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1. HALLIDAY M A K Explorations in the functions of language Londres Edward Arnold 1973 JAKOBSON R Linguistics and poetics In SEBEOK T A Style and language Cambridge MIT 1960 p 357 377 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 181 G NEROS TEXTUAIS KLEIMAN A MORAES S Leitura e interdisciplinaridade Cam pinas Mercado de Letras 1999 LEECH G N English in advertising Londres Longman 1966 Semantics Harmondsworth Penguim 1974 Lei de diretrizes e bases n 9 394 Bras lia 1996 NAGAMINI Eliana O discurso da publicidade no contexto escolar a constru o dos pequenos enredos In CITELLI Adilson org Outras linguagens na escola publicidade cinema e TV r dio jo gos inform tica S o Paulo Cortez 2000 p 39 80 Par metros curriculares nacionais ensino m dio bases legais Bra s lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o M dia e Tec nol gica 1999 linguagens c digos e suas tecnologias Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gi ca 1999 ci ncias da natureza matem tica e suas tecnologi as Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gica 1999 ci ncias humanas e suas tecnologias Bras lia Mi nist rio da Educa o Secretaria de Educa o M dia e Tecnol gica 1999 PLAT O SAVIOLI Francisco FIORIN Jos Luiz Li es de texto leitura e reda
2. O pai faleceu nos anos 80 e o livro s foi escrito em 2004 Como Gui lherme Fiuza poderia saber o que se passara na cabe a de uma pes soa que havia morrido h quase dez anos Outro detalhe que nos causa estranhamento a cita o de da tas e horas exatas O cap tulo intitulado Santa Clara esta o termi 148 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos nal come a com os indicadores precisos de tempo e espa o Copa cabana Rio 25 de outubro de 95 nove da manh p 103 Esse ca p tulo narra o dia da pris o de nosso personagem principal ou seja um fato que gerou documentos hist ricos Entretanto podemos nos perguntar como o autor pode ter tanta certeza da hora exata em que Jo o estava se dirigindo ao apartamento em que foi capturado Isso n o pode fazer parte de uma estrat gia utilizada para convencer o lei tor de que tudo que est sendo narrado aut ntico Podemos ent o afirmar que a obra em quest o pode ser con siderada um romance e como pretende ser uma narrativa hist rica podemos classific la como um romance testemunho O ATALHO DA ARTE Desejo ilimitado de liberdade H lderlin viveu num s culo de luzes na Alemanha num per odo em que era travada uma batalha entre Antigos e Modernos entre os que defendiam a imita o dos gregos e aqueles que pretendiam ul trapass los ou super los Na esteira de Kant e seguindo o ras
3. por esse motivo que as no es de certo e errado s podem ser estabeleci das em fun o do uso em determinado contexto 8 A produ o de textos uma atividade que se manifesta em g neros A sele o de um determinado g nero do discurso est inti mamente relacionada compet ncia textual Tal sele o balizada pelos objetivos de quem fala escreve Todos os textos n o est o or ganizados da mesma maneira Saber compor um texto uma habili dade socialmente adquirida Como em nossa sociedade as rela es sociais s o cada vez mais complexas natural que haja uma eleva o na quantidade e complexidade de g neros discursivos disposi o dos falantes por isso que os PCNs 1998 defendem que de ver da escola possibilitar ao aluno o contato com os mais variados g neros 9 A produ o de textos uma atividade que retoma outros textos Nossos discursos impl cita ou explicitamente dialogam com outros anteriormente produzidos O que temos na verdade uma teia de discursos que tamb m contribuem para a constru o do co nhecimento de mundo dos usu rios da l ngua Depois dessa reflex o acerca das caracter sticas do texto pas samos a discutir o que os estudos em Lingu stica Textual apontam como sendo as propriedades que caracterizam uma ocorr ncia lin gu stica como sendo um texto e n o um amontoado aleat rio de fra ses nesse sentido que se chegou ao conceito de textu
4. rias ora como di rio o protagonista sente se frustrado com sua falta de perspectivas Assim que acaba vendo na produ o de seu di rio uma forma de fugir de sua melanc lica vida de solteiro amanuense desta forma que ele justifica sua inicia o como escritor H dois meses comecei a registrar no papel alguns fragmentos de minha vida e noto agora que apenas o fa o em datas especiais Encontro uma explica o plaus vel minha vida tem sido insignificante e no seu curr culo ordin rio nem faz realmente por onde eu a perceba Habituei me s coisas e seres que incidem no meu trajeto usual da Secretaria para o caf e do caf para a Rua Er Tais seres e coisas pertencem por assim dizer ao meu sistema planet rio e entretido com eles na sua fei o mais ou menos constante vou tra ando quase que despercebidamente minha curva no tempo Anjos 2002 p 35 A narrativa do romance al m de possuir aspectos que lem bram um di rio apresenta anota es e di logos com o leitor que pa recem estar sem v nculos com o texto por m que se entrela am harmoniosamente durante a leitura A fragmenta o da narrativa tamb m aparece no romance e a din mica do relato fica totalmente a crit rio do narrador persona gem Belmiro quem escolhe qual acontecimento merece destaque e porque ele muitas vezes retoma assuntos j mencionados para enfa tiz los e justificar uma poss vel atitude ou falta de num determinado mom
5. Em um breve retrospecto sobre a Lingu stica Textual Koch e F vero discutem sobre a conceitua o e a relev ncia das gram ticas textuais definindo as como objeto que se prop e descrever de ma neira expl cita o texto ou o discurso 2002 p 17 Em rela o ao conceito de texto as autoras informam Os textos emp ricos individuais podem ser considerados como reali za es verbais textualiza o de sua textualidade Estas no es permi tem adotar a posi o de que os m dia de textualiza o podem adquirir formas variadas de tal modo que n o s os textos verbais mas tamb m pict rios arquitet nicos f lmicos ou quaisquer outras podem ser consi deradas como textos isto como manifesta es de uma textualidade 2002 p 20 21 Ao diferenciar texto e discurso elas concordam com Van Dijk ao afirmar que o segundo a unidade pass vel de observa o aquela que se interpreta quando se v ou se ouve uma enuncia o enquanto o primeiro a unidade teoricamente reconstru da subja cente ao discurso Al m disso este produto de v rios componen tes n o s gramaticais como estil sticos te ricos e esquem ticos etc F vero amp Koch 2002 p 24 Dito isso pode se compreender a afirma o de Koch no livro Desvendando os Segredos do Texto 2003 no qual ao tratar dos g neros do discurso informa que O contacto com os textos da vida cotidiana exercit
6. Na inten o de tornar a oferta do nosso Contrato de plano de sa de ainda mais transparente produzimos suas CONDI ES GERAIS bem como seus aditivos de forma clara e leg vel Com isso voc fica desde j ciente de todos os direitos e obriga es pertinentes CONTRATADA e aos CONTRATANTES muito importante que a leitura deste do cumento seja feita no ato da assinatura do TERMO DE ADES O que dever ser preenchido de forma integral e corretamente com informa es verdadeiras e completas caso contr rio o contrato poder ser anu lado conforme os termos no artigo n 766 e seu par grafo ltimo do C DIGO CIVIL BRASILEIRO ocorrendo a devolu o dos valores pa gos Se o segurado por si ou por seus representantes fizer declara es inexatas ou omitir circunst ncias que possam influir na aceita o da pro posta ou na taxa do pr mio perder o direito garantia al m de ficar o brigado ao pr mio vencido Contrato da empresa ASSIM p 4 Nesse exemplo o Eu comunicante pressup e uma suposta clareza na elabora o de seu enunciado Essa estrat gia estaria ocul tando macroato de linguagem se voc n o cumprir as especifica es desejadas pelo enunciador poder ser prejudicado quanto uti liza o dos servi os Na realidade o Eu comunicante tenta expor a figura de um Eu enunciador que poder ser desmascarada pelas suas 27 Na utiliza o da linguagem existem diferentes e
7. bastante claro e contempla o proposto pelos PCNs que um leitor competente sabe expressar por escrito seus sentimen tos experi ncias ou opini es portanto papel da escola criar opor tunidades para que os alunos escrevam textos diversificados e de a plica es pr ticas como os que circulam na sociedade 172 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos A partir da leitura o que se espera que o aluno parta da ati vidade simples da decodifica o mas que chegue a uma mais com plexa a atividade da compreens o Um leitor aprendiz necessita de orienta o para compreender um texto para perceber neste marcas de outros textos de diferentes pocas ou contempor neos Com o amadurecimento do leitor o pr prio consegue estabelecer rela es entre textos decifrar nas entrelinhas um di logo com outros textos A M DIA NA SALA DE AULA LEITURA Ao se propor trabalhar na aula de L ngua Portuguesa com tex tos oriundos do cotidiano por meio da m dia h que se levar em conta dessa forma uma atividade baseada em variados g neros tex tuais o que ali s parece bastante pertinente tendo em vista o j a presentado como orienta es dos PCNs para o ensino de l ngua ma terna Apesar de n o ser enfoque deste artigo a inser o do g nero na sala de aula cada vez maior Para tanto retomam se muitas ve zes te ricos como Bakhtin que t o bem explorou tal
8. mundos discursivos Bronckart 2007 distingue quatro mundos discursivos a Mundo do Expor implicado b Mundo do Expor aut nomo c Mundo do Narrar implicado e d Mundo do Narrar aut nomo Para a compreens o desses mundos discursivos necess rio inicialmente tecer algumas considera es sobre os dois subconjuntos de opera es que ancoram as suas constru es Para o autor o primeiro sub conjunto de opera es explicita a rela o existente entre as coorde nadas gerais do mundo ordin rio no qual a a o de linguagem de que o texto se origina desenvolvida Enquanto o segundo est especi almente interligado de um lado ao relacionamento entre as v rias inst ncias de agentividade personagens institui es etc e sua ins cri o espa o temporal exatamente como s o mobilizadas em um texto e por outro lado aos par metros f sicos da a o de linguagem em curso agente produtor alocut rio eventual e espa o tempo de produ o O autor resume as opera es de constru o das coordenadas gerais que organizam o conte do tem tico mobilizado em um texto em uma decis o de car ter bin rio Ou seja essas coordenadas po dem ser apresentadas como disjuntas das coordenadas do mundo ordin rio da a o de linguagem ou n o ocorrendo esse distancia mento de forma expl cita atrav s de uma origem espa o temporal as coordenadas apresentam se como conjuntas s da a o de lin guage
9. ndice Geral de Pre os Dis ponibilidade Interna IGP DI da Funda o Get lio Vargas FGV 8 O Eu comunicante reporta se ent o a entidades como a AMB ou a FGV buscando demonstrar estar em conson ncias com todas as especificidades estipuladas por essas entidades Exemplo 6 2 1 O presente Contrato de Opera o de Plano Privado de Assist n cia Sa de reveste se de caracter stica bilateral gerando direitos e obri ga es individuais para as partes na forma do disposto nos artigos 1 092 e 1 093 do C digo Civil Brasileiro considerando se ainda esta aven a como um Contrato Aleat rio regulado pelos artigos 1 118 e 1 121 do mesmo c digo assumindo o a CONTRATANTE o risco de n o vir a existir a cobertura da referida assist ncia pela incoer ncia do evento do qual ser gerada a obriga o da CONTRATADA em garanti la Outros sim este Contrato sujeita se s normas estatu das na Lei Federal n 9 656 98 e legisla o espec fica que vier a suced la Contrato da em presa Real Doctor p 37 28 A FGV uma institui o privada sem fins lucrativos que visa discuss o dos principais pro blemas relacionados ao desenvolvimento do pa s Essa institui o foi fundada em 1944 e teve como presidente o ent o presidente Get lio Vargas Site www wikipedia org Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 193 G NEROS TEXTUAIS No exemplo 6 o Eu comunicante estaria se reportando a insti tui es como o C dig
10. nicia a sua leitura passa a ler como se fosse um romance porque tra os liter rios d o vitalidade romanesca ao livro Sem esses ele mentos ficcionais a sua tarefa seria enfadonha De fato a verdade vem temperada pela subjetividade pela invers o no tempo por inter rup es na narra o para contar hist rias passadas por figuras e i magens A est ria gera sempre uma hist ria Por m a narra o de qualquer hist ria s pode ser feita parcialmente de forma fragment ria e incompleta imposs vel extrair todos os elementos de uma his t ria todos os seus detalhes todos os seus pontos de vista Toda nar ra o sup e sele o supress es subordina o de um detalhe em re la o a outro repeti es varia es de tons enfim uma s ria de ele mentos construtivos que fazem parte da imagina o A forma como a hist ria ser contada est relacionada ao sentimento particular que o escritor quer conferir ao fato acontecido Nas palavras de Hayden White A maioria das sequ ncias hist ricas pode ser contada de in meras maneiras diferentes de modo a fornecer interpreta es diferentes daque les eventos e a dot lo de sentidos diferentes White 2001 p 101 No romance de Guilherme Fiuza encontramos de fato dados que n o podem ser comprovados como o pensamento do pai de Jo o Guilherme Estrella em 1970 Mas n o consegue parar de imaginar o que o pequeno Jo o Guilherme estaria fazendo quela hora
11. o autor j que ele respons vel pela uni dade da escrita e de seus acontecimentos por m o vazio deixado pe la morte do autor preenchido pela categoria em quest o que se constr i em dialogo com a obra Dando continuidade ao pensamento de Foucault Barthes afirma que a escritura a destrui o de toda a voz de toda a origem A escritura esse neutro esse composto aonde foge nosso sujeito o branco e preto aonde vem se perder toda iden tidade a come ar pela do corpo que escreve Klinger 2007 p 34 Entretanto nos dias atuais o autor n o pode mais ser ignora do visto que ele parte decisiva na an lise de uma obra ficcional ou n o A identidade do autor e sua vida real s o constantemente invo cadas para justificar a escritura de determinada obra ou a abordagem de um assunto Segundo Klinger 2007 p 38 o que surge n o se trata da figura sacrossanta do autor n o seria um retorno do sujeito pleno no sentido moderno cartesiano mas haveria um deslocamento nas pr ticas contempor neas da literatura do eu a primeira pessoa se 30 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos inscreve de maneira paradoxal num quadro de questionamento da i dentidade A forma o da identidade um t pico que h muito est con tido nas an lises dos pensadores e literatos Segundo Helmut Galle 2006 na teoria de Paul Ricouer a identidade de um
12. pois deixa o texto pr ximo ntimo do leitor Essa diminui o do g nero explicada por seus postuladores em virtude da efemeridade do tratado ou seja o fato de ser datada torna prec ria a sua sobrevi da H tamb m a quest o do pouco tempo para se trabalhar o texto uma vez que a cr nica um g nero de publica o peri dica Apesar da coer ncia desse ltimo argumento o primeiro h muito n o se sustenta pois embora a cr nica verse em geral sobre quest es de seu tempo a depend ncia ou obrigatoriedade factual j teria sido abandonada desde os cronistas da d cada de 30 como Ru bem Braga por exemplo que preferiam enveredar por uma divaga o subjetiva e l rica Se a cr nica fenecesse ao nascer de um novo dia como se explicaria o sucesso de in meras colet neas 22 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Linqu sticos No texto Ensaio e Cr nica Afr nio Coutinho assim a define G nero liter rio de prosa ao qual menos importa o assunto em geral ef mero do que as qualidades de estilo a variedade a finura e arg cia na aprecia o a gra a na an lise de fatos mi dos e sem import ncia ou na cr tica de pessoas 2003 p 121 Em seguida comenta o rebaixamento do g nero a um degrau inferior T o caracter stica a intimidade do g nero com seu ve culo natural que muitos cr ticos se recusam a ver na cr nica a despeito da voga de q
13. SCHWARZ Roberto Sobre O amanuense Belmiro In O pai de fam lia e outros estudos 2 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 p 11 19 SUSSEKIND Flora Literatura e vida liter ria pol micas di rios e retratos Rio de Janeiro Jorge Zahar 1985 VAZ Carlos A desconstru o do vazio Di rio de leitura da obra M quina Royal de Pompeu M Martins www editoralabirinto com pdflabirinto cvroyal pdf Acesso em 26 de janeiro de 2007 VIEGAS Ana Claudia A inven o de si na escrita contempor nea In JOBIM Jos Luis amp VELOSO Silvano org Identidade e literaturas Rio de Janeiro Casa Doze edi es Roma Universidade de Roma La Sapienga 2006 p 11 24 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 41 G NEROS TEXTUAIS A HETEROGENEIDADE TIPOL GICA NO GENERO EDITORIAL Irislane Rodrigues Figueiredo UFES irisfigueiredo O hotmail com CONSIDERA ES INICIAIS Grandes s o as contribui es da Lingu stica Textual LT pa ra o ensino de l ngua materna especialmente no que se refere aos g neros textuais Atrav s deles podemos identificar marcas lingu sti cas e discursivas que abrem caminho para as mais diversas an lises textuais Al m de possibilitar a diferencia o dos g neros textuais quanto aos dom nios discursivos e a situa o comunicativa a LT ga rante uma abertura ao trabalho de aperfei oamento da criticidade do aluno atrav s da composi o de textos a partir das v
14. aos poucos est tomando o lugar de o Sr em rela es familiares e intera es face a face informais O pronome tu sobrevive em contextos e em condi es singu lares por um lado vigora no interc mbio social comum em poucas regi es do Pa s extremo Sul e alguns pontos da regi o Norte com verbo na 2 pessoa por outro vige particularmente em estratos po 100 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos pulares com verbo na 3 pessoa Martins destaca as particularidades concernentes ao emprego do possessivo que acompanha as expres s es de tratamento utiliza se Vossa Majestade Alteza em rela o 2 pessoa isto ao interlocutor e Sua Majestade Alteza em correspond ncia 3 pessoa ou seja de quem falamos logo ao re ferente Abre se par ntese para incluir a observa o de Evanildo Be chara 1999 p 186 relativa ao tema utilizando se as formas de tra tamento do tipo de Vossa Excel ncia Vossa Senhoria onde surge a express o possessiva de 2 pessoa do plural a refer ncia ao possui dor se faz modernamente com os termos seu sua ou seja com pos sessivo de 3 pessoa do singular e n o com vosso vossa possessivo de 2 pessoa do plural Vossa Excel ncia conseguiu realizar todos os seus prop sitos Fecha se par ntese com a ressalva de Celso Cunha 1985 p 283 quanto Sua Excel ncia Senhoria pode usar
15. gicos e Lingu sticos A ARQUITETURA TEXTUAL DE SANTINHOS POL TICOS Priscila Lopes Viana UFMG priscilaviana Olive com Janice Helena Chaves Marinho UFMG INTRODU O Para analisarmos os elementos caracterizadores do g nero textual santinho pol tico um dos meios pelos quais os candidatos a cargos pol ticos apresentam se ao eleitorado brasileiro recorre mos ao modelo de an lise de textos do Interacionismo Sociodiscur sivo Bronckart 1994 2007 Bronckart 1999 prop e que todo texto organizado em tr s n veis camadas superpostos e em parte interativos que constituem o folhado textual 1 a arquitetura interna dos textos 2 os meca nismos de textualiza o e 3 os mecanismos enunciativos Essa di vis o de n veis de an lise concebida pelo autor como necessidade metodol gica para se desvendar a complexidade da organiza o tex tual Na hierarquia do autor a arquitetura interna dos textos seria o n vel mais profundo Constitui se pelo a plano geral do texto pelos b tipos de discurso pelas c modalidades de articula o entre seus tipos de discurso e pelas d sequ ncias que casualmente aparecem no plano geral do texto No n vel intermedi rio estariam os meca nismos de textualiza o constitu dos pela a conex o b coes o nominal e c coes o verbal No ltimo n vel o mais superficial estariam os mecanismos de responsabiliza
16. gritando de uma s voz temerosa Acataremos teu ato Benevolente Sult o 43 44 H no co texto pistas que preparam o leitor para entender a transgress o do sentido literal da forma de tratamento em destaque centradas nos determinantes dos sintagmas nominais cenho terr vel pertinente ao Sult o e voz temerosa respeitante aos s ditos Incu tir terror nos outros n o corresponde ao padr o comportamental de um benfeitor mas ao prot tipo de algu m mal volo 2 Na pesquisa escolhe se o emprego do termo co texto para se referir ao ambiente verbal da unidade ling stica cf Charaudeau amp Maingueneau 2004 p 127 e contexto para se remeter situa o de comunica o Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 105 G NEROS TEXTUAIS O par grafo subsequente refor a a crueza sultanesca demons trando sua disposi o em ferir matar destruir qualquer um que de sobede a s suas ordens Satisfeita Sua Fulminante Majestade decreta ainda que doravante todos os seres humanos minerais vegetais e animais est o proibidos de olhar as orelhas de Leila sem sua permiss o dele Sult o e que aquele que ousar toc las ainda que com a imagina o ver sua cabe a rolar 44 Paralelas s express es de tratamento que desenham o car ter impiedoso do Sult o encontram se as que marcam seu poder as que refletem seu desejo imoderado de atrair admira o ou homenagens e as que representam seu modo de viver na
17. m um papel articulador na continuidade do texto uma vez que p e em cadeia dois segmentos que ser o interpretados como equivalentes p 102 Segundo a Autora 2005 os hiper nimos s o mais frequentes nos textos porque apresentam uma ver satilidade maior quanto inequ voca equival ncia de refer ncia que podem assumir p 102 Essa versatilidade dos hiper nimos poderia ser explorada em v rios pontos do nosso corpus autom vel e ve culo poderiam retomar carro funcion rio e empregado poderiam retomar gar om e continente poderia retomar Am rica No entanto nenhuma dessas possibilidades foi selecionada pelos alunos 74 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos N o obstante outras escolhas feitas por nossos alunos mos tram que o recurso da substitui o por hiper nimos realmente pro dutivo No texto 2 por exemplo Super Homem Mulher Maravilha e Homem Aranha foram recategorizados pelos seguintes hiper ni mos os her is 04 ocorr ncias os super her is 10 02 ocorr n cias e os personagens 01 ocorr ncia Ou seja sete entre dez alu nos optaram por empregar um hiper nimo para retomar os referentes apresentados na frase anterior 10 Meu irm o ca ula escreveu uma hist ria em que apareciam o Super Homem a Mulher Maravilha e o Homem Aranha Na hist ria os her is c
18. o S o Paulo tica 1996 SANDMANN Ant nio Jos A linguagem da propaganda T ed S o Paulo Contexto 2003 SANTANNA Armando Propaganda teoria t cnica e pr tica 7 ed S o Paulo Pioneira Thomson Learning 2002 VESTERGAARD Torben SCHRODER Kim A linguagem da propaganda 3 ed S o Paulo Martins Fontes 2000 182 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos OS SUJEITOS DA ENUNCIA O DO G NERO DISCURSIVO CONTRATO DE EMPRESA DE SA DE QUEM S O Hilma Ribeiro de Mendon a Ferreira UERJ hilmaribeiror yahoo com br A comunica o envolve riscos Charaudeau a firma que o ato de comunicar se uma aventu ra no sentido de que pode resultar em sucesso ou em fracasso Teda de Oliveira A NATUREZA DA ENUNCIA O VERBAL Para analisar a rela o entre os sujeitos nos textos que com p em o corpus dessa pesquisa vale se primeiramente entender a na tureza da linguagem de acordo com sua utiliza o pelos indiv duos Para isso pretende se verificar como se d o processo de comunica o e de que forma os seus componentes se relacionam As pesquisas acerca da comunica o humana revelam que o elemento propiciador da liga o entre a l ngua e o mundo o que es ses estudos denominam por enuncia o verbal O termo enuncia o foi cunhado primeiramente pela Filosofia e posteriormente ga nhou uma nova abordagem na Li
19. o a que pudemos chegar com a realiza o da pesquisa que apenas no texto observados os sentidos pretendidos e as inten es dos usu rios que se poder decidir qual o recurso mais adequado para se obter determinado efeito Ou seja apenas no texto se poder efetivamente escolher entre repetir uma palavra ou substitu la por um pronome um sin nimo ou uma elipse A crescen te consci ncia dessas escolhas lingu sticas decorre justamente do de senvolvimento da compet ncia comunicativa Assim exerc cios de classifica o metalingu stica ou de substitui o em frases descont nuas pouco t m a oferecer aos nossos estudantes REFER NCIAS ANTUNES Irand Lutar com palavras coes o e coer ncia S o Paulo Par bola 2005 BAKHTIN Mikhail Os g neros do discurso In Est tica da cria o verbal 3 ed Trad Feita a partir do franc s por Maria Er mantina Galv o S o Paulo Martins Fontes 2000 BRASIL Par metros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental l ngua portuguesa Secretaria de Educa o Fundamental Bras lia MEC SEF 1998 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 81 G NEROS TEXTUAIS F VERO Leonor L amp KOCH Ingedore G V Ling stica textual uma introdu o 6 ed S o Paulo Cortez 2002 FIORIN Jos L A linguagem em uso In org Introdu o ling stica I objetos te ricos 3 ed S o Paulo Contexto 2004 HALLIDAY M A K am
20. o acrescentada a o e a a o tudo No s culo XX Foucault ao declarar a morte do autor na literatura e o apaga mento do homem concede novos elementos desconstru o do su jeito Essa id ia seguida por Barthes que pensa no sujeito como Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 29 G NEROS TEXTUAIS signo vazio o sujeito apenas um efeito da linguagem Klinger 2007 p 32 Barthes 1988 p 65 afirma que a morte do autor acontece tanto no momento em que algum fato contado quanto escrito A escritura a destrui o de toda voz de toda a origem A escritura esse neutro esse composto esse obl quo aonde foge o nosso sujeito o branco e preto onde vem se perder toda identidade a come ar pela do corpo que escreve Baseada em Melo Miranda 1992 p 93 Diana Klingler 2007 afirma que Com o intuito de evitar a sacraliza o burguesa da figura do autor a teoria herdeira desta concep o do sujeito o formalismo russo o new criticism passa a conceber a literatura como um vasto empreendimento an nimo e como propriedade p blica em que escrever e ler s o percur sos indistintos autor e leitor pap is intercambi veis nesse universo onde tudo escrita 2 Retomando Foucault o autor n o uma parte da obra que possa ser t o facilmente descartada para ele a pr pria concep o de obra e sua unidade dependem desta categoria O que o ensa sta suge re a concep o da fun
21. o da pessoa do candidato ao cargo de prefeito parte 1 b a compet ncia de Chico como administrador parte 2 c suas a es como vereador parte 3 d apresenta o de caracteres da vida pessoal e profissional do candida to a vice prefeito parte 4 e oque os candidatos far o se forem eleitos parte 5 f interpela o aos eleitores para que votem nesses candidatos parte 6 g como e para quem trabalh o em seus mandatos parte 7 h mais interpela es parte 8 i o apoio de um deputado federal parte 9 Santinho B 1 Eleitor e Eleitora de Presidente Bernardes 2 A verdade est na s ntese coletiva que fomos capazes de tirar dos nossos encontros os nossos projetos de mudan a 3 Quantas vezes voc s pensaram em come ar tudo de novo Quan tas vezes o des nimo aconchegou em seu cora o por ver tantas injusti as e teve a vontade de abandonar tudo s vezes a revolta apoderou se do seu ntimo por sentir se impotente em situa es dif ceis Quantas ve zes o poder p blico imp s sua vontade e o seu representante legal eleito com seu voto nada fez para amenizar o impacto de uma medida pol tica sempre em detrimento da sua vontade Voc s est o satisfeitos com tudo que nos rodeia Est chegando o momento de renovar 4 preciso usar sua arma seu voto de grande valor para mudar as coisas que voc s desejam e precisa ser mudado Pense no amanh Acredite que nesses tr s meses de c
22. o dos produtores dos textos de interagir com os alocut rios de forma a gerar uma atmosfera de intimidade com seu p blico alvo Embora outras an lises de outros santinhos de nosso c rpus mostrarem que muitas vezes as escolhas lingu sticas dos produtores dos textos desse g nero levam cria o de outros mundos discursi vos temos verificado certa recorr ncia em santinhos de candida tos a cargos de vereador e prefeito de cidades do interior de Minas Gerais da constru o do tipo lingu stico discurso interativo Essa recorr ncia tem nos indicado que os alocut rios desses santinhos estejam provavelmente influenciando a elabora o dos textos pois no contexto dessas cidades todos os cidad os frequen temente se conhecem pessoalmente ou por ouvir dizer Nesse sentido construir um mundo do expor aut nomo que corresponde ao discurso te rico ao inv s do mundo do expor im plicado poderia em alguma medida n o atingir esse p blico especi fico visto que no discurso te rico n o se interpela os alocut rios Ao contr rio no discurso te rico pretende se construir um discurso da verdade no qual uma voz que se afasta das inst ncias de agenti vidade afirma as qualidades do pol tico Enfim resta nos ressaltar que a an lise realizada traz algumas caracter sticas de como se d a tradu o do arqu tipo mundo do expor implicado e em menor grau do mundo do narrar imp
23. o entre o que pode ou deve ser dito e o que n o deve ou n o ne cessita ser dito As estrat gias de processamento textual s o de grande perti n ncia na evolu o da Lingu stica Textual Assim como Koch 1997 outros estudiosos dos fen menos lingu sticos entre eles Van Dijk 1981 1992 Marcuschi 1997 ao ampliarem a no o de texto e contexto atrav s de modelos estrat gicos situacionais cognitivos pragm ticos contribuem e ampliam a vis o de l ngua Esta enfoca da por eles como uma atividade sociointeracional em cujo estudo s o levados em considera o as a es dos usu rios em situa o de interlocu o como tamb m sua cultura tradi o uso costume roti na e conhecimento de mundo Do ponto de vista te rico portanto o fen meno em estudo produ o textual escrita na escola tratado numa perspectiva inte racionista tendo se como conceito central a no o de estrat gias em um sentido mais amplo que empregada para designar quaisquer marcas lacunas meios ou recursos utilizados nos textos para estabe lecer sentido e interlocu o PRODU O TEXTUAL ESCRITA NA ESCOLA A atividade de produ o textual no sistema escolar ainda ho je est sustentada pelo discurso oral do professor que concretiza uma forma de organiza o pr pria de um modelo social de ensino reflexo de concep es constru das ao longo da sua hist ria Assim o processo de escrita na escola torna se uma
24. o enunciativa os quais cooperam mais para o estabelecimento da coer ncia pragm tica ou interativa do texto pois al m de contribu rem para o esclarecimen to dos posicionamentos enunciativos traduzem as v rias avalia es em rela o ao conte do tem tico Neste estudo a an lise se voltar para a arquitetura textual de textos de santinhos pol ticos cujo g nero at onde nos foi poss vel perceber n o tem sido foco de estudos lingu sticos Todavia devido impossibilidade de estendermos muito nosso texto n s fo Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 9 G NEROS TEXTUAIS calizaremos o plano geral e os tipos de discurso de dois exemplares do g nero Os dois santinhos selecionados fazem parte de um c rpus coletado nas campanhas eleitorais do ano de 2004 Trata se portan to de santinhos de dois candidatos que concorreram ao cargo de prefeito juntamente com seus respectivos vices em cidades interio ranas do estado de Minas Gerais no ano de 2004 PRESSUPOSTOS TE RICOS E METODOL GICOS A arquitetura interna dos textos Como afirmamos acima Bronckart 2007 coloca a arquitetu ra textual no n vel mais profundo do folhado textual Essa arquite tura constitu da pelo a plano geral do texto pelos b tipos de dis curso pelas c modalidades de articula o entre seus tipos de dis curso e pelas d sequ ncias que casualmente aparecem no plano ge ral do texto O plano geral
25. ria sustenta uma argumenta o ic nico lingu stica que leva o consumidor a convencer se consciente ou inconscientemente Santanna 2000 por sua vez defende que embora sejam u sados como sin nimos os voc bulos publicidade e propaganda n o significam rigorosamente a mesma coisa Publicidade deriva de p blico do latim publicus e designa a qualidade do que p blico Significa o ato de vulgarizar de tornar p blico um fato uma id ia Propaganda definida como a propaga o de princ pios e teorias Foi traduzida pelo Papa Clemente VII em 1597 quando fundou a Congrega o da Propaganda com o fito de propagar a f ca t lica pelo mundo Seria ent o a propaga o de doutrinas religiosas ou princ pios pol ticos de algum partido Sandmann em seus estudos mostra que A palavra propaganda no ingl s usada exclusivamente para a propaga o de id ias especialmente pol ticas tendo muitas vezes uma conota o depreciativa sendo que para a propaganda comercial ou de servi os se usa o termo advertising Em portugu s publicidade usado para a venda de produtos ou servi os e propaganda tanto para propaga o de id ias como no sentido de publicidade Propaganda portanto o termo mais abrangente e o que pode ser usado em todos os sentidos Sandmann 2003 p 10 O professor ciente de que o texto em sala de aula deve ser produzido a partir do efeito objeto desejado assim como na publici dad
26. rio as formas referem se posi o social ocupada por um determinado sujeito interlocutor em A Odalisca e o Elefante g nero liter rio elas ultrapassam isso Aludem sobre tudo aos caracteres do Sult o revelados passo a passo pela voz do narrador A cada momento portanto o leitor conhece mais uma de suas facetas e s no final da obra consegue re compor a imagem o ethos sultanesco Patrick Charaudeau amp Dominique Maingueneau 2004 p 220 esclarecem que ethos um termo emprestado da ret rica antiga designa a imagem de si que o locutor constr i em seu discurso para exercer uma influ ncia sobre seu alocut rio A An lise do Discurso n o restringe a aplica o do termo a enunciados orais rela o pre sencial entre um orador e sua plat ia por exemplo estende a aos textos escritos rela o n o presencial entre um sujeito que se situa para al m texto mas sustenta o com sua voz e um leitor Adotar o conceito de ethos na pesquisa implica considerar a cena liter ria um escritor dirigindo se ao leitor A leitura s poder realizar se com esse quadro c nico na mente pois o discurso liter rio 18 Segundo Catherine Kerbrat Orecchioni apud Charaudeau amp Maingueneau 2004 p 194 na concep o ampla a ling stica da enuncia o visa a descrever as rela es que se tecem entre o enunciado e os diferentes elementos constitutivos do quadro enunciativo A ling stica da
27. sentidos sobre os enunciados criando obriga es e atribui es de pap is em defesa de um argumento O modo como o autor seleciona e distribui as a es enqua dradas funciona como sistema de refer ncia cronol gica e por que n o dizer um sistema ideol gico j que a narra o contada a partir de uma determinada perspectiva Em muitos casos o quadrinhista exp e proposi es e atitudes defendidas pelos personagens em uma perspectiva ridicularizante ou contradit ria do ponto de vista da e nuncia o Cabe ao analista observar os contrastes e as pistas proje tadas na representa o constru da pela linguagem ic nica e pelos e nunciados verbais O g nero tira de humor faz parte da linguagem gr fica publi cada nas colunas jornal sticas Sua linguagem apresenta semelhan as e diferen as com as charges e os cartuns na maneira de abordar as suntos pol micos da vida social Enquanto a charge tem como alvo as mazelas sociais de express o datada representando de forma cr ti ca as celebridades do mundo da pol tica dos esportes e do cen rio art stico o cartum trata de temas mais universais atacando problemas relacionados aos valores e atitudes dos seres humanos diante de de terminadas situa es no cotidiano A abordagem dos temas tratados pelos cartuns ultrapassa o seu tempo ele pode ser lido em uma po ca mais distante do seu contexto de produ o visto que sua formula o estabelece cr ticas de teor mais
28. 1 200 saquinhos e sendo costurados dentro de quatro casacos O cap tulo intitulado Santa Clara esta o terminal narra es sa captura nas suas min cias desde data hora localiza o exata do apartamento at mesmo detalhes da tritura e armazenamento da droga Al m desses detalhes t cnicos podemos perceber que a escri ta desse cap tulo foi particularmente elaborada cuidadosamente teci da j que no seu in cio tudo nos remete vida alegria s luzes Come ava mais um dia de ver o na primavera carioca daqueles em que o azul estourado pela luz solar varre da cidade os meios tons Jo o acordava cedo e especialmente bem disposto N o cheirava havia alguns dias portanto podia encarar aquela luminosidade indecente sem sentir como se espadas atravessassem seus olhos Nem culos escuros colo cou Depois faria o que todo carioca com um m nimo de ju zo e respon sabilidade deveria fazer numa quarta feira radiante como aquela iria praia Fiuza 2004 p 103 e 104 Tudo isso se passou alguns minutos antes de ser surpreendido pela entrada de oito policiais federais no apartamento em que a droga estava estocada Inicialmente Jo o achou que pudesse comprar a 152 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos sua liberdade corrompendo os policiais Por m aos poucos foi ad quirindo consci ncia e percebeu que dessa vez esses profissionais n o esta
29. 2002 p 7 Massaud Mois s as sinala em A Cria o Liter ria que a cr nica alcan ara o pice de pois do s culo XII na Fran a Inglaterra Portugal e Espanha quan do se aproximou da Hist ria mostrando acentuados tra os de fic o liter ria A partir da Renascen a o termo cr nica teria cedido vez Hist ria e uma vez liberto da conota o hist rica o voc bulo passou a se revestir do sentido liter rio a partir do s culo XIX para final mente encontrar seu significado jornal stico 1979 p 245 Apon tando o cotidiano como assunto nico do g nero Mois s acredita que mesmo ao serem publicadas em livro as cr nicas s o textos fu gazes que n o det m a durabilidade do romance ou do conto Resumindo enquanto Coutinho em defini o anteriormente citada d nfase ao aspecto estrutural C ndido chama a aten o pa ra a leveza do coment rio Sob perspectiva diversa S aponta a am biguidade do foco narrativo e Mois s sublinha o car ter jornal stico do g nero Quanto aos subg neros identificados a variedade tamb m se revela Candido sugere quatro ao longo de A vida ao r s do ch o 1992 24 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Cr nica Di logo quando o cronista e seu interlocutor se revezam trocando pontos de vista e informa es ex Carlos Drummond Fernando Sabino Cr nica Narrativa quando aprese
30. A Tri buna em Minas Gerais no ano de 1933 composto basicamente por confiss es de um t mido que por n o conseguir se adaptar a uma metr pole em franco desenvolvimento a Belo Horizonte dos anos 30 a 40 resolve registrar num di rio ntimo os dias de sua vida re fletindo sobre as pessoas ele mesmo e os acontecimentos que o en volvem O fato de originalmente o texto ter sido escrito sob a forma de cr nica passar pelas mem rias e terminar em forma de di rio ca racteriza o total descompromisso do autor com um g nero definido e enfatiza o car ter desordenado e desenraizado do narrador protagonista Belmiro Borba A respeito desse passeio pelos g neros o pr prio protagonista diz ao reexaminar algumas de suas notas que j de in cio se com promete com seu plano de ir registrando lembran as de uma poca long nqua e recompor o pequeno mundo de Vila Cara bas t o suges tivo para um livro de mem rias Anjos 2002 p 39 Contrariando sua id ia inicial come a a despontar a constru o de um di rio e ele tamb m percebe isso e afirma Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 37 G NEROS TEXTUAIS Vejo que sob disfarces cavilosos o presente se vai insinuando nes tes apontamentos e em minha sensibilidade e que o passado apenas apa rece aqui e ali em evoca es ligeiras suscitadas por sons aromas ou co res que recordam coisas de uma poca morta Anjos 2002 p 39 A verdade que o g ne
31. CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos MEU NOME NINGU M A FOR A DO TR GICO NUMA NARRATIVA QUE LIDA COM EXCLU DOS Martha Sert Padilha msertapadilha Guol com br LUZ QUE BRILHA NA ESCURID O A literatura de vanguarda dominou grande parte do s culo XX no Brasil A Semana de Arte Moderna representou um marco na hist ria da Literatura Brasileira e balizou a obra de muitos escritores que aceitaram as regras estabelecidas pelos modernistas A partir dos anos 80 com o fim da ditadura abriu se um grande leque de op es e surgiram in meras vertentes liter rias Nesse contexto surgiu espa o para o crescimento de g neros consi derados at ent o marginais Com a entrada do s culo XXI uma nova tem tica apareceu a realidade dos exclu dos entre eles favelados traficantes presidi rios meninos de rua A figura deles fora explorada na poca conhe cida por n s como pr modernismo Euclides da Cunha Jo o do Rio Lima Barreto j haviam focalizado classes consideradas marginais Al m disso durante o per odo conhecido como modernismo escrito res como Jorge Amado Clarice Lispector Guimar es Rosa Gracili ano Ramos entre outros tamb m elegeram temas relacionados ao mundo dos exclu dos Por m nos nossos dias percebemos uma forma diferente da abordagem destes protagonistas da exclus o Anteriormente a lite ratura mostrava essas pesso
32. CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos que a apropria o dos g neros um mecanismo fundamental de so cializa o de inser o pr tica nas atividades comunicativas huma nas conforme Bronckart 1999 apud Marcuschi 2003 p 29 e e les operam em certos contextos como formas de legitima o dis cursiva j que se situam numa rela o s cio hist rica com fontes de produ o que lhes d o sustenta o muito al m da justificativa indi vidual Marcuschi 2003 p 29 Em rela o aos g neros ainda esse estudioso informa que pode ocorrer a intertextualidade interg neros um g nero com a fun o de outro e a heterogeneidade tipol gica sobre a qual abordare mos mais nos t picos seguintes AS TIPOLOGIAS TEXTUAIS De acordo com Caroline Marra 2006 enquanto os g neros se referem esfera maior a das atividades humanas os tipos fazem refer ncia materializa o da textualidade ou seja maneira pela qual os textos se concretizam Para essa pesquisadora cada tipo de texto instaura uma forma de intera o um modo de rela o entre os interlocutores Portanto o pr prio dizer tipificante Travaglia a pud Marra 2006 p 2 Conforme o posicionamento que o produtor textual julga ne cess rio e a imagem que ele faz do receptor do texto se definir o quais os tipos condizentes com a situa o comunicativa e a rela o estabelecida en
33. Conforme tivemos a oportunidade de dizer em outro momen to Paredes Silva 2003 comprovou em sua pesquisa que o empre go da elipse bastante recorrente nos casos em que tivermos um grau timo de continuidade t pica caracterizado pela perman ncia na fun o de sujeito do mesmo referente t pico no mesmo plano discursivo manifestado pela manuten o do sistema de tempo aspecto modo verbal Paredes Silva 2003 p 105 Esse contexto favor vel ao uso da elipse p de ser observado no texto 3 No entanto dos dez alunos apenas dois empregaram esse recurso coesivo Transcrevemos os exemplos abaixo 16 O gerente pediu desculpas pela falha e disse que n o sabia o que estava acontecendo e afirmou que cuidaria pessoalmente do pedido Ele garantiu que n o iria nunca mais voltaria a acontecer Vitor 12 a nos 7 ano 11 Nesses exemplos o zero marca a elipse 76 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos 17 O dono do restaurante pediu desculpas pela falha e disse que n o sabia o que estava acontecendo E o dono afirmou que cuidaria pessoal mente do pedido e garantiu que isso nunca mais voltaria a acontecer Mateus 12 anos 7 ano Os recursos da sele o lexical Dois conceitos oriundos de pesquisas estruturalistas pioneiras contribu ram decisivamente para o estudo das rela es estabelecidas entre as palavras de uma l ngua prec
34. In LINS M da Penha P YACOVENCO Lilian Coutinho Org Caminhos em lingu sti ca Vit ria NUPLES DLL UFES 2002 p 411 417 ARA JO C ntia R de Editorial um g nero textual Artigo Dis pon vel em http www letras ufmg br sevfale Sevfaleprograma 2007 pdf Acesso em setembro 2007 O dom nio discursivo do jornalismo escrito um estudo so bre o editorial Disserta o Mestrado Belo Horizonte PUC MG 2002 BAKHTIN Mikhail Os g neros do discurso In Est tica da cria o verbal Tradu o M Ermantina Galv o G Pereira S o Paulo Mar tins Fontes 2000 p 277 287 F VERO Lernor Lopes KOCH Ingedore G Vilha a Lingu stica textual introdu o 6 ed S o Paulo Cortez 2002 S rie Gram tica portuguesa na pesquisa e no ensino 9 KOCH Ingedore G Vilha a Argumenta o e linguagem S o Pau lo Cortez 2006 1984 Desvendando os segredos do texto 2 ed S o Paulo Cortez 2003 p 13 19 e 53 60 52 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos MARRA Caroline Cardoso G nero discursivo e tipologia textual duas faces de uma mesma moeda Dispon vel em Arquivo pessoal file E Minguistica livrolartigoslhtmiMt carolinemarra htm Acesso em ago 2008 MARCUSCHI Luiz Ant nio G neros textuais defini o e funcio nalidade In DIONISIO ngela Paiva MACHADO Anna Rachel e BEZERRA M Auxiliadora Orgs G
35. Luiz Ant nio A quest o do suporte dos g neros tex tuais In DLCV L ngua ling stica e literatura Jo o Pessoa vol I n 1 p 9 40 2003 An lise da conversa o S o Paulo tica 2003 G neros textuais defini o e funcionalidade In Dion sio Angela Paiva Machado Anna Rachel Bezerra Maria Auxiliadora Org G neros textuais amp ensino Rio de Janeiro Lucerna 2002 MENDON A M rcia Rodrigues de Souza Um g nero quadro a quadro a hist ria em quadrinhos In DIONISIO ngela Paiva MACHADO Anna Rachel amp BEZERRA Maria Auxiliadora orgs G neros textuais amp ensino Rio de Janeiro Lucerna 2002 POSSENTI S rio Os humores da l ngua an lises lingu sticas de pi adas Campinas Mercado de Letras 1998 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 167 G NEROS TEXTUAIS O TEXTO PUBLICIT RIO ORDEM PERSUAS O E SEDU O NA SALA DE AULA Cl zio Roberto Gon alves USP PUC MG CEFET MG ENSINO DE L NGUA PORTUGUESA E PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS Trabalhar l ngua materna apresenta se como um vast ssimo leque de possibilidades em virtude dos infinitos caminhos abertos a partir de textos N o se pode mais conceber o ensino de uma l ngua restrita a seus aspectos gramaticais por mais amplos e complexos que sejam Aprender uma l ngua vai al m da compet ncia gramatical Por que ensinamos L ngua Materna A discuss o acerca do ensino de L ngua Materna bem como seus o
36. O rumor da l ngua S o Paulo Brasiliense Campinas Unicamp 1988 p 65 78 BLANCHOT Maurice O di rio ntimo e a narrativa In O li vro por vir Trad Leyla Perrone Mois s S o Paulo Martins Fontes 2005 p 270 278 DOUBROVSKY Serge Autobiographie verit psychanalyse In Autobiographiques de Cornellie Sartre Paris Puf 1988 GALLE Helmut Elementos para a nova abordagem da escritura au tobiogr fica In Matraga 18 Rio de Janeiro Caet s 2006 p 64 91 GASPARINL Philippe Est il je Roman autobiographique et auto fiction Paris Seuil 2004 KLINGER Diana Irene Escritas de si escrita do outro o retorno do autor e a virada etnogr fica Rio de Janeiro 7Letras 2007 40 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos LECARME Jacques Autofiction un mauvais genre Autofictions amp Cie Paris 1994 p 227 249 LEJEUNE Philippe Le pacte autobiographique In Le pacte autobiographique Paris Seuil 1975 MACIEL Sheila Dias Di rios escrita e leitura do mundo Dispon vel em www unicentro br editora revistas analecta v3n1 artigo 205 20dia rios pdf Acesso em 26 de janeiro de 2007 M LAQUE Keila Mara San tana UNESP O amanuense Belmiro e o g nero diar stico Dispon vel em www filologia org br viiicnlf anais caderno11 12 html Acesso em 18 de outubro 2006 MELO MIRANDA Wander Corpos escritos S o Paulo Edusp 1992
37. a chupeta do beb deve ser instalada na boca p 56 ou coloque o bico da chupeta na boca do beb p 57 Na situa o de pais e na faixa et ria destes leitores posso afirmar que muito provavelmente n o pensariam em oferecer ao beb a al a da chupeta ao inv s do bico e nem em p r a chupeta em outra parte do corpo do beb que n o a sua boca uma vez que a chupeta um objeto muito conhecido e de uso muito difundido em nossa sociedade Digo ainda que os pontos destacados acima produzem humor porque este Manual do Propriet rio n o se confunde com o ma nual de um poss vel produto tecnol gico chamado beb em que esta reifica o e desconhecimento seriam esperados Ele n o acompanha nenhuma mercadoria vendido em livrarias nas se es de gravidez inf ncia e ou auto ajuda ou em lojas de artigos infantis e ainda em sites de internet relacionado em buscas por produtos infantis O pr 90 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos prio contexto de aquisi o do Manual do Propriet rio portanto implica na percep o de que h a uma simula o E ainda que fosse obtido por seu leitor fora deste contexto se fosse achado na rua por exemplo ou encontrado na estante da sala da casa de um amigo dificilmente ele seria confundido com um efetivo manual de instru es de um produto qualquer como por exemplo um beb re born
38. como exemplo sendo para contest lo para uma alus o etc Espera se que ao final das quatro s ries iniciais os alunos te nham a compet ncia para produzir e interpretar textos embora n o seja essa a realidade de muitas escolas Entretanto faz se necess rio ressaltar que verdade que n o h receitas prontas para se ensinar a escrever mas n o se pode exigir que simples mortais tenham que ler toda a literatura mundial antes de se arriscarem a escrever uma frase O importante fa zer com que o leitor esteja apto a decodificar com o texto lido saiba en contrar as mensagens expl citas e impl citas e a partir disso consiga construir o seu pr prio texto Discini 2005 Acredita se que o aluno que l tem grande chance de escrever adequadamente bem verdade todavia que o aluno ter o h bito da leitura a partir de s ries iniciais especialmente se tiverem sido es timulados por textos variados instigantes divertidos Trabalhar principalmente ap s o fim do ciclo b sico com tex tos de variados g neros muitos retirados do cotidiano tais como conversa por telefone an ncios de r dio e de TV locu es de pro gramas de televisivos e perceber neles os elementos intencionais o bom humor o tom de cat strofe das m s not cias veiculadas pelos meios de comunica o sonora e visual a inflex o de voz com o in tuito de asseverar a qualidade de determinado produto entre variadas outras possibilidades O que
39. conjunta e ativamente para a constru o de uma compre ens o m tua Beaugrande amp Dessler 1981 apud Koch amp Travaglia 2002a Koch amp Travaglia 2002b denominaram as estrat gias em pregadas pelo produtor a fim de obter os efeitos desejados como in tencionalidade e o esfor o do interlocutor em atribuir um sentido ao texto que recebe como aceitabilidade Como qualquer outra ativida de social a produ o e a interpreta o de textos obedece a regras Grice 1975 apud Fiorin 2004 ao estudar as m ximas que regem a comunica o formulou o Princ pio da Coopera o O respeito ou a transgress o a essas regras dependem exatamente da nossa compe t ncia comunicativa Tamb m depende da compet ncia comunicati va a interpreta o que damos ao respeito ou transgress o das m ximas gricerianas 3 A produ o de textos uma atividade contextualizada Ao produzirmos textos estamos inseridos num tempo e num espa o his toricamente determinados no interior de algum evento cultural que apresenta caracter sticas sociais pr prias preciso considerar que o contexto interfere nas escolhas lingu sticas e na interpreta o dos textos 4 A produ o de textos uma atividade que exige uma com pet ncia textual bvio que para produzir ou interpretar textos o rais ou escritos precisamos dominar algumas habilidades que como vimos anteriormente est o relacionadas capacidade de produzir e compreender te
40. da rede p blica do munic pio de Vit ria da Conquista interior da Bahia evidencian do as estrat gias adotadas pelos educandos na tentativa de se fazer compreendido no ato da enuncia o A metodologia inicialmente a dotada foi a observa o e entrevista aos alunos e professores no con texto escolar Todas as infer ncias foram diretamente relacionadas produ o recep o de textos processo de leitura e forma o de pro dutores de leitura Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 127 G NEROS TEXTUAIS Ap s observa o e entrevistas aos alunos e professores che ga se ao ponto chave o processo de produ o textual na escola Fi zeram se in meras observa es dos momentos de escrita no contexto escolar e verificou se que as produ es ora eram condicionadas e agregadas s inten es do professor a partir da sele o de temas e t tulos para as reda es ora eram produzidas em situa es espont neas em t rmino de hor rio ou em dias planejados Nestes momentos os educandos pouco discutiam com os co legas ou professor acerca da tem tica sugerida Depois de materiali zada a produ o n o houve momentos de socializa o leitura e rees crita Tal constata o s fora poss vel uma vez que as observa es se estenderam por uma unidade letiva De posse dos dados depreendera se a an lise das estrat gias de processamento textual sugeridas por Koch 2003 a saber estrat gias textuais de organiza o da in
41. distancia se da no o de pressuposi o desenvolvida por Fre ge apoiada sobre a quest o da verdade e da falsidade das proposi es diante dos conte dos informativos embutidos em uma senten a Ducrot constata que a quest o essencial para refletir sobre a lin guagem a distin o entre aquilo que pressuposto e posto em um enunciado para assim compreender os processos argumentativos No exemplo Pedro parou de fumar temos dois conte dos informati vos a Pedro fumava pressuposto e b Pedro n o fuma atualmente posto De acordo com a sua perspectiva essas duas conclus es n o devem ser colocadas no mesmo plano do discurso Para dar continu idade ao enunciado o locutor se ap ia no pressuposto que se mant m irrefut vel permitindo concluir que por isso est mais atento sua sa de O pressuposto e n o o posto respons vel pelo quadro ge ral da enuncia o enquanto o posto corresponde s novas informa es acrescidas Toda fala desencadeada a partir de determinados pressupostos que direcionam a argumenta o para determinadas conclus es A n o aceita o do pressuposto em uma conversa por exemplo implica discordar do que havia sido dito antes criando uma indisponibilidade com as premissas do locutor Dessa forma o ato de 164 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos pressupor corresponde a um ato ilocucional que fornece limites de
42. e realizar um trabalho did tico pedag gico de maneira coletiva interdisciplinar e investigativa desenvolvendo saberes educacionais a partir das ques t es vividas na pr tica educativa certamente est em dire o ao ru mo certo Defendemos neste artigo a pr tica pedag gica que adote o texto publicit rio como subs dio para ensino de l ngua materna atra v s da leitura e da produ o de textos pois acreditamos que tal atitu de propiciar ao aluno condi es de ler e escrever com adequa o para desse modo ser capaz de exercer sua cidadania lutar por seus direitos tornar se enfim um cidad o cr tico e atuante na sociedade da qual faz parte H nessa pr tica uma preocupa o que visa a tornar as aulas de leitura e escrita mais interessantes para alunos do ensino funda mental e m dio com aulas motivadoras e consequentemente alunos mais participativos e um aprendizado mais consistente e at mais prazeroso Assumimos aqui neste artigo a posi o de Nagamini quan do afirma que Estudar na sala de aula as estrat gias lingu sticas utilizadas na constru o do discurso publicit rio contribuir para um melhor entendi mento das potencialidades de uso da l ngua nos diferentes meios de co munica o e que essa atividade pode apresentar desafios tanto para o aluno como para o professor que ao exercer seu papel de media dor ter de ser tamb m um leitor cr tico para elaborar sua
43. eletroeletr nicos e instalar softwares Mas nenhuma dessas expe ri ncias vai prepar lo para a maior maravilha tecnol gica do planeta um rec m nascido Afinal um beb n o vem com manual de instru es Ou melhor n o vinha Com instru es dadas passo a passo e diagra mas muito engenhosos Beb Manual do Propriet rio responde centenas de perguntas relacionadas ao primeiro ano de vida da crian a como qual a melhor maneira de enrolar o beb quando devo levar o beb ao pedi atra e o que fazer para o rec m nascido dormir a noite toda Sejam quais forem suas preocupa es voc vai encontrar as respos tas neste livro curioso e bem humorado escrito pelo pediatra Louis Borgenicht e pelo seu filho Joe Borgenicht Juntos eles oferecem in meros conselhos teis para todos que desejam aprender os fundamentos da arte de cuidar de um beb Percebendo o como uma manifesta o da cenografia discur siva maingueneauniana e considerando que a an lise de seus ele mentos corroboraria esta teoria elegi o como corpus dessa pesquisa e para compreendermos melhor sua cenografia tratarei agora de al guns aspectos de sua forma semelhan a de um manual de instru es t pico que por de fini o um livro que cont m no es essenciais sobre uma arte ou t cnica este livro tamb m uma reuni o de informa es sobre os cuidados necess rios a um beb e se auto intitula com linguagem t cnica Manual do
44. elipse ou ele sentiu dificuldade ao completar o texto Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 85 G NEROS TEXTUAIS Tabela 35 1 2 3 4 5 7 8 9 Chystiane ele O gar om acomida Ele O gerente Ele Ele Ele isso Tamires ele O gar om acomida Meu irm o O gerente Ele O gerente Ele afalha Debora ele O gar om acomida Meu irm o O gerente Ele O gerente Ele Paula z O gar om acomida Meu irm o O gerente Ele Por m O gerente isso arrependeu Raquel ele O garson acomida Ele O gerente Ele Ele Ele isso Vitor ele O garson acomida meuirm o O gerente e e Ele n o iria Leandro ele O gar om anoite Meuirm o O gerente Ele O gerente O gar om isso O dono do Jefferson ele O gar om acomida Ele O dono Ele rets Pois ele aquilo A O dono do Mateus ele Ogar m acomida Ele buiado E o dono e isso Gabriel ele O garsom acomida Ele O gerende O garsom O gerente O gerente isso Texto 4 Meu tio j viajou o mundo inteiro Da ltima Argentina ao Paraguai e ao Uruguai 2 as pessoas falam espanhol Eu sei que 3 se parece bastante com o portugu s 4 me explicou que 5 ficam na Am rica Eu tamb m sei que o Brasil fica 6 Tabela 416 vez 1 foi 1 Z 3 4 5 3 Chystiane ele Na Argentina esse idioma Ele Argentina na Am rica E Um guia esses Tamires ele Nessaviajem essa linguagem puao Kedes na Am
45. enquanto o outro neutro parco frugal econ mico 5 Um termo mais profissional que outro bito morte 6 Um termo mais liter rio que outro passamento morte 7 Um termo mais coloquial que outro tripa intestino 8 Um termo mais local ou dialetal que outro macaxeira mandioca 9 Um dos sin nimos pertence linguagem infantil pap pai 3 Os exemplos em 7 e 8 foram adaptados por n s Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 71 G NEROS TEXTUAIS Antunes 2005 explica que o uso de um sin nimo para subs tituir uma express o j citada contribui para a continuidade do tema por possibilitar uma cadeia sem ntica o que garante a coes o textu al Afirma que devido s restri es de sentido a substitui o de um lexema por um sin nimo n o t o frequente quanto se poderia ima ginar A an lise do corpus confirma essa afirma o de Antunes 2005 De fato n o f cil encontrar sin nimos para substituir tio carro ou mec nico no texto 1 Tamb m n o tarefa simples es 5 colher sin nimos para irm o gar om ou gerente no texto 3 Antunes 2005 adverte que tem faltado na escola um exame verdadeiramente textual no uso dos sin nimos e consequentemen te do vocabul rio usado num texto j que frequentemente os exer c cios se resumem a substitui o de palavras por sin nimos em fra ses independentes Assim pouco se aprimora a compet ncia
46. enterr lo previa mol stias com tra tamento caro e eu sem recursos A minha casa me aborrecia t o triste era ela Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 135 G NEROS TEXTUAIS No come o havia dinheiro na bolsa de todos e o parati entrava como mera extravag ncia mas bem depressa a cacha a ficou sendo o nosso forte e eu a bebia desbragadamente a ponto de estar completa mente b bado s nove ou dez horas da noite O aparecimento do meu primeiro livro n o me deu grande satisfa o Barreto 2004 p 36 7 Depois desse movimento retrospectivo em que reconstitui as etapas da degrada o a que a bebida o levou o escritor reflui pa ra os momentos que antecederam sua interna o Agora que creio ser a ltima ou a pen ltima porque daqui n o sai rei vivo se entrar outra vez penetrei no pavilh o calmo tranquilo sem nenhum sintoma de loucura embora toda a noite tivesse andado pelos sub rbios sem dinheiro a procurar uma delegacia a fim de queixar me ao delegado das coisas mais fant sticas dessa vida vendo as coisas mais fant stica que se possam imaginar Barreto 2004 p 40 1 E retorna ao presente da escrita em que faz men o ao livro que pretende escrever Tenho vergonha de contar algumas dessas aventuras Elas seriam pitorescas mas n o influiriam para o que tenho em vista Barreto 2004 p 39 grifos nossos e em que con fessa a impot ncia para compree
47. enuncia o inclina se portanto a se imbricar com a an lise do discurso raz o pela qual atende proposta da pesquisa 98 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos seria como ressalta Maingueneau 1996 p 29 uma imita o de atos de linguagem s rios que o autor fingiria enunciar Em A Odalisca e o Elefante h em cena um enunciador que se apresenta como narrador procura de um co enunciador leitor jovem para poder falar e opinar a respeito de uma terceira pessoa o Sult o Seu discurso pontuado por avalia es subjetivas marcadas por formas de tratamento originais relativas ao personagem cujo emprego bem humorado seduz o leitor Essa cenografia convoca o a pensar sobre outras terceiras pessoas do universo da realidade que porventura identifiquem se com o perfil do Soberano medida que l o leitor constr i duas imagens a do perso nagem Sult o e a da escritora cujo sucesso depender precisamente da efici ncia de seu plano de escritura Neste caso o ethos de com pet ncia da autora liga se portanto ao seu modo h bil de esculpir o ethos sultanesco A leitura da obra propicia o alcance de um dos objetivos prin cipais do ensino de L ngua Portuguesa provocar a reflex o sobre os usos relacionados s inst ncias de intera o em conson ncia com os distintos g neros textuais favorecendo o desenvolvimento das com pet ncias ling
48. envolvidos na intera o o tempo em que ela ocorre e o espa o onde h a troca verbal J o e nunciado pode ser definido como a mat ria lingu stica que por sua vez ser delimitada pelas diferentes possibilidades de uso da linguagem Sobre essas in meras aplica es da linguagem e de seus des dobramentos na enuncia o M Bakthin 1997 p 279 afirma que cada esfera da utiliza o da l ngua elabora tipos est veis de enunci ados que possuir diferentes formas de estrutura o estipuladas por conseguinte pela natureza dessas necessidades comunicativas dos indiv duos Dessa forma um enunciado poder ent o tanto ser bastante extenso como um determinado livro ou pequeno como uma fra se declarativa pronunciada em um di logo cotidiano Essas dife rentes caracter sticas intr nsecas estrutura o dos enunciados po dem nos dar algumas pistas sobre a funcionalidade de cada um dos diferentes g neros discursivos A TEORIA DE CHARAUDEAU E O ESTUDO DA ENUNCIA O A teoria desenvolvida pelo linguista franc s Patrick Charau deau conjugaria os elementos indispens veis necess rios an lise da linguagem Isso se d porque nesses estudos s o contemplados tanto 25 M Bakthin 1997 ao estudar a natureza dos diferentes enunciados estipulou que esses ir o desdobrar se em g neros discursivos prim rios ou secund rios Os prim rios seriam decorren tes de enunciados menos elaborados geralmente
49. estrat gia previamente definida segundo a qual os alunos escrevem e o professor l e corrige Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 125 G NEROS TEXTUAIS Ao que parece restringe se a tarefas que d o margem a o alu no apenas apresentar id ias pr fabricadas respostas convencionais determinadas N o s o encontrados exerc cios que exijam flu ncia de id ias de reflex o que permitam ao aluno criar e imaginar solu es poss veis Nessa concep o de escrita o professor prop e imp e e defi ne as normas de produ o escrita Forma se assim para o aluno uma imagem de discurso escrito e das posi es enunciativas que cada um professor e aluno podem ou deve ocupar Apesar dessa vis o tradicional sobre a pr tica da escrita per manecer ainda no discurso do professor encontram se propostas de discurso que se pretendem transformadoras em rela o a essa pr tica A pesquisa sobre a escrita evoluiu de uma vis o centrada no produto para o enfoque dos processos cognitivos e recentemente para uma perspectiva sociointeracionista proposta tamb m da Lingu stica do Texto Por vez not vel a contribui o j mencionada neste artigo da Lingu stica Textual A Lingu stica Textual pode oferecer ao pro fessor subs dios indispens veis para a realiza o do trabalho acima mencionado a ela cabe o estudo dos recursos lingu sticos e condi es discursivas que presidem constru o da textualidade e em de corr nc
50. evidenciados pelo uso das estrat gias de processamento textual Por exemplo os alunos da 5 s rie utilizaram repeti es em excesso comparados aos de 8 s rie Estes por m cometeram menos digress es do que aque les Isto prova que o n vel de conhecimentos pr vios do produtor est diretamente relacionado matura o s rie idade bem como aos fa tores de ordem contextual que circunstanciaram o ato da produ o Em contrapartida o recurso da reformula o ret rica ou sane adora foi constatado nos textos dos alunos de 7 e 8 isto mostra que esta clientela possui maior matura o na escrita e consci ncia da produ o Revela ainda que os produtores possuem maior conheci mento de uso da sua l ngua Observou se na pesquisa que a maioria dos textos produzidos em sala de aula apresenta marcas de intera o do sujeito com o seu texto No uso das estrat gias textuais pelos educandos revela o forte prop sito de estabelecer esta intera o Por exemplo percebe se em alguns textos a repeti o n o como recurso pleon stico ou desneces s rio mas como recurso de suma import ncia na revela o das in ten es enf ticas do interlocutor ou seja pelo processo anaf rico chega se aos prop sitos do produtor Esta estrat gia foi muito utili zada nos textos de todas as s ries no entanto verifica se que nas s ries iniciais aparece como maneira de estabelecer a coes o por reite ra o pela aus ncia de um conec
51. forma de comunica o com o exterior segundo Flora Siissekind 1985 p 55 narrar passa a ser sin nimo de auto expressar se fun cionado maneira de uma carteira de identidade para quem escreve A periodicidade diar stica transforma o relato numa esp cie de cr nica do dia a dia e em muitos casos sua constru o se apro pria da monotonia da vida comum retratando um ref gio de intros pec o do narrador onde se encontram basicamente an lises de si mesmo e de suas rela es mais pr ximas A agilidade e a objetivida de de outros tipos de texto fazem sobressair o tom intimista e pessoal desse tipo de narrativa Sheila Dias Maciel afirma que existem tr s elementos funda mentais na composi o do di rio o narrador escreve em primeira pessoa sobre si e sobre a realidade di ria n o tendo acesso ao futuro e mantendo uma periodicidade ainda que vari vel A autora afirma que a busca incessante pelo eu e a incerteza sobre o futuro s o fortes atrativos ao di rio e a sua constru o como Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 35 G NEROS TEXTUAIS g nero As pesquisas apontam que nos dias atuais as autobiografias as mem rias e o di rio configuram os focos principais de sucessos editoriais Desbravar um di rio pela leitura portanto desvendar o uni verso ficcional ou n o criado pelo autor onde h espa o at para os segredos inconfess veis Englobando n o s a si mesmo mas tam b m as suas re
52. horizon te das suas expectativas criando uma ilus o biogr fica em que a tra jet ria determinada pelo pr prio sujeito e a mem ria constitu da por hist rias de vida intencionais formadas por in meros fatores re alistas e teis para que o sujeito mantenha o controle de suas expe ri ncias Segundo Georges Gusdorf Galle 2006 p 78 a autobiogra fia n o d conta das etapas objetivas da trajet ria mas somente do esfor o do seu autor de atribuir um sentido a sua lenda Com isso Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 31 G NEROS TEXTUAIS a narra o autobiogr fica assume a forma o do sujeito bem como a reconfigura o da identidade satisfazendo tanto a fun o pragm ti ca quanto o contexto hist rico A autobiografia analisada como fen meno liter rio mant m viva ainda a id ia aristot lica de que o maior teor da verdade cabe inven o po tica e n o ao relato do historiador Ap s a virada pragm tica de Lejeune passa se a considerar o contexto da recep o e a an lise do texto em si passa para segundo plano j que a expectativa de uma comunidade num momento hist rico o que define se o texto autobiogr fico ou ficcional O pacto autobiogr fico surge da uni o do autor do narrador e do leitor O autor por sua identifica o com o narrador e com o prota gonista assume a responsabilidade pelos atos de fala do narrador e pelas afirma es feitas sobre o protagonista Com iss
53. indica sua complexidade seus limites imprecisos as largas op es de de senvolvimento Aproximar se mais do jornalismo ou da literatura es t a cargo do escritor ele quem escolher a via por onde ir discor rer Se tiver talento e puser o esfor o intelectual necess rio poder sobrepujar a efemeridade como assinala Coutinho somente ser considerado g nero liter rio quando apresentar qualidade liter ria libertando se de sua condi o circunstancial pelo esti lo e pela individualidade do autor 2002 p 123 Os textos liter rios romances contos poesias que se nota bilizaram pela qualidade tiveram seu valor ora pelo conte do ora pelo estilo e muitas vezes por ambos O mesmo se dar com a cr ni ca na medida em que o autor souber sobrelevar a circunst ncia ou fizer brilhar uma estil stica pr pria 26 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Linguisticos BIBLIOGRAFIA CANDIDO Antonio A vida ao r s do ch o In et alii A cr nica o g nero sua fixa o e suas transforma es no Brasil Campi nas Unicamp Rio de Janeiro Funda o Casa de Rui Barbosa 1992 COUTINHO Afr nio Ensaio e cr nica In A literatura no Brasil S o Paulo Global 2003 vol 6 DIMAS Antonio A ambiguidade da cr nica literatura ou jornalis mo In Littera revista para professor de portugu s e literaturas de l ngua portuguesa Ano IV N 1
54. indiv duos socialmente atuantes na qual estes coordenam suas a es no intuito de alcan ar um fim social de conformidade com as condi es sob as quais a atividade verbal se realiza PROCESSAMENTO TEXTUAL ESTRATEGIAS TEXTUAL DISCURSIVAS Concebendo se texto como atividade s cio discursiva o pro cessamento textual deve ser visto tamb m como uma atividade tanto de car ter lingu stico como de car ter s cio cognitivo Segundo Koch 1997 h conhecimentos e estrat gias implicados no processamento textual conhecimentos lingu sticos enciclop dicos sociointeracio nais ilocucionais comunicacionais metacognitivos superestrutu rais e estrat gias cognitivas sociointeracionais e textuais Assim o modelo sociointeracionista se torna muito produtivo na atualidade Para esse modelo os fatores de textualidade est o in timamente relacionados discursividade Desse modo ainda que te nhamos fatores textuais mais restritivamente definidos ou defin veis como a pr pria coes o esses fatores dependem necessariamen te de fatores discursivos Para Koch 1997 as estrat gias utilizadas no processamento textual s o pragm ticas ou contextuais ou seja estrat gias em que se faz necess rio o recurso ao contexto Podem ser cognitivas inte Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 123 G NEROS TEXTUAIS racionais e textuais As de ordem cognitiva t m a fun o de permitir ou facilitar o processamento textual seja em
55. me hoje indispens vel Desta vez n o Deram me uma caneca de mate e logo em seguida ainda dia claro atiraram me sobre um colch o de capim com uma manta pobre muito conhecida de toda a nossa pobreza e mis ria Barreto 2004 p 19 20 Segue se a descri o das degrada es e profana es do eu que constituem o ritual de admiss o no hosp cio 134 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Voltei para o p tio Que cousa meu Deus Estava ali que nem um peru no meio de muitos outros pastoreado por um bom portugu s Da outra vez fui para a casa forte e ele me fez baldear a varanda lavar o banheiro onde me deu um excelente banho de ducha de chicote Eu me lembrei do banho de vapor de Dostoievski na Casa dos Mortos Quando baldeei chorei mas lembrei de Cervantes do pr prio Dostoievski que pior deviam ter sofrido em Argel e na Sib ria Ah A Literatura ou me mata ou me d o que eu pe o dela Barreto 2004 p 21 Deste modo se o di rio ntimo conforme Blanchot uma empresa de salva o se o di rio ntimo manifesta na acep o de Alain Girard a vit ria das for as da vida contra as for as da morte o que n o dizer de um di rio escrito num momento de extrema pro va o como o vivido por Lima Barreto Registrar a experi ncia no hosp cio e escrever um livro sobre tal experi ncia s o tentativas de reagir desagreg
56. mesmo tempo que seu texto n o de forma alguma dotado de um ser que precedesse ou excedesse a sua escritura n o em nada o sujeito de que seu livro fosse o predicado outro tempo n o h sen o o da enuncia o e todo texto escrito eternamente aqui e agora 1988 p 68 A refer ncia memorialista estaria intrinsecamente ligada re cupera o do passado atrav s das lembran as por m n o teria o compromisso de retratar o autor e suas peculiaridades O di rio que surgiu entre os s culos 18 e 19 uma das mo dalidades da escrita autobiogr fica que se subdivide ainda em me m rias correspond ncias e confiss es Alguns cr ticos como Philli pe Lejeune afirmam que a escrita autobiogr fica pertence ao discur so pragm tico e n o ao ficcional j que visa a descrever o perfil do autor vinculando o com a sua realidade ao mesmo tempo em que faz refer ncias e busca pontos de afinidade com o mundo exterior Nos textos autobiogr ficos h o retorno do sujeito homog neo mesmo que esse sujeito apresente problemas de recupera o de mem ria incertezas e ceticismo diante do seu passado ele fica intac to para desdobrar uma subjetividade multiface e diacr nica Por m n o caracteriza a inconst ncia do pensamento e a morte do autor Barthes 1988 A concep o da morte do sujeito inicia se quando Nietzsche afirma que n o existe ser por tr s do fazer do atuar do devir o a gente uma fic
57. metros da a o de lin guagem e a de autonomia com esses mesmos par metros s o a se gunda distin o que Bronckart 2007 estabelece entre os mundos discursivos Atrav s das opera es constitutivas dos mundos discursivos isto cruzando as distin es entre as ordens narrar expor e a oposi o implica o autonomia surgem os quatro mundos discursi vos definidos em Bronckart 2007 1 Mundo do narrar implicado 2 Mundo do narrar aut nomo 3 Mundo do expor implicado 4 Mundo do expor aut nomo Somente a partir de formas lingu sticas que os semiotizam que esses mundos e suas opera es constitutivas s o pass veis de i dentifica o Portanto eles s o dependentes dessas formas Por meio dessa constata o Bronckart op cit aponta o problema metodol gico delicado de se apreender essas formas lingu sticas sob o ngulo das opera es psicol gicas que subjazem a elas ou de se apreend las sob o ngulo efetivamente das marcas lingu sticas observ veis Por um lado os mundos discursivos seriam constitu dos por opera es psicol gicas gerais isto de caracteres universais por serem independentes de caracter sticas pr prias das l nguas naturais de ou 12 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos tro lado os mundos discursivos s o traduzidos por marcas lingu sti cas espec ficas das l nguas naturais Devido a esses d
58. na constru o dos enunciat rios h um conflito entre os limites de entendimento do leitor real dos textos analisados e do enunciat rio idealizado pelo produtor dos enunciados Esse conflito pode ser evidenciado atrav s de alguns conte dos expostos na superf cie textual que denotar o essa n o compatibilidade entre os sujeitos participantes da enuncia o A ILUSTRA O Nos textos dos contratos existem algumas denomina es dos sujeitos que fazem parte desse processo da enuncia o essa nomen clatura pode ser evidenciada na superf cie dos enunciados O enunci ador geralmente ser designado por contratado e o enunciat rio se r chamado de contratante geralmente no in cio de cada um dos textos analisados como pode ser observado nos exemplos abaixo 6 Exemplo 1 Pelo presente Instrumento Contratual e na melhor forma de direito de um lado como CONTRATADA CL NICA RIO ODONTOL GICA LTDA inscrita no CNPJ MF sob o n 68 772 201 0001 40 com Admi nistra o na Rua do Ouvidor n 121 14 andar Centro RJ e de outro la do na qualidade de CONTRATANTE o proponente do presente Contra to regendo se pelas seguintes Cl usulas e Condi es Contrato da empresa Real Doctor p 1 26 Os exemplos a serem utilizados pretendem ilustrar a perspectiva que est sendo dimensio nada nesse artigo Eles foram retirados de alguns contratos de assist ncia sa de que s o amplamente divulgados na cidade
59. neros textuais defini o e funcio nalidade In DIONISIO Angela Paiva et al G neros textuais e en sino Rio de Janeiro Lucerna 2002 POSSENTI S rio Humores da l ngua Campinas Mercado de Le tras 2000 REYES Graciela El abec de la pragm tica Madri Arco Libros 1998 YULE George Pragmatics Oxford Oxford University Press 1996 120 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos ESTRAT GIAS TEXTUAL DISCURSIVAS EM REDA ES ESCOLARES Marcilene Oliveira Sampaio UFES UNEB mao sampaio O hotmail com CONCEP ES DE TEXTO NO T NEL DO TEMPO Parece ser poss vel dizer que desde pelo menos a Antiguida de Cl ssica o texto um objeto de discuss o te rica O debate entre Plat o e os sofistas por exemplo parecia girar em torno da quest o textual num certo sentido Preocupado com uma linguagem que re fletisse uma raz o ideal Plat o acusava os sofistas de constru rem um texto falacioso que n o refletia a verdade das coisas Nesse sen tido a quest o da rela o entre linguagem e verdade poderia ser vista como uma quest o de coer ncia e portanto textual Durante a Idade M dia e o Renascimento viu se a acentua o dos estudos gramaticais gram ticas neolatinas em detrimento dos estudos textuais estil sticos Tais estudos gramaticais parecem ga nhar mais for a ainda com o advento da chamada ci ncia moderna que aponta para a valori
60. o aos crit rios essenciais de validade do mundo ordin rio Tal segmento parte 3 portanto de um Narrar realista em oposi o ao Narrar fic cional que para Bronckart op cit pode apenas ser sujeito a uma avalia o parcial Em rela o ao segundo subconjunto de opera es verifica se que no caso do santinho A os par metros da a o de linguagem s o mobilizados implicados nesse texto por meio por exemplo de unidades remetendo ao alocut rio voc e ao momento da inte ra o Agora Nesse sentido os agentes da a o de linguagem e o momento dessa intera o s o explicitados por meio de refer ncias d iticas Consequentemente para se interpretar completamente esse texto relevante conhecer suas condi es de produ o A an lise desses dois conjuntos de opera es leva nos a con cluir que o santinho A caracteriza se pelo arqu tipo discursivo denominado por Bronckart op cit de discurso conjunto implicado Assim o tipo psicol gico predominantemente criado nesse texto o discurso interativo tipo cuja correspond ncia o Mundo do Expor implicado Viu se por m a presen a de um pequeno segmento parte 3 criando um Mundo do Narrar implicado cujo tipo psico l gico o relato interativo O santinho B tamb m se caracteriza pelo tipo psicol gico discurso interativo mas ao contr rio do santinho A n o apre senta
61. o selo da editora e a tarja classificat ria 0 12 meses n o poderia ser confundido com a faixa et ria a quem se dirige o texto j na capa impediriam o engano no conte do os conselhos tratan do de digest o doen as per odos de sono e controle de alimenta o cuidariam de elucidar quaisquer incertezas mais persistentes Dito isto podemos perceber que h algo errado com o Ma nual enquanto manual h a simula o de algo nele porque n o deve ser um manual de instru es em seu sentido tradicional tratan do de ajudar um usu rio a operar bem um objeto ele algo diferente disto Esta simula o a cenografia discursiva da qual tratarei te oricamente a partir daqui QUADRO C NICO E CENOGRAFIA De acordo com Maingueneau 2008 a cena de enuncia o de um discurso envolve uma cena englobante o tipo de discurso uma cena gen rica a cena espec fica de cada g nero discursivo juntas formando o quadro c nico e uma cenografia a cena constru da pela enuncia o De acordo com o endere o eletr nico http cortar na casaca blogspot com 2008 06 arte reborn html D se o nome de Arte Reborn arte de transformar bonecas em beb s quase reais O resultado impressionante os cabelos s o colocados um a um e muitas vezes s o usados cabelos humanos Os beb s s o feitos atrav s de encomendas e o cliente escolhe a cor dos olhos cabelos etc podendo at pedir uma r pl
62. oficiais e empresa riais Nestes o di logo regido por um ritualismo exigindo que o locutor reverencie o seu interlocutor por meio de formas de trata mento consagradas pela tradi o cultural O tratamento cerimonioso torna se pois uma das cl usulas do contrato de comunica o de tais subg neros Nilce Sant Anna Martins 1997 p 212 re ne sob o r tulo de formas de tratamento pronomes pessoais tu voc v s e formas vari antes pronomes ou express es de tratamento o senhor Vossa Se nhoria Vossa Excel ncia Vossa Reverend ssima Vossa Magnifi c ncia Vossa Emin ncia Vossa Santidade etc e o tratamento no minal o doutor o major o amigo o rapaz o distinto nossa amiza de etc Quanto ao emprego das distintas formas de tratamento orien ta se consoante dois aspectos os diferentes graus de intimida de dist ncia entre os atores da cena verbal e as diferentes posi es de hierarquia social ocupadas pelos interlocutores propor o que o correm mudan as no processo hist rico pol tico cultural de uma de terminada sociedade alteram se tamb m as express es de tratamento em vigor algumas podem mesmo desaparecer ou ficar sujeitas res tri o de um de seus usos A escolha entre o r voc decorre de diferen as de faixa et ria de n vel s cio econ mico educacional dos agentes da interlocu o Constata se hoje o predom nio de voc que no Brasil substi tuiu praticamente o tu e
63. os bancos os estepes os carburadores os 78 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos amortecedores os p ra choques o freio o volante o mo tor o farol Cumpre destacar que embora essas entidades estives sem entrando no discurso pela primeira vez elas j eram introduzi das por meio de sintagmas nominais definidos justamente por esta rem dispon veis na mem ria dos interlocutores ap s a ativa o do frame No texto 3 como a situa o descrita no texto se passava num e restaurante quase todos os alunos2 selecionaram os referentes o gar om e a comida para completar a seguinte passagem 18 Outro dia meu irm o foi a um restaurante muito caro No entanto ele n o gostou do lugar O gar om demorou a atender e a comida estava fria D bora 12 anos Com a an lise dos recursos lingu sticos selecionados para tor nar os textos coerentes pudemos perceber que as escolhas levadas a termo dependem da compet ncia textual dos nossos alunos Acredi tamos que essa compet ncia pode ser estimulada e aprimorada O dom nio dos procedimentos para o estabelecimento das rela es tex tuais e a efici ncia no uso desses procedimentos decorrem do amadu recimento do indiv duo Defendemos a hip tese de que esse amadu recimento adv m do contato constante e fecundo com textos em situ a es comunicativas signi
64. os utilizados pelos interlocutores no dia a dia de suas pr ticas comunicativas J os secund rios seriam os g neros mais complexos ins titucionalizados como os jur dicos religiosos filos ficos e liter rios 184 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos os elementos extradiscursivos presentes no contexto da enuncia o como os intradiscursivos Tais peculiaridades acerca dessa corrente te rica conferem portanto alguns recursos que s o imprescind veis apreens o do fe n meno da enuncia o de uma forma mais ampla e eficaz A proposta de Charaudeau em meio trama de teorias que surgiram ao longo do s culo XX preocupadas com o conhecimento dos mecanis mos da linguagem situa se a meio caminho entre as abordagens lingu s ticas stricto sensu limitadas ao estudo da fonologia da morfossintasse e quando muito de uma sem ntica da langue e as excessivamente abertas ao extralingu stico como a de P cheus por exemplo que se acabam confundindo com as pr prias ci ncias humanas e pouco t m de estudo da linguagem Oliveira 2003 p 23 Quando um enunciado produzido ele deixa em sua constru o algumas pistas de estrutura o que poder o nos elucidar o tipo de rela o desenvolvida entre seus sujeitos participantes P Charau deau ir estabelecer que os sujeitos interagentes no processo de co munica o dever o cumprir alguns pap is a fim de q
65. por Halliday amp Hasan 1976 a refer ncia a substitui o a elipse a conjun o e a coes o lexical e prop e a exist ncia de duas grandes modalidades de coes o a coes o remissiva ou referencial e a coes o sequencial A coes o referencial ocorre quando um com ponente da superf cie do texto faz remiss o a outro s elemento s nela presentes ou infer veis a partir do universo textual Koch 2003a p 31 A coes o sequencial est relacionada aos procedi mentos lingu sticos por meio dos quais se estabelecem entre seg mentos do texto diversos tipos de rela es sem nticas e ou pragm ticas medida que se faz o texto progredir Koch 2003a p 53 Antunes 2005 explica que o texto se caracteriza pelo enca deamento e pela continuidade das suas partes constituintes o texto com sequ ncia em que se reconhece um tipo qualquer de continui 5 The word text is used in linguistics to refer to any passage spoken or written of whatever length that does form a unified whole Halliday amp Hasan 1977 p 1 Cohesion occurs when the INTERPRETATION of some element in the discourse is depend enton that of anather Halliday amp Hasan 1977 p 4 60 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos dade de articula o que constitui a normalidade dos textos com que interagimos p 46 A fun o da coes o exat
66. pr requisito e ao mesmo tempo objetivo de todo o trabalho na escola uma vez que as atividades com todas as disciplinas de alguma maneira capacitam o aluno leitura de diversos g neros textuais pois a pesquisa e o de senvolvimento dos temas abordados propicia o contato do estudante com textos jornal sticos instrucionais liter rios did ticos informa tivos entre outros Al m disso o aluno levado a escrever utilizan do se de diversos g neros ampliando sua capacidade lingu stica Espera se que com uma variedade de textos lidos pertencen tes a diversos g neros o aluno tenha condi es de elaborar um texto bem estruturado Para que isso ocorra presume se um bom repert rio do aluno uma vez que o texto foi composto de v rias e variadas leituras Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 171 G NEROS TEXTUAIS De certa forma o princ pio inter trans pluridisciplinar parte do conceito de intertextualidade uma vez que se entende tal conceito como o propulsor da dial tica entre variados textos certo di logo com outros textos Esse di logo n o deve ser concebido como uma simples troca de falas entre interlocutores mas como um processo de autoconhecimento e de conhecimento do outro Em verdade acredi ta se n o haver um texto totalmente aut nomo assim como j afir mava Barthes em todo texto j h um intertexto h sempre uma re fer ncia estabelecida este recorrer a um outro j existente sendo para us lo
67. promover o humor Tais pr ticas incorporadas ao universo did tico s o tribut rias de um novo paradigma te rico apoi MR ado nos estudos da enuncia o por assim dizer fundados por Ba 21 Flores 1995 sintetiza A teoria da Enuncia o como se conhece o conjunto de trabalhos que estuda os fatores e atos que provocam a produ o de um enunciado Refletindo sobre quest es de interlocu o intersubjetividade tempo e lugar essas teorias buscam preencher as lacunas da lingu stica pelo argumento de que o estudo sem ntico dos enunciados insufi ciente quando n o se leva em conta a enuncia o Teixeira amp Flores 1995 p 20 158 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos khtin Benveniste e Ducrot Este arcabou o te rico impulsionado pelo fil sofo da linguagem Bakhtin 1992 inspira a afirma o de que todo enunciado s pode ser compreendido no interior de um g nero discursivo Apesar do estudo sobre o g nero do discurso ter sido uma discuss o realizada pelos estudos liter rios na Antiguidade cl ssica ela s passa ganhar um novo contorno ligado s pr ticas sociais com os estudos de Bakhtin Com Bakhtin a no o de g nero redimensi onada no mbito das intera es sociais seus estudos observam for mas enunciativas relativamente est veis no modo de configura o dos textos que desempenham uma fun o social Nesse sen
68. repre senta es dos sujeitos envolvidos na referida situa o de intera o Essas figuras sociais podem nos dar pistas a respeito da dificuldade encontrada pelos leitores no momento em que o texto processado A leitura dos textos dos contratos tem sido ou negligenciada ou permanecido encarada como sendo de dif cil realiza o por parte dos indiv duos Existe uma cren a socialmente partilhada pelos indi v duos de que esses textos s o de dif cil interpreta o Entretanto o que realmente ocorre nessa situa o comunicativa que as figuras do enunciador e do enunciat rio n o s o compat veis No caso dos contratos o Eu comunicante e o Tu interpretante compreendem perfis discursivos muito distanciados O Tu interpre tante n o confere com a imagem que o Eu comunicante reproduz que o Tu destinat rio Essa imagem discursiva pode ser evidencia da atrav s dos conhecimentos apresentados na superf cie textual dos documentos contratuais Como apresentado os conhecimentos utili zados na constru o textuais n o s o compat veis com o conheci mento de mundo dos leitores leigos uma vez que esse conte do ir permanecer codificado para Tu interpretante 29 O conhecimento de mundo um dos fatores indispens veis apreens o dos sentidos pelos leitores Segundo Kleiman 2000 existem tr s conhecimentos que s o indispens veis leitura o c de mundo o c textual e o c ling stico Esses tr s saberes comp e
69. rica D bora ele No entanto as pessoas Os americanos eles na Am rica do Sul A Argentin Paula ele L esta l ngua Ele rammuna Am rica do Sul e o Paraguai z 7 3 os com alguns Raquel ele L a linguagem Meu tio SETE F Vitor ele Mas eles e o meu tio eles no sul da Am rica Leandro ele L isso Meu tio esses pa ses na Am rica Jefferson ele L O espanhol Um espanhol Eles na Am rica do Sul Mateus ele 14 essa lingua ele eles aqui Gabriel ele Naespanha alingua Meu tio ra muito bem 15 Vitor modificou o texto resolveu ent o meu irm o reclamou do p ssimo atendimento 16 Gabriel modificou o texto Meu tio me explicou que d para ficar na Am rica 86 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Linqu sticos BEB MANUAL DO PROPRIET RIO Rosane Fernandes Lira UERJ rosanefls O gmail com INTRODU O Este artigo um recorte de minha pesquisa de mestrado em desenvolvimento que tem como objetivo geral analisar aspectos re levantes da constru o da identidade de pais no livro Beb manual do propriet rio Borgenicht amp Borgenicht 2005 o que farei base ando me em um conjunto de elementos lingu sticos e discursivos dentre os quais destaco a no o de cenografia discursiva Maingue neau 2008 A seguir apontarei brevemente algumas caracter sticas do li vro dos Borgenicht a fim de familiarizar um pouco com
70. ruptura a hist ria n o contada como o narrado pela b blia No cartum em quest o a ma oferecida a Eva pela ser pente substitu da por um preservativo conhecido como camisinha Essa ruptura se faz no sentido de evidenciar a m xima da relev ncia porque o enfoque principal a abordagem sobre a preven o de do en as sexuais Isso gera uma implicatura que leva o leitor a inferir Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 115 G NEROS TEXTUAIS sobre a principal inten o do autor ao produzir o texto Desse modo a mudan a de contexto de uma hist ria religiosa s ria para um am biente de humor uma piada mostra a relev ncia a ser apreendida pela leitura o ensinamento sobre a necessidade de preven o contra as DST No que diz respeito m xima do modo o texto do Cartum conta a hist ria e evidencia um ensinamento de modo indireto le vando infer ncia na captura do sentido Esse fato caracter stico da linguagem do humor Em refer ncia a isso Possenti ao analisar o efeito do humor em piadas afirma que o que caracteriza o humor muito provavelmente o fato de que ele permite dizer alguma coisa mais ou menos proibida mas n o necessariamente cr tica no sentido corrente isto revolucion ria contr ria aos costumes arraigados e prejudiciais Possenti 2000 Assim a hist ria contada dentro de um contexto humor stico permite uma abordagem descontra da de um assunto religioso principalmente porque trat
71. se com o va lor de Vossa Excel ncia Senhoria como express o de alt ssima cerim nia sobretudo quando seguida de aposto que tenha um t tulo determinado por artigo Desse modo afirma Cunha l cito dizer se Sua Excel ncia o Senhor Ministro aprova a medida em lugar de Vossa Excel ncia Senhor Ministro aprova a medida No tocante ao possessivo Nilce Sant Anna Martins alerta que em sua aus ncia tem se vocativo Permita me apertar lhe a m o Excel ncia exemplifica a autora Releva ainda que o trata mento nominal nomes que situam o interlocutor em rela o pes soa que fala pode apresentar no vocativo o possessivo de 1 pessoa N o diga isso meu amigo Por fim Martins comenta que as express es de tratamento do tipo Vossa Senhoria Vossa Excel ncia etc servem em determinadas situa es ironia e jocosidade por isso prestam se a contextos de humor em que a imita o c mica de sua composi o formal explo rada conforme os exemplos V Insol ncia V Revirad ssima A ponta assim para a re cria o de tais express es usadas em outros g neros textuais cujos objetivos diferem do g nero utilit rio Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 101 G NEROS TEXTUAIS Dedica se na pesquisa ao exame exclusivo dos pronomes tratamentais desse modelo pois aparecem com muita frequ ncia em A Odalisca e o Elefante Indiscutivelmente para que o aluno entenda
72. tema Esse te rico no in cio dos anos 50 j pensava em propostas de teoriza o sobre os g neros do discurso N o h como fugir de aspectos relativos a uma gama de vari ados textos de que estamos rodeados rotineiramente nessa medida paralelamente ao nosso objetivo central utilizaremos alguns g neros do discurso Conforme Grillo 2004 declara muito do valor do trabalho com g neros se d pelo fato de o discurso ser concebido como de na tureza dial gica e o enunciado como a concretiza o do dialogismo uma vez que ele s existe em virtude de um autor e da consequente posi o deste sujeito Parece n o s relevante como imprescind vel levar textos provenientes da m dia para se ensinar a L ngua Portuguesa assim como levantar caracter sticas dos enunciados presentes em determi nado texto como elementos capitais a serem estudados uma vez que s o constitutivos do todo de que fazem parte elementos estes que Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 173 G NEROS TEXTUAIS podem ser aspectos extraverbais da situa o de comunica o qual ele pertence Entretanto falar em textos provenientes da m dia amplo na medida em que h m ltiplos g neros resultados dessa intera o en tre autor jornal TV propaganda etc e um leitor Assim sendo um estudo dos g neros midi ticos extrema mente abrangente e com variadas possibilidades de enfoque Dessa maneira nos fundamental delimitarmos nossas propos
73. transpor a an lise metalingu stica das frases isoladas para as frases que comp em um texto preciso considerar que o texto possui suas pr prias regularidades qualitati vamente diferentes das que se observam no n vel da frase Desse modo passamos no pr ximo cap tulo a examinar com mais min cia essas regularidades que caracterizam o texto PRESSUPOSTOS TE RICOS As caracter sticas do texto Para compreender como o trabalho com o texto poderia de senvolver a compet ncia comunicativa dos alunos preciso ter cla reza do que caracteriza um texto Para tanto buscaremos apoio nas reflex es de Antunes 2005 a respeito do processo de escrever am pliando as tanto produ o do texto escrito quanto do texto oral 1 A produ o de textos uma atividade de intera o Nor malmente quando produzimos textos temos a inten o de agir com o outro Desse modo em circunst ncias normais realmente dif cil pensar numa situa o em que algu m produza um texto sem um in terlocutor em mente Nesse sentido no que tange produ o dos textos escritos a observa o apenas de aspectos como ortografia concord ncia e reg ncia em textos artificialmente constru dos de monstra uma pr tica educacional incompleta 2 A produ o de textos uma atividade cooperativa Ou se ja uma atividade que pressup e no m nimo dois indiv duos que Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 57 G NEROS TEXTUAIS trabalham
74. uma sele o que possibilite mostrar a heterogeneidade proposta 48 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos O congresso tamb m se mostra descomedido gastos com pessoal e despesas de custeio de modo geral um dos mais caros do mundo em rela o renda per capita da popula o mas isso n o parece constran g lo Age como se as fontes do dinheiro p blico fossem infinitas e ines got veis O empreguismo no setor p blico parece uma pr tica compulsiva incessante e sem limite dif cil o dia em que os meios de comunica o n o anunciam a abertura de vagas sempre em n mero generoso con cursos e nomea es pol ticas sem nenhum teste pr vio H pouco mais de um m s no inicio de julho a press o popular fez o Senado desistir da contrata o de 97 servidores sem concurso com sa l rios de quase R 10 mil al m de benef cios assistencialistas Era uma esp cie de parelha de gastos com a C mara A justificativa dos senadores era que os deputados haviam aumentado a verba de gabinete de R 50 8 mil para R 60 mil para contratar pessoal Na ltima semana essa farra registrou eventos de not ria repercus s o No dia 30 o Di rio Oficial da Uni o publicou a medida provis ria que transformou em minist rio a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca e criou 295 cargos para serem preenchidos sem concurso p blico Os sal rios variam entre R 1 997 31 e
75. 2 setembro dezembro Rio de Ja neiro Grifo 1974 LIMA Costa Machado Mestre de Capoeira In Interven es S o Paulo Universidade de S o Paulo 2002 MOIS S Massaud A cria o liter ria Prosa vol II 16 ed S o Paulo Cultrix 1998 1967 S Jorge de A cr nica 6 ed S o Paulo tica 2002 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 27 G NEROS TEXTUAIS A ESCRITA DE SI EM O AMANUENSE BELMIRO DE CYRO DOS ANJOS Fl via Santos de Fran a flavia sfO hotmail com Tudo o que fa o ou medito Fica sempre na metade Querendo quero o infinito Fazendo nada verdade Fernando Pessoa Na d cada de 20 impulsionada pelo esp rito renovador mo dernista a produ o liter ria nacional abriu suas portas e deu boas vindas para diferentes estilos de narrativas dentre eles a valoriza o regionalista Na literatura de 30 quando o movimento regionalista chegava ao seu apogeu a representa o realista era hegem nica e a prosa social dominava os lan amentos da poca Os personagens que avultaram nesse momento caracteriza vam se por representarem o perfil de determinada regi o brasileira enfatizando com isso as diferen as regionais existentes no nosso pa s numa revitaliza o nos moldes de identifica o da cor local ob jetivado desde o romantismo Entretanto alguns autores contrapuseram se a tal modelo a presentando personagens interioranos refor ando a elabora o inti mista e
76. ARA O DA CASA E INSTALA O Prepara o da casa Configura o do quarto do beb o Conhe a o prestador de servi os do beb 28 CAP TULO 2 CUIDADOS GERAIS Como criar v nculos com o beb Choro aprenda a conhecer os sinais sonoros do beb 48 Como brincar com o beb 60 Atrav s dele j podemos observar os verbos utilizados no im perativo aprenda conhe a sugerindo que o conte do do livro deve ser obedecido pois o discurso especializado a palavra de au toridade refor ada pelos substantivos prepara o instala o cuidados e pelo chamamento como criar como brincar que tamb m d o composi o a no o de que ela det m o modo correto de efetivar as proposi es Isto nos diz bastante a respeito do ethos enunciativo do qual trataremos mais frente Ao longo do livro percebemos a objetividade da linguagem do mesmo modo que nos demais manuais de instru es de apare lhos seja para l orientar quanto ao organismo do beb e situa es cotidianas o sistema sonoro do beb composto de dois pulm es das cordas vocais e da boca Ele usa estes dispositivos para comunicar se p 48 2 quando trata de assuntos tradicionalmente delicados como a depress o p s parto em que diz t o somente se voc n o se sentir Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 89 G NEROS TEXTUAIS l
77. CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos afirma Philippe Gasparini a respeito do romance autobiogr fico o romance de Lima Barreto n o realiza uma s ntese dos c digos anta g nicos o autobiogr fico e o romanesco ele os faz coexistir sem escolher um ou outro Gasparini 2004 p 13 ainda Gasparini que aponta no romance autobiogr fico al guns poss veis operadores de identifica o entre autor e personagem narrador aspecto f sico origens profiss o meio social trajet ria pessoal gostos cren as modos de vida 2004 p 45 Uma vez que a an lise minuciosa de tais operadores n o caberia neste trabalho va mos nos limitar s semelhan as mais flagrantes entre o autor Lima Barreto e o personagem narrador de Cemit rio dos vivos origem humilde ambi o de formar se a qual n o se realiza emprego numa reparti o p blica dificuldades familiares causada por doen a dos pais h bito da leitura exerc cio do jornalismo e da literatura sem que tais atividades proporcionem um cotidiano menos penoso inclu sive pela falta de dinheiro v cio da bebida alucina es interna es no hosp cio Entre os ndices de ficcionalidade distribu dos pelo romance destaca se a figura da esposa Efig nia presen a t o marcante na vida do personagem narrador que a ela e singular hist ria de seu casamento Vicente dedica boa parte dos dois primeiros cap tulos do rom
78. DST e Aids de autoria de cartunistas brasileiros e estrangeiros No total esse corpus compreende uma edi o do Jornal O Pasquim n 100 Especial sem Aids no qual s o apresentadas trin ta e quatro pe as entre cartuns e quadrinhos de autores brasileiros uma cr nica de M rcia Vilela uma reportagem sobre a Organiza o Viva Cazuza uma entrevista feita com o Doutor Jairo Bouer conhe cido sex logo um ensaio intitulado O Dia da Cura de Alexandre Grangeiro e uma apresenta o do jornal feita por Ziraldo Constitui ainda parte dos dados tr s pe as fotogr ficas um encarte contendo dezessete cartuns de autores brasileiros e estrangeiros um cart o jogo imitando o conhecido Onde est Wally com o nome brasi leiro de Onde est a Aids e uma pequena revista em quadrinhos sobre a conhecida personagem Radical Chic criada por Miguel Paiva A seguir apresenta se an lise de tr s cartuns constituintes do corpus acima citado O Cartum n 1 mostrado abaixo de autoria de Airon encena a conhecida hist ria de Ad o e Eva no para so por m em contexto diferenciado uma vez que veiculada na linguagem do humor Cartum n 1 No que diz respeito obedi ncia ou n o das m ximas conver sacionais Grice 1975 pode se detectar que a m xima da quantida de plenamente obedecida uma vez que n o h elementos a mais do que os necess rios para contar a hist ria J em rela o m xima da qualidade h uma
79. Folgada Inconsci ncia de Tudo Enfim ordena que os arautos do sulta nato proclamem popula o que doravante ter o todos que viver ao rit mo fleum tico de sua Pachorrenta Majestade 72 73 E em tal ritmo que Alphen elabora o ltimo cap tulo 999 Vidas 74 99 conduzindo lenta vagarosamente o leitor por estra das po ticas de outros mundos da fic o Ao entrela ar os fios vitais de seus protagonistas com os de diferentes hist rias de amor impos 108 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos s vel a escritora al m de prolongar a ansiedade do leitor quanto ao ep logo da obra valoriza a mudan a do perfil sultanesco viabilizan do um final feliz Balelas impacienta se o Sult o apaixonar se por um inimigo pff Este paquiderme n o entende nada de hist rias Ademais Orelhas do Oriente deveria estar na cama h muito tempo Vem chegando a madru gada e o sereno vem caindo preocupa se Sua Abnegada Majestade L 85 A forma de tratamento da passagem anterior expressa a dedi ca o do Soberano odalisca Devotar se a algu m entretanto im plica ser capaz de renunciar aos seus mais ntimos desejos em prol desta pessoa Pode se esperar do Sult o tamanho desprendimento Somente na pen ltima p gina do livro o leitor obt m a resposta Nesse momento o Sult o abre um olho e v a odalisca e o elefante no jardim Olhando
80. O que tem nos chamado aten o desde o in cio jus tamente essa dificuldade na leitura dos textos contratuais cujo con te do apesar de ser de extrema import ncia para o interesse dos seus enunciat rios utilizadores dos servi os estipulados pelas empresas de sa de muitas das vezes incompreendido Esse conte do pode r ser at mesmo totalmente ignorado por conta da impossibilidade do acesso s informa es pelos enunciat rios Em decorr ncia dessa suposta dificuldade pretende se anali sar qual figura o Eu comunicante pretende passar para o seu Tu 188 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos interpretante verificando se marcas lingu sticas poderiam definir quem o Eu enunciador E principalmente procurar identificar quem o enunciat rio ou quem s o os enunciat rios desses textos Essas especula es se tornam pertinentes na medida em que os textos dos contratos ao mesmo tempo em que se reportam a um tipo de p blico espec fico que seriam os leitores leigos utilizam uma grande soma de marcas lingu sticas que denotam o Tu interpre tante muito diferente do enunciat rio real O Tu interpretante na rea lidade seria o Poder P blico em algumas de suas inst ncias cujos interesses seriam atendidos mediante a obedi ncia s diferentes Leis de regimento para os servi os m dicos das empresas de sa de Por conta dessa peculiaridade
81. Ou seja parte se de uma interpreta o do lido Para tanto n o se pode deixar de lado um trabalho que abarque a quest o das escolhas lexicais como reve ladoras de um posicionamento do jornal Ainda em Grillo v se tal afirma o relativa escolha lexical As escolhas s o condicionadas tanto pelo efeito de sentido que se quer produzir quanto pelo contexto s cio hist rico o qual envolve o g nero discursivo a institui o da qual o discurso ganha legitimidade as filia es ideol gicas os interlocutores previstos etc Grillo 2004 p 86 poss vel ainda trabalhar com as caracter sticas do enuncia do este entendido como afirmava Bakhtin no que se refere ao seu aspecto tanto dial gico como polif nico Nessa medida tomando como exemplo o texto de opini o vemo lo constitu do de vozes ou tras que n o apenas a do escritor mas constru do repleto de outras vozes Nesse tipo de texto o produtor para convencer seu interlocu tor tem s vezes que se valer de outras vozes de outros dizeres ob jetivando apresentar veracidade de sua voz comum nessa medida que textos de opini o detenham vozes que se complementam que se chocam que concordam ou n o entre si Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 175 G NEROS TEXTUAIS O trabalho com textos de opini o parece nos f rtil uma vez que poss vel perceber a intera o que n o se d apenas face a face mas por meio da compreens o ativa em que o le
82. Propriet rio instru es e conselhos para solu o de problemas e manuten o permanente Analisando por exemplo a sua capa temos o desenho de um beb mas um desenho gr fico como se fosse o rascunho de um ro b cujas partes do corpo est o evidenciadas por setas e renomeadas de acordo com as suas fun es a cabe a chamada de cobertura o est mago de c mara de absor o de alimentos a boca de unidade central de processamento o intestino de dep sito de dejetos Ao mesmo tempo um elemento tradicional uma touca branca de re c m nascido da d cada de 50 muito t pica de desenhos animados e quadrinhos emoldura a cabe a do beb rob fazendo com que num r pido olhar para a figura cujas partes do corpo foram nomeadas de 88 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos modo t o estranho seja acionada em nossa mente a imagem de um beb Abaixo do t tulo o Manual explica se instru es de opera o sugest es para eliminar problemas e conselhos sobre manuten o no primeiro ano Como se fosse uma pe a adquirida por seus pais o beb chamado de modelo e seu funcionamento o as sunto focado exatamente como faria com um celular um manual de instru es Seu sum rio est assim esquematizado PARAB NS VOC GANHOU SEU BEB O beb diagrama e lista de pe as eo CAP TULO 1 PREP
83. R 10 448 N s os pagadores de impostos vamos arcar com mais essa despesa cujas justificativas su p e se que existiam toda a popula o desconhece Nesse ato h que se notar novo recorde da burocracia federal Foi quebrado o anterior de 37 minist rios Agora s o 38 um quadro in dito e muito desagrad vel na vida pol tica da Rep blica At prova em contr rio o que dif cil o excesso de minist rios de secretarias e de cargos de confian a tende a provocar inefici ncia de gest o e desperd cio de gastos Foge ao princ pio da racionalidade e certamente prejudica setores importantes do governo Um outro susto na onda da abertura de vagas federais na quinta feira o Minist rio do Planejamento autorizou 1 822 novas contrata es para o Minist rio do Trabalho e Emprego Ser o preenchidas as fun es de administrador 186 economista 8 e agente administrativo 1 628 O edital ser lan ado em seis meses e o provimento dos cargos deve a contecer at 31 de julho de 2009 Na mesma portaria o Minist rio do Planejamento autorizou a convo ca o de candidatos aprovados na ltima sele o da Controladoria Geral da Uni o que ofereceu 400 oportunidades Levantamentos realizados por consultorias apontam que o governo Lula encerrou o primeiro mandato com contrata o l quida admiss es menos demiss es de aproximadamente 118 mil servidores civis e milita res mais do que o dobro dos 41 mil em oito
84. RANEA ALTERNATIVAS DE LEITURA Anete Mariza Torres Di Gregorio UNIG anetemariza ig com br No presente artigo escolhe se A Odalisca e o Elefante de Pauline Alphen para adentrar em universos re inventados por meio das palavras selecionadas com cuidado pela autora e dispostas com habilidade em seus textos a fim de abduzir o leitor para a viagem da s leitura s Essa obra rendeu autora o pr mio de Escritor Reve la o de 1998 concurso realizado pela Funda o Nacional do Livro Infantil e Juvenil FNLIJ abrindo lhe espa o para figurar dentre os talentos da literatura juvenil contempor nea Nascida em 1961 no Rio de Janeiro filha de m e alagoana e pai franc s torna se bil ngue e tem dupla nacionalidade a brasileira e a francesa Al m de escritora jornalista e tradutora Labora por tanto sempre no mundo mundo vasto mundo das palavras Em 1994 j havia publicado o livro de poemas Aviso aos Na vegantes edi o artesanal e participado da colet nea L ngua Solta Rosa dos Tempos S o tamb m de sua autoria Do Outro Lado do Atl ntico 2003 A Porta Estava Aberta 2007 No posf cio de A Odalisca e o Elefante Alphen 1998 p 100 adverte Nenhuma hist ria uma ilha Toda hist ria ecoa ou tras ouvidas lidas sonhadas Ela criou a sua em que narra um a mor imposs vel devido maldi o de um g nio invejoso entre uma odalisca de 15 anos e um imenso elefante branco l n
85. S HOR CIO LONGINO A po tica cl ssica Introd por Roberto de Oliveira Brand o trad por Jaime Bruna S o Paulo Cultrix 1997 CARNEIRO Fl vio Um sonho de Quixote considera es sobre li teratura e hist ria In Fragmentos de cultura n 13 edi o especial Goi nia UCG julho de 2003 156 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos FINAZZI AGR Ettore e VECCHI Roberto As literaturas de tes temunho e a trag dia pensando algumas diferen as In Orgs Formas e media es do tr gico moderno uma leitura do Brasil S o Paulo Unimarco 2004 FIUZA Guilherme Meu nome n o Johnny Rio de Janeiro Rec cord 2007 LACOUE LABARTHE Philippe H lderlin e os gregos In A imita o dos modernos ensaio sobre arte e filosofia Trad Jo o Ca millo Penna S o Paulo Paz e Terra 2000 p 211 224 MACHADO Roberto O nascimento do tr gico de Schiller a Ni etzsche Rio de janeiro Jorge Zahar 2006 SZONDI Peter Ensaio sobre o tr gico Trad Pedro Siissekind Rio de Janeiro Jorge Zahar 2004 WHITE Hayden O texto hist rico como artefato liter rio In Tr picos do discurso ensaios sobre a cr tica da cultura S o Paulo Edusp 2000 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 157 G NEROS TEXTUAIS O G NERO TIRA DE HUMOR E OS RECURSOS ENUNCIATIVOS QUE GERAM O EFEITO RIS VEL Jos Ricardo Carvalho da Silva ricardocarvalho ufs O
86. Site www wikipedia org acessado em 26 02 2008 196 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07
87. XII CONGRESSO NACIONAL DE LINGU STICA E FILOLOGIA Circulo Huminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Em Homenagem a Othon Moacyr Garcia UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO de 25 a 29 de agosto de 2008 Cadernos do CNLF Vol XII N 07 Rio de Janeiro CiFEFiL 2008 G NEROS TEXTUAIS UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCA O E HUMANIDADES FACULDADE DE FORMA O DE PROFESSORES DEPARTAMENTO DE LETRAS Reitor Ricardo Vieiralves de Castro Vice Reitora Maria Christina Paix o Maioli Sub Reitora de Gradua o Len Medeiros de Menezes Sub Reitora de P s Gradua o e Pesquisa Monica da Costa Pereira Lavalle Heilbron Sub Reitora de Extens o e Cultura Regina L cia Monteiro Henriques Diretora do Centro de Educa o e Humanidades Glauber Almeida de Lemos Diretor da Faculdade de Forma o de Professores Maria Tereza Goudard Tavares Vice Diretor da Faculdade de Forma o de Professores Catia Antonia da Silva Chefe do Departamento de Letras Leonardo Pinto Mendes Sub Chefe do Departamento de Letras Eduardo Kenedy Nunes Areas Coordenador de Publica es do Departamento de Letras Jos Pereira da Silva 2 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Hluminenso de Estudos Filol gicos e Linguisticos Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos 7 e Lingu sticos Rua S o Francisco Xavier 512 97 Ma
88. a A verdade que Sua Sorumb tica Majestade era mais do tipo mal humorado Todos os seus s ditos sabiam que pela manh era me lhor n o falar com ele que sa a exausto de mais uma noite de ins nia e que de noite era prefer vel evit lo pois se dirigia macamb zio para mais um per odo de vig lia 23 Abrir m o daquilo n o seria daquela que lhe traz tan tas alegrias tornando se o elixir de sua vida insone O Soberano perspicaz Frio calor e tal Apesar das variantes Sua Sagaz Majestade reco nhece os sintomas e de tanta surpresa raiva e ci me sente a alma esca pando lhe pelo ded o do p 54 Ao descobrir que a odalisca ama o elefante depois de muitos quiproqu s o Sult o esfor a se por apag los de sua mente Perseve ran a passa a ser de fato uma das marcas de seu car ter Desta vez Sua Persistente Majestade empenha se realmente em es quecer Leilas elefantes orelhas e hist rias 60 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 107 G NEROS TEXTUAIS Para isso o Soberano apela para diversos estratagemas dentre eles ir guerra afinal seu nome coragem Passa assim Sua Audaz Majestade algum tempo guerreando e no ca lor da a o no clamor dos homens e no tinido das armas quase se dis trai 60 No fluxo da narra o todos os atributos do Soberano como pe as de um caleidosc pio s o primorosamente engenhados cons truindo seu ethos
89. a o do eu bus cando constru lo e fortific lo Nesse processo o escritor n o se desdobra apenas no autor do Di rio ntimo ele tamb m o cro nista que discorre sobre a loucura e o sistema de tratamento da mes ma o leitor culto que procura na biblioteca do hosp cio obras que o enrique am e ao livro que pretende escrever leitor que se serve para pontuar suas viv ncias e sua escrita das obras que l ou que co nhece e o ficcionista que comp e um personagem com uma hist ria de vida bastante semelhante sua mas que ao mesmo tempo vivencia situa es e dramas pessoais distintos dos seus O Di rio tem portanto um car ter h brido nele convivem ao lado de diferentes modalidades de registro autobiogr fico o tem pr prio da cr nica e a elabora o ficcional Tomemos o cap tulo tr s cujo t tulo A minha bebedeira e a minha loucura Neste segmento Lima Barreto faz um relato retros pectivo reordenando pela reflex o o seu passado Nessas passa gens a escrita do di rio aproxima se do ritmo da autobiografia pro priamente dita na qual a mem ria seletiva modifica filtra e hierar quiza a lembran a Miranda 1992 p 34 Muitas causas influ ram para que viesse a beber mas de todas elas foi um sentimento ou pressentimento um medo sem raz o nem explica o de uma cat strofe dom stica sempre presente Adivinhava a morte de meu pai e eu sem dinheiro para
90. a ltima retomada do referente carro conv m observar 8 Todas as transcri es foram feitas exatamente da forma como o aluno escreveu Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 67 G NEROS TEXTUAIS o tra o humano e a descontinuidade t pica do referente Paredes Silva 2003 ap s pesquisar as motiva es funcionais que interferem no emprego do sujeito pronominal no portugu s chegou conclus o de que o tra o humano como ocorre no referente carro do nosso exemplo desfavor vel sele o do pronome ou da elipse Al m disso segundo Paredes Silva 2003 a descontinuidade t pica ou seja a n o ocorr ncia de um mesmo referente na fun o de sujei to em segmentos do mesmo plano discursivo tamb m n o favor vel ocorr ncia do pronome ou da elipse Antunes 2005 adverte que como qualquer outro recurso a repeti o merece o cuidado da utiliza o equilibrada uma vez que o conte do de um texto n o pode reduzir se a um mesmo sem fim que n o avan a e circularmente n o sai do lugar p 82 Nesse senti do o emprego correto da repeti o fundamental para uma constru o equilibrada do grau de informatividade de um texto Koch amp Travaglia 2002a 2002b Antunes 2005 tamb m lembra que po dem ocorrer repeti es n o funcionais isto que n o t m uma fun o reconhec vel ou n o respondem a um prop sito discursivo qual quer p 82 Nesses casos a r
91. a comicidade dessas formas re inventadas h uma condi o subjacente ele deve conhecer as express es de tratamento formal suas respectivas abre viaturas e as indica es para o seu emprego Isto posto reitera se a necessidade do ensino de l ngua mater na levar em considera o a diversidade dos g neros textuais a fim de que o objeto de trabalho do professor de portugu s a L ngua Portuguesa seja contemplado ampla e eficientemente No artigo focaliza se o discurso liter rio de Pauline Alphen cuja genialidade extrai da l ngua as possibilidades de inovar as for mas de tratamento que conferem gra a hist ria e funcionam como mote construtor da imagem sultanesca Logo nas p ginas iniciais em que ocorre a apresenta o do personagem Sult o ao leitor a adequa o do uso das express es de tratamento ludicamente abordada Uma odalisca tamb m deve saber de cor e salteado os in meros nomes de seu mestre e senhor o Sult o n o pode por exemplo confun dir O Magn nimo Pr ncipe com Vossa Intrat vel Majestade 12 Tal estrat gia discursiva funciona como elemento de valori za o das rupturas subsequentes instaurando de imediato o antago nismo entre o trato s rio e o pitoresco enfatizando pois o efeito de humor que perpassa a obra O leitor surpreende se a cada nova forma de tratamento usada pelo narrador para falar sobre o Sult o em vez de um tom respeitoso neutro dep
92. a constata o ou de um relato Acrescenta Blanchot que o di rio uma empresa de salva o escreve se para salvar a escrita para salvar sua vida pela escrita para salvar seu pequeno eu as desforras que se tiram dos outros as mal dades que se destilam ou para salvar seu grande eu dando lhe um pouco de ar Blanchot 2005 p 274 Se Maurice Blanchot considera com ceticismo a fun o psico terap utica do di rio ntimo Alain Girard em seu livro Le Journal Intime enfatiza esta fun o ao dizer que ferido pelos acontecimen tos externos o indiv duo reconstitui na solid o do di rio a sua inte gridade Para o autor de um di rio ntimo assinala Girard registrar os acontecimentos que tecem a trama dos dias representa um esfor o para escapar da inconsist ncia dando ao eu um contorno uma for ma uma realidade Girard 1963 p 528 Na mesma clave referin do se aos di rios ntimos compostos por escritores B atrice Didier salienta que a escrita do di rio corresponderia aos per odos em que a imagem de si est amea ada ou ainda n o constitu da Didier 2002 p 115 Com efeito a perda de identidade ao ser privado de suas rou pas e objetos pessoais inaugura os registros de Lima Barreto no Di rio do Hosp cio Tiram nos a roupa que trazemos e d o nos uma outra s capaz de cobrir a nudez e nem chinelos ou tamancos nos d o Da outra vez que l estive me deram essa pe a do vestu rio que
93. a do tema sexo No Cartum de n 2 de autoria de Santiago apresentado a se guir a implicatura est na composi o do texto como um todo A personifica o do rg o sexual masculino e a inclus o da m sica Com que roupa que eu vou Constr i o sentido contextual 116 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos A m xima do modo que sup e clareza e objetividade rom pida no texto acima na medida em que o autor narra o fato pela indi retividade O cen rio composto por um arm rio em que as roupas s o substitu das por um conjunto de camisinhas de cores diferencia das e do protagonista cantando uma m sica referente escolha de traje mostra o personagem principal o p nis em d vida em rela o qual roupa vestir para ir se divertir O contexto mostra que a al ternativa a ser tomada escolher uma das roupas N o h a op o de n o escolher nenhuma delas Ent o observada a m xima da re lev ncia Para se ir ao samba necess rio ao personagem p nis vestir necessariamente uma de suas roupas Na relev ncia o ensi namento numa situa o que virtualmente possa levar a uma rela o sexual o p nis nunca deve estar desnudo o uso do preservativo deve ser feito em qualquer circunst ncia e em qualquer lugar Assim o valor social que dado pela sociedade escolha do traje a ser usa do nos mais diversos eventos sociais
94. a fim de aumentar a expectativa do leitor quanto ao desfecho da trama O cap tulo O ato 70 71 fixa o lado cruel vingativo do Sul t o mas no momento final desfaz sua imagem de infal vel de in destrut vel anunciando a virada da hist ria Acredite se puder o Insone Sult o cai como uma jaca em cima do elefante branco assaltado por um s bito um absoluto um irresist vel a taque de sono O sono herdado acumulado pelo Sult o e seus ante passados que resolveu abater se sobre Sua Indefect vel Majestade no momento em que ele ergueu a adaga para matar 71 Surge no cap tulo A transforma o 72 73 um novo Sobe rano que dominado pela emo o on rica se deixa levar pelos sen timentos sem medir as consequ ncias Tantos sonhos represados tantos suspiros contidos demoram e en torpecem Por muito tempo dorme ressona ronca e sonha Sua Arrebata da Majestade descobrindo as cores e os t neis as montanhas e as que das vertiginosas do seu mundo de dentro 72 Em um estilo jocoso Pauline Alphen rejinventa neste cap tulo formas de tratamento peculiares ao recente nimo do Sult o Apresentadas pelo narrador desfilam no texto Quando o Sult o desperta nos profusos cetins de sua cama Sua Descansada Majestade dita as ordens Depois convoca seus onoma tomantes para que criem t tulos mais adequados ao seu novo estado de esp rito coisas como Divino Espregui ar Retumbante Ressonar ou
95. a nossa capa cidade metatextual para a constru o e intelec o de textos na concep o de Bakhtin de que todas as esferas da atividade humana est o rela cionadas com a utiliza o da l ngua Para ele o enunciado reflete as condi es espec ficas e as finalidades de cada uma dessas esferas n o s por seu conte do tem tico e por seu estilo verbal mas tamb m e sobretudo por sua constru o composicional Bakhtin apud Koch 20083 p 54 E a partir da confirma o de que o texto composto de ele mentos coesivos t picos a determinadas situa es que se pode afir mar que todos os enunciados se baseiam em formas padr o e relati Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 43 G NEROS TEXTUAIS vamente est veis de estrutura o de um todo o que constitui os g neros que para Koch s o marcados s cio historicamente visto que est o diretamente relacionados s diferentes situa es sociais p 54 De acordo com a autora que assume a caracteriza o de Ba khtin apud Koch 2003 um g nero pode ser caracterizado da se guinte maneira e s o tipos relativamente est veis de enunciados presentes em ca da esfera de troca os g neros possuem uma forma de composi o um plano composicional e al m do plano composicional distinguem se pelo conte do te m tico e pelo estilo e tratam se de entidades escolhidas tendo em vista as esferas de necessidade tem tica o conjunto dos participan
96. a obra de maneira bvia ela deixa de ser inteiramente hist ria para tornar se um g nero bastardo produto de uma uni o profana embora inatural entre a hist ria e a poesia White 2001 p 100 f cil verificar que os elementos ficcionais est o presentes em Meu Nome n o Johnny Existe um fio condutor da narra o um foco narrativo um narrador observador um personagem principal Jo o Estrella e outros que giram em torno dele marcadores de tem po expl citos a hist ria come a em 1970 d um salto para os anos 80 e mais explorada nos anos 90 encerrando se em 1998 e espa os bem determinados bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro Arrai al d Ajuda cidades da Europa carceragem da Pol cia Federal da Pra a Mau e o Manic mio Judici rio do Hospital Heitor Carrilho si tuado na Rua Frei Caneca Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 147 G NEROS TEXTUAIS Al m disso in meros recursos romanescos foram usados como figuras de linguagem met foras meton mia ironia prosopo p ia ant teses paradoxos assim como invers es no tempo cortes quebras na narrativa e altern ncias H um consenso popular de que a hist ria verdadeira vale mais do que a hist ria ficcional N s nos emocionamos mais diante de fatos tidos como ver dicos O status desse tipo de narra o ganha mais leitores j que temos a impress o de que a palavra escrita tem um compromisso com a realidade No entanto depois que o leitor i
97. a organiza o textual contribuindo para a produ o do sentido pretendido pelo produtor do texto Contudo preciso tam b m considerar que a remiss o se faz frequentemente n o a refe rentes textualmente expressos mas a conte dos de consci ncia is to a referentes que est o presentes na mem ria discursiva dos in terlocutores e que a partir de pistas ou ncoras encontradas na superf cie textual s o re ativados via inferencia o Nota se portanto que todas as estrat gias acionadas pelos produtores discursivos visam t o somente compartilhar sentidos com os seus interlocutores cumprindo se portanto o que fora pre visto pelos PCNs 1998 Um escritor competente tamb m capaz de olhar para o pr prio texto como um objeto e verificar se est confuso amb guo redundante obscuro ou incompleto Ou seja capaz de revis lo e reescrev lo at consider lo satisfat rio para o momento ainda um leitor competente capaz de recorrer com sucesso a outros tex tos quando precisa utilizar fontes escritas para a sua pr pria produ o REDA ES ESCOLARES RETOMADA PESQUISA A partir dos fundamentos te ricos elucidados acerca de texto processamento textual e produ o de texto na escola descrever se a metodologia adotada para a pesquisa e an lise de dados O objetivo inicial da pesquisa foi analisar as produ es textu ais de alunos do ensino fundamental de duas escolas
98. a outro artigo de pronto pode se afirmar que a Lingu stica Textual aponta os caminhos para a compreens o das ocorr ncias elucidas aqui e abre portas para novas posturas pedag gicas no trato da produ o textual Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 131 G NEROS TEXTUAIS REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ANDRADE Maria L cia Vit rio O Digress o uma estrat gia na condu o do jogo textual interativo Tese de Doutoramento S o Paulo Universidade de S o Paulo 1995 BAKHTIN Michael Est tica da cria o verbal S o Paulo Martins Fontes 1992 BARROS Kazue S M Org Produ o textual intera o proces samento varia o Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte 1999 F VERO Leonor L KOCH Ingedore Grunfeld V Lingii stica Tex tual S o Paulo Cortez 1983 GERALDI Jo o W Portos de passagem S o Paulo Martins Fon tes 1991 KOCH Ingedore G V A coes o textual S o Paulo Contexto 1989 A inter a o pela linguagem S o Paulo Contexto 1992 O texto e a constru o dos sentidos S o Paulo Contexto 1997 Desvendando os segredos do texto S o Paulo Cortez 2002 amp L C TRAVAGLIA Texto e coer ncia S o Paulo Cortez 1989 MARCUSCHI Luiz Antonio Lingii stica do texto o que como se faz Recife Universidade Federal de Pernambuco 1980 PINHEIRO C L Estrat gias textuais interativas a articula o t pica Macei Un
99. abordar os enunciados defi nidos na esfera humor stica REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS AUSTIN J L Quando dizer fazer palavras e a es Porto Ale gre Artes M dicas 1990 GRICE H P L gica e Conversa o In DASCAL Marcelo Org Fundamentos metodol gicos da Ling stica vol 4 Pragm tica Campinas UNICAMP 1992 BAKHTIN Mikhail Est tica da cria o verbal S o Paulo Martins Fontes 1992 A cultura popular na Idade M dia e no Renascimento o contexto de Fran ois Rabelais S o Paulo Hucitec 1996 BAKHTIN M M VOLOSHINOV V N Marxismo e filosofia da linguagem problemas fundamentais do m todo sociol gico na ci n cia da linguagem S o Paulo Hucitec 1995 BENVENISTE mile Problemas de Ling stica Geral II Campi nas Pontes 1989 CIRNE Moacyr Para ler quadrinhos da narrativa cinematogr fica narrativa quadrinizada Petr polis Vozes 1972 Uma introdu o pol tica aos quadrinhos Rio de Janeiro Achiam 1982 DUCROT Oswald Esbo o de uma Teoria Polif nica da Enuncia o In O dizer e o dito Campinas Pontes 1987 166 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Dizer e N o Dizer princ pios de sem ntica lingii stica S o Paulo Cultrix 1977 FLORES Valdir Lingii stica e Psican lise princ pios de uma se m ntica da enuncia o Porto Alegre EDIPUCRS 1999 MARCUSCHI
100. al e refuta as opostas conduzindo o leitor conclus o pretendida pela empresa segundo Nascimento 2003 p 85 Mas com o intuito de argumentar o editorialista faz uso de outros tipos textuais como perceberemos a seguir O editorial portanto um g nero textual jornal stico muito significativo n o s pelo seu contexto informativo mas tamb m pelo di logo que estabelece com o Estado com institui es pol ticas so ciais e empresariais e com o leitor em meio aos fatos levando o a um posicionamento em rela o aos acontecimentos Partindo ent o das informa es sobre g neros e tipos textu ais e sobre o editorial verificaremos quais as tipologias presentes em um editorial de A Gazeta jornal que circula na regi o metropolitana de Vit ria ES o qual est transcrito abaixo A Gazeta Vit ria ES domingo 3 de agosto de 2008 O incha o da m quina p blica O empreguismo no setor p blico tornou se uma pr tica intensiva raro o dia em que os meios de comunica o n o anunciam a abertura de vagas sempre em n mero generoso concursos e nomea es estritamen te pol ticas Que futuro nos espera Essa d vida assalta o cidad o comum diante da expans o diante do incha o incessante da m quina burocr tica do governo federal 3 Como um artigo n o caracteristicamente extenso n o ser poss vel abordar nesta pesqui sa todos os fragmentos que se referem s tipologias citadas cabendo assim
101. algum ensinamento a partir do efeito cons tru do pela situa o humor stica encenada Por isso apresenta se como um material excelente para estudo qualitativo e interpretativo dos c digos que o comp em Veiculado sempre no caderno dois de jornais ou como pe a essencial em festivais relacionados a textos de humor normalmente s o lidos por todo tipo de pessoas como uma leitura de diletantismo Assim observar como se estruturam e como produzem senti do esses textos que j est o no gosto dos leitores em geral significa buscar entend los mais aprofundadamente e us los de forma utili t ria nas atividades de forma o educacional indo al m da explica o do que gera o riso Por estar inserido na classifica o de textos da m dia que reconhecida como um processo de produ o plena de formas cultu rais e se afirmar no espa o cultural como um dos suportes mais vis veis das representa es de identidades Soulages 1996 o g nero cartum vincula se vida cultural no sentido de que contribui para organizar a atividade comunicativa do dia a dia e o entendimento aprofundado de suas peculiaridades poder acarretar perspectivas de uso no processo educacional Os cartuns selecionados para esta an lise fazem parte do con junto de textos humor sticos expostos durante o I Festival Interna 114 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos cional do Humor
102. ali bragem tamb m dever contemplar o prop sito comunicativo do g nero com seus objetivos e estrat gias de constru o de outra forma a intera o entre esses interlocutores poder ser comprometida Quando n o h o estabelecimento da intera o entre os parti cipantes da comunica o na realidade ocorre uma falta de adequa o dos pap is que deveriam ser desenvolvidos pelo enunciador e pelo enunciat rio da mensagem Nesse caso a teoria de Charaudeau esta belece que houve um desencontro entre esses sujeitos participantes OS DIFERENTES SUJEITOS NO CEN RIO ENUNCIATIVO E OS INTERLOCUTORES NOS TEXTOS DOS CONTRATOS Conforme exposto anteriormente o processo de enuncia o pressup e a exist ncia de dois participantes diretos um enunciador que a partir desse momento tamb m ser denominado por Eu e um enunciat rio que ser chamado de Tu Entretanto no cen rio onde se desenvolve a atividade verbal existem ainda segundo Charaudeau outras figuras hipot ticas Charaudeau postula a exist ncia em princ pio de dois eus e dois tus o Eu comunicante o Eu enunciador o Tu destinat rio e o Tu interpretante O Eu comunicante e o Tu interpretante s o pessoas re Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 187 G NEROS TEXTUAIS ais com identidade psicossocial ao passo que o Eu enunciador e o Tu destinat rio s o entidades do discurso s tendo exist ncia te rica Oli veira 2003 p 28 Um enu
103. alidade A textualidade De acordo com F vero amp Koch 2002 p 25 o discurso ati vidade comunicativa humana numa dada situa o comunicativa ma nifesta se por meio do texto caracterizado por um conjunto de rela Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 59 G NEROS TEXTUAIS es conceituais formais e pragm ticas isto a textualidade Uma das propriedades mais pesquisadas para a constru o da textualidade a coes o O estudo pioneiro de Halliday amp Hasan 1976 lembra que a palavra texto empregada em lingu stica para se referir a qualquer passagem falada ou escrita de qualquer extens o que forme um to do unificado p 1 Os Autores 1976 chamaram essa caracter s tica do texto de textura Dentre os fatores respons veis pela textura Halliday amp Hasan 1976 se dedicaram ao estudo da coes o Para os Autores 1976 o conceito de coes o sem ntico e n o apenas for mal A coes o ocorre quando a INTERPRETA O de algum ele mento no discurso dependente de algum outro p 4 Para Koch 2003a p 18 o conceito de coes o textual diz respeito a todos os processos de sequencializa o que asseguram ou tornam recuper vel uma liga o lingu stica significativa entre ele mentos que ocorrem na superf cie textual A Autora 2003a to mando por base a fun o dos mecanismos coesivos na constru o da textualidade reagrupa os cinco mecanismos de coes o textual pro postos
104. alunos completa ram esse texto A primeira ocorr ncia do referente carro sublinha da no exemplo acima foi feita por n s a fim de ativar essa entidade na mem ria de trabalho dos alunos Na primeira retomada desse re ferente houve certo equil brio 04 retomadas por repeti o lexical e 06 retomadas por substitui o por pronomes O maior n mero de retomadas por substitui o por pronome provavelmente est relacionado ao fato de as men es ao mesmo re ferente estarem bastante pr ximas Aqueles que optaram pela substi tui o por pronome n o consideraram que ela pudesse produzir am biguidade na retomada embora o pronome ele pudesse substituir tanto a entidade meu tio quanto seu carro Isto porque num contexto como o da frase abaixo dificilmente algu m interpretaria que o pronome ele estivesse retomando meu tio 2 Meu tio teve que levar seu carro a uma oficina pois ele estava cheio de defeitos Na segunda men o ao referente carro todos os alunos op taram pela retomada por repeti o de palavra Certamente o fator mais influente para essa uniformidade foi a dist ncia entre as men es No entanto perguntamo nos por que nenhum aluno empregou nesse contexto a substitui o pelos hiper nimos autom vel ou ve culo Na ltima refer ncia entidade 09 alunos escolheram a repeti o lexical e apenas um aluno preferiu a substitui o por pro nome Ness
105. amente a de criar estabelecer e sinalizar os la os que deixam os v rios segmen tos do texto ligados articulados encadeados Antunes 2005 p 47 A Autora 2005 tamb m enfatiza a import ncia do componente sem ntico para o estabelecimento das liga es coesivas natural que tais liga es n o v o acontecendo simplesmente na superf cie da sequ ncia textual Na verdade elas sinalizam as liga es conceituais que est o subjacentes a essa superf cie Ou seja concomitan tes aos encadeamentos identific veis na superf cie do texto v o aconte cendo aqueles outros no n vel sem ntico Melhor dizendo se h liga es na superf cie porque elas existem no mbito do sentido e das inten es pretendidas Antunes 2005 p 48 Antunes 2005 explica que a continuidade observada nos tex tos proveniente da continuidade sem ntica estabelecida entre os v rios segmentos ou seja trata se de uma continuidade de sentidos que se expressa pelas rela es estabelecidas no texto Como a coes o resulta dessa rede de rela es a Autora 2005 chamou as de rela es textuais Tais rela es s o sem nticas e diferem quanto natu reza do nexo que estabelecem S o de tr s tipos por reitera o por associa o e por conex o cs A reitera o a rela o pela qual os elementos do texto v o de algum modo sendo retomados criando se um movimento cons tante de volta aos seguimentos pr vios A
106. ampanha o futuro pode mudar para o melhor de todas as fam lias O seu voto um direito e n s temos com promisso com voc 5 Mudan a pra valer o povo faz acontecer 6 DEPUTADO FEDERAL C SAR MEDEIROS Apoiando esta candidatura O santinho B apresenta o plano geral da seguinte forma a explicita o do p blico alvo do texto parte 1 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 15 G NEROS TEXTUAIS b os candidatos afirmam possuir projetos de mudan a parte 2 c v rios problemas s o questionados aos alocut rios parte 3 d o voto apresentado como a solu o para todos os problemas parte 4 e incentiva se a mudan a parte 5 f um deputado federal estimula a elei o desses candidatos parte 6 Os tipos lingu sticos que traduzem os tipos psicol gicos dos santinhos Haja vista que para Bronckart 2007 toda atividade de lin guagem constr i um mundo discursivo devemos nos centrar inici almente em verificar qual mundo ou quais mundos criado quan do se interage com um texto do g nero santinho pol tico Viu se que o autor distingue quatro mundos discursivos a Mundo do Ex por implicado b Mundo do Expor aut nomo c Mundo do Narrar implicado e d Mundo do Narrar aut nomo As constru es desses mundos s o ancoradas por dois subconjuntos de opera es i o primeiro subconjunto de opera es explicita a rela o existente entre as coordenadas gerais do mundo ordin
107. ance Este se inicia ali s com a imagem e as palavras da esposa no instante da morte Quando minha mulher morreu as ltimas palavras que dela ouvi fo ram estas ditas em voz cava e sumida Vicente voc deve desenvolver aquela hist ria da rapariga num livro Barreto 2004 p 117 Ao narrar a hist ria de seu casamento e junto a esta a pr pria trajet ria pessoal e intelectual Vicente Mascarenhas desenha uma jovem simples mas instru da leitora interessada por obras na cionais e estrangeiras uma companheira discreta e silenciosa mas atenta aos projetos liter rios do marido Ainda que este n o lhe reve le tais projetos Efig nia incentiva o chegando mesmo a sugerir que ele publicasse por conta pr pria o livro que compusera Sugest o a ceita pelo marido cujo livro aparece quando a esposa j est morta A prop sito afirma Vicente Mascarenhas Foi depois da morte de Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 141 G NEROS TEXTUAIS Efig nia que o meu pensamento fez viver uma vida desnorteada que me levou duas vezes ao manic mio Barreto 2004 p 165 Incapaz de compreend la e de am la de dividir com ela de s nimos e desalentos ap s a morte da esposa que Vicente reconhe ce a grandeza da mesma Foram precisos muitos e dolorosos acontecimentos na minha vida para que eu os reunisse todos na imagina o e reconstitu sse com eles a figura excepcional de minha mulher que eu n o
108. anos da era FHC Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 49 G NEROS TEXTUAIS Na verdade este optou por amplo processo de terceiriza o enquan to o governo petista prefere a contrata o direta inclusive admitindo os terceirizados do per odo antecessor Mas isso n o anula nem justifica o fato de as contrata es estarem sendo realizados em ritmo fren tico parecendo n o ter freio Quando se pergunta que futuro nos espera em fun o do mar de servidores que chega s reparti es federais deixa se escapar o temor de que a austeridade fiscal venha no futuro a correr risco Al m disso h prescri es muito mais interessantes para o uso do dinheiro p blico Logo no in cio do 1 par grafo poss vel identificar a se qu ncia tipol gica Dialogal atrav s da ora o Que futuro nos espe ra indicando que h mais de um interlocutor no texto No 2 par grafo o editorialista diz que O Congresso tamb m se mostra descomedido fazendo ent o uma Argumenta o por meio do adjetivo grifado que se refere informa o de que h um incha o na m quina burocr tica federal Da mesma forma ele utiliza o Tipo Argumentativo no 3 par grafo quando afirma que O empreguismo no setor p blico parece uma pr tica compulsiva inces sante e sem limite atenuando a coloca o ao inserir o verbo parece antes das adjetiva es do substantivo pr tica J no 4 par grafo o Tipo textual utili
109. ao contr rio s o orienta es para todo o ensino fun damental que envolve muitas disciplinas e ainda conta com os temas transversais os quais abarcam quest es ligadas tica Sa de Meio Ambiente Pluralidade Cultural e Orienta o Sexual Ou seja mate rial e assunto n o faltam para enriquecer as aulas de L ngua Portu guesa Desse modo a nfase na leitura an lise e produ o de textos narrativos descritivos argumentativos expositivos discursivos e lingu sticos que variam conforme as situa es discursivas caracte riza se como uma das renova es mais apregoadas no ensino de nos sa l ngua embora ainda insuficientemente praticada Vale ressaltar Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 169 G NEROS TEXTUAIS que mesmo quando praticada ela geralmente ineficaz De acordo com Chiappini 2000 apud Dion sio 2003 os manuais did ticos trabalham muitos textos dos mais diversos g neros e fun es ver bais ou n o verbais po ticos ou n o contudo eles o fazem de for ma limitada com exerc cios parecidos e pouco cr ticos que n o le vam reflex o tornando a leitura dos mesmos totalmente inadequa das ou equivocadas podendo limitar tamb m o conhecimento da rea lidade DA LEITURA ESCRITA Verifica se assim que os PCNs entendem e pregam como fundamental papel da escola o de produzir um projeto de educa o comprometido com o desenvolvimento de capacidades que permitam intervir na realidad
110. ar Vicente Mascarenhas a Lima Barreto com a publica o da obra ficcional junto ao Di rio do hos p cio os operadores de identifica o tornam se claramente percep t veis at mesmo porque diversas passagens do Di rio s o deslo cadas para o romance Destacamos um dos muitos exemplos dessa repeti o em di feren a Esta curta mas contundente passagem do Di rio Quan do baldeei chorei mas lembrei de Cervantes do pr prio Dostoievs ki que pior devem ter sofrido em Argel e na Sib ria alonga se no romance levando o narrador lembran a da esposa morta Por essa ocasi o confesso vieram me l grimas aos olhos N o era o varrer era o varrer quase em p blico Veio me repentinamente um horror sociedade e vida uma von tade de absoluto aniquilamento mais do que aquele que a morte traz um desespero por ter sonhado e terem me acenado tanta grandeza e ver agora de uma hora para outra sem ter perdido de fato a minha situa o cair t o baixo t o baixo que quase me pus a chorar que nem uma crian a Senti muito a falta de minha mulher e toda minha culpa puramente moral e de consci ncia subiu me mente Barreto 2004 p 158 9 Grifos nossos O fragmento acima apresenta al m de alguns operadores de identifica o entre autor e protagonista um ndice de ficcionalidade que compromete tal identifica o Deste modo de acordo com o que 140 CADERNOS DO
111. ara se com um estilo ir nico cr tico Ao longo da narrativa a autora vale se das express es de tra tamento como mecanismo de coes o textual utilizando as para compor os elos anaf ricos da obra e sobretudo como recurso se m ntico estil stico visando a construir paulatinamente sentidos de lineadores da face do Sult o Embora a proposta do estudo desta obra n o seja a an lise desse recurso cita se s para dar uma vaga id ia quanto aos elos coesivos a seguinte passagem do livro em que a palavra Sult o desencadeia uma sequ ncia de retomadas por meio de formas de tratamento 102 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos O Sult o respondeu n o a todas as perguntas e os magos conclu ram que n o havia nada errado com aquele OVNI Ent o para convencer e adular Sua Cr dula Majestade contaram lhe a seguinte hist ria Pois imagine Excelso Pr ncipe que reza a lenda Conforme Sua Sapi ncia bem sabe E pasme Estafermo Sult o Gautama nas ceu de uma virgem por interm dio da sagrada tromba de um elefante E embasbaque se At nita Majestade tratava se de um elefante branco como este que temos aqui Ap s ouvir essa hist ria Na verdade Sua Ofuscada Emin ncia estava impressionada 25 27 Alternam se em A Odalisca e o Elefante as ocorr ncias de formas com o pronome possessivo Sua trata se do relato
112. arocano Omec nco o cano Tamires o cam os pneus os freios o volate O mec nico o cano mentio je sencamo Ormec nico o cano D bora dentro dele os bancos os vidos o motor Omec nico Jocamo ek ek ae Ek oan Pala ele ospnews oscaboradores por m Omec mco o cano ek ocano andar Ele ocan Raquel ele osbancos os vidros o fal SeuManoel ocano fele ocano funcionar E ocano Vitor o cam os estepes os amortecedores o arcondicionado O mec nico o cano e e o cano Omec mco lo Leandro o cano bancos os amontecedors o motor O mec nico o cano mento ocano andar O mec nico o cano feron ele ospnews os vidros o moor Men tio ocamo ek ek o cam O mecanico ocamo Mateus ele ospnews os parahogwes o fawl obwracheio o cano a e oam ek ocan Gabriel sencamo Jospreus vidros far is O mecanico o cano mento je o cam O mecanico o cano Texto 2 Meu irm o ca ula escreveu uma hist ria em que apareciam o Super Homem a Mulher Maravilha e o Homem Aranha Na hist ria 1 combatiam 2 3 atacava as pessoas colocando a vida delas em risco Para impedir 4 5 usou seus poderes para vencer 6 No final da hist ria 7 derrotaram 8 33 As transcri es foram feitas ipsis litteris Mateus modificou o texto eu n o poder ficar tanto tempo sem o carro Gabriel modificou o texto e far is que n o funcionavam direito 84 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Li
113. as e ambientes de forma mais velada Agora as portas do submundo foram escancaradas com narrativas como Cidade de Deus Paulo Lins 1997 Esta o Carandiru Drauzio Varella 1999 Meu Nome n o Johnny Guilherme Fiuza 2004 e Falc o Meninos do Tr fico MV Bill e Celso Athayde 2006 A noite e seus encantos os becos o submundo desta vez fre quentado tamb m por pessoas da classe m dia e alta abrem suas portas e apresentam se assim como s o sem meias palavras Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 145 G NEROS TEXTUAIS Ao entrar nas livrarias do Rio de Janeiro f cil notar que es ses livros ocupam um lugar de destaque nas prateleiras e figuram en tre os mais vendidos Temas que eram tabus s o agora considerados corriqueiros e fazem parte das leituras Muitos desses assuntos eram assim tratados anteriormente tamb m porque se considerava que um presidi rio ou um traficante eram apenas pessoas nocivas soci edade ou seja predominava uma vis o manique sta As narrativas mais recentes vieram mostrar que s o todos seres humanos e como tais apresentam aspectos positivos e negativos Muitos deles acaba ram entrando nesse caminho por falta de op o ou devido ao fasc nio pela aventura ou por uma atra o por viver exposto ao risco Ao lado das obras e autores consagrados novos escritores a bordando quest es menos nobres e at mesmo perif ricas chamam a aten o da cr tica A academia abre as portas para no
114. as formas de tratamen to que singularizam a escritura de Pauline Alphen empregadas como recurso sem ntico estil stico a fim de tra ar o perfil do Sult o pala Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 103 G NEROS TEXTUAIS vra grafada assim mesmo com lt s gt mai sculo denotando a supre macia da imagem social em rela o individual Tal personagem n o tem nome pr prio nem sobrenome basta lhe o t tulo que lhe confere propriedade De acordo com o Aur lio o termo deriva Do r sult n aquele que domina ou governa soberano poder dom nio S m Antigo t tulo do imperador da Turquia T tulo dado a alguns pr ncipes maometanos e t rtaros Fig Senhor absoluto 299 Pr ncipe de grande poder Homem que possui muitas amantes pax A imagem implac vel de poderio irrestrito que Alphen ela bora para ele ancora se no estere tipo cultural de um sult o con forme o leitor ratifica no trecho bem como no come o da obra Durante o dia o Merenc rio tinha muitas raz es para se chatear e ademais tinha que manter sua fama de mau A fama e a ins nia eram heredit rias coisas que se adquirem sem esfor o nem querer juntamente com pal cios e o tamanho do nariz Quando ainda n o passava de um sult ozinho mij o um instrutor especial vinha ensinar lhe a moldar seu perfil azeviche a franzir o cenho e a erguer a sobrancelha esquerda com uma express o medonha que espalhava mulheres e eunuc
115. as nominais por repeti o fiel Chico e An sio lutar o Chico e An sio trabalhar o Agora Chico e An sio Sant A An sio agricultor An sio conhecido Santinho A Quantas vezes voc s Voc s est o Santinho B c An foras nominais por substitui o lexical FRANCISCO DE SALES DA SILVA conhecido popularmente por Chico Chiquim concorre Chico tem Santinho A AN SIO FERREIRA CABRAL conhecido popularmente como An sio do Romir concorre ele Tem 42 anos ele E casado An sio Santinho A Eleitor e Eleitora de Presidente Bernardes Quantas vezes voc s Santinho B Quantas vezes o des nimo aconchegou em seu cora o a revolta apoderou se do seu ntimo sua vontade Santinho B E preciso usar sua arma seu voto Santinho B Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 19 G NEROS TEXTUAIS Por fim h ainda a presen a de auxiliares de modo e de auxi liares com valor pragm tico E preciso e precisa ser mudado s o exemplos que exercem tais fun es nos santinhos B CONCLUS ES Por meio das an lises realizadas no decorrer do presente estu do observamos que em ambos os santinhos h o a cria o predo minante do mundo do expor implicado Percebemos que as escolhas lingu sticas que determinaram a constru o de tal mundo demons tram uma preocupa
116. as terras das mil e uma noites dominadas por um todo poderoso sult o O cl ssico da literatura rabe As Mil e Uma Noites transforma se em cen rio eco de A Odalisca e o Elefante e neste livro ressurge a arte de contar hist rias moda Sherazade a irresist vel protagonista das narrativas de tal cl ssico Pauline Alphen apresenta ao seu leitor uma trama delicada e divertida por onde desfilam n o s figuras dram ticas de grandes romances do passado remoto Romeu e Julieta Trist o e Isolda U Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 97 G NEROS TEXTUAIS lisses e Pen lope bem como poetas compositores do passado re cente e do momento atual A tecedura de 4 Odalisca e o Elefante mesclando artesanalmente t o diferentes e v rios fios textuais mos tra a compet ncia lingu stico discursiva de sua autora Intenciona se no artigo chamar a aten o para formas de tratamento uma recria o a servi o da constru o do ethos sul tanesco analisam se exclusivamente as respeitantes ao personagem Sult o com o pronome possessivo Sua e a aus ncia do possessivo caracterizando o vocativo Relatam se tais formas como um aspecto pertinente Lingu stica Estil stica da enuncia o pois elas mani festam no enunciado a subjetividade do discurso do narrador que avalia incessantemente o car ter a personalidade o comportamento do Senhor absoluto enfim seus valores morais e est ticos Se no g nero utilit
117. ava as pessoas colocando a vida delas em risco Para impedir usou seus poderes para vencer No final da hist ria _ derrotaram Texto 3 Outro dia meu irm o foi a um restaurante muito caro No entanto L n o gostou do lugar Jdemorou a atender e estava fria resol veu ent o reclamar do p ssimo atendimento pediu desculpas pela falha disse que n o sabia o que estava acontecendo afirmou que 64 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos cuidaria pessoalmente do pedido garantiu que _ nunca mais voltaria a acontecer Texto 4 Meu tio j viajou o mundo inteiro Da ltima vez foi Argenti na ao Paraguai e ao Uruguai _ as pessoas falam espanhol Eu sei que L se parece bastante com o portugu s me explicou que ficam na Am rica Eu tamb m sei que o Brasil fica Para construir o texto 1 privilegiamos o procedimento da se le o lexical por meio das rela es meron micas entre carro e suas partes componentes observando como esses referentes estariam dis pon veis a partir da ativa o do frame que s o conjuntos de conhe cimentos armazenados na mem ria sob um determinado r tulo sem uma hierarquiza o Koch amp Travaglia 2002a 2002b Al m disso t nhamos a inten o de observar a recorr ncia do referente carro que perpas
118. babesco Quanto s primei ras salientam se duas passagens ulteriores Sua Insigne Majestade cujo humor nesse dia era excelente depois saberemos por qu pegou Leila em seu colo cravejado de brilhantes e 14 O Gr o Vizir procura e procura na mem ria no pergaminho no teto da sala nos olhos de Leila e desesperado procura at nas dobras de seu turbante Sua Suprema Majestade interrogativa ergue a sobrancelha esquerda 42 Se Sua Insigne Majestade faz men o ao governante not vel c lebre Sua Suprema Majestade eleva o categoria divina simboli zando o Todo Poderoso Aquele que est acima de tudo Deus No tocante s segundas cita se Sua Vaidade tinha brincos enormes argolas de ouro mais pesa das que bracelete de mulher que lhe davam um ar de pirata dourado 5 E no que diz respeito s terceiras recolhe se o excerto que denota a abund ncia da vida palaciana Depois comeram e beberam saciedade e quando cada canto de suas incans veis pan as estava bem cheinho encantaram o esp rito e amaciaram a alma com o ritmo das melodias e a gra a das bailarinas En t o Sua Farta Majestade deu sinal para que come asse a cerim nia de apresenta o 41 Com a leitura do cap tulo A revela o 51 59 o leitor sente a r gida imagem do Sult o tremular V em suas dobras vest gios de sensibilidade mas somente em rela o sua amada odalisca que o enfeiti ou co
119. bjetivos faz nos refletir cada vez mais sobre nossa pr tica pedag gica De acordo com os Par metros Curriculares Nacionais PCNs os objetivos do ensino de l ngua para falantes nativos s o gt expandir o uso da linguagem em inst ncias privadas e utiliz la com efic cia em inst ncias p blicas sabendo assumir a palavra e produzir textos tanto orais quanto escritos coerentes coesos adequados a seus destinat rios aos objetivos a que se prop em e aos assuntos tratados gt utilizar diferentes registros inclusive os mais formais da variedade lingu stica valorizada socialmente sabendo adequ los s circunst ncias da situa o comunicativa de que participam gt conhecer e respeitar as diferentes variedades lingu sticas do portu gu s falado gt compreender os textos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situa es de participa o social interpretando os corretamente e inferindo as inten es de quem os produz gt usar os conhecimentos adquiridos por meio da pr tica de reflex o so bre a l ngua para expandirem as possibilidades de uso da linguagem e a capacidade de an lise cr tica Assim constata se que o Ensino de L ngua Materna tem co mo um de seus objetivos desenvolver a compet ncia comunicativa 168 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos do educando ou seja desenvolver a capacidade de produzir e com preende
120. bra inacabada de Lima Barreto parece assemelhar se ao romance autobiogr fico definido por Philippe Gasparini como um g nero que possibilita uma dupla recep o ao mesmo tempo ficcio nal e autobiogr fica qualquer que seja a propor o de uma ou outra n o importando muito o grau de veracidade do texto Gasparini 2004 p 14 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 139 G NEROS TEXTUAIS Segundo Gasparini o romance autobiogr fico marcado pela ambival ncia em torno da quest o do protagonista ora ele identifi c vel ao autor e a leitura autobiogr fica se imp e ora o protagonista se distancia do autor e a recep o retoma uma dominante romanes ca O texto assim saturado de signos de conjun o e de disjun o das duas inst ncias O romance autobiogr fico define se ent o pela pol tica amb gua de identifica o do protagonista e do autor o texto os confunde sustenta a verossimilhan a deste paralelo mas distribui igualmente ndices de ficcionalidade Para Gasparini a atribui o a um romance de uma dimens o autobiogr fica o resultado de um ato de leitura E os dados de que o leitor disp e para avan ar tal hi p tese n o se situam somente no texto mas tamb m no peritexto elementos textuais ou iconogr ficos que num livro acompanham o texto e no epitexto informa es obtidas em fontes diversas No caso do romance Cemit rio dos vivos o leitor nem precisa recorrer ao epitexto para identific
121. bre como um ser dotado n o apenas de f sico mas tamb m de ess ncia Mesmo estando preso n o perdeu a sua digni dade e n o sucumbiu como ser humano mas aprendeu a ir al m de uma exist ncia baseada apenas no tempor rio no instant neo e des cobriu o valor dos sentimentos e dos pequenos prazeres da vida A experi ncia relatada revela que exclus o e liberdade podem ser duas faces de uma nica medalha A passagem pelo tr gico so frimento sempre dial tica e a s ntese pode representar o reencontro com a verdadeira alegria de viver e a redescoberta dos aut nticos va lores aqueles que trazem a liberdade de fato e n o condicionada Como encarar os exclu dos na nossa sociedade Como traz los da periferia para o centro A literatura pode exercer um papel important ssimo nessa tarefa j que ela abre espa o para que o ente social olhe para dentro de si na condi o de personagem Meu nome n o Johnny indica que isso poss vel mostrando que n o podemos julgar um ser humano a partir de uma nica tica Somos seres m ltiplos complexos e paradoxais e podemos ser vistos de formas diversas Somos capazes de gestos violentos e ao mesmo tempo d ceis As variadas obras liter rias sobre diferentes casos de exclus o podem nos ajudar a desenvolver o senso cr tico e a olhar por tr s das apar ncias de forma a vislumbrar um homem dotado de esp rito por tr s de uma figura marginal BIBLIOGRAFIA ARIST TELE
122. c tem agora nas m os O Beb Manual do Propriet rio um guia abrangente que ajudar o usu rio a obter o m ximo desempenho e timos resultados de seu rec m nascido 92 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos O enunciador explicita ao co enunciador o jogo da encena o e isto funciona como um chamamento para que este participe da ce nografia Para que eu continue a falar da cenografia do Manual seria interessante comentar mais alguns conceitos neste momento o de e thos discursivo e o de incorpora o ETHOS E INCORPORA O A exist ncia de cenas validas como a do aconselhamento es pecializado suscita estere tipos culturalmente reconhecidos e valo rados que se convertem nas identidades discursivas que encontramos no Manual do Propriet rio Assim neste discurso inscreve se um enunciador cujo ethos o do detentor do conhecimento da tecnolo gia do beb O enunciador do Manual do Propriet rio tem a voz de autoridade ele quem orienta quem guia os pais sobre como de vem agir com seu beb exatamente como o manual de instru es de um produto que nos ensina como lidar com ele Juntamente com esse ethos outras imagens discursivas tamb m surgem a dos pais inexperientes e desajeitados e do objeto inteiramente dependente e suscet vel ao manuseio de seus usu rios e s considera es do li vro que o beb mas n
123. cados por esses textos documentos O enunciador desdobra se em duas fi guras distintas a empresa de sa de oferecedora de todos os benef cios aos clientes e a empresa de sa de que requer desses indiv duos uma grande aten o quanto s normas do contrato jur dico O enun ciat rio tamb m se desdobrar em duas figuras distintas o cidad o comum que quer adquirir um plano de sa de e o poder p blico em suas diferentes formas de regulamenta o Esses sujeitos podem ser melhores compreendidos atrav s da seguinte especifica o 194 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Huminense de Estudos Hilol gicos e Linguisticos Os enunciadores s o I Eu comunicante o representante legal da empresa de sa de que produz o texto e que deve manter os interesses da mesma II Eu enunciador uma figura idealizada que estaria dando aos leitores todas as informa es necess rias ao pleno entendimento de como o plano de sa de funciona Os enunciat rios s o I Tu interpretante o leitor leigo que deseja adquirir os servi os de uma empresa de sa de e que precisa ler o texto do contrato II Tu destinat rio o poder p blico que regulamenta o funciona mento das empresas de sa de e que para tanto precisa utilizar nomen claturas espec ficas das inst ncias jur dica econ mica e m dica O exame do evento da enuncia o pressuposta pelo g nero discursivo contrato de empresa de sa de revela essas quatro
124. car um desclassificado uma bola de lama aos pontap s dos policiais Barreto 2004 p 184 5 Neste ponto o personagem que emerge das p ginas do Cemi t rio dos vivos ganha uma dimens o quase tr gica que ultrapassa a identifica o biogr fica com Lima Barreto Vicente Mascarenhas personagem denso atormentado por um sofrimento mais profundo mais ntimo Barreto 2004 p 184 escreve para atenuar sua culpa buscando na escrita a repara o de sua falta e o reencontro com Efi g nia e consigo mesmo 142 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Todavia se o personagem Vicente Mascarenhas apresenta fortes tra os biogr ficos que n o podem ser identificados aos do au tor diversos operadores de identifica o aproximam no de Lima Barreto A ambiguidade caracter stica do romance autobiogr fico mostra se claramente no trecho que se segue esp cie de auto retrato de Vicente Mascarenhas e por que n o do pr prio Lima Barreto excetuando se o filho analfabeto e a sogra louca Trinta e poucos anos um filho fatalmente analfabeto uma sogra louca eu mesmo com uma fama de b bado tolerado na reparti o que me aborrecia pobre eu vi a vida fechada Mo o eu n o podia apelar pa ra minha mocidade ilustrado n o podia fazer valer a minha ilustra o educado era tomado por um vagabundo por todo mundo e sofria as mai ores humilha es A vida n o t
125. cipa o imagin ria em uma experi ncia vivida A qualidade do ethos remete com efeito imagem desse fiador que por meio de sua fala confere a si pr prio uma identidade compat vel com o mundo que ele dever construir em seu enunciado 2008 p 99 Na cenografia do Manual do Propriet rio a realidade constru da de tal modo que possa encontrar espa o num universo em que de fato existem pais t o inexperientes quanto os do livro que nada sabem nada mesmo a respeito de seus beb s o que cria muitas vezes as tais observa es bem humoradas de que fala a con 94 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos tracapa do livro Assim a obra destinada a indiv duos que poderi am estar imaginariamente nesta cenografia A suposi o de pais com conhecimento nenhum sobre beb s traduz o bom humor do enunciador e colabora para seu ethos acres centando ao seu perfil de seriedade uma descontra o que facilita a inclus o na cena de enuncia o de leitores de uma gama ligeira mente variada PALAVRAS FINAIS Encerrada a nossa exposi o acreditamos ter brevemente res saltado pontos sobre a constru o da cenografia das imagens discur sivas e do ethos na enuncia o em Beb Manual do Propriet rio Em poucas palavras podemos concluir que o enunciador cap ta estere tipos culturalmente reconhecidos no universo da fam lia a
126. cognitivo discursivas que v o dot lo de certos elementos propriedades ou marcas os quais em seu inter relacionamento ser o respons veis pe la produ o de sentidos Em termos gerais essa perspectiva denominada de sociointe racionista ou s cio discursiva entende o processo de produ o tex tual como uma atividade humana interacional discursiva intencio nal Bakhtin 1992 1929 e argumentativa Ducrot 1987 Os sujei 122 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos tos discursivos os produtores e receptores textuais s o articuladores configuradores de mundos discursivos variados Nesses mundos dis cursivos cujas coordenadas se encontram no mundo real est o en volvidos uma complexa rede de fatores de textualidade relaciona dos basicamente a situa o jogo de imagens rec procas represen ta es sociais culturais ideol gicas convic es atitudes dos co enunciadores conhecimentos partilhados etc Nestes termos o texto adquire concep es s cio discursivas trata se pois de uma atividade intencional motivada pela consci n cia que aciona estrat gias concretas e seleciona os meios adequados ao alcance do prop sito maior estabelecer comunica o e gerar sen tido s a partir das condi es reais que os interlocutores disp em no ato de sua produ o Desta forma o texto constitui se segundo Koch 2003 Resultado da atividade verbal de
127. com calma Sua Transformada Majestade perce be sua loucura Sentindo de pertinho o Sult o entende a vaidade do ci me o perigo da possess o a solid o do poder Sua Aliviada Majestade finalmente compreende que a nica coisa que importa sentar se de pernas cruzadas em frente a Leila e contemplar suas orelhas que mais do que nunca sussurram o mundo como ele deveria ser 98 Sem d vida a constru o do ethos sultanesco ao decorrer da obra por meio das criativas formas de tratamento um componente decisivo para definir o ethos de capacidade art stico liter ria de Pau line Alphen que encanta o leitor com sua saborosa hist ria instigan do o a re pensar sobre os estere tipos culturais REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ALPHEN Pauline A odalisca e o elefante S o Paulo Cia das Le tras 1998 BECHARA Evanildo Moderna gram tica portuguesa Rio de Ja neiro Lucerna 1999 Li es de portugu s pela an lise sint tica 16 ed rev e ampl Rio de Janeiro Lucerna 2001 CHARAUDEAU Patrick amp MAINGUENEAU Dominique Dicio n rio de an lise do discurso Coordena o da tradu o Fabiana Ko mesu S o Paulo Contexto 2004 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 109 G NEROS TEXTUAIS CUNHA Celso amp CINTRA Lindley Nova Gram tica do portugu s contempor neo 3 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 1985 HENRIQUES Claudio Cezar Sintaxe portuguesa para a linguagem culta cont
128. compara se aqui ao valor dado ao uso do preservativo A polifonia do termo roupa remete n o s a traje como tamb m camisinha e o termo samba al m de referir dan a brasileira refere se tamb m rela o sexual Esse jogo polis s mico caracter stico da linguagem do humor jogado interativa mente na rela o autor leitor numa intergenericidade que insere o g nero composi o musical no interior do g nero cartum Neste Cartum as m ximas da qualidade da quantidade e do modo s o postas em situa o secund ria a fim de p r em proemi n ncia a m xima da relev ncia que ao ser priorizada mostra a inten o de levar um conselho um ensinamento ao interlocutor O terceiro cartum analisado de autoria de Son Salvador A interpreta o da cena mostrada s compreendida se a implicatura for vista em duas dire es da infer ncia a ser feita a partir da fala do personagem infantil menino ele usou camisinha e da percep o da integenericidade obtida com a combina o do g nero conto infan til com o g nero cartum Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 117 G NEROS TEXTUAIS O LOBO comeu NH MAS A HIST RIA caca E EVE Usou Cartum n 3 Na composi o do texto deste Cartum pode se afirmar que todas as quatro m ximas conversacionais n o s o observadas no que se refere ao Princ pio da Coopera o A quantidade de elementos u sados na narrativa pode n o ser suficiente para a compr
129. da in ten o argumentativa do editorialista p 96 respectivamente Em rela o classifica o do g nero em quest o Melo apud Pereira e Rocha 2005 destaca a impessoalidade a topicalidade a condensabilidade e a plasticidade como caracter sticas espec ficas do editorial A primeira se refere ao fato de a mat ria n o ser assinada ser escrita em terceira pessoa do singular ou primeira do plural a se gunda caracter stica trata da especificidade de determinado assunto o que favorece a precis o e a objetividade na opini o expressa a ter ceira a condensabilidade relativa clareza e brevidade do texto diante da pressa comum a muitos leitores em sua maioria habitan Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 47 G NEROS TEXTUAIS tes de ambientes urbanos j a ltima caracter stica apontada por Me lo diz respeito dinamicidade rapidez com que os fatos ocorrem o que exige do jornalista valora o e acompanhamento dos aconteci mentos bem como sua apreens o quanto aos desdobramentos em meio s varia es sofridas pelas not cias No que diz respeito tipologia textual dos editoriais pre dominantemente argumentativa visto que se trata de um texto opina tivo no qual o editorialista tenta persuadir o leitor a partir de um fato de grande import ncia no momento e que desenvolve um racioc nio valorativo atrav s do qual defende com argumentos persuasivos a posi o pol tico social do jorn
130. de inclus o de classe por isso que po demos dizer que carro est inclu do no conjunto dos autom veis Em termos de predica o a hipon mia indica um caso de rela o de implicatura unilateral p 100 podemos dizer Se ele concerta car ros ent o ele concerta autom veis mas n o o contr rio Marques 2001 tamb m observa que a hipon mia expressa uma rela o tran sitiva se gato hip nimo de felino e felino hip nimo de animal ent o gato hip nimo de animal Marques 2001 apresenta uma distin o que pode ser estabe lecida entre hipon mia e conjuntos de lexemas que se organizam em campos associativos Nesse sentido a hipon mia pode ser definida por meio da f rmula x um tipo de y em que x hip nimo de y Super Homem um tipo de super her i ou espanhol um tipo de l ngua Por outro lado entre lexemas de conjuntos correspondentes a campos associativos pode se estabelecer uma rela o hier rquica paralela hipon mia denominada rela o parte todo p 100 o que se observa entre pneus freio volante etc e carro Como aponta Marques 2001 a principal diferen a entre a rela o de hipo n mia e a rela o parte todo que volante n o um tipo de car ro mas sim uma parte de carro Antunes 2005 destaca que a substitui o por hiperon mia desempenha tamb
131. de minist rios e ao mesmo tempo argumenta ao interpretar que esse aumento muito desagrad vel para o pa s Ainda nesse par grafo o editorialista afir ma Foge ao princ pio da racionalidade e certamente prejudica se tores importantes do governo A express o em destaque configura o tipo textual argumentativo pelo uso da modaliza o certamente Continuando os apontamentos no 7 par grafo o autor faz uso da Narra o mais uma vez quando informa na quinta feira o Minist rio do Planejamento autorizou 1822 novas contrata es para o Minist rio do Trabalho e Emprego Pr ximo ao final do texto agora no 10 par grafo o produtor do editorial coloca Mas isso n o anula nem justifica o fato de as contrata es estarem sendo realizadas em ritmo fren tico parecendo n o ter freio Ao considerar que as contrata es est o ocorrendo em ritmo fren tico o editorialista faz uma avalia o da situa o opi nando argumentativamente a respeito do grande n mero de contrata es diretas no governo atual Para finalizar o autor do texto insere no ltimo par grafo as sim como no primeiro a Tipologia Dialogal por meio do pronome nos Se no in cio ele questiona ao leitor Que futuro nos espera na finaliza o o escritor leva o interlocutor a uma reflex o a partir de um ind cio do que ocorrer no futuro diante de tantas contrata es no setor p blico Quando se pergunta que futuro nos e
132. de troca visto que os g neros pos suem uma forma de composi o um plano composicional mas a l m disso distinguem se pelo conte do tem tico e pelo estilo trata se de entidades escolhidas tendo em vista as esferas de necessidade tem tica o conjunto de participantes e a vontade enunciativa ou in ten o do interlocutor Dadas as informa es acima podemos classificar o editorial como um g nero textual que conforme estudos de Marcuschi 2005 e de Denise Santana 2003 est inserido no dom nio discursivo jor nal stico mais especificamente no jornalismo opinativo sendo as sim parte da modalidade usual da l ngua escrita Trata se de um g nero com linguagem formal e objetiva que expressa a opini o oficial da empresa jornal stica e muitas vezes de rg os p blicos ou n o e ou institui es que a patrocinam Cabe destacar no entanto que essa opini o n o exatamente a dos propri et rios nominais da empresa editora respons vel mas como afir mam Rose Pereira e Tha s Rocha 2006 reflete um consenso das opini es dos diversos participantes da organiza o do jornal Quanto estrutura o editorial apresenta se normalmente com uma quest o fato introdut rio um desenvolvimento argumentativo e a conclus o Santana 2003 o que Karina Nascimento 2003 de nomina fato elemento de grande poder persuasivo por ser inquesti on vel argumentos pr tese e tese constituinte revelador
133. desvinculando se do cunho regionalista Apesar disso a for a do movimento est na presen a interiorana Surge ent o a literatura de valoriza o do indiv duo que re toma a an lise do sujeito e de suas nuances Para Helmut Galle 2006 p 71 a unidade da narra o autobiogr fica consequente mente n o dada mas constantemente constru da pelo sujeito por meios dos acontecimentos vividos e lembrados E nessa possibilidade de constru o de um sujeito que mui tos autores se inspiraram na elabora o de suas obras provocando muitas vezes incerteza entre os momentos efetivamente lembrados e vividos com queles manipulados e mascarados 28 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Esta conflu ncia leva o leitor a em muitas obras verificar que as identidades da pessoa f sica do autor e da tica do narrador ao mesmo tempo se unem para tornar homog neas as experi ncias vivi das e transmitir veracidade em sua narrativa Roland Barthes afirma que O autor quando se cr nele sempre concebido como o passado de seu livro o livro e o autor colocam se por si mesmos numa mesma linha distribu da como um antes e depois considera se que o Autor nutre o li vro quer dizer que existe antes dele pensa sofre vive por ele est para a sua obra na mesma rela o de anteced ncia que um pai para com o fi lho Bem ao contr rio o escritor moderno nasce ao
134. do Rio de janeiro Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 189 G NEROS TEXTUAIS Exemplo 2 Contrato de Servi o M dico e Hospitalar que entre si fazem de um lado como CONTRATADA RIO MED ASSIST NCIA M DICA LT DA baseada na Lei n 9 565 do dia 03 06 1998 inscrita no Minist rio da Sa de ANS n 35378 7 e no CNPJ sob o n 29 204 2110001 28 com sede Rua Jo o Val rio n 1 206 parte Centro Mag RJ representa da na forma de seu Contrato Social e de outro lado como CONTRA TANTE o PROPONENTE do presente contrato seus dependentes e demais benefici rios inclu dos neste documento Contrato da empresa RIO MED p 1 Ao utilizar os termos contratado e contratante o enunciador do texto ao mesmo tempo em que se reporta ao leitor do contrato pessoa leiga que ir utilizar os servi os da empresa requer desse leitor uma habilidade ledora que n o confere com a pessoa do Tu destinat rio Isso se d porque os textos dos contratos utilizam em sua superf cie uma s rie de conhecimentos que geralmente n o fa zem parte do dom nio discursivo do Tu destinat rio Na realidade o que notado nesses enunciados a presen a de um reportamento te rico figura de um Tu destinat rio mas idealizando um Tu interpretante com outras habilidades discursivas O Tu interpretante que invocado ao longo de todos os textos anali sados deve conhecer diversos conte dos que n o s o pertinentes ao enunciat rio real d
135. do texto refere se disposi o de conjunto do conte do tem tico De acordo com Bronckart 2007 ele pode de um lado ser codificado em um resumo e de outro apresentar se cla ramente no processo de leitura Os tipos de discurso nomeiam os segmentos diversos de um texto e constituem os elementos fundamentais da arquitetura interna dos textos Bronckart 2007 aborda esse conceito como uma conti nuidade dos trabalhos de Benveniste 1966 Weinrich 1973 e Si monin Grumbach 1975 Atrav s da abordagem desses autores Bronckart 2007 cons tr i sua pr pria abordagem com o objetivo de descrever de um lado os planos de enuncia o ou mundos e as opera es psicol gicas nas quais se baseiam e por outro lado descrever as configura es de u nidades lingu sticas que traduzem esses mundos em uma l ngua natural O autor centra se inicialmente na quest o da constru o dos mundos pois para ele a atividade de linguagem baseia se por cau sa de sua natureza semi tica na cria o de mundos virtuais Sendo 10 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos assim por conven o os mundos representados pelos agentes huma nos s o denominados por Bronckart 2007 de mundo ordin rio cuja express o estaria reunindo os tr s mundos formais postulados por Habermas 1987 enquanto os mundos virtuais criados pela ati vidade de linguagem s o chamados de
136. duto o c digo no caso do an ncio impresso a linguagem mas tamb m uma certa esp cie de c digo visual o canal consiste em publica es impressas e o contexto inclui aspectos como a situa o do leitor CONSIDERA ES FINAIS Finalizando podemos afirmar que o professor ao preparar uma atividade de produ o de textos que adote elementos de publi cidade e propaganda deve levar em conta que Ningu m desejar adquirir um produto que n o lhe pare a ter valor de uso mas j que o nico interesse do vendedor em sua mercadoria vend la ficar satisfeito desde que ela pare a ter valor de uso Quanto mais atraente o produto mais as pessoas desejar o adquiri lo e menor se r o intervalo entre a data que ele sai da f brica e aquela em que vendi do Vestergaard 2000 7 A publicidade na elabora o da mensagem segundo Carva lho 2000 adota procedimentos de vanguarda desde que j testados e consumidos em outras reas poesia m sica popular teatro etc visando provocar interesse informar convencer e finalmente trans formar essa convic o no ato de comprar Essa ordem persuas o e sedu o da publicidade assumida pelo professor na pr tica da sala de aula salutar e mais que isso quando se considera que a respon 180 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos sabilidade pelo ensino da leitura e produ o de textos n o exc
137. e a fim de transform la fato que a escola durante muito tempo trabalhou o conte do com um fim em si mesmo hoje entende se que este deve ser propulsor no desenvolvimento de compet ncias Dessa forma o co nhecimento deixa de ser fragmentado e passa a ser contextualizado transdisciplinar privilegiando a constru o de conceitos e a cria o do sentido Considerando todo o processo de mudan a pelo qual a escola vem passando h que se entender a urg ncia de se colocar em pr ti ca um ensino n o mais passivo n o mais conteudista mas um ensino pautado em compet ncias e habilidades a serem desenvolvidas no aluno Por outro lado as Leis de Diretrizes e Base LDB a partir do que passou a chamar de temas transversais assevera que a escola de ve dar espa o para os alunos desenvolverem suas habilidades e com pet ncias individuais visando a uma atua o no mundo social de maneira cr tica buscando respostas s necessidades locais da comu nidade para melhor fazer frente aos problemas globais Diante disso constata se que a fun o primordial da escola n o mais a de transmitir conte dos fragmentados e distantes da rea lidade do educando mas sim a de fornecer instrumentos necess rios a fim de que o aluno consiga a compreens o das informa es do 170 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos mundo atual para que aos poucos ele possa assumir o contr
138. e certamente escolher metodologias adequadas como o publici t rio que Ao conceber uma campanha publicit ria e iniciar seu planejamento a primeira coisa a ter em mente o grupo consumidor a que a mesma se destina pois do conhecimento do consumidor real ou potencial que poss vel estabelecer o tema selecionar os est mulos ou apelos e determi nar o g nero de ve culos mais apropriados a difundir a mensagem San tanna 2003 p 193 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 179 G NEROS TEXTUAIS Vestergaard 2000 afirma que a fun o da propaganda vai muito al m da venda de um produto ela opera por caminhos sutis no sentido de nos levar a adotar um determinado modo de vida ou incorporar determinados padr es de necessidades Leech 1966 p 25 descreve dois tipos de propaganda a n o comercial restrita aos rg os governamentais e a comercial que pode ser a chamada propaganda de prest gio ou institucional em que as empresas n o anunciam mercadorias ou servi os mas antes um nome ou imagem ou ainda a propaganda industrial em que uma empresa anuncia seus produtos ou servi os a outras empresas Na propaganda segundo Vestergaard a rela o entre o mode lo abstrato e gen rico de comunica o e a verdadeira situa o per feitamente clara o emissor o anunciante e o receptor o leitor o significado transmitido refere se ao produto mais especificamente uma tentativa de induzir o leitor a adquirir o pro
139. e mas sim o texto por serem os textos a forma espec fi ca de manifesta o da linguagem Se as outras correntes lingu sti cas se diferenciam pelas concep es de l ngua que defendem origi nando da seu objeto a Lingu stica Textual se caracteriza pelo esco po de sua investiga o o texto Se antes a escola estava acostumada a lidar com a palavra isolada e com a frase descontextualizada essa nova postura metodo l gica proposta pela Lingu stica Textual levou os educadores a ques tionarem o que deveria ser objeto de ensino nas salas de aula Essa preocupa o pode ser constatada inclusive nos Par metros Curricula res Nacionais PCNs O documento considera que fun o da esco la numa sociedade cada vez mais letrada desenvolver a compet n cia discursiva do aluno e conclui que Nessa perspectiva n o poss vel tomar como unidades b sicas do processo de ensino as que decorrem de uma an lise de estratos le tras fonemas s labas palavras sintagmas frases que descontextuali zados s o normalmente tomados como exemplos de estudo gramatical e pouco t m a ver com a compet ncia discursiva Dentro desse marco a unidade b sica do ensino s pode ser o texto PCNs 1998 p 23 Grifo nosso A divulga o do texto como unidade de ensino vem atrelada concep o de que as pessoas se comunicam por meio de textos em situa es concretas de uso historicamente localizadas Bakhtin 2000 precurso
140. e as acep es de Charaudeau acerca dos sujeitos participantes da enuncia o que constituem o objeto da an lise proposta A IMPORT NCIA DOS INTERLOCUTORES NA PRODU O DOS SENTIDOS Toda situa o de comunica o pressup e o querer dizer de algu m e o querer aceitar o que esta sendo exposto pelo destinat rio da mensagem Os textos por assim dizer servir o como um instru mento de intera o para os sujeitos na enuncia o o enunciador e o s enunciat rio s Segundo Silva 2005 os participantes da enun cia o ou os protagonistas desse processo seriam as figuras princi pais do evento lingu stico Com respeito aos diferentes g neros e suas caracter sticas lin gu sticas esses estariam primeiramente voltados para promover a intera o entre os sujeitos participantes sendo as diferentes peculia ridades lingu sticas elementos secund rios de relev ncia para a inte ra o social Sobre isso Luiz Ant nio Marcuschi afirma que Os g neros surgem situam se e integram se funcionalmente nas cul turas que se desenvolvem Caracterizam se muito mais por suas fun es comunicativas do que por suas peculiaridades lingu sticas e estruturais Marcuschi 2002 p 20 Quando um determinado g nero textual n o atinge o objetivo de promover a intera o entre os seus participantes pode estar ocor rendo algum bloqueio no processo de interlocu o Se por um lado nenhuma frase se enuncia sozinha
141. e descrevem o espa o enun ciativo de forma descritiva as tiras descrevem o contexto da a o e da realiza o da fala por meio de ilustra es As imagens atuam co mo marcas que ajudam a significar o texto verbal Sendo assim po demos caracterizar as tiras tal como Mendon a 2002 apresenta As tiras s o um subtipo de HQ mais curtas at 4 quadrinhos e por tanto de car ter sint tico podem ser sequenciais cap tulos de narrativas maiores ou fechadas um epis dio por dia Quanto s tem ticas algu mas tiras tamb m satirizam aspectos econ micos e pol ticos do pa s em bora n o sejam t o datadas como a charge Dividimos as tiras fechadas em dois subtipos a tiras piadas em que o humor obtido por meio das estrat gias discursivas utilizadas nas piadas de um modo geral como a possibilidade de dupla interpreta o sendo selecionada pelo autor a me nos prov vel b tiras epis dio nas quais o humor baseado especifica mente no desenvolvimento da tem tica numa determinada situa o de modo a real ar as caracter sticas das personagens Podemos caracteri zar ent o caracterizar provisoriamente a HQ como um g nero ic nico ou ic nico verbal narrativo cuja a progress o temporal se organiza qua dro a quadro Como elementos t picos a HQ apresenta desenhos os quadros e os bal es e ou legendas onde inserido o texto verbal Men don a 2002 p 199 Sobre o aspecto sint tico da tiras em
142. e fonol gica na depreens o de fonemas Os semas comuns a todos os lexemas de um mesmo campo definem conteudis ticamente o termo mais geral denominado arquilexema que fun ciona como superordenado Todos os demais termos est o numa re la o de oposi o entre e si e de inclus o em rela o ao arquilexe ma Um exemplo muito recorrente o conjunto formado pelos lexe mas assento cadeira sof poltrona etc O termo assento o arquilexema por apresentar os semas mais gerais objeto constru do para a gente se sentar e com p s Lyons 1982 explica que a hipon mia a rela o existente entre um lexema mais espec fico e um mais geral entre tulipa ro sa etc e flor entre honestidade castidade etc e virtude e assim por diante p 149 Marques 2001 ao tratar dos conjuntos de lexemas explica que Entre os conjuntos de lexemas estabelecem se rela es de termos de sentido mais geral e termos que se incluem quanto ao sentido nesse Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 73 G NEROS TEXTUAIS termo geral O termo mais geral chamado de superordenado e o termo mais restrito ou subordenado chamado de hip nimo em rela o ao superordenado Marques 2001 p 100 Marques 2001 abordou as v rias rela es que s o estabele cidas entre os lexemas de um conjunto Do ponto de vista l gico a hipon mia explicita um tipo
143. e obscuridade de express o Evite ambiguidade Seja breve BE IM Seja ordenado Grice 1975 observa ainda que a viola o deliberada de qualquer uma das m ximas um recurso de que o falante disp e para transmitir informa es que est o al m do sentido literal das senten as Esta situa o gera uma implicatura conversacional No entanto quando uma implicatura conversacional gerada o Princ pio da Co opera o n o est sendo contrariado pos a m xima est sendo utili zada Muitas das implicaturas que n s regularmente fazemos en volvem aparentes viola es da m xima da rela o H casos em que Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 113 G NEROS TEXTUAIS a m xima Seja Relevante parece estar sendo desrespeitada entre tanto quando o que dito corretamente entendido na medida em que se percebe que o que era aparente irrelevante de fato relevan te verifica se que a m xima n o est sendo violada Essa estrat gia utilizada com frequ ncia em textos que t m o prop sito principal de produzir humor Pode se violar qualquer uma das m ximas com vistas a atender aos quesitos caracter sticos da linguagem do humor Nesse caso um significado adicional vei culado via implicatura Yule 1996 O CARTUM E AS E AS M XIMAS CONVERSACIONAIS O g nero cartum representa um tipo de evento comunicativo muito presente na vida cotidiana utilizado quase sempre para fazer uma cr tica social ou dar
144. ecendo Ele afir mou que cuidaria pessoalmente do pedido O gerente garantiu que a fa lha nunca mais voltaria a acontecer Tamires 12 anos 10 Computamos nessa categoria a express o super hero nos cunhada por D bora 12 anos Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 75 G NEROS TEXTUAIS A maior parte dos alunos no entanto optou por fazer a refe r ncia empregando um pronome demonstrativo neutro 06 alunos se lecionaram o pronome isso e um aluno empregou o pronome a quilo nesse contexto 15 O gerente disse que n o sabia o que estava acontecendo Ele afir mou que cuidaria pessoalmente do pedido O gerente garantiu que isso nunca mais voltaria a acontecer Mateus 12 anos A elipse O terceiro recurso da substitui o apresentada por Antunes 2005 a elipse A Autora 2005 destaca que mais uma vez falta uma perspectiva textual no estudo desse fato lingu stico j que em geral as gram ticas tratam da elipse no cap tulo destinado s figuras de linguagem e n o atentam para a fun o coesiva da elipse A elipse pode ser entendida como a omiss o de uma express o j introduzida anteriormente no texto que pode ser recuperada no contexto De um modo geral a elipse mais frequente quando temos sequ ncias tex tuais a respeito de um mesmo t pico A maior contribui o da elipse permitir a necess ria reitera o sem fazer uso de repeti es n o funcionais ou de substitui es artificiais
145. edir os vil es usou seus poderes para vencer los No final da hist ria os her is derrotaram os vil es Vitor 12 anos 72 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos 8 Meu irm o ca ula escreveu uma hist ria em que apareciam o Super Homem a Mulher Maravilha e o Homem Aranha Na hist ria os super her is combatiam o mal O mal atacava as pessoas colocando a vida de las em risco Para impedir isso o Super Homem usou seus poderes para vencer o mal No final da hist ria os super her is derrotaram o mal Leandro 12 anos 9 Meu irm o ca ula escreveu uma hist ria em que apareciam o Super Homem a Mulher Maravilha e o Homem Aranha Na hist ria os herois combatiam o mal Os vil es atacavam as pessoas colocando a vida delas em risco Para impedir os vil es o homem aranha usou seus poderes para vencer o mal No final da hist ria os herois derrotaram os vil es Ga briel 12 anos A rela o hipon mia hiperon mia Como observou Lyons 1982 o termo hipon mia recente mas se refere a um assunto h muito observado pelos semanticistas Essa no o j podia ser percebida no conceito de arquilexema cu nhado por Pottier apud Marques 2001 Pottier apud Marques 2001 desenvolveu a hip tese de que o significado decompon vel em tra os m nimos de significado denominados semas analogamente aos tra os distintivos dos m todos da an lis
146. educativas em geral Do outro lado o aluno quase sempre es pera por um professor cr tico e criativo que utilize sempre atividades did tico pedag gicas com metodologias atuais atraentes e ainda prazerosas Diante disso que atitude deve tomar o professor Plat o e Fiorin 1996 defendem que ningu m pode nos dias de hoje ignorar o fato de que qualquer aluno disp e de uma quanti dade mais do que expressiva de informa es sobre quase todos os dom nios do conhecimento o que ele n o sabe hierarquiz las es tabelecer as devidas correla es entre elas discernir as que se impli 176 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos cam das que se excluem utilizadas apropriadamente como recursos argumentativos para sustentar seus pontos de vista um desafio grande para um Professor de L ngua Portuguesa E os autores cita dos acima consideram ainda que no interior dos textos que tais articula es se realizam Da decor re a conclus o de que nos textos e pelos textos que o aluno vai adquirir a compet ncia de operar criativamente com os dados armazenados um tipo de saber cada vez mais raro na contemporaneidade e que precisa ser recuperado Plat o e Fiorin 1996 p 3 Ora o professor de L ngua Portuguesa quando capaz de es tabelecer um di logo com as demais reas do conhecimento das ci ncias humanas e sociais da natureza e as tecnologias
147. eens o do que o autor est a dizer A qualidade tamb m n o obedecida na medida em que a hist ria contada pela vovozinha n o a hist ria que as crian as percebem A m xima do modo n o tamb m observa da uma vez que o modo de contar o fato se faz indiretamente por composi o mista de g neros e a hist ria s pode ser entendida se atendidas v rias suposi es inferenciais implicadas A ambiguidade que cria a implicatura d o tom do discurso da intera o encenada o sentido dado fala o lobo comeu a vovozi nha mas a hist ria acabou bem tem sentido distinto para a vov que l a hist ria e para as crian as que a ouvem Desse modo o verbo comer marca uma duplicidade de sentido comer refere se a alimen tar se no entender da vov e refere se a ter rela o sexual na com preens o das crian as o que causa gra a porque p e a crian as tendo uma interpreta o do texto que em princ pio s seria de percep o de um adulto Tamb m a fala acabou bem feita em cochicho mos tra essa mesma distor o de significados para a vov significa que a vovozinha da hist ria de Chapeuzinho Vermelho n o morreu mas para as crian as significa que a sa de foi preservada porque o uso da camisinha preveniu contra doen as sexuais 118 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Lingu sticos CONSIDERA ES FINAIS Sabe se que muito da comunica o verbal e vis
148. ela es por reitera o por associa o e por conex o A reitera o a rela o textual por meio da qual os elementos textuais s o retomados A associa o a rela o textual criada a partir do campo sem ntico formado pelas pa lavras que comp em o texto E a conex o concerne s rela es sint tico sem nticas estabelecidas entre diferentes segmentos textuais 80 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Essas tr s rela es textuais s o realizadas por meio alguns procedimentos A repeti o e a substitui o possibilitam a reitera o sele o lexical respons vel pela rela o de associa o e o es tabelecimento de rela es sint tico sem nticas entre os segmentos textuais prov a conex o S o os recursos coesivos que efetuam esses quatro procedi mentos Para a repeti o temos a par frase o paralelismo e a repe ti o propriamente dita Os recursos da substitui o s o a substitui o gramatical a substitui o lexical e a elipse O recurso da sele o lexical a sele o de palavras semanticamente pr ximas O re curso do estabelecimento de rela es sint tico sem nticas entre os segmentos textuais o uso de diferentes conectores Ao longo desse artigo restringimos nossas aten es s rela es obtidas pela reitera o e pela associa o atentando para alguns de seus procedimentos e recursos Uma conclus
149. empor nea 2 ed rev e ampl Rio de Janeiro Oficina do Autor 2003 MAINGUENEAU Dominique Pragm tica para o discurso liter rio Tradu o Marina Appenzeller revis o da tradu o Eduardo Brand o S o Paulo Martins Fontes 1996 MARTINS Nilce Sant Anna Introdu o estil stica a expressivi dade na l ngua portuguesa 2 ed rev e aum S o Paulo T A Quei roz 1997 TAVARES H nio Teoria liter ria Belo Horizonte Itatiaia 1978 110 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Linqu sticos ESTRAT GIAS PRAGM TICAS DE PRODU O DE HUMOR EM CARTUNS Maria da Penha Pereira Lins UFES penhalins Cterra com br PRAGM TICA E INTERA O Diferentemente dos estudos sobre uso da l ngua do ponto de vista dos recursos puramente estruturais efetivados pela lingu stica tradicional os estudos pragm ticos v o deter suas observa es no uso da l ngua condicionado pelas diversas situa es sociais Para Cristal 1985 Pragm tica refere se ao estudo da l ngua do ponto de vista dos usu rios em especial as escolhas feitas as res tri es encontradas ao usar a l ngua em inten o social e o efeito de seu uso sobre outros participantes em um ato de comunica o Para ele o foco acha se numa rea entre a Sem ntica a Sociolingu stica e o Contexto extralingu stico Afirma ainda o autor que a Pragm tica veio tamb m a ser caracterizada como o estudo d
150. endo identific veis como tipos psicol gicos ou abstratos que independem das especificidades de cada l ngua natural AN LISE DO C RPUS Identifica o do plano geral do texto em cada santinho Para compreender o plano geral do texto um dos n veis mais profundos do folhado textual Bronckart 2007 afirma ser necess rio focalizar a forma como se organiza o conjunto do conte do tem tico Inicialmente vale apontar que o tema do g nero santinhos po l tico sempre a candidatura de um ou mais candidatos a diversos Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 13 G NEROS TEXTUAIS cargos pol ticos Para chegarmos ao plano geral desses textos emp ricos resumiremos ap s a transcri o dos textos de cada um dos santinhos as id ias principais que se evidenciam no processo de leitura Santinho A 1 FRANCISCO DE SALES DA SILVA conhecido popularmen te por Chico Chiquim concorre ao cargo de prefeito Natural de Br s Pires tem 50 anos de idade casado e pai de 05 filhos crist o fervoro so trabalhador honesto cidad o consciente comprometido com o de senvolvimento geral de Br s Pires e o bem estar de toda regi o 2 Chico tem se destacado como um administrador competente e comprometido com a gera o de empregos fator que considera funda mental para o progresso e o bem estar de nosso povo 3 Vereador por duas legislaturas defendeu os interesses de nosso povo solicitando do prefeito m
151. ento Belmiro manipula seu di rio transformando o num proje to liter rio Para Klinger 2004 p 55 o sujeito da escrita n o um ser pleno sen o que resultado de uma constru o que opera tanto den tro do texto ficcional quanto fora dele na vida mesma Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 39 G NEROS TEXTUAIS Percebe se que embora o tom confessional seja predominante na obra n o se pode ignorar que O amanuense Belmiro tem car ter ficcional Cyro dos Anjos um dos autores que melhor se apropria das caracter sticas atribu das ao g nero diar stico para desnudar o protagonista narrador da obra A verdade para o autor passa a n o ser um pr requisito im portante na concep o do di rio ele apenas utiliza o modelo para nos apresentar um maravilhoso perfil introspectivo de uma persona gem desenraizada e sem qualquer est mulo de vida que justifique a sua continuidade pr tica Belmiro s acha uma sa da para sua in rcia atrav s do relato dos seus dias E Cyro dos Anjos aproxima seu per sonagem do g nero diar stico para convencer o leitor da veracidade do relato Retomando Klinger 2007 p 21 a fic o se apropria da for ma da autobiografia mas para torn la um discurso obsoleto o texto falha em p r ordem na viv ncia ca tica e fragment ria da identi dade BIBLIOGRAFIA ANJOS Cyro dos O amanuense Belmiro 17 ed Rio de Janeiro Garnier 2002 BARTHES Roland A morte do autor In
152. epeti o torna se um recurso altamen te prejudicial para a qualidade do texto Os recursos da substitui o A repeti o de palavras n o o nico recurso dispon vel na l ngua para retomar o que foi dito anteriormente num texto e estabe lecer assim rela es sem nticas entre segmentos textuais Al m de la existem os recursos da substitui o Vimos anteriormente que os recursos da substitui o s o a substitui o gramatical a substitui o lexical e a elipse A substitui o gramatical A substitui o gramatical obtida por meio do emprego de pronomes ou adv rbios De fato os pronomes s o altamente produti vos na remiss o para tr s an fora e para frente cat fora Koch 2003a Antunes 2005 ressalta que a principal fun o textual dos pronomes assegurar a cadeia referencial do texto O benef cio do 68 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos emprego da substitui o o fato de ela tornar o texto mais conciso e menos repetitivo No entanto o mau emprego dessa mesma estrat gia pode tornar o texto confuso ou amb guo Um exemplo do empre go da substitui o por pronome pode ser observado a seguir 3 Outro dia meu irm o foi a um restaurante muito caro No entanto ele n o gostou do lugar O gar om demorou a atender e a comida estava fria Ele resolveu ent o reclamar do p ssimo atendimento O gerente pediu desculpas pela fal
153. er de orienta o n o dis cuss o ou reflex o mas sim uma esp cie de ensino Tamb m atrav s das ilustra es uma vez que como dito to das s o desenhos gr ficos desprovidas de tra os de emotividade Com este car ter funcional o enunciador um transmissor em seu discurso do conhecimento de algo sem compromisso com valores morais ou afetividade Da mesma forma como um manual de instru es visa apenas os fins utilit rios de um objeto e nele confiamos pa ra O sucesso do funcionamento do mesmo este ethos do enunciador cient fico e se imiscui do discurso especializado que lhe d o cr di to necess rio para validar sua palavra na cenografia e legitimar sua autoridade discursiva 2 E assim atrav s deste conjunto de elementos que emerge a identidade discursiva e estereotipada dos pais inexperientes e total mente desconhecedores do beb deste Manual do Propriet rio Imagem esta com a qual nem todos os seus leitores se identificam mas certamente alguns somando se outros pais inexperientes numa grande comunidade imagin ria de pais nessa situa o Ou seja ex traem dele as representa es com as quais se identificam e pelas quais s o valorados De acordo com Maingueneau O universo de sentido apropriado pelo discurso imp e se tanto pelo ethos como pelas id ias que transmite na realidade essas id ias se apre sentam por uma maneira de dizer que remete a uma maneira de ser parti
154. es a este ou aquele g nero Desse modo a no o de g nero cons titutiva do texto precisa ser tomada como objeto de ensino PCNs 1998 p 23 Grifo nosso Toda essa mudan a de postura da escola est fundamental mente marcada pelo reconhecimento de que o ensino de l ngua ma terna produtivo aquele que propicia ao aluno uma apropria o cada vez mais eficiente das formas de dizer para que ele possa por conse guinte agir socialmente por meio dessas formas de dizer Seguindo essa mesma tend ncia Travaglia 2005 prop e que o objetivo primordial do ensino de l ngua materna seja o desenvol vimento da compet ncia comunicativa que tem a ver com a capaci dade do usu rio de empregar adequadamente a l ngua nas diversas situa es de comunica o p 17 Segundo o mesmo Autor 2005 a compet ncia comunicativa implica duas outras compet ncias a gramatical ou lingu stica e a textual Travaglia 2005 explica que a compet ncia gramatical ou lingu stica a capacidade que os usu rios da l ngua t m de produzir enunciados gramaticais ou seja enuncia dos que respeitem as regras e as restri es impostas pelo sistema da Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 55 G NEROS TEXTUAIS l ngua Para Travaglia 2005 a compet ncia textual por seu turno concerne capacidade de em situa es de intera o comunicativa produzir e compreender textos considerados bem formados p 18 Inserida nessa compet ncia tex
155. esar de que cada vez mais se duvide como o faz Roland Barthes da possibi lidade de se encontrar sinceridade no di rio o fato que por oposi o a todas as formas de fic o a biografia e a autobiografia s o tex tos referenciais que como o discurso cient fico ou hist rico cont m informa es sobre uma realidade exterior ao texto submetendo se portanto prova de verifica o A afirma o de Philippe Lejeune 1996 p 36 mas o mesmo acrescenta que numa autobiografia indispens vel que o pacto referencial seja firmado e que seja manti do mas n o necess rio que o resultado seja da ordem da estrita semelhan a Segundo Lejeune para definir a autobiografia prevale ce o crit rio da identidade de nome entre autor narrador e personagem Crit rio v lido para o Di rio do Hosp cio ainda que Lima Barreto experimente outras denomina es para o narrador Quanto Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 137 G NEROS TEXTUAIS autoficcionaliza o ensaiada no Di rio do Hosp cio ela deixa mostra no autor do di rio o desejo de j nas p ginas ntimas des dobrar se num outro no qual reconheceremos Vicente Mascare nhas autor de Cemit rio dos Vivos Tanto assim que no cap tulo sete do Di rio Lima Barreto ao voltar se para si mesmo e exa minar se representa se como aquele outro O dia de t dio e eu procuro meios e modos de fugir dele de voltar me para
156. etamente ao s alocut rio s Sendo assim a forma verbal que mais comumente articula se ao alocut rio ao contr rio do que se observa na l ngua francesa verbos de segunda pessoa articulados a pronomes de segunda pes soa tu e vous a de terceira pessoa Podemos citar como exemplo os pronomes voc voc s seu sua nossos n s nos man ter nos rodeiam e os verbos podemos fomos Pense A 99 66 credite temos e vamos 1 Referimo nos s formas verbais de terceira pessoa que se articulam ao pronome voc as quais demarcam linguisticamente os protagonistas da intera o 18 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Quanto s an foras esses santinhos trazem as an foras pro nominais bem como as nominais a An foras pronominais por Chico Chiquim concorre ele tem 50 anos idade ele ca sado Santinho A Chico tem se destacado ele considera ele defendeu San tinho A An sio do Romir concorre ele Tem 42 anos ele casado Santinho A An sio agricultor ele mesmo trabalha Santinho A Quantas vezes voc s voc teve por voc sentir se Santi nho B Pense voc Acredite voc compromisso com voc San tinho B b An for
157. ficativas preciso assegurar que nessas situa es interativas os alunos tenham a oportunidade de produzir e interpretar textos atentando sempre para a sua estrutura e funciona lidade CONSIDERA ES FINAIS O objetivo que norteou esse trabalho foi o de destacar as es trat gias coesivas empregadas em textos de alunos Para tanto ob servamos as escolhas lingu sticas feitas por dez alunos escolhidos aleatoriamente do 7 ano antiga 6 s rie de uma escola p blica lo calizada na zona rural de Teres polis Sendo a nossa inten o inves tigar a funcionalidade de algumas estrat gias coesivas espec ficas constru mos pequenos textos com lacunas para que os alunos as completassem da maneira que considerassem a mais adequada 12 Apenas Leandro 12 anos optou por a noite em lugar de a comida Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 79 G NEROS TEXTUAIS Conforme vimos h uma insatisfa o geral com os rumos do ensino em nosso pa s e um crescente questionamento acerca do que ensinar nas aulas de portugu s Nas ltimas d cadas essa insatisfa o e esse questionamento propiciaram o surgimento de documentos oficiais PCNs 1998 e de pesquisas Travaglia 2005 que defen dem ser o desenvolvimento da compet ncia comunicativa dos alunos o objetivo primordial do ensino de l ngua materna Nesse sentido as pesquisas lingu sticas t m muito a contribuir Com base nas refle x es propostas pela Lingu stica Tex
158. forma o de formula o inser o reformula o de referencia o de balanceamento presentes nos tex tos coletados Tal an lise merece certa aten o na medida em que a partir dela chega se a constata es interessantes no tocante materi aliza o da escrita Algumas produ es de textos selecionadas apresentaram mar cas lingu sticas evidenciando que o sentido constru do envolve a pr tica social e n o apenas a devolu o de um trabalho para o interlocu tor professor aluno A produ o de sentido compreende parte da forma o de um sujeito que interage com o social e por meio da lin guagem Sem nos distanciarmos do objeto deste estudo nossa inten o foi verificar como alunos constroem o texto escrito e como o su jeito se posiciona e interage com sua produ o textual ou seja quais as informa es que revelam seu conhecimento geral de mundo sua inser o num determinado contexto social e quais as estrat gias tex tuais que utiliza para formular organizar e construir um sentido na tessitura de sua produ o textual As estrat gias de explora o da atividade de produ o textual est o apoiadas nos conceitos apresentados por Koch 2000 as quais compreendem estrat gias cognitivas e textuais As estrat gias cogni tivas t m a fun o de permitir ou facilitar o processamento textual Consistem no c lculo mental que compreende as informa es impl citas ou expl citas e as infer ncias levand
159. gem princi pal e a obra afirmando que a mistura belmiriana de perspic cia cultura banalidade e lirismo fixa em profundidade uma persona gem frequente e central na literatura brasileira E esta uma das caracter sticas principais da obra imprimir narrativa de Belmiro uma veracidade uma autenticidade das decla ra es e uma legitimidade no encadeamento das id ias sobretudo na sua mente que d o uma coer ncia sensata mesmo quelas teses con flitantes Onde houver claridade converta se em fraca luz de crep sculo para que as coisas se tornem indefinidas e possamos gerar nossos fantasmas Seria uma f rmula para nos conciliarmos com o mundo Anjos 2002 p 39 38 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Para Schwarz 1992 p 16 monumental vertiginosa a falta de retid o do pensamento A prosa culta e ponderada que deve a sua autoridade ao gesto de clareza confunde fal ncia e sabedoria conformismo e sensibilidade imprud ncia e veracidade o pratic vel e o certo meia luz e liberdade Tudo enfim parece normal na esfe ra das pondera es de Belmiro que justifica sua desvincula o da realidade com leveza e sabedoria eruditas escondendo o profundo conflito interior que o desnorteia e o torna no fundo infeliz O eixo do romance est na evolu o do amanuense narrador e ao longo de toda a narrativa constru da ora em formato de mem
160. gen rico que se estendem aos di ferentes grupos Observamos que as tiras abordam os fatos sociais de uma forma bem pr xima dos cartuns n o deixando contudo em muitos momentos de focalizar acontecimentos situados em uma dada poca o caso de Quino que no per odo da ditadura militar na Ar gentina lan ou uma s rie de tiras que tinha uma rela o intr nseca com os fatos ocorridos naquele momento hist rico Diante desta breve caracteriza o das tiras dois procedimen tos dever o ser desenvolvidos em nosso estudo a os atos de fala in felizes que geram o efeito ris vel nas tiras de humor b an lise do jogo argumentativo organizado pelo quadrinhista Dessa forma os procedimentos enunciativos que geram efeito ris vel no interior do g nero tiras derivam de formula es impl citas apresentadas em di Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 165 G NEROS TEXTUAIS versos n veis da linguagem Neste contexto identifica se que n o h uma teoria espec fica ligada ao discurso do humor Acreditamos que este trabalho contribuir com os estudos e nunciativos voltados para a leitura do g nero tira de humor Tal pro posta poder estimular uma ampla reflex o sobre os processos esti l sticos do g nero na dimens o bakhtiniana rompendo com para digmas da estil stica tradicional Neste processo de renova o de es tudos estil sticos incluiremos as categorias advindas da Sem ntica e da Pragm tica para uma nova forma de
161. ha Ele disse que n o sabia o que estava acontecendo Ele afirmou que cuidaria pessoalmente do pedido Ele garantiu que isso nunca mais voltaria a acontecer Chrystiane 12 anos No exemplo acima a ativa o do referente meu irm o sub linhada no exemplo foi feita pelo texto A aluna resolveu fazer as duas remiss es subsequentes por meio de pronomes Embora o se gundo pronome ele pudesse virtualmente retomar o gar om di ficilmente essa rela o seria estabelecida justamente por causa do nosso conhecimento pragm tico sobre as coisas do mundo se meu irm o n o gostou do restaurante obviamente apenas meu irm o po deria reclamar do p ssimo atendimento e n o o gar om Em segui da entre em cena o referente o gerente que passa a ser retomado por meio de pronomes nas frases ulteriores num contexto de tima continuidade t pica o referente tem o tra o humano n o entra em concorr ncia com outros referentes e ocupa a fun o de sujeito em ora es de foreground figura o que pode ser observado pela continuidade de a es e pelo emprego do pret rito perfeito do indica tivo Paredes Silva 2003 No entanto a repeti o de um mesmo recurso como ocorreu nesse exemplo pode empobrecer o texto A esse respeito gostar a mos de destacar duas estrat gias postas em pr tica por dois outros alunos Vejamos 4 O gerente pediu desculpas pela falha Ele disse que n o sabia o que estava acontece
162. hava imposs vel ser descoberto ou preso Jo o sabia que a Pol cia Federal estava mais esperta e chegou a ba ter tr s vezes na madeira ao imaginar que de algum daqueles caminh es apreendidos pudesse ter vazado alguma pista sobre Alex N o n o era poss vel Ele tinha mil salvaguardas e despistes era imposs vel rastre lo como ele gostava de dizer vibrante quase levantando v o daquela ca deira de rodas Fiuza 2004 p 107 Sonho que virou pesadelo Jo o Estrella tinha uma grande alegria de viver Amava o sol a praia a m sica o futebol o surfe as festas os amigos Quando descobre um jeito de poder usufruir de tudo isso ganhando dinheiro de uma forma relativamente f cil ele n o resiste n o se cont m e decide que n o vai abandonar essa vida Al m disso ele n o se v como um marginal ou delinquente Mesmo no auge do tr fico de coca na Jo o nunca se sentiu um ban dido N o se via como um bandido Sua auto imagem era mais ou menos a de um cara do bem em viagem explorat ria pelo territ rio do mal Fiu za 2004 p 167 Sua profiss o lhe permite a satisfa o de muitos dos seus so nhos Isso n o significava apenas a aproxima o de belas mulheres excita das com o seu status ascendente de bar o de p e com os efeitos do pr prio Traduzia se tamb m em aumento do respeito ao seu nome no mer cado tanto por parte de clientes e consumidores que o procuravam cada vez mais como dos forneced
163. he lembra os quadros mar timos da pr pria inf ncia e adolesc ncia O narrador recorda ent o a sua inicia o na leitura que come ou por Jules Vernes cu jas obras o pai lhe dava mas de todos os livros o que mais amei e durante muito tempo fez o ideal da minha vida foram as Vinte Mil L guas Submarinas So nhei me um Capit o Nemo fora da humanidade s ligado a ela pelos li vros preciosos not veis ou n o que me houvessem impressionado sem liga o sentimental alguma no planeta vivendo no meu sonho no mun do estranho que n o me compreendia a m goa nem ma debicava sem luta sem abdica o sem atritos no meio de maravilhas Barreto 2004 p 83 138 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Al m de possibilidade do sonho a leitura para o escritor leitor a oportunidade da reflex o cr tica como a que faz Lima Bar reto a prop sito do seu Plutarco A minha leitura atual desse c lebre livro feita com outro olhar que o de antigamente Noto lhe uma por o de atributos sempre os mesmos para os seus her is Eles os quer sempre belos mas h sempre nele muita coisa que nos faz refletir Vejam s esta observa o de um ante passado dos atuais bolchevistas do cita Anacarsis feita a S lon As leis s o como as teias de aranha que prendem os fracos e pequenos insetos mas s o rompidas pelos grandes e fortes O nossos mili
164. hotmail com INTRODU O Neste trabalho propomos discutir os processos envolvidos na leitura das tiras em quadrinhos que visam produ o do efeito hu mor stico Durante muito tempo as tiras em quadrinhos de maneira especial foram vistas como objeto de leitura pernicioso e alienante por diversos intelectuais portanto banido da esfera educativa Ge ralmente a leitura deste g nero se dava no dia a dia de maneira es pont nea e intuitiva por meio de jornais e revistas em quadrinhos no espa o privado O leitor se divertia com as piadas encontradas nas tiras sem se preocupar com os mecanismos que o autor utilizava pa ra produzir o humor Contudo a leitura das tiras passa a ser vista sob uma nova perspectiva com os estudos discursivos que refletem sobre o uso da l ngua nas diversas situa es comunicativas Este novo en foque passa a valorizar o estudo dos diferentes g neros de discurso estimulando a investiga o dos fatores lingu stico sem ntico prag m ticos voltados para a leitura dos textos de humor A tend ncia de analisar a linguagem das tiras em quadrinhos ganha maior visibilidade por volta de 1990 Muitos livros did ticos de L ngua Portuguesa passam a ter se es dedicadas an lise de pressupostos e impl citos presentes na fala dos personagens Tor nam se frequentes nas provas de interpreta o de textos dos vestibu lares quest es sobre procedimentos discursivos que os autores das tiras utilizam para
165. ia produ o textual dos sentidos Isto vai significar inclu sive uma revitaliza o do estudo da gram tica n o claro como um fim em si mesmo mas com o objetivo de evidenciar de que mo do o trabalho de sele o e combina o dos elementos lingu sticos dentro das variadas possibilidades que a gram tica da l ngua nos p e disposi o nos textos que lemos ou produzimos constitui um con junto de decis es que v o funcionar como instru es ou sinaliza es a orientar nossa busca pelo sentido Assim sendo preciso que os produtores de textos dominem uma s rie de estrat gias de organiza o da informa o e de estrutu ra o textual A continuidade de um texto resulta de um equil brio vari vel entre dois movimentos fundamentais retroa o e progres s o Desta forma a informa o sem ntica contida no texto vai distri buir se em pelo menos dois grandes blocos o dado e o novo cuja disposi o e dosagem interferem na constru o do sentido A infor ma o dada ou aquela que o produtor do texto apresenta como da 126 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos da tem por fun o estabelecer os pontos de ancoragem para o a porte da informa o nova A retomada desta informa o opera se por meio de remiss o ou refer ncia textual que leva forma o no texto de cadeias referenciais coesivas Estas cadeias t m papel im portante n
166. ica do seu beb alguns bonecos respiram e outros at t m um cora o que bate a repira o e os batimentos card acos s o simulados atrav s de dispositivos eletro mec nicos Para criar um beb de brincar s o ne cess rios cerca de 40 dias Os beb s produzidos atrav s desta t cnica s o conhecidos po pularrmente como beb s reborn A exist ncia deste brinquedo que uma esp cie de beb talvez causasse confus o a algu m que conhe a os rebom e que pensasse ent o que o ma nual tratasse deste tipo de objeto No entanto consideramos esta possibilidade remota colo cando o exemplo aqui apenas para refor ar que mesmo um acontecimento t o distante estaria descartado pelas pistas encontradas no manual explicadas no corpo deste texto Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 91 G NEROS TEXTUAIS Ora no Manual do Propriet rio dos Borgenicht a cena englobante o discurso cujos parceiros leg timos o detentor do co nhecimento enunciador que dita a forma correta de lidar com o be b e tudo o que a ele se liga e o leigo co enunciador a quem o tex to se dirige est o inscritos no espa o tempo do nascimento de um beb e da necessidade urgente de receber informa es sobre seus cuidados A cena gen rica a das publica es que servem de guias de comportamento A cenografia a de um manual de instru es que p e em contato o conhecimento especializado e o consumidor de um p
167. idade dos leitores com rela o aos di rios as mem rias e as autobiografias passando a apresentar os personagens dos seus livros como diaristas e memorialistas A pretens o da verdade aproxima o leitor e a obra A partir de caracter sticas intimistas desenvolve se um universo paralelo ficcio nal de sustenta o do personagem que se julga retratar a realidade 36 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Huminense de Estudos Hilol gicos e Linguisticos Ainda segundo Blanchot 2005 p 271 Ningu m deve ser mais sincero do que o autor de um di rio e a sin ceridade a transpar ncia que lhe permite n o lan ar sombras sobre a e xist ncia confinada de cada dia qual ele limita o cuidado da escrita preciso ser superficial para n o faltar com a sinceridade grande virtude que exige tamb m coragem Plenamente enquadrado nestes par metros O amanuense Belmiro de Cyro dos Anjos apropria se inteiramente das caracter sti cas do g nero diar stico por se tratar de uma narra o fict cia em formato de di rio o que o transforma num romance essencialmente intimista e memorialista A partir de um protagonista interiorano desvinculado do mo delo regionalista que dominava na poca do seu lan amento o autor nos apresenta um narrador protagonista profundamente introspecti vo deslocado e irrealizado O romance escrito a partir de cr nicas que Cyro dos Anjos escrevia usando o pseud nimo de Belmiro Borba no jornal
168. ido observa es interessant ssimas para escrever um livro sobre a vida interna dos hospitais de loucos Leia O Cemit rio dos Vivos Nessas p ginas contarei com fartura de pormenores as cenas mais jocosas e as mais dolorosas que se passam dentre destas paredes inexpugn veis Te nho visto coisas interessant ssimas Apud Barbosa 2002 p 313 Lima Barreto n o concluiu seu livro do qual comp s cinco cap tulos publicados por Francisco de Assis Barbosa no volume Cemit rio dos Vivos o qual inclui na primeira parte o Di rio do Hosp cio e na segunda parte o romance inacabado que recebeu o t tulo idealizado pelo autor Cemit rio dos Vivos S o muitas as singularidades desses escritos autobiogr ficos de Lima Barreto Algumas delas ser o apontadas neste trabalho que come a pela abordagem do Di rio do Hosp cio Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 133 G NEROS TEXTUAIS Segundo Maurice Blanchot o di rio ntimo por mais livre de forma que aparente ser est subjugado a uma cl usula irrevog vel o respeito ao calend rio Blanchot 2005 p 270 Para o estudioso escrever um di rio ntimo colocar se sob a prote o dos dias co muns em consegu ncia o que se escreve se enra za no cotidiano e na perspectiva que o cotidiano delimita Referindo se narrativa Blanchot assinala que esta se dis tingue do di rio por tratar daquilo que n o pode ser verificado da quilo que n o pode ser objeto de um
169. ificado Tradu o lvaro Cabral Rio de Janeiro Zahar 1972 PAREDES SILVA Vera L Motiva es funcionais no uso do sujeito pronominal uma an lise em tempo real In PAIVA M amp DUAR TE M orgs Mudan a ling stica em tempo real Rio de Janeiro Faperj Contra Capa 2003a p 97 114 PIETROFORTE Antonio V S amp LOPES Iv C A sem ntica lexi cal In FIORIN Jos Luiz org Introdu o ling stica IF prin c pios de an lise 3 ed S o Paulo Contexto 2004 p 111 135 TRAVAGLIA Luiz C Gram tica e intera o uma proposta para o ensino de gram tica 10 ed S o Paulo Cortez 2005 ULLMANN Stephen Sem ntica uma introdu o ci ncia do signi ficado 4 ed Trad J A Os rio Mateus Lisboa Calouste Gulbenki an 1964 Traduzido de Semantics an introduction to the science of meaning Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 83 G NEROS TEXTUAIS ANEXO Texto 1 Meu tio teve que levar seu carro a uma oficina pois 1 estava cheio de defeitos 2 estavam furados 3 estavam quebrados e 4 n o funcionava direito 5 disse que 6 estaria pronto dentro de tr s semanas Mas 7 disse que isso era muito tempo e que 8 n o pode ria ficar tanto tempo sem 9 10 prometeu ent o consertar 11 em uma semana Tabela 133 10 1 2 3 4 5 7 8 9 10 n Chystiane ele os pues os vidros ofen Omec mco ocano meto fele uz
170. igada ao beb ap s tr s ou quatro semanas de conviv ncia suge rimos que discuta a quest o com o prestador de servi os da crian a p 40 3 ou ainda de poss veis doen as ou defici ncias que o rec m nascido possa apresentar Antes de iniciar a leitura deste manual quei ra verificar cuidadosamente seu modelo e certificar se de que todas as pe as est o em ordem Se alguma delas estiver em falta ou apresentar qualquer tipo de avaria recomenda se consultar imediatamente o servi o de assist ncia t cnica ao beb p 12 No decorrer de todo o livro esta objetividade em sua lingua gem n o se altera e permanece t cnica isenta de elementos de emo tividade Este jogo de sobreposi es de id ias que tomam o beb que fruto da conjun o mais exclusivamente humana n o estamos considerando para este artigo a complexa discuss o de beb s conce bidos in vitro por um produto high tech produz um tom bem humorado no livro tom que inclusive mencionado na contracapa O apagamento de tra os de emotividade associada a sua linguagem reificadora soma se ainda a outro ponto interessante o manual do beb parece muitas vezes ignorar a exist ncia do senso comum em algumas de suas instru es brotando da um efeito bem humorado que a caracteriza o dos pais como sujeitos inteiramente ignorantes de um beb seus cuidados ou objetos usados em seu conv vio Como exemplo estas senten as
171. imento que provoca sua aten o como se fosse um conto Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 G NEROS TEXTUAIS Mediante essa grande possibilidade de caminhos uma certeza lateja aos nossos olhos a cr nica um g nero de consider vel com plexidade e hibridismo Nesta esteira de racioc nio Coutinho e Di mas oferecem argumentos bem acertados sobre sua estrutura mesmo da pr pria natureza da cr nica a flexibilidade a mobilida de a irregularidade Coutinho 2002 p 133 dentro das p ginas de um jornal pejadas de informa es rigoro sas a cr nica funcionaria como descanso para o leitor na medida em que ela se constr i a partir de um evento qualquer por m moldada numa lin guagem que tende para a ambiguidade tende para a plurivocidade 1974 p 49 Ap s o cotejo dos cinco autores citados Afr nio Coutinho nos parece o que melhor desenvolve o tema atentando para cada pe culiaridade do g nero E ele quem percebe a quest o que o ponto nevr lgico da nossa discuss o enganoso supor que o livro que d qualifica o definitiva a qualquer escrito E a cr nica que n o haja pago excessivo tributo frivo lidade ou n o seja uma simples reportagem estar sempre a salvo como obra de pensamento ou de arte embora n o saia nunca das folhas de um peri dico 2002 p 135 Mais po ticas ou mais bem humoradas mais sens veis ou mais debochadas a vasta gama de possibilidades da cr nica
172. indiv duo divi de se em ipse e idem A primeira caracteriza se por elementos assi milados na socializa o e n o inatos pela disposi o tica e mut vel pelos estados mentais e emocionais enquanto o segundo caracteriza se pela no o temporal e espacial inalteradas O que se pode aplicar na rela o autor e autobiografia a idem da pessoa f sica do autor associada const ncia tica da ipse cria a coer ncia no caos das ocorr ncias da vida O sujeito usa a narra o para integrar os epis dios dispersos e os contingentes contidos na forma o de uma vida A unidade da narra o autobiogr fica constru da pelo sujei to por meio dos acontecimentos vividos e lembrados para formar a integridade tica do sujeito e sua identidade Para Viegas a primeira pessoa serve tanto como fonte de experi ncias quanto suporte pa ra inven o embaralhando os limites entre o autobiogr fico e o fic cional 2006 p 13 Como mostra Foucault o eu n o apenas um assunto sobre o qual escrever pelo contr rio a escrita de si contribui especificamen te para a forma o de si Kingler 2007 p 26 E esta visualizada de um ngulo mais amplo compreende n o somente os discursos assi nalados por Foucault mas tamb m as mem rias os di rios as auto biografias e as fic es do eu Para Pierre Bourdieu Galle 2006 p 72 na escritura autobi ogr fica o sujeito articula o espa o de suas experi ncias e o
173. ingu stica pela atua o conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situacional cognitiva so ciocultural e interacional s o capazes de construir para ela determi nado sentido Portanto a concep o de texto subjaz o postulado b sico de que o sentido n o est no texto mas se constr i a partir dele no curso de uma intera o Uma vez constru do um sentido e n o o sentido em um determinado contexto e associado s imagens rec procas dos parceiros da comunica o ao tipo da atividade em curso a manifesta o verbal est estabelecida Consta se pois que em to dos os casos analisados da pesquisa houve a manifesta o verbal es tabelecida no entanto os produtores utilizaram de estrat gias dife rentes ou em dose menor ou maior ao escreverem seus textos Geraldi apresenta a concep o de produ o de texto umas das quest es centrais que discorremos nesse trabalho orais e escritos como ponto de partida de todo o processo ensi no aprendizagem da l ngua e sobretudo porque no interior do texto o sujeito apresenta seu trabalho de produ o de discursos Na produ o de discursos o sujeito articula aqui e agora um ponto de vista sobre o mundo e est vinculado a uma certa forma o discursiva Geraldi 1997 p 135 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 129 G NEROS TEXTUAIS Desta forma percebem se pelos dados analisados n veis de forma o discursivos diferenciados pelos produtores
174. ingu sticos de maneira isolada Por conse qu ncia quest es relevantes que abordam os dispositivos enunciati vos destinados produ o de efeitos humor sticos s o desconside radas No que tange an lise do objeto tiras em quadrinhos as in vestiga es mais recentes se remetem a diferentes facetas de sua constitui o Alguns pesquisadores d o maior nfase aos fatores composicionais no plano figurativo Ressalta se a fun o dos v rios tipos de bal es o uso de vinhetas e legendas as cores os recursos onomatopaicos o modo como os personagens s o desenhados e co mo os quadros est o organizados Outros pesquisadores d o destaque ao plano tem tico s o observados os assuntos tratados nas tiras a forma de representa o e a posi o ideol gica dos personagens con feridas nos epis dios impressos No plano lingu stico muitas pesqui sas ressaltam os aspectos fonol gicos morfol gicos sint ticos bem como recursos de figura de linguagem geradores de express o c mi co humor stica Em nossa pesquisa propomos um olhar interativo sobre os aspectos enunciativos relacionados produ o do efeito c mico humor stico nas tiras em quadrinhos Tal olhar ap ia se na perspecti va de g nero discursivo concebida por Bakhtin e na no o de do m nio discursivo esfera em que se encontra o discurso do humor e se realiza o g nero tira de humor proposta por Marcuschi 2002 O en foque discursivo destes do
175. inha mais sabor e parecia que me abando nava a esperan a Barreto 2004 p 178 Concluindo este trabalho sobre o hibridismo e a ambiguidade que caracterizam as duas partes do volume Cemit rio dos Vivos pa rece nos relevante retificar a leitura usual de que o romance inacaba do constitui um esbo o de ficcionaliza o da experi ncia registrada no Di rio do hosp cio Como julgamos ter apontado o romance ul trapassa os limites do Di rio nas p ginas do Cemit rio dos Vivos Lima Barreto ficcionaliza a si mesmo n o se restringindo ao per odo da segunda interna o no Hosp cio mas abrangendo o seu percurso intelectual e pessoal Por outro lado o projeto liter rio de Vicente Mascarenhas n o se distancia da concep o empenhada de literatura que sempre norteou a obra de Lima Barreto Diz aquele no Cemit rio dos Vivos Todo o homem sendo capaz de discernir o verdadeiro do falso por simples e natural intui o desde que se lhe ponha este em face daquele seria muito melhor que me dirigisse ao maior n mero poss vel com au x lio de livros singelos ao alcance das intelig ncias m dias com uma instru o geral do que gastar tempo com obras s capazes de serem en tendidas por sabich es enfatuados abarrotados de t tulos e tiranizados na sua intelig ncia pelas tradi es de escolas e academias e por preconcei tos livrescos e de autoridades Devia tratar de quest es particulares com o esp rito ge
176. ionalizar o ambiente em que se en contra ficcionaliza a si mesmo num dos momentos em que se volta sobre si Lima Barreto refere se esposa morta e ao remorso por n o a ter compreendido Eis a passagem N o amei nunca nem mesmo minha mulher que morta e pela qual n o tenho amor mas remorso de n o t la compreendido mais devido oclus o muda do meu orgulho intelectual Barreto 2004 p 61 Como not rio que Lima Barreto nunca se casou fica evi dente que a presen a da esposa constitui um dado ficcional assim como outros que se mostrar o nos cap tulos seguintes um filho do ente a m e que delira quando se sabe que a m e de Lima Barreto morreu de tuberculose quando o menino tinha seis anos o nome que se atribui a primeira pessoa narradora que al m de Lima Barre to se denomina Tito Flam nio embora o autor tenha escolhido o nome Vicente Mascarenhas para o protagonista do romance Cemi t rio dos vivos Conhecendo as duas obras o Di rio do hosp cio e o Ce mit rio dos vivos n o dif cil perceber que no Di rio h par tes que j s o elabora o dos fatos com vistas ao romance Candi do 1987 p 47 Esta incorpora o de elementos nitidamente ficcio nais numa obra autobiogr fica como o Di rio do hosp cio coloca importantes quest es a come ar pela impossibilidade de distin o por parte do leitor entre o plano real e o plano imagin rio Ap
177. is autores reserva algumas diferen as que explicitaremos no decorrer deste trabalho Diferente da narrativa tradicional promovida pela altern ncia dos enunciados verbais assumidos pelo narrador e pelos persona gens as tiras em quadrinhos s o organizadas pelo discurso direto em que os personagens assumem a palavra sob o apoio das imagens que procuram traduzir o cen rio e as circunst ncias enunciativas Nesse sentido os enunciados reservam em sua configura o aspectos for 162 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos mais que os distinguem dos textos puramente verbais Sua estrutura compacta e condensada as express es dos personagens s o focaliza das para que o leitor se detenha em pontos espec ficos para os quais o autor sugere um olhar cr tico Al m destas diferen as do ponto de vista estrutural e funcional a escolha tem tica sobre os assuntos a bordados em conson ncia com peculiaridades s cio culturais dos in terlocutores v o determinar o efeito ris vel Diferentemente das piadas que descrevem o espa o enuncia tivo onde se realiza a fala por meio de uma descri o verbal as tiras descrevem o contexto com ilustra es que representam cen rios gestos e express es dos personagens Al m de informa es ditas nos bal es e ilustradas nos quadrinhos existe um espa o do n o dito e do n o visto que configuram impl citos respons veis pela produ o d
178. iso reconhecer que muito do que foi descoberto a respeito das rela es sem nticas estabelecidas entre as palavras no interior de um texto s foi poss vel devido a es ses estudos Trata se do conceito de campo associativo introduzido por Charles Bally apud Ullmann 1964 e de campo sem ntico de senvolvido por Jost Trier apud Ullmann 1964 O campo associativo se caracteriza por ser uma rede de asso cia es que podem ser estabelecidas com base na semelhan a e na contiguidade e que se originam nas rela es entre os sentidos entre os nomes ou entre ambos Por estar no n vel do l xico e n o no n vel da gram tica da l ngua o campo aberto Algumas associa es s o subjetivas As mais centrais no entanto s o compartilhadas pela maioria dos falantes de uma determinada comunidade lingu stica Transcrevemos a seguir as palavras de Bally apud Ullmann 1964 O campo associativo um halo que circunda o signo e cujas franjas exteriores se confundem com o ambiente A palavra boi faz pensar 1 em vaca touro vitelo chifres ruminar mugir etc 2 em lavoura charrua jugo etc finalmente 3 pode evocar e evoca em franc s id i as de for a de resist ncia de trabalho paciente mas tamb m de lentid o de peso de passividade Bally apud Ullmann 1964 p 500 No que se refere aos campos sem nticos os estudos que obti veram maior repercuss o dizem respeito observa o de campos re la
179. itico temporal agora e no santinho B o ostensivo nesses As frases imperativas tamb m s o recorrentes nos santinhos vote em quem VOTE PT e VOTE 13 no santinho A Pense no amanh e Acredite que no santinho B Quanto ao subsistema de tempos verbais explorado podemos observar os valores de simultaneidade anterioridade e posteridade expressos respectivamente pelos tr s grupos 5 1 est concorre tem casado considera est o nos ro cao ee deia E desejam precisa ser pode temos tem NE faz concorre tem casado trabalha conhecido gt gt 66499 presta est chegando E carrega deseja 2 defendeu solicitando fomos pensaram aconchegou eise teve apoderou se imp s fez e tem se destacado 3 lutar o e trabalhar o Outra caracter stica de f cil observa o nos santinhos que apresentam o tipo discurso interativo a presen a de pronomes e verbos de primeira e terceira pessoa do singular e do plural Vale sa lientar que no portugu s mais comum o uso do pronome pessoal de terceira pessoa voc s para dirigir se dir
180. itor aceita reformu la contrap em se s informa es do texto segundo suas experi n cias e posicionamentos de vida Mais um aspecto que pode ser estudado com os alunos diz respeito distin o da estrutura da not cia g nero polif nico e do artigo g nero monof nico Apesar dessa caracter stica que os distin gue podem se levar outras quest es em conta j que o sentido n o est apenas nas formas da l ngua mas num conjunto de elementos que produzem sentido e que se atualizam na intera o S o eles os elementos verbais formas da l ngua organizadas em enunciados os n o verbais os gestos os movimentos corporais a entoa o al m daqueles relativos estrutura o visual do g nero e os elementos pa ratextuais como o t tulo o subt tulo o autor o tamanho e o formato da letra os elementos tipogr ficos entre outros O TEXTO PUBLICIT RIO NA SALA DE AULA O professor enfrenta diariamente in meros desafios na pre para o de suas aulas para que sejam din micas e de qualidade A l m de dominar os conte dos disciplinares das reas de sua escolha e as respectivas did ticas e metodologias com vistas a conceber cons truir e administrar situa es de aprendizagem e de ensino o profes sor precisa utilizar as ci ncias humanas e sociais bem como os co nhecimentos das ci ncias da natureza e as tecnologias como refer n cias e instrumentos para o ensino formal e para a condu o de situa es
181. iuza Abordarei em especial os estudos so 146 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos bre o tr gico luz do fil sofo H lderlin Antes por m farei conside ra es sobre a concep o e constru o do romance em quest o sali entando especificamente os limites entre o texto hist rico e a litera tura O FRACASSO DA VERDADE Na nota introdut ria o autor deixa clara a sua proposta Minha inten o era explicar lhe que n o desejava contar uma hist ria veross mil parecida com a realidade ou apenas baseada em fatos ve r dicos por mais excitantes que eles fossem s me interessava a pr pria hist ria real E a verdadeira identidade do protagonista seria a pedra fun damental dessa autenticidade Fiuza 2004 p 9 A mesma nota termina com a seguinte afirma o Todos os fatos s o reais p 10 Esse o pacto inicial estabelecido entre o autor e o leitor O texto apresenta se como verdade e o leitor admitindo que os fatos s o verdadeiros vai acreditar em tudo o que est escrito Diante disso cabe o questionamento sobre o limite entre a fic o e a n o fic o ou seja se poss vel considerar a hist ria es crita por Guilherme Fiuza um texto liter rio Hayden White discute essa quest o e algumas de suas consi dera es podem nos servir de subs dio como resposta tal indaga o Quando o elemento ficcional est presente num
182. iversidade Federal de Alagoas 2005 SCHMIDT Siegfred J Lingii stica e teoria do texto S o Paulo Pio neira 1973 1978 132 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos LIMA BARRETO E A HIBRIDIZA O DOS GENEROS LITERARIOS F tima Rocha UERJ No Natal de 1919 depois de um acesso de del rio alco lico o escritor Lima Barreto deu entrada pela segunda vez no Hosp cio Nacional de Alienados na Praia Vermelha Ap s passar pelo pavilh o de observa es foi transferido pa ra a Se o Pinel a enfermaria de indigentes Alguns dias depois des locaram no para a Se o Calmeil o pavilh o de pensionistas Sob o novo regime e com as perturba es t xicas mais atenuadas o escri tor come ou a registrar suas impress es sobre a vida naquela institu i o Tais apontamentos escritos a l pis em papel reutilizado fo ram mais tarde organizados por Francisco de Assis Barbosa o bi grafo do autor com o t tulo Di rio do hosp cio Ainda internado Lima Barreto tem a id ia de escrever um li vro sobre a sua experi ncia no manic mio projeto que ele mesmo revela numa entrevista concedida ao jornal carioca A Folha em 31 de janeiro de 1920 o Hosp cio uma pris o como outra qualquer com grades e guardas severos que mal nos permitem chegar janela Para mim po r m tem sido til a estadia nos dom nios do Sr Juliano Moreira Tenho colig
183. la es mais pr ximas o diarista visa interagir com a vida participar dela e imprimir seu pr prio ritmo Segundo Keila Mara Santana M laque di rio e mem rias de algum modo parecem se tocar j que a lembran a algo presen te em ambos os estilos O diarista tem uma obra aberta e infinita en quanto o memorialista visualiza sua narrativa como um todo ele tem um objetivo pr definido ao compor seu texto De acordo com Maurice Blanchot 2005 p 272 na compo si o do di rio cada dia anotado um dia preservado Dupla e van tajosa opera o Assim vivemos duas vezes Assim protegendo nos do esquecimento e do desespero de n o ter nada a dizer Retomando a no o de di rio ficcional cujo relato uma pre tens o de verdade e seu objetivo o convencimento do leitor pode mos observar que tal estilo se adapta perfeitamente a realidade con tempor nea visto que qualquer acontecimento intimista objeto de aten o por parte da massa leitora seja ele fic o ou verdade N o s o leitor contempor neo mas tamb m aquele do in cio do s culo XX era atra do pela possibilidade de desvendar o perfil dos personagens presentes nos grandes cl ssicos Essa curiosidade esten de se tamb m s autobiografias por trazerem o lado supostamente n timo dos grandes autores bem como seu m todo motivacional e cria tivo Com isso f cil entender o porqu de muitos autores terem se apropriado dessa afin
184. lexical a sinon mia e a hiperon mia A sinon mia A sinon mia j um tema bastante antigo para os estudos em Sem ntica Nesta se o apresentamos um resumo da vis o de UII mann 1964 sobre a sinon mia Ullmann 1964 considera que seria err neo negar a possibilidade de completa sinon mia p 292 E para comprovar sua tese recorre a exemplos das nomenclaturas t c nicas No entanto reconhece que a sinon mia completa tem um cam po de ocorr ncia muito restrito e que na maioria dos casos ela n o funcional perfeitamente verdade que a absoluta sinon mia vem contra nosso modo habitual de considerar a linguagem Quando vemos palavras diferentes supomos que deve haver tamb m alguma diferen a no signi ficado e na vasta maioria dos casos h de fato uma distin o muito embora ela possa ser dif cil de formular Muito poucas palavras s o completamente sin nimas no sentido de serem permut veis em qualquer contexto sem a mais leve altera o do significado objetivo do tom sen timental ou do valor evocativo Ullmann 1964 p 294 Ao expor as rela es estabelecidas entre palavras sin nimas Ullmann 1964 cita o estudo de W E Collinson que pode assim ser esquematizado 1 Um termo mais geral que outro recusar rejeitar 2 Um termo mais intenso que outro repudiar recusar 3 Um termo mais emotivo que outro rejeitar declinar 4 Um termo pode implicar aprova o ou censura moral
185. licado para seus tipos lingu sticos em portugu s 20 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Huminense de Estudos Hilol gicos e Linqu sticos REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS BAIN D L analyse des textes architypiques In BRONCKART Jean Paul et al Le fonctionnement des discours Paris Delachaux et Niestl 1985 p 67 99 BENVENISTE Emile Problemes de linguistique generale Paris Gallimard 1966 BRONCKART Jean Paul Le fonctionnement des discours um mo dele psychologique et une m thode d analyse Paris Delachaux amp Niestl 1994 Atividade de linguagem textos e discursos Por um intera cionismo sociodiscursivo 2 ed S o Paulo EDUC 2007 DE BOTH DIEZ A M L aspect et ses imlications dans le fonction nement de imparfait du pass simple et du pass compos au nive au textuel Langue fran aise n 67 1985 p 05 22 HABERMAS Jurgen Th orie de Pagir communicationnel Paris Fayard 1987 2v HAMBURGER K Logique des genres litt raires Paris Seuil 1986 MEURER Jos Luiz O conhecimento de g neros textuais e a for ma o do profissional da linguagem In FORTKAMP M B TO MICH L M B Orgs Aspectos da Lingii stica Aplicada estudos em homenagem ao professor Hil rio In cio Bohn Florian polis In sular 2000 p 149 166 SIMONIN GRUMBACH J Pour une typologie des discours In BENVENISTE Emile KRISTEVA Julia MILNER Jean Claude RUWET Nicolas Langue disco
186. lusi va do professor de L ngua Portuguesa mas seu compromisso prio rit rio A pr tica de produ o textual e leitura na sala de aula com re cursos fornecidos pela m dia televisiva e ou impressa fornecer ao professor condi es para planejar executar e gerenciar pr ticas edu cativas que considerem e respeitem as caracter sticas dos alunos e da comunidade escolar os temas e necessidades do mundo social e os princ pios prioridades e objetivos dos Par metros Curriculares Nacionais PCNs REFER NCIAS ABREU Ant nio Su rez A arte de argumentar gerenciando ra z o e emo o 2 ed S o Paulo Ateli Editorial 2000 Leitura e reda o In Discutindo a pr tica docente em l ngua portuguesa S o Paulo IP PUC SP 2000 BAKHTIN M Marxismo e filosofia da linguagem 11 ed S o Pau lo Hucitec 2004 CARVALHO Nelly de Publicidade a linguagem da sedu o 3 ed S o Paulo tica 2000 CRIPER C WIDDOWSON H G Socolinguistics and language teaching In ALLEN J P B CORDER S P Papers in applied linguistics Londres Oxford University 1975 p 155 217 DION SIO ngela P MACHADO Anna R BEZERRA Maria Auxiliadora org G neros textuais amp ensino Rio de Janeiro Lu cerna 2003 DISCINI Norma A comunica o nos textos S o Paulo Contexto 2005 GRILLO Sheila Vieira de Camargo A produ o do real em g neros do jornal impresso S o Paulo Humanitas 2004
187. m Por meio dessa primeira distin o Bronckart 2007 separa os mundos da ordem do NARRAR disjuntos e os mundos da or dem do EXPOR conjuntos Os mundos da primeira ordem s o si tuados em um outro lugar que pode ser avaliado ou interpretado pelos seres humanos por permanecerem em alguma medida simila res ao mundo ordin rio Em rela o aos mundos da ordem do Expor a situa o mos tra se de modo distinto pois por apresentarem conte do tem tico Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 11 G NEROS TEXTUAIS dos mundos discursivos conjuntos s o sempre avaliados e interpre tados de acordo com os crit rios de validade do mundo ordin rio Bronckart 2007 tamb m descreve as opera es de explicita o da rela o com os par metros da a o de linguagem em curso em termos de uma oposi o de car ter bin rio Ou um texto ou segmento de texto pode implicar os par metros da a o de lin guagem explicitando a rela o que suas inst ncias de agentividade mant m com esses par metros agente produtor alocut rio eventual e sua situa o no espa o tempo atrav s de refer ncias d iticas a es ses mesmos par metros Ou ainda essa rela o pode n o ser explici tada de forma que as inst ncias de agentividade do texto relacio nem se indiferente ou independentemente com os par metros da a o de linguagem em curso isto com autonomia A rela o de implica o com os par
188. m c modo vazio para internar se com ele Jo o foi conduzido atrav s do p tio escuro rumo ao setor das celas Ultrapassaram um port o alto de ferro atravessaram um outro p tio menor e cruzaram mais um port o que dava num ambiente j com jeito de claustro Fiuza 2004 p 122 E poss vel notar que j existem elementos suficientes para que o efeito tr gico seja atingido A esses elementos j observados podemos acrescentar ainda outro Segundo Arist teles para que se realize o tr gico necess rio que o her i n o seja algu m nem muito bom nem muito mau De acordo com tudo que foi visto at agora podemos concluir que Jo o Estrella um personagem com essas caracter sticas n o representa um perigo iminente para a sociedade mas tamb m n o age de acordo com a lei Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 153 G NEROS TEXTUAIS Liberdade no c rcere Para ser purificado dos desejos ilimitados da sua busca des mesurada pelo prazer foi preciso que Jo o fosse preso e que vivesse a experi ncia do ex lio do abandono e da exclus o Citando Roberto Machado no cap tulo em que ele trata de H lderlin lemos Por um lado o tr gico a experi ncia da hybris da desmesura da falta o desejo entusiasta furioso de querer se igualar a deus a trans gress o do limite que separa o humano do divino Experi ncia desejo que H lderlin identifica tenta o filos fica moderna do saber absoluto Por out
189. m o que a autora con vencionou como conhecimento pr vio da leitura Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 195 G NEROS TEXTUAIS Tais peculiaridades acerca da n o compatibilidade entre os sujeitos destinat rios desses enunciados solucionam os questiona mentos acerca da falhas na comunica o geradas por esse g nero discursivo A suposta neglig ncia da leitura e a dificuldade encontra da no entendimento desses textos s o fruto dessa falta de adequa o dos pap is discursivos REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS CHARAUDEAU Patrick e MAINGUENEAU Dominique Dicio n rio de an lise do discurso 2 ed S o Paulo Contexto 2006 GOFFMAN Erving A elabora o da face In FIGUEIRA S Org Psican lise e ci ncias sociais Tradu o de J Russo Rio de Janeiro Francisco Alves 1980 p 76 1 14 MAINGUENEAU D A situa o de enuncia o In Elementos de lingii stica para o texto liter rio S o Paulo Martins Fontes 1996 MARCUSCHI Luiz Ant nio G neros Textuais defini o e funcio nalidade In DION SIO ngela Paiva MACHADO Anna Rachel e BEZERRA Maria Auxiliadora Orgs G neros textuais e ensino Rio de Janeiro Lucerna 2002 OLIVEIRA Teda de O contrato de comunica o da literatura infan til e juvenil Rio de Janeiro Lucerna 2003 SILVA Gustavo Adolfo Pinheiro da Pragm tica a ordem d itica do discurso as representa es do EU e seus efeitos de sentido Rio de Janeiro ENELIVROS 2005
190. m suas inesquec veis hist rias Confira 106 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Mas l pelas tantas m dicos e magos se reconhecem incapazes de impedir que a menina se torne a cada dia mais transparente e leve a cada noite mais ardente Sua Imperturb vel Senhoria franze o cenho e cabe as zapt 53 Leila de dentro de seu livro sorri mas n o responde nada Ent o Sua Seren ssima desesperado oferece lhe tudo 58 Nos dois fragmentos anteriores Pauline Alphen explora a fi gura ironia Se no primeiro o contexto d suporte ao aluno para que ele compreenda essa figura no segundo o co texto que o faz Re pare na expressividade do adjetivo desesperado empregado com va lor fronteiri o de adv rbio Em posi o de realce demarcado bilate ralmente por v rgulas irradia sua subst ncia para a totalidade do conjunto significativo permitindo ao leitor uma dupla leitura Sua Seren ssima desesperado oferece lhe tudo com silepse concor d ncia que leva em conta n o a forma da express o mas a id ia que ela sugere conforme Bechara 2001 p 47 no caso silepse de g nero desesperado sinaliza que Sua Seren ssima express o femini na trata se de uma pessoa do sexo masculino e Sua Seren ssima oferece lhe desesperadamente tudo N o f cil para o Sult o sombrio triste caracter stica revela da logo no in cio da tram
191. mim mesmo e examinar me N o posso e sofro Arrependo me de tudo de n o seguir os caminhos batidos e esperar que eu tivesse sucesso onde todos fracassaram Tenho orgulho de me ter esfor ado muito para realizar o meu ideal mas me aborrece n o ter sabido conco mitantemente arranjar dinheiro ou posi es rendosas que me fizessem respeitar Sonhei Spinoza mas n o tive for a para realizar a vida dele sonhei Dostoievski mas me faltou sua n voa Aborrece me este hosp cio eu sou bem tratado Mas me falta ar luz liberdade N o tenho meus livros m o entretanto minha casa o del rio de minha m e Oh Meu Deus Meu filho ainda n o delira mas a toda hora espero que tenha o primeiro ataque Minha mulher faz me falta e nestas horas eu tenho remorsos como se a tivesse feito morrer Barreto 2004 p 73 Grifos nossos Rico em elementos ficcionais o trecho acima tamb m exibe alguns operadores de identifica o Gasparini 2004 p 25 entre os dois personagens Lima Barreto e Vicente Mascarenhas o arre pendimento por n o ter trilhado o caminho mais f cil para a realiza o profissional e a frustra o por n o ter alcan ado os seus ideais O trecho revela nos ainda que Lima Barreto Vicente Mascarenhas um leitor que faz da literatura um referencial para sua hist ria de vida No Di rio do hosp cio o escritor leitor det m se na descri o da biblioteca da Se o Calmeil a qual l
192. mor est ancorada no dom nio de saberes compartilhados no mundo social e um saber sem ntico pragm tico discursivo Tal fe n meno pode ocorrer de forma intuitiva sem que o leitor se d conta dos mecanismos utilizados para a compreens o dos textos No entan to acreditamos que tal procedimento demanda uma reflex o mais ampla quando se trata da leitura das tiras de humor no espa o esco Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 159 G NEROS TEXTUAIS lar visto que todo um movimento de explicita o de procedimentos que visam ampliar as compet ncias leitoras do aluno Desta forma pretendemos elucidar procedimentos voltados para a forma o do aluno leitor redimensionando as estrat gias utili zadas para explicitar os aspectos envolvidos na produ o de sentido das tiras em quadrinhos Neste enfoque estaremos atentos as propos tas de leituras desenvolvidas nos livros did ticos e o modo como os alunos interpretam os enunciados diante das intera es mediadas pe lo professor Sendo assim trabalhar a leitura de tiras em quadrinhos de humor em uma perspectiva enunciativa muito mais que uma ati vidade de decodifica o visto que o leitor para produzir sentido ao que l precisa estabelecer arregimenta o das vozes e posi es dis cursivas dos diversos locutores e enunciadores inscritos no texto Demanda ent o um processo de organiza o da dispers o de senti dos exposto sob os diferentes segmentos que d materialidade ao discurs
193. mostra tamb m a exig ncia de bajula o do sul tanato acentuada pelos vocativos Pr ncipe dos Pr ncipes e Es trela Radiante Claudio Cezar Henriques 2003 p 79 lembra que o vocativo N O UM TERMO DA ORA O mas do discurso n o se relaciona com nenhum elemento da ora o mas com algo que est fora da frase ou seja o interlocutor o destinat rio Atente se no excerto para as marcas do vocativo emprego das v rgulas e da interjei o que o antecede Na fun o po tica do texto segundo Tavares 1978 p 349 o vocativo atrela se figura ap strofe que empresta grande vigor ao discurso pois h interpela o direta s pessoas ou cousas personi ficadas Pauline Alphen tira proveito disso conforme se verifica no seguinte passo em que o Gr o Vizir declara apresentando Leila ao Sult o na festa de estr ia das novas odaliscas E aqui poderosos senhores e graciosas damas aqui Linha Ce leste do Horizonte Rei Fortunoso Dotado de Id ias Justas e Acerta das aqui temos 42 Na linha da ironia a crueldade do Sult o posta em relevo por meio do vocativo Sua Intempestiva Majestade animadinha franze o cenho terr vel e desafia todos os embaixadores presentes passados e futuros a dizer o contr rio Dos passados e futuros a hist ria n o conta mas certo que entre os presentes nenhum se atreveu e todos se apressaram em prometer jurar e cuspir
194. n o entre o autobiogr fico e ficcional a partir da leitura de Cemit rio dos Vivos de Lima Barreto 11 Faz considera es sobre o romance Meu Nome N o Johnny de Guilherme Fiuza de forma a demonstrar com base na sua constru o dial tica e em seu jogo interno a suspens o dos sen tidos o irrepresent vel a representa o negativa a situa o irrecon cili vel que fazem dele uma trag dia sem palco 12 Investiga os dispositivos de an lise para ler o g nero tiras de humor das s ries Hagar o horr vel e Mafalda observando os aspectos enunciativos que geram efeito ris vel 13 Reflete acerca do ensino de L ngua Materna bem como seus objetivos e por sua vez sobre a pr tica pedag gica 14 Estabelece a rela o enunciativa pressuposta pelo subg nero textual contrato jur dico de planos de sa de para tornar mais claros os pap is desenvolvidos pelos participantes dessa situa o comunicativa Todos os textos no entanto est o disponibilizados em http www filologia org br xiicnlf 07 em formatos htm e pdf para que sejam utilizados e divulgados livremente pedindo se apenas quem n o deixem de citar o autor e o lugar de onde foi extra do qualquer fragmento ou informa o e que nos apresentem suas cr ti cas para uma poss vel futura reedi o com melhor qualidade Rio de Janeiro dezembro de 2008 8 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol
195. nciado qualquer seria de fato produzido e lido por du as pessoas que s o segundo Charaudeau o Eu comunicante e o Tu interpretante Entretanto quando o enunciador fala a algu m ele tem em mente a figura do destinat rio daquela mensagem Essa pessoa hipot tica seria o Tu destinat rio que a imagem ideali zada pelo Eu comunicante de seu enunciat rio Por outro lado o Eu comunicante procura passar para o Tu interpretante uma imagem de si mesmo que poder ser ou n o aceita pelo Tu interpretante Essa imagem denominada Eu enunciador que tamb m uma figura hipot tica na enuncia o Sendo assim essas figuras presentes na enuncia o podem ser dimensionadas da seguinte forma e Eu comunicante e Tu interpretante pessoas reais s o o produtor e o destinat rio do enunciado e Eu enunciador e Tu destinat rio imagens que o enunciador ideali za de si mesmo e de seu enunciat rio ao produzir o enunciado Qualquer atividade de media o pela linguagem requer por tanto um comportamento lingu stico de seus participantes que cons trua essas imagens discursivas O Eu comunicante tem em mente seu enunciat rio e tamb m faz transparecer para esse enunciat rio fict cio o Tu destinat rio sua auto imagem idealizada que o Eu enunciador O g nero discursivo que tem sido objeto dessa pesquisa sa bidamente visto pelos seus enunciat rios como sendo de dif cil en tendimento
196. nder as origens do seu v cio e das alucina es que sofreu O que h em mim meu Deus Loucura Quem sabe l Barreto 2004 p 41 Ap s compor uma p gina t o confessional em que empreen de a tarefa de retratar se e avaliar se pr pria do autobi grafo Lima Barreto esquece de si para avaliar a situa o geral em que est Candido 1987 p 47 discorre ent o sobre o fen meno da loucura em geral aludindo s suas poss veis causas e s dificuldades para cu r la o que faz nos cap tulos quatro a seis em que adotando o tom de conversa e coment rio caracter stico do cronista escreve sobre os doentes os enfermeiros e os guardas detendo se por vezes na descri o mais detalhada de um ou outro louco Mas o cronista n o est sozinho em tais cap tulos No quinto cap tulo ao cronista vem juntar se o escritor que volta se sobre si num movimento de cons tru o da pr pria imagem Vejo a vida torva e sem sa da A minha aposentadoria d me uma migalha com que mal me daria para viver A minha pena s me pode dar dinheiro escrevendo banalidades para revistas de segunda ordem Eu me envergonho e me aborre o de empregar na minha idade a minha inteli g ncia em tais futilidades Barreto 2004 p 61 136 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos E ainda no cap tulo cinco ao cronista e ao escritor intimista soma se o autor que al m de ficc
197. ndo O gerente afirmou que cuidaria pessoalmente do pedido Ele garantiu que a falha nunca mais voltaria a acontecer Tami res 12 anos No exemplo acima a aluna inseriu entre duas retomadas por substitui o por pronome uma retomada por repeti o lexical No exemplo a seguir o aluno optou por empregar conectivos e para indicar a continuidade de a es de um mesmo referente Essa estra t gia garantiu coes o e tornou o texto conciso Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 69 G NEROS TEXTUAIS 5 O gerente pediu desculpas pela falha e disse que n o sabia o que es tava acontecendo e afirmou que cuidaria pessoalmente do pedido Ele garantiu que n o iria nunca mais voltaria a acontecer Vitor 12 anos Saber avaliar os efeitos obtidos no uso desses procedimentos o que constitui a compet ncia textual objetivo de um ensino com prometido com o desenvolvimento da compet ncia comunicativa dos alunos Um ensino voltado apenas para a memoriza o das classifi ca es dos pronomes pouco tem a oferecer para o aprimoramento dessa compet ncia Exerc cios de substitui o de um nome por pro nomes apenas no contexto de frases isoladas tamb m t m uma fun cionalidade restrita uma vez que os benef cios e os malef cios da re peti o e da substitui o s podem ser percebidos em sequ ncias tex tuais maiores que a frase A substitui o lexical A substitui o de um item lexical por outro tamb m um re curso c
198. ndo Doubrovky o sujeito cria um romance da sua vida E o autor moderno tamb m vai se utilizar deste artif cio na constru o de sua imagem Para Klinger 2004 p 55 O autor considerado como sujeito de uma performance de uma a tua o um sujeito que representa um papel na pr pria vida real na sua exposi o p blica em suas m ltiplas falas de si nas entrevistas nas cr nicas e auto retratos nas palestras E o que nitidamente podemos observar no g nero diar stico O di rio como modalidade da escrita autobiogr fica apresenta um sujeito amplamente fragmentado j que a constru o de sua identi dade ocorre durante a narrativa Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 33 G NEROS TEXTUAIS O g nero diar stico tem sido objeto cada vez mais constante de estudos j que in meros escritores v m adotando este estilo de narrativa intimista com o intuito de aproximar e cativar o receptor A escrita em primeira pessoa e a prefer ncia por relatos do cotidiano s o os respons veis pelo sucesso deste g nero entre os leitores O tom confessional do di rio d ao relato maior verossimi lhan a colocando o leitor em contato com uma narrativa repleta de fatos completamente subjetivos e sucessivos teoricamente Esse as pecto ressalta o ntimo do narrador e os acontecimentos que em seu julgamento merecem descri o Muitas vezes esses fatos nem s o os mais importantes do dia mas sim queles que dar o veracidade en
199. nero tira de humor e os recursos enunciativos que ge ram o efeito ris vel Jos Ricardo Carvalho da Silva 158 13 0 texto publicit rio ordem persuas o e sedu o na sala de aula Cl zio Roberto Gon alves 168 14 Os sujeitos da enuncia o do g nero discursivo contrato de empresa de sa de Quem s o Hilma Ribeiro de Mendon a Ferreira iiterererereeeeraeneernaea 183 6 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Huminense de Estudos Hilol gicos e Linqu sticos APRESENTA O Temos o prazer de apresentar lhe quatorze textos resultantes dos trabalhos apresentados no XII Congresso Nacional de Lingu sti ca e Filologia nos dias 27 e 29 de agosto de 2008 sobre a tem tica relativa a G neros Textuais na seguinte ordem 1 Aqui a an lise se volta para a arquitetura textual de textos de santinhos pol ticos cujo g nero ao que parece n o tem sido foco de estudos ling sticos 2 Trata se de uma revis o da cr tica para a partir do cotejo e an lise da mesma e de cr nicas de Jos de Alencar Machado de As sis Jo o do Rio Clarice Lispector Rubem Braga e Arnaldo Jabor iniciarmos um estudo mais conclusivo acerca do g nero cr nica 3 Estabelece se a similaridades entre a escrita diar stica de Cyro dos Anjos em O Amanuense Belmiro e as modalidades autobi ogr ficas visto que o romance uma narra o fict cia em formato de di rio essencialmente intimista 4 T
200. neros textuais e ensino 2 ed Rio de Janeiro Lucerna 2003 p 19 36 Produ o textual an lise de g neros e compreens o Reci fe UFPE Departamento de Letras 3 vers o 2005 NASCIMENTO Karina Chrys stomo de S Mecanismos argumenta tivos no jornalismo escrito In PAULIUKONIS M Aparecida GAVAZZI Sigrid Orgs Texto e discurso m dia literatura e ensi no Rio de Janeira Lucerna 2003 PEREIRA Rose Mary F ROCHA Tha s Ferreira Discurso midi tico an lise ret rico jornal stica do g nero editoria Monografia Gradua o Curso de Comunica o Social Jornalismo UFAL 2006 RABA A Carlos A BARBOSA Gustavo Dicion rio de comuni ca o S o Paulo tica 1987 SILVA Tha s Christ faro MELLO Heliana Orgs V Congresso internacional da Associa o Brasileira de Lingu stica caderno de resumos Belo Horizonte UFMG Faculdade de Letras 2007 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 53 G NEROS TEXTUAIS AS ESTRAT GIAS DE CONSTRU O DA COES O EM TEXTOS DE ALUNOS Marcus Vinicius Brotto de Almeida UFRJ INTRODU O O advento da Lingu stica Textual por volta da d cada de 60 na Europa trouxe uma nova perspectiva para a observa o dos fatos lingu sticos Isto porque conforme apontam F vero e Koch 2002 p 11 sua hip tese de trabalho consiste em tomar como unidade b si ca ou seja como objeto particular de investiga o n o mais a pala vra ou a fras
201. nes 2005 exp e que a repeti o propriamente dita um importante recurso reiterativo requisito fundamental para continuidade sem nti ca por fazer reaparecer no texto alguma palavra ou sequ ncia de pa lavras Antunes 2005 coloca se contr ria orienta o de alguns professores e de alguns manuais de reda o que desaconselham o emprego da repeti o A Autora 2005 argumenta que a repeti o n o est restrita l ngua oral informal Para tanto recorre a exem plos retirados dos editorais de jornais e dos an ncios publicit rios Dentre as fun es observadas no uso da repeti o Antunes 2005 destaca as seguintes marcar a nfase marcar o contraste exprimir uma corre o e marcar a continuidade tem tica A repeti o um recurso quase inevit vel principalmente nos casos de palavras para as quais dif cil encontrar um sin nimo An tunes 2005 explica que o emprego desse recurso varia de acordo com uma s rie de fatores tais como o g nero as inten es pretendi das o tema tratado e outros aspectos ligados situa o p 78 Um ensino comprometido com o aperfei oamento da compe t ncia comunicativa procuraria examinar os pontos do texto em que as repeti es ocorrem vale a pena observar a distribui o das pala vras repetidas no espa o do texto e como essa distribui o constitui uma estrat gia de sua organiza o Antunes 2005 p 81 Por e xemplo as express es que e
202. ngu stica a partir de Charles Bally 1932 2 O fen meno da enuncia o nico e caracteriza se por pos suir tanto o elemento lingu stico que o enunciado como por possuir uma parte n o verbal que seriam os elementos contextuais do enunciado Segundo Charaudeau e Maingueneau 24 Charles Bally aluno de Ferdinand Saussure passou a utilizar o termo enuncia o nos es tudos da linguagem quando subdividiu o enunciado ling stico em duas dimens es distintas o modus e o dictum O modus ir denotar as atitudes do sujeito em rela o ao conte do do e nunciado e o dictum a pr pria veicula o do conte do preposicional Charaudeau e Main gueneau 2006 p 335 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 183 G NEROS TEXTUAIS A enuncia o constitui o piv da rela o entre a l ngua e o mundo por um lado permite representar fatos no enunciado mas por outro constitui por si mesma um fato um acontecimento nico definido no tempo e no espa o Faz se geralmente refer ncia defini o de Benve niste que toma a enuncia o como a coloca o em funcionamento da l ngua por um ato individual de utiliza o que o autor op e a enuncia do o ato distinguindo se de seu produto Charaudeau e Maingueneau 2006 p 193 Dessa forma a enuncia o ser o evento promovedor da inte ra o entre os interlocutores constitu do de tr s ancoragens externas ao plano lingu stico que s o os sujeitos
203. ngu sticos Tabela 214 1 2 3 4 5 6 7 8 Chystiane osher is omau O mau g T a Mulher Maravilha o k O Super O SuperH a Mulher 6 o Homem Aranha ae o Super amres Homem Aranha sena Homem uperilomem Maravilha Mulher Maravilha Homem f z oshomens do D bora os super heroinos a cidade Um homem o assalto ele o homem os super heroinos Di uma forte Paula os personagens luta O Super Aranha aluta eles Raquel o Homem Aranha contratodos E S ele os rivais todos os super her is os rivais Vitor os her ig osvil es que osvil es los os her is osvil es Super Leandro os Super Herois omal O mal isso E pes omal os super her is omal omem Jefferson eles omal Os inimigos osinimigos eles os inimigos Mateus osherois o crime eles osvil es osher is o her is osvil es Gabriel osherois omal Os vil es osvil es o bona o mal os her is osvil es aranha Texto 3 Outro dia meu irm o foi a um restaurante muito caro No en tanto 1 n o gostou do lugar 2 demorou a atender e 3 estava fri a 4 resolveu ent o reclamar do p ssimo atendimento 5 pediu desculpas pela falha 6 disse que n o sabia o que estava acontecen do 7 afirmou que cuidaria pessoalmente do pedido 8 garantiu que 9 nunca mais voltaria a acontecer 140 zero indica que o aluno n o preencheu a lacuna Nesse caso ou foi inten o do aluno empregar a
204. nguagem a partir de uma perspectiva funcional isto ela tenta explicar facetas da estrutura lingu stica por refer ncia a press es e causas n o lingu sticas Deste modo a an lise dos mais diversos g neros textuais po de ser efetuada a partir da variedade de t picos de que a Pragm tica pode lan ar m o Assim um debate por exemplo pode ser visto sob a caracteriza o da organiza o da conversa o indo al m de seu as pecto simplesmente estrutural Sobre isso providencial lembrar Marcuschi 2002 que afirma que a montagem das diferentes estra t gias processos e organiza es do processo interacional n o tem em vista mostrar que as coisas devem dar se assim mas servir de chave para compreender o que est ocorrendo quando n o assim Isso significa que na compreens o dos sentidos na intera o h que se levar em conta toda a rede de infer ncias que vai estar pre sente nas dadas situa es de comunica o O DITO E O IMPLICADO O PRINC PIO DA COOPERA O Quando falamos ou escrevemos ou desenhamos o que que remos comunicar pode ser mais do que falamos escrevemos dese nhamos O que comunicamos determinado pelas condi es de ver dades literais de nosso enunciado O que queremos comunicar com aquilo que dizemos depende do conte do do dito e de outros tipos de fatores Uma das tend ncias mais importantes da Pragm tica estu dar a rela o entre o dito e o implicado Uma das teorias
205. ngueira 20943 000 Rio de Janeiro RJ eventos Ofilologia org br 21 2569 0276 www filologia org br DIRETOR PRESIDENTE Jos Pereira da Silva VICE DIRETORA Cristina Alves de Brito PRIMEIRA SECRET RIA D lia Cambeiro Pra a SEGUNDO SECRET RIO S rgio Arruda de Moura DIRETOR CULTURAL Jos Mario Botelho VICE DIRETORA CULTURAL Ant nio Elias Lima Freitas DIRETORA DE RELA ES P BLICAS Vald nia Teixeira de Oliveira Pinto VICE DIRETORA DE RELA ES P BLICAS Maria L cia Mexias Simon DIRETORA FINANCEIRA Ilma Nogueira Motta VICE DIRETORA FINANCEIRA Carmem L cia Pereira Praxedes DIRETOR DE PUBLICA ES Am s Co lho da Silva VICE DIRETOR DE PUBLICA ES Alfredo Maceira Rodr guez Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 3 G NEROS TEXTUAIS XII CONGRESSO NACIONAL DE LINGU STICA E FILOLOGIA de 25 a 29 de agosto de 2008 COORDENA O GERAL Jos Pereira da Silva Cristina Alves de Brito Delia Cambeiro Pra a COMISS O ORGANIZADORA E EXECUTIVA Am s Co lho da Silva Ilma Nogueira Motta Maria L cia Mexias Simon Ant nio Elias Lima Freitas COORDENA O DA COMISS O DE APOIO Jos Mario Botelho Vald nia Teixeira de Oliveira Pinto Silvia Avelar Silva COMISS O DE APOIO ESTRAT GICO Laborat rio de Idiomas do Instituto de Letras LIDIL SECRETARIA GERAL Silvia Avelar Silva 4 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Huminenseo de
206. nos de ordem legal Essas estrat gias utilizadas pelo Eu comunicante tamb m demonstram o Tu destinat rio que idealizado pelo enunciador De sejoso por manter a empresa de sa de de acordo com as normas em vigor nas legisla es de controle dessas institui es o Eu comuni cante d pistas do Tu destinat rio que ele tem em mente quando o texto produzido Esses enunciat rios n o conferir o com os Tus interpretantes dos textos dos contratos que conforme j dito seri am geralmente pessoas leigas que estariam desejosas por adquirir os produtos e servi os da empresa de sa de Observe a constru o a seguir que utiliza em sua superf cie alguns conhecimentos que n o condizem com a realidade lingu stica dos seus enunciat rios Exemplo 4 3 1 5 Procedimentos ambulatoriais considerados especiais tais co mo hemodi lise e di lise peritoneal CAPD sess es de quimioterapia radioterapia incluindo radiomoldagem radioimplantes e braquiterapias hemoterapia nutri o parental ou enteral procedimentos diagn sticos e terap uticos em hemodin mica emboliza es e radiologia intervencio nista exames pr anest sicos ou pr cir rgicos Contrato da empresa RIO MED p 3 No exemplo 4 o Eu comunicante lan a m o de lexemas que n o s o habitualmente utilizados pelo falante comum Esses jarg es pertencem ao dom nio discursivo dos falantes de uma l ngua de es pecialidade que a utilizada pelos pr
207. nta alguma estrutura de fic o semelhante ao conto ex Ruben Braga Cr nica Exposi o Po tica quando faz uma divaga o sobre um acontecimento ou personalidade tecendo uma s rie de associa es ex Paulo Mendes Campos Cr nica Biogr fica L rica narrativa po tica da vida de algu m ex Paulo Mendes Campos Coutinho descreve cinco Cr nica narrativa quando se desenvolve em torno de uma est ria ou de um epis dio o que a aproxima do conto ex Fernando Sabino Cr nica metaf sica quando o autor tece reflex es filos ficas sobre acontecimentos ou homens ex Machado de As sis e Carlos Drummond Cr nica poema em prosa de conte do l rico seria o ex travasamento da alma do artista povoada de epis dios cheios de significados ex Rubem Braga Manuel Bandeira Raquel de Queiroz Cr nica coment rio o autor chama a bazar asi tico u sando express o de Eug nio Gomes pois trata de v rios as suntos diferentes ex Machado de Assis e Jos de Alencar Cr nica informa o esse tipo se aproximaria mais do sentido etimol gico por divulgar os fatos comentando os li geiramente Massaud Mois s comenta dois tipos de cr nica baseado na quest o da ambiguidade do g nero Cr nica Poema prosa emotiva que chega ao verso Car los Drummond Cr nica Conto o cronista narra um acontec
208. nte sobretudo na an lise dos procedimentos de repeti o de substitui o e de sele o lexical visto que indicam mais explicitamente uma recategoriza o dos referentes O corpus Nossas observa es ser o feitas a partir das escolhas lingu s ticas empreendidas por alunos do 7 ano de uma escola p blica loca lizada na zona rural de Teres polis O corpus foi formado a partir da contribui o de um total de 10 dez alunos escolhidos aleatoria mente Como o nosso objetivo era examinar algumas estrat gias coe sivas espec ficas constru mos o corpus de modo a favorecer a ocor r ncia dessas estrat gias Para tanto constru mos pequenos textos com lacunas para que os alunos as completassem da maneira que considerassem a mais adequada Vejamos os textos que foram ofere cidos aos estudantes e as expectativas que t nhamos em cada um deles Texto 1 Meu tio teve que levar seu carro a uma oficina pois estava cheio de defeitos estavam furados _ estavam quebrados e n o funcio nava direito disse que estaria pronto dentro de tr s semanas Mas L disse que isso era muito tempo e que n o poderia ficar tanto tempo sem prometeu ent o consertar em uma semana Texto 2 Meu irm o ca ula escreveu uma hist ria em que apareciam o Super Homem a Mulher Maravilha e o Homem Aranha Na hist ria com batiam atac
209. ntunes 2005 p 52 A associa o o tipo de rela o que se cria no texto gra as liga o de sentido entre as diversas palavras presentes Palavras de um mesmo campo sem ntico ou de campos sem nticos afins criam e sinalizam esse tipo de rela o Antunes 2005 p 54 Como todo texto marcado pela unidade tem tica a Autora 2005 lembra que sempre h alguma liga o sem ntica entre as palavras de um texto p 54 J a conex o diz respeito s rela es sem nticas estabelecidas entre diferentes segmentos textuais isto entre ora es per odos par grafos ou blocos supraparagr ficos Tais rela es s o realizadas por alguns procedimentos A re la o de reitera o obtida por meio da repeti o e da substitui o a rela o de associa o dada pela sele o lexical e a rela o de Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 61 G NEROS TEXTUAIS 2 conex o alcan ada pelo estabelecimento de rela es sint tico sem nticas entre os segmentos textuais Os quatro procedimentos citados no par grafo anterior se efe tivam por meio dos recursos coesivos que s o opera es concretas intrinsecamente relacionadas s especificidades sem nticas e prag m ticas de um determinado texto uma vez que as escolhas n o s o feitas aleatoriamente Dentre os recursos que concretizam a repeti o est o a par frase o paralelismo e a repeti o propriamente di ta Os recursos da subs
210. o Para ler preciso que o leitor compreenda met foras e pro duza significa o considerando o contexto onde se realiza o enunci ado Outro fator significativo a identifica o de marcas lingu sticas que ativam infer ncias sobre o dito e o interdito As tiras em quadri nhos por se um texto rico de impl cito apresenta se como um g nero ideal para se debru ar sobre as formula es impl citas Nos livros did ticos elas t m aparecido com bastante frequ ncia atuando como desencadeador de reflex es sobre o funcionamento da l ngua e ativi dade de compreens o textual Na atividade de compreens o geralmente partimos das informa es textuais que o autor ou falante d no seu discurso e informa es n o textuais que n s como leitores colocamos no texto ou que fazem parte de nossos conhecimentos ou da situa o em que o texto produzido Com isso constru mos sentidos inferimos conte do e estabelecemos uma dada compreens o do texto Portanto podemos admitir que a com preens o textual se d em boa medida como um processo inferencial isto como uma atividade de constru o de sentido em que compreender mais que extrair informa es do texto uma atividade de produ o de sentidos compreender agir sobre o texto Marcuschi 1996 p 74 160 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Linguisticos FUNDAMENTA O TE RICA Diferente dos textos narrativos qu
211. o humor Insere se no mbito deste g nero um conjunto de elementos respons vel pela evolu o e gra a da narrativa Se de um lado o lei tor ri das atitudes e da fala produzidas pelos personagens de outro lado o leitor identifica um trabalho de arregimenta o de vozes que o quadrinhista articula para produzir ironias paradoxo e nonsense poss vel perceber nas tiras em quadrinhos mal entendidos decorrentes da discrep ncia entre valores ilocucionais atribu dos pe los personagens a um determinado enunciado Um ato infeliz decor re assim de equ vocos e atitudes de resist ncia a um determinado posicionamento em uma intera o verbal Sendo assim os atos de fa la n o devem ser analisados isoladamente visto que o sentido se constitui em uma cadeia de sentidos entre os participantes em um processo de negocia o Quando um falante profere um enunciado seu dizer confrontado com um estado de coisas existente e com um conjunto de cren as e expectativas Desta maneira um ato de fala pode inspirar um efeito contr rio ao intencionado pelo locutor 2 Em muitos epis dios retratados nas tiras em quadrinhos observamos que as falas atribu das aos personagens t m um intuito de projetar um de 22 Devemos considerar de modo global a situa o que fez o proferimento isto o ato de fala em sua totalidade para que se possa perceber o paralelismo que h entre a declara o e o proferimento performativo e como um e outro
212. o o texto autobiogr fico passa a ser uma c pia fiel da realidade No entanto para ser uma autobiografia fundamental a exist ncia de um pacto referencial Entretanto n o sempre que se estabelece identidade verda deira entre o autor f sica e a personagem da narra o Para G rard Genette Galle 2006 p 79 quando se estabelece o paralelo entre o autor e o protagonista ocorre o podemos chamar de identidade jur dica o paralelo entre o autor e o narrador ocorre a identidade tica j a identidade da refer ncia do pronome quando se estabelece o v nculo entre o protagonista e o narrador Contudo existem casos em que nenhum desses pactos esta belecido Nos discursos autobiogr ficos ficcionais assim como na autobiografia existe a identidade entre o autor o narrador e o perso nagem principal Philippe Gasparini 2004 p 39 classifica a enuncia o auto biogr fica em tr s diferentes tipos romance autobiogr fico autobio grafia fict cia e autofic o O primeiro se inscreve na categoria do poss vel do verossimilmente natural ele suscita d vidas sobre sua verificabilidade mas n o sobre sua verossimilhan a a autobiogra fia fict cia ocorre quando o autor simula uma enuncia o autobiogr fica mas sem pretender que exista identidade entre o autor o her i e 32 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos o narrador e na au
213. o ser substitu da por o ga cho rec m matriculado 62 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Lingu sticos A referencia o Tradicionalmente a refer ncia entendida como a atribui o de uma express o lingu stica a um pensamento que aponta para um referente extralingu stico Nessa concep o de refer ncia h uma re alidade exterior que rotulada pelas l nguas Para os partid rios des sa vis o especular da l ngua a comunica o se estabelece a partir do momento em que se localiza um referente extralingu stico para a ex press o lingu stica empregada ou em que se seleciona o r tulo cor reto para expressar determinado pensamento Ullmann 1964 tendo por base o tradicional tri ngulo se m ntico de Ogden amp Richards compreende que o nome a con figura o fon tica da palavra os sons que a constituem o sentido a informa o que o nome comunica ao ouvinte e a coisa o aspecto ou acontecimento n o lingu stico p 119 O Autor 1964 considera que h uma rela o rec proca e revers vel entre o nome e o sentido p 119 uma vez que o ouvinte ao ouvir uma determina da palavra pensar na coisa designada para compreender o que lhe dizem j o falante faz o caminho inverso ao pensar em determinada coisa pronunciar a palavra para se fazer entender pelo ouvinte Pa ra ele essa rela o entre som e
214. o Civil e a Constitui o Federal A utiliza o de leis normativas elaboradas por essas institui es denotam a preo cupa o do enunciador em demonstrar uma conson ncia com essas entidades p blicas O enunciat rio real o Tu interpretante se quiser entender as informa es pressupostas nesse fragmento dever buscar o entendimento dessas leis fora do texto inicial que contrato para processar todas as especifica es contidas nessas normas A utiliza o dessas leis al m de evocarem outros enunciat rio que n o s o os Tus interpretantes dos contratos pressup e uma quebra na leitura linear dos textos pois obrigam os leitores a buscarem outros textos para descodificar o que essas leis pressup em Nesse caso o n o entendimento das informa es vinculadas por essas leis poder gerar conflitos entre os interlocutores pois os enunciat rios n o sabendo o que est sendo informado poder sofrer alguns preju zos Esses danos estariam relacionados a n o utiliza o de todos os servi os oferecidos pela empresa bem como a quest es de ordem financeira OS QUATRO SUJEITOS PARTICIPANTES DA ENUNCIA O NO GENERO EM ESTUDO Esses exemplos utilizados foram trazidos para tentar esclare cer as perspectivas a que aludem esse artigo que poder o ser melhor entendidas conforme alguns pressupostos Os pap is dos sujeitos da enuncia o estipulados pelo g nero contrato de empresa de sa de n o s o os inicialmente especifi
215. o Sabino e Vis o de Braga Todos sabemos que h exemplares ruins ou medianos de poesia romance e conto o que n o relega tais g neros inferioridade O limiar movente entre jornalismo e literatura que caracteriza a cr nica permite um modo variado de desenvolvimento textual Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 23 G NEROS TEXTUAIS Narrada normalmente em primeira pessoa o que caracterizaria a fun o emotiva da linguagem segundo as proposi es de Jakobson a cr nica pode se afastar ou se aproximar do Subjetivo ou do Refe rencial conforme o plano do escritor Pode ainda florescer sob uma luz l rica Cabe considerar a primazia de uma ou outra fun o refe rencial ou po tica na an lise do discurso verbal conforme aponta Dimas Idem p 48 Essa voca o para pender ora para o l rico ora para o trata mento objetivo do referente fez com que in meras tipologias fossem verificadas pela cr tica especializada Vejamos em primeiro lugar outras defini es do g nero Antonio Candido ressalta a condi o de coment rio leve apresentando a como composi o aparentemente solta com ar de coisa sem necessidade que se ajusta sensibili dade de cada dia 1992 p 13 Jorge de S por sua vez explica em A cr nica que ela consiste num registro circunstancial feito por um narrador rep rter que relata um fato a muitos leitores que formam um p blico determinado
216. o a escalada deve continuar Sem destino certo o nico crit rio para as escolhas do casal dos ho t is ao vinho era s consumir o que houvesse de melhor N o valia hotel quatro estrelas naquele parque de divers es ilimitado uma noite de a mor a bordo de um trem em movimento fora um dos primeiros brinque dos escolhidos Na hora de comprar os bilhetes olharam para o topo da tabela de prelos como sempre faziam e solicitaram uma cabine na pri meira classe Fiuza 2004 p 59 O trabalho segue o seu caminho com a segunda remessa para o exterior para onde foi acompanhado dessa vez por um amigo O fruto dessas vendas lhe permite a compra de um n mero maior de bebidas e alucin genos e um poder de consumo ainda maior 150 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Aquele n o seria o nico recorde da dupla A temporada holandesa se tornaria uma olimp ada bo mia cada madrugada excedendo a anterior em gastan a drogas e loucuras em geral Tomando ao p da letra o clima existencialista de Amsterd s faziam o que lhes desse na telha Fiu za 2004 p 97 Jo o est t o empolgado que pela primeira vez pensou a s rio na possibilidade de mudar se do Rio de Janeiro caso as coisas continuassem dando maravilhosamente certo para ele Quando estava preparando a sua terceira investida europ ia a sua intui o continuava lhe dizendo que tudo daria certo e ac
217. o corpus dessa pesquisa o leitor que porventura o desconhe a O MANUAL DO PROPRIET RIO DE UM BEB certamente dif cil encontrar alguma m e ou pai que n o te nha se angustiado no momento em que seu primeiro beb finalmente foi entregue em seus bra os como segur lo Por que est choran do Fome Fraldas sujas C licas Como ensin lo a dormir Pois h no mercado liter rio atualmente muitos livros publicados com o intuito de orientar este p blico inexperiente Louis Borgenicht que pediatra e seu filho Joe Borgenicht s o autores de um t tulo com esta tem tica O que difere seu livro de tantos outros que ele um pretenso manual de instru es escrito e ilustrado como se fosse um manual de instru es para a suposta in ven o tecnol gica mais complexa j existente o beb Minha experi ncia pessoal com esse contexto levou me ao envolvimento com v rias obras sobre o tema da inf ncia e da cria o de beb s E este livro chamou me particularmente a aten o gra as tanto a sua formata o inusitada como tamb m s caracter sticas que comp em a identidade dos pais p blico ideal e tamb m dos pr prios beb s neste volume Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 87 G NEROS TEXTUAIS Em sua contracapa encontra se a seguinte sinopse Finalmente Um manual para principiantes sobre o funcionamento dos beb s Com a ajuda de um bom manual voc consegue programar equipa mentos
218. o em considera o o con 128 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos texto em seu sentido amplo para estabelecer uma ponte entre os e lementos textuais Para a autora as estrat gias cognitivas implicam na mobiliza o das informa es veiculadas pelo texto e levando em conta o contexto Elas par tem do nosso conhecimento geral representando o conhecimento proce dural que possu mos Assim a an lise estrat gica depende n o s de ca racter sticas textuais como tamb m de caracter sticas dos usu rios da l ngua tais como seus objetivos e conhecimento de mundo Desta for ma as estrat gicas cognitivas consistem em estrat gias de uso do conhe cimento E esse uso em cada situa o depende dos objetivos do usu rio da quantidade de conhecimento dispon vel a partir do texto e do contex to bem suas cren as e opini es e atitudes Koch 2000 p 29 As estrat gias textuais n o deixam de ser cognitivas dizem respeito s escolhas textuais que os sujeitos realizam tendo em vista a produ o de determinados sentidos not vel nos textos analisa dos a maneira que os educandos mobilizam algumas estrat gias para organizar a informa o formular e constituir o sentido no texto que produz Koch 2000 afirma que um texto se constitui enquanto tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global diante de uma manifesta o l
219. o entanto ele reconhece que a diferen a entre a trag dia grega e a trag dia moder na reside no fato de que nessa a purifica o pode ser feita de uma morte espiritual uma mortifica o como foi o caso de Jo o Gui lherme Estrella A VIT RIA DO FRACASSO A leitura e an lise detalhada de Meu nome n o Johnny per mitem nos afirmar que se trata de um romance mesmo que a preten s o seja relatar um testemunho Confirmamos que conte dos hist ri cos e preocupa o est tica n o s o incompat veis e que poss vel conciliar o papel de memorialista e poeta Como o autor pretende retratar algo 100 real induz o leitor a crer nisso o tempo todo Parece que temos um advogado querendo convencer que a sua hist ria ver dica e para isso constr i um texto muito bem articulado e organizado contando detalhes que revelam um exaustivo trabalho de pesquisa Por m os aspectos romanescos n o escapam da observa o de um leitor atento A impress o que temos que estamos diante de um tribunal em que o autor o advogado e os leitores aqueles que devem julgar o personagem principal do in cio ao fim da narrativa O advogado Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 155 G NEROS TEXTUAIS cria provas substanciais para mostrar que o r u egresso do sub mundo recuperou se apesar das m s condi es em que viveu no pres dio e no manic mio No final do processo o leitor se encontra com um persona gem que se desco
220. o necessariamente todos os beb s passar o por todas as situa es do manual da mesma maneira como nem todos os objetos adquiridos est o sujeitos a todas as situa es descri tas em seus manuais O Ethos do enunciador neste Manual do Propriet rio por tanto o da autoridade que enuncia cuja leitura traz tona uma es p cie de fiador do que dito conforme Maingueneau Esse o tipo de fen meno que como desdobramento da ret rica tra dicional podemos chamar de ethos por meio da enuncia o revela se a personalidade do enunciador Mas este ethos n o diz respeito apenas como na ret rica antiga eloqu ncia judici ria ou aos enunciados orais v lido para qualquer discurso mesmo para o escrito Com efeito o tex to escrito possui mesmo quando o denega um tom que d autoridade ao que dito Esse tom permite ao leitor construir uma representa o do corpo do enunciador e n o evidentemente do corpo do autor efetivo A leitura faz ent o emergir uma inst ncia subjetiva que desempenha o papel de fiador do que dito Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 93 G NEROS TEXTUAIS Por meio da enuncia o em si mesma revelada a personali dade do enunciador Percebemos pistas sobre seu ethos atrav s da escolha de palavras como nos exemplos j citados como criar v n culos com o seu beb choro aprenda a entender os sinais sonoros do beb etc Senten as que t m um car t
221. o t o comum na velocidade em que transcorre a vida moderna No que se difere da 34 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos id ia memorialista que une viv ncia fantasia esta usada para pre encher as lacunas que a mem ria n o consegue ocupar com verdade Segundo Carlos Vaz B atrice Didier afirma que o g nero diar stico tem sua origem na era moderna do capitalismo e compos to de tr s fatores hist ricos o cristianismo o individualismo e as pectos do pr prio capitalismo O cristianismo justificaria o tom confessional da narrativa onde o narrador utilizaria o ato da escrita no di rio para reconhecer erros e se redimir de pecados o individua lismo vai caracterizar este g nero como m todo de defesa do eu no caos do mundo moderno e o capitalismo como ideologia contribui para a necessidade de uma avalia o e retrospec o das atitudes do eu citadino Pode se associar o individualismo necessidade de autoco nhecimento pois se por um lado o narrador registra a vida num di rio por n o ter com quem dividir emo es e experi ncias por outro lado ele acaba encontrando uma forma de melhor se relacionar com os outros e consigo mesmo Segundo Maurice Blanchot 2005 p 275 o di rio est ligado estranha convic o de que podemos nos observar e que devemos nos conhecer Al m disso o autor vai usar a escrita em forma de di rio co mo
222. o texto O Tu interpretante pode ser entendido como o Poder P blico uma vez que nesses textos ocorre a constante remiss o a diferentes institui es de regulamenta o Essas remiss es seriam uma forma de justificativa ante esse poder na negocia o que feita entre a empresa de sa de e os seus clientes No caso dos exemplos 1 e 2 h uma suposta tentativa de se tornar clara a exposi o das informa es Entretanto utilizando ter mos como contratado e contratante al m da refer ncia inscri o das empresas e Lei de regulamenta o dos planos de sa de tal estrat gia poder ser reveladora de que o Tu interpretante da mensa gem de fato constitu do pelas inst ncias p blicas de regulamenta o Os textos dos contratos de sa de tamb m se referem ao enun ciat rio de modo a transparecer que as inten es da empresa de sa de seriam apenas de tornar leg veis as informa es Todavia essa le gibilidade depender de refer ncias a lexemas e jarg es de algumas 190 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos profiss es espec ficas que n o s o obrigatoriamente condizentes com o dom nio discursivo desses leitores Observe o fragmento abaixo que demonstrar uma suposta vontade do enunciador de se fazer entender mas que na realidade estar impondo ao enunciat rio as suas condi es na negocia o fi nanceira Exemplo 3
223. ode se dizer que nesse momento de reconhecimento dos seus atos verifica se a ocorr ncia do tr gico j que de acordo com Seligmann Silva 2004 p 27 a trag dia justamente a passagem de uma situa o de ignor ncia agnoia para o conhecimento gnosis 154 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos O ex lio a falta de liberdade o claustro o confinamento puri ficaram o nosso personagem principal de sua tend ncia insaci vel obrigando o a se voltar para a ess ncia do ser humano Ele foi insta do a conviver com a solid o com o abandono com a separa o com a exclus o para poder reaprender a lidar com os seus desejos ansei os e sobretudo a equilibrar raz o e emo o a fim de poder voltar a viver em sociedade At que aquela situa o de priva o tinha o seu lado bom Passara os dez ltimos anos ou seriam quinze entre namoros casamentos e casos que sempre entrela ado com algu m fora as demandas fren ticas da vida social amigos etc S na pris o foi notar que mal olhava para dentro de si que nunca parava para refletir para p r a vida em perspectiva o pensamento vinha na garupa da a o O afastamento do lcool e das dro gas tinha sido um cap tulo decisivo nessa depura o de consci ncia Fi uza 2004 p 243 Na vis o de H lderlin para os gregos a purifica o se dava atrav s da separa o que significava a morte f sica N
224. oesivo que estabelece uma liga o sem ntica entre segmentos textuais Dentre os recursos da substitui o lexical temos o emprego de sin nimos hiper nimos ou caracterizadores situacionais Muito frequentemente a equival ncia entre itens lexicais s pode ser recu perada no interior do texto Em outras palavras as rela es de sino n mia ou as rela es hiper nimo hip nimo entre express es que po dem ser facilmente estabelecidas no interior de um discurso ficam s vezes muito opacas se vistas isoladamente Por exemplo Pietro forte amp Lopes 2004 citam o discurso pol tico e o econ mico que criam sin nimos para evitar as express es negativas Desse modo substitui se arrocho salarial do funcionalismo por compress o das despesas de custeio infla o por excita o altista dos pre os recess o por desaquecimento da economia Antunes 2005 lembra que a substitui o lexical oferece a vantagem de possibilitar o acr scimo de informa es ao referente que est sendo retomado Essa opera o permite uma recategoriza o do referente Koch 2003b 2004b Marcuschi 2007 evidenci ando a natureza din mica do processo de referencia o Mondada amp Dubois 2003 com que as pessoas categorizam o mundo 70 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Vejamos mais detidamente duas das possibilidades da subs titui o
225. ofissionais de sa de Nesse ca so o Eu comunicante se reporta na realidade regulamenta o dos rg os p blicos quanto aos servi os m dicos que devem ser disponi bilizados pelas empresas de sa de O rg o de regulamenta o das empresas de sa de a ANS Ag ncia Nacional de Sa de Suplementar uma institui o federal 192 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos criada pelo Poder p blico para regulamentar e fiscalizar as empresas de sa de Exemplo 5 IR Ref Med c x 0 1199 Ref Med p x 0 1788 Se x 0 1906 Sm x 0 1724 DT x 0 0777 MM x 0 0554 DG x 0 2052 Con trato da empresa Real Doctor p 11 No exemplo 5 o Eu comunicante utiliza uma linguagem pr pria dos profissionais ligados Economia para estipular para o Tu interpretante como ser o feitos os poss veis reajustes financeiros do plano de sa de Contudo ao utilizar c lculos t o complexos e siglas referentes a ndices financeiros diferenciados o Eu comunicante esta ria se reportando a um Tu destinat rio capaz de estabelecer essas es pecifica es O Tu destinat rio nesse caso constitu do pelas entidades financeiras respons veis pela regulamenta o dos c lculos utilizados na economia vigente Esses ndices de refer ncia que servem de base para os c lculos s o utilizados pela AMB Associa o m dica Bra sileira e tamb m est o vinculados ao
226. ois poss veis olhares o autor introduz como Bain 1985 a distin o entre tipo psicol gico ou arquitipo Bronckart 1994 e tipo lingu stico A primeira express o designa ria o tipo de discurso como uma entidade abstrata que apreendida somente pelo ngulo das opera es psicol gicas puras sem algu ma refer ncia aos recursos morfossint ticos de uma l ngua natural particular Por sua vez a segunda express o indica uma entidade real na qual o tipo de discurso semiotizado por uma l ngua natural Assim os tipos de discurso correspondentes aos mundos dis cursivos s o apresentados por Bronckart 2007 p 157 em um qua dro de dupla entrada Coordenadas gerais dos mundos Conjun o Disjun o EXPOR NARRAR Rela o ao ato Implica o Discurso interativo Relato interativo de produ o Autonomia Discurso te rico Narra o Nesse sentido verifica se que os tipos de discurso s o em n mero limitado e por isso pass veis de categoriza o e classifica o Verifica se tamb m que quando os tipos de discurso s o toma dos pela sua superficialidade lingu stica no texto s o denominados de tipos lingu sticos Sendo assim em cada l ngua natural h confi gura es de unidades espec ficas poss veis de aparecer em cada um desses tipos lingu sticos Contudo os tipos de discurso podem ser concebidos atrav s de tra os de opera es psicol gicas mais gerais isto universais s
227. ole de sua aquisi o de saber bem como de sua forma o A leitura deve ser a atividade capaz de instrumentalizar o alu no para que os objetivos educacionais possam ser alcan ados Os PCNs enfatizam a necessidade da forma o de um aluno capaz de ler e produzir textos eficazes em variadas situa es comunicativas A leitura por natureza integra saberes e constitui a constru o de no vos saberes Abreu 2000 retomando Barthes que entendia ser a leitura a possibilitadora de uma grande aventura a da escrita procura dar um passo al m Abreu parte da no o da pertin ncia da leitura Para ele o pertinente no ato de ler sem d vida a informa o No s culo XXI uma das mais importantes compet ncias que nos far ter condi es de acompanhar as mudan as e fazer o mundo sobreviver est na compet ncia de transformar informa es em conhecimento Na constru o dessas informa es desses novos saberes A leitura pode ser objetivo e instrumento da aprendizagem Na qua lidade de instrumento pertence a todas as disciplinas pois por exce I ncia a atividade na qual se baseia grande parte do processo de aprendi zagem em contexto escolar Na qualidade de objetivo envolve a forma o de atitudes a valoriza o da pr tica e a transmiss o de valores aquilo que a sociedade considera importante para futuras gera es Kleiman e Moraes 1999 p 44 Desse modo constata se que a leitura torna se
228. ombatiam o mau Chrystiane 12 anos 11 Meu irm o ca ula escreveu uma hist ria em que apareciam o Super Homem a Mulher Maravilha e o Homem Aranha Na hist ria os Super Herois combatiam os vil es Leandro 12 anos O uso de hiper nimos mostrou se favor vel em duas passa gens do texto 4 No entanto apenas dois alunos empregaram esses lugares e esses pa ses para retomar Argentina Paraguai e Uru guai As outras oito escolhas comprometeram a coer ncia do texto J o referente espanhol foi retomado por esse idioma essa lin guagem esta l ngua a linguagem essa l ngua e a lingua De fato a retomada mais adequada ao contexto deveria ser feita pe los hiper nimos l ngua ou idioma 12 Na Argentina as pessoas falam espanhol Eu sei que esse idioma se parece bastante com o portugu s Chrystiane 12 anos 13 L na Argentina as pessoas falam espanhol Eu sei que esta l ngua se parece bastante com o portugu s Paula 12 anos Antunes 2005 destaca ainda que os hiper nimos desempe nham a importante fun o de retomar um segmento maior do texto promovendo uma esp cie de encapsulamento Essa funcionalidade dos hiper nimos foi percebida por uma aluna na seguinte passagem em que o termo a falha encapsula a situa o descrita nos segmen tos anteriores transformando a num referente 14 O gerente disse que n o sabia o que estava acont
229. on rios e pol ti cos n o pagam os impostos Barreto 2004 p 84 5 Este trecho n o nos mostra apenas o leitor cr tico de Plutar co e da sociedade brasileira indica nos a presen a do cronista com seu tom de conversa vontade no autor do Di rio Intimo Assim se o di rio ntimo permite ao escritor a liberdade de tudo dizer na forma e no ritmo que lhe conv m Didier 2002 p 8 se o di rio ntimo um texto h brido aparentemente t o f cil t o complacente Blanchot 2005 p 274 Lima Barreto potencializa esse hibridismo tanto aproximando seu di rio da cr nica quanto da elabora o ficcional E o romance inacabado Cemit rio dos vivos cujo protagonis ta identifica se em muitos aspectos com o pr prio Lima Barreto Romance para o qual s o deslocadas s vezes literalmente numero sas p ginas do Di rio do hosp cio Qual o estatuto dessa obra que apesar das p ginas ntimas que cont m n o pode ser considerada uma autobiografia j que nela n o se efetiva o pacto autobiogr fico tal como definido por Philippe Lejeune Trata se de uma autobiogra fia fict cia Ou de um romance autobiogr fico Embora n o pretendamos esgotar esta discuss o julgamos que a obra Cemit rio dos Vivos n o pode ser considerada uma auto biografia fict cia a qual simula uma enuncia o autobiogr fica sem pretender que haja identidade entre o autor e o personagem narrador A o
230. or pode deliberadamente violar uma m xima ou mais com o objetivo de tornar mais f cil o esfor o referente s ex pectativas de coopera o do leitor ou ouvinte na busca das filigra nas de sentido Na an lise de textos de humor a busca do que faz a gra a n o bem explicada se apenas observar se os elementos estruturais do texto focalizando jogos de palavras ou ambiguidades As no es pragm ticas de implicaturas conversacionais propicia uma an lise mais aprofundada porque leva em conta o sentido criado no interior do processo de intera o entre interlocutores na partilha de conhe cimentos internalizados sejam esses conhecimentos de ordem social cultural ou lingu stica Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 119 G NEROS TEXTUAIS REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS CRYSTAL D Dicion rio de lingii stica e fon tica Rio de Janeiro Zahar 1988 BROWN P e LEVINSON S Politeness Some universals in lan guage use Cambridge Cambridge University Press 1987 GREEN Ge rgia M Pragmatics and natural language understan ding 2 ed New Jersey Lawrence Erlbaum Associates Publishers 1996 GRICE Paul Studies in the way of words Harvard Harvard Univer sity Press 1989 LEVINSON Stephen C Pragmatics Cambridge Cambridge Uni versity Press 2007 LINS Maria da Penha P Estrat gias de produ o de humor um es tudo de enquadres e alinhamentos em Mafalda Vit ria Grafer 2000 MARCUSCHI Luiz Antonio G
231. ores que lhe ofereciam quantidades maiores da droga e prazos melhores para pag la Fiuza 2004 p 89 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 151 G NEROS TEXTUAIS Todavia esse desejo ilimitado e vontade desmesurada alia dos presun o e irrever ncia t m um ponto final porque o seu excesso de liberdade andava lado a lado com a sua falta de responsa bilidade e de preven o e com a pouca rever ncia aos riscos Jo o era a pr pria nega o do princ pio da acumula o de riquezas Planejamento poupan a e investimento n o faziam parte do seu vocabu l rio Dinheiro na sua m o n o era capital era papel vadio a ser trocado por divers o e opul ncia Talvez por isso o estilo empresarial de Felipe seu sofisticado parceiro na Holanda despertasse tanto a sua curiosidade Fiuza 2004 p 79 Jo o quer o imposs vel controlar o seu destino agir de forma ilegal e n o ser punido nem capturado Em outras palavras ele quer ultrapassar os limites da condi o humana sentindo todo tipo de prazer por m isso n o poss vel Enquanto preparava a terceira remessa de coca na para a Eu ropa recebeu um tranco de 180 graus e os seus planos foram inter rompidos por outros agentes que estavam fora do seu pensamento e da sua imagina o Ele foi capturado e preso em flagrante pela pol cia que invadiu o apartamento em que seis quilos de coca na esta vam sendo cuidadosamente armazenados em saquinhos de cinco gramas
232. os aos quatro ventos 23 O ethos marm reo do Sult o aparece desde a sua apresenta o ao leitor cap O Sult o p 11 at o momento do d but da oda lisca cap A festa p 40 44 permanecendo inabal vel Observe os exemplos Sua Egu nime Majestade nem sempre sabia diferenciar um vizir de um sapateiro Uma nica coisa era certa eram todos seus pertenciam lhe estavam ali para seguir obedecer servir e adorar salve salve E se n o dissessem com a prontid o necess ria Eu escuto e obede o Pr ncipe dos Pr ncipes ou Eu ou o e obede o Estrela Radiante ou simplesmente se lhe dava na telha o Iridescente podia cortar a cabe a deles num piscar de seus olhos de granito Quanto s 777 mulheres do har m e os eunucos que iam junto nem se fala 13 A ironia figura pela qual se fala o oposto do que se quer fa lar d o tom a esse fragmento O sentido de equ nime termo que comp e a express o de tratamento de quem tem ou denota sereni dade de esp rito modera o equidade em julgar ou seja disposi o de reconhecer igualmente o direito de cada um segundo o Au r lio lisura no procedimento suavidade no tato A situa o enuncia tiva representa exatamente o contr rio fornecendo suporte para que o leitor apreenda a viola o do sentido literal 104 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos O fragmento
233. os princ pios e pr tica do desempenho conversacional englobando todos os aspectos do uso e entendimento da l ngua e o fato de ela ser apropriada ou n o Tratando da produ o de significados no uso da l ngua Reyes 1998 afirma que a Pragm tica se ocupa de estudar o significado lingu stico mas n o o significado das palavras isoladas do contexto e sim o significado das palavras ou ora es ou fragmentos de ora es usadas em atos de comunica o O significado do falante e se caracteriza por ser intencional e depender das circunst ncias em que se produz o ato da palavra A autora explica que as palavras que u samos constituem quase sempre um esbo o um rascunho aproxima do um guia impreciso e mutante segundo a ocasi o guia que tem a virtude de suscitar cartas imagens mentais em nossos interlocutores Se essas imagens coincidem com aquelas que quer amos provocar consideramos que conseguimos nos comunicar Green 1996 considera que a interpreta o mais adequada do que Pragm tica que o estudo da interpreta o das a es inten cionais do homem A autora afirma que as no es centrais da Pragm tica devem incluir cren as inten es ou prop sito plane Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 111 G NEROS TEXTUAIS jamento e a o Levinson 2007 ao tentar uma defini o entre ou tras faz um resumo das defini es citadas anteriormente quando a firma que a Pragm tica o estudo da li
234. p HASAN Rugaiya Cohesion in English Londres Longman 1976 KOCH Ingedore G V coes o textual 18 ed S o Paulo Contex to 2003a Desvendando os segredos do texto 2 ed S o Paulo Cortez 2003b A inter a o pela linguagem 9 ed S o Paulo Contexto 2004a Introdu o ling stica textual trajet ria e grandes temas S o Paulo Martins Fontes 2004b amp TRAVAGLIA Luiz C A coer ncia textual 14 ed S o Paulo Contexto 2002a amp Texto e coer ncia 8 ed S o Paulo Cortez 2002b LYONS John L ngua gem e Ling stica uma introdu o Tradu o por Marilda Winkler Averbug amp Clarisse Sieckenius de Souza Zahar Rio de Janeiro 1982 Tradu o de Language and Linguistics MARCUSCHI Luiz A Cogni o linguagem e pr ticas interacio nais Rio de Janeiro Lucerna 2007 MARQUES Maria H D Inicia o sem ntica 5 ed Rio de Janei ro Jorge Zahar 2001 MONDADA Lorenza amp DUBOIS Dani le Constru o dos objetos de discurso e categoriza o uma abordagem dos processos de refe rencia o In CAVALCANTE M nica M RODRIGUES Berna dete B amp CIULLA Alena orgs Referencia o S o Paulo Con texto 2003 p 17 49 OGDEN C K amp RICHARDS I A The meaning of meaning 4 ed London 1936 82 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos O significado de sign
235. pelo autor no texto e contexto como tamb m um significado que diga mais respeito aos seus interesses e objetivos van Dijk 1992 p 23 O autor chama a aten o para o fato de que em um texto a pesar de se realizarem diversos tipos de atos h sempre um objetivo principal a ser atingido para o qual concorrem todos os demais Com isso ele prop e a no o de macroato isto o ato global que se quer realizar dando como exemplo uma carta na qual se podem rea lizar atos de sauda o pergunta asser o solicita o convite des pedida mas haver sempre um objetivo maior ao qual os demais atos se subordinam Para Koch 1992 o texto apresenta elementos lingu sticos intencionalmente selecionados pelo locutor para permitir ao recep tor na intera o sua compreens o Marcuschi 1994 afirma que o 124 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos texto ter sempre um n cleo informacional m nimo est vel e inde pendente das cren as do leitor Podemos observar a partir do exposto que h um certo con senso entre os autores sobre as estrat gias deixadas pelo locutor para a compreens o interpreta o e produ o de um texto Para eles ape sar de ser aberto a v rias leituras que dependem das experi ncias e conhecimentos do receptor o texto deve ter determinadas pistas que o direcionem para os objetivos textuais Por isso deve haver um ba lan
236. pesquisa e buscar novas metodologias Nagamini 2000 p 77 De fato Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 177 G NEROS TEXTUAIS Analisar os mecanismos de constru o do discurso publicit rio importante para se compreender os valores e comportamentos aceitos pe la sociedade e enraizados em nossa cultura Entender de que forma se perpetuam determinados modelos e por que a pr pria sociedade se em penha para mant los enriquecer o trabalho pedag gico Nagamini 2000 p 77 O professor que prop e uma atividade com o texto publicit rio precisa se inteirar com muita propriedade do processo de ordem persuas o e sedu o desse tipo de linguagem na sala de aula j que A linguagem pode cumprir v rias fun es na comunica o Empre gamos a linguagem para expressar nossas emo es para informar os lei tores de fatos por eles desconhecidos para influenciar atos e pensamen tos dos outros para falar sobre a linguagem para conversar com os ami gos sobre qualquer coisa para contar hist rias e piadas O interessante que todas as fun es podem ser relacionadas diretamente com um dos componentes do modelo de comunica o Vestergaard 2000 p 16 preciso deixar bem claro que conforme Carvalho 2000 o termo publicidade aplica se apenas a mensagens comerciais ao passo que o termo propaganda mais amplo engloba os discursos pol tico ideol gico religioso institucional e tamb m comercial O
237. podem dar errado Em casos especiais a impor t ncia do ato de fala total na totalidade da situa o de fala emerge progressivamente da l gi ca e assim podemos ir assimilando o proferimento supostamente constatativo ao performati vo Austin 1990 p 56 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 163 G NEROS TEXTUAIS terminado efeito sobre seu destinat rio no entanto seus resultados divergem do que foi inicialmente calculado pelo sujeito respons vel pelo ato de fala Tal procedimento um dos recursos explorados para a produ o do discurso do humor Junto com a an lise dos atos de falas existe a aprecia o da orienta o argumentativa incongruente propulsora do riso Ducrot 1977 defende que l ngua essencialmente argumentativa visto que as palavras e as estruturas frasais determinam os encadeamentos ar gumentativos delimitando as possibilidades de sentidos dos enunci ados manifestados implicitamente Podemos observar incompatibilidades de dizeres do ponto de vista argumentativo pela pr pria escolha das palavras colocadas pe lo locutor para defender determinada id ia Quando um locutor uma sequ ncia de enunciados com orienta o argumentativa oposta ime diatamente sua fala refutada ou se torna objeto de riso Tal falha bastante explorada pelos quadrinhistas ao expor um personagem de fendendo uma id ia acompanhada de asser es incompat veis No interior do enfoque sem ntico argumentativo Ducrot 1987
238. presentar considera es a respeito do corpus obser vado em nossa an lise A terceira parte ser destinada ao exame das estrat gias em pregadas pelos alunos na constru o dos textos que constituem o corpus Esta parte estar fundamentalmente apoiada na pesquisa a respeito da coes o feita por Antunes 2005 Na quarta parte apresentaremos algumas considera es a que pudemos chegar a partir da observa o empreendida Ao longo de 4 preciso ter em mente que em determinadas circunst ncias especiais essas mesmas re gras do sistema da l ngua podem ser conscientemente violadas a fim de se produzir um sentido 56 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos todo o trabalho procuraremos destacar de que forma os professores de l ngua materna podem contribuir para o ensino que tenha como objeto de ensino o texto N o queremos dizer que antes a escola n o fizesse uso do texto O texto estava na escola nas atividades de leitura e interpreta o No entanto no estudo sistematizado da l ngua ele era substitu do pela an lise metalingu stica da palavra e da frase O que se pro p e exatamente a substitui o dessas atividades de classifica o metalingu stica por atividades que de fato desenvolvam a compet n cia comunicativa Travaglia 2005 dos alunos que conforme vimos s pode ser alcan ada com o trabalho com o texto No entanto n o se trata de
239. quadrinhos podemos a firmar que o funcionamento de sua linguagem el ptico visto que a representa o em seu plano esp cio temporal demarcada por ruptu ras e espa os vazios que devem ser preenchidos com informa es produzidas pelo leitor no processo de produ o de sentido A narra tiva dos quadrinhos funda se sobre o salto de imagem em imagem fazendo da elipse resultante do emprego numeroso visto que neces s rio de cortes espaciais e esp cio temporais a sua marca registra da Cirne 1972 p 39 40 Al m disso poss vel observar um conjunto de regularidades que se encontram no g nero tira de humor Para provocar um efeito ris vel poss vel perceber que a pr pria estrutura de um evento c mico decorre de uma situa o ambivalente que provoca a disjun o de dois fatos Neste exerc cio o texto rompe com um determinado t pico discursivo que seguia uma dada dire o argumentativa para enfatizar outro aspecto provocando uma sensa o de fato absurdo Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 161 G NEROS TEXTUAIS PROCEDIMENTOS TE RICO METODOL GICOS Uma das maiores dificuldades para analisar textos que pre tendem fazer rir a identifica o das especificidades do funciona mento da linguagem do humor diferindo de outros universos textu ais Muitos estudos n o definem a esfera do dom nio humor stico como pr tica social de intera o discursiva reduzindo as an lises a aspectos sociol gicos ou l
240. que se pres tam a esse tipo de estudo a teoria de Grice 1975 que trata das condi es que governam a conversa o Considerando o significado convencional das palavras o que se diz e as implicaturas o que se quer dizer Grice 1975 afirma que ao contr rio do que possa parecer nossos di logos s o esfor os cooperativos reconhecidos Cada participante reconhece neles um prop sito comum ou um conjunto de prop sitos que orienta a dire o da conversa Esse prop sito pode ser fixado no in cio uma quest o para discuss o ou durante o di logo 112 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos A partir dessas observa es Grice formula o Princ pio da Coopera o Fa a sua contribui o conversacional tal como re querida no momento em que ocorre pelo prop sito ou dire o do interc mbio conversacional em que voc est engajado Para esse princ pio estabeleceu quatro m ximas que repre sentariam as regras da conversa o S o elas M xima da Quantidade 1 Fa a sua contribui o t o informativa quanto for requerido para o prop sito corrente da conversa o 2 N o fa a sua contribui o mais informativa do que reque rido M xima da Qualidade 1 N o diga o que voc acredite ser falso 2 N o diga sen o aquilo para que voc possa oferecer evid n cia M xima da Rela o 1 Seja relevante M xima do Modo 1 Evit
241. r Lacoue Labarthe 2000 p 220 Em seus estudos H lderlin analisa duas grandes pe as gre gas Ant gona e dipo Rei de S focles Segundo os estudos h lderlianos dipo algu m que tem um supersaber acredita na infinitude do seu saber tem um olho a mais Machado 2006 p 149 O personagem principal de Meu nome n o Johnny Jo o Guilherme Estrella tem um desejo infinito de liberdade de prazer Ao descobrir uma forma f cil de ganhar dinheiro com a venda da co ca na acredita ao materializ la t o rapidamente ser impune imba t vel Ele perde o limite do bom senso age com insol ncia e acha que nada o deter O seu trabalho come a no Rio de Janeiro ven dendo drogas a um grupo restrito de amigos mas pouco a pouco a rede de clientes vai se ampliando assim como a quantidade de coca na comercializada O trecho que se segue demonstra a sua atitude insolente O fato que o movia uma confian a indestrut vel de que tudo daria certo algo que ele mesmo chamava de intui o mas po deria ser chamada de onipot ncia Fiuza 2004 p 36 Em seguida conhece um brasileiro que mora na Europa e que lhe oferece a possibilidade de ganhar ainda mais dinheiro entrando no mercado europeu A primeira investida atrav s da ida Europa com a Laura sua esposa um sucesso e isso lhe garante mais luxos privil gios e confortos Por que ent o interromper a sua ascens o A montanha n o tem fim log
242. r i em torno de uma unidade tem ti ca condi o para a instaura o da coer ncia previs vel que a aproxima o sem ntica entre as palavras seja um recurso presente na maioria dos textos que produzimos Ali s como bem frisa Antunes 2005 o que determina em grande monta a escolha do vocabul rio o tema discutido Al m do tema interferem tamb m nas escolhas lexicais os sentidos pretendidos e os prop sitos comunicativos An tunes 2005 esclarece que em geral as unidades lexicais de um tex to podem estar associadas devido a rela es de anton mia de co hipon mia e de meron mia N o podemos deixar de mencionar que o sucesso do efeito produzido pela rede lexical do texto depende do conhecimento de mundo dos usu rios da l ngua que desempenha um papel fundamen tal no estabelecimento da coer ncia Koch amp Travaglia 2002a 2002b O conhecimento tem a ver com as formas como organiza mos mentalmente o mundo Por exemplo a ativa o do frame via gem possibilitou a apari o do sintagma Um guia tur stico no texto de Tamires Como vimos a ocorr ncia de um item lexical ao ativar um frame pode tornar a ocorr ncia de outros itens previs vel Essa pos sibilidade p de ser observada em diversas partes do corpus No texto 1 por exemplo o frame ativado pela palavra carro tornou dispon veis v rios outros referentes por uma rela o de meron mia parte todo os pneus
243. r da Teoria da Enuncia o observa que a utiliza o da l ngua nas mais variadas esferas da atividade humana feita por meio de enunciados que se conformam s condi es de produ o e 54 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos s inten es e expectativas dos enunciadores e co enunciadores Nas palavras de Bakhtin 2000 O enunciado reflete as condi es espec ficas e as finalidades de cada uma dessas esferas n o s por seu conte do tem tico e por seu estilo verbal ou seja pela sele o operada nos recursos da l ngua recursos lexicais fraseol gicos e gramaticais mas tamb m e sobretudo por sua constru o composicional Bakhtin 2000 p 279 O conte do tem tico o estilo verbal e a constru o composi cional fundem se no todo do enunciado De modo sucinto podemos dizer que as pr ticas socialmente compartilhadas no uso da l ngua acabam por estabilizar os enunciados circunscritos em suas esferas de comunica o Bakhtin 2000 denomina esses tipos relativamente est veis de enunciados de g neros do discurso O conceito de g nero do discurso tamb m de suma import ncia para o novo objeto de ensino que a escola pretende implementar como se pode ver pela se guinte passagem dos PCNs Os textos organizam se sempre dentro de certas restri es de nature za tem tica composicional e estil stica que os caracterizam como per tencent
244. r textos em diferentes situa es de comunica o A compe t ncia comunicativa implica duas outras compet ncias a lingu stica e a textual A primeira consiste na capacidade que todo usu rio tem de gerar sequ ncias lingu sticas gramaticais aceit veis A Segunda consiste na capacidade de em situa o de intera o comunicativa produzir e compreender textos considerados bem elaborados Para isso faz se necess rio que o Ensino de L ngua Portugue sa gire em torno do texto de modo a desenvolver as compet ncias dos alunos possibilitando lhes uma conviv ncia mais inclusiva no mundo letrado de hoje isto imprimindo lhe mudan as exercitan do sua cidadania Aliado a um paradigma n o t o novo que contesta uma abor dagem limitada j h algumas d cadas sem d vida os PCNs v o ao encontro do que se entende por um ensino mais eficaz e abrangente Em que medida podemos falar nos PCNs para o ensino de L ngua Portuguesa A resposta est a nossa volta com todas as mu dan as pelas quais n o s o Brasil mas o mundo passa Momento em que preciso pensar num aluno cidad o inserido num mundo cada vez mais competitivo por um lado e por outro com tanto acesso a informa es Transformar informa o em conhecimento o grande desafio deste s culo para tanto n o s a rea de l ngua que deve se adap tar mas a escola como um todo Os PCNS n o devem ser encarados como camisas de for a pa ra professores
245. ral e exp las com esse esp rito Barreto 2004 p 137 Compondo uma obra autobiogr fica na qual se hibridizam os elementos da cr nica e da cria o ficcional Lima Barreto acaba por transcender a dimens o particular de seus registros compondo os com o esp rito geral que sempre exigiu do escritor e de si mesmo Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 143 G NEROS TEXTUAIS REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS BARBOSA Francisco de Assis A vida de Lima Barreto Rio de Ja neiro Jos Olympio 2002 BARRETO Lima O cemit rio dos vivos S o Paulo Planeta Rio de Janeiro Funda o Biblioteca Nacional 2004 BLANCHOT Maurice O di rio ntimo e a narrativa In O li vro por vir Trad Leyla Perrone Mois s S o Paulo Martins Fontes 2005 p 270 278 CANDIDO Antonio Os olhos a barca e o espelho In A edu ca o pela noite e outros ensaios S o Paulo tica 1987 p 39 50 DIDIER B atrice Le journal intime Paris PUF 2002 GASPARINL Philippe Est il je Roman autobiographique et auto ficcion Paris Seuil 2004 GIRARD Alain Le journal intime Paris PUF 1963 LEJEUNE Philippe Le pacte autobiographique Paris Seuil 1996 MIRANDA Wander Melo A ilus o autobiogr fica In Corpos escritos S o Paulo Edusp Belo Horizonte UFMG 1992 p 25 41 SANTIAGO Silviano Besti rio In Ora direis puxar conver sa Ensaios liter rios Belo Horizonte UFMG 2006 p 157 191 144
246. ras reas entretanto se encarregaram nesse per odo de estud lo como a pr pria Estil stica e tamb m a Cr tica Liter ria O texto se torna novamente objeto em discuss o na lingu stica a partir principalmente dos anos 60 com o surgimento de teorias enunciativas e discursivas variadas Mas o texto n o assumido nesse momento somente nessa perspectiva discursiva Em um con texto fortemente formalista os anos 70 v em surgir ao lado da Gra m tica Gerativo Transformacional chomskiana as Gram ticas de texto Trata se de uma perspectiva formalista que concebe o texto como unidade lingu stica superior frase e como uma sucess o ou combina o de frases Surgem tamb m a partir desse momento diversas outras teo rias sobre o texto pontos de vista diferenciados que construir o obje tos te ricos distintos cadeia de pronominaliza es ininterruptas ca deia de isotopias complexo de proposi es sem nticas etc V se que texto uma no o vaga sujeita a determinadas perceptivas te ricas ou seja o ponto de vista cria o objeto n o s a l ngua mas tamb m o texto Os anos 80 entretanto assistir o alavancada de uma teoria do texto cujo di logo retoma a ret rica aristot lica Humboldt a filo logia do s c XIX e em especial as teorias discursivas e enunciati vas Nessa teoria conforme Koch 1997 A constru o do texto exige a realiza o de uma s rie de atividades
247. rata dos diversos tipos textuais poss veis no editorial um texto jornal stico opinativo que vai al m da argumenta o da tese de fendida pelo jornal 5 Registra que o advento da Lingu stica Textual trouxe uma nova perspectiva para a observa o dos fatos lingu sticos de tal for ma que essa nova postura metodol gica levou os educadores a ques tionarem o que deveria ser objeto de ensino nas salas de aula como pode ser constatado nos PCNs 6 Analisa aspectos relevantes da constru o da identidade de pais no livro Beb Manual do Propriet rio com base em um conjunto de elementos lingu sticos e discursivos dentre os quais a no o de cenografia discursiva 7 Investiga o papel da linguagem na indica o das obras li ter rias juvenis contempor neas mergulhando se na an lise dos textos em busca de marcas lingu stico discursivas que revelam seu padr o de qualidade Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 7 G NEROS TEXTUAIS 8 Trata das estrat gias de produ o de humor em cartuns a partir da aplica o dos princ pios b sicos da Pragm tica em especial as a es sobre o Princ pio da Coopera o e das M ximas Conversa cionais 9 Apresenta as estrat gias textual discursivas formulativas metaformulativas e metadiscursivas e a sua rela o com as estrat gias sociocognitiva e interacionista em reda es escolares 10 Trata das narrativas e dos relatos de teor biogr fico vivencial a indisti
248. res da rea ela caracterizada pela inten o de facilitar a compreens o do leitor ouvinte atrav s de in forma es que normalmente s o feitas por meio de afirma es e lo gicidade na ordena o de conceitos entre outros aspectos Acerca da tipologia Dialogal a caracteriza o feita pela presen a de pelo menos dois interlocutores sendo que um deles po de estar impl cito presen a de turnos de fala e ou perguntas e repos tas etc Finalmente o tipo textual Injuntivo aquele que cont m ex press es de ordem ou linguagem apelativa imperativa car ter instru cional circunst ncias de finalidades etc Apesar de todas essas distin es todavia normalmente um g nero textual n o se limita a um tipo de texto comum um g nero discursivo conter uma sequ ncia tipol gica dominante e ser compos to de v rios outros tipos textuais o que Marcuschi 2005 denomina heterogeneidade tipol gica Conforme esse autor todos os textos realizam um g nero e todos os g neros realizam sequ ncias tipol gi cas diversificadas 2005 p 100 Antes de fazer a an lise do g nero proposto abordaremos um pouco sobre suas caracter sticas 46 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Lingu sticos O G NERO EDITORIAL De acordo com Bakhtin apud Koch 2003 p 54 um g nero pode ser caracterizado pelos tipos relativamente est veis de enunci ados presentes em cada esfera
249. rias possibili dades sequenciais tipol gicas Sabendo disso este artigo procura apontar por meio da an li se de um texto opinativo que o ensino de g neros textuais impres cind vel No caso do editorial a an lise pode atingir os mais variados n veis de observa o da linguagem enquanto fator de intera o e in tencionalidade A LINGU STICA E OS G NEROS TEXTUAIS No livro Lingii stica Textual Introdu o 2002 Koch e F vero fazem um panorama sobre a Lingu stica Textual desde sua ori gem at pesquisas feitas na Europa por estudiosos como Ducrot O1 ler Van Dijk Lewandowski Hjelmslev Jakobson P cheux Benve niste Harris Weinrich Isenberg Lang entre outros Sobre as poss veis causas para o surgimento de gram ticas textuais a partir da d cada de 1960 especialmente na Alemanha Ko ch e F vero citam as lacunas das gram ticas de frase no tratamento de fen menos como a correfer ncia e a pronominaliza o a rela o t pico coment rio as rela es entre senten as n o ligadas por con jun es etc 42 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Segundo as linguistas nesse livro introdut rio pode se distin guir a LT em tr s momentos no que se refere passagem da teoria da frase para a do texto O primeiro trata da an lise transfr stica o se gundo referente s gram ticas textuais e o terceiro diz respeito s teorias de texto
250. rio no qual a a o de lingua gem de que o texto se origina desenvolvida e ii o segundo est especialmente interligado de um lado ao relacionamento entre as v rias inst ncias de agentividade personagens institui es etc e sua inscri o espa o temporal exatamente como s o mobilizadas em um texto e por outro lado aos par metros f sicos da a o de linguagem em curso agente produtor alocut rio eventual e espa o tempo de produ o Quanto ao primeiro subconjunto de opera es observa se que o santinho A apresenta suas coordenadas sobretudo como con juntas em rela o s do mundo ordin rio da a o de linguagem Ou seja os fatos s o colocados como sendo acess veis no mundo ordin rio dos interactantes e por isso s o expostos Apenas um segmento parte 3 ancora se em uma origem espa o temporal atrav s das ex press es por duas legislaturas e Br s Pires Com isso esse seg mento constr i um mundo disjunto ao mundo ordin rio da a o de linguagem Este mundo disjunto por sua vez pertence a outra or dem isto ordem do Narrar pois trata se de um mundo situado em um outro lugar No entanto no caso do GT santinho pol tico 16 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos o grau de desvio desse mundo disjunto fraco j que veicula um conte do que pode ser interpretado e avaliado em rela
251. ro diar stico encontrou em Cyro dos Anjos um representante perfeito Ele se utiliza com propriedade do discurso confessional a partir da linguagem do di rio o que traz uma identifica o e uma cumplicidade entre o leitor e o narrador levando aquele muitas vezes a um passeio pelos estilos memorialistas e auto biogr ficos por m sem perder o foco principal da narrativa a expo si o ntima de uma personagem No di rio Belmiro escreve sobre fatos da vida frustra es e id ias al m de esconder segredos Ele analisa seu dia avaliando o que fez de certo ou de errado buscando com isso o autoconhecimen to e a autodefesa contra inimigos imagin veis incluindo ele mesmo Nessa descri o di ria muitas vezes sobre assuntos banais do cotidi ano sobressai o senso cr tico do narrador consigo mesmo e com os outros O que se observa no trecho a seguir quando o protagonista fala de seu plano de escrever N o sei bem o que sair das entranhas Comecei contando o Natal que acabou e falando nos amigos e na parentela Meu desejo n o po r m cuidar do presente gostaria apenas de reviver o pequeno mundo ca raibano que hoje avulta a meus olhos Minha vida parou e desde muito me volto ao passado perseguindo imagens fugitivas de um tempo que se foi Procurando o procurarei a mim pr prio Anjos 2002 p 32 Por esse vi s que Schwarz 1992 p 14 diz que a constru o em forma de di rio serve para caracterizar a persona
252. ro lado a trag dia tem como fun o purificar da hybris do nefas da falta tr gica apresentando a necessidade de separa o entre o homem e deus isto estabelecendo o limite lembrando a finitude do homem Como diz Fran oise Dastur a trag dia o rem dio para a mons truosidade que ela mesma apresenta a uni o ilimitada do humano e o di vino Machado 2006 p 158 159 Jo o agia unicamente movido pela emo o A raz o lhe era estranha O seu nico desejo era ser imensamente livre Jo o acredi tava ser livre mas no entanto dependia cada vez mais da droga para sentir prazeres Para experimentar a liberdade era obrigado a satisfa zer seus instintos naturais fumar cheirar beber fazer sexo ir praia cantar tocar Paradoxalmente quando ele ficou privado de tu do isso descobriu se como um ser dotado n o apenas de sentimentos f sicos mas igualmente um ser moral que pode ser feliz prescin dindo dessas satisfa es f sicas exorbitantes Isso pode ser evidenci ando pela forma como se relacionava com os demais presos e pela continuidade da alegria de viver mesmo estando privado da liberda de de ir e vir Como n o se dava conta das infra es cometidas e era com pletamente ignorante foi preciso experimentar a priva o a imund cie a crueldade e a exclus o para que reconhecesse que havia come tido um crime mesmo n o sendo uma pessoa que representasse peri go integridade f sica dos outros P
253. roduto neste caso o beb A cenografia tamb m conta com as cenas validadas em seu processo de cria o As cenas validadas s o aquelas que j existem na mem ria coletiva e s o os estere tipos aos quais remetemos em outros textos A procura por conhecimento especializado para resol ver um problema certamente uma cena validada aqui reaproveita da na constru o da cenografia do manual de instru es Ainda Maingueneau 2008 nos diz que a cenografia implica um processo de enla amento paradoxal supondo uma certa situa o de enuncia o que na realidade vai sendo validada progressi vamente por interm dio da pr pria enuncia o p 87 Isto assim se aplica ao nosso Manual ao condensar as in forma es julgadas necess rias ao tratamento de beb s num g nero de livro que tipicamente trata de objetos o enunciador imp e a ce nografia logo de in cio por m por meio da pr pria enuncia o que essa cenografia se legitima caso ela atinja seu p blico e fa a com que seus leitores sintam se como usu rios de um aparelho novo e complicado que o beb aceitando desta feita o lugar que lhes reservado na cenografia Cabe ressaltar aqui que os pr prios autores do Manual do Propriet rio assim iniciam o livro videocassetes e autom veis s o sempre acompanhados de um manual de instru es O mesmo n o ocorre com os rec m nascidos por isso escrevemos o livro que vo
254. sa todo o texto No texto 2 nosso objetivo era o de favorecer a substitui o lexical por meio de hiper nimos para os referentes Super Homem Mulher Maravilha e Homem Aranha Tamb m desej vamos a nalisar de que forma o conhecimento de mundo dos alunos construi ria a coer ncia do texto com a introdu o de um referente relativo ao antagonista dos her is O texto 3 foi constru do pensando se principalmente no co nhecimento pragm tico que temos em torno da moldura restauran te Ademais desej vamos examinar como esse conhecimento pragm tico orienta na atribui o dos pap is a serem desempenhados pelos referentes no interior dessa moldura comunicativa Para a constru o do texto 4 levamos em considera o as es trat gias de substitui o lexical para a retomada de Argentina Pa raguai e Uruguai de espanhol e de Am rica Diferentemente do que se passou com o texto 2 no texto 4 essas substitui es de pendem de um conhecimento enciclop dico mais aprofundado para se estabelecer as rela es sem nticas das partes constituintes do tex to com maior efici ncia Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 65 G NEROS TEXTUAIS OS RECURSOS COESIVOS Os recursos da repeti o Conforme vimos a par frase o paralelismo e a repeti o propriamente dita est o entre os recursos que concretizam a repeti o Neste estudo vamos nos debru ar apenas sobre o ltimo Antu
255. segmento algum da ordem do Narrar O texto do santinho B constr i em sua totalidade um Mundo do Expor implicado o que explicitado por seus elementos lingu sticos N o h uma anco ragem espa o temporal que remeta o alocut rio a um outro lugar e h muitas express es que remetem aos interactantes da a o de lin guagem em curso por exemplo Eleitor e Eleitora de Presidente AM ee t 39 ce ai Bernardes voc voc s seu voto nosso n s etc Verificamos portanto que os santinhos A e B cujo tipo predominante o discurso interativo apresentam as seguintes carac ter sticas presen a de unidades que remetem pr pria intera o verbal frases imperativas e especialmente no santinho B inter rogativas e exclamativas explora se sobretudo um subsistema de tempos verbais composto pelo presente pret rito perfeito e futuro do Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 17 G NEROS TEXTUAIS indicativo presen a de pronomes verbos e adjetivos de primeira e terceira pessoa do singular e do plural ressaltando o grande uso do pronome pessoal de terceira pessoa voc que personifica um alo cut rio individual e indeterminado presen a de auxiliares de modo bem como de auxiliares com valor pragm tico Dentre as unidades que remetem a o de linguagem em cur so podemos citar no santinho A o d itico espacial aqui e o d
256. sentido o que caracteriza o signifi cado da palavra As pesquisas lingu sticas mais recentes Mondada amp Dubois 2003 Koch 2003b 2004b Marcuschi 2007 t m abordado o tema numa perspectiva diferente Mondada amp Dubois 2003 por exem plo repensam a no o de refer ncia em si mesma por meio de um questionamento relevante da lingu stica e da psicologia cognitiva A quest o por elas tratada em termos de objetos de discurso e de categoriza o Justificam que ambas as abordagens est o imbrica das pois todas as duas s o concernentes s pr ticas e aos discursos Mondada amp Dubois 2003 prop em a substitui o da no o de refer ncia pela de referencia o j n o se trata mais de verificar a rela o de correspond ncia entre palavras e realidade mas de se questionar os pr prios processos de discretiza o e estabiliza o Es sa abordagem n o pressup e uma exist ncia previamente categoriza da o mundo n o se encontra discretizado a priori espera de uma consci ncia Desse modo a referencia o encarada como uma pr tica din mica empreendida por uma multiplicidade de sujeitos s Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 63 G NEROS TEXTUAIS cio cognitivos que re criam as categorias os objetos de discurso com que discretizam e estabilizam o mundo por meio das pr ticas simb licas no seio das rela es intersubjetivas Essa no o de referencia o ser importa
257. sobre uma 3 pessoa o Sult o e a aus ncia do possessivo tendo se portanto o vocativo As express es do fragmento anterior Sua Cr dula Majestade Estafermo Sult o At nita Majestade Sua Ofuscada Emin ncia tra zem em si uma fonte suplementar de informa o atinente ao sobera no revelando suas diferentes rea es no jogo interativo de cren a de paralisa o e de espanto de atordoamento de turva o respecti vamente Como se v ao eleger uma odalisca para protagonizar sua hist ria a autora p e em relevo a figura do Sult o pois a palavra o rigin ria Do turco odalik camareira pelo fr odalisque segundo o Aur lio significa S f 1 Camareira escrava a servi o das mulheres de um sult o 2 Mulher de har m A vida de Leila transcorre por tanto no har m parte do pal cio do Sult o onde se acham encerra das as odaliscas l que surge o amor e o inesperado acontece h o Sult o que ama a odalisca que ama o elefante que tamb m a ama Nesta tran a de vidas dois antagonistas bloqueiam a uni o do par amoroso na noningent sima nonag sima nona vida de ambos al m do Sult o um g nio invejoso que os amaldi oou nesta e em suas vi das anteriores O final feliz de A Odalisca e o Elefante est pois nas m os sultanescas Quem afinal esse Senhor absoluto Seria ele capaz de libertar a odalisca para que ela fosse ao encontro de seu amado Doravante exp em se seletivamente
258. soube ver quando viva N o era menino mas o meu sonho interior o meu orgulho o pavor de parecer rid culo de mistura com uma forte deprecia o a que minha personalidade eu mesmo tinha levado tudo isso e outros fatores dif ceis de registrar contribu ram para que eu n o visse ou mal visse a alma ex cepcional daquela pobre mo a cujo olhar onde n o havia dio me ame drontava como se n o fosse humano Arrependo me por n o a ter bem visto e n o a ter extremado da massa humana onde s via indiferen a e incapacidade para o amor e pa ra a bondade Expiei bem duramente essa minha falta ntima que tantos sentimen tos desencontrados fez surgir em mim a tantas dores deu nascimento como ver o no decorrer destas p ginas que s o mais de uma simples o bra liter ria mas uma confiss o que se quer exteriorizar para ser eficaz e salutar o arrependimento que ela manifesta Barreto 2004 p 134 5 E nessa confiss o Vicente Mascarenhas atribui o pr prio v cio ao seu remorso Vinha me um desespero ntimo um sinal da evid ncia da minha incapacidade para qualquer obra maior pois raciocinava quem teve um ente humano a seu lado com ele viveu na mais total intimidade em que dois entes humanos podem viver n o o compreendeu n o pode ab solutamente compreender mais coisa alguma E eu atirava meus livros para o lado e eu me punha a beber e eu n o tratava do meu e eu queria me anular fi
259. spera em fun o do mar de servidores que chega s reparti es federais deixa se es capar o temor de que a austeridade fiscal venha no futuro a correr risco CONSIDERA ES FINAIS Diante das breves an lises pode se perceber que o g nero tex tual opinativo neste caso representado pelo editorial uma produ o rica em rela o presen a de Tipologias Textuais No texto ob servado encontramos quatro dos seis tipos considerados pela Lin gu stica Textual atualmente Isso significa que a partir de um editori Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 51 G NEROS TEXTUAIS al poss vel facilitar o ensino de sequ ncias tipol gicas com os e xemplos contidos no pr prio texto propiciando se assim o desper tamento da aten o dos alunos durante as an lises os apontamentos das caracter sticas de cada tipo textual e a coexist ncia deles muitas vezes de forma interdependente numa constru o textual O prop sito aqui foi o de mostrar que nos g neros textuais a linguagem articulada de forma rica e variada ainda que dependen do do objetivo situacional um tipo textual predomine considerando se que important ssimo que o aluno seja exposto a uma diversidade textual para que a partir de modelos reproduza diferentes tipos de textos em concord ncia com Lins e Yacovenco 2002 REFER NCIAS ABREU M Teresa T Vilardo Coes o referencial e a progress o argumentativa uma an lise inicial Artigo
260. strat gias de persuas o que visam a preser var a figura de quem fala No caso do exemplo 3 o enunciador utilizou um macroato de polidez ling stica que busca preservar o que os estudos pragm ticos chamam de face Esses pres supostos te ricos estipulam que os interlocutores buscar o preservar sua identidade social ou a face quando essa estiver sendo amea ada O termo face foi cunhado por Erwin Goff man e reconhecido como O valor social positivo que uma pessoa efetivamente reclama para si mesma atrav s daquilo que os outros presumem ser a linha por ela tomada durante um contato espec fico Face uma imagem do self delineada em termos de atributos sociais apro vados Goffman 1980 p 76 No caso da empresa de sa de o macroato de linguagem quer prioritariamente preservar o enunciador de manifestar sua face negativa pois o n o cumprimento das especifica es da empresa obrigar o enunciador a tomar atitudes n o desejadas pelo enunciat rio na negocia o entre os interlocutores Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 191 G NEROS TEXTUAIS reais inten es que estariam visando preserva o dos interesses da empresa de sa de As reais inten es do Eu comunicante seriam de manter os interesses da empresa de sa de Tais interesses podem ser evidencia dos atrav s da utiliza o de diferentes constru es da linguagem que estariam apenas visando preserva o da empresa de sofrer futuros da
261. studos Hilol gicos e Lingu sticos SUM RIO 0 Apresenta o Jos Pereira da Silva 07 1 A arquitetura textual de santinhos pol ticos Priscila Lopes Viana e Janice Helena Chaves Marinho 09 2 A cr nica em foco revis o da cr tica e an lise das carac ter sticas do g nero Aline Aim e scese 22 3 A escrita de si em O Amanuense Belmiro de Cyro dos An jos Fl via Santos de Fran a reea 28 4 A heterogeneidade tipol gica no g nero editorial Irislane Rodrigues Figueiredo ieeereeeeeerrererereereraanrena 42 5 As estrat gias de constru o da coes o em textos de alunos Marcus Vinicius Brotto de Almeida nooo 54 6 Beb manual do propriet rio Rosane Fernandes Lira 87 7 Entrela amento dos planos da linguagem na literatura ju venil contempor nea alternativas de leitura Anete Mari za Torres Di Gregorio reniei eian eini 97 8 Estrat gias pragm ticas de produ o de humor em cartuns Maria da Penha Pereira Lins it 111 9 Estrat gias textual discursivas em reda es escolares Marcilene Oliveira Sampaio sesoses 121 10 Lima Barreto e a hibridiza o dos g neros liter rios F tima ROChA sites iene renina sacas ao TEE au 133 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 5 G NEROS TEXTUAIS 11 Meu Nome Ningu m a for a do tr gico numa narrativa que lida com exclu dos Martha Sert Padilha 145 12 0 g
262. ta concep o de texto e de sujeito produtor Ser que as aulas de produ o textual consistem em momentos de intera o e de manifesta o do pensamento destes co enunciadores E os textos produzidos s o socializados reestruturados e avaliados como deveriam Sabe se que estas e outras quest es n o foram totalmente respondidas neste artigo no entanto fica claro que ao produzir os seus textos os alunos deixam marcas das suas inten es desejos cultura matura o etc Tais marcas foram evidenciadas atrav s da observa o coleta e an lise dos dados desta pesquisa Pretendeu se inicialmente com este artigo verificar a hip te se inicial levantada menor ou maior grau de ocorr ncia das estrat gias de processamento textual Koch 2003 a saber inser o re formula o ret rica ou saneadora referencia o anaf rica repeti o coesiva associativa ou ret rica digress o etc nas reda es escola res a partir da an lise dos n veis s ries e das metodologias adotadas pelas escolas nos diversos contextos de produ o textual Assim a hip tese preliminar que motivou este trabalho foi constatada por m verifica se com a pesquisa a necessidade de a escola trabalhar com os g neros textuais a fim de que estes possam sinalizar para as possibilidades discursivas munindo o aluno leitor e produtor de informa es estrat gias e motiva es para a materiali za o lingu stica Por m este um tema par
263. tas de refle x o relativas m dia Faremos um primeiro recorte relativo ao car ter amplo que o termo m dia suscita e abordaremos a imprensa Con tudo tamb m ao se falar em imprensa faz se necess rio distinguir a falada da escrita j que contam com recursos distintos A escrita por exemplo apresenta um plano de express o que n o apenas verbal mas conta com a associa o de elementos tais como esquemas gr ficos desenhos fotos entre outros recursos Mesmo o jornal tendo tido um espa o cada vez mais assegu rado na sala de aula entendemos como fundamental que continue sendo trabalhado e tamb m nos deteremos nesse ve culo de informa o contando com valiosa base de apoio de alguns te ricos Grillo 2004 por exemplo afirma em seu livro A produ o do real em g neros do jornal impresso que o discurso da imprensa est ligado a uma fun o social mais abrangente que o discurso midi tico de informa o e se distingue dos outros discursos midi ti cos r dio e TV pelas caracter sticas de seu suporte material Diz a estudiosa Enquanto os diversos g neros da imprensa podem variar quanto s fina lidades identidade dos parceiros aos aspectos enunciativos parcela do real retratado O dispositivo material um aspecto que atinge a imprensa como um todo Grillo 2004 p 50 fun o do jornal informar Em alguns estudos relativos a essa fonte de textos presentes no jornal en
264. tende se que a imprensa contempor nea brasileira de refer ncia se funda sobre a no o de re presenta o do real e mobiliza formas capazes de evidenciar na im prensa a transpar ncia referente ao real por ela apresentado Parece ficar nas entrelinhas de v rios jornais se n o de todos o dado im portant ssimo de que o real o que mostrado por cada um deles 174 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Em termos de estrutura de textos jornal sticos preciso cau tela e certa clareza no que distingue o tipo textual do g nero textual Um tipo textual descritivo por exemplo pode estar presente no texto do g nero artigo editorial not cia entre outros Ao conceito de descri o h que se fazer justi a a sua impor t ncia no jornalismo como se verifica em Grillo 2004 A descri o jornal stica oscila constantemente entre uma descri o realista e a figura ret rica da hipotipose a primeira funciona exclusiva mente em fun o do referente enquanto a segunda inteiramente volta da para os desejos do leitor Grillo 2004 p 48 O jornal um grande aliado para a aula de l ngua dada a am plitude de possibilidade de estudo como j afirmado O uso desse material n o s vi vel como fundamental tudo depende de sua a bordagem Inicialmente parece nos capital levarmos os alunos refle x o a partir da leitura de um dado artigo not cia
265. tendo portanto um sujeito pro dutor do enunciado por outro lado o destinat rio ou enunciat rio da mensagem tamb m co autor do que exposto Isso pode ser provado uma vez que o enunciat rio pode at acrescentar conte dos impl citos Oliveira 2003 p 26 que o pr prio autor do texto n o havia pensado o que ilustra bem esse papel ativo dos enunciat rios 186 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Dessa forma negligenciar o enunciat rio no processo de constru o dos enunciados significa ter insucesso na atividade ver bal Por outro lado nortear a constru o discursiva a partir de quem ela endere ada conferir uma grande probabilidade de sucesso no entendimento da mensagem Tamb m sobre os diferentes enunciados importante saber mos que cada g nero discursivo ir pressupor uma adequa o do nosso comportamento para que haja o interc mbio social Nesse sen tido atuamos como verdadeiros atores nos diferentes cen rios da enuncia o Cf Silva 2005 p 77 A intera o entre os participan tes do ato de comunica o portanto tem muito em comum com a dos personagens no teatro Estamos todo o tempo representando Oliveira 2003 p 27 Por conta dos pressupostos relacionados observa se que deve haver um tipo de calibragem entre o que o enunciador pretende di zer e o que destinat rio da mensagem deve compreender Essa c
266. termos de produ o ou de compreens o e interpreta o S o estrat gias de uso do conheci mento que depende dos objetivos do usu rio da quantidade de co nhecimento dispon vel a partir do texto e do contexto bem como de suas cren as opini es e atitudes o que torna poss vel no momento da interpreta o reconstruir n o somente o sentido intencionado pe lo autor do texto como tamb m outros sentidos n o previstos ou n o desejados pelo autor As estrat gias textuais segundo a autora n o deixam de ser tamb m interacionais e cognitivas em sentido lato pois consistem na sele o de diferentes formas de organiza o dos elementos lingu sti cos do texto com vistas produ o de sentidos Cumprem portanto fun o interativa e cognitiva As estrat gias textuais s o de organi za o da informa o de formula o inser o reformula o de re ferencia o de balanceamento s o estas que motivaram a nossa in vestiga o neste estudo Um estudioso preocupado tamb m com a intera o Van Dijk que ao propor um modelo estrat gico de compreens o textual afirma A an lise estrat gica depende n o somente das caracter sticas textu ais como tamb m das caracter sticas do usu rio da l ngua tais como seus objetivos ou conhecimento de mundo Isso pode significar que o lei tor de um texto tentar reconstruir n o somente o significado intenciona do do texto como sinalizado de diversas formas
267. tes e a vontade enunciati va ou inten o do interlocutor p 54 A escolha do g nero ent o feita em fun o dos par metros da situa o que guiam a a o e estabelecem a rela o meio fim a qual estrutura b sica de uma atividade mediada Segundo Bronckart 1994 apud Koch 2002 uma a o de linguagem exige do agente produtor a escolha do g nero mais ade quado a organiza o sequencial ou linear do conte do tem tico e a sele o de mecanismos de textualiza o e enunciativos Para Schn luwly amp Dolz Koch 2002 p 56 o g nero utilizado como meio de articula o entre as pr ticas sociais e os objetos escolares Diante do exposto podemos citar a posi o de Marcuschi quando trata dos g neros textuais no artigo G neros textuais defi ni o e funcionalidade 2003 no qual o autor declara que h casos em que os aspectos determinam o g nero noutros a fun o e em outros ainda pode ser o ambiente discursivo e ou o suporte em que o texto aparece Nesse artigo Marcuschi define g nero como texto ma terializado em que se apresentam caracter sticas s cio comunicativas definidas por conte dos propriedades funcionais es tilo e composi o caracter stica p 23 Segundo Marcuschi quando se domina um g nero textual n o se domina uma forma lingu stica mas uma forma de realizar lin guisticamente objetivos espec ficos em situa es particulares visto 44 CADERNOS DO
268. textual de escolher num determinado contexto e consoante objetivos espec ficos entre repetir uma palavra ou substitu la por um pronome por um sin nimo ou simplesmente elidi la essa compet ncia que ori enta por exemplo o uso de um sin nimo mais ou menos coloquial mais ou menos intenso etc Os textos colhidos por n s evidenciam que os alunos utilizam pouco a substitui o por sin nimos para estabelecer a coes o A ob serva o do texto 2 por exemplo revela que o aluno quase sempre ao optar por uma palavra dar continuidade ao texto repetindo esse mesmo item lexical embora se tratasse de um contexto favor vel permuta entre termos que poderiam funcionar como sin nimos vi l es inimigos rivais malfeitores advers rios crimino sos delinquentes etc Observe 6 Meu irm o ca ula escreveu uma hist ria em que apareciam o Super Homem a Mulher Maravilha e o Homem Aranha Na hist ria o Ho mem Aranha combatiam contra todos E atacava as pessoas colocando a vida delas em risco Para impedir que os rivais ganhase ele usou seus poderes para vencer os rivais No final da hist ria todos os super her is derrotaram os rivais Raquel 12 anos 7 Meu irm o ca ula escreveu uma hist ria em que apareciam o Super Homem a Mulher Maravilha e o Homem Aranha Na hist ria os her is combatiam os vil es que atacava as pessoas colocando a vida delas em risco Para imp
269. tido em toda situa o comunicativa oral ou escrita existe um modo de orga niza o verbal socialmente constitu do que consagra um repert rio de estruturas enunciativas que orienta o falante no uso da l ngua e compreens o dos enunciados A partir deste ponto de vista a defini o de g nero n o se restringe somente s atividades liter rias mas corresponde a todo sistema regulador de produ o discursiva sedi mentado em uma sociedade com a finalidade de produzir efeitos de sentidos sobre o interlocutor situado em contexto de intera o A vis o de funcionamento da linguagem apresentada por Ba khtin trouxe uma s rie de contribui es na maneira de ler e compre ender os enunciados A partir da no o de g nero do discurso pos s vel observar um forte deslocamento das pr ticas de leitura no modo de organiza o das atividades de interpreta o no espa o escolar Uma das grandes modifica es foi o estudo da linguagem por meio da observa o do funcionamento da linguagem nos diferentes g ne ros discursivos Neste novo contexto o g nero tira de humor ser um dos textos que mais se apresentar nos exerc cios de interpreta o nos livros did ticos e no cotidiano de alguns educadores Do ponto de vista da compreens o enunciativa Possenti 1988 afirma que pa ra ler um texto de humor preciso ter um conjunto de compet ncias que possibilitem a interpreta o deste discurso A compet ncia para ler de hu
270. titui o s o a substitui o gramatical isto a retomada por pronomes ou por adv rbios a substitui o lexical a retomada por sin nimos hiper nimos ou por caracterizadores situa cionais e a elipse O recurso da sele o lexical a sele o de pala vras semanticamente pr ximas por ant nimos e por diferentes mo dos de rela o parte todo O recurso do estabelecimento de rela es sint tico sem nticas entre os segmentos textuais o uso de diferen tes conectores No presente trabalho focaremos as rela es obtidas pela rei tera o e pela associa o atentando para alguns de seus procedimen tos e recursos No estudo da constru o da coes o textual sobretudo nas es colhas empreendidas pelos falantes a fim de categorizar um determi nado estado de coisas as pesquisas em Lingu stica Textual Cf Ko ch 2003b 2004b Marcuschi 2007 t m adotado o conceito de refe rencia o que diz respeito a um tema h muito discutido pela Se m ntica a rela o entre os nomes e as coisas A seguir apresentamos um resumo de como a Lingu stica Textual tem compreendido esse conceito 7 Antunes 2005 explica que os caracterizadores situacionais s o express es descritivas que caracterizam a entidade anteriormente referida de acordo com as propriedades que s o perti nentes no contexto p 99 Como exemplo a Autora 2005 cita o caso em que a express o o aluno poderia num contexto espec fic
271. tivamente estruturados e fechados como o sistema de cores e os termos de parentesco por exemplo Ullmann 1964 esclarece que Trier elaborou a sua concep o de campos como setores estritamente entrela ados do vocabul rio no qual uma esfera particular est dividida classificada e organizada de tal modo que cada elemento contribui para delimitar os seus vizinhos e por eles delimitado Em cada campo o material bruto da experi ncia humana analisado e elaborado de um modo peculiar que difere de uma l ngua para outra e muitas vezes de um per odo para outro na hist ria do mesmo idioma Deste modo a estrutura Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 77 G NEROS TEXTUAIS dos campos sem nticos incorpora uma filosofia espec fica e uma escala de valores Ullmann 1964 p 510 511 Os partid rios da teoria dos campos sem nticos j foram criti cados porque muitas vezes exageraram na nitidez com que as pala vras se delimitavam umas s outras e compunham uma esp cie de mosaico sem quaisquer falhas ou sobreposi es Pensando na fun o coesiva dos campos sem nticos Antunes 2005 afirma que O procedimento da associa o sem ntica entre palavras constitui mais propriamente a chamada coes o lexical do texto pois restringe as rela es sem nticas as rela es de significado que se criam entre as u nidades do l xico substantivos adjetivos e verbos sobretudo Antu nes 2005 p 125 Como todo texto se const
272. tofic o h um questionamento tanto das no es de verdade quanto da identidade real do sujeito Klinger 2007 p 46 47 Para Serge Doubrovsky 1988 p 70 A autofic o n o nem autobiografia nem romance e sim no senti do escrito do termo funciona entre os dois em um re envio incessante em lugar imposs vel e inacess vel fora da opera o do texto J para Jacques Lecarme 1994 p 227 A autofic o um dispositivo muito simples um discurso no qual o autor o narrador e o protagonista tem a mesma identidade nominal e no qual o t tulo gen rico indica que se trata de um romance Com essa nfase na individualiza o do sujeito surgem tam b m as cr nicas da vida cotidiana e os cadernos onde os escritores registram seus projetos e desejos A individualidade entre em vigor sem as amarras dos modelos a leitura silenciosa a solid o a disso lu o dos modelos de conduta O sujeito passa a criar seus pr prios modelos e o autor n o foge a essa tend ncia em sua constru o po tica Diana Klinger 2007 p 51 afirma que A autofic o uma m quina produtora de mitos do escritor que funciona tanto nas passagens em que se relatam viv ncias do narrador quanto naqueles momentos da narrativa em que o autor introduz no rela to uma refer ncia pr pria escrita ou seja a pergunta pelo lugar da fala Nessa nova concep o o eu passa a construir sua vida atrav s da narrativa na fic o de si segu
273. tona o da narrativa Escolhendo o di rio ntimo como forma de relato nota se que a fragmenta o da narrativa inevit vel j que este tipo de texto constru do por pequenos fatos e intervalos constantes de tempo est em transforma o e segundo alguns autores n o tem fim Tratando se de uma escrita do dia a dia fica a crit rio do nar rador a ordem de apresenta o dos acontecimentos bem como a se le o dos fatos a serem relatados a coer ncia e o car ter da aborda gem Por m parte se do princ pio de que os mais importantes pr requisitos do di rio s o o comprometimento com a verdade e o ca lend rio e que al m disso a hist ria contada compromete se com a realidade do dia a dia Entretanto observa se que alguns autores se apropriam deste pressuposto para apresentar ao leitor um di rio ficcional ou seja uma adequa o do g nero diar stico a uma literatura inovadora em que o exerc cio da linguagem torna se uma representa o da experi ncia supostamente vivida pelo personagem comum no cotidiano Abordando se o vi s ficcional pode se colocar no mesmo pa tamar as mem rias e as autobiografias nas quais alguns autores se apropriam do modelo confessional para expor personagens e realida des imagin rias O registro diar stico est intimamente ligado mem ria ime diata em que o ato de escrever os acontecimentos vividos tamb m uma forma de imortaliz los e salv los do esqueciment
274. tor adequado nas demais se verifica a repeti o com uma inten o estil stica e discursiva No entanto nem sempre as estrat gias previstas ao texto es crito est o presentes nele verificou se que in meros textos traziam estrat gias pr prias do texto falado Esta evid ncia foi nas produ es das s ries iniciais e em menor escala nas s ries finais do ensino fun damental Este processamento espec fico se deve ao fato de que comum na produ o textual destes alunos perceber as marcas da o ralidade uma vez que estes co enunciadores produzem muito mais textos orais do que escritos e com aqueles conseguem estabelecer uma comunica o sem preju zos e de forma inconsciente mant m as mesmas estrat gias de processamento textual escrito com vistas a ser compreendido 130 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Hilol gicos e Lingu sticos CONSIDERA ES FINAIS Tem se observado nos trabalhos sobre texto e discurso que as teorias modernas defendem com precis o o papel ativo dos sujeitos enunciativos que participam organizam e selecionam as estrat gias necess rias ao estabelecimento da comunica o O elemento funda mental desta teoria centra se na percep o de que o conceito de texto est al m da simples materializa o lingu stica mas envolve um processamento de ordem cognitiva lingu stica e textual Mas a quest o que se coloca a seguinte ser que as escolas j compreendem es
275. tra o diferenciador o universo explorado nessas mensagens a pro paganda pol tica est voltada para a esfera dos valores ticos e soci ais e a publicidade comercial explora o universo dos desejos Carvalho 2000 ainda defende que o texto publicit rio dirige se a um receptor individual portador de desejos e aspira es e busca sua identifica o com um determinado produto Desse modo intro duz o consumidor no universo do l dico e do maravilhoso e estabe lece seus pr prios valores est ticos em busca de uma persuas o sedu tora O que cabe mensagem publicit ria na verdade tornar fa miliar o produto que est vendendo ou seja aumentar sua banalida de e ao mesmo tempo valoriz lo com certa dose de diferencia o a fim de destac lo da vala comum Acima de tudo publicidade discurso linguagem e portanto manipula s mbolos para fazer a me 23 Estas observa es se devem originariamente a Jakobson 1960 Nos ltimos anos ela foi desenvolvida de v rias formas por diversos autores ver Criper e Widdowson 1975 p 195 200 Halliday 1973 p 9 21 Leech 1974 p 47 50 178 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos dia o entre objetos e pessoas utilizando se mais da linguagem do mercado que a dos objetos Em sua forma de interagir a linguagem publicit ria se carac teriza pelo refor o do individualismo Toda a estrutura publicit
276. tre produtor e receptor Entre as tipologias textuais conhecidas est o a Disserta o Argumenta o a Narra o a Descri o a Exposi o o Di logo e a Injun o Alguns autores no entanto nem sempre consideram essas seis categorias como Marcuschi por exemplo que limita a cinco o n mero considerando Injun o e Di logo a mesma tipologia pre dominando a primeira terminologia Marcuschi 2005 Mas h um consenso de que a express o tipo textual utilizada para denominar 2 N o abordaremos neste artigo os detalhes de cada tipo textual por se tratar de uma breve pesquisa a qual procura apontar a heterogeneidade tipol gica em um g nero espec fico Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 45 G NEROS TEXTUAIS a constru o te rica que definida pela natureza lingu stica de sua composi o Marcuschi apud Marra 2006 p 4 A Disserta o e ou Argumenta o segundo Koch 2006 p 17 nada mais que o meio de orientar o discurso no sentido de de terminadas conclus es Sendo assim atrav s de um texto oral ou escrito o falante escritor pode convencer ou persuadir o ouvinte leitor O segundo tipo citado a Narra o que ocorre quando uma hist ria narrada incluindo se assim tempo espa o personagens etc J a Descri o uma informa o mais pontual detalhada so bre algo ou algu m No que diz respeito sequ ncia expositiva conforme estudos recentes de diversos pesquisado
277. tro de Schiller H lderlin intui nessa querela o seu aspecto dial tico e nesse sentido a com preens o do tr gico poderia servir de chave para a solu o dessa quest o porque o tr gico n o pode prescindir do conflito da duali dade Seguindo Schelling H lderlin est enunciando que a trag dia realiza uma transi o uma media o entre a forma sens vel e o conte do espiri tual ou que a trag dia exp e a intui o da unidade mais profunda a uni dade do todo a totalidade origin ria define a trag dia grega como a apresenta o conciliadora das contradi es da raz o A trag dia ex prime a colis o entre uma for a que une e uma for a que divide Ma chado 2006 p 141 142 Os gregos eram pessoas essencialmente m sticas e para eles o sofrimento estava relacionado ao pathos sagrado Esse povo possu a um desejo incomensur vel infinito do conhecimento de deus O destino natural do ser humano ser finito mortal mas o homem pre tende atrav s do conhecimento divino transgredir essa finitude Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 149 G NEROS TEXTUAIS A Gr cia assim descoberta por H lderlin em suma a Gr cia tr gi ca se a ess ncia do tr gico como dizem as observa es for esse acasa lamento monstruoso do deus e do homem esse tornar se um ilimitado e essa transgress o hybris do limite que a trag dia num long nquo eco de Arist teles tem precisamente como fun o purifica
278. tual pela An lise do Discurso e pela Pragm tica parece consenso entre os professores e te ricos que o trabalho com a l ngua precisa ser desenvolvido a partir do texto No entanto n o se trata de transferir as atividades de classifi ca o metalingu stica das frases soltas para as frases retiradas do tex to Conforme ficou claro o texto possui regularidades que s o quali tativamente diferentes das da frase Tendo estabelecido o texto como objeto de ensino cumpre refletir acerca do modo como ele deve ser abordado na sala de aula ou seja urge disponibilizar propostas para que os professores possam efetivamente tornar o trabalho com o tex to uma oportunidade para se aprimorar a compet ncia comunicativa de seus alunos A Lingu stica Textual recebendo contribui es das correntes e ci ncias vizinhas procurou investigar essas regulares que fazem com que um texto seja um texto e n o um amontoado de frases Co mo tivemos a oportunidade de observar Antunes 2005 destaca a coes o como uma dessas propriedades Segundo a Autora 2005 a coes o que garante as necess rias retomadas a fim de se garantir a continuidade de sentidos ela que garante a costura estabelecendo rela es sem nticas entre os diferentes segmentos do texto Antunes 2005 observou que a coes o resulta dessas rela es textuais que se distinguem em fun o do tipo de rela o que estabelecem A Autora 2005 estabeleceu tr s tipologias para essas r
279. tual e os confere aos co enunciadores que se sentem pertencentes situa o proposta na cenografia Al m disso o enunciador conta com situa es pr prias da p s modernidade como o discurso tecnol gico as imagens gr fi cas a sele o lexical carregada de autoridade t pica de um manual de instru es etc e assim o seu discurso elabora a cenografia Estes recursos n o alteram a pragm tica do quadro c nico BIBLIOGRAFIA BAKHTIN Mikhail Est tica da cria o verbal 4 ed S o Paulo Martins Fontes 2003 BORGENICHT Louis BORGENICHT Joe Beb manual do pro priet rio instru es e conselhos para a solu o de problemas e ma nuten o permanente S o Paulo Gente 2005 HALL Stuart A identidade cultural na p s modernidade 11 ed Rio de Janeiro DP amp A 2006 MAINGUENEAU Dominique An lise de textos de comunica o 5 ed S o Paulo Cortez 2008 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 95 G NEROS TEXTUAIS Novas tend ncias em An lise do Discurso 3 ed S o Paulo Pontes 2007 MULLER Ver nica Regina Hist ria de crian as e inf ncias regis tros narrativas e vida privada Petr polis Vozes 2007 http cortar na casaca blogspot com 2008 06 arte reborn html aces sado em 02 de julho de 2008 96 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos ENTRELA AMENTO DOS PLANOS DA LINGUAGEM NA LITERATURA JUVENIL CONTEMPO
280. tual est por exemplo a habilidade de lidar com os g neros discursivos formas de comunica o social mente compartilhadas Para tanto preciso conhecer as caracter sti cas do g nero seus espa os de circula o suas finalidades sua es trutura composicional etc Para se desenvolver tal compet ncia co municativa Travaglia 2005 exp e que se deve propiciar o contato e o trabalho do aluno com textos utilizados em situa es de intera o comunicativa o mais variadas poss vel p 19 O nosso objetivo neste trabalho o de examinar os recursos empregados por alunos na constru o da coes o de seus textos Para tanto formamos um corpus em que sobressaem as escolhas lingu s ticas feitas por alunos do 7 ano antiga 6 s rie Do ponto de vista estrutural esse artigo est organizado em quatro partes A primeira uma introdu o que se destina a apresen tar um panorama do que vai ser discutido ao longo do artigo A segunda ser destinada apresenta o dos pressupostos te ricos sendo essa parte subdividida em quatro se es Na primeira se o nosso prop sito ser a partir das reflex es de Antunes 2005 expor algumas considera es a respeito das caracter sticas do texto Na segunda apresentaremos uma s ntese do modo como se tem en tendido o conceito de textualidade A terceira ser dedicada a um re sumo do conceito de referencia o Mondada amp Dubois 2003 A quarta se o a
281. u stico discursivas partes componentes da compet n cia leitora dos estudantes Transformar as formas de tratamento vigentes inovando as e imprimindo lhes um tom pitoresco propriedade do discurso liter rio corpus do presente trabalho No ensino tradicional da l ngua materna cujo foco vale a pena relembrar dirige se para o uso do texto como pretexto a fim de desenvolver a compet ncia l xico gramatical do aluno baseando se na dicotomia certo errado trabalho portanto dissociado da correla o entre essa compet ncia e a diversidade de g neros textuais a abordagem das formas de tratamento vincula se ao g nero utilit rio especificamente produ o de correspond ncias particular oficial e 19 Em virtude de ser uma pesquisa que enfoca a l ngua portuguesa a problem tica que envol ve as no es de enunciador escritor autor n o ser abordada nem tampouco haver espa o para o aprofundamento das quest es pertinentes ao ethos Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 99 G NEROS TEXTUAIS empresarial cartas em geral abaixo assinado memorando of cio exposi o de motivos requerimento etc Tendo em vista esse processo interacional o professor apre senta ao estudante os v rios tipos de formas de tratamento e as pres cri es para empreg las As normas fundamentam se em uma rela tiva flexibilidade no tocante a intera es particulares e em uma to tal rigidez pertinente aos eventos comunicativos
282. ual expresso de modo indireto o que pode criar para o leitor um obst culo poten cial no curso da comunica o conforme se verifica ao interpretar cartuns Essa comunica o indireta representa por outro lado um risco para o autor do texto porque a mensagem real pode n o ser i dentificada ou pode ser ignorada Em qualquer evento comunicati vo h muito mais do que uma simples troca de c digos sejam ver bais e ou n o verbais h um jogo social e os leitores devem ficar a par das regras desse jogo para poderem jog lo convenientemente Como vimos a Pragm tica oferece ferramentas para a interpreta o desse tipo de mensagem A teoria das implicaturas conversacionais de Grice 1975 le va em conta a necessidade de o leitor ou ouvinte co partilhar o pac to comunicativo e observar como as mensagens s o constru das e in terpretadas se o ato comunicativo for bem sucedido e eficiente As quatro categorias de m ximas estabelecidas caracterizam essa co opera o o leitor ou ouvinte assume que o autor ou falante est falando ou escrevendo ou desenhando algo que relevante para o estado corrente do ato comunicativo informando nada de mais nem de menos do que o necess rio comunicando claramente evitando obscuridade ou ambiguidade Assim quando esses elementos apare cem no evento comunicativo o leitor ou ouvinte reconhece que precisa buscar a implicatura para inferir sobre a mensagem transmi tida porque o aut
283. ue desfruta algo dur vel e permanente considerando a uma arte menor Idem p 123 Coutinho juntamente com Jorge de S e Ant nio Dimas in tegra um grupo de te ricos que reconhece as peculiaridades do g ne ro sem por isso julg lo menor Falta definir a intimidade que tor naria a cr nica t o insepar vel do jornal visto que o fato de diversos romances terem sido publicados primeiramente em folhetins no s culo XIX n o os descaracteriza enquanto liter rios embora a maio ria deles tenha sido revista para a publica o em livro A cr nica sim escrita especificamente para o jornal mas isso n o pressuposto para uma mediocridade inevit vel Ant nio Dimas no ensaio Ambiguidade da cr nica literatu ra ou jornalismo prop e hip teses para o desinteresse acad mico em rela o ao g nero na d cada de 70 Ja raz o inconfess vel desse comportamento estaria talvez no desconhecimento do conjunto global da mat ria ou ainda no h bito dis torcido de desvaloriz la face aos grandes romances ou grandes poemas 1974 p 46 evidente que os crit rios que norteiam a desvaloriza o da cr nica perante o romance e a poesia residem no tempo dedicado ao aprimoramento de texto Contudo n o seria generaliza o supor que todo texto composto em pouco tempo inferior N o h de fato be l ssimas cr nicas que sobreviveram urg ncia da ocasi o como a ltima cr nica de Fernand
284. ue o enunciado consiga de fato ser entendido por ambos interlocutores Um enunciador por exemplo ao utilizar na composi o de seu enunciado diversos termos que s o sabidamente desconhecidos de seus enunciat rios pode vir a mostrar algumas de suas inten es comunicativas atrav s dessas pistas Nesse caso n o haver uma i dentifica o estabelecida entre os sujeitos que pode ser evidenciada atrav s desses termos que s o acionados na superf cie dos textos Es sas marcas nos enunciados poder o denotar um tipo de manipula o da linguagem pelo seu enunciador Tal estrat gia de elabora o textual pode ser evidenciada nos textos da an lise em estudo os contratos de empresa de sa de As acep es acerca da linguagem vinculada nesse g nero textual espec fico motivaram a desenvolver a pesquisa acerca desses textos que podem ter os seus componentes contextuais caracterizados pela se guinte representa o enunciativa Enunciador que geralmente a empresa de sa de enunciat rio o cidad o que quer adquirir aquele produto e o contrato texto que a ferramenta de intera o desta rela o comunicativa Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 185 G NEROS TEXTUAIS Pretende se delimitar nesse artigo algumas das pistas enun ciativas vinculadas nesses textos que demonstram o perfil dos sujei tos participantes dessa situa o comunicativa Para tanto necessita se debru ar um pouco mais sobr
285. unicipal a execu o de obras e a presta o de servi os ao munic pio e a popula o de Br s Pires 4 AN SIO FERREIRA CABRAL conhecido popularmente co mo An sio do Romir concorre ao cargo de vice prefeito Tem 42 anos de idade natural de Br s Pires casado pai de 02 filhas crist o fervoro so trabalhador honesto cidad o consciente e comprometido com o bem estar de nosso povo An sio agricultor e propriet rio de uma linha de leite na qual ele mesmo trabalha Morador da fazenda Fumal An sio conhecido em toda regi o devido aos servi os que presta ao povo 5 Chico e An sio lutar o unidos com o povo pela sa de p blica pela edu ca o pelo lazer pelo apoio ao produtor e na micro e pequena empresa pelos direitos do funcionalismo e pela igualdade entre os cidad os bras pirenses 6 Se voc deseja uma Br s Pires desenvolvida um povo orgulhoso e feliz por aqui habitar vote em quem carrega consigo um prop sito sin cero de bem de paz de progresso e justi a 7 Chico e An sio trabalhar o em todo per odo de seus mandatos unicamente em favor do povo braspirense 8 VOTE PT VOTE 13 Agora Chico e An sio AGORA 13 Br s Pires para todos 9 DEPUTADO FEDERAL C SAR MEDEIROS Apoiando esta candidatura 14 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Huminense de Estudos Filol gicos e Linguisticos O plano geral do santinho A apresenta se da seguinte ma neira a apresenta
286. urs soci t Paris Seuil 1975 WEINRICH Harald Le temps Le recit et le commentaire Paris Seuil 1973 Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 21 G NEROS TEXTUAIS A CR NICA EM FOCO REVIS O DA CR TICA E AN LISE DAS CARACTER STICAS DO G NERO Aline Aim e alineaimee O hotmail com O hibridismo inerente ao g nero cr nica tem causado certa pol mica e algum mal estar cr tica liter ria Estudos variados fo ram feitos no sentido de compreender esse g nero Afr nio Couti nho Ant nio C ndido e Massaud Mois s chegaram a tra ar tipologi as do g nero e Ant nio Dimas investigara o seu grau de literarie dade Ocorre que diante do hibridismo inerente ao g nero dispari dades classificat rias t m se confrontado De um lado a considera o da cr nica enquanto g nero menor de outro a d vida sobre sua natureza jornal stica ou liter ria Contudo nos perguntamos se tais considera es e d vidas t m se tecido sob crit rios adequados e ain da se cabe encerrar o g nero em um ou outro setor Tratando das cr nicas machadianas Luiz Costa Lima inicia o ensaio Machado Mestre de capoeira com a seguinte afirma o A cr nica reconhecidamente um g nero menor Lima 2002 p 327 Afirma o de mesma natureza feita por Ant nio Candido logo no primeiro par grafo do ensaio A vida ao r s do ch o embora ele busque reduzir o impacto da assertiva explicando que isso bom
287. vam venda e consequentemente n o teria sa da Logo ele que n o gostava de perder nem partida de gam o tinha a cabado de perder aquela que podia ser a partida da sua vida Estava em cana E s ent o percebeu o quanto era forte a sua certeza de que jamais seria preso Voara cada vez mais alto sem jamais pressentir o tombo Ao contr rio quanto mais altura ganhava mais remotos lhe pareciam o ch o e a perspectiva de espatifar se nele J ca ra nas m os da pol cia antes flagrado vencido mas executara a acrobacia exata para sair de dentro da baleia inteiro limpo pronto para outra como nos desenhos animados Por tudo isso a sensa o de estar preso lhe era antinatural aberrativa como se chegasse o dia em que Tom engolisse Jerry de verdade e para sempre Fiuza 2004 p 110 medida que vai ganhando consci ncia de seus atos a luz vai se apagando os cen rios v o se tornando sombrios e escuros e o dia vai dando lugar noite a alegria tristeza o entusiasmo sobri edade a liberdade pris o O cap tulo se encerra apontando essa contraposi o selvagem entre a luz e a escurid o Jo o voltou ante sala e foi conduzido por tr s agentes para um cor redor externo do pr dio principal da delegacia Havia entrado ali ainda com a luz do dia e a vis o noturna do lugar com o largo v o escuro lhe deu calafrios J tinham entrado pela madrugada e teve a impres s o de que seus guias buscavam u
288. vas obras que acolhem velhos materiais A dramaticidade a tens o a compaix o e o terror e a velha catarse aristot lica encontram espa o nesses textos com que a literatura de consumo vem atraindo leitores e pesquisadores Arist teles ao analisar a trag dia na Po tica iniciou uma nova teoria privilegiando os seus aspectos formais e classificat rios De fato esse g nero apresenta estruturas formais bem t picas A tra g dia uma m quina que lida com a elabora o de um artefato t c nico do qual saem micro estruturas que rivalizam entre si Essa m quina t o bem articulada que pode ser representada por equa es A partir do s culo XVIII mais do que o aspecto po tico ou tros componentes da trag dia v o inquietar os estudiosos da quest o a dial tica o jogo dram tico os conflitos e tens es presentes nesse g nero liter rio Esses pensadores n o v o mais abordar a trag dia mas o fen meno tr gico a tragicidade que consiste nos efeitos da sublima o dessa forma A reflex o passa a ocupar um lugar de des taque muito maior do que seus elementos estruturais Podemos dizer ent o que o tr gico n o est presente apenas na trag dia mas representa a ess ncia da condi o humana dizendo respeito ao pr prio ser sua identidade vontade e unidade No presente trabalho procurarei analisar os vest gios do tr gico numa das obras acima citadas no caso Meu Nome n o Johnny de Guilherme F
289. xplicitam o tema tendem a repetir se ao longo do texto com o objetivo de marcar a continuidade Nos textos produzidos por nossos alunos a repeti o fre quentemente empregada Exemplo disso est no n mero de ocorr n cias do lexema carro no texto 1 Dos 40 contextos em que sua o corr ncia era virtualmente poss vel o lexema atualizou se 33 vezes 82 5 Ou seja todas as outras estrat gias as substitui es por pronomes sin nimos hiper nimos ou elipses ocorreram em ape nas 07 casos 17 59 Cumpre ressaltar que esse referente era um 66 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos dos respons veis pela constru o da unidade tem tica do texto Ob serve o seguinte exemplo em que as repeti es lexicais feitas por um aluno encontram se destacadas 1 Meu tio teve que levar seu carro a uma oficina pois o carro estava cheio de defeitos bancos estavam furados os amortecedores estavam quebrados e o motor n o funcionava direito O mec nico disse que o carro estaria pronto dentro de tr s semanas Mas meu tio disse que isso era muito tempo e que o carro n o poderia ficar tanto tempo sem andar O mec nico prometeu ent o consertar o carro em uma semana Lean dro 12 anos Considerando as escolhas feitas pelos outros alunos podemos chegar a algumas conclus es a respeito das restri es pragm tico funcionais que influenciaram na maneira como os
290. xtos bem formados em situa es de intera o 5 A produ o de textos uma atividade tematicamente ori entada De um modo geral o discurso humano primordialmente constru do por cadeias de proposi es a respeito de uma mesma id ia central Isto em ltima an lise garantir a coer ncia do discurso por assegurar lhe uma unidade tem tica Mesmo que o t pico seja des membrado em subt picos a unidade garantida exatamente essa no o do todo que orienta a distribui o da informa o e a contribui o de cada segmento para a constru o do sentido global 6 A produ o de textos uma atividade intencionalmente de finida A produ o de textos uma atividade finalisticamente orien tada ou seja quando escrevemos desejamos alcan ar determinado objetivo E para tanto colocamos em pr tica determinadas estrat gias ainda que nem sempre isso seja feito de modo consciente por 58 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos esse vi s que comprovamos que falar ou escrever uma forma eficaz de agir Koch 2004 Fiorin 2004 7 A produ o de textos uma atividade que engloba especi ficidades pragm ticas A produ o de textos leva em conta os fato res contextuais que circundam a intera o os conhecimentos pr vios dos interlocutores e tamb m os conhecimentos compartilhados por eles O sentido dependente desses fatores pragm ticos
291. za o de fatores como a sistematicidade a objetividade o distanciamento do objeto t o caros lingu stica do in cio do s c XX Dentro desse contexto epistemol gico surgem no s c XVIII os estudos gramaticais filos ficos de Port Royal contrapondo o sis tem tico l gico que seria a pr pria Gram tica ao ideol gico mar cado pela Estil stica Enquanto a Gram tica estava preocupada com as regularidades do sistema lingu stico a Estil stica tentava dar conta dos aspectos mais subjetivos idiossincr ticos excepcionais A esti l stica tornava se assim um lugar de excepcionalidades notadamen te textuais O s c XIX ficar marcado pelos estudos filol gicos compa rativistas hist ricos atrav s de an lises de textos Por m os textos ser o tomados enquanto produtos documentos escritos e n o como processos como era a perspectiva naquele momento de Hum boldt por exemplo Rio DE JANEIRO CIFEFIL 2008 121 G NEROS TEXTUAIS Com o advento da lingu stica moderna a partir de Ferdinand de Saussure e de sua obra Curso de Lingu stica Geral publicada postumamente em 1916 por alguns de seus alunos a rela o entre l ngua gem e texto deslocada em rela o perspectiva ante rior hist rico comparativista em que o texto se sobrepunha l ngua A defini o saussureana do objeto da lingu stica negou ao texto um lugar te rico dentro dessa disciplina naquele momento Out
292. zado o Expositivo quando o escritor informa que A justificativa dos senadores era que os deputados haviam aumentado a verba de gabinete de R 50 8 mil para R 60 mil para contratar pessoal No 5 par grafo encontramos pelo menos tr s Tipologias tex tuais a Argumenta o a Narra o e a Exposi o A primeira est presente na ora o Na ltima semana essa farra registrou eventos de not ria repercuss o em que o editorialista faz uma avalia o negativa da contrata o sem concurso citada no par grafo anterior resumindo a atitude dos senadores como uma farra J a Narra o e a Exposi o est o presentes no enunciado No dia 30 o Di rio Ofi cial da Uni o publicou a medida provis ria que transformou em mi nist rio a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca e criou 295 car gos para serem preenchidos sem concurso p blico Ainda no 5 pa r grafo h outra informa o que caracteriza uma Exposi o quando o autor do editorial cita que Os sal rios para os 295 cargos criados para o novo minist rio variam entre R 1 977 31 e R 10 448 50 CADERNOS DO CNLF VOL XII N 07 Circulo Fluminense de Estudos Filol gicos e Lingu sticos Ao informar no 6 par grafo Foi quebrado o recorde ante rior de 37 minist rios Agora s o 38 um quadro in dito e muito desagrad vel na vida pol tica da Rep blica o autor exp e um acon tecimento ao declarar que houve um aumento

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