e Sem a presen a viva da 38 m e
263. oral BRASIL 2009 A popula o neonatal constitui hoje um grupo estrat gico no que se refere diminui o da mortalidade infantil Em todo o mundo nascem anualmente 20 milh es de crian as prematuras e com baixo peso Destas um ter o morre antes de completar um ano de vida BRASIL 2009 Em certas regi es do Brasil a mortalidade neonatal respons vel por 50 ou mais das mortes ocorridas no primeiro ano de vida Para diminuir estes ndices relaciona se o desenvolvimento de recursos humanos com profissionais que assistam o rec m nascido e a sua fam lia Pois de acordo com Kakehashi 1996 o neonato longe de constituir uma crian a em miniatura um ser com peculiaridades inerentes transi o da vida intra uterina para a extra uterina tanto em termos biol gicos como s cio culturais ou seja a transforma o do ser natural em ser social quando lhe atribu do uma identidade e um espa o interacional Relev ncia A relev ncia deste estudo est na escassez de pesquisa sobre este tema Ap s levantamento bibliogr fico nas bases de dados utilizando como palavra de busca maternagem sem recorte temporal encontrei 51 refer ncias 23 na LILACS 8 na BDENF 4 na ADOLEC 4 na SciELO e 12 na BDTD Ap s a retirada dos estudos concomitantes obteve se o total de 33 O termo maternagem foi pontuado em 12 estudos de Mestrado e 3 de Doutorado nas seguintes reas do saber Enfermagem Psicologia Educa
264. ordados BRASIL 2000 p 48 Para facilitar o entendimento do leitor elaborou se o Quadro VII contendo as intercorr ncias presentes na gesta o o tipo de parto atual e idade gestacional 89 Quadro VII Intercorr ncias presentes na gesta o atual e tipo de parto atual Intercorr ncia gestacional Parto Atual G Idade i Entrevistada estaciona ex drogadicta artos prematuros anteriores Andr ia 33 8 gt P P normal trabalho de parto prematuro Nat lia 16 trabalho de parto prematuro Beatriz 17 sofrimento fetal hipertens o arterial descolamento prematuro de Ana 41 ces rea placenta Carina 17 amniorrex parto seco abortamento espont neo anterior trabalho de Cl udia 28 ces rea parto prematuro Isabela 19 trabalho de parto prematuro abortamento espont neo anterior trabalho de Denise normal parto prematuro Fl via Adotou o beb Hipertensa Indira hipertens o arterial Fonte Entrevista e prontu rio dos 23 filhos das mulheres depoentes do estudo 90 Com rela o ao per odo grav dico viu se que doze tiveram uma gravidez tranquila e a prematuridade foi um evento inesperado Como exemplo os depoimentos de Clara e Vit ria Ent o desde o in cio eu n o esperava ter um filho prematuro Eu esperava ter um filho de 40 semanas estabilizado para que ele pudesse vir Mas aconteceu um imprevisto eu comecei a passar mal no dia 28 minha bolsa estourou C
265. os profissionais valorizarem a paternidade encontram caminhos para fazer as mudan as necess rias para a inclus o dos pais O pai deixar de ser um mero espectador e se tornar atuante e parceiro no cuidado com a fam lia importante que o profissional realmente entenda e acredite que o pai parceiro e c mplice no cuidado com a fam lia e n o amea a para que se envolva com esta causa Sua atitude ao ser capaz de se aproximar do pai e mant lo envolvido com o cuidar de sua fam lia 146 servir como modelo inspirador para a sociedade valorizar a paternidade cuidadora Incluir os homens implica numa revis o de hist rias de vida valores saberes e pr ticas de profissionais e clientes BRANCO et a 2009 p 7 De acordo com Moreira Braga e Morsch 2008 p 83 os av s t m lugar privilegiado por possu rem liga es estreitas tanto com seus filhos quanto com seus netos Disp em da possibilidade oferecer um duplo suporte ao cuidarem de seus filhos tamb m est o cuidado de seus netos e ao cuidarem destes cuidam de seus pais As autoras op cit 2003 p 83 4 utilizam a express o maternagem ampliada praticada pelos av s para com seus filhos e netos nesses per odos Trata se de um cuidado semelhante ao oferecido pelos pais do beb s que configurado como um abra o maior envolvendo duas gera es Conhecendo tanto a hist ria do beb quanto a dos pais os av s podem identificar no rec m nascido gestos e
266. os abrigou quando fugiram dos traficantes da favela onde moravam cedeu um quarto e permitiu que come assem a construir uma casa em cima da sua Ent o neste caso quando a av n o cuidou dos netos estava cuidando da fam lia ao permitir que o casal de fato assumisse o papel de m e e pai A chegada de um beb no lar determina mudan as importantes nos diferentes membros da fam lia Surgem expectativas planos e projetos junto com novas exig ncias de tarefas e de fun es para cada uma dessas pessoas Ocorre uma reorganiza o desse grupo que possui os la os familiares como seu grande elo Essas novas tarefas apresentam especificidades a partir dos paradigmas de diferentes culturas mas possuem ra zes universais quanto forma o de padr es interativos entre o beb e seus cuidadores mais significativos pais 203 Todo beb necessita e busca j ao nascer o reconhecimento de seu lugar na fam lia As rotinas o tempo e o pr prio espa o f sico da fam lia devem ser redimensionados BRASIL 2009 p 26 H mudan as nos padr es de relacionamento dos diferentes personagens da fam lia Os novos pais al m de abandonarem sua condi o de filhos para assumirem seu papel de pais colocam seus pr prios pais no lugar de av s Esses novos arranjos surgidos pela procria o e pelo nascimento de uma crian a oferecem oportunidade para o crescimento individual e para o fortalecimento de todo o sistema familiar As intera es
267. osse Mas n o aqui pelo menos Eu gostei muito muito mesmo Indira O Minist rio da Sa de destaca que a equipe de sa de fundamental para facilitar que os pais possam ver tocar e cuidar do beb BRASIL 2009 p 45 Ou seja possibilitar o exerc cio da maternagem Vit ria fez um longo relato emocionado de agradecimento equipe multiprofissional que a apoiou na sua luta na recupera o da sua filha Apesar disso tudo de todo aquele baque voc estrutura a sua cabe a de como voc passar por essa situa o Uma voc longe de casa A voc pensa Poxa eu estou em um lugar estranho A gente ent o que muito de interior muito ligada s pessoas Aqui eu achei que ia encontrar as 154 pessoas muito frias Geralmente as pessoas de cidade grande n o s o de conversar muito e pelo contr rio Eu encontrei pessoas aqui dentro enfermeiras a psic loga sabe a doutora S que foi assim uma m ezona aqui dentro que conversava e tinha aquela coisa de ouvir a gente pra acompanhar dar dicas de como a gente lidar com aquilo com essa situa o E a enfermagem da Unidade Neonatal eu n o tenho nada do que reclamar Foi sempre sabe sempre eles preocupados sempre eles atenciosos sabe voc percebia a preocupa o Eles j me conheciam por nome sabe por passar aqui tanto tempo e eu a eles tamb m Eu j sabia quando era aquele plant o que tinham aquelas assim que eram mais atenciosas E quando eram
268. ossibilidade de resolu o Isso as faz cair em um estado de acomoda o e de aceita o de uma realidade que com o filho se torna mais dura A psicanalista francesa Serrurier 1993 p 33 afirma que na nossa poca inundada de palavras e textos sobre fam lia educa o crian a os pais se sentem pouco vontade em sua fun o de educadores Sua espontaneidade se esgota e por outro lado imitar seus pr prios pais j 21 n o lhes parece adequado Al m disso as novas normas e orienta es de educa o ou de cuidado que aparecem s o extremamente impositivas Assim a mulher que se afasta ainda que pouco dos fatos e gestos majorit rios tende a se sentir anormal Serrurier 1993 p 33 diz que a m e pronta a ouvir tudo que lhe aconselhado em revistas livros ou programas de televis o acredita que para o bem de seu filho tem de seguir de perto os crit rios da moda Segundo a autora acima referida essa sensibiliza o gera em algumas mulheres um sentimento de incapacidade para seguir as regras certas e consequentemente um grande sentimento de culpa Isso faz com que grande parte das m es se questione e duvide de sua capacidade de maternar normalmente em meio a uma certa confus o de id ias sem saber muito bem porque sofre e faz seu filho sofrer A vulgariza o da psican lise para Serrurier 1993 p 121 jogou sobre a figura materna toda a responsabilidade pelo bom desenvolvimento psico afetivo da cri
269. ou do beb impossibilita o contato precoce ent o a equipe de sa de deve ajudar as m es posteriormente ao nascimento com apoio e conforto a tomar consci ncia de que podem se tornar completamente vinculadas a seus beb s como se tivessem tido a 128 experi ncia normal de apego embora isto possa exigir mais tempo e esfor o O ser humano altamente adapt vel e existem muitos atalhos seguros para a forma o do apego KLAUS e KENNEL 1992 p 76 Fl via trilhou um desses atalhos para conseguir a forma o do apego com seu beb Ela o adotou ainda na Unidade Neonatal A m e biol gica n o quis se apegar ao filho nunca o pegou no colo Mas ao seu modo n o o abandou a pr pria sorte Ela escolheu Fl via levou a ao servi o social do hospital e comunicou o seu desejo de entreg lo para ado o A assistente social ent o providenciou para que o processo de ado o atendesse s exig ncias legais Fl via relatou a emo o de v lo pela primeira vez A enfermeira do setor a ajudou a pegar o beb no colo a estabelecer seu primeiro contato com o filho A primeira vez foi assim como eu estou te falando Fui tirar ele da incubadora a enfermeira deixou Ela a m e biol gica nunca tinha pego eu n o quero pegar A eu perguntei pra enfermeira se podia tirar ele ela falou que podia ela tirou um pouquinho pra eu segurar aquilo bem miudinho Foi uma coisa at assim emocionante n A vim de no
270. para poder dar tempo de ele poder ficar com ele e ele n o ficar sozinho Ele me ajudou bastante Ana Louise A terceira etapa do m todo canguru d continuidade assist ncia ao rec m nascido de baixo peso ap s a alta hospitalar Nesse per odo o beb estar em cuidados domiciliares A rede sociofamiliar de apoio que foi estabelecida enquanto a m e estava acompanhando o beb no hospital deve ser mantida A participa o do pai e de outros familiares deve ser estimulada e refor ada Brasil 2009 p 161 Yasmine descreveu a viv ncia do canguru como maravilhosa e relatou a terceira etapa do m todo com a participa o da fam lia canguru 181 Fui direto para o canguru e eu fiquei no canguru uma semana s Foi maravilhoso tamb m Cheguei em casa e fizemos bastante canguru com ele Toda a fam lia fazia canguru Eu a irm o irm o o pai todo mundo fazia o canguru risos Era a fam lia canguru Yasmine Ao se analisar a Hist ria de Vida das mulheres com filho pr termo um aspecto foi destacado exaustivamente por todas as depoentes a quest o da alimenta o do pr termo incluindo as modalidades de oferecimento do leite e o processo de amamenta o Isso aconteceu tanto pela evidente import ncia para o beb pois um seio bom de modo geral significa uma maternagem satisfat ria WINNICOTT 2006 p 21 Como o cen rio da pesquisa possui o t tulo de Hospital Amigo da Crian a os profissionais es
271. pe que ali trabalha Nesse local onde o barulho os alarmes e a luz dificultam a diferencia o entre dia e noite v rias pessoas trabalham 24 horas por dia Per odos de sobrecarga sensorial se alternam ou interatuam com monotonia perceptiva e priva o sensorial Al m disso muitos procedimentos altamente invasivos devem ser realizados A interna o em UTIN costuma provocar muito medo n o apenas pelo ambiente f sico desconhecido e gravidade dos casos mas tamb m porque a fam lia perde o contato com o filho que passa a pertencer a um corpo de m dicos e enfermeiras Os pais ao entrarem na UTIN pela primeira vez experimentam segundo Moreira Braga e Morsch 2003 p 51 um misto de sensa es dentre as quais perplexidade e medo frente a uma realidade t o distante daquela idealizada inicialmente para o beb Mesmo aqueles pais que foram previamente informados sobre a necessidade de interna o de seus filhos logo ap s o nascimento mesmo aqueles que tiveram a oportunidade de conhecer a UTIN antes experimentam um certo atordoamento dif cil de diminuir ainda nas primeiras visitas O pai em geral o primeiro a entrar na Unidade Neonatal a ter contato com o filho e a conversar com a equipe Ele quem ser o arauto das primeiras informa es para a sua mulher e o restante do grupo familiar Isso sem d vida o coloca num papel especial nesse momento MOREIRA BRAGA e MORSCH 2003 p 54 BRASIL 2009 p 116 Neste
272. pensar as inevit veis priva es por que ela respons vel 6 cuidar da m e como ela cuidou da crian a uma prefigura o da atitude de responsabilidade adulta O menino ao cantar para sua m e Como grande o meu amor por voc n o apenas repetiu uma m sica aprendida ele demonstrou o seu amor pela m e cuidou dela como foi cuidado mostrou desenvolvimento rumo independ ncia emocional porque sua m e desempenhou uma maternagem suficientemente boa Ent o o filho de Cl udia gra as sua devo o conseguiu crescer superar as 221 adversidades da prematuridade ir para a escola e se relacionar com outras pessoas fora do ambiente familiar Cabe a toda a equipe de sa de servir como facilitadora da maternagem na Unidade Neonatal para que todos os beb s que necessitem de hospitaliza o na fase de vida de maior vulnerabilidade do ser humano consigam atingir seu pleno desenvolvimento tanto f sico como emocional E para que todas as mulheres superem a ferida narc sica de ter um beb diferente do imaginado a tempo de exercer a maternagem suficientemente boa tanto para seu filho como para si pr prias No entanto facilitar a maternagem n o ensinar m e um procedimento t cnico que vise apenas a atender uma necessidade f sica do filho Um ponto de partida imprescind vel para que nossos atos tenham efic cia terap utica aprender a escutar o que as mulheres falam e como falam o que as faz so
273. por medica o intravenosa Hipoglicemia NPT 8 dias Antibioticoterapia bolsa rota 8 dias Transfus o concentrado de hem cias Viviane Prematuridade Icter cia Oxigenioterapia IMV Hood 7d Surfactante Sepsis Transfundido Viviane a Hiposp dia Prematuridade icter cia asfixia IMV 15 dias CPAP 07 dias hood 13 dias MH PNM Socorro DBP Transfus o 4X Infec o sepsis ampicilina gentamicina cefepime PCA duplo RGE ROP corrigida com laser 29 12 05 Prematuridade icter cia taquipn ia transit ria Infec o 10 dias de ampicilina e gentamicina Andr ia i EP USTF hemorragia subependim ria esquerda Prematuridade icter cia Membrana hialina pneumonia IMV 25d CPAP 14d cateter nasal at 55d Hiperplasia pulmonar leve moderada Duas doses de surfactante Nat lia Dopamina dobutamina Transfus o com concentrado de hem cias e plasma 11X NPT Ampicilina getamicina cefepime vancomicina USTF hemorragia subependim ria bilateral em resolu o 18 01 2008 ECO insufici ncia tric spide HAP leve moderada 25 11 2007 Beatriz Prematuridade IMV 3d CPAP 1d Hood 1d Duas doses de surfactante Sepse presumida ampicilina e gentamicina Prematuridade PCA pequeno a moderado com CIV Fechado PCA cirurgia 25 04 07 Ana Icter cia Uma dose de surfactante IMV Ed CPAP 4d Hood 1d NPT Antibioticoterapia 10 dias ampicilina e gentamicina HIV grau I bilateral na UI 15 01 02 Pr
274. procedimentos relativos assist ncia ao pr natal parto puerp rio e rec m nascido Tais a es visam a acompanhar os processos fisiol gicos prevenindo e atendendo intercorr ncias objetivando preservar a sa de da m e do beb BRASIL 1991 O Programa de Assist ncia Perinatal foi elaborado tamb m em 1991 pelo Minist rio da Sa de Em suas Bases Program ticas define a assist ncia sa de perinatal como Os cuidados oferecidos unidade m e feto nos per dos pr natal parto p s parto e ao rec m nascido para facilitar a sua adapta o ao meio ambiente e promover seu crescimento e desenvolvimento normais Engloba ainda os cuidados referentes ao per odo pr concepcional procurando assegurar a fecunda o em momento de homeostase BRASIL p 1991b Pela primeira vez no Brasil a perinatologia enquanto respons vel pelos cuidados com a unidade m e feto e com o rec m nascido foi definida como rea program tica de aten o sa de Entre seus objetivos e estrat gias estava a organiza o da assist ncia perinatal de forma hierarquizada e regionalizada com enfoque de risco A organiza o da assist ncia perinatal segundo o enfoque de risco implica Sistemas Regionais Integrados e Hierarquizados com todos os n veis de assist ncia tendo como meta uma vez identificado o risco que toda gestante e todo o rec m nascido sejam atendidos adequadamente no n vel que o caso requer BRASIL 1991b
275. quinho canguru para poder ter mais contato e ficar mais comigo Porque eu queria ajudar de alguma forma Ent o ela Vamos botar no canguru mesmo voc ainda n o podendo mas como voc fica direto com ela A me colocou sabe tudo assim para ajudar no desenvolvimento dela e gra as a Deus ela sempre respondia positivamente Vit ria Eu chegava l brincava com ela falava com ela E mesmo ela n o me enxergando porque colocam um neg cio nos olhos o meu cheiro o meu calor e aquela coisa para ela e ela foi Desde a UTI eu j fazia o canguru parcial Eu vinha e colocava ela dentro de mim e tirava Aquilo foi ajudando muito ela muito E ela foi ganhando peso muito r pido Indira Ap s a transfer ncia da UTI para a UI as mulheres podiam ficar mais tempo na posi o canguru com seus beb s Aguardavam ansiosas 179 tanto a indica o como uma vaga nos leitos canguru para a segunda etapa Nela a posi o canguru dever ser realizada pelo maior per odo que ambos considerarem seguro e agrad vel De acordo com o Minist rio da Sa de os crit rios de elegibilidade do beb incluem estabilidade cl nica peso m nimo de 1 2509 dieta enteral plena pode estar com sonda orog strica sonda nasog strica e medica es por via oral Para a m e desejo de participar do m todo canguru sa de f sica e mental BRASIL 2009 p 119 No m todo canguru a estabilidade para a segunda etapa significa aus ncia de inf
276. r rio A perman ncia materna permitida no per odo diurno J na Ul as m es podem acompanhar seus filhos integralmente se assim o desejarem ou houver possibilidade A visita paterna livre Est estabelecida a visita dos av s em dois dias da semana A libera o para entrada das av s ou outro familiar ocorre nos casos de m es adolescentes ou naquelas impossibilitadas de comparecer a Unidade Como foi o caso de Viviane que ficou internada na UTI de outro hospital e sua irm quem visitava o sobrinho A quando nasceu minha irm foi l e me falou quer era um menino Eu tava internada Eu nem sabia que eu tinha ganhado ele sil ncio A minha irm tava vindo falar dele pra mim Viviane A restri o de perman ncia materna na UTIN foi um tema recorrente nos relatos a dor deixar o beb sozinho Com 4 3 dias j me deram alta Eu fui pra casa mas eu chegava aqui s 8 horas e sa a s 9 horas da noite Enquanto ela tava na UTI era isso Socorro Nesse meio tempo que ele foi pra UTI eu tive alta Ent o quando eu tive alta e ele ficou na UTI eu ia pra casa chorava o tempo todo N o tava me acostumando em deixar ele l e ficar na minha casa Porque na UTI n o pode ficar com ele L tem um hor rio em que voc pode entrar l Ent o ele ficava l e eu ficava em casa uma experi ncia que meio chata porque incomoda muito deixar teu filho aqui e ir dormir em casa E ele nasceu n
277. r e que habitualmente n o s o feitas pelo profissional de sa de Ser que esta pu rpera no parto normal com episiorrafia ou parto ces reo com dor na incis o cir rgica tem condi o f sica de permanecer na unidade neonatal sentada em uma cadeira Ela tem outros filhos em casa A fam lia e o companheiro est o apoiando Tem dinheiro para locomover se Tem de aceitar e amar incondicionalmente um beb que em certas ocasi es foge aos padr es est ticos da sociedade ou apresenta m forma o SANTOS 2004 p 27 O fato que para essas mulheres a maternagem poss vel na Unidade Neonatal estranha ao que fora aprendido ao ser maternada e ao con viver com outras mulheres em seu meio social exercendo a maternagem 3 A garantia legal do acompanhante durante a interna o hospitalar veio com o Estatuto da Crian a e do Adolescente ECA Lei n 8 069 de 13 7 1990 Na Unidade Neonatal o acompanhante habitualmente a m e da crian a Em caso de impedimento materno grave como hospitaliza o da mulher ao extremo da morte materna outras figuras femininas assumem esse papel como av tia irm mais velha Os homens pai av tio s o aceitos como visitas do beb Diante dessa situa o problema surgiu o meu interesse em realizar uma pesquisa tendo como objeto de estudo a maternagem da mulher que teve filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal Para direcionamento da investiga o as seg
278. r que concebeu O depoimento de Clara uma adolescente estudante revelou a estranheza inicial com a gravidez n o planejada e aceita o com o decorrer do tempo Foi uma coisa meio assim num jeito n o foi planejada mas quando veio eu aceitei entendeu Eu num sei que l p Vou ter filho esquisito N o desculpa vou ter filho Legal E comecei a curtir esse momento Clara 15 anos A dire o do interesse da mulher gr vida se transfere do exterior para o interior Lenta mas seguramente acaba por acreditar que o centro do mundo est situado em seu pr prio corpo medida que vai ficando cada vez mais certa de que em breve se converter em m e principiar a aceitar o risco de preocupar se com um s objetivo o menino ou menina que vai nascer Esse pequeno ser humano ser seu 85 no mais profundo sentido poss vel e voc ser dele ou dela WINNICOTT 2008a p 20 No Brasil o acompanhamento por profissionais formalmente qualificados enfermeiros ou m dicos da mulher no ciclo grav dico puerperal e do seu rec m nascido est institucionalizado e sistematizado atrav s de programas pelo Minist rio da Sa de e aceito culturalmente Ent o ao se descobrir gr vida ao aceitar a gesta o ao preocupar se com o filho que est sendo gerado e com sua pr pria sa de a mulher procura assist ncia de sa de para realizar seu acompanhamento como pode ser observado no relato de M nica Quer dizer e
279. r se o problema era dele M nica ngela que tinha uma filha de um relacionamento anterior e desta forma sabidamente f rtil buscou engravidar para satisfazer o desejo de filho do marido de provar a fertilidade masculina Ele o marido j est com 48 anos e o primeiro filho dele Ave Maria ele achava que vou morrer e que n o ter nenhum herdeiro Ele queria um herdeiro porque eu passei quase um ano para engravidar dela Ele achava que o problema era nele a ele fez um exame o m dico falou 99 de chance que voc tem de ser pai A quando foi um dia quando a gente menos esperou eu estava gr vida Angela Os pais precisam das crian as para desenvolver seu relacionamento e os impulsos positivos assim gerados s o muito poderosos Winnicott 2005a p 64 sintetiza que ao considerar as dificuldades dos pais sempre bom lembrar que o casamento e a constitui o de uma fam lia nem sempre s o sinal de maturidade parental Cada membro da comunidade adulta est em processo de crescimento e permanecer assim ao longo de toda a sua vida Deve se ter sempre em mente que a fam lia composta de crian as individuais cujas diferen as n o s o apenas gen ticas mas tamb m bastante determinadas quanto ao desenvolvimento emocional 80 qual modo cada crian a se encaixa ou n o no contexto da fantasia dos pais a qual ela enriquece e elabora a rela o f sica dos dois WINNICOTT 2005a p 64
280. ra o pelas av s m es amigas e tias n o valessem O beb se revela desde o in cio da sua vida como uma crian a dos m dicos o que pode dificultar muito a intera o com seus pais O conhecimento do cuidado popular poder guiar de forma ben fica e significativa as decis es ou a es de enfermagem quais sejam Preserva o ou Manuten o do Cuidado Cultural Acomoda o ou Ajustamento do Cuidado Cultural e Reestrutura o do Cuidado Cultural LEININGER e MCFARLAND 2006 p 8 O cuidado do pr termo tem algumas peculiaridades que diferem do a termo um saber novo n o vivenciado pelas m es e que precisa ser debatido com a equipe para a partir da fazer se a reestrutura o do cuidado com a fam lia A Reestrutura o do Cuidado s o a es e decis es m tuas assistenciais de apoio facilitadoras ou de capacita o que ajudam as pessoas a reorganizar ou modificar seu modo de vida LEININGER e MCFARLAND 2006 p 8 A Hist ria de Vida das entrevistadas revelou que a equipe de enfermagem neonatal estimulou gradativamente as mulheres durante a interna o a assumir os cuidados de higiene alimenta o e conforto com o seu beb Por m como esse processo aconteceu no contexto hospitalar algumas incorporaram a rotina do setor ou seja n o ocorreu a Reestrutura o do Cuidado Cultural Todas as depoentes referiram cuidar do seu filho o que refor a o empoderamento durante a hospitaliza o Por outr
281. ra a necessidade imperiosa de um cuidado exclusivo do beb pr termo em casa Ent o todas tiveram de parar temporariamente ou em definitivo a sua trajet ria pessoal para devotar se ao beb As adolescentes pararam de estudar as adultas pararam de trabalhar as donas de casa alteraram toda a sua rotina Carina destacou a mudan a do seu estilo de vida Anteriormente curtia as baladas Ela por m encara a perda da liberdade de sair noite como amadurecimento pessoal A minha vida mudou Antes eu sa a bastante e agora eu n o saio Vivo em fun o dele Tudo noite de sono essas coisas assim O que mudou foi isso liberdade Assim eu cresci mais e agora eu estou mais madura por causa dele Carina Neste estudo todas as adolescentes Clara 15 anos Nat lia 16 anos Beatriz 17 anos e Carina 17 anos estavam estudando e pararam com o nascimento prematuro ou durante a gravidez devido ao risco de abortamento Clara Nath lia e Beatriz conseguiram retornar escola por contarem principalmente com o aux lio e incentivo de suas m es Como exemplificado no relato de Beatriz Minha vida parou totalmente para ele Eu parei de estudar T voltando voltei esse ano Agora t estudando estudo noite Minha m e o olha Minha m e quando ela n o pode o pai dele olha Eles revezam Beatriz A percep o de Beatriz de que sua vida parou deve se ao fato de que ela teve de mudar abruptamente o
282. rar 3 horas E a ele marido diz D um pouquinho de leite porque ela est com fome fome ela est chorando muito porque fome Voc tem certeza Bota s para voc ver Eu dou leite e ela p ra A ele diz N o falei Eu sei Indira J o filho de Yasmine com um ano de idade apresenta um grau m dio de refluxo N o consegue ganhar peso e m e relatou a estrat gia para adquirir o leite prescrito Ele estava com uma dificuldade muito grande de ganhar peso Ele n o ganha muito peso Muito pelo contr rio ele perde devido ao refluxo mas um refluxo m dio De conseguir leite porque ele tem tamb m um problema de refluxo conseguiu leite porque uma lata de leite 20 reais Eu consegui pela prefeitura de Itagua Yasmine Ana Louise m e de um menino de 3 anos e 11 meses contou que por conta do refluxo o filho adoecia muito por m ap s o completar um ano ele se curou do problema No come o deu muito trabalho sabe Ele tinha refluxo Ele vivia doentinho Mas depois que ele completou um ano ficou como se fosse outra crian a normal Ana Louise O refluxo gastroesof gico de acordo com Tamez e Silva 2006 p 183 causa na crian a al m do evidente desconforto principalmente na primeira hora ap s a alimenta o devido ao movimento retr grado do suco g strico para o es fago perda de peso crescimento lento como o filho de Yasmine e at pneumonia por aspira o
283. ras lia Minist rio da Sa de 1991a Programa de assist ncia sa de perinatal Bras lia Minist rio da Sa de 1991b Manual de assist ncia ao rec m nascido Bras lia Minist rio da Sa de 1994 Diretrizes e normas regulamentares de pesquisa envolvendo seres humanos Resolu o 196 96 do Conselho Nacional de Sa de Bras lia 2000 Gesta o de alto risco manual t cnico 3 ed Bras lia Minist rio da Sa de 2000 164p Programa de humaniza o do pr natal e nascimento Bras lia Minist rio da Sa de 2000 Gestante de alto risco sistemas estaduais de refer ncia hospitalar gestante de alto risco Bras lia Minist rio da Sa de 2001 32p Estatuto da crian a e do adolescente Lei n 8 069 de 13 de julho de 1990 Bras lia Secretaria de Estado dos direitos humanos Departamento da crian a e do adolescente Bras lia 2002 176p Programa humaniza o do parto humaniza o no pr natal e nascimento Bras lia Minist rio da Sa de 2002 28p Lei Federal n 11 108 2005 Acompanhamento do parto Bras lia 2005 Pr natal e puerp rio aten o qualificada e humanizada Bras lia Minist rio da Sa de 2005 158p Aten o humanizada ao rec m nascido de baixo peso m todo canguru manual do curso 2 ed Bras lia Minist rio da Sa de 2009 238p BR TAS J R S SILVA C V Mudan as na vida privada familiar repercuss es para maternagem
284. raticamente me intimava a entrevist la Pude perceber a necessidade que as pessoas t m de serem ouvidas de a sua experi ncia ser considerada importante por um profissional Tive duas situa es inesperadas em campo 1 Fiz a abordagem a uma mulher muito bem vestida bonita trazendo seu filho arrumado ainda amamentando Quando come ou a falar revelou seu passado como usu ria de drogas e com todas as consequ ncias disso nas gesta es anteriores Se percebeu meu espanto n o se incomodou e falou ininterruptamente Eu n o esperava por aquele relato t o duro N o parecia que era aquela linda mulher amamentando seu beb docemente tinha vivido tudo aquilo Fiquei impactada por dois dias at conseguir conversar com a minha orientadora e me acalmar 2 A entrevista ao acaso de uma m e adotiva N o havia registro deste fato nas folhas de identifica o da crian a vi que havia nascido prematuramente fiz a abordagem da m e que aceitou participar depois de come ada a grava o que ela falou sobre a ado o Prossegui a entrevista sem saber se ela poderia ser sujeito do estudo Posteriormente em comum acordo com a orientadora que tive a confirma o positiva Afinal ela era a m e Quando poss vel a enfermeira do setor destinava uma sala mais afastada da porta principal portanto mais silenciosa para que eu pudesse ter uma melhor qualidade da grava o Por m nem sempre as entrevistas aconteceram nas condi es i
285. ria e Maria relatam sua apreens o com a alta Mas ao mesmo tempo eu sa com o cora o apertado porque aqui qualquer coisa que acontecia estava todo mundo por perto Ent o eu sentia uma certa seguran a mesmo querendo ir para casa Eu j n o estava aguentando mais ficar aqui Ao mesmo tempo aquela inseguran a de que se acontecer alguma coisa A na minha cabe a aquilo sabe Eu sei que se criou uma sequela t o forte que at hoje eu ainda n o sei lidar direito com isso Sabe eu sinto que eu preciso at fazer um acompanhamento psicol gico Muita coisa bloqueou depois dessa experi ncia aqui Vai ajudar mas entendeu Vit ria Eu fiquei com medo de ir para casa Como que eu ia trat la cuidar dela sozinha com um beb com medo que ela desse alta Foi a que a diretora l em cima falou assim Minha filha voc n o quer ir para casa Sua filha vai ficar a e pode at pegar infec o ela j completou ela j est com 2 quilos ela j passou de 2 quilos Leva essa garota para casa Foi depois que ela falou comigo foi que 196 Seja o que Deus quiser Gra as a Deus ela est a Maria Para as mulheres entrevistadas se por um lado a volta para casa um momento de xtase por outro muito dif cil A partir da sa da do hospital a responsabilidade pela vida da crian a estava em suas m os No momento da alta ngela saiu com a consulta de retorno agendada e uma amea a
286. riza a maternagem da mulher que teve um filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal justifica se por permitir uma vis o reveladora e ntima da hist ria por tr s da hist ria Ou seja dar voz ao sujeito da a o e n o somente ao discurso oficial da douta ci ncia e das pol ticas p blicas A pesquisa desta forma poder contribuir para a constru o do conhecimento sobre a maternagem em unidade neonatal para a Enfermagem Neonatal em particular permitindo uma pr tica mais 10 reflexiva e abrangente para o ensino de Gradua o Lato e Stricto Sensu e para a produ o do conhecimento no N cleo de Pesquisa em Sa de da Crian a NUPESC da UFRJ e no N cleo de Pesquisa Experimenta o e Estudos em Enfermagem na rea da Mulher e da Crian a NUPEEMC da UNIRIO Cap tulo 2 REFER NCIAS CONCEITUAIS e CONTEXTUAIS A escolha do termo maternagem A palavra motherhood de origem inglesa um substantivo tem por significado state of being a mother OXFORD 1989 p 807 A origem da palavra data de 1375 1425 composta por mother mais o sufixo hood que denoting state condition character nature etc or a body of persons of a particular character or class formerly used in the formation of nouns childhood likelihood knighthood priesthood DICTIONARY COM 2007 Como n o h voc bulo equivalente em portugu s os tradutores criaram neologismos que ainda n o est o dicionarizados mas que s o
287. rma categoricamente que no Brasil a taxa de cesariana t o elevada que at chega a ser vergonhosa O ndice t o elevado que impossibilita an lise rigorosa das causas pelas quais as ces reas foram indicadas se a vida da gestante ou do feto estava em risco em todos os casos Para Illich apud Tanaka 1995 p 24 os atos m dicos levaram a essa nova fonte de doen a a iatrog nica Nesse sentido a opera o cesariana est muito mais ligada ao que este autor denomina de ind stria de cuidados m dicos do que a um real benef cio sa de da mulher e de seu filho e ou a melhoria da qualidade de vida Para a ANS 2009 fundamental questionar quais ser o as consequ ncias futuras deste n mero excessivo de cesarianas realizadas muitas vezes sem uma indica o m dica precisa e sem que as crian as tenham atingido seu completo potencial de desenvolvimento Entender a complexa realidade da atual situa o tamb m um passo importante para o enfrentamento deste problema de tamanha relev ncia para a sa de dos usu rios sejam eles do sistema p blico ou privado Faz se necess ria uma reflex o diante do postulado por Winnicott H um impacto na sa de mental tanto do indiv duo nascido de cesariana como das mulheres que deixam de viver o processo da parturi o Ent o uma viv ncia importante para o desenvolvimento ps quico da mulher e do beb est sendo perdida desnecessariamente quando o procedimento cir rgico acont
288. rmeiras agora est o aprendendo como usar as hist rias de vida em pesquisas e atrelar as pr ticas de enfermagem e de cuidado sa de O capacitador Hist ria de Vida de Cuidado Sa de foi designado para obter um registro completo e sistem tico dos informantes sobre seu cuidado saud vel ou menos saud vel modos de vida e como as cren as e pr ticas do cuidado influenciaram no seu bem estar Dados ricos e detalhados t m sido obtidos com respeito ao cuidado humano e aos valores de sa de express es e significados As enfermeiras pesquisadoras que usam o m todo de etno enfermagem s o estimuladas a usar este capacitador para destacar crit rios hist ricos sobre os valores de cuidado sa de e pr ticas especialmente relativos aos padr es e pr ticas de cuidado gen rico e profissional atrav s do ciclo da vida 46 Ao realizar o levantamento de disserta es e teses no Brasil que utilizaram como referencial te rico de Leininger e o m todo Hist ria de Vida foram encontradas quatro pesquisas Interessante notar que todas tiveram como sujeito mulheres Os objetos de estudo pesquisados foram a vis o da gestante sobre sua condi o de risco na perspectiva da Teoria Transcultural de Madeleine Leininger por Santos 2003 OS fatores sociais e culturais que interferem no tratamento da s filis na vis o materna por Silva 2003 a viv ncia da mulher sobre a episiotomia por S o Bento 2005 a percep o da m
289. ro fam lia paternidade e maternidade tradicionais Apesar da dicotomia do mundo social entre as esferas macro associada esfera p blica masculina e a micro associada ao privado e s mulheres a solidariedade entre os membros da fam lia independentemente do g nero tida como um modelo ideal Branco et al 2009 p 6 ressaltam que ao falar em pai deve se incluir todas as figuras masculinas que s o uma refer ncia de cuidado e afeto para crian as e adolescentes tais como padrastos av s tios e namorados das m es O relato de ngela ilustra tanto a participa o do marido como a supera o do preconceito do homem cuidar do filho ainda mais uma filha mulher E Ave Maria ele um pai presente em tudo Ele troca fralda banha d comida vem com o m dico at comigo Hoje ele s n o veio porque ele esta trabalhando Mas ele gosta de participar em tudo Tudo dela ele participa ele arruma sai com ela Aos domingos ele diz Arruma ela a que eu vou sair com ela e ele sai Porque ele queria muito filho homem Homem eu posso sair eu posso botar para fazer xixi Eu digo A mulher do mesmo jeito voc pode sair e colocar ela para fazer xixi do mesmo jeito n o faz vergonha Ah porque mulher n o posso colocar na frente dos homens Eu digo n o bota na frente dos homens leva ela num lugarzinho e bota ela para fazer xixi Ah se fosse homem era mais f cil N o existe isso amor de h
290. ro hospitais at que fosse 99 resolvido o parto Ao ir para o trabalho fez um quadro de ecl mpsia Foi socorrida em via p blica e encaminhada para um hospital geral com maternidade por m sem UTIN Sua tia intercedeu para que fosse transferida para a maternidade de refer ncia com UTIN porque ela tinha o cart o de pr natal S que durante a transfer ncia na ambul ncia seu quadro agravou e ao chegar maternidade os m dicos n o permitiram que ficasse pois n o havia UTI materna Foi ent o para um hospital geral com UTI de adulto por m sem centro obst trico ali ficou internada por tr s dias Ao ser estabilizado seu quadro cl nico foi transferida para a institui o onde finalmente foi realizada a ces rea com sucesso M e e filha vivas apesar de tanto sofrimento A l na emerg ncia o m dico de l falou se voc s quiserem a gente pode ficar com ela mas o caso dela ela est dando crise de meia em meia hora n o tem como a gente salvar Se a gente for tirar essa crian a aqui n o tem UTI A minha tia disse n o mas ela est com o cart o do pr natal voc s podem encaminhar ela para l A me encaminharam para a maternidade Chegou no caminho eu estava entrando em coma a m dica do SAMU falou assim ela est entrando em coma agora ela est botando muito sangue e o sangue est coagulando para dentro da crian a A chegou ao hospital os m dicos me olharam e falaram ela n
291. s o Trabalho uni o n o se ES ano inc estudante consensual aplica n o se Ang lica casada grau do lar aplica n o se L cia casada grau inc do lar aplica 2e n o se Viviane 20 solteira 1 grau inc do lar aplica auxiliar de k escrit rio N n o se Angela 31 casada 1 grau inc do lar W Socorro MES casada 1 grau inc dom stica n o uni o ir uni o E n o se Nat lia 16 1 grau inc estudante consensual aplica E a n o se Beatriz 17 solteira 2 grau inc estudante aplica n o se casada 1 grau do lar aplica superior casada p professora letras uni o A n o se Carina 2 grau inc do lar ESA aplica Vit ria M nica solteira 2 grau professora na casada 2 grau cozinheira n o se casada 2 grau do lar aplica t cnica em casada 2 grau enfermagem n o se Ana Louise 22 casada 1 grau do lar aplica Cl udia E casada grau inc cozinheira sm n o se aplica n o se spica uni o Es Indira 29 2 grau esteticista n o consensual Fonte Entrevista e prontu rio dos 23 filhos das mulheres depoentes do estudo Yasmine Ta s Juliana Isabela casada 2 grau do lar Denise casada 1 grau do lar Considerou se para trabalho as seguintes op es sim trabalha no momento com carteira assinada ou aut noma n o poca da entrevista n o estava trabalhando e n o se aplica a entrevistada nunca teve atividade remunerada referiu ser estudan
292. s adolescentes de duas comunidades uma urbana e uma semi rural na Bahia Rev bras crescimento desenvolv hum v 11 n 1 p 86 98 jan jul 2001 FORNA A M e de todos os mitos como a sociedade modela e reprime as m es Rio de Janeiro Ediouro 1999 317p GA VA M A M SCOCHI C G S A participa o da fam lia no cuidado ao prematuro em UTI neonatal Rev bras enferm v 58 n 4 p 444 8 jul ago 2005 GENNEP A V Os ritos de passagem Petr polis Vozes 1978 181p GLAT R Somos iguais a voc s depoimentos de mulheres com defici ncia mental Rio de Janeiro Agir 1989 225p 234 GLAT R Ser m e e a vida continua 2 ed Rio de Janeiro Agir 1994 92p GOMES A L H et al M e beb pr termo as especificidades de um v nculo e suas implica es para a interven o multiprofissional Rev ginecol Obstet v 8 n 4 p 205 8 out dez 1997 GOMES M A M Organiza o da assist ncia perinatal no Brasil In MOREIRA M E L org O rec m nascido de alto risco teoria e pr tica do cuidar Rio de Janeiro FIOCRUZ 2004 p 21 48 GON ALVES L R R A mulher portadora de DST compartilhando sua viv ncia na consulta de enfermagem Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Universidade Federal do Rio de Janeiro Disserta o de Mestrado em Enfermagem 1999 GUIMAR ES G P MONTICELLI M A forma o do apego pais rec m nascido pr termo e ou de baixo peso no m tod
293. s assim nasceram eu j sa dali Fiquei umas 3 horas j sa tomei o meu banho e botei a minha cinta e j estou disposta J chega em casa com aquela disposi o J a ces rea n o assim n Foi horr vel eu achei horr vel Yasmine Houve dois casos de descolamento prematuro da placenta sendo que Vit ria foi submetida cesariana com urg ncia para salvar a vida do beb Foi ces rea A fizeram aquele parto s pressas aquele corre corre N o me deixaram avisar em casa nem nada Vamos ver o que vai acontecer e tal Mas a foi assim por isso que ela teve que ser tirada s pressas mesmo Vit ria J Ana ficou hospitalizada para estabilizar suas condi es cl nicas mas acompanhando o bem estar fetal at que se fez premente a indica o da cesariana A eu fiquei internada e ele nasceu na outra semana Eu tive descolamento da placenta Ana A conduta obst trica no descolamento prematuro da placenta sempre a resolu o do parto Como nos casos de Vit ria e Ana com fetos vivos a indica o deve ser sempre a ces rea o parto vaginal s seria admitido se fosse iminente BRASIL 2000 p 40 Porque como do outro eu n o passei nada disso por mim eu ia engravidar ia ser igual ia ser normal O outro nasceu t o r pido que n o cheguei nem ir pra sala de parto No pr parto eu estava na cama come ou o parto A eu esperava que fosse tudo r pido igual ao primeiro Eu achei essa experi n
294. sem leitos de UTIN fazem corretamente a indica o de transfer ncia Por m como n o conseguem uma vaga para uma unidade de refer ncia liberam a mulher para que com recursos pr prios tente atendimento Foi o que aconteceu com Yasmine No dia das m es foi para o munic pio de Itagua comemorar com sua m e sentiu tontura e foi a um hospital local Identificada a hipertens o foi medicada mas sem estrutura de atender com seguran a o seu parto Ela sabia que deveria ser transferida de ambul ncia para outro hospital mas como v todo o entrave na transfer ncia fica grata quando o m dico permite que v para outra institui o por meios pr prios chamou o meu marido e falou que ali no hospital n o tinha condi es e que iam optar pela minha vida que no caso se o meu marido aceitasse eles iam fazer de tudo pela minha vida Ent o eu j fiquei com aquilo meu Deus do C u Eu fiquei com medo porque se eu ficasse ali se acontecesse eles falaram que n o tinham recursos para prematuros e que ele ainda estava pequenininho Ent o eu liguei para o meu irm o Meu irm o veio e me trouxe para c e quando eu cheguei aqui gra as a Deus O hospital estava tentando ligar para c porque n o pode sair de um hospital para o outro sem ter a vaga eles estavam ligando mas eles n o conseguiam falar com o Carmela Dutra Eles n o conseguiam falar E a o que aconteceu ele falou assim mas com carro particular
295. sem sair do hospital Seu discurso d bio Ora afirma que insistiu muito em dar o peito em casa ser a verbaliza o de um discurso correto para a pesquisadora ora disse ter leite no peito e usou medica o para suprimir a lacta o e depois que o leite secou a beb procura o peito Ela mamou muito pouco ela s mamou mesmo para sair do hospital Quando chegou em casa ela n o quis mais o peito Ela mamou dois meses s n o quis mais o peito At agora m s passado eu ainda tinha leite no peito Mas ela nunca quis eu insisti insisti insisti mas ela nunca quis Voc disse que ela s mamou no hospital para voc sair Ela tinha que mamar Mas no hospital ela mamava direitinho Eu passei uma semana e ela mamando direitinho Quando eu cheguei em casa eu dava o peito a ela direitinho a quando foi umas duas semanas que eu tinha chegado ela come ou a fazer brbrrrr som que a beb fazia de que n o queria fazia jeito de vomitar ela n o queria Eu insistindo insistindo insistindo e quando eu vim eu falei com a pediatra N o insista se ela n o quer n o insista porque ela n o quer A eu deixei de dar e agora depois que o leite secou ela queria o peito Depois que n o tive mais leite porque tomei rem dio para secar ela queria o peito E eu digo a ela que n o pode ngela Winnicott 2006 p 21 critica a excessiva valoriza o do aleitamento materno e aqueles que tentam obrigar as m
296. sentido essas dores Mas deu pra aguentar A eu achei que iam ter que tirar n A n o foi tranquilo nasceu normal senti as dores e tudo Isabela O parto de Socorro de gemelares foi t o r pido que n o houve tempo de qualquer interven o m dica medicamentosa ou cir rgica Tive parto normal n o fui nem cortada nem nada Socorro A presen a do acompanhante de suporte parturiente tem efeitos ben ficos mais associados aos resultados maternos Br ggemann Parpinelli e Osis 2005 p 1323 destacam a redu o da taxa de cesariana seguida pela redu o do uso de ocitocina dura o do trabalho de parto analgesia medicamentos para al vio da dor e aumento da satisfa o materna com a experi ncia do nascimento 116 A parturiente percebe a presen a do acompanhante como de grande ajuda especialmente relacionada ao apoio emocional e conforto f sico Dentre as atividades realizadas pelo acompanhante Br ggemann Parpinelli e Osis 2005 p 1318 relacionam permanecer ao lado da parturiente segurando sua m o realizar massagens auxiliar no banho e na deambula o e encorajar no per odo expulsivo As atividades de suporte variam de acordo com as necessidades desejos e cultura da mulher Apesar do sancionamento da Lei Federal n 11 108 2005 em que os servi os de sa de do SUS s o obrigados a permitir a presen a do acompanhante indicado pela parturiente durante todo o per odo de trabalho de
297. seu foco de aten o para dedicar se ao filho Estava vivenciando a preocupa o materna prim ria em que os interesses maternos est o voltados para o filho e temporariamente o 209 investimento em outros objetivos da vida cotidiana est muito diminu do ou ausente Por m esse estado ps quico pode ser prorrogado devido s necessidades do beb pr termo Na adolesc ncia essa parada tem caracter sticas diferenciadas Isso porque muitas vezes sem suporte familiar a adolescente n o consegue retornar escola O aumento da gravidez nessa fase da vida que no contexto social vigente de percep o das idades e de suas fun es deveria ser dedicada prepara o para a idade adulta principalmente relacionada aos estudos e a um melhor ingresso no mercado de trabalho vem preocupando n o s o setor Sa de como outros setores que trabalham com adolescentes e tamb m as fam lias Uma gravidez em idade precoce desprotegida podem trazer riscos para as adolescentes O abandono do parceiro ou da fam lia a perda de unicidade com o grupo de iguais a descontinuidade e mesmo a interrup o de projetos de vida e riscos materno fetais s o alguns destes riscos BRASIL 2005 p 127 As fam lias no entanto cada vez mais protegem as m es adolescentes e seus filhos para que n o mudem totalmente o seu estilo de vida e continuem trabalhando ou estudando Essa prote o por m nem sempre ocorre pois est relacionada a
298. speitado de forma digna A mulher e sua fam lia passam a mendigar uma aten o que nem sempre obtida A peregrina o em busca de uma vaga infringe os direitos humanos e certamente uma forma de viol ncia mas as mulheres n o conseguem refletir sobre isso A Hist ria de Vida de Maria um exemplo emblem tico da falta total de tica e compromisso com a sa de da mulher gestante Fez um extenso relato da sua via crucis da gesta o at conseguir a hospitaliza o falou ininterruptamente sem pausas Considerada uma gestante de risco fez todo o seu pr natal em um hospital filantr pico desde o in cio da gesta o de gemelares Abortou um concepto com dois meses de gravidez A partir da manteve repouso e iniciou uso de medica o uterol tica dactil fazia ultra sonografia de 15 15 dias O m dico que a acompanhava entraria de f rias mas antes a orientou para que em qualquer altera o retornasse a institui o Por m a obstetra substituta que a consultou suspendeu a conduta medicamentosa anterior Com medo Maria ainda tomou os comprimidos restantes na caixa Ao parar com o rem dio entrou em contra o uterina Na institui o onde fez todo o seu pr natal foi hospitalizada O que acontece a seguir uma sucess o de maus tratos A eu fui para l e eles me internaram Quando viram que era de 6 meses eles falaram N o voc n o pode ficar aqui aqui a gente n o aceita crian a prematura Foi isso
299. ssa aqui quando eu descobri eu ainda ia fazer um m s de gravidez dela eu j fui no hospital comecei a fazer o pr natal Estava tomando rem dio para a press o M nica O Programa de Humaniza o no Pr Natal e Nascimento PHPN institu do pelo Minist rio da Sa de atrav s da Portaria GM n 569 de 1 6 2000 tem por objetivo primordial assegurar a melhoria do acesso da cobertura e da qualidade do acompanhamento pr natal da assist ncia ao parto e puerp rio s gestantes e ao rec m nascido na perspectiva dos direitos de cidadania BRASIL 2002 p 5 Especificamente o Programa de Pr Natal tem como objetivo principal acolher a mulher desde o in cio da gravidez assegurando ao fim da gesta o o nascimento de uma crian a saud vel e a garantia do bem estar materno e neonatal BRASIL 2005 p 8 Excetuando Fl via que adotou o beb as vinte e duas entrevistadas referiram ter feito pr natal Por m ao se analisar o quantitativo de consultas relatadas durante a entrevista ou captadas no prontu rio observa se que n o houve o acompanhamento pr natal adequado quanto ao n mero m nimo de seis consultas estabelecido pelo Minist rio da Sa de BRASIL 2005 p 8 e 30 para onze 50 mulheres Neste estudo n o houve como avaliar a qualidade da assist ncia pr natal O quadro V sintetiza as informa es 86 Quadro VI N mero de consultas pr natal n de Entrevist
300. stem a essas mulheres manterem uma comunica o efetiva para possibilitar o conhecimento da sua Hist ria de Vida e desta forma conforme recomenda Leininger e McFarland 2002 p 18 prestar um cuidado coerente com a realidade e tomar decis es assistenciais apoiadoras e facilitadoras Ou seja desde a concep o perpassando pela gesta o e nascimento ou ado o at que diante do seu beb pr termo a mulher possa exercer a maternagem suficientemente boa Apresenta se a seguir a experi ncia vivenciada da gesta o 84 1 2 A experi ncia vivenciada da gesta o e do parto prematuro Winnicott 2008a explicou as transforma es advindas da gravidez em uma linguagem bastante acess vel em um livro dirigido s m es A vida de uma mulher modifica se de muitas maneiras quando ela concebe um filho No princ pio pode facilmente acontecer que ela se ressinta desse fato j que poder vislumbrar com demasia clareza a terr vel interfer ncia em sua pr pria vida O que ela v a pura realidade e seria tolice pretendermos neg lo WINNICOTT 2008a p 19 Os beb s s o uma carga de trabalho por m quando s o desejados s o um embara o positivo Se uma mulher n o come ou ainda a querer o beb que traz dentro de si n o pode evitar sentir se infeliz A experi ncia de Winnicott 2008a p 19 revela por m que se opera uma gradual transforma o tanto nos sentimentos quanto no corpo da mulhe
301. sua dor no processo de parturi o e tamb m por temer a morte de seu filho Quando eu comecei a passar mal em casa a veio ela m e meu pai e meu namorado a eles foi embora e ela ficou comigo Nat lia Tanto Denise como Nat lia tiveram o direito de escolher quem as acompanharia uma mulher a sua pr pria m e No momento em que se tornaram m es ao mesmo tempo eram filhas cuidadas e amparadas para conseguir transitar de um status para outro e assumir um novo papel tanto psicol gico quanto social Branco et al 2009 p 12 ressaltam que quando a gestante n o escolhe o pai como acompanhante deve ter seu desejo respeitado j que o direito do pai participar deve ser fruto de um acordo entre o casal A entrada dos pais no ambiente do parto demanda uma mudan a de concep es de g nero de parto e de fam lia por parte dos profissionais Esta reflex o essencial para que a equipe possa respeitar a escolha do acompanhante feita pela gestante BRANCO et al 2009 p 10 O marido de Isabela foi seu acompanhante e juntos se emocionaram no nascimento do seu filho O meu marido estava comigo ele ficou muito nervoso fala muito baixo Isabela Quando a fam lia formada apenas pelo casal o pai costuma ser a nica ou principal refer ncia emocional e social da gestante Branco et al 2009 p 10 afirmam que quando bem informado e preparado d seguran a emocional mulher trazendo benef cios sua sa de e do beb
302. t o empenhados em estimular e apoiar o aleitamento materno Por vezes a alta hospitalar condicionada ao estabelecimento da amamenta o exclusiva Os achados do estudo v o ao encontro dos obtidos por Alves 2006 p 112 Observa se o qu o dif cil vivenciar o processo da amamenta o Devido prematuridade a mamada ao seio n o se dar de imediato O beb precisar ter condi es m nimas de peso e maturidade Al m disso ter que estar clinicamente est vel a fim de possibilitar a suc o ao seio que exige coordena o e esfor o Ent o a amamenta o do pr termo apresenta peculiaridades A maioria destes beb s especialmente os que t m idade inferior a 34 semanas em virtude da imaturidade n o pode ser levada direto ao peito Teve que passar por todo um processo de estimula o e aprendizado e ser alimentado inicialmente atrav s de sonda orog strica As mulheres participaram dessa modalidade de alimenta o ajudando a segurar a seringa com o leite ofertado Conhecendo o ritmo do beb Maria trocava sua fralda antes da dieta A eu mudava fralda na hora em que elas traziam o leite para dar Eu acordava e dava pela seringa Ela ficou um tempinho bom com sonda Maria 182 Maria relatou a sua dificuldade em ordenhar o peito e o medo de n o ter leite para a sua filha Nossa Eu tive muito medo porque do peito eu at tive E eu pedi muito a Deus para vir leite porque o meu peito ficou grand o
303. ta hospitalar e ficou em p nico diante da possibilidade de ter que ir para casa noite queria ficar acompanhando seu filho E lutou para que conseguisse uma vaga no setor Ent o pra mim foi um dos piores momentos porque eu tinha que ir embora e eu n o queria Eu ficava naquela luta tentando uma vaga pra ele na UI para eu poder passar a ficar com ele n At que eu acho que eu perturbei tanto uma enfermeira que tinha l risos que acabou conseguindo uma vaga n Ela at brincou comigo ela foi assim Pronto m e chorona teu filho j t aqui risos A eu fiquei com ele na UI n L cia Enquanto o beb de Ana estava na UTIN ela teve alta do Alojamento Conjunto e foi para casa Mas n o tinha condi es f sicas de ir e vir sozinha de nibus todos os dias Quem visitava o filho era o pai antes de ir para o trabalho Quando o beb foi transferido para a UI ela p de ficar direto A eu fiquei nervosa Fiquei preocupada a eu n o podia N o vinha todo dia ver ele porque eu tive alta Mas n o vinha porque ainda estava fraca meu esposo que vinha na UTI S quando ele foi pra UI que eu passei a vir e ficar l Ana 170 No entanto Carina que morava em outro munic pio na Baixada Fluminense distante do hospital sentiu se obrigada a permanecer todo o tempo da interna o na UI porque n o tinha condi es financeiras de ir para casa e retornar S que foi muito dif cil Eu moro em
304. taca que o PAISM al m de ter sido criado com base numa realidade epidemiol gica foi norteado por princ pios democr ticos e feministas questionamento da rela o autorit ria profissional clientela valoriza o das pr ticas educativas e nfase na import ncia de uma vis o mais integral da mulher No mbito da sa de da crian a o PAISC determinou cinco a es b sicas para os menores de cinco anos controle do crescimento e do desenvolvimento promo o do aleitamento materno assist ncia e controle das doen as diarr icas assist ncia e controle das infec es respirat rias agudas e controle das doen as imunopreven veis por meio do Programa Nacional de Imuniza es BRASIL 1984 A nfase nessas a es se justificava pelo perfil de morbi mortalidade infantil observado poca as principais causas de bito em menores de um ano eram as doen as diarr icas as infec es respirat rias e as doen as imunoprevin veis Gomes 2004 p 28 analisa que a extensa atua o nesses agravos contribuiu de forma decisiva para 29 a diminui o da mortalidade infantil observada nas ltimas d cadas Essa redu o se concentrou no componente p s neonatal da mortalidade infantil Em 1991 o Minist rio da Sa de normatizou a organiza o da assist ncia gesta o e ao nascimento na Assist ncia Pr Natal ao Parto ao Puerp rio e ao Rec m Nascido componente do PAISM a definindo como O conjunto de a es e
305. tal UTIN e somente tr s na Unidade Intermedi ria UI Seis mulheres relataram a viv ncia do m todo canguru Para facilitar o entendimento do leitor em acompanhar o desenrolar da Hist ria de Vida das depoentes foi elaborado o Quadro VIII que sintetiza os setores da Unidade Neonatal onde o rec m nascido fora hospitalizado o tipo de perman ncia materna junto ao beb e maternagem ampliada quem apoiou no mbito familiar 139 Quadro VIII Setores que o rec m nascido ficara hospitalizado tipo de perman ncia materna na Unidade Neonatal e apoio familiar e profissional Setores da Unidade Neonatal Clara 15 viur aane o daga U marido acompanhante na UI UTI UI durante o dia na Uli filha mais velha 20 anos acompanhante na UI UTI UI acompanhou durante toda a interna o UTI UI acompanhante na UI por m n o dormia todos os dias UTI UI durante o dia na UTI irm mora em outro i acompanhante na UI estado marido Ancaliss UTL UI acompanhou durante todo a interna o Socorro 33 UTI UI durante o dia na UTI cunhada ficou no hospital acompanhante na UI marido sogra favor marido Andr ia 33 UI durante o dia na UI provedor m e problema mental Nat lia 16 UTI UI durante o dia na UTI e UI m e principal dormia em casa companheiro m e marido padrasto Beatriz 17 UTI UI denso irm s pai somente ap s o acompanhante na UI nascimento Ana 41 umor Heen n marido acompan
306. tal cio se ambos estiverem bem WINNICOTT 2008a p 20 Por m como sofrem uma grande varia o 125 em suas condi es mesmo no parto a termo talvez decorram dois ou tr s dias para que estejam aptos a gozar a companhia m tua Ainda existem hospitais que jamais permitem o contato precoce e prolongado e as m es que perdem esta oportunidade frequentemente s o aquelas que est o nos limites da adaptabilidade e que poderiam mais se beneficiar as pobres as solteiras aquelas sem qualquer apoio as m es adolescentes KLAUS e KENNEL 1992 p 76 KLAUS e FANAROFF 1995 p 143 No caso dos vinte e tr s beb s deste estudo todos nasceram prematuramente e foram privados do contato precoce prolongado com suas m es pois necessitavam de cuidados espec ficos na Unidade Neonatal Houve momentos de contato precoce ao nascimento por um per odo curto de tempo Como o que aconteceu com Cl udia e Denise que puderam tocar seus filhos v los por alguns momentos antes da separa o mas ela botou pra mim depois que ela mediu Eu n o me esque o da medida dele Ela pegou e me mostrou Depois ele foi pra UI Cl udia A me puseram com ele me mostraram Ele muito pequenininho muito pequenininho mesmo Ele nasceu com 1 825g A levaram ele l pra UTI e depois me levaram l pra cima Alojamento Conjunto Foi uma experi ncia pra mim uma coisa muito linda que aconteceu na minha vida entendeu Denise Logo ap s
307. tar o imediatamente aptas a ter seus beb s ao colo e iniciar uma comunica o com eles Por outro lado o caminho percorrido pelo rec m nascido at o momento em que se inicia a comunica o com sua m e bem diferente e se constitui de sua carga gen tica suas tend ncias inatas ao crescimento e desenvolvimento WINNICOTT 1994 p 199 Segundo Winnicott 1994 a m e pode ser considerada como o ambiente do beb um ambiente especializado Este ambiente facilitador do desenvolvimento do beb por possuir tr s fun es caracter sticas holding handling e apresenta o dos objetos Faz se necess rio que a m e tenha apoio da fam lia e tamb m da equipe de sa de a fim de que ela possa desenvolver as fun es de possibilitar um desenvolvimento f sico e ps quico de seu beb holding 149 acolher suas emo es estabelecendo um contato corporal de modo a estimul lo e manej lo adequadamente handling apresentar lhe o mundo como sendo um ambiente t o bom e protetor quanto a vida intra uterina apresenta o dos objetos Para Winnicott 2000 p 404 o fornecimento de um ambiente suficientemente bom na fase mais primitiva capacita o beb a come ar a existir a ter experi ncias a constituir um ego pessoal a dominar os instintos e a defrontar se com todas as dificuldades inerentes vida Tudo isso sentido como real pelo beb que se torna capaz de ter um eu Por m Winnicott 2007 p 81 ressalta que
308. tas Neste tipo de investiga o os dados jamais desembocam em descri es estat sticas tampouco se prop e verificar hip teses mostram bem como funciona um mundo social ou uma situa o social Esta fun o descritiva essencial e leva a uma descri o em profundidade do objeto social que tem em conta sua configura o interna de rela es sociais sua rela o de poder suas tens es seus processos de reprodu o permanente e sua din mica de transforma o O objetivo de uma investiga o etnosociol gica elaborar pouco a pouco um corpo de hip teses plaus veis um 48 modelo baseado nas observa es frut fero em descri es de mecanismos sociais e em propostas de interpreta o mais que de explica o dos fen menos observados BERTAUX 2005 p 23 O m todo adotado nesta pesquisa ser a Hist ria de Vida que permite obter informa es na ess ncia subjetiva da vida de uma pessoa o que vai ao encontro do objeto de estudo Entende se que se queremos saber a experi ncia e perspectiva de um indiv duo n o h melhor caminho do que obter estas informa es atrav s da pr pria voz da pessoa O ato de contar hist ria muito antigo Foi atrav s da hist ria que os elementos de vida foram transmitidos Segundo Atkinson 1998 p 1 Contar hist rias uma forma fundamental da comunica o humana Pode servir como uma fun o essencial em nossas vidas N s sempre pensamos na for
309. te n Ent o assim eu n o conhecia Eu fiquei desesperada quando eu soube Ali ela conversou comigo ela me abra ou entendeu Pediu pra eu ficar calma coisa e tal Me explicou direitinho o que significava aquilo que geralmente os beb s prematuros precisam E assim pra mim no momento ali al m de Deus em primeiro lugar que que eu tava confiante e constantemente foi a doutora Ela me apoiou muito L cia O que se p de apreender das Hist rias de Vida das mulheres com filho pr termo que o cuidado profissional da enfermagem apareceu como facilitador da maternagem A enfermagem ajudou no primeiro contato m e filho seja no centro obst trico ou j na unidade neonatal Apresentou esse beb pr termo e o ambiente da UTI m e e aos familiares e ensinou uma nova forma de cuidar de um beb que nascera prematuro para que a m e fam lia assumisse os cuidados elaborando uma nova forma de maternar O cuidado de enfermagem sob este ponto 156 de vista funcionou como um facilitador para o cuidado da m e para com o beb Ta s foi apresentada filha na UTIN por um enfermeiro que j a havia cuidado quando gestante Ele foi a ponte segura entre o setor de interna o das mulheres e a Unidade Neonatal A primeira vez que eu eu fiquei com medo e foi at um enfermeiro que me levou para eu ver Um que sempre ia l ele sempre ia l visitar as m es quando a gente estava gr vida internada ele sempre ia
310. te ou do lar Quadro Ill Antecedentes obst tricos Pr Natal n de consultas Parto Atual ces rea ces rea ces rea ces rea ces rea normal normal normal ces rea ces rea ces rea normal ces rea ces rea ces rea ces rea ces rea ces rea normal normal alia ces rea Fonte Entrevista e prontu rio dos 23 filhos das a depoentes do estudo Legenda gesta o gemelar com aborto de 1 dos conceptos 1 morto pr termo com 1 m s e 1Odias de vida 12a gemelar morreu com 3d de vida 41 anenc falo 5 referiu abortos espont neos 6 1 neomorto 7 a crian a em quest o adotada 62 63 Quadro IV Caracteriza o do filho pr termo da entrevistada acompanhado no ambulat rio de seguimento I R Idade Peso ao Peso da Tempo de dade nO Filho de Apgar diada Gestacional nascer alta Interna o entrevista 24d 72d 2 W 5 24d 3m 16d Fl via 2 6 71 Fonte Prontu rio dos 23 filhos das mulheres depoentes do estudo 29d 24d 29d EN 64 Quadro V Diagn stico e terap uticas durante a hospitaliza o do Filho pr termo da entrevistada acompanhado no ambulat rio de seguimento a Diagn sticos e Terap uticas Clara Pneumot rax Pneumonia Antibioticoterapia Icter cia Fototerapia Prematuridade Asfixia Apgar Oxigenioterapia CPAP Sepsis NPT 9 dias Ang lica RAE E e a Antibioticoretapia Abcesso na regi o cervical direita
311. terci ria de UTIN Tanaka 1995 p 39 explica que h uma demanda observada no setor p blico que passou a ser refer ncia para o setor privado de casos considerados n o rent veis o que agrava a falta cr nica de leitos p blicos A cr tica de Tanaka 1995 p 39 que a crise de financiamento no setor da sa de levou a uma descaracteriza o da aten o sa de Os servi os passaram a seguir a l gica da produ o e da produtividade em detrimento da qualidade de assist ncia O indiv duo deixou de ser visto como um ser humano a ser atendido em suas necessidades e passou gradativamente a ser tratado como um n mero a mais a ser faturado A historicidade de Vit ria marcante um exemplo de luta e supera o Ap s um per odo de tratamento para conseguir engravidar teve uma gesta o tranquila Com 28 semanas sofreu descolamento prematuro de placenta Moradora de uma pequena cidade da regi o serrana seu marido a levou para o hospital local O m dico que a examinou descartou qualquer possibilidade de salvar a vida do beb Vit ria se recusou a fazer a curetagem e lutou para que fosse transferida com vaga garantida para uma maternidade com UTIN em ambul ncia ap s quatorze horas de expectativas e incertezas A quando chegou l o m dico falou para mim Olha minha filha esse a voc j perdeu Eu vou s esperar acabar de morrer para te passar a faca A eu fiquei nervosa porque at ent o a friez
312. the Rio de Janeiro County The orienting question of the interview was Talk what you consider important about your life that has relation with your experience as mother during your preterm baby hospitalization in the Neonatal Unit The analytical process used was the thematic analysis There emerged two categories 1 The Motherhood s foundation from the willing to the motherhood 2 The Maternal Care to the Preterm from the Neonatal Unit to the Home and the Human Existence The analysis revealed the different motivations that resulted in the coming of the children and the conscious willing or not by the maternity Twenty and two women interviewed experienced the premature birth one adopted a baby The statements showed that the nursing professional care was facilitator for the mother s care to the baby The nursing helped in the first mother baby contact be in the obstetrical center or in the neonatal unit It presented this preterm and the UTI environment to the mother and to the familiars taught a new form of taking care of a baby who was premature at birth in order to the mother family could assume the care at home elaborating a new form of mothering Under this point of view the nursing care functioned as motherhood facilitator Key words motherhood preterm neonatal nursing life story RESUMEN SANTOS I M M La maternaje de mujeres con beb prematuro bases para asistencia de enfermer a neonatal Rio de Janeiro
313. ticas como pela industrializa o voraz H um imenso avan o da ci ncia em tecnologia de equipamentos e f rmacos No Brasil como afirmam Tyrrel e Carvalho 1993 p 17 o per odo compreendido entre fins da d cada de 1950 e in cio dos anos 1980 marca a cristaliza o definitiva do hospital como n cleo da aten o m dica na sociedade brasileira A distribui o espacial geogr fica da popula o brasileira transforma se de prevalentemente rural para 28 urbano ocorrem mudan as nos padr es da reprodu o humana decorrentes das pr prias mudan as s cio econ micas que o pa s vivencia De acordo com Gomes 2004 p 27 a formaliza o das propostas program ticas na assist ncia sa de materno infantil encontra se de forma mais evidente no Brasil a partir da d cada de 1970 com a implanta o do Programa de Sa de Materno Infantil PSMI cujas a es estavam basicamente voltadas para o acompanhamento do pr natal para o controle dos partos domiciliares para o controle do puerp rio e para as a es de promo o da sa de da crian a Seu desdobramento em 1984 nos Programas de Aten o Integral Sa de da Mulher PAISM e no Programa de Aten o Integral Sa de da Crian a PAISC foi acompanhado por uma maior abrang ncia das a es program ticas principalmente em rela o sa de da mulher anteriormente limitada oferta de assist ncia nos per odos de gesta o e parto Gomes 2004 p 28 des
314. tive tr s filhos prematuros A primeira eu acho que foi porque quando ela nasceu eu usava muita droga bebia muito tava nas farras Eu acho que por isso A ela nasceu prematura nasceu com pneumonia nasceu com pouco peso foi em 98 menos de 1 quilo Quase de 3 meses internada pra poder ir pra casa Meu outro filho tamb m eu j n o usava mais droga mas tamb m nasceu de 8 meses nasceu 24 de dezembro Esse daqui eu tamb m n o sei porque nasceu de sete E uma eu perdi tamb m porque eu usava muita droga e nasceu anenc falo sem c rebro Tem bastante tempo tem anos Andr ia Para a m e ser o ambiente favor vel do seu beb ela necessita de apoio que mais bem dado pelo pai da crian a por sua m e pela fam lia e pelo ambiente social imediato Winnicott 2007 p 81 ressalta que isso terrivelmente bvio mas apesar disso precisa ser dito De acordo com Winnicott 2008a p 27 o pai pode ajudar a criar um espa o em que a m e circule a vontade Adequadamente protegida pelo seu homem m e poupado o trabalho de ter de ocupar se das coisas externas que acontecem sua volta numa poca em que ela tanto precisa concentrar se quanto anseia por preocupar se com o interior do c rculo formado pelos seus pr prios bra os e no centro do qual est o beb 145 Ent o conclui se que a m e s poder exercer a preocupa o materna prim ria se houver um pai suficientemente bom ou algu m q
315. to de m es solteiras 75 que muitas vezes encarregam se do sustento da fam lia e os novos pap is atribu dos aos av s Embora o contexto familiar atual seja diferente da poca de Winnicott 1896 1971 em que os filhos chegavam algum tempo depois da cerim nia de casamento e os nascidos fora do matrim nio recebiam o r tulo de ileg timos seu pensamento continua atual pois a fam lia um dado essencial de nossa civiliza o O modo pelo qual organizamos nossas fam lias demonstra na pr tica como nossa cultura WINNICOTT 2005a p 59 A cultura conceituada como os valores cren as normas e modos de vida de um determinado grupo aprendidos compartilhados e transmitidos e que orientam seu pensamento suas decis es e suas a es de maneira padronizada e frequentemente entre gera es LEININGER e MCFARLAND 2006 p 13 A partir do conceito de cultura de Leininger pode se concluir que a maternagem al m do car ter psicol gico extensamente discutido por Winnicott tamb m um fen meno cultural Isso porque aprendida compartilhada e transmitida dentro de um grupo a fam lia atrav s das gera es principalmente pelas mulheres Molloy 2005 p 128 ressalta que a feminilidade identificada com a maternidade e esta com uma fun o que culturalmente constitu da como uma fun o natural ainda frequente a refer ncia ao instinto materno ou a engravidar naturalment
316. tr s meses de gesta o ent o eu j deixei de trabalhar Eu trabalhava em casa de fam lia a s com ela S com ela mesmo Socorro Fechou a f brica e eu fiquei sem trabalhar Maria J Juliana e Indira planejam voltar a trabalhar no futuro Por enquanto seus filhos ainda s o muito dependentes e demandam cuidados diferenciados Eu cuido direto dele n o trabalho fora fico s por conta dele A eu preferi ficar em casa porque qualquer coisa eu corro e vou para m dico Ent o n o d para ficar trabalhando N o posso assumir aquele compromisso e ficar faltando sempre sempre sempre E ele requer isso que eu fique faltando sempre sempre sempre Ent o agora n o d Juliana Que eu sou esteticista aut noma Ela est muito dependente de mim Devido ao canguru praticamente era s eu Ent o ela est muito muito dependente de mim Eu n o consigo ainda deix la Eu acho muito novinha para deixar assim com algu m ou colocar em algum lugar E a o meu marido mesmo n o quer pelo menos por enquanto Ele acha que ela tem que crescer mais um pouquinho e se acostumar com os av s E eu vou deixar com a minha m e ou com a minha sogra Porque assim gra as a Deus n o tem tanta precis o para eu ir trabalhar Com rela o a dinheiro n o tem tanta precis o Ent o ele fala cuida dela fica com ela que at voc e a gente achar que ela pode ficar com algu m Ent o n o estou conseguindo ain
317. trevista era apresentado e lido em conjunto com as mulheres entrevistadas o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Ap ndice 1 Foi garantindo o sigilo e anonimato e s ap s a assinatura foram iniciadas as entrevistas que foram gravadas em fita magn tica K7 e meio digital MP3 para assegurar o registro 56 Foi solicitado s depoentes que escolhessem codinomes Algumas justificaram que escolheram nomes de filhas que dariam se fosse menina de uma amiga ou simplesmente por achar bonito Coleta dos Depoimentos O instrumento de coleta de depoimentos adotado foi a entrevista aberta que de acordo com Bertaux 1980 p 20 deve ser uma combina o de escuta atenta e questionamento porque o sujeito n o relata simplesmente a sua vida ele reflete sobre a mesma enquanto conta A entrevista aberta em Hist ria de Vida acontece sem um roteiro pr determinado na qual se pede ao sujeito para falar livremente sobre sua vida um determinado per odo ou aspecto dela A partir de suas coloca es o entrevistador ir formulando quest es ou tecendo coment rios para esclarecer ou aprofundar determinado ponto por m a dire o da conversa o e os t picos a serem abordados s o escolhas espont neas do sujeito SANTOS et al 2004 p 4 A entrevista teve como pergunta norteadora Fale o que voc considera importante a respeito da sua vida que tenha rela o com a sua experi ncia como m e durante a hospitaliza
318. tribuir para a forma o de la os afetivos duradouros o Minist rio da Sa de recomenda facilitar os contatos iniciais dos pais com seu beb Se poss vel a m e deve ver e tocar seu beb ainda na sala de parto antes que ele seja levado para a UTIN BRASIL 2009 p 48 A filha de Maria foi apenas mostrada ficando a incerteza se havia sobrevivido Mas eu quero saber se ela est viva porque eu nem olhei para ela a filha Logo me levaram ela Mal eu olhei para ela porque eles mostraram assim e levaram logo Maria O filho de Ana tamb m foi apenas mostrado a pediatra lhe informou que ele tinha dificuldade para respirar mas que logo iriam ficar juntos Por m o desconforto respirat rio do rec m nascido agravou Ele foi entubado e posteriormente foi diagnosticada a persist ncia do canal arterial S que Ana no Alojamento Conjunto sem condi es de ir Unidade Neonatal n o sabia o que estava acontecendo com seu filho e o temor da morte lhe assombrava Eu me senti m e desde o momento em que eu tive ele Quando ele nasceu e a enfermeira foi e me trouxe para v 127 lo S que a pediatra disse que ele tinha dificuldade para respirar tinha que levar Quando ela me mostrou j j L na hora n o fala nada A gente n o sabe e n o esperava que ia passar isso tudo Pensei que dali a pediatra fosse levar s ele pra respirar pra ajudar e depois eu j ia ficar com ele Mas ela me botou l Alojamento Conjunto
319. tumando sil ncio Isabela Uma coisa importante a respeito da experi ncia da rec m m e em seus contatos iniciais com o beb a tranquilidade que os profissionais lhe d o de que seu filho normal seja o que for que isso possa significar WINNICOTT 2008a p 25 133 No caso das mulheres entrevistadas com filho pr termo algumas se reconfortaram em saber que seu beb n o tinha doen a associada era apenas muito pequeno como nos relatos de Ana Louise ngela e Yasmine a seguir A ele nasceu com baixo peso mas nasceu perfeito j estava tudo formado Ele nasceu muito pequenininho Ele nasceu com 39cm nasceu com 1450g A a m dica foi conversou comigo falou que ele estava bem de sa de que era isso que importava Ana Louise A m dica chegou para mim e falou M e a sua filha n o tem nada a nica coisa que ela tem porque ela nasceu sem peso mas ela nem ficar no oxig nio ela n o vai ela s vai ficar no bal ozinho ngela Com ele n o teve problema nenhum n o o probleminha dele mesmo s foi o peso Yasmine Em todo nascimento h o fim abrupto de fus o m e beb esse z momento de transi o marcado pelo luto do beb imagin rio e adapta o ao beb real Por m no nascimento prematuro o beb real muito diferente do idealizado pela m e Indira descreveu sua percep o do beb real Quando eu via a minha filha que eu olhei eu n o
320. turas e uma morreu foi mais dif cil ainda pra ele e pra mim tamb m Socorro Na gesta o m ltipla a mortalidade perinatal maior que a habitual devida principalmente prematuridade e ao retardo de crescimento fetal e secundariamente presen a de malforma es fetais altera es placent rias e de cord o aumento de incid ncia de doen as como pr ecl mpsia etc Est tamb m aumentado o risco materno pelo aparecimento mais frequente das s ndromes hipertensivas de anemia de quadros hemorr gicos no parto polidr mnio apresenta es an malas etc BRASIL 2000 p 58 Na Hist ria de Vida das entrevistadas houve relatos de interna o para manuten o da gesta o estabiliza o cl nica da mulher antes da resolu o do parto Algumas vivenciaram um per odo curto de dias de hospitaliza o outras necessitaram de quase dois meses at o nascimento do beb A seguir o exemplo dos dois extremos Passei 3 dias para ter ela cheguei na sexta e tive na quarta feira a tarde mas mesmo assim porque o outro m dico sempre vinha um e olhava tem que esperar tem muito exame aqui Maria Com 23 semanas a minha bolsa rompeu dele A eu vim e fiquei internada fiquei internada at completar 29 semanas quase dois meses Juliana Com os recentes avan os no cuidado perinatal de gestantes de alto risco com diabetes hipertens o amea a de parto prematuro ou com um feto de crescimento retardado Klaus e
321. ue ocupe essa fun o simb lica para a m e Eu quero falar que teve duas pessoas que me ajudaram muito o pai dele e a minha m e Os dois ficaram comigo aqui o tempo todo de eu me internar at eu ir embora At mandado embora foi demitido o meu marido foi por causa disso E a minha m e comigo demais Ana Louise No in cio da vida de um filho o pai geralmente est presente e de alguma forma passando pelas unidades de sa de embora ainda invis vel para a maioria dos servi os O desafio contribuir para que este homem se sinta valorizado como pai e tenha oportunidades de receber informa es trocar experi ncias desenvolver habilidades de cuidado e formar v nculos significativos com os filhos BRANCO et al 2009 p 6 A entrada do pai nas rotinas assistenciais precisa do apoio dos gestores para a mudan a de concep es de g nero e de fam lia j que anteriormente a prioridade era das m es importante que a equipe perceba que a maioria dos pais deseja se envolver e capaz de cuidar das crian as com compet ncia embora alguns n o assumam seus filhos Branco et al 2009 p 7 As diversas equipes de profissionais precisam estar sensibilizadas para a import ncia da presen a do pai reconhecendo o impacto ben fico do envolvimento paterno na sa de das crian as Os princ pios da universalidade e da integralidade das a es do SUS se fazem presentes nesse processo de aten o fam lia como um todo Quando
322. ue foi ruim e bom Porque eu aprendi ser melhor m e Eu tive muitos defeitos como m e Eu melhorei muito Meus filhos tamb m 175 porque aquela ang stia de poder perder um irm o Ang lica Juliana temia a morte do filho referiu que n o pensou nas poss veis sequelas da prematuridade O meu medo maior foi o de n o sobreviver Eu nem pensava naquelas sequelas o que eu queria mesmo era meu filho Meu medo era de n o sobreviver Tinha medo da vida Na sequela eu n o pensei Se ele teve sequelas e se ele ia ter A nica coisa que eu queria era ele Esse era meu nico medo Voc v muita crian a morrendo voc v muita coisa voc acaba transferido aquilo tudo para voc Juliana Na UTIN a morte um evento recorrente Quando uma mulher perdia seu filho as entrevistadas se solidarizavam relataram um sofrimento coletivo Mas ao mesmo tempo comparavam os diagn sticos temiam por seus beb s Foi dif cil assim ver morrer crian a toda hora Quando a gente sai da UTI passa por aquele estresse todo t vendo criancinha morrer est com a tua l dentro ent o fica dif cil s vezes tem uma crian a boazinha como tinha a de uma amiga minha A crian a boa mesmo j tava pra sair da UTI a m dica ia dar alta pra ela na pr xima semana ela falou N o ela t muito bem De repente de uma hora pra outra a garota morreu A menina fazendo planos e mais planos para a garotinha de repente a g
323. ue n o tem previs o alguma de receber alta da unidade neonatal Essa ambiguidade foi relatada por Ana Muito tempo eu ficava aqui Mas a tinha o outro lado meu esposo minha fam lia Ficava s naquela expectativa se ia pra casa se ele ia pra casa e isso nunca acontecia Ana As mulheres com outros filhos sentiam se divididas e ambivalentes em rela o aos cuidados dispensados ao beb internado e aos outros filhos em casa sob o cuidado de familiares a seguir o relato de L cia Foi assim eu ficava triste n com saudade Pelo fato de ter outro filho de 9 anos que tava em casa sem mim A gente nunca tinha se separado tanto tempo Eu fiquei 28 dias no hospital Eu sentia muita falta dele entendeu Preocupada com ele devido a col gio essas coisas de m e mesmo no dia a dia n L cia A mulher durante a interna o de seu filho pr termo necessita de uma rela o de empatia de est mulo e apoio estabelecido atrav s de 172 amizades ntimas e de rela es familiares pr ximas que de fato sejam significativas Muitas vezes para poder acompanhar seu filho internado ela precisa de outros v nculos para desempenhar a fun o de companhia social e ajuda material em casa com seus outros filhos Al m disso t m que contar com pessoas que possam compartilhar informa es pessoais ou Sociais e que possam servir como modelos de pap is funcionando assim como guia cognitivo ANDREANI CUST DIO e CREPALDI 2006
324. uidado humanizado que re ne estrat gias de interven o bio psico social A posi o canguru consiste em manter o rec m nascido de baixo peso em contato pele a pele na posi o vertical junto ao t rax dos pais ou de outros familiares Inicia se de forma precoce e crescente por livre 178 escolha da fam lia pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente Esse m todo permite uma maior participa o dos pais e da fam lia nos cuidados neonatais Deve ser realizado de maneira orientada segura e acompanhada de suporte assistencial por uma equipe de sa de adequadamente treinada BRASIL 2009 p 16 Para Indira foi uma surpresa essa modalidade de cuidado ao pr termo nunca ouvira falar antes Eu fiquei no canguru com ela Foi uma experi ncia assim que eu nunca tinha vivido e nunca imaginei viver Minha filha estava praticamente 24 horas dentro da minha blusa Eu nunca tinha visto isso Indira Juliana Vit ria e Indira vivenciaram na UTIN a primeira etapa do m todo canguru BRASIL 2009 p 13 Trabalha se o est mulo lacta o e a participa o dos pais nos cuidados do beb A posi o canguru proposta sempre que poss vel e desejada As entrevistadas vislumbraram uma possibilidade de intera o com o beb intensa e prazerosa E com 5 dias a doutora mandou pegar no colo para comer j fez o canguru Eu fiquei um tempo na UTI com ele no canguru Juliana Depois a doutora at antecipou um pou
325. uintes quest es norteadoras foram elaboradas Como a mulher que teve filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal vivenciou a maternagem De que forma a enfermeira da Unidade Neonatal pode contribuir para o desenvolvimento da maternagem suficientemente boa a partir da experi ncia vivenciada da mulher Foram tra ados os seguintes objetivos 1 Compreender a experi ncia vivenciada da maternagem da mulher que teve filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal 2 Discutir a experi ncia vivenciada da maternagem em rela o assist ncia de enfermagem recebida na Unidade Neonatal Justificativa A proposta de trabalhar com pr termo importante pois uma faixa da popula o de extrema vulnerabilidade com ndices elevados de morbimortalidade infantil Ao contr rio dos pa ses desenvolvidos em que a primeira causa de mortalidade a malforma o cong nita no Brasil a maioria dos bitos determinada pelas condi es da gestante e pelas circunst ncias do parto e nascimento Dentre as causas de bitos destaca se a prematuridade GOMES 2004 A primeira causa de mortalidade infantil no pa s s o as afec es perinatais que compreendem os problemas respirat rios a asfixia ao nascer e as infec es mais comuns em crian as prematuras e de baixo peso Al m disso muitos beb s s o acometidos de dist rbios metab licos dificuldades em alimentar se e para regular a temperatura corp
326. umentar Realmente o que o m dico falou at para a minha m e era arriscado at a sua filha n o estar com vida o caso dela foi realmente Conforme eu ca eu ca no meio fio eu abri isso aqui aponta para o rosto levei 4 pontos no superc lio e a hemorragia interna Tinha uma hemorragia da cabe a uma hemorragia sub subependim ria hemorragia da cabe a M nica A A Quanto condi o cl nica pr existe gesta o pode haver a rotura do equil brio emocional anteriormente adquirido com frequente deteriora o ou perda da auto estima e surgimento de sentimento de incompet ncia A partir da estabelece se dificuldade de vincula o BRASIL 2000 p 16 95 Por m a mulher pode acreditar que tem uma oportunidade na vida o triunfo sobre a doen a como aconteceu com M nica e Yasmine Hipertensas cr nicas as duas lutaram contra as adversidades do per odo grav dico puerperal e a prematuridade do filho e foram entrevistadas com suas crian as nos bra os podendo contar sua Hist ria de Vida Cl udia e Denise tamb m s o exemplos de supera o pois j haviam vivenciado anteriormente abortamentos espont neos e conseguiram ter um filho Mesmo prematuro e muito diferente do idealizado a crian a nascera viva Foi tudo complicado Que eu estava indo muito bem que nas duas gravidezes deu o mesmo problema Eu perdi com o mesmo problema o dele a mesma coisa vai at 25 semanas a daqui a
327. unda filha ao novamente entrar na UTIN Eu cheguei n A pior tristeza pela segunda vez que voc chega dentro da UTI Voc v uma por o de nen m A perguntam se voc sabe qual o seu nen m Dentro do setor voc procura N o vi nada Eu n o sabia nem como era a cara A pediatra M e voc n o viu nem no nascimento N o eu n o vi n o sei Ah eu vou te mostrar A pegou e me levou Eu falei Tem certeza que essa aqui risos Muito miudinha e com o cabelo todo arrepiado Ela disse essa aqui m e M nica ngela e Denise tiveram anteriormente gesta es com resolu o prematura sendo que seus filhos n o sobreviveram Ent o para elas estar na UTIN significou uma vit ria pois seus filhos conseguiram atendimento adequado e estavam vivos 144 Eu tive tr s filhos com ela A primeira nasceu mas com um m s e dez dias faleceu porque nasceu prematura tamb m porque onde eu morava n o tinha recurso para manter a crian a numa UTI de rec m nascido L n o tinha no hospital ngela A perdi com 6 meses Ele chegou a nascer com vida mas eu perdi Denise Andr ia ex usu ria de drogas vivenciou intercorr ncias em todos os seus partos A princ pio disse ter engravidado tr s vezes mas ao final da entrevista deixa escapar que teve um filho anenc falo Ent o foram quatro gravidezes Ela n o contava a gesta o do beb com malforma o Eu
328. upos de discuss o de casais gr vidos onde poder tirar suas d vidas receber informa es e compartilhar expectativas preocupa es e alegrias com a paternidade As autoras ressaltam que o pai costuma estar mais aberto a receber informa es e desenvolver habilidades de cuidado antes do nascimento do primeiro filho A gravidez como um fen meno fisiol gico na maior parte dos casos evolui sem intercorr ncias Por m como o objeto de estudo a maternagem da mulher que teve filho pr termo hospitalizado em Unidade Neonatal os relatos da presente pesquisa apontaram os agravos para a sa de da mulher e ou do beb que justificaram a prematuridade Na etiologia do trabalho de parto pr termo incluem se fatores maternos como complica es m dicas ou obst tricas partos 88 prematuros anteriores placenta pr via amniorrexe prematura polidrf mnio infec es do trato urin rio corioamnionite infec es vaginais incompet ncia istmo cervical malforma es uterinas cirurgias na gesta o atual amputa es de colo etc comportamentais tabagismo alcoolismo h bitos alimentares inadequados traumatismos uso de drogas il citas esfor o f sico intenso altera es fetais e placent rias e condi es socioecon micas adversas No entanto em cerca de 30 dos casos n o poss vel a identifica o de fator causal e seguramente neste grupo incluem se os fatores emocionais pouco lembrados e sequer ab
329. uvesse alguma intercorr ncia caso esperasse por algum familiar ou fosse buscar o vestido guardado em casa para a t o esperada sa da Eu levei ela para casa no susto Eu tinha roupinha quando a pediatra disse Oh m e hoje ela vai ficar de alta Eu disse Hoje Ela disse Hoje Eu disse A meu Pai ela n o tem nada E ela disse Se voc quiser ir em casa Eu falei assim N o n o n o preciso ir em casa n o eu espero A ela deu alta A roupa que estava dentro do arm rio eu peguei e botei nela e levei para casa Quando cheguei em casa todo mundo assustado Que isso Voc fugiu do hospital com a garota N o me deram alta Eu peguei e vim Voc s acham que eu vinha em casa risos Porque eu achava assim se eu for em casa e a eu volto e acontece alguma coisa e ela n o vai dar alta de novo ent o eu n o vou em casa Porque uma menina que estava do meu lado o filho dela teve alta a ela foi em casa nisso que ela foi em casa o filho estava vomitando muito a enfermeira deu mamar e parece que ele come ou a vomitar muito a os m dicos vieram come aram a olhar e suspenderam a alta dele A eu Caramba eu n o vou em casa n o M nica Na alta as adolescentes deste estudo vivenciaram uma situa o d bia Ao mesmo tempo em que adquiriram um novo status social ao tornarem se m es n o s o respons veis legais pelo beb A sociedade aqui representada pelo
330. ven o para suporte de vida ele n o p de ser apresentado sua m e no momento do seu nascimento Por vezes ela sofreu com a ang stia do sil ncio da aus ncia do choro do beb Percebeu a equipe tensa e agitada no atendimento tenta apreender alguma informa o no vocabul rio de dif cil compreens o dos profissionais Umas t m o al vio de um choro d bil Observo muitas vezes a mulher chegar Unidade Neonatal sozinha e ficar parada na entrada esperando que algu m a receba e apresente o seu filho Em outras vezes ela acompanhada por um profissional da enfermagem do alojamento conjunto que cuidou dela e faz a intermedia o entre um setor e outro localiza seu beb apresenta quem est respons vel pelo cuidado do seu filho O Minist rio da Sa de Brasil 2009 p 48 recomenda ser conveniente que algu m da equipe de sa de visite a m e antes que ela veja o beb pela primeira vez com o objetivo de transmitir lhe not cias dele E se poss vel deve ser acompanhada de seu quarto at a UTI Neonatal por um dos componentes da equipe de sa de Estar diante de um ser t o pequenino e fr gil Parece ser imposs vel a sua sobreviv ncia Longos minutos se passam e aquela mulher em p parada diante da incubadora 2 A express o suficientemente boa foi cunhada por Winnicott 1999 p 141 e se refere s atitudes e s pessoas comuns como voc e eu que ora acertam ora erram e tentam reparar suas falhas
331. vinculo m e beb prematuro Gomes et al 1997 Foi visto 1 artigo na Acta M dica de Porto Alegre em que os autores realizaram revis o bibliogr fica sobre os conceitos e a pr tica de maternagem procurando correlacionar sua aplicabilidade em maternidades permitindo um melhor desenvolvimento ponderal e afetivo assim como uma redu o na perman ncia hospitalar dos rec m nascidos CARDOSO et al 1995 Na rea da Enfermagem h 1 Tese que se centrou na percep o de que m es de crian as especiais t m de sua situa o discutiu aspectos da maternagem e da sexualidade feminina do ponto de vista psicanal tico e cultural objetivando a compreens o do significado para a mulher de ter um filho especial Santos 1995 publicada posteriormente em forma de livro Santos e Glat 1999 Em 2 Disserta es uma buscou analisar os cuidados prestados por m es adolescentes e seus filhos no primeiro ano de vida Martins 1999 e outra objetivou compreender a viv ncia da pu rpera adolescente sobre o cuidado do rec m nascido em domic lio BERGAMASCHI 2007 Na Psicologia o tema maternagem foi abordado em 7 Disserta es em diferentes aspectos nas transforma es psicol gicas habituais pelas quais uma mulher passa ao longo da gesta o e do p s parto Costa 2006 na feminilidade em Freud na contemporaneidade Valen a 2003 na interven o terap utica para potencializa o da maternagem suficientemente boa Falivene 1997 n
332. vo vi os dias que eu podia vir v lo Depois quando eu vim ele j estava bem melhor Assim j estava fora daquela incubadora Mas eu gostei assim daquele envolvimento Fl via Se um beb n o pode ser criado por seus pais biol gicos a melhor coisa seguinte para ele ser adotado por uma fam lia e criado como uma pessoa da fam lia Al m disso uma ado o legal d a crian a o sentimento de pertencer fam lia A ideia de que um jovem ser humano pode ser criado numa institui o mesmo uma boa institui o e automaticamente se transformar num ser humano maduro j foi refutada h muito tempo A tend ncia interna para o desenvolvimento e o crescimento emocional muito complexo de cada beb requer certas condi es e estas condi es n o podem ser expressas em termos de bons cuidados corporais Uma crian a precisa ser amada e h raz es para isso que podem ser colocadas claramente O cuidado amoroso 129 necess rio para os processos inatos de crescimento emocional WINNICOTT 2008b p 127 No nascimento prematuro e em especial numa gesta o de risco as condi es f sicas predominam sobre as ps quicas por m n o se justifica que as demandas emocionais da m e e do beb sejam negligenciadas Apesar de ser comum que ao final do parto a m e queira ver o seu beb ter um contato pele a pele se poss vel isso n o uma regra Winnicott 1990 chama a aten o para o fato de que nem sempre o rec m
333. xercer a maternagem suficientemente boa as mulheres superaram diversos percal os Desde as implica es cl nicas sofridas por elas ou seus filhos at os aspectos psicol gicos culturais e sociais tanto na Unidade Neonatal como ap s a alta pois o beb pr termo precisou de um cuidado materno diferenciado tamb m em casa Ao considerar o nascimento como um rito de passagem a etapa de transi o tem destaque na primeira subcategoria anal tica ao abordar a experi ncia vivenciada da maternagem na Unidade Neonatal Ao passo que a etapa de incorpora o da rec m m e e do seu beb no lar discutida na segunda subcategoria 123 2 3 A experi ncia vivenciada da maternagem do filho pr termo hospitalizado na Unidade Neonatal Ao considerar o nascimento como um rito de passagem Gennep 1978 Taylor 2008 e Helman 2009 o parto prematuro imp e a cada membro da fam lia o rec m nascido a m e e o pai um per odo prolongado da etapa de transi o at que possam ser incorporados vida social TAYLOR 2008 p 60 No hospital o nascimento como evento biol gico medicalizado Nesse modelo tecnol gico do parto a separa o conceitual da m e e do beb b sica Helman 2009 p 155 descreve que o beb tirado da m e e entregue enfermeira que o inspeciona testa limpa p e fraldas veste administra uma inje o de vitamina K e um col rio antibi tico Ent o tendo sido apropriadamente aculturado ou
334. xpress es comportamentos e semelhan as corporais que ajudam em seu reconhecimento apesar dos fios aparelhos e alarmes Ela m e sempre esteve comigo na minha outra gravidez nessa Sempre esteve comigo sempre sempre mesmo Quando eu venho aqui ela sempre vem comigo Ela sempre esteve presente comigo Uma m e que eu n o posso reclamar de nada sempre me atendeu Que o meu marido trabalha ent o ela est sempre comigo gra as a Deus Denise Neste aspecto os av s possuem um lugar privilegiado Em geral s o eles que se oferecem como rede de apoio para seus filhos no que se refere a dar continuidade a suas atividades ou compromissos extra hospitalares no cuidado com o restante da fam lia Especialmente a av materna sente se solicitada a participar de forma mais intensa nesse processo BRASIL 2009 p 120 Eu recebia visita da minha m e e do meu marido Ele ia l quase todo dia ficava comigo l Eu chorava todo dia de nervoso de ficar l dentro Eu ficava ligando pra minha 147 m e pra ela vir ficar comigo que eu me sentia muito sozinha Isabela A irm de Viviane foi seu grande apoio avisou de seu nascimento ela teve ecl mpsia e ficou na UTI visitava o sobrinho levava not cias buscou os dois no hospital quando de alta Quando eu sa do meu hospital sa primeiro do que ele A quando eu vim pegar ele a mulher daqui perguntou se eu era a m e dele A eu falei que era ela pensou que era a

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