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REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE

1. a elabora o do passado significa elabor lo a s rio rompendo seu encanto por meio de uma consci ncia clara O gesto de tudo esquecer e perdoar privativo de quem sofreu a injusti a acaba advindo dos partid rios daqueles que praticaram a injusti a a tend ncia de relacionar a recusa da culpa seja ela inconsciente ou nem t o incons ciente assim de maneira t o absurda com a id ia da elabora o do passado motivo suficiente para provocar considera es relativas a um plano que ainda hoje provoca tanto horror que vacilamos at em nome lo O desejo de libertar se do passado justifica se n o poss vel viver a sua sombra e o terror n o tem fim quando culpa e viol ncia precisam ser pagas com culpa e viol ncia e n o se justifica porque o passado de que se quer escapar ainda permanece muito vivo Adorno 1995b p 29 Paradoxos da rela o com o org nico No passado escravocrata a id ia de animaliza o em alguns casos os escra vizados valiam menos que porcos ou mulas foi muito difundida por raz es bastan tes conhecidas Nesta din mica de bestializac o que se localiza a assertiva dos autores da Dial tica do esclarecimento quando dizem que a compuls o cruelda de e destrui o tem origem no recalcamento org nico da proximidade ao corpo Horkheimer Adorno 1985 p 217 Essa id ia refere se em primeiro momento hist ria da humanidade ao longu ssimo proce
2. dos Assim s o comparados ao bambu que belo por fora mas oco por dentro idem p 9 nteressante notar que esse fundamento uma constru o discursiva por tanto simb lica permeada de rela es de poder e constitui se num am lgama que mistura o erudi o formal e o informal o sagrado e o profano o cient fico e o senso comum to e o popular o coletivo e o individual a tradi o e a modernidade e con solida processos identit rios para al m de componentes ling sticos tnicos de territ ri o e de na o A chegada dos professores de capoeira na Europa geralmente marcada por muita frustra o e dificuldade O depoimento do Mestre Matias mineiro que se mudou para a Su a em 1989 e atualmente desenvolve trabalhos em v rias cidades daquele pa s faz coro com muitas outras experi ncias de mestres e profes m sores que se jogaram em busca de melhores horizontes Foi muito dura a chegada na Su ca ralei muito toquei berimbau na neve nas esta es de trem entendeu porque os capoeiristas que tinham l n o faziam roda de rua Eu ia para a rua sozinho s vezes tocava o meu berimbau tentava saltar s vezes fazia coisas malucas e tamb m era um modo de me libertar O berimbau era o meu companheiro Era o modo de eu me livrar daquela ang stia daquela saudade daquela vontade de estar no Brasil no meio dos alunos dos colegas Aquele pa s frio voc chega e t
3. Neste texto pretendo dialogar com um conceito de jogo que se constr i nessas rela es em que diferentes formas de ser e de educar marcam o corpo e possibilitam a constitui o das identidades coletivas e individuais desde a inf ncia O jogo aqui explicitado o das rela es interculturais que passam pelo saber da Edu ca o F sica mas que permeiam as pr ticas sociais cotidianas na aldeia de Meruri onde os salesianos criaram a escola e procuram educar os bororo para a integra o com a sociedade envolvente h mais de um s culo Vangelista 1996 A escola ind gena que atualmente j conta com professores ind genas mas ainda gerenciada pelos salesianos um espa o de fronteira onde os saberes tradicionais bororo est o em constante rela o com os saberes tradicionais da edu ca o escolar e da pr pria Educa o F sica Numa rela o tamb m intercultural entre a cultura bororo e a cultura da escola o jogo mais marcante o jogo que Os professores se habilitam em n vel m dio no Projeto Tucum 1996 2001 junto com mais 10 etnias e atualmente se habilitam em n vel superior no Projeto 3 Grau Indigena Unemat 2001 2005 Nesses cursos fui professora das disciplinas de Educa o F sica desde 1995 numa perspec tiva de educac o intercultural visando atender s particularidades e interesses de cada comunidade ind gena e em cada aldeia Neste trabalho pude constatar a presen a do futebol em mais de
4. Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 137 A CRIAN A COM DEFICI NCIA VISUAL E AS INFLU NCIAS SOFRIDAS NO PROCESSO DE INTERA O POR MEIO DO JOGO As incapacidades geradas pela cegueira est o na coordena o dos movi mentos e no controle postural As limita es causadas pelo impedimento visual est o na estimula o motora intera o com os pais aquisi o de base emocional e motivacional para expandir o repert rio motor e no desenvolvimento de pr requisitos cognitivos para habilidades motoras finas e locomotoras Tr ster Herner Brambring 1994 Podemos entender assim que o desenvolvimento motor em jovens cegos n o generalizadamente retardado Esse d ficit ocorre nos aspectos manuais e de locomog o Warren 1976 j que esse processo acaba sendo ritmado por dificul dades no entendimento ou na resolug o dos problemas Brambring Tr ster 1994 A crian a sem defici ncia visual apresenta movimentos reflexos de varredura do ambiente realizado pelos olhos desde as primeiras semanas de vida Frechtl et al 2001 Segundo Frechtl et al 2001 esses movimentos de busca pelos olhos s o apresentados tamb m por crian as cegas cong nitas at a terceira semana de vida vindo a desaparecer por n o serem estimulados e assim assimilados A varre dura visual retorna no per odo em que a manipula o passa a ser um elemento para a incorpora o de novos objetos nessa fase
5. centrado no consumo e na reprodutibilidade t cnica cont m em seu movimento duas tend ncias contradi t rias De um lado o capitalismo transnacional e n o genuinamente multinacional que n o reconhece fronteiras nacionais e de outro a luta dos Estados Na o por soberania e autonomia Nesse enfrentamento o capitalismo tem se mostrado muito mais poderoso do que qualquer projeto de Estado Na o moderno Segundo Hobsbawm 1995 p 20 os Estados Na o viram se esfacelados pelas for as de uma economia supranacional ou transnacional e pelas for as infranacionais de re gi es e grupos tnicos secessionistas Ali s hoje imposs vel imaginar o Estado moderno inc lume s for as do capital e este por sua vez se utiliza simbioticamente daquele para se reproduzir e alastrar De acordo com M sz ros 2002 p 29 o sistema do capital formado por elementos inevitavelmente centr fugos em confli to ou em oposi o complementados n o somente pelo poder controlador da Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 6l m o invis vel mas tamb m pelas fun es legais e pol ticas do Estado moderno Se antes as empresas capitalistas tinham uma raz o social e fun es conhe cidas de f cil verifica o cujos propriet rios competentes ou n o tir nicos ou n o eram identific veis pois tudo ocorria dentro de uma mesma geografia em ritmos familiares com claras a
6. nx refere se vertigem e n usea A montanha russa o carrossel o tobog a roda gigante e tantos outros brinquedos encontrados no parque de divers es traduzem esse fasc nio pelo risco e a busca pelo descontrole provocado pela vertigem Caillois 1990 nos esclarece sobre o teor meramente formal e aproximado dessas categorias que por muitas vezes combinam entre si e at se op em Nao se trata de um ju zo de valores ou de uma hierarquiza o dos jogos Estes apresen tam uma realidade complexa e intang vel Algumas combina es s o observadas com facilidade outras n o Quando crian as representam avi es em pleno v o efetuando manobras e produzindo sons de um motor notamos claramente a pre sen a da faculdade mim tica mimicry na brincadeira Se por um momento al gu m propuser uma disputa entre os avi es crian as para saber quem alcan ar em primeiro lugar determinado local observaremos uma combina o entre mimicry e agon Quando um piloto salta com sua asa delta na busca pela vertigem inx e n o se equipa com o p ra quedas de seguran a ele joga com a pr pria sorte a ea pois est consciente dos riscos que corre durante o v o Outro exemplo dessas combina es pode ser encontrado nos chamados esportes radicais como a patina o o rafting e o surfe Mesmo sendo jogos altamente t cnicos e f sicos agon apresentam um componente de incerteza e risco 1 mx S o jogos que consistem numa t
7. o lembra as palavras de Babin e Kouloumdjian 1989 p 26 para quem a baixa da aten o e da capacidade de concentra o das crian as e jovens que apontada como consequ ncia da a o da m dia s vale para con ceitos abstratos para discursos desprovidos de ritmos imagens sons vibra es mas n o para a televis o mas n o para ler uma hist ria em quadrinhos nem para responder a uma aula auxiliada por um computador Segundo Broug re 1995 p 51 a cultura l dica infantil envolve diversos elementos externos inclusive as m dias que influenciam os brinquedos e as brinca deiras e para se tornar um verdadeiro objeto de brincadeira deve encontrar seu lugar na cultura l dica infantil Em cada lugar a crian a incorpora elementos da cultura para alimentar suas brincadeiras e portanto Seria inveross mil se a brinca deira da crian a n o se alimentasse da televis o e seus efeitos Broug re 1995 p 5 Ainda segundo o mesmo autor seja nos conte dos nos personagens ou nas tramas as imagens transmitidas pela televis o s o apropriadas pelas crian as as quais n o assistem e recebem passivamente as mensagens fornecidas mas trans formam essa informa o em estruturas l dicas que sustentam suas brincadeiras Para Broug re 1995 p 54 o grande valor da TV para a inf ncia oferecer s crian as uma linguagem nica e comum mesmo para aquelas que est o em ambientes dis
8. o de domina o entre ganhadores e perdedores mas a tentativa de justificar e banalizar tal rela o As classes e ideologias dominan tes fazem com que as desfavorecidas ou exploradas aceitem a condi o de domina das como uma coisa natural e fazem acreditar que um dia a situa o possa ser revertida como em um jogo Para Brown 1995 isso significa negar e invalidar qualquer possibilidade de mudan a p 16 Segundo Maturana 2002 quando se quer convencer algu m de que nos sas a es est o corretas busca se argumentos em toda uma s rie de concep es j incorporadas sobre as quais j nem sequer se reflete simplesmente s o repeti das com certeza e convic o Por isso vemos essa valoriza o da competi o den tro da Educa o F sica escolar como um mito e um dif cil desafio Para Bertrand 2001 os estudantes de hoje ser o os principais agentes con dutores e prosseguidores das transforma es paradigm ticas e ticas hoje reivindicadas Isso significa que esses jovens e crian as precisar o de uma educa o e de uma forma o com valores diferentes da competi o da segrega o do racismo etc p 23 1 A Educa o F sica escolar apoiada nos referenciais dos Jogos cooperativos pode e deve assumir esse compromisso PERSPECTIVA DE MUDAN A NA EDUCA O F SICA ESCOLAR OS JOGOS COOPERATIVOS COMO NOVA TEND NCIA Darido 2001 apresenta os jogos cooperativos como uma nova tend ncia na Ed
9. 14 p 235 249 2000 SCHWARTZ R Cultura e pol tica S o Paulo Paz e Terra 2001 SOARES C E L A negregada institui o os capoeiras na Corte Imperial Rio de Janeiro Access 1999 A capoeira escrava e outras tradi es rebeldes no Rio de Janeiro 1808 1850 2 ed rev e ampl Campinas Unicamp 2002 608p SILVA P C da C A Educa o F sica na roda de capoeira entre a tradi o e a globaliza o 2002 Disserta o Mestrado em Educa o F sica Faculdade de Educa o Fisica Universi dade Estadual de Campinas Campinas 2002 TURCKE C Sensationsgesellschaft Asthetisierung des Daseinskampf In SCHWEPPENHAUSER H WISCHKE M mpuls und Negativit t Ethik und Asthetik bei Adorno Hamburg Argument 1995 VIEIRA L R Criatividade e clich s no jogo da capoeira A racionaliza o do corpo na socie dade contempor nea Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte Campinas v n p 58 63 1989 Recebido 6 jun 2005 Aprovado 7 ago 2005 Endere o para correspond ncia Programa de P s gradua o em Educa o CED UFSC Cx Postal 476 Campus Universit rio Florian polis SC CEP 88040 900 58 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 O JOGO DA CAPOEIRA EM JOGO Dr JOS LUIZ CIRQUEIRA FALCAO Doutor em educac o pela Universidade Federal da Bahia UFBA 2004 Professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Integr
10. Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 35 distribu dos como se as duas metades se complementassem para que o ri tual fosse bonito O professor bororo n o ensina t cnicas ou sugere posi es no jogo n o chama aten o das crian as quanto ao desempenho quanto atitude em rela o ao colega nem ao jogo Sua postura tranquila e as crian as se envolvem com o jogo com muita espontaneidade Usa um termo n o vau ou algo semelhante que tem o sentido de que o comportamento n o foi v lido de acordo com a regra que ele estabeleceu como v lida assim as crian as v o adequando seus comporta mentos avalia o do professor e aprendem as regras do jogo ali institu das O professor e tamb m as crian as geralmente est o de chinelos de borracha mas se estes atrapalharem os movimentos s o deixados ao lado do campo Uma das meninas n o participou do jogo de futebol nem entrou no jogo da grama Contudo n o observei em nenhum momento preocupa o por sua op o de ficar de fora das brincadeiras nem por parte dos colegas nem do professor DO JOGO DE FUTEBOL DA TERCEIRA S RIE a Divis o dos times Sobre a forma de dividir a turma ora o professor destacou dois alunos e estes por sua vez escolheram os colegas formando cada qual seu time come an do pelos que consideram melhores no jogo ora fez uma fila coluna e dividiu as crian as para um lado e para o outro Quando sobrava
11. Essa discuss o se deu pelo fato de o time B n o conseguir marcar uma menina do time A Chateado com seu time o menino saiu do jogo s voltando com a resolu o do problema por algu m do grupo sem a interfer ncia do professor Quando cansavam muito come avam a pedir para parar o jogo pois dese javam beber gua O professor apitou e todos foram escola beber gua Acabado O jogo o professor recolheu a bola quase ao t rmino do hor rio de aula do per o do matutino e todos retornaram juntos para a escola e em seguida atravessaram o campo de futebol e o centro da aldeia cada um com seu caderno Alguns se reuniram e com seus cadernos me entrevistaram sobre o porqu das fotos du rante o jogo Com isso e aproveitando a entrevista n o pude identificar nenhum interesse no assunto do futebol n o havia coment rios sobre o jogo nem sobre seus resultados em nenhuma das duas turmas Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 37 O JOGO DA IDENTIDADE NO CORPO BOE Em Meruri quando jogam futebol os adultos n o recorrem s formas tradi cionais de buscar solu es para os cuidados com a sa de tida como influenciada pelos esp ritos maus como o Bope vivo na mem ria e expresso na tradig o que se mant m como indicag o duma dignidade respeitada antigamente pelos antepassa dos que perdeu seu valor institucional pol tico e religioso At porque principal mente nessa aldeia
12. Juegos para el Encuentro Lecturas Educaci n F sica y Desportes Buenos Aires 1998 ano 3 n 9 Revista digital dispon vel em http www efesportes com efd9 jue9 htm Acessado em 04 1 1 2003 ORLICK T Vencendo a competi o S o Paulo C rculo do Livro 1989 SALVADOR M A S TROTTE S M S Jogos cooperativos uma estrat gia essencial da cultura corporal nas escolas p blicas ENCONTRO FLUMINENSE DE EDUCA O F SI CA ESCOLAR V Niter i Anais Niter i 23 24 jun 2001 Universidade Federal Fluminense Departamento de Educac o F sica p 69 72 SOLER R Jogos cooperativos Rio de Janeiro Sprint 2002 T VOLA A da Isso de ganhar Projeto coopera o Santos 7 set 2002 Dispon vel em lt http Avww projetocoopera o com br domes htm gt Acesso em 7 set 2002 TERENA C J O importante n o competir e sim celebrar In BRASIL Jogos dos povos indigenas Bras lia Funda o Nacional do ndio Dispon vel em lt http Avww funai gov br indios jogos jogos indigenas htm gt Acesso em 10 jul 2002 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 163 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Departamento de Educac o F sica e Desportos Programa de P s Gradua o Relat rio da Comiss o de Avalia o do VII ENCONTRO FLUMINENSE DE EDUCA O F SICA ESCOLAR EnFEFE Niter i 1 12 outubro 2003 Recebido 2 jun 2005 Aprovado 26 jul 2005 Endereco para correspon
13. RBCE Faculdade de Educa o F sica da Unicamp Caixa Postal 6134 Campinas SP 13083 85 E mail rbce Ofef unicamp br 188 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 187 188 jan 2006
14. Territ rio Ind gena de Meruri localizado a 400km de Cuiab durante a pesquisa de doutorado em educa o Corpo e Educa o as rela es interculturais nas pr ticas corporais bororo em Meruri Universidade Federla de Santa Catarina UFSC 2004 Coordenadora do N cleo de Estudos sobre Corpo Educa o e Cultura Unemat Caceres MT Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 27 Boe a autodenomina o do povo Bororo que j foi a maior etnia do Cen tro Oeste brasileiro e atualmente n o chega a 2 000 indiv duos Amplamente co nhecido por meio da antropologia de L vi Strauss 1993 vem sobrevivendo a duras penas Viertler 1990 desde a chegada do primeiro bandeirante paulista em 1675 O encontro oficial foi em 1716 quando com o ouro criou se o Arraial de Cuiab em 1719 Desde ent o as guerras justas foram sistem ticas contra o Bororo em luta pela defesa de seus territ rios A hist ria do contato com esse povo entrela a se com a hist ria dos munic pios de Cuiab C ceres Poxor u Rondon polis General Carneiro entre tantos e insere se no contexto nacional Ribeiro 1997 permeada por valores que sus tentavam e sustentam a cultura ocidental hegemonicamente crist capitalista e branca Esta embasa as rela es autorit rias e etnoc ntricas estabelecidas historica mente com os grupos tnicos diferenciados genericamente definidos como ndios negros e caboclos
15. Universidade Estadual Faulista Bauru Brasil Petro Cerver Politecnico di Milano Biomedical Engineering Department Italia Ricardo Machado Leite de Barros Universidade Estadual de Campinas Brasil Valter Bracht Universidade Federal do Espirito Santo Brasil INFORMACOES www cbce org br Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte ISSN 0101 3289 uma publica o oficial do Col gio Brasileiro de Ci ncias do Esporte CBCE com periodicidade quadrimestral editada pelo CBCE e pela editora Autores Associados Indexada Sibradid Sportsearch Sport Discus Ulrich s International Periodicals Cat logo Coletivo Nacional de Publica es Seriadas CCN Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 7 188 jan 2006 ISSN 0101 3289 REVISTA BRASILEIRA DE CI NCIAS DO ESPORTE Campinas v 27 n 2 p 7 188 jan 2006 Tem tica Jogo e Educac o F sica Ci ncias do Esporte a z E AUTORES Q MINIST RIO DO ESPORTE ASSOCIADOS EDITORA AUTORES ASSOCIADOS LTDA Uma editora educativa a servi o da cultura brasileira Av Albino J B de Oliveira 901 CEP 13084 008 Campinas SP Pabx Fax 19 3289 5930 e mail editora autoresassociados com br Cat logo on line www autoresassociados com br Conselho Editorial Diagrama o e Composi o Prof Casemiro dos Reis Filho DPG Ltda Bernardete A Gatti Carlos Roberto Jamil Cury Revis o Dermeval Saviani Edson Estavarengo Jr Gilberta S de M Jannuzzi
16. essa sociedade j tem outras institui es sociais p blicas como as nossas atuais escolas hospitais estradas etc s quais foram habituados a recor rer sem necessidade de buscar solu es pr prias embora usem uma borracha abaixo do joelho e no tornozelo para n o ter dor nos jogos de campeonatos O que se percebe que o conhecimento relativo ao saber escolar n o tem a for a do saber cotidiano transmitido com sentidos pr prios da realidade compartilhada na fam lia isto da educa o do corpo que se mant m nas sociedades tradicionais mesmo com mais de dois s culos de contato por meio do processo de reclus o quando os adolescentes menino e menina s o transformados em adultos A tecnologia de elabora o do corpo em reclus o se exerce por meio de interven es sobre os canais de contato entre o corpo e o mundo Trata se da manipula o de algumas subst ncias que devendo ou n o entrar sair do corpo colaboram para seu cres cimento e fortalecimento sangue s men alimentos em ticos vegetais tabaco A beleza de um corpo ser sempre express o de beleza interna propiciada por um grupo de parentes pr ximos a um indiv duo que nele investiram amor cuidados e recurso propondo se a construir um novo ser humano a partir do beb aprovado por rigorosa sele o social Viveiros de Castro 1987 p 37 Algumas pr ticas corporais observadas realizadas entre os Bororo s o con sideradas
17. ncia de ocorrerem envolvimentos nos niveis competitivo e cooperativo n o sendo abordado nesses estudos as fases iniciais do processo de forma o das regras A constru o de re gras por analogia as que se recebem pode levar a pessoa com defici ncia visual a construir suas intera es baseadas na segrega o e discrimina o al m da falta de experi ncia e de dimensionar fatos objetos concretos e abstratos de maneira ina dequada Como apontado por Warren 1976 as pesquisas sobre desenvolvimento motor em pessoas com defici ncia visual realizadas at a metade da d cada de 1970 concentram se na fase inicial desse processo mostrando uma lacuna nas demais Constatamos que essa condi o permanece j que foram poucos os estu dos encontrados e ainda assim de modo limitado para construirmos uma caracte r stica dessa popula o A aus ncia do aprendizado incidental nessa popula o acarreta lacunas no processo de desenvolvimento Como apontado por Sherril et al 1984 e Ponchillia et al 2002 o processo de estimula o deve ser direcionado por pr ticas sistema tizadas e por agentes educacionais preparados Um grande problema nesse pro cesso est na quest o familiar j que os pais muitas vezes n o est o preparados para a interven o Silveira Loguercio Sperb 2000 Somente por meio de atitu des educacionais sistematizadas as pessoas com defici ncia visual poder o atingir n veis de desenvolvimento cognitivo
18. nuo a crian a sente se segura na presen a de algu m que lhe inspira confian a por fim capaz de aceitar brincar de com algo proposto por um adulto quase de forma compartilhada bom recordar que o brincar por si mesmo uma terapia Conseguir que as crian as possam brincar em si mesmo uma psicoterapia que possui aplica o imediata e universal e inclui o estabelecimento de uma atitude social positiva com respeito ao brincar Essa atitude deve incluir o reconhecimento de que o brincar sempre pass vel de tornar se assustador Os jogos e sua organiza o devem ser encarados como parte de uma tentativa de prevenir o aspecto assustador do brincar Winnicott 1975 p 75 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 85 Para prevenir o aspecto assustador do brincar Winnicott prop e que pre ciso a crian a estar assistida por pessoas respons veis sem que isso signifique ne cessariamente interfer ncia dessas pessoas no brincar jogar da crian a bem ver dade que o professor particularmente o de Educa o F sica n o o psicanalista ou o psicoterapeuta que a escola infantil n o o consult rio e que os procedimentos pedag gicos tendem a ser distintos dos procedimentos cl nicos tudo em fun o da concep o de crian a recursos e objetivos com os quais se trabalha Na com preens o do autor a diferen a est na rela o que se estabelece com o objeto de estudo intervenc o As
19. o que acompanha o esporte telespet culo Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 169 O esporte atual essencialmente um discurso sobre a imprensa esportiva para al m de tr s diafragmas est o esporte praticado que no limite n o poderia existir e existe apenas a falac o sobre a falac o do esporte a falac o sobre a falag o da imprensa esporti va representa um jogo com todas as suas regras Para Feres Neto 2001 a fala o esportiva causa um embaralhamento entre a pr tica e o discurso Os falantes acabam sabendo mais que os pr prios atletas mas se esquecem de que n o est o praticando o esporte Por sua vez a assist ncia ao esporte telespet culo promove o embaralhamento entre praticar e assistir Apesar de tamb m n o estar praticando o esporte os fas acabam criando novas pr ticas e rituais de participa o ao assistirem eventos esportivos pela tele vis o como vestir a mesma roupa apagar e acender a luz diversas vezes o que faz com que o fa torcedor acredite estar colaborando com seu time Eastman Riggs apud Feres Neto 2001 Tal movimento acentuado de virtualiza o no entendimento de Feres Neto 2001 levou o esporte para uma muta o de identidade em termo de um pro cesso de heterog nese pois o que chamamos hoje esporte n o se esgota em sua pr tica atualiza o mas abarca outras possibilidades de vivenci lo como a assis t
20. o que com prometeria imediatamente a efervesc ncia de uma partida de uma dan a ou de uma representac o teatral Simular um jogo ou simular as tens es do jogo arran car dele o encantamento N o nos referimos aos blefes fintas trapacas e infinitos truques que o jogador possa apresentar Se a trapa a n o evidente infringindo a legisla o do jogo este segue normalmente ou dilatar ainda mais a tens o dos demais jogadores e dos espectadores Simular lances comprometer o entendi mento do oponente fundamental em certos jogos Os jogadores preferem os trapaceiros aos estraga prazeres Huizinga 1996 O espa o e as regras estabelecidas num determinado jogo s o muito bem definidas Dentro desses limites o jogador livre para criar situa es novas e nunca antes imaginadas O jogo um espa o de cria o ou dito de outro modo de arte Tomemos como exemplo jogos arcaicos de competi o viril como os lan a mentos corridas e saltos Lembremo nos que a igualdade de oportunidades criada artificialmente para que os advers rios se de frontem em condi es ideais suscet veis de dar valor preciso e incontest vel ao triunfo do vencedor Trata se sempre de uma rivalidade que se baseia numa nica qualidade rapi dez resist ncia vigor mem ria habilidade engenho exercendo se em limites definidos e sem nenhum auxiliar exterior de tal forma que o vencedor apare a como sendo o melhor numa determin
21. plexas e controvertidas Um aspecto muito evidente est relacionado com o pro cesso de forma o do profissional que ir atuar em terras long nquas Ironica mente propaga se no meio capoeirano que os avi es da Varig e da 7AP companhias a reas se tornaram verdadeiras academias de capoeira Muitos embarcam no Bra sil como disc pulos e ap s algumas horas de v o desembarcam no exterior como consagrados mestres A despeito desses arranjos inevit veis importante reconhecer que o jogo da ca poeira ganhou o mundo e se transformou num dos ve culos mais significativos de inser o da cultura brasileira no exterior Como uma esp cie de embaixador do Brasil termina auxiliando os rg os oficiais de turismo como a Embratur no seu processo de divulga o Esse processo de internacionaliza o do jogo da capoeira vem contribuindo para a ressignifica o de algumas bandeiras cultivadas e defendidas por seus pre cursores como a oralidade o improviso a mandinga e a resist ncia cultural Outras categorias mais sintonizadas com o momento atual tais como mercadoria tni ca folia de esp rito malha o espetaculariza o etc passam a fazer parte de seus fundamentos Vassalo 2003 Estamos presenciando a constru o de uma di spora brasileira e o jogo da capoeira insere se indubitavelmente como um dos carros chefes desse processo O fato que ele vem se ex
22. quadro a Capoeira Contempor nea sujeita os agentes aos mesmos ditames a adaptac o do capoeira de acordo com o contexto em que joga se configura em uma das suas caracter sticas principais Sabemos que o capoeira joga de acordo com o toque do berimbau mas n o este que o faz agradar o olhar do p blico Com a avalanche de apresenta es de capoeira que tem ocorrido nas ltimas d cadas os praticantes muitas vezes adaptam seu jogo rituais indument rias c nticos dura o da roda etc de acordo com o local onde se apresentam e das pessoas que est o assistindo moldando se s demandas de consumo O fato de tomar parte em diferentes realidades da capoeira nao subentende a compreens o por parte de quem participa da diversidade de uma certa flutuag o e nomadismo que pode constituir a multiplicidade da pr tica da capoeira Al m disso reconhecer outros tipos de diferenca que localizam situam e posicionam Hall 2003 p 346 estes segmentos torna se um desafio ut pico na pr tica e na coexist ncia das diferentes capoeiras Jogo e racionalidade dom nio de si A capoeira sup e o corpo como material privilegiado de sua realiza o Quando entendemos que h educa o do corpo por meio dela e que essa se configura em diferentes pedagogias precisamos considerar que o jogo conforma seus atores a modelos corporais com os quais se estabelecem diversos tipos de rela o de amor de dio de conformismo
23. rio e da competi o tamb m encontra sua manifesta o no universo abrangente da dan a 124 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 O estar em cena abre espa o para o desconhecido para a intera o que se d naquele momento para o aleat rio Luz som p blico bailarinos produ o cen rio tudo tem de acontecer naquele momento Cada dia diferente do outro e em cada espet culo algo se transforma Esse o espaco do acaso da categoria definida como a ea onde o bailarino a despeito da t cnica e dos ensaios vive O imponder vel desde a reac o do p blico ante a performance ou at a possibilidade de lapsos falhas descontinuidades do pr prio ballarino ou de qualquer outro ele mento c nico Algo se d ali naquele momento que transcende os ensaios a pr pria intera o com o p blico faz da dan a um espa o para novas possibilidades de misturas A alea nega o trabalho e n o reivindica do bailarino uma responsabilidade individual ao contr rio implica uma demiss o da vontade A sorte sem d vida pode proporcionar a qualquer um muit ssimo mais do que poderia se pensar en contrar em uma vida de sacrif cios A alea surge como uma insolente e soberana zombaria do m rito Caillois 1958 p 37 O bailarino via de regra tenta controlar o acaso ou seja ensalar exaustiva mente para que tudo saia de acordo com o previsto Entretanto existem core gra fos que fazem do ac
24. s crian as um ambiente livre de medo e da preocupa o de errar am biente este que lhe permitir desenvolver sua criatividade e ampliar seus conheci mentos Fensamento reflexivo e solug o de problemas o jogo uma atividade que oferece situa es constantes e din micas que estimulam a criatividade e a expressividade da crianga No jogo o feedback para o conhecimento l gico vem da pr pria crian a e de seus companheiros auxiliando o surgimento de condutas mais cooperativas e aut nomas Cortez 1999 p 125 Nos jogos cooperativos surgem um espa o e um momento para que as crian as aprendam a pensar e agir uns com os outros de forma diferente da que est o acostumadas nas atividades competitivas Coopera o refere se ao envolvimento e participa o das crian as nos jogos mostrando aumento da colabora o da solidariedade da amizade e do res peito entre elas Os jogos cooperativos ao permitir aos alunos uma nova forma de Jogar melhoram a intera o social levando os a perceber a possibilidade de haver divertimento sem a competi o a que est o acostumados Em Correia 2004 apresento um relato de experi ncia em uma escola p blica da rede estadual do estado do Rio de Janeiro onde fui pesquisador e professor Os resultados mostram que nem sempre as atividades com jogos cooperativos s o pron tamente aceitas mas que s o uma boa oportunidade para se discutir com os alunos algumas rela es e quest es
25. sticas p s modernas tais como o jogo de jatos de tintas e cores geradores das obras de Pollock ou como a arte da fotografia ou buscar o fortuito entre as paisa gens do cotidiano Entretanto ao pensarmos a respeito da dimens o l dica da dan a na nossa poca h que se observar a intensifica o e a consolida o de determinadas facetas da manifesta o do agon Na concep o de Caillois o jogo de competi o pressu p e limites definidos que podem ser interpretados como regras e o estabeleci mento de uma determinada proeza pela qual se compete a fim de se medir e de se constatar quem o vencedor Na dan a a categoria do agon a princ pio estaria subordinada t cnica isto seria um instrumento para capacitar se fisicamente para lan ar se na vertigem um saber fazer para enfrentar os desafios do acaso e para gerar uma performance capaz de enriquecer a mimesis do artista justamente esse aspecto mensur vel da performance t cnica que coloca o bailarino em um primeiro momento diante de uma competi o com o pr prio corpo na qual este passa a seguir regras e buscar par metros para alcan ar determinado n mero de giros vencer limites de flexibili dade e equil brio saltar cada vez mais alto A melhoria t cnica seria uma das formas de alcan ar se o resultado est tico Nesta busca pela performance o bailarino n o se defronta apenas com o seu pr prio corpo diante do espelho mas tamb m com o outro Nesse momen
26. uma duas tr s vezes o zero n o sa a V pondo V pondo repetia sem cessar a av metendo me o cotovelo na sua impaci ncia Obedeci Quantas vezes j jogamos perguntou afinal exasperada Doze vezes com esta Babuschka Perdemos cento e quarenta e quatro fredericos Eu bem lhe disse pode acontecer que at noite Cale se interrompeu ela Jogue no zero e ao mesmo tempo ponha mil florins no verme lho Tome esta nota Deu vermelho o zerofalhou mais uma vez recuperamos mil florins Est vendo murmurou a av Ressarcimos quase todo o preju zo Jogue novamente no zero mais dez vezes e desistiremos Mas na quinta vez jogada a av se fartou Mande ao diabo esse miser vel zero Tome ponha quatro mil florins no vermelho ordenou ela Babuschka muito vermelho n o vai dar implorei Ela por m s me faltou bater ali s seus empurr es equivaliam quase a pancada N o havia como evitar pus no ver melho os quatro mil florins parte do lucro da manh A bola rodopiava A av mantinha se ereta e altiva nem por sombra duvidando de ganhar Zero proclamou o boleiro A av a principio n o compreendeu l muito bem por m quando viu um dos crouprers puxar os seus quatro mil florins e tudo mais que se achava em cima da mesa e percebeu que o zero h tanto esperado e no qual hav amos jogado cerca de duzentos fredericos tinha dado como de prop sito prec
27. v 3 1998c Senado Federal Plano Nacional de Educa o Brasilia Unesco 2001 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 89 HADDAD Lenira O referencial curricular nacional para a educa o infantil no contexto das pol ticas p blicas para a inf ncia uma aprecia o cr tica In REUNI O DA ASSOCIA O ACIONAL DE P S GRADUA O E PESQUISA EM EDUCA O 21 1998 Caxambu Anais Caxambu Anped 1998 ISHIMOTO Tizuko M Pol tica de forma o profissional para a educa o infantil pedagogia e normal superior Revista Educa o e Sociedade n 68 p 61 79 1999 MANOEL Edison de J et al A din mica do comportamento motor sua aprendizagem e hist ria natural em crian as implica es para a Educa o F sica na Educa o Infantil Revista Faulista de Educa o F sica S o Paulo n 4 p 33 49 2001 Suplemento NASCIMENTO Maria E P Os profissionais da educa o infantil e a nova lei de diretrizes e bases da educa o nacional In FARIA Ana L cia G PALHARES Marina S Orgs duca o infantil p s LDB rumos e desafios Campinas Autores Associados S o Carlos Editora da UFSCar 1999 OLIVEIRA Paulo de S Bringuedo e ind stria cultural Petr polis Vozes 1986 VEN NCIO Silvana O movimento humano e o brincar uma leitura pela obra de Winnicott Revista Motus Corporis v 8 n 2 p 32 38 nov 2001 WINNICOTT D W O brincar e a realidade Rio d
28. vel de seu talen prematuramente uma carreira inquestionavelmente brilhante uma vez que teve sua voz instrumen Desde ent o dedicou se fundamenta o d o primeiro de seu trabalho completamente d e um pensamento sobre a expressividade d Delsarte consultar Fran ois Delsarte une an 2002 entre outros eatro Randi 1993 Fran ois Delsarte personagem de uma dan a re descoberta M hologie Porte 1992 Fran ois Delsarte le anificada o corpo revelada pela tr ade voz palavra gesto emo o pensamento vontade Sobre a obra de Fran ois legge del adureira Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 Delsarte concebe esses estudos sobre a natureza e as correspond ncias que o gesto estabelece com o cosmos como uma filosofia da express o po tica do corpo O jogo revela toda beleza e expressividade do corpo Sinaliza tamb m a musicalidade e a capacidade do corpo em encarnar dem nios e deuses mitos e outras formas h bridas A vivacidade e a gra a est o originalmente ligadas s formas mais primitivas do jogo neste que a beleza do corpo humano atinge seu apogeu Em suas formas mais complexas O jogo est saturado de ritmo e de harmonia que s o os mais nobres dons de percepc o est tica de que o homem disp e S o muitos e bem ntimos os la os que unem o jogo e a beleza Huizinga 1996 p 10 No jogo as tens es f sicas nao podem ser fingidas ou afetadas
29. 30 etnias como pr tica mediadora em relac es de fronteiras culturais e tnicas realizada dentro e fora das aldeias Em Meruri no trabalho de campo realizado entre maio e agosto de 2001 essa pr tica complexa e contradit ria adquiriu diferentes dimens es que ser o apresentadas de maneira mais sucinta neste texto 2 Otermo fronteira remete a Tassinari 2001 que compreende o espa o escolar ind gena como um ambiente de media es entre diferentes culturas que entram em rela es de fronteiras tnicas e culturais Barth 1998 28 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 explicita os conflitos dessas culturas e possibilita uma media o para que a educa o do corpo boe seja garantida e que as crian as e jovens possam continuar a se identificar como bororo e interagir com a sociedade envolvente Nesse contexto complexo de rela es interculturais cujas dimens es sim b licas entre as culturas bororo e salesiana e a regional brasileira se entrecruzam como fronteiras fluidas t picas das culturas a pesquisa de campo realizada em 2001 identificou a educa o expressa no corpo e a constitui o das identidades dos par ticipantes da festa de comemora o dos 25 anos de conquista definitiva do Territ rio Ind gena de Meruri resultado do assassinato do diretor da miss o e de um bororo A festa possibilitada pela communitas Turner 1974 composta por Salesianos e bororo viabili
30. 43 CORPOS CULTURA PARADOXOS OBSERVA ES SOBRE O JOGO DE CAPOEIRA Ms MULEKA MWEWA Licenciado em portugu s e mestre em educa o pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC membro do N cleo de Estudos e Pesquisas Educac o e Sociedade Contempor nea Dr ALEXANDRE FERNANDEZ VAZ Doutor em Ci ncias Humanas e Sociais pela Universidade de Hannover Alemanha professor do Programa de P s gradua o em Educa o da UFSC coordenador do N cleo de Estudos e Pesquisas Educa o e Sociedade Contempor nea pesquisador n vel 2 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico CNPq Fundamentos da Educa o Apoio CNPq Funda o de Amparo a Pesquisa do Estado de Santa Catarina Fapesc Funda o Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de Nivel Superior Capes E mail alexfvaz O pesquisador cnpq br RESUMO O ensaio dedica se reflex o sobre elementos que comp em o jogo de capoeira bus cando sua inser o em alguns dos registros da cultura negra inclusive nos impasses e paradoxos que esta apresenta Dedica para tanto especial aten o estandariza o da cultura popular ao lugar social do corpo negro e s expectativas que a ele s o dirigidas for a virilidade bestializac o Buscando a dial tica da cultura no dominio de si e no mo vimento de aproxima o e distanciamento do org nico o texto se ocupa das din micas de hierarquia e produ o de marcas e movimentos corpor
31. Como um grande ritual que passa por diferentes momentos e pr ticas ela pode configu rar se como importante momento de fabricac o do corpo Viveiros de Castro 1987 de formac o da pessoa Nesse contexto o jogo uma forma de expressar esta educa o marcada no corpo entre os bororo foi usado como estrat gia dos mais velhos para educar os mais jovens e possibilitar Ihes a identidade coletiva bororo Na pesquisa constatei que o jogo mesmo quando jogado em situa es de competi es entre os bororo e os n o ndios embora carregue consigo a tens o caracter stica do esporte futebol ainda assim um jogo de mediac o intercultural necess ria constitui o da communitas como ocorreu na festa Mas esta assim como o jogo de futebol realizado fora da aldeia traduz as rela es conflitivas entre bororo e bra do n o ndio vividas no cotidiano e as dimens es que essas rela es trazem para as transforma es sofridas na educa o tradicional e nas pr ticas cor porais Assim mesmo sendo o futebol um esporte da sociedade envolvente traduz outros sentidos e significados como jogo apropriado e vivenciado como estrat gia para uma educa o intercultural bororo garantindo o que Mauss 1969 afirma ser a educa o que n o se separa da instru o Visando explicitar as dimens es complexas e din micas estabelecidas em relac es de fronteiras tnicas e culturais Barth 1998 neste texto privilegiarei as rela e
32. Como dar limites vertigem Como ter crit rios para definir o melhor jogo mim tico E a dimens o est tica E a obra de arte Talvez a dan a seja uma forma de viver instantes em que a combina o des sas quatro categorias seja vivida e contemplada em um casamento entre a expe ri ncia l dica e a dimens o est tica Between esthetics and playing a rehearsal of dance ABSTRACT The aim of the present study is to think about dance within Caillois s 1958 game categories Furthermore the idea is to present the experience of playing without missing the esthetic dimension The study shows that the game categories such as agon alea mimicry e ilinx respectively competition luck mimicry and vertigo are part of the dance universe Finally we can conclude that dancing make possible the combination of these four categories with the esthetic aspects KEYWORDS Dance game esthetics Entre el juego est tico y el impulsos l dico un ensayo de danza RESUMEN El objeto del presente ensayo es reflexionar sobre la danza dentro de las categor as del juego propuestas por Calllois 1958 adem s de presentar la danza como Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 129 un camino de experimento l dico sin perder de vista la experiencia de lo bello El estudio va descubriendo las categor as del juego que representan el papel de la competici n de la suerte del simulacro y del v rtigo q
33. Emo es antit ticas vertigem e riso por exemplo entram em con tato por cortes Duas margens emocionais s o tra adas uma margem ing nua tranquila e uma outra margem violenta e intensa N o uma ou outra que produz O prazer mas a fenda er tica criada entre elas O prazer experimentado nesse instante insustent vel e libertino explica Barthes 1999 p 32 O lugar do prazer HO Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 no jogo est no instante em que o sujeito experimenta uma suspens o uma expe ri ncia de corte entre uma a o e outra porque a que o universo emocional tocado O corte experimentado na forma do jogo distribui o das a es e em seu conte do vocabul rio gestual no fluxo intermitente dos gestos no jogo que est a produ o de prazer O fluxo de gestos principalmente na situa o l dica de repelir o obst culo encena o prazer da atra o e repuls o fluxo e refluxo A m tri ca do jogo alterada pois entre o que T estava fazendo e o que passou a fazer que emerge o prazer De forma que os cortes experimentados produziam frui o nos jogadores Essa a utilidade in til do jogo produzir prazer Interpretante Din mico Energ tico do Jogo No n vel anterior o receptor era tomado por um sentimento agora ele interpreta o signo sendo levado a agir ou a efetuar um esfor o muscular ou men tal que desprende energia Sendo o efeito de reagi
34. Fernando Ramos de Carvalho Maria Aparecida Motta Rodrigo Nascimento Walter E Garcia Capa Diretor Executivo Cria o e leiaute sobre pintura de Pieter Flavio Baldy dos Reis Brueghel Jogos infantis 1560 Milton Jos de Almeida Coordenadora Editorial Erica Bombardi Arte final Erica Bombardi Assistente Editorial Aline Marques Impressao e Acabamento Gr fica Paym COMERCIALIZACAO E ASSINATURA Editora Autores Associados Ltda Av Albino J B de Oliveira 901 Campinas SP CEP 13084 008 Pabx Fax 19 3289 5930 E mail editora autoresassociados com br Cat logo on line www autoresassociados com br REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS DO ESPORTE Campinas Col gio Brasileiro de Ci ncias do Esporte 1979 Quadrimestral ISSN 0101 3289 Co Edi o Autores Associados Jogo e Educa o Fisica Ci ncias do Esporte CDD 613 7 796 SUM RIO EDITORIAL Editorial ARTIGOS ORIGINAIS Articles A EDUCA O F SICA EM JOGO PR TICAS CORPORAIS EXPRESS O E ARTE Physical education in check body practices expression and art Joana Lopes e Jos Rafael Madureira O JOGO DA IDENTIDADE BOE A EDUCA O DO CORPO EM RELA ES DE FRONTEIRAS TNICAS E CULTURAIS The game of identity Boe the education of the body in relations of ethnic and cultural frontiers Beleni Sal te Grando CORPOS CULTURA PARADOXOS OBSERVA ES SOBRE O JOGO DE CAPOEIRA Bodies culture paradoxes comments on capoeira
35. a crian a com defici ncia visual ao segurar um objeto volta os olhos na dire o do mesmo no entanto esses tamb m desaparecem por n o serem assimilados A explora o do entorno pela crian a serve para que esta estime as dist n cias dos objetos e tamb m caracterize os que est o pr ximos com base nas suas capacidades sensoriais principalmente pela vis o Tr ster Herner Brambring 1994 A crian a cega ou com baixa vis o tem seus primeiros contatos com o mundo a partir do sistema t til cinest sico no entanto as informa es de rela o espacial dist ncia e profundidade n o s o facilmente assimiladas por este sentido entre tanto a partir da manipula o que ela come a a assimilar as qualidades dos objetos peso textura consist ncia temperatura entre outros e passando em um est gio seguinte a reconhecer os objetos pelas suas estruturas e formas b sicas atingindo o n vel de relacionar o objeto como parte de um todo Cobo Rodr guez Bueno 2003 2 Precis o dos movimentos e dimensionamento 3 Balan o padr o de movimento influenciado pelo sistema mec nico vestibular propriocep o e percep o visual 138 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 Segundo Tr ster et al 1994 a crian a cega apresenta baixa capacidade explorat ria do seu entorno por inseguran a e falta de estimula o Este quadro pode apresentar um ambiente pouco prop cio para os jogo
36. a import ncia da t cnica nem o papel do agon na supera o da mesma mas sim refletindo o empobrecimento que pode representar a redu o da dan a a esse aspecto Hoje vemos um grande crescimen to do n mero de eventos e da quantidade de alunos envolvidos em concursos de dan a em detrimento das mostras n o competitivas Nesses encontros a compe ti o acaba tornando se o motivo e o fim pelo qual se dan a A t cnica passa a ser o principal referencial j no momento em que uma escola de dan a inscreve um bailarino pois enquanto a avalia o do quesito express o art stica extremamente subjetiva certo que ser melhor pontuado o bailarino que errar menos que gira mais que capaz de eleva es mais altas de pernas Embora esses concursos existam em todas as modalidades de dan a sem d vida nas noites de gala do bal cl ssico em que o agon se manifesta com mais evid ncia Em geral para facilitar o julgamento a organiza o do concurso pr defi ne coreografias do repert rio cl ssico tradicional para serem apresentadas em que cada candidato repete a mesma dan a que ser comparada pelos ju zes como nas antigas s ries obrigat rias da gin stica ol mpica Em termos de espet culo temos um evento no qual vemos repetir se in meras vezes a mesma coreografia uma plat ia formada pela torcida de cada escola que s aplaude seus pr prios candidatos gri tando e batendo palmas no meio das dan as cada vez que o exe
37. a meticulosidade gestual Isso pode possibilitar um compartilhar constante de olhares e odores liberados durante o jogo A cultura o lugar onde o recalcamento se p e mas tamb m o territ rio no qual se autoriza um certo apego natureza desde que seja ela sempre disciplinada A proximidade com a terra e uma maior plenitude na realiza o concreta do sentido do olfato no momento do jogo n o nega o estatuto do corpo como tabu mas o reafirma na condi o de objeto de atra o e repuls o Isso se verifica na medida em que se torna comum ver os capoeiras descontentes com seus corpos quando estes os impossibilitam dentre outras coisas realizar movimentos cada vez mais espetaculares e fren ticos CORPOS ADORNAMENTOS SUBJETIVIDADES INCERTAS GUISA DE CONCLUS O E comum desde muito o adornamento e a modela o dos corpos na ca poeira O primeiro movimento ocorre por exemplo nas vestimentas desde abad s 5 Quanto quest o da proximidade do corpo com o ch o podemos dizer que uma condi o em alguma medida permanente no desenrolar desse jogo que se pauta numa outra l gica do posicio namento corporal Reis 1996 Isso permite ao corpo suspender a ordem do afastamento com o org nico e com ch o que lhe imposta na sociedade Isto uma das posturas mais constantes no jogo da capoeira de meia altura m dia geralmente na ginga que basicamente um movimento de troca de base dos p s co
38. altera es da percep o e compreens o do meio pelo prazer Piaget 1971 e reproduzindo novas aquisi es sem nenhum tipo de simbolismo idem Piaget Inhelder 2003 Os jogos nesse n vel envolvem o indiv duo a partir da repeti o de movi mentos no vazio que ocorrem independentes do contexto por meio de combina es sem finalidade aparente na busca do prazer associando estruturas assimiladas a outras rela es novas Piaget 1971 Parten 1932 apud Sherril 1981 apresenta algumas varia es em suas observa es do jogo de exerc cio dividindo o em tr s n veis sendo movimentos autistas ou sem ocupa o e com estere tipos repetitivos jogos com o corpo ou objetos e sem prop sito aparente 2 jogos em que o observador segue os objetos que lhe s o interessantes e 3 jogos solit rios Jogados com regras definidas e ignorando o pr ximo Esse n vel de jogo tem seu maior desenvolvimento durante a fase sens rio motora per odo no qual a crian a estabelece e constr i o significado do mundo a partir de suas experi ncias sensoriais ocorridas atrav s do movimento Piaget 1974 A evolu o ocorre por meio da explora o dos reflexos e comportamentos aleat rios evoluindo para as recep es orientadas a uma meta Papalia Olds 2000 Jogos simb licos s o caracterizados por jogos de exerc cios que desenvol vem a capacidade de imaginar de criar s mbolos Trata se da reprodu o de um esquema sens ri
39. arriscada j que n o poss vel determinar sem uma an lise pr via quais jogos concordam com os valores institucionais confirmando os e fortalecendo os e quais os contradizem os ridicularizam e representam formas de compensa o ou v lvulas de escape Para o autor as atitudes elementares que regem os jogos como compet n cia sorte simulacro e vertigem nem sempre se encontram isolados pois numero sos jogos s o constitu dos em sua capacidade de associa o Contudo as quatro atitudes fundamentais permitem em teoria seis conjun es poss veis e somente seis afirma S o elas agon alea agon mimicry agon ilinx alea mimicry alea ilinx mimicry ilinx Entende ser poss vel prever combina es tern rias mas considera vis vel que quase sempre isso constitui apenas justaposi es ocasionais que n o influenciam no car ter dos jogos Agon ilinx e alea mimicry s o consideradas conjun es proibidas Isso por que a vertigem n o poderia se associar com a rivalidade regulamentada sem desnaturaliz la e o simulacro n o poderia ser capaz de enganar a fatalidade O agon prediz respeito regra e dom nio de si elementos n o evidenciados na verti gem J a a ea sup e o pleno abandono ao capricho da sorte o que se coloca como contr rio ao disfarce e ao subterf gio presentes na mimicry Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 179 185 jan 2006 181 A classifica o das conjun es contingentes d
40. asume para la comprensi n de una cultura indigena espec fica PALABRAS CLAVES Juego f tbol educaci n intercultural REFER NCIAS ADUGOGENAU F lix Rondon Educa o escolar ind gena um caminho para a autono mia Cadernos de educac o escolar ind gena 3 grau ind gena v 2 n Barra dos Bugres p 67 70 2003 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 4 AGUIAR F Notas sobre o futebol como situa o dram tica In BOSI Alfredo Cultura bra silelra temas e situa es 4 ed S o Paulo tica 1999 BARTH F Grupos tnicos e suas fronteiras In POUTIGNAT P Teorias da etnicidade Segui do de grupos tnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth Philippe Poutignat Jocelyne Streiff Fenard Trad de Elcio Fernandes S o Paulo Fundac o Editora da Unesp 1998 CRESPO J Antropologia do jogo Publica o n 4 Exclusivo para uso interno Associa o dos Estudantes Isef Lisboa s d GRANDO B HASSE M Indio brasileiro integra o e preserva o In Culturas no Plu ral estudos emergentes Reinaldo Fleuri Org Grupo de Pesquisa Integrado Educa o Intercultural UFSC CED Florian polis 2002 p 101 116 L VI STRAUSS C Tristes tr picos Lisboa Edi es 70 1993 LOPES DA SILVA A Pequenos xam s criangas ind genas corporalidade In LOPES DA SILVA A NUNES A MACEDO A V L Orgs Crian as ind genas ensaios
41. certas circunst ncias ser repetida no futuro A regra um padr o de linguagem processada no momento em que o jogador joga usual o jogador esquecer se de outras coisas que n o est o no jogo O rapazinho esquece de atentar para os empregados ou para os palpites do turco O professor esquece da situa o periclitante que estava vivendo Babuschka esquece seu modo de agir habitual T aos dois meses esquece se dos quadros familiares T aos oito meses esquece se do objeto que queria J aos nove meses esquece se do patinho de celul ide Ao jogar o jogador esquece se de tudo ao redor por isso no jogo tudo se desmancha no ar O que n o est em jogo despercebido esse o modo de ser do jogador O interpretante din mico usual esse esquecimento um tipo de drible que o jogo d no pr prio jogador No jogo este move se e movido por motivos que ignora Os jogadores encontram se abstra dos nada lhes chama a aten o Toda a energia est concentrada no jogo o momento em que o mundo do jogo engoliu o mundo da vida rotineira Todo jogo capaz a qualquer momen to de absorver inteiramente o jogador confirma Huizinga 1996 p 11 O esquecimento no jogo n o fuga da realidade at porque a realidade est presente no jogo os objetos do ber o ou do cassino pertencem ao mundo real Inclusive o que h de mais contradit rio no jogo jogar com os elementos graves do cotidiano por exemplo o graveto serve c
42. cio a linguagem do movimento n o possui organiza o anal tica de suscet vel descri o rigorosa mas organiza o po tica de constru o criativa flui da de comunica o a interpreta o do gestual n o se d na an lise formal dos peda gos mas na inteireza das rela es e na produ o de significado para o sujeito da a o as express es de deslumbramento fascina o medo e impaci ncia dizem da inter preta o emocional dos jogadores ao experimentarem o prazer na viv ncia de emo es antit ticas os gestos descontrolados impensados arriscados euf ricos e cal mos dizem do investimento energ tico do jogador do ritmo impresso nas jogadas e da temporalidade c clica dos jogos os gestos absortos esquecidos do entorno con centrados unicamente nas jogadas dizem da a o de repudiar a limita o do tempo espa o coercitivo de expandir ao infinito a rea dura o do jogo e de adotar uma l gica instintiva colada ao corpo abdutiva The poetic ofthe player s gestures This research has answered to the following problem what is the players gesture language understanding language as a social construction of signs that recovers thoughts feelings drives to objects and coordinates the actions The objective was to take off the vell of significant forms in the player s gestural communication Based on the existential phenomenological approach and in the semiotic methodology it was made a gesture Interpr
43. culo e sacolejar o ber o respectivamen te Todos os jogadores est o usufruindo perturbadoras emo es Nas tr s primeiras situa es l dicas os jogadores est o excitados interna mente Os jogadores de roleta ao que tudo indica calados e im veis sofrem um turbilh o de emo es internas vis veis na apreens o dos olhos Nos tr s jogos infantis o sistema neuromuscular que est afetado Os canais aferentes est o inva didos por uma avalanche de percep es pois o corpo desses jogadores est em movimento exacerbado reage ao golpe com que os perceptos visuais auditivos e cin ticos aparecem consci ncia Esses objetos imediatos da percep o s o inten sos e produzem o efeito de embaralhamento dos sentidos desequil brio corp reo Por esses estados de excita es observ veis nas situa es l dicas entendemos que a primeira interpreta o que o jogador tem do jogo a emo o que ele desfruta ao jogar E pelo que vemos nesse horizonte tensivo o sentimento que o jogador ex perimenta no jogo o gozo Isso porque a emo o experimentada est posta na qualidade do corpo sens vel O prazer nas situa es l dicas vivido no momento em que os jogadores experimentam medo nervosismo e vertigem por exemplo O prazer experimen tado n o equilibrado mas o inverso os jogadores experimentam emo es d spares e contradit rias Os sentimentos s o revers veis nas colis es de emo es que o prazer habita
44. da consci ncia coletiva Parece nos que o narcisismo tem conduzido a sociedade e seus jogadores a formas nicas de express o l dica como os jogos de guerra O homem que n o joga ou que joga sozinho incapaz de tolerar a casualidade da vida Esse simulacro de jogador mant m se num estado de inf ncia cultural Almeida 1994 e acaba numa poss vel derrota aniquilando coi 2 Conforme Almeida 1994 p 27 28 inf ncia cultural uma met fora que uso para um con junto de estados sociais e psicol gicos tais como intera o com produtos da ind stria cultural de Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 21 sas Objetos e pessoas que estejam ao seu redor N o raramente tamb m acabam com a pr pria vida que assume nesse instante um valor relativo Talvez hoje estejamos no limiar de uma substituig o do esp rito de jogo por uma realidade ainda oculta nos jogos eletr nicos O corpo no jogo eletr nico colocado a parte comportando se de uma forma diversa daquela que experimen tamos inclusive nos jogos de inf ncia O jogador de simuladores da realidade tamb m sofre tensdes para ele o jogo extremamente real No entanto ele nao capaz de administrar as tens es ou de relaxar Esse jogador movimenta apenas as pontas dos dedos e acaba por acumular tens es que progridem at o descontrole quando inclusive o pr prio objeto intermedi rio do divertimento a m quina pode se
45. das m dias e grandes cidades do Brasil e em varios pa ses do exterior consolidando um avan o hist rico controver tido Se por um lado poca da escravid o era associado s lutas de negros escravizados em busca da liberdade por outro atualmente ele tem sido vinculado majoritariamente a l gica do sistema de sociometabolismo do capital M sz ros 2002 embora em moldes bem diferentes de outras pr ticas corporais que j nasceram no aporte da tirania da informa o e do dinheiro Santos 2000 Conv m assinalar entretanto que o desenvolvimento do jogo da capoeira apresenta contradi es importantes que se expressam pela vis vel expans o e des locamentos que ele vem operando no contexto nacional e internacional Nos lti mos anos constatamos a sa da de expressivo n mero de capoeiras para o exterior em busca de melhores condi es de sobreviv ncia que al m de contribu rem efetivamente com o seu processo de expans o no mundo influenciam tamb m na invers o dos fluxos migrat rios No exterior ainda que submetidos a normas e padr es estipulados pelos seus respectivos grupos e pelo que consideram tradi c o propagam apaixonantes discursos que realgam o jogo da capoeira condig o de pr tica ex tica tropical brasileir ssima Postulamos em conson ncia com as reflex es de Serpa 2000 que a pro du o do conhecimento deve subverter as regras do jogo j jogado e constr
46. de cl max do espet culo ele pode dar se a qual quer momento ou se esvaziar dependendo de como o fraseado coreogr fico a luz e o som foram sorteados Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 125 Outra forma de viver a a ea na danca pelo do ato de improvisar A impro visac o uma das modalidades da experi ncia de dan ar o momento em que o bailarino deixa fluir o seu pr prio movimento sem uma frase coreogr fica pr defi nida ou seja o movimento vai acontecendo no momento de sua cria o seguindo o ritmo do pr prio ballarino Os passos formam se a partir do vocabul rio que o bailarino traz em seu pr prio corpo Segundo Helena Katz 1999 pesquisadora em danga cabe ao bailarino ent o descobrir todo um repert rio de novos est mulos e os modos de lidar com eles O bailarino constr i a cada instante novas experimentac es de movimento testa novas dire es novas intensidades diferentes volumes entra em contato com seu peso com suas emoc es com sua anatomia vive a express o de sua corporeidade A combina o dos movimentos fortuita s acontece uma vez e parte do que j existe no corpo do bailarino para criar algo diferente Entretanto o sentir do bailarino muitas vezes inconsciente s o marcas que contam a sua hist ria individual e que ao mesmo tempo lhes s o desconhecidas Algo novo se mate rializa naquele momento Finalmente a quarta categoria de
47. e nos permitindo v las como express o de uma vida social subalterna espec fica que resiste a ser constantemente reformulada enquanto baixa e perif rica idem p 341 Em rela o cultura popular negra Hall 2003 diz que no conjunto de quest es que a constituem ela tem trazido elementos de um discurso que diferenciador pautando outras formas de vida novas tradig es de representac o Adorno concordaria com essa afirma o mas acrescentaria que da forma como essa cultura se d na sociedade administrada ela n o mais reproduz de forma caricatural os mecanismos de sujeic o implementados por essa sociedade Ainda em termos adornianos podemos dizer que a insist ncia em tornar hegem nica essa forma diferente de representa o se configura num agravante pois mostra que esse segmento n o elaborou no plano da consci ncia sem exclusivismos a noc o de ser muitas vezes a extens o reprodutora dos mecanismos de sujeic o das forcas de dominac o Segundo Hall idem p 343 na cultura popular negra n o existem forma puras Essas formas s o impuras at certo ponto hibridizadas a partir de uma base vern cula Assim elas devem ser sem 48 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 pre ouvidas n o simplesmente como recupera o de um di logo perdido que carrega indica es para a produ o de novas m sicas mas como o que elas s o adapta es conformadas
48. eles o distancia mento entre escolas e universidade A maioria das escolas sequer nos questionou a respeito do que seria necess rio para que a pesquisa se efetivasse e nenhuma delas se interessou pelos benef cios que o projeto poderia lhes trazer Nas escolas muni cipais encontramos grande dificuldade para desenvolver a pesquisa por impedi mentos administrativos J em escolas da rede estadual e privada o acesso foi per mitido por m poucas institui es disponibilizaram pessoas que nos orientassem durante a visita e dificilmente essas pessoas tinham conhecimento das informa es necess rias Outra quest o refere se s dificuldades na obten o de alguns dados princi palmente sobre a hist ria da funda o das escolas seu planejamento e a constitui o de seus espa os f sicos De certa forma isso denuncia a inexist ncia de registros documentais hist ricos da pr pria institui o o que compromete a preserva o de sua mem ria Quanto ao planejamento dos espa os escolares inferimos que h a valoriza o dos espa os formais da escola em detrimento dos espa os destinados s pr ticas corporais l dicas Encontramos no cen rio escolar uma preocupa o maior com as salas de aula em rela o infra estrutura manuten o e localiza o dentro do espa o escolar do que com os espa os utilizados pelos alunos nos intervalos de tempo do ensino formal A maioria dos espa os l dicos das escolas foi planejad
49. entende que uma outra organiza o tornou se necess ria embora n o alheia s pr ticas ritual sticas Por mais que essa afirmativa do autor se fa a presente a obra revela a concretiza o de espa os na atualidade para a m scara estado divinizante m tico sagrado ou seja para as Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 179 185 jan 2006 183 novas roupagens assumidas pelos ritos primitivos Contudo poder amos questio nar se realmente vivemos uma evoluc o ao rumarmos para as ditas sociedades ordenadas a partir de uma racionalidade cada vez mais instrumentalizada e se as sociedades de confus o n o se colocam como possibilidade de vida tamb m ne cess ria aos paradoxos inerentes ao humano e de resist ncia a formas de organiza c o e poder cada vez mais abruptas Outro aspecto levantado e que merece aten o especial diz respeito ao que o autor entende por corrup o dos jogos Sendo a corrup o vislumbrada como per vers o das normas sociais ou pervers o dos valores constru dos coletivamente po der amos num primeiro momento questionar se Caillois n o estaria preso a um pensamento de valoriza o do tradicionalmente imposto da legalidade em detri mento da transgress o geradora Entretanto um olhar mais atento revela que a cor rup o apontada por ele se d em fun o daquilo que leva o indiv duo a se desconstituir como tal a competi o a todo e qualquer pre o na busca de vit ria e poder
50. es tamb m fortemente aceitas por grande parte dos professores de Educa o F sica 150 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 a competic o n o val ser eliminada sem competic o nao tem graca os resultados s o melhores na competic o porque cada um d mais de si a competic o pode ser boa se for sadia A Educac o F sica escolar influenciada pelo esporte de rendimento incor pora facilmente a id ia da competi o Lovisolo 2001 afirma que o esporte n o pode ser negado escola nem aos alunos porque ele representante e compo nente da nossa cultura e com ele a competi o considero que a competi o que se expressa em ganhar e perder a alma do esporte p 108 e creio portanto que se h atividade esportiva na escola algum grau de competi o estar presente p 109 Freire 1999 tamb m acredita que negar a competi o o mesmo que eliminar o esporte da Educa o F sica e considera ser mais educativo reconhecer a import ncia do vencido e do vencedor do que nunca competir p 150 Outros autores mesmo discordando da pura reprodu o do esporte de rendimento na Educa o F sica escolar encontram aspectos positivos para o ensino e a viv ncia da competi o no processo educacional Acreditam que se pode esta belecer uma ressignifica o do seu sentido ou uma transi o do modelo de compe ti o tradicional para outros inovadores incor
51. especial a que nos referimos pode ser mais bem compreendida se considerarmos os estudos de Manoel et al 2001 t m argumentado que mudangas no controle do movimento servem de gatilho para desencadear altera es nas dimens es afetiva cognitiva e social da crian a e prop em que um aspecto crucial do comportamento motor que como corriqueiramente se pensa n o h variedade de movimento sem ganho de consist ncia ou estabilidade motora pr via Conforme esses autores A crian a ao tentar empreender uma a o motora apresenta grande inconsist ncia em seu comportamento A cada tentativa os meios de solu o s o diferentes porque a crian a ainda n o entendeu exatamente o que fazer e de que modo Essa compreens o ocorre gradativamente momento em que a crian a busca repetir sempre o mesmo meio de solu o Aqui se caracteriza o que Keogh denomina ganho de consist ncia A variabilidade de resposta diminui denotando uma crescente compreens o da rela o meio fim na a o motora A seguir a crian a come a a variar sua resposta mas numa nova perspectiva Manoel et al 2001 p 34 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 87 mento Esta fundamental para a afirmag o dos outros campos funcionais e para a edificac o de sua autonomia e identidade pessoal e social Se esse processo de constru o n o ocorre adequadamente compromete se o desenvolvimento do sujeito e pode se comprometer u
52. game Muleka Mwewa e Alexandre Fernandez Vaz O JOGO DA CAPOEIRA EM JOGO The game of capoeira in play Jos Luiz Cirqueira Falc o O BRINCAR OGAR COMO FEN MENO TRANSICIONAL NA CONSTRU O DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIAN A DE ZERO A SEIS ANOS Fun activities and playing games as traditional phenomenon in building autonomy and identity in zero to six year old children Nelson Figueiredo de Andrade Filho Renata Laudares Silva e Zen la Christina Campos Figueiredo O JOGO DO ESPA O E O ESPA O DO JOGO EM ESCOLAS DA CIDADE DE CURITIBA The play of space and the play space in schools ofthe city of Curitiba Simone Rechia 27 45 59 75 91 A PO TICA DOS GESTOS DOS JOGADORES The poetic of the player s gestures Pierre Normando Gomes da Silva K tia Brand o Cavalcanti e Reiner Hildebrandt ENTRE O JOGO EST TICO E O IMPULSO L DICO UM ENSAIO DE DAN A Between esthetics and playing a rehearsal of dance Monique Assis e Adriana Martins Correia AS RELA ES DO JOGO E O DESENVOLVIMENTO MOTOR A PESSOA COM DEFICI NCIA VISUAL The effect ofthe game in the motor development in persons with visual impairment Ciro Winckler Oliveira Filho Leonardo Mataruna Artur Jos Squarisi Carvalho Faulo Ferreira Ara jo e Jos Julio Gaviao Almeida OGOS COOPERATIVOS PERSPECTIVAS POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA EDUCAC O FISICA ESCOLAR Cooperative games perspectives possibilities and challenges in the physical education
53. hip tese de que o jogo uma constru o sociocultural provida de sentido e significado portanto uma forma de fala organi zada pela intera o dos sucessivos gestos vividos num tempo de realiza o do ser Mesmo examinando apenas algumas situa es l dicas objetivamos tratar da marca inconfund vel dos jogadores ao jogarem da maneira caracter stica do aparecer des se fen meno Partimos do pressuposto de que a ambi ncia produzida em cada Jogo particular confirma uma configura o geral Nossa abordagem fenomenol gica existencial porque definimos como objeto de investiga o a experi ncia vivida pelo jogador tal como se manifesta por si mesma Pretendemos descrever os universais a partir da experi ncia gestual dos jogadores visto ser poss vel chegar s caracter sticas essenciais de todo e qualquer fen meno que se manifeste cons ci ncia por meio das unidades de sentido que s o as ess ncias diria Moreira 2002 p 84 O fim investigativo portanto n o se encerra na iman ncia do gestual do jogador mas na transcend ncia dos seus atos na intencionalidade do brincante no sentido que o gesto tem para a consci ncia de quem o realizou Por entendermos que consci ncia intencionalidade Husserl 1975 que n o uma coisa mas o que d sentido s coisas que ela s pode ser analisada em termos de sentido Ent o para compreender o sentido dos gestos dos jogadores ou sua intencionalidade nos utilizamos
54. jan 2006 187 numeradas tituladas e apresentar as fontes que lhes correspondem Sempre que poss vel dever o ser confeccionadas para sua reprodu o direta As imagens de vem ser enviadas em alta definic o 300 dpi formato TIF 5 Os textos ser o submetidos ao Conselho Editorial ou a pareceristas ad hoc que os apreciar o observando o sistema de duplo cego Os textos analisados receber o um dos pareceres seguintes a aceito para publica o b recusado para publica o c reformula o Caso um texto receba um parecer aceito para publi ca o e outro recusado para publica o ser encaminhado a um terceiro parecerista que definir a posi o final sobre o mesmo O texto que receber um parecer reformula o e outro recusado para publica o n o ser aceito para publica o pelo editor O texto que receber um parecer reformula o e outro aceito para publica o ou ainda dois pareceres reformula o ser encaminha do ao autor para que providencie as altera es solicitadas pelos pareceristas 6 Ao autor principal de texto publicado ser o fornecidos cinco exemplares da revista no caso de artigos e ensaios e tr s exemplares no caso de resenhas A revista n o se obriga a devolver os originais das colabora es enviadas Os textos assinados s o de inteira responsabilidade de seus autores 7 Endere o para envio de trabalhos Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte
55. jogo a agon que aparece na forma de competic o pressup e uma igualdade de oportunidades criada artificialmente em que os advers rios se defrontar o em condi es ideais e o triunfo final como um veredicto inconteste ser dado ao vencedor ao melhor ao mais persistente ao mais treinado Trata se sempre de uma rivalidade que se baseia numa nica qualidade rapidez re sist ncia vigor mem ria habilidade engenho etc exercendo se em limites definidos e sem nenhum auxiliar exterior de tal forma que o vencedor apareca como sendo o me lhor numa determinada categoria de proezas Caillois 1958 p 34 A agon vivida pelo bailarino pode ser traduzida pelo desejo de ver reconhe cida a sua superioridade e a sua excel ncia em um determinado dom nio Busca se com esforcos ass duos disciplina e perseveranca o m rito pessoal a merecida e conquistada vit ria Na verdade ocorre um desafio com as possibilidades t cnicas e art sticas do pr prio corpo Desafia se a dor a gravidade o cansa o a for a a flexibilidade A agon est presente no cotidiano de treino do bailarino no alarga mento de seus limites corporais e culmina na apresentac o no qual ele vivencia a vit ria ou se depara com o fracasso e a frustra o para recome ar tudo no dia seguinte A competi o tamb m pode ser vista na dan a em termos de maior t cnica corporal e artisticidade para ocupar se o cargo de primeira ballarina em um bal cl ssico
56. julgamento de valores Trata se de um posicionamento conceitual sobre a natureza do jogo presente nas pr ticas corporais O jogo n o tem objetivo uma pr tica de diverti mento e integra o social e c smica O encantamento do jogo serve apenas ao prazer dos jogadores e s pode ser criado na nega o do trabalho Tudo isso paradoxalmente muito s rio e essencial para o desenvolvimento saud vel de uma sociedade Huizinga parece predizer J h muitos anos vem crescendo em 20 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 mim a convic o de que no jogo e pelo jogo que a civiliza o surge e se desenvol ve 1996 pref cio O jogo tem um for a bem maior do que a nossa percep o capaz de notar Benjamin 1994 p 10 aponta que os resultados obtidos no jogo dos astros astrologia n o podem ser superados pelo astr nomo apesar de toda precis o dos seus instrumentos de observa o Ao jogar poss vel estabelecer uma liga o com o universo incognoscivel Huizinga 1996 Tamb m a linguagem fruto de um certo jogo mim tico A linguagem seria a mais alta aplica o da faculdade mim tica um medium em que as faculdades primitivas de percep o do semelhante penetraram t o completamente que ela se converteu no medium em que as coisas se encontram e se relacionam n o direta mente como antes no esp rito do vidente ou do sacerdote mas em suas ess ncias nas subst ncias
57. m como objeto central o desenvolvimento e a aprendizagem motora das crian as encontraremos raz es para desconfiar desse tipo de afirma o peda g gica O RCNEI informa que h diferentes sentidos e fun es para o movimento humano em raz o dos diferentes objetivos propugnados pelas diversas pr ticas pedag gicas encontradas na educa o infantil Os principais s o a suprimir o mo vimento em fun o da ordem e da harmonia impondo r gidas restri es posturais s crian as b exigir conten o motora em fun o de se considerar que as manifes ta es motoras n o contribuem para a aprendizagem porque desconcentram a crian a c propor sequ ncias de exerc cios ou de deslocamentos em que a crian a deve mexer seu corpo em estreita conformidade com determinadas orienta es em fun o de permitir alguma mobilidade mas tolhendo sua expressividade Nessa perspectiva a partir de Wallon afirma se que O movimento para a crian a pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar se no espa o A crian a se comunica e se expressa por meio dos gestos e das m micas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo RCNEI 1998c p 18 Nessa passagem reafirma se a id ia de que a leitura psicologizante apreen de o movimento humano de modo instrumental aos outros campos funcionais bem como o fato de que na realidade como a cultura escolar b sica cognitivista incluindo se a perspect
58. mais fugazes e delicadas nos pr prios aromas Em outras palavras a clarivi d ncia confiou escrita e linguagem as suas antigas for as no correr da hist ria Benja min 1994 p 112 As primeiras hist rias as primeiras alocuc es as primeiras leis foram em versos a poesia foi descoberta antes da prosa devia Ter sido assim visto que as paix es falaram antes da raz o O mesmo aconteceu com a m sica a princ pio n o houve outra m sica al m da melodia nem outra melodia al m do som diversificado da palavra os acentos formavam o canto as quantidades formavam o compasso e falava se tanto atrav s dos sons e do ritmo quanto atrav s das articula es e das vogais Rousseau 2003 p 148 Os jogadores na verdade vestem se de consumidores Passam mais tempo se equipando do que jogando N o se aprende a jogar nos santu rios do consumo O uso de determinadas grifes n o garantia de boas jogadas Somente o jogo realizado no espa o extracotidiano capaz de preparar o jogador para belas mano bras Ao jogar preciso administrar tens es e oposi es corporais leis fundamen tais da ret rica silenciosa do gesto Evidentemente os jogadores n o precisam de li es Eles reconhecem sem esfor o a seriedade quase sacra de um jogo O pro blema surge quando o jogo udus ao ser pervertido pelo mercado n o capaz de encontrar espa os de express o limitando se a um treinamento f sico esvaziado de sentido e desligado
59. n 2 p 165 178 jan 2006 Outras duas pesquisas do Instituto Brasileiro de Opini o P blica e Estat stica IBOPE 2005 mostram que no seguimento infanto juvenil dos 4 aos 7 anos ao longo das 24h do dia os canais de TV por assinatura apresentam um alcance di rio m dio de na frente da TV 56 7 ou 497 mil pessoas por dia que gastaram em m dia 2h20 paga Midiativa 2005 e que em fevereiro de 2005 milh es de pessoas navegaram pela weba partir de suas casas um n mero 3 596 maior que o m s anterior A maior utilizag o de servicos foi a de setores da internet que pos sibilitam a comunica o entre o internauta e seus pares Esse fen meno influencia n o s as atividades de lazer ou aquelas utilizadas no tempo livre passar por uma dos teclados o celulares gera virtualiza o fr mas tamb m as rela es humanas que a partir de agora podem tela seja ela da TV ou do computador e ter seus di logos codifica u mesmo transmitidos por ondas eletromagn ticas dos aparelhos de ndo um movimento que L vy 1996 chama movimento geral de uto do advento das novas tecnologias de informa o comunica o que est modificando diversas esferas da vida humana como o trabalho e o lazer Virtualizac o c L vy I berespaco e cibercultura 996 p 15 quem nos esclarece o que virtual e o que real dois conceitos que na verdade para ele n o se op em A palavr
60. ncia ao telespet culo o vdeo game e a fala o Feres Neto 2001 ainda desta ca que essa heterog nese do esporte tem como suporte um aparato audiovisual e inform tico materializado principalmente pela televis o e pelo computador A ex press o desse fen meno encontra se j em Betti 1998 p 147 O futebol j n o mais s uma pelada num terreno baldio tamb m videogame jogos em com putador espet culo da TV Por isso para Feres Neto 2001 p 89 a pr tica nesses casos pode ser entendida como atualiza o pois constitui o mesmo mo vimento ontol gico pois que eu sou o mesmo que pratica e assiste eis em ambas minha motricidade Enfim Feres Neto 2001 aponta a necessidade de compreender a influ ncia da virtualiza o no processo de humaniza o j os avan os nos meios de comuni ca o inform ticos est o provocando um devir outro do humano com potencial para a produ o de novas subjetividades Sua hip tese inspirada em L vy 1996 1999 e Guatarri 1992 de que a virtualiza o do esporte cria novas demandas de sensibilidade e inteligibilidade por conta de elementos presentes nessas novas viv ncias que n o se encontram na pr tica esportiva Em decorr ncia talvez se estejam engendrando nesse processo novos jogos sociais entendidos como vi v ncias l dicas manifestas em determinados grupos sociais cujas caracter sticas mais importantes seriam o
61. ncia de um est mulo sensorial regulador acarreta entre outras coisas no aparecimento do maneirismo Tal comportamento aparece na crian a como forma imatura de esquemas motores os movimentos repetitivos aparecem na transi o de padr es motores complexos surgindo nos momentos de concentra o cansa o ou saciedade Estes movimentos desaparecem com a estimula o e principalmente pelo desenvolvimento da crian a Tr ster Brambring Beelman 1991 Esse quadro de est mulos inadequados leva a crian a com defici ncia visual a uma condi o hipocin tica e de baixa intera o com o meio Tr ster Herner Brambring 1994 Celeste 2002 Pereira 1990 aponta como resultados de seus estudos que os est mulos para o aprendizado motor da crian a cega ocorrem de maneira mais eficiente quando enfatizado o aspecto cognitivo do processo tal condi o favorece a estimula o e a participa o ativa da crian a o que facilita a assimila o por parte desta Sephens Grube 1982 minimizando o processo excludente 4 O maneirismo caracteriza se pelo movimento de padr o repetitivo com estrutura temporal repetitiva e invari ncia tipogr fica do padr o de movimento no corpo ou da manipulac o de objetos pela m o ou dedos Tr ster Brambring Beelman 1991 140 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 A crian a utiliza a imita o como um instrumento para a assimila o do mun do em que ela est in
62. o viver n o pela consci ncia e desejos pr prios mas pelos des gnios da supersti o e do mapa astral a perda da identidade na proje o do outro e de sua vida delega o a busca de uma vida alucin gena excitante e imag tica pelas drogas e lcool que exclui a realidade Embora afirme que a corrup o n o se d pela intensidade do jogo mas por sua contamina o com a vida ordin ria a mescla de jogo e realidade de forma extremada e de arrebatamento ntimo desenfreado que se torna avassaladora e cor ruptivel Ou seja quando jogo e cotidiano em sua capacidade de permeabilidade perdem o equil brio tensional o desvirtuamento acontece Dadas essas considera es vale concluir que a obra em quest o se destina a educadores soci logos antrop logos estudiosos do lazer e da educa o f sica que se voltam para a compreens o do jogo como forma de cultura e sobretudo como cultura de movimento humano Representa um referencial te rico de base a todo estudo que objetive reconhecer o papel do jogo nas diferentes sociedades e as di mens es que assume em contextos hist rico culturais distintos seja valendo se de sua caracter stica competitiva e casual seja sagrando sua forma m mica e vertiginosa Summary of the book Os jogos e os homens a m scara e a vertigem The players and the men the mask and the vertigo This review seeks to present and to discuss the work The players and the men the mask and the vertigo o
63. outro ainda fosse negociar com ele seu retorno As meninas nessa turma eram maioria e dominaram o jogo b Desenvolvimento do Jogo Eram quatro meninos e seis meninas O professor e as crian as tiraram os cal ados chinelos O campo b o campo oficial da aldeia muito pouco demar cado nas laterais mas todos sabem os seus limites As traves s o maiores que as do campo da escola s o do tamanho das oficiais de futebol de campo e tamb m s o feitas de caibro Este campo fica em frente ao Baito casa central onde ocorrem os rituais e paralelo ao rio e miss o Mesmo sendo o campo paralelo ao curso do rio e da miss o o termo empregado para os times foi o campo que fica voltado para a estrada do time de cima e o de baixo o que joga no lado do campo que fica em dire o escola Nessa turma o professor teve uma atitude diferente da do outro aparen tando estar mais atento ao jogo em si Mas a postura das crian as ante o jogo notadamente as meninas foi diferente participaram mais da partida Elas corriam muito atentas s posi es de ataque e defesa chamavam se pelo nome para con tinuarem no jogo Isso n o impedia que se jogassem no ch o cansadas de tanto correr e ficassem descansando at a bola retornar ou chegar por perto ou ainda ocorrer um lance em que fossem chamadas a participar pelos colegas Num determinado momento ocorreu uma discuss o entre as meninas do time B na qual se envolveu tamb m um dos meninos
64. para a atualiza o dos mitos e ritos na sociedade revelando as caracter sticas concernentes ao sagrado ao profano ao jogo e ao l dico Mas sobretudo com Os jogos e os homens do original Les eux et les hommes de 1967 que se percebe a contribui o preciosa de Caillois para a Educa o F sica e em especial para o estudo dos jogos Estruturada em tr s partes Os jogos e os homens volta se inicialmente para as defini es de jogo e suas possibilidades de classifica o para o seu papel social e processo de deturpa o na contemporaneidade denominada pelo autor de corrup o culminando com apontamentos sobre a sociologia dos jogos O segundo momento marcado pela teoria dos jogos a partir de conjun es proibitivas contingentes e fundamentais priorizando reflex es sobre as rela es entre simula cro e vertigem compet ncia e azar e ressurgimento dos jogos no mundo moder no A terceira parte constitu da de complementos das discuss es anteriormente realizadas e ampliadas ao final da obra Numa compreens o formal o jogo caracterizado como uma atividade livre separada incerta improdutiva regulamentada e fict cia Essa categoriza o pouco explica as atitudes psicol gicas que estruturam os jogos adverte Caillois Para ele o impulso l dico perpassa o jogo e o cotidiano de forma a gerar processos de contamina o Contudo no entendimento de Caillois n o h pervers o do jogo mas extravio
65. por eles mais bororo do que outras assim existem corpos mais bororo que outros mesmo com estere tipos semelhantes As qualidades f sicas do corpo n o s o biol gicas embora sua apar ncia denuncie sua mistura ao contr rio s o muito mais sociais e coletivas do que individuais 8 A dor n o compreendida como ac mulo de cido l tico produzido pelo organismo no m sculo levado fadiga Mas acredita se que o uso da borracha ajuda a dar mais resist ncia Essa cren a foi observada tamb m entre os jovens e adultos de Cuiab que trabalham na constru o civil cujo esfor o muscular intenso e exige grande energia muscular e tamb m em jogadores de futebol das classes populares Vale lembrar a exemplo dos povos do Xingu que os ind genas usam ornamentos de algod o geralmente tecido na pr pria perna e bra o desde a inf ncia para moldar o corpo dar for a e resist ncia moldar a pessoa nas palavras de Viveiros de Castro 1987 fabrica o do corpo 38 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 Essa centralidade do corpo na identidade bororo t o recorrente que mes mo quando o bororo avalia outro corpo indio busca nele as marcas da pureza gen tica como fica explicitado na observa o do professor bororo nas fronteiras tnicas estabelecidas pelo 3 grau ind gena Na primeira observa o que fiz do choque cultural em rela o a povos
66. por que parecemos com tudo isso mais felizes E tamb m se deseja mos saber o que leva isso a acontecer 56 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 Bodies culture paradoxes comments on capoeira game ABSTRACT This essay is devoted to reflection on elements that compose the capoeira game looking for its place in Afro Brazillan s culture also in its impasses and paradoxes It dedicates for so much special attention to the standardization of popular culture to the social place of the black body and the expectations that are driven it strong virile animal Looking for the dialectics of culture in the sel domain and in the movement of approaching and estrangement of organics the text is in charge of hierarchy dynamics and production of marks and corporal movements adapted to the consumption It looks tor with that to indicate the contemporary subjective uncertainty KEYWORDS Capoeira game afro brazilian culture Stuart Hall Theodor Adorno Cuerpos cultura paradojas observaciones sobre el juego de capoeira RESUMEN El ensayo se dedica a la reflexi n sobre elementos que componen el juego de capoeira mientras procura su inserci n en algunos lugares de la cultura negra incluso en sus paradojas Se dedica por lo tanto especial atenci n a la estandarizaci n de la cultura popular al lugar del cuerpo negro y a las expectativas que le son lanzadas fuerza virilidad animalidad Al buscar la
67. poss veis Esses profissionais desempenham fun es pol ticas t cnicas e pedag gicas relevantes para a efetiva o das a es que realizam os princ pios os meios e os fins do sistema de educa o b sica legal e legitimamen te institu do pelas pr ticas oriundas dos rg os e institui es vinculadas s diversas esferas do poder p blico e da sociedade civil organizada Em ades o ao debate pol tico pedag gico acumulado pelo meio acad mico o RCNEI propugna pela forma o de um novo profissional para responder as de mandas da educa o da crian a de zero a seis anos no pa s Nessa perspectiva o professor de educa o infantil precisaria receber uma forma o inicial s lida e 78 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 consistente acompanhada de adequada e permanente atualiza o em servi o RCNEI 1998a p 41 Essa formac o seria mais abrangente e unificadora e geraria uma compet ncia do tipo polivalente cabendo ao professor trabalhar com saberes espec ficos provenientes das diversas reas do conhecimento Pelo exposto e tamb m pelo que se pode depreender da leitura de outros documentos como o Plano Nacional de Educac o 2001 e a Pol tica Nacional de Educa o Infantil 2003 podemos constatar que a participa o do professor de Educa o Fisica na educa o infantil tamb m poderia ter fun o polivalente N o obstante reconhecemos que a f rmula que artic
68. practices and physical education KEYWORDS Game physical education body expression art Educaci n Fisica en jaque pr cticas corporales expresi n y arte RESUMEN Los estudios cl sicos de Huizinga 1938 y Caillois 1258 nos permiten ima ginar el juego ludus como fundamento de la expresividad humana El juego es enteramente revestido de materialidad hist rica que se extiende por campos diversos de la ciencia hasta el arte de la naturaleza a la cultura Esta comprensi n nos conduce hac a reflexiones acerca de las relaciones que el juego en sus distintas dimensiones establece entre arte pr cticas corporales y educaci n f sica PALABRAS CLAVES Juego educaci n f sica expresi n del cuerpo arte Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 23 REFER NCIAS ALMEIDA Milton Jos de magens e sons a nova cultura oral S o Paulo Cortez 1994 A liturgia ol mpica In SOARES Carmen L cia Org Corpo e hist ria Campinas Autores Associados 2001 BENJAMIN Walter Obras escolhidas magia e t cnica arte e pol tica 7 ed S o Paulo Brasiliense 1994 BRECHT Bertold O c rculo de giz caucasiano S o Paulo Cosac amp Naify 2002 CAILLOIS Roger Os jogos e os Homens a m scara e a vertigem Lisboa Cotovia 1990 CASTIGLIONE Baldassare O cortes o S o Paulo Martins Fontes 1997 CORBIN Alain Saberes e odores o olfato e o imagin rio social nos s culos XV
69. professores suficientemente competentes para execut la de maneira satisfat ria Por que se solicita ao educador que realize uma tarefa para a qual n o se sente preparado Essa tarefa parece ser t o dif cil de ser executada que em nenhum curso de forma o de professores entre os que s o oferecidos nas universidades brasileiras se tem not cias de uma experi ncia relevante a respeito O quadro fica ainda mais contra dit rio quando observamos que pela l gica te rica o brincar jogar normalmente proposto quando ocorre faz mais sentido para o adulto do que para a crian a O TRABALHO PEDAG GICO DO PROFESSOR DE EDUCA O INFANTIL NA CONSTRU O DE UMA PEDAGOGIA DA INF NCIA Conforme o RCNEI volume 2 o objetivo pedag gico central da proposta curricular desenvolver a identidade e a autonomia da crian a Para a realiza o desse preceito nos atos cotidianos e em atividades sistema tizadas recomenda se que o adulto crie situa es organize os materiais e ambien tes e ajude as crian as mas n o fa a as a es por elas Entre os adultos que na escola infantil se relacionam com as crian as destaca se o professor polivalente cujo papel o de mediador na rela o ensino aprendizagem no sentido de favore cer o desenvolvimento da autonomia compreendendo os modos pr prios de a crian a se relacionar agir sentir pensar e constituir conhecimentos Entre esses modos destaca se o brincar jogar Brincando jo
70. projeto A escola e os espa os l dicos contribuir para o debate sobre os espa os e as experi ncias do brincar e do jogar na escola apontando e desvelando como se d essa realidade Acreditamos que este estudo poder trazer importantes subs dios para edu cadores e gestores de escolas j que possibilita uma compreens o mais aprofunda da de algumas formas de comportamento tanto dos alunos como da administra o das escolas em rela o aos espa os constitu dos demonstrando como se d a ne gocia o entre o jogo do espa o e o espa o do jogo no ambiente escolar 102 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 The play of space and the play space in schools of the city of Curitiba ABSTRACT This study aim to discuss the composition between the planning of the spaces and its relations whit the experiences of playing as type of ludic manifestation in some teaching establishments in the city of Curitiba It intention is to show how are planning the spaces and equipments destined to ludic experience trom a possible reading of the scholar quotidian in a attempt to understand how happen the negotiations among the scholar management and the pupils in the dynamics of educational development and specifically in the effectuation of the dynamics of play practices KEYWORDS Planning space place ludicity play school El juego del espacio y el espacio del juego en escuelas de la ciu
71. que pais e mestres ajudem os jovens a se sentirem mais fortes a acalmarem seus medos e aprenderem mais sobre si mesmos N o ignoramos ingenuamente o fato de que esses brinquedos produtos tomam parte de uma vasta ind stria do entretenimento por sua vez parte da ind s tria cultural que aproveita de forma tima o contato dos consumidores potenciais com os meios de comunica o em sua estrat gia escalonada de penetra o e colo 174 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 cac o no mercado por meio do marketing e da publicidade Romano 1993 O que queremos destacar contudo o fato de que as criangas podem ressignificar tais objetos por meio do brincar para o que a escola poderia contribuir pois como afirma Broug re 1995 p 87 88 a iniciativa l dica da crianga deve corresponder a iniciativa educativa do adulto j que nenhuma brincadeira constitui o todo e muito menos toda a base da educac o POSSIBILIDADES Entendemos que a Educac o F sica deve comportar diversas modalidades vivenciais para utilizar a express o de Feres Neto 2001 e para tal deve fazer oscilar os processos de virtualiza o e atualiza o dos jogos esportes e um dos caminhos para isso atualizar em experi ncia corporal o que apenas viv ncia eletr nica Mais claramente trazer para a realidade das aulas de Educa o F sica aquilo que nossos alunos de a 4 s r
72. respondeu ao seguinte problema qual a linguagem dos gestos dos jogado res entendendo linguagem como uma constru o social de signos que recobre pensa mentos sentimentos remete a objetos e coordena as a es O objetivo fol desvelar a forma significativa da comunicac o gestual dos jogadores Baseados na abordagem feno menol gica existencial e na metodologia semi tica realizou se uma interpreta o dos gestos posturais fision micos e cin ticos a partir da descri o de seis jogos sendo tr s deles adultos de aposta e tr s infantis de exerc cio O resultado obtido foi que o fluxo dos gestos dos jogadores configura uma linguagem po tica de apelo emocional excitante de investimento energ tico r tmico e de a o l gica instintiva PALAVRAS CHAVE Gestos linguagem jogo Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 105 CONSIDERA ES CONCEITUAIS E METODOL GICAS Quando afirmamos estar preocupados em compreender a configura o dos gestos dos jogadores estamos referindo nos a composi o dos movimentos ao arranjo criado pela sucess o de a es e ina es dos participantes durante uma situa o l dica Entendemos por situa o l dica o contexto criado pelos jogadores ao jogarem Desse modo compreender a configura o da gestualidade dos joga dores significa decifrar a l gica ou o sistema de significa o que estrutura o compor tamento destes Isso porque partimos da
73. school Marcos Miranda Correia DIAS E JOGOS DO VIRTUAL PARA UMA EXPERI NCIA CORPORAL EDUCATIVA Media and games from virtual to educative body s experience an Queiroz da Costa e Mauro Betti gt RESENHA DO LIVRO OS OGOS E OS HOMENS A M SCARA EA VERTIGEM DE ROGER CAILLOIS Summary of the book Os jogos e os homens a m scara e a vertigem The players and the men the mask and the vertigo Larissa Michelle Lara e Giuliano Gomes de Assis Pimentel ORMAS PARA PUBLICACAO Rules for publication 105 121 131 149 165 179 187 EDITORIAL O tema proposto para este n mero da RBCE Jogo e Educa o F sica ci n cias do Esporte sem d vida digno de espaco neste importante peri dico Atra vessando civiliza es o jogo faz se presente em diferentes culturas etnias classes e grupos sociais e suas distintas apropria es ao longo da hist ria atestam a multipli cidade e polissemia com que foi sendo tratado e ressignificado O jogo considera do como dimens o singular da vida humana particularmente significativo na inf n cia Seus usos em diferentes culturas e sociedades revelam sua import ncia na constitui o da vida individual e coletiva Este n mero da RBCE apresenta ao seu p blico leitor um conjunto de en saios e artigos que em suas singularidades abarcam distintos modos de conceber e trabalhar com esse fen meno da cultura O volume 27 n mero 2 da RBCE marca o encerra
74. se por caminhos semelhantes sendo elas a ea ilinx e agon mimicry Caillois afirma que a alea se associa sem proble mas com a vertigem assim como a compet ncia com a mimicry A alea conduz ren ncia da vontade produzindo um estado de transe possess o ou hipnose com binando as duas tend ncias O mesmo ocorre com o agon e a mimicry pois como afirma o autor toda compet ncia acaba sendo por si s um espet culo As conjun es consideradas fundamentais s o na compreens o de Caillois aquelas capazes de uma cumplicidade essencial entre os princ pios de jogos agon alea e mimicry ilinx Alea e agon combinados revelam um livre jogo da vontade a partir da satisfa o em rever se uma dificuldade concebida de forma arbitr ria e aceita por vontade pr pria A liga o de mimicrye ilinx em suas formas mais claras aparece como metamorfose das condi es de vida constituindo se num dos re cursos principais da mescla de horror e fascina o Nessas duas coliga es apenas as categorias mimicry e agon s o consideradas verdadeiramente criadoras ao pas so que nx e alea s o percebidas como devastadoras por ocasionarem uma atra o horr vel e funesta cuja sedu o se deve neutralizar Questionando se os principios dos jogos nao estariam distribu dos de maneira bastante desigual entre as diversas sociedades como contrastes importantes da vida coletiva Caillois desenvolve reflex es sobre o terreno do jogo suspeitando que
75. tema de classes No entanto do ponto de vista do aprendizado e das mem rias visuais a cegueira dividida em duas outras categorias que s o a cegueira cong ni ta e a adquirida No primeiro grupo est o aquelas pessoas que nasceram cegas ou n o t m mem ria de suas experi ncias visuais por terem perdido a vis o muito 136 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 precocemente enquanto no segundo est o aquelas pessoas que apresentam me m ria visual apesar de n o terem mais a percepc o visual mas a utilizam como recurso no processo de aprendizado na baixa vis o encontramos aquelas pessoas que t m uma percep o visual limitada podendo ou n o ser cong nito No entan to esse estudo n o mostra diferencia o nas rela es apresentadas pelo tempo de experi ncia visual nas pessoas com baixa vis o cong nita ou adquirida e as influ n cias no aprendizado Sherrill et al 1986 mostram que essa divis o se faz necess ria pois a performance e o aprendizado t m grandes influ ncias do aparecimento cong nito ou tardio da defici ncia visual O PROCESSO DA PERCEP O SENSORIAL NA PESSOA COM DEFICI NCIA VISUAL A integra o dos processos coordenativos ocorre pela vis o Na pessoa cega esse processo de integra o sensorial diferenciado e mais complexo em sua constru o que na pessoa sem defici ncia visual Tr ster Herner Brambring 1994 Nossos sistemas para a recep o de inf
76. travarem intensas negocia es como por exemplo ao cederem sua for a f sica express o de seu corpo para uso da viol ncia pol tica em troca de alguns per odos para a pr tica da capoeira Soares 2002 Os capoeiras reduzidos mera naturalidade corporal ao serem expropria dos de sua for a de trabalho se equiparavam aos marinheiros de Ulisses reduzi dos numa antecipa o do que a modernidade instituir radicalmente a apenas corpos Por m com uma diferen a fundamental pois os primeiros conseguiam tamb m transpassar as barreiras colocadas pelos feitores a partir do logro para realizar as suas pr ticas atingindo assim em parte a condi o do pr prio Ulisses a partir da racionalidade que eles decodificaram a ordem social colocada pelos fei tores O segmento ao qual estamos nos referindo exercia assim pelo menos nesse caso um duplo papel o de objeto marinheiros e o de um indiv duo esclarecido Ulisses Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 5 Corpos capoeiras hierarquizados A simbologia gestual e o uso de certos artefatos como navalhas por exem plo j eram elementos incorporados figura do capoeira no s culo XIX idem Como c digos pertencentes a uma manifesta o hist rica a utiliza o de outros s mbolos pelos praticantes na contemporaneidade tem sua refer ncia naquela po ca e em tempos mais remotos que a historiografia ainda nao desnudou Por m
77. 73 O prazer do texto 5 ed S amp o Paulo Perspectiva 1999 CAILLOIS Roger 1967 Los juegos y los hombres M xico DF Fondo de cultura econ mica 1994 DOSTOIEVSKI 1849 O jogador S o Paulo Martin Claret 2001 ERIKSON Erik Infancia e sociedade Rio de Janeiro Zahar 1971 FERNANDES Heloisa Rodrigues Temporalidade e subjetividade In empo do desejo so ciologia e psican lise 2 ed S o Paulo Brasiliense 1991 p 11 30 FREIRE Jo o Batista Quest es psicol gicas do esporte In MOREIRA W W SOARES R Esporte como fator de qualidade de vida Piracicaba Unimep 2002 p 336 377 GOMES DA SILVA Pierre Normando A cultura do jogo e o jogo da cultura por uma semi tica da corporeidade 350 f Tese Doutorado em Educa o CCSA UFRN Natal 2003 UIZINGA Johan 1938 Homo Ludens 4 ed S o Paulo Perspectiva 1996 USSERL Edmund 1921 Investiga es l gicas S o Paulo Cultural 1975 p 7 190 cole o Os pensadores IERKEGAARD S ren 1849 O desespero humano S o Paulo Martin Claret 2001 ERLEAU PONT Y Maurice 1945 fenomenologia da percep o S o Paulo Martins Fon es 1994 MEZAN Renato Esquecer N o in quecer In FERNANDES Heloisa Rodrigues Org Tempo do desejo sociologia e psican lise 2 ed S o Paulo Brasiliense 1991 p 65 80 MOREIRA Daniel A O m todo fenomenol gico na pesquisa S o Paulo Pioneira Thompson 2002 PEIR
78. 99 o ciberespa o corresponde a todos os novos meios de comunica o advindos das poss veis intera es da rede 168 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 mundial de computadores e por isso tamb m usa o termo rede para definir ciberespa o Mas o ciberespa o n o diz respeito somente s novas comunica es mas tamb m a toda a infra estrutura material que suporta essa comunica o digital al m dos sujeitos que dela se utilizam e que navegam pelas diferentes vias de aces so Para completar n o podemos ignorar o oceano de informa es que est o dis pon veis e transbordam pela rede atingindo espa os infinitos J a cibercultura cor responde ao conjunto de t cnicas materiais e intelectuais de pr ticas atitudes modos valores pensamentos comportamentos que surgem e se desenvolvem a todo o momento a partir do crescimento constante do ciberespa o Ap s esses conceitos introdut rios trataremos das implica es e possibilida des dessa nova onda de realidades atualidades e virtualidades para o esporte e para a Educa o F sica EDUCA O F SICA ESPORTE E VIRTUALIZA O A virtualiza o atinge a todos em algum momento Ao digitar este texto aten der a um telefonema realizar um exame de raios X ou uma resson ncia nuclear mag n tica assistir um programa na televis o seja esporte novela ou desenho animado alguma representa o estar sendo enviada e ou recebi
79. BSTRACT We begin of the importance to revise the paradigm of the competition in our society and in Physical Education in the school To this end we present cooperative games as the best proposal to demolish the paradigm of competition We understanding the proposal cooperative games is transforming but it needs to be contextualized and better researched It is fundamental to take over the challenges and possibilities to break the domination of the competition paradigm and to take the co operation beyond the school KEYWORDS Cooperative games physical education in the school Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 161 Juegos cooperativos perspectivas posibilidades e desafios en la educaci n fisica escolar RESUMEN Partimos de la importancia de rever el paradigma de la competencia en nuestra sociedad y en la Educaci n F sica Escolar Presentamos la propuesta de Juegos Coopera tivos como la m s adecuada para la desmitificaci n del paradigma de la competici n do minante La propuesta Juegos Cooperativos es vista como transformadora Sin embargo necesita de m s estudios y contextualizada para asumir los desa os y posibilidades de romper con el paradigma dominante de la competencia y as llevar la cooperaci n m s all de la escuela PALABRAS CLAVES Juegos cooperativos educaci n f sica escolar REFER NCIAS BARRETO A V de Jogos cooperativos e a cultura da coopera o Jogo
80. CE Charles 1912 Semi tica 2 ed S o Paulo Perspectiva 1996 PIAGET Jean A forma o do s mbolo na crian a 3 ed Rio de Janeiro Zahar 1978 118 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 RICOEUR Paul Teoria da interpreta o Lisboa Edi es 70 1988 VIGOTSKI L S 1935 A formac o social da mente 5 ed S o Paulo Martins Fontes 1994 Recebido 6 jun 2005 Aprovado 9 ago 2005 Endereco para correspond ncia Pierre Gomes da Silva Rua Pres Rooselvelt 128 apto 101 Ed Helio Magalh es Bairro Expedicion rios Joao Pessoa PB CEP 821 30 030 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 119 ENTRE O JOGO EST TICO E O IMPULSO L DICO UM ENSAIO DE DANCA Dra MONIQUE ASSIS Docente do Centro Universit rio Augusto Motta Unisuam E mail monique_assis uol com br Ms ADRIANA MARTINS CORREIA Docente da Unisuam e Universidade Gama Filho UGF e mail adricorreia uol com br RESUMO O objetivo do presente ensaio refletir sobre a dan a dentro das categorias do jogo propostas por Caillois 1258 ou ainda apresentar a dan a como um caminho de expe ri ncia da ludicidade sem contudo perder de vista a experi ncia do belo O estudo val desvelando as categorias do jogo que representam o papel da competi o da sorte do simulacro e da vertigem e que se manifestam em maior ou menor intensidade no dom nio da dan a For fim consider
81. EP 03911 110 178 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 RESENHA DO LIVRO OS JOGOS E OS HOMENS A M SCARA EA VERTIGEM DE ROGER CAILLOIS Dra LARISSA MICHELLE LARA Departamento de Educa o Fisica da Universidade Estadual de Maring UEM Grupo de Pesquisa em Corpo Cultura e Ludicidade E mail Imlara uem br Dr GIULIANO GOMES DE ASSIS PIMENTEL Departamento de Educa o F sica da Universidade Estadual de Maring Grupo de Pesquisa em Corpo Cultura e Ludicidade E mail ggapimentel uem br RESUMO Esta resenha visa apresentar e discutir a obra Os jogos e os homens a m scara e a vertigem de Roger Caillois buscando subsidios para entender as caracter sticas especifi cas do jogo em seu terreno pr prio de conte do vari vel e por vezes intercambidvel com a vida PALAVRAS CHAVE Jogos educa o f sica cultura CAILLOIS Roger Los juegos y los hombres la m scara y el v rtigo M xico Fondo de Cultura Econ mica 1986 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 179 185 jan 2006 179 Roger Caillois 1913 1978 intelectual franc s desenvolveu uma aborda gem particular sobre o homem em suas rela es com o jogo o sagrado o profano o mito o ritual a festa e as diferentes culturas Escritor antrop logo e ensa sta Caillois denota uma articula o te rica elaborada marcada por linguagem coesa e sobretudo inovadora A obra O homem e o sagrado atenta
82. I Huizinga 1996 As artes e os artistas encontravam se no fazer dom stico juntamente com os outros criados com os artes os cozinheiros e soldados Elias 1995 Sua tarefa era recrear a nobreza durante os eventos festas e jantares reais Somente muito tempo depois a arte afastando se de sua natureza l dica torna se uma atividade s ria e comprometida com a utilidade de suas obras O jogo no entanto encontrava se distanciado do corpo ou ainda ausente nas manifesta es do gesto O corpo e a expressividade do gesto estavam cons 16 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 trangidos por conven es muito claramente definidas Castiglione 1997 O corpo era apenas um suporte para que os tecidos mantos chap us j ias e demais rique zas fossem ostentadas O gesto eloquente tradutor das vontades e paix es da alma encontrava se subjugado por uma ret rica fria e afetada Ora o que podemos concluir sobre a ascens o destes movimentos entre aqueles constitu dos como nobres Devemos acus los indiscriminadamente de falsidade Aqui poderei de imediato e sem hesitar responder com afirmac o sim todos os nobres men tem O ambiente onde eles vivem denominado belo mundo uma perp tua mentira Delsarte apud Randi 1993 p 57 Os exercicios f sicos assim como os banhos ainda nao haviam sido preconi zados pelos higienistas Toda gestualidade da corte resumia se em alguns pequenos gestos com os br
83. III e XIX S o Paulo Cia das Letras 1987 COURTINE Jean Jacques Os stakhanovistas do narcisismo body building e puritanismo ostentat rio na cultura americana do corpo In SANT ANNA Denise Bertuzzi Org Poli ticas do corpo elementos para uma hist ria das pr ticas corporais S o Paulo Esta o Liber dade 1995 ELIAS Norbert Mozart sociologia de um g nio Rio de Janeiro Jorge Zahar 1995 150 p GARAUDY Roger Dangar a vida Rio de Janeiro Nova Fronteira 1980 HUIZINGA Johan Homo ludens o jogo como elemento de cultura 4 ed Sao Paulo Perpectiva 1996 LOPES Joana Pega teatro Campinas Papirus 1989 ADUREIRA Jos Rafael Fran ois Delsarte personagem de uma dan a re descoberta Campinas Faculdade de Educa o da Unicamp 2002 PLAT O A Rep blica S o Paulo Nova Cultural 1999 cole o Os pensadores PORTE Alain Fran ois Delsarte une anthologie Paris IPMC 1992 RANDI Elena Org Fran ois Delsarte le legge del teatro Il pensiero scenico del precursore della danza moderna Roma Bulzoni 1993 ROUSSEAU Jean Jacques Ensaio sobre a origem das linguas 2 ed Campinas Editora da Unicamp 2003 SOARES Carmen L cia Educa o F sica ra zes europ ias e Brasil 2 ed Campinas Autores Associados 2001 24 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 SOMBART Werner Burgu s contribuici n a la historia espiritual del hombre e
84. ISSN 0101 3289 REVISTA BRASILEIRA DE CI NCIAS DO ESPORTE Campinas v 27 n 2 p 7 188 jan 2006 REVISTA BRASILEIRA DE CI NCIAS DO ESPORTE EDITORES Carmen L cia Soares carments unicamp br Jocimar Daolio jocimar tet unicamp br APOIO AOS EDITORES Dulce In s L dos S Augusto Romildo Sot rio de Magalh es CONSULTORES Pesquisadores Doutores da Educa o Fisica Ci ncias do Esporte e Areas Afins APOIO FINANCEIRO CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico GOVERNO FEDERAL MINIST RIO DO ESPORTE APOIO INSTITUCIONAL Faculdade de Educa o F sica Unicamp CO EDI O CBCE Editora Autores Associados CONSELHO EDITORIAL Alexandre Fernandez Vaz Universidade Federal de Santa Catarina Brasil Andreas H Trebels Universitat Hannover Institut f r Sportwissenschatt Alemanha Christopher Rojek Nottingham Trent University Faculty of Humanities Inglaterra David W Hill University of North Texas Department of Kinesiology Health Promotion and Recreation EUA Eduardo Kokubun Universidade Estadual Faulista Rio Claro Brasil Georges Vigarello Universit de Faris Y Ecole des Hautes Etudes en Sciencies Sociales Fran a Go Tani Universidade de S o Faulo Brasil Hugo Rodolfo Lovisolo Universidade Gama Filho e Universidade Estadual do Rio de Janeiro Brasil Manuela Hasse Universidade T cnica de Lisboa Faculdade de Motricidade Humana Portugal Mauro Betti
85. Nesse sentido os jogos cooperativos podem ser um aliado fundamental pois a coopera o pode ser aprendida assim como a competi o o foi O autor afirma que os jogos cooperativos t m um grande poten cial no trabalho com alunos portadores de necessidades especiais Esses jogos t m como caracter stica integrar todos e ningu m se sente discriminado p 55 Salvador et al 2001 entendendo a realidade social baseada na divis o de classes com objetivos diferentes e antag nicos buscaram reestruturar suas pr ticas pedag gicas com um projeto que pudesse interferir nesse contexto Elegeram os jogos cooperativos como atividade para oferecer aos alunos experi ncias e mudan as comportamentais em rela o ao contexto e realidade em que viviam Encon traram nos jogos cooperativos uma forma de discutir nas aulas de Educa o F sica outras formas de rela es de poder de regras de conviv ncia e de jogar Um trabalho mais elaborado e aprofundado o de Cortez 1999 A autora identificou em um grupo de alunos da 3 s rie do ensino fundamental as mudan as ocorridas no n vel de satisfa o alegria auto estima integra o e competi o a partir da introdu o de um programa de jogos cooperativos Para ela as crian as gostaram da experi ncia com os jogos cooperativos e demonstraram alegria e satis fa o a maior parte do tempo al m de muita vontade e empenho para solucionar imprevistos e dificuldades na execu o d
86. Servid o das Vassouras n 65 Canto da Lagoa Florian polis SC CEP 88062 272 74 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 O BRINCAR JOGAR COMO FEN MENO TRANSICIONAL NA CONSTRUCAO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANCA DE ZERO A SEIS ANOS Ms NELSON FIGUEIREDO DE ANDRADE FILHO Professor do Departamento de Gin stica do Centro de Educa o F sica e Desportos CEFD da Universidade Federal do Esp rito Santo Ufes Coordenador do CRIA Grupo de Estudo em Pr ticateoriapr tica da Educac o F sica para a Educac o Infantil Grupo integrante do Centro de Pesquisa de Formac o Inicial e Continuada em Educac o F sica Pr xis E mail nelsonf npd ufes br Ms RENATA LAUDARES SILVA Professora substituta do Departamento de Gin stica do CEFD Ufes E mail re scarpa uol com br Dra ZEN LIA CHRISTINA CAMPOS FIGUEIREDO Professora do Departamento de Desportos do CEFD Ufes Coordenadora do Pr xis E mail zenolia npd ufes br Este estudo indica possibilidades de pensar se em uma interven o na educa o infantil na qual se coloque em destaque o brincar jogar como fen meno transicional na constru o da autonomia e da identidade da crian a de zero a seis anos Nesse contexto apre senta uma leitura do Referencial Curricular para a Educa o Infantil do trabalho pedag gico do a professora na constru o de uma pedagogia da inf ncia e da contribui o dos jogos de movimento e do tra
87. TENNENBAUM A SCHNITZER R Early motor develop ment of blind children Journal Faediatric Child Health v 36 p 226 229 2000 OMS C DDM 2 Classificaci n internaccional del funcionamento la discapacidad y la salud Genebra OMS 2001 Dispon vel em lt http www who ch cidh gt Acesso em abr 2001 PAPALIA D E OLDS S W Desenvolvimento humano 7 ed Porto Alegre Artes M dicas Sul 2000 PARTEN M Social participation among preschool children In SHERRIL C Adapted Physical education and recreation a multidisciplinary approach Dubuque Brown Company Publishers 198 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 145 PEREIRA L M Spatial concepts and balance performance motor learning in blin and visually impaired children Journal of Visual Impairment amp Blindness p 109 1 10 mar 1990 PIAGET J O nascimento da intelig ncia na crian a 2 ed Rio de Janeiro Zahar editores 1974 A forma o do s mbolo na crian a imita o jogo e sonho imagem e representac o Rio de Janeiro Zahar editores 1971 44 INHELDER B A psicologia da crian a Rio de Janeiro Difel 2003 PONCHILLIA P E STRAUSE B PONCHILLIA S V Athletes with visual impairments attributes and sports participation ournal of Visual Impairment amp Blindness p 267 272 abr 2002 ROGOW S M Developing play skills and communicate competence in multiply handicapped young people Journal o
88. a o respons vel pela edifica o de uma diferente roupagem para esse jogo a partir de sua inser o no labir ntico mundo das ocupa es que comp em o chamado mercado n o formal Mesmo de forma precarizada mas com grandes pitadas de criatividade es ses profissionais utilizam se desse jogo cultural para manterem se vivos e buscam as mais inusitadas possibilidades para escapar da sina daqueles que considerados pela maioria como os grandes mestres da capoeira morreram em situa o de mis ria absoluta Mestres como Pastinha Bimba Valdemar da Liberdade e outros que experimentaram a encruzilhada da fome com a fama Areu 2003 p 14 apesar de tornarem se os grandes referenciais da capoeiragem no s culo XX s o para as novas gera es de capoeiras produtos de uma condi o de explora o da qual estas tentam se esquivar Esse tratamento do jogo da capoeira como atividade laboral vem contribuin do para uma ressignifica o de suas caracter sticas origin rias e incidindo direta ou indiretamente nas suas demais formas de tratamento Como o jogo dos capoeiras se afina com o jogo mais geral do capital Pode mos dizer que o pr prio processo de organiza o dessa manifesta o encarna a l gica onipresente do sistema que se instalou em todas as esferas da vida social Atualmente significativa parcela dos grupos de capoeira do Brasil est orga nizada e estruturada na l gica empresarial Em geral esses grupos i
89. a DO JOGO DE FUTEBOL DA SEGUNDA S RIE a Divis o dos times Os dois times organizados com os alunos da 2 s rie foram compostos pela maioria de meninos oito com participa o das meninas seis Um time ocupou o lado de baixo e outro o lado de cima do campo o professor referia se aos times como de baixo e de cima Esse campo a gramado n o tem limites visivelmente demarcados nas laterais e no fundo mas delimitado pelas duas traves de madeira feitas com tr s caibros N o possui redes e est localizado entre a extens o da escola e a cerca da miss o ocupando a rea lateral da escola um espa o ocioso entre a escola a miss o e a cerca que a delimita em dire o mata caminho que vai dar no rio e no morro ap s ele Sua posi o perpendicular em rela o ao rio e posi o do pr dio da miss o O jogo dos menores ocorreu sem nenhuma briga ou diverg ncia O profes sor definiu o time de baixo e o time de cima divis o do campo que aqui ser considerado o argumento do professor isto de baixo em rela o ao rio de cima em rela o aldeia 5 Essa nomendlatura tamb m apareceu durante a observa o dos jogos de futebol dos adultos e em diferentes campos na aldeia e fazem sentido se considerarmos a pr pria estrutura dessa sociedade A sociedade bororo estruturada com base na forma o de sua aldeia em duas metades cl nicas Ecerae e Tugarege cada uma correspondente a um semi
90. a pois que no final da tarde se re nem os familiares em redor das casas ou no campo onde os adultos jogam nos fins de semana e feriados Esses jogos de fim de tarde s o importantes momentos de integra o entre os familiares em que s o permeadas as rela es de autoridade e de hierar quia presentes na tradi o cultural Mesmo quando n o aparentam diferen as nos movimentos percebe se que as crian as ainda n o tendo a compreens o do res peito que devem a estas rela es s o ensinadas nos dribles e nos jogos de lingua gem provocando risos Crian as e adolescentes correm chutam e podem atirar se na grama para descansar e voltar ao jogo quando se sentirem motivados As disputas da bola e dos times que n o t m n mero sexo ou idade de atletas definidos s o motivos de gra a e de desafio dos limites de cada um Nesse jogo assim como no que acontece nos fins de semana entre os adul tos em que os adolescentes e jovens s o integrados n o se privilegiam regras nem se exige performance dos participantes Mas nesse contexto que os mais velhos v o educar os mais jovens ao cumprimento de regras de comportamento de ho r rio e responsabilidades com os companheiros com o cuidado com o que de todos e tamb m a ceder aos que por direito na estrutura cl nica e de parentesco devem ficar em campo O futebol organizado nos cinco times da aldeia e que ocorre por sorteio nos fins de semana e feriados uma estrat gi
91. a os e com os dedos al m de algumas poucas dan as de corte encadeadas com pequenos giros e saltitos moderados Al m disso exercitar se n o era uma atitude digna da aristocracia O trabalho manual e f sico estava reservado aos servos Ali s a import ncia atribu da pelos humanistas ao saber e erudi o contribu a para perpetuar o velho desprezo pelo corpo do mesmo modo que o zelo moralista e o seve ro intelectualismo da Reforma e da Contra Reforma Huizinga 1996 p 218 A nova classe em ascens o desde as navega es Sombart 1982 a burgue sia orientou se em sua busca pelo poder pelos modos nobres do agir e do com portar se em p blico Os corpos que outrora vagavam l nguidos e sujos se endirei taram assumindo uma postura austera e irrepreens vel As cidades e suas ruas forradas de lama e excrementos foram limpas e drenadas Corbin 1987 Tomemos Paris como exemplo dessa transformac o radical da sensibilidade e do pensamento so bre as cidades e o corpo Ouviremos em 1797 o seguinte discurso Paris centro das ci ncias das artes das modas e do bom gosto imp e se como o centro do fedor Pierre Chavet apud Corbin 1987 p 41 Cerca de um s culo e meio depois 1939 Maurice Chevalier entoar a canc o Paris ser sempre Paris a cidade mais linda do mundo Somemos a essa realidade o car ter produtivo e econ mico do s culo XIX e observaremos a fal ncia do componente l dico no corpo cotidiano nas fe
92. a para as aulas de Educa o F sica e para a pr tica de esportes H poucos espa os destinados s pr ticas l dicas espont neas Cabe aqui dizer que o planejamento escolar est totalmente voltado para uma forma o utilitarista e pragm tica atrav s da qual as experi ncias l dicas s o consideradas n o educativas assim s o descartadas e jogadas para fora da escola Esta situa o ficou expl cita na fala de uma pedagoga da rede municipal de ensino segundo a qual os alunos n o podem permanecer na escola nos contraturnos pois n o possu mos estrutura f sica para isso no entanto existe uma Rua da Cidadania espa o p blico situado ao lado da escola que pode oferecer mais possibilidades s crian as Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 101 Outro fator importante a ser destacado que nem sempre o objetivo apon tado para a constru o dos espa os se efetiva na pr tica Ficou evidente no trans correr da pesquisa que muitas vezes O planejamento e a ordem vigente na escola procuram determinar finalidades para os espa os constitu dos No entanto obser vamos que as formas de apropriac o os usos cotidianos portanto as maneiras de frequentar um lugar que d o significado aos espa os e n o o seu planejamento Para analisar a relac o entre tamanho das escolas e constituic o de espacos abertos levamos em considera o a rea total das escolas o n mero de espa os qu
93. a educativa significativa entre os jovens e adultos do sexo masculino na aus ncia de atividades tradicionais de ca a pesca e rituais em Meruri Nesse jogo o jovem aprende a ser bororo a comportar se como bororo tanto na rela o com outros bororo quanto nas rela es de fronteiras Presenciei a rebeldia de um adolescente e um conflito entre jovens sendo repreen didos com as puni es no jogo O jogo antes de ser um esporte uma pr tica social significativa da qual n o s os jogadores participam mas toda a comunidade que de suas casas acompa nham e interferem nas rela es que ocorrem durante sua realiza o Se um time chega mais tarde se alguns jogadores n o aparecem por ser esse jogo uma brinca deira entre os companheiros todos se envolvem nas normas que se deve ter n o 32 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 no jogo em si mas nas rela es de compromissos que os mais jovens e os parentes devem uns aos outros dessa pr tica social cotidiana que as crian as assim como imitam as dan as e outras pr ticas corporais imitam o jogo de futebol de seus parentes Essa pr tica tamb m se traduz em educac o na escola que se prop e intercultural A seguir apresento como essa pr tica aconteceu em duas aulas de Educa o F sica no con texto da aldeia como uma forma de explicitar as rela es estabelecidas e as manei ras de educar que permeiam o jogo ou os jogos que perpass
94. a o professor de Educac o F sica atento uma tentativa de resolver teoricamente um paradoxo que ainda n o compreendemos muito bem representam tamb m a perda do achado ou em outros casos configuram uma adapta o autom tica dos ensinamentos da teoria psicol gica ao nosso universo pedag gico Quando nos propomos a pensar uma possibilidade de uso compativel dos conceitos de fen meno e objeto transicionais com o campo funcional da motricidade no desenvolvimento e educac o da crianga pensamos em faz lo questionando a leitura psicologizante do movimento humano porque temos nos perguntado qual a qualidade dessa percep o para orientar o processo de interven o do professor de Educa o F sica na educa o infantil N o se trata de teoricamente dissociar ato cons ci ncia e mundo mas de a partir de outro ponto de vista fundar na experi ncia motriz a aquisic o da percepc o de mundo e consci ncia existencial real do sujeito Com essa infer ncia queremos abrir espaco para dizer que na nossa ob servac o do processo educacional de criangas de zero a seis anos temos percebi do que principalmente nos tr s primeiros anos de vida se a crian a estimulada a interagir com o melo com os objetos e com os outros por meio do brincar jogar com movimento al m de manipular objetos construir o seu eu ante o seu n o eu etc ela constr i um tipo de estabilidade especial a estabilidade de movi 7 Essa estabilidade
95. a se que a dan a seja uma forma de se viver instantes em que a combinac o dessas quatro categorias seja vivida e contemplada em um casamento entre a experi ncia l dica e a dimens o est tica PALAVRAS CHAVE Dan a jogo est tica Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 121 DAN A E LUDICIDADE A danca uma possibilidade de express o em que o corpo do bailarino se estetiza e se transmuta em uma obra de arte A supremacia da func o est tica converte a coisa ou o ato em que se manifesta num signo aut nomo e desprovido de ligac o un voca com a realidade a que alude e com o sujeito de que prov m ou a que se dirige o que faz com que a dan a mergulhe em uma dimens o inequ voca de desprendimento de qualquer imperativo de funcionalidade Segundo Mukarovsky 1997 a func o est tica deixa transparecer um em bate de for as que se harmonizam nas contradi es A arte m ltipla a sua unida de a tens o Em outras palavras a diferen a entre uma obra de arte e outras cria es humanas que a arte n o se orienta para nenhum objetivo desinteres sada n o possui nenhuma fun o Qualquer no o que ultrapasse essa necessidade de gratuidade e sua inten sifica o da frui o est tica enfraquece sua riqueza inesgot vel de possibilidades O efeito de uma coreografia nunca deveria ter um fim pr tico mesmo quando ela se adapta e conv m a tal uso A intencionalidade a da cria o
96. a virtual vem do latim medieval virtualis derivado por sua vez de virtus for a pot ncia Na filosofia escol stica virtual o que existe em pot ncia e n o em ato O virtual tende a atualizar se sem ter passado no entanto concretiza o efetiva ou for mal A rvore est virtualmente presente na semente Em termos rigorosamente filos fi cos o virtual n o se op e ao real mas ao atual virtualidade e atualidade s o apenas duas maneiras de ser diferentes O virtual tende a atualizar se j a denomina o virtualiza o refere se ao processo inverso do atual para o virtual Tendo a atualizac o como uma criac o invenc o a part c o de id ias q termos facilita o tir de uma configurac o din mica de qualidades novas transforma ue por sua vez vai alimentar o virtual a utiliza o de dois pares de entendimento dessa rela o como faz L vy 1996 na rela o de subst ncia o poss vel op e se ao reale na rela o acontecimento o virtual op e se ao atual Util organiza o de substituindo as de coopera o criar um vazi contr rio da cri Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 izando o exemplo dado pelo autor se virtualizarmos as rela es de uma empresa livro ponto presen a f sica hor rio de trabalho etc por rela es de uma rede eletr nica de comunica es e programas a Organiza o atual que acontecia deixar de e
97. ada categoria de proezas Caillois 1990 p 33 34 Dentre tantas possibilidades vamos escolher o lan amento de pedras O objetivo do jogo lan ar a pedra o mais longe poss vel Os jogadores em plena igualdade de for as e condi es se preparam Entram num estado de jogo cujas tens es f sicas e espirituais se concentram numa nica a o lan ar a pedra O cor po n o se move A respira o lenta e pesada O olhar desloca se numa linha magn tica estabelecia entre um ponto imagin rio no horizonte e a interioridade do jogador Nada ou ningu m capaz de romper esse magnetismo O tempo e os Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 19 apelos cotidianos se dissolvem o jogador e somente ele quem determina o in cio e o ritmo da a o Mesmo o pensamento n o invadido pelos ru dos exteriores ac o que se arma O encantamento est instaurado Espectadores constrangem seus corpos at mais que os competidores A respirag o do p blico suspensa Em um segundo o jogador contrai o esp rito com toda vitalidade e a pedra est langada fim do jogo Os resultados de fato pouco importam Todo jogador sabe que est fadado a errar e perder uma lei c smica do jogo Observemos que o langador conseguiu reunir num s gesto natureza e cul tura O sagrado e o profano Naquele instante ele se vestiu de um semideus um H rcules a servico da justiga da honra e da verdade Um jogo arcaico e element
98. advindas do maior alcance tecnol gico e consequentemente de todos os seus desdobra mentos Em fun o desses desdobramentos v rias transforma es sociais s o per cebidas entre as quais pode se identificar uma sens vel mudan a nos estilos de vida envolvendo especialmente o contexto das pr ticas corporais Embora saiba mos de toda a problem tica que envolve este assunto gostaria de salientar a limita o do espa o tempo de lazer no meio urbano para a frui o da cultura corporal Uma das causas dessa limita o situa se na transforma o das casas e seus enormes Jardins em grandes condom nios conjuntos habitacionais avenidas centros em presariais ind strias entre outros empreendimentos arquitet nicos Essa nova configura o das cidades gerou para crian as e jovens uma dr sti ca redu o dos espa os Houve um recuo em rela o ao espa o do brincar que tradicionalmente se dava nos quintais ou nas ruas Hoje se brinca com brinquedos industrializados enaltecidos pela m dia em espa os limitados e pr determinados para O lazer inibidos pela viol ncia urbana com jogos que induzem a est tica do corpo e com poucas chances de contato mais aproximado com a natureza 92 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 Dessa forma a falta de espa o para as viv ncias l dicas de crian as e adoles centes um problema essencial das sociedades contempor neas em que o uso de espa os
99. ais adaptados ao consumo Busca com isso indicar a elementos das incertezas subjetivas contempor neas PALAVRAS CHAVE Capoeira jogo cultura afro descendente Stuart Hall Theodor Adorno O trabalho parte do projeto Teoria cr tica racionalidade e educa o financiado pelo CNPq e pela Fapesc Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 45 INTRODUCAO O jogo de capoeira geralmente visto como uma manifestac o cultural ge nuinamente brasileira algo que se configuraria como se poss vel fosse como ex press o de um car ter nacional por subtra o Schwartz 2001 uma s ntese de elementos africanos com outras formas de express o corporal aqui j existentes antes e durante o per odo de escravid o Ele combina se como jogo luta dan a e ou mesmo esporte espet culo com um conjunto de outros elementos media dos pelo corpo e presentes na cultura afro descendente Tal como mostrou Soares 1999 p 25 todas as Na es africanas tiveram representantes presos como capoeiras nas mais diversas propor es por todo per odo estudado s c XIX Esses dados refor am a id ia da capoeira ser uma inven o escrava isto ter sido criada no Brasil nas condi es peculiares da escravid o urbana mesmo majoritariamente por africanos Esse elemento da cultura urbana ganha contemporaneidade em uma s rie de lugares e tempos de nossa sociedade demarcando se de m ltiplas
100. alguns chegam a ter mais de dez mil filiados Os grupos de capoeira v m contribuindo para a consolida o de um emer gente mercado capoeirano seja por meio de aulas em academias de gin stica seja mediante oficinas cursos e workshops ministrados por mestres e professores inserindo cada vez mais essa manifesta o na l gica do mercado que constitui a principal esfera de divulga o da capoeira em geral Al m dos grupos come am a expandir se no mbito da capoeira as entida des corporativas como o caso das federa es e ligas que em maior ou menor grau tamb m operam com essa manifesta o sob a batuta financeira Esse modelo organizacional tem se incorporado tanto no mbito da capoeira que alguns grupos j formaram suas pr prias federa es como o caso da Associa o Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte Capoeira Abada Nessa l gica de organiza o da capoeira grupos federa es ligas etc po demos identificar a proemin ncia de dois fen menos inerentes sociedade capita lista j verificados em outras manifesta es da cultura corporal como por exemplo a gin stica a dan a e algumas lutas orientais quais sejam a mercadoriza o e a esportiviza o que por sua vez apresentam como caracter sticas intr nsecas a ra cionaliza o a cientifizac o e a competi o Kunz 1994 Hoje em praticamente todas as express es da cultura corporal o movi mento humano transform
101. am pelo futebol bororo O JOGO DA EDUCA O NA ESCOLA Na escola o jogo de futebol acontece como aula de Educa o F sica e tem por objetivo segundo um dos professores proporcionar aos alunos um momento de socializa o e ludicidade A decis o do jogo do professor que durante a sema na abstrai meio per odo para as aulas de Educa o F sica concedendo o ao jogo Observei no contexto da escola entre alguns professores que a puni o da turma pelas brigas n o obedi ncia e n o cumprimento de tarefas era tirando lhes o dia de brincar o jogo Decis es semelhantes s o recorrentes em in meras escolas p blicas desse pa s isto o movimento fora da sala o pr mio pelo n o movi mento dentro dela Numa ocasi o uma das crian as comentou que n o teriam aulas de Educa o F sica na semana porque o professor ficou chateado com as brigas que ocorreram entre os alunos da turma Vale destacar que na cultura bororo como ocorre em algumas outras etnias a autoridade no sentido dado por Mauss 1969 constitu da nas rela es cotidia nas e consolidada pelos mais velhos que a legitimam sendo respeitada em todas as inst ncias Assim a educa o se d para al m da escola mas nesta o papel do professor tem uma dimens o mais complexa do que a instru o prevista tradicio nalmente em nossas escolas tanto que o professor na maioria das escolas ind ge nas sempre uma indica o da comunidade que lhe concede es
102. anhando outras criancas irm os e parentes mais novos ou mais velhos a crian a estar desenvolvendo suas habilidades suas inven es seus conflitos suas descobertas seus medos seus modos de perceber sentir e reagir aos outros Os diversos tempos da vida n o se separam uns dos outros pelo contr rio integram se assumindo as caracter sticas de fen meno totais apresentam se sem pre com significado Crespo s d Nos diferentes tempos da crian a ela assume responsabilidades perante a fam lia e a comunidade escola descobrindo seu tempo de brincar e aprender com outras crian as Estas participam de todas as atividades dos adultos sempre acompanhando os pais geralmente a m e ou uma parenta mais velha Nessas atividades encontram sempre maneiras de se divertir com o que h de dispon vel no espa o No cotidiano da aldeia quando n o h pr ticas coletivas no final da tarde como as ligadas tradi o cultural hor rio em que a comunidade faz suas dan as no bororo p tio ritual stico as crian as de diferentes idades e de ambos os sexos re nem se para jogar bola Brincam em todos os momentos acompanhando os adultos outras crian as ou na escola as crian as vivem uma permissividade quase sem limites s o onipresentes na aldeia e nas reas circundantes e puni es quase n o acontecem E exatamente essa apa rente desordem ou falta de ordem ou antes uma ordem vivida de outro modo imersa
103. ante do Grupo de Estudos da Capoeira GECA e do N cleo de Estudos Pedag gicos da Educa o F sica NEPEF S cio Pesquisador do Col gio Brasileiro de Ci ncias do Esporte CBCE Email falcaox Deds ufsc br RESUMO Este artigo analisa O jogo da capoeira a partir do seu desenvolvimento hist rico e apre senta subs dios para problematiza es acerca do concerto de jogo As an lises aqui apre sentadas resultam da conflu ncia de tr s jogos O jogo ainda n o jogado ou seja o que constituiu o percurso investigativo do estudo o pr prio jogo da capoeira expresso pelo seu controvertido desenvolvimento hist rico e o jogo social materializado pelas com plexas contradit rias e din micas rela es travadas no interior da sociedade capitalista O Jogo da capoeira influenciado pelo tempo hist rico em que se situa e tamb m edificado a partir dos interesses e das a es dos sujeitos que atrav s dele atuam e disputam poder na sociedade PALAVRAS CHAVE Jogo cultura capoeira capitalismo Esse artigo sintetiza parte das formula es apresentadas na tese de doutorado intitulada O jogo da capoeira em jogo e a constru o da pr xis capoeirana defendida pelo autor na Universidade Fede ral da Bahia 2004 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 59 INTRODUCAO Ao longo dos ltimos anos o jogo da capoeira vem inserindo se vertiginosa mente nos mais diferentes espacos institucionais
104. antropol gi cos S o Paulo Global 2002 p 37 63 MAUSS M As t cnicas corporais In Sociologia e antropologia V Trad de Lamberto Puccinelli S o Paulo EPU 1974 p 211 233 MAUSS M Manual de etnografia Trad de J Freitas e Silva Lisboa Publica es Dom Quixote 1993 AUSS M Transmission de la cohesion sociale Tradition education In Oeuvres v 3 Cohesion sociale et divisions de la sociologia Paris Les Editions de Munuit 1969 p 328 346 UNES A No tempo e no espaco brincadeiras das criangas Auw Xavante In LOPES DA SILVA A NUNES A MACEDO A V L Orgs Criangas ind genas ensaios antropol gi cos S o Paulo Global 2002 p 64 99 OCHOA CAMARGO G Org Meruri na vis o de um anci o Bororo mem rias de Frederico Coqueiro Campo Grande UCDB 2001 RIBEIRO B G O ndio na hist ria do Brasil S o Paulo Global 1997 SEEGER A DA MATTA R VIVEIROS DE CASTRO E B A constru o da pessoa nas sociedades ind genas brasileiras In OLIVEIRA FILHO J P de Org Sociedades indigenas indigenismo no Brasil Rio de Janeiro UFRJ Marco Zero 1987 p 11 29 TASSINARI A M Da civiliza o tradi o os projetos de escola entre os ndios do la In LOPES DA SILVA A e LEAL FERREIRA M K Orgs Antropologia hist ria e educa o S o Paulo Global Mari 2001 p 157 195 TASSINARI A M No bom da festa o processo de constru o cultural d
105. aos espa os mistos contradit rios e h bridos da cultura popular Elas s o o que o moderno naquilo que Kobena Mercer chama a necessidade de uma est tica diasp rica A partir daquilo que podemos chamar de cultura e de cultura popular nos termos propostos por Hall 2002 2003 poss vel ler o texto de Adorno 2001 Moda intemporal sobre jazz como uma explicita o dos mecanismos de sujei o que conformam os que participam e caracterizam a cultura popular como pr tica oriunda das camadas subalternas Segundo os argumentos de Adorno a satisfa o ao participar da constitui o de tais elementos torna se o principal algoz que os enclausura na pseudogratifica o objetivada pela sociedade administrada A explici ta o dos elementos que conformam o jazz em sua pobreza assim como de certa forma o processo de elitiza o da capoeira serve de j ri do conceito de cultura Na an lise do dom nio da t cnica de improvisa o no jazz Adorno 2001 insiste na id ia da racionalidade necess ria para alcan ar tal intento Para se chegar a executar aquelas improvisa es deve se ter claro pelo menos duas quest es os mecanismos da sua constitui o e a possibilidade que abrem de adentrar num mundo supostamente seleto por m reificado dos mecanismos de domina o O primei ro pressup e um sujeito esclarecido a exemplo de Ulisses que por sua vez deve saber os mecanismos de funcionamento dessas improvisa es para pode
106. apas anteriores verificando se os espa cos equipamentos em quest o estavam sendo utilizados de acordo com os objeti vos com os quais foram elaborados e se estavam sendo eficientes para tal Na s tima e ltima etapa da pesquisa focamo nos nas entrevistas com alu nos professores e gestores das escolas Embora durante todo o processo de levan tamento de dados relacionados as etapas anteriores tenham sido realizadas entre vistas informais nesta etapa utilizou se um protocolo de entrevistas semi estruturadas gravadas e posteriormente transcritas na integra AN LISE E DISCUSSAO DE DADOS SIGNIFICATIVOS Ap s um ano de pesquisa selecionamos para este artigo algumas categorias de an lise que se mostraram significativas durante o processo S o elas a escola como uma alternativa de espa o para o jogo t ticas e ast cias para vivenciar o jogo na escola acessibilidade dos espa os e equipamentos existentes nas escolas A escola como uma alternativa de espa o para o jogo Ao analisarmos detalhadamente a instituig o escola percebemos muitas vezes um lugar impregnado de normas regras conceitos e preconceitos Dessa forma o ambiente escolar muitas vezes acaba transformando se num local para mera domesticac o de criangas e jovens obrigando os a adaptarem se a um cotidiano cuja liberdade cerceada o tempo controlado e os espacos para ale gria s o reduzidos importando somente cumprir a fun o de prepar lo
107. ar com eles e sobre eles todas essas experi ncias s o Conforme Kamper 2003 fantasiar ser capaz de apresentar algo mesmo quando n o se est presente A fantasia seria portanto a faculdade de tornar presentes coisas passadas ou futuras assentadas no espa o Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 175 constituintes e constituidoras da cultura l dica infantil e devem ser apropriadas de modo cr tico e criativo pela Educac o F sica na escola se essa disciplina por sua vez quiser atualizara sua pr tica pedag gica e n o ficar alheia ao seu tempo Assim quem sabe poderemos junto com Feres Neto 2001 p 103 argumentar que as diversas experi ncias que constituem cada um destes momentos ao serem socializadas tor nadas p blicas engendram os novos jogos sociais que fazendo circular objetos aumentam a intelig ncia coletiva do grupo conforme o conceito de L vy 1999 e que ao retornar ao indiv duo por outras pr ticas contribuem para a produ o de novas subjetividades conforme Guatarri 1992 Trabalhos que prop em a utilizac o de produtos televisivos como conte do ou estrat gias pedag gicas com descri es precisas dos resultados j existem na Educa o F sica escolar Betti 2003 Batista Betti 2005 Por todas as raz es j expostas entendemos conforme Betti 2003 p 135 que necess rio avancar um pouco mais e enfrentar os desafios e p
108. ar foi escolhido como celebrac o dos deuses pois n o a complexidade do gesto que o qualifica mas o estado espiritual e o envolvimento do jogador O FIM DO JOGO Diante desse quadro apresentado observamos o decl nio da atitude l dica nas pr ticas corporais O esporte como o teatro e a danga torna se tanto para o profis sional como para o amador um trabalho rduo e s rio Na verdade pouco se joga em relac o ao treinamento que se realiza O treino como um ensaio sem o p blico nao ilumina um simulacro separado da realidade social norteado por padr es defi nidos por ci ncias que desprezam o esp rito l dico e a natureza amb gua e contradit ria do corpo Pr ticas corporais como a capoeira o circo e as artes guerreiras lutas localizadas do campo da express o dram tica tamb m perdem o encantamento ori ginal Mesmo a dan a entendida por Huizinga 1996 p 184 como a mais pura e perfeita forma de jogo tamb m sofre essa mutac o sendo visualizada como exer c cio f sico ou gin stica sendo colocada na l gica das competi es esportivas A dan a n o como se tende a acreditar um conjunto de passos mais ou menos arbitr rios que s o o resultado de combina es mec nicas e que embora possam ser teis como exerc cios t cnicos n o poderiam ter a pretens o de constitu rem uma arte Isadora Duncan apud Garaudy 1980 p 57 N o desejamos como os autores que nos iluminaram fazer um
109. ar das crian as e jovens se d nas brechas nos interst cios do ensino formal nas circunst ncias em que estes encon tram um espa o tempo para se apropriarem do lugar de forma criativa e inventiva levando elementos da cultura popular e a alegria escola Na hora da entrada nos intervalos de aulas no recreio na hora da sa da escutamos gritos observamos sorrisos abra os l grimas correrias conflitos comemora es trocas encontros e desencontros Percebi durante a pesquisa de campo que mesmo diante de muitas dificulda des espaciais os alunos atrav s de t ticas e ast cias brincam jogam se divertem e re significam os poucos espa os livres para o brincar Portanto certas dificuldades em rela o aos espa os e equipamentos s o muitas vezes superadas pelas diversas pos sibilidades de intera o com o lugar passando de um corpo aparentemente d cil e silencioso vivido em sala de aula para um corpo brincante e criativo vivido nos interst cios do tempo regular das aulas isso no tempo espa o livre nas quadras p tios parquinhos cantinas escadas reas verdes Para ilustrar esta situa o aponto o recreio como sendo um espa o tempo em que os ideais escolares e a apropria o das escolas pelos alunos encontram se em descompasso Em descompasso porque mesmo com uma cultura escolar que conduz inibi o do brincar e do jogar as crian as ainda encontram formas de faz lo e o fazem no recreio Es
110. as atividades Observou ainda as seguin tes categorias de comportamentos e atitudes durante o trabalho com jogos coope rativos a o aleat ria intera o social o papel do desafio no fluir pensamento reflexivo solu o de problemas e coopera o A o aleat ria nos momentos em que as crian as ainda n o incorporaram ou compreenderam os objetivos cooperativos do novo jogo elas atuam de forma competitiva apresentando comportamentos individualizados agressivos e pouco cooperativos Ganhar ainda importante e as crian as apresentam um grau m dio de satisfa o e alegria Intera o social um aspecto importante na constru o do conhecimento e no desenvolvimento social e individual das crian as e os jogos em grupo e os coo perativos colaboram grandemente para isso O papel do desaf o no fluir o fen meno do fluir descrito como uma maneira correta de viver sem se preocupar com recompensas externas esponta 158 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 neamente com envolvimento total Csikszentmihalyi apud Cortez 1999 p 119 Significa realizar as tarefas do cotidiano de forma positiva e nao como fardos a carregar Esse estado de fluir pode e deve ser proporcionado pela escola por meio dos jogos cooperativos Se a coopera o for enfatizada nas atividades l dicas e evitando a nfase na vit ria nos resultados finais e na competitividade poss vel propiciar
111. as familias Karipuna do Amap S o Paulo Edusp 2003 42 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 TURNER V O processo ritual estrutura e antiestrutura Trad de M C de Castro Petr polis Vozes 1974 VANGELISTA C Miss es cat licas e pol ticas tribais na frente de expans o os Bororo entre o s c XIX e o s c XX Revista de Antropologia Publica o do Departamento de Antropo logia Faculdade de Filosofia Letras e Ci ncias Humanas Universidade de S o Paulo S o Paulo v 39 n 2 p 165 197 1996 VIERTLER R B 4 refei o das almas uma interpreta o etnol gica do funeral dos ndios Bororo Mato Grosso S a Paulo Hucitec Edusp 1991 Abeleza do corpo entre os indios brasileiros In QUEIROZ R da S Org O corpo do brasileiro estudos de est tica e beleza S o Paulo Senac 2000 p 155 181 VIERTLER R B A duras penas um hist rico das rela es entre ndios Bororo e civilizados no Mato Grosso S o Paulo FFLCH USP 1990 VIVEIROS DE CASTRO E B A fabrica o do corpo na sociedade xinguana In OLIVEIRA FILHO J P de Org Sociedades ind genas amp indigenismo no Brasil Rio de Janeiro UFRJ Marco Zero 1987 p 31 41 Recebido 6 jun 2005 Aprovado 10 ago 2005 Endereco para correspond ncia Dra Beleni Sal te Grendo Campus U Cavalhada C ceres MT CEP 78200 000 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006
112. as que por essa leitura embota os jogos de movimento como brincadeiras adequadas a serem estimuladas aos sujeitos da faixa et ria menor Ao afirmar se que o jogo de faz de conta a atividade que origina as outras comete se deliberadamente uma invers o hierarquiza o na compreens o do jogo como poss vel objeto transicional na constru o da autonomia e da identidade da crian a Os autores do documento partem da premissa de que Toda brincadei ra imita o transformada no plano das emo es e das id ias de uma realidade anteriormente vivenciada RCNEI 1998 p 27 ou seja de que o conhecimento de movimento t cito como diria Piaget ocorre por meio de jogos de exerc cio Nessa perspectiva esse tipo de jogo parece pouco significar para o autoconheci mento em meio situa o vivida ainda pouco significa que o movimento seja tomado como suporte e t o somente alavanca para executar a atividade atitude mental induzida na ocasi o Dessa forma vale perguntar como o RCNEI concebe o movimento enquanto eixo de trabalho para a educa o infantil Para refletir sobre essa quest o consultamos o volume 3 do RCNEI Con forme esse referencial curricular Ao movimentar se as crian as expressam sentimentos emo es e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais O movi mento humano portanto mais do que um simples deslocamento do corpo no espa o constitui
113. as roupagens e formas cada vez mais agudas delgadas e geis S o os ideais do passado que se fortalecem e se adequam s novas formas de organiza o do capital Esse fen meno vis vel n o apenas nas atualiza es que a gin stica sofreu em que a maquiniza o do corpo evidente A dan a a capoeira ou mesmo a m sica e as artes er ticas acabam por seguir a ordem do pensamento esportivo Courtine 1995 ou como afirma Huizinga 1996 p 222 As estat sticas de vendas e de produ o n o podiam deixar de introduzir na vida eco n mica um certo elemento esportivo A conseq ncia disso haver hoje um aspecto esportivo em quase todo triunfo comercial ou tecnol gico o navio de maior tonelagem a travessia mais r pida a maior altitude etc Perguntamo nos para onde foi o jogo e toda dimens o l dica das atividades humanas Esperamos encontrar alternativas que n o se resumam aos imperativos do capitalismo Wood 2001 O homem que joga est sendo rapidamente substi tu do por outro que consome compulsivamente de forma quase que competitiva sem que isso seja apontado como patologia ou dito de uma forma mais incisiva como cat strofe Interessante notar como refinamento desse processo que o co nhecido happy hour s tem sentido se todos os outros momentos do dia forem sombrios ID IAS GERAIS SOBRE O JOGO O jogo como nos apresenta Huizinga 1996 e Caillois 1990 uma ativi dade livre e desobrigada da
114. aso o cerne de seu processo criativo Merc Cunningham cone da dan a norte americana e inspira o para v rias correntes de dan a con tempor nea criou em 1952 a Merce Cunningham Dance Company na qual desa fiou conceitos e estabeleceu novos par metros dentro do universo da dan a Esse core grafo utilizava se do acaso chance operation como elemento de terminante de suas composi es coreogr ficas Cunningham submetia frases coreo gr ficas previamente compostas a sorteios por meio do Ching de moedas cara ou coroa ou de outros meios para decidir em qual ordem elas se sucederiam qual o seu padr o r tmico e sua durac o que bailarinos dangariam essas frases e como elas seriam distribu das no espa o Os sorteios inclu am tamb m a escolha da m sica do figurino do cen rio e da ilumina o De fato existia uma independ ncia entre todos esses componentes que se harmonizavam ou n o de acordo com o aleat rio Era na verdade um campo de for a est tico em que todos estavam a servi o de todos e ao mesmo tempo cada um possu a a sua pr pria forma de express o A utiliza o do acaso transforma o corpo do bailarino tornando o imprevis vel e descont nuo abandona uma narrativa rom ntica n o h mais lugares para uma constru o linear de personagens n o h mais espa os privilegiados do palco nem a culmin ncia da dan a com os acordes musicais Mudam se as concep es de primeira bailarina por exemplo
115. aumentando a liga o do mundo da crian a com imagens e palavras ocorrendo a interioriza o de seus jogos Piaget 1971 A capacidade de pensamento torna se mais sofisticada no uso dos s mbo los no entanto o pensamento l gico ainda n o se inicia nessa fase mas a rela o causa e efeito j est presente Papalia Olds 2000 Jogos de regras a atividade l dica do ser socializado Direcionando o exer c cio para as rela es sociais As regras s o desenvolvidas ao longo da vida no entanto s se imp e regras por analogias aos contextos j conhecidos Piaget 1971 p As regras passam pelos exerc cios ritualizados indo em dire o s regras transmitidas direcionadas pelas combina es sens rio motoras ou intelectuais com ou sem competi es entre os indiv duos Encontramos nas observa es de Parten apud Sherril 1985 dois n veis de desenvolvimento do jogo 6 jogos cooperati vos com estruturas de organiza o simples e jogos cooperativos ou competi tivos com engajamento progressivamente mais complexo emergem prefer ncias pelo gosto a determinadas pr ticas competitivas ou n o competitivas Nesse est gio do jogo as fases do desenvolvimento cognitivo passam pelas opera es concretas e formais Na primeira a crian a racionaliza logicamente sobre eventos concretos e consegue classificar objetos de seu mundo em v rios ambientes Gallahue Ozmun 2003 p 49 Os eventos concretos s o analisad
116. balho pedag gico pr prio do professor de Educa o F sica PALAVRAS CHAVE Brincar jogar educa o infantil educa o f sica Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 15 INTRODU O Pensar o brincar jogar enquanto possibilidade de interven o pedag gica do professor de Educa o F sica requer pensar a es em diferentes perspecti vas Do ponto de vista pedag gico encontramos situa es em que brincar e Jogar se referem livre express o l dica ou s o conte dos ou estrat gias meto dol gicas intencionalmente utilizadas para realizar o objetivo de ensinar algum conhecimento a algu m Neste artigo interpretamos brincar jogar como fen meno transicional Winnicott 1975 que ocorre no processo de constru o da autonomia e da iden tidade da crian a de zero a seis anos Para tanto o organizamos da seguinte manei ra a analisamos o Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil RCNE b referimos ao trabalho pedag gico do professor na constru o de uma pedagogia da inf ncia c discorremos sobre brincar jogar com movimento como fen meno transicional na Educa o Infantil e o trabalho pedag gico do professor de educa o f sica para a educa o de zero a seis anos REFERENCIAL CURRICULAR E PERFIL DO PROFESSOR PARA ATUAR NA EDUCA O INFANTIL Da leitura da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional LDB lei 9 394 96 apreende se que a educa o infa
117. boa 27 de junho de 2003 O fato que o jogo da capoeira com esse carimbo de Brasil embutido em suas cantigas e fundamentos ramificou se e expandiu se significativamente e tem servido atualmente como ve culo de agrega o s vezes de desagrega o de povos de v rios cantos do mundo adquirindo assim uma identidade supra nacio nal O Mestre Umoi j citado nos afirmou A capoeira est quebrando a barreira do oceano que divide o Brasil a frica a Euro pa a Am rica do Norte A capoeira do capoeirista E a gente j tem muitos bons capoeiristas aqui na Europa Voc v muito angoleiro alem o jogando uma Angola t o boa e at melhor do que muito capoeirista que nunca saiu de Salvador que nunca saiu do Brasil A voc fala Ah porque alem o N o porque capoeirista Mestre Umoi comunica o pessoal Amsterd 18 de agosto de 2003 Ao fazer an lise das experi ncias dos capoeiras em Paris Vassallo 2003 afirma que seus fundamentos est o articulados com o que consideram ser a cultura brasileira Essa articula o incluiria o dom nio da l ngua portuguesa bem como as dan as o ritmo e sobretudo a vis o de mundo caracter sticos daqui idem p 8 9 Os capoeiras franceses desprovidos desses fundamentos s o acusados de re 68 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 produzi r mecanicamente a capoeira sem conhecer os seus verdadeiros significa
118. c rculo de choupanas casas que se com pleta num c rculo em volta da casa dos nomens Baito Cada metade divide se em quatro cl s garantidos pelas mulheres E essa estrutura f sica localiza se com o curso do sol e em dire o ao rio Essa din mica tamb m permeia as formas de nominar os espa os de jogo 34 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 b Desenvolvimento do Jogo Durante o jogo o professor foi o juiz Apitava as sa das de bola os gols e as faltas definindo se a bola era do time de cima ou do time de baixo Enquanto o jogo desenrolava se duas meninas come aram a brincar na grama do campo Logo em seguida as outras tamb m se integraram ao jogo de arrancar a grama com as m os fazendo montinhos Quando uma resolveu pegar os montinhos das outras e espalh los iniciou se uma outra fase as crian as dividiram se em dois grupos e disputavam quem conseguiria mais grama para jogarem umas nas outras uma guerra de gra ma muito alegres at que uma se levantou e voltou a jogar bola sendo seguida por outras ficando somente uma a juntar os montes espalhados em seguida vol taram algumas para roubar o monte guardado na camiseta Rolavam e riam na grama O jogo de futebol continuava Uma menina reclamou que queria a bola logo fica institu do pelo professor que a falta tem que ser cobrada pelas meninas Elas entraram no jogo para assumir seu novo papel garantir a validade do gol umas
119. cessos do pensamento cognitivo Gallahue Ozmun 2003 A evolu o dessa constru o dos marcos na hierarquia do desenvolvimento cogni tivo ocorre a partir das rela es entre as estruturas biol gicas e o meio ambiente tendo a idade cronol gica como um indicador amplo e geral de funcionamento mas sao os comportamentos observ veis os principais referenciais do processo A intelig ncia verbal ou refletida nivel mais complexo de desenvolvimento da cogni o segundo Piaget 1974 baseia se na intelig ncia pr tica ou sens rio motora e em suas recombina es de h bitos adquiridos por meio das conex es biol gicas estabelecidas Nesse processo de desenvolvimento intelectual do individuo o jogo apre senta grande influ ncia idem A evolu o da intelig ncia dar se pelas intera es entre sujeito e o meio nessa rela o o movimento ser o elo fundamental pelo movimento que a crian a a entender e limitar o seu corpo al m de estabelecer as poss veis rela es com o outro e o ambiente Esse tipo de a o possibilitar o desenvolvimento de conceitos e intera es objetivas concreta indo progressiva mente at n veis mais complexos de intera o as rela es subjetivas idem Segundo Gallahue et al 2003 a teoria do marco desenvolvimentista de Jean Piaget apresenta implica es importantes no desenvolvimento motor Ao en tendermos tal processo como a cont nua altera o no comportamento realizada a
120. com presen ca forte da sua cultura tradicional e os povos com mais tempo de contato com a sociedade envolvente at eu mesmo senti momentos de raqueza fazendo julgamento equivocado sobre as pessoas que nao tinham a apar ncia f sica t o marcante como os indios de Mato Grosso confesso que pensei estarem no 3 Grau Ind gena pessoas nao indias O preconceito e a discrimina o ainda sao grandes senti me revitalizado por ter um espaco onde estaremos refletindo a nossa identidade a nossa pr pria autonomia Adugoenau 2003 p 69 Sua afirma o refor a a observa o feita durante a pesquisa visto que os mesticos diferentes dos bororo de verdade j marcados fisicamente heredita riamente t m necessidade de afirmar suas identidades verdadeiras nos rituais e cerim nias em que a identidade coletiva constitu da O futebol acaba sendo uma estrat gia dessa afirma o quando por serem habilidosos no futebol s o convo cados pela comunidade a representar bem os bororo ante os braido Assim a identidade constru da socialmente no cotidiano evidenciada nos momentos de explos o de sentimentos raiva alegria etc de eventos e das pr ticas corporais em que o corpo evidenciado como express o de uma identidade coletiva Na participa o dos boe no campeonato regional com os times da cidade o corpo mestico fortaleceu se como corpo bororo ao fortalecer a pr pria comunida de Esses mome
121. conomico moderno 4 ed Madrid Alianza Editorial 1982 WOOD Ellen Meiksins As origens do capitalismo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2001 Recebido 2 jun 2005 Aprovado 3 jul 2005 Endere o para correspond ncia Jos Rafael Madureira Rua Jos l rio 44 Sousas Campinas SP CEP 13105 016 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 25 O JOGO DA IDENTIDADE BOE A EDUCA O DO CORPO EM RELA ES DE FRONTEIRAS TNICAS E CULTURAIS Dra BELENI SAL TE GRANDO Universidade do Estado de Mato Grosso Unemat E mail beleni Dbrturbo com br RESUMO O jogo no contexto da aldeia de Meruri entre os Bororo foi analisado a partir dos dados da pesquisa etnogr fica realizada em 2001 com o objetivo de compreender como se estabelecem as rela es entre diferentes maneiras de ser a partir das pr ticas corporais As diversas formas de o futebol se apresentar como pr tica social apontam para as complexas rela es que o jogo potencializa em espa os de fronteiras tnicas e culturais Seu car ter poliss mico e intercultural possibilita visualizar as dimens es complexas e contradit rias em que se d o a educa o do corpoboe e a relev ncia que a corporalidade assume para a compreens o de uma cultura ind gena espec fica PALAVRAS CHAVE Jogo futebol educa o intercultural Este estudo resulta do trabalho etnogr fico Mauss 1993 desenvolvido em 2001 na Aldeia Bororo
122. ctos jogo e vida como elementos interpenetrantes que se auto 182 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 179 185 jan 2006 influenciam jogo como atividade complexa sobretudo pelas rela es estabelecidas com a sociedade jogo como possibilidade de diferencia o das diferentes culturas Ou seja jogo e vida constituem se como campos antag nicos simult neos e inter dependentes que se d o de modo fecundo e complementar gerando relag es complexas e peculiares em cada cultura e poca Os jogos como fatores e imagens da cultura criam h bitos provocam mudangas oferecem indicag es sobre prefe r ncias debilidades for as e caracteriza o de uma civiliza o Seja como expres s o ou derivativo dos valores coletivos seja pela camuflagem da vertigem confus o e transe e sali ncia da competi o e da sorte nas sociedades ordenadas o jogo constitui se como espa o de revela o das contradi es e paroxismos do humano Estruturada a partir de um tema fundamental das rela es humanas e to mando um dos cl ssicos dos jogos Homo ludens como ponto de partida para a cr tica a obra de Caillois um marco da rela o do jogo com a sociedade Apre senta exemplifica e instaura outros campos perceptivos que levam a desconstituir a imagem do jogo como alheio ao meio social ou como competi o derivada do trabalho adulto potencializando a visualiza o de sua intensa express o social modificand
123. cutante cumpre um virtuosismo t cnico como em um jogo esportivo Quando um bailarino advers 128 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 rio se apresenta lhe destinado em geral a frieza por vezes at mesmo a vaia e excepcionalmente o aplauso do time rival quando este se rende ao fato desse ter executado um malabarismo t cnico que nenhum dos concorrentes foi capaz de fazer Entre palco e plat ia desaparece o sil ncio o enlevo e a apreciac o subjetiva dando lugar aos bord es de torcida e a uma constata o un nime do resultado CONSIDERACOES FINAIS A valoriza o do agon na dan a permite uma analogia com o fen meno desportivo Nessa perspectiva podemos nos remeter a Betti 1988 que destaca a narrativa televisiva como algo que inaugura uma concep o de espetaculariza o do esporte na qual o aspecto competitivo se torna o aspecto fundamental do jogo perdendo a dimens o da gratuidade e do desinteresse Dessa forma a experi ncia e a representa o produzidas por esses campeonatos de dan a podem estar apon tando para uma tend ncia de esportiviza o da dan a Qualquer competi o torna se mais desafiadora e mais capaz de definir um vencedor medida que estabelece limites objetivos regras e padr es que podem ser mensurados Ora a dan a como arte do acaso da vertigem e da simula o tende sempre escapar do mensur vel Como estabelecer objetivos para a sorte
124. d ncia Rua Mariz e Barros 273 Rio de Janeiro RJ CEP 20270 003 164 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 M DIAS E JOGOS DO VIRTUAL PARA UMA EXPERI NCIA CORPORAL EDUCATIVA Msndo ALAN QUEIROZ DA COSTA Mestrando em Ci ncias da Motricidade no Instituto de Bioci ncias da Universidade Estadual Paulista Unesp campus de Rio Claro Professor do curso de licenciatura em Educagao F sica da Universidade Bandeirante de Sao Paulo Uniban SP E mail alanqcosta yahoo com br Dr MAURO BETTI Professor Adjunto do Departamento de Educac o Fisica da Faculdade de Ci ncias da Unesp campus de Bauru E mail mbetti fc unesp br RESUMO A virtualizac o do corpo no esporte telespet culo e nos jogos eletr nicos bem como as repercuss es desse fen meno na cultura corporal contempor nea de movimento j foram identificadas por alguns estudiosos Em contrapartida as crian as apropriam se das imagens e conte dos televisivos transformando os em estruturas l dicas que sustentam suas brincadeiras O objetivo desse trabalho analisar as possibilidades de correla o entre o jogo e as midias propondo a transtormag o transter ncia do virtual Mrtualidade em uma poss vel experi ncia corporal educativa na escola na forma de jogos a partir dos Jogos virtuais conhecidos dos alunos PALAVRAS CHAVE Educa o f sica midia jogos virtualidade Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2
125. da nos possibilitando respos tas ou simplesmente a passividade do recebimento e a apropria o de um novo con te do Assim tamb m tem sido no mbito da cultura corporal de movimento em especial no caso do esporte com as novas viv ncias geradas pela virtualiza o Betti 1998 evidencia o surgimento do que denomina esporte telespet culo fen meno constru do pela televis o H diferen as importantes en tre as experi ncias do telespectador que assiste ao jogo confortavelmente em sua casa e as do torcedor que vai pessoalmente ao gin sio ou est dio entre elas a autonomia visual do telespectador Aquele que assiste de casa ter de se confor mar em assistir aquilo que a televis o mostra mas pode em contrapartida ter uma perspectiva do torcedor que est na arquibancada do t cnico que est no banco de reservas ou mesmo do piloto que est dentro do carro de corrida O torcedor tem a sensa o de cada lance no instante em que acontece junto ao calor da torcida j o telespectador tem a possibilidade de ver rep ays closes mas ter de se contentar com o jogo de imagens e sons que a televis o transmite tentando tor nar o evento o mais atual poss vel O esporte telespet culo portanto uma realidade textual relativamente aut noma constru da pela media o do olhar inte ressado das c maras televisivas Eco 1984 p 42 contribui com essa discuss o ao trazer o conceito de fala
126. da das formas tradicionais de socializa o para ser escolarizada Atenta a esse quadro e considerando as dificuldades da pr tica organizacio nal das escolas percebo que apesar de serem regidas por uma mesma pol tica e terem organiza es parecidas cada escola Unica em seu cotidiano devido s formas de apropriac o por parte dos sujeitos criangas e jovens de diferentes espa cos constitu dos no ambiente escolar Diante desse contexto optei por falar em escolas e nao em escola Isto se torna l gico se pensamos que cada sujeito percebe o espa o ao seu redor de uma determinada forma apropriando se e dan do significados particulares ao lugar assim cada aluno ir apropriar se do tempo espaco regras e valores de maneiras diferentes criando uma din mica particular em sua escola Essas reflex es acerca do cotidiano escolar s o importantes para compreen dermos como vem construindo se a cultura infantil e jovem dentro deste sistema que de certa maneira reprime as pr ticas culturais l dicas e criativas levando a escola a resignar se a um presente vazio at enfadonho Para dar alegria aos alunos Snyders 1988 p 13 aposta na renova o dos conte dos culturais mas ressalta que a fonte de alegria dos alunos n o a procuro inicialmente do lado dos jogos nem dos m todos agrad veis nem do lado das rela es simp ticas entre professores e alunos nem mesmo na regi o da autono mia e da escolha
127. da teoria metodologia da semi tica parti cularmente a gram tica especulativa proposta por Peirce 1996 Essa abordagem oferece a possibilidade de discutir qualquer signo de qualquer esp cie decantando suas significa es reais ou imagin rias isso porque qualquer coisa que se produz na consci ncia signo processo de representa o algo que est no lugar de outro E como toda e qualquer produ o e realiza o de sentido j sistema de linguagem estamos definindo a gestualidade dos jogadores como um fen meno semi tico Por a semi tica peirceana realizar um grande invent rio anal tico de tipos de signos e de s nteses s gnicas temos a possibilidade de aprofundar minuciosa mente o sentido do comportamento dos jogadores ao jogarem pois essa teoria metodologia disp e de estrat gias para o interpretar em si mesmo extraindo sua qualidade fenom nica e decifrando seus processos de significa o tramas manhas 106 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 e potencial comunicativo A tarefa semi tica consiste em observar os caracteres dos signos e a partir dessa observa o pelo processo de abstra o descrever e classificar todos os tipos de signos poss veis elaborando enunciados COLETA DOS DADOS Analisamos tr s jogos de azar lembrando Caillois que diz os jogos de azar sao os jogos humanos por excel ncia 1994 p 150 e tr s jogos infantis Entende mos que a
128. dad de Curitiba RESUMEN Este art culo pretende discutir la composici n entre la planificaci n de los espacios y sus relaciones con las experiencias del juego como una manera de manifestar se l dicamente en algunas instituciones de ense anza de la ciudad de Curitiba La intenci n es demostrar c mo se planifican los espacios y equipos destinados a vivencias l dicas a partir de una posible lectura del cotidiano escolar en una tentativa de observar de que forma ocurren las negociaciones entre la administraci n escolar y los alumnos en la din mica de la formaci n educacional y especificamente en la materializaci n de la din mica de la pr ctica del juego PALABRAS CLAVES Planificaci n espacio lugar ludicidad juego escuela REFER NCIAS BROUGERE G Jogo e educa o Trad Patricia Chittoni Ramos Porto Alegre Artes M di cas 1998 Brinquedos e companhia Trad Maria Alice A Sampaio D ria S o Paulo Cortez 2004 BRUHNS H T O corpo parceiro e o corpo advers rio Campinas Papirus 1993 Lazer e ci ncias socials di logos pertinentes S o Paulo Chronos 2002 CERTEAU M de A inven o do cotidiano Artes de fazer Petr poles Vozes 1995 A inven o do cotidiano 2 Morar e cozinhar Petr poles Vozes 1996 CHAUI M Convite filosofia S o Paulo tica 1996 GEERTZ C A interpreta o das culturas Rio de Janeiro LTC Livros t cnicos e cient ficos Edito
129. das que por sua vez beneficiavam se de suas art sticas manobras para atrair fregueses Abreu 2003 Antigamente eram os trapicheiros carroceiros estivadores carregadores vendedores ambulantes e tamb m desempregados que se reuniam pr ximo aos botecos s pra as e largos a tagarelarem a beberem e jogarem utilizando o jogo da capoeira como atividade de lazer ou de disputa de espa o hoje comum se ver ex banc rios ex metal rgicos ex representantes de vendas etc demitidos de suas empresas utilizando esse mesmo jogo como trabalho como uma op o pro fissional como um modo de sobreviver Somado a esse contingente encontra se expressivo segmento de jovens que vislumbra por interm dio do jogo da capoeira uma possibilidade de emprego nem sempre poss vel nas institui es e empresas convencionais Se a fonte de trabalho desfigurada na forma de emprego est secando nos pa ses que seguem o ide rio capitalista e o desemprego n o para de aumentar muitos capoeiras lutam para fugir da humilha o e da vergonha a que s o submeti dos Eles ousam correr riscos como aventureiros impacientes a encarar a realidade Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 63 brutal e transformam suas filosofias de vida seus lazeres e suas habilidades em possibilidades de sobreviv ncia para enfrentar o mal estar e o infort nio gerado pela curva sempre crescente de desemprego Esse novo trabalhador da capoeir
130. de esfor os para adequ lo para si e para os outros etc Precisamente nesse ponto existe tamb m uma rela o de dese jo de mimetizar ou seja um impulso de possuir de ser o corpo do outro explicita do na busca de executar os mesmos gestos corporais de um outro corpo ou de possuir as mesmas capacidades som ticas organizadas na forma de uma gestualidade dos rudimentos de uma gram tica corporal Horkheimer e Adorno 1985 explicitam a tens o colocada sobre o corpo de Ulisses no sentido de ele controlar se como natureza e dominar a natureza externa as divindades e as semidivindades o mito o indeterminado as for as heter nomas as quais o colocaram merc dos seus mecanismos que precisa vam ser vencidos Esses frankfurtianos ao analisarem a volta de Ulisses a taca nos mostram que para realizar esse feito o viajante teve que pela ast cia da raz o lograr A racionalidade e sua ast cia exerceram car ter primordial para o sucesso 50 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 Comp e esse processo o dominio do seu pr prio corpo e do corpo dos outros os seus marinheiros Ulisses precisava saber por exemplo que o canto das serelas fazia com que aqueles que o escutassem se atirassem ao mar em busca da gratifica c o imediata da volta sexualidade prim ria da diluig o subjetiva da autonegac o mas tamb m da morte Portanto era preciso conhecer o funcionamento do mito para poder
131. dial ctica de la cultura en el dominio de s mismo y en el movimiento de aproximaci n y alejamiento de lo org nico el texto se ocupa de las din micas de jerarqu a y producci n de marcas y movimientos corporales adaptados al consumo Con esto busca apuntar la incertidumbre subjetiva contempor nea PALABRAS CLAVES Capoeira juego cultura afro descendente Stuart Hall Theodor Adorno REFER NCIAS ABRENTES S Sobre os signos do Omulu Rio de Janeiro Agora da Ilha 1999 ADORNO T W Educac o ap s Auschwitz In Palavras e sinais Modelos cr ticos 2 Petr polis Vozes 1995a O que significa reelaborar o passado In Educac o e emancipa o Petr polis Vozes 1995b Moda intemporal sobre o jazz In Prismas cr tica cultural e sociedade S o Paulo tica 2001 HALL S A identidade cultural na p s modernidade 7 ed Rio de Janeiro DP amp A 2002 Da di spora identidades e media es culturais Belo Horizonte UFMG Bras lia Unesco 2003 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 57 HORKHEIMER Max ADORNO Theodor W Dial tica do esclarecimento fragmentos filo s ficos Rio de Janeiro Jorge Zahar 1985 REIS L V de S A capoeira In SCHARTZ L M REIS L de S Org Negras Imagens ensaios sobre a escravid o no Brasil S o Paulo Esta o Ci ncia 1996 SANT ANNA D B As infinitas descobertas do corpo Cadernos Fagu Campinas n
132. ditora 34 1996 L VY P Cibercultura S o Paulo Editora 34 1999 MIDIATIVA TNT tem o maior alcance de 2004 Centro de Midia para Criangas e Adoles centes Dispon vel em lt http www midiativa tv gt Acesso em 21 mar 2005 PINTO M A televis o no quotidiano das crian as Porto Edi es Afrontamento 2000 ROMANO V Desarollo y progresso por una ecolog a de la comunicaci n Barcelona Edi orial Teide 1993 VIRILIO P O espa o cr tico e as perspectivas do tempo real Rio de Janeiro Editora 34 1993 Sites sobre os jogos virtuais Bey Blade Fox Kids Web site do canal de televis o Dispon vel em lt http www foxkids com br gt Acesso em 25 nov 2003 Pok mon Pok mon Club Web site informativo sobre tv filmes e quadrinhos Dispon vel em lt http www pokemonclub com br gt Acesso em 25 nov 2003 Yu Gui Oh Avikelodeon Web site do canal de televis o Dispon vel em http www mundonick com gt Acesso em 25 nov 2003 Harry Potter Warner Bros Web site oficial do Harry Potter Dispon vel em lt http www harrypotter com br gt Acesso em 25 nov 2003 World Cyber Games WCG Web site do Campeonato mundial de video games Dispon vel em lt http www worldcybergames com br gt Acesso em 30 mar 2005 Recebido 6 jun 2005 Aprovado 13 jul 2005 Endereco para correspond ncia Alan Queiroz da Costa Rua Castelo Rodrigo 80 Vila Rica S o Paulo SP C
133. do jogo e da brincadeira no ambiente escolar Essa pesquisa n o pretendeu somente detectar uma imper tinente aus ncia de espa os l dicos mas observar avan os recuos e t ticas no que se refere ao planejamento de espa o tanto f sico como pol tico pedag gico para possibilitar o jogo no contexto escolar Assim a partir dessa quest o norteadora selecionamos algumas escolas p blicas e privadas da cidade de Curitiba buscando analisar os espa os destinados s pr ticas corporais l dicas na tentativa de focalizar o modelo de espa os livres ado tado descrevendo algumas de suas peculiaridades Foram analisadas suas caracte r sticas suas atividades as contradi es existentes no espa o as redes mais amplas Entende se por jogo o processo de dar liberdade para as crian as e jovens de exprimir a sua moti va o intr nseca e a necessidade de explorar as suas potencialidades f sicas e sociais sem constrangi mentos investigar testar e afirmar experi ncias e possibilidades de a o Neto 1997 p 21 2 O grupo de pesquisa composto por acad micos do curso de Educa o F sica e da p s gradua o bolsistas do Programa Licenciar vinculado pr reitoria de gradua o da UFPR 3 Universidade Federal do Paran Departamento de Educa o F sica Centro de Pesquisa em Espor te Lazer e Sociedade Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 93 de rela es e sua
134. dr guez e Bueno 2003b que na crian a sem defici ncia visual entre 5 e 2 meses o movimento cessa quando o objeto que a est estimulando ocultado Transportando esta con dic o para a crianga cega encontramos como agravante que nem todo o objeto emite som o tempo todo uma bola s faz barulho quando est em movimento n o apresentando estimulo atrativo crianga por exemplo No processo de assimila o pela crian a segundo Frechtl et al 2001 os movimentos agitados fidgety moviment s o apresentados como a base da incor pora o de novos movimentos pelos beb s Esses movimentos apresentam se em uma idade mais elevada na crian a cega do que na crian a sem cegueira causando assim uma limita o no desenvolvimento do sistema vestibular Tendo em vista que o beb com cegueira ir realizar poucas trocas de posi o permanecendo mais com o corpo na posi o de dec bito dorsal tal d ficit ir retardar ainda mais a busca das posi es sentada e em p pela crian a No mesmo estudo e na pesquisa de Tr ster et al 1994 foram encontrados resultados que indicam uma rela o entre o d ficit motor na pessoa com defici ncia visual e o baixo desenvolvimento do sistema proprioceptivo Nessas condi es sens rio motoras a aus ncia ou li Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 139 mita o de um sistema visual eficiente e associada baixa estimula o da crian a pode t
135. e mos de Fernandes que afirma o desejo o arquiteto da temporalidade 1991 p 7 Os jogadores est o entregues ao prazer de brincar por isso est o absorvidos pelo jogo Foram submersos no ambiente l dico Esqueceram se do mundo e de si mesmos Esse esquecimento moment neo n o pr prio apenas do jogo de car tas nem tintura dostoievskiana mas a o peculiar dos jogadores Pois at os pequeninos est o esquecidos dos seus prop sitos primeiros O jogo um entre tenimento porque uma a o que se coloca entre mete se de permeio cria um intervalo no meio do tempo O esquecimento n o uma recrea o do trabalho ele vivido como ex pans o O jogo comunica uma sensa o de expans o divina preceitua Erikson 1971 p 195 O tempo e o espa o s o dilatados em excesso A mesa do cassino ou o ber o estendem se infinitamente O mundo todo fica circunscrito na rea de jogo A rea de jogo o nico mundo existente O tempo derretido como nos quadros de Salvador Dali O cronos esse feitor de escravos calado durante o jogo Perdemos cento e quarenta e quatro fredericos Eu bem lhe disse pode acontecer que at noite Cale se interrompeu ela Jogue no zero orde nou Babuschka a Alexei O esquecimento do tempo e do espa o coercitivos o efeito usual que o jogador sofre ao jogar O tempo o tempo de jogo O presente o momento vivido do jogo ele estende se tanto q
136. e Brotto 2002 prop e uma mudanga para tornar o esporte menos competitivo e excludente ou seja caracterizando os como um exerc cio de conviv ncia fundamental para o desenvolvimento pessoal e para a transforma c o p 3 Descreve tamb m as caracter sticas de uma tica Cooperativa con tato respeito m tuo confian a liberdade re crea o di logo paz ci ncia entu siasmo e continuidade p 40 A proposi o do autor fazer dos Jogos Cooperativos uma pedagogia para o esporte e para a vida Outro autor que inclui uma perspectiva pol tica importante para a proposta dos jogos cooperativos Brown 1995 Ele v a confian a e a comunica o como umas das principais caracter sticas dos jogos cooperativos Nesses jogos incenti vada a participa o de todos e a n o exclus o Algumas dessas caracter sticas s o destacadas pelo autor da seguinte forma iber am da competi o porque o interesse se volta para a participa o eliminando a press o de ganhar ou perder produzida pela competi o libertam da elimina o porque procura incluir e integrar todos evitar a elimina o dos mais fracos mais lentos menos habilidosos etc ibertam para criar porque criar significa construir exigindo colabora o Permitindo a flexibiliza o das regras e mudando a rigidez destas facilitam a participa o e a cria o I bertam da agress o f sica porque buscam evitar condutas de agress
137. e Janeiro Imago 1975 Recebido 6 jun 2005 Aprovado set 2005 Endere o para correspond ncia Nelson Figueiredo de Andrade Filho Av An sio Fernandes Coelho 301 101 Jardim da Penha Vit ria ES CEP 29060 670 90 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 O JOGO DO ESPACO E O ESPACO DO JOGO EM ESCOLAS DA CIDADE DE CURITIBA Dra SIMONE RECHIA Professora do Departamento de Educac o Fisica Centro de Pesquisa em Esporte Lazer e Sociedade Cepels Universidade Federal do Paran UFPR E mail simone ufpr br RESUMO Este estudo visa discutir e tematizar a composi o entre planejamento dos espa os e suas rela es com as experi ncias do jogar como forma de manifesta o l dica em algumas insti tuic es de ensino da cidade de Curitiba Sua inten o demonstrar como s o planejados os espa os e equipamentos destinados a viv ncias l dicas a partir de uma poss vel leitura do cotidiano escolar numa tentativa de perceber como ocorrem as negocia es entre a admi nistra o escolar e os alunos na din mica da forma o educacional e especificamente na efetiva o da din mica da pr tica do jogo PALAVRAS CHAVE Planejamento espa o lugar ludicidade jogo escola Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 9 INTRODUCAO Teoricamente muito j se falou acerca da import ncia dos jogos e das brin cadeiras na inf ncia espec
138. e aparecem margeando a organiza o da sociedade embora em pocas remotas tenham sido vistos como parte das institui es fundamentais fossem elas laicas ou sagradas Sua fun o social teria se modi ficado mas n o sua natureza Defende tese contr ria a de Johan Huizinga autor de Homo ludens para quem a cultura posterior ao jogo ou seja todas as manifesta es importantes da cultura estariam permeadas de jogo de seu esp rito de inves tiga o e respeito regra Duas teses consideradas contradit rias por Caillois s o reveladas no pensamento de Huizinga jogo como degrada o de atividades dos adultos jogo como elemento origin rio das conven es que permitem o desen volvimento das culturas Assim questionando se n o seria err neo considerar cada jogo como meta morfose ltima e humilhada de uma atividade solene Caillois volta se para o fato de a crian a imitar instrumentos s mbolos comportar se como adulto transformar se em personagens suspeitando que n o h nenhuma degrada o de uma atividade s ria em divers o infantil mas presen a simult nea de dois registros distintos Logo o jogo n o em absoluto res duo de uma ocupa o de adulto que foi abandonada mas atividade paralela e independente que se op e a atos e decis es da vida ordin ria mediante caracter sticas peculiares que lhes s o pr prias Definir uma cultura unica mente a partir de seus jogos entende Caillois seria uma opera o
139. e desvio de um dos quatro impulsos prim rios que o regem Na busca de defini los o autor chegou seguinte tipologia agon competi o a am bi o de triunfar gra as apenas ao pr prio m rito em uma compet ncia regula mentada inx a busca de vertigem mimicry simulacro o gosto por uma perso nalidade alheia e a ea sorte a ren ncia da vontade em benef cio de uma espera ansiosa e passiva do destino As atitudes psicol gicas discutidas por Caillois s o pensadas a partir das formas culturais que apresentam relativa autonomia em rela o ao sistema e aquelas que j foram incorporadas pela sociedade como valores institucionais Como exemplos da primeira temos esportes agon loterias cassinos hip dromos apostas em corrida alea carnaval teatro cine culto a artistas mimicry e alpinismo esqui busca da velocidade lx J as formas institucionais mescladas ao sistema s o a compet ncia comercial os exames e concursos agon a especula o sorte o uniforme os ceri moniais os of cios de representa o mimicry e as profiss es que exigem dominio da vertigem mx A corrup o do agon da alea da mimicry e do ilinx d se respec 180 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 179 185 jan 2006 tivamente pela viol ncia desejo de poder e ast cia pela superstic o e astrologia pelo desdobramento da personalidade e pelo alcoolismo e drogas Caillois explica que os jogos sempr
140. e equipamentos para o jogo em tempos e ambientes diferenciados esco las reas verdes e locais p blicos deve ser analisado em sintonia com as necessida des e motivac es das populac es nos meios urbanos Para tanto faz se necess rio identificar o cotidiano das pessoas considerando a multiplicidade de estilos de vida espa os livres tempo dispon vel din micas sociais e familiares condi o socioe con mica etc visualizando tanto as quest es referentes moderniza o de espa os e equipamentos l dicos quanto as relativas acessibilidade seguran a manu ten o supervis o e estrat gias de interven o Diante desse contexto de corpos imobilizados pela din mica do espa o torna se imprescind vel colocar o seguinte questionamento quais os espa os privi legiados no meio urbano que oferecem mais potencialidades para as viv ncias do jogo O ambiente escolar pode efetivamente se afirmar como uma das alternativas A escola est atenta a essa problem tica Em fun o dessas reflex es geradas a partir da complexidade do fen meno da redu o do espa o tempo para as pr ticas l dicas no meio urbano iniciei apoi ada por um grupo de bolsistas o projeto de pesquisa intitulado A escola e os espa os l dicos vinculado UFPR DEF Cepels Nesse projeto buscamos uma leitura do espa o escolar sustentados no seguinte questionamento como as esco las fazem o jogo do espa o para oportunizarem o espa o
141. e institutos superiores de educa o admitida como forma o m nima para o exerc cio do magist rio da educa o infantil e nas quatro primeiras s ries do ensino undamental a oferecida em n vel m dio na modalidade Normal 4 A Uni o incumbir se de estabelecer em colabora o com os Estados o Distrito Federal e os unic pios compet ncias e diretrizes para a educa o infantil o ensino fundamental e o ensino m dio que nortear o os curr culos e seus conte dos m nimos de modo a assegurar forma o b sica comum LDB Art 9 item IV Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 HL sobre o papel do professor mas tamb m dos profissionais da educa o em geral Nascimento 1999 chama a aten o para a necessidade de cuidar da forma o dos quadros das secretarias de educa o os especialistas porque eles tamb m n o t m forma o espec fica na rea e se algo n o for feito no sentido e superar as lacunas prov vel que sejam executores de normas que ser o apreendias pelo vi s escolar p 109 Reconhecendo a preocupa o dessa autora quanto quest o da forma o espec fica e do vi s escolar compuls rio que se pode imprimir educac o infantil entendemos que esta educa o escolar e que a capacidade de os profissionais prestarem servicos educacionais de qualidade nessa modalidade de ensino passa pela especializa o de conhecime
142. e momen to por us los no sentido psicanal tico proposto por Winnicott 1975 2 Determina o legal reafirmada pela lei n 10 793 de 1 de dezembro de 2003 que Altera a reda o do art 26 83 e do art 92 da Lei n 9 394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educa o nacional e d outras provid ncias 76 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 da a Educa o F sica componente curricular obrigat rio da educa o infantil Essas constata es nos parecem teis para evitar se controv rsias quanto legali dade da participa o da Educa o F sica na educa o infantil Entretanto a partir do modelo curricular oficialmente prescrito de que forma pode ocorrer a interven o da Educa o F sica e do professor dessa disciplina na educa o infantil procura de informa es que nos permitissem obter resposta a essa ques t o percebemos que a LDB no que diz respeito ao curr culo aos conhecimentos e ao perfil profissional para essa modalidade de ensino transfere os assuntos para serem tratados no RCNEF Com base no RCNEI volume podemos constatar que desde a Carta do ministro ao professor de educa o infantil se anuncia o objetivo e a fun o desse documento Conforme pron ncia do ex ministro Paulo Renato de Souza o RCNEI pretende estabelecer metas de qualidade para o desenvolvimento integral das crian as e servir de guia d
143. e oferecem mais potencialidades para as viv ncias do jogo e o n mero de alu nos Notamos que a maioria das escolas principalmente as particulares tem uma rea total inferior 10 000m Pela m dia dos espa os livres conclu mos que as ins titui es estaduais t m maior quantidade de espa os que as municipais e particula res Os dados mostram tamb m que as institui es estaduais s o as mais antigas t m maiores reas e atendem a um n mero maior de alunos Em contrapartida os espa os abertos das estaduais t m maior car ncia de manuten o que os espa os das municipais e particulares Atrav s dessas an lises preliminares pudemos perceber que as experi ncias do brincar e do jogar no ambiente escolar est o sujeitas arquitetura dos espa os e as leis vigentes nas escolas mas n o s o totalmente limitadas por estes fatores pois o desejo de se divertir dos alunos supera tais dificuldades revelando que as pr ticas l dicas se d o por interm dio de uma rela o de tens o permanente e n o por simples submiss o Assim esperamos sensibilizar educadores e gestores das redes de ensino p blica e privada sobre a import ncia do planejamento destes espa os e do reco nhecimento da din mica l dica que se desenvolve em tais ambientes Esta sendo silenciada pode n o estar totalmente submetida ordem ao contr rio pode estar construindo a desordem e tamb m produzindo realidade Desta maneira nosso interesse ao relatar o
144. e orienta es did ticas para os profissionais que atuam direta mente com crian as de zero a seis anos Essa perspectiva utilit ria reafirmada no texto de Apresenta o do documento que deixa clara a concep o do curr culo Oficial prescrito para a educa o infantil e tamb m do perfil de profissional idealiza do para trabalhar nessa modalidade de ensino Para melhor compreender o perfil desejado dos professores ou dos profis sionais respons veis para realizar a empreitada pedag gica de construir conheci mentos de maneira integrada e gradual e de estabelecer inter rela es entre os diferentes eixos de conhecimentos objetivando promover com qualidade o desen volvimento integral da crian a analisamos o RCNEI quando se refere ao professor de educa o infantil Quando refere se ao professor de educa o infantil o RCNEI afirma que utiliza a denomina o para designar todos os as profissionais respons veis pela educa o direta das crian as de zero a seis anos tenham eles elas uma forma o especializada ou n o 1998a p 41 No mbito acad mico a discuss o sobre a participa o ou n o de especialistas n o pac fica nem sempre se discute somente 3 o que se refere forma o profissional para a educa o b sica no art 62 estabelece A forma o de docentes para atuar na educa o b sica far se em n vel superior curso de licenciatura de gradua o plena em universidades
145. e os alunos en contram brechas t ticas e estrat gias para lidar com a falta de espagos destinados aos jogos e brincadeiras a valoriza o e a potencializa o dessa a o no interior das escolas passa invariavelmente pela cria o concreta de espa os f sicos favor veis para tais atividades Assim faz se necess rio salientar que as atuais condi es f sicas dos ambientes escolares destinados s pr ticas l dicas s o desfavor veis potencializa o da cultura corporal Em certas escolas pesquisadas constatamos uma aus ncia de planejamento com rela o aos espa os f sicos Muitas escolas visualizam somente como possibilidades quadras poliesportivas ou quadras de cimento predeterminadas para a realiza o de alguns esportes tradicionais transformando tudo em cimento com uso restrito s aulas formais de Educa o F sica deixando em segundo plano preocupa es com espa os mais harmoniosos reas verdes e ou pontos de encontro por exemplo para vi v ncias l dicas espont neas nos interst cios das aulas formais ACESSIBILIDADE DOS ESPA OS E EQUIPAMENTOS Com rela o ao acesso aos espa os e equipamentos das escolas encontra mos dois fatores limitantes frui o do jogo as barreiras arquitet nicas e o controle dos espa os Verificamos que os espa os para poss veis viv ncias l dicas n o possuem um planejamento adequado sendo grande parte deles improvisados sem conex o direta com os de
146. ecentes na sociologia antropologia e psicologia levaram ao desen volvimento de uma abordagem interpretativa da socializa o da inf ncia na qual as crian as s o vistas ao come o de suas vidas como seres sociais inseridos numa rede social j definida e atrav s do desenvolvimento da comunica o e linguagem Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 173 em intera o com outros constroem os seus mundos sociais Nesses microprocessos envolvendo a intera o das crian as com os adultos e com as outras crian as que se torna vis vel uma concep o do desenvolvimento social como um complexo produtivo reprodutivo Na interag o com seus pares fora do meio familiar inclusive na escola as criangas produzem uma cultura de pares que n o se d por simples imita o nem apropria o direta do mundo adulto As crian as apropriam se criativamente da informa o do mundo adulto para produ zir as sua pr pria cultura de pares Tal apropria o criativa na medida em que tanto expande a cultura de pares transforma a informa o do mundo adulto de acordo com as preocupa es do mundo dos pares como simultaneamente contribui para a reprodu o da cultura adulta Esse processo de apropria o criativa pode ser visto como uma repro du o interpretativa Corsaro 2002 p 114 Ainda segundo Corsaro 2002 o brincar das crian as a atividade mais valo rizada na produ o organ
147. eduz uma atrag o que absorve jogadores e espectadores Esse envolvimento social nos indica a abertura de um espa o extra cotidiano orientado por um tempo pr prio e independente dos acontecimentos que o cercam A sus 12 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 pens o da realidade ordin ria encanta jogadores e observadores sempre desejosos de refazer indistintamente o encantamento inicial e seguros de que nada ser como antes Est instaurada uma nova realidade de car ter ficcional regida por uma legis la o pr pria que diz respeito apenas aos jogadores Os fundamentos do jogo tornam se evidentes para quem joga e tamb m para quem observa As origens desses fundamentos remontam eras passadas mas s o t o contempor neas quanto a tecnologia mais avan ada Passado e presente n o s o nesse contexto tomados como fases da evolu o de uma suposta linha do tempo s o sinais de estruturas constantes s o pertencimentos humanos O jogo solicita do jogador habilidade for a f sica e ps quica S o no entanto tens es corporais inteiramente diversas daquelas envolvidas numa linha de monta gem Mas al m do uso produtivo e controlado das for as f sicas o trabalho indus trial desvia a pessoa do produto obtido enquanto o jogo lan a o jogador na pr pria interioridade A imagina o uma faculdade imprescind vel ao jogo tanto quanto sentidos bem agu ados N o basta fazer de conta para
148. eguidas a minha m o ou um cart o entre a sua e o brinquedo que ele cobi a T chega a esquecer momentaneamente esse brinquedo para limitar se a repelir o obst culo rindo s gargalhadas OBSERVA O 3 J aos 0 9 3 est sentada no seu ber o e eu penduro por cima dela o seu patinho de celul ide J puxa um barbante que pende do teto e sacode assim o pato por um momento rindo Os movimentos que ela faz involuntariamente repercutem se no seu cobertor ela esquece ent o o pato puxa a si o cobertor e sacode tudo com os bra os e os p s Como o pr prio teto do ber o tamb m sacolejado por causa desses movimentos J olha o e arqueia o corpo inteiro para logo se deixar cair de chofre o que sacode o ber o todo Ap s ter repetido essa manobra uma d zia de vezes percebe de novo o seu patinho agarra ent o uma boneca que tamb m est suspensa no teto do ber o e sacoleja a in meras vezes o que faz oscilar o pato Piaget 1978 p 122 Legenda 0 2 dois meses 3 tr s dias DA INTERPRETA O DO JOGO A express o interpreta o na semi tica peirceana refere se ao ltimo n vel da an lise porque destaca o lugar dos interpretantes e porque nesse momen to que as situa es l dicas completam sua a o de signo De modo que neste artigo estamos tratando apenas desse n vel de an lise A an lise dos dois n veis anteriores consiste na interpreta o da significa o explorando as propriedades pa
149. elaborar estrat gias para logr lo ou seja a racionalidade que possibi lita o controle dos desejos mais imediatos do sujeito O dom nio do homem sobre si mesmo em que se funda o seu ser sempre a destruic o virtual do sujeito a servigo do qual ele ocorre pois a subst ncia dominada oprimida e dissolvida pela autoconserva o nada mais sen o o ser vivo cujas fun es configuram elas t o somente as atividades da autoconservac o por conseguinte exata mente aquilo que na verdade devia ser conservado Horkheimer Adorno 1985 p 61 Observe se que na primeira metade do s culo XIX os capoeiras j possu am mecanismos de produ o de c digos pr prios e s mbolos de identidade Soares 2002 especialmente marcados nos seus corpos Estes portavam tanto cicatrizes carnais quanto indument rias s mbolos que os identificavam chap us tipos de vestimentas c digos ling sticos entre outros Poderia dizer se que existia simultaneamente uma certa valoriza o e desva loriza o do corpo relacionada a uma deprecia o e aprecia o do corpo do outro Pertencer a um segmento de capoeira compartilhando dos mesmos c digos signi ficava estar localizado dentro de uma das poucas parcelas da sociedade escrava que podia ter em suas m os mesmo que de forma algo movedi a a sua pr tica cultural De posse dessas habilidades os atores desse segmento estabeleciam um relaciona mento conflituoso com as camadas dominantes ao
150. em que assenta suas bases n o cultural que tudo em n s salvo nosso presente Berthes 1999 p 31 mas instintiva Funda mentados em Peirce 1996 p 21 35 21 1 241 afirmamos que a l gica do joga dor na empolga o do jogo uma l gica abdutiva A abdu o um argumento origin rio que apresenta fatos em suas premissas similares com o fato enunciado na conclus o mas que poderiam perfeitamente ser verdadeiros sem que essa lti ma tamb m o fosse mais ainda sem ser reconhecida Peirce 1996 p 30 De tal forma que o sujeito n o levado a afirmar positivamente a conclus o mas apenas inclinado a admiti la como representando um fato do qual os fatos da premissa constituem um cone A opera o l gica que o jogador apresenta a abdutiva ou seja ela n o ne cessita de raz es visto que simplesmente oferece sugest es Sugere que alguma Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 115 coisa pode ser Por exemplo o cobertor involuntariamente tocado puxado instin tivamente para balancar o patinho de borracha uma sugest o instintiva n o neces sita de verifica o indu o nem faz predi es dedu o Essa faculdade pertence a natureza geral do Instinto assemelhando se aos instintos dos animais na medida em que estes ultrapassam os poderes gerais de nossa raz o e pelo fato de nos dirigir como se possu ssemos fatos situados inteiramente al m do a
151. entamos a proposta dos jogos cooperativos como sendo a mais adequada para desmistificar o paradigma da competi o dominante Essa proposta vista como transformadora mas que precisa ser mais estuda da e contextualizada para assumir os desafios e possibilidades de romper com a domin ncia do paradigma da competi o e de levar a coopera o al m da escola PALAVRAS CHAVE Jogos cooperativos Educa o F sica escolar Este artigo um reorganiza o de minha disserta o de mestrado Ver Correia 2004 na bibliografia Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 149 INTRODUCAO N o podemos negar que a Educa o F sica tem avan ado e se esfor ado teoricamente para superar os modelos competitivista e tecnicista dominantes Em contrapartida n o podemos deixar de observar que no exerc cio do cotidiano escolar ainda se reproduz muito o mito da competig o e os processos de esportiviza o na Educa o Fisica Ou seja as cr ticas s abordagens metodol gicas denominadas competitivistas e tecnicistas evidenciadas a partir da d cada de 1980 continuam pertinentes Este artigo tem como ponto de partida a constata o da import ncia de rever se os paradigmas e valores atrelados ao modelo competitivo das rela es sociais e humanas que se estabeleceram em nossa sociedade capitalista Correia 2004 Modelo e valores amplamente e muitas vezes inconscientemente enfatizados pela vis o esportiv
152. entativa de destruir por um instante a estabilidade da percep o e infligir consci ncia l cida uma esp cie de voluptuoso p nico Em todos os casos trata se de atingir uma esp cie de espasmo de transe ou de estonteamento que desvanece a realidade com uma imensa brusquid o Caillois 1990 p 43 14 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 A noc o de oposi o de for as facilmente vis vel nos esportes de competi o N o menos evidente a capacidade dos jogadores em interpretar persona gens Jogadores profissionais compreendem muito bem o papel e o significado que representam em cena campo O jogo mim tico mimicry garante que jogos ele mentares se tornem um espet culo mundial A presen a do p blico garante ao jogo esse status de espet culo Talvez o telespectador tendo em vista os avan os da ind stria televisiva abra m o da presen a f sica dos atores jogadores mas para estes o p blico imprescind vel garante o tempero da encena o Existem personagens espectadores de v rios tipos ing nuos apaixonados violentos e ap ticos Do mesmo modo os personagens jogadores multiplicam se em estilos diversos Ambos envolvem se calorosamente em seus respectivos pa p is at que o jogo acabe momento em que estes s o abandonados A festa cele brada pelos vitoriosos apresenta se como uma nova dramaturgia solicitando novos jogos e pap is a serem encarnados tamb m observ ve
153. er como conseq ncia uma estrutura sensorial pouco adaptada para que o indiv duo interaja com o meio Segundo Levtzion Korach et al 2000 os pais da crianga com pouca estimulac o dever o utilizar o jogo de movimentos para gerar est mulos que propiciem o desenvolvimento dos sistemas vestibulares e proprioceptivos pois somente com a reabilita o atrav s da interven o precoce a crianca poder calibrar estes sistemas sensoriais Frechtl et al 2001 As adapta es causadas no processo do desenvolvimento motor ocasiona das pelas caracter sticas das recep es sensoriais podem ser observadas nas fases e est gios de aparecimento das habilidades motoras Gallahue et al 2003 apresen tam que as pessoas t m ritmos de desenvolvimento diferenciados dependendo do meio em que est o inseridas e dos est mulos recebidos apresentando uma se qu ncia fixa de aparecimento das habilidades motoras na primeira inf ncia Entre tanto a pesquisa de Tr ster et al 1994 mostrou que essa sequ ncia pode apre sentar quebras como na locomo o em que algumas crian as cegas andam antes de engatinhar Isso ocorre em decorr ncia de duas possibilidades segundo os pes quisadores sendo elas como fator de prote o da cabe a pois ao engatinhar a cabe a estar em uma posi o de risco em rela o aos objetos e o segundo seria que a posi o ereta deixa o sistema vestibular em uma condi o que propicia mais prazer crian a A aus
154. erigos que cercam as m dias do ponto de vista pedag gico Para tal necess rio investir em estudos e experimentag es pedag gicas no ensejo de transformar a virtualidade em atualidade em uma possivel viv ncia corporal na escola Media and games from virtual to educative body s experience The body virtualization in telespetacle sport and electronics games as the repercussion of these facts on contemporaneous moving body s cultures have been identified by some studies On another hand the children get the images and television s contents changing in leisure structures to sustain their plays The main part of this work is analyses on the possibilities of the relations between games and medias suggesting changes transterring from the virtual virtuality in a possible educative body s experience in school by games made by virtual games known by the students KEYWORDS Physical education media games virtuality Midea y juegos del virtual para una experiencia corporal educativa La visualizaci n del cuerpo en el deporte telespetaculo y en los juegos electr nicos c mo una repercusi n de ese fen meno en la cultura corporal del movimiento contempor neo ya ha sido identificado por algunos estudiosos Por otra parte los ni os se apropian de las imagenes y contenidos televisivos transtormandolos en estructuras l dicas que sustentan sus juegos El objetivo de ese trabajo es analizar las posibilidades de cor
155. erra explicit through rts controversial historical development and the social game embodied in the complex contradictory and dynamic relations within the capitalist society The game of capoeira is influenced by the historical time in which it is situated and also constructed out of the interests and actions of the subjects which through it act and vie for power in society KEYWORDS Game culture capoeira capitalism El juego de la capoeira en juego RESUMEN Este art culo analiza el juego de capoeira a partir de su desarrollo hist rico y presenta ideas para problematizar el concepto de juego Los an lisis aqu presentados resultan de la convergencia de tres juegos el juego a n no jugado o sea el que constituy el transcurso investigativo de este estudio el propio juego de capoeira expresado en su controvertido desenvolvimiento hist rico y el juego social materializado en las complejas contradictorias y din micas relaciones ocurridas en el interior de la sociedad capitalista El Juego de capoeira est influenciado por el contexto hist rico en el cual se sit a y tambi n est construido a partir de los intereses y las acciones de los sujetos que a trav s de l act an y disputan el poder en la sociedad PALABRAS CLAVES Juego cultura capoelra capitalismo REFER NCIAS ABREU F J O barrac o do mestre Waldemar Salvador Organiza o Zarabatana 2003 FORRESTER V O horror econ mico Trad l
156. ersit degli Studi di Bologna Italia Dndo JOSE RAFAEL MADUREIRA Professor de Educa o F sica e doutorando em educa o Unicamp E mail rafadanse hotmail com RESUMO Este artigo sustentado pelos estudos de Huizinga 1238 e Caillois 1258 aponta o jogo ludus como fundamento da expressividade humana O jogo inteiramente revestido de materialidade hist rica que se estende por campos diversos da ci ncia arte da natu reza cultura Essa compreens o nos conduz a reflex es que o jogo em suas diversas dimens es estabelece entre a arte as pr ticas corporais e a educa o f sica PALAVRAS CHAVE Jogo educa o f sica express o do corpo arte Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 O QUE EST EM JOGO A lei diz que n o h nada mais belo do que manter a calma tanto quanto poss vel na infelicidade e n o se afligir porque n o se pode distinguir com clareza o bem do mal que ela comporta n o se ganha nada em indignar se nenhuma das coisas humanas merece ser tomada muito a s rio e numa ocasi o dessas agindo com destempero seria imposs vel ver o que estaria vindo em nosso socorro porque nosso desgosto nos impediria Plat o A Rep blica X A tarefa que se apresenta n o nos parece f cil escrever um artigo acad mico sobre um tema fascinante e igualmente desvinculado das regras obl quas e sisudas da ci ncia moderna O jogo nosso ponto de partida e de c
157. es e Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 141 ressignifica es contribuindo para o desenvolvimento intelectual da pessoa com defici ncia visual No estudo de Rogow 1981 ao avaliar a interven o por meio do jogo em um grupo de adolescentes com defici ncia visual associada a outros tipos de defi ci ncia principalmente o d ficit cognitivo percebeu se que o grupo s brincavam quando motivado pelo professor e mesmo estando no final da estrutura o do nivel simb lico que embora limitado e necessitando de est mulos do professor propiciava a imitac o do professor dentro dos ambientes do jogo Criangas com defici ncia visual entre 6 e 11 5 anos engajam se em jogos simb licos por m quando est o jogando espontaneamente apresentam caracte r sticas dos jogos pr simb licos e quando direcionados agem simbolicamente sen do sustentados pela linguagem oral Silveira Loguercio Sperb 2000 As crian as cegas segundo Silveira et al idem t m prefer ncia por brinquedos sonoros e rea lizam a representac o simb lica destes durante os jogos Segundo Piaget 1971 a imitag o de objetos sonoros um n vel intermedi rio da capacidade simb lica CONCLUSAO O jogo para a pessoa com defici ncia visual ocorre de maneira limitada em decorr ncia da estimulac o inadequada comprometendo assim o seu processo de desenvolvimento sensorial e motor A crianca apresenta seu desenvolvime
158. eschoolers Journal ofAbnormal Child Psychology v 19 n 5 p 569 590 1991 146 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 HERNER W BRAMBRING M Longitudinal study of gross motor deve lopment in blind infants and preschoolers Early Child Development and Care v 104 p 61 78 1994 WARREN D H Blindness and early development what is known and what needs to be studied 7he New Outlook for the Blindness p 5 15 jan 1976 Blindness and Children an individual differences approch Cambridge Cambridge Press 1994 ZANANDREA M Play social interaction and motor development practical activities for preschoolers with visual impairments ournal of Visual Impairment amp Blindness p 76 188 mar 1998 Recebido 3 maio 2005 Aprovado 3 jul 2005 Endere o para correspond ncia LAMA Laborat rio de Atividade Motora Adaptada Faculdade de Educa o F sica Unicamp Caixa Postal 6134 CEP 13083 851 Campinas SP Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 147 JOGOS COOPERATIVOS PERSPECTIVAS POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA EDUCA O F SICA ESCOLAR Ms MARCOS MIRANDA CORREIA Professor do Instituto Superior de Educa o do Estado do Rio de Janeiro Iser E mail mmarcosuff bol com br RESUMO Fartimos neste trabalho da import ncia de rever o paradigma da competi o em nossa sociedade e na Educa o Fisica escolar A partir disso apres
159. est tica liga se estrita mente fonte humana perde qualquer tipo de rela o com o objetivo externo O ato de dan ar tamb m permite embrenhar se em uma viv ncia l dica Como a arte a atividade l dica gratuita Ao mesmo tempo em que foge das normas apresenta se como um desafio racionalidade se expressa na dimens o das emo es o lugar do inopinado da subvers o do prazer do ef mero e do perec vel O l dico n o possui uma dire o utilit ria trata se de um ato de vontade de cada um habita a ordem da fantasia do prazer O objetivo do presente ensaio portanto refletir sobre a dan a dentro das categorias do jogo propostas por Caillois 1958 Ou ainda apresentar a dan a como um caminho de experi ncia da ludicidade sem contudo perder de vista a experi n cia do belo AS CATEGORIAS DO JOGO DAN ANDO COM CAILLOIS De acordo com Duvignaud 1982 a for a da atividade l dica aparece como uma vontade renovadora e criadora um aluvi o vulc nico que empurra o indiv duo ao enfrentamento de uma for a capaz de sugerir novas e desconhecidas combina es e embaralhar as cartas de uma maneira que desafia as probabilidades Para Costa 1999 a atividade l dica permite um desprender se do cotidiano para de pois reencontr lo transmutado renovado Entretanto o dan ar n o garante o l dico Muitas vezes a exacerba o da t cnica ou algo que a liga a qualquer no o de funcionalidade pode enfraquecer
160. etation postural physiognomic and kinetics beginning with the description of six games considering three adult games betting games and three children games for exercising purposes The obtained result was that the player s gesture flow represents a poetical language of exciting emotional appealing of rhythmic energetic investment and instinctive logical action KEYWORDS Gesture language games La po tica de los gestos de los jogadores RESUMEN Esta investigaci n ha respondido al siguiente problema Cu l es el lenguaje de los gestos de los jugadores entendiendo lenguaje como una construcci n social de signos que envuelve pensamientos sentimientos remite a objetos y coordina las acciones El objetivo ha sido desvelar la forma significativa de la comunicaci n gestual de los jugadores Basados en la perspectiva fenomenol gica existencial y en la metodologia semi tica se realiz una interpretaci n de los gestos posturales fison micos y cin ticos a partir de la Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 117 descripci n de sels juegos siendo tres de adultos de apuestas y tres de ni os de ejercicio El resultado obtenido indica que el flujo de los gestos de los jugadores configura un lenguaje po tico de carga emocional excitante de Inversi n energ tica y de acci n l gica instintiva PALABRAS CLAVES Gesto lenguaje Juegos REFER NCIAS BARTHES Roland 19
161. f Roger Caillois looking for subsidies to understand the specific characteristics of the game in its own variable content land and sometimes interchangeable with the hfe KEYWORDS Games physical education culture 184 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 179 185 jan 2006 Rese a del libro Los Juegos y los hombres la m scara y el vertigo Esta rese a busca presentar y discutir la obra Los juegos y los hombres la m scara y el v rtigo de Roger Caillois trayendo subsidios para entender las caracter sticas espec ficas del Juego en su campo propio de contenido variable y por veces intercambiable con la vida PALABRAS CLAVES Juegos educaci n f sica cultura Recebido 2 jun 2005 Aprovado 3 jul 2005 Endereco para correspondencia Universidade Estadual de Maring UEM Departamento de Educa o Fisica Professora doutora Larissa M Lara e professor doutor Giuliano G de Assis Pimentel Av Colombo 5790 Maring PR CEP 87020 900 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 179 185 jan 2006 185 NORMAS PARA PUBLICACAO A Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte RBCE inst ncia de difus o da produ o acad mica dos pesquisadores da rea de conhecimento circunscrita ao campo de interven o da Educa o Fisica Ci ncias do Esporte editada sob res ponsabilidade institucional do Col gio Brasileiro de Ci ncias do Esporte CBCE possuindo periodicidade q
162. f Visual Impairment and Blindness p 197 202 maio 1981 SHERRIL C Adapted physical education and recreation a multidisciplinary approach Dubuque lowa Brown Company Publishers 1981 4 ADAMS MUSHET T C JONES J A Classification and others issues in spots for blind cerebral palsie les autres and amputee athletes In SHERRIL C 7he 984 olympic scientific congress proceeding v 9 Champaign Human Kinetics 1984 SILVEIRA A D LOGUERCIO L C SPERB T M A brincadeira simb lica de criangas deficientes visuais pr escolares Revista Brasileira de Educa o Especial v 6 n p 133 46 2000 SKAGGS S HOPPER C Individuals with visual impairments a review of psychomotor behavior Adapted Physical Activity Quarterly v 13 p 16 26 1996 SONKSEN P M DALE N Visual impairment in infancy impact on neurodevelopment and neurobiological processes Developmental Medicine amp Child Neurology p 782 79 2002 STEPHENS B GRUBE C Development of piagetian reasoning in congenitally blind children Journal Visual Impairment and Blindness p 133 143 1982 THYSSEN S Child culture play and child development Early Child Development and Care v 173 n 6 p 589 612 2003 THOMAS J R NELSON J K M todos de pesquisa em atividade f sica Porto Alegre Artmed 2002 TR STER H BRAMBRING M BEELMAN A Prevalence and situational causes of stereotyped behaviors in blind infants and pr
163. fato de terem feito o espet culo aproveitando para verificar em que pontos melhoraram T vola 2002 p Atualmente na Espanha est surgindo uma nova concep o para a Educa o F sica a qual inclui os jogos cooperativos Educa o F sica para a Paz Callado 2001 Essa nova concep o surge de uma inter rela o das caracter sticas espec ficas da rea com os princ pios filos ficos de um projeto maior chamado Educa o para a Paz Para conduzir esse projeto da educa o para a paz e da Educa o F sica Callado prop e potencializar a pr tica de jogos cooperativos idem p 3 pois considera que as atividades cooperativas s o um dos principais pilares dessa pro posta a coopera o aprende se cooperando Oliveras 1998 apresenta os jogos cooperativos como capazes de diminuir as manifesta es de atitudes agressivas e capazes de aproximar as pessoas umas das outras e tamb m da natureza em fun o de suas caracter sticas Essas s o n o valorizar o fato de ganhar ou perder evitar a elimina o dos participantes procurando manter todos inclusos at o fim do jogo procurar facilitar o processo criativo com a flexibiliza o das regras buscar evitar est mulos agressividade e ao confronto individual ou co letivo 156 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 No Brasil procurando fazer uma interface dos jogos cooperativos com a pedagogia do esport
164. formas e configurando se como um catalisador de paradoxos singulares e tamb m de alguns oriundos do entorno em que se enra za Procuramos no presente trabalho apresentar alguns elementos para a com preens o do jogo de capoeira considerando um certo eixo das transforma es da sociedade contempor nea Elegemos em sintonia com esse interesse aspectos da sua condi o de cultura tentando rivalizar ou ao menos colocar outras balizas com um discurso que reitera uma id ia sobre o jogo de capoeira que nos parece polarizante bin rio e que congela o debate configurando verdades algo inquestion veis que a capoeira sempre express o leg tima das classes popula res que resist ncia contra a ordem dominante que liberta que constitui manancial inesgot vel de criatividade etc Procuramos trabalhar com a ambiguidade do jogo express o educa o pedagogia que se configura como resist ncia mas tamb m como elemento produtor de novas de mandas de consumo sob os avatares do mercado elemento cultural sem d vida com as muitas ambig idades que isso comporta uma vez que cultura significa tamb m coer o e ren ncia S o exemplos a espetaculariza o do jogo a mercantiliza o da est tica gestual a determina o de estere tipos de beleza alguns elementos do discurso de afirma o da africanidade a circula o e o consumo de produtos associados muitas hierarquias disciplinares diversas imp
165. gando as crian as desenvolvem a aten o a imita o a mem ria a imagina o a intera o a utiliza o e experimenta o de regras e de pap is sociais Brincar jogar uma alter nativa pedag gica que proporciona a amplia o dos conhecimentos da crian a por meio da atividade l dica portanto uma atividade sociocultural que se apresenta por meio de v rias categorias de experi ncias utilizada na escola infantil para fins did ticos Estas categorias de experi ncias podem ser agrupadas em tr s modalidades b sicas quais sejam brincar de faz de conta ou com pap is considerada como atividade fundamental 80 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 da qual se originam todas as outras brincar com materiais de constru o e brincar com regras RCNEI 1998b p 28 grifo nosso Articulando essas passagens chama nos a aten o uma concep o pedag gica que parece induzir o professor de educa o infantil a n o considerar devida mente a crian a de zero a tr s anos pois como destacamos anteriormente se brincar de faz de conta ou com pap is considerada como atividade funda mental da qual se originam todas as outras parece evidente que n o se est conside rando que crian as menores ainda n o disp em em parte de condi es biol gicas e muitas vezes socioculturais de simbolizar as experi ncias nas quais est o inseridas Fato que deveria real ar m
166. gestos dos jogadores indicam que a regra unificadora a l gica dos jogadores que est presa no corpo e dominada pelo presente uma l gica n o transcendental no sentido de a inten o n o ultrapassar o ato N o h distin o entre o jogo e o jogador O sujeito cai dentro do jogo molha se nele iguala se a ele H uma totalidade simult nea e indivisa do jogo no qual o sujeito n o premedita sua a o A consci ncia est no pr prio ato a intencionalidade operante a que se refere Merleau Ponty 1994 Nessa intencionalidade o sujeito jogador ao interferir no jogo e ao mesmo tempo jogado no sentido de ser mobilizado pelo jogo que joga ou seja ele ativo e passivo simultaneamente A reflex o do jogador se d no n vel da a o A raz o de ser da jogada est na pr pria jogada A intelig ncia do jogador ao jogar est em diminuir a dist ncia entre o fazer e o pensar at que elas praticamente se fundem afirma Freire 2001 p 376 Dostoievski caracteriza o apelo l gico que o jogo provoca no jogador dizen do que eles perderam a cabe a est o presos por uma esp cie de febre ou que est o dominados pelo jogo A l gica que os interpretantes utilizam ao estarem perdidos no jogo n o cr tica ou autocontrolada uma l gica colada ao corpo do brincante por isso n o hist rica ou prospectiva mas liga se ao presente imediato do organismo mundo A faculdade
167. gias das pol ticas culturais com as quais tentamos intervir na cultura popular bem como na forma e no estilo da teoria e cr tica cultural que precisam acompanhar esta combina o Hall 2003 p 335 Essa combina o n o teria sido apreendida por exemplo pelo conceito de globaliza o pr prio dos pa ses hegem nicos que acabam por querer ditar as re gras normatizantes da dita cultura popular Segundo Hall o modernismo nas ruas representa no entanto uma impor tante mudan a no terreno da cultura rumo ao popular s pr ticas populares ao descentramento de antigas hierarquias e grandes narrativas A marginalidade como espa o recente de produ o e reivindica o dessas culturas seria o resultado de pol ticas culturais da diferen a de lutas em torno da diferen a da produ o de novas identidades e no aparecimento de novos sujeitos no cen rio pol tico e cultu ral um espa o de contesta o estrat gica idem p 338 341 N o podemos 2 Aqui o autor se refere mais precisamente cultura popular negra Segundo ele por defini o a cultura popular negra um espa o contradit rio E um local de contesta o estrat gica idem p 341 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 47 por m imaginar que o espa o da marginalidade seria um lugar confort vel que por si s representaria resist ncia alerta Hall Por um lado Hall nos mostra que o p s modern
168. hegada e tamb m o percurso N o desejamos dissec lo luz das ci ncias naturais Queremos evocar o esp rito l dico trazer seus encantos Este artigo foi amarrado ou seria emara nhado a duas obras cl ssicas sobre o jogo Homo ludens de Johan Huizinga publicada pela primeira vez em 1938 e Os jogos e os Homens escrito pelo antro p logo franc s Roger Caillois e publicado em 1958 Como o fun mbulo que toda noite coloca a vida em jogo equilibramos nossas id ias num t nue fio condutor como a Educa o F sica poderia expressar inteiramente a beleza a alegria e o pra zer do jogo num momento em que seus desdobramentos em dan a gin stica e esporte assumem absoluta seriedade O jogo udus constitui se conte do integrante dos saberes sobre o corpo privilegiados pela Educa o F sica H cerca de vinte anos insiste se na presen a do componente l dico no fazer pedag gico e hist rico da Educac o F sica Perguntamo nos se de fato o espaco para a plena express o do homem que joga homo ludens est aberto Ser que a diversidade e a potencialidade do uaus se revelam inteira mente em nossa sociedade ou ser que ele est encerrado na pura e esvaziada demonstra o competitiva de for as e habilidades Ser que a diversidade e a po tencialidade do udus se revelam inteiramente em nossa sociedade ou ser que o jogo est encerrado na pura e esvaziada demonstra o competitiva de habilidades mecanizadas des
169. ialmente com refer ncia as vantagens motoras psicossociais e educacionais o que obviamente de grande relev ncia Por m para este estudo quero ocupar me de uma outra quest o Esta abrange e permeia os aspectos des tacados anteriormente Trata se da import ncia do jogo do espa o para oportunizar o espaco do jogo no ambiente escolar O texto busca apresentar e discutir os primeiros resultados de um estudo mais amplo desenvolvido no projeto de pesquisa intitulado A escola e os espa os l dicos o qual buscou investigar como s o planejados e vivenciados os espagos para as pr ticas l dicas em algumas escolas da cidade de Curitiba Portanto no primeiro momento deste estudo descrevo a metodologia utilizada no projeto em onadas a partir da pesquisa de campo S o elas A escola como uma alternativa de espa o para o jogo T ticas e seguida discuto algumas categorias de an lises selec ast cias para vivenciar o jogo na escola e Acessibilidade dos espagos e equipamen tos Dessa forma pretende se refletir sobre a composi o entre planejamento dos espa os e as experi ncias do jogo demonstrando como a administra o da escola e os alunos negociam na vida escolar cotidiana o espa o para o jogo O PROJETO DE PESQUISA A ESCOLA E OS ESPA OS L DICOS Vivemos em uma sociedade com caracter sticas p s industriais que carrega consigo avan os e retrocessos os quais denunciam diversas contradi es
170. iam lhes espa o para que ficasse mais vontade para que n o o acotovelassem tudo isso na esperan a de generosa propina Aboletara se perto do mo o um polaco que n o parava de gesticular e dizer segredinhos numa atitu de obsequiosa na certa prodigalizando conselhos e se esfor ando por dirigir o jogo natu ralmente na expectativa de ulterior remunera o O jogador por m quase n o lhes dava aten o continuava a jogar a torto e a direito e a amontoar dinheiro Perdera evidente mente a cabe a CENA 2 Presa duma esp cie de febre empurrei todo este dinheiro para o vermelho e imediatamente cai em mim Foi a nica vez durante a noite inteira que o arrepio do medo passou por meu corpo traduzido por um tremor nas m os e nos p s Senti com horror e imaginei num relance o que para mim significava perder naquela situa o Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 107 108 Estava em jogo minha vida inteira Rouge exclamou o boleiro Pude respirar tinha um formigamento por todo o corpo Pagaram me em notas somava quatro mil florins e oitenta fredericos Eu ainda estava em condic es de fazer contas diz o prof Alexei CENA 3 A avozinha continuava nervosa e impaciente via se presa e dominada pela roleta Nada lhe chamava a aten o nem fizera pergunta alguma como era de seu costu me Ela aferrou se ao zero e mandou imediatamente jogar doze fredericos Tentamos
171. ienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 Conforme veremos a seguir o jogo da capoeira ainda que possa ser consi derado uma atividade descomprometida vontade sem objetivos pr ticos e ime diatos ele n o est fora da trama social nem tampouco est inc lume s rela es de poder que determinam as condi es de vida a pr tica social os desejos e ne cessidades dos capoeiras em jogo O JOGO DA CAPOEIRA NO JOGO DO CAPITAL Sou negro forte da periferia meu tatarav foi escravo e eu sou escravo hoje em dia Mestre Toni Vargas Convictos da inextrinc vel articula o das a es dos sujeitos com a realidade social em que est o inseridos consideramos oportuno problematizar inicialmente um jogo bem mais amplo que o jogo efetuado numa roda de capoeira mas que nele imprime subliminarmente seus mais poderosos c digos Trata se da inser o da capoeira no processo de reestrutura o do capitalismo e mundializa o do capital A crise estrutural desencadeada pelo capitalismo transnacional e seu bra o operacional o neoliberalismo vem emplacando irrevers vel destrutividade como demonstram as condi es de vida cada vez mais deterioradas de significativa parce la da humanidade com tend ncia j vis vel a uma total destrui o apesar de convi vermos com uma minoria com n veis alt ssimos de bem estar e transforma es Jamais vistas anteriormente O t o decantado processo de globaliza o
172. ies do ensino fundamental crian as portan to vivenciam como assist ncia televisiva ou cinematogr fica nos filmes de Harry Potter Warner Bros e desenhos animados ou como jogos nas cartinhas do Yu Gi Oh Nikelodeon ou mesmo nos video games Como exemplo podemos citar o jogo de estrat gia desempenhado por personagens do filme Harry Fotter denominado Quadribol disputado por duas equipes e suas vassouras voadoras no qual os jogadores buscam marcar o maior n mero de goles acertar a bola em um dos tr s arcos suspensos rebatendo o com a vassoura ou com seus bast es Al m dos jogadores h os rebatedores que protegem os jogadores como uma defesa dos balagos outro tipo de bola e o pegador que tem a nica fun o de pegar o pomo de ouro terceiro tipo de bola uma pequena bola com asas e muito r pida O pomo de ouro d a vit ria para a equipe no jogo do filme Tal jogo poderia ser adaptado e realizado pelos alunos nas aulas resultando em um interessante jogo de estrat gia em equipe conforme experi ncia j realizada por um dos autores deste artigo Assim como apontado no esporte por Feres Neto 2001 tamb m os jogos da cultura infantil possuem sua dimens o de heterogena em decorr ncia de sua vincula o s m dias Assistir praticar jogar video games falar sobre os jogos as aventuras e as lutas dos personagens de desenhos filmes e jogos eletr nicos brincar e fantasi
173. inda que desastrosas distribui es de pap is hoje sob o cajado da virtualidade da desregulamenta o da automa o da cibern tica das tecnologias de ponta elas se agrupam em redes entrela adas inextrinc veis extremamente m veis que escapam a tudo o que poderia pression las vigi las ou mesmo observ las Forrester 1997 Esse movimento jamais verificado jamais formulado ainda que subliminar mente constru do ao longo dos anos pela terrivelmente longa tradi o de eficaz opress o apesar da resist ncia de alguns movimentos de massa vem disseminan do por toda parte o ide rio neoliberal que absorve quase tudo o que ainda n o pertence a sua esfera subtraindo direitos historicamente conquistados espoliando vidas massacrando sonhos e promovendo insanas formas de aliena o que perdu ram desde o berco at a sepultura Vivemos sufocados por uma avalanche de postulados p s modernos extra vagantes marcadamente fragmentados que advoga uma naturaliza o fatalista do modo de produ o capitalista e apregoa o fim da hist ria das ideologias das utopias e da luta de classes chegando a propagar que conforme relata Jameson 1997 p 11 hoje mais f cil imaginar a deteriora o total da terra e da natureza do que o colapso do capitalismo tardio Subliminarmente essas constru es essencialmente ideol gicas contribuem segundo Santos 2000 para agravar a sensa o de que n o nos resta um o
174. isamente no momento em que ela acabava de o injuriar e abandonar soltou um gemido e bateu ruidosamente as m os uma contra a outra Seu gesto fez rir aos circunstantes Santo Deus S agora que esse maldito resol veu sair gritava ela Ah miser vel E tudo isso por culpa sua ralhou empurrando me Foi voc que me fez desistir Babuschka o que lhe falei era razo vel Posso responder pelos caprichos da sorte Caprichos da sorte eu lhe mostro j resmungou amea adora V embora Adeus Babuschka Fingi que ia sair Alexei Ivanovich Alexei Ivanovich Fique aqui Para onde vai Vamos por que se aborreceu Oh est zangado o idiota Venha fique n o se importe comigo eu que sou uma idiota Diga me depressa o que devo fazer agora Babuschka n o quero mais dar lhe conselhos porque a senho ra de tudo me culpa Jogue como melhor lhe parecer mande e eu farei o que quiser Vamos deixe se disso Bem jogue outros quatro mil florins no vermelho Tome a minha carteira Retirou do bolso a carteira e a entregou a mim Vamos a dentro h vinte mil rublos em notas Babuschka balbuciei paradas assim Nem que deixe a pele eu me ressarcirei Jogue Jogamos e perdemos Jogue Jogue Oito mil de uma vez imposs vel Babuschka o lance m ximo de quatro mil florins Bem ent o jogue quatro mil Desta vez ganhamos A av criou alma nova Est vendo Est ve
175. ista a mais para a compreens o de como a inser o das imagens digitais em constela es mais amplas de sentidos pode representar um canal de conhecimento do mundo ainda pouco estudado o que coloca dificulda des epistemol gicas para a pr tica cient fica tradicional Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 171 Enfim podemos agora focar nosso objetivo espec fico quais implica es e possibilidades se apresentam ent o para a Educac o F sica escolar em especial para as quatro primeiras s ries do ensino fundamental M DIAS VIDEO GAMES E CULTURA L DICA INFANTIL Para Babin e Kouloumdjian 1989 a influ ncia das tecnologias eletr nicas de comunica o bem evidente nas novas gera es que interagem com elas desde tenra idade Como evid ncia do impacto das m dias sobre as crian as percebemos que nas aulas de Educa o F sica na escola os alunos n o conseguem se desligar do ltimo epis dio do desenho animado que assistiram na TV ou n o se cont m de ansiedade esperando pelo pr ximo n mero da revista que trar mais cartas para seu ex rcito de monstros e her is como por exemplo nos diversos jogos do Pok mon Yu Gui Oh Harry Potter etc Muitos dados e informa es sobre os jogos ou desenhos animados s o memorizados pelas crian as as quais interrom pem o que quer que estejam fazendo quando entra em cena alguma novidade a respeito do assunto Tal situa
176. iva A pessoa com defici ncia visual tem o processo de aprendizagem incidental comprometida por ser privada desses est mulos Craft 1995 necessitando construir para substituir essa car ncia mecanismos de estimula o a partir do movimento corporal e de associa o das informa es sen soriais remanescentes No entanto mesmo com as referidas estimula es o de senvolvimento da pessoa com defici ncia visual comprometido em seu ritmo de matura o Cobo Rodr guez Bueno 2003 A DEFICI NCIA VISUAL A defici ncia visual segundo a Organiza o Mundial da Sa de OMS apre senta se dividida em duas classes visuais Foram definidas a partir da capacidade funcional sendo elas a cegueira apresentando se como aquela com acuidade vi sual inferior a 6 400 metros ou campo visual baixo ambos no melhor olho de corre o e a baixa vis o corresponde a acuidade visual entre 6 400 metros e 6 60 metros no melhor olho e utilizando a melhor corre o OMS 2001 O conceito de defici ncia visual utilizado nessa pesquisa ser norteado pelo referencial educacional em que a cegueira a condi o em que a pessoa n o tem percep o luminosa ou n o consiga utilizar esse recurso de maneira positiva no aprendizado J na baixa vis o a pessoa recepciona informa es visuais e mesmo com severas restri es as utiliza para o seu aprendizado Craft 1995 Cobo et al 2003a dividem a defici ncia visual por meio desse mesmo sis
177. iva pedag gica oficial proposta para a educa o infantil h uma tend ncia a exaltar a validade do jogo como meio de desenvolvimento da cogni o dimens o simb lica ou do faz de conta da crian a Algo que de fato importante mas que n o per s suficiente e n o pode suplantar a contribui o 5 Para aprofundamentos consultar o texto A din mica do comportamento motor sua aprendizagem e hist ria natural em crian as implica es para a Educa o F sica na Educa o Infantil 2001 6 Ver Faz de conta na escola a import ncia do brincar Revista P tio ano n 3 dez 2003 mar 2004 82 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 espec fica fundamental da dimens o de movimento ao desenvolvimento e educa o da crian a sobretudo na faixa et ria de zero a tr s anos N o se trata de lutar pelo controle do espago pedag gico ou negar a influ n cia que a cultura tem sobre o desenvolvimento infantil ou de desconsiderar que ao compreender melhor o car ter l dico e expressivo das manifesta es o professor poder organizar melhor o seu trabalho pedag gico Trata se de n o negligenciar o investimento no estudo espec fico dos campos funcionais da afetividade motricida de cogni o e sociabilidade e para isso contar com uma concep o de conheci mento m ltiplo complexo pr prio para ser trabalhado e articulado com qualidade por professores profis
178. iz como possibilidade de aquisi o da percep o de mundo e consci ncia exis tencial da crian a O significado atribu do a essa experi ncia de brincar jogar deve ser materializado e fazer sentido para a crian a e n o apenas para o adulto Uma perspectiva curricular para a escola infantil n o pode prescindir da oferta de m ltiplas linguagens e da intervenc o de professores profissionais especialmen te de professores de Educa o Fisica para trabalhar com o campo funcional de movimento no desenvolvimento e na educac o das criancas Se temos sido prete ridos da possibilidade dessa leg tima experi ncia pedag gica essa exclus o n o tem base legal tampouco epistemol gica 88 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 Fun activities and playing games as traditional phenomenon in building autonomy and identity in zero to six year old children ABSTRACT This study indicates possibilities to think about an intervention in Children Education which fun activities playing games as transitional phenomenon in building autonomy and identity in zero to six year old children is emphasized In this context it presents a Curricular Referential reading for Children Education from the pedagogical work made by the teacher in building a child pedagogy and building movement games and the own pedagogical work made by the Physical Education teacher KEYWORDS Fun activities games children education physical ed
179. iza o e manuten o dessa cultura de pares e a mais estu dada como parte do processo de reprodu o interpretativa na vida das crian as J investiga o conduzida por Pinto 2000 com 700 crian as portuguesas preocupou se n o tanto em saber os efeitos que a TV provoca nas crian as mas sim saber o que eles fazem da e com a TV Os resultados ressaltam a id ia de que as crian as n o s o sujeitos submissos s influ ncias da TV mas indiv duos ativos capazes de se apropriar e interpretar de forma singular as mensagens mais ainda que as diferentes interpreta es tem a ver com suas hist rias de vida e contextos socioecon micos e culturais Na mesma perspectiva mas com rela o aos jogos virtuais Jones 2004 p 23 alerta para o equ voco de ante as m dias e a cultura pop definir as crian as como consumidores espectadores receptores ou v timas j que elas tamb m s o usu rios daquela m dia daquela cultura fazem escolhas e interpreta es delineiam o que querem fazem as vezes de parceiros de jogos e participantes e contam hist rias Enxergar as crian as como receptoras passivas do poder da m dia nos coloca em conflito com as fantasias que elas escolheram e portanto com as pr prias crian as Enxerg las como usu rias ativas permite que trabalhemos com o entretenimen to qualquer entretenimento que as ajude a crescer Games de atirar gangs rap Pok mon tudo se transforma em ferramenta para
180. izante da Educa o F sica Partindo dessa avalia o procura desmistificar a vis o competitiva dominan te na Educa o F sica escolar tomando como principal referencial a proposta dos jogos cooperativos Proposta que vem se revelando como a mais nova e mais ade quada tend ncia ou concep o da Educa o F sica Escolar na busca por projetos educacionais n o competitivos Em seguida apresenta uma vis o dos jogos cooperativos na perspectiva das principais e mais reconhecidas obras de Terry Orlick Guillermo Brown e F bio Brotto Essa vis o complementada por um resumo da publica o de alguns ou tros trabalhos constru dos a partir desses mesmos autores Nesta exposi o das perspectivas dos jogos cooperativos apontam se al guns desafios e possibilidades para a desmistifica o da competi o e da valoriza o da coopera o n o s nas aulas de Educa o F sica como tamb m al m do espa o escolar EDUCA O F SICA ESCOLAR E O MITO DA COMPETI O A Educa o F sica escolar por meio de suas atividades esportivas consolidou uma vis o de que n o se pode viver ou sobreviver sem competi o A competi o realmente inerente ao homem isto posto n o queremos reneg la e ou retir la do conv vio de nossos alunos temos sim que repensar os conte dos e estrat gias nas aulas de Educa o F sica Kemmer 2000 p 13 Tanto Brown 1995 quanto Brotto 2002 identificam outras concep
181. jan 2006 CORREIA M M Jogos cooperativos na escola possibilidades e desafios na Educac o F sica escolar Disserta o Mestrado Faculdade de Educa o e Letras UNIG Nova Igua u 2004 DARIDO S C Os conte dos da educa o f sica escolar influ ncias tend ncias dificuldades e possibilidades Perspectivas em Educa o Fisica Escolar 2001 2 supl p 5 25 FREIRE J B duca o de corpo inteiro teoria e pr tica da educa o f sica 4 ed S o Paulo Scipione 1999 GRACIANO M MAGRO C Introdu o In MAGRO C GRACIANO M VAZ N Org Humberto Maturana ontologia da realidade Belo Horizonte UFMG p 17 30 2001 EMMER A V M A influ ncia da competi o na vida escolar do educando In ENCONTRO FLUMINENSE DE EDUCA O F SICA ESCOLAR IV 2000 Niter i Ana s Niter i Uni versidade Federal Fluminense Departamento de Educac o F sica 2000 p 13 15 UNZ E Transforma o did tico pedag gica do esporte Iju Uniju 2000 LOVISOLO H Media o esporte rendimento e esporte da escola Revista Movimento Porto Alegre ano VII n 15 p 107 117 2001 MATURANA H R mo es e linguagem na educa o e pol tica Belo Horizonte UFMG 2002 ONTEIRO J C P Corpo e cultura de movimento ind gena do ritual esportivizac o CONGRESSO BRASILEIRO DE CI NCIAS DO ESPORTE XII 14 19 set 2003 Caxambu Anais Caxambu 2003 OLIVERAS E P Juegos Cooperativos
182. l uma certa incapacidade de alguns jogadores e de muitos espectadores na administra o das tens es prove nientes do jogo Muitos n o percebem que se trata apenas de um jogo de uma guerra fict cia e simb lica entre lados opostos de uma mesma for a Alguns n o poucos ultrapassam o limite muito claramente estabelecido pelo seu papel como espectador passando a protagonizar uma dramaturgia da viol ncia Esse descon trole dos maus jogadores coloca em xeque todo divertimento inerente ao jogo que Acima de tudo contribui infalivelmente para uma atmosfera de descontra o ou de divers o Acalma e diverte Evoca uma atividade que se realiza sem conse q ncias na vida real Caillois 1990 p 9 Talvez a for a da turgia ol mpica Almeida 2001 desorganize a consci ncia dos jogadores e da massa de espectadores A capacidade das t cnicas sociais modernas para organizar manifesta es de massa com um m ximo de efeito exterior no dom nio do atletismo n o impediu que nem as Olimp adas nem o esporte organizado das Universidades norte americanas nem os cam peonatos internacionais tenham contribu do um m nimo que fosse para elevar o esporte ao n vel de uma atividade culturalmente criadora Seja qual for sua import ncia para os jogadores e os espectadores ele sempre est ril pois o velho fator l dico sofreu uma atrofia quase completa Provavelmente esta opini o contr ria atitude popular atual mente dominante
183. la es f sicas ou psicol gicas p 124 A arqueologia e a sistematizac o feitas por Orlick 1989 mostram que os jogos perpetuados por determinadas sociedades refletem e repassam valores ti cos culturais e morais A partir disso apresenta os jogos cooperativos como uma Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 153 atividade f sica essencialmente baseada na coopera o na aceita o no envolvi mento e na divers o tendo como prop sito mudar as caracter sticas de exclus o seletividade agressividade e de exacerba o da competitividade predominantes na sociedade e nos jogos tradicionais O objetivo primordial dos jogos cooperativos criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a intera o cooperativa prazerosa idem p 123 Orlick idem encontra ind cios desses jogos em diversas sociedades e comuni dades primitivas que se consolidaram e sobreviveram fundadas na coopera o Segundo o autor os Inwit esquim s do norte do Canad desconheciam o conceito de propriedade privada e a organiza o social era como a de uma grande fam lia Quando alguns ca adores conseguiam alimento al m do necess rio para sua fam lia o excedente era compartilhado com os outros que n o tinham tido a mesma sorte A rela o desse povo com a terra era oposta que conhecemos as pessoas pertenciam terra e n o a terra s pessoas idem p 34 Essa rela o com a terra e com
184. lcance de nossos senti dos explica Peirce 1996 p 221 A avozinha ou o professor escolhem jogar no zero ou no vermelho n o por raz es dedutivas ou indutivas Nada h que lhes indiquem fazer tais jogadas a n o ser uma sugest o abdutiva ado o de uma hip te se explanat ria dos fatos A sugest o abdutiva adv m como um lampejo As jogadas desencadeiam se em infer ncias abdutivas logo n o s o suficiente mente conscientes para serem totalmente controladas As jogadas de Babuschka po dem ser questionadas ou negadas era o que fazia Alexei alertando a que tal jogada n o era razo vel que n o quer dizer il gica porque n o obstante pode acontecer A ocorr ncia do zero apesar de ser improv vel uma sugest o de possibilidade A infer ncia abdutiva n o il gica apenas sua conclus o que problem tica A conclu s o uma conjectura fraca mas n o falaciosa A fal cia ocorre quando na conclus o h algo que n o estava nas premissas Mas em nosso caso ha uma expectativa abdutiva A l gica da abdu o o efeito de terceiro n vel que o jogo provoca no jogador Um efeito evidenciado na mudan a da conduta pr tica Como na l gica abdutiva n o pode descartar qualquer tipo de hip tese a avozinha mesmo apostando no verme lho e abandonando o zero n o deixa de manter essa expectativa A expectativa da avozinha n o pertence cr tica l gica mas tem a ver com a parte da me
185. lica es no universo escolar 46 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 Para tanto nas pr ximas p ginas apresentamos um cruzamento entre algu mas interpreta es sobre cultura propostas por Stuart Hall e elementos da an li se ao mesmo tempo ir nica e cr tica empreendida por Theodor W Adorno sobre a ind stria cultural Nesse eixo e buscando a condi o de um elemento da cultura negra no jogo de capoeira elaboramos e desenvolvemos nossa reflex o sobre essa pr tica social SOBRE A ESTANDARDIZACAO DA CULTURA POPULAR A cultura popular tem sua base segundo ensina Stuart Hall 2003 nas expe ri ncias prazeres mem rias e tradi es do povo Ela est segundo ele afirma vinculada a elementos que constituem o contexto e as experi ncias cotidianas de pessoas comuns e se liga ao que Bakhtin chama de vu gar o grotesco por exem plo e por isso geralmente contraposta a alta cultura ou a cultura de elite Para Hall o termo popular configura se em um territ rio composto de elementos anta g nicos e inst veis elaborados em movimentos que se relacionam de forma tensa com o contexto social Seu principal foco de aten o a rela o entre a cultura e as quest es de hegemonia a combina o do que semelhante com o que diferente define n o somente a especificidade do momento mas tamb m a especificidade da quest o e portanto as estrat
186. m veis Isto significa que de certa forma ele animado por todo um conjunto de movimentos que a se desdobra Em suma o espa o o lugar praticado que remete ao uso s maneiras de fazer s t ticas Para ele as t ticas s o maneiras de jogar com os acontecimentos e as leis de regula o apro veitando as possibilidades que se apresentam no tabuleiro do jogo social A com preens o desse conceito ajuda a entender a l gica das pr ticas cotidianas e princi palmente as pr ticas l dicas da inf ncia Encontramos aqui uma ambiguidade pois apesar de essas pr ticas estarem condicionadas pelos espa os e estrat gias n o se pode dizer que s o previs veis gra as s diferentes maneiras de fazer dos sujeitos ou seja as t ticas e ast cias usadas para poder vivenciar o jogo na escola Portanto cada sujeito imprime suas marcas naquilo que os outros lhe d o para viver e pensar Por isso mesmo que o espa o seja planejado para ser usado de 98 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 determinada maneira como as quadras poliesportivas ou quadras de cimento os sujeitos podem rejsignific lo Aqui vale uma ressalva o espa o escolar fechado entre quatro paredes sala de aula permeado de regras de controle de estrat gias que servem para preser var a ordem e o bom relacionamento entre todos J os espa os abertos inviabilizam muitas vezes o controle e assim o brincar e o jog
187. m o jogo permitindo que a fun o do olfato se concretize durante e ap s a sua realiza o Sem falar que as invers es corporais assim como alertou Reis 1996 s o constantes no jogo da capoeira sendo comum vermos movimenta es com a cabe a ou com as m os ao ch o quando n o as duas Existe uma m xima na capoeira que diz o capoeira s coloca p s m os e cabe a no chao Em outros termos nesse contexto o recalcamento do org nico e o afastamento do ser humano da natureza a partir do distanciamento do ch o n o s o uma regra geral e sofrem rupturas A posi o ereta dialoga com outros planos 6 Abad uma t nica branca de mangas compridas largas usada pelos negros sudaneses islamizados denominados mal s no Brasil A palavra vem do Yorub Agb d vestido largo para homens atingindo o tornozelo aberto dos lados com bordados nas extremidades ou no degolo e no peito Na contemporaneidade abad pode referir se roupa usada geralmente no carnaval dos blocos e nos carnavais fora de poca denominados micaretas Abad tamb m refere se a um grupo de capoeira com este nome Grupo de Capoeira Abada Mas o abad ao qual nos referimos a cal a branca usada na pr tica da capoeira que junto com uma camiseta geralmente branca se constitui no uniforme de algumas escolas Abrentes 1999 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 55 at malhas todas as calgas de capoeira que n o b
188. ma importante dimens o da experi ncia educa tiva infantil Finalmente podemos considerar que um desafio importante para a inser o da Educa o F sica na educa o infantil selecionar organizar construir siste matizar implementar e registrar conhecimentos apropriados ao trabalho pedag gi co A recomenda o para que n o mais se negligencie a estimula o do brincar Jogar com movimento no processo de desenvolvimento da crian a na educa o infantil Nesse sentido h uma importante discuss o sobre os campos funcionais a ser realizada com professores de educa o F sica infantil que trabalham direta mente com as crian as de zero a seis anos COMENT RIOS FINAIS Partindo de uma leitura do Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil do trabalho pedag gico do professor na constru o de uma pedagogia da inf ncia e da contribui o dos jogos de movimento e do trabalho pedag gico pr prio do professor de Educa o F sica para a educa o de zero a seis anos apresen tamos possibilidades de se pensar em uma interven o na qual se coloque em destaque o brincar jogar como fen meno transicional na constru o da autonomia e da identidade da crian a Colocar o brincar jogar como fen meno transicional significa repensar n o somente o valor psicologizante que temos atribu do ao movimento humano nas aulas de Educa o F sica na educa o infantil mas tamb m repensar a experi ncia motr
189. mais ambientes da escola e sem objetivos definidos Outro fator observado refere se quantidade e manuten o dos equipa mentos Percebemos que o n mero de espa os e equipamentos em todas as ins titui es pesquisadas insuficiente demanda Tamb m que as escolas particulares apresentam melhor manuten o de espa os e equipamentos mantendo assim melhores condi es de uso J na maioria das escolas p blicas estaduais e munici pais a manuten o dos equipamentos deficit ria fazendo com que o desgaste em fun o do uso cont nuo destes equipamentos os tornem inutilizaveis Outra quest o importante a ser apontada a aus ncia total na maioria das escolas de um planejamento de espa os e equipamentos adequados para atender as necessidades das pessoas portadoras de alguma defici ncia gerando verdadeiras barreiras arquitet nicas que restringem a din mica do jogo para esses alunos 100 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 Como se n o bastassem essas barreiras estruturais a maioria das escolas ainda controla de forma exagerada o acesso aos poucos e prec rios espa os equipamentos e materiais esportivos nas trocas de turnos intervalos e recreios n o os disponibilizando fora do hor rio das aulas de Educa o F sica sob a alega o de que a escola n o pode se abster da necessidade de ordem ALGUNS APONTAMENTOS Ap s um ano de pesquisa enfrentamos alguns limites entre
190. mais interessadas outras menos Dentre os meninos uns aceitaram com naturali dade chamando as meninas para os passes outros continuaram jogando sozinhos Ocorreu que um time fez mais gols e com isso outra regra institu da para valer O gol uma menina tem que ter participado do lance sen o o gol ser anulado Um time o de baixo o dos menores e os meninos substituem se na fun o de golei ro para garantir que no conjunto consigam fazer ou evitar gols Isso ocorreu no momento de cobran a de falta contra eles e tamb m quando ocorreu o mesmo ao seu favor Entre as crian as que jogavam futebol na segunda s rie havia duas um me nino e uma menina que usavam a pintura facial cl nica c Comemora o do gol A comemora o n o tem a nfase que observamos num jogo entre crian as urbanas como se o gol fosse atingir o resultado esperado o time fica satisfeito e continua o jogo sem mudan as significativas no ritmo que somente alterado de acordo com o cansa o Com gol ou sem ele o jogo vai se desenvolvendo at que chega ao final do tempo previsto para a aula sem grande diferen a Percebe se contudo uma satisfa o maior quando acabam em empate os times s o mais bem 6 A pintura facial uma marca da identidade cl nica Em outros tempos era tamb m uma forma das m es av s e tias maternas cuidarem das crian as com um sentido de sa de tamb m e aprimora rem suas t cnicas de pintura Rev Bras Cienc
191. mais joga ram de forma cooperativa antes Orlick apud Brotto 2002 p 62 Orlick 1989 e outros autores apresentam estrat gias para iniciar um pro cesso de reestrutura o a partir dos esportes e jogos tradicionais introduzindo Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 155 paulatinamente os valores e princ pios dos jogos cooperativos Ele prop e come ar essas mudan as modificando a estrutura vit ria derrota dos jogos tradicionais pela vit ria vit ria p 16 Os jogos devem ser criados ou reestruturados de forma que terminem sem perdedores ou seja que todos possam ser reconhecidos como vitoriosos Uma boa express o dessa proposi o que representa o extremo ut pico dessa transi o de uma estrutura competitiva para outra cooperativa a cr nica Isso de ganhar da qual citamos o seguinte trecho O futebol do futuro vai ser sem o gol como nica forma de aferi o da vit ria e sem juiz O momento do gol ser festejado pelos dois times e cumprimentados os autores Nem ser necess rio a bola transpor a linha Uma bela jogada de conclus o infeliz ser considerada meio gol pelo time advers rio que aceitar a qualidade de sua urdidura e mandar anotar o meio ponto O resultado final ser a mescla do n mero de gols como o de escanteios o de jogadas consideradas belas e atitudes dignas de registro Os dois times se reunir o para o proclamar e ambos comemorar o o
192. mediata e ing nua das novidades culturais principalmente as de grande divulga o e o consequente abando no quando a estimula o mercadol gica diminui e a moda passa rejei o a coisas da cultura que demandem esfor o de entendimento sensibilidade ou aten o como filmes ou textos considera dos dif ceis ou complexos inseguran a e medo ante objetos da cultura que n o se apresentem j legitimados e autorizados pelos produtores de opini o ou pelo mercado Dificuldades em ter uma vis o pessoal levando busca de ju zos de autoridade ou a defender se em conceitos opacos como elitista popular moderno p s moderno conservador progressista avan ado de vanguar da atual etc que produzem no usu rio certa sensa o de seguran a intelectual 22 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 como express es da beleza da alegria e do prazer cujos princ pios vitais podem estar condenados Observamos que o corpo ou a presen a viva do outro especta dor parceiro ou amante j n o imprescind vel para que o encontro se realize A constata o dessa realidade n o reflete um posicionamento niilista ou mesmo de resigna o bem o contr rio N o seria poss vel acompanhar os companheiros musicistas os atores e os fun mbulos Evidentemente n o nos referimos aos t cnicos formados luz da rigi dez e da seriedade que desfazem a natureza lunar da pr tica po tica Imaginamos essas fig
193. mento da atua o dessa editoria No momento em que nos despedimos da comunidade acad mica da Edu ca o F sica na fun o de editores da RBCE gostar amos de registrar publicamente a honra de termos ocupado essa importante fun o Se essa tarefa guarda em si uma compet ncia t cnica espec fica guarda tamb m e em maior grau a possibili dade nica de aproxima o com os pares sejam na condi o de autores de artigos submetidos sejam como pareceristas Desse modo agradecemos imensamente ao pronto e qualificado aux lio dos cerca de 150 pesquisadores que analisaram ao longo desses dois anos mais de 300 artigos ensaios e resenhas submetidos RBCE Agradecemos tamb m con fian a depositada pelos autores dos trabalhos submetidos e ao carinho dos leitores portanto com alegria que nos despedimos e aproveitamos a oportunida de para apresentar o professor doutor Alex Branco Fraga e a professora doutora Silvana Vilodre Goellner ambos docentes da Escola Superior de Educa o F sica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS como editores da RBCE Os Editores Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 7 jan 2006 7 A EDUCA O F SICA EM JOGO PR TICAS CORPORAIS EXPRESSAO E ARTE Profa JOANA LOPES Professora do Departamento de Artes Corporais Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas Unicamp e professora visitante do Departamento de Artes M sica e Espet culo da Univ
194. n tos vetores e em constante elabora o A prop sito assim como a condi o de mulher n o necessariamente define em todos os quadrantes a pr tica social das pessoas do g nero feminino tampouco a de ser negro deveria delimitar com ex clusividade a pr pria localiza o pol tica Outrora o corpo negro era apto ao trabalho escravo hoje sem exclusivismos tnicos talvez paradoxalmente almejado Ambos se igualam no entanto na condi o de serem possu dos como objetos reificados No passado para satisfazer esse desejo bastava possuir algumas economias J na contemporaneidade o pos 4 Silva 2002 na sua disserta o de mestrado faz refer ncia a estas imagens por m a partir de outro enfoque Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 53 suir economias deve vir acompanhado de outros sacrif cios pessoais envolvidos com o capital simb lico pois hoje em dia temos que nos revestir ou melhor nos vestir do corpo almejado a partir de exerc cios f sicos cirurgias pl sticas sacrif cios alimentares e implanta es diversas O corpo a ser possu do mudou sua condi o de escravid o mas na falta de uma elabora o do passado que lhe fa a justi a segue sendo reificado ainda que moldado nos instrumentos da academia ou da roda de capoeira e n o mais somente na lavoura e na tortura Pertence ao corpo negro e n o s a ele condi o de v tima sacrificial Nesse sentido
195. n with visual impairment in regular preschools Child care health and development v 25 n 25 p 425 438 2001 CELESTE M A survey of motor development for infants and young children with visual impairments Journal of Visual Impairment amp Blindness v 96 n 3 mar 2002 COBO A D RODR GUEZ M G BUENO S T Aprendizagem e defici ncia visual In MARTIM M B BUENO S T Defici ncia visual aspectos psicoevolutivos e educativos S o Paulo Santos Livraria e Editora 2003a Desenvolvimento cognitivo e defici ncia visual In MARTIM M B BUENO S T Defici ncia visual aspectos psicoevolutivos e educativos S o Paulo Santos Livraria e Editora 2003b CRAFT D H Visual impairment and hearing losses In WINNICK J R Adapted physical education and sport Champaign Human Kinetics 1995 FAZZI E LANNERS J FERRARI GINEVRA O et al Gross motor development and reach on sound as critical tools for the development of blind child Brain amp Development v 24 p 269 275 2002 FORGUS R H Fercepcion proceso b sico en el desarrollo de cognoscitivo Trillas M xico 1982 FRECHTL H F CIONI G BOS A F Role of vision on early motor development lessons from the blind Development Medicine amp Child Neurology v 43 p 198 201 2001 GALLAHUE D L OZMUN J C Compreendendo o desenvolvimento motor beb s criangas adolescentes e adultos S o Paulo Phorte Editora 2003 LEVTZION KORACH O
196. na contemporaneidade esses s mbolos aparecem reconfigurados Os elementos sim b licos que conformaram o jogo levam inclusive compreens o de que n o poss vel falar em corpo na capoeira e sim em corpos no plural Como disse Sant anna 2000 p 239 referindo se a um contexto mais abrangente Corpos em peda cos corpos h bridos monstruosos estereotipados mas tamb m corpos que mos tram sem pudor a homossexualidade a velhice as sinuosidades do desejo e do sofrimento cravadas na carne Embora o universo da capoeira tolere diversos padr es corporais inclusive desviantes talvez num misto de conflito camuflado e autopromo o daqueles vistos como normais n o h d vidas que essa multiplicidade som tica se estru tura hierarquicamente pelo grau de masculinidade pelo capital de beleza incor porada pelo potencial de espet culo entre outros atributos Essa hierarquizac o complexa Alguns s confirmam a sua boa forma na medida em que se encontram diante daqueles que supostamente n o a t m num processo flagrante de atualizac o dos rituais sacrificiais Esse ato valida os malef cios que sofreram para esculpirem o corpo como se se vingassem do outro com a mesma viol ncia com a qual se modelaram atualizando a educa o pela dureza qual Adorno 19952 se referiu em Educa o ap s Auschwitz Lembremos que h muitos capoeiras e o p blico feminino disso n o escapa que apresentam
197. nao renuncio a nenhum desses valores mas conto reencontr los como consequ ncias e n o como causas primeiras Ao observar nas brechas do ensino formal de sala de aula a din mica dos espacos livres p tios quadras esportivas escadas cantinas entre outros lugares elegidos pelos alunos destaco a diversidade das pr ticas l dicas espont neas propos ta por eles Percebe se que essas pr ticas s o oriundas da cultura popular as quais s o consequ ncias de um processo hist rico provindo da experi ncia do brincar jogar e divertir se com o pr prio corpo em tempo espa os diversificados As crian as de monstram se criativas inventivas e aut nomas e repassam aos colegas jogos e brinca deiras vividos fora da escola ou seja na rua na pra a na pr pria casa Outro ponto importante observado nos momentos em que as crian as se encontram de certa forma livres se refere contribui o dos jogos para potencializar as rela es pessoais possibilitando momentos de parcerias entre as crian as de Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 97 constru es coletivas assim como de conflitos que representam experi ncias sig nificativas para a forma o humana Tais fatos convidam a refletir sobre o papel e o significado social do jogar para as criancas Neste sentido Broug re 1995 p 61 aponta que o processo de socializa o no jogo permite a crian a se integrar ao socius
198. nar como apoio ao res duo visual Cobo Rodr guez Bueno 2003b A capacidade de compreender as informa es do meio outro fator limitante das crian as com cegueira entre 2 e 5 anos Estas apresentam maior facilidade para responder as quest es t teis e t teis espaciais e maior dificuldade para entendimen to e solu o das quest es verbais e auditivas Brambring Tr ster 2001 Na fase de opera es concretas e formais outros d ficits apresentados pela limita o de con ceitos na pessoa com defici ncia visual ser o as limita es dos conceitos espaciais e imagens mentais Apresentam assim defasagem principalmente nos referenciais espaciais quando associados a problemas com rota es e rela es de transfer ncia de duas para tr s dimens es al m da representa o mental de objetos Stephens Grube 1982 Tais resultados mostram a necessidade de vivenciar a experi ncia j que esta facilitar a abstra o das informa es do meio A partir desse contexto a pessoa com cegueira construir seu mundo de maneira irreal e idealizado isso devido a sua limita o sensorial cabendo comu nica o verbal conectar as constru es dessas representa es Cobo Rodr guez Bueno 2003b Piaget 1971 apresenta que durante a evolu o do simbolismo a interpreta o deformativa do meio diminui Assim somente as experi ncias motora e sensorial diversificadas e amplas poder o ajudar na constru o de significa
199. nar o corpo s atingida em sua plenitude no limite da coragem do excesso do extremo e do sofrimento no m ximo das for as Para Breton 1991 a prova o do corpo que assegura o acesso ao sentido p 70 Rigor t cnico e vertigem caminham juntos no universo da dan a Saltar girar equilibrar se pendurar se voar lan ar se cair e confiar o seu peso ao outro ultra passa a ordem e as leis que regem o gesto em sua cotidianidade Girar trinta e oito vezes sobre a ponta do p saltar acreditando na pegada precisa do parceiro dan ar pendurado em rodas gigantes escalando paredes ou suspenso em grande altura pre so por tecidos s o movimentos que mesmo treinados exaustivamente levam o p blico e o pr prio bailarino a acreditarem nas possibilidades sobrenaturais do corpo Segundo Gomes 2002 dan ar optar pelo risco como forma de vida atuan do metaforicamente no limiar entre a vida e a morte pois ao dan ar experimenta se tantas varia es e qualidades diferentes de sensa es e de formas de movimento que o lugar da identidade do sujeito fica deslocado da sua consci ncia habitual O pr prio apresentar se para um p blico vivo faz daquele instante um mo mento de vertigem O medo a inseguran a a n usea o desfalecimento e a incer teza invadem o corpo do bailarino O p blico passa a ser o obst culo o desafio e a conquista Embora o par mimese Vertigem esteja mais envolvido no ato de dan ar a id ia do aleat
200. ncia nas revistas referindo se grife Red Nose uma das principais patrocinadoras de alguns capoeiras Lem bremos que a imagem de viol ncia relacionada capoeira pode ser datada desde os tempos em que ela era uma pr tica proibida por lei s culo XIX mas hoje ganha novos matizes j que se em outros tempos era algo a ser reprimido atual mente torna se leg tima e manifesta na virilidade dos capoeiras Corpo negro A brutalidade materializada nos pit bulls acaba ganhando status de efici ncia quando relacionada aos capoeiras evidenciando o corpo negro que se espera de les em mais uma express o de racismo Um corpo sempre em boa forma malha do pronto para o combate e para a realiza o de exerc cios complexos do pon to de vista gestual disposto a qualquer momento tamb m para a atividade sexual enfim um corpo que n o tem um dom nio razo vel da gram tica da l ngua como se espera que tenha da gram tica gestual que traz marcas de maltrato internalizadas desde o regime escravocrata enfim que constru do pelos que n o o possuem e ao qual destinam todas as suas m culas O corpo que se diz negro acaba muitas vezes transitando entre o que e o que se espera que ele seja ex tico er tico viril eficiente analfabeto e pobre Esse corpo n o pode ser definido apenas pela sua condi o racial e sim por suas con di es sociais ou seja est na fronteira de v rios caminhos atravessado por disti
201. ndo gritou vitoriosa dando me um empurr o Jogue de novo quatro mil florins Jogamos e perdemos e assim v rias vezes consecutivas Babuschka os doze mil florins j se foram comuni quei lhe Eu sei disse ela com uma raiva fria Eu sei meu amigo repetiu os olhos Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 parados como que a meditar Ora Deixarei a pele ponha quatro mil florins mas Babuschka nao h mais dinheiro a carteira cont m apenas cheques e obrigac es russas de 5 E na bolsa O que h muito pouco Babuschka N o existem por aqui casas de c mbio indagou a av decidida Disseram me que poder amos trocar nos sos t tulos Dostoievski 2001 p 91 130 105 107 Descri o de observa es de jogos infantis OBSERVA O T a partir dos 0 2 21 adquiriu o h bito de jogar a cabe a para tr s a fim de observar os quadros familiares nessa nova posi o Ora a partir dos 0 2 23 ou 24 parece que T repete o gesto com um ar cada vez mais divertido e com um interesse cada vez menor pelo resultado exterior endireita a cabe a e depois inclina a de novo uma s rie de vezes rindo s gargalhadas OBSERVA O 2 Depois de ter aprendido a partir dos 0 7 13 a repelir um objeto para agarrar o objetivo T come a entre 0 8 15 e 0 9 sentir prazer nesse g nero de exerc cios Quando eu interponho varias vezes s
202. nificados e portan to pode interpretar os brinquedos conferir lhes significados durante sua brincadei ra Por isso para Brougere 2004 p 9 o brinquedo n o condiciona a a o da crian a ela lhe oferece um suporte determinado mas que ganhar novos significa dos atrav s da brincadeira Um dos brinquedos que encontrou seu lugar na cultura l dica infantil e cada vez mais nela se estabelece como brincadeira o video game e outros associados a filmes desenhos animados etc As novas manipula es eletr nicas marcam a presen a da virtualiza o na cultura l dica infantil j que ela n o aparece isolada mas sim imersa na cultura geral qual pertence a crian a Como exemplo podemos citar o Bey Blade Fox Kids Trata se de um de senho animado em que jovens travam batalhas com uma esp cie de pi o e de um brinquedo Com um aparelho de encaixe e uma fita dentada tamb m de encaixe dois ou mais pi es s o lan ados em uma arena os quais v o se batendo at que s um continue girando No desenho animado tais pi es representam na verdade personagens rob s Se analisarmos esse novo brinquedo poderemos ver nele uma vers o de ltima gera o do antigo pi o brinquedo conhecido da cultura popular mas por meio do qual as crian as agora a partir do referencial promovido pela TV brincam de luta Nessa mesma dire o Corsaro 2002 p 113 114 aponta como evolu es te ricas r
203. nnicott o brincar jogar e o brinquedo Jogo constituem respectiva mente os principais fen menos e objetos transicionais das crian as a partir dos quatro meses de idade O brincar jogar tem um lugar e um tempo que n o est dentro do indiv duo nem fora no mundo exterior portanto h um lugar e um tempo previamente fora do controle m gico do indiv duo Um espa o potencial Para controlar o que est fora h que azer coisas n o simplesmente pensar ou desejar e fazer coisas toma tempo Brincar fazer Winnicott 1975 p 61 grifo do original A ocupa o do espa o potencial pela crian a ao brincar jogar revela um processo de aquisi o paulatino O autor sugere que em uma sequ ncia de relacio namentos poss vel localizar o brincar jogar Primeiro a crian a tem vis o subjetiva ign bil do brinquedo e o adulto interfere no sentido de apresentar lhe o objeto em seguida o objeto rejeitado aceito e depois concretamente percebido pela crian a Nesse instante em um espa o potencial que o autor denomina playground inter medi rio se n o houver impedimentos a crian a tem uma experi ncia de onipo t ncia ou controle m gico do objeto A import ncia do brincar sempre a preca riedade do interjogo entre a realidade ps quica pessoal e a experi ncia de controle de objetos reais Winnicott 1975 p 71 Essa experi ncia funda alicerces de con fian a entre a crian a e o adulto que lhe cuida ato cont
204. nte de todo incontrolada cujo servi o incalcul vel no surgimento de novas id ias Nossos pen samentos logicamente controlados comp em uma pequena parte da mente uma simples floresc ncia de um vasto complexo que podemos chamar de mente instinti va diz Peirce 1996 p 23 Essa infer ncia abdutiva o interpretante indicativo do Jogador Uma energia l gica que retorna s partes incontroladas e n o critic veis da mente na qual os jogadores est o imbu dos CONSIDERA ES T PICAS Imposs vel denominar essa se o com algum t tulo que represente desfecho primeiro porque o jogo uma semiose completa ele tem um crescimento cont nuo ad infinitum portanto n o poss vel dizer uma palavra final sobre ele segundo por que a interpreta o da descri o dos seis jogos nem teve in cio nem fim neste artigo mas na tese de doutoramento Gomes da Silva 2003 Mas para efeito de completar o sentido da an lise do interpretante din mico podemos considerar t picos achados 116 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 durante a descri o interpretativa o n cleo da linguagem o signo o movimento humano uma pr tica de linguagem e o gestual seu signo o car ter educativo do jogo est na produ o de linguagem a linguagem gestual do jogo a mesma indepen dentemente se o jogo infantil ou adulto se acontece no ber o ou no cassino se de azar ou de exerc
205. nte eu j consegui algumas coisas no Brasil algumas pro priedades entendeu Caso fosse para eu voltar hoje ou amanh pro Brasil eu j tenho o meu pezinho de meia Mestre Matias comunica o pessoal Madrid 29 de junho de 2003 As experi ncias bem sucedidas respons veis por esse pezinho de meia inspiram os compositores da capoeira como retrata por exemplo o refr o de uma cantiga do Mestre Barr o natural de Pernambuco que atualmente coorde na a partir do Canad um enorme grupo de capoeira com filiais em v rios pa ses do mundo Capoeira uma arte Que mexe com o corpo e com a cabe a Faz o pobre virar nobre Faz com que seu mundo cres a Mestre Barr o vol IV Grupo Ax Capoeira CONSIDERA ES FINAIS Da an lise desse intrincado e rico movimento do jogo da capoeira foi nos poss vel depreender que Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 7 A capoeira consolidou se como manifestac o inter tnica e o seu proces so de internacionalizac o verificado a partir da d cada de 1970 vem contribuindo para uma ressignificag o dos seus sentidos significados 2 Os grandes grupos respons veis pelo atual processo de expans o da ca poeira apesar de promoverem uma intensa dinamizac o dessa manifes tac o cultural t m disseminado uma est tica crescentemente perform tica e espetacularizada alimentada pelos ve culos de comunica o que repro duzem na mai
206. nte criadas a partir das disponibilidades postas pelas con di es materiais concretas em que a pol tica tem papel preponderante na rela o disponibilidade possibilidade Numa perspectiva otimista o referido autor advoga a necessidade de integrac o de duas grandes mutac es que ora se encontram em gesta o a muta o tecnol gica e a muta o filos fica da esp cie humana Santos 2000 p 174 Nesse jogo de realidade e possibilidades retomamos a nossa principal ques tao de an lise Qual a relac o do jogo da capoeira com esse jogo mais amplo consubstanciado pelo processo de reestruturac o do sistema capitalista que se ex pressa pela franca destrui o das for as produtivas trabalho e trabalhador O jogo da capoeira n o est inc lume a toda essa avalanche destrutiva e mesmo que suas influ ncias n o se verifiquem de forma imediata nas experi ncias concretas dos capoeiras na roda elas incidem de forma mediata determinando suas condi es de vida sua pr tica social seus desejos e necessidades Em compara o com os dias atuais os capoeiras de outrora tinham uma rela o bem diferente com sua pr tica Por m assim como hoje n o constitu am um bloco monol tico e n o a cultivavam com a mesma finalidade Se no Rio de Janeiro eles tinham uma vincula o forte com as maltas as brigas de rua e a pol tica do Segundo Reinado em Salvador eles tinham uma rela o amistosa com os botecos com as quitan
207. nte n o competir e sim celebrar A celebra o extremamente valorizada e os ndios buscam mani festar a alegria e o amor pela vida e pela natureza Em contraponto no material disponibilizado pela Funda o Nacional do ndio Funai e no trabalho de Monteiro 2003 observa se uma tentativa de 154 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 esportivizac o dos jogos ind genas A introdu o da premia o as limita es de participantes e a padronizac o do esporte de rendimento s o levadas para esse evento gerando fatos curiosos na vis o da Funai Brasil 2002 Por exemplo um grupo de indios foi chamado varias vezes pelo alto falante para receber as medalhas referentes a uma vit ria obtida numa prova de atletismo mas ignorou o chamado e a premia o dando prefer ncia ao almo o que os esperava Em outro exemplo uma corredora da tribo Kanela n o rompeu a fita colocada para determinar a linha de chegada e continuou correndo pois para ela o importante correr celebrar V se nesses epis dios o confronto de valores de duas culturas distintas enquanto os brancos civilizados fazem quest o da premia o os ndios valorizam a participa o a confraterniza o e a celebra o incomodado com o excesso de incentivo competi o Orlick 1989 en contra nos jogos cooperativos uma base e um caminho para come ar algumas mudan as positivas em prol de uma tica cooperativa Para es
208. ntil direito da crian a de zero a seis anos e dever do Estado art 4 a primeira modalidade do n vel educa o b sica art 21 cuja finalidade o desenvolvimento integral da crian a de at seis anos de idade em complemento a o da fam lia e da comunidade art 29 Combinando essas orienta es normativas com outra que indica que a Educa o F sica compo nente curricular da educa o b sica 83 do art 26 depreende se que sem d vi Conforme Oliveira 1986 n o f cil precisar a diferen a entre brincar e jogar Para os adultos brincar pode significar submiss o passividade Para as crian as pode significar resist ncia ou nega o s situa es reais adversas Em termos filol gicos brincar e jogar representam acep es gerais ora configuram substantivos referindo se aos objetos brincar e jogar ora configuram verbos refe rindo se a o de brincar e jogar De modo geral aceita se que brincar antecede jogar bem como que brincar pode corresponder a uma atividade estruturada com regras impl citas ou expl citas enquanto jogar pode corresponder ao uso de objetos com regras expl citas ou como atividades subjetivas Sabemos que tanto na pr tica quanto na teoria s o apontadas diferen as relevantes entre os dois conceitos entretanto raros s o os autores que op em seus significados Considerando que n o vamos abrir uma discuss o conceitual profunda sobre os termos a nossa op o ness
209. nto e constr i seus conceitos quando interage com o melo Os jogos de exerc cio na crianga com cegueira cong nita apresentam se de maneira limitada em decorr ncia da explora o inadequada do meio O maneirismo pode ser interpretado como um prolongamento desses com portamentos que ocorre devido ao ato de o padr o motor n o ter sido inibido pelos n veis superiores do jogo em decorr ncia do desenvolvimento motor ter sido insuficiente Tr ster Brambring Beelman 1991 A explora o pelos jogos de re peti o ocorrem de maneira a adequar se as condi es da crian a tendendo mui tas vezes a lev la a uma condi o hipocin tica pela falta de est mulos O desenvolvimento simb lico acaba se limitando devido ao baixo n vel de experi ncias que a crian a apresenta ao n o ser estimulada adequadamente Nessa condi o a pessoa privada de viv ncias que n o permitem o desenvolvimento de conceitos espaciais e de representa o do mundo de maneira condizente com as situa es enfrentadas no ambiente levando a crian a a utilizar como referenciais os eventos concretos Os estudos que caracterizaram os jogos de regras foram encontrados dando um direcionamento para a tica do esporte Sherril et al 1984 Ponchillia Susane 142 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 Ponchillia 2002 Bouchard T treault 2000 embora essa manifesta o apresente um grau de complexidade mais elevada em decorr
210. ntos Nesse aspecto tamb m concordamos com Kishimoto quando indica que as m ltiplas rela es entre crian as profissionais de diversas reas pais e comunidade em geral constituem portas de entrada para a constru o do conhecimento que se processa quando se respeita a diversidade social e cultural a multiplicidade de manifesta es da intelig ncia e a riqueza dos contatos com personagens e situa es Kishimoto 1999 p 73 Na realidade torna se complicado trabalhar para formar professores de Educa o F sica para a educa o infantil como o fazemos na Universidade Federal o Esp rito Santo Ufes se o sistema educacional n o lhes permite atuar Nessa quest o ao afirmarmos que educa o infantil educa o escolar n o pretende mos negar a especificidade da inf ncia pois n o consideramos que a modalidade de ensino fundamental seja extens o compuls ria da escola infantil Como Haddad entendemos que a educa o infantil deve receber tratamento diferenciado espec fico e nico porque necess rio que o sistema educacional se reestruture para fazer valer uma concepc o moderna de educac o infantil que reconheca a amplitude e interconex o das necessidades das crian as e suas familias Haddad 1998 p 9 Na abordagem desse tema especialistas s o todos os professores profissio nais que receberam forma o superior em um curso de licenciatura em um dos diversos campos pedag gicos
211. ntos asseguram e fortalecem a coes o e as rela es bororo que os faz sobreviver no dia a dia como grupo como comunidade O futebol oficial fora da aldeia com objetivo de disputa traz consigo todas as caracter sticas de competig o em que a tens o e o nervosismo dos jogadores s o compartilhados pela comunidade O jogo assume o aspecto de momento de integrac o nessa pr tica social pr tica corporal que a comunidade de Meruri en tra em relac o oficial com a sociedade envolvente e revive e ressignifica as possibi lidades de integra o cujos sentidos para os bororo tanto quanto para os n o 9 Nota do autor Acad mico do 3 Grau Ind gena professor Bororo na aldeia C rrego municipio de Santo Ant nio do Leverger Mato Grosso Artigo Educa o Escolar Ind gena um caminho para a autonomia de F lix Rondon Adugoenau Cademos de Educa o Escolar Ind gena 3 Grau Ind gena v 2 n p 67 70 2003 Barra do Bugres MT Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 39 indios com os quais jogaram v o sendo modificados a partir da pr pria relac o vivida no calor da paix o do jogo em si A emblem tica do futebol total quer dizer ela abrange todo o conjunto do jogo e n o apenas uma e outra equipe separadamente Derrotar o advers rio significa decifrar lhe os or culos desencantar o enigma s se derrota aquilo que se conhece Aguiar 1999 p 160 As
212. num esp rito l dico espont nea e sem compromisso que pode estar no cerne de todo um processo educacional o que pode parecer ca tico e sem regras obedece a es quemas rigorosos de constru o e transmiss o de saberes e desse modo que as crian Gas os incorporam e dele v o tomando consci ncia Nunes 2002 p 71 72 Observei em Meruri que meninos e meninas brincam com brinquedos que receberam de presente numa visita cidade quando acompanhavam as mulheres na prepara o dos ornamentos para a nomina o que uma crian a de dois anos tem em sua cabacinha o jogo de imitar os movimentos do chefe de cabacas chefe ritual stico que coordena as dangas cantando e tocando um par de cabacas especi ficas para o ritual da mesma forma que na dan a imitam os adultos no final das filas Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 3l sem serem corrigidas ou orientadas assim como ocorre no jogo de futebol do final da tarde quando joga com seus parentes mais velhos irm os irm s e tios No brincar da crianca o riso a regra e em geral elas mudam conforme o contexto e com que se joga frequente a chegada dos seminaristas salesianos para as gincanas e festas comemorativas na aldeia As crian as participam livremente com seus parentes ado lescentes e jovens at os adultos participam O destaque para as rela es de jogo entre as crian as os jovens e os adultos ocorre no futebol em fam li
213. nvestem signifi cativamente na forma o dos futuros quadros que atender o a uma demanda sem pre crescente de interessados por essa manifesta o O que se verifica portanto a transforma o dos grandes grupos em empresas no estilo de franquias para atender s exig ncias do mercado e terminam transformando se em grandes 3 Denominamos de trabalhador da capoeira todo aquele que se utiliza do jogo da capoeira como instrumento de trabalho com vistas pr pria subsist ncia 4 Mestre Pastinha 1889 1981 principal guardi o da Capoeira Angola fundou em 1941 o Centro Cultural e Esportivo de Capoeira Angola em Salvador Faleceu cego e esquecido Mestre Bimba 1899 1974 fundou a primeira academia de capoeira do Brasil e foi o criador da Capoeira Regio nal um estilo de capoeira mundialmente conhecido Faleceu pobre lutando por melhores condi es de vida em Goi nia GO Mestre Waldemar da Liberdade conduziu nas d cadas de 1940 e 1950 aos domingos a roda de capoeira que se tornou o mais importante ponto de encontro dos capoeiras de Salvador onde o escritor Jorge Amado e o fot grafo Pierre Verger se alimentavam culturalmente Abreu 2003 p 43 Morreu em 1990 na pobreza como tantos outros capoeiras c lebres 64 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 corpora es constitu das como institui es jur dicas que aglutinam expressivo n mero de integrantes
214. o 122 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 aspecto l dico e o prazer que a acompanha Caillois 1958 em seu livro Os jogos e os homens a m scara e a vertigem esclarece que o jogo n o gera nada est ril produz apenas o poder de vencer o obst culo que pode ser subir na ponta dos p s girar v rias vezes sem sair do eixo representar para um p blico numeroso O palco comporta o tempo vivido o aqui e o agora um instante que passa e se encerra ali mesmo Ele representa a satisfa o de um desejo nele mesmo nada exige do exterior Vera Costa 1999 em sua tese Esportes da natureza e risco na montanha uma trajet ria de jogo com limites e incertezas comenta que a atividade l dica resiste a todas as interpreta es racionais No espa o do lazer do esporte do espet culo e do teatro o jogo civilizado O l dico capaz de infiltrar se em v rios espa os e transform los profundamente impregnando os com suas fantasias O que fundamental na atividade l dica parece ser o trabalho de transforma o sim b lica a que se submete o ator elaborando a fantasia na experi ncia corporal l dica p 114 Segundo a autora essa fantasia realiza se pela vontade do sujeito e na experi ncia corporal Pensando a dan a como viv ncia l dica poss vel estabelecer algumas apro xima es com as categorias do jogo estabelecido por Caillois 1958 agon alea mimicry e ilinx que respecti
215. o impl cita ou aceita em alguns jogos Destaca se ainda no trabalho de Brown idem uma forte rela o do jogo cooperativo ou competitivo com as quest es pol ticas das classes socialmente desfavorecidas Como professores e de acordo com o autor uma de nossas tare fas educar para n o aceitar passivamente a injusti a p 3 1 e como educadores temos que transmitir outros valores Podemos oferecer a alternativa da solidarieda de e do senso cr tico diante do ego smo e da resigna o p 31 Com essa pers pectivas Os jogos cooperativos ganham um papel bastante transformador e possi velmente revolucion rio JOGOS COOPERATIVOS E A EDUCA O F SICA ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL Certamente Orlick Brown e Brotto s o as principais refer ncias sobre jogos cooperativos mas novos trabalhos vem sendo elaborados a partir desses autores Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 157 Adiante esbo a se um breve perfil de como a proposta dos jogos cooperativos est desdobrando se na escola e mais especificamente no ensino fundamental Com os jogos cooperativos a Educa o F sica escolar pode enxergar com muito mais facilidade a integralidade do ser humano e a necessidade de trabalhar valores tais como a solidariedade a liberdade respons vel e a cooperac o Conforme Soler 2002 as aulas de Educa o F sica s o espa os privilegiados para desenvolverem se rela es desse tipo
216. o fundamental cooperar do pr prio Brotto em 1995 e sua reedic o em 2000 a inclus o dos jogos cooperativos no Programa do Esporte Educacional do Instituto Nacional de Desenvolvimento do Esporte Indesp em 1995 lan amento da Revista Jogos Cooperativos em 2001 No VII Encontro Fluminense de Educa o F sica Escolar Enfefe a comiss o de avalia o na palestra de encerramento relatou os jogos cooperativos como um dos temas mais sugeridos para o pr ximo encontro de 2004 Universidade Federal Fluminense UFF 2003 Hoje valores como a cooperac o e a solidariedade est o ganhando desta que nos discursos de diversos setores da sociedade A Educac o F sica tem de monstrado desde de a d cada de 1980 inteng es de mudar sua vis o excessiva mente esportiva e competitiva Nesse contexto e nesse momento os jogos cooperativos tornam se a proposta mais adequada para efetivar essa perspectiva de mudanga JOGOS COOPERATIVOS Os jogos cooperativos n o s o uma manifesta o cultural recente nem tampouco uma inven o moderna Podem ser encontrados em algumas as esca va es arqueol gicas A ess ncia dos jogos cooperativos come ou h milhares de anos quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida Orlick apud Brotto 2002 p 47 O mais destacado arque logo dos jogos coope rativos Orlick 1989 entende que eles representam o inicio de jogos com mais oportunidades sem vio
217. o longo da vida por meio das intera es entre as necessidades da tarefa as caracte r sticas biol gicas e as condi es ambientais Gallahue et al 2003 buscamos a instrumentaliza o para a compreens o do desenvolvimento da crian a dentro de suas possibilidades do jogo Nessa perspectiva de desenvolvimento a defici ncia visual implica uma s rie de incapacidades no que se refere recep o de informa es visuais o que poder resultar em limita es que ir o influenciar em seu ritmo de desenvolvi mento no seu processo de intera o social e desenvolvimento biol gico Amaral 1996 Estes impactos no desenvolvimento s o por vezes entendidos como pos suidores de uma rela o direta com a defici ncia visual e n o em decorr ncia de suas poss veis priva es com o ambiente Sonksen Dale 2002 Assim o indiv duo ira interagir com o meio a partir de suas capacidades biol gicas estagio maturacional potencialidade fisiol gica tipo de defici ncia ou doenca e influen ciado pelas suas experi ncias ao longo da vida gerando significa o e resignifica o dos fatos e objetos 132 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 JUSTIFICATIVA O jogo o momento central para as criangas desenvolverem sua autono mia e independ ncia Nesse ambiente as crian as criam a cultura em suas inter relac es coletam informag es comuns no mundo mas a modificam durante o jogo Realizam es
218. o e sendo modificado pelas a es do humano Embora sistem tica e ilustrativa a obra aponta para formas de ver o jogo a partir de conjun es que constituem possibilidades de percep o das combina es de alea agon mimicry e ilinx e n o um modelo inflex vel haja vista que as exce es bem como as novas cria es podem levar a classificar como contingente o que antes era proibitivo ou fundamental o que era contingente nesse sentido que Os jogos e os homens deve ser vista de forma ampla evitando se os reducionismos e as ortodoxias como meio de fugir das armadilhas que a mesma por vezes parece suscitar Um exemplo disso est em dois aspectos que a nosso ver necessitam ser lidos com mais aten o por possibilitarem entendimentos con tradit rios fruto da pr pria ambiguidade da obra a o fato de o autor considerar uma evolu o surpreendente e significativa a passagem da sociedade de confus o para a sociedade ordenada b o que se entende por corrup o dos jogos A afirmativa de que a passagem da sociedade de confus o para a sociedade ordenada se configura em evolu o surpreendente e significativa conduz nos de imediato id ia de que Caillois v o processo de desenvolvimento de uma civiliza o a partir da organiza o do pensamento racional e como involu o a sua perma n ncia em pr ticas de m scara e de vertigem O fato que o autor n o deprecia a cultura do transe do rito da m gica mas
219. o global se dedica ao deslo camento da disting o entre erudito e popular mas por outro se concentraria ape nas na erudic o do popular e na popularizac o do erudito No caso da cultura popular ela est enraizada na experi ncia popular e ao mesmo tempo dispon vel para expropriacio idem ibidem diante do aceno sedutor dos mecanismos da ind stria cultural Isso verdadeiro tamb m quando se trata da cultura erudita Para investir mos num movimento que burle o essencialismo e para recusarmos as oposi es bin rias como magistralmente ensina Hall n o vamos nos deter aqui em falsas discuss es que polarizam o erudito e o popular na medida em que pautam os seus argumentos na valoriza o daquilo que cada uma dessas culturas possuiria de mais aut ntico tomando as de forma isolada Isso nao nos ajudaria a entender a com plexidade que as constitui Esse tipo de abordagem s mostra o fato de que temos esquecido que tipo de espaco o da cultura popular idem p 340 Nesse senti do o autor defende a necessidade de uma vez por todas se desconstruir o popu lar da forma tal como propagado Gramsci entendeu que no terreno do senso comum que a hegemonia cultural produzida perdida e se torna objeto de lutas O papel do popular na cultura popular o de fixar a autenticidade das formas populares enraizando as nas experi ncias das comunidades populares das quais elas retiram o seu vigor
220. o livre pela diversidade Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 123 Segundo Duvignaud 1982 a simula o n o uma imita o trivial repre sentar a quem n o se como uma opera o m gica permitida pela intencionalida de do ato l dico O bailarino ator reveste se da m scara da aristocracia europ ia do s culo XVIII ao representar os pr ncipes her is e buf es nos repert rios do bal cl ssico Pode tamb m experimentar a fus o com a natureza atrav s dos movi mentos de contra o e expans o na concep o de movimento da dan a moderna Ou ainda se desconstruir e se reconstruir constantemente nas propostas p s modernas da dan a contempor nea Para Duvignaud fingir o que n o equivale a abrir o Ser ao jogo Um outro tipo de jogo a x vertigem consiste em uma busca de por um instante perder o equil brio a estabilidade e a consci ncia l cida e mergulhar em uma esp cie de p nico de transe de hipnose O xtase a perturba o causada pela vertigem quase como um desfalecimento tempor rio Essa categoria de jogo propicia mais um espasmo do que um divertimento Velocidade extrema queda livre sensa es de intensidade e brutalidade capazes de estontear o organismo possuem uma finalidade em si mesmas Indiv duos p lidos de n usea e de terror que se submetem a v rios supl cios para alcan ar a t o desejada frui o A sensa o de a exist ncia impreg
221. o motor fora do contexto e na aus ncia do seu objetivo habitual Piaget 1971 p 156 O simbolismo no jogo permite crian a adaptar se ao real Assimila o a adapta o provocada por um ajuste cognitivo que gera um processo implicativo nas rela es um fato surge para que outro ocorra causando incorpora o de novos conceitos s estruturas existentes Piaget 1974 134 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 sem coa es e nem san es do meio Piaget Inhelder 2003 A medida que essas caracterizag es evoluem a condig o deformativa do meio vai diminuindo Piaget 1971 O prazer pelo faz de conta tem sua evolu o partindo da proje o de esquemas captados do meio e transferidos a novos objetos para assimilar o corpo do outro e projetar esquemas de imita o a qualquer indiv duo ou objeto As recombina es simb licas e rea es que ajudam a fugir da realidade desenvolven do se por interm dio de uma fase de imita o que vai perdendo o seu car ter de deforma o l dica buscando o ajustamento e diferencia o de pap is Piaget 1974 Parten apud Sherril 1981 descreve dois n veis nessa fase 4 jogos paralelos e independentes mas mostrando ocasionalmente interesse pelo outro e 5 jogos interativos que ocorrem nos jogos de faz de conta O jogo nesse n vel ocorre durante a fase de pensamento pr operacional Nessa fase o pensamento simb lico cresce
222. o mundo o movimento se constitui a partir das tens es vivenciais entre o eu e o n o eu Ven ncio 2001 p 37 Reconhecendo que para a crianga de quatro meses ou mais brincar um fen meno transicional que se objetiva em forma de movimento em interjogo com Ven ncio 2001 podemos inferir que concretamente o movimento uma for a viva que favorece a ida do sujeito do mundo da fantasia afetiva instituic o da mem ria de movimento Da paulatinamente podendo vir a concorrer substan cialmente para o amadurecimento perceptivo para a constitui o da autonomia e da identidade do sujeito infantil No entendimento de Ven ncio como fen meno humano mover se um ato complexo Ao mover se o sujeito est incorporando o mundo no espa o transicional 86 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 Conseq entemente n o poss vel separar o movimento da consci ncia do movi mento nem esta do objeto com o qual ou para o qual o ser se move Ato consci ncia e mundo formam uma unidade indivis vel existencial pertinente rea dos fen menos transicionais Ven ncio 2001 p 38 Concordamos com a autora quando afirma que se mover ato complexo contudo temos entendimento diferente da id ia de que o ato a consci ncia e o mundo formam um bloco monolitico de experi ncias existenciais do sujeito Con sideramos que em verdade constatac es te ricas como essas significam par
223. oda uma cultura individualista que funda sua din mica na compe ti o Barreto 2002 p 10 O compromisso dos educadores buscar o desenvolvimento e a transmiss o de valores que estimulem a solidariedade o respeito m tuo a compaix o e muitos outros mas sem com isso incentivar os alunos resigna o conforma o e a subservi ncia Ao contr rio o papel do educador trabalhando com jogos cooperati vos o de despertar o senso cr tico para as quest es sociais Brown 1995 Kunz 2000 reconhece no jogo um importante e adequado momento para a discuss o e esclarecimento dessas quest es nesse sentido que enxergamos os grandes desafios e as possibilidades para quem se prop e a trabalhar com Jogos Cooperativos na Educa o F sica Escolar e no ensino fundamental Destacamos nessa quest o da contextualiza o a obra de Brown 1995 que ao nosso ver nos alerta para uma vis o pol tica do trabalho com jogos coope rativos Brown extrapola a nfase espiritual transcendental e delimitada ao espa o de conviv ncia indiv duo indiv duo dada por Brotto 2000 e 2002 Entendemos que fazer uma composi o ou uma inter rela o entre essas duas perspectivas um grande desafio para quem estuda os jogos cooperativos mas ao mesmo tem po uma possibilidade e uma forma mais adequada de atua o pedag gica e social Cooperative games perspectives possibilities and challenges in the physical education school A
224. om a segunda tentamos encon trar evid ncias hist ricas que justificassem a presenca de certos espacos l dicos na escola ou seja buscamos os objetivos com que os espacos foram planejados Uma vez concretizadas essas etapas partimos para a quarta etapa que visou quantificar os espa os e equipamentos destinados s pr ticas l dicas existentes nas escolas Com o reconhecimento dos espa os l dicos das escolas restou qualific los de modo que apure sua efici ncia Para tal na quinta etapa da pesquisa obser vamos os espa os de acordo com os seguintes crit rios integra o harmoniosa ao entorno espa os naturais localiza o em rela o ao todo da escola utiliza o de materiais alternativos como cordas madeira entre outros elementos na turais na constitui o dos equipamentos design do espa o equipamento propor cionando amplas experi ncias corporais aos alunos acessibilidade do espa o equipamento fora do tempo formal de aula barreiras arquitet nicas para alu nos portadores de alguma defici ncia condi es de uso e manuten o dos espa os e dos equipamentos A sexta etapa do projeto visou detectar como ocorre a din mica dos espa os equipamentos Nesse momento registramos detalhadamente como os espa os equipamentos v m sendo utilizados pelos alunos A partir desse ponto reali 94 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 zou se um cruzamento de dados com as et
225. oma aquele choque n o conhece ningu m porque a l ngua outra Ent o foi uma barra enorme que eu enfrentei mas gra as a Deus eu superei tudo isso e hoje eu n o vou dizer que falo perfeito o alem o porque eu moro na parte alem mas falo bem Mestre Matias comu nica o pessoal Madrid 29 de junho de 2003 Com as novas e severas leis de controle imigrat rio adotadas pelos pa ses europeus passar pela alf ndega uma vit ria aclamada em conversas de bastidores de eventos Geralmente os professores imigrantes chegam nos aeroportos com vistos de turistas e muitos apetrechos de capoeira berimbau pandeiros uniformes etc que via de regra causam desconfian a da pol cia alfandeg ria Para aqueles que conseguem passar por essa primeira barreira deparam se com outras dificuldades similares a do Mestre Umoi cujo depoimento explicita uma atribulada realidade Ent o foi assim No in cio foi uma fase muito negativa que eu tive aqui em Portugal Porque juntou tudo O meu pai morrendo l no Brasil eu aqui desempregado vivendo sem dinheiro e veio aquela fase a do p ozinho com gua Que foi uma fase que hoje em dia eu conto isso com piada com gra a porque realmente uma escola um exerc cio de humildade Mas aqui em Portugal eu comi p o com gua N o era gua com a car Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 69 porque n o tinha a car Era p o com agua mesmo Mas a
226. omo rev lver ao menino O jogador entorta a for a determinante que possui os objetos e faz o objeto significa do subordinar se a o significado explica Vigotski 1994 p 129 133 Esqueci mento n o significa estar em xtase pois o jogador n o est esquecido das regras do jogo que uma restri o situacional por exemplo Babuschka aceita o resulta do da roleta e submete se ao ato de mover ou mover se Mas isso acontece por que tal ren ncia meio de atingir o prazer O atributo essencial do brinquedo que uma regra torna se um desejo Vigotski 1994 p 131 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 113 Contudo o jogador se esquece da realidade coercitiva O esquecimento n o um fen meno passivo mas uma atividade ps quica poderosa uma pot ncia de esquecimento que faz com que nos sintamos inocentes diante do abandono das coer es Segundo o psicanalista Mezan Esquecer sempre ex pulsar ex territorializar um conte do ps quico ex il lo para fora do espa o da consci ncia H portanto uma for a ou tend ncia que repudia esse conte do que se op e sua inclus o na continuidade do nosso universo mental 1991 p 73 De modo que o esquecimento sofrido um rep dio limita o do tempo espa o O esque cer uma forma de agir contra o estabelecido N o que o brincante perca o senso de espa o tempo real Ele apenas cria uma outra temporalidade Lembr
227. operativos Brown 1995 p 20 preciso fazer o aluno perceber nas estruturas cooperativas encon tradas e vividas nos Jogos Cooperativos uma rela o contextualizada com o seu trabalho a sua atua o e a sua vida numa sociedade marcada pela competitividade do capitalismo preciso entender os jogos cooperativos como um exerc cio de oposi o competi o domina o s injusti as e s desigualdades nas rela es sociais a que as pessoas est o submetidas na sociedade dita civilizada A rela o ganhador perdedor n o existe apenas no jogo Tamb m h entre patr o empregado rico pobre pa ses desenvolvidos pa ses subdesenvolvidos O patr o domi na o empregado o rico o pobre Nessa sociedade se refor a a rela o de domina o 160 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 viol ncia destrui o dos fracos pelos fortes Poucos s o os ganhadores e muitos os perdedores Do mesmo modo como se aceita normalmente que uma equipe ganhe de outra tamb m se aceita a domina o na sociedade Acredita se que aquele que ganha merece o triunfo porque mais forte Igualmente se aceita que o dono da f brica est onde est porque soube esfor ar se e trabalhar Brown 1995 p 16 Por isso preciso estar atento ao planejar seus objetivos com jogos coope rativos N o se pode esquecer que n o combatemos apenas pr ticas l dicas com petitivas mas sim t
228. oria dos casos os interesses do capital 3 As experi ncias desenvolvidas com o jogo da capoeira no exterior desa fiam a fragilidade dos discursos que ingenuamente a tratam como um jogo apropriado a determinadas camadas da popula o e vinculado a gru pos tnicos espec ficos 4 A complexidade e a dinamicidade da capoeira evidenciam se na intensifi ca o do seu processo de internacionaliza o cuja mobilidade se expres sa horizontalmente pelos tr nsitos e fluxos dos capoeiras em todo o mundo e verticalmente pela possibilidade concreta de ascens o na sem pre estratificada sociedade Conforme foi visto a experi ncia hist rica do jogo da capoeira conflituosa densa din mica e contradit ria Embora tenha se tornado ref m como mercado ria dos interesses do capital consolidou no calor das contradi es do seu desen volvimento hist rico saberes significativos que t m despertado o interesse de mui ta gente ao redor do mundo Pode se verificar que tal como outras pr ticas significativas o jogo da ca poeira condicionado por valores e regras sociais que influenciam na materializa c o de sua forma conte do Como construc o social que permanentemente se manifesta e como manifestac o cultural que permanentemente se constr i o jogo da capoeira influenciado pelo tempo hist rico em que se situa e tamb m edificado a partir dos interesses e das a es dos sujeitos que por meio dele atuam e dispu tam
229. orma o distais estereoceptores a vis o e audi o receptores proximais proprioceptores os sentidos cut neos e qu micos paladar e olfato e receptores profundos interceptores cinest sicos est tico vestibular e org nico altera es nas regula es Forgus 1982 A pes soa cega por ser privada do principal componente do sistema de recep o distal acaba tendo limitado o seu aprendizado incidental Craft 1995 e assim apresen ta um limite menor no volume da recep o sensorial que poderia ser realizado em rela o a uma pessoa sem essa defici ncia Stephens Grube 1982 Cobo Rodr guez Bueno 2003b O processamento de informa es pela pessoa com defici ncia visual torna se limitado n o s pela quantidade de informa es recebi das do meio mas tamb m pela qualidade das an lises realizadas Stephens Grube 1982 Como apontado por Skaggs et al 1996 em seu estudo de revis o de litera tura que teve o foco no desenvolvimento motor em pessoas com defici ncia visual estas apresentam um d ficit nesse processo em rela o quelas sem defici ncia visual Esse baixo desenvolvimento ocorre pela aus ncia de informa es de metas distantes no mundo externo Tr ster Herner Brambring 1994 Cobo et al 2003b indicam que um dos principais fatores que levam a essa condi o o mundo visual ser mais atraente pois nem todos os objetos apresentam odor ou som mas todos t m suas cores e formas
230. orte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 AS RELA ES DO JOGO E O DESENVOLVIMENTO MOTOR NA PESSOA COM DEFICI NCIA VISUAL Dndo CIRO WINCKLER OLIVEIRA FILHO Dndo LEONARDO MATARUNA Ms ARTUR JOS SQUARISI CARVALHO RREIRA ARA JO Dr PAULO F Dr JOS J LIO GAVI O ALMEIDA RESUMO O desenvolvimento motor na pessoa com defici ncia visual apresenta ritmo caracter stico em decorr ncia da aus ncia de est mulos visuais Buscamos por meio de um estudo de sinte se de pesquisa identificar as rela es no processo de desenvolvimento motor pelo jogo este na teoria de Piaget O jogo encontra se ligado ao processo de matura o motora da crian a no entanto as intera es ocorridas naquelas que apresentam defici ncia visual t m caracter sticas pr prias em decorr ncia da baixa estimula o sensorial e da priva o de experi ncias O d ficit desse grupo est na limita o dos conceitos simb licos e espaciais Esse processo minimizado por meio de estimula es sistematizadas em ambientes prepa rados para a interven o pedag gica encontrando no jogo o ambiente prop cio para a explo ra o do melo PALAVRAS CHAVE Defici ncia visual desenvolvimento motor e jogo Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 131 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO INDIVIDUO Ateoria de Piaget et al 2003 sobre o desenvolvimento da cogni o cons titu da com base nos pro
231. os princ pios que parecem universais e constantes marquem os tipos de sociedade Da o entendimento de que as sociedades primitivas que chamou de sociedades de confus o seriam caracterizadas pela m scara e possess o mimicry e ilinx e con trariamente as ditas sociedades ordenadas com c digos profiss es privil gios limitados e hierarquizados teriam o agon e a alea como elementos primordiais e complementares do jogo social Para ele a m scara permite encarnar as forcas e os esp ritos as energias e os deuses nas sociedades de confus o caracterizando um tipo de cultura baseada na alianga entre pantomima e xtase anterior ao processo civilizat rio A sa da desse impasse d se com o nascimento da civilizac o Num mundo regido pelos principios do m rito e da sorte formas degrada das e dilu das da mimicry buscam espa os para prosperar A delega o uma delas que segundo Caillois consiste em atribuir a outrem a possibilidade do triunfo O culto ao campe o e a estrela geram imagens de xito veiculadas em distintas classes sociais constituindo se numa das reservas de compensa o essenciais da socieda de democr tica O carnaval as feiras o circo e o palha o configuram outras formas de ant dotos que desembocam no transe e na hipnose De modo geral o estudo de Caillois busca demonstrar como se disp em as bases fundamentais dos jogos sendo algumas de suas reflex es sintetizadas nos seguintes aspe
232. os no momento presente e as crian as s o menos egoc ntricas Papalia Olds 2000 Na segunda opera o do desenvolvimento da cogni o a pessoa apresenta racioc nio l gico interioriza o do movimento e do aprendizado Piaget 1974 consegue diferenciar entre as apar ncias e a realidade n o se limitando pelo aqui e agora tem pensamento abstrato e maturidade de julgamento Papalia Olds 2000 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 135 Os jogos de exerc cio e simb licos vao aos poucos desaparecendo do re pert rio da crianga Conforme esta vai desenvolvendo se esses dois mecanismos de interag o passam ao desuso No entanto como todos os sistemas complexos esses continuar o apresentando algum tipo de influ ncia em menor escala junto ao desenvolvimento enquanto o jogo de regras diferente dos outros dois jogos de exerc cio e simb lico apresenta um constante crescimento e contribui na evolu o do indiv duo e na involu o dos est gios precedentes Piaget 1971 Segundo Piaget idem a explora o do meio ocorre pela capacidade sens rio motora da crian a Esse mesmo autor 1971 1974 apresentou em suas des cri es de desenvolvimento a vis o como um dos principais mecanismos para a obten o de informa es do meio Outras condi es atribu das a essa capacidade sensorial s o a conex o entre as diferentes formas de explora o do meio e o est mulo capacidade imitat
233. os semelhantes era refletida em seus jogos e brincadeiras que eram cooperativos e n o competitivos Outros povos como os Abor genes australianos os Tasaday africanos Arapesh da Nova Guin e os Kanela brasileiros mant m rituais e jogos que refletem um tipo de vida cooperativa Brotto 2002 Orlick 1989 Entre os Arapesh da Nova Guin cujo ideal social o bem estar comunit rio a alteridade um valor de grande import ncia e as crian as aprendem desde cedo com os adultos a n o machucar os outros em seus jogos prevalece a n o competitividade Por exemplo no takertak jogo dos Tangus da Nova Guin duas equipes de Jogadores e ao redor de uma rea com diversas estacas fincadas no ch o devem arremessar seus chap us com o objetivo de empatar a disputa Assim quando um membro da equipe acerta uma estaca os demais devem arremessar o chap u nos espa os vazios entre as estacas estabelecendo uma nova dificuldade para a equipe que est frente Segundo Orlick 1989 esse tipo de jogo reflete uma equival ncia moral tamb m refletida na partilha equitativa de g neros aliment cios entre o povo p 170 Podemos acrescentar arqueologia de Orlick aqui no Brasil situa es cu riosas ocorridas nos jogos dos povos ind genas que exprimem a tentativa de preser va o das caracter sticas dos jogos de diversas etnias Brasil 2002 Monteiro 2003 Na vis o dos ndios expressa por Terena 2002 o importa
234. ou se em mercadoria por for a da m dia que determina o seu consumo revelia estimulando a sua auto reprodu o Entretanto um jogo uma dan a uma luta etc s o situa es hist ricas em que transcorrem subjetivida des e rela es objetivas particulares que lhes d o sentido O movimento corporal humano uma atividade inserida no mundo da cultura e constitui se num conjunto de elementos objetivos ato motor estilo t cnica t tica etc e subjetivos sensa es emo o representa o intelectual imagina o etc que para encaixar se nos c nones da reprodutibilidade t cnica e da produ o seriada t pica do modo de produ o capitalista precisa ser alterado na sua ess ncia Podemos verificar portanto que o jogo da capoeira se insere de forma conflituosa e contradit ria no jogo da reestrutura o do capitalismo e da mundializa o do capital a partir de v rias possibilidades de inclus o em suas sedutoras esferas ressignificando e sendo ressignificado a partir de experi ncias concretas Convictos de que a explica o do jogo da capoeira transcende o imediato e que a particularidade e universalidade se articulam em rela es mediatas e contra dit rias determinando o agir humano portanto hist rico consideramos oportuno colocar esses aspectos em jogo a fim de buscarmos elementos significativos para pensarmos esse jogo cultural a partir de uma vis o de totalidade Rev Bras Cienc Espor
235. p 165 178 jan 2006 165 INTRODUCAO N o de hoje que temos recebido diversas influ ncias por parte dos mais diferentes meios de comunicac o Nessa batalha ferrenha entre quem consegue influenciar mais seus receptores as m dias alcan am desde as crian as at os mais idosos Aqui se poderia dizer que esses receptores n o s o t o ing nuos assim a ponto de aceitar tudo que v em l em e ouvem Contudo a l gica das m dias atende primordialmente aos interesses econ micos que pressup em o que o p blico quer e s lhe oferece isso portanto essas mesmas m dias n o t m como saber se o p blico gostaria de outra coisa Broug re 1997 afirma que particular mente a cultura l dica das crian as sofre grande influ ncia da televis o a qual trans forma suas vidas e cultura a partir das refer ncias que disponibiliza Com velocidade cada vez maior enormes quantidades de informa es nos cercam e circulam diariamente por meio das m dias entendidas estas tanto como meios de comunica o de massa tais como r dio televis o jornais e revistas que permitem a um n mero relativamente pequeno de pessoas se comunicar r pida e simultaneamente com um grande n mero de pessoas Betti 1998 quan to como as chamadas novas tecnologias de informa o comunica o entre as quais se sobressai a internet Segundo Betti 1998 os adolescentes brasileiros despedem em m dia qua tro horas por dia vendo televi
236. pandindo em escala geom trica por todo o globo e o incremento desse movimento de internacionaliza o tem ocorrido em comunh o com outros s mbolos da cultura brasileira como o carnaval o samba o pagode etc poss vel afirmar que essa di spora brasileira se constr i sob os ditames da globa liza o econ mica que produz uma brasilidade idealizada constru da por cima e ao largo das gritantes diferen as culturais e econ micas que moldam a realidade concreta do povo brasileiro Na Europa nos ltimos trinta anos o jogo da capoeira adquiriu expressiva densidade mas no come o tudo era muito dif cil pela falta de informa o sobre o que realmente significava O depoimento do Mestre Bar o que desenvolve um conhecido trabalho de capoeira em Porto ao norte de Portugal serve para ilustrar esse complexo e conflituoso movimento Eu nasci perto de Aracaju em Itaporanga d Ajuda l no meio do mato numa fam lia humilde mas honesta tamb m Depois fomos para Santos SP morar l no Nova Sintra 5 Os depoimentos aqui registrados foram coletados durante est gio de doutoramento realizado na Europa no ano de 2003 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 67 no morro A gente morava numa casinha humilde morava num quarto onde todo mundo dormia junto Depois eu ia estudar depois das aulas eu ia vender doce no ponto final dos nibus em Santos Vender bananinha para ajudar minha fam lia n De
237. para a crian a n o o e tamb m n o uma alucina o vinda de dentro Para ter vitalidade pr pria aos olhos da crian a deve suportar seu amor ou dio agressividade ser descatexizado esquecido ou deixado no limbo pois normalmente com o desenvolvimento saud vel do sujeito o objeto perde significado ou se torna difuso j que ao ser absorvido se torna culturalmente menos interessante Ao adulto cabe esperar pacientemente pela transfer ncia da perspectiva de rela o afetiva para a perspectiva de uso motriz do objeto S a transfer ncia 84 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 adequada evita a perda do objeto pelo sujeito torna o real e possivel de ser com partilhado em uma rela o cultural A seu ver a situa o de transfer ncia que permite ao sujeito diferenciar o usar do relacionar se com o objeto Por isso ao adulto cabe examinar a natureza do objeto nao como projec o mas como coisa em si O fato que o relacionamento deste individual e s se confirma pela aceita o deste pelo sujeito O utens lio tem a propriedade de estar presente para o indiv duo Fara usar um objeto o sujeito precisa ter desenvolvido capacidade de usar objetos Isso faz parte da mudan a para o principio da realidade Winnicott 1975 p 125 grifo do original Esse fen meno motriz e n o inato fruto do amadurecimento do sujeito e depende de um meio ambiente prop cio Para Wi
238. pedag gico escolar Esses proble mas de concep o curricular repercutem imediata e diretamente nos fundamen tos na organiza o do trabalho pedag gico desenvolvido na escola na rotina e na a o de ensino dos docentes e impactam negativamente no desenvolvimento e na educa o das crian as No ch o da escola no dia a dia da professora regente polivalente genera lista com ou sem forma o superior presencial ou dist ncia em pedagogia nor malmente se exige que a profissional oferte articuladamente educa o das crian as das diversas faixas et rias entre zero e seis anos conhecimentos que estimulem o desenvolvimento dos campos funcionais afetivo motor cognitivo e social por meio do brincar jogar Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 79 Nesse contexto algumas quest es v m a tona Mas a presen a de professoras es especialistas para trabalhar com linguagens espec ficas na educa o infantil conduz necessariamente fragmenta o de conhecimento e hierarquiza o profissional Ayoub 2001 p 56 poss vel contemplar com qualidade a forma o de pessoas que estar o em contato com crian as em est gios de desen volvimento f sico motor emocional de integra o com o outro e com o mundo significativamente diferentes Nascimento 1999 p 106 por que se solicita ao professor regente que realize uma tarefa para a qual n o se conhece
239. poder na sociedade Se outrora ele era carregado de irrever ncia surpresa mal cia improvisa o e imprevisibilidade atualmente ele tem se apresentado mais sintonizado com outras categorias t picas do ide rio neoliberal como espetaculari za o racionaliza o competi o e performance O jogo da capoeira n o uma ilha cultural que se explica por si e para si Ele somente poder ser compreendido em sua totalidade a partir da no o de unidade cultural ou seja de um fundo cultural comum por meio do qual pode se captar a ess ncia da produ o da vida de homens e mulheres concretos 72 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 As an lises aqui efetuadas nos levam a depreender que os dilemas particulares engendrados numa determinada pr tica num determinado jogo relacionam se com os dilemas mais amplos presentes na sociedade e de alguma forma colocam em quest o alguns conceitos de jogo como o de Huizinga 1990 que o entende como uma realizac o que nao tende a realizar nada para al m de si mesma The game of capoeira in play ABSTRACT This article analyzes the game of capoeira from the perspective of its historical development and presents aids tor problematizating the concept ofgame The analyses presented here result from the confluence of three games the game not yet played in other words that which constituted the investigative course of the study the game itself of capo
240. pois eu parei de vender doce e fui trabalhar com um portugu s carregando lavagem nas costas de domin go a domingo Depois fui trabalhar na oficina aprender a fun o de mec nico Ay estudei Depois fiz um concurso entrei nas docas A ganhei uma passagem e vim cair aqui em Portugal Cheguei aqui em 1994 Tenho nove anos aqui E fa o tamb m um trabalho social porque eu gosto de ajudar as crian as mais carentes porque importante voc fazer uma crian a sorrir n o s no Natal mas tamb m no ano todo Mestre Bar o comu nica o pessoal Porto 8 de junho de 2003 Mestre Umoi que ha treze anos reside em Portugal destacou que no in cio teve que dar aula na rua para convencer as crian as a fazerem capoeira Dizia que iria ensin las a dar pernadas Segundo ele precisou utilizar dessa possibilidade para levar os mi dos a se interessarem pelas pernadas do Brasil Quando eu cheguei aqui em agosto de 1990 pelo menos na regi o da Grande Lisboa onde eu me instalei n o tinha capoeira Ningu m tinha conhecimento do que era capoeira e claro eu vim pra c na tentativa mesmo de ensinar a capoeira Comecei a procurar as academias aqui e a primeira rea o dos donos das academias geralmente era que n o queriam nada com galinheiros aqui em Portugal porque capoeira aqui em Portu gal significa galinheiro Ent o isso dificultou muito o in cio do trabalho aqui Mestre Umoi comunica o pessoal Lis
241. ponto de partida sem que nada de novo tenha surgido nem colheitas nem objetos manufaturados nem obra prima nem capital acrescido O jogo ocasi o de gasto total de tempo de energia de engenho de destreza e muitas vezes de dinheiro Caillois 1990 p 25 Da crian a ao adulto que joga a repeti o n o enfadonha ao contr rio ela desejada como um atrativo que desafia o jogador a tentar novamente na busca de um melhor desempenho Benjamin 1994 ir dizer A obscura compuls o de repeti o n o menos violenta nem menos astuta na brinca deira que no sexo N o por acaso que Freud acreditava ter descoberto nesse impulso um al m do principio do prazer Com efeito toda experi ncia profunda deseja insacia velmente at o fim de todas as coisas repeti o e retorno restaura o de uma situa o original que foi seu ponto de partida p 252 253 Todo e qualquer jogo regido pela incerteza e imprevisibilidade de resulta dos Os jogadores tendo em vista essa regra c smica devem estar muito bem preparados para que o jogo alimente esperancas de triunfo Em contrapartida as tensdes do jogo afrouxariam e a atividade l dica perderia seu encantamento inicial Mesmo o malabarista mais renomado reconhece que todo treinamento corporal nao garante uma performance infalivel Ele assim como o p blico tem certeza de que suas claves ir o ao ch o e isso n o interfere em nada na magnitude de sua arte O jogo s
242. por exemplo ou para vencer audi es concursos com o intuito de in 126 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 gressar em companhias de dan a nacionais e internacionais e dar in cio a sua carrei ra profissional de bailarino ou bailarina Muitos projetos sociais de dan a por sua vez j partem de uma sele o antes mesmo de iniciarem as aulas de danca ou seja as criangas s o submetidas a v rios testes de habilidades espec ficas para serem escolhidas ou n amp o para comecar as aulas de bal A agon dessa forma emerge com diferentes sentidos e fun es dentro do universo imagin rio da danga Entendendo a dan a como manifesta o cultural e afastando se das inter preta es essencialistas que a v em como express o instintiva do humano h que se pensar que as categorias do jogo classificadas por Caillois se apresentam em diferentes matizes e intensidades nas diversas sociedades e tempos hist ricos A passagem das sociedades primitivas para as ditas civilizadas implica uma progressiva elimina o da conjuga o primordial vertigem simula o e sua substi tui o nas rela es sociais pelo par competi o sorte No universo particular da dan a destacamos o surgimento da dan a contempor nea ocidental como expres s o privilegiada da a ea em rela o a outras culturas e pocas Sem estabelecer r gidos paralelismos n o podemos deixar de fazer alus es a outras manifesta es art
243. porando valores mais humanos Cor reia 2004 Entendemos ser necess rio rever e reformular essas concep es a respeito da competi o t o aceitas e difundidas na Educa o F sica escolar Uma contribui o importante vem da biologia por interm dio de Humberto Maturana o qual vem influenciando diversas reas da ci ncia e do conhecimento Graciano Magro 2001 e que tem muito a contribuir para a supera o dessa cultura da competi o na Educa o F sica escolar Maturana 2002 contradiz o mito da competi o sadia Conforme esse au tor a competi o sadia n o existe A competi o um fen meno cultural e huma no e n o constitutivo do biol gico Como fen meno humano a competi o se constitui na nega o do outro p 13 Quando se aceita o discurso da competi o como um valor importante para a sociedade e se defende que a competi o deve ser ensinada de maneiras mais sutis na escola esquece se que estimulada uma cultura e uma ideologia direcionadas para a nega o do outro nos espa os de con viv ncia diminuindo a sensibilidade s diferen as sociais desrespeitando ou desva lorizando os trabalhos mais simples de outras pessoas e dando continuidade s pol ticas de explora o e domina o Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 151 A quest o da competic o em nossa cultura dita civilizada n o apenas estabelecer e refor ar uma rela
244. pr ximos aos de pessoas que n o tenham essa limita o sensorial Stephens Grube 1982 As adapta es ambientais e os agentes facilitadores no processo de aprendizagem devem servir de suporte para a intera o social assim como o jogo pode ser para a crian a uma esp cie de am biente adequado para o seu desenvolvimento pois nessa condi o de intera o ela tratada de maneira igualit ria a todos os participantes Rogow 1981 Estas condi es possibilitam a participa o ativa no processo de aprendizagem em que os aspectos motivacionais devem ser grandes em decorr ncia do prazer associado e tamb m da possibilidade de individualiza o na interven o Zanadrea 1998 Cobo Rodr guez Bueno 2003a seja pela estimula o dos jogos de repeti o pela cons tru o de s mbolos ou pela transforma o e constru o de regras A restri o de oportunidades o elemento chave no d ficit do desenvolvi mento motor O envolvimento pelo jogo pode ser o principal elemento para rever ter esse quadro Warren 1994 Mesmo em fases mais avan adas do desenvolvi mento cognitivo a crian a necessita por vezes de est mulos para n o agir conforme os padr es das fases anteriores isso em decorr ncia do desenvolvimento incom pleto Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 143 Somente a intervenc o sistematizada e mediada por pessoas com conheci mento sobre as caracter sticas dessa po
245. providas de sopro vital De alguma forma observamos que as apari es do corpo seguem uma tra di o utilitarista e econ mica do uso sempre moderado e comedido das for as f sicas Nao restou muito espaco para a livre express o do udus mas o jogo segue O seu curso como for a propulsora da cultura das artes e ci ncias O jogo muito mais do que a conhecida instrumentalizac o que se faz dele poderia ser tomado como fundamento tico e est tico da Educa o Fisica Ele o alicerce do diverti mento da criac o do prazer e da plena express o do corpo e das vontades 10 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 ALGUMAS PE AS DO JOGO Os m todos gin sticos europeus foram respons veis pela forma o da rea de conhecimento denominada Educa o F sica Soares 2001 Em algum momen to eles participaram visceralmente da organiza o de uma nova sensibilidade sobre a sociedade e evidentemente sobre o corpo O corpo econ mico assim como o esp rito econ mico Sombart 1982 era extremamente bem representado por esses m todos de educa o corporal pedagogias que podiam ser visitadas como formas leg timas de um pensamento cient fico sobre o uso racional e austero das for as f sicas Participamos de outro momento hist rico cujas pr ticas corporais se guem l gicas distintas N o obstante parece nos que a gin stica cient fica novecentista se atualiza ininterruptamente revestindo se de nov
246. pula o e dos conte dos adequados a se rem utilizados tal como os estudos sobre o jogo como aqui pudemos observar pode minimizar o d ficit apresentado no desenvolvimento global da pessoa com defici ncia visual levando a para uma condig o cada vez maior de autonomia e intera o com o meio e as pessoas que o rodeiam The effect ofthe game in the motor development in persons with visual impairment ABSTRACT The motor development of the person with visual impairment presents characteristical rhythm because of the lack of visual stimulus We seek to identify trough a summary research study the effect of games as Paget conceives them on children mo tor development The game is connected to the motor maturation process of the child however the occurred interaction in those who present visual impairment have own characteristics because of the low sensorial stimulation and the lack of experiences The deficit presented in this group Is in limitations at the symbolic and spatial concepts This process is diminished through pedagogical interventions finding in the game the proper environment for its exploration through the nght use of possibilities to improve these people s interaction with the environment KEYWORDS Visual impairment motor development and play Las relaciones entre el juego y el proceso de desarrollo motor en las personas con deficiencia visual RESUMEN El desarrollo motor de la persona con deficiencia visual presen
247. que para al m dessas duas dimens es h uma ter ceira que constitui uma rea intermedi ria de experimenta o que se relaciona permanentemente com as outras duas nessa rea intermedi ria de experimenta o que se localizam os objetos e fen menos transicionais ntroduzi os termos objetos transicionais e fen menos transicionais para designar a rea intermedi ria de experi ncia entre o polegar e o ursinho entre o erotismo oral e a verdadeira rela o de objeto entre a atividade criativa prim ria e a proje o do que j foi introjetado entre o desconhecimento prim rio de d vida e o reconhecimento desta Diga bigado Winnicott 1975 p 14 Ao interessar se pelos paradoxos referidos Winnicott nao estava preocupa do em estudar o primeiro objeto das rela es de objeto estabelecidas pela crian a distanciando se desse foco afirmou Estou interessado na primeira possess o e na rea intermedi ria entre o subjetivo e aquilo que objetivamente percebido Winnicott 1975 p 15 O autor descreve a rela o sujeito objeto como resultan te da aceita o por parte do adulto de certa onipot ncia da crian a ao apropriar se tanto no aspecto afetivo quanto no aspecto da motricidade do objeto de seu interesse Depois de acariciado amado e mutilado em uma palavra usado o ob jeto pode ser substitu do exclusivamente pela pr pria crian a Esse objeto que para o adulto externo
248. que a cerca assimilando seus c digos permitindo instalar uma conex o com os outros membros da socie dade tanto no plano verbal como no n o verbal preciso que se reconheca portanto que a escola tamb m representa um espa o de cria o e ou inven o ou ainda re invenc o de pr ticas sociais tendo um significado muito especial para as crian as pois este o espa o e o momento em que elas se colocam disposi o de si mesmas sentindo vivendo e experi mentando seu corpo atrav s de jogos e brincadeiras mesmo que muitas vezes tais pr ticas se tornem proibidas e limitadas T TICAS E AST CIAS PARA VIVENCIAR O JOGO NA ESCOLA Para Certeau 1995 quando se olha o cotidiano de cima s se v a homogeneidade e o poder que controla os sujeitos s se percebe a in rcia dos corpos diante das determina es do sistema Por isso importante investigar as min cias os usos sutis e inventivos que os sujeitos constroem a partir das limita es impostas Dessa forma para compreender melhor o estudo do cotidiano das escolas investigadas fundamentamo nos na triangula o de tr s categorias de an lise es pa o lugar estrat gias e t ticas Neste sentido pautamo nos nas id ias de Certeau idem p 239 ao definir que um lugar a ordem segundo a qual se distribuem elementos nas rela es de coexist ncia e as estrat gias s o as for as que articulam os lugares J o espa o um cruzamento de
249. que diz respeito s rela es do homem com seus semelhantes a communitas consiste em uma rela o entre indiv duos concretos hist ri cos idiossincr ticos Estes indiv duos defrontam se uns com os outros Num confronto direto imediato e total de identidades humanas cujas fronteiras coincidem idealmente com as da esp cie humana No entanto a espontaneidade e a imediatidade da communitas opondo se ao car ter jur dico e pol tico da estrutura podem raramente ser mantidas por muito tempo Turner 1974 158 160 4 Neste texto a an lise do sentido do jogo privilegiada em detrimento da an lise do futebol como esporte em virtude dos dados coletados na pesquisa realizada em Meruri e pela particularidade desta No entanto para refletir sobre a influ ncia desse esporte no processo de integrac o dos povos ind genas do Brasil ver Grando e Hasse 2002 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 29 m sicas etc Tassinari 2003 p 303 304 constata que na festa Karipuna se pode visualizar de forma alegre e din mica aquilo que dif cil de encontrar em outros momentos da vida do grupo pois na festa que a sociedade karipuna toma cor po A festa como ocorre em momentos comemorativos em que o jogo vivenciado associa diferentes elementos que se conformam num espa o social sin gular concorrendo para a compreens o das rela es entre os participantes
250. que o jogo conduza os jogadores ao arrebatamento Huizinga 1996 preciso encarnar as fun es m gicas que se assume Se uma crian a coloca uma m scara de pirata significa que ela ir duelar at O fim contra os soldados ingleses Em outros jogos al m dessa capacidade mim tica importante que os sentidos estejam despertos A vis o num pega pega vital para que o pegador acompanhe os deslocamentos do perseguido O olhar predat rio nesse caso cria a tens o desejada para que um certo tipo de suspense tome conta do jogo tornando o imprevisivelmente encantador Da mesma forma se vendar mos os olhos do pegador as tens es ser o intensificadas para ambos os lados exigindo do pegador extrema acuidade auditiva e dos demais um sil ncio absoluto As tens es que brotam do jogo determinam um equil brio delicado entre o que necess rio para uma bela partida e o que deve ser evitado para que essa n o seja interrompida ou destru da Esse equil brio materializa se por meio das tens es que os jogadores administram a favor do pleno desenvolvimento do jogo Se as tens es n o s o administradas com precis o o jogo pode esfriar desfazendo se ou ent o poder explodir como consequ ncia do descontrole emocional e f sico dos Jogadores Os diversos jogos presentes na natureza e nas mais variadas culturas foram organizados por Caillois 1990 em quatro categorias Essas categorias s o nomea das da seguinte forma agon alea mimicr
251. r a sim execut las A sua execu o de forma simples e desprendida do contexto social no qual se localizam faz o sujeito desembocar na segunda quest o Ao executar as improvisa es de forma satisfat ria o sujeito contemplado na engrenagem que impulsiona o funcionamento da ind stria cultural Atinge assim a pseudogratifica o como executante dessas improvisa es ou dos clich s gestuais na capoeira Vieira 1989 CAPOEIRA CORPOS CONSUMOS A capoeira quando dividida em segmentos propostos para o consumo descortina uma outra face dessa quest o a dos produtos adaptados ao consumo do corpo A Capoeira Angola por exemplo reivindica ser a que estabelece uma 3 Referimo nos interpreta o que Horkheimer e Adorno 1985 fazem da viagem de Ulisses Odis s ia como meta hist ria da raz o ocidental e forja da subjetividade esclarecida prot tipo do sujeito burgu s como vir as ser conhecido mas tamb m dizimado em fases tardias do capitalismo Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 49 articula o mais pr xima com as camadas populares mas n o abre m o de pautar de certa forma a perpetua o da sua pr tica a partir da reprodu o de algumas caracter sticas que supostamente a comp em em sua ess ncia de forma intemporal a exemplo das reflex es tecidas por Adorno 2001 sobre o jazz Em contrapartida um segmento que surge como uma das alternativas a esse
252. r a segunda interpreta o que o jogador sofre em rela o ao jogo vemos que a a o do jogador continuar jogan do sem parar Ele fica vido por jogar quer continuar jogando n o para acumular quantitativamente experi ncias de jogo como faria o avaro mas para participar da troca generalizada pois somente agindo que o jogador se sente em jogo Essa avidez o modo de ser do interpretante din mico energ tico Quando um jogo n o deixa o jogador vido por continuar jogando porque essa percussividade interpretativa foi perdida Ao jogar o jogador sente se pressionado a continuar jogando A forma dess fab press o nem de s plica ou pergunta mas de comando O comando n o de ordem externa da obrigatoriedade mas interna s puls o for a produzida no mo mento mesmo em que se joga Portanto pesa sobre os jogadores uma exig ncia imperativa de reagir ao jogo jogando o rapazinho reage jogando a torto e a direito a avozinha reage jogando sem cessar o professor reage se arriscando T aos dois meses reage repetindo o gesto e rindo as gargalhadas T aos oito meses reage mudando de interesse rapidamente J aos nove meses reage buscando novas formas para obter o mesmo resultado A exig ncia imperativa que pressiona os jogadores o comando de jogarem compulsivamente Esse o interpretante din mico energ tico imperativo Na brincadeira o brincante n o sabe a hora de parar tamb m os jogadores no ca
253. r destru do encerrando definitivamente a possibilidade de novas jogadas A realida de simulada nos games apresenta se limpa e acabada Bem sabemos em contra partida que a imagina o infinitamente superior percep o dos sentidos Esses jogos eletr nicos extremamente privilegiados contemporaneamente podem ser tomados como express o de uma certa transforma o ou decl nio da faculdade mim tica Benjamin 1994 aponta uma preocupa o hist rica quando se refere modernidade como um per odo em que as correspond ncias das semelhangas s o pouco percebidas E bem sabemos que a faculdade da percep o das semelhan as energia decisiva para a nossa necessidade de exterioriza o por meio da lingua gem falada e gestual A gestualidade do jogador volta para um esquema prim rio de expressividade As altern ncias de solug es imprevistas que ocorrem nos jogos como os conhece mos at ent o est o sendo substitu das pelas limita es da m quina em rela o s tecnologias do corpo Os jogos assim como a arte perdem o status promovido pela casualidade entrando no territ rio das probabilidades controladas Percebemos que deforma es de ordem tica e est tica est o em anda mento N o sabemos como a intelig ncia engendrar solu es para as deformida des que percebemos nessa passagem Podemos olhar para a arte o jogo e o amor maneira singela repetitiva A necessidade de sempre ver ouvir o mesmo absor o i
254. ra es matem ticas logo ser poss vel por meio de equipamentos e sensores cut neos reproduzir artificialmente no corpo efeitos hoje desencadeados por est mulos reais e ent o a pr pria no o de movimento corporal precisar de reformula es Todavia Kerckhove 1997 j pode dizer que a TV fala ao corpo n o men te ao relatar os resultados de um experimento a que se submeteu quando sensores foram a ele conectados para monitorar efeitos fisiol gicos enquanto assistia a uma sucess o de imagens t picas da TV e por interm dio de movimentos para frente ou para tr s em um joystick assinalava se gostava ou n o do que via Ao final da expe ri ncia sentiu se frustrado por n o ter conseguido exprimir com movimentos con vincentes sua aprova o ou desaprova o e em muitos dos segmentos de progra ma o televisiva sequer tinha tido tempo suficiente para exprimir sua escolha Contudo quando checou os resultados do monitoramento fisiol gico verificou que cada corte cada movimento cada mudan a de plano nas imagens tinham sido percebidos por um ou outro sensor e registrado no computador condutividade da pele ritmo card aco circula o Ele espantou se Enquanto lutava para conseguir uma opini o o meu corpo inteiro tinha estado a ouvir e a ver e a reagir instantane amente Kerckhove 1997 p 38 Ent o para Da Gama 2005 p 175 pensar a informatiza o do jogo e do esporte talvez seja uma p
255. ra ados evolutivos do Jogo suas hierarquiza es dos jogos Os jogos do ponto de vista cognitivo ou motor t m diferentes exig ncias as quais podem at ser graduadas de forma hier rquica Por m o jogo para aquele que brinca completo em si mesmo N o superior ou inferior a um outro jogo Cada um vale pela esp cie de prazer que proporciona Cada um tem uma proposta de alegria distinta Por isso o jogo o que um todo coeso e tensivo com o desencadeamento de como es espec ficas Nas seis situa es l dicas descritas temos os jogos com quedas que produzem abalo perceptivo 112 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 e jogos com posi o ereta que produzem irrita o e surpresa Nesses jogos cada um deles especificamente produz diferentes tipos de energia cada um desenha um trajeto emocional diferente uma montanha russa particular Por isso h um retorno aos jogos para desfrutar de emo es j experimentadas Interpretante Din mico L gico do Jogo A interpreta o de terceiro n vel compreende um efeito l gico no interpretante ou seja O signo interpretado por meio de uma regra de interpreta o internalizada pelo receptor O efeito dessa regra d se no momento de o interpretante fazer infer ncia estabelecer consequ ncias ou agir em conformidade com uma conven o geral ou um h bito de a o A regra um h bito de a o muscular ou imaginativa que em
256. ra S A 1989 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 103 NETO C Jogo amp desenvolvimento da crian a Cruz Quebrada Lisboa Faculdade de Motri cidade Humana Servigo de Edic es 1997 RECHIA S Fargues p blicos de Curitiba a rela o cidade natureza nas experi ncias de lazer Tese Doutorado Faculdade deEducac o F sica Universidade Estadual de Campinas Campinas 2003 SANTOS M A natureza do espa o t cnica e tempo raz o e emo o S o Paulo Hucitec 1996 SNYDERS G A alegria na escola S o Paulo Manole 1998 TUAN Y Jopofilia um estudo da percep o atitudes e valores do meio ambiente Trad L via de Oliveira S o Paulo Difel 1980 Espa o e lugar a perspectiva da experi ncia Trad L via de Oliveira S o Paulo Difel 1983 Recebido 2 jun 2005 Aprovado 6 ago 2005 Endere o para correspond ncia Dra Simone Rechia Rua Manoel dos Santos da Silva 171 Sobrado B Bairro S o Louren o Curitiba PR CEP 82130 030 104 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 A PO TICA DOS GESTOS DOS JOGADORES Dr PIERRE NORMANDO GOM ES DA SILVA Universidade Federal da Para ba UFPB Brasil E mail pierreunice ig com br Dra KATIA BRANDAO CAVALCANTI Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN Brasil Dr REINER HILDEBRANDT Institut f r Sportwissenchaft Alemanha RESUMO Esta pesquisa
257. ram a ser a consci ncia social as aspira es educacionais e o crit rio cient fico Huizinga 1996 p 212 213 JOGO EA EDUCA O DO CORPO O jogo udus uma forma privilegiada da educa o do corpo expressivo Caillois 1990 p 34 diferencia os jogos de car ter muscular agon daqueles mais cerebrais como o xadrez ou o jogo de cartas Aqui nos referimos aos jogos f sicos dan as acrobacias a reas jogos dram ticos ou seja jogos que evoquem inteira mente o corpo suas sensibilidades e intelig ncias Esses jogos provocam as tens es do corpo conduzindo o plena express o da vontade No jogo ou no estado de Jogo Caillois 1990 as tens es s o leg timas e revelam aquilo que Fran ois Delsarte nomeou como fundamento da express o humana a lei da correspond ncia To das as fun es do esp rito possuem uma correspond ncia f sica A cada fun o do corpo temos um ato espiritual como resposta Delsarte apud Porte 1992 p 259 Podemos traduzir esse pensamento como correspond ncias que o gesto imerso na experi ncia l dica pode evocar nos dom nios esparsos de um saber c smico Fran ois Delsarte 1811 1871 nasceu em So Seguiu com a idade de 4 anos para a capi Escola Real de M sica e Declama o de Paris O O jovem virtuose foi obrigado a encerrar esmes em um pequeno vilarejo ao norte da Fran a al onde p de aprofundar seus estudos de canto na Devido a uma condu o irrespons
258. rancas e bermudas que s o utili zados para a sua pr tica Os abad s em particular t m sido vistos com logotipos de diversas naturezas marcas ou grifes conhecidas geralmente com patrocinadores e ou nomes de academias simbolos dos grupos ao qual se pertence etc num pro cesso de afirma o identit ria mas tamb m de comercializa o que transcende os limites do adornamento tendo como fim ltimo a reificag o dos pr prios sujeitos a partir do corpo Se a hip tese de que o corpo na contemporaneidade adquiriu uma visibilidade que outrora n o era poss vel de ser pensada for verdadeira ent o essa centralidade pode ser justificada em alguma medida pelo seu adornamento como marca fundamental da sociedade de consumo Esta faz dele o pr prio ogotipo com o intuito de exteriorizar as subjetividades orquestradas pelos mecanismos de con trole social Pode se a partir de tais formas de des subjetiva o angariar uma ima gem mais privilegiada numa sociedade na qual nao basta ser h que parecer ter j que o logotipo supera em import ncia a pr pria mercadoria confere Ihe aparen te singularidade T rcke 1995 uma esp cie de fetiche que vem lembremos de feiti o elevado ao quadrado Observe se que h um agravante nesta situa o o fato do indiv duo acoplar sua falta de subjetividade marcas logotipos sobre as quais ele pouco ou nada sabe Estes colocam aqueles que os usam sempre a servi o das terceiras pes
259. rangeiros desembarcam nos aeroportos brasileiros para participar de eventos em diversas capitais brasileiras Conv m destacar que o grande interesse dos estrangeiros pela capoeira se desdobra imediatamente em dois desejos conhecer o Brasil e falar o portugu s Ali s falar portu gu s nas aulas de capoeira um requisito que opera como uma esp cie de selo de qualidade e vem contribuindo para abrir campos de trabalhos antes impens veis O Hunter College uma das mais tradicionais faculdades de Nova York j oferece cursos regulares de portugu s em decorr ncia da demanda provocada pela capoeira Nunes 2001 p 3 Nesse complexo movimento o jogo da capoeira vem conquistando e cons truindo espa os de interlocu o nos mais diversos rinc es do planeta Al m da internet os filmes tamb m t m contribu do para esse processo como por exem plo as produ es americanas Only the Strong Survive no Brasil recebeu o t tulo agressivo de Esporte Sangrento e Roof Tops que conseguiram emplacar uma maior difus o desse controvertido jogo O movimento de difus o da capoeira no contexto mundial mais visivel e intenso em dire o aos Estados Unidos e a Europa Essa exporta o n o conven cional na forma de um s mbolo tnico que se expressa pelo movimento de sa da 66 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 de capoeiras do Brasil para trabalharem em outros pa ses assume dimens es com
260. relaci n entre Juego y medios proponiendo la transtormaci n traslado del virtual virtualidad en una posible experiencia corporal educativa en la escuela en forma de juegos a partir de los Juegos virtuales conocidos de los alumnos PALABRAS CLAVES Educaci n f sica midea juegos virtualidad 176 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 REFER NCIAS AZEVEDO T Jogadores viram profissionais com a rede folha de 5 Faulo S o Paulo 18 fev 2004 p F 4 BABIN P KOULOUMDJIAN M E Os novos modos de compreender a gera o do audiovisual e do computador S o Paulo Paulinas 1989 BATISTA S R BET TI M A televis o e o ensino da educa o f sica na escola uma proposta de intervenc o Revista Brasileira de Ci ncias do Esporte Campinas v 26 n 2 p 135 148 jan 2005 BET TI M A Janela de vidro esporte televis o e educa o f sica Campinas Papirus 1998 BETTI M Imagem e a o a televis o e a educa o f sica escolar In BETTI Mauro Org Educac o F sica e midia novos olhares outras pr ticas S o Paulo Hucitec 2003 p 91 137 BROUGERE G Brinquedo e cultura S o Paulo Cortez 1995 CAMARGO L O L Educa o para o lazer S o Paulo Moderna 1998 cole o Pol mica CARELLI G O campe o do Lazer Revista Veja S o Paulo 26 nov 2003 Divertimento p 92 CORSARO W A reproduc o interpretativa no brincar ao faz de con
261. rma de educa o transformadora Ressalto tamb m que n o poss vel afirmar que os jogos cooperativos po dem mudar sozinhos a realidade competitiva de uma escola sistema educacional e muito menos da sociedade no entanto admito a possibilidade de plantarem se algumas sementes cooperativas que podem germinar e reproduzir novos frutos cooperativos Mudan as sociais e educacionais consistentes processam se lenta mente Os jogos cooperativos e a Educa o F sica escolar podem colaborar para as mudan as mas a escola os sistemas educacionais e as autoridades pol ticas ter o de fazer a sua parte O grande desafio levar a coopera o al m do prazer do jogo e da aula de Educa o F sica CONSIDERA ES FINAIS As nossas experi ncias com jogos cooperativos t m demonstrado que mo dificar atitudes cren as e valores gera muitos conflitos e se apresenta de forma complexa Mostram tamb m que h muito a aprender e a refletir sobre como desmistificar a competi o e levar a coopera o al m do espa o e do momento do Jogo cooperativo preciso lembrar e afirmar que a coopera o abrange uma dimens o muito al m da simples modifica o e altera o dos jogos bem como al m da mera inten o de proporcionar momentos de alegria e descontra o Bertrand 2001 alerta para isso n o se deve fazer a coopera o somente pelo prazer da coopera o p 231 A coopera o na educa o vai muito al m dos jogos co
262. ro do shopping numa praia Aonde voc vai voc tem inseguran a E aqui na Europa voc tem total seguran a e liberdade s isso Instrutor ET comunica o pessoal Lisboa 25 de agosto de 2003 Para garantir a subsist ncia muitos jovens professores de capoeira com pouca prud ncia e muita aud cia rodopiam em busca de trabalho e se jogam com es perteza em experi ncias as mais inusitadas poss veis realizando exibi es em pra as e esta es de metr assim como em espet culos culturais disseminados nos grandes centros tur sticos Inserem se dessa forma no reino da mercadoria em que poucos t m a sorte de encontrar um comprador Ali s muitos deles s o as pr prias mercadorias a serem moldadas pelos caprichos dos abastados Outro aspecto a destacar a partir das experi ncias dos capoeiras brasileiros na Europa diz respeito ao fato de esta manifesta o cultural aglutinar por interm dio dos concorridos eventos pessoas oriundas de diferentes camadas sociais em um mesmo espa o de conv vio Em geral um mestre ou professor alterna traba lhos em espa os nobres com os chamados trabalhos sociais Via de regra nos finais de semana ou nos eventos os integrantes desses diferentes espa os en contram se e confraternizam me em movimentadas rodas O Mestre Bar o transita com suas aulas de capoeira em universos aparen temente inconcili veis da Cidade do Porto no norte de Portugal 70 Re
263. rompimento dos tradicionais limites espaciais desterritorializa o e temporais novas velocidades O autor sugere que um bom caminho para a Educa o F sica escolar contribuir na produ o de novas subjetivi 170 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 dades a incorpora o nas aulas de momentos de intera o com as diferentes m dias eletr nicas televis o internet etc vinculadas pr tica para em seguida produzir material audiovisual sobre o esporte em uma perspectiva cr tica e criativa A cibercultura produziu a figura do ciberatleta termo que designa pratican tes de jogos virtuais geralmente na rede da internet Em 2004 mais de 6 500 ciberatletas se inscreveram para as etapas brasileiras da World Cyber Games WCG a olimp ada de jogos eletr nicos organizada por uma empresa multinacional de aparelhos eletr nicos Azevedo 2004 Segundo Da Gama 2005 nesses jogos que podem ser classificados como quase jogos esportivos os participantes con trolam os movimentos de um protagonista virtual encarregado de represent lo nas partidas Junto com L vy 1999 Da Gama 2005 p 174 admite a grande similitude dos mundos real e digital de modo que medida que avancar tecnologicamente a capacidade de produzir imagens de s ntese que n o s o c pias ou representa es de reais pr existentes mas simula es de objetos que resultam da combina o de ope
264. rticularidades e generalidades do jogo e da referencialidade descobrindo as men sagens do jogo quanto ao que sugerem indicam ou se aplicam O interpretante possui tr s subn veis imediato din mico e final dos quais discutimos apenas o din mico que levanta os efeitos reais que o jogo pode produzir nos jogadores Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 109 Interpretante Din mico Emocional do Jogo O sentimento o primeiro efeito de significado que o jogador tem em rela o ao jogo Se a natureza do interpretante o estado tensivo a maneira de apelo desse signo ao interpretante sugestiva Em outras palavras depois de ativada a interpretac o do jogador o signo aparece equipado com alto poder de sugest o e evoca o Instala se ent o a rela o do signo com o interpretante din mico pelo apelo emocional sentido pelo jogador O apelo que o jogador sofre de usufruir desse estado de excitac o que o interpretante din mico emocional sugestivo Vemos em todas as seis situa es de jogo que os gestos dos jogadores est o toma dos por fortes emo es O rapazinho sente se fascinado deslumbrado com o gan ho O professor sente uma esp cie de febre e medo A avozinha sente se impaci ente T aos dois meses sente uma esp cie de vertigem Sente que tudo est girando ao seu redor T aos oito meses e J aos nove meses sentem se podero sos Eles t m o poder de repelir um obst
265. s o e em 1993 31 dos alunos da rede privada de ensino de S o Paulo tinham computadores em casa quando cinco anos antes esse ndice n o alcan ava 5 Camargo 1998 ao apresentar algumas informa es sobre as formas de divers o predominantes nas sociedades urbanas ap s uma s rie de pesquisas de mercado realizadas desde o in cio do s culo XX em diversas cidades da Europa e das Am ricas inclusive o Rio de Janeiro apontou a predomi n ncia do lazer dom stico pois o tempo livre o mais das vezes consumido dentro de casa e desse tempo livre dom stico quase metade ocupado pelos meios de comunica o de massa por isso uma crian a passa mais tempo diante da televis o do que nos bancos escolares Com dados mais atuais Carelli 2003 p 92 demonstra que os video games nos EUA est o ocupando o tempo que no passado era dedicado m sica e ao cinema o que est relacionado velocidade de lan amentos e vendas dos mesmos Uma explica o para o sucesso dos games est no avan o tecnol gico que permite interatividade e tal qualidade na simula o da realidade que o divertimento ficou inte ressante para todas as faixas et rias Os dados apresentados ainda indicam a estima tiva de que existem pelo menos tr s milh es de brasileiros que frequentem as LANs Local Area Network lojas que se jogam em diversos tipos de games conectados rede da Internet 166 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27
266. s Cooperativos n 9 10 p 10 abr maio 2002 BERTRAND Y Por uma compet ncia ecossocial nova In BERTRAND Y Jeorias contem por neas da educa o 2 ed Lisboa Instituto Piaget 2001 p 230 231 BRASIL Jogos dos povos indigenas Bras lia Funda o Nacional do ndio Dispon vel em http www funal gov br indios jogos jogos indigenas htm gt Acesso em 10 07 2002 BROTTO F O Jogos cooperativos o jogo e o esporte como um exerc cio de conviv ncia Santos Projeto Coopera o 2002 BROTTO F O Jogos cooperativos se o importante competir o fundamental cooperar Santos Renovada 2000 BROWN G Jogos cooperativos teoria e pr tica 2 ed S o Leopoldo Sinodal 1995 CALLADO C V Educaci n Fisica para la paz Una proposta possible Lecturas Educaci n F sica y Desportes Buenos Aires Ano 7 n 36 2001 Revista digital disponivel em lt http www efesportes com efd36 paz htm gt Acesso em 4 mar 2003 CORTEZ R do N C Sonhando com a magia dos jogos cooperativos Disserta o Mestra do Instituto de Bioci ncias Unesp Rio Claro 1999 CORREIA M M Da realidade utopia uma proposta para a Escola Municipal Ary Schiavo Niter i 2003 Monografia Trabalho apresentado para obten o do grau de especialista em Educa o Fisica Escolar Departamento de Educa o Fisica Universidade Federal Fluminense 162 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164
267. s com o corpo e obje tos que segundo Piaget 1971 s o a base para o desenvolvimento da crian a No entanto como apontado por Fazzi et al 2002 a estimula o sonora e a interven o individualizada ocorrendo precocemente a partir das necessidades da crian a com defici ncia visual podem lev la a um n vel de experi ncia motora e organiza o mental que venha a suprir essa limita o explorat ria A estimula o sonora apresenta se como um recurso fundamental para o desenvolvimento e envolvimento da crian a no jogo No entanto como apresen tado por Tr ster et al 1994 at o primeiro ano a maioria das crian as com defici ncia visual n o buscam o objeto que produz som por n o assimilarem a rela o de que o som emitido por um objeto ou compreendem mas n o buscam a fonte sonora J Silveira et al 2000 mostram um resultado que corrobora com o apresentado por Fazzi et al 2002 No primeiro estudo os resultados s o apresen tados com crian as com uma idade entre 6 e 1 5 anos No segundo a idade m dia de 1 4 meses no in cio da pesquisa e 27 meses no final Podemos observar nos resultados desses estudos que a caracter stica principal nessa rela o com est mulo auditivo encontra se na associa o do som e um objeto que venha a emiti lo pois tal desenvolvimento ocorre por meio das experi ncias sensoriais e da evolug o cognitiva da crianca Um agravante no processo de estimula o segundo Cobo Ro
268. s de educa o mediadas pelo jogo no cotidiano de Meruri O JOGO DO TEMPO DA CRIANCA EM MERURI A corporalidade como afirma Lopes da Silva a partir dos estudos de Seeger et al 1987 deve ser entendida tamb m como um dos mecanismos centrais dos processos de aprendizagem e transmiss o de conhecimentos habilidades t cnicas e concep es pr prias educa o das crian as ind genas 2002 p 40 Em Meruri a imagem de criancas brincando faz parte do cotidiano da aldeia Muitas se re nem fora do hor rio de aulas em espacos longe de suas casas como na rea que circunda a igreja e a miss o e que fica num espaco aberto com uma rea cimentada onde podem jogar bola de gude rouba bandeira chinelo pega pega desenhar com uma pedrinha etc Durante esses momentos de reuni o de 30 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 crian as comum que uma delas traga consigo uma crian a menor que est sendo cuidada Para que esta participe do jogo as outras se revezam no cuidado da crian ca de colo Desde pequenas as crian as s o cuidadas pelo pai pela m e pela av ou por uma crianga malor que pode ser irm ou tia de ambos os sexos Algumas m es trabalham na miss o e estudam sem tempo durante o dia a responsabilidade sobre os menores dividida entre os irm os mais novos ou tios que devem aliment los dar Ihes banho passear e brincar com eles Como afirma Nunes 2002 p 73 acomp
269. s formas de uso e apropria o al m dos paradigmas que susten tam tais planejamentos Tratou se assim de realizar uma triangula o entre modelos de espa os escolares destinados s pr ticas corporais l dicas seus processos de concep o e planejamento e a rela o dos alunos com esses espa os Para o presente estudo adotou se como processo metodol gico a etnografia tendo como refer ncia a an lise cultural proposta por Geertz 1989 Para tanto realizamos uma descrig o densa do espaco escolar conectando esses dados com uma an lise interpretativa atrav s de observac es sistem ticas e entrevistas semi estruturadas com os profes sores e alunos registros fotogr ficos e filmagens Utilizamos esses procedimentos com a intenc o de abordar qualitativamente alguns aspectos principais relacionados cria o implementa o e apropria o do modelo de espa os dessa natureza proposto pelas escolas Os caminhos metodol gicos escolhidos materializaram se em algumas eta pas A primeira foi a seleg o das escolas Para tanto investigamos escolas da rede municipal estadual e privada de ensino totalizando 23 escolas analisadas A segun da etapa constituiu se de um levantamento hist rico das escolas no que se refere ao local de sua constru o e sua origem Mapeamos tamb m o perfil das institui es com dados como localiza o n mero de alunos e a seria o presente na escola J na terceira etapa realizada juntamente c
270. s para o amanh Nesta perspectiva para Snyders 1998 p 1 em todos os pa ses do mun do e desde muito tempo a escola preenche uma fun o bem distinta preparar os jovens para o futuro para a vida de adultos em particular para uma profiss o Esse o papel essencial inicialmente por raz es econ micas e t cnicas eviden tes e tamb m porque assim uma resposta dada ao desejo de crescer de ser iniciado no mundo dos adultos de penetrar nos segredos que os adultos det m a crian a sente que se prepara para inserir se e agir entre os grandes tem consci ncia de que o que se passa na escola valorizado pela sociedade e n o considerado como uma brincadeira Como consequ ncia dessa realidade as manifesta es do brincar e do jogar no ambiente escolar s o relevadas a um segundo plano j que n o se trata de um conhecimento socialmente eleito como til pela sociedade Uma hip tese que relata de forma concisa o porqu desse fato a de que o brincar e o jogar encontram se na contram o dos proces sos de produ o e do mercado Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 95 De acordo com Brunhs 1996 p 38 o jogo com suas caracter sticas l dicas vem se mostrar subversivo nesta ordem das coisas apresentando se improdutivo numa sociedade onde valores dominantes voltam se para a produ o e o consu mo sendo o homem valorizado pela capacidade de produzir e con
271. s passa a puxar o cobertor para sacudir todos os objetos do ber o Por fim faz o corpo cair de chofre para sacudir o ber o inteiro Segundo no jogo de Babuschka a resposta energ tica progressivamente ampliada no tamanho das apostas A senhora burguesa come a com dezenas de fredericos Depois mil florins Depois quatro mil florins Depois vinte mil rublos Depois toda a carteira com notas e t tulos uma propaga o de calor que sai contaminando a tudo e contagiando a todos No entanto depois do pico de excita o h a queda No jogo de J depois de uma d zia de repeti es diz Piaget J restringiu se a oscilar o patinho com uma boneca Quan do o jogo perde esse fluxo energ tico de calor e de esfriamento tornando se um jogo morno sem gra a sinal que a ludicidade escapou do jogo Essa interpreta o de J em retornar brincadeira de sacudir o patinho de celul ide revela um outro aspecto da rea o energ tica do jogador ao jogar Este brinca de um jogo depois de outro e outro Ent o retorna aquele que havia brin cado no in cio Os jogos t m suas temporadas de realiza o As brincadeiras infantis tradicionais por exemplo s o t o c clicas quanto as esta es do ano Contudo quando elas retornam n o s o exatamente as mesmas mas est o transmudadas J n o mais puxava O barbante para sacudir o patinho mas usava uma boneca Afirmar que os jogos t m suas temporadas significa contrariar seus t
272. s regras sociais Os jogadores crian as ou adultos jo gam por jogar ou seja pelo prazer que encontram na pr tica l dica Falar do jogo muitas vezes cair num labirinto de ambig idades fatais Divertimento e alegria se op em seriedade atribu da s coisas objetivas e produtivas Entretanto a realida Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 B de do jogo udus nos revela que n o h produ o de bens materiais durante sua pr tica mas deslocamentos de objetos e honras Pensemos nos jogos de azar Os bens materiais ou n o variam constantemente de m os e jogo lan ado ao esta do inicial da partida situac o que se repete infinitamente Ademais o maior dos ganhos que se possa esperar do jogo ser sempre inferior ao preco da luz que o ilumina Caillois 1990 p 11 Encontramos nessa id ia uma resist ncia do ho mem que joga homo ludens contra o homem econ mico Sombart 1982 en jaulado numa no o utilitarista da vida A pura avareza n o comercia nem joga nunca arrisca E a ess ncia do esp rito l dico ousar correr riscos suportar a incerteza e a tens o A tens o aumenta a import ncia do jogo e esta intensificac o permite ao jogador esquecer que est s jogando Huizinga 1996 p 59 Com efeito uma caracter stica do jogo n o criar nenhuma riqueza nenhum valor Por isso se diferencia do trabalho ou da arte No fim do lance tudo pode e deve voltar ao
273. s rela es tri dicas desses jogos oferecem uma paisagem que nos possibi lita fazer generaliza es Esses jogos n o s o vistos como rea de sin doque na qual cada parte relacionada a todas as outras e por meio delas o todo constitu do N o estamos privilegiando as rela es entre parte e todo ou seja o que tem no todo tem na parte simplesmente propomos uma rela o necess ria entre os gestos dos jogadores como texto e a configura o ou tend ncia geral dos gestos como teia de textos Tamb m destacamos que nossa an lise n o dada junto fonte n o observamos os jogos em si mas encontramo nos defronte dos registros de obser vadores Piaget 1978 e Dostoievski 2001 que descreveram o efeito do jogo nos Jogadores Isso n o descredencia a interpreta o porque segundo Ricoeur 1988 a interpreta o n o uma interlocu o Ela n o depende de estar na presen a do sujeito que fala De modo que tomamos as descri es dos jogos como um texto da teia de textos constitutivos da cultura do jogo Descri o de cenas do jogo de roleta CENA Um rapazinho que jogava alto e j havia ganho cochichava se quarenta mil francos amontoados diante dele em ouro e papel moeda Estava l vido os olhos faisca vam as m os tremiam jogava agora sem contar aos punhados contudo n o cessava de ganhar e aumentar o seu monte Os empregados apressuravam se em torno dele ofere ciam lhe cadeiras com os bra os abr
274. sa autoridade para os ndios um ser humano ser tanto mais belo quanto for pleno e amadurecido o seu senso de responsabilidade seja em rela o a si mesmo aos seus pr ximos ou aos outros seres que o rodeiam Por esta raz o a beleza n o constitui prerrogativa dos jo vens naturalmente aquinhoados por uma etapa de vida favor vel ao vigor e integridade f sica Viertler 2000 p 163 if E comum entre os boe que uma pessoa comece uma a o e que mesmo que esta n o seja aprovada por todos receber o apoio para conclu la como um direito pois acredita se que mesmo que venha a ser uma a o que n o resulte em Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 33 algo bom servir para que haja o aprendizado A educa o sempre de responsa bilidade de todos A aula geralmente ocorre na sexta feira ou na v spera de feriado Os jogos de futebol das criangas presenciados e observados em Meruri foram realizados com as duas turmas de segunda e terceira s ries e ocorreram ap s o lanche at o final das aulas no per odo matutino Os dois professores sairam e retornaram das salas de aulas com as criangas no mesmo hor rio Com isso um ficou com as criangas no campo da escola e outro no campo oficial da aldeia Eles s o adultos que jogam futebol nos times da aldeia As outras tr s professoras n o sa ram com suas crian as para aulas fora da classe durante o tempo em que estive na aldei
275. se autor n o conseguiremos manter um ambiente humanit rio em nossa sociedade reproduzindo um sistema social baseado em recompensas e puni es devemos trabalhar para mudar o sistema de valores de modo que as pessoas controlem seus pr prios comportamentos e comecem a se considerar membros cooperativos da fam lia humana Talvez se alguns dos adultos mais destruidores de hoje tivessem sido quando crian as expostos ao afeto aceita o e valores humanos o que tento promo ver atrav s dos jogos e esportes cooperativos teriam crescido em uma outra dire o idem p 14 Segundo o autor ao participarmos de um jogo estamos fazendo parte de uma minissociedade p 107 Ao interagirmos com os outros com as regras com as recompensas e com as puni es estabelecemos um processo de forma o de valores e princ pios forma o essa que pode afirmar tanto o coletivismo a solidariedade e a coopera o quanto a individualidade o ego smo e competitividade Por essas raz es o autor busca nos jogos cooperativos alternativas para o que se est ensinando s crian as no entanto grande parte dos programas de Educa o F sica pouco ou quase nada oferecem como alternativa aos jogos competitivos N o podemos esperar que os jogos cooperativos sejam incorporados e aceitos de pronto ou de imediato Talvez seja preciso um pouco de paci ncia para aprender essa nova forma de jogar principalmente se os participantes ja
276. se espa o tempo n o um tempo planejado dentro das escolas para potencializar as pr ticas l dicas Ao contr rio um espa o destinado ao descanso recupera o compensa o que de certa forma busca o aumento do rendimento portanto se justifica a falta de espa os reservados para tais manifes ta es Entretanto enfrentando todas as adversidades e limites as crian as brincam e jogam na escola Elas re significam os ambientes de formas diferentes utilizando se da adapta o da criatividade da imagina o Isto segundo Chaui 1996 pode ser encarado como uma forma de resist ncia sutil um n o ao conformismo Uma resist ncia n o como um combate aberto mas sim como pr ticas que se desen volvem ao avesso dos interesses dominantes A an lise feita pela autora nos con duz a refletir que a falta de espa o n o inibe o jogar e o brincar na escola mas indica uma forma de resist ncia inconsciente das crian as sutil e somente vis vel aos olhos de sujeitos que jogam com o espa o Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 99 De acordo com Bruhns 1993 p 38 atrav s do jogo n o se est preten dendo uma evas o da realidade um descompromisso Ao contr rio ele represen ta a possibilidade de constru o e recria o numa postura de resist ncia perante a l gica dominante do presente estado das coisas Gostaria de ressaltar que embora tenhamos percebido qu
277. se processo a partir da an lise sensorial do meio utilizando para isso seus referenciais em desenvolvimento Thyssen 2003 Piaget 1971 1974 apresenta em seus estudos a vis o como um dos elementos principais na interag o do corpo com o meio pelo jogo No entanto esse processo tamb m ocorre em criangas com defici ncia visual tendo como diferenca seu ritmo e caracter s ticas pr prias j que os sistemas sensoriais ser o outros Cobo Rodr guez Bueno 2003a O objetivo deste estudo foi por meio da revis o de literatura identificar nas pessoas com defici ncia visual as manifestac es do desenvolvimento motor influen ciadas pelo jogo O referencial te rico adotado para o entendimento de jogo foi a teoria de Jean Piaget M TODO DE PESQUISA A revis o de literatura nos temas desenvolvimento motor jogo e pessoa com defici ncia visual foi desenvolvida inicialmente por interm dio de uma pesqui sa de termos junto a bases de dados digitais Medline Sportdiscus e Scopus e diretamente em peri dicos impressos e eletr nicos com o objetivo de encontrar refer ncias aos objetivos deste estudo Os seguintes termos foram utilizados nesta fase blindness blind visual impairment visual impaired low vision motor develop ment development Plagete play A s ntese de pesquisa composta pela an lise avalia o e descri o da litera tura publicada Thomas Nelson 2002 O material utilizado para an lise n o des cartou pe
278. se uma linguagem que permite s crian as agirem sobre o meio f sico e atuarem sobre o ambiente humano mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo RCNEI 1998c p 15 Dessa afirma o deduz se que necess rio pensar o movimento humano como uma linguagem entretanto de se lamentar a confina o dessa rica lingua gem pelos limites da leitura psicologizante como se ela nada tivesse a oferecer especificamente ao desenvolvimento infantil e por ser mais que ou apenas um simples deslocamento do corpo no espaco a prop sito o que significa especial Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 8l mente para uma crian a um simples deslocamento de um corpo no espa o ser reconhecido apenas por sua capacidade de potencializar gestos e posturas corpo rais para expressar sentimentos emo es e pensamentos Com essa defini o o RCNEI captura e utiliza inadvertidamente o conceito de movimento humano ex pressivo de uma cultura corporal concebido pelo Coletivo de Autores 1992 Pela proposta curricular oficial chega se a supor que o trabalho com movi mento contempla a multiplicidade de fun es e manifesta es do ato motor propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos espec ficos da motricidade das crian as bem como atividades voltadas para a amplia o da cultura corpo ral de cada crian a RCNEI 1998c p 15 mas de fato se considerarmos os estudos que t
279. segundo a qual o esporte constitui a apoteose do elemento l dico em nossa civiliza o Acontece que esta atitude popular est errada Huizinga 1996 p 220 Podemos falar de um jogo com tra os particulares como por exemplo o futebol brasileiro desejado como futebol arte Evidentemente futebol n o arte se tomarmos a figura de linguagem ao p da letra O conte do principal dessa express o revela que o jogador constr i seu fazer n o apenas com habilidades treinadas mas sobretudo por meio de uma gestualidade pr pria que n o pode ser Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 15 reproduzida Muitas vezes nem mesmo o autor de determinada evolu o ca paz faz la novamente a capacidade do jogador em expressar sentimentos e pensamentos que aproxima suas jogadas do fazer da arte No jogo dram tico n o necessariamente da crianga not rio que o gesto mais que um movimento ocasional e mais que um signo a ser decifrado Ele a express o de uma totalidade id ias emo es sentimentos e percep es do mun do Man Garrincha um exemplo dessa atitude mim tica e da capacidade irreverente e l dica de desordenar os oponentes sem tocar nas regras estabelecidas Ele era o autor de suas jogadas um artista de uma pera popular Contudo esclarecedor n o confundir com arte resultados est ticos ou express o das pai x es A beleza como a paix o por si s n o cons
280. serida Piaget 1974 Segundo Piaget 1974 a imitag o pode ser verbal sonora motor ou visual O processo de aquisi o de informa es do meio pela vis o segundo Tr ster et al 1994 nao funciona somente para adquirir informa es n o verbais dos pais mas tamb m para estabelecer rela es entre eles Assim devido ao baixo repert rio imitativo de express es faciais da crian a cega a m e tem dificuldade de interpretar o que ela quer Outra limita o imposta pela baixa estimula o da crian a ser a aus ncia de conceitos podendo tornar se um elemento que atrase o processo de desen volvimento na pessoa com defici ncia visual Stephens Grube 1982 Levtzion Korach et al 2000 assim esta necessitar de mais tempo para a assimila o de conceitos que a pessoa sem defici ncia visual Cobo Rodr guez Bueno 20034 O processo de estrutura o de conceitos na pessoa com defici ncia visual mais complexo tendo em vista que a vis o propicia a recep o de informa es de maneira mais r pida e global Estando ausente esta fun o a intera o com o mundo dever ser feita pela percep o t til que mais anal tica e lenta e pela audi o que propiciar uma percep o dist ncia ausente na percep o t til A audi o dar condi es de a pessoa cega orientar se mesmo afastada de um lugar ou objeto e fornecendo dados para a a o independente enquanto no sujeito com baixa vis o este sentido funcio
281. sim de modo categ rico orienta que uma caracter sti ca essencial dos fen menos e objetos transicionais reside na qualidade de nossa atitude quando os observamos Winnicott 1975 p 135 Considerando essas proposi es e orienta es e a partir deste ponto do texto iniciamos nossa reflex o no sentido de vislumbrar uma possibilidade de uso compat vel dos conceitos de fen meno e objeto transicionais ao campo funcional de movimento no desenvolvimento e educa o da crian a Nossa id ia guarda alguma semelhan a com a de Ven ncio 2001 apesar de desejarmos apresentar desdobramentos diferentes para a discuss o do assunto A nosso entender a auto ra articulou de forma bastante interessante a rela o entre a teoria de Winnicott e a id ia de movimento humano como campo funcional quando deduziu Sendo o brincar fazer poder amos dizer o re fazer do mundo externo no espa o dos fen menos transicionais ele tamb m sempre movimento Por meio do brincar o movimento n o apenas vivenciado mas criado constru do na zona da fantasia que a zona primeira da rela o da crian a com o mundo Pertencendo simultaneamente ao mundo externo e ao mundo interno sendo portanto irredut vel a um ou outro o fen meno do brincar lega ao movimento esse paradoxo caracter stico nem exclusiva mente interno nem exclusivamente externo mas situado naquela zona onde se tecem as rela es entre o sujeito e
282. sim o futebol possibilita o jogo de conhecer o outro e dar se a conhecer pelo outro numa relac o em que ambos entram em cena em p de igualdade s o jogadores que pretendem dominar a bola e as regras para vencer o advers rio sem o qual n o haveria possibilidade de jogo O sentido do futebol muda conforme o contexto e o que entra em jogo nas rela es entre os participantes Quando o futebol jogado como campeonato os nimos s o exaltados e exp em as pal x es e as contradi es vividas no cotidiano denunciando as e possibilitando uma nova acomoda o com novas rela es que se estabelecem quando o futebol acaba e a vida continua o jogo FINAL DO JOGO A partir desta pesquisa posso afirmar que o futebol em Meruri tem car ter poliss mico e permeia as demais pr ticas corporais que constituem a identidade bororo e possibilitam a fabricac o do boe em contextos interculturais Com os diversos jogos de futebol que os bororo criaram em sua cultura o futebol pode ser identificado pelo sentido l dico e educativo do jogo por possibilitar s crian as rela es entre si e com o mundo adulto vivenciando simbolicamente a realidade sociocultural da aldeia e de seu povo Pode ser identificado como um jogo que possibilita a fabrica o do corpo forte resistente equilibrado e gil necess rio vida cotidiana ao mesmo tempo em que proporciona aos adultos um espa o de integra o entre os clas e metades para disc
283. sionais Politicamente trata se de n o sucumbir restri o da pol tica educacional nacional pela nega o procrastina o do investimento na correta e completa estru tura o do sistema educacional e em inova es pedag gicas induzido pela falta de vontade pol tica da Uni o estados e munic pios quando procuram justificar a inexist ncia indisponibilidade dos recursos financeiros necess rios educa o in fantil como um todo Pol tica esta que prop e ao mesmo tempo reformar o pro cesso de escolariza o garantindo investimento para a nova pr escola ou seja somente para a faixa et ria de tr s a cinco anos impondo pelo vi s escolar com puls rio O ingresso precoce de crian as de seis anos no Ensino Fundamental como atualmente vem se buscando consolidar quando se discute a transforma o do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valoriza o do Magist rio Fundef em Fundo Nacional de Manuten o e Desenvolvimento da Educa o B sica Fundeb CONTRIBUI O DOS JOGOS DE MOVIMENTO E DO TRABALHO PEDAG GICO DO PROFESSOR DE EDUCA O F SICA PARA A EDUCA O DE ZERO A SEIS ANOS O BRINCAR JOGAR COMO FEN MENO TRANSICIONAL Quando em uma concep o de conhecimento m ltiplo reivindicamos que n o devemos negligenciar o investimento no estudo espec fico dos campos funcio nais da afetividade motricidade cogni o e sociabilidade o fazemos entendendo que no complexo processo de desenvol
284. soas como prega a regra da ind s tria cultural Reduzem se a meros coadjuvantes sociais apoderados pelas mercadorias que os engolem e os enclausuram na ilus o de que s o eles que as consomem ofuscada no ser humano aquela clareza de que as mercadorias n o s o seus semelhantes e portanto n o poss vel existir uma equipara o entre as rela es dos homens e mulheres com as coisas e aquelas travadas entre os seres humanos Reside a o germe que coloca a coisifica o do humano na frente da humaniza o das coisas ainda t o comum na contemporaneidade O adornamento corporal no mundo da capoeira pode confirmar mais uma vez o amor dio que temos por ele a partir do momento em que n o podemos nos livrar do corpo e n s o louvamos quando n o podemos golpe lo Horkheimer Adorno 1985 p 219 A rela o de viol ncia que alguns capoeiras estabelecem com o pr prio corpo e com o dos outros no limite funciona como um processo de lento e preciso mortic nio Ou seja quando investimos no adornamento do corpo por diversos mecanismos exerc cio f sicos intensos diminui o da alimenta o para aqueles que querem emagrecer alt ssima ou baix ssima ingest o cal rica consumo de anabolizantes etc sem d vida eles podem diminuir a express o mais viva do corpo Adequamo nos a uma era na qual a subjetividade escravizada voluntariamente na falsa esperan a de que sua exacerba o possa ser uma sa da Resta saber
285. sociais surgidas nesse confronto entre uma proposta cooperativa levada pelo professor e uma realidade competitiva mais conhecida do aluno Entendo esses conflitos como uma oportunidade para questionar com os alu nos o paradigma da competi o e pensar a perspectiva da coopera o Ao resgatar as brincadeiras dos alunos e adapt las proposta dos jogos cooperativos observei um m todo e uma oportunidade para estabelecer um di logo mais pr ximo com as crian as Ao permitir a participa o das crian as o do cente coloca se em condi o de igualdade e estabelece um exemplo efetivo de como abrir caminho para coopera o o di logo o aprendizado rec proco e a bus ca de converg ncias Confirmando a afirma o de Darido 2001 em Correia 2004 observei nos jogos cooperativos uma proposta coerente com as perspectivas de mudan a e a necessidade de ser aperfei oada e mais estudada mas que amplamente vi vel e Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 159 possivel de realizar se na escola Destaco a contextualizac o dos jogos cooperati vos em fun o das classes sociais em que o trabalho for inserido como um dos aspectos a ser mais estudado Embora a coopera o seja uma reivindica o global existe uma diferenca na perspectiva nos interesses nas necessidades e nos objeti vos em fun o das classes sociais Desde que contextualizada a proposta dos jogos cooperativos pode ser uma fo
286. spa o do jogo no planejamento das escolas Ali s quando esse jogo oportunizado no ambiente escolar quase sempre segundo Broug re 1998 p 115 o que predomina a imita o a obedi ncia e n o a inven o o que certo que as crian as n o escolhem mais os jogos n o escolhem os assuntos das aulas e quando se trata de jogos coletivos n o podem nem inventar detalhes desses jogos Tudo deve estar antecipadamente pre visto para ser realizado no mesmo tempo e segundo a ordem estabelecida Assim o debate sobre a import ncia que se deve atribuir ao jogo no campo educacional e principalmente na rea de Educa o Fisica ainda est muito centrado no quadro tradicional que usa de forma utilitarista jogos e brincadeiras no ensino formal visualizando apenas o valor que essa pr tica tem no desenvolvimento das habilidades motoras 4 Entre eles Chateau Vigotsky Piaget Huizinga Wallon Winnicott 96 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 91 104 jan 2006 Nesta perspectiva Broug re idem ibidem considera que muitas vezes o jogo est presente na escola apenas atrav s dos jogos disciplinados controlados vigilados dirigidos organizados Diante disso n o h espa o para uma valoriza o da espontaneidade no mbito das pr ticas l dicas na escola Para o referido autor assiste se a uma verdadeira acultura o da inf ncia sobretudo da inf ncia popular separa
287. squisas com n mero limitado de sujeitos pois como apontado por Tr ster et al 1994 os estudos com essa popula o apresentam interven es junto a gru pos limitados de pessoas Assim utilizamos como crit rio de inclus o na pesquisa livros de refer ncia sobre a defici ncia visual e investiga es que apresentaram ins trumentos de pesquisa e resultados bem estruturados O JOGO SEGUNDO JEAN PIAGET O processo de jogar segundo Piaget 1971 apresenta se como um ele mento funcional no desenvolvimento do indiv duo permitindo a assimila o de no Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 133 vas estruturas a partir da repeti o l dica dos modelos exteriores potencializado pelo prazer gerado em sua pr tica Os jogos segundo Piaget idem s o divididos em tr s n veis jogo de repe ti o jogo simb lico e jogo de regras Estes incorporam os processos que ocorrem nas fases da matura o intelectual que s o conduzidos pela intelig ncia sens rio motora representativa e refletida Essa intelig ncia divide se em sens rio motor pensamento pr operacional opera es concretas e opera es formais Piaget 1974 2 As caracter sticas de cada n vel do jogo s o Jogo de exerc cios apresenta se como movimentos corporais que levam a uma interac o com o meio Durante a realizac o destes os esquemas sens rio motores mudam para permitir uma assimila o funcional gerando
288. ssim acreditando que essa bodega podia um dia dar certo Mestre Umoi comunica o pessoal Lisboa 27 de junho de 2003 O fato que a despeito de frequentes desesperos e at deporta es mui tos professores de capoeira vislumbram a possibilidade de conquistar no exterior o status e o reconhecimento que provavelmente jamais conseguiriam no Brasil Eu sou um p ssaro ningu m me segura j me sinto l eram frases prontas fre quentemente proferidas por um din mico professor recifense que apesar de ter sido deportado pelo servi o alfandeg rio de Portugal retornou via Espanha para as terras lusitanas e vem levando a vida como uma grande aventura mesclada de flutua es e incertezas nebulosas mas com muita arte e alegria contagiante O que me tirou do Brasil foi a viol ncia n o foi a falta de dinheiro A viol ncia da pol tica a viol ncia da televis o a viol ncia das drogas a viol ncia da rua Foi isso que me afastou do meu pa s N o foi pra buscar dinheiro aqui na Europa n o porque o dinheiro voc ganha l tamb m Tem pessoas superfelizes com capoeira no Brasil dando aula que n o precisaram sair do Brasil para ir a lugar nenhum Hoje eu estou aqui ando para todos os lados n o tenho preocupa o com nada Se eu vou acordar amanh bem ou mal Mas isso ai O que me fez vir par Europa foi justamente isso No Brasil a gente anda muito inseguro dentro do nibus dentro do cinema dent
289. ssino eles est o descontrolados O rapazinho n o parava de jogar e de amon toar dinheiro Inclusive a senhora burguesa de Moscou antes mesmo de conhecer o jogo de roleta ao observar o rapazinho dizia ofegante de emo o Diga lhe que pare que embolse o dinheiro e d o fora Ele vai perder tudo Que horror Eis um Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 111 homem perdido Mas a culpa dele N o posso nem olhar fico gelada Que cretino narra Dostoievski 2001 p 91 Reagir ao jogo jogando sem parar se constitui se uma interpreta o energ tica O jogador ao agir excessivamente est participando de um jogo de for as internas e externas e assim interpreta a brinca deira na medida em que produz um deslocamento das for as Lembremos duas situa es l dicas como exemplos primeiro medida que T aos oito meses aban donou o objeto e passou a repelir o obst culo o investimento de energia foi deslo cado passou de um ponto para outro segundo o jogo de Babuschka que deixou de apostar no zero para investir no vermelho O fluxo de investimento a interpre ta o do segundo n vel Esse fluxo de investimento cria os ritmos de jogo H ritmos de intensidade crescente gerando uma onda de calor Como no Jogo sexual no qual a intensidade das a es progridem at precederem o orgasmo O jogo come a com J puxando um barbante para sacudir um patinho de celul ide pendente Depoi
290. sso que fez o ser humano sair da posic o quadr pede liberar as m os e expandir o c rebro olhar o mundo a partir de uma outra refer ncia expandir a vis o a partir de uma posi o ereta e com isso recalcar o olfato privilegiado como sentido mais importante em outras pocas O recalcamento org nico talvez possibilite uma relac o familiar est vel certa ordem na civiliza o uma rela o com o outro de forma harm nica ou seja d chance para que haja uma sociedade que n o seja baseada somente na forca f sica e na viol ncia mas mediada pela racionalidade Essa ac o de afastar se e controlar o org nico evidentemente necess ria e sem ela n o estar amos aqui para tom la como objeto de coment rio O org nico lembra a fraqueza a incompletude a impot ncia o cansa o e no limite a finitude e a morte Por isso toda civiliza o 54 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 volta se contra ele Essa rela o n o no entanto isenta de contradi es No jogo de capoeira como um espa o tempo de eventual suspens o como de forma an loga ali s se argumenta habitualmente em rela o ao esporte ela n o se d de uma forma linear Na capoeira o encontro com o org nico faz parte do conv vio estreito com o outro na roda por exemplo no aperto de m o e no abra o que pode acontecer depois do jogo principalmente na tradi o angolana que tem como uma das caracter sticas principais
291. stas e nos jogos realizados livremente Mesmo as crian as s o vestidas de forma adequa da e colocadas atr s dos cinzentos muros escolares A tradig o milenar das brinca deiras infantis rapidamente substitu da por pr ticas f sicas orientadas pelo pensa mento m dico e higienista As pr ticas corporais privilegiadas nesse momento estavam limitadas por regras impenetr veis e n o podiam provocar qualquer atrati Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 17 vo s crian as e jovens A dan a e os jogos eram substitu dos por exerc cios f sicos mon tonos e incapazes de qualquer ilumina o Evidentemente alguns jogos e dan as foram convocados como ferramentas dessa educa o pueril Mas ao ser instrumentalizado o jogo perde a fun o social que o comp e e sem d vida o encantamento que provocaria como retirar da danca a m sica ou da pintura as cores e mesmo assim esperar que comovam Parece haver pouco lugar para o jogo no s culo XIX J no s culo XVIII o utilitarismo a efici ncia prosaica e o ideal burgu s do bem estar social elementos que foram fatais para O barroco haviam deixado uma forte marca na sociedade Estas tend ncias foram exacer badas pela revoluc o industrial e suas conquistas no dom nio da tecnologia O trabalho e a produc o passam a ser o ideal da poca e logo depois o seu dolo Toda a Europa vestiu roupa de trabalho Assim as dominantes da civiliza o passa
292. sumir Neste caso nao teria justificativa dentro de uma instituic o que visa prepa rar os sujeitos para a sociedade e seus valores mercadol gicos preocupac es com o planejamento dos espa os l dicos Embora o jogo j tenha sido apontado por alguns estudiosos como um dos elementos essenciais do universo infantil Percebemos que essas viv ncias no espa o escolar s o limitadas pelo espa o que o jogo ocupa na din mica da forma o educacional e consequentemente pela falta de espa o f sico destinado s atividades l dicas espont neas Snyders 1988 p 130 ao referir se alegria na escola convida nos a uma reflex o interessante perguntando a escola d aos jovens uma alegria que legitima os esfor os que ela reclama Na verdade essa pergunta cont m uma outra e que verdadeira como podemos transformar a escola para que dez anos obrigat rios de perman ncia n o signifiquem aos alunos um rem dio amargo que preciso ser engolido Ao analisar essa aus ncia da din mica do jogo e de um ambiente escolar prop cio para essas experi ncias Neto 1997 p 21 argumenta que falta o reco nhecimento por parte do sistema educacional de que a experi ncia do jogo uma excelente forma de perceber a rela o entre a ordem e a desordem a organiza o e o caos o equil brio e o desequil brio entre os diversos sistemas biol gicos e so ciais Portanto faz se necess rio mais aten o quanto ao e
293. ta das criangas Edu ca o Sociedade e Cultura Revista da Associa o de Sociologia e Antropologia da Educa o Porto v 17 p 13 134 2002 ECO U Viagem na irrealidade cotidiana Rio de Janeiro Nova Fronteira 1984 FERES NETO A A virtualiza o do esporte e suas novas viv ncias eletr nicas 2001 17 f Tese Doutorado em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Estadual de Campi nas Campinas 2001 GUATARRI E Caosmose um novo paradigma est tico Rio de Janeiro Editora 34 1992 IBOPE N mero de internautas residenciais ativos cresce 3 5 e atinge milh es de usu rios BOPE Web site oficial do IBOPE Instituto Brasileiro de Opini o P blica e Estat stica Dispon vel em lt http www ibope com br gt Acesso em 2 mar 2005 IBOPE TNT tem o maior alcance de 2004 Midiativa Web site oficial do MIDIATIVA Centro Brasileiro de M dia para Criangas e Adolescentes Dispon vel em http www midiativa tv gt Acesso em 21 mar 2005 JONES G Brincando de matar monstros por que as crian as precisam de fantasia videogames e viol ncia de faz de conta S amp o Paulo Conrad 2004 KAMPER D Fantasia Dispon vel em lt http Avww cisc org br biblioteca index html gt Aces so em 27 ago 2003 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 177 ERCKHOVE D de A pele da cultura Lisboa Rel gio D gua 1997 LEVY P O que virtual S o Paulo E
294. ta un ritmo t pico de aquellos que carecen de est mulos visuales Buscamos a trav s de un estudio de s ntesis de investigaci n identificar las relaciones en el proceso de desarrollo motor y el Juego siguiendo las teorias de Piaget El juego se encuentra ligado al proceso de maduraci n motora de los ni os sin embargo en el caso de lo que presentan deficiencia visual adquiere caracter sticas propias ligadas a la baja estimulaci n sensorial y de la perdida de experiencias El d ficit de este grupo puede observarse en limitaciones en los conceptos simb licos y espaciales Los efectos de este proceso son minimizados a trav s de est mulos sistemati zados en ambientes preparados para la intervenci n pedag gica encontrando en el juego el ambiente propicio para la exploraci n del medio PALABRAS CLAVES Deficiencia visual desarrollo motor e juego REFER NCIAS AMARAL L A Defici ncia quest es conceituais e alguns de seus desdobramentos Cader nos de Psicologia n p 3 44 1996 144 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 131 147 jan 2006 BOUCHARD D TETREAULT S The motor development of sighted children and children with moderate low vision aged 8 13 Journal of Visual Impairment amp Blindness p 564 573 set 2000 BRAMBRING M TROSTER H Cognitive development in blind infants and preschoolers Journal of Visual Impairment and Blindness p 9 18 jan fev 1994 Integration of childre
295. tantes ou diferentes A lembran a de um her i ou de um personagem de um desenho animado suficiente para que as crian as comecem a brincar regu lando seus comportamentos e a es a partir de um conhecimento comum que 172 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 165 178 jan 2006 t m do referido personagem ou desenho O mesmo ocorre com os video games cada crianga ou jovem tem sua prefer ncia por esse ou aquele jogo que muda constantemente com os langamentos mas n o importa de onde v m ou onde est o sabem falar a mesma l ngua quando o assunto o seu game preferido Para melhor compreens o dessas afirma es util lembrar que G Broug re distingue brinquedo de brincadeira O brinquedo o suporte de uma representa o a crian a que manipula o brinquedo possui entre as m os uma imagem a decodificar A brincadeira pode ser considerada como uma forma de interpreta o dos significados contidos no brinquedo o brinquedo se mostra como um obje to complexo Broug re 1995 p 8 9 Portanto a brincadeira n o a nica raz o de ser do brinquedo mas a situa o em que ele mais utilizado A brincadeira caracteriza se pela possibilida de de a crian a ser o sujeito ativo numa situa o sem consequ ncias imediatas e incerta quanto aos resultados e nessa circunst ncia o uso dos brinquedos aber to Broug re 1995 p 9 A crian a disp e de um acervo de sig
296. te Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 65 A INTERNACIONALIZACAO DO JOGO DA CAPOEIRA Quando muitos capoeiras brasileiros comecaram a sair do pa s a partir do in cio da d cada de 1970 para ganhar o mundo e trabalhar em grupos folcl ricos no exterior em busca de apoio e reconhecimento n o tinham id ia da magnitude que esse fen meno viria a ter tr s d cadas mais tarde No inicio tudo era muito dif cil e a rua era frequentemente o nico espa o que eles encontravam para ex pressar sua arte ou para manter contatos com outros artistas do cotidiano como palhagos e malabaristas das mais diversas origens Nas grandes cidades dos Estados Unidos e da Europa eles comegaram a dar visibilidade a essa arte tropical influ enciando outros movimentos da cultura de rua como o break por exemplo que surgiu nos Estados Unidos na d cada de 1980 e logo depois espalhou se pelo mundo Uma quest o importante coloca se nesse aspecto Quais as principais carac ter sticas e contribui es desse movimento de internacionaliza o para o desenvol vimento e ressignificac o do jogo da capoeira O principal motivo da sa da de uma avalanche de mestres professores e iniciados em capoeira para o exterior determinado por fatores econ micos e est relacionado com a busca de melhores op es de trabalho reconhecimento e pres t gio Em contrapartida influenciadas por diferentes perspectivas expressivas levas de capoeiras est
297. the Meruri Village among the Bororo it was analyzed from the data from ethnographic research in 2001 with the objective to comprehend how the relations establish among different manners to be from corporals practices The diverse forms of the football to present as social practice aims to the complex relations which the game potentialize in spaces of ethnic and cultural frontiers Its polissemic and intercultural character allows to visualize the complex and contradictory dimensions on which are the education of the body boe and the relevance that the corporality assumes to the comprehension of a specific indigenes culture KEY WORDS Game football intercultural education El juego de la identidad Boe la educaci n del cuerpo en relaciones de fronteras tnicas y culturales RESUMEN El juego en el contexto de la aldea de Meruri entre los Bororos fue analizado de acuerdo con los datos de la investigaci n etnogr fica realizada en el 2001 con el objetivo de entender como se establecen las relaciones entre diversas maneras de ser a partir de las pr cticas corporales Las diversas formas en que el futbol presentan como pr ctica social reflejan las complejas relaciones que el juego potencializa en los espacios de fronteras tnicas y culturales Su car cter polisemico e intercultural hace posible que se visualicen las dimensiones complejas y contradictorias donde se da la educaci n del cuerpo boe y de la importancia que la corporalidad
298. ticas virtuais sem refer ncia hist ria ou acontecimento produzindo in forma es como cat strofes Feres Neto 2001 manifesta se a respeito desse conflito de id ias quando critica o desequil brio entre o sens vel e o intelig vel apontado por Virilio Concor dando com a cria o de novas realidades por parte da virtualiza o Feres Neto questiona essa invers o entre sens vel e intelig vel quando n o encontra argumen tos suficientes que comprovem tal fato apesar de admitir o crescente aumento de tempo que as crian as e adultos passam na frente da televis o computador video games N o seria correto enxergar o processo de virtualiza o somente com base em sua influ ncia sobre a rela o sensivel inteligivel conforme aponta Feres Neto 2001 mas lembrar que as intera es entre o que atual e o que virtual extrapola as barreiras de tempo e espa o intensificando as sensa es O senso comum tende a entender o virtual como n o estar presente Por m o fato de n o estar presente n o indica n o exist ncia e como j vimos nas rela es anteriormente abordadas sens vel e intelig vel a virtualiza o reinventa uma cultura n made fazendo surgir um meio de intera es sociais onde as rela es se reconfiguram com um m nimo de in rcia L vy 1996 p 20 Em decorr ncia desses entendimentos cabe agora esclarecimentos sobre o ciberespa o e a cibercultura Segundo L vy 19
299. titui poesia No teatro como no esporte a faculdade mim tica preside um processo de cria o voltado sempre para o outro A brincadeira infantil um territ rio que abarca um tipo de jogo que denominaremos fun o mim tica do jogo dram tico Lopes 1989 O faz de conta e as imita es formam a base dos comportamentos humanos mais elementares e tamb m da mais refinada express o da linguagem A natureza engendra semelhan as basta pensar na m mica Mas o homem que tem a capacidade suprema de produzir semelhan as Na verdade talvez n o haja nenhuma de suas fun es superiores que n o seja decisivamente co determinada pela faculdade mim tica Essa faculdade tem uma hist ria tanto no sentido filogen tico como ontogen tico No que diz respeito ao ltimo a brincadeira infantil constitui a escola dessa faculdade Os jogos infantis s o impregnados de comportamentos mim ticos que n o se limitam de modo al gum imita o de pessoas A crian a n o brinca apenas de ser comerciante ou professor mas tamb m moinho de vento e trem A quest o importante contudo saber qual a utilidade para a crian a desse adestramento da atitude mim tica Benjamin 1994 p 108 O JOGO E O GESTO NA HIST RIA RECENTE A sociedade de corte imersa num delicioso cio era absolutamente movida pelo divertimento O car ter l dico era evidente nas dan as concertos e mesmo nas vestimentas e perucas que vigoraram at meados do s culo XVII
300. to o agon refor a se na medida em que o padr o t cnico permite uma compara o Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 121 130 jan 2006 127 mais precisa certo que a dimens o do agon sempre esteve presente no jogo art stico o desafio ao outro j se faz presente em dan as populares como a chula ga cha ou a polka ou mesmo na m sica no desafio dos repentistas em ser o ltimo a rimar sem parar No entanto n o podemos deixar de refletir at que ponto o processo de capitalizac o da sociedade ocidental desde o seu inicio at a massificac o de uma cultura do resultado n o contribui para uma exacerba o do agon na dan a Na dan a esse hist rico coincide com o surgimento do bal cl ssico que traz consigo um processo de profissionaliza o da dan a separando p blico e plat ia A partir do crit rio do ser capaz de realizar um determinado movimento define se quem bailarino e qual a sua qualidade verdade que no in cio do s culo XX a dan a moderna surge como um movimento que buscava eliminar o tecnicismo cl ssico e posteriormente a dan a contempor nea novamente questiona o seu papel buscando contextualizar e resignificar a t cnica como um dos meios para se alcan ar a performance art stica No entanto a hegemonia do bal fez se presente tendo seus repert rios cons tantemente remontados e preservados pelas mais importantes companhias do mundo N o estamos aqui questionando
301. uadrimestral 2 Os textos artigos ensaios e resenhas a ela encaminhados para publica o devem ser originais in ditos e redigidos em portugu s espanhol ou ingl s sendo o seu encaminhamento n o simult neo a outro peri dico condig o para a sua aceitac o 3 Os textos devem ser encaminhados para publica o em disquete de 3 gt acompanhado de uma via impressa em papel A4 digitadas em editor de texto Word for Windows para PC fonte Times New Roman tamanho 12 O tamanho m ximo para artigos e ensaios sem contar o resumo de 35 mil caracteres con tando espa os e para a resenha de 7 mil caracteres contando espa os Cada resumo que acompanhar o texto deve ter no m ximo 790 caracteres contando espacos Para as palavras chave consultar as bases de dados Lilacs Medline Sport Discus Eric Scielo 4 O texto dever conter a t tulo do trabalho em portugu s ingl s e espa nhol b nome do s autor es c resumo em portugu s ingl s e espanhol bem como palavras chave nas tr s l nguas d refer ncias bibliogr ficas apresentadas con forme as normas da ABNT NBR 6 023 2002 e NBR 14 724 2002 e citag es no artigo conforme NBR 10 520 2001 Havendo ilustra es estas devem ser apre sentadas ou no interior do texto no local adequado ou em folhas separadas do texto com indicac o dos locais nos quais devem ser inseridas Devem ainda ser Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 187 188
302. uca o F sica e afirma que eles se constituem numa proposta diferente das demais p 8 ao valorizar a coopera o em lugar da competi o Sugere um apro fundamento nas an lises filos ficas e sociol gicas e dos efeitos do capitalismo sobre a competi o e coopera o na sociedade contempor nea em rela o ao jogo Mesmo assim considera a uma proposta interessante porque busca a forma o de valores mais humanit rios e por acreditar ser poss vel de ser implementada e concretizada no cotidiano escolar Correia 2003 elaborando um projeto pedag gico para uma escola muni cipal do estado do Rio de Janeiro incluiu a proposta dos jogos cooperativos como uma tend ncia porque essa se compatibilizava com as concep es hol sticas e os princ pios da coopera o da inclus o e da co educa o que pretendia desenvolver Brotto 2002 relata uma s rie de trabalhos com jogos cooperativos que vem sendo desenvolvidos no Brasil tais como 152 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 149 164 jan 2006 Programa semestral de jogos cooperativos aberto a comunidade univer sit ria na Univerisdade de S o Paulo USP a publica o do livro Jogos cooperativos teoria e pr tica de Brown em 1995 Encontro Jogos Cooperativos e Jogos Essenciais em 1994 Cl nica de Jogos Cooperativos educando para a Uni diversidade em 1995 e a publica o do livro Jogos cooperativos se o importante competir
303. ucation El jugar y el juego como don meno de una transici n en la construcci n de la autonomia y de la identidad del ni o de cero a seis a os RESUMEN Este estudio refiere a la posibilidad de pensar una intervenci n en la Educaci n Infantil en la cual se subraya el jugar juego como fen meno de transici n en la construcci n de la autonom a y de la identidad del ni o de cero a sers a os En esa contextualizaci n se presenta una lectura de Referencia Curricular para la Educaci n Infantil del trabajo peda g gico del docente en la construcci n de una pedagog a de la infancia y del aporte de los Juegos de movimiento y del trabajo pedag gico propio del profesor de Educaci n F sica PALABRAS CLAVES jugar juego educaci n infantil educaci n f sica REFER NCIAS AYOUB Eliana Reflex es sobre a Educa o F sica na educa o infantil Revista Paulista de Educa o F sica S o Paulo n 4 2001 p 53 60 BRASIL Ley no 2 394 26 de 20 de dezembro de 1996 Bras lia 1997 BRASIL Pol tica nacional de educa o infantil Bras lia MEC SEF DPE Coedi 2003 Secretaria de Educa o Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil Bras lia v 1998a Secretaria de Educa o Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil Bras lia v 2 1998b Secretaria de Educa o Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educa o Infantil Bras lia
304. ue n o tem espa o para o passado ou para o futuro O apelo que o esquecimento faz ao interpretante de maneira cognitiva Pois o esquecimento um ato da cogni o um ato da consci ncia inconsciente de gozar a eternidade no tempo para utilizar a express o do pai do existencialismo Kierkegaard 2001 Por m constitu do num n vel de apelo anterior aos atos imagi nativos experimentados sobre imagens e diagramas mentais O apelo l gico mas sua l gica n o indutiva para determinar um valor que algo realmente nem dedutiva para desenvolver as consequ ncias como algo deve ser A l gica do jogador imediata dada no n vel da pr pria a o desencadeada no am lgama 114 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 105 119 jan 2006 corpo mente da realiza o motora O rapazinho age sem previs o sem c lculo O professor pensa depois que joga A sua jogada mais r pida que sua reflex o A avozinha joga e joga impacientemente diz Diga me depressa o que devo fazer agoral Nas tr s ltimas situa es l dicas os jogadores apresentam se desinteres sados por tudo que n o seja seu corpo N o interessa nem os quadros nem o brinquedo nem o patinho de celul ide O registro do passado quase que tem porariamente exilado do espa o da consci ncia devido intensidade da experi n cia presente A rela o do signo com o interpretante din mico indicativa ou significativa Os
305. ue se manifiestan en mayor o menor intensidad en el dominio de la danza Finalmente se considera que la danza es una manera de vivir mo mentos en los que la combinaci n de estas cuatro categor as es interiorizada y contem plada en una uni n entre la experiencia l dica y la dimensi n est tica PALABRAS CLAVES Danza juego est tica REFER NCIAS BETTI M A janela de vidro esporte televis o e educa o f sica Campinas Papirus 1998 BRETON D Fassions du risque Paris Editions M taili 1991 CAILLOIS R Os jogos e os homens a m scara e a vertigem Lisboa Cotovia 1958 COSTA V L M Esportes da natureza e risco na montanha uma trajet ria de jogo com imites e incertezas Tese Doutorado Universidade Gama Filho Rio de Janeiro 1999 DUVIGNAUD J juego del juego Cidade do M xico Fondo de cultura econ mico 1982 GOMES S A dan a para bailarinos core gratos contempor neos do Rio de Janeiro Disser a o Mestrado Universidade Gama Filho Rio de Janeiro 2002 KATZ H O core grafo como DJ In PEREIRA R e SOTER S Orgs Li es de dan a Rio de Janeiro UniverCidade 1999 UKAROVSKY J Escritos sobre est tica e semi tica da arte Lisboa Editorial Estampa 1997 Recebido 6 jun 2005 Aprovado 9 ago 2005 Endereco para correspond ncia Monique Assis Rua Conde D Eu 171 102 Barra da Tijuca Rio de Janeiro RJ CEP 2261 1 050 130 Rev Bras Cienc Esp
306. uir a partir de um jogo jogante reflex es que superem entendimentos reducionistas acerca da realidade dos fen menos sociais Nessa perspectiva as an lises aqui efetuadas colocam em tens o alguns con ceitos de jogo difundidos entre pesquisadores no campo da Educa o F sica como por exemplo o de Huizinga 1990 p 16 para quem o jogo consiste numa ativi dade livre conscientemente tomada como n o s ria e exterior vida habitual uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material com a qual n o se pode obter qualquer lucro M sz ros 2002 argumenta que o sistema de sociometabolismo do capital muito poderoso abrangente e incontrol vel Sem a supera o do trip que forma esse sistema articulado embora assim trico capital trabalho e Estado imposs vel emancipar o trabalho e que as experi ncias revolucion rias vivenciadas no s culo passado desde a Revolu o Russa at as tentativas mais re centes de constitui o societal socialista se mostraram incapacitadas de super lo 2 Para designar os as agentes da capoeira praticantes mestres as professores as militantes etc utilizaremos o termo capoeira em detrimento do termo capoeirista por entendermos que o pri meiro tem na cultura o seu campo privilegiado de a o enquanto que o termo capoeirista nos sugere uma interven o mais espec fica mais especializada t pica do a especialista 60 Rev Bras C
307. ula forma o inicial s lida e consis tente acompanhada de adequada e permanente atualiza o em servi o e compe t ncia polivalente teoricamente sedutora No entanto percebemos que no co tidiano escolar essa f rmula tem se revelado uma experi ncia de frustra o do professor de educa o infantil Como exemplo de experi ncia desenvolvida a partir dessa orienta o temos observado o trabalho pedag gico que vem ocorrendo nos Centros Municipais de Educa o Infantil CMEIs de Vit ria Nesses CMEIs muito bem estruturados comum ouvir professoras regen tes reclamarem da tarefa de ministrar diversos conhecimentos para crian as de diferentes condi es biossocioculturais Al m da carga de trabalho e do sal rio essas profissionais frequentemente reclamam da inseguran a em ministrar conheci mentos espec ficos de inform tica Educa o F sica e artes entre outros adequa dos aos diferentes momentos pelos quais passa a crian a de zero a seis anos Esse paradoxo entre a compreens o dos gestores e as necessidades das professoras regentes na execu o da pol tica educacional parece evidenciar problemas ineren tes concep o de curr culo do sistema O que temos percebido que as princi pais cr ticas participa o de especialistas se referem ao risco de eles serem porta dores naturais do virus da hierarquiza o e da fragmenta o de fun es e conhecimentos contra a organiza o do trabalho
308. um corpo cada vez mais trabalhado malhado em academias e que n o h aus ncia nesse processo do uso de drogas Pode se dizer que a dupla depend ncia entre os corpos sarados e aqueles que precisam se enquadrar anuncia o processo de amor dio pelo corpo ao qual Horkheimer e Adorno 1985 se referiram no pequeno texto nteresse pelo corpo esse amor dio pelo corpo que legitima tanto as rela es na sociedade como um todo quanto no segmento ao qual estamos nos referindo Nas palavras deles O amor dio pelo corpo impregna toda a cultura moderna O corpo se v de novo escarnecido e repelido como algo inferior e escravizado e ao mesmo tempo desejado como o proibido reificado alienado S a cultura que conhece o corpo como coisa que se pode possuir foi s nela que ele se distinguiu do esp rito quintess ncia do poder e do comando como objeto coisa morta corpus Horkheimer Adorno 1985 p 217 52 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 45 58 jan 2006 A justificativa de que se deve possuir um corpo que seja capaz de alguns movimentos da capoeira legitima a mortificag o Os estere tipos e gestos corpo rais atendem aos mecanismos que buscam criar uma imagem tornada mercado ria ou produzida j sob seus ausp cios como a viol ncia presente por exemplo na constante equipara o aos c es da ra a produzida em laborat rio os pit bulls Esse assemelhamento com o animal aparece com frequ
309. uma crian a ela era inclu da no time considerado mais fraco Este time poderia ser o que foi formado por um n mero menor de meninos ou um time com desvantagem em n mero de meni nos e meninas considerados mais habilidosos ou um time em que predominassem as crian as menores ou ainda O time constitu do em sua maioria por meninas numa turma em que os meninos predominassem em n mero e habilidades no jogo No time da terceira s rie o professor procedeu organiza o do time dividindo o entre meninos e meninas na tentativa de o jogo ficar mais equilibrado 7 As metades cl nicas constituem se ritualisticamente como complementares e com obriga o de Mori Segundo Viertler 1991 p 218 este termo significa alimento nomes enfeites e privil gios de propriedade estritamente individual obtidos pelo membro de um cl como retribui o a servi os prestados aos mortos e a indiv duos enlutados ou abandonados da outra metade Essas trocas de mori s o uma pr tica frequente e presente no cotidiano permeiam as rela es cl nicas bororo nos dias atuais e fazem parte da transmiss o dos mais velhos aos mais novos isto fazem parte dos processos de educa o bororo 36 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 o que n o significou que os meninos em menor n mero fossem mais expressivos no jogo Um menino ficou no gol e outro chateou se ficando fora do jogo obser vando at que
310. uras na antiguidade quando vagavam deriva N o seria poss vel aceitar de bom grado a deliciosa condi o que se oferece de um saber supostamente ing nuo e desprovido de utilidade O fim do jogo aproxima se preciso n o perder o ritmo da partida Encer raremos mantendo sempre em vista o esp rito l dico por meio dos versos ilumi nados do poeta Arkadis Desta vez uma pe a com cantos cada qual tem o seu papel ou quase Trouxemos as m scaras antigas Chama se o c rculo de giz vem nos dos chineses Naturalmente n s a representamos em forma modificada Camaradas uma honra para n s diverti los depois de um debate dif cil Esperamos que sejam da opini o que a voz do velho poeta ressoa igualmente bem sombra dos tratores sovi ticos um erro misturar vinhos diferentes mas a antiga sabedoria e a nova casam admiravelmente Agora espero que v o dar nos a todos alguma coisa para comer antes de come armos Isso d for as Brecht 2002 p 49 50 Physical education in check body practices expression and art ABSTRACT The considerations made in this article are supported by the studies of Huizinga 1238 and Caillois 1958 Game ludus can be defined as basis for human expressivity Game is completly wrapped in historical materiality which permeates diferent fields from science to art from nature to culture This leads to refletions on the relation stablished by the various dimensions of game among art body
311. utir e resolver as diferen as presentes no cotidiano da aldeia jogo masculino e jogo feminino Al m disso esse jogo uma estrat gia bororo por configurar se como um espa o de fronteira tnica e cultural em que entram numa rela o de igual jogadores e n o ndios Educar os mais jovens para essa rela o tamb m se d no contexto do jogo em que a trans miss o de t cnicas corporais possibilita uma educa o do corpo ser boe para o enfrentamento das emo es em situa o de guerra Acredita se pelo vivido entre os boe que o verdadeiro jogo pode propor cionar rela es entre diferentes corpos que se comunicam numa linguagem que n o precisa de tradu o e que possibilita a percep o do outro em v rias dimen 40 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 27 43 jan 2006 s es em novas formas de conhecer e conhecer se Respeitando se e interagindo entre si os corpos de diferentes matizes descobrem aspectos comuns e diferentes do comportamento de cada um O resultado desse confronto cultural expde numa mesma pr tica corporal social diferentes t cnicas corporais A diversidade pode assim estar presente numa mesma pr tica social o futebol em que s o utilizadas t cnicas corporais com intencionalidades valores e sentidos diferentes The game of identity Boe the education ofthe body in relations of ethnic and cultural frontiers ABSTRACT The game in the context of
312. utro futuro sen o aquele que nos vir como um presente ampliado e n o como outra coisa As novas tecnologias articuladas entre si formam verdadeiros sistemas e se gundo Santos 2000 p 25 exercem um papel determinante sobre o uso do tem po permitindo em todos os lugares a converg ncia dos momentos assegurando a simultaneidade das a es e por conseguinte acelerando o processo hist rico Essa converg ncia dos momentos tornada poss vel pelo desenvolvimento tecnol gico diga se subordinado ao poder econ mico vem revelando segundo Santos 2000 p 129 tr s tend ncias Uma produ o acelerada e artificial de necessidades 2 Uma incorpora o limitada de modos de vida ditos racionais 3 Uma produ o ilimitada de car ncia e escassez Esse quadro configurado pelo sistema capitalista e constru do a reboque de maci a ideologiza o est impondo se como uma f brica de perversidades e exi ge para manter se o exerc cio de fabula es Santos 2000 Mas a globaliza o nos moldes como se configura na atualidade n o um fen meno irrevers vel 62 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 Cabe edificar como nos aponta o autor citado anteriormente um mundo como realidade hist rica unit ria ainda que extremamente diversificada Para construir um novo sentido de felicidade individual e coletiva a humanidade deve considerar as possibilidades efetivame
313. v Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 Eu dou aula no bairro Lagarteiro um bairro bem complicado E um bairro social que O pessoal chama aquilo l de inferno Dou aula tamb m para ciganos num outro bairro tamb m complicado do Porto Eu estou l fazendo um trabalho social com eles Saio desse bairro social e vou para um gin sio que treina s ricos que s empres rios Mes tre Bar o Comunica o pessoal Porto 08 de junho de 2003 Pode se constatar em relac o aos professores de capoeira na Europa que a passagem de uma sobre vida a p o com gua a uma vida a p o de l n o ocorre na l gica de uma transic o linear Ao contr rio suas trajet rias s o essenci almente labir nticas e oscilat rias e nas urdiduras da vida eles s o expostos a cons trangimentos e barreiras abruptas numa espacialidade antropol gica fragmentada Enfim a condi o de muitos professores brasileiros que se jogaram para o exterior ou foram expulsos pela recess o econ mica visivelmente bem melhor do que se estivessem trabalhando com capoeira no Brasil O depoimento de um mestre que vive na Su a por ocasi o de um evento realizado em Madrid ilustra sua condi o de privilegiado Se eu tivesse no Brasil como eu conhe o muita gente at hoje do tempo que eu sa eles est o do mesmo jeito ou s vezes at pior Ent o eu n o tenho ressentimento do que eu fiz Quer dizer financeirame
314. vamente representam o papel da competi o da sorte do simulacro e da vertigem Todas se inserem no dom nio dos jogos cada uma governada por um princ pio original e em maior ou menor intensidade podem ser encontradas no dom nio da dan a Na mimicry o sujeito disfar a despoja se temporariamente da sua persona lidade para forjar uma outra e fazer crer aos outros e a si pr prio que outra pessoa A m mica dissimula uma realidade para simular outra O grande prazer mascarar se travestir se e fazer se passar por outra pessoa como se o disfarce fosse libertar o sujeito de seu lugar social e libertar sua imagina o A mimicry inven o incessante na qual o jogador ator fascina o espectador e o conduz ilu s o e o espectador presta se a imaginar e aceitar a ilus o o cen rio a m scara e acreditar por um per odo de tempo que aquele real mais real que o real Naque le momento o espectador o her i de um romance um guerreiro imbat vel um gal absolutamente irresist vel A dan a uma atividade essencialmente mim tica Se para Caillois o jogador assume caracter sticas de um ator enquanto joga o bailarino um ator par excellence Dan ar pode ser a representa o de uma outra vida atrav s da incorpora o de outros personagens ou a recria o de sua pr pria vida O bailarino representa para conhecer se e para conhecer ou para inventar o outro Na imita o as viv ncias corporais permitem um tr nsit
315. varo Lorencini S o Paulo Editora da Univer sidade Estadual Paulista Unesp 1997 HOBSBAWM E A era dos extremos o breve s culo XX 1914 1991 S o Paulo Cia das Letras 1995 Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 59 74 jan 2006 73 HUIZINGA J Homo ludens o jogo como elemento da cultura Trad de Jo o Paulo Monteiro 2 ed S o Paulo Perspectiva 1990 AMESON E P s modernismo a l gica cultural do capitalismo tardio S o Paulo tica 1997 UNZ E Transforma o did tico pedag gica do esporte Iju Uniju Editora 1994 MESZAROS Para al m do capital rumo a uma teoria da transig o Trad Paulo C sar Castanheira e S rgio Lessa S o Paulo Boitempo 2002 UNES V Capoeira made in NYC Correio Braziliense Bras lia Caderno Coisas da Vida p e 3 13 mar 2001 SANTOS M Por uma outra globaliza o do pensamento nico consci ncia universal 4 ed Rio de Janeiro Record 2000 SERPA L E P Pedagogia da diferen a desafios do ensino superior In SEMIN RIO EDUCA 2000 Salvador Anais Salvador Ed da UFBA 2000 VASSALLO S P Atransnacionalizac o da capoeira etnicidade tradi o e poder para brasilei ros e franceses em Paris In REUNIAO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL 5 1998 Florian polis Anais Florian polis 30 nov a 3 dez 2003 Recebido 6 jun 2005 Aprovado 7 jul 2005 Endere o para correspond ncia Dr Jos Luiz Cirqueira Falc o
316. vimento e educa o da crian a ocorrem permanentes aquisi es ou perdas advindas da adequada ou n o estimula o de cada um desses diferentes campos funcionais e que por meio do brincar jogar essas aquisi es podem ser potencializadas nos diferentes momentos do desenvol vimento infantil Nessa perspectiva tomamos emprestados os conceitos de fen meno e objeto transicionais estabelecidos por Winnicott 1975 para pensar seu uso compativel ao campo funcional do movimento no desenvolvimento e educa Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 75 90 jan 2006 83 o da crian a acreditando ser poss vel amplia los em cada um dos outros campos funcionais enunciados Por m antes de iniciarmos nossa reflex o vamos apresen tar um pouco das id ias de Winnicott Na condi o de pediatra e psicanalista Winnicott observou paradoxos ocorrentes na viv ncia da crian a ao usar objetos de seu interesse A partir da observa o desses paradoxos o autor postulou que por seu interm dio se esta belecem os v nculos culturais entre o passado e o futuro do sujeito e solicitou da comunidade acad mica que esse problema fosse aceito tolerado e respeitado n o simplesmente teoricamente resolvido Na compreens o desse pesquisador a tradicional defini o psicanal tica de que todo indiv duo em forma o tinha uma realidade interna e outra externa n o era suficiente para compreender a complexi dade da natureza humana por
317. xistir e a virtualiza o o motor contudo n o se trata de uma desrealiza o mas ao a o de uma nova realidade que passar a existir 167 Outro autor que argumenta no mesmo sentido Guatarri 1992 para quem a virtualiza o apesar de gerar novas realidades tamb m poder levar a uma esp cie de homogeneiza o com os novos padr es e tecnologias de comuni ca o As viv ncias podem ser supridas pelas imagens trazidas pelas telas ou seja ao mesmo tempo em que nos espantamos com as novidades e avan os tecnol gi cos tamb m podemos nos paralisar com os efeitos da globaliza o um paradoxo dos tempos atuai Em contrapartida aos estudos de P L vy e F Guatarri Virilio 1993 entende que o processo de virtualiza o traz consequ ncias diferentes pois a tela causa S uma perda da rela o espa o tempo cria se sobre a estrutura j conhecida das cidades um falso dia eletr nico Para esse autor passa a n o existir mais a no o de limites entre o dia e a noite as fachadas das constru es passam a n o ter import ncia na interface homem m quina Essa id ia complementada por Baudrillard apud Feres Neto 2001 po r m com uma vis o mais negativa em rela o TV e ao video game Para esse autor as imagens televisivas bem como imagens de s ntese como as dos video games se autoproduzem sem nenhum referencial real ou imagin rio s o ima gens sint
318. y ilinx A categoria agon envolve os jogos de antagonismo as competi es desportivas os desafios de for a e habilidade fisi ca A segunda categoria denominada de a ea uma refer ncia ao uso latino para o jogo de dados Essa categoria engloba os jogos de azar cartas loterias apostas em Rev Bras Cienc Esporte Campinas v 27 n 2 p 9 25 jan 2006 13 que o jogador langado a pr pria sorte n o tendo qualquer controle sobre o anda mento do jogo A terceira categoria denomina se mimicry e circunscreve os jogos mim ticos os jogos de faz de conta jogos de m mica jogos de disfarce al m de envolver uma s rie de brinquedos e objetos como m scaras vestimentas espadas caixas perucas e maquiagem Podemos acrescentar as artes como jogos mimicry especialmente as artes c nicas como o teatro as dangas dram ticas a pera o baile de m scaras e o carnaval O teatro que faco surge do jogo dram tico Que jogo esse que n o se inclui nas Olimp adas mas que entre todos o mais antigo jogo humano Ele que a cabe a e o corac o da Com dia de Arte italiana dos folguedos dram ticos populares das correrias dos mamulengos teatro da representac o das guerras e colheitas das tribos africanas e brasileiras Ele tudo o que o teatro da simulac o morto e sobrevivo nas casas de mer cado da arte nao pode alcangar o jogo dram tico um exerc cio po tico de e para liberdade Lopes 1989 p 9 A ultima categoria
319. zou que as pr ticas corporais fossem vivenciadas sem o controle do olhar vigilante do corpo e transformou se no pice da educa o do corpo t cnicas e est ticas corporais com as quais a pessoa se constitui Nessa festa pude compreender as din micas estabelecidas pelos bororo para se constitu rem como grupo tnico e como pessoas N o portanto por acaso que na festa al m do Ritual de Nomina o batismo bororo e das dan as tradicionais Toro e Jure o futebol ocupe um lugar de destaque organizado como torneio entre os times da comunidade com a inte grac o de alguns jogadores visitantes mission rios No futebol como no Ritual de Nomina o a integra o de alguns n o ndios aos clas bororo tornando se paren tes acontece aos times da aldeia geralmente organizados a partir de rela es de parentesco As festas religiosas em diferentes grupos tnicos como grandes eventos agregam novos elementos aos rituais tradicionais e possibilitam muito mais que redimensionar simbologias e proporcionar alegria e prazeres com comidas dan as 3 Acondi o de membro de um grupo submete o indiv duo estrutura e aos conflitos insepar veis da diferencia o estrutural Contudo existe a distin o entre estrutura e communitas encon trando express o simb lica nos atributos culturais de liminaridade marginalidade e inferioridade juntos constituem a condi o humana no

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