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andrea antico soares o assédio moral no trabalho

1. ATA DA DEFESA P BLICA DE DISSERTA O Mestranda Andr a Antico Soares T tulo O Ass dio Moral no Trabalho Luz dos Direitos Humanos e Fundamentais e da Dignidade da Pessoa Humana Linha de Pesquisa Constru o do Saber Jur dico Aos vinte e quatro dias do m s de fevereiro de dois mil e doze com in cio s 08h realizou se nas depend ncias do Centro Universit rio Eur pides de Mar lia UNIVEM a Defesa P blica da Disserta o de Mestrado A Banca Examinadora constitu da pelos Professores Dr Edinilson Donisete Machado orientador docente do Centro Universit rio Eur pides de Mar lia Dr Lafayette Pozzoli docente do Centro Universit rio Eur pides de Mar lia e Dr Alexandre Walmott Borges docente da Universidade Federal de Uberl ndia UFU MG arguiu a candidata tendo a examinada sido com nota Ao CM Encerradas as atividades foi lavrada a presente a ata que posteriormente segue assinada pelos membros da Banca Examinadora Observa es BANCA EXAMINADORA PROF DR EDINILSON DONISETE MACHADO Orientador gt EUA Centro Universit rio Eur pides de Mar lia PROF DR LAFAYETTE POZZOLI Centro Universit rio Euripides de Mar lia PROF DR ALEXANDRE WALMOTT BORGES IES Universidade Federal de Uberl ndia UFU MG MESTRANDA ANDREA ANTICO SOARES CCL E Prbf Dr Tatgais Pool Coordenador do Programa de Mestrado UNIVEM
2. econ mica do mundo do ser 82 O artigo 170 da Constitui o Federal estabelece como fundamento da ordem econ mica a valoriza o do trabalho e da livre iniciativa e como objetivo a assegurar a exist ncia digna conforme os ditames da justi a social Observou se ainda que a ordem econ mica se baseia nos seguintes princ pios soberania nacional propriedade privada fun o social da propriedade livre concorr ncia defesa do consumidor defesa do meio ambiente redu o das desigualdades sociais e regionais busca do pleno emprego e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitu das sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administra o no Pa s Os princ pios que tratam da fun o social da propriedade e defesa do meio ambiente s o princ pios que possuem mais intimidade com o tema em estudo Silva 2011 p 723 ensina que os princ pios da ordem econ mica se revelam mais tipicamente como objetivos da ordem econ mica como por exemplo a busca do pleno emprego De toda forma constituem preceitos condicionadores da atividade econ mica Ao tratar da fun o social da propriedade como fundamento da ordem social Silva 2011 p 745 ressalta que a principal import ncia disso est na sua compreens o como um dos instrumentos destinados realiza o da exist ncia digna de todos e da justi a social Quando se transp e esse princ pio para a esfera da empresa verifica se que a fun o social
3. es no plano secund rio Emergia dos processos revolucion rios pol ticos sociais e econ micos da poca outra revolu o desta vez promovida pelo proletariado MARTINEZ 2011 p 37 Contextualizava se nesse momento a transforma o do Estado Liberal para o Estado Social diante da necessidade de interven o estatal nas rela es do trabalho em raz o dos abusos que vinham sendo cometidos pelos empregadores a ponto de serem exigidos servi os em jornadas excessivas para homens e mulheres de mais de 16 horas por dia ou at o p r do sol pagando metade ou menos dos sal rios que eram pagos aos homens MARTINS 2009 p 6 Neste cen rio a Revolu o Russa de 1917 abria caminho para o Estado socialista despertando ao mundo a necessidade de assegurar aos trabalhadores um n vel de vida compat vel com a dignidade humana A primeira Constitui o que tratou substancialmente dos direitos dos trabalhadores foi a do M xico em 1917 O artigo 123 da referida norma estabelecia jornada de oito horas proibi o de trabalho de menores 12 anos limita o da jornada dos menores de 16 anos a seis horas jornada m xima noturna de sete horas descanso semanal prote o maternidade sal rio m nimo direto de sindicaliza o e de greve indeniza o de dispensa seguro social e prote o contra acidentes do trabalho MARTINS 2009 p 8 A partir do t rmino da primeira guerra mundial surge o que pode ser chamado de Constituci
4. e 196 e pelas Conven es n 155 e 161 da OIT que como antes assinalado integram o ordenamento jur dico nacional com dignidade de norma constitucional qual seja o direito a sa de do trabalhador que constitui uma dimens o do direito pr pria vida Tanto assim que a sexagen ria CLT estabelece no seu art 157 uma s rie de medidas que o empregador deve adotar visando prevenir contra a fadiga doen as f sicas e mentais e acidentes de trabalho LIMA FILHO 2009 p 90 A conduta prevista no artigo 483 letra a da CLT pode caracterizar a figura il cita do ass dio moral acarretando n o apenas a indireta rescis o contratual por culpa do empregador mas tamb m o obrigando a indenizar pelos danos materiais e morais causados sa de da v tima constituindo verdadeiro e inamiss vel atentado contra a dignidade humana pois afeta De acordo com as al neas do artigo 483 da CLT ensejam justa causa do empregador as seguintes quando a forem exigidos servi os superiores s suas for as defesos por lei contr rios aos bons costumes ou alheios ao contrato b for tratado pelo empregador ou por seus superiores hier rquicos com rigor excessivo c correr perigo manifesto de mal consider vel d n o cumprir o empregador as obriga es do contrato e praticar o empregador ou seus prepostos contra ele ou pessoas de sua fam lia ato lesivo da honra e boa fama f o empregador ou seus prepostos ofenderem no fisicamente
5. es O sujeito tem um senso grandioso da sua pr pria import ncia E absorvido por fantasias de sucesso ilimitado de poder 109 Acredita ser especial e singular Tem excessiva necessidade de ser admirado Pensa que tudo lhe devido Explora o outro nas rela es interpessoais N o tem a menor empatia Inveja muitas vezes os outros Das provas de atitudes e comportamentos arrogantes 2009 p 142 Hirigoyen 2009 p 143 149 ainda destaca que o sujeito narciso n o tendo subst ncia vai parasitar o outro tentando aspira lhe a vida incapaz de estabelecer um relacionamento saud vel S consegue estabelec lo por meio de mecanismos perversos de malignidade destrutiva Sente prazer com o sofrimento e humilha o alheios Como vampiro alimenta se da subst ncia do outro insens vel sem afeto n o sofre o sujeito que inveja a vida alheia especialmente daqueles que possuem coisas que lhe faltam O motor do perverso a inveja e o objetivo a apropria o Anula todo entusiasmo em torno do outro buscando demonstrar que tudo mal Com seu pessimismo leva o outro a um mecanismo depressivo para em seguida censur lo megaloman aco pois acredita ser acima do bem e do mal com sua superioridade demonstra irrepreens veis valores morais que confundem e d o boa imagem de si Quando esta em um relacionamento com o outro seu objetivo seduzi lo mant lo preso enquanto for til Enfim o perverso abs
6. o depois de ter sido definido como um caso de discrimina o numa primeira abordagem Cabe ressaltar que em uma demanda trabalhista na qual pretende ressarcimento do dano sofrido decorrente do ass dio moral no trabalho a v tima tende a se encontrar em condi es desfavor veis para a produ o da prova acerca dos fatos Conv m lembrar as li es de Hirigoyen 2005 p 55 no sentido de que a v tima geralmente escolhida em fun o de suas caracter sticas pessoais mais do que das profissionais Destaca a autora que em qualquer uma das circunst ncias a v tima v tima porque foi designada como tal pelo agressor perverso inocente pelo crime que vai pagar Entretanto mesmo as testemunhas da agress o desconfiam dela tudo ocorre como se n o pudesse haver uma v tima inocente Ademais Hirigoyen 2005 p 18 relata que o estilo de agress o varia de acordo com os meios socioculturais e setores profissionais Nos setores de produ o a viol ncia mais direta verbal e f sica Quanto se eleva na hierarquia e na escala sociocultural mais se verificam as agress es sofisticadas perversas e dif ceis de caracterizar Dessa forma pode se afirmar que o magistrado pode encontrar dificuldades em contextualizar o ass dio moral durante a instru o probat ria Primeiro porque na maioria das vezes a ofensa insidiosa silenciosa tornado se quase imposs vel de ser provada Exemplo disso que uma das formas mais util
7. que entende que as posi es podem ser alteradas de acordo com a rela o estabelecida em cada caso concreto Embora seja mais comum encontrar casos em que o empregado assediado pelo empregador ass dio moral vertical descendente certo tamb m que ele pode ocorrer entre colegas ass dio moral horizontal bem como por um empregado ou at mesmo por um grupo de empregados contra seu superior hier rquico ass dio moral descendente De toda forma Hirigoyen 2009 p 152 entende que em qualquer uma das circunst ncias a v tima v tima porque foi designada como tal pelo agressor perverso inocente pelo crime que vai pagar Entretanto mesmo as testemunhas da agress o desconfiam dela Tudo ocorre como se n o pudesse haver uma v tima inocente 111 N o h um perfil psicol gico padr o para as v timas Existem contextos profissionais em que os procedimentos de ass dio moral podem se desenvolver mais livremente N o s o apenas os meios nos quais prevalecem um intenso n vel de estresse e m organiza o mas tamb m as pr ticas de gest o pouco claras ou mesmo francamente perversas que se constituem em uma autoriza o impl cita s atitudes perversas individuais HIRIGOYEN 2005 p 187 As v timas s o geralmente pessoas excessivamente competentes ou que ocupam espa o demais Os dirigentes que n o se sentem suficientemente seguros de si temem as pessoas muito independentes ou que t m uma personalidade
8. 2010 p 69 sustenta o car ter multidimensional da dignidade da pessoa humana e formula uma proposta de conceitua o Jur dica da dignidade da pessoa humana que al m de reunir a dupla perspectiva ontol gica e instrumental referida procura destacar tanto a sua necess ria faceta intersubjetiva e portanto relacional quanto a sua dimens o simultaneamente negativa defensiva e positiva prestacional 31 Assim sendo temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intr nseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e considera o por parte do Estado e da comunidade implicando neste sentido um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano como venham a lhe garantir as condi es existenciais m nimas para uma vida saud vel al m de propiciar e promover sua participa o ativa e correspons vel nos destinos da pr pria exist ncia e da vida em comunh o com os demais seres humanos mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede da vida SARLET 2010 p 70 Para al m da vincula o do Estado tamb m a ordem comunit ria e portanto todas as entidades privadas e os particulares encontram se diretamente vinculados pelo princ pio da dignidade da pessoa humana Essa constata o implica no reconhecimento da exist ncia de deveres de prote o e respeito tamb m na esfera das rela
9. 2011 MARTINS Sergio Pinto Dano moral decorrente do contrato de trabalho 2 ed S o Paulo Atlas 2008 Direito do trabalho 25 ed S o Paulo Atlas 2009 MARTINS Flademir Jer nimo Belinati Dignidade da pessoa humana princ pio constitucional fundamental 1 ed Curitiba Juru 2010 MAUER B atrice Notas sobre o respeito da dignidade da pessoa humana ou pequena fulga incompleta em torno de um tema central In SARLET Ingo Wolfgang Org Dimens es da Dignidade ensaios de filosofia do direito e direito constitucional 2 ed Porto Alegre Livraria do Advogado 2009 199 MILAR dis Direito do meio ambiente doutrina jurisprud ncia gloss rio 5 ed S o Paulo Revista dos Tribunais 2007 NASCIMENTO Amauri Mascaro Direito contempor neo do trabalho S o Paulo Saraiva 2011 NASCIMENTO Sonia Mascaro Ass dio moral S o Paulo Saraiva 2009 NUNES Luiz Ant nio Rizzatto O princ pio constitucional da dignidade da pessoa humana doutrina e jurisprud ncia S o Paulo Saraiva 2002 NUNES Luiz Roberto Dignidade da pessoa humana In POZZOLI Lafayette SPLICIDO Cristiane Org In Teoria Geral do Direito ensaios sobre dignidade humana e fraternidade Birigui SP Boreal 2011 ORGANIZACI N MUNDIAL DE LA SALUD OMS Sensibilizando sobre el acoso psicol gico em le trabajo S rie Protecci n de la salud de los trabajadores n 04 Genebra 2004 Dispon vel em http www who int occupa
10. 7 8 no sentido de que a hist ria do Direito do Trabalho identifica se com a hist ria da subordina o do trabalho subordinado Verifica se que a preocupa o maior a prote o do hipossuficiente e com o emprego t pico Resumindo o que j foi exposto Martinez 2011 p 40 elabora um cronograma hist rico do Direito do Trabalho dividindo o em quatro fases A primeira fase entendida como de forma o estende se do in cio do s culo XVIII com a publica o das primeiras normas trabalhistas e 1802 at o instante de efervesc ncia coincidente com a publica o do Manifesto Comunista em 1848 A segunda fase compreendida como de efervesc ncia estende se da publica o do manifesto comunista em 1848 at a edi o da enc clica Rerum Novarum de 1891 Nessa fase o desenvolvimento do esp rito sindical muito cooperou para que os trabalhadores se colocassem em posi o de pleito quanto s vantagens decorrentes da presta o de seus servi os notadamente no que dizia respeito ao direito de coliga o limita o de jornada contrapresta o m nima e s inspe es de oficina No contexto de muitas greves foram criadas novas organiza es oper rias A terceira fase intitulada consolida o estende da edi o da enc clica Rerum Novarum em 1891 at a celebra o 64 do Tratado de Versalhes em 1919 A quarta fase denominada aperfei oamento teve in cio com a celebra o do tratado de Versalhes e c
11. DO ASS DIO MORAL NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 100 3 1 O Ass dio Moral no Trabalho speed a iai seas RD asia Ga peca sad dai 100 3 2 Elementos que Caracterizam o Ass dio Moral no Trabalho i 106 3 21 Do Sujeito Ativo AOTCSSOT sites e a a E IO 107 3 2 2 Do Sujeito Passivo Apredido asas ae insano aa ATi ga Sie A inda dita se 110 3 2 3 Das Condutas Abusivas e Reiteradas s nseseesseeseeseesseesreseessressesrrssressesstssrossessrese gt 114 3 2 4 Da Intencionalidade das ADreSS ES ns rasas ss CU atada 118 3 2 5 Elementos que n o Configuram Ass dio Moral no Trabalho 121 3 3 O Ass dio Moral e a Legisla o Brasileira ssnneeseesseeseeseesseesseserssessesersssessreseessesse 122 3 4 Das Consequ ncias do Ass dio Moral no Trabalho ea 126 3 4 1 O Ass dio Moral e o Trabalhador c e ieereerereeecererereaeeeneeeaceranos 127 3 4 2 O Ass dio Moral e a Empresa ss sseseesseessessessressessesresseestesresstesesersseessesetssressesses e 136 3 4 3 O Ass dio Moral e a Sociedade ii resereresesese sean a nana nana nana nana aaaaaaanda 142 3 5 O Ass dio Moral como uma Esp cie de Dano Moral iieaa 142 3 6 Considera es acerca da Repara o do Dano Moral decorrente do Ass dio Moral no Trabalho erotic ren a a a e a 147 CAP TULO 4 O ASS DIO MORAL NO TRABALHO LUZ DOS DIREIT
12. Essas regras s o atinentes ao nus da prova e est o dispostas no artigo 333 do C digo de Processo Civil que assim disp e incumbe ao autor a prova dos fatos constitutivos de seu direito e ao r u a exist ncia de fatos modificativos extintivos e impeditivos do direito do autor A natureza das regras dispostas no artigo 333 do CPC traz caracter sticas notadamente marcadas pela rigidez S o fixas na medida em que sua distribui o se d de forma imut vel pr determinada e abstrata pelo legislador Na pr tica jur dica hodierna esse car ter est tico vem causando desequil brio entre as partes na produ o probat ria dificultando o encontro da verdade real do caso concreto e embara ando consequentemente a justa composi o do lit gio e a pacifica o social fins prec puos do processo Por tal raz o a distribui o est tica constante da regra disposta no artigo 333 do CPC vem sofrendo cr ticas da doutrina moderna afetando aos ideais neoprocessualistas contempor neos que clamam uma nova adequa o das regras de distribui o do nus da prova ao se levar em considera o o caso concreto Tal circunst ncia por sua vez abriu caminho para o surgimento da Teoria Din mica das Cargas Processuais Referida teoria tem como premissa a aplica o das regras do nus da prova ao caso concreto de modo que seja atribu do parte que possuir maior aptid o e melhores condi es de esclarecer o fato Seus fundamento
13. MARTINS 2009 p 11 A legisla o ordin ria come a a instituir novos direitos Surge a Lei n 605 49 versando sobre o repouso semanal remunerado a lei 3 207 57 tratando das atividades dos empregados vendedores viajantes e pracistas a lei n 4 090 62 instituindo o d cimo terceiro sal rio a Lei n 4 266 63 que criou o sal rio fam lia etc MARTINS 2009 p 11 A Constitui o de 1946 foi inclusive a primeira Constitui o do Brasil a dispor expressamente sobre a dignidade da pessoa humana No entanto referiu se dignidade apenas quanto din mica social do trabalho afirmando que a todos deveria ser assegurado trabalho que possibilitasse a exist ncia digna O processo de consolida o da curta 73 democracia brasileira durou de 1945 a 1964 e foi interrompido pela decreta o do golpe militar de 1964 quando a citada Constitui o sofreu processo de desconfigura o vez que submetida ao imp rio dos Atos Institucionais AI publicados no per odo DELGADO 2006 p 76 77 A Constitui o de 1967 manteve os direitos trabalhistas estabelecidos nas Constitui es anteriores no artigo 158 tendo praticamente a mesma reda o do artigo 157 da Constitui o de 1946 com algumas modifica es A EC n 1 69 repetiu praticamente a Norma pice de 1967 no artigo 165 no que diz respeito aos direitos trabalhista MARTINS 2009 p 11 Marcada pela filosofia do arb trio essa carta estabeleceu uma federa o
14. Procura se estabelecer os contornos de uma objetividade poss vel que permita ao princ pio transitar de sua dimens o tica e abstrata para as motiva es racionais e fundamentadas das decis es judiciais 190 Edinilson Donisete Machado 2010 p 38 assevera que a probabilidade de uma decis o ser correta ser sempre maior quando observado o ponto de vista interno do ordenamento por meio da Constitui o e por consequ ncia o pr prio ordenamento por ela estabelecido Adverte o autor que n o h garantias de que haja uma decis o correta no sentido de que seja aquela almejada pela parte mas no sentido de que houve a observ ncia de princ pios de justi a estabelecidos previamente pela ordem constitucional Interpretar de acordo com o princ pio da fraternidade significa levar em conta todos os elementos para visar ao bem de todos harmonizando os v rios direitos e interesses com vista a promover o trabalho digno o princ pio da fraternidade que ampara o mandamento de se conferir tratamento digno a todos os seres humanos sejam eles seus companheiros de neg cio sejam eles empregados grava a obriga o m tua de cumprir com os deveres dentro dos princ pios da boa f e da dilig ncia e apoia o desenvolvimento das rela es de trabalho Finaliza se este t pico em conson ncia com as li es de Sebasti o Geraldo de Oliveira 2007 p 3 35 no sentido de que n o se pode perder de vista que a Rep blica Federativa do Brasil
15. caridade e liberdade e tamb m a Enc clica Laborem Exercens do papa Jo o Paulo II dada em 14 de setembro de 1981 sobre as condi es do trabalho humano a noventa anos da Enc clica Rerum Novarum BARRETO 2009 p 20 A carta Enc clica Rerum Novarum detona a preocupa o da Igreja na sua dedica o doutrina social quando j em sua introdu o faz alus o sede de inova es fruto do crescente processo de industrializa o que provocava agita o com a rela o do capital com o trabalho conclamando aos legisladores e governantes que tivessem vis o para a economia 80 social Destaca ainda a necessidade de interven o do Estado no sentido de aplicar em certos limites a for a e a autoridade das leis nada al m do que for necess rio para reprimir os abusos e afastar os perigos BARRETO 2009 p 21 Marco Aur lio Aguiar Barreto 2009 p 21 destaca que na Enc clica h uma importante passagem destinada a proteger os bens da alma que guarda pertin ncia com a problem tica atual que envolve a discuss o e a coibi o da pr tica do ass dio moral em face do respeito dignidade da pessoa humana A ningu m l cito violar impunemente a dignidade do homem do qual Deus mesmo disp e com grande rever ncia nem p r lhe impedimentos para que ele siga o caminho daquele aperfei oamento que ordenado para o conseguimento vida interna pois nem mesmo por elei o livre o homem pode renunciar a ser
16. desqualifica o s o permanentes Essa nega o paralisa a v tima que n o pode se defender o que possibilita a continuidade dos ataques Subtrair o di logo uma maneira de agravar o conflito uma forma de dizer sem palavras que o outro n o lhe interessa Quando h censuras elas s o vagas imprecisas e acabam por dar margens a diversas interpreta es e mal entendidas HIRIGOYEN 2009 p 76 77 O procedimento se resume no tratamento com indiferen a mediante a falta de comunica o direta com a v tima n o a cumprimentando por exemplo O di logo que se estabelece o menor poss vel As comunica es s o realizadas mediante bilhetes boatos deixando muitas vezes de existir levando ao isolamento do empregado pr tica essa comum no ass dio moral FERREIRA 2010 p 68 Hirigoyen 2005 p 108 elenca situa es que exemplificam isolamento e recusa de comunica o 116 A v tima interrompida constantemente Superiores hier rquicos ou colegas n o dialogam com v tima A comunica o com ela unicamente por escrito Recusam todo contato com ela mesmo o visual posta separada dos outros Ignoram sua presen a Dirigindo se apenas aos outros Pro bem os colegas de lhe falar J n o a deixam falar com ningu m A dire o recusa qualquer pedido de entrevista Igualmente Hirigoyen 2005 p 108 retrata condutas abusivas que configuram a degrada o proposital das condi es de trabalho e
17. dio segundo informa es reunidas pelo Minist rio da Sa de 2009 p 178 Recentemente o mundo assistiu s not cias de suic dios ocorridos na Fran a Uma preocupante estat stica da empresa francesa France T lecom que emprega mais de 220 000 duzentos e vinte mil pessoas demonstra que desde o come o de 2008 ocorreram 19 dezenove suic dios ou tentativas sendo 7 sete apenas em 2009 CAVA ANA 2009 p 99 De fato dependendo do tipo de conduta do assediante e de como e em que intensidade ela se exerce da personalidade e do grau de resist ncia da v tima parece n o haver d vida de que o ofensor pode lev la a um estado ansioso depressivo e em casos extremos at mesmo o suic dio LIMA FILHO 2009 p 102 Segundo a Organiza o Mundial da Sa de OMS os sintomas gerados pelo ass dio moral podem ser psicopatol gicos psicossom ticos ou comportamentais Como psicopatol gicos consideram se todos os sintomas ou s ndromes de ansiedade depress o incluindo apatia ins nia introspec o problemas de concentra o humor depressivo perda de interesse por coisas inseguran a falta de iniciativa melancolia pesadelos mudan as de 129 humor irritabilidade etc Os psicossom ticos s o todos os sintomas f sicos mas que t m uma origem ou uma g nese ps quica como hipertens o arterial ataques de asma br nquica lceras estomacais enxaqueca perda de equil brio torcicolos queda de cabe
18. es entre particulares Enfatiza o autor que por sua natureza igualit ria e por exprimir a ideia de solidariedade entre os membros da comunidade humana o princ pio da dignidade da pessoa vincula tamb m no mbito das rela es entre os particulares SARLET 2010 p 128 Um princ pio constitucional como a dignidade humana em termos de sua realiza o pelo Estado e sociedade bem como no que diz com uma conscientiza o apenas tendencialmente pode ser imposto pelo direito constitucional A autocompreens o individual e comunit ria do cidad o n o menos constitutiva A educa o para o respeito da dignidade humana constitui um destacado objetivo pedag gico do Estado constitucional dignidade humana para cada um bem como para o pr ximo no sentido dos outros como toler ncia solidariedade Se e como ser ent o vivenciada a dignidade humana por cada um e com refer ncia aos outros depende da responsabilidade de cada um ltima inst ncia o cidad o e o pr prio homem na medida em que n s mesmos fornecemos um sentido e estabelecemos um objetivo para a hist ria pol tica a saber um sentido humanamente digno e um objetivo humanamente digno HABERLE 2009 p 88 Dessa forma a dignidade humana constitui norma estrutural para o Estado e para a sociedade A obriga o de respeito e prote o abrange a sociedade ou seja possui efic cia em rela o a terceiros de modo que se pode afirmar q
19. falta de liberdade pol tica com o paternalismo social Por tal fato considerando o curso hist rico brasileiro ser utilizado o termo dimens es de direitos fundamentais por entender que melhor expressa como os direitos fundamentais foram se consolidando na rbita constitucional brasileira Nesse sentido Ingo Wolfgang Sarlet 2007 p 55 assevera que a teoria dimensional dos direitos fundamentais n o retrata o car ter cumulativo nem tampouco complementar do processo evolutivo dos direitos fundamentais Mais que isso retrata sua unidade e indivisibilidade no contexto do direito constitucional interno e de modo especial na esfera do moderno Direito Internacional dos Direitos Humanos Dada a universalidade da Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 nossa Constitui o Federal de 1988 segue os princ pios e regras nela contidos internalizando os direitos humanos para o ordenamento jur dico p trio 39 Nesse sentido constam do t tulo II da nossa Carta Magna os Direitos e Garantias Fundamentais subdivididos em cinco cap tulos No primeiro cap tulo est o dispostos os direitos individuais e coletivos S o direitos que se referem vida igualdade dignidade seguran a honra liberdade e propriedade Encontram se positivados nos artigo 5 O segundo cap tulo disp e acerca dos direitos sociais Dispostos no artigo 6 guardam rela o direta com as diretrizes do Estado Social de Direito marc
20. jur dicos pertencentes ao indiv duo trabalhador assim como a toda a coletividade de forma indivis vel O ass dio moral agride bens e valores jur dicos pertencentes ao indiv duo trabalhador bem como a toda a coletividade de forma indivis vel raz o pela qual as condutas abusivas que o caracterizam devem ser objeto de reprova moral pela jurisprud ncia pois pressup e sob a perspectiva individual a perda da dignidade humana e sob a perspectiva coletiva uma deteriora o das rela es humanas raz o pela qual a solu o do conflito deve ser guiada pelos princ pios da dignidade da pessoa humana e da fraternidade Com base nas palavras de Oscar Vilhena Vieira 2006 p 67 sustenta se a necessidade de se associar a ideia de dignidade associada ideia de autonomia e de livre escolha pois a dignidade humana imp e constrangimentos a todas as a es que n o tomem a pessoa como fim de forma que em nome da liberdade n o poss vel colocar em risco a dignidade do trabalhador Em conson ncia com as li es de Barroso 2003 p 36 39 n o se pode negar que o princ pio tem sido fundamento de decis es importantes superadoras do legalismo escrito Tal constata o se estende as decis es proferidas nos lit gios que envolvem ass dio moral no trabalho O que se percebe entretanto que a dignidade da pessoa humana ainda vive no Brasil e no mundo um momento de elabora o doutrin ria e de busca de maior densidade Jur dica
21. laboral para a sadia qualidade de vida Na verdade poss vel afirmar que o meio ambiente do trabalho equilibrado transcende o interesse coletivo para atingir at mesmo o interesse p blico pois diz respeito ao bem comum ALKIMIN 2010 p 30 Nessa linha de racioc nio o meio ambiente do trabalho interesse metaindividual protegido constitucionalmente Nas li es de Barreto 2009 p 40 significa ser um bem jur dico de interesse de todos Nas palavras do autor a sua degrada o traz consequ ncias para o conjunto dos cidad os envolvidos como tamb m a qualquer indiv duo identific vel como acontece na hip tese do ass dio moral Considerado o seu aspecto difuso que pressup e ser direito de todos o meio ambiente equilibrado que de uso comum e essencial sadia qualidade de vida E a se insere o meio ambiente do trabalho Inclusive o direito sa de constitui um interesse da coletividade raz o pela qual a CF 88 exaltou a natureza p blica e cogente da norma de prote o sa de consagrando a como direito social e elementar para a ordem social e econ mica enfatizando o interesse coletivo quando o texto constitucional afirma que direito de todos e dever do Estado CF art 196 ALKIMIN 2010 p 30 Conv m lembrar que a Conven o 161 da OIT ratificada pelo Brasil tem como foco a prote o dos trabalhadores contra as enfermidades Barreto 2009 p 31 sustenta que referida conven o pretende asse
22. mas tamb m a uma necess ria dimens o comunit ria dessa mesma dignidade de cada pessoa e de todas as pessoas justamente por serem todos iguais em dignidade e direitos tal como consta na Declara o Universal de 1948 Sarlet 2010 p 128 ensina que essa constata o implica no reconhecimento da exist ncia de deveres de prote o e respeito tamb m na esfera das rela es entre particulares Enfatiza o autor que por sua natureza igualit ria e por exprimir a ideia de solidariedade entre os membros da comunidade humana o princ pio da dignidade da pessoa vincula tamb m no mbito das rela es entre os particulares Alinhavando o complemento necess rio verdadeira efetividade dos direitos liberdade e igualdade nasceram os direitos de terceira dimens o que t m como escopo a prote o da coletividade S o direitos fundamentais relacionados prote o coletiva paz ao desenvolvimento comunica o ao meio ambiente dentre outros cuja titularidade na maioria das vezes difusa coletiva ou indeterminada Aqui podemos estender a interpreta o para incluir o meio ambiente do trabalho e as rela es nele existentes A Declara o de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano expressa a convic o de que um direito fundamental do homem o usufruto do meio ambiente incluindo tamb m o meio do trabalho onde haja respeito liberdade igualdade s sadias condi es de vida seguran a e sobretudo co
23. meno generalizado que tem consequ ncias multifacet rias inclusive problemas p blicos de sa de ocupacional Em relat rio da OIT apresentando em novembro de 2000 na Confer ncia Internacional de Traumas no Trabalho sediada em Johanesburgo 53 dos empregados da Gr Bretanha disseram j ter sofrido ataques oriundos de um comportamento no local de trabalho enquanto 78 declararam que j tinham sido testemunhas dessa situa o A Linha de Atendimento Nacional Brit nica s den ncias do ass dio moral registrou 4 000 casos de ass dio moral dentre os 5 000 que pesquisou nos ltimos anos sendo que mais de 2 3 provieram do setor p blico Na Fran a 30 dos empregados declararam estar sofrendo de ass dio moral no trabalho e 37 disseram ter sido testemunhas desse fen meno O ass dio abrange tanto homens 31 quanto mulheres 29 e tanto gerentes 35 quanto oper rios 32 Est presente do mesmo modo nas empresas privadas 30 e nas p blicas 29 NASCIMENTO 2009 p 34 Vale lembrar que o fim da discrimina o em mat ria de trabalho e emprego um dos princ pios fundamentais da OIT na busca da justi a social e respeito aos direitos humanos de modo que os Estados Membros s o obrigados a respeitar esses direitos fundamentais hoje consubstanciados em v rias Conven es Assim as normas editadas pela OIT a exemplo da Conven o 111 que pro be qualquer tipo de discrimina o devem ser observadas como verdadeiros
24. meros documentos que estabelecem com mais precis o e de modo mais concreto os direitos de todas as pessoas ou segmentos especiais Em tal sentido s o importantes os chamados Pactos de Direitos Humanos 1966 Pacto de Direitos Civis e Pol ticos e o Pacto de Direitos Econ micos Sociais e Culturais DALLARI 2006 p 213 At agosto de 2007 o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Pol ticos contava com 160 Estados partes O pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais contava com 157 Estados partes A Conven o sobre Elimina o contra a Mulher contava com 185 Estados partes e a Conven o sobre os Direitos da Crian a apresentava a maior ades o contando com 193 Estados partes PIOVESAN 2010 p 9 Segundo Piovesan 2010 p 14 ap s a ado o da Declara o Universal Direitos Humanos em 1948 prevaleceu o entendimento de que a Declara o deveria ser jurisdicizada sobre a forma de Tratado Internacional que fosse juridicamente obrigat rio e vinculante no mbito do Direito Internacional Em 1966 nasceram dois distintos tratados internacionais no mbito das Na es Unidas O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Pol ticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais Tais pactos incorporavam com maior precis o e detalhamento os direitos constantes da Declara o Universal sobre a forma de preceitos juridicamente obrigat rios e vinculantes O Pacto Internacional d
25. moral no trabalho Assevera a autora que embora n o trate especificamente do ass dio moral pode ser aplicado de forma subsidi ria no que tange previs o do caput do artigo 1 por analogia s discrimina es resultantes da pr tica do ass dio moral Dessa forma o ass dio moral discriminat rio respons vel pela ruptura contratual pode gerar a reintegra o no emprego garantindo ao empregado o direito de optar entre a reintegra o ou indeniza o em dobro pelo per odo do afastamento No mbito federal cumpre mencionar alguns Projetos de Lei em andamento O Projeto de Lei n 5970 2001 de iniciativa do deputado In cio Arruda altera o art 483 da CLT inserindo a pr tica de coa o moral como motivo para que o empregado a seu cargo sendo v tima possa rescindir ou n o o contrato de trabalho bem como trata de particulares indenizat rias a favor do empregado por for a do ato de coa o moral contra a sua pessoa Tamb m de iniciativa do deputado In cio Arruda o Projeto de Lei n 80 2009 que altera dispositivos da Lei n 8666 de 21 de junho de 1993 e regulamenta o artigo 37 inciso 125 XXI da Constitui o Federal institui normas para licita es e contratos da Administra o P blica e tamb m o Cadastro Nacional de Prote o contra a coa o moral no emprego para subsidiar os gestores p blicos com informa es qualificadas a respeito da atua o dos licitantes no cumprimento de obriga es assumid
26. necess rio comprovar o dano em si posto que a prova da conduta il cita gera a presun o de produ o de um dano Dessa forma a responsabilidade pela repara o surge com a mera constata o da viola o do direito da v tima FERREIRA 2010 p 121 123 Oliveira 2007 p 9 10 considera equivocado o entendimento que coloca como pressuposto da indeniza o a prova de que o lesado passou por um periodo de sofrimento dor humilha o depress o etc Entende o autor que desnecess rio demonstrar o que ordinariamente acontece art 334 I do CPC e que decorre da pr pria natureza humana Se houvesse mesmo a necessidade dessa prova o resultado poderia variar t o somente pelos aspectos pessoais do acidentado aquele mais sens vel e emotivo seria indenizado e o mais resignado teria o pedido indeferido Ainda que a v tima por raz es pessoais tenha suportado bem o acidente ou a doen a ocupacional permanece a necessidade da condena o pois a indeniza o pelo dano moral exp e tamb m uma finalidade pedag gica j que demonstra para o infrator e a sociedade a puni o exemplar decorrente do desrespeito s regras da seguran a e sa de no local de trabalho Para que a indeniza o por danos morais atinja seu objetivo pedag gico o quantum indenizat rio deve ser fixado em quantia que seja capaz de desestimular a pr tica do ass dio moral mas ao mesmo tempo suport vel ao agente assediador FERREIRA 2010 p 127 Final
27. por sua vez proporciona condi o mais compat vel com o exerc cio efetivo da liberdade Bonavides 2011 p 567 complementa no sentido de que os direitos fundamentais de segunda dimens o est o atrelados ao conceito de uma liberdade objetivada atada a v nculos normativos e institucionais a valores sociais que demandam realiza o concreta e cujos pressupostos devem ser criados fazendo assim do Estado um art fice e um agente de suma import ncia para que se possa efetivamente concretiz los de forma que a busca desses pressupostos inspira em rigor o eixo normativo ao redor do qual gravitam n o somente as novas Constitui es sen o tamb m boa parte da legisla o de direitos fundamentais das ltimas d cadas constante de tratados pactos e conven es Se na fase da primeira gera o os direitos fundamentais consistiam essencialmente no estabelecimento das garantias fundamentais da liberdade a partir da segunda gera o tais direitos passaram a compreender al m daquelas garantias tamb m os crit rios objetivos de valores bem como os princ pios b sicos que animam a lei maior projetando lhe a unidade e fazendo a congru ncia fundamental de suas regras BONAVIDES 2011 p 568 46 Tamb m a igualdade como um valor fundamental da pessoa humana reclama uma reformula o da pr pria concep o Realmente o individualismo exacerbado afirmou a liberdade como um valor mas limitou se a consider la um direito sem se p
28. poss vel afirmar portanto que o desenvolvimento do Direito Internacional do Trabalho tem uma rela o direta com o surgimento da Organiza o Internacional do Trabalho medida que esse organismo difundiu mundialmente novas concep es acerca do trabalho e da justi a social propagando a necessidade de se criar um ordenamento espec fico que tivesse uma maior abrang ncia de todos os povos O estudo do Direito Internacional do Trabalho passa a assumir especial import ncia com o Tratado de Versalhes 1919 que atribuiu OIT a compet ncia para tratar de quest es que visem justi a tendo em vista o progresso material e espiritual do ser humano em condi es de liberdade e dignidade com seguran a econ mica e iguais oportunidades consagrando o entendimento de que a paz n o apenas a aus ncia de guerra vinculando seu conceito a uma ordem internacional com justi a social onde os direitos fundamentais do homem n o sejam afrontados pelo desenvolvimento econ mico que gera a mis ria entre grandes contingentes humanos e a instabilidade pol tica dos respectivos Estados SUSSEKIND 1994 p 25 A OIT conquistou sua autonomia e teve afirmada sua independ ncia jur dico institucional Por conseguinte ela uma pessoa jur dica de direito p blico internacional de 68 car ter permanente constitu da de Estados que assumem soberanamente a obriga o de observar as normas constitucionais da organiza o e das conven
29. qualquer que seja sua proced ncia Mesmo que sejam pr ximas a viol ncia f sica e a discrimina o est o primeiramente exclu das pois s o viol ncias j levadas em conta na legisla o francesa HIRIGOYEN 2005 p 85 Nesse diapas o a grande dificuldade de delinear um conceito sobre ass dio moral no trabalho estabelecer crit rios objetivos que o definam Como o fen meno afeta as rela es de trabalho em todo o planeta e influenciado por aspectos culturais e regionais a forma como ele se manifesta varia de local para local gerando diferentes defini es e terminologias entre os estudiosos Os estudiosos do tema n o conseguiram ainda chegar a um denominador comum a respeito de uma defini o pertinente o bastante pois esse fen meno pode ser abordado de diferentes maneiras de acordo com o ponto de vista adotado e interessa v rios especialistas tais como m dicos soci logos juristas entre outros que utilizam linguagens e modos de pensar diferentes No momento cl nicos gerais e psiquiatras ainda n o identificam de forma adequada especificidade desse tipo de viol ncia e os respectivos sintomas decorrentes Os m dicos do trabalho apesar de lidar com esse tipo de fen meno nem sempre sabem como proteger as v timas Os juristas tentam encontrar uma defini o livre tanto quanto poss vel de qualquer subjetividade para que sejam classificados penalmente esses processos violentos HIRIGOYEN 2005 p 15
30. que foi colocada para fora da empresa e ficou tomando chuva por 30 minutos bem como as persegui es sofridas s por ter ficado doente doen a essa adquirida no pr prio trabalho al m das restri es quanto ao tempo de uso do banheiro imp em a majora o do irris rio valor de R 500 00 deferido na origem pois n o atende sequer ao necess rio car ter punitivo e pedag gico da indeniza o Condena o arbitrada em R 5 000 00 Recurso provido em parte S O PAULO 2011p DANOS MORAIS ASS DIO MORAL CARACTER STICAS CONFIGURA O O ass dio moral caracteriza se pela exposi o do trabalhador a situa es humilhantes e constrangedoras de forma repetitiva e prolongada durante a jornada de trabalho de modo a desestabilizar a rela o do mesmo com o ambiente de trabalho e com a pr pria empresa for ando o at mesmo a desistir do emprego No caso dos autos tanto a prova oral quanto a documental coligidas aos autos noticiam a exist ncia de uma press o geral do banco reclamado de forma repetitiva e prolongada para que os empregados atingissem metas por ele estipuladas utilizando se de tratamento severo e truculento sendo certo tamb m que houve cobran a direta em rela o produtividade da autora restando pois caracterizado o ass dio moral Recurso ordin rio do reclamado a que se nega provimento DANOS MORAIS MENSURA O Uma das quest es de maior complexidade do dano moral a fixa o do pret
31. 136 Desta forma a fraternidade exprime igualdade de dignidade em todos os homens no mbito coletivo e se apresenta n o apenas como um conceito mas como um princ pio ativo motor do comportamento da a o dos homens como uma conota o essencialmente moral 1 5 5 Dos Direitos Fundamentais de Quarta e Quinta Dimens o As tr s gera es de direitos fundamentais acima tra adas s o tradicionalmente reconhecidas pela doutrina Cabe entretanto ressaltar que a doutrina tem caminhado para o reconhecimento de outras gera es de direitos fundamentais classificando as de quarta e quinta gera es Cabe ressaltar que tais gera es ser o brevemente apontadas nesse estudo para n o se perder o recorte do tema proposto em raz o do foco do tema estar instalado nas tr s gera es j mencionadas mas n o por merecerem menos destaque e import ncia Globalizar direitos fundamentais equivale a universaliz los no campo institucional S assim aufere humaniza o e legitimidade um conceito A globaliza o pol tica na esfera da normatividade jur dica introduz os direitos da quarta dimens o que para o constitucionalista Paulo Bonavides 2011 p 572 correspondem derradeira fase de institucionaliza o do Estado social S o direitos da quarta dimens o o direito democracia o direito informa o e o direito ao pluralismo Deles depende a concretiza o da sociedade aberta ao futuro em sua dimens o de m xima uni
32. 2006 p 56 importando as li es de Joaquim Carlos Salgado de sua obra Princ pios hermen uticos dos direitos fundamentais apresenta tr s momentos hist ricos diferentes do fen meno jur dico o da conscientiza o ou objetiva o o da positiva o e o da efetiva o Explica a autora que o primeiro momento ocorre com a consci ncia social de tais direitos medida que houve a forma o da consci ncia de que o homem sujeito de direitos universais Tais direitos foram positivados na Revolu o Francesa com a Declara o dos Direitos do Homem e do Cidad o de 1789 J segundo momento ser o da positiva o dos direitos fundamentais nas Constitui es cujos impactos ficaram evidentes na Constitui o mexicana de 1917 e na Constitui o alem de 1919 Por fim a autora relata que o terceiro momento trata do reconhecimento social dos direitos fundamentais ou seja da efic cia por meio de sua realiza o em sociedade Os Direitos Fundamentais tamb m s o revestidos de irrenunciabilidade e imprescritibilidade N o podem ser objeto de ren ncia nem tampouco se esvaecem no tempo Tamb m guardam respeitabilidade dado o car ter da inviolabilidade e indisponibilidade Piovesan 2006 p 57 destaca que s o indispon veis n o se admitindo renuncia ou transa es lesivas aos seus direitos Delgado 2006 p 57 acrescenta a caracter stica da indivisibilidade e explica que todas as esp cies de direitos fundamen
33. 3 243 2001 de 15 de maio de 2001 de iniciativa de Alceb ades Pereira da Silva em Guarulhos SP Lei n 358 02 de iniciativa de Jos Luiz Ferreira Guimar es em Iracem polis SP Lei n 1163 2000 de 24 de abril de 2000 primeira lei brasileira que protege o cidad o contra ass dio moral regulamentada pelo Decreto n 1 134 2001 de 20 de abril de 2001 aprovado em 30 de abril de 2001 em Jaboticabal SP Lei n 2 982 de 17 de dezembro de 2001 n 388 de iniciativa de Maur cio Benedini Brusadin em Natal RN Lei n 189 02 de 23 de fevereiro de 2002 de iniciativa de Ant nio J nior da Silva em Porto Alegre RS Lei Complementar n 498 de 2003 de iniciativa de Aldacir Oliboni em S o Gabriel do Oeste MS Lei n 511 de 4 de abril de 2003 aprovada em abril de 2003 em Sidrol ndia MS Lei municipal n 1078 2001 aprovada em 5 de novembro de 2001 VILA 2009 p 85 No mbito estadual o Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro na cria o e promulga o da Lei 3 921 2002 que veda a pr tica do ass dio moral no trabalho no mbito dos rg os reparti es ou entidades da administra o centralizada autarquias funda es empresas p blicas e sociedades de economia mista do poder legislativo executivo ou judici rio inclusive concession rias e permission rias de servi os estaduais de utilidade ou interesse p blico VILA 2009 p 85 86 Percebe se portanto que a produ o legislativa naciona
34. As doutrinas individualistas exaltaram a liberdade individual mas concebendo cada indiv duo isoladamente Entretanto se o homem por natureza um ser social deve se conceber sua liberdade tendo em vista o homem social o homem situado que n o existe isolado da sociedade A liberdade humana portanto uma liberdade social que deve ser concebida tendo em conta o relacionamento de cada indiv duo com todos os demais o que implica deveres e responsabilidades Desta forma Dallari conclui sua assertiva acerca do dilema existente entre liberdade e igualdade sustentando que a quest o discutida n o se refere quantidade de liberdade mas qualidade da liberdade Assevera que a concep o individualista da sociedade ignorando o homem como ser social foi fundamentalmente ego sta pois desligou o indiv duo dos compromissos sociais e por isso mesmo deu margem a mais desenfreada explora o do homem pelo homem pois cada um vivia isolado na sua liberdade procurando obter o m ximo de resultados para si Assim as liberdades dos indiv duos n o podem ser isoladas e colocadas ao lado da outra uma vez que na realidade est o entrela adas e necessariamente inseridas num meio social 1 5 3 Dos Direitos Fundamentais de Segunda Dimens o Os direitos de segunda dimens o s o os direitos sociais culturais e econ micos Decorrem naturalmente dos direitos de primeira dimens o e reclamam uma conduta positiva do Estado no sentido de mate
35. Brasil Explica o autor que no Brasil a pir mide dos direitos foi colocada de cabe a para baixo ou seja houve uma altera o na sequencia em que os direitos foram adquiridos tendo ocorrido maior nfase em um dos direitos o social em rela o aos outros especialmente a partir do ano de 1930 quando se verificou um avan o dos direitos sociais Os direitos pol ticos por sua vez tiveram evolu o mais complexa e os direitos civis progrediram lentamente N o deixaram de figurar nas tr s constitui es do per odo inclusive na ditatorial de 1937 Se o avan o dos direitos pol ticos ap s o movimento de 1930 foi limitado e sujeito a s rios recuos o mesmo n o se deu com os direitos sociais O per odo de 1930 a 1945 foi o grande momento da legisla o social Ao mesmo tempo em que cerceavam os direitos pol ticos e civis os governos militares investiam na expans o dos direitos sociais Nos vinte e um anos de governo militar sob o ponto de vista da constru o da cidadania houve retrocessos e avan os na rela o entre direitos sociais e pol ticos Os governos militares repetiram a t tica do Estado Novo ampliaram os direitos sociais ao mesmo tempo em que restringiam os direitos pol ticos O per odo democr tico entre 1945 e 1964 se caracterizara pelo oposto amplia o dos direitos pol ticos e paralisa o ou avan o lento dos direitos sociais Pode se dizer que o autoritarismo brasileiro p s 30 sempre procurou compensar a
36. Diante da escassez normativa Ferreira 2010 p 42 sustenta que se devem buscar na psicologia e na sociologia os elementos b sicos para se tra ar um conceito jur dico adequado No mesmo sentido Prata 2008 p 57 bem assevera que conceituar o ass dio moral no trabalho uma tarefa complexidade pois se trata de uma figura jur dica ainda em forma o no cosmo jur dico de modo que seria muito pretensiosa a ideia de lan ar um conceito definitivo De toda forma se arrisca o autor O ass dio moral no trabalho se caracteriza por qualquer tipo de atitude hostil individual ou coletiva dirigida contra o trabalhador por seu superior 104 hier rquico ou cliente do qual dependa economicamente por colega do mesmo n vel subalterno ou por terceiro relacionado com a empregadora que provoque uma degrada o da atmosfera de trabalho capaz de ofender a sua dignidade ou de causar lhe danos f sicos ou psicol gicos bem como de induzi lo pr tica de atitudes contr rias pr pria tica que possam exclu lo ou prejudic lo no progresso de sua carreira S o considerados relevantes ao conceito de ass dio moral no trabalho os atos ou comportamentos que por sua gravidade ou repeti o continuada sejam h beis a desestruturar o laborista PRATA 2008 p 57 Nas li es de Ferreira 2010 p 42 o ass dio moral no trabalho processo de exposi o repetida e prolongada do trabalhador em condi es humilhantes e degra
37. Hirigoyen para dissipar as d vidas envolvendo a defini o do ass dio moral relevando a import ncia da diferencia o com as demais situa es a fim de n o banalizar as situa es de ass dio moral O fen meno visto na literatura sob diferentes ngulos de acordo com as culturas e os contextos Um breve hist rico dessas diferentes vis es necess rio para mostrar em que a no o de ass dio moral difere de certo n mero desses estudos e em particular do mobbing HIRIGOYEN 2005 p 76 Utiliza se assim diferentes denomina es para as situa es identificadas como ass dio moral a exemplo do uso termo mobbing na It lia Alemanha e pa ses escandinavos bulling ou harassment nos Estados Unidos da Am rica e na Inglaterra psicoterror ou acoso 103 moral na Espanha harc lement moral na Fran a ijime no Jap o e ass dio moral ou terror psicol gico no Brasil VILA 2009 p 19 HIRIGOYEN 2005 p 78 81 o termo mobbing relaciona se mais a persegui es coletivas ou viol ncia ligada organiza o incluindo desvios que podem acabar em viol ncia f sica o termo bullying mais amplo que o termo mobbing Vai de chacotas e isolamento at condutas abusivas com conota es sexuais ou agress es f sicas Refere se mais s ofensas individuais do que viol ncia organizacional o Ass dio moral diz respeito a agress es mais sutis e portanto mais dif ceis de caracterizar e provar
38. Nessa linha de racioc nio para que se alcance equil brio na rela o existente entre o trabalho e o capital faz se imperioso que o direito vincule o empregador observ ncia efetiva dos direitos fundamentais Mais do que isso a interpreta o desse conflito deve ser guiada luz do pensamento fraterno edificado pela Declara o Universal dos Direitos Humanos G mez 2008 p 90 ao tratar da cidadania da empresa no mbito das rela es jur dicas sustenta que s o v rios os interesses leg timos em jogo divergentes entre si e de certo modo at opostos raz o pela qual se deve averiguar e harmonizar tais direitos e interesses de modo a tornar efetiva a responsabilidade social do empres rio Nesse encadeamento de ideias o empregador dotado legalmente do poder de dire o da for a de trabalho humana deve utilizar tal poder com responsabilidade Mais do que isso cabe ao direito fun o de exigir um comportamento respons vel e atuar com vista a promover o trabalho digno e n o ser c mplice de pr ticas que caracterizam o ass dio moral que visam por exemplo a redu o de custos e o aumento da competitividade enfim a desvaloriza o do trabalho e do meio ambiente do valor do trabalho Nessa luta como ideal dos Direitos Humanos a fraternidade co be a viola o dos direitos fundamentais protegidos constitucionalmente cuja efic cia tamb m horizontal ou seja existe entre os particulares imp e o exerc cio de c
39. O PAULO 20111 Por outro lado quando as agress es s o mais sofisticadas a prova do ass dio moral se torna mais dif cil podendo ser at mesmo imposs vel para o trabalhador que tem sobre si 185 de uma maneira geral o nus probat rio atribu do pela jurisprud ncia Tal fato inviabiliza muitas vezes o reconhecimento do ass dio moral e a proced ncia do pedido formulado pois ainda que a v tima tenha suportado bem a ofensa permanece a necessidade da condena o j que a indeniza o pelo dano moral tem tamb m uma finalidade pedag gica para o infrator DANOS MORAIS INDENIZA O POR ASS DIO MORAL NUS DO AUTOR INDEVIDA O conjunto probat rio produzido n o favorece a tese lan ada na peti o inicial O autor n o se desincumbiu do nus de demonstrar ter sofrido algum abalo de ordem pessoal psicol gico ou emocional ou ass dio moral a ensejar o pagamento de indeniza o por danos morais S O PAULO 2011m ASS DIO MORAL PROVA FR GIL Cabe ao autor comprovar o fato constitutivo do direito indeniza o por danos morais nos termos do artigo 818 da CLT Em face da prova dividida improcede o pedido Recurso do reclamante n o provido S O PAULO 2011n As decis es jurisprudenciais s o un nimes em atribuir ao trabalhador o nus da prova dos fatos que caracterizaram o ass dio moral e os danos respectivos Essa atribui o fere muitas vezes o direito de igualdade entre as partes no mbito pro
40. Porto Alegre Livraria do Advogado 2007 Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na constitui o federal de 1988 8 ed rev atual e ampl Porto alegre Livraria do Advogado 2010 204 SILVA Jos Afonso da Direito ambiental constitucional 7 ed S o Paulo Malheiros 2011 Curso de direito constitucional positivo 34 ed S o Paulo Malheiros 2011 STRECK Lenio Luiz MORAIS Jos Luiz Bolzan de Ci ncia pol tica amp teoria do estado 5 ed Porto Alegre Livraria do Advogado 2006 SUSSEKIND Arnaldo Conven es da OIT S o Paulo LTr 1994 TEIXEIRA Jo o Lu s Vieira O ass dio moral no trabalho conceito causas e efeitos lideran a versus ass dio valora o do dano e sua preven o S o Paulo LTr 2009 TEIXEIRA Sueli A depress o no meio ambiente do trabalho e sua caracteriza o como doen a do trabalho In Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o Belo Horizonte v 46 n 76 p 27 44 jul dez 2007 Dispon vel em http www meg trt gov br escola download revista rev 76 Sueli Teixeira pdf Acesso em 29 jun 2010 THEODORO J NIOR Humberto Dano moral 7 ed Belo Horizonte Del Rey 2010 VASQUEZ scar Rela es jur dicas e fraternidade In GIOVANNI Casso et al Org Direito amp fraternidade ensaios pr tica forense S o Paulo LTr 2008 VENOSA S lvio de Salvo Direito civil responsabilidade civil 4 ed S o Paulo Atlas 2004 V
41. Silva 2011 p 285 explica que apesar desse fato n o ocorre uma separa o radical como se os direitos sociais n o fossem algo nsito na ordem social Assevera o autor que o art 6 mostra muito bem que aqueles s o conte dos desta Do ponto de vista formal a Constitui o Federal de 1988 inovou ao prescrever um cap tulo pr prio para os direitos trabalhistas anteriormente inseridos no mbito da ordem econ mica e social DELGADO 2006 p 80 81 Vale entretanto ressaltar que n o f cil estremar com nitidez os direitos sociais dos direitos econ micos em particular o direito do trabalho O trabalho um componente das rela es de produ o e nesse sentido tem dimens o econ mica indiscut vel SILVA 2011 p 286 No mbito do Direito do Trabalho Nunes 2011 p 15 ensina que a Constitui o de 1 988 alberga vasto rol de direitos sendo alguns inovadores para a poca Passa a incluir em 76 seu elenco diversos direitos trabalhistas e previdenci rios que se achavam disciplinados em legisla o infraconstitucional Igualou os direitos dos trabalhadores rurais e urbanos Art 7 caput CF 88 Equiparou os direitos dos trabalhadores avulsos aos daqueles que possuem v nculo empregat cio Art 7 XXXIV CF 88 e aumentou os direitos dos trabalhadores dom sticos Entre as principais conquistas de cunho social a proibi o da diferen a de sal rios e de crit rios de admiss o por motivos de se
42. a lei tem por objetivo maior resguardar o emprego Faz se necess rio levantar reflex es no sentido de questionar se a garantia de reintegra o decorrente de estabilidade provis ria por doen a ocupacional instrumento h bil a reparar o dano pois aquele que sofre do ass dio moral certamente n o tem mais condi es ps quicas de retornar ao mesmo emprego do qual adquiriu um trauma de dif cil supera o Ademais trata se de uma pr tica que tem como enredo a perversidade e a intencionalidade daquele que pr tica imprimindo o car ter de ilicitude daquele que dolosamente pratica Neste sentido como seria poss vel a reintegra o ao emprego daquele que sofreu os efeitos da conduta abusiva justamente com a finalidade de exclus o do ambiente de trabalho Configurado resta uma situa o absolutamente contradit ria Entender que as doen as decorrentes do ass dio moral no trabalho t m como efeito o acidente de trabalho por si s n o altera o car ter il cito das condutas abusivas Ademais favorecer a reintegra o uma alternativa praticamente in cua pois a v tima n o tem a menor condi o de retornar ao ambiente de trabalho enquanto portadora dos traumas decorrentes das viv ncias traum ticas experimentadas Trata se na verdade de um verdadeiro ato il cito que deve ser imputada ao agressor que deve gerar a responsabiliza o pela repara o dos danos causados 136 Acrescenta se a isso o fato de que as licen as
43. a medida ou centro de gravidade de toda constru o dos direitos fundamentais Lu s Roberto Barroso 2003 p 38 ensina que a dignidade da pessoa humana expressa um conjunto de valores civilizat rios incorporados ao patrim nio da humanidade O conte do jur dico do princ pio vem associado aos direitos fundamentais envolvendo aspectos dos direitos individuais pol ticos e sociais Sarlet 2010 p 114 destaca um importante papel a ser cumprido pelo princ pio da dignidade da pessoa humana quando funciona como crit rio para a constru o de um conceito materialmente aberto de direitos fundamentais na ordem constitucional tendo em vista que a Constitui o de 1988 consagrou a ideia da abertura material do cat logo constitucional dos direitos e garantias fundamentais o que significa dizer que al m daqueles direitos e garantias expressamente reconhecidos pelo Constituinte existem direitos fundamentais assegurados em outras partes do texto constitucional sendo tamb m acolhidos os direitos positivados nos tratados internacionais em mat ria de Direitos Humanos 53 Neste contexto o princ pio da dignidade da pessoa humana serve de diretriz material para a identifica o de direitos impl citos que podem ter o status de direitos fundamentais Nas palavras de Sarlet 2010 p 117 119 sempre que se estiver diante de uma posi o jur dica diretamente embasada e relacionada dignidade da pessoa inequivocamente estar se diante
44. a repara o do dano moral decorrente do ass dio moral existe uma tend ncia a se buscar a comprova o do dano ps quico do trabalhador e sua respectiva repercuss o o que nem sempre poss vel pois cada pessoa tem uma estrutura emocional pr pria e diferente 184 H indiv duos com estrutura psicol gica mais coordenada do que outros suportando os ataques sem adoecer psicologicamente no entanto outros n o t m essa mesma caracter stica Tais particularidades geram assim uma discuss o jurisprudencial no sentido de haver ou n o a necessidade de pr via constata o da exist ncia do dano ps quico emocional para a repara o do dano moral H que se lembrar ainda que o ass dio moral no trabalho se processa mediante a ocorr ncia de uma sequencia de condutas abusivas que podem ser expl citas ou impl citas N o h uma conduta t pica de ass dio moral pois o fen meno pode se manifestar de v rias formas como por exemplo impossibilitar uma comunica o adequada com a v tima Essa recusa comunica o direta constitui portanto um denominador comum na caracteriza o do ass dio moral no trabalho O conflito n o mencionado mas as atitudes de desqualifica o s o permanentes O di logo subtra do levando ao isolamento do empregado Logo tais fatos por si s s o de dif cil comprova o por ser uma forma de agress o impl cita Pode se dizer que a tend ncia da jurisprud ncia no sentido de e
45. a toda sociedade 20 Eclodidas as grandes guerras mundiais em meados do XX surgiram s manifesta es favor veis ao direito s presta es positivas do Estado fato que na vis o de Delgado 2006 p 48 culminou na passagem do Estado Liberal de Direito para o Estado Social de Direito O Estado Social caracterizava se pelo intervencionismo econ mico almejando a realiza o efetiva dos princ pios da liberdade e igualdade material em detrimento da formalidade que permeava o Estado Liberal Para a efetividade desses princ pios o Estado deveria passar a ter conduta obrigacional positiva diante dos cidad os Com o Estado Social nasciam os pilares que fundamentariam o surgimento dos direitos sociais que posteriormente seriam chamados direitos fundamentais de segunda dimens o incluindo em especial o direito ao trabalho cujas caracter sticas ser o objetos de estudo no pr ximo cap tulo Os fatores negativos que constitu ram o Estado Liberal contribu ram para o surgimento do Estado Social pois se por um lado o n o intervencionismo estatal contribuiu para o desenvolvimento econ mico por outro a ideia de Estado m nimo remeteu os trabalhadores a condi es de miserabilidade medida que a liberdade e a igualdade formal prestaram se ao fortalecimento e enriquecimento da burguesia servindo de palco para o agravamento das desigualdades sociais A formula o de uma nova Declara o de Direitos se fazia imperiosa Nesse c
46. a todos os rg os estatais Arrisca se a conceituar a dignidade como uma qualidade intr nseca da pessoa humana que se relaciona com tudo que lhe diz respeito tanto no mbito individual como no mbito da comunidade local onde o ser humano constr i sua identidade e verdadeiramente se estrutura no mbito das rela es sociais que interage Possui portanto uma dimens o 12 comunit ria que implica no reconhecimento da exist ncia de deveres de prote o e respeito na esfera das rela es p blicas e privadas Na Constitui o Federal de 1988 a dignidade da pessoa humana ocupa lugar de princ pio estruturante de todo o nosso ordenamento jur dico A import ncia dada a esse princ pio imp e compreend lo como cl usula geral voltada efetiva o dos direitos fundamentais capaz de nortear a unidade material de nossa carta magna Os direitos fundamentais possuem caracter sticas marcantes que os caracterizam sob diversos ngulos tais como a historicidade a universalidade a irrenunciabilidade a imprescritibilidade a indivisibilidade e interdepend ncia entre si S o direitos que decorrem do contexto hist rico da sociedade Sua evolu o se encontra doutrinariamente dividida em dimens es de direitos fundamentais mais precisamente de primeira segunda terceira podendo se dizer ainda que a doutrina j vem construindo a quarta e quinta dimens es S o direitos que possuem efic cia vertical e horizontal pois sua vincu
47. acerca da prote o jur dico constitucional da dignidade humana S o dotadas de sentido as periodiza es hist ricas do pensamento acerca da dignidade humana Dignitas na antiguidade relacionava se a dignidade como caracteriza o de uma posi o social dentro da sociedade e da distin o de cada dignidade humana diante de criaturas n o humanas HABERLE 2009 p 70 No mesmo sentido Sarlet 2010 p 32 33 No pensamento filos fico e pol tico da antiguidade cl ssica verifica se que a dignidade dignitas da pessoa humana dizia em regra com a posi o social ocupada pelo indiv duo e o seu grau de reconhecimento pelos demais membros da comunidade da poder falar se em uma quantifica o e modula o da dignidade no sentido de se admitir a exist ncia de pessoas mais dignas ou menos dignas Haberle 2009 p 70 acrescenta em suas li es que para o Cristianismo da Antiguidade e da Idade M dia a dignidade representava a imagem e semelhan a dos homens para com Deus 25 Na primeira fase do cristianismo quando este havia assumido a condi o de religi o oficial do Imp rio destacou se o pensamento do Papa S o Le o Magno que sustentava que os seres humanos possuem dignidade pelo fato de que Deus os criou a sua imagem e semelhan a e que ao tomar se homem dignificou a natureza humana Posteriormente o pensamento de Tom s de Aquino afirmou a no o de que a dignidade encontra seu fundamento na circunst ncia d
48. as consequ ncias econ micas que pudessem advir tanto no plano nacional quanto no internacional da aplica o de medidas ambientais Ap s a Confer ncia de Estocolmo a Assembl ia Geral da ONU adotou as disposi es institucionais e financeiras que permitiram o surgimento do Programa das Na es Unidas para o Meio Ambiente PNUMA cuja finalidade p r em a o os princ pios da Declara o de Estocolmo concernentes responsabilidade dos Estados e ao incentivo para concluir tratados para a prote o do meio ambiente SILVA 2011 p 70 71 No mesmo sentido conv m ressaltar que o Pacto Internacional sobre Direitos Econ micos Sociais e Culturais em seu art 7 imp e aos Estados signat rios o reconhecimento da necessidade de manter se em sua plenitude de sanidade o ambiente e as condi es de trabalho como forma de garantir o bem estar do trabalhador e consequentemente de suas fam lias Nele consta que todas as pessoas t m o direito de desfrutar do mais elevado n vel de sanidade f sica e mental devendo ser adotadas todas as medidas cab veis a fim de que este direito se efetive de modo a assegurar em especial a melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do meio ambiente BARRETO 2009 p 27 A Conven o n 155 da OIT ratificada pelo Brasil refere se seguran a a sa de dos trabalhadores e o ambiente de trabalho lan ando preocupa o com os elementos n o apenas f sicos mas tamb m os prob
49. centripeta e integral subordinando as entidades federativas ao seu comando O eixo central do governo pautava se no autoritarismo e na supremacia do Poder Executivo fatores que em muito contribu ram para a restri o dos direitos pol ticos civis e sociais DELGADO 2006 p 77 2 4 O Trabalho como Direito Fundamental na Constitui o Federal de 1988 A proclama o da Constitui o Brasileira de 1988 incorporou a tradi o de Weimar em dar preemin ncia ao social abrindo seus primeiros cap tulos com a mat ria dos direitos e garantias fundamentais se avizinhando da Lei Fundamental de Bonn demonstrando pontos de contacto da cultura jur dica brasileira com a tradi o constitucional alem BONAVIDES 2011 p 370 Segundo Delgado 2006 p 26 a Constitui o Brasileira de 1988 simboliza o marco jur dico da transi o democr tica e da institucionaliza o dos direitos humanos no pa s Para a autora A Constitui o Brasileira de 1988 acolhe a ideia de universalidade dos direitos humanos na medida em que consagra o valor da dignidade humana como princ pio fundamental do constitucionalismo inaugurado em 1988 O texto constitucional ainda real a os direitos humanos ao prever dentre os princ pios a reger o Brasil nas rela es internacionais Trata se da primeira Constitui o brasileira a incluir os direitos internacionais no elenco dos direitos constitucionalmente garantidos nos termos do artigo 5 89 2
50. cleo essencial da nossa Constitui o formal e material SARLET 2010 p 71 Nesse passo a Constitui o de 1988 al m de estabelecer no artigo 6 que s o direitos sociais a educa o a sa de o trabalho a moradia o lazer a seguran a a previd ncia social a prote o maternidade a prote o inf ncia a assist ncia aos desamparados ainda apresenta uma ordem social com amplo universo de normas que enunciam programas tarefas diretrizes e fins a serem perseguidos pelo Estado e pela sociedade PIOVESAN 2010 p 27 Ademais a Carta de 1988 consagra dentre as cl usulas p treas direitos e garantias individuais Considerando a universalidade e a indivisibilidade dos direitos humanos a cl usula de proibi o do retrocesso social o valor da dignidade humana e demais princ pios fundamentais da Carta de 1988 Piovesan 2010 p 28 29 conclui que essa cl usula alcan a os direitos sociais Os direitos e garantias individuais recebem na Constitui o de 1988 uma prote o suprema vedando se ao poder constituinte derivado a introdu o de emenda que tenda a suprimi los O constituinte brasileiro deu assim um passo significativo de cunho formal que 15 coloca fora de delibera o s propostas de emenda tendentes a abolir aqueles direitos e garantias individuais BONAVIDES 2011 p 577 A partir da Constitui o Federal de 1988 os mais importantes tratados internacionais de prote o dos direitos huma
51. conduta abusiva manifesta se por comportamentos gestos palavras atos dentre outros que tenham o potencial de trazer danos personalidade dignidade ou integridade f sica ou ps quica de uma pessoa pondo em perigo seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho Para Lima Filho 2009 p 53 a conduta abusiva representada por atos de agress o e hostilidade sem tica e de car ter abusivo que deve ser objeto de reprova moral pois sup e sob a perspectiva individual a perda da dignidade humana e sob a perspectiva coletiva uma deteriora o das rela es humanas Alkimin 2010 p 49 sustenta que n o se pode mencionar uma conduta t pica de ass dio moral pois o fen meno pode se manifestar de v rias formas bastando ser apta a degradar o clima na organiza o do trabalho e causar males a sa de ps quica da v tima sendo insuport vel pelo homem m dio dotado de sensibilidade normal Ferreira 2010 p 67 com base nas pesquisas de Heinz Leymann assevera que o autor resume as condutas abusivas em cinco esp cies impossibilitar uma comunica o adequada com a v tima recusando a comunica o direta isolar a v tima atacar a reputa o da v tima degradar as condi es de trabalho e atacar diretamente a sa de da v tima com uma efetiva viol ncia A recusa comunica o direta constitui um denominador comum na caracteriza o do ass dio moral no trabalho O conflito n o mencionado mas as atitudes de
52. contra os desmandos que a l gica do capitalismo possa ocasionar A relev ncia do presente estudo residiu portanto na constata o de que o ass dio moral vem sendo identificado como fen meno destruidor do ambiente de trabalho e da dignidade humana Verificou se tamb m que o ass dio moral no trabalho n o um problema exclusivo de determinados pa ses mas um fen meno generalizado que tem consequ ncias multifacet rias inclusive problemas p blicos de sa de ocupacional 193 Os efeitos do ass dio moral n o atingem somente a v tima implicam em desrespeito ao direito fundamental do ambiente de trabalho saud vel e seguro provocando repercuss es em toda a sociedade sobre a qual recaem os custos com a sobrecarga dos sistemas de sa de e previdenci rio Dos estudos ora realizados conclui se que o ass dio moral uma esp cie de dano moral medida que viola os direitos da personalidade em geral Por outro lado importante considerar que diante da escassez normativa a respeito do tema cabe ao operador do direito buscar solu es para resolu o dos conflitos decorrentes dessa pr tica abusiva no contexto das rela es laborais Por fim no ltimo cap tulo da presente pesquisa procurou se estabelecer conex es entre o ass dio moral e os princ pios de liberdade igualdade e fraternidade Em rela o liberdade a quest o refere se ao ass dio moral no trabalho medida que as condutas que o caracterizam r
53. da empresa e comprometendo a atividade empresarial al m da possibilidade concreta de responsabiliza o patrimonial em condena es por danos morais e materiais por for a dos atos de seus empregados e prepostos VILA 2009 p 116 A produtividade afetada pela empresa gera dois fen menos conhecidos como presente smo e absente smo O primeiro trata da situa o em que o trabalhador esta presente fisicamente na empresa no entanto n o possui produtividade ao passo que o segundo refere se ao caso dos trabalhadores ausentes por incapacidades laborais Ferreira 2010 p 73 sustenta que em ambos os casos o trabalhador mant m se vinculado empresa sem que a mesma mantenha o no quadro de empregados produtivos Hirigoyen 2005 p 118 aponta que as consequ ncias s o dram ticas para a sa de das v timas Relata a autora que o processo de ass dio moral no trabalho gera uma m dia de 137 138 dias de interrup o de trabalho por pessoa vitimada Das 193 pessoas que responderam ao question rio 74 tiveram uma interrup o de trabalho Dessas 143 pessoas 131 forneceram a dura o exata das interrup es de trabalho de forma que 23 das pessoas tiveram uma interrup o de trabalho inferior a um m s 23 5 de 1 a 3 meses 36 de 3 meses a 1 ano 10 5 de 1 a 2 anos 7 tiveram parada de trabalho de 2 nos ou mais A queda da produtividade em um local de trabalho maculado pelo ass dio moral bastante vis
54. da pessoa humana foram recolocados em discuss o Emergia a grande cr tica e rep dio ideia de um ordenamento jur dico indiferente a valores ticos Surgiram as manifesta es favor veis ao direito s presta es positivas do Estado fato que na vis o de Delgado 2006 p 48 culminou na passagem do Estado Liberal de Direito para o Estado Social de Direito Passa se portanto a haver um intervencionismo do Estado principalmente para realizar o bem estar social e melhorar as condi es de trabalho O trabalhador passa a ser protegido jur dica e economicamente MARTINS 2009 p 6 Por engenho jur dico foram criados os chamados direitos sociais que para sua efetiva o invocavam a interven o direta do Estado S o direitos que ao contr rio dos direitos individuais n o existiam por si mesmos eles clamavam pela a o distributiva e pol tica estatal para que pudessem acontecer MARTINEZ 2011 p 39 O Direito do Trabalho foi o primeiro dos direitos sociais a emergir e sem d vida por conta de sua for a expansiva o estimulante da constru o de tantos outros direitos sociais entre os quais aqueles que dizem respeito previd ncia social sa de assist ncia social educa o seguran a e moradia e ao lazer A legisla o do trabalho o resultado da rea o contra a explora o dos trabalhadores pelos empregadores Das primeiras li es expostas pode se comungar das li es de Martins 2009 p
55. de complementa o e reciprocidade entre a liberdade igualdade e fraternidade Inclinando se para o direito ao trabalho como um direito social ensina que preciso vincular o valor trabalho humano aos valores liberdade igualdade e fraternidade A dignidade exige reciprocidade Mauer 2009 p 139 140 sustenta que ela exige o respeito ao outro aos deveres de solidariedade Nesse desencadear de ideias os conceitos de fraternidade relacionam se diretamente aos direitos sociais e de coletividade relevando a necessidade de se relacionar a dignidade da pessoa humana sob a tica comunit ria na qual o exerc cio da liberdade deve ocorrer nos limites do bem estar comunit rio Consta do Pacto Internacional de Direitos Econ micos Sociais e Culturais que o exerc cio da liberdade a efetividade da justi a e a conquista da paz no mundo t m como fundamento o reconhecimento da dignidade inerente de todos os membros da fam lia humana E este ideal somente ser alcan ado medida que se estabele am condi es que possibilitem 172 ao ser humano o pleno exerc cio dos direitos econ micos pol ticos civis sociais e culturais A promo o e o respeito a esses direitos n o cabem apenas s Organiza es Internacionais ou aos Estados mas sobretudo ao pr prio homem como dever perante a coletividade em que est inserido BARRETO 2009 p 28 Dessa forma a dignidade da pessoa encontra se ligada condi o humana de cada indiv duo
56. de do trabalhador o desrespeito ao direito fundamental do ambiente do trabalho saud vel e seguro provoca repercuss es em toda a sociedade Isso porque a sociedade quem financia os gastos com o seguro social S o sobre ela que recaem em ltima inst ncia os custos com os afastamentos previdenci rios por incapacidade tempor rios e definitivos bem como os decorrentes das pens es por morte pagas aos dependentes das v timas que perdem a vida Nesta perspectiva no caso de adoecimento das v timas essas doen as podem ser caracterizadas como doen as ocupacionais de acordo com o Projeto de Lei n 7 202 2010 que disp e que toda ofensa f sica ou moral intencional no ambiente de trabalho deve ser considerada acidente de trabalho equiparado ao acidente de trabalho ao segurado do Regime Geral de Previd ncia Social Para a coletividade gera despesas de sa de por parte do seguro social hospitaliza es indeniza es de desemprego aposentadorias antecipadas Tal fato em se tratando da situa o econ mica de um pa s transforma se em bilh es O ass dio moral gera tamb m um clima de inquieta o medo e fragilidade que se estende sociedade como um todo HIRIGOYEN 2005 p 122 Ocorre assim uma sobrecarga dos sistemas de sa de e previdenci rio j t o aturdidos pelas dificuldades que lhes s o pr prias FERREIRA 2010 p 75 3 5 O Ass dio Moral como uma Esp cie de Dano Moral Martins 2008 p 21 sustent
57. de sessenta o pesquisador Peter Paul Heinemann observou o comportamento das crian as reunidas em grupo dentro do ambiente escolar reconhecendo uma tend ncia nas crian as em demonstrar hostilidade outra crian a que invadisse seu espa o Esta pesquisa foi pioneira em detectar o ass dio moral nas rela es humanas Evidencia se portanto que a ocorr ncia do fen meno ass dio moral n o se reduz ao ambiente laboral Prata adverte que 2008 p 31 32 que existem rela es pessoais ou ambientes determinados nos quais o ass dio moral favorecido Continua o autor destacando que o espa o familiar pode ser cen rio para a ocorr ncia do fen meno exemplificando a rela o entre um pai ou uma m e que rejeita um filho inconsciente ou conscientemente tal fato destr i sua autoestima e autoconfian a mediante atos de subestima o da capacidade do menor ou estabelecimento de compara o entre irm os Do mesmo modo pode se manifestar entre c njuges a exemplo da mulher que culpa o marido pelos pr prios fracassos ou o marido que nunca reconhece os esfor os da esposa Hirigoyen 2009 p 22 pontua que a viol ncia entre casais muitas vezes negada ou reduzida a uma simples rela o de banaliza o H uma tend ncia a negar a dimens o de dom nio que paralisa a v tima e a impede de defender se Tamb m nas rela es entre irm os comum o ass dio moral do menor do preterido pelos pais do mais lento do mais t mi
58. do direito ao contradit rio e garantia da prote o jur dica efetiva Importante ressalvar que essa igualdade de tratamento n o significa a garantia de uma paridade absoluta medida que o conceito de igualdade comporta interpreta es vari veis levando em considera o as situa es concretas tratando os iguais igualmente e os desiguais desigualmente Na esfera constitucional tanto a doutrina quanto a jurisprud ncia adotaram a orienta o de que o referido princ pio tem como destinat rios principais o legislador e tamb m o aplicador da lei ao legislador para que na sua fun o elabore a lei levando em considera o as situa es id nticas e as distintas de modo a diferenci las em nome da razoabilidade ao juiz para que no momento de aplica o observe as condi es materiais e processuais de cada caso concreto no sentido de possibilitar o tratamento desigual aos desiguais visando obten o da justi a SANTOS 2006 p 28 Atualmente a ideia de igualdade se vincula ao ideal de justi a e a vis o ligada ao constitucionalismo donde emerge como signo fundamental da democracia De toda forma o conceito comporta relatividade em sua aplica o aos casos concretos postos em aprecia o pelo Poder Judici rio pois o procedimento do tratamento igualit rio entre pessoas de classes sociais e econ micas distintas uma forma de produzir injusti as SANTOS 2006 p 27 31 167 N o por acas
59. dos trabalhadores que se tornou pr tica costumeira nas empresas onde h menosprezo e indiferen a pelo sofrimento dos trabalhadores que mesmo adoecidos continuam a trabalhar VILA 2009 p 96 Sob o aspecto psicol gico o maltrato no trabalho gera uma espiral de efeitos a n vel psicol gico como pesadelos dores abdominais diarr ia v mitos dores de cabe a perda de apetite solid o sensa o de incapacidade para a manuten o de relacionamentos interpessoais levando a destrui o de la os familiares e de amizade LIMA FILHO p 101 102 132 Vislumbra se portanto que as consequ ncias do ass dio moral n o recaem apenas sobre a v tima mas tamb m sobre seus familiares e sobre aqueles com os quais a v tima mant m relacionamentos interpessoais V rios relatos ver dicos confirmam que quase sempre o ass dio moral acarreta a desestrutura o familiar da v tima Por ser desconhecedora das raz es do conflito a fam lia acaba sendo uma extens o das mesmas condi es do ass dio moral praticado no trabalho N o s o raros os processos de ass dio moral que culminam com o t rmino dos casamentos daqueles que foram suas v timas FERREIRA 2010 p 77 Hirigoyen 2009 p 203 211 aduz que o empregado v tima de ass dio moral quando atingido por alguma doen a ps quica necessita de um per odo de tratamento psicol gico uma vez que o ofendido se sente inseguro ao voltar para o trabalho e normalm
60. e axiol gica podendo doravante irradiar se com a mais subida efic cia normativa a todos os direitos da sociedade e do ordenamento jur dico Parte se assim para a asser o de que os direitos da segunda da terceira e da quarta gera es n o se interpretam concretizam se na esteira dessa concretiza o que reside o futuro da globaliza o pol tica o seu princ pio de legitimidade a for a incorporadora de seus valores de liberta o BONAVIDES 2011 p 572 Na democracia globalizada o Homem configura a presen a moral da cidadania Ele a constante axiol gica o centro de gravidade a corrente de converg ncia de todos os interesses do sistema Nessa democracia a fiscaliza o de constitucionalidade daqueles direitos enunciados direitos conforme vimos de quatro dimens es distintas ser obra do cidad o legitimado perante uma inst ncia constitucional suprema propositura da a o de controle sempre em moldes compat veis com a ndole e o exerc cio da democracia direta BONAVIDES 2011 p 572 Enfim os direitos da quarta dimens o compendiam o futuro da cidadania e o porvir da liberdade de todos os povos t o somente com eles ser leg tima e poss vel a globaliza o pol tica Os direitos fundamentais de quinta dimens o preocupam se com o avan o da cibern tica relacionando com a realidade virtual a globaliza o e por consequ ncia todas as quest es decorrentes Representam os direitos ad
61. efetivamente capaz de minimizar os atos de viol ncia moral e ps quica sofridos de reabilitar a sa de do trabalhador e emancipar o trabalhador para a reconstru o de sua dignidade at ent o aviltada 3 1 O Ass dio Moral no Trabalho O ass dio moral no trabalho um dos problemas sociais mais s rios hodiernamente Nas li es H dassa Dolores Bonilha Ferreira 2010 p 38 ele fruto de conjunto de fatores tais como a globaliza o econ mica predat ria que tem como foco a produ o e o lucro bem como a atual organiza o do trabalho notadamente marcada pela competi o acirrada e pela opress o dos trabalhadores por meio do medo e da amea a A ocorr ncia do fen meno n o se restringe entretanto s rela es humanas nem tampouco s rela es de trabalho Prova disso que os primeiros estudos acerca do fen meno o ass dio moral foram realizados por Konrad Lorenz na d cada de 1960 mediante pesquisas com grupo de animais cujos resultados evidenciaram o comportamento agressivo do grupo de animais de pequeno porte f sico quando confrontados com uma invas o territorial de um 101 animal de porte maior Lorenz auferiu que o grupo desenvolvia um comportamento agressivo mediante o uso de intimida es e atitudes agressivas coletivas para expulsar o invasor solit rio A esse comportamento o pesquisador denominou mobbing FERREIRA 2010 p 38 Ampliando os estudos acerca do fen meno tamb m na d cada
62. em 1946 sendo aprovada em 1948 recebendo o nome de Declara o Universal dos Direitos Humanos DALLARI 2006 p 212 Bonavides 2011 p 578 sustenta que a Declara o Universal dos Direitos Humanos o estatuto da liberdade de todos os povos a Constitui o das Na es Unidas a carta magna das minorias oprimidas o c digo das nacionalidades a esperan a enfim de promover sem distin o de ra a sexo e religi o o respeito dignidade do ser humano Dallari 2006 p 213 assevera que a Declara o Universal dos Direitos Humanos consagrou tr s objetivos a certeza dos direitos a seguran a dos direitos e a possibilidade dos direitos a certeza dos direitos exigindo que haja uma fixa o pr via e clara dos direitos e deveres para que os indiv duos possam gozar dos direitos ou sofrer imposi es a seguran a dos direitos impondo uma s rie de normas tendentes a garantir que em qualquer circunst ncia os direitos fundamentais ser o respeitados a possibilidade dos direitos exigindo que se procure assegurar a todos os indiv duos os meios necess rios frui o dos direitos n o se permanecendo no formalismo c nico e mentiroso da afirma o de igualdade de direitos onde grande parte do povo vive em condi es subumanas Segundo Filomeno 2009 p 237 a tem tica dos direitos humanos revela se uma amplia o dos pr prios direitos e garantias individuais O autor sustenta que uma amplia o porquant
63. em temas de liberdades fundamentais Leite 2011 p 40 defende a ado o da efic cia horizontal dos direitos fundamentais para responsabilizar diretamente a parte que det m poder na rela o empregat cia Quanto maior o poder do empregador na rela o empregat cia maior a sua responsabilidade no tocante responsabilidade pelas les es sofridas por seus empregados quanto aos direitos fundamentais decorrentes da rela o de emprego preciso portanto repensar a quest o da liberdade no contexto do trabalho de forma a promover sua substancialidade em detrimento do formalismo ainda presente o que segundo Dallari 2006 p 303 um dos principais motivos da crise do Estado contempor neo no que se refere organiza o e aos objetivos de um Estado Democr tico A preserva o da liberdade se faz imprescind vel entretanto indispens vel que haja coer ncia em sua concep o A liberdade humana deve ser uma liberdade social que se reveste de deveres e responsabilidades N o h como mais admitir a concep o individualista de liberdade que para Dallari 2006 p 310 desligou o indiv duo dos compromissos sociais e deu margem a mais desenfreada explora o do homem pelo homem pois cada um vivia isolado na sua liberdade procurando obter o m ximo de resultados para si at porque quando se tratam de conflitos como o ass dio moral no trabalho percebe se que tal fato ainda ocorre nos dias atuais 4 2 O Direi
64. entendem se as a es repetidas e repreens veis ou claramente negativas dirigidas contra empregados de uma maneira ofensiva e que podem conduzir a seu isolamento do grupo no local de trabalho Mesmo que o texto tenha previsto que as v timas devem receber ajuda e cuidados era for oso constatar que o sistema m dico n o estava aparelhado Assim Heinz Leymann criou uma cl nica especializada na qual estabeleceu um programa espec fico de reabilita o das v timas que funcionou at ter sido obrigado a fech la sob a press o do sistema de sa de sueco Heinz Leymann trabalho tenazmente na pesquisa sobre mobbing at falecer em janeiro de 1999 HIRIGOYEN 2005 p 77 78 O conceito se difundiu durante os anos 90 entre pesquisadores que trabalham com estresse profissional essencialmente nos pa ses escandinavos e em seguida nos pa ses de l ngua alem HIRIGOYEN 2005 p 76 Passou a ser propagado pela Europa chamando aten o da psicanalista francesa Marie Francie Hirigoyen autora de duas obras de fundamental import ncia para a presente pesquisa as quais ser o utilizadas como referenciais te ricos do assunto A primeira delas denominada Ass dio moral a viol ncia perversa do cotidiano cuja contribui o foi no sentido de favorecer a conscientiza o ao respeito do tema A segunda delas se denomina Mal estar no trabalho redefinindo o ass dio moral vila 2009 p 18 destaca que referida obra foi elaborada por
65. es que ratificam integrando o sistema das Na es Unidas como uma das suas ag ncias especializadas SUSSEKIND 1994 p 19 Trata se portanto de um rg o das Na es Unidas que segundo Martinez 2011 p 77 procura fomentar a Justi a Social e os Direitos Humanos e laborais mundialmente reconhecidos Sua estrutura tripartida se revela por meio da participa o do governo dos empregadores e dos empregados Tem como sede a Su a na cidade de Genebra mas possui escrit rios regionais inclusive no Brasil com sede em Bras lia O Conselho de Administra o exerce fun o executiva administrando a OIT sendo tamb m composto de representantes de empregados empregadores e do governo A Reparti o Internacional do Trabalho a secretaria da OIT dedicando a documentar e divulgar suas atividades publicando as conven es recomenda es e relat rios editando a Revista Internacional do Trabalho e a S rie Legislativa de maneira a expor as leis trabalhistas dos pa ses membros dirigida pelo Diretor Geral nomeado pelo Conselho de Administra o de quem receber instru es MARTINS 2009 p 69 Compete Confer ncia Internacional do Trabalho como a assembleia geral OIT elaborar e aprovar as normas que constituem a regulamenta o internacional do trabalho da seguridade social e das quest es que lhe s o conexas com a finalidade de fomentar a universaliza o da justi a social Essa atividade normativa que se inst
66. exemplo o ass dio moral manifestado por motivos raciais ou religiosos ou em fun o de defici ncia f sica doen a ou de orienta es sexuais ou ainda discriminat rio de representantes de funcion rios e representantes sindicais HIRIGOY EN 2005 p 103 106 3 2 3 Das Condutas Abusivas e Reiteradas Evidencia se o ass dio moral no trabalho mediante a ocorr ncia de uma sequ ncia de condutas abusivas impl citas ou expl citas Hirigoyen 2005 p 18 relata que o estilo de agress o varia de acordo com os meios socioculturais e setores profissionais Nos setores de produ o a viol ncia mais direta verbal e f sica Quanto se eleva na hierarquia e na escala sociocultural mais se verificam as agress es sofisticadas perversas e dif ceis de caracterizar Ferreira 2010 p 43 44 acrescenta que para a identifica o precisa do ass dio moral no trabalho necess rio que as condutas abusivas se desenvolvam dentro do contexto profissional Dessa forma uma pessoa que n o participe ativamente do ambiente de trabalho n o poder ser v tima de ass dio moral em raz o da necessidade de reitera o e sistematiza o da conduta assediante a v tima tem que integrar a organiza o do trabalho de forma permanente e sistem tica ALKIMIN 2010 p 43 115 Lima Filho 2009 p 53 aduz que a conduta abusiva um dos elementos que integram o comportamento il cito do agressor Nas li es de Hirigoyen 2009 p 65 a
67. for digno A explica o deve ser compreendida por meio da contradi o permanente que se desenvolve na sociedade civil ao mesmo tempo em que o trabalho possibilita a constru o da identidade social do ser humano pode tamb m destruir sua exist ncia caso n o existam condi es m nimas para o seu exerc cio DELGADO 2006 p 237 Atualmente a Organiza o Internacional do Trabalho OIT considera como trabalho digno aquele executado em condi es de liberdade equidade e dignidade Para a OIT o conceito de trabalho digno resume as aspira es do ser humano no dom nio profissional e abrange v rios elementos sendo eles oportunidades para realizar um trabalho produtivo com uma remunera o equitativa seguran a no local de trabalho prote o social para as fam lias melhores perspectivas de desenvolvimento pessoal e integra o social liberdade para expressar as suas preocupa es organiza o e participa o nas decis es que afetam as suas vidas igualdade de oportunidades e de tratamento para todas as mulheres e homens As normas internacionais do trabalho estabelecidas pela OIT reconhecedoras da promo o dos direitos fundamentais do trabalho guardam pertin ncia com as Cartas Enc clicas Rerum Novarum do Papa Le o XIII dada em 15 de maio de 1891 sobre a condi o dos oper rios Pacem in Teris do Papa Jo o XXIII dada em Roma em 11 de abril de 1963 pretendia a paz de todos os povos na base da verdade justi a
68. fundamental do indiv duo definindo o como direito de todos e lhe d a natureza de bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida impondo a corresponsabilidade do cidad o e do Poder P blico pela sua defesa e preserva o art 225 caput De tudo se extrai a conclus o de que se cria para o Poder P blico um dever constitucional geral e positivo representado por verdadeiras obriga es de fazer isto de 88 zelar pela defesa defender e preserva o preservar do meio ambiente De outra parte deixa o cidad o de ser mero titular passivo de um direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e passa tamb m a ter a titularidade de um dever o de defend lo e preserv lo MILAR 2007 p 143 O meio ambiente consta da parte da Ordem Social Silva 2011 p 52 sustenta que por esse fato trata se de direito social do Homem Milar 2007 p 149 assevera que seu escopo m ximo zelar pela na o sublinhando a ordem social que faz parte da sua estrutura mesma Igualmente o art 225 explicita o bem comum como causa e ao mesmo tempo decorr ncia do meio ambiente ecologicamente equilibrado Dessa forma infere se que cap tulo do meio ambiente esta inserido na Ordem Social que se preocupa com a qualidade de vida da popula o em geral nela se incluindo portanto a qualidade de vida os trabalhadores no cen rio laboral Entra se em seguida no t tulo da Ordem Social todo ele impregn
69. gica da v tima seus resultados poder o gerar graves danos n o s sa de mental e moral da v tima como tamb m ao f sico da pessoa humilhada H indiv duos com estrutura psicol gica mais coordenada do que outros que suportam os ataques sem adoecer psicologicamente no entanto outros n o t m essa caracter stica Em raz o do exposto h uma discuss o no sentido de haver ou n o a necessidade de pr via constata o da exist ncia do dano ps quico emocional para a caracteriza o do ass dio moral A conduta abusiva pressup e o ato il cito do agressor que se encontra revestido de intencionalidade raz o pela qual passaremos a discorrer do requisito intencionalidade 3 2 4 Da Intencionalidade das Agress es Faz se imperioso o estudo do elemento intencionalidade das agress es tendo em vista que a partir de sua constata o que poder ser configurado o ass dio moral Pode se dizer portanto que a intencionalidade elemento nuclear para a configura o do ass dio moral Sem ele n o h como se avaliar a finalidade de exclus o da v tima por seu agressor 119 Lima filho 2009 p 61 sustenta que o elemento intencionalidade seria um fio condutor que dota de substantividade pr pria o conjunto de atos isolados praticados ao longo do tempo integrando a conduta abusiva e caracterizando o il cito Prata 2008 p 83 adverte que nem sempre o agressor tem a inten o ltima de excluir o agredido
70. h se falar em ato il cito do empregador capaz de gerar a indeniza o por danos morais Recurso do reclamante n o provido S O PAULO 2011i INDENIZA O POR DANO MORAL ASS DIO MORAL Para que o empregador tenha obriga o de indenizar o empregado pelo dano moral sofrido necess rio que estejam presentes o nexo de causalidade o preju zo consumado e a culpa do agente A repara o por danos morais demanda prova robusta de que o empregador praticou ato lesivo honra e 183 dignidade do trabalhador por excessos cometidos no exerc cio do poder de mando cabendo tal nus ao reclamante N o restando caracterizada a conduta il cita ofensiva nem qualquer persegui o situa o vexat ria ou humilhante dor e sofrimento ntimo correto o n o reconhecimento da ocorr ncia de ass dio moral e consequente indeferimento da indeniza o por danos morais pleiteada S O PAULO 2011 DANO MORAL ASS DIO MORAL CARACTERIZA O O desrespeito pessoa f sica e dignidade do trabalhador por parte do empregador d ensejo indeniza o por danos morais Dano moral Ass dio moral pass vel de indeniza o seria aquele decorrente da les o a direitos personal ssimos ilicitamente cometido pelo empregador capaz de atingir a pessoa do empregado como ente social ou seja surtindo efeitos na rbita interna do autor al m de denegrir a sua imagem perante o meio social S O PAULO 2011k Das ementas transcritas aflor
71. muito marcante temendo que elas revelem suas fraquezas Tamb m s o potenciais v timas as pessoas que resistem padroniza o os diferentes como por exemplo aqueles extremamente honestos excessivamente ticos ou din micos demais Os trabalhadores isolados bem como os assalariados protegidos representantes dos empregados pessoas de mais de 50 anos mulheres gr vidas Do mesmo modo pessoas menos produtivas s o alvos f ceis para a hierarquia critic las HIRIGOY EN 2005 p 220 225 A caracter stica da perversidade do agressor ter em mira as partes vulner veis do outro Todos t m um ponto fraco que para o agressor ser o alvo do ataque confrontando a v tima com sua falha com traumas esquecidos de sua inf ncia Desta forma n o faz sentido afirmar que a v tima c mplice de seu agressor pois em raz o de uma rela o de domina o n o possu a recursos ps quicos para se defender O fato de ter participado de maneira passiva do processo n o altera em nada sua condi o de v tima A v tima n o em si mesma masoquista ou depressiva HIRIGOYEN 2009 p 154 Feitas essas observa es preciso salientar que existem pessoas que se acomodam no papel de v timas Tamb m preciso levar em conta o fato de algumas pessoas poderem se acomodar no papel de v timas quando ent o n o procuram encontrar uma sa da para sua situa o cr tica Esta posi o vitimada permanente da um sentido a sua crise existen
72. nicos CID 10 F51 2 sensa o de estar acabado Sindrome de Burn Out Sindrome do Esgotamento Profissional CID 10 Z73 0 VILA 2009 p 99 100 135 Essas doen as se relacionam aos agentes etiol gicos ou fatores de risco de natureza ocupacionais como problemas relativos ao emprego e ao desemprego mudan a de emprego amea a de perda de emprego desacordo com patr o e colegas de trabalho condi es dif ceis de trabalho e outras dificuldades f sicas e mentais relacionadas com o trabalho Tais dispositivos legais t m apoiado a doutrina e a jurisprud ncia no reconhecimento de doen as profissionais ou do trabalho originadas do ass dio moral para efeitos previdenci rios VILA 2009 p 100 Pode se afirmar portanto que n o seria sequer necess ria a exist ncia de uma lei para considerar como acidente de trabalho os casos de adoecimento das v timas de ass dio moral pois a sua caracteriza o como doen a do trabalho equiparada ao acidente de trabalho patente O Projeto de Lei n 7 202 2010 que disp e que toda ofensa f sica ou moral intencional no ambiente de trabalho seja considerada acidente de trabalho n o tem efeitos pr ticos significativos Ademais question vel se tornam seus efeitos jur dicos Isso porque ao equiparar as doen as decorrentes do ass dio moral como acidente de trabalho o primeiro respaldo que a lei garante a estabilidade contratual e a competente reintegra o j que
73. no seu organismo trazendo preju zos a sua atividade f sica e intelectual inclusive no desenvolvimento do seu trabalho MARTINS 2008 p 23 Danos morais s o os relativos a atributos valorativos ou virtudes da pessoa como ente social ou seja integrada sociedade vale dizer dos elementos que a individualizam como ser de que se destacam a honra a reputa o e as manifesta es do intelecto BITTAR 1994 p 28 Os danos morais consistem no plano f tico em les es s esferas da personalidade humana situadas no mbito do ser como entidade pensante reagente e atuante nas intera es sociais BITTAR 1994 p 42 De maneira ampla pode se afirmar que s o danos morais os ocorridos na esfera da subjetividade ou no plano valorativo a pessoa na sociedade alcan ando os aspectos mais ntimos da personalidade humana THEODORO J NIOR 2010 p 2 De todo o exposto poss vel sustentar que ao ass dio moral no trabalho gera o dano moral Isso porque as condutas abusivas que assim o caracterizam acarretam dano personalidade dignidade ou integridade f sica ou ps quica de uma pessoa pondo em perigo seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho enquadrando se perfeitamente no conceito abstrato colocado acima por Martins A natureza psicol gica dos ataques elemento que configura o ass dio moral medida que humilham golpeiam a autoestima e a dignidade da v tima O sofrimento gerado por esse clima de ter
74. o semelhante que possu a antes da ofensa privilegiando a tutela pelo equivalente e em ltima alternativa o oferecimento de uma presta o pecuni ria quando a repara o pelo equivalente n o tutelar adequadamente os interesses da v tima Em s ntese observa se das doutrinas nacional e estrangeira a concep o pela qual o dano imaterial n o deve deixar a v tima sem prote o jur dica exigindo que se imponha ao ofensor a obriga o de pagar determinada quantia quela cuja finalidade compensar o dano causado ainda que n o se trate verdadeiramente de indeniza o ou recomposi o integral dos preju zos dada a impossibilidade da restitui o do status quo ante j que o dano imaterial insuscet vel de avalia o econ mica e da ado o dos mesmos crit rios utilizados para a fixa o do ressarcimento do dano material Theodoro J nior 2010 p 3 sustenta que no caso do dano patrimonial o culpado responsabilizado pela recomposi o do patrim nio de forma que custa do agente do ato il cito o ofendido seja indenizado com o bem ou o valor indevidamente desfalcado J no caso da esfera ntima da personalidade n o h como admitir essa forma de recomposi o dada a irreversibilidade do mal causado honra intimidade e ao nome Desta forma expressiva da doutrina entende que a repara o do dano moral tem car ter d plice desdobrando se no car ter compensat rio para a v tima e punitivo para o
75. ocupar os postos de trabalho dos nacionais Do mesmo modo os contratados a termo s o alvos visados em raz o da vulnerabilidade das cl usulas contratuais prec rias especialmente quanto manuten o do v nculo empregat cio 114 Com rela o idade Hirigoyen 2005 p 96 afirma que os dados demonstram uma m dia de idade de 48 anos confirmando a predomin ncia do ass dio moral entre os indiv duos acima de 50 anos julgados menos produtivos e n o suficientemente adapt veis De um modo geral relata a autora que os jovens sofrem mais abusos de poder diretos ostensivos do que o ass dio propriamente dito A partir dos entendimentos expostos vislumbra se a exist ncia da discrimina o no ass dio moral no trabalho Em concord ncia com as li es de Lima Filho 2009 p 49 for oso afirmar que um dos elementos que denotam o processo de ass dio moral no trabalho o fato de n o se aceitar a diferen a do outro quer se trate de uma pessoa ou de um grupo Essa recusa pode originar de um preconceito que leva discrimina o em raz o das diferen as vis veis como a origem a etnia o sexo a orienta o sexual a cor da pele dentre outras Pode se dizer que todo ass dio discriminat rio pois vem ratificar a recusa de uma diferen a ou uma particularidade da pessoa A discrimina o habitualmente dissimulada diante do fato de ser vedada por lei e com frequ ncia se transforma em ass dio moral como por
76. odio que eu leve o amor Onde houver ofensa que eu leve o perd o Onde houver disc rdia que eu leve a uni o Onde houver d vida que eu leve a f Onde houver erro que eu leve a verdade Onde houver desespero que eu leve a esperan a Onde houver tristeza que eu leve a alegria Onde houver trevas que eu leve a luz Mestre fazei que eu procure mais consolar que ser consolado compreender que ser compreendido amar que ser amado Pois dando que se recebe Perdoando que se perdoado e morrendo que se vive para a vida eterna Am m Ora o da paz Francisco de Assis SOARES Andrea Antico O ass dio moral no trabalho luz dos direitos humanos e fundamentais e da dignidade da pessoa humana 2011 205 f Disserta o Mestrado em Direito UNIVEM Centro Universit rio Eur pides de Mar lia Funda o de Ensino Eur pides Soares da Rocha Mar lia 2012 RESUMO Busca se promover reflex es do ass dio moral no trabalho luz dos direitos humanos e fundamentais e da dignidade da pessoa humana A Declara o Universal dos Direitos Humanos aclamou um movimento hist rico e intermin vel de constru o e positiva o dos direitos de liberdade igualdade e fraternidade condi o humana A humanidade caminha a largos passos em dire o ao desenvolvimento econ mico e tecnol gico Neste contexto as mudan as constantes no cen rio laboral favorecem a pr tica do ass dio moral no traba
77. ofensor Theodoro J nior 2010 p 3 descreve esse duplo objetivo como sendo o de atenuar o sofrimento injusto do lesado e de coibir a reincid ncia do agente na pr tica de tal ofensa mas adverte que n o assume o objetivo de eliminar o dano moral No mesmo sentido Paroski 2010 p 159 de um lado a repara o serve de consolo v tima atenuando o seu presum vel sofrimento de outro atua como puni o e desest mulo ao agente causador do dano sob este enfoque a repara o pecuni ria por maior que seja n o suficiente para eliminar o dano mas quando muito serve para amenizar seus efeitos na esfera psicol gica do sujeito trazendo lhe condi es de conforto bem estar e outros prazeres proporcionados pelo dinheiro PAROSKI 2010 p 163 Venosa 2004 p 254 sustenta que na indeniza o por dano moral h uma fun o de pena privada pois n o se trata apenas do ressarcimento de danos como ocorre na esfera dos danos materiais A verba indenizat ria assume um aspecto punitivo acentuado em muitas 151 normas de ndole civil e administrativa H um duplo sentido na indeniza o por dano moral qual seja ressarcimento e preven o Acrescente se ainda o cunho educativo did tico ou pedag gico que essas indeniza es representam para a sociedade O grande problema da utiliza o da repara o pecuni ria em rela o ao dano moral reside na quantifica o da dor sofrida A princ pio a perd
78. os direitos humanos comp em uma unidade indivis vel interdependente e inter relacionada n o havendo portanto classes de direitos Nesse sentido a Declara o de Direitos Humanos de Viena de 1993 reitera a concep o da Declara o Universal de 1948 quando afirma que todos os direitos humanos s o universais interdependentes e inter relacionados devendo a comunidade internacional trat los globalmente de forma justa e equitativa Destaca a autora que o processo de universaliza o dos direitos humanos permitiu a forma o de um sistema internacional de prote o desses direitos integrado por tratados internacionais de prote o que refletem a consci ncia tica contempor nea compartilhada pelos Estados medida que invocam o consenso internacional acerca de temas centrais na busca de resguardar par metros protetivos m nimos A Declara o Universal dos Direitos Humanos tem validade como qualquer contrato especialmente por conta dos dois pactos o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Pol ticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais POZZOLI ANTICO 2011 p 7 Quanto hermen utica dos direitos humanos compreendendo os direitos econ micos sociais e culturais Piovesan 2010 p 20 25 contribui com reflex es acerca de quatro princ pios gerais que orientam a hermen utica pr pria dos direitos humanos e aplicam se portanto aos direitos sociais quais sejam a princ pio da inter
79. ou investiga o de nexo causal o estudo do local de trabalho o estudo da organiza o do trabalho os dados epidemiol gicos a literatura atualizada a ocorr ncia de quadro cl nico ou subcl nico em trabalhador exposto a condi es agressivas a identifica o de riscos f sicos qu micos biol gicos mec nicos estressantes e outros o depoimento e a experi ncia dos trabalhadores os conhecimentos e as pr ticas de outras disciplinas e de seus profissionais sejam ou n o da rea da sa de VILA 2009 p 101 O Decreto 3 048 99 regulamentador da Lei 8 213 91 cont m em seu anexo a previs o de diversos agentes e fatores de risco de natureza ocupacional H nele previs o expressa de transtornos mentais relacionados ao trabalho constante no grupo V da CID 10 do Anexo II da lista B destacando entre eles agentes patog nicos causadores de doen as profissionais ou do trabalho os Transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho Dentre esses s o enumeradas doen as como rea es ao stress grave e transtornos de adapta o identificado pela CID 10107 sob F43 estado de Stress P s Traum tico CID 10 F43 1 transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso do lcool alcoolismo cr nico relacionado com o trabalho CID 10 F10 2 outros transtornos neur ticos especificados inclui Neurose Profissional CID 10 F48 8 transtorno do ciclo vig lia sono devido a fatores n o org
80. permitir mas estimule comportamentos por meio de medidas diretas ou indiretas Nesse sentido a fraternidade pode orientar essa tarefa e ser capaz de norte lo na promo o do trabalho digno e consequentemente na preven o e repara o do ass dio moral no trabalho 4 5 O Ass dio Moral no Trabalho Luz das Decis es Judiciais Proferidas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Com o intuito de demonstrar como os casos que envolvem o ass dio moral no trabalho v m sendo apreciados pelo Poder Judici rio ser realizada uma an lise cr tica jurisprudencial Diante do grande n mero de tribunais trabalhistas do pa s hoje vinte e quatro procurou se dar nfase em apenas um deles qual seja o Tribunal Regional da 15 Regi o Essa especifica o se fundamenta no fato de que localizada no Estado de S o Paulo na cidade de Campinas o Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o abrange uma popula o 177 superior a 20 milh es de pessoas e considerado atualmente o segundo maior entre as 24 vinte e quatro regi es em que est dividida a Justi a do Trabalho do Pa s Dessa forma acredita se que diante da vasta extens o territorial e da conting ncia de demandas que abrange seus julgamentos manifestam um campo amplo e m ltiplo de decis es acerca do tema De in cio o que se percebe que apesar da aus ncia de uma lei definindo o que seja ass dio moral no trabalho a jurisprud ncia reconhe
81. precioso que possui gra as ao qual ele ultrapassa em valor todo o mundo material de modo que o homem n o vale por ter ainda que ele possu sse o mundo inteiro mas por ser Os bens do mundo n o contam mais do que o bem da pessoa o bem que a pr pria pessoa MAUER 2009 p 125 Foi entretanto com Immanuel Kant que a concep o de dignidade afastou se da conota o exclusivamente religiosa e passou a ser constru da a partir da natureza racional do ser humano Em sua obra Fundamentos da Metaf sica dos Costumes Kant 2004 p 52 70 ensina que a raz o fonte de inspira o para os princ pios morais que devem assumir o status de leis universais Kant reputou que a vida humana deve ser considerada como fim sem si mesmo e n o como instrumento de submiss o a outrem sob pena de seus princ pios morais n o 26 servirem como leis universais Postulou a preced ncia do ser humano sobre as demais coisas do universo considerando o como um fim em si mesmo e n o apenas como meio para uso arbitr rio desta ou daquela vontade A partir dessa constata o contribuiu com o imperativo no sentido de que o ser humano deve agir de tal maneira que possa usar a humanidade tanto em sua pessoa como na pessoa de qualquer outro sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio Todos os seres racionais est o pois submetidos a essa lei que ordena que cada um deles jamais se trate a si mesmo ou aos outros simplesmente co
82. que a Conven o um acordo internacional votado pela confer ncia da Organiza o Internacional do Trabalho que uma vez aprovada constitui um tratado multilateral de car ter normativo que encaminhado aos Estados membros para fins de ratifica o Ap s a ratifica o a conven o passa a ser aplicada no ordenamento jur dico brasileiro O objetivo das conven es portanto a universaliza o das normas de direito do trabalho Com rela o ao tema ass dio moral no trabalho a Organiza o Internacional do Trabalho por interm dio de algumas de suas Conven es e Recomenda es lan a proposi es relativas s quest es seguran a sa de higiene e ambiente de trabalho inclusive no sentido de eliminar as pr ticas discriminat rias de qualquer natureza bem como os focos de sofrimento para os trabalhadores em raz o da atividade laboral BARRETO 2009 p 28 A Conven o 100 que trata da igualdade de remunera o de homens e mulheres por trabalho de igual valor foi ratificada pelo Brasil em 1957 A Conven o 111 ratificada pelo Brasil em 26 11 1965 representa decis o da Confer ncia Geral da OIT sobre proposi es relativas discrimina o em mat ria de emprego e profiss o Dada sua rela o com o tema ass dio moral no trabalho ser tratada nesse trabalho de forma detalhada nos pr ximos itens A Conven o n 148 da OIT ratificada pelo Brasil em 1982 refere se prote o dos trabalhadores contra os ri
83. que esteja presente o respeito dignidade e aos direitos dos homens de forma que o Papa Jo o Paulo II comemorando o nonag simo anivers rio da Carta Enc clica Rerum Novarum renovou para o mundo a aten o da Igreja com a quest o social ao editar sua Carta Laborem Exercens na qual inspira os cuidados em rela o ao respeito ao homem em seu bem precioso que a dignidade Extrai se ainda a preocupa o 81 de que o trabalho possa de forma inescrupulosa ser usado como instrumento de discrimina o persegui o pol tica e como arma para castigar e deferir al m das for as f sicas os sentimentos mais ntimos BARRETO 2009 p 25 Na Constitui o brasileira de 1988 o trabalho considerado como um dos fundamentos do Estado Democr tico de Direito art 1 IV um direito fundamental a presta es art 6 um fundamento da ordem econ mica art 170 caput e a base da ordem social O artigo 170 da Constitui o Federal revela que a ordem econ mica fundada na valoriza o do trabalho humano e na livre iniciativa tendo como finalidade assegurar a exist ncia digna conforme os ditames da justi a social Borges 2011 p 217 218 ensina que somente com o advento das Constitui es sociais que a Ordem Econ mica ganhou assento textual e no caso do Brasil isso ocorreu desde 1934 Sua express o tem dois sentidos o primeiro amplo que significa sin nimo de Constitui o Econ mica material e abrange todo
84. refor adas a refer ncia e a vincula o comunit ria da pessoa humana mas tamb m sua individualidade B atrice Mauer 2009 p 128 129 chama a aten o para a reflex o dos conceitos de dignidade por si em si e para n s Segundo a autora a dignidade para si a concep o que se faz da dignidade Trata se de uma concep o que condicionada pela educa o pelo contexto social pela imagem que os outros fazem de si a qual perfeitamente capaz de progredir para chegar a uma concep o de dignidade mais pr xima da verdade fazendo a evoluir at a dignidade para n s e tentar fazer com que ela evolua rumo ao em si No entanto a tendente valoriza o extrema do indiv duo e daquilo que ele pensa ser a verdade a maior amea a atual para a dignidade da pessoa humana A recusa de qualquer an lise objetiva em nome do reinado do relativismo longe de levar toler ncia pode levar ao totalitarismo do indiv duo sobre ele pr prio e sobre os outros Isso porque em nome da liberdade da autonomia pessoal grande o risco de que cada um defina a sua pr pria dignidade Desse modo os diferentes atores da sociedade tentam dizer o que para n s a dignidade Esta deve ser especialmente a reflex o do juiz e do legislador Esse para n s representa os diferentes atores de uma sociedade que expressam um consenso social Um desenvolvimento mais refor ado dos deveres e obriga es decorrentes da dignidade torna se impera
85. rela o jur dica caso em que deve prevalecer o princ pio da liberdade para ambas somente se admitindo efic cia direta dos direitos fundamentais na hip tese de les o ou amea a ao princ pio da dignidade da pessoa humana ou aos direito aos direitos da personalidade Secundum quando a rela o privada ocorre entre um indiv duo ou grupo de indiv duos e os detentores de poder econ mico ou social caso em que de acordo com o referido autor h certo consenso para se admitir a aplica o da efic cia horizontal pois tal rela o privada assemelha se quela que se estabelece entre os particulares e o poder p blico efic cia vertical SARLET 2007 p 392 400 LEITE 2011 p 39 A partir dessas premissas pretende se tratar dos direitos fundamentais de forma espec fica para ao final compor a rela o existente entre dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais a qual segundo Sarlet 2010 p 29 apesar de ser um casamento feliz n o esta imune a crises e tens es e por isso desafia a todos os que se ocupam de seu estudo 1 5 2 Dos Direitos Fundamentais de Primeira Dimens o Os direitos fundamentais de primeira dimens o assim entendidos como os direitos de liberdade sugiram a partir do ideal da burguesia de afastar o poder absoluto mon rquico para conter a interven o estatal na esfera privada com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econ mico no s culo XVIII T m fundamenta o nas doutrinas il
86. responsabilidade social do empregador para a promo o do trabalho digno e para a exig ncia de comportamentos morais dotados de respeito rec proco entre os seres humanos que protagonizam o cen rio laboral exig ncia esta sustentada pelos direitos de fraternidade que por consequ ncia restam violados Da an lise jurisprudencial visualiza se tamb m que h uma diverg ncia no que tange necessidade de comprova o do dano ps quico e de sua repercuss o perante a sociedade para que seja deferida a respectiva indeniza o reparat ria Cada julgador aprecia a caracteriza o da natureza psicol gica dos ataques e consequentemente do dano moral de forma subjetiva E como visto o dano moral assunto que a doutrina diverge quanto necessidade de comprova o da dor e de sua repercuss o Para alguns julgadores se faz estritamente necess ria a comprova o da dor e do dano ps quico como requisitos indispens veis repara o Para outros a simples constata o da pr tica abusiva que venha se configurar como il cito autoriza a repara o por indeniza o ASS DIO MORAL NUS DA PROVA Indevida a indeniza o por danos morais quando n o demonstrada a ofensa moral do trabalhador decorrente do alegado ass dio moral sofrido nus que incumbia ao reclamante nos termos do art 818 da CLT e art 333 I do CPC Assim n o evidenciados a repercuss o do ass dio e o preju zo imagem profissional do empregado n o
87. se diga que inexistem cobran as porquanto a pr pria sociedade que o faz ou mesmo as partes e patronos diretamente Ali s por se tratar de rg o p blico as exig ncias e press es afloram com mais perversidade porquanto as estat sticas de demandas distribu das e solucionadas para cada julgador 180 s o publicadas mensalmente no di rio oficial para conhecimento do p blico em geral Provimento GP CR 03 2003 do TRT da 15 Regi o De outra monta tratamentos rigorosos n o induzem de per se ao dano porquanto pr prio do modelo de sociedade eleito na contemporaneidade isto uma sociedade de consumo desenfreado altamente concorrencial e agressivo com o Estado cada vez menos intervencionista nas rela es de mercado e economia Ao menos o que se depreende dos ideais defendidos pela maioria dos atuais parlamentares deste pa s que diga se de passagem s o eleitos diretamente pelo povo para imprimir no acervo de leis os valores que a sociedade almeja e persegue E nem se fale em atrai oamento porquanto o p fio ndice de renova o dos parlamentares em cada pleito bem d a entender que esse o modelo que a sociedade realmente procura Do quanto considerado indefiro o pleito S O PAULO 2011f Quando se trata da limita o do exerc cio do poder de dire o do empregador aufere se que a jurisprud ncia se apresenta divergente especialmente em rela o quest o da estipula o de metas isso se d
88. se universalizou como express o da pr pria experi ncia social e com tamanha for a que j atua como se fosse inato est vel e definitivo n o sujeito a eros o do tempo MILAR 2007 p 761 O direito a um meio ambiente sadio configura se nas palavras de Milar 2007 p 762 como extens o do direito a vida tanto pelo aspecto da pr pria exist ncia f sica e sa de dos seres humanos quanto pelo aspecto da dignidade e qualidade de vida De fato nosso legislador constituinte a par dos direitos e deveres individuais e coletivos elencados no art 5 acrescentou no caput do art 225 um novo direito fundamental da pessoa humana que diz com o desfrute de adequadas condi o de vida em um ambiente saud vel ou na dic o da lei ecologicamente equilibrado Direito fundamental que enfatize se nada perde em conte do por situar se topograficamente fora do Titulo II Dos Direitos e Garantias Fundamentais Cap tulo I Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos da Lei Maior j que esta admite como da tradi o do constitucionalismo brasileiro a exist ncia de outros direitos decorrentes do regime e dos princ pios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a Rep blica Federativa do Brasil seja parte art 5 2 MILAR 2007 p 762 Segundo Milar 2007 p 142 a Constitui o brasileira de 1988 atribuiu um cap tulo pr prio institucionalizando o direito ao ambiente sadio como um direito
89. sobre princ pios dentro do ordenamento jur dico interno de cada pa s membro que deve tomar as medidas necess rias a coibir e reprimir o ass dio moral NASCIMENTO 2009 p 34 35 106 dentro desse contexto de compromisso internacional e social que entra a necessidade de se dar aten o ao fen meno do ass dio moral que apesar de ser invis vel acarreta consequ ncias concretas ao trabalhador vitimizado uma vez que fragilizado torna se suscept vel aos problemas de sa de f sica e mental o que gera por sua vez quadros preponderantes de transtornos psicossom ticos Da concluir se que sua ocorr ncia contraria a no o de trabalho decente de valor social do trabalho e de dignidade da pessoa humana revelando desacordo com o ideal constitucional de constru o de uma sociedade justa solid ria e fraterna Apesar da incipi ncia o Brasil vem se engajando gradualmente no processo de combate pr tica de viol ncia psicol gica no ambiente de trabalho A legisla o nacional ainda n o espec fica a respeito do tema apesar de possuir norte constitucional consubstanciado no Princ pio da Dignidade da Pessoa Humana e nas diversas normas de prote o ao meio ambiente do trabalho e da sa de do trabalhador Diante da escassez normativa a respeito do tema cabe ao operador do direito buscar solu es para resolu o dos conflitos decorrentes dessa pr tica abusiva no contexto das rela es laborais Em concord nci
90. sociais econ micas estatais etc MAUER 2009 p 138 58 Da dignidade da pessoa humana decorrem os deveres Em quaisquer circunst ncias a dignidade fundamental do homem n o pode ser atingida sendo contr rio dignidade de um indiv duo atingir por meio de atos a dignidade de outra pessoa A indignidade de alguns atos pode fazer com que o sujeito perca a sua dignidade atuada Humilhar gravemente o outro ou a si pr prio sempre tem como consequ ncia atingir a pr pria dignidade N o respeitar a pr pria dignidade tem portanto importantes consequ ncias em mat ria de direitos humanos A dignidade exige reciprocidade Ela exige o respeito ao outro aos deveres de solidariedade MAUER 2009 p 139 140 Conclui se portanto esse item destinado conex o da dignidade da pessoa humana com os direitos fundamentais em especial o direito fundamental ao trabalho com nfase para os direitos de liberdade e igualdade e solidariedade Nesse desencadear de ideias conclui se que para a verdadeira efetividade dos direitos a liberdade e igualdade nascem os direitos de solidariedade e fraternidade ligados aos direitos de coletividade relevando a necessidade de se relacionar a dignidade da pessoa humana sob a tica comunit ria 59 CAP TULO 2 RECONSTRU O HIST RICO JUR DICA DO TRABALHO COMO DIREITO FUNDAMENTAL O processo de constitucionaliza o e consolida o do trabalho como um direito fundamental foi lento e gradat
91. teor de humanismo e universalidade s o direitos que n o se destinam especificamente prote o dos interesses de um indiv duo de um grupo ou de um determinado Estado T m por destinat rio o g nero humano como valor supremo em termos de existencialidade concreta Os publicistas e juristas j os enumeram com familiaridade assinalando lhe o car ter fascinante de coroamento de uma evolu o de trezentos anos na esteira da concretiza o dos direitos fundamentais Emergiram eles da reflex o sobre temas referentes ao desenvolvimento paz ao meio ambiente comunica o e ao patrim nio comum da humanidade Os direitos de terceira dimens o s o portanto os direitos fundamentais relacionados a uma inquieta o quanto ao destino da Humanidade Fundamentam se em ideais human sticos voltados constru o de uma sociedade mais justa e solid ria Encontram se positivados nos primeiros artigos da nossa Carta Magna que os eleva ao status de fundamento da Rep blica Federativa do Brasil bem como com os objetivos a serem alcan ados Dentre eles encontramos a prote o do meio ambiente o desenvolvimento econ mico e a defesa do consumidor Nasceram a partir da compreens o do ser humano considerado coletivamente A ideia de fraternidade ligada coletividade ganhou expressividade no s culo XX representando um complemento tardio e necess rio da trilogia revolucion ria iniciada no s culo XVIII A Declara o Universal dos Direit
92. trabalho coloca se em evid ncia no texto constitucional estando presente em v rios artigos os quais se procede an lise O trabalho integra a pessoa em sociedade na medida em que dignifica estabelece modos de viver h bitos deveres e direitos tamb m no trabalho que o ser humano encontra sentido para a vida sentido esse que se altera quando h desqualifica o e degrada o profissional N o qualquer oficio portanto que torna o trabalho elemento que dignifica o ser humano Nas li es de Delgado 2006 p 111 112 o trabalho por ser identificado de diversas maneiras dependendo do ponto de vista de quem analisa e de quem agraciado por ele poder ser valorizado como digno indigno l cito il cito formal informal est vel inst vel seguro perigoso e assim sucessivamente Para a autora o sentido do valor trabalho revela se 19 pelo sujeito trabalhador e pelo momento hist rico vivenciado de forma que a valoriza o refere se ao sujeito enquanto trabalhador O trabalho visto como elemento que concretiza a identidade social do ser humano possibilitando lhe autoconhecimento e plena socializa o E da ess ncia humana Em sua obra Delgado 2006 p 26 identifica a express o Direito ao Trabalho como condi o essencial do ser humano capaz de honr lo como pessoa e de integr lo na sociedade quando prestado dignamente A identidade social do ser humano somente ser assegurada se o seu labor
93. tratado segundo a sua natureza e aceitar a escravid o do esp rito porque n o se trata de direitos cujo exerc cio seja livre mas de deveres para com Deus que s o absolutamente inviol veis Corroborando a Enc clica Pacem In Teris refor a a ideia de que o homem n o deve ser atropelado e nem v tima de sacrif cios no ambiente de trabalho mas a de que seja capacitado para ser sujeito de progressos cient ficos e de inova es t cnicas e que possa canalizar os resultados em seu proveito Enfatiza ainda a dignidade da pessoa humana o direito a um condigno teor de vida com um agir respons vel e livre cujas decis es pessoais decorrentes da pr pria iniciativa forma o pessoal educa o e convic es das pessoas influenciam fortemente no relacionamento social Esta liberdade de agir n o deve mostrar se de forma enganosa no fundo camuflando a o por coa o press o ou outra forma de imposi o externa BARRETO 2009 p 22 23 Ao trazer esta aprecia o para a realidade n o h como n o a identificar com a discuss o acerca do ass dio moral aproveitando a espiritualidade da referida Carta Enc clica ao ressaltar que a sociedade humana realiza se na liberdade digna de cidad os que sendo por natureza dotados de raz o assumem a responsabilidade das pr prias a es BARRETO 2009 p 23 Verifica se portanto que a preocupa o com os reflexos das mudan as no mundo do trabalho e da produ o influencia para
94. trica e no ambiente laboral ela de subordina o circunst ncia que permite ao sujeito ativo se aproveitar da situa o de desigualdade de superioridade e assimetria hier rquica Em virtude dessa desigualdade e depend ncia o trabalhador se encontra submetido s diretrizes de seus superiores aos poderes de dire o empresarial 108 Assevera Alkimin 2010 p 44 45 que os detentores do poder visando uma organiza o de trabalho produtiva e lucrativa acabam por incidir no abuso de poder adotando posturas utilitaristas e manipuladoras por meio da gest o sob press o E continua a autora observando que o superior hier rquico que se vale de uma rela o de dom nio cobran as e autoritarismo por inseguran a e medo de perder a posi o de poder desestabiliza o ambiente de trabalho pela intimida o inseguran a e medo generalizado Adverte a autor que o exerc cio do poder de dire o n o imprescind vel para a caracteriza o do ass dio moral j que ele pode ser praticado entre colegas horizontal ou at mesmo por subordinado em rela o ao seu superior hier rquico De toda forma cumpre retornar ao racioc nio acima delineado j que o ass dio moral encontra solo f rtil nas rela es que trazem em seu bojo as rela es de poder Alkimin 2010 p 45 ressalta que os detentores de poder se utilizam de manobras perversas com a inten o de excluir do ambiente de trabalho aquele que representa para si uma
95. tulo III Normas Especiais de Tutela do Trabalho al m das Portarias do Minist rio do Trabalho e da Lei Org nica da Sa de Lei 8 080 90 H ainda o Programa de Controle M dico e de Sa de Ocupacional e o Programa de Preven o de Riscos Ambientais sem se esquecer da obrigatoriedade das empresas em instituir as Comiss es Internas de Preven o de Acidentes nos termos do artigo 163 da CLT Ademais o artigo 483 da CLT al neas a b d e e g da Consolida o das Leis do Trabalho garante a rescis o do contrato de trabalho na modalidade de rescis o indireta do contrato de trabalho tamb m conhecida como justa causa do empregador cujas consequ ncias se equiparam a injusta dispensa garantindo ao empregado assediado todos os direitos e indeniza es como se dispensado injustamente fosse Situa o que se demonstraria ideal para que houvesse maior visibilidade do problema que fosse acrescida nas hip teses do art 483 a previs o do ass dio moral a exemplo do que ocorreu com a inser o na CLT de regras sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho atrav s do art 373 A que deu maior enfoque prote o do trabalho da mulher VILA 2009 p 83 vila 2009 p 84 invoca a aplica o da Lei n 9 029 95 que pro be a exig ncia de atestado de gravidez e esteriliza o e outras pr ticas discriminat rias para efeitos admissionais ou de perman ncia da rela o jur dica de trabalho para os casos de ass dio
96. universo de normas jur dicas reguladoras da economia presente na Constitui o escrita ou mesmo fora dela o segundo restrito significando que ordem econ mica engloba disposi es de pol tica econ mica reunidas em forma de norma jur dica constitucional em parte especialmente determinada no texto O discurso ideol gico da Ordem Econ mica da Constitui o de 1988 de um Estado Social com a es na economia em busca de bem estar social deixando em aberto ao espa o infraconstitucional as defini es expl citas dessa pol tica econ mica de bem estar Combina as dimens es de Direitos Individuais e Pol ticos de conquista liberal aos Direitos impositivos de tarefas na conforma o social Direitos Sociais e econ mica Direitos Econ micos Da an lise do plano dos Direitos Sociais e Econ micos vislumbra se que a Constitui o reuniu em seu texto forte preocupa o com o fornecimento de bens de consumo social uma pol tica de redistribui o baseada no fornecimento de comodidades sob a forma de servi os p blicos e imposi o de nus aos v nculos obrigacionais trabalhistas BORGES 2011 p 253 Eros Roberto Grau 2005 p 60 ensina que a ordem econ mica um conjunto de normas que define institucionalmente um determinado modo de produ o econ mica Sustenta que a ordem econ mica uma parcela da ordem jur dica do mundo do dever ser figurando como um conjunto de normas que institucionaliza uma determinada ordem
97. 009 BARRETO Marco Aur lio Aguiar Ass dio moral no trabalho responsabilidade do empregador S o Paulo LTr 2009 BARRETO Margarida VENCO Selma O sentido social do suic dio no trabalho In Revista Espa o Acad mico v 09 n 108 maio de 2010 Dispon vel em http www periodicos uem br ojs index php Espaco Academico article view 10032 5583 Acesso em 16 jul 2010 BARROSO Luis Roberto Fundamentos te ricos e filos ficos do novo direito constitucional brasileiro In BARROSO Luis Roberto Org In A nova interpreta o constitucional pondera o direitos fundamentais e rela es privadas Rio de Janeiro Renovar Boreal 2003 BITTAR Carlos Alberto Repara o civil por danos morais 2 ed S o Paulo Revista dos Tribunais 1994 BOBBIO Noberto A era dos direitos Tradu o Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Elsevier 2004 BONAVIDES Paulo Curso de direito constitucional 25 ed S o Paulo Malheiros 2011 BORGES Alexandre Walmott Pre mbulo da constitui o amp a ordem econ mica 1 ed 6 reimpress o Curitiba Juru 2011 196 BUONUOMO Vicenzo Em busca da fraternidade no direito da comunidade internacional In CASO Giovanni Direito e fraternidade ensaios pr tica forense S o Paulo Cidade Nova LTr 2008 CAVA ANA Juliana Porque os franceses est o se matando Veja revista S o Paulo ano 42 n 40 out 2009 Entrevista COELHO F bio Alexandre Repara o do dano
98. 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0000495 67 2010 5 15 0158 Recorrente Maiko Douglas de Brito Lima Recorrido Banco Santander Brasil S A Origem Vara Itinerante Do Trabalho De Igarapava rg o Julgador 5 C mara Terceira Turma Relator Gisela R M De Araujo E Moraes Campina SP Ac rd o publicado em 14 10 20115 Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1799708 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0322600 10 2009 5 15 0025 Recorrente Antonio Pinto Recorrido Munic pio de Pardinho Origem Vara do Trabalho de Botucatu rg o Julgador 4 Turma 7 C mara Relator Manuel Soares Ferreira Carradita Campina SP Ac rd o publicado em 16 09 2011k Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1788047 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0052700 86 2009 5 15 0068 Recorrente Munic pio de Mari polis Recorrido Mauro Coletti Origem Vara do Trabalho de Adamantina rg o Julgador 10 C mara Quinta Turma Relator Jos Antonio Pancotti Campina SP Ac rd o publicado em 07 07 2011 Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consul
99. 120 128 As sintomatologias apresentadas pelas v timas s o muito caricatas e tem maior rela o com a intensidade e dura o da agress o do que s estruturas ps quicas Hirigoyen 2005 p 158 revela que essa sintomatologia t o espec fica a ponto de possibilitar a um cl nico experiente que perceba a situa o de ass dio moral unicamente a partir de suas consequ ncias sobre a sa de das v timas O estresse e a ansiedade s o consequ ncias espec ficas No in cio os sintomas s o parecidos com os do estresse S o perturba es funcionais cansa o nervosismo dist rbios do sono enxaquecas dist rbios digestivos dores na coluna etc Entretanto o estresse originado de uma situa o de ass dio moral possui por detr s o sentimento de impot ncia e de humilha o Caso o ass dio moral se prolongue no tempo um estado depressivo pode se instalar gerando na pessoa sentimentos de apatia tristeza complexo de culpa obsess o e at desinteresse por seus pr prios valores essencial estar alerta aos estados depressivos pois o risco de suic dio grave HIRIGOYEN 2005 p 159 Marcelo Finazzi mestre em Administra o pela Universidade Nacional de Bras lia UnB e autor da tese de disserta o em Administra o denominada Patologia da Solid o o suic dio de banc rios no contexto da nova organiza o do trabalho revela que entre 1996 e 2005 181 cento e oitenta e um banc rios cometeram suic
100. 3 PIOVESAN 2010 p 27 74 Nesse sentido a perspectiva da Constitui o Federal de 1988 a de defesa e garantia dos direitos dos cidad os com base numa concep o ampliada dos Direitos Humanos estabelecendo o compromisso do Estado da sociedade e do governo de zelar por tais direitos DELGADO 2006 p 80 Quanto indivisibilidade dos direitos humanos Piovesan 2010 p 27 enfatiza a Constitui o de 1988 a primeira ao afirmar que os direitos sociais s o direitos fundamentais tendo aplicabilidade imediata Ensina Sarlet 2010 p 71 que nossa Constitui o vigente acabou trilhando caminho similar ao percorrido entre outras ordens constitucionais pela Lei Fundamental da Alemanha e posteriormente pelas Constitui es de Portugal e da Espanha figurando como a primeira na hist ria do constitucionalismo p trio a prever um t tulo pr prio destinado aos princ pios fundamentais situado em manifesta homenagem ao especial significado e fun o destes na parte inaugural do texto logo ap s o pre mbulo e antes dos direitos fundamentais Dessa forma o constituinte deixou transparecer de forma clara e inequ voca a sua inten o de outorgar aos princ pios fundamentais a qualidade de normas embasadoras e informativas de toda a ordem constitucional especialmente das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais que igualmente integram juntamente com os princ pios fundamentais aquilo que se denomina de n
101. 3 disp e que a ordem social tem como base o primado do trabalho Tudo isso tem o sentido de reconhecer o direito social ao trabalho como condi o da efetividade da exist ncia digna fim da ordem econ mica e pois da dignidade da pessoa humano fundamento tamb m da Rep blica Federativa do Brasil art 1 II E aqui se entroncam o direito individual ao livre exerc cio de qualquer trabalho of cio ou profiss o com o direito social ao trabalho que envolve o direito de acesso a uma profiss o orienta o e forma o profissionais livre escolha do trabalho assim como o direito rela o de emprego art 7 I e o seguro desemprego que visam todos entre outros melhoria das condi es sociais dos trabalhadores SILVA 2011 p 289 290 Com rela o garantia de emprego Silva 2011 p 292 considera uma das maiores garantias pois significa o direito de o trabalhador conservar sua rela o de emprego contra despedida arbitr ria ou sem justa causa sendo de aplicabilidade imediata de modo que se a Constitui o garante a rela o de emprego o princ pio o da sua conserva o e n o o da sua 77 substitui o Proteger a rela o de emprego impedir que possa ser desfeita sem atender aos direitos do trabalhador Avan ando na prote o do trabalhador tamb m com base nas li es do constitucionalista Jos Afonso da Silva 2011 p 292 verificamos a prote o e garantia a condi es j
102. Av HYGINO Muzzi FILHO 529 MAR LIA SP CEP 17525 901 FonE Fax 14 2105 0880 http AA univem ecu Br e mail mestradojusSuniver edu br Dedico este trabalho as v timas dos conflitos decorrentes da pr tica do ass dio moral no trabalho AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar o reconhecimento devido a Deus por ter me capacitado para a concretiza o deste trabalho S Ele digno de toda honra gl ria e louvor Ao meu amado esposo Lucas pela partilha for a e amor Aos meus pais Luiz e Ivone e a minha irm Adriana que sempre acreditaram em mim e me apoiaram renunciando da minha companhia para que este estudo fosse conclu do a minha eterna gratid o Voc s representam concretamente o amor de Deus Ao meu orientador professor Edinilson Donisete Machado pelo conhecimento seguro apoio verdadeiro e tratamento respeitoso humano e pac fico com que conduziu essa orienta o Ao professor Lafayette Pozzoli coordenador do curso de mestrado pela oportunidade e credibilidade Ao Univem minha segunda casa cujos corredores eu frequento desde minha gradua o no curso de Direito que possibilitou a realiza o deste ideal A Leninha e Taciana por toda aten o e carinho que sempre tiveram por mim Voc s s o flores no jardim do mestrado A todos os meus amigos queridos assim escolhidos fam lia por afinidade pelo amor e apoio de sempre Senhor Fazei de mim um instrumento de vossa paz Onde houver
103. CLT prev as hip teses de caracteriza o das condutas que ensejam a rescis o indireta e que podem configurar ass dio moral no trabalho isoladamente ou combinando entre si desde que sejam praticadas de forma intencional e reiteradas Vejamos 139 as hip teses delineadas nas al neas do citado artigo cuja pr tica implica no reconhecimento da justa causa do empregador e na caracteriza o do ass dio moral no trabalho A primeira das hip teses constantes na al nea a do artigo 483 da CLT autoriza o empregado a rescindir o contrato de trabalho quando forem exigidos do empregado servi os superiores s suas for as defesos por lei contr rios aos bons costumes ou alheios ao contrato O termo for as haver que ser entendido de forma ampla medida que engloba as acep es de for a muscular aptid o para a tarefa capacidade profissional incluindo se no preceito ora examinado as for as intelectuais ou mentais O objetivo do legislador foi de limitar o poder de dire o empresarial e coibir abusos capazes de acarretar danos ao empregado como por exemplo exig ncias desproporcionais condi o humana colocando em risco a sa de f sica mental ou intelectual trabalhador LIMA FILHO 2009 p 88 O descumprimento dessas limita es pelo empregador poder causar graves danos sa de f sica e mental do trabalhador violando um dos direitos fundamentais tutelados constitucionalmente Constitui o Federal arts 6
104. ECURSO ORDIN RIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO NO PARTICULAR S O PAULO 2011a Para o reconhecimento do ass dio moral no trabalho os julgadores t m exigido a cumula o dos requisitos pontuados pela doutrina de forma que na aus ncia de um deles o processo n o seja reconhecido especialmente quando se trata da reitera o da pr tica abusiva Nas ementas abaixo transcritas resta evidenciado que havendo reitera o da conduta abusiva n o h que se falar em reconhecimento do ass dio moral no trabalho De acordo com o hist rico institucional do Tribunal Regional do Trabalho somando se 1 e 2 Inst ncias j deram entrada na Justi a do Trabalho da 15 Regi o quase 4 quatro milh es de processos desde a instala o do TRT O n mero de a es resolvidas tamb m gira em torno dessa marca A 2 Inst ncia do Judici rio Trabalhista da 15 Regi o recebeu no bi nio 2008 2009 174 035 novos processos um crescimento de 22 5 em rela o ao bi nio anterior 2006 2007 quando foram protocoladas 127 311 novas a es Na 1 Inst ncia o panorama tamb m de muito trabalho Em 2010 deram entrada nas 153 cento e cinquenta e tr s Varas do Trabalho e nos 9 nove Postos Avan ados da 15 Regi o 232 773 novos processos 178 DANO MORAL ASS DIO MORAL PR TICA DE CONDUTA OFENSIVA DO EMPREGADOR N O COMPROVADA INDENIZA O INDEVIDA Para a caracteriza o do dano moral h de se comprovar a conduta ofe
105. FUNDA O DE ENSINO EUR PIDES SOARES DA ROCHA CENTRO UNIVERSIT RIO EUR PIDES DE MAR LIA UNIVEM PROGRAMA DE MESTRADO EM DIREITO ANDREA ANTICO SOARES O ASS DIO MORAL NO TRABALHO LUZ DOS DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA MAR LIA 2012 ANDREA ANTICO SOARES O ASS DIO MORAL NO TRABALHO LUZ DOS DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Disserta o apresentada ao Programa de Mestrado em Direito do Centro Universit rio Eur pides de Mar lia mantido pela Funda o de Ensino Eur pides Soares da Rocha para obten o do T tulo de Mestre em Direito rea de Concentra o Teoria Geral do Estado Orientador Prof Dr EDINILSON DONISETE MACHADO MAR LIA 2012 SOARES Andrea Antico O ass dio moral no trabalho luz dos direitos humanos e fundamentais e da dignidade da pessoa humana Andrea Antico Soares Orientador Edinilson Donisete Machado Mar lia Sp s n 2012 205 f Disserta o Mestrado em Direito Funda o de Ensino Eur pides Soares da Rocha mantenedora do Centro Universit rio Eur pides de Mar lia Univem Mar lia 2012 1 Direitos Humanos 2 Dignidade da Pessoa humana 3 Ass dio Moral CDD 341 6 FUNDA O DE ENSINO EUR PIDES SOARES DA ROCHA CENTRO UNIVERSIT RIO EuRiPIDES DE MAR LIA UNIVEM PROGRAMA DE MESTRADO EM DIREITO Reconhecido pela Portaria MEC n 524 de 30 de abril de 2008
106. Humanos de 1948 estabelece um par metro tico jur dico a partir do qual os Estados deveriam se relacionar com as pessoas sob sua jurisdi o Entende que a dignidade deriva das rela es entre as pessoas A no o de dignidade da pessoa humana re ne portanto o direito igualdade entre todos os homens bem como direito liberdade que o indiv duo tem de se orientar de acordo com seus pr prios ideais n o se esquecendo entretanto que o exerc cio dessa liberdade deve ocorrer nos limites do bem estar comunit rio Importa ter em mente que esta liberdade assim entendida como autonomia considerada em abstrato como sendo a capacidade potencial que cada ser humano tem de auto determinar sua conduta SARLET 2010 p 53 justamente nesse sentido que assume particular relev ncia a constata o de que a dignidade da pessoa humana simultaneamente limite e tarefa dos poderes estatais e da comunidade em geral de todos e de cada um condi o d plice esta que tamb m aponta para 29 uma paralela e conexa dimens o defensiva e prestacional da dignidade SARLET 2010 p 55 Peter Haberle 2009 p 55 sustenta que da compreens o da dignidade humana como princ pio constitutivo basilar entendido como valor social e pretens o de respeito por parte dos homens resulta a proibi o de fazer dos homens meros objetos do Estado ou de exp los a tratamento que coloque em causa em princ pio sua qualidade de sujeito restando
107. IEIRA Oscar Vilhena Direitos fundamentais uma leitura da jurisprud ncia do STF 4 ed S o Paulo Atlas 2006 ZANETTI F tima A problem tica da fixa o do valor da repara o por dano moral um estudo sobre os requisitos adotados pela doutrina S o Paulo Malheiros 2006
108. Kant contempla a dignidade humana como uma exig ncia de imparcialidade Se todas as pessoas s o um fim em si todas devem ser respeitadas E ser fim em si significa ser considerado como feixe de raz o e sentimentos que n o podem ser injustificadamente suprimidos A partir do pensamento Kantiano a doutrina jur dica mais expressiva nacional e estrangeira fundamenta as bases de uma fundamenta o da dignidade da pessoa humana no sentido de que a dignidade da pessoa humana considera a pessoa como fim e n o como meio 27 repudiando toda e qualquer esp cie de coisifica o e instrumentaliza o do ser humano SARLET 2010 p 39 42 Sarlet 2010 p 47 50 assevera acerca da dificuldade de se obter um conceito exato do termo dignidade dado seu conte do de contornos vagos imprecisos amb guos e poliss micos Segundo B atrice Mauer 2009 p 127 essa polissemia n o se caracteriza como um limite no o de dignidade ao contr rio pode revelar se de uma imensa riqueza de forma que certa indetermina o permanece e permanecer Esta n o deve por m impedir a utiliza o do conceito Muitos termos foram utilizados n o obstante o seu significado preciso fosse ou por vezes continue sendo inapreens vel Isso prova que poss vel utilizar uma no o mesmo que o seu conte do ainda n o esteja claramente determinado ainda que muitas quest es fiquem sem resposta o caso da dignidade da pessoa humana Apesar da d
109. OS HUMANOS E FUNDAMENTAIS E DO PRINC PIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA o citar veta aaa an a na a SA da 155 4 1 O Direito Fundamental Liberdade e o Ass dio Moral no Trabalho 156 4 2 O Direito Fundamental Igualdade e o Ass dio Moral no Trabalho 160 4 3 O Direito Fundamental Igualdade Processual e o Ass dio Moral no Trabalho 165 4 4 Os Direitos Fundamentais de Fraternidade e o Ass dio Moral no Trabalho a dd a ad a GR ida 171 4 5 O Ass dio Moral no Trabalho Luz das Decis es Judiciais Proferidas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o secs mise diines quien iai quai inata 176 CONSIDERA ES FINAIS fu iortasirartin riso aa ati Di do dd ia do add 192 REBERENCEAS cosas at a dan aaa Mi ip Sa E ad pg A de Sa pp 196 11 INTRODU O A Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 retoma os ideais constru dos na Revolu o Francesa Representa o reconhecimento hist rico e universal dos valores supremos da igualdade da liberdade e da fraternidade entre os homens A transforma o desses ideais em direitos efetivos tem sido realizada gradativamente no plano internacional e nacional O reconhecimento universal dos direitos humanos permitiu a forma o de um sistema internacional de prote o desses direitos integrado por tratados internacionais de prote o que refletem a consci ncia tica contempor nea compartilhada pelos Esta
110. Primeira Turma Relator Luiz Antonio Lazarim Campina SP Ac rd o publicado em 13 05 20110 Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp plIdProc 1742005 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0069300 64 2007 5 15 0130 Recorrente Patr cia Gomes dos Santos Recorrido Big Bag Bonsucesso Ind stria e Com rcio Ltda Origem 11 Vara do Trabalho de Campinas rg o Julgador 4 C mara Segunda Turma Relator Jos Pedro de Camargo Rodrigues De Souza Campina SP Ac rd o publicado em 21 01 2011p Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1693814 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0168700 31 2005 5 15 0030 Recorrente 1 HSBC Bank Brasil S A Banco M ltiplo 2 Nilce Cristhoni Ferreira Leite Recorrido Os Mesmos Origem Vara do Trabalho de Ourinhos rg o Julgador 6 C mara Terceira Turma Relator Ana Paula Pellegrina Lockmann Campina SP Ac rd o publicado em 02 12 2011q Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1751041 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 SARLET Ingo Wolfgang A Efic cia dos direitos fundamentais 8 ed
111. Princ pio da Dignidade da Pessoa Humana e nas diversas normas de prote o da personalidade do meio ambiente do trabalho e da sa de do trabalhador 123 Como visto a Constitui o Federal traz como fundamento a prote o da dignidade humana bem como os valores sociais do trabalho no artigo 1 incisos II e IV No artigo 170 caput da Carta Magna consta que a ordem econ mica deve se fundar na valoriza o do trabalho humano e na livre iniciativa observando ainda o valor social da propriedade no inciso III e a busca do pleno emprego no inciso VIII A Constitui o Federal eleva o princ pio da dignidade da pessoa humana como fundamento da Rep blica e finalidade da ordem econ mica e assegura em seu art 5 incisos V e X a prote o intimidade vida privada honra imagem e ao patrim nio moral e material inclusive com a possibilidade de ressarcimento do dano moral BRASIL 1988 Nossa Constitui o Federal incluiu entre os direitos dos trabalhadores o de ter reduzido os riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de sa de higiene e seguran a conforme consta do art 7 XXII Tamb m determinou em seu artigo 200 inciso VIII que no sistema de sa de o meio ambiente do trabalho deve ser protegido de forma que poss vel afirmar que as quest es referentes ao meio ambiente do trabalho transcendem quest o de sa de dos pr prios trabalhadores extrapolando para toda a sociedade Mais adiante
112. TINS 2009 p 8 O estudo do Direito Internacional do Trabalho passa a assumir especial import ncia com o Tratado de Versalhes 1919 que atribuiu OIT a compet ncia para tratar de quest es que visem justi a tendo em vista o progresso material e espiritual do ser humano em condi es de liberdade e dignidade com seguran a econ mica e iguais oportunidades consagrando o entendimento de que a paz n o apenas a aus ncia de guerra vinculando seu conceito a uma ordem internacional com justi a social onde os direitos fundamentais do homem n o sejam afrontados pelo desenvolvimento econ mico que gera a mis ria entre grandes contingentes humanos e a instabilidade pol tica dos respectivos Estados SUSSEKIND 1994 p 25 Na It lia aparece a Carta Del Lavoro de 1927 instituindo um sistema corporativista fascista que inspirou outros sistemas pol ticos como o de Portugal Espanha e especialmente do Brasil O corporativismo visava organizar a economia em torno do Estado promovendo o interesse nacional al m de impor regras a todas as pessoas Surge o corporativismo na metade do s culo XIX com o fim de organizar os interesses divergentes da Revolu o Industrial As Diretrizes b sicas do corporativismo eram a nacionalismo b 63 necessidade de organiza o c pacifica o social d harmonia entre o capital e o trabalho MARTINS 2009 p 8 9 Finalizada a segunda Guerra Mundial ap s 1945 os direitos fundamentais
113. a a percep o de que na repara o por danos morais h uma tend ncia a se perseguir a comprova o do dano ps quico mediante prova robusta de que o empregador praticou ato lesivo honra e dignidade do trabalhador Nesse sentido a jurisprud ncia analisa o dano moral decorrente de ass dio moral pass vel de indeniza o como aquele capaz de atingir a pessoa do empregado enquanto ente social ou seja surtindo efeitos na rbita interna do autor al m de comprometer a sua imagem perante o meio social Nesse sentido cabe levantar a reflex o no sentido de que o dano moral atinge os direitos de personalidade e n o exige que a les o seja percebida sentida e compreendida pelo lesado em sua exata dimens o nem lhe indispens vel que haja dor ou sofrimentos f sicos e ps quicos inquieta o espiritual agravo s afei es leg timas e toda classe de padecimentos insuscet veis de aprecia o pecuni ria A dor ou padecimento moral n o aflora perceptivelmente em outro sintoma A dor moral insere se no amplo campo da teoria dos valores O dano moral indeniz vel ainda que n o resulte em altera es ps quicas VENOSA 2004 p 41 Entretanto a jurisprud ncia caminha no sentido de que quando n o evidenciados a repercuss o do ass dio e o preju zo imagem profissional do empregado n o h que se falar em ato il cito do empregador capaz de gerar a indeniza o por danos morais Assim o que se percebe que para
114. a a sa de do trabalhador o desrespeito ao direito fundamental do ambiente do trabalho saud vel e seguro provoca consequ ncias em toda a sociedade que respons vel pelo financiamento do sistema de sa de e de previd ncia social No momento do arbitramento do valor reparat rio h que se levar em considera o toda extens o do dano suportado pelo trabalhador agredido procurando a exata repara o sob pena de permitir que a sociedade venha ser compelida a ressarcir o trabalhador no lugar do agressor perverso que comete deliberadamente a conduta abusiva e il cita o que em nada contribui para o car ter pedag gico da condena o 189 Reconhecer que o ass dio moral produz consequ ncias m ltiplas e um problema de sa de p blica como a OMS e a OIT pontuam uma quest o que a jurisprud ncia precisa enfrentar A fixa o do valor indenizat rio deve se atentar n o somente para a repercuss o individual mas para a repercuss o social produzida pelo referido fen meno preciso compensar a dor o constrangimento ou o sofrimento da v tima e pedagogicamente combater a impunidade bem como considerar verdadeiramente o grau de culpa do agressor e a gravidade dos efeitos do acidente ou doen a ocupacional n o s para a v tima mas para toda a sociedade Dos estudos realizados e da jurisprud ncia analisada arrisca se a pontuar que a jurisprud ncia precisa reconhecer que esse processo de viol ncia agride bens e valores
115. a com as palavras de Ferreira 2010 p 43 visualiza se que os conceitos mostram por si s a dificuldade existente na verifica o das condutas caracterizadoras do ass dio moral medida que na an lise do concreto poder haver certo grau de subjetividade no julgamento do que abusivo hostil e degradante Adverte a autora que necess ria a busca pela objetividade partindo das defini es abstratas encontrando elementos objetivos e gerais para uma defini o jur dica do que ass dio moral no trabalho Igualmente vila 2009 p 52 relata a import ncia de se aprofundar nos elementos que caracterizam o fen meno 3 2 Elementos que Caracterizam o Ass dio Moral no Trabalho Com base nas doutrinas de li es de Alkimin 2010 p 42 identificam se os seguintes elementos sujeitos sujeito ativo assediador empregador ou qualquer superior hier rquico colega de servi o ou subordinado em rela o ao superior hier rquico sujeito passivo assediado que pode ser o empregado ou superior hier rquico no caso de ass dio 107 praticado por subordinado Conduta comportamento e atos atentat rios aos direitos de personalidade reitera o e sistematiza o consci ncia do agente Lima filho 2009 p 39 destaca que os elementos constitutivos do ass dio moral constituem aqueles requisitos que necessariamente dever o concorrer conjuntamente para a caracteriza o do fen meno Aponta o citado autor como sendo os sujeito
116. a de uma maior efetividade normativa dos Direitos Humanos dentro dos ordenamentos jur dicos dos Estados signat rios 2 2 A Fun o do Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais e da Organiza o Internacional do Trabalho OIT na Implementa o do Direito do Trabalho nos Ordenamentos Jur dicos Nacionais Realizadas as reflex es a respeito dos Direitos Humanos ligados ao Direito do Trabalho enfatizando sua constru o hist rica e suas caracter sticas essenciais com destaque especial indivisibilidade que comp em o cen rio normativo internacional passa se a refinar o estudo dos direitos sociais em especial o direito do trabalho Para tanto dar se relev ncia 65 import ncia aos Pactos e Conven es Internacionais pertinentes com nfase para o Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais bem como as Conven es da Organiza o Internacional do Trabalho OTT O elenco de direitos estabelecido na Declara o Universal dos Direitos Humanos n o esgota o rol dos direitos humanos uma vez que seus desdobramentos dependem de diversos enfoques que se lhes deem Da a import ncia dos tratados e conven es internacionais sobre tais direitos e sua discuss o permanente at para que se exer a permanente vigil ncia garantidora do seu cumprimento FILOMENO 2009 p 244 Procurando dar efic cia proclama o dos direitos fundamentais da pessoa humana a ONU aprovou in
117. a do tratamento com rigor excessivo para configurar a rescis o indireta do contrato de trabalho o que nas palavras de Lima Filho 2009 p 93 uma figura legal envolve a presen a de repreens es ou medidas punitivas desprovidas de motiva o razo vel que configure persegui o discrimina o ou intoler ncia do empregador ou seus prepostos em rela o ao empregado de forma ofensiva dignidade deste n o raro por raz es de persegui o ou discrimina o pelas mais variadas raz es Essa infra o grave pode manifestar se atrav s de atos de intoler ncia cont nua exagero minudente de ordens especialmente quando revelada atrav s de tratamento discriminat rio quando houver receio de que o trabalhador assediado possa de alguma forma competir com a chefia a promo es ou acesso a cargo de maior import ncia etc Quando o empregador ou o superior hier rquico trata o empregado mediante rigor excessivo poder esse utilizar se da rescis o indireta para rompimento do contrato de trabalho fazendo jus ao pagamento de todas as verbas rescis rias como se injustamente dispensado houvesse sido Segundo Alkimin 2010 p 92 o rigor excessivo poder se configurar de forma evidente quando o empregador exceder no poder de organiza o e atribuir metas de produtividade inating veis com claro intuito de abalar a autoestima pessoal e profissional na inten o de afast lo do trabalho 141 No mesmo sentido o ass dio moral resulta
118. a imaterial n o pode ser quantificada o que interv m diretamente na repara o pecuni ria uma vez que uma qualidade ter que ser quantificada de alguma forma COELHO 2009 p 130 A fixa o do montante indenizat rio para a repara o do dano moral uma quest o rdua para os operadores do Direito em geral Paroski 2010 p 131 enfatiza as dificuldades encontradas pelo julgador uma vez que o ordenamento jur dico positivo n o oferece de modo expresso e homog neo as ferramentas necess rias para alcan ar este objetivo Em aberto se encontra um perigoso campo a ser preenchido pela atua o dos rg os Judiciais que oferece a possibilidade da discricionariedade ao juiz e que em alguns casos pode ser confundida com arbitrariedade principalmente se a decis o n o for adequadamente fundamentada pelo menos nos princ pios grais de direito cuja fonte a Constitui o Cabe ao Julgador avaliar a extens o do dano e os seus efeitos na esfera pessoal do lesado e para tanto ser imprescind vel analisar e valorar diversas outras circunst ncias de ordem subjetiva e objetiva a exemplo da condi o social e econ mica da v tima e do lesante as repercuss es do ato antijur dico na comunidade em que vive o lesado a finalidade almejada pela repara o os princ pios da proporcionalidade ou razoabilidade a menor ou maior culpa do causador do dano necess ria equidade PAROSKI 2010 p 131 Venosa 2004 p 258 tamb m ente
119. a menos que apare am testemunhas pois o agressor sempre nega Ali s a maior parte do tempo o assediador n o acredita que seu comportamento seja conden vel ele o considera apenas viril Ocorre tamb m que outros homens da empresa consideram igualmente este comportamento como normal O ass dio sexual muitas vezes deixado em segundo plano pois as v timas sentem menos constrangimento em expressar a viol ncia moral do que o ass dio sexual sobretudo se cedeu a ela HIRIGOYEN 2005 p 101 Ao lado das formas de ass dio moral pr ximas do ass dio sexual situa se a discrimina o em rela o a mulheres As mulheres s o simplesmente colocadas margem ou assediadas e impedidas de trabalhar unicamente pelo simples fato de serem mulheres No ambiente empresarial n o se fala de paridade ou igualdade de sexos sobretudo quando se sobe na hierarquia diz se simplesmente que as mulheres n o est o aptas a postos de responsabilidade As mulheres n o s o educadas para reagir de maneira violenta Ensinam lhes a se submeter a serem doces femininas As condutas de viol ncia e domina o s o pr prias das normas da virilidade sendo pois contr rias aos c nones da feminilidade Acostumadas aos elementos de sua educa o familiar elas entram mais facilmente em rela es de domina o Precisam aprender a se opor e a dizer n o HIRIGOYEN 2005 p 102 103 Quanto aos estrangeiros existe uma falsa ideia de que eles v m
120. a que o dano moral poderia ser conceituado pela negativa no sentido de que seria o dano n o patrimonial ou extrapatrimonial No mesmo sentido Paroski 2010 p 45 46 sustenta que dano moral express o utilizada para definir a les o causada bem n o patrimonial tutelado pelo ordenamento jur dico que enseja repara o pecuni ria Adverte o autor que h controv rsia na doutrina a 143 respeito do conceito posto pois h aqueles que entendem que h dano n o patrimonial que n o exatamente dano moral a exemplo da les o aos direitos sociais e pol ticos e os decorrentes de la os familiares De toda forma embora defens vel a tese de que nem todo dano extrapatrimonial pode ser considerado rigorosamente dano moral pode se afirmar que o dano moral por n o se tratar de ofensa a bens que tenham significado econ mico induvidosamente um dano extrapatrimonial n o patrimonial ou imaterial Martins 2008 p 24 acrescenta que o dano moral aquele que n o repercute no patrim nio econ mico da pessoa O que repercute o patrimonial A moral por m tamb m um patrim nio da pessoa O dano n o a les o mas a consequ ncia dela N o atinge os bens da pessoa mas a sua moral seu mago A ideia de moral vincula se tica ao car ter e aos costumes o procedimento que est em conformidade com o direito os bons costumes a honestidade e a justi a Essa compreens o entretanto n o apropriada para que
121. a tarefa e ser capaz de norte lo na promo o do trabalho digno figurando como um farol a amparar o agente do direito na produ o e aplica o de normas jur dicas capazes de dar conta do fen meno ass dio moral no trabalho A natureza integradora e hermen utica do princ pio da dignidade da pessoa humana serve de par metro para aplica o interpreta o e integra o dos direitos fundamentais e das demais normas de todo o ordenamento jur dico Tal constata o tamb m se v instalada na orbita das decis es trabalhistas que apreciam o ass dio moral no trabalho Por fim vislumbrou se da an lise jurisprudencial realizada que apesar das inten es nobres do rg o julgador existem divergentes jurisprud ncias na interpreta o dos conflitos que contribuem para uma desvaloriza o e fragiliza o dos direitos fundamentais e consequentemente da dignidade da pessoa humana em detrimento da sua maior efic cia e efetividade 195 REFER NCIAS ALKIMIN Maria Aparecida Ass dio moral na rela o de trabalho 2 ed Curitiba Juru 2010 AQUINI Marco Fraternidade e direitos humanos In BAGGIO Ant nio Maria Org O princ pio esquecido a fraternidade na reflex o atual das ci ncias pol ticas Tradu o Durval Cordas Iolanda Gaspar Jos Maria de Almeida Vargem Grande Paulista SP Cidade Nova 2008 VILA Rosemari Pedrotti de As consequ ncias do ass dio moral no ambiente de trabalho S o Paulo LTr 2
122. a vinte quilos em alguns meses dist rbios digestivos gastrites colites lceras de est mago dist rbios endocrinol gicos problemas de tire ide menstruais crises de hipertens o arterial incontrol veis mesmo sob tratamento indisposi es vertigens doen as de pele etc HIRIGOYEN 2005 p 161 A maioria das v timas apresenta um quadro de desestabiliza o permanente Significa dizer que diferentemente de outras formas de sofrimento no trabalho como por exemplo uma press o profissional demasiadamente forte que quando cessa o est mulo automaticamente cessa o sofrimento e a pessoa consegue recuperar o estado normal J nos casos de ass dio moral as sequelas s o t o marcantes que tendem a evoluir do estresse p s traum tico at uma sensa o de vergonha recorrente ou mesmo modifica es duradouras na personalidade de modo que a desvaloriza o persiste mesmo que a pessoa esteja afastada de seu agressor Ela ref m de uma cicatriz psicol gica que a torna fr gil medrosa e descrente de tudo e de todos Nos casos de ass dio moral em que a pessoa se v isolada os quadros traum ticos s o mais graves do que nos casos de gest o por inj ria geral por exemplo em que a solidariedade dos companheiros ajuda a neutralizar a situa o HIRIGOYEN 2005 p 164 165 O ass dio moral costuma provocar uma s rie de danos v tima que podem levar a destrui o de sua autoconfian a originando sentimentos de culpa s
123. abalho constitui um dos principais direitos fundamentais da pessoa humana SARLET 2010 p 104 105 Para Gomes 2008 p 51 h uma rela o de complementa o e reciprocidade entre a liberdade igualdade e solidariedade figurando como vetores axiol gico normativos para a compreens o do todo sendo importante nada melhor do que analisar as ideias chave que orbitam ao redor de cada um a fim de que o ideal de prote o da pessoa humana seja devidamente atingido E estas ideias s o a autonomia como n cleo da liberdade a necessidade como obst culo igualdade e a escassez como est mulo solidariedade Inclinando se para o direito ao trabalho que figura como uma esp cie de direito social e para justificar sua fundamentalidade material far se uso das palavras de Gomes 2008 p 59 que ensina que preciso vincular o valor trabalho humano aos valores liberdade igualdade e solidariedade social identificando o como valor s ntese dignidade da pessoa humana associando o com as ideias de prote o e promo o da autonomia vinculada satisfa o das necessidades num contexto f tico de escassez Sem a pretens o de reduzir a dignidade da pessoa humana no o de trabalho Gomes 2008 p 60 ensina que o trabalho um meio de concretiza o da dignidade da pessoa humana e realiza o plena do homem concreto e situado no mundo de hoje H portanto uma ntima conex o da dignidade da pessoa humana com o direit
124. adas pela exig ncia de presta es positivas por parte deste s o direitos que tratam da educa o sa de trabalho previd ncia social lazer seguran a prote o maternidade e da inf ncia e da assist ncia aos desamparados Nele se encontra presente o direito fundamental ao trabalho e mais adiante no artigo 7 os direitos dos trabalhadores os quais ser o objeto de estudo nos itens seguintes No terceiro cap tulo a partir do artigo 12 temos os direitos de nacionalidade os quais relacionam a situa o da pessoa humana em face do Estado disciplinando o v nculo jur dico havido entre eles S o direitos diretamente ligados aos conceitos de povo popula o na o e cidadania Os direitos pol ticos permeiam o conte do do quarto cap tulo Sua previs o constitucional m xima import ncia pois repercutem no exerc cio da democracia possibilitando que cidad os participem diretamente da vida pol tica do pa s Est o positivados no artigo 14 Logo adiante a partir do artigo 17 inicia se o ltimo cap tulo cuja import ncia crucial ao livre exerc cio da democracia medida que trata dos partidos pol ticos N o se pode deixar de mencionar a quest o da efic cia vertical e horizontal desses direitos especialmente porque se trata de uma quest o que se sobressai quando se aborda os direitos sociais na esfera trabalhista e suas rela es entre os particulares N o se pode deixar de mencionar a quest o da efic cia
125. ade de previs o legislativa Unicamente quando h tamb m reflexo material que o dano deve ser reparado necessidade de incid ncia patrimonial ou de incid ncia m ltipla Segundo Oliveira 2007 p 7 as reflex es dos juristas e a valoriza o da dignidade da pessoa humana favoreceram a percep o de dois fundamentos essenciais para justificar a indeniza o por danos morais a v tima n o pode ser deixada ao desamparo nem os lesantes impunes S o fundamentos que refletem na harmonia da conviv ncia social porque a v tima desamparada tomada de revolta e pode almejar o desejo de vingan a ademais a impunidade dos causadores do dano acaba estimulando a ocorr ncia de novas les es Com a Constitui o de 1988 a repara o por dano moral obteve o seu acolhimento legislativo inicial e os argumentos dos opositores quanto inexist ncia de princ pio geral autorizador de indeniza o do dano moral restou afastado completamente Trata se de garantia constitucional inserida no T tulo II Dos Direitos Garantias Fundamentais do Cap tulo I Dos Direitos e Deveres Individuais Coletivos da CF de 1988 que em seu art 5 declarando que todos s o iguais perante a lei sem distin o de qualquer natureza garante a inviolabilidade do direito vida liberdade igualdade seguran a e propriedade e em seus incs V e X assegura indeniza o por dano material e moral possuindo aplica o imediata porque traduz
126. ado de Pernambuco Brasil em sua exposi o no F rum Social Mundial realizado em 2003 organiza o pela Organiza o Internacional do Trabalho OIT Brasil quando tratava em sua exposi o do tema Trabalho escravo uma chaga aberta bem colocou que na poca estimava se que havia 100 000 cem mil pessoas estivessem sujeitas ao trabalho degradante no Brasil mas que tudo dependia da dimens o que se atribu a a esse conceito e assim questionou a forma pelo qual interpretamos o trabalho escravo Ser que somente aqueles que est o a ferros no interior do Tocantins e do Par aqueles que s o impedidos de se retirar dessas fazendas aqueles que se prendem a essa atividade por servid o por d vida s esses seriam classificados Ser que caberiam conceitos de semiescravid o como j foi colocado ou de semiservid o Ser que existem escravos de primeira e de segunda categoria ou servos mais ou menos servos Na minha avalia o grande parte da popula o brasileira dos trabalhadores brasileiros se encontra em determinado est gio de servid o Porque sempre que n o se observam no Brasil e em qualquer lugar as regras m nimas de prote o ao trabalhador sempre que algu m no Brasil est trabalhando em condi es inferiores quele m nimo absoluto que colocado pela lei trabalhista eu n o tenho d vida de afirmar que ele est em situa o degradante e que ele est em est gio de servid o Porque ningu m se su
127. ado dos valores da qualidade de vida logo no art 200 VIII expressamente se declara que ao Sistema nico de Sa de compete al m de outras atribui es colaborar na prote o do meio ambiente nele compreendido o do trabalho Importante essa refer ncia final ao ambiente do trabalho que se conjuga com o direito dos trabalhadores a um ambiente de trabalho higi nico art 7 XXII O art 220 30 II traz refer ncia relevante quando determina que compete lei federal estabelecer os meios legais que garantam s pessoas e fam lia a possibilidade de se defenderem da propaganda de produtos pr ticas e servi os que possam ser nocivos sa de e ao meio ambiente SILVA 2011 p 50 O meio ambiente como fator diretamente implicado no bem estar da coletividade deve ser protegido dos excessos quantitativos e qualitativos da produ o econ mica que afetam a sustentabilidade e dos abusos das liberdades que a Constitui o confere aos empreendedores MILAR 2007 p 149 Nesse sentido as atividades econ micas est o impedidas de gerar problemas que afetem a qualidade ambiental e impe am o pleno alcance dos objetivos sociais Cabe pontuar alguns princ pios do direito a ambiental cuja aplicabilidade tem conex o com o meio ambiente do trabalho O meio ambiente do trabalho local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais sejam remuneradas ou n o cujo equil brio est baseado na salubridade do meio e na aus
128. ado v tima de ass dio moral quando atingido por alguma doen a ps quica necessita de um longo per odo de tratamento psicol gico e normalmente ainda se encontra abalado pelas afrontas ps quicas sofridas durante o curso do processo Em uma demanda que pleiteia a indeniza o por danos materiais e ou morais a v tima do ass dio moral se encontra na maioria das vezes sozinha confusa adoecida fragilizada necessitando de tratamento m dico O contexto revela dificuldade de obter testemunhas at porque a viol ncia insidiosa e gera medo em todo quadro de funcion rios bem como dificuldades em comprovar o quadro cl nico e o nexo de causalidade H que se considerar portanto que para resguardar seu direito do instituto da prescri o essa v tima ingresse com a demanda sem condi es f sicas e ou ps quicas para se defender muitas vezes em condi es traum ticas fato que se reflete em sua instru o processual e revela verdadeiro desajuste entre as partes e desequil brio de armas no processo A empresa r por sua vez possui todo o aparato administrativo e organizacional capaz de demonstrar que em suas depend ncias n o h pr ticas lesivas personalidade do trabalhador que levam caracteriza o do ass dio moral no trabalho Pode inclusive comprovar que possui ouvidorias e din micas preventivas capazes de informar e auxiliar os funcion rios a respeito da proibi o de conduta il cita Ademais a empr
129. al da pessoa humana reclama uma reformula o da pr pria concep o como pressuposto fundamental de um Estado Democr tico de Direito verdadeiramente poss vel A igualdade apenas formal gera desn veis sociais profundos que mantidos em nome da liberdade dificultam o exerc cio dos direitos formalmente assegurados 4 3 O Direito Fundamental Igualdade Processual e o Ass dio Moral no Trabalho A prote o contra a discrimina o e a promo o da igualdade tamb m intensificada mediante a promo o da igualdade no mbito processual entre as partes litigantes inclusive nas causas que versam a respeito do ass dio moral no trabalho A presta o da tutela jurisdicional efetiva o grande desafio do direito moderno Os estudiosos se preocupam em aprimorar o processo visto como instrumento para se obter uma jurisdi o efetiva e consequentemente uma justa solu o dos conflitos e a pacifica o social O processo tem dispositivos amparados pela Constitui o Federal sendo suas regras carregadas de cargas principiol gicas permitindo surgir ao longo do tempo o direito processual com enfoque constitucional a vertente que hodiernamente se denomina neoprocessualismo O estudo do processo em uma perspectiva constitucional esta diretamente ligado a uma efetiva tutela de direitos dada sua direta rela o com os direitos fundamentais notadamente os direito fundamentais de igualdade de acesso justi a e do devido process
130. amea a ou para a pr pria organiza o do trabalho Dessa forma a intencionalidade configura elemento marcante e necess rio a caracteriza o do ass dio moral no trabalho Segundo Ferreira 2010 p 45 a intencionalidade um elemento que se revela como resultado uma conduta perversa verificada pela repeti o e dura o no tempo O ato perverso proporciona sofrimento v tima Conforme assevera Hirigoyen 2009 p 139 a perversidade implica uma estrat gia de utiliza o e destrui o do outro sem a menor culpa A figura do agressor portanto revestida do car ter de perversidade Hirigoyen 2009 p 141 afirma que o sujeito agressor tem como principal caracter sticas a perversidade e o narcisismo Para a autora Perversos narcisistas s o considerados psic ticos sem sintomas que encontram seu equil brio descarregando em outro a dor que n o sentem e as contradi es internas que se recusam perceber Eles n o fazem de prop sito o mal que fazem eles fazem o mal porque n o sabem agir de outro modo para existir Foram eles pr prios feridos em sua inf ncia e tentar assim manterem se vivos A transfer ncia da dor lhes permite valorizar se custa do outro A partir de seus estudos Hirigoyen 2009 p 143 144 tra a algumas caracter sticas importantes capazes de favorecer o reconhecimento do indiv duo perverso Afirma a autora que a personalidade narcisista apresenta pelo menos cinco das seguintes manifesta
131. and judicial fighting preventive repressive and especially repair of this practice In this context it aspires to the intention of relating the practice of bullying with the principles of liberty equality solidarity and human dignity so as to highlight the complementarity them highlighting the need for such dialogue in understanding the logic sources conflicts arising To this end we will use the line of research master program Construction of Legal Knowledge with Area of Concentration in Theory of Law and State as proposed is research area which entails the formation and promotes the integration of advanced studies in different fields of law so that the structure of modern society the legal relations within the state and the state itself are investigated from the standpoint of their problems and challenges with the goal of emancipation of human beings the qualitative transformation of society and improvement of institutions Keywords Human rights Fundamental Rights Bullying at work Work environment Human dignity LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Art Artigo AC Ac rd o AI Atos Institucionais CC C digo Civil CF Constitui o Federal CID Cadastro Internacional de Doen as CIPA Comiss o Interna de Preven o de Acidentes CLT Consolida o das Leis do Trabalho CPC C digo de Processo Civil EC Emenda Constitucional Ed Edi o INSS Instituto Nacional de Seguridade Social NR Normas Regulamentare
132. anos morais embora admitida pela doutrina majorit ria anteriormente Constitui o de 1988 art 5 X ganhou enorme dimens o entre n s somente ap s o preceito constitucional Com a Lei Maior expressa superou se a renit ncia empedernida de grande massa da jurisprud ncia que rejeitava a repara o de danos exclusivamente morais O fato que em nosso ordenamento de 1916 o art 159 astro rei de nossa responsabilidade civil nunca restringiu a indeniza o aos danos exclusivamente materiais VENOSA 2004 p 39 Tem se entendido hoje com efeito que a indeniza o por dano moral representa uma compensa o ainda que pequena pela tristeza infligida injustamente a outrem E que todas as demais dificuldades apontadas ou s o probat rias ou s o as mesmas existentes para a apura o do dano material GON ALVES 2009 p 371 A repara o do dano moral pode se dar de forma direta ou indireta A repara o direta tamb m chamada de espec fica consiste na repara o in natura representada pelo retorno ao estado anterior ocorr ncia da les o J a repara o indireta manifesta se atrav s do cumprimento de uma obriga o que leve a uma situa o equivalente que existia antes da ocorr ncia do dano causado ou consiste no pagamento de uma determinada quantia de dinheiro COELHO 2009 p 123 Essa natureza sancionat ria indireta da repara o nesses casos pode ser vislumbrada tanto no dano moral como no dano materia
133. as impedindo que empresas condenadas por pr ticas de coa o moral no ambiente de trabalho venham a licitar com a Administra o P blica O Projeto de Lei n 4591 2001 de iniciativa da deputada Rita Camata modifica a Lei n 8 112 de 11 de dezembro de 1990 proibindo a pr tica do ass dio moral no mbito do servi o p blico federal e cominando com pena que vai da singela advert ncia at a demiss o esta em caso de reincid ncia Na seara da Administra o P blica h ainda o PL n 4 591 2001 79 que disp e sobre a aplica o de penalidades pr tica de ass dio moral por parte de servidores p blicos da Uni o das autarquias e das funda es p blicas federais a seus subordinados propondo a altera o do artigo 117 A da Lei n 8 112 de 11 de dezembro de 1990 VILA 2009 p 87 O Projeto de Lei n 4 742 2001 de iniciativa do deputado Marcos de Jesus introduz o artigo 136 A no C digo Penal tipificando o ass dio moral com a seguinte reda o Art 136 A Depreciar de qualquer forma e reiteradamente a imagem ou o desempenho de servidor p blico ou empregado em raz o de subordina o hier rquica funcional ou laboral sem justa causa ou trat lo com rigor excessivo colocando em risco ou afetando sua sa de f sica ou ps quica Pena deten o de um a dois anos E por fim o Projeto de Lei n 7 202 2010 altera a Lei n 8 213 para dispor que a ofensa f sica ou moral intencional no ambiente de trabalh
134. asmo ignor la cham la com palavras ofensivas usar palavras de baixo cal o tais como bajulador chato fresco besta idiota burro ou outros nomes humilhantes e degradantes dentre outras pr ticas Na medida em que esse tipo de comportamento atinge de forma direta a dignidade do trabalhador e seus familiares e muitas vezes levado a efeito por sentimentos de pura vingan a persegui o ou discrimina o com o objetivo de macular a imagem e a honra profissional e pessoal do trabalhador fazendo que ele se desligue da empresa desmoralizando o perante os demais colegas e a comunidade n o resta d vida de que devem ser considerados como t pico ass dio moral especialmente quando forem praticados de forma sistem tica ao longo de certo per odo LIMA FILHO 2009 p 94 Nesta linha de racioc nio verifica se que a empresa afetada pelos efeitos dessa pr tica abusiva em tr s aspectos distintos na produtividade na forma o de passivo trabalhista e nas autua es sofridas em raz o de fiscaliza o por rg os estatais Desse modo o ass dio moral por constituir uma insidiosa viola o dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana caracteriza uma das faltas mais graves 142 praticadas contra o trabalhador sendo pass vel de puni o e repara o conforme ser demonstrado a seguir 3 4 3 O Ass dio Moral e a Sociedade Nas li es de vila 2009 p 91 al m das consequ ncias para a sa
135. assegurar diretamente a realiza o de um direito de segunda dimens o SARLET 2007 p 382 383 entende que h uma duplicidade de significado de efic cia dos direitos fundamentais no sentido de ser negativo mas tamb m positivo Para o autor a partir da an lise do artigo 5 1 da Constitui o Federal verifica se um sentido negativo medida que os direitos fundamentais n o se encontram na esfera de disponibilidade dos poderes p blicos J no sentido positivo verifica se uma obriga o dos rg os estatais de promover a concretiza o os direitos fundamentais Al m dessa efic cia vertical tem ganhado espa o a teoria da efic cia horizontal dos direitos fundamentais a qual o Estado passa a ser visto tamb m como agente protetor dos direitos fundamentais entre os particulares Leite 2011 p 36 ensina que essa efic cia horizontal dos direitos fundamentais tamb m chamada de efic cia entre terceiros ou de efic cia nas rela es privadas Assevera que ela prov m do reconhecimento de que as desigualdades estruturantes n o se situam apenas na rela o entre o Estado e os particulares como tamb m entre os pr prios particulares O que interessa entretanto o estudo dessa efic cia horizontal no mbito das rela es de trabalho subordinadas nas quais Leite 2011 p 36 sustenta que em raz o do poder de dire o conferido ao empregador esse passa a ter deveres fundamentais em rela o aos seus empregado
136. bmete a um trabalho dessa natureza se n o for por extrema necessidade Ent o necess rio que se coloque a possibilidade da servid o por necessidade e talvez seja essa a maior propiciadora do trabalho degradante no Brasil A necessidade faz com que qualquer trabalho seja aceito E essa a l gica perversa dessas teses precarizadoras do trabalho melhor qualquer trabalho do que n o ter nenhum trabalho E as pessoas se submetem em diversas camadas da sociedade brasileira em diversas atividades econ micas pessoas que n o ganham o suficiente sequer para pagar aquilo que o empregador lhes cobra de moradia e de alimenta o e que ficam indefinidamente submetidas a essas pessoas sem escr pulos e digamos assim sem sentimento algum sem nenhum compromisso social Tudo isso em face da complac ncia eu diria at do est mulo do Estado OIT 2003 Vale a pena colocar em reflex o as quest es acima pontuadas para que possa visualizar as diversas formas que pode ocorrer a viol ncia no trabalho bem verdade que a necessidade faz com que qualquer trabalho seja aceito bem como em quaisquer condi es pois melhor qualquer trabalho do que n o ter nenhum trabalho E tal fato ocorre em v rias formas de trabalho e apenas vai se alterando e at mesmo agravando com o desenvolvimento da humanidade 97 Isso porque o desenvolvimento da humanidade traz em seu bojo a altera o dos valores sociais Ferreira 2010 p 30 ensina q
137. ca com intuito de dominar a economia e afast la da monarquia e da nobreza da poca Por esse motivo o direito a liberdade foi largamente difundido entre os revolucion rios Com esse feito a burguesia sob a gide de uma liberdade notadamente formal ditava a autoregula o do mercado a seu prop sito de obten o de lucro Nasceu assim o Estado M nimo caracterizado pela interven o m nima do Estado na ordem economia 19 Streck e Moraes 2006 p 56 57 ensinam que h referencial un voco que caracteriza o movimento liberal qual seja a ideia de limites acrescentam que esses limites identificam se com as liberdades cujo ator principal o indiv duo Essas foram as ra zes do surgimento do Estado de Direito notadamente marcadas pelas ideias de constitui o e da separa o dos poderes de Montesquieu adotadas pelo Estado Liberal que serviam de limites para o poder governamental O Estado Liberal de Direito foi marcado pela formalidade e tecnicismo jur dico Essas diretrizes segundo Delgadas 2006 p 46 pautavam se na concep o de que os operadores do Direito deveriam aplicar a lei de forma mec nica desconsiderando as peculiaridades dos casos concretos vez que o valor preponderante nos termos do positivismo era o da seguran a jur dica limitando se a legalidade a atua o de um Estado m nimo Dentro dessa revolu o de ideais o surgimento do Estado de Direito trouxe para permanecer na sociedade o nascimen
138. cas Tradu o Durval Cordas Iolanda Gaspar Jos Maria de Almeida Vargem Grande Paulista SP Cidade Nova 2008 GAGLIANO Pablo Stolze Novo curso de direito civil responsabilidade civil 8 ed rev e atual S o Paulo Saraiva 2010 GARCIA Gustavo Filipe Barbosa Curso de direito do trabalho S o Paulo M todo 2007 GIOVANNI Casso et al Org Direito amp fraternidade ensaios pr tica forense S o Paulo LTr 2008 GOMES F bio Rodrigues O direito fundamental ao trabalho perspectivas hist rica filos fica e dogm tico anal tica Rio de Janeiro Lumen Jures 2008 G MEZ Salvador Morillas Pistas de fraternidade na aplica o do direito empresarial In GIOVANNI Casso et al Org Direito amp fraternidade ensaios pr tica forense S o Paulo LTr 2008 GON ALVES Carlos Alberto Direito civil brasileiro responsabilidade civil 4 ed S o Paulo Saraiva 2009 GRAU Eros Roberto A ordem econ mica na constitui o de 1988 10 ed S o Paulo Malheiros 2005 GUEDES M rcia Novaes Terror psicol gico no trabalho 2 ed S o Paulo LTr 2003 HABERLE Peter A dignidade humana como fundamento da comunidade estatal In SARLET Ingo Wolfgang Org Dimens es da Dignidade ensaios de filosofia do direito e direito constitucional 2 ed Porto Alegre Livraria do Advogado 2 009 HIRIGOYEN Marie France Mal estar no trabalho redefinindo o ass dio moral 2 ed Rio de Janeiro Bertra
139. ce a sua exist ncia conceitua e define os requisitos a serem adotados para sua caracteriza o Os julgadores se valem dos requisitos pontuados pela doutrina para a sua caracteriza o sendo eles sujeitos ativo e passivo conduta abusiva e reiterada e a intencionalidade das agress es com a finalidade de exclus o ASS DIO MORAL PR TICA COMPROVADA INDENIZA O DEVIDA O ass dio moral consiste em conduta abusiva do empregador de cunho psicol gico que atenta contra a dignidade do trabalhador de forma reiterada e prolongada causando evidente abalo emocional tendo como principal objetivo na maioria das vezes a desestabiliza o emocional do trabalhador com o intuito de induzi lo a deixar espontaneamente o emprego seja pedindo demiss o aposentadoria precoce ou at mesmo licen a para tratamento de sa de Esse ass dio pode se exteriorizar de diversas formas mas sempre h o abuso de direito do empregador ao exercer seu poder de dire o O trabalhador como se sabe est subordinado ao jus variandi e ao poder diretivo do empregador cumprindo salientar que o seu exerc cio encontra limites justamente na dignidade da pessoa humana consagrada no art 1 II da CF Assim comprovado o intuito da reclamada em tornar o ambiente e as condi es de trabalho do autor insuport veis com o objetivo de faz lo renunciar a sua estabilidade provis ria e pedir demiss o faz jus o reclamante indeniza o por danos morais R
140. cessual A jurisprud ncia analisada se inclina no acolhimento da rigidez das regras dispostas no artigo 333 do CPC o que dificulta o encontro da verdade real do caso concreto e embara am consequentemente a justa composi o do lit gio e a pacifica o social fins prec puos do processo N o se visualizou a aplica o da teoria din mica das cargas processuais nos casos pesquisados de ass dio moral no trabalho apesar da prova dos fatos ser muitas vezes de dif cil ou at mesmo imposs vel produ o N o por acaso portanto que encontramos na pr tica forense decis es judiciais imprecisas quanto ocorr ncia do ass dio moral ou quanto a sua extens o subjetiva e objetiva na vida da v tima podendo se concluir que muitas vezes o direito n o tem amparado as v timas como deveria e por consequ ncia n o tem alcan ado a pacifica o social Em conson ncia com a tend ncia neoprocessualista que valoriza a for a interpretativa dos princ pios constitucionais processuais invoca se portanto a reflex o no sentido de que o princ pio da igualdade deve ganhar cada vez mais conota o processual especialmente por meio da aplica o da teoria din mica do nus da prova nas causas que envolvem a aprecia o do ass dio moral no trabalho 186 Tamb m se faz imperioso refletir a respeito da necessidade de se estabelecer crit rios objetivos na aferi o da responsabilidade pelo dano moral causado nos casos de ass di
141. ciais e Culturais PIDESC somam se portanto os par metros protetivos adotados pela OIT Piovesan 2010 p 20 destaca e explica quatro princ pios adotados pela OIT que revelam significativa nfase aos 67 direitos sociais na esfera do trabalho e demandam uma l gica e principiologia pr pria a orientar a interpreta o desses direitos no mbito global regional e local S o eles a A aboli o do trabalho for ado b erradica o do trabalho infantil c elimina o da discrimina o no emprego e na ocupa o e d liberdade de associa o e prote o do direito negocia o coletiva A origem da Organiza o Internacional do Trabalho OIT relaciona se ao objetivo de promover par metros internacionais referentes s condi es de trabalho e bem estar Suas ra zes est o atreladas ao movimento de internacionaliza o do Direito do Trabalho que pretendia universalizar os ideais relacionados ao trabalho buscando paz e justi a social em todo mundo Segundo Martinez 2011 p 76 o Direito Internacional do Trabalho o ramo do direito internacional que mediante a atua o de organismos especializados em mat ria laboral fixa padr es m nimos de respeito ao trabalhador em sua dimens o humana com o prop sito de difundi los e de torn los universalmente aceitos e praticados O rg o que expressa mais claramente os prop sitos do Direito Internacional do trabalho a OIT Organiza o Internacional do Trabalho
142. cial e para manter esta forma de vida ter o que perseguir continuamente seu agressor a fim de obter uma repara o que se revelar sempre insuficiente HIRIGOYEN 2005 p 68 69 S o vitimas triunfantes que n o se interessam em curar seus males mas sim meios de vingan a para situa o que considera injusta Algumas delas visualizam uma ocasi o apropriada para obter vantagens materiais A posi o de v tima muitas vezes vantajosa Permite a isen o das responsabilidades diante das dificuldades e atitudes err neas Sejam 112 quais forem os elementos de realidade tudo por culpa do outro Evita a culpa e permite at a impunidade Esta maneira de transferir o erro para o outro tende a se banalizar Desta forma n o existe uma grande distancia entre esta posi o vitimaria e a falsa alega o de ass dio moral HIRIGOYEN 2005 p 68 69 preciso portanto tomar cuidado para que alguns casos de falsas alega es de ass dio moral que est o aparecendo atualmente n o venham fazer cair no descr dito realidade dos que sofrem na qualidade de verdadeiras v timas Nesse sentido um grande risco de falsa alega o de ass dio moral vem dos indiv duos paranoicos que encontram o argumento ideal de base para seu sentimento de persegui o Ressalva Hirigoyen 2005 p 71 73 que importante reafirmar que preciso evitar qualquer generaliza o pois existem v timas com patologias paranoicas o que n o quer dizer
143. cient fica e de comunica o independentemente de censura ou licen a X s o inviol veis a intimidade a vida privada a honra e a imagem das pessoas assegurado o direito a indeniza o pelo dano material ou moral decorrente de sua viola o XII inviol vel o sigilo da correspond ncia e das comunica es telegr ficas de dados e das comunica es telef nicas salvo no ltimo caso por ordem judicial nas hip teses e na forma que a lei estabelecer para fins de investiga o criminal ou instru o processual penal LXI a lei punir qualquer discrimina o atentat ria dos direitos e liberdades fundamentais No mesmo sentido Barreto 2009 p 38 40 destaca que o artigo 7 tamb m da Constitui o Federal de 1988 assegura aos trabalhadores urbanos e rurais direitos que visem melhoria de sua condi o social dentre eles a redu o dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de sa de higiene e seguran a Os incisos mais influenci veis e relacionados ao meio ambiente de trabalho XX prote o do mercado de trabalho da mulher mediante incentivos espec ficos nos termos da lei XXII redu o dos riscos inerentes ao trabalho por meio os normas de sa de higiene e seguran a XXIII adicional de remunera o para as atividades penosas insalubres ou perigosas na forma da lei XXX proibi o de diferen a de sal rios de exerc cio de fun es e de crit rio de admiss o por motivo
144. clima de inquieta o medo e fragilidade que se estende sociedade como um todo HIRIGOYEN 2005 p 122 Tanto o assim que do estudo das consequ ncias do processo de ass dio moral no trabalho vislumbra se n o s a caracteriza o do dano moral individual mas tamb m o dano moral reflexo ou tamb m denominado dano moral por ricochete bem como a figura do dano moral coletivo A relev ncia do presente estudo reside portanto na constata o de que o ass dio moral vem sendo identificado como fen meno destruidor do ambiente de trabalho e da dignidade humana viola os direitos fundamentais em todas as suas dimens es liberdade igualdade e fraternidade A introdu o da ideia realizada com o intuito de favorecer reflex es a respeito de como a fraternidade assim entendida como m ximo ideal humanit rio exposto no artigo 1 da Declara o Universal dos Direitos Humanos capaz de inspirar as rela es jur dicas que atuam no campo do Direito do Trabalho em especial nas demandas cujos conflitos sejam decorrentes do ass dio moral no trabalho e o quanto isso pode promover a concretiza o dos direitos fundamentais e a promo o da dignidade da pessoa humana na medida em que sirva como um farol a amparar o agente do direito na produ o e aplica o de normas jur dicas capazes de dar conta de sua fun o promocional G mez 2008 p 89 diz que cada norma jur dica ao impedir uma les o dos direitos alheios tem
145. constitui se em Estado Democr tico de Direito e tem como fundamentos dentre outros a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho Os princ pios constitucionais s o o ponto de partida de an lise quanto s normas de prote o vida e sa de dos trabalhadores e consequentemente quanto indeniza o por danos morais decorrentes dos acidentes do trabalho No Estado Democr tico de Direito a supera o de postulados de cunho estritamente patrimonialista produz como efeito a relativiza o de princ pios at ent o inviol veis para colocar em proemin ncia os valores axiol gicos da dignidade da pessoa humana bem como dos direitos fundamentais com nessa assertiva que se aspira inten o de relacionar a pr tica do ass dio moral aos princ pios de liberdade igualdade fraternidade e dignidade da pessoa humana de modo a ressaltar lhes a complementaridade evidenciando o necess rio di logo de tais fontes principiol gicas na compreens o dos conflitos decorrentes acreditando que este estudo contribui para a comunidade jur dica no sentido de favorecer reflex es acerca da necessidade de se comprometer em lan ar um novo olhar ao direito um olhar mais fraterno para o ass dio moral no trabalho 191 CONSIDERA ES FINAIS Apresentou se importante o estudo acerca do tema ass dio moral no trabalho sob o enfoque dos direitos humanos e fundamentais e da dignidade da pessoa humana Pretendeu se desenvolver o t
146. contraria expressamente a preponder ncia da fundamentalidade do trabalho quando manifesta expressamente o entendimento dos julgadores no sentido de que a ocorr ncia da pr tica de tratamentos rigorosos por parte do empregador n o induz por si s o 181 dano que pr prio do modelo de sociedade eleito na contemporaneidade marcado por uma sociedade de consumo desenfreado altamente concorrencial e agressivo com o Estado cada vez menos intervencionista nas rela es de mercado e economia No mesmo sentido o Julgado abaixo ASS DIO MORAL N O CONFIGURA O CUMPRIMENTO DE METAS O estabelecimento de metas est inserido no poder de dire o atribu do ao empregador Artigo 2 da CLT vem se acentuando com a concorr ncia no setor privado e exig ncia da sociedade no servi o p blico A produtividade um fator preponderante desde Taylor Fayol Ford os quais desenvolveram teorias de moderniza o da organiza o administrativa com base nos cinco elementos essenciais planejamento organiza o dire o coordena o e controle Henri Fayol no in cio do S culo XX j estabelecera os princ pios b sicos de gerenciamento de um empreendimento a divis o do trabalho a autoridade a disciplina a unidade de comando e dire o a subordina o do interesse individual ao interesse comum a remunera o a centraliza o a cadeia de autoridade a ordem a equidade a estabilidade no emprego a iniciativa e a
147. dade haver diferen a a produ o relacional que mais evoluiu e mediante a qual a humanidade conscientiza defende e encaminha a si pr pria A consolida o do conceito de fraternidade tamb m identificada em tratados e conven es ratificados pelo Brasil que versam sobre direitos humanos bem como na Constitui o Federal em seu artigo 3 inciso I Lopes 2011 p 105 entende que o mundo atual n o sobreviver sem pr ticas solid rias pois est na ess ncia do ser humano e uma exig ncia inafast vel para a constru o de uma sociedade justa A autora entende que a contemporaneidade dos princ pios que nortearam a Revolu o Francesa verificada em diversas decis es recentes do Supremo Tribunal Federal STF inst ncia m xima do Judici rio brasileiro e guardi o da Constitui o Federal Para fazer frente ao preconceito capaz de dilapidar solapar as bases de uma sociedade fraterna o pre mbulo da Constitui o Federal preconiza a promo o de valores de uma sociedade pluralista fraterna e sem preconceitos A Fraternidade chama a aten o para a comunidade e para a plena realiza o da personalidade do indiv duo em seu interior em um espa o de di logo fecundo com as 50 culturas que valorizam em sua tradi o o papel do contexto social no qual cada indiv duo est inserido sem todavia condescender com vis es massificadoras ou que anulam a personalidade individual AQUINI 2008 p 135
148. dantes e a um tratamento hostilizado no ambiente laboral debilitando a sa de f sica e mental configurando se como uma guerra de nervos a qual conduz a v tima ao chamado assassinato ps quico Segundo Hirigoyen 2009 p 65 por ass dio moral em um local de trabalho temos que entender toda e qualquer conduta abusiva manifestando se sobretudo por comportamentos palavras atos gestos e escritos que possam trazer dano personalidade dignidade ou integridade f sica ou ps quica de uma pessoa pondo em perigo seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho Adverte Hirigoyen no sentido de que qualquer que seja a defini o adotada o ass dio moral uma viol ncia sub rept cia n o assinal vel mas que no entanto muito destrutiva Cada ataque isolado n o necessariamente grave mas o efeito cumulativo dos micros traumatismos frequentes e repetidos que constitui a agress o 2005 p 17 A relev ncia do estudo reside portanto na constata o de que o ass dio moral vem sendo identificado como fen meno destruidor deste ambiente de trabalho e da dignidade humana Essa guerra no local de trabalho agrega dois fen menos o abuso de poder que desmascarado e n o necessariamente aceito pelos empregados e a manipula o perversa que se instala de forma mais insidiosa e que no entanto causa devasta es muito maiores N o se morre diretamente de todas essas agress es mas perde se uma parte de si mesmo Vo
149. de na qual os trabalhadores precisam estar preparados para participarem de uma competi o desumana Nela n o h garantia de que sua dignidade ser observada e conservada Na moderna organiza o do trabalho a inser o no mercado se da por meio da competitividade mediante a obten o de resultados com baixo custo o que nas palavras de Alkimin 2010 p 34 retrata uma pol tica neoliberal que passou a exigir do empregado uma grande carga de tens o no ambiente de trabalho fruto da precariedade nas condi es de trabalho e pior das incertezas salariais e inseguran a quanto manuten o do emprego Esses fatores e influ ncias afetam negativamente o ambiente de trabalho influenciando o bem estar e satisfa o do trabalhador e evidentemente afetando sua qualidade de vida no trabalho posto que afeta a sa de mental atrav s do surgimento do stress ansiedade depress o culminando com a degrada o e hostiliza o do ambiente de trabalho desemprego enfermidade mental e at mesmo o suic dio do trabalhador Nesse contexto o stress profissional passou a ser considerado um grande mal para a sa de do trabalhador e para o mundo do trabalho sendo at mesmo tachado de mal do s culo XX fruto da moderna organiza o do trabalho com constantes mudan as em sua estrutura e organiza o pois implica por 98 parte do trabalhador grande esfor o de adapta o e ajustamento devendo revelar se produtivo polivalent
150. de de direito fundamental difuso que deve se estender a todos os trabalhadores E apenas desse modo poder ser inclusivo Segundo a OIT 2007 p 76 existe uma tend ncia crescente na legisla o laboral em todo o mundo para assegurar a n o discrimina o e a igualdade Trata se do reconhecimento da necessidade de disposi es legais espec ficas sobre os temas da n o discrimina o e da igualdade no local de trabalho Dessa forma quando se vislumbra a necessidade de se criar uma lei federal brasileira espec fica que discipline o ass dio moral no trabalho e sirva de suporte administrativo e Judicial ao combate preventivo repressivo e especialmente reparador dessa pr tica estar se em conson ncia com essa tend ncia ditada pela OIT e acolhida gradativamente pela comunidade internacional A produ o legislativa detalhada no item 3 3 do presente estudo encontra respaldo nas diretrizes estabelecidas pela OIT Tem se a expectativa que haver o amadurecimento a consolida o e a adapta o realidade brasileira da legisla o interna federal quanto ao tema em especial se for encarado como quest o constitucional ligada aos direitos humanos fundamentais e dignidade da pessoa humana por excel ncia Aos Estados cabe portanto a responsabilidade de assegurar a igualdade no local de trabalho Por outro lado os atores e as 164 institui es n o estatais como as organiza es de trabalhadores e de empregadores t m
151. de direito social de segunda dimens o e para justificar sua fundamentalidade material preciso vincular o valor trabalho humano aos valores liberdade igualdade e fraternidade identificando o como valor s ntese para a dignidade da pessoa humana O processo de constitucionaliza o e consolida o do trabalho como um direito fundamental foi lento e gradativo tanto no cen rio internacional como no cen rio jur dico brasileiro Ganhou status de direito fundamental na Constitui o Federal de 1988 cujo texto simboliza o marco jur dico da institucionaliza o dos direitos humanos no pa s pois ratificou importantes tratados internacionais de prote o dos direitos humanos e conven es internacionais especialmente no mbito do direito do trabalho Do conjunto de normas da Constitui o verifica se que esta reconheceu o direito social ao trabalho como condi o da efetividade da exist ncia digna Nela a ordem econ mica funda se na valoriza o do trabalho e a ordem social tem como base o primado do trabalho A constitucionaliza o da valoriza o do trabalho humano imprimiu mais que um princ pio mas uma obriga o imposta a toda sociedade de observar e fomentar a realiza o de um trabalho digno mediante a mais ampla prote o de condi es de trabalho e do meio ambiente do trabalho sadio contra os desmandos que a l gica do capitalismo possa ocasionar Isso porque apesar da dimens o do conceito de trabalho digno e do envo
152. de e verdadeiramente se estrutura no mbito das rela es sociais que interage De forma engenhosa existe portanto uma conex o ntima enredada e interdependente entre promo o da dignidade da pessoa humana e concretiza o dos direitos humanos e fundamentais N o se tratam de ideias fragmentadas mas sim de um todo complexo e detalhado que n o se pode desmembrar sob pena de perder sua estrutura ideol gica Essa a tem tica central a que se pretende alinhavar a quest o do ass dio moral no trabalho pormenorizando conex es existentes entre direitos humanos e fundamentais dignidade da pessoa humana e ass dio moral no trabalho 4 1 O Direito Fundamental Liberdade e o Ass dio Moral no Trabalho Inicia se esta argumenta o pretendendo explicitar a rela o existente entre liberdade dignidade trabalho e ass dio moral figurando este ltimo como um fen meno violador dos direitos fundamentais No decorrer do primeiro cap tulo a partir da doutrina exposta verificou se que h uma conex o entre dignidade e liberdade medida que ser livre significa ter autonomia ter a possibilidade de se autodeterminar segundo suas pr prias escolhas de forma que a dignidade pode ser considerada como o pr prio limite do exerc cio do direito de autonomia por meio do trabalho que o indiv duo adquire autonomia para gerir sua vida Aqui n o se trata t o somente da autonomia financeira mas tamb m da autonomia para gerir os
153. de ou origem social que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no emprego ou profiss o b qualquer outra distin o exclus o ou prefer ncia que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou tratamento no emprego ou na profiss o conforme pode ser determinado pelo Pa s membro concernente ap s consultar organiza es representativas de empregadores e de trabalhadores se as houver e outros organismos adequados 162 Hirigoyen 2005 p 103 106 sustenta que todo ass dio discriminat rio pois vem ratificar a recusa de uma diferen a ou uma particularidade da pessoa A discrimina o habitualmente dissimulada diante do fato de ser vedada por lei e com frequ ncia se transforma em ass dio moral como por exemplo o ass dio moral manifestado por motivos raciais ou religiosos ou em fun o de defici ncia f sica doen a ou de orienta es sexuais ou ainda discriminat rio de representantes de funcion rios e representantes sindicais Embora seja dif cil estabelecer um perfil psicol gico padr o para as v timas Hirigoyen 2005 p 55 assevera que elas s o geralmente pessoas excessivamente competentes ou que ocupam espa o demais pessoas que resistem padroniza o os diferentes como por exemplo aqueles extremamente honestos excessivamente ticos ou din micos demais os trabalhadores isolados bem como os assalariados protegidos representantes dos em
154. de sexo idade cor ou estado civil XXXI proibi o de qualquer discrimina o no tocante a sal rio e crit rios de admiss o do trabalhador portador de defici ncia XXXII proibi o de distin o entre trabalho manual t cnica e intelectual ou entre os profissionais respectivos V rias conven es internacionais tratam do assunto destacando se a Conven o n 155 de 1981 na qual a OIT trata da necessidade de implementa o pelos pa ses de uma Pol tica Nacional de Sa de Seguran a e Meio Ambiente do Trabalho 94 Jos Afonso da Silva 2011 p 23 24 com base nas li es de Amauri Mascaro Nascimento ensina que referido texto internacional ocupa se da necessidade de fiscaliza o da determina o dos graus de risco existentes nas atividades e processos e opera es proibidos limitados ou sujeitos a controle bem como realiza o de pesquisas de acidentes de trabalho e publica o de informa es Disp e tamb m sobre exig ncias s empresas voltadas para a ado o de t cnicas de garantia de seguran a nos locais de trabalho e controle dos agentes qu micos Sem embargo da prote o constitucional ao meio ambiente do trabalho a CLT tamb m cuida do meio ambiente do trabalho do art 155 ao art 199 versando sobre seguran a e medicina do trabalho al m de estabelecer disciplina legal protetora atrav s das Normas Regulamentares NR Portaria 3 214 78 que t m natureza de conte do imperativo m nimo
155. de uma norma de direito fundamental Todavia deve ocorrer devida cautela por parte do int rprete ao ampliar o elenco de direitos fundamentais da Constitui o sob pena de uma eventual desvaloriza o dos direitos fundamentais N o h como desconsiderar a circunst ncia de que justamente pelo fato de serem os direitos fundamentais ao menos em regra exig ncias e concretiza es em maior ou menor grau da dignidade da pessoa a expressiva maioria dos autores e especialmente das decis es judiciais acaba por referir a dignidade da pessoa n o como fundamento isolado mas vinculado determinada norma de direito fundamental Dessa forma constituindo os direitos e garantias fundamentais concretiza es do princ pio da dignidade da pessoa humana diante de um caso concreto poss vel sondar primeiramente a exist ncia de uma ofensa a determinado direito fundamental em esp cie fato que favoreceria a redu o da margem de arb trio do int rprete tendo em conta que em se tratando de um direito fundamental como tal consagrado pelo Constituinte este j tomou uma decis o pr via em favor da explicita o do conte do do princ pio da dignidade da pessoa naquela dimens o espec fica e da respectiva necessidade de sua prote o Com base na doutrina alem Sarlet 2010 p 120 contextualiza uma proposta de pragmatiza o do conceito de dignidade da pessoa humana como sendo uma cl usula geral da dignidade da pessoa humana que em termos
156. desacreditada diante dos colegas superiores ou subordinados Espalham rumores a seu respeito Atribuem lhe problemas psicol gicos dizem que doente mental Zombam de suas defici ncias f sicas ou de seu aspecto f sico imitada ou caricaturada Criticam sua vida privada Zombam de suas origens ou de sua nacionalidade Implicam com suas cren as religiosas ou convic es pol ticas Atribuem lhe tarefas humilhantes 117 E injuriada com termos obscenos ou degradantes A viol ncia verbal f sica ou sexual fica evidenciada mediante pr ticas de condutas abusivas que retratem amea as de viol ncia f sica agress o f sica gritos invas o de privacidade gestos ou propostas sexuais bem como n o levar em conta os problemas de sa de da v tima HIRIGOYEN 2005 p 109 Segundo Lima Filho 2009 p 54 55 as condutas acima relacionadas quando consideradas de forma isolada por vezes n o se caracterizam como ilegais podendo se apresentar como simples manifesta es do poder de dire o do empregador Entretanto quando examinadas sob uma perspectiva global sobretudo quando evidenciam a finalidade de exclus o caracterizam se como ass dio moral no trabalho As condutas descritas como abusivas t m origem portanto no exerc cio do abuso de poder quando manifestadas pelo empregador vila 2009 p 62 63 aduz que o empregador sob o argumento de leg timo exerc cio do poder de dire o invade o territ rio ps qu
157. dignidade da pessoa humana e sua fun o de conferir unidade ao sistema constitucional de direitos fundamentais J estabelecidos os alicerces que fundamentam os direitos humanos e fundamentais a tem tica do segundo cap tulo envolver a realiza o de uma reconstru o hist rico jur dica do trabalho como um direito fundamental O caminho a ser percorrido passar pela constru o do direito do trabalho no cen rio internacional bem como no cen rio jur dico brasileiro em especial dos textos constitucionais de modo a identificar a progressiva conquista do direito social ao trabalho na Constitui o de 1988 em que a ordem econ mica funda se na valoriza o do trabalho e a ordem social tem como base o primado do trabalho raz o pela qual se compreender o significado dessas disposi es J determinados os referencias te ricos necess rios o terceiro cap tulo cuidar de examinar o ass dio moral no trabalho conceituar e visualizar sua amplitude nos dias atuais buscando demonstrar suas consequ ncias multidisciplinares fato que vem chamando a aten o de rg os internacionais como a Organiza o Mundial da Sa de OMS e a Organiza o Internacional do Trabalho OIT A parte final deste cap tulo tratar das quest es relacionadas ao dano moral sofrido pelo trabalhador e sua a respectiva repara o No ltimo cap tulo a inten o ser de relacionar a pr tica do ass dio moral com os direitos humanos e fundamentais de
158. do PRATA 2008 p 32 Neste sentido Hirigoyen 2009 p 19 afirma que a destrui o moral sempre existiu nas fam lias onde permanece oculta Prata 2008 p 32 assevera que em toda atmosfera na qual haja uma hierarquiza o excessiva e a obrigatoriedade de conviv ncia em um espa o concentrado favorecido o surgimento do ass dio moral Somente vinte anos mais tarde j na d cada de oitenta que Heinz Leimann observou o fen meno no ambiente de trabalho FERREIRA 2010 p 38 39 A partir de suas pesquisas a viol ncia psicol gica no trabalho ganhou expressividade Para Heinz Leymann o mobbing consiste em manobras hostis frequentes e repetidas no local de trabalho visando 102 sistematicamente mesma pessoa Segundo ele o mobbing prov m de um conflito que degenera uma forma particularmente grave de estresse psicossocial HIRIGOYEN 2005 p 76 Heinz Leymann continuou a fazer levantamentos estat sticos na Su cia e participou da forma o de pesquisadores nos pa ses de l ngua alem Em 1990 calculou que 3 5 dos assalariados suecos foram v timas de ass dio mesma poca estimou que 15 dos suic dios foram creditados ao mobbing As pesquisas de Heinz Leyamann fizeram com que fossem levadas em conta ofensas de car ter psicol gico em uma lei sobre condi es de trabalho completada por um decreto espec fico sobre a vitima o no trabalho em 1994 Foi a seguinte a defini o adotada por mobbing
159. do ambiente de trabalho at porque um perseguidor perverso tem o prazer de humilhar sua v tima e nenhum interesse em v la distante ao contr rio quer mant la sob seu dom nio Assim entende o autor que n o preciso que fique configurado dolo do agressor no sentido de expulsar a v tima do ambiente laboral At porque por ser tratar de sentimentos seria muito dif cil provar No mesmo sentido Lima Filho 2009 p 62 afirma que a caracteriza o do requisito intencionalidade tem muita valia para determinar o grau de culpa do sujeito ativo mas n o tem para a caracteriza o do fen meno j que a ofensa dignidade da pessoa humana por si s caracteriza o ass dio moral no trabalho Hirigoyen 2009 p 107 sustenta que a rela o de ass dio moral se estabelece em duas fases a sedu o perversa e a viol ncia manifesta A fase da sedu o perversa uma fase de prepara o onde h desestabiliza o da v tima com o objetivo de faz la perder a confian a em si mesma O agressor seduz enreda p e sob controle e retira qualquer parcela de liberdade da v tima A finalidade corromp la e suborn la para destru la Em continuidade inicia se a fase de enredamento na qual o agressor manipula a v tima para domin la que nas palavras de vila 2009 p 66 Segue se a fase de enredamento na qual mediante manipula o o agressor imp e uma rela o de domina o por influ ncia intelectual ou moral fazendo d
160. dos A import ncia dos Pactos e das Conven es Internacionais se expressa em raz o do car ter normativo que possuem nos ordenamentos jur dicos dos pa ses em especial do Brasil Os direitos humanos s o inerentes pr pria condi o humana N o se ligam s particularidades determinadas de indiv duos ou grupos Quando reconhecidos pelas autoridades legislativas tanto no interior dos Estados quanto no plano internacional ou seja quando s o positivados nas Constitui es nas leis e nos tratados internacionais passam a ser chamados de direitos fundamentais Esses por sua vez comp em uma ntima rela o com a dignidade da pessoa humana cujo estudo desafia a todos que dele se ocupam A dignidade da pessoa humana caracteriza se como uma qualidade intr nseca e indissoci vel de todo e qualquer ser humano A partir do pensamento Kantiano a doutrina jur dica nacional e estrangeira acolhe a fundamenta o de que a dignidade da pessoa humana considera a pessoa como fim e n o como meio repudiando toda e qualquer esp cie de coisifica o e instrumentaliza o do ser humano Do mesmo modo h uma grande dificuldade de se obter um conceito exato do termo dignidade medida que seu conte do vago e por vezes amb guo e at mesmo poliss mico Trata se de um conceito em permanente processo de constru o e desenvolvimento que reclama uma constante concretiza o e delimita o pela pr xis constitucional tarefa cometida
161. dos os ataques sofridos diretamente pelo trabalhador e indiretamente por toda a sociedade O presente estudo cient fico ser realizado por meio do uso do m todo dedutivo entendendo ser a melhor op o para a reuni o de assuntos que abrangem o tema partindo se de fundamentos gerais para particulares para encontrar as conclus es decorrentes dessa l gica A revis o bibliogr fica ser realizada mediante a busca das principais doutrinas a respeito do tema procurando formar como base te rica da pesquisa uma diversidade de compreens o dos diversos autores 15 O estudo constituir se portanto no levantamento bibliogr fico pertinente aos princ pios e assuntos relacionados enla ando quest es hist ricas jur dicas e doutrin rias de modo a ressaltar lhes a complementaridade evidenciando o necess rio di logo de fontes principiol gicas de direitos humanos Para alcan ar tal escopo torna se necess rio delinear o caminho a ser percorrido na pesquisa e organizar suas fases Assim a pesquisa em quest o ser partilhada em quatro cap tulos O primeiro cap tulo ter como objetivo demonstrar o v nculo existente entre os direitos humanos e fundamentais e o princ pio da dignidade da pessoa humana Para efetivar o objetivo proposto ser realizada uma abordagem da constru o dos direitos humanos utilizando como marco a Declara o Universal dos Humanos de 1948 Em seguida ser o delineados alguns contornos acerca da
162. e garantia dos direitos dos cidad os com base numa concep o ampliada dos Direitos Humanos estabelecendo o compromisso do Estado e da sociedade e do governo de zelar por tais direitos DELGADO 2006 p 80 no paradigma do Estado Democr tico de Direito que se busca a concretiza o do trabalho em sua dimens o individual como direito social bem como em sua dimens o coletiva que se encontra fundamentada no valor social do trabalho A interpreta o do trabalho como valor social e fundamento da ordem econ mica e social faz se imperiosa para a efetiva o concreta desse modelo Estatal Percebe se portanto na seara constitucional o destaque dado ao trabalho sobretudo se relacionado aos seguintes valores e princ pios dignidade da pessoa humana justi a social e valor social do trabalho DELGADO 2006 p 79 A constru o do valor social do trabalho esta intrinsecamente ligada concretiza o da dignidade da pessoa humana que por sua vez guarda ntima rela o com os direitos fundamentais de liberdade igualdade e fraternidade Isso porque a dignidade do trabalhador est voltada para o trabalho livre e consciente O trabalho humano livre e digno inerente pessoa humana constitui princ pio universal previsto na Declara o Universal dos Direitos Humanos ALKIMIN 2010 p 18 por meio do trabalho que homem se emancipa cria autonomia e se identifica No entanto a l gica de acumula o capitalista comumente
163. e a liberdade como valor supremo do indiv duo afirmando se que se ela fosse amplamente assegurada todos os valores estariam protegidos inclusive a igualdade O que se considerava indispens vel era que n o houvesse qualquer interfer ncia do Estado deixando se todos os indiv duos igualmente livres para cuidarem de seus pr prios interesses Mas a experi ncia demonstrou que tal regime na realidade s assegurava a liberdade para os que participassem do poder econ mico em detrimento daqueles que dependiam do trabalho Surgiu ent o uma corrente doutrin ria e pol tica manifestando a convic o de que a liberdade como valor supremo era causa da desigualdade entendendo ser indispens vel um sistema de controle social que assegurasse a igualdade de todos os indiv duos Colocou se ent o a igualdade como valor supremo do qual todos os outros deveriam depender pois mesmo as restri es aos valores seriam impostas com igualdade para todos os indiv duos e isso seria justo 43 Chegou se por essa via a um segundo impasse ou dar primazia liberdade sabendo de antem o que isso iria gerar desigualdades muitas vezes injustas ou assegurar a igualdade de todos mediante uma organiza o r gida e coativa sacrificando a liberdade Segundo o autor ambas as posi es seriam contr rias ao ideal de Estado Democr tico A preserva o da liberdade se faz imprescind vel entretanto indispens vel que haja coer ncia em sua concep o
164. e e adapt vel s mudan as organizativas resultando desgaste emocional fadiga e stress ALKIMIN 2010 p 34 35 A conclus o no sentido de que as mudan as na economia impulsionam uma nova realidade mundial afetando as rela es de trabalho No marco das transforma es no mundo do trabalho os trabalhadores se sentem isolados e solit rios em coletivo sem reconhecimento de suas potencialidades e criatividade sem autonomia e tampouco liberdade por isso que as propostas de desregulamenta o e de flexibilidade trabalhistas que visam a atender s exig ncias de mercado rompem com a diretriz protetiva do Direito do Trabalho e fragilizam o seu sentido de dignidade que deve ser inerente a qualquer tipo de presta o de servi os eis que o valor nuclear da humanidade DELGADO 2006 p 240 Trata se de um cen rio globalizado que representa uma constante amea a aos direitos sociais notadamente ao trabalho e sua manuten o em condi es dignas ALKIMIN 2010 p 19 A situa o agravada n o apenas pelo aspecto econ mico mas especialmente pelas mudan as impingidas pela pr pria organiza o do trabalho com a consequente introdu o de determinados fatores que afetam direta ou indiretamente o ambiente e as condi es de trabalho FERREIRA 2010 p 31 Apesar do envolto constitucional protetivo destinado ao trabalhador a sa de mental do trabalhador e a consequente qualidade de vida no trabalho ficam compromet
165. e outras coisas que n o pode haver discrimina o por motivo de ra a cor sexo l ngua religi o opini o pol tica situa o econ mica art 2 Deve se assegurar uma remunera o que proporcione no m nimo a todos os trabalhadores um sal rio equitativo e uma remunera o igual por trabalho de igual valor a seguran a e higiene no trabalho descanso lazer e limita o razo vel das horas de trabalho e f rias peri dicas remuneradas assim como remunera o dos feriados art 7 etc MARTINS 2009 p 73 74 Consta do Pacto Internacional de Direitos Econ micos Sociais e Culturais PIDESC que o Estado deve adotar todas as medidas tanto por esfor o pr prio como pela assist ncia e coopera o internacionais principalmente nos planos econ micos e t cnicos at o m ximo de seus recursos dispon veis com vistas ao alcan ar progressivamente a completa realiza o dos direitos econ micos sociais e culturais artigo 2 81 do Pacto PIOVESAN 2010 p 15 16 A Prote o Internacional de alguns direitos econ micos sociais e culturais adv m tamb m do cumprimento atrav s da ratifica o pelos rg os pol ticos competentes e posterior execu o das Conven es da Organiza o Internacional do Trabalho OIT sobretudo no que respeito pol tica social ao direito do trabalho ao direito seguran a e igualdade de tratamento BARRETO 2009 p 26 Ao Pacto Internacional de Direitos Econ micos So
166. e que o ser humano foi feito a imagem e semelhan a de Deus mas tamb m radica na capacidade de autodetermina o inerente a natureza humana de tal sorte que por for a de sua dignidade o ser humano sendo livre por natureza existe em fun o da sua pr pria vontade SARLET 2010 p 33 36 Os te logos trazem uma resposta clara ao fundamento da dignidade da pessoa humana Para eles a dignidade da pessoa humana fundamentada na A cria o do homem imagem de Deus e na obra redentora de Deus feito homem A hist ria da Igreja e da humanidade devem enormemente ao conc lio de Calced nia Este enriqueceu de fato de modo not vel a palavra pessoa A pessoa humana n o poder mais a partir de ent o ser comparada a um status Ora o termo dignidade seguiu uma evolu o semelhante Compreendido primeiramente como uma fun o eminente ele tornou se o atributo por excel ncia da pessoa MAUER 2009 p 123 Na Renascen a a dignidade se apresentava como a possibilidade de escolha do homem No Iluminismo caracterizou se como liberdade associada ideia estoica de dignidade como compartilhamento da raz o HABERLE 2009 p 70 V rios s culos mais tarde na Enc clica Christifideles Laici do Papa Jo o Paulo II a Igreja Cat lica reitera que o homem uma pessoa sujeito consciente e livre dentre todas as criaturas terrestres e por isso centro e topo de tudo o que existe na terra Sua dignidade de pessoa o bem mais
167. e revezamento salvo negocia o coletiva vale dizer se a empresa daquelas que se mant m em funcionamento todos os dias vinte e quatro horas por dia ininterruptamente tem que ter turnos de revezamento de seus trabalhadores em tal caso a jornada ser de seis horas e n o oito ter que ter quatro turmas de revezamento n o apenas tr s como at agora c repouso semanal f rias licen as etc como veremos adiante O sistema de sal rio constitui fundamental exig ncia para o estabelecimento de condi es dignas de trabalho Quanto a isso h dois aspectos b sicos o da fixa o e o da prote o do sal rio do trabalhador SILVA 2011 292 293 A Constitui o Federal de 1988 tamb m inovou em ampliar a prote o dos trabalhadores Segundo Jos Afonso da Silva 2011 p 295 296 a primeira forma de prote o a que aparece na ordem do art 7 a do inciso XX prote o do mercado de trabalho da mulher tendo por fim dar a mulher condi es de competitividade no mercado de trabalho sem discrimina es A segunda consta no inciso XXII que prev a forma de seguran a do trabalho mediante a redu o dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de sa de higiene e seguran a A terceira no inciso XXVII prev a prote o em face da automa o na forma da lei Por fim a quarta prevista no inciso XXVIII estabelece o seguro contra acidentes 78 de trabalho a cargo do empregador sem exclus o a inde
168. e s o tuteladas mediante fiscaliza o do Minist rio do Trabalho e Emprego atrav s das Delegacias Regionais do Trabalho Comiss o Interna de Preven o de Acidentes CIPA al m de outros rg os que visem preserva o e melhoria do ambiente de trabalho tais como Servi o Especializado em Engenharia de Seguran a e Medicina do Trabalho SESMT Programa de Preven o de Riscos Ambientais PPRA e do Programa Controle M dico de Sa de Ocupacional PCMSO ALKIMIN 2010 p 29 Quanto prote o p blica o Minist rio p blico do Trabalho em legitimidade para intentar A o Civil P blica para proteger o meio ambiente do trabalho ante a inobserv ncia dos preceitos voltados para a quest o de sa de e seguran a do trabalho at porque trata se de interesse coletivo ALKIMIN 2010 p 29 Cite se o princ pio da preven o que tamb m no que diz respeito ao ambiente de trabalho imp e ao empregador o dever de adotar conduta preventiva com a utiliza o de palestras esclarecedoras servi os de Ouvidoria Interna e reciclagem de administradores Igualmente pelo princ pio da responsabilidade na generalidade dos danos causados ao meio ambiente por a o ou omiss o do agente pessoa f sica ou jur dica a responsabilidade objetiva com apoio na previs o do 3 do art 225 da Constitui o Federal de 1988 BARRETO 2009 p 49 No caso de dano causado ao ambiente de trabalho a responsabilidade da empresa em e
169. ecessidade de sistematiza o dessas regras Para tanto foi editado o Decreto lei n 5 452 de 1 5 1943 aprovando a Consolida o das Leis do Trabalho CLT MARTINS 2009 p 10 A CLT foi passo progressivo na busca da prote o juridica aos trabalhadores apesar de ser um diploma jur dico elaborado em conformidade com a filosofia autocr tica da poca que perdurou intacta at meados da d cada de 1940 DELGADO 2006 p 75 Atente se para o fato de que a CLT foi promulgada sob a vig ncia e perspectiva de um governo ditatorial que buscava simultaneamente proteger controlar cooptar e reprimir os trabalhadores Referida promulga o efetivou se em conson ncia com a Constitui o de 1937 texto constitucional inspirado em Constitui es fascistas que ampliava discricionariamente os poderes do Presidente da Rep blica dissolvendo partidos pol ticos estabelecendo a censura pr via imprensa e aos meios de comunica o instituindo a pena de morte para os crimes contra a seguran a nacional al m de outras restri es aos direitos fundamentais DELGADO 2006 p 75 A Constitui o de 1946 considerada uma norma democr tica rompendo com o corporativismo da Constitui o anterior Nela encontramos a participa o dos trabalhadores nos lucros art 157 IV repouso semanal remunerado art 157 VT estabilidade art 157 XII direito de greve art 158 e outros direitos que estavam na norma constitucional anterior
170. eito de liberdade no exerc cio de sua atividade laboral e da livre escolha em permanecer ou n o trabalhando em uma determinada atividade Ademais o exerc cio das atividades laborais de forma indigna como ocorre nas diversas formas de se praticar o ass dio moral conforme apresentado nos itens anteriores retira do trabalhador sua autoestima autonomia e por consequ ncia sua dignidade Nas palavras de B atrice Mauer 2009 p 132 133 a pessoa digna pois um ser livre Logo aquele que tem sucateada sua autonomia e autoestima no trabalho perde a sua liberdade e naturalmente a sua dignidade Nessa linha de pensamento apesar do trabalhador estar subordinado ao poder de dire o do empregador no exerc cio de suas atividades laborais o que se pode afirmar que o uso desse poder por parte do empregador n o ilimitado ao contr rio encontra restri es quando invade a esfera dos direitos fundamentais do trabalhador Quando a atua o do empregador extrapola o limite do razo vel ou do aceit vel do necess rio ao desenvolvimento das atividades empresariais h de serem invocados os direitos fundamentais do trabalhador como limitadores ao poder empresarial como forma de limitar as perdas das liberdades do empregado devendo se buscar a concilia o dos interesses em colis o VILA 2009 p 63 Martins 2009 p 197 ensina que o poder de dire o define como ser o desenvolvidas as atividades do empregado decor
171. ela COELHO 2009 p 43 Atualmente n o se contesta a possibilidade de repara o do dano moral sofrido Entretanto nem sempre foi assim A quest o reparat ria do dano moral j encontrou bice doutrin rio e legislativo para sua proced ncia O dano moral propriamente dito sempre existiu mas a possibilidade de sua indeniza o foi conquista do progresso da civiliza o ap s longo per odo de matura o Havia certo embara o ou constrangimento em aceitar a compensa o de sofrimentos dores ou ang stias por valores monet rios chegando se at a dizer que era imoral a indeniza o por dano moral OLIVEIRA 2007 p 7 Neste sentido Coelho 2009 p 83 84 sustenta que os opositores repara o do dano moral se dividiam em dois grupos O primeiro grupo negava por completo a possibilidade de repara o do dano moral O segundo grupo admitia o dano moral em hip teses restritas presentes determinadas condi es restringindo portanto a repara o do dano moral a ocorr ncia das seguintes condi es Somente devida a repara o do dano moral quando tamb m produz efeitos na esfera criminal necessidade de gravidade da conduta Apenas a parte social do dano moral ex honra e reputa o suscet vel de repara o ficando de fora a parte afetiva dor sofrimento etc necessidade de exterioriza o social da ofensa 148 S quando h previs o expressa que o dano moral deve ser reparado necessid
172. ela burguesia a Revolu o Francesa transformou as rela es econ micas e sociais da sociedade da poca pois elevou a burguesia classe dominante remetendo a realeza e a nobreza aos status de classes dominadas O Estado Liberal n o intervinha nas rela es privadas Acarretava a explora o do homem pelo pr prio homem O trabalho era considerado mercadoria Como havia muita oferta de trabalhadores e pouca procura o empregado aceitava as condi es impostas pelo 60 patr o recebendo sal rios nfimos e trabalhando 15 horas por dia sem descanso ou f rias MARTINS 2009 p 7 A Lei de Peel de 1802 na Inglaterra pretendeu dar amparo aos trabalhadores disciplinando o trabalho dos aprendizes paroquianos em que eram entregues aos donos das f bricas A jornada de trabalho foi limitada em 12 horas excluindo se os intervalos para refei o O trabalho n o poderia se iniciar antes das seis horas e terminar ap s as 21h Deveriam ser observadas normas relativas educa o e higiene MARTINS 2009 p 6 7 Em 1 de maio de 1886 em Chicago nos Estados Unidos os trabalhadores n o tinham garantias trabalhistas Organizaram greves e manifesta es visando melhores condi es de trabalho especialmente redu o da jornada de 13 para 8 horas Nesse dia a pol cia entrou em choque com os grevistas Uma pessoa n o identificada jogou uma bomba na multid o matando quatro manifestantes e tr s policiais Oito l deres trabal
173. em condi es igualit rias no processo j e o instituto da invers o do nus da prova a que se pretende levantar discuss es figura como meio de efetiva concretiza o das garantias constitucionais processuais colocadas em reflex o Cumpre esclarecer que o nus da prova n o sin nimo de obriga o antes um instituto que est ligado ao interesse pr prio da parte enquanto que a obriga o est ligada a interesse alheio Em decorr ncia a obriga o clama uma conduta de outrem cujo descumprimento imp e medidas coercitivas em favor da outra parte que por sua vez tem meios coercitivos para exigir o cumprimento De outro lado o nus n o imp e obriga o e n o gera medidas parte contr ria As consequ ncias decorrentes do seu cumprimento sejam negativas ou n o recair o sobre a pr pria parte A quest o do nus quando importada esfera jur dica probat ria est relacionada portanto ao interesse da parte em produzir provas que lhe tragam consequ ncias favor veis O nus da prova norteia as partes na produ o das provas de suas alega es e apoia o magistrado no momento de proferir sua decis o especialmente quando sua convic o restou duvidosa em raz o dos elementos dos autos 168 Quando os elementos probat rios deixam o magistrado em estado de incerteza cabe ao julgador buscar apoio em regras que lhe auxiliam no julgamento da demanda que lhe foi submetida cujo julgamento n o se pode esquivar
174. em mal consider vel para o empregado quando gera preju zos sa de f sica e ps quica do empregado conforme previs o constante na al nea c Segundo Lima Filho 2009 p 93 o mal consider vel aquele que ocorre quando o empregado compelido a executar suas tarefas sem que a empresa adote medidas necess rias para que o local de trabalho esteja dentro das normas de higiene e seguran a do trabalho de forma que se previna contra doen as ocupacionais ou acidentes de trabalho O mal consider vel pode se caracterizar como ass dio moral quando o empregador submete o trabalhador pelas condi es do ambiente laborativo ou pelo exerc cio de certa atividade ou tarefa a risco n o previsto no contrato ou que poderia ser evitado A justa causa por mau procedimento se perfaz por meio de cr ticas e contesta es imotivadas dirigidas contra o colega de servi o com o intuito de desqualific lo ou por maus tratos ofensas brincadeiras humilhantes degradantes enfim mediante a pr tica de atos e comportamentos que ofendam diretamente a honra do empregado possibilitando ao empregador a efetuar a rescis o por despedida por justa causa ALKIMIN 2010 p 101 Ressalta se que o empregado pode valer se tamb m da pr tica de atos e comportamentos que atentem contra os direitos de personalidade mais precisamente contra a honra Alkimin 2010 p 102 pontua alguns exemplos negar se constantemente a cumprimentar a v tima responder com sarc
175. em si um princ pio de fraternidade Evidencia as normas e os princ pios que v o al m do nenimen laedere a ningu m ofender e imp em os direitos jur dicos cuja observ ncia tutela os sujeitos do relacionamento trazendo como exemplo o princ pio da boa f tratando o como uma conduta considerada socialmente um modelo Segundo a consci ncia social deve ser um imperativo tico que corresponde ao dever de manter comportamentos 174 corretos e leais nas rela es para al m do quanto foi estipulado entre as partes Torna se desse modo obrigat ria uma conduta tica em todas as rela es jur dicas privadas Igualmente G mez 2008 p 89 90 trata da proibi o do abuso do Direito que revela a proibi o do seu exerc cio de forma antissocial Cada ato ou omiss o que na inten o do seu autor no objeto ou em outras circunst ncias nas quais aconte a exceda claramente os limites normais do exerc cio de um direito causando danos a terceiros obrigar a devida indeniza o e a ado o de medidas judici rias ou administrativas que impe am a continua o do abuso Essa exig ncia de conduta tica nas rela es jur dicas privadas e a proibi o do abuso do direito se estendem s rela es de trabalho que se caracterizam como esp cies do g nero nas rela es jur dicas privadas e nos propiciam analisar que a pr tica do ass dio moral viola direitos fundamentais contraria as aspira es fraternas exemplificadas
176. ema para favorecer reflex es acerca da sua amplitude que vai muito al m de cada conflito individualmente analisado na Justi a do Trabalho Para tanto procurou se analisar primeiramente a constru o dos Direitos Humanos e o papel da Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 assim entendida como o estatuto da liberdade de todos os povos importante considerar que referido texto universal introduziu uma concep o contempor nea de direitos humanos notadamente caracterizada pela universalidade indivisibilidade e interdepend ncia desses direitos A partir dos estudos a respeito de dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais vislumbrou se que o princ pio da dignidade da pessoa humana tem a fun o de conferir unidade ao sistema constitucional de direitos fundamentais de forma que pressup e o reconhecimento e a prote o dos direitos fundamentais de todas as dimens es Verificou se ainda que os direitos humanos s o a fonte de inspira o o g nero ao qual pertencem os direitos fundamentais os direitos humanos s o inerentes a todo ser humano de forma universal independente do tempo e do espa o em que vivam enquanto os direitos fundamentais s o os direitos positivados nos ordenamentos jur dicos p trios Igualmente aos direitos humanos os direitos fundamentais s o caracterizados pela indivisibilidade e interdepend ncia Decorrem do contexto hist rico da sociedade raz o pela qual sua evolu o se enco
177. ena o reconhecimento e a prote o dos direitos fundamentais de todas as dimens es Nas palavras de Sarlet 2010 p 96 97 os direitos fundamentais constituem explicita es da dignidade da pessoa Oscar Vilhena Vieira 2006 p 63 ensina que a express o dignidade da pessoa humana consta do artigo 1 da Constitui o Federal e n o volta mais a aparecer no texto como um direito subjetivo expressamente reconhecido de forma s bia pelo nosso constituinte pois a dignidade multidimensional estando associada a um grande conjunto de condi es ligadas s exist ncias humana a come ar pela pr pria vida passando pela integridade moral liberdade condi es materiais de bem estar etc Nesse sentido a realiza o da dignidade humana est vinculada realiza o de outros direitos fundamentais consagrados pela Constitui o de 1988 35 Dessa forma pode se dizer que em cada direito fundamental se faz presente um conte do da dignidade da pessoa de forma que se faz necess rio discorrer a respeito dos direitos fundamentais e suas gera es para demonstrar a dignidade da pessoa humana como princ pio capaz de conferir unidade aos direitos fundamentais 1 5 1 Dos Direitos Fundamentais e suas Dimens es Antes de iniciar as considera es acerca dos direitos fundamentais cabe esclarecer que h uma distin o quanto ao uso das express es direitos humanos e direitos fundamentais Isso porque as express es n o s o sin ni
178. enamento jur dico italiano In BAGGIO Ant nio Maria Org O princ pio esquecido a fraternidade na reflex o atual das ci ncias pol ticas Tradu o Durval Cordas Iolanda Gaspar Jos Maria de Almeida Vargem Grande Paulista SP Cidade Nova 2008 POZZOLI Lafayette ANTICO Andrea A fun o promocional do direito ao trabalho digno sob a tica dos direitos humanos In AGOSTINHO Luiz Ot vio Vicenzi de HERRERA Luiz Henrique Martim Org In Tutela dos direitos humanos e fundamentais Ensaios a partir da linha de pesquisa constru o do saber jur dico e fun o pol tica do direito Birigui SP Boreal 2011 PRATA Marcelo Rodrigues Anatomia do ass dio moral no trabalho uma abordagem transdisciplinar S o Paulo LTr 2008 SANTOS FILHO Jos Agenor dos O princ pio da fraternidade na perspectiva do neoliberalismo econ mico In POZZOLI Lafayette SPLICIDO Cristiane Org In Teoria Geral do Direito Ensaios sobre dignidade humana e fraternidade Birigui SP Editora Boreal 2011 SANTOS Sandra Aparecida S dos A invers o do nus da prova como garantia constitucional do devido processo legal 2 ed S o Paulo Revista dos Tribunais 2006 S O PAULO Estado Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0142900 52 2009 5 15 0097 Recorrente Independ ncia S A Recorrido Marcelo Moreira de Aquino rg o Julgador 5 C mara Terceira Turma Relator Lorival Ferreira Dos Sant
179. ente ainda se encontra abalado pelas afrontas ps quicas sofridas Ademais na maioria das vezes o tratamento longo Segundo a autora a viol ncia se instala de maneira t o insidiosa que dif cil perceb la e assim defender se E raro que se consiga chegar a isso sozinho Diante do que se mostra abertamente como uma agress o ps quica uma ajuda psicol gica e psiqui trica muitas vezes necess ria O erro da v tima tem sido n o descobrir a tempo que seus limites foram invadidos e n o ter sabido fazer se respeitar Ter portanto que definir o que aceit vel e partir da definir se Essa defini o implica em v rias fases do tratamento a come ar por dar nome a agress o e reconhecer o contexto em que a v tima estava inserida permitindo a ela expressar a dor e a c lera dar lhe meios para que n o mais se deixe seduzir por seu agressor possibilitando uma tomada de consci ncia que n o pode se dar sen o ao t rmino de um amadurecimento suficiente para enfrentar a situa o Durante o tratamento a v tima precisa livrar se da culpa caso contr rio permanecer invadida pela d vida e pela culpa de n o ter atendido s expectativas do agressor fato que compromete sua capacidade profissional e que se n o superado pode comprometer seu exerc cio profissional por toda vida O tratamento terap utico faz se imprescind vel na maioria das vezes pois em todo trauma existe um risco de fixa o em um ponto espec fico de sua d
180. entos em que podemos mudar e levar em conta o outro O ass dio moral por sua vez uma maneira de vedar qualquer mudan a A gest o por inj ria tamb m n o se caracteriza como ass dio moral no trabalho Caracteriza se como o tipo de comportamento desp tico de administradores despreparados que submetem os empregados a uma press o terr vel ou os tratam com viol ncia injuriando os e insultando os com total falta de respeito A viol ncia neste caso notada por todos diferentemente daquela manifestada de forma insidiosa no ass dio moral HIRIGOYEN 2005 p 28 H outras formas de viol ncia que n o podem ser consideradas como ass dio moral seja qual for seu poder destruidor Seriam elas a viol ncia externa a viol ncia f sica a viol ncia sexual e as m s condi es de trabalho sendo que nessa ltima hip tese a no o de intencionalidade adquire toda sua import ncia Do mesmo modo as imposi es profissionais decorrentes do exerc cio leg timo do poder de dire o dado ao empregador HIRGOYEN 2005 p 32 34 3 3 O Ass dio Moral e a Legisla o Brasileira Apesar da incipi ncia o Brasil vem se engajando gradualmente no processo de combate pr tica de viol ncia psicol gica no ambiente de trabalho A legisla o nacional ainda n o espec fica a respeito do tema apesar de possuir norte internacional ditado pelos pactos internacionais e conven es da OIT bem como constitucional consubstanciado no
181. entre outros interesses difusos ou coletivos Inclui se portanto a figura do meio ambiente do trabalho protegido pelo art 225 da Constitui o Federal bem como os preceitos gerais de direitos humanos fato que permite afirmar que os danos morais decorrentes do ass dio moral no trabalho atingem toda a coletividade 147 3 6 Considera es acerca da Repara o do Dano Moral decorrente do Ass dio Moral no Trabalho O dano moral em especial o decorrente do processo de ass dio moral no trabalho atinge direitos que integram a personalidade do ser humano Neste sentido Coelho 2009 p 43 sustenta n o pode a ordem jur dica conformar se que sejam impunemente atingidos Assevera Theodoro J nior 2010 p 2 que quando se trata do direito civil h um dever legal geral de n o lesar que corresponde obriga o de indenizar configur vel sempre que de um comportamento contr rio quele dever de indenidade acarrete algum preju zo injusto para outrem de ordem material ou moral De fato a repara o do dano moral encontra fundamento no simples fato de estar prevista em lei H entretanto in meros argumentos em prol da repara o do dano moral Os mais relevantes s o os seguintes a h previs o legal de repara o b preciso proteger o patrim nio imaterial c injusto deixar um dano sem repara o d necess rio evitar a pr tica de condutas antissociais e a repara o contribui para afastar o uso da autotut
182. epar vel dele Para o jusnaturalismo os direitos do ser humano eram vistos como direitos inatos e tidos como verdades evidentes A positiva o desses direitos nas constitui es que se inicia no s culo XVIII com a Revolu o Francesa almejava pelo menos teoricamente conferir lhes uma dimens o permanente e segura Acreditava se essa dimens o seria o dado de estabilidade que serviria de contraste e tornaria aceit vel no tempo e no espa o o direito positivo POZZOLI ANTICO 2011 p 6 No mbito constitucional o primeiro marco dos diretos humanos foi a Magna Carta de 1 215 na Inglaterra limitando os poderes absolutos do rei em face dos direitos dos cavaleiros bar es e prelados ingleses Foi uma vit ria sem precedentes na hist ria da humanidade posto que poca em plena Idade M dia o poder do rei soberano era absoluto e n o conhecia qualquer limite 18 Em 1776 na col nia de Virg nia na Am rica surgiu a primeira Declara o de Direitos que anunciando a liberdade a todos os homens influenciou a proclama o da Declara o Americana da Independ ncia que afirmava a exist ncia dos direitos naturais do ser humano que o poder pol tico estava sujeito ao respeito Na Constitui o da Virg nia s o assegurados de forma expressa e contundente os direitos humanos relativos plena liberdade dos homens a independ ncia bem como os homens s o dotados de certos direitos inalien veis e irrenunci veis mes
183. er outra circunst ncia titular de direitos que devem ser reconhecidos e respeitados por seus semelhantes e pelo Estado 28 Dignidade uma qualidade intr nseca da pessoa humana raz o pela qual se relaciona com tudo que lhe diz respeito tanto no mbito individual como no mbito da comunidade local onde o ser humano constr i sua identidade e verdadeiramente se estrutura no mbito das rela es sociais que interage A partir dessas premissas pretende se discorrer a respeito da dimens o comunit ria que a dignidade humana possui para ao final compor sua rela o com direitos fundamentais a qual segundo Sarlet 2010 p 29 apesar de ser um casamento feliz n o esta imune a crises e tens es e por isso desafia a todos os que se ocupam de seu estudo 1 3 Dignidade da Pessoa Humana sob a tica Comunit ria da Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 O artigo 1 da Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 disp e que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos Dotados de raz o e consci ncia devem agir uns para com os outros com esp rito e fraternidade Segundo Sarlet 2010 p 52 o dispositivo em apre o revitalizou e universalizou ap s a profunda barb rie na qual mergulhou a humanidade na primeira metade deste s culo as premissas basilares da doutrina kantiana Oscar Vilhena Vieira 2006 p 66 ensina que o artigo 1 da Declara o Universal de Direitos
184. ersonalidade VENOSA 2004 p 249 O dano moral n o propriamente a dor a ang stia o desgosto a afli o espiritual a humilha o o complexo que sofre a v tima do evento danoso pois esses estados de esp rito constituem o conte do ou melhor a 144 consequ ncia do dano A dor que se experimentam os pais pela morte violenta do filho o padecimento ou complexo de quem suporta um dano est tico a humilha o de quem foi publicamente injuriado s o estados de esp rito contingentes e vari veis em cada caso pois cada pessoa sente a seu modo GON ALVES 2009 p 359 Ademais cumpre ressaltar que o dano moral n o exige que a les o seja percebida sentida e compreendida pelo lesado em sua exata dimens o nem lhe indispens vel que haja dor ou sofrimentos f sicos e ps quicos inquieta o espiritual agravo s afei es leg timas e toda classe de padecimentos insuscet veis de aprecia o pecuni ria Nesse sentido Paroski 2010 p 48 poss vel que haja dano moral cuja v tima esteja inconsciente ou em outra condi o que n o lhe permita sentir qualquer dor mal estar ou desconforto espiritual e ainda assim restar caracterizada a les o a bens imateriais legitimando a repara o do dano Em suma dano moral em sentido amplo a les o provocada por ato antijur dico de outrem sem a concord ncia do lesado a interesses ou bens imateriais deste tutelados pelo Direito ensejando compensa o pecun
185. esa r que possui melhor aptid o para produzir a prova testemunhal j que tem sua disposi o todo quadro de funcion rios Do mesmo modo na 171 maioria das vezes possuem profissionais na rea de medicina e seguran a do trabalho capazes de auxiliar a prova t cnica Em conson ncia com a tend ncia neoprocessualista que valoriza a for a interpretativa dos princ pios constitucionais processuais invoca se portanto a reflex o no sentido de que o princ pio da igualdade deve ganhar cada vez mais conota o processual especialmente por meio da aplica o da teoria din mica do nus da prova A argumenta o realizada na confian a de que seja poss vel alcan ar maior equil brio e igualdade processual entre as partes litigantes empregado e empregador de forma a obter maior efetividade do processo e assim obter decis es justas e pacificadoras no processo que ir o refletir na sociedade 4 4 Os Direitos Fundamentais de Fraternidade e o Ass dio Moral no Trabalho Os direitos fundamentais de liberdade e igualdade s o outorgados aos trabalhadores com o intuito de assegurar lhes um espa o de autonomia pessoal n o mais apenas em face do Estado mas dos poderes sociais destacando se ainda que o direito ao trabalho constitui um dos principais direitos fundamentais da pessoa humana SARLET 2010 p 104 105 Conv m mais uma vez lembrar as li es de Gomes 2008 p 51 58 no sentido de que h uma rela o
186. etratam o abuso de poder retirando a autonomia do prestador de servi os Procurou se estabelecer os limites do exerc cio desse poder diretivo diante dos direitos fundamentais de liberdade e de personalidade do empregado buscando a interpreta o no sentido de que a pr tica do ass dio moral pelas empresas n o pode ser considerada como consequ ncia natural ou at mesmo necess ria das leis do mercado econ mico competitivo e globalizado pois entender de modo diverso aceitar a viola o dos direitos fundamentais centralizados na dignidade da pessoa humana contrariando a ideia atual de Estado Democr tico de Direito Delineou se tamb m a conex o entre ass dio moral e os direitos de igualdade procurando demonstrar que a igualdade no trabalho e a n o discrimina o s o diretrizes da Organiza o Internacional do Trabalho de forma que se faz necess rio combater o fen meno ass dio moral dado seu car ter eminentemente discriminat rio Procurou se tamb m construir alguns apontamentos acerca da import ncia do princ pio da igualdade no mbito processual em conson ncia com os ditames neoprocessualistas Da mesma forma pretendeu se favorecer reflex es acerca de como a fraternidade assim entendida como m ximo ideal humanit rio capaz de inspirar as rela es jur dicas que atuam no campo do Direito do Trabalho em especial a aprecia o das demandas cujos conflitos sejam decorrentes do ass dio moral no trabalho e o
187. ever do Estado buscar meios e mecanismos para permitir o acesso ao trabalho e o combate ao desemprego ALKIMIN 2010 p 19 A constitucionaliza o da valoriza o do trabalho humano imprimiu mais que um princ pio antes uma obriga o imposta a toda sociedade de observar e fomentar a realiza o de um trabalho digno mediante a mais ampla prote o de condi es de trabalho contra os desmandos que a l gica do capitalismo possa ocasionar Isso porque apesar da dimens o do conceito de trabalho digno e do envolto constitucional destinado prote o do trabalho e da dignidade do trabalhador nota se que a reestrutura o produtiva tem tornado o trabalho precarizado flex vel fragmentado e produtor de desemprego 2 6 O Direito Fundamental ao Meio Ambiente do Trabalho Sadio Jos Afonso da Silva 2011 p 19 20 ensina que a palavra ambiente significa a esfera o c rculo o mbito que nos cerca em que vivemos Para o autor o ambiente composto de um conjunto de elementos naturais e culturais cuja intera o constitui e condiciona o meio em que se vive O meio ambiente assim a intera o do conjunto de elementos naturais artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas A integra o busca assumir uma concep o unit ria do ambiente compreensiva dos recursos naturais e cultural SILVA 2011 p 20 A preocupa o com o meio ambiente ganhou propor es ap
188. excepcional extrema em rela o ao empregador ou seu superior hier rquico vertical ascendente e at mesmo o superior hier rquico que praticar ass dio moral contra seus subordinados vertical descendente VILA 2009 p 105 Nestes casos a consequ ncia de tal pr tica poder ser a despedida por justa causa para extin o do contrato de trabalho com fundamento em uma das hip teses previstas no artigo 482 da CLT mais precisamente nas al neas b j ou k da CLT que garantem a possibilidade de dispensa justificada nos casos de pr tica mau procedimento de ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no servi o contra qualquer pessoa ou ofensas f sicas nas mesmas condi es salvo em caso de leg tima defesa pr pria ou de outrem bem como a de ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas f sicas praticadas contra o empregador e superiores hier rquicos salvo em caso de leg tima defesa pr pria ou de outrem Quando o empregado v tima de ass dio moral no trabalho seja aquele praticado entre colegas ou pelo superior hier rquico a Consolida o das Leis do Trabalho em seu artigo 483 garante a ele possibilidade de rescindir o contrato de trabalho indiretamente Significa dizer que a legisla o trabalhista garante ao empregado a possibilidade de caracterizar a justa causa do empregador e dar por encerrado o contrato de trabalho auferindo as indeniza es como se injustamente dispensado houvesse sido O artigo 483 da
189. exige da empresa uma a o ativa que valorize o espa o coletivo e n o apenas os interesses particulares dos empres rios Por meio desse princ pio a empresa deve n o s produzir riquezas mas tamb m fomentar o desenvolvimento econ mico e proteger o emprego No mesmo sentido a defesa do meio ambiente exige que a empresa atue mediante a pr tica de a es que conciliem a prote o do meio ambiente aqui se incluindo o meio ambiente do trabalho com a produ o econ mica Grau 2005 p 251 sustenta que o princ pio da defesa do meio ambiente conforma a ordem econ mica mundo do ser informando substancialmente os princ pios da garantia do desenvolvimento e do pleno emprego Configura se como instrumento indispens vel para assegurar a todos exist ncia digna Em completude o artigo 193 tamb m retrata a relev ncia do trabalho ressaltando que a ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivo o bem estar e a Justi a social 83 Delgado 2006 p 80 destaca que um dos fundamentos enunciados pela Republica Federativa do Brasil o valor social do trabalho considerado par metro relevante para a vida da comunidade brasileira no que tange s pol ticas estatais destinadas aos seres humanos Significa portanto que a carta magna fixa um conte do para o direito para a sociedade e para o pr prio estado em torno do valor do trabalho Nesse sentido a perspectiva da Constitui o Federal de 1988 a defesa
190. exto a conduta do superior hier rquico violou o princ pio da dignidade como pessoa humana adotado como fundamento de nossa rep blica art 1 HI e IV da CF sendo devida ao obreiro a repara o civil pelo dano moral sofrido mediante a condena o do reclamado ao pagamento de indeniza o Recurso ordin rio provido S O PAULO 2011e Apesar do reconhecimento jurisprudencial a respeito da ocorr ncia do ass dio moral no trabalho percebe se que a sua caracteriza o de dif cil visualiza o no caso concreto Os limites do poder diretivo do empregador e da estipula o de metas de trabalho sem que haja a viola o da dignidade e dos direitos fundamentais do trabalhador s o de trabalhosa acep o o que leva diverg ncia na interpreta o pelos rg os julgadores at porque os pr prios magistrados tamb m trabalham submetidos a metas em seu cotidiano DANOS MORAIS ASS DIO MORAL ACOMPANHAMENTO DE CUMPRIMENTO DE METAS Reportemo nos decis o do Juiz Valtair Noschang no Processo TRT 15 Regi o n 0062400 44 2009 5 15 0082 n o h provas quanto a ofensas praticadas sendo que da estipula o de metas n o h nenhum dano Calha dizer que servidores desta Justi a e bem assim os pr prios julgadores tamb m est o submetidos ao cumprimento de metas qual seja entregar c lere presta o jurisdicional a todos que acorrem a este poder E de saben a geral que o volume bate recordes dia ap s dia E nem
191. fissional e desse modo impedir ou dificultar sua reabilita o profissional Por fim a quinta fase descrita por Leymann e citada por vila 2009 p 34 a exclus o da vida laboral N o podendo resistir ao ass dio desassistidas por seu empregador mal diagnosticadas pelo psic logo ou psiquiatra isoladas profissional e socialmente e vendo se sem outra op o profissional internamente decidem pedir demiss o ou resistir heroicamente em seu posto de trabalho sofrendo a despedida por sua baixa produtividade ou reiteradas aus ncias pelas licen as de sa de Alguns sofrem o agravamento do problema dentro e fora da empresa Nos casos mais extremos as v timas podem chegar ao suic dio Do mesmo modo outros autores definem as fases do percurso do processo de ass dio moral no trabalho Importante destacar que todas evidenciam a intencionalidade com que s o 121 realizadas as condutas abusivas e perversas que em conjunto descrevem o processo de ass dio moral no trabalho Se n o houver a inten o do agressor de prejudicar e destruir a v tima n o h que se falar em finalidade de exclus o da mesma pelo car ter intencional que visualizamos o grau de culpa do agente agressor e a natureza il cita das condutas abusivas caracterizadoras do ass dio moral no trabalho 3 2 5 Elementos que n o configuram Ass dio Moral no Trabalho Finalizadas as premissas a respeito dos elementos que caracterizam o ass dio moral p
192. gerais acaba sendo viabilizada em termos t cnico jur dicos por meio dos direitos fundamentais em esp cie o que acabaria simplificando a ret rica vaga e em alguns casos at mesmo vazia de maior conte do da dignidade da pessoa humana que entretanto n o perderia a condi o de garantia aut noma A natureza integradora e hermen utica do princ pio da dignidade da pessoa humana serve de par metro para aplica o interpreta o e integra o dos direitos fundamentais e demais normas de todo o ordenamento jur dico Nesse sentido nossos tribunais t m proferido decis es utilizando se da dignidade da pessoa como crit rio hermen utico na solu o das controv rsias Assevera Sarlet 2010 p 91 95 que n o raras vezes as decis es apenas referem uma viola o da dignidade da pessoa sem qualquer argumento adicional demonstrando qual a 54 no o subjacente de dignidade adotada e os motivos segundo os quais uma conduta determinada considerada como ofensiva ou n o a dignidade o que de certo modo apesar das inten es nobres do rg o julgador contribui para uma desvaloriza o e fragiliza o jur dico normativa do princ pio em detrimento da sua maior efic cia e efetividade Verifica se portanto que a dignidade da pessoa humana na condi o de princ pio fundamental tem sido considerada na esfera jurisprudencial como referencial hermen utico O que se percebe das premissas estabelecidas que o princ p
193. gnidade humana significa ela um direito p blico subjetivo direito fundamental do indiv duo contra o Estado e contra a sociedade e ela ao mesmo tempo um encargo constitucional endere ado ao Estado no sentido de um dever de proteger o indiv duo em sua dignidade humana em face da sociedade ou de seus grupos O Estado deve criar as condi es para levar isso a cabo de tal sorte que a dignidade humana n o seja violada por terceiros integrantes da sociedade Esse dever constitucional pode ser cumprido classicamente portanto jur dico defensivamente mas tamb m pode ser desempenhado jur dico prestacionalmente ele pode ser realizado por caminhos jur dico materiais e por vias processuais no sentido de um status activus processualis bem como por meios ideais e materiais HABERLE 2009 p 89 A dignidade humana efetivada tanto jur dico materialmente como processualmente de m ltiplas maneiras por meio de leis Processualmente o direito ao contradit rio e a garantia da prote o jur dica efetiva caracterizam a prote o da dignidade humana por meio do processo HABERLE 2009 p 90 Sarlet 2010 p 88 sustenta que a dignidade exerce uma fun o pol tica medida que funciona como refer ncia para o processo decis rio pol tico e jur dico visto que torna incontroversa a decis o em si mesma do reconhecimento da dignidade da pessoa humana no 34 mbito de um consenso sociocultural e na condi o de conce
194. hegou ao m ximo com o Boom do constitucionalismo social Os direitos sociais ingressaram ent o na t nica do discurso pol tico p s guerra integrando a plataforma m nima de m ltiplos ordenamentos jur dicos A Declara o Universal dos Direitos do Homem de 1948 prev alguns direitos aos trabalhadores Logo de in cio manifesta repudio a escravid o ao tr fico de escravos e a servid o do homem O texto universal consagra que toda pessoa tem direito ao trabalho livre escolha de emprego a condi es justas e favor veis de trabalho e prote o contra o desemprego Assegura tamb m que toda pessoa sem qualquer distin o tem direito a igual remunera o por igual trabalho Essa remunera o deve ser justa e satisfat ria de forma que assegure lhe assegure assim como sua fam lia uma exist ncia compat vel com a dignidade humana Tamb m se encontram universalmente garantidos os direitos de quem toda pessoa de organizar sindicatos e a neles ingressar para a prote o de seus interesses bem como de gozar de repouso e lazer com limita o razo vel das horas de trabalho e f rias peri dicas remuneradas O grande desafio dar efic cia a essas diretrizes e trabalhistas estampadas na Declara o Universal dos Direitos Humanos pois os Estados que a acolhem muitas vezes a descumprem Inexistindo um rg o que possa impor sua efetiva aplica o surge a import ncia dos Pactos e Conven es Internacionais na busc
195. histas foram presos e Julgados respons veis Um deles suicidou se na pris o Quatro foram enforcados e tr s foram libertados depois de sete anos de pris o MARTINS 2009 p 7 A Enc clica Rerum Novarum coisas novas de 1891 do papa Le o XIII pontifica uma fase de transi o para a justi a social tra ando regras para a interven o estatal na rela o entre trabalhador e patr o Dizia o referido Papa que n o pode haver capital sem trabalho nem trabalho sem capital Cap tulo 28 As Enc clicas evidentemente n o obrigam ningu m mas muitas vezes serviram de fundamento para a reforma da legisla o dos pa ses MARTINS 2009 p 8 Marco das mudan as no cen rio do trabalho a Revolu o Industrial acabou transformando o trabalho em emprego Os trabalhadores de maneira geral passaram a trabalhar por sal rios O direito do trabalho e o contrato de trabalho passaram a desenvolver se com o surgimento da revolu o industrial Constata se nessa poca que a principal causa econ mica do surgimento da revolu o industrial foi o aparecimento da m quina vapor como fonte energ tica MARTINS 2009 p 5 A resignifica o da express o trabalho como atributo de dignidade e de valor decorreu de um novo sentido que lhe foi outorgado por aqueles que sendo submissos escravos e servos encontravam nele a chave para a liberdade e por aqueles que sendo livres atribu am a ele o valor de lazer e de aperfei oamen
196. ho de Piracicaba rg o Julgador 4 Turma 7 C mara Campina SP Ac rd o publicado em 27 05 2011d Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1761150 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0078000 40 2008 5 15 0018 Recorrente Nilson Pereira da Silva Recorrido Munic pio de Itu Origem Vara Do Trabalho De Itu rg o Julgador 5 C mara Terceira Turma Relator Lorival Ferreira Dos Santos Campina SP Ac rd o publicado em 14 01 2011e Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pIdProc 1638369 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Processo 0143300 34 2008 5 15 0022 Recurso Ordin rio Recorrente Teka Tecelagem Kuehnrich S A Recorrido Daniela Ferencz Da Silva Origem Vara do Trabalho de Mogi Mirim rg o Julgador 11 C mara Sexta Turma Relator Olga Aida Joaquim Gomieri Campina SP Ac rd o publicado em 14 03 2011f Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1639574 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo n 0119500 46 2009 5 15 0117 Recorrente Rita de C ssia Sarri Reco
197. ho satisfat rio e as rela es humanas dignas ALKIMIN 2010 p 46 Podemos ler na perspectiva dos direitos humanos o ideal da fraternidade Nessa linha de racioc nio a fraternidade nasce como princ pio norteador do Direito do Trabalho notadamente porque nesse sub ramo do Direito conforme ensina G mez 2008 p 93 prevalece exig ncia de tutelar a parte mais fraca ou seja o trabalhador em caso de conflito usando de princ pios como o do in d bio pro oper rio da norma mais favor vel da condi o mais favor vel e da indisponibilidade dos direitos Vasquez 2008 109 110 ensina que quando se rompe uma rela o acontece no grupo um trauma fato que se verifica nas rela es de trabalho e na sociedade como um todo o que resulta da experi ncia hist rica Ao percebermos as extremas dificuldades com que geralmente a conviv ncia em todos os n veis se debate e os desafios que se colocam s pr prias regras de conviv ncia experimentamos que a ideia de fraternidade ajuda os sujeitos no cumprimento dos seus deveres rec procos e apoia o desenvolvimento das rela es Assim numa vis o de fraternidade a for a motriz da rela o n o o interesse ego stico na sociedade ou mesmo a maldade humana mas o amor fraterno que impulsiona um a unir se ao outro a se construir e reconstruir a comunidade N o estamos com isso fechando os olhos exist ncia de interesses ego sticos na sociedade ou mesmo maldade huma
198. i o entre direitos e deveres entre liberdade e solidariedade Direitos e deveres n o devem pois formar invent rios distintos ou fileiras de soldados que se combatem em frentes opostas mas s o aspectos complementares de uma liberdade que assume a solidariedade como seu horizonte defensora de uma mesma vis o de homem e sociedade PIZZOLATO 2008 p 119 120 A dimens o relacional que se d na Fraternidade consiste em considerar esta um princ pio que est na origem de um comportamento de uma rela o que deve ser instaurada com os outros seres humanos agindo uns em rela o aos outros o que implica tamb m a dimens o de reciprocidade Nesse sentido a fraternidade mais do que um princ pio ao lado da liberdade e da igualdade aparece como aquele que capaz de tornar esses princ pios efetivos Na concep o de Francesco 2008 p 158 n o veross mil que no tempo e no espa o o sentimento primordial que deve ter unido uma comunidade grupo tenha sido o da perten a fraternidade E que esse sentimento basilar aos poucos dilu do perdido na aspereza e nos contrastes do ambiente natural e antropol gico n o tenha desaparecido mas que possa e deva ser hoje redescoberto Paradoxalmente na fase atual de globaliza o cheia de inquieta es e contradi es que tal sentimento pode mais facilmente ser reencontrado e alimentado Precisamente no Direito que talvez ainda mais do que a religi o por m na uni
199. i ria PAROSKI 2010 p 48 O dano moral abrange n o somente os danos psicol gicos mas tamb m a dor ou padecimento moral que n o aflora perceptivelmente em outro sintoma A dor moral insere se no amplo campo da teoria dos valores O dano moral indeniz vel ainda que n o resulte em altera es ps quicas VENOSA 2004 p 41 A regra geral a caracteriza o do dano moral sempre que algu m sofrer les o a direitos pessoais significando ataque a bens n o suscet veis de avalia o econ mica a exemplo da intimidade vida privada imagem e honra CF art 5 inc X mas que nem por isso encerra impossibilidade de repara o do preju zo causado na esfera ntima e ps quica do sujeito PAROSKI 2010 p 49 Nas li es de Bittar 1994 p 41 qualificam se como morais os danos em raz o da esfera da subjetividade ou do plano valorativo da pessoa na sociedade em que repercute o fato violador tais como aqueles que atingem os aspectos mais ntimos da personalidade humana o da intimidade e da considera o pessoal ou o da pr pria valora o da pessoa no meio em que vive e atua o da reputa o ou da considera o social O dano moral resume se na les o sofrida pela pessoa no tocante sua personalidade Envolve portanto aspecto n o econ mico n o patrimonial mas que atinge a pessoa no seu mago de forma que a pessoa em raz o do dano moral passa a ter problemas ps quicos que 145 podem repercutir
200. ico de seu subordinado praticando aquilo que se caracteriza como abuso de direito nesse ponto que se questiona qual o limite do exerc cio desse poder diretivo diante dos direitos de personalidade do empregado Quando a atua o do empregador extrapola o limite do razo vel ou do aceit vel do necess rio ao desenvolvimento das atividades empresariais h de serem invocados os direitos fundamentais do trabalhador como limitadores ao poder empresarial como forma de limitar as perdas das liberdades do empregado devendo se buscar a concilia o dos interesses em colis o AVILA 2009 p 63 O ass dio manifesta se de forma vari vel mediante atos com o intuito de vexar constranger inferiorizar e humilhar a v tima S o exemplo tratar com rigor excessivo atribuir tarefas in teis degradantes ou superiores capacidade intelectual ou f sica do empregado bem como o rebaixamento funcional invas o da privacidade e intimidade divulga o de quest es pessoais ou sujei o do empregado a revistas e controles exagerados inj rias cal nias cr ticas ironias humilha es e discrimina es reiteradas em p blico inatividade for ada agress o verbal ou f sica isolamento da v tima dentre outros ALKIMIN 2010 p 71 De toda forma para que as condutas abusivas se caracterizem como ass dio moral fundamental o requisito reitera o Segundo Avila 2009 p 60 61 a reitera o notadamente observada quando a vi
201. idas com a nova organiza o do trabalho que embora de certa forma tenha gerado o benef cio da diminui o da for a f sica e consequente fadiga f sica pela repeti o e monotonia passou a exigir maior esfor o mental pois o trabalhador tem que se adaptar e se ajustar racionaliza o do trabalho voltada para a tecnologia de ponta inform tica telem tica robotiza o etc ALKIMIN 2010 p 34 O labor exercido sem condi es m nimas de dignidade acarreta consequ ncias nocivas a todos os trabalhadores porquanto causam conflitos em suas vidas alteram valores transtornam as emo es e corroem o car ter individual A este quadro acrescenta se o incremento de atos de viol ncia nas rela es laborais associados ao est mulo competitividade e instala o da indiferen a com o sofrimento do outro BARRETO VENCO 2010 p 04 Segundo Alkimin 2010 p 36 esse contexto favoreceu o surgimento da chamada agress o ou viol ncia moral e silenciosa no ambiente de trabalho mais conhecida como 99 ass dio moral No mesmo sentido Ferreira 2010 p 36 acrescenta que as crises financeiras ocorridas recentemente s fazem agravar o cen rio no qual o terror psicol gico surge no trabalho com degrada o cada vez maior das condi es f sicas e emocionais de trabalho Tais fatores favorecem o surgimento do ass dio moral no trabalho Analisado como sofrimento no ambiente de trabalho o ass dio moral fen meno que na
202. ificuldade estando o conceito em permanente processo de constru o e desenvolvimento arrisca se Sarlet 2010 p 50 52 em reconhecer um conte do jur dico normativo que reclama uma constante concretiza o e delimita o pela pr xis constitucional tarefa cometida a todos os rg os estatais Ensina o autor que a dignidade uma qualidade intr nseca da pessoa humana irrenunci vel e inalien vel Constitui elemento que qualifica o ser humano como tal e dele n o pode ser destacado Deve ser compreendida como qualidade integrante e irrenunci vel da pr pria condi o humana Deve ser reconhecida respeitada promovida e protegida n o podendo contudo ser criada concedida ou retirada j que reconhecida e atribu da a cada ser humano como algo que lhe inerente Trata se de um atributo que independe das circunst ncias concretas inerente a todos os seres humanos pois mesmo o maior dos criminosos reconhecido como pessoa ainda que n o se porte de forma igualmente digna nas suas rela es com seus semelhantes inclusive consigo mesmo A dignidade da pessoa humana ocupa um lugar central no pensamento filos fico nas ordens constitucionais de um Estado Democr tico de Direito Da concep o jusnaturalista permanece a constata o de que uma ordem constitucional que consagra a ideia da dignidade da pessoa humana parte do pressuposto de que o homem em virtude t o somente de sua condi o humana e independentemente de qualqu
203. inverte as posi es entre trabalho e capital tornando o homem escravo da acumula o de riqueza Neste sentido quando o homem n o se faz livre no exerc cio do seu trabalho estamos diante do desrespeito aos ditames constitucionais subjugando as gera es de direitos fundamentais constru das ao longo da hist ria de lutas Conclui se portanto que a Carta Magna deu for a principiol gica ao trabalho tornando o vetor interpretativo da ordem econ mica e social Ao consagr lo como um direito fundamental tornou o Estado respons vel pela tarefa de promover medidas que concretizem seus ideais Mais que uma norma program tica essa norma deve ter car ter e for a 84 vinculativa imediata para o Estado para sua obten o pr tica Diante desta responsabilidade pode ser reclamada ao Estado a promo o desse direito fundamental Delgado 2006 p 71 bem preleciona o direito ao trabalho digno como elemento de concretiza o das liberdades b sicas do homem deve gozar de aplicabilidade imediata j que al ado condi o de direito fundamental Os direitos sociais devem ser garantidos pois est o relacionados com a dignidade da pessoa humana em especial o direito social de acesso ao trabalho garantia da rela o de emprego CF art 7 inc I condi es m nimas de trabalho e o direito ao seguro desemprego representam condi es elementares para uma exist ncia digna sendo o trabalho um direito de todos d
204. io da dignidade da pessoa humana guarda ntima conex o com os direitos humanos medida que resguarda os direitos liberdade e igualdade assegurados no artigo 1 da Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 mediante a constru o de sociedade fraterna Os mesmos ensinamentos s o verificados das li es de Alkimin 2010 p 18 quando sustenta que dignidade humana compreende a liberdade a igualdade e a fraternidade que s o escopos da Declara o dos Direitos dos Homens e princ pios basilares que devem nortear as rela es na sociedade No mesmo sentido afirma se que a dignidade da pessoa guarda rela o e concretiza os direitos fundamentais de primeira segunda e terceira dimens es notadamente representados pelos direitos de liberdade igualdade e fraternidade conforme j visto nos itens anteriores dessa pesquisa sem preju zo dos citados direitos de quarta e quinta dimens es os quais n o ser o aprofundados dado o recorte do tema e n o pela aus ncia de import ncia Gomes tamb m afirma 2008 p 51 que ao princ pio da dignidade da pessoa humana encontram se vinculadas portanto as no es de liberdade igualdade e solidariedade as quais constituem os princ pios ou valores jurisdicizados que melhor representam a ideia de vida digna especialmente quando a contextualizamos numa sociedade como a brasileira notadamente democr tica plural pautada na livre iniciativa e na valoriza o do trabalho No mes
205. ional Esta modalidade de ass dio al m de ensejar a rescis o indireta do contrato de trabalho pass vel de condena o judicial por dano moral O reconhecimento ou n o da exist ncia de causa ensejadora da despedida indireta passa necessariamente pelo exame do alegado dano moral exaustivamente demonstrado pela autora atrav s dos argumentos expendidos na exordial e profundamente analisado pelo MM Juiz de 1 Inst ncia Desta forma fica evidente que a atitude da recorrente feriu de 182 modo frontal o direito da reclamante e mais evidente ainda a obriga o de reparar os danos morais sofridos al m de lhe facultar o exerc cio do direito de indiretamente rescindir seu contrato de trabalho pois todos os atos praticados pela reclamada tornam imposs vel a continuidade da rela o de emprego S O PAULO 2011h Os limites do exerc cio do poder de dire o pelo empregador s o portanto auferidos pelo julgador de forma subjetiva raz o pela qual a jurisprud ncia tem manifestado discord ncia quanto interpreta o dos m todos utilizados pelo empregador em buscar de aumentar a produtividade do trabalhador Se por um lado a jurisprud ncia se posiciona favoravelmente prote o da dignidade do trabalhador e dos direitos fundamentais por outro considera como ordin rias e habituais s pr ticas voltadas apenas a alcan ar maior efici ncia e racionabilidade da produ o e obten o de lucro sem se atentar para a
206. ira 2010 p 80 sustenta que as consequ ncias na sa de da v tima geram o estresse p s traum tico pois o evento violento marca profundamente o ps quico da v tima gerando um estado depressivo que gera aliena o e uma total solid o ou ent o estados de agressividade e de ira Segundo Hirigoyen 2005 p 172 179 as consequ ncias espec ficas do ass dio moral s o os sentimentos de vergonha e a humilha o a perda do sentido e as modifica es ps quicas A vergonha e a humilha o v m habitualmente acompanhadas da aus ncia de dio pelo agressor As v timas desejam somente ser reabilitadas e recuperar a honra ultrajada Elas t m vontade de se esconder e se retirar do mundo Uma agress o da qual conseguimos nos defender n o produz tantos efeitos em longo prazo O que fere n o ter feito o que era necess rio para interromper o processo A vergonha vem de n o ter reagido A perda do sentido se mostra evidente quando a v tima n o consegue mais confiar no que sente e no que verdadeiro no contexto em que trabalha No que tange s modifica es ps quicas o ass dio moral tem o cond o de causar uma destrui o da identidade e influenciar o temperamento da v tima por longo tempo O desenvolvimento do ass dio moral no trabalho causa efeitos nefastos sobre a sa de da v tima A humilha o repetida e prolongada no ambiente de trabalho constitui um risco invis vel por m concreto nas rela es de trabalho e na sa de
207. ireito fundamental que foi reconhecido pela Declara o do Meio Ambiente cujos 26 princ pios constituem prolongamento da Declara o Universal dos Direitos do Homem que influ ram na elabora o do cap tulo do meio ambiente da Constitui o Brasileira de 1988 Dentre esses princ pios cita se Princ pio 1 O Homem tem o direito fundamental liberdade a igualdade e ao desfrute de condi es de vida adequada em um meio cuja qualidade lhe permite levar uma vida digna e gozar de bem estar e tem a solene obriga o 86 de proteger e melhorar esse meio para as gera es presentes e futuras A este respeito as pol ticas que provam ou perpetuem o apartheid a segrega o racial a discrimina o a opress o colonial e outras formas de opress o e de domina o estrangeira continuam condenadas e devem ser eliminadas Princ pio 8 O desenvolvimento econ mico ou social indispens vel para assegurar ao Homem um ambiente de vida e trabalho favor vel e criar na Terra condi es favor veis para melhorar a qualidade de Vida Princ pio 11 As Pol ticas Ambientais de todos os Estados deveriam orientar se para o aumento do potencial de crescimento dos Pa ses em desenvolvimento e n o deveriam coartar esse potencial nem obstaculizar a consecu o de melhores condi es de vida para todos e os Estados e organiza es internacionais deveriam tomar todas as provid ncias competentes com vistas a chegar a um acordo fim de enfrentar
208. is dominantes OIT 2007 p 27 Toda a discrimina o tem como consequ ncia a desigualdade que coloca as suas v timas numa situa o de desvantagem de oportunidades e de tratamento no trabalho Essa 163 situa o se traduz tamb m numa menor motiva o para o trabalho e desempenho conduzindo a uma menor produtividade e a tens es no local de trabalho com resultados negativos para o desempenho global da empresa e para o ambiente de trabalho OIT 2007 p 28 N o seriam portanto necess rias s pontua es anteriormente elencadas pela OIT quanto s consequ ncias da discrimina o para se chegar ao mesmo denominador conclusivo j que o ass dio moral gera consequ ncias para o trabalhador e para a empresa tais como baixa motiva o produtividade absente smo licen as dentre tantas j explicitadas nesse estudo Em concord ncia com as assertivas da OIT 2007 p 28 as pr ticas e as pol ticas de recursos humanos que previnem a discrimina o no trabalho e promovem a igualdade de oportunidades e de tratamento sem distin es arbitr rias s o vantajosas n o apenas para o indiv duo mas tamb m para a atividade empresarial A igualdade no trabalho n o se esgota na proibi o da discrimina o pois envolve tamb m a transforma o do local de trabalho de modo a que este seja mais inclusivo OIT 2007 p 28 33 englobando assim a preserva o e a promo o de um ambiente de trabalho sadio que na qualida
209. itado autor no direito sa de j est embutido o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado Ao Estado cabe a fun o de zelar pela sa de da popula o Trata se de um direito de todos garantido e constitucionalmente com previs o de ado o de medidas sociais e econ micas que proporcionem a redu o dos riscos de doen as BARRETO 2009 p 38 39 A sa de do trabalhador est inserida na preocupa o que deve ter especialmente o Estado com a preserva o da sa de ambiental a que hodiernamente tornou se bem jur dico de relev ncia al ado a prote o constitucional Sendo a sa de do trabalhador direito de todos e dever do Estado de acordo com o artigo 196 da Constitui o Federal Lima filho 2009 p 83 assevera que o primeiro direito fundamental social A Organiza o Mundial de Sa de define que sa de um estado de completo bem estar f sico mental e social e n o somente a aus ncia de doen a E n o poderia ser outro o entendimento pois a pessoa pode apresentar um quadro de aus ncia de doen a entretanto encontrar se sendo alvo de abusos v tima de variados tipos de ass dios mas sem a manifesta o de doen a Contudo a doen a j pode estar instalada no seio do meio ambiente de trabalho Nesse contexto situa se a quest o do ass dio moral BARRETO 2009 p 39 A Organiza o Internacional do Trabalho OIT atrav s da Conven o 159 seguindo a mesma orienta o tamb m n o vincul
210. itado pela autora a primeira fase costuma durar pouco e por si s n o constitui propriamente ass dio moral a fase dos incidentes cr ticos situada na esfera do conflito entre pessoas que em um determinado momento adquire maior propor o A segunda a fase da estigmatiza o notadamente marcada por comportamentos repetidos de longa dura o revestidos de intencionalidade perversa de prejudicar o outro castig lo min lo psicologicamente utilizando para isso um tipo de manipula o agressiva J a terceira a fase da interven o da empresa quando o conflito fica evidenciado e devido ao processo anterior de estigmatiza o da v tima mais f cil situar a responsabilidade nela do que no agressor A gest o tende a aceitar e assumir os preconceitos produzidos pelas fases anteriores Entra em funcionamento o mecanismo conhecido como erro fundamental de atribui o no qual os colegas e a gest o tendem a criar explica es baseadas nas caracter sticas individuais da v tima e n o em fatores organizacionais e de m gest o A quarta fase a dos diagn sticos incorretos Se a v tima busca ajuda especializada em psic logos e psiquiatras h um grande risco de que esses profissionais venham a interpretar a situa o de forma equivocada O risco que a pessoa seja marcada com um diagn stico incorreto como paranoia transtorno man aco depressivo desajuste de personalidade Isso pode destruir a v tima sua carreira pro
211. itivo vigente no Pa s Esses princ pios consagravam um pensamento diferente em mat ria de direitos fundamentais da pessoa humana a saber faziam ressaltar o aspecto social grandemente descurado pelas Constitui es precedentes O social a assinalava a presen a e a influ ncia do modelo de Weimar numa varia o substancial de orienta o e de rumos para o constitucionalismo brasileiro BONAVIDES 2011 p 366 Jos Afonso da Silva 2011 p 285 assevera que a Constitui o de 1934 foi a primeira Constitui o a inscrever um t tulo sobre a ordem econ mica e social Nunes 2011 p 14 ressalta que o documento estabeleceu o voto obrigat rio incluindo as mulheres No mesmo sentido a Constitui o de 1934 tamb m foi a primeira constitui o brasileira a tratar especificamente do Direito do Trabalho Garantia a liberdade sindical art 120 isonomia salarial sal rio m nimo jornada de oito horas de trabalho prote o do 72 trabalho das mulheres e dos menores repouso semanal f rias anuais remuneradas 1 do art 121 MARTINS 2009 p 10 A Carta Constitucional de 1937 marca uma fase intervencionista do Estado decorrente do golpe de Get lio Vargas Era uma constitui o de cunho eminentemente corporativista inspirada na Carta de Del Lavoro de 1927 e na Constitui o polonesa MARTINS 2009 p 10 e DELGADO 2006 p 75 Existiam v rias normas esparsas sobre os mais diversos assuntos trabalhistas Houve a n
212. ito referencial ainda que no particular sobre o que cada um entende por dignidade da pessoa e sobre o modo de sua promo o e prote o existam muitas diverg ncias Nunes 2002 p 48 56 afirma que necess rio identificar a dignidade da pessoa humana como uma conquista da raz o tico jur dica fruto da rea o hist rica de atrocidades que infelizmente marcam a experi ncia humana Acrescenta ainda que se trata de um verdadeiro supraprinc pio constitucional que ilumina todos os demais princ pios e normas constitucionais Para o Direito tal a relev ncia do princ pio que afirma ser a dignidade que d o par metro para a solu o dos conflitos ela luz do ordenamento a estrela m xima do universo principiol gico De toda explana o o que se percebe que a dignidade da pessoa humana constitui se em elemento que confere unidade de sentido a Constitui o de 1988 mandado de otimiza o capaz de unificar todo o sistema de direitos fundamentais Possui uma dupla dimens o jur dico defensivamente e jur dico prestacionalmente e funciona como refer ncia para o processo decis rio pol tico e jur dico 1 5 Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais O princ pio da dignidade da pessoa humana guarda ntima conex o com os direitos fundamentais medida que se configura como uma esp cie de mat ria prima que re ne os direitos fundamentais Na condi o de valor e princ pio normativo fundamental ord
213. itos s o Inviol veis 24 Em suas li es entende que a hist ria dos direitos humanos direitos fundamentais de tr s gera es sucessivas e cumulativas a saber direitos individuais direitos sociais e direitos difusos a hist ria mesma da liberdade moderna da separa o e limita o de poderes da cria o de mecanismos que auxiliam o homem a concretizar valores cuja identidade faz primeiro na Sociedade e n o nas esferas do poder estatal 1 2 Dignidade da Pessoa Humana Sarlet 2010 p 27 29 ensina que a dignidade encontra se latente em tudo que diz respeito ess ncia do ser humano Caracteriza se como uma qualidade intr nseca e indissoci vel de todo e qualquer ser humano de forma que a destrui o de um implicaria a destrui o do outro fazendo com que o respeito e a prote o da dignidade da pessoa constituam se em meta permanente da humanidade do Estado e do Direito Nessa linha de pensamento inicia se o estudo a partir de uma breve evolu o hist ria e pr constitucional a respeito do tema o que segundo Haberle 2009 p 70 71 prepara culturalmente os textos jur dicos de modo que manifesta es cient ficas especialmente filos fica ou sociol gica acerca da dignidade humana s o potencialmente recepcionadas no plano jur dico como elemento produtivo que enriquece a interpreta o do texto constitucional Desse modo a pr hist ria cient fica constitui aspecto fundamental do pensamento jur dico
214. ium doloris Quando se trata de dano patrimonial de f cil aferi o o valor de reposi o do bem atingido Todavia no dano moral a correspond ncia entre a ofensa e o dano bem mais dificil requerendo pondera o e bom senso do Julgador a fim de que n o se cometam excessos Na hip tese dos autos o importe de R 50 000 00 cinquenta mil reais atende aos crit rios de modera o e razoabilidade sendo suficiente para servir de lenitivo dor da obreira em face da doen a ocupacional por ela adquirida e do ass dio moral que sofrera e ao mesmo tempo constitui se em valor expressivo o bastante como medida de san o ao reclamado Recursos improvidos S O PAULO 20119 Os julgados apontam que os magistrados t m o livre convencimento para fixar o valor da indeniza o sendo certo que sua subjetividade que acaba por definir esse valor muito mais do que quaisquer crit rios objetivos at porque o valor da indeniza o pelo dano moral n o se encontra tarifado legalmente mas sim em um sistema aberto 188 A cr tica se faz no sentido de que a autonomia judicial n o pode ser excessiva posto que conforme adverte Machado 2010 p 37 poder vir exteriorizar apenas a vontade do Julgador Por outro lado dever evitar excessiva ades o aos princ pios constitucionais limitando se aos conte dos normativos regras e princ pios evitando assim que haja arbitrariedade Oliveira 2007 p 12 ensina que a op o atua
215. ivo Por esse motivo faz se necess rio proceder se a uma breve reconstru o hist rico jur dica do direito do trabalho no cen rio internacional bem como no cen rio jur dico brasileiro em especial dos textos constitucionais de modo a identificar a progressiva conquista do direito social ao trabalho na Constitui o de 1988 Do conjunto de normas da Constitui o verifica se que ela reconheceu o direito social ao trabalho como condi o da efetividade da exist ncia digna Nela a ordem econ mica funda se na valoriza o do trabalho e a ordem social tem como base o primado do trabalho 2 1 Da Evolu o Hist rica do Direito do Trabalho no Cen rio Internacional O estudo hist rico favorece a compreens o dos problemas e desafios atuais raz o pela qual importante tra ar uma breve evolu o hist rica do Direito do Trabalho no cen rio internacional para que seja compreendido nos tempos atuais correlacionando o aos contextos socioecon micos e pol ticos A hist ria moderna adentra na realidade da Europa Ocidental em meados do s culo XIX e in cio do XX com a derrocada do Estado Absolutista Mon rquico mediante a promo o das revolu es Francesas e Industrial DELGADO 2006 p 44 As revolu es marcaram a transi o do Estado Absolutista ao Liberal do Liberal ao Social e do Social ao Democr tico O surgimento do Estado Liberal tem portanto suas origens conjugadas Revolu o Francesa de 1789 Ostentada p
216. iza se este t pico atinente repara o do dano moral acreditando que o Direito tanto em sua fun o legislativa quanto em sua fun o julgadora deve ampliar sua vis o respeito do ass dio moral no trabalho para entend lo sob sua perspectiva individual mas tamb m social Para tanto essa esp cie de viol ncia no ambiente do trabalho deve ser confrontada com os fundamentos e objetivos constitucionais 155 CAP TULO 4 O ASS DIO MORAL NO TRABALHO LUZ DOS DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS E DO PRINC PIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Como visto no primeiro cap tulo a concep o contempor nea dos direitos humanos introduzida pela Declara o Universal de 1948 marcada pela universalidade e indivisibilidade desses direitos Logo no primeiro artigo a Declara o Universal dos Direitos Humanos assegura que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos s o todas dotadas de raz o e de consci ncia e devem agir em rela o umas s outras com esp rito de fraternidade Nas palavras de Aquini 2008 p 133 h uma transposi o dos princ pios da liberdade igualdade e fraternidade para a esfera universal Com rela o ao trabalho o texto universal disp e que todo ser humano tem direito ao trabalho livre escolha de emprego a condi es justas e favor veis de trabalho e prote o contra o desemprego O Brasil reconhece o valor dos Direitos Humanos e com o intuito de dar efic cia plena a es
217. izadas de praticar o ass dio moral a recusa comunica o direta situa o que segundo Hirigoyen 2009 p 76 77 o conflito n o mencionado entretanto as atitudes de desqualifica o s o permanentes Trata se de recusa que impede a v tima de se defender e evitar a continuidade dos ataques Subtrair o di logo uma maneira de agravar o conflito Quando h censuras elas s o vagas imprecisas e acabam por dar margens a diversas interpreta es e maus entendimentos Isso acarreta um mecanismo 170 conhecido como erro fundamental de atribui o no qual os colegas e a gest o tendem a criar explica es baseadas nas caracter sticas individuais da v tima e n o em fatores organizacionais e de m gest o Tanto a v tima quanto as pessoas que integram a organiza o do trabalho s o atingidas por esse clima de confus o As interpreta es distorcidas impedem uma clara percep o dos fatos o que inevitavelmente prejudica a instru o processual Acrescente se que as doen as suportadas pelas v timas do ass dio moral sejam f sicas ou ps quicas em raz o da natureza psicossom tica tamb m s o de dif cil comprova o Por decorr ncia a comprova o do nexo de causalidade tamb m fica prejudicada na maioria dos casos Ademais de se considerar a fragilidade da v tima quando est litigando em ju zo contra a parte contr ria sua agressora Conforme os estudos da psiquiatra Marie France Hirigoyen o empreg
218. l PAROSKI 2010 p 160 Martins 2008 p 24 entende que imposs vel retornar ao status quo ante nos casos de dano moral Para evitar qualquer d vida que h adjetiva o de dano moral para demonstrar que ele n o patrimonial ou extrapatrimonial Na indeniza o por dano moral visa se compreender a dor sentida pelo ofendido Demais doutrinas comungam do entendimento colocado Em se tratando de dano moral consideramos que n o poss vel o retorno ao estado anterior mas apenas e t o somente a utiliza o da tutela pelo equivalente e da tutela reparat ria esta ltima hip tese representada pela entrega de uma determinada quantia de dinheiro COELHO 2009 p 123 Se a repara o no seu real sentido n o poss vel cabe pelo menos uma compensa o monet ria um lenitivo oferecendo ao lesado outro bem da vida para acalmar sua revolta e facilitar sua resigna o diante do fato consumado N o se trata por m de estabelecer um pre o para a dor sofrida mas de criar possibilidades para que o acidentado desenvolva novas atividades ou entretenimentos para vencer as recorda es dolorosas e superar a dor OLIVEIRA 2007 p 7 Apesar da impossibilidade de restabelecer o estado anterior das coisas Coelho 2009 p 124 130 entende que dentre as presta es que podem ser utilizadas para repara o do 150 dano deve se dar prefer ncia quelas que possibilitem que a v tima possa desfrutar de uma situa
219. l estadual ou municipal seja lei ou projeto de lei apesar dos esfor os ainda muito rasa no que tange compreens o da complexidade do tema e s suas extens es caracterizando se como t mida em rela o aos princ pios fundamentais da Dignidade da Pessoa Humana e da Fraternidade sedimentados na Declara o Universal dos Direitos Humanos e confirmados em nossa carta magna 3 4 Das Consequ ncias do Ass dio Moral no Trabalho As consequ ncias geradas pelo ass dio moral n o atingem somente o trabalhador enquanto v tima desse processo de viol ncia Os danos s o graves e refletem na esfera de 127 terceiros na empresa e em toda sociedade de tal sorte que deve ser considerado como um problema social Nesse sentido importante se faz dimensionar as consequ ncias geradas pela pr tica do ass dio moral para que se o operador do direito possa tra ar a forma pela o fen meno deve ser enfrentado e a v tima deve ser ressarcida 3 4 1 O Ass dio Morale o Trabalhador A primeira v tima direta do ass dio moral o trabalhador sujeito ao processo de terror psicol gico Para esta v tima a consequ ncia econ mica do ass dio moral algo preocupante Os efeitos n o se restringem aos imediatos do desemprego Os efeitos se agravam quando a v tima percebe a dificuldade que ira passar para encontrar nova coloca o profissional especialmente se estiver adoecida Para Hirigoyen 2005 p 121 o traumatismo dessas viol
220. l de interven o DELGADO 2006 p 59 Da mesma maneira que os da primeira dimens o esses direitos foram inicialmente objeto de uma formula o especulativa em esferas filos ficas e pol ticas de acentuado cunho ideol gico Dominaram por inteiro as Constitui es do segundo p s guerra BONAVIDES 2011 p 564 As mencionadas Constitui es do M xico 1917 e de Weimar 1919 s o a prova concreta dessa necessidade de interven o positiva do Estado Com elas nascem os direitos de segunda dimens o marcados como direitos sociais dentre eles o direito do trabalho Os direitos sociais como dimens o dos direitos fundamentais do homem s o presta es positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente enunciadas em normas constitucionais que possibilitam melhores condi es de vida aos mais fracos direitos que tendem a realizar a equaliza o de situa es sociais desiguais S o portanto direitos que se ligam ao direito de igual SILVA 2011 p 286 Jos Afonso da Silva classifica os direitos sociais em seis classes sob o ponto de vista do Direito positivo Vejamos a direitos sociais relativos ao trabalhador b direitos sociais relativos seguridade compreendendo os direitos sa de previd ncia e assist ncia social c direitos sociais relativos educa o e cultura d direitos sociais relativos moradia e direitos sociais relativos fam lia crian a adolescente e idoso f di
221. l do arbitramento pelo Judici rio propicia ao juiz fixar com mais precis o e liberdade justa indeniza o espec fica do caso concreto Por outro lado preciso atentar para a falta de par metros legais para o arbitramento da indeniza o por danos morais permite que em algumas ocasi es a ocorr ncia de valores excessivamente elevados ou reduzidos sem justa razoabilidade para o caso concreto desmoralize o avan ado instituto do dano moral N o se pretende depreciar a constru o jurisprudencial em apre o mas sim pontuar que se faz necess rio evoluir na compreens o da complexidade da extens o e da gravidade do fen meno do ass dio moral no trabalho em rela o aos princ pios fundamentais aos objetivos constitucionais e repercuss o social As decis es judiciais em sua grande maioria apesar de reconhecerem a pr tica do ass dio moral adoecem de certa imprecis o a respeito da quantifica o da indeniza o especialmente no que tange intensidade do car ter intencional doloso e perverso da conduta il cita do agressor Do mesmo modo n o se vislumbrou maiores esfor os no sentido de se avaliar a dimens o dos preju zos que a v tima e a sociedade sofrem com a les o tornando se muitas vezes desequilibrada a repara o do dano A jurisprud ncia caminha na constru o do instituto jur dico mas ainda n o tem a exata dimens o de que o ass dio moral viola direitos difusos pois al m das consequ ncias par
222. l e pol tico para oo adequada interpreta o dos direitos previstos nos planos constitucional e internacional Filomeno 2009 p 238 faz a constata o no sentido de que mais vale o efetivo respeito aos direitos humanos do que sua declara o ou reconhecimento formal pela maioria dos pa ses No mesmo sentido Dallari 2006 p 213 destaca que o problema nuclear e ainda n o resolvido a consecu o de efic cia das normas de Declara o de Direitos Sabe se que essas devem ser aplicadas independentemente de sua inclus o nos direitos dos Estados pela formaliza o legislativa no entanto inexistindo um rg o que possa impor sua efetiva aplica o ou impor san es em caso de inobserv ncia muitas vezes os pr prios Estados que subscreveram a declara o agem contra suas normas sem que nada possa ser feito Por esse fato os Estados t m adotado incluir nas pr prias constitui es uma cap tulo referente aos direitos e garantias individuais justamente porque dessa forma incorporadas ao direito positivo dos Estados aquelas normas adquirem efic cia plena Bonavides 2011 p 574 578 preceitua que a Declara o ser um texto meramente rom ntico de bons prop sitos e louv vel ret rica se os pa ses signat rios da Carta n o se aparelharem de meios e rg os com que cumprir as regras estabelecidas naquele documento de prote o dos direitos fundamentais e sobretudo produzir uma consci ncia nacional de que tais dire
223. lam a sua observ ncia o Estado e os particulares A doutrina tradicional sustenta que os direitos de primeira dimens o s o direitos de defesa do indiv duo frente ao Estado s o direitos que nasceram atrelados aos ideais do Estado Liberal e contemplam as liberdades individuais com o intuito de limitar o poder do Estado Os direitos de segunda dimens o s o os direitos sociais dentre eles o direito ao trabalho S o denominados direitos de presta o introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Estado Social Contemplam a igualdade entre os homens e valorizam o homem enquanto indiv duo pertencente a uma coletividade institucionalizada por um poder estatal de interven o Alinhavando o complemento necess rio verdadeira efetividade dos direitos liberdade e igualdade nascem os direitos de terceira dimens o sustentados pela ideia de coletividade notadamente relacionados ao conceito de fraternidade e ligados aos ideais do Estado Democr tico O conceito de fraternidade parte da ideia de igualdade de dignidade em todos os homens e se apresenta n o apenas como um conceito mas como um princ pio ativo motor do comportamento da a o dos homens com uma conota o essencialmente moral O direito fraterno portanto aquele que busca promover comportamentos morais que efetivamente garantam a igualdade e a liberdade entre os seres humanos 13 Inclinando se para o direito ao trabalho que figura como uma esp cie
224. lemas mentais que afetam a sa de dos trabalhadores Com o objetivo de preven o de acidentes e redu o de perigos a sa de consta em seu artigo 5 a preocupa o com o ambiente de trabalho sua organiza o equipamentos seguran a e processos de trabalho BARRETO 2009 p 30 Apesar da movimenta o internacional denotar forte preocupa o com a quest o ambiental Silva 2011 p 48 sustenta que as Constitui es Brasileiras anteriores de 1988 87 nada traziam especificamente sobre a prote o do meio ambiente natural Tamb m nesse sentido Milar 2007 p 145 147 assevera que as constitui es anteriores jamais se preocuparam com a prote o do ambiente de forma espec fica e global mas sim dele cuidaram de maneira dilu da referindo se separadamente a alguns de seus elementos integrantes gua florestas min rios ca a pesca ou ent o disciplinando mat rias com ele indiretamente relacionadas mortalidade infantil sa de propriedade A Constitui o de 1988 foi portanto a primeira a tratar deliberadamente da quest o ambiental uma constitui o verde diante da prote o que d ao meio ambiente MILAR 2007 p 147 Eminentemente ambientalista SILVA 2011 p 48 O meio ambiente ascendeu ao posto de valor supremo das sociedades contempor neas passando a compor o quadro de direitos fundamentais ditos de terceira dimens o incorporados no texto constitucional de 1988 Trata se de valor que
225. leo familiar restrito dos que mantinham conviv ncia mais ntima com a v tima e que s o presumivelmente aqueles diretamente afetados Outros pretendentes tamb m poder o lograr xito desde que apresentem provas convincentes de la o afetivo duradouro com a v tima e dos efeitos danosos causados pela morte de modo a justificar o deferimento da repara o por danos morais De toda forma n o cabe aqui estender as discuss es acerca dos reflexos do dano moral a terceiros nem tampouco a legitimidade de cada um sob pena de perder o foco do assunto em ep grafe O objetivo foi demonstrar que as consequ ncias do ass dio moral s o t o amplas que estendem os danos respectivos esfera dos terceiros que convivem com a v tima 154 Ademais verificar se que os efeitos tamb m recaem sobre o ambiente de trabalho sobre a empresa e sobre a sociedade O processo de agress o agride bens e valores jur dicos pertencentes a toda a coletividade de forma indivis vel representando a figura do dano moral coletivo ou difuso Neste sentido Oliveira 2007 p 6 bem coloca que n o se trata de indeniza o do direito comum como ainda a denominam muitos autores e ac rd os mas indeniza o fundada na pr pria Constitui o da Rep blica Evidente portanto a necessidade de se estabelecer crit rios objetivos na aferi o da responsabilidade pelo dano moral causado nos casos de ass dio moral Por constru o Jurisprudencial n o
226. lho cujo efeito principal o aviltamento da dignidade humana da v tima e a viola o aos direitos fundamentais Vislumbra se a preocupa o das diversas reas do conhecimento com a efetiva tutela dos interesses envolvidos nessa rela o considerando que as consequ ncias do ass dio moral ultrapassam a esfera privada refletindo em toda a sociedade Nosso ordenamento jur dico federal n o possui uma legisla o espec fica que discipline o tema favore a a reflex o e sirva de suporte administrativo e judicial ao combate preventivo repressivo e especialmente reparador desta pr tica Neste contexto aspira se inten o de relacionar a pr tica do ass dio moral com os princ pios de liberdade igualdade solidariedade e dignidade da pessoa humana de modo a ressaltar lhes a complementaridade evidenciando o necess rio di logo de tais fontes principiol gicas na compreens o dos conflitos decorrentes Para tanto ser utilizada a linha de pesquisa do programa de mestrado Constru o do Saber Jur dico com rea de Concentra o em Teoria do Direito e do Estado que nos termos propostos constitui espa o de investiga o que enseja a forma o e promove a integra o de estudos avan ados nos diferentes campos do direito de forma que a estrutura da sociedade moderna nas rela es jur dicas no interior do Estado e do pr prio Estado s o investigadas do ponto de vista de seus problemas e desafios tendo como meta a ema
227. liberdade igualdade e fraternidade com vistas a tratar conjuntamente esses temas de modo a ressaltar lhes a complementaridade evidenciando o necess rio di logo de tais fontes principiol gicas na compreens o dos conflitos decorrentes do ass dio moral no trabalho 16 Por fim com o conjunto do presente estudo pretende se visualizar como o fen meno dentro de uma perspectiva constitucional recebe tutela do sistema jur dico brasileiro diante da vasta extens o negativa de suas consequ ncias Para tanto ser realizada uma an lise cr tica jurisprudencial com o intuito de questionar se as decis es judiciais requerem maior esfor o interpretativo e dedica o para reconhecer essa pr tica abusiva e para racionalizar a quantia econ mica ressarcit ria que se outorga Fazer avan ar a reflex o em torno do assunto essencial para que se possa efetivar cada vez mais uma resposta adequada s demandas judiciais submetidas aprecia o da Justi a do Trabalho em conson ncia com os direitos humanos e fundamentais e com a dignidade da pessoa humana Para tanto ser utilizada a linha de pesquisa do programa de mestrado Constru o do Saber Jur dico com rea de Concentra o em Teoria do Direito e do Estado que nos termos propostos constitui espa o de investiga o a ensejar a forma o e a promover a integra o de estudos avan ados nos diferentes campos do direito de forma que a estrutura da sociedade moder
228. lo alopecia dores musculares e ou articulares de origem tensional estresse Por fim os sintomas comportamentais s o todas as rea es agressivas transtornos alimentares aumento no consumo de lcool e ou drogas aumento do tabagismo disfun o sexual e isolamento social OMS 2004 p 16 Dist rbios psicossom ticos variados foram encontrados em 52 dos casos prov vel que esses dist rbios sejam muito mais frequentes embora sejam tratados logo de in cio por automedica o e depois por cl nicos gerais que prescrevem um tratamento sintom tico Ap s certo tempo de evolu o dos procedimentos de ass dio os dist rbios psicossom ticos passam quase sempre ao primeiro plano O corpo registra a agress o antes do c rebro que se recusa a enxergar o que n o entendeu Mais tarde o corpo acusar o traumatismo e os sintomas correm o risco de prosseguir sob a forma de estresse p s traum tico O desenvolvimento dos dist rbios psicossom ticos impressionante e grave e de crescimento muito r pido Acontece sob forma de emagrecimentos intensos ou ent o r pidos aumentos de peso quinze a vinte quilos em alguns meses dist rbio digestivos gastrites colites lceras de est mago dist rbio endocrinol gicos problemas de tire ide menstruais crises de hipertens o arterial incontrol veis mesmo sob tratamento indisposi es vertigens doen as de pele etc HIRIGOYEN 2005 p 160 161 A depress o e a a
229. lta se para casa a cada noite mais exausto humilhado e deprimido sendo dif cil uma recupera o HIRIGOYEN 2009 p 66 A amplitude p blica dos interesses envolvidos nessa rela o vem chamando a aten o de rg os internacionais a exemplo da Organiza o Mundial da Sa de OMS que tem se dedicado ao estudo e pesquisa do assunto e em 2004 publicou um documento 105 denominado Sensibilizando sobre o Acosso Psicol gico no Trabalho dentre quatro da s rie de documentos intitulados Prote o Sa de dos Trabalhadores dentro do Programa Global de Sa de Ocupacional Para Todos Consta da referida publica o que A viol ncia psicol gica est muito propagada por todas as partes No Brasil 39 5 das pessoas responderam que haviam passado por experi ncias de abuso verbal no ltimo ano 32 2 na Bulg ria 52 na frica do Sul com 60 1 no setor p blico 47 7 na Tail ndia 51 em um complexo centro de sa de e 27 4 em um hospital 40 9 no L bano e 67 na Austr lia liderando A Segunda rea principal de preocupa o a intimida o e o mobbing que representa 30 9 na Bulg ria 20 6 na frica do Sul 10 7 na Tail ndia 23 em um complexo centro de sa de e 16 5 em um hospital em Portugal 22 1 no L bano 10 5 na Austr lia e 15 2 no Brasil OMS 2004 p 8 Percebe se portanto que o ass dio psicol gico no trabalho n o um problema exclusivo de determinados pa ses mas um fen
230. ltimos anos em especial a Lei 12 017 2009 que para o exerc cio de 2010 em seu artigo 89 IV proibiu as agencias financeiras oficiais de fomento de conceder empr stimos ou financiamentos s institui es cujos dirigentes sejam condenados por ass dio moral dentre outras formas de discrimina o FERREIRA 2010 p 74 75 Nesta linha de racioc nio Ferreira 2010 p 72 acrescenta que empresa afetada pelos efeitos dessa pr tica abusiva em tr s aspectos distintos na produtividade na forma o de passivo trabalhista nas autua es sofridas em raz o de fiscaliza o por rg os estatais e na perda de investimentos 138 O ass dio moral tamb m gera consequ ncias sobre o contrato de trabalho assim entendido como o acordo t cito ou expresso correspondente rela o de emprego art 442 da CLT Considerando que o contrato de trabalho um contrato e portanto deve observar as regras da boa f entre as partes certo que aquele que violar essa condi o esta quebrando a condi o sinalagm tica do acordo No caso da pr tica do ass dio moral pelo empregado como por exemplo as condutas abusivas praticadas entre colegas de trabalho h expressa previs o legal da caracteriza o da justa causa para rescis o do contrato de trabalho Isso porque n o s o empregado v tima do ass dio moral Ele poder ser o agressor em rela o a outro colega de igual hierarquia ass dio horizontal ou em situa o
231. lto constitucional destinado prote o do trabalho e da dignidade do trabalhador nota se que a reestrutura o produtiva tem tornado o trabalho precarizado flex vel fragmentado e produtor de desemprego As mudan as introduzidas pela nova organiza o do trabalho favoreceram o surgimento da chamada agress o ou viol ncia moral e silenciosa no ambiente de trabalho mais conhecida como ass dio moral Analisado como sofrimento no ambiente de trabalho o ass dio moral fen meno que nasce no bojo da globaliza o econ mica e se configura pela pr tica de condutas abusivas e intencionais que possam trazer dano personalidade dignidade ou integridade f sica ou ps quica de uma pessoa Vislumbra se a preocupa o das diversas reas do conhecimento com a efetiva tutela dos interesses envolvidos nessa rela o considerando que as consequ ncias do ass dio moral ultrapassam a esfera privada refletindo em toda a sociedade de tal sorte que deve ser considerado como um problema social 14 Sua ocorr ncia contraria a no o de trabalho decente de valor social do trabalho e de dignidade da pessoa humana revelando desacordo com o ideal constitucional de constru o de uma sociedade justa solid ria e fraterna Nosso ordenamento jur dico federal ainda n o possui uma legisla o espec fica que discipline o tema favore a a reflex o e sirva de suporte administrativo e judicial ao combate preventivo repressivo e especial
232. m dicas concedidas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social INSS s o precedidas de per cias m dicas notadamente caracterizadas por considera es rasas a respeito dos efeitos desse mal na sa de no indiv duo especialmente quando tratamos da quest o ps quica tornando se imperioso a reflex o no sentido de que a v tima pode ser considerada apta ao trabalho em tempo inferior ao necess rio a sua recupera o e cura e estar exposto a novas situa es de risco fato que poder agravar ainda mais seu estado de sa de j fragilizado Cumpre portanto questionar a forma como o Direito encara o ass dio moral e se tem sido capaz de promover a repara o do dano em toda a extens o das consequ ncias desta pr tica lesiva que se estendem sobre a v tima tanto em sua esfera profissional bem como em sua esfera pessoal 3 4 2 O Ass dio Moral e a Empresa Como j mencionado os efeitos tamb m n o recaem apenas sobre o trabalhador enquanto v tima mas tamb m sobre a empresa Isso porque a pr tica do ass dio moral no trabalho degrada o meio ambiente laboral Tudo ocorre em detrimento daquilo que resguardado e previsto constitucionalmente como um direito fundamental o meio ambiente equilibrado capaz de gerar bem estar e sa de ao trabalhador O ass dio moral no trabalho prejudica a empresa causando absente smo queda da produtividade rotatividade da m o de obra desmotiva o dos outros empregados maculando a imagem
233. m tica direitos humanos na verdade uma amplia o dos pr prios direitos e garantias individuais O autor sustenta que uma amplia o porquanto n o deixam de serem os mencionados direitos e garantias individuais s que encarados fora do contexto de determinado Estado que os reconhe a ou tenha como prioridade pol tica a sua preserva o e respeito Aduz ainda que os referidos direitos existem 36 ainda que os Estados n o os reconhe am porque derivados da natureza do homem independentemente de sua universaliza o Comparato 2008 p 59 ressalta que o reconhecimento oficial dos direitos humanos pelas autoridades pol ticas competentes enseja seguran a s rela es sociais pois exerce uma fun o pedag gica no seio da comunidade no sentido de fazer prevalecer os grandes valores ticos os quais sem esse reconhecimento oficial tardiariam a se impor na vida coletiva Os direitos fundamentais variam conforme a ideologia a modalidade de Estado a esp cie de valores e princ pios que a Constitui o consagra de forma que cada Estado tem seus direitos fundamentais espec ficos BONAVIDES 2011 p 561 Possuem tra os marcantes que os caracterizam sob diversos ngulos a come ar pela historicidade pois como j mencionado tais direitos t m origem no contexto hist rico ganhando status de direitos fundamentais quando positivados nos ordenamentos constitucionais de cada pa s Ao tratar da historicidade Piovesan
234. m da OIT verificou se que tem por finalidade universalizar os ideais relacionados ao trabalho buscando paz e justi a social em todo mundo Sua import ncia se revela na for a normativa vinculante nos ordenamentos jur dicos internos de cada pa s Observou se que a proclama o da Constitui o Brasileira de 1988 significou o marco democr tico no pa s e a institucionaliza o dos direitos humanos medida que consagra o valor da dignidade humana como princ pio fundamental tendo uma dimens o individual como valor intr nseco a cada ser humano mas tamb m uma dimens o comunit ria que comunica a responsabilidade de cada ser humano de ter respeito dignidade do outro que comp e o tecido da sociedade em que ele sobrevive A Carta Magna deu for a principiol gica ao trabalho tornando o vetor interpretativo da ordem econ mica e social Ao consagr lo como um direito fundamental tornou o Estado respons vel pela tarefa de promover medidas que concretizem seus ideais mais que uma norma program tica essa norma deve ter car ter e for a vinculativa imediata para o Estado Logo diante dessa responsabilidade pode ser reclamada ao Estado a promo o desse direito fundamental A constitucionaliza o da valoriza o do trabalho humano imprimiu mais que um princ pio antes uma obriga o imposta a toda sociedade de acompanhar e fomentar a realiza o de um trabalho digno mediante a mais ampla prote o de condi es de trabalho
235. m medidas para reduzi los dado seu efeito negativo sobre a produtividade e o desenvolvimento econ mico e social Enfatiza que a prote o dos trabalhadores contra doen as e les es relacionadas ao trabalho e contra os acidentes do trabalho est entre os objetivos da Organiza o Internacional do Trabalho conforme estipulado na Constitui o 2 3 A Constitucionaliza o do Direito do Trabalho nas Constitui es Brasileiras Anteriores a 1988 Inicialmente as Constitui es brasileiras versavam apenas sobre a forma do Estado e o sistema de governo Posteriormente passaram a tratar de todos os ramos do direito e especialmente do direito de trabalho como ocorre com nossa Constitui o atual MARTINS 2009 p 9 A Constitui o de 1891 foi a primeira constitui o sob a gide da rep blica embora seja considerada de esp rito liberal e tenha sofrido influ ncia da constitui o norte americana e da constitui o argentina Em seu contexto hist rico n o contemplou v rios direitos individuais por press es dos grandes propriet rios NUNES 2011 p 14 As Constitui es de 1824 e 1871 tinham vig ncia ao tempo da Rep blica Velha e nos moldes do Estado Liberal garantidor de direitos de primeira dimens o apenas aos segmentos societ rios privilegiados DELGADO 2006 p 74 71 A Lei do Ventre Livre disp s que a partir de 28 09 1871 os filhos dos escravos nasceriam livres Em 13 05 1888 foi assinada pela P
236. m objetivo imperioso para a Humanidade e dever ser perseguido ao mesmo tempo em que o s o as metas fundamentais j estabelecidas da paz e do desenvolvimento econ mico e social em todo o mundo e em conformidade com ambas Mas para chegar a essa meta ser mister que cidad os e comunidade empresas e institui es em todos os planos aceitem as responsabilidades que lhes incumbem e que todos eles participem equitativamente do labor comum SILVA 2011 p 61 O homem deve fazer constante avalia o de sua experi ncia e continuar descobrindo inventando criando e progredindo Hoje em dia a capacidade do homem de transformar o que o cerca utilizada com discernimento pode levar a todos os povos os benef cios do desenvolvimento e oferecer lhes a oportunidade de enobrecer sua exist ncia Aplicado err nea e imprudentemente o mesmo poder pode causar danos incalcul veis ao ser humano e a seu meio ambiente Em nosso redor vemos multiplicarem se as provas do dano causado pelo homem em muitas regi es da terra n veis perigosos de polui o da gua do ar da terra e dos seres vivos grandes transtornos de equil brio ecol gico da biosfera destrui o e esgotamento de recursos insubstitu veis e graves defici ncias nocivas para a sa de f sica mental e social do homem no meio ambiente por ele criado especialmente naquele em que vive e trabalha BARRETO 2009 p 47 Silva 2011 p 61 65 ensina que o meio ambiente um novo d
237. m verdadeira ofensa a prote o constitucional ao meio ambiente do trabalho Retirar da v tima a autonomia N o lhe transmitir mais as informa es teis para a realiza o de tarefas Contestar sistematicamente todas as suas decis es Criticar seu trabalho de forma injusta ou exagerada Priv la do acesso aos instrumentos de trabalho telefone fax computador Retirar o trabalho que normalmente lhe compete Dar lhe permanentemente novas tarefas Atribuir lhe proposital e sistematicamente tarefas inferiores s suas compet ncias Atribuir lhe proposital e sistematicamente tarefas superiores s suas compet ncias Pression la para que n o fa a valer seus direitos f rias hor rios pr mios Agir de modo a impedir que obtenha promo o Atribuir v tima contra a vontade dela trabalhos perigosos Atribuir v tima tarefas incompat veis com sua sa de Causar danos em seu local de trabalho Dar lhe deliberadamente instru es imposs veis de executar N o levar em conta recomenda es de ordem m dica indicadas pelo m dico do trabalho Induzir a v tima ao erro A autora tamb m relata condutas que configuram verdadeiro atentado contra a dignidade da v tima n o obstante seja o bem maior protegido constitucionalmente Hirigoyen 2005 p 109 Utilizam insinua es desdenhosas para qualific la Fazem gestos de desprezo diante dela suspiros olhares desdenhosos levantar de ombros
238. mas Os direitos humanos s o a fonte de inspira o o g nero do qual pertencem os direitos fundamentais Os direitos humanos s o inerentes a todo ser humano de forma universal independente do tempo e do espa o em que vivam Os direitos fundamentais s o os direitos positivados nos ordenamentos jur dicos p trios Os direitos humanos s o inerentes pr pria condi o humana sem liga o com particularidades determinadas de indiv duos ou grupos Quando reconhecidos pelas autoridades legislativas tanto no interior dos Estados quanto no plano internacional ou seja quando s o positivados nas Constitui es nas leis e nos tratados internacionais passam a ser chamados de direitos fundamentais COMPARATO 2008 p 58 59 Os direitos humanos s o direitos inerentes ao ser humano j os direitos fundamentais s o concebidos como os direitos caracter sticos de cada poca representados por valores constru dos pela sociedade De todo modo tais direitos foram concebidos como proposta de um sistema de vida integral que abarcassem o mbito cultural econ mico pol tico e social tanto em n vel individual como coletivo e aplic vel a todos sem qualquer discrimina o Exprimem um desejo de sobreviv ncia cada vez mais profundo medida que cresce a amea a N o se contentam em proclamar a sede da vida dos seres humanos mas tentam permitir concretamente a sobreviv ncia POZZOLI ANTICO 2011 p 7 Segundo Filomeno 2009 p 237 a te
239. mente reparador desta pr tica Com essas considera es que se verifica a import ncia de se compreender o fen meno do ass dio moral que se caracteriza pelo abuso de poder de forma repetida e sistematizada e se propaga em rela es desumanas e sem tica marcadas pela intencionalidade do abuso do poder e das manipula es perversas Em conformidade com o problema apresentado o presente trabalho se justifica no fato de que cabe ao int rprete do direito buscar amparo legal para as situa es de fato ainda que n o tipificadas especificamente na norma legal Para tanto necess rio que se tenha uma vis o global do fen meno e suas implica es no mundo jur dico Dessa forma esta pesquisa movida num primeiro momento pela necessidade de dar visibilibidade s cio jur dica global ao ass dio moral conceituar e caracterizar o fen meno para melhor compreender suas extens es para num segundo momento analisar dentro de uma perspectiva human stica como o fen meno ass dio moral recebe tutela do sistema jur dico brasileiro diante da vasta extens o das consequ ncias negativas com enfoque nos direitos humanos e fundamentais e na dignidade da pessoa humana dos direitos da personalidade e da sa de do trabalhador Para atingir tal objetivo ser imprescind vel examinar o reconhecimento pela jurisprud ncia dos Tribunais Trabalhistas da ocorr ncia do ass dio moral nas rela es de trabalho e de que modo est o sendo reprimi
240. mo diante do estado social tais como a vida a liberdade a propriedade al m da busca pela felicidade e seguran a individual NUNES 2011 p 7 Em 1789 a Assembleia Nacional Francesa aprovou sua Declara o dos Direitos dos Homens cuja repercuss o foi superior s precedentes devido ao car ter universal que sustentava pois deixou claro que suas proposi es se aplicavam a todas as sociedades pol ticas Coube portanto aos norte americanos enunciar pioneiramente os direitos humanos na Declara o de Independ ncia de 1776 Aos franceses revolucion rios de 1789 na famosa Declara o dos Direitos do Homem e do Cidad o de 1789 coube tarefa de dar um tom mais discursivo e ampliar explicitamente elenco t nica repetida na Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 FILOMENO 2009 p 238 A ideologia da Revolu o Francesa era marcada pelos ideais de Liberdade Igualdade e Fraternidade Essa ideologia refletia as aspira es burguesas no sentido de almejar a liberdade individual entendendo ser a base para alcan ar seu desenvolvimento econ mico No mesmo sentido visavam igualdade sob a tica jur dica com o intuito de lutar contra as discrimina es de classes Por fim a fraternidade era especialmente direcionada aos trabalhadores para que esses os apoiassem e lutassem conjuntamente na revolu o Os ideais liberais retratavam a luta da burguesia em favor do n o intervencionismo do Estado na ordem econ mi
241. mo meios mas sempre simultaneamente como fins em si KANT 2004 p 64 Procurou conceituar a dignidade como sendo qualidade intr nseca ao ser humano que n o aceita a atribui o de pre o de modo que No reino dos fins tudo tem ou um pre o ou uma dignidade Quando uma coisa tem pre o pode ser substitu da por algo equivalente por outro lado a coisa que se acha acima de todo pre o e por isso n o admite qualquer equival ncia compreende uma dignidade KANT 2004 p 65 Com base nas assertivas de Kant Sarlet 2010 p 37 sustenta que a faculdade de determinar a si mesmo e agir em conformidade com a representa o de certas leis um atributo apenas encontrado nos seres racionais constituindo se no fundamento da dignidade da natureza humana No mesmo sentido Haberle 2009 p 71 entende que a partir de Kant a dignidade passou a ser vista como igualdade entre todos os homens culminando na ideia da insubstituibilidade de cada ser humano com identidade moral e auto responsablidade dotado de raz o pr tica e capacidade de autodetermina o racional Oscar Vilhena Vieira 2006 p 67 68 ensina que o principio da dignidade da pessoa humana expresso no imperativo categ rico de Kant refere se substantivamente esfera de prote o da pessoa enquanto fim em si e n o como meio para a realiza o de objetivos de terceiros A dignidade afasta os seres humanos da condi o de objetos disposi o de interesses alheios
242. mo sentido dignidade e liberdade intimamente relacionam se o que de fato converge para o sentido de autonomia acima exposto por Sarlet Dentre outras doutrinas expressivas B atrice Mauer 2009 p 132 133 bem relaciona esses temas sustentando que compreender a liberdade sem a dignidade pode levar perda da liberdade Associadas e insepar veis elas n o podem no entanto ser confundidas A pessoa digna pois um ser livre Liberdade autonomia e dignidade formam uma trilogia insepar vel O princ pio da autonomia fundamental em Kant para compreender a sua concep o de dignidade Se tal conceito n o demonstrado pelo 55 dogmatismo de Kant esclare a se no entanto que essa autonomia n o sin nimo nem de individualismo nem de relativismo muito antes pelo contr rio A investiga o primordial de Kant universal Para ele o homem aut nomo quando seus atos s o est o em conformidade com a lei moral Ora esta universal O homem age de forma livre quando obedece raz o e n o sua raz o A inten o deve ser isenta de qualquer interesse pessoal de qualquer paix o ego sta Segundo Kant o homem livre n o um homem que pode fazer tudo decidir tudo A lei moral conhecida pela raz o exprime para Kant uma conclus o necess ria Se a pessoa n o chega a ela porque algo a est impedindo de faz lo Assim se a pessoa fica alienada ela n o mais livre Ele n o chega a di
243. moral A equa o homem hora de trabalho na organiza o das linhas de produ o com objetivo de alcan ar a maior efici ncia e racionabilidade da produ o inerente a qualquer atividade e seus pilares s o aplicados at hoje principalmente devido globaliza o da economia a partir de 1 970 com a concorr ncia seletiva das empresas Portanto controlar estabelecer par metros de trabalho e metas a serem cumpridas por si s n o induz ass dio moral desde que esteja dentro dos limites do razo vel poss vel e com respeito dignidade do trabalhador S O PAULO 2011g Por outro lado h decis es que se inclinam a concretizar os fundamentos constitucionais de prote o da dignidade dos direitos fundamentais e do valor do trabalho em detrimento do capital e da produ o acirrada entendendo que acima das quest es econ micas ligadas produ o existe o homem trabalhador cuja prote o deve preponderar DANO MORAL ASS DIO MORAL ORGANIZACIONAL RESCIS O INDIRETA N o se pode esquecer que a humanidade caminha para frente para sua liberta o buscando melhores condi es de vida e de trabalho e n o retrocedendo a um estado compar vel barb rie O rigor excessivo como pr tica empresarial para estimular o cumprimento de metas degradando as condi es de trabalho ignorando o capital humano e as peculiaridades de cada indiv duo pode configurar o que vem sendo chamado de ass dio moral organizac
244. moral aspectos que devem ser considerados na fixa o de forma ou do valor da repara o S o Paulo Juarez de Oliveira 2009 COMPARATO F bio Konder A afirma o hist rica dos direitos humanos 6 ed S o Paulo Saraiva 2008 DALLARI Dalmo de Abreu Elementos de teoria geral do estado S o Paulo Saraiva 2006 DELGADO Gabriela Neves Direito fundamental ao trabalho digno S o Paulo LTr 2006 FELKER Reginaldo Delmar Hintz O dano moral o ass dio moral e o ass dio sexual nas rela es de trabalho doutrina jurisprud ncia e legisla o S o Paulo LTr 2007 FERREIRA H dassa Dolores Bonilha Ass dio moral nas rela es de trabalho 2 ed Campinas Russel Editores 2010 FINAZZI Augusto Marcelo Patologia da solid o o suic dio de banc rios no contexto da nova organiza o do trabalho 2009 p 178 Disserta o mestrado Universidade de Bras lia 2009 Dispon vel em lt http bdtd bce unb br tedesimplificado tde busca arquivo php codArquivo 5144 gt Acesso em 21 jul 2010 FILOMENO Jos Geraldo Manual de teoria geral do estado e ci ncia pol tica 7 ed rev e atual Rio de Janeiro Forense Universit ria 2009 FIORILLO Celso Antonio Pacheco Curso de direito ambiental brasileiro S o Paulo Saraiva 2004 197 FRANCESCO Ennio Di Reflex es de um agente de pol cia In BAGGIO Ant nio Maria Org O princ pio esquecido a fraternidade na reflex o atual das ci ncias pol ti
245. n mica e social na Constitui o Federal Os direitos fundamentais se imp em ao poder de dire o empresarial durante o seu exerc cio de forma autom tica a partir da Constitui o limitando e controlando o exerc cio das faculdades empresariais de modo que impe a que o trabalhador possa ter sua dignidade afetada pelo exerc cio abusivo dos poderes empresariais pelo empregador e por seus prepostos LIMA FILHO 2009 p 115 Cabe uma advert ncia no sentido de que o exerc cio do poder de dire o n o imprescind vel para a caracteriza o do ass dio moral j que ele pode ser praticado entre colegas horizontal ou at mesmo por subordinado em rela o ao seu superior hier rquico Para o empregador o respeito dignidade e aos direitos de personalidade do empregado imprescind vel na rela o de trabalho Alkimin 2010 p 27 assevera que embora a obriga o de pagamento de sal rio seja considerada uma obriga o primordial do empregador n o menos primordial a obriga o de preservar garantir e tutelar os direitos de personalidade do empregado que constituem extens o dos direitos fundamentais do cidad o Do reconhecimento dos direitos de personalidade na rela o de emprego decorre a limita o ao exerc cio do poder de dire o do empregador e a limita o ao princ pio da autonomia de vontade O empregador deve organizar o trabalho e destinar ordens de servi o observando a dignidade do trabalhador e conse
246. na nas rela es jur dicas no interior do Estado e do pr prio Estado sejam investigadas do ponto de vista de seus problemas e desafios tendo como meta a emancipa o dos seres humanos a transforma o qualitativa da sociedade e o aperfei oamento das institui es 17 CAP TULO 1 DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA A Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 introduziu uma concep o contempor nea de direitos humanos caracterizada pela universalidade indivisibilidade e interdepend ncia desses direitos os quais figuram como fonte de inspira o dos direitos fundamentais positivados constitucionalmente A dignidade da pessoa humana tem a fun o de conferir unidade ao sistema constitucional de direitos fundamentais de forma que pressup e o reconhecimento e prote o dos direitos fundamentais de todas as dimens es O primeiro cap tulo tem como objetivo demonstrar esse v nculo entre os direitos humanos e fundamentais e o princ pio da dignidade da pessoa humana 1 1 A Constru o dos Direitos Humanos e o Papel da Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 Foi o jusnaturalismo do s culo XVII que propiciou o surgimento das Declara es de Direitos Humanos do s culo XVIII Pela circunst ncia de se atribuir s declara es uma autoridade que n o depende de processos legais verifica se que na sua base esta a cren a em um Direito Natural que nasce com o homem e ins
247. na que provoca os conflitos O conflito na verdade um dado sociol gico que o 176 Direito tem em conta Mas o Direito n o por si s o conflito um instrumento embora n o o nico que serve preven o e solu o desse conflito um meio para caminhar em dire o unidade dos componentes do grupo O Direito portanto exprime as for as construtivas do homem e n o as destrutivas Substancialmente portanto o Direito parte da vida concreta cotidiana das pessoas de um grupo e sua propens o em dire o a uma rela o de fraternidade Para manter essas rela es o Estado pode favorec las por meio de leis que imp em normas supletivas san es etc No campo do Direito do Trabalho a Lei do Estado abre ou fecha a possibilidade de decis o aos membros do grupo aos quais concede ou nega incentivos Se os concede na perspectiva da fraternidade o Direito do Trabalho pode encontrar uma rela o de servi o rec proco com a economia com o fim de percorrer com ela uma estrada que ven a as injusti as Ressalte se que o direito n o tem por fun o simplesmente qualificar como boas ou m s as condutas das pessoas mas tamb m servir de instrumento de gest o da pr pria sociedade O agente do direito deve incluir em sua tarefa de sistematizar as normas jur dicas fun o promocional do direito que se interessa por comportamentos tidos como desej veis de modo que o direito n o se circunscreva a proibir obrigar ou
248. ncia de agentes que comprometam a incolumidade f sico ps quica dos trabalhadores independentemente da condi o que ostentem FIORILLO 2004 p 22 23 89 Verifica se portanto que no meio ambiente do trabalho incluem se os elementos ps quicos da rela o de trabalho de onde se conclui que os danos gerados pelo ass dio moral s o diretamente concretizados contra o meio ambiente do trabalho e contrariamente s suas disposi es constitucionais protetivas Constitui dever do empregador prover a seus empregados um ambiente de trabalho sadio com condi es f sicas e psicol gicas ideais para o desenvolvimento das atividades laborais com amparo no preceito constitucional do art 225 caput Por isso o empregador tem a obriga o de manter um ambiente saud vel inclusive psicologicamente para seus empregados VILA 2009 p 81 Nesse sentido um dos princ pios que se destaca o princ pio do desenvolvimento sustent vel que se extrai da regra geral dos princ pios que regem a atividade econ mica que observa a fun o social da propriedade a defesa do meio ambiente inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servi os e de seus processos de elabora o e presta o a redu o das desigualdades regionais e sociais como consagrado no art 170 da CF 1988 BARRETO 2009 p 46 Silva 2011 p 29 29 sustenta que a sustentabilidade um conceito que tem fundamentos constituci
249. ncias constitui um obst culo para a procura de uma nova ocupa o N o tendo mais uma boa imagem de si pr prias essas pessoas ficam incapazes de reunir as energias suficientes para procurar um novo emprego A sa de do trabalhador tende agravar em raz o das preocupa es com a manuten o e sobreviv ncia sua e da sua fam lia FERREIRA 2010 p 72 Segundo Hirigoyen 2005 p 122 a pr tica abusiva do ass dio moral no trabalho tem consequ ncias econ micas n o desconhecidas pelo assalariado como por exemplo a perda de renda para as pessoas que ficam desempregadas despesas m dicas n o reembolsadas necessidade de tratamento psicoter pico despesas com advogado A gravidade das consequ ncias sobre a sa de depende da dura o do ass dio da intensidade da agress o e da vulnerabilidade da vitima Observa se que em 36 dos casos o ass dio seguido da sa da da v tima agredida em 20 dos casos ocorre a despedida por falha em 9 dos casos a demiss o negociada em 7 dos casos ocorre o pedido de demiss o e em 1 dos casos a pessoa colocada em pr aposentadoria A soma desses Se juntarmos estes n meros aos 30 de pessoas acometidas por doen as de longa dura o inv lidas ou desempregadas por incapacidade m dica chegamos a um total de 66 de casos de pessoas exclu das do mundo do trabalho ainda que de forma tempor ria S o n meros que justificam a ado o de medidas preventivas HIRIGOYEN 2005 p 119
250. ncipa o dos seres humanos a transforma o qualitativa da sociedade e o aperfei oamento das institui es Palavras chave Direitos humanos Direitos fundamentais Ass dio moral no trabalho Meio ambiente do trabalho Dignidade da pessoa humana SOARES Andrea Antico O ass dio moral no trabalho luz dos direitos humanos e fundamentais e da dignidade da pessoa humana 2011 205 f Disserta o Mestrado em Direito UNIVEM Centro Universit rio Eur pides de Mar lia Funda o de Ensino Eur pides Soares da Rocha Mar lia 2012 ABSTRACT We aim to promote a reflection of workplace bullying in the light of fundamental human rights and human dignity The Universal Declaration of Human Rights hailed a historical movement and endless construction and positive rights of liberty equality and fraternity to the human condition Mankind walks strides toward economic and technological development In this context the constant changes in labor scenery favor the practice of bullying at work whose main effect is the debasement of human dignity of victims and the violation of fundamental rights It concerns many areas of knowledge with the effective protection of the interests involved in this relationship considering the consequences of bullying go beyond the private sphere reflecting the whole society Our legal federal does not have specific legislation which governs the issue encourage reflection and serve as the administrative
251. nd ncia da qualidade daquele ambiente um meio ambiente que se insere no artificial mas digno de tratamento especial tanto que a Constitui o o menciona explicitamente no art 200 VIII ao estabelecer que uma das atribui es do Sistema nico de Sa de consiste em colaborar na prote o do ambiente nele compreendido o do trabalho O ambiente do trabalho protegido por uma s rie de normas constitucionais e legais destinadas a garantir lhe condi es de salubridade e de seguran a O meio ambiente do trabalho o local onde o homem passa a maior parte de sua vida e onde desenvolve seus atributos pessoais e profissionais contribuindo com a produ o distribui o e circula o de riquezas podendo ser conceituado como sendo o conjunto de bens materiais e materiais pertencentes atividade empreendedora de fim lucrativo ou n o abrangendo a for a de trabalho humano as condi es de trabalho enfim a organiza o da produ o e do trabalho como um todo ALKIMIN 2010 p 29 Quanto natureza jur dica do meio ambiente do trabalho n o se trata de uma garantia fundamental de interesse individual mas de uma garantia fundamental de interesse coletivo j que consta expressamente no art 225 da CF que o meio ambiente equilibrado 91 uma garantia de todos devendo o Poder P blico e a coletividade preserv la sendo dever de cada trabalhador do empregador e do pr prio Poder P blico a preserva o do meio ambiente
252. nd Brasil 2005 Ass dio moral a viol ncia perversa no cotidiano 8 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2009 198 KANT Immanuel Fundamenta o da metaf sica dos costumes e outros escritos tradu o de Leopoldo Holzbach S o Paulo Martin Claret 2004 LEITE Carlos Henrique Bezerra Leite Efic cia horizontal dos direitos fundamentais na rela o de emprego In Revista brasileira de direito constitucional RBDC n 17 jan jun 2011 Dispon vel em http Awww esdce com br RBDC RBDC 17 RBDC 17 033 pdf Acesso em 01 nov 2011 LIMA FILHO Francisco das Chagas O ass dio moral nas rela es laborais e a tutela da dignidade humana do trabalhador S o Paulo LTr 2009 LOPES Juliana Mantovani O terceiro valor fundamental da Revolu o Francesa e seus reflexos no contexto jurisdicional brasileiro In POZZOLI Lafayette SPLICIDO Cristiane Org Teoria geral do direito ensaios sobre dignidade humana e fraternidade Birigui SP Editora Boreal 2011 MACHADO Edinilson Donisete Casos dif ceis e a discricionariedade judicial judicializa o das pol ticas p blicas In MACHADO Edinilson Donisete PADILHA Norma Sueli NAHAS Thereza Christina Org Gram tica dos direitos fundamentais a constitui o federal de 1988 20 anos depois Rio de Janeiro Campus Jur dico 2010 MARTINEZ Luciano Curso de direito do trabalho rela es individuais sindicais e coletivas do trabalho 2 ed S o Paulo Saraiva
253. ndamentais de Primeira Dimens o ssesseseseseseesesseseesessessessesseseesesse 41 1 5 3 Dos Direitos Fundamentais de Segunda Dimens o c serras 43 1 5 4 Dos Direitos Fundamentais de Terceira Dimens o rs 46 1 5 5 Dos Direitos Fundamentais de Quarta e Quinta Dimens o iiees 50 1 5 6 A Dignidade da Pessoa Humana como Princ pio capaz de conferir Unidade aos Direitos F danientais sieer is Ena ada On RG AR a 52 CAP TULO 2 O TRABALHO COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL s 59 2 1 Da Evolu o Hist rica do Direito do Trabalho no Cen rio Internacional 59 2 2 A Fun o do Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais e da Organiza o Internacional do Trabalho OIT na Implementa o do Direito do Trabalho nos Ordenamentos Jur dicos Nacionais ss aca suassssimiaaniai dominadas Pat road da Madras dada S 64 2 3 A Constitucionaliza o do Direito do Trabalho nas Constitui es Brasileiras Anteriores a DO RS DO a a e Dc 70 2 4 O Trabalho como Direito Fundamental na Constitui o Federal de 1988 73 2 5 O Valor Social do Trabalho como Fundamento da Ordem Econ mica e Social na Constitui o Federal de 1038 asa na A a ASA ate A A S 78 2 6 O Direito Fundamental ao Meio Ambiente do Trabalho Sadio ttti 84 2 7 Da Viol ncia no Meio Ambiente do Trabalho erre 95 CAP TULO 3
254. nde que a atividade do juiz na fixa o dos danos imateriais sempre ser tormentosa porque na maioria das vezes os danos dessa categoria n o necessitam de prova Revela a import ncia da consci ncia do magistrado devendo possuir forma o cultural lastro social e preparo t cnico suficiente para dar uma resposta justa sociedade uma tarefa que se torna poss vel apenas ao magistrado que exerce a judicatura por f e n o como atividade ideol gica ou de mera subsist ncia Oliveira 2007 p 12 ensina que a op o atual do arbitramento pelo Judici rio propicia ao juiz fixar com mais precis o e liberdade justa indeniza o sem as amarras normativas padronizadas de modo a poder dosar ap s an lise equitativa o valor da condena o com as tintas espec ficas do caso concreto favorecendo a tend ncia de n o haver qualquer tarifa o para o dano moral 152 Embora possam ser estabelecidos padr es ou faixas indenizat rias para algumas classes de danos a indeniza o por dano moral representa um estudo particular de cada v tima e de cada ofensor envolvidos estados sociais emocionais culturais psicol gicos comportamentais traduzidos por vivencias as mais diversas Os valores arbitrados dever o ser ent o individuais n o podendo ser admitidos padr es de comportamento em pessoas diferentes pois cada ser humano um ser nico VENOSA 2004 p 258 Por outro lado preciso atentar se que a falta de par me
255. niza o a que este est obrigado quando incorrer em dolo ou culpa Consta da Carta Magna de 1988 tamb m a prote o dos direitos de personalidade do trabalhador Tais direitos est o ligados prote o da privacidade intimidade honra e imagem S o direitos que dizem respeito atributos que definem e individualizam a pessoa cujo ordenamento jur dico dedica prote o especial por se relacionarem nas palavras de Alkimin 2010 p 21 22 aos atributos inerentes pessoa entre os quais podemos compreender o direito vida integridade fisica e moral liberdade e vida privada Visam prote o da dignidade humana de modo que a Constitui o Federal assegura o direito indeniza o por dano moral e ou material art 5 inc X e a legisla o infraconstitucional imp e san o c veis e penais Referidas formas de prote o dos trabalhadores acima indicadas n o esgotam o rol de prote o dos trabalhadores no mbito constitucional no entanto os dispositivos destacados ganharam expressividade pois t m rela o direta com o tema abordado ass dio moral no trabalho justamente porque restar o abordado os efeitos negativos que a pr tica ocasiona nos trabalhadores violando os mandamentos constitucionais protetivos 2 5 O Valor Social do Trabalho como Fundamento da Ordem Econ mica e Social na Constitui o Federal de 1988 Em raz o da constitucionaliza o dos direitos do trabalhador o valor social do
256. normas definidoras de direitos e garantias fundamentais com se observa do 81 deste artigo PAROSKI 2010 p 157 O reconhecimento do direito indeniza o pelo dano moral passou por longo per odo de matura o no Brasil Contudo as resist ncias que existiam contra o seu cabimento restaram superadas com o advento da Constitui o da Rep blica de 1988 Pelo art 5 V foi assegurado o direito de resposta proporcional ao agravo al m da indeniza o por dano material moral ou imagem Tamb m prev o inciso X do referido artigo s o inviol veis a intimidade a vida privada a honra e a imagem das pessoas assegurado o direito indeniza o pelo dano material ou moral decorrente de sua viola o O suporte principal desses dois dispositivos da Lei Maior encontra se na dignidade da pessoa humana que constitui um dos fundamentos da Rep blica conforme indicado expressamente no art 1 III da Constitui o de 1988 O destaque da dignidade como valor supremo do constitucionalismo contempor neo ampliou o conceito do direito vida ou seja a Constitui o n o s protege o direito vida mas o direito de viver com dignidade OLIVEIRA 2007 p 3 De toda forma Paroski 2010 p 157 j considerava insustent vel a oposi o mencionada j que a partir da interpreta o sistem tica do art 159 do CC de 1916 j havia a possibilidade da repara o com base na legisla o 149 A repara o de d
257. nos foram ratificados pelo Brasil destacando se no mbito dos direitos sociais e econ micos a ratifica o do Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais e do Protocolo de San Salvador em mat ria de direitos econ micos s cios e culturais em 1966 PIOVESAN 2010 p 29 A Carta de 1988 representa o documento mais avan ado abrangente e pormenorizado sobre direitos e garantias fundamentais elevando os a cl usulas p treas passando a compor um n cleo material intang vel da Constitui o artigo 60 4 H previs o de novos direitos e garantias constitucionais bem como reconhecimento da titularidade coletiva de direitos com alus o legitimidade de sindicatos associa es e entidades de classe para a defesa de direitos PIOVESAN 2010 p 26 Em rela o aos direitos fundamentais Delgado 2006 p 80 considera que a Constitui o de 1988 apresentou diversas inova es destacando dentre outras a defini o da prote o intimidade e imagem a indeniza o por dano moral a equipara o de homens e mulheres em direitos e obriga es a expressa rejei o a tortura e a tratamentos desumanos e tamb m ao racismo e a qualquer tipo de discrimina o prescrevendo ainda a prote o ao direito do consumidor No tocante aos direitos sociais a Constitui o de 1988 traz um cap tulo pr prio dos direitos sociais e bem distanciado deste um t tulo especial sobre a ordem social Jos Afonso da
258. nsci ncia de que n o devem existir formas de discrimina o BARRETO 2009 p 48 O ass dio psicol gico no trabalho n o um problema exclusivo de determinados pa ses mas um fen meno generalizado que t m consequ ncias multifacet rias inclusive problemas p blicos de sa de ocupacional Os danos na sociedade t m sido t o graves a ponto de o terror psicol gico ter se transformado em uma doen a social FERREIRA 2010 p 71 As consequ ncias do ass dio moral n o recaem apenas sobre a v tima mas tamb m sobre seus familiares e sobre aqueles com os quais a v tima mant m relacionamentos interpessoais Ademais verificar se que os efeitos tamb m recaem sobre o ambiente de trabalho sobre a empresa e sobre a sociedade 173 Para Lima Filho 2009 p 53 a conduta abusiva deve ser objeto de reprova moral pois sup e sob a perspectiva individual a perda da dignidade humana e sob a perspectiva coletiva uma deteoriza o das rela es humanas Nas li es de vila 2009 p 91 al m das consequ ncias para a sa de do trabalhador o desrespeito ao direito fundamental do ambiente do trabalho saud vel e seguro provoca repercuss es a toda a sociedade Para a coletividade gera despesas de sa de por parte do seguro social hospitaliza es indeniza es de desemprego aposentadorias antecipadas Tal fato em se tratando da situa o econ mica de um pa s transforma se em bilh es o ass dio moral gera ainda um
259. nsiedade generalizada s o as doen as psiqui tricas mais frequentemente diagnosticadas em pacientes que sofreram ass dio moral segundo a OMS Hirigoyen 2005 p 160 ressalta que no caso de o ass dio moral se prolongar no tempo ela pode solidificar fazendo com que a pessoa apresente apatia tristeza complexo de culpa obsess o e at desinteresse por seus pr prios valores Segundo os crit rios de classifica o internacional das doen as mentais 69 das respostas acusaram um estado depressivo severo que justificou acompanhamento m dico por significar s rio risco de suic dio Estes n meros t m ali s correla o com a solicita o de ajuda das pessoas que segundo nosso levantamento consultaram seus m dicos em 65 dos casos em um psiquiatra em 52 deles 7 das pessoas apresentaram um estado depressivo moderado 24 um estado depressivo leve A Organiza o ainda observa a exist ncia do chamado transtorno adaptativo que consiste em uma condi o psiqui trica decorrente de uma resposta individual a estressores juntamente com algumas mudan as sociais na vida do indiv duo afetado Os sintomas s o 130 sinais de afli o e incapacidade para trabalhar ou desempenhar outras atividades OMS 2004 p 17 O desenvolvimento dos dist rbios psicossom ticos impressionante e grave e de crescimento muito r pido Acontece sob forma de emagrecimentos intensos ou ent o r pidos aumentos de peso quinze
260. nsiva moral do trabalhador por parte do empregador revelando que houve mais do que simples aborrecimento N o demonstrado que a situa o vivenciada seja apta a levar o obreiro ao constrangimento maior do que aqueles experimentados no cotidiano ou ainda levar ofensa da honra intimidade ou privacidade do indiv duo incab vel o reconhecimento do direito indeniza o por ass dio moral S O PAULO 2011b ASS DIO MORAL TRATAMENTO OFENSIVO AO TRABALHADOR COMPROVA O DE UM NICO ATO DE PEQUENA MONTA N O DEMONSTRADA A REITERA O INDENIZA O INDEVIDA N o enseja repara o por ass dio moral a comprova o de um nico ato de pequena monta de tratamento tido como ofensivo pelo trabalhador quando n o demonstrada a reitera o da pr tica pelo empregador tampouco a inten o de expor o empregado a situa o constrangedora ou humilhante no ambiente de trabalho S O PAULO 2011c H que se configurar a pr tica da conduta abusiva de forma sistem tica e prolongada do agressor bem como a finalidade de exclus o do ambiente de trabalho para que os Julgadores reconhe am o ass dio moral no trabalho em ju zo EXIST NCIA DE PERSEGUI O PESSOAL REPETITIVA E PROLONGADA ASS DIO MORAL CARACTERIZADO Configurada a conduta abusiva sistem tica e prolongada da empresa que exp e o trabalhador a situa es humilhantes e inc modas com a finalidade de desestabiliz lo emocionalmente pressionando o a pedir demi
261. ntra doutrinariamente divida em gera es de direitos fundamentais Os direitos fundamentais de primeira dimens o assim entendidos como o direito de liberdade guardam rela o com o Estado Liberal S o os direitos individuais de liberdade individual notadamente formalistas que t m por objetivo limitar o poder do Estado Os direitos da segunda dimens o s o os direitos sociais culturais e econ micos introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Estado social Sua origem est atrelada ao princ pio da igualdade do qual n o se podem separar pois isso equivaleria a desmembr los da raz o de ser que os ampara e estimula O direito do Trabalho um direito social que consequentemente est ligado ao princ pio da igualdade Alinhavando o complemento necess rio verdadeira efetividade dos direitos de liberdade e igualdade nasceram os direitos de terceira dimens o sustentados pela ideia de 192 coletividade notadamente relacionados aos conceitos de fraternidade S o direitos difusos e de coletividade que abrangem a ideia de sa de e de meio ambiente nele inclu do o meio ambiente do trabalho O surgimento desses direitos est relacionado ao Estado Democr tico de Direito Enfatizou se o Pacto Internacional de Direitos Econ micos Sociais e Culturais PIDESC em raz o de enunciar o direito ao trabalho como um direito social detalhando quest es inerentes a justas condi es de trabalho Com rela o orige
262. o fundamental do trabalho Nessa linha de racioc nio Gomes 2008 p 64 evidencia essa conex o quando a partir de suas li es ensina que o trabalho humano deve ser justificado 57 para a prote o e promo o da autonomia do ser humano para a satisfa o de suas necessidades e para a supera o da escassez de modo a reequilibrar as rela es sociais e permitir que todos sejam tratados com igual respeito e considera o por meio do trabalho que o indiv duo adquire autonomia para gerir sua vida Aqui n o se trata t o somente da autonomia financeira mas tamb m da autonomia para gerir os projetos de vida e assim para promover a satisfa o de suas necessidades Por mais que haja a interven o estatal na qualifica o e na concess o das necessidades consideradas b sicas sobreviv ncia digna do indiv duo por meio do trabalho que ele alcan a a frui o dos outros direitos fundamentais incluindo o direito vida GOMES 2008 p 64 A dignidade do trabalhador est voltada para o trabalho livre e consciente ALKIMIN 2010 p 18 Dessa forma v se que o trabalho humano se torna pressuposto ideia de autonomia seja na sua dimens o p blica seja na sua dimens o privada Favorece a participa o na vida p blica uma vez que tendo o ser humano obtido por sua conta o m nimo essencial sobreviv ncia digna estar livre de coer es materiais de ataques assistencialistas e populistas que porven
263. o legal Neste sentido o neoprocessualismo trata os princ pios processuais como direitos fundamentais processuais sobretudo os princ pios do acesso justi a do devido processo 166 legal e da igualdade cujas previs es se encontram expressas na Constitui o Federal e sua observ ncia de suma import ncia para que o processo atinja seu escopo social Nesse particular far se a op o por tratar do princ pio da igualdade para n o perder o foco da discuss o e acreditando que este princ pio estrutura a base de racioc nio para a seguir adentrar na quest o das provas e consider las como instrumentos de efetividade do processo mais precisamente dos processos cujas causas versam sobre o ass dio moral no trabalho O artigo 5 inciso LV da Constitui o Federal assegura aos litigantes em processo Judicial ou administrativo e aos acusados em geral o contradit rio e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes O contradit rio deve estar em conformidade com as circunst ncias do processo em concreto garantindo a igualdade de tratamento entre as partes de forma harmoniosa e efetiva e ultrapassando uma ideia meramente formal Isso significa dar s partes as mesmas oportunidades e os mesmos instrumentos processuais para que possam fazer valer seus direitos inclusive no momento da quest o probat ria Nas li es de Haberle 2009 p 90 a dignidade humana tamb m efetivada processualmente por meio
264. o moral de forma que a prova da conduta il cita gere a presun o de produ o de um dano v tima Merece reflex o o entendimento jurisprudencial que exige a prova de que o lesado passou por um per odo de sofrimento dor humilha o depress o dentre outros acreditando que existe a necessidade de provar o resultado poderia variar t o somente pelos aspectos pessoais da v tima acidentada podendo ocorrer que aquele que mais sens vel e emotivo seja indenizado e aquele que mais resignado obtenha um pronunciamento judicial desfavor vel Ainda que a v tima por raz es pessoais tenha suportado bem o dano ps quico como exemplo o acidente ou a doen a ocupacional permanece a necessidade da condena o pois a indeniza o pelo dano moral exp e tamb m uma finalidade pedag gica j que demonstra para o infrator e para a sociedade uma puni o exemplar decorrente do desrespeito s regras de seguran a e sa de no local de trabalho Acredita se que a responsabilidade pela repara o deve surgir com a constata o da ilicitude da conduta abusiva do agressor e da viola o dos direitos da v tima No tocante ao valor da indeniza o pelo dano moral tamb m se vislumbra diverg ncia jurisprudencial quanto aos crit rios adotados para o arbitramento Al m dos elementos naturalmente considerados tais como a razoabilidade a extens o do dano o grau de culpabilidade e a capacidade econ mica do empregador verifica se uma for
265. o o princ pio da igualdade tem sua guarida constitucional sendo certo que sua conota o n o se restringe ao direito material estendendo se ao direito processual e a seus institutos pois de nada serve o direito material especialmente os diretos e as garantias fundamentais constitucionais sem os correlatos institutos processuais capazes de concretiz los pois de todo ineficaz atribuir s pessoas direitos subjetivos materiais sem lhes assegurar os institutos processuais e os meios processuais indispens veis realiza o do referido direito SANTOS 2006 p 32 E acrescenta Paradoxalmente para que sejam asseguradas as garantias fundamentais bem como a prote o dos direitos constitucionais entre eles o da isonomia fazem se indispens veis a elabora o e a aplica o de institutos processuais que auxiliem a parte hipossuficiente como por exemplo o dispositivo legal infraconstitucional inserido no VIII do art 6 do CDC A rigor corresponde tend ncia moderna de o Estado intervir sempre para estabelecer um tratamento o mais poss vel igualit rio entre os contratantes ainda que eventualmente o Estado seja um deles Esta norma torna efetivo o princ pio da isonomia SANTOS 2006 p 35 O que se pretende expor a ideia de que o princ pio da igualdade tem conota o n o s material mas tamb m processual de toda sorte que emerge dele a necessidade de se buscar meios para que as partes estejam
266. o artigo 225 da Constitui o Federal assegura a todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida impondo se ao Poder P blico e coletividade o dever de defend lo e preserv lo para as presentes e futuras gera es Apesar do suporte principiol gico pode se afirmar que as propostas legislativas infraconstitucionais s o t midas quando tratam do tema ass dio moral e n o ensejam completude aos fundamentos e objetivos de nossa Carta Magna especialmente no que tange dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democr tico de Direito e ao objetivo de construir uma sociedade justa e solid ria tal como almejado pela Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 Igualmente se observa em rela o s normas constitucionais program ticas de prote o ao trabalho e sa de do trabalhador o que dificulta o trabalho dos int rpretes e aplicadores do direito Aplicando se a ess ncia desses ensinamentos interpreta o dos casos concretos de ass dio moral implica dizer que se deve dar m xima efetividade a esses preceitos constitucionais a fim de obter a realiza o do princ pio da dignidade humana VILA 2009 p 82 124 Com vistas preserva o da qualidade ambiental do local de trabalho a Consolida o das Leis do Trabalho CLT disciplina a seguran a e a sa de do trabalhador no artigo 154 e seguintes do T tulo II Cap tulo V e no T
267. o deve ser considerada acidente de trabalho equiparado ao acidente de trabalho ao segurado do Regime Geral de Previd ncia Social de autoria dos deputados Ricardo Berzoini Pepe Vargas J Moraes Paulo Pereira da Silva e Roberto Santiago Nos mbitos estaduais e municipais temos leis e projetos de lei que na verdade s o normas administrativas que visam regulamenta o de condutas havidas entre a Administra o P blica e seus contratos fato que n o poderia ser diferente uma vez que compete unicamente Uni o legislar sobre o Direito do Trabalho conforme dic o do art 22 I da Constitui o Federal NASCIMENTO 2009 p 35 Muito ainda se tem a fazer no tocante ao planejamento e organiza o do trabalho assim como a definir os procedimentos e penalidades a serem imputadas aos respons veis pela pr tica de ass dio moral 126 A Lei municipal de S o Paulo SP Lei n 13 288 2002 de iniciativa do vereador Arselino Tatto PT disp e sobre a aplica o de penalidades administrativas pr tica de ass dio moral nas depend ncias da Administra o P blica Municipal direta e indireta por servidores p blicos municipais VILA 2009 p 84 Na mesma esteira destacam se algumas Leis municipais que tratam sobre o assunto em Americana SP Lei n 3 671 de 07 de junho de 2002 aprovada em junho de 2002 em Campinas SP Lei n 11 409 de 04 de novembro de 2002 aprovada em outubro de 2002 em Cascavel PR Lei n
268. o do sentido da finalidade e da justifica o do exerc cio do poder estatal e do pr prio Estado reconheceu que o Estado que existe em fun o da pessoa humana e n o o contr rio j que o ser humano constitui a finalidade prec pua e n o meio da atividade estatal SARLET 2010 p 75 O princ pio da dignidade da pessoa humana traduz na Constitui o Federal de 1988 a ideia de que o valor central da sociedade est na pessoa centro convergente dos direitos fundamentais Considerada referida perspectiva constitucional que se qualifica a dignidade como princ pio fundamental de todo o ordenamento jur dico brasileiro DELGADO 2006 p 80 Com efeito considerando tanto a formula o utilizada quanto localiza o visto que sediada no T tulo I dos Princ pios Fundamentais verifica se que o constituinte de 1988 preferiu n o incluir a dignidade da pessoa humana no rol dos direitos e garantias fundamentais guiando a pela primeira vez condi o de princ pio e valor fundamental Para al m de seu enquadramento na condi o de princ pio e regra e valor fundamental tamb m fundamento de posi es jur dico subjetivas isto norma definidora de direitos e garantias mas tamb m de deveres fundamentais possuindo uma dupla dimens o jur dica objetiva e subjetiva que guarda rela o com os valores fundamentais de uma determinada comunidade SARLET 2010 p 77 82 A dupla dire o protetiva da cl usula da di
269. o n o deixam de serem os mencionados direitos e garantias individuais s que encarados fora do contexto de determinado Estado que os reconhe a ou tenha como prioridade pol tica a sua preserva o e respeito Aduz ainda que os referidos direitos existem ainda que os Estados n o o reconhe am porque derivados na natureza do homem independentemente de sua universaliza o constat veis pela simples exist ncia de pessoas em face de eventuais transgress es sua natureza Os direitos humanos conscientizam e declaram o que vai sendo adquirido nas lutas sociais e dentro da hist ria para transformar se em op o jur dica indeclin vel POZZOLI ANTICO 2011 p 7 22 No mesmo sentido Piovesan 2010 p 4 11 sustenta que os direitos humanos refletem um constru do axiol gico a partir de um espa o simb lico de luta e a o social Trata se de uma concep o contempor nea de direitos humanos marcada pela universalidade e indivisibilidade desses direitos Para a autora a universalidade no sentido de que a condi o de pessoa o requisito nico para a titularidade de direitos considerando o ser humano como um ser essencialmente moral dotado de unicidade existencial e dignidade esta como valor intr nseco condi o humana constituindo o norte e o lastro tico dos demais instrumentos internacionais de prote o dos direitos humanos A indivisibilidade ampara a ideia de uma vis o integral de direitos de forma que
270. o outro seu dependente Amea as veladas ou intimida es visam enfraquecer a v tima para melhor fazer passar as pr prias ideias podendo chegar a uma verdadeira lavagem cerebral O controle se estabelece O que importa nessa fase n o destruir o outro de imediato mas conservar o poder e o controle A v tima deixa se prender na teia de aranha da depend ncia Na fase seguinte o agressor utiliza se de mecanismos que d o a ilus o da comunica o n o uma comunica o que agrega mas sim uma comunica o que afasta e impede o interc mbio com a finalidade de poder usar o outro para que ele continue a n o entender nada do processo e fique ainda mais confuso N o ditos subentendidos retic ncias levam a um estado de ang stia VILA 2009 p 66 Na fase viol ncia perversa a v tima que at ent o era objeto til passa a representar amea a perigo do qual o agressor precisa livrar se Nessa fase o dio passa a ser vis vel e a estrat gia perversa se desdobra abertamente HIRIGOY EN 2009 p 131 120 Em comunh o com o entendimento de vila 2009 p 66 verifica se das fases do ass dio moral descritas por Hirigoyen que a intencionalidade intr nseca ao fen meno ass dio moral no trabalho Com base nas pesquisas de Hans Leymann elaboradas por meio de estudos de casos cl nicos vila 2009 p 32 33 tamb m descreve as cinco fases que se repetem em diferentes casos de psicoterror Segundo o pesquisador c
271. o socializa O homem tem como caracter sticas n o s a autonomia e a independ ncia mas tamb m a interdepend ncia estrutural Desse modo conforme explica Pizzolato 2008 p 117 e segundo a vis o antropol gica personalista todo homem um ser estruturalmente carente e aberto ao diferente de si Nesse sentido a sociedade e suas estruturas s o capazes de influenciar o processo de constitui o e aperfei oamento da personalidade desenvolvendo um sentimento pr prio da identidade humana que o de pertencer a uma s comunidade PIZZOLATO 2008 p 117 118 Sob este ngulo cabe um aparte no sentido de registrar que o trabalho tem papel fundamental no aperfei oamento da personalidade do trabalhador e de sua identidade A Sociedade passa ent o a ser o limite da individualidade do homem que progride como pessoa humana e que se torna respons vel e comprometido n o s com os direitos mas tamb m com os deveres que decorrem do bem estar comum entre ele e os outros em um verdadeiro exerc cio relacional de reciprocidade o indiv duo deve incluir novamente entre suas op es de vida n o apenas seu pr prio bem mas o bem comum pois causando dano comunidade na realidade danifica o tecido de solidariedade do qual ele mesmo extrai a seiva vital Uma liberdade n o comunit ria uma liberdade suicida pois destr i o mecanismo reprodutivo do humano Explica se assim a correla o 49 insepar vel pretendida pela constitu
272. ol ncia psicol gica realizada de forma regular sistem tica de forma a durar no tempo ou seja n o algo espor dico 118 Lima Filho 2009 p 56 sustenta que o ass dio moral se revela por uma s rie de ataques sistem ticos e reiterados reveladores da exist ncia de uma conduta abusiva que persiste no tempo como um gotejamento incessante de a es ou omiss es das mais variadas Nas li es de Hirigoyen 2009 p 31 uma agress o verbal pontual a menos que tenha sido precedida de pequenas agress es um ato de viol ncia mas n o se caracteriza como ass dio moral que reclama agress es constantes para sua caracteriza o A viol ncia pontual pode ser apenas uma express o de reatividade e impulsividade entendendo os juristas que nesse caso n o h premedita o ao contr rio do ass dio que uma agress o perp tua O elemento reitera o caracterizado pelas condutas abusivas n o eventuais que visam destrui o da dignidade psicol gica do indiv duo Pode ocorrer no entanto que uma agress o supostamente solit ria mas particularmente humilhante possa ser considerada como ass dio moral Para vila 2009 p 59 60 a natureza psicol gica do ato deve tamb m ser considerada como elemento que configura o ass dio moral medida que humilham golpeiam a autoestima e a dignidade da v tima O sofrimento gerado por esse clima de terror atinge diretamente a sa de f sica e psicol
273. omportamentos dotados de respeito rec proco entre os seres humanos que protagonizam o cen rio laboral o princ pio da fraternidade que ampara o mandamento de se conferir tratamento digno a todos os seres humanos sejam eles seus companheiros de neg cio sejam eles 175 empregados Ser pois a fraternidade que fixar o ponto de harmonia entre a liberdade e a igualdade uma vez que constitui um dos objetivos deste Estado Democr tico de Direito G MEZ 2008 p 90 Para G mez 2008 p 90 a fraternidade pode mostrar o modo de gerir a empresa Uma gest o inspirada na fraternidade deve levar em conta todos os elementos para visar ao bem de todos harmonizando os v rios direitos e interesses O princ pio da fraternidade torna se evidente entre o empres rio e o funcion rio Em ambos grava a obriga o m tua de cumprir com os deveres dentro dos princ pios da boa f e da dilig ncia Os mesmos deveres ampliam se nas rela es entre o funcion rio e os colegas de trabalho e com a hierarquia intermedi ria da empresa No ambiente de trabalho deve existir uma pol tica de organiza o do trabalho centrada nos valores human sticos e democratas a come ar pela qualidade do relacionamento interpessoal entre trabalhadores pautada na confian a credibilidade seguran a e com esp rito de coopera o e colabora o entre os grupos tudo para conduzir ao aproveitamento m ximo da capacidade produtiva de cada um tornando o trabal
274. onais pois quando o art 225 da CF imp e ao Poder P blico e coletividade o dever de defender e preservar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gera es est precisamente dando o conte do essencial da sustentabilidade Se o desenvolvimento n o elimina a pobreza absoluta n o propicia um n vel de vida que satisfa a as necessidades essenciais da popula o em geral ele n o pode ser qualificado de sustent vel Cabe um aparte para trazer a tona o princ pio do poluidor pagador que segundo os ensinamentos de Milar 2007 p 770 771 um princ pio na voca o redistributiva do Direito Ambiental e tem por inspira o a teoria econ mica de que os custos sociais externos que acompanham processo produtivo devem ser assumidos pelos os agentes econ micos Tem por objetivo imputar ao poluidor o custo social da polui o por ele gerada engendrando um mecanismo de responsabilidade por dano ecol gico abrangente dos efeitos da polui o n o somente sobre bens e pessoas mas sobre toda a natureza Em termos econ micos a internaliza o dos custos externos de lembrar tamb m que a ordem econ mica brasileira fundada na valoriza o do trabalho humano e na livre iniciativa e tem entre seus princ pios a defesa do meio ambiente Significa dizer que nos termos da Constitui o est o desconformes e portanto 90 n o podem prevalecer as atividades decorrentes da iniciati
275. onal constitui a premissa para todas as quest es jur dico dogm ticas particulares Quanto ordem jur dica constitucional brasileira a Constitui o Federal de 1988 elevou a dignidade da pessoa humana condi o de princ pio estruturante de todo o nosso ordenamento jur dico A import ncia dada a este princ pio imp e compreend lo enquanto cl usula geral voltada efetiva o dos direitos fundamentais capaz de nortear a unidade material de nossa carta magna Lu s Roberto Barroso 2003 p 29 31 ensina que os princ pios constitucionais figuram como uma s ntese dos valores abrigados no ordenamento jur dico Espelham a ideologia da sociedade seus postulados b sicos seus fins Os princ pios d o unidade e harmonia ao sistema integrando suas diferentes partes e atenuando tens es normativas Servem de guia para o interprete cuja atua o deve pautar se pela identifica o do principio maior que rege o tema apreciado descendo do mais gen rico ao mais espec fico at chegar formula o da regra concreta que vai reger a esp cie Princ pios cont m portanto uma maior carga valorativa um fundamento tico uma decis o pol tica relevante e indicam uma determinada dire o a seguir Ao consagrar a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do nosso Estado Democr tico de Direito no t tulo dos princ pios fundamentais nossa Constituinte de 33 1988 al m de ter tomado uma decis o fundamental a respeit
276. onalismo Social que a inclus o nas constitui es de preceitos relativos defesa 62 social da pessoa de normas de interesse social e de garantia de certos direitos fundamentais incluindo o Direito do Trabalho MARTINS 2009 p 8 Em 1919 a Alemanha promulgou a Constitui o de Weimar na qual tiveram destaque os direitos sociais demonstrando que entre os alem es havia uma grande disposi o para afirma o dos direitos fundamentais em sentido amplo de modo que essa constitui o exerceu grande influ ncia no constitucionalismo moderno DALLARI 2006 p 212 A Constitui o de Weimar disciplinou a participa o e representa o dos trabalhadores nas empresas Criou um sistema de seguros sociais e tamb m a possibilidade de os trabalhadores colaborarem com os empregadores na fixa o de sal rios e demais condi es de trabalho O emprego de menores de nove anos tornou se ilegal O hor rio de trabalho dos menores de 16 anos era de 12 horas di rias nas prensas de algod o A partir desse contexto as constitui es dos pa ses passaram a tratar do direito do trabalho e portanto a constitucionalizar os direitos trabalhistas MARTINS 2009 p 6 7 Ainda em 1919 surge o Tratado de Versalhes prevendo a cria o da Organiza o Internacional do Trabalho OIT que iria incumbir se de proteger as rela es entre empregados e empregadores no mbito internacional expedindo conven es e recomenda es nesse sentido MAR
277. ontexto social os direitos fundamentais da pessoa humana foram recolocados em discuss o Emergia a grande cr tica e rep dio ideia de um ordenamento jur dico indiferente a valores ticos captado pela tica meramente formal tendo o intento de reaproximar o Direito e a tica e nesse esfor o surge for a normativa dos princ pios especialmente o da dignidade humana H reencontro do pensamento Kantiano com as ideias de moralidade dignidade Direito cosmopolita e paz perp tua PIOVESAN 2010 p 6 Essa conjuntura de busca pela liberdade e igualdade material bases da democracia possibilitou a exist ncia de solos f rteis para o surgimento do Estado Democr tico de Direito e da nova dimens o de direitos que ampliava a extens o dos direitos individuais para os coletivos propiciando os uma vis o internacional e o in cio dos Direitos Humanos Internacionais Sob o prisma da hist ria pol tica social cultural e econ mica pode se afirmar que o Estado Democr tico de Direito o mais evolu do na din mica dos Direitos Humanos por 21 fundar se em crit rios de pluralidade e reconhecimento universal de direitos DELGADO 2006 p 49 50 Em junho de 1945 aprovou se a Carta das Na es Unidas destinada a fornecer a base jur dica para a permanente a o conjunta dos Estados em defesa da paz mundial surgindo ideia de formular um documento que fixasse as diretrizes de reorganiza o dos Estados A reda o iniciou se
278. or que impede a v tima de livra se dele O conflito torna se ent o seu tema nico de reflex o e domina seu pensamento particularmente se ela n o conseguir fazer se ouvir ou sentir se sozinha preciso fazer um curativo nas feridas a elabora o s poder vir mais tarde quando o paciente estiver em estado de recuperar seus processos de pensamento A fim de porem se na posi o de recome ar a viver elas t m que aceitar sua pr pria ang stia saber que ela n o desaparecer 133 instantaneamente Na realidade elas t m necessidade de relaxar e aceitar a pr pria impot ncia por um verdadeiro trabalho de luto O trabalho de cura s se inicia ap s esse processo quando a v tima recupera a confian a e pode aceitar suas recorda es sob uma nova perspectiva com coragem de olhar de frente sua ferida de forma que aprenda a proteger sua autonomia fugir da viol ncia verbal e recusar tudo aquilo que atenta contra sua autoestima O trauma vivido implica numa reestrutura o de personalidade HIRIGOYEN 2009 p 207 210 Extrai se portanto das li es da estudiosa do assunto que o ass dio moral no trabalho um fen meno que destr i a personalidade e a sa de da v tima Abalam os sentimentos a emo o os referenciais e os princ pios morais at ent o sustentados A cura desse processo de degrada o n o r pida N o se consegue do dia para a noite mas em um longo processo que implica tratamento terap utico e psiq
279. orve a energia positiva daqueles que os cercam dela se alimenta e com elas se regenera pois despeja sobre eles toda a sua energia negativa Sente se n o respons vel porque n o t m uma verdadeira subjetividade S o ausentes de si mesmo e por consequ ncia eles o s o igualmente para os outros Tudo o que acontece de mal culpa dos outros Defende se atrav s do mecanismo de proje o Credita ao outro todas as suas dificuldades e todos os seus insucessos Lima Filho 2009 p 44 assevera que n o se pode perder de vista o fato de que o sujeito agressor deve integrar a organiza o produtiva n o havendo impedimento que se configure algu m ocupante de um cargo uma fun o hierarquicamente inferior v tima Nesse caso o ass dio moral seria ascendente Por fim feitas as considera es a respeito das caracter sticas gerais do agressor consideradas pela doutrina cumpre trazer a tona as advert ncias feitas por Hirigoyen 2005 p 185 no sentido de que n o se pode confiar em qualquer abordagem que considere apenas a personalidade da v tima suas fraquezas e defeitos em detrimento das caracter sticas do agressor Do mesmo n o se pode confiar em uma abordagem que considere o ass dio moral 110 como relativo unicamente ao agressor Igualmente n o se pode entender que n o h culpa de ningu m que ambos os sujeitos s o v timas do capitalismo da globaliza o pois considerar a viol ncia apenas como um fato decorren
280. os Campina SP Ac rd o publicado em 10 06 2011a Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1742756 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0136900 34 2009 5 15 0130 Recorrente Diego Ivan Caroca Riquelme Recorrido Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Origem Vara Do Trabalho de Campinas rg o Julgador 7 C mara Quarta Turma Relator Fabio Grasselli Campina SP Ac rd o 201 publicado em 02 12 2011b Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1783584 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0000699 76 2010 5 15 0105 Recorrente Paulo Cesar De Oliveira Dias Recorrido Prensa Jundia S A rg o Julgador 4 Turma 7 C mara Relator Luiz Roberto Nunes Campina SP Ac rd o publicado em 15 04 201 lc Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1750178 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0156500 07 2009 5 15 0012 Recorrente Cooperativa de Produ o e Servi os Metal rgicos S o Jos Recorrido Rodrigo Pianuci Origem 1 Vara Do Trabal
281. os Direitos Econ micos Sociais e Culturais destaca a sua conformidade com os proclamados na Carta das Na es Unidas considerando o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da fam lia humana e dos seus direitos iguais e inalien veis constitui o fundamento da liberdade da justi a e da paz no mundo reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade inerente a pessoa humana BARRETO 2009 p 26 66 A nfase ora dispensada ao Pacto Internacional de Direitos Econ micos Sociais e Culturais PIDESC se d em raz o do extenso cat logo de direitos que ele enuncia incluindo o direito ao trabalho e a justa remunera o o direito a formar e filiar se a sindicatos o direito a um n vel de vida adequado o direito moradia o direito educa o previd ncia social e sa de etc Na esfera trabalhista o PIDESC em seus artigos 6 7 e 8 estabelece em detalhamento o direito a condi es de trabalho justas e favor veis compreendendo a remunera o que permita uma vida digna condi es de trabalho seguras e higi nicas igual oportunidade no trabalho descanso lazer e f rias bem como direitos sindicais PIOVESAN 2010 p 14 O Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais foi aprovado na XXI Sess o da Assembl ia Geral das Na es Unidas em Nova York em 19 12 1966 pelo Decreto Legislativo n 226 de 12 12 1991 e promulgado por meio do Decreto n 591 de 06 07 1992 Prev entr
282. os Humanos de 1948 disp e em seu artigo primeiro que Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos S o todas dotadas de raz o e de consci ncia e devem agir em rela o umas s outras com esp rito de fraternidade 48 O artigo primeiro da Declara o Universal dos Direitos Humanos apresenta se como uma transposi o para a esfera universal dos princ pios da liberdade igualdade e fraternidade AQUINI 2008 p 133 Mais adiante no artigo 29 poss vel encontrar a real indica o dos efeitos da fraternidade que acompanham a dimens o individual de sua posse e o efetivo exerc cio dos Direitos Humanos com uma dimens o comunit ria cada indiv duo tem deveres para com a comunidade nico lugar onde poss vel o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade Essa orienta o necessita de uma vis o unit ria de pessoa que tem consci ncia de poder viver a pr pria dignidade e realizar plenamente as pr prias aspira es sem se isolar mas estando numa rela o necess ria de complemento como os outros Uma reciprocidade que come a no ambiente em que se vive at abranger toda a fam lia humana BUONUOMO 2008 p 36 Aqui poss vel estender a interpreta o para incluir o meio ambiente do trabalho e as rela es nele existentes A identidade humana est constitutivamente inserida no sistema estruturado e solid rio das rela es sociais interagindo com o ethos que precede o indiv duo e
283. os a liberdade e igualdade nasceram os direitos de terceira dimens o sustentados pela ideia de coletividade notadamente relacionados aos conceitos de fraternidade Delgado 2006 p 59 relaciona o surgimento dos direitos de terceira dimens o ao Estado Democr tico de Direito Sustenta que s o direitos eminentemente difusos j que relacionados a um agrupamento indetermin vel mas que possuem pretens es semelhantes quanto a determinado objeto como por exemplo o direito preserva o do meio ambiente que atinge a todos e dever solid rio de todos A terceira dimens o de direitos fundamentais tem como escopo portanto os direitos ligados as ideias de coletividade e por conseguinte a fraternidade S o direitos fundamentais relacionados prote o coletiva paz ao desenvolvimento comunica o ao meio 47 ambiente dentre outros cuja titularidade na maioria das vezes difusa coletiva ou indeterminada Os direitos difusos surgiram na segunda metade do s culo XX e destinam se n o a um indiv duo ou grupo que reivindica determinado direito espec fico mas sim a uma coletividade que se une ocasionalmente devido a circunst ncias tais que os fazem possuir pretens es semelhantes DELGADO 2006 p 59 Segundo Bonavides 2011 p 569 os direitos de terceira dimens o representam um novo p lo jur dico de alforria do homem que se acrescenta historicamente aos da liberdade e da igualdade Dotados de alt ssimo
284. ou a sa de apenas ao elemento f sico dispondo a referida Conven o em seu art 3 e que a sa de em rela o ao trabalho abrange n o s a aus ncia de afec es ou de doen a mas tamb m os elementos f sicos e mentais que afetam a sa de e est o diretamente relacionados com a seguran a e a higiene do trabalho ALKIMIN 2010 p 32 No ordenamento jur dico interno o artigo 3 da Lei n 8 080 90 disp e que a sa de tem como fatores determinantes e condicionantes entre outros a alimenta o a moradia o saneamento b sico o meio ambiente o trabalho a renda a educa o o transporte o lazer e o acesso aos bens e servi os essenciais os n veis de sa de da popula o expressam a 93 organiza o social e econ mica do Pa s O par grafo nico do mesmo artigo 3 complementa o conceito acrescentando que dizem respeito tamb m sa de as a es que por for a do disposto no artigo anterior se destinam a garantir s pessoas e coletividade condi es de bem estar f sico mental e social Barreto 2009 p 37 38 destaca que s o pressupostos para que se estabele a um meio ambiente sadio e confi vel de trabalho dentre os direitos e deveres individuais e coletivos inseridos no referido art 5 da Constitui o Federal de 1988 I homens e mulheres s o iguais em direitos e obriga es nos termos desta Constitui o IX livre a express o da atividade intelectual art stica
285. ponderadas conforme as peculiaridades do acidente ou doen a ocupacional compensar a dor o constrangimento ou o sofrimento da v tima e pedagogicamente combater a impunidade b imprescind vel considerar o grau de culpa do empregador e a gravidade dos efeitos do acidente ou doen a ocupacional c o valor arbitrado n o tem como objetivo servir para enriquecimento da v tima nem de ru na para o empregador d o arbitramento da indeniza o deve ser feito com a devida prud ncia mas temperada com a necess ria coragem fugindo dos extremos dos valores irris rios ou dos montantes exagerados que podem colocar em descr dito o Poder Judici rio e esse avan ado instituto da ci ncia jur dica e deve se ter em conta a situa o econ mica das partes especialmente para que a penalidade tenha efeito pr tico e repercuss o na pol tica administrativa da empresa 153 f ainda que a v tima tenha suportado bem a ofensa permanece a necessidade da condena o pois a indeniza o pelo dano moral tem tamb m uma finalidade pedag gica j que demonstra para o infrator De toda forma a repara o atende a uma exig ncia e aos interesses da pr pria sociedade como forma de se proteger de futuros danos representando para o ofensor uma puni o que consiste na redu o do seu patrim nio de modo a desestimul lo a reiterar pr ticas nocivas cumprindo esta uma fun o pedag gica PAROSKI 2010 p 163 As proje es do ato ju
286. porque o poder de dire o aquele que define como ser o desenvolvidas as atividades do empregado decorrentes do contrato de trabalho E como visto o poder de dire o n o absoluto de forma que quando a estipula o de metas extrapola o limite do razo vel do aceit vel devem ser invocados os direitos fundamentais do trabalhador como limitadores do poder empresarial como forma de limitar as perdas das liberdades do empregado at porque os direitos fundamentais possuem efic cia n o s vertical mas tamb m horizontal A autonomia da vontade n o confere aos particulares o poder de transgredir ou de ignorar restri es postas e definidas pela pr pria Constitui o cuja efic cia normativa tamb m se imp e aos particulares no mbito de suas rela es privadas em temas de liberdades fundamentais O que se percebe do julgado acima que a liberdade apesar de ser um de direito fundamental ainda marcada pelos tra os formalistas da liberdade al ada no contexto hist rico social do Estado Liberal fato que nas li es de Dallari 2006 p 303 favorece a explora o do trabalho humano e contraria a ideia atual de Estado Democr tico de Direito Na Constitui o Federal de 1988 o trabalho considerado como um dos fundamentos do Estado Democr tico de Direito art 1 IV um direito fundamental a presta es art 6 um fundamento da ordem econ mica art 170 caput e a base da ordem social O julgado anterior
287. pregados pessoas com mais de 50 anos de idade mulheres gr vidas Lima filho 2009 p 44 45 acrescenta que apesar do fato de que qualquer pessoa possa ser v tima de ass dio moral n o se pode negar que existam certos coletivos que apresentam maiores probabilidades de virem a sofrer essa esp cie de viol ncia por manifestarem maior grau de vulnerabilidade notadamente representados em regra pelas mulheres trabalhadores estrangeiros trabalhadores contratados por prazo determinado trabalhadores que sofrem de alguma incapacidade acrescentando se a esse coletivo os trabalhadores idosos negros homossexuais dentre outros segmentos Hirigoyen 2005 p 99 100 observa em seus estudos que h uma clara diferen a entre a distribui o dos sexos 70 de mulheres contra 30 de homens As mulheres s o mais frequentemente assediadas e de forma diferente do que os homens Os dados constantes do relat rio elaborado pela OIT 2007 p 26 confirmam as informa es delineadas pelas doutrinas apontadas as mulheres s o v timas potenciais da discrimina o no trabalho Do mesmo modo os estrangeiros s o alvos visados em raz o da vulnerabilidade das cl usulas contratuais prec rias especialmente quanto manuten o do v nculo empregat cio A discrimina o n o uma ocorr ncia excepcional mas sim fen meno sist mico enraizado no modo de funcionamento dos locais de trabalho bem como nos valores e nas regras culturais e socia
288. preta o teleol gica b princ pio da interpreta o efetiva c o princ pio da interpreta o tima da Constitui o e d princ pio da interpreta o din mica Os princ pios que orientam a hermen utica s o explicados pela autora da seguinte forma 23 O princ pio da interpreta o teleol gica traduz a busca de realiza o dos objetivos e prop sitos consagrados nos comandos constitucionais e internacionais afetos prote o desses direitos A busca da interpreta o teleol gica deve pautar se pelo princ pio da dignidade humana na medida em que os direitos humanos inspiram se na interpretativa de preceitos enunciadores de direitos h de ser desenvolvida de forma a permitir a defesa e a promo o da dignidade humana bem como preven o ao sofrimento O princ pio da interpreta o efetiva endossa a import ncia de conferir s previs es concernentes aos direitos sociais a maior efetividade poss vel Nesse sentido destaca se o princ pio da interpreta o tima da Constitui o Cabe ao int rprete maximizar e potencializar o alcance das normas veiculadoras de direitos humanos evitando interpreta es restritivas e reduzidas afetas a esses direitos Na mesma linha de racioc nio destaca se o princ pio da interpreta o din mica e O evolutiva dos dispositivos pertinentes aos direitos sociais entendendo a partir dele que tarefa do int rprete considerar as mudan as ocorridas nos planos socia
289. projetos de vida e assim promover a satisfa o de suas necessidades Na Constitui o brasileira de 1988 o trabalho considerado como um dos fundamentos do Estado Democr tico de Direito um direito fundamental a presta es um fundamento da ordem econ mica e a base da ordem social e econ mica A constru o do valor social do trabalho est intrinsecamente ligada portanto concretiza o da dignidade da pessoa humana Alkimin 2010 p 18 ensina que a dignidade do trabalhador est voltada para o trabalho livre e consciente 157 A presente quest o se relaciona ao ass dio moral no trabalho na medida em que as condutas que o caracterizam retratam o abuso de poder vila 2009 p 62 63 aduz que na ocorr ncia do ass dio moral sob o argumento de leg timo exerc cio do poder de dire o o empregador invade o territ rio ps quico de seu subordinado praticando aquilo que se caracteriza como abuso de direito nesse ponto que se questiona qual o limite do exerc cio desse poder diretivo diante dos direitos fundamentais de liberdade e de personalidade do empregado Como j visto o agressor da pr tica do ass dio moral no trabalho tem a inten o continuada de excluir a v tima do ambiente de trabalho de forma que a mesma renuncie ao emprego ou ent o cometa atos que levem sua dispensa Apenas por esse fato j se pode dizer que h uma ofensa grave aos direitos de liberdade pois da v tima maculado o dir
290. promover o bem de todos sem preconceitos de origem ra a sexo cor idade e quaisquer outras formas de discrimina o e em seu art 5 foi assegurado que todos s o iguais perante a lei sem distin o de qualquer natureza garantindo se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pa s a inviolabilidade do direito vida liberdade igualdade seguran a e propriedade E para o caso espec fico da discrimina o no ambiente de trabalho aplica se tamb m o disposto no art 1 da Lei 9 029 95 Ocorre que a discrimina o do trabalhador externada muitas vezes atrav s de comportamentos que se configuram como ass dio moral No presente caso a prova oral demonstrou que o trabalhador ap s assumir sua transexualidade foi afastado do trabalho pelo seu superior hier rquico sem que houvesse justificativa convincente para isso eis que a pr pria testemunha patronal admitiu que no setor de ambul ncias n o faltava servi os e que existem uma ou duas ambul ncias reservas Ora o fato do empregador deixar o empregado na ociosidade sem qualquer fun o marginalizando o no ambiente de trabalho constitui inequivocamente ass dio moral E na hip tese o ass dio moral decorrente da discrimina o de que o autor foi v tima discrimina o essa que sequer foi declarada mas sim velada que aquela que mais dif cil de ser comprovada porque n o se caracteriza por comportamento vis vel a todos Neste cont
291. provoca consequ ncias desastrosas sobre a sa de por uma altera o imprevista uma dosagem errada Mas no estresse contrariamente ao ass dio moral n o existe intencionalidade maldosa J no ass dio o alvo o pr prio indiv duo com um interesse mais ou menos consciente de prejudic lo N o se trata de melhorar a produtividade ou aperfei oar os resultados mas se livrar de uma pessoa porque de uma maneira ou de outra ela incomoda Tal viol ncia n o til organiza o nem boa administra o da empresa HIRGOYEN 2005 p 23 122 No mesmo sentido h diferen as entre o que se pode considerar como ass dio moral e o que se pode considerar como um conflito ocorrido na rela o laboral Segundo Hirigoyen 2005 p 24 28 existe ass dio moral justamente quando nenhum conflito p de ser estabelecido No conflito as recrimina es s o faladas no entanto por tr s de todo procedimento de ass dio existe o n o falado e o escondido O conflito tem sua utilidade pois fonte de renova o e de reorganiza o O conflito caracteriza se portanto em uma escalada sim trica de igualdade te rica entre os protagonistas Diferentemente o ass dio moral sempre precedido da domina o psicol gica do agressor e da submiss o for ada da v tima ainda que ocorra entre colegas Dessa forma se encontra equivocada a empresa que tend ncia a evitar conflitos de qualquer maneira pois eles constituem os mom
292. quanto isso pode promover a concretiza o dos direitos fundamentais e a promo o da dignidade da pessoa humana 194 propor o que sirva de suporte para se compreender a obrigatoriedade de condutas ticas em todas as rela es jur dicas privadas Tal exig ncia de conduta tica nas rela es jur dicas privadas e a proibi o do abuso do direito se estendem s rela es de trabalho que se caracterizam como esp cies do g nero rela es jur dicas privadas e nos propiciam analisar que a pr tica do ass dio moral viola direitos fundamentais contrariando as aspira es fraternas exemplificadas Nessa linha de racioc nio enfatizou se que para que se alcance equil brio na rela o existente entre trabalho e capital faz se imperioso que o direito vincule o empregador observ ncia efetiva dos direitos fundamentais que imp e o exerc cio de comportamentos dotados de respeito rec proco entre os seres humanos que protagonizam o cen rio laboral Entendeu se al m disso que a fraternidade poder fixar um ponto de harmonia entre a liberdade e a igualdade sendo capaz de mostrar o modo de gerir a empresa pois grava a obriga o m tua de cumprir com os deveres dentro dos princ pios da boa f e da dilig ncia O direito n o tem por fun o simplesmente qualificar como boas ou m s as condutas das pessoas antes tamb m serve de instrumento de gest o da pr pria sociedade Nesse sentido a fraternidade pode orientar ess
293. que todas as v timas sejam paranoicas As verdadeiras v timas de ass dio moral se sentem em d vida interrogam se sobre as pr prias falhas e procuram solu es para acabar com seu tormento por esta raz o que deixam a situa o se arrastar e n o reagem suficientemente cedo Querem antes de tudo encontrar uma sa da que restabele a sua dignidade Os paranoicos ao contr rio n o t m d vida Afirmam e acusam As advert ncias feitas por Hirigoyen 2005 p 185 tamb m s o no sentido de que n o se deve confiar em uma abordagem que considera unicamente a personalidade da v tima suas fraquezas defeitos em detrimento dos agressores Feitas as considera es gerais acerca das caracter sticas da v tima do fen meno assedio moral cumpre trazer a tona as li es de Lima filho 2009 p 44 Entende o autor que n o pode olvidar que qualquer pessoa possa ser v tima de ass dio moral no entanto n o se pode negar que existam certos coletivos que apresentam maiores probabilidades de virem a sofrer essa esp cie de viol ncia por manifestarem maiores debilidades frente ao mercado de trabalho e na pr pria empresa Hirigoyen 2005 p 219 tamb m assevera que existem situa es em que as pessoas correm maior risco de se tornar visadas Lima Filho 2009 p 44 45 entende que s o grupos coletivos com maior grau de vulnerabilidade notadamente representados em regra pelas mulheres trabalhadores estrangeiros trabalhadores contratado
294. quentemente os seus direitos de personalidade ALKIMIN 2010 p 26 Para o empregador o respeito dignidade e aos direitos de personalidade do empregado deve ser considerado como um ponto de apoio para a rela o obrigacional no contrato de trabalho Incumbe ao empregador destinar ao trabalhador tratamento digno respeitando sua liberdade de trabalho e de pensamento sua intimidade e vida privada sua honra e boa fama O ordenamento jur dico imp e ao empregador a absten o de pr ticas que conduzam a ofensas verbais ou f sicas de natureza sexual ou n o bem como a humilha es violadoras dos direitos de personalidade sob pena de reparar os danos e preju zos causados ALKIMIN 2010 p 26 27 Nessa linha de racioc nio conv m lembrar que os direitos fundamentais possuem efic cia n o s vertical mas tamb m horizontal Essa quest o que se sobressai quando s o abordados os direitos sociais na esfera trabalhista e suas rela es entre os particulares como forma de efetiva o dos direitos fundamentais 160 Nesses moldes Martinez 2011 p 193 entende que autonomia privada n o pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e s garantias de terceiros pois a autonomia da vontade n o confere aos particulares o poder de transgredir ou de ignorar restri es postas e definidas pela pr pria Constitui o cuja efic cia normativa tamb m se imp e aos particulares no mbito de suas rela es privadas
295. r dico danoso podem ocorrer tanto na esfera pessoal como nas rela es do indiv duo com os demais membros da comunidade em que vive e atua para em algumas situa es ultrapassar a pessoa da vitima e alcan ar outras pessoas de sua fam lia PAROSKI 2010 p 50 Relativamente ao ass dio moral isso n o diferente pois as consequ ncias do processo s o m ltiplas Como j visto n o recaem apenas sobre a v tima mas tamb m sobre seus familiares acarretando a desestrutura o familiar e sobre aqueles com os quais a v tima mant m relacionamentos interpessoais Visualiza se inclusive a figura do dano moral reflexo tamb m chamado de dano moral por ricochete uma vez que n o atinge s a v tima pois seus efeitos atingem indiretamente a integridade moral de terceiros De certa forma h um consenso doutrin rio e jurisprudencial de que o n cleo familiar b sico formado por aqueles que tenham residido sob o mesmo teto convivendo diariamente com a v tima s o partes leg timas para postular a indeniza o por dano moral Na maioria das vezes as a es t m sido ajuizadas pelo c njuge sobrevivente isoladamente ou em conjunto com os filhos da v tima OLIVEIRA 2007 p 21 Oliveira 2007 p 23 conclui que a identifica o dos legitimados para postular indeniza o por dano moral depender muito das especificidades do caso concreto de acordo com o prudente convencimento do juiz O ponto de partida ser sempre o n c
296. reciso atentar se para a quest o de que n o todos os conflitos decorrentes do cen rio laboral que se configuram ass dio moral Para que isso aconte a preciso a conjun o de v rios fatores desumaniza o das rela es de trabalho onipot ncia da empresa toler ncia ou cumplicidade para com o indiv duo perverso HIRIGOYEN 2009 p 102 103 Hirigoyen 2005 p 19 36 bem coloca circunst ncias ocorridas no contexto laboral que classifica como o que n o ass dio moral Dentre elas inicia pelo estresse profissional A autora entende por estresse as sobrecargas e m s condi es de trabalho e sustenta ser o ass dio moral muito mais do que estresse mesmo que ele passe por uma fase de estresse O estresse s se torna destruidor pelo excesso mas o ass dio destruidor por si s comum a confus o entre o estresse e o ass dio moral fazendo se necess ria uma distin o entre ambos pois o ass dio moral tem por detr s da cortina a humilha o e a falta de respeito No caso das pessoas que sofrem de estresse o repouso reparador e melhores condi es de trabalho permitem recome ar No entanto quando tratamos de uma v tima de ass dio a vergonha e a humilha o persistem por um longo tempo A viola o da dignidade humana tem uma conota o subjetiva O objetivo consciente da gest o por estresse n o destruir os empregados mas ao contr rio melhorar seu desempenho Se a gest o pelo estresse
297. reitos sociais relativos ao meio ambiente 2011 p 287 45 Bonavides 2011 p 564 destaca que os direitos de segunda dimens o passaram primeiro por um ciclo de baixa normatividade em virtude de sua pr pria natureza de direitos que exigem do Estado determinadas presta es materiais nem sempre resgat veis por exiguidade car ncia ou limita o essencial de meios e recursos De juridicidade questionada nesta fase foram remetidos chamada esfera program tica Atravessaram a seguir uma crise de observ ncia e execu o cujo fim parece estar perto desde que recentes Constitui es inclusive a do Brasil formularam o preceito da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais Os direitos sociais fizeram nascer a consci ncia de que t o importante quanto salvaguardar o indiv duo conforme ocorreria na concep o cl ssica dos direitos da liberdade era proteger a institui o uma realidade social muito mais rica e aberta participa o criativa e valora o da personalidade que o quadro tradicional da solid o individualista onde se formara o culto liberal do homem abstrato e insulado sem a densidade dos valores existenciais aqueles que unicamente o social proporciona em toda a plenitude BONAVIDES 2011 p 565 Silva 2011 p 287 entende que os direitos sociais valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais medida que criam condi es materiais mais prop cias ao auferimento da igualdade real o que
298. rentes do contrato de trabalho Entretanto n o absoluto encontrando limites na Constitui o na lei na norma coletiva na boa f no exerc cio regular de um direito e no contrato 158 O poder de dire o do empregador compreende o poder de organizar controlar e disciplinar o trabalho de acordo com os fins do empreendimento Implica dizer que quando realizado fora de suas finalidades ou de forma excessiva ser utilizado com abuso de poder MARTINS 2009 p 197 O poder diretivo do empregador foi institucionalizado para a empresa para que o empregador tenha a prerrogativa de exigir do seu empregado comportamentos l citos com vistas finalidade da empresa MARTINEZ 2011 p 187 188 A subordina o proveniente do poder de dire o do empregador a subordina o jur dica Martins 2009 p 131 ensina que pela subordina o jur dica o empregado submete se s regras da lei e do contrato de trabalho de forma que no contrato de trabalho que s o observados os limites e os fundamentos da subordina o Martinez 2011 p 119 acrescenta que a subordina o no plano jur dico uma situa o que limita a ampla autonomia de vontade do prestador de servi os Conclui se a partir dessa assertiva que o empregado tem sua autonomia limitada e n o extinta em raz o dos fins do empreendimento O homem n o deve ser v tima de sacrif cios no ambiente de trabalho Ao contr rio tem direito de agir respon
299. reocupar em convert la numa possibilidade Em consequ ncia tamb m a igualdade foi apenas formal pois os desn veis sociais profundo mantidos em nome da liberdade e a impossibilidade pr tica de acesso aos bens produzidos pela sociedade tornavam imposs vel para muitos o pr prio exerc cio dos direitos formalmente assegurados A rea o a essa desigualdade foi tamb m desastrosa pois partiu de uma concep o mec nica e estratificada da igualdade impondo praticamente o cerceamento da liberdade para que fosse mantida A concep o da igualdade como igualdade de possibilidades corrige essas distor es pois admite a exist ncia das relativas desigualdades decorrentes da diferen a de m rito individual aferindo se este por meio da contribui o de cada um para a sociedade O que n o se admite a desigualdade no ponto de partida que assegura tudo a alguns desde a melhor condi o econ mica at o melhor preparo intelectual negando tudo a outros mantendo os primeiros em situa o de privil gio mesmo que sejam socialmente in teis ou negativos A igualdade de possibilidades n o se baseia portanto num crit rio artificial admitindo realisticamente que h desigualdade entre os homens mas exigindo que tamb m as desigualdades sociais n o decorram de fatores artificiais DALLARI 2006 p 309 1 5 4 Dos Direitos Fundamentais de Terceira Dimens o Alinhavando o complemento necess rio verdadeira efetividade dos direit
300. rer quando se procura um emprego no emprego e no momento de deix lo Constitui se em um tratamento diferente e menos favor vel de determinadas pessoas que na maioria das vezes independe da sua capacidade para preencher os requisitos correspondentes ao posto de trabalho Interessante notar que a defini o de discrimina o elaborada pela OIT se coaduna com aquela vivenciada no ass dio moral no trabalho pontuada pelas diversas doutrinas estudadas no cap tulo anterior Conv m lembrar que Hirigoyen 2005 p 55 demonstra que a discrimina o que se visualiza no ass dio moral aquela que praticada contra a v tima que escolhida muito mais em fun o de suas caracter sticas pessoais do que daquelas profissionais Em concord ncia com as li es de Lima Filho 2009 p 49 afirma se que um dos elementos que denotam o processo de ass dio moral no trabalho o fato de n o se aceitar a diferen a do outro quer se trate de uma pessoa ou de um grupo Essa recusa pode originar de um preconceito que leva discrimina o em raz o das diferen as vis veis como a origem a etnia o sexo a orienta o sexual a cor da pele dentre outras 2 O art 1 da Conven o 111 da OIT esclarece o que deve ser interpretado como discrimina o Para os fins desta Conven o termo discrimina o compreende a toda distin o exclus o ou prefer ncia com base em ra a cor sexo religi o opini o pol tica nacionalida
301. rializar os direitos alcan ados de forma abstrata mediante a es concretas raz o pela qual s o denominados direitos de presta o A edifica o dos direitos de liberdade favoreceu a constru o dos direitos de igualdade os quais foram atribu dos o status de direitos de segunda dimens o Neste contexto a igualdade assume um sentido de materialidade complementando sentido de liberdade at ent o negativo para acrescentar um sentido positivo 44 S o direitos que se desenvolveram a partir do s culo XIX parte em decorr ncia das grandes manifesta es oper rias e sindicais principalmente ap s a Revolu o Industrial parte em raz o da estrat gia adotada pelo pr prio Estado com vistas a assegurar a hegemonia de seu poder DELGADO 2009 p 59 Bonavides 2011 p 564 pontua que os direitos da segunda dimens o ganharam expressividade e dominaram o s culo XX do mesmo modo que os direitos da primeira dimens o dominaram o s culo passado Foram introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Estado social depois que germinaram por obra da ideologia e da reflex o antiliberal do s culo XX Nasceram abra ados ao princ pio da igualdade do qual n o se podem separar pois faz la equivaleria a desmembr los da raz o de ser que os ampara e estimula Os direitos de segunda dimens o ou direitos da igualdade valorizam o homem enquanto indiv duo pertencente a uma coletividade institucionalizada por um poder estata
302. rincesa Isabel a Lei urea Lei 3 353 que abolia a escravatura MARTINS 2009 p 9 As liberdades de associa o e reuni o sofriam restri es sob a justificativa de manuten o da ordem p blica para se manter o controle social Os detentores dos meios de produ o tamb m estabeleciam r gido controle no ambiente de trabalho com destaque para superexplora o da m o de obra Foi nessa conjuntura que os trabalhadores passaram a lutar por direitos sociais Em 1930 na era Get lio Vargas que se assistiu fen meno da constitucionaliza o dos direitos sociais no in cio do s culo XX DELGADO 2006 p 74 As transforma es que vinham ocorrendo na Europa em decorr ncia da primeira Guerra Mundial e o aparecimento da OIT em 1919 incentivaram a cria o de normas trabalhistas em nosso pa s Existiam muitos imigrantes no Brasil que deram origem a movimentos oper rios reivindicando melhores condi es de trabalho e sal rios MARTINS 2009 p 10 Foi com a promulga o da Constitui o Federal de 1934 que se apresentou o surgimento de leis referentes aos direitos sociais DELGADO 2006 p 74 Entretanto a Constitui o de 1934 apenas tratou de abolir as corpora es de of cio art 179 XXV pois deveria haver liberdade do exerc cio de of cios e profiss es MARTINS 2009 p 9 Com a Constitui o de 1934 verifica se a penetra o de uma nova corrente de princ pios at ent o ignorados do direito constitucional pos
303. ror atinge diretamente a sa de f sica e psicol gica da v tima Tudo isso se enquadra perfeitamente no conceito de dano moral Paroski 2010 p 49 assevera que n o h como deixar de reconhecer que o ato il cito ou o abuso de direito geradores de dano moral conforme a sua natureza e extens o tem o cond o de provocar sentimentos a perda da autoestima de gerar deformidades f sicas sensa es desagrad veis dor ntima desconforto espiritual e muitas vezes desequil brio psicol gico Da mesma forma frustra as expectativas da v tima ou parte delas inviabilizando determinadas rela es pessoais familiares e sociais ou at mesmo certos planos de vida Com base nas li es acima entende se portanto que o ass dio moral uma esp cie de dano moral medida que conforme entende Venosa 2004 p 39 o dano moral abrange os direitos da personalidade em geral direito imagem ao nome privacidade ao pr prio corpo etc Ser moral o dano que ocasiona um dist rbio anormal na vida do indiv duo uma inconveni ncia de comportamento ou um desconforto comportamental a ser examinado em cada caso 146 Interessante destacar que do estudo das consequ ncias do processo de ass dio moral no trabalho vislumbra se n o s a caracteriza o do dano moral individual mas tamb m o dano moral reflexo ou tamb m denominado dano moral por ricochete bem como a figura do dano moral coletivo Isso porque as consequ ncia
304. rrido Banco Santander Brasil S A Origem Vara do Trabalho de S o Joaquim da Barra rg o Julgador 4 C mara Segunda Turma Relator Dagoberto Nishina Campina SP Ac rd o publicado em 02 12 2011g Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1794492 amp pD Link gt Acesso em 11 jan 2012 202 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0118800 98 2008 5 15 0022 Recorrente 1 Teka Tecelagem Kuehnrich S A 2 Jovina Alves de S Recorrido as mesmas partes Origem Vara Do Trabalho De Mogi Mirim rg o Julgador 5 C mara Terceira Turma Relator Ana Maria De Vasconcellos Campina SP Ac rd o publicado em 09 09 2011h Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1774444 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0000185 23 2011 5 15 0127 Recorrente Maria Aparecida Teste Parra e Cia Ltda Recorrido Marino Martins Mercado EPP Origem Vara Do Trabalho De Teodoro Sampaio rg o Julgador 7 C mara Quarta Turma Relator Manuel Soares Ferreira Carradita Campina SP Ac rd o publicado em 02 12 2011i Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1828864 amp pDbLink gt Acesso em
305. rte do Estado e da comunidade Haberle 2009 p 91 ensina que dignidade da pessoa humana guarda uma dimens o social que implica em responsabilidades diante de outros homens e da comunidade Na dignidade humana habita de antem o a dimens o comunicativa social que pode ganhar realidade tanto na esfera privada quanto na p blica Dignidade humana significa tamb m mas n o somente o espa o interno do homem Sua abertura ao social o momento da responsabilidade diante de outros homens e da comunidade pertence a ela do mesmo modo e revela se t o constituinte como o momento da auto responsabilidade no sentido de autodetermina o As conex es intersubjetivas dos direitos fundamentais individualmente tomados constituem parcela da dignidade humana A sociologia do conhecimento v a identidade do indiv duo como resultado da media o de um determinado recorte da realidade social no mbito do processo de socializa o O homem se socializa justamente em uma ordem comunit ria com uma cultura espec fica O processo de forma o da identidade parece ser alcan ado no mbito de uma liberdade enquadrada em uma determinada moldura que configura a superestrutura jur dica da sociedade e por meio dela o princ pio da dignidade humana transmite ao indiv duo determinadas concep es normativas a respeito da pessoa que por sua vez s o impregnadas pela cultura de onde surgiram HABERLE 2009 p 77 79 Na mesma linha de racioc nio Sarlet
306. rumentaliza por meio das Conven es e recomenda es a raz o de ser da organiza o SUSSEKIND 1994 p 27 Desde a sua funda o a OIT desenvolve suas atividades voltadas ao protecionismo do trabalho e a incorpora o no direito interno dos Estados membros Martinez 2011 p 77 esclarece que a OIT se ocupa da produ o de normas internacionais do trabalho com objetivo de torn las mundialmente aceitas e executadas As conven es da OIT s o normas jur dicas provenientes da Confer ncia da OIT que t m por objetivo determinar regras gerais obrigat rias para os Estados que as ratificarem passando a fazer parte de seu ordenamento jur dico interno Os Estados por m n o s o obrigados a ratific las s o fazendo quando assim t m interesse As Conven es da OIT t m natureza de tratados multilaterais pois podem ter v rias partes S o abertas pois permitem a 69 ratifica o sem qualquer limite de prazo Todos os pa ses membros da ONU s o automaticamente membros da OIT MARTINS 2009 p 70 objeto de ratifica o e segundo o par grafo terceiro do artigo 5 da Constitui o Federal de 1988 cuja reda o foi alterada pela Emenda Constitucional 45 2004 os tratados e conven es internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos por 3 5 dos votos dos respectivos membros ser o equivalentes s emendas constitucionais Pode se afirmar portanto
307. s A Constitui o da Rep blica consagra no T tulo II Cap tulo I um cat logo n o apenas de Direitos como tamb m de Deveres Individuais e Coletivos a cargo n o apenas do Estado como tamb m da sociedade e das pessoas naturais ou jur dicas sobretudo quando estas ltimas desfrutam de posi es econ micas pol ticas e sociais superiores em rela o a outros particulares LEITE 2011 p 36 41 Duas teorias abordam a quest o da efic cia horizontal dos direitos fundamentais Quais sejam a teoria da efic cia indireta ou mediata e a teoria da efic cia direta ou imediata A teoria da efic cia indireta ou mediata analisa os direitos fundamentais na perspectiva de duas dimens es positivas e negativas A dimens o negativa pro be a edi o de leis que violem direitos fundamentais A dimens o positiva por sua vez imp e um dever para o legislador de assegurar direitos fundamentais ponderando quais deles devam se aplicar s rela es privadas J a teoria da efic cia direta ou imediata refere se aos direitos fundamentais que podem ser aplicados diretamente s rela es privadas sem a necessidade da interven o legislativa LEITE 2011 p 37 Seguindo as li es de Sarlet 2007 p 392 400 e Leite 2011 p 39 sustenta que h duas considera es a respeito da aplica o da teoria da efic cia dos direitos fundamentais s rela es privadas Primus quando h relativa igualdade das partes da
308. s OIT Organiza o Internacional do Trabalho OMS Organiza o Mundial da Sa de ONU Organiza o das Na es Unidas PCMSO Programa Controle M dico de Sa de Ocupacional PIDESC Pacto Internacional de Direitos Econ micos Sociais e Culturais PNUMA Programa das Na es Unidas para o Meio Ambiente PPRA Programa de Preven o de Riscos Ambientais RO Recurso Ordin rio SESMT Servi o Especializado em Engenharia de Seguran a e Medicina do Trabalho STF Supremo Tribunal Federal SUS Sistema nico de Sa de TRT Tribunal Regional do Trabalho TST Tribunal Superior do Trabalho UnB Universidade Nacional de Bras lia Par grafo SUM RIO INTRODUCA O aids e a dO SR O ND a RS 11 CAP TULO 1 DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA tona aa SR GEO la a a a 17 1 1 A Constru o dos Direitos Humanos e o Papel da Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 ane ans DR aa AA O a na 17 1 2 Dignidade da Pessoa Flama aa sasppaao ss asda iba nslusa nda tada ta ada d Saba DDR an do sees 24 1 3 Dignidade da Pessoa Humana sob a tica Comunit ria da Declara o Universal dos Direitos Humanos d 194g ess ai TS eea SA AR 28 1 4 Dignidade da Pessoa Humana na Constitui o Federal de 1988 32 1 5 Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais ssessseseesesseseesesseseessssersessesee 34 1 5 1 Dos Direitos Fundamentais e suas Dimens es rear 35 1 5 2 Dos Direitos Fu
309. s elementos subjetivos as condutas lesivas e n o desej veis capazes de causar danos f sicos ps quicos morais ou patrimoniais elemento objetivo a afeta o da dignidade da pessoa a reitera o de condutas teleol gicos representados pela intencionalidade lesiva do agente agressor e a rela o com o ambiente laboral elemento organizacional vila 2009 p 55 destaca como principais elementos a viola o da dignidade do trabalhador a natureza psicol gica dos ataques a conduta abusiva a reitera o e finalidade de exclus o e a intencionalidade do ato Sintetizando os elementos apontados pelas doutrinas ser o enfatizados portanto os seguintes elementos sujeitos ativo e passivo conduta abusiva e reiterada e a intencionalidade das agress es 3 2 1 Do Sujeito Ativo Agressor Nas li es de vila 2009 p 37 para efeitos de verifica o da responsabilidade pela pr tica do ass dio moral no ambiente de trabalho faz se necess rio identificar os sujeitos envolvidos nesse processo No tocante ao sujeito agressor o ass dio moral no trabalho tem como principal agente causador o empregador ALKIMIN 2010 p 43 Tal fato decorre do poder de dire o a ele atribu do que n o raras vezes praticado com arbitrariedade violando a dignidade e todos os direitos fundamentais do trabalhador Lima Filho 2009 p 40 41 sustenta que agressor e v tima com frequ ncia se encontram em uma rela o assim
310. s as Confer ncias das Na es Unidas sobre o Meio Ambiente Humano ocorrida em 1972 em Estocolmo na Su cia Barreto 2009 p 46 assevera que este evento foi marcante no estabelecimento de 85 princ pios comuns entre as na es no sentido de inspirar a preserva o e melhoria do meio ambiente global tendo o homem como centro de aten o e agente transformador Referida declara o expressa convic o comum de que direito fundamental do homem o usufruto de ambiente onde haja respeito liberdade a igualdade as sadias condi es de vida a seguran a e sobretudo a consci ncia de que n o devem existir formas de discrimina o BARRETO 2009 p 48 Consta da Declara o de Estocolmo que o Homem a um tempo resultado e art fice do meio que o circunda o qual lhe d o sustento material e o brinda com a oportunidade de desenvolver se intelectual moral e espiritualmente Os dois aspectos do meio ambiente o natural e o artificial s o essenciais para o bem estar do Homem e para que ele goze de todos os direitos humanos fundamentais inclusive o direito vida mesma Por isso a prote o e melhora do meio ambiente uma quest o fundamental que afeta o bem estar dos povos e o desenvolvimento econ mico do mundo inteiro um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos Observa que a defesa e a melhora do meio ambiente para as gera es presentes e futuras converteu se nu
311. s constituem um contraponto ideia cl ssica da distribui o do nus da prova J sua aplica o ganha expressividade quando no caso concreto a prova do fato de dif cil produ o ou at mesmo imposs vel circunst ncia que a doutrina vem chamando de prova diab lica Esse contexto favorece a n o aplica o correta do direito pelo n o encontro da verdade real Seu objetivo flexibilizar as regras de distribui o do nus da prova de forma que no caso concreto o magistrado tenha liberdade para distribu lo de acordo com as circunst ncias em apre o com o objetivo de obter o equil brio entre as partes na produ o da prova atribuindo o encargo probat rio parte que tenha melhores condi es de provar os fatos que lhe auxiliar o no julgamento 169 Na aplica o da Teoria Din mica das Cargas Processuais atribu do ao magistrado poderes instrut rios ativos na condu o do processo com o objetivo de zelar pelo equil brio das partes no processo Assim sendo a regra est tica de distribui o do nus da prova acolhida pelo nosso C digo de Processo Civil notadamente em seu art 333 vem sendo atenuada em favor de uma maior efetividade e instrumentalidade do processo Segundo as recomenda es da OIT 2007 p 76 a prote o contra a discrimina o refor ada tamb m por meio do instituto da invers o do nus da prova fazendo com que este recaia sobre a pessoa ou empresa acusada de discrimina
312. s n o recaem apenas sobre a v tima mas tamb m sobre seus familiares acarretando a desestrutura o familiar e sobre aqueles com os quais a v tima mant m relacionamentos interpessoais Visualiza se a figura do dano moral reflexo tamb m chamado de dano moral por ricochete uma vez que n o atinge s a v tima pois seus efeitos atingem indiretamente a integridade moral de terceiros Enquanto o dano moral direto aquele experimentando pela v tima o dano moral reflexo ou em ricochete aquele experimentado por terceiro Ademais verificar se que os efeitos tamb m recaem sobre o ambiente de trabalho sobre a empresa e sobre a sociedade Altos s o os custos que o Estado paga pelos danos decorrentes desse problema j encarado como de sa de p blica lembrando sempre que esses custos se revertem em detrimento de toda a sociedade custeadora em ltima inst ncia da Seguridade Social O processo de agress o que caracteriza o ass dio moral no trabalho agride bens e valores jur dicos pertencentes a toda a coletividade de forma indivis vel representando n o s a figura do dano moral individual mas tamb m do dano moral coletivo ou difuso O dano moral difuso se caracteriza pelo ataque a bens e valores jur dicos que s o inerentes a toda a coletividade de forma indivis vel e se encontra previsto na Lei n 7 347 85 cujo texto legal disciplina a a o civil p blica de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente d
313. s por prazo determinado e trabalhadores que sofrem de alguma incapacidade Acrescenta se a esse coletivo os trabalhadores idosos negros homossexuais dentre outros segmentos 113 Quanto mulher pode se afirmar que ela esta mais propensa a ser v tima do fen meno em raz o da maternidade e em raz o da cultura ainda estigmatizada no sentido de que os cargos de trabalho que tradicionalmente demandam maior responsabilidade e marcam uma rela o de hierarquia superior devem ser ocupados por homens Hirigoyen 2005 p 99 100 observa em seus estudos que h uma clara diferen a entre a distribui o dos sexos 70 de mulheres contra 30 de homens As mulheres s o mais frequentemente assediadas de forma diferente dos homens As conota es machistas ou sexistas est o presentes na maioria das vezes Entende a autora que o ass dio sexual nada mais do que uma evolu o do ass dio moral Nos dois casos trata se de humilhar o outro e consider lo um objeto disposi o Para humilhar visa se o ntimo Relativamente especificidade do ass dio tendo em vista as mulheres encontram se in meros casos ilustrativos retratados pela autora As mulheres que recusam propostas de um superior ou colega e que desde ent o passam a ser isoladas humilhadas ou maltratadas Esta mistura de ass dio sexual e ass dio moral existem em todos os meios profissionais e em todos os escal es da hierarquia b sempre dif cil de provar
314. sa de e qualidade de vida da coletividade ou grupo de trabalhadores ALKIMIN 2010 p 31 O meio ambiente sadio e equilibrado elementar para garantir a dignidade da pessoa e o desenvolvimento de seus atributos pessoais morais e intelectuais constituindo sua preserva o e prote o meio para se atingir o fim que a prote o vida e sa de do trabalhador referindo se esta ltima ao aspecto da integridade f sica e ps quica e consequentemente garantir a qualidade de vida de todo cidad o ALKIMIN 2010 p 27 Em s ntese o meio ambiente do trabalho integrado de direitos inviol veis da sa de e da integridade f sica dos trabalhadores o que significa dizer que sua prote o esta diretamente interligada a prote o da sa de dos trabalhadores 2 7 Da Viol ncia no Meio Ambiente do Trabalho N o se deve reduzir a ocorr ncia da viol ncia no trabalho a um fato contempor neo A viol ncia no ambiente de trabalho uma das mais antigas facetas das rela es de trabalho Revendo a hist ria do trabalho percebe se que o problema do ass dio moral n o novo ao contr rio existe desde os prim rdios das rela es humanas 96 A subordina o do mais fraco ao mais forte existe e sempre existiu a exemplo da ocorr ncia de trabalho escravo degradante em est gio de servid o relatado em toda a hist ria da humanidade permanecendo at os tempos atuais Dr Hugo Cavalcanti Melo Filho juiz do trabalho no Est
315. salizou o entendimento no sentido de que todos os seres humanos s o iguais em dignidade e direitos Constitui portanto pressuposto essencial para o respeito da dignidade da pessoa humana a garantia da isonomia de todos os seres humanos raz o pela qual fica absolutamente vedado que sejam submetidos a tratamento discriminat rio e arbitr rio tais como a escravid o a discrimina o racial persegui es por motivos de religi o dentre outros 56 Mauer 2009 p 138 tra a um interessante paralelo entre dignidade e igualdade quando assevera que a igual dignidade de todos os homens funda a igualdade de todos porque cada homem dotado da dignidade de pessoa que todos s o iguais Assim negar a algu m a dignidade significa consider lo como inferior e portanto n o mais como um ser humano Dessa forma a dignidade n o algo relativo a pessoa n o tem mais ou menos dignidade em rela o outra pessoa Tamb m os direitos sociais econ micas e culturais seja na condi o de direitos de defesa negativos seja na sua dimens o prestacional atuando como direitos positivos constituem exig ncia e concretiza o da dignidade da pessoa humana Cuida se de direitos fundamentais de liberdade e igualdade outorgados aos trabalhadores com o intuito de assegurar lhes um espa o de autonomia pessoal n o mais apenas em face do Estado mas especialmente dos assim denominados poderes sociais destacando se ainda que o direito ao tr
316. salvo em caso de leg tima defesa pr pria ou de outrem g o empregador reduzir o seu trabalho sendo este por pe a ou tarefa de forma a afetar sensivelmente a import ncia dos sal rios 140 de forma direta e nociva ao constitucional e fundamental direito sa de e ao trabalho LIMA FILHO 2009 p 90 Os servi os proibidos pela ordem jur dica s o aqueles que por se tratar de labor administrativamente vedado ou por se tratar de atividade que em seu procedimento cause injusta les o a algu m inclusive ao pr prio trabalhador ou ainda quando tenha como objeto da presta o laboral uma atividade il cita J o trabalho contr rio aos bons costumes aquele que ofende a moral p blica e servi os alheios ao contrato representam a realiza o de tarefas exigidas pelo empregador alheias ou contr rias aos servi os para os quais o trabalhador foi contratado LIMA FILHO 2009 p 92 Em alguns casos de ass dio moral no trabalho o empregador desvia o trabalhador para servi os completamente alheios para os quais foi contratado com atribui o de tarefas menores ou de pouca signific ncia ou ainda muito dif ceis sen o imposs veis de serem cumpridas de modo que causem um clima desfavor vel ao empregador e que muitas vezes termina levando o a se desligar da empresa passando a v tima de sofrimento de ordem f sica e emocional com sequelas n o raras vezes irrevers veis Na al nea b do citado artigo encontra se a figur
317. sas normas as incorporou gradativamente ao direito positivo especialmente na Constitui o de 1988 na qual consta um cap tulo referente aos direitos e s garantias individuais O Direito do Trabalho foi elevado ao status de direito fundamental na Constitui o de 1988 ao lado dos direitos de liberdade igualdade e fraternidade Trata se de um direito fundamental social protegido n o s no ordenamento jur dico interno mas tamb m por normas de direito internacional mediante prote o maior da Declara o dos Direitos Humanos de 1948 Possui portanto as caracter sticas de universalidade interdepend ncia e indivisibilidade dos direitos humanos fundamentais Nesse sentido quando se fala em universalidade e indivisibilidade significa que n o h concretiza o da liberdade igualdade e dignidade de forma isolada sem que se considere particularmente a fraternidade assim entendida como uma forma de comportamento ativo entre os homens Do mesmo modo n o h como garantir o direito fundamental do trabalho n o se assegurando os direitos de liberdade igualdade e fraternidade sob pena de estar incidindo em um discurso meramente formal ou at mesmo esvaziado de valores human sticos 156 A garantia desses direitos se faz precipuamente mediante o resguardo da dignidade da pessoa humana qualidade intr nseca da pessoa humana tanto no mbito individual como no mbito da comunidade local onde o ser humano constr i sua identida
318. savelmente por meio de suas livres decis es pessoais decorrentes da pr pria iniciativa forma o pessoal educa o e das convic es das pessoas que influenciam fortemente no relacionamento social Essa liberdade de agir n o se deve mostrar de forma enganosa no fundo camuflando a o por coa o press o ou outra forma de imposi o externa BARRETO 2009 p 22 23 Como efeito da subordina o empregat cia o empregado est obrigado a executar o objeto do contrato de trabalho com dilig ncia e boa f submetendo se ao poder de dire o e obedecendo as ordens que lhe s o dirigidas pelo empregador diretamente ou por aquele que exerce poderes delegados superior hier rquico E muito embora o empregado esteja juridicamente subordinado ao empregador essa condi o n o lhe retira a dignidade e a condi o de ser humano raz o pela qual o trabalhador deve ser respeitado e receber um tratamento de respeito e considera o ALKIMIN 2010 p 44 O poder de dire o do empregador subordina o empregado aos ditames da lei e das regras contratuais restringindo portanto a liberdade na presta o do servi o do empregado Contudo tal restri o da liberdade deve ser realizada de acordo com os fins do empreendimento e encontra limites nos direitos fundamentais na dignidade da pessoa 159 humana bem como na finalidade social da propriedade e do empreendimento em aten o ao valor social do trabalho que orienta a ordem eco
319. sce no bojo da globaliza o econ mica e tem como principal efeito o aviltamento da dignidade humana Trata se do assunto pertinente ao quarto cap tulo que passa a ser abordado 100 CAP TULO 3 DO ASS DIO MORAL NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO O ass dio moral no trabalho fen meno que degrada o ambiente de trabalho e traz danos sa de e a dignidade do trabalhador Trata se de uma guerra no local de trabalho que agrega o abuso de poder e a manipula o perversa um dos problemas mais s rios enfrentados pela sociedade atual A amplitude p blica dos interesses envolvidos nessa rela o vem chamando aten o de rg os internacionais a exemplo da Organiza o Mundial da Sa de OMS e da Organiza o Internacional do Trabalho OTT Nesse cap tulo pretende se visualizar o fen meno e analisar dentro de uma perspectiva constitucional como ele recebe tutela do sistema jur dico brasileiro diante da vasta extens o negativa de suas consequ ncias Favorecer reflex es a respeito dos requisitos adotados pelos aplicadores do direito para o seu reconhecimento e para a fixa o do valor da repara o do dano moral decorrente Para tanto ser realizada uma an lise cr tica jurisprudencial com o intuito de questionar se as decis es judiciais requerem maior esfor o interpretativo e dedica o para reconhecer a pr tica essa pr tica abusiva e para racionalizar a quantia econ mica ressarcit ria que se outorga de modo que seja
320. scos profissionais devidos a polui o do ar ao ru do e s vibra es nos locais de trabalho al m de equipamentos de prote o BARRETO 2009 p 30 A Conven o n 155 da OIT de 1981 refere se seguran a a sa de dos trabalhadores e o ambiente de trabalho e foi ratificada pelo Brasil em 1992 Barreto 2009 p 30 assevera que a conven o mais abrangente a respeito de seguran a de higiene e de ambiente de trabalho lan ando preocupa o com os elementos n o apenas f sicos mas tamb m os problemas mentais que afetam a sa de dos trabalhadores 70 Os preceitos normativos da Conven o n 155 da OIT integram o ordenamento Jur dico nacional e estabelecem que deva ser exigido dos empregadores que na medida em que for razo vel e poss vel garantam que os locais de trabalho o maquin rio os equipamentos e as opera es e processos que estiverem sob seu controle s o seguros e n o envolvam risco algum para a seguran a e a sa de dos trabalhadores LIMA FILHO 2009 p 81 82 A Conven o n 161 da OIT de 1985 ratificada pelo Brasil em 1990 disp e sobre os servi os de sa de no trabalho O Brasil aguarda a ratifica o da Conven o 187 da OIT que atualiza os conceitos e diretrizes pol ticas relativas estrutura de promo o da seguran a e sa de no Trabalho Tem como fundamento o reconhecimento da magnitude global das les es doen as e bitos relacionados ao trabalho e a necessidade de se buscare
321. seja entendido o dano moral Logo moral o adjetivo que define o dano causado a bens imateriais insuscet veis de aprecia o econ mica n o se confundindo com a conduta de quem praticou a ofensa se est ou n o em harmonia com aquilo que a sociedade concebe como sendo preceitos morais PAROSKI 2010 p 48 Prata 2008 p 514 formula o conceito de dano moral como sendo a a o ou omiss o injusta praticada contra um terceiro pessoa f sica ou coletiva que atinja bem jur dico ou interesse de natureza n o econ mica Desta forma o dano moral todo aquele preju zo decorrente de uma injusta agress o honra da v tima a desonra que acarreta desgosto m goa al m de preju zo ao equil brio social a les o que ataca um direito personal ssimo de algu m a sua subjetividade Nas li es de Venosa 2004 p 39 dano moral o preju zo que afeta o nimo ps quico moral e intelectual da v tima Na mesma linha de racioc nio Gon alves 2009 p 359 assevera que o dano moral o que atinge o ofendido como pessoa les o de bem que integra os direitos da personalidade como a honra a dignidade a intimidade a imagem o bom nome etc como se infere dos arts 1 II e 5 V e X da Constitui o Federal e que acarreta ao lesado dor sofrimento tristeza vexame e humilha o Dano moral nasce da les o ao patrim nio ps quico ou ideal da pessoa sua dignidade traduzindo se nos modernos direitos da p
322. special se no caso de ass dio moral o agente for preposto administrador da empresa Entretanto mesmo que o ass dio se desenvolva na rela o horizontal entre colegas de trabalho a empresa n o estar isenta da responsabilidade ainda mais se comprovado que 95 tinha conhecimento do problema e n o adotou provid ncias corretivas BARRETO 2009 p 49 O princ pio do limite encontra se presente especialmente pelo fato de que as empresas estabelecem metas de forma irracional a serem cumpridas pelas equipes de empregados em um cen rio de competitividade Ocorre que o estabelecimento de metas n o pode ser irracional ofensivo humilhante sob pena de se consumar em viola es a dignidade humana BARRETO 2009 p 49 Nesse aspecto deve o empregador proporcionar um ambiente de trabalho sadio Para tanto deve cumprir as normas sobre medicina e seguran a do trabalho Deve estabelecer normas internas e condi es de trabalho que visem sa de e integridade f sica e mental dos trabalhadores promovendo meios para prevenir qualquer tipo de agress o contra a sa de do trabalhador al m de conduzir mecanismos para garantir a qualidade de vida do trabalhador ALKIMIN 2010 p 30 O meio ambiente do trabalho sadio deve ser protegido em fun o do interesse da coletividade de trabalhadores dada sua natureza de interesse trabalhista transindividual de car ter coletivo Sua prote o sem d vida guarda rela o com a prote o
323. ss o resta configurado ass dio moral fazendo jus o reclamante indeniza o por danos morais S O PAULO 2011d Visualiza se tamb m que os julgadores reconhecem a pr tica do ass dio moral discriminat rio em raz o de diferen as como a origem a etnia o sexo a orienta o sexual a cor da pele dentre outras formas A luta contra a discrimina o no trabalho encontra guarida nas diretrizes da OTT e no direito de igualdade previsto constitucionalmente O julgado abaixo demonstra que a jurisprud ncia caminha no sentido de combater a discrimina o no local de trabalho que segundo o julgador por ser n o declarada mas sim velada torna se mais dif cil de ser comprovada porque n o se caracteriza por comportamento vis vel a todos DANO MORAL TRABALHADOR QUE ASSUME SUA TRANSEXUALIDADE DISCRIMINA O VELADA TRABALHADOR MANTIDO EM OCIOSIDADE ASS DIO MORAL CONFIGURADO INDENIZA O DEVIDA A discrimina o a nega o do princ pio da igualdade eis que discriminar fazer distin o Em mat ria trabalhista 179 discrimina o segundo a Conven o 111 da OIT toda distin o exclus o ou prefer ncia que tenha por fim alterar a igualdade de oportunidade ou tratamento em mat ria de emprego ou profiss o Em nosso ordenamento jur dico a proibi o da discrimina o tem base constitucional eis que em seu art 3 foi estabelecido como um dos objetivos da Rep blica Federativa do Brasil
324. ssorar o empregador os trabalhadores e seus representantes a respeito dos requisitos necess rios para estabelecer e conservar um meio ambiente de trabalho seguro e sadio que favore a uma sa de f sica e mental tima em rela o com o trabalho O meio ambiente do trabalho integra o meio ambiente global sendo certo que a Constitui o de 1988 por meio do art 225 disp e sobre o meio ambiente como um todo de forma gen rica ao passo que o legislador constituinte atento sa de e qualidade de vida do trabalhador estabelecendo rela o direta entre meio ambiente do trabalho equilibrado e sa de do trabalhador disp s que ao Sistema nico de Sa de SUS al m de outras atribui es compete colaborar com a prote o do meio ambiente nele compreendido o do trabalho CF art 200 inc VII ALKIMIN 2010 p 28 O artigo 196 da Constitui o Federal de 1988 determina que a sa de seja direito de todos e dever do Estado No mesmo sentido protetivo o artigo 200 inciso VIII preceitua que 92 ao sistema nico de sa de compete al m de outras atribui es colaborar na prote o do meio ambiente nele compreendido o do trabalho No conjunto de normas sobre a sa de constantes dos artigos 196 a 200 Silva 2011 p 52 assevera que se vislumbram valores ambientais medida que a prote o do meio ambiente constitui um dos instrumentos de prote o da sa de do bem estar e da qualidade de vida da popula o Para o c
325. ta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1765482 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0159100 14 2009 5 15 0137 Recorrente Braspress Transportes Urgentes Ltda Recorrido Rafael Nogueira Origem 3 Vara do Trabalho de Piracicaba Org o Julgador 6 Turma 11 203 C mara Relator Olga Aida Joaquim Gomieri Campina SP Ac rd o publicado em 08 04 201 Im Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1745048 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0000078 51 2010 5 15 0082 Recorrente Jos Carlos Casares Recorrido TNT Merc rio Cargas e Encomendas Expressas S A Origem 3 Vara do Trabalho de S o Jos Do Rio Preto rg o Julgador 8 C mara Quarta Turma Relator Erodite Ribeiro dos Santos de Biasi Campina SP Ac rd o publicado em 08 04 201 In Dispon vel em lt http consulta trt1 5 jus br consulta owa pProcesso wProcesso pTipoConsulta PROCESSO amp pldProc 1743013 amp pDbLink gt Acesso em 11 jan 2012 Tribunal Regional do Trabalho da 15 Regi o Recurso Ordin rio Processo 0000073 31 2010 5 15 0049 Recorrente Pl sticos Ass ncio Ltda Recorrido Ricardo Aparecido Ciriberto Origem Vara do Trabalho de It polis rg o Julgador 1 C mara
326. tais s o interdependentes e intercambi veis entre si 37 N o h fragmenta o de direitos fundamentais e sim interse o permanente conforme j reconhecida pela Organiza o das Na es Unidas ONU em 1948 Complementando a ideia de indivisibilidade cabe ainda destacar a universalidade Bonavides 2011 p 562 assevera que a vincula o essencial dos direitos fundamentais liberdade e dignidade humana conduz ao significado de universalidade inerente a esses direitos como ideal da pessoa humana Acrescenta que a universalidade se manifestou pela vez primeira por ensejo da c lebre Declara o dos Direitos do Homem de 1789 que tinha por destinat rio o g nero humano Por isso mesmo e pelas condi es da poca foi a mais abstrata de todas as formula es solenes j feitas acerca da liberdade Segundo Bonavides 2011 p 562 563 o lema revolucion rio do s culo XVII exprimiu em tr s princ pios cardeais todo o conte do poss vel dos direitos fundamentais profetizando at mesmo a sequencia hist rica de sua gradativa institucionaliza o liberdade igualdade e fraternidade Para o autor descoberta a f rmula de generaliza o e universalidade restava seguir os caminhos que consentissem inserir na ordem jur dica positiva de cada ordenamento pol tico os direitos e conte dos materiais referentes queles postulados Os direitos fundamentais passaram na ordem institucional a manifestar se em tr s gera es sucessi
327. te da organiza o correr o risco de livrar os agressores da responsabilidade Para a autora necess rio evitar de um lado o excesso de psicologismo e de outro a impunidade dos respons veis atribuindo o erro exclusivamente a organiza o do trabalho Todos esses determinismos est o interligados mas o indiv duo continua tendo apesar de tudo a liberdade de a o e rea o HIRIGOYEN 2005 p 186 3 2 2 Do Sujeito Passivo Agredido vila 2009 p 42 destaca a dificuldade de se apontar um perfil psicol gico que torne a pessoa mais propensa a se tornar v tima podendo ser ela qualquer pessoa Todavia afirma com base nas li es dos estudiosos do assunto que a v tima tende a ser aquela pessoa que foi escolhida pelo agressor por ter valiosas qualidades profissionais e morais que o assediador ausente de subjetividade pretende apropriar se delas por lhe faltarem As v timas n o s o portanto pessoas portadoras de patologias espec ficas mas sim pessoas com determinadas caracter sticas que podem torn la potenciais v timas Hirigoyen 2005 p 55 sustenta que o empregado visado escolhido em fun o de suas caracter sticas pessoais mais do que das profissionais importante desde j enfatizar que as figuras de empregador e empregado ou superior hier rquico n o possuem posi es definidas de v tima e agressor respectivamente o que se extrai das li es de Ferreira 2010 p 51 52
328. te propens o em se considerar o car ter pedag gico da condena o O car ter pedag gico utilizado nas decis es condenat rias elemento que traz em seu bojo a natureza educativa que busca evitar que a pr tica do ato il cito venha a se repetir no entanto a indeniza o por danos morais deve buscar tamb m o car ter ressarcit rio ainda que alguns juristas entendam ser imposs vel quantificar a dor sofrida ou retornar ao estado anterior das coisas DANOS MORAIS ASS DIO MORAL DESRESPEITO POR PARTE DO EMPREGADOR PESSOA DO TRABALHADOR ADJETIVOS PEJORATIVOS TRATAMENTO DESCORT S FALTA DE URBANIDADE Tratamento descort s afrontoso pessoa humana com adjetivos que agridem a pessoa do trabalhador justificam a imputa o da indeniza o por danos morais como instrumento pedag gico para harmonia do contrato de trabalho DANOS MORAIS QUANTUM INDENIZAT RIO 187 A indeniza o por dano moral n o tem a finalidade de enriquecer ou empobrecer as partes envolvidas nem de apagar os efeitos da les o mas sim de reparar os danos O quantum indenizat rio fixado deve observar o princ pio da razoabilidade a extens o do dano o grau de culpabilidade e a capacidade econ mica do empregador suficientes para atingir o efeito pedag gico da condena o S O PAULO 20110 RECURSO ORDIN RIO INDENIZA O ASS DIO MORAL MAJORA O As humilha es perpetradas pelo representante do empregador contra a reclamante
329. tional health publications en pwh4sp pdf Acesso em 18 jun 2010 ORGANIZA O INTERNACIONAL DO TRABALHO OIT Anais da oficina trabalho escravo uma chaga aberta F rum Social Mundial jan 25 2003 Porto Alegre RS 2003 Bras lia OIT 2003 Dispon vel em http www oitbrasil org br info downloadfile php fileId 372 Acesso em 28 jun 2010 Igualdade no trabalho enfrentar os desafios Confer ncia Internacional do Trabalho a Bureau Internacional do Trabalho de Genebra Su a 2007 Dispon vel em http www ilo org public portugue region eurpro lisbon pdf igualdade 07 pdf Acesso em 20 nov 2011 OLIVEIRA Sebasti o Gon alves Atualidades sobre a indeniza o por dano moral decorrente do acidente do trabalho In Revista TST Bras lia v 73 n 2 p 121 157 abr jun 2007 Dispon vel em http www tst gov br Ssedoc PaginadaBiblioteca revistadotst Rev 73 rev 73n2 pdf Acesso em 10 de outubro de 2011 Indeniza es por acidente do trabalho ou doen a ocupacional 6 ed rev ampl e atual S o Paulo LTr 2011 200 PAROSKI Mauro Vasni Dano moral e sua repara o no direito do trabalho 2 ed Curitiba Juru 2010 PIOVESAN Fl via Direito ao trabalho e a prote o dos direitos sociais nos planos internacional e constitucional In PIOVESAN Fl via CARVALHO Luciana Paula Vaz de Coord Direitos humanos e direito do trabalho S o Paulo Atlas 2010 PIZZOLATO Filippo A Fraternidade no ord
330. tivo para o futuro Tal componente encontra fundamento especialmente na dimens o comunit ria da dignidade humana HABERLE 2009 p 57 Dessa forma a dignidade da pessoa encontra se ligada a condi o humana de cada indiv duo mas tamb m a uma necess ria dimens o comunit ria desta mesma dignidade de cada pessoa e de todas as pessoas justamente por serem todos iguais em dignidade e direitos tal como consta Declara o Universal de 1948 SARLET 2010 p 62 Haberle 2009 p 80 81 ensina que na dignidade humana a refer ncia ao outro pressuposta A refer ncia ao outro ao pr ximo ao irm o no sentido de fraternidade 30 esculpida em 1789 constitui integralmente conte do do enunciado jur dico fundamental da dignidade humana Compreendido de modo cient fico cultural isso abrange a perspectiva generacional supra individual a conex o entre gera es institui uma comunidade respons vel qual o indiv duo nem deve nem pode se subtrair A dignidade do outro me obriga fraternidade unicamente nessa resposta fraternal que eu sou livre MAUER 2009 p 140 Sarlet 2010 p 63 destaca que a exist ncia da dignidade da pessoa humana esta relacionada ao valor pr prio de cada pessoa e de todas as pessoas fazendo sentido apenas no mbito da intersubjetividade e da pluralidade de forma que se imp e o seu reconhecimento e prote o pela ordem jur dica de modo que todos recebam igual considera o e respeito por pa
331. to Fundamental Igualdade e o Ass dio Moral no Trabalho Os direitos de igualdade t m seu fundamento na dignidade da pessoa humana de forma que uma vez violados violada tamb m estar a dignidade Constitui portanto pressuposto essencial para o respeito da dignidade da pessoa humana a garantia da isonomia de todos os seres humanos raz o pela qual fica absolutamente vedado que sejam submetidos a tratamento discriminat rio e arbitr rio SARLET 2010 p 100 161 A OIT privilegia o tema igualdade no trabalho Barreto 2009 p 28 sustenta que a Conven o n 111 ratificada pelo Brasil em 26 11 1965 representa decis o da Confer ncia Geral da OIT sobre proposi es relativas discrimina o em mat ria de emprego e profiss o Referida Conven o reafirma a Declara o Universal dos Direitos Humanos e da Declara o da Filad lfia no respeito dignidade do ser humano sem distin o de ra a credo ou sexo de modo a garantir a liberdade a seguran a econ mica e a igualdade de oportunidades Em 2007 realizou se a Confer ncia Internacional do Trabalho a Bureau Internacional do Trabalho de Genebra Su a cuja discuss o teve o enfoque Igualdade no trabalho enfrentar os desafios A partir desse encontro houve a formula o do Relat rio Global de Acompanhamento da Declara o da OIT relativa aos Direitos e Princ pios Fundamentais no Trabalho Segundo a OIT 2007 p 9 a discrimina o pode ocor
332. to do conceito de direito subjetivo p blico O Estado Liberal de Direito teve com premissa afastar a arbitrariedade do poder do governante e afirmar a exist ncia natural de um direito p blico subjetivo dos cidad os que teve como repercuss o o surgimento dos direitos individuais fundamentais os quais foram difundidos e vieram ser afirmados pelas declara es de direitos e absorvidos pelas constitui es dos Estados Pode se afirmar portanto que os direitos fundamentais de primeira dimens o nasceram no contexto do Estado Liberal quando se afirmaram em especial os direitos a liberdade a propriedade a vida e a seguran a Cabe entretanto esclarecer que em virtudes dos ideais da poca e da burguesia que os ostentava tais direitos se relacionavam com a ideia de Estado M nimo pois tinham como escopo a exigibilidade de uma conduta m nima negativa por parte do Estado sendo marcados portanto por sua formalidade e n o por sua substancialidade Do contexto da Revolu o Francesa tamb m fez parte a defesa pelo direito a igualdade Assim como foi com a liberdade essa igualdade tamb m se caracterizava como uma igualdade formal pois tinha como objeto proclamar a sujei o de toda a sociedade perante a lei sem qualquer distin o privil gio ou desigualdade entre grupos sociais O Princ pio da Igualdade tinha portanto o escopo unificar o ordenamento jur dico de forma que a lei fosse abstrata geral e de aplicabilidade uniforme
333. to do esp rito Nessa ordem de coisas o trabalho humano evoluiu do sombrio ermo moral da escravid o para a aspereza relativa da servid o pessoa ou gleba que imperou na Idade M dia e dessa para o remanso do humanismo renascentista e do iluminismo da idade moderna at chegar ao contrato de trabalho concebido no ventre da Revolu o Industrial MARTINEZ 2011 p 37 61 Segundo Dallari 2006 p 210 211 o industrialismo do s culo XIX proclama ideais liberalistas e promovia ao mesmo tempo a concentra o dos indiv duos que possu am apenas a for a de trabalho favorecendo a organiza o do proletariado como for a pol tica Desse contexto nasceram as causas jur dicas pois os trabalhadores come aram a reunir se associar se para reivindicar melhores condi es de trabalho A partir desse momento surgiu uma liberdade na contrata o das condi es de trabalho O Estado por sua vez deixa de ser abstencionista para se tornar intervencionista interferindo nas rela es de trabalho MARTINS 2009 p 6 Dessa forma no contexto da Revolu o Industrial por conta das altera es substanciais operadas sobre os meios de produ o os trabalhadores at ent o dispersos baseados na coopera o individual passaram a se concentrar em grandes f bricas ocasionando profundas transforma es sociais e econ micas A conscientiza o coletiva despertada pelo instinto de autoprote o gerou profundas modifica
334. tros legais para o arbitramento da indeniza o por danos morais remete ao arb trio do juiz fixar o valor da condena o de acordo com as especificidades do caso concreto permitindo que em algumas ocasi es a ocorr ncia de valores excessivamente elevados Oliveira 2007 p 32 adverte que nas duas hip teses h preju zo para a ci ncia jur dica e descr dito para o Poder Judici rio podendo paradoxalmente desmoralizar o avan ado instituto do dano moral Isso porque se o valor for insignificante persistir a revolta da v tima e o agressor ficar desestimulado para alterar sua conduta por outro lado se for exagerado causar o enriquecimento da v tima e o inconformismo do infrator pela despropor o da penalidade Tais ocorr ncias v m levando o Superior Tribunal de Justi a desde 1997 em casos excepcionais a atuar no sentido de estabelecer certa razoabilidade nas indeniza es por danos morais para evitar os abusos da fixa o de valores irris rios ou exorbitantes Como ainda n o h nos dias atuais par metros ou limites normativos para estipular o valor da indeniza o por dano moral fica ao do juiz a sua fixa o diante do caso concreto A doutrina de Sebasti o Geraldo de Oliveira 2007 p 14 contribui com assertivas extra das da doutrina e da jurisprud ncia capazes de nortear a dosimetria da indeniza o vejamos a a fixa o do valor indenizat rio obedece a duas finalidades b sicas que devem ser
335. tura venham a impedir sua delibera o aut noma e democr tica sobre as prioridades e o destino da sociedade que integra GOMES 2008 p 64 O trabalho figura portanto como um requisito necess rio a obten o da autonomia pelo homem bem como a materializa o do plano de vida tanto individual como social de onde podemos afirma que possui um sentido social o qual ser portanto objeto de an lise Por fim vale acrescentar as li es de Mauer 2009 p 138 que nos revela duas importantes dimens es do termo dignidade sustentando haver a dignidade fundamental da pessoa e a dignidade da a o tamb m denominada atuada quando se estabelece uma distin o entre a pessoa e seus atos entre a pessoa e sua personalidade isto aquilo que ela faz dela pr pria por meio dos atos que apresenta ou que sofre Quando o homem tratado ou age indignamente diremos que sua dignidade atuada foi atingida no entanto ele continua sendo uma pessoa plenamente dotada de dignidade fundamental da mesma forma que toda a pessoa humana O aspecto actual que passa pelos atos da dignidade da pessoa humana confere ao termo uma din mica que n o lhe haviam dado os fil sofos para os quais a dignidade era um a priori fundamental Com efeito a dignidade necessita n o apenas e principalmente de uma realiza o pelos atos verdadeiramente humanos mas tamb m das condi es externas que lhe permitir o essa atua o circunst ncias afetivas
336. ubmetendo a um stress permanente a sensa es de solid o e de indefensabilidade capaz de gerar danos a m dio e longo prazo LIMA FILHO 2009 p 101 Quando as rea es geradas pelo estresse n o conseguem estabelecer uma forma eficaz de defesa o organismo entra em uma fase denominada de descompensa o a qual pode gerar perda da identidade e at mesmo o suic dio FERREIRA 2010 p 79 A pessoa traumatizada n o consegue se livrar da rememora o das cenas de viol ncia e humilha o que podem ser revividas sob a forma de pesadelos A evoca o das cenas violentas permanece dolorosa por longo tempo como se o corpo tivesse gravado involuntariamente a mem ria do traumatismo e que este pudesse se revivido eternamente e a todo instante S o esp cies de agress o quem deixam marcas de longo prazo a ponto de persistir nas pessoas condutas de medo ou de evita o de pessoas e lugares onde foram 131 agredidas As v timas ficam se remoendo tentam modificar o enredo em uma v tentativa de achar o sentido do que lhes sucede pois no ass dio moral n o h uma l gica de bom senso As pessoas agredidas exprimem um sentimento de solid o pois dif cil entender uma coisa quando n o se est certo do que se est sentindo Existe uma dificuldade em falar por se tratar de uma viol ncia impens vel e insidiosa H grande al vio quando os sentimentos podem ser compartilhados HIRIGOYEN 2005 p 166 168 No mesmo sentido Ferre
337. ue ela constitui a sociedade HABERLE 2009 p 82 N o se pode olvidar neste contexto que a dignidade da pessoa humana na sua condi o de princ pio fundamental e na sua rela o com os direitos e deveres fundamentais possui uma dupla dimens o jur dica objetiva e subjetiva que guarda rela o com os valores fundamentais de uma determinada comunidade A dignidade da pessoa do indiv duo 32 portanto a dignidade do indiv duo socialmente situado e respons vel implicando deveres fundamentais conexos e aut nomos SARLET 2010 p 82 A dignidade da pessoa humana possui portanto uma dimens o comunit ria que revela n o s direitos mas tamb m obriga es por parte dos membros que comp em a sociedade a qual s poder ser respons vel quando os indiv duos que a comp em n o se subtra rem do dever de agir responsavelmente respeitando todas as rela es sejam p blicas sejam privadas como no caso das rela es de trabalho 1 4 Dignidade da Pessoa Humana na Constitui o Federal de 1988 Sob a tica de uma ordem constitucional Haberle 2009 p 81 assevera que a dignidade humana constitui a norma fundamental do Estado Assim uma constitui o que se compromete com a dignidade humana lan a os contornos da sua compreens o do Estado e do Direito e estabelece uma premissa antropol gico cultural Nesse diapas o respeito e prote o da dignidade humana como dever jur dico fundamental do Estado constituci
338. ue em cada poca h um conjunto de valores morais sociais e econ micos determinando os rumos da sociedade especialmente a poca atual em que os valores econ micos sociais pol ticos ticos e morais est o em transforma o assim como as rela es de trabalho e os valores a ela agregados Para a autora grande parte dessas transforma es nasceu com o fen meno da globaliza o No atual sistema econ mico globalizado o acesso s condi es dignas e m nimas de trabalho deixou de ser garantia de todos Vive se a era da flexibiliza o e por consequ ncia da precariza o das condi es de trabalho e da escassez de emprego Agravado por exclus es notadamente retratadas por altos ndices de desemprego e subemprego o trabalho revestido de v rias formas de precariedade tais como falta de seguran a baixa remunera o desigualdades entre os sexos discrimina es explora o de trabalhadores falta de representa o sindical prote o social deficiente diante das conting ncias e riscos sociais O surgimento de novas tecnologias possibilitou que seus possuidores inaugurassem um novo modelo de organiza o do trabalho denominado Toyotismo no qual segundo Ferreira 2010 p 32 requer o perfil do trabalhador capaz de trabalhar em equipe e assimilar facilmente as novas tecnologias detentor de conhecimento t cnico sendo competitivo e flex vel Estava consagrada a era da t cnica da competitividade da flexibilida
339. ui trico muitas vezes associado ao uso medica es verdadeiramente capazes de curar a v tima e recuperar todos os aspectos de sua vida at ent o comprometidos pela viv ncia traum tica Sabe se entretanto que esses tratamentos de sa de s o longos e na maioria das vezes onerosos a v tima especialmente quando ela tem outros compromissos financeiros dos quais n o pode se afastar o que leva a renuncia ao tratamento fato que pode comprometer sua sa de e seu bem estar por toda vida Como por exemplo podem se apontar as viv ncias traum ticas de um pai de fam lia algu m que tenha responsabilidades inafast veis n o fica t o dif cil compreender os fatores que podem lev lo ao suic dio a exemplos de casos relatados nessa pesquisa Nos casos mais graves a viol ncia do ass dio moral marca a v tima para sempre e al m de poder lev la a perda da pr pria vida tem a aptid o de sujeit la a profundas e irrevers veis altera es da personalidade com o rompimento de la os afetivos e relacionamentos sociais LIMA FILHO 2009 p 103 A doen a profissional aquela que desencadeada pelo exerc cio do trabalho peculiar a determinada atividade S o inerentes profiss o e n o ao trabalho J a doen a do trabalho aquela desencadeada em fun o das condi es especiais em que o trabalho desenvolvido e com ele se relaciona diretamente A chamada concausa se equipara ao acidente de trabalho tendo em vista que a ca
340. uma responsabilidade igualmente fundamental a desempenhar Face reestrutura o econ mica e concorr ncia global os problemas das desigualdades no local de trabalho t m de ser tratados ao n vel do pa s e para al m dele pois os locais de trabalho s o cada vez mais afetados por desenvolvimentos nos mercados globais OIT 2007 p 75 O relat rio da OIT 2007 p 111 salientou ainda que as organiza es de empregadores e de trabalhadores na qualidade de parceiros sociais podem desempenhar um papel muito importante na promo o da igualdade no local de trabalho por meio do seu envolvimento na formula o de pol ticas econ micas e sociais influenciam as estruturas dos mercados de trabalho bem como a inclus o social e a redu o da pobreza OIT 2007 p 111 Essas diretrizes da OIT 2007 p 93 servem de base para o combate desigualdade e discrimina o ocorridas nos casos de ass dio moral no trabalho Implica dizer que sua preven o puni o e repara o dependem do empenho efetivo de todos os agentes que integram a sociedade Segundo a OIT 2007 p 102 os programas de responsabilidade social das empresas que surgiram em resposta expans o dos mercados globais de trabalho constituem um mecanismo por meio do qual as empresas consideram o impacto das suas atividades sobre a sociedade e afirmam os seus principios e valores tanto na aplica o dos seus m todos e processos internos como nas suas rela es com o
341. uministas e 42 jusnaturalistas dos s culos XVII e XVIII Sua origem esta atrelada aos fundamentos do Estado Liberal Este contexto hist rico favoreceu a constru o e o fortalecimento dos direitos de individuais de liberdade ligados a prote o dos bens jur dicos vida liberdade e propriedade Contemplam portanto as liberdades individuais com o intuito de limitar o poder do Estado Foram os primeiros direitos que ganharam estabilidade jur dica raz o pela qual possuem o status de direitos de primeira dimens o Nas li es de Delgado 2006 p 59 s o direitos que valorizam o homem enquanto indiv duo singular livre e independente da figura estatal Bonavides 2011 p 563 564 assevera que os direitos da primeira dimens o traduzem se como faculdades ou atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que seu tra o mais caracter stico Valorizam o homem singular das liberdades abstratas da sociedade mecanicista S o direitos de resist ncia ou de oposi o perante o Estado que formaram os alicerces constitucionalismo ocidental Cabe destaque para a caracter stica notadamente formalista da liberdade al ada no contexto hist rico social do liberalismo pol tico pois tinha significado individualista e antiestatal Em raz o do modelo liberalista da poca a liberdade tinha cunho t o somente formal favorecendo a explora o do trabalho humano Dallari 2006 p 303 310 sustenta que no final do s culo XVIII consagrou s
342. usa embora n o tenha sido a nica contribui diretamente para a perda ou redu o da capacidade laboral ou tenha produzido les es que necessitem de aten o m dica para a sua recupera o Neste sentido Lima Filho 2009 p 97 134 Lima filho 2009 p 98 100 assevera que se deve levar em considera o a conex o entre a presta o de servi os e a doen a que pode ser f sica ou ps quica para se classificar uma patologia como acidente de trabalho Esta conex o nada mais do que a constata o do nexo de causalidade Sendo o ass dio moral um evento que tem como causa um comportamento de maltrato no ambiente de trabalho praticado de forma reiterada capaz de produzir les es que afetem a integridade f sica e ou ps quica da v tima capazes de produzir incapacidade laboral inquestionavelmente deve ser inclu do no conceito de doen a do trabalho equiparada ao acidente de trabalho nos termos dos artigos 19 a 21 da Lei 8 213 91 O nexo de causalidade entre o ass dio moral e as doen as f sicas e emocionais que acometem o trabalhador encontra previs o no art 2 da Resolu o n 1 488 98 do Conselho Federal de Medicina que disp e que para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de sa de e as atividades do trabalhador al m do exame cl nico f sico e mental e os exames complementares quando necess rios deve o m dico considerar a hist ria cl nica e ocupacional decisiva em qualquer diagn stico e
343. ustas e dignas de e trabalho Na vis o do autor as condi es dignas de trabalho constituem objetivos dos direitos dos trabalhadores E acrescenta por meio delas que eles alcan am a melhoria de sua condi o social Configuram o conte do das rela es de trabalho A Constitui o n o o lugar para se estabelecerem as condi es das rela es de trabalho mas ela o faz visando proteger o trabalhador quanto a valores m nimos e certas condi es de sal rio art 7 IV a X e especialmente para assegurar a isonomia material proibindo a diferen a de sal rios de exerc cio de fun es e de crit rios de admiss o por motivos de sexo idade cor ou estado civil b discrimina o no tocante a sal rio e crit rio de admiss o do trabalhador portador de defici ncia c distin o entre trabalho manual t cnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos e garantindo a igualdade de direitos entre o trabalhador com v nculo empregat cio permanente e o trabalhador avulso art 7 XXX a XXXII e XXXIV assim para garantir equil brio entre trabalho e descanso quando estabelece art 7 XII a XV e XVI a XIX a dura o do trabalho normal n o superior a oito horas di rias e quarenta e quatro semanais facultada a compensa o de hor rios e a redu o da jornada mediante acordo ou conven o coletiva de trabalho b jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos d
344. utros intervenientes Trata se de uma iniciativa orientada pelas empresas que vai al m do simples respeito pela lei As iniciativas de responsabilidade social das empresas t m assumido diversas formas de c digos de conduta das empresas a procedimentos de certifica o e auditoria a quadros de gest o ou iniciativas intergovernamentais lan adas individualmente ou em conjunto com associa es comerciais ONGs organismos governamentais e ou organiza es internacionais OIT 2007 p 102 A discrimina o no mundo do trabalho constitui um abuso dos principios e direitos fundamentais no trabalho representando tamb m um custo enorme para a sociedade Se n o forem tomadas quaisquer medidas corretivas as desvantagens tender o a acumular se e a intensificarem se ao longo do tempo com repercuss es negativas sobre a sociedade em geral OIT 2007 p 130 131 165 Quanto discrimina o do ass dio moral j se verificou que s o altos os custos que arcam a v tima a empresa e a sociedade como um todo apesar de configurar um il cito do empregador toda sociedade em ltima inst ncia quem arca com os custos da seguridade social abrangentes da previd ncia social e da sa de O ass dio moral no trabalho por trazer em seu bojo a arbitrariedade o excesso de poder juntamente com o tratamento discriminat rio caracteriza se como fen meno que viola o direito de igualdade do trabalhador A igualdade como um valor fundament
345. va privada ou p blica que violem a prote o do meio ambiente MILAR 2007 p 150 Relevante o art 170 VI que reputa a defesa do meio ambiente como um dos princ pios da ordem econ mica o que envolve a considera o de que toda atividade econ mica s pode desenvolver se legitimamente enquanto atende a tal princ pio entre os demais relacionados no mesmo art 170 convocando no caso de inatendimento a aplica o da responsabilidade da empresa e de seus dirigentes na forma prevista no art 173 5 SILVA 2011 p 50 Em regra quando se trata da quest o ambiental associa se discuss o a respeito da escassez dos recursos naturais e a decorrente necessidade de preserva o com o desenvolvimento de pol ticas sobre desenvolvimento sustent vel Entretanto h tamb m a necessidade de se tratar do meio ambiente sob a tica do trabalho Nas palavras de Barreto 2009 p 46 48 hodiernamente o meio ambiente do trabalho tem suscitado mais acuradas discuss es entre psic logos soci logos e estudiosos e operadores do Direito O autor relembra que alguns princ pios da declara o de Estocolmo que tratam do meio ambiente de trabalho especialmente aqueles protetores da liberdade da igualdade e da n o discrimina o Jos Afonso da Silva 2011 p 23 pontua que o meio ambiente do trabalho entendido como local em que se desenrola boa parte da vida do trabalhador cuja qualidade de vida est por isso em ntima depe
346. vas que traduzem sem d vida um processo cumulativo e qualitativo o qual tem por b ssola uma nova universalidade a universalidade material e concreta em substitui o da universalidade abstrata e de certo modo metaf sica daqueles direitos contida no jusnaturalismo do s culo XVIII Os Direitos Fundamentais decorrem do contexto hist rico da sociedade Sua evolu o se encontra doutrinariamente divida em gera es de direitos fundamentais mais precisamente de primeira segunda terceira dimens o podendo se dizer que a doutrina j vem construindo a quarta e quinta dimens o O uso do termo de gera es segundo Delgado 2006 p 58 59 expressa o sentido de historicidade e evolu o em face de sua predomin ncia em determinado paradigma de Estado A doutrina n o un nime quanto ao uso do termo gera es Muito se fala em dimens es de direitos fundamentais O uso do termo dimens es se justifica no entendimento de que o processo de consolida o dos direitos fundamentais n o se deu de forma linear e sequencial pois apesar de ter ocorrido no curso hist rico ocorreu de forma cumulativa qualitativa e din mica BONAVIDES 2011 p 517 38 Tal fato pode ser constatado no curso hist rico brasileiro Jos Murilo de Carvalho 2011 p 83 220 ensina que os caminhos para a constru o dos direitos fundamentais s o distintos e nem sempre seguem uma linha reta de forma que cada pa s segue seu pr prio caminho inclusive o
347. vel e oneroso para a organiza o empresarial A rotatividade da m o de obra em fun o de substitui es desligamentos ou transfer ncias de trabalhadores para outra localidade trazem pesadas consequ ncias pecuni rias para a empresa VILA 2009 p 118 119 A tend ncia que a v tima passe a faltar o trabalho como uma forma de escapar dos ataques dos assediadores N o raro o afastamento com a suspens o do contrato de trabalho mediante apresenta o de atestados m dicos que demonstram e comprovam os danos psicof sicos sofridos pela v tima de ass dio moral no trabalho que conforme analisado no provocam somatiza es com o surgimento de doen as que justificam o afastamento do local de trabalho VILA 2009 p 116 Al m da queda da produtividade a empresa tamb m arca com o rev s econ mico decorrente do passivo trabalhista oriundo das a es trabalhistas cujos pedidos s o marcados por indeniza es deferidas pelo judici rio Neste sentido alude Ferreira 2010 p 74 que o passivo trabalhista gerado por indeniza es aplicadas pelo judici rio acaba desdobrando se em outras formas de perda econ mica para o empregador Acrescenta se a isso que a empresa condenada pelo ass dio moral pode perder a possibilidade de conseguir investimentos p blicos junto a ag ncias financeiras oficiais de fomento tais como a Caixa Econ mica Federal e o Banco do Brasil conforme as Leis de Diretrizes Or ament rias dos
348. versalidade para a qual parece o mundo inclinar se no plano de todas as rela es de conviv ncia BONAVIDES 2011 p 572 A democracia positivada enquanto direito da quarta dimens o h de ser uma democracia direta Materialmente poss vel gra as aos avan os da tecnologia de comunica o e legitimamente sustent vel gra as informa o correta e s aberturas pluralistas do sistema Desse modo h de ser tamb m uma democracia isenta j das contamina es da m dia manipuladora j do hermetismo de exclus o de ndole autocr tica e unitarista familiar aos monop lios do poder Tudo isso obviamente se a informa o e o pluralismo vingarem por igual como direitos paralelos e coadjutores da democracia BONAVIDES 2011 p 572 51 Para Bonavides 2011 p 572 os direitos da primeira dimens o direitos individuais os da segunda direitos sociais e os da terceira direitos ao desenvolvimento ao meio ambiente paz e fraternidade permanecem eficazes s o infraestruturais e formam a pir mide cujo pice o direito democracia coroamento daquela globaliza o pol tica para a qual a Humanidade parece caminhar a todo vapor Os direitos da quarta dimens o culminam a objetividade dos direitos das duas gera es antecedentes como absorvem a subjetividade dos direitos individuais da primeira dimens o Tais direitos sobrevivem e n o apenas sobrevivem sen o que ficam opulentados em sua dimens o principal objetiva
349. vertical e horizontal desses direitos especialmente porque se trata de uma quest o que se sobressai quando se aborda os direitos sociais na esfera trabalhista e suas rela es entre os particulares Nas li es de Carlos Henrique Bezerra Leite 2011 p 34 entende se por efic cia vertical dos direitos fundamentais a imposi o de limites atua o dos governantes em rela o aos governados efetuada pelo ordenamento jur dico Reconhece se que h uma rela o vertical de poder estando de um lado o Estado mais forte e de outro lado o indiv duo A efic cia vertical est portanto vinculada evolu o do Estado Absoluto ao Estado Liberal cabendo a este ltimo o dever de respeitar e assegurar os direitos fundamentais de 40 primeira dimens o tamb m chamados de direitos civis e pol ticos especialmente os direitos vida propriedade liberdade e igualdade formal A doutrina tradicional sustenta que os direitos de primeira dimens o s o direitos de defesa do indiv duo frente ao Estado o que nas palavras de Leite 2011 p 3 significa dizer que a efic cia vertical dos direitos fundamentais tem por efeito impedir interfer ncia estatal na vida privada dos cidad os Com o advento do Estado Social verifica se portanto que os ordenamentos jur dicos passam a permitir que o indiv duo possa exigir do Estado al m do dever de absten o nos seus direitos de primeira dimens o uma atua o positiva a fim de
350. vindos da realidade virtual demonstrando a preocupa o do sistema constitucional com a difus o e desenvolvimento da cibern tica na atualidade 52 1 5 6 A Dignidade da Pessoa Humana como Princ pio capaz de Conferir Unidade aos Direitos Fundamentais O princ pio da dignidade da pessoa humana atua como principal elemento que estrutura unifica e exige a prote o dos direitos e garantias fundamentais na Constitui o de 1988 Nesse sentido Sarlet 2010 p 96 97 ensina que os direitos fundamentais constituem explicita es da dignidade da pessoa Dessa forma pode se dizer que em cada direito fundamental se faz presente um conte do da dignidade da pessoa A dignidade da pessoa humana na condi o de valor e princ pio normativo fundamental exige e pressup e o reconhecimento e prote o dos direitos fundamentais de todas as dimens es Assim quando n o reconhecidos os direitos fundamentais que s o inerentes pessoa humana estar se negando lhe a pr pria dignidade A maioria dos direitos fundamentais individualmente considerados marcada por uma diferenciada amplitude e intensidade no que diz com sua conex o com a dignidade humana Os direitos fundamentais individualmente considerados subsequentes assim como os objetivos estatais e as variantes das formas estatais t m a dignidade como premissa e encontram se a seu servi o HABERLE 2009 p 81 Gomes 2008 p 47 sustenta que a dignidade da pessoa humana
351. xigir a caracteriza o e a comprova o da natureza psicol gica dos ataques e da ocorr ncia da dor muitas vezes inviabiliza a correta aprecia o do caso concreto e a repara o do dano causado em raz o do fato de que o ass dio moral nem sempre expl cito Quando as condutas abusivas s o manifestadas de forma expl cita a jurisprud ncia caminha para o seu reconhecimento com maior tranquilidade INDENIZA O POR DANO MORAL ASS DIO MORAL ISOLAMENTO SEM DESIGNA O DE TAREFAS CIO FOR ADO E REMUNERADO A prova dos autos n o deixa d vidas quanto ao fato de que o autor quando retornou da licen a deixou de exercer a atividade para a qual havia sido contratado sem que tal se devesse recomenda o m dica ou determina o judicial O isolamento a que foi submetido o empregado com o esvaziamento de suas atribui es sem atribui o de tarefas evidencia a uma situa o vexat ria de cio inaceit vel conduta da r que mais parece uma retalia o e que constituiu grave atentado dignidade personalidade autoestima e imagem do trabalhador perante os colegas hip tese em que resta presumido o impacto moral e emocional e o dano extrapatrimonial sofrido pelo reclamante pelas pr prias caracter sticas da discrimina o e sua reitera o no tempo configurando inequ voco ass dio moral a justificar rigor na imposi o de indeniza o reparat ria Recurso volunt rio e remessa necess ria n o providos S
352. xo idade cor e estado civil bem como qualquer discrimina o no tocante ao sal rio e ao portador de defici ncia DELGADO 2006 p 80 81 Nas li es de Jos Afonso da Silva 2011 p 289 dos direitos dos trabalhadores enumerados nos incisos do art 7 uns s o direitos expressamente enumerados e outros direitos simplesmente previstos Dos enumerados uns s o imediatamente aplic veis outros dependem de lei para sua efetiva o pr tica quest es estas que examinaremos caso a caso Silva 2011 p 288 classifica os direitos relativos aos trabalhadores em duas ordens fundamentalmente a direitos dos trabalhadores em suas rela es individuais de trabalho e b direitos coletivos dos trabalhadores que s o aqueles que os trabalhadores exercem coletivamente ou no interesse de uma coletividade deles e s o os direitos de associa o profissional ou sindical o direito de greve o direito de substitui o processual o direito de participa o e o direito de representa o classista dente outros O art 6 define o trabalho como direito social mas nem ele nem o art 7 trazem norma expressa conferindo o direito ao trabalho Este por m ressai do conjunto de normas da Constitui o sobre o trabalho Assim no art 1 IV se declara que a Rep blica Federativa do Brasil tem como fundamento entre outros os valores sociais do trabalho o art 170 estatui que a ordem econ mica funda se na valoriza o do trabalho e o art 19
353. zer que ela perdeu a sua dignidade MAUER 2009 p 133 O respeito dignidade da pessoa humana traduz se pelo respeito liberdade humana A liberdade engendra o dever de reconhecer a liberdade do outro O reconhecimento da dignidade do outro por sua vez muito mais dif cil Esse princ pio ultrapassa portanto tanto os deveres do Estado como os do indiv duo Ele torna necess ria a solidariedade MAUER 2009 p 134 135 Opor a liberdade dignidade ter uma concep o fracionada do homem n o compreend lo em sua totalidade Uma liberdade compreendida sem a responsabilidade seria uma liberdade alienada Uma dignidade que n o considerasse a liberdade do homem seria uma dignidade truncada O conceito de dignidade mais amplo que o de liberdade poderia de fato servir de motor interpreta o do direito MAUER 2009 p 136 Sarlet 2010 p 99 ensina que o reconhecimento e prote o da identidade pessoal no sentido de autonomia e integridade ps quica e intelectual concretiza se no respeito pela privacidade intimidade honra imagem assim como o direito ao nome todas as dimens es umbilicalmente vinculadas dignidade da pessoa revelando a ntima conex o da dignidade com os direitos de personalidade em geral Igualmente o direito de igualdade tem seu fundamento na dignidade da pessoa humana Sarlet 2010 p 100 salienta que por esse motivo que a Declara o Universal dos Direitos Humanos consagrou e univer

andrea antico soares o assédio moral no trabalho

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